Dispepsia
Dispepsia
Dispepsia
Silva FM. Dispepsia: caracterização e abordagem. Rev Med (São Paulo). 2008 out.-
dez.;87(4):213-23.
RESUMO: A dispepsia é uma síndrome de alta prevalência, embora somente uma pequena
parte dos pacientes que sofrem com ela procure atenção médica. Os conceitos e abordagens
relacionadas à síndrome, apoiados nas sugestões do Consenso de Roma III, são apresentados
neste artigo. Casos da síndrome na prática médica são propostos para auto-avaliação, e suas
soluções e comentários são também apresentados.
A
síndrome dispéptica, um problema atual inespecíficos como a eructação excessiva e a
comum e universal, é caracterizada aerofagia; ou ainda os de base fisiopatológica mais
por sintomas relacionados ao aparelho ampla como as náuseas e os vômitos33.
digestório alto. É manifestação de diferentes doenças, O consenso de Roma III6, direcionado para
mas principalmente das doenças pépticas, ou seja, as doenças funcionais do aparelho digestório
das doenças determinadas pela disfunção cloridro- sugere que, para o diagnóstico de dispepsia, sejam
péptica: a doença de refluxo gastro-esofágico considerados como sintomas de dispepsia apenas a
(DRGE), a úlcera péptica gastroduodenal e a dor epigástrica: sensação subjetiva e desagradável
dispepsia funcional7. que os pacientes sentem quando está havendo lesão
tecidual, restrita a região do epigástrio, a pirose
Conceitos e sintomas epigástrica: sensação desagradável de queimação
limitada à região do epigástrio, a plenitude pós-
Os sintomas que a caracterizam são sempre prandial: sensação desagradável que a comida
sintomas relacionados ao aparelho digestório permanece prolongadamente no estômago; e a
alto: mais pertinentes como a dor epigástrica e saciedade precoce: sensação que o estômago fica
o desconforto pós-prandial; mais sugestivos de cheio logo depois de iniciar a comer, desproporcional
1
Médico Assistente do Serviço de Clínica Geral e Propedêutica, Divisão de Clínica Médica do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – HC-FMUSP, Doutorando em Gastroenterologia pela FMUSP.
Endereço para correspondência: Fernando Marcuz Silva. Hospital das Clínicas da FMUSP – ICHC - PAMB – 4º. Andar, sala
6. Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 155. Cerqueira César. São Paulo, SP. CEP: 05 403-900. E-mail: [email protected]
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ao volume ingerido, tanto que não se consegue Podem ser acompanhadas de sangramento digestivo
terminar a refeição. Estes sintomas poderiam ter e caracterizam uma doença orgânica bem definida:
um significado fisiopatológico mais específico para lesões gastrintestinais por medicamentos e
dispepsia, enquanto os demais estariam definindo assim não devem ser abordadas, em princípio, como
outras síndromes. quadros de dispepsia2.
O consenso propõe ainda diferentes tipos
de dispepsia: a dispepsia funcional, em que os A dispepsia não diagnosticada
sintomas não estão relacionados a doenças de base
orgânica e os achados de endoscopia são normais O Consenso de Roma III está focado na
ou menores (gastrite); a dispepsia orgânica, em dispepsia funcional. Assim, para critérios diagnósticos,
que os sintomas dispépticos estão relacionados a propõe as restrições sintomáticas acima e define
uma doença orgânica, como a úlcera péptica; e a ainda uma duração de sintomas que devem ser
dispepsia não diagnosticada, quando os sintomas estar presente por pelo menos 3 meses, com pelo
dispépticos ainda não foram investigados e para menos 6 meses do início dos sintomas. Para a
a qual o consenso propõe apenas algumas regras dispepsia não diagnosticada, não se tem definida uma
gerais de abordagem. duração mínima, embora alguns autores considerem
Propõe-se ainda que, quando os sintomas pelo menos 4 semanas nos últimos 3 meses. O
predominantes do paciente sejam pirose retrosternal, consenso Roma III é menos específico e propõe como
azia (sensação de regurgitação ácida ou azeda) ou orientações gerais:
regurgitação, anteriormente definindo a dispepsia • Certificar-se de que os sintomas são restritos
tipo refluxo, ele seja diagnosticado como portador ao trato digestivo alto;
da DRGE e abordado como tal. É verdade que, para o • Identificar os sinais ou sintomas de alarme:
