Web 1 Historia Do Direito

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 19

UNIDADE 1

Conceituação e objeto da história do direito 

 
Na história da humanidade, cada pequeno avanço na capacidade de
organização foi vital. 
 

 
A importância do estudo da história 
 
A função da história do direito é apresentar o rol de fatos que
contribuíram para a construção do atual estágio do direito e, por
consequência, da sociedade. Essa realidade fica clara na opinião de
Ulpiano ao apregoar que “ubi homo ibi societas; ubi societas, ibi jus”.
Para Álvaro Ribeiro, “A história, porém, não é só feita sobre
documentos, que citam pessoas, ralatam factos, designam lugares e
anotam datas, mas também pela investigação do pensamento
consciente e inconsciente, embora silenciado, que preside à evolução da
humanidade”¹ 
 
Ao estudarmos a história aprendemos os conceitos de nossa tradição e
conseguimos visualizar a motivação dos costumes e fatos que
corroboraram com a nossa atual fase de desenvolvimento. 
  
  
A pré-compreensão da palavra “História” deve ultrapassar significados
não científicos como narração, discurso, fábula vinculados à estória
buscando mas sim buscar uma indagação do passado. Tal indagação
deve ser pautada não apenas pelo simples olhar para o passado, mas
por uma olhar crítico para tal tempo.2 De tal modo a história deve ser
considerada uma ciência que tem por escopo a análise técnica dos
elementos que compões os fatos do passado. Partido dessa exigência,
conseguiremos tecer uma descrição objetiva dos fatos que colaboraram
para o atual estádio do conhecimento jurídico. Segundo Trindade “a
história possibilita ao homem, através do relato do passado, a criação de
perspectivas para o futuro.” 3  

 
A história enquanto relato do passado passou por uma mudança
qualitativa. Tal  mudança decorre da inclusão de novas ciências e ou
técnicas científicas que possibilitam a realização de investigações mais
profundas. Isso permite, por exemplo a determinação  de datas ou
causas de certos eventos antes imperceptíveis. Para Lopes, também a
pesquisa histórica foi revolucionada nos últimos tempos. Uma história
nova, uma história material, uma história das mentalidades e uma
espécie de arqueologia do cotidiano esquecido geraram novos objetos de
investigação. Trata-se de uma combinação de história de eventos e de
estruturas: a história da longa duração e das estruturas, associada... à
história das práticas cotidianas, do imaginário social, das mentalidades
etc. na tradição aberta pela escola francesa dos Annales” 4 

1 ANEXO

 1 Apud: CUNHA, Paulo Ferreira da; SILVA, Joana Aguiar e; SOARES,


António Lemos. História do Direito: do direito romano à constituição
europeia. Coimbra: Almedina, 2005. p. 11. 
 

CUNHA, Paulo Ferreira da; SILVA, Joana Aguiar e; SOARES, António
Lemos. História do Direito: do direito romano à constituição europeia.
Coimbra: Almedina, 2005. p. 17. 
 
3
TRINDADE. André Fernando dos Reis. São Paulo: Atlas. 2011. p. 12. 
 

4
LOPES, José Reinaldo de Lima. O direito na história: lições
introdutórias. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2008. p. 2. 

História do direito 
  
 A história do direito pode ser identificada com a parte da história que
estuda fatos relevantes para a construção do conhecimento jurídico. Tal
conceito pode ser considerado reducionista, pois todos os fatos que são
observados pela sociedade tem reflexo na possibilidade do controle
social. De tal modo, todo o fato que ocorreu no passado corroborou com
a construção da atual sociedade: objeto do controle jurídico. Tem-se
como de inegável importância a inclusão dos conteúdos de história do
direito na formação jurídica como condição de nortear o estudante sobre
os aspectos que serviram de caminho para o sistema jurídico atingir as
atuais características. 

 
 
Nesse sentido, para Lopes, “a história do direito volta a ter um lugar nos
cursos jurídicos depois de várias décadas de abandono. A razão de ser
deste interesse renovado creio que vem da situação de mudanças sociais
pelas quais passa a nossa sociedade neste início de século.5” 
  
Para Azevedo (2007) que se possa compreender todo o envolvimento
dos fatos que envolvem o estado e o indivíduo não é possível atermos
apenas ao momento em que o ato ocorreu, tampouco ao dispositivo que
o regulamenta ou sanciona. O ato deve ser analisado em toda sua
extensão sob uma visão ampla e crítica, pois o direito não é um sistema
estático. 
  

A história do direito é de suma importância pois tem por função,


fornecer ao direito atual a compreensão dos fenômenos de mutação
social, política, econômica e cultural que conduzem a conduta humana,
esclarecendo dúvidas, afastando imprecisões e levantado a verdadeira
estrutura do ordenamento até alcançar a razão de ser de seu significado
e conteúdo.6 
 
 
Tamanha a importância da história, que seu conteúdo foi contemplado
no At. 5, I, da Resolução 09/2004 da Câmara de Ensino Superior do
Conselho Nacional de Educação como oferta obrigatória para os cursos
de direito sendo inserido no Eixo de Formação Fundamental. Tal
exigência foi inserida em decorrência da necessária formação de base
para que os acadêmicos pois precisam ter uma formação interdisciplinar
que permita uma visão holística sobre os conhecimento jurídicos. 

