Projecto de Bombeamento de Agua

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 58

FACULDADE DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELECTROTÉCNICA


CURSO DE ENGENHARIA ELÉCTRICA

RELATÓRIO DO PROJECTO CURSO

Título:

DIMENSIONAMENTO DE UM SISTEMA
FOTOVOLTAICO PARA A ILUMINAÇÃO INDIVIDUAL
E BOMBEAMENTO DE ÁGUA NO BAIRRO DE
MALUANA

AUTOR:

Boana, Atanasio Meque

SUPERVISOR:

Engo Manuel Jossai Namburete Cumbi

Maputo, Dezembro de 2019


FACULDADE DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELECTROTÉCNICA
CURSO DE ENGENHARIA ELÉCTRICA

RELATÓRIO DO PROJECTO CURSO

Título:

DIMENSIONAMENTO DE UM SISTEMA FOTOVOLTAICO PARA A


ILUMINAÇO INDIVIDUAL E BOMBEAMENTO DE ÁGUA NO BAIRRO
DE MALUANA

AUTOR:
Boana, Atanásio Meque

SUPERVISOR:
Engo Manuel Jossai Namburete Cumbi

Maputo, Dezembro de 2019


Atanasio Meque Boana

DIMENSIONAMENTO DE UM SISTEMA FOTOVOLTAICO PARA A


ILUMINAÇO INDIVIDUAL E BOMBEAMENTO DE ÁGUA NO BAIRRO
DE MALUANA

Relatório apresentado ao Departamento de Engenharia


Electrotécnica, Faculdade de Engenharia da Universidade
Eduardo Mondlane, como parte dos requisitos para
conclusão da cadeira de Projecto de Curso, no curso de
Licenciatura em Engenharia Eléctrica.
FACULDADE DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELECTROTÉCNICA
CURSO: ENGENHARIA ELÉCTRICA (LABORAL)
TERMO DE ENTREGA DE RELATÓRIO DO TRABALHO DE PROJECTO DO
CURSO

Declaro que o estudante Atanásio Meque Boana entregou no dia 06/12/2019 as 2 cópias do
relatório do seu Projecto do Curso com referência: 2019ELPCPL09.
Intitulado: DIMENSIONAMENTO DE UM SISTEMA FOTOVOLTAICO PARA A
ILUMINAÇO INDIVIDUAL E BOMBEAMENTO DE ÁGUA NO BAIRRO DE
MALUANA.

Maputo ao 06 de Dezembro de 2019

A chefe da Secretaria
___________________________
( )
DEDICATÓRIA
Sendo o homem ser com necessidades interactivas elevadas, difícil é viver de forma isolada
dentro da sociedade por isso, ao elaborar o presente trabalho, senti a necessidade de dedica-lo a
todas as pessoas que tornaram possível a sua realização, desta forma, dedico com entusiasmo a
memória do meu pai Meque Nhate Boana, que sempre criou condições para nunca desistir de
seguir o meu sonho, a minha família pelo suporte e a minha querida esposa pela forca e coragem,
por ter-me acompanhado em todos momentos da execução do mesmo e por fim a todos os
colegas da turma de Engenharia Eléctrica pela vasta contribuição dada.

i
AGRADECIMENTO
Quero de forma especial endereçar o meu a agradecimento em primeiro a Deus que tem-
me concedido saúde, sabedoria e força que tem proporcionado dia pôs dia para combater as
diversidades nessa etapa da minha vida. Ele sempre esta presente!
À memória do meu pai Meque Nhate Boana, por todo o seu esforço para colocar a
educação do seu filho em primeiro lugar.
A minha família em especial a minha esposa pela força e encorajamento durante este longo
percurso da formação, que sempre acreditou em mim, me incentivando em busca dos meus
objectivos.
Ao Eng.º Manuel Jossai Namburete Cumbi, por ter aceitado ser meu tutor neste trabalho e
pela disponibilidade e paciência que sempre teve.
A todos os professores do DEEL que têm contribuído para a minha formação em especial
do curso de Engenharia Electrotécnica que de maneira sabia puderam faz chegar com maior
sensibilidade os vários conhecimentos científicos os quais culminaram com o grau que aqui se
pretende.
Igualmente agradecer a todos colegas e amigos de turma que desde o início deste curso,
fomos trocando ideias e experiencias com vista a uma aprendizagem sólida e construtiva.

ii
RESUMO
A sociedade de hoje tem uma forte dependência de energia eléctrica no seu dia-a-dia.
A electricidade está presente, desde as situações mais simples como o aquecimento e
iluminação das habitações, as mais avançadas instalações e no desenvolvimento de sistemas
industriais. Atendendo ao seu caracter indispensável no quotidiano dos cidadãos, deve-se ter a
atenção de seguir normas técnicas e regulamentos que regem a concepção, execução e utilização
de instalações elétricas, pois qualquer erro com a energia eléctrica pode colocar em risco a vida
dos utentes, originar danos aos electrodomésticos, a instalação e ao sistema eléctrico.
Uma das maiores preocupações do mundo actual é a necessidade de se obter energia através
de fontes limpas. Os sistemas fotovoltaicos surgem como alternativa para esse problema.
Nessa perspectiva, o presente Projecto a utilização de energia solar fotovoltaico aplicada
para o bombeamento de água e para a iluminação individual. A partir dos casos que serão
apresentados será possível analisar que a energia fotovoltaico é confiável e serve de solução para
o problema de abastecimento de água e também para o desenvolvimento das regiões que não tem
acesso a rede eléctrica.

Palavra-chave: Sistemas Fotovoltaicos para bombeamento de Água.

iii
ÍNDICE
DEDICATÓRIA...............................................................................................................................i

AGRADECIMENTO......................................................................................................................ii

RESUMO.......................................................................................................................................iii

LISTA DE ABREVIATURAS.......................................................................................................iv

CAPÍTULO I...................................................................................................................................1

1. Introdução.................................................................................................................................1

1.1. Contextualização...............................................................................................................1

1.2. Formulação do problema..................................................................................................1

1.3. Justificativa.......................................................................................................................1

1.4. Objectivos.........................................................................................................................2

1.4.1. Objectivo....................................................................................................................2

1.4.2. Objectivos específicos...............................................................................................2

1.5. Metodologia......................................................................................................................2

1.6. Estrutura do Trabalho........................................................................................................2

CAPÍTULO II..................................................................................................................................4

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................................................4

2.1. Energia Solar.....................................................................................................................4

2.2. Energia Solar Fotovoltaica................................................................................................4

2.3. Efeito fotovoltaico.............................................................................................................5

2.4. Aplicações da Energia Solar Fotovoltaica........................................................................8

2.5. Sistema fotovoltaico de bombeamento de água................................................................9

3. Definição dos Equipamentos que compõem um sistema fotovoltaico de bombeamento de


água................................................................................................................................................10

3.1. O sistema de bombeamento de água...................................................................................10


3.2. Radiação solar.....................................................................................................................12

3.3. Módulo ou Gerador fotovoltaico........................................................................................13

3.4. Tipos de Bombas................................................................................................................14

3.4.1. Bombas Centrifugas.................................................................................................14

3.4.2. Bombas volumétricas...............................................................................................15

3.5. Baterias...............................................................................................................................15

3.5.1. Baterias para o uso em sistemas fotovoltaicos........................................................15

3.6. Inversores............................................................................................................................16

3.7. Controladores de carga.......................................................................................................17

4. Critérios usados para o dimensionamento de um SFBA........................................................18

4.1. Parâmetros básicos para a selecção do Sistema de bombeamento de água.................18

CAPÍTULO III...............................................................................................................................21

5. Dimensionamento do SFBA para o bairro em estudo............................................................21

5.1. Introdução.......................................................................................................................21

5.2. Determinação da demanda..............................................................................................21

5.3. Escolha da Bomba...........................................................................................................22

5.4. Previsão de Cargas para o sistema e necessidade de consumo.......................................24

5.5. Determinação da potência e características técnicas do inversor....................................24

5.6. Determinação das características técnicas das baterias e do gerador fotovoltaico.........26

5.7. Seleção do regulador de carga MPPT.............................................................................28

5.8. DIMENSIONAMENTO DOS CONDUTORES E CABOS DE ENERGIA


ELÉCTRICA, E RESPECTIVOS DISPOSITIVOS DE PROTECҪÃO DA INSTALAҪÃO. 29

5.9. Cálculo da secção nominal dos condutores e cabos de energia eléctrica da instalação em
CC 30

5.9.1. Gerador FV até o regulador de carga.......................................................................30

5.9.2. Do regulador de carga atee o inversor.....................................................................30


5.9.3. Disjuntor de protecção do inversor..........................................................................30

5.10. Calculo das correntes de serviço, determinação dos condutores e cabos de energia
eléctrica e dos dispositivos de protecção a aplicar na instalação...............................................31

5.10.1.Dimensionamento do disjuntor principal........................................................................31

5.10.2.Dimensionamento do disjuntor CA.................................................................................31

5.10.3.Comando da bomba........................................................................................................32

