O Brassil e A Musica Do Maestro Duda para Quinteto de Metais

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UNIVERSIDADE DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE LETRAS E ARTES


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA
MESTRADO

O GRUPO BRASSIL E A MÚSICA DO


MAESTRO DUDA PARA QUINTETO
DE METAIS – UMA ABORDAGEM INTERPRETATIVA

ANTONIO MARCOS SOUZA CARDOSO

Rio de Janeiro, Abril de 2002


ii

UNIVERSIDADE DO RIO DE JANEIRO


CENTRO DE LETRAS E ARTES
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA
MESTRADO

O GRUPO BRASSIL E A MÚSICA DO


MAESTRO DUDA PARA QUINTETO
DE METAIS – UMA ABORDAGEM INTERPRETATIVA

por

ANTONIO MARCOS SOUZA CARDOSO

Dissertação submetida ao Programa de


Mestrado em Música do Centro de Letras e
Artes da UNI-RIO, como requisito parcial para
obtenção do grau de Mestre em Música, área de
concentração Práticas Interpretativas, sob a
orientação do Prof. Dr. Nailson de Almeida
Simões.

Rio de Janeiro, Abril de 2002

ii
iii

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – UNIRIO


Centro de Letras e Artes – CLA
Programa de Pós-Graduação em Música – PPGM
Mestrado e Doutorado

 
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO

“O BRASSIL E A MÚSICA DO MAESTRO DUDA PARA QUINTETO DE


METAIS – UMA ABORDAGEM INTERPRETATIVA”.

por

ANTONIO MARCOS SOUZA CARDOSO

BANCA EXAMINADORA
 
 
 
________________________________________________
Professor Doutor Nailson de Almeida Simões (Orientador)

________________________________________________
Professor Doutor Ricardo Tacuchian

________________________________________________
Professor Doutor Radegundis Feitosa Nunes

Conceito: APROVADO

MARÇO DE 2009

Av. Pasteur, 436 – Urca – RJ Cep: 22290-240


Tel: (0xx21) 2542-2554
http://www.unirio.br [email protected]

iii
iv

...a afinação precisa, a extrema competência


das articulações, o forte-piano do som
sempre à serviço da clareza musical.
O Brasil com muitas caras, vários
jeitos de ser brasileiro e universal.
Viva o Brassil!
Roberto Sion
Arranjador – saxofonista - 1993

iv
v

Aos meus pais:


Seo Mazinho e D. Lili.

v
vi

AGRADECIMENTOS

A Deus, o meu obrigado de todos os dias, por permitir que até aqui chegasse em

segurança, paz e saúde;

Aos meus pais pelo apoio constante;

A Jaqueline, minha esposa, pelo seu apoio e suporte indispensáveis;

A minha filha Fefê pela divisão coerente do computador;

Ao Maestro DUDA pela simpatia e disposição;

Aos integrantes do Art Metal Quinteto: Davi, Antonio, Marcão e Eliezer sempre

disponíveis para tocar;

A Paula Galama, pelo incentivo e preciosa ajuda no começo e durante o curso;

Aos Maestros Helder e Modesto;

Aos diretores da EMES, Nelsinho e Natércia;

Ao Maestro Célio, por ter insistido para que eu fosse um trompetista;

Aos Mestres: Jaú, Dean, Gilberto Siqueira e Capitão;

Aos amigos Jonhson, Toninho e Bené;

Ao BRASSILEIROS, em todos os tempos, pela disponibilidade e boa vontade em todos

os momentos: Jacques, Natal, Anor, Radegundis, Valmir, Sandoval, Glauco,

Marquinhos e Gláucio;

Aos Mestres Tacuchian, Ingrid, Martha, Salomea, Kazadi, José Nunes e Luiz Paulo.

Aos “trompeteiros” com quem tanto aprendi: Paulinho, Flávio e Maico;

A Nailson, um grande trompetista e uma pessoa iluminada que acima de tudo me

proporcionou uma orientação de vida. Essa temporada juntos aumentou minha

admiração e respeito pelo ser humano e pela importância do seu trabalho.

vi
vii

RESUMO

O Grupo BRASSIL, também conhecido como Quinteto de metais da Paraíba, tem sua
concepção musical analisada interpretativamente através da obra do Maestro DUDA
para quinteto de metais. As obras escolhidas encontram-se gravadas nos três Cd’s do
grupo. Um levantamento histórico traz os principais momentos da trajetória do grupo
além de identificar integrantes do grupo em todas as épocas e suas influências na
concepção interpretativa do grupo. A metodologia utilizada é estabelecida para nortear
teoricamente a pesquisa. A edição e revisão interpretativa das comparou manuscritos do
compositor com a gravação das músicas editando as mesmas conforme a execução do
grupo. Os Padrões Musicais descreve os elementos musicais encontrados na revisão
interpretativa buscando um padrão que represente o pensamento musical do grupo.

vii
viii

ABSTRACT

The Group BRASSIL, also known as "the Paraíba Brass Quintet," has its musical
conception analized interpretively through the Maestro DUDA’s works to brass quintet.
The chosen works are recorded in the three CDs of the group. Historical search brings
tehe main moments of the trajectory of the group besides to identify the group’s
members in all epochs and its influence in the interpretative concepts of the group. The
utilized methodology is established to guide the research theoretically. The editing and
interpretative revision of their execution comparde manuscript of the composers with
the recorded musics, editing than according to the group performance. The musical
standards describes the musical elements found in the interpretative revision to get a
pattern that represents the musical thougth of the group.

viii
ix

Sumário 

INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1 
CAPÍTULO 1 - CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS ...................................................... 4 
CAPÍTULO 2 - METODOLOGIA ................................................................................ 17 
2.1 Introdução ............................................................................................................. 17 
2.2 – Pressupostos conceituais ................................................................................... 17 
2.3 – Referencial Teórico ........................................................................................... 18 
2.4. Definição dos Termos.......................................................................................... 23 
2.4.1. Indicação Metronômica ................................................................................ 23 
2.4.2. Acentos ......................................................................................................... 26 
2.4.3 Ligaduras ....................................................................................................... 28 
2.4.4 Dinâmicas ...................................................................................................... 29 
2.4.5. Expressões .................................................................................................... 29 
2.4.6 Forma ou estrutura ......................................................................................... 30 
2.4.7 Editor ............................................................................................................. 30 
2.5 Definição do Objeto.............................................................................................. 30 
2.5.1 A Discografia................................................................................................. 30 
2.5.2. As obras revisadas ........................................................................................ 32 
CAPÍTULO III - EDIÇÃO E REVISÃO INTERPRETATIVA DAS OBRAS ............. 34 
3.1 - Suíte BRASSIL .................................................................................................. 34 
3.1.1 - Zinzinho nos States ..................................................................................... 34 
3.1.2. Gizelle........................................................................................................... 36 
3.1.3. Movimento ................................................................................................... 39 
3.1.4. Gilmacy ........................................................................................................ 42 
3.1.5. Lucinha no frevo........................................................................................... 45 
3.2. Suíte Recife.......................................................................................................... 47 
3.2.1. Aspectos Gerais ............................................................................................ 48 
3.2.2. Andrea .......................................................................................................... 49 
3.2.3. Mida .............................................................................................................. 53 
3.2.4. Dorinha ......................................................................................................... 55 
3.2.5. Nadja............................................................................................................. 58 
3.2.6. Meyse ........................................................................................................... 60 
3.3. Concertino para trompete .................................................................................... 63 
3.3.1. Considerações Gerais ................................................................................... 63 
3.3.2. Primeiro Movimento .................................................................................... 63 
3.3.3. Segundo Movimento .................................................................................... 69 

ix
x

3.3.4. Terceiro Movimento ..................................................................................... 73 


3.4. Música para Metais nº 1 ...................................................................................... 75 
3.5. Marquinhos no frevo ........................................................................................... 80 
3.6. Coletânea 93 ........................................................................................................ 83 
3.6.1 Os Monges de St. Thomas ............................................................................. 83 
3.6.2. Saudade......................................................................................................... 87 
3.6.3. Thaís ............................................................................................................. 89 
3.6.4. Phillippe no frevo ......................................................................................... 91 
3.7. Serenata no Capibaribe ........................................................................................ 93 
3.8. Nairam ................................................................................................................. 97 
3.9. Tema para um trompetista ................................................................................... 99 
3.10. Suíte Monette................................................................................................... 101 
3.10.1. Considerações Gerais ............................................................................... 101 
3.10.2. Ciranda ..................................................................................................... 101 
3.10.3. Balada ....................................................................................................... 104 
3.10.4. Valsa ......................................................................................................... 108 
3.10.5 Boi-Bumbá ................................................................................................ 112 
3.11. Fantasia para Trompete e Trombone (Toada) ................................................. 116 
3.12.Temas Nordestinos ........................................................................................... 122 
3.12.1. Bruno ........................................................................................................ 122 
3.12.2. Melissa ...................................................................................................... 124 
3.12.3. Rafael ........................................................................................................ 125 
3.12.4. Marilian .................................................................................................... 127 
3.12.5. Júnior ........................................................................................................ 130 
CAPÍTULO IV - PADRÕES MUSICAIS ................................................................... 133 
4.1 Definição ............................................................................................................ 133 
4.2. Planos sonoros ................................................................................................... 134 
4.3. Equilíbrio ........................................................................................................... 138 
4.4. Movimento ........................................................................................................ 140 
4.5 Considerações Finais .......................................................................................... 142 
CONCLUSÃO .............................................................................................................. 143 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 146 
ANEXOS ...................................................................................................................... 148 
ANEXO 1 - Maestro DUDA: Vida e obra ............................................................... 149 
ANEXO 2 - ENTREVISTA COM O Maestro DUDA ............................................ 151 

x
1

INTRODUÇÃO

O quinteto de metais – formado por dois trompetes, trompa, trombone e

tuba - é uma formação tradicional oriunda das formações de câmera da orquestra

sinfônica. Estudantes ou profissionais tem no quinteto de metal uma opção para a

prática da música de câmara.

Esta pesquisa descreve a sonoridade do Grupo BRASSIL a partir das

obras compostas pelo Maestro DUDA1 para quinteto de metais gravadas nos três Cds do

grupo: BRASSIL toca Brasil, BRASSIL plays Brazil e Brassileiro. Estes dois últimos

gravados pelo selo Nimbus Records, da Inglaterra, e seu objetivo maior é contextualizar

a concepção musical do grupo.

Os discos possuem obras de vários compositores e arranjadores, assim

como vários gêneros da música brasileira. Optamos por delimitar a pesquisa nas obras

compostas pelo Maestro DUDA. A opção justifica-se por ser o Maestro DUDA o

compositor com mais obras dedicadas ao Grupo BRASSIL, daqui por diante

denominado BRASSIL.

De posse dos manuscritos originais das músicas analisadas, comparamos

as partituras – carentes de informações interpretativas essenciais como: dinâmicas e

articulações – com as gravações das mesmas nos Cds e editamos as partituras conforme

a concepção interpretativa do BRASSIL.

Além dos aspectos teóricos da pesquisa, procuramos tornar o trabalho

uma prática. Apresentações com o Art Metal Quinteto do Rio de Janeiro foram

realizadas durante o V e VI Colóquio do Programa de Pós-graduação da UNIRIO -

neste último contando com a participação do Prof. Charles Schlueter. Realizamos

1
José Ursicino da Silva. Regente, compositor, arranjador e instrumentista. (Ver Anexo 1).
2

também diversas apresentações com o grupo Metal Capixaba, em Vitória – ES, onde

utilizamos as partituras revisadas.

No capítulo I, realizamos entrevistas buscando através de seus

integrantes e ex-integrantes, pessoas que influenciaram a trajetória do grupo. Não sendo

esta uma pesquisa sobre a história do BRASSIL, neste capítulo procuramos nos ater aos

fatos que, em nossa opinião, se relacionam com a formação de uma concepção musical.

Assim, consideramos este capítulo como a história da concepção musical do BRASSIL.

O resgate de antigas gravações materializa as diferentes fases do grupo.

No Capítulo II, descrevemos as ferramentas teóricas que nortearam a

pesquisa. Procuramos justificar os termos e procedimentos utilizados. Os referenciais

teóricos e os pressupostos conceituais são resultados de uma revisão bibliográfica

voltada aos objetivos desta pesquisa. A definição de termos é o glossário musical da

Edição e Revisão Interpretativa das Obras.

No Capítulo III, nos detivemos nos aspectos musicais das obras

analisadas. Comentamos e grafamos as partituras com sinais musicais como acentos,

crescendos e decrescendos, respirações, ligaduras e outros, com intuito de fornecer ao

leitor o aspecto interpretativo da obra do Maestro DUDA na concepção do BRASSIL.

Esquemas formais mapeiam as macro-formas das peças.

O Capítulo IV levanta e discute os elementos comuns a todas as peças

revisadas. Estes elementos podem ser considerados como uma visão geral da concepção

interpretativa. Chegamos assim aos Planos Sonoros, Equilíbrio e Movimento, que

devido a sua constância tornaram-se padrões que traduzem uma parte do pensamento

musical do BRASSIL. Este capítulo pode ser utilizado por instrumentistas, maestros,

professores, estudantes e leigos, para fomentar a discussão sobre interpretação musical e

sobre a música brasileira.


3

Finalmente, como anexos, incluímos a entrevista do Maestro DUDA e

sua biografia fechando o elo entre compositor, obra e intérprete.


4

CAPÍTULO 1 - CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS

Um retrospecto histórico do BRASSIL faz-se necessário não somente

pelo levantamento de pessoas que já passaram pelo grupo colaborando para o êxito do

projeto, mas também pelo entendimento dos fatos que marcaram a trajetória do grupo.

Fundamental é entender este capítulo como um meio de identificar os momentos onde

as transformações musicais ocorreram.

A concepção interpretativa do BRASSIL hoje, não é o resultado de uma

maneira brasileira de tocar, mas uma mistura de influências, desde os instrumentos

utilizados até a concepção sonora decorrente de uma escola musical. Tudo isto foi

aplicado à música e à musicalidade brasileira.

Hoje, o Grupo BRASSIL está sediado na Universidade Federal da

Paraíba, no Departamento de Música, mas seu início foi em 1978 quando a Fundação

Palácio das Artes, de Belo Horizonte, promoveu um concurso para ampliação de sua

orquestra sinfônica. Testes de seleção foram realizados em vários países, sempre nas

embaixadas do Brasil. Desse modo, diversos músicos estrangeiros se apresentaram e,

dentre eles, quatro se dispuseram a formar um quinteto de metais: os franceses, Gerard

Hostein - trompete e Jacques Guestem - trombone e os americanos Edmund House,

trompa e Douglas van Camp, tuba. Para completar a formação juntou-se ao grupo o

trompetista José Geraldo, na época integrante da Orquestra Sinfônica do Palácio das

Artes. Estava formado o Quinteto Minas (Figura 1).


5

F
Figura 1·

Arquivo Jacques Guestem


m

O grupo logo se estabbeleceu no cenário musical


m de Belo Horizzonte,

realizzando várioos concertoos já no prrimeiro mêss de sua fuundação. A


Apresentaçõees no

“Projjeto Dominngo no Parqque” e no Paalácio das Artes


A passarram a ser uuma constan
nte no

dia a dia do quinnteto.

E 1980, com
Em c patrocínio da Alliança Francesa uma ggrande turn
nê do

Quinnteto Minas estava senddo preparadda; porém, um


u convite da Universidade Federral da

Paraííba marca definitivame


d ente uma nova fase no
o grupo. Soobre o aconttecimento, relata
r

Jacquues Guesteem em suaa entrevistaa: “Eles precisavam


p de dois pprofessores: um

profeessor de troompete e um d trombone2.”


m professor de

O integranttes do gruppo transferirram-se paraa João Pessooa, com excceção


Os

do trrompetista José
J Geralddo e do tubista Douglass van Campp, que optarram por ficaar em

Belo Horizonte. Para o seuu lugar de Joosé Geraldo


o foi convidado Nailsonn Simões e sobre

o asssunto Jacquees Guestem


m comenta:

Nós cheggamos lá, faltava


fa um trompete [...]
[ e por sugestão ddo chefe do o
departameento de múúsica da éppoca, Ana Lúcia
L Garccia sugeriu o nome ded
Nailson diizendo: Tem
m um jovemm que toca numa
n orqueestra em Sãoo Paulo que
gostaria de c e nós acceitamos.[...]] sem conhecer ele3.
d vir para cá,

2
Entrrevista realizadda em sua resiidência em 166/11/2000 no Rio
R de Janeiroo.
3
Entrrevista realizadda em sua resiidência em 166/11/2000 no Rio
R de Janeiroo.
6

Com a mudança para João Pessoa o nome do quinteto deveria ser

repensado para criar sua própria identidade e Jacques Guestem explica: “a mulher do

Edmund4 que um dia chegou e disse: O que vocês acham desse nome? BRASS’IL”:

Metais do Brasil. A palavra brass, em inglês, designa os instrumentos do naipe de

metais, ou seja, fabricados em metal (trompetes, trombones, trompas e tubas) e o sufixo

‘IL, retirado da última sílaba de Brasil.

Em junho de 1980 começava a Tournée América do Sul: que passaria por

18 estados brasileiros e a cidade de Montevidéu, Uruguai, com apresentações em:

Recife, Salvador, Aracaju, Maceió, Manaus, Belém, São Luiz, Belo Horizonte, Brasília,

Goiânia, São Paulo, Rio de Janeiro, Montevidéu, Curitiba, Florianópolis, São José dos

Campos e Niterói.

Durante a turnê, foram dois os programas apresentados que se

alternavam entre uma cidade e outra, neles, a música brasileira foi inserida

discretamente. Lourival Silvestre escreveu “Boucle d’Or”, Oilian Lanna, professor e

compositor radicado em Belo Horizonte, escreveu “Gavota” e José Ursicino da Silva, o

Maestro DUDA escreveu, sob encomenda, um arranjo da música de Ary Barroso:

Aquarela do Brasil que foi repetida em ambos os programas: “Era a música mais

aplaudida, era a música que identificava mais o quinteto5” relata Nailson Simões.

Os compositores despertaram assim para esta nova formação, até então

pouco difundida no Brasil, e uma grande quantidade de arranjos e composições

surgiram, quase que na mesma época, incentivados pelo Quinteto BRASS’IL.

A turnê contou com a participação de dois tubistas: Douglas van Camp e

Alain Caze. Douglas van Camp realizou os primeiros concertos, pois o novo tubista, o

canadense Alain Caze, ainda não havia chegado. Este permaneceria até o final da

4
Influenciada pelo Prof. Nailson Simões que combinava sílabas de seu nome e nome de sua esposa para
formar o nome de seus filhos.
5
Entrevista realizada em sua residência em 15/11/2000 no Rio de Janeiro.
7

viageem (Figuraa 2). Segunndo Nailsonn Simões6: “O Alain Caze não durou nem
m um

semeestre” e coom sua saídda, Valmir Vieira foi convidado para ocuppar a posiçãão de

tubissta. Na épocca tocava em


m São Bernaardo do Cam
mpo - São Paulo.
P mir Vieira7 relata:
Valm

Eu chegueei lá em 81. Quando elles me convvidaram eu já j sabia que seria para a


integrar o quinteto. No
N dia em que
q chegueii, Nailson me
m entregouu duas peça as
brasileirass para fazeer um teste,, eu chegueei de manhaa e a tardee fui fazer o
teste.

F
Figura 28

Arquivoo Nailson Simõess

O ano de 82
8 marcou algumas mudanças.
m Edmund H
House e Jaccques

Guesstem foram
m embora. As
A tentativaas de substiituição da trompa
t não deram cerrto. O

profeessor da unniversidade Carlos Morreira (Figurra 3) e Croomácio Leãoo permanecceram

por pouco
p tempoo junto ao grupo.
g Jacquues Guestem
m relata:

Eu acho que
q em dezeembro de 822 foi meu último conceerto [...] e o quinteto já á
tinha um convite
c parra ir p’ro feestival de Dijon em julhho de 83. A
Acontece que
o quintetoo foi com dois trombbones porque não tinha trompa [...] foram m
Radegunddis e Sandovval.9 (Figuraa 4)

6
Entrrevista realizadda em 15 de novembro
n de 2000
2 em sua residência.
r
7
Entrrevista realizadda em 02 de abril
a de 2001 na
n cidade de São
S Mateus – ES.
8
A paartir da esquerrda: Jacques Guestem,
G Geraard Hostein, Nailson
N Simõees, Edmund Hoouse e Alain Caze.
C
9
Entrrevista realizadda em 16 de novembro
n de 2000
2 em sua residência.
r
8

F
Figura 3

Arquivo Jaccques Guestem

A falta de trompistas feez com que a viagem à França fosse realizadaa com

dois tromboness. Um dos trombonistas, Sandov


val de Oliveira, em seu depoim
mento

relem
mbra:

Uma coisaa que me marcou


m foi à viagem do
o quinteto para
p a Frannça em 83,
na época a formaçãão eram dois
d trombo
ones... Eu fazia o trrombone e
Radegundiis fazia a parte da trompa. NaN época não tinha trompista
10
disponívell.

