Direitos Humanos
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Direitos Humanos
Capítulos 1 ao 9
PDF OAB
Direitos Humanos
Capítulo 1
Olá, aluno!
Bem-vindo ao estudo para o Exame de Ordem. Preparamos todo esse material para você não
só com muito carinho, mas também com muita métrica e especificidade, garantindo que você
terá em mãos um conteúdo direcionado e distribuído de forma inteligente.
Para isso, estamos constantemente analisando o histórico de provas anteriores com fins de
entender como cada Banca e cada Carreira costuma cobrar os assuntos do edital. Afinal,
queremos que sua atenção esteja focada nos assuntos que lhe trarão maior aproveitamento,
pois o tempo é escasso e o cronograma é extenso. Conte conosco para otimizar seu estudo
sempre!
E mesmo você gostando muito de tudo isso, acreditamos que o PDF sempre pode ser
aperfeiçoado! Portanto pedimos gentilmente que, caso tenha quaisquer sugestões ou
comentários, entre em contato através do email [email protected]. Sua opinião vale ouro para
a gente!
Racionalizar a preparação dos nossos alunos é mais que um objetivo para Ad Verum, trata-se
de uma obsessão. Sem mais delongas, partiremos agora para o estudo da disciplina.
Faça bom uso do seu PDF Ad Verum!
Bons estudos
Abordaremos os assuntos da disciplina de Direitos Humanos da seguinte forma:
RECORRÊNCIA DA DISCIPLINA
Como dito, sabemos que estudar de forma direcionada, com base nos assuntos
objetivamente mais recorrentes, é essencial. Afinal, uma separação planejada pode fazer toda
diferença. Pensando nisso, através de estudo realizado pelo nosso setor de inteligência com
base nas últimas provas, trouxemos os temas mais abordados nessa disciplina!
Seguridade Social
13%
Convenção Americana
Sobre Direitos
Estatuto da Igualdade Humanos
Racial 25%
13%
Lei da Migração
13%
Lei da Migração
Seguridade Social
2
CAPÍTULOS
3
SUMÁRIO
DIREITOS HUMANOS, CAPÍTULO 1 .................................................................................................... 6
GABARITO .............................................................................................................................................. 27
4
Olá, futuro advogado! Tudo bem?
Em primeiro turno, a introdução aos Direitos Humanos não costuma ser cobrada no exame de
ordem!
Bom, como é de conhecimento geral, a banca examinadora tende a ser um pouco imprevisível,
e o nosso objetivo é deixar você preparado para exatamente qualquer coisa que aparecer na
prova!
Inclusive, ao final desta apostila, você encontrará questões de outras carreiras, para um maior
aproveitamento e assimilação de conteúdo, portanto, não deixe de respondê-las, tá?
Vamos juntos!
5
DIREITOS HUMANOS
Capítulo 1
Direitos Humanos é o ramo do Direito Internacional Público que tem como base a
dignidade da pessoa humana, ou seja, o conjunto de direitos inerentes a todo ser humano, que
o protege de tratamentos degradantes e lhe assegura condições mínimas de sobrevivência,
O princípio basilar dos Direitos Humanos é o in dubio pro homine, que se aplica quando
há dúvida sobre qual direito prevalecerá em determinada situação. Assim, sempre que houver
conflito entre direitos, prevalecerá o que traz maiores benefícios ao ser humano.
Onde não há democracia não há Direitos Humanos e, sendo alcançado algum direito, é
vedada a sua revogação. A vedação ao retrocesso garante que um direito adquirido apenas
será ampliado, como forma de melhorar o que está garantido. É o chamado efeito cliquet.
Importante ressaltar, ainda, que a dignidade da pessoa humana, qualidade intrínseca a cada
ser humano independentemente de sua nacionalidade, cor, raça ou opinião política, é o eixo
norteador de todos os demais direitos, servindo tanto como unificadora como vetor
interpretativo da ordem positivada.
Neste primeiro capítulo abordaremos os principais institutos e conceitos para que, adiante,
você possa compreender a matéria como um todo, de forma leve e eficaz.
A expressão “direitos humanos”, por sua vez, traz-nos a ideia de proteção. São direitos que
Por fim, temos os direitos fundamentais. É importante nos atermos ao fato de que essas
1
Vide questão 10 no final do capítulo.
2
Vide questões 02, 05 e 08 no final do capítulo.
3
PERES LUÑO, Antônio. Derechos humanos, Estado de Derecho y Constituición. 5 edição. Madrd: Editora Tecnos,
1195, p. 48.
7
Direitos humanos Direitos positivados no ordenamento jurídico
externo
Feita uma breve análise sobre o tema, convém neste momento que analisemos as principais
características4 dos Direitos Humanos. Sendo assim, temos que a doutrina no geral traz as
seguintes como as mais importantes:
4
Vide questão 09 no final do capítulo.
5
Vide questão 04 no final do capítulo.
8
Imprescritibilidade: De acordo com essa característica, os direitos humanos são
sempre exigíveis, não se sujeitando à prescrição e, assim, não possuem prazo para
o seu exercício6;
Irrenunciabilidade: Dispõe que o indivíduo, apesar de poder não exercer os seus
Historicidade
Inalienabilidade
Imprescritibilidade
Irrenunciabilidade
Proibição ao retrocesso
da pessoa humana.
Essas três vertentes se deram, basicamente, após as grandes Guerras Mundiais, mais
6
Vide questão 01 no final do capítulo.
7
Vide questão 06 no final do capítulo.
9
Durante muito tempo o conceito de Direitos Humanos foi discutido pelos juristas, sendo que
esta discussão culminou na divisão de sua proteção em três vertentes: o Direito Internacional
O Direito Internacional dos Direitos Humanos é o mais abrangente deles. Visa, em síntese,
proteger e promover a dignidade da pessoa humana de forma universal e em todos os aspectos:
Direito Humanitário
Por sua vez, o Direito Humanitário tem raízes principalmente no pós-Primeira Grande Guerra,
tendo em vista as crueldades extremas que ali ocorreram. Sendo assim, em 1949 foi elaborada
a Convenção de Genebra, na qual, de acordo com Ricardo Castilho9
Podemos concluir, desta maneira, que o Direito Humanitário tem por finalidade estabelecer
regras para o tratamento da população dos países em conflito, garantindo assim os direitos
humanos e a dignidade da pessoa humana, limitando a atuação do Estado perante o indivíduo.
8
Vide questão 07 no final do capítulo.
9
CASTILHO, Ricardo. Direitos Humanos – 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2018, p. 24.
10
Enquanto o asilo é uma medida empregada quando há perseguição política de caráter
individual, constituindo o exercício do ato político e soberano do Estado (portanto, não sujeito
proteção é conferida àqueles que estão sofrendo agressões generalizadas (ou, ainda, em casos
de ocupação ou dominação estrangeira, de fatos que alterem a ordem pública de um país ou
Em síntese, o Direito dos Refugiados protege o ser humano desde a saída de seu território
até o término da concessão do refúgio.
O último ponto que abordaremos neste capítulo inicial no que toca aos direitos humanos
propriamente ditos é a dimensão dos direitos humanos, que pode ser subdividida em objetiva
e subjetiva.
jurídicas que visam proteger o ser humano como indivíduo, como sujeito.
sujeito em si, mas da preocupação com a criação de mecanismos que promovam os direitos
humanos na sociedade como um todo.
Em síntese:
11
Dimensão subjetiva Na dimensão subjetiva, os direitos humanos se
preocupam com a proteção do sujeito.
essa dignidade nada mais é do que respeitar a todos de forma igualitária, independentemente
de raça, cor, gênero ou classe social10.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem
como fundamentos:
10
Vide questão 03 no final do capítulo.
12
Na seara internacional, que iremos aprofundar melhor nos próximos capítulos, também
temos diversas previsões e positivações da dignidade da pessoa humana. Vejamos o que diz o
Considerando ser essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo império da lei,
para que o ser humano não seja compelido, como último recurso, á rebelião contra a
tirania e a opressão,
Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta da ONU, sua fé
nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor do ser humano e na
igualdade de direitos entre homens e mulheres, e que decidiram promover o progresso
social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla,
(...)
Artigo I
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de
razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.
PREÂMBULO
13
e de seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e
da paz no mundo,
Considerando que a Carta das Nações Unidas impõe aos Estados a obrigação de
promover o respeito universal e efetivo dos direitos e das liberdades do homem,
Compreendendo que o indivíduo, por ter deveres para com seus semelhantes e para
com a coletividade a que pertence, tem a obrigação de lutar pela promoção e observância
dos direitos reconhecidos no presente Pacto,
(...)
Dada a sua extensa previsão nos diplomas legais, internos e externos, podemos notar a
importância da dignidade da pessoa humana, epicentro e eixo norteador de todo o nosso
estudo. A seguir, portanto, trataremos de mais um ponto importantíssimo no que toca a esse
tema: a sua dupla função.
Por fim, analisaremos brevemente a dupla função da dignidade da pessoa humana, que
também pode cair na sua prova.
Função unificadora
que ela unifica toda a ordem jurídica, justamente por ser o seu eixo axiológico.
Portanto, se é um eixo axiológico, ela é um eixo de valores que une toda a ordem jurídica,
que nela deve se basear.
Função hermenêutica
14
A sua segunda função, qual seja a hermenêutica, traz a ideia de que a dignidade da pessoa
humana se traduz em um viés interpretativo para toda a compreensão e aplicação do direito
15
QUADRO SINÓTICO
16
Dimensões dos Direitos Humanos
17
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
A) A indivisibilidade dos direitos humanos se refere a que não se pode cindi-los e que devem
B) A inalienabilidade dos direitos humanos se caracteriza por vedar a sua disposição pecuniária
Comentário:
A alternativa a ser assinalada é a alternativa “C”, considerando que: 1) os direitos humanos são
estendidos a todos, independentemente de sua raça, cor, credo, nacionalidade, opinião política,
etc, portanto a alternativa “A” está correta; 2) os direitos humanos não podem ser vendidos,
pois não possuem valor pecuniário, portanto a alternativa “B” está correta; 3) os direitos
18
humanos são imprescritíveis, pois não se perdem com o decurso do tempo, portanto a
alternativa “C” está incorreta; 4) os direitos humanos podem não ser exercidos, mas nunca
poderão ser renunciados, portanto a alternativa “D” está correta; 5) a proibição do retrocesso
ou efeito cliquet dispõe que, uma vez conquistados, os direitos humanos não podem ser
Questão 2
(MPE/SP - 2019 – MPE-SP – Promotor de Justiça) Em relação aos direitos humanos, é correto
afirmar:
A) São aqueles previstos no plano interno dos Estados pelas Cartas Constitucionais.
B) São aqueles que ainda não estão expressamente previstos no direito interno ou no direito
internacional.
C) São menos amplos que os direitos fundamentais quanto à proteção dos direitos individuais.
Comentário:
19
todos possuem o mesmo eixo axiológico e norteador: a dignidade da pessoa humana.
Outrossim, em homenagem ao princípio da vedação ao retrocesso, eles jamais poderão sofrer
limitação e razão do interesse dos Estados.
Questão 3
(CESPE - 2019 – CGE-CE – Auditor de Controle Interno) A respeito dos marcos históricos,
fundamentos e princípios dos direitos humanos, assinale a opção correta.
B) Os direitos humanos estão dispostos em um rol taxativo, que foi internalizado pelo
ordenamento jurídico brasileiro com a promulgação da Constituição Federal de 1988.
C) No Brasil, os direitos políticos são considerados direitos humanos e seu exercício pelos
cidadãos se esgota no direito de votar e ser votado,
Comentário:
A alternativa “A” está incorreta porque, enquanto Direitos Humanos se referem aos direitos
positivados na ordem internacional, os Direitos Fundamentais tratam daqueles positivados na
ordem interna de cada Estado;
A alternativa “B” está incorreta porque os direitos humanos são inesgotáveis e, portanto, não
estão sujeitos a um rol taxativo. É o que diz o parágrafo segundo do artigo 5 da Constituição
Federal do Brasil:
20
Art. 5º […] § 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros
decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em
que a República Federativa do Brasil seja parte
A alternativa “C” está incorreta porque ambos os conceitos não se confundem. Com efeito, os
direitos políticos dizem respeito às diversas formas de o cidadão se manifestar, o qual não se
esgota no direito de votar e ser votado, mas se caracteriza pelo sufrágio universal, voto direto
e secreto, etc.
A alternativa “D” está correta, pois a dignidade da pessoa humana é o eixo valorativo dos direitos
humanos.
A alternativa “E” está incorreta porque os direitos humanos não são absolutos e imutáveis, sendo
que sofrem mutação e enriquecimento ao longo da história (historicidade).
Questão 4
(CESPE - 2019 – PRF – Policial Rodoviário Federal) Acerca de aspectos da teoria geral dos
direitos humanos, da sua afirmação histórica e da sua relação com a responsabilidade do Estado,
julgue o próximo item.
( ) Certo
( ) Errado
Comentário:
Como já observado neste material, uma das principais características dos direitos humanos é a
historicidade, que indica que é a evolução histórica que traz novos direitos humanos, uma vez
21
que estes não surgem todos ao mesmo tempo - mas sim gradativamente, em diversos
momentos.
Questão 5
(CESPE - 2019 – PRF – Policial Rodoviário Federal) Acerca de aspectos da teoria geral dos
direitos humanos, da sua afirmação histórica e da sua relação com a responsabilidade do Estado,
julgue o próximo item.
As pessoas naturais que violam direitos humanos continuam a gozar da proteção prevista nas
normas que dispõem sobre direitos humanos.
( ) Certo
( ) Errado
Comentário:
O item está correto. Isso porque os direitos humanos alcançam a todos, são absolutos,
indisponíveis e imprescritíveis. Assim, uma pessoa que viola os direitos humanos de outrem
continua sendo portadora de dignidade humana e, assim, continua a gozar da proteção dos
direitos humanos.
Questão 6
(FCC- 2018 – Câmara Legislativa do Distrito Federal) Uma vez estabelecidos, os Direitos
A) Inter-relacionaridade.
B) Indisponibilidade.
22
C) Inerência.
D) Vedação ao retrocesso.
E) Inesgotabilidade.
Comentário:
A alternativa correta é a letra “D”. Como já abordado anteriormente, o princípio que veda a
supressão dos direitos humanos do ordenamento é o princípio da vedação ao retrocesso ou
“efeito cliquet”. Isso porque os direitos humanos jamais podem ser diminuídos ou reduzidos no
seu aspecto de proteção, podendo apenas serem ampliados.
Questão 7
(CESPE – 2018 - Instituto Rio Branco - Diplomata) Julgue (C ou E) o item a seguir, acerca do
que advém do status de prisioneiro de guerra, essa mesma proteção não é prevista em caso de
conflitos armados não internacionais.
( ) Certo
( ) Errado
Comentário:
A proposição está correta. Isso porque o termo “prisioneiro de guerra” se refere a um status
especial concedido pela Convenção de Genebra aos soldados inimigos capturados em conflitos
armados internacionais. Em caso de um conflito armado não internacional, o Direito
Internacional Humanitário não impede o julgamento de combatentes capturados.
23
Questão 8
(CESPE – 2020 – MPE-CE – Promotor de Justiça) De acordo com a sua finalidade, os direitos
humanos são classificados como direitos
A) Propriamente ditos.
B) Expressos.
C) De defesa.
D) A prestações.
E) A procedimentos e instituições.
Comentário:
De acordo com a sua finalidade, os direitos humanos são direitos propriamente ditos, uma vez
que visam o reconhecimento jurídico de pretensões que são inerentes à dignidade de todo ser
humano. Portanto, a alternativa “A” está correta.
Questão 9
(CESPE – 2020 – TJ-PA – Analista Judiciário) No que se refere aos direitos humanos, assinale
a opção correta.
B) A Declaração Universal dos Direitos Humanos é um instrumento de direito com força de lei
internacional.
24
C) A Convenção sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos baseia-se na criação de
princípios éticos pelos quais os povos devem guiar-se.
E) A Rede de Proteção Social no Brasil foi aprovada antes da Convenção da ONU em 1989, o
que deu ao Brasil destaque mundial no tocante aos direitos da criança e do adolescente.
Comentário:
2) A Declaração Universal dos Direitos Humanos não tem força de lei, pois é apenas uma
declaração, um ato da ONU.
Por outro lado, temos que uma das principais características dos direitos humanos são a sua
Questão 10
Assinale a alternativa que não é aceita contemporaneamente, por expressar uma ideia
ultrapassada sobre o tema.
A) Direitos naturais.
25
B) Direitos fundamentais,
Comentário:
A alternativa a ser assinalada é a letra “A”. Isso porque, consoante estudamos neste primeiro
alcançadas pela sociedade através do tempo, estão em constante mutação e são positivados
no ordenamento jurídico externo, os direitos naturais são atemporais, fixos e decorrem da
26
GABARITO
Questão 1 - C
Questão 2 - D
Questão 3 - C
Questão 4 - Errada
Questão 5 - Correta
Questão 6 - D
Questão 7 - Correta
Questão 8 - A
Questão 9 - D
Questão 10 - A
27
QUESTÃO DESAFIO
28
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO
Os direitos humanos são aqueles protegidos pela ordem internacional em face das violações
e arbitrariedades perpetradas por um Estado em face das pessoas sujeitas à sua jurisdição.
São os direitos indispensáveis a uma vida digna, devendo ser respeitados pelos Estados.
Você deve ter abordado necessariamente os seguintes itens em sua resposta:
Conceito
Nas lições do prof. Valério Mazzuoli é imprescindível que não sejam confundidas as expressões
direitos humanos, direitos do homem e direitos fundamentais. Os direitos humanos, nas palavras
do professor, são direitos protegidos pela ordem internacional (especialmente por meio de
tratados multilaterais, globais ou regionais) contra as violações e arbitrariedades que um Estado
possa cometer às pessoas sujeitas à sua jurisdição. Os direitos do homem, por sua vez, é
expressão de cunho jusnaturalista que conota a série de direitos naturais aptos à proteção global
do homem e válidos em todos os tempos. Por fim, a expressão "direitos fundamentais" deve
ser entendida como sendo aquela afeta à proteção interna dos direitos dos cidadãos, ligada aos
aspectos ou matizes constitucionais de proteção, no sentido de já se encontrarem positivados
nas Cartas Constitucionais.
Súmula vinculante 25
29
legal para aplicação da parte final do art. 5º, LXVII, da CF/1988, ou seja, para a prisão civil do
depositário infiel".
30
LEGISLAÇÃO COMPILADA
Dignidade humana
31
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32
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DUARTE, Hugo Garcez; VIANA, Malba Zarrôco Vilaça. A dignidade da pessoa humana enquanto
valor supremo da ordem jurídica. Disponível em <
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-constitucional/a-dignidade-da-pessoa-humana-
FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 11 ed. São Paulo: JusPodivm,
2019.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 21 ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
33
PDF OAB
Direitos Humanos
Capítulo 2
SUMÁRIO
GABARITO .............................................................................................................................................. 25
1
Olá, futuro advogado! Tudo bem?
Em primeiro turno, a Teoria Geral dos Direitos Humanos não costuma ser cobrada no exame
de ordem!
Bom, como é de conhecimento geral, a banca examinadora tende a ser um pouco imprevisível,
e o nosso objetivo é deixar você preparado para exatamente qualquer coisa que aparecer na
prova!
Inclusive, ao final desta apostila, você encontrará questões de outras carreiras, para um maior
Vamos juntos!
2
DIREITOS HUMANOS
Capítulo 2
Além disso, trataremos da eficácia dos Direitos Humanos em suas quatro vertentes
objetivas: horizontal, vertical, vertical com repercussão lateral e diagonal. Vamos lá?
vinte e uma colunas de escrita cuneiforme, sendo um dos primeiros exemplos de lei escrita que
se tem notícia.
direito da mãe e dos filhos de receberem alimentos quando abandonados pelo genitor, etc.
3
2.2 Magna Carta
A Magna Carta, de 1215, foi um instrumento cujo o Rei João da Inglaterra foi obrigado a
assinar. Em síntese, este documento restringia o poder do rei e de seus sucessores, impedindo
o exercício de qualquer poder pleno. Pela primeira vez foram previstos direitos dos súditos.
O artigo mais conhecido da Magna Carta é o 39: em síntese, ele determina que seja seguido
o devido processo legal quando houver prisão ou privação de propriedade, de modo que sejam
Nenhum homem livre será preso, encarcerado ou privado de seus direitos ou propriedades,
ou tornado fora da lei, ou exilado, ou de maneira alguma destruído, nem agiremos contra
ele ou mandaremos alguém contra ele, a não ser por julgamento legal dos seus pares, ou
pela lei da terra.
1
CASTILHO, Ricardo. Direitos Humanos – 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2018, p. 74.
4
A Petition of Rights é o documento que marcou o início do constitucionalismo moderno. Esse
constitucionalismo moderno, em linhas gerais, é um movimento que questionou profundamente
Esta Petição foi apresentada pelo rei pelos membros do parlamento inglês (liderados por Sir
Edward Coke), sendo que o primeiro foi obrigado a assiná-la e a cumpri-la.
Dentre as exigências contidas no bojo do documento, estava o fato de que o rei deixasse
para o parlamento o controle da política financeira e o controle do exército, além de ter
oficializado os direitos fundamentais do homem.
Outro documento de enorme importância para a evolução dos Direitos Humanos ao longo
do tempo foi o chamado Habeas Corpus Act, de 1679.
O Habeas Corpus Act foi uma lei elaborada pelo Parlamento da Inglaterra no ano de 1679,
durante o império do rei Carlos II.
Esta lei resgatava uma importante garantia: a de que toda pessoa detida fosse levada a um
tribunal, onde seria analisada a legalidade de sua prisão. É, em verdade, uma tutela da liberdade
Esta lei é considerada, até os dias atuais, como um dos documentos mais importantes da
história da Inglaterra.
A Bill of Rights inglesa foi criada no ano de 1689, quando Maria Stuart e o marido Guilherme
de Orange assumiram o trono sob controle do Parlamento inglês e tiveram que aceitar e
A Declaração dos Direitos inglesa proibiu a aplicação de penas cruéis e consagrou o direito
de petição. Para além disso, foi a gênese do princípio da separação dos poderes, uma vez que
previu a independência do Parlamento.
5
2.6 A Declaração de Direitos da Virgínia
políticas que concediam ao cidadão o direito à liberdade, pregando um Estado laico, o direito
de associação política, o estado de inocência, a livre manifestação do pensamento, o princípio
da reserva legal e o princípio da anterioridade. Todos esses direitos seriam alcançados pela
tripartição dos poderes, independentes entre si. Confira abaixo algumas de suas disposições:
6
Art. 8º. A lei apenas deve estabelecer penas estrita e evidentemente necessárias e
ninguém pode ser punido senão por força de uma lei estabelecida e promulgada antes
do delito e legalmente aplicada.
Art. 9º. Todo acusado é considerado inocente até ser declarado culpado e, se julgar
indispensável prendê-lo, todo o rigor desnecessário à guarda da sua pessoa deverá ser
severamente reprimido pela lei.
Por fim, temos as Convenções de Genebra. O primeiro tratado internacional que recebeu o
nome de Convenção de Genebra foi assinado em 1864, em Genebra, na Suíça. Essa Convenção,
totalmente voltada para o desenvolvimento do direito humanitário internacional, teve como
objetivo amenizar os efeitos das sucessivas guerras entre as nações que ocorreram até então,
principalmente no que tange à população civil.
princípios da primeira Convenção para os conflitos marítimos, que não haviam sido previstos,
protegendo-se os náufragos, doentes e feridos.
Em 1925 ocorreu a III Convenção de Genebra, onde se determinou que fosse dado
tratamento humanitário a todos os prisioneiros de guerra.
Foi quando se deu origem ao Direito Internacional dos Direitos Humanos e ao Direito
Internacional Humanitário.
A IV Convenção de Genebra possui 159 artigos e continua em vigor, sendo aplicada mesmo
quando não há uma declaração de guerra.
Em 1977 foram aprovados dois Protocolos Adicionais à Convenção de Genebra, sendo que
o Primeiro ampliou a definição de vítimas de conflitos armados internacionais e o Segundo
reforçou a proteção das pessoas afetadas por conflitos armados no âmbito interno.
7
1.694 a.C • Código de Hamurabi
1.1215
• Magna Carta
1.628
• Petition of Right
1.679
• Habeas Corpus act
1.689
• Bill of rights inglesa
1.776
• Declaração de Direitos da Virgínia
1.789 • Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão
1.864-1949
• Convenções de Genebra
8
2.9 A eficácia dos Direitos Humanos
Isso indica, por si só, a força normativa privilegiada que possuem os direitos fundamentais.