5.10.4.Dimensionamento dos dispositivos de comando da bomba............................................33

6. Avaliação económica do projecto..........................................................................................34

6.1. Avaliação dos impactos ambientais................................................................................35

CAPÍTULO IV..............................................................................................................................37

7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES..............................................................................37

7.1. Recomendações...............................................................................................................37

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..........................................................................................38

ANEXOS..........................................................................................................................................I

ANEXO 1: Dados característicos da Bomba usada para o bombeamento.....................................II

ANEXO 2: Catálogo da Telemecanique para selecção de contactores.........................................III

ANEXO 3: Curva de selecção de Fusível.....................................................................................IV

ANEXO 4: tabela 4-A. Intensidade de corrente máxima admissível na canalização.....................V


ÍNDICE DE FIGURAS
Figure 1: Desenvolvimento das Células fotovoltaicos. Fonte: adaptada de (GREEN et al.,2011). 5
Figure 2: Esquema simplificado de uma célula fotovoltaica...........................................................6
Figure 3: Curva característica VxI...................................................................................................7
Figure 4: Curva características VxP................................................................................................7
Figure 5: Parâmetros de máxima potência.......................................................................................7
Figure 6: diagrama esquemática de um sistema fotovoltaico de abastecimento de água..............10
Figure 7: configuração básica de um sistema fotovoltaico de abastecimento de água..................11
Figure 8: Esquema de ligação de um sistema fotovoltaico, Fonte: CRESESB (2006). FONTE:
FAMAC SOLAR...........................................................................................................................11
Figure 9: : perfis de radiação solar diária com valores equivalentes de Sol Pleno........................13
Figure 10: Bomba centrifuga.........................................................................................................14
Figure 11: baterias utilizadas em sistemas fotovoltaicas...............................................................16
Figure 12: formas de ondas de inversores monofásicos...............................................................17
Figure 13: Bomba injectora. Fonte: Catálogo JACUZZI.............................................................23
Figure 14: Bateria escolhida para o sistema..................................................................................26
Figure 15: Painel solar com 60 células..........................................................................................27
Figure 16: Disjuntor Siemens 5SX5 DE 25 A. Fonte: catálogo da Siemens.................................32
Figure 17: Diagrama de força e de comando da bomba...............................................................32
ÍNDICE DE TABELA
Table 1: inclinação recomendada de painéis solares. Fonte: Solarterra........................................12
Table 2: Previsão de carga.............................................................................................................24
Table 3: Avaliação económica.......................................................................................................34
LISTA DE ABREVIATURAS
SFBA – Sistema Fotovoltaico de Bombeamento de Água
Q d – Vazão volumétrica diária
q pc – Consumo medio diário
P H – Potência hidráulica
Q HMC – Vazão volumétrica da hora de maior consumo
H m – Altura manométrica
Pel – Potência eléctrica
Pgf – Potência do gerador fotovoltaico
Pn – Potência nominal
T ma – Temperatura média anual
Pinv – Potência do inversor
U DC – Tensão contínua do inversor
In- corrente nominal
I sc – Corrente de curto-circuito do módulo fotovoltaico
Lc – comprimento do cabo
CC – corrente contínua
SF – Sistema Fotovoltaico
NBR – Norma Brasileira
MP – Matéria-prima
AIA – Avaliação dos impactos ambientais
DM – Disjuntor Motor
KM - Contactor
F – Fusível
B0 – Botoneira sem retensão
B1 – Boia inferior
B2 – Boia superior
I max – Corrente máxima
Pmax – Potência máxima
FP – Factor de Potencia
FS – Factor de serviço
I arr – Corrente de arranque
I F 1 – Corrente do fusível 1
I D – Corrente do disjuntor
CA – corrente alternada

LISTA DE SÍMBOLOS
ρágua – Densidade específica da água
g – Aceleração de gravidade
η – Rendimento/eficiência
G – Irradiância
G ref – Irradiância de referência
T n – Temperatura de referência
θ – Ângulo de inclinação dos módulos fotovoltaicos
ϵ – Conductividade eléctrica de cobre
PROJECTO DO CURSO

CAPÍTULO I.

1. INTRODUÇÃO

1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO
Maluana é um bairro em expansão localizado a norte da Vila de Manhiça, onde toda
população residente acarenta de várias infraestruturas públicas, dentre elas, hospitais, escolas,
postos policiais, postos de abastecimento de água potável e energia eléctrica, impedindo desta
forma seu desenvolvimento económico e mantendo sua condição de miséria.
Um dos maiores problemas apresentados pela população do bairro, é a falta de água, o que
lhes faz percorrer grandes distâncias a busca deste líquido e, para solucionar este problema,
pretende-se fazer um projecto de um sistema de abastecimento de água para o mesmo.

1.2. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA


O Bairro de Maluana registou nos últimos anos o aumento da demanda populacional devido
a busca de melhores condições de vida, exclusivamente no desafio de práticas agrícolas e devido
ao reassentamento da população vinda de alguns Bairros da cidade de Maputo, por consequência
o Bairro ainda não é abrangida pela rede eléctrica nacional, o que coloca a população em crise de
fontes confiáveis de água próxima às residências.

1.3. JUSTIFICATIVA
O que me motivou a escolha deste tema é o facto de se tratar de uma comunidade isolada
que percorre longas distâncias à busca do recurso água, e vejo como melhor solução o uso de
sistemas de bombeamento accionados por módulos fotovoltaicos para reduzir esse esforço. Esses
sistemas são eficientes, confiáveis, necessitam de pouca manutenção e poderão resolver o
problema de abastecimento de água dessas comunidades com um custo relativamente baixo.

1
ATANASIO MEQUE BOANA
PROJECTO DO CURSO

1.4. OBJECTIVOS

1.4.1. Objectivo
 Dimensionar um Sistema Fotovoltaico para a Iluminação (individual) e Bombeamento de
Água no Bairro de Maluana.

1.4.2. Objectivos específicos


 Fazer o levamento das características solares da zona;
 Avaliar as necessidades locais de água para a avaliação da carga necessária para o
sistema;
 Dimensionar e especificar os equipamentos necessários para o funcionamento do sistema.

1.5. METODOLOGIA
 Para a realização deste trabalho serão feitas consultas de diferentes bibliografias
relacionadas com área de Energias Renováveis, instalações e accionamentos Eléctricas;
 Serão feitas consultas ao Supervisor;
 Recolha de dados: Este método consiste na busca de informação relativa à demanda
populacional para a aquisição da carga a ser alimentada.
 Entrevista informal: Entrevistas aos munícipes do bairro sobre as possíveis dificuldades
encontradas para a aquisição da água com vista a angariar informações que serão precisas
para a realização do projecto.

1.6. ESTRUTURA DO TRABALHO


Para melhor expor o desenvolvimento do trabalho dividiu-se o mesmo em quatro (4) capítulos
com a inclusão do actual, que é referente a introdução.
No segundo capítulo, é apresentada por meio de uma revisão bibliográfica a teoria relativa aos
sistemas fotovoltaicos de bombeamento de água incluindo os critérios usados para o
dimensionamento de um sistema fotovoltaico.
O terceiro capítulo representa o núcleo do projecto onde serão detalhados os objectivos
específicos do projecto, será feita também uma avaliação económica do projecto bem como a
avaliação dos impactos ambientais.

2
ATANASIO MEQUE BOANA
PROJECTO DO CURSO

O último capítulo (Conclusões e Recomendações) é a parte final do projecto, em que se verifica


o cumprimento dos objectivos inicialmente estabelecidos para o mesmo e, na apresentação de
algumas recomendações tidas como pertinentes.

3
ATANASIO MEQUE BOANA
PROJECTO DO CURSO

CAPÍTULO II

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. ENERGIA SOLAR


Energia solar é o nome dado a qualquer tipo de captação de radiação proveniente do sol e
posterior transformação em alguma forma utilizável pelo homem. É a fonte de quase todos os
recursos energéticos da Terra.
Existem diversas maneiras de se converter a energia solar e uma delas é através do efeito
fotovoltaico que ocorre em dispositivos que são chamados de células fotovoltaicas.

