Direitos Humanos

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Direitos Humanos
Capítulos 1 ao 9
PDF OAB
Direitos Humanos
Capítulo 1
Olá, aluno!

Bem-vindo ao estudo para o Exame de Ordem. Preparamos todo esse material para você não
só com muito carinho, mas também com muita métrica e especificidade, garantindo que você
terá em mãos um conteúdo direcionado e distribuído de forma inteligente.

Para isso, estamos constantemente analisando o histórico de provas anteriores com fins de
entender como cada Banca e cada Carreira costuma cobrar os assuntos do edital. Afinal,
queremos que sua atenção esteja focada nos assuntos que lhe trarão maior aproveitamento,
pois o tempo é escasso e o cronograma é extenso. Conte conosco para otimizar seu estudo
sempre!

Ademais, estamos constantemente perseguindo melhorias para trazer um conteúdo completo


que facilite a sua vida e potencialize seu aprendizado. Com isso em mente, a estrutura do PDF
Ad Verum foi feita em capítulos, de modo que você possa consultar especificamente os assuntos
que estiver estudando no dia ou na semana. Ao final de cada capítulo você tem a oportunidade
de revisar, praticar, identificar erros e aprofundar o assunto com a leitura de jurisprudência
selecionada.

E mesmo você gostando muito de tudo isso, acreditamos que o PDF sempre pode ser
aperfeiçoado! Portanto pedimos gentilmente que, caso tenha quaisquer sugestões ou
comentários, entre em contato através do email [email protected]. Sua opinião vale ouro para
a gente!
Racionalizar a preparação dos nossos alunos é mais que um objetivo para Ad Verum, trata-se
de uma obsessão. Sem mais delongas, partiremos agora para o estudo da disciplina.
Faça bom uso do seu PDF Ad Verum!
Bons estudos 
Abordaremos os assuntos da disciplina de Direitos Humanos da seguinte forma:

RECORRÊNCIA DA DISCIPLINA

Como dito, sabemos que estudar de forma direcionada, com base nos assuntos
objetivamente mais recorrentes, é essencial. Afinal, uma separação planejada pode fazer toda
diferença. Pensando nisso, através de estudo realizado pelo nosso setor de inteligência com
base nas últimas provas, trouxemos os temas mais abordados nessa disciplina!

Seguridade Social
13%
Convenção Americana
Sobre Direitos
Estatuto da Igualdade Humanos
Racial 25%
13%

Lei da Migração
13%

Pacto Internacional Sistemas


dos Direitos Civis e Internacionais de
Políticos (PIDCP) Proteção dos Direitos
25% Humanos
13%

Convenção Americana Sobre Direitos Humanos

Lei da Migração

Sistemas Internacionais de Proteção dos Direitos Humanos

Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (PIDCP)

Estatuto da Igualdade Racial

Seguridade Social

2
CAPÍTULOS

Capítulo 1 – Introdução e conceitos iniciais.

Capítulo 2 – Teoria Geral dos Direitos Humanos.

Capítulo 3 – Dimensões/gerações de Direitos Humanos.

Capítulo 4 – A formação e a incorporação dos tratados de Direitos Humanos.

Capítulo 5 – ONU – A proteção internacional dos Direitos Humanos.

Capítulo 6 – O sistema global de proteção dos Direitos Humanos.

Capítulo 7 – O sistema especial de proteção dos Direitos Humanos.

Capítulo 8 – O sistema europeu e africano de proteção dos Direitos Humanos.

Capítulo 9 – O sistema interamericano de proteção dos Direitos Humanos.

Capítulo 10 – A proteção dos Direitos Humanos no Brasil.

3
SUMÁRIO
DIREITOS HUMANOS, CAPÍTULO 1 .................................................................................................... 6

1. Introdução e conceitos iniciais..................................................................................................... 6


1.1 Direitos humanos, direitos do homem e direitos fundamentais ................................................7
1.2 Características dos Direitos Humanos ....................................................................................................8
1.3 As três vertentes dos Direitos Humanos...............................................................................................9
1.4 Dimensão objetiva e subjetiva dos direitos humanos ................................................................. 11
1.5 Dignidade humana ...................................................................................................................................... 12
1.6 A dupla função da dignidade da pessoa humana ........................................................................ 14

QUADRO SINÓTICO ............................................................................................................................. 16

GABARITO .............................................................................................................................................. 27

LEGISLAÇÃO COMPILADA ................................................................................................................... 31

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................... 33

4
Olá, futuro advogado! Tudo bem?

Antes de começar o estudo, precisamos fazer algumas considerações a respeito da apostila de


nº 01 do nosso curso, tá?

Em primeiro turno, a introdução aos Direitos Humanos não costuma ser cobrada no exame de
ordem!

-Mas professora, por que incluí-lo nas apostilas, então?

Bom, como é de conhecimento geral, a banca examinadora tende a ser um pouco imprevisível,
e o nosso objetivo é deixar você preparado para exatamente qualquer coisa que aparecer na

prova!

Então, achamos pertinente abranger o máximo de conteúdo possível! 😊

Inclusive, ao final desta apostila, você encontrará questões de outras carreiras, para um maior
aproveitamento e assimilação de conteúdo, portanto, não deixe de respondê-las, tá?

Vamos juntos!

5
DIREITOS HUMANOS

Capítulo 1

1. Introdução e conceitos iniciais

Direitos Humanos é o ramo do Direito Internacional Público que tem como base a
dignidade da pessoa humana, ou seja, o conjunto de direitos inerentes a todo ser humano, que
o protege de tratamentos degradantes e lhe assegura condições mínimas de sobrevivência,

independente de raça, cor, credo, opinião política, etc.

O princípio basilar dos Direitos Humanos é o in dubio pro homine, que se aplica quando

há dúvida sobre qual direito prevalecerá em determinada situação. Assim, sempre que houver
conflito entre direitos, prevalecerá o que traz maiores benefícios ao ser humano.

Onde não há democracia não há Direitos Humanos e, sendo alcançado algum direito, é
vedada a sua revogação. A vedação ao retrocesso garante que um direito adquirido apenas

será ampliado, como forma de melhorar o que está garantido. É o chamado efeito cliquet.

Importante ressaltar, ainda, que a dignidade da pessoa humana, qualidade intrínseca a cada
ser humano independentemente de sua nacionalidade, cor, raça ou opinião política, é o eixo

norteador de todos os demais direitos, servindo tanto como unificadora como vetor
interpretativo da ordem positivada.

Neste primeiro capítulo abordaremos os principais institutos e conceitos para que, adiante,
você possa compreender a matéria como um todo, de forma leve e eficaz.

Vamos juntos e bons estudos!


1.1 Direitos humanos, direitos do homem e direitos fundamentais

Antes de iniciarmos os estudos de forma mais aprofundada, mister se faz distinguirmos as

três terminologias: direitos do homem, direitos humanos e direitos fundamentais.

Os direitos do homem são, basicamente, os direitos naturais, biológicos, jusnaturais que


possuem todos os seres humanos. Eles independem de positivação, pois são natos. Aqui temos

valores inerentes à dignidade humana1.

A expressão “direitos humanos”, por sua vez, traz-nos a ideia de proteção. São direitos que

foram conquistados e são universalmente aceitos na ordem internacional2.

Na doutrina, temos que a definição de Antônio Peres Luño3 se amolda perfeitamente ao

nosso estudo. O estudioso afirma que os direitos humanos são

Conjunto de faculdades e instituições que, em casa momento histórico, concretizam as


exigências da dignidade, liberdade e igualdade humanas, as quais devem ser reconhecidas
positivamente pelos ordenamentos jurídicos em nível nacional e internacional.

Por fim, temos os direitos fundamentais. É importante nos atermos ao fato de que essas

duas nomenclaturas não se confundem: enquanto “direitos humanos” é, em síntese, a


terminologia utilizada para indicar o conjunto de direitos do homem protegidos na ordem

internacional, “direitos fundamentais” é o conjunto de direitos do homem já reconhecidos e


positivados na ordem interna de cada Estado.

1
Vide questão 10 no final do capítulo.
2
Vide questões 02, 05 e 08 no final do capítulo.
3
PERES LUÑO, Antônio. Derechos humanos, Estado de Derecho y Constituición. 5 edição. Madrd: Editora Tecnos,
1195, p. 48.

7
Direitos humanos Direitos positivados no ordenamento jurídico
externo

Direitos positivados no ordenamento jurídico


Direitos Fundamentais
interno

Direitos pertencentes ao homem por sua própria


Direitos do homem
natureza

1.2 Características dos Direitos Humanos

Feita uma breve análise sobre o tema, convém neste momento que analisemos as principais

características4 dos Direitos Humanos. Sendo assim, temos que a doutrina no geral traz as
seguintes como as mais importantes:

 Historicidade: Indica que a concepção de Direitos Humanos decorre das condições


da sociedade em um determinado momento histórico, de modo que varia de
acordo com a evolução de cada povo, no tempo e no espaço5;
 Inalienabilidade: Segundo essa característica, os Direitos Humanos são
indisponíveis, não possuindo conteúdo econômico patrimonial e, assim, não podem

ser objeto de negociação e/ou comercialização;

4
Vide questão 09 no final do capítulo.
5
Vide questão 04 no final do capítulo.
8
 Imprescritibilidade: De acordo com essa característica, os direitos humanos são
sempre exigíveis, não se sujeitando à prescrição e, assim, não possuem prazo para

o seu exercício6;
 Irrenunciabilidade: Dispõe que o indivíduo, apesar de poder não exercer os seus

direitos caso queira, não pode renunciar a eles;


 Proibição de retrocesso: A proibição do retrocesso indica que não é possível a

supressão normativa dos direitos já consagrados através de medidas legislativas 7.


É o chamado efeito cliquet.

Historicidade

Inalienabilidade

Imprescritibilidade

Irrenunciabilidade

Proibição ao retrocesso

1.3 As três vertentes dos Direitos Humanos

Neste momento, importante abordarmos sobre as três vertentes de proteção internacional

da pessoa humana.

Essas três vertentes se deram, basicamente, após as grandes Guerras Mundiais, mais

especialmente após a Segunda, momento no qual cresceu a preocupação mundial com os


direitos humanos.

6
Vide questão 01 no final do capítulo.
7
Vide questão 06 no final do capítulo.
9
Durante muito tempo o conceito de Direitos Humanos foi discutido pelos juristas, sendo que
esta discussão culminou na divisão de sua proteção em três vertentes: o Direito Internacional

dos Direitos humanos, o Direito Humanitário e o Direito Internacional dos Refugiados.

 Direito Internacional dos Direitos Humanos

O Direito Internacional dos Direitos Humanos é o mais abrangente deles. Visa, em síntese,
proteger e promover a dignidade da pessoa humana de forma universal e em todos os aspectos:

civil, político, social, econômico, cultural, etc.8.

 Direito Humanitário

Por sua vez, o Direito Humanitário tem raízes principalmente no pós-Primeira Grande Guerra,

tendo em vista as crueldades extremas que ali ocorreram. Sendo assim, em 1949 foi elaborada
a Convenção de Genebra, na qual, de acordo com Ricardo Castilho9

Segundo a Convenção de Genebra, há três tipos de crime passíveis de serem cometidos


em tempo de guerra que devem ser proibidos e impedidos. A primeira categoria é a dos
crimes de guerra, que incluem: assassinato ou maus-tratos de civis, deportação ou
confinamento (de civis ou militares) para trabalhos forçados, assassinato ou maus-tratos
de prisioneiros, pilhagem ou saque, destruição de cidade sem necessidade militar e
assassinato de reféns. A segunda categoria é a dos crimes contra a paz. Os dois principais
são planejar guerra de agressão ou em violação a tratados internacionais e participar de
plano comum ou conspiração para promover esses atos. A terceira é a dos crimes contra
a humanidade: extermínio, escravização e outros atos desumanos antes ou durante uma
guerra, perseguições por motivos políticos, raciais ou religiosos.

Podemos concluir, desta maneira, que o Direito Humanitário tem por finalidade estabelecer

regras para o tratamento da população dos países em conflito, garantindo assim os direitos
humanos e a dignidade da pessoa humana, limitando a atuação do Estado perante o indivíduo.

 Direito dos Refugiados

Em terceiro lugar temos o Direito dos Refugiados. Antes de adentrarmos especificamente no

seu conteúdo, importante fazermos a distinção entre refúgio e asilo.

8
Vide questão 07 no final do capítulo.
9
CASTILHO, Ricardo. Direitos Humanos – 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2018, p. 24.
10
Enquanto o asilo é uma medida empregada quando há perseguição política de caráter
individual, constituindo o exercício do ato político e soberano do Estado (portanto, não sujeito

aos regramentos internacionais), o refúgio ocorre quando há uma proteção a um grande


número de pessoas, não revestido de caráter político. O refúgio ocorre, assim, quando a

proteção é conferida àqueles que estão sofrendo agressões generalizadas (ou, ainda, em casos
de ocupação ou dominação estrangeira, de fatos que alterem a ordem pública de um país ou

em caso de violação dos direitos humanos).

Em síntese, o Direito dos Refugiados protege o ser humano desde a saída de seu território
até o término da concessão do refúgio.

1.4 Dimensão objetiva e subjetiva dos direitos humanos

O último ponto que abordaremos neste capítulo inicial no que toca aos direitos humanos
propriamente ditos é a dimensão dos direitos humanos, que pode ser subdividida em objetiva

e subjetiva.

A dimensão subjetiva diz respeito ao fato de os direitos humanos serem proposições

jurídicas que visam proteger o ser humano como indivíduo, como sujeito.

Já a dimensão objetiva aborda a imposição de proteção dos direitos humanos voltada


para os Estados e a sua necessidade de atuação. Aqui, não falamos da preocupação com o

sujeito em si, mas da preocupação com a criação de mecanismos que promovam os direitos
humanos na sociedade como um todo.

Em síntese:

11
Dimensão subjetiva Na dimensão subjetiva, os direitos humanos se
preocupam com a proteção do sujeito.

Na dimensão objetiva, os direitos humanos se


preocupam com a criação de mecanismos, por
Dimensão objetiva
meio do Estado, para a proteção desses direitos.

1.5 Dignidade humana

A dignidade da pessoa humana é a essência do conceito de Direitos Humanos. Assegurar

essa dignidade nada mais é do que respeitar a todos de forma igualitária, independentemente
de raça, cor, gênero ou classe social10.

Ela está prevista no artigo 1º da Constituição Federal, e é um dos cinco fundamentos da


República Federativa do Brasil. Vejamos:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem
como fundamentos:

III - a dignidade da pessoa humana;

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o


transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

10
Vide questão 03 no final do capítulo.
12
Na seara internacional, que iremos aprofundar melhor nos próximos capítulos, também
temos diversas previsões e positivações da dignidade da pessoa humana. Vejamos o que diz o

preâmbulo e o artigo 1o da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948:

Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família


humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça
e da paz no mundo,

Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em atos


bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em
que os todos gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo
do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do ser humano
comum,

Considerando ser essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo império da lei,
para que o ser humano não seja compelido, como último recurso, á rebelião contra a
tirania e a opressão,

Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta da ONU, sua fé
nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor do ser humano e na
igualdade de direitos entre homens e mulheres, e que decidiram promover o progresso
social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla,

Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a promover, em cooperação


com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos e liberdades humanas
fundamentais e a observância desses direitos e liberdades,

(...)

Artigo I

Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de
razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.

O Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional sobre os


Direitos Sociais, Econômicos e Culturais também reconhecem em seu preâmbulo,
identicamente que:

PREÂMBULO

Os Estados Partes do presente Pacto,

Considerando que, em conformidade com os princípios proclamados na Carta das Nações


Unidas, o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana

13
e de seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e
da paz no mundo,

Reconhecendo que esses direitos decorrem da dignidade inerente à pessoa humana,

Reconhecendo que, em conformidade com a Declaração Universal dos Direitos do Homem,


o ideal do ser humano livre, no gozo das liberdades civis e políticas e liberto do temor e
da miséria, não pode ser realizado e menos que se criem às condições que permitam a
cada um gozar de seus direitos civis e políticos, assim como de seus direitos econômicos,
sociais e culturais,

Considerando que a Carta das Nações Unidas impõe aos Estados a obrigação de
promover o respeito universal e efetivo dos direitos e das liberdades do homem,

Compreendendo que o indivíduo, por ter deveres para com seus semelhantes e para
com a coletividade a que pertence, tem a obrigação de lutar pela promoção e observância
dos direitos reconhecidos no presente Pacto,

(...)

Dada a sua extensa previsão nos diplomas legais, internos e externos, podemos notar a
importância da dignidade da pessoa humana, epicentro e eixo norteador de todo o nosso

estudo. A seguir, portanto, trataremos de mais um ponto importantíssimo no que toca a esse
tema: a sua dupla função.

1.6 A dupla função da dignidade da pessoa humana

Por fim, analisaremos brevemente a dupla função da dignidade da pessoa humana, que
também pode cair na sua prova.

As suas duas funções ou aspectos são, respectivamente, a unificadora e a hermenêutica.

 Função unificadora

Em síntese, a função unificadora da dignidade da pessoa humana diz respeito ao fato de

que ela unifica toda a ordem jurídica, justamente por ser o seu eixo axiológico.

Portanto, se é um eixo axiológico, ela é um eixo de valores que une toda a ordem jurídica,
que nela deve se basear.

 Função hermenêutica

14
A sua segunda função, qual seja a hermenêutica, traz a ideia de que a dignidade da pessoa
humana se traduz em um viés interpretativo para toda a compreensão e aplicação do direito

positivado, inspirando e limitando.

15
QUADRO SINÓTICO

1. Introdução e conceitos iniciais

Direitos positivados no ordenamento


Direitos Humanos
jurídico externo
Direitos positivados no ordenamento
Direitos Fundamentais
jurídico interno
Direitos pertencentes ao homem por sua
Direitos do Homem
própria natureza
Características dos Direitos Humanos

Os Direitos Humanos decorrem da


Historicidade
evolução do povo no tempo e no espaço
Os Direitos Humanos são indisponíveis,
Inalienabilidade não podendo ser objeto de
comercialização.
Os Direitos Humanos não se sujeitam à
Imprescritibilidade
prescrição.

Irrenunciabilidade Os Direitos Humanos não podem ser


renunciados.
Não é possível a supressão normativa de
Proibição ao retrocesso
direitos já consagrados.

Direito Internacional dos Direitos Humanos

Finalidade: estabelecer regras para o


Direito Humanitário tratamento da população dos países em
conflito
Finalidade: proteger o ser humano desde a
Direito dos Refugiados saída de seu território até o término da
concessão do refúgio

Direito Internacional dos Direitos Finalidade: promover a dignidade da


pessoa humana de forma universal
Humanos

16
Dimensões dos Direitos Humanos

É a imposição de proteção dos Direitos


Objetiva
Humanos aos Estados, que devem atuar.
Diz respeito ao fato de os direitos
Subjetiva humanos serem proposições jurídicas que
visam proteger o sujeito.

17
QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1

(FEPESE - 2019 – SJC-SC – Agente Penitenciário) Assinale a alternativa incorreta sobre os


princípios ou especificidades dos direitos humanos.

A) A indivisibilidade dos direitos humanos se refere a que não se pode cindi-los e que devem

ser reconhecidos e protegidos unitariamente.

B) A inalienabilidade dos direitos humanos se caracteriza por vedar a sua disposição pecuniária

com o objetivo de venda.

C) A imprescritibilidade dos direitos humanos reconhece que o seu exercício se dá no tempo,


devendo ser exigido sob pena de perecimento.

D) A irrenunciabilidade dos direitos humanos se refere à vedação da própria pessoa de permitir


violações a esses direitos.

E) A proibição do retrocesso representa que os direitos humanos já concretizados e alcançados


não podem mais ser suprimidos.

Comentário:

A alternativa a ser assinalada é a alternativa “C”, considerando que: 1) os direitos humanos são

estendidos a todos, independentemente de sua raça, cor, credo, nacionalidade, opinião política,
etc, portanto a alternativa “A” está correta; 2) os direitos humanos não podem ser vendidos,

pois não possuem valor pecuniário, portanto a alternativa “B” está correta; 3) os direitos
18
humanos são imprescritíveis, pois não se perdem com o decurso do tempo, portanto a
alternativa “C” está incorreta; 4) os direitos humanos podem não ser exercidos, mas nunca

poderão ser renunciados, portanto a alternativa “D” está correta; 5) a proibição do retrocesso
ou efeito cliquet dispõe que, uma vez conquistados, os direitos humanos não podem ser

suprimidos, portanto a alternativa “E” está correta.

Questão 2

(MPE/SP - 2019 – MPE-SP – Promotor de Justiça) Em relação aos direitos humanos, é correto
afirmar:

A) São aqueles previstos no plano interno dos Estados pelas Cartas Constitucionais.

B) São aqueles que ainda não estão expressamente previstos no direito interno ou no direito
internacional.

C) São menos amplos que os direitos fundamentais quanto à proteção dos direitos individuais.

D) São aqueles protegidos pela ordem internacional.

E) Podem sofrer limitação em razão de interesse dos Estados.

Comentário:

A alternativa a ser assinalada é a alternativa “D”. Consoante estudado anteriormente, os direitos


do homem são aqueles direitos naturais não positivados ou ainda não positivados, os direitos
humanos são aqueles reconhecidos e positivados no âmbito internacional e os direitos
fundamentais são aqueles positivados e protegidos pela legislação interna de cada Estado.
Portanto, não há que se falar em menor ou maior amplitude de um em relação ao outro, já que

19
todos possuem o mesmo eixo axiológico e norteador: a dignidade da pessoa humana.
Outrossim, em homenagem ao princípio da vedação ao retrocesso, eles jamais poderão sofrer
limitação e razão do interesse dos Estados.

Questão 3

(CESPE - 2019 – CGE-CE – Auditor de Controle Interno) A respeito dos marcos históricos,
fundamentos e princípios dos direitos humanos, assinale a opção correta.

A) Segundo a doutrina contemporânea, direitos humanos e direitos fundamentais são


indistinguíveis; por isso, ambas as terminologias são intercambiáveis no ordenamento jurídico.

B) Os direitos humanos estão dispostos em um rol taxativo, que foi internalizado pelo
ordenamento jurídico brasileiro com a promulgação da Constituição Federal de 1988.

C) No Brasil, os direitos políticos são considerados direitos humanos e seu exercício pelos
cidadãos se esgota no direito de votar e ser votado,

D) A dignidade da pessoa humana, princípio basilar da Constituição Federal de 1988, é


fundamento dos direitos humanos.

E) Em razão do princípio da imutabilidade, os direitos humanos reconhecidos na Revolução


Francesa permanecem os mesmos ainda na atualidade.

Comentário:

A alternativa a ser assinalada é a alternativa “D”.

A alternativa “A” está incorreta porque, enquanto Direitos Humanos se referem aos direitos
positivados na ordem internacional, os Direitos Fundamentais tratam daqueles positivados na
ordem interna de cada Estado;

A alternativa “B” está incorreta porque os direitos humanos são inesgotáveis e, portanto, não
estão sujeitos a um rol taxativo. É o que diz o parágrafo segundo do artigo 5 da Constituição
Federal do Brasil:

20
Art. 5º […] § 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros
decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em
que a República Federativa do Brasil seja parte

A alternativa “C” está incorreta porque ambos os conceitos não se confundem. Com efeito, os
direitos políticos dizem respeito às diversas formas de o cidadão se manifestar, o qual não se
esgota no direito de votar e ser votado, mas se caracteriza pelo sufrágio universal, voto direto
e secreto, etc.

A alternativa “D” está correta, pois a dignidade da pessoa humana é o eixo valorativo dos direitos
humanos.

A alternativa “E” está incorreta porque os direitos humanos não são absolutos e imutáveis, sendo
que sofrem mutação e enriquecimento ao longo da história (historicidade).

Questão 4

(CESPE - 2019 – PRF – Policial Rodoviário Federal) Acerca de aspectos da teoria geral dos

direitos humanos, da sua afirmação histórica e da sua relação com a responsabilidade do Estado,
julgue o próximo item.

Todos os direitos humanos foram afirmados em um único momento histórico.

( ) Certo

( ) Errado

Comentário:

Como já observado neste material, uma das principais características dos direitos humanos é a
historicidade, que indica que é a evolução histórica que traz novos direitos humanos, uma vez

21
que estes não surgem todos ao mesmo tempo - mas sim gradativamente, em diversos
momentos.

Sendo assim, a questão está errada.

Questão 5

(CESPE - 2019 – PRF – Policial Rodoviário Federal) Acerca de aspectos da teoria geral dos

direitos humanos, da sua afirmação histórica e da sua relação com a responsabilidade do Estado,
julgue o próximo item.

As pessoas naturais que violam direitos humanos continuam a gozar da proteção prevista nas
normas que dispõem sobre direitos humanos.

( ) Certo

( ) Errado

Comentário:

O item está correto. Isso porque os direitos humanos alcançam a todos, são absolutos,
indisponíveis e imprescritíveis. Assim, uma pessoa que viola os direitos humanos de outrem
continua sendo portadora de dignidade humana e, assim, continua a gozar da proteção dos
direitos humanos.

Questão 6

(FCC- 2018 – Câmara Legislativa do Distrito Federal) Uma vez estabelecidos, os Direitos

Humanos não podem ser retirados do ordenamento, em razão do princípio da

A) Inter-relacionaridade.

B) Indisponibilidade.

22
C) Inerência.

D) Vedação ao retrocesso.

E) Inesgotabilidade.

Comentário:

A alternativa correta é a letra “D”. Como já abordado anteriormente, o princípio que veda a
supressão dos direitos humanos do ordenamento é o princípio da vedação ao retrocesso ou
“efeito cliquet”. Isso porque os direitos humanos jamais podem ser diminuídos ou reduzidos no
seu aspecto de proteção, podendo apenas serem ampliados.

Questão 7

(CESPE – 2018 - Instituto Rio Branco - Diplomata) Julgue (C ou E) o item a seguir, acerca do

direito internacional dos direitos humanos e do direito internacional humanitário.

Se em conflitos armados internacionais um combatente capturado pelo inimigo tem a proteção

que advém do status de prisioneiro de guerra, essa mesma proteção não é prevista em caso de
conflitos armados não internacionais.

( ) Certo

( ) Errado

Comentário:

A proposição está correta. Isso porque o termo “prisioneiro de guerra” se refere a um status
especial concedido pela Convenção de Genebra aos soldados inimigos capturados em conflitos
armados internacionais. Em caso de um conflito armado não internacional, o Direito
Internacional Humanitário não impede o julgamento de combatentes capturados.
23
Questão 8

(CESPE – 2020 – MPE-CE – Promotor de Justiça) De acordo com a sua finalidade, os direitos
humanos são classificados como direitos

A) Propriamente ditos.

B) Expressos.

C) De defesa.

D) A prestações.

E) A procedimentos e instituições.

Comentário:

De acordo com a sua finalidade, os direitos humanos são direitos propriamente ditos, uma vez
que visam o reconhecimento jurídico de pretensões que são inerentes à dignidade de todo ser
humano. Portanto, a alternativa “A” está correta.

Questão 9

(CESPE – 2020 – TJ-PA – Analista Judiciário) No que se refere aos direitos humanos, assinale
a opção correta.

A) A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi elaborada no ano de 1968.

B) A Declaração Universal dos Direitos Humanos é um instrumento de direito com força de lei

internacional.

24
C) A Convenção sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos baseia-se na criação de
princípios éticos pelos quais os povos devem guiar-se.

D) Os direitos humanos são universais, indivisíveis, interdependentes e inter-relacionados.

E) A Rede de Proteção Social no Brasil foi aprovada antes da Convenção da ONU em 1989, o

que deu ao Brasil destaque mundial no tocante aos direitos da criança e do adolescente.

Comentário:

A alternativa correta é a letra “D”. Isso porque:

1) A Declaração Universal dos Direitos Humanos data de 1948.

2) A Declaração Universal dos Direitos Humanos não tem força de lei, pois é apenas uma
declaração, um ato da ONU.

3) A Declaração Universal de Direitos Humanos não é uma convenção.


4) A Rede de Proteção Social no Brasil teve início em 1995.

Por outro lado, temos que uma das principais características dos direitos humanos são a sua

universalidade, indivisibilidade, relatividade, interdependência, complementariedade,


inalienabilidade, imprescritibilidade, historicidade, entre outros.

Questão 10

(FEPESE - 2019 – SJC-SC – Agente Penitenciário) Os direitos humanos são denominados


com variados termos.

Assinale a alternativa que não é aceita contemporaneamente, por expressar uma ideia
ultrapassada sobre o tema.

A) Direitos naturais.

25
B) Direitos fundamentais,

C) Direitos da pessoa humana.

D) Direitos humanos fundamentais.

E) Direitos essenciais da humanidade.

Comentário:

A alternativa a ser assinalada é a letra “A”. Isso porque, consoante estudamos neste primeiro

capítulo, os direitos humanos não se confundem com os direitos do homem, ou ainda os


chamados “direitos naturais”, justamente porque enquanto os direitos humanos são conquistas

alcançadas pela sociedade através do tempo, estão em constante mutação e são positivados
no ordenamento jurídico externo, os direitos naturais são atemporais, fixos e decorrem da

própria existência do ser humano, tendo sidos estabelecidos pela natureza.

26
GABARITO

Questão 1 - C

Questão 2 - D

Questão 3 - C

Questão 4 - Errada

Questão 5 - Correta

Questão 6 - D

Questão 7 - Correta

Questão 8 - A

Questão 9 - D

Questão 10 - A

27
QUESTÃO DESAFIO

O que se entende por Direitos Humanos?


Máximo de 5 linhas

28
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO

Os direitos humanos são aqueles protegidos pela ordem internacional em face das violações
e arbitrariedades perpetradas por um Estado em face das pessoas sujeitas à sua jurisdição.
São os direitos indispensáveis a uma vida digna, devendo ser respeitados pelos Estados.
Você deve ter abordado necessariamente os seguintes itens em sua resposta:
 Conceito

Nas lições do prof. Valério Mazzuoli é imprescindível que não sejam confundidas as expressões
direitos humanos, direitos do homem e direitos fundamentais. Os direitos humanos, nas palavras
do professor, são direitos protegidos pela ordem internacional (especialmente por meio de
tratados multilaterais, globais ou regionais) contra as violações e arbitrariedades que um Estado
possa cometer às pessoas sujeitas à sua jurisdição. Os direitos do homem, por sua vez, é
expressão de cunho jusnaturalista que conota a série de direitos naturais aptos à proteção global
do homem e válidos em todos os tempos. Por fim, a expressão "direitos fundamentais" deve
ser entendida como sendo aquela afeta à proteção interna dos direitos dos cidadãos, ligada aos
aspectos ou matizes constitucionais de proteção, no sentido de já se encontrarem positivados
nas Cartas Constitucionais.
 Súmula vinculante 25

Quando iniciamos o estudo dos direitos humanos é imprescindível a análise da Súmula


Vinculante n.º 25, segundo a qual estabelece que "É ilícita a prisão civil de depositário infiel,
qualquer que seja a modalidade de depósito". Diante de sua importância, faz-se necessário
trazer a baila parte do julgado do RE 466.343 do STF: "(...) diante do inequívoco caráter especial
dos tratados internacionais que cuidam da proteção dos direitos humanos, não é difícil entender
que a sua internalização no ordenamento jurídico, por meio do procedimento de ratificação
previsto na CF/1988, tem o condão de paralisar a eficácia jurídica de toda e qualquer disciplina
normativa infraconstitucional com ela conflitante. Nesse sentido, é possível concluir que, diante
da supremacia da CF/1988 sobre os atos normativos internacionais, a previsão constitucional da
prisão civil do depositário infiel (art. 5º, LXVII) não foi revogada (...), mas deixou de ter
aplicabilidade diante do efeito paralisante desses tratados em relação à legislação
infraconstitucional que disciplina a matéria (...). Tendo em vista o caráter supralegal desses
diplomas normativos internacionais, a legislação infraconstitucional posterior que com eles seja
conflitante também tem sua eficácia paralisada. (...) Enfim, desde a adesão do Brasil, no ano de
1992, ao PIDCP (art. 11) e à CADH — Pacto de São José da Costa Rica (art. 7º, 7), não há base

29
legal para aplicação da parte final do art. 5º, LXVII, da CF/1988, ou seja, para a prisão civil do
depositário infiel".

30
LEGISLAÇÃO COMPILADA

Nesta matéria, faz-se de extrema importância a leitura de:

Dignidade humana

 Constituição Federal do Brasil: Artigo 1º;


 Declaração Universal dos Direitos Humanos: preâmbulo e artigo 1º;
 Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos: preâmbulo;
 Pacto Internacional de Direitos Sociais, Econômicos e Culturais: preâmbulo.

31
ESTUDO COMPLEMENTAR

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32
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CASTILHO, Ricardo. Direitos Humanos – 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

DUARTE, Hugo Garcez; VIANA, Malba Zarrôco Vilaça. A dignidade da pessoa humana enquanto
valor supremo da ordem jurídica. Disponível em <
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-constitucional/a-dignidade-da-pessoa-humana-

enquanto-valor-supremo-da-ordem-juridica/>, acesso em 27.03.2020.

FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 11 ed. São Paulo: JusPodivm,

2019.

LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 21 ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

PERES LUÑO, Antônio. Derechos humanos, Estado de Derecho y Constituición. 5 edição.


Madrd: Editora Tecnos, 1195.

33
PDF OAB
Direitos Humanos
Capítulo 2
SUMÁRIO

DIREITOS HUMANOS, CAPÍTULO 2 .....................................................................................................3

2. Teoria Geral dos Direitos Humanos .............................................................................................3


2.1 O Código de Hamurabi ..................................................................................................................................... 3
2.2 Magna Carta........................................................................................................................................................... 4
2.3 Petition of Right ................................................................................................................................................... 4
2.4 Habeas Corpus Act.............................................................................................................................................. 5
2.5 Bill of Rights Inglesa ........................................................................................................................................... 5
2.6 A Declaração de Direitos da Virgínia .......................................................................................................... 6
2.7 A Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão ........................................................................... 6
2.8 As Convenções de Genebra ............................................................................................................................ 7
2.9 A eficácia dos Direitos Humanos .................................................................................................................. 9

QUADRO SINÓTICO ............................................................................................................................. 11

QUESTÕES COMENTADAS .................................................................................................................. 13

GABARITO .............................................................................................................................................. 25

LEGISLAÇÃO COMPILADA ................................................................................................................... 29

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................... 30

1
Olá, futuro advogado! Tudo bem?

Antes de começar o estudo, precisamos fazer algumas considerações a respeito da apostila de

nº 02 do nosso curso, tá?

Em primeiro turno, a Teoria Geral dos Direitos Humanos não costuma ser cobrada no exame

de ordem!

-Mas professora, por que incluí-lo nas apostilas, então?

Bom, como é de conhecimento geral, a banca examinadora tende a ser um pouco imprevisível,

e o nosso objetivo é deixar você preparado para exatamente qualquer coisa que aparecer na
prova!

Então, achamos pertinente abranger o máximo de conteúdo possível! 😊

Inclusive, ao final desta apostila, você encontrará questões de outras carreiras, para um maior

aproveitamento e assimilação de conteúdo, portanto, não deixe de respondê-las, tá?

Vamos juntos!

2
DIREITOS HUMANOS

Capítulo 2

2. Teoria Geral dos Direitos Humanos

Neste segundo capítulo abordaremos algumas considerações sobre a afirmação histórica


dos direitos humanos, desde a antiguidade até os dias atuais.

Isso significa que analisaremos os principais fatos históricos que culminaram no


surgimento das mais variadas formas de proteção da dignidade da pessoa humana, bem como
dos Direitos Humanos propriamente ditos.

Além disso, trataremos da eficácia dos Direitos Humanos em suas quatro vertentes
objetivas: horizontal, vertical, vertical com repercussão lateral e diagonal. Vamos lá?

2.1 O Código de Hamurabi

O Código de Hamurabi data de 1694 a.C. É um monumento de estrutura geológica, onde há

vinte e uma colunas de escrita cuneiforme, sendo um dos primeiros exemplos de lei escrita que
se tem notícia.

Apesar de prever a aplicação de penas de morte, mutilações corporais e outras pelas


infamantes, o Código de Hamurabi é um grande avanço pois representa o fim das penas
arbitrárias, além de prever o direito a uma espécie de salário mínimo por dia trabalhado, o

direito da mãe e dos filhos de receberem alimentos quando abandonados pelo genitor, etc.

3
2.2 Magna Carta

A Magna Carta, de 1215, foi um instrumento cujo o Rei João da Inglaterra foi obrigado a
assinar. Em síntese, este documento restringia o poder do rei e de seus sucessores, impedindo

o exercício de qualquer poder pleno. Pela primeira vez foram previstos direitos dos súditos.

Em latim, Magna Carta Libertatum significa “Grande Carta das Liberdades”.

O artigo mais conhecido da Magna Carta é o 39: em síntese, ele determina que seja seguido
o devido processo legal quando houver prisão ou privação de propriedade, de modo que sejam

evitadas possíveis arbitrariedades. Vejamos.

Nenhum homem livre será preso, encarcerado ou privado de seus direitos ou propriedades,
ou tornado fora da lei, ou exilado, ou de maneira alguma destruído, nem agiremos contra
ele ou mandaremos alguém contra ele, a não ser por julgamento legal dos seus pares, ou
pela lei da terra.

2.3 Petition of Right

Ricardo Castilho1 ao tratar sobre o tema aduz que

A transformação da Inglaterra de monarquia absolutista em monarquia constitucionalista


representou um avanço no sentido de reconhecimento dos direitos humanos e se deveu
à chamada Petição de Direitos (Petition of Rights), que constituiu a semente da chamada
Revolução Francesa.

1
CASTILHO, Ricardo. Direitos Humanos – 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2018, p. 74.
4
A Petition of Rights é o documento que marcou o início do constitucionalismo moderno. Esse
constitucionalismo moderno, em linhas gerais, é um movimento que questionou profundamente

os dogmas políticos, jurídico e filosóficos tradicionais, almejando um novo modo de poder


político.

Esta Petição foi apresentada pelo rei pelos membros do parlamento inglês (liderados por Sir
Edward Coke), sendo que o primeiro foi obrigado a assiná-la e a cumpri-la.

Dentre as exigências contidas no bojo do documento, estava o fato de que o rei deixasse
para o parlamento o controle da política financeira e o controle do exército, além de ter
oficializado os direitos fundamentais do homem.

2.4 Habeas Corpus Act

Outro documento de enorme importância para a evolução dos Direitos Humanos ao longo
do tempo foi o chamado Habeas Corpus Act, de 1679.

O Habeas Corpus Act foi uma lei elaborada pelo Parlamento da Inglaterra no ano de 1679,
durante o império do rei Carlos II.

Esta lei resgatava uma importante garantia: a de que toda pessoa detida fosse levada a um
tribunal, onde seria analisada a legalidade de sua prisão. É, em verdade, uma tutela da liberdade

individual contra a prisão abusiva, arbitrária ou ilegal.

Esta lei é considerada, até os dias atuais, como um dos documentos mais importantes da
história da Inglaterra.

2.5 Bill of Rights Inglesa

A Bill of Rights inglesa foi criada no ano de 1689, quando Maria Stuart e o marido Guilherme
de Orange assumiram o trono sob controle do Parlamento inglês e tiveram que aceitar e

promulgar este documento.

A Declaração dos Direitos inglesa proibiu a aplicação de penas cruéis e consagrou o direito
de petição. Para além disso, foi a gênese do princípio da separação dos poderes, uma vez que
previu a independência do Parlamento.
5
2.6 A Declaração de Direitos da Virgínia

Elaborada em Williamsburg no ano de 1776, a Declaração de Direitos da Virgínia que teve


ideais iluministas prevê, dentre outros, que todo poder emana do povo e que o ser humano é

titular de direitos fundamentais como o direito à vida, à liberdade e à busca da felicidade.

2.7 A Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão

A Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, elaborada em 1789, consolidou os


princípios da Revolução Francesa, inspirada nos ideais iluministas. Ela estabeleceu reformas

políticas que concediam ao cidadão o direito à liberdade, pregando um Estado laico, o direito
de associação política, o estado de inocência, a livre manifestação do pensamento, o princípio
da reserva legal e o princípio da anterioridade. Todos esses direitos seriam alcançados pela

tripartição dos poderes, independentes entre si. Confira abaixo algumas de suas disposições:

Art.1º. Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só


podem fundamentar-se na utilidade comum.
Art. 2º. A finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e
imprescritíveis do homem. Esses direitos são a liberdade, a propriedade a segurança e a
resistência à opressão.
Art. 3º. O princípio de toda a soberania reside, essencialmente, na nação. Nenhuma
operação, nenhum indivíduo pode exercer autoridade que dela não emane expressamente.
Art. 4º. A liberdade consiste em poder fazer tudo que não prejudique o próximo. Assim,
o exercício dos direitos naturais de cada homem não tem por limites senão aqueles que
asseguram aos outros membros da sociedade o gozo dos mesmos direitos. Estes limites
apenas podem ser determinados pela lei.
Art. 5º. A lei não proíbe senão as ações nocivas à sociedade. Tudo que não é vedado pela
lei não pode ser obstado e ninguém pode ser constrangido a fazer o que ela não ordene.
Art. 6º. A lei é a expressão da vontade geral. Todos os cidadãos têm o direito de concorrer,
pessoalmente ou através de mandatários, para a sua formação. Ela deve ser a mesma para
todos, seja para proteger, seja para punir. Todos os cidadãos são iguais a seus olhos e
igualmente admissíveis a todas as dignidades, lugares e empregos públicos, segundo a
sua capacidade e sem outra distinção que não seja a das suas virtudes e dos seus talentos.
Art. 7º. Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos determinados pela
lei e de acordo com as formas por esta prescritas. Os que solicitam, expedem, executam
ou mandam executar ordens arbitrárias devem ser punidos; mas qualquer cidadão
convocado ou detido em virtude da lei deve obedecer imediatamente, caso contrário
torna-se culpado de resistência.

6
Art. 8º. A lei apenas deve estabelecer penas estrita e evidentemente necessárias e
ninguém pode ser punido senão por força de uma lei estabelecida e promulgada antes
do delito e legalmente aplicada.
Art. 9º. Todo acusado é considerado inocente até ser declarado culpado e, se julgar
indispensável prendê-lo, todo o rigor desnecessário à guarda da sua pessoa deverá ser
severamente reprimido pela lei.

2.8 As Convenções de Genebra

Por fim, temos as Convenções de Genebra. O primeiro tratado internacional que recebeu o

nome de Convenção de Genebra foi assinado em 1864, em Genebra, na Suíça. Essa Convenção,
totalmente voltada para o desenvolvimento do direito humanitário internacional, teve como

objetivo amenizar os efeitos das sucessivas guerras entre as nações que ocorreram até então,
principalmente no que tange à população civil.

Em 1907 na Holanda ocorreu a II Convenção de Genebra, onde foram estendidos todos os

princípios da primeira Convenção para os conflitos marítimos, que não haviam sido previstos,
protegendo-se os náufragos, doentes e feridos.

Em 1925 ocorreu a III Convenção de Genebra, onde se determinou que fosse dado
tratamento humanitário a todos os prisioneiros de guerra.

Por fim, em 1949 ocorreu a IV Convenção de Genebra, que levou em consideração as


experiências da II Guerra Mundial. Seu objetivo era tratar também dos civis, não tratados nas

convenções adotadas antes de 1949.

Foi quando se deu origem ao Direito Internacional dos Direitos Humanos e ao Direito
Internacional Humanitário.

A IV Convenção de Genebra possui 159 artigos e continua em vigor, sendo aplicada mesmo
quando não há uma declaração de guerra.

