Convenção Teatral
Convenção Teatral
Convenção Teatral
Convenção teatral, esse é o tema foco da dissertação que apresentarei neste trabalho.
Confesso que várias questões banhadas de dúvidas passaram pela minha cabeça, sobre qual
tema eu escolheria. Pensei em abordar assuntos pelos quais já tinha maior conhecimento e
interesse ou partir de um assunto menos saturado por minhas pesquisas para aumentar meu
leque de áreas. No final das contas, decide misturar um pouco dos dois.
Segundo o que se é ou não teatro e como ele deve ser feito e admirado, a convenção de que
um teatro para ser “validado” deve-se seguir os padrões eurocêntricos e um texto quase que
obrigatoriamente escrito, muitas vezes impede e dificulta potencialmente a relação do teatro
e a oralidade. Mesmo o teatro radiofônico sendo desenvolvido desde a década de 1920, torna-
se raro atualmente o seu feitio e audiência. Por muitas vezes, se é excluso pelo fato de não
possuir um cenário visível, mas sim imaginário e possuir uma linguagem corporal e gestual
pelos integrantes que somente será observada por eles. O enjaulamento teatral em que
também limita os autores a escreverem majoritariamente peças para o palco, não se
configurou como único limitador da popularidade do rádio teatro, tendo em vista a inserção
das televisões na década de 1950.
Até onde o teatro e suas mil formas existentes, devem seguir diminuídas quando comparadas
ao procedimento de escrita teatral já utilizado e instaurado? Tomando em vista que todas as
expressões artísticas e culturais se abastecem de seus aspectos particulares, a cultura e a
importância dos griôs para sua nação e para a contribuição teatral, passam a ser cada vez mais
valorizados e tentados a fazer com que escritores africanos, a partir dessas histórias oralizadas,
tomem também forma escrita, ao mesmo tempo conservando um patrimônio de fator
identitário, mas também a exercitar um instrumento expressivo que lhes servirá para a
abordagem crítica da sua realidade. Muito se discute sobre a existência do Teatro Africano,
mas é inconcebível o fato de que essa contação de história realizada através de tradição
familiar não seja (mesmo que culturalmente) permeada por comunicação com o seu
“auditório” específico, técnicas de representação, movimentos corporais sendo principalmente
difundidos na dança e outros recursos expressivos que previamente ensaiados carregam certo
efeito dramático.
Não busco através de esse texto apresentar uma conclusão, mas servir de inspiração para me
questionar e questionar os meus, quais convenções teatrais libertam, tais quais aprisionam.
Inclusive, nesse mesmo jantar de questionamentos, poderia eu ainda citar e incitar a
dificuldade do teatro dança ser incluído. Não somente como dança, nem como teatro, mas
como teatro dança. Mas iiiiiiih teria que colocar mais prato nessa mesa e lenha no forno, pois
ao mesmo tempo em que nos deparamos com a oralidade corporal como fator foco,
esbarramos na condição do público estar ou não, preparado para essa investida
contemporânea que se da na dança teatro. Espero ter o prazer de discutir e balançar nossos
colares de pérolas sobre minha escrita. Agradecida.
Rio de Janeiro - RJ
07/01/2022
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