2.2. ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA


A energia solar fotovoltaica é a energia obtida através da conversão directa da luz em
electricidade (Efeito Fotovoltaico), sendo a célula fotovoltaica, um dispositivo fabricado com
material semicondutor, a unidade fundamental desse processo de conversão.
As principais tecnologias aplicadas na produção de células e módulos fotovoltaicos são
classificadas em três gerações. A primeira geração é dividida em duas cadeias produtivas: silício
monocristalina (m-Si) e silício policristalina (p-Si), que representam mais de 80% do mercado,
por ser considerada uma tecnologia consolidada e confiável, e por possuir a melhor eficiência
comercialmente disponível no mercado.
A segunda geração, comercialmente denominada de filmes finos, é dividida em três cadeias
produtivas: silício amorfo (a-Si), disseleneto de cobre e índio (CIS) ou disseleneto de cobre,
índio e gálio (CIGS) e telureto de cadmio (CdTe). Esta geração apresenta menor eficiência do
que a primeira e tem uma modesta participação do mercado, competindo com a tecnologia c-Si.
Existem dificuldades associadas aa disponibilidade dos material, vida útil, rendimento das
células e, no caso do cadmio, sua toxicidade, que retardam a sua utilização em maior escala.
A terceira geração, ainda em fase de pesquisa e Desenvolvimento (P&D), testes e produção
em pequena escala, é dividido em três cadeias produtivas: células fotovoltaicas multijunção e
células fotovoltaicas para concentração (CPV-Concentrated Photovoltaics), células sensibilizadas
por corante (DSSC-Dye-Sensitized Solar Cell) e células orgânicas ou poliméricas (OPV-
OrganicPhotovoltaics). A tecnologia CPV, por exemplo, demostrou ter um potencial para

4
ATANASIO MEQUE BOANA
PROJECTO DO CURSO

produção de modelos com altas eficiências, embora o seu custo ainda não seja competitivo com
as tecnologias que actualmente dominam o mercado.

Figure 1: Desenvolvimento das Células fotovoltaicos. Fonte: adaptada de (GREEN et al.,2011).

Um grande desafio paralelo para a indústria é o desenvolvimento de acessórios e


equipamentos complementares para sistemas fotovoltaicos, com qualidade e vida útil
comparáveis as dos módulos (fabricantes de módulos de silício cristalino garante os seus
produtos por 25 anos).Sistemas de armazenamento de energia e de condicionamento de potência
têm sofrido grandes avanços do sentido de aperfeiçoamento e redução de custos, embora ainda
não tenham atingido o grau de desenvolvimento desejado.

2.3. EFEITO FOTOVOLTAICO


O efeito fotovoltaico consiste na propriedade dos semicondutores de apresentar uma
diferença de potencial quando atingido por feixes de luz. Foi observada pela primeira vez em
1839 por Edmund Becquerel que produziu corrente eléctrica expondo dois eléctrodos de para aa
luz. Em 1877 foi construída a primeira célula fotovoltaica sendo que esta apresenta um
rendimento baixíssimo e consequentemente não houve desenvolvimento da mesma. Somente em
1954 foi publicado o primeiro artigo sobre células fotovoltaicas de Silício que apresentavam um
rendimento de aproximadamente 4,5%. O rendimento de uma célula fotovoltaica é definido
como a razão entre a potência da luz incidente e a potência eléctrica disponível nos terminais. A

5
ATANASIO MEQUE BOANA
PROJECTO DO CURSO

produção industrial das células iniciou-se em 1956. Para células de Silício, o valor máximo
obtido é de aproximadamente 24,4%.
O Silício, que é utilizado na construção das células fotovoltaicas, é um material semicondutor
e não possui uma condutividade eléctrica muito elevada. Para contornar esta situação utiliza-se
um processo chamado dopagem, onde outros elementos são misturados ao cristal de Silício. No
caso das células fotovoltaicas, o Silício passa por dois processos de dopagem: um com Fosforo
(Silício tipo N) e outro com Boro (Silício tipo P).
Cada uma das células apresenta uma fina camada de material tipo N e outra de material tipo
P, como pode ver na figura 2.

Figure 2: Esquema simplificado de uma célula fotovoltaica.

Quando há incidência de luz sobre a célula fotovoltaica, há a formação de um campo


eléctrico entre as camadas P e N e os eléctron são orientados a fluírem da camada P para a
camada N. É importante frisar que separadamente as camadas são electricamente neutras.
Cada célula com cerca de 100 mm2gera em seus terminais uma tensão entre 0,5 e 1 V. Como
o valor é muito baixo, as células são montadas em serie para alcançar tensões de ordem de 12 V
em corrente continua. Estes módulos podem ser utilizados individualmente, em serie e/ou em
paralelo dependendo das aplicações dos mesmos.
As curvas características V × I ,V × P e os parâmetros de máxima potência de uma célula de
silício para um certo valor de radiação podem ser observadas nas figuras 3,4 e 5.

Figure 3: Curva característica VxI.

6
ATANASIO MEQUE BOANA
PROJECTO DO CURSO

Fonte: Adaptado do Manual de Engenharia para Sistemas Fotovoltaicos, CEPEI.

Figure 4: Curva características VxP


Fonte: Adaptado do Manual de Engenharia para Sistemas Fotovoltaicos, CEPEI.

Figure 5: Parâmetros de máxima potência.


Fonte: Adaptado do Manual de Engenharia para Sistemas Fotovoltaicos, CEPEI.
Das figuras mostradas acimas, temos que: Isc- corresponde a corrente de curto-circuito da
célula, Voc é a tensão de curto-circuito aberto, Pm é a potência máxima, Vmp é a tensão de
máxima potencia e Imp é a corrente de máxima potência.

De acordo com a figura 5, o ponto de máxima potência é aquele para o qual a máxima
potencia e extraída do painel fotovoltaico e se localiza no ´´joelho´´ da curva VxI. Logo, para
esse ponto da curva apresentada, o produto da tensão pela corrente apresenta o seu maior valor.

7
ATANASIO MEQUE BOANA
PROJECTO DO CURSO

2.4. APLICAÇÕES DA ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA

Qualquer tipo de carga acionada por electricidade é passível de alimentação via energia solar
fotovoltaica, desde momento o sistema seja correctamente projectado. As mais comuns
aplicações são:
 Irrigação;
 Alimentação de equipamentos de telecomunicação em locais remotos;
 Fornecimento de energia a pequenos povoados ou residências individuais;
 Sistemas de emergência;
 Frigoríficos;
 Sinalização de estradas e portos;
 Cerca eléctrica;
 Bombeamento de água;
 Equipamento de uso marítimo;
 Iluminação de áreas abertas (praças, jardins, estacionamentos, áreas de lazer).

Para este trabalho, serão considerados apenas sistemas que envolvem bombeamento de água e
iluminação.

2.5. SISTEMA FOTOVOLTAICO DE BOMBEAMENTO DE ÁGUA


O aproveitamento das águas subterrâneas para o abastecimento público pode oferecer
soluções simples e de grande viabilidade técnica e económica principalmente no abastecimento
de pequenas comunidades e núcleos populacionais de zona rural, pois a captação de água
subterrânea é de fácil implantação, operação, manutenção e baixo custo de construção [HELLER
& PÁDUA, 2010].
Os autores acima citados salientam que as instalações para o abastecimento de água, que se
insere no contexto mais amplo de saneamento, devem fornecer água com qualidade, regularidade
e de forma acessível para a população.
Conforme Fraidenraich e Vilela (1999), os sistemas fotovoltaicos são preferencialmente
utilizados para atender a demanda de pequenas vazões de água, tal como as requeridas por

8
ATANASIO MEQUE BOANA
PROJECTO DO CURSO

pequenos povoados de 100 a 1.000 habitantes, e para o atendimento de necessidades agrícolas


moderadas.
O autor volta a frisar que apesar de ainda pouco difundidos, os sistemas de bombeamento
fotovoltaico apresentam muitas vantagens. O facto de ser um equipamento modular permite
acompanhar o crescimento da demanda de água do local com o aumento da potência do
equipamento. O gerador fotovoltaico não possui partes móveis, o que facilita sua instalação e
manutenção. Outra vantagem do sistema de bombeamento solar é o “bom casamento” entre o
perfil temporal do recurso energético e a demanda de água.
Dentre as inúmeras tecnologias de bombeamento de água existentes, a opção fotovoltaica se
mostra uma das mais promissoras para o abastecimento de populações sem acesso à rede
eléctrica convencional e localizada em zonas remotas. A tecnologia fotovoltaica apresenta
vantagens em vários aspectos, iniciando pelo facto de o recurso solar ocorrer em todo o globo
terrestre, sendo sua utilização uma questão solucionável mediante dimensionamento. Além disso,
evita gastos permanentes na aquisição e transporte de combustível, bem como a emissão de gases
poluentes e de ruído na produção de energia. Trata-se de uma tecnologia consolidada
tecnicamente, de alta confiabilidade e com uma vida útil do gerador de mais de 25 anos
[NOGUEIRA et al., 2013].
O sistema de bombeamento solar usa um energético gratuito que é a radiação solar, mas os
equipamentos utilizados têm um custo. O preço do gerador solar é praticamente proporcional á
área das placas fotovoltaicas, que por sua vez é proporcional à quantidade de energia necessária
para o trabalho de bombeamento [WANDERLEY & CAMPOS, 2013].
Portanto quando o sistema está localizado em um local muito nublado, quando se requer muita
água com uma grande elevação de altura (altura manométrica) a viabilidade dos sistemas solares
diminui em relação às demais alternativas.

3. DEFINIÇÃO DOS EQUIPAMENTOS QUE COMPÕEM UM SISTEMA


FOTOVOLTAICO DE BOMBEAMENTO DE ÁGUA

Neste capítulo, iremos apresentar a teoria referente aos equipamentos que serão utilizados para o
dimensionamento dos sistemas fotovoltaicos.

