O Brassil e A Musica Do Maestro Duda para Quinteto de Metais
O Brassil e A Musica Do Maestro Duda para Quinteto de Metais
O Brassil e A Musica Do Maestro Duda para Quinteto de Metais
por
ii
iii
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO
por
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________
Professor Doutor Nailson de Almeida Simões (Orientador)
________________________________________________
Professor Doutor Ricardo Tacuchian
________________________________________________
Professor Doutor Radegundis Feitosa Nunes
Conceito: APROVADO
MARÇO DE 2009
iii
iv
iv
v
v
vi
AGRADECIMENTOS
A Deus, o meu obrigado de todos os dias, por permitir que até aqui chegasse em
Aos integrantes do Art Metal Quinteto: Davi, Antonio, Marcão e Eliezer sempre
Marquinhos e Gláucio;
Aos Mestres Tacuchian, Ingrid, Martha, Salomea, Kazadi, José Nunes e Luiz Paulo.
vi
vii
RESUMO
O Grupo BRASSIL, também conhecido como Quinteto de metais da Paraíba, tem sua
concepção musical analisada interpretativamente através da obra do Maestro DUDA
para quinteto de metais. As obras escolhidas encontram-se gravadas nos três Cd’s do
grupo. Um levantamento histórico traz os principais momentos da trajetória do grupo
além de identificar integrantes do grupo em todas as épocas e suas influências na
concepção interpretativa do grupo. A metodologia utilizada é estabelecida para nortear
teoricamente a pesquisa. A edição e revisão interpretativa das comparou manuscritos do
compositor com a gravação das músicas editando as mesmas conforme a execução do
grupo. Os Padrões Musicais descreve os elementos musicais encontrados na revisão
interpretativa buscando um padrão que represente o pensamento musical do grupo.
vii
viii
ABSTRACT
The Group BRASSIL, also known as "the Paraíba Brass Quintet," has its musical
conception analized interpretively through the Maestro DUDA’s works to brass quintet.
The chosen works are recorded in the three CDs of the group. Historical search brings
tehe main moments of the trajectory of the group besides to identify the group’s
members in all epochs and its influence in the interpretative concepts of the group. The
utilized methodology is established to guide the research theoretically. The editing and
interpretative revision of their execution comparde manuscript of the composers with
the recorded musics, editing than according to the group performance. The musical
standards describes the musical elements found in the interpretative revision to get a
pattern that represents the musical thougth of the group.
viii
ix
Sumário
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1
CAPÍTULO 1 - CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS ...................................................... 4
CAPÍTULO 2 - METODOLOGIA ................................................................................ 17
2.1 Introdução ............................................................................................................. 17
2.2 – Pressupostos conceituais ................................................................................... 17
2.3 – Referencial Teórico ........................................................................................... 18
2.4. Definição dos Termos.......................................................................................... 23
2.4.1. Indicação Metronômica ................................................................................ 23
2.4.2. Acentos ......................................................................................................... 26
2.4.3 Ligaduras ....................................................................................................... 28
2.4.4 Dinâmicas ...................................................................................................... 29
2.4.5. Expressões .................................................................................................... 29
2.4.6 Forma ou estrutura ......................................................................................... 30
2.4.7 Editor ............................................................................................................. 30
2.5 Definição do Objeto.............................................................................................. 30
2.5.1 A Discografia................................................................................................. 30
2.5.2. As obras revisadas ........................................................................................ 32
CAPÍTULO III - EDIÇÃO E REVISÃO INTERPRETATIVA DAS OBRAS ............. 34
3.1 - Suíte BRASSIL .................................................................................................. 34
3.1.1 - Zinzinho nos States ..................................................................................... 34
3.1.2. Gizelle........................................................................................................... 36
3.1.3. Movimento ................................................................................................... 39
3.1.4. Gilmacy ........................................................................................................ 42
3.1.5. Lucinha no frevo........................................................................................... 45
3.2. Suíte Recife.......................................................................................................... 47
3.2.1. Aspectos Gerais ............................................................................................ 48
3.2.2. Andrea .......................................................................................................... 49
3.2.3. Mida .............................................................................................................. 53
3.2.4. Dorinha ......................................................................................................... 55
3.2.5. Nadja............................................................................................................. 58
3.2.6. Meyse ........................................................................................................... 60
3.3. Concertino para trompete .................................................................................... 63
3.3.1. Considerações Gerais ................................................................................... 63
3.3.2. Primeiro Movimento .................................................................................... 63
3.3.3. Segundo Movimento .................................................................................... 69
ix
x
x
1
INTRODUÇÃO
obras compostas pelo Maestro DUDA1 para quinteto de metais gravadas nos três Cds do
grupo: BRASSIL toca Brasil, BRASSIL plays Brazil e Brassileiro. Estes dois últimos
gravados pelo selo Nimbus Records, da Inglaterra, e seu objetivo maior é contextualizar
como vários gêneros da música brasileira. Optamos por delimitar a pesquisa nas obras
compostas pelo Maestro DUDA. A opção justifica-se por ser o Maestro DUDA o
compositor com mais obras dedicadas ao Grupo BRASSIL, daqui por diante
denominado BRASSIL.
articulações – com as gravações das mesmas nos Cds e editamos as partituras conforme
uma prática. Apresentações com o Art Metal Quinteto do Rio de Janeiro foram
1
José Ursicino da Silva. Regente, compositor, arranjador e instrumentista. (Ver Anexo 1).
2
também diversas apresentações com o grupo Metal Capixaba, em Vitória – ES, onde
esta uma pesquisa sobre a história do BRASSIL, neste capítulo procuramos nos ater aos
fatos que, em nossa opinião, se relacionam com a formação de uma concepção musical.
revisadas. Estes elementos podem ser considerados como uma visão geral da concepção
devido a sua constância tornaram-se padrões que traduzem uma parte do pensamento
musical do BRASSIL. Este capítulo pode ser utilizado por instrumentistas, maestros,
pelo levantamento de pessoas que já passaram pelo grupo colaborando para o êxito do
projeto, mas também pelo entendimento dos fatos que marcaram a trajetória do grupo.
utilizados até a concepção sonora decorrente de uma escola musical. Tudo isto foi
Paraíba, no Departamento de Música, mas seu início foi em 1978 quando a Fundação
Palácio das Artes, de Belo Horizonte, promoveu um concurso para ampliação de sua
orquestra sinfônica. Testes de seleção foram realizados em vários países, sempre nas
trompa e Douglas van Camp, tuba. Para completar a formação juntou-se ao grupo o
F
Figura 1·
E 1980, com
Em c patrocínio da Alliança Francesa uma ggrande turn
nê do
do trrompetista José
J Geralddo e do tubista Douglass van Campp, que optarram por ficaar em
2
Entrrevista realizadda em sua resiidência em 166/11/2000 no Rio
R de Janeiroo.
3
Entrrevista realizadda em sua resiidência em 166/11/2000 no Rio
R de Janeiroo.
6
repensado para criar sua própria identidade e Jacques Guestem explica: “a mulher do
Edmund4 que um dia chegou e disse: O que vocês acham desse nome? BRASS’IL”:
Recife, Salvador, Aracaju, Maceió, Manaus, Belém, São Luiz, Belo Horizonte, Brasília,
Goiânia, São Paulo, Rio de Janeiro, Montevidéu, Curitiba, Florianópolis, São José dos
Campos e Niterói.
alternavam entre uma cidade e outra, neles, a música brasileira foi inserida
Aquarela do Brasil que foi repetida em ambos os programas: “Era a música mais
aplaudida, era a música que identificava mais o quinteto5” relata Nailson Simões.
Alain Caze. Douglas van Camp realizou os primeiros concertos, pois o novo tubista, o
canadense Alain Caze, ainda não havia chegado. Este permaneceria até o final da
4
Influenciada pelo Prof. Nailson Simões que combinava sílabas de seu nome e nome de sua esposa para
formar o nome de seus filhos.
5
Entrevista realizada em sua residência em 15/11/2000 no Rio de Janeiro.
7
viageem (Figuraa 2). Segunndo Nailsonn Simões6: “O Alain Caze não durou nem
m um
semeestre” e coom sua saídda, Valmir Vieira foi convidado para ocuppar a posiçãão de
F
Figura 28
O ano de 82
8 marcou algumas mudanças.
m Edmund H
House e Jaccques
Guesstem foram
m embora. As
A tentativaas de substiituição da trompa
t não deram cerrto. O
por pouco
p tempoo junto ao grupo.
g Jacquues Guestem
m relata:
Eu acho que
q em dezeembro de 822 foi meu último conceerto [...] e o quinteto já á
tinha um convite
c parra ir p’ro feestival de Dijon em julhho de 83. A
Acontece que
o quintetoo foi com dois trombbones porque não tinha trompa [...] foram m
Radegunddis e Sandovval.9 (Figuraa 4)
6
Entrrevista realizadda em 15 de novembro
n de 2000
2 em sua residência.
r
7
Entrrevista realizadda em 02 de abril
a de 2001 na
n cidade de São
S Mateus – ES.
8
A paartir da esquerrda: Jacques Guestem,
G Geraard Hostein, Nailson
N Simõees, Edmund Hoouse e Alain Caze.
C
9
Entrrevista realizadda em 16 de novembro
n de 2000
2 em sua residência.
r
8
F
Figura 3
A falta de trompistas feez com que a viagem à França fosse realizadaa com
relem
mbra:
10
Enttrevista realizaada em 07 de abril de 2001 na cidade de São Mateus – ES.
9
F
Figura 411
A viagem à França, em
e julho de 1983, foi muito im
mportante para o
mastter-classes sobre
s músicca brasileiraa. Na volta, Gerard nãoo mais integrrava o quin
nteto e
agoraa o BRAS
SS’IL seriaa formado por brasiileiros, asssumindo suua identidaade e
que a idéia de um
m disco surrgiu. Radeguundis Feitossa relata:
do Quinteto
Q BRASS’IL. Um movim
mento deno
ominado Grupo
G de M
Metais Norrdeste
Nailson queria muito fazer algo com música brasileira, ele não tinha curso
superior ainda e viu a oportunidade de cursar a universidade também. Ele
entrou na universidade na mesma turma que nós entramos, eu, Sandoval,
Gláucio [...] Como o negócio de música brasileira era tratado muito
lentamente no BRASS’IL. Criamos o Grupo de Metais Nordeste para
fazermos música de câmara13.
Nailson, que era o mais velho, sempre teve essa idéia, mas ele nunca tinha
encontrado as pessoas que topassem investir na idéia com ele e outras
pessoas que tivessem força de referência que endossassem. E um professor
nosso, o Gerardo Parente, pianista, foi quem mais envenenou...