Em 1977 foram aprovados dois Protocolos Adicionais à Convenção de Genebra, sendo que
o Primeiro ampliou a definição de vítimas de conflitos armados internacionais e o Segundo

reforçou a proteção das pessoas afetadas por conflitos armados no âmbito interno.

7
1.694 a.C • Código de Hamurabi
1.1215
• Magna Carta
1.628
• Petition of Right
1.679
• Habeas Corpus act
1.689
• Bill of rights inglesa
1.776
• Declaração de Direitos da Virgínia
1.789 • Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão
1.864-1949
• Convenções de Genebra

8
2.9 A eficácia dos Direitos Humanos

As normas que definem os direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata,


consoante a literalidade do parágrafo 1o do artigo 5o da Constituição Federal: “As normas

definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata”.

Isso indica, por si só, a força normativa privilegiada que possuem os direitos fundamentais.

Sendo assim, dada a sua importância e a sua grande incidência nos concursos públicos, neste
momento iniciaremos os nossos estudos no que tange à eficácia dos direitos humanos/ direitos

fundamentais no que toca ao seu aspecto objetivo. Ela se divide em eficácia vertical, eficácia
horizontal, eficácia diagonal e eficácia vertical com repercussão lateral.

 Eficácia vertical

A eficácia vertical dos direitos humanos diz respeito aos órgãos estatais. Isso quer dizer que,
apesar de a Constituição Federal não ser expressa ao dizer quem são os seus destinatários,

temos que ela se volta principalmente para o Estado, limitando a sua atuação das relações
perante os indivíduos. Para se lembrar que a eficácia vertical diz respeito ao Estado, lembre-se
que ela faz alusão à posição de verticalidade ocupada pelo Estado frente ao indivíduo.

 Eficácia horizontal

De seu turno, a eficácia horizontal indica a oponibilidade dos direitos aos particulares no

bojo de suas relações privadas. De acordo com Rogério Saraiva Xerez2

Assim o conceito de eficácia privada ou horizontal baseia-se na ideia de oponibilidade dos


direitos fundamentais nas relações privadas, ou seja, não somente nas relações Estado-
Cidadão, mas também entre os particulares. Significa, portanto, aplicação direta e imediata
dos direitos fundamentais nas relações privadas como direito subjetivo, com fundamento
na Constituição.

2
XEREZ, Rogério Saraiva. Direitos fundamentais: eficácia na esfera das relações privadas. Revista Eletrônica
Direito e Política, Itajaí, 2014.
9
A eficácia horizontal, que consiste na aplicação dos Direitos Humanos entre os particulares,
também é conhecida com Drittwirkung, em alemão.

 Eficácia diagonal

Já a eficácia diagonal dos Direitos Humanos consiste na aplicação destes direitos nas relações

de trabalho, entre empregado e empregador. E qual o motivo dessa nomenclatura? É simples:


a posição do empregador em relação ao empregado não é exatamente horizontal, mas sim um

pouco acima – diagonal.

 Eficácia vertical com repercussão lateral

Por fim temos a eficácia vertical com repercussão lateral. Esse conceito foi desenvolvido por

Luiz Guilherme Marinoni e pode cair na sua prova.

Segundo o citado doutrinador, a eficácia horizontal dos direitos fundamentais deve ser

mediada pela lei e, quando o legislador se omitir, devemos recorrer à jurisdição. Caso o juiz
conclua que o legislador negou proteção ao direito fundamental, deve este determinar uma

medida que efetive a tutela do referido direito. Em síntese, temos que o direito fundamental
será efetivado e resguardado por uma atuação judicial.

10
QUADRO SINÓTICO

Afirmação histórica dos Direitos Humanos

Instituiu o fim das penas


Código de Hamurabi 1.694 a.C
arbitrárias
Previsão do devido
Magna Carta 1.215
processo legal
Oficializou os direitos
Petition of right 1.628
fundamentais do homem
Tutelou a liberdade individual
Habeas Corpus Act 1.679 contra a prisão abusiva,
arbitrária ou ilegal
Consagrou o direito de
Bill of Rights inglesa 1.689 petição e a separação dos
poderes
Reconheceu que todo poder
emana do povo, que o ser
Declaração de
1.776 humano é titular do direito à
Direitos da Virgínia
vida, à liberdade, à busca da
felicidade, etc

Instituiu o Estado Laico, o


Declaração de
princípio da reserva legal, o
Direitos do Homem 1.789
estado de inocência e o
e do Cidadão direito à liberdade

Direito Internacional
Convenções de Humanitário e Direito
1.864-1949
Genebra Internacional dos Direitos
Humanos

11
Eficácia dos Direitos Humanos

Oponibilidade dos direitos humanos ao


Eficácia vertical
Estado
Oponibilidade dos direitos humanos aos
Eficácia horizontal
particulares nas relações privadas
Oponibilidade dos direitos humanos nas
Eficácia diagonal
relações entre empregado e empregador

Eficácia vertical com Eficácia dos direitos humanos decorrente

repercussão lateral da tutela jurisdicional

12
QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1

(TRF 3 Região - 2018 – Juiz Federal Substituto) Em 1999, Damião Ximenes Lopes, pessoa com

deficiência mental, foi internado na Casa de Repouso Guararapes, na cidade de Sobral (CE), pelo
Sistema Único de Saúde (SUS), em perfeito estado físico. Poucos dias depois, sua mãe o
encontrou agonizante, sangrando, com hematomas, sujo e com as mãos amarradas para trás,

vindo a falecer nesse mesmo dia, sem qualquer assistência médica no momento de sua morte.
Com a demora nos processos cível e criminal na Justiça daquele Estado na apuração de

responsabilidades, a família, alegando violação do direito à vida, à integridade psíquica (dos


familiares, pela ausência de punição aos autores do homicídio) e ao devido processo legal em

prazo razoável, peticionou à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que veio a
processar o Estado brasileiro perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH).

Com relação a esse caso, é CORRETO afirmar que:

A) Em face do caráter subsidiário da jurisdição internacional, foi acolhida exceção de


admissibilidade por ausência de esgotamento dos recursos internos, oposta pelo Estado

brasileiro, tendo sido determinada pela Corte IDH a suspensão do feito até o exaurimento
dos mecanismos internos de reparação;

B) A forma federativa do Estado brasileiro justificou a condenação do Estado do Ceará em


litisconsórcio passivo com a União;

C) Foi aplicada pela Corte IDH a doutrina da eficácia horizontal da proteção internacional
dos direitos humanos (“Drittwirkung”), responsabilizando o Estado brasileiro;

D) Petição dos familiares da vítima endereçada à Corte IDH, após o trâmite regular em que
se afastou as preliminares do Brasil de ausência de esgotamento dos recursos internos e

denunciação à lide ao Ceará, foi acolhida com condenação da União.

13
Comentário:

Apesar de os demais temas não terem sido abordados ainda, era perfeitamente possível que o

candidato respondesse à questão e acertasse. Isso porque a resposta correta é a letra “C”, que
diz respeito à eficácia horizontal de proteção internacional dos Direitos Humanos. Como já

estudado, essa teoria surgiu na Alemanha, e se refere à projeção dos direitos fundamentais nas
relações entre particulares, e sendo a casa de saúde privada, incide a eficácia horizontal.
Importante salientar que o caso Ximenes vs. Brasil foi a primeira sentença de mérito da Corte

Interamericana de Direitos Humanos em face do Brasil em decorrência de maus tratos sofridos


por pessoa com deficiência, em uma clínica psiquiátrica, que resultou em morte.

Para fins didáticos, analisaremos brevemente os erros das demais alternativas, que serão melhor
visualizados pelo candidato no decorrer do estudo do material AdVerum:

O item “A” está incorreto porque, na verdade, não deveria ter sido acolhida a exceção de
admissibilidade ante o não esgotamento dos recursos internos, com fulcro no artigo 42, 2, “C”

da Convenção Americana sobre os Direitos Humanos. O item “B” está incorreto porque o estado
do Ceará não possui personalidade jurídica internacional para integrar o polo passivo da
demanda – quem o possui é o Brasil. Por fim, o item :D: está incorreto porque os familiares não

possuem legitimidade para endereçar a petição diretamente à Corte.

Questão 2

(FCC - 2016 – DPE/BA – Defensor Público) Com relação à origem histórica dos direitos

humanos, um grande número de documentos e veículos normativos podem ser mencionados,


dentre eles é correto afirmar que cada um dos documentos abaixo mencionados está
relacionado com um direito humano específico, com EXCEÇÃO de:

14
A) Declaração de Direitos do Estado da Virgínia, 1776, que disciplinou os direitos trabalhistas e
previdenciários como direitos sociais;

B) Declaração de Direitos (Bill of Rights), 1689, que previu a separação dos poderes e o direito
de petição;

C) Convenção de Genebra, 1864, que teve relevante destaque no tratamento do direito


humanitário;

D) Constituição de Weimar, 1919, que trouxe a igualdade jurídica entre marido e mulher,
equiparou os filhos legítimos aos ilegítimos com relação à política social do Estado;
E) Constituição Mexicana, 1917, que expandiu o sistema de educação pública, deu base à

reforma agrária e protegeu o trabalhador assalariado.

Comentário:

A alternativa a ser assinalada é a alternativa “A”. Consoante estudado anteriormente, a

Declaração de Direitos da Virgínia é um documento que previu a proteção dos direitos


individuais, mais notadamente o direito à vida, à liberdade, à felicidade, à segurança, etc. Com

efeito, a discussão acerca dos direitos sociais surgiu a partir do século XIX.

A alternativa B está correta, assim como a C, D e E, por seus próprios termos.

Questão 3

(VUNESP - 2014 – PC-SP – Escrivão de Polícia Civil) Documento histórico relevante na evolução

dos direitos humanos, elaborado no século XIII, que regulava várias matérias, de sentido
puramente local ou conjuntural, ao lado de outras que constituem as primeiras fundações da
civilização moderna, que considera que o rei se encontra vinculado pelas próprias leis que edita
e que traz a essência do princípio do devido processo legal em seu texto.

15
Tal descrição se refere à:

A) Lei de Habeas Corpus (ou Habeas Corpus Act);

B) Declaração de Direitos da Inglaterra (ou Bill of Rights);


C) Declaração de Independência dos Estados Unidos da América;

D) Magna Carta (ou Magna Charta Libertatum);


E) Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

Comentário:

A alternativa a ser assinalada é a alternativa “D”. Estudamos neste capítulo que uma das

principais contribuições e inovações da Magna Carta é a previsão do devido processo legal.

O Habeas Corpus Act tutelou, principalmente, o direito e a liberdade de ir e vir; a Declaração


dos Direitos da Inglaterra previu a separação dos poderes; a Declaração de Independência dos

Estados Unidos da América previu liberdades individuais e a Declaração de Direitos do Homem

e do Cidadão previu principalmente o estado laico.

Questão 4

(CESPE - 2010 – Instituto Rio Branco – Diplomata) O Direito Internacional Humanitário, campo

das ciências jurídicas com o objetivo de prestar assistência às vítimas de guerra surgiu,
efetivamente, com a primeira Convenção de Genebra, em 1864.

( ) Certo

( ) Errado

16
Comentário:

A alternativa está correta. Com efeito, o Direito Internacional Humanitário, que prevê a

assistência às vítimas de guerra, surgiu efetivamente com a primeira Convenção de Genebra em


1864. Depois da primeira convenção de Genebra, as demais surgiram para aprofundar e expandir

o Direito Internacional Humanitário.

Questão 5

(PGR - 2011 – Procurador da República) “Eficácia horizontal”, no âmbito da proteção


internacional dos direitos humanos

A) Tem o mesmo significado de “Drittwikung”;


B) Se aplica à tortura como grave violação de direitos humanos no marco da Convenção da

ONU contra Tortura de 1984;


C) Não se aplica ao trabalho escravo no marco da Convenção sobre a Escravatura de 1926;

D) Só se aplica à garantia de direitos humanos no âmbito do espaço público.

Comentário:

O item “A” está correto. Vejamos. “Drittwirkung” é a denominação para “eficácia horizontal”
em alemão. Embora a tortura seja considerada um dos exemplos de violação grave a direitos

humanos, a concepção de necessidade de combate à tortura no âmbito das relações privadas


não encontra previsão na Convenção da ONU de 1984, motivo pelo qual a assertiva “B” está
incorreta.

O item “C” também está incorreto porque a escravidão, no âmbito público ou privado, é vedada

desde a Convenção da ONU sobre a Escravatura, em 1926.

17
O item “D” está incorreto porque a eficácia horizontal dos direitos humanos é aquela aplicada

no âmbito das relações privadas.

Questão 6

(UECE-CEV- 2017 – SEAS-CE - Socioeducador) Atente ao seguinte enunciado: “[...] também

guiada pelo ideário iluminista, veio a consagrar inúmeros direitos da pessoa, em documentos
como a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, e as Constituições de 1791
e de 1793, que reconheceram expressamente a liberdade e a igualdade inerentes ao ser humano,

bem como a necessidade de limitar os poderes estatais, de modo a que estes não interferissem
na esfera de liberdade dos indivíduos”.

No que diz respeito aos direitos humanos, o enunciado acima faz referencia ao legado resultante
da

A) Revolução Inglesa
B) Revolução Francesa

C) Revolução Industrial
D) Primeira Guerra Mundial.

Comentário:

A alternativa correta é a letra “B”. Como já abordado anteriormente, a Declaração de Direitos

do Homem e do Cidadão foi anunciada no dia 26 de agosto de 1789 na França, estando


intimamente ligada à Revolução Francesa.

Questão 7

(VUNESP – 2018 – PC/SP – Delegado de Polícia) esse documento histórico de remota conquista

dos direitos humanos foi editado com o escopo de assegurar a Supremacia do Parlamento sobre

18
a vontade do Rei, controlando e reduzindo os abusos cometidos pela nobreza em relação aos
seus súditos, em especial declarando, dentre outras conquistas, o direito de petição, eleições

livres e a proibição de fianças exorbitantes e de penas severas:


a) Petition of Rights, de 1628;

b) Habeas Corpus Act, de 1679;


c) The Bill of Rights, de 1689;

d) Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789;


e) Magna Carta, de 1215.

Comentário:

A assertiva correta é a letra “C”. Com efeito, a Petition of Rights, impunha ao rei o
reconhecimento de direitos e liberdades civis, o Habeas Corpus Act regulamentou a questão

das prisões ilegais ou abusivas, a Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão visou declarar
direitos inerentes aos homens e a Magna Carta estabeleceu algumas garantias e imunidades

aos nobres. A Bill of Rights, por sua vez, criou o direito de petição, as imunidades parlamentares,
a vedação às penas cruéis, etc.

Questão 8

(VUNESP – 2013 – PC-SP – Investigador de Polícia) Dentre os documentos reconhecidos


internacionalmente e que limitaram o poder do governante em relação aos direitos do homem,
encontra-se o mais remoto e pioneiro antecedente que submetia o Rei a um corpo escrito de

normas, procurava afastar a arbitrariedade na cobrança de impostos e implementava um


julgamento justo aos homens.

Esse importante documento histórico dos direitos humanos denomina-se

A) Talmude;

19
B) Magna Carta da Inglaterra;

C) Alcorão;

D) Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão da França;

E) Bill of Rights.

Comentário:

A assertiva correta é a letra “B”.O documento histórico descrito no enunciado é a Magna Carta

da Inglaterra, assinada em 1215 e que constituiu um acordo entre o rei e os barões da Inglaterra,
destinando-se à proteção dos direitos individuais, evitando inclusive a arbitrariedade excessiva

na cobrança de impostos e reconhecendo direitos civis como a propriedade privada.

O Talmude é uma compilação de leis judaicas e o Alcorão é o livro sagrado do Islã.

Questão 9

(FCC – 2018 – Câmara Legislativa do Distrito Federal – Consultor Legislativo) Um dos

marcos importantes na evolução histórica dos direitos humanos foi a Magna Carta, sobre a
qual é correto afirmar que

A) é o nome latino pelo qual ficou conhecida a Constituição dos Estados Unidos da América,
documento de 1777 que proclamava o direito de escolha dos governantes pelo voto, o direito

de propriedade e as liberdades de imprensa, associação e reunião.

B) também conhecida como Carta das Liberdades, foi firmada logo após a Revolução Francesa,
sendo o primeiro documento a reconhecer o direito de igualdade e, assim, o caráter universal
dos direitos humanos.

20
C) data do século XIII, e foi instituída para limitar o poder absoluto dos monarcas ingleses ao
instituir, entre outras, a regra de que nenhum homem livre poderá ser preso ou privado de seus

bens sem julgamento de seus pares segundo as leis do país.

D) foi instituída pelo parlamente britânico em 1648, e contemplou, entre outros, o bill of rights

ou petição de direitos, dotando os cidadãos do direito de questionar prisões arbitrárias por


meio do habeas corpus.

E) data da segunda metade do império romano, tendo sido criação dos juristas romanos para,
por meio do Senado, limitar o poder absoluto de vida e morte do imperador sobre seus
governados.

Comentário:

A alternativa correta é a letra “C”. Com efeito, a Magna Carta, um documento de 1215, limitou

o poder dos monarcas da Inglaterra, especialmente do Rei João, de modo que impedisse o
exercício do poder absoluto. Considerando toda a explicação já trazida neste capítulo, bem

como seu conceito, conteúdo e características, temos que a única assertiva que aborda
corretamente este documento é a letra C.

Questão 10

(MPT - 2015 – Procurador do Trabalho) Qual das seguintes cláusulas NÃO CONSTA da
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 proclamada durante a Revolução
Francesa:

A) A finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis


do homem. Esses direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão;

21
B) Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos determinados pela lei e de
acordo com as formas por esta prescritas. Os que solicitam, expedem, executam ou mandam

executar ordens arbitrárias devem ser punidos; mas qualquer cidadão convocado ou detido em
virtude da lei deve obedecer imediatamente, caso contrário torna-se culpado de resistência.

C) Todos os homens em idade adulta e no pleno gozo de sua sanidade mental têm direito de
votar e ser votado;

D) A sociedade tem o direito de pedir contas a todo agente público pela sua administração;

E) Não respondida.

Comentário:

A alternativa a ser assinalada é a letra “C”, pois é a única cláusula que não consta da
Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão. Vejamos.

Art.1º. Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem
fundamentar-se na utilidade comum.

Art. 2º. A finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e
imprescritíveis do homem. Esses direitos são a liberdade, a propriedade a segurança e a
resistência à opressão.

Art. 3º. O princípio de toda a soberania reside, essencialmente, na nação. Nenhuma


operação, nenhum indivíduo pode exercer autoridade que dela não emane expressamente.

Art. 4º. A liberdade consiste em poder fazer tudo que não prejudique o próximo. Assim,
o exercício dos direitos naturais de cada homem não tem por limites senão aqueles que
asseguram aos outros membros da sociedade o gozo dos mesmos direitos. Estes limites
apenas podem ser determinados pela lei.

Art. 5º. A lei não proíbe senão as ações nocivas à sociedade. Tudo que não é vedado pela
lei não pode ser obstado e ninguém pode ser constrangido a fazer o que ela não ordene.

Art. 6º. A lei é a expressão da vontade geral. Todos os cidadãos têm o direito de concorrer,
pessoalmente ou através de mandatários, para a sua formação. Ela deve ser a mesma para

22
todos, seja para proteger, seja para punir. Todos os cidadãos são iguais a seus olhos e
igualmente admissíveis a todas as dignidades, lugares e empregos públicos, segundo a
sua capacidade e sem outra distinção que não seja a das suas virtudes e dos seus talentos.

Art. 7º. Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos determinados pela
lei e de acordo com as formas por esta prescritas. Os que solicitam, expedem, executam
ou mandam executar ordens arbitrárias devem ser punidos; mas qualquer cidadão
convocado ou detido em virtude da lei deve obedecer imediatamente, caso contrário
torna-se culpado de resistência.

Art. 8º. A lei apenas deve estabelecer penas estrita e evidentemente necessárias e
ninguém pode ser punido senão por força de uma lei estabelecida e promulgada antes
do delito e legalmente aplicada.

Art. 9º. Todo acusado é considerado inocente até ser declarado culpado e, se julgar
indispensável prendê-lo, todo o rigor desnecessário à guarda da sua pessoa deverá ser
severamente reprimido pela lei.

Art. 10º. Ninguém pode ser molestado por suas opiniões, incluindo opiniões religiosas,
desde que sua manifestação não perturbe a ordem pública estabelecida pela lei.

Art. 11º. A livre comunicação das ideias e das opiniões é um dos mais preciosos direitos
do homem. Todo cidadão pode, portanto, falar, escrever, imprimir livremente,
respondendo, todavia, pelos abusos desta liberdade nos termos previstos na lei.

Art. 12º. A garantia dos direitos do homem e do cidadão necessita de uma força pública.
Esta força é, pois, instituída para fruição por todos, e não para utilidade particular daqueles
a quem é confiada.

Art. 13º. Para a manutenção da força pública e para as despesas de administração é


indispensável uma contribuição comum que deve ser dividida entre os cidadãos de acordo
com suas possibilidades.

Art. 14º. Todos os cidadãos têm direito de verificar, por si ou pelos seus representantes,
da necessidade da contribuição pública, de consenti-la livremente, de observar o seu
emprego e de lhe fixar a repartição, a coleta, a cobrança e a duração.

Art. 15º. A sociedade tem o direito de pedir contas a todo agente público pela sua
administração.

Art. 16.º A sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos nem
estabelecida a separação dos poderes não tem Constituição.

23
Art. 17.º Como a propriedade é um direito inviolável e sagrado, ninguém dela pode ser
privado, a não ser quando a necessidade pública legalmente comprovada o exigir e sob
condição de justa e prévia indenização.

24
GABARITO

Questão 1 - C

Questão 2 – A

Questão 3 - D

Questão 4 - Correta

Questão 5 - A

Questão 6 - B

Questão 7 - C

Questão 8 - B

Questão 9 - C

Questão 10 - C

25
QUESTÃO DESAFIO

Quais as estruturas que os direitos humanos podem assumir?


Máximo de 5 linhas

26
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO

Em geral, todo direito exprime a faculdade de exigir de terceiro, que pode ser o Estado ou
mesmo um particular, determinada obrigação. Por isso, os direitos humanos têm estrutura
variada, podendo ser: direito-pretensão, direito-liberdade, direito-poder e direito-
imunidade.
Você deve ter abordado necessariamente os seguintes itens em sua resposta:
 direito-pretensão

O doutrinador Segundo André de Carvalho Ramos (2014) menciona em sua obra que o “direito-
pretensão consiste na busca de algo, gerando a contrapartida de outrem do dever de prestar.
Nesse sentido, determinada pessoa tem direito a algo, se outrem (Estado ou mesmo outro
particular) tem o dever de realizar uma conduta que não viole esse direito. Assim, nasce o
“direito-pretensão”, como, por exemplo, o direito à educação fundamental, que gera o dever do
Estado de prestá-la gratuitamente (art. 208, I, da CF/88).”
 direito-liberdade

Os direitos humanos têm estrutura variada, podendo ser, dentre outros, direito-liberdade. Sobre
esse ponto, deve-se mencionar o que informa o doutrinador André de Carvalho Ramos (2014)

em sua obra sobre direitos humanos. Ele aponta que “O direito-liberdade consiste na faculdade
de agir que gera a ausência de direito de qualquer outro ente ou pessoa. Assim, uma pessoa

tem a liberdade de credo (art. 5º, VI, da CF/88), não possuindo o Estado (ou terceiros) nenhum
direito (ausência de direito) de exigir que essa pessoa tenha determinada religião.”

 direito-poder

Em outra vertente, tem-se o direito-poder. Acerca desse ponto André de Carvalho Ramos (2014)

tece breves comentários, mas importantes para o debate do assunto em menção. Veja-se: “Por
sua vez, o direito-poder implica uma relação de poder de uma pessoa de exigir determinada

sujeição do Estado ou de outra pessoa. Assim, uma pessoa tem o poder de, ao ser presa,
requerer a assistência da família e de advogado, o que sujeita a autoridade pública a

providenciar tais contatos (art. 5º, LXIII, da CF/88).”

27
 direito-imunidade

André de Carvalho Ramos (2014) aponta que o “direito-imunidade, que acarretam obrigações

do Estado ou de particulares revestidas, respectivamente, na forma de: (i) dever, (ii) ausência de
direito, (iii) sujeição e (iv) incompetência.” E acrescenta que “o direito-imunidade consiste na

autorização dada por uma norma a uma determinada pessoa, impedindo que outra interfira de
qualquer modo. Assim, uma pessoa é imune à prisão, a não ser em flagrante delito ou por

ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de


transgressão militar ou crime propriamente militar (art. 5º, LVI, da CF/88), o que impede que

outros agentes públicos (como, por exemplo, agentes policiais) possam alterar a posição da
pessoa em relação à prisão.”

28
LEGISLAÇÃO COMPILADA

Nesta matéria, faz-se de extrema importância a leitura de:

Afirmação histórica dos Direitos Humanos

 Magna Carta (1.215);


 Petition of Right (1.628);

 Habeas Corpus Act (1.679);


 Bill of Rights inglesa (1.689);

 Declaração de Direitos da Virginia (1.776);


 Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão (1.789);
 Convenções de Genebra (1.864-1949).

29
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

30
BARRETO, Rafael. Direitos Humanos – 8. Ed, revista, ampliada e atualizada. Salvador:Juspodivm,
2018.

CASTILHO, Ricardo. Direitos Humanos – 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

MALHEIRO, Emerson. Curso de Direitos Humanos – 3. Ed. Revista, atualizada e ampliada. São

Paulo: Atlas, 2016.

XEREZ, Rogério Saraiva. Direitos fundamentais: eficácia na esfera das relações privadas. Revista

Eletrônica Direito e Política, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciência Jurídica da


UNIVALI, Itajaí, v.9, n.2, 2º quadrimestre de 2014. Disponível em: <
https://siaiap32.univali.br/seer/index.php/rdp/article/view/6043/3317>. Acesso em 01.04.2020.

31
PDF OAB
Direitos Humanos
Capítulo 3
SUMÁRIO
DIREITOS HUMANOS, CAPÍTULO 3 .................................................................................................... 3

3. Dimensões/gerações de Direitos Humanos .............................................................................. 3


3.1 Primeira Dimensão ....................................................................................................................................................4
3.2 Segunda Dimensão .............................................................................................................................................5
3.3 Terceira Dimensão ...............................................................................................................................................6
3.4 Quarta Dimensão .................................................................................................................................................7
3.5 Quinta dimensão ..................................................................................................................................................7

QUADRO SINÓTICO ............................................................................................................................... 9

QUESTÕES COMENTADAS .................................................................................................................. 11

GABARITO .............................................................................................................................................. 22

LEGISLAÇÃO COMPILADA ................................................................................................................... 26

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................... 28

1
Olá, futuro advogado! Tudo bem?

Antes de começar o estudo, precisamos fazer algumas considerações a respeito da apostila de

nº 03 do nosso curso, tá?

Em primeiro turno, As Dimensões/Gerações de Direitos Humanos não costumam ser cobradas

no exame de ordem!

-Mas professora, por que incluí-lo nas apostilas, então?

Bom, como é de conhecimento geral, a banca examinadora tende a ser um pouco


imprevisível, e o nosso objetivo é deixar você preparado para exatamente qualquer coisa que

aparecer na prova!

Então, achamos pertinente abranger o máximo de conteúdo possível! 😊

Inclusive, ao final desta apostila, você encontrará questões de outras carreiras, para um maior
aproveitamento e assimilação de conteúdo, portanto, não deixe de respondê-las, tá?

Vamos juntos!

2
DIREITOS HUMANOS

Capítulo 3

3. Dimensões/gerações de Direitos Humanos

Continuando nossos estudos acerca da análise evolutiva dos Direitos Humanos, temos
as chamadas dimensões (ou gerações) dos Direitos Humanos.

Primeiramente cumpre ressaltar que a expressão “dimensões” é mais precisa do que


“gerações”. Isso porque essa pressupõe que a geração subsequente seja superada, eliminada,

o que não é verdade.

Como já estudado, os Direitos Humanos são dotados de historicidade, o que nos faz

concluir que eles se aperfeiçoam com o passar do tempo, de modo que uma dimensão se
relaciona intrinsicamente com a outra para garantir a sua efetividade.

Por isso iremos dar preferência à expressão “dimensões”.

Essa sistematização foi proposta por Karel Vsak, um jurista tcheco, com base nos
princípios da Revolução Francesa (liberdade, igualdade e fraternidade), buscando demonstrar a

evolução histórica dos Direitos Humanos.

Norberto Bobbio, neste sentido, sistematizou as referidas dimensões da seguinte

maneira:

1. Primeira: Liberdade, alcançando os direitos civis e políticos;

2. Segunda: Igualdade, alcançando os direitos sociais, econômicos e culturais;


3. Terceira: Fraternidade, também conhecida como princípio da solidariedade,
alcançando direitos difusos com destaque ao meio ambiente e a paz.

3
Bobbio também visualizou uma quarta dimensão, ainda em evolução, alcançando a
globalização dos Direitos Humanos. Com o passar do tempo a doutrina apontou a existência
de outras dimensões cujo destaque é a quinta, com o direito à paz.

3.1 Primeira Dimensão

Aqui temos os direitos de liberdade1.

Ela compreende os direitos civis e políticos, tendo ocorrido na passagem do Estado


Absolutista (onde o rei concentrava a figura do Estado) para o Estado Liberal de Direito.

Essa dimensão teve como referenciais jurídico-positivo a Constituição Americana de 1787 e

a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão da França, de 1789.

Os principais referenciais teóricos dessa geração são John Locke, com a obra intitulada

“Segundo Tratado sobre o Governo” e Jean Jacques Rousseau, com a obra “O Contrato Social”.
Em síntese, ambos afirmavam a existência de direitos naturais dos indivíduos que não estavam

sendo respeitados pela existência de governos arbitrários.

Aqui temos direitos de aplicabilidade imediata que atribuem ao Estado uma obrigação de

não fazer, uma liberdade negativa do Estado, que não poderia intervir na esfera de
liberdade das pessoas.

1
Vide questões 02, 03 e 09 ao final do capítulo.
4
Em provas objetivas, a afirmação de que os direitos de primeira dimensão são direitos
negativos tem sido reputada como correta. Entretanto, na verdade, nem todos o são: em
provas discursivas e orais, é interessante que se aborde o fato de que os direitos políticos
necessitam da participação das pessoas na vida política estatal. É o que chamamos de plano
de participação.

3.2 Segunda Dimensão

Aqui temos os direitos de igualdade2.

A segunda dimensão, por sua vez, compreende os direitos sociais, econômicos e culturais.

Essa dimensão se situa, historicamente, após a Revolução Industrial e após a transição do


Estado Liberal para o Estado Social. Nesse sentido, Malheiro aduz que3

No entanto, a orientação mais correta se encontra no sentido de que a sua gênese se


concebeu na Revolução Industrial, no século XIX, em face das lamentáveis condições
laborais que ali se apresentavam e os movimentos sociais em defesa dos trabalhadores,
bem como o apoio ao desenvolvimento e harmonização de legislação trabalhista para a
melhoria nas relações de trabalho.

Apesar disso, é incontestável que o fim da cruenta Primeira Guerra Mundial (28 de julho
de 1914 a 11 de novembro de 1918), que ceifou milhares de vidas em razão de
preitesias desmesuradas, e a elaboração do Tratado de Versalhes (1919) em muito
contribuíram para estabelecer melhorias nas condições sociais dos trabalhadores.

2
Vide questões 07 e 08 ao final do capítulo.
3
MALHEIRO, Emerson. Curso de Direitos Humanos – 3. Ed, p. 40.

5
O Tratado de Versalhes, além de fazer curvar a Alemanha, levá-la praticamente à
bancarrota e ser o embrião da Segunda Guerra Mundial (1 de setembro de 1939 a 2 de
setembro de 1945), criou a Liga das Nações, que originou a atual Organização das
Nações Unidas (ONU) e também a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

A concepção de uma legislação trabalhista nas relações exteriores originou-se como


consequência de especulações éticas e econômicas sobre o custo humano da Revolução
Industrial.

A Constituição mexicana (1917) foi historicamente bastante importante por conter em


seu bojo direitos de segunda dimensão.

Portanto, aqui temos que esses direitos demonstram um momento histórico onde havia a
necessidade de o Estado intervir na seara econômica e prestar serviços essenciais como

educação e saúde. Assim, temos que eles são direitos positivos, de natureza prestacional.

Os seus referenciais teóricos são a “Encíclica Rerum Novarum sobre a condição dos
operários”, da Igreja Católica, de 1891, e o “Manifesto do Partido Comunista” de Karl Marx e

Friedrich Engels, de 1848.

No Brasil, a Constituição de 1934 traz os direitos de segunda dimensão.

3.3 Terceira Dimensão

São os direitos de fraternidade4.

O final da Segunda Guerra Mundial e a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em

1948, simbolizaram o marco para uma grande nova ordem mundial, da qual decorreram os
direitos de terceira dimensão. Eles são os direitos difusos, dos povos, da humanidade, da

solidariedade, decorrentes principalmente de um sentimento gerado frente aos abusos


cometidos durante a segunda grande guerra.

A sua principal característica está relacionada com o fato de serem esses direitos

reconhecidos pela simples condição humana de todos os indivíduos.

4
Vide questões 01, 04, 05 e 06 ao final do capítulo.
6
São exemplos o direito ao desenvolvimento, ao meio ambiente, à autodeterminação dos
povos, à comunicação, dentre outros.

Aqui não temos um referencial teórico específico.

Por retirar do indivíduo o seu foco, partindo para a coletividade, temos que a

titularidade dos direitos de terceira dimensão é indeterminada.

3.4 Quarta Dimensão

Sobre a quarta dimensão, temos que essa já foi afirmada por Norberto Bobbio em 1990

na obra intitulada “A Era dos Direitos”, referente aos efeitos da pesquisa biológica e da
manipulação do patrimônio genético humano.

Além dos direitos relativos à área genética, a quarta dimensão engloba também os direitos

relacionados à área da cibernética.

3.5 Quinta dimensão

Por fim, ante os graves acontecimentos do século XXI, temos que autores como Paulo

Bonavides5 sustentam a existência de uma quinta dimensão de Direitos Humanos.

É o direito à paz.

5
Vide questão 10 ao final do capítulo.
7
1. Dimensão: 2. Dimensão: 3. Dimensão: 4. Dimensão:
Direitos sociais, 5. Dimensão:
Direitos civis e Direitos de Direitos dos
econômicos e Direito à paz
políticos fraternidade povos
culturais

8
QUADRO SINÓTICO

Direitos
1a Geração 2a Geração 3a Geração
Humanos
Valor
Liberdade Igualdade Fraternidade

Econômicos, sociais e
Direitos Civis e políticos Difusos/de solidariedade
culturais

Características Direitos negativos Direitos positivos Direitos de todos

Constituição Americana
de 1787 e Declaração Constituição de Declaração Universal
Marco jurídico Francesa dos Direitos Weimar e Constituição dos Direitos Humanos,
do Homem e do Mexicana de 1917 de 1948
Cidadão de 1789
“Encíclica Rerum
“O Contrato Social”, de Novarum sobre a
Jean Jacques Rousseau Condição dos
Marco teórico e “Segundo Tratado Operários”, de 1891, e -
sobre o Governo”, de o “Manifesto do
John Locke Partido Comunista”,
de Karl Marx e Engels

9
Direitos Humanos 4a Geração 5a Geração

Direitos Dos povos À paz

Preservação do ser Preservação da segurança


Características
humano e paz mundial

Referencial teórico Norberto Bobbio Paulo Bonavides

10
QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1

(FEPSE - 2019 – Agente Penitenciário) A teoria das gerações ou dimensões dos direitos

humanos expõe perspectivas desses direitos em que se incluem em cada geração ou


dimensão determinados direitos e princípios.

Conforme essa divisão clássica da doutrina, é correto afirmar:

A) Os direitos de segunda geração ou dimensão se referem aos direitos civis e políticos

compreendendo os direitos de liberdade, englobando as liberdades clássicas, negativas


ou formais;

B) Os direitos de quinta geração ou dimensão consistem na possibilidade de participação


na formação da vontade do Estado, retratando os direitos à democracia e à informação;

C) Os direitos de quarta geração ou dimensão se caracterizam por condensar os direitos e


liberdades civis, políticas, econômicas, sociais e culturais;
D) Os direitos de terceira geração ou dimensão consubstanciam como titulares a

coletividade, consagrando o princípio da solidariedade e incluindo direitos como o da


paz, ao desenvolvimento, ao meio ambiente equilibrado;

E) Os direitos de primeira geração ou dimensão são aqueles relativos aos direitos


econômicos, sociais e culturais, em que se acentua o princípio da igualdade.

11
Comentário:

A resposta correta é a letra “D”. O erro da alternativa “A” está no fato de que ela descreve os
direitos de primeira dimensão e os enquadra como de segunda; o erro da alternativa “B”

reside no fato de que os direitos de quinta geração são compostos pelo direito à paz na
humanidade; o item “C” está incorreto pois os direitos de quarta geração se relacionam com

a evolução da bioética e da cibernética e, por fim, a letra “E” descreve os direitos de segunda
dimensão mas os enquadra como de primeira dimensão. O item “D” está completamente
correto, uma vez que descreve perfeitamente os direitos de terceira dimensão.

Questão 2

(VUNESP - 2019 – Câmara de Monte Alto/SP – Procurador Jurídico) A doutrina, ao tratar


dos Direitos Humanos de primeira geração/dimensão, estabelece que

A) São direitos à paz, ao desenvolvimento e à autodeterminação entre outros;

B) São direitos atinentes à solidariedade social;


C) Representam a modificação do papel do Estado para além de mero fiscal das regras
jurídicas;
D) São denominados também direitos de defesa, ou prestações negativas;
E) São oriundos da constatação da vinculação do homem ao planeta terra, com recursos

finitos.

12
Comentário:

A alternativa a ser assinalada é a alternativa “D”. Consoante estudado anteriormente, os

direitos de primeira dimensão têm por base a liberdade do indivíduo, sendo que é atribuído
ao Estado uma obrigação de não fazer, mais conhecida como liberdade negativa. São direitos

dessa dimensão os civis e políticos.

Com efeito, os direitos relacionados com a solidariedade são os de terceira dimensão e os

direitos positivos são o de segunda dimensão.

Questão 3

(FGV - 2019 – DPE-RJ – Técnico Superior Jurídico) É costume que, no âmbito da teoria geral
dos direitos humanos, eles sejam classificados em gerações ou dimensões que expressam a

maneira como foram afirmados ao longo do tempo.

A primeira e a segunda gerações ou dimensões desses direitos são, respectivamente:

A) Direito Nacional e Direito Internacional;


B) Direitos Naturais e Direitos Positivos;

C) Direitos Civis e Políticos e Direitos Econômicos e Sociais;


D) Direitos Transgeracionais e Direitos Individuais;
E) Direitos da Infância e Adolescência e Direitos dos Idosos.

Comentário:

Questão de nível fácil, que encontra toda a sua fundamentação no material deste capítulo.

Com efeito, apenas uma das alternativas traz direitos referentes às dimensões dos Direitos
Humanos, sendo correta a alternativa “C”.

13
Com efeito, os direitos de primeira geração são os direitos civis e políticos, que impõem
restrições à atuação do Estado, e os direitos de segunda geração são os direitos econômicos,

sociais e culturais, que exigem um fazer do Estado (são os chamados direitos positivos).

Questão 4

(CESPE - 2019 – TJ-PR – Juiz Substituto) Considerando-se o surgimento e a evolução dos


direitos fundamentais em gerações, é correto afirmar que o direito ao meio ambiente

ecologicamente equilibrado é considerado, pela doutrina, direito de

A) Primeira geração;
B) Segunda geração;

C) Terceira geração;
D) Quarta geração.

Comentário:

A alternativa correta é a letra “C”. Com efeito, os direitos de segunda dimensão, que têm

como valo a fraternidade/solidariedade, visam os direitos ao desenvolvimento, ao meio


ambiente, à autodeterminação dos povos, etc. Aqui, temos que há os direitos coletivos e

difusos.

Questão 5

(FCC - 2018 – DPE- MA – Defensor Público) Podem ser considerados exemplos de direitos
humanos de terceira geração o direito

14
A) À imigração e refúgio, à participação na economia globalizada e à segurança;

B) Ao trabalho, à paz mundial e à indivisibilidade entre os direitos;


C) À propriedade imaterial, à privacidade e ao pluralismo;

D) À bioética, o direito do consumidor e os direitos culturais;


E) Ao meio ambiente, ao desenvolvimento e à autodeterminação dos povos.

Comentário:

O item “E” está correto. Vejamos.

De acordo com Marcelo Novelino, os direitos fundamentais de terceira dimensão são aqueles
ligados ao valor fraternidade ou solidariedade; são relacionados ao meio ambiente,
desenvolvimento, progresso, autodeterminação dos povos, direito de propriedade sobre o

patrimônio comum da humanidade e direito de comunicação. Sendo assim, a única alternativa


entre as cinco apresentadas que corresponde aos direitos de terceira dimensão é a letra E.

Questão 6

(FCC- 2018 – Câmara Legislativa do Distrito Federal – Consultor Legislativo) Dentre as


gerações de Direitos Humanos, aquela que consagra a fraternidade, na certeza de que existem

direitos que transcendem a lógica da proteção individualista e cuja tutela interessa a toda a
humanidade é a

A) Primeira geração;

B) Terceira geração;
C) Segunda geração;

15
D) Quarta geração;
E) Quinta geração.

Comentário:

A alternativa correta é a letra “B”. A terceira dimensão é aquela que consagra os direitos de

fraternidade e/ou solidariedade, passando a visualizar o indivíduo dentro do todo, da


sociedade. Os direitos de primeira dimensão são os direitos civis e políticos, os de segunda

são os direitos sociais, econômicos e culturais, os de terceira são os direitos difusos, os de

quarta abrangem a bioética e os de quinta abrangem a paz e a segurança.

Questão 7

(FCC – 2018 – DPE-AM – Defensor Público) A respeito da teoria das gerações ou


dimensões de Direitos Humanos, considere:

I. A adoção do conceito de gerações de Direitos Humanos é consensual na doutrina brasileira.


II. Os Direitos Humanos de segunda geração ou dimensão estão relacionados à ideia de

solidariedade ou fraternidade, da mesma forma como os direitos de primeira geração ou


dimensão estão amparados na ideia de liberdade. III. Os Direitos Humanos de primeira

geração ou dimensão, por se tratarem de direitos de defesa, não acarretam qualquer atuação
prestacional do Estado em relação à efetivação dos mesmos. IV. Os Direitos Humanos de

segunda geração ou dimensão, dada a sua natureza prestacional, exigem uma atuação positiva
do Estado para a sua efetivação.
Está correto o que se afirma APENAS em

A) I e IV;

B) I, II e III;
C) II, III e IV;

D) IV;
16
E) II.

Comentário:

A assertiva correta é a letra “D”.

Essa questão é um pouco mais difícil que as anteriores e por isso pode gerar grandes dúvidas.

Por isso, analisaremos proposição por proposição.

I – O item está errado. Isso porque há um dissenso na doutrina com relação à nomenclatura,

sendo que parte dela critica o termo “gerações”. Conforme já estudamos, essa palavra poderia
passar uma falsa impressão de encerramento de uma fase e surgimento de outra de forma

independente, o que seria equivocado. Portanto, a adoção do conceito de gerações de


direitos humanos não é consensual.

II – O item está errado. Isso porque os direitos de segunda dimensão são informados pelo
valor da igualdade, sendo caracterizados pelos direitos sociais, econômicos e culturais.

