Artigo - Conecte
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1 INTRODUÇÃO
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Anais do XI Congresso de Engenharia, Ciência e Tecnologia
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norma também traz o modelo de estado limite último (ELU) proposto por Klever e Tamano (2006),
que leva em consideração parâmetros de manufatura, como as imperfeições de ovalização e de
excentricidade da seção transversal, além da tensão residual acumulada em decorrência do
tratamento térmico na laminação, admitindo-o, dessa forma, como o que melhor aproxima a real
resistência ao colapso dos tubos.
Visto que os modelos desenvolvidos para análise do colapso dependem fortemente de
características geométricas, é de se esperar que alterações sofridas por estas durante a perfuração e
por toda a vida útil do sistema de revestimentos levem a valores de resistência diferentes daqueles
admitidos na fase de projeto. É o caso do desgaste interno das tubulações devido ao contato com a
coluna de perfuração, em que há redução da espessura (𝑡𝑡) e por consequência, queda na resistência
ao colapso. Esse fenômeno foi analisado por Kuriyama et al. (1992), cujo trabalho consistiu em
aproximar a superfície desgastada por meio de um cilindro excêntrico, o qual pode ser demonstrado
na Fig. 1.
Em que 𝑑𝑑𝑜𝑜 , 𝑟𝑟𝑜𝑜 e 𝑡𝑡 são, respectivamente, o diâmetro, raio e espessura nominais do elemento
tubular. O elemento 𝑡𝑡𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 refere-se à mínima espessura observada, enquanto 𝑡𝑡𝑤𝑤 corresponde a
translação de um tubo interno de raio 𝑟𝑟𝑖𝑖 .
Com a finalidade de dimensionamento dos sistemas de revestimento, os modelos
anteriormente mencionados se fundamentam em valores nominais (ou determinísticos) para
parâmetros físicos dotados de incertezas. A quantificação dessas, por meio da teoria da
confiabilidade estrutural, permite calcular a probabilidade de falha de um elemento estrutural e
ainda, determinar em que momento um estado limite é atingido (SAGRILO, 2003), ou deixa de
atender às especificações de projeto (BECK, 2014). Para tal, os parâmetros envolvidos são
admitidos no problema como variáveis aleatórias e avaliados segundo uma equação de falha (𝐺𝐺),
baseada em alguma condição que se deseja verificar.
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Essa avaliação é realizada através de algoritmos semi-analíticos, cuja formulação matemática
se baseia em encontrar a menor distância entre a origem do espaço normal padrão e a superfície de
falha (𝐺𝐺 = 0). Contudo e de maneira geral, problemas de otimização sofrem limitações quanto a
natureza da função analisada, podendo convergir para soluções que não são ótimos globais. Maiores
detalhes acerca dos métodos podem ser vistos em Melchers (1999).
No intuito de transcender as fraquezas dos métodos semi-analíticos, técnicas de simulação
podem ser empregadas para o cálculo da probabilidade de falha através da razão entre o número de