Incentivando e conscientizando da importância de fazer um trabalho com
música brasileira. No começo as pessoas diziam que música brasileira era
algo que não existia, era uma bobagem. Ouvir isto há vinte anos atrás era
uma coisa forte!13
continuação do trabalho.
13
Entrevista realizada em 06/04/01 na cidade de São Mateus – ES.
11
trom
mpetista Marrcos Carneiiro, que durrante algum
m tempo ocuupou a posição de seg
gundo
trom
mpete no Gruupo de Metaais Nordestee e no Quin
nteto BRASS
S’IL.
F
Figura 514
Arquivo N
Nailson Simões
A Figura 6 mostra
m o Quuinteto BRA
ASS’IL em sua primeirra formação
o com
preseença do trom
mpista Cisnneiro Andraade ocupand
do o lugar do
d trombonnista Sandov
val de
Oliveeira.
F
Figura 615
Arquivo N
Nailson Simões
14
Proograma de apreesentação reallizada no Teattro do Parque (Recife-PE).
15
Quinteto BRASS SIL com prim meira logomarrca. A partir dad esquerda: Cisneiro
C Andrrade, Valmir Vieira,
V
Marcoos Carneiro(M
Marquinhos), Radegundis
R Feeitosa e Nailso
on Simões.
12
F
Figura 718
C
Com o retoorno definittivo em 91
1 desses doois integranntes, o quiinteto
16
Enttrevista realizaada em 15/11//2001 em sua residência.
17
Enttrevista realizaada em 06/04//2001 na cidadde de São Matteus – ES.
18
Da esquerda paraa a direita: Glláucio Fonsecca, Sandoval ded Oliveira, Valmir
V Vieira, Radegundis Feitosa
F
e Naillson Simões.
19
Seggundo Anor Luciano
L em sua
s entrevista:: “Então eu resolvi,
r depoiis que eu toquuei quatro an
nos em
Camppinas, fui em 88 8 para lá, deffinitivamente para
p o nordesste.”
13
Unidos em
e 91 e em
m 92 já esttava gravan
ndo o prim
meiro disco lá em João
o
Pessoa.20
F
Figura 821
Fernandes e outtros. Foi graavado na Iggreja São Frrancisco dee Assis, em João Pesso
oa, no
ano de
d 1992, em
m condições técnicas muito
m ruins. O trompistaa Cisneiro A
Andrade relaata:
Foi gravaado numa iggreja, ao viivo, e exata amente numm período dde eleições,
ou seja, dee campanhaas políticas. O que fazííamos: reseervávamos uum horário
bem tardee da noite, tiipo 22:00 para
p iniciar a gravaçãoo e esperávaamos que o
barulho ao
a redor sileenciasse, innclusive os comícios. [...]
[ Passam mos três ou
quatro diaas gravanddo de 23:000 até 04:30 da manhãã para consseguir uma
gravação sem ruídos. Somente um u microfon ne colocadoo na frente ppara pegar
o som dee todo mundo, quer dizer,d muita
a deficiênciia técnica. Foi muito
trabalho!23
2
E
Este trabalhho abriu as portas paraa um contaato com a N
Nimbus Records
confo
forme comennta Nailsonn Simões:
O segundo disco, Brassil plays Brazil agora já lançado pelo selo Nimbus
Records foi gravado em João Pessoa no Teatro da Fundação Cultural, o Cine Bangüê,
trompetista Ayrton Benck faz parte desta formação que permaneceu por mais tempo.
25
Entrevista realizada em 04/04/2001 na cidade de São Mateus – ES.
26
Entrevista realizada em 04/04/2001 na cidade de São Mateus – ES.
27
Entrevista realizada em 07/04/2001 na cidade de São Mateus – ES.
15
de Janeiro, e para o seu lugar foi convidado o ex-integrante Gláucio Xavier Fonseca. Ele
mesmo explica:
grupo não gravou novos Cds solo, mas participou da gravação de uma faixa do Cd de
Guestem, passando pelo pioneirismo do Grupo de Metais Nordeste, até o atual Grupo
28
Entrevista realizada em 06/04/2001 na cidade de São Mateus – ES.
29
Entrevista realizada em 07/04/2001 na cidade de São Mateus – ES.
16
trecho acima transcrito, reflete todo pensamento e a atitude perante a música brasileira.
O que vai acontecer é daqui para frente e o mérito é de todos que fizeram o
BRASSIL nestes vinte anos. Agora é que vai começar a se entender o que é ou
não influência. [...] Eu acredito na história da evolução. No futuro vai ter
gente fazendo muito melhor que a gente.31
30
Extraído do programa da Turnê América do Sul.
31
Entrevista realizada em 06/04/2001 na cidade de São Mateus – ES.
17
CAPÍTULO 2 - METODOLOGIA
2.1 Introdução
semiologia procuramos definir qual processo vai ser analisado, do ponto de vista do
signo. Outras teorias serão consideradas quando preencherem lacunas neste processo
executante, intérprete é aquele que interpreta, que faz uma leitura de alguma coisa e
transfere para a mesma algo pessoal, e executante é aquele que executa, que segue uma
final da interpretação.
a interpretação32 .
expressos em uma partitura, por mais abundantes e variados que sejam, representam
32
KRAUSZ, Michael. “Rightness and Reasons in Musical Interpretation” in The Interpretation of
Music, Michael Krausz (ed.), New York, Oxford University Press,1995, p. 75.
18
Tudo é muito relativo, pois não temos um referencial exato do que seja uma intensidade
anterior, seja ela um menor ou maior volume. Assim ocorre também com acentos e
O nosso sistema gráfico não oferece dúvidas quanto à altura das notas e ao
ritmo; mas não proporciona nenhuma certeza, avaliável em termos
científicos, com relação a todos os outros elementos dos quais nasce a vida
da música.
objetivo deste trabalho realizar uma análise semiológica, mas apenas utilizar seu
manuscritas pelo compositor são dispensadas, pois não possuem elementos suficientes
33
KIVY, Peter. Sound and Semblance: Reflections on Musical Representation, New York, Cornell
University Press, 1991, cap.VI. p.117-118.
34
MAGNANI, Sérgio. Expressão e Comunicação na Linguagem da Música. Belo Horizonte, Editora
UFMG, 1989. p. 63
35
Para uma compreensão da Teoria da Semiologia ler: NATIEZ, Jean-Jacques. Music and Discourse:
Toward a Semiology of Music, New Jersey, Princeton University Press, 1990, cap. I, pp. 3 – 37.
36
Partitura de Brasileirinho manuscrita pelo Maestro DUDA. Observamos muito poucos acentos, poucas
indicações de intensidade, ausência de andamento e caráter e imprecisão nas ligaduras.
19
F
Figura 9
A
Acontece o mesmo na partitura de Bruno – Temas Norrdestinos (F
Figura
10).
20
Figura 10
utiliza dados concretos: melodia, harmonia e ritmo. Concretos, pois podem ser
acontece nas instituições de ensino da música no Brasil, onde todos nós estudamos as
estando distante da Alemanha e mais distante ainda no tempo, sem nenhum tipo de
encontra-se diante de fatores físicos tais como ressonância e timbre. Físicos, pois podem
uma sala pode ser ou não considerada pelo compositor, enquanto o intérprete lida
diretamente com esse fator em todo o momento da execução. Schlueter37 em seu livro
não publicado diz: “Somos obrigados a tocar o que o compositor escreveu. Também
somos obrigados a tocar o que o compositor não escreveu”. Magnani38 afirma: “Sua
recriador da obra de arte, procure a cada instante uma nova forma de comunicar sua
mensagem. A execução de uma obra musical da mesma forma, naturalmente não existe.
BRASSIL, influenciados pelo Prof. Charles Schlueter, maior expoente da atual escola
de trompete de Boston, da qual alguns dos conceitos citados formam sua base técnica e
filosófica41.
37
SCHLUETER, Charles. Zen and the Art of the Trumpet”. Não publicado.
38
MAGNANI (1989) op. cit. p. 65
39
n. do a.
40
MONETTE Corp., David. Mouthpiece Manual and users’ Guide. 2001. Portland, EUA, Pp. 92.
41
SIMÕES (2001) op.cit.
22
A
Acompanha
amos o trabbalho do BRASSIL desde 19889, e é claara a
arrannjos diferennciando-os em
e determiinadas apreesentações. Um bom eexemplo esttá em
“Marrquinhos noo Frevo” onde o imprroviso do trombone não está esccrito na parrtitura
origiinal.
F
Figura 1142
42
Parrtitura de Blue Moon.
23
objeto de estudo, desse pensamento. Nas partituras de DUDA, todas manuscritas pelo
próprio autor, são muitos discretos os sinais musicais que sugiram uma interpretação.
momento histórico que envolveu a obra, o local onde ela é ou foi executada, e outras
mais de caráter social, com o apoio de sinais musicais, facilitam a elaboração de uma
essas informações.
12), mesmo assim como é uma partitura editada, podemos supor que a marcação não foi
43
Segundo conversa informal com o Prof. Nailson Simões, na partitura da Figura 14, a indicação
metronômica não foi definida pelo compositor.
24
F
Figura 12
F
Figura 1344
F
Figura 1445
comppositor no quarto
q movvimento, Booi-Bumbá, e no primeiiro movimeento, Cirand
da. A
marccação foi prrecisa (Figuura 15). Noss outros movimentos e na música “Toada”, não
n se
encontram indiccações.
44
Parrtitura do “Cooncertino parra Trompete” manuscrita pelo p composittor. A indicação está totallmente
distannte da realidadde. v. partituraa revisada na seção
s de Anex
xos.
45
Parrtitura de “Anddréa”, 1º movvimento da Suíte Recife. Neesta, a indicação foi inserida pelo Prof. Nailson
N
Simõees.
25
F
Figura 15
duraçção da peçaa.
“Con ternura” ou “ccom profundda expressã ão” não sãoo, finalmentte mais que
vagas indiicações psiccológicas ou
o literáriass. Ninguém poderia diizer onde e
como o seentimento começa
c a seer profundo
o [...] elem
mentos que ppodem ser
avaliados somente emm um processso intuitivoo.
N
Neste aspecto, a inddicação meetronômica é mais pprecisa, e para
60, é a média de
d velocidaade com quue a unidad
de de tempo é executaada, a marccação
metroonômica.
46
KR
RAUSZ (1995)) op.cit. p.78
47
MA
AGNANI (19889) op.cit. p.633
26
2
2.4.2. Acentos
moviimento na música
m (ver Capítulo Paadrões Mussicais).