III – O item está errado. Isso porque, com efeito os direitos de primeira geração exigem um
“não fazer” do Estado, mas essa abstenção não pode ser confundida com isenção. Assim, ele

deve garantir os direitos mínimos, o que é uma característica comum dos estados liberais.

IV- O item está correto, pois os direitos humanos de segunda dimensão, que são informados

pelo valor da igualdade, levam à necessidade de adoção de prestações positivas por parte do
Estado.

17
Questão 8

(VUNESP – 2015 – MPE-SP – Analista de Promotoria) Assinale a alternativa que


corretamente disserta sobre aspectos conceituais dos direitos humanos em sua evolução

histórica.

A) Os direitos humanos da terceira dimensão marcam a passagem de um Estado

autoritário para um Estado de Direito e, nesse contexto, o respeito às liberdades


individuais, em uma perspectiva de absenteísmo estatal, fruto do pensamento liberal-

burguês do século XVIII;


B) Os direitos de quarta dimensão, ou direitos de liberdade, têm como titular o indivíduo,
são oponíveis ao Estado, traduzem-se como faculdades ou atributos da pessoa e

ostentam uma subjetividade que é seu traço mais característico, sendo, assim, direitos
de resistência ou oposição ao Estado;

C) Os direitos fundamentais da primeira dimensão são marcados pela alteração da


sociedade por profundas mudanças na comunidade internacional, identificando-se

consequentes alterações nas relações econômico-sociais, sobretudo na sociedade de


massa, fruto do desenvolvimento tecnológico e científico;

D) Os direitos da quinta dimensão são direitos transindividuais que transcendem os


interesses do indivíduo e passam a se preocupar com o gênero humano, com altíssimo
teor de humanismo e universalidade, inserindo-se o ser humano em uma coletividade

que passa a ter direitos de solidariedade ou de fraternidade;


E) A evidenciação de direitos sociais, culturais e econômicos, correspondendo aos direitos
de igualdade, sob o prisma substancial, real e material, e não meramente formal,
mostra-se marcante nos documentos pertencentes ao que se convencionou classificar

como segunda dimensão dos direitos humanos.

Comentário:

A assertiva correta é a letra “E”.


18
Analisemos item a item.

O item “A” está incorreto. Isso porque a terceira dimensão dos direitos humanos trata dos

direitos coletivos ou difusos, exigindo uma promoção e proteção por parte do Estado, que
não deve se abster.

O item “B” está incorreto, uma vez que os direitos de quarta dimensão dizem respeito à
manipulação genética, bioética e preservação do ser humano.

O item “C” está incorreto porque a primeira geração abrange os direitos presentes na
Constituição Americana de 1787 e Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão
de 1789, tendo a liberdade como valor central.

O item “D” está incorreto, porque os direitos de quinta dimensão englobam principalmente os
direitos à segurança mundial e à paz.

Por fim, o item “E” está correto, uma vez que efetivamente os direitos de segunda dimensão

tratam dos direitos sociais, econômicos e culturais.

Questão 9

(FEPESE – 2013 –Agente de Segurança Socioeducativo) Assinale a alternativa correta acerca

da classificação dos Direitos Humanos em gerações.

A) Os direitos de liberdade são classificados como de primeira geração;

B) Os direitos sociais ou de igualdade são classificados como de quarta geração;


C) A segunda geração de direito compreende os direitos de liberdade;

D) A terceira geração de direitos é marcada pelos direitos tecnológicos, como a bioética;


E) A segunda geração de direitos envolve aqueles denominados fraternos, como o meio

ambiente ecologicamente equilibrado.

19
Comentário:

A alternativa correta é a letra “A”. Vejamos uma pequena síntese do tema e das gerações de

direitos humanos:

Direitos de primeira geração: liberdade – direitos civis e políticos – direitos negativos.

Direitos de segunda geração: igualdade – direitos sociais, econômicos e culturais – direitos


positivos.

Direitos de terceira geração: fraternidade – direitos de humanidade, difusos.

Direitos de quarta geração: decorrentes da bioética.

Direitos de quinta geração: direito à paz.

Questão 10

(VUNESP - 2013 – PC-SP – Auxiliar de Papiloscopista) A noção de direitos humanos foi-se


expandindo no decorrer da história, de forma que se passou a falar em diferentes “gerações”

ou “dimensões” de direitos. As chamadas primeira, segunda e terceira gerações de direitos


compreendem alguns direitos assegurados de forma pioneira em relação à fase histórica

anterior, dentre os quais podem ser citados, na ordem cronológica de cada geração, os
direitos.

A) Sociais, à autodeterminação dos povos e econômico.

B) Econômico, políticos e ao desenvolvimento;


C) Civis, ao desenvolvimento e políticos;

D) Políticos, ao meio ambiente sadio e sociais;


E) Civis, sociais e à paz.

20
Comentário:

A alternativa a ser assinalada é a letra “E”, pois é a única que apresenta, na ordem, os direitos

protegidos pela primeira, segunda e terceira dimensão.

O que pode gerar confusão para o candidato é a questão do direito à paz. Veja a pegadinha:

para Paulo Bonavides, o direito à paz é um direito de quinta geração. Entretanto, a VUNESP
segue doutrina diversa, que o aloca como direito de terceira dimensão. Portanto, é

interessante saber qual o posicionamento da banca com relação a esse tema, uma vez que a
quarta e a quinta dimensões de direitos humanos são controversas, ao contrário da primeira,
segunda e terceira dimensões.

21
GABARITO

Questão 1 - D

Questão 2 – D

Questão 3 - C

Questão 4 - C

Questão 5 - E

Questão 6 - B

Questão 7 - D

Questão 8 - E

Questão 9 - A

Questão 10 - E

22
QUESTÃO DESAFIO

Quais os lemas das três dimensões dos direitos humanos?


Máximo de 5 linhas

23
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO

Os direitos de primeira geração têm como lema a liberdade, enquanto, os de segunda,


têm a igualdade como mote, ao passo que os de terceira se fundam na solidariedade.
Você deve ter abordado necessariamente os seguintes itens em sua resposta:
 Primeira: liberdade.

A primeira dimensão de direitos fundamentais, neste diapasão, cujo lema característico é a


liberdade, foi marcada pela outorga estatal de liberdades públicas consistentes em direitos
negativos, oponíveis em face do Estado, em razão de existir, na época, uma única
preocupação: a necessidade de reconhecimento de um plexo de direitos aos indivíduos que os
protegesse da opressão do Estado. A primeira dimensão de direitos fundamentais é formada
pelos direitos civis e políticos. De efeito, são exemplos de direitos civis: o direito à vida, o
direito geral à liberdade (de consciência, de crença, de opinião, de expressão e ambulatória), o
direito à propriedade, o direito à livre associação, o direito ao nome, a inviolabilidade de
domicílio, dentre outros. Já dentre os direitos políticos, destacam-se o direito ao voto e o
direito a igual acesso aos cargos e funções públicas.
 Segunda geração: igualdade.

Com o propósito de assegurar condições materiais mínimas de sobrevivência, surgem, assim,


os direitos fundamentais de segunda geração, a saber, os direitos sociais, econômicos e

culturais, que têm por proeminência o lema igualdade. Os direitos sociais, portanto, são um
plexo de faculdades conferidas ao indivíduo que impõem ao Estado dever prestacional de agir,
proativamente, para assegurar condições materiais mínimas para a obtenção de uma vida
digna. Como regra, os direitos sociais são essencialmente prestacionais, exigindo a ação

proativa do Estado e da sociedade para corrigir desigualdades fáticas e situações de ofensa à


dignidade da pessoa humana.

 Terceira: fraternidade/solidariedade.

Os fenômenos internacionais da globalização, da massificação das sociedades e do

desenvolvimento tecnológico e científico, como é cediço, carrearam consigo relevantes


alterações nas relações sociais e econômicas. Como consequência, novos problemas sociais e
outras preocupações mundiais passam a ter proeminência, a exemplo da necessidade de
preservação ambiental e de proteção dos consumidores. Paralelamente, mas ainda neste

24
sentido, com o advento do Estado Democrático de Direito, a ideia de salvaguarda exclusiva
das liberdades individuais se torna obsoleta e incompleta diante do surgimento de uma gama

de direitos que pertencem a todo o corpo social, não apenas a indivíduos isoladamente
considerados ou de grupos específicos, determinados e determináveis, chamados de interesses

transindividuais ou metaindividuais, lastreados na tutela maior do gênero humano, com


elevado teor de humanidade e de universalidade. Assim, os direitos fundamentais de terceira

dimensão são titularizados por toda a coletividade (titularidade coletiva ou difusa), sendo
representados pelo lema fraternidade ou solidariedade.

25
LEGISLAÇÃO COMPILADA

Dimensões dos Direitos Humanos

 Constituição Americana de 1787;


 Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão da França, de 1789;

 Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 1934;


 Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948;

 Constituição de Weimar, de 1919;


 Constituição Mexicana de 1917.

26
ESTUDO COMPLEMENTAR

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27
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARRETO, Rafael. Direitos Humanos – 8. Ed, revista, ampliada e atualizada.

Salvador:Juspodivm, 2018.

CASTILHO, Ricardo. Direitos Humanos – 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

MALHEIRO, Emerson. Curso de Direitos Humanos – 3. Ed. Revista, atualizada e ampliada. São

Paulo: Atlas, 2016.

NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. São Paulo: Editora Método, 2009, 3 ed.

28
PDF OAB
Direitos Humanos
Capítulo 4
SUMÁRIO

DIREITOS HUMANOS, CAPÍTULO 4 ...................................................................................................3

4.A formação e a incorporação dos Tratados de Direitos Humanos..........................................3


4.1 Os Tratados...................................................................................................................................................................4
4.2 Os tratados internacionais no ordenamento jurídico brasileiro...........................................................4
4.3 A incorporação dos Tratados Internacionais de Direitos Humanos...................................................6
4.5 O Incidente de Deslocamento de Competência - IDC.............................................................................8

QUADRO SINÓTICO............................................................................................................................10

QUESTÕES COMENTADAS.................................................................................................................12

GABARITO.............................................................................................................................................22

LEGISLAÇÃO COMPILADA.................................................................................................................26

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................................28

1
Olá, futuro advogado! Tudo bem?

Antes de começar o estudo, precisamos fazer algumas considerações a respeito da apostila de

nº 04 do nosso curso, tá?

A formação e a incorporação dos tratados de direitos humanos não costumam ser cobrados
no exame de ordem!

-Mas professora, por que incluí-lo nas apostilas, então?

Bom, como é de conhecimento geral, a banca examinadora tende a ser um pouco imprevisível,

e o nosso objetivo é deixar você preparado para exatamente qualquer coisa que aparecer na
prova!

Então, achamos pertinente abranger o máximo de conteúdo possível! 😊

Inclusive, ao final desta apostila, você encontrará questões de outras carreiras, para um maior

aproveitamento e assimilação de conteúdo, portanto, não deixe de respondê-las, tá?

Vamos juntos!

2
DIREITOS HUMANOS

Capítulo 4

4. A formação e a incorporação dos Tratados de

Direitos Humanos

Nos capítulos anteriores buscamos trazer a você, caro OABeiro, um panorama geral dos
Direitos Humanos, suas principais noções e conceitos.

Abordamos também, além da teoria geral dos Direitos Humanos, as suas dimensões, tema

importantíssimo e com muita incidência nas provas de concurso público em geral.

Neste momento, adentraremos um pouco mais na matéria, abordando de uma forma didática
e muito clara aspectos sobre os tratados internacionais em geral, os tratados internacionais de

direitos humanos e a sua incorporação.

Quem tem competência para assiná-los? A partir de que momento o Estado está a ele
vinculado?

Todas essas dúvidas serão respondidas.

Ao final, antes de nosso quadro sinótico tradicional e de nossa bateria de questões,


trataremos do Incidente de Deslocamento de Competência, o IDC, muito importante e de estudo

imprescindível quando falamos de Direitos Humanos.

Vamos juntos?

Bons estudos!

3
4.1 Os Tratados

Inicialmente, faremos uma breve síntese sobre o que são os Tratados internacionais.

Nas palavras de Ricardo Castilho1

Tratados são acordos internacionais concluídos por escrito entre os sujeitos de direito
internacional e regidos pelo direito internacional, quer constem de um instrumento único,
quer de dois ou mais instrumentos anexos, qualquer que seja sua denominação específica
constituem a principal fonte de obrigação do direito internacional.

Você deve estar se questionando: quais são os sujeitos de direito internacional?

São sujeitos de direito internacional os Estados, as Organizações Internacionais, a Santa Sé,


as Coletividades Não Estatais, a Cruz Vermelha, a Ordem de Malta e o indivíduo. Entretanto,
todos menos os três últimos possuem capacidade para firmar tratados.

Importante frisar, outrossim, que “Tratado” é o gênero que engloba os pactos, as convenções,
as cartas, as declarações, os acordos, os estatutos, os compromissos, os atos, os convênios, os

protocolos e as concordatas.

Na órbita internacional, os Direitos Humanos são comumente positivados através de tratados


e convenções internacionais.

4.2 Os tratados internacionais no ordenamento jurídico brasileiro


Em geral, os tratados internacionais – não os de direitos humanos – ingressam no
ordenamento jurídico brasileiro com status de lei ordinária.

Assim, guardam relação de paridade normativa com as leis ordinárias editadas pelo Estado

Brasileiro.

Mas, no que toca aos tratados internacionais de Direitos Humanos, temos uma exceção.

Eles podem ingressar no ordenamento jurídico de duas maneiras:

1
CASTILHO, Ricardo. Direitos Humanos – 6 ed, p. 108.

4
 Status de Emenda Constitucional

Vejamos o que dispõe a Constituição Federal da República Federativa do Brasil de 1988:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)

§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem


aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos
votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.

Esse dispositivo nos traz que os tratados que versam sobre Direitos Humanos que forem

aprovados em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos de votação, com o quórum de
aprovação de 3/5 de seus membros, terá força de emenda constitucional.

É o que chamamos de quórum qualificado.

O que significa dizer que o tratado terá força de emenda constitucional?

Significa que eles não poderão perder a sua eficácia por lei ordinária brasileira que for editada
posteriormente.

O parágrafo terceiro, do qual estamos tratando, foi acrescido pela Emenda Constitucional 45,

de dezembro de 2004.

 Status de norma supralegal

Por outro lado, quando internalizados pelo quórum de norma infraconstitucional, temos que

os tratados internacionais de direitos humanos possuirão status de norma supralegal, ou seja,


abaixo da Constituição Federal e acima das demais leis.

Sendo assim, de acordo com a posição consagrada no Supremo Tribunal Federal, o que

chamamos de Teoria do Duplo Estatuto, os tratados de Direitos Humanos que não forem
aprovados pelo rito especial do artigo 5°, §3° da Constituição Federal, sejam anteriores ou

posteriores à Emenda Constitucional 45/2004, terão status de norma supralegal2.

2
Vide questões 02 e 4 a 10 no final do capítulo.
5
Nas palavras de Marcelo Novelino3 sobre os Tratados Internacionais de Direitos humanos e

seus status:

Não há óbice a que os incorporados antes da promulgação da referida Emenda sejam


submetidos à nova votação no Congresso Nacional, a fim de serem aprovados com o quórum

qualificado. Nesse caso, a legitimidade para iniciar o processo legislativo deve ser a mesma
prevista para a propositura de emendas, aplicando-se, por analogia, o disposto no artigo 60,

incisos I a III, da Constituição.

4.3 A incorporação dos Tratados Internacionais de Direitos


Humanos

Feitas as primeiras considerações acerca dos Tratados Internacionais de Direitos Humanos,

neste momento passaremos a abordar a sua incorporação no ordenamento jurídico brasileiro.

Para tanto, é necessário saber que o primeiro ato realizado pelo Estado é a assinatura do
tratado, por meio do Chefe do Estado.

Nos termos do artigo 84, VIII da Constituição Federal, a competência para a assinatura de
tratados internacionais é privativa do Presidente da República:

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

I - Nomear e exonerar os Ministros de Estado;

II - Exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração


federal;

III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição;

3
Novelino, MARCELO. Curso de Direito Constitucional, p. 317.
6
IV - Sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e
regulamentos para sua fiel execução;

V - Vetar projetos de lei, total ou parcialmente;

VI - Dispor, mediante decreto, sobre

a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento


de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;

b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;

VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes


diplomáticos;

VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do


Congresso Nacional;

Realizada essa assinatura, o tratado já passa a obrigar o Estado que o firmou? Depende.

Nesse ponto, temos que necessário se faz o estudo dos dois modelos de vontade existentes:

 Modelo de unicidade de vontade: Caso o Estado adote este modelo, basta apenas a

manifestação de vontade do Chefe do Executivo para que o Estado se obrigue


internacionalmente perante o tratado assinado.
 Modelo de duplicidade de vontades: Já no modelo de duplicidade de vontades, para

que o tratado passe a obrigar o Estado é necessário que também haja a manifestação
de vontade do Poder Legislativo. É dizer: a validade da assinatura realizada pelo Chefe

do Executivo fica condicionada à aprovação do Parlamento.

O segundo é o modelo adotado, em geral, pelo Brasil.

Feita a assinatura do tratado pelo Chefe do Executivo, e como a iniciativa é presidencial, o


processo de aprovação pelo Congresso Nacional começará pela Câmara dos Deputados.

Depois de passar pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, pela Comissão de
Constituição e Justiça e Cidadania e, eventualmente, por alguma comissão temática, o Plenário

da Câmara votará.

7
Aprovado pela Câmara dos Deputados, é a vez do Senado. O projeto é encaminhado à
Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, que, após parecer desta, é votado pelo

Plenário. Aprovado, o Presidente do Senado promulga e publica o Decreto Legislativo.

Mas veja: o Brasil ainda não estará vinculado, ainda, no cenário internacional. Para isso, após

a aprovação legislativa, será necessário que o Chefe do Estado ratifique o tratado, ato que se
materializa com o depósito da assinatura do tratado junto ao órgão responsável4.

Por fim, o Presidente da República, mediante decreto presidencial, promulgará o tratado,


publicando o seu texto no Diário Oficial. A partir desse momento o tratado é efetivamente
incorporado ao ordenamento jurídico brasileiro.

1a fase • Assinatura do tratado

2a fase • Aprovação legislativa

3a fase • Ratificação e depósito

4a fase • Promulgação na ordem interna

4.5 O Incidente de Deslocamento de Competência - IDC


Toda vez que for constatada grave violação de Direitos Humanos, o Procurador Geral da

República, por ato discricionário e após analisar grave descumprimento dos direitos humanos,
poderá acionar o Superior Tribunal de Justiça para que a competência seja deslocada da Justiça

Estadual para a Justiça Federal5.

4
Vide questão 03 ao final do capítulo.
5
Vide questão 01 ao final do capítulo.
8
Importante ressaltar que esse incidente pode ser suscitado em qualquer fase (seja no
inquérito ou durante o processo).

A sua finalidade precípua é assegurar o cumprimento das obrigações decorrentes de

tratados internacionais dos quais o Brasil seja parte, preservando o compromisso assumido com
a efetivação dos Direitos Humanos. Vejamos o que prevê a Constituição Federal em seu artigo

109:

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:


(...)
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;
(...)
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da
República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de
tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar,
perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo,
incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal.

A justificativa jurídica para o referido deslocamento se dá principalmente pelo fato de que,

se houver a necessidade de responsabilização perante a comunidade internacional por violação


aos Direitos Humanos, a República Federativa do Brasil é quem responderá. Portanto, o coerente

é que a Justiça Federal seja a competente para julgar tais casos, pois ela responde no plano
internacional, não podendo invocar a cláusula federativa.

São requisitos do IDC, segundo o Superior Tribunal de Justiça:

grave violação de direitos humanos

o risco de responsabilização internacional pelo descumprimento de


obrigações jurídicas assumidas em tratados internacionais

incapacidades, falta de vontade política das instâncias ou autoridades


locais em solucionar o caso

9
QUADRO SINÓTICO

Tratados Internacionais

Estados, as Organizações Internacionais, a


Santa Sé, as Coletividades Não Estatais, a
Sujeitos de Direito Internacional
Cruz Vermelha, a Ordem de Malta e o
indivíduo.
Os tratados internacionais no ordenamento jurídico brasileiro

Tratados que versem sobre Direitos


Humanos que forem aprovados em cada

Casa do Congresso Nacional, em dois


turnos de votação, com o quórum de

Status de emenda Constitucional aprovação de 3/5 de seus membros, terá


força de emenda constitucional.

Quórum qualificado.

Tratados que versem sobre Direitos


Humanos quando internalizados pelo
Status de norma supralegal
quórum de norma infraconstitucional.

10
A incorporação dos Tratados Internacionais de Direitos Humanos

Basta a manifestação de vontade do Chefe


Modelo de unicidade de vontade
do Executivo
A validade da assinatura realizada pelo
Modelo de duplicidade de vontades Chefe do Executivo fica condicionada à
aprovação do Parlamento.
Fases da incorporação tratados internacionais de Direitos Humanos no
ordenamento jurídico brasileiro
Assinatura do tratado
Primeira fase

Aprovação legislativa
Segunda fase

Terceira fase Ratificação e depósito

Quarta fase Promulgação na ordem interna

Incidente de Deslocamento de Competência - IDC

Grave violação dos Direitos Humanos

Risco de responsabilização internacional


pelo descumprimento de obrigações
Requisitos:
jurídicas assumidas em tratados
internacionais
Incapacidades, falta de vontade política das
instâncias ou autoridades locais em
solucionar o caso

11
QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1

(CESPE - 2020 – MPE-CE – Promotor de Justiça) Nas hipóteses de grave violação de direitos

humanos, a fim de se assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratado


internacional, o incidente de deslocamento de competência para a justiça federal poderá ser
suscitado ao

A) STF pelo procurador-geral da República, pelo advogado-geral da União ou pelo presidente


do Senado Federal;

B) STF pelo procurador-geral da República ou pelo advogado-geral da União;


C) STJ pelo procurador-geral da República ou pelo advogado-geral da União;

D) STJ pelo procurador-geral da República;


E) STF pelo procurador-geral da República.

Comentário:

A resposta correta é a letra “D”. Essa é uma questão de nível fácil, podendo ser respondida

com o estudo do material trazido neste capítulo. É letra seca de lei, uma vez que o artigo 109,
parágrafo quinto da Constituição Federal traz que o incidente de deslocamento de competência

poderá ser suscitado ao Superior Tribunal de Justiça pelo Procurador-Geral da República.

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

(...)

V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;

(...)

12
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da
República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de
tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar,
perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo,
incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal.

Questão 2

(CESPE - 2020 – MPE-CE – Promotor de Justiça) No Brasil, após a promulgação da Emenda

Constitucional n.º 45/2004, os tratados relativos aos direitos humanos aprovados na forma
prevista são equivalentes às

A) Normas de direito fundamental;

B) Leis complementares;
C) Emendas constitucionais;
D) Leis ordinárias;

E) Garantias individuais e coletivas.

Comentário:

A alternativa a ser assinalada é a alternativa “C”.

Em geral, os Tratados Internacionais são atos normativos com status de lei ordinária.

Os Tratados Internacionais que versem sobre Direitos Humanos, por outro lado, podem ter
status de Emenda Constitucional ou status de normas supralegais.

O primeiro foi trazido pela Emenda Constitucional 45/2004, que previu rito especial de

aprovação em dois turnos, com 3/5 dos votos em cada Casa do Congresso Nacional.

Portanto, após a promulgação da EC 45/2004, os tratados relativos aos direitos humanos


aprovados na forma prevista são equivalentes às Emendas Constitucionais, sendo que as demais

assertivas estão incorretas pois não correspondem à previsão normativa.


13
Questão 3

(FEPESE - 2019 – SJC-SC – Agente Penitenciário) Analise o texto abaixo:

“Com efeito, não é razoável dar aos tratados de proteção de direitos do ser humano (a começar
pelo direito fundamental à vida) o mesmo tratamento dispensado, por exemplo, a um acordo

comercial de exportação de laranjas ou sapatos, ou a um acordo de isenção de vistos para


turistas estrangeiros. À hierarquia de valores, deve corresponder uma hierarquia de normas, nos

planos tanto nacional quanto internacional, a serem interpretadas e aplicadas mediante critérios
apropriados”.
CANÇADO TRINDADE, Antônio Augusto. Memorial em prol de uma nova mentalidade quanto à

proteção dos direitos humanos nos planos internacional e nacional, In, Os Direitos Humanos e
o Direito Internacional, org. Carlos Eduardo de Abreu Boucalt e Nadia de Araújo, Rio de Janeiro:

Renovar, 1999, p. 53.

Considerando o trecho doutrinário e a disciplina da Constituição da República Federativa do

Brasil, a respeito dos tratados internacionais sobre direitos humanos, é correto afirmar:
A) os tratados e as convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados,

em cada Casa do Congresso Nacional, em três turnos, por dois quintos dos votos dos
respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.

B) os tratados e as convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados no


Senado Federal, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão
equivalentes às emendas constitucionais.

C) os tratados internacionais sobre direitos humanos se incorporam no Brasil desde a subscrição


pelo Presidente da República em âmbito internacional.

D) prescinde de referendo do Congresso Nacional a celebração de tratados internacionais sobre


direitos humanos, para incorporação no ordenamento jurídico brasileiro.

E) desde que o Brasil seja parte, se aplicam no ordenamento jurídico brasileiro os tratados
internacionais de direitos humanos de forma imediata.

14
Comentário:

A alternativa correta é a letra “E”.

A alternativa “A” está incorreta porque os Tratados Internacionais de Direitos Humanos devem
ser aprovados em cada Casa do Congresso Nacional em dois turnos e com três quintos dos

votos dos respectivos membros, e não em três turnos por dois quintos dos votos como faz crer
a assertiva.

A alternativa “B” está incorreta porque os Tratados Internacionais de Direitos Humanos devem
ser aprovados nas duas casas do Congresso Nacional, e não apenas no Senado Federal.

A alternativa “C” está incorreta porque, no Brasil, os Tratados Internacionais de Direitos Humanos

somente passam a valer no ordenamento jurídico interno após a aprovação pelo Congresso
Nacional, seguida de decreto presidencial.

Por fim, a letra “D” está incorreta porque é imprescindível que os Tratados de Direitos Humanos

sejam referendados pelo Congresso Nacional para serem incorporados no ordenamento jurídico
brasileiro.

O item “E” está em total consonância com a letra da Constituição Federal, por isso é a assertiva

correta. Vejamos:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

(...)§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.§ 2º Os direitos e garantias
expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos
tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.

Questão 4

(FCC - 2019 – SANASA - CAMPINAS – Procurador Jurídico) Um Tratado Internacional que


versa sobre Direitos Humanos foi assinado em 2007, aprovado em 2008, em cada casa do
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, e

15
promulgado pelo Presidente da República em 2009. Em conformidade com a Constituição
Federal de 1988, referido tratado internacional será equivalente a

A) Lei complementar, pois se trata de tratado internacional sobre direitos humanos aprovado,

em cada casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos
respectivos membros;

B) Lei ordinária, pois não foi aprovado com o mesmo quórum exigido para a aprovação das
emendas constitucionais;

C) Emenda constitucional, pois todos os tratados internacionais aprovados, em cada casa do


Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros,

são equivalentes às emendas constitucionais;


D) Emenda constitucional, pois se trata de tratado internacional sobre Direitos Humanos
aprovado, em cada casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos

dos respectivos membros;


E) Lei ordinária, pois, apesar de terem amparo constitucional, apenas poderão possuir status de

norma constitucional quando reiterarem ou reprisarem normas constitucionais.

Comentário:

A alternativa correta é a letra “D”. Com efeito, apenas os tratados internacionais que versem
sobre Direitos Humanos e que sejam aprovados em dois turnos, por três quintos dos votos dos
respectivos membros de cada Casa do Congresso Nacional serão equivalentes às Emendas

Constitucionais. O item “A” está incorreto porque não será equivalente a Lei complementar; o
item “B” está incorreto porque não será equivalente a Lei ordinária; o item “C” está incorreto

porque não são todos os tratados internacionais que serão equivalentes às Emendas
Constitucionais, mas apenas os tratados internacionais que versem sobre Direitos Humanos; e
por fim o item “E” está incorreto porque referido tratado não será equivalente a Lei Ordinária.

"Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos

membros, serão equivalentes às emendas constitucionais" (art. 5º, §3º, CF).

16
Questão 5

(FGV - 2019 – Prefeitura de Salvador - BA – Analista – Engenharia Civil) A República


Federativa do Brasil celebrou tratado internacional sobre Direitos Humanos. A respeito da

incorporação desse tratado à ordem jurídica interna, é correto afirmar, considerando a


sistemática estabelecida na Constituição da República, que ele equivalerá

A) Sempre à lei ordinária;

B) Sempre à lei complementar;


C) Sempre à emenda constitucional;
D) À emenda constitucional, se cada Casa do Congresso aprova-lo, em dois turnos, pro três

quintos dos votos dos membros;


E) À emenda constitucional, se cada Casa do Congresso aprova-lo, em dois turnos, por dois

terços dos votos dos membros.

Comentário:

O item “D” está correto.

No mesmo sentido das questões anteriores, esta questiona exatamente no que toca ao quórum
da EC 45/2004, onde os tratados internacionais que versem sobre Direitos Humanos, desde que

aprovados em cada Casa do Congresso Nacional por dois turnos, com três quintos dos votos

dos membros, equivalerão às Emendas Constitucionais.

Questão 6

(VUNESP- 2019 – Câmara de Monte Alto/SP – Procurador Jurídico) A “Teoria do Duplo

Estatuto” dos tratados de Direitos Humanos, adotada pelo Supremo Tribunal Federal e por parte
da doutrina, consiste em

A) conferir natureza constitucional aos tratados e convenções internacionais sobre direitos


humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por

três quintos dos votos dos respectivos membros, e natureza supralegal a todos os demais,

17
anteriores ou posteriores à emenda constitucional que estabeleceu o rito do art. 5° , § 3° , e
que tenham sido aprovados pelo rito comum.;

B) conferir natureza constitucional aos tratados e convenções internacionais sobre direitos


humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por

três quintos dos votos dos respectivos membros, e a todos os demais, anteriores ou
posteriores à emenda constitucional que estabeleceu o rito do art. 5° , § 3°;

C) conferir natureza supralegal aos tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos
que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos
dos votos dos respectivos membros, e a todos os demais, anteriores ou posteriores à emenda

constitucional que estabeleceu o rito do art. 5° , § 3° , e que tenham sido aprovados pelo
rito comum;

D) atribuir ao Superior Tribunal da Justiça a realização do chamado controle de


convencionalidade nacional das leis em relação aos tratados tidos como supralegais, exceto

em relação aos tratados incorporados pelo rito especial previsto no art. 5° , § 3° , da


Constituição Federal, que passam a integrar o bloco de constitucionalidade restrito;

E) atribuir ao Supremo Tribunal Federal a realização do chamado controle de convencionalidade


nacional das leis em relação aos tratados tidos como supralegais, exceto em relação aos
tratados incorporados pelo rito especial previsto no art. 5° , § 3° , da Constituição Federal,

que passam a integrar o bloco de constitucionalidade restrito;

Comentário:

A alternativa correta é a letra “A”.

O termo pode confundir o candidato, mas temos que a Teoria do Duplo Estatuto nada mais é
do que o procedimento realizado nos termos da EC 45/2004. Essa teoria é adotada pelo STF,

onde para dirimir o conflito relativo à hierarquia dos tratados de Direitos Humanos, restou
concretizado que todos os tratados internacionais de direitos humanos que não forem

aprovados pelo rito do parágrafo terceiro do artigo quinto da Constituição Federal terão
natureza supralegal, enquanto os que seguirem o rito da EC 45/2004 terão status de Emenda

Constitucional.

18
Questão 7

(CESPE – 2019 – PRF – Policial Rodoviário Federal) A respeito do tratamento constitucional


dos tratados internacionais de direitos humanos, julgue o item que se segue.

A hierarquia constitucional dos tratados internacionais de direitos humanos depende de sua


aprovação por três quintos dos membros de cada Casa do Congresso nacional.

( ) Certo.

( ) Errado.

Comentário:

A assertiva está correta.


Com efeito, ela está em compasso com o artigo quinto, parágrafo terceiro da Constituição

Federal. Apesar de não ter sido anulada, essa questão foi muito debatida pois não trouxe a
questão da necessidade dos dois turnos. Ainda assim, apesar de estar incompleta, não está
incorreta e foi mantida no certame.

Questão 8

(CESPE – 2019 – PRF – Policial Rodoviário Federal) A respeito do tratamento constitucional


dos tratados internacionais de direitos humanos, julgue o item que se segue.

Conforme a maneira como são internalizados, os tratados internacionais sobre direitos humanos
podem receber status normativo-hierárquico constitucional ou legal.

( ) Certo.

( ) Errado.

19
Comentário:

A assertiva está errada.

Na verdade, a depender da maneira que são internalizados, os tratados internacionais de direitos


humanos podem receber status supralegal ou status normativo-hierárquico constitucional

(tratados como emendas constitucionais).


Apenas os demais tratados, que não versarem sobre Direitos Humanos, que terão status de lei

ordinária/legal.

Questão 9

(CESPE – 2018 –MPU – Técnico do MPU) Com base nas disposições constitucionais acerca de
princípios, direitos e garantias fundamentais, julgue o item a seguir.

Os tratados internacionais sobre direitos humanos possuem status de emendas constitucionais,


de maneira que a autoridade pública que a eles desobedecer estará sujeita a responsabilização.

( ) Certo

( ) Errado

Comentário:

A alternativa está errada. Com efeito, nos termos da Emenda Constitucional 45/2004, apenas os
tratados internacionais de direitos humanos aprovados em cada Casa do Congresso Nacional,

em dois turnos, por três quintos de seus membros terão status de emendas constitucionais,
sendo que os demais possuirão status de norma supralegal.

20
Questão 10

(CESPE - 2018 – IPHAN – Auxiliar Institucional) Com relação às normas do direito brasileiro,
julgue o item que se segue.

Todos os tratados internacionais que versem sobre direitos humanos são incluídos no

ordenamento jurídico brasileiro com força de norma constitucional.

( ) Certo.

( ) Errado.

Comentário:

A alternativa está errada. No mesmo sentido da questão anterior, temos que não são todos os
tratados internacionais que versem sobre direitos humanos que terão status de Emenda

Constitucional, mas apenas aqueles aprovados nos termos do artigo quinto, parágrafo terceiro
da Constituição Federal.

21
GABARITO

Questão 1 - D

Questão 2 – C

Questão 3 - E

Questão 4 - D

Questão 5 - D

Questão 6 - A

Questão 7 - Certo

Questão 8 - Errado

Questão 9 - Errado

Questão 10 - Errado

22
QUESTÃO DESAFIO

O que é necessário para que um tratado ou convenção


internacional tenha status de emenda constitucional?
Máximo de 5 linhas

23
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO

Conforme artigo 5º, § 3º da CF, os tratados e convenções internacionais que versem sobre
Direitos Humanos e que forem aprovados em cada Casa do Congresso Nacional, em dois
turnos de votação, por três quintos dos votos dos respectivos membros terão status de
Emendas Constitucionais.
Você deve ter abordado necessariamente os seguintes itens em sua resposta:
 Tratados e Convenções Internac. de Dir. Humanos.

A Emenda à Constituição nº 45/2004 alterou o Art. 5º da CF inserindo o seu parágrafo 3º,


estabeleceu que: “Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem
aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos
dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais” Note caro aluno, que
essa emenda à Constituição Federal buscou enfatizar a proteção ao direitos e garantias
fundamentais tornando os tratados internacionais que versem sobre Direitos Humanos norma
constitucional. Necessário se faz destacar que não são todos os tratados ou convenções
internacionais que ganharam status de Emenda à Constituição, na verdade, terão este
regramento diferenciado.
 Aprovação pelo rito das Emendas Constitucionais.

Não obstante, além do tratado ou convenção internacional ter que versar sobre Direitos
Humanos, para adquirir status de Emenda à Constituição é necessário que ele seja aprovado
pelo Congresso Nacional com quórum de emenda, ou seja, em dois turnos de votação, por três
quintos dos votas, nas duas casas. Entretanto, é imprescindível esclarecer que nem todos os
tratados internacionais sobre Direitos Humanos serão aprovados pelo quórum de emenda. Neste
caso, os tratados possuirão o status de norma supralegal, ou seja, são inferiores às normas
constitucionais, entretanto estão em um patamar acima das normas infraconstitucionais. Este
entendimento foi consolidado pela decisão do STF no RE 466343-1, do qual traremos um trecho
interessante para sua leitura: “Por conseguinte, parece mais consistente a interpretação que
atribui a característica de supralegalidade aos tratados e convenções de direitos humanos. Essa
tese pugna pelo argumento de que os tratados sobre direitos humanos seriam
infraconstitucionais, porém, diante de seu caráter especial em relação aos demais atos
normativos internacionais, também seriam dotados de um atributo de supralegalidade. Em
outros termos, os tratados sobre direitos humanos não poderiam afrontar a supremacia da
Constituição, mas teriam lugar especial reservado no ordenamento jurídico. Equipará-los à
legislação ordinária seria subestimar o seu valor especial no contexto do sistema de proteção

24
dos direitos da pessoa humana”. Por fim, os demais tratados ou convenções internacionais que
eventualmente sejam incorporados ao ordenamento jurídico brasileiro possuirão status de
norma infraconstitucional.

25
LEGISLAÇÃO COMPILADA

A formação e a incorporação dos Tratados Internacionais de Direitos

Humanos

 Constituição Federal de 1988 – Artigos 5º, 60, 84 e 109.

26
ESTUDO COMPLEMENTAR

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27
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARRETO, Rafael. Direitos Humanos – 8. Ed, revista, ampliada e atualizada. Salvador:Juspodivm,


2018.

CASTILHO, Ricardo. Direitos Humanos – 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado – 21 ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

MALHEIRO, Emerson. Curso de Direitos Humanos – 3. Ed. Revista, atualizada e ampliada. São
Paulo: Atlas, 2016.

NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. São Paulo: Editora Método, 2009, 3 ed.

NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. São Paulo: Editora Método, 2017, 12 ed.

28
PDF OAB
Direitos Humanos
Capítulo 5
SUMÁRIO
DIREITOS HUMANOS, CAPÍTULO 5 .................................................................................................... 3

5.ONU – A proteção internacional dos Direitos Humanos............................................................ 3


5.1 Precedentes históricos da ONU ....................................................................................................................3
5.2 A Organização das Nações Unidas..............................................................................................................4
5.3 Os princípios orientadores da ONU ............................................................................................................6

5.4 A estrutura da ONU ...........................................................................................................................................8


5.5 Órgãos específicos da ONU......................................................................................................................... 10

QUADRO SINÓTICO ............................................................................................................................. 12

QUESTÕES COMENTADAS .................................................................................................................. 14

GABARITO .............................................................................................................................................. 24

LEGISLAÇÃO COMPILADA ................................................................................................................... 29

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................... 31

1
Olá, futuro advogado! Tudo bem?

Antes de começar o estudo, precisamos fazer algumas considerações a respeito da apostila de

nº 05 do nosso curso, tá?

ONU – A Proteção Internacional dos Direitos Humanos não costuma ser cobrada no exame

de ordem!

-Mas professora, por que incluí-lo nas apostilas, então?

Bom, como é de conhecimento geral, a banca examinadora tende a ser um pouco


imprevisível, e o nosso objetivo é deixar você preparado para exatamente qualquer coisa que

aparecer na prova!

Então, achamos pertinente abranger o máximo de conteúdo possível! 😊

Inclusive, ao final desta apostila, você encontrará questões de outras carreiras, para um maior
aproveitamento e assimilação de conteúdo, portanto, não deixe de respondê-las, tá?

Vamos juntos!

2
DIREITOS HUMANOS

Capítulo 5

5. ONU – A proteção internacional dos Direitos Humanos

Antes de estudarmos sobre o sistema global de Direitos Humanos, faz-se importante

abrirmos um capítulo para nos aprofundarmos sobre a Organização das Nações Unidas, a
ONU.

Em linhas gerais, a ONU é a entidade internacional responsável pela coordenação de todo

o universal de Direitos Humanos.

Portanto, abordaremos os precedentes históricos mais importantes da ONU, passando pela


análise dos seus princípios, de seus propósitos, de sua estrutura e de seus órgãos, tudo para

fornecer a melhor base para que você acerte todas as questões da sua prova de concurso
público.

Vamos nessa?

5.1 Precedentes históricos da ONU

Antes de abordarmos aspectos propriamente da Organização das Nações Unidas – ONU,


faz-se importante explicarmos três dos seus principais precedentes históricos.

O primeiro deles é o direito de guerra, ou direito humanitário, também conhecido como


“Direito de Genebra”. Ele é um direito que estabelece diretrizes para o tratamento de

prisioneiros de guerra e da população civil dos países em conflito.

O segundo é a Liga das Nações, criada pelo Tratado de Versalhes no ano de 1919, que
tinha como objetivo evitar que os Estados recorressem à guerra para resolver seus dilemas
internacionais.
3
Por fim, temos a Criação da Organização Internacional do Trabalho, em 1919, logo após a
Primeira Grande Guerra, cuja constituição se converteu na Parte XII do Tratado de Versalhes. A

OIT, como é chamada, foi criada com a finalidade de ser um mecanismo institucionalizado de
proteção aos Direitos Humanos no bojo das relações de trabalho.

Importante frisar que a Organização Internacional do Trabalho possui uma estrutura


tripartida, constituída por empregados, governos e empregadores.

Todos esses precedentes anunciaram um novo espaço para o direito internacional,


orientando a criação da ONU.

5.2 A Organização das Nações Unidas

A Organização das Nações Unidas passou a existir de forma oficial no dia 24 de outubro

de 1945, com a entrada em vigor da Carta das Nações Unidas1, que objetivou o respeito à
autodeterminação dos povos, a defesa dos Direitos Humanos e a solidariedade nacional.

Nas palavras de Ricardo Castilho2

A ONU surgiu, portanto, com a árdua missão de estabelecer regras a serem observadas
pelos Estados perante os indivíduos sujeitos ao seu poder e perante os demais Estados e,
também, de criar mecanismos que garantissem a eficácia daquelas regras – tudo para que
os episódios lamentáveis até então observados na ordem mundial não se repetissem.

A ONU foi fundada por cinquenta e um países, e trata-se de um organismo com órgãos
especializados e importantes propósitos.

Aliás, você sabe qual a diferença entre organismos e órgãos?

Os organismos possuem personalidade jurídica própria. Temos como exemplos a OIT (já
mencionada), a OMC (Organização Mundial do Comércio) e a OMS (Organização Mundial da

Saúde).

1
Vide questão 02 no final do capítulo.
2
CASTILHO, Ricardo. Direitos Humanos, p. 133

4
Já os órgãos não possuem personalidade jurídica própria.

Sobre os seus propósitos, neste momento importante o conteúdo do artigo 1 da Carta da

ONU:

PROPÓSITOS E PRINCÍPIOS

Artigo 1

Os propósitos das Nações unidas são:

1. Manter a paz e a segurança internacionais e, para esse fim: tomar, coletivamente,


medidas efetivas para evitar ameaças à paz e reprimir os atos de agressão ou outra
qualquer ruptura da paz e chegar, por meios pacíficos e de conformidade com os
princípios da justiça e do direito internacional, a um ajuste ou solução das controvérsias
ou situações que possam levar a uma perturbação da paz;

2. Desenvolver relações amistosas entre as nações, baseadas no respeito ao princípio de


igualdade de direitos e de autodeterminação dos povos, e tomar outras medidas
apropriadas ao fortalecimento da paz universal;

3. Conseguir uma cooperação internacional para resolver os problemas internacionais de


caráter econômico, social, cultural ou humanitário, e para promover e estimular o
respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais para todos, sem distinção
de raça, sexo, língua ou religião; e

4. Ser um centro destinado a harmonizar a ação das nações para a consecução desses
objetivos comuns.

Da análise do documento supra, podemos afirmar que são objetivos da ONU: 1) a


mantença da paz e da segurança internacionais; 2) o desenvolvimento de medidas apropriadas
à promoção de relações amigáveis entre os países; 3) solucionar problemas internacionais de

caráter econômico, social, cultural ou humanitário, a fim de promover e estimular o respeito


aos direitos humanos e às liberdades fundamentais; e 4) buscar a harmonização das ações

dentro da ONU para a consecução desses objetivos comuns.

