O Propósito Dos Dons Espirituais
O Propósito Dos Dons Espirituais
O Propósito Dos Dons Espirituais
TEXTO ÁUREO
“Assim, também vós, como desejais dons espirituais, procurai sobejar neles,
para a edificação da igreja” (1Co 14.12).
VERDADE PRÁTICA
Os dons são recursos concedidos por Deus para fortalecer e edificar a
Igreja espiritualmente.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
1 Coríntios 12.8-11; 13.1,2.
1 Coríntios 12
8 – Porque a um, pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria; e a outro,
pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;
9 – e a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os
dons de curar;
10 – e a outro, a operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a outro, o
dom de discernir os espíritos; e a outro, a variedade de línguas; e a outro, a
interpretação das línguas.
11 – Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo
particularmente a cada um como quer.
1 Coríntios 13
1 – Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos e não tivesse
amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
2 – E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios
e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que
transportasse os montes, e não tivesse amor; nada seria.
INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos o verdadeiro propósito dos dons espirituais
concedidos por Deus à sua Igreja. Os dons do Espírito Santo são recursos
imprescindíveis do Pai para os seus filhos. O seu propósito é edificar-nos e
unir-nos, fortalecendo assim a Igreja de Cristo (1Tm 3.15).
I. OS DONS NÃO SÃO PARA ELITIZAR O CRENTE
1. A igreja coríntia. A Igreja em Corinto localizava-se numa cidade
comercial e próxima do mar, sendo uma das mais importantes do Império
Romano. Corinto era uma cidade economicamente rica, porém marcada
pelo culto idolátrico. Durante a segunda viagem missionária de Paulo, a
igreja recebeu a visita do apóstolo (At 18.1-18). Por conhecer muito bem a
comunidade cristã em Corinto foi que o apóstolo dos gentios tratou, em
sua Primeira Epístola dirigida àquela igreja, sobre a abundância da
manifestação dos dons do Espírito, chegando a afirmar daquela igreja que
“nenhum dom” lhe faltava (1Co 1.7).
2. Uma igreja de muitos dons, mas carnal. Os dons do Espírito
concedidos por Deus à igreja de Corinto tinham por finalidade prepará-la e
santificá-la para o serviço do evangelho: a proclamação da Palavra de Deus
naquela cidade. Todavia, além de aquela igreja não usar corretamente os
dons que recebera do Pai, tinha em seu meio divisões, inveja, imoralidade
sexual, etc. Como pode uma igreja evidentemente cristã ser ao mesmo
tempo carnal e imoral? Por isso Paulo a chama de carnal e imatura (1Co
3.1,3). Com este relato, aprendemos que as manifestações espirituais na
igreja local não são propriamente indicadoras de seriedade, espiritualidade
e santidade. Uma igreja onde predominam a inveja, contenda e dissensões,
nem de longe pode ser chamada de espiritual, e sim de carnal.
3. Dom não é sinal de superioridade espiritual. Muitos creem
erroneamente que os irmãos agraciados com dons da parte de Deus são,
por isso, mais espirituais que os outros. Todavia, os dons do Espírito são
concedidos pela graça de Deus. Por ser resultado da graça divina, não
recebemos tais dons por méritos próprios, mas pela bondade e
misericórdia de Deus. Que a mensagem de Jesus possa ressoar em nossa
consciência e convencer-nos de uma vez por todas de que os dons não são
garantia de espiritualidade genuína: “Muitos me dirão naquele Dia: Senhor,
Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não
expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas? E,
então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós
que praticais a iniquidade” (Mt 7.22,23).
II. EDIFICANDO A SI MESMO E AOS OUTROS
1. Edificando a si mesmo. Paulo diz que quem “fala língua estranha
edifica-se a si mesmo” (1Co 14.4). O apóstolo estimulava os crentes da
igreja de Corinto a cultivarem sua devoção particular a Deus através do
falar em línguas concedidas pelo Espírito, com o objetivo de edificarem a si
mesmos. Isto não significa que o apóstolo dos gentios proibia o falar em
línguas publicamente, mas ao fazê-lo de maneira devocional o crente
batizado com o Espírito Santo edifica-se no seu relacionamento com Deus.
Falar ou orar em línguas provenientes do Espírito é uma bênção espiritual
maravilhosa.