10
Enttrevista realizaada em 07 de abril de 2001 na cidade de São Mateus – ES.
9

F
Figura 411

Arqquivo Nailson Sim


mões

A viagem à França, em
e julho de 1983, foi muito im
mportante para o

quintteto, com appresentaçõees em Dijonn e Paris. O quinteto foi


fo convidaddo para min
nistrar

mastter-classes sobre
s músicca brasileiraa. Na volta, Gerard nãoo mais integrrava o quin
nteto e

agoraa o BRAS
SS’IL seriaa formado por brasiileiros, asssumindo suua identidaade e

desennvolvendo um trabalhho voltado à pesquisa da música brasileira ppara metaiss. Foi

nestaa viagem, devido


d à boaa receptividdade do púb
blico e da crítica
c e ao vasto reperrtório,

que a idéia de um
m disco surrgiu. Radeguundis Feitossa relata:

Foi uma viagem


v insppiradora... só tocamoss música brasileira e foi aí que
sentimos e reforçam mos a tesee que tínha amos levanntado de investir na
construçãoo de um repertóriio de música brasiileira, especialmente
focalizanddo a parte folclórica,
f sem deixarr de lado a parte acaadêmica. O
jornal de Dijon fezz uma crítiica excepciional ao concerto
c doo Quinteto
BRASS’IL L. Eles falarram do som m redondo, masm focalizzaram a carracterística
da músicaa. Já na Fraança começçamos a pen nsar na primmeira gravaação [...] e
com a saídda do Gerarrd, ficou maais forte idééia de músicca brasileiraa.12

É muito impportante connsiderar a fase


f Quintetto Minas coomo um em
mbrião

do Quinteto
Q BRASS’IL. Um movim
mento deno
ominado Grupo
G de M
Metais Norrdeste

tambbém foi funddamental neessa trajetória. Paralelo


o ao BRAS
SS’IL, formaado somentte por
11
Fotto para divulgaação na Françça. A partir da esquerda: Geerard Hostein, Nailson Simõões, Sandoval de
Oliveira, Valmir Vieira e Radeguundis Feitosa.
12
Enttrevista realizaada em 06 de abril de 2001 na cidade de São Mateus – ES.
10

professores, o Grupo de Metais Nordeste reuniu alunos e professores da Universidade

Federal da Paraíba com o intuito de praticar música de câmara. Conforme Nailson

Simões, em seu depoimento: “O Grupo de Metais Nordeste, fundado pelos alunos e

professores do departamento de música [...] foi fundado porque queríamos fazer

música de câmara brasileira”. Sobre o assunto, Radegundis Feitosa também relata:

Nailson queria muito fazer algo com música brasileira, ele não tinha curso
superior ainda e viu a oportunidade de cursar a universidade também. Ele
entrou na universidade na mesma turma que nós entramos, eu, Sandoval,
Gláucio [...] Como o negócio de música brasileira era tratado muito
lentamente no BRASS’IL. Criamos o Grupo de Metais Nordeste para
fazermos música de câmara13.

O Grupo de Metais Nordeste não era um quinteto, pois possuía uma

quantidade variável de componentes. O grupo enfrentou muito preconceito no meio

onde nasceu como podemos notar no depoimento do trombonista do Grupo de Metais

Nordeste e integrante do atual BRASSIL, Radegundis Feitosa:

Nailson, que era o mais velho, sempre teve essa idéia, mas ele nunca tinha
encontrado as pessoas que topassem investir na idéia com ele e outras
pessoas que tivessem força de referência que endossassem. E um professor
nosso, o Gerardo Parente, pianista, foi quem mais envenenou...
Incentivando e conscientizando da importância de fazer um trabalho com
música brasileira. No começo as pessoas diziam que música brasileira era
algo que não existia, era uma bobagem. Ouvir isto há vinte anos atrás era
uma coisa forte!13

Após a saída de Gerard, não fazia mais sentido a existência de dois

grupos com mesmos integrantes, repertório e objetivos. O Grupo de Metais Nordeste

deixou de existir e o Quinteto BRASS’IL foi o destino mais apropriado para

continuação do trabalho.

A fusão pode ser comprovada pelo programa do Grupo de Metais

Nordeste em 14 de setembro de 1983 (Figura 5). Na presente data os músicos

mencionados são exatamente os mesmos que estiveram na França, com exceção do

13
Entrevista realizada em 06/04/01 na cidade de São Mateus – ES.
11

trom
mpetista Marrcos Carneiiro, que durrante algum
m tempo ocuupou a posição de seg
gundo

trom
mpete no Gruupo de Metaais Nordestee e no Quin
nteto BRASS
S’IL.

F
Figura 514

Arquivo N
Nailson Simões

A Figura 6 mostra
m o Quuinteto BRA
ASS’IL em sua primeirra formação
o com

integgrantes brassileiros. A diferença em relação


o ao Grupoo de Metaiis Nordestee é a

preseença do trom
mpista Cisnneiro Andraade ocupand
do o lugar do
d trombonnista Sandov
val de

Oliveeira.

F
Figura 615

Arquivo N
Nailson Simões

E 1984 Naailson Simõões e Radeg


Em gundis Feitoosa ausentarram-se do Brasil
B

para realizar seus cursoss de Mestrrado e Dou


utorado. O grupo peermaneceu ativo

14
Proograma de apreesentação reallizada no Teattro do Parque (Recife-PE).
15
Quinteto BRASS SIL com prim meira logomarrca. A partir dad esquerda: Cisneiro
C Andrrade, Valmir Vieira,
V
Marcoos Carneiro(M
Marquinhos), Radegundis
R Feeitosa e Nailso
on Simões.
12

ensaiiando regullarmente e atendendo


a a todos os compromiss
c sos. Sobre oos ocupantees das

respeectivas vagaas Nailson Simões dizz: “O Sando


oval voltouu e Gláucio,, que já tam
mbém

tinhaa participaddo... às veezes Marquuinhos”16. E sobre seuu período de afastam


mento,

Radeegundis Feittosa diz:

O quintetto tem umaa coisa muuito interesssante, ele nunca deppendeu de


ninguém para
p funcioonar. Isso é o mais fascinante!
f Ele começçou com a
gente, enttramos no meio, muddamos váriias vezes de d segundo trompete,
mudamos de tuba um mas duas ouo três vezees até Valmmir. A muddança mais
recente tem áucio.17 (Figgura 7)
m dois anoss com a entrrada do Glá

F
Figura 718

Arquivo Naailson Simões

C
Com o retoorno definittivo em 91
1 desses doois integranntes, o quiinteto

comeeçou então o trabalho para gravaçção do prim


meiro disco,, gravado em
m João Pesssoa e

contaando com a presença do


d trompetissta Anor Luciano, que havia
h chegaado ao Recife em

19888 e durante o doutoradoo de Nailsoon Simões ocupou


o a poosição de prrimeiro trom
mpete

(Figuura 8). Sobrre esse mom


mento ainda relata Nailsson Simões:

Na realiidade, com a ida do Anor A 19, já com


c todo appoio, já coontando com
m
toda a liiderança daa parte artísstica do quinteto, eu me senti muitto à vontad
de
para lideerar e fazer o primeirro disco aco ontecer [...]] Cheguei dos Estadoos

16
Enttrevista realizaada em 15/11//2001 em sua residência.
17
Enttrevista realizaada em 06/04//2001 na cidadde de São Matteus – ES.
18
Da esquerda paraa a direita: Glláucio Fonsecca, Sandoval ded Oliveira, Valmir
V Vieira, Radegundis Feitosa
F
e Naillson Simões.
19
Seggundo Anor Luciano
L em sua
s entrevista:: “Então eu resolvi,
r depoiis que eu toquuei quatro an
nos em
Camppinas, fui em 88 8 para lá, deffinitivamente para
p o nordesste.”
13

Unidos em
e 91 e em
m 92 já esttava gravan
ndo o prim
meiro disco lá em João
o
Pessoa.20

F
Figura 821

Arquivoo Nailson Simões

O primeiro disco do quinteto


q den
nominado “BRASSIL
“ toca BRASIL”,

reúnee arranjos e composiições do Maestro


M UDA22, Jossé Alberto Kaplan, Flávio
DU F

Fernandes e outtros. Foi graavado na Iggreja São Frrancisco dee Assis, em João Pesso
oa, no

ano de
d 1992, em
m condições técnicas muito
m ruins. O trompistaa Cisneiro A
Andrade relaata:

Foi gravaado numa iggreja, ao viivo, e exata amente numm período dde eleições,
ou seja, dee campanhaas políticas. O que fazííamos: reseervávamos uum horário
bem tardee da noite, tiipo 22:00 para
p iniciar a gravaçãoo e esperávaamos que o
barulho ao
a redor sileenciasse, innclusive os comícios. [...]
[ Passam mos três ou
quatro diaas gravanddo de 23:000 até 04:30 da manhãã para consseguir uma
gravação sem ruídos. Somente um u microfon ne colocadoo na frente ppara pegar
o som dee todo mundo, quer dizer,d muita
a deficiênciia técnica. Foi muito
trabalho!23
2

E
Este trabalhho abriu as portas paraa um contaato com a N
Nimbus Records

confo
forme comennta Nailsonn Simões:

Estávamoss tocando, eu e o Raddegundis, em m um seminnário internnacional em m


Salvador e o musicóllogo Ricarddo Canzio [....] viu aqueele trabalhoo, perguntou u
e eu dei uma cópia da
d fita do prrimeiro discco, ele ficouu interessaddo, tanto que
ele queriaa regravar o primeiro disco,
d mas aí
a achou meelhor gravaar uma coisa a
24
inédita.
20
Enttrevista realizaada em 15/11//2001 em sua residência.
21
Da esquerda paraa a direita: Cissneiro Andradde, Radegundiis Feitosa, Naiilson Simões, Anor Lucianno Jr.
e Valmmir Vieira.
22
José Ursicino daa Silva. Regennte, compositoor, arranjador e instrumentiista. Durante vários anos eleito
e o
melhoor arranjador de música doo Nordeste. Ennciclopédia dee Música Braasileira. 2ª ed., 1998, Art Editora,
E
São Paulo.
P Pp. 250-251.
23
Enttrevista realizaada em 04/04//2001 na cidadde de São Matteus – ES.
24
Enttrevista realizaada em 15/11//2001 em sua residência.
14

O segundo disco, Brassil plays Brazil agora já lançado pelo selo Nimbus

Records foi gravado em João Pessoa no Teatro da Fundação Cultural, o Cine Bangüê,

entre 22 e 26 de março de 1995. Foi dedicado ao sexagésimo aniversário do Maestro

DUDA. Como no disco anterior, o repertório era exclusivamente brasileiro. O

trompetista Ayrton Benck faz parte desta formação que permaneceu por mais tempo.

Cisneiro Andrade relata:

Foi marcada a gravação e eles vieram com um estúdio portátil. Vieram o


Ricardo e o Robin, manager da Nimbus. Fomos para o Cine Banguê, no
Espaço Cultural, lá foi improvisado um estúdio. Reservamos novamente o
horário da madrugada para a gravação, mais uma vez com poucos
recursos, mas superior ao primeiro CD.25

O terceiro disco, “Brassileiro” foi gravado na Sala de Concertos da

Fundação Nimbus, Inglaterra, nos dias 28 e 29 de maio de 1996, com a participação do

trompetista Charles Schlueter, professor no Mestrado e Doutorado de Nailson Simões.

Segundo Cisneiro Andrade:

O terceiro disco foi então gravado na Inglaterra, na cidade de Monmouth,


em torno de trezentos quilômetros de Londres e nós fizemos a gravação
contando com a participação do Prof. Charles Schlueter. Em termos de
qualidade sonora, este foi o melhor de todos, pois tínhamos uma
aparelhagem profissional, três dias inteiramente disponível para a
gravação – nos outros, não paramos nossas atividades, trabalhávamos o
dia todo e à noite, gravação.26

Todas as gravações contam com percussão, isso levou o grupo a convidar

o percussionista da Orquestra Sinfônica da Paraíba, Glauco Andreza a integrar o grupo

definitivamente. Glauco Andreza, em seu depoimento diz:

Eu fico muito feliz em participar até hoje. Antigamente eu era convidado e


hoje eles dizem que não sou mais um convidado, até querem mudar o nome
de quinteto para Grupo BRASSIL, porque o trabalho vai ter sempre
percussão.27

25
Entrevista realizada em 04/04/2001 na cidade de São Mateus – ES.
26
Entrevista realizada em 04/04/2001 na cidade de São Mateus – ES.
27
Entrevista realizada em 07/04/2001 na cidade de São Mateus – ES.
15

Entre as gravações, o BRASSIL realizou duas grandes viagens

internacionais. Radegundis Feitosa diz:

Fomos para os Estados Unidos em torno de 92/93, nossa primeira viagem.


Tocamos em algumas universidades, no Brooklin College, fizemos algumas
master-classes de música brasileira no New England Conservatory, na
Manhattan School of Music. [...] Na segunda, fomos com um objetivo mais
específico, atendendo ao convite do Schlueter, fizemos um programa
especial na WGBH, um programa ao vivo com Schlueter. O concerto do
Jordan Hall foi extraordinário!28

Em 1998, Nailson Simões deixou João Pessoa, transferindo-se para o Rio

de Janeiro, e para o seu lugar foi convidado o ex-integrante Gláucio Xavier Fonseca. Ele

mesmo explica:

Eles então me comunicaram que com a decisão do Prof. Nailson de se


mudar para o Rio de Janeiro, provavelmente eu seria novamente
integrante do Quinteto BRASSIL, hoje chamado Grupo BRASSIL. Para
mim foi uma satisfação enorme porque eu acho esse trabalho muito
importante em minha realização pessoal e profissional, é muito
gratificante e me sinto muito honrado e feliz hoje por ter voltado ao
quinteto.29

Hoje, o Grupo BRASSIL continua envolvido em sua proposta original

de promover a música de metal, agora já não tão desconhecida no Brasil e no mundo. O

grupo não gravou novos Cds solo, mas participou da gravação de uma faixa do Cd de

Dimas Sedícias, do Cd de José Alberto Kaplan e um Lp da UFPB. Continua

participando de festivais de música como os realizados em Curitiba e Fortaleza, assim

como em projetos culturais espalhados pelo país.

Sua história se confunde com a história de cada um de seus integrantes,

desde o “europeu” Quinteto Minas com a tradição musical de Gerard e Jacques

Guestem, passando pelo pioneirismo do Grupo de Metais Nordeste, até o atual Grupo

BRASSIL. A seriedade e o respeito pelo trabalho podem assim ser resumidos:

28
Entrevista realizada em 06/04/2001 na cidade de São Mateus – ES.
29
Entrevista realizada em 07/04/2001 na cidade de São Mateus – ES.
16

O grande valor do conjunto reside no fato de saber unificar, com grande


talento, estilos e modos de interpretação diversos. A qualidade, a
competência profissional, voltados na direção do trabalho sério e capaz.30

Escrito em um programa de concerto de 1980 - Turnê América do Sul – o

trecho acima transcrito, reflete todo pensamento e a atitude perante a música brasileira.

Sobre o assunto Radegundis Feitosa diz:

O que vai acontecer é daqui para frente e o mérito é de todos que fizeram o
BRASSIL nestes vinte anos. Agora é que vai começar a se entender o que é ou
não influência. [...] Eu acredito na história da evolução. No futuro vai ter
gente fazendo muito melhor que a gente.31

30
Extraído do programa da Turnê América do Sul.
31
Entrevista realizada em 06/04/2001 na cidade de São Mateus – ES.
17

CAPÍTULO 2 - METODOLOGIA

2.1 Introdução

O processo de revisão interpretativa necessita de métodos bem definidos.

Os pressupostos conceituais formulados fundamentam e identificam o problema. Os

referenciais teóricos foram emprestados de algumas disciplinas, por exemplo: através da

semiologia procuramos definir qual processo vai ser analisado, do ponto de vista do

signo. Outras teorias serão consideradas quando preencherem lacunas neste processo

abstrato, subjetivo e complexo de transcrição da interpretação.

Neste ponto, uma definição de termos é fundamental para tornar mais

clara a linha de raciocínio: por definição preferimos utilizar a palavra intérprete à

executante, intérprete é aquele que interpreta, que faz uma leitura de alguma coisa e

transfere para a mesma algo pessoal, e executante é aquele que executa, que segue uma

rotina, uma ordem pré-determinada, como um indivíduo ao executar uma ordem

superior sem questionamentos. A palavra execução será empregada como o produto

final da interpretação.

2.2 – Pressupostos conceituais

Dois pressupostos conceituais foram estabelecidos: a primeiro, de que a

partitura musical é uma instrução para executantes, incompleta em aspectos pertinentes

a interpretação32 .

O segundo pressuposto parte do princípio de que os sinais musicais

expressos em uma partitura, por mais abundantes e variados que sejam, representam

apenas intenções do compositor ou ainda observações de um revisor e/ou intérprete.

32
KRAUSZ, Michael. “Rightness and Reasons in Musical Interpretation” in The Interpretation of
Music, Michael Krausz (ed.), New York, Oxford University Press,1995, p. 75.
18

Tudo é muito relativo, pois não temos um referencial exato do que seja uma intensidade

ff ou um pp, muito menos a relação exata do incremento de volume em um crescendo33.

Os aspectos referentes às intensidades de som grafados em uma partitura referem-se a

contrastes, uma intensidade somente torna-se verdadeira quando referenciada pela

anterior, seja ela um menor ou maior volume. Assim ocorre também com acentos e

indicações metronômicas, tudo detalhado um pouco mais adiante. Segundo Magnani34:

O nosso sistema gráfico não oferece dúvidas quanto à altura das notas e ao
ritmo; mas não proporciona nenhuma certeza, avaliável em termos
científicos, com relação a todos os outros elementos dos quais nasce a vida
da música.

2.3 – Referencial Teórico

Vários são os componentes filosóficos e teóricos que compõe uma

interpretação. A semiologia define um processo denominado de análise poiética35, que

procura resultados no processo da manipulação dos dados na origem da criação. Não é

objetivo deste trabalho realizar uma análise semiológica, mas apenas utilizar seu

referencial teórico para localizar o ponto onde a interpretação origina-se. As partituras,

manuscritas pelo compositor são dispensadas, pois não possuem elementos suficientes

para a realização da interpretação como concebida pelo BRASSIL (Figura 936).

33
KIVY, Peter. Sound and Semblance: Reflections on Musical Representation, New York, Cornell
University Press, 1991, cap.VI. p.117-118.
34
MAGNANI, Sérgio. Expressão e Comunicação na Linguagem da Música. Belo Horizonte, Editora
UFMG, 1989. p. 63
35
Para uma compreensão da Teoria da Semiologia ler: NATIEZ, Jean-Jacques. Music and Discourse:
Toward a Semiology of Music, New Jersey, Princeton University Press, 1990, cap. I, pp. 3 – 37.
36
Partitura de Brasileirinho manuscrita pelo Maestro DUDA. Observamos muito poucos acentos, poucas
indicações de intensidade, ausência de andamento e caráter e imprecisão nas ligaduras.
19

F
Figura 9

A
Acontece o mesmo na partitura de Bruno – Temas Norrdestinos (F
Figura

10).
20

Figura 10

A música é criação humana e, neste aspecto, o valor do compositor é

inquestionável. O seu trabalho e sua especialização no domínio da estrutura musical

possibilitaram o registro de um componente da cultura de cada povo.

Melodia, harmonia e ritmo são elementos básicos no trabalho do

compositor, e as expressões musicais de caráter, andamento, intensidade sonora e suas

nuances, sugerem ao intérprete as intenções musicais do mesmo. O processo de grafar

utiliza dados concretos: melodia, harmonia e ritmo. Concretos, pois podem ser

analisados e explicados, conforme a visão pessoal de cada analista. Um exemplo claro

acontece nas instituições de ensino da música no Brasil, onde todos nós estudamos as

obras de Bach, analisamos, criamos diversas suposições estéticas e estilísticas mesmo

estando distante da Alemanha e mais distante ainda no tempo, sem nenhum tipo de

registro sonoro original. A análise estrutural, sem desconsiderar sua importância, é

incompleta do ponto de vista interpretativo, pois ela se limita ao concreto da partitura.


21

O intérprete é responsável pela recriação da obra e a partitura é a sua

referência. Servido apenas por seqüências melódicas, harmônicas ou rítmicas,

dependendo do contexto e amparado pelas já citadas expressões musicais, o intérprete

encontra-se diante de fatores físicos tais como ressonância e timbre. Físicos, pois podem

ser medidos e definidos por fundamentos da acústica. Neste aspecto, a ressonância de

uma sala pode ser ou não considerada pelo compositor, enquanto o intérprete lida

diretamente com esse fator em todo o momento da execução. Schlueter37 em seu livro

não publicado diz: “Somos obrigados a tocar o que o compositor escreveu. Também

somos obrigados a tocar o que o compositor não escreveu”. Magnani38 afirma: “Sua

tarefa (do intérprete39) não é a de viver realisticamente as emoções, mas a de colocar

em funcionamento os canais capazes de transmitir ao receptor as emoções – que não

são senão informações estéticas.”

A natureza do evento sonoro faz com que o intérprete ideal, como

recriador da obra de arte, procure a cada instante uma nova forma de comunicar sua

mensagem. A execução de uma obra musical da mesma forma, naturalmente não existe.

O artesão David Monette estabelece o conceito de instrumento real40: o instrumentista.

O trompete, trombone, violino, piano são artefatos de produção de sons, são

amplificadores que amplificam as vibrações do corpo.

As considerações acima dizem respeito à concepção interpretativa do

BRASSIL, influenciados pelo Prof. Charles Schlueter, maior expoente da atual escola

de trompete de Boston, da qual alguns dos conceitos citados formam sua base técnica e

filosófica41.

37
SCHLUETER, Charles. Zen and the Art of the Trumpet”. Não publicado.
38
MAGNANI (1989) op. cit. p. 65
39
n. do a.
40
MONETTE Corp., David. Mouthpiece Manual and users’ Guide. 2001. Portland, EUA, Pp. 92.
41
SIMÕES (2001) op.cit.
22

A
Acompanha
amos o trabbalho do BRASSIL desde 19889, e é claara a

preoccupação de todos os inntegrantes com


c um pro
ocesso de criação
c duraante a execcução.

Novaas idéias musicais,


m ouu seja, modificações ou
u improvisaações, são introduzidaas em

arrannjos diferennciando-os em
e determiinadas apreesentações. Um bom eexemplo esttá em

“Marrquinhos noo Frevo” onde o imprroviso do trombone não está esccrito na parrtitura

origiinal.

O americannos popularrizaram e diifundiram suua música, inclusive o jazz,


Os

grafaando, ou peelo menos tentando grrafar o “sw


wing” ou balanço. Meesmo distan
nte da

cultuura americanna consegue-se deste modo,


m uma aproximação da realiddade (Figurra 11)

Os accentos induuzem ao balaanço pretenndido no com


meço da partitura com a informaçção de

que a peça deve ser executaada com um


m caráter de Moderato Swing.
S

F
Figura 1142

42
Parrtitura de Blue Moon.
23

O objetivo da edição e revisão é aproximar as obras do Maestro DUDA,

objeto de estudo, desse pensamento. Nas partituras de DUDA, todas manuscritas pelo

próprio autor, são muitos discretos os sinais musicais que sugiram uma interpretação.

