Reflexões Sobre o Jusnaturalismo
Reflexões Sobre o Jusnaturalismo
Reflexões Sobre o Jusnaturalismo
Jusnaturalismo
e o Direito Contemporâneo
1
JULIA MAURMANN XIMENES
RESUMO
A polêmica sobre o Direito Natural é uma constante histórica
no âmbito da Filosofia do Direito: desde a teoria clássica dos
gregos sobre a imutabilidade da natureza, até as
contemporâneas percepções do Direito Alternativo. Desta
feita, o estudo sobre o Jusnaturalismo contribui para uma
compreensão, de cunho axiológico, do direito no século XXI:
instrumento de justificação da ordem política e jurídica em
vigor.
Palavras-chaves: Jusnaturalismo - Direito Natural -
Filosofia do Direito - Axiologismo.
ABSTRACT
From the classical Greek theory on the immutability of
nature to the contemporary perceptions of Alternative Law,
the debate on Natural Law has been a historical constant in
the Philosophy of Law. Therefore, the study of jus naturale
leads to an axiological understanding of law in the XXI
century: an instrument of justification for the political and
judicial order in effect.
Key-words: Jus naturale - Natural Law - Law Philosophy -
Axiology.
Introdução
2. O Jusnaturalismo e as Teorias
da Justiça Contemporâneas
3. O Jusnaturalismo
e o Direito Alternativo
4. Conclusões
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1
Mestre em Direito pela Universidade Metodista de
Piracicaba; professora de Metodologia Jurídico Científica das
Faculdades Claretianas / Rio Claro; e-mail:
[email protected]
2
Idem, p. 119; TEIXEIRA, António Braz. Sentido e Valor
do Direito - Introdução à Filosofia Jurídica, 1990, p. 120.
3
VERDÚ, Pablo Lucas. Curso de Derecho Político, 1972,
p. 371.
4
Idem, p. 105.
5
TEIXEIRA, António Braz, p. 155, e CHORÃO, Mário B.
Temas Fundamentais de Direito, 1991, p. 109.
6
Doravante inclui-se na expressão "estudo do
Jusnaturalismo" a sua relação com as Teorias da Justiça e o
Direito Alternativo do século XX.
7
PEREZ LUÑO, Antonio-Enrique. Iusnaturalismo y
Positivismo Jurídico en la Italia Moderna, 1971, p. 33.
8
Idem, p. 37.
9
DIREITO NATURAL. In: ARNAUD, André-Jean (org.)
Dicionário Enciclopédico de teoria e sociologia do
Direito, 1999, p. 264.
10
Idem, p. 122-8.
11
TEIXEIRA, António Braz, op. cit., p. 126.
12
Idem, p. 124.
13
CHORÃO, Mário B., op. cit., p. 102, que ainda acrescenta
sobre a legitimidade: "O ordenamento jurídico, para ser
legítimo, tem de se conformar com o direito natural. Não
basta, com efeito, que as normas jurídicas apresentem uma
validade formal (vigência) e social (eficácia). Carecem
também de uma validade ética ou intrínseca (legitimidade).
Precisamente, a natureza das coisas - ou o justo natural -
constitui a medida, por excelência, dessa validade. Sem ela,
os comandos legais deixam, em rigor, de ter força e
natureza de lei." (p. 106)
14
Momento oportuno para salientar que é esta percepção de
Direito Natural que é mais conhecida e utilizada, muitas
vezes de forma negativa. Assim, atribui-se genericamente
ao Direito Natural o caráter teológico do Direito Natural
Medieval, percebendo seu fundamento, em última instância
a uma determinada fé religiosa, postulando a lei natural
relativamente à lei eterna. Porém, esta percepção
representa uma corrente histórica do Jusnaturalismo como
teoria que crê na existência de um Direito Natural, seja ele
de ordem divina ou não.
15
CHORÃO, Mário B., op. cit., p. 108.
16
BITTAR, Eduardo Carlos Bianca; ALMEIDA, Guilherme
Assis de. Curso de filosofia do direito, 2001, p. 227.
17
Op. cit., p. 140.
18
GOUVEIA, Alexandre Grassano F. Direito Natural e
Direito Positivo, p. 4.
19
PEREZ LUÑO, Antonio-Enrique, op. cit., p. 133.
20
Cumpre salientar que a primeira linha de pensamento
sobre a Justiça, que afirma a sua realidade como princípio,
valor, idéia ou ideal, se inicia no período pré-socrático, com
Homero, Hesíodo, Sólon, Anaximandro, Parmênides e
Heráclito, se desenvolve na filosofia platônica e aristotélica,
se projeta no Direito Romano e na Escolástica, culminando
no pensamento de Leibniz. A segunda linha, cujos
representantes iniciais foram os sofistas gregos, entende a
Justiça como uma mera convenção ou criação humana,
prossegue com Epicuro e os céticos, é retomada por David
Hume e pelas correntes utilitaristas, empiristas, positivistas
e sociologistas. (TEIXEIRA, António Braz, op. cit., p. 164)
21
BODENHEIMER, Edgar. Ciência do Direito - Filosofia e
Metodologias Jurídicas, 1966, p. 150.
22
Idem, p. 151-153.
23
PERELMAN, Chaïm. Ética e Direito, 1999, p. 146.
24
Por "noção confusa" compreendem-se termos de difícil
definição e com alto grau valorativo (PERELMAN, Chaïm, op.
cit., p. 6).
25
RAWLS, John. Uma teoria da justiça, 1997, p. 19.
26
Ibidem, p. 136-153.
27
Ibidem, p. 20
28
HÖFFE, Otfried. Justiça Política - Fundamentação de
uma Filosofia Crítica do Direito e do Estado, passim.
29
CARVALHO, Amílton Bueno de. Direito Alternativo na
Jurisprudência, 1993, pp. 8-15. Nem sempre os
defensores do Direito Alternativo conseguem explicitar se
estão propondo uma nova ordem jurídica, uma nova
hermenêutica para a ordem jurídica vigente ou novos
paradigmas doutrinários para a reflexão teórica e analítica
do fenômeno legal (FARIA, José Eduardo. Os desafios do
Judiciário, op. cit., p. 48).
30
SOUZA, Luiz Sérgio Fernandes. Que Direito
Alternativo?, pp. 200-201.
31
Ibidem, p. 207
32
Em torno do direito alternativo, 1994, p. 257.
33
Direito Natural/Direito Positivo, 1984, p. 3.
34
Idem, p. 16.
35
Trata-se aqui do problema axiológico do direito: interrogar
se o direito é um valor em si ou tem em si o seu próprio
fundamento, ou seja, se há um valor - o direito - de que o
direito positivo retira a sua validade. (TEIXEIRA, António
Braz, op. cit., p. 119).
36
Op. cit., p. 390.
37
DI GIORGI, Beatriz. Especulação em torno dos
conceitos de ética e moral, 1995, p. 240. A autora ainda
acrescenta: "...Por isso a exigência moral da justiça é
condição para que o Direito tenha sentido. A arbitrariedade
priva assim o Direito de sentido, por ser unilateral e
prescindir dos outros, enquanto mundo comum. ..... O
Direito sem justiça é, portanto, sem sentido."
38
DIREITO NATURAL. In: ARNAUD, André-Jean (org.).
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Dicionário Enciclopédico de teoria e sociologia do
Direito, 1999, p. 265.