5
Manutenção da paz
e da segurança

Promoção das
relações amigáveis
entre os países
Propósitos da ONU
Promoção do
respeito aos
Direitos Humanos

Harmonização das
ações na ONU

5.3 Os princípios orientadores da ONU

Além dos propósitos, que já analisamos acima, a ONU também possui alguns princípios
norteadores. Vamos analisá-los?

O primeiro princípio norteador da ONU que abordaremos é o princípio da igualdade.

O princípio da igualdade dispõe que todos os membros que integram a Organização das
Nações Unidas devem receber tratamento igualitário, ou seja, todos devem observar as

mesmas regras definidas pela ONU, sem distinção.

Já o princípio da boa-fé traz que todos os Estados-membros devem agir de forma ética e

leal frente às obrigações assumidas.

Em terceiro lugar, temos o princípio da paz, da justiça e da segurança internacional. Esse

princípio pode ser interpretado por si só: ele significa que as relações internacionais devem ser
conduzidas de modo a evitar o uso da força, da ameaça, etc.

6
O quarto princípio é o da assistência. De acordo com esse princípio, os Estados devem
auxiliar a ONU quando lhes for solicitado e não poderá auxiliar os Estados contra os quais a

ONU agir.

O quinto princípio é o da concordância implícita. Segundo ele, os Estados, ainda que não

sejam membros, devem se pautar pelas regras e princípios necessários à garantia da paz e
segurança internacional.

Por último temos o princípio da não intervenção interna. Esse princípio reza que a
Organização das Nações Unidas não deverá intervir em assuntos de jurisdição interna dos
Estados.

Todos os princípios elencados estão previstos no artigo 2 o da Carta da ONU:

A Organização e seus membros, para a realização dos propósitos mencionados no artigo


1, agirão de acordo com os seguintes Princípios:

1. A Organização é baseada no princípio da igualdade soberana de todos os seus


membros.

2. Todos os membros, a fim de assegurarem para todos em geral os direitos e vantagens


resultantes de sua qualidade de membros, deverão cumprir de boa fé as obrigações por
eles assumidas de acordo com a presente Carta.

3. Todos os membros deverão resolver suas controvérsias internacionais por meios


pacíficos, de modo que não sejam ameaçadas a paz, a segurança e a justiça
internacionais.

4. Todos os membros deverão evitar em suas relações internacionais a ameaça ou o uso


da força contra a integridade territorial ou a independência política de qualquer Estado,
ou qualquer outra ação incompatível com os Propósitos das Nações Unidas.

5. Todos os membros darão às Nações toda assistência em qualquer ação a que elas
recorrerem de acordo com a presente Carta e se absterão de dar auxílio a qual Estado
contra o qual as Nações Unidas agirem de modo preventivo ou coercitivo.

6. A Organização fará com que os Estados que não são membros das Nações Unidas
ajam de acordo com esses Princípios em tudo quanto for necessário à manutenção da
paz e da segurança internacionais.

7
7. Nenhum dispositivo da presente Carta autorizará as Nações Unidas a intervirem em
assuntos que dependam essencialmente da jurisdição de qualquer Estado ou obrigará os
membros a submeterem tais assuntos a uma solução, nos termos da presente Carta; este
princípio, porém, não prejudicará a aplicação das medidas coercitivas constantes do
Capitulo VII.

5.4 A estrutura da ONU

A ONU possui seis principais órgãos, previstos no artigo 7 da Carta: a Assembleia Geral,

o Conselho de Segurança, o Conselho Econômico e Social, o Conselho de Tutela, a Corte


Internacional de Justiça e o Secretariado.

Artigo 7

1. Ficam estabelecidos como órgãos principais das Nações Unidas: uma Assembleia
Geral, um Conselho de Segurança, um Conselho Econômico e Social, um conselho de
Tutela, uma Corte Internacional de Justiça e um Secretariado.

2. Serão estabelecidos, de acordo com a presente Carta, os órgãos subsidiários


considerados de necessidade.

A Assembleia Geral é constituída por todos os Estados-membros, e tem competência para


discutir qualquer questão ou assuntos que tiverem relacionados com a ONU. É responsável
também pela emissão de Resoluções, podendo expedir recomendações aos Estados e ao

Conselho de Segurança.

Cada Estado possui um voto, e como regra as decisões são tomadas por maioria dos

membros presentes, sendo que excepcionalmente em questões muito importantes o quorum


sobe para dois terços.

O Conselho de Segurança3 é composto por quinze membros no total: dez membros


ativos, que são eleitos pela Assembleia Geral para mandatos de dois anos, e cinco membros

permanentes (os Estados Unidos da América, a Rússia, a China, a França e o Reino Unido). A
vantagem de ser membro permanente é ter o denominado “direito de veto”, que se refere à
possibilidade de vetar qualquer discussão na seara da ONU.

3
Vide questão 10 no final do capítulo.
8
O Conselho de Segurança possui poderes para tratar dos temas relacionados à paz e à
segurança internacionais. O quorum para tomada de decisão é de nove membros para

questões processuais e também de nove membros para questões materiais, mas nesse caso os
cinco membros permanentes devem votar afirmativamente.

O Conselho Econômico e Social é composto por cinquenta e quatro membros eleitos


pela Assembleia Geral, e possui como finalidade lidar com problemas relacionados à saúde, à

economia, ao emprego, ao bem-estar social, à educação e à cultura, devendo formular


estudos e relatórios, podendo ainda fazer recomendações à Assembleia Geral, aos Estados-
membros e às entidades especializadas.

No artigo 68 da Carta também temos que

O Conselho Econômico e Social criará comissões para os assuntos econômicos e sociais e


a proteção dos direitos humanos assim como outras comissões que forem necessárias
para o desempenho de suas funções.

O Conselho de Tutela é objeto de muita divergência doutrinária. Isso porque há


doutrinadores que alegam ter este Conselho sido extinto.

Em síntese, o Conselho de Tutela era o órgão que tinha como objetivo fomentar o
processo de descolonização dos povos. Ocorre que, no ano de 1994, por ocasião da

independência das Ilhas Palau, o Conselho de Tutela perdeu a razão de existir, encontrando-se
esvaziado. Atente-se, contudo, para o fato de que ele ainda aparece no rol das assinaturas dos

documentos da ONU, não tendo sido retirado formalmente da Organização.

A Corte Internacional de Justiça4 é o principal órgão judicial da ONU, sendo incumbida


de julgar as causas cíveis, podendo envolver matérias de Direitos Humanos. Todos os

membros da ONU se submetem a ela.

A Corte Internacional de Justiça é composta por quinze juízes com nove anos de mandato,

não podendo figurar entre eles dois nacionais do mesmo Estado. Além disso, devem possuir
elevado saber na matéria de Direitos Humanos.

4
Vide questão 01 no final do capítulo.
9
Além disso, a CIJ possui função consultiva, cabendo a ela elaborar pareceres consultivos
sobre questões de ordem jurídica, a pedido do Conselho de Segurança e da Assembleia Geral.

Por fim, temos o Secretariado Geral, que é composto Secretário-geral e pelo pessoal
exigido pela Organização. As suas funções são basicamente a de assessoramento, de levar o

nome da ONU na esfera internacional, etc.

Cale ressaltar que o Secretário-Geral é indicado pela Assembleia Geral mediante a

recomendação do Conselho de Segurança:

Artigo 97

O Secretariado será composto de um secretário-geral e do pessoal exigido pela


Organização. O secretário-geral será indicado pela Assembleia Geral mediante a
recomendação do Conselho de Segurança. Será o principal funcionário administrativo da
Organização.

5.5 Órgãos específicos da ONU

No âmbito da ONU, existem três órgãos específicos: O Conselho de Direitos Humanos, os

Relatores Especiais de Direitos Humanos e o Alto Comissariado de Direitos Humanos.

O Conselho de Direitos Humanos5 é composto por 47 (quarenta e sete) Estados

Membros e está diretamente vinculado à Assembleia-Geral da ONU. Ele foi criado no dia 15
de março de 2006 com a finalidade de substituir a antiga Comissão de Direitos Humanos. Um

dos mecanismos utilizado pelo Conselho de Direitos Humanos, que devemos ressaltar, é a
Revisão Periódica Universal, mediante a qual o Conselho verifica a situação dos Direitos
Humanos nos Estados-parte da ONU.

Os Relatores Especiais de Direitos Humanos são, por sua vez, escolhidos em razão de
suas qualidades relativas ao trato com o tema de Direitos Humanos. Quem faz a escolha é o

próprio Conselho e eles não são vinculados ao país de sua origem nacional.

Qual a sua função? Realizar visitas nos países membros para verificar a situação dos

Direitos Humanos e, se necessário, solicitar ao Estado que evite e repare eventuais violações.

5
Vide questão 04, 05, 06, 07, 08 e 09 no final do capítulo.
10
Por fim, temos o Alto Comissariado de Direitos Humanos.

Ele é uma espécie de escritório central da Organização das Nações Unidas no que toca ao

tema de Direitos Humanos.

Ele possui sede na cidade de Genebra e tem como principal objetivo oferecer suporte

técnico e administrativo aos procedimentos do Conselho de Direitos Humanos.

Sobre esse tema, Rafael Barreto traz importantes considerações6:

O Alto Comissário, que é a pessoa à frente do Alto Comissariado, é considerado o


principal agente da ONU em torno dos Direitos Humanos, sendo responsável por
coordenar os esforços das Nações Unidas em matéria de Direitos Humanos.

6
BARRETO, Rafael. Direitos Humanos, p. 139.

11
QUADRO SINÓTICO

Propósitos da ONU

Precedentes históricos da ONU

 Direito de Genebra
 Liga das Nações
Três principais  Organização Internacional do
Trabalho

Organismos X Órgãos

Possuem personalidade jurídica própria

(exemplo: OIT)
Organismos

Não possuem personalidade jurídica


Órgãos
própria

1. Manutenção da paz e da
segurança;
2. Promoção das relações amigáveis

São quatro: entre os países;


3. Promoção do respeito aos Direitos
Humanos;
4. Harmonização das ações na ONU

Princípios da ONU

Todos os Estados-membros devem


Igualdade receber tratamento igualitário

12
Todos os Estados-membros devem agir

Boa-fé de forma ética frente às obrigações


assumidas

As relações internacionais devem ser

Da paz, da justiça e da segurança conduzidas de modo a evitar o uso da

força, da ameaça, etc.

Assistência Todos os Estados devem auxiliar a ONU

Os Estados, ainda que não sejam

membros, devem se pautar pelas regras


Concordância implícita
necessárias à garantia da paz e segurança

internacional

A ONU não deverá intervir na em


Não intervenção interna
assuntos de jurisdição interna dos Estados

Estrutura da ONU

 Assembleia Geral;
 Conselho de Segurança;
 Conselho Econômico e Social;
Órgãos  Conselho de Tutela;
 Corte Internacional de Justiça;
 Secretariado Geral

Órgãos específicos da ONU

 Conselho de Direitos Humanos


 Relatores Especiais de Direitos

Órgãos específicos Humanos


 Alto Comissariado de Direitos
Humanos

13
QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1

(CESPE - 2018 – Diplomata) Julgue (C ou E) o item a seguir, acerca do direito internacional

dos direitos humanos e do direito internacional humanitário.

A Corte Internacional de Justiça reconhece que o início de um conflito armado marca o fim

automático da vigência do direito internacional dos direitos humanos no território em


conflito, dando lugar à aplicação do direito internacional humanitário.

( ) Certo
( ) Errado.

Comentário:

A assertiva está errada. De acordo com a doutrina, existem três vertentes da proteção dos
Direitos Humanos: o direito dos refugiados, o direito humanitário e os Direitos Humanos

stricto sensu. Importante notar que o início de um conflito armado não resulta no fim da
vigência dos Direitos Humanos, com o sucessivo início da vigência do direito humanitário ou
vice-versa, porque essas normas se complementam, devendo ser aplicadas
concomitantemente. Vejamos o artigo 27 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos:

1. Em caso de guerra, de perigo público, ou de outra emergência que


ameace a independência ou segurança do Estado Parte, este poderá adotar disposições
que, na medida e pelo tempo estritamente limitados às exigências da situação, suspendam
as obrigações contraídas em virtude desta Convenção, desde que tais disposições não
sejam incompatíveis com as demais obrigações que lhe impõe o Direito Internacional e
não encerrem discriminação alguma fundada em motivos de raça, cor, sexo, idioma,
religião ou origem social.

14
Questão 2

(VUNESP - 2017 – DPE – RO – Defensor Público) Sobre a Carta das Nações Unidas, é correto
afirmar:

A) Assinada em São Francisco, em 26 de junho de 1945, criou o Conselho de Direitos

Humanos, endossando a visão de que os direitos fundamentais são essenciais para a


paz e o desenvolvimento das nações;

B) O Conselho de Segurança é composto de quinze membros das Nações Unidas. São


membros permanentes: China, Alemanha, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos. Os
demais são eleitos pela Assembleia Geral;

C) A admissão de qualquer Estado como membro das Nações Unidas será efetuada por
decisão da Assembleia Geral, sem qualquer interferência do Conselho de Segurança;

D) A Corte Internacional de Justiça foi criada como o principal órgão judicial das Nações
Unidas, sendo composto por nove juízes;

E) Seus propósitos centrais são: (i) manter a paz e a segurança internacional; (ii) fomentar
a cooperação internacional nos campos social e econômico; (iii) promover os direitos

humanos no âmbito universal.

Comentário:

A alternativa a ser assinalada é a alternativa “E”.

A afirmativa “A” está incorreta porque, apesar de a data de assinatura da Carta da ONU ser de
fato 26 de junho de 1945, o Conselho de Direitos Humanos foi criado somente em 2006.

A alternativa “B” está incorreta porque os membros permanentes do Conselho de Segurança,

na realidade, são Estados Unidos da América, Rússia, China, Grã-Bretanha e França.

15
A alternativa “C” está incorreta porque a admissão de qualquer Estado como membro das
Nações Unidas é feio por decisão da Assembleia Geral, mas é necessária a recomendação do

Conselho de Segurança.

O último item incorreto é a alternativa “D”, porque a Corte Internacional de Justiça é

composta por quinze juízes.

A alternativa “E” está correta, de acordo com os propósitos da ONU indicados no seu artigo

primeiro:

Artigo 1

Os propósitos das Nações unidas são:

1. Manter a paz e a segurança internacionais e, para esse fim: tomar, coletivamente,


medidas efetivas para evitar ameaças à paz e reprimir os atos de agressão ou outra
qualquer ruptura da paz e chegar, por meios pacíficos e de conformidade com os
princípios da justiça e do direito internacional, a um ajuste ou solução das controvérsias
ou situações que possam levar a uma perturbação da paz;

2. Desenvolver relações amistosas entre as nações, baseadas no respeito ao princípio de


igualdade de direitos e de autodeterminação dos povos, e tomar outras medidas
apropriadas ao fortalecimento da paz universal;

3. Conseguir uma cooperação internacional para resolver os problemas internacionais de


caráter econômico, social, cultural ou humanitário, e para promover e estimular o respeito
aos direitos humanos e às liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça,
sexo, língua ou religião; e

4. Ser um centro destinado a harmonizar a ação das nações para a consecução desses
objetivos comuns.

Questão 3

(UECE-CEV - 2017 – SEAS-CE – Assistente Social) Atente à seguinte descrição: “[...] principal
órgão da ONU encarregado de promover e proteger os direitos humanos [...], criado pela
Resolução 48/141 da Assembleia Geral da ONU, de 1993, a partir de recomendação da
Conferência Mundial sobre Direitos Humanos de Viena, ocorrida nesse mesmo ano”.

16
O órgão da ONU descrito acima é o

A) Conselho de Direitos Humanos


B) Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
C) Comitê para Eliminação da Discriminação Racial
D) Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos

Comentário:

A alternativa correta é a letra “D”.

Com efeito, o próprio enunciado já traz a alternativa correta: Enquanto ela pede o principal
órgão da ONU e indica que ele foi criado em 1993, temos que nas alternativas encontramos:

O Conselho de Direitos Humanos, que foi criado em 2016; o Comitê de Direitos Econômicos,

Sociais e Culturais, datado de 1985; O Comitê para Eliminação da Discriminação Racial, de


1969. O único de 1993 é o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

Ademais, no conteúdo deste capítulo abordamos o fato de o Alto Comissariado ser o principal
órgão da ONU, responsável por estabelecer relações de estreita cooperação, assistência

técnica e diálogo com os governos, instituições de Direitos Humanos, organizações da


sociedade civil e equipes dos países e agências da ONU.

Questão 4

(UECE-CEV – 2017 – SEAS - CE – Socioeducador) “O ___________________ é vinculado à


Assembleia Geral da ONU e tem sede em Genebra. [...] é composto por representantes de

quarenta e sete Estados, eleitos pelos membros da Assembleia Geral para um mandato de três
anos, em votação secreta, com direito a uma reeleição para o período subsequente, segundo

o critério de repartição geográfica”. Lei complementar, pois se trata de tratado internacional


sobre direitos humanos aprovado, em cada casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por
três quintos dos votos dos respectivos membros;

17
A) Conselho de Direitos Humanos da ONU;
B) Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais;

C) Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos;


D) Comitê para Eliminação da Discriminação Racial

Comentário:

A alternativa correta é a letra “A”.

Consoante abordado neste capítulo, o Conselho de Direitos Humanos da ONU, com sede em
Genebra, tem por finalidade principal aconselhar a Assembleia Geral sobre situações em que

os Direitos Humanos são violados. Ele foi criado no lugar da extinta Comissão de Direitos
Humanos.

Questão 5

CESPE - 2015 – Instituto Rio Branco - Diplomata) Sabendo que a Constituição Federal de
1988 determina a prevalência dos direitos humanos como um dos princípios que devem reger

as relações internacionais do Brasil, além de abrir a possibilidade de que direitos reconhecidos


em tratados internacionais se somem aos direitos e garantias fundamentais já consagrados no

texto constitucional, julgue (C ou E) o seguinte item.

Criado pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1948, o Conselho de Direitos Humanos

realiza, entre outras iniciativas, a Revisão Periódica Universal, mecanismo que permite a
avaliação da situação dos direitos humanos em todos os Estados-membros das Nações

Unidas.

( ) Certo
( ) Errado

18
Comentário:

O item está errado.

Isso porque o Conselho de Direitos Humanos é um órgão criado no dia 15 de março de 2006,

e não em 1948 como dispõe o enunciado.

Questão 6

(PGR- 2015 – Procurador Geral da República) Assinale a alternativa correta:

A) O Conselho de Direitos Humanos da ONU é órgão subsidiário da Assembleia Geral da

ONU, composto por 47 Estados, responsável pela gestão do mecanismo de revisão


periódica universal, podendo seus membros serem suspensos pela Assembleia Geral da

ONU em votação secreta e por maioria absoluta.


B) A Comissão de Direitos Humanos é órgão do Pacto Internacional de Direitos Civis e
Políticos, que tem como missão, entre outras, avaliar os relatórios periódicos

encaminhados pelos Estados partes sobre a situação dos direitos protegidos.


C) As relatorias especiais temáticas do Conselho de Direitos Humanos atuam com

independência e liberdade, mas devem contar com a anuência do Estado para realizar
visitas ao território nacional, podendo o Estado anuir de modo geral e prévio a tais

visitas .
D) O Comitê de Direitos Humanos é órgão subsidiário da Assembleia Geral da ONU,

composto por 47 membros, sendo o principal gestor do mecanismo de revisão


periódica universal e dos procedimentos especiais.

Comentário:

A alternativa correta é a letra “C”.

19
O erro da alternativa “A” é encontrado na afirmação de que a votação pela suspensão de um
membro do Conselho de Direitos Humanos da ONU deve ser aprovada pela maioria absoluta.

Na verdade, a maioria de votos da Assembleia Geral nesse caso deve ser de dois terços.

O erro da alternativa “B” reside no fato de que a Comissão de Direitos Humanos era um órgão

subsidiário ao Conselho Econômico e Social, tendo sido substituída em 2006 pelo Conselho de
Direitos Humanos.

O erro da alternativa “D” reside no fato de que, nesse caso, trata-se do Conselho de Direitos
Humanos da ONU e não do Comitê de Direitos Humanos.

O item “C” está totalmente correto. Com efeito, nessas relatorias são designados grupos de

especialistas (os relatores de trabalho), com mandato para aconselhar os países sobre a
observância de um determinado conjunto de direitos humanos. Da mesma forma que os

órgãos de monitoramento de tratados, os relatores também podem fazer recomendações aos


Estados-membros.

Questão 7

(NC-UFPR – 2014- DPE-PR – Defensor Público) Dentre as funções do Conselho de


Direitos Humanos das Nações Unidas não se inclui a de:

A) Conduzir a Revisão Periódica Universal;

B) Encaminhar denúncias de violação dos direitos humanos à Corte Internacional de


Justiça;

C) Estabelecer Procedimentos Especiais e indicar as pessoas que ocuparão os respectivos


mandatos;

D) Promover a educação sobre direitos humanos;


E) Fazer recomendações à Assembleia Geral tendo em vista o desenvolvimento do Direito

Internacional dos Direitos Humanos.

20
Comentário:

A assertiva correta é a letra “B”.

Essa questão exige do candidato um conhecimento acerca das atribuições do Conselho de

Direitos Humanos da ONU, que substituiu a anterior Comissão de Direitos Humanos.

Dentre as funções do Conselho de Direitos Humanos, não está relacionada a de encaminhar

denúncias de violação dos direitos humanos à Corte Internacional de Justiça. Com efeito, de
acordo com o artigo 34 do estatuto da CIJ, somente os Estados poderão ser parte em
questões perante a Corte, não havendo a previsão de que o Conselho de Direitos Humanos

possa submeter casos à sua jurisdição.

Questão 8

(CESPE – 2014 – Instituto Rio Branco – Diplomata) Criado em 2006, o Conselho de Direitos

Humanos sucedeu a Comissão das Nações Unidas para os Direitos Humanos e, no atual
Conselho, diferentemente do que ocorria na Comissão, não são secretas as votações para

eleger os seus membros.

( ) Certo.

( ) Errado.

Comentário:

A assertiva está errada.

21
Na verdade, de acordo com a Resolução 60/251 da Assembleia Geral das Nações Unidas, as
votações para eleger os membros do Conselho de Direitos Humanos são realizadas em

votações secretas.

Caso haja interesse de aprofundamento, este é o texto original da Resolução 60/251 que diz

respeito a essa questão:

7. Decides further that the Council shall consist of forty-seven Member States, which shall be elected
directly and individually by secret ballot by the majority of the members of the General Assembly; the
membership shall be based on equitable geographical distribution, and seats shall be distributed as
follows among regional groups: Group of African States, thirteen; Group of Asian States, thirteen;
Group of Eastern European States, six; Group of Latin American and Caribbean States, eight; and
Group of Western European and other States, seven; the members of the Council shall serve for a period
of three years and shall not be eligible for immediate re-election after two consecutive terms;

Questão 9

(FUMARC – 2013 –PC/MG – Técnico Assistente da Polícia Civil) Sobre a ONU, NÃO é
correto afirmar:

A) O Conselho de Segurança é composto por cinco membros permanentes (China, França, Reino

Unido, EUA e Rússia) e dez não permanentes;


B) A Corte Internacional de Justiça é composta por quinze juízes, tem competência jurisdicional

consultiva e é o principal órgão das Nações Unidas;


C) A Comissão de Direitos Humanos da ONU, criada pelo Conselho Econômico e Social, foi
substituída pelo Conselho de Direitos Humanos, cuja composição manteve-se em cinquenta

e três membros;
D) O poder de veto dos membros permanentes do Conselho de Segurança decorre da

necessidade de que, em relação às questões materiais sob seu exame, as deliberações sejam
tomadas por nove votos afirmativos, incluindo, todavia, os votos dos cinco membros

permanentes.

22
Comentário:

As alternativas A, B e D estão corretas no que dizem a respeito da ONU. Entretanto, o

enunciado pede a alternativa incorreta.

Logo, o gabarito é a letra “C”. Isso porque o Conselho Econômico e Social, composto por 54

membros, criou a Comissão de Direitos Humanos (com 53 membros), e a Comissão de


Direitos Humanos que foi substituída pelo Conselho de Direitos Humanos, hoje formado por

47 membros.

Questão 10

(CESPE - 2013 – DPE- DF – Defensor Público) Julgue o item abaixo com base no que dispõe
a Carta das Nações Unidas.

Os membros não permanentes do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas,


em número de dez, devem ser eleitos pela Assembleia Geral com base, entre outros critérios,

na distribuição geográfica equitativa.

( ) Certo.

( ) Errado.

Comentário:

A alternativa está correta. Conforme já estudamos neste capítulo, o Conselho de Segurança


das Nações Unidas é composto por 15 membros, sendo que cinco são permanentes e dez são
não permanentes. A escolha desses dez membros preza por uma distribuição geográfica

equitativa e seu mandato dura dois anos, não sendo permitido dois mandatos consecutivos.

23
GABARITO

Questão 1 - Errado

Questão 2 – E

Questão 3 - D

Questão 4 - A

Questão 5 - Errado

Questão 6 - C

Questão 7 - B

Questão 8 - Errado

Questão 9 - C

Questão 10 - Certo

24
QUESTÃO DESAFIO

“Nós, os povos das Nações Unidas, resolvidos a preservar as


gerações vindouras do flagelo da guerra, que, por duas vezes no
espaço da nossa vida, trouxe sofrimentos indizíveis à humanidade,
e a reafirmar a fé nos direitos fundamentais do homem, na
dignidade e no valor do ser humano, na igualdade de direitos dos
homens e das mulheres, assim como das nações grandes e
pequenas, e a estabelecer condições sob as quais a justiça e o
respeito às obrigações decorrentes de tratados e de outras fontes
de direito internacional possam ser mantidos, e a promover o
progresso social e melhores condições de vida dentro de uma
liberdade mais ampla.” Considerando trecho do preâmbulo da
Carta das Nações Unidas, documento da fundação da organização
da ONU, responda: a) Qual o papel das Nações Unidas? b) Quando
surgiu tal organização c) Quais os objetivos perseguidos por tal
organização?
Máximo de 5 linhas

25
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO

a) Manter a paz internacional e o desenvolvimento mundial b) 24 de outubro de 1945 c)


Proceder a cooperação em relação ao direito e à segurança internacional, ao
desenvolvimento econômico, ao progresso social, aos direitos humanos e à paz mundial.
Você deve ter abordado necessariamente os seguintes itens em sua resposta:
 Manutenção da paz internacional

A Organização das Nações Unidas é uma organização internacional formada por países que se
reuniram voluntariamente para trabalhar pela paz e pelo desenvolvimento mundial, tendo sido
fundada no ano de 1945, após a segunda guerra mundial, cujo marco documental foi a Carta
das Nações Unidas a cujo trecho do preâmbulo consta mencionado acima. Interessante
mencionar que antes da criação das Nações Unidas existia a Liga das Nações, criada durante a
Primeira Guerra Mundial (1919) com o mesmo objetivo de sua sucessora, a ONU: manter a paz
no mundo. A existência da liga das Nações não conseguiu evitar a eclosão da Segunda Guerra
Mundial e se dissolveu, dando origem a um novo órgão, criado levando em consideração os
defeitos e erros da Liga. Atualmente a ONU é composta por 193 países membros, dentre ele o
Brasil e que representam praticamente todas as nações do mundo. A Suíça, porém, não faz
parte da organização, apesar de participar de suas missões de paz e tem sede na Cidade de
Nova Iork. Em relação a sua estrutura pode-se afirmar que é formada por seis órgãos
principais: a) Assembleia Geral - é constituída por todos os 193 países membros, cada país
com direito a um voto. Este setor é responsável por todas as principais discussões e decisões
sobre as ações da ONU. A Assembleia pode avaliar, fazer recomendações e votar sobre
qualquer questão dentro do tratado da organização, mas estas são somente recomendações,
já que a Assembleia não possui autoridade para impô-las. A Assembleia tem o poder de
admitir novos membros e aprovar o orçamento a ser destinado para seus programas e
operações. Além disso, pode estabelecer agências e programas para implementar suas
recomendações. b) Conselho de Segurança - responsável por manter a paz internacional e por
restaurá-la quando surgem conflitos. O Conselho possui 15 membros, cinco dos quais detêm
lugares permanentes: os Estados Unidos, o Reino Unido, a França, a Rússia e a China. A
Assembleia elege os 10 outros países para servirem um mandato de dois anos. As decisões do
Conselho exigem nove votos para entrar em vigor, mas qualquer um dos membros
permanentes pode vetar uma decisão c) Secretariado - é a banca executiva que coordena a
administração de programas, políticas e operações diárias da ONU. O Secretariado é
comandado pelo secretário geral, uma pessoa escolhida pela Assembleia Geral. O Secretário
Geral é o porta-voz da ONU. Atualmente o Secretário é o português António Guterres, que

26
assumiu em 2017 para um mandato de 05 anos renovável uma única vez. d) Conselho
Socioeconômico–é o responsável por coordenar estudos e aconselhar ações econômicas e
sociais dos países, incluindo em sua área de atuação a saúde e educação internacional. e)
Tribunal Internacional de Justiça – também chamado de Corte Internacional de Justiça é a
banca judicial da ONU, localizada em Haia, na Holanda. O júri lida com casos de nações que
acusam outras nações de práticas impróprias. f) Conselho de Tutela - ainda existe, porém
encontra-se desativado dentro da ONU. Seu objetivo inicial era administrar territórios que
estavam sob sistema internacional de tutela, entre eles colônias que não haviam conquistado
sua independência. O Conselho ajudou estas nações a conquistar sua independência e
autogoverno. Observa-se que a influência da ONU no mundo em relação aos conflitos foi
bastante variável, e em alguns casos, não positiva, haja vista não ter conseguido cumprir o seu
desiderato, a exemplo da Guerra Fria, muito em razão do limitado poder que possui frente aos
seus estados membros devido a resistência dos mesmos em abrirem mão de suas soberanias
internas em prol do projeto de paz e desenvolvimento mundial. Dessa forma, em que pese
condenar violações de direitos humanos e outros atos de terror, excetuando os casos em que
se apoia por seus membros, esbarra no poder eficaz das ações. Referências: a) Nações Unidas,
2018. ONUbr. Disponível em: Acesso em 02 out. 2018 b) 10 em tudo. Disponível em:
https://www.10emtudo.com.br/artigo/a-organizacao-das-nacoes-unidas/ Acesso 04 out. 2018).
 Surgimento – 24 de outubro de 1945

As Nações Unidas começaram a existir oficialmente em 24 de outubro de 1945, após a


ratificação da Carta por China, Estados Unidos, França, Reino Unido e a ex-União Soviética,
bem como pela maioria dos signatários. É no dia 24 de outubro que se comemora em todo o
mundo o “Dia das Nações Unidas”. Anteriormente, pode-se dizer que o nome Nações Unidas
foi concebido pelo presidente norte-americano Franklin Roosevelt e utilizado pela primeira vez
na Declaração das Nações Unidas, de 1º de janeiro de 1942, quando os representantes de 26
países assumiram o compromisso de que seus governos continuariam lutando contra as
potências do Eixo. Assim, A Carta das Nações Unidas foi elaborada pelos representantes de 50
países presentes à Conferência sobre Organização Internacional, que se reuniu em São
Francisco de 25 de abril a 26 de junho de 1945. Durante a primeira reunião da Assembléia
Geral que aconteceu na capital do Reino Unido, Londres, em 1946, ficou decidido que a sede
permanente da Organização seria nos Estados Unidos, no que em dezembro do mesmo ano
John D. Rockefeller Jr. ofereceu cerca de oito milhões de dólares para a compra de parte dos
terrenos na margem do East River, na ilha de Manhattan, em Nova York, tendo a cidade de
NY oferecido o restante dos terrenos para possibilitar a construção da sede da Organização.
Interessante mencionar que o Brasil participou da elaboração da Carta da ONU em 15 de

27
junho de 1945, através de uma Delegação, a exemplo de Bertha Lutz, ressaltando-se que a
Carta das Nações Unidas foi incorporada à legislação brasileira por meio do Decreto nº 19841,
de 22 de outubro de 1945, assinado pelo presidente Getúlio Vargas. Referências: a) Nações
Unidas, 2018. ONUbr. Disponível em: Acesso em 02 out. 2018 b) 10 em tudo. Disponível em:
https://www.10emtudo.com.br/artigo/a-organizacao-das-nacoes-unidas/ Acesso 04 out. 2018.
 Objetivos

Proceder a cooperação em relação ao direito e à segurança internacional, ao desenvolvimento


econômico, ao progresso social, aos direitos humanos e à paz mundial, ou seja: dentre os

propósitos/objetivos das Nações Unidas estão os de: a) manter a paz e a segurança


internacionais; b) desenvolver relações amistosas entre as nações; c) realizar a cooperação

internacional para resolver os problemas mundiais de caráter econômico, social, cultural e


humanitário, promovendo o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais; d)
ser um centro destinado a harmonizar a ação dos povos para a consecução desses objetivos

comuns. Importante, por oportuno, mencionar os princípios regentes das nações unidas,
disponível na página oficial: As Nações Unidas agem de acordo com os seguintes princípios o

A Organização se baseia no principio da igualdade soberana de todos seus membros; o Todos


os membros se obrigam a cumprir de boa fé os compromissos da Carta; o Todos deverão

resolver suas controvérsias internacionais por meios pacíficos, de modo que não sejam
ameaçadas a paz, a segurança e a justiça internacionais; o Todos deverão abster-se em suas

relações internacionais de recorrer à ameaça ou ao emprego da força contra outros Estados; o


Todos deverão dar assistência às Nações Unidas em qualquer medida que a Organização
tomar em conformidade com os preceitos da Carta, abstendo-se de prestar auxílio a qualquer

Estado contra o qual as Nações Unidas agirem de modo preventivo ou coercitivo; o Cabe às
Nações Unidas fazer com que os Estados que não são membros da Organização ajam de

acordo com esses princípios em tudo quanto for necessário à manutenção da paz e da
segurança internacionais; o Nenhum preceito da Carta autoriza as Nações Unidas a intervir em

assuntos que são essencialmente da alçada nacional de cada país. Referências: a) Nações
Unidas, 2018. ONUbr. Disponível em: Acesso em 02 out. 2018 b) 10 em tudo. Disponível em:

https://www.10emtudo.com.br/artigo/a-organizacao-das-nacoes-unidas/ Acesso 04 out. 2018

28
LEGISLAÇÃO COMPILADA

ONU – A proteção internacional dos Direitos Humanos

 Carta da ONU, de 26 de junho de 1945

 Resolução 65/251 da Assembleia Geral das Nações Unidas

29
ESTUDO COMPLEMENTAR

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30
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARRETO, Rafael. Direitos Humanos – 8. Ed, revista, ampliada e atualizada.


Salvador:Juspodivm, 2018.

CASTILHO, Ricardo. Direitos Humanos – 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

MALHEIRO, Emerson. Curso de Direitos Humanos – 3. Ed. Revista, atualizada e ampliada. São

Paulo: Atlas, 2016.

31
PDF OAB
Direitos Humanos
Capítulo 6
SUMÁRIO

DIREITOS HUMANOS ............................................................................................................................. 3

6. O sistema global de proteção dos Direitos Humanos ............................................................ 3


6.1 A Declaração Universal de Direitos Humanos...............................................................................................4
6.1.1 A natureza jurídica da DUDH .......................................................................................................................5
6.2 Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos ..................................................................................5
6.2.1 O Comitê ...............................................................................................................................................................7
6.2.1 Os requisitos de admissibilidade ................................................................................................................7
6.3 O Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais ............................................8
6.3.1 O monitoramento ..............................................................................................................................................9
6.3.2 Os requisitos de admissibilidade ............................................................................................................. 10
6.4 Convenção nº 169 da OIT sobre Povos Indígenas e Tribais ......................................................... 10
6.5 Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados e Protocolo sobre o Estatuto dos
Refugiados ......................................................................................................................................................................... 12

QUADRO SINÓTICO ............................................................................................................................. 16

QUESTÕES COMENTADAS .................................................................................................................. 17

GABARITO .............................................................................................................................................. 29

LEGISLAÇÃO COMPILADA ................................................................................................................... 32

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................... 34

1
E ai, OABeiro! Como vai?.

A apostila de número 06 do nosso curso de Direito Penal tratou sobre O Sistema Global de
Proteção aos Direitos Humanos, Convenção nº 169 da OIT e o Estatuto e Protocolo dos

Refugiados, matérias que são comumente cobradas no Exame de ordem! De acordo com a
nossa equipe de inteligência, esse assunto esteve presente 8 VEZES nos últimos 3 anos!

Aqui, a banca costuma seguir o seu padrão: Apresentar um caso hipotético, pelo qual a
resposta é respaldada na legislação vigente. Por isso, recomendamos a leitura atenta da letra
seca da lei e entendimentos jurisprudenciais, e sempre em companhia de alguma doutrina à

sua escolha.

Dê bastante atenção Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e o Pacto internacional de

Direitos Econômicos, sociais e culturais, pois estes assuntos tiveram maior recorrência!

É imprescindível que você leia a convenção 169 da OIT, dando especial atenção ao art. 15,

que adora ser cobrado!

No mais, o Estatuto dos Refugiados merece uma atençãozinha a mais nos seus estudos, visto

que esse assunto foi cobrado 3 vezes nos últimos três anos!

Adicionamos também questões de outras carreiras jurídicas para que você tivesse uma maior
assimilação da matéria vista e que pudesse praticar ainda mais!

Não se esqueça: A resolução de questões é a chave para a aprovação! Vamos juntos!

2
DIREITOS HUMANOS

Capítulo 6

6. O sistema global de proteção dos Direitos Humanos

No capítulo anterior nós aprofundamos o nosso estudo no que toca à Organização das
Nações Unidas. Realizar essa primeira abordagem é muito importante para que você possa
compreender o sistema global de proteção dos Direitos Humanos, uma vez que ele é

basicamente estruturado em torno da ONU.

Nesse momento, contudo, convém estudarmos sobre o conjunto de diplomas


internacionais que disciplinam as relações internacionais sobre Direitos Humanos.

Por isso, veremos nesse capítulo a Declaração Universal dos Direitos Humanos, o Pacto
Internacional de Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos,
Sociais e Culturais.

No capítulo 07, por questões didáticas, estudaremos questões acerca do sistema especial
de proteção dos Direitos Humanos, caminhando cada vez mais pela matéria e levando a sua
preparação ao máximo para que alcance a tão sonhada aprovação, OABeiro!

Bons estudos!

3
6.1 A Declaração Universal de Direitos Humanos

A Declaração Universal dos Direitos Humanos 1 é o documento central do sistema global de


proteção dos Direitos Humanos, influenciando os demais tratados internacionais sobre a

matéria.

Entretanto, é importante lembrar que não existe hierarquia entre as normas, sendo que

quando houver colisão entre os seus dispositivos, devemos dar prioridade aquele que melhor
proteger a dignidade da pessoa humana.

A DUDH, como é comumente chamada, foi editada em 1948 e a sua inovação se dá


principalmente por ter universalizado a proteção do ser humano. Ela versa sobre direitos civis,
políticos, sociais, econômicos e culturais.

Em suma, temos que a DUDH foi aprovada por meio da Resolução 217 a (III) da
Assembleia Geral das Nações Unidas, em 10 de dezembro de 1948. Dos cinquenta e oito

membros das Nações Unidas à época, cinquenta a subscreveu.

Outro ponto importante é o fato de que a Declaração Universal de Direitos Humanos não

abrangeu os direitos de terceira dimensão, tendo apenas indicado a existência destes no seu
artigo primeiro, quando prevê o direito ao desenvolvimento.

A presença da Declaração Universal dos Direitos Humanos no Brasil pode ser verificada no
inciso II do artigo 4 da Constituição Federal:

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos
seguintes princípios:

I - independência nacional;

II - prevalência dos direitos humanos;

Por meio desse dispositivo, que assegura o princípio da prevalência dos Direitos Humanos,
o Brasil manifesta claramente a sua adesão à DUDH e a sua promoção no território nacional.

1
Vide questões 1, 2, 3 e 9 ao final do capítulo.
4
6.1.1 A natureza jurídica da DUDH

Com relação à sua natureza jurídica da Declaração Universal de Direitos Humanos, temos

duas correntes doutrinárias:

Primeira corrente: A Declaração Universal dos Direitos Humanos é uma resolução da

Assembleia Geral da ONU, ou seja, uma mera recomendação que não possui força cogente.
Ela não é um tratado internacional.

Segunda corrente: É a corrente majoritária no Brasil. Os defensores dessa tese sustentam

que, apesar de no ponto de vista formal a DUDH ser uma Resolução, o que culminaria na
conclusão de que não é juridicamente obrigatória, a Declaração Universal dos Direitos

Humanos possui valor jurídico material, ou seja: é fonte interpretativa do Direito Internacional
dos Direitos Humanos, possuindo força jurídica.

É o que sustenta Rafael Barreto2

A ideia que se tem é que ela constituiu uma materialização dos princípios da Carta da
ONU, materializando um consenso internacional em torno dos direitos humanos,
integrando o que se chama de soft law, expressão utilizada para se referir a instrumentos
normativos cuja força jurídica é mais fraca que a das leis, os chamados instrumentos
quase-legais.

6.2 Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos

O Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos3 foi adotado pela ONU em 19 de

dezembro de 1966, tendo sido incorporado ao Brasil em 1992, pelo Decreto 592, de 06 de
julho de 1995, ou seja, menos de quatro anos após a instauração da nova ordem

constitucional brasileira.

O pacto impõe aos Estados o dever de respeitar e garantir os direitos nele enunciados a

todos os indivíduos que estejam em seu território e sujeitos à sua jurisdição. É vedada
qualquer forma de discriminação por motivo de raça, cor, sexo, religião, opinião política ou

2
BARRETO, Rafael. Direitos Humanos, p. 163.

3
Vide questão 10 ao final do capítulo.
5
outra natureza, origem nacional ou social, situação econômica, nascimento ou qualquer outra
condição.

Quanto ao seu conteúdo, o referido pacto pode ser dividido em duas partes:

A primeira delas traz os direitos fundamentais, os denominados direitos de primeira

dimensão, limitados aos âmbitos civil e político.

A segunda traz dispositivos acerca da estrutura normativa do Pacto, ou seja, do

monitoramento à sua implementação.

O Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos possui aplicação imediata, o que
significa dizer que os direitos nele previstos podem ser exigidos imediatamente.

São eles:

 Igualdade entre homens e mulheres;

 Vida;
 Proibição de tortura ou de penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou

degradantes;
 Proibição da escravidão, de servidão e de submissão a trabalho forçado;

 Liberdade e segurança pessoal;


 Integridade do preso;
 Não prisão por descumprimento de obrigação contratual;

 Direito de circulação;
 Juízo natural;

 Presunção de inocência;
 Tipicidade penal, princípios da legalidade, anterioridade e irretroatividade;

 Personalidade jurídica;
 Vida privada;

 Liberdades de pensamento, consciência e religião;


 Liberdade de expressão;
 Direito de reunião;

 Direito de associação, inclusive constituir sindicatos;

6
 Proteção à família;
 Proteção à criança;

 Direito de participação política;


 Igualdade perante a lei e igual proteção da lei;

 Proteção às minorias;

Vejamos, detalhadamente, os que possuem maior incidência em provas de concurso


público.

