Caderno Temático - 04 - Organização - VI Assembleia
Caderno Temático - 04 - Organização - VI Assembleia
Caderno Temático - 04 - Organização - VI Assembleia
SUMÁRIO
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Nosella (SP),Leonardo Barbieri (SP), Ligia Regina (SP), Lucas “Cerrado”
Henrique (SP),Madu Fernandes (SP),Marcelo Henrique Fiusa (SP), Márcio
Fernandes da Silva (SP),Marianna Lima (SP) Marina Tiengo (SP), Matheus
Gomes (SP), Mauro Pinto de Castro (SP),Mônica Coelho Lacerda (SP),
Natália “Welma” (SP),Paola Estrada (SP), Paola Nosella (SP),Pedro Candello
Scavacini (SP), Pedro “Leitinho” (SP), Rafael Tiba (SP), Raul Amorim (SP),
Regiane Fernandez (SP), Ricardo Gebrim (SP), Rodolfo Lima (SP), Stéfhane
Santana (TO), Taise Assis (SP) Tatiana Berringer (SP), Thiago Barison (SP),
Victor (Dela) Delazari (SP), Vinicius Ellero (SP), Yago Dórea (SP), Yuri
Talacimon "Buri" (SP), Zulmira Fonseca (SP), Ananda Krishina (TO), Diogo
Teixeira (TO), Emanuel Messias (TO), Flávia Miranda (TO), Jefferson Soares
(TO), Jeffirson Ramos (TO), Naelana Pereira (TO), Verônica Salustiano (TO),
Vinícius Luduvice (TO)………………….............................................................5
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Rafael Roxo (SP), Rafael Coelho (SP), André Cardoso (SP), Rafael da Guia (SP),
Lauro Carvalho (SP), Ygor Silva (SP), Mariana Lemos (SP), Luiza Trocolli (SP),
Paulo Henrique – Peagá (SP), Leonardo Niero Paes (SP), Wilcker Morais (SP),
Gheidlla Jheynnata Mendes Nogueira (SP), Luma Vitório (SP), Rosalho da Costa
Silva (CE), Lívio Pereira (CE), Miguel Braz (CE), Joana Borges (CE), Joyce Ramos
(CE), Pedro Silva (CE), Rogério Babau (CE), Emille Sampaio (CE), Monyse Ravena
(CE), Fabiano Souza (CE), Eduana Santos (CE), Acácio Simões (CE), Gabriel
Campelo (CE), Allana Karyne S. Ferreira (CE), José Cleiton (CE), Alex Nascimento
(CE), Amanda Primo (CE), Thalita Vaz (CE), Samanta Forte (CE), Bruna Raquel
Ferreira de Castro (CE), Tamyres Lima (CE), Alisson Sampaio (RJ), Allanis Pedrosa
(RJ), Antonio Neto (RJ), Breno Rodrigues (RJ), Bruna Ramalho (RJ), Carolina Dias
(RJ), Caroline Otávio (RJ), Darlan Montenegro (RJ), Leonardo Freire (RJ), Lucilia
Aguiar (RJ), Maíra Marinha (RJ), Rafael Kritski (RJ), Talles Rei (RJ), Rosa Amorim
(PE), Gleisa Campigotto (PE), Isa Gabriela Sena (PE), Elisa Maria Lucena (PE),
Paulo Henrique (PE), Rani Mendonça (PE), Ana Gusmão (PE), Louse Xavier (PE),
Paulo Mansan (PE), Beatriz Eudocio (PE), Helena Dias (PE), Vanessa Gonzaga
(PE), Andreia Campigotto (PE), Sandreildo Santos (PE), Tomás Agra (PE), Diego
Dhiel (GO), Dennis (GO), Carolina Lima (RS), Milton Viário (RS), Enio Santos (RS),
Jorge Ramos (RS), Ronaldo Schaffer (RS), Carlos Alberto Alves – Carlinhos (RS),
Luana Carolina (PB), Marcos Freitas (PB), Gleyson (PB), Daiane Araújo (PB), Felipe
Baunilha (PB), Paulo Romário de Lima (PB), Yago Licarião (PB), Ciro Caleb (PB),
Joel Cavalcanti (PB), Juliano Koch (PB), Caroline Faria (PB), Barbara Zen (PB),
Vera Fernandes (PB), Rafael Carneiro (PB), Lucas Machado (PB), Ana Holanda
(PB), Deyse Araújo (PB), Carlos Eduardo Cazé (PB), Fernando Augusto (PB),
Fernanda Maria (PR), Antônio Carneiro (MT), Amandla Silva Souza (MT), Tobias
Pereira (DF), Katty Hellen (DF), Olívio José (DF), Jarbas Vieira (DF), Fabio Tinga
(DF), Cintia Isla (DF), Carla Lessa (DF), Adilson Miranda (DF), Patrícia da Silva (DF),
Márcia Silva (DF), Aline Côrtes (DF), Flávia Quirino (DF), Ana Moraes (DF),
Francisco Nonato (DF), Gabriel Remus (DF), Noeli Welter Taborda (SC), Michele
Calaça (RN), Elida Dias Cândido (RN), Arthur Carvalho (RN), Lara Carvalho (RN),
Augusto Ribeiro (RN)................................................................................ ................26
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Armando Boito Jr. (SP), Aroldo Joaquim Camillo Filho (SP), Aton Fon Filho (SP),
Barbara Pontes (SP), Bia Carvalho (SP), Bianca “Bagg” Monteiro (SP),Bruno Santos
(SP), Carlos Duarte (SP), Daniel Christante Cantarutti (SP), Danilo Uler (SP),
Edimilson Rodrigues (SP), Eduardo “Edu” José Rezende Pereira (SP), Éder Lima
(SP), Fernando Heck (SP), Flávia Moura (SP), Gabriela Guedes (SP), Heloísa Souza
(SP), Jane Rosa (SP), João Barison (SP), João Laurentino Cabral (SP), Juarez José
Teixeira Roberto (SP), Julia Duran (SP), Karina Bispo (SP), Kyo Kobayashi
(SP),Laura Leal Nosella (SP),Leonardo Barbieri (SP), Ligia Regina (SP), Lucas
“Cerrado” Henrique (SP),Madu Fernandes (SP),Marcelo Henrique Fiusa (SP), Márcio
Fernandes da Silva (SP),Marianna Lima (SP) Marina Tiengo (SP), Matheus Gomes
(SP), Mauro Pinto de Castro (SP),Mônica Coelho Lacerda (SP), Natália “Welma”
(SP),Paola Estrada (SP), Paola Nosella (SP),Pedro Candello Scavacini (SP), Pedro
“Leitinho” (SP), Rafael Tiba (SP), Raul Amorim (SP), Regiane Fernandez (SP),
Ricardo Gebrim (SP), Rodolfo Lima (SP), Stéfhane Santana (TO), Taise Assis (SP)
Tatiana Berringer (SP), Thiago Barison (SP), Victor (Dela) Delazari (SP), Vinicius
Ellero (SP), Yago Dórea (SP), Yuri Talacimon "Buri" (SP), Zulmira Fonseca (SP),
Ananda Krishina (TO), Diogo Teixeira (TO), Emanuel Messias (TO), Flávia Miranda
(TO), Jefferson Soares (TO), Jeffirson Ramos (TO), Naelana Pereira (TO), Verônica
Salustiano (TO), Vinícius Luduvice (TO)
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I. Um Partido revolucionário deve agir na vanguarda política
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tem comprovado é que as vitórias só foram possíveis graças à união da teoria
marxista-leninista e da organização partidária com o movimento popular. Essa união
nunca se deu sem dificuldades, mas entre erros e acertos, muitas vezes através de
duros embates, numa luta consciente e constante contra as ideologias
espontaneístas e reformistas.
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com os movimentos populares e sindicatos não pode ser de neutralidade ou
submissão, mas de convencimento. Mesmo os militantes da Consulta Popular que
atuam em movimentos populares e sindicatos não dirigidos pela Consulta Popular
não podem renunciar à luta pela hegemonia. Ou seja, não podem renunciar à luta
pelo convencimento sobre a correção dos nossos critérios e a justeza das nossas
propostas no âmbito dos movimentos e sindicatos. O convencimento é um ato de
mão dupla e significa, também, aprender com a direção e com a base dessas
organizações tudo que pode melhorar os nossos critérios e as nossas propostas e
distinguir o que não pode. O convencimento exige perseverança e firmeza na
propaganda, na agitação e no trabalho de organização. Mas exige, do mesmo modo,
flexibilidade e prudência. Procedendo pouco a pouco, sem passos precipitados e
com o tato necessário, devemos trabalhar continuamente nos movimentos e
sindicatos a fim de aproximá-los cada vez mais da Consulta Popular.
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pelo momento em que interfiram frontalmente na unidade de uma ação definida.
Desse modo, está sempre aberta a possibilidade de rever ou aprimorar nossas
ações através dos debates internos. Reafirmamos, pois, a concepção leninista de
centralismo democrático, aprovada nas Resoluções da III Assembleia Nacional da
Consulta Popular, Cartilha 19, “o centralismo é a combinação de um processo de
ampla discussão com a ação unitária, sempre levando em conta as condições
concretas da realidade”.
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descobrir a causa profunda dos acertos e dos erros, aprender com eles e aperfeiçoar
ou corrigir falhas na estrutura do pensamento ou na estrutura da organização;
11
convencimento são fundamentais. É assim que, no espaço plural e privilegiado do
partido, supera-se as percepções fragmentadas da realidade, a aparência da cena
política, as insuficiências teóricas etc. Mas sempre que o consenso não se torne
possível, é preciso votar e tomar decisões por maioria. As votações não podem ser
um mecanismo burocrático de cerceamento de debates e esmagamento de posições
minoritárias, mas de estabelecimento de decisões quando o convencimento não foi
possível. Desse modo, permite-se a centralização das ações no partido, e se afasta
o recurso antidemocrático de costura de falsos consensos.
12. Um partido orientado pelo centralismo democrático tem que construir uma
sólida unidade programática, estratégica e organizativa. Ao contrário de um
partido reformista ou meramente eleitoral, um partido que trabalha pela conquista do
poder de Estado junto às massas deve se preparar, tal qual um exército coeso e
disciplinado, para enfrentar a máquina repressiva estatal. O funcionamento do
partido requer que suas fileiras ajam de acordo com o programa, a estratégia e a
tática do partido. Evidentemente, isso não se alcança por decreto, mas pela
capacidade da direção, a constante demonstração da justeza das definições
políticas e a luta contra desvios ideológicos no interior da organização. As
organizações revolucionárias exitosas passaram por momentos de divisão e, em
alguns casos, até de cisões. Sobre essas, disse Lenin, “existem violações tão graves
de princípios que tornam imperativo o rompimento de todas as relações
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organizacionais”. Mas os revolucionários não deixaram de lutar pela máxima
unificação dessas organizações em torno dos princípios fundamentais da luta
revolucionária e da justa estratégia de cada uma delas.