cenários de falha (𝑁𝑁𝑁𝑁) e o número de cenários analisados (𝑁𝑁), conforme a Eq. 1:
𝑁𝑁𝑁𝑁 (1)
𝑃𝑃𝑃𝑃 =
𝑁𝑁
2 METODOLOGIA
�𝐷𝐷�𝑡𝑡� − 1
(2)
𝐷𝐷 𝐷𝐷
𝑃𝑃𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴 = 2 ∙ 𝑌𝑌𝑌𝑌 ∙ � 2 � , 𝑠𝑠𝑠𝑠 � �𝑡𝑡 � ≤ � �𝑡𝑡 �𝑦𝑦𝑦𝑦
�𝐷𝐷�𝑡𝑡�
• Colapso plástico
𝐴𝐴 (3)
𝑃𝑃𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴 = 𝑌𝑌𝑌𝑌 ∙ � − 𝐵𝐵� − 𝐶𝐶, 𝑠𝑠𝑠𝑠 �𝐷𝐷�𝑡𝑡�𝑦𝑦𝑦𝑦 < �𝐷𝐷�𝑡𝑡� ≤ �𝐷𝐷�𝑡𝑡�𝑝𝑝𝑝𝑝
𝐷𝐷
� �𝑡𝑡�
• Colapso de transição
𝐹𝐹 (4)
𝑃𝑃𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴 = 𝑌𝑌𝑌𝑌 ∙ � − 𝐺𝐺� , 𝑠𝑠𝑠𝑠 �𝐷𝐷�𝑡𝑡�𝑝𝑝𝑝𝑝 < �𝐷𝐷�𝑡𝑡� ≤ �𝐷𝐷�𝑡𝑡�𝑡𝑡𝑡𝑡
𝐷𝐷
� �𝑡𝑡�
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• Colapso elástico
𝐴𝐴 = 2.8762 + 𝑌𝑌𝑌𝑌 ∙ 0.10679 ∙ 10−5 + 𝑌𝑌𝑌𝑌2 ∙ 0.2131 ∙ 10−10 − 𝑌𝑌𝑌𝑌3 ∙ 0.53132 ∙ 10−16 (6)
𝐶𝐶 = −465.93 + 𝑌𝑌𝑌𝑌 ∙ 0.030867 − 𝑌𝑌𝑌𝑌2 ∙ 0.10483 ∙ 10−7 + 𝑌𝑌𝑌𝑌3 ∙ 0.36989 ∙ 10−13 (8)
3
3 ∙ �𝐵𝐵�𝐴𝐴�
6
(9)
46.95 ∙ 10 ∙ � �
2 + �𝐵𝐵�𝐴𝐴�
𝐹𝐹 =
3 ∙ �𝐵𝐵�𝐴𝐴� 3 ∙ � 𝐵𝐵� � 2
𝑌𝑌𝑌𝑌 ∙ � − �𝐵𝐵�𝐴𝐴�� ∙ �1 − 𝐴𝐴 �
2 + �𝐵𝐵�𝐴𝐴� 2 + �𝐵𝐵�𝐴𝐴�
𝐵𝐵 (10)
𝐺𝐺 = 𝐹𝐹 ∙ � �
𝐴𝐴
Já os valores limites de esbeltez �𝐷𝐷�𝑡𝑡�𝑦𝑦𝑦𝑦 , �𝐷𝐷�𝑡𝑡 �𝑝𝑝𝑝𝑝 e �𝐷𝐷�𝑡𝑡�𝑡𝑡𝑡𝑡 utilizados para a determinação
do tipo de colapso, são resultantes das Equações 11, 12 e 13, respectivamente.
2 + �𝐵𝐵�𝐴𝐴� (13)
�𝐷𝐷�𝑡𝑡�𝑡𝑡𝑡𝑡 =
3 ∙ �𝐵𝐵�𝐴𝐴�
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Já para Klever e Tamano (2006), a expressão para o cálculo da resistência à pressão externa
de tubos de revestimento, em estado limite último, se dá pela Eq. 14:
Em que 𝑅𝑅𝐸𝐸𝐸𝐸 , 𝑅𝑅𝑌𝑌𝑌𝑌 e 𝐻𝐻𝑈𝑈 são, respectivamente, a pressão de colapso elástico última, a pressão
de colapso por escoamento última e um fator de redução influenciado pelas imperfeições do
processo produtivo dos tubos. Esses termos são obtidos por meio das seguintes expressões:
2 ∙ 𝐸𝐸𝑦𝑦 1 (15)
𝑅𝑅𝐸𝐸𝐸𝐸 = 𝐾𝐾𝑒𝑒 ∙ ∙
1 − 𝑣𝑣 �𝐷𝐷� � ∙ ��𝐷𝐷� � − 1�2
2
𝑡𝑡 𝑡𝑡
𝑟𝑟 (17)
𝐻𝐻𝑈𝑈 = 0.127 ∙ 𝑜𝑜𝑣𝑣 + 0.0039 ∙ 𝑒𝑒𝑐𝑐 − 0.440 ∙ � 𝑠𝑠�𝑓𝑓 � + ℎ𝑛𝑛
𝑦𝑦
𝑃𝑃∗� (18)
𝑃𝑃∗𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑 = 𝐾𝐾
Em que o fator redutor (𝐾𝐾) da pressão de colapso de uma tubulação não desgastada (𝑃𝑃∗ ) é
obtido por meio da seguinte expressão:
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�𝐷𝐷�𝑡𝑡� − 1 (19)
2 ∙ 𝑌𝑌𝑌𝑌 ∙ � 2 �
�𝐷𝐷�𝑡𝑡�
𝐾𝐾 =
𝑟𝑟 2 + 𝑟𝑟𝑜𝑜 2 (𝑟𝑟 2 + 𝑟𝑟𝑜𝑜 2 − 𝑡𝑡𝑤𝑤 2 )2 − 4 ∙ 𝑟𝑟𝑖𝑖 2 ∙ 𝑟𝑟𝑜𝑜 2
𝑌𝑌𝑌𝑌 ∙ � 𝑖𝑖 � ∙ � 𝑖𝑖2 �
2 ∙ 𝑟𝑟𝑜𝑜 2 (𝑟𝑟𝑜𝑜 − 𝑡𝑡𝑤𝑤 2 )2 − 𝑟𝑟𝑖𝑖 2 ∙ (𝑟𝑟𝑖𝑖 − 2 ∙ 𝑡𝑡𝑤𝑤 )2
�
𝐺𝐺�𝐷𝐷, 𝑡𝑡, 𝑟𝑟𝑠𝑠 , 𝑓𝑓𝑦𝑦 , 𝑜𝑜, 𝑒𝑒� = 𝑅𝑅 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷
𝐾𝐾𝐾𝐾 − 𝑅𝑅𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴
(20)
�
Para fins deste trabalho, entende-se que o termo 𝑅𝑅 𝐾𝐾𝐾𝐾
𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 quantifica a resistência de forma mais
precisa, pois, além de considerar a pressão resistente última, leva em conta a aleatoriedade dos
parâmetros físicos envolvidos, e admite a existência de uma superfície interna desgastada. Já o
segundo termo consiste em um valor determinístico, obtido através da utilização de valores
nominais, sendo esse o usualmente aceito na prática de projeto.