P
Procuramos simplificaar a quantiidade de símbolos
s uttilizados paara a
aos acentos.
a
B
Basicamente
e foram os seguintes os
o símbolos utilizados, em exemplos, e
2
2.4.2.1 –( )
F
Figura 16
2
2.4.2.2 –( )
R
Representa a nota que deve ter um apoioo, uma valoorização dee sua
F
Figura 17
48
Thaaís compasso nº
n 1, 1º tromppete.
49
Tem
ma para um Trrompetista, Trrompa
27
2
2.4.2.3 –( )
C
Como o próóprio desenhho do símb
bolo indica, é a execuçção da notaa com
F
Figura 18
2
2.4.2.4 –( )
F
Figura 19
2
2.4.2.5 –( )
É a nota
n executaada com um 052).
m decrescenddo mais currto, logo maais vigorosoo (Figura 20
50
Braasileirinho - Trrompa.
51
Parrte de 1º tromppete de Saudadde – Coletâneea 93.
52
Parrte de 2º tromppete de Bossa--Nova.
28
F
Figura 20
2
2.4.3 Ligaduuras
som. Na músicaa do quintetto é o item mais susceptível a dúvvidas, pois em alguns casos
que se confundde com notaas ligadas. Para dimiinuir a marrgem de errros, a ajudaa dos
mem
mbros do quiinteto foi dee fundamenntal importân
ncia atravéss da revisãoo final feita pelos
mesm
mos.
da partitura maanuscrita dee Mida (Figgura 21) reevelam ligaaduras diferrentes do que se
encontra na graavação. Na figura 22, fica clara a diferença entre o quee está escriito na
F
Figura 2153
53
Com
mpassos iniciaais de Mida – Suíte Recife
29
Figura 22
2.4.4 Dinâmicas
alteração de intensidade.
também são tratados como dinâmicas, com mesma função, porém o seu uso denota uma
2.4.5. Expressões
designar fatores musicais tais como rallentandos, ritardandos e solos, como também
surdinas.
30
abordaremos quando necessário, o aspecto estrutural da peça analisada, com uma ênfase
2.4.7 Editor
2.5.1 A Discografia
Kaplan) e três Cds solo, todos com repertório exclusivamente brasileiro. Delimitamos
compositores: Dimas Segundo Sedícias, Heitor Villa-Lobos - arranjado por José Alberto
Kaplan, Antonio Manoel do Espírito Santo - arranjado por Adail Fernandes, Tom
a) Disco 1 – “BRA
ASSIL toca BRASIL (F
Figura 23)”..
F
Figura 23
F
Figura 24
32
F
Figura 25
2
2.5.2. As obrras revisadaas
F
Foram revisadas as obrras originalm
mente comppostas pelo Maestro DUDA
D
a) Disco 1:
• Suíte BR
RASSIL.
b) Disco 2:
• Suíte Reecife;
• Música para
p metais nº1;
• Marquinnhos no frev
vo;
• Coletâneea 93;
• Nairam e
c) Disco 3:
Suíte Monette;
Toada e
Temas Nordestinos.
34
C
CAPÍTULO
O III - EDIÇÃO E RE
EVISÃO IN
NTERPRET
TATIVA DAS
D
OBR
RAS
3.11 - Suíte BR
RASSIL
desfaazendo com
m o aparecim
mento do choro no co
ompasso 7 (Figura
( 26). Os acento
os nas
em alguns
a trechos refletem esta influênncia.
F
Figura 26
C
Com a entraada no choroo – compassso 7, os troompetes assuumem a meelodia
em um
u duo que se estende até o final da introduçção. As últiimas notas dde um grup
po, no
35
(Figuura 27).
F
Figura 27
O tema é exposto
e pello trompetee 1, começçando anaccrusticamentte no
nos compassos
c ma a atençãão por transformar um compasso rregular54 em
2 e 37 cham
25 m uma
F
Figura 28
N parte B,
Na B o trompeete 2 apressenta o tem
ma principaal. Notamos um
54
Refferimo-nos a regular,
r neste caso, por o coompasso possu
uir oito notas com
c o mesmoo valor.
55
No trompete é um u tipo de arrticulação exeecutada comoo se o instrummentista literallmente falasse duas
sílabaas articuladas com
c língua e uma
u articuladda guturalmentte. Ex “dha-dhha-gha” ou “tuu-tu-ku”. (n. do
d a.)
36
F
Figura 29
abaixxo:
Seçção Co
ompassos
Introddução 1 - 18
A 19 – 38
B 39 - 57
econnomia de tem
mpo de gravvação foi grravado como
o IntroABB
BIntroA.
3.1.2. Gizellle
O segundo movimento
m da Suíte BRASSIL é um solo paara trombon
ne. Os
E
Estruturalme
ente fica asssim definido
o:
Seçção Compassos
C
Introddução 1-2
A 3 - 18
B 19 - 34
Codda 35 - 58
F
Figura 30
N compasssos onde há
Nos h uma mud
dança de accompanham
mento, comp
passos
9 – 10
1 (Figura 31),
3 17 – 188 (Figura 322) e 25 – 26
6 (Figura 33) um pequueno crescen
ndo e
F
Figura 31
F
Figura 32
F
Figura 33
39
3.1.3. Movimento
choro tradicional que incorporado aos salões de dança tornou-se mais rápido e neste
do samba-de-gafieira.
Seção Compassos
Introdução 1-8
A 9 - 24
B 25 – 41
Coda 44 - 49
ligados. De maneira geral, as notas de maior duração são sempre diminuídas de seu
valor enquanto as notas de menor duração são valorizadas (Figura 34). Notamos
também que as notas mais graves da seqüência melódica são também valorizadas e as
56
Ver SCHOENBERG (1993) Cap. 7. Pp. 119 a 121.
57
Extraído do encarte do CD “Brassil toca Brasil”.
40
F
Figura 34
A
Ainda na introdução
i presenta fraagmentos dde escalas com
a tuba ap
F
Figura 35
36)
F
Figura 36
caraccterísticas do
d solo anterrior, com nootas encurtaadas e ligadduras em differentes possições
F
Figura 37
41
F
Figura 38
trom
mpete (Figuraa 39).
F
Figura 39
do acompanham
a mento e nos compassoos 36 ao 40
0 a colcheiia entre as semicolcheeias é
58
Emm seu livro, Schhlueter diz: “O formato da nota é uma condição
c neceessária para ddiferenciar um
ma nota
da outra...” SHCLU UETER, Charrles. “Zen andd the Art of thee Trumpet”. Não
N Publicadoo.
42
F
Figura 40
os grrupos de sem
micolcheiass ligadas duuas a duas com
c a segunnda mais cuurta em relaação à
prim
meira (Figuraa 41).
F
Figura 41
3
3.1.4. Gilmaacy
C
Característic
ca marcantee da peça são
s os temppos rubato. Uma liberdade
aconntece nas nootas de repoouso do troompete 2, e esse papell passa paraa o trombon
ne no
F
Figura 42
andaamento é mais
m rápido,, o solista assume inttegralmente a conduçãão melódicaa e o
F
Figura 43
A notas de
As d maior duração são sempree decresciddas de vollume,
princcipalmente havendo
h um
m movimennto melódico
o simultâneeo ou final dde frases (F
Figura
44).
F
Figura 44
44
A
Algumas n
notas são impulsionad
das: como a primeiira colcheia do
46), também
t no trompete 1.
F
Figura 45
F
Figura 46
E
Estruturalme
ente a peça fica assim definida:
d
Seeção Co
ompassos
Introdução 1-3
A 4 - 20
B 21 - 51
A
A’ 52 - 59
Cooda 62 -67
45
como parte de obras maiores como na Música para Metais nº 1 comentada mais à
frente.
Seção Compassos
A 1 - 19
B 20 - 37
com a explicitação das notas de menor duração. Na tentativa de grafar este elemento
59
O frevo, segundo a Enciclopédia de Música Brasileira Popular e Folclórica –
MARCONDES (1998)59: 1) Dança surgida em Recite PE a partir dos últimos anos do séc.
XIX, com a progressiva multiplicação das sincopas e do gingado rítmico das musicas das
bandas militares, a fim do propiciar desarticulações de corpo dos capoeiras. que exibiam
sua agilidade, abrindo os desfiles militares, com passos improvisados ao som das marchas
e dobrados. Segundo Renato Almeida, citando Mario Melo, surgiu da polca-marcha o teve
sua linha divisória estabelecida pelo capitão José Lourenço da Silva (Zuzinha), ensaiador
das bandas da brigada militar de Pernambuco. A marcha tem um ritmo frenético e
contagiante, que he confere o caráter do uma dança da multidão. Seu compasso é binário e
o andamento, semelhante á marcha carioca, mas o ritmo é tudo. Ainda conforme Renato
Almeida, divide-se em duas partes e seus motivos se apresentam sempre em diálogos dos
trombones o pistons com clarinetas e saxofones. O grande interesse está na sua
coreografia, individual, improvisada os dançarinos raramente repetem um gesto ou atitude,
mantendo sempre uma feição pessoal e instintiva da improvisação — o passo originado no
gingar dos antigos capoeiras. O passo, vindo a ser feita com a ajuda rítmica das velhas
sombrinhas e guarda-chuvas, dava a massa dos dançarinos que evoluíam peias ruas
apertadas uma impressão visual de fervura, o que originaria a palavra frevo, come
deverbal do frever, par fervor. Posteriormente a 1917, conforme Pereira da Costa, o frevo
foi introduzido nos salões, em clubes carnavalescos.
2) Frevo de rua - Frevo puramente orquestral, destinado a animar a improvisação dos
passes per parte dos dançarinos, que na realidade segundo observa o maestro Guerra peixe
— dançam a orquestração, pois ‘cada volteio de um instrumento e acompanhado por um
passe nu nina firula do passista.
3) Frevo-canção - Frevo com ritmo marcado, surgido a partir da década de 1930 em
Recite, caracterizado por uma introdução do frevo comum, a que se seque parte cantada,
semelhante às marchas cariocas de Carnaval. Quando cantado em tom lamentoso, pela
madrugada, na volta dos dançarinos de blocos aos seus bairros, o frevo-canção recebe o
nome do marcha-regresso.”