Sendo assim, dada a sua importância e a sua grande incidência nos concursos públicos, neste
momento iniciaremos os nossos estudos no que tange à eficácia dos direitos humanos/ direitos
fundamentais no que toca ao seu aspecto objetivo. Ela se divide em eficácia vertical, eficácia
horizontal, eficácia diagonal e eficácia vertical com repercussão lateral.
Eficácia vertical
A eficácia vertical dos direitos humanos diz respeito aos órgãos estatais. Isso quer dizer que,
apesar de a Constituição Federal não ser expressa ao dizer quem são os seus destinatários,
temos que ela se volta principalmente para o Estado, limitando a sua atuação das relações
perante os indivíduos. Para se lembrar que a eficácia vertical diz respeito ao Estado, lembre-se
que ela faz alusão à posição de verticalidade ocupada pelo Estado frente ao indivíduo.
Eficácia horizontal
De seu turno, a eficácia horizontal indica a oponibilidade dos direitos aos particulares no
2
XEREZ, Rogério Saraiva. Direitos fundamentais: eficácia na esfera das relações privadas. Revista Eletrônica
Direito e Política, Itajaí, 2014.
9
A eficácia horizontal, que consiste na aplicação dos Direitos Humanos entre os particulares,
também é conhecida com Drittwirkung, em alemão.
Eficácia diagonal
Já a eficácia diagonal dos Direitos Humanos consiste na aplicação destes direitos nas relações
Por fim temos a eficácia vertical com repercussão lateral. Esse conceito foi desenvolvido por
Segundo o citado doutrinador, a eficácia horizontal dos direitos fundamentais deve ser
mediada pela lei e, quando o legislador se omitir, devemos recorrer à jurisdição. Caso o juiz
conclua que o legislador negou proteção ao direito fundamental, deve este determinar uma
medida que efetive a tutela do referido direito. Em síntese, temos que o direito fundamental
será efetivado e resguardado por uma atuação judicial.
10
QUADRO SINÓTICO
Direito Internacional
Convenções de Humanitário e Direito
1.864-1949
Genebra Internacional dos Direitos
Humanos
11
Eficácia dos Direitos Humanos
12
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
(TRF 3 Região - 2018 – Juiz Federal Substituto) Em 1999, Damião Ximenes Lopes, pessoa com
deficiência mental, foi internado na Casa de Repouso Guararapes, na cidade de Sobral (CE), pelo
Sistema Único de Saúde (SUS), em perfeito estado físico. Poucos dias depois, sua mãe o
encontrou agonizante, sangrando, com hematomas, sujo e com as mãos amarradas para trás,
vindo a falecer nesse mesmo dia, sem qualquer assistência médica no momento de sua morte.
Com a demora nos processos cível e criminal na Justiça daquele Estado na apuração de
prazo razoável, peticionou à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que veio a
processar o Estado brasileiro perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH).
brasileiro, tendo sido determinada pela Corte IDH a suspensão do feito até o exaurimento
dos mecanismos internos de reparação;
C) Foi aplicada pela Corte IDH a doutrina da eficácia horizontal da proteção internacional
dos direitos humanos (“Drittwirkung”), responsabilizando o Estado brasileiro;
D) Petição dos familiares da vítima endereçada à Corte IDH, após o trâmite regular em que
se afastou as preliminares do Brasil de ausência de esgotamento dos recursos internos e
13
Comentário:
Apesar de os demais temas não terem sido abordados ainda, era perfeitamente possível que o
candidato respondesse à questão e acertasse. Isso porque a resposta correta é a letra “C”, que
diz respeito à eficácia horizontal de proteção internacional dos Direitos Humanos. Como já
estudado, essa teoria surgiu na Alemanha, e se refere à projeção dos direitos fundamentais nas
relações entre particulares, e sendo a casa de saúde privada, incide a eficácia horizontal.
Importante salientar que o caso Ximenes vs. Brasil foi a primeira sentença de mérito da Corte
Para fins didáticos, analisaremos brevemente os erros das demais alternativas, que serão melhor
visualizados pelo candidato no decorrer do estudo do material AdVerum:
O item “A” está incorreto porque, na verdade, não deveria ter sido acolhida a exceção de
admissibilidade ante o não esgotamento dos recursos internos, com fulcro no artigo 42, 2, “C”
da Convenção Americana sobre os Direitos Humanos. O item “B” está incorreto porque o estado
do Ceará não possui personalidade jurídica internacional para integrar o polo passivo da
demanda – quem o possui é o Brasil. Por fim, o item :D: está incorreto porque os familiares não
Questão 2
(FCC - 2016 – DPE/BA – Defensor Público) Com relação à origem histórica dos direitos
14
A) Declaração de Direitos do Estado da Virgínia, 1776, que disciplinou os direitos trabalhistas e
previdenciários como direitos sociais;
B) Declaração de Direitos (Bill of Rights), 1689, que previu a separação dos poderes e o direito
de petição;
D) Constituição de Weimar, 1919, que trouxe a igualdade jurídica entre marido e mulher,
equiparou os filhos legítimos aos ilegítimos com relação à política social do Estado;
E) Constituição Mexicana, 1917, que expandiu o sistema de educação pública, deu base à
Comentário:
efeito, a discussão acerca dos direitos sociais surgiu a partir do século XIX.
Questão 3
(VUNESP - 2014 – PC-SP – Escrivão de Polícia Civil) Documento histórico relevante na evolução
dos direitos humanos, elaborado no século XIII, que regulava várias matérias, de sentido
puramente local ou conjuntural, ao lado de outras que constituem as primeiras fundações da
civilização moderna, que considera que o rei se encontra vinculado pelas próprias leis que edita
e que traz a essência do princípio do devido processo legal em seu texto.
15
Tal descrição se refere à:
Comentário:
A alternativa a ser assinalada é a alternativa “D”. Estudamos neste capítulo que uma das
Questão 4
(CESPE - 2010 – Instituto Rio Branco – Diplomata) O Direito Internacional Humanitário, campo
das ciências jurídicas com o objetivo de prestar assistência às vítimas de guerra surgiu,
efetivamente, com a primeira Convenção de Genebra, em 1864.
( ) Certo
( ) Errado
16
Comentário:
A alternativa está correta. Com efeito, o Direito Internacional Humanitário, que prevê a
Questão 5
Comentário:
O item “A” está correto. Vejamos. “Drittwirkung” é a denominação para “eficácia horizontal”
em alemão. Embora a tortura seja considerada um dos exemplos de violação grave a direitos
O item “C” também está incorreto porque a escravidão, no âmbito público ou privado, é vedada
17
O item “D” está incorreto porque a eficácia horizontal dos direitos humanos é aquela aplicada
Questão 6
guiada pelo ideário iluminista, veio a consagrar inúmeros direitos da pessoa, em documentos
como a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, e as Constituições de 1791
e de 1793, que reconheceram expressamente a liberdade e a igualdade inerentes ao ser humano,
bem como a necessidade de limitar os poderes estatais, de modo a que estes não interferissem
na esfera de liberdade dos indivíduos”.
No que diz respeito aos direitos humanos, o enunciado acima faz referencia ao legado resultante
da
A) Revolução Inglesa
B) Revolução Francesa
C) Revolução Industrial
D) Primeira Guerra Mundial.
Comentário:
Questão 7
(VUNESP – 2018 – PC/SP – Delegado de Polícia) esse documento histórico de remota conquista
dos direitos humanos foi editado com o escopo de assegurar a Supremacia do Parlamento sobre
18
a vontade do Rei, controlando e reduzindo os abusos cometidos pela nobreza em relação aos
seus súditos, em especial declarando, dentre outras conquistas, o direito de petição, eleições
Comentário:
A assertiva correta é a letra “C”. Com efeito, a Petition of Rights, impunha ao rei o
reconhecimento de direitos e liberdades civis, o Habeas Corpus Act regulamentou a questão
das prisões ilegais ou abusivas, a Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão visou declarar
direitos inerentes aos homens e a Magna Carta estabeleceu algumas garantias e imunidades
aos nobres. A Bill of Rights, por sua vez, criou o direito de petição, as imunidades parlamentares,
a vedação às penas cruéis, etc.
Questão 8
A) Talmude;
19
B) Magna Carta da Inglaterra;
C) Alcorão;
E) Bill of Rights.
Comentário:
A assertiva correta é a letra “B”.O documento histórico descrito no enunciado é a Magna Carta
da Inglaterra, assinada em 1215 e que constituiu um acordo entre o rei e os barões da Inglaterra,
destinando-se à proteção dos direitos individuais, evitando inclusive a arbitrariedade excessiva
Questão 9
marcos importantes na evolução histórica dos direitos humanos foi a Magna Carta, sobre a
qual é correto afirmar que
A) é o nome latino pelo qual ficou conhecida a Constituição dos Estados Unidos da América,
documento de 1777 que proclamava o direito de escolha dos governantes pelo voto, o direito
B) também conhecida como Carta das Liberdades, foi firmada logo após a Revolução Francesa,
sendo o primeiro documento a reconhecer o direito de igualdade e, assim, o caráter universal
dos direitos humanos.
20
C) data do século XIII, e foi instituída para limitar o poder absoluto dos monarcas ingleses ao
instituir, entre outras, a regra de que nenhum homem livre poderá ser preso ou privado de seus
D) foi instituída pelo parlamente britânico em 1648, e contemplou, entre outros, o bill of rights
E) data da segunda metade do império romano, tendo sido criação dos juristas romanos para,
por meio do Senado, limitar o poder absoluto de vida e morte do imperador sobre seus
governados.
Comentário:
A alternativa correta é a letra “C”. Com efeito, a Magna Carta, um documento de 1215, limitou
o poder dos monarcas da Inglaterra, especialmente do Rei João, de modo que impedisse o
exercício do poder absoluto. Considerando toda a explicação já trazida neste capítulo, bem
como seu conceito, conteúdo e características, temos que a única assertiva que aborda
corretamente este documento é a letra C.
Questão 10
(MPT - 2015 – Procurador do Trabalho) Qual das seguintes cláusulas NÃO CONSTA da
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 proclamada durante a Revolução
Francesa:
21
B) Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos determinados pela lei e de
acordo com as formas por esta prescritas. Os que solicitam, expedem, executam ou mandam
executar ordens arbitrárias devem ser punidos; mas qualquer cidadão convocado ou detido em
virtude da lei deve obedecer imediatamente, caso contrário torna-se culpado de resistência.
C) Todos os homens em idade adulta e no pleno gozo de sua sanidade mental têm direito de
votar e ser votado;
D) A sociedade tem o direito de pedir contas a todo agente público pela sua administração;
E) Não respondida.
Comentário:
A alternativa a ser assinalada é a letra “C”, pois é a única cláusula que não consta da
Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão. Vejamos.
Art.1º. Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem
fundamentar-se na utilidade comum.
Art. 2º. A finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e
imprescritíveis do homem. Esses direitos são a liberdade, a propriedade a segurança e a
resistência à opressão.
Art. 4º. A liberdade consiste em poder fazer tudo que não prejudique o próximo. Assim,
o exercício dos direitos naturais de cada homem não tem por limites senão aqueles que
asseguram aos outros membros da sociedade o gozo dos mesmos direitos. Estes limites
apenas podem ser determinados pela lei.
Art. 5º. A lei não proíbe senão as ações nocivas à sociedade. Tudo que não é vedado pela
lei não pode ser obstado e ninguém pode ser constrangido a fazer o que ela não ordene.
Art. 6º. A lei é a expressão da vontade geral. Todos os cidadãos têm o direito de concorrer,
pessoalmente ou através de mandatários, para a sua formação. Ela deve ser a mesma para
22
todos, seja para proteger, seja para punir. Todos os cidadãos são iguais a seus olhos e
igualmente admissíveis a todas as dignidades, lugares e empregos públicos, segundo a
sua capacidade e sem outra distinção que não seja a das suas virtudes e dos seus talentos.
Art. 7º. Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos determinados pela
lei e de acordo com as formas por esta prescritas. Os que solicitam, expedem, executam
ou mandam executar ordens arbitrárias devem ser punidos; mas qualquer cidadão
convocado ou detido em virtude da lei deve obedecer imediatamente, caso contrário
torna-se culpado de resistência.
Art. 8º. A lei apenas deve estabelecer penas estrita e evidentemente necessárias e
ninguém pode ser punido senão por força de uma lei estabelecida e promulgada antes
do delito e legalmente aplicada.
Art. 9º. Todo acusado é considerado inocente até ser declarado culpado e, se julgar
indispensável prendê-lo, todo o rigor desnecessário à guarda da sua pessoa deverá ser
severamente reprimido pela lei.
Art. 10º. Ninguém pode ser molestado por suas opiniões, incluindo opiniões religiosas,
desde que sua manifestação não perturbe a ordem pública estabelecida pela lei.
Art. 11º. A livre comunicação das ideias e das opiniões é um dos mais preciosos direitos
do homem. Todo cidadão pode, portanto, falar, escrever, imprimir livremente,
respondendo, todavia, pelos abusos desta liberdade nos termos previstos na lei.
Art. 12º. A garantia dos direitos do homem e do cidadão necessita de uma força pública.
Esta força é, pois, instituída para fruição por todos, e não para utilidade particular daqueles
a quem é confiada.
Art. 14º. Todos os cidadãos têm direito de verificar, por si ou pelos seus representantes,
da necessidade da contribuição pública, de consenti-la livremente, de observar o seu
emprego e de lhe fixar a repartição, a coleta, a cobrança e a duração.
Art. 15º. A sociedade tem o direito de pedir contas a todo agente público pela sua
administração.
Art. 16.º A sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos nem
estabelecida a separação dos poderes não tem Constituição.
23
Art. 17.º Como a propriedade é um direito inviolável e sagrado, ninguém dela pode ser
privado, a não ser quando a necessidade pública legalmente comprovada o exigir e sob
condição de justa e prévia indenização.
24
GABARITO
Questão 1 - C
Questão 2 – A
Questão 3 - D
Questão 4 - Correta
Questão 5 - A
Questão 6 - B
Questão 7 - C
Questão 8 - B
Questão 9 - C
Questão 10 - C
25
QUESTÃO DESAFIO
26
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO
Em geral, todo direito exprime a faculdade de exigir de terceiro, que pode ser o Estado ou
mesmo um particular, determinada obrigação. Por isso, os direitos humanos têm estrutura
variada, podendo ser: direito-pretensão, direito-liberdade, direito-poder e direito-
imunidade.
Você deve ter abordado necessariamente os seguintes itens em sua resposta:
direito-pretensão
O doutrinador Segundo André de Carvalho Ramos (2014) menciona em sua obra que o “direito-
pretensão consiste na busca de algo, gerando a contrapartida de outrem do dever de prestar.
Nesse sentido, determinada pessoa tem direito a algo, se outrem (Estado ou mesmo outro
particular) tem o dever de realizar uma conduta que não viole esse direito. Assim, nasce o
“direito-pretensão”, como, por exemplo, o direito à educação fundamental, que gera o dever do
Estado de prestá-la gratuitamente (art. 208, I, da CF/88).”
direito-liberdade
Os direitos humanos têm estrutura variada, podendo ser, dentre outros, direito-liberdade. Sobre
esse ponto, deve-se mencionar o que informa o doutrinador André de Carvalho Ramos (2014)
em sua obra sobre direitos humanos. Ele aponta que “O direito-liberdade consiste na faculdade
de agir que gera a ausência de direito de qualquer outro ente ou pessoa. Assim, uma pessoa
tem a liberdade de credo (art. 5º, VI, da CF/88), não possuindo o Estado (ou terceiros) nenhum
direito (ausência de direito) de exigir que essa pessoa tenha determinada religião.”
direito-poder
Em outra vertente, tem-se o direito-poder. Acerca desse ponto André de Carvalho Ramos (2014)
tece breves comentários, mas importantes para o debate do assunto em menção. Veja-se: “Por
sua vez, o direito-poder implica uma relação de poder de uma pessoa de exigir determinada
sujeição do Estado ou de outra pessoa. Assim, uma pessoa tem o poder de, ao ser presa,
requerer a assistência da família e de advogado, o que sujeita a autoridade pública a
27
direito-imunidade
André de Carvalho Ramos (2014) aponta que o “direito-imunidade, que acarretam obrigações
do Estado ou de particulares revestidas, respectivamente, na forma de: (i) dever, (ii) ausência de
direito, (iii) sujeição e (iv) incompetência.” E acrescenta que “o direito-imunidade consiste na
autorização dada por uma norma a uma determinada pessoa, impedindo que outra interfira de
qualquer modo. Assim, uma pessoa é imune à prisão, a não ser em flagrante delito ou por
outros agentes públicos (como, por exemplo, agentes policiais) possam alterar a posição da
pessoa em relação à prisão.”
28
LEGISLAÇÃO COMPILADA
29
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
30
BARRETO, Rafael. Direitos Humanos – 8. Ed, revista, ampliada e atualizada. Salvador:Juspodivm,
2018.
MALHEIRO, Emerson. Curso de Direitos Humanos – 3. Ed. Revista, atualizada e ampliada. São
XEREZ, Rogério Saraiva. Direitos fundamentais: eficácia na esfera das relações privadas. Revista
31
PDF OAB
Direitos Humanos
Capítulo 3
SUMÁRIO
DIREITOS HUMANOS, CAPÍTULO 3 .................................................................................................... 3
GABARITO .............................................................................................................................................. 22
1
Olá, futuro advogado! Tudo bem?
no exame de ordem!
aparecer na prova!
Inclusive, ao final desta apostila, você encontrará questões de outras carreiras, para um maior
aproveitamento e assimilação de conteúdo, portanto, não deixe de respondê-las, tá?
Vamos juntos!
2
DIREITOS HUMANOS
Capítulo 3
Continuando nossos estudos acerca da análise evolutiva dos Direitos Humanos, temos
as chamadas dimensões (ou gerações) dos Direitos Humanos.
Como já estudado, os Direitos Humanos são dotados de historicidade, o que nos faz
concluir que eles se aperfeiçoam com o passar do tempo, de modo que uma dimensão se
relaciona intrinsicamente com a outra para garantir a sua efetividade.
Essa sistematização foi proposta por Karel Vsak, um jurista tcheco, com base nos
princípios da Revolução Francesa (liberdade, igualdade e fraternidade), buscando demonstrar a
maneira:
3
Bobbio também visualizou uma quarta dimensão, ainda em evolução, alcançando a
globalização dos Direitos Humanos. Com o passar do tempo a doutrina apontou a existência
de outras dimensões cujo destaque é a quinta, com o direito à paz.
Os principais referenciais teóricos dessa geração são John Locke, com a obra intitulada
“Segundo Tratado sobre o Governo” e Jean Jacques Rousseau, com a obra “O Contrato Social”.
Em síntese, ambos afirmavam a existência de direitos naturais dos indivíduos que não estavam
Aqui temos direitos de aplicabilidade imediata que atribuem ao Estado uma obrigação de
não fazer, uma liberdade negativa do Estado, que não poderia intervir na esfera de
liberdade das pessoas.
1
Vide questões 02, 03 e 09 ao final do capítulo.
4
Em provas objetivas, a afirmação de que os direitos de primeira dimensão são direitos
negativos tem sido reputada como correta. Entretanto, na verdade, nem todos o são: em
provas discursivas e orais, é interessante que se aborde o fato de que os direitos políticos
necessitam da participação das pessoas na vida política estatal. É o que chamamos de plano
de participação.
A segunda dimensão, por sua vez, compreende os direitos sociais, econômicos e culturais.
Apesar disso, é incontestável que o fim da cruenta Primeira Guerra Mundial (28 de julho
de 1914 a 11 de novembro de 1918), que ceifou milhares de vidas em razão de
preitesias desmesuradas, e a elaboração do Tratado de Versalhes (1919) em muito
contribuíram para estabelecer melhorias nas condições sociais dos trabalhadores.
2
Vide questões 07 e 08 ao final do capítulo.
3
MALHEIRO, Emerson. Curso de Direitos Humanos – 3. Ed, p. 40.
5
O Tratado de Versalhes, além de fazer curvar a Alemanha, levá-la praticamente à
bancarrota e ser o embrião da Segunda Guerra Mundial (1 de setembro de 1939 a 2 de
setembro de 1945), criou a Liga das Nações, que originou a atual Organização das
Nações Unidas (ONU) e também a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Portanto, aqui temos que esses direitos demonstram um momento histórico onde havia a
necessidade de o Estado intervir na seara econômica e prestar serviços essenciais como
educação e saúde. Assim, temos que eles são direitos positivos, de natureza prestacional.
Os seus referenciais teóricos são a “Encíclica Rerum Novarum sobre a condição dos
operários”, da Igreja Católica, de 1891, e o “Manifesto do Partido Comunista” de Karl Marx e
1948, simbolizaram o marco para uma grande nova ordem mundial, da qual decorreram os
direitos de terceira dimensão. Eles são os direitos difusos, dos povos, da humanidade, da
A sua principal característica está relacionada com o fato de serem esses direitos
4
Vide questões 01, 04, 05 e 06 ao final do capítulo.
6
São exemplos o direito ao desenvolvimento, ao meio ambiente, à autodeterminação dos
povos, à comunicação, dentre outros.
Por retirar do indivíduo o seu foco, partindo para a coletividade, temos que a
Sobre a quarta dimensão, temos que essa já foi afirmada por Norberto Bobbio em 1990
na obra intitulada “A Era dos Direitos”, referente aos efeitos da pesquisa biológica e da
manipulação do patrimônio genético humano.
Além dos direitos relativos à área genética, a quarta dimensão engloba também os direitos
Por fim, ante os graves acontecimentos do século XXI, temos que autores como Paulo
É o direito à paz.
5
Vide questão 10 ao final do capítulo.
7
1. Dimensão: 2. Dimensão: 3. Dimensão: 4. Dimensão:
Direitos sociais, 5. Dimensão:
Direitos civis e Direitos de Direitos dos
econômicos e Direito à paz
políticos fraternidade povos
culturais
8
QUADRO SINÓTICO
Direitos
1a Geração 2a Geração 3a Geração
Humanos
Valor
Liberdade Igualdade Fraternidade
Econômicos, sociais e
Direitos Civis e políticos Difusos/de solidariedade
culturais
Constituição Americana
de 1787 e Declaração Constituição de Declaração Universal
Marco jurídico Francesa dos Direitos Weimar e Constituição dos Direitos Humanos,
do Homem e do Mexicana de 1917 de 1948
Cidadão de 1789
“Encíclica Rerum
“O Contrato Social”, de Novarum sobre a
Jean Jacques Rousseau Condição dos
Marco teórico e “Segundo Tratado Operários”, de 1891, e -
sobre o Governo”, de o “Manifesto do
John Locke Partido Comunista”,
de Karl Marx e Engels
9
Direitos Humanos 4a Geração 5a Geração
10
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
(FEPSE - 2019 – Agente Penitenciário) A teoria das gerações ou dimensões dos direitos
11
Comentário:
A resposta correta é a letra “D”. O erro da alternativa “A” está no fato de que ela descreve os
direitos de primeira dimensão e os enquadra como de segunda; o erro da alternativa “B”
reside no fato de que os direitos de quinta geração são compostos pelo direito à paz na
humanidade; o item “C” está incorreto pois os direitos de quarta geração se relacionam com
a evolução da bioética e da cibernética e, por fim, a letra “E” descreve os direitos de segunda
dimensão mas os enquadra como de primeira dimensão. O item “D” está completamente
correto, uma vez que descreve perfeitamente os direitos de terceira dimensão.
Questão 2
finitos.
12
Comentário:
direitos de primeira dimensão têm por base a liberdade do indivíduo, sendo que é atribuído
ao Estado uma obrigação de não fazer, mais conhecida como liberdade negativa. São direitos
Questão 3
(FGV - 2019 – DPE-RJ – Técnico Superior Jurídico) É costume que, no âmbito da teoria geral
dos direitos humanos, eles sejam classificados em gerações ou dimensões que expressam a
Comentário:
Questão de nível fácil, que encontra toda a sua fundamentação no material deste capítulo.
Com efeito, apenas uma das alternativas traz direitos referentes às dimensões dos Direitos
Humanos, sendo correta a alternativa “C”.
13
Com efeito, os direitos de primeira geração são os direitos civis e políticos, que impõem
restrições à atuação do Estado, e os direitos de segunda geração são os direitos econômicos,
sociais e culturais, que exigem um fazer do Estado (são os chamados direitos positivos).
Questão 4
A) Primeira geração;
B) Segunda geração;
C) Terceira geração;
D) Quarta geração.
Comentário:
A alternativa correta é a letra “C”. Com efeito, os direitos de segunda dimensão, que têm
difusos.