Uma partitura como a ilustrada anteriormente (Figura 9) não traz

referências que auxiliem na sua compreensão interpretativa. Informações sobre o estilo,

momento histórico que envolveu a obra, o local onde ela é ou foi executada, e outras

mais de caráter social, com o apoio de sinais musicais, facilitam a elaboração de uma

visão interpretativa sobre a obra. A entrevista do Maestro DUDA, em anexo, fornece

essas informações.

2.4. Definição dos Termos

Neste tópico serão definidos e conceituados os termos, incluindo

símbolos e expressões que se encontram nas obras revisadas e editadas. O objetivo é

tornar claro o método utilizado para cada aspecto da revisão interpretativa.

2.4.1. Indicação Metronômica

Nas partituras escritas pelo Maestro DUDA, no repertório do disco 1,

encontramos somente a música “Espinha de Bacalhau” com indicação de tempo (Figura

12), mesmo assim como é uma partitura editada, podemos supor que a marcação não foi

feita pelo autor. No disco 2 encontram-se indicações metronômicas na partitura do

“Concertino para Trompete” (Figura 13) e em “Andréa”, primeiro movimento da Suíte

Recife (Figura 1443).

43
Segundo conversa informal com o Prof. Nailson Simões, na partitura da Figura 14, a indicação
metronômica não foi definida pelo compositor.
24

F
Figura 12

F
Figura 1344

F
Figura 1445

N disco 3, A “Suíte Monette”


No M po
ossui indicaações grafadas pelo prróprio

comppositor no quarto
q movvimento, Booi-Bumbá, e no primeiiro movimeento, Cirand
da. A

marccação foi prrecisa (Figuura 15). Noss outros movimentos e na música “Toada”, não
n se

encontram indiccações.

44
Parrtitura do “Cooncertino parra Trompete” manuscrita pelo p composittor. A indicação está totallmente
distannte da realidadde. v. partituraa revisada na seção
s de Anex
xos.
45
Parrtitura de “Anddréa”, 1º movvimento da Suíte Recife. Neesta, a indicação foi inserida pelo Prof. Nailson
N
Simõees.
25

F
Figura 15

A transcriçãão na indicaação de and


damento é sempre
s impprecisa. Kraausz46

transscreve Riccaardo Muti: “Tempo nãão é um núm


mero”, mesm
mo assim, aas indicaçõees são

referrenciais de velocidade da unidadde de tempo


o, associadaa diretamennte ao temp
po de

duraçção da peçaa.

Q a relação de veloccidade entree os vários Allegros?


Qual A A
As variações entre

expreessões são muito


m discreetas. Ainda sobre o asssunto, Magnnani47 afirma:

“Con ternura” ou “ccom profundda expressã ão” não sãoo, finalmentte mais que
vagas indiicações psiccológicas ou
o literáriass. Ninguém poderia diizer onde e
como o seentimento começa
c a seer profundo
o [...] elem
mentos que ppodem ser
avaliados somente emm um processso intuitivoo.

N
Neste aspecto, a inddicação meetronômica é mais pprecisa, e para

deterrminá-la adootamos a seeguinte fórm


mula: calculla-se o núm
mero de uniddades de tem
mpo e

dividde-se pela duração


d da música
m gravvada (em segundos). O resultado, multiplicad
do por

60, é a média de
d velocidaade com quue a unidad
de de tempo é executaada, a marccação

metroonômica.

46
KR
RAUSZ (1995)) op.cit. p.78
47
MA
AGNANI (19889) op.cit. p.633
26

2
2.4.2. Acentos

O acentos têm a funçção de diferrenciar a soonoridade dde uma notta em


Os

relaçção às demaais. São muuito poucos os acentos grafados pelo


p Maestrro DUDA. Nesta
N

revissão os acenntos são utiilizados parra marcar as


a inflexõees e grafar musicalmente o

moviimento na música
m (ver Capítulo Paadrões Mussicais).

P
Procuramos simplificaar a quantiidade de símbolos
s uttilizados paara a

acenttuação não criando neenhum novoo desenho. Também não


n foram aatribuídos nomes
n

aos acentos.
a

B
Basicamente
e foram os seguintes os
o símbolos utilizados, em exemplos, e

sua justificativa conforme segue:


s

2
2.4.2.1 –( )

Marcca a nota quue deve ser executada


e c
com um men
nor valor dee duração. N
Na maioria das
d

vezes encontraddo em músiccas com anddamento ráp


pido, como os frevos, qque precisam
m de

muita energia ríttmica (Figuura 1648)

F
Figura 16

2
2.4.2.2 –( )

R
Representa a nota que deve ter um apoioo, uma valoorização dee sua

sonoridade, geraalmente em anacruses (Figura


( 17499).

F
Figura 17

48
Thaaís compasso nº
n 1, 1º tromppete.
49
Tem
ma para um Trrompetista, Trrompa
27

2
2.4.2.3 –( )

C
Como o próóprio desenhho do símb
bolo indica, é a execuçção da notaa com

intennsidade sonoora diminuindo rapidam ura 1850).


mente. (Figu

F
Figura 18

2
2.4.2.4 –( )

É a combinaação entre elles dos doiss primeiros acentos. O resultado: ( ).

A noota executaada com um


m reforço, um
u apoio sonoro,
s mass com o tem
mpo de du
uração

reduzzido (Figuraa 1951).

F
Figura 19

2
2.4.2.5 –( )

É a combinaação entre o primeiro e o terceiro acento,


a resuultando em: ( )

É a nota
n executaada com um 052).
m decrescenddo mais currto, logo maais vigorosoo (Figura 20

50
Braasileirinho - Trrompa.
51
Parrte de 1º tromppete de Saudadde – Coletâneea 93.
52
Parrte de 2º tromppete de Bossa--Nova.
28

F
Figura 20

2
2.4.3 Ligaduuras

A ligadurass denotam trechos ond


As de as notass são conecctadas através do

som. Na músicaa do quintetto é o item mais susceptível a dúvvidas, pois em alguns casos

as nootas estão muito


m próxiimas uma das
d outras, com
c uma emissão sonnora muito suave
s

que se confundde com notaas ligadas. Para dimiinuir a marrgem de errros, a ajudaa dos

mem
mbros do quiinteto foi dee fundamenntal importân
ncia atravéss da revisãoo final feita pelos

mesm
mos.

O exemplos a seguir ilustram essa dificuldadde. Os prim


Os meiros comp
passos

da partitura maanuscrita dee Mida (Figgura 21) reevelam ligaaduras diferrentes do que se

encontra na graavação. Na figura 22, fica clara a diferença entre o quee está escriito na

partittura originaal e o que é executado pelo


p grupo.

F
Figura 2153

53
Com
mpassos iniciaais de Mida – Suíte Recife
29

Figura 22

2.4.4 Dinâmicas

As dinâmicas procuram conservar instrumentos em planos distintos,

indicando momentos onde devem destacar as suas frases ou marcar os pontos de

alteração de intensidade.

Neste aspecto, os crescendos ( ) e decrescendos ( )

também são tratados como dinâmicas, com mesma função, porém o seu uso denota uma

variação temporal da intensidade sonora, e assim como andamentos, as intensidades

sonoras são relativas.

2.4.5. Expressões

As expressões são indicações em português ou outro idioma para

designar fatores musicais tais como rallentandos, ritardandos e solos, como também

fatores não musicais como mudança de instrumento ou colocação de acessórios como

surdinas.
30

2.4.6 Forma ou estrutura

Mesmo não sendo o objetivo desta pesquisa uma análise formal,

abordaremos quando necessário, o aspecto estrutural da peça analisada, com uma ênfase

às seções e sem explicitar as repetições.

2.4.7 Editor

Utilizou-se o programa Finale 2002 para edição das partituras. As

configurações utilizadas, como fontes (Maestro) e margens foram padrões do programa.

2.5 Definição do Objeto

2.5.1 A Discografia

O BRASSIL tem participação em três discos (no LP Autores e

Intérpretes, da UFPB, e no disco dos compositores Dimas Sedícias e José Alberto

Kaplan) e três Cds solo, todos com repertório exclusivamente brasileiro. Delimitamos

nossa pesquisa aos Cds solo.

As condições de gravação foram descritas e os acontecimentos que

envolveram a idealização, produção e gravação dos discos pode ser encontrada no

Capítulo Considerações Históricas.

Os discos possuem músicas compostas e/ou arranjadas por vários

compositores: Dimas Segundo Sedícias, Heitor Villa-Lobos - arranjado por José Alberto

Kaplan, Antonio Manoel do Espírito Santo - arranjado por Adail Fernandes, Tom

Jobim, Flávio Fernandes Lima e outros.


31

N ordem dee gravação:


Na

a) Disco 1 – “BRA
ASSIL toca BRASIL (F
Figura 23)”..

F
Figura 23

b) Disco 2 – Brasssil plays Bra


azil (Figura 24).

F
Figura 24
32

c) Disco 3 – Brasssileiro (Figu


ura 25)

F
Figura 25

2
2.5.2. As obrras revisadaas

F
Foram revisadas as obrras originalm
mente comppostas pelo Maestro DUDA
D

e graavadas nos três


t Cds do grupo, confforme seguee abaixo:

a) Disco 1:

• Suíte BR
RASSIL.

b) Disco 2:

• Suíte Reecife;

• Concertiino para Tro


ompete;

• Música para
p metais nº1;

• Marquinnhos no frev
vo;

• Coletâneea 93;

• Nairam e

• Tema paara um trom


mpetista.
33

c) Disco 3:

ƒ Suíte Monette;

ƒ Toada e

ƒ Temas Nordestinos.
34

C
CAPÍTULO
O III - EDIÇÃO E RE
EVISÃO IN
NTERPRET
TATIVA DAS
D

OBR
RAS

3.11 - Suíte BR
RASSIL

3.1.1 - Zinziinho nos Staates

O cinco prrimeiros compassos daa introduçãão assemelhham-se o motivo


Os m

iniciaal da introddução da múúsica In thee Mood de Joe Garlandd, apresentaado em unísssono

pelo grupo. Este é um dos


d elementtos americaanos da obbra que vaii aos poucos se

desfaazendo com
m o aparecim
mento do choro no co
ompasso 7 (Figura
( 26). Os acento
os nas

síncoopes traduzeem o swingg (balanço) típico do ja


azz americanno e a conddução harm
mônica

em alguns
a trechos refletem esta influênncia.

F
Figura 26

C
Com a entraada no choroo – compassso 7, os troompetes assuumem a meelodia

em um
u duo que se estende até o final da introduçção. As últiimas notas dde um grup
po, no
35

caso semicolcheeias, quandoo ligadas a uma nota de


d mesma alltura são sem
mpre acentu
uadas

(Figuura 27).

F
Figura 27

O tema é exposto
e pello trompetee 1, começçando anaccrusticamentte no

comppasso 19, com acentuaações confoorme grafad


das na partittura revisadda. A articu
ulação

nos compassos
c ma a atençãão por transformar um compasso rregular54 em
2 e 37 cham
25 m uma

sensaação de sínncope. Nos compassos:


c : 31, 32, 33
3, 35 e 36 as
a quiálterass são execu
utadas

em trriplo destaccado55 (Figuura 28).

F
Figura 28

N parte B,
Na B o trompeete 2 apressenta o tem
ma principaal. Notamos um

cresccendo ao irr para o grrave – com


mpasso 40 - e as nottas de valoores maiores são

encuurtadas (Figuura 29).

54
Refferimo-nos a regular,
r neste caso, por o coompasso possu
uir oito notas com
c o mesmoo valor.
55
No trompete é um u tipo de arrticulação exeecutada comoo se o instrummentista literallmente falasse duas
sílabaas articuladas com
c língua e uma
u articuladda guturalmentte. Ex “dha-dhha-gha” ou “tuu-tu-ku”. (n. do
d a.)
36

F
Figura 29

A forma muusical de Ziinzinho noss States é definida


d segundo o esq
quema

abaixxo:

Seçção Co
ompassos

Introddução 1 - 18

A 19 – 38

B 39 - 57

N gravaçãoo a seção A não é repetida. Seguuindo direto para a seção B.


Na

Zinziinho não fooi originalm


mente escrito como mo
ovimento daa suíte. Na versão orig
ginal,

para trompete e piano, tem


m a forma de choro completo – AABBAA
ACCAA - e por

econnomia de tem
mpo de gravvação foi grravado como
o IntroABB
BIntroA.

3.1.2. Gizellle

O segundo movimento
m da Suíte BRASSIL é um solo paara trombon
ne. Os

instruumentos reestantes fuuncionam apenas


a com
mo acompaanhadores sem apressentar

respoostas ou meelodias parallelas.


37

E
Estruturalme
ente fica asssim definido
o:

Seçção Compassos
C

Introddução 1-2

A 3 - 18

B 19 - 34

Codda 35 - 58

A introduçãão é um arppejo preparratório com uma cadênncia que co


onduz

para o solo do trrombone a partir


p do com
mpasso 3 (F
Figura 30).

F
Figura 30

N compasssos onde há
Nos h uma mud
dança de accompanham
mento, comp
passos

9 – 10
1 (Figura 31),
3 17 – 188 (Figura 322) e 25 – 26
6 (Figura 33) um pequueno crescen
ndo e

decreescendo podde ser notaddo.


38

F
Figura 31

F
Figura 32

F
Figura 33
39

O trombone é exigido em toda sua extensão, com intervalos bastante

difíceis para o instrumento. Os instrumentos acompanhadores obedecem em caráter56 e

dinâmica ao solista, proporcionando assim uma total liberdade de interpretação.

3.1.3. Movimento

Movimento é um Choro-gafieira57, um choro dançante, uma variação do

choro tradicional que incorporado aos salões de dança tornou-se mais rápido e neste

aspecto o título está muito adequado à música.

Os acentos inusitados muitas vezes correspondem à coreografia malandra

do samba-de-gafieira.

Formalmente, dividimos a peça em:

Seção Compassos

Introdução 1-8

A 9 - 24

B 25 – 41

Coda 44 - 49

Na introdução é clara a redução do valor nas últimas notas de fragmentos

ligados. De maneira geral, as notas de maior duração são sempre diminuídas de seu

valor enquanto as notas de menor duração são valorizadas (Figura 34). Notamos

também que as notas mais graves da seqüência melódica são também valorizadas e as

síncopes são acentuadas (compasso 4).

56
Ver SCHOENBERG (1993) Cap. 7. Pp. 119 a 121.
57
Extraído do encarte do CD “Brassil toca Brasil”.
40

F
Figura 34

A
Ainda na introdução
i presenta fraagmentos dde escalas com
a tuba ap

articuulações e accentuações diferenciadas (Figura 35).


3

F
Figura 35

O solo do trrombone tem d maior duuração todas encurtadaas. No


m as notas de

comppasso 14 a nota mais aguda


a é preeparada com
m um glissaando curto e rápido (F
Figura

36)

F
Figura 36

O solo segguinte, aprresentado pelo


p tromppete, mantéém as meesmas

caraccterísticas do
d solo anterrior, com nootas encurtaadas e ligadduras em differentes possições

numaa mesma célula rítmicca, ou seja, variando entre


e as quuatro semicoolcheias de cada

temppo (Figura 37).


3

F
Figura 37
41

N compassso 12, as trêês semicolch


No heias possuuem formatoos diferentees. Da

prim dativamentee mais definnido58. Sem


meira para a última o finnal de cadaa nota é grad mpre a

nota que está sendo


s execuutada é mais curta qu
ue a anterioor. Isto se rrepete no último
ú

comppasso da peça (Figura 38).


3

F
Figura 38

O solo de troompa, nos compassos


c 25
2 ao 33, nãão traz as innflexões (accentos

e refforços em notas menoores e mais graves) que


q antes apareceram
a no trombo
one e

trom
mpete (Figuraa 39).

F
Figura 39

N segundo solo do troompete 1 – compassos 33 ao 40, m


No mais acentuações

desloocadas são encontradas


e s. No compaasso 34, o restante
r do grupo
g igualla as articulações

do acompanham
a mento e nos compassoos 36 ao 40
0 a colcheiia entre as semicolcheeias é

semppre mais currta (Figura 40).


4

58
Emm seu livro, Schhlueter diz: “O formato da nota é uma condição
c neceessária para ddiferenciar um
ma nota
da outra...” SHCLU UETER, Charrles. “Zen andd the Art of thee Trumpet”. Não
N Publicadoo.
42

F
Figura 40

N coda, esppecificamennte nos com


Na mpassos 46 e 47, os trom
mpetes execcutam

os grrupos de sem
micolcheiass ligadas duuas a duas com
c a segunnda mais cuurta em relaação à

prim
meira (Figuraa 41).

F
Figura 41

3
3.1.4. Gilmaacy

C
Característic
ca marcantee da peça são
s os temppos rubato. Uma liberdade

amplla é conceedida aos solistas - trompetes 1 e 2 nas secçõess mais len


ntas -

especcificamentee entre os compassos


c 4 e 20. O trompete 2 tem a respponsabilidad
de de

imprrimir o caaráter da melodia


m e a dinâmica. Ao trrompete 1, cabe con
nectar

meloodicamente os motivoss apresentaddos pelo tro


ompete 2. A intervençãão do tromp
pete 1

aconntece nas nootas de repoouso do troompete 2, e esse papell passa paraa o trombon
ne no

comppasso 7 e paara a trompaa no compasso 9 (Figurra 42).


43

F
Figura 42

N segundaa seção, B, o caráter rítmico contrasta com


Na m a seção A. O

andaamento é mais
m rápido,, o solista assume inttegralmente a conduçãão melódicaa e o

restaante do gruppo acompanhha em notass curtas em uma valsa rápida


r (Figuura 43).

F
Figura 43

A notas de
As d maior duração são sempree decresciddas de vollume,

princcipalmente havendo
h um
m movimennto melódico
o simultâneeo ou final dde frases (F
Figura

44).

F
Figura 44
44

A
Algumas n
notas são impulsionad
das: como a primeiira colcheia do

comppasso 15 noo trompete 1 (Figura 45)


4 e a últim
ma semínim
ma do comppasso 17 (F
Figura

46), também
t no trompete 1.

F
Figura 45

F
Figura 46

E
Estruturalme
ente a peça fica assim definida:
d

Seeção Co
ompassos

Introdução 1-3

A 4 - 20

B 21 - 51

A
A’ 52 - 59

Cooda 62 -67
45

3.1.5. Lucinha no frevo59

O Maestro DUDA compôs muitos frevos como peças individuais ou

como parte de obras maiores como na Música para Metais nº 1 comentada mais à

frente.

A peça não tem introdução e está assim dividida:

Seção Compassos

A 1 - 19

B 20 - 37

Notamos que as articulações procuram tornar clara a execução das notas

com a explicitação das notas de menor duração. Na tentativa de grafar este elemento

interpretativo usamos o ( . ) na nota maior, pois a partir do momento em que há uma

diminuição da duração da referida colcheia, a semicolcheia se torna mais valorizada

59
O frevo, segundo a Enciclopédia de Música Brasileira Popular e Folclórica –
MARCONDES (1998)59: 1) Dança surgida em Recite PE a partir dos últimos anos do séc.
XIX, com a progressiva multiplicação das sincopas e do gingado rítmico das musicas das
bandas militares, a fim do propiciar desarticulações de corpo dos capoeiras. que exibiam
sua agilidade, abrindo os desfiles militares, com passos improvisados ao som das marchas
e dobrados. Segundo Renato Almeida, citando Mario Melo, surgiu da polca-marcha o teve
sua linha divisória estabelecida pelo capitão José Lourenço da Silva (Zuzinha), ensaiador
das bandas da brigada militar de Pernambuco. A marcha tem um ritmo frenético e
contagiante, que he confere o caráter do uma dança da multidão. Seu compasso é binário e
o andamento, semelhante á marcha carioca, mas o ritmo é tudo. Ainda conforme Renato
Almeida, divide-se em duas partes e seus motivos se apresentam sempre em diálogos dos
trombones o pistons com clarinetas e saxofones. O grande interesse está na sua
coreografia, individual, improvisada os dançarinos raramente repetem um gesto ou atitude,
mantendo sempre uma feição pessoal e instintiva da improvisação — o passo originado no
gingar dos antigos capoeiras. O passo, vindo a ser feita com a ajuda rítmica das velhas
sombrinhas e guarda-chuvas, dava a massa dos dançarinos que evoluíam peias ruas
apertadas uma impressão visual de fervura, o que originaria a palavra frevo, come
deverbal do frever, par fervor. Posteriormente a 1917, conforme Pereira da Costa, o frevo
foi introduzido nos salões, em clubes carnavalescos.
2) Frevo de rua - Frevo puramente orquestral, destinado a animar a improvisação dos
passes per parte dos dançarinos, que na realidade segundo observa o maestro Guerra peixe
— dançam a orquestração, pois ‘cada volteio de um instrumento e acompanhado por um
passe nu nina firula do passista.
3) Frevo-canção - Frevo com ritmo marcado, surgido a partir da década de 1930 em
Recite, caracterizado por uma introdução do frevo comum, a que se seque parte cantada,
semelhante às marchas cariocas de Carnaval. Quando cantado em tom lamentoso, pela
madrugada, na volta dos dançarinos de blocos aos seus bairros, o frevo-canção recebe o
nome do marcha-regresso.”
46

(Figuura 47). A melodia é reforçada sonorament


s te quando toma
t direçãão descendeente -

comppasso 16 - (Figura 48) e quando asscende - com


mpasso 5 - sofre
s um deecrescendo.

F
Figura 47

F
Figura 48

N segundaa frase da seção A – compassos


Na c 10 ao 16 - encontram
mos os

dois trompetes com dinâm


mica p, em legato, con
ntrastando com a prim
meira frase mais

rítmiica e enérgiica – compaassos 1 ao 9.


9 Mesmo com
c caráter mais melóddico, as nottas de

maioor duração são


s encurtaddas (Figura 49).

