UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDESC

CENTRO DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO E SOCIOECONÔMICAS –

ESAG
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO EMPRESARIAL – 8º TERMO NOTURNO
DIREITO EMPRESARIAL – DEM
PROF. ADRIAN SANCHEZ ABRAHAM

Matheus Keoma Steinbach

ANÁLISE DO ENQUADRAMENTO DE MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL

(MEI)

Florianópolis, SC

2021
1 VISÃO GERAL

Formado na Lei Complementar nº128 de 19/12/2008 a natureza jurídica

(tipo societário) do Microempreendedor Individual (MEI) tem como objetivo
facilitar a formação de pequenos negócios de forma simples e menos
burocrática.

Nessa estrutura o negócio tem que operar sobre uma série de condições,
que justificam sua classificação como micro empreendimento, são elas:

• Faturamento até R$81.000,00 (ou R$6.750,00 mensal caso o negócio

tenha se encaixado na categoria durante o ano)
• Contar apenas com um funcionário (com o salário-mínimo como base ou
o piso da categoria)
• Tem que se encaixar na lista de ocupações permitidas (disponibilizada
no Sebrae)
• Não pode exercer atividades econômicas intelectuais (como advocacia,
psicologia, entre outros)
• Cumprir com seus deveres perante o governo como MEI (expostos nos
capítulos subsequentes)

Se adequando a essas especificações o empreendedor tem acesso a

uma opção de negócio mais acessível a maioria da população e um apoio que
demais formatações não possuem atualmente, com a classe crescendo em altas
velocidades até para um período de crise podemos observar uma série de ações
do estado para fortalecer esse tipo de organização.

Um dos grandes motivos para esse foco no empreendimento individual

de pequena escala é o giro monetário que o mesmo causa, potencializando um
retorno nos períodos de alta inflação e seu potencial para ativar membros da
sociedade anteriormente taxados como improdutivos.

O povo brasileiro tem tido uma grande aceitação dessa iniciativa por
legitimar e formalizar negócios anteriormente ilegais, prover uma oportunidade
para pequenos empreendedores de competir no mercado e pela própria cultura
de criação de oportunidades financeiras disseminada de forma informal.
2 FORMALIZAÇÃO

Para regularização dessa atividade econômica em frente aos órgãos do

governo o candidato a MEI tem que passar por um cadastro de forma digital,
porém antes de iniciar o mesmo esse indivíduo tem que cumprir uma série de
especificações a fim de ser elegível para esse tipo societário, sendo elas as
seguintes:

• Ter mais de 18 anos ou ser emancipado

• Não ser sócio ou ter alguma outra empresa em seu nome
• Não receber benefícios previdenciários (como aposentadoria por
invalidez)
• Se estrangeiro tem que ter o visto permanente (o provisório é inválido)
• Servidores públicos federais não são permitidos, os demais variam por
jurisdição local

O encaixe nessas condições permite a formação de um MEI, assim para

prosseguir no cadastro o aplicante acessa o cadastro no Portal Empreendedor,
apresentando em sua documentação o próprio cadastro no gov.br, Registro
Geral, Declaração de Imposto de Renda, Título de Eleitor, informações de
contato e endereço. Na segunda parte do formulário se qualificam as
informações do negócio por si só sendo o tipo de atividade econômica, forma de
execução e endereço do negócio.

Após esse processo o agora MEI obtém seu Certificado da Condição de

Microempreendedor Individual (CCMEI), esse documento prevê a função de uma
série de papeladas de empresas tradicionais, como por exemplo os documentos
da Junta Comercial, Alvará Prévio de Funcionamento, Requerimento de
Empresário. Munido de seu novo CNPJ o empreendedor está habilitado a operar
livremente, um ponto relevante a se informar é que todo esse processo é gratuito,
e se caracteriza como atividade ilegal cobrar por processos de cadastro como
esse e até de desligamento e outras ações legais operadas livre de cobrança.