De modo tal, o nível de desgaste varia de 0% a 45% da espessura nominal do tubo (𝑡𝑡), a
probabilidade de falha é estimada pelo método de Monte Carlo. Os elementos tubulares empregados
no estudo são apresentados na Tabela 1, as variáveis aleatórias admitidas para o cálculo da
resistência ao colapso são caracterizadas na Tabela 2. Nessa, COV indica o coeficiente de variação
da variável em relação ao seu valor médio.
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Os dados presentes nas Tabelas 1 e 2 referem-se a tubos caracterizados como HRS (hot
rotary straightened) e são advindos da norma API/TR 5C3 (2008), Anexo F. Por recomendações
normativas, adotou-se 𝐸𝐸𝑦𝑦 = 30 ∙ 106 , 𝑣𝑣 = 0.28 e ℎ𝑛𝑛 = 0.0.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Partindo de uma primeira análise, percebe-se que as equações de estado limite de serviço
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minoram, e muito, a resistência dos tubos. Isso se deve, em parte, a tentativa de se projetar em favor
da segurança e, em parte, a uma compensação, implícita nos equacionamentos, por assumir um
comportamento determinístico para grandezas de natureza aleatória.
Contudo, a crítica que se faz presente neste trabalho não se baseia no fato de haver uma
diferença entre a real resistência do tubo e a contratada, e sim, na probabilidade de que em algum
momento da vida útil do elemento tubular a resistência última coincida com a admitida em projeto.
O estudo probabilístico é apresentado na Fig. 3.
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4 CONCLUSÕES
Primeiramente, deve-se deixar claro que o presente trabalho não é favorável a uma abordagem
via estado limite último para o dimensionamento de elementos estruturais, porém, em face dos
resultados expostos, é possível discutir a possibilidade de se realizar revisões na metodologia
empregada pela norma API TR/5C3 (2008) para o dimensionamento dos tubulares contra o colapso.
Nesse contexto, estudos acerca do comportamento mecânico do colapso, no intuito de
reproduzir tal fenômeno numericamente e fidedignamente, fazem-se necessários. Além disso,
imperfeições geométricas naturais aos tubulares ou decorrentes de eventos mecânicos devem ser
consideradas para que haja uma correta reprodução da capacidade resistente dos tubos.
Outro fator a ser considerado, para novas práticas de projeto, é a incorporação de uma análise
confiabilística aos modelos a serem projetados, o que eliminaria a necessidade de coeficientes de
segurança e levaria a uma redução do custo global de implementação dos poços. Claro que para
isso, há a necessidade da disponibilização de séries de dados de produção, por parte do fornecedor,
a fim de que incertezas intrínsecas a um produto ou específico sejam devidamente incorporadas à
prática de projeto.
5 REFERÊNCIAS
BECK, A.T. Curso de Confiabilidade Estrutural: notas de aula. Escola de Engenharia de São
Carlos – Universidade de São Paulo, São Carlos, 2014.
KLEVER, F. J., TAMANO, T. A New OCTG Strength Equation for Collapse Under Combined
Loads, Houston. SPE Annual Technical Conference and Exhibition, SPE 90904, 2004.
KURIYAMA, Y., TSUKANO, Y., MIMAKI, T., YONEZAWA, T. Effect of Wear and Bending
on Casing Collapse Strength, Washington D.C., SPE Annual Technical Conference and
Exhibition, SPE 24597, 1992.
MELCHERS, R. E. Structural reliability analysis and prediction. John Wiley and Sons, 1999.
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SAGRILO, L.V.S. Confiabilidade estrutural: notas de aula. Instituo Alberto Luiz Coimbra de
Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,
2003.
AGRADECIMENTOS
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