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15. A Assembleia Nacional da Consulta Popular necessita centralizar a
organização e preservar as minorias. Um regimento assemblear que cria
delegados biônicos e feito com um sistema de “chapa leva tudo”, para
expulsar divergências da DN e da organização, viola o centralismo
democrático e é ilegítimo. Esses mecanismos são fraudulentos e inaceitáveis. A
previsão dos delegados indicados pelos movimentos, do artigo 25 “c” do regimento
assemblear, padece de pelo menos dois vícios insanáveis. O primeiro é que, em que
pese seja dito que esses delegados devem ser militantes da Consulta Popular, não é
especificado como serão escolhidos. Uma vez que não se determina que sejam
escolhidos por quem deveria fazê-lo, ou seja, pelos próprios militantes da Consulta
Popular, com qual critério eles serão selecionados? Mesmo movimentos não
dirigidos pela Consulta Popular e que, portanto, não se subordinam a compromissos
organizativos com a Consulta Popular, poderão escolher, livremente, militantes que
irão influir decisivamente sobre o destino da Consulta Popular. Os que serão
escolhidos como delegados biônicos poderiam muito bem, na medida do seu
reconhecimento, serem eleitos nos estados onde atuam, garantindo-se a importante
presença dos movimentos através deles. O que nos leva ao segundo grave
problema. É que esses militantes tanto poderão ser eleitos localmente como na
figura do delegado biônico, ou seja, seu peso na organização vale o dobro em
relação aos demais militantes. Embora seus laços políticos e organizativos com a
Consulta não precisem passar pelo crivo das eleições locais, eles constituem uma
espécie de figura privilegiada, acima dos demais membros eleitos pela via regular.
Esse mecanismo só se justifica para manipulações, para inflar nossa assembleia
com delegados biônicos, escolhidos a dedo para fortalecer as teses da maioria da
instância que cuida da organização da Assembleia. Por sua vez, o sistema de
votação para a DN “chapa leva tudo” exclui qualquer integrante de outras chapas da
composição da DN. Se esse sistema for aprovado, ainda mais nesse momento de
profundas divergências, polarização e crise na Consulta Popular, sem dúvidas
haverá dirigentes políticos muito importantes em chapas distintas. Sendo assim,
independentemente de qual chapa obtenha mais votos, na medida que o “vencedor
leva tudo”, haverá exclusões inapropriadas da composição da DN de importantes
dirigentes da chapa vencida, que, por suas qualidades, seguirão exercendo um
papel dirigente, seja isso reconhecido formalmente ou não. Esse sistema de
exclusão impulsiona a existência de tendências na Consulta Popular, uma vez que
as divergências políticas somente poderão existir marginalizadas das instâncias de
direção. Saber articular centralismo com democracia e, assim, manter firme a
organização mesmo em situações nas quais se desenvolvem fortes divergências em
torno de questões essenciais, foi uma das qualidades necessárias das experiências
revolucionárias exitosas. É preciso determinar um sistema de eleições que consolide
e estabilize a representação das posições defendidas pela maioria na 6ª Assembleia
Nacional. Mas que permita, também, a representação da minoria vencida.
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concebeu o centralismo democrático, adotou votações secretas no interior do
partido. O mesmo, fez os revolucionários cubanos e toda a melhor tradição
revolucionária que sempre reivindicamos. O sistema de voto secreto permite a cada
militante tomar suas decisões com base nas posições políticas que julga acertadas,
e não com base em simpatias pessoais, ou para se resguardar de antipatias ou até
de retaliações. O ambiente de crise grave que vivemos, marcada por profundas
divergências e conflitos, só reforça a imprescindibilidade do voto secreto, de modo a
resguardar a democracia interna. Nesse contexto, quem não recorre a expedientes
de coação e está seguro das suas posições não necessita afastar o sigilo das
votações.
19. A organização no atual período de derrota estratégica deve ter como eixo
central a centuplicação da propaganda e a paciente formação de quadros.
Como afirmamos na V Assembleia Nacional de 2017, o golpe desencadeou uma
derrota de natureza estratégica, que tem colocado a possibilidade concreta do
inimigo destruir nossa capacidade de ação. Como também já vínhamos apontando
desde então, devemos ter como ponto de partida a ciência de que as massas estão
imobilizadas e recuadas, não contamos com meios e forças suficientes para
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determinar a sua adesão militante às nossas convocações nesse momento. A
realidade dos últimos quatro anos veio a confirmar nossas avaliações. Nesse
contexto, assegurar a sobrevivência e o crescimento de um polo revolucionário na
esquerda brasileira, tarefa histórica permanente, ganhou uma principalidade que
deve determinar a tática. Ações descoladas de um sólido e contínuo processo de
propaganda e formação, especialmente nesse período, tendem a queimar como fogo
de palha, sem incidir na elevação do nível de consciência das massas e sem
produzir saldos organizativos, por mais bem intencionadas que estejam. Eis porque
a inflexão tática que precisamos construir se concentra em preservar nossos
quadros, fortalecê-los ideologicamente, manter e aprimorar ao máximo nossas
estruturas e assegurar um trabalho permanente e eficaz de propaganda e
construção de base social. Nosso fortalecimento ideológico impõe, mais do que
antes, enfrentar com firmeza o movimentismo, o vanguardismo e o ecletismo
ideológico. Esta é a hora da propaganda. A hora da formação. A hora de gestar
militantes para que possam, no futuro, mobilizar as massas. Esta é a hora de
selecionar os poucos. De combater os muitos vícios e desvios. É a hora de mais
consciência de classe e marxismo-leninismo.
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brasileira. Por sua vez, o Curso de Formação de Quadros, que já trabalha algumas
das obras clássicas, também necessita de um salto de qualidade. Sua estrutura é
boa, mas é o processo formativo que melhor nos assegura construir uma sólida e
profunda base de pensamento. O desafio principal é retomar, com toda a
intensidade, nosso processo de formação interna. Se, por um lado, devemos
repensar e adequar nosso plano de formação, estabelecendo meios eficazes para
uma capacitação teórica e prática de nossa militância, também precisamos
considerar com extrema atenção que conteúdos devem ser privilegiados neles.
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relegados a ser apenas parte de uma correia de transmissão, funcionando apenas
quando a direção encaminha alguma tarefa, debate ou formação. Só é possível
haver democracia interna, se os núcleos estão estruturados e ativos, com
apropriação da teoria e da linha política da organização para que cada militante
possa cumprir com seu direito e dever de opinar nos rumos do partido. É através
deste processo de educação política que se dá a construção de um protagonismo
militante capaz de incidir na luta cotidiana para fora da organização, mediando e
promovendo a elevação da consciência de classe nos espaços onde se relaciona,
colaborando efetivamente para o recrutamento de militantes, articulando e abrindo
espaços para a inserção dos movimentos do campo político e promovendo a
formação continuada nos espaços sociais onde atua. A atuação dos núcleos deve
ocorrer sob o acompanhamento das Direções Estaduais e em um nível de atuação
compatível com a conjuntura.
23. Para que exista democracia interna, os núcleos devem estar devidamente
informados dos debates e encaminhamentos das direções. A atuação dos
núcleos deve estar atrelada às orientações da respectiva direção estadual, e devem
haver espaços de debates amplos estaduais, as Plenárias Estaduais. As Plenárias
Estaduais, conforme afirmado em nossas resoluções anteriores, são um espaço de
deliberação, e devem ser convocadas com antecedência e informe das pautas,
assim como incentivar debates prévios nos núcleos a respeito do tema a ser
debatido, de forma que não se configurem como um mero espaço de repasses. Da
mesma forma, as reuniões da Direção Nacional devem ser convocadas com
antecedência e divulgação das pautas, para que, caso haja necessidade, possa ser
debatido nas respectivas direções estaduais, assim como nos núcleos que assim
desejarem. A organicidade da Consulta deve permitir que todos os militantes tenham
acesso aos temas debatidos e decisões encaminhadas, e se sintam parte integrante
da organização e não apenas executores de tarefas. Do contrário, atuaremos
apenas pelo centralismo, em que as direções decidem e os militantes devem seguir
sem terem tido a oportunidade de se informar e de debater.
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de uma série de instâncias, de outro, debilitam a capacidade da Consulta Popular
definir políticas e ter uma linha de ação sólida. Ao acumular tarefas que não seriam
da Secretaria Geral, este espaço deixa de cumprir justamente as tarefas próprias
desta instância. Em um partido de quadros, cabe à secretaria ser uma provocadora,
distribuir tarefas, envolver os estados, os setores e a militância no desdobramento
das linhas políticas da Consulta Popular.
26. Por uma política cultural da Consulta Popular: a Consulta Popular deve
priorizar e ter um setor próprio para elaborar e propor ações em torno da
cultura e da estética. Uma organização partidária não pode prescindir de ter
acúmulo sobre este tema tão importante para a conquista de corações e mentes e
para a chamada batalha de ideias. A elaboração do partido deve valorizar as
importantes iniciativas neste campo oriundas dos movimentos populares, que de
alguma maneira supriram a ausência de debate sobre a cultura na esquerda como
um todo. O setor da Consulta Popular deve impulsionar um debate amplo, plural,
sobre o fazer artístico, que abarque as experiências da cidade e do campo, que
reflita profundamente o real em suas contradições, formas e diversidade. a realidade
cultural do país, que enfrenta ataques diretos de cunho neofascista não apenas à
classe artística, mas também às instituições culturais que veiculam projetos
importantes do setor, como saraus autorais, movimentos de resistência cultural,
literatura e de preservação patrimonial relacionados à memória e identidade cultural.
A cultura e sua diversidade expressiva e criativa pode ser um meio de combate à
homogeneização imposta pela Indústria Cultural que trata a arte e a cultura apenas
como suporte mercadológico dos grandes conglomerados midiáticos nacionais e
internacionais, em detrimento dos valores estéticos e críticos característicos da
linguagem artística destituindo-a de seu caráter de luta e resistência.
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fio condutor que fortalece a organicidade e garante que a linha política e as ações
alcancem toda a militância. Ao pensar a importância da relação entre o partido e
seus canais de comunicação, Lenin apontou ser fundamental o posicionamento
sobre todos os fatos cotidianos que pautam a realidade da classe trabalhadora. Não
é possível ter uma comunicação eficiente para um partido político sem a definição
nítida de uma linha política, sem a definição de políticas com autonomia. Com isso,
embora tenhamos avançado no plano de linguagem, forma e fluxo de trabalho na
comunicação no período da pandemia, fortalecendo as redes sociais da
organização, não é possível que esta resolva problemas que são de ordem da
política da organização.
29. Temos uma organização com um corpo dirigente capaz e com ricas
elaborações. A organização deve aproveitar na sua comunicação esse dado,
dar vazão, articular e apresentar essa riqueza de debates, e não ser apenas
depositária das iniciativas dos movimentos populares do campo político. Com
isso, não podemos adotar a prática dos movimentos de trabalhar apenas com a
‘figura pública’ em entrevistas e na relação com a mídia e na divulgação de
materiais, deixando de lado todo o acúmulo de quadros, construções e diversidade
que possuímos em nosso partido, para reproduzir uma lógica individualista e
personalista típica da política burguesa, promovendo mais os indivíduos que
acumulam “grande capital político” do que a organização e sua coletividade.