46
F
Figura 47
F
Figura 48
F
Figura 49
N seção B – compassoos 20 ao 37
Na 7 - trompa e trombone apresentam
m uma
F
Figura 50
F
Figura 51
F
Figura 52
do BRASSIL, pediu ao Maestro DUDA para compor obras para um recital de trompete
e piano. DUDA propôs uma suíte baseada em vários gêneros locais, nomeando os
movimentos com os nomes das mulheres da sua casa: Mida, sua esposa, Andréa,
Dorinha e Meyse, suas filhas, e Nadja, uma nora60. O arranjo para quinteto foi escrito
posteriormente.
cinco movimentos:
• Andrea (Baião);
• Mida (Canção);
• Dorinha (Xaxado);
• Nadja (Aboio) e
• Meyse (Frevo).
Maior, Mi bemol Maior e Do menor. As duas últimas nos chamam a atenção por
60
Encarte do CD “Brassil plays Brazil”.
61
Segundo o endereço http://www.brasilfolclore.hpg.com.br/aboioderoca.htm: Aboio de gado: sua
origem é um mistério, alguns pesquisadores encontram semelhanças nas musicas dos
antigos gregos, na origem oriental tendo como semelhanças com cantos melopaicos na
África mulçumana na Costa do Marfim. É canto solo, cantado livremente, essencialmente
homófono, praticado pelo vaqueiro do Norte e do Nordeste. São geralmente cantos
silábicos, sem letras, embora algumas vezes cheguem a formar uma quadra, que termina
com o canto de uma sílaba, longo e melancólico. As melodias do aboio-de-gado são lentas
e improvisadas, livres de uma medida rítmica determinada. O canto é entoado numa linha
melódica também livre, conforme a fantasia do vaqueiro. O aboio não é considerado como
um divertimento e sim como uma coisa séria, velhíssima, respeitada. O aboio é utilizado
pelos vaqueiros para guiar o gado para determinado local, em estradas, durante comitivas
de gado muito comuns ainda no inicio do Século XX, nos campos para atrair a atenção de
animais que se encontram escondidos.
49
menor.
3.2.2. Andrea
Seção Compassos
Introdução 1-4
A 5 – 20
B 21 – 28
A’ 29 – 44
B’ 45 – 53
Coda 54 - 60
62
Segundo MARCONDES (1998): Originalmente, no mundo rural, “pequeno trecho musical
executado pelas violas nos intervalos do canto no desafio”, compondo o chamado rojão.
segundo o folclorista Luis da Câmara Cascudo. Surgiu coma gênero de música popular
urbana em 1946 com o sucesso da composição Saião, de Luiz Gonzaga com versos do
advogado cearense Humberto Teixeira: “Eu vou mostrar pra vocês/Como se dança o
baião...”. Caracterizado musicalmente, conforme observação do maestro Batista Siqueira,
por introdução percussiva que evita a sincopa “, a que se sucede a” frase melódica depois
de pequena pausa’, o baião transformou-se no inicio da década de 1950 em ritmo
internacional de massa (o baião instrumental Delicado, executado ao cavaquinho por seu
autor, Valdir Azevedo, receberia versões orquestrais dos maestros norte-americanos Stan
Kenton e Percy Faith na década de 1950), contribuindo ate mesmo para a menção especial
a música do filme o Cangaceiro, de Lima Barreto, no Festival de Cannes, Franca, em 1953.
Passando então a sofrer no exterior a concorrência das imitações desvirtuadas (o Baião de
Ana, cantado pela atriz Silvana Mangano no filme italiano Arroz amargo, 1949, de
Giuseppe de Santis era de autores locais, V. Roman e F. Gionda). e no próprio Brasil, a do
ritmo do rock-and-roll, que viria a dominar o mercado internacional desde os anos de
1960, o baião sai de moda para figurar apenas, sem maior destaque, entre os gêneros
cultivados nos forrós. Ate a advento da bossa nova, foi o gênero brasileiro mais influente
no exterior — as pesquisas de ritmos latino-americanos feitas pelos produtores
discográficos nos E.U.A. incluíram o baião — em grandes sucessos internacionais, como
Save the last dance for me, de Doc Pomus e Mort Shuman (1960), lançada pelo grupo The
Drifters, têm marcação rítmica do baião, inclusive utilizando o triângulo. O próprio pop
rock inglês tipificado pelos Beatles tem forte influência do baião em sua marcação rítmica,
bastando conferir gravações de sucesso corno She loves you, de John Lennon e Paul
McCartney (1963).
50
ritmo predominante da peça com a tuba fazendo o papel de zabumba. A primeira nota
Figura 53
com variações rítmicas – compassos 12, 15, 17 e 18. É interpretado, pelo trompete 1,
Figura 54
trom
mpete 2 (Figgura 55). O acompannhamento, em
e notas curtas,
c acenntua a semíínima
F
Figura 55
F
Figura 56
53, onde
o escalass executadaas por todo o grupo co
onduzem à coda
c do moovimento (F
Figura
58).
F
Figura 57
52
Figura 58
Melódica B e B’
mas é preparado a partir do compasso 19. É uma frase de oito compassos num grande
Figura 59
63
Ver Schoenberg (1993). Cap. 6. Pp. 107 a 113.
53
3.2.3. Mida
Seção Compassos
Introdução 1–9
A 10 – 26
Transição 27 - 29
A’ 30 - 52
(Figura 61).
54
Figura 60
Figura 61
Figura 62
55
Figura 63
3.2.4. Dorinha
Seção Compassos
Introdução 1 – 13
A 14 – 34
B 35 – 46
trompete 1 enfatiza a segunda nota do grupo ligando-a com a próxima nota (Figura 64).
O trombone segue o mesmo princípio, mas decresce no final dos arpejos encaminhando
56
parte da introdução.
Figura 64
colcheias sempre curtas. A partir do compasso 10, com a mudança do ritmo, a tuba
acentua a segunda nota do compasso, permanecendo assim até o final da peça (Figura
65).
Figura 65
Figura 66
57
distinnta da seçãoo A - compaassos 14 aoo 34. A tessiitura agora é um blocoo compacto, onde
dinâm
micas anteriiores (Figurra 67).
F
Figura 67
estass, voltamos ao compaasso 14 ondde os dois temas são expostos nnovamente,, sem
F
Figura 68
58
3.2.5. Nadja
Seção Compassos
Introdução 1–4
A 5 – 12
B 13 – 20
A’ 21 - 28
Transição 29 -33
Coda 34 - 42
64
Definição extraído do site: http://www.brasilfolclore.hpg.com.br/ em 10/08/2001: Sua
origem é um mistério, alguns pesquisadores encontram semelhanças nas musicas dos
antigos gregos, na origem oriental tendo como semelhanças com cantos melopaicos na
África mulçumana na Costa do Marfim. É canto solo, cantado livremente, essencialmente
homófono, praticado pelo vaqueiro do Norte e do Nordeste. São geralmente cantos
silábicos, sem letras, embora algumas vezes cheguem a formar uma quadra, que termina
com o canto de uma sílaba, longo e melancólico. As melodias do aboio-de-gado são lentas
e improvisadas, livres de uma medida rítmica determinada. O canto é entoado numa linha
melódica também livre, conforme a fantasia do vaqueiro. O aboio não é considerado como
um divertimento e sim como uma coisa séria, velhíssima, respeitada. O aboio é utilizado
pelos vaqueiros para guiar o gado para determinado local, em estradas, durante comitivas
de gado muito comuns ainda no inicio do Século XX, nos campos para atrair a atenção ode
animais que se encontram escondidos.
59
Figura 69
com reforço em todas as notas de parte fraca de tempo. O restante do grupo executa
Figura 70
Figura 71
60
Figura 72
3.2.6. Meyse
Seção Compassos
A 1 – 18
B 19 - 38
frevo que circulam pelas ruas do Recife, onde vários instrumentos de sopro e percussão
excetuando a tuba, que desde o início é a responsável pelo baixo (Figura 73).
Figura 7365
de maior duração, quando não ligadas, sempre encurtadas num sentido mais percussivo
(Figura 74).
65
A melodia principal começa com os dois trompetes. Nos compassos 4 e 5 trompa e trombone executam
a melodia na ausência dos trompetes.
62
Figura 74
dinâmica ff.
63
Esta obra foi escrita originalmente para trompete e piano para o recital de
primeira peça, de todas as analisadas até o momento, que possui uma estrutura maior,
com vários temas no primeiro movimento. A parte solo apresenta considerável grau de
O Maestro Duda considera o movimento lento desta peça como sua melhor obra.
Este primeiro movimento pode ser entendido como uma fantasia. Cada
ou da próxima. O caráter nordestino, de raiz, firma-se aqui como uma marca da obra do
66
Ver Considerações Históricas.
64
Formalmente temos:
Seção Compassos
Introdução 1–3
A 4 – 19
Transição 20 - 25
B 26 - 40
C 41 - 73
Coda 74 - 83
caráter anacrústico. Assim acontece também nas últimas colcheias das tercinas neste
também são reforçadas. Este mesmo sol sustenido é levemente encurtado e a última nota
Figura 75
andamento rápido e sempre ligadas. Após cada grupo de semicolcheias, executadas pelo
anacrústico.
Figura 76
Figura 77
Figura 78
são executadas por todo o grupo, em uma duração intermediária entre o destacado e o
67
Extraído do site: http://www.maria-brazil.org/maracatu.htm em 30/12/2001 :
Maracatu é o carnaval de grupo de Pernambuco, no nordeste do Brasil. Os grupos são
denominados “nações”, por exemplo: Nação do Leão Coroado, significando um grande
grupo homogêneo. Maracatu de O é composto de uma pequena percussão com diversos tipos
de instrumentos: agogô e chocalhos. Mulheres dançam e homens cantam. Eles desfilam ao
ritmo dos tambores, vestidos com belas roupas decoradas. O solista canta uma canção e o
coro de mulheres respondem com o refrão. O porta standarte é seguido pelo rei e pela rainha
do maracatu. Os homens carregam sombrinhas decoradas com franjas simbolizando o sol.
Como frente de na de mulheres grupo de dançarinos carregam um boneco chamado calunga.
Este boneco é supostamente um feiticeiro.
66
valor integral. A mesma colcheia, quando entre duas semicolcheias, tem seu valor é
Figura 79
anterior. As notas mais curtas em um grande bloco compacto de som cede lugar a uma
Figura 80
67
Figura 81
2 são executadas em duplo destacado68 (Figura 82). As colcheias do compasso são todas
encurtadas.
Figura 82
68
Articulação que pronuncia o grupo de notas em uma seqüência de dha-gha-dha-gha. Segundo Arban
(1982), “Este tipo de efeito destacado é extremamente importante para tocar-se escalas e arpejos em
ritmo duplo.”