Questão 5
(FCC - 2018 – DPE- MA – Defensor Público) Podem ser considerados exemplos de direitos
humanos de terceira geração o direito
14
A) À imigração e refúgio, à participação na economia globalizada e à segurança;
Comentário:
De acordo com Marcelo Novelino, os direitos fundamentais de terceira dimensão são aqueles
ligados ao valor fraternidade ou solidariedade; são relacionados ao meio ambiente,
desenvolvimento, progresso, autodeterminação dos povos, direito de propriedade sobre o
Questão 6
direitos que transcendem a lógica da proteção individualista e cuja tutela interessa a toda a
humanidade é a
A) Primeira geração;
B) Terceira geração;
C) Segunda geração;
15
D) Quarta geração;
E) Quinta geração.
Comentário:
A alternativa correta é a letra “B”. A terceira dimensão é aquela que consagra os direitos de
Questão 7
geração ou dimensão, por se tratarem de direitos de defesa, não acarretam qualquer atuação
prestacional do Estado em relação à efetivação dos mesmos. IV. Os Direitos Humanos de
segunda geração ou dimensão, dada a sua natureza prestacional, exigem uma atuação positiva
do Estado para a sua efetivação.
Está correto o que se afirma APENAS em
A) I e IV;
B) I, II e III;
C) II, III e IV;
D) IV;
16
E) II.
Comentário:
Essa questão é um pouco mais difícil que as anteriores e por isso pode gerar grandes dúvidas.
I – O item está errado. Isso porque há um dissenso na doutrina com relação à nomenclatura,
sendo que parte dela critica o termo “gerações”. Conforme já estudamos, essa palavra poderia
passar uma falsa impressão de encerramento de uma fase e surgimento de outra de forma
II – O item está errado. Isso porque os direitos de segunda dimensão são informados pelo
valor da igualdade, sendo caracterizados pelos direitos sociais, econômicos e culturais.
III – O item está errado. Isso porque, com efeito os direitos de primeira geração exigem um
“não fazer” do Estado, mas essa abstenção não pode ser confundida com isenção. Assim, ele
deve garantir os direitos mínimos, o que é uma característica comum dos estados liberais.
IV- O item está correto, pois os direitos humanos de segunda dimensão, que são informados
pelo valor da igualdade, levam à necessidade de adoção de prestações positivas por parte do
Estado.
17
Questão 8
histórica.
ostentam uma subjetividade que é seu traço mais característico, sendo, assim, direitos
de resistência ou oposição ao Estado;
Comentário:
O item “A” está incorreto. Isso porque a terceira dimensão dos direitos humanos trata dos
direitos coletivos ou difusos, exigindo uma promoção e proteção por parte do Estado, que
não deve se abster.
O item “B” está incorreto, uma vez que os direitos de quarta dimensão dizem respeito à
manipulação genética, bioética e preservação do ser humano.
O item “C” está incorreto porque a primeira geração abrange os direitos presentes na
Constituição Americana de 1787 e Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão
de 1789, tendo a liberdade como valor central.
O item “D” está incorreto, porque os direitos de quinta dimensão englobam principalmente os
direitos à segurança mundial e à paz.
Por fim, o item “E” está correto, uma vez que efetivamente os direitos de segunda dimensão
Questão 9
19
Comentário:
A alternativa correta é a letra “A”. Vejamos uma pequena síntese do tema e das gerações de
direitos humanos:
Questão 10
anterior, dentre os quais podem ser citados, na ordem cronológica de cada geração, os
direitos.
20
Comentário:
A alternativa a ser assinalada é a letra “E”, pois é a única que apresenta, na ordem, os direitos
O que pode gerar confusão para o candidato é a questão do direito à paz. Veja a pegadinha:
para Paulo Bonavides, o direito à paz é um direito de quinta geração. Entretanto, a VUNESP
segue doutrina diversa, que o aloca como direito de terceira dimensão. Portanto, é
interessante saber qual o posicionamento da banca com relação a esse tema, uma vez que a
quarta e a quinta dimensões de direitos humanos são controversas, ao contrário da primeira,
segunda e terceira dimensões.
21
GABARITO
Questão 1 - D
Questão 2 – D
Questão 3 - C
Questão 4 - C
Questão 5 - E
Questão 6 - B
Questão 7 - D
Questão 8 - E
Questão 9 - A
Questão 10 - E
22
QUESTÃO DESAFIO
23
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO
culturais, que têm por proeminência o lema igualdade. Os direitos sociais, portanto, são um
plexo de faculdades conferidas ao indivíduo que impõem ao Estado dever prestacional de agir,
proativamente, para assegurar condições materiais mínimas para a obtenção de uma vida
digna. Como regra, os direitos sociais são essencialmente prestacionais, exigindo a ação
Terceira: fraternidade/solidariedade.
24
sentido, com o advento do Estado Democrático de Direito, a ideia de salvaguarda exclusiva
das liberdades individuais se torna obsoleta e incompleta diante do surgimento de uma gama
de direitos que pertencem a todo o corpo social, não apenas a indivíduos isoladamente
considerados ou de grupos específicos, determinados e determináveis, chamados de interesses
dimensão são titularizados por toda a coletividade (titularidade coletiva ou difusa), sendo
representados pelo lema fraternidade ou solidariedade.
25
LEGISLAÇÃO COMPILADA
26
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27
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Salvador:Juspodivm, 2018.
MALHEIRO, Emerson. Curso de Direitos Humanos – 3. Ed. Revista, atualizada e ampliada. São
NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. São Paulo: Editora Método, 2009, 3 ed.
28
PDF OAB
Direitos Humanos
Capítulo 4
SUMÁRIO
QUADRO SINÓTICO............................................................................................................................10
QUESTÕES COMENTADAS.................................................................................................................12
GABARITO.............................................................................................................................................22
LEGISLAÇÃO COMPILADA.................................................................................................................26
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................................28
1
Olá, futuro advogado! Tudo bem?
A formação e a incorporação dos tratados de direitos humanos não costumam ser cobrados
no exame de ordem!
Bom, como é de conhecimento geral, a banca examinadora tende a ser um pouco imprevisível,
e o nosso objetivo é deixar você preparado para exatamente qualquer coisa que aparecer na
prova!
Inclusive, ao final desta apostila, você encontrará questões de outras carreiras, para um maior
Vamos juntos!
2
DIREITOS HUMANOS
Capítulo 4
Direitos Humanos
Nos capítulos anteriores buscamos trazer a você, caro OABeiro, um panorama geral dos
Direitos Humanos, suas principais noções e conceitos.
Abordamos também, além da teoria geral dos Direitos Humanos, as suas dimensões, tema
Neste momento, adentraremos um pouco mais na matéria, abordando de uma forma didática
e muito clara aspectos sobre os tratados internacionais em geral, os tratados internacionais de
Quem tem competência para assiná-los? A partir de que momento o Estado está a ele
vinculado?
Vamos juntos?
Bons estudos!
3
4.1 Os Tratados
Inicialmente, faremos uma breve síntese sobre o que são os Tratados internacionais.
Tratados são acordos internacionais concluídos por escrito entre os sujeitos de direito
internacional e regidos pelo direito internacional, quer constem de um instrumento único,
quer de dois ou mais instrumentos anexos, qualquer que seja sua denominação específica
constituem a principal fonte de obrigação do direito internacional.
Importante frisar, outrossim, que “Tratado” é o gênero que engloba os pactos, as convenções,
as cartas, as declarações, os acordos, os estatutos, os compromissos, os atos, os convênios, os
protocolos e as concordatas.
Assim, guardam relação de paridade normativa com as leis ordinárias editadas pelo Estado
Brasileiro.
Mas, no que toca aos tratados internacionais de Direitos Humanos, temos uma exceção.
1
CASTILHO, Ricardo. Direitos Humanos – 6 ed, p. 108.
4
Status de Emenda Constitucional
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
Esse dispositivo nos traz que os tratados que versam sobre Direitos Humanos que forem
aprovados em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos de votação, com o quórum de
aprovação de 3/5 de seus membros, terá força de emenda constitucional.
Significa que eles não poderão perder a sua eficácia por lei ordinária brasileira que for editada
posteriormente.
O parágrafo terceiro, do qual estamos tratando, foi acrescido pela Emenda Constitucional 45,
de dezembro de 2004.
Por outro lado, quando internalizados pelo quórum de norma infraconstitucional, temos que
Sendo assim, de acordo com a posição consagrada no Supremo Tribunal Federal, o que
chamamos de Teoria do Duplo Estatuto, os tratados de Direitos Humanos que não forem
aprovados pelo rito especial do artigo 5°, §3° da Constituição Federal, sejam anteriores ou
2
Vide questões 02 e 4 a 10 no final do capítulo.
5
Nas palavras de Marcelo Novelino3 sobre os Tratados Internacionais de Direitos humanos e
seus status:
qualificado. Nesse caso, a legitimidade para iniciar o processo legislativo deve ser a mesma
prevista para a propositura de emendas, aplicando-se, por analogia, o disposto no artigo 60,
Para tanto, é necessário saber que o primeiro ato realizado pelo Estado é a assinatura do
tratado, por meio do Chefe do Estado.
Nos termos do artigo 84, VIII da Constituição Federal, a competência para a assinatura de
tratados internacionais é privativa do Presidente da República:
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição;
3
Novelino, MARCELO. Curso de Direito Constitucional, p. 317.
6
IV - Sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e
regulamentos para sua fiel execução;
Realizada essa assinatura, o tratado já passa a obrigar o Estado que o firmou? Depende.
Nesse ponto, temos que necessário se faz o estudo dos dois modelos de vontade existentes:
Modelo de unicidade de vontade: Caso o Estado adote este modelo, basta apenas a
que o tratado passe a obrigar o Estado é necessário que também haja a manifestação
de vontade do Poder Legislativo. É dizer: a validade da assinatura realizada pelo Chefe
Depois de passar pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, pela Comissão de
Constituição e Justiça e Cidadania e, eventualmente, por alguma comissão temática, o Plenário
da Câmara votará.
7
Aprovado pela Câmara dos Deputados, é a vez do Senado. O projeto é encaminhado à
Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, que, após parecer desta, é votado pelo
Mas veja: o Brasil ainda não estará vinculado, ainda, no cenário internacional. Para isso, após
a aprovação legislativa, será necessário que o Chefe do Estado ratifique o tratado, ato que se
materializa com o depósito da assinatura do tratado junto ao órgão responsável4.
República, por ato discricionário e após analisar grave descumprimento dos direitos humanos,
poderá acionar o Superior Tribunal de Justiça para que a competência seja deslocada da Justiça
4
Vide questão 03 ao final do capítulo.
5
Vide questão 01 ao final do capítulo.
8
Importante ressaltar que esse incidente pode ser suscitado em qualquer fase (seja no
inquérito ou durante o processo).
tratados internacionais dos quais o Brasil seja parte, preservando o compromisso assumido com
a efetivação dos Direitos Humanos. Vejamos o que prevê a Constituição Federal em seu artigo
109:
é que a Justiça Federal seja a competente para julgar tais casos, pois ela responde no plano
internacional, não podendo invocar a cláusula federativa.
9
QUADRO SINÓTICO
Tratados Internacionais
Quórum qualificado.
10
A incorporação dos Tratados Internacionais de Direitos Humanos
Aprovação legislativa
Segunda fase
11
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
(CESPE - 2020 – MPE-CE – Promotor de Justiça) Nas hipóteses de grave violação de direitos
Comentário:
A resposta correta é a letra “D”. Essa é uma questão de nível fácil, podendo ser respondida
com o estudo do material trazido neste capítulo. É letra seca de lei, uma vez que o artigo 109,
parágrafo quinto da Constituição Federal traz que o incidente de deslocamento de competência
(...)
(...)
12
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da
República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de
tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar,
perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo,
incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal.
Questão 2
Constitucional n.º 45/2004, os tratados relativos aos direitos humanos aprovados na forma
prevista são equivalentes às
B) Leis complementares;
C) Emendas constitucionais;
D) Leis ordinárias;
Comentário:
Em geral, os Tratados Internacionais são atos normativos com status de lei ordinária.
Os Tratados Internacionais que versem sobre Direitos Humanos, por outro lado, podem ter
status de Emenda Constitucional ou status de normas supralegais.
O primeiro foi trazido pela Emenda Constitucional 45/2004, que previu rito especial de
aprovação em dois turnos, com 3/5 dos votos em cada Casa do Congresso Nacional.
“Com efeito, não é razoável dar aos tratados de proteção de direitos do ser humano (a começar
pelo direito fundamental à vida) o mesmo tratamento dispensado, por exemplo, a um acordo
planos tanto nacional quanto internacional, a serem interpretadas e aplicadas mediante critérios
apropriados”.
CANÇADO TRINDADE, Antônio Augusto. Memorial em prol de uma nova mentalidade quanto à
proteção dos direitos humanos nos planos internacional e nacional, In, Os Direitos Humanos e
o Direito Internacional, org. Carlos Eduardo de Abreu Boucalt e Nadia de Araújo, Rio de Janeiro:
Brasil, a respeito dos tratados internacionais sobre direitos humanos, é correto afirmar:
A) os tratados e as convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados,
em cada Casa do Congresso Nacional, em três turnos, por dois quintos dos votos dos
respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
E) desde que o Brasil seja parte, se aplicam no ordenamento jurídico brasileiro os tratados
internacionais de direitos humanos de forma imediata.
14
Comentário:
A alternativa “A” está incorreta porque os Tratados Internacionais de Direitos Humanos devem
ser aprovados em cada Casa do Congresso Nacional em dois turnos e com três quintos dos
votos dos respectivos membros, e não em três turnos por dois quintos dos votos como faz crer
a assertiva.
A alternativa “B” está incorreta porque os Tratados Internacionais de Direitos Humanos devem
ser aprovados nas duas casas do Congresso Nacional, e não apenas no Senado Federal.
A alternativa “C” está incorreta porque, no Brasil, os Tratados Internacionais de Direitos Humanos
somente passam a valer no ordenamento jurídico interno após a aprovação pelo Congresso
Nacional, seguida de decreto presidencial.
Por fim, a letra “D” está incorreta porque é imprescindível que os Tratados de Direitos Humanos
sejam referendados pelo Congresso Nacional para serem incorporados no ordenamento jurídico
brasileiro.
O item “E” está em total consonância com a letra da Constituição Federal, por isso é a assertiva
correta. Vejamos:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
(...)§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.§ 2º Os direitos e garantias
expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos
tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
Questão 4
15
promulgado pelo Presidente da República em 2009. Em conformidade com a Constituição
Federal de 1988, referido tratado internacional será equivalente a
A) Lei complementar, pois se trata de tratado internacional sobre direitos humanos aprovado,
em cada casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos
respectivos membros;
B) Lei ordinária, pois não foi aprovado com o mesmo quórum exigido para a aprovação das
emendas constitucionais;
Comentário:
A alternativa correta é a letra “D”. Com efeito, apenas os tratados internacionais que versem
sobre Direitos Humanos e que sejam aprovados em dois turnos, por três quintos dos votos dos
respectivos membros de cada Casa do Congresso Nacional serão equivalentes às Emendas
Constitucionais. O item “A” está incorreto porque não será equivalente a Lei complementar; o
item “B” está incorreto porque não será equivalente a Lei ordinária; o item “C” está incorreto
porque não são todos os tratados internacionais que serão equivalentes às Emendas
Constitucionais, mas apenas os tratados internacionais que versem sobre Direitos Humanos; e
por fim o item “E” está incorreto porque referido tratado não será equivalente a Lei Ordinária.
"Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
16
Questão 5
Comentário:
No mesmo sentido das questões anteriores, esta questiona exatamente no que toca ao quórum
da EC 45/2004, onde os tratados internacionais que versem sobre Direitos Humanos, desde que
aprovados em cada Casa do Congresso Nacional por dois turnos, com três quintos dos votos
Questão 6
Estatuto” dos tratados de Direitos Humanos, adotada pelo Supremo Tribunal Federal e por parte
da doutrina, consiste em
três quintos dos votos dos respectivos membros, e natureza supralegal a todos os demais,
17
anteriores ou posteriores à emenda constitucional que estabeleceu o rito do art. 5° , § 3° , e
que tenham sido aprovados pelo rito comum.;
três quintos dos votos dos respectivos membros, e a todos os demais, anteriores ou
posteriores à emenda constitucional que estabeleceu o rito do art. 5° , § 3°;
C) conferir natureza supralegal aos tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos
que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos
dos votos dos respectivos membros, e a todos os demais, anteriores ou posteriores à emenda
constitucional que estabeleceu o rito do art. 5° , § 3° , e que tenham sido aprovados pelo
rito comum;
Comentário:
O termo pode confundir o candidato, mas temos que a Teoria do Duplo Estatuto nada mais é
do que o procedimento realizado nos termos da EC 45/2004. Essa teoria é adotada pelo STF,
onde para dirimir o conflito relativo à hierarquia dos tratados de Direitos Humanos, restou
concretizado que todos os tratados internacionais de direitos humanos que não forem
aprovados pelo rito do parágrafo terceiro do artigo quinto da Constituição Federal terão
natureza supralegal, enquanto os que seguirem o rito da EC 45/2004 terão status de Emenda
Constitucional.
18
Questão 7
( ) Certo.
( ) Errado.
Comentário:
Federal. Apesar de não ter sido anulada, essa questão foi muito debatida pois não trouxe a
questão da necessidade dos dois turnos. Ainda assim, apesar de estar incompleta, não está
incorreta e foi mantida no certame.
Questão 8
Conforme a maneira como são internalizados, os tratados internacionais sobre direitos humanos
podem receber status normativo-hierárquico constitucional ou legal.
( ) Certo.
( ) Errado.
19
Comentário:
ordinária/legal.
Questão 9
(CESPE – 2018 –MPU – Técnico do MPU) Com base nas disposições constitucionais acerca de
princípios, direitos e garantias fundamentais, julgue o item a seguir.
( ) Certo
( ) Errado
Comentário:
A alternativa está errada. Com efeito, nos termos da Emenda Constitucional 45/2004, apenas os
tratados internacionais de direitos humanos aprovados em cada Casa do Congresso Nacional,
em dois turnos, por três quintos de seus membros terão status de emendas constitucionais,
sendo que os demais possuirão status de norma supralegal.
20
Questão 10
(CESPE - 2018 – IPHAN – Auxiliar Institucional) Com relação às normas do direito brasileiro,
julgue o item que se segue.
Todos os tratados internacionais que versem sobre direitos humanos são incluídos no
( ) Certo.
( ) Errado.
Comentário:
A alternativa está errada. No mesmo sentido da questão anterior, temos que não são todos os
tratados internacionais que versem sobre direitos humanos que terão status de Emenda
Constitucional, mas apenas aqueles aprovados nos termos do artigo quinto, parágrafo terceiro
da Constituição Federal.
21
GABARITO
Questão 1 - D
Questão 2 – C
Questão 3 - E
Questão 4 - D
Questão 5 - D
Questão 6 - A
Questão 7 - Certo
Questão 8 - Errado
Questão 9 - Errado
Questão 10 - Errado
22
QUESTÃO DESAFIO
23
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO
Conforme artigo 5º, § 3º da CF, os tratados e convenções internacionais que versem sobre
Direitos Humanos e que forem aprovados em cada Casa do Congresso Nacional, em dois
turnos de votação, por três quintos dos votos dos respectivos membros terão status de
Emendas Constitucionais.
Você deve ter abordado necessariamente os seguintes itens em sua resposta:
Tratados e Convenções Internac. de Dir. Humanos.
Não obstante, além do tratado ou convenção internacional ter que versar sobre Direitos
Humanos, para adquirir status de Emenda à Constituição é necessário que ele seja aprovado
pelo Congresso Nacional com quórum de emenda, ou seja, em dois turnos de votação, por três
quintos dos votas, nas duas casas. Entretanto, é imprescindível esclarecer que nem todos os
tratados internacionais sobre Direitos Humanos serão aprovados pelo quórum de emenda. Neste
caso, os tratados possuirão o status de norma supralegal, ou seja, são inferiores às normas
constitucionais, entretanto estão em um patamar acima das normas infraconstitucionais. Este
entendimento foi consolidado pela decisão do STF no RE 466343-1, do qual traremos um trecho
interessante para sua leitura: “Por conseguinte, parece mais consistente a interpretação que
atribui a característica de supralegalidade aos tratados e convenções de direitos humanos. Essa
tese pugna pelo argumento de que os tratados sobre direitos humanos seriam
infraconstitucionais, porém, diante de seu caráter especial em relação aos demais atos
normativos internacionais, também seriam dotados de um atributo de supralegalidade. Em
outros termos, os tratados sobre direitos humanos não poderiam afrontar a supremacia da
Constituição, mas teriam lugar especial reservado no ordenamento jurídico. Equipará-los à
legislação ordinária seria subestimar o seu valor especial no contexto do sistema de proteção
24
dos direitos da pessoa humana”. Por fim, os demais tratados ou convenções internacionais que
eventualmente sejam incorporados ao ordenamento jurídico brasileiro possuirão status de
norma infraconstitucional.
25
LEGISLAÇÃO COMPILADA
Humanos
26
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27
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado – 21 ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
MALHEIRO, Emerson. Curso de Direitos Humanos – 3. Ed. Revista, atualizada e ampliada. São
Paulo: Atlas, 2016.
NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. São Paulo: Editora Método, 2009, 3 ed.
NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. São Paulo: Editora Método, 2017, 12 ed.
28
PDF OAB
Direitos Humanos
Capítulo 5
SUMÁRIO
DIREITOS HUMANOS, CAPÍTULO 5 .................................................................................................... 3
GABARITO .............................................................................................................................................. 24
1
Olá, futuro advogado! Tudo bem?
ONU – A Proteção Internacional dos Direitos Humanos não costuma ser cobrada no exame
de ordem!
aparecer na prova!
Inclusive, ao final desta apostila, você encontrará questões de outras carreiras, para um maior
aproveitamento e assimilação de conteúdo, portanto, não deixe de respondê-las, tá?
Vamos juntos!
2
DIREITOS HUMANOS
Capítulo 5
abrirmos um capítulo para nos aprofundarmos sobre a Organização das Nações Unidas, a
ONU.
fornecer a melhor base para que você acerte todas as questões da sua prova de concurso
público.
Vamos nessa?
O segundo é a Liga das Nações, criada pelo Tratado de Versalhes no ano de 1919, que
tinha como objetivo evitar que os Estados recorressem à guerra para resolver seus dilemas
internacionais.
3
Por fim, temos a Criação da Organização Internacional do Trabalho, em 1919, logo após a
Primeira Grande Guerra, cuja constituição se converteu na Parte XII do Tratado de Versalhes. A
OIT, como é chamada, foi criada com a finalidade de ser um mecanismo institucionalizado de
proteção aos Direitos Humanos no bojo das relações de trabalho.
A Organização das Nações Unidas passou a existir de forma oficial no dia 24 de outubro
de 1945, com a entrada em vigor da Carta das Nações Unidas1, que objetivou o respeito à
autodeterminação dos povos, a defesa dos Direitos Humanos e a solidariedade nacional.
A ONU surgiu, portanto, com a árdua missão de estabelecer regras a serem observadas
pelos Estados perante os indivíduos sujeitos ao seu poder e perante os demais Estados e,
também, de criar mecanismos que garantissem a eficácia daquelas regras – tudo para que
os episódios lamentáveis até então observados na ordem mundial não se repetissem.
A ONU foi fundada por cinquenta e um países, e trata-se de um organismo com órgãos
especializados e importantes propósitos.
Os organismos possuem personalidade jurídica própria. Temos como exemplos a OIT (já
mencionada), a OMC (Organização Mundial do Comércio) e a OMS (Organização Mundial da
Saúde).
1
Vide questão 02 no final do capítulo.
2
CASTILHO, Ricardo. Direitos Humanos, p. 133
4
Já os órgãos não possuem personalidade jurídica própria.
ONU:
PROPÓSITOS E PRINCÍPIOS
Artigo 1
4. Ser um centro destinado a harmonizar a ação das nações para a consecução desses
objetivos comuns.
5
Manutenção da paz
e da segurança
Promoção das
relações amigáveis
entre os países
Propósitos da ONU
Promoção do
respeito aos
Direitos Humanos
Harmonização das
ações na ONU
Além dos propósitos, que já analisamos acima, a ONU também possui alguns princípios
norteadores. Vamos analisá-los?
O princípio da igualdade dispõe que todos os membros que integram a Organização das
Nações Unidas devem receber tratamento igualitário, ou seja, todos devem observar as
Já o princípio da boa-fé traz que todos os Estados-membros devem agir de forma ética e
princípio pode ser interpretado por si só: ele significa que as relações internacionais devem ser
conduzidas de modo a evitar o uso da força, da ameaça, etc.
6
O quarto princípio é o da assistência. De acordo com esse princípio, os Estados devem
auxiliar a ONU quando lhes for solicitado e não poderá auxiliar os Estados contra os quais a
ONU agir.
O quinto princípio é o da concordância implícita. Segundo ele, os Estados, ainda que não
sejam membros, devem se pautar pelas regras e princípios necessários à garantia da paz e
segurança internacional.
