Demonstração Dos Fluxos de Caixa (DFC) : Conceitos E Estrutura
Demonstração Dos Fluxos de Caixa (DFC) : Conceitos E Estrutura
Demonstração Dos Fluxos de Caixa (DFC) : Conceitos E Estrutura
estrutura
RESUMO: A Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) se tornou obrigatória no Brasil com a criação
da Lei 11.638/2007 e, desde então, todos os profissionais que fazem parte do ambiente empresarial
precisaram conhecer essa demonstração e saber interpretar os seus resultados. Com o presente estu-
do, procurou-se através de uma pesquisa bibliográfica abordar os conceitos e a estrutura da DFC e, ao
final, apresentar a resolução passo-a-passo de um exemplo prático para demonstrar as suas técnicas
de elaboração.
PALAVRAS-CHAVE: Fluxo de Caixa, Contabilidade, Finanças, Demonstração.
ABSTRACT: The Statement of Cash Flows (CFD) became mandatory in Brazil with the creation of Law
11638/2007, and since then, all professionals who are part of the business environment needed to go
through this demonstration and to interpret their results. In fact, the control box has always been practi-
ced by companies, but the CFD brought a standardization to that tool. As the present study, we sought
through a literature search addressing the concepts and structure of the CFD and at the final table the
resolution step by step in a practical example to demonstrate their techniques of manufacture.
KEYWORDS: Cash Flow, Accounting, Finance, Demo.
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onde as empresas podem identificar os pe- presa, onde através de projeções, é possí-
ríodos de sobra e escassez de recursos. vel construir cenários e se antecipar na exe-
Sobre esse aspecto, Marion (2009, p.446) cução das ações.
diz que “por meio do planejamento finan- Os resultados da DFC também são
ceiro o gerente saberá o montante certo importantes para auditar as informações
em que contrairá empréstimos para cobrir contábeis na busca por erros e possíveis
a falta (insuficiência) de fundos, bem como fraudes contábeis, conforme comentado
quando aplicar no mercado financeiro o ex- por Lamas e Gregório (2009, p.101) e Ma-
cesso de dinheiro, evitando, assim, a cor- rion (2009, p.446).
rosão inflacionária e proporcionando maior Serão alvos da DFC todos os re-
rendimento à empresa”. cebimentos, ou entradas, e pagamentos, ou
O objetivo desse artigo é apresen- saídas, de caixa (ou disponível). Quando
tar os conceitos de caixa e a estrutura da uma operação representar uma entrada de
DFC, elaborando-se um exemplo prático no caixa, deverá ser somada na demonstração
final. Pretende-se demonstrar uma linha de e, quando representar uma saída, deverá
raciocínio para acompanhar o passo-a-pas- ser subtraída na demonstração.
so da elaboração de uma DFC. No próximo capítulo, serão aborda-
Como metodologia, foi realizada das a estrutura e as formas de apresenta-
uma pesquisa bibliográfica para se identifi- ção da DFC.
car os conceitos utilizados na DFC nos mais
recentes materiais publicados sobre o as- 3. Estrutura e Formas de Apresentação
sunto e através de sua conclusão, espera- da DFC
-se contribuir para um melhor entendimento
sobre essa tão importante demonstração A elaboração de um fluxo de cai-
contábil, e que o material sirva para poste- xa pode ser feita de várias maneiras, pois
riores estudos. cada pessoa ou empresa poderia realizar
o controle dos recebimentos e pagamentos
2. A Demonstração dos Fluxos de Caixa de caixa conforme seus próprios entendi-
(DFC) mentos.
Porém, segundo Lamas e Gregó-
O objetivo da DFC é evidenciar as rio (2009), ao se elaborar uma DFC estru-
variações ocorridas no disponível das em- turada em normas, é possível comparar o
presas entre um determinado período de desempenho operacional entre diferentes
tempo. Observe que apesar do nome “flu- empresas, uma vez que elimina os efeitos
xos de caixa”, farão parte dessa demonstra- desiguais dos possíveis tratamentos contá-
ção todas as contas do grupo do disponível, beis.
isto é, caixa, bancos e aplicações de liqui- Em razão dessa necessidade de
dez imediata (como a caderneta de poupan- uniformização das demonstrações contá-
ça, por exemplo). beis, torna-se necessário que algumas re-
Segundo a FIPECAFI (2010, gras sejam respeitadas na elaboração da
p.565) “o objetivo primário da Demonstra- DFC.