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tarefas estratégicas da organização. No entanto, não devemos igualar a tarefa da
profissionalização a conseguir trabalhos em mandatos, em organizações parceiras
etc, pois esses trabalhos envolvem tarefas específicas que nem sempre condizem
às tarefas de nossa organização. Portanto, consideramos equivocada uma
concepção que aponta grandes ganhos com mandatos parceiros ou próprios na
“profissionalização”, sem que haja de fato um balanço sobre essas experiências. É
tarefa da organização se debruçar sobre formas de avançar na profissionalização
que garanta a nossa autonomia e estratégia. Em alguns estados, a Consulta dirige
iniciativas produtivas, acessa editais, articula bolsas com Universidades, entre outras
ações, as quais devem ser compartilhadas e incorporadas a um Plano de
Construção Nacional do partido, de modo a garantir nossa autonomia e estratégia.
33. Devemos fortalecer o trabalho de base e a atuação nas células, bem como
superar o burocratismo no Levante Popular da Juventude. No período recente,
de derrota estratégica, avaliamos que o Levante Popular da Juventude
equivocadamente priorizou a tentativa de massificação por meio de eventos,
relegando, assim, a segundo plano, a preservação e formação dos quadros, bem
como o fortalecimento das células. É central priorizar a manutenção e formação dos
dirigentes e da militância intermediária, investir no trabalho de base a partir das
células, fortalecendo-as, dando sentido ao seu trabalho e nos consolidando nos
territórios em que já estamos. Para tanto, devemos avançar na democracia interna
do movimento, pois a atual burocratização e excessiva centralização nas instâncias
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nacionais e estaduais de direção, e em especial na Secretaria Nacional do Levante,
contribui para minar a iniciativa dos militantes e das células, que, muitas vezes,
atuam prioritariamente na promoção de atividades e eventos estabelecidos
nacionalmente, não restando espaço para que sejam parte ativa e pensante do
movimento e proponham as melhores ferramentas e formas de trabalho que
dialoguem com suas realidades locais.
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revolucionária. Isso exige um trabalho sistemático, com a formação de setores
específicos no partido e nos movimentos, nosso aprofundamento teórico nessas
questões, desenvolvimento da propaganda e organização das lutas contra as
opressões e a exploração. No tocante à luta das mulheres, reafirmamos a resolução
da VI Assembleia Nacional “Zilda Xavier”, sobre a necessidade de impulsionarmos a
Frente Popular de Mulheres para fortalecer a organização das mulheres em dois
movimentos articulados e permanentes. Manter a articulação entre as mulheres dos
movimentos populares é uma condição necessária para organizar e mobilizar mais
mulheres. Este movimento não pode servir para invisibilizar ou estagnar a
importância de incentivar a criação de coletivos de mulheres auto-organizados para
fora, impulsionados por mulheres da Consulta Popular, como já vem sendo realizado
no Pará, em Pernambuco, no Rio Grande do Norte, entre outros estados. Ressalte-
se que a luta feminista, antirracista e LGBT pode assumir papel determinante no
enfrentamento ao neofascismo, visto os constantes ataques que estes setores
conservadores promovem sistematicamente. Neste sentido, para impulsionar o
surgimento de trabalhos protagonizados pelas mulheres, negros e LGBT´s da
Consulta Popular, faz-se necessário investir em formação, bem como forjar
mulheres, negros e LGBT´s dirigentes das lutas antirracistas e antipatriarcais.
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habilidade de atuar perante as ideologias social-democratas que,
predominantemente, alimentam a classe média progressista, conquistem integrantes
delas para o ponto de vista do proletariado. Que busquem converter esse trabalho
em ponto de apoio ao trabalho entre as massas.
41. A nossa atuação em períodos eleitorais deve ser aquela que possibilite o
avanço do nosso objetivo estratégico, o reforço da nossa identidade e a
construção interna. A disputa das instituições da sociedade burguesa só faz
sentido na perspectiva do fortalecimento das lutas populares e na construção de
uma força social de massas, e deve ser avaliada no âmbito da tática. Devemos
também aprofundar a análise do papel das candidaturas e da luta eleitoral em vista
da estratégia revolucionária, e somente construir candidaturas que promovam a
organização, lutas e a agitação, nos períodos em que for avaliarmos adequado à
tática. Consideramos um erro lançar candidaturas próprias sem uma avaliação que
envolva as questões acima, além da síntese sobre as experiências de 2020. Além
disso, afirmamos que candidaturas e mandatos próprios da Consulta devem estar
submetidos à direção e linha de nossa organização. As eleições devem centrar
nossas forças nas candidaturas que unifiquem as forças populares e tenham acordo
com o programa do Projeto Popular. Para a luta eleitoral de 2022, precisaremos
elaborar e aprovar uma resolução de tática à parte que oriente nossa atuação nesse
período.
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organização, aprofundando nossas articulações no marco latino-americano e
também dos outros continentes. A participação da Consulta Popular na
construção do capítulo Brasil da Articulação dos Movimentos Populares da Aliança
Bolivariana para as Américas (Alba Movimientos) deve ser prioridade para a
organização, no próximo período dando coesão para a militância que tem a tarefa de
acompanhar a pauta internacional. Faz-se, com isso, necessário acumularmos em
contatos e articulações internacionais, de maneira a nos fortalecermos enquanto
partido vinculado às lutas e em contato com os partidos e movimentos
revolucionários de outros países.
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Leonardo Severo (BA), Alexandre Xandó (BA), Allan Yukio (BA), Lorena Carneiro
(BA), Vitor Alcântara (BA), Guilherme Ribeiro (BA), Kleybson Ferreira (BA), Pablo
Bandeira (BA), Ingrid Moraes – Guiga (BA), Julia H. Ferreira Corsi (BA), Itana Scher
(BA), Elder Reis (BA), Julia Garcia (BA), Elen Rebeca (BA), DJ Bonfim (BA), Andrea
Alice (BA), Carol Anice (BA), Larissa Assunção (BA), Phillipe Cupertino (BA), Lua
Marina Moreira (BA), José Brito – Zé Lindo (BA), Lorena Nunes (BA), Larice Ribeiro
(BA), Vamberg Barros (BA), Celso Aquino (SE), Ivan Siqueira (SE), Fabio Andrey
(SE), Amélia Gomes (MG), Ana Carolina Vasconcelos (MG), Ana Júlia Guedes (MG),
Aruanã Leonne (MG), Áureo Miguel (MG), Bruno Pedralva (MG), Caio Luiz Tavares
Freire Jarim (MG), Débora Sá (MG), Derik Ferreira (MG), Doracy Karoline – Dorinha
(MG), Douglas Fávero – Dodô (MG), Fábio Garrido (MG), Frederico Santana Rick
(MG), Gabriela Cavalcanti (MG), Gabriel Reis Amaral (MG), Giselle Maia (MG),
Iasmin Chequer (MG), Isabella Mendes (MG), Joana Tavares (MG), João Guilherme
Gualberto (MG), Jonathan Hassen (MG), Kívia Costa (MG), Letícia Zampier (MG),
Liliam Daniela dos Anjos (MG), Lorhana Lopes (MG), Luciléia Miranda (MG), Luiz
Paulo Macedo Alves (MG), Luiz Paulo Siqueira (MG), Luiza Travassos (MG), Marco
Gatti (MG), Nathália Ramos (MG), Paulinha Silva (MG), Paulo Grossi (MG), Paulo
Antonio (MG), Rayssa Neves (MG), Rafael Donizete (MG), Rawy Sena (MG),
Santiago Matos (MG), Stephano Lunardi (MG), Vanessa Souza (MG), Vinícius
Moreno (MG), Wallace Oliveira (MG), Bruno Diogo (MG), Yana Lizardo (MG),
Guilherme Miranda (SP), Débora Araújo (SP), Nataly Santiago (SP), Julia Louzada
(SP), Jessy Dayane (SP), Julia Aguiar (SP), Rodrigo Suñe (SP), Walisson Rodrigues
(SP), Emilly Firmino (SP), Elida Elena (SP), Thays Carvalho (SP), Lúcio Centeno
(SP), Míriam Martins (SP), Eline Ethel (SP), Teresa Maia (SP), David Martins (SP),
Ezequiela Scapini (SP), Tayson Cordeiro (SP), Eliane Moura (SP), Juliane Furno
(SP), Pedro Freitas (SP), Igor Felippe (SP), Ronaldo Pagotto (SP), Iriana Cadó (SP),
26
Olívia Carolino (SP), Thiago Duarte (SP), Thiago Henrique – Gaúcho (SP), Leidiano
Farias (SP), Nathalia Neiva (SP), Sophia Miranda (SP), Raul Souza de Amorim (SP),
Rafael Roxo (SP), Rafael Coelho (SP), André Cardoso (SP), Rafael da Guia (SP),
Lauro Carvalho (SP), Ygor Silva (SP), Mariana Lemos (SP), Luiza Trocolli (SP),
Paulo Henrique – Peagá (SP), Leonardo Niero Paes (SP), Wilcker Morais (SP),
Gheidlla Jheynnata Mendes Nogueira (SP), Luma Vitório (SP), Rosalho da Costa
Silva (CE), Lívio Pereira (CE), Miguel Braz (CE), Joana Borges (CE), Joyce Ramos
(CE), Pedro Silva (CE), Rogério Babau (CE), Emille Sampaio (CE), Monyse Ravena
(CE), Fabiano Souza (CE), Eduana Santos (CE), Acácio Simões (CE), Gabriel
Campelo (CE), Allana Karyne S. Ferreira (CE), José Cleiton (CE), Alex Nascimento
(CE), Amanda Primo (CE), Thalita Vaz (CE), Samanta Forte (CE), Bruna Raquel
Ferreira de Castro (CE), Tamyres Lima (CE), Alisson Sampaio (RJ), Allanis Pedrosa
(RJ), Antonio Neto (RJ), Breno Rodrigues (RJ), Bruna Ramalho (RJ), Carolina Dias
(RJ), Caroline Otávio (RJ), Darlan Montenegro (RJ), Leonardo Freire (RJ), Lucilia
Aguiar (RJ), Maíra Marinha (RJ), Rafael Kritski (RJ), Talles Rei (RJ), Rosa Amorim
(PE), Gleisa Campigotto (PE), Isa Gabriela Sena (PE), Elisa Maria Lucena (PE),
Paulo Henrique (PE), Rani Mendonça (PE), Ana Gusmão (PE), Louse Xavier (PE),
Paulo Mansan (PE), Beatriz Eudocio (PE), Helena Dias (PE), Vanessa Gonzaga
(PE), Andreia Campigotto (PE), Sandreildo Santos (PE), Tomás Agra (PE), Diego
Dhiel (GO), Dennis (GO), Carolina Lima (RS), Milton Viário (RS), Enio Santos (RS),
Jorge Ramos (RS), Ronaldo Schaffer (RS), Carlos Alberto Alves – Carlinhos (RS),
Luana Carolina (PB), Marcos Freitas (PB), Gleyson (PB), Daiane Araújo (PB), Felipe
Baunilha (PB), Paulo Romário de Lima (PB), Yago Licarião (PB), Ciro Caleb (PB),
Joel Cavalcanti (PB), Juliano Koch (PB), Caroline Faria (PB), Barbara Zen (PB), Vera
Fernandes (PB), Rafael Carneiro (PB), Lucas Machado (PB), Ana Holanda (PB),
Deyse Araújo (PB), Carlos Eduardo Cazé (PB), Fernando Augusto (PB), Fernanda
Maria (PR), Antônio Carneiro (MT), Amandla Silva Souza (MT), Tobias Pereira (DF),
Katty Hellen (DF), Olívio José (DF), Jarbas Vieira (DF), Fabio Tinga (DF), Cintia Isla
(DF), Carla Lessa (DF), Adilson Miranda (DF), Patrícia da Silva (DF), Márcia Silva
(DF), Aline Côrtes (DF), Flávia Quirino (DF), Ana Moraes (DF), Francisco Nonato
(DF), Gabriel Remus (DF), Noeli Welter Taborda (SC), Michele Calaça (RN), Elida
Dias Cândido (RN), Arthur Carvalho (RN), Lara Carvalho (RN), Augusto Ribeiro
(RN).