68
duração é sempre encurtada – compasso 58 (Figura 83). Neste ponto, todo o grupo
executa esta última nota com mesma concepção interpretativa (Figura 84).
Figura 83
Figura 84
ligadas e duas notas articuladas em duplo destacado. No compasso 81, a nota de maior
Figura 85
Seção69 Compassos
Introdução 1–4
A 5 – 20
B 21 – 35
A’ 35 - 50
B 51 – 64
Coda 65 - 68
ligeiro aumento de intensidade à medida que as notas caminham para o grave (Figura
86).
69
Os inícios o os finais das seções coincidem: os últimos compassos da seção A – compassos 35 e 36,
coincidem com os dois primeiros de A’ – compassos 35 e 36. Consideramos como seção a melodia
completa sem preparação.
70
Figura 86
apresentado com reforços nas notas graves decrescendo nas notas mais agudas e
(Figura 87).
Figura 87
Figura 88
71
Figura 89
definido pela própria expressão poco affretando. A mudança de caráter pode ser notada
destacado. Uma intervenção melódica ocorre no compasso 27, onde o trompete solo
finaliza a primeira parte da frase. Este fragmento é exposto em uma dinâmica mf com
Figura 90
72
A orquestrado para todo o grupo com dinâmica f e com apoios e reforços conforme
Figura 91
colcheias onde a segunda sempre é encurtada. A nota final é executada com menor
Figura 92
73
Seção Compassos
Introdução 1–4
A 5 – 25
B 26 - 35
Coda 37 - 53
interpretativa.
Figura 93
reforçadas num sentido anacrústico - grafado com sinais de ( - ) (Figura 94). A dinâmica
Figura 94
Figura 95
75
Seçção Com
mpassos
Introddução 1-7
A 8 – 37
Transsição 38 - 46
B 46 - 107
C 108 - 125
semicolcheias, quiálteras,
q síncopes e mudanças de compasssos. Podem
mos dividi-lla em
trom
mbone e tubaa (Figura 966), que se esstabiliza noss compassos 5 – 7, com
m mesmo motivo
m
F
Figura 96
F
Figura 97
semibreves com
mo visto na
n figura 96. A terrcina, no compasso
c 7, é execcutada
pausadamente, quase
q comoo uma cadênncia.
comppasso 23 o trompete
t 1 assume
a a melodia.
m Em dinâmica mp,
m a seção A é contrasstante
F
Figura 98
77
A transição – compassoos 38 ao 43
3 - é construuída como uum grande bloco
b
F
Figura 99
que efetivament
e te começa no
n compassso 51. Umaa pequena inntrodução à seção pod
de ser
F
Figura 100
comppasso 60, quue se repetee em 61, 64 e 65. A collcheia mais grave, apóss notas de menor
m
F
Figura 101
F
Figura 102
trom
mpetes e um
m contraponnto em unísssono de tro mbone. Noo compasso 75 a
ompa e trom
trom
mpa retoma a segunda parte do tem
ma (Figura 10
03).
F
Figura 103
79
trom
mpetes e trom
mbone e noo compasso 88 em diante, até o compasso
c 91. Todo o grupo
g
execuuta o mesm
mo ritmo em
m dinâmica f,
f refletindo
o o ponto culminante
c dda seção (F
Figura
104).
F
Figura 104
F
Figura 105
70
O frevo
f completo possui uma forma AB, e neste caso, enncontra-se inccompleto por possuir apenaas uma
parte. Este frevo seerá desenvolviido na forma AB
A como Júniior na suíte Teemas Nordestiinos.
80
A coda da peça
p começa – compassso 125 - coom uma pirrâmide71 seguida
por um
u breve cooral em f – compassoss 129 ao 13
33 - que finnaliza com o trompete 1 em
F
Figura 106
Seçção Compaassos
A 1 – 14
1
B 15 – 35
3
A
Ambas as seeções apresentam um tema
t de oitto compassoos que se reepete.
(Figuura 108).
F
Figura 107
71
Enttrada sucessiva de vozes em
m um bloco dee acordes (n. do
d a.).
81
F
Figura 108
N
Nota-se acenntos nas nootas em co
ontratempo em todos oos instrumeentos,
F
Figura 109
F
Figura 110
F
Figura 111
N
Nesta segunndo seção, “diálogo”, o trombonne executa a melodia com
acenttos conform
me a figurra abaixo (Figura
( 112
2). Contrarriando estaa proposição, os
trom
mpetes apreseentam escallas sempre ligadas.
l
F
Figura 112
O acentos na intervenção de to
Os odo grupo são executtados por todos,
t
F
Figura 113
83
do próprio
p insttrumentista,, pois não se enconttram referêências ao ffato na parrtitura
dinâm
mica ff paraa todo o gruupo.
3.66. Coletâneaa 93
A primeira peça
p m choro. O trombone aapresenta o tema
da colletânea é um
princcipal no iníccio da seçãoo A – comppassos 5 ao 20 - que loogo após é rrepetido porr todo
instruumentos. Uma
U pequenaa introduçãoo e uma cod
da também curta completam a estrrutura
Seçção Com
mpassos
Introddução 1-4
A 5 - 20
B 21 - 38
Coda 40 - 44
84
prim
meiro é a collcheia após a semicolchheia, em sín
ncope e ligaadas. A colccheia é encu
urtada
no seeu valor (Figura 114). O segundoo ponto é o decrescenddo nas míniimas no fin
nal da
F
Figura 114
F
Figura 115
N seção A – compasssos 5 ao 20
Na 0 - o trombbone apreseenta o temaa com
pelo trombone são acomppanhados poor todos oss instrumenntos, com eexceção daa tuba
(Figuura 117).
85
F
Figura 116
F
Figura 117
O tema é repetido
r peelos trompeetes, trompaa e tromboone com mesma
m
F
Figura 118
119).
86
F
Figura 119
A coda – compassos 40
4 ao 44 - apresenta
a os elementoss interpretaativos,
F
Figura 120
87
3.6.2. Saudaade
E
Estruturalm
mente, a peçaa pode ser assim
a definiida:
Seçção Com
mpassos
Introddução 1-5
A 6 - 36
B 37 - 45
C 46 - 53
Coda 55 - 58
em compasso
c teernário e dinnâmica mf. Em oposiçãão, B – com
mpassos 37 aao 45 - apreesenta
O aspecto de
d liberdadde melódicaa e rítmica pode ser nootado em to
oda a
F
Figura 121
A em
m uma grannde ligadurra. Pequenaas variaçõess melódicass (Figuras 1122 e 123) e de
F
Figura 122
F
Figura 123
F
Figura 124
F
Figura 125
A seção B – compasssos 37 ao 45
4 - apreseenta um eleemento melódico
interppretada com
mo . Toddo o grupo interpreta o trecho coom articulaçções e dinâm
micas
F
Figura 126
3.6.3. Thaís
C
Como já citaado, é referrência à suaa neta Thaíss. A obra é uma bossa--nova
c
com um úniico tema.
E
Estruturalme
ente definidda como:
Seçção Com
mpassos
Introddução 1-5
A 6 - 31
B 32 - 63
Coda 65 - 69
63 - uma
u seção dedicado
d aoos solos de trompete
t 1 e trompa.
expliicitada peloo uso de orrnamentos e mudançaas de ritmo nos solos, que podem
m ser
90
obserrvadas no trompete
t 1 e na trom
mpa principaalmente na seção B. A
As ligaduraas são
falta de precisãão nas messmas (Figuura 127). A unidade acontece qquando todo
os os
F
Figura 127
F
Figura 128
do soli
s executtam as liggaduras e acentos dee forma iddêntica. Ass características
Figgura 129
t
traz três plaanos sonoroos: no primeeiro os trom
mpetes semppre atuando juntos prop
pondo
t
trompetes e no terceiro plano a tuba e percussão.
p A tuba é o baixo e está
d
diretamente
e ligada à peercussão.
D
Definimos assim a estruutura da peçça:
Seçção Compaassos
A 1 – 17
1
B 18 - 36
3
Muitos são os
o detalhes dignos de consideraçõões: a prim
meira seção,, A –
72
Umma exceção poode ser notadda no segundoo tempo do compasso 4, o que não invvalida concepçção do
trechoo.
92
Figgura 130
Figgura 131
nas semicolchei
s ias e uma reedução do valor
v na collcheia. A seemínima em
m síncope seempre
Figgura 132
i
interpretativ
va acima peermanece.
Figgura 133
93
Seçãão Compassos
C
Introduução 1-5
A 6 - 24
B 25 - 33
A’ 34 – 39
Codaa 41 -44
trom
mpete 1 respeectivamentee acompanhhando a prog mônica – coompassos 1 ao 3.
gressão harm
73
Traanscrição do Encarte
E do CD
D “Brassil playys Brazil” esccrito por Ricarrdo Cânzio.
94
F
Figura 134
F
Figura 135
impuulsionadas para
p a notaa seguinte com
c idéia de
d anacrusee (Figura 1136). A prim
meira
F
Figura 136
95
F
Figura 137
E
Efetivament
te a marcaçãão rítmica da
d percussãão começa nno compasso
o 7, a
F
Figura 138
A seção B – compasssos 25 ao 33
3 - é um pequeno trrecho de esscalas
a reeexposição do
d tema peela trompa e trombonee. Nesta seeção, a perccussão refo
orça o
F
Figura 139
C
Característic
ca marcannte na intterpretação é um ddecrescendo
o de
intennsidade nas mínimas e semibrevees. Isto ocorrre por sereem estas ass notas de maior
m
96
livrem
mente sem a pressão da
d intensidaade de som
m de uma seemibreve suustentada (F
Figura
140).
F
Figura 140
F
Figura 141
fraseeados se mantém
m connforme já descrito.
d Na
N coda, seemelhante á introduçãão, as
andaamento em uma
u semibreve com ferrmata, em sfz
sf crescenddo com vibraato (Figura 142).
97
F
Figura 142
3.88. Nairam
F
Frevo compposto pelo Maestro
M UDA, dedicado ao seu neto, Nairaam. O
DU
P
Pelas caractterísticas é um frevo de
d rua: umaa fanfarra como introd
dução,
anunnciando o começo
c da festa. Umaa excelente alusão ao Zé Pereiraa do carnav
val do
Recife e Olinda.
74
Decclaração conceedida através de correio eleetrônico.
