Policy Briefing - Final
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Segurança Alimentar,
Nutrição e Alívio à Pobreza
FAO, [Street Address], [City, ST ZIP Code] Policy Briefing
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Novembro de 2007
CONTEÚDO
Introdução
1 Introdução
O sector de Florestas e Fauna Bravia estabeleceu uma política de
1 Contribuição das florestas e desenvolvimento que tem objectivos ecológicos, económicos e sociais. Estes
fauna bravia no alívio à objectivos estão em linha com os objectivos do PARPA II e com os Objectivos de
pobreza, segurança Desenvolvimento do Milénio. Para além da contribuição do sector de florestas e
alimentar e nutrição
fauna bravia na economia nacional, o sector contribui de uma maneira
2 Populações dependentes significativa no emprego, tanto na indústria como no autoemprego. Satisfaz
da floresta mais de 80% das necessidades de energia doméstica e proporciona diversos
2 Pobreza, segurança alimentos de origem animal e vegetal, produtos medicinais, materiais de
alimentar e nutrição em construção para as casas, celeiros e currais, utensílios domésticos, forragem,
Moçambique entre outros. Muitos destes bens e serviços não são contabilizados, o que
dificulta a percepção do seu real valor.
3 Contribuição das florestas e
fauna bravia na economia Este Policy Briefing é uma iniciativa do projecto de Pobreza, Segurança
nacional Alimentar e Nutrição da FAO e tem como objectivo informar aos tomadores de
decisão e à sociedade civil sobre o papel das florestas e fauna bravia no alívio à
3 Emprego no sector de
pobreza e na segurança alimentar e nutrição (SAN). Na análise que é feita, não
florestas e fauna bravia
é fácil separar os aspectos da pobreza da segurança alimentar e nutrição devido
4 Números importantes à interligação que estes têm. Assim, faz-se uma abordagem em termos de
potencialidades e benefícios ao nível nacional e local, no sector formal e
5 Alguns bens e serviços de
informal, os bens e serviços envolvidos e a maneira como estes podem
florestas e fauna bravia
contribuir para o alívio à pobreza, segurança alimentar e nutrição. Ao mesmo
8 Desafios e oportunidades tempo, procura-se enquadrar aspectos sobre o acesso, uso, disponibilidade, e
estabilidade dos recursos florestais e faunísticos com a finalidade de ressaltar o
papel económico e sócio-cultural do sector, bem como as suas limitações e
fragilidades.
80
valor (milhões de USD)
60
40
20
0
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
ano
Figura 3. Evolução de exportações de Madeira em Moçambique 1996-2005
“Em 2001 havia, em
Emprego no Sector de Florestas e Fauna Moçambique, 147
serrações e carpintarias
Bravia industriais que
Em Moçambique, a agricultura é o sector que emprega cerca de 15% do empregavam em média,
número total de funcionários existentes (sem contar o sector familiar). 60 trabalhadores. Hoje, o
Daí que, os recursos naturais como a terra, água, floresta e fauna bravia, número de unidades de
são vistos como sendo o centro do desenvolvimento rural. Pois, indústria florestal estima-
constituem as fontes de rendimento da maioria da população. se que tenha duplicado.
Entretanto, a exploração madereira é tida como um motor de Mais ainda, as coutadas,
desenvolvimento das indústrias nas áreas rurais pela capacidade que esta parques nacionais e
actividade tem de criar bases económicas e estruturais para as indústrias
fazendas do bravio
de pequena escala e oportunidades de emprego. Um levantamento feito
actualmente operacionais
em 2001 demostrou existirem no país, cerca de 147 unidades industriais,
sendo 122 serrações, 24 carpintarias e 3 outras industriais. Estas unidades aumentou e
industriais empregam em média 60 trabalhadores incluindo os consequentemente os
trabalhadores de exploração florestal. Hoje, o número de trabalhadores postos de emprego no
aumentou como consequência do aumento do número de unidades sector.”
industriais florestais, que quase duplicou, e o restabelecimento das
coutadas, parques nacionais e fazendas do bravio.