Por último temos o princípio da não intervenção interna. Esse princípio reza que a
Organização das Nações Unidas não deverá intervir em assuntos de jurisdição interna dos
Estados.
5. Todos os membros darão às Nações toda assistência em qualquer ação a que elas
recorrerem de acordo com a presente Carta e se absterão de dar auxílio a qual Estado
contra o qual as Nações Unidas agirem de modo preventivo ou coercitivo.
6. A Organização fará com que os Estados que não são membros das Nações Unidas
ajam de acordo com esses Princípios em tudo quanto for necessário à manutenção da
paz e da segurança internacionais.
7
7. Nenhum dispositivo da presente Carta autorizará as Nações Unidas a intervirem em
assuntos que dependam essencialmente da jurisdição de qualquer Estado ou obrigará os
membros a submeterem tais assuntos a uma solução, nos termos da presente Carta; este
princípio, porém, não prejudicará a aplicação das medidas coercitivas constantes do
Capitulo VII.
A ONU possui seis principais órgãos, previstos no artigo 7 da Carta: a Assembleia Geral,
Artigo 7
1. Ficam estabelecidos como órgãos principais das Nações Unidas: uma Assembleia
Geral, um Conselho de Segurança, um Conselho Econômico e Social, um conselho de
Tutela, uma Corte Internacional de Justiça e um Secretariado.
Conselho de Segurança.
Cada Estado possui um voto, e como regra as decisões são tomadas por maioria dos
permanentes (os Estados Unidos da América, a Rússia, a China, a França e o Reino Unido). A
vantagem de ser membro permanente é ter o denominado “direito de veto”, que se refere à
possibilidade de vetar qualquer discussão na seara da ONU.
3
Vide questão 10 no final do capítulo.
8
O Conselho de Segurança possui poderes para tratar dos temas relacionados à paz e à
segurança internacionais. O quorum para tomada de decisão é de nove membros para
questões processuais e também de nove membros para questões materiais, mas nesse caso os
cinco membros permanentes devem votar afirmativamente.
Em síntese, o Conselho de Tutela era o órgão que tinha como objetivo fomentar o
processo de descolonização dos povos. Ocorre que, no ano de 1994, por ocasião da
independência das Ilhas Palau, o Conselho de Tutela perdeu a razão de existir, encontrando-se
esvaziado. Atente-se, contudo, para o fato de que ele ainda aparece no rol das assinaturas dos
A Corte Internacional de Justiça é composta por quinze juízes com nove anos de mandato,
não podendo figurar entre eles dois nacionais do mesmo Estado. Além disso, devem possuir
elevado saber na matéria de Direitos Humanos.
4
Vide questão 01 no final do capítulo.
9
Além disso, a CIJ possui função consultiva, cabendo a ela elaborar pareceres consultivos
sobre questões de ordem jurídica, a pedido do Conselho de Segurança e da Assembleia Geral.
Por fim, temos o Secretariado Geral, que é composto Secretário-geral e pelo pessoal
exigido pela Organização. As suas funções são basicamente a de assessoramento, de levar o
Artigo 97
Membros e está diretamente vinculado à Assembleia-Geral da ONU. Ele foi criado no dia 15
de março de 2006 com a finalidade de substituir a antiga Comissão de Direitos Humanos. Um
dos mecanismos utilizado pelo Conselho de Direitos Humanos, que devemos ressaltar, é a
Revisão Periódica Universal, mediante a qual o Conselho verifica a situação dos Direitos
Humanos nos Estados-parte da ONU.
Os Relatores Especiais de Direitos Humanos são, por sua vez, escolhidos em razão de
suas qualidades relativas ao trato com o tema de Direitos Humanos. Quem faz a escolha é o
próprio Conselho e eles não são vinculados ao país de sua origem nacional.
Qual a sua função? Realizar visitas nos países membros para verificar a situação dos
Direitos Humanos e, se necessário, solicitar ao Estado que evite e repare eventuais violações.
5
Vide questão 04, 05, 06, 07, 08 e 09 no final do capítulo.
10
Por fim, temos o Alto Comissariado de Direitos Humanos.
Ele é uma espécie de escritório central da Organização das Nações Unidas no que toca ao
Ele possui sede na cidade de Genebra e tem como principal objetivo oferecer suporte
6
BARRETO, Rafael. Direitos Humanos, p. 139.
11
QUADRO SINÓTICO
Propósitos da ONU
Direito de Genebra
Liga das Nações
Três principais Organização Internacional do
Trabalho
Organismos X Órgãos
(exemplo: OIT)
Organismos
1. Manutenção da paz e da
segurança;
2. Promoção das relações amigáveis
Princípios da ONU
12
Todos os Estados-membros devem agir
internacional
Estrutura da ONU
Assembleia Geral;
Conselho de Segurança;
Conselho Econômico e Social;
Órgãos Conselho de Tutela;
Corte Internacional de Justiça;
Secretariado Geral
13
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
A Corte Internacional de Justiça reconhece que o início de um conflito armado marca o fim
( ) Certo
( ) Errado.
Comentário:
A assertiva está errada. De acordo com a doutrina, existem três vertentes da proteção dos
Direitos Humanos: o direito dos refugiados, o direito humanitário e os Direitos Humanos
stricto sensu. Importante notar que o início de um conflito armado não resulta no fim da
vigência dos Direitos Humanos, com o sucessivo início da vigência do direito humanitário ou
vice-versa, porque essas normas se complementam, devendo ser aplicadas
concomitantemente. Vejamos o artigo 27 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos:
14
Questão 2
(VUNESP - 2017 – DPE – RO – Defensor Público) Sobre a Carta das Nações Unidas, é correto
afirmar:
C) A admissão de qualquer Estado como membro das Nações Unidas será efetuada por
decisão da Assembleia Geral, sem qualquer interferência do Conselho de Segurança;
D) A Corte Internacional de Justiça foi criada como o principal órgão judicial das Nações
Unidas, sendo composto por nove juízes;
E) Seus propósitos centrais são: (i) manter a paz e a segurança internacional; (ii) fomentar
a cooperação internacional nos campos social e econômico; (iii) promover os direitos
Comentário:
A afirmativa “A” está incorreta porque, apesar de a data de assinatura da Carta da ONU ser de
fato 26 de junho de 1945, o Conselho de Direitos Humanos foi criado somente em 2006.
15
A alternativa “C” está incorreta porque a admissão de qualquer Estado como membro das
Nações Unidas é feio por decisão da Assembleia Geral, mas é necessária a recomendação do
Conselho de Segurança.
A alternativa “E” está correta, de acordo com os propósitos da ONU indicados no seu artigo
primeiro:
Artigo 1
4. Ser um centro destinado a harmonizar a ação das nações para a consecução desses
objetivos comuns.
Questão 3
(UECE-CEV - 2017 – SEAS-CE – Assistente Social) Atente à seguinte descrição: “[...] principal
órgão da ONU encarregado de promover e proteger os direitos humanos [...], criado pela
Resolução 48/141 da Assembleia Geral da ONU, de 1993, a partir de recomendação da
Conferência Mundial sobre Direitos Humanos de Viena, ocorrida nesse mesmo ano”.
16
O órgão da ONU descrito acima é o
Comentário:
Com efeito, o próprio enunciado já traz a alternativa correta: Enquanto ela pede o principal
órgão da ONU e indica que ele foi criado em 1993, temos que nas alternativas encontramos:
O Conselho de Direitos Humanos, que foi criado em 2016; o Comitê de Direitos Econômicos,
Ademais, no conteúdo deste capítulo abordamos o fato de o Alto Comissariado ser o principal
órgão da ONU, responsável por estabelecer relações de estreita cooperação, assistência
Questão 4
quarenta e sete Estados, eleitos pelos membros da Assembleia Geral para um mandato de três
anos, em votação secreta, com direito a uma reeleição para o período subsequente, segundo
17
A) Conselho de Direitos Humanos da ONU;
B) Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais;
Comentário:
Consoante abordado neste capítulo, o Conselho de Direitos Humanos da ONU, com sede em
Genebra, tem por finalidade principal aconselhar a Assembleia Geral sobre situações em que
os Direitos Humanos são violados. Ele foi criado no lugar da extinta Comissão de Direitos
Humanos.
Questão 5
CESPE - 2015 – Instituto Rio Branco - Diplomata) Sabendo que a Constituição Federal de
1988 determina a prevalência dos direitos humanos como um dos princípios que devem reger
Criado pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1948, o Conselho de Direitos Humanos
realiza, entre outras iniciativas, a Revisão Periódica Universal, mecanismo que permite a
avaliação da situação dos direitos humanos em todos os Estados-membros das Nações
Unidas.
( ) Certo
( ) Errado
18
Comentário:
Isso porque o Conselho de Direitos Humanos é um órgão criado no dia 15 de março de 2006,
Questão 6
independência e liberdade, mas devem contar com a anuência do Estado para realizar
visitas ao território nacional, podendo o Estado anuir de modo geral e prévio a tais
visitas .
D) O Comitê de Direitos Humanos é órgão subsidiário da Assembleia Geral da ONU,
Comentário:
19
O erro da alternativa “A” é encontrado na afirmação de que a votação pela suspensão de um
membro do Conselho de Direitos Humanos da ONU deve ser aprovada pela maioria absoluta.
Na verdade, a maioria de votos da Assembleia Geral nesse caso deve ser de dois terços.
O erro da alternativa “B” reside no fato de que a Comissão de Direitos Humanos era um órgão
subsidiário ao Conselho Econômico e Social, tendo sido substituída em 2006 pelo Conselho de
Direitos Humanos.
O erro da alternativa “D” reside no fato de que, nesse caso, trata-se do Conselho de Direitos
Humanos da ONU e não do Comitê de Direitos Humanos.
O item “C” está totalmente correto. Com efeito, nessas relatorias são designados grupos de
especialistas (os relatores de trabalho), com mandato para aconselhar os países sobre a
observância de um determinado conjunto de direitos humanos. Da mesma forma que os
Questão 7
20
Comentário:
denúncias de violação dos direitos humanos à Corte Internacional de Justiça. Com efeito, de
acordo com o artigo 34 do estatuto da CIJ, somente os Estados poderão ser parte em
questões perante a Corte, não havendo a previsão de que o Conselho de Direitos Humanos
Questão 8
(CESPE – 2014 – Instituto Rio Branco – Diplomata) Criado em 2006, o Conselho de Direitos
Humanos sucedeu a Comissão das Nações Unidas para os Direitos Humanos e, no atual
Conselho, diferentemente do que ocorria na Comissão, não são secretas as votações para
( ) Certo.
( ) Errado.
Comentário:
21
Na verdade, de acordo com a Resolução 60/251 da Assembleia Geral das Nações Unidas, as
votações para eleger os membros do Conselho de Direitos Humanos são realizadas em
votações secretas.
Caso haja interesse de aprofundamento, este é o texto original da Resolução 60/251 que diz
7. Decides further that the Council shall consist of forty-seven Member States, which shall be elected
directly and individually by secret ballot by the majority of the members of the General Assembly; the
membership shall be based on equitable geographical distribution, and seats shall be distributed as
follows among regional groups: Group of African States, thirteen; Group of Asian States, thirteen;
Group of Eastern European States, six; Group of Latin American and Caribbean States, eight; and
Group of Western European and other States, seven; the members of the Council shall serve for a period
of three years and shall not be eligible for immediate re-election after two consecutive terms;
Questão 9
(FUMARC – 2013 –PC/MG – Técnico Assistente da Polícia Civil) Sobre a ONU, NÃO é
correto afirmar:
A) O Conselho de Segurança é composto por cinco membros permanentes (China, França, Reino
e três membros;
D) O poder de veto dos membros permanentes do Conselho de Segurança decorre da
necessidade de que, em relação às questões materiais sob seu exame, as deliberações sejam
tomadas por nove votos afirmativos, incluindo, todavia, os votos dos cinco membros
permanentes.
22
Comentário:
Logo, o gabarito é a letra “C”. Isso porque o Conselho Econômico e Social, composto por 54
47 membros.
Questão 10
(CESPE - 2013 – DPE- DF – Defensor Público) Julgue o item abaixo com base no que dispõe
a Carta das Nações Unidas.
( ) Certo.
( ) Errado.
Comentário:
equitativa e seu mandato dura dois anos, não sendo permitido dois mandatos consecutivos.
23
GABARITO
Questão 1 - Errado
Questão 2 – E
Questão 3 - D
Questão 4 - A
Questão 5 - Errado
Questão 6 - C
Questão 7 - B
Questão 8 - Errado
Questão 9 - C
Questão 10 - Certo
24
QUESTÃO DESAFIO
25
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO
A Organização das Nações Unidas é uma organização internacional formada por países que se
reuniram voluntariamente para trabalhar pela paz e pelo desenvolvimento mundial, tendo sido
fundada no ano de 1945, após a segunda guerra mundial, cujo marco documental foi a Carta
das Nações Unidas a cujo trecho do preâmbulo consta mencionado acima. Interessante
mencionar que antes da criação das Nações Unidas existia a Liga das Nações, criada durante a
Primeira Guerra Mundial (1919) com o mesmo objetivo de sua sucessora, a ONU: manter a paz
no mundo. A existência da liga das Nações não conseguiu evitar a eclosão da Segunda Guerra
Mundial e se dissolveu, dando origem a um novo órgão, criado levando em consideração os
defeitos e erros da Liga. Atualmente a ONU é composta por 193 países membros, dentre ele o
Brasil e que representam praticamente todas as nações do mundo. A Suíça, porém, não faz
parte da organização, apesar de participar de suas missões de paz e tem sede na Cidade de
Nova Iork. Em relação a sua estrutura pode-se afirmar que é formada por seis órgãos
principais: a) Assembleia Geral - é constituída por todos os 193 países membros, cada país
com direito a um voto. Este setor é responsável por todas as principais discussões e decisões
sobre as ações da ONU. A Assembleia pode avaliar, fazer recomendações e votar sobre
qualquer questão dentro do tratado da organização, mas estas são somente recomendações,
já que a Assembleia não possui autoridade para impô-las. A Assembleia tem o poder de
admitir novos membros e aprovar o orçamento a ser destinado para seus programas e
operações. Além disso, pode estabelecer agências e programas para implementar suas
recomendações. b) Conselho de Segurança - responsável por manter a paz internacional e por
restaurá-la quando surgem conflitos. O Conselho possui 15 membros, cinco dos quais detêm
lugares permanentes: os Estados Unidos, o Reino Unido, a França, a Rússia e a China. A
Assembleia elege os 10 outros países para servirem um mandato de dois anos. As decisões do
Conselho exigem nove votos para entrar em vigor, mas qualquer um dos membros
permanentes pode vetar uma decisão c) Secretariado - é a banca executiva que coordena a
administração de programas, políticas e operações diárias da ONU. O Secretariado é
comandado pelo secretário geral, uma pessoa escolhida pela Assembleia Geral. O Secretário
Geral é o porta-voz da ONU. Atualmente o Secretário é o português António Guterres, que
26
assumiu em 2017 para um mandato de 05 anos renovável uma única vez. d) Conselho
Socioeconômico–é o responsável por coordenar estudos e aconselhar ações econômicas e
sociais dos países, incluindo em sua área de atuação a saúde e educação internacional. e)
Tribunal Internacional de Justiça – também chamado de Corte Internacional de Justiça é a
banca judicial da ONU, localizada em Haia, na Holanda. O júri lida com casos de nações que
acusam outras nações de práticas impróprias. f) Conselho de Tutela - ainda existe, porém
encontra-se desativado dentro da ONU. Seu objetivo inicial era administrar territórios que
estavam sob sistema internacional de tutela, entre eles colônias que não haviam conquistado
sua independência. O Conselho ajudou estas nações a conquistar sua independência e
autogoverno. Observa-se que a influência da ONU no mundo em relação aos conflitos foi
bastante variável, e em alguns casos, não positiva, haja vista não ter conseguido cumprir o seu
desiderato, a exemplo da Guerra Fria, muito em razão do limitado poder que possui frente aos
seus estados membros devido a resistência dos mesmos em abrirem mão de suas soberanias
internas em prol do projeto de paz e desenvolvimento mundial. Dessa forma, em que pese
condenar violações de direitos humanos e outros atos de terror, excetuando os casos em que
se apoia por seus membros, esbarra no poder eficaz das ações. Referências: a) Nações Unidas,
2018. ONUbr. Disponível em: Acesso em 02 out. 2018 b) 10 em tudo. Disponível em:
https://www.10emtudo.com.br/artigo/a-organizacao-das-nacoes-unidas/ Acesso 04 out. 2018).
Surgimento – 24 de outubro de 1945
27
junho de 1945, através de uma Delegação, a exemplo de Bertha Lutz, ressaltando-se que a
Carta das Nações Unidas foi incorporada à legislação brasileira por meio do Decreto nº 19841,
de 22 de outubro de 1945, assinado pelo presidente Getúlio Vargas. Referências: a) Nações
Unidas, 2018. ONUbr. Disponível em: Acesso em 02 out. 2018 b) 10 em tudo. Disponível em:
https://www.10emtudo.com.br/artigo/a-organizacao-das-nacoes-unidas/ Acesso 04 out. 2018.
Objetivos
comuns. Importante, por oportuno, mencionar os princípios regentes das nações unidas,
disponível na página oficial: As Nações Unidas agem de acordo com os seguintes princípios o
resolver suas controvérsias internacionais por meios pacíficos, de modo que não sejam
ameaçadas a paz, a segurança e a justiça internacionais; o Todos deverão abster-se em suas
Estado contra o qual as Nações Unidas agirem de modo preventivo ou coercitivo; o Cabe às
Nações Unidas fazer com que os Estados que não são membros da Organização ajam de
acordo com esses princípios em tudo quanto for necessário à manutenção da paz e da
segurança internacionais; o Nenhum preceito da Carta autoriza as Nações Unidas a intervir em
assuntos que são essencialmente da alçada nacional de cada país. Referências: a) Nações
Unidas, 2018. ONUbr. Disponível em: Acesso em 02 out. 2018 b) 10 em tudo. Disponível em:
28
LEGISLAÇÃO COMPILADA
29
ESTUDO COMPLEMENTAR
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30
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MALHEIRO, Emerson. Curso de Direitos Humanos – 3. Ed. Revista, atualizada e ampliada. São
31
PDF OAB
Direitos Humanos
Capítulo 6
SUMÁRIO
GABARITO .............................................................................................................................................. 29
1
E ai, OABeiro! Como vai?.
A apostila de número 06 do nosso curso de Direito Penal tratou sobre O Sistema Global de
Proteção aos Direitos Humanos, Convenção nº 169 da OIT e o Estatuto e Protocolo dos
Refugiados, matérias que são comumente cobradas no Exame de ordem! De acordo com a
nossa equipe de inteligência, esse assunto esteve presente 8 VEZES nos últimos 3 anos!
Aqui, a banca costuma seguir o seu padrão: Apresentar um caso hipotético, pelo qual a
resposta é respaldada na legislação vigente. Por isso, recomendamos a leitura atenta da letra
seca da lei e entendimentos jurisprudenciais, e sempre em companhia de alguma doutrina à
sua escolha.
Direitos Econômicos, sociais e culturais, pois estes assuntos tiveram maior recorrência!
É imprescindível que você leia a convenção 169 da OIT, dando especial atenção ao art. 15,
No mais, o Estatuto dos Refugiados merece uma atençãozinha a mais nos seus estudos, visto
que esse assunto foi cobrado 3 vezes nos últimos três anos!
Adicionamos também questões de outras carreiras jurídicas para que você tivesse uma maior
assimilação da matéria vista e que pudesse praticar ainda mais!
2
DIREITOS HUMANOS
Capítulo 6
No capítulo anterior nós aprofundamos o nosso estudo no que toca à Organização das
Nações Unidas. Realizar essa primeira abordagem é muito importante para que você possa
compreender o sistema global de proteção dos Direitos Humanos, uma vez que ele é
Por isso, veremos nesse capítulo a Declaração Universal dos Direitos Humanos, o Pacto
Internacional de Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos,
Sociais e Culturais.
No capítulo 07, por questões didáticas, estudaremos questões acerca do sistema especial
de proteção dos Direitos Humanos, caminhando cada vez mais pela matéria e levando a sua
preparação ao máximo para que alcance a tão sonhada aprovação, OABeiro!
Bons estudos!
3
6.1 A Declaração Universal de Direitos Humanos
matéria.
Entretanto, é importante lembrar que não existe hierarquia entre as normas, sendo que
quando houver colisão entre os seus dispositivos, devemos dar prioridade aquele que melhor
proteger a dignidade da pessoa humana.
Em suma, temos que a DUDH foi aprovada por meio da Resolução 217 a (III) da
Assembleia Geral das Nações Unidas, em 10 de dezembro de 1948. Dos cinquenta e oito
Outro ponto importante é o fato de que a Declaração Universal de Direitos Humanos não
abrangeu os direitos de terceira dimensão, tendo apenas indicado a existência destes no seu
artigo primeiro, quando prevê o direito ao desenvolvimento.
A presença da Declaração Universal dos Direitos Humanos no Brasil pode ser verificada no
inciso II do artigo 4 da Constituição Federal:
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos
seguintes princípios:
I - independência nacional;
Por meio desse dispositivo, que assegura o princípio da prevalência dos Direitos Humanos,
o Brasil manifesta claramente a sua adesão à DUDH e a sua promoção no território nacional.
1
Vide questões 1, 2, 3 e 9 ao final do capítulo.
4
6.1.1 A natureza jurídica da DUDH
Com relação à sua natureza jurídica da Declaração Universal de Direitos Humanos, temos
Assembleia Geral da ONU, ou seja, uma mera recomendação que não possui força cogente.
Ela não é um tratado internacional.
que, apesar de no ponto de vista formal a DUDH ser uma Resolução, o que culminaria na
conclusão de que não é juridicamente obrigatória, a Declaração Universal dos Direitos
Humanos possui valor jurídico material, ou seja: é fonte interpretativa do Direito Internacional
dos Direitos Humanos, possuindo força jurídica.
A ideia que se tem é que ela constituiu uma materialização dos princípios da Carta da
ONU, materializando um consenso internacional em torno dos direitos humanos,
integrando o que se chama de soft law, expressão utilizada para se referir a instrumentos
normativos cuja força jurídica é mais fraca que a das leis, os chamados instrumentos
quase-legais.
O Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos3 foi adotado pela ONU em 19 de
dezembro de 1966, tendo sido incorporado ao Brasil em 1992, pelo Decreto 592, de 06 de
julho de 1995, ou seja, menos de quatro anos após a instauração da nova ordem
constitucional brasileira.
O pacto impõe aos Estados o dever de respeitar e garantir os direitos nele enunciados a
todos os indivíduos que estejam em seu território e sujeitos à sua jurisdição. É vedada
qualquer forma de discriminação por motivo de raça, cor, sexo, religião, opinião política ou
2
BARRETO, Rafael. Direitos Humanos, p. 163.
3
Vide questão 10 ao final do capítulo.
5
outra natureza, origem nacional ou social, situação econômica, nascimento ou qualquer outra
condição.
Quanto ao seu conteúdo, o referido pacto pode ser dividido em duas partes:
O Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos possui aplicação imediata, o que
significa dizer que os direitos nele previstos podem ser exigidos imediatamente.
São eles:
Vida;
Proibição de tortura ou de penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou
degradantes;
Proibição da escravidão, de servidão e de submissão a trabalho forçado;
Direito de circulação;
Juízo natural;
Presunção de inocência;
Tipicidade penal, princípios da legalidade, anterioridade e irretroatividade;
Personalidade jurídica;
Vida privada;
6
Proteção à família;
Proteção à criança;
Proteção às minorias;
6.2.1 O Comitê
É o Comitê. Exatamente: foi instituído um Comitê que recebe as denúncias das violações e
providencia as medidas cabíveis ao Estado que ratificou o Pacto. Ele é composto por dezoito
membros que são nacionais dos Estados-partes, sendo que é proibido que haja mais de um
nacional do mesmo Estado. Ademais, o mandato é de quatro anos.
competência ao Comitê para processar e receber as denúncias. Mas veja: o Comitê não
possui poder para realizar um juízo de condenação de qualquer Estado.
7
O caso não estiver sob apreciação de outra instância internacional
O Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais foi editado pela ONU
em conjunto com o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, em 19 de dezembro de
1966. Ele foi incorporado pelo Brasil através do Decreto 591 em 06 de julho de 1992.
dos direitos nele enunciados, sem qualquer discriminação por motivo de raça, cor, idioma,
sexo, religião, opinião política ou de qualquer outra natureza.
Um aspecto muito importante é que a aplicação desse pacto deve ser realizada de
maneira progressiva, na medida das possibilidades de cada Estado, até o máximo de recursos
que tiver disponível. Vejamos.
