Biblioteca Essencial Do Professor Planejando o Trabalho em Grupo
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Biblioteca Essencial Do Professor Planejando o Trabalho em Grupo
BIBLIOTECA
ESSENCIAL DO
PROFESSOR
Referências para a prática em sala de aula
LIVRO
PLANEJANDO O TRABALHO EM GRUPO –
ESTRATÉGIAS PARA SALAS DE AULA HETEROGÊNEAS
Realização
Fundação Lemann e Associação Nova Escola
Supervisão
Leandro Beguoci, Alice Vasconcellos e Soraia Yoshida
Projeto gráfico e design
Gabriela Genari e Thiago Rocha Ribeiro
Edição
Beatriz Vichessi
Texto
Instituto Sidarta
Coordenação
Isadora Caiuby e Bruna Barletta
Revisão
Sidney Cerchiaro
CARTA AO
LEITOR
A sala de aula é um lugar privilegiado para construir conhecimen-
to pedagógico. O livro que você tem em mãos é o reconhecimento
desse fato simples, poderoso e, infelizmente, ainda pouco discuti-
do no Brasil. A Biblioteca Essencial, da qual esta obra faz parte, é a
contribuição da Fundação Lemann e da Nova Escola para devolver o
protagonismo ao chão da escola.
O que isso quer dizer, na prática? Este livro faz parte de um conjun-
to maior, chamado Biblioteca Essencial do Professor: referências para
práticas em sala de aula. Cada obra reúne conhecimento de ponta,
produzido e pensado dentro e fora do Brasil por quem conhece a re-
alidade de educadores das escolas públicas. Cada obra pode ser lida
separadamente, é claro. Mas nós acreditamos que, juntas, podem
ter um efeito muito maior na sua prática.
Um abraço,
Leandro Beguoci
Diretor editorial de Nova Escola
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BIBLIOTECA ESSENCIAL DO PROFESSOR
RESENHA
TRABALHO EM
GRUPO ORIENTADO
PARA O ENSINO
DA EQUIDADE
O livro Planejando o Trabalho em Grupo – para ensino individualizado de leitura ou
Estratégias para Salas de Aula Heterogêneas ensino personalizado”.
(Editora Penso), de Elizabeth Cohen (1932-
2005) e Rachel Lotan, da Universidade Para ser bem executado, o trabalho em
de Stanford (Estados Unidos), apresenta grupo precisa cumprir alguns princípios:
orientações para a prática em sala de aula – Delegação de autoridade aos alunos
e também toda a teoria para que o profes- para que se esforcem sozinhos e co-
sor consiga planejar, desenhar e avaliar de metam erros.
forma efetiva. – Cooperação entre eles, pois precisa-
rão uns dos outros em algum momen-
A definição de trabalho em grupo é apre- to para completar a atividade.
sentada no início da obra: “Alunos traba- – Subsídios para que conversem entre
lhando juntos em grupos pequenos de si com autonomia.
modo que todos possam participar de
uma atividade com tarefas, claramente, O livro descreve passos importantes para
atribuídas. Além disso, é esperado que os concretizar o trabalho em grupo, guiando o
alunos desempenhem suas tarefas sem professor no percurso, sem desprezar sua
supervisão direta e imediata do professor”. inteligência ou capacidade profissional.
Ou seja, ele prepara os estudantes para “Pelo contrário, o respeito a esses profis-
tenham autonomia. As autoras ressaltam sionais e à complexidade de seu trabalho
também o que não corresponde a esse diário motivaram as autoras a escrever o
tipo de tarefa: “Não é a mesma coisa que livro. Portanto, a obra pretende colocar a
agrupamento por habilidade”, tampouco teoria e a pesquisa a serviço do trabalho
“agrupamentos temporários, utilizados em sala de aula e do aprendizado de todos
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PLANEJANDO O TRABALHO EM GRUPO
os alunos”, afirma Paula Louzano, doutora dade”, pois a proposta de trabalho em gru-
em Política Educacional pela Universidade po parte do pressuposto de que quanto
Harvard (Estados Unidos). maior a interação, maior a aprendizagem
e o papel do professor, enquanto media-
Ainda na análise de Paula Louzano, “o tra- dor, é equalizar a participação para que
balho em grupo, na perspectiva da obra, todos possam ter a mesma oportunidade
leva em conta questões já mapeadas pela para aprender dentro dos grupos e, assim,
pesquisa na sua estratégia de preparo e obter maiores ganhos de aprendizagem.