diagnóstico desta doença, não há um exame padrão perda de peso inexplicada, vômitos recorrentes,
ouro, e cerca de metade dos casos são de DRGE não disfagia progressiva, sangramento gastrointestinal,
erosiva, que à endoscopia digestiva poderiam ser anemia, visceromegalia, etc., que não são comuns na
confundidos com casos de dispepsia funcional9. prática diária e que podem ter valor preditivo positivo
Os sintomas de náuseas e vômitos são para doenças orgânicas. Quando presentes ditam a
comuns, com um extenso diagnóstico diferencial indicação de endoscopia digestiva de início;
e com fisiopatologia não necessariamente afeito a • Certificar-se do possível uso de
um sintoma dispéptico do tipo dismotilidade gástrica antiinflamatórios não esteroidais;
e, por isso mesmo, quando não associados uma • Caracterizar como uma Doença de Refluxo
doença orgânica definida, devem ser considerados Gastro-Esofágico a presença de sintomas típicos de
num grupo fisiopatológico diferente da dispepsia: refluxo.
Distúrbios de Náusea e Vômitos Funcionais. De acordo com as condições do local, indicar
Apesar da dor abdominal na dispepsia ser uma a endoscopia digestiva de início para pacientes
dor do tipo visceral, portanto sem uma relação direta idosos.
com o sitio anatômico afetado, o consenso também
propõe que dores localizadas fora do epigástrio O Helicobacter pylori na dispepsia
não sejam consideradas sintomas dispépticos.
Localizadas no andar superior do abdômen, quando O Helicobacter Pylori (H. pylori) é uma bactéria
no hipocôndrio direito são mais sugestivas de doença espiralada, flagelada, gram-negativa, microaerófila,
biliar, e a investigação vai exigir ultra-sonografia. que consegue infectar o estômago e sobreviver no
Quando no hipocôndrio esquerdo pode estar mais ambiente ácido graças a sua capacidade de produção
relacionada ao intestino. de urease e de alcalinização do seu microambiente.
Sintomas do aparelho digestório alto associados Tem alta prevalência no mundo todo, com taxas mais
as do aparelho digestório baixo também não devem altas nos países desenvolvidos, quando comparado
ser considerados como sintomas de dispepsia, com os em desenvolvimento3. No nosso meio esta
porque a síndrome do intestino irritável se sobrepõe taxa é de 65% da população34. A contaminação
à dispepsia, com fisiopatologia semelhante, existindo ocorre principalmente na infância e dificilmente ocorre
mesmo quem considere que ela deva ser chamada eliminação espontânea da bactéria, o que determina
de síndrome do aparelho digestório irritável27. uma infecção crônica em todos os infectados. A
O uso de antiinflamatórios e alguns maioria das pessoas é assintomática, mas uma
outros medicamentos podem determinar lesões pequena parte da população pode desenvolver úlcera
gastrintestinais, mais freqüentemente úlceras e péptica, linfoma tipo MALT e câncer gástrico22.
erosões, principalmente de características agudas. A erradicação da bactéria previne a recidiva
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Digestivas pépticas
Dispepsia funcional
Doença de refluxo gastro-esofágico
Úlcera Péptica
Digestivas não pépticas
Gastropatias específicas
(Tuberculose, Citomegalovirose, Sarcoidose, Doença de Crohn)
Neoplasias
(Gástrica, Pancreática, de Cólon)
Síndromes de má absorção
(Doença celíaca)
Colelitíase
Não digestivas
Doenças metabólicas
(Diabete melito, Doenças da tiróide, Hiperparatiroidismo, Distúrbios eletrolíticos)
Doença coronariana
Colagenoses
Medicamentos
(Antinflamatórios não esteroidais, Antibióticos, Xantinas, Alendronato)
Doenças psiquiátricas
(Ansiedade, Depressão, Pânico, Distúrbios alimentares)
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A dispepsia funcional é a causa mais freqüente da obesidade. Há uma maior preocupação hoje em
da dispepsia não investigada (Quadro 2). A preva- dia com as complicações da DRGE, já que parece
lência da úlcera péptica vem diminuindo (exceto a estar havendo um aumento da incidência do adeno-
forma hemorrágica em idosos8), enquanto a DRGE
vem aumentando, provavelmente pela queda da carcinoma da junção gastro-esofágica nos países
prevalência da infecção pelo H. pylori e pelo aumento ocidentais18 e mesmo no Japão10.