6.2.1 O Comitê

Já dissemos que o Pacto é de observância obrigatória, tratando de direitos autoaplicáveis.

Mas quem faz essa “cobrança”?

É o Comitê. Exatamente: foi instituído um Comitê que recebe as denúncias das violações e
providencia as medidas cabíveis ao Estado que ratificou o Pacto. Ele é composto por dezoito

membros que são nacionais dos Estados-partes, sendo que é proibido que haja mais de um
nacional do mesmo Estado. Ademais, o mandato é de quatro anos.

Importante ressaltarmos que ao Pacto foi somado o Primeiro Protocolo Facultativo do


Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, sendo este o responsável por atribuir a

competência ao Comitê para processar e receber as denúncias. Mas veja: o Comitê não
possui poder para realizar um juízo de condenação de qualquer Estado.

6.2.1 Os requisitos de admissibilidade

Para que as comunicações e petições sejam recebidas, é necessário que se verifique no


caso concreto a existência concomitante dos três requisitos de admissibilidade:

7
O caso não estiver sob apreciação de outra instância internacional

Deve ter havido o esgotamento dos recursos internos, salvo se


comprovado que a atuação dos órgãos nacionais excedeu aos
prazos razoáveis

As petições individuais não podem ser anônimas

6.3 O Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais

O Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais foi editado pela ONU
em conjunto com o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, em 19 de dezembro de

1966. Ele foi incorporado pelo Brasil através do Decreto 591 em 06 de julho de 1992.

De acordo com o referido Pacto, os Estados-partes têm o dever de garantir o exercício

dos direitos nele enunciados, sem qualquer discriminação por motivo de raça, cor, idioma,
sexo, religião, opinião política ou de qualquer outra natureza.

Um aspecto muito importante é que a aplicação desse pacto deve ser realizada de

maneira progressiva, na medida das possibilidades de cada Estado, até o máximo de recursos
que tiver disponível. Vejamos.

Art. 2.1 do Pacto, os Estados signatários se comprometem a adotar medidas, “até o


máximo dos recursos de que disponha, para progressividade obter, por todos os meios
apropriados, inclusive a adoção de medidas legislativas em particular, plena
efetivamente dos direitos aqui reconhecidos”.

São direitos reconhecidos pelo pacto: a igualdade entre homens e mulheres, o direito
ao trabalho, o direito a condições de trabalho justas e favoráveis, a liberdade sindical, a

segurança social, a proteção e assistência à família, o direito de um nível de vida adequado

8
para si e para a sua família, o direito de desfrutar do melhor estado de saúde física e mental
possível, o direito à educação, o direito de participar da vida cultural e o direito de gozar dos

benefícios científicos.

6.3.1 O monitoramento

Nesse Pacto não restou previsto nenhum Comitê. Entretanto, o Conselho Econômico e

Social da ONU criou o Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, atribuindo-lhe


competência para fiscalizar a aplicação do Pacto.

Com relação aos mecanismos de monitoramento, o Pacto previu de início apenas os


relatórios. Contudo, em 10 de dezembro de 2008 foi aprovado o Protocolo Facultativo, que
ampliou o sistema de fiscalização para permitir as comunicações individuais, as comunicações

interestatais e um procedimento e investigação das grandes violações aos direitos humanos.

Pelas comunicações interestatais, um Estado poderá apresentar comunicação perante o

comitê denunciando outro Estado por descumprir as obrigações decorrentes do Pacto.

Pelo procedimento de investigação, o Comitê pode deflagrar uma investigação quando

receber informação fidedigna indicando a existência de violações graves ou sistemáticas dos


direitos estabelecidos no Pacto.

O mecanismo de comunicações individuais foi adotado de maneira obrigatória e os


outros dois de maneira facultativa, o que significa dizer que o comitê somente poderá atuar
quanto a eles em relação a Estados que tenham declarado aceitar da competência do Comitê

para tais mecanismos.

Originariamente, o mecanismo de monitoramento comum aos dois grandes Pactos da

ONU é o mecanismo dos relatórios; mas, atualmente, considerando os Protocolos Facultativos,


ambos os pactos apresentam em comum também as comunicações individuais e as

comunicações interestatais.

9
6.3.2 Os requisitos de admissibilidade

Aqui, também temos que devem ser verificados alguns requisitos de admissibilidade para o

recebimento das comunicações, que segue a linha do Direito Internacional. São eles:

 Que os recursos internos tenham sido esgotados ou que haja demora

injustificada na aplicação desses recursos;


 Que a comunicação seja encaminhada ao Comitê no prazo de um ano depois de
exauridos os recursos internos (exceto quando o autor puder demonstrar que não

havia a possibilidade de submeter a comunicação dentro da data limite;


 Que os fatos objetos da comunicação devem ocorrer depois da entrada em vigor

do Protocolo para o Estado-parte interessado;


 Que o caso não pode ser examinado pelo Comitê, ou ainda ter sido ou estar

sendo examinado por outro procedimento de investigação ou acordo internacional;


 Que a comunicação não seja anônima.

6.4 Convenção nº 169 da OIT sobre Povos Indígenas e Tribais

A Convenção n. 169 da OIT sobre povos indígenas e tribais foi adotada em 27 de junho
de 1989, entrando em vigor no âmbito internacional em 1991. O Brasil Ratificou-a em 2002 e
incorporou-a internamente pelo decreto n. 5051/2004.

Tendo em vista se tratar de um tratado de Direitos Humanos e não foi aprovado no


congresso nacional pelo rito especial previsto na Constituição Federal, possui força supralegal
na hierarquia normativa interna, à luz da jurisprudência atual do STF.

É a única convenção internacional em vigor que tem como objetivo resguardar o direito
dos povos indígenas, com foco especial no combate à discriminação.

A referida convenção aproveitou-se da gramática dos direitos humanos, em especial o que

consta na Declaração Universal de direitos humanos, do PICDESC, do PIDCP e dos numerosos


instrumentos internacionais sobre a prevenção da discriminação.

É composta por 44 artigos, divididos em 10 partes: política geral, terras, contratação e

condições de emprego, indústrias rurais, seguridade social e saúde, educação e meios de

10
comunicação, contatos e cooperação através das fronteiras, administração, disposições gerais e
disposições finais.

A convenção é aplicada aos povos indígenas, que são caracterizados de duas formas:

a) Define o povo indígena pelo seu traço distintivo, fundado em condições sociais,

culturais e econômicas próprias, diferentes de outros setores da coletividade


envolvente e, no fato de serem regidos, total ou parcialmente, por seus próprios

costumes ou tradições ou por legislação especial;


b) Define o povo indígena pelo seu vínculo histórico e cultural, sendo considerados

indígenas por descenderem de populações que habitavam a região na época da


conquista e que conservam todas as próprias instituições sociais, econômicas,

culturais e políticas, ou parte delas.

A base da Convenção 169 é a universalidade dos direitos humanos. A vulnerabilidade


histórica dos povos indígenas, submetidos a práticas coloniais brutais, fez com que a

convenção exigisse do Estado que este adotasse medidas especiais que sejam necessárias para
salvaguardar as pessoas, instituições e bens dos povos interessados.

O respeito às regras indígenas deve ser resguardado, inclusive no que diz respeito ao

Direito Penal, desde que seja compatível com o sistema jurídico nacional e com os direitos
humanos internacionalmente conhecidos, deverão ser respeitados os métodos adotados pelos

povos indígenas adotam.

O respeito aos usos e costumes locais surge novamente na Convenção pela proibição de
imposição de serviços obrigatórios (por exemplo, servir como jurado ou ainda prestar serviço

militar obrigatório para os de sexo masculino). No entanto, os membros desses povos podem
optar em exercer os direitos reconhecidos para todos os cidadãos do país e assumir as
obrigações correspondentes.

Os Estados devem respeitar as terras para as culturas e valores espirituais dos povos
indígenas, o que abrange a totalidade do habitat das regiões que os povos interessados
ocupam ou utilizam de alguma outra forma.

11
Em caso de pertencer ao Estado a propriedade dos minérios ou dos recursos do subsolo,
ou de ter direitos sobre outros recursos, existentes nas terras, os governos deverão estabelecer

ou manter procedimentos com vistas a consultar os povos interessados, a fim de se


determinar se os interesses desses povos seriam prejudicados, e em que medida, antes de se

empreender ou autorizar qualquer programa de prospecção ou exploração dos recursos


existentes nas suas terras. Os povos interessados deverão participar sempre que for possível

dos benefícios que essas atividades produzam, e receber indenização equitativa por qualquer
dano que possam sofrer como resultado dessas atividades.4

A Convenção ainda trata do direito ao trabalho e medidas de cunho igualitário e protetivo

nas relações de trabalho; direito à seguridade social e saúde; direito à educação, desenvolvido
em cooperação com os povos indígenas e ressalvado seu direito de criação de seus modos de
educação e mantença do idioma.

Nas disposições Gerais, é informado que, após ratificação, o Estado só pode denunciar a
convenção após 10 anos contados da entrada em vigor do tratado para o denunciante. Assim
sendo, a denúncia somente surtirá efeito um ano depois. Caso não o faça, mantém-se

vinculado por mais um período de 10 anos, quando, ao final, poderá denunciá-la, e assim
sucessivamente.

6.5 Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados e Protocolo sobre o


Estatuto dos Refugiados

A Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados foi concluída em Genebra, em 28 de

julho de 1951, e adotada pela Conferência das Nações Unidas de Plenipotenciários sobre o
Estatuto dos Refugiados e Apátridas, convocada pela Resolução n. 429 (V) da Assembleia

Geral das Nações Unidas, de 14 de dezembro de 1950. Possui, em 2017, 14 Estados partes.

o Protocolo sobre o Estatuto dos Refugiados, eliminou as limitações da convenção


coletiva. Esse Protocolo foi firmado com a finalidade de se aplicar a proteção da Convenção a

outras pessoas que não apenas aquelas que se tornaram refugiadas em resultado de
acontecimentos ocorridos antes de 1º de janeiro de 1951. O Protocolo possui onze artigos,

4
Vide questões 07 e 08
12
dentre os quais podemos destacar aquele que prevê a cooperação das autoridades nacionais
com o Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados e seu dever de fornecer

informações e dados estatísticos sobre a condição de refugiados, a aplicação do Protocolo e


sobre as leis, regulamentos e decretos que possam vir a ser aplicáveis em relação aos

refugiados (artigo II).

No Brasil, a Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados foi aprovada pelo Congresso
Nacional pelo Decreto Legislativo n. 11, de 7 de julho de 1960, com exclusão dos seus arts.

15 (direito de associação) e 17 (exercício de atividade profissional assalariada). Em 15 de


novembro de 1960, foi depositado junto ao Secretário-Geral da ONU o instrumento de

ratificação, e a Convenção foi finalmente promulgada pelo Decreto n. 50.215 de 28 de janeiro


de 1961.

O refugiado pode ser definido como pessoa que é perseguida ou tem fundado temor de

perseguição, por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas
encontra-se fora do país que reside e que não pode ou não quer voltar ao antigo país por
causa de perseguições ou fundado receio de perseguição.

A convenção poderá ter seus efeitos cessados caso a pessoa recupere a nacionalidade
voluntariamente ou voltou a se valer da proteção do país de que é nacional, adquiriu nova
nacionalidade e, tendo como consequência, adquiriu a proteção do novo pais; ou voltou a
residir, voluntariamente no pais que havia abandonado, ou quando as razões de ser
considerada refugiada deixaram de existir.

A convenção não vai ser aplicada às pessoas que cometeram crime contra a paz, crime
de guerra ou crime contra a humanidade, crime grave de direito comum fora do país do
refúgio antes de serem nele admitidas como refugiados e que se tornaram culpadas de

atos opostos aos fins e objetivos das Nações Unidas.

No capítulo II, a Convenção trata sobre a situação política dos Refugiados. O Capítulo III
cuida do exercício de empregos remunerados pelos refugiados, determinando a aplicação e o

mesmo tratamento dispensado ao estrangeiro.

13
O Capítulo IV prevê as disposições sobre o bem-estar dos refugiados. O Capítulo V trata
sobre as medidas administrativas relativas aos refugiados. Por fim, o capítulo VI traz as

disposições executórias e transitórias, tais como a necessidade de cooperação dos Estados


Contratantes com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados e o capítulo VII

trata sobre as cláusulas finais da convenção.

14
Se liga OABeiro! O Estatuto dos Refugiados é um assunto super importante para os seus
estudos no Exame de Ordem, tendo sido cobrado 3 vezes ao longo desses anos! Vejamos um

exemplo de como esse assunto foi exigido:

(XXII EXAME DE ORDEM – FGV – 2017) Em 22 de julho de 1997, foi promulgada a Lei nº
9.474, que define os mecanismos para implementação da Convenção das Nações Unidas sobre
o Estatuto dos Refugiados, da qual o Brasil é signatário.

A respeito dos mecanismos, termos e condições nela previstos, assinale a afirmativa correta.

a) Para que possa solicitar refúgio, o indivíduo deve ter ingressado no Brasil de maneira
regular.

b) Compete ao Ministério da Justiça declarar o reconhecimento, em primeira instância, da


condição de refugiado.

c) O refugiado poderá exercer atividade remunerada no Brasil, ainda que pendente o processo
de refúgio.

d) Na hipótese de decisão negativa no curso do processo de refúgio, é cabível a interposição


de recurso pelo refugiado perante o Supremo Tribunal Federal.

Comentário:

Art. 21. Recebida a solicitação de refúgio, o Departamento de Polícia Federal emitirá protocolo

em favor do solicitante e de seu grupo familiar que se encontre no território nacional, o qual
autorizará a estada até a decisão final do processo.

§ 1º O protocolo permitirá ao Ministério do Trabalho expedir carteira de trabalho provisória,

para o exercício de atividade remunerada no País.

15
QUADRO SINÓTICO

Direitos civis, políticos,

sociais, econômicos e

Declaração Universal dos culturais.


1948
Direitos Humanos
Não abrangeu os direitos de
terceira dimensão.

Direitos fundamentais de
Pacto internacional dos
1966 primeira dimensão, limitados
Direitos Civis e Políticos
aos âmbitos civil e político.

Pacto Internacional dos Direitos econômicos, sociais e

Direitos Econômicos, 1966 culturais veiculados através

Sociais e Culturais de normas programáticas.

Resguarda os direitos e
Convenção nº 169 da
1991 garantias dos povos
OIT
Indígenas.

Resguarda os direitos e

Estatuto dos Refugiados 1951 garantias das pessoas


consideradas refugiadas.

16
QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1

(IBADE - 2018 – SEJUDH-MT – Agente de Segurança Socioeducativo) Nos termos da

Declaração Universal dos Direitos Humanos, a maternidade e a infância têm direito a cuidados
e assistência especiais. Assim, é correto dizer que todas as crianças:

A) Gozarão da mesma proteção social, independentemente se nascidas dentro ou fora do

matrimônio;
B) Têm direito à instrução que o Estado definir, não cabendo aos pais escolher o gênero

da instrução que será ministrada a seus filhos;


C) Serão obrigadas, desde a infância, a associar-se à Associação das Crianças e

Adolescentes de seu país;


D) Têm o direito de deixar o próprio país, mas se o fizer, não poderá mais a ele regressar;

E) Têm direito à instrução gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais,
sendo facultativa a instrução elementar.

Comentário:

A assertiva correta é a letra “A”. Primeiramente porque, de acordo com o estudado neste
capítulo, no âmbito da Declaração Universal de Direitos Humanos todos são iguais, sem

distinção de qualquer natureza.

Para além disso, o item “A” é o único que traz a literalidade do documento, notadamente no
artigo XXV:

Artigo XXV

17
1 Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família
saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os
serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença,
invalidez, viuvez, velhice outros casos de perda dos meios de subsistência fora de seu
controle.

2 A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as


crianças nascidas dentro ou fora do patrimônio, gozarão da mesma proteção social.

Questão 2

(IBADE - 2018 – SEJUDH-MT– Assistente do Sistema Socioeducativo) “A escravidão e o


tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas”. O documento sobre direitos

humanos que traz o referido conteúdo proibicionista denomina-se:

A) Princípios orientadores das Nações Unidas para a Prevenção da Delinquência Juvenil –


Princípios Orientadores de Riad;
B) Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão;

C) Declaração Universal dos Direitos Humanos;


D) Regras Mínimas das Nações Unidas para a Administração da Justiça da Infância e da

Juventude – Regra de Bejing;


E) Regras das Crianças e Adolescentes.

Comentário:

A alternativa correta é a letra “C”. Questão de dificuldade baixa. Com efeito, o artigo IV da
Declaração Universal dos Direitos Humanos prevê que "Artigo IV Ninguém será mantido em
escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas
formas”, portanto é o único que se amolda à hipótese do enunciado.

18
Questão 3

(MS Concursos - 2019 – Prefeitura de Sonora – MS – Assistente Social) O direito


internacional dos direitos humanos pode ser definido como o conjunto de normas que
estabelece os direitos que os seres humanos possuem para o desenvolvimento de sua
personalidade e estabelece mecanismos para a proteção de tais direitos (MELLO, 2001).

Desse modo, a Declaração Universal dos Direitos Humanos busca firmar compromissos entre
as nações pela paz mundial, tendo como principal fundamento:

A) Direitos Sociais;
B) Dignidade da pessoa humana;
C) Respeito e dignidade;
D) Respeito às diferenças sociais, culturais, religiosas, econômicas.

Comentário:

A alternativa correta é a letra “B”.

Isso porque os Direitos Humanos são balizados pela dignidade da pessoa humana, seu
principal vetor.

Ademais, isso está positivado logo no preâmbulo da DUDH:

“Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família


humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da

paz no mundo”.

A dignidade da pessoa humana nada mais é do que um conjunto de princípios e valores que

têm a função de garantir que cada ser humano tenha seus direitos respeitados pelo Estado,
visando o bem-estar de todos.

19
Questão 4

(XXXI EXAME DE ORDEM – FGV - 2020) Recentemente assumiu a presidência da Câmara dos
Deputados um parlamentar que afirma que o Brasil é um país soberano e não deve ter
nenhum compromisso com os Direitos Humanos na ordem internacional. Afirma que, apesar

de ter sido internamente ratificado, o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos não se
caracteriza como norma vigente, e os direitos ali previstos podem ser suspensos ou não

precisam ser aplicados.

Por ser atuante na área dos Direitos Humanos, você foi convidado(a) pela Comissão de

Direitos Humanos da Câmara dos Deputados para prestar mais esclarecimentos sobre o
assunto. Com base no que dispõe o próprio Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos -

PIDCP, assinale a opção que apresenta o esclarecimento dado à Comissão.

A) Caso situações excepcionais ameacem a existência da nação e sejam proclamadas

oficialmente, os Estados-partes podem adotar, na estrita medida exigida pela situação,


medidas que suspendam as obrigações decorrentes do PIDCP, desde que tais medidas não

acarretem discriminação por motivo de raça, cor, sexo, língua, religião ou origem social.

B) É admissível a suspensão das obrigações decorrentes do PIDCP quando houver, no âmbito

do Estado- parte, um ato formal do Poder Legislativo e do Poder Executivo declarando o


efeito suspensivo, desde que tal ato declare um prazo para essa suspensão, que, em nenhuma

hipótese, pode exceder o período de 2 anos.

C) Em nenhuma hipótese ou situação os Estados-partes do PIDCP podem adotar medidas que


suspendam as obrigações decorrentes do Pacto, uma vez que, ratificado o Pacto, todos os
seus direitos vigoram de forma efetiva, não sendo admitida nenhuma possibilidade de

suspensão ou exceção.

D) Mesmo ratificado, o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e os direitos nele
contidos não podem ser caracterizados como normas vigentes, uma vez que se trata de
direitos em sentido fraco, de forma que apenas os direitos fundamentais, previstos na

Constituição, são direitos em sentido forte.

20
Comentário:

A resposta está no próprio Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos - Artigo 4:

Quando situações excepcionais ameacem a existência da nação e sejam proclamadas

oficialmente, os Estados Partes do presente Pacto podem adotar, na estrita medida exigida
pela situação, medidas que suspendam as obrigações decorrentes do presente Pacto,

desde que tais medidas não sejam incompatíveis com as demais obrigações que lhes
sejam impostas pelo Direito Internacional e não acarretem discriminação alguma apenas
por motivo de raça, cor, sexo, língua, religião ou origem social.

Questão 5

(XXVIII EXAME DE ORDEM – FGV - 2019) O padrasto de Ana Maria, rotineiramente, abre sua
correspondência física e entra em sua conta de e-mail sem autorização, ainda que a jovem
seja maior de idade. Cansada dessa ingerência arbitrária e sem o amparo de sua própria mãe,

a jovem busca apoio na organização de direitos humanos em que você atua.

Com base no Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (PIDCP), assinale a opção que

indica o esclarecimento correto que você, como advogado(a), prestou a Ana Maria.

A) O Pacto prevê a prevalência do poder familiar nas relações familiares e, como a conduta do

padrasto tem a concordância da mãe de Ana Maria, ainda que seja inconveniente, essa

conduta não pode ser considerada uma violação de direitos.

B) O Pacto assegura o direito à privacidade nas relações em gerais, mas nas relações

especificamente familiares admite ingerências arbitrárias se forem voltadas para a proteção e o


cuidado.

21
C) O Pacto dispõe que ninguém poderá ser objeto de ingerências arbitrárias ou ilegais em sua

vida privada, em sua família, em seu domicílio ou em sua correspondência.

D) O Pacto é omisso em relação à prática de ingerências arbitrárias na vida privada e na


família, tratando apenas da proteção da privacidade na vida pública e em face da conduta do

Estado.

Comentário:

Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (PIDCP)

ARTIGO 17

1. Ninguém poderá ser objetivo de ingerências arbitrárias ou ilegais em sua vida privada, em
sua família, em seu domicílio ou em sua correspondência, nem de ofensas ilegais às suas

honra e reputação.

2. Toda pessoa terá direito à proteção da lei contra essas ingerências ou ofensas.

Questão 6

(XX EXAME DE ORDEM – FGV - 2016) Você, advogado, foi contratado por um grupo de
organizações de defesa dos Direitos Humanos para emitir um parecer jurídico quanto à
viabilidade técnica da seguinte proposta: tendo em vista que em 2013 entrou em vigor o
Protocolo Facultativo ao Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
(PIDESC), as organizações pretendem criar um programa conjunto que envie comunicações
individuais ao comitê do PIDESC no caso de jovens que tentaram por todos os meios, mas
não conseguiram matrícula em escolas de ensino médio com ensino técnico ou
profissionalizante. Dessa forma o Comitê ao receber a comunicação, sendo esta admissível,
poderá fazer recomendações ao Estado-parte que deverá implantá-las em seis meses.

Assinale a opção que caracteriza o parecer mais adequado para o caso.

22
A) O PIDESC faz uma previsão genérica de garantia da educação e prevê expressamente o
ensino fundamental, mas não faz qualquer menção ao ensino técnico e profissional como
sendo um direito que deve ser assegurado pelos estados-partes. Por isso o Programa não
pode ser implementado.

B) O Programa proposto não pode ser implementado pois de acordo com o Protocolo ao
PIDESC apenas o indivíduo que for a vítima pode submeter diretamente a comunicação. Em
nenhuma hipótese o autor da comunicação pode ser alguém que não seja a vítima.

C) Embora a proposta seja interessante e adequada tanto ao escopo do PIDESC quanto ao


Protocolo Facultativo, ela não pode ser realizada pois o Brasil, até a presente data, não
ratificou o Protocolo Facultativo e, portanto, o Comitê não está autorizado a receber
comunicações individuais em face do Estado brasileiro.

D) O Programa proposto pelas organizações de defesa dos direitos humanos atende tanto
uma demanda da realidade brasileira quanto às disposições previstas no PIDESC e no
Protocolo Facultativo ao PIDESC, de forma que pode ser plenamente implementado.

Comentário:

Em maio de 2013, entrou em vigor o Protocolo Facultativo ao Pacto Internacional de Direitos


Econômicos, Sociais e Culturais. Com este protocolo, as vítimas de violações de direitos
econômicos, sociais e culturais, como por exemplo, o direito à alimentação, à saúde, à

habitação e à educação, que não encontram soluções em seus próprios países, podem dispor
de um mecanismo para apresentar suas queixas e denúncias em âmbito internacional ante o

Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais da ONU.

Entretanto, o Brasil ainda não integra a lista de países que ratificaram esse protocolo, portanto

o Comitê não poderia receber nenhuma denúncia em face do Estado brasileiro ainda.

Questão 7

(XXV EXAME DE ORDEM – FGV - 2018) O governo federal autorizou uma mineradora a
prospectar a exploração dos recursos existentes nas terras indígenas. Numerosas instituições
da sociedade civil contratam você para, na condição de advogado, atuar em defesa da

comunidade indígena.

23
Tendo em vista tal fato, além do que determina a Convenção 169 da OIT Sobre Povos
Indígenas e Tribais, assinale a afirmativa correta.

A) O governo deverá estabelecer ou manter procedimentos com vistas a consultar os povos


indígenas interessados, a fim de determinar se os interesses desses povos seriam prejudicados

e em que medida, antes de empreender ou autorizar qualquer programa de prospecção ou


exploração dos recursos existentes em suas terras.

B) A prospecção e a exploração dos recursos naturais em terras indígenas podem ocorrer


independentemente da autorização e da participação dos povos indígenas nesse processo,
desde que haja uma indenização por eventuais danos causados em decorrência dessa

exploração.

C) A prospecção e a exploração das riquezas naturais em terras indígenas podem ocorrer

mesmo sem a participação ou o consentimento dos povos indígenas afetados. No entanto,


esses povos têm direito a receber a metade do valor obtido como lucro líquido resultante

dessa exploração.

D) Se a propriedade dos minérios ou dos recursos do subsolo existentes na terra indígena

pertencerem ao Estado, o governo não está juridicamente obrigado a consultar os povos


interessados. Nesse caso, restaria apenas a mobilização política como estratégia de
convencimento.

Comentário:

Convenção no 169 da Organização Internacional do Trabalho - OIT sobre Povos Indígenas e

Tribais.

Artigo 15

2. Em caso de pertencer ao Estado a propriedade dos minérios ou dos recursos existentes nas
terras, os governos deverão estabelecer ou manter procedimentos com vistas a consultar os

24
povos interessados, a fim de se determinar se os interesses desses povos seriam prejudicados,
e em que medida, antes de se empreender ou autorizar qualquer programa de prospecção ou

exploração dos recursos existentes nas suas terras. os povos interessados deverão receber
indenização equitativa por qualquer dano que possam sofrer como resultado dessas

atividades.

Questão 8

(XX EXAME DE ORDEM – FGV - 2016) Considere o seguinte caso: Em um Estado do norte do
Brasil está havendo uma disputa que envolve a exploração de recursos naturais em terras
indígenas. Esta disputa envolve diferentes comunidades indígenas e uma mineradora privada.

Como advogado que atua na área dos Direitos Humanos, foilhe solicitado elaborar um
parecer. Nesse caso, é imprescindível se ter em conta a Convenção 169 da OIT, que foi

ratificada pelo Brasil, em 2002. De acordo com o Art. 2º desta Convenção, os governos
deverão assumir a responsabilidade de desenvolver, com a participação dos povos

interessados, uma ação coordenada e sistemática com vistas a proteger os direitos desses
povos e a garantir o respeito pela sua integridade.

Levando-se em consideração esta Convenção e em relação ao que se refere aos recursos


naturais eventualmente existentes em terras indígenas, assinale a afirmativa correta.

A) Os povos indígenas que ocupam terras onde haja a exploração de suas riquezas minerais e

do subsolo têm direito ao recebimento de parte dos recursos auferidos, mas não possuem
direito a participar da utilização, administração e conservação dos recursos mencionados.

B) Em caso de a propriedade dos minérios ou dos recursos do subsolo pertencer ao Estado, o


governo deverá estabelecer ou manter consultas dos povos interessados, a fim de determinar

se os interesses desses povos seriam prejudicados, antes de empreender ou autorizar qualquer


programa de prospecção ou exploração dos recursos existentes.

C) A exploração de riquezas minerais e do subsolo em terras ocupadas por povos indígenas é


aceitável e prescinde de consulta prévia desde que se cumpram os seguintes requisitos:

25
preservação da identidade cultural dos povos ocupantes da terra, pagamento de royalties em
função dos transtornos causados e autorização por meio de decreto legislativo.

D) Em nenhuma hipótese pode haver a exploração de riquezas minerais e do subsolo em


terras ocupadas por populações indígenas.

Comentário:

Decreto nº 5.051, de 19 de abril de 2004: Promulga a Convenção nº 169 da Organização


Internacional do Trabalho - OIT sobre Povos Indígenas e Tribais.

Artigo 6o

1. Ao aplicar as disposições da presente Convenção, os governos deverão:

a) consultar os povos interessados, mediante procedimentos apropriados e, particularmente,


através de suas instituições representativas, cada vez que sejam previstas medidas legislativas
ou administrativas suscetíveis de afetá-los diretamente;

Artigo 15

1. Os direitos dos povos interessados aos recursos naturais existentes nas suas terras deverão

ser especialmente protegidos. Esses direitos abrangem o direito desses povos a participarem
da utilização, administração e conservação dos recursos mencionados.

2. Em caso de pertencer ao Estado a propriedade dos minérios ou dos recursos do subsolo,

ou de ter direitos sobre outros recursos, existentes na terras, os governos deverão estabelecer
ou manter procedimentos com vistas a consultar os povos interessados, a fim de se
determinar se os interesses desses povos seriam prejudicados, e em que medida, antes de se

empreender ou autorizar qualquer programa de prospecção ou exploração dos recursos


existentes nas suas terras. Os povos interessados deverão participar sempre que for possível

26
dos benefícios que essas atividades produzam, e receber indenização equitativa por qualquer

dano que possam sofrer como resultado dessas atividades.

Questão 9

(VUNESP – 2018 –PC-SP – Investigador de Polícia) Segundo o disposto na Declaração


Universal dos Direitos Humanos, “Se depois da perpetração do delito a lei dispuser a
imposição de pena mais leve, o delinquente será por isso beneficiado.” Essa norma de direito

penal é representada pelo Princípio

A) Da individualização da pena;
B) Da legalidade;
C) Da norma penal em branco;

D) Da presunção da inocência;

E) Da retroatividade.

Comentário:

As alternativas “E” é a correta.

Essa questão é interessante porque relaciona não só os Direitos Humanos, mas também o
Direito Penal, na medida que menciona o princípio da retroatividade da norma penal benéfica.

O princípio da retroatividade é aquele que dispõe que se a lei penal nova for, de alguma
forma, mais benéfica ao agente, ela retroagirá no tempo, alcançando os atos anteriores ainda

que praticados antes da sua vigência. A sua previsão legal está no artigo 5º, XL da
Constituição Federal.

27
Questão 10

(CESPE - 2013 – MTE – Auditor Fiscal do Trabalho) À luz das normas internacionais de
proteção aos direitos humanos, julgue os itens que se seguem, acerca do combate ao

trabalho forçado.

De acordo com o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, o trabalho exigido de uma

pessoa que esteja presa em cumprimento de decisão judicial caracteriza-se como trabalho
forçado.

( ) Certo.

( ) Errado.

Comentário:

A alternativa está errada. Isso porque de acordo com o artigo 8o, II, i, não será considerado
como trabalho forçado qualquer tipo de trabalho ou serviço normalmente exigido de um
indivíduo que tenha sido encarcerado em virtude de cumprimento de decisão judicial:

ARTIGO 8

1. Ninguém poderá ser submetido á escravidão; a escravidão e o tráfico de escravos, em


todos as suas formas, ficam proibidos.

2. Ninguém poderá ser submetido à servidão.

3. a) Ninguém poderá ser obrigado a executar trabalhos forçados ou obrigatórios;

b) A alínea a) do presente parágrafo não poderá ser interpretada no sentido de proibir,


nos países em que certos crimes sejam punidos com prisão e trabalhos forçados, o
cumprimento de uma pena de trabalhos forçados, imposta por um tribunal competente;

c) Para os efeitos do presente parágrafo, não serão considerados "trabalhos forçados ou


obrigatórios":

i) qualquer trabalho ou serviço, não previsto na alínea b) normalmente exigido de um


individuo que tenha sido encarcerado em cumprimento de decisão judicial ou que,
tendo sido objeto de tal decisão, ache-se em liberdade condicional;
28
GABARITO

Questão 1 - A

Questão 2 – C

Questão 3 - B

Questão 4 - A

Questão 5 - C

Questão 6 - C

Questão 7 - A

Questão 8 - B

Questão 9 - E

Questão 10 - Errado

29
QUESTÃO DESAFIO

Quais são os dois principais impactos da Declaração Universal dos


Direitos Humanos??
Máximo de 5 linhas

30
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO

Segundo a doutrina, temos um impacto de ordem internacional que diz respeito à


qualidade de fonte jurídica, e outro impacto internacional que serviu de paradigma para a
Carta Magna de 1988.
Você deve ter abordado necessariamente os seguintes itens em sua resposta:
 Impacto Internacional

Segundo o prof. Valério Mazzuoli o "grande impacto internacional da Declaração Universal de


1948 diz respeito à sua qualidade de fonte jurídica para os tratados internacionais de proteção
dos direitos humanos.
 Impacto nacional

Ainda seguindo os ensinamentos do prof. Mazzuoli, no âmbito interno brasileiro a Declaração


de 1948 serviu de paradigma para a CF/88 que literalmente copiou vários dos seus
dispositivos, o que demonstra o direito constitucional atual está em perfeita consonância com
o sistema internacional de proteção dos direitos humanos.

31
LEGISLAÇÃO COMPILADA

O sistema global de proteção de Direitos Humanos

 Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988: artigos 4o e 5o;

 Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948: recomenda-se a leitura do texto


integral;

 Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, de 1966: recomenda-se a leitura do texto


integral;

 Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, de 1966: recomenda-se a


leitura do texto integral.

32
ESTUDO COMPLEMENTAR

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33
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARRETO, Rafael. Direitos Humanos – 8. Ed, revista, ampliada e atualizada.


Salvador:Juspodivm, 2018.

CASTILHO, Ricardo. Direitos Humanos – 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

MALHEIRO, Emerson. Curso de Direitos Humanos – 3. Ed. Revista, atualizada e ampliada. São

Paulo: Atlas, 2016.

34
PDF OAB
Direitos Humanos
Capítulo 7
SUMÁRIO
DIREITOS HUMANOS, Capítulo 7 ............................................................................................................................... 3

7. Os Sistemas Europeu e Africano de Proteção dos Direitos Humanos ............................................. 3


7.1 O Sistema Europeu de Proteção de Direitos Humanos ............................................................................ 4
7.1.1 Sistema Europeu X União Europeia ........................................................................................................... 4
7.1.2 O Conselho da Europa .................................................................................................................................... 4
7.1.3 A Comissão de Veneza .................................................................................................................................... 5
7.1.4 A Convenção Europeia de Direitos Humanos ....................................................................................... 5
7.1.5 A Corte Europeia de Direitos Humanos................................................................................................... 7
7.2 O Sistema Africano de Proteção de Direitos Humanos ............................................................................ 9
7.2.1 A Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos povos ........................................................... 10
7.2.2 A Corte Africana de Direitos Humanos e do Povo .......................................................................... 10

QUADRO SINÓTICO ...................................................................................................................................................... 13

QUESTÕES COMENTADAS ....................................................................................................................................... 15

GABARITO .......................................................................................................................................................................... 26

LEGISLAÇÃO COMPILADA........................................................................................................................................... 29

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................................................ 31

1
Olá, futuro advogado! Tudo bem?

Antes de começar o estudo, precisamos fazer algumas considerações a respeito da apostila de


nº 07 do nosso curso, tá?

O sistema Europeu e Africano de Proteção dos Direitos Humanos não costuma ser cobrado
no exame de ordem!

-Mas professora, por que incluí-lo nas apostilas, então?

Bom, como é de conhecimento geral, a banca examinadora tende a ser um pouco


imprevisível, e o nosso objetivo é deixar você preparado para exatamente qualquer coisa que
aparecer na prova!

Então, achamos pertinente abranger o máximo de conteúdo possível! 😊

Inclusive, ao final desta apostila, você encontrará questões de outras carreiras, para um maior
aproveitamento e assimilação de conteúdo, portanto, não deixe de respondê-las, tá?

Vamos juntos!

2
DIREITOS HUMANOS

Capítulo 8

7. Os Sistemas Europeu e Africano de Proteção dos

Direitos Humanos

E aí, OABeiro! No presente capítulo estudaremos os principais aspectos acerca do Sistema


Europeu de Proteção dos Direitos Humanos e do Sistema Africano de Proteção dos Direitos
Humanos.

O primeiro ponto que devemos saber sobre o Sistema Europeu de Direitos Humanos é que
ele é coordenado pelo Conselho da Europa, criado após a Segunda Guerra Mundial.

Inicialmente, abordaremos a diferença entre o Sistema Europeu de Direitos Humanos e a


União Europeia, que não devem ser confundidos. Posteriormente, trataremos da sua
composição e principais características, garantindo a você, caro aluno, uma leitura completa e
de fácil compreensão.

Já na segunda parte do nosso estudo, trataremos sobre o Sistema Africano de Proteção


dos Direitos Humanos, englobando a Comissão Africana de Direitos Humanos e dos Povos e,
para finalizar, faremos importantes considerações acerca da Corte Africana de Direitos
Humanos e do Povo.

Vamos nessa?

Bons estudos!

3
7.1 O Sistema Europeu de Proteção de Direitos Humanos

7.1.1 Sistema Europeu X União Europeia

Primeiramente, iremos aprender a diferenciar o Sistema Europeu de Direitos Humanos da


União Europeia, uma vez que seus órgãos e convenções não se confundem.

Por um lado, a União Europeia é um bloco econômico voltado para a integração político-
econômica dos países europeus. Foi criado pelo Tratado de Maastricht, em 1992, e não possui
entre os seus propósitos originais a afirmação dos Direitos Humanos.

Por outro lado, o Sistema regional de Direitos Humanos tem o intuito de proteger e
promover os Direitos Humanos no continente europeu, tendo sido criado pelo Estatuto do
Conselho da Europa em 1949.

7.1.2 O Conselho da Europa

O Conselho da Europa foi criado em 1949 e tem sede na França, em Estrasburgo. Ele é o
órgão responsável pela coordenação de todo o Sistema Europeu de Direitos Humanos.

Inicialmente ele foi criado com apenas dez membros, o Conselho da Europa atualmente
conta com quase todos os países da Europa, em um total de quarenta e sete membros
(incluindo todos aqueles integrantes da União Europeia).

Não confundir Conselho da Europa com Conselho da União Europeia e Conselho


Europeu1.

1
Vide questão 10 no final do capítulo.
4
Conselho da União Europeia: é o Conselho de Ministros representantes dos governos dos
Estados-membros, que exerce o poder legislativo da União Europeia (juntamente com o
Parlamento).

Conselho Europeu: é a união dos chefes de Estado dos países integrantes da União
Europeia, com o fim de definir a política da União.

7.1.3 A Comissão de Veneza

A Comissão para a Democracia por meio do Direito, também conhecida como Comissão
de Veneza, foi criada no ano de 1990, com a finalidade de promover os direitos humanos e a
democracia.
Uma de suas peculiaridades é a de que, a partir do ano de 2002, ela passou a admitir o
ingresso de Estados que não são Europeus, como é o caso do Brasil que se tornou membro
no ano de 2008.
Nesse sentido, temos que o Brasil sediou o II Congresso de Conferência Mundial sobre
Justiça Constitucional em 2011, com a organização do Supremo Tribunal Federal em parceria
com a Comissão.
Assim, em síntese, a Comissão de Veneza é um órgão consultivo do Conselho, que admite
não europeus como membros.

7.1.4 A Convenção Europeia de Direitos Humanos

A Convenção Europeia para a Proteção de Direitos Humanos e Liberdades Fundamentais2


foi celebrada em Roma, no ano de 1950, tendo entrado em vigor em 1953, após a ratificação
de dez países. Ela é o principal instrumento de proteção dos direitos humanos no sistema
europeu.
Veja: não se deve confundir a Convenção Europeia de Direitos Humanos com a Carta de
Direitos Fundamentais da União Europeia.
Tendo em vista o seu texto originário e os seus catorze protocolos adicionais, temos que
os direitos contemplados pela Convenção são:

2
Vide questão 04 no final do capítulo.
5
1) Direito à vida;
2) Proibição da escravatura e do trabalho forçado;
3) Proibição da tortura;
4) Direito à liberdade e à segurança;
5) Princípio da legalidade;
6) Direito a um processo equitativo;
7) Direito ao respeito pela vida privada e familiar;
8) Liberdade de pensamento, de consciência e de religião;
9) Liberdade de expressão;
10) Direito ao casamento;
11) Liberdade de reunião e de associação;
12) Direito a um recurso efetivo;
13) Proibição da discriminação;
14) Proteção da propriedade;
15) Direito a eleições livres;
16) Direito à instrução;
17) Liberdade de circulação;
18) Proibição da prisão por dívidas;
19) Proibição de expulsão de nacionais;
20) Proibição de expulsão coletiva de estrangeiros;
21) Garantias processuais no caso de expulsão de estrangeiros;
22) Direito ao duplo grau de jurisdição em matéria penal;
23) Direito à indenização em caso de erro judiciário;
24) Direito a não ser punido mais de uma vez pelo mesmo fato;
25) Abolição da pena de morte; e
26) Igualdade entre os cônjuges.

Isso significa que, além de estabelecer uma gama de direitos e liberdades, a Convenção

Europeia de Direitos Humanos criou o mais avançado sistema protetivo de direitos humanos e
de acompanhamento das obrigações dos Estados-parte.

6
Atualmente, temos que todos os membros do Conselho da Europa ratificaram a
Convenção Europeia de Direitos Humanos e reconheceram, por consequência, a jurisdição da
Corte.

7.1.5 A Corte Europeia de Direitos Humanos

A Corte Europeia de Direitos Humanos3, ou Tribunal Europeu de Direitos Humanos, foi


instituída pelo artigo 19 da Convenção Europeia:

Artigo 19º
(Criação do Tribunal)
A fim de assegurar o respeito dos compromissos que resultam, para as Altas
Partes Contratantes, da presente Convenção e dos seus protocolos, é criado um
Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, a seguir designado "o Tribunal", o
qual funcionará a título permanente.

É importante grifar que a Corte Europeia de Direitos Humanos está acima dos tribunais
nacionais, o que significa que todo aquele que entender que não recebeu a justiça nos países
dos quais são nacionais podem acionar a Corte.

Em síntese, a Corte possui competência consultiva e contenciosa, estando no seu âmbito o


julgamento dos casos que a ela são submetidos e a emissão de pareceres acerca de questões
jurídicas referentes à interpretação da Convenção e de seus protocolos adicionais.

A Corte é composta por quarenta e sete juízes (número correspondente aos Estados-parte
da Convenção), que exercem as suas funções a título individual e por um mandato de nove
anos, sem renovação. O mandato dos juízes poderá se encerrar antes desse prazo, caso
alcancem setenta anos de idade.