F
Figura 49

N seção B – compassoos 20 ao 37
Na 7 - trompa e trombone apresentam
m uma

nte ao caráteer das frasess anteriores, com


meloodia em unísssono. A intterpretação é semelhan
47

notass de maior duração senndo executaadas com diiminuição de


d seus valoores (Figuraa 50).

Nos compassos 23 e 27, oss trompetes,, apresentam


m um decreescendo na ccolcheia lig
gada à

semínima pontuuada (Figuraa 51).

F
Figura 50

F
Figura 51

A percussãoo é muito diiscreta marccando o ritm


mo do frevoo todo o tem
mpo e

as altterações da condução rítmica


r estãoo grafadas (Figura
( 52)..

F
Figura 52

3.22. Suíte Reccife


48

3.2.1. Aspectos Gerais

A Suíte Recife data de 1982. Quando o Prof. Nailson Simões, trompetista

do BRASSIL, pediu ao Maestro DUDA para compor obras para um recital de trompete

e piano. DUDA propôs uma suíte baseada em vários gêneros locais, nomeando os

movimentos com os nomes das mulheres da sua casa: Mida, sua esposa, Andréa,

Dorinha e Meyse, suas filhas, e Nadja, uma nora60. O arranjo para quinteto foi escrito

posteriormente.

Inteiramente dedicada aos ritmos nordestinos, a obra é composta por

cinco movimentos:

• Andrea (Baião);

• Mida (Canção);

• Dorinha (Xaxado);

• Nadja (Aboio) e

• Meyse (Frevo).

As tonalidades seguem a seguinte ordem: Mi bemol Maior, Re menor, Fá

Maior, Mi bemol Maior e Do menor. As duas últimas nos chamam a atenção por

contrariarem a tendência natural em atribuir a um caráter triste uma tonalidade menor e

a um caráter alegre, uma tonalidade maior. O aboio61 (Nadja), em modo maior, é:

introspectivo, solitário, típico de tonalidades menores; já o frevo (Meyse), também pela

60
Encarte do CD “Brassil plays Brazil”.
61
Segundo o endereço http://www.brasilfolclore.hpg.com.br/aboioderoca.htm: Aboio de gado: sua
origem é um mistério, alguns pesquisadores encontram semelhanças nas musicas dos
antigos gregos, na origem oriental tendo como semelhanças com cantos melopaicos na
África mulçumana na Costa do Marfim. É canto solo, cantado livremente, essencialmente
homófono, praticado pelo vaqueiro do Norte e do Nordeste. São geralmente cantos
silábicos, sem letras, embora algumas vezes cheguem a formar uma quadra, que termina
com o canto de uma sílaba, longo e melancólico. As melodias do aboio-de-gado são lentas
e improvisadas, livres de uma medida rítmica determinada. O canto é entoado numa linha
melódica também livre, conforme a fantasia do vaqueiro. O aboio não é considerado como
um divertimento e sim como uma coisa séria, velhíssima, respeitada. O aboio é utilizado
pelos vaqueiros para guiar o gado para determinado local, em estradas, durante comitivas
de gado muito comuns ainda no inicio do Século XX, nos campos para atrair a atenção de
animais que se encontram escondidos.
49

própria definição59, é associado a grupo, multidão, alegria e aqui é encontrado em modo

menor.

3.2.2. Andrea

É um baião62 para Andréa, uma de suas filhas.

Estruturalmente é assim definida:

Seção Compassos

Introdução 1-4

A 5 – 20

B 21 – 28

A’ 29 – 44

B’ 45 – 53

Coda 54 - 60

62
Segundo MARCONDES (1998): Originalmente, no mundo rural, “pequeno trecho musical
executado pelas violas nos intervalos do canto no desafio”, compondo o chamado rojão.
segundo o folclorista Luis da Câmara Cascudo. Surgiu coma gênero de música popular
urbana em 1946 com o sucesso da composição Saião, de Luiz Gonzaga com versos do
advogado cearense Humberto Teixeira: “Eu vou mostrar pra vocês/Como se dança o
baião...”. Caracterizado musicalmente, conforme observação do maestro Batista Siqueira,
por introdução percussiva que evita a sincopa “, a que se sucede a” frase melódica depois
de pequena pausa’, o baião transformou-se no inicio da década de 1950 em ritmo
internacional de massa (o baião instrumental Delicado, executado ao cavaquinho por seu
autor, Valdir Azevedo, receberia versões orquestrais dos maestros norte-americanos Stan
Kenton e Percy Faith na década de 1950), contribuindo ate mesmo para a menção especial
a música do filme o Cangaceiro, de Lima Barreto, no Festival de Cannes, Franca, em 1953.
Passando então a sofrer no exterior a concorrência das imitações desvirtuadas (o Baião de
Ana, cantado pela atriz Silvana Mangano no filme italiano Arroz amargo, 1949, de
Giuseppe de Santis era de autores locais, V. Roman e F. Gionda). e no próprio Brasil, a do
ritmo do rock-and-roll, que viria a dominar o mercado internacional desde os anos de
1960, o baião sai de moda para figurar apenas, sem maior destaque, entre os gêneros
cultivados nos forrós. Ate a advento da bossa nova, foi o gênero brasileiro mais influente
no exterior — as pesquisas de ritmos latino-americanos feitas pelos produtores
discográficos nos E.U.A. incluíram o baião — em grandes sucessos internacionais, como
Save the last dance for me, de Doc Pomus e Mort Shuman (1960), lançada pelo grupo The
Drifters, têm marcação rítmica do baião, inclusive utilizando o triângulo. O próprio pop
rock inglês tipificado pelos Beatles tem forte influência do baião em sua marcação rítmica,
bastando conferir gravações de sucesso corno She loves you, de John Lennon e Paul
McCartney (1963).
50

Todo trecho rítmico corresponde ao baião. A introdução apresenta o

ritmo predominante da peça com a tuba fazendo o papel de zabumba. A primeira nota

de cada compasso da tuba, é encurtada e a nota seguinte acentuada. Encontramos o

trompete 2, trompa e trombone, em contratempos com notas notadamente curtas. É a

“batida” do baião transcrita para quinteto de metais (Figura 53).

Figura 53

Na seção A – compassos 4 ao 20 - encontramos o tema. É apresentado

em uma frase de oito compassos – compassos 4 ao11; e repetida – compassos 12 ao 19

com variações rítmicas – compassos 12, 15, 17 e 18. É interpretado, pelo trompete 1,

com um reforço na segunda colcheia de cada tempo do compasso. Na repetição, a partir

do compasso 12, algumas colcheias são dobradas em semicolcheias (Figura 54).

Figura 54

Em A’ – compassos 29 ao 44 - a frase é exposta uma única vez, sendo a

repetição substituída por escalas descendentes no trombone, trompete 1, trompa e


51

trom
mpete 2 (Figgura 55). O acompannhamento, em
e notas curtas,
c acenntua a semíínima

pontuuada (Figurra 56).

F
Figura 55

F
Figura 56

A diferença entre B – compassos


c 21
2 ao 28, (F
Figura 57) e B’- comp
passos

45 aoo 53, enconntra-se nos compassos


c f
finais de B’, especificaamente nos ccompassos 51 ao

53, onde
o escalass executadaas por todo o grupo co
onduzem à coda
c do moovimento (F
Figura

58).

F
Figura 57
52

Figura 58

Cada seção possui um tema diferente e contrastante, na melodia, caráter

e acompanhamento. O tema de A, rítmico, é contrastante com o tema de B, que se

apresenta em caráter melódico e acompanhamento63 em forma coral.

Interpretativamente, podemos dividir a peça em duas partes:

Rítmica Introdução, A, A’ e Coda

Melódica B e B’

O segundo tema (Figura 59) começa anacrusticamente no compasso 21,

mas é preparado a partir do compasso 19. É uma frase de oito compassos num grande

legato. A melodia acompanhada dá lugar a um coro, sem percussão, onde todos os

instrumentos tocam elementos semelhantes.

Figura 59

63
Ver Schoenberg (1993). Cap. 6. Pp. 107 a 113.
53

3.2.3. Mida

A canção foi dedicada à esposa do maestro DUDA, Dona Cremilda.

Sua estrutura resume-se à:

Seção Compassos

Introdução 1–9

A 10 – 26

Transição 27 - 29

A’ 30 - 52

A obra é monotemática, e a diferença entre as seções encontra-se nas

diversas instrumentações com a qual o tema é apresentado.

A introdução apresenta o motivo gerador da melodia nos compassos 2 e

4 – no trombone e tuba - e nos compassos 5 ao 8 – nos trompetes (Figura 60). Todos

estes motivos assemelham-se com o início do tema – compasso 10 – no trompete 1

(Figura 61).
54

Figura 60

Figura 61

Na seção A – compassos 10 ao 26 - o trompete 1 desenvolve o tema

acompanhado pelo grupo (Figura 62) e em A’ – compassos 30 ao 52 - o trompete 2,

trompa e trombone repetem o tema (Figura 63).

Figura 62
55

Figura 63

3.2.4. Dorinha

O terceiro movimento da suíte é um isquenta-muié, escrito para Dorinha:

filha do Maestro DUDA.

Estruturalmente, a peça obedece ao seguinte esquema:

Seção Compassos

Introdução 1 – 13

A 14 – 34

B 35 – 46

A Introdução pode ser dividida em duas partes: a primeira uma cadência,

apresentada pelo trompete 1, pelo trombone e pela tuba nos compassos 1 ao 5; e

segunda parte – compassos 6 ao 13, com a “batida” do isquenta-muié.

A dinâmica f, nos dois primeiros compassos, em todos os instrumentos é

logo decrescida na mínima pontuada permitindo sobressair os arpejos dos solistas. O

trompete 1 enfatiza a segunda nota do grupo ligando-a com a próxima nota (Figura 64).

O trombone segue o mesmo princípio, mas decresce no final dos arpejos encaminhando
56

a nova dinâmica, em um coro a cinco vozes no compasso 3. A tuba conclui a primeira

parte da introdução.

Figura 64

O isquenta-muié é introduzido no compasso 6, por todo o grupo, com as

colcheias sempre curtas. A partir do compasso 10, com a mudança do ritmo, a tuba

acentua a segunda nota do compasso, permanecendo assim até o final da peça (Figura

65).

Figura 65

O primeiro tema, escrito em terças, é exposto pelos trompetes com

semelhante interpretação (Figura 66).

Figura 66
57

A instrumenntação da seção B - compassoss 35 ao 466 - apresen


nta-se

distinnta da seçãoo A - compaassos 14 aoo 34. A tessiitura agora é um blocoo compacto, onde

os innstrumentoss, com exceeção da tubba tocam a melodia. A nota da ssegunda parrte de

temppo é semprre acentuadda, acento este


e reforçaado pela percussão.
p N
Na repetiçãão, as

colchheias são desdobradaas em sem


micolcheias mantendoo a mesmaa acentuaçção e

dinâm
micas anteriiores (Figurra 67).

F
Figura 67

A final de B, uma caddência de trrombone seeguida por uuma cadênccia de


Ao

tuba,, ambas em arpejos. A tuba apreseenta dinâmiccas diferenttes no mesm


mo solo enqu
uanto

o troombone perrmanece nuum mesmo plano de intensidade


i sonora (Figura 68). Após

estass, voltamos ao compaasso 14 ondde os dois temas são expostos nnovamente,, sem

repettição, até a coda


c do moovimento.

F
Figura 68
58

3.2.5. Nadja

O quarto movimento da suíte é um aboio64 dedicado à sua nora Nadja.

Estruturalmente segue o esquema abaixo:

Seção Compassos

Introdução 1–4

A 5 – 12

B 13 – 20

A’ 21 - 28

Transição 29 -33

Coda 34 - 42

A introdução traz as colcheias de parte fraca de tempo com um ligeiro

reforço. No compasso 3, a penúltima colcheia - nota dó - apresenta-se sensivelmente

mais curta destacando o reforço na nota seguinte (Figura 69).

64
Definição extraído do site: http://www.brasilfolclore.hpg.com.br/ em 10/08/2001: Sua
origem é um mistério, alguns pesquisadores encontram semelhanças nas musicas dos
antigos gregos, na origem oriental tendo como semelhanças com cantos melopaicos na
África mulçumana na Costa do Marfim. É canto solo, cantado livremente, essencialmente
homófono, praticado pelo vaqueiro do Norte e do Nordeste. São geralmente cantos
silábicos, sem letras, embora algumas vezes cheguem a formar uma quadra, que termina
com o canto de uma sílaba, longo e melancólico. As melodias do aboio-de-gado são lentas
e improvisadas, livres de uma medida rítmica determinada. O canto é entoado numa linha
melódica também livre, conforme a fantasia do vaqueiro. O aboio não é considerado como
um divertimento e sim como uma coisa séria, velhíssima, respeitada. O aboio é utilizado
pelos vaqueiros para guiar o gado para determinado local, em estradas, durante comitivas
de gado muito comuns ainda no inicio do Século XX, nos campos para atrair a atenção ode
animais que se encontram escondidos.
59

Figura 69

A seção A – compassos 5 ao 12 - é a exposição do tema pelo trompete 1

com reforço em todas as notas de parte fraca de tempo. O restante do grupo executa

notas longas conduzindo a harmonia (Figura 70).

Figura 70

Na seção B – compassos 13 ao 20 - o tema é exposto em forma coral

contrastando com a seção anterior (Figura 71).

Figura 71
60

Na transição, mantendo o mesmo caráter das cadências dos movimentos

anteriores, o arpejo predomina. As mínimas pontuadas, sempre com decrescendo,

possibilitam liberdade de execução ao trompete 1, que mantendo o caráter da melodia,

executa a cadência com as notas ligadas (Figura 72).

Figura 72

3.2.6. Meyse

Mais um movimento dedicado a uma filha. Meyse é um frevo que

finaliza a suíte. A estrutura da peça define-se conforme esquema abaixo:

Seção Compassos

A 1 – 18

B 19 - 38

A peça é escrita em um bloco sonoro compacto, lembrando as bandas de

frevo que circulam pelas ruas do Recife, onde vários instrumentos de sopro e percussão

tocam sempre juntos e sem amplificação obrigando os músicos a permanecerem

tocando ao mesmo tempo.


61

Ambos os temas tem uma melodia principal e uma melodia secundária -

perguntas e respostas. Encontramos a melodia em agrupada em dois instrumentos,

excetuando a tuba, que desde o início é a responsável pelo baixo (Figura 73).

Figura 7365

Em nenhum momento a dinâmica e andamento sofrem mudanças.

O primeiro tema, seção A – compassos 1 ao 18 - em f, apresenta as notas

de maior duração, quando não ligadas, sempre encurtadas num sentido mais percussivo

que melódico. As notas ligadas sempre são acentuadas.

O segundo tema, seção B, é apresentado pelo trompete 2 e trompa com

notas ligadas e dinâmica mf nos primeiros compassos – 19 a 29. O restante da melodia

permanece com as mesmas características interpretativas referentes ao primeiro tema

(Figura 74).

65
A melodia principal começa com os dois trompetes. Nos compassos 4 e 5 trompa e trombone executam
a melodia na ausência dos trompetes.
62

Figura 74

A volta ao início, sem repetição, conduz a peça ao final do

movimento e da suíte. No último compasso a colcheia é curta e a semínima em

dinâmica ff.
63

3.3. Concertino para trompete

3.3.1. Considerações Gerais

Esta obra foi escrita originalmente para trompete e piano para o recital de

formatura do Doutorado do Professor Nailson Simões na Catholic University, em

Washigton – EUA, e dedicada a Charles Schlueter66.

A adaptação para quinteto foi realizada pelo próprio Maestro DUDA. É a

primeira peça, de todas as analisadas até o momento, que possui uma estrutura maior,

com vários temas no primeiro movimento. A parte solo apresenta considerável grau de

dificuldade, com momentos de lirismo contrastando com passagens virtuosísticas. Cabe

aqui mencionar a presença de Marcos Carneiro da Silva como trompete 2 na gravação.

O Maestro Duda considera o movimento lento desta peça como sua melhor obra.

3.3.2. Primeiro Movimento

Este primeiro movimento pode ser entendido como uma fantasia. Cada

uma das seções, conforme esquema abaixo, é melodicamente independente da anterior

ou da próxima. O caráter nordestino, de raiz, firma-se aqui como uma marca da obra do

Maestro DUDA através do maracatu e do frevo.

66
Ver Considerações Históricas.
64

Formalmente temos:

Seção Compassos

Introdução 1–3

A 4 – 19

Transição 20 - 25

B 26 - 40

C 41 - 73

Coda 74 - 83

A introdução consiste em uma pequena cadência para o trompete 1. A

primeira nota, um dó semicolcheia, é impulsionado à próxima nota reforçando seu

caráter anacrústico. Assim acontece também nas últimas colcheias das tercinas neste

mesmo compasso. No compasso 2, as semicolcheias em anacruse do sol sustenido,

também são reforçadas. Este mesmo sol sustenido é levemente encurtado e a última nota

do compasso é apoiada como anacruse do compasso 3 (Figura 75).

Figura 75

Na seção A – compassos 4 ao 19 - predominam as semicolcheias em

andamento rápido e sempre ligadas. Após cada grupo de semicolcheias, executadas pelo

trompete solo ou pelos trompetes 1 e 2, as semibreves são decrescidas. As últimas


65

semicolcheias do compasso 14 (Figura 76), assim como as últimas semínimas do

compasso 10 (Figura 77) e 18 (Figura 78) são impulsionadas em um sentido

anacrústico.

Figura 76

Figura 77

Figura 78

A transição – compassos 20 ao 25 - é um maracatu67. Os instrumentos

graves, representando os tambores, em f, marcam o ritmo da dança. A partir do

compasso 20, a instrumentação torna-se mais densa, com a inclusão progressiva de

todos os instrumentos do grupo. O motivo merece considerações: as três primeiras notas

são executadas por todo o grupo, em uma duração intermediária entre o destacado e o

67
Extraído do site: http://www.maria-brazil.org/maracatu.htm em 30/12/2001 :
Maracatu é o carnaval de grupo de Pernambuco, no nordeste do Brasil. Os grupos são
denominados “nações”, por exemplo: Nação do Leão Coroado, significando um grande
grupo homogêneo. Maracatu de O é composto de uma pequena percussão com diversos tipos
de instrumentos: agogô e chocalhos. Mulheres dançam e homens cantam. Eles desfilam ao
ritmo dos tambores, vestidos com belas roupas decoradas. O solista canta uma canção e o
coro de mulheres respondem com o refrão. O porta standarte é seguido pelo rei e pela rainha
do maracatu. Os homens carregam sombrinhas decoradas com franjas simbolizando o sol.
Como frente de na de mulheres grupo de dançarinos carregam um boneco chamado calunga.
Este boneco é supostamente um feiticeiro.
66

valor integral. A mesma colcheia, quando entre duas semicolcheias, tem seu valor é

reduzido (Figura 79).

Figura 79

A seção B - compassos 26 ao 40 - contrasta em caráter com a seção

anterior. As notas mais curtas em um grande bloco compacto de som cede lugar a uma

canção apresentada pelo trompete solo e acompanhada pelos demais instrumentos. A

trompa permanece em estilo “baixo d’Alberti” por toda a seção.

Podemos dividi-la em duas partes: solo acompanhado – compassos 26

ao 33 (Figura 80) e acompanhamento solando – compassos 34 ao 37 (Figura 81). Os

compassos 38 ao 40 conduzem à nova seção.

Figura 80
67

Figura 81

Nos intervalos, inclusive na trompa, as notas mais graves são apoiadas

numa clara intenção anacrústica contribuindo para a expressividade da melodia. As duas

frases, independente da instrumentação, formam um grande legato.

O frevo, seção C, a partir do compasso 41, acelera até o compasso 44

onde encontramos o andamento definitivo. As escalas apresentadas pelos trompetes 1 e

2 são executadas em duplo destacado68 (Figura 82). As colcheias do compasso são todas

encurtadas.

Figura 82

O trompete solo apresenta todo o tema do frevo. Toda a articulação

baseia-se em notas ligadas e notas em duplo destacado, conforme grafado. No motivo

duas semicolcheias-colcheia ligadas, no compasso 49, a última nota é encurtada. O

mesmo acontece no motivo semicolcheia-colcheia-semicolcheia, onde a nota de maior

68
Articulação que pronuncia o grupo de notas em uma seqüência de dha-gha-dha-gha. Segundo Arban
(1982), “Este tipo de efeito destacado é extremamente importante para tocar-se escalas e arpejos em
ritmo duplo.”
68

duração é sempre encurtada – compasso 58 (Figura 83). Neste ponto, todo o grupo

executa esta última nota com mesma concepção interpretativa (Figura 84).

Figura 83

Figura 84

A seção final, a coda do movimento, traz uma seqüência de escalas onde

o trompete solo executa todos os grupos de semicolcheias numa alternância de duas

ligadas e duas notas articuladas em duplo destacado. No compasso 81, a nota de maior

duração é encurtada. (Figura 85).


69

Figura 85

3.3.3. Segundo Movimento

Em forma de canção, este segundo movimento explora as nuances

expressivas do trompete solo e do quinteto. A dinâmica sonora percorre do mf ao ff.

A estrutura do movimento fica assim definida:

Seção69 Compassos

Introdução 1–4

A 5 – 20

B 21 – 35

A’ 35 - 50

B 51 – 64

Coda 65 - 68

A introdução apresenta escalas nos trompetes 1 e 2. Estas sofrem um

ligeiro aumento de intensidade à medida que as notas caminham para o grave (Figura

86).

69
Os inícios o os finais das seções coincidem: os últimos compassos da seção A – compassos 35 e 36,
coincidem com os dois primeiros de A’ – compassos 35 e 36. Consideramos como seção a melodia
completa sem preparação.
70

Figura 86

A seção A – compassos 5 ao 20 - aparece como uma melodia

acompanhada, onde todos os instrumentos atuam em função do solista. O tema é

apresentado com reforços nas notas graves decrescendo nas notas mais agudas e

crescendo nas escalas descendentes. Nos compassos 6, 8, 9 e 10, o motivo começa na

segunda colcheia. A primeira colcheia é um prolongamento do compasso anterior

(Figura 87).