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casos), que são benignos e não vão exigir muitos adotada a faixa etária dos Estados Unidos: 55 anos
recursos no seu acompanhamento, bem como os (Quadro 4). Em princípio, para localidades com alta
casos de neoplasia gástrica. Porém, a endoscopia prevalência de câncer gástrico, recomendam-se
digestiva é um exame que tem restrições de oferta faixas etárias mais baixas31.
e, em alguns países, tem alto custo, de maneira
que economizar sua indicação muitas vezes é uma QUADRO 3. Sinais e sintomas de alarme em dispepsia
necessidade real17.
Emagrecimento inexplicado
Teste e trate
Anemia
A estratégia do “teste e trate”, que consiste Sangramento digestivo
em erradicar o H. pylori em pacientes dispépticos Disfagia progressiva
jovens e sem sinais de alarme, apresenta uma
Vômitos persistentes
relação custo benefício melhor que a endoscopia
inicial e pode economizar até 30% de exames11. Cirurgia gástrica prévia
Porém é necessária a disponibilidade dos testes Visceromegalia
não invasivos para o H. pylori. A prevalência da Icterícia
infecção também não pode ser alta ou muito baixa,
porque ou se erradicaria a bactéria em quase todos Tumoração ou adenopatia abdominal
os dispépticos ou em muito poucos e mesmo em Sintomas sistêmicos
pacientes ulcerosos, a erradicação da bactéria pode Idade (1)
não acabar com os sintomas26.
Uso de antiinflamatórios (2)
Tratamento empírico (1) verificar a faixa etária; (2) sem gravidade, não considerar
alarme.
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Também o uso de antiinflamatório pode ser pepsia, tanto que a dispepsia funcional também é
considerado um sinal de alarme, porque este qua- conhecida como dispepsia não ulcerosa. Tem como
dro normalmente é pouco sintomático e pode estar causa principalmente a infecção pelo H. pylori, o uso
associado à maior morbidade e mortalidade, em de antiinflamatórios e, muito raramente, situações
especial em pacientes idosos. Porém, desde que de hipergastrinemia, como a síndrome de Zollinger-
não haja gravidade hemodinâmica, a suspensão do Ellison24. Diversas patologias determinam úlceras no
medicamento e o uso de inibidor de bomba de prótons aparelho digestório alto, porém há causas não pépti-
podem proporcionar rápida cicatrização das lesões25, cas, como o câncer gástrico, o linfoma, a doença de
sem necessidade de endoscopia. Crohn, a tuberculose, o citomegalovírus e outros.
O seu tratamento consiste na supressão do
A úlcera péptica uso de anti-inflamatórios e na erradicação do H. pylori
(Quadro 5). A supressão ácida determina apenas a
A úlcera péptica tem sido o apanágio da dis- cicatrização temporária das úlceras (Quadro 6).
primeiro tratamento
IBP* 2X 7 dias
Amoxi 1000mg 2X 7 dias 85%(109)
Claritro 500mg 2x 7 dias
re-tratamento
IBP 1X 7 Dias
Furazolidona 200mg 3X 7 dias 75%(112)
Tetraciclina 500mg 3X 7 dias
* (PyloriPac, Heliclar, HelicoPac, Erradic = produtos com o tratamento completo e embalagem calendário oferecidos no mercado)
Antiácidos
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INIBIDOR DE BOMBA
(Dose dupla)
insucesso insucesso
ANTIDEPRESSIVO TRICÍCLICO
PSICOTERAPIA
insucesso
ERRADICAÇÃO DO H. pylori
Insucesso
MEDICAMENTOS EXPERIMENTAIS
(Sumatriptan, Buspirona)
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dor. Há 2 meses foi orientado a fazer um tratamento de prótons, que nesta dose consegue cicatrizar 87%
para erradicação do H. pylori. Usou corretamente a das úlceras em 15 dias. Também é adequado realizar
medicação, porém apresentou recidiva dolorosa 60 precocemente a erradicação do H. pylori, porque o
dias depois do tratamento. tratamento da bactéria em úlcera hemorrágica previne
Caso de úlcera duodenal, provavelmente H. pylori ressangramentos.