9
ATANASIO MEQUE BOANA
PROJECTO DO CURSO

3.1. O SISTEMA DE BOMBEAMENTO DE ÁGUA


gerador fotovoltaico, dispositivos de condicionamento de potência (inversores, controladores
de bomba), conjunto motobomba e reservatório de água, conforme ilustra a Figura 6.
Normalmente nos sistemas de bombeamento de água não são utilizados baterias para o
armazenamento de energia, mas para este projecto será feito o dimensionamento de baterias para
o uso individual, para alimentação da carga no período noturno onde serão instalados esses
equipamentos.
Como regra geral, a água é bombeada e armazenada em reservatórios, para sua posterior
utilização, os quais são dimensionados para determinado número de dias.

Figure 6: diagrama esquemática de um sistema fotovoltaico de abastecimento de água.


Fonte: Adaptado do Manual de Engenharia para Sistemas Fotovoltaicos, CEPEI.

10
ATANASIO MEQUE BOANA
PROJECTO DO CURSO

Figure 7: configuração básica de um sistema fotovoltaico de abastecimento de água.


Fonte:
Adaptado do Manual de Engenharia para Sistemas Fotovoltaicos, CEPEI.

Figure 8: Esquema de ligação de um sistema fotovoltaico, Fonte: CRESESB (2006). FONTE:


FAMAC SOLAR

3.2. RADIAÇÃO SOLAR


A radiação solar consiste em toda radiação electromagnética que incide sobre a superfície
terrestre proveniente do Sol [QUERINO et al. 2006]. Essa radiação pode ser captada e
transformada em alguma forma de energia utilizável pelo homem, seja directamente como fonte
de energia térmica, podendo também ser convertida em energia eléctrica, por meio de um
sistema fotovoltaico.
Para fins de análise, a radiação solar pode ser decomposta em planos. No plano horizontal, a
radiação global consiste na soma das componentes directa e difusa, enquanto num plano

11
ATANASIO MEQUE BOANA
PROJECTO DO CURSO

inclinado, além das duas componentes citadas, é acrescida de uma parcela reflectida na
superfície e nos elementos do entorno [STINE & GEYER, 2001].
A necessidade de quantificar a energia proveniente da radiação para o dimensionamento das
instalações solares deu lugar à constante solar, a qual indica a energia que incide fora da
atmosfera e cujo valor é de aproximadamente 1350 W/m². Desta quantidade, 1000 W/m²
alcançam a superfície terrestre, sobre a qual se colocam os painéis solares, em forma de radiação
perpendicular ao plano da terra [STINE & GEYER, 2001].
Segundo Solarterra (s.d), para que os painéis solares consigam um maior aproveitamento da
radiação solar incidente, eles devem estar com a sua parte frontal direccionada para o norte
geográfico, e deverão estar inclinados em relação ao plano horizontal em um ângulo que varia de
acordo com a latitude do ponto de instalação. A tabela abaixo indica a inclinação recomendada.

Latitude [graus] Inclinação [graus]


0-4 10
5 - 20 Latitude + 5
21 - 45 Latitude + 10
46 - 65 Latitude + 15
65 - 75 80
Table 1: inclinação recomendada de painéis solares. Fonte: Solarterra

3.3. MÓDULO OU GERADOR FOTOVOLTAICO


Módulo fotovoltaico é uma unidade básica, formada por um conjunto de células
fotovoltaicas, interligadas electricamente e encapsuladas, com o objectivo de gerar energia
eléctrica, e se constituí na unidade comercial do gerador fotovoltaico. Os módulos podem ser
ligados entre si em paralelo ou em série, dependendo da sua aplicação. Quando temos uma
ligação série, as tensões são somadas e a corrente permanece constante. Quando temos uma
ligação em paralelo, as tensões nas células são iguais e as correntes são somadas.
Para o correcto dimensionamento dos módulos, é necessário que se conheça o
comportamento de carga bem como o seu ciclo de utilização. Deve-se levar em consideração
alguns factores que influenciam na potência de saída dos painéis, tais como:

12
ATANASIO MEQUE BOANA
PROJECTO DO CURSO

 Sombreamento devido a projecção do que se encontra ao redor;


 Intensidade luminosa;
 Inclinação;
 Temperatura das células;
 Nebulosidade.

Um dado de extrema importância é o número de horas de Sol Pleno, que corresponde ao

Kw
número equivalente de horas com radiação constante e igual a 1 , de forma que a energia total
m2
diaria acumulada seja mantida. A figura mostra dois perfis de radiacao solar diaria onde a area da
figura formada pela curva corresponde aa quantidade de energia acumulada no período em

Kw
questão. Dividindo-se a área da curva pelo valor de 1 , Encontraremos o total de horas a Sol
m2
Pleno.

Figure 9: : perfis de radiação solar diária com valores equivalentes de Sol Pleno.
Fonte: Adaptado do Manual de Engenharia para Sistemas Fotovoltaicos, CEPEI.

3.4. TIPOS DE BOMBAS


Existem duas categorias principais de bombas que podem ser usadas em sistemas
fotovoltaicos isolados: Centrífugas e Volumétricas (de deslocamento positivo), as quais tem
características e princípios de funcionamentos diferentes.

3.4.1. BOMBAS CENTRIFUGAS


Em geral, as bombas centrífugas são adequadas para aplicações que exigem grandes volumes
de água (elevadas vazões) e pequenas alturas manométricas (reservatórios superficiais ou

13
ATANASIO MEQUE BOANA
PROJECTO DO CURSO

cisternas). Possuem pás ou rotores que giram em alta velocidade, criando pressão e forcando o
fluxo de água.
As bombas centrífugas são projectadas para alturas manométricas fixas e sua saída de água
aumenta com o aumento da velocidade de rotação das pás. A eficiência destas bombas decresce
para alturas manométricas e vazos diferentes do seu ponto de projecto. Elas têm sido usadas para
capacidades de bombeamento de até 1200 m3/h e alturas manométricas até 5 a 6 metros.
Devido a essas características, as bombas centrífugas são mais sensíveis à variação da
radiação solar incidente nos módulos fotovoltaicos. Pequenos decréscimos de radiação solar
podem provocar grandes reduções no volume de água bombeada.
Existem duas classes principais de bombas centrífugas: as submersíveis, ou submersas, e as
de superfície. As submersas trabalham ´´afogados ´´enquanto as de superfícies necessitam de um
tubo para sucção, para estas bombas recomenda-se uma altura aproximadamente 6 metros.

Figure 10: Bomba centrifuga


Fonte: Disponível em http://www.schneider.ind.br/.

3.4.2. BOMBAS VOLUMÉTRICAS


As bombas volumétricas ou bombas de deslocamento positivo actuam por meio de um pistão
ou uma cavidade, movendo volumes constantes de água a cada ciclo. São muito adequadas
quando se quer bombear pequenos volumes de água a grandes alturas manométricas. Sua
eficiência aumenta com o aumento da altura manométrica.
Os tipos de bombas volumétricas mais usadas em sistemas fotovoltaicos são as bombas de
diafragma, adequadas apenas a pequenas alturas manométricas, e as de pistão com contrapeso
(também chamados cavalete) ou bombas de cavidade progressiva, para grandes alturas

14
ATANASIO MEQUE BOANA
PROJECTO DO CURSO

manométricas. Estas bombas são geralmente instaladas quando se necessitam vazões na faixa de
0,3 a 40m3 /dia e alturas manométricas de 10 a 500 metros.

3.5. BATERIAS
Bateria é um dispositivo que armazena energia química e a disponibiliza sob a forma de
energia eléctrica. Podem ser classificadas em recarregáveis e não- recarregáveis.
As baterias não recarregáveis são compostas por células primárias e possuem vida útil
limitada. Seu ciclo chega ao fim assim que são descarregadas por completo. São normalmente
utilizadas para aplicações de baixa potencia.
As baterias recarregáveis são compostas por células secundárias e são comumente chamadas
de baterias de armazenamento. São baterias de uso geral, utilizadas nas mais diversas aplicações,
podendo ser usadas durante longos períodos.

3.5.1. Baterias para o uso em sistemas fotovoltaicos


Para utilização em sistemas fotovoltaicos, a bateria deve atender a dois tipos de ciclos: ciclos
rasos a cada dia e ciclos profundos por vários dias. Outros factores que devem ser observados:
 Baixa taxa de Auto descarga (processo espontâneo em que a ateria descarrega através de
processos químicos internos);
 Elevada vida cíclica (numero de ciclos que bateria pode ser submetido antes de
apresentar falha que comprometam o uso funcionamento);
 Confiabilidade (capacidade de atender a carga de forma ininterrupta e sem falhas durante
o seu ciclo de funcionamento).

As mais utilizadas em sistemas fotovoltaicos sao as baterias de chumbo-acido, porem as


baterias de niquel-cadmio sao asque apresentam caracteristicas mais proximas das ideiais; porem
o seu elevado custo impede que seja utilizado em larga escala.

15
ATANASIO MEQUE BOANA
PROJECTO DO CURSO

Figure 11: baterias utilizadas em sistemas fotovoltaicas.