75
Segundo http://www.123-rio.com/v__bras/rjgb-a0ii.htm em 09/009/2001: Em 1852 surgiu o
Zé Pereira, conjunto dee bumbos e tambores
t lideerado pelo saapateiro José Nogueira dee
Azevedo Paaredes, que percorria
p as ruas
r da cidad de, animandoo o Carnavall. Em seguida a
surgiram ouutros instrumeentos, como cuícas,
c tambo orins e pandeeiros75. Ou ainda conformee
http://www.tropicalnet.coom/arcos/ em
m 09/09/2001: Em Recife, naa madrugada do Sábado dee
Zé Pereira - período quee marcou épocca nos carnavvais antigos depois
d que umm sapateiro dee
origem porttuguesa teria introduzido o hábito de animar
a a foliaa carnavalescca ao som dass
zabumbas e tambores...
98
Seçãão Com
mpassos
Introduução 1-8
A 9 - 24
B 25 - 48
F
Figura 143
F
Figura 144
articuuladas em duplo
d destaccado. A dinâmica em to
oda a peça tende
t ao f.
F
Figura 145
F
Figura 146
76
Enccarte do CD BRASSIL
B Playss Brazil. Escriito por Ricard
do Cânzio.
100
A estrutura define-se
d poor:
Seçãão Co
ompassos
Introduução 1-4
A 5 - 27
Codda 28
2 - 31
A obra é executada
e c
com a dinâm
mica do soolo em mf e o restantee dos
instruumentos em
m intensidaddes menorees. A tromp
pa apresentaa em toda a obra um baixo
b
F
Figura 147
F
Fazendo a ligação entrre as repetiições das frrases, o trom
mpete 2 ex
xecuta
F
Figura 148
F
Figura 149
C
Cabe destaccarmos a participação
p do trompeetista Charlles Schluetter na
acom
mpanhamentto a cargo de
d dois trom
mpetes, trom
mpa, tuba e percussão.
p
3.10.2. Cirannda
Seçção Com
mpassos
Introddução 1-7
A 8 - 23
B 24 - 31
A
A’ 32 - 47
Coda 49 - 50
77
Enccarte do CD “Brassileiro”
“ e
escrito por Ricardo Cânzio..
102
1, troompete 2 e trompa
t (Figgura 151).
F
Figura 150
Figgura 151
Figgura 152
Figgura 153
(Figuura 154).
Figgura 154
A segunda seção,
s B – compassos 24 ao 31 - em 2/4, trraz um elem
mento
i
interpretativ
vo digno de
d nota: na
n célula semicolchei
s ia-colcheia--semicolcheeia, a
c
colcheia sem
mpre é encuurtada e a seemicolcheiaa reforçada sonorament
s te (Figura 155).
Figgura 155
104
3.10.3. Baladda
Seçção Compaassos
A 1 - 16
B 17 - 25
2
A
A’ 25 - 36
3
C 36 - 56
5
prim
meiramente pelo
p trompeete solo seguido pelo trrombone soolo. O tromppete solo reeforça
semibreves são todas decrrescidas, nãão somente pelos solistas, mas poor todo o grupo.
g
respoondeu:
Por duas razões: a primeira é que tento o nunca toccar algumaa coisa da
mesma maaneira – o agrupamennto de nota as permite liberdade para usar
diferentes ênfases e nuances;
n e a segunda: eu
e nunca leembro comoo toquei na
79
primeira vez!
v
Figgura 156
78
Connsideramos coomo motivo o material melóódico dos doiss primeiros coompassos.
79
Deppoimento infoormal concediddo ao autor em
m 29/10/2002 na UNIRIO.
105
m
menor valoor num senttido anacrúústico (Figu
ura 157), seempre em legato, confforme
p
proposição da interprettação do troompete solo e em uma intensidade
i sonora men
nor.
Figgura 157
Figgura 158
p
participa noos decrescenndos nas sem
mibreves (F
Figura 159)..
Figgura 159
106
Figgura 160
(Figuura 161).
107
Figgura 161
trom
mpete e o troombone. Nootamos a dim
minuição do
o valor de algumas
a notas e o reforrço de
– com
mpassos 38 e 39 - confforme visto na figura 16
62:
Figgura 162
108
3.10.4. Valsa
Andrezza e foi gravado no Cd Brassil plays Brazil, como peça independente. Nesta
gravação o solo foi interpretado pelo Prof. Nailson Simões, no trompete, e pelo Prof.
Seção Compassos
Introdução 1-5
A 6 - 24
B 25 - 50
Coda 52 - 56
solo e o trombone solo (Figura 163) ou a chegada de uma nova seção – o motivo
Figgura 163
Figgura 164
Figura 165
trompete solo, mantém o tempo anterior, ou seja, nenhuma intenção de cadenza pôde
ser notada. Muitos são os pontos de reforço nas notas de parte fraca de tempo num
sentido anacrústico. Este reforço torna-se mais efetivo quando a nota precede um salto
Figura 166
Figura 167
motivos melódicos quando o solo está executando notas de grande duração ou pausas
Figura 168
pontuada como unidade, ou seja, um só pulso. Podemos concluir isto devido à ênfase
nas cinco últimas colcheias transformando-as numa grande anacruse (Figura 169).
Figura 169
movimento.
3.10.5 Boi-Bumbá
Seção Compassos
Introdução 1
A 2-8
B 9 - 26
C 27 - 58
B’ 59 -74
D80 75 - 88
Coda 89 - 97
Figura 170
lamento.
80
Consideramos D como uma seção, pois contém a seção B’ e C, literalmente como uma redução de duas
seções em uma, assim optamos por não adotar como B’’ ou C’. (n. do a.)
113
Neste caso, as notas de maior valor são encurtadas – colcheias, e as notas de menor
Figura 171
Figura 172
Figura 173
Figura 174
instrumentos de percussão executam dois – trompete solo, contra três – trombone solo
(Figura 175).
81
Consideramos como B’ pois o tema de B é o tema principal desta seção, porém em outra orquestração.
115
Figura 175
e a peça.
116
abaixo:
Seção Compassos
Introdução 1-8
A 9 - 31
B 32 - 53
C 54 - 87
Coda 88 - 92
apresentada pelo trompete solo é logo repetida pelo trombone. As notas de maior valor,
82
MARCONDES (1998) p. 776, toada é: s.f. Segundo Renato Almeida, é “outra forma do romance
lírico brasileiro [...] canção breve, em geral de estrofe e refrão, em quadras. Melancólica e
sentimental, o seu assunto, não exclusivo, mas preferencial, é o amor, sobretudo na toada
cabocla. Para Oneyda Alvarenga, o gênero existe em quase todo o território nacional e
musicalmente não tem o caráter definido e inconfundível da moda caipira. [...} a palavra
Toada seja empregada mais no seu sentido genérico corrente na língua (o mesmo de Moda)
ou como designação de qualquer canto sem destinação imediata. De qualquer modo parece
que a Toada não tem características fixas que irmanem todas as suas manifestações. O que se
poderá dizer para defini-la é apenas o seguinte: com raras exceções, seus textos são curtos -
amorosos, líricos, cômicos – e fogem á forma romanceada, sendo formalmente de estrofe e
refrão.” Musicalmente apresentam características muito variadas, ainda que as do Centro e
Sul se irmanem “pela melódica simples, quase sempre em movimento conjunto, por um ar
muito igual de melancolia dolente que corre por quase todas elas e pelo processo comum da
entonação a duas vozes em terça.” [...] É sempre ligada à forma musical e não à disposição
poética. Escrevendo sobre o maracatu recifense, esclarece Guerra-Peixe: “em sentido
absolutamente restrito, chama-se ‘toada’ o texto de um cântico, ‘música’, a melodia sobre a
qual se apóia a toada. Alargando o conceito, porém ‘toada’ indica o conjunto de ambas as
partes, isto é, texto e melodia.
117
F
Figura 176
(Figuura 177).
F
Figura 177
F
Figura 178
83
Nesste caso as trêês primeiras colcheias
c funccionam como anacruse da nota
n Ré, enquuanto na Figurra 181,
cada colcheia
c em parte fraca de tempo
t funcionna como anacrruse da próxim
ma nota.
118
F
Figura 179
F
Figura 180
N seção B – compasssos 32 ao 53
Na 5 - contrasstante com a seção an
nterior
p
pelo seu caaráter rítmicco, ainda o trompete so
olo e o trom
mbone solo expõem o tema.
a
apresentar o caboclinhho em doiss planos: o primeiro com
c os doiis trompetes e o
s
segundo pllano com trompa, trrombone e tuba com
mo uma peequena resp
posta,
m
mantendo-s
se assim o caráter ríítmico (Fig
gura 181). Os reforçoos que nottamos
e
encontram- se grafados conforme a figura abaaixo:
F
Figura 181
e
executado c
como grafaddo na Figurra 182 e a seemibreve quue se segue em decresccendo
p
permitindo que o elemento rítmicoo esteja pressente.
119
F
Figura 182
O último motivo
m da seeção encon
ntra-se no compasso
c 50. A síncop
pe de
F
Figura 183
respoostas. Na primeira
p parrte – comppassos 54 ao
a 68 - a melodia
m é aapresentadaa pelo
trom
mpete solo e trombone solo reforçaada pelos trrompetes noo quinteto. As síncopees são
F
Figura 184
F
Figura 185
p
principal respondida a seguir peloo trompete solo
s e trombbone solo. N
Notamos as notas
F
Figura 186
N coda, reetornamos ao
Na a andamento da seção A em ddinâmica f. Nos
trom
mpa, permiteem que trom
mbone e tuuba destaqu
uem um peequeno soloo nos comp
passos
F
Figura 187
122
3.112.Temas Nordestinos
N
3.12.1. Brunno
Seçção Compassos
C
A 1 - 19
B 20 - 33
N seção A – compassos 1 ao 19
Na ma é feita pelos
9 - a expossição do tem
trom
mpetes e na
n seção B – comppassos 20 ao 33 - pelo soloo do trom
mbone.
anterriormente, as
a notas dee maior valoor são encu
urtadas, nãoo somente nna melodia, mas
tambbém no acom
mpanhamennto (Figura 188).
F
Figura 188
84
Traanscrição do enncarte do CD “Brassileiro”
” escrito por Ricardo
R Cânziio.
123
F
Figura 189
r
realça as nootas de mennor duraçãoo – semicollcheias, atraavés da ligaadura à collcheia
s
seguinte e à diminuição do valor desta.
d No accompanham
mento vale nnotar o acen
nto na
ú
última colchheia do com
mpasso com
m decrescend
do nas mínim
mas (Figuraa 190).