5
 LOPES, José Reinaldo de Lima. O direito na história: lições
introdutórias. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2008. p. 2. 
6
 AZEVEDO, Luiz Carlos de. Introdução à história do direito. 2 ed. São
Paulo: RT, 2007. p. 22-23. 

Diferentes destinatários dos estudos histórico-jurídicos 

 
Há de se verificar que a história, é a ciência mais antiga estudada pelo
ser humano, por questões de interesse evolucionário, quanto para o
desenvolvimento da sociedade, simplificada pela sua arte e fácil
identificação. Talvez por esse motivo, seja a história um gênero tão
popular, que prende o público em geral. 

 
Tal ciência, compreende melhor o que visa, para que serve, e o que diz
do que qualquer outra das ciências sociais, cuja linguagem se tornou
inevitavelmente mais técnica, e, por isso, mais hermética. 

 
Seja por quer, na verdade, as angústias decorrentes da evidencia, ate
então pouco descobertas, de que vai traçando uma construção circular e
autopoiética em todos os cursos, em especial a historia do direito. Sabe-
se muito pouco da origem exata do direito, pois esta se confunde com a
origem a sociedade, casando assim a necessidade do uso da história
para auxiliar na busca clara dessa resposta. 

 
O objeto da história é sempre captado pela luz do meio em que é
construído e pelas lentes do observador, já que se verifica uma
construção social de toda a realidade, em especial a realidade social.7 

 
Deve os historiadores serem neutros e imparciais na busca da verdade
sobre determinados fatos estudados. São pessoas de bom senso, e isso
deve prevalecer, uma vez que, contaminando o passado com os toques
do nosso presente e que nutrimos o futuro. Deve-se buscar a verdade
sempre, independente da verdade imaculada na questão. 

 
Ao realizar os estudos científicos de fatos da historia, deve-se ter cautela
com as palavras, pois as mesmas fazem tropeçar as ideias, uma vez que
enrolamos nelas os sentimentos e emoções. 

 
Para o estudo da história do direito, deve-se ter um respaldo científico
ou filosófico com amparo historiográfico, utilizando uma metodologia
historiográfica. Deve o historiador ter um domínio muito particular,
exigindo conhecimentos científicos aparentemente fáceis de incorporar,
com uma boa cultura geral e uma bagagem histórica, política e filosófica
de nível, mas bem rigoroso, traiçoeiros, e com uma boa e solida
formação jurídica. 

  
 
Cuidados e deve ter os historiados juristas  a contarem, de modo
ingênuo, a evolução do direito, sem utilizar as técnicas e métodos dos
historiadores, e prescindido do seu olhar critico e englobante.
Obviamente o erro comum seria o desentranhar a história do direito da
História em geral. Do mesmo modo compreender a História do Direito é
simples e pura parte da História em geral. 


HISTÓRIA DO DIREITO - do direito romano à constituição europeia -
PAULO FERREIRA CUNHA e outros 2005, pag. 24 

Assim, ainda discorrendo apenas da História do Direito, e tendo como


pressuposto todos as cautelas devidas já narradas, podemos, na
verdade, no plano acadêmico e didático, abranger com a História do
Direito, vários tipos de disciplinas, conforme narra CUNHA 2005: 
“mesmo falando apenas da História do Direito tout court, e tendo como
pressupostos todas as anteriores prevenções, podemos, na verdade, no
plano didáctico, conceber vários tipos de disciplina”8 

 
A ideia de justiça é certamente o ponto de partida não apenas para a
História do Direito, como também para o despertar da reflexão ética, nos
primeiros tempos da vida histórica. Desde as sociedades mais primitivas,
sempre houve a preocupação de  instaurar normas e fixar princípios que
asseguram não apenas a ordem, como também a sobrevivência dos
grupos humanos. (PISSARRA E FABBRINI, 2007, p. VII). 
 
Ainda nesse sentido, o doutrinador Cotrim utiliza a seguinte ideia;9 “a
história que o historiador escreve está ligada à história que ele vive”. 

 
O Direito, por ser um fenômeno social, encontra-se presente onde
houver sociedade. O próprio surgimento do direito confunde-se com o
surgimento da sociedade. Desse modo, embora desconheça as leis
existentes na Pré-história, não significa que não houvesse direito, ainda
que exercido pela força, logo, a concepção de justiça era traduzida em
força. 
Já ensina o doutrinador WOLKMER. 
 
 
“Toda cultura tem um aspecto normativo, cabendo-lhe delimitar a
existencialidade de padrões, regras e valores que institucionalizam
modelos de conduta. Cada sociedade esforça-se para assegurar uma
determinada ordem social, instrumentalizando normas de
regulamentação essenciais, capazes de atuar como sistema eficaz de
controle social. Constatase que, na maioria das sociedades remotas, a lei
é considerada parte nuclear de controle social, elemento material para
prevenir, remediar ou castigar os desvios das regras prescritas. A lei
expressa a presença de um direito ordenado na tradição e nas práticas
costumeiras quemantêm a coesão do grupo social.” 10 

 
Há uma certa dúvida quanto à existência ou não de direito antes da
escrita. Pensemos que