implementação (status, papéis no grupo, Estudos comprovam que, com essa abor-
normas, tipos de atividades, entre outros). dagem de ensino, todos os alunos ganham
Portanto, a intervenção do professor em em aprendizagem.
sala de aula é, diligentemente, prepara-
da e implementada visando à participa- A obra oferece percepções sobre como
ção equitativa e a democratização de um criar tarefas adequadas ao trabalho em
aprendizado relevante e rigoroso. A obra grupo que deem condições para aprendi-
nos ensina como colocar isso em prática zagem profunda e participação igualitária,
por meio de sugestões concretas de como expandindo a percepção sobre como utili-
os professores podem pensar e organizar zar o Ensino para Equidade para desenvol-
seu trabalho: passo a passo, atividades, ver a compreensão dos estudantes da
protocolos etc. Essa é a contribuição mais linguagem acadêmica.
profunda e relevante da obra para o con-
texto educacional brasileiro”. O objetivo de construir salas de aula e es-
colas equitativas é particularmente im-
O ensino para equidade (expressão em portante nos dias de hoje, uma vez que as
português para complex instruction, que escolas estão introduzindo novas estrutu-
nasceu da interpretação do que Rachel ras curriculares, padrões, currículos e ava-
Lotan entende ser a essência da proposta liações que exigem uma Pedagogia mais
com o trabalho em grupo para salas hete- efetiva, que coloque o aluno no centro do
rogêneas para a promoção da equidade) é processo de ensino e aprendizagem.
concebido com base no trabalho teórico
da socióloga Elizabeth Cohen ampliado e,
posteriormente, refinado com os conhe-
cimentos pedagógicos de Rachel Lotan.
O Ensino para Equidade transformou mi-
lhares de classes nos Estados Unidos e em
todo o mundo.
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GLOSSÁRIO
PALAVRAS
QUE FAZEM
A DIFERENÇA
• ATIVIDADES (TAREFAS) • PAPÉIS NO TRABALHO
ADEQUADAS AO TRABALHO EM GRUPO
EM GRUPO Os papéis dos alunos em um grupo duran-
São atividades abertas, produtivamente te o trabalho estão associados a como ele
incertas, que exigem a resolução de pro- deve ser realizado e ao que deve ser feito.
blemas complexos, fornecem oportunida- Pela atribuição ao grupo de papéis associa-
de para os alunos utilizarem múltiplas ha- dos a “como fazer”, o professor delega aos
bilidades intelectuais, abordam conteúdo membros tarefas que seriam realizadas
intelectualmente importante, exigem in- por ele: manter o grupo envolvido, assegu-
terdependência positiva e responsabilida- rar boas relações, entre outras. Por outro
de individual e incluem critérios claros para lado, na atribuição de papéis associados ao
avaliação do produto do grupo e do relató- “o que fazer”, o professor entrega ao grupo
rio individual. No livro, veja a pág. 79. a substância da tarefa a ser realizada. Os
papéis no trabalho podem ser: facilitador,
• INTERDEPENDÊNCIA POSITIVA verificador, organizador, gerenciador de
Tarefas adequadas ao trabalho em grupo materiais, oficial de segurança e relator. No
criam e apoiam a interdependência entre livro, veja a pág. 105.
seus membros. Os proponentes da apren-
dizagem cooperativa concordam que ela é • SALAS DE AULAS EQUITATIVAS
a essência da colaboração. Quando os alu- São compostas de currículos intelectual-
nos trabalham em um produto bem defini- mente desafiadores, adequados à idade e
do e concreto, se tornam interdependen- série dos alunos, avaliações significativas e
tes. Além disso, se o trabalho tiver senso ricas linguisticamente, ambientes de den-
de urgência e qualidade, com um relatório sos em conteúdo e com a participação de
conciso e profundo, os estudantes cada status igualitário em pequenos grupos e
vez mais dependerão uns dos outros para em contexto com toda a turma. Em uma
entender e completar a tarefa. No livro, sala de aula equitativa, o professor deve
veja a pág. 79. reconhecer que os alunos podem atuar
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PLANEJANDO O TRABALHO EM GRUPO
• TRATAMENTO DE STATUS
Tratar status significa criar situações em
sala de aula para que ocorram interações
de status igualitárias, ou seja, que não
exista no grupo de alunos a percepção de
que alguns possam ser melhores do que
outros nas mesmas tarefas. Para tratar
status em sala, o professor pode usar duas
estratégias: a de habilidades múltiplas e a
de atribuição de competências. No livro,
veja a pág. 133.
