Apostila - A Pessoa de Jesus - 2019-2020
Apostila - A Pessoa de Jesus - 2019-2020
Apostila - A Pessoa de Jesus - 2019-2020
Sumário
Introdução 6
A Trindade 8
Introdução 12
O Logos “pré-encarnado” 13
A encarnação do Logos 17
Introdução 20
Considerações iniciais 26
Introdução 32
Introdução 38
“Eu Sou o Pão da Vida”; “Eu Sou o Pão Vivo que Desceu do Céu” 40
Introdução 45
O Ofício de Profeta 46
O Ofício de Sacerdote 47
O Ofício de Rei 49
Introdução 51
Introdução 59
A esperança e a vigilância 73
Referências Bibliográficas 75
Lição 1: Introdução, Trindade e Revelação de Deus
Jesus.
Introdução
1
“Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a
cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus.” (Hebreus 12.2)
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A PESSOA DE JESUS: Introdução, Trindade e Revelação de Deus
Você sabe quem é este Jesus a quem afirma seguir? Nesta série de estudos
vamos nos concentrar sobre a pessoa de Jesus.
Portanto, estudar sobre a pessoa de Jesus é importante, mas este estudo não
terá valor nenhum se não nos relacionarmos com ele. Na verdade, o objetivo deste
estudo é apenas conhecer um pouco melhor aquele com quem nos relacionamos.
A crença cristã ortodoxa afirma que Jesus é “Deus-homem”: 100% divino como
seu Pai; 100% humano como cada um de nós. A negação da divindade de Jesus é uma
heresia que pode ser chamada de “ebionismo”; a negação da sua humanidade é o que
se chama de “docetismo”. Você não precisa se preocupar em registrar os termos
técnicos (ebinonismo e docetismo) se não quiser, mas preste, por favor, bastante
atenção nestas ideias.
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A PESSOA DE JESUS: Introdução, Trindade e Revelação de Deus
A Trindade
Alguns podem pensar que este assunto – a Trindade – seja um tanto difícil. Na
verdade, ele está diretamente ligado à limitação da racionalidade humana (e sobre isso
trataremos no próximo ponto desta lição). O que acontece é que nossa dificuldade
para considerar a ideia de um Deus trinitário, na verdade, apenas expõe nossa
limitação para compreender a pessoa de Deus. E a Trindade tem a ver, precisamente,
com a forma como Deus se revela a nós e nos redime, estabelecendo um
relacionamento conosco.
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A PESSOA DE JESUS: Introdução, Trindade e Revelação de Deus
Em suma, afirmar que somos cristãos significa afirmar que cremos num Deus
criador, redentor e santificador. E o único assim que existe no “mercado” das
diferentes religiões é o Deus trino: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
2
“Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste; Que é o homem
mortal para que te lembres dele? e o filho do homem, para que o visites?” (Salmo 8.3-4)
3
“Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos.” (Salmo 19.1)
4
“Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua
divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem
inescusáveis;” (Romanos 1.20).
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A PESSOA DE JESUS: Introdução, Trindade e Revelação de Deus
Devemos notar que a revelação geral, embora seja muito importante, não é,
por si só, suficiente. Por um lado, ela tem a função de despertar em nós o
reconhecimento da grandeza de Deus e, consequentemente, um sentimento de
humildade. Mas, por outro lado, se dependesse apenas da revelação geral, ainda
estaríamos mortos em nossos delitos e pecados. Por isso, à revelação geral de Deus
soma-se a sua revelação especial.
A ideia de revelação especial tem a ver com o fato de que Deus celebrou uma
aliança com Abraão, Isaque e Jacó. A partir dos patriarcas, Deus estabeleceu um povo,
e a este povo confiou sua Palavra, naquilo que conhecemos hoje como o Antigo
Testamento.
5
“[o evangelho de Deus] acerca de seu Filho, que nasceu da descendência de Davi segundo a carne.”
(Romanos 1.3).
6
Apologética é uma expressão que identifica a defesa da fé por meio de argumentos racionais. Seu
objetivo não é, necessariamente, produzir a fé por meio da razão, senão eliminar obstáculos à fé.
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A PESSOA DE JESUS: Introdução, Trindade e Revelação de Deus
conhecido como “trilema de Lewis” (o mesmo C.S. Lewis que já consideramos linhas
atrás).
Jesus ensinou abertamente que era o Filho de Deus (sobre isso trataremos nas
próximas lições). Além disso, sua influência afetou diretamente a vida daqueles que se
aproximaram dele. Na verdade, a influência de Jesus foi algo tão impactante que até
mesmo alterou a história (dividimos o tempo em antes de Cristo e depois de Cristo).
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Lição 2: O Logos de Deus – A Divindade de Cristo
Jesus Cristo.
Introdução
Quando Paulo estava preso em Roma, escreveu quatro cartas que, exatamente
por isso, passaram a ser identificadas como “Cartas da Prisão”: Efésios, Filipenses,
Colossenses e Filemom.7
Assim, podemos dizer que um bom roteiro para o estudo da divindade de Cristo
é a Carta de Paulo aos Colossenses. Desta carta tão especial, separamos três
afirmações para iniciar nosso estudo desta lição.
7
2 Timóteo também foi escrita quando o apóstolo estava preso, às vésperas de seu martírio. No
entanto, ela é tradicionalmente classificada como uma “Carta Pastoral” juntamente com 1 Timóteo e
Tito. Além disso, possivelmente Paulo tenha sido preso duas vezes, o que faz com que 2 Timóteo tenha
sido escrita nesta segunda prisão.
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A PESSOA DE JESUS: O Logos de Deus – A Divindade de Cristo
O Logos “pré-encarnado”
Vamos, então, para os primeiros três versos da Bíblia, para verificarmos isso
(Gênesis 1.1-3):
(1) No princípio criou Deus os céus e a terra. (2) E a terra era sem
forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de
Deus se movia sobre a face das águas. (3) E disse Deus: Haja luz; e
houve luz.
As expressões sublinhadas na passagem são aquelas que indicam cada uma das
três pessoas da Trindade nos três primeiros versos da Bíblia. “Deus”, o Pai, no verso 1,
e o “Espírito de Deus,” no verso 2, são mais fáceis de identificar. Alguns podem
imaginar que Jesus estaria na expressão “luz”, no verso 3, mas isso introduziria
algumas complicações teológicas.8
8
Basicamente, esta ideia faria com que Jesus tivesse sido criado após a criação dos céus e da Terra. Mas,
como veremos oportunamente, o Filho de Deus foi “gerado, não criado, antes de todas as eras”.
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A PESSOA DE JESUS: O Logos de Deus – A Divindade de Cristo
Agora, pense nessa capacidade humana e a projete para Deus. O Logos de Deus
é a “Razão de Deus,” a “Expressão de Deus,” a “Palavra de Deus.” Não a Bíblia, pois a
Bíblia é a Palavra de Deus escrita, mas a Palavra de Deus que está no próprio Deus, e
que identifica e individualiza o próprio Deus. É a capacidade que o próprio Deus tem
de raciocinar e elaborar um discurso articulado sobre as coisas.
9
O “princípio” de que João trata no verso 1 é diferente do “princípio” de Gênesis 1.1. João 1.1 e 2
tratam do que se chama de “eternidade passada.” A criação descrita em Gênesis 1 encontra paralelo em
João 1.3.
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A PESSOA DE JESUS: O Logos de Deus – A Divindade de Cristo
Quando nada existia, tudo existia na mente de Deus. O Logos de Deus era Deus,
e o Logos de Deus estava com Deus (João 1.1). Quando Deus se expressou,
manifestando a sua Palavra, o Seu Logos, todas as coisas foram feitas. “E disse Deus,” e
assim foi (Gênesis 1). “Todas as coisas foram feitas pelo Logos de Deus, e sem ele nada
do que foi feito se fez” (João 1.3).
Como o Logos de Deus foi o responsável pela criação de todas as coisas (João
1.3), tudo aquilo que chamamos de “leis da natureza” é emanação da própria mente
de Deus. A capacidade que nós, como seres humanos, temos de compreender e
descrever as leis da natureza demonstra a ressonância que há entre o nosso logos e o
Logos de Deus.
Foi precisamente por isso que “o Logos de Deus se fez carne” (João 1.14). Mas
esta verdade é assunto para mais adiante. Por ora, vamos permanecer contemplando
a segunda pessoa da Trindade na perspectiva da compreensão do Logos de Deus.
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A PESSOA DE JESUS: O Logos de Deus – A Divindade de Cristo
Assim, antes mesmo de criar qualquer coisa, Deus “fez” uma imagem de si
mesmo. Numa primeira apreciação, esta imagem que Deus faz de si mesmo é o Logos
de Deus, que é o próprio Deus e estava desde o princípio com Deus (João 1.1).
Nesse sentido, o Filho foi gerado pelo Pai. O Credo Niceno (século IV d.C.)
afirma que o Filho é “luz de luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não
criado, antes de todas as eras, da mesma substância do Pai”.