Para além do emprego formal na indústria florestal e faunística, uma
grande percentagem da população está envolvida no fabrico e
comercialização de carvão, estacas, extracção e venda de plantas
medicinais, garantindo assim, o sustento das suas famílias.
Página 4 Florestas e Fauna Bravia na Segurança Alimentar, Nutrição e Alívio à Pobreza
Números importantes
mas o seu valor (706 milhões de USD) não é contabilizado nas contas
Figura 4. A produção de madeira
serrada é uma das principais fontes
nacionais.
de emprego no sector de florestas e 20 (%) é o valor das receitas cobradas pela taxa de exploração
fauna bravia
florestal dos recursos florestais e faunísticos a serem entregues às
comunidades locais.
30 (%) é o nível de redução de pessoas que sofrem de fome e
desnutrição crónica a ser atingido até 2009, com referência aos níveis
de 1990.
45 (%) é a meta estabelecida pelo PARPA II a atingir até 2009 na
redução de pobreza, dos actuais 54%.
51 (mg/100g) é o conteúdo protéico da carne de um antílope
africano, um animal bravio. Este valor pode ser até duas vezes mais o
da carne de vaca.
62 (milhões de hectares) é a área coberta de florestas e outras
formações lenhosas. Destes, 25% são florestas produtivas para
madeira industrial, enquanto o restante é de grande importância para
uso das populações rurais.
65 (milhões de USD) é o valor das exportações de madeira em 2005.
168 é a posição de Moçambique no ranking mundial do índice de
desenvolvimento humano (IDH) de um total de 177 países. No
continente Africano, Moçambique está na 41ª posição de um total de
Figura 5. A fauna bravia proporciona
50 países.
carne para as comunidades locais e é 200 (mil m ) é o volume de material de construção rural consumido
3
1. Energia
A lenha e carvão de uso doméstico são utilizados principalmente para
cozinhar (Figura 6) e para aquecimento no tempo frio, afectando deste
modo, a qualidade de alimentos e o ambiente das populações rurais. A
falta de lenha e carvão pode resultar na falta de alimentos cozinhados, na
qualidade de tratamento de água fervida e na conservação de alimentos
(secos com lenha e conservados no fumo) para o consumo das famílias
rurais.
• Estima-se que entre 70-80% da população urbana utiliza os
combustíveis lenhosos (lenha e carvão) como principal fonte de
energia doméstica enquanto que as comunidades rurais dependem
inteiramente desses combustíveis.
• O consumo de energia lenhosa para a utilização doméstica no país
é estimado em cerca de 17 milhões m3/ano, o que chega a
representar 706 milhões de dólares americanos por ano.
2. Material de Construção
A procura de material de construção precária excede 200 mil m3/ano. Nas
zonas rurais, todo o material de construção (estacas, capim, fibras para
cordas) e os utensílios domésticos (cestos, colheres, pilões, cadeiras,
etc.) são obtidos das florestas locais. Deste material inclui-se o material
Figura 6. Lenha é a única fonte de
para a construção de currais para os animais domésticos e celeiros para a
energia para cozinhar, preservação
conservação de produtos agrícolas, que são a base para a segurança
de alimentos, purificação da água e
alimentar e nutrição das populações rurais. aquecimento das casas nas zonas
rurais
3. Alimentos
Os recursos florestais e faunísticos constituem para a maioria da
população rural uma fonte de sobrevivência e segurança alimentar e
nutrição. Alimentos silvestres proporcionam proteína animal e vegetal,
vitaminas e carbohidratos provenientes de folhas e frutos silvestres, mel,
peixe e animais bravios e muitos outros produtos. É comum a população
rural consumir frutos e raízes silvestres, durante o período de escassez de
comida (entre as colheitas), quando há calamidades que resultam no
fracasso da produção agrícola.
Página 6 Florestas e Fauna Bravia na Segurança Alimentar, Nutrição e Alívio à Pobreza
A carne de fauna bravia incluindo diversos animais de pequeno e grande porte e peixes
de águas interiores são a principal fonte de proteína animal para populações rurais. O
seu valor proteico pode superar em muito o dos animais dométicos.