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CONTEXTO
APRENDIZAGEM
COLABORATIVA,
AUTONOMIA E
DELEGAÇÃO DE
AUTORIDADE
Há 20 anos, o Instituto Sidarta trabalha essa parte” eram frequentes entre eles. A
para que as crianças alcancem níveis mais professora observava atentamente e fa-
altos de desempenho. Em 2015, encontra- zia comentários no quadro, elogiando ou
mos ressonância com o trabalho desen- reforçando determinado comportamento
volvido pela Universidade de Stanford (Es- dos grupos. O mesmo acontecia na sala de
tados Unidos). Após visitas a salas de aula aula do professor Carlos Cabana, em uma
que nos foram apresentadas pela profes- escola pública de periferia. Ele fazia per-
sora Rachel Lotan, ficamos convencidos guntas desafiadoras para os alunos, que
de que o que imaginávamos era possível. trabalhavam com autonomia em um am-
biente acolhedor. Cabana enfatizou como
Na sala da professora Laura Evans, em San o trabalho em grupo com delegação de
Mateo, na Califórnia (Estados Unidos), os autoridade promove aprendizagem con-
alunos do 7º ano do Ensino Fundamental, sistente e mais aprofundada.
instigados por uma proposta desafiadora,
estavam visivelmente engajados e com- Então, foi ficando evidente a importância
prometidos com a aprendizagem colabo- daquele trabalho e a mudança que repre-
rativa. Em grupos de, no máximo, cinco sentava no paradigma educacional, pois
integrantes, conversavam muito a respeito ele tinha potencial de gerar uma mudança
da atividade. Frases como “Você enten- profunda e abrangente nas dinâmicas de
deu?” ou “Preciso de ajuda para entender sala de aula e dar aos estudantes a chance
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PLANEJANDO O TRABALHO EM GRUPO
de alcançar níveis mais elevados de apren- Ainda é cedo para conclusões definitivas
dizagem. Era necessário compartilhar esse acerca do trabalho realizado nessa escola
conhecimento também com professores pública, pois estamos no início do proces-
de todo o Brasil. so. Mas, até o momento, temos evidências
baseadas em exames de critério externo
Em março de 2016, o Instituto Sidarta que indicam que o Ensino para Equidade
iniciou os estudos e a implementação do alavanca os estudantes a níveis mais altos
Ensino para Equidade (EpE) nas salas de de aprendizagem. Todos, de fato, ganham.
aula do Colégio Sidarta, com a ajuda de
nossos mentores, professores, Rachel Lo- “O que encanta na proposta é porque ela
tan e Carlos Cabana. Vale destacar que o rompe com o paradigma de que basta co-
EpE foi uma adaptação do termo em inglês locar as crianças em grupo para o trabalho
Complex Instruction, pois entendemos que estar garantido. A aprendizagem não se
a equidade é a essência desse trabalho. constitui do nada. Este livro é importante,
Muito além de estratégias de trabalho em e todo o educador precisa ler, porque tem
grupo, o EpE parte da convicção de que to- uma definição teórica e consistente do que
dos os alunos são capazes de aprender e significa o trabalho de forma cooperativa,
oferece estratégias para salas de aula inte- com exercícios e modelos de avaliação nos
lectualmente instigantes e colaborativas. quais o professor consegue se reperto-
riar para ter uma ideia e saber como fazer
Sabíamos que era uma jornada que está- em sala de aula. Mais do que aprender de
vamos começando a trilhar e, naquele mo- forma colaborativa, eles estão quebrando
mento, já observamos mudanças em nos- paradigmas de status de quem sabe e de
sos gestores, professores e estudantes. quem não sabe. A obra também ensina a
Cabana, que nos deu a honra de sua visita respeitar o conhecimento que cada um
em junho de 2016, apenas três meses após tem. Por fim, tem um trabalho com foco na
nossa primeira visita, notou a autonomia e justiça social, que é, hoje, o grande tema
a atmosfera colaborativa dos alunos. que o mundo está discutindo no campo da
Educação. Para mim, esse é o grande mo-
A equipe de nossa escola de aplicação, o tivo para mudar a Educação no Brasil. Eu
Colégio Sidarta, foi pioneira na implemen- acredito nisso”, diz Lourdes Atié, socióloga
tação do Ensino para Equidade no Brasil. e educadora especializada em formação
Ele complementou nosso trabalho peda- de professores e gestores.
gógico, ampliou o repertório dos profes-
sores para que todos os estudantes obti-
vessem muitos ganhos de aprendizagem
no processo escolar. Após os resultados
iniciais positivos no primeiro ano de im-
plantação no Colégio Sidarta, escolhemos
levar o trabalho para uma escola pública, a
Escola Estadual Henrique Dumont Villares,
na capital paulista, para poder observar o
impacto desse mesmo trabalho em um
contexto diferente.