Figura 87

No acompanhamento, a trompa reforça as notas mais graves (Figura 88).

Figura 88
71

No último compasso da seção, a tuba apresenta um crescendo na escala

descendente e um decrescendo na última nota (Figura 89).

Figura 89

Na seção B – compassos 21 ao 35 - encontramos o andamento acelerado

definido pela própria expressão poco affretando. A mudança de caráter pode ser notada

no acompanhamento, agora rítmico, pela presença de pausas e notas repetidas em

destacado. Uma intervenção melódica ocorre no compasso 27, onde o trompete solo

finaliza a primeira parte da frase. Este fragmento é exposto em uma dinâmica mf com

decrescendo no final (Figura 90).

Figura 90
72

Na reexposição A’ – compassos 35 ao 50 - encontramos o tema da seção

A orquestrado para todo o grupo com dinâmica f e com apoios e reforços conforme

analisado anteriormente (Figura 91).

Figura 91

A coda do movimento – compassos 65 ao 68 - traz grupos de duas

colcheias onde a segunda sempre é encurtada. A nota final é executada com menor

intensidade sonora em relação à nota anterior (Figura 92).

Figura 92
73

3.3.4. Terceiro Movimento

Este terceiro movimento é um exercício de virtuosidade, baseado em

escalas em andamento muito rápido. Estruturalmente segue o quadro abaixo:

Seção Compassos

Introdução 1–4

A 5 – 25

B 26 - 35

Coda 37 - 53

Não faz sentido analisar separadamente as seções. Ambas se

assemelham tanto na construção melódica e harmônica quanto na concepção

interpretativa.

A introdução apresenta o elemento melódico de toda a peça: escalas em

semicolcheias. Os trompetes 1 e 2 executam as escalas ligadas com um crescendo à

medida que as notas tornam-se graves. A escala em fusas do trompete 1 sofre um

decrescendo e a colcheia do segundo tempo é executada em destacado. O

acompanhamento em notas curtas mantém-se por toda a peça (Figura 93).


74

Figura 93

Toda a melodia está acompanhada de ligaduras. As notas mais graves são

reforçadas num sentido anacrústico - grafado com sinais de ( - ) (Figura 94). A dinâmica

é inversamente proporcional à direção das escalas: quando a escala é descendente, o

volume aumenta; quando ascendente, o volume diminui (Figura 95).

Figura 94

Figura 95
75

3.44. Música para


p Metais nº 1

O texto abaaixo, fotocoopiado do manuscrito


m o
original do M
Maestro DU
UDA,

ofereece uma visão sobre a obra:


o

E mente a peçaa segue o seguinte esquuema:


Estruturalm

Seçção Com
mpassos

Introddução 1-7

A 8 – 37

Transsição 38 - 46

B 46 - 107

C 108 - 125

Coda 125 - 140

A introduçãão apresentta elemento


os distintos e contrastaantes: colch
heias,

semicolcheias, quiálteras,
q síncopes e mudanças de compasssos. Podem
mos dividi-lla em

dois planos noos primeiros quatro compassos:


c os trompeetes em oittava vs tro
ompa,
76

trom
mbone e tubaa (Figura 966), que se esstabiliza noss compassos 5 – 7, com
m mesmo motivo
m

para todo o gruppo (Figura 97).


9

F
Figura 96

F
Figura 97

A introduçãão é apresentada em dinâmica ff com deecrescendoss nas

semibreves com
mo visto na
n figura 96. A terrcina, no compasso
c 7, é execcutada

pausadamente, quase
q comoo uma cadênncia.

O trombonee expõe o teema da seçãão A – com


mpassos 8 aoo 37. A parrtir do

comppasso 23 o trompete
t 1 assume
a a melodia.
m Em dinâmica mp,
m a seção A é contrasstante

com a introduçãão (Figura 98).


9

F
Figura 98
77

A transição – compassoos 38 ao 43
3 - é construuída como uum grande bloco
b

rítmiico onde toddos os instruumentos exxecutam os mesmos


m mootivos, com uma exceçção na

partee de tuba e percussão,, assim com


mo nos trom
mpetes no compasso
c 443. O carátter da

seçãoo está ligado à dinâmicca ff, andam


mento rápido
o, semicolchheias reforççadas e colccheias

curtaas (Figura 99).

F
Figura 99

N seção B – compassoos 46 ao 107


Na 7 - a trompaa apresenta o tema prin
ncipal

que efetivament
e te começa no
n compassso 51. Umaa pequena inntrodução à seção pod
de ser

estabbelecida noss compassoss 46 ao 50 (Figura


( 100)).

F
Figura 100

A trompa trraz um elem


mento interrpretativo digno
d de noota: o motiv
vo no

comppasso 60, quue se repetee em 61, 64 e 65. A collcheia mais grave, apóss notas de menor
m

valorr, é encurtadda (Figura 101).


1
78

F
Figura 101

O acompannhamento é apresentaado em coolcheias cuurtas e sín


ncope

acenttuada, lembbrando um bolero


b tradiccional (Figu
ura 102).

F
Figura 102

A partir doo compassoo 67, o teema é aprresentado eem oitava pelos

trom
mpetes e um
m contraponnto em unísssono de tro mbone. Noo compasso 75 a
ompa e trom

trom
mpa retoma a segunda parte do tem
ma (Figura 10
03).

F
Figura 103
79

A partir destte ponto, um


m aumento da densidadde sonora é conseguido
o com

o inccremento dee instrumenntos que exxecutam o tema a partiir do compasso 83, co


om os

trom
mpetes e trom
mbone e noo compasso 88 em diante, até o compasso
c 91. Todo o grupo
g

execuuta o mesm
mo ritmo em
m dinâmica f,
f refletindo
o o ponto culminante
c dda seção (F
Figura

104).

F
Figura 104

N seção C – compassoos 108 ao 125 - temos um frevo inncompleto700 com


Na

escallas sempre ligadas e duas


d diferenntes articulaações: a prim
meira com a colcheia entre

duas semicolcheeias encurtaada, e a seguunda, a resp


posta de trom
mbone e tubba em sínco
opes e

com acentos (Fiigura 105).

F
Figura 105

70
O frevo
f completo possui uma forma AB, e neste caso, enncontra-se inccompleto por possuir apenaas uma
parte. Este frevo seerá desenvolviido na forma AB
A como Júniior na suíte Teemas Nordestiinos.
80

A coda da peça
p começa – compassso 125 - coom uma pirrâmide71 seguida

por um
u breve cooral em f – compassoss 129 ao 13
33 - que finnaliza com o trompete 1 em

uma região exttremamentee aguda doo instrumen


nto com as colcheiass iniciais destes
d

comppassos muitto apoiadas (Figura 1066).

F
Figura 106

3.55. Marquinhhos no frevoo

A peça é esttruturalmentte bitemáticca, conform


me a tabela ab
abaixo:

Seçção Compaassos

A 1 – 14
1

B 15 – 35
3

A
Ambas as seeções apresentam um tema
t de oitto compassoos que se reepete.

Os últimos comppassos, na repetição


r daa frase, diferrem para cooncluir a seçção.

D ponto dee vista interppretativo, as


Do a notas de maior
m duraçção estão seempre

encuurtadas (Figura 107), exceto


e quanndo ligadas à mesma nota
n no com
mpasso seg
guinte

(Figuura 108).

F
Figura 107

71
Enttrada sucessiva de vozes em
m um bloco dee acordes (n. do
d a.).
81

F
Figura 108

N
Nota-se acenntos nas nootas em co
ontratempo em todos oos instrumeentos,

incluusive a percuussão (Figuura 109).

F
Figura 109

No compassso 14, seguundo tempo


o, a nota é antecipada
a por um peq
queno

glissaando (Figurra 110).

F
Figura 110

A seção B – compassoss 15 ao 35 - é um diáloogo propostto pelo trom


mbone

e resppondido pelos trompettes (Figura 111).


1
82

F
Figura 111

N
Nesta segunndo seção, “diálogo”, o trombonne executa a melodia com

acenttos conform
me a figurra abaixo (Figura
( 112
2). Contrarriando estaa proposição, os

trom
mpetes apreseentam escallas sempre ligadas.
l

F
Figura 112

O acentos na intervenção de to
Os odo grupo são executtados por todos,
t

incluusive a perccussão (Figuura 113), e cabe ressaaltar a percuussão semppre executan


ndo a

“batiida” do frevvo, mas acenntuando em


m conformidaade com o grupo.
g

F
Figura 113
83

N repetiçãoo, antes do final,


Na f o trom
mbone improovisa uma m
melodia. Crriação

do próprio
p insttrumentista,, pois não se enconttram referêências ao ffato na parrtitura

origiinal. Não trranscrevereemos o solo. A coda final é um


m acorde dde resolução em

dinâm
mica ff paraa todo o gruupo.

3.66. Coletâneaa 93

3.6.1 Os Moonges de St. Thomas

A primeira peça
p m choro. O trombone aapresenta o tema
da colletânea é um

princcipal no iníccio da seçãoo A – comppassos 5 ao 20 - que loogo após é rrepetido porr todo

o gruupo. A seçãão B – com


mpassos 21 ao 38 - trazz novo tem
ma apresentaado por tod
dos os

instruumentos. Uma
U pequenaa introduçãoo e uma cod
da também curta completam a estrrutura

da peeça, assim definida:


d

Seçção Com
mpassos

Introddução 1-4

A 5 - 20

B 21 - 38

Coda 40 - 44
84

A Introduçãão – compaassos 1 ao 4 - traz doiis pontos dignos de no


ota: o

prim
meiro é a collcheia após a semicolchheia, em sín
ncope e ligaadas. A colccheia é encu
urtada

no seeu valor (Figura 114). O segundoo ponto é o decrescenddo nas míniimas no fin
nal da

seçãoo (Figura 1115).

F
Figura 114

F
Figura 115

N seção A – compasssos 5 ao 20
Na 0 - o trombbone apreseenta o temaa com

ligadduras nas seemicolcheias na parte fraca


f de tem
mpo (Figura 116). Os accentos prop
postos

pelo trombone são acomppanhados poor todos oss instrumenntos, com eexceção daa tuba

(Figuura 117).
85

F
Figura 116

F
Figura 117

O tema é repetido
r peelos trompeetes, trompaa e tromboone com mesma
m

articuulação, acenntuação e dinâmicas


d (Figura 118). A trompaa encerra a seção com
m uma

meloodia em notaas ligadas.

F
Figura 118

A seção B – compassoos 21 ao 38 - traz novoo tema apressentado porr todo

o gruupo com diinâmicas, articulações e acentos idênticos


i em
m todas as vozes e co
om as

notass de maior valor


v encurttadas e notaas de menorr valor reforrçadas sonooramente (F
Figura

119).
86

F
Figura 119

A coda – compassos 40
4 ao 44 - apresenta
a os elementoss interpretaativos,

citaddos anteriorrmente, em todos os instrumento


os. A síncoope – comppasso 40 - com

acenttos pontuaddos e as mínimas


m em
m decrescen
ndo. No com
mpasso finnal, no grup
po de

semicolcheias as notas são executadas cada uma mais


m curta que
q a anterioor (Figura 120).
1

F
Figura 120
87

3.6.2. Saudaade

E
Estruturalm
mente, a peçaa pode ser assim
a definiida:

Seçção Com
mpassos

Introddução 1-5

A 6 - 36

B 37 - 45

C 46 - 53

Coda 55 - 58

N seção A – compasssos 6 ao 36 - encontram


Na mos melodiia acompan
nhada,

em compasso
c teernário e dinnâmica mf. Em oposiçãão, B – com
mpassos 37 aao 45 - apreesenta

um teema escritoo em bloco, compasso quaternário


q e dinâmica f.

O aspecto de
d liberdadde melódicaa e rítmica pode ser nootado em to
oda a

peça. Na introddução – com


mpassos 1 ao 5 - os instrumentoos que exeecutam colccheias

destaacam-se do restante do grupo (Figuura 121).

F
Figura 121

O tema prinncipal da peça é apresen


ntado pelo trompete 1 em toda a seção

A em
m uma grannde ligadurra. Pequenaas variaçõess melódicass (Figuras 1122 e 123) e de

articuulação diferrenciam as frases


f (Figuuras 124 e 125).
88

F
Figura 122

F
Figura 123

F
Figura 124

F
Figura 125

A seção B – compasssos 37 ao 45
4 - apreseenta um eleemento melódico

distinnto do anteerior. O term


mo “swing” denota a flexibilidadde rítmica - a figura é

interppretada com
mo . Toddo o grupo interpreta o trecho coom articulaçções e dinâm
micas

semeelhantes (Figgura 126).


89

F
Figura 126

3.6.3. Thaís

C
Como já citaado, é referrência à suaa neta Thaíss. A obra é uma bossa--nova

c
com um úniico tema.

E
Estruturalme
ente definidda como:

Seçção Com
mpassos

Introddução 1-5

A 6 - 31

B 32 - 63

Coda 65 - 69

O tema é expoosto na seçãão A - comp


passos 6 ao 31 - e B – ccompassos 32 ao

63 - uma
u seção dedicado
d aoos solos de trompete
t 1 e trompa.

Oss flugelhornns foram inndicados e utilizados


u n maior paarte da peça. Na
na

revissão original optamos poor preservarr a indicação


o original.

A liberdade interpretatiiva é a maiis importantte característica desta peça,

expliicitada peloo uso de orrnamentos e mudançaas de ritmo nos solos, que podem
m ser
90

obserrvadas no trompete
t 1 e na trom
mpa principaalmente na seção B. A
As ligaduraas são

grafaadas pelo coompositor mais


m como uma formaa de sugestãão que uma ordem dev
vido à

falta de precisãão nas messmas (Figuura 127). A unidade acontece qquando todo
os os

instruumentos obbedecem às mesmas arrticulações e dinâmicass não impreessas na parrtitura

origiinal (Figura 128).

F
Figura 127

F
Figura 128

Naa seção A – compassos 6 ao 31 - todos os innstrumentoss que particcipam

do soli
s executtam as liggaduras e acentos dee forma iddêntica. Ass características

interppretativas encontradaas nas revisões anterriores, com


mo notas eencurtadas e/ou

reforrçadas, deixxam de ter valor nesta peça. Os fatores


f que contribuem
m para isto são a

instruumentação: com o uso dos flugeelhorns, insstrumentos de som dooce e suavee; e o

carátter: pela prioorização daa melodia peela bossa-no


ova.

Ass caracteríssticas citadaas – dimin


nuição de valores
v dennotas e refo
orços,

encontram-se appenas no treecho onde os trompetess são utilizaddos (Figuraa 129).


91

Figgura 129

3.6.4. Phillipppe no frevoo

mas claros e distintos. A instrumen


U frevo coompleto, com dois tem
Um ntação

t
traz três plaanos sonoroos: no primeeiro os trom
mpetes semppre atuando juntos prop
pondo

o diálogo; no segundoo a trompa e o trombo


one, também juntos, rrespondendo aos

t
trompetes e no terceiro plano a tuba e percussão.
p A tuba é o baixo e está

d
diretamente
e ligada à peercussão.

D
Definimos assim a estruutura da peçça:

Seçção Compaassos

A 1 – 17
1

B 18 - 36
3

Muitos são os
o detalhes dignos de consideraçõões: a prim
meira seção,, A –

comppassos 1 aoo 17 - é exeecutada com


m todas as notas
n separradas72, ou sseja, não lig
gadas

(Figuura 130); o mesmo nãoo acontece em


e B – com
mpassos 18 ao 36 - quee possui mo
otivos

ligaddos (Figura 131).

72
Umma exceção poode ser notadda no segundoo tempo do compasso 4, o que não invvalida concepçção do
trechoo.
92

Figgura 130

Figgura 131

O segundo e terceiro compassos da peça são executtados em duplo


d

destaacado pelos trompetes.

O motivo abbaixo (Figuura 132), traz


t elemenntos interprretativos ciitados

anterriormente: o motivo semicolchei


s a-colcheia-semicolcheia com um
m reforço so
onoro

nas semicolchei
s ias e uma reedução do valor
v na collcheia. A seemínima em
m síncope seempre

se enncontra acenntuada – com


mpasso 7.

Figgura 132

N seção B, apesar doss motivos em


Na m ligadurass (Figura 1333), a conceepção

i
interpretativ
va acima peermanece.

Figgura 133
93

3.77. Serenata no Capibarribe

O Capibarribe é o rioo que cercaa a cidade do d Recife. A peça é paarte de um


grande traabalho sinfôônico, evocaando e desccrevendo o centro
c da ciidade, cujo
73
terceiro movimento
m fooi arranjadoo para quinteto de metaais.

A obra é coonstruída como uma melodia


m acompanhadaa e sua estrrutura

mal fica assim


form m definida:

Seçãão Compassos
C

Introduução 1-5

A 6 - 24

B 25 - 33

A’ 34 – 39

Codaa 41 -44

N introduçãão, o motivvo gerador é apresentaddo pela trom


Na mpa, trompete 2 e

trom
mpete 1 respeectivamentee acompanhhando a prog mônica – coompassos 1 ao 3.
gressão harm

Todaas as entradaas em semibbreves são acentuadas


a e seguidas por um deccrescendo ráápido,

(Figuura 134) perrmitindo quue o motivo gerador fiq


que destacaddo (Figura 135). A prim
meira

semicolcheia deeste é reforççada sonoramente, com


mo um impuulso para a nnota seguintte em

intervvalo de sétiima. Para marcar


m este apoio
a a notaa foi grafadda com um ( ) este ap
poio é

explíícito e enconntra-se em todas


t as reppetições do referido
r mootivo.

73
Traanscrição do Encarte
E do CD
D “Brassil playys Brazil” esccrito por Ricarrdo Cânzio.
94

F
Figura 134

F
Figura 135

N seção A – compaassos 6 ao 24 - o troompete 1 eexpõe o tem


Na ma –

comppassos 6 aoo 14, e reppete a messma nos co


ompassos 15
1 ao 22 aas colcheias são

impuulsionadas para
p a notaa seguinte com
c idéia de
d anacrusee (Figura 1136). A prim
meira

partee da frase – compassos 6 ao 9 - é executada em uma grande ligaadura. Na edição


e

final para visuallmente cham


mar a atençção para a valorização
v das colcheias, uma seg
gunda

ligaddura, menor, foi adicionnada ao acento ( ).

F
Figura 136
95

A semicolcheias do compasso 14 mais uma


As u vez fu
funcionam como

anacrruses da míínima que see segue (Figgura 137).

F
Figura 137

E
Efetivament
te a marcaçãão rítmica da
d percussãão começa nno compasso
o 7, a

indiccação nos manuscritos


m t a indicaação de “bo
traz olero rápidoo” conform
me a Figura 138.
1

F
Figura 138

A seção B – compasssos 25 ao 33
3 - é um pequeno trrecho de esscalas

rápiddas e acordees caracterissticamente rítmicos


r em
m andamentoo mais rápiddo, o que co
onduz

a reeexposição do
d tema peela trompa e trombonee. Nesta seeção, a perccussão refo
orça o

quintteto nos com


mpassos 29 e 30 (Figurra 139).

F
Figura 139

C
Característic
ca marcannte na intterpretação é um ddecrescendo
o de

intennsidade nas mínimas e semibrevees. Isto ocorrre por sereem estas ass notas de maior
m
96

duraçção, notas menores e mais siignificativas melodicaamente poddem fluir mais

livrem
mente sem a pressão da
d intensidaade de som
m de uma seemibreve suustentada (F
Figura

140).

F
Figura 140

A reexposição – compaassos 34 ao 39 - de trompa e trom


mbone, não segue
s

a conncepção da valorizaçãoo da colcheiia como exp


posta pelo trrompete. N
Na edição fin
nal da

partittura as colccheias estarrão grafadas com as in


nflexões, poois devido à constânciia em

que tal elementto é enconttrado torna-se caracterrística da concepção


c iinterpretativ
va do

grupo (Figura 1441).

F
Figura 141

N volta à letra A – compasso


Na c 7 - o andam
mento, as aarticulações e os

fraseeados se mantém
m connforme já descrito.
d Na
N coda, seemelhante á introduçãão, as

semibreves são acentuadaas e decrescem rapidaamente, term


minando seem alteraçãão de

andaamento em uma
u semibreve com ferrmata, em sfz
sf crescenddo com vibraato (Figura 142).
97

F
Figura 142

3.88. Nairam

F
Frevo compposto pelo Maestro
M UDA, dedicado ao seu neto, Nairaam. O
DU

Prof.. Nailson Siimões confiirma74: “Nairam nasceu no sábado


do de carnavval por voltta das

5 da manhã, porrtanto, é um Z Pereira75.”


m legítimo Zé

P
Pelas caractterísticas é um frevo de
d rua: umaa fanfarra como introd
dução,

anunnciando o começo
c da festa. Umaa excelente alusão ao Zé Pereiraa do carnav
val do

Recife e Olinda.

74
Decclaração conceedida através de correio eleetrônico.

75
Segundo http://www.123-rio.com/v__bras/rjgb-a0ii.htm em 09/009/2001: Em 1852 surgiu o
Zé Pereira, conjunto dee bumbos e tambores
t lideerado pelo saapateiro José Nogueira dee
Azevedo Paaredes, que percorria
p as ruas
r da cidad de, animandoo o Carnavall. Em seguida a
surgiram ouutros instrumeentos, como cuícas,
c tambo orins e pandeeiros75. Ou ainda conformee
http://www.tropicalnet.coom/arcos/ em
m 09/09/2001: Em Recife, naa madrugada do Sábado dee
Zé Pereira - período quee marcou épocca nos carnavvais antigos depois
d que umm sapateiro dee
origem porttuguesa teria introduzido o hábito de animar
a a foliaa carnavalescca ao som dass
zabumbas e tambores...
98

D forma bitemática, a peça apreseenta duas seeções assim definidas:


De

Seçãão Com
mpassos

Introduução 1-8

A 9 - 24

B 25 - 48

A introduçãão apresentaa a fanfarraa, primeiram


mente peloss trompetess em

seguiida pela troompa e trombone. Ass mínimas ligadas


l são sempre deecrescidas, com

exceção da tubaa (Figura 143).