27
“Não basta intitular-se “vanguarda”, destacamento
avançado: é preciso proceder de modo a que todos
os outros destacamentos vejam e sejam obrigados
a reconhecer que marchamos à cabeça. E
perguntamos ao leitor: será que os representantes
dos outros “destacamentos” são tão estúpidos que
nos vão julgar “vanguarda” só porque nós o dizemos”
Lenin
28
APRESENTAÇÃO
29
capacidade de implementá-las. Em linguajar coloquial entre a militância, “um
cabeção, com corpinho”. Hoje, percebemos, que mesmo em termos de
elaboração, tínhamos grandes lacunas e limites. Tínhamos. Já estão
superadas? Não. Mas está próximo de criarmos as condições para que
sejam. Por isso, esse quarto e último texto, sobre o tema da organização,
adquire importância. Ainda que, os principais elementos aqui apontados, já
estavam presentes, em alguma medida, nos textos anteriores.
30
uma crise longeva. Um golpe de Estado no Brasil, contra a primeira mulher
eleita em nossa história. Perpetrado pelo imperialismo, pela mídia
empresarial, pelo Judiciário, pelo Legislativo, com participação das Forças
Armadas e de empresários. Presenciamos a prisão durante 580 dias da
principal liderança responsável pelas quatro vitórias eleitorais; a principal
liderança popular do Brasil, principal referência desde o processo de
redemocratização do país, 40 anos atrás. A vitória eleitoral do fascismo e o
seu espraiamento na sociedade. Uma pandemia, que rapidamente se alastrou
pelo mundo todo, agudizando as crises que já se retroalimentavam,
econômica, social, ambiental e política. A ascensão da China. Revoluções
tecnológicas e comunicacionais. Ascensão, queda e retomada de governos
progressistas na América Latina. Diferentes formatos, métodos e extensões
de golpes de Estado, no nosso continente e no mundo. Frente a todos esses
acontecimentos históricos e sabendo que somos parte deles, a Consulta
Popular deve se colocar à altura do contexto histórico e do momento político.
10. Um balanço organizativo dessa atuação deve levar em conta, para cada
período, (a) de onde partíamos em termos organizativos naquele momento
(quantidade, qualidade, inserção e perfil dos militantes; identidade,
autonomia, coesão ideológica, projeção e capacidade de influência); (b) a
realidade concreta (político, econômica, social, organizativa etc.) em que
estávamos inseridos; (c) o programa e a estratégia da organização naquele
31
momento. O distanciamento temporal favorece que possamos perceber
nossos erros e limites, por um lado; por outro, acentua o risco de julgarmos o
passado partindo, apenas, do nosso olhar distanciado, em todos os sentidos,
hoje.
32
13. Essa trajetória está permeada de autocríticas e constatações dos nossos
limites. Resgatemos alguns exemplos: em 2000, poucos meses após a
Marcha pelo Projeto Popular para o Brasil, publicamos a cartilha de
número 10, Um Passo à Frente na Consulta Popular. Nela, reconhecemos
como pontos fortes, (a) o fato de que avançamos na formulação política, (b)
na produção de materiais (uma marca do período) e (c) nossa presença
nacional. E já reconhecíamos como pontos fracos, (a) “nossa organicidade
desigual; vários estados precisam apressar o passo. Atarefados em seus
movimentos, muitos de nossos companheiros ainda não dedicam tempo
suficiente à construção da Consulta. É um erro”; (b) o fato de existir muitos
lutadores e lutadoras que “não conhecem a nossa proposta”, “precisamos
aumentar a visibilidade da Consulta”. E (c) o fato de que “precisamos debater
mais sobre a luta nas cidades”. Na sugestão para os trabalhos, incluía ainda a
necessidade de se ampliar a rede de comunicação.
33
organizativos: “nossos esforços para a construção de espaços unitários das
forças populares privilegiaram o trabalho de articulação. Menosprezamos que
a construção da unidade exige investir em força própria”. E também, “nosso
trabalho de acompanhamento das frentes de massa foi insuficiente e
descontínuo. Não formulamos políticas específicas e deixamos de apoiar os
quadros que necessitavam de diretrizes e linhas de ação”. [...] “Nossos
esforços em desenvolver trabalho de base no proletariado foram tímidos e
insuficientes (...) iniciamos discussões sobre Setor Sindical, mas tivemos
poucos avanços (...) não avançamos na organização por local de trabalho,
apesar de apontarmos para essa necessidade”. [...] “Nossos avanços na
estruturação financeira da organização foram mínimos”. [...] “Sentimos
necessidade de que a coordenação nacional se colocasse como direção,
mais presente e atuante”.
34
política de finanças, nosso inquestionável calcanhar de Aquiles. (...) Há uma
percepção generalizada de que será preciso construir uma nova
identidade política, que se diferencie, na ação e na coerência, do velho ciclo
que se encerra. Muitos elementos presentes em nossos debates e conceitos
formulados em nossos primeiros anos ganham atualidade e devem ser
retomados. Estamos vivenciando um momento em que vários militantes de
distintas correntes de esquerda, amadurecem sua percepção de que é
necessário mudanças profundas na prática, nos valores e nas concepções
ideológicas e estratégicas. (...) Encarar o debate da reorganização da
esquerda, de uma ferramenta política capaz de recompor a vanguarda é
o novo salto de qualidade que se coloca para a Consulta Popular. Este é
o tema central a ser preparado, enfrentado e debatido de forma ampla para
nossa 5ª Assembleia Nacional. [...] De que nova forma de organização
necessitamos? A Frente Brasil Popular poderá cumprir esse papel? Quais
seus limites? Como enfrentar a questão da disputa eleitoral? Nosso acúmulo
político e ideológico nos leva a duas certezas neste debate: a ferramenta a
ser construída deve considerar como objetivo estratégico central a questão do
poder e deve contemplar o programa democrático popular. E nesse sentido
devemos trabalhar com toda a generosidade e paciência necessárias. (...)
Portanto o desafio central é definir e estabelecer passos concretos para
construir um instrumento político mais amplo que nosso campo, capaz de
identificar e unificar todas as forças, correntes e concepções que se pautam
estrategicamente pela questão do poder e compreendem a importância e
atualidade de um programa democrático e popular”.
35
uma formulação diferente. A ideia de que era preciso profissionalizar a
organização. Ao passo que, tendo melhor estruturada e organizada a
organização, contribuiremos mais com o campo como um todo, no
desempenho das tarefas que nos dizem respeito, diretamente.
Contribuiremos, assim, para a coesão do campo. Em síntese, o Seminário
apontou a necessidade de profissionalização da Consulta Popular, afirmando
o seu sentido para o campo e para a revolução brasileira.
22. Por mais contraditório que pareça, não é desprovido de nexo causal o fato
de que os mesmos que se apegaram entre 2016 e 2017 na defesa de que
“o partido é o campo”, estejam agora defendendo a estreita organização
dogmática e hermética, pequena e apartada do campo político, algo mais
próximo a uma seita sectária e com pouco ou nenhuma influência na luta real.
Em comum, uma compreensão da organização como ideologia, em
detrimento da compreensão da organização como práxis.
36
finanças, que inclua iniciativas desde os núcleos; (4) Qualificar a
Direção Nacional e a Secretaria Operativa; (5) Profissionalizar, expandir
e diversificar a Escola de Formação da Consulta Popular.
25. Não foi por falta de esforços. Seis meses após a V Assembleia, em maio
de 2018, na busca por darmos consequências às resoluções, realizamos
o Seminário Nacional de Organização e Finanças. Que, apesar de ter sido
prejudicado pela recém instaurada cisão da organização, formulou um
diagnóstico e apontou compromissos para nosso avanço organizativo.
37
insuficientes, mas a própria tarefa de formular tem sido restrita a poucos
dirigentes. Não será fácil corrigir tais lacunas e insuficiências. Nossa
crise é orgânica e não meramente conjuntural. É orgânica porque está
relacionada com a espinha dorsal de qualquer construção partidária:
estratégia, programa e organização. As manifestações de debilidades
conjunturais como a atual fragilidade de nossa escola de formação, a
dificuldade da Consulta Popular de intervir na batalha de ideias e atrair a
vanguarda, a pouca projeção nas articulações nacionais em curso e os limites
na construção de força social não serão resolvidas sem enfrentar as
debilidades estruturais que determinam, em última instância, a construção
partidária. (...) Não podemos ter nenhum constrangimento ou medo de
enfrentar o debate sobre nossa crise de construção partidária. Temos um
patrimônio: uma coluna de militantes que herdou o acúmulo, experiência e a
dedicação de valiosos camaradas. Sabemos de nosso potencial e temos que
ter coragem de desenvolvê-lo. Este é o esforço que precisamos empreender
para a Consulta Popular voltar a fazer sentido para o campo político do
Projeto Popular e para nos constituirmos num pólo político-organizativo
autônomo e atrativo na esquerda brasileira. Ou seja, atrair a vanguarda do
campo democrático e popular, aprofundar nossa vinculação orgânica com a
classe trabalhadora em torno de uma estratégia e de um programa
comprometidos com a Revolução Brasileira. (...) Podemos destacar as
seguintes lacunas acumuladas ao longo destes 14 anos e que nos ajudam a
diagnosticar as raízes da nossa crise de construção partidária: a não
construção de um núcleo dirigente nacional, estável, preparado político e
teoricamente; a ausência de uma política de quadros adequada aos nossos
objetivos; a fragilidade do nosso processo de direção coletiva; assim como as
dificuldades de coesão do Campo Político do Projeto Popular.
38
30. Reproduzimos abaixo trechos do texto Em Defesa da Consulta Popular: a
luta interna e os rumos da CP, publicado em maio de 2021, em que, uma
maioria de integrantes da Direção Nacional, que assinam o texto, afirmam:
“Organização: o pé mais frágil da nossa construção. Para olhar para a
Consulta Popular é importante resgatar que o tema da Organização na nossa
construção sempre foi extremamente deficitário. É comum aparecer em
nossos balanços organizativos que somos uma organização “voltada para
fora”, o que faz com que tenhamos chegado nesse período histórico de crise
profunda sem uma organização madura do ponto de vista dos seus aspectos
organizativos. Como preâmbulo a esse aspecto, é importante relembrar que a
nossa primeira Direção Nacional, com esse nome, é de 2011. Antes disso, o
que havia era uma coordenação nacional. E, até 2007, a instância era
composta por indicações dos movimentos. (...) A Direção Nacional eleita em
2011 foi composta por uma coluna de jovens quadros dedicados,
prioritariamente, à construção partidária, que vinham sendo formados,
sobretudo, desde 2005. Essa Direção - que teve a sua gestão de 2011 até
2017 (6 anos) - foi se “desmontando” ao longo do tempo. Diversos militantes
foram se afastando, outros foram “afastados”. Tudo isso sem um método claro
de funcionamento. A solução, no meio do caminho, foi a recomposição da
Direção Nacional antes mesmo da realização de uma nova Assembleia. A
chamada “DN ampliada”, composta no meio da gestão, construiu o processo
da V Assembleia; que viveu todos esses dilemas organizativos e foi
fortemente marcada pelo espírito de fazer com que a Consulta avançasse do
ponto de vista da sua profissionalização e do seu método de funcionamento.