3
Vide questões 02, 05 e 06 no final do capítulo.
7
Apesar de o mandato encerrar ao término dos nove anos, os juízes permanecem na função
até que seu sucessor assuma o cargo e permanecem ativos nos casos em que estão
envolvidos4:
Artigo 23º
(Duração do mandato)
1. Os juízes são eleitos por um período de seis anos. São reelegíveis. Contudo, as
funções de metade dos juízes designados na primeira eleição cessarão ao fim de
três anos.
2. Os juízes cujas funções devam cessar decorrido o período inicial de três anos
serão designados por sorteio, efectuado pelo Secretário-Geral do Conselho da
Europa, imediatamente após a sua eleição.
3. Com o fim de assegurar, na medida do possível, a renovação dos mandatos
de metade dos juízes de três em três anos, a Assembleia Parlamentar pode
decidir, antes de proceder a qualquer eleição ulterior, que o mandato de um ou
vários juízes a eleger terá uma duração diversa de seis anos, sem que esta
duração possa, no entanto, exceder nove anos ou ser inferior a três.
4. No caso de se terem conferido mandatos variados e de a Assembleia
Parlamentar ter aplicado o disposto no número precedente, a distribuição dos
mandatos será feita por sorteio pelo Secretário-Geral do Conselho da Europa
imediatamente após a eleição.
5. O juiz eleito para substituir outro cujo mandato não tenha expirado
completará o mandato do seu predecessor.
6. O mandato dos juízes cessará logo que estes atinjam a idade de 70 anos.
7. Os juízes permanecerão em funções até serem substituídos. Depois da sua
substituição continuarão a ocupar-se dos assuntos que já lhes tinham sido
cometidos.

A estrutura orgânica da Corte está prevista no protocolo 14 e é constituída de juiz singular,


comitês, seções e tribunal pleno, cada um com competências próprias.

4
Vide questão 09 no final do capítulo.
8
A Corte atua mediante queixas individuais ou estatais, que podem ser encaminhadas pelo
indivíduo, por organização não governamental ou por grupo de indivíduos que se considere
vítima de violação dos direitos reconhecidos no sistema europeu de proteção dos Direitos
Humanos.

É a primeira vez em que os indivíduos são legitimados ativamente a provocar uma


agremiação internacional5. Aqui não há entidade intermediária entre os particulares e a
Corte.
As decisões da Corte são juridicamente vinculativas. Após finalizados, os acórdãos da Corte
são encaminhados ao Comitê de Ministros para o acompanhamento da sua efetivação e
aplicação.

É importante ressaltar que a Corte somente irá conhecer de um caso na hipótese em que
tenham sido esgotadas todas as vias internas de recurso e desde que a provocação seja
encaminhada dentro de seis meses, contados da decisão definitiva no país de origem.

Também não são aceitas petições individuais anônimas.

7.2 O Sistema Africano de Proteção de Direitos Humanos

O Sistema Africano de Proteção dos Direitos Humanos, atualmente, é coordenado pela


União Africana, criada em 11 de julho de 2000.

Ele entrou em vigor por meio da Carta de Banjul6, no dia 21 de outubro de 1986, que
contempla em seu bojo direitos civis, sociais, políticos, econômicos, culturais e difusos, além
de fazer referência ao direito à saúde, ao trabalho, à educação e ao ambiente.

Além deste ponto, na Carta de Banjul podemos identificar alguns deveres: o dever de
respeitar o próximo, de encará-lo sem discriminação e de subsistir com ele em uma relação de
promoção, preservação e fortalecimento do respeito e da tolerância mútuas:

Artigo 28o

5
Vide questão 08 no final do capítulo.
6
Vide questão 03 no final do capítulo.
9
Cada indivíduo tem o dever de respeitar e de considerar os seus semelhantes sem
nenhuma discriminação e de manter com eles relações que permitam promover,

salvaguardar e reforçar o respeito e a tolerância recíprocos.

A Carta de Banjul foi o primeiro tratado de Direitos Humanos a prever, de uma só vez, os
direitos civis e políticos juntamente com os direitos sociais, econômicos e culturais, além de
prever expressamente o direito ao meio ambiente como direito fundamental.

7.2.1 A Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos povos

A Comissão Africana de Direitos do Homem e dos Povos está prevista no artigo 30 da


Carta. Ela é composta por onze membros eleitos pelos chefes de Estado, pelo período de seis
anos, sendo possível a reeleição.

A Comissão é o órgão responsável pela promoção dos Direitos Humanos no âmbito do


continente africano, bem como é responsável pela fiscalização do cumprimento, pelos
Estados-parte, da Carta.

Ela atua mediante recursos individuais e estatais, as chamadas “petições individuais” e


“demandas interestatais”. Essas petições somente serão aceitas caso os recursos internos
tiverem sido esgotados, salvo no caso de o processo se prolongar demasiadamente no
procedimento interno (o prazo razoável, pela dicção do artigo 48, é de até três meses).

A Comissão pode juntar documentos, elaborar estudos, organizar conferências, simpósios e


seminários, além de divulgar informações e escrever recomendações aos Estados-parte.

7.2.2 A Corte Africana de Direitos Humanos e do Povo

A Corte Africana de Direitos Humanos e do Povo é o órgão jurisdicional do sistema


africano e foi criada por um protocolo adicional à Carta de Banjul, em 1998. Ela é composta

10
por onze juízes de diferentes Estados-parte, que são eleitos pela Assembleia Geral da União
Africana, por seis anos de mandato individual, podendo haver uma reeleição.

Podem ser parte perante a Corte: a Comissão Africana de Direitos Humanos e os Estados-
parte, além das organizações intergovernamentais africanas. Excepcionalmente, as
organizações não governamentais podem apresentar recursos individuais com status de
observador, desde que o Estado envolvido tenha reconhecido a competência da Corte.

Podem propor ação perante a Corte Africana de Direitos Humanos e do Povo:

Comissão Africana de Direitos Humanos e dos Povos

Estado-Parte que foi demandado perante a Comissão ou a acionou

Estado da nacionalidade da vítima de violação dos direitos humanos

Organização internacional intergovernamental africana

Indivíduo ou organização não governamental

Os acórdãos proferidos pela Corte são vinculativos, ou seja, obrigam os Estados-parte a


cumpri-los.

11
Muitas provas podem tentar confundir você acerca da composição da Corte Africana de
Direitos Humanos e do Povo: se composta por 11 ou 16 juízes. Veja7.

A Corte Africana dos Direitos Humanos e dos Povos foi criada em 1998, por meio do
Protocolo aditivo à Carta Africana de Direitos do Homem e dos Povos e possui 11 juízes.

Ocorre que, posteriormente, com o Ato Constitutivo da União Africana, foi criada a Corte
Africana de Justiça. Mas, obviamente, não fazia sentido manter duas cortes distintas (também
não havia recursos financeiros para tanto).

Assim, em 2008, a União Africana anunciou a fusão das duas Cortes, que dariam origem à
Corte Africana de Justiça e Direitos Humanos, que seria composta por 16 juízes.

Ocorre que, até o momento, o Protocolo de Sharm Al-Sheikh, responsável por instituir essa
fusão, foi ratificado apenas por cinco Estados (dos trinta que o firmaram), de modo que ainda
não entrou em vigor. Enquanto isso, até atingir o mínimo de quinze ratificações ao Protocolo,
a Corte Africana de Direitos Humanos continua em pleno funcionamento.

7
Vide questão 07 no final do capítulo.
12
QUADRO SINÓTICO

Sistema Europeu de Proteção dos Direitos Humanos

Órgão/documento Características

É o órgão responsável pela coordenação de


Conselho da Europa todo o Sistema Europeu de Direitos Humanos.

Possui 10 membros.

É o órgão consultivo do Conselho da Europa


Comissão de Veneza
sobre questões constitucionais.
Não admite não europeus como membros.

Convenção Europeia para a Proteção de


Direitos Humanos e Liberdades Fundamentais
Convenção Europeia de Direitos
– 1950.
Humanos
É o principal instrumento de proteção dos
Direitos Humanos no sistema europeu.

É o órgão jurisdicional do sistema europeu.


Corte Europeia de Direitos Humanos
Possui competência consultiva e contenciosa.
É composta por 47 juízes.

13
Sistema Europeu de Proteção dos Direitos Humanos

Sistema Africano de Proteção dos Direitos Humanos

Órgão/documento Características

É o órgão responsável pela promoção dos


Comissão Africana dos Direitos Direitos Humanos no âmbito do continente
Humanos e dos Povos africano.

É composta por 11 membros.

É o órgão jurisdicional do sistema africano.


Corte Africana de Direitos Humanos e
do Povo
É composta por 11 juízes.

14
QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1

(PGR - 2015 – Procurador da República) Assinale a alternativa correta.

A) O Comitê pela eliminação de toda forma de discriminação racial pode apreciar petição
de um Estado parte em face de conduta de outro Estado parte, não sendo necessário o
esgotamento prévio dos recursos internos, devido a peculiaridades das demandas
interestatais.
B) Conselho Nacional de Direitos Humanos brasileiro, composto por membros do Poder
Público e representantes da sociedade civil, pode impor sanções de censura, advertência
e ainda determinar o afastamento preventivo de cargo ou emprego público de
indivíduos violadores de direitos humanos.
C) Não é cabível a intervenção de amicus curiae no processamento de incidente de
deslocamento de competência, pela ausência de interesses privados e pelo caráter
federativo do procedimento.
D) De acordo com a evolução organizacional do regime internacional de proteção dos
direitos humanos, o sistema europeu de direitos humanos passou a prever, a partir do
Protocolo n.14, a possibilidade de adesão da União Europeia como parte da Convenção
Europeia de Direitos Humanos.

Comentário:

A assertiva correta é a letra “D”.

15
A letra “A” está incorreta porque é, sim, necessário o esgotamento prévio dos recursos
internos disponíveis para que o Comitê tome conhecimento da questão (a menos que a
aplicação desses recursos excedam os prazos razoáveis).

A letra “B” está incorreta porque, nos termos do artigo 6o da Lei 12986/14, são sanções a
serem aplicadas pelo Conselho Nacional de Direitos Humanos a advertência, a censura
pública, a recomendação de afastamento de cargo, função ou emprego na administração
pública direta, indireta ou fundacional e a recomendação de que não sejam concedidas
verbas, auxílios ou subvenções a entidades comprovadamente responsáveis por condutas
ou situações contrárias aos direitos humanos:

Art. 6º. Constituem sanções a serem aplicadas pelo CNDH:


I - advertência;
II - censura pública;
III - recomendação de afastamento de cargo, função ou emprego na administração
pública direta, indireta ou fundacional da União, Estados, Distrito Federal,
Territórios e Municípios do responsável por conduta ou situações contrárias aos
direitos humanos;
IV - recomendação de que não sejam concedidos verbas, auxílios ou subvenções a
entidades comprovadamente responsáveis por condutas ou situações contrárias
aos direitos humanos.
§1º As sanções previstas neste artigo serão aplicadas isolada ou cumulativamente,
sendo correspondentes e proporcionais às ações ou omissões ofensivas à atuação
do CNDH ou às lesões de direitos humanos, consumadas ou tentadas, imputáveis
a pessoas físicas ou jurídicas e a entes públicos ou privados.
§2º As sanções de competência do CNDH têm caráter autônomo, devendo ser
aplicadas independentemente de outras sanções de natureza penal, financeira,
política, administrativa ou civil previstas em lei.

O item “C” está incorreto porque o incidente de deslocamento de competência,


criado pela Emenda Constitucional 45, permite ao Procurador-Geral da República, quando
houver grave violação dos Direitos Humanos, que suscite perante o Superior Tribunal de
Justiça a competência da Justiça Federal, e o mesmo tribunal entende possível a
intervenção do amicus curiae no incidente.

Por fim, o item “D” está correto, em total consonância com o artigo 17 do
Protocolo, que dispõe que a União Europeia poderá aderir à Convenção Europeia.

16
Questão 2

(CESPE - 2011 – TRF 3a Região– Juiz Federal) Assinale a opção correta relativamente aos
mecanismos de implementação dos direitos humanos no plano internacional.

A) A Corte Europeia de Direitos Humanos julga exclusivamente demandas de indivíduos


contra Estados;
B) Na atualidade, existem apenas duas cortes regionais em funcionamento: a Corte
Interamericana de Direitos Humanos e a Corte Europeia de Direitos;
C) A Comissão Europeia de Direitos Humanos é um órgão de conciliação e mediação do
sistema europeu de proteção;
D) A Corte Europeia de Direitos Humanos dispõe de competência consultiva;
E) Decisões da Corte Interamericana de Direitos Humanos são passíveis de recurso à Corte
Internacional de Justiça.

Comentário:

A alternativa correta é a letra “D”.

Apesar de nem todos os temas abordados nas alternativas terem sido estudados até o
presente momento, a alternativa correta é referente ao tema tratado neste capítulo, de
modo que poderia ser respondida por exclusão.

De qualquer modo, analisemos uma a uma.

O item “A” está incorreto porque, na verdade, a Corte Europeia de Direitos Humanos é
responsável pelo julgamento de casos que envolvam a violação dos direitos protegidos
na convenção, sendo que ela não julga exclusivamente demandas de indivíduos contra
Estados, pois atua mediante petições interestatais e petições individuais, que podem ser
encaminhadas pelo indivíduo singular, por organização não governamental ou por grupo
de particulares.

17
A assertiva “B” está incorreta porque não existem apenas a Corte Interamericana de
Direitos Humanos e a Corte Europeia de Direitos. Ainda existe a Corte Americana de
Direitos Humanos, a Corte Penal Internacional, o Tribunal Internacional de Justiça, dentre
outros.

O item “C” está incorreto porque a Comissão também tem competência jurisdicional.

O item “D” está coreto, pois a competência consultiva da Corte Europeia de Direitos
Humanos está prevista no artigo 48 da Convenção Europeia de Direitos Humanos.

Por último, o item “E” está incorreto porque, nos termos do artigo 67 da Convenção
Americana de Direitos Humanos, as sentenças da Corte são definitivas, face da qual não
cabe recurso.

Questão 3

(VUNESP - 2014 – TJ-PA – Juiz substituto) O sistema africano de Direitos Humanos surgiu
por meio da

A) Carta Africana de Direitos Humanos – Carta de Moçambique (1969);


B) Convenção da África do Sul (1959);
C) Carta de Banjul (1981);
D) Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948);
E) Protocolo da Carta Africana – Etiópia (1949).

Comentário:

A alternativa correta é a letra “C”.

Conforme estudamos no presente capítulo, a Carta de Banjul foi a responsável pelo


surgimento do Sistema Africano de Direitos Humanos, sendo a única assertiva correta.

18
Questão 4

(CESPE – 2013 – DPE-TO – Defensor Público) Assinale a opção correta acerca das garantias
judiciais no âmbito do direito internacional.

A) A Convenção Americana sobre Direitos Humanos não reconhece o princípio do “ ne bis


in idem”.
B) A Convenção Europeia sobre Direitos Humanos e a Convenção Americana sobre
Direitos Humanos preveem a assistência gratuita de um intérprete aos acusados que
não compreendam o idioma utilizado pela acusação, mas o mesmo direito não é
expressamente garantido na Convenção Sobre os Direitos da Criança.
C) A Convenção Europeia sobre Direitos Humanos permite que à imprensa seja negado o
acesso às sessões de julgamento nos tribunais.
D) Embora exija que todos tenham direito a um julgamento justo, a Declaração Universal
dos Direitos Humanos não reconhece o princípio da anterioridade da lei penal.
E) A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher
exige, de maneira genérica, a plena igualdade entre homens e mulheres, mas não
contém cláusula específica sobre a isonomia de gênero nas instâncias judiciais.

Comentário:

A assertiva correta é a letra “C”.

O item “A” está incorreto, porque o princípio é previsto na CADH, em seu artigo 8o, item
4.

O item “B” está incorreto porque todas as citadas Convenções possuem tal previsão. Na
Convenção Sobre os Direitos da Criança, esta disposição é encontrada no artigo 40, item
2, “b”, VII.

O item “C” é o correto, pois destaca a possibilidade de restrição presente no artigo 6o,
item 1, da Convenção Europeia sobre Direitos Humanos.

19
O item “D” está incorreto, uma vez que o princípio da anterioridade da lei penal está
previsto no artigo XI, item 2, da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Por fim, o item “E” está incorreto porque há cláusula específica sobre a isonomia de
gênero nas instâncias judiciais no artigo 15, item 2, da Convenção sobre a Eliminação de
Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher.

Questão 5

(2020 - Inédita) Julgue o item a seguir.

No âmbito do Sistema Europeu de Proteção dos Direitos Humanos, a demanda individual


pode ser considerada inadmissível caso o prejuízo ocasionado à vítima pela violação dos
direitos humanos for considerado insignificante.

( ) Certo

( ) Errado.

Comentário:

A assertiva está CERTA. Isso porque o artigo 35, 3, da Convenção Europeia dos Direitos
do Homem prevê que o Tribunal poderá declarar inadmissível a petição individual
quando não houver prejuízo significativo à vítima:

ARTIGO 35°. Condições de admissibilidade

O Tribunal só pode ser solicitado a conhecer de um assunto depois de esgotadas


todas as vias de recurso internas, em conformidade com os princípios de direito

internacional geralmente reconhecidos e num prazo de seis meses a contar da da-


ta da decisão interna definitiva. 2. O Tribunal não conhecerá de qualquer petição
individual formulada em aplicação do disposto no artigo 34° se tal petição: a) For
anónima; b) For, no essencial, idêntica a uma petição anteriormente examinada

pelo Tribunal ou já submetida a outra instância internacional de inquérito ou de

20
decisão e não contiver factos novos. 3. O Tribunal declarará a
inadmissibilidade de qualquer petição individual formulada nos termos do artigo

34° sempre que considerar que: a) A petição é incompatível com o disposto na

Convenção ou nos seus Protocolos, é manifestamente mal fundada ou tem


carácter abusivo; ou b) O autor da petição não sofreu qualquer prejuízo
significativo, salvo se o respeito pelos direitos do homem garantidos na

Convenção e nos respectivos Protocolos exigir uma apreciação da petição quanto


ao fundo e contanto que não se rejeite, por esse motivo, qualquer questão que

não tenha sido devidamente apreciada por um tribunal interno.

Questão 6

(TRF 3a Região- 2018 – TRF3 – Juiz Federal Substituto) Sob a inspiração do ideal liberal-
individualista, esse ORGANISMO INTERNACIONAL tem salvaguardado o valor da liberdade e
sua projeção na esfera privada e familiar, afirmando o direito de todo e qualquer indivíduo de
desenvolver sua personalidade. Com base no princípio da proporcionalidade, tem invalidado
interferências estatais abusivas. Ao proteger de forma indireta os direitos sociais, tem
entendido que o direito à vida privada requer não apenas obrigações negativas do Estado,
mas ainda prestações positivas, condenando a omissão estatal quando afronta o direito à vida
privada – por exemplo degradação ambiental causada por empresa. Referida INSTITUIÇÃO é
movida pelo respeito à vida privada e pelo ideal liberal-individualista como princípios basilares
(cf. Flavia Piovesan, “Direitos Humanos e Justiça Internacional”, 7. ed., p. 212, ADAPTADA).
Assinale a INSTITUIÇÃO a que o texto acima se refere:

A) Comissão Interamericana de Direitos Humanos;


B) Corte Europeia de Direitos Humanos;
C) Tribunal Penal Internacional;
D) Corte Interamericana de Direitos Humanos.

Comentário:

A alternativa correta é a letra “B”.

21
Com efeito, temos que os órgãos do sistema interamericano se baseiam no Protocolo de
San Salvador para salvaguardar os direitos sociais. Noutro giro, a Corte Europeia não
possui instrumentos formais de defesa de tais direitos, devendo fazê-lo por meio do
princípio da proporcionalidade na interpretação dos direitos de primeira geração, de
forma indireta.

O TPI, por sua vez, julga indivíduos e não Estados, estando completamente dissociado do
texto em destaque.

Questão 7

(2020 - Inédita) Com relação à composição da Corte Africana de Direitos Humanos e dos
Povos, assinale a alternativa correta:

A) Será composta por 11 juízes;


B) Será composta por 12 juízes;
C) Será composta por 14 juízes;
D) Será composta por 15 juízes;
E) Será composta por 16 juízes.

Comentário:

A assertiva correta é a letra “A”.

Consoante estudamos, essa pode ser uma típica “pegadinha” em provas de concursos.
Com efeito, a Corte Africana de Direitos Humanos e dos Povos foi criada em 1998,
através do Protocolo Aditivo à Carta Africana de Direitos do Homem e dos Povos e
possui 11 juízes.

Ocorre que com o Ato Constitutivo da União Africana, foi criada a Corte Africana de
Justiça, tendo, posteriormente, havido a fusão das duas, dando origem à Corte Africana
de Justiça e Direitos Humanos, essa, sim, com 16 juízes. Contudo, por falta de ratificação
em número suficiente, a Corte Africana de Justiça e Direitos Humanos não entrou em
22
vigor, de modo que permanece ativa apenas a Corte Africana de Direitos Humanos e dos
Povos.

Questão 8

(CESPE – 2015 – Instituto Rio Branco – Diplomata - Adaptada) A par de constantes


mudanças verificadas na sociedade internacional, com o surgimento de novos atores e de
renovadas demandas, também o direito das gentes se atualiza em terminologias e em
conceitos, de modo a abranger novas fronteiras, como o comércio, o meio ambiente e os
direitos humanos. No que concerne a esse fenômeno, julgue (C ou E) o item a seguir.
O acesso direto de indivíduos a alguns tribunais internacionais é lege lata, ocorrendo, por
exemplo, na Corte Europeia de Direitos Humanos.

( ) Certo
( ) Errado.

Comentário:

A assertiva está CERTA.

Como vimos, a Corte Europeia de Direitos Humanos garante o direito de petição ao


indivíduo sem a necessidade de intermediários, uma vez que o protocolo 11/1998 tornou
obrigatória a cláusula do artigo 34 da Convenção Europeia.

ARTIGO 34°. Petições individuais

O Tribunal pode receber petições de qualquer pessoa singular, organização não


governamental ou grupo de particulares que se considere vítima de violação por
qualquer Alta Parte Contratante dos direitos reconhecidos na Convenção ou nos
seus protocolos. As Altas Partes Contratantes comprometem - se a não criar

qualquer entrave ao exercício efectivo desse direito.

23
Questão 9

(2020 - Inédita) Julgue o item a seguir.

Com relação aos juízes que compõem a Corte Europeia de Direitos Humanos, é correto dizer
que eles podem permanecer ativos mesmo após passados os nove anos de seu mandato.

( ) Certo

( ) Errado.

Comentário:

A questão está CERTA, porque excepcionalmente os juízes poderão permanecer por mais
tempo no mandato, além dos nove anos: a primeira hipótese é quando ocorrer o lapso
entre o término do mandato do primeiro e o início da assunção pelo sucessor, e a
segunda é a disposição literal do artigo 23, que prevê que os juízes permanecerão ativos,
mesmo após o término do mandato, nos casos em que estiverem envolvidos:

Artigo 23.º
(Duração do mandato)
1. Os juízes são eleitos por um período de seis anos. São reelegíveis. Contudo, as
funções de metade dos juízes designados na primeira eleição cessarão ao fim de
três anos.
2. Os juízes cujas funções devam cessar decorrido o período inicial de três anos
serão designados por sorteio, efectuado pelo Secretário-Geral do Conselho da
Europa, imediatamente após a sua eleição.
3. Com o fim de assegurar, na medida do possível, a renovação dos mandatos
de metade dos juízes de três em três anos, a Assembleia Parlamentar pode
decidir, antes de proceder a qualquer eleição ulterior, que o mandato de um ou
vários juízes a eleger terá uma duração diversa de seis anos, sem que esta
duração possa, no entanto, exceder nove anos ou ser inferior a três.
4. No caso de se terem conferido mandatos variados e de a Assembleia
Parlamentar ter aplicado o disposto no número precedente, a distribuição dos
mandatos será feita por sorteio pelo Secretário-Geral do Conselho da Europa
imediatamente após a eleição.

24
5. O juiz eleito para substituir outro cujo mandato não tenha expirado
completará o mandato do seu predecessor.
6. O mandato dos juízes cessará logo que estes atinjam a idade de 70 anos.
7. Os juízes permanecerão em funções até serem substituídos. Depois da sua
substituição continuarão a ocupar-se dos assuntos que já lhes tinham sido
cometidos.

Questão 10

(2020- Inédita) Julgue o item a seguir.

No bojo do Sistema Europeu de Proteção dos Direitos Humanos, é correto dizer que Conselho
da União Europeia e Conselho Europeu são sinônimos de Conselho da Europa.

( ) Certo
( ) Errado

Comentário:

A alternativa está ERRADA.

Com efeito, Conselho da União Europeia é o Conselho de Ministros representantes dos


governos dos Estados-membros, que exercem o poder legislativo na União Europeia.

Conselho Europeu, por sua vez, é a união dos chefes de Estado dos países integrantes da
União Europeia a fim de definir a política da União.

Por fim, o Conselho da Europa é o órgão responsável pela coordenação de todo o


Sistema Europeu de Direitos Humanos.

Portanto, não são sinônimos.

25
GABARITO

Questão 1 - D

Questão 2 – D

Questão 3 - C

Questão 4 - C

Questão 5 - Certo

Questão 6 - B

Questão 7 - A

Questão 8 - Certo

Questão 9 - Certo

Questão 10 - Errado

26
QUESTÃO DESAFIO

Qual a diferença entre o Conselho da Europa com Conselho da


União Europeia e Conselho Europeu?
Máximo de 5 linhas

27
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO

Conselho da União Europeia é o Conselho de Ministros representantes dos governos dos


Estados-membros, que exerce o poder legislativo da União Europeia. Já, o Conselho
Europeu é a união dos chefes de Estado dos países integrantes da União Europeia, com o
fim de definir a política da União.
Você deve ter abordado necessariamente os seguintes itens em sua resposta:
 Conselho da União Europeia

Conselho de Ministros representantes dos governos dos Estados-membros, que exerce o


poder legislativo da União Europeia.
 Conselho Europeu

é a união dos chefes de Estado dos países integrantes da União Europeia, com o fim de
definir a política da União.

28
LEGISLAÇÃO COMPILADA

O Sistema Europeu e Africano de Proteção de Direitos Humanos

 Convenção Europeia para a Proteção de Direitos Humanos e Liberdades


Fundamentais, 1950: recomendamos leitura integral;
 Carta de Banjul, 1986: recomendamos leitura integral;
 Protocolo aditivo à Carta Africana de Direitos do Homem, 2004: artigo 1o.

29
ESTUDO COMPLEMENTAR

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30
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARRETO, Rafael. Direitos Humanos – 8. Ed, revista, ampliada e atualizada. Salvador:


Juspodivm, 2018.

CASTILHO, Ricardo. Direitos Humanos – 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

MALHEIRO, Emerson. Curso de Direitos Humanos – 3. Ed. Revista, atualizada e ampliada. São
Paulo: Atlas, 2016.

RAFAEL, Chiarini Medeiros. Sistema Africano de Direitos Humanos. Brasília, 2017, disponível
em < https://bdm.unb.br/bitstream/10483/18571/1/2017_RafaelChiariniMedeiros.pdf> acesso
em 21.04.2020.

31
PDF OAB
Direitos Humanos
Capítulo 8
SUMÁRIO
DIREITOS HUMANOS, Capítulo 8 ......................................................................................................3

DIREITOS HUMANOS ............................................................................................................................ 3

8. O Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos ........................................... 3

8.1 Carta de Organização dos Estados Americanos - OEA.............................................................................3


8.2 Convenção Americana Sobre Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica) .................4
Comentário: .....................................................................................................................................................................5
8.3 Protocolo de San Salvador ....................................................................................................................................9
8.4 Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura ................................................................ 12
8.5 Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher ... 12
8.6 Convenção Interamericana sobre Desaparecimento Forçado de Pessoas..................................... 13
8.7 Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra
as Pessoas Portadoras de Deficiência.................................................................................................................... 14

QUADRO SINÓTICO ........................................................................................................................... 16

QUESTÕES COMENTADAS ................................................................................................................ 18

GABARITO ............................................................................................................................................ 32

LEGISLAÇÃO COMPILADA ................................................................................................................. 37

JURISPRUDÊNCIA................................................................................................................................ 38

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................................... 40

1
Olá, futuro advogado! Tudo bem?

Antes de começar o estudo, precisamos fazer algumas considerações a respeito da apostila de

nº 08 do nosso curso, tá?

Não é exagero afirmar que O Sistema Interamericano de Proteção aos Direitos Humanos é

o assunto mais importante dentre todos!

De acordo com a nossa equipe de inteligência, foi constatado que esse assunto foi cobrado
pela FGV 13 VEZES nos últimos 3 anos!

Assim, é extremamente necessário que você o estude com toda a dedicação possível, ok? E o
mais importante de tudo: Resolva as questões ao final da apostila! A chave da aprovação é

preparação completa!

Vamos juntos!
DIREITOS HUMANOS

Capítulo 8

8. O Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos

Humanos

Inicialmente, convém ressaltarmos que o sistema interamericano de Direitos Humanos foi


instituído através da Carta da Organização dos Estados Unidos, a chamada OEA. Posto isto,
em um primeiro momento abordaremos as suas principais características e dispositivos, a fim

de que compreendamos melhor todo o sistema Interamericano.

Posteriormente, caminhando para um aprofundamento na matéria – necessário para a

resolução de provas em concursos públicos - abordaremos importantes documentos tal qual o


Pacto de San José da Costa Rica, o Protocolo Adicional à Convenção Americana de Direitos
Humanos (Protocolo de San Salvador) e demais Convenções pertinentes.

Para fixar a matéria, ao final do capítulo você encontrará uma bateria de questões extraídas
dos principais concursos do país das mais variadas carreiras jurídicas, a fim de mensurar o seu
conhecimento. Os comentários com explicações e respostas você encontra logo a seguir.

Vamos juntos!

8.1 Carta de Organização dos Estados Americanos - OEA

A OEA foi criada em 1948 a partir da IX Conferência Pan-Americana, que foi realizada em
Bogotá-Colômbia, oportunidade na qual foi proclamada a sua Carta.
A OEA é a organização regional mais antiga do mundo pois, apesar de só ter sido assinada
em 1948, ela foi concebida entre 1889 e 1890, quando foi aprovada também a União

Internacional das Repúblicas Americanas.

Atualmente a OEA está sediada nos Estados Unidos, em Washington, e possui a

participação de 35 (trinta e cinco) nações independentes da América.

8.2 Convenção Americana Sobre Direitos Humanos (Pacto de

San José da Costa Rica)1

A Convenção Americana de Direitos Humanos, mais conhecida como Pacto de San José da
Costa Rica2, foi aberta a assinaturas na Conferência Especializada Interamericana sobre Direitos
Humanos, que ocorreu em São José da Costa Rica no dia 22 de novembro de 1969.

Contudo, somente após a sua 11a ratificação, que ocorreu em 1978, é que a Convenção

entrou em vigor.

Ela foi ratificada pelo Brasil no dia 25 de setembro de 1992, tendo sido promulgada no
mesmo ano através do Decreto Presidencial n. 678.

Mas veja: o Brasil fez uma reserva ao aderir à Convenção. Nesse sentido, ao realizar
alguma investigação, somente poderão ser realizadas visitas in loco quando o estado brasileiro

expressamente anuir.

E ai, OABeiro! Tudo em cima? O Pacto De San Jose da Costa Rica despenca na prova de
Direitos Humanos na OAB! Vejamos a seguir um exemplo de como esse assunto é cobrado:

1
Vide questão 10
(XXII EXAME DE ORDEM – FGV – 2017) Seu cliente possui um filho com algum nível de
deficiência mental e, após muito tentar, não conseguiu vaga no sistema público de ensino da
cidade, uma vez que as escolas se diziam não preparadas para lidar com essa situação. Você
já ingressou com a ação judicial competente há mais de dois anos, mas há uma demora
injustificada no julgamento e o caso ainda se arrasta nos tribunais. Diante desse quadro, você
avalia a possibilidade de apresentar uma petição à Comissão Interamericana de Direitos
Humanos. Tendo em vista o que dispõe a Convenção Americana sobre Direitos Humanos e
seus respectivos protocolos, assinale a afirmativa correta.
A) Considerando a demora injustificada da decisão na jurisdição interna, você pode peticionar
à Comissão, pois o direito à Educação é um dos casos de direitos sociais previstos no
Protocolo de São Salvador, que, uma vez violado, pode ensejar aplicação do sistema de
petições individuais.
B) Não obstante a demora injustificada da decisão final do Poder Judiciário brasileiro ser uma
condição que admite excepcionar os requisitos de admissibilidade para que seja apresentada a
petição, o direito à educação não está expressamente previsto nem na Convenção, nem no
Protocolo de São Salvador como um caso de petição individual.
c) Apenas a Corte Interamericana de Direitos Humanos pode encaminhar um caso para a
Comissão. Portanto, deve ser provocada a jurisdição da Corte. Se esta entender adequado,
pode enviar o caso para que a Comissão adote as medidas e providências necessárias para
garantir o direito e reparar a vítima, se for o caso.
D) Em nenhuma situação você pode entrar com a petição individual de seu cliente na
Comissão Interamericana de Direitos Humanos até que sejam esgotados todos os recursos da
jurisdição interna do Brasil.

Comentário:

(CADH) Artigo 46
1. Para que uma petição ou comunicação apresentada de acordo com os artigos 44 ou
45 seja admitida pela Comissão, será necessário:
A. QUE HAJAM SIDO INTERPOSTOS E ESGOTADOS OS RECURSOS DA JURISDIÇÃO
INTERNA, DE ACORDO COM OS PRINCÍPIOS DE DIREITO INTERNACIONAL GERALMENTE
RECONHECIDOS;
b. que seja apresentada dentro do prazo de seis meses, a partir da data em que o
presumido prejudicado em seus direitos tenha sido notificado da decisão definitiva;
c. que a matéria da petição ou comunicação não esteja pendente de outro processo de
solução internacional;
d. que, no caso do artigo 44, a petição contenha o nome, a nacionalidade, a profissão, o
domicílio e a assinatura da pessoa ou pessoas ou do representante legal da entidade que
submeter a petição.
2. As disposições das alíneas a e b do inciso 1 deste artigo NÃO SE APLICARÃO quando:
a. não existir, na legislação interna do Estado de que se tratar, o devido processo legal
para a proteção do direito ou direitos que se alegue tenham sido violados;
b. não se houver permitido ao presumido prejudicado em seus direitos o acesso aos
recursos da jurisdição interna, ou houver sido ele impedido de esgotá-los; e
c. HOUVER DEMORA INJUSTIFICADA NA DECISÃO SOBRE OS MENCIONADOS

RECURSOS.

O Pacto de San José da Costa Rica prevê também o direito à vida, que deve ser protegido
pelo ordenamento interno de cada país. Previu também que não pode ser restabelecida a
pena de morte nos países que a tiverem abolido, e nos que não o tenham feito, ela somente
poderá ser imposta nos crimes mais graves e desde que em cumprimento de sentença final
decretada por tribunal competente.

Também há a previsão de que não pode ser imposta a pena de morte ao agente que, no
momento da prática do delito, não tivesse dezoito anos completos, ou ainda à mulher

gestante.

Também é previsto neste Pacto o foro de discussões e arbitragem para eventuais afrontas

aos seus preceitos: A Comissão Interamericana de Direitos Humanos e a Corte Interamericana


de Direitos Humanos.3

A Corte Interamericana de Direitos Humanos, localizada em São José da Costa Rica é


formada por sete juízes de Estados-membros diferentes, cada um representando o seu país de
origem e com mandato de seus anos, sendo vedada a reeleição.

Ela é o órgão jurisdicional do sistema interamericano de proteção dos Direitos Humanos, e


está prevista entre os artigos 52 e 69 do Pacto.

Para que o Estado-membro possa ser julgado pela Corte é imprescindível que ele a tenha
reconhecido como obrigatória.

3
Vide questão 05
Consequentemente, se a Corte reconhecer que houve uma ou mais violações aos Direitos
Humanos acobertados pelo Pacto, determinará a reparação dos danos causados e também

determinará que o direito violado seja respeitado e assegurado. Essa decisão será vinculante.

As decisões da Corte também são definitivas e inapeláveis.

É importante ressaltar que a Corte Interamericana de Direitos Humanos também possui


função consultiva, uma vez que os Estados-membro poderão consultá-la acerca da

interpretação de tratados relativos à proteção dos Direitos Humanos no âmbito dos Estados
americanos. Ela também pode emitir pareceres.

Em síntese, são características da Corte Interamericana de Direitos Humanos:

1) Não pode ser acionada por indivíduos, apenas por Estados-membros;

2) Possui decisões vinculantes;


3) Emite pareceres;

4) Pode tomar medidas provisórias quando necessário e em casos de extrema urgência.

Por outro lado, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos tem sede em

Washington nos Estados Unidos e é composta por sete membros, eleitos para um mandato de
quatro anos, podendo haver uma reeleição. Também é importante consignar que não pode

fazer parte da Comissão Interamericana de Direitos Humanos mais de um nacional do mesmo


Estado-parte.

A Comissão tem atribuições consultivas, devendo promover a observância e a defesa da

dignidade da pessoa humana. É um órgão que monitora os Estados-parte.

Do mesmo modo que ocorre com a Corte, é necessário que o Estado a tenha reconhecido

como competente para examinar as comunicações encaminhadas com denúncia e também


competente para aplicar a Convenção.
Qualquer pessoa, grupo de pessoas ou entidade não governamental legalmente
reconhecida poderão enviar petições com denúncias à Comissão.

Contudo, para que a petição possa ser admitida ela deve preencher os seguintes requisitos:

1) Terem esgotado os recursos internos;

2) Ter sido apresentada no prazo de seis meses (contados a partir da data da


notificação da decisão definitiva);

3) Inexistência de litispendência internacional;


4) Caso tenha sido subscrita por um indivíduo, por um grupo de indivíduos ou por
uma organização não governamental, deve conter os dados qualificativos.

Sendo admitida a petição, primeiramente a Comissão deverá buscar a solução amistosa da


lide. Caso essa não seja efetiva, elaborará um relatório e o encaminhará ao Estado-parte, que

deverá solucionar a questão no prazo de três meses.

Cabe destacar que o Caso Maria da Penha foi um dos analisados pela comissão.

A denúncia foi feita perante a Comissão no dia 29 de maio de 1983, e segundo consta,
Maria da Penha Maia Fernandes, casada com Marco Antonio Heredia Viveros foi vítima de

tentativa de homicídio por este, pois atirou em Maria da Penha enquanto ela dormia. Maria
ficou paraplégica.

Duas semanas depois de retornar do hospital, Marco novamente atacou Maria, desta vez

tentando eletrocutá-la durante o banho.

Marco foi condenado a 10 (dez) anos de prisão e apelou. Quinze anos após a data dos

fatos, enquanto o recurso ainda estava pendente de julgamento, o caso foi levado à Comissão
Interamericana de Direitos Humanos por parte de Maria, do Centro pela Justiça e pelo Direito

Internacional e pelo Comitê Latino-Americano de Defesa dos Direitos da Mulher.

Ao final, concluindo pela omissão do estado brasileiro, a Comissão fez as seguintes

recomendações:

1. Completar rápida e efetivamente o processamento penal do responsável pela


agressão;
2. Realizar uma investigação séria, imparcial e exaustiva para apurar as
irregularidades e atrasos injustificados que não permitiram o processamento rápido e
efetivo do responsável;

3. Adotar, sem prejuízo das ações que possam ser instauradas contra o agressor,
medidas necessárias para que o Brasil assegure à vítima uma reparação simbólica e
material pelas violações;

4. Prosseguir e intensificar o processo de reforma para evitar a tolerância estatal e


o tratamento discriminatório com respeito à violência doméstica;

5. Medidas de capacitação/sensibilização dos funcionários judiciais/policiais


especializados para que compreendam a importância de não tolerar a violência
doméstica;

6. Simplificar os procedimentos judiciais penais;

7. O estabelecimento de formas alternativas às judiciais, rápidas e efetivas de


solução de conflitos intrafamiliares;

8. Multiplicar o número de delegacias policiais especiais para a defesa dos direitos


da mulher e dotá-las dos recursos especiais necessários, bem como prestar apoio ao
MP na preparação de seus informes judiciais;

9. Incluir em seus planos pedagógicos unidades curriculares destinadas à


compreensão da importância do respeito à mulher e a seus direitos reconhecidos na
Convenção de Belém do Pará;

10. Apresentar à Comissão, dentro do prazo de 60 dias – contados da transmissão


do documento ao Estado, um relatório sobre o cumprimento destas recomendações
para os efeitos previstos no artigo 51(1) da Convenção Americana;

Em virtude disso, no ano de 2006 o Brasil editou a Lei 11.343/06, conhecida como Lei
Maria da Penha, que prevê mecanismos com o fito de coibir a violência doméstica e familiar

contra a mulher.

8.3 Protocolo de San Salvador4

O Protocolo de San Salvador é um protocolo adicional à Convenção Americana de Direitos


Humanos e é responsável por acrescentar as matérias de direitos econômicos, sociais e
culturais no bojo do sistema interamericano.

4
Vide questão 09
Ele foi celebrado no dia 17 de novembro de 1988 em San Salvador, sendo que foi aderido
pelo Brasil no dia 21 de agosto de 1996 e promulgado internamente em 1999 através do

Decreto Presidencial 3.321/1999.

São direitos reconhecidos no bojo do referido protocolo:

1) Direito ao trabalho;
2) Direito a condições justas de trabalho;

3) Direitos sindicais;
4) Direito à previdência social;
5) Direito à saúde;

6) Direito a um meio ambiente sadio;


7) Direito à alimentação;
8) Direito à educação;
9) Direito à cultura;

10) Direito à constituição e à proteção da família;


11) Direitos da criança;

12) Direito à proteção das pessoas idosas;


13) Direito à proteção dos deficientes.

Tal qual o Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, o Protocolo de


San Salvador deve ser aplicado de modo progressivo, ou seja, na medida das possibilidades
de cada país. É o que está disposto no primeiro artigo:

Artigo 1
Obrigação de adotar medidas

Os Estados Partes neste Protocolo Adicional à Convenção Americana sobre Direitos


Humanos comprometem-se a adotar as medidas necessárias, tanto de ordem interna
como por meio da cooperação entre os Estados, especialmente econômica e técnica, até o
máximo dos recursos disponíveis e levando em conta seu grau de desenvolvimento, a fim
de conseguir, progressivamente e de acordo com a legislação interna, a plena efetividade
dos direitos reconhecidos neste Protocolo.
É importante ressaltar que o Protocolo de San Salvador prevê dois mecanismos
fiscalizatórios: os relatórios e as petições individuais.

Os relatórios devem ser apresentados pelos Estados ao Secretário-Geral da OEA, o qual os


transmitirá ao Conselho Interamericano Econômico e Social e ao Conselho Interamericano de

Educação, Ciência e Cultura:

Artigo 19
Meios de proteção

1. Os Estados Partes neste Protocolo comprometem-se a apresentar, de


acordo com o disposto por este artigo e pelas normas pertinentes que a propósito
deverão ser elaboradas pela Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos,
relatórios periódicos sobre as medidas progressivas que tiverem adotado para assegurar
o devido respeito aos direitos consagrados no mesmo Protocolo.

Já as petições individuais se restringem aos casos de violação aos direitos de liberdade


sindical e educação. Essas petições são recebidas e processadas pela Comissão Interamericana

de Direitos Humanos:

Artigo 19
Meios de proteção

6. Caso os direitos estabelecidos na alínea a do artigo 8, e no artigo 135,


forem violados por ação imputável diretamente a um Estado Parte deste Protocolo, essa
situação poderia dar lugar, mediante participação da Comissão Interamericana de Direitos
Humanos e, quando cabível, da Corte Interamericana de Direitos Humanos, à aplicação do
sistema de petições individuais regulado pelos artigos 44 a 51 e 61 a 69 da Convenção
Americana sobre Direitos Humanos.

