Desenvolvimento de Esmalte Com Matérias-Primas Cruas Taís Da Silveira Cordeiro
Desenvolvimento de Esmalte Com Matérias-Primas Cruas Taís Da Silveira Cordeiro
Desenvolvimento de Esmalte Com Matérias-Primas Cruas Taís Da Silveira Cordeiro
1. Introdução
De acordo com DAVIM et. al (2008) esmaltes são misturas de matérias-primas naturais
e produtos químicos ou compostos vítreos que aplicados à superfície do corpo cerâmico
e após queima, formam uma camada vítrea, delgada e contínua, que tem por finalidade
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Professor Orientador.
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impermeabilizar o suporte cerâmico, e deve possuir características técnicas e estéticas
que sejam adequadas ao uso ao qual se destina, também melhorando a resistência
mecânica e propriedades elétricas entre outros fatores. As composições dos esmaltes
são inúmeras e sua formulação depende das características do corpo cerâmico, das
características finais do esmalte e da temperatura de queima.
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2. Revisão de Literatura
De acordo com Filho (1999), existem diversos tipos de esmaltes, sendo que a
determinação do tipo a ser utilizado depende do resultado final que se deseja obter. A
técnica de produção de revestimentos cerâmicos mais difundida é a aplicação de
esmalte transparente (também chamado de cristalina) sobre engobe branco ou
levemente colorido, sendo que esse esmalte é aplicado normalmente sobre o engobe.
Existem também os esmaltes mates e brancos que são mais utilizados no processo de
monoqueima, também há um tipo de esmalte caracterizado como esmalte cru.
O óxido zinco é um eficiente fundente para média e alta temperatura, mas só quando
associado a outros fundentes; em pequena quantidade melhora o brilho, contudo, em
quantidades maiores produz esmalte opaco ou mate. Quando utilizado nas formulações
de esmaltes atua como estabilizante aumentando o brilho, a resistência química e a
elasticidade e também atua como desvitrificante e diminui o coeficiente de expansão
térmica dos vidrados.
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O feldspato é um componente elementar dos esmaltes cerâmicos e é usado para
introduzir simultaneamente os principais óxidos que formam o esmalte, ou seja: sílica,
alumina, e óxidos alcalinos. O feldspato é o fundente mais comum usado na
composição dos esmaltes, principalmente pelo aporte de sódio e potássio.
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cerâmicos, na operação de moagem desses mesmos esmaltes visando a redução de
custo e preocupando-se com a preservação do meio ambiente, já que a indústria de
fabricação e transformação de materiais produz, em maior ou menor grau, certa
quantidade de resíduos que nem sempre são reaproveitados ou não têm um destino
ecologicamente correto. Devido a essas preocupações também já foram estudados
pelos autores DAVIM et. al (2008) o desenvolvimento de esmalte sem a utilização de
fritas, que tem um custo elevado para os colorifícios conforme citado acima.
Com as exigências do método de aplicação a ser utilizado para melhorar a reologia das
suspensões podem ser utilizados diferentes tipos de defloculantes. Como os
tripolisfosfatos, hexametafosfato, o carboximetilcelulose também é um adtivo muito
utilizado na indústria cerâmica e através do seu teor adequado pode-se conseguir
suspensões com elevada concentração de sólidos (elevada densidade) e propriedades
reológicas (viscosidade, etc.) compatíveis. No entanto, o hexametafosfato é o
defloculante mais empregado de forma generalizada segundo os autores Marco et. al
(1996) e GLENN et. al (1978).
A reologia dos esmaltes é uma característica necessária para sua aplicação sobre a
peça crua, o que irá conferir à cerâmica após queima outras características como
estética, resistência ao desgaste, impermeabilidade, dentre, outras.
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durabilidade dos materiais. Em condições reais, estão presentes condições agressivas
que os conduzem a comportamentos diferenciados.
Ainda de acordo com os autores Gonçalves et. al (2004), o método PEI (Porcelain
Enamel Institute), adotado na década de 1950 pelo Comitê Europeu de Normalização
(CEN) para a estimativa da resistência à abrasão de placas cerâmicas esmaltadas, e
aprovado sob a forma da NBR 13818 em 1997, é amplamente utilizado pela indústria
cerâmica. Especificar um material com base na classificação PEI consiste em estimar
que a classe selecionada suporta a quantidade de pessoas previstas para transitar
sobre o revestimento, associada à agressividade do local, por um período de tempo.
3. Materiais e Métodos
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A determinação da resistência química das peças esmaltadas realizou-se segundo a
norma NBR 13818/1997. Os reagentes utilizados foram os seguintes ácidos e bases:
ácido cítrico, ácido clorídrico e hidróxido de potássio. A classificação do ataque foi reali-
zada segundo o método descrito na norma mencionada. E em seguida realizou-se o
teste de resistência à abrasão conforme a norma NBR 13818//1997 com a finalidade de
conferir a abrasividade do esmalte em PEI e também o ensaio de dureza mohs.
Posteriormente, efetivou-se o ensaio de coeficiente de expansão térmica. Para o botão
de escorrimento utilizou-se um forno mufla com temperatura máxima de 1200°C com
finalidade de avaliar a viscosidade do esmalte fundido (Conforme figura 01).