São direitos reconhecidos pelo pacto: a igualdade entre homens e mulheres, o direito
ao trabalho, o direito a condições de trabalho justas e favoráveis, a liberdade sindical, a
8
para si e para a sua família, o direito de desfrutar do melhor estado de saúde física e mental
possível, o direito à educação, o direito de participar da vida cultural e o direito de gozar dos
benefícios científicos.
6.3.1 O monitoramento
Nesse Pacto não restou previsto nenhum Comitê. Entretanto, o Conselho Econômico e
comunicações interestatais.
9
6.3.2 Os requisitos de admissibilidade
Aqui, também temos que devem ser verificados alguns requisitos de admissibilidade para o
recebimento das comunicações, que segue a linha do Direito Internacional. São eles:
A Convenção n. 169 da OIT sobre povos indígenas e tribais foi adotada em 27 de junho
de 1989, entrando em vigor no âmbito internacional em 1991. O Brasil Ratificou-a em 2002 e
incorporou-a internamente pelo decreto n. 5051/2004.
É a única convenção internacional em vigor que tem como objetivo resguardar o direito
dos povos indígenas, com foco especial no combate à discriminação.
10
comunicação, contatos e cooperação através das fronteiras, administração, disposições gerais e
disposições finais.
A convenção é aplicada aos povos indígenas, que são caracterizados de duas formas:
a) Define o povo indígena pelo seu traço distintivo, fundado em condições sociais,
convenção exigisse do Estado que este adotasse medidas especiais que sejam necessárias para
salvaguardar as pessoas, instituições e bens dos povos interessados.
O respeito às regras indígenas deve ser resguardado, inclusive no que diz respeito ao
Direito Penal, desde que seja compatível com o sistema jurídico nacional e com os direitos
humanos internacionalmente conhecidos, deverão ser respeitados os métodos adotados pelos
O respeito aos usos e costumes locais surge novamente na Convenção pela proibição de
imposição de serviços obrigatórios (por exemplo, servir como jurado ou ainda prestar serviço
militar obrigatório para os de sexo masculino). No entanto, os membros desses povos podem
optar em exercer os direitos reconhecidos para todos os cidadãos do país e assumir as
obrigações correspondentes.
Os Estados devem respeitar as terras para as culturas e valores espirituais dos povos
indígenas, o que abrange a totalidade do habitat das regiões que os povos interessados
ocupam ou utilizam de alguma outra forma.
11
Em caso de pertencer ao Estado a propriedade dos minérios ou dos recursos do subsolo,
ou de ter direitos sobre outros recursos, existentes nas terras, os governos deverão estabelecer
dos benefícios que essas atividades produzam, e receber indenização equitativa por qualquer
dano que possam sofrer como resultado dessas atividades.4
nas relações de trabalho; direito à seguridade social e saúde; direito à educação, desenvolvido
em cooperação com os povos indígenas e ressalvado seu direito de criação de seus modos de
educação e mantença do idioma.
Nas disposições Gerais, é informado que, após ratificação, o Estado só pode denunciar a
convenção após 10 anos contados da entrada em vigor do tratado para o denunciante. Assim
sendo, a denúncia somente surtirá efeito um ano depois. Caso não o faça, mantém-se
vinculado por mais um período de 10 anos, quando, ao final, poderá denunciá-la, e assim
sucessivamente.
julho de 1951, e adotada pela Conferência das Nações Unidas de Plenipotenciários sobre o
Estatuto dos Refugiados e Apátridas, convocada pela Resolução n. 429 (V) da Assembleia
Geral das Nações Unidas, de 14 de dezembro de 1950. Possui, em 2017, 14 Estados partes.
outras pessoas que não apenas aquelas que se tornaram refugiadas em resultado de
acontecimentos ocorridos antes de 1º de janeiro de 1951. O Protocolo possui onze artigos,
4
Vide questões 07 e 08
12
dentre os quais podemos destacar aquele que prevê a cooperação das autoridades nacionais
com o Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados e seu dever de fornecer
No Brasil, a Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados foi aprovada pelo Congresso
Nacional pelo Decreto Legislativo n. 11, de 7 de julho de 1960, com exclusão dos seus arts.
O refugiado pode ser definido como pessoa que é perseguida ou tem fundado temor de
perseguição, por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas
encontra-se fora do país que reside e que não pode ou não quer voltar ao antigo país por
causa de perseguições ou fundado receio de perseguição.
A convenção poderá ter seus efeitos cessados caso a pessoa recupere a nacionalidade
voluntariamente ou voltou a se valer da proteção do país de que é nacional, adquiriu nova
nacionalidade e, tendo como consequência, adquiriu a proteção do novo pais; ou voltou a
residir, voluntariamente no pais que havia abandonado, ou quando as razões de ser
considerada refugiada deixaram de existir.
A convenção não vai ser aplicada às pessoas que cometeram crime contra a paz, crime
de guerra ou crime contra a humanidade, crime grave de direito comum fora do país do
refúgio antes de serem nele admitidas como refugiados e que se tornaram culpadas de
No capítulo II, a Convenção trata sobre a situação política dos Refugiados. O Capítulo III
cuida do exercício de empregos remunerados pelos refugiados, determinando a aplicação e o
13
O Capítulo IV prevê as disposições sobre o bem-estar dos refugiados. O Capítulo V trata
sobre as medidas administrativas relativas aos refugiados. Por fim, o capítulo VI traz as
14
Se liga OABeiro! O Estatuto dos Refugiados é um assunto super importante para os seus
estudos no Exame de Ordem, tendo sido cobrado 3 vezes ao longo desses anos! Vejamos um
(XXII EXAME DE ORDEM – FGV – 2017) Em 22 de julho de 1997, foi promulgada a Lei nº
9.474, que define os mecanismos para implementação da Convenção das Nações Unidas sobre
o Estatuto dos Refugiados, da qual o Brasil é signatário.
A respeito dos mecanismos, termos e condições nela previstos, assinale a afirmativa correta.
a) Para que possa solicitar refúgio, o indivíduo deve ter ingressado no Brasil de maneira
regular.
c) O refugiado poderá exercer atividade remunerada no Brasil, ainda que pendente o processo
de refúgio.
Comentário:
Art. 21. Recebida a solicitação de refúgio, o Departamento de Polícia Federal emitirá protocolo
em favor do solicitante e de seu grupo familiar que se encontre no território nacional, o qual
autorizará a estada até a decisão final do processo.
15
QUADRO SINÓTICO
sociais, econômicos e
Direitos fundamentais de
Pacto internacional dos
1966 primeira dimensão, limitados
Direitos Civis e Políticos
aos âmbitos civil e político.
Resguarda os direitos e
Convenção nº 169 da
1991 garantias dos povos
OIT
Indígenas.
Resguarda os direitos e
16
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
Declaração Universal dos Direitos Humanos, a maternidade e a infância têm direito a cuidados
e assistência especiais. Assim, é correto dizer que todas as crianças:
matrimônio;
B) Têm direito à instrução que o Estado definir, não cabendo aos pais escolher o gênero
E) Têm direito à instrução gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais,
sendo facultativa a instrução elementar.
Comentário:
A assertiva correta é a letra “A”. Primeiramente porque, de acordo com o estudado neste
capítulo, no âmbito da Declaração Universal de Direitos Humanos todos são iguais, sem
Para além disso, o item “A” é o único que traz a literalidade do documento, notadamente no
artigo XXV:
Artigo XXV
17
1 Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família
saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os
serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença,
invalidez, viuvez, velhice outros casos de perda dos meios de subsistência fora de seu
controle.
Questão 2
Comentário:
A alternativa correta é a letra “C”. Questão de dificuldade baixa. Com efeito, o artigo IV da
Declaração Universal dos Direitos Humanos prevê que "Artigo IV Ninguém será mantido em
escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas
formas”, portanto é o único que se amolda à hipótese do enunciado.
18
Questão 3
Desse modo, a Declaração Universal dos Direitos Humanos busca firmar compromissos entre
as nações pela paz mundial, tendo como principal fundamento:
A) Direitos Sociais;
B) Dignidade da pessoa humana;
C) Respeito e dignidade;
D) Respeito às diferenças sociais, culturais, religiosas, econômicas.
Comentário:
Isso porque os Direitos Humanos são balizados pela dignidade da pessoa humana, seu
principal vetor.
paz no mundo”.
A dignidade da pessoa humana nada mais é do que um conjunto de princípios e valores que
têm a função de garantir que cada ser humano tenha seus direitos respeitados pelo Estado,
visando o bem-estar de todos.
19
Questão 4
(XXXI EXAME DE ORDEM – FGV - 2020) Recentemente assumiu a presidência da Câmara dos
Deputados um parlamentar que afirma que o Brasil é um país soberano e não deve ter
nenhum compromisso com os Direitos Humanos na ordem internacional. Afirma que, apesar
de ter sido internamente ratificado, o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos não se
caracteriza como norma vigente, e os direitos ali previstos podem ser suspensos ou não
Por ser atuante na área dos Direitos Humanos, você foi convidado(a) pela Comissão de
Direitos Humanos da Câmara dos Deputados para prestar mais esclarecimentos sobre o
assunto. Com base no que dispõe o próprio Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos -
acarretem discriminação por motivo de raça, cor, sexo, língua, religião ou origem social.
suspensão ou exceção.
D) Mesmo ratificado, o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e os direitos nele
contidos não podem ser caracterizados como normas vigentes, uma vez que se trata de
direitos em sentido fraco, de forma que apenas os direitos fundamentais, previstos na
20
Comentário:
A resposta está no próprio Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos - Artigo 4:
oficialmente, os Estados Partes do presente Pacto podem adotar, na estrita medida exigida
pela situação, medidas que suspendam as obrigações decorrentes do presente Pacto,
desde que tais medidas não sejam incompatíveis com as demais obrigações que lhes
sejam impostas pelo Direito Internacional e não acarretem discriminação alguma apenas
por motivo de raça, cor, sexo, língua, religião ou origem social.
Questão 5
(XXVIII EXAME DE ORDEM – FGV - 2019) O padrasto de Ana Maria, rotineiramente, abre sua
correspondência física e entra em sua conta de e-mail sem autorização, ainda que a jovem
seja maior de idade. Cansada dessa ingerência arbitrária e sem o amparo de sua própria mãe,
Com base no Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (PIDCP), assinale a opção que
indica o esclarecimento correto que você, como advogado(a), prestou a Ana Maria.
A) O Pacto prevê a prevalência do poder familiar nas relações familiares e, como a conduta do
padrasto tem a concordância da mãe de Ana Maria, ainda que seja inconveniente, essa
B) O Pacto assegura o direito à privacidade nas relações em gerais, mas nas relações
21
C) O Pacto dispõe que ninguém poderá ser objeto de ingerências arbitrárias ou ilegais em sua
Estado.
Comentário:
ARTIGO 17
1. Ninguém poderá ser objetivo de ingerências arbitrárias ou ilegais em sua vida privada, em
sua família, em seu domicílio ou em sua correspondência, nem de ofensas ilegais às suas
honra e reputação.
2. Toda pessoa terá direito à proteção da lei contra essas ingerências ou ofensas.
Questão 6
(XX EXAME DE ORDEM – FGV - 2016) Você, advogado, foi contratado por um grupo de
organizações de defesa dos Direitos Humanos para emitir um parecer jurídico quanto à
viabilidade técnica da seguinte proposta: tendo em vista que em 2013 entrou em vigor o
Protocolo Facultativo ao Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
(PIDESC), as organizações pretendem criar um programa conjunto que envie comunicações
individuais ao comitê do PIDESC no caso de jovens que tentaram por todos os meios, mas
não conseguiram matrícula em escolas de ensino médio com ensino técnico ou
profissionalizante. Dessa forma o Comitê ao receber a comunicação, sendo esta admissível,
poderá fazer recomendações ao Estado-parte que deverá implantá-las em seis meses.
22
A) O PIDESC faz uma previsão genérica de garantia da educação e prevê expressamente o
ensino fundamental, mas não faz qualquer menção ao ensino técnico e profissional como
sendo um direito que deve ser assegurado pelos estados-partes. Por isso o Programa não
pode ser implementado.
B) O Programa proposto não pode ser implementado pois de acordo com o Protocolo ao
PIDESC apenas o indivíduo que for a vítima pode submeter diretamente a comunicação. Em
nenhuma hipótese o autor da comunicação pode ser alguém que não seja a vítima.
D) O Programa proposto pelas organizações de defesa dos direitos humanos atende tanto
uma demanda da realidade brasileira quanto às disposições previstas no PIDESC e no
Protocolo Facultativo ao PIDESC, de forma que pode ser plenamente implementado.
Comentário:
habitação e à educação, que não encontram soluções em seus próprios países, podem dispor
de um mecanismo para apresentar suas queixas e denúncias em âmbito internacional ante o
Entretanto, o Brasil ainda não integra a lista de países que ratificaram esse protocolo, portanto
o Comitê não poderia receber nenhuma denúncia em face do Estado brasileiro ainda.
Questão 7
(XXV EXAME DE ORDEM – FGV - 2018) O governo federal autorizou uma mineradora a
prospectar a exploração dos recursos existentes nas terras indígenas. Numerosas instituições
da sociedade civil contratam você para, na condição de advogado, atuar em defesa da
comunidade indígena.
23
Tendo em vista tal fato, além do que determina a Convenção 169 da OIT Sobre Povos
Indígenas e Tribais, assinale a afirmativa correta.
exploração.
dessa exploração.
Comentário:
Tribais.
Artigo 15
2. Em caso de pertencer ao Estado a propriedade dos minérios ou dos recursos existentes nas
terras, os governos deverão estabelecer ou manter procedimentos com vistas a consultar os
24
povos interessados, a fim de se determinar se os interesses desses povos seriam prejudicados,
e em que medida, antes de se empreender ou autorizar qualquer programa de prospecção ou
exploração dos recursos existentes nas suas terras. os povos interessados deverão receber
indenização equitativa por qualquer dano que possam sofrer como resultado dessas
atividades.
Questão 8
(XX EXAME DE ORDEM – FGV - 2016) Considere o seguinte caso: Em um Estado do norte do
Brasil está havendo uma disputa que envolve a exploração de recursos naturais em terras
indígenas. Esta disputa envolve diferentes comunidades indígenas e uma mineradora privada.
Como advogado que atua na área dos Direitos Humanos, foilhe solicitado elaborar um
parecer. Nesse caso, é imprescindível se ter em conta a Convenção 169 da OIT, que foi
ratificada pelo Brasil, em 2002. De acordo com o Art. 2º desta Convenção, os governos
deverão assumir a responsabilidade de desenvolver, com a participação dos povos
interessados, uma ação coordenada e sistemática com vistas a proteger os direitos desses
povos e a garantir o respeito pela sua integridade.
A) Os povos indígenas que ocupam terras onde haja a exploração de suas riquezas minerais e
do subsolo têm direito ao recebimento de parte dos recursos auferidos, mas não possuem
direito a participar da utilização, administração e conservação dos recursos mencionados.
25
preservação da identidade cultural dos povos ocupantes da terra, pagamento de royalties em
função dos transtornos causados e autorização por meio de decreto legislativo.
Comentário:
Artigo 6o
Artigo 15
1. Os direitos dos povos interessados aos recursos naturais existentes nas suas terras deverão
ser especialmente protegidos. Esses direitos abrangem o direito desses povos a participarem
da utilização, administração e conservação dos recursos mencionados.
ou de ter direitos sobre outros recursos, existentes na terras, os governos deverão estabelecer
ou manter procedimentos com vistas a consultar os povos interessados, a fim de se
determinar se os interesses desses povos seriam prejudicados, e em que medida, antes de se
26
dos benefícios que essas atividades produzam, e receber indenização equitativa por qualquer
Questão 9
A) Da individualização da pena;
B) Da legalidade;
C) Da norma penal em branco;
D) Da presunção da inocência;
E) Da retroatividade.
Comentário:
Essa questão é interessante porque relaciona não só os Direitos Humanos, mas também o
Direito Penal, na medida que menciona o princípio da retroatividade da norma penal benéfica.
O princípio da retroatividade é aquele que dispõe que se a lei penal nova for, de alguma
forma, mais benéfica ao agente, ela retroagirá no tempo, alcançando os atos anteriores ainda
que praticados antes da sua vigência. A sua previsão legal está no artigo 5º, XL da
Constituição Federal.
27
Questão 10
(CESPE - 2013 – MTE – Auditor Fiscal do Trabalho) À luz das normas internacionais de
proteção aos direitos humanos, julgue os itens que se seguem, acerca do combate ao
trabalho forçado.
De acordo com o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, o trabalho exigido de uma
pessoa que esteja presa em cumprimento de decisão judicial caracteriza-se como trabalho
forçado.
( ) Certo.
( ) Errado.
Comentário:
A alternativa está errada. Isso porque de acordo com o artigo 8o, II, i, não será considerado
como trabalho forçado qualquer tipo de trabalho ou serviço normalmente exigido de um
indivíduo que tenha sido encarcerado em virtude de cumprimento de decisão judicial:
ARTIGO 8
Questão 1 - A
Questão 2 – C
Questão 3 - B
Questão 4 - A
Questão 5 - C
Questão 6 - C
Questão 7 - A
Questão 8 - B
Questão 9 - E
Questão 10 - Errado
29
QUESTÃO DESAFIO
30
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO
31
LEGISLAÇÃO COMPILADA
32
ESTUDO COMPLEMENTAR
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33
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MALHEIRO, Emerson. Curso de Direitos Humanos – 3. Ed. Revista, atualizada e ampliada. São
34
PDF OAB
Direitos Humanos
Capítulo 7
SUMÁRIO
DIREITOS HUMANOS, Capítulo 7 ............................................................................................................................... 3
GABARITO .......................................................................................................................................................................... 26
LEGISLAÇÃO COMPILADA........................................................................................................................................... 29
1
Olá, futuro advogado! Tudo bem?
O sistema Europeu e Africano de Proteção dos Direitos Humanos não costuma ser cobrado
no exame de ordem!
Inclusive, ao final desta apostila, você encontrará questões de outras carreiras, para um maior
aproveitamento e assimilação de conteúdo, portanto, não deixe de respondê-las, tá?
Vamos juntos!
2
DIREITOS HUMANOS
Capítulo 8
Direitos Humanos
O primeiro ponto que devemos saber sobre o Sistema Europeu de Direitos Humanos é que
ele é coordenado pelo Conselho da Europa, criado após a Segunda Guerra Mundial.
Vamos nessa?
Bons estudos!
3
7.1 O Sistema Europeu de Proteção de Direitos Humanos
Por um lado, a União Europeia é um bloco econômico voltado para a integração político-
econômica dos países europeus. Foi criado pelo Tratado de Maastricht, em 1992, e não possui
entre os seus propósitos originais a afirmação dos Direitos Humanos.
Por outro lado, o Sistema regional de Direitos Humanos tem o intuito de proteger e
promover os Direitos Humanos no continente europeu, tendo sido criado pelo Estatuto do
Conselho da Europa em 1949.
O Conselho da Europa foi criado em 1949 e tem sede na França, em Estrasburgo. Ele é o
órgão responsável pela coordenação de todo o Sistema Europeu de Direitos Humanos.
Inicialmente ele foi criado com apenas dez membros, o Conselho da Europa atualmente
conta com quase todos os países da Europa, em um total de quarenta e sete membros
(incluindo todos aqueles integrantes da União Europeia).
1
Vide questão 10 no final do capítulo.
4
Conselho da União Europeia: é o Conselho de Ministros representantes dos governos dos
Estados-membros, que exerce o poder legislativo da União Europeia (juntamente com o
Parlamento).
Conselho Europeu: é a união dos chefes de Estado dos países integrantes da União
Europeia, com o fim de definir a política da União.
A Comissão para a Democracia por meio do Direito, também conhecida como Comissão
de Veneza, foi criada no ano de 1990, com a finalidade de promover os direitos humanos e a
democracia.
Uma de suas peculiaridades é a de que, a partir do ano de 2002, ela passou a admitir o
ingresso de Estados que não são Europeus, como é o caso do Brasil que se tornou membro
no ano de 2008.
Nesse sentido, temos que o Brasil sediou o II Congresso de Conferência Mundial sobre
Justiça Constitucional em 2011, com a organização do Supremo Tribunal Federal em parceria
com a Comissão.
Assim, em síntese, a Comissão de Veneza é um órgão consultivo do Conselho, que admite
não europeus como membros.
2
Vide questão 04 no final do capítulo.
5
1) Direito à vida;
2) Proibição da escravatura e do trabalho forçado;
3) Proibição da tortura;
4) Direito à liberdade e à segurança;
5) Princípio da legalidade;
6) Direito a um processo equitativo;
7) Direito ao respeito pela vida privada e familiar;
8) Liberdade de pensamento, de consciência e de religião;
9) Liberdade de expressão;
10) Direito ao casamento;
11) Liberdade de reunião e de associação;
12) Direito a um recurso efetivo;
13) Proibição da discriminação;
14) Proteção da propriedade;
15) Direito a eleições livres;
16) Direito à instrução;
17) Liberdade de circulação;
18) Proibição da prisão por dívidas;
19) Proibição de expulsão de nacionais;
20) Proibição de expulsão coletiva de estrangeiros;
21) Garantias processuais no caso de expulsão de estrangeiros;
22) Direito ao duplo grau de jurisdição em matéria penal;
23) Direito à indenização em caso de erro judiciário;
24) Direito a não ser punido mais de uma vez pelo mesmo fato;
25) Abolição da pena de morte; e
26) Igualdade entre os cônjuges.
Isso significa que, além de estabelecer uma gama de direitos e liberdades, a Convenção
Europeia de Direitos Humanos criou o mais avançado sistema protetivo de direitos humanos e
de acompanhamento das obrigações dos Estados-parte.
6
Atualmente, temos que todos os membros do Conselho da Europa ratificaram a
Convenção Europeia de Direitos Humanos e reconheceram, por consequência, a jurisdição da
Corte.
Artigo 19º
(Criação do Tribunal)
A fim de assegurar o respeito dos compromissos que resultam, para as Altas
Partes Contratantes, da presente Convenção e dos seus protocolos, é criado um
Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, a seguir designado "o Tribunal", o
qual funcionará a título permanente.
É importante grifar que a Corte Europeia de Direitos Humanos está acima dos tribunais
nacionais, o que significa que todo aquele que entender que não recebeu a justiça nos países
dos quais são nacionais podem acionar a Corte.
A Corte é composta por quarenta e sete juízes (número correspondente aos Estados-parte
da Convenção), que exercem as suas funções a título individual e por um mandato de nove
anos, sem renovação. O mandato dos juízes poderá se encerrar antes desse prazo, caso
alcancem setenta anos de idade.
3
Vide questões 02, 05 e 06 no final do capítulo.
7
Apesar de o mandato encerrar ao término dos nove anos, os juízes permanecem na função
até que seu sucessor assuma o cargo e permanecem ativos nos casos em que estão
envolvidos4:
Artigo 23º
(Duração do mandato)
1. Os juízes são eleitos por um período de seis anos. São reelegíveis. Contudo, as
funções de metade dos juízes designados na primeira eleição cessarão ao fim de
três anos.
2. Os juízes cujas funções devam cessar decorrido o período inicial de três anos
serão designados por sorteio, efectuado pelo Secretário-Geral do Conselho da
Europa, imediatamente após a sua eleição.
3. Com o fim de assegurar, na medida do possível, a renovação dos mandatos
de metade dos juízes de três em três anos, a Assembleia Parlamentar pode
decidir, antes de proceder a qualquer eleição ulterior, que o mandato de um ou
vários juízes a eleger terá uma duração diversa de seis anos, sem que esta
duração possa, no entanto, exceder nove anos ou ser inferior a três.
4. No caso de se terem conferido mandatos variados e de a Assembleia
Parlamentar ter aplicado o disposto no número precedente, a distribuição dos
mandatos será feita por sorteio pelo Secretário-Geral do Conselho da Europa
imediatamente após a eleição.
5. O juiz eleito para substituir outro cujo mandato não tenha expirado
completará o mandato do seu predecessor.
6. O mandato dos juízes cessará logo que estes atinjam a idade de 70 anos.
7. Os juízes permanecerão em funções até serem substituídos. Depois da sua
substituição continuarão a ocupar-se dos assuntos que já lhes tinham sido
cometidos.
4
Vide questão 09 no final do capítulo.
8
A Corte atua mediante queixas individuais ou estatais, que podem ser encaminhadas pelo
indivíduo, por organização não governamental ou por grupo de indivíduos que se considere
vítima de violação dos direitos reconhecidos no sistema europeu de proteção dos Direitos
Humanos.
É importante ressaltar que a Corte somente irá conhecer de um caso na hipótese em que
tenham sido esgotadas todas as vias internas de recurso e desde que a provocação seja
encaminhada dentro de seis meses, contados da decisão definitiva no país de origem.