Fonte: catálogo DAISA Energias Renováveis

3.6. INVERSORES
Inversor é um dispositivo eléctrico que utiliza um mecanismo de chaveamento (transístores,
IGBT ou MOSFET) para alternar o fluxo de corrente sendo assim capaz de converter corrente
contínua em correte alternada. Normalmente possui tensão de entrada de 12, 24 ou 48 V (CC) e
converte em 127 ou 220 V (CA). Com isso, é possível utilizar equipamentos projectados para
funcionar em corrente alternada a partir de uma fonte de corrente contínua.
Os inversores são classificados de acordo com a forma de onda produzida em corrente
alternada. Podem ser encontrados nas seguintes formas:
 Inversores de onda quadrática: apresentam muitos harmónicos na saída. Geralmente
utilizado para cargas resistivas.
 Inversores de onde quadrática modificada: apresentam menor distorção e a forma de
onda da saída aproxima-se mais de uma onda senoidal. Adequado para alimentar
lâmpadas, equipamentos electrónicos e motores.
 Inversores de onda senoidal: são os que produzem tensão de saída e desempenho mais
adequados. Podem operar qualquer aparelho CA.
 PWM: baixo distorção harmónica apesar do aspecto visual da forma de onda. Não é
indicado para equipamentos muito sensíveis uma vez que apresenta picos de tensão e
com isso pode atrapalhar o funcionamento do equipamento em questão.

Afigura 12 mostras as formas de onda típicas de inversores monofásicos.

16
ATANASIO MEQUE BOANA
PROJECTO DO CURSO

Figure 12: formas de ondas de inversores monofásicos.


Fonte: Adaptado do Manual de Engenharia para Sistemas Fotovoltaicos, CEPEI.

A forma de onda está directamente relacionado com a qualidade e o custo do inversor. Sua
eficiência geralmente está na faixa de 50 a 90 %.

3.7. CONTROLADORES DE CARGA


Estão presentes na maioria dos sistemas fotovoltaico e são responsáveis pela máxima
transferência de potência do arranjo fotovoltaico para o banco de baterias com finalidade de
carregá-las correctamente. Possuem função de protecção contra reversa, carga e descarga
excessiva das baterias e sobrecorrente. Também são conhecidos por reguladores de carga ou
reguladores de tensão.
Seu funcionamento se daa através da leitura da tensão das baterias para determinar o seu estado
de carga. Para o seu correcto dimensionamento, primeiramente leva-se em consideração o tipo de
bateria que será utilizado e em seguida determina-se a tensão e corrente de operação do sistema.
O controlador mais utilizado é o do tipo Shunt que tem um menor consumo se comparando ao
regulador série.

4. CRITÉRIOS USADOS PARA O DIMENSIONAMENTO DE UM SFBA

O dimensionamento de um sistema de bombeamento de água segue as seguintes etapas:


 Levantamento adequado do recurso solar disponível no local da aplicação;

17
ATANASIO MEQUE BOANA
PROJECTO DO CURSO

 Definição da localização e configuração do sistema;


 Levantamento adequado de demanda e consumo de energia eléctrica;
 Dimensionamento do gerador fotovoltaico;
 Dimensionamento dos equipamentos de condicionamento de potência que, no caso dos
SFCRs, se restringe ao inversor para interligação com a rede;
 Dimensionamento do sistema de armazenamento, usualmente associado aos sistemas
isolados.

Vale ressaltar que neste trabalho é detalhado apenas o projecto de sistemas puramente
fotovoltaicos, fixos (sem seguimento solar) e sem concentração da radiação solar.

4.1. PARÂMETROS BÁSICOS PARA A SELECÇÃO DO SISTEMA DE BOMBEAMENTO DE ÁGUA


Os parâmetros básicos para se seleccionar o sistema de bombeamento são a altura
manométrica, em metros de coluna de água e a vazão de água, em metros cúbicos por dia.
Segundo Heller & Pádua (2010), os parâmetros utilizados para o dimensionamento da vazão do
sistema de abastecimento de água são:

 Regime de abastecimento 24 h/dia;


 Regime de produção máximo 6 h/dia;
 Consumo médio diário por agregado familiar;
 Coeficiente do dia de maior consumo K1 = 1,2;
 Coeficiente da hora de maior consumo K2 = 1,5.

A vazão volumétrica diária é dada por:


N × q pc
Qd = (1)
24
Onde:
 Q d é a vazão volumétrica diária [m3/dia];

 q pc é o consumo médio diário por agregado familiar [m3/AF*dia];

18
ATANASIO MEQUE BOANA
PROJECTO DO CURSO

 N é o número de agregados familiares.

A vazão média da hora de maior consumo é dada por:


Q HMC =Qd × k 1 × k 2 (2)

Em qualquer sistema energético adoptado para resolver a problemática de fornecimento de


água, o processo de dimensionamento começa com o cálculo básico da potência hidráulica
requerida para elevar a água a uma certa altura e a uma determinada vazão.
P H =g∗H m∗Q HMC∗ρágua (3)
Onde:
 P H é a potência hidráulica [W]

 H m é a altura manométrica [m]

 ρágua é a densidade da água [ ρágua = 1000 kg/m3]


 g é a aceleração de gravidade [g = 9,8 m/s2]
Fazendo redução das grandezas bem como a substituição de todos os valores, a potência
hidráulica é dada por:
9,8∗1000
PH= ∗H m∗Q HMC =2,722∗H m∗Q HMC (4)
3600
Assumindo que a velocidade da agua não é significativa, a potência de saiba da bomba
necessita satisfazer as necessidades hidráulicas, consequentemente a potência eléctrica cedida ao
grupo motobomba é dada por:
PH
Pel = (5)
η

Onde:
 η -Representa o rendimento do grupo motobomba.
A potência eléctrica de um SFV composto por um gerador fotovoltaico e um inversor é dada pela
expressão:
G
PGFV =P n × (6)
G ref

19
ATANASIO MEQUE BOANA
PROJECTO DO CURSO

Onde:
 PGFV é a potência de saída do gerador fotovoltaico [W];

 Pn Potência nominal do painel solar [W];

 G ref é a irradiância de referência sob condições normais de operação [W/m2]1;


 G é a irradiância sobre o plano do gerador fotovoltaico [W/m2];
A irradiância sobre o plano do gerador fotovoltaico é dada pela expressão:
T ma
G=Gref × ×cos θ (7)
Tn
Onde:
 T ma É a temperatura média anual [oC];
 T n Temperatura ambiente [25 oC];
 θ Ângulo de inclinação do gerador fotovoltaico sobre a horizontal.

CAPÍTULO III

5. DIMENSIONAMENTO DO SFBA PARA O BAIRRO EM ESTUDO

5.1. INTRODUÇÃO
Este capítulo apresenta os procedimentos do dimensionamento do SFBA para o bairro que
consistem na determinação do tipo e do tamanho do sistema para suprir a demanda.

1
Nas condições normais de operação, G ref =1000 W /m2 Sob uma temperatura de 25oC

20
ATANASIO MEQUE BOANA
PROJECTO DO CURSO

5.2. DETERMINAÇÃO DA DEMANDA


Entrevistas feitas constatam que a maioria da população necessita de água para o consumo.
De acordo com o IV Senso Geral da População e Habitação de 2017, o bairro tem 86 agregados
familiares totalizando 292 habitantes [INE, 2017].
Informações tidas das estruturas do bairro revelam que actualmente o bairro tem 103 agregados
familiares, um incremento de 17 agregados.
De acordo com o Observatório do Meio Rural N o 31 edição de Janeiro de 2019, a taxa de
crescimento populacional das zonas rurais é de 3,5% ao ano, tendo em conta que o projecto terá
uma vida útil de 20 anos, em 2039 o bairro terá um pouco mais de 176 agregados familiares.

Segundo Heller & Pádua (2010) para povoado rural com população abaixo de 5.000 habitantes
o consumo varia entre 110 a 180 L/AFdia. No caso de Maluana considerar-se-á 180 L/AFdia
equivalente a 0,18 m3/AFdia.

De acordo com essa informação, e aplicando a equação (1), o valor da vazão diária é:
N × q pc
Qd =
24 h
176 habitates ×180 litros 1320 l 1.32 m 3 −4 3
Qd= = = =3.667× 10 m /s
24 horas h h

A vazão máxima na hora de maior consumo é:


Q HMC =Q d × k 1 × k 2

Q HMC =3.667 ×10−4 ×1.2× 1.5


10−4 m 3 3600 s 3
Q HMC =6.6 × × =2.376 m /h
s h
Logo à entrada no bairro existe um furo de água cujo bombeamento é feito por conjunto
motobomba e que de acordo com o proprietário tem uma altura manométrica de 44 metros, no
recinto escolar do mesmo bairro existe um furo em que a bomba é manual e a sua profundidade é
de 45 metros. As instalações serão feitas no recinto escolar.
Para o seguinte trabalho considerar-se-á uma altura manométrica de 65 metros, em que 50
metros será a profundidade do poço e os restantes 15 metros são da altura da torre incluindo o
próprio reservatório.