31. Continua o texto “Em defesa da Consulta Popular”: “As tensões políticas na
Secretaria Operativa Nacional da Consulta Popular já estavam colocadas
antes da V Assembleia de 2017, onde esse núcleo chegou em frangalhos.
Do ponto de vista organizativo, as ausências de um método de funcionamento
das instâncias, de um estatuto, de um método de direção política e de uma
política de quadros, foram responsáveis por contribuir para o esfacelamento
da coesão política do núcleo dirigente da organização. A ausência de regras
de funcionamento favoreceu uma condução autoritária velada de
democrática (para aprofundar como isso acontece basta resgatar o nosso
acúmulo sobre como autoritarismo e basismo são duas faces da mesma
moeda). (...) Essas tensões se acumularam até explodir na reunião da
Direção Executiva (DEx) que decidiu pela composição da Secretaria Geral.
Essas tensões expressavam: a) um método artesanal de direção política
que favoreceu o autoritarismo; b) as tensões existentes no interior do nosso
campo político; c) as dificuldades históricas colocadas pela conjuntura; d)
vícios e desvios militantes; e) a maior relevância e importância que a Consulta
assumiu no interior do campo político e da esquerda com a V Assembleia
Nacional. (...) Destacamos que a desestabilização das instâncias é muito
39
diferente de “posições divergentes”. É uma atitude que ameaça a
organização política. Em momento algum foi reivindicado “pensamento
único" nas instâncias da Consulta Popular, pelo contrário, houve espaço para
o debate. A gravidade da situação: dirigentes nacionais perdem o debate e
passam a assumir posturas de deslegitimar a instância, disputando a
militância por meios construídos fora da organização e, valendo-se, inclusive,
de falseamento da realidade. Esse não é o proceder que identificamos com a
Consulta Popular que a gente constrói e que zela pelo centralismo
democrático, como valor, princípio e método de direção coletiva. Expor
debates da DN de forma falseada para fazer disputa vai de encontro à
preservação de forças tão evocadas por esses companheiros. Esse relato
joga luz a uma organização que não queremos fazer parte, pois nossas
energias estão voltadas para a luta popular, para a Revolução Brasileira e não
para esse esforço descomunal de luta interna divisionista com roupagem
teoricista que parece ser o centro, a prioridade e a exclusividade da atuação
desses companheiros. (...)
32. O texto “Em defesa da Consulta Popular” enfatiza ainda que: “A disputa visa
paralisar a organização. Em meio a tentativas de implosões de pautas de
reuniões, houve um proceder que se repetiu: primeiro querer sempre que
a organização debata apenas o que eles acham importante; segundo, ao não
conseguir maioria em torno das suas ideias, os companheiros passam a
inviabilizar sínteses, descumprir e combater as resoluções (assim ocorreu
sempre que aprovamos resoluções sobre tática e conjuntura), arrumando
sempre um motivo para marcar posição; terceiro, passam a deslegitimar a
instância que chegou a sínteses políticas que incorporou em partes, mas não
tudo, que era apresentado pelos companheiros. Esse procedimento revela
uma postura autocentrada, de quem se arroga dono da organização. Além
disso, as demarcações não vieram acompanhadas de propostas concretas,
revelando a ausência de um espírito de construção, pelo contrário. O esforço
sempre foi de manter um pólo de crítica constantemente tensionando as
instâncias e a organização. Inclusive até hoje não se fez autocrítica de
análises catastrofistas que previam a cada reunião situações que não se
verificaram na realidade histórica. A luta interna em curso não busca fazer
a organização avançar. A luta interna como tem se desenvolvido tem
cheiro, cara e corpo de tendência, de divisionismo e não é parte da nossa
tradição, ao ponto de estar minando a forma de organização e de atuação que
construímos até agora. Compromete a unidade de ação e o centralismo.
Construir a Consulta Popular. Parte da saída dessa situação passa pelo
próprio processo de construção da organização necessária para contribuir
com os desafios estratégicos para a Revolução Brasileira. Então, lidar com o
divisionismo interno e com esse processo de (re)construção, nos exige
serenidade, capacidade de escutar, de expor nossos argumentos, colocando
os nossos egos de lado, nos concentrando nos nossos desafios históricos
40
para conseguirmos apontar um caminho. Isso requer que não arrastemos
essa situação por muito tempo. A elaboração de regras mínimas para
enfrentar o divisionismo é uma pactuação mínima para tentar avançar na
construção de saídas sem casuísmos. Aproveitando para dar um pequeno
passo na elaboração e construção de um método de direção coletiva.
Construir uma saída, que envolva a militância, denunciando oportunismos,
manipulações e desinformações, preservando princípios históricos defendidos
ao longo destes mais de 20 anos de Consulta Popular. Nós queremos seguir
com o legado do leito histórico latino-americano que reivindicamos, de sermos
uma organização voltada para a construção do processo revolucionário
brasileiro, junto a classe trabalhadora, e ao povo brasileiro, capaz de lutar em
todas as trincheiras por um programa de mudanças estruturais.Para isso,
precisamos seriamente dar consequência aos importantes elementos
oriundos da derrota que sofremos e do processo de reorganização da
esquerda que se abre, é preciso (a) profissionalizar a Consulta Popular; (b)
suprir as lacunas com um novo ciclo de acumulação estratégica ; (c)
dotá-la de um atualizado plano de formação; (d) construir uma política
de quadros que oriente e organize os militantes segundos as tarefas
prioritárias para a organização; (e) contribuir de forma incisiva para a
conformação no interior do Campo do Projeto Popular de unidade de
ação e na construção de força social. Superar nossos limites. Esse
caminho pede que refundemos a nossa organização, de artesanal, para
profissional, em todos os sentidos, a começar pelo método de direção
política”.
41
2. QUE ORGANIZAÇÃO NÃO QUEREMOS SER?
I - Não queremos ser uma seita dogmática e nem uma organização voltada
para dentro.
42
autossuficiência em parte da militância. A caricatura de que a linha política da
Consulta Popular é sempre correta e a desconsideração do potencial
formulador dos movimentos populares trouxeram graves contradições para a
nossa construção. A caricatura de que “para construir a Consulta Popular
basta ideologia e linha política” nos legou uma grave lacuna organizativa na
estruturação partidária. Estas quatro caricaturas negligenciaram nestes mais
de 20 anos o “movimentismo” e propagandearam a ideia de que “o partido é o
campo”.
43
ficarmos isolados da luta política. Além da recepção dogmática do marxismo,
a estratégia restrita que se nega a combinar as formas de luta foi
determinante para a nossa insuficiente inserção social.
44
representa, unifica e orienta para ‘ocupar o poder’. Isso é pouco, no
entanto, porque deve se preparar para ir mais longe: conquistar o poder e
solucionar a questão do Estado”.
II - Não queremos ser uma organização com um "grande chefe", sem direção
coletiva.
50. Mesmo que desde a nossa definição pela construção partidária (2005)
tenhamos arregimentado militantes que atuam e estudam em diversas
áreas, estes quase não foram demandados para a tarefa de elaboração
política e teórica na organização. Militantes que ao longo destes anos,
apesar do grande potencial de desenvolvimento político e teórico, foram
subaproveitados. Estão nas universidades, no movimento estudantil, nas
frentes de massa, nos locais de trabalho etc. Precisamos selecioná-los,
distribuir tarefas e acompanhá-los.
45
elaboração teórica ficou restrita a poucos. Já a tarefa de elaboração política,
ainda que algumas vezes velada com ares de democracia, quase sempre
ficou restrita a um único dirigente. Isto nos distanciou do princípio da direção
coletiva e nos aproximou de uma concepção organizativa pela qual a tarefa
de elaboração política e teórica é exclusiva de uma intelligentsia restrita. A
pouca amplitude na tarefa de elaboração política e teórica atinge fortemente
as mulheres, os militantes negros e negras, assim como os militantes LGBT’s.
55. Sabe-se que mesmo a Consulta Popular não tendo um estatuto, nossa
organização tem um caráter associativo. Ou seja, a adesão à Consulta
Popular é individual, vinculada a critérios políticos, ideológicos e organizativos
46
da tradição marxista. A Consulta Popular não é, portanto, uma somatória dos
movimentos populares.
47
derrotadas na Direção Nacional (o recuo organizado e a centralidade na
preservação de forças), inviabilizando a unidade de ação, princípio elementar
do centralismo democrático.
48
contexto histórico. Ou seja, nesta interpretação simplista dos nossos desafios
enquanto Consulta Popular, para nos prevenirmos do desvio do reformismo
basta tomarmos a vacina do “marxismo-leninismo”.
49
concepção leninista do partido, válida abstratamente para qualquer
contexto histórico. Mas sim, devido ao fato de que Lênin, ao analisar
concretamente a formação social russa, e em polêmica com as concepções
economicistas no seio da social-democracia russa que queriam reduzir a luta
revolucionária a “luta econômica contra os patrões e o governo”, forneceu as
bases teóricas para uma teoria da organização política revolucionária. A teoria
foi ajustada e enriquecida pela experiência prática da luta de classes e da
Revolução Russa.
50
dos desafios impostos pela organização da revolução. Neste sentido,
rejeitamos qualquer fórmula no debate organizativo, que reduza e simplifique
a formulação de Lenin ao debate contido no “Que Fazer?”, e que importe de
forma abstrata a necessidade de uma organização “não muito extensa” e o
“mais clandestina possível”.
51
nos limites, formas e quadros já adquiridos dos comités, grupos, assembleias,
círculos, mostraremos com isto a nossa incapacidade. Milhares de círculos
surgem agora por toda a parte, independentemente de nós, sem qualquer
programa e objetivo definidos, simplesmente sob influência dos
acontecimentos. É preciso que os sociais-democratas se coloquem a si
próprios a tarefa de criar e reforçar relações directas com o maior número
possível desses círculos, para os ajudar, esclarecer com os seus
conhecimentos e experiência, impulsionar com a sua iniciativa revolucionária.
Que todos esses círculos, excepto os conscientemente não sociais-
democratas, ou entrem diretamente para o partido ou adiram ao partido.
Neste último caso não se pode exigir nem a aceitação do nosso
programa nem relações organizativas obrigatórias conosco: basta o
sentimento de protesto, a simpatia com a causa da social-democracia
revolucionária internacional, para que esses círculos que aderiram, havendo
uma intervenção enérgica dos sociais-democratas e sob o impacto do curso
dos acontecimentos, se transformem primeiro em auxiliares democráticos do
partido operário social-democrata e depois em seus membros convictos”.
