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Análise de Cenários Econômicos


Tema 03 – As relações com o
mercado externo: câmbio,
importações e exportações
Bloco 1

Prof. Roberto Resende Simiqueli


Entendendo o mercado externo

• As relações econômicas entre os países,


entendidas nos termos de nosso modelo,
são o objeto desta unidade. Discutiremos
os motivos pelos quais as economias se
encontram cada vez mais
internacionalizadas, as consequências da
globalização produtiva, e as formas pelas
quais a interação com outras economias
nacionais interfere sobre a nossa economia.
Entendendo o mercado externo

• Nesse sentido, daremos prioridade a 3


variáveis centrais – a taxa de câmbio,
que orienta as relações de compra e
venda da moeda nacional e/ou
estrangeira, as importações, que
representam o montante de nossa
demanda atendida no exterior, e as
exportações, demanda de outras
economias atendida pela nossa produção.
• Sistema econômico internacional é
marcado, desde sua origem, por tendência
à especialização. Diferentes economias
se pautam pela produção de diferentes
bens, a partir de suas dotações naturais e
de características distintivas.
• Paralelamente, estrutura-se uma
institucionalidade das trocas
internacionais, a partir de acordos ou
organismos mediadores do comércio
entre as nações. É por isso que os
encontros dos signatários desses acordos
ou dos membros desses organismos são
ocasiões tão importantes.
• Paradigmas das trocas internacionais:
Smith, Ricardo, Cepal.
A taxa de câmbio

• A taxa de câmbio nominal é o preço da


moeda ou divisa estrangeira em termos da
moeda nacional.
• Mas o que determina esses preços?
No caso da taxa de câmbio, a relação-
chave é a oferta e demanda de divisas,
ou a oferta e a demanda para cada uma
das moedas estrangeiras frente ao real.
A taxa de câmbio

• Como essa relação é determinada? Pela


intensidade das transações entre essas
economias. Quanto mais exportamos,
recebemos turistas e capitais externos,
maior a demanda por reais (logo, mais
valorizada é nossa moeda e mais baixa
é a taxa de câmbio com outras moedas –
i.e., o real é demandado por agentes de
outras economias, seu preço relativo se
eleva, e é possível comprar mais das
moedas estrangeiras com nossa moeda).
A taxa de câmbio

• Por outro lado, quanto mais importamos,


enviamos turistas e capitais para o
exterior, maior a demanda (de brasileiros)
por dólares (logo, isso implica em uma
desvalorização do real, elevando a
taxa de câmbio com outras moedas – i.e.,
como cada uma dessas operações cria
demanda por dólares, elevamos o preço
relativo das moedas estrangeiras e
rebaixamos a nossa, fazendo com que o
real valha menos frente ao dólar, à libra,
ao euro e assim por diante).
A taxa de câmbio

• Pense, por um minuto, nas implicações da


taxa de câmbio: como suas flutuações
impactariam no nível geral de preços?
E na taxa de juros? E no nível de renda?
• A taxa de câmbio influencia diretamente o
movimento de capitais e mercadorias entre
a nossa economia e o mercado externo.
Logo, possui impacto decisivo sobre todas
as outras variáveis de nosso modelo.
Análise de Cenários Econômicos
Tema 03 – As relações com o
mercado externo: câmbio,
importações e exportações
Bloco 2

Prof. Roberto Resende Simiqueli


Regimes cambiais

• Como forma de limitar a vulnerabilidade


de uma dada economia a flutuações
externas, esses sistemas operam no que
denominamos de regimes cambiais –
regras estabelecidas pelas autoridades
monetárias para a flutuação da taxa
de câmbio.
Regimes cambiais

• Comumente, dividimos esses regimes em


dois tipos: regimes de câmbio fixo, em
que o Banco Central fixa antecipadamente
a taxa de câmbio e compra divisas a esse
preço, para assegurar sua manutenção; e
regimes de câmbio flutuante, em que
não há compromisso do Banco Central
com a fixação da taxa de câmbio e ela é
deixada à mercê do mercado.
Regimes cambiais