21
ATANASIO MEQUE BOANA
PROJECTO DO CURSO

De acordo com a equação (4), a potência hidráulica requerida é de:


Dados:
 Hm=65 metros;
 Q HMC =2.376 m 3 /h

9,8× 1000
PH= × H m × QHMC =2,722 × H m ×Q HMC
3600
P H =2,722× 65 m× 2.376 m3 /h=420.42 W

5.3. ESCOLHA DA BOMBA


A bomba é escolhida em função da vazão volumétrica e da sua potência que deve ser maior ou
igual a potência hidráulica.
A maioria das bombas usadas no nosso país são de fabricantes italianos, por isso será usado o
catálogo da DANCOR para a selecção da bomba.
A bomba seleccionada é das injectoras de série para poços profundos até 110 metros de
profundidade, com os seguintes dados nominais2:
 Modelo: Motor eléctricos monofásico SP
 Potência: 1,5Cv
 Corrente nominal: 10 A
 Corrente de partida: Ip=68 A
 Eficiência: 58%
 Factor de potência: 0,89
 Tensão de alimentação: 220 V
 Vazão: 3,45 m3 /h
 Altura manométrica máxima: 110 metros

 Kit do injector: {Modelo:TipoSP−1813


:E

 Factor de serviço: 1,15


 Coeficiente do injector: 1,21

2
Informações adicionais se encontram no ANEXO 1

22
ATANASIO MEQUE BOANA
PROJECTO DO CURSO

De acordo com o fabricante, as bombas da série SP-1813 são centrífugas, monoestágio,


projectadas especialmente para trabalhar em serie com um injector instalado no poço. O Kit do
injector é fornecido separadamente. As bombas são disponíveis em construção monobloco com
motor eléctrico, possuindo bocais de sucção, de pressão (alimentação do injector) e de descarga
doptados de rosca.
A profundidade mínima do injector é a menor profundidade onde pode estar localizado o
injector para que se tenha uma submergência que permite à bomba produzir a vazão indicada
para a altura manométrica necessária. Recomenda-se que a submergência do injector seja no
mínimo 1 metro para que não haja possibilidade de entrada de ar no injector.
A submergência necessária para o funcionamento do injector pode ser calculada pela
seguinte expressão:
S= K Q 2 −4,14 (8)
S=1,21∗2,22−4,14=1,716 m=1,8 m

Figure 13: Bomba injectora. Fonte: Catálogo JACUZZI

5.4. PREVISÃO DE CARGAS PARA O SISTEMA E NECESSIDADE DE CONSUMO


Consumo (W) Consumo por
Cargas Numero Unitária Total Horas dia (Wh/dia)
Lâmpadas internas 10 15 150 10 1500
Lâmpadas externas 10 45 450 12 5400
Televisores 2 160 320 6 1900
Geleira 1 120 120 24 2880
Ventilador 1 110 110 6 660
Computadores 3 93 279 5 1395
Motobomba 1 2200 2200 10,15 22330

23
ATANASIO MEQUE BOANA
PROJECTO DO CURSO

Aparelho de Som 1 110 110 4 440


Exaustor de fogo 1 166 166 2 332
Máquina de Costura 1 100 100 4 400
Potencia Total 4005 37237
Table 2: Previsão de carga
Fonte: Autor Boana

5.5. DETERMINAÇÃO DA POTÊNCIA E CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS DO INVERSOR


Os painéis devem suportar a potência solicitada pelo inversor. De acordo com Atlas de
precipitação Moçambique, de Instituto Nacional de Meteorologia publicado em Marco de 2017,
a temperatura media anual de Manhiça é de 27º C.
De acordo com a tabela 1 e em concordância com a localização geográfica do Bairro, os painéis
solares terão uma inclinação de 30º e posicionados ao Norte Geográfico.
Em função da relação entre a potência quando os módulos são irradiados pela luz solar e a
irradiação do local de instalação dos módulos fotovoltaicos, pode-se determinar a potência do
gerador fotovoltaico.
A irradiância do local de instalação dos módulos fotovoltaicos será:
1000∗27 °
G= ∗cos 30=935.307 W /m 2
25 °
Agora pode-se determinar a potência de módulos fotovoltaicos necessária para satisfazer a
demanda de 4005W, devera ser de:
Pdemanda ×G ref 4005 ×1000
PGFV = = =4282.02W /dia (9)
G 935.307

Segundo (CARNEIRO,2009), a potência do inversor devera estar entre os seguintes parâmetros:


0.7 × P GFV < P inv <1.2× PGFV (10)
0.7 × 4282.02℘ <4282.02 W <1.2 ×4282.02 ℘
2997.41 ℘<4282.016 W <5138.42 ℘
Os inversores integrados nos módulos estão sujeitos a elevadas cargas térmicas devido a
localização da instalação no telhado, por isso, escolhe-se uma potência do inversor maior que a
potência do gerador fotovoltaico, de modo a manter elevada a eficiência do inversor.
Pinv < PGFV (11)
5138.42W <4282.02 W

24
ATANASIO MEQUE BOANA
PROJECTO DO CURSO

Calculada e achada a potência do inversor que é igual a 5138.42W , utiliza-se a razão entre a
potência do gerador fotovoltaico e a potência do inversor de modo a obter-se número de
inversores a instalar.
PGFV 4282.02 W
N inv = = =0,83 (12)
P INV 5138.42 W

Como o resultado obtido é inferior a unidade, adoptar-se-á apenas um inversor CC/CA da marca:
TEPOWER e dispõe das seguintes características técnicas:
Potência nominal: 6 kW, tensão de entrada: 12/24 VCC, corrente de saída: 25 A, tensão de saída:
220/230 VCA, eficiência em plena carga:> 92%.

5.6. DETERMINAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS DAS BATERIAS E DO GERADOR

FOTOVOLTAICO

A bateria é um dos elementos mais dispendioso dos actuais sistemas fotovoltaicos e o seu
sobredimensionamento incrementa muitos custos de instalação do SFV (CARNEIRO, 2009).
Cálculo da quantidade de energia que o banco de baterias fornecerá ao sistema para o
funcionamento diário.
W D( Ah) 37237Wh
W ( Ah)= = =1551.54 Ah (13)
U 24 V

Cálculo da quantidade de energia que o banco de baterias fornecerá ao sistema para o


funcionamento durante 4 dias.
W D (Ah ) × N d 37237 Wh × 4 dias
W 3 dias( Ah)= = =9851.06 Ah (14)
U × K Bat × K D 24 V ×0,7 × 0,9

25
ATANASIO MEQUE BOANA
PROJECTO DO CURSO

Números de baterias que formam o banco de baterias será igual:


W 3 dias ( Ah) 9851.06 Ah
N (Bat)= = =37.89 ≅ 38 (15)
C (Ah) 260 Ah
Serão necessários 38 bancos de baterias de 24 V, da marca: FORMULA STAR FS 260 SOLAR
do tipo chumbo-acido e que dispõe das seguintes características técnicas:
Kbat=0.7 ; Kd=90 % ; C ( Ah )=260 Ah ; U =24 V

Figure 14: Bateria escolhida para o sistema.


Fonte: catálogo DAISA Energias Renováveis

Determinado o número de bancos de baterias, procede-se com a determinação do número de


módulos fotovoltaicos a instalar.
PGFV 4282.02W
n= = =15.29 ≅ 16 (16)
P modulo 280 ℘
O número de módulos a instalar é igual a 16, da marca: IFRI-SOL e dispõe das seguintes
características técnicas:
Potência nominal: 280 W, eficiência 17.43%, Vca=32.82 V, In=8.54 A, Voc=38.70 V, Icc=8.99
A, peso=19kg, temperatura de operação:45º C, célula fotovoltaica de silício mono cristalino,
eficiência 15-18%, forma: arredondadas, espessura: 0.3mm e numero de células: 60 sendo assim,
a potência total do gerador FV será de 4480W.

26
ATANASIO MEQUE BOANA
PROJECTO DO CURSO

Figure 15: Painel solar com 60 células


Fonte: IFRI-SOL customized electricity www.ifrisol.solar

Primeiro, procede-se com o cálculo do número de módulos que é possível ligar em serie:
Vmax inversor
Ns< (17)
Vca(¿ Modulo )¿
24 V
Ns<
32.82
N s < 0.73
O resultado obtido não indica a associação de módulos em serie, pois ele é inferior a unidade.
Segundo, procede-se com o cálculo do número máximo de fileiras que é possível ligas em
paralelo:
PGFV 4480 W Pfileira 1120
I GFV =I T = = =186.67 A I max=I fileira = = =46.67 A (19)
U 24 V U 24
I GFV 186.67
N P= = =4 fileiras em paralelo
I max 46.67
O resultado obtido indica a montagem de 4 fileiras de módulos ligados em paralelo.

5.7. SELEÇÃO DO REGULADOR DE CARGA MPPT


A seleção do regulador de carga MPPT é prevista para cumprir o seu valor de corrente máxima
CC, I maxDC. Por isso deverá ser limitadas pela corrente total I T à saída do gerador fotovoltaico
(CARNEIRO, 2009).