52
consciente”. Mas ao afirmar que a “a doutrina teórica da social-democracia
surgiu de uma forma completamente independente do ascenso espontâneo
do movimento operário”, Lenin abriu espaço para que interpretações
posteriores envergassem ainda mais essa curvatura.
53
3.4 Um exército de agitadores e propagandistas
87. E mais adiante nas Cartas sobre a Tática, Lênin afirma que: “Reconhecer
que o nosso partido é minoria, na maior parte dos sovietes dos deputados
operários, em comparação com o bloco de todos os elementos oportunistas
pequenos burgueses, que são sujeitos à influência da burguesia e que
estendem tal influência ao proletariado [...]. Explicar às massas que os
sovietes dos deputados operários são a única forma possível de governo
revolucionário e que, portanto, até quando este governo será submetido à
influência da burguesia, a nossa tarefa pode ser só explicar às massas com
paciência, em modo sistemático e perseverante, correspondente às suas
necessidades práticas, os erros da própria tática. Enquanto estamos em
minoria, realizaremos uma obra de crítica e explicação dos erros, apoiando ao
mesmo tempo a necessidade da passagem de todo o poder estatal aos
sovietes dos deputados operários, para livrar as massas dos seus erros
através da experiência”.
54
do país, as tropas sucumbiram à força de persuasão de argumentos que
simplesmente articulavam seus desejos e suas angústias mais profundas e
dos quais elas nem tinham plena consciência. Para nenhum dos oficiais
presentes teria sido possível esquecer como os soldados debandavam, não
sob o fogo das granadas, mas sob a tempestade das palavras”.
91. Neste sentido, Florestan destaca que nos países da periferia capitalista
não se luta somente contra a hegemonia da classe dominante em escala
nacional, mas também contra o imperialismo “que redefine a hegemonia
burguesa e torna-se um polvo de sete cabeças”. Por isso, a necessidade de
uma organização política enfrentar a contra revolução institucionalizada e as
ameaças de cerco imperialista.
55
classes trabalhadoras possam fazer face às novas funções contestadoras,
que adquirem através da recente transformação do movimento operário e
sindical, elas precisam de novos recursos institucionais. Ou seja, elas
necessitam de partidos especificamente operários e que atuem de modo
autônomo - isto é, sem absorver controles externos da burguesia e do Estado
- como partidos especificamente socialistas. Assim, o impulso espontâneo
pode ser substituído por atividades de classe orgânicas e o movimento
operário pode converter-se em base de sustentação, irradiação e crescimento
do movimento socialista”.
56
mercadoria; é um partido de massas e, por conseqüência, não prende os
trabalhadores num gueto, mas os compreende em sua interação com toda a
sociedade, em particular com todos aqueles que são seus aliados orgânicos,
conjunturais ou permanentes, na construção de uma sociedade nova; é um
partido democrático, que defende a concepção socialista de democracia e,
por conseqüência, luta contra todas as formas de manifestação da
desigualdade social, como as iniqüidades econômicas e as discriminações de
classe, raciais, de sexo, de idade ou de religião, determinantes ou
conseqüentes, e se empenha em fundar a sociedade nova sobre a liberdade
com igualdade e o pleno respeito à vida e à pessoa. Tendo-se em vista esses
três atributos, igualmente centrais, são complexos os dilemas que resultam da
organização de tal partido, principalmente porque as peculiaridades históricas
do país bloqueiam a emergência e o desenvolvimento de uma sociedade
nova desse tipo”.
97. Ainda em 1991, Florestan alerta para o grave erro de natureza estratégica
do PT de não fortalecer como parte orgânica do partido uma estrutura
ilegal. A combinação do trabalho legal e ilegal segue sendo um grande
desafio para a construção de um partido revolucionário no século XXI.
Vejamos como Florestan Fernandes fundamentou sua crítica ao PT: “O PT
preparou-se para atuar no plano legal e não se resguardou, até hoje, dos
riscos que corre num país no qual a democracia não vai além de um biombo
que oculta o monopólio do poder das classes dominantes. (...) Nessas
condições, todo partido renovador ou revolucionário precisaria contar
com duas frentes interdependentes, uma de ação legal, outra de
atividade clandestina. O PT empenhou sua confiança na luta de classes
pacífica e se organizou, horizontal e verticalmente, como se a ordem
fornecesse a todos os partidos as garantias constitucionais de
autopreservação e de continuidade. Como os partidos do centro, apostou em
sua capacidade de fortalecer e aperfeiçoar seus compromissos solenes de
consolidação da democracia emergente”.
57
99. O fato é que este instrumento político, com as características citadas
acima, necessário para a Revolução Brasileira, não existe atualmente.
Dada a diversidade de tradições marxistas nestas correntes, culturas políticas
diversas e do caráter continental do Brasil, este instrumento revolucionário a
ser construído e que vai unificar a vanguarda numa estratégia de poder tende
a ser uma frente política e social (de massas, democrática e socialista), ainda
que utilize a nomenclatura partido.
58
medularmente anticapitalistas e socialistas, oferecendo pela primeira
vez na História do Brasil, um lastro sólido para a existência, a difusão e
o crescimento de partidos socialistas de base operária. O socialismo já
pode desvencilhar-se dos marcos de classe média e de dissidentes das
classes altas; essas pressões atestam que o movimento operário
desencadeia, por sua conta e risco, e além disso por meios organizativos
próprios, um processo socialista que está incubado nas massas populares e
nas classes trabalhadoras (...) As próprias classes trabalhadoras e o
movimento sindical engendram a legalidade para o aparecimento
daquele movimento e para a criação dos partidos que poderão
protagonizar as suas reivindicações imediatas e duradouras”.
59
trabalhadoras tomaram a dianteira e a prioridade do movimento
socialista vem do fato de que é essencial atender-se às exigências do
trabalho comum mais elementar de absorção e difusão dos ideais e da
ideologia socialistas. O que significa que o movimento é entendido como se
produzindo por partidos, porém partidos que não se colocaram
sectariamente à frente e acima dessas exigências do trabalho comum,
de consolidação do poder real das massas e das classes trabalhadoras,
de emergência destas como classes em si para si. (...) Dado esse salto,
para que o próprio socialismo não perca em eficácia, diversidade,
vitalidade e originalidade, os partidos deverão ganhar o centro do palco
e a centralização do processo político)”.
60
dado período de esmorecimento do espírito revolucionário, exclui a obrigação
de trabalhar pela criação de uma organização de luta e de empreender a
agitação política.” E mais: “É justamente nestas circunstâncias e nesses
períodos que se faz mais necessário tal trabalho, pois nos momentos de
conflagração e explosão é tarde para criar uma organização; ela já tem de
estar pronta para desenvolver sua atividade imediatamente”.
61
115. Como abordamos no tópico anterior, devemos estimular a ampla
democracia e participação, que devem se materializar no direito de toda a
militância de participar de um núcleo de base, de contribuir na elaboração de
linhas políticas e na formulação teórica e programática da organização, de ser
eleito para as diversas instâncias estaduais, nacionais e organismos
auxiliares da Consulta Popular, bem como estabelecer críticas e divergências
nas devidas instâncias da organização. No caráter eletivo de todas as
instâncias de direção da organização, através das nossas Assembleias
Nacionais e Estaduais. No princípio da direção coletiva, da divisão de tarefas,
na obrigatoriedade de prestação de contas das instâncias de direção para o
conjunto da militância e na possibilidade de revogação, através de um
processo democrático de avaliação, do mandato da direção e dos dirigentes.
116. Por sua vez, a unidade de ação deve ser assegurada por meio da
subordinação de todos os militantes às instâncias que participam, na
subordinação das instâncias estaduais, e dos organismos auxiliares às
instâncias nacionais da Consulta Popular e na subordinação da minoria a
ação aprovada pela maioria. No controle do cumprimento das decisões do
partido, tanto de cima para baixo como de baixo para cima, fundamentado no
princípio da disciplina consciente.
119. Por isso, neste contexto histórico, e tendo em vista o atual estágio
de construção da Consulta Popular discordamos do direito de tendência
e de fração dentro de nossa organização. Pois ao cristalizar posições
62
divergentes dentro da organização, dificulta a construção coletiva e o pleno
exercício do centralismo democrático. O direito de tese e de livre reunião deve
ser assegurado durante o decurso do processo Assemblear. E todos os
militantes devem ter assegurado o direito de apresentar suas teses e de
poder convencer o conjunto da militância de suas posições. No entanto, uma
vez aprovada as resoluções, elas devem ser implementadas pelo conjunto da
organização.
121. Neste sentido, a atual crise da Consulta Popular não pode ser
restringida à forma de eleição da sua direção nacional. A proposição
defendida pela minoria tem como resultado prático a regulamentação do
direito permanente de tendência e a supressão do centralismo democrático
em nossa organização. É preciso dar um salto de qualidade na democracia
interna da Consulta Popular com a aprovação de um estatuto que
estabeleça mecanismos estáveis de participação política e assegure formas
de controle por parte da militância da direção eleita, garantindo o princípio da
unidade de ação da organização.
63
vem gradativamente inviabilizando a possibilidade de construir uma instância
nacional nestes marcos.
64
127. Com o desenvolvimento da luta política na Venezuela, a FFM
constituiu a capacidade de combinar estrategicamente diversas formas
de luta e uma grande quantidade de iniciativas políticas, tanto nos territórios
organizando as comunas, na autodefesa da revolução com as milícias
populares, seja na disputa de ideias com uma rede nacional de guerrilha
comunicacional, seja através da luta institucional.
65
serão superadas em seu exercício concreto acompanhado da elevação do
grau de consciência política pelo povo.
66
136. Por isso é preciso que tenhamos tranquilidade para reconhecer
essas diferenças e o quanto isso tem potencial e não apenas lamentar
que nosso desejo é que todos tivessem a mesma disposição integral. Esse
tema nos remete também ao papel da organização na formação dos
militantes, quadros e dirigentes, partindo do pressuposto que a construção
cotidiana deve ser uma escola do trabalho coletivo, do método democrático
de decisão, de unidade de ação diante das deliberações das instâncias e
também uma escola de formação de militantes. Devemos partir do
reconhecimento dessas diferenças para que isso permita que o processo
interno favoreça para que aqueles/as com uma disposição parcial de
construção avance para uma maior dedicação e envolvimento.
67
140. Por isso, devemos tratar as contradições atuais no seio do nosso
campo político como contradições não antagônicas, como produto das
contradições históricas da nossa formação enquanto Consulta Popular e pelo
fato de que os movimentos do nosso campo também possuírem uma
estrutura de quadros e também se constituírem enquanto força política na
sociedade. O que vale destacar é bom para a esquerda brasileira. O
convencimento da necessidade de uma organização partidária exigirá mais
esforços para que tratemos eventuais conflitos no seio do nosso campo, com
métodos distintos daqueles pensados pelo movimento comunista
internacional na relação entre partido e movimento de massas. Devemos
buscar que a relação entre a Consulta Popular e os movimentos do nosso
campo, sempre que possível, seja de complementaridade, que possamos
contribuir para o desenvolvimento e organização da luta popular, mas sem
subordinação de ambas as partes, ou qualquer espécie de dirigismo.