Embora essa forma de colocar as coisas possa nos dar a entender que o Pai seja
anterior ao Filho, precisamos lembrar que Deus é eterno. Por isso, a afirmação de que
o Filho foi gerado do Pai não faz com que o Filho tenha um começo. Assim como o Pai,
o Filho sempre existiu.
Mas o Logos não é apenas a imagem que Deus faz de si mesmo. João 1.3 nos
afirma ainda que foi por meio do Logos de Deus que todas as coisas foram criadas. Já
vimos como isso se relaciona com a impressão racional da assinatura de Deus na
criação por meio das leis da natureza.
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A PESSOA DE JESUS: O Logos de Deus – A Divindade de Cristo
Mas, como sabemos, Adão pecou e, com ele, todos nós, de maneira que jamais
foi achado sobre a Terra aquele homem perfeito, projetado por Deus desde a
eternidade. Jamais, até o Logos de Deus se fazer carne.
A encarnação do Logos
Se tomarmos o sol como o Pai, Cristo é o brilho do sol – e lembre, por favor,
que isso é apenas uma analogia. Num certo sentido, é impossível dissociarmos a luz e o
10
“De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em
forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma
de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo,
sendo obediente até à morte, e morte de cruz.” (Filipenses 2.5 a 8)
11
“O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as
coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados,
assentou-se à destra da majestade nas alturas” (Hebreus 1.3).
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A PESSOA DE JESUS: O Logos de Deus – A Divindade de Cristo
calor que emanam do sol do próprio sol. E somente porque a luz e, especialmente, o
calor do sol chegam a nós é que mantemos nossa vida física.
Com Cristo é mesma coisa. Assim como o sol, sua luz e seu calor são a fonte
indissociável de nossa vida física, o Pai e o Filho – e devemos acrescentar também o
Espírito Santo – são a fonte indissociável de nossa vida espiritual.
“Ninguém jamais viu a Deus,” afirmou João Batista (João 1.18),12 numa
referência ao Pai. Ainda assim, só podemos ter vida e discernimento espirituais pelo
Pai. E a luz do Pai, que nos permite a vida e o discernimento espirituais, é o Filho.
A rigor, nem mesmo a luz do sol conseguimos contemplar de forma direta. Ela
ilumina toda a criação, mas apenas a vemos refletidas nos objetos. Da mesma forma,
não conseguimos contemplar a divindade em sua plenitude. Antes, tudo o que
podemos contemplar da divindade está impresso no homem Jesus Cristo.
12
“Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou.” (João
1.18)
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A PESSOA DE JESUS: O Logos de Deus – A Divindade de Cristo
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Lição 3: O Supremo Sumo Sacerdote – A Humanidade de Cristo
✔ Vislumbrar o papel que Jesus exerce, hoje, como nosso Sumo Sacerdote, sendo
Introdução
Jesus foi “concebido pelo poder do Espírito Santo no ventre da virgem Maria,”
diz o Credo Apostólico, o mais antigo de todos os credos do cristianismo. De Deus, seu
pai, recebeu a divindade. Da parte de Maria, a humanidade, a herança de Adão, mas
sem pecado.
13
“E o Logos se fez carne a habitou entre nós, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai,
cheio de graça e de verdade.” (João 1.14)
14
“E, projetando ele isto, eis que em sonho lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de
Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo”
(Mateus 1.20).
15
“Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, E chama-lo-ão pelo nome de EMANUEL, que
traduzido é: Deus conosco.” (Mateus 1.23)
16
“E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá
com a sua sombra; por isso também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus.”
(Lucas 1.35)
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A PESSOA DE JESUS: O Supremo Sumo Sacerdote – A Humanidade de Cristo
Iniciemos com uma citação de Hebreus 7.21-28, com especial atenção para o
verso 26 (ainda que partes dos demais versos também venham a ser enfatizadas ao
longo desta lição):
(21) Mas este com juramento por aquele que lhe disse: Jurou o
Senhor, e não se arrependerá; tu és sacerdote eternamente, segundo
a ordem de Melquisedeque [Sl 110.4] , (22) de tanto melhor aliança
Jesus foi feito fiador. (23) E, na verdade, aqueles foram feitos
sacerdotes em grande número, porque pela morte foram impedidos
de permanecer, (24) mas este, porque permanece eternamente, tem
um sacerdócio perpétuo. (25) Portanto, pode também salvar
perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre
para interceder por eles. (26) Porque nos convinha tal sumo
sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e
feito mais sublime do que os céus; (27) que não necessitasse, como
os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente
por seus próprios pecados, e depois pelos do povo; porque isto fez
ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo. (28) Porque a lei constitui
sumos sacerdotes a homens fracos, mas a palavra do juramento, que
veio depois da lei, constitui ao Filho, perfeito para sempre.
A pergunta que deve ser feita é “por que precisamos de um Sumo Sacerdote?”
E, mais ainda, por que um Sumo Sacerdote com características tais quais estas
descritas na Carta aos Hebreus? Pois é isso que diz o verso 26: Cristo, como Sumo
Sacerdote, “nos era necessário” (“nos convinha tal sumo sacerdote”).
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A PESSOA DE JESUS: O Supremo Sumo Sacerdote – A Humanidade de Cristo
(10) Porque convinha que aquele, para quem são todas as coisas [o
Pai] , e mediante quem tudo existe, trazendo muitos filhos à glória,
consagrasse [aperfeiçoasse] pelas aflições o príncipe da salvação
deles [Jesus]. (11) Porque, assim o que santifica [Jesus], como os que
são santificados, são todos de um [o Pai] ; por cuja causa não se
envergonha de lhes chamar irmãos, (12) dizendo: Anunciarei o teu
nome a meus irmãos, Cantar-te-ei louvores no meio da congregação.
[citação do Salmo 22.2] (13) E outra vez: Porei nele a minha
confiança. E outra vez: Eis-me aqui a mim, e aos filhos que Deus me
deu. [citação de Isaías 8.17 e 18] (14) E, visto como os filhos
participam da carne e do sangue, também ele [Jesus] participou das
mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o
império da morte, isto é, o diabo; (15) e livrasse todos os que, com
medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão.
Como nós “participamos da carne e do sangue,” Jesus, para nos salvar e nos
aperfeiçoar, precisou, ele mesmo, participar dessas mesmas coisas, “carne e sangue”
(verso 14). A passagem ainda nos afirma que Cristo foi “aperfeiçoado” pelos
sofrimentos (verso 10), precisamente com a finalidade de se tornar nosso salvador.
O importante, por ora, é notar que, além de enfatizar que Jesus precisava
participar da carne e do sangue para nos livrar do poder e do medo da morte, ele
também fez isso para aniquilar aquele que detinha o poder da morte, o diabo (verso
14).
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A PESSOA DE JESUS: O Supremo Sumo Sacerdote – A Humanidade de Cristo
Para se habilitar como este único mediador entre Deus e os homens, Jesus, o
Deus-homem, não somente se apresentou como sacrífico em nosso lugar, mas viveu
uma vida santa e sem pecado. Nem mesmo maldade se achou em sua boca (1 Pedro
citando Isaías 53.9).
2.22,17
Assim, retornando a Hebreus lemos não somente que Jesus não pecou, mas em
tudo ele foi tentado, como um de nós. E, precisamente porque ele foi tentado em
tudo, mas sem pecado, é que ele pode se compadecer de nossas fraquezas (Hebreus
4.15). 18
Vemos, então, que Jesus não somente participou da carne e do sangue, como
nós, mas também que ele enfrentou o pecado, sendo tentado em tudo, como nós,
tendo se saído também vitorioso.
Isso nos leva diretamente ao ponto crucial da vida de Jesus, aquele momento
no qual o Filho de Deus tomou sobre si os nossos pecados, a cruz.
17
“O qual não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano.” (1 Pedro 2.22)
18
“Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém,
um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado.” (Hebreus 4.15)
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A PESSOA DE JESUS: O Supremo Sumo Sacerdote – A Humanidade de Cristo
Sob um determinado aspecto, Cristo só foi capaz de suportar a cruz porque ele
é Deus. Nenhum homem poderia carregar tamanho fardo, a não ser, como vimos, um
homem que é Deus.
Mas se, por um lado, o sacrifício da cruz só foi possível a Cristo porque ele é
Deus, por outro lado, ele foi angustiante quanto seria para qualquer homem. O fato
extremo da hematidrose (suor de sangue), no Getsêmani, na noite anterior à
crucificação, ilustra o tipo de aflição pelo qual o homem Jesus passou ao saber que iria
suportar sobre si a consequência do pecado de toda a humanidade (Lucas 22.44).19
a
Aqui, retornamos ao paradoxo: poderia o Perfeito ser aperfeiçoado? N
linguagem bíblica, ser aperfeiçoado é sinônimo de ser completo. Jesus, no sentido
divino, já era perfeito. Mas, como homem, ele foi aperfeiçoado, porque precisava ser
completado. E ele foi completado pelos sofrimentos. É exatamente neste sentido que
vem a afirmação de que ele, sendo filho, aprendeu a obediência pelo que sofreu.
A obediência estava em Cristo, em sua natureza divina, por ser ele perfeito.