F
Figura 143

olcheias dass tercinas, são apoiad


N compassso 6, as seegundas co
No das e

reforrçadas sonorramente porr todo o gruupo (Figura 144).

F
Figura 144

E ambas as seções os temas característic


Em c os dos frevvos, em esccalas

rápiddas e síncoppes, são exeecutados coom acentos em todas as


a notas (Fiigura 145), com

exceção das sínncopes de semicolchei


s a-colcheia-semicolcheiia, onde as notas men
nores
99

são reforçadas e as maioores são enncurtadas (Figura


( 1466). Todas as escalas são

articuuladas em duplo
d destaccado. A dinâmica em to
oda a peça tende
t ao f.

F
Figura 145

F
Figura 146

3.99. Tema parra um tromppetista

Foi escritta em hom menagem a Onildo Farias,


F um grande troompetista e
trompista de Pernam mbuco que morreu
m com
m quarenta e dois anos.. Ele foi um
m
grande am migo de DUUDA, que o chamava dee Chet Bakeer do Nordeeste. A obra
a
foi escritaa imediatam
mente após a sua mortee e executada em umaa igreja diass
após a suaa morte.76

A obra resuume-se a uma


u frase de
d dezesseis compassoos repetida duas

vezes, com umaa pequena inntrodução e uma coda pequena.


p

76
Enccarte do CD BRASSIL
B Playss Brazil. Escriito por Ricard
do Cânzio.
100

A estrutura define-se
d poor:

Seçãão Co
ompassos

Introduução 1-4

A 5 - 27

Codda 28
2 - 31

A obra é executada
e c
com a dinâm
mica do soolo em mf e o restantee dos

instruumentos em
m intensidaddes menorees. A tromp
pa apresentaa em toda a obra um baixo
b

d’Albberti, com todas


t as nottas mais graaves do motiivo reforçaddas (Figura 147).

F
Figura 147

F
Fazendo a ligação entrre as repetiições das frrases, o trom
mpete 2 ex
xecuta

uma pequena melodia


m de muita exprressividade. As notas mais
m graves são reforçadas

sonoramente e a nota em parte fracaa de tempo é impulsioonada para a próxima nota,

comoo uma anacrruse. Um deecrescendo na mínima finaliza o pequeno


p soloo (Figura 14
48)

F
Figura 148

O único moomento de dinâmica


d f e acentos apparece na cooda, onde to
odo o

grupo cresce e acentua


a as colcheias (Fiigura 149).
101

F
Figura 149

3.110. Suíte Monette


M

3.10.1. Conssiderações Gerais


G

O inconfuundível som das compoosições de DUDA


D aparrece na inventiva Suítee
Monette dedicada
d a famoso fabricante
ao f americanoo de tromppetes David d
Monette. Ele
E utiliza formas
fo e eveentos nordesstinos.77

C
Cabe destaccarmos a participação
p do trompeetista Charlles Schluetter na

gravaação. O soolo é expoosto pelo trrompete so


olo e pelo trombone solo, fican
ndo o

acom
mpanhamentto a cargo de
d dois trom
mpetes, trom
mpa, tuba e percussão.
p

3.10.2. Cirannda

Esstruturalmennte definimoos a peça co


omo:

Seçção Com
mpassos

Introddução 1-7

A 8 - 23

B 24 - 31

A
A’ 32 - 47

Coda 49 - 50

77
Enccarte do CD “Brassileiro”
“ e
escrito por Ricardo Cânzio..
102

A introduçãoo, grandiosaa e em dinââmica fortee, começa ccom uma grrande

escalla simulanddo um gliissando. O tema da introduçãoo começa eefetivamentte no

comppasso 2 coom muitas tercinas e apoio harm


mônico do restante ddos instrum
mentos

(Figuura 150). Notamos


N um
m reforço exxplícito nass duas últim
mas notas dda quiáltera. Nos

mas são refoorçadas em um sentidoo anacrústico pelos trom


comppassos 5 e 6 as semínim mpete

1, troompete 2 e trompa
t (Figgura 151).

F
Figura 150

Figgura 151

O tema da prrimeira seção começa anacrusticaamente no compasso 8,


8 em

mpete solo e trombon


terçaas, é expostto pelo trom ne solo. O acompanhaamento pod
de ser

dividdido em duuas partes: a primeira, em dinâm


mica pp e caaráter rítmiico, apresen
nta as

notass de maior valor – coolcheias e semínima - encurtadas (Figura 1552); e a seg


gunda

melóódica com dinâmica


d mff, dentro dee uma grand
de ligadura com reforço nas semín
nimas

em teempo fraco (Figura 1533).


103

Figgura 152

Figgura 153

Um m f, separaa a repetiçãão do tema que a parttir do


m pequeno motivo, em

comppasso 16 é apresentadda em dinââmica mf com


c reforçoo na segunnda semicollcheia

(Figuura 154).

Figgura 154

A segunda seção,
s B – compassos 24 ao 31 - em 2/4, trraz um elem
mento

i
interpretativ
vo digno de
d nota: na
n célula semicolchei
s ia-colcheia--semicolcheeia, a

c
colcheia sem
mpre é encuurtada e a seemicolcheiaa reforçada sonorament
s te (Figura 155).

Figgura 155
104

3.10.3. Baladda

Esstruturalmennte este movvimento pod


de ser repreesentado com
mo:

Seçção Compaassos

A 1 - 16

B 17 - 25
2

A
A’ 25 - 36
3

C 36 - 56
5

A primeira seeção, A – compassos 1 ao 16 - traaz o tema pprincipal ex


xposto

prim
meiramente pelo
p trompeete solo seguido pelo trrombone soolo. O tromppete solo reeforça

as nootas em partte fraca de tempo


t em tooda melodiaa (Figura 1556). Não tem
mos uma medida
m

exataa do que seja esse reeforço, vistoo que é modificado


m e todas oos motivos78
em 7
. As

semibreves são todas decrrescidas, nãão somente pelos solistas, mas poor todo o grupo.
g

Quesstionado sobbre o porquue da mudaança entre os motivos, o Prof. C


Charles Schllueter

respoondeu:

Por duas razões: a primeira é que tento o nunca toccar algumaa coisa da
mesma maaneira – o agrupamennto de nota as permite liberdade para usar
diferentes ênfases e nuances;
n e a segunda: eu
e nunca leembro comoo toquei na
79
primeira vez!
v

Figgura 156

78
Connsideramos coomo motivo o material melóódico dos doiss primeiros coompassos.
79
Deppoimento infoormal concediddo ao autor em
m 29/10/2002 na UNIRIO.
105

O acompanhhamento taambém inteerpreta com


m muita ênffase as notas de

m
menor valoor num senttido anacrúústico (Figu
ura 157), seempre em legato, confforme

p
proposição da interprettação do troompete solo e em uma intensidade
i sonora men
nor.

Figgura 157

Noos compasssos 10 e 12, no acomp


panhamentoo, durante o decrescend
do do

trom mbém reforrça as notass executadaas em partee fraca de tempo


mbone solo o grupo tam

(Figuura 158), e diminui


d a inntensidade sonora
s ao see encaminhaar para o aggudo.

Figgura 158

O trombonee é discretoo quanto ao


a reforço das notas já citadas,, mas

p
participa noos decrescenndos nas sem
mibreves (F
Figura 159)..

Figgura 159
106

Naa seção B – compassoos 17 ao 25


5 - a intenssidade sonoora, o vibrato, as

notass não ligaddas e a orqquestração disfarçam os reforçoss sonoros, como o notado

claraamente na seegunda colccheia do com


mpasso 17 (Figura
( 1600).

Figgura 160

A partir do coompasso 211 o caráter de


d Big Bandd vai se dessfazendo paara no

comppasso 25 reetornar à concepção interpretativ


va da primeeira seção, notamos aqui
a a

ausênncia do vibbrato, a orqquestração mais


m transp
parente, e a intensidadde sonora menor
m

(Figuura 161).
107

Figgura 161

O compasso 36, seção C – compasssos 36 ao 56 - é umaa variação de


d A,

agoraa em comppasso ternáário, acomppanhamento rítmico e solo em uuníssono en


ntre o

trom
mpete e o troombone. Nootamos a dim
minuição do
o valor de algumas
a notas e o reforrço de

outraas por todo o grupo, asssim como, a ausência do


d decresceendo nas mínnimas pontu
uadas

– com
mpassos 38 e 39 - confforme visto na figura 16
62:

Figgura 162
108

Em seguida, o retorno à B – compasso 17 - não traz novos elementos

interpretativos. A coda é um grande acorde onde o trompete solista executa um arpejo

terminado com um grande crescendo.

3.10.4. Valsa

Este terceiro movimento da suíte, foi composto originalmente como

Andrezza e foi gravado no Cd Brassil plays Brazil, como peça independente. Nesta

gravação o solo foi interpretado pelo Prof. Nailson Simões, no trompete, e pelo Prof.

Radegundis Feitosa, no euphonium.

A estrutura do movimento pode ser representada pelo quadro abaixo:

Seção Compassos

Introdução 1-5

A 6 - 24

B 25 - 50

Coda 52 - 56

Neste movimento, os solistas apresentam toda a melodia. Ao restante do

grupo cabe o acompanhamento e pequenos fragmentos melódicos que preparam a

repetição de uma frase – o motivo no compasso 9 - delimita a melodia entre o trompete

solo e o trombone solo (Figura 163) ou a chegada de uma nova seção – o motivo

melódico no acompanhamento termina a seção A e prepara a seção B (Figura 164).


109

Figgura 163

Figgura 164

N introduçãão – compaassos 1 ao 5 - destacaamos a intennsidade son


Na nora f

em toodas as vozzes. Todo o grupo execcuta em con


njunto os deecrescendoss no compassso 3.

O troompete 1 reforça a colccheia que prrecede o sallto de intervvalo do-sol - compasso


o2-e

a notta final do compasso


c 4 – o Ré colccheia (Figurra 165).
110

Figura 165

Na seção A – compassos 6 ao 24 - o início da melodia, exposta pelo

trompete solo, mantém o tempo anterior, ou seja, nenhuma intenção de cadenza pôde

ser notada. Muitos são os pontos de reforço nas notas de parte fraca de tempo num

sentido anacrústico. Este reforço torna-se mais efetivo quando a nota precede um salto

de intervalo (Figura 166).

Figura 166

O trombone solo expõe parte do tema com a mesma concepção

interpretativa do trompete solo (Figura 167).

Figura 167

O acompanhamento realizado pelo grupo com intensidade menor em

relação ao solo. Acompanha a ligadura proposta pelos solistas e enfatiza pequenos


111

motivos melódicos quando o solo está executando notas de grande duração ou pausas

(Figura 168). Após a intervenção, o acompanhamento decresce a intensidade sonora.

Figura 168

Na segunda seção, B – compasso 25 ao 50 - a melodia principal está no

trompete solo com o trombone solo sublinhando o tema.

O trompete solo interpreta este tema como ternário com mínima

pontuada como unidade, ou seja, um só pulso. Podemos concluir isto devido à ênfase

nas cinco últimas colcheias transformando-as numa grande anacruse (Figura 169).

Figura 169

Para o acompanhamento, nesta seção, a concepção interpretativa

permanece a mesma comentada na seção A.


112

Após as repetições, a coda traz um grande bloco sonoro em dinâmica f.

Os solistas relembram o início do primeiro tema se encaminhado para o fim do

movimento.

3.10.5 Boi-Bumbá

O esquema formal do movimento pode ser assim representado:

Seção Compassos

Introdução 1

A 2-8

B 9 - 26

C 27 - 58

B’ 59 -74

D80 75 - 88

Coda 89 - 97

A introdução traz um elemento interpretativo digno de nota: os apoios em

notas que antecedem saltos de intervalos (Figura 170).

Figura 170

A seção A – compassos 2 ao 8 - traz o trompete solo apresentando o tema

do Boi-Bumbá, no registro grave do instrumento em andamento lento, quase um

lamento.

80
Consideramos D como uma seção, pois contém a seção B’ e C, literalmente como uma redução de duas
seções em uma, assim optamos por não adotar como B’’ ou C’. (n. do a.)
113

No compasso 9, o motivo abaixo anuncia uma nova seção (Figura 171).

Neste caso, as notas de maior valor são encurtadas – colcheias, e as notas de menor

valor são reforçadas – semicolcheias. Não notamos nenhum acento.

Figura 171

A parte que cabe à tuba, na maior parte da peça, é executada – as

colcheias, em destacado (Figura 172).

Figura 172

A seção B – compassos 9 ao 26 - é destinada aos improvisos, neste caso

“improvisos” escritos. O trompete solo em semicolcheias ligadas seguido pelo trombone

solo em quiálteras sem ligaduras. O restante do grupo intervém na entre as frases do

trompete solo e delimitando os solos, sempre decrescendo (Figura 173).


114

Figura 173

O tema da seção B agora está com o quinteto, em B’81, diferentemente

dos solos, o grupo atribui à melodia elementos interpretativos já notados anteriormente

como notas encurtadas e notas reforçadas conforme a figura 174.

Figura 174

A seção D – compassos 75 ao 98 - é um “caos organizado”, com todos as

melodias das seções anteriores apresentadas paralelamente. A polirritmia entre trompete

solo, trombone solo e quinteto, transcreve a percussão do Bumba-meu-Boi, onde os

instrumentos de percussão executam dois – trompete solo, contra três – trombone solo

(Figura 175).

81
Consideramos como B’ pois o tema de B é o tema principal desta seção, porém em outra orquestração.
115

Figura 175

Na coda – compassos 89 ao 97 - notamos a ausência de elementos

melódicos, a parte da tuba representa percussão – como se todos percussionistas

executassem o mesmo ritmo. Acordes em tercinas e dinâmica ff concluem o movimento

e a peça.
116

3.11. Fantasia para Trompete e Trombone (Toada82)

A estrutura formal da peça pode ser definida conforme o esquema

abaixo:

Seção Compassos

Introdução 1-8

A 9 - 31

B 32 - 53

C 54 - 87

Coda 88 - 92

Na introdução – compassos 1 ao 8 - em dinâmica f, a melodia é

apresentada pelo trompete solo é logo repetida pelo trombone. As notas de maior valor,

neste caso semibreves, são sempre decrescidas. A intervenção do grupo – compasso 2 -

também em dinâmica f, reforça as semínimas e decresce nas mínimas (Figura 176).

82
MARCONDES (1998) p. 776, toada é: s.f. Segundo Renato Almeida, é “outra forma do romance
lírico brasileiro [...] canção breve, em geral de estrofe e refrão, em quadras. Melancólica e
sentimental, o seu assunto, não exclusivo, mas preferencial, é o amor, sobretudo na toada
cabocla. Para Oneyda Alvarenga, o gênero existe em quase todo o território nacional e
musicalmente não tem o caráter definido e inconfundível da moda caipira. [...} a palavra
Toada seja empregada mais no seu sentido genérico corrente na língua (o mesmo de Moda)
ou como designação de qualquer canto sem destinação imediata. De qualquer modo parece
que a Toada não tem características fixas que irmanem todas as suas manifestações. O que se
poderá dizer para defini-la é apenas o seguinte: com raras exceções, seus textos são curtos -
amorosos, líricos, cômicos – e fogem á forma romanceada, sendo formalmente de estrofe e
refrão.” Musicalmente apresentam características muito variadas, ainda que as do Centro e
Sul se irmanem “pela melódica simples, quase sempre em movimento conjunto, por um ar
muito igual de melancolia dolente que corre por quase todas elas e pelo processo comum da
entonação a duas vozes em terça.” [...] É sempre ligada à forma musical e não à disposição
poética. Escrevendo sobre o maracatu recifense, esclarece Guerra-Peixe: “em sentido
absolutamente restrito, chama-se ‘toada’ o texto de um cântico, ‘música’, a melodia sobre a
qual se apóia a toada. Alargando o conceito, porém ‘toada’ indica o conjunto de ambas as
partes, isto é, texto e melodia.
117

F
Figura 176

A seção A – compassoss 9 ao 31 - traz o primeiro dos tem


mas. O trom
mbone

solo apresenta este


e como um
ma grande frase
f ligadaa, interrompida apenas ppara respiraações.

O teema quandoo executadoo pelo trom


mpete solo traz elem rpretativos como
mentos interp

reforrço de notaas ou agruupamento destas


d numaa intenção explicitamente anacrú
ústica

(Figuura 177).

F
Figura 177

O acompanhhamento, em dinâmicaa mp, subliinha o tem


ma principal. As

notass de menorr valor, nesste caso as últimas co


olcheias, encontram-se reforçadass com

intennção anacrúústica (Figurra 178), inteenção esta que


q encontrramos explíícita no trom
mpete

solo no compassso 27 (Figurra 179) e coompasso 3083 (Figura 180).


1

F
Figura 178

83
Nesste caso as trêês primeiras colcheias
c funccionam como anacruse da nota
n Ré, enquuanto na Figurra 181,
cada colcheia
c em parte fraca de tempo
t funcionna como anacrruse da próxim
ma nota.
118

F
Figura 179

F
Figura 180

N seção B – compasssos 32 ao 53
Na 5 - contrasstante com a seção an
nterior

p
pelo seu caaráter rítmicco, ainda o trompete so
olo e o trom
mbone solo expõem o tema.

N primeiiros compaassos – 32 ao 42 - o tema não aparece, ccabe ao quiinteto


Nos

a
apresentar o caboclinhho em doiss planos: o primeiro com
c os doiis trompetes e o

s
segundo pllano com trompa, trrombone e tuba com
mo uma peequena resp
posta,

m
mantendo-s
se assim o caráter ríítmico (Fig
gura 181). Os reforçoos que nottamos

e
encontram- se grafados conforme a figura abaaixo:

F
Figura 181

O tema, em intervalo dee sexta, com


meça no com
mpasso 43. U
Um ornameento é

e
executado c
como grafaddo na Figurra 182 e a seemibreve quue se segue em decresccendo

p
permitindo que o elemento rítmicoo esteja pressente.
119

F
Figura 182

O último motivo
m da seeção encon
ntra-se no compasso
c 50. A síncop
pe de

n trompetees 1 e 2, com as duas pprimeiras lig


semicolcheia-coolcheia-semicolcheia, nos gadas

sendo a colcheiaa encurtada (Figura 1833).

F
Figura 183

A seção C – compassoss 54 ao 87 - é um frevoo completo, com pergun


ntas e

respoostas. Na primeira
p parrte – comppassos 54 ao
a 68 - a melodia
m é aapresentadaa pelo

trom
mpete solo e trombone solo reforçaada pelos trrompetes noo quinteto. As síncopees são

acenttuadas e as escalas são ligadas (Figura 184 e 185).


120

F
Figura 184

F
Figura 185

N segunda parte – coompassos 70


Na 7 ao 87 - o grupo prropõe a meelodia

p
principal respondida a seguir peloo trompete solo
s e trombbone solo. N
Notamos as notas

d parte fraca de tempoo reforçadass (Figura 18


de 86)
121

F
Figura 186

N coda, reetornamos ao
Na a andamento da seção A em ddinâmica f. Nos

comppassos 90 e 91 - o deccrescendo nos


n instrumeentos solo e trompetess 1, trompette 2 e

trom
mpa, permiteem que trom
mbone e tuuba destaqu
uem um peequeno soloo nos comp
passos

finais (Figura 1887).

F
Figura 187
122

3.112.Temas Nordestinos
N

“ Temas Nordestinoos de DUDA


“Os A, buscam os
o gêneros musicais típ
ípicos
de Peernambuco84
8
...”

3.12.1. Brunno

E primeirro movimennto, monotem


Este mático, obeedece a seguuinte estrutu
ura:

Seçção Compassos
C

A 1 - 19

B 20 - 33

N seção A – compassos 1 ao 19
Na ma é feita pelos
9 - a expossição do tem

trom
mpetes e na
n seção B – comppassos 20 ao 33 - pelo soloo do trom
mbone.

Interrpretativameente, enconntramos na primeira seção um caráter rítmiico. Como visto

anterriormente, as
a notas dee maior valoor são encu
urtadas, nãoo somente nna melodia, mas

tambbém no acom
mpanhamennto (Figura 188).

F
Figura 188

84
Traanscrição do enncarte do CD “Brassileiro”
” escrito por Ricardo
R Cânziio.
123

A mudança do caráter rítmico parra melódicoo dentro doo mesmo motivo


m

rítmiico ocorre nos


n compasssos 9 e 10,, com dimin
nuição da dinâmica
d paara pp e as notas

execuutadas quasse como um


m legato (Figgura 189).

F
Figura 189

N solo do trombone, seção B – compassos 20 ao 333 - a articu


No ulação

r
realça as nootas de mennor duraçãoo – semicollcheias, atraavés da ligaadura à collcheia

s
seguinte e à diminuição do valor desta.
d No accompanham
mento vale nnotar o acen
nto na

ú
última colchheia do com
mpasso com
m decrescend
do nas mínim
mas (Figuraa 190).

F
Figura 190
124

3.12.2. Melissa

S estruturaa pode ser resumida


Sua r co
onforme o essquema abaaixo:

Seção Compassos
C

A 1 - 14

B 15 - 30

O
Observamos
s dinâmica sonora mf em toda o movimento
m o, assim com
mo as

l
ligaduras esstão presenttes em todass as frases, em todo o grupo,
g interrrompidas ap
penas

p
para respirações. A indicação
i d andamen
de nto não é precisa, appenas referêência,

d
devido ao alto
a grau de liberdade innterpretativa que o gruppo demonsttra.

O reforços nas notas de parte fraca de teempo são eencontradoss nos


Os

t
trompetes 1 e 2 - comppassos 1 aoo 14 (Figuraa 191). O soolo da tromppa, na seção
oB–

c
compassos 15 ao 30 - é linear, sem
m inflexões (Figura 1922).