dependente. É necessário verificar o uso de anti-
inflamatórios, uma outra causa de recidiva ulcerosa. 8. Paciente feminina de 70 anos, portadora de HAS e
Porém a cura da úlcera associada à infecção pelo H. DM foi tratada de infarto agudo do miocárdio. Na alta
pylori só ocorre com a erradicação da bactéria. Como foi prescrito AAS 100mg por dia e como a paciente
a reinfecção em adultos é muito rara, a não melhora sabe ser portadora de úlcera duodenal, foi prescrito
dos sintomas após o tratamento da infecção ou está
concomitantemente ranitidina 300mg/dia.
associada ao uso de anti-inflamatórios ou à resistência
Caso de úlcera péptica em paciente idosa que tem
da bactéria ao esquema terapêutico utilizado. É
indicação de profilaxia com AAS em baixa dosagem.
importante no retratamento da bactéria utilizar
É sabido que doses de 50mg de AAS já podem inibir
antibióticos diferentes dos usados previamente e com
a ciclo-oxigenase e aumentar e o risco de doença
esquemas testados para a nossa população. Hoje em
gastrointestinal associada a este medicamento. Se
dia, no nosso meio, o esquema inicial preferencial
absolutamente necessário é possível tentar a proteção
utiliza inibidor de bomba de prótons, amoxicilina e
gástrica com o uso concomitante de inibidor de bomba
claritromicina 2 vezes ao dia por 7 dias. Há diversas
de prótons na dose usual. Hoje em dia, para pacientes
apresentações comerciais com embalagem-calendário que apresentam doença gástrica associada ao uso
utilizando este esquema. No retratamento, uma de anti-inflamatório em baixa dosagem, pode-se
opção barata e eficaz é a associação de omeprazol, tentar o uso do clopidogrel ou da ticlopidina, porém
furazolidona e tetraciclina 2 vezes ao dia por 7 dias. Com estes medicamentos também podem determinar
este esquema é importante a orientação dos pacientes complicações gastrointestinais.
para os efeitos adversos da furazolidona que é um
medicamento IMAO-símile. O controle de tratamento 9. Um paciente de 45 anos tem história de azia e pirose
da infecção, quando necessário (úlceras complicadas) retrosternal, associadas à episódios de chiado no
pode ser feito com o exame: Teste Respiratório com peito e tosse seca. Vem usando omeprazol 20mg/
Uréia Marcada com Carbono-13, se a endoscopia não dia com controle parcial dos sintomas. Submetido à
é necessária e deve preferencialmente ser realizado endoscopia digestiva teve diagnóstico de esofagite
de 60 a 90 dias após o uso do tratamento. erosiva e esôfago de Barret.
Caso de DRGE com manifestação extra-digestiva:
7. Paciente masculino de 41 anos apresenta há 1 ano asma e faringite por refluxo. Além disso, na investigação
crises de epigastralgia, acompanhada de náuseas do paciente foi detectado o esôfago de Barret, uma
e vômitos, que associa ao tratamento de crises complicação da doença de refluxo: uma transformação
de podagra, que apresenta com freqüência. Para metaplásica da mucosa esofágica, associada ao refluxo
tratamento da artrite se utiliza de diclofenaco, que gastro-esofágico, que predispõe ao adenocarcinoma
toma 3 a 4 vezes por dia. No último episódio, quando do esôfago. Para doenças extra-digestivas do refluxo
apresentou melena, foi submetido à endoscopia, se propõe a prescrição de inibidor de bomba de
que mostrou úlcera gástrica ativa, com sinais de prótons em dose dobrada por pelo menos 6 meses,
sangramento recente. associado às medidas comportamentais anti-refluxo.