Mas, ao ser aperfeiçoado (completo) na carne, ele aprendeu a obediência por meio da
experiência.
19
“E, estando em agonia, orava mais intensamente. E aconteceu que o seu suor se tornou como gotas
de sangue caindo sobre a terra.” (Lucas 22.44)
20
Compare-se com Lucas 22.43, passagem que afirma que um anjo de Deus fortaleceu a Cristo no
Getsêmani. A interpretação proposta para as duas passagens em conjunto é a seguinte. A agonia pela
qual Jesus estava passando no Getsêmani era tamanha que poderia levá-lo à morte ali mesmo (ver
Mateus 26.38 e Marcos 14.34, passagens paralelas, nas quais Jesus afirma estar angustiado “até à
morte”). A hematidrose (suor de sangue) foi apenas um sintoma disso. Jesus clamou ao Pai, que o ouviu
e o fortaleceu, enviando um anjo (Lucas 22.43 e 44). Do contrário, o Senhor teria perecido ali mesmo, e
não teria morrido na cruz por nós.
21
“(7) O qual, nos dias da sua carne, oferecendo, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao
que o podia livrar da morte, foi ouvido quanto ao que temia. (8) Ainda que era Filho, aprendeu a
obediência, por aquilo que padeceu. (9) E, sendo ele consumado [aperfeiçoado], veio a ser a causa da
eterna salvação para todos os que lhe obedecem; (10) Chamado por Deus sumo sacerdote, segundo a
ordem de Melquisedeque.” (Hebreus 5.7 a 10)
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A PESSOA DE JESUS: O Supremo Sumo Sacerdote – A Humanidade de Cristo
E, assim, tendo participado de tudo o que participamos, mas sem pecado, pôde
se tornar Sumo Sacerdote perfeito. Tendo vencido a morte por meio da ressurreição, e
estando exaltado à direita do Pai, conhecendo nossas fraquezas, vive para sempre para
nos socorrer (Hebreus 2.17-1822 e 4.15), intercede por nós diante do Pai, e pode nos
salvar perfeitamente (Hebreus 7.25).23
22
“Por isso convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo
sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo. Porque naquilo que ele mesmo,
sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados.” (Hebreus 2.17-18)
23
“Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para
interceder por eles.” (Hebreus 7.25)
24
“Vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus que fora feito um pouco menor do que os
anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos.”
(Hebreus 2.9)
25
“Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei da Glória.”
(Salmo 24.7; o verso 9 é idêntico)
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Lição 4: O Ensino Moral de Jesus – o Sermão do Monte
Monte;
Considerações iniciais
Certamente esta lição será mais proveitosa para quem estiver bem
familiarizado com a passagem. Assim, caso entenda adequado, você pode interromper
o estudo para fazer a leitura dos capítulos indicados, e depois retomar. De todo modo,
esta lição pode servir como um roteiro de estudo interessante para o Sermão do
Monte.
26
Há uma passagem paralela e resumida em Lucas 6.20-49. As pequenas diferenças entre uma
passagem e outra não são significativas e podem ser atribuídas, por exemplo, a tratar-se de assuntos
recorrentes no ensino de Jesus. Note que Lucas não registra que o Senhor tenha subido ao monte.
Assim, seu relato pode ser tanto um excerto do sermão encontrado no Evangelho de Mateus quanto
uma anotação relativa a um outro momento, que oportunamente chegou ao conhecimento do
evangelista.
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A PESSOA DE JESUS: O Ensino Moral de Jesus – o Sermão do Monte
Mateus 5.43 a 48 e 7.12 são passagens que podem ser apontadas como
centrais para este nosso estudo, na medida em que tratam, respectivamente, do
“princípio do amor” e da “regra de ouro.” Podemos notar que este ensino está
enraizado no mandamento segundo o qual devemos amar ao nosso próximo como a
nós mesmos, encontrado na Antiga Aliança em Levítico 19.18 e citado pelo Senhor em
Mateus 22.39.
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A PESSOA DE JESUS: O Ensino Moral de Jesus – o Sermão do Monte
Feita esta ressalva, podemos considerar, ainda que de forma resumida, cada
uma das três partes do Sermão.
Além disso, a misericórdia (Mateus 5.7) e a paz (Mateus 5.9) são manifestadas
como frutos do Espírito de Deus em nossas vidas. Se formos perseguidos por causa da
justiça (isto é, da nossa fé em Cristo e da vida reta que ela produz), isso não nos
alarma, mas é motivo de alegria, pois assim foi com o próprio Senhor e com os santos
que nos precederam (Mateus 5.10-12). Cabe a nós desejarmos ardentemente a justiça
de Deus (Mateus 5.6) – o que, noutras palavras, pode ser compreendido como desejar
a sua santidade – e ele mesmo nos fartará.
Das bem-aventuranças Jesus passa, ainda nesta porção que destacamos como
sendo introdutória, ao nosso testemunho (Mateus 5.13-16): “sal e luz” são as figuras
utilizadas para demonstrar que a vida dos seus discípulos fazem diferença onde quer
que eles passem (como o sal, emprestam sabor e, como a luz, iluminam).
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A PESSOA DE JESUS: O Ensino Moral de Jesus – o Sermão do Monte
Vale ainda destacar que o nosso testemunho, nossas boas obras, são para que
os homens “glorifiquem a Deus” (Mateus 5.16). Note o contraste que há com a
imagem pintada, em Mateus 6.1-6, acerca dos hipócritas, que fazem tudo para serem
vistos pelos homens e serem recompensados pelos homens, em vez de fazer tudo para
a glória de Deus.
Como isso deixa claro, o que conta aqui é a motivação interior do coração
(glorificar a Deus vs. receber glória dos homens). E essa compreensão de nossas
motivações interiores nos leva diretamente para o âmago da ética do Reino de Deus,
aspecto que é desenvolvido na segunda parte do Sermão.
Jesus inicia a tratar da ética do reino de Deus mostrando que, na Nova Aliança
celebrada por meio do seu sangue, o que se tem é o “desenvolvimento moral” da
Antiga Aliança. É nesse sentido que devemos compreender que o Senhor afirma não
ter vindo para revogar a lei, mas para cumpri-la (Mateus 5. 17).
A lei cerimonial diz respeito aos rituais da Antiga Aliança. Todos eles eram
tipológicos e apontavam para Cristo. Nesse sentido, na cruz, Jesus cumpriu toda a lei
cerimonial do Antigo Testamento. É por isso que, na Nova Aliança, não estamos mais
sujeitos a estes tipos de preceitos.
Temos, por outro lado, a lei moral e a lei civil ou judicial. A lei moral,
encontrada na Antiga Aliança, é aquela que revela, inicialmente (registre bem esse
inicialmente, por favor), a santidade de Deus: o padrão objetivo de conduta que Deus
espera do homem. A lei civil ou judicial, por sua vez, diz respeito à aplicação da lei
moral para a regulação da vida da comunidade de Israel após a saída do Egito. Trata-se
de leis relativas a um governo limitado no tempo e no espaço. Não têm, nem jamais foi
a intenção de Deus que tivessem, aplicação fora daquele contexto específico.
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A PESSOA DE JESUS: O Ensino Moral de Jesus – o Sermão do Monte
Testamento, embora ressoe este padrão objetivo da lei moral, é temporal e, como diz
respeito ao governo da comunidade de Israel, foi feita para ser eventualmente
superada.
Usando de termos com alguma carga filosófica, podemos dizer que a lei moral
é necessária, ao passo que a l ei civil ou judicial, assim como a lei cerimonial, eram
contingentes. Esse é o exato sentido, inclusive filosófico, do que o Senhor afirmou em
Mateus 5.17.
Agora podemos compreender por que foi afirmado que a lei moral, o padrão
ela lei
objetivo de conduta que reflete a santidade de Deus, foi revelada inicialmente p
do Antigo Testamento. Nesta porção que vai de Mateus 5.17-7.12 Jesus, claramente,
“eleva o padrão” do ponto de vista moral (não basta, por exemplo, simplesmente não
cometer o ato de adultério; o que Deus espera de nós é que nem mesmo tenhamos
intenção sexual impura). É por isso que afirma que, para alguém entrar no reino de
Deus (aquele mesmo reino invertido cujas características já consideramos), a sua
justiça deve exceder em muito a dos escribas e fariseus (Mateus 5.20), os mais
notórios religiosos da época.
Por outro lado, os mesmos fariseus também eram bem conhecidos pela
hipocrisia – e hipocrisia é algo que Deus não tolera. A posição de Jesus contra a
hipocrisia fica bem clara em outras passagens dos Evangelhos (como no capítulo 23 de
Mateus, por exemplo) e também está por trás de passagens importantes do Sermão
do Monte, como os contrastes que são apresentados quanto às ofertas, à oração e ao
jejum (Mateus 6.1-8 e 16-18).
Nesse sentido, além de “elevar o padrão moral” da lei, Jesus foi além,
demonstrando que o que importa para Deus é o interior, e não o exterior. A verdadeira
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A PESSOA DE JESUS: O Ensino Moral de Jesus – o Sermão do Monte
justiça é algo que está no coração, que flui de dentro para fora, não se contentando
com um cumprimento frio e objetivo de preceitos morais.