ção dos Fluxos de Caixa (DFC) é prover in- A norma contábil responsável por
formações relevantes sobre os pagamentos esta normatização no Brasil é o Pronuncia-
e recebimentos, em dinheiro, de uma em- mento Técnico CPC 03 – Demonstração
presa, ocorridos durante um determinado dos Fluxos de Caixa. Esse pronunciamento
período”. determina a estruturação da DFC em três
O conceito trabalhado na DFC é o atividades: operacionais, de investimentos
regime de caixa onde se evidencia o que e de financiamentos.
realmente entrou e o que realmente saiu de As atividades operacionais se refe-
recursos no disponível das empresas. rem ao montante dos recursos que a em-
As informações históricas do flu- presa gerou através de sua atividade-fim.
xo de caixa são extremamente importantes Farão parte dessas atividades os elemen-
para o planejamento futuro de qualquer em- tos relacionados com a DRE (Demonstra-
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principal deve ser classificado como ativida- gundo dois métodos, o direito e o indireto.
de de financiamento (BRASIL2, 2008). A diferença entre eles está nas atividades
Existem ainda algumas operações operacionais.
que não deverão fazer parte da DFC, pelo No método direto as atividades
fato de não afetarem o caixa, por exemplo, operacionais são elaboradas utilizando os
as depreciações, as provisões, os ganhos reais recebimentos de clientes, pagamen-
e perdas de equivalência patrimonial, entre tos de fornecedores e pagamentos de des-
outros. pesas.
Também podem acontecer transa- Segundo a FIPECAFI (2010,
ções de investimento e financiamento sem p.573), “o método direto explicita as entra-
efeito no caixa, como por exemplo, as dí- das e saídas brutas de dinheiro dos princi-
vidas convertidas em aumento de capital, pais componentes das atividades operacio-
mas essas, devem ser evidenciadas em nais, como os recebimentos pelas vendas
notas explicativas (FIPECAFI, 2010, p.569). de produtos e serviços e os pagamentos a
A DFC pode ser elaborada se- fornecedores e empregados”.
Circulante Circulante
Disponível Fornecedores
Dupl. a receber 1.500 2.300 Empr. bancários 1.000 2.000
Estoques 500 1.000 I.R. a recolher 1.000 1.470
1.000 1.500 - 1.050
Total Circulante Total Circulante
3.000 4.800 2.000 4.520
Não Circulante
Investimentos
Part.outras cias
500 2.640
Imobilizado 500 2.640 Patrimônio Líquido
Móveis e utensílios Capital social
(-) Depr. acum. 1.200 1.500 Lucros retidos
Terrenos (200) (320) Total do P.L. 4.500 6.000
2.000 3.000 - 1.100
3.000 4.180 4.500 7.100
Total Não-Circul.
3.500 6.820
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MÉTODO DIRETO
ATIVIDADES OPERACIONAIS
Recebimento de clientes R$ 9.500,00
Pagamento de fornecedor R$ (5.000,00)
Pagamento de despesas R$ (1.380,00)
Caixa líquido atividades operacionais R$ 3.120,00
ATIVIDADES DE INVESTIMENTO
Aquisição de Ações (Part.Outras Cias) R$ (2.140,00)
Aquisição de Móveis e Utensílios R$ (300,00)
Aquisição de Terrenos R$ (1.000,00)
Caixa líquido atividades de investimento R$ (3.440,00)
ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO
Aquisição empréstimos curto prazo R$ 470,00
Aumento de capital R$ 1.500,00
Pagamento de dividendos R$ (850,00)
Caixa líquido atividades de financiamento R$ 1.120,00
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MÉTODO INDIRETO
ATIVIDADES OPERACIONAIS
Lucro Líquido R$ 1.950,00
(+/-) Ajustes
Depreciação R$ 120,00
Variações nos Ativos e Passivos
Variação em duplicatas a receber R$ (500,00)
Variação em estoques R$ (500,00)
Variação em fornecedores R$ 1.000,00
Variação em imposto de renda a recolher R$ 1.050,00
Caixa líquido atividades operacionais R$ 3.120,00
ATIVIDADES DE INVESTIMENTO
Aquisição de Ações (Part.Outras Cias) R$ (2.140,00)
Aquisição de Móveis e Utensílios R$ (300,00)
Aquisição de Terrenos R$ (1.000,00)
Caixa líquido atividades de investimento R$ (3.440,00)
ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO
Aquisição empréstimos curto prazo R$ 470,00
Aumento de capital R$ 1.500,00
Pagamento de dividendos R$ (850,00)
Caixa líquido atividades de financiamento R$ 1.120,00
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Rodrigo Simão da Costa possui graduação em Ciências Contábeis pelo UNIFEOB - Centro Universitário da Fun-
dação de Ensino Octávio Bastos (2001), e também Pós Graduação em Gestão Empresarial (2003). Concluiu seu
Mestrado em Ciências Contábeis e Atuariais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2006). Atualmen-
te é professor titular do UNIFEOB onde atua como coordenador dos cursos de Ciências Contábeis e Administração
e é Gestor da Escola de Negócios. Tem experiência na área Contábil, com ênfase em Contabilidade Ambiental. É
autor de vários artigos científicos e palestrante em diversos assuntos relacionados à Contabilidade, Administração
e Finanças.
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