Ele entrou em vigor por meio da Carta de Banjul6, no dia 21 de outubro de 1986, que
contempla em seu bojo direitos civis, sociais, políticos, econômicos, culturais e difusos, além
de fazer referência ao direito à saúde, ao trabalho, à educação e ao ambiente.
Além deste ponto, na Carta de Banjul podemos identificar alguns deveres: o dever de
respeitar o próximo, de encará-lo sem discriminação e de subsistir com ele em uma relação de
promoção, preservação e fortalecimento do respeito e da tolerância mútuas:
Artigo 28o
5
Vide questão 08 no final do capítulo.
6
Vide questão 03 no final do capítulo.
9
Cada indivíduo tem o dever de respeitar e de considerar os seus semelhantes sem
nenhuma discriminação e de manter com eles relações que permitam promover,
A Carta de Banjul foi o primeiro tratado de Direitos Humanos a prever, de uma só vez, os
direitos civis e políticos juntamente com os direitos sociais, econômicos e culturais, além de
prever expressamente o direito ao meio ambiente como direito fundamental.
10
por onze juízes de diferentes Estados-parte, que são eleitos pela Assembleia Geral da União
Africana, por seis anos de mandato individual, podendo haver uma reeleição.
Podem ser parte perante a Corte: a Comissão Africana de Direitos Humanos e os Estados-
parte, além das organizações intergovernamentais africanas. Excepcionalmente, as
organizações não governamentais podem apresentar recursos individuais com status de
observador, desde que o Estado envolvido tenha reconhecido a competência da Corte.
11
Muitas provas podem tentar confundir você acerca da composição da Corte Africana de
Direitos Humanos e do Povo: se composta por 11 ou 16 juízes. Veja7.
A Corte Africana dos Direitos Humanos e dos Povos foi criada em 1998, por meio do
Protocolo aditivo à Carta Africana de Direitos do Homem e dos Povos e possui 11 juízes.
Ocorre que, posteriormente, com o Ato Constitutivo da União Africana, foi criada a Corte
Africana de Justiça. Mas, obviamente, não fazia sentido manter duas cortes distintas (também
não havia recursos financeiros para tanto).
Assim, em 2008, a União Africana anunciou a fusão das duas Cortes, que dariam origem à
Corte Africana de Justiça e Direitos Humanos, que seria composta por 16 juízes.
Ocorre que, até o momento, o Protocolo de Sharm Al-Sheikh, responsável por instituir essa
fusão, foi ratificado apenas por cinco Estados (dos trinta que o firmaram), de modo que ainda
não entrou em vigor. Enquanto isso, até atingir o mínimo de quinze ratificações ao Protocolo,
a Corte Africana de Direitos Humanos continua em pleno funcionamento.
7
Vide questão 07 no final do capítulo.
12
QUADRO SINÓTICO
Órgão/documento Características
Possui 10 membros.
13
Sistema Europeu de Proteção dos Direitos Humanos
Órgão/documento Características
14
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
A) O Comitê pela eliminação de toda forma de discriminação racial pode apreciar petição
de um Estado parte em face de conduta de outro Estado parte, não sendo necessário o
esgotamento prévio dos recursos internos, devido a peculiaridades das demandas
interestatais.
B) Conselho Nacional de Direitos Humanos brasileiro, composto por membros do Poder
Público e representantes da sociedade civil, pode impor sanções de censura, advertência
e ainda determinar o afastamento preventivo de cargo ou emprego público de
indivíduos violadores de direitos humanos.
C) Não é cabível a intervenção de amicus curiae no processamento de incidente de
deslocamento de competência, pela ausência de interesses privados e pelo caráter
federativo do procedimento.
D) De acordo com a evolução organizacional do regime internacional de proteção dos
direitos humanos, o sistema europeu de direitos humanos passou a prever, a partir do
Protocolo n.14, a possibilidade de adesão da União Europeia como parte da Convenção
Europeia de Direitos Humanos.
Comentário:
15
A letra “A” está incorreta porque é, sim, necessário o esgotamento prévio dos recursos
internos disponíveis para que o Comitê tome conhecimento da questão (a menos que a
aplicação desses recursos excedam os prazos razoáveis).
A letra “B” está incorreta porque, nos termos do artigo 6o da Lei 12986/14, são sanções a
serem aplicadas pelo Conselho Nacional de Direitos Humanos a advertência, a censura
pública, a recomendação de afastamento de cargo, função ou emprego na administração
pública direta, indireta ou fundacional e a recomendação de que não sejam concedidas
verbas, auxílios ou subvenções a entidades comprovadamente responsáveis por condutas
ou situações contrárias aos direitos humanos:
Por fim, o item “D” está correto, em total consonância com o artigo 17 do
Protocolo, que dispõe que a União Europeia poderá aderir à Convenção Europeia.
16
Questão 2
(CESPE - 2011 – TRF 3a Região– Juiz Federal) Assinale a opção correta relativamente aos
mecanismos de implementação dos direitos humanos no plano internacional.
Comentário:
Apesar de nem todos os temas abordados nas alternativas terem sido estudados até o
presente momento, a alternativa correta é referente ao tema tratado neste capítulo, de
modo que poderia ser respondida por exclusão.
O item “A” está incorreto porque, na verdade, a Corte Europeia de Direitos Humanos é
responsável pelo julgamento de casos que envolvam a violação dos direitos protegidos
na convenção, sendo que ela não julga exclusivamente demandas de indivíduos contra
Estados, pois atua mediante petições interestatais e petições individuais, que podem ser
encaminhadas pelo indivíduo singular, por organização não governamental ou por grupo
de particulares.
17
A assertiva “B” está incorreta porque não existem apenas a Corte Interamericana de
Direitos Humanos e a Corte Europeia de Direitos. Ainda existe a Corte Americana de
Direitos Humanos, a Corte Penal Internacional, o Tribunal Internacional de Justiça, dentre
outros.
O item “C” está incorreto porque a Comissão também tem competência jurisdicional.
O item “D” está coreto, pois a competência consultiva da Corte Europeia de Direitos
Humanos está prevista no artigo 48 da Convenção Europeia de Direitos Humanos.
Por último, o item “E” está incorreto porque, nos termos do artigo 67 da Convenção
Americana de Direitos Humanos, as sentenças da Corte são definitivas, face da qual não
cabe recurso.
Questão 3
(VUNESP - 2014 – TJ-PA – Juiz substituto) O sistema africano de Direitos Humanos surgiu
por meio da
Comentário:
18
Questão 4
(CESPE – 2013 – DPE-TO – Defensor Público) Assinale a opção correta acerca das garantias
judiciais no âmbito do direito internacional.
Comentário:
O item “A” está incorreto, porque o princípio é previsto na CADH, em seu artigo 8o, item
4.
O item “B” está incorreto porque todas as citadas Convenções possuem tal previsão. Na
Convenção Sobre os Direitos da Criança, esta disposição é encontrada no artigo 40, item
2, “b”, VII.
O item “C” é o correto, pois destaca a possibilidade de restrição presente no artigo 6o,
item 1, da Convenção Europeia sobre Direitos Humanos.
19
O item “D” está incorreto, uma vez que o princípio da anterioridade da lei penal está
previsto no artigo XI, item 2, da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Por fim, o item “E” está incorreto porque há cláusula específica sobre a isonomia de
gênero nas instâncias judiciais no artigo 15, item 2, da Convenção sobre a Eliminação de
Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher.
Questão 5
( ) Certo
( ) Errado.
Comentário:
A assertiva está CERTA. Isso porque o artigo 35, 3, da Convenção Europeia dos Direitos
do Homem prevê que o Tribunal poderá declarar inadmissível a petição individual
quando não houver prejuízo significativo à vítima:
20
decisão e não contiver factos novos. 3. O Tribunal declarará a
inadmissibilidade de qualquer petição individual formulada nos termos do artigo
Questão 6
(TRF 3a Região- 2018 – TRF3 – Juiz Federal Substituto) Sob a inspiração do ideal liberal-
individualista, esse ORGANISMO INTERNACIONAL tem salvaguardado o valor da liberdade e
sua projeção na esfera privada e familiar, afirmando o direito de todo e qualquer indivíduo de
desenvolver sua personalidade. Com base no princípio da proporcionalidade, tem invalidado
interferências estatais abusivas. Ao proteger de forma indireta os direitos sociais, tem
entendido que o direito à vida privada requer não apenas obrigações negativas do Estado,
mas ainda prestações positivas, condenando a omissão estatal quando afronta o direito à vida
privada – por exemplo degradação ambiental causada por empresa. Referida INSTITUIÇÃO é
movida pelo respeito à vida privada e pelo ideal liberal-individualista como princípios basilares
(cf. Flavia Piovesan, “Direitos Humanos e Justiça Internacional”, 7. ed., p. 212, ADAPTADA).
Assinale a INSTITUIÇÃO a que o texto acima se refere:
Comentário:
21
Com efeito, temos que os órgãos do sistema interamericano se baseiam no Protocolo de
San Salvador para salvaguardar os direitos sociais. Noutro giro, a Corte Europeia não
possui instrumentos formais de defesa de tais direitos, devendo fazê-lo por meio do
princípio da proporcionalidade na interpretação dos direitos de primeira geração, de
forma indireta.
O TPI, por sua vez, julga indivíduos e não Estados, estando completamente dissociado do
texto em destaque.
Questão 7
(2020 - Inédita) Com relação à composição da Corte Africana de Direitos Humanos e dos
Povos, assinale a alternativa correta:
Comentário:
Consoante estudamos, essa pode ser uma típica “pegadinha” em provas de concursos.
Com efeito, a Corte Africana de Direitos Humanos e dos Povos foi criada em 1998,
através do Protocolo Aditivo à Carta Africana de Direitos do Homem e dos Povos e
possui 11 juízes.
Ocorre que com o Ato Constitutivo da União Africana, foi criada a Corte Africana de
Justiça, tendo, posteriormente, havido a fusão das duas, dando origem à Corte Africana
de Justiça e Direitos Humanos, essa, sim, com 16 juízes. Contudo, por falta de ratificação
em número suficiente, a Corte Africana de Justiça e Direitos Humanos não entrou em
22
vigor, de modo que permanece ativa apenas a Corte Africana de Direitos Humanos e dos
Povos.
Questão 8
( ) Certo
( ) Errado.
Comentário:
23
Questão 9
Com relação aos juízes que compõem a Corte Europeia de Direitos Humanos, é correto dizer
que eles podem permanecer ativos mesmo após passados os nove anos de seu mandato.
( ) Certo
( ) Errado.
Comentário:
A questão está CERTA, porque excepcionalmente os juízes poderão permanecer por mais
tempo no mandato, além dos nove anos: a primeira hipótese é quando ocorrer o lapso
entre o término do mandato do primeiro e o início da assunção pelo sucessor, e a
segunda é a disposição literal do artigo 23, que prevê que os juízes permanecerão ativos,
mesmo após o término do mandato, nos casos em que estiverem envolvidos:
Artigo 23.º
(Duração do mandato)
1. Os juízes são eleitos por um período de seis anos. São reelegíveis. Contudo, as
funções de metade dos juízes designados na primeira eleição cessarão ao fim de
três anos.
2. Os juízes cujas funções devam cessar decorrido o período inicial de três anos
serão designados por sorteio, efectuado pelo Secretário-Geral do Conselho da
Europa, imediatamente após a sua eleição.
3. Com o fim de assegurar, na medida do possível, a renovação dos mandatos
de metade dos juízes de três em três anos, a Assembleia Parlamentar pode
decidir, antes de proceder a qualquer eleição ulterior, que o mandato de um ou
vários juízes a eleger terá uma duração diversa de seis anos, sem que esta
duração possa, no entanto, exceder nove anos ou ser inferior a três.
4. No caso de se terem conferido mandatos variados e de a Assembleia
Parlamentar ter aplicado o disposto no número precedente, a distribuição dos
mandatos será feita por sorteio pelo Secretário-Geral do Conselho da Europa
imediatamente após a eleição.
24
5. O juiz eleito para substituir outro cujo mandato não tenha expirado
completará o mandato do seu predecessor.
6. O mandato dos juízes cessará logo que estes atinjam a idade de 70 anos.
7. Os juízes permanecerão em funções até serem substituídos. Depois da sua
substituição continuarão a ocupar-se dos assuntos que já lhes tinham sido
cometidos.
Questão 10
No bojo do Sistema Europeu de Proteção dos Direitos Humanos, é correto dizer que Conselho
da União Europeia e Conselho Europeu são sinônimos de Conselho da Europa.
( ) Certo
( ) Errado
Comentário:
Conselho Europeu, por sua vez, é a união dos chefes de Estado dos países integrantes da
União Europeia a fim de definir a política da União.
25
GABARITO
Questão 1 - D
Questão 2 – D
Questão 3 - C
Questão 4 - C
Questão 5 - Certo
Questão 6 - B
Questão 7 - A
Questão 8 - Certo
Questão 9 - Certo
Questão 10 - Errado
26
QUESTÃO DESAFIO
27
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO
é a união dos chefes de Estado dos países integrantes da União Europeia, com o fim de
definir a política da União.
28
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30
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MALHEIRO, Emerson. Curso de Direitos Humanos – 3. Ed. Revista, atualizada e ampliada. São
Paulo: Atlas, 2016.
RAFAEL, Chiarini Medeiros. Sistema Africano de Direitos Humanos. Brasília, 2017, disponível
em < https://bdm.unb.br/bitstream/10483/18571/1/2017_RafaelChiariniMedeiros.pdf> acesso
em 21.04.2020.
31
PDF OAB
Direitos Humanos
Capítulo 8
SUMÁRIO
DIREITOS HUMANOS, Capítulo 8 ......................................................................................................3
GABARITO ............................................................................................................................................ 32
JURISPRUDÊNCIA................................................................................................................................ 38
1
Olá, futuro advogado! Tudo bem?
Não é exagero afirmar que O Sistema Interamericano de Proteção aos Direitos Humanos é
De acordo com a nossa equipe de inteligência, foi constatado que esse assunto foi cobrado
pela FGV 13 VEZES nos últimos 3 anos!
Assim, é extremamente necessário que você o estude com toda a dedicação possível, ok? E o
mais importante de tudo: Resolva as questões ao final da apostila! A chave da aprovação é
preparação completa!
Vamos juntos!
DIREITOS HUMANOS
Capítulo 8
Humanos
Para fixar a matéria, ao final do capítulo você encontrará uma bateria de questões extraídas
dos principais concursos do país das mais variadas carreiras jurídicas, a fim de mensurar o seu
conhecimento. Os comentários com explicações e respostas você encontra logo a seguir.
Vamos juntos!
A OEA foi criada em 1948 a partir da IX Conferência Pan-Americana, que foi realizada em
Bogotá-Colômbia, oportunidade na qual foi proclamada a sua Carta.
A OEA é a organização regional mais antiga do mundo pois, apesar de só ter sido assinada
em 1948, ela foi concebida entre 1889 e 1890, quando foi aprovada também a União
A Convenção Americana de Direitos Humanos, mais conhecida como Pacto de San José da
Costa Rica2, foi aberta a assinaturas na Conferência Especializada Interamericana sobre Direitos
Humanos, que ocorreu em São José da Costa Rica no dia 22 de novembro de 1969.
Contudo, somente após a sua 11a ratificação, que ocorreu em 1978, é que a Convenção
entrou em vigor.
Ela foi ratificada pelo Brasil no dia 25 de setembro de 1992, tendo sido promulgada no
mesmo ano através do Decreto Presidencial n. 678.
Mas veja: o Brasil fez uma reserva ao aderir à Convenção. Nesse sentido, ao realizar
alguma investigação, somente poderão ser realizadas visitas in loco quando o estado brasileiro
expressamente anuir.
E ai, OABeiro! Tudo em cima? O Pacto De San Jose da Costa Rica despenca na prova de
Direitos Humanos na OAB! Vejamos a seguir um exemplo de como esse assunto é cobrado:
1
Vide questão 10
(XXII EXAME DE ORDEM – FGV – 2017) Seu cliente possui um filho com algum nível de
deficiência mental e, após muito tentar, não conseguiu vaga no sistema público de ensino da
cidade, uma vez que as escolas se diziam não preparadas para lidar com essa situação. Você
já ingressou com a ação judicial competente há mais de dois anos, mas há uma demora
injustificada no julgamento e o caso ainda se arrasta nos tribunais. Diante desse quadro, você
avalia a possibilidade de apresentar uma petição à Comissão Interamericana de Direitos
Humanos. Tendo em vista o que dispõe a Convenção Americana sobre Direitos Humanos e
seus respectivos protocolos, assinale a afirmativa correta.
A) Considerando a demora injustificada da decisão na jurisdição interna, você pode peticionar
à Comissão, pois o direito à Educação é um dos casos de direitos sociais previstos no
Protocolo de São Salvador, que, uma vez violado, pode ensejar aplicação do sistema de
petições individuais.
B) Não obstante a demora injustificada da decisão final do Poder Judiciário brasileiro ser uma
condição que admite excepcionar os requisitos de admissibilidade para que seja apresentada a
petição, o direito à educação não está expressamente previsto nem na Convenção, nem no
Protocolo de São Salvador como um caso de petição individual.
c) Apenas a Corte Interamericana de Direitos Humanos pode encaminhar um caso para a
Comissão. Portanto, deve ser provocada a jurisdição da Corte. Se esta entender adequado,
pode enviar o caso para que a Comissão adote as medidas e providências necessárias para
garantir o direito e reparar a vítima, se for o caso.
D) Em nenhuma situação você pode entrar com a petição individual de seu cliente na
Comissão Interamericana de Direitos Humanos até que sejam esgotados todos os recursos da
jurisdição interna do Brasil.
Comentário:
(CADH) Artigo 46
1. Para que uma petição ou comunicação apresentada de acordo com os artigos 44 ou
45 seja admitida pela Comissão, será necessário:
A. QUE HAJAM SIDO INTERPOSTOS E ESGOTADOS OS RECURSOS DA JURISDIÇÃO
INTERNA, DE ACORDO COM OS PRINCÍPIOS DE DIREITO INTERNACIONAL GERALMENTE
RECONHECIDOS;
b. que seja apresentada dentro do prazo de seis meses, a partir da data em que o
presumido prejudicado em seus direitos tenha sido notificado da decisão definitiva;
c. que a matéria da petição ou comunicação não esteja pendente de outro processo de
solução internacional;
d. que, no caso do artigo 44, a petição contenha o nome, a nacionalidade, a profissão, o
domicílio e a assinatura da pessoa ou pessoas ou do representante legal da entidade que
submeter a petição.
2. As disposições das alíneas a e b do inciso 1 deste artigo NÃO SE APLICARÃO quando:
a. não existir, na legislação interna do Estado de que se tratar, o devido processo legal
para a proteção do direito ou direitos que se alegue tenham sido violados;
b. não se houver permitido ao presumido prejudicado em seus direitos o acesso aos
recursos da jurisdição interna, ou houver sido ele impedido de esgotá-los; e
c. HOUVER DEMORA INJUSTIFICADA NA DECISÃO SOBRE OS MENCIONADOS
RECURSOS.
O Pacto de San José da Costa Rica prevê também o direito à vida, que deve ser protegido
pelo ordenamento interno de cada país. Previu também que não pode ser restabelecida a
pena de morte nos países que a tiverem abolido, e nos que não o tenham feito, ela somente
poderá ser imposta nos crimes mais graves e desde que em cumprimento de sentença final
decretada por tribunal competente.
Também há a previsão de que não pode ser imposta a pena de morte ao agente que, no
momento da prática do delito, não tivesse dezoito anos completos, ou ainda à mulher
gestante.
Também é previsto neste Pacto o foro de discussões e arbitragem para eventuais afrontas
Para que o Estado-membro possa ser julgado pela Corte é imprescindível que ele a tenha
reconhecido como obrigatória.
3
Vide questão 05
Consequentemente, se a Corte reconhecer que houve uma ou mais violações aos Direitos
Humanos acobertados pelo Pacto, determinará a reparação dos danos causados e também
determinará que o direito violado seja respeitado e assegurado. Essa decisão será vinculante.
interpretação de tratados relativos à proteção dos Direitos Humanos no âmbito dos Estados
americanos. Ela também pode emitir pareceres.
Washington nos Estados Unidos e é composta por sete membros, eleitos para um mandato de
quatro anos, podendo haver uma reeleição. Também é importante consignar que não pode
Do mesmo modo que ocorre com a Corte, é necessário que o Estado a tenha reconhecido
Contudo, para que a petição possa ser admitida ela deve preencher os seguintes requisitos:
Cabe destacar que o Caso Maria da Penha foi um dos analisados pela comissão.
A denúncia foi feita perante a Comissão no dia 29 de maio de 1983, e segundo consta,
Maria da Penha Maia Fernandes, casada com Marco Antonio Heredia Viveros foi vítima de
tentativa de homicídio por este, pois atirou em Maria da Penha enquanto ela dormia. Maria
ficou paraplégica.
Duas semanas depois de retornar do hospital, Marco novamente atacou Maria, desta vez
Marco foi condenado a 10 (dez) anos de prisão e apelou. Quinze anos após a data dos
fatos, enquanto o recurso ainda estava pendente de julgamento, o caso foi levado à Comissão
Interamericana de Direitos Humanos por parte de Maria, do Centro pela Justiça e pelo Direito
recomendações:
3. Adotar, sem prejuízo das ações que possam ser instauradas contra o agressor,
medidas necessárias para que o Brasil assegure à vítima uma reparação simbólica e
material pelas violações;
Em virtude disso, no ano de 2006 o Brasil editou a Lei 11.343/06, conhecida como Lei
Maria da Penha, que prevê mecanismos com o fito de coibir a violência doméstica e familiar
contra a mulher.
4
Vide questão 09
Ele foi celebrado no dia 17 de novembro de 1988 em San Salvador, sendo que foi aderido
pelo Brasil no dia 21 de agosto de 1996 e promulgado internamente em 1999 através do
1) Direito ao trabalho;
2) Direito a condições justas de trabalho;
3) Direitos sindicais;
4) Direito à previdência social;
5) Direito à saúde;
Artigo 1
Obrigação de adotar medidas
Artigo 19
Meios de proteção
de Direitos Humanos:
Artigo 19
Meios de proteção
5
Vide questão 07
8.4 Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura6
De acordo com esse documento, tortura é todo ato mediante o qual são infligidos
intencionalmente a uma pessoa penas ou sofrimentos físicos ou mentais com a finalidade de
investigação criminal ou como meio de intimidação, castigo pessoal, medida preventiva, como
pena ou com qualquer outro fim. Além disso, também será considerado como tortura a
O direito à proibição da tortura tem caráter absoluto, não podendo ser invocado nem no
estado de guerra, de ameaça de guerra, de sítio ou de emergência, etc.
também conhecida como Convenção de Belém do Pará data de 9 de junho de 1994, tendo o
Brasil feito a sua promulgação na ordem interna através do Decreto Presidencial n. 1.973/1996.
6
Vide questão 02
7
Questão 01
Essa Convenção estabelece que violência contra a mulher é entendido como qualquer ato
ou conduta baseada no gênero que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou
Dentre os direitos protegidos temos que a Convenção estabelece que toda mulher tem o
direito de ser livre de violência, bem como tem direito ao reconhecimento, desfrute, exercício
e proteção de todos os direitos e liberdades humanos consagrados nos instrumentos
erradicar e prevenir a violência contra a mulher, para prestar assistência à mulher que sofreu
violência doméstica e também para relatar as dificuldades observadas na aplicação dessas
medidas.
Por outro lado, temos também as comunicações individuais, que nada mais é do que a
de Pessoas
Desaparecimento Forçado de Pessoas foi aprovada no dia 06 de junho de 1994, mas o Brasil
somente fez o depósito do instrumento no dia 03 de fevereiro de 2014. O Decreto
liberdade ou de informar sobre o paradeiro do indivíduo, impedindo que este se valha dos
recursos legais e garantias processuais a que tem direito.
A ação penal e a pena a que estará sujeito o executor de tais atos não estará sujeita à
prescrição. No entanto, caso haja uma norma que impeça a aplicação da imprescritibilidade, o
prazo da prescrição destes delitos deverá ser igual ao do delito mais grave existente na
legislação interna do país.
O último documento a ser por nós analisado neste capítulo é a Convenção Interamericana
para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as Pessoas Portadoras de
Deficiência. Essa Convenção foi aprovada no dia 07 de junho de 1999, na Guatemala. No dia
15 de agosto de 2001 o Estado brasileiro efetuou o depósito do instrumento e em 08 de
outubro de 2001 foi feita a sua promulgação na ordem jurídica interna através do Decreto
presidencial n. 3.956/2001.
Esse diploma contém quatorze artigos e tem por objetivo propiciar a total integração das
pessoas portadoras de deficiência à sociedade.
O termo “deficiência” deve ser entendido como qualquer restrição física, mental ou
sensorial, de natureza transitória ou permanente que limite a capacidade do indivíduo de
exercer uma ou mais atividades essenciais do dia-a-dia.