Aqui, vale ainda destacar que o ensino de Jesus é muito rico. É algo vivo,
dinâmico. Ao mesmo tempo em que denuncia a hipocrisia dos fariseus e estabelece o
padrão de sinceridade de coração, o Mestre ensina um modelo de oração que reflete o
reconhecimento da paternidade divina e a total confiança em Deus (a chamada
“oração dominical”27 ou, simplesmente, o “Pai-Nosso” Mateus 6.9-3); e, ao mesmo
tempo em que ensina a orar, ensina também a perdoar! (Mateus 6.12 e 14-15)
Para encerrar esta seção, já vimos como o núcleo do ensino moral contido no
Sermão do Monte é o amor. Essa vida que brota de dentro para fora, alicerçada no
amor a Deus sobre todas as coisas e no amor ao próximo, irá se manifestar de forma
prática naquilo que tem sido chamado de “regra de ouro”. Aliás, é digno de nota que
Mateus 7.12 inicia com a conjunção conclusiva “portanto”, indicando que uma
aplicação prática de toda a ética cristã está em tratar ao próximo como gostaríamos de
ser tratados.28
27
“Dominical”, em latim, significa “do Senhor.” Ou seja, esta oração é chamada assim porque foi
ensinada pelo próprio Senhor Jesus.
28
A “regra de ouro,” em seu aspecto positivo, é algo típico do cristianismo. Outros sistemas éticos, quer
filosóficos, quer religiosos (o judaísmo incluído) chegaram, no máximo, ao aspecto negativo da regra de
ouro (não trate os outros como você não gostaria de ser tratado), também chamado de “regra de
prata”. Esta é uma prova contundente da superioridade moral do cristianismo.
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A PESSOA DE JESUS: O Ensino Moral de Jesus – o Sermão do Monte
O Sermão do Monte, assim, encerra com uma parábola. E nossa próxima lição
será sobre as parábolas de Jesus.
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Lição 5: O Ensino de Jesus por meio de Parábolas
de Jesus.
Introdução
Jesus proferiu mais ou menos quarenta parábolas. O número total vai depender
de quem conta, já que há certa controvérsia sobre a classificação de alguns de seus
discursos como parábolas, e há quem dispute se um grupo de histórias contabiliza
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A PESSOA DE JESUS: O Ensino de Jesus por meio de Parábolas
Essa verdade espiritual é afirmada por Jesus naquela que talvez seja a mais
conhecida de todas as parábolas, a “Parábola do Semeador” (Mateus 13.1-9 e 18-23;
Marcos 4.1-20; Lucas 8.4-15). A respeito desta parábola, há dois aspectos muito
importantes a serem enfatizados. O primeiro é que o próprio Mestre explicou o seu
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A PESSOA DE JESUS: O Ensino de Jesus por meio de Parábolas
sentido – e isso não aconteceu na maioria das parábolas, o que talvez possa dificultar
um pouco a sua compreensão. O segundo é que a Parábola do Semeador parece
fornecer algum esquema para compreendermos todas as demais parábolas (Marcos
4.13).29 E esse esquema, ao que tudo indica, diz respeito ao que se passa no interior do
coração do ser humano.
Esta seção encerra com uma parábola, que parece nos dizer o que fazer com as
parábolas. Ao final do seu ensino aos discípulos, Jesus perguntou se eles haviam
compreendido o que ouviram, ao que eles responderam positivamente (Mateus
13.51). Diante disso, Jesus lançou mão da última parábola desta seção, segundo a qual
“todo escriba versado no reino dos céus é semelhante a um pai de família que tira do
seu tesouro coisas novas e velhas” (Mateus 13.52).
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A PESSOA DE JESUS: O Ensino de Jesus por meio de Parábolas
é, precisamente, o significado espiritual das parábolas. Para utilizar uma expressão que
é conhecida de quem está familiarizado com o ensino de crianças, o importante é
buscar a “moral da história”. E, mais do que isso, como Jesus também ensinou numa
parábola que já consideramos ao encerrarmos o estudo sobre o Sermão do Monte (a
parábola dos dois construtores), o mais importante é colocarmos em prática aquilo
que as parábolas do Mestre nos ensinam.
30
E são mais de uma, pois tanto a parábola dos dois filhos (Mateus 21.28 a 32) quanto a do filho
pródigo (Lucas 15.11 a 32) tratam sobre o assunto, embora esta segunda tenha também outro sentido.
A parábola do fariseu e do publicano (18.9 a 14) também pode ser considerada neste grupo.
31
Mateus 18.23 a 35.
32
Lucas 18.1 a 8.
33
Lucas 10.30 a 37.
34
Mateus 24.45 a 51, 25.14 a 30; Lucas 19.13 a 27.
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A PESSOA DE JESUS: O Ensino de Jesus por meio de Parábolas
Se é assim, é possível que haja algo que também não devemos fazer com as
parábolas (ou, ao menos, devemos fazer com muito cuidado...). Como a parábola já é
uma linguagem figurada que tem por objetivo transmitir um ensinamento moral,
alegorizar o sentido das próprias parábolas não parece ser algo muito recomendável.
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A PESSOA DE JESUS: O Ensino de Jesus por meio de Parábolas
Esta lição, como não poderia ser diferente em razão de nossas restrições de
tempo e espaço, teve por objetivo apenas esclarecer linhas gerais a respeito do ensino
de Jesus por meio de parábolas. Ainda assim, ela pode ter lhe fornecido elementos
para exercitar uma interpretação saudável das Escrituras e, o que é mais importante,
praticar a obediência ao ensino moral encontrado na Palavra de Deus, mediante a
direção do Espírito Santo.
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Lição 6: O Ensino de Jesus Acerca de Si Mesmo – o “EU SOU” no Evangelho de João
Evangelho de João;
Introdução
Dentre tudo o que Jesus disse sobre sua própria pessoa, vamos nos deter nas
vezes em que ele afirmou “eu sou” no Evangelho de João.
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A PESSOA DE JESUS: O Ensino de Jesus Acerca de Si Mesmo – o “EU SOU” no Evangelho
de João
Num primeiro momento (verso 28), afirmando que sua divindade seria
reconhecida quando ele fosse levantado, numa alusão à sua crucificação (nesse
mesmo sentido, veja-se João 3.14). Essa afirmação pode ser interpretada como Jesus
afirmando ser “o enviado do Pai”, mas, em razão da ocorrência seguinte, pode
também ser compreendida como uma afirmação de sua divindade e da sua
eternidade.
Como Jesus está respondendo a uma inquietação daquela mulher (veja o verso
25), a verdade implícita nesta afirmação, além da referência à sua divindade, é a de
que ele é o Messias. Messias em hebraico, Cristo em grego, Ungido em português.
Jesus veio como o Ungido de Deus para realizar uma obra específica: anunciar a
Verdade (ele mesmo é a Verdade), morrer pelos nossos pecados e governar o universo
como Senhor.
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A PESSOA DE JESUS: O Ensino de Jesus Acerca de Si Mesmo – o “EU SOU” no Evangelho
de João
“Eu Sou o Pão da Vida”; “Eu Sou o Pão Vivo que Desceu do Céu”
No capítulo 6, após ter alimentado cinco mil homens (além de mulheres e
crianças) mediante a multiplicação milagrosa de cinco pães e dois peixes e,
possivelmente por isso, ter sido procurado do outro lado do lago da Galileia pela
multidão para ser coroado como rei, Jesus proferiu um discurso que foi considerado
muito duro por aqueles que não tinham compreensão de o compreender.
Comparando-se com o pão que saciou a fome física da multidão e com o maná,
que Deus mandou quando da peregrinação de Israel pelo deserto, Jesus afirmou ser “o
Pão da Vida” (João 6.48) e o “Pão Vivo que desceu do céu” (João 6.51).
Ao fazer isso, apontou tanto para o seu perfeito sacrifício (veja o final do verso
51 e compare com João 6.4, indicando que isso aconteceu próximo à Páscoa) quanto
para o fato de que ele sacia definitivamente nossas necessidades espirituais (nossa
fome e sede espiritual), pois sua carne é verdadeira comida e seu sangue é verdadeira
bebida (João 6.55).
Jesus não somente sacia nossa fome e sede espirituais; ele também nos dá a
direção, nos leva a viver uma vida que agrada ao Pai. Por isso, afirmou “Eu sou a Luz do
Mundo” (João 8.12).
Portanto, se ele é a luz do mundo e se nós, estando nele, também somos a luz
do mundo, segue-se que só iremos brilhar de verdade, dando um bom testemunho, se
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A PESSOA DE JESUS: O Ensino de Jesus Acerca de Si Mesmo – o “EU SOU” no Evangelho
de João
refletirmos a luz de Cristo. Noutras palavras, não temos luz em nós mesmos; toda
verdadeira luz espiritual procede do Senhor Jesus.