2. Edificando os outros. Os crentes de Corinto falavam em línguas e
exerciam vários dons espirituais, mas parece que eles não se preocupavam
muito em ajudar as pessoas. Por isso, o apóstolo lembra que os dons só
têm razão de existir quando o portador preocupa-se com a edificação da
vida do outro irmão em Cristo (1Co 14.12). Em lugar de buscarmos
prosperidade material, como se pudéssemos barganhar com Deus usando
dinheiro em troca de bênçãos, busquemos os dons espirituais. Agindo
assim edificaremos a nós mesmos e também aos outros.
3. Edificando até o não crente. Embora o apóstolo dos gentios
estimulasse todos os crentes a falarem em línguas, isto é, a edificarem a si
mesmos, seu desejo era que também esses mesmos crentes profetizassem
a fim de que a igreja toda fosse edificada. O comentário da Bíblia de Estudo
Aplicação Pessoal diz sobre esse texto: “Embora o próprio Paulo falasse em
línguas, enfatizava a profecia, porque esta edificava a Igreja inteira,
enquanto falarem línguas beneficiava principalmente o falante”. Todos
quantos vierem a frequentar nossas reuniões devem ser edificados, sejam
crentes ou não. Por isso, não podemos escandalizar aqueles que não
comungam a mesma fé que nós (1Co 14.23). Como eles compreenderão a
mensagem do evangelho se em uma reunião não entenderem o que está
sendo falado? (1Co 14.9).
III. EDIFICAR TODO O CORPO DE CRISTO
1. Os dons na igreja. Na Primeira Carta aos Coríntios, Paulo dedica dois
capítulos (12 e 14) para falar a respeito do uso dos dons na igreja. O
apóstolo mostra que quando os dons são utilizados com amor, todo o
Corpo de Cristo é edificado. Conforme diz Thomas Hoover, parafraseando
Paulo em Efésios 4.16, “os membros do corpo, cada qual com sua própria
função concedida pelo Espírito, cooperam para o bem de todas. O amor é
essencial para os dons espirituais alcançarem seu propósito”. Se não
houver amor, certamente não haverá edificação (1Co 13). Sem o amor de
Deus nos tornamos egoístas e acabamos por colocar nossos interesses em
primeiro lugar. O propósito dos dons, que é edificar o Corpo de Cristo, só
pode ser cumprido se tivermos o amor de Deus em nossa vida.
2. Os sábios arquitetos do Corpo de Cristo. Deus levanta homens para
edificarem espiritual, moral e doutrinariamente a igreja local. A Igreja é o
“edifício de Deus” (1Co 3.9). Os ministros, sábios arquitetos (1Co 3.10). O
fundamento já está posto pelos apóstolos: Jesus Cristo (1Co 3.11). Mas os
ministros têm de tomar o cuidado com as pedras assentadas sobre este
alicerce, pois eles também tomam parte na edificação espiritual da Igreja de
Cristo segundo a mesma graça concedida aos apóstolos. Por isso, Paulo faz
uma solene advertência para a liderança hoje: “mas veja cada um como
edifica sobre ele. Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do
que já está posto, o qual é Jesus Cristo” (1Co 3.10,11).
3. Despenseiros dos dons. O apóstolo Pedro exortou a igreja acerca da
administração dos dons de Deus (1Pe 4.10,11). Ele usou a figura do
despenseiro que, antigamente, era o homem que administrava a despensa
e tinha total confiança do patrão. O despenseiro adquiria os mantimentos,
zelava para que não estragassem e os distribuíam para a alimentação da
família. Desta forma, os despenseiros da obra do Senhor devem alimentar
a “família de Deus” (1Co 4.1; Ef 2.19). Eles precisam ter o cuidado no uso
dos dons concedidos pelo Senhor para prover a alimentação espiritual,
objetivando a edificação do Corpo de Cristo: “Cada um administre aos
outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme
graça de Deus. Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se
alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá, para que em
tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o
poder para todo o sempre” (1Pe 4.10,11).
CONCLUSÃO
A igreja de Jesus Cristo tem uma missão a cumprir: proclamar o evangelho
em um mundo hostil às verdades de Cristo e descrente de Deus. Diante
desta tão sublime tarefa, a igreja necessita do poder divino. Os dons
espirituais são um “arsenal” à disposição do corpo de Cristo para o
cumprimento eficaz de sua missão na terra. Como já foi dito, o propósito
dos dons é edificar toda a igreja, todo Corpo de Cristo para ser abençoado,
exortado e consolado. Por isso, nunca devemos usar os santos dons de
Deus em benefício particular, como se fosse algo exclusivo de certas
pessoas. Somos chamados a servir a Igreja do Senhor, e não a utilizar os
dons de Deus para nós mesmos.