Caso de úlcera associada ao uso de anti-inflamatório. No caso de esôfago de Barret o uso do inibidor de
O paciente deve evitar usar este tipo de medicamento. bomba de prótons deve ser indefinido e deve ser
Às vezes é preferível o uso de corticosteróides realizado periodicamente exame endoscópico para o
(que também apresentam riscos) ao uso de anti- rastreamento do adenocarcinoma de esôfago.
inflamatórios não esteroidais. Os anti-inflamatórios
COX2 seletivos tem menor potencial ulcerogênico, 10. Um paciente com episódio de melena refere sintomas
porém não devem ser usados prolongadamente, em de dor epigástrica há 6 meses, que controlava com uso
especial em idosos e pacientes com aterosclerose, intermitente de omeprazol, sem orientação médica. A
por causa do risco potencial de desencadeamento endoscopia mostrou úlceras duodenais em beijo e uma
de eventos cardio-vasculares. O uso concomitante úlcera na segunda porção do duodeno. A pesquisa do
de supressores ácidos não protege totalmente do H. pylori foi negativa e gastrinemia de 900 pg/ml. O
surgimento de úlcera ou gastrite erosiva. A recidiva paciente tem antecedente de nefrolitíase.
ulcerosa em pacientes tratados com anti-inflamatórios
em uso de bloqueador H2 é de 50% e em uso de Caso de úlcera duodenal associada à hipergastri-
inibidor de bomba de prótons, 25%. Não há efeito nemia. O uso de inibidor de bomba de prótons pode
adicional de proteção com doses maiores que 20mg determinar hipergastrinemia acentuada. Embora
de omeprazol (e equivalente a de outros inibidores de gastrinemia acima de 1.000 pg/mL seja indicativa de
bomba de prótons). No tratamento deste paciente (com gastrinoma, a determinação deste exame deve ser
sangramento ativo) é mais adequado, se possível, realizada com a suspensão do medicamento por pelo
medicá-lo com dose dobrada de inibidor de bomba menos 7 dias antes de sua coleta, o que pode repre-
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sentar uma dificuldade técnica importante, já que o carater familiar e frequentemente apresenta múltiplos
paciente apresenta úlcera ativa e com necessidade pequenos tumores na parede duodenal. No entanto,
de supressão ácida potente. Além disso, a presença a Síndrome de Zollinger-Ellison (gastrinomas asso-
da infecção pelo H. pylori também pode determinar ciados à úlcera péptica e hipersecreção gástrica) é
alteração da gastrinemia e o uso de inibidor de bomba uma síndrome muito rara. Neste caso seria adequado
de prótons também podem mascarar a presença da realizar nova dosagem da gastrina em situação ideal,
infecção. No entanto a presença de úlceras múltiplas pesquisar e erradicar o H. pylori, se presente, medicar
em especial mais distalmente ao estômago também o paciente por um período mínimo de 4 semanas
podem sugerir hiperacidez gástrica. O paciente tem com inibidor de bomba de prótons em dose dobrada
história de nefrolitíase e no caso de gastrinoma e se a situação clínica se mantiver, encaminhar o
associado à síndrome NEM (neoplasia endócrina paciente para a especialidade para a pesquisa de
múltipla), a hipercalcemia associada ao adenoma gastrinoma. Gastrimenias entre 100 e 500 pg/mL são
de paratireóide surge normalmente antes do apare- mais sugestivas de hiposecreção gástrica, freqüente
cimento do gastrinoma. Este tipo de gastrinoma tem em gastrites atróficas.
Silva FM. Dyspepsia: clinical aspects and current approach. Rev Med (São Paulo). 2008 out.-
dez.;87(4):213-23.
ABSTRACT: Dyspepsia is a syndrome with a high prevalence in general population, but only
few patients seek medical care by his symptoms. The concepts and the approaches related
to syndrome, supported by Roma III Consensus, are presented in this article. Clinical cases in
medical practice are proposed for self evaluation and the solutions with proper commentaries
are presented also.
KEY WORDS: Dyspepsia. Stomach ulcer. Gastroesophageal reflux. Peptic ulcer. Stomach
neoplasms.
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