Em João 10.7 e 10.11a Jesus faz duas afirmações que, consideradas em seu
contexto, parecem indicar uma mesma verdade: ele afirma ser “a Porta das Ovelhas” e
“o Bom Pastor.”
Em seu contexto, essas afirmações contrastam aqueles que não são de Cristo (em
especial, os judeus que o estavam contestando e com os quais teve sérios debates,
especialmente nos dois capítulos anteriores) com aqueles que são seus, como é foi o
caso do cego de nascença curado no capítulo anterior (João 9.1-7) e de todos aqueles
que seguem verdadeiramente a Jesus, tornando-se seus discípulos.
Nessa mesma passagem, há uma afirmação que não pode ser esquecida. Jesus
lembra que “o bom pastor dá a vida pelas ovelhas” (João 10.11b), o que é uma clara
alusão à sua morte substitutiva na cruz por nós.
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A PESSOA DE JESUS: O Ensino de Jesus Acerca de Si Mesmo – o “EU SOU” no Evangelho
de João
Mas Jesus não afirmou apenas sua morte substitutiva (seu sacrifício vicário). No
capítulo seguinte, afirmou seu poder sobre a morte: “Eu Sou a Ressurreição e a Vida”
(João 11.25). E, na mesma ocasião, o Mestre ainda acrescentou: “quem crê em mim,
ainda que esteja morto, viverá.”
Cristo é a Vida, a verdadeira vida espiritual. A vida está nele, afirma o Evangelista,
noutra passagem (João 1.4). Assim, somente o Senhor Jesus pode comunicar a
verdadeira vida espiritual.
Foi por isso que o próprio Jesus, havendo se entregue pelos nossos pecados,
ressuscitou ao terceiro dia. A morte não poderia conter o Autor da Vida! A ressurreição
de Jesus é a base segura, a única base de nossa confiança de que ele nos ressuscitará
com Ele.
Para demonstrar seu poder sobre a morte, Jesus operou um milagre tremendo.
Trouxe Lázaro, irmão de Marta e Maria, de volta à vida, quatro dias após a sua morte.
Os Evangelhos relatam outras situações em que Jesus ressuscitou mortos (como a filha
de Jairo e o filho da viúva de Naim), mas apenas Lázaro foi trazido de volta à vida após
quatro dias. Na verdade, Jesus esperou propositalmente estes quatro dias, para
mostrar seu poder incontestável sobre a morte, porque corria entre os judeus uma
crença de que o espírito, após a morte, rondava o corpo do falecido por três dias para
ver se podia voltar à vida. Após o quarto dia, em razão do estágio de decomposição
que o cadáver atingia, a crendice dos judeus afirmava que não seria mais possível o
espírito voltar ao corpo.
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A PESSOA DE JESUS: O Ensino de Jesus Acerca de Si Mesmo – o “EU SOU” no Evangelho
de João
Portanto, ao ressuscitar Lázaro, Jesus realizou um milagre que não poderia, ainda
que em bases equivocadas, reconheça-se, ser contestado pelos judeus que o
testemunharam.
Mas, mais do que isso, essa afirmação, tomada em seu contexto e considerada à
luz do restante do ensino do Novo Testamento, nos demonstra que Jesus, que venceu
a morte e ressuscitou, é poderoso para trazer da morte espiritual para a vida espiritual,
hoje, todo aquele que nele crê.
Uma vez trazidos da morte para a vida, a verdadeira vida espiritual que é o próprio
Cristo, o único Caminho que há para caminharmos é identificado também com a
pessoa de Jesus. Por isso ele também afirmou: “Eu Sou o Caminho, e a Verdade e a
Vida” (João 14.6).
Essa afirmação Jesus fez aos seus discípulos, no cenáculo da última ceia, após
Judas haver saído para trai-lo. Os discípulos, representados por Tomé, sem
compreenderem que as profecias a respeito do sofrimento do Cristo estavam prestes a
se cumprir, queriam saber para onde Jesus iria, e qual o caminho a seguir (João 14.5).
Por isso, o Mestre afirmou ser o próprio Caminho, e que a única forma de alguém ir
até o Pai é por meio do Filho. Nessa mesma passagem, Jesus afirmou, apesar da
repetida dificuldade dos discípulos de compreenderem, sua unidade com o Pai, de tal
forma que quem vê ao Filho vê ao Pai (João 14.7 a 11).
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A PESSOA DE JESUS: O Ensino de Jesus Acerca de Si Mesmo – o “EU SOU” no Evangelho
de João
Por fim, a última das vezes que Jesus utiliza a expressão que estamos estudando,
afirma, novamente para os onze, possivelmente no caminho para o Getsêmani, “Eu
Sou a Videira Verdadeira” (João 15.1).
No Antigo Testamento, a videira era uma figura para Israel (veja-se, por exemplo,
Isaías 5.1-7, Salmo 80.8-16, Jeremias 2.21, Ezequiel 19.10 e Oseias 10.1). Assim, Jesus
está afirmando que Ele é o verdadeiro Israel. Ressoando aquela controvérsia verificada
alguns capítulos antes com os judeus, que invocavam sua descendência natural de
Abraão, Jesus demonstra que o verdadeiro descendente de Abraão, em quem será
chamada a verdadeira descendência de Abraão, é ele mesmo, o Cristo de Deus. Da
mesma forma, os verdadeiros descendentes de Abraão, os descentes espirituais de
Abraão, não são a descendência carnal de Abraão, mas aqueles que estão em Cristo
(ver Romanos 2.28-29).
Além disso, nessa passagem Jesus nos ensina a permanecermos nele, já que ele é
a Videira e nós, os ramos (João 15.2-5). Além de recebemos a vida por meio dele,
permanecer nele é a única condição para que possamos dar verdadeiros frutos
espirituais. Assim, fora de Cristo, a Videira verdadeira, nós, que somos apenas ramos,
não teremos proveito nenhum para Deus.
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Lição 7: Os Ofícios de Jesus – Profeta, Sacerdote e Rei
hebraico, “Messias”;
✔ Vislumbrar os três ofícios exercidos por Jesus como o Ungido de Deus e sua
Introdução
Já vimos que “Cristo” é uma palavra grega que traduz o termo hebraico
“Messias.” Traduzidas para o português, ambas as expressões significam “Ungido.”
Jesus, portanto, é o Ungido de Deus.
Logo, num primeiro momento, podemos notar que dizer que Jesus é o Ungido
de Deus é dizer que ele foi ungido com o Espírito Santo. Aliás, a Escritura parece tratar
o espírito de Cristo como sinônimo do próprio Espírito Santo (cf. Romanos 8.9,
Filipenses 1.19, e 1 Pedro 1.11). Isso significa que há, no espírito do homem Jesus,
uma unidade completa com o Espírito Santo de Deus. Do ponto de vista da Teologia, as
ideias de pericorese e de apropriação, já trabalhadas em outra lição, procuram
explicar, respectivamente, esta interpenetração entre a segunda e a terceira pessoas
da Trindade e a participação de uma na obra da outra.
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A PESSOA DE JESUS: Os Ofícios de Jesus – Profeta, Sacerdote e Rei
No contexto do Antigo Testamento, eram ungidos com óleo aqueles que iriam
desempenhar as funções de profeta, de sacerdote e de rei. Assim, Jesus, o Ungido de
Deus, desempenha esses três ofícios.
Notemos, no entanto, que muitos eram os que recebiam a unção para estas
funções na Antiga Aliança. Jesus, porém, é o único e verdadeiro Ungido de Deus.
Podemos dizer que todos os profetas, sacerdotes e reis encontrado no Antigo
Testamento eram apenas sombras, figuras, tipos de Cristo. Seu objetivo era prefigurar
aquele que viria para exercer essas funções de forma definitiva.
Além disso, na Antiga Aliança estas funções eram desempenhadas, cada uma,
por pessoas diferentes. Até a vinda de Jesus, o Messias, jamais os ofícios de profeta,
sacerdote, e rei foram acumulados por uma só pessoa. Há dois episódios na vida de
Saul que ilustram isso muito bem, registrados em 1 Samuel 10.11ss e 13.8ss.
O Ofício de Profeta
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A PESSOA DE JESUS: Os Ofícios de Jesus – Profeta, Sacerdote e Rei
Aquilo que havia sido comunicado de forma parcial pelos profetas, no Antigo
Testamento, agora, em Jesus, é comunicado de forma definitiva e completa. Aliás,
grande parte da mensagem dos profetas tinha o objetivo de apontar para a vinda do
próprio Cristo. Pedro, inclusive, diz que foi pelo próprio espírito de Cristo que os
profetas testemunharam acerca das salvação por intermédio das aflições do Messias, e
das glórias que lhe seguiriam (1 Pedro 1.10-12).