F
Figura 190
124
3.12.2. Melissa
Seção Compassos
C
A 1 - 14
B 15 - 30
O
Observamos
s dinâmica sonora mf em toda o movimento
m o, assim com
mo as
l
ligaduras esstão presenttes em todass as frases, em todo o grupo,
g interrrompidas ap
penas
p
para respirações. A indicação
i d andamen
de nto não é precisa, appenas referêência,
d
devido ao alto
a grau de liberdade innterpretativa que o gruppo demonsttra.
t
trompetes 1 e 2 - comppassos 1 aoo 14 (Figuraa 191). O soolo da tromppa, na seção
oB–
c
compassos 15 ao 30 - é linear, sem
m inflexões (Figura 1922).
F
Figura 191
F
Figura 192
D
Durante o solo
s da troompa (Figu
ura 192), os trompetes e o trom
mbone
a melodia inicial que encerra o movimento. Cabe ressaltar o solo do trompete 1 a partir
3.12.3. Rafael
22.
Seção Compassos
A 1 - 21
B 22 - 30
Coda 33 - 40
F
Figura 193
T
Trompa e trrombone, na
n exposiçãão do desaafio, sempree ligam as duas
c
colcheias daa melodia (F
Figura 194)).
F
Figura 194
A
Ainda na seção A – coompassos 1 ao 21 - enncontramos um novo teema -
c
compassos 7 ao 14 - e este poderria ser com
mparado à paausa entre oos desafios onde
s
somente o violão
v perm
manece tocaando. Notam
mos crescenndos e reforços conforrme a
f
figura abaixxo (Figura 195).
1
F
Figura 195
127
t
trompa. A frase
f toda ligada
l com ornamentos em algum
mas notas coonforme grafado
a
abaixo (Figura 196).
F
Figura 196
3.12.4. Mariilian85
P
Podemos ressumir estrutturalmente o movimentto como senndo:
Seçãão Com
mpassos
A 1 - 20
B 21
1 - 42
M
Marilian é um
m frevo traddicional, um
m frevo de salão.
s
c
com articullações idêntticas (Figurra 197). A partir
p do coompasso 2 o trompete 1 é o
s
solista, altternando articulações
a s em ligaadura com
m articulaçõões destaccadas.
E
Encontramo
os as colchheias reduzzidas de seu valor e contratem
mpos acentu
uados
(
(Figura 1988).
85
Seggundo Maestroo DUDA em sua entrevistaa – em 09/01//2002, a obra foi originalm
mente compostta para
tromppete e piano quuando do nasccimento de suaa primeira netta em 07/19766.
128
F
Figura 197
F
Figura 198
t
trompete 2 e a trompa apresentam
m um motiv
vo que é respondido peelos instrum
mentos
g
graves – trrombone e tuba com
m articulaçõ
ões idênticaas a que fo
foi propostaa nos
c
compasso 17 e 18 (Figura 199).
F
Figura 199
F
Figura 200
A segunda parte
p da seeção B – compassos
c 3 ao 35 - virtuosístiica: o
30
t
trompete 1,, trompa e eventualmen
e nte o tromb
bone executtam as escaalas e arpejo
os em
d
duplo stacattto com as colcheias
c enntre duas semicolcheiass encurtadas (Figura 20
01).
F
Figura 201
O acompanhhamento, em
m ambas as seções perm
manece fiel às articulaçções e
d
dinâmicas p
propostas pelos solistas dentro dee um caráterr rítmico. A
Ao final da seção
B repete-see uma únicaa vez a seçção A finalizando confforme abaixxo na Figuraa 202
B,
e ff.
em
F
Figura 202
130
3.12.5. Júnioor
“f
“frevo de ruua tocado pelas
p das de metaais86” dediccado ao tam
band mbém
f
filho do Proof. Nailson Simões. Naa gravação, a percussãoo executa uuma marcação de
m
marcha enqquanto os integrantes
i do BRASS
SIL brincam
m com sauudações de boas
v
vindas ao caarnaval.
A estrutura do
d movimennto pode serr assim defiinida:
Seçãoo Comp
passos
A 1 - 19
B 20 - 37
J
Júnior é um mpleto, com perguntas e respostas em duas seeções.
m frevo com
Na primeira
p seção os tromppetes propõem a melod
dia e a tromppa e o trom
mbone respon
ndem
princcipal.
N
Notamos esscalas ligaddas nos trom
mpetes e trrompa, na sseção A (F
Figura
F
Figura 203
86
Enccarte do CD Brassileiro
B esccrito por Ricarrdo Cânzio.
131
F
Figura 204
205), seja como síncope dee todo o gruppo no final de cada seçção (Figura 206).
F
Figura 205
F
Figura 206
C
Como em toda a revisão, encontramos
e s também,, no elem
mento
semicolcheia-coolcheia-semicolcheia, a colcheia en
ncurtada (Fiigura 207).
132
F
Figura 207
A segunda seção,
s em relação
r à prrimeira, é apresentada
a a em um vo
olume
4.1 Definição
diversas informações musicais para tornar a execução mais fiel ao pensamento musical
do BRASSIL.
das obras revisadas. Estes elementos são traduzidos em esquemas gráficos, de nossa
tratando de sensações um tanto quanto abstratas, tais como leveza, suavidade, clareza e
outras, cujas definições não possuem um caráter concreto por si mesmas, mas resultam
de comparações, ou seja, algo somente pode ser leve se comparado a algo pesado.
respeito aos planos sonoros estabelecidos pelo grupo. Partindo do princípio que
podemos concluir que todo o processo foi concebido pelo próprio grupo. O segundo diz
respeito ao equilíbrio - necessariamente os agudos não têm que soar mais forte que os
Figura 208
A B
principal.
87
A quantidade de planos pode variar conforme a experiência do receptor.
135
musical.
obras do Maestro DUDA faz com que todos sejam solistas e também acompanhadores.
Como o fundo do quadro (Plano B) tem sua importância em fazer convergir à atenção
pode parecer menos importante, o que não é verdade, pois um solo bem sucedido não
aconteceria com um acompanhamento instável, grosseiro e vaidoso que não tem uma
visão ampla da obra, do quadro musical: “Os bons músicos de metal sabem que as
ou mais instrumentos (Figura 209). O plano 1 deve ser entendido com melodia
Figura 209
1
2
3
88
PISTON, Walter. (1984) p. 239.
136
Figura 210
1 2 3
processo de análise.
89
A escolha da introdução do “Tema para um Trompetista” foi aleatória, e a partir daí o resultado obtido
das análises tornam-se válidos, por indução, para todas as músicas objetos desta pesquisa, ou seja,
tornam-se assim regras sobre a concepção interpretativa do BRASSIL. (n. do a.)
137
Figura 211
Compasso 1 Compasso 2 Compasso 3 Compasso 4
toda a seção (Figura 212). A partir desta área hachurada, os picos de intensidade
correspondem aos elementos musicais que são destacados sonoramente, ou seja, passam
Figura 212
90
A altura desta área determina a intensidade sonora do trecho. Em nosso casso: p.
138
4.3. Equilíbrio
extensão, fazem com que alguns trompetistas tenham um grande desequilíbrio entre as
metal. É tão particular aos instrumentistas de metal que, por exemplo, não encontramos
91
SIMÕES (2001) p.40.
92
PISTON (1984) Pp. 276.
139
na parte da trompa. As colcheias mais graves são reforçadas, podendo soar mais que as
Figura 213
completa do equilíbrio sonoro (Figura 214). As notas de menor valor e mais graves são
reforçadas sonoramente.
93
Os trechos foram escolhidos aleatoriamente.
140
Figura 214
4.4. Movimento
denominamos ritmo. Segundo Lussy: “É o ritmo que imprime à matéria sonora uma
forma determinada e concreta, vale dizer: sua vida e sua energia espiritual.”95 E
segundo Thurmond:
sonora (ver Planos Sonoros). Estes reforços acontecem somente nas notas em parte
94
Dicionário Aurélio Eletrônico (1999)
95
LUSSY (1955) p. 8.
96
THURMOND (1991) p. 38.
141
Figura 215
Compasso 1 Compasso 2 Compasso 3 Compasso 4
micro e macro agrupamentos musicais - desde células até frases completas, num resgate
Schlueter é uma entusiasta desta teoria e esta concepção foi trazida e incorporada
97
THURMOND (1991) op.cit. p. 39. A teoria originou-se da curiosidade do autor em saber determinar
porque determinados músicos, no palco, apresentavam-se deforma mais cativante e viva do que outros.
(n. do a.)
98
THURMOND (1991) op. cit.
142
F
Figura 216999
fazem
m parte de um
u todo. Teentar separáá-los seria descaracteriz
d zar a músicaa do BRASSIL e
brasiileira.
99
Luccinha no Frevoo.
100
HURMOND (1991) op. cit.
TH
143
CONCLUSÃO
música brasileira: repleta de dificuldades, mas, ao mesmo tempo com uma determinação
sem limites. Através da música do Maestro Duda o grupo alcançou parte de sua
da música, onde o Maestro DUDA permitiu aos integrantes do grupo uma total
liberdade de criação, do ponto de vista interpretativo, baseado nas notas por ele escritas.
Charles Schlueter, que com sua concepção musical contribuiu para fundamentar
viagem à França em 1983, fornecendo um amplo material sonoro das diversas fases do
BRASSIL.
processo de revisão, que resultou nas partituras editadas. Aos interessados, esses
capítulos poderão ser utilizados como referencial para outras revisões musicais.
144
Maestro DUDA da concepção musical do grupo. Pudemos concluir aqui, que o grupo é
fiel aos princípios estilísticos e filosóficos da Escola de Trompete de Boston, que hoje
utilizadas em apresentações pelo Art Metal Quinteto, do Rio de Janeiro e foi o maior
acadêmicos, promovidos pela UNIRIO onde foram interpretadas as obras que foram
objetos desta pesquisa, uma preciosa colaboração. Também, o Quinteto Metal Capixaba
Flórida – EUA, para lançamento de suas obras no mercado americano a partir deste ano,
professores ou leigos, que poderão utilizar todo esse material para exemplificar
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARBAN, Jean Baptiste. Complete Conservatory Method for Trumpet. Carl Fischer,Inc,
New York, 1982.
KIVY, Peter. Sound and Semblance: Reflections on Musical Representation. New York,
Cornell University Press, 1991.
PISTON, Walter. Orquestración (Trad. Ramón Barce, Llorenç Barber e Alicia Perris),
Real Musical Editores, Madri, 1984, Pp. 493.
SCHLUETER, Charles. “Zen and the Art of the Trumpet”. Não Publicado.