A Legislação ligada a classe pode ser visitada no site do Sebrae e dados

sobre a operação dos MEI’s no país é amplamente disponível nos portais do
gov.br.
3 OBRIGAÇÕES E DEVERES

Seis pontos rodeiam as principais obrigações e deveres de um gestor

MEI, o mantimento dessas diretrizes legitimam sua operação e pendências com
o setor público. O primeiro ponto a tocar são os tributos do Simples Nacional por
meio do pagamento mensal da Declaração Anual Simplificada (DAS) que pode
ocorrer por débito em conta, boleto ou até de forma online.

O DAS é calculado com base em 5% do salário-mínimo e adicionando

R$1,00 se a atividade contar com ICMS ou/e R$5,00 se a atividade prestar
contas ao ISS, assim diferentes atividades acompanham uma variedade de
tributos. Pagamentos ocorrem no dia 20 ou próximo dia útil caso o dia 20 não se
encaixe como o mesmo. Além do pagamento o tributo acompanha uma entrega
anual do Declaração Anual do Simples Nacional do MEI (DASN-SIMEI) e além
dessa declaração caso o faturamento e lucro do negócio alcance um certo
patamar o gestor deve montar sua Declaração do Imposto de Renda Pessoa
Física (DIRPF), mesmo não prestando contas ao Imposto de Renda.

O empreendimento deve também manter um controle de faturamento

mensal a categoria não requer o apoio de um contador, porém alguns controles
devem ser mantidos pela gestão da empresa a fim de prestação de contas com
autoridades fiscais.

As Notas Fiscais são um grande ponto também as mesmas podem ser

emitidas no próprio site da prefeitura e não requer app’s ou programas terceiros
para sua retirada. Vendas a Pessoas Físicas não requerem a emissão das notas,
porém em transações com Pessoas Jurídicas é necessário a emissão da Nota
Fiscal ou uma a emissão da Nota Fiscal de entrada pela segunda organização.
Notas Fiscais de compras e venda devem ser armazenadas pelo período de 4
anos para possíveis auditorias do negócio e situações fiscais.

Finalizando temos os deveres para com os funcionários, mesmo

trabalhando para um negócio da categoria MEI o colaborador permanece com
todos seus direitos e ganhando no mínimo o salário-mínimo ou piso salarial de
sua função. O gestor se torna responsável pelos recolhimentos obrigatórios por
ter esse colaborador e função.
4 VANTAGENS DO MODELO

Ao observar as vantagens obtidas ao se adequar como MEI temos uma

série de motivos de empreendedores pequenos se adequarem ao mesmo e
manter o máximo possível nos limites dessa classificação.

Existem uma grande quantidade de benefícios tanto pequenos como de

grande impacto para uma organização, um ótimo exemplo é o apoio técnico do
Sebrae em todos os processos do empreendimento, com apoio também na
formação desse empreendedor, direcionamentos econômicos e até apoio em
processos de transformação digital para empresas não adaptadas a essa
realidade.

Em questões financeiras o MEI também se favorece de não requisitar o

Capital Social na formação do negócio, se encaixa no Simples Nacional que
facilita o pagamento de tributos e diminui o número de cargas no caixa e até
mesmo a emissão de NF de forma gratuita no site da prefeitura local auxilia.

O gestor passa também a ter acesso a uma série de vantagens

individuais como o acesso a aposentadoria, afastamentos remunerados (para
questões de saúde, entre outros casos), isenção de uma carga de impostos
federais (por exemplo o Imposto de Renda).

Uma última segurança do gestor é permissão de fechar o negócio a

qualquer momento em um procedimento online, contando que o mesmo não
conte com pendências para com o governo ou falte cumprir com algum de seus
deveres. Qualquer pendência faltante nesse procedimento é transferível
diretamente ao gestor do MEI e ligada a seu CPF.