5
Vide questão 07
8.4 Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura6

A Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura foi aprovada no dia 09 de

dezembro de 1985, no XV Período Ordinário de Sessões da Assembleia Geral da Organização


dos Estados Americanos, em Cartagena das Índias, Colômbia.

De acordo com esse documento, tortura é todo ato mediante o qual são infligidos
intencionalmente a uma pessoa penas ou sofrimentos físicos ou mentais com a finalidade de

investigação criminal ou como meio de intimidação, castigo pessoal, medida preventiva, como
pena ou com qualquer outro fim. Além disso, também será considerado como tortura a

aplicação de métodos tendentes a anular a personalidade de uma pessoa ou de diminuir a


sua capacidade física ou mental.

Artigo 3 Serão responsáveis pelo delito de tortura:

1. Os empregados ou funcionários públicos que, atuando nesse caráter, ordenem sua


comissão ou instiguem ou induzam a ela, cometam‐ no diretamente ou, podendo
impedi‐ lo, não o façam;
2. As pessoas que, por instigação dos funcionários ou empregados públicos a que se
refere a alínea a, ordenem sua comissão, instiguem ou induzam a ela, cometam‐ no
diretamente ou nele sejam cúmplices.

O direito à proibição da tortura tem caráter absoluto, não podendo ser invocado nem no
estado de guerra, de ameaça de guerra, de sítio ou de emergência, etc.

8.5 Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a

Violência Contra a Mulher 7

A Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher,

também conhecida como Convenção de Belém do Pará data de 9 de junho de 1994, tendo o
Brasil feito a sua promulgação na ordem interna através do Decreto Presidencial n. 1.973/1996.

6
Vide questão 02
7
Questão 01
Essa Convenção estabelece que violência contra a mulher é entendido como qualquer ato
ou conduta baseada no gênero que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou

psicológico à mulher, no âmbito público e privado.

Dentre os direitos protegidos temos que a Convenção estabelece que toda mulher tem o

direito de ser livre de violência, bem como tem direito ao reconhecimento, desfrute, exercício
e proteção de todos os direitos e liberdades humanos consagrados nos instrumentos

internacionais e regionais de proteção dos Direitos Humanos.

Os mecanismos de proteção, no âmbito desta Convenção, são dois: os relatórios e as


comunicações individuais.

Primeiramente, temos que os Estados-parte devem incluir nos relatórios nacionais à


Comissão Interamericana de Mulheres informações acerca das medidas adotadas para

erradicar e prevenir a violência contra a mulher, para prestar assistência à mulher que sofreu
violência doméstica e também para relatar as dificuldades observadas na aplicação dessas

medidas.

Por outro lado, temos também as comunicações individuais, que nada mais é do que a

possibilidade de qualquer pessoa ou grupo de pessoas ou ainda entidade não-governamental


juridicamente reconhecida em um ou mais Estados-membro enviar à Comissão Interamericana
de Direitos Humanos petições relativas a denúncias ou queixas de violação dos deveres
estatais.

8.6 Convenção Interamericana sobre Desaparecimento Forçado

de Pessoas

Também aprovada em Belém do Pará-Brasil, a Convenção Interamericana sobre

Desaparecimento Forçado de Pessoas foi aprovada no dia 06 de junho de 1994, mas o Brasil
somente fez o depósito do instrumento no dia 03 de fevereiro de 2014. O Decreto

presidencial que o promulgou na ordem jurídica interna foi o de n. 8.766/2016.

Para todos os efeitos deste documento, entende-se por desaparecimento forçado a

privação de liberdade do indivíduo ou de um grupo de indivíduos por parte de agentes do


Estado ou por pessoas ou grupo de pessoas que atuem com autorização, consentimento ou
apoio do Estado, seguida de falta de informação ou da recusa de reconhecer a privação de

liberdade ou de informar sobre o paradeiro do indivíduo, impedindo que este se valha dos
recursos legais e garantias processuais a que tem direito.

A ação penal e a pena a que estará sujeito o executor de tais atos não estará sujeita à
prescrição. No entanto, caso haja uma norma que impeça a aplicação da imprescritibilidade, o

prazo da prescrição destes delitos deverá ser igual ao do delito mais grave existente na
legislação interna do país.

Os mecanismos de proteção previstos na Convenção são as petições e as

comunicações, cuja tramitação estará sujeita aos procedimentos previstos na Convenção


Americana sobre Direitos Humanos e nos Regulamentos e Estatutos da Comissão e da Corte
Interamericana de Direitos Humanos.

8.7 Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as

Formas de Discriminação Contra as Pessoas Portadoras de


Deficiência8

O último documento a ser por nós analisado neste capítulo é a Convenção Interamericana
para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as Pessoas Portadoras de
Deficiência. Essa Convenção foi aprovada no dia 07 de junho de 1999, na Guatemala. No dia
15 de agosto de 2001 o Estado brasileiro efetuou o depósito do instrumento e em 08 de

outubro de 2001 foi feita a sua promulgação na ordem jurídica interna através do Decreto
presidencial n. 3.956/2001.

Esse diploma contém quatorze artigos e tem por objetivo propiciar a total integração das
pessoas portadoras de deficiência à sociedade.

O termo “deficiência” deve ser entendido como qualquer restrição física, mental ou
sensorial, de natureza transitória ou permanente que limite a capacidade do indivíduo de
exercer uma ou mais atividades essenciais do dia-a-dia.

8
Questão 11
A Convenção também determina que os Estados-parte realizem medidas tendentes a
conferir acessibilidade, tratamento, reabilitação, educação, formação e prestação de serviços

para garantir o melhor nível de qualidade de vida e de independência possível para as


pessoas com deficiência.

Ela também cria a Comissão para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra
as Pessoas Portadoras de Deficiência, composta por um representante designado por cada

Estado-parte para que acompanhe os compromissos assumidos pelos países. Os Estados são
obrigados, ainda, a encaminhar relatórios à Comissão, indicando quais as medidas tomadas na
aplicação da Convenção e qual o progresso alcançado até então.
QUADRO SINÓTICO

Sistema Europeu de Proteção dos Direitos Humanos

Documento/órgão Características

É o órgão central do sistema interamericano


de Direitos Humanos.

Tem como propósitos garantir a paz e a

segurança, promover a democracia


representativa, prevenir e solucionar

pacificamente as controvérsias políticas,


Carta de Organização dos Estados jurídicas e econômicas entre os seus
Americanos - OEA membros, organizar ações solidárias em caso
de violação dos direitos humanos, promover o

desenvolvimento dos direitos de segunda


dimensão, erradicar a pobreza e reduzir o
poder bélico dos membros.

É o principal instrumento para a


implementação dos Direitos Humanos no

âmbito da Organização dos Estados


Americanos.
Comissão Americana Sobre Direitos
Prevê apenas direitos de primeira geração
Humanos (Pacto de San José da
(direitos civis e políticos).
Costa Rica)
O Brasil fez uma reserva ao Pacto no que
tange às visitas e investigações in loco.
É um Protocolo adicional à Convenção

Americana de Direitos Humanos.

Protocolo de San Salvador Foi o responsável por acrescentar as matérias

de direitos econômicos, sociais e culturais no


sistema interamericano.

Convenção Interamericana para Vedou a prática da tortura no bojo dos

Prevenir e Punir a Tortura Estados-partes.

Também conhecida como Convenção de


Belém do Pará, objetiva proteger a mulher da
Convenção Interamericana para
violência, bem como reconhecer todos os
Prevenir, Punir e Erradicar a Violência
seus direitos e liberdades humanas
Contra a Mulher
consagradas nos instrumentos internacionais e
regionais de proteção dos Direitos Humanos.

Prevê regras para a investigação de pessoas


que desapareceram em decorrência de
Convenção Interamericana de
perseguições políticas, por parte de agentes
Desaparecimento Forçado de Pessoas
do Estado ou com consentimento ou apoio

deste.

Objetiva propiciar a todas as pessoas


Convenção Interamericana para a
portadoras de deficiência a sua total
Eliminação de Todas as Formas de
integração na sociedade, criando mecanismos
Discriminação contra as Pessoas
de reparação e coibição às práticas
Portadoras de Deficiência
discriminatórias.
QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1

(XIX EXAME DE ORDEM – FGV - 2016) A respeito da Convenção sobre Eliminação de Todas

as Formas de Discriminação contra a Mulher, ratificada pelo Brasil, assinale a alternativa


correta.

A) Uma vez que a Convenção tem como objetivo proteger um grupo específico, não pode ser
considerada como um documento de proteção internacional dos direitos humanos.

B) A Convenção possui um protocolo facultativo, que permite a apresentação de denúncias


sobre violação dos direitos por ela consagrados.

C) A Convenção permite que o Estado-parte adote, de forma definitiva, ações afirmativas para
garantir a igualdade entre gêneros.

D) A Convenção traz em seu texto um mecanismo de proteção dos direitos que consagra, por

meio de petições sobre violações, que podem ser protocoladas por qualquer Estado-parte.

Comentário:

O Decreto 4.377/2002 promulgou a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de


Discriminação Contra a Mulher e o Decreto 4316/2002 adotou o Protocolo Facultativo que

determina a atuação e define as competências do Comitê sobre a Eliminação da Discriminação

Contra a Mulher na recepção e análise das comunicações recebidas dos Estados Partes.
Questão 2

(XXIII EXAME DE ORDEM – FGV - 2017) Você advoga na Procuradoria Geral do Estado em
que reside. Em uma tarde, recebe um telefonema urgente do diretor da Penitenciária

Anhanguera, que deseja fazer uma consulta de viva voz. Diz o diretor que está com duas
pessoas identificadas como membros do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à

Tortura (MNPCT) e que elas estão requerendo acesso imediato às instalações da penitenciária,
onde pretendem gravar entrevistas com alguns presos. Também estão solicitando acesso aos

registros relativos ao tratamento conferido aos presos.

Com base nas normas de funcionamento do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à


Tortura, cabe a você informar corretamente ao diretor que

A) os membros do MNPCT não possuem direito de acesso às penitenciárias, devendo a visita


ser tratada previamente com a Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária

do Estado.

B) tanto o acesso à penitenciária quanto o acesso aos registros relativos ao tratamento

conferido aos presos, depende de autorização judiciária expedida pelo juiz da Vara de
Execução Penal da Comarca onde fica a Penitenciária.

C) o acesso dos membros do MNPCT às instalações da penitenciária deve ser liberado, mas a
gravação de entrevistas e o acesso aos registros relativos ao tratamento conferido aos presos
devem ser negados.

D) o acesso às instalações da penitenciária aos membros do MNPCT deve ser liberado, bem
como fornecidos os registros solicitados e permitida a gravação das entrevistas com os presos.

Comentário:

Lei 12.847/14

Art. 10. São assegurados ao MNPCT e aos seus membros:


II - o acesso, independentemente de autorização, a todas as informações e registros relativos
ao número, à identidade, às condições de detenção e ao tratamento conferido às pessoas
privadas de liberdade;

V - a possibilidade de entrevistar pessoas privadas de liberdade ou qualquer outra pessoa que


possa fornecer informações relevantes, reservadamente e sem testemunhas, em local que
garanta a segurança e o sigilo necessários ;

Questão 3

(XXIX EXAME DE ORDEM – FGV - 2019) No âmbito dos sistemas internacionais de proteção
dos Direitos Humanos, existem hoje três sistemas regionais: africano, (inter)americano e

europeu. Existem semelhanças e diferenças entre esses sistemas. Assinale a opção que

corretamente expressa uma grande diferença entre o sistema (inter)americano e o europeu.

A) O sistema europeu foi instituído a partir da Convenção para a Proteção dos Direitos do
Homem e das Liberdades Fundamentais, de 1950, e já está em pleno funcionamento. Já o

sistema (inter)americano foi instituído pela Convenção Americana Sobre Direitos Humanos, de

1998, e ainda não está em pleno funcionamento.

B) O sistema (inter)americano conta com uma Comissão Interamericana de Direitos Humanos,


mas não possui uma Corte ou Tribunal. Já o sistema europeu possui um Tribunal, mas não

possui uma Comissão de Direitos Humanos.

C) O sistema europeu é baseado em um Conselho de Ministros e admite denúncias de


violações de direitos humanos que sejam feitas pelos Estados-partes da Convenção, mas não

admite petições individuais. Já o sistema (inter)americano não possui o Conselho de Ministros

e admite petições individuais.

D) O sistema (inter)americano possui uma Comissão e uma Corte para conhecer de assuntos
relacionados ao cumprimento dos compromissos assumidos pelos Estados-partes na
Convenção Americana Sobre Direitos Humanos. Já o sistema europeu não possui uma
Comissão com as mesmas funções que a Comissão Interamericana, mas um Tribunal Europeu

dos Direitos do Homem, que é efetivo e permanente.

Comentário:

A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. É isso mesmo, o sistema

interamericano possui a comissão e a corte como órgãos de aplicação das regras previstas na
Convenção Americana sobre Direitos Humanos, quando o sistema europeu possui apenas o

tribunal.

Questão 4

(XXIV EXAME DE ORDEM – FGV - 2017) Há cerca de três meses, foi verificado que os presos
da Penitenciária Quebrantar estavam sofrendo diversas formas de maus tratos, incluindo

violência física. Você foi contratado(a) por familiares dos presos, que lhe disseram ter
elementos suficientes para acreditar que qualquer medida judicial no Brasil seria ineficaz no
prazo desejado. Por isso, eles o(a) consultaram sobre a possibilidade de submeter o caso à

Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).

Considerando as regras de funcionamento dessa Comissão, você deve informá-los de que a

CIDH pode receber a denúncia:

A) caso sejam feitas petições individualizadas, uma vez que os casos de violação de direitos
previstos no Pacto de São José da Costa Rica devem ser julgados diretamente pela Corte

Interamericana de Justiça.

B) caso sejam feitas petições individualizadas relatando a violação sofrida por cada uma das
vítimas e as relacionando aos direitos previstos na Convenção Americana; assim, a CIDH
poderá adotar as medidas que julgar necessárias para a cessação da violação.
C) caso entenda haver situação de gravidade e urgência. Assim, a CIDH poderá instaurar de
ofício um procedimento no qual solicita que o Estado brasileiro adote medidas cautelares de

natureza coletiva para evitar danos irreparáveis aos presos.

D) caso entenda haver situação de gravidade e urgência. Assim, a CIDH deve encaminhar

diretamente o caso à Corte Interamericana de Justiça, que poderá ordenar a medida provisória

que julgar necessária à cessação da violação.

Comentário:

Artigo 29 – Medidas cautelares

1. A Comissão poderá, por iniciativa própria ou a pedido de parte, tomar qualquer medida
que considere necessária para o desempenho de suas funções.

2. Em casos urgentes, quando se tornar necessário para evitar danos irreparáveis a pessoas, a
Comissão poderá pedir que sejam tomadas medidas cautelares para evitar que se consume o

dano irreparável, no caso de serem verdadeiros os fatos denunciados.

Questão 5

(XXII EXAME DE ORDEM – FGV - 2017) Seu cliente possui um filho com algum nível de
deficiência mental e, após muito tentar, não conseguiu vaga no sistema público de ensino da
cidade, uma vez que as escolas se diziam não preparadas para lidar com essa situação. Você

já ingressou com a ação judicial competente há mais de dois anos, mas há uma demora
injustificada no julgamento e o caso ainda se arrasta nos tribunais. Diante desse quadro, você
avalia a possibilidade de apresentar uma petição à Comissão Interamericana de Direitos

Humanos. Tendo em vista o que dispõe a Convenção Americana sobre Direitos Humanos e

seus respectivos protocolos, assinale a afirmativa correta.

A) Considerando a demora injustificada da decisão na jurisdição interna, você pode peticionar

à Comissão, pois o direito à Educação é um dos casos de direitos sociais previstos no


Protocolo de São Salvador, que, uma vez violado, pode ensejar aplicação do sistema de

petições individuais.

B) Não obstante a demora injustificada da decisão final do Poder Judiciário brasileiro ser uma
condição que admite excepcionar os requisitos de admissibilidade para que seja apresentada a

petição, o direito à educação não está expressamente previsto nem na Convenção, nem no

Protocolo de São Salvador como um caso de petição individual.

C) Apenas a Corte Interamericana de Direitos Humanos pode encaminhar um caso para a

Comissão. Portanto, deve ser provocada a jurisdição da Corte. Se esta entender adequado,
pode enviar o caso para que a Comissão adote as medidas e providências necessárias para

garantir o direito e reparar a vítima, se for o caso.

D) Em nenhuma situação você pode entrar com a petição individual de seu cliente na

Comissão Interamericana de Direitos Humanos até que sejam esgotados todos os recursos da

jurisdição interna do Brasil.

Comentário:

•Diferentemente do que ocorre nas COMISSÕES, não é qualquer pessoa que pode submeter

um caso à Corte, mas somente Estados-Partes e a própria COMISSÃO, não se atingindo


solução perante esta.

•Comissão Interamericana de Direitos Humanos: (art. 44 da CADH), Qualquer pessoa ou grupo

de pessoas, ou entidade não governamental lealmente reconhecida em um ou mais Estados


Membros da Organização pode apresentar à Comissão petições que contenham denúncias ou

queixas de violação desta Convenção por um Estado-Parte.

Questão 6

(XXII EXAME DE ORDEM – FGV - 2017) Você está advogando em um caso que tramita na
Corte Interamericana de Direitos Humanos. O Brasil é parte passiva do processo e, finalmente,
foi condenado. A condenação envolve, além da reparação pecuniária pela violação dos direitos
humanos, medidas simbólicas de restauração da dignidade da vítima e até mesmo a mudança
de parte da legislação interna. Embora a União tenha providenciado o pagamento do valor

referente à reparação pecuniária da vítima, há muito tempo permanece inadimplente quanto


ao cumprimento das demais obrigações impostas na sentença condenatória proferida pela

Corte. Diante disso, assinale a afirmativa correta.

A) É necessário ingressar com medida específica junto ao STF para a homologação da

sentença da Corte ou a obtenção do exequatur, isto é, a decisão de cumprir, aqui no Brasil,

uma sentença que tenha sido proferida por tribunal estrangeiro.

B) Não há nada que possa ser feito, já que não há previsão nem na legislação do Brasil, nem

na própria Convenção Americana dos Direitos Humanos sobre algum tipo de medida quando

do não cumprimento da sentença da Corte pelo país que se submeteu à sua jurisdição.

C) A execução da sentença pode ser feita diretamente no Sistema Interamericano de Direitos


Humanos, pois essa é uma das atribuições e incumbências previstas no Pacto de São José da

Costa Rica para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

D) Pode-se solicitar à Corte que, no seu relatório anual para a Assembleia Geral da OEA,

indique o caso em que o Brasil foi condenado, como aquele em que um Estado não deu

cumprimento total à sentença da Corte.

Comentário:

(CADH), Artigo 65

A Corte submeterá à consideração da Assembléia Geral da Organização, em cada


período ordinário de sessões, um relatório sobre suas atividades no ano anterior. De maneira

especial, e com as recomendações pertinentes, indicará os casos em que um Estado não


tenha dado cumprimento a suas sentenças.

(...)

Artigo 68
1. Os Estados Partes na Convenção comprometem-se a cumprir a decisão da Corte em todo
caso em que forem partes.

2. A parte da sentença que determinar indenização compensatória poderá ser executada no

país respectivo pelo processo interno vigente para a execução de sentenças contra o Estado.

Questão 7

(XXXI EXAME DE ORDEM – FGV - 2020) Recentemente houve grande polêmica na cidade de
Piraporanga, porque o Prefeito proibiu o museu local de realizar uma exposição, sob a
alegação de que as obras de arte misturavam temas religiosos com conteúdos sexuais, além

de haver quadros e esculturas obscenas.

Você é contratada(o) para atuar no caso pelos autores das obras de arte e por intelectuais.

Com base na Convenção Americana de Direitos Humanos e na Constituição Federal de 1988,

assinale a opção que apresenta o argumento que você, como advogada(o), deveria adotar.

A) A censura prévia por autoridades administrativas competentes, como mecanismo eficaz

para assegurar o respeito à reputação de pessoas e como forma de garantir a moralidade

pública, deve ser admitida.

B) O exercício da liberdade de expressão e o da criação artística estão sujeitos à censura


prévia, mas apenas por força de lei devidamente justificada, como forma de proteção da

honra individual e da moral pública.

C) A liberdade de expressão e de criação artística estão sujeitas à censura prévia pelas


autoridades competentes quando elas ocorrem por meio de exposições em museus, tendo em

vista a proteção da memória nacional e da ordem pública.

D) A lei pode regular o acesso a diversões e espetáculos públicos, tendo em vista a proteção

moral da infância e da adolescência, sendo vedada, porém, toda e qualquer censura prévia de

natureza política, ideológica e artística.


Comentário:

Note que todas as alternativas, à exceção da D, falam em censura prévia, o que não é

admitido.

Ademais, o art. 13, do Pacto de San Jose, prevê a ponderação entre a liberdade de expressão

cultural e a proteção à moralidade da infância e juventude.

Questão 8

(XXX EXAME DE ORDEM – FGV - 2019) Um rapaz, que era pessoa em situação de rua,
acabou de sair da prisão. Ele fora condenado pelo crime de latrocínio e, posteriormente, a
defensoria pública ajuizou, a seu favor, uma ação de revisão criminal, na qual ele foi absolvido

por ausência de provas, caracterizando, assim, um erro judiciário. Nesse período, ele ficou
cinco anos preso. Agora a família indaga se existe um direito de indenização em função de

condenação por erro judiciário.

Assinale a opção que apresenta a informação que você, na condição de advogado(a)

especializado(a) em Direitos Humanos, deve prestar à família, com base na Convenção


Americana Sobre Direitos Humanos.

A) O direito à indenização está previsto na Convenção Americana Sobre Direitos Humanos de


forma geral, mas não há previsão expressa de indenização por erro judiciário; portanto, essa é
uma construção argumentativa que deve ser produzida no caso concreto.

B) A indenização por erro judiciário não é uma matéria própria do campo dos Direitos
Humanos, por isso não existe tal previsão nem na Convenção Americana Sobre Direitos

Humanos, nem em nenhum outro tratado de Direitos Humanos de que o Brasil seja signatário.

C) A Convenção Americana Sobre Direitos Humanos assegura o direito à indenização por erro

judiciário, mas o restringe aos erros que resultam em condenação na esfera civil, excluindo
eventuais erros que ocorram na jurisdição penal.
D) A Convenção Americana Sobre Direitos Humanos dispõe que toda pessoa tem direito de
ser indenizada conforme a lei, no caso de haver sido condenada em sentença transitada em

julgado por erro judiciário.

Comentário:

Artigo 10 da Convenção - Direito à indenização

Toda pessoa tem direito de ser indenizada conforme a lei, no caso de haver sido condenada
em sentença transitada em julgado, por erro judiciário.

Questão 9

(XXIX EXAME DE ORDEM – FGV - 2019) SoUma Organização de Direitos Humanos afirma
estar tramitando, no Congresso Nacional, um Projeto de Lei propondo que o trabalhador
tenha direito a férias, mas que seja possível que o empregador determine a não remuneração

dessas férias. No mesmo Projeto de Lei, fica estipulado que, nos feriados nacionais, não haverá

remuneração.

A Organização procura você, como advogado(a), para redigir um parecer quanto a um

eventual controle de convencionalidade, caso esse projeto seja transformado em lei.

Assim, com base no Protocolo Adicional à Convenção Americana Sobre Direitos Humanos em

Matéria de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais – Protocolo de San Salvador – , assinale a

opção que apresenta seu parecer sobre o fato apresentado.

A) O Brasil, embora tenha ratificado a Convenção Americana de Direitos Humanos, não é


signatário do Protocolo Adicional à Convenção Americana Sobre Direitos Humanos em
Matéria de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais – Protocolo de San Salvador. Portanto,
independentemente do que disponha esse Protocolo, ele não configura uma base jurídica que

permita fazer um controle de convencionalidade.


B) Tanto o direito a férias remuneradas quanto o direito à remuneração nos feriados nacionais
estão presentes no Protocolo de San Salvador. Considerando que o Brasil é signatário desse

Protocolo, caso o Projeto de Lei venha a ser convertido em Lei pelo Congresso Nacional, é
possível submetê-lo ao controle de convencionalidade, com base no Protocolo de San

Salvador.

C) A despeito de as férias remuneradas e a remuneração nos feriados nacionais estarem

previstos no Protocolo de San Salvador, não é possível fazer o controle de convencionalidade


caso o Projeto de Lei seja aprovado, porque se trata apenas de um Protocolo, e, como tal, não

possui força de Convenção como é o caso da Convenção Americana Sobre Direitos Humanos.

D) Se o Projeto de Lei for aprovado, não será possível submetê-lo a um controle de


convencionalidade com base no Protocolo de San Salvador, porque os direitos em questão
não estão previstos no referido Protocolo, que sequer trata de condições justas, equitativas e

satisfatórias de trabalho.

Comentário:

Vejamos o que dispõe o art. 7º, “h”, do Protocolo de San Salvador:

"Condições justas, equitativas e satisfatórias de trabalho

Os Estados Partes neste Protocolo reconhecem que o direito ao trabalho, a que se refere o
artigo anterior, pressupõe que toda pessoa goze do mesmo em condições justas, equitativas e

satisfatórias, para o que esses Estados garantirão em suas legislações, de maneira particular:

h. Repouso, gozo do tempo livre, férias remuneradas, bem como remuneração nos feriados

nacionais".

Trata-se de norma internalizada em nosso ordenamento pelo Decreto nº 3.321/1999. Assim,

cabe convencionalidade.
Questão 10

(XXV EXAME DE ORDEM – FGV - 2018) Você foi procurado, como advogado(a), por
representantes de um Centro de Defesa dos Direitos Humanos, que lhe informaram que o
governador do estado, juntamente com o ministro da justiça do país, estavam articulando a

expulsão coletiva de um grupo de haitianos, que vive legalmente na sua cidade.

Na iminência de tal situação e sabendo que o Brasil é signatário da Convenção Americana

sobre os Direitos Humanos, assinale a opção que indica, em conformidade com essa

convenção, o argumento jurídico a ser usado.

A) Um decreto do governador combinado a uma portaria do ministro da justiça constituem


fundamento jurídico suficiente para a expulsão coletiva, segundo a Convenção acima citada.

Portanto, a única solução é política, ou seja, fazer manifestações para demover as autoridades

desse propósito.

B) A Convenção Americana sobre os Direitos Humanos é omissa quanto a esse ponto.

Portanto, a única alternativa é buscar apoio em outros tratados internacionais, como a


Convenção das Nações Unidas, relativa ao Estatuto dos Refugiados, também conhecida como

Convenção de Genebra, de 1951.

C) A expulsão coletiva de estrangeiros é permitida, segundo a Convenção Americana sobre os

Direitos Humanos, apenas no caso daqueles que tenham tido condenação penal com trânsito
em julgado, o que não foi o caso dos haitianos visados pelos propósitos do governador e do

ministro, uma vez que eles vivem legalmente na cidade.

D) A pessoa que se ache legalmente no território de um Estado tem direito de circular nele e

de nele residir em conformidade com as disposições legais. Além disso, é proibida a expulsão

coletiva de estrangeiros.

Comentário:
CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS (1969)*. (PACTO DE SAN JOSÉ DA COSTA
RICA)

Artigo 22. Direito de circulação e de residência

1. Toda pessoa que se ache legalmente no território de um Estado tem direito de

circular nele e de nele residir em conformidade com as disposições legais.

9. É proibida a expulsão coletiva de estrangeiros.

Questão 11

(XX EXAME DE ORDEM – FGV – 2016) João e Maria são casados e ambos são deficientes
visuais. Enquanto João possui visão subnormal (incapacidade de enxergar com clareza
suficiente para contar os dedos da mão a uma distância de 3 metros), Maria possui cegueira
total. O casal tentou se habilitar ao processo de adoção de uma criança, mas foi informado no

Fórum local que não teriam o perfil de pais adotantes, em função da deficiência visual, uma
vez que isso seria um obstáculo para a criação de um futuro filho.

Diante desse caso, assinale a opção que melhor define juridicamente a situação.

A) A informação obtida no Fórum local está errada e o casal, a despeito da deficiência visual,
pode exercer o direito à adoção em igualdade de oportunidades com as demais pessoas,
conforme previsão expressa na legislação pátria.

B) A informação prestada no Fórum está imprecisa. Embora não haja previsão legal expressa
que assegure o direito à adoção em igualdade de oportunidades pela pessoa com deficiência,
é possível defender e postular tal direito com base nos princípios constitucionais.

C) Conforme previsto no Art. 149 do Estatuto da Criança e do Adolescente, cabe ao juiz


disciplinar, por meio de Portaria, os critérios de habilitação dos pretendentes à adoção. Assim,
se no Fórum foi dito que o casal não pode se habilitar em função da deficiência é porque a

Portaria do Juiz assim definiu, sendo esta válida nos termos do artigo citado do ECA.

D) Como não há nenhuma previsão expressa na legislação sobre adoção em igualdade de


oportunidades por pessoas com deficiência e os princípios constitucionais não possuem
densidade normativa para regulamentar tal caso, deve-se reconhecer a lacuna da lei e
raciocinar com base em analogia, costumes e princípios gerais do direito, conforme determina

o Art. 4º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro.

Comentário:

Lei 13.146 de 6 de julho de 2015

Art. 6º A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para:

I - casar-se e constituir união estável;

II - exercer direitos sexuais e reprodutivos;

III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações

adequadas sobre reprodução e planejamento familiar;

IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória;

V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e

VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando,

em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.


GABARITO

Questão 1 - B

Questão 2 – D

Questão 3 - D

Questão 4 - C

Questão 5 - A

Questão 6 - D

Questão 7 - D

Questão 8 - D

Questão 9 - B

Questão 10 - D

Questão 11 - A
QUESTÃO DESAFIO

Ao reconhecer o direito à vida como bem primordial a ser tutelado,


o Pacto de São José da Costa Rica aboliu definitivamente a pena de
morte?
Máximo de 5 linhas
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO

Não, a pena de morte não foi definitivamente abolida, pois, nos países que não houverem
abolido a pena de morte, esta, só poderá ser imposta pelos delitos mais graves, nos
termos do art. 4º do referido Tratado.
Você deve ter abordado necessariamente os seguintes itens em sua resposta:
 Não foi definitivamente abolida

A Convenção Americana de Direitos Humanos, ou Pacto de San José da Costa Rica, foi
adotada no âmbito da Organização dos Estados Americanos, por ocasião da Conferência
Especializada Interamericana sobre Direitos Humanos de 22 de novembro de 1969, em São
José, na Costa Rica. Entrou em vigor internacional somente em 18 de julho de 1978, conforme
determinava o § 2º de seu art. 74, após ter obtido 11 ratificações. Em 2015, a Convenção
conta, entre os 35 Estados independentes das Américas, com 23 Estados Partes, após a
denúncia de Trinidad e Tobago (1998) e da Venezuela (2012) (RAMOS, André de Carvalho.
Curso de direitos humanos. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2017). O Brasil aderiu à Convenção em 9
de julho de 1992, depositou a carta de adesão em 25 de setembro de 1992, e a promulgou
por meio do Decreto n. 678, de 6 de novembro do mesmo ano. O ato multilateral entrou em
vigor para o Brasil em 25 de setembro de 1992, data do depósito de seu instrumento de
ratificação (art. 74, § 2º). O direito à vida engloba diferentes facetas, que vão desde o direito
de nascer, de permanecer vivo e de defender a própria vida e, com discussões cada vez mais
agudas em virtude do avanço da medicina, sobre o ato de obstar o nascimento do feto,
decidir sobre embriões congelados e ainda optar sobre a própria morte. Tais discussões
envolvem aborto, pesquisas científicas, suicídio assistido e eutanásia, suscitando a necessidade
de dividir a proteção à vida em dois planos: a dimensão vertical e a dimensão horizontal. A
dimensão vertical envolve a proteção da vida nas diferentes fases do desenvolvimento
humano (da fecundação à morte). Algumas definições sobre o direito à vida refletem esta
dimensão, pois este direito consistiria no “direito a não interrupção dos processos vitais do
titular mediante intervenção de terceiros e, principalmente, das autoridades estatais” (DIMITRI,
Dimoulis. Vida (Direito à). In: DIMOULIS, Dimitri et al. (Orgs.). Dicionário brasileiro de direito
constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007). Já a dimensão horizontal engloba a qualidade da vida
fruída. Esta dimensão horizontal resulta na proteção do direito à saúde, educação, prestações
de seguridade social e até mesmo meio ambiente equilibrado, para assegurar o direito à vida
digna.
 Conforme art. 4º do Pacto de São José

O Pacto de São José da Costa Rica veda a aplicação da pena de morte como regra: PACTO DE
SÃO JOSÉ DA COSTA RICA Artigo 4º - Direito à vida 1. Toda pessoa tem o direito de que se
respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde o momento da
concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente. 2. Nos países que não
houverem abolido a pena de morte, esta, só poderá ser imposta pelos delitos mais graves, em
cumprimento de sentença final de tribunal competente e em conformidade com a lei que
estabeleça tal pena, promulgada antes de haver o delito sido cometido. Tampouco se
estenderá sua aplicação a delitos aos quais não se aplique atualmente. 3. Não se pode
restabelecer a pena de morte nos Estados que a hajam abolido. 4. Em nenhum caso pode a
pena de morte ser aplicada a delitos políticos, nem a delitos comuns conexos com delitos
políticos. 5. Não se deve impor a pena de morte a pessoa que, no momento da perpetração
do delito, for menor de dezoito anos, ou maior de setenta, nem aplicá-la a mulher em estado
de gravidez. 6. Toda pessoa condenada à morte tem direito a solicitar anistia, indulto ou
comutação da pena, os quais podem ser concedidos em todos os casos. Não se pode
executar a pena de morte enquanto o pedido estiver pendente de decisão ante a autoridade
competente. O art. 4º reconhece o direito à vida. Nesse sentido, expõe-se que toda pessoa
tem o direito de que se respeite sua vida, o qual deve ser protegido por lei “e, em geral,
desde o momento da concepção”. Assim, ninguém pode ser privado de sua vida
arbitrariamente. A possibilidade de autorização legal de hipóteses de aborto ou eutanásia não
foi vedada pela Convenção, mas deve ser regrado de modo fundamentado como exceção à
proteção geral da vida desde a concepção. Como decorrência do reconhecimento do direito à
vida, a Convenção dispõe que nos países em que a pena de morte não tiver sido abolida, esta
poderá ser imposta apenas para delitos mais graves, após a sentença final de tribunal
competente e em conformidade com a lei que estabeleça tal pena, promulgada antes de
haver o delito sido cometido. A pena de morte não poderá ter sua aplicação estendida aos
delitos aos quais não se aplique no momento da ratificação do tratado e, nos Estados Partes
que a tenham abolido, não poderá ser restabelecida (RAMOS, André de Carvalho. Curso de
direitos humanos. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2017). O Brasil fez a seguinte declaração no
momento de assinar esse Protocolo sobre a Abolição da Pena de Morte: “Ao ratificar o
Protocolo sobre a Abolição da Pena de Morte, adotado em Assunção, em 8 de junho de 1990,
declaro, devido a imperativos constitucionais, que consigno a reserva, nos termos
estabelecidos no Art. 2 do Protocolo em questão, no qual se assegura aos Estados-partes o
direito de aplicar a pena de morte em tempo de guerra, de acordo com o direito
internacional, por delitos sumamente graves de caráter militar”. Mazzuoli esclarece que há
vários anos a ONU vem trabalhando incessantemente para ampliar a aplicação das normas de
direito internacional no combate à discriminação contra a comunidade LGBTI, especialmente
em relação aos mais de 70 países que mantêm legislações que criminalizam (com pena de
prisão ou, até mesmo, pena de morte) pessoas em razão de sua orientação sexual ou
identidade de gênero. Muitas medidas concretas já foram tomadas no sentido de coibir os
Estados que discriminam a orientação sexual dos cidadãos (MAZZUOLI, Valério de Oliveira.
Curso de direitos. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018).
LEGISLAÇÃO COMPILADA

O Sistema Interamericano de Proteção de Direitos Humanos

 Carta da Organização dos Estados Americanos, 1948: recomendamos leitura integral;


 Convenção Americana sobre Direitos Humanos, 1969: recomendamos leitura integral;

 Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura, de 1985: recomendamos


leitura integral;

 Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, de


1994: recomendamos leitura integral;

 Convenção Interamericana sobre o Desaparecimento Forçado de Pessoas, de 1994:


recomendamos leitura integral;

 Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra


as Pessoas Portadoras de Deficiência, de 1999: recomendamos leitura integral;
 Protocolo de San Salvador, 1988: recomendamos leitura integral.
JURISPRUDÊNCIA

Pacto de San José da Costa Rica – teoria concepcionista

 Info 547, STJ:

“O ordenamento jurídico como um todo (e não apenas o CC) alinhou-se mais à teoria

concepcionista – para a qual a personalidade jurídica se inicia com a concepção, muito


embora alguns direitos só possam ser plenamente exercitáveis com o nascimento, haja vista

que o nascituro é pessoa e, portanto, sujeito de direitos – para a construção da situação


jurídica do nascituro, conclusão enfaticamente sufragada pela majoritária doutrina

contemporânea. Além disso, apesar de existir concepção mais restritiva sobre os direitos do
nascituro, amparada pelas teorias natalista e da personalidade condicional, atualmente há de
se reconhecer a titularidade de direitos da personalidade ao nascituro, dos quais o direito à

vida é o mais importante, uma vez que garantir ao nascituro expectativas de direitos, ou
mesmo direitos condicionados ao nascimento, só faz sentido se lhe for garantido também o
direito de nascer, o direito à vida, que é direito pressuposto a todos os demais. Portanto, o
aborto causado pelo acidente de trânsito subsume-se ao comando normativo do art. 3.o da

Lei 6.194/1974, haja vista que outra coisa não ocorreu, senão a morte do nascituro, ou o
perecimento de uma vida intrauterina” (STJ, REsp 1.415.727/SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,

j.04.09.2014).
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARRETO, Rafael. Direitos Humanos – 8. Ed, revista, ampliada e atualizada.

Salvador:Juspodivm, 2018.

CASTILHO, Ricardo. Direitos Humanos – 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

MALHEIRO, Emerson. Curso de Direitos Humanos – 3. Ed. Revista, atualizada e ampliada. São
Paulo: Atlas, 2016.
PDF OAB
Direitos Humanos
Capítulo 9
SUMÁRIO
DIREITOS HUMANOS, Capítulo 9 ........................................................................................................ 3

9. A proteção dos Direitos Humanos no Brasil ............................................................................ 3


9.1 O princípio da primazia dos Direitos Humanos ...........................................................................................3
9.2 A aplicabilidade imediata dos Tratados de Direitos Humanos..............................................................4
9.3 Bloco de Constitucionalidade ...............................................................................................................................5
9.4 Controle de convencionalidade ...........................................................................................................................6
9.5 A execução das decisões dos Tribunais Internacionais .............................................................................7
9.6 O Programa Nacional de Direitos Humanos ..............................................................................................8

QUADRO SINÓTICO ............................................................................................................................. 12

QUESTÕES COMENTADAS .................................................................................................................. 14

GABARITO .............................................................................................................................................. 27

LEGISLAÇÃO COMPILADA ................................................................................................................... 31

JURISPRUDÊNCIA.................................................................................................................................... 32

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................... 36

1
E ai, OABeiro! Como vai?

A apostila de número 09 do nosso curso de Direitos Humanos tratou sobre A proteção dos

Direitos Humanos no Brasil, matéria que é comumente cobrada no Exame de ordem! De


acordo com a nossa equipe de inteligência, esse assunto esteve presente 3 VEZES nos

últimos 3 anos!

Aqui, a banca costuma seguir o seu padrão: Apresentar um caso hipotético, pelo qual a
resposta é respaldada na legislação vigente. Por isso, recomendamos a leitura atenta da letra
seca da lei e entendimentos jurisprudenciais, e sempre em companhia de alguma doutrina à
sua escolha.

Dê bastante atenção Programa Nacional de Direitos Humanos, pois este assunto teve maior
recorrência!

Adicionamos também questões de outras carreiras jurídicas para que você tivesse uma maior
assimilação da matéria vista e que pudesse praticar ainda mais!

Não se esqueça: A resolução de questões é a chave para a aprovação! Vamos juntos!

2
DIREITOS HUMANOS

Capítulo 9

9. A proteção dos Direitos Humanos no Brasil

Neste décimo e último capítulo, depois de termos abordado toda a sistematização dos
Direitos Humanos no mundo, analisaremos alguns pontos no que toca a essa proteção no

âmbito do Brasil, desde o princípio da primazia dos Direitos Humanos na carta constitucional
até a execução no âmbito interno das decisões dos Tribunais Internacionais.

Esse é o nosso último encontro e esperamos que você tenha aproveitado. Que esse
material tenha superado as suas expectativas e que, para além desse fator, tenha agregado
muito conhecimento.

Procuramos abordar, capítulo a capítulo, os principais aspectos de cada tema, preparando-


o de forma mais aprofundada e ampla possível para os mais variados cargos da carreira

jurídica. Ao final da leitura, recomendamos que você leia as leis secas mencionadas, uma vez
que possuem forte incidência nas provas.

Uma boa caminhada e rumo à aprovação. Conte conosco.

Vamos juntos!

9.1 O princípio da primazia dos Direitos Humanos

Logo no início do texto constitucional, mais precisamente no seu artigo 4 o, temos a

previsão dos princípios norteadores da República Federativa do Brasil. O segundo, de dez


incisos, prevê a prevalência dos Direitos Humanos:

3
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos
seguintes princípios:

I - independência nacional;

II - prevalência dos direitos humanos;

III - autodeterminação dos povos;

IV - não-intervenção;

V - igualdade entre os Estados;

VI - defesa da paz;

VII - solução pacífica dos conflitos;

VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;

IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;

X - concessão de asilo político.

No bojo do âmbito interno, a previsão desse princípio implica no fato de que o Brasil deve
incorporar ao seu ordenamento os tratados de Direitos Humanos, bem como respeitá-los. Isso

significa que deve realizar de modo efetivo a defesa dos Direitos Humanos no caso concreto,
realizando de forma prioritária a aplicação das normas de Direitos Humanos.

Além disso, o compromisso político do Brasil também pode ser verificado na órbita
internacional a partir da ratificação dos principais tratados de direitos humanos, pela

submissão do Brasil aos mais importantes foros internacionais que visam a proteção de tais
direitos e à prioridade da promoção da dignidade da pessoa humana na política externa.

9.2 A aplicabilidade imediata dos Tratados de Direitos Humanos

Ainda trabalhando com os dispositivos da Constituição da República Federativa do

Brasil de 1988, temos no artigo 5o, parágrafo primeiro desta Carta:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida,
à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

4
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação
imediata.1

Portanto, avaliando o dispositivo legal, podemos concluir que os Tratados Internacionais de


Direitos Humanos possuem aplicabilidade imediata.

Nesse sentido, parte da doutrina nacional entende que a emissão de Decreto do Presidente

que promulga o tratado e determina a sua publicação seria desnecessário para que as normas
internacionais que visam a garantia dos direitos fundamentais gerem efeitos em território

brasileiro. Para estes juristas, basta a ratificação para que o tratado tenha aplicabilidade direta
e imediata.

Apesar do entendimento doutrinário acima colacionado, temos que essa não é a posição do
STF!

O Supremo Tribunal Federal, por sua vez, continua entendendo que a emissão do Decreto
Presidencial é o último ato do processo de incorporação do tratado internacional.