8
Questão 11
A Convenção também determina que os Estados-parte realizem medidas tendentes a
conferir acessibilidade, tratamento, reabilitação, educação, formação e prestação de serviços
Ela também cria a Comissão para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra
as Pessoas Portadoras de Deficiência, composta por um representante designado por cada
Estado-parte para que acompanhe os compromissos assumidos pelos países. Os Estados são
obrigados, ainda, a encaminhar relatórios à Comissão, indicando quais as medidas tomadas na
aplicação da Convenção e qual o progresso alcançado até então.
QUADRO SINÓTICO
Documento/órgão Características
deste.
Questão 1
(XIX EXAME DE ORDEM – FGV - 2016) A respeito da Convenção sobre Eliminação de Todas
A) Uma vez que a Convenção tem como objetivo proteger um grupo específico, não pode ser
considerada como um documento de proteção internacional dos direitos humanos.
C) A Convenção permite que o Estado-parte adote, de forma definitiva, ações afirmativas para
garantir a igualdade entre gêneros.
D) A Convenção traz em seu texto um mecanismo de proteção dos direitos que consagra, por
meio de petições sobre violações, que podem ser protocoladas por qualquer Estado-parte.
Comentário:
Contra a Mulher na recepção e análise das comunicações recebidas dos Estados Partes.
Questão 2
(XXIII EXAME DE ORDEM – FGV - 2017) Você advoga na Procuradoria Geral do Estado em
que reside. Em uma tarde, recebe um telefonema urgente do diretor da Penitenciária
Anhanguera, que deseja fazer uma consulta de viva voz. Diz o diretor que está com duas
pessoas identificadas como membros do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à
Tortura (MNPCT) e que elas estão requerendo acesso imediato às instalações da penitenciária,
onde pretendem gravar entrevistas com alguns presos. Também estão solicitando acesso aos
do Estado.
conferido aos presos, depende de autorização judiciária expedida pelo juiz da Vara de
Execução Penal da Comarca onde fica a Penitenciária.
C) o acesso dos membros do MNPCT às instalações da penitenciária deve ser liberado, mas a
gravação de entrevistas e o acesso aos registros relativos ao tratamento conferido aos presos
devem ser negados.
D) o acesso às instalações da penitenciária aos membros do MNPCT deve ser liberado, bem
como fornecidos os registros solicitados e permitida a gravação das entrevistas com os presos.
Comentário:
Lei 12.847/14
Questão 3
(XXIX EXAME DE ORDEM – FGV - 2019) No âmbito dos sistemas internacionais de proteção
dos Direitos Humanos, existem hoje três sistemas regionais: africano, (inter)americano e
europeu. Existem semelhanças e diferenças entre esses sistemas. Assinale a opção que
A) O sistema europeu foi instituído a partir da Convenção para a Proteção dos Direitos do
Homem e das Liberdades Fundamentais, de 1950, e já está em pleno funcionamento. Já o
sistema (inter)americano foi instituído pela Convenção Americana Sobre Direitos Humanos, de
D) O sistema (inter)americano possui uma Comissão e uma Corte para conhecer de assuntos
relacionados ao cumprimento dos compromissos assumidos pelos Estados-partes na
Convenção Americana Sobre Direitos Humanos. Já o sistema europeu não possui uma
Comissão com as mesmas funções que a Comissão Interamericana, mas um Tribunal Europeu
Comentário:
interamericano possui a comissão e a corte como órgãos de aplicação das regras previstas na
Convenção Americana sobre Direitos Humanos, quando o sistema europeu possui apenas o
tribunal.
Questão 4
(XXIV EXAME DE ORDEM – FGV - 2017) Há cerca de três meses, foi verificado que os presos
da Penitenciária Quebrantar estavam sofrendo diversas formas de maus tratos, incluindo
violência física. Você foi contratado(a) por familiares dos presos, que lhe disseram ter
elementos suficientes para acreditar que qualquer medida judicial no Brasil seria ineficaz no
prazo desejado. Por isso, eles o(a) consultaram sobre a possibilidade de submeter o caso à
A) caso sejam feitas petições individualizadas, uma vez que os casos de violação de direitos
previstos no Pacto de São José da Costa Rica devem ser julgados diretamente pela Corte
Interamericana de Justiça.
B) caso sejam feitas petições individualizadas relatando a violação sofrida por cada uma das
vítimas e as relacionando aos direitos previstos na Convenção Americana; assim, a CIDH
poderá adotar as medidas que julgar necessárias para a cessação da violação.
C) caso entenda haver situação de gravidade e urgência. Assim, a CIDH poderá instaurar de
ofício um procedimento no qual solicita que o Estado brasileiro adote medidas cautelares de
D) caso entenda haver situação de gravidade e urgência. Assim, a CIDH deve encaminhar
diretamente o caso à Corte Interamericana de Justiça, que poderá ordenar a medida provisória
Comentário:
1. A Comissão poderá, por iniciativa própria ou a pedido de parte, tomar qualquer medida
que considere necessária para o desempenho de suas funções.
2. Em casos urgentes, quando se tornar necessário para evitar danos irreparáveis a pessoas, a
Comissão poderá pedir que sejam tomadas medidas cautelares para evitar que se consume o
Questão 5
(XXII EXAME DE ORDEM – FGV - 2017) Seu cliente possui um filho com algum nível de
deficiência mental e, após muito tentar, não conseguiu vaga no sistema público de ensino da
cidade, uma vez que as escolas se diziam não preparadas para lidar com essa situação. Você
já ingressou com a ação judicial competente há mais de dois anos, mas há uma demora
injustificada no julgamento e o caso ainda se arrasta nos tribunais. Diante desse quadro, você
avalia a possibilidade de apresentar uma petição à Comissão Interamericana de Direitos
Humanos. Tendo em vista o que dispõe a Convenção Americana sobre Direitos Humanos e
petições individuais.
B) Não obstante a demora injustificada da decisão final do Poder Judiciário brasileiro ser uma
condição que admite excepcionar os requisitos de admissibilidade para que seja apresentada a
petição, o direito à educação não está expressamente previsto nem na Convenção, nem no
Comissão. Portanto, deve ser provocada a jurisdição da Corte. Se esta entender adequado,
pode enviar o caso para que a Comissão adote as medidas e providências necessárias para
D) Em nenhuma situação você pode entrar com a petição individual de seu cliente na
Comissão Interamericana de Direitos Humanos até que sejam esgotados todos os recursos da
Comentário:
•Diferentemente do que ocorre nas COMISSÕES, não é qualquer pessoa que pode submeter
Questão 6
(XXII EXAME DE ORDEM – FGV - 2017) Você está advogando em um caso que tramita na
Corte Interamericana de Direitos Humanos. O Brasil é parte passiva do processo e, finalmente,
foi condenado. A condenação envolve, além da reparação pecuniária pela violação dos direitos
humanos, medidas simbólicas de restauração da dignidade da vítima e até mesmo a mudança
de parte da legislação interna. Embora a União tenha providenciado o pagamento do valor
B) Não há nada que possa ser feito, já que não há previsão nem na legislação do Brasil, nem
na própria Convenção Americana dos Direitos Humanos sobre algum tipo de medida quando
do não cumprimento da sentença da Corte pelo país que se submeteu à sua jurisdição.
D) Pode-se solicitar à Corte que, no seu relatório anual para a Assembleia Geral da OEA,
indique o caso em que o Brasil foi condenado, como aquele em que um Estado não deu
Comentário:
(CADH), Artigo 65
(...)
Artigo 68
1. Os Estados Partes na Convenção comprometem-se a cumprir a decisão da Corte em todo
caso em que forem partes.
país respectivo pelo processo interno vigente para a execução de sentenças contra o Estado.
Questão 7
(XXXI EXAME DE ORDEM – FGV - 2020) Recentemente houve grande polêmica na cidade de
Piraporanga, porque o Prefeito proibiu o museu local de realizar uma exposição, sob a
alegação de que as obras de arte misturavam temas religiosos com conteúdos sexuais, além
Você é contratada(o) para atuar no caso pelos autores das obras de arte e por intelectuais.
assinale a opção que apresenta o argumento que você, como advogada(o), deveria adotar.
D) A lei pode regular o acesso a diversões e espetáculos públicos, tendo em vista a proteção
moral da infância e da adolescência, sendo vedada, porém, toda e qualquer censura prévia de
Note que todas as alternativas, à exceção da D, falam em censura prévia, o que não é
admitido.
Ademais, o art. 13, do Pacto de San Jose, prevê a ponderação entre a liberdade de expressão
Questão 8
(XXX EXAME DE ORDEM – FGV - 2019) Um rapaz, que era pessoa em situação de rua,
acabou de sair da prisão. Ele fora condenado pelo crime de latrocínio e, posteriormente, a
defensoria pública ajuizou, a seu favor, uma ação de revisão criminal, na qual ele foi absolvido
por ausência de provas, caracterizando, assim, um erro judiciário. Nesse período, ele ficou
cinco anos preso. Agora a família indaga se existe um direito de indenização em função de
B) A indenização por erro judiciário não é uma matéria própria do campo dos Direitos
Humanos, por isso não existe tal previsão nem na Convenção Americana Sobre Direitos
Humanos, nem em nenhum outro tratado de Direitos Humanos de que o Brasil seja signatário.
C) A Convenção Americana Sobre Direitos Humanos assegura o direito à indenização por erro
judiciário, mas o restringe aos erros que resultam em condenação na esfera civil, excluindo
eventuais erros que ocorram na jurisdição penal.
D) A Convenção Americana Sobre Direitos Humanos dispõe que toda pessoa tem direito de
ser indenizada conforme a lei, no caso de haver sido condenada em sentença transitada em
Comentário:
Toda pessoa tem direito de ser indenizada conforme a lei, no caso de haver sido condenada
em sentença transitada em julgado, por erro judiciário.
Questão 9
(XXIX EXAME DE ORDEM – FGV - 2019) SoUma Organização de Direitos Humanos afirma
estar tramitando, no Congresso Nacional, um Projeto de Lei propondo que o trabalhador
tenha direito a férias, mas que seja possível que o empregador determine a não remuneração
dessas férias. No mesmo Projeto de Lei, fica estipulado que, nos feriados nacionais, não haverá
remuneração.
Assim, com base no Protocolo Adicional à Convenção Americana Sobre Direitos Humanos em
Protocolo, caso o Projeto de Lei venha a ser convertido em Lei pelo Congresso Nacional, é
possível submetê-lo ao controle de convencionalidade, com base no Protocolo de San
Salvador.
possui força de Convenção como é o caso da Convenção Americana Sobre Direitos Humanos.
satisfatórias de trabalho.
Comentário:
Os Estados Partes neste Protocolo reconhecem que o direito ao trabalho, a que se refere o
artigo anterior, pressupõe que toda pessoa goze do mesmo em condições justas, equitativas e
satisfatórias, para o que esses Estados garantirão em suas legislações, de maneira particular:
h. Repouso, gozo do tempo livre, férias remuneradas, bem como remuneração nos feriados
nacionais".
cabe convencionalidade.
Questão 10
(XXV EXAME DE ORDEM – FGV - 2018) Você foi procurado, como advogado(a), por
representantes de um Centro de Defesa dos Direitos Humanos, que lhe informaram que o
governador do estado, juntamente com o ministro da justiça do país, estavam articulando a
sobre os Direitos Humanos, assinale a opção que indica, em conformidade com essa
Portanto, a única solução é política, ou seja, fazer manifestações para demover as autoridades
desse propósito.
Direitos Humanos, apenas no caso daqueles que tenham tido condenação penal com trânsito
em julgado, o que não foi o caso dos haitianos visados pelos propósitos do governador e do
D) A pessoa que se ache legalmente no território de um Estado tem direito de circular nele e
de nele residir em conformidade com as disposições legais. Além disso, é proibida a expulsão
coletiva de estrangeiros.
Comentário:
CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS (1969)*. (PACTO DE SAN JOSÉ DA COSTA
RICA)
Questão 11
(XX EXAME DE ORDEM – FGV – 2016) João e Maria são casados e ambos são deficientes
visuais. Enquanto João possui visão subnormal (incapacidade de enxergar com clareza
suficiente para contar os dedos da mão a uma distância de 3 metros), Maria possui cegueira
total. O casal tentou se habilitar ao processo de adoção de uma criança, mas foi informado no
Fórum local que não teriam o perfil de pais adotantes, em função da deficiência visual, uma
vez que isso seria um obstáculo para a criação de um futuro filho.
Diante desse caso, assinale a opção que melhor define juridicamente a situação.
A) A informação obtida no Fórum local está errada e o casal, a despeito da deficiência visual,
pode exercer o direito à adoção em igualdade de oportunidades com as demais pessoas,
conforme previsão expressa na legislação pátria.
B) A informação prestada no Fórum está imprecisa. Embora não haja previsão legal expressa
que assegure o direito à adoção em igualdade de oportunidades pela pessoa com deficiência,
é possível defender e postular tal direito com base nos princípios constitucionais.
Portaria do Juiz assim definiu, sendo esta válida nos termos do artigo citado do ECA.
Comentário:
Art. 6º A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para:
III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações
Questão 1 - B
Questão 2 – D
Questão 3 - D
Questão 4 - C
Questão 5 - A
Questão 6 - D
Questão 7 - D
Questão 8 - D
Questão 9 - B
Questão 10 - D
Questão 11 - A
QUESTÃO DESAFIO
Não, a pena de morte não foi definitivamente abolida, pois, nos países que não houverem
abolido a pena de morte, esta, só poderá ser imposta pelos delitos mais graves, nos
termos do art. 4º do referido Tratado.
Você deve ter abordado necessariamente os seguintes itens em sua resposta:
Não foi definitivamente abolida
A Convenção Americana de Direitos Humanos, ou Pacto de San José da Costa Rica, foi
adotada no âmbito da Organização dos Estados Americanos, por ocasião da Conferência
Especializada Interamericana sobre Direitos Humanos de 22 de novembro de 1969, em São
José, na Costa Rica. Entrou em vigor internacional somente em 18 de julho de 1978, conforme
determinava o § 2º de seu art. 74, após ter obtido 11 ratificações. Em 2015, a Convenção
conta, entre os 35 Estados independentes das Américas, com 23 Estados Partes, após a
denúncia de Trinidad e Tobago (1998) e da Venezuela (2012) (RAMOS, André de Carvalho.
Curso de direitos humanos. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2017). O Brasil aderiu à Convenção em 9
de julho de 1992, depositou a carta de adesão em 25 de setembro de 1992, e a promulgou
por meio do Decreto n. 678, de 6 de novembro do mesmo ano. O ato multilateral entrou em
vigor para o Brasil em 25 de setembro de 1992, data do depósito de seu instrumento de
ratificação (art. 74, § 2º). O direito à vida engloba diferentes facetas, que vão desde o direito
de nascer, de permanecer vivo e de defender a própria vida e, com discussões cada vez mais
agudas em virtude do avanço da medicina, sobre o ato de obstar o nascimento do feto,
decidir sobre embriões congelados e ainda optar sobre a própria morte. Tais discussões
envolvem aborto, pesquisas científicas, suicídio assistido e eutanásia, suscitando a necessidade
de dividir a proteção à vida em dois planos: a dimensão vertical e a dimensão horizontal. A
dimensão vertical envolve a proteção da vida nas diferentes fases do desenvolvimento
humano (da fecundação à morte). Algumas definições sobre o direito à vida refletem esta
dimensão, pois este direito consistiria no “direito a não interrupção dos processos vitais do
titular mediante intervenção de terceiros e, principalmente, das autoridades estatais” (DIMITRI,
Dimoulis. Vida (Direito à). In: DIMOULIS, Dimitri et al. (Orgs.). Dicionário brasileiro de direito
constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007). Já a dimensão horizontal engloba a qualidade da vida
fruída. Esta dimensão horizontal resulta na proteção do direito à saúde, educação, prestações
de seguridade social e até mesmo meio ambiente equilibrado, para assegurar o direito à vida
digna.
Conforme art. 4º do Pacto de São José
O Pacto de São José da Costa Rica veda a aplicação da pena de morte como regra: PACTO DE
SÃO JOSÉ DA COSTA RICA Artigo 4º - Direito à vida 1. Toda pessoa tem o direito de que se
respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde o momento da
concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente. 2. Nos países que não
houverem abolido a pena de morte, esta, só poderá ser imposta pelos delitos mais graves, em
cumprimento de sentença final de tribunal competente e em conformidade com a lei que
estabeleça tal pena, promulgada antes de haver o delito sido cometido. Tampouco se
estenderá sua aplicação a delitos aos quais não se aplique atualmente. 3. Não se pode
restabelecer a pena de morte nos Estados que a hajam abolido. 4. Em nenhum caso pode a
pena de morte ser aplicada a delitos políticos, nem a delitos comuns conexos com delitos
políticos. 5. Não se deve impor a pena de morte a pessoa que, no momento da perpetração
do delito, for menor de dezoito anos, ou maior de setenta, nem aplicá-la a mulher em estado
de gravidez. 6. Toda pessoa condenada à morte tem direito a solicitar anistia, indulto ou
comutação da pena, os quais podem ser concedidos em todos os casos. Não se pode
executar a pena de morte enquanto o pedido estiver pendente de decisão ante a autoridade
competente. O art. 4º reconhece o direito à vida. Nesse sentido, expõe-se que toda pessoa
tem o direito de que se respeite sua vida, o qual deve ser protegido por lei “e, em geral,
desde o momento da concepção”. Assim, ninguém pode ser privado de sua vida
arbitrariamente. A possibilidade de autorização legal de hipóteses de aborto ou eutanásia não
foi vedada pela Convenção, mas deve ser regrado de modo fundamentado como exceção à
proteção geral da vida desde a concepção. Como decorrência do reconhecimento do direito à
vida, a Convenção dispõe que nos países em que a pena de morte não tiver sido abolida, esta
poderá ser imposta apenas para delitos mais graves, após a sentença final de tribunal
competente e em conformidade com a lei que estabeleça tal pena, promulgada antes de
haver o delito sido cometido. A pena de morte não poderá ter sua aplicação estendida aos
delitos aos quais não se aplique no momento da ratificação do tratado e, nos Estados Partes
que a tenham abolido, não poderá ser restabelecida (RAMOS, André de Carvalho. Curso de
direitos humanos. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2017). O Brasil fez a seguinte declaração no
momento de assinar esse Protocolo sobre a Abolição da Pena de Morte: “Ao ratificar o
Protocolo sobre a Abolição da Pena de Morte, adotado em Assunção, em 8 de junho de 1990,
declaro, devido a imperativos constitucionais, que consigno a reserva, nos termos
estabelecidos no Art. 2 do Protocolo em questão, no qual se assegura aos Estados-partes o
direito de aplicar a pena de morte em tempo de guerra, de acordo com o direito
internacional, por delitos sumamente graves de caráter militar”. Mazzuoli esclarece que há
vários anos a ONU vem trabalhando incessantemente para ampliar a aplicação das normas de
direito internacional no combate à discriminação contra a comunidade LGBTI, especialmente
em relação aos mais de 70 países que mantêm legislações que criminalizam (com pena de
prisão ou, até mesmo, pena de morte) pessoas em razão de sua orientação sexual ou
identidade de gênero. Muitas medidas concretas já foram tomadas no sentido de coibir os
Estados que discriminam a orientação sexual dos cidadãos (MAZZUOLI, Valério de Oliveira.
Curso de direitos. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018).
LEGISLAÇÃO COMPILADA
“O ordenamento jurídico como um todo (e não apenas o CC) alinhou-se mais à teoria
contemporânea. Além disso, apesar de existir concepção mais restritiva sobre os direitos do
nascituro, amparada pelas teorias natalista e da personalidade condicional, atualmente há de
se reconhecer a titularidade de direitos da personalidade ao nascituro, dos quais o direito à
vida é o mais importante, uma vez que garantir ao nascituro expectativas de direitos, ou
mesmo direitos condicionados ao nascimento, só faz sentido se lhe for garantido também o
direito de nascer, o direito à vida, que é direito pressuposto a todos os demais. Portanto, o
aborto causado pelo acidente de trânsito subsume-se ao comando normativo do art. 3.o da
Lei 6.194/1974, haja vista que outra coisa não ocorreu, senão a morte do nascituro, ou o
perecimento de uma vida intrauterina” (STJ, REsp 1.415.727/SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
j.04.09.2014).
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Salvador:Juspodivm, 2018.
MALHEIRO, Emerson. Curso de Direitos Humanos – 3. Ed. Revista, atualizada e ampliada. São
Paulo: Atlas, 2016.
PDF OAB
Direitos Humanos
Capítulo 9
SUMÁRIO
DIREITOS HUMANOS, Capítulo 9 ........................................................................................................ 3
GABARITO .............................................................................................................................................. 27
JURISPRUDÊNCIA.................................................................................................................................... 32
1
E ai, OABeiro! Como vai?
A apostila de número 09 do nosso curso de Direitos Humanos tratou sobre A proteção dos
últimos 3 anos!
Aqui, a banca costuma seguir o seu padrão: Apresentar um caso hipotético, pelo qual a
resposta é respaldada na legislação vigente. Por isso, recomendamos a leitura atenta da letra
seca da lei e entendimentos jurisprudenciais, e sempre em companhia de alguma doutrina à
sua escolha.
Dê bastante atenção Programa Nacional de Direitos Humanos, pois este assunto teve maior
recorrência!
Adicionamos também questões de outras carreiras jurídicas para que você tivesse uma maior
assimilação da matéria vista e que pudesse praticar ainda mais!
2
DIREITOS HUMANOS
Capítulo 9
Neste décimo e último capítulo, depois de termos abordado toda a sistematização dos
Direitos Humanos no mundo, analisaremos alguns pontos no que toca a essa proteção no
âmbito do Brasil, desde o princípio da primazia dos Direitos Humanos na carta constitucional
até a execução no âmbito interno das decisões dos Tribunais Internacionais.
Esse é o nosso último encontro e esperamos que você tenha aproveitado. Que esse
material tenha superado as suas expectativas e que, para além desse fator, tenha agregado
muito conhecimento.
jurídica. Ao final da leitura, recomendamos que você leia as leis secas mencionadas, uma vez
que possuem forte incidência nas provas.
Vamos juntos!
3
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos
seguintes princípios:
I - independência nacional;
IV - não-intervenção;
VI - defesa da paz;
No bojo do âmbito interno, a previsão desse princípio implica no fato de que o Brasil deve
incorporar ao seu ordenamento os tratados de Direitos Humanos, bem como respeitá-los. Isso
significa que deve realizar de modo efetivo a defesa dos Direitos Humanos no caso concreto,
realizando de forma prioritária a aplicação das normas de Direitos Humanos.
Além disso, o compromisso político do Brasil também pode ser verificado na órbita
internacional a partir da ratificação dos principais tratados de direitos humanos, pela
submissão do Brasil aos mais importantes foros internacionais que visam a proteção de tais
direitos e à prioridade da promoção da dignidade da pessoa humana na política externa.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida,
à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
4
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação
imediata.1
Nesse sentido, parte da doutrina nacional entende que a emissão de Decreto do Presidente
que promulga o tratado e determina a sua publicação seria desnecessário para que as normas
internacionais que visam a garantia dos direitos fundamentais gerem efeitos em território
brasileiro. Para estes juristas, basta a ratificação para que o tratado tenha aplicabilidade direta
e imediata.
Apesar do entendimento doutrinário acima colacionado, temos que essa não é a posição do
STF!
O Supremo Tribunal Federal, por sua vez, continua entendendo que a emissão do Decreto
Presidencial é o último ato do processo de incorporação do tratado internacional.
Isso posto, temos que no bojo do julgamento da CR-AgR 8.279/AT, o STF não reconheceu
sentido formal).
1
Vide questão 2 e 6
5
O parágrafo segundo do artigo 5o da Constituição Federal permite o reconhecimento de
um bloco de constitucionalidade amplo, que abrange os direitos previstos nos tratados de
direitos humanos:
Mas veja: apenas aqueles tratados de Direitos Humanos aprovados pelo rito especial fazem
parte do bloco de constitucionalidade. Os demais terão caráter supralegal.
Isso quer dizer que todos os artigos que tratarem do princípio da supremacia da norma
constitucional, como é o caso das normas referentes ao controle difuso e concentrado de
2
Vide questão 04 e 09
6
• Atribuído aos órgãos internacionais
Controle de • O parâmetro de confronto é a norma
internacional
convencionalidade • O objeto é a norma interna (qualquer
autêntico uma)
Primeiramente devemos frisar que as sentenças dos Tribunais Internacionais não devem ser
confundidas com as sentenças dos tribunais estrangeiros: aquelas não estão vinculadas à
por exemplo, essa sentença ficará sujeita apenas aos procedimentos previstos no ordenamento
interno para a execução de provimentos jurisdicionais contra a Fazenda.
