Olubajé - o Banquete Do Rei
Olubajé - o Banquete Do Rei
Olubajé - o Banquete Do Rei
As esteiras são desenroladas e sobre elas é colocado um tecido branco e imaculado. Um após outro, os alguidares e potes
são colocados sobre a toalha e formam sobre o chão a grande mesa .
Yaloshundê incumbe a três dos mais velhos iniciados a servir, sobre as folhas de mamona, utilizados como pratos, um
pouco de cada alimento contido nos recipientes. Ela mesma se encarrega de oferecer os primeiros aos convidados mais
importantes, aconselhando a todos a não ficarem imóveis, mas a dançar ou se mover sem parar e comer com as maõs.
A música continua. Ao lado e a um canto da “mesa” uma grande bacia esta preparada para receber os restos que devem
ali ser depositados. As folhas que servem de prato devem ser fechadas, juntamente com os restos de comida não
consumidos, e passadas ao longo do corpo, as mãos não devem ser lavadas...elas serão limpas ao serem esfregadas nos
braços, pernas ou cabeça para que o Axé se impregne na pele.
Yaloshundê , assegurando-se de que cada um foi servido, dirige-se até um convidado de grande importância de outra
comunidade, exortando-o a cantar as preces de Obaluaiê.
Opèré má dó péré
Dó sú, màá dó é Operé não ficará só
Dó sú, màá dó , Dó sú, màá dó ficará cansado, ficará bem
Dó sú, màá má n’gbé ficará cansado e será ajudado.
Ayò kégbe hún hún Contende gritara, sim , sim
Ayò kégbe hún hún
Com voz forte e cheia de entusiasmo, esta frase melodiosa ecoa. O conjunto dos participantes se levantan e cantan:
Dançam em volta da mesa até que a música termine.Novamente a Avamunha se instala. Toda a louça, a toalha ,a
esteira , a bacia com os restos são retirados do local e a antiga roda sai em fila indiana, portando os recipientes sobre os
ombros, os quais serão depositados na casa de Obaluaiê e na manha seguinte serão despachados.
Yaloshundê anuncia em voz baixa e alguém trás um grande cesto de pipocas que é depositado aos seus pés.Com um
gesto delicado ela toma um punhado de Doburus lançando sobre os convidados caindo como chuva.
Um novo intervalo permite que os atabaques retornem ao seus lugares de origem.
O canto repetido varias vezes fala daquele que castiga e pune os infratores.
03
Um quarto e quinto cânticos falam da tradição e da constante peregrinação do Rei conquistador. O povo de
santo sempre fala dos respeito que se deve aos andarilhos, pobres e pedintes, dizendo que “ são os afilhados de
Obaluaê ou até ele mesmo disfarçado” para observar os seus . E o último, dos campos daqueles que cultivam
a terra, do lavrador que pede a Onilé fartura para seu povo
Ò kíní gbé fáárà farotì Ele é aquele que pode aproximar-se e dar apoio
Ò kíní gbé fáárà àfaradà aquele que pode dar força e energia
Oní pópó oníyè com sua proximidade. Senhor das estradas
Kíní ìyìyá wa ìfaradá e dos campos, Senhor da boa memória,
que pode nos dar força para resistirmos à dor.
O cântico suplica ao Deus , cujo rosto oculto inspira temor e medo, porem todos sabem que padeceu enfermo,
sofreu o flagelo do abandono e, por isso mesmo, ampara e protege os desafortunados.
O aspecto punitivo do Orixá, é expresso em outra cantiga , assim como seu poder criador.
>>>
>>>
04
Onilè wà àwa lèsé òrisá O Senhor da terra está entre nós que cultuamos orixá.
Opé ire onílè wà a lèsé òrisá Opé ire Agradecemos felizes pelo Senhor da terra
E kòlòbó e kòlòbó sín sín sín estar entre nós que cultuamos orixá.
Kòlòbó Agradecemos felizes.
E kòlòbó e kòlòbó sín sín sín Em sua pequena cabaça traz remédios
Kòlòbó para livrar-nos das doenças
Jé a npenpe e ló gbé wàiyé Senhor que tem boa memória e pode tornar-se inteligente.
Tó ní gbón mi pois eu sou insignificante ( pequenino )
Jé a npenpe É ele que pode dar proteção ao nosso mundo.
Omolú wàiyé ( Obalúwaiyé ) È ele que pode dar inteligência, eu sou pequenino
Tó ní gbón mi ó Rei, Senhor da terra, torne-me inteligente.
Um último canto precede o balé dos outros orixás presentes á festa. Em algumas casas de santo de tradição
nagô, ele antecede o banquete. Os adeptos entram no barracão dançando.
Á frente do cortejo uma filha de Iansã tem sobre sua cabeça um balaio ornado com grandes laços.
Dentro um “ assentamento “ de Obaluaê recoberto de pipocas que são distribuídas aos presentes.
Em troca, quando podem oferecem pequenas quantias em dinheiro.
Este canto anuncia que Onilé – Senhor da terra , aceitou as homenagens partilhando com todos , povo e Orixás,
as oferendas.
>>>>
>>>>
>>>>
05
a saudação dos convivas......
È hora da família mítica de Obaluaê. Vem dançar Oxumarê, seu irmão, o arco-íris; depois Nanã, a sua mãe;
em seguida Iemanjá, sua mãe adotiva e finalmente Iansã, “ aquela que acalmou seu sofrimento na infância.
Oxumarê, que se encontrava sentado placidamente, ao ouvir os primeiros acordes do seu “Orô”. Isto é, da
cantiga que fala de sua história. Curvando-se em uma saudação, todos ouvem seu assobio alto e melodioso,
anunciando sua satisfação.
A dança compassada deixa que todos possam admirar as roupas do Deus - Serpente .
Olubajé....