O Ofício de Sacerdote
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A PESSOA DE JESUS: Os Ofícios de Jesus – Profeta, Sacerdote e Rei
Por outro lado, Jesus, como nosso Supremo Sumo Sacerdote, vive para sempre
para interceder por nós na presença do Pai. E, como vimos na lição em que tratamos
acerca da humanidade de Cristo, sua intercessão por nós é perfeita exatamente
porque ele se identificou completamente conosco em nossa humanidade, em nossas
fraquezas e em nossas tentações, embora sem pecado. Assim, não temos um sumo
sacerdote distante, ou que não saiba o que passamos. Pelo contrário, Jesus, como
nosso Sumo Sacerdote diante de Deus, conhece de perto nossas fraquezas e misérias
e, por isso, pode apresentar ao Pai, por nós, perfeita intercessão.
O primeiro é que ninguém, seja vivo, seja morto, pode interceder por outra
pessoa como Jesus intercede por nós. O único representante dos seres humanos
diante de Deus é Cristo; o único que vai ao Pai com autoridade intercessória é Jesus.
Isso não significa, obviamente, que não possamos interceder uns pelos outros.
No entanto, sempre nos colocaremos na posição de intercessores como iguais, e não
como superiores. Ou seja, não há, além da autoridade de Cristo, autoridade
intercessória especial entre os homens, e a intercessão de um ser humano por outro
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A PESSOA DE JESUS: Os Ofícios de Jesus – Profeta, Sacerdote e Rei
Nessa perspectiva, o segundo ponto a destacar é o fato de que Cristo, por seu
sangue, nos constitui como uma nação de sacerdotes (1 Pedro 2.9 e Apocalipse 1.6 e
5.10). Compreendida em seu contexto, esta verdade bíblica nos demonstra que todos
nós temos, por meio de Cristo, acesso direto ao Pai. Ou seja, não precisamos que outro
ser humano, como sacerdote, se interponha entre nós e Deus. Esse acesso é o próprio
Cristo que nos garante mediante o seu ofício sacerdotal perfeito e definitivo.
O Ofício de Rei
Por fim, além dos profetas e dos sacerdotes, também os reis eram ungidos com
óleo no contexto da Antiga Aliança. Jesus, portanto, além dos ofícios de profeta e de
sacerdote, acumula o ofício de rei.
“Rei dos reis” e “Senhor dos senhores,” “nome acima de todo nome”
(lembrando que, nesse contexto, nome significa autoridade), “príncipe dos reis da
terra”, “Rei da glória”, “Filho de Davi” são apenas algumas das designações atribuídas
pelas Escrituras a Jesus que indicam a sua realeza, o seu ofício de rei.
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A PESSOA DE JESUS: Os Ofícios de Jesus – Profeta, Sacerdote e Rei
Assim, hoje, nesse sentido estrito, Jesus governa sobre seres humanos
arrependidos e redimidos, resgatados pelo seu sangue, e este governo é
implementado mediante a direção do Espírito Santo de Deus. “Não por força nem por
violência, mas pelo meu Espírito”, falou o Senhor por meio de um de seus profetas
(Zacarias 4.6).
Além disso, aqueles que são governados por Cristo também reinam e reinarão
com Ele (novamente, Apocalipse 1.6 e 5.10, além de Lucas 12.32, Romanos 5.17, 2
Tessalonicenses 1.5-6, 2 Timóteo 2.12). Mas isso precisa ser bem compreendido e, de
fato, somente é bem compreendido à luz do contexto que já estamos considerando. A
Escritura ensina claramente que participamos do reino de Cristo à medida que
compartilhamos de seus sofrimentos. Assim, as tribulações e aflições desta vida não
devem ser enfrentadas com desespero por nós; ao invés, devem ser consideradas
motivo de esperança, pois por meio delas nos tornamos coparticipantes de Jesus em
seu reino, e a vida e o caráter de Jesus podem ser formados em nós.
Tudo isso é o que diz respeito ao reino de Cristo no presente. Mas há, ainda,
como mencionado, o aspecto futuro, que concerne ao fim de todas as coisas, à
consumação escatológica do seu reino.
No futuro, Jesus voltará para julgar esta terra, punir os desobedientes e reinar,
em novos céus e nova terra, juntamente com aqueles que são seus. Esta verdade
bíblica é tanto o objeto de nossa esperança quanto o motivo de nossa vigilância
constante, nos estimulando a viver uma vida de piedade e santidade. E sobre a
segunda vinda de Cristo trataremos ainda de forma específica numa próxima lição.
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Lição 8: Os Milagres de Jesus no Evangelho de João
Introdução
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A PESSOA DE JESUS: Os Milagres de Jesus no Evangelho de João
mencionado, mas que será usado para conduzir nosso estudo nesta lição. Usando uma
figura de linguagem chamada de hipérbole, o Quarto Evangelho afirma que, se tudo
aquilo que Jesus fez fosse registrado, os livros escritos não caberiam no mundo (João
21.25). De todo modo, seja em razão da hipérbole empregada por João, seja em razão
da simbologia que o número quarenta implica na Bíblia, o fato é que podemos ter
certeza de que Jesus operou muitos outros milagres além daqueles registrados no
Novo Testamento.
Noutra passagem semelhante, João afirmou que, embora Jesus tenha realizado
ainda muitos outros milagres, aqueles registrados em seu Evangelho o foram para nós
crermos que Jesus é o Cristo e para, crendo, termos vida em seu nome (João 20.31).
Que lições aprendemos com este milagre? Podemos dizer que este milagre liga
de forma muito especial o início do Evangelho de João com o seu final. No início do
Evangelho, Jesus é apresentado como o Logos de Deus, por meio de quem todas as
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A PESSOA DE JESUS: Os Milagres de Jesus no Evangelho de João
coisas foram feitas (João 1.3). No final do Evangelho, temos o relato da morte de Jesus
na cruz, ocasião na qual ele verteu o seu sangue para nos purificar de nossos pecados.
Assim, num primeiro momento podemos perceber que a alteração radical não
somente das moléculas, mas dos próprios átomos da água, para que fossem
transformados em átomos de vinho, apontam para Jesus como o Logos de Deus,
criador de todas as coisas. Somente o poder criativo de Deus seria capaz de um
milagre tão grande quanto esses. É claro que todos os milagres realizados por Jesus
apontam para o seu poder sobre a natureza (pois esta é a própria definição de
milagre). Mas este, em especial, em razão da transformação tão radical que operou
dentro daqueles jarros.
Por outro lado, o fato de Jesus haver transformado a água em vinho aponta
para o seu sacrifício na cruz, uma vez que o vinho é, no Novo Testamento, o símbolo
para o sangue de Cristo, vertido em nosso favor.
Além disso, o milagre, com a produção de vinho, aponta ainda para aquela
afirmação de Jesus que estudamos em outra lição: “Eu sou a videira verdadeira” (João
15.1), representando que Cristo é o verdadeiro Israel de Deus.
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A PESSOA DE JESUS: Os Milagres de Jesus no Evangelho de João
Ainda nessa perspectiva, não devemos esquecer que este milagre aconteceu
logo após Jesus haver se revelado como o Cristo para uma mulher samaritana (João
4.26).
E é significativo o fato de que este milagre tenha sido registrado logo após o
registro da cura de um gentio, no caminho da Judeia para a Galileia. Por um lado, Jesus
já havia começado a quebrar as barreiras étnicas consideradas intransponíveis para os
judeus. Por outro lado, os judeus, apegados à Antiga Aliança e às tradições humanas
que foram construídas com o passar do tempo a partir da Antiga Aliança (a
religiosidade do judaísmo), começavam claramente a rejeitar o Messias.
(11) Veio para o que era seu, e os seus não o receberam, (12) mas a
todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos
de Deus; aos que creem no seu nome.
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A PESSOA DE JESUS: Os Milagres de Jesus no Evangelho de João
O quarto milagre realizado por Jesus foi a multiplicação de cinco pães e dois
peixes, por meio da qual alimentou 5.000 homens, mais mulheres e crianças (João
6.5-15). Este foi o primeiro milagre deste tipo, tendo Jesus realizado outro similar,
porém apenas registrado em Mateus e Marcos. O interessante deste milagre é que ele
é o único registrado em todos os quatro Evangelhos. Qual o seu significado? Além de
apontar, assim como no caso do primeiro milagre, a condição de Jesus como o Logos
divino, criador de todas as coisas (pois somente o poder do Criador seria capaz de
fazer tamanho sinal), este milagre tem um significado especial se levarmos em conta o
discurso que Jesus proferiu no dia seguinte, do outro lado do Mar da Galileia, no qual
ele afirmou ser o “pão da vida” e o “pão vivo que desceu do céu” (João 6.48 e 51).
Naquela ocasião, o discurso do Pão da Vida não foi bem aceito pelos judeus -
que, como vimos, já estavam começando a rejeitar o Messias. Que nós, ao contrário,
possamos compreender o valor deste verdadeiro alimento espiritual e nos
alimentemos sempre de Jesus.
João não registra muitos detalhes acerca deste milagre, mas na narrativa do
primeiro Evangelho (Mateus 14.22-33) encontramos Pedro indo ao encontro de Jesus
sobre as águas, o que tem servido de base, ao longo da história, para muitas
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A PESSOA DE JESUS: Os Milagres de Jesus no Evangelho de João
O segundo aspecto é que este milagre se coloca como uma resposta a uma
crença corrente entre os judeus, à época. Há algo interessante acerca do Antigo
Testamento: nele não se encontra o relato da cura de um cego. Há o relato de
ressurreições, de cura de leprosos, de intervenções divinas sobre a natureza, mas
nunca, nunca um cego sequer foi curado antes de Jesus. Por isso, os judeus criam que
a cura de um cego - ainda mais se fosse um cego de nascença! - era algo especialmente
sobrenatural e milagroso; algo digno do próprio Messias.