Lembre-se: A Corte IDH não possui meios coercitivos diretos para fazer com que o Estado
cumpra as suas decisões. Ela pode, no máximo, ocasionar um constrangimento político para o
Estado através da inclusão do seu nome na parte especial do relatório anual à Assembleia-
Geral da OEA.
espontâneo por parte do Estado e por se tratar de um título executivo judicial, este poderá ser
executado nos termos dos artigos 534 e 535 do Código de Processo Civil, sob o procedimento
de execução da obrigação de pagar quantia certa.
8
b) Diretriz 2: Fortalecimento dos Direitos Humanos como instrumento transversal das
políticas públicas e de interação democrática; e
c) Diretriz 3: Integração e ampliação dos sistemas de informações em Direitos Humanos
e construção de mecanismos de avaliação e monitoramento de sua efetivação;
II - Eixo Orientador II: Desenvolvimento e Direitos Humanos:
a) Diretriz 4: Efetivação de modelo de desenvolvimento sustentável, com inclusão social e
econômica, ambientalmente equilibrado e tecnologicamente responsável, cultural e
regionalmente diverso, participativo e não discriminatório;
b) Diretriz 5: Valorização da pessoa humana como sujeito central do processo de
desenvolvimento; e
c) Diretriz 6: Promover e proteger os direitos ambientais como Direitos Humanos,
incluindo as gerações futuras como sujeitos de direitos;
III - Eixo Orientador III: Universalizar direitos em um contexto de desigualdades:
a) Diretriz 7: Garantia dos Direitos Humanos de forma universal, indivisível e
interdependente, assegurando a cidadania plena;
b) Diretriz 8: Promoção dos direitos de crianças e adolescentes para o seu
desenvolvimento integral, de forma não discriminatória, assegurando seu direito de
opinião e participação;
c) Diretriz 9: Combate às desigualdades estruturais; e
d) Diretriz 10: Garantia da igualdade na diversidade;3
IV - Eixo Orientador IV: Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à Violência:
a) Diretriz 11: Democratização e modernização do sistema de segurança pública;
b) Diretriz 12: Transparência e participação popular no sistema de segurança pública e
justiça criminal;
c) Diretriz 13: Prevenção da violência e da criminalidade e profissionalização da
investigação de atos criminosos;
d) Diretriz 14: Combate à violência institucional, com ênfase na erradicação da tortura e
na redução da letalidade policial e carcerária;
e) Diretriz 15: Garantia dos direitos das vítimas de crimes e de proteção das pessoas
ameaçadas;
f) Diretriz 16: Modernização da política de execução penal, priorizando a aplicação de
penas e medidas alternativas à privação de liberdade e melhoria do sistema
penitenciário; e
g) Diretriz 17: Promoção de sistema de justiça mais acessível, ágil e efetivo, para o
conhecimento, a garantia e a defesa de direitos;
V - Eixo Orientador V: Educação e Cultura em Direitos Humanos:
a) Diretriz 18: Efetivação das diretrizes e dos princípios da política nacional de educação
em Direitos Humanos para fortalecer uma cultura de direitos;
b) Diretriz 19: Fortalecimento dos princípios da democracia e dos Direitos Humanos nos
sistemas de educação básica, nas instituições de ensino superior e nas instituições
formadoras;
3
Questão 5
9
c) Diretriz 20: Reconhecimento da educação não formal como espaço de defesa e
promoção dos Direitos Humanos;
d) Diretriz 21: Promoção da Educação em Direitos Humanos no serviço público; e
e) Diretriz 22: Garantia do direito à comunicação democrática e ao acesso à informação
para consolidação de uma cultura em Direitos Humanos; e
VI - Eixo Orientador VI: Direito à Memória e à Verdade:
a) Diretriz 23: Reconhecimento da memória e da verdade como Direito Humano da
cidadania e dever do Estado;
b) Diretriz 24: Preservação da memória histórica e construção pública da verdade; e
c) Diretriz 25: Modernização da legislação relacionada com promoção do direito à
memória e à verdade, fortalecendo a democracia.
Parágrafo único. A implementação do PNDH-3, além dos responsáveis nele indicados,
envolve parcerias com outros órgãos federais relacionados com os temas tratados nos
eixos orientadores e suas diretrizes.
Vale lembrar que antes do PNDH-3, tivemos seus antecessores PNDH-1 e PNDH-2.
PNDH-1
Criou o IDC.
PNDH-2
recomendações.
PNDH-3
10
Enquanto o PNDH-1 enfatizou os direitos civis e políticos, o PNH-2 incorporou os direitos
econômicos, sociais, culturais e ambientais.
Em síntese, podemos concluir que o PNDH-3, o mais recente deles, assumiu o interesse do
Brasil em criar um Conselho Nacional de Direitos Humanos, com o fito de ser credenciado
perante o Alto Comissariado das Nações Unidas para os direitos humanos como instituição
nacional brasileira.
Em 2014, foi editada a Lei 12.986 que transformou o Conselho de Defesa dos Direitos da
Pessoa Humana em Conselho Nacional dos Direitos Humanos (no âmbito do qual um dos
componentes é membro da DPU), um órgão administrativo que possui a finalidade de velar a
11
QUADRO SINÓTICO
12
Dispõe que o bloco de constitucionalidade é
o reconhecimento da existência de outros
dispositivos normativos com hierarquia
Bloco de constitucional, além da própria constituição
constitucionalidade em sentido formal.
Assim, temos que os Tratados de Direitos
Humanos fazem parte do bloco de
constitucionalidade.
matriz nacional.
Humanos no Brasil.
13
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
(XXIII EXAME DE ORDEM – FGV - 2017) Você advoga na Procuradoria Geral do Estado em
que reside. Em uma tarde, recebe um telefonema urgente do diretor da Penitenciária
Anhanguera, que deseja fazer uma consulta de viva voz. Diz o diretor que está com duas
pessoas identificadas como membros do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à
Tortura (MNPCT) e que elas estão requerendo acesso imediato às instalações da penitenciária,
onde pretendem gravar entrevistas com alguns presos. Também estão solicitando acesso aos
do Estado.
conferido aos presos, depende de autorização judiciária expedida pelo juiz da Vara de
Execução Penal da Comarca onde fica a Penitenciária.
C) o acesso dos membros do MNPCT às instalações da penitenciária deve ser liberado, mas a
gravação de entrevistas e o acesso aos registros relativos ao tratamento conferido aos presos
D) o acesso às instalações da penitenciária aos membros do MNPCT deve ser liberado, bem
como fornecidos os registros solicitados e permitida a gravação das entrevistas com os presos.
14
Comentário:
Lei 12.847/14
privadas de liberdade;
Questão 2
(XXI EXAME DE ORDEM – FGV - 2016) Maria é aluna do sexto período do curso de Direito.
Por convicção filosófica e política se afirma feminista e é reconhecida como militante de
oportunidade de fazer a vista de sua prova para um eventual pedido de revisão da correção, o
que é um direito previsto no regimento da instituição de ensino.
A) Maria foi privada de um direito por motivo de convicção filosófica ou política e, portanto,
B) Houve um debate livre e legítimo em sala de aula e a postura do professor pode ser
considerada "dura", mas não implicou nenhum tipo de violação de direito de Maria.
15
C) Embora tenha havido um debate acerca de uma questão que envolve convicção filosófica
ou política, não houve privação de direito já que a vista de prova e o eventual pedido de
uma vez que o que houve foi um mero desentendimento e não uma violação de direito por
convição filosófica ou política.
Comentário:
invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação
Questão 3
tem afirmado, em programa de rádio local, que não obstante José ser boa pessoa, o fato de
ser deficiente o impede de exercer o mandato de forma plena, razão pela qual ele nem
Com base na hipótese apresentada, assinale a opção que apresenta a resposta que,
A) O problema é político e não jurídico. José deve ser aconselhado a reforçar sua campanha, a
apresentar suas propostas aos eleitores e mostrar que sempre foi um cidadão ativo, de
16
maneira a demonstrar que tem plena condição para o exercício de um eventual mandato,
B) A análise jurídica revela um problema restrito ao campo do Direito Civil. O fato é que o
desafeto de José não o impediu de candidatar-se, assim não houve discriminação. O
procedimento deve ser caracterizado apenas como dano moral, uma vez que José teve sua
dignidade atacada.
Comentário:
Art. 88. Praticar, induzir ou incitar discriminação de pessoa em razão de sua deficiência:
do agente.
§ 2º se qualquer dos crimes previstos no caput deste artigo é cometido por intermédio de
17
Questão 4
C) a avaliação periódica, promovida por comissões especiais das Nações Unidas, do grau
de incorporação das convenções internacionais de direitos humanos no âmbito interno
formalmente constitucionais.
Comentário:
e em vigor no país. Assim, apenas a letra “B” está correta, excluindo-se as demais que não se
coadunam com o conceito de controle de convencionalidade.
18
Questão 5
A possibilidade de extensão aos estrangeiros que estejam no Brasil, mas que não residam no
país, dos direitos individuais previstos na CF deve-se ao princípio da primazia dos direitos
( ) Certo
( ) Errado.
Comentário:
A assertiva está Correta. Vejamos o caput do artigo 5o da Constituição Federal: “ Art. 5º Todos
são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes”
Vejamos que aqui, aparentemente, não há a extensão dos direitos humanos aos estrangeiros
não residentes no país.
Entretanto, essa lacuna foi solucionada em 2018, quando no bojo do Habeas Corpus n. 94016,
o Ministro Celso de Mello sustentou que o estrangeiro ainda que não possua domicílio no
Brasil deve ter acesso aos instrumentos processuais de tutela da sua liberdade, assim como
tem o direito e ter suas respeitadas as prerrogativas de ordem jurídica e as garantias de cunho
19
Questão 6
(FGV- 2010 – SEFAZ-RJ – Fiscal de Rendas) Em relação aos direitos e garantias fundamentais
III. as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
Assinale:
Comentário:
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
20
O item II está incorreto porque nem todos os tratados internacionais de direitos humanos são
incorporados após a EC/04 são equivalentes às emendas constitucionais, mas apenas aqueles
aprovados em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos
dos respectivos membros.
Como a questão pede a letra da Lei, está correta a assertiva III, que dispõe que as normas
definidoras de direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata (leitura do artigo 5 o
da Constituição Federal).
Questão 7
Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou
dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais ".
21
sua aprovação não observou o quorum qualificado atualmente previsto pelo art. 5º, § 3º, da
de suas disposições.
Comentário
Atualmente, os tratados internacionais de direitos humanos podem vigorar com três possíveis
status: de lei ordinária; com status supralegal (desde que sejam tratados de direitos humanos
que não sejam votados pelo rito de emendas constitucionais); e com status de emenda
constitucional, desde que votados pelo rito das emendas constitucionais, consoante previsto
na EC 45/04.
Nesse caso, a norma convencional que disponha acerca dos direitos humanos e que não foi
objeto de processo legislativo que a equiparasse a emenda constitucional, tem status
supralegal.
22
Questão 8
(IDECAN – 2016 – Advogado) Quanto aos direitos e garantias fundamentais, é correto afirmar
que
Comentário:
A letra “A” está incorreta, porque nos termos do artigo 5 o, parágrafo 4o, da Constituição
manifestado adesão.
A letra “B” está correta porque prevista no artigo 5o, parágrafo 1o da Constituição Federal:
A letra “C” também está incorreto, pois traz o contrário do previsto na Constituição Federal,
23
A letra “D” também está incorreta, pois os tratados e convenções de direitos humanos podem
equivaler às emendas constitucionais, caso aprovados consoante o quórum essas:
Questão 9
destacando-se:
C) No que diz respeito ao aspecto nacional apenas o Supremo Tribunal Federal tem
competência para exercê-lo e, por isso, é uma forma de se apresentar o controle
concentrado de constitucionalidade;
D) Na vertente internacional o parâmetro de controle é a norma internacional, porém, é
impossível exercer tal controle no que diz respeito às normas oriundas do poder
constituinte originário;
aplicação doutrinária.
Comentário:
tratados internacionais.
Assim, com a entrada do parágrafo 3o da Constituição Federal, que atribuiu aos Tratados
Aqui, além de verificar a compatibilidade entre a norma ordinária com a Constituição Federal,
o Poder Judiciário deverá verificar a compatibilidade entre a norma com os Tratados
Internacionais de Direitos Humanos para saber se ela terá validade.
Questão 10
apenas em relação à sua compatibilidade com a constituição, mas também com tratados e
convenções internacionais. Tendo como base a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal
B) somente seria possível nos casos em que um tratado ou convenção tenha sido
aprovado pelo Poder Legislativo seguindo o processo de aprovação de emendas
constitucionais;
C) pode ser realizado por meio de ação direta de inconstitucionalidade tendo como
parâmetro o Pacto de São José da Costa Rica;
D) não pode ser realizado no Brasil porque tratados internacionais têm mesma hierarquia
que leis ordinárias;
25
Comentário:
O item “A” está incorreto porque ele tem como base apenas os tratados de Direitos Humanos
incorporados nos moldes do artigo 5o, parágrafo 3o da Constituição Federal.
O item “B” está certo porque, de acordo com o entendimento do STF, se um Tratado de
Direitos Humanos for aprovado com o quórum especial de emenda constitucional, será
O item “C” está incorreto porque o referido Pacto não foi incorporado pelo quórum das
Emendas Constitucionais.
O item “D” está incorreto porque os tratados internacionais apenas terão hierarquia de leis
O item “E” está incorreto porque para o STF o controle de convencionalidade concentrado
26
GABARITO
Questão 1 - D
Questão 2 – A
Questão 3 - C
Questão 4 - B
Questão 5 - Certo
Questão 6 - B
Questão 7 - D
Questão 8 - B
Questão 9 - B
Questão 10 - B
27
QUESTÃO DESAFIO
28
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO
O STF na ADPF 347 definiu o sistema penitenciário nacional ser caraterizado como
“estado de coisas inconstitucional, isso pela insustentável e de permanente violação de
direitos humanos. Decorrente de falhas estruturais e falência de políticas públicas.”
Você deve ter abordado necessariamente os seguintes itens em sua resposta:
ADPF 347
29
Sistema penitenciário
direitos humanos que requer um conjunto de medidas do Poder Público. Foi na avaliação do
sistema penitenciário que isto de mostrou mais presente.
É nítido que nosso Estado nunca deu o sistema penitenciário a devida atenção, seja pela falta
de vagas nos regimes semiaberto e aberto, seja pela superlotação no regime fechado. Há no
Brasil o indevido uso da prisão cautelar como sinônimo de maior segurança e tranquilidade
30
LEGISLAÇÃO COMPILADA
31
JURISPRUDÊNCIA
MERCOSUL. Protocolo de Medidas Cautelares (Ouro Preto/MG). Ato de direito internacional público. Convenção
ainda não incorporada ao direito interno brasileiro. Procedimento constitucional de incorporação dos atos
internacionais que ainda não se concluiu. O Protocolo de Medidas Cautelares adotado pelo Conselho do
Mercado Comum (MERCOSUL),por ocasião de sua VII Reunião, realizada em Ouro Preto/MG, em dezembro de
1994, embora aprovado pelo Congresso Nacional (Decreto Legislativo nº 192/95), não se acha formalmente
incorporado ao sistema de direito positivo interno vigente no Brasil, pois, a despeito de já ratificado (instrumento
de ratificação depositado em 18/3/97), ainda não foi promulgado, mediante decreto, pelo Presidente da
República. Considerações doutrinárias e jurisprudenciais em torno da questão da executoriedade das convenções
ou tratados internacionais no âmbito do direito interno brasileiro. Precedentes: RTJ 58/70, Rel. Min. OSWALDO
TRIGUEIRO - ADI nº 1.480-DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO. Trata-se de carta rogatória expedida pela Justiça da
República da Argentina com a finalidade de viabilizar a efetivação, em território brasileiro, de atos de caráter
executório (fls. 6).A douta Procuradoria-Geral da República, ao opinar pela concessão do exequatur,
fundamentou-se na existência do Protocolo de Medidas Cautelares celebrado, no âmbito do MERCOSUL, pelos
Governos da Argentina, do Brasil, do Paraguai e do Uruguai. Em seu parecer, o Ministério Público Federal
enfatizou que "O objeto da carta encontra respaldo no Protocolo de Medidas Cautelares firmado entre Brasil,
Argentina, Paraguai e Uruguai, que prevê a possibilidade de cumprimento de medidas cautelares destinadas a
impedir a irreparabilidade de um dano em relação à pessoas, bens e obrigações de dar, e fazer e não fazer,
desde que atendidos os requisitos do art. 21 da mesma Convenção, o que ocorre no presente caso" (fls.
52/53).Não obstante as valiosas ponderações expendidas pela Procuradoria-Geral da República, entendo incabível
a concessão de exequatur na espécie destes autos, eis que as diligências rogadas pela Justiça argentina
revestem-se de nítido caráter executório. Essa particular característica da medida judicial ora solicitada na
presente carta rogatória basta, por si só, para inviabilizar a pretendida concessão de exequatur, no que concerne
à efetivação dos atos de índole executória. É que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, em tema de
cartas rogatórias passivas, tem, invariavelmente, repelido a possibilidade jurídica de concessão do exequatur para
efeito de realização, em território brasileiro, de diligências de natureza executória: "Sempre se entendeu que as
cartas rogatórias executórias são insuscetíveis de cumprimento no Brasil. É preciso notar, porém, que o caráter
executório de uma rogatória se há de aferir, não pela natureza da demanda que lhe dá origem, mas pela
finalidade que a anima, traduzida na realização, no Brasil, de atos de constrição judicial inerentes à execução
forçada."(RTJ 72/659-667, 664, Rel. Min. OSWALDO TRIGUEIRO - trecho do voto do Min. XAVIER DE
ALBUQUERQUE - grifei)"(...) constitui princípio fundamental do direito brasileiro sobre rogatórias o de que nestas
não se pode pleitear medida executória de sentença estrangeira que não haja sido homologada pela Justiça do
Brasil."(RTJ 93/517, 519, Rel. Min. ANTONIO NEDER - grifei)"A Carta Rogatória é a solicitação de autoridade
judiciária estrangeira para autoridade judiciária brasileira, ou vice-versa, tendo por objeto a realização de um ato
processual relativo a um pleito. A carta pode ter por escopo a citação, intimação, notificação, inquirição, exames,
32
etc...Na tradição do direito brasileiro, inspirada no princípio da cooperação judiciária internacional, sempre se
acolheu a Carta Rogatória com a finalidade de citação ou inquirição. Isto já vem do Aviso nº 1, de 1º de outubro
de 1847, contanto que fosse desprovida de caráter executivo (...)........................................................(...) Ora, a
jurisprudência desta Corte é pacífica em conceder exequatur à Carta Rogatória de intimação, porque ela não
requer a prática de qualquer ato de execução."(RTJ 103/536, 541, Rel. p/ o acórdão Min. ALFREDO BUZAID -
grifei) Essa orientação jurisprudencial - reiterada em outros julgamentos do Supremo Tribunal Federal (CR 5.715 -
CR 6.958)- encontra apoio em autorizado magistério doutrinário, que, na análise do tema, e na perspectiva do
sistema jurídico brasileiro, adverte que as cartas rogatórias passivas não podem revestir-se de eficácia executória
(HERMES MARCELO HUCK, “Sentença Estrangeira e Lex Mercatoria", p.35/39, item n. 6, 1994, Saraiva; WILSON DE
SOUZA CAMPOS BATALHA, “Tratado de Direito Internacional Privado", vol. II/408-409, 2ª ed.,1977, RT; AMILCAR
DE CASTRO, "Direito Internacional Privado", p.585-586, item n. 334, 4ª ed., 1987, Forense; AGUSTINHO
FERNANDES DIAS DA SILVA, "Direito Processual Internacional", p. 170, item n. 179,1971, Rio de Janeiro;
HAROLDO VALLADÃO, "Direito Internacional Privado", vol. III/176, 1978, Freitas Bastos; OSCAR TENÓRIO, "Direito
Internacional Privado", vol II/370, item n. 1.216, 11ª ed., 1976,Freitas Bastos; MARIA HELENA DINIZ, "Lei de
Introdução ao Código Civil Brasileiro Interpretada", p. 304, item n. 6, 1994, Saraiva, v.g.).Vê-se, portanto, que
constitui característica fundamental do sistema normativo brasileiro a pré-exclusão de qualquer atividade de
índole executória em tema de cartas rogatórias passivas (vale dizer, aquelas expedidas por Tribunais estrangeiros
e dirigidas ao Supremo Tribunal Federal), pois, em tal hipótese, impor-se-á a necessária e prévia homologação da
respectiva decisão estrangeira, a efetivar-se em procedimento específico a ser instaurado, no âmbito desta Corte,
nos termos do CPC (arts. 483 e 484) e do RISTF (arts. 215 a 224).Em regra, as cartas rogatórias encaminhadas à
Justiça brasileira somente devem ter por objeto a prática de simples ato de informação ou de comunicação
processual, ausente, desse procedimento, qualquer conotação de índole executória, cabendo relembrar, por
necessário, a plena admissibilidade, em tema de rogatórias passivas, da realização, no Brasil, de medidas
cientificatórias em geral (intimação, notificação ou citação), consoante expressamente autorizado pelo magistério
jurisprudencial prevalecente no âmbito desta Suprema Corte (RTJ 52/299- RTJ 87/402 - RTJ 95/38 - RTJ 95/518 -
RTJ 98/47 - RTJ 103/536 - RTJ 110/55).Não constitui demasia enfatizar que a jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal orienta-se no sentido de considerar insuscetíveis de cumprimento, no Brasil, as cartas rogatórias passivas
revestidas de caráter executório, ressalvadas, unicamente, aquelas expedidas com fundamento em atos ou
convenções internacionais de cooperação interjurisdicional (CR 7.899, Rel. Min. CELSO DE MELLO - CR 7.618
(AgRg), Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE - CR 7.914, Rel. Min CELSO DE MELLO - CR 8.168, Rel. Min. CELSO DE
MELLO, v.g.).No caso ora em análise, observo, como precedentemente já enfatizado, que as diligências solicitadas
pela Justiça rogante revestem-se de caráter executório. Sendo insuscetível de cumprimento, em nosso País,
mediante simples procedimento rogatório, a diligência em questão, revela-se inviável, no caso, a concessão do
pretendido exequatur. Nem se alegue, para justificar a pretendida concessão de exequatur, que as diligências
rogadas - embora de caráter executório -encontrariam fundamento em convenção internacional consubstanciada
no Protocolo de Medidas Cautelares aprovado pelo Conselho do Mercado Comum (MERCOSUL), por ocasião de
sua VII Reunião, realizada em Ouro Preto/MG, nos dias 16 e 17 de dezembro de 1994.É que esse ato de direito
internacional público, muito embora aprovado pelo Congresso Nacional (Decreto Legislativo nº 192/95), não se
acha formalmente incorporado ao sistema de direito positivo interno vigente no Brasil, pois, a despeito de já
ratificado (instrumento de ratificação depositado em 18/3/97), ainda não foi promulgado, mediante decreto, pelo
Presidente da República. Na realidade, o Protocolo de Medidas Cautelares (MERCOSUL) - que se qualifica como
típica Convenção Internacional - não se incorporou definitivamente à ordem jurídica doméstica do Estado
brasileiro, eis que ainda não se concluiu o procedimento constitucional de sua recepção pelo sistema normativo
33
brasileiro. A questão da executoriedade dos tratados internacionais no âmbito do direito interno - analisado esse
tema na perspectiva do sistema constitucional brasileiro, tal como resultou debatido no julgamento da ADI nº
1.480-DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO - supõe a prévia incorporação desses atos de direito internacional público
ao plano da ordem normativa doméstica. Não obstante a controvérsia doutrinária em torno do monismo e do
dualismo tenha sido qualificada por CHARLES ROUSSEAU ("Droit International Public Approfondi", p. 3/16, 1958,
Dalloz, Paris), no plano do direito internacional público, como mera "discussion d'école",torna-se necessário
reconhecer que o mecanismo de recepção, tal como disciplinado pela Carta Política brasileira, constitui a mais
eloqüente atestação de que a norma internacional não dispõe, por autoridade própria, de exeqüibilidade e de
operatividade imediatas no âmbito interno, pois, para tornar-se eficaz e aplicável na esfera doméstica do Estado
brasileiro, depende, essencialmente, de um processo de integração normativa que se acha delineado, em seus
aspectos básicos, na própria Constituição da República.(...)
(STF - CR: 8279 AT, Relator: Min. PRESIDENTE, Data de Julgamento: 04/05/1998, Data de Publicação: DJ
DATA-14-05-98 P-00034)
34
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35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MALHEIRO, Emerson. Curso de Direitos Humanos – 3. Ed. Revista, atualizada e ampliada. São
36