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INSTITUCIONAL
INSTITUTO
SIDARTA
Fundado em 1998, o Instituto Sidarta con- Ao longo do tempo, o Colégio Sidarta se
tribui com as políticas públicas educacio- tornou uma escola de referência no ce-
nais com pesquisas, publicações e forma- nário educacional, recebendo visitantes e
ção de educadores da Educação Básica. pesquisadores nacionais e internacionais
Entre suas iniciativas está o Colégio Sidar- que buscam conhecer “o jeito Sidarta de
ta, uma escola de aplicação que tem o pro- fazer Educação”, que promove um ambien-
pósito de desenvolver em seus alunos um te seguro de aprendizagem, desenvolve
alto apreço pelo conhecimento por meio uma cultura de apreço ao conhecimento,
da aprendizagem pela experiência. Nossas preserva a curiosidade infantil e potencia-
ações são orientadas por três princípios. liza o sentimento de servir à sociedade.
– Teorias não substituem experiência
de vida. Em 2015, as propostas das professoras
– Sabedoria é reconhecer a unidade Rachel Lotan e Elizabeth Cohen, da Uni-
que existe na diversidade. versidade de Stanford (Estados unidos),
– É essencial estimular a consciência entraram em nosso radar. Seus estudos
do serviço à sociedade. conduzem ao Ensino para Equidade, à valo-
rização da aprendizagem colaborativa para
Uma prática que emana de nossa visão é o desenvolvimento de todos os alunos e
assegurar, permanentemente, o desenvol- estão alinhados aos princípios do Instituto
vimento integral de alunos e educadores Sidarta. Essas afinidades levaram à esco-
por meio de metodologias centradas na lha do Sidarta como escola de demonstra-
aprendizagem e que consideram compe- ção e aplicação do projeto no Brasil.
tências sociais.
Considerando que todos podem aprender
Há mais de 20 anos, iniciativas da escola Matemática em altos níveis, o Sidarta tam-
de aplicação e de pesquisas de universida- bém encontrou ressonância no trabalho da
des estiveram na base de programas de- professora Jo Boaler, da Universidade de
senvolvidos e implantados pelo Instituto Stanford. Ela propõe o ensino da Matemá-
Sidarta com parceiros das áreas pública, tica que vai além do simples ato de memo-
privada e do terceiro setor. Um exemplo é rização e apresenta a disciplina de maneira
a ação voltada para os primeiros anos, com aberta, criativa e visual.
valorização da infância e suas culturas, do
brincar, dos ambientes educadores e da
relação da família com a escola.
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NOVA FUNDAÇÃO
ESCOLA LEMANN
A Associação Nova Escola (ANE) é a maior A Fundação Lemann acredita que um Bra-
organização de mídia e apoio a professores sil feito por todos e para todos é um Brasil
e gestores escolares do Brasil. A ANE tem em que é possível sonhar, realizar e chegar
a missão de fortalecer educadores para longe. Tudo isso começa pela Educação
transformar o Brasil. Para isso, desenvolve pública de qualidade e com pessoas que
produtos e serviços de excelência que va- querem resolver grandes desafios sociais.
lorizam professores, facilitam seu dia a dia Desde 2002, colabora com iniciativas que
e apoiam sua carreira. A associação publi- ajudam a construir um país mais justo, in-
ca as revistas e os sites NOVA ESCOLA e clusivo e avançado. Escolhemos trabalhar
GESTÃO ESCOLAR, as maiores e mais tra- com a Educação pública para que alunos do
dicionais publicações para educadores do norte ao sul tenham as mesmas oportuni-
país. Hoje, cerca de 2,2 milhões de pessoas dades e trabalhamos lado a lado de pro-
visitam os sites por mês e cerca de 1,5 mi- fessores, gestores, secretarias e gover-
lhão de fãs interagem com nossos conteú- nos. Queremos que você faça parte dessa
dos no Facebook. transformação com a gente!
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Apoio
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