Isso posto, temos que no bojo do julgamento da CR-AgR 8.279/AT, o STF não reconheceu

nem o princípio do efeito direto, nem o da aplicabilidade imediata.

9.3 Bloco de Constitucionalidade

Em linhas gerais, o bloco de constitucionalidade é o reconhecimento da existência de


outros diplomas normativos com hierarquia constitucional (além da própria Constituição em

sentido formal).

1
Vide questão 2 e 6
5
O parágrafo segundo do artigo 5o da Constituição Federal permite o reconhecimento de
um bloco de constitucionalidade amplo, que abrange os direitos previstos nos tratados de

direitos humanos:

§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem


aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos
votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.

Mas veja: apenas aqueles tratados de Direitos Humanos aprovados pelo rito especial fazem
parte do bloco de constitucionalidade. Os demais terão caráter supralegal.

Isso quer dizer que todos os artigos que tratarem do princípio da supremacia da norma
constitucional, como é o caso das normas referentes ao controle difuso e concentrado de

constitucionalidade, também serão mecanismos de preservação dos regramentos advindos dos


tratados internacionais de direitos humanos aprovados pelo rito especial.

9.4 Controle de convencionalidade2

O controle de convencionalidade, por sua vez, é a análise da compatibilidade das


normativas internas com as normas internacionais.

Esse controle, por sua vez, se subdivide em:

1) Controle de convencionalidade de matriz internacional, autêntico ou definitivo:

consiste na análise das normativas internas face as normativas internacionais,


realizada pelos próprios órgãos internacionais.

2) Controle de convencionalidade de matriz nacional, provisório ou preliminar: consiste


na análise de compatibilidade das normativas internas face as normativas

internacionais incorporadas à legislação nacional, feita pelos juízes ou tribunais


brasileiros. Em suma:

2
Vide questão 04 e 09
6
• Atribuído aos órgãos internacionais
Controle de • O parâmetro de confronto é a norma
internacional
convencionalidade • O objeto é a norma interna (qualquer
autêntico uma)

• Atribuído aos juízes e tribunais brasileiros


Controle • Não podem ser submetidas a este
controle as normas oriundas do Poder
deconvencionalidade Constituinte Originário
provisório • O parâmetro de confronto são os
Tratados Internacionais incorporados

9.5 A execução das decisões dos Tribunais Internacionais

Primeiramente devemos frisar que as sentenças dos Tribunais Internacionais não devem ser
confundidas com as sentenças dos tribunais estrangeiros: aquelas não estão vinculadas à

soberania de um Estado, motivo pelo qual não necessitam de homologação.

Em verdade, as decisões da Corte Interamericana de Direitos Humanos são títulos


executivos. Assim, caso o Brasil seja condenado ao pagamento de uma indenização pecuniária,

por exemplo, essa sentença ficará sujeita apenas aos procedimentos previstos no ordenamento
interno para a execução de provimentos jurisdicionais contra a Fazenda.

Lembre-se: A Corte IDH não possui meios coercitivos diretos para fazer com que o Estado

cumpra as suas decisões. Ela pode, no máximo, ocasionar um constrangimento político para o
Estado através da inclusão do seu nome na parte especial do relatório anual à Assembleia-

Geral da OEA.

E se não houver o cumprimento espontâneo da decisão pelo Estado?


7
Nós sabemos, por todo o estudo realizado neste material, que os sistemas internacionais
de proteção dos Direitos Humanos se norteiam pelo princípio da cooperação. Neste sentido,

é imprescindível que o Estado se esforce ao máximo para cumprir os seus compromissos


internacionais, de boa-fé. Por isso é incoerente que o Estado, voluntariamente, se furte de

cumprir as determinações a ele impostas.

Entretanto, caso a reparação seja de natureza pecuniária, em não havendo o cumprimento

espontâneo por parte do Estado e por se tratar de um título executivo judicial, este poderá ser
executado nos termos dos artigos 534 e 535 do Código de Processo Civil, sob o procedimento
de execução da obrigação de pagar quantia certa.

9.6 O Programa Nacional de Direitos Humanos

Através do Decreto 7.037/2009 foi aprovado o denominado Programa Nacional de Direitos

Humanos (PNDH-3). Nos termos deste Decreto

O Poder Executivo tem papel protagonista na coordenação e implementação do PNDH-


3, mas faz-se necessária a definição de responsabilidades compartilhadas entre a União,
Estados, Municípios e do Distrito Federal na execução de políticas públicas, tanto quanto
a criação de espaços de participação e controle social nos poderes Judiciário e
Legislativo, no Ministério Público e nas Defensorias, em ambiente de respeito, proteção e
efetivação dos Direitos Humanos. O conjunto de órgãos do Estado – não apenas no
âmbito do Executivo Federal – deve estar comprometido com a implementação e
monitoramento do PNDH-3.

O PNDH-3 nada mais é, assim, um programa que estabelece diretrizes, objetivos

estratégicos e ações programáticas com o fito de promover e proteger os Direitos Humanos


no Brasil.

Art. 1o Fica aprovado o Programa Nacional de Direitos Humanos - PNDH-3, em


consonância com as diretrizes, objetivos estratégicos e ações programáticas
estabelecidos, na forma do Anexo deste Decreto.
Art. 2o O PNDH-3 será implementado de acordo com os seguintes eixos orientadores e
suas respectivas diretrizes:
I - Eixo Orientador I: Interação democrática entre Estado e sociedade civil:
a) Diretriz 1: Interação democrática entre Estado e sociedade civil como instrumento de
fortalecimento da democracia participativa;

8
b) Diretriz 2: Fortalecimento dos Direitos Humanos como instrumento transversal das
políticas públicas e de interação democrática; e
c) Diretriz 3: Integração e ampliação dos sistemas de informações em Direitos Humanos
e construção de mecanismos de avaliação e monitoramento de sua efetivação;
II - Eixo Orientador II: Desenvolvimento e Direitos Humanos:
a) Diretriz 4: Efetivação de modelo de desenvolvimento sustentável, com inclusão social e
econômica, ambientalmente equilibrado e tecnologicamente responsável, cultural e
regionalmente diverso, participativo e não discriminatório;
b) Diretriz 5: Valorização da pessoa humana como sujeito central do processo de
desenvolvimento; e
c) Diretriz 6: Promover e proteger os direitos ambientais como Direitos Humanos,
incluindo as gerações futuras como sujeitos de direitos;
III - Eixo Orientador III: Universalizar direitos em um contexto de desigualdades:
a) Diretriz 7: Garantia dos Direitos Humanos de forma universal, indivisível e
interdependente, assegurando a cidadania plena;
b) Diretriz 8: Promoção dos direitos de crianças e adolescentes para o seu
desenvolvimento integral, de forma não discriminatória, assegurando seu direito de
opinião e participação;
c) Diretriz 9: Combate às desigualdades estruturais; e
d) Diretriz 10: Garantia da igualdade na diversidade;3
IV - Eixo Orientador IV: Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à Violência:
a) Diretriz 11: Democratização e modernização do sistema de segurança pública;
b) Diretriz 12: Transparência e participação popular no sistema de segurança pública e
justiça criminal;
c) Diretriz 13: Prevenção da violência e da criminalidade e profissionalização da
investigação de atos criminosos;
d) Diretriz 14: Combate à violência institucional, com ênfase na erradicação da tortura e
na redução da letalidade policial e carcerária;
e) Diretriz 15: Garantia dos direitos das vítimas de crimes e de proteção das pessoas
ameaçadas;
f) Diretriz 16: Modernização da política de execução penal, priorizando a aplicação de
penas e medidas alternativas à privação de liberdade e melhoria do sistema
penitenciário; e
g) Diretriz 17: Promoção de sistema de justiça mais acessível, ágil e efetivo, para o
conhecimento, a garantia e a defesa de direitos;
V - Eixo Orientador V: Educação e Cultura em Direitos Humanos:
a) Diretriz 18: Efetivação das diretrizes e dos princípios da política nacional de educação
em Direitos Humanos para fortalecer uma cultura de direitos;
b) Diretriz 19: Fortalecimento dos princípios da democracia e dos Direitos Humanos nos
sistemas de educação básica, nas instituições de ensino superior e nas instituições
formadoras;

3
Questão 5
9
c) Diretriz 20: Reconhecimento da educação não formal como espaço de defesa e
promoção dos Direitos Humanos;
d) Diretriz 21: Promoção da Educação em Direitos Humanos no serviço público; e
e) Diretriz 22: Garantia do direito à comunicação democrática e ao acesso à informação
para consolidação de uma cultura em Direitos Humanos; e
VI - Eixo Orientador VI: Direito à Memória e à Verdade:
a) Diretriz 23: Reconhecimento da memória e da verdade como Direito Humano da
cidadania e dever do Estado;
b) Diretriz 24: Preservação da memória histórica e construção pública da verdade; e
c) Diretriz 25: Modernização da legislação relacionada com promoção do direito à
memória e à verdade, fortalecendo a democracia.
Parágrafo único. A implementação do PNDH-3, além dos responsáveis nele indicados,
envolve parcerias com outros órgãos federais relacionados com os temas tratados nos
eixos orientadores e suas diretrizes.

Vale lembrar que antes do PNDH-3, tivemos seus antecessores PNDH-1 e PNDH-2.

Vejamos um resumo de cada um deles:

PNDH-1

 Tipificou o delito de tortura;

 Criou o IDC.

PNDH-2

 Fixou os eixos norteadores da promoção dos Direitos Humanos no país;


 Fixou como objetivos estratégicos a promoção dos Direitos Humanos, o monitoramento

dos compromissos internacionais, os relatórios aos órgãos de tratado, a


institucionalização do fluxo de informações e o banco de dados público sobre as

recomendações.

PNDH-3

 Colocou o Poder Executivo no papel de protagonista;

 Previu a responsabilidade compartilhada;


 Comissão Nacional da Verdade;
 Lei de Acesso à Informação.

10
Enquanto o PNDH-1 enfatizou os direitos civis e políticos, o PNH-2 incorporou os direitos
econômicos, sociais, culturais e ambientais.

Em síntese, podemos concluir que o PNDH-3, o mais recente deles, assumiu o interesse do
Brasil em criar um Conselho Nacional de Direitos Humanos, com o fito de ser credenciado

perante o Alto Comissariado das Nações Unidas para os direitos humanos como instituição
nacional brasileira.

Em 2014, foi editada a Lei 12.986 que transformou o Conselho de Defesa dos Direitos da
Pessoa Humana em Conselho Nacional dos Direitos Humanos (no âmbito do qual um dos
componentes é membro da DPU), um órgão administrativo que possui a finalidade de velar a

respeito dos direitos humanos, consagrando o denominado “federalismo coorporativo”.

11
QUADRO SINÓTICO

A Proteção dos Direitos Humanos no Brasil

Artigo 4o, II da Constituição Federal: “A


República Federativa do Brasil rege-se

nas suas relações internacionais pelos

O princípio da seguintes princípios: II – prevalência dos

primazia dos Direitos direitos humanos”.

Humanos A previsão desse princípio implica no


dever do Brasil de incorporar ao seu

ordenamento os tratados de Direitos


Humanos, bem como de respeitá-los.

Nos termos do parágrafo primeiro do


artigo 5o da Constituição Federal: As
normas definidoras dos direitos e

garantias fundamentais têm aplicação

Aplicação imediata imediata”.

dos Tratados de O entendimento do STF é que, apesar

Direitos Humanos desta previsão constitucional, o Decreto

Presidencial é o último ato do processo


de incorporação do tratado internacional,

não reconhecendo o princípio da


aplicabilidade imediata.

12
Dispõe que o bloco de constitucionalidade é
o reconhecimento da existência de outros
dispositivos normativos com hierarquia
Bloco de constitucional, além da própria constituição
constitucionalidade em sentido formal.
Assim, temos que os Tratados de Direitos
Humanos fazem parte do bloco de
constitucionalidade.

É a análise da compatibilidade das


normas internas com as normas
internacionais.
Se subdivide em:
Controle de
 Controle de convencionalidade de
convencionalidade
matriz internacional;
 Controle de convencionalidade de

matriz nacional.

Sentença dos Tribunais Internacionais ≠

A execução das sentença dos tribunais estrangeiros.

decisões dos Tribunais


Internacionais As decisões da Corte Interamericana de
Direitos Humanos são títulos executivos.

É um programa que estabelece diretrizes,

objetivos estratégicos e ações

PNDH-3 programáticas com o objetivo de


promover e proteger os Direitos

Humanos no Brasil.

13
QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1

(XXIII EXAME DE ORDEM – FGV - 2017) Você advoga na Procuradoria Geral do Estado em
que reside. Em uma tarde, recebe um telefonema urgente do diretor da Penitenciária

Anhanguera, que deseja fazer uma consulta de viva voz. Diz o diretor que está com duas
pessoas identificadas como membros do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à

Tortura (MNPCT) e que elas estão requerendo acesso imediato às instalações da penitenciária,
onde pretendem gravar entrevistas com alguns presos. Também estão solicitando acesso aos

registros relativos ao tratamento conferido aos presos.

Com base nas normas de funcionamento do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à

Tortura, cabe a você informar corretamente ao diretor que

A) os membros do MNPCT não possuem direito de acesso às penitenciárias, devendo a visita

ser tratada previamente com a Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária

do Estado.

B) tanto o acesso à penitenciária quanto o acesso aos registros relativos ao tratamento

conferido aos presos, depende de autorização judiciária expedida pelo juiz da Vara de
Execução Penal da Comarca onde fica a Penitenciária.

C) o acesso dos membros do MNPCT às instalações da penitenciária deve ser liberado, mas a
gravação de entrevistas e o acesso aos registros relativos ao tratamento conferido aos presos

devem ser negados.

D) o acesso às instalações da penitenciária aos membros do MNPCT deve ser liberado, bem
como fornecidos os registros solicitados e permitida a gravação das entrevistas com os presos.

14
Comentário:

A assertiva correta é a letra “D”.

Lei 12.847/14

Art. 10. São assegurados ao MNPCT e aos seus membros

II - o acesso, independentemente de autorização, a todas as informações e registros relativos


ao número, à identidade, às condições de detenção e ao tratamento conferido às pessoas

privadas de liberdade;

V - a possibilidade de entrevistar pessoas privadas de liberdade ou qualquer outra pessoa que


possa fornecer informações relevantes, reservadamente e sem testemunhas, em local que

garanta a segurança e o sigilo necessários;

Questão 2

(XXI EXAME DE ORDEM – FGV - 2016) Maria é aluna do sexto período do curso de Direito.
Por convicção filosófica e política se afirma feminista e é reconhecida como militante de

movimentos que denunciam o machismo e afirmam o feminismo como ideologia de gênero.


Após um confronto de ideias com um professor em sala de aula e de chamá-lo de machista,
Maria é colocada pelo professor para fora de sala e, posteriormente, o mesmo não lhe dá a

oportunidade de fazer a vista de sua prova para um eventual pedido de revisão da correção, o
que é um direito previsto no regimento da instituição de ensino.

Em função do exposto, e com base na Constituição da República, assinale a afirmativa correta.

A) Maria foi privada de um direito por motivo de convicção filosófica ou política e, portanto,

as autoridades competentes da instituição de ensino devem assegurar a ela o direito de ter


vista de prova e, se for o caso, de pedir a revisão da correção.

B) Houve um debate livre e legítimo em sala de aula e a postura do professor pode ser
considerada "dura", mas não implicou nenhum tipo de violação de direito de Maria.

15
C) Embora tenha havido um debate acerca de uma questão que envolve convicção filosófica
ou política, não houve privação de direito já que a vista de prova e o eventual pedido de

revisão da correção está contido apenas no regimento da instituição de ensino e não na


legislação pátria.

D) A solução do impasse instaurado entre a aluna e o professor somente pode acontecer


mediante o diálogo entre as duas partes, em que cada um considere seus eventuais excessos,

uma vez que o que houve foi um mero desentendimento e não uma violação de direito por
convição filosófica ou política.

Comentário:

Ela teve os seus direitos de revisão da prova cerceados em razão do se posicionamento


ideológico, em clara afronta ao que dispõe o Art. 5º, VIII, CF/88, “ninguém será privado de
direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as

invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação

alternativa, fixada em lei”.

Questão 3

(XXI EXAME DE ORDEM – FGV - 2016) Você, na condição de advogado(a) comprometido


com os Direitos Humanos, foi procurado por José, que é paraplégico e candidato a vereador.
A partir de denúncia feita por ele, você constatou que um outro candidato e desafeto de José,

tem afirmado, em programa de rádio local, que não obstante José ser boa pessoa, o fato de
ser deficiente o impede de exercer o mandato de forma plena, razão pela qual ele nem

deveria ter a candidatura homologada pelo TRE.

Com base na hipótese apresentada, assinale a opção que apresenta a resposta que,

juridicamente, melhor caracteriza a situação.

A) O problema é político e não jurídico. José deve ser aconselhado a reforçar sua campanha, a
apresentar suas propostas aos eleitores e mostrar que sempre foi um cidadão ativo, de

16
maneira a demonstrar que tem plena condição para o exercício de um eventual mandato,

apesar de sua deficiência.

B) A análise jurídica revela um problema restrito ao campo do Direito Civil. O fato é que o
desafeto de José não o impediu de candidatar-se, assim não houve discriminação. O

procedimento deve ser caracterizado apenas como dano moral, uma vez que José teve sua

dignidade atacada.

C) O fato evidencia crime de incitação à discriminação de pessoa em razão de deficiência, com

o agravante de ter sido cometido em meio de comunicação, independentemente da

caracterização ou não de dano moral.

D) O caso é típico de colisão de princípios em que, de um lado, está o princípio da dignidade


da pessoa humana e, do outro, o princípio da liberdade de expressão. Mas não há

caracterização de ilícito civil nem de ilícito penal.

Comentário:

Lei 13.146/2015 (estatuto da pessoa com deficiência)

Título II - dos crimes e das infrações administrativas

Art. 88. Praticar, induzir ou incitar discriminação de pessoa em razão de sua deficiência:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa

§ 1º aumenta-se a pena em um terço se a vítima encontra-se sob cuidado e responsabilidade

do agente.

§ 2º se qualquer dos crimes previstos no caput deste artigo é cometido por intermédio de

meios de comunicação social ou de publicação de qualquer natureza:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

17
Questão 4

(FCC – 2018 – DPE-AM – Analista Jurídico de Defensoria) No âmbito da proteção dos

direitos humanos, entende-se por controle de convencionalidade

A) o trabalho de adequação da normativa internacional anterior ao conteúdo de novos

tratados internacionais pactuados sobre o mesmo tema;


B) o trabalho de compatibilização ou controle de validade das normas do ordenamento

jurídico interno de um Estado tendo como parâmetro os tratados de direitos humanos


ratificados por este Estado que estejam em vigor;

C) a avaliação periódica, promovida por comissões especiais das Nações Unidas, do grau
de incorporação das convenções internacionais de direitos humanos no âmbito interno

de cada Estado signatário.


D) a tarefa de filtragem, à luz das Convenções Internacionais, da legislação, jurisprudência
e doutrina vigentes em determinado Estado sobre temas sensíveis de direitos humanos.

E) toda e qualquer iniciativa, judicial ou legislativa, que tenha como escopo o


cumprimento de um "preceito fundamental" previsto em tratados de direitos humanos

formalmente constitucionais.

Comentário:

A assertiva a ser assinalada é a letra “B”.

Como trabalhamos de forma extensa neste capítulo, o controle de convencionalidade é o

exame de compatibilidade da norma não só de acordo com a Constituição Federal (controle


de constitucionalidade), mas também com os tratados internacionais ratificados pelo governo

e em vigor no país. Assim, apenas a letra “B” está correta, excluindo-se as demais que não se
coadunam com o conceito de controle de convencionalidade.

18
Questão 5

(CESPE - 2013 – PRF – Policial Rodoviário Federal) Considerando o disposto na Constituição


Federal de 1988 (CF), julgue os itens a seguir, relativos aos direitos humanos.

A possibilidade de extensão aos estrangeiros que estejam no Brasil, mas que não residam no
país, dos direitos individuais previstos na CF deve-se ao princípio da primazia dos direitos

humanos nas relações internacionais do Brasil.

( ) Certo

( ) Errado.

Comentário:

A assertiva está Correta. Vejamos o caput do artigo 5o da Constituição Federal: “ Art. 5º Todos

são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes”

Vejamos que aqui, aparentemente, não há a extensão dos direitos humanos aos estrangeiros
não residentes no país.

Entretanto, essa lacuna foi solucionada em 2018, quando no bojo do Habeas Corpus n. 94016,
o Ministro Celso de Mello sustentou que o estrangeiro ainda que não possua domicílio no

Brasil deve ter acesso aos instrumentos processuais de tutela da sua liberdade, assim como
tem o direito e ter suas respeitadas as prerrogativas de ordem jurídica e as garantias de cunho

constitucional que o ordenamento jurídico pátrio confere a qualquer pessoa.

19
Questão 6

(FGV- 2010 – SEFAZ-RJ – Fiscal de Rendas) Em relação aos direitos e garantias fundamentais

expressos da Constituição Federal, analise as afirmativas a seguir:

I. os direitos e garantias expressos na Constituição Federal constituem um rol taxativo.

II. todos os tratados e convenções internacionais de direitos humanos internalizados após a


EC-45/2004 serão equivalentes às emendas constitucionais.

III. as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.

Assinale:

A) Se somente a afirmativa II estiver correta;


B) Se somente a afirmativa III estiver correta;

C) Se somente as afirmativas II e III estiverem corretas;


D) Se somente as afirmativas I e III estiverem corretas;

E) Se todas as afirmativas estiverem corretas.

Comentário:

A alternativa correta é a letra “B”.

Vamos analisar proposição por proposição.

O item I está incorreto porque, na verdade, o rol é exemplificativo. Vejamos o parágrafo

segundo do artigo 5o da Constituição Federal:

§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do

regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República

Federativa do Brasil seja parte.

20
O item II está incorreto porque nem todos os tratados internacionais de direitos humanos são
incorporados após a EC/04 são equivalentes às emendas constitucionais, mas apenas aqueles

aprovados em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos
dos respectivos membros.

Como a questão pede a letra da Lei, está correta a assertiva III, que dispõe que as normas
definidoras de direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata (leitura do artigo 5 o

da Constituição Federal).

Questão 7

(FGV – 2009 – TJ-PA – Juiz) A Constituição da República Federativa do Brasil apresenta um


extenso catálogo de direitos e garantias fundamentais, tanto individuais como coletivos, sendo
que tais normas definidoras de direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata, por

expressa previsão constitucional.

O texto constitucional também é claro ao prever que direitos e garantias expressos na

Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou
dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.

Por ocasião da promulgação da Emenda Constitucional de nº 45, em 2004, a Constituição


passou a contar com um § 3º, em seu artigo 5º, que apresenta a seguinte redação: "Os

tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais ".

Logo após a promulgação da Constituição, em 1988, o Brasil ratificou diversos tratados

internacionais de direitos humanos, dentre os quais se destaca a Convenção Americana de


Direitos Humanos, também chamada de Pacto de San José da Costa Rica (tratado que foi
internalizado no ordenamento jurídico brasileiro pelo Decreto nº 678/1992), sendo certo que

21
sua aprovação não observou o quorum qualificado atualmente previsto pelo art. 5º, § 3º, da

Constituição (mesmo porque tal previsão legal sequer existia).

Tendo como objeto a Convenção Americana de Direitos Humanos, segundo a recente


orientação do Supremo Tribunal Federal, assinale a alternativa correta sobre o Status Jurídico

de suas disposições.

A) Status de Lei Ordinária;


B) Status de Lei Complementar;

C) Status de Lei Delegada;


D) Status de norma Supralegal;

E) Status de norma Constitucional.

Comentário

A assertiva correta é a letra “D”.

Atualmente, os tratados internacionais de direitos humanos podem vigorar com três possíveis
status: de lei ordinária; com status supralegal (desde que sejam tratados de direitos humanos
que não sejam votados pelo rito de emendas constitucionais); e com status de emenda
constitucional, desde que votados pelo rito das emendas constitucionais, consoante previsto
na EC 45/04.

Nesse caso, a norma convencional que disponha acerca dos direitos humanos e que não foi
objeto de processo legislativo que a equiparasse a emenda constitucional, tem status

supralegal.

22
Questão 8

(IDECAN – 2016 – Advogado) Quanto aos direitos e garantias fundamentais, é correto afirmar
que

A) O Brasil não se submete à jurisdição do Tribunal Penal Internacional;


B) As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata;

C) Os direitos e garantias expressos na Constituição excluem outros decorrentes de norma


legal;

D) Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos equivalem à medida


provisória.

Comentário:

A assertiva a ser assinalada é a letra “B”.

O enunciado pede a alternativa correta.

A letra “A” está incorreta, porque nos termos do artigo 5 o, parágrafo 4o, da Constituição

Federal, o Brasil se submete à jurisdição do Tribunal Penal Internacional.

§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha

manifestado adesão.

A letra “B” está correta porque prevista no artigo 5o, parágrafo 1o da Constituição Federal:

§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.

A letra “C” também está incorreto, pois traz o contrário do previsto na Constituição Federal,

em seu artigo 5o:

§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do


regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República

Federativa do Brasil seja parte.

23
A letra “D” também está incorreta, pois os tratados e convenções de direitos humanos podem
equivaler às emendas constitucionais, caso aprovados consoante o quórum essas:

§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados,


em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos

respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.

Questão 9

(FCC – 2016 – DPE-BA– Defensor Público) O controle de convencionalidade na sua vertente


nacional quando comparado com a vertente internacional apresenta inúmeras diferenças,

destacando-se:

A) Para que o controle de convencionalidade seja exercido, no âmbito interno, é necessário

o prévio esgotamento das vias ordinárias e a matéria precisa ser objeto de


prequestionamento;

B) Na vertente internacional o parâmetro de controle é a norma internacional e pouco


importa a hierarquia da lei local, podendo, inclusive, ser oriunda do poder constituinte
originário;

C) No que diz respeito ao aspecto nacional apenas o Supremo Tribunal Federal tem
competência para exercê-lo e, por isso, é uma forma de se apresentar o controle

concentrado de constitucionalidade;
D) Na vertente internacional o parâmetro de controle é a norma internacional, porém, é

impossível exercer tal controle no que diz respeito às normas oriundas do poder
constituinte originário;

E) Em que pese ser objeto de estudo, o controle de convencionalidade se resume à

aplicação doutrinária.

Comentário:

A questão correta é a letra “B”.


24
Vimos neste capítulo que o controle de convencionalidade é um sistema de resolução de
antinomias entre as normas, valorando a compatibilidade entre a norma ordinária com os

tratados internacionais.

Assim, com a entrada do parágrafo 3o da Constituição Federal, que atribuiu aos Tratados

Internacionais de Direitos Humanos o status de emenda constitucional caso aprovados no rito


ali previsto, surgiu a possibilidade do sistema de solução anteriormente exposto.

Aqui, além de verificar a compatibilidade entre a norma ordinária com a Constituição Federal,
o Poder Judiciário deverá verificar a compatibilidade entre a norma com os Tratados
Internacionais de Direitos Humanos para saber se ela terá validade.

Questão 10

(FCC – 2017 – TST – Juiz do Trabalho Substituto ) O chamado controle de


convencionalidade funda-se na ideia de que as leis ordinárias podem ser controladas não

apenas em relação à sua compatibilidade com a constituição, mas também com tratados e
convenções internacionais. Tendo como base a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal

sobre tratados internacionais, o controle concentrado de convencionalidade

A) tem como base todos os tratados de direitos humanos incorporados ao ordenamento


interno;

B) somente seria possível nos casos em que um tratado ou convenção tenha sido
aprovado pelo Poder Legislativo seguindo o processo de aprovação de emendas
constitucionais;

C) pode ser realizado por meio de ação direta de inconstitucionalidade tendo como
parâmetro o Pacto de São José da Costa Rica;

D) não pode ser realizado no Brasil porque tratados internacionais têm mesma hierarquia
que leis ordinárias;

E) não se diferencia do controle de constitucionalidade das leis.

25
Comentário:

A alternativa correta é a letra “B”.

O item “A” está incorreto porque ele tem como base apenas os tratados de Direitos Humanos
incorporados nos moldes do artigo 5o, parágrafo 3o da Constituição Federal.

O item “B” está certo porque, de acordo com o entendimento do STF, se um Tratado de
Direitos Humanos for aprovado com o quórum especial de emenda constitucional, será

possível o controle de constitucionalidade, ficando desnecessário o controle de


convencionalidade na hipótese, porque será equivalente às emendas constitucionais.

O item “C” está incorreto porque o referido Pacto não foi incorporado pelo quórum das

Emendas Constitucionais.

O item “D” está incorreto porque os tratados internacionais apenas terão hierarquia de leis

ordinárias quando não tratarem de Direitos Humanos.

O item “E” está incorreto porque para o STF o controle de convencionalidade concentrado

tem o mesmo significado de controle de constitucionalidade concentrado.

26
GABARITO

Questão 1 - D

Questão 2 – A

Questão 3 - C

Questão 4 - B

Questão 5 - Certo

Questão 6 - B

Questão 7 - D

Questão 8 - B

Questão 9 - B

Questão 10 - B

27
QUESTÃO DESAFIO

O que é o estado de coisas inconstitucional segundo o Supremo


Tribunal Federal?
Máximo de 5 linhas

28
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO

O STF na ADPF 347 definiu o sistema penitenciário nacional ser caraterizado como
“estado de coisas inconstitucional, isso pela insustentável e de permanente violação de
direitos humanos. Decorrente de falhas estruturais e falência de políticas públicas.”
Você deve ter abordado necessariamente os seguintes itens em sua resposta:
 ADPF 347

Eis o teor do julgado - O Tribunal, apreciando os pedidos de medida cautelar formulados na


inicial, por maioria e nos termos do voto do Ministro Marco Aurélio (Relator), deferiu acautelar
em relação à alínea “b”, para determinar aos juízes e tribunais que,observados os artigos 9.3
do Pacto dos Direitos Civis e Políticos e 7.5 da Convenção Interamericana de Direitos
Humanos, realizem, em até noventa dias, audiências de custódia, viabilizando o
comparecimento do preso perante a autoridade judiciária no prazo máximo de 24 horas,
contados do momento da prisão, com a ressalva do voto da Ministra Rosa Weber, que
acompanhava o Relator, mas com a observância dos prazos fixados pelo CNJ, vencidos, em
menor extensão, os Ministros Teori Zavascki e Roberto Barroso, que delegavam ao CNJ a
regulamentação sobre o prazo da realização das audiências de custódia; em relação à alínea
“h”, por maioria e nos termos do voto do Relator, deferiu a cautelar para determinar à União
que libere o saldo acumulado do Fundo Penitenciário Nacional para utilização com a
finalidade para a qual foi criado, abstendo-se de realizar novos contingenciamentos, vencidos,
em menor extensão, os Ministros Edson Fachin, Roberto Barroso e Rosa Weber, que fixavam
prazo de até 60 (sessenta) dias, a contar da publicação desta decisão, para que a União
procedesse à adequação para o cumprimento do que determinado; indeferiu as cautelares em
relação às alíneas “a”, “c” e “d”, vencidos os Ministros Relator, Luiz Fux, Cármen Lúcia e o
Presidente, que a deferiam; indeferiu em relação à alínea “e”, vencido, em menor extensão, o
Ministro Gilmar Mendes; e, por unanimidade, indeferiu a cautelar em relação à alínea “f”; em
relação à alínea “g”, por maioria e nos termos do voto do Relator, o Tribunal julgou
prejudicada a cautelar, vencidos os Ministros Edson Fachin, Roberto Barroso, Gilmar Mendes e
Celso de Mello, que a deferiam nos termos de seus votos. O Tribunal, por maioria, deferiu a
proposta do Ministro Roberto Barroso, ora reajustada, de concessão de cautelar de ofício para
que se determine à União e aos Estados, e especificamente ao Estado de São Paulo, que
encaminhem ao Supremo Tribunal Federal informações sobre a situação prisional, vencidos os
Ministros Marco Aurélio (Relator), que reajustou seu voto, e os Ministros Luiz Fux, Cármen
Lúcia e Presidente. Ausente, justificadamente, o Ministro Dias Toffoli. Presidiu o julgamento o
Ministro Ricardo Lewandowski.

29
 Sistema penitenciário

O estado de Coisas inconstitucional é um fenômeno permanente de violação constate de

direitos humanos que requer um conjunto de medidas do Poder Público. Foi na avaliação do
sistema penitenciário que isto de mostrou mais presente.

 Falhas estruturais e falência de políticas pública

É nítido que nosso Estado nunca deu o sistema penitenciário a devida atenção, seja pela falta

de vagas nos regimes semiaberto e aberto, seja pela superlotação no regime fechado. Há no
Brasil o indevido uso da prisão cautelar como sinônimo de maior segurança e tranquilidade

social. Prende-se muito e mau, como resultado as facções criminosas dominam o


estabelecimento prisional e o Estado perdeu totalmente o controle.

30
LEGISLAÇÃO COMPILADA

O Sistema Interamericano de Proteção de Direitos Humanos

 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 – artigos 4o e 5o;


 Decreto 7.037/2009 – recomendamos leitura integral.

31
JURISPRUDÊNCIA

A aplicabilidade imediata dos Tratados de Direitos Humanos

MERCOSUL. Protocolo de Medidas Cautelares (Ouro Preto/MG). Ato de direito internacional público. Convenção
ainda não incorporada ao direito interno brasileiro. Procedimento constitucional de incorporação dos atos
internacionais que ainda não se concluiu. O Protocolo de Medidas Cautelares adotado pelo Conselho do
Mercado Comum (MERCOSUL),por ocasião de sua VII Reunião, realizada em Ouro Preto/MG, em dezembro de
1994, embora aprovado pelo Congresso Nacional (Decreto Legislativo nº 192/95), não se acha formalmente
incorporado ao sistema de direito positivo interno vigente no Brasil, pois, a despeito de já ratificado (instrumento
de ratificação depositado em 18/3/97), ainda não foi promulgado, mediante decreto, pelo Presidente da
República. Considerações doutrinárias e jurisprudenciais em torno da questão da executoriedade das convenções
ou tratados internacionais no âmbito do direito interno brasileiro. Precedentes: RTJ 58/70, Rel. Min. OSWALDO
TRIGUEIRO - ADI nº 1.480-DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO. Trata-se de carta rogatória expedida pela Justiça da
República da Argentina com a finalidade de viabilizar a efetivação, em território brasileiro, de atos de caráter
executório (fls. 6).A douta Procuradoria-Geral da República, ao opinar pela concessão do exequatur,
fundamentou-se na existência do Protocolo de Medidas Cautelares celebrado, no âmbito do MERCOSUL, pelos
Governos da Argentina, do Brasil, do Paraguai e do Uruguai. Em seu parecer, o Ministério Público Federal
enfatizou que "O objeto da carta encontra respaldo no Protocolo de Medidas Cautelares firmado entre Brasil,
Argentina, Paraguai e Uruguai, que prevê a possibilidade de cumprimento de medidas cautelares destinadas a
impedir a irreparabilidade de um dano em relação à pessoas, bens e obrigações de dar, e fazer e não fazer,
desde que atendidos os requisitos do art. 21 da mesma Convenção, o que ocorre no presente caso" (fls.
52/53).Não obstante as valiosas ponderações expendidas pela Procuradoria-Geral da República, entendo incabível
a concessão de exequatur na espécie destes autos, eis que as diligências rogadas pela Justiça argentina
revestem-se de nítido caráter executório. Essa particular característica da medida judicial ora solicitada na
presente carta rogatória basta, por si só, para inviabilizar a pretendida concessão de exequatur, no que concerne
à efetivação dos atos de índole executória. É que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, em tema de
cartas rogatórias passivas, tem, invariavelmente, repelido a possibilidade jurídica de concessão do exequatur para
efeito de realização, em território brasileiro, de diligências de natureza executória: "Sempre se entendeu que as
cartas rogatórias executórias são insuscetíveis de cumprimento no Brasil. É preciso notar, porém, que o caráter
executório de uma rogatória se há de aferir, não pela natureza da demanda que lhe dá origem, mas pela
finalidade que a anima, traduzida na realização, no Brasil, de atos de constrição judicial inerentes à execução
forçada."(RTJ 72/659-667, 664, Rel. Min. OSWALDO TRIGUEIRO - trecho do voto do Min. XAVIER DE
ALBUQUERQUE - grifei)"(...) constitui princípio fundamental do direito brasileiro sobre rogatórias o de que nestas
não se pode pleitear medida executória de sentença estrangeira que não haja sido homologada pela Justiça do
Brasil."(RTJ 93/517, 519, Rel. Min. ANTONIO NEDER - grifei)"A Carta Rogatória é a solicitação de autoridade
judiciária estrangeira para autoridade judiciária brasileira, ou vice-versa, tendo por objeto a realização de um ato
processual relativo a um pleito. A carta pode ter por escopo a citação, intimação, notificação, inquirição, exames,

32
etc...Na tradição do direito brasileiro, inspirada no princípio da cooperação judiciária internacional, sempre se
acolheu a Carta Rogatória com a finalidade de citação ou inquirição. Isto já vem do Aviso nº 1, de 1º de outubro
de 1847, contanto que fosse desprovida de caráter executivo (...)........................................................(...) Ora, a
jurisprudência desta Corte é pacífica em conceder exequatur à Carta Rogatória de intimação, porque ela não
requer a prática de qualquer ato de execução."(RTJ 103/536, 541, Rel. p/ o acórdão Min. ALFREDO BUZAID -
grifei) Essa orientação jurisprudencial - reiterada em outros julgamentos do Supremo Tribunal Federal (CR 5.715 -
CR 6.958)- encontra apoio em autorizado magistério doutrinário, que, na análise do tema, e na perspectiva do
sistema jurídico brasileiro, adverte que as cartas rogatórias passivas não podem revestir-se de eficácia executória
(HERMES MARCELO HUCK, “Sentença Estrangeira e Lex Mercatoria", p.35/39, item n. 6, 1994, Saraiva; WILSON DE
SOUZA CAMPOS BATALHA, “Tratado de Direito Internacional Privado", vol. II/408-409, 2ª ed.,1977, RT; AMILCAR
DE CASTRO, "Direito Internacional Privado", p.585-586, item n. 334, 4ª ed., 1987, Forense; AGUSTINHO
FERNANDES DIAS DA SILVA, "Direito Processual Internacional", p. 170, item n. 179,1971, Rio de Janeiro;
HAROLDO VALLADÃO, "Direito Internacional Privado", vol. III/176, 1978, Freitas Bastos; OSCAR TENÓRIO, "Direito
Internacional Privado", vol II/370, item n. 1.216, 11ª ed., 1976,Freitas Bastos; MARIA HELENA DINIZ, "Lei de
Introdução ao Código Civil Brasileiro Interpretada", p. 304, item n. 6, 1994, Saraiva, v.g.).Vê-se, portanto, que
constitui característica fundamental do sistema normativo brasileiro a pré-exclusão de qualquer atividade de
índole executória em tema de cartas rogatórias passivas (vale dizer, aquelas expedidas por Tribunais estrangeiros
e dirigidas ao Supremo Tribunal Federal), pois, em tal hipótese, impor-se-á a necessária e prévia homologação da
respectiva decisão estrangeira, a efetivar-se em procedimento específico a ser instaurado, no âmbito desta Corte,
nos termos do CPC (arts. 483 e 484) e do RISTF (arts. 215 a 224).Em regra, as cartas rogatórias encaminhadas à
Justiça brasileira somente devem ter por objeto a prática de simples ato de informação ou de comunicação
processual, ausente, desse procedimento, qualquer conotação de índole executória, cabendo relembrar, por
necessário, a plena admissibilidade, em tema de rogatórias passivas, da realização, no Brasil, de medidas
cientificatórias em geral (intimação, notificação ou citação), consoante expressamente autorizado pelo magistério
jurisprudencial prevalecente no âmbito desta Suprema Corte (RTJ 52/299- RTJ 87/402 - RTJ 95/38 - RTJ 95/518 -
RTJ 98/47 - RTJ 103/536 - RTJ 110/55).Não constitui demasia enfatizar que a jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal orienta-se no sentido de considerar insuscetíveis de cumprimento, no Brasil, as cartas rogatórias passivas
revestidas de caráter executório, ressalvadas, unicamente, aquelas expedidas com fundamento em atos ou
convenções internacionais de cooperação interjurisdicional (CR 7.899, Rel. Min. CELSO DE MELLO - CR 7.618
(AgRg), Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE - CR 7.914, Rel. Min CELSO DE MELLO - CR 8.168, Rel. Min. CELSO DE
MELLO, v.g.).No caso ora em análise, observo, como precedentemente já enfatizado, que as diligências solicitadas
pela Justiça rogante revestem-se de caráter executório. Sendo insuscetível de cumprimento, em nosso País,
mediante simples procedimento rogatório, a diligência em questão, revela-se inviável, no caso, a concessão do
pretendido exequatur. Nem se alegue, para justificar a pretendida concessão de exequatur, que as diligências
rogadas - embora de caráter executório -encontrariam fundamento em convenção internacional consubstanciada
no Protocolo de Medidas Cautelares aprovado pelo Conselho do Mercado Comum (MERCOSUL), por ocasião de
sua VII Reunião, realizada em Ouro Preto/MG, nos dias 16 e 17 de dezembro de 1994.É que esse ato de direito
internacional público, muito embora aprovado pelo Congresso Nacional (Decreto Legislativo nº 192/95), não se
acha formalmente incorporado ao sistema de direito positivo interno vigente no Brasil, pois, a despeito de já
ratificado (instrumento de ratificação depositado em 18/3/97), ainda não foi promulgado, mediante decreto, pelo
Presidente da República. Na realidade, o Protocolo de Medidas Cautelares (MERCOSUL) - que se qualifica como
típica Convenção Internacional - não se incorporou definitivamente à ordem jurídica doméstica do Estado
brasileiro, eis que ainda não se concluiu o procedimento constitucional de sua recepção pelo sistema normativo

33
brasileiro. A questão da executoriedade dos tratados internacionais no âmbito do direito interno - analisado esse
tema na perspectiva do sistema constitucional brasileiro, tal como resultou debatido no julgamento da ADI nº
1.480-DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO - supõe a prévia incorporação desses atos de direito internacional público
ao plano da ordem normativa doméstica. Não obstante a controvérsia doutrinária em torno do monismo e do
dualismo tenha sido qualificada por CHARLES ROUSSEAU ("Droit International Public Approfondi", p. 3/16, 1958,
Dalloz, Paris), no plano do direito internacional público, como mera "discussion d'école",torna-se necessário
reconhecer que o mecanismo de recepção, tal como disciplinado pela Carta Política brasileira, constitui a mais
eloqüente atestação de que a norma internacional não dispõe, por autoridade própria, de exeqüibilidade e de
operatividade imediatas no âmbito interno, pois, para tornar-se eficaz e aplicável na esfera doméstica do Estado
brasileiro, depende, essencialmente, de um processo de integração normativa que se acha delineado, em seus
aspectos básicos, na própria Constituição da República.(...)

(STF - CR: 8279 AT, Relator: Min. PRESIDENTE, Data de Julgamento: 04/05/1998, Data de Publicação: DJ
DATA-14-05-98 P-00034)

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARRETO, Rafael. Direitos Humanos – 8. Ed, revista, ampliada e atualizada.


Salvador:Juspodivm, 2018.

CASTILHO, Ricardo. Direitos Humanos – 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

MALHEIRO, Emerson. Curso de Direitos Humanos – 3. Ed. Revista, atualizada e ampliada. São

Paulo: Atlas, 2016.

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