ANEXOS
149
Segundo MARCONDES101
101
MARCONDES (1998) op.cit. Pp. 250-251
151
Zinzinho nos States: Minha filha Lucinha estava nos Estados Unidos, ela era casada
com o Nailson, eles estavam em Boston por causa do Mestrado dele. Ela ligou e pediu
para eu fazer uma música para o “Zinzinho” (apelido pelo qual ela o chamava).
Perguntei: Pode ser um choro? Ela disse que sim! Na introdução botei o tema de In the
mood, gravado por Glenn Miller e após o chorinho...
Gizelle: Minha filha aniversariou hoje! Fiz esta música para o Radegundis, uma valsa
moderna...
Movimento: Na década de 50, existiam muitas rádios no Recife, as rádios tinham uma
orquestra, corpo de artistas para as novelas e etc. O diretor da Rádio Jornal do
Comércio, Amarílio de César, me pediu para fazer uma música. Fiz um choro que não
tinha nome e quando o diretor olhou a partitura, escolheu o nome: Movimento...
Gilmacy: Foi a primeira esposa de meu filho Marquinhos. Essa música foi estreada no
casamento de Radegundis, na igreja, foi tocada duas vezes...
Lucinha no frevo: Minha filha também. Compus esta música em 1975. Mais tarde fiz o
arranjo para quinteto...
O nome Suíte BRASSIL foi colocado pelos próprios integrantes do quinteto.
Saindo deste primeiro disco, agora no segundo disco temos a Suíte Recife...
A Suíte Recife foi feita para piano e trompete, se não me engano foi para uma
apresentação que o Nailson veio fazer aqui no Rio de Janeiro. Nessa Suíte Recife, eu fiz
uma música para uma filha, foi um baião, depois fiz uma música para minha mulher,
uma canção, depois fiz um baiãozinho para outra filha, fiz um aboio para completar a
suíte, para uma nora e terminei com um frevo para outra filha. Aí, não tinha colocado
nome, para mim era a suíte para as mulheres lá de casa! Quando o Nailson foi tocar
ele disse: Eu não vou botar este nome! Ele mudou e quando eu vi era Suíte Recife.
Foi tocada no aniversário da OEA, em Washington, quando do aniversário de cem anos
da mesma [...] por um quinteto formado por Nailson e Radegundis e outros americanos.
Eles tocaram diversas músicas no programa e encerraram com a Suíte Recife, já com o
arranjo para quinteto. Isso aí mereceu para mim meia página no Washington Post, a
crítica elogiando a qualidade da música, a técnica da orquestração... A apresentação
foi no dia 23, o jornal saiu no dia 24 de abril de 1990. [...] Ser elogiado pelo jornal
mais famoso do mundo com meia página de elogios!!!
É formada por Andréa: uma filha; Mida: que é o apelido carinhoso pelo qual
chamamos Dona Cremilda; Dorinha: uma filha, que hoje já é avó; Nadja: uma nora...
Para mim, ela continua sendo nora, apesar de terem se separados! Ex-esposa de Nino
[...] e Meyse: uma filha que deve estar com trinta ou trinta e um anos...
É um frevo de rua?
“O frevo da Suíte Recife foi feito para piano e trompete, assim como foi feito Marillian,
depois que fiz o arranjo para quinteto.”
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O Concertino foi Nailson quem pediu. Ele estava fazendo o Doutorado dele e queria
uma música. No Mestrado, em Boston, eu tinha feito além do Zinzinho, fiz a fantasia
para 5 trompetes sendo três trompetes e dois flugels. Esta fantasia foi feita para o
mestrado dele, até trouxe um filme para mim em VHF, na mesa, quem entregou o
diploma a ele foi o Miles Davis. Schlueter também tocou nesta primeira audição, da
Fantasia para 5 trompetes, na formatura dele (Nailson).
No doutorado, em Washington, ele pediu: Faz um concertino para eu tocar em minha
formatura! Aí eu fiz o Concertino, e para mim, o segundo movimento é a coisa mais
linda do mundo.
Não pensei em nada não! Fiz o primeiro movimento normal. Depois fiz um movimento
lento, que é o segundo. Tem que terminar com um movimento Allegro, que tenha
bastante execução. Pensei: Vou terminar com um frevo, pois o frevo é uma música de
difícil execução e rápida. Mas então me lembrei que no primeiro movimento eu já tinha
colocado um frevo. No primeiro movimento eu botei: Lento, Maracatu e Frevo. O
primeiro movimento tem quatro movimentos...
É uma Fantasia...
“É. Aí pensei: No primeiro movimento já tem frevo e eu não vou tirar porque está
bonito! Vou fazer uma polka!”
Está. Eu passei quatro meses fora, pois estava de licença médica (...) no final do ano
voltei e fizemos diversos concertos. A banda é grande, uma banda sinfônica! Tem 14
clarinetas, flautim, 2 flautas, requinta, clarone, 2 oboés, 8 saxofones ( 1 soprano, 3
altos, 3 tenores e um barítono), bombardino, dois fagotes, 4 trompas, 8 trombones, 6
trompetes, 3 tubas, 1 baixo-eletrônico e percussão.
Eu uso a banda como orquestra sinfônica. Outras pessoas não sabem usar, usam a
banda como uma banda. Eu uso como orquestra sinfônica! A partitura normalmente
como uma orquestra sinfônica. Eu divido os clarinetes: metade é primeiro violino e
metade segundo violino. Os sax-altos são as violas, os tenores os cellos, e o barítono
reforça os baixos com o fagote. (...) Eu escrevo a maioria dos arranjos.
“Quando escrevo para metais tenho que pensar que ele não vai tocar feito cantiga de
grilo, tem que ter um descanso [...] Escrever para instrumento de sopro você tem que
pensar na respiração, no lábio que vai cansar..”.
E Phillippe?
“Phillippe é um neto, filho de Meyse. Ele anda muito comigo, todos dizem que um neto
de algibeira. É um frevo diferente, é o final da Música para Metais nº 3.”
E Nairam?
para orquestra [...] Perguntei: Pode ser uma suíte com uns quatro ou cinco
movimentos? [...] O terceiro movimento estava pronto: “Andrezza”...
Isto mesmo. E agora para começar. O que eu faço? Vou começar com o que? Sou
pernambucano e teria que começar com uma música pernambucana, mas não pode ser
frevo...
Eu estava com raiva de Pernambuco! Estava me mudando para João Pessoa. Estava
brigado com o governo, com o governador Miguel Arraes. Eu fui à Assembléia
Legislativa me despedir de Pernambuco. Eu não tinha condições de continuar morando
no Recife e o governo não apoiava meus projetos para eu sobreviver. Decidi morrer de
fome em outro lugar! Minha filha Lucinha morava em João Pessoa, Marquinhos
também morava em João Pessoa. Disse: Vou morar em João Pessoa! Na Assembléia
Legislativa, os deputados prometeram ir ao governador solicitar aprovação dos meus
projetos. Me pediram um prazo de uma semana. O governador respondeu: Deixem ele
ir embora!!!! O neto dele, Deputado Federal Eduardo Campos, era na época Secretário
de Finanças, poderia ter resolvido! O pai dele era escritor e meu amigo, um fã! A
Câmara Municipal me concedeu o Título de Cidadão do Recife, o quinteto e a Banda
Municipal tocaram na entrega. Recebi o título no dia 12 e no dia 13 mudei para João
Pessoa. Televisão e jornal mostrando toda a mudança... Enquanto ele for governador
eu não volto!! Eu estava com raiva de Pernambuco. Não iria fazer mais música de
Pernambuco! Colocarei trompete e trombone solistas acompanhados pela orquestra
sinfônica... No primeiro movimento, para não dizer que não sou pernambucano, fiz uma
Ciranda [...] É um ritmo pernambucano de beira de praia. No segundo movimento me
lembrei do Monette ... ele é americano, vou fazer um tema bem jazzístico [...] Balada:
identificando que é o Monette. A Valsa Andrezza, retrata o Brasil de 1920, uma valsa
bem brasileira. O final da Balada é uma valsa americana. Fiz um terceiro movimento
bem brasileiro. Para identificar meu encontro com Monette, no último movimento fiz
um Bumba-meu-boi porque nosso encontro foi lá em São Luiz do Maranhão. O Bumba-
meu-Boi começa sempre com alguém abrindo o tema e depois a percussão entra.
Na hora da gravação Nailson gravou oitava abaixo e ficou mais bonito! O Bumba é
uma música com duínas e tercinas fazendo o ritmo característico do Boi. Eu botei o
trompete em duínas e o trombone em tercinas, separados na primeira vez e todos juntos
quando volta. No final... eles tem um instrumento grande, parece uma cuíca, muito
grave. Botei o ritmo para a tuba.
Este tema é de um sucesso de público que você não avalia. Eu acho que o tema é muito
lógico... você ouve e sai assobiando a música.
A gravação da orquestra sinfônica com a Orquestra Sinfônica da Paraíba ficou muito
boa. [...]
E a Toada?
Esta toada, no disco, está como Toada. O Nailson colocou Toada porque ele não sabia.
O título da música é Fantasia para Trompete e Trombone. [...] Quando nasceu Natália,
a última filha de Marquinhos... tinha que ter uma música para ela, uma toada. Fiz o
arranjo, mas ficou muito pequeno para tocar... Vou colocar um caboclinho aqui!
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Temas Nordestinos...
Nasciam os meninos e eu fazendo um tema para cada um. Eu fiz três temas: Bruno: um
neto, cheio de energia, para ele fiz um Côco. Veja que ele tem compasso em 3, em 1, em
7. Melissa: irmã de Bruno, muito quieta... o primeiro tema é uma valsa moderna... a
segunda parte é muito antiga, dizíamos que a Melissa era tão bonita, mas tão quieta,
que parecia uma velha. Rafael: fiz um “isquenta mui锸 a mãe dele, Dorinha, na Suíte
Recife, também é um “isquenta muié”. Quando o quinteto foi para a Inglaterra gravar
o disco, Nailson juntou os três temas com Marillian, o primeiro frevo que eu fiz, e
Júnior que é o frevo final da Música para Metais nº 1, fiz uma segunda parte e o frevo
estava pronto.
Nas suas partituras, manuscritas, tem muito poucos sinais de interpretação musical...
Porque?
Eu deixo a vontade... Escrevi uma música para os 500 anos do Brasil, e quando
entreguei ao maestro ele reclamou da falta de indicações. Eu disse: A interpretação é
sua, as notas que eu quero estão todas aí! Se você faz uma música cantada o cantor não
vai dar a interpretação dele?
“Espetacular. Eles já sabem o meu gosto. Quando eles ensaiavam uma música minha,
eu parava dizendo como deveria ser. Se acostumaram!”