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A PESSOA DE JESUS: Os Milagres de Jesus no Evangelho de João
capítulo 9, no qual a cura é descrita, obviamente, vem depois do capítulo 8 e antes do
capítulo 10. No primeiro, como já vimos noutra lição, Jesus se apresenta como “a luz
do mundo” (João 8.12, o que ele retoma em João 9.5), além de se apresentar com o
Deus pré-existente (o “Eu Sou”: João 8.28 e 58). Após realizar o milagre da cura do
cego, Jesus afirma expressamente que os fariseus é que eram – necessariamente a
partir da perspectiva espiritual – cegos (João 9.41). Após isso, ele se apresenta como a
“Porta das Ovelhas” e o “Bom Pastor” (João 10.9 e 11), estabelecendo um claro
contraste entre aquele que fora cego e que não somente foi curado, mas ouviu a sua
voz (e, portanto, faz parte do seu rebanho), e os fariseus, que não ouviram a sua voz e
o rejeitaram (e, por isso, não eram de Deus).
O último milagre que Jesus fez antes de ser crucificado foi a ressurreição de
Lázaro (João 11.1-44). Já vimos, noutra lição, que foi exatamente neste contexto que
Cristo afirmou ser “a ressurreição e a vida” (João 11.25), e aqui já ficou claro que há
uma clara conexão entre esta lição e a anterior, uma vez que constantemente os
milagres, no Evangelho de João, estão conectados às vezes em que Jesus, no original,
usou a fórmula “Eu Sou” para indicar sua divindade, o que fizemos questão de destacar
nesta lição.
Se, por um lado, o milagre realizado por Jesus em Betânia acentuou o ímpeto
dos fariseus por matá-lo, por outro este milagre prenuncia a ressurreição do próprio
Cristo, sua vitória sobre o poder da morte e do pecado, a tão grande salvação que ele
nos proporcionou por meio de sua cruz. Aliás, a cruz de Cristo é, exatamente, o
assunto da nossa próxima lição.
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A PESSOA DE JESUS: Os Milagres de Jesus no Evangelho de João
primeira pesca miraculosa, as redes não se romperam, e isso teria causado grande
espanto aos discípulos envolvidos.
Por outro lado, parece evidente que esta segunda pesca miraculosa também se
colocou como um elemento importante no processo, relatado no capítulo 21 do
Evangelho de João, de restauração da identidade ministerial de Pedro após este haver
negado Cristo três vezes, em especial porque foi exatamente após a primeira pesca
miraculosa que o Senhor o chamou para ser “pescador de homens” (Lucas 5.10).
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Lição 9: A Cruz – o Sacrifício Vicário – de Cristo
Introdução
(3) Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo
morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, (4) e que foi sepultado,
e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras.
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A PESSOA DE JESUS: A Cruz – o Sacrifício Vicário – de Cristo
(14) Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas
ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do
meio de nós, cravando-a na cruz. (15) E, despojando os principados e
potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo.
Somando-se essas duas passagens, aprendemos que, na cruz, Jesus (1) morreu
pelos nossos pecados, (2) anulou o poder da lei e do pecado e, por fim, (3) triunfou
sobre Satanás e seus demônios. Por fim, esses três aspectos nos apontam, ainda, para
(4) a dimensão existencial da cruz.
Como diz a Escritura, quer dizer, como foi profetizado no Antigo Testamento,
registrado e ensinado no Novo Testamento, o Senhor Jesus Cristo morreu por nossos
pecados.
Essa dívida precisa ser quitada, e a verdade é que nenhum homem jamais foi
capaz de quitá-la. Por melhores que tenham sido os seres humanos ao longo da
história, nenhum deles jamais atendeu ao padrão de justiça e santidade de Deus.
Todos os seres humanos, nascidos de Adão (ou seja, nascidos da carne), estão debaixo
da mesma condenação de Adão.
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A PESSOA DE JESUS: A Cruz – o Sacrifício Vicário – de Cristo
Somente um novo homem, o “último Adão” (1 Coríntios 15.45), Cristo, foi
capaz de satisfazer ao padrão de santidade e justiça de Deus. E, como toda a
humanidade estava sujeita à morte por causa do pecado, coube a Cristo morrer por
nosso lugar.
A analogia com o aspecto criminal nos indica que Jesus cumpriu a pena que
estava destinada a nós em razão do pecado. Já a analogia com o aspecto civil indica
que ele pagou a dívida que tínhamos para com Deus.
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A PESSOA DE JESUS: A Cruz – o Sacrifício Vicário – de Cristo
O resumo disso é que a lei de Deus é boa, pois foi dada por Deus e revela o
padrão de santidade de Deu; mas, ao se associar ao poder do pecado, que está em
mim e me domina, a lei não produz vida, apenas morte. Como sou irremediavelmente
pecador, não encontro no regime da lei de Deus outra coisa que não seja condenação
e morte.
No entanto, Cristo morreu sobre a cruz e ressuscitou exatamente para nos tirar
do regime da lei. Ele nos libertou da lei e do pecado, para que vivamos em novidade de
vida, dirigidos pelo Espírito Santo de Deus. E essa novidade de vida, é importante
notar, tem uma ligação direta com a sua ressurreição, assunto de nossa próxima lição.
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A PESSOA DE JESUS: A Cruz – o Sacrifício Vicário – de Cristo
É importante deixar isso bem claro. Todo pecado é desobediência à lei de Deus,
e a lei, embora nos leve ao reconhecimento do pecado e à nossa necessidade
completa de Cristo, não foi dada por Deus para ser desobedecida. O que acontece é
que nenhum ser humano é capaz de estabelecer um relacionamento com Deus com
base na obediência de Deus; pelo contrário, a base para nosso relacionamento com
Deus é a cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, e a única possibilidade que temos de
atender às santas e legítimas exigências da lei de Deus é mediante a atuação do
Espírito Santo a partir de nosso interior, numa vida de relacionamento com Deus por
meio de Cristo.
Em suma, na cruz Jesus triunfou sobre o pecado e sobre o regime da lei, nos
libertando da lei e do pecado para uma novidade de vida em seu nome.
Além deste triunfo sobre o poder do pecado e sobre o regime da lei, a cruz
também estabeleceu a vitória de Jesus sobre satanás e seus demônios. É a isso que
Paulo afirma ao mencionar “principados e autoridades” em Colossenses 2.15.
E nisso vemos claramente o caráter invertido sobre o reino de Deus. Aos olhos
humanos (e, possivelmente, aos olhos do império das trevas também), aquele homem
sobre a cruz não passava de um derrotado, um condenado. No entanto, como ele não
era passível daquela condenação (nem do ponto de vista judicial, pois não cometeu
crime nenhum, nem do ponto de vista moral, pois jamais cometeu qualquer pecado),
sua morte na cruz foi nada mais nada menos do que o supremo ato de amor de Deus
para a humanidade. Um amor tão grande que não pode ser compreendido; um amor
tão grande que não pode ser resistido.
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A PESSOA DE JESUS: A Cruz – o Sacrifício Vicário – de Cristo
Assim, toda aquela vergonha e humilhação enfrentadas por Cristo na cruz (de
fato, nossa vergonha e nossa humilhação que o Filho de Deus estava tomando sobre si)
acabaram por se transformar na vergonha e na humilhação de seus próprios
adversários espirituais. Pois foi na cruz que Jesus, embora humilhado na carne,
triunfou no Espírito, prevalecendo sobre satanás e seus demônios. Assim, quem a cruz
verdadeiramente expôs ao desprezo e à humilhação foram os principados e
potestades, definitivamente derrotados que foram pelo Senhor em razão de seu
sublime sacrifício.
Jesus não apenas nos substituiu na cruz do calvário. Para nos substituir, ele
precisou se identificar conosco. E ele se identificou conosco assumindo nossos
pecados, sofrendo por nós e morrendo por nós. Da mesma forma como Cristo se
identificou conosco na cruz, nós nos identificamos com Ele na cruz. “Tenho sido
crucificado junto com Cristo,” escreveu Paulo em Gálatas 2.20.
Se, por um lado, temos esta significativa resposta existencial na cruz de Cristo,
por outro lado o resultado que ela produz em nós não seria possível sem que sua
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A PESSOA DE JESUS: A Cruz – o Sacrifício Vicário – de Cristo
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Lição 10: A Ressurreição e a Exaltação de Jesus
Espírito Santo;
Nosso texto base, já na lição anterior, foi 1 Coríntios 15.3-4. Agora, vale a pena
relembrarmos esta passagem:
(3) Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo
morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, (4) e que foi sepultado,
e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras.