27
ATANASIO MEQUE BOANA
PROJECTO DO CURSO

O regulador de carga MPPT a instalar é da marca:FLEXmax dispõe das seguintes


características técnicas:
Referencia: MPPT-Outblack, tensão de bateria 12 a 60 VCC, carga precisa de baterias:
12V/24V/36V/48V.

Para caso de haver uma corrente excessiva provocada por excesso de radiação solar, o regulador
de carga deve ser sobredimensionado 25% acima de corrente de curto-circuito do painel
fotovoltaico (VIEIRA, 2012). Deste modo procede-se com cálculo da corrente de curto-circuito
do gerador FV.
I ccGFV =N modulos × Icc modulos =16 ×8.99=143.84 A (20)
Corrente minima do Regulador =1.25× I ccGFV
Corrente minima do Regulador =1.25× 143.84 A
Corrente minima do Regulador =179.8 A
A corrente mínima do regulador de carga é superior a corrente de curto-circuito, deste modo o
regulador de carga selecionada é aplicável para o sistema FV de bombeamento.

5.8. DIMENSIONAMENTO DOS CONDUTORES E CABOS DE ENERGIA


ELÉCTRICA, E RESPECTIVOS DISPOSITIVOS DE PROTECҪÃO DA
INSTALAҪÃO
O objectivo a alcançar nesta etapa, é a determinação das secções nominais do condutor e cabos a
instalar, e o calibre da respectiva protecção, considerando os critérios de ordem económica.

28
ATANASIO MEQUE BOANA
PROJECTO DO CURSO

A secção nominal mínima dos condutores das canalizações e a corrente nominal do disjuntor,
conforme (Art. Nº 426, R.S.I.U.E.E), não poderá ser inferior aa:
a) Em circuito de tomadas ou climatização: 2.5 mm2 para uma corrente de 16 A;
b) Em circuitos de iluminação ou outros usos: 1.5 mm2 para uma protecção de 10 A.

A protecção contra sobreintensidade na canalização, apenas devera ser feita nos condutores fase,
os aparelhos de protecção contra curto-circuito deverão em regra, ser colocados no início da
canalização que protegem (Art. Nº 575 e 576, R.S.I.U.E.E), e a intensidade nominal do aparelho
deverá ser determinada de modo que a corrente seja cortada antes de a canalização atingir a sua
temperatura limite admissível.
Protecção contra sobrecarga nas canalizações, a característica de funcionamento dos aparelhos de
protecção contra sobrecarga nas canalizações deverá ser tal que a sua intensidade limite de não
funcionamento (Inf), não seja superior aa 1.15 vezes a intensidade de corrente máxima
admissível na canalização (Iz). A intensidade nominal do aparelho de protecção (In), não deverá
ser superior a intensidade de corrente máxima admissível na canalização aa proteger
considerando-se, para efeito, nos aparelhos com regulação que a intensidade nominal é a
intensidade para que estão regulados (Art. Nº 577, R.S.I.U.E.E)
IS ≤ IN ≤ IZ
I nf ≤ 1.15 I Z
A intensidade convencional de funcionamento (If) do aparelho de protecção não deverá ser
superior a 1.45 vezes a intensidade de corrente máxima admissível na canalização (Iz), conforme
(Art. Nº 128, R.S.I.U.E.E).
I f ≤1.45 I Z
A selecção da secção nominal do condutor, deverá ser feita em função da intensidade de corrente
máxima admissível para canalização embebidas (tabela 4-A em anexo).
Os valores da intensidade de corrente nominal (In), corrente convencional de não fusão (Inf) e
corrente convencional de fusão (If) para os disjuntores devem ser obtidos na (Tabela 5).
Para os valores de corrente de serviço que segundo a condição de protecção contra sobrecargas
nas canalizações, não satisfazem o valor padronizado de corrente nominal do disjuntor, deverá
fazer-se uma correcção, aumentando a secção do condutor de modo a satisfazer a condição.

29
ATANASIO MEQUE BOANA
PROJECTO DO CURSO

5.9. CÁLCULO DA SECÇÃO NOMINAL DOS CONDUTORES E CABOS DE ENERGIA ELÉCTRICA DA

INSTALAÇÃO EM CC
A queda de tensão máxima admissível, no circuito condutor não deve ser superior a 3% da
tensão de trabalho V INV do sistema, este critério limita a 3% as perdas de potencia nos cabos do
sistema fotovoltaico (Norma Alemã, VDE 0100 Parte 712).
Deste modo, procede-se com o calculo das secções dos condutores de energia eléctrica em CC
do:

5.9.1. Gerador FV até o regulador de carga


L×P 3.00 × 4480
Secção= 2
= 2
=13.88 mm2 → 16 mm2 (21)
σ × ϵ ×U 56 ×0,03 ×24
Onde:
 Secção- Secção do cabo em mm2
 L-Comprimento do cabo (3m);
 σ -perdas de potência;
 U-Tensão da fileira em volts;
 Ε-Condutividade elétrica (cobre ε CU = 56).

A secccao nominal dos condutores de energia electrica que interliga o gerador FV e o regulador
de carga, sera a mesma a aplicar nos condutores que interligam o regulador de carga e o banco de
baterias.

5.9.2. Do regulador de carga até o inversor


L×P 1.50× 6000
Secção= 2
= 2
=9.3 mm2 → 10 mm2 (22)
σ × ϵ ×U 56 ×0,03 ×24

5.9.3. Disjuntor de protecção do inversor


Pmax 6000
I S= × F corr temp = ×1=34.09 A (23)
U × cosφ 220 ×0.8
I D =40 A I nf ≤ 1.15 I Z I f ≤ 1.45 I Z (24)
I S ≤ I D ≤ I Z 44 A ≤ 1.15× 40 A 52 A ≤ 1.45× 40 A
34.09 A ≤ 40 A ≤ 40 A 44 A ≤ 46 A 52 A ≤ 58 A

30
ATANASIO MEQUE BOANA
PROJECTO DO CURSO

I D → corrente do disjuntor é de 40 A

5.10. CALCULO DAS CORRENTES DE SERVIÇO, DETERMINAÇÃO DOS CONDUTORES E CABOS DE

ENERGIA ELÉCTRICA E DOS DISPOSITIVOS DE PROTECÇÃO A APLICAR NA INSTALAÇÃO.

5.10.1. Dimensionamento do disjuntor principal


A utilização do disjuntor instalado no circuito principal CC permite que o SFV seja isolado do
inversor para que seja possível realizar um trabalho de manutenção ou também na ocorrência de
alguma falha.
A protecção no lado de corrente contínua será feita pelo controlador de carga, que tem como
função de proteger as baterias de serem sobrecarregadas, ou descarregadas profundamente, e
assim garantem que toda energia produzida pelos painéis fotovoltaicos, é armazenada com maior
eficiência nas baterias.

5.10.2. Dimensionamento do disjuntor CA


O dimensionamento do disjuntor do lado CA é feito de acordo com a corrente máxima de saída
do inversor (lado CA), que segundo o fabricante é:
Pmax 4005
I S= × F corr temp = ×1=22.76 A (26)
U × cosφ 220 ×0.8

Consultando na tabela (7 A) tem-se que a secção para essa corrente é de 4 mm2.


Para a protecção do circuito de corrente alternada, o Disjuntor de protecção do Quadro geral será
escolhido respeitando a seguintes condições:

I D =25 A I nf ≤ 1.15 I Z I f ≤1.45 I Z (27)


I S ≤ I D ≤ I Z 27.5 A ≤ 1.15× 26 A 32.5 A ≤ 1.45 ×26 A
22.76 A ≤25 A ≤ 26 A 27.5 A ≤ 39.1 A 32.5 A ≤ 37.7 A

I D → corrente do disjuntor é de 25 A

31
ATANASIO MEQUE BOANA
PROJECTO DO CURSO

Figure 16: Disjuntor Siemens 5SX5 DE 25 A. Fonte: catálogo da Siemens.

5.10.3. Comando da bomba


A bomba será comandada por duas boias inseridas no reservatório, que terão a seguinte
lógica funcional:
 Quando o líquido atingir o nível mínimo, a boia inferior irá ligar a bomba que por sua
bombeará o líquido até atingir o nível superior e desligado através da boia superior;
 Se o líquido estiver entre o nível inferior e superior pode-se ligar a bomba por meio de
uma botoneira sem retenção, o desligamento é por meio da boia superior;
 A bomba deve ter a protecção por sobrecarga e curto-circuito.

Figure 17: Diagrama de força e de comando da bomba

Legenda:

32
ATANASIO MEQUE BOANA
PROJECTO DO CURSO

 DM: Disjuntor Motor;


 KM: Contactor;
 F: Fusível;
 B0: Botoneira sem retenção;
 B1: Boia inferior;
 B2: Boia superior.