• Na verdade, o que se observa é a


existência de uma série de formas
intermediárias, como a chamada
flutuação suja, em que permite-se o
estabelecimento da taxa pelo mercado com
a intervenção do Banco Central em casos
limite, ou o regime de bandas cambiais,
em que a flutuação é admitida dentro de
limites estabelecidos pelo Banco Central.
Exportações, importações e
âncora cambial
• Uma primeira consequência das
variações cambiais é seu impacto sobre
exportações, importações e
demanda agregada – com valorização
cambial (taxa de câmbio baixa), nossa
moeda vale mais frente às moedas
estrangeiras, o que nos permite importar
mais e exportar menos, fazendo com que
a demanda agregada diminua.
Exportações, importações e
âncora cambial
• Correspondentemente, com desvalorização
cambial (taxa de câmbio alta), nossa
moeda vale menos frente às moedas
estrangeiras, o que nos permite exportar
mais e importar menos, fazendo com que
a demanda agregada se eleve.
Exportações, importações e
âncora cambial
• Movimento de valorização da moeda
nacional funciona como âncora cambial,
elevando importações e promovendo
competitividade e concorrência entre
empresas nacionais.
• A âncora cambial muitas vezes se converte
em uma armadilha cambial: ao passo
em que a fixação de uma taxa de câmbio
favorável para as importações tenderia a
estimular a eficiência e competitividade do
empresariado brasileiro, essa mesma taxa
de câmbio frustra o potencial de
exportação dessa economia ao mesmo
tempo em que aumenta a dependência de
financiamentos externos.
(continua)
• Por ser uma relação complexa, é preciso
pensar em vários preços-chave da
economia, e nas consequências sobre
cada um deles.
Dívida Externa, Mercados de Moedas
e Taxa de Juros
• A relação entre taxa de câmbio e os
demais preços de uma dada economia
obedece a uma regra básica: é preciso
ponderar a variação dos preços internos
frente aos preços externos, mediar essas
variações pela taxa de câmbio, e então se
perguntar se seria conveniente a compra
ou venda de produtos ou capitais na nossa
economia ou nos mercados internacionais.
Dívida Externa, Mercados de Moedas
e Taxa de Juros
• Em um contexto de elevada inflação, uma
redução na taxa de câmbio (i.e.,
valorização da moeda nacional) incorreria
em importações a preços mais baixos,
podendo fazer com que o nível geral de
preços se reduzisse também. Esse é o
mecanismo de âncora cambial que
discutimos anteriormente. Por outro lado,
essa situação tornaria a compra de bens
nacionais desinteressante para agentes
internacionais, coibindo as exportações.
Dívida Externa, Mercados de Moedas
e Taxa de Juros
• Por outro lado, se essa inflação for um
fenômeno internacional, a
dependência estrutural do nosso
mercado frente aos mercados externos,
pautada pela importação de vários
produtos essenciais (como petróleo e
bens de capital) pode fazer com que a
inflação efetivamente se eleve.

(continua)
Dívida Externa, Mercados de Moedas
e Taxa de Juros
• Nesse caso, caberia às autoridades de
política cambial promover a desvalorização
do câmbio (i.e., elevação da taxa de
câmbio) para garantir que as empresas
nacionais aproveitassem a oportunidade
para concorrer nos mercados internacionais
a baixos preços. A dificuldade, aqui, seria
ponderar qual consequência traria mais
danos ao sistema.
Dívida Externa, Mercados de Moedas
e Taxa de Juros
• Mecanismo similar pode ser observado no
que diz respeito à taxa de juros. Quando
há diferença positiva entre a taxa de juros
interna e as taxas externas, capitais
internacionais migram para a economia
brasileira, elevando a demanda por reais e
promovendo uma valorização da moeda
nacional (redução da taxa de câmbio).
Dívida Externa, Mercados de Moedas
e Taxa de Juros
• Efeito inverso acontece quanto nossas
taxas de juros internas diminuem: há uma
queda na oferta de divisas com
correspondente desvalorização da moeda
nacional, e capitais estrangeiros e
nacionais buscam oportunidades de
valorização fora do país.

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