68
vivos, pulsantes e ativos, seremos capazes de dar um passo à frente, um
salto de qualidade e enfrentar limites estruturais da nossa construção.
69
saiba mais para onde ir, como, quando, porque e com quem; mas se
funcionar só assim não irá longe; ao mesmo tempo o envolvimento amplo
pode criar a necessidade de mais tempo para convencer e para decidir. Essa
questão não é menos importante em se tratando da luta política. A tendência
da concentração precisa ser considerada para que haja mecanismos
promotores de ampla e qualificada participação.
70
coletivo e fortalecer a organização. E a avaliação é o método permanente
para assegurar que os erros sejam reparados em tempo para que os desafios
possam ser alcançados.
71
156. Infelizmente, é preciso reconhecer que a atual crise da Consulta
Popular e o ambiente de permanente luta interna, tem fragilizado muitos
desses princípios e valores. Parecem imagens de uma organização que
não se reconhece mais. O que tem gerado desânimo em parte significativa da
militância.
72
étnico-racial e anti-LGBTfóbicos, precisa construir mecanismos
democráticos que combatam estas formas de opressão no seio da
organização. Neste sentido, é preciso tratar esses desvios da forma mais
democrática possível, assegurando através de uma Comissão de Ética,
independente das instâncias de direção a apuração desses desvios de
conduta, mas também as medidas disciplinares necessárias para que este
militante possa refletir e corrigir sua prática política.
73
diferentes dimensões da luta política. É neste sentido a atualidade da
metáfora e a distinção feita por Lenin, no Que Fazer? entre o “tribuno do
popular” e um “secretário sindical”.
74
identificar e arregimentar quadros surgidos na luta social e política. Conhecê-
los bem e saber aproveitar as suas características específicas. Formá-los de
forma ampla, não dogmática, com espírito criativo para que possam
desempenhar diversas tarefas. Posicioná-los acertadamente de acordo com
critérios estabelecidos coletivamente e diante dos nossos desafios
organizativos e da luta política. Acompanhá-los e construir as condições
políticas e materiais para que estes consigam desenvolver suas tarefas. Por
fim, saber preservá-los e conservá-los, pois acumularam um conhecimento e
uma experiência prática na luta de classes que não é facilmente substituída.
75
sistema de dominação que se desenvolveu lado a lado da expansão do
capitalismo no mundo. Nessa perspectiva, capitalismo e escravidão não se
excluem, são fenômenos que integram o mesmo processo histórico”.
76
8.1. Desafios da luta antirracista no Brasil
77
8.2. O Movimento Negro Brasileiro: breves apontamentos
78
184. Em 1982 o MNU aprova em congresso o seu Programa de Ação
que tem como defesa: a desmitificação da democracia racial brasileira;
organização política da população negra; transformação do Movimento Negro
em movimento de massas; formação de um amplo leque de alianças na luta
contra o racismo e a exploração dos trabalhadores; organização para
enfrentar a violência policial; organização nos sindicatos e partidos políticos;
luta pela introdução da História da África e do Negro no Brasil nos currículos
escolares, busca pelo apoio internacional contra o racismo no Brasil.
79
190. Uma das principais referências teóricas da UNEGRO é o sociólogo
Clóvis Moura e foi fundada com os seguintes objetivos: lutar contra o
racismo em todas as suas formas de expressão; empenhar-se na
preservação e desenvolvimento da cultura negra; defender o livre direito de
escolha da orientação sexual dos homens e mulheres negras; defender os
direitos culturais da população negra; externar solidariedade e apoio à luta
dos povos africanos e povos oprimidos de todo o mundo; lutar pelo exercício
da cidadania em todos os setores da vida social do país; defender uma
sociedade justa, fraterna, sem exploração de classe, de raça ou baseada na
exploração entre os sexos.
80
uma plataforma mínima de ação; a complexidade das questões que envolvem
a luta racial negra, gera dificuldades para se encontrar um lugar comum que
unifique todos os interesses e necessidades, por exemplo, questões
referentes as mulheres negras, cultura, religiosidade etc.
81
submetido ao Caderno de Debates, desenvolve essa questão. “Dessa
maneira, não ajustamos os erros na elaboração, o que pode ser um dos
motivos que contribuiu para a nossa frágil atuação enquanto instrumento
político nesse campo. E embora tenha se desenvolvido bastante a partir da
militância da CP nas frentes de massa, identificamos que persiste entre
muitos de nós uma compreensão estreita da questão racial, como uma mera
questão de direitos humanos ou, para usar um conceito em voga nesse
momento, identitária. Advertimos que se não fizermos a devida correção
deste tema nas nossas elaborações estratégicas, fortalecer o processo
organizativo interno, desenvolver linhas políticas que direcionam com
intencionalidade a atuação da nossa militância na organização e nas frentes
de massa, além da não incidência nas lutas antirracistas, que tem crescido no
último período, não teremos capacidade de enfrentar a luta ideológica contra
concepções identitárias e pós-modernas que disputam parte da classe
trabalhadora e dos setores médios que nos interessa que sejam conquistados
para o projeto popular”.
82
sujeitos e o debate, assim como construir espaços de debate mistos nos
núcleos e instâncias de direção.
83
210. Portanto, construir a paridade racial em nossas instâncias é um
desafio que atravessa nossa organização, desde a formação e o
fortalecimento dos militantes nas bases, pelos núcleos, em nossas Direções
Estaduais, Setores, Coletivos e em nossa Direção Nacional. Desafio que
precisamos começar a encarar a partir de uma política de acompanhamento
da militância.
84
organizações consolidadas e adentrar de forma organizada com linha de
atuação clara ao mesmo tempo respeitando a diversidade existente nessas
frentes. Destacar militantes para atuar dentro das entidades do movimento
negro brasileiro, respeitando as construções já consolidadas, mas também
contribuindo na formação e condução da organização negra, será um salto
importante para a nossa leitura da realidade e formas de atuação.
85
foram trazidas à visibilidade, mas ainda ronda entre nós uma visão fetichista e
idealizada sobre esses territórios. Precisamos dar muitos passos coletivos na
compreensão desses sujeitos como classe trabalhadora com potencial
protagonista e de radicalidade elevada e não como merecedores de nossa
tutela basista. Conhecer o sujeito define o método e a organicidade territorial,
combatendo desvios históricos da nossa prática.
86
223. Pensar as formas organizativas dessa nova classe trabalhadora
emergente, proletária, urbana, de massas é fundamental também para
renovarmos a prática de muitos sindicatos engessados, velhos, com
práticas viciadas e que não conseguirão organizar esse novo segmento. É
ilusório acreditar que vamos organizar esses trabalhadores apenas com as
mesmas formas organizativas criadas nos anos 1970, pois o capitalismo já
não é mais o mesmo e nossas organizações precisam se ajustar a essa
realidade.
87
227. Nesse momento, precisamos entender qual o papel de cada um
desses movimentos nos territórios, desenvolvendo ações combinadas e
que são complementares, que já puderam se experimentar com a
Campanha Periferia Viva e, antes disso, em ações e lutas desenvolvidas em
territórios comuns.
88
como as marchas, plebiscitos, campanhas, brigadas urbanas, frentes
populares e brigadas do Congresso do Povo construíram um leito histórico de
aprendizados, relações e experiências de atuação comum em territórios
urbanos que potencializou a construção nacional da Campanha Periferia Viva.
89
construir um programa que apresente respostas ao conjunto de desafios que
as metrópoles urbanas e a classe trabalhadora que constrói suas vidas nelas
precisam.
90
construção de uma frente secundarista, importante espaço de massificação
de lutas da juventude e que pode dialogar bastante com a inserção territorial
de muitas escolas localizadas próximas ou em bairros periféricos, ao mesmo
tempo combinando ação territorial com a comunidade e trabalho sindical com
os professores ali atuantes. Assim como o fortalecimento da Rede Podemos+,
a partir da construção dos cursinhos e bibliotecas populares, além dos
trabalhos voltados para a cultura. O fortalecimento do trabalho territorial do
Levante, alinhado às nossas outras frentes urbanas, significa o fortalecimento
das lutas de massa do Projeto Popular e um espaço permanente de formação
de potenciais dirigentes para a luta revolucionária.
91
necessário um balanço sobre a construção do Levante Popular da Juventude
e um debate sobre a concepção do movimento. E elaborar uma política de
transição dos militantes para a atuação urbana com foco no MTD e nosso
trabalho Sindical;
242. O tripé que nos caracterizou e a nosso campo até aqui - formação,
organização e lutas de massa -, se enriqueceu, há muito, na prática, com
o eixo comunicação. A centralidade da comunicação, da disputa de
hegemonia, e da batalha das ideias, está presente em nossas elaborações,
com centralidade, desde A Opção Brasileira, passando pelo conjunto de
nossas cartilhas e resoluções.
92
10.1. Por uma política de comunicação própria.
248. É preciso ter com muita prioridade nossas ações na batalha das
ideias e na comunicação e isso implica em estudarmos a forma de fazer da
mídia burguesa “Nossos inimigos têm clareza do papel estratégico dessa
questão”, Cartilha 21, mas também investindo em formação política e técnica.
Nos debruçando sobre os conceitos, a história e apurando a forma de
desconstrução das mensagens burguesas repetidas sob diversas roupagens.
Todo esse percurso vai nos permitir fazer melhor a comunicação própria.
93
250. No campo da organização, nossa política precisa indicar o
investimento da formação técnica e política de comunicadoras e
comunicadores populares para atuarem nas diversas áreas contidas na
comunicação, inclusive nos apropriando e aprofundando na comunicação
digital e nos debates e formulações acerca da tecnologia da informação.
94
asseguradas não somente pelo programa único do partido, mas também
pela composição de ambos os grupos (é necessário que, tanto no OC
quanto no CC, existam pessoas plenamente identificadas entre si); e pela
organização de reuniões regulares e constantes entre eles".
258. O jornal foi referência potente para toda uma geração de militantes
que, ousamos dizer, se aproximaram da Consulta Popular por causa dele.
Isso não é pouca coisa, visto que outras organizações da esquerda brasileira
não dispunham dessa ambição transformada em prática de ter um jornal que
queria ser de massas, de disputa da sociedade. Deixamos o convite: pergunte
em seu estado se há alguém que começou a militar por causa do Brasil Fato.
Alguns que assinam este texto certamente respondem sim.
95
259. A aposta que o MST fez no instrumento certamente inspirava
outros dirigentes a acreditar na ferramenta. Os principais coordenadores
do movimento acompanhavam pessoalmente e de perto detalhes da vida do
jornal. Consideramos este outro importante exemplo da importância conferida
ao campo à disputa de ideias (ainda que insuficiente, claro, mas demonstra o
envolvimento cotidiano necessário para o tema).
96
264. Em 2015, o Brasil de Fato nacional (sem jornal impresso, mas com
uma página substancial na internet) passou a fazer parte do Centro
Popular de Mídias, uma iniciativa do MST, com diversas frentes de atuação
na comunicação popular, inclusive internacionais.
265. A articulação entre essas iniciativas não é e não foi, ao longo dos
anos, uma tarefa simples. O primeiro elemento fundamental a ser destacado
é que se trata de uma construção coletiva, que precisa de uma direção
coletiva. Ou que seja mais claro e delimitado o papel de cada organização na
condução dos instrumentos.