Florestas e Fauna Bravia na Segurança Alimentar, Nutrição e Alívio à Pobreza Página 7
4. Produtos Medicinais
Mais de 5500 espécies de plantas foram descritas em todo o país. Destas,
cerca de 800 espécies de plantas possuem algumas propriedades
medicinais. Em 1995 foram identificadas cerca de 80 espécies de plantas
medicinais nos mercados da cidade de Maputo. Dez anos depois, em 2005,
este número cresceu para cerca de 100 espécies de plantas medicinais a
serem comercializadas na mesma cidade. Muitas dessas plantas são
provenientes de florestas abertas, floresta densa, machambas em pousio,
machambas activas, pântanos, zona costeira e zonas montanhosas. Os
produtos medicinais maioritariamente utilizados no país incluem raízes
(ex: Cardiogyne africana, Artabotrys brachypetalus, Senna petersiana,
Celosia sp., Ficus platyphylla), bolbos (ex: Crinum sp.; Siphonochilus
aethiopicus), cascas (ex: Warburgia salutaris), folhas (ex: Aloe sp.),
frutos (ex: Adansonia digitada, Kigelia africana, Strychnos spinosa),
ramos e por vezes plantas inteiras (ex: muitas ervas) (Figura 8).
Na fauna também são aproveitados alguns produtos de origem animal ,
utilizados inteiros vicos ou mortos (por exemplo camaleões) ou partes tais
como peles de répteis, unhas de gatos selvagens e elefantes, ossos,
crânios, penas, mãos e peles de macacos, entre outros.
Figura 8. Batata africana, uma planta
O acesso à medicina tradicional é facilitada para qualquer indivíduo, pois
medicinal de vários usos que é
em vários casos ela pode ser paga por bens ou serviços (cultivo de
colectada das florestas nativas em
parcelas de terra, procura de água e combustível lenhoso).
Moçambique
No país, até 2005, cerca de 175 comerciantes de produtos medicinais
(Figura 9) estavam registados na Associação de Comercialização de
Recursos Medicinais (AVEMATRAMO). Este número de associados é inferior
ao número de pessoas envolvidas no comércio de plantas medicinais pois
muitos ainda não estão resgistados.
5. Serviços Ambientais
Os serviços ambientais combinam a ligação entre os ecossistemas, o bem
estar humano e a economia. Isto é, são todos os serviços do meio
ambiente com vista a sustentar e garantir a vida humana. Daí que, o
sequestro de carbono, conservação dos recursos hídricos, conservação da
biodiversidade, a sombra das árvores, entre outros, podem contribuir
para a melhoria das condições de vida dos moçambicanos, visto que a Figura 9. Muitas pessoas estão
tendência mundial é de valorizar os recursos naturais chegando mesmo a envolvidas no comércio de plantas e
dar-lhes um valor monetário. animais medicinais para o benefício
O Pagamento dos Serviços Ambientais é um esquema de compensação de milhões de pessoas. Só no
para a conservação de florestas estabelecido pelo Protocolo de Kyoto. Em mercado de Xipamanine, em Maputo,
havia mais de 100 vendedores de
Moçambique há experiências na comunidade de Nhambita, em Gorongosa,
plantas medicinais em 2005.
onde as comunidades locais recebem valores monetários em compensação
por plantar árvores para o sequestro de carbono, contribuindo, deste
modo, para a sua economia doméstica.
A colheita de lenha e carvão para o abastecimento das cidades, bem
como a caça são serviços importantes do ambiente para a comunidade. Ao
redor das cidades, o nível de utilização das florestas supera a regeneração
actual das florestas e da fauna bravia originando desmatamento e perda
de espécies animais. Por isso, a utilização dos bens e serviços produzidos
pelas florestas, como contributo para o alívio à pobreza e segurança
alimentar e nutrição, devem estar dentro das capacidades produtivas dos
ecossistemas.
Página 8 Florestas e Fauna Bravia na Segurança Alimentar, Nutrição e Alívio à Pobreza
o
eira
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mad
ai
turism
sustentabilidade ambiental.
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