Moagem
Aplicação do esmalte
Secagem
Queima
Análise visual
Resistência abrasão
Ensaio dureza mohs
Resistência ao ataque químico
Coeficiente de expanção térmica (Dilatação)
Análise química
Botão de Escorrimento
4. Resultados e Discussões
Óxido de Zinco 10 10 9 8 8 8 8 8 8
Quartzo 3 5 3 5 7 9 11 11 11
Albita 40 42 52 50 50 50 50 35 40
Feldspato 24 20 - - - - - 20 20
Potássico
Carb. de bário 3 4 4 4 4 4 4 4 4
Calcita 15 13 17 17 17 17 17 17 12
Colemanita 5 - - - - - - - -
Ulexita - - 5 6 4 2 - - -
Vidros planos - - - 10 10 10 10 5 5
Vidro 238 - 6 - - - - - - -
Vidro de - - 10 - - - - - -
Lâmpada
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Figura 02 - Aplicaçao a binil das formulações executadas no trabalho: a) F01; b) F02; c) F03; d) F04;
e) F05; f) F06; g) F07; h) F08 e i) F09.
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Tabela – 02 Aditivos utilizados nas formulações desenvolvidas.
Adtivos (% em massa)
F01 F02 F03 F04 F05 F06 F07 F08 F09
Tripolifosfato 0,4 - - - - - - - -
Hexametafosfato - 0,3 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5
Carboximetilcelulose
0,4 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2
(CMC)
Disperlan 01 - - - - - - - -
H2O 35 42,5 42,5 42,5 42,5 42,5 42,5 42,5 42,5
Ainda na Tabela 03 observa-se que o tempo de moagem foi reduzido para chegar ao
resíduo do esmalte padrão comercial, devido a interesses comerciais conforme está
descrito na tabela 03. A fomulação F01 não apresentou característica reológica
adequada para fazer os testes de densidade, viscosidade (tempo de escoamento) e
resíduo. A formulação F02 apresentou baixo resíduo devido ao tempo maior de
moagem e as matérias-primas utilizadas com granulometrias em malha 200 mesh
ABNT com exceção da calcita, com granulometria na malha 100 mesh ABNT e também
um pequeno percentual de vidro bruto (tubo de televisão). O resíduo da formulação F03
apresentou resultado maior, pois ainda foi reduzido o tempo de moagem para chegar
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ao resíduo do esmalte padrão comercial. Conforme a Tabela 01 foi adicionada na
formulação F03 10% de vidro de lâmpadas florescentes e aumentada a calcita, que tem
granulometria mais grossa. Nas formulações F04, F05, F06 e F07 manteve se o mesmo
tempo de moagem e os mesmos percentuais de vidro e de calcita, mas com aumento
do quartzo o resíduo aumentou. Nas formulações F08 e F09 o resíduo diminuiu devido
à redução de vidros.
1 - - - 10
2 1,81 45 01 7
3 1,85 71 3,3 5
4 1,84 71 4,5 5
5 1,82 53 3,0 5
6 1,82 51 4,0 5
7 1,81 47 5 5
8 1,82 44 2 5
9 1,81 46 2 5
*EPC 1,81 45 5 10
Conforme a norma NBR 13818/1997 anexo H é considerada a classe GLA para efeitos
não visíveis sobre a superfície do esmalte. Comparados ao esmalte padrão comercial
os resultados obtidos foram satisfatórios para o processo de aplicação em porcelanato,
Tabela 04.
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Outro fator muito importante e analisado na produção e caracterização dos esmaltes é
o coeficiente de expansão térmica (Dilatação). Como pode ser observado na Tabela 05
a F07 apresentou coeficiente de expansão térmica linear compatível com o esmalte
comercial padrão utilizando mais de 50% de fritas para aplicação em porcelanato.
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TABELA 06 – Análise Química por espectrometria
de fluorescência de raio X e espectrometria de
absorção atômica. (Formulação 07)
Elementos Teor (%)
Al2O3 10,18
CaO 8,04
Fe2O3 0,08
K2O 2,91
MgO 0,48
MnO < 0,05
Na2O 3,74
P2O5 0,19
SiO2 55,15
TiO2 < 0,05
BaO 3,91
ZnO 7,66
Perda Fogo 7,56
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Tabela 07 – Custo Aproximado.
Para a fusão da frita o custo aproximado é de R$ 1,00 sendo que para a produção do
esmalte sem a utilização de frita o custo seria de R$ 0,86. Uma diferença significativa
para o setor cerâmico.
5. Considerações Finais
Mesmo não tendo chegado neste trabalho a uma condição de acabamento capaz de se
aproximar das condições hoje atingidas pela aplicação de esmaltes à base de fritas, é
fácil perceber que é perfeitamente possível substituir a parte mais cara da formulação
por matérias-primas cruas. Pelos resultados obtidos tanto de características técnicas
como estéticas, faltam poucos ajustes para que ambos os esmaltes se igualem. Como o
objetivo do trabalho era provar a possibilidade de eliminação da etapa de fusão de frita.
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aumentar estas temperaturas, pois está cerca de 40% mais fundente que o padrão
comercial.
Referências Bibliográficas
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NANDI, Vitor de Souza; PORTO, Claudete. A Preservação do Meio Ambiente Através
da Reutilização de Resíduos Sólidos. 2010, 63p.
ONODA, G.Y. The rheology of organic binder solutions. En: Ceramic processing before
firing (edited by G. Y. Onoda and L. L.Hench). New York: Wiley, 1978, p.235-351.
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ZOMER, Valdir de Souza. Redução do Estoque de Esmaltes de Revestimentos
Cerâmicos. 2007. Trabalho de Conclusão de Curso em Tecnologia em Cerâmica -
Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma.
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