F
Figura 191

F
Figura 192

D
Durante o solo
s da troompa (Figu
ura 192), os trompetes e o trom
mbone

execuutam semínnimas no seggundo e tercceiro tempo


os em stacattto. No com
mpasso 31 reetorna
125

a melodia inicial que encerra o movimento. Cabe ressaltar o solo do trompete 1 a partir

do compasso 9 com jazz swing.

3.12.3. Rafael

Este movimento é o mais curto, em tempo de gravação, da suíte Temas

Nordestinos. O desafio acontece entre a trompa e o trombone, a trompa inicia propondo

o tema – anacruse do compasso 1, que é respondido pelo trombone – compassos 15 ao

22.

A estrutura da peça pode ser assim resumida:

Seção Compassos

A 1 - 21

B 22 - 30

Coda 33 - 40

Encontramos na seção A – compassos 1 ao 21 - os desafios. Na seção B –

compassos 22 ao 30 - encontramos um segundo tema e a coda – compassos 33 ao

40 que finaliza o movimento.

A dinâmica em sua maior parte em mf, não excedendo o f. Mesmo

durante os solos a dinâmica do acompanhamento não diminui, visto que o objetivo

do mesmo é percussivo (Figura 193).


126

F
Figura 193

T
Trompa e trrombone, na
n exposiçãão do desaafio, sempree ligam as duas

c
colcheias daa melodia (F
Figura 194)).

F
Figura 194

A
Ainda na seção A – coompassos 1 ao 21 - enncontramos um novo teema -

c
compassos 7 ao 14 - e este poderria ser com
mparado à paausa entre oos desafios onde

s
somente o violão
v perm
manece tocaando. Notam
mos crescenndos e reforços conforrme a

f
figura abaixxo (Figura 195).
1

F
Figura 195
127

N seção B – 22 ao 30 - a melodia é apresenntada pelos trompetes e pela


Na

t
trompa. A frase
f toda ligada
l com ornamentos em algum
mas notas coonforme grafado

a
abaixo (Figura 196).

F
Figura 196

3.12.4. Mariilian85

P
Podemos ressumir estrutturalmente o movimentto como senndo:

Seçãão Com
mpassos

A 1 - 20

B 21
1 - 42

M
Marilian é um
m frevo traddicional, um
m frevo de salão.
s

N seção A,, o tema é inicialmente


Na i mpetes e trompa
e apresentaddo pelo trom

c
com articullações idêntticas (Figurra 197). A partir
p do coompasso 2 o trompete 1 é o

s
solista, altternando articulações
a s em ligaadura com
m articulaçõões destaccadas.

E
Encontramo
os as colchheias reduzzidas de seu valor e contratem
mpos acentu
uados

(
(Figura 1988).

85
Seggundo Maestroo DUDA em sua entrevistaa – em 09/01//2002, a obra foi originalm
mente compostta para
tromppete e piano quuando do nasccimento de suaa primeira netta em 07/19766.
128

F
Figura 197

F
Figura 198

N compasssos 17 ao 20 – uma pequena trransição paara a seção B: o


Nos

t
trompete 2 e a trompa apresentam
m um motiv
vo que é respondido peelos instrum
mentos

g
graves – trrombone e tuba com
m articulaçõ
ões idênticaas a que fo
foi propostaa nos

c
compasso 17 e 18 (Figura 199).

F
Figura 199

N seção B o trompete 1 ainda se destaca com


Na mo solista. A primeira frase

– compassoos 21 ao 29 - é apresenttada com muitas ligaduuras e acentoos (Figura 200).


2
129

F
Figura 200

A segunda parte
p da seeção B – compassos
c 3 ao 35 - virtuosístiica: o
30

t
trompete 1,, trompa e eventualmen
e nte o tromb
bone executtam as escaalas e arpejo
os em

d
duplo stacattto com as colcheias
c enntre duas semicolcheiass encurtadas (Figura 20
01).

F
Figura 201

O acompanhhamento, em
m ambas as seções perm
manece fiel às articulaçções e

d
dinâmicas p
propostas pelos solistas dentro dee um caráterr rítmico. A
Ao final da seção

B repete-see uma únicaa vez a seçção A finalizando confforme abaixxo na Figuraa 202
B,

e ff.
em

F
Figura 202
130

3.12.5. Júnioor

“f
“frevo de ruua tocado pelas
p das de metaais86” dediccado ao tam
band mbém

f
filho do Proof. Nailson Simões. Naa gravação, a percussãoo executa uuma marcação de

m
marcha enqquanto os integrantes
i do BRASS
SIL brincam
m com sauudações de boas

v
vindas ao caarnaval.

A estrutura do
d movimennto pode serr assim defiinida:

Seçãoo Comp
passos

A 1 - 19

B 20 - 37

J
Júnior é um mpleto, com perguntas e respostas em duas seeções.
m frevo com

Na primeira
p seção os tromppetes propõem a melod
dia e a tromppa e o trom
mbone respon
ndem

– coompassos 1 ao 5. Na segunda seeção a trom


mpa e o troombone exppõem a meelodia

princcipal.

N
Notamos esscalas ligaddas nos trom
mpetes e trrompa, na sseção A (F
Figura

203), e escalas com


c semicoolcheias desttacadas na seção
s B (Figgura 204).

F
Figura 203

86
Enccarte do CD Brassileiro
B esccrito por Ricarrdo Cânzio.
131

F
Figura 204

A síncopes são sempre acentuadaas, independdente dos instrumentos que


As

as esstejam execcutando, seja como ressposta do trrombone e da


d tuba na seção A (F
Figura

205), seja como síncope dee todo o gruppo no final de cada seçção (Figura 206).

F
Figura 205

F
Figura 206

C
Como em toda a revisão, encontramos
e s também,, no elem
mento

semicolcheia-coolcheia-semicolcheia, a colcheia en
ncurtada (Fiigura 207).
132

F
Figura 207

A segunda seção,
s em relação
r à prrimeira, é apresentada
a a em um vo
olume

sonoro menor, mas


m mantenndo o mesmoo caráter em
m toda a peçça.
133

CAPÍTULO IV - PADRÕES MUSICAIS

4.1 Definição

A revisão interpretativa definiu aquilo que o ouvinte mais facilmente

identifica os aspectos da música ou propriedades sonoras, por exemplo: os crescendos,

acentos e alterações de andamento. As partituras foram editadas e agora fornecem

diversas informações musicais para tornar a execução mais fiel ao pensamento musical

do BRASSIL.

Os padrões musicais são os elementos interpretativos comuns à maioria

das obras revisadas. Estes elementos são traduzidos em esquemas gráficos, de nossa

autoria, para uma melhor visualização.

O ouvinte agora é a referência, mas agora estaremos no nível estésico,

tratando de sensações um tanto quanto abstratas, tais como leveza, suavidade, clareza e

outras, cujas definições não possuem um caráter concreto por si mesmas, mas resultam

de comparações, ou seja, algo somente pode ser leve se comparado a algo pesado.

São três as abordagens encontradas após as revisões: a primeira diz

respeito aos planos sonoros estabelecidos pelo grupo. Partindo do princípio que

encontramos poucas, ou nenhuma indicação de dinâmica nas partituras originais,

podemos concluir que todo o processo foi concebido pelo próprio grupo. O segundo diz

respeito ao equilíbrio - necessariamente os agudos não têm que soar mais forte que os

graves - uma prática comum à maioria dos instrumentistas de metal; e a terceira: a

condução da música, não somente a condução da melodia, mas a condução da música

como um todo, um bloco sonoro em movimento.


134

4.2. Planos sonoros

A música aceita algumas analogias para uma melhor compreensão do

objeto de estudo. Ao falar em planos sonoros utilizaremos o quadro da Mona Lisa

pintado por Leonardo da Vinci. Adotaremos dois planos: o plano A, a imagem da

mulher e o plano B, o fundo do quadro (Figura 208).

Figura 208

A B

No plano A situa-se o objeto principal e deste ponto em diante todo o

“fundo” do quadro tem a função de realçar, de fazer convergir os olhares ao objeto

principal.

Definimos assim uma situação hipotética para a música respeitando a

analogia acima: dividiremos os planos sonoros em: melodia (Plano A) e

acompanhamento87 (Plano B). Ambos se completam e cabe ao acompanhamento

87
A quantidade de planos pode variar conforme a experiência do receptor.
135

proporcionar uma base firme e consistente para o desenvolvimento da interpretação

musical.

A alternância de instrumentos que apresentam as melodias dentro das

obras do Maestro DUDA faz com que todos sejam solistas e também acompanhadores.

Como o fundo do quadro (Plano B) tem sua importância em fazer convergir à atenção

do observador ao objeto, no BRASSIL o acompanhamento coloca-se nesta posição

seguindo em caráter e estilo a proposta do(s) solista(s). A tarefa de acompanhamento

pode parecer menos importante, o que não é verdade, pois um solo bem sucedido não

aconteceria com um acompanhamento instável, grosseiro e vaidoso que não tem uma

visão ampla da obra, do quadro musical: “Os bons músicos de metal sabem que as

indicações de dinâmicas não têm valor absoluto, senão relativo”.88

Os planos sonoros são paralelos e distintos, e cada plano pode conter um

ou mais instrumentos (Figura 209). O plano 1 deve ser entendido com melodia

principal, o plano 2 como contrapontos eventuais ou pequenos fragmentos melódicos, e

o plano 3 com a base harmônica e rítmica. Os instrumentos podem, ou não, alternar-se

entre os planos bastando para isso apresentar uma melodia principal.

Figura 209

1
2
3

O receptor do evento sonoro percebe os planos ao mesmo tempo (Figura

210), mas em destaque percebe o plano 1 – a melodia principal.

88
PISTON, Walter. (1984) p. 239.
136

Figura 210

1 2 3

Os gráficos a seguir foram construídos com base no programa Cool Edit,

um editor de áudio, que nos possibilitou o gráfico 2 mostrando as variações de

intensidade sonora no tempo, representando os volumes do evento sonoro percebido

pelo receptor e a partitura revisada do Tema para um Trompetista. 89

A figura 211 compara (1) a partitura e (2) um gráfico do nível da

execução em decibéis. Os compassos foram definidos para melhor compreensão do

processo de análise.

89
A escolha da introdução do “Tema para um Trompetista” foi aleatória, e a partir daí o resultado obtido
das análises tornam-se válidos, por indução, para todas as músicas objetos desta pesquisa, ou seja,
tornam-se assim regras sobre a concepção interpretativa do BRASSIL. (n. do a.)
137

Figura 211
Compasso 1 Compasso 2 Compasso 3 Compasso 4

Podemos estabelecer uma intensidade mínima - área hachurada90, em

toda a seção (Figura 212). A partir desta área hachurada, os picos de intensidade

correspondem aos elementos musicais que são destacados sonoramente, ou seja, passam

ao plano 1 (Figura 209). Comparar com a partitura da figura 211.

Figura 212

Claramente notamos que esses pontos coincidem com as notas da tuba no

primeiro tempo de cada compasso e com as colcheias da trompa em parte fraca de

tempo (Figura 211).

90
A altura desta área determina a intensidade sonora do trecho. Em nosso casso: p.
138

No compasso 4, a adição de instrumentos incrementa o volume total sem

extrapolar a dinâmica total em mp.

O exemplo comentado pode ser estendido para todas as obras revisadas.

4.3. Equilíbrio

Segundo Nailson Simões91:

Existe um problema acústico inerente ao funcionamento dos instrumentos


que se refere à melhor projeção das notas agudas, as quais soam mais que
as notas graves. Para equilibrar o som, a fim de neutralizar este problema,
principalmente na família dos metais, geralmente devemos dar ênfase às
notas mais graves.

Poderíamos ir um pouco mais longe e afirmar que além do problema de

natureza física do instrumento, falsos conceitos sobre respiração, resistência labial e

extensão, fazem com que alguns trompetistas tenham um grande desequilíbrio entre as

regiões graves e agudas. Sobre o assunto Piston escreve:

A produção de notas agudas é questão de tensão labial, que se ajuda com


um bocal e calibre do instrumento. Os trompetistas que tocam música de
baile com freqüência tocam até o sol, o décimo segundo harmônico, e
chegam inclusive mais alto, porém não podem conseguir isto sem sacrificar
a qualidade, especificamente nos registros médios e graves. A situação traz
reminiscências da execução clarino do século XVIII. Enquanto que o
executante do clarino era um especialista no registro agudo (...) Seria
incompreensível debilitar este aspecto tão valioso da execução do trompete
para conseguir ampliar a extensão acima.92

O trecho acima transcrito é válido para todos os instrumentos de

metal. É tão particular aos instrumentistas de metal que, por exemplo, não encontramos

nos instrumentos de corda um problema de tal ordem.

Vamos examinar dois casos: o primeiro caso envolvendo o equilíbrio na

música do BRASSIL, pode ser notado na introdução do “Tema para um Trompetista”,

91
SIMÕES (2001) p.40.
92
PISTON (1984) Pp. 276.
139

na parte da trompa. As colcheias mais graves são reforçadas, podendo soar mais que as

colcheias agudas, resultando em um som equilibrado. Caso fossem executadas ambas as

notas com a mesma importância, devido à projeção do instrumento no agudo, a nota

mais grave seria sacrificada (Figura 213).

Figura 213

O segundo caso comentado ocorre no solo do trompete na introdução do

Primeiro movimento do Concertino93. Observemos que as notas que antecedem um

salto de intervalo possuem mais intensidade sonora conforme o gráfico de nível de

dinâmica. A comparação entre a partitura, já revisada e o gráfico proporciona a visão

completa do equilíbrio sonoro (Figura 214). As notas de menor valor e mais graves são

reforçadas sonoramente.

93
Os trechos foram escolhidos aleatoriamente.
140

Figura 214

4.4. Movimento

Segundo o Dicionário Aurélio Eletrônico o termo movimento é definido

como: “Filos. Processo de mudança ou alteração das relações internas ou externas de

um sistema.94” Este processo de mudança implica em movimento, caso contrário não

haveriam alterações. O movimento acontece em um sistema organizado que

denominamos ritmo. Segundo Lussy: “É o ritmo que imprime à matéria sonora uma

forma determinada e concreta, vale dizer: sua vida e sua energia espiritual.”95 E

segundo Thurmond:

Se o ritmo é dependente do movimento, segue-se que mais movimento, em


música, é mais ritmo, e conseqüentemente mais expressão; desde então,
“expressão” em música – igualmente em qualquer arte – pode ser definida
como qualidade ou impressão de movimento, calor e vida resultando de
mudanças rítmicas96.

No gráfico da Figura 215 identificamos os pontos de maior intensidade

sonora (ver Planos Sonoros). Estes reforços acontecem somente nas notas em parte

fraca de tempo, nos contratempos, transformando estas notas em anacruses e

94
Dicionário Aurélio Eletrônico (1999)
95
LUSSY (1955) p. 8.
96
THURMOND (1991) p. 38.
141

contrariando o sentido tético de cada compasso97. Esta intenção anacrústica move a

música sempre para frente, em uma sensação de movimento.

Figura 215
Compasso 1 Compasso 2 Compasso 3 Compasso 4

A Teoria do Agrupamento de Notas98 levantou diversas situações de

micro e macro agrupamentos musicais - desde células até frases completas, num resgate

de concepções oriundas dos gregos e abandonadas em nosso tempo. O Prof. Charles

Schlueter é uma entusiasta desta teoria e esta concepção foi trazida e incorporada

através do Prof. Nailson Simões à música do BRASSIL.

Nas revisões, principalmente nos frevos, a célula semicolcheia-colcheia-

semicolcheia, possui a colcheia encurtada. Isto ocorre para realçar a semicolcheia

seguinte, reforçando o sentido de movimento (Figura 216).

97
THURMOND (1991) op.cit. p. 39. A teoria originou-se da curiosidade do autor em saber determinar
porque determinados músicos, no palco, apresentavam-se deforma mais cativante e viva do que outros.
(n. do a.)
98
THURMOND (1991) op. cit.
142

F
Figura 216999

4.55 Consideraações Finaiss

O três tópiicos analisaados (Plano


Os os Sonoros, Equilíbrioo e Movim
mento)

fazem
m parte de um
u todo. Teentar separáá-los seria descaracteriz
d zar a músicaa do BRASSIL e

as innter-relaçõess entre eless fazem parrte de um universo


u m
muito mais aamplo: a música
m

comoo criação arrtística, com


mo obra de arte.
a

A obras sãoo concebidaas interpretaativamente dentro dos princípios acima


As a

descrritos, num verdadeiroo exemplo de fidelid


dade a um
ma escola eestética mu
usical,

amplliando a Teeoria do Aggrupamentoo de Notas1000 através da


d sua apliccação na música
m

brasiileira.

99
Luccinha no Frevoo.
100
HURMOND (1991) op. cit.
TH
143

CONCLUSÃO

A história do BRASSIL é, de certa forma, um reflexo da história da

música brasileira: repleta de dificuldades, mas, ao mesmo tempo com uma determinação

sem limites. Através da música do Maestro Duda o grupo alcançou parte de sua

identidade; suas composições foram sempre um estímulo na construção do pioneiro

trabalho de pesquisa que o grupo desenvolveu no Brasil. O relacionamento DUDA vs

Grupo BRASSIL tornou-se, acima de tudo, uma parceria compositor/intérprete em prol

da música, onde o Maestro DUDA permitiu aos integrantes do grupo uma total

liberdade de criação, do ponto de vista interpretativo, baseado nas notas por ele escritas.

Ao final, pudemos concluir que:

- no Capítulo I – Considerações Históricas – identificamos os momentos

marcantes na trajetória do BRASSIL e as pessoas que influenciaram na concepção

interpretativa do grupo, e neste aspecto, a maior contribuição partiu do Professor

Nailson Simões, sempre empenhado na divulgação da música brasileira, e do Professor

Charles Schlueter, que com sua concepção musical contribuiu para fundamentar

tecnicamente a maneira do grupo interpretar, no período compreendido entre o início do

trabalho em João Pessoa, em 1980, e a gravação do terceiro Cd, em 1996. Ocupamo-nos

em restaurar outras gravações, em K7 e fita de rolo, inclusive o disco gravado na

viagem à França em 1983, fornecendo um amplo material sonoro das diversas fases do

BRASSIL.

- no capítulo II – Metodologia – definimos o aspecto teórico de todo o

processo de revisão, que resultou nas partituras editadas. Aos interessados, esses

capítulos poderão ser utilizados como referencial para outras revisões musicais.
144

- em Edição e Revisão Interpretativa das obras – capítulo III – o objeto

desta pesquisa foi analisado, do ponto de vista interpretativo. Realizamos uma

transcrição interpretativa, através de sinais musicais, aproximando as partituras do

Maestro DUDA da concepção musical do grupo. Pudemos concluir aqui, que o grupo é

fiel aos princípios estilísticos e filosóficos da Escola de Trompete de Boston, que hoje

está presente em diversas faculdades e orquestras do Brasil.

- nos Padrões Musicais – capítulo IV – buscamos as semelhanças

encontradas nas revisões formando um resumo da concepção interpretativa do grupo.

Definimos como: Planos Sonoros, Equilíbrio e Movimento. Estes três tópicos

analisados fisicamente através de programas de edição de áudio, confirmaram

fisicamente todos os aspectos musicais da interpretação do grupo.

- a obra do Maestro DUDA para quinteto de metais despertou um grande

interesse em diversos grupos. A boa receptividade deve-se, em parte, à riqueza das

composições do Maestro DUDA. Em todos os momentos, o Maestro mostra um

domínio do idiomatismo dos instrumentos.

Durante todo o processo de pesquisa procuramos nos concentrar no lado

prático da mesma. As partituras editadas e revisadas interpretativamente foram

utilizadas em apresentações pelo Art Metal Quinteto, do Rio de Janeiro e foi o maior

exemplo de apoio ao projeto. Entre 2000 e 2002, o quinteto se apresentou em eventos

acadêmicos, promovidos pela UNIRIO onde foram interpretadas as obras que foram

objetos desta pesquisa, uma preciosa colaboração. Também, o Quinteto Metal Capixaba

– Vitória (ES) mostrou-se receptivo à proposta do trabalho, funcionando como um

laboratório em que estivemos testando se a revisão atingiu o objetivo de se aproximar da

concepção interpretativa do BRASSIL.


145

O produto final desta pesquisa proporcionou ao Maestro DUDA a

assinatura de um contrato com a Alafia Editora, sediada em Hillsborough County,

Flórida – EUA, para lançamento de suas obras no mercado americano a partir deste ano,

começando pela Suíte Monette.

Finalmente concluímos também que as partituras agora possuem mais

informações musicais tornando-as mais acessíveis e aproximando a obra do maestro

DUDA de todos interessados pela música brasileira: estudantes, profissionais, maestros,

professores ou leigos, que poderão utilizar todo esse material para exemplificar

musicalmente uma forma de interpretar.


146

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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VIII Encontro Anual da ANPPOM. João Pessoa. 1996. p.211.

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Interpretation of Music, Michael Krausz (ed.), New York, Oxford University
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LUSSY, Mathis. El Ritmo Musical – su origem, funcion y acentuacion. (Trad. Pascual


Quaratino). Buenos Aires. Ricordi Americana. 3ª edición, 1955, Pp. 215.

MAGNANI, Sérgio. Expressão e Comunicação na Linguagem da Música. Belo


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MARCONDES, Marcos Antonio (Org). (1998). Enciclopédia da Música Brasileira –


Erudita, Folclórica e Popular. 2ª ed. revisada e ampliada. Art Editora. São Paulo.
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MEYER, Leonard B. Emotion and Meaning in Music. Chicago, The University of


Chicago Press, 1956.

NATIEZ, Jean-Jacques. Music and Discourse: Toward a Semiology of Music, New


Jersey, Princeton University Press, 1990.

PISTON, Walter. Orquestración (Trad. Ramón Barce, Llorenç Barber e Alicia Perris),
Real Musical Editores, Madri, 1984, Pp. 493.

SCHLUETER, Charles. “Zen and the Art of the Trumpet”. Não Publicado.

SCHOENBERG, Arnold. Fundamentos da Composição Musical. (Eduardo Seineman,


trad.). Ed. Universidade de São Paulo. 2ª ed. 1993. São Paulo. Brasil.