97
seu controle. A divisão sexual do trabalho, a propriedade privada e a
heterossexualidade foram elementos que incidiram diretamente na
constituição e no desenvolvimento das relações de gênero e sexualidade. O
domínio do homem (da sua figura paterna inicialmente) foi se tornando
hegemônico com o passar das gerações ao passo em que se reforçava, na
dinâmica da produção e reprodução social.
271. O que se pretende aqui, como bem adverte Saffioti, não é somar
racismo, gênero e classe social, mas de perceber a realidade compósita
e nova que resulta dessa fusão - o nó raça-classe-gênero, a qual se
refere a própria autora.
98
pela via do setor de serviços. Em países dependentes como o Brasil, vale
lembrar, o setor de serviços vem acompanhado de implicações como a
desqualificação, os salários baixos, a rotatividade elevada e a prevalência de
mulheres. O traço da informalidade no mercado de trabalho brasileiro também
opera fortemente sobre as mulheres trabalhadoras.
99
278. O Campo do Projeto Popular é permeado por dois processos de
construção do feminismo popular, um mais ligado às organizações
camponesas da Via Campesina Brasil, que hoje tem o nome de Feminismo
Camponês Popular; e um processo mais urbano, construído pelas Mulheres
da Consulta Popular, com atuação em diversos movimentos, dentre eles a
Marcha Mundial de Mulheres, pelas mulheres do Movimento de
Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos – MTD e mulheres do Levante
Popular da Juventude. Esses dois processos - urbano e rural - se
retroalimentam, nem sempre em acordo, mas também nas divergências, nos
debates e com certeza nas lutas que travam juntos constantemente. Estes
dois processos compõem o Feminismo Popular construído no campo do
Projeto Popular e é possível dizer que se organizaram em uma única linha
teórico-política que é o marxismo.
100
282. A definição do feminismo como um compromisso do projeto
popular não é apenas uma definição que se constrói no papel, ela
desafiou as mulheres da Consulta Popular a ampliarem a relação com as
mulheres do campo do projeto popular, para juntas pensarem em como
ampliar a organização das mulheres sob a perspectiva de trabalho popular, de
trabalho que buscasse construir uma transformação social ampla na
sociedade brasileira.
101
12. NOSSO TRABALHO SINDICAL
102
290. No processo de disputa de uma concepção sindical vinculada a
uma estratégia revolucionária queremos contribuir com a dimensão da
luta como parte de um processo pedagógico. O movimento sindical,
dirigido por uma concepção economicista, estabeleceu a relação com as lutas
a partir de eventos que acontecem periodicamente, mas que não conseguem
estabelecer um processo que contribua para a formação de novos militantes,
do fortalecimento dos espaços de base e da massificação do movimento
sindical. Dotar o movimento sindical de um projeto popular, significa envolver
os sindicatos no movimento geral pela transformação da sociedade, para
além das conquistas imediatas, e sempre na busca de construir a unidade.
Isto fortalece o sindicalismo e o coloca no centro da luta de classe e o torna
protagonista dos enfrentamentos futuros. Assim, cada militante sindical terá
como horizonte a construção de uma nova sociedade justa, igualitária,
solidária e livre. Partindo sempre da realidade específica da sua categoria.
291. A classe trabalhadora, por conta do próprio papel por ela ocupado
no processo produtivo, entra, invariavelmente, em contradição com a
burguesia. Isto é o que dá margens à luta econômica. Os trabalhadores, em
seu cotidiano, podem perceber, mais cedo ou mais tarde, a necessidade de
se organizar por alguma pauta específica de seu contexto de trabalho e vida.
Esta percepção leva à frente algum mínimo grau de organização para
possibilitar a conquista de vitórias. A luta por melhorias das condições de vida
é a “forma embrionária” do movimento consciente dos trabalhadores. A luta
econômica possui, pois, a possibilidade de se tornar uma “lição moral” aos
trabalhadores, capaz de ensiná-los a agir coletivamente, de forma organizada,
conscientes de seu poder enquanto classe que produz a riqueza social. Uma
verdadeira escola de guerra.
292. Talvez essa seja uma das principais contribuições que possamos
dar no interior do movimento sindical. O zelo pela formação política, o
cultivo dos valores militantes, o cuidado com a unidade, são algumas das
nossas características que nos permite e nos desafia a construir um
movimento sindical a partir de outra cultura política. O fato de não estarmos
constituídos enquanto uma corrente sindical também nos ajuda a não
alimentar uma dimensão de disputas fratricidas no interior do movimento
sindical. Estamos nos colocando o desafio de construir uma disputa no interior
do sindicalismo a partir de uma concepção e uma prática sindical.
Destacamos três aspectos que queremos contribuir com o movimento
sindical: a) todo militante sindical precisa ser um educador popular: que
desenvolve a escuta atenta (método de “escuta estratégica”), estabelece uma
103
relação dialógica com os seus companheiros e companheiras de trabalho; b)
queremos dotar o sindicalismo de um Projeto de Nação; c) queremos
reconstruir, no movimento sindical, novas relações de solidariedade,
companheirismo, fraternidade e coerência com as transformações que
queremos no mundo. Esses desafios nos colocam a necessidade de ter um
zelo ainda maior com a prática e valores dos nossos militantes no interior do
movimento sindical.
104
envolver o acúmulo do Setor de Mulheres sobre como a atual conjuntura de
ofensiva neoliberal repercute na vida das mulheres trabalhadoras. Além disso,
se apropriar das experiências de auto-organização das mulheres e do
acúmulo do feminismo popular também na prática sindical.
105
combinando essas iniciativas com a experiência histórica construída pela
classe trabalhadora. A nova prática, proposta pelo sindicalismo popular, após
resgatar a memória da classe trabalhadora e analisar a conjuntura do país e
dos sindicatos, sugere as seguintes orientações:
• A formação política deve ser uma tônica nos sindicatos, seja pela
realização de cursos específicos, seja pela prática do cotidiano, que ensine
democracia, identidade de classe, luta pelo poder e por uma vida melhor e no cultivo
de novos valores.
106
302. A nossa prática, no interior do movimento, deve contribuir para
desmascarar e romper com os mecanismos de subordinação, com cerco
“legal” estabelecido em torno das lutas operárias. Resgatar a combatividade
do movimento colocando-o “nas ruas”.
107
não esperar o trabalhador vir nos espaços do movimento. O militante da
Consulta Popular deve contribuir com o movimento sindical, utilizando
instrumentos e métodos que criem com a massa laços de confiança e
referência.
108
13. A NECESSIDADE DE CONSTRUÇÃO DE UM CENTRO DE
ELABORAÇÃO E ESTUDOS ESTRATÉGICOS
109
uns contra os outros. E o pior de tudo, os principais instrumentos de poder
estão concentrados nas mãos das classes exploradoras.
110
comuns e análise do movimento das classes, subsidiando a organização e
frentes. Para responder às demandas que constantemente aparecem da luta
de classes. Favorecendo a tomada de decisões.
111
população sem ameaçar as estruturas da autocracia burguesa e do
capitalismo neoliberal no Brasil. Dentro do PT, também há inúmeros
revolucionários, mas eles não exercem grande influência sobre os rumos do
partido.
112
um partido à parte, oposto aos outros partidos proletários. Não têm interesses
que os separem do proletariado em geral. Não proclamam princípios
particulares, segundo os quais pretenderiam modelar o movimento. Os
comunistas só se distinguem dos outros partidos proletários em dois pontos:
1) nas diversas lutas nacionais, destacam e fazem prevalecer os interesses
comuns do proletariado, independentemente da nacionalidade; 2) nas
diferentes fases por que passa a luta entre proletários e burgueses,
representam, sempre e em toda parte, os interesses do movimento em seu
conjunto. Na prática, os comunistas constituem, pois, a fração mais resoluta
dos partidos proletários de cada país, a fração que impulsiona as demais;
teoricamente, têm sobre o resto do proletariado a vantagem de uma
compreensão nítida das condições, da marcha e dos fins gerais do
movimento proletário”.
329. É óbvio que, com isto, não inferimos a partir de Marx e Engels que
a organização seja algo secundário. Ambos, inclusive, tiveram destacada
atuação como quadros de organizações revolucionárias, mormente quando, a
partir de 1864, participaram da construção da Associação Internacional dos
Trabalhadores.
113
333. Aqui, há alguns riscos ou desvios que precisamos assumir e
enfrentar. O primeiro deles é a perda de identidade frente aos demais
partidos. A Consulta caiu nessa armadilha com certa frequência, por
exemplo, em situações de composição com outras forças em eleições
estudantis, sindicais e parlamentares. Tal desvio não vai ser combatido com
abstencionismo eleitoral, mas com formação política sólida para toda a
militância, clareza no programa, um método próprio de atuação, linhas claras
para cada ação e uma organicidade forte e democrática dentro da Consulta.
114
evento originário, o impeachment de Dilma Rousseff, mas é um processo em
curso, que avança na implementação de um programa neoliberal radical, de
refundação do Estado brasileiro e estabelecimento de novas bases para a
nossa economia, em um patamar muito mais rebaixado do que aquele que
herdamos dos anos 90.
115
continuador da política golpista e o mantêm como presidente até 2022.
Podem até substituí-lo na presidência, mas não o descartarão por completo.
116
15. CONSULTA POPULAR E A DISPUTA DOS RUMOS DA ESQUERDA
347. O ciclo político aberto com as greves dos Metalúrgicos do ABC no final
dos anos 70, que deram a largada no ascenso do movimento de massas
nos anos 80, forjou os então novos instrumentos de organização dos
trabalhadores, o PT, a CUT e o MST. Deixou também como legado à
esquerda brasileira um programa para a Revolução Brasileira, o Projeto
Democrático-Popular. A partir desse processo, a classe trabalhadora
construiu um polo político-social para fazer a luta de classes e enfrentar a
burguesia.
117
351. As contradições abertas com o PT no governo e, posteriormente,
com a crise da hegemonia política da organização da classe trabalhadora,
geraram um processo de fragmentação da esquerda; a partir dos
governos Lula, com a divisão, à grosso modo, em três campos: os
governistas, os esquerdistas e os que se posicionavam a partir das
contradições do processo político. A cisão no campo partidário levou à criação
do PSOL. No movimento sindical, os deslocamentos do campo partidário
causam defecções na CUT, com a fundação da CTB e da Intersindical.
118
355. O balanço da campanha Fora Bolsonaro é muito positivo, tanto
pela integração das forças de esquerda, incluindo entidades da sociedade de
caráter civil, como pela capacidade de mobilização, com a ramificação em
500 municípios pelo país e a realização de manifestações significativas nas
grandes cidades. Foi muito efetiva, inclusive, a articulação a partir da
expressão da campanha no campo partidário com a centro-esquerda, o centro
e setores da direita para a unidade de ação possível contra as ameaças à
democracia. Agora, cabe às forças do campo do projeto popular aproveitar
esse acúmulo e levantar a "moral da tropa", atuando para manter a coesão
das organizações.
119
-Taxar os ricos em uma reforma tributária progressiva para financiar um programa de
renda mínima permanente e proteção aos trabalhadores mais pobres;
120
16. CONCLUSÃO
121