O sacrifício de Cristo na cruz é muito importante, mas ele só foi completo por
sua ressureição. Como Paulo nos ensina em Romanos 4.25, Jesus foi entregue por
causa dos nossos pecados, mas ele ressuscitou pela nossa justificação. Podemos dizer,
assim, que a morte de Cristo pagou o preço pelos nossos pecados, e a sua ressurreição
nos comunica a sua vida, motivo pelo qual podemos ser feitos justos diante de Deus.
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A PESSOA DE JESUS: A Ressurreição e a Exaltação de Jesus
(4) De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte;
para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória
do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. (5)
Porque, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança da
sua morte, também o seremos na da sua ressurreição; (6) sabendo
isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o
corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao
pecado. (7) Porque aquele que está morto está justificado do pecado.
(8) Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele
viveremos; (9) sabendo que, tendo sido Cristo ressuscitado dentre os
mortos, já não morre; a morte não mais tem domínio sobre ele. (10)
Pois, quanto a ter morrido, de uma vez morreu para o pecado; mas,
quanto a viver, vive para Deus. (11) Assim também vós
considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus em
Cristo Jesus nosso Senhor.
Já vimos, na lição anterior, que é possível falar, a partir de Gálatas 2.20, numa
“dupla identificação” da cruz de Cristo. Na cruz, Jesus se identificou comigo, tomando
a minha humanidade. Crucificado com ele, eu posso também viver por meio dele. Ou
seja, há uma identidade estabelecida entre Jesus e mim na sua morte. Ele morreu a
minha morte, assumindo a minha condenação por causa do pecado, saldando a minha
dívida para com Deus. Logo, o meu velho homem, corrompido pelo pecado, foi morto
juntamente com ele na cruz.
Pensando bem, de que nos adiantaria apenas ter morrido juntamente com
Cristo? Sem a ressurreição, sua obra de Jesus na cruz teria sido incompleta e, se é que
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A PESSOA DE JESUS: A Ressurreição e a Exaltação de Jesus
podemos afirmar isso, não teria muito sentido para nós. Pois somente há sentido falar
que morremos juntamente com ele se com ele também ressuscitarmos. Esta é a
conexão que Paulo estabelece nesta passagem, utilizando-se do batismo como símbolo
não somente de nosso sepultamento com Cristo, mas também de nossa ressurreição
com ele, e nos ensinando, adicionalmente, que não faz sentido que alguém que já está
morto para o pecado permaneça pecando (ver Romanos 6.1-2).
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A PESSOA DE JESUS: A Ressurreição e a Exaltação de Jesus
De fato, após haver ressuscitado, Jesus apareceu a seus discípulos num corpo
glorificado e, depois um espaço de 40 dias (Atos 1.3), foi exaltado – subiu aos céus
diante deles (ver Lucas 24.50-53 e Atos 1.9).
O retorno triunfante de Jesus aos céus permanece um mistério para nós. Mas
há alguns textos muito importantes que tratam dele, dentre os quais podemos citar o
Salmo 24.7-10 e o capítulo 5 de Apocalipse. O autor da carta aos hebreus chega a nos
afirmar que Jesus sabia a alegria que estava lhe aguardando no céu e, por isso, fez
pouco caso da afronta que sofreu sobre a cruz (Hebreus 12.2).
Já vimos, numa outra lição, que o título de Rei dos Reis e Senhor dos Senhores
era de Cristo por direito, mas ele o conquistou por merecimento em razão de sua
obediência e do seu sacrifício por nós. Uma forma de entender isso é que, sem a cruz,
Jesus seria um rei sem súditos, uma vez que a justiça de Deus se restringiria a punir
aqueles que lhe foram desobedientes. Mas, com a cruz, a ressurreição e a exaltação de
Cristo Deus tem um povo que pode chamar de seu; ele tem súditos que podem, pelo
Espírito Santo, verdadeiramente se sujeitar ao seu justo e santo governo.
estávamos mortos em nossos pecados, por outro lado é o mesmo Espírito que nos
comunica a vida de Cristo para a nossa santificação diária. E, como ensina a Escritura,
isso não seria possível sem a ressurreição e a exaltação de Jesus.
Para encerrar e preparar a próxima lição, a última deste nosso singelo estudo
sobre a pessoa de Jesus, devemos notar a relação que há entre a ressurreição e a
exaltação de Cristo e a nossa esperança neste mundo.
Nessa perspectiva, Paulo nos ensina que, se Cristo não ressuscitou dentre os
mortos, toda a pregação do Evangelho é vazia, assim como é vazia a nossa fé (1
Coríntios 15.14). O apóstolo vai além e a chega a afirmar que, sem a ressurreição de
Cristo, somos os mais miseráveis de todos os homens (1 Coríntios 15.19).
Podemos dizer que há, basicamente dois motivos para afirmações tão drásticas
da parte de Paulo. O primeiro está ligado à eficácia de sua ressurreição para nos livrar
de nossos pecados, como inclusive já vimos, e isso está afirmado na mesma passagem
(1 Coríntios 15.17).
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A PESSOA DE JESUS: A Ressurreição e a Exaltação de Jesus
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Lição 11: A Segunda Vinda de Cristo
de Cristo;
Introdução
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A PESSOA DE JESUS: A Segunda Vinda de Cristo
Antes de sua crucificação Jesus deixou bem claro que o dia de sua volta não era
conhecido nem pelos anjos dos céus, nem pelo Filho, mas exclusivamente pelo Pai
(Mateus 24.36). Além disso, após a sua ressurreição, pouco antes de subir novamente
aos céus, afirmou que não nos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai
estabeleceu em sua própria autoridade (Atos 1.7).
Ou seja, o tempo (o que pode ser entendido como o dia), ou mesmo a época da
volta de Jesus é assunto que está sob a reserva do conhecimento e da autoridade do
Pai. E quantas heresias e seitas já surgiram ao longo da história do cristianismo em
razão de pessoas que tiveram o disparate de estabelecer o dia da volta do Senhor!
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A PESSOA DE JESUS: A Segunda Vinda de Cristo
Alguém poderia sentir-se ressentido ou quem sabe até mesmo revoltado com Deus
por as coisas serem assim (e, quem sabe, este possa ser o sentimento velado por
detrás destas heresias escatológicas que volta e meia surgem), mas o certo é que
devemos ter um sentimento de humildade e gratidão para com o Pai por ele ter, em
sua infinita sabedoria, estabelecido as coisas dessa maneira.
iz respeito não
E é importante notar que a atitude de humildade intelectual d
somente ao tempo (ao dia), mas também à época da volta de Cristo. Prestar atenção a
este detalhe é importante porque muitos, ao olharem desanimados para o rumo que
as coisas tomam no mundo, intuem que esta deve ser a “época” na qual Jesus está
voltando. É preciso ter cuidado com este tipo de postura também.
Assim, se este estudo servir apenas ajudar você a alinhar suas expectativas
intelectuais e morais a respeito da volta de Jesus com o padrão bíblico, certamente ele
alcançará seu objetivo.
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A PESSOA DE JESUS: A Segunda Vinda de Cristo
O Senhor Jesus virá dos céus, da mesma forma como subiu (ou seja, seu
com ele nas nuvens, e assim ficarão para sempre com o Senhor.
Esses são os pontos essenciais desta que, inspirados em C.S. Lewis, poderíamos
chamar de uma “escatologia pura e simples.” Outras questões normalmente estudadas
quando se estuda escatologia, como a grande tribulação, a manifestação do anticristo
e o reino milenar são pontos sobre os quais existe grande divisão entre os cristãos e
que, exatamente por isso, serão deixados de fora. Além disso, o objetivo desta lição é
exatamente demonstrar a beleza da escatologia e a simplicidade que pode estar
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A PESSOA DE JESUS: A Segunda Vinda de Cristo
envolvida em seu estudo, motivo pelo qual é suficiente que nos concentremos em seus
pontos essenciais.
A esperança e a vigilância
Da mesma forma, em sua Primeira Carta, o apóstolo João nos consola com a
lembrança de que um dia seremos semelhantes a Cristo, porque haveremos de vê-lo
assim como ele é, acrescentando que todo aquele que tem esta esperança purifica-se
a si mesmo (1 João 3.1-3).
Nota-se que nosso encontro escatológico com Cristo é apresentado por João
como motivo não somente de esperança, mas de purificação. Ou seja, trata-se de uma
esperança que produz santidade. Logo, uma escatologia espiritualmente saudável está
diretamente ligada a uma vida de santificação.
Encerramos este estudo com uma passagem que trata exatamente disso,
alertando-nos sobre o tipo de pessoa que devemos ser, em santo trato e piedade,
levando em conta que tudo nesta terra há de passar e que o nosso Senhor virá dos
céus para nos buscar (2 Pedro 3.10-13):
(10) Mas o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; no qual os céus
passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a
terra, e as obras que nela há, se queimarão. (11) Havendo, pois, de perecer
todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato, e piedade,
(12) aguardando, e apressando-vos para a vinda do dia de Deus, em que os
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A PESSOA DE JESUS: A Segunda Vinda de Cristo
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Referências Bibliográficas
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