5.10.4. Dimensionamento dos dispositivos de comando da bomba


I. Contactor

I ≥ FS∗¿ ( bomba ) ≥1,15 × 10≥ 11.5 A (28)


Do catálogo de telemecanique escolhe-se o Contactor LC1-D012 com corrente nominal de 12 A,
categoria de emprego AC-3, poder de corte de 250 A, pode se ligar em serie um fusível até 16 A
[ANEXO 3]
II. Fusível 1

De acordo com o fabricante da bomba, o tempo que a mesma pode levar com o rotor bloqueado
é de 8 s com uma corrente de arranque de 6.8 vezes a corrente nominal.
I arr
I= × I n =6.8 ×10 A=68 A (29)
In
Pegando o valor da corrente em função do tempo de arranque, pode se escolher o fusível a partir
do gráfico de selecção de fusível da WEG do tipo NH.
I F 1 =25 A (30)
I F 1 ≥ 1.2 I n
25 A ≥1.2 ×10 A
25 A ≥12 A Satisfaz a condição
F : LC 1−D25 , If =40 A ,≫¿ gL 63 A

III. Relé de Sobrecarga

RW 17D (8-12.5) A fusível máximo 25 A

33
ATANASIO MEQUE BOANA
PROJECTO DO CURSO

6. AVALIAÇÃO ECONÓMICA DO PROJECTO

Produto Quantidade Preço unitário Total


Bomba com injector 1.5 Cv 1 14878,90 15622,85
Inversor ELGIN 6000 W 1 4732,76 4969,40
Painel Solar 280 W 16 10747,63 171962.08
FORMULA STAR FS 260 Ah 38 7891,04 408409.94
Controlador de carga 1 3149,90 3307,40
Cabo Vermelho 16 mm^2 EPR 30 58,41 1839,92
Cabo Preto 10 mm^2 EPR 30 58,41 1839,92
Cabo PCN 4 mm 100 26,59 2791,95
Disjuntor CC 63 A 1 981,37 1030,44
Matéria-prima

Disjuntor Motor 12 A 1 2057,72 2160,61


Fusível LC 1−D 25 40 A 1 110,80 116,34
Fusível 16 A 1 79,14 83,10
Painel de montagem 1 4115,44 4321,21
Porta fusível 1 158,29 166,20
Contactor LC1-D12 12 A 1 933,89 980,58
Botoneira NA 1 221,60 232,68
Boia Inferior 1 506,52 531,85
Boia Superior 1 506,52 531,85
Reservatório de água de 35000L 1 53801,48 56491,55
Infraestrutura Civil 1 26000,00 27300,00
Poço de água 1 150000,00 157500,00
Tubos de distribuição 1000 48,00 50400,00
Subtotal
Montagem do equipamento base (10% MP) 37120,85
Condutas (15% MP) 55681,27
Instalações eléctricas (15% MP) 55681,27
Terreno e sua preparação (Taxa Única) 25000,00
Mão-de-obra

Projecto e sua fiscalização (30% MP) 111362,54


Imprevistos (10% MP) 37120,85
Custos indirectos (5% MP) 18560,42
Despesas gerais (12% MP) 44545,01
Custos fixos (10% MP) 37120,85
Transporte (5% MP) 18560,42
Total mão-de-obra 440753,47
1.351.548,4
Orçamento do projecto
2
Table 3: Avaliação económica

34
ATANASIO MEQUE BOANA
PROJECTO DO CURSO

Os custos indirectos compreendem:


 Laboratório de controlo;
 Despesas de embalagem;
 Despesas de expedição;
 Serviços de compras;
 Serviços médicos;
 Serviços técnicos;
 Serviços de armazenamento;
 Serviços de segurança e sociais.

As despesas gerais se encontram distribuídas em:


 Custos administrativos;
 Custos comerciais;
 Despesas de investigação e;
 Desenvolvimento;
 Encargos financeiros.

O projecto está orçado em 1.351.548,42 MT (Um milhão trezentos e cinquenta e um mil e


quinhentos quarenta e oito meticais e quarenta dois centavos).

6.1. AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS


A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), é um instrumento preventivo usado nas políticas de
ambiente e gestão ambiental com o intuito de assegurar que um determinado projecto passível de
causar danos ambientais seja analisado de acordo com os prováveis impactos no meio ambiente,
e que esses mesmos impactos sejam analisados e tomados em consideração no seu processo de
aprovação.
A elaboração de uma AIA é apoiada em estudos ambientais elaborados por equipas
multidisciplinares, as quais apresentam diagnósticos, descrições, análises e avaliações sobre os
impactos ambientais efectivos e potenciais do projecto.
O cenário de prática comum de bombeamento de água, divide-se entre aquele realizado por meio
de energia eléctrica ou alimentado com DIESEL. Descartar essas alternativas, de modo geral, é

35
ATANASIO MEQUE BOANA
PROJECTO DO CURSO

evitar diversos impactos ambientais, tanto no ar, água e solo. Assim, optar pelo bombeamento
solar fotovoltaico já acarreta inúmeros benefícios ambientais.
Uma das maneiras de se mensurar o benefício ambiental é pela quantidade evitada de gases de
efeito estufa com o uso do sistema de bombeamento fotovoltaico de água.
Em suma, o bombeamento fotovoltaico de água no bairro de Maluana não trará nenhum impacto
negativo ao meio ambiente.

36
ATANASIO MEQUE BOANA
PROJECTO DO CURSO

CAPÍTULO IV

7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Terminado o projecto e baseando-se da metodologia proposta, foi possível atingir os objectivos


específicos e o objectivo geral deste trabalho.
A pesquisa de revisão bibliográfica deu base para todos os outros objectivos a serem alcançados.
Descreveu o sistema de bombeamento fotovoltaico de água que destacou a constituição e os
tipos. Foi a partir do referencial teórico que se teve os passos e/ou critérios usados para um
correcto dimensionamento do sistema fotovoltaico de bombeamento de água.
A tecnologia de bombeamento fotovoltaico de água está tecnicamente consolidada para o
abastecimento de água a comunidades rurais como Maluana no caso do presente projecto.

7.1. RECOMENDAÇÕES
A implantação do sistema de bombeamento fotovoltaico de água no Bairro de Maluana não
resolve todos os problemas de saneamento, visto que, além da captação deve ser realizado o
tratamento de água (mesmo que simplificado) e deve se realizar também a distribuição de água
que é da responsabilidade da população, ressaltando a participação activa da mesma na
compreensão e manutenção dessa tecnologia.
Como em todo trabalho de pesquisa, este não teve a pretensão de preencher todas lacunas
existentes, muitas ainda persistem e devem ser seguidas para aprimorar o conhecimento do
processo de introdução da tecnologia de bombeamento fotovoltaico de água em comunidades
remotas.
Nesse sentido, recomenda-se para estudos futuros, entre os vários que podem contribuir para a
construção do conhecimento sobre o tema, um aprofundamento no monitoramento dos sistemas
com vista a levantar índices de consumo, de ocorrência de problemas e formas de utilização e
gestão do sistema.

37
ATANASIO MEQUE BOANA
PROJECTO DO CURSO

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

i. Bibliografia

[1]. BARROS, H. A., Anteprojecto de um Sistema Fotovoltaico de 12 kWp Conectado à Rede,


Monografia de graduação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro – RJ, 2011.
[2]. Fraidenraich, Naum. & VILLELA, Tecnologia Solar, Departamento de Energia Nuclear,
Universidade Federal de Pernambuco, 1999, cap. 2, pp 45 – 49.
[3]. Fraidenraich, Naum., Abastecimento de água em áreas rurais mediante sistemas
fotovoltaicos, recife, 2002.
[4]. HELLER, Léo & PÁDUA, Válter Lúcio, Abastecimento de água para o consumo humano,
Volume 1, Segunda Edição, UFMG, 2010.
[5]. Nogueira, T. A. R.; Franco, A.; He, Z.; Braga, V. S.; Firme, L. P.; Abreu-Junior, C. H.
Photovoltaic System. Journal of Environmental Management, 2013.
[6]. CARNEIRO, Joaquim Dimensionamento de Sistemas Fotovoltaicos. Guimarães. 2009. 37
paginas.
[7]. Manual de Engenheiros – FV-2014.

ii. Outra Bibliografia

38
ATANASIO MEQUE BOANA
PROJECTO DO CURSO

http://solarterra.com.br/independencia-energetica-no-campo/ acesso no dia 20 de de 2019 as


15h.

Instituto Nacional de Estatística (INE), IV Senso Geral da População e Habitação, 2017.

Instituto Nacional de Estatística (INE), Observatório do Meio Rural N o 31 edição de Janeiro de


2018.

Instituto Nacional De Meteorologia (INAM), Atlas de Precipitação Moçambique, publicado em


Março de 2017.

39
ATANASIO MEQUE BOANA
ANEXOS

I
ANEXO 1: Dados característicos da Bomba usada para o bombeamento

II
ANEXO 2: Catálogo da Telemecanique para selecção de contactores

III
ANEXO 3: Curva de selecção de Fusível

IV
ANEXO 4: tabela 4-A. Intensidade de corrente máxima admissível na canalização

Tabela 5: Características dos disjuntores

Você também pode gostar