Além dessa série de vantagens providas pelos órgãos governamentais

e legislação da categoria temos uma série de ações sociais e comunitárias em
apoio aos pequenos gestores, desde ONGS a projetos de organizações maiores
que buscam aquecer um mercado local MEI’s contam com uma forte
comunidade para apoiar suas iniciativas e prover incentivos.
5 ATUALIZAÇÕES PARA 2022

Em busca de se preparar para o novo ano MEI’s já contam com uma

série de pontos a levar em conta para seu planejamento, pode se incluir também
nessa preparação empresas que vão poder se adequar ao modelo nesse ano e
novos empreendedores pestes a estrear no mercado.

Algumas das maiores mudanças provém do Projeto de Lei

Complementar 108/2021 que conta com duas principais alterações nas atuais
regras, a primeira sendo o faturamento máximo permitido que avança de
R$81.000,00 para R$130.000,00 em 2022 e também a permissão para adição
de um segundo funcionário a equipe dos empreendimentos. Alguns pontos de
relevância é os deveres com o FGTS e o Documento de Arrecadação do eSocial
que devem ser quitados até o dia 7 de cada mês ou até dia 10 caso houver um
caso de rescisão de um colaborador.

O DAS sofre com um aumento previsto de 10% por levar em conta o

Salário-Mínimo que ainda prevê um reajuste para o ano que vem, assim
alcançando uma marca média de R$66,00 contando com a inclusão de ICMS e
ISS. Todas essas medidas estão previstas para terem início já em Janeiro.

Já visualizando a linha do tempo prevista para o ano de 2022 o

empreendedor tem uma série de datas relevantes a se atentar a primeira já em
31 de Janeiro, último dia para a adesão ou troca de regime para optar pelo
Simples Nacional do MEI, contando que as empresas não contém com
pendências frente a Receita Federal e a Procuradoria Geral da Fazenda
Nacional.

Em 31 de março temos o fim das entregas das Declarações de

Informações socioeconômicas e fiscais (DEFIS), 31 de maio seguimos com a
Declaração Anual do Simples Nacional do MEI (DASN-SIMEI) do ano anterior.

Por fim concluímos com um foco nos deveres mensais onde os boletos
do Simples Nacional devem ser acertados até dia 20 de cada mês e em caso de
não ser dia útil conta o dia útil subsequente. Além disso o início de atividades
desde o prazo de inscrição se limitou a 30 dias.
 REFERÊNCIAS

gov.br. Portal do Empreendedor. Governo Federal. 2021. Disponível em:

https://www.gov.br/empresas-e-negocios/pt-br/empreendedor Acesso em:
17/12/2021.

Portal do Sebrae. Tudo o que você precisa saber sobre o Mei. Sebrae. 2021.
Disponível em: https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/tudo-o-
que-voce-precisa-saber-sobre-o-
mei,caa7d72060589710VgnVCM100000d701210aRCRD Acesso em:
17/12/2021.

CAIXA. Microempreendedor Individual - MEI. Caixa Econômica. 2020.

Disponível em:
https://www.caixa.gov.br/empreendedor/formalizacao/Paginas/default.aspx
Acesso em: 18/12/2021

PMF.SC. MEI. Prefeitura de Florianópolis. 2019. Disponível em:

http://www.pmf.sc.gov.br/sites/mei/index.php?pagina=home&menu=0 Acesso
em: 18/12/2021

TORRES, Vitor. MEI: O que é? Como funciona e tudo o que você precisa saber.
Contabilizei. 2021. Disponível em:
https://www.contabilizei.com.br/contabilidade-online/mei/ Acesso em:
17/12/2021

VANIA. MEI Novas regras para o MEI 2022: veja o que muda para empreender.
Jornal DCI. 2021. Disponível em:
https://www.dci.com.br/empreendedorismo/mei/novas-regras-para-o-mei-
2022/211811/ Acesso em: 19/12/2021

RIBEIRO, Matheus Vinicius

. Calendário de obrigações 2022 do Simples Nacional e do MEI. Rede Jornal

Contábil. 2021. Disponível em: 2021
https://www.jornalcontabil.com.br/calendario-de-obrigacoes-2022-do-simples-
nacional-e-do-mei/ Acesso em: 19/12/2021