SIMÕES, Nailson. In: Uma Abordagem Técnico-Interpretativa e Histórica da Escola


de trompete de Boston e sua Influência no Brasil. Debates – Cadernos do
Programa de Pós-Graduação em Música nº 5, Rio de Janeiro, UNIRIO, Novembro
de 2001, Pp.111.
147

THURMOND, James M. Note Grouping: A Method for Achieving Expression and


Style in Musical Performance. Meredith Music Publications, Fourth Printing,
Florida, July, 1991. Pp. 144.

ZAMACOIS, Joaquim. “Curso de Formas Musicales”. 8ª edición. 1990. Editorial


Labor. España. Pp.275.
148

ANEXOS
149

ANEXO 1 - Maestro DUDA: Vida e obra


150

Segundo MARCONDES101

Maestro DUDA (José Ursicino da Silva). Reg., comp., arranj.., instr.


Goiana PE 23/12/1935 —.
Começou a estudar música aos oito anos com Alberto Aurélio de Carvalho,
regente da Banda Saboeira, de Goiana. Dois anos depois passou a integrar
a banda e fez sua primeira composição, o frevo Furacão. Aos 15 anos foi
para Recife PE integrar a Jazz Band Acadêmica, sendo também contratado
para a Orquestra Paraguari da Rádio Jornal do Comércio. No ano seguinte
teve pela primeira vez uma música de sua autoria gravada, o frevo
Taradinho, interpretado pela Jazz Band Acadêmica, trazendo do outro lado
Cigana mentirosa (Genival Macedo), pela Copacabana. Em 1953, já como
arranjador e regente da Orquestra Paraguari, teve seu maracatu
Homenagem à Princesa Isabel classificado em segundo lugar no Festival de
Música Carnavalesca promovido pela câmara municipal do Recife. No
mesmo ano assumiu o departamento de música da TV Jornal do Comércio,
fazendo, em 1960 cursos de música sacra e regência na Escola de Artes da
Universidade Federal de Pernambuco. No ano seguinte musicou para o
teatro Um americano no Recife, direção de Graça Melo, além de outras
pecas dirigidas por Lúcio Mauro e Wilson Valença. A partir de 1962,
passou a integrar a Orquestra Sinfônica do Recife, como oboísta e corne-
inglês, e no ano seguinte formou sua própria orquestra de bailes. Em 1967
foi para São Paulo SP, contratado pela TV Bandeirantes, retornando a
Recife em 1970. Organizou em 1971 nova orquestra para bailes
carnavalescos, com a qual realizou algumas gravações e, no mesmo ano,
obteve a classificação máxima do Festival do Frevo realizado pela Rede
Tupi, com o frevo de rua Quinho. Sua orquestra foi escolhida várias vezes
como a melhor do ano e em 1975 gravou, para a Rozenblit, um álbum com
vários frevos, em homenagem ao Diário Pernambucano. Também compôs
choros, gravados por Severino Araújo e sua Orquestra, e Osmar Milani e
sua Orquestra, além de sambas, gravados por Jamelão. Compôs ainda a
série de frevos que denominou Familiar (1970). a Suíte 2001, para quinteto
de sopro, a Suíte pernambucana de bolso, a Suíte nordestina para banda e
orquestra e O poema sinfônico, para metais, freqüentemente incluídos em
repertórios de bandas de todo o país. Recebeu o prêmio de melhor
arranjador de música popular brasileira, em 1980, em concurso promovido
pela TV Globo, Shell e Associação Brasileira de Produtores de Discos. Suíte
Nordestina abriu o concerto oficial da Semana da pátria, no dia 7 de
setembro de 1982, transmitido para todos os Estados do Brasil pela TV
Educativa, executado pela Orquestra do Teatro Municipal, do Rio de
Janeiro, e a Banda Sinfônica do Estado da Guanabara. Em 1985,
representou o Brasil com sua orquestra na Feira das Nações, em Miami,
Flórida, E.U.À. Na comemoração dos 138 anos do Teatro Santa Isabel, em
Recife, em 1988, apresentou sua obra Música para metais nº 2 com a
participação do trompetista Charles Schlueter, da Orquestra Sinfônica de
Boston (E.U.A.). Durante vários anos consecutivos foi eleito o melhor
arranjador de música do Nordeste.

101
MARCONDES (1998) op.cit. Pp. 250-251
151

ANEXO 2 - ENTREVISTA COM O Maestro DUDA


152

Rio de Janeiro, 09 de janeiro de 2002.

Vamos conversar sobre as obras analisadas... Sobre a Suíte BRASSIL...

Zinzinho nos States: Minha filha Lucinha estava nos Estados Unidos, ela era casada
com o Nailson, eles estavam em Boston por causa do Mestrado dele. Ela ligou e pediu
para eu fazer uma música para o “Zinzinho” (apelido pelo qual ela o chamava).
Perguntei: Pode ser um choro? Ela disse que sim! Na introdução botei o tema de In the
mood, gravado por Glenn Miller e após o chorinho...
Gizelle: Minha filha aniversariou hoje! Fiz esta música para o Radegundis, uma valsa
moderna...
Movimento: Na década de 50, existiam muitas rádios no Recife, as rádios tinham uma
orquestra, corpo de artistas para as novelas e etc. O diretor da Rádio Jornal do
Comércio, Amarílio de César, me pediu para fazer uma música. Fiz um choro que não
tinha nome e quando o diretor olhou a partitura, escolheu o nome: Movimento...
Gilmacy: Foi a primeira esposa de meu filho Marquinhos. Essa música foi estreada no
casamento de Radegundis, na igreja, foi tocada duas vezes...
Lucinha no frevo: Minha filha também. Compus esta música em 1975. Mais tarde fiz o
arranjo para quinteto...
O nome Suíte BRASSIL foi colocado pelos próprios integrantes do quinteto.

Saindo deste primeiro disco, agora no segundo disco temos a Suíte Recife...

A Suíte Recife foi feita para piano e trompete, se não me engano foi para uma
apresentação que o Nailson veio fazer aqui no Rio de Janeiro. Nessa Suíte Recife, eu fiz
uma música para uma filha, foi um baião, depois fiz uma música para minha mulher,
uma canção, depois fiz um baiãozinho para outra filha, fiz um aboio para completar a
suíte, para uma nora e terminei com um frevo para outra filha. Aí, não tinha colocado
nome, para mim era a suíte para as mulheres lá de casa! Quando o Nailson foi tocar
ele disse: Eu não vou botar este nome! Ele mudou e quando eu vi era Suíte Recife.
Foi tocada no aniversário da OEA, em Washington, quando do aniversário de cem anos
da mesma [...] por um quinteto formado por Nailson e Radegundis e outros americanos.
Eles tocaram diversas músicas no programa e encerraram com a Suíte Recife, já com o
arranjo para quinteto. Isso aí mereceu para mim meia página no Washington Post, a
crítica elogiando a qualidade da música, a técnica da orquestração... A apresentação
foi no dia 23, o jornal saiu no dia 24 de abril de 1990. [...] Ser elogiado pelo jornal
mais famoso do mundo com meia página de elogios!!!
É formada por Andréa: uma filha; Mida: que é o apelido carinhoso pelo qual
chamamos Dona Cremilda; Dorinha: uma filha, que hoje já é avó; Nadja: uma nora...
Para mim, ela continua sendo nora, apesar de terem se separados! Ex-esposa de Nino
[...] e Meyse: uma filha que deve estar com trinta ou trinta e um anos...

É um frevo de rua?

“O frevo da Suíte Recife foi feito para piano e trompete, assim como foi feito Marillian,
depois que fiz o arranjo para quinteto.”
153

Na seqüência do disco... o Concertino.

O Concertino foi Nailson quem pediu. Ele estava fazendo o Doutorado dele e queria
uma música. No Mestrado, em Boston, eu tinha feito além do Zinzinho, fiz a fantasia
para 5 trompetes sendo três trompetes e dois flugels. Esta fantasia foi feita para o
mestrado dele, até trouxe um filme para mim em VHF, na mesa, quem entregou o
diploma a ele foi o Miles Davis. Schlueter também tocou nesta primeira audição, da
Fantasia para 5 trompetes, na formatura dele (Nailson).
No doutorado, em Washington, ele pediu: Faz um concertino para eu tocar em minha
formatura! Aí eu fiz o Concertino, e para mim, o segundo movimento é a coisa mais
linda do mundo.

O que foi pensado em cada movimento?

Não pensei em nada não! Fiz o primeiro movimento normal. Depois fiz um movimento
lento, que é o segundo. Tem que terminar com um movimento Allegro, que tenha
bastante execução. Pensei: Vou terminar com um frevo, pois o frevo é uma música de
difícil execução e rápida. Mas então me lembrei que no primeiro movimento eu já tinha
colocado um frevo. No primeiro movimento eu botei: Lento, Maracatu e Frevo. O
primeiro movimento tem quatro movimentos...

É uma Fantasia...

“É. Aí pensei: No primeiro movimento já tem frevo e eu não vou tirar porque está
bonito! Vou fazer uma polka!”

A Música para Metais nº 1?

A história da Música para Metais nº 1: Eu estava em São Paulo. O professor Gilberto


Gagliardi disse: DUDA, eu tenho um grupo de metais na orquestra sinfônica. Faça
uma música para a gente tocar! Uma música sua! Eu perguntei: Como é o grupo? 4
trompetes, 4 trombones, 4 trompas, 1 tuba e a percussão.
Passei um bocado de tempo em São Paulo e quando voltei para o Recife achei a cidade
completamente diferente. Foi uma surpresa para mim: O prefeito derrubou até igreja!
Abriu avenida onda não tinha, derrubou casas! Bate-estacas trabalhando... aí fiz a
Música para Metais, para grupo grande de metais. A música não tinha nome. Chamei o
Maestro Vicente Fittipaldi e disse: Fiz uma música para metais e não botei cordas nem
instrumentinis, só metais! Ele disse: Ótimo! Eu dei a partitura para ele, que escreveu
elogios (...) de próprio punho, ele fez a descrição do que era a peça. Ele sugeriu o
nome: Música para Metais.
A primeira audição, quem regeu fui eu... aquele solo enorme de trompa... aquilo é o
terror das trompas porque ele é muito agudo. Quem foi o solista foi o trompetista
(Chico), ele era trompista também... e não conseguia tirar o agudo... falhou no agudo!
Foi muito aplaudido. Foi no Teatro do parque, onde hoje eu dirijo a Banda do Recife.

A banda está atuando?


154

Está. Eu passei quatro meses fora, pois estava de licença médica (...) no final do ano
voltei e fizemos diversos concertos. A banda é grande, uma banda sinfônica! Tem 14
clarinetas, flautim, 2 flautas, requinta, clarone, 2 oboés, 8 saxofones ( 1 soprano, 3
altos, 3 tenores e um barítono), bombardino, dois fagotes, 4 trompas, 8 trombones, 6
trompetes, 3 tubas, 1 baixo-eletrônico e percussão.

O Sr. escreve todos os arranjos?

Eu uso a banda como orquestra sinfônica. Outras pessoas não sabem usar, usam a
banda como uma banda. Eu uso como orquestra sinfônica! A partitura normalmente
como uma orquestra sinfônica. Eu divido os clarinetes: metade é primeiro violino e
metade segundo violino. Os sax-altos são as violas, os tenores os cellos, e o barítono
reforça os baixos com o fagote. (...) Eu escrevo a maioria dos arranjos.

Depois, Marquinhos no frevo...

Marquinhos no frevo é porque meu filho, Marquinhos, que tocava trompete no


quinteto... eu tinha feito o frevo dele quando ele era pequeno. Em 1971, fiz o frevo
Quinho... Então, Marquinhos casou-se com Gilmacy e o primeiro filho também se
chama Marcos. O pai Marcos Carneiro da Silva e o filho Marcos José Carneiro da
Silva. Fiz o frevo e botei o nome de Marquinhos [...] frevo para o neto. Foi feito para
Radegundis [...] para trombone e piano. Ele tocou (a peça) no Carneggie Hall. É uma
peça realmente difícil de tocar no trombone. Não é todo trombonista que toca aquilo
não!

Quando o Sr. escreve pensa no descanso para os metais?

“Quando escrevo para metais tenho que pensar que ele não vai tocar feito cantiga de
grilo, tem que ter um descanso [...] Escrever para instrumento de sopro você tem que
pensar na respiração, no lábio que vai cansar..”.

Depois vem a Coletânea 93. Por que este nome?

Aquele nosso amigo que trabalhava na embaixada, em Washington, conseguiu um


contrato para tocarmos em um hotel nas Ilhas Virgens, no Caribe [...] o quinteto do
Nailson, ele e Radegundis já estavam no Brasil. Eu disse: Arranja para tocarmos lá!
Disse Nailson: Como? Nós vamos tocar com repertório do quinteto! Aí ele disse:
DUDA, você vai no saxofone, para tocar com o teclado. Nailson tocava piston e na
caixa clara, Radegundis tocava trombone e surdo. Mais contrabaixo e violão. Ficamos
dois meses naquele hotel. Foi mais ou menos em 92 ou 93. Viajamos no dia 12 de
dezembro, passamos o Reveillon lá e retornamos no dia em que começou o carnaval.
[...] O hotel era tão grande que tinha sete quadras de tênis. Passávamos o dia todo
dormindo, estudando, tomando banho de piscina, jogando bola... tocávamos de 20:00
até 0:00 hs. As vezes na entrava ninguém no salão e ficávamos sem tocar,
principalmente durante a semana.
155

As músicas da coletânea: Eu já tinha feito “Thaís”, uma bossa-nova. Thaís é filha de


Marquinhos do segundo casamento, com a segunda Nadja que entrou na família [...]
Lá no Caribe, tocávamos Thais. O Valdo fez uma letra retratando o nascimento dela. Aí
fiz o arranjo para quinteto.
Como todos nós estávamos numa solidão muito grande, éramos os únicos brasileiros.
Parecíamos uns monges... aí fiz o choro: “Os Monges de St. Thomas”.
Quando foi passando o tempo foi apertando a saudade de casa. Eu não estava
acostumado a passar tanto tempo fora. Foi quando fiz “Saudade”. Fiz a melodia e uma
letra. Quando os meninos ouviram disseram: Que música bonita! [...] solo de flugel.
Depois fiz o arranjo para o quinteto. Acho que fiz o arranjo lá mesmo!

E Phillippe?

“Phillippe é um neto, filho de Meyse. Ele anda muito comigo, todos dizem que um neto
de algibeira. É um frevo diferente, é o final da Música para Metais nº 3.”

Agora a Serenata no Capibaribe...

A Serenata no Capibaribe eu fiz quando o teatrólogo Carlos Carvalho. Ele me disse


que estava com uma peça e perguntou se eu não queria musicá-la. Nos intervalos do
ensaio da orquestra com vários temas: tem um tema que é um choro, tem um lugar que
é três, tem lugar que é quatro, uma mistura danada! Foi uma melodia para teatro...
parecida com um bolero. Dimas Sedícias, na época timpanista da orquestra, disse que
a peça estava parecendo uma serenata. Foi ele quem deu a sugestão do nome. Fiz um
arranjo para quinteto e dei para o Nailson. É mais um beguine que um bolero!

E Nairam?

Nairam é filho do Nailson. Na sexta-feira de carnaval estávamos tocando na praia de


Boa Viagem até 4:00. Quando terminou cada um foi para sua casa... eu estava em casa
deitado quando tocou o telefone e me deram o recado que o menino tinha nascido, no
sábado de Zé Pereira! A música dele tinha que ser um frevo, um frevo que começasse
com uma fanfarra que anunciasse o carnaval. De todos os meus frevo, é o único que
começa com fanfarra.

No disco 3: a Suíte Monette...

No encontro de metais em São Luiz do Maranhão. Monette, Schlueter e o trombonista


Per Brevig vieram. Eu também fui convidado a participar do encontro. Monette nunca
tinha ouvido o quinteto tocar. Eu tinha feito Andrezza – uma neta, a valsa para
trompete e piano, depois fiz o arranjo para quinteto e dois solistas: Schlueter e
Radegundis. Per Brevig e Nailson tocavam no quinteto, ficou então um septeto.
Quando David Monette ouviu o quinteto BRASSIL tocando música brasileira com todas
as suas melodias, variações rítmicas... aquilo foi estranho para ele, uma americano não
está acostumado a ouvir música brasileira. Ao ser apresentado à Monette disse que
faria uma música para ele [...]
Tempos depois eu estava em recife quando recebi um telefonema da diretora da
Orquestra Sinfônica de Curitiba, a Sra. Cloris, encomendando uma música nordestina
156

para orquestra [...] Perguntei: Pode ser uma suíte com uns quatro ou cinco
movimentos? [...] O terceiro movimento estava pronto: “Andrezza”...

Na suíte passou a se chamar valsa...

Isto mesmo. E agora para começar. O que eu faço? Vou começar com o que? Sou
pernambucano e teria que começar com uma música pernambucana, mas não pode ser
frevo...
Eu estava com raiva de Pernambuco! Estava me mudando para João Pessoa. Estava
brigado com o governo, com o governador Miguel Arraes. Eu fui à Assembléia
Legislativa me despedir de Pernambuco. Eu não tinha condições de continuar morando
no Recife e o governo não apoiava meus projetos para eu sobreviver. Decidi morrer de
fome em outro lugar! Minha filha Lucinha morava em João Pessoa, Marquinhos
também morava em João Pessoa. Disse: Vou morar em João Pessoa! Na Assembléia
Legislativa, os deputados prometeram ir ao governador solicitar aprovação dos meus
projetos. Me pediram um prazo de uma semana. O governador respondeu: Deixem ele
ir embora!!!! O neto dele, Deputado Federal Eduardo Campos, era na época Secretário
de Finanças, poderia ter resolvido! O pai dele era escritor e meu amigo, um fã! A
Câmara Municipal me concedeu o Título de Cidadão do Recife, o quinteto e a Banda
Municipal tocaram na entrega. Recebi o título no dia 12 e no dia 13 mudei para João
Pessoa. Televisão e jornal mostrando toda a mudança... Enquanto ele for governador
eu não volto!! Eu estava com raiva de Pernambuco. Não iria fazer mais música de
Pernambuco! Colocarei trompete e trombone solistas acompanhados pela orquestra
sinfônica... No primeiro movimento, para não dizer que não sou pernambucano, fiz uma
Ciranda [...] É um ritmo pernambucano de beira de praia. No segundo movimento me
lembrei do Monette ... ele é americano, vou fazer um tema bem jazzístico [...] Balada:
identificando que é o Monette. A Valsa Andrezza, retrata o Brasil de 1920, uma valsa
bem brasileira. O final da Balada é uma valsa americana. Fiz um terceiro movimento
bem brasileiro. Para identificar meu encontro com Monette, no último movimento fiz
um Bumba-meu-boi porque nosso encontro foi lá em São Luiz do Maranhão. O Bumba-
meu-Boi começa sempre com alguém abrindo o tema e depois a percussão entra.

Na partitura está escrito 8ª acima em relação ao que foi gravado...

Na hora da gravação Nailson gravou oitava abaixo e ficou mais bonito! O Bumba é
uma música com duínas e tercinas fazendo o ritmo característico do Boi. Eu botei o
trompete em duínas e o trombone em tercinas, separados na primeira vez e todos juntos
quando volta. No final... eles tem um instrumento grande, parece uma cuíca, muito
grave. Botei o ritmo para a tuba.
Este tema é de um sucesso de público que você não avalia. Eu acho que o tema é muito
lógico... você ouve e sai assobiando a música.
A gravação da orquestra sinfônica com a Orquestra Sinfônica da Paraíba ficou muito
boa. [...]

E a Toada?

Esta toada, no disco, está como Toada. O Nailson colocou Toada porque ele não sabia.
O título da música é Fantasia para Trompete e Trombone. [...] Quando nasceu Natália,
a última filha de Marquinhos... tinha que ter uma música para ela, uma toada. Fiz o
arranjo, mas ficou muito pequeno para tocar... Vou colocar um caboclinho aqui!
157

Aproveitei um tema do Boggie-Woggie... dentro deste coloquei uma melodia de cego,


aqueles cantadores cegos do interior... com a harmonia do Boggie-Woggie. Eu tinha
feito um frevo para homenagear Capiba: Cidadão Frevo, digo fiz o frevo para a Toada
depois retirou e gravou-o. É uma fantasia para três ritmos: toada, caboclinho e frevo. A
música estava sem nome. A única coisa escrita era o nome do ritmo: toada, mas não
tinha escrito o ritmo dos outros: caboclinho e frevo. Somente quando terminei pus o
nome Fantasia para Trompete e Trombone.

Temas Nordestinos...

Nasciam os meninos e eu fazendo um tema para cada um. Eu fiz três temas: Bruno: um
neto, cheio de energia, para ele fiz um Côco. Veja que ele tem compasso em 3, em 1, em
7. Melissa: irmã de Bruno, muito quieta... o primeiro tema é uma valsa moderna... a
segunda parte é muito antiga, dizíamos que a Melissa era tão bonita, mas tão quieta,
que parecia uma velha. Rafael: fiz um “isquenta mui锸 a mãe dele, Dorinha, na Suíte
Recife, também é um “isquenta muié”. Quando o quinteto foi para a Inglaterra gravar
o disco, Nailson juntou os três temas com Marillian, o primeiro frevo que eu fiz, e
Júnior que é o frevo final da Música para Metais nº 1, fiz uma segunda parte e o frevo
estava pronto.

Nas suas partituras, manuscritas, tem muito poucos sinais de interpretação musical...
Porque?

“Isto é no ensaio. É no ensaio que fazemos a interpretação.”

O músico fica a vontade?

Eu deixo a vontade... Escrevi uma música para os 500 anos do Brasil, e quando
entreguei ao maestro ele reclamou da falta de indicações. Eu disse: A interpretação é
sua, as notas que eu quero estão todas aí! Se você faz uma música cantada o cantor não
vai dar a interpretação dele?

O que você acha da interpretação do BRASSIL da sua música?

“Espetacular. Eles já sabem o meu gosto. Quando eles ensaiavam uma música minha,
eu parava dizendo como deveria ser. Se acostumaram!”

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