Absolutismo Na Inglaterra 2
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Absolutismo na Inglaterra
Modelo mesclou centralização política e controle do
parlamento
Vitor Amorim de Angelo*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Embora o soberano tivesse seu poder limitado pela atuação do parlamento, esse fato não
impediu a emergência do absolutismo na Inglaterra. Mas, de forma muito particular, em
virtude da existência de um parlamento que legislava, por exemplo, sobre questões
fiscais e religiosas - o que não ocorria na França na mesma época -, o modelo que
existiu ali mesclou a centralização política na figura do rei com a descentralização do
poder.
A Inglaterra perdeu a Guerra dos Cem Anos (1337-1453) para a França, o que lhe
custou o enfraquecimento da monarquia, de seu exército e uma grave crise econômica,
decorrente dos gastos de um conflito militar tão longo.
À Guerra dos Cem Anos seguiu-se uma disputa em torno do trono inglês, chamada de
Guerra das Duas Rosas (1455-1485). Em meados do século 16, a Inglaterra era
governada por Henrique 6°, da dinastia Lancaster.
Em 1461, o rei foi deposto por Eduardo 4°, da casa de York. Este governou a Inglaterra
por cerca de 9 anos, quando Henrique 6° tornou a assumir o trono inglês, embora
brevemente. Já em 1471, com sua morte, Eduardo 4° voltou ao poder, governando até
1483. Foi substituído por Eduardo 5°, que reinou por alguns meses apenas, e por
Ricardo 3°, até seu falecimento em 1485. Com o apoio da dinastia de Lancaster, que
havia sido tirada do poder pelos York, Henrique 7°, da casa de Tudor, foi coroado rei.
Este se casou com Elizabeth de York, filha mais velha de Eduardo 4°, unificando os
grupos rivais e, assim, encerrando a Guerra das Duas Rosas.
Henrique 8° e Elizabeth 1ª
O casamento de Henrique 7° pôs fim a um conflito interno que durou mais de três
décadas e enfraqueceu a nobreza da Inglaterra. O herdeiro do trono, Henrique 8°,
coroado em 1509, é considerado o primeiro e um dos mais importantes reis do período
absolutista inglês.
Pouco mais de uma década separou o governo de Henrique 8° do de Elizabeth 1ª. Nesse
intervalo, a Inglaterra teve dois reis coroados: Eduardo 6° e sua irmã paterna, Maria 1ª -
esta, filha de Henrique 8° com Catarina de Aragão, de quem o rei quis se separar, como
de fato o fez após a reforma.
Eduardo deu continuidade à política religiosa de seu pai, que foi interrompida por Maria
1ª. Filha de espanhola - e casada, à época, com Felipe 2º, rei da Espanha, país de
maioria católica -, a rainha perseguiu os protestantes ingleses, naquilo que representou
um breve revés à reforma anglicana.
Com sua morte, em 1558, Elizabeth 1ª, filha do segundo casamento de Henrique (o rei
teve seis esposas), foi coroada rainha. Seu governo representou a consolidação da
reforma e o fortalecimento do poder real. Ao mesmo tempo, implementou uma política
econômica fundamentada no mercantilismo, estimulou o desenvolvimento da marinha
inglesa (tal como fizera seu pai) e iniciou a colonização da América do Norte.
Sem herdeiros diretos, a morte da rainha, em 1603, abriu uma longa crise política, que
se estendeu por mais de oito décadas. Nesse período, a Inglaterra teve inclusive uma
curta experiência republicana. Além da mudança de dinastia (de Tudor para Stuart),
outro aspecto marcante desse período foi o fortalecimento da burguesia nacional e o
aumento das tensões sociais provocadas pelo crescimento das cidades, consequência dos
cercamentos.
Golpes, ditadura, restauração política - tudo isso fez daquele período uma fase
extremamente agitada, que só foi encerrada no final do século 17, com a Revolução
Gloriosa. Era o fim do absolutismo e o começo da monarquia constitucional na
Inglaterra.
*Vitor Amorim de Angelo é historiador, mestre e doutorando em Ciências Sociais pela
Universidade Federal de São Carlos. Atualmente é pesquisador do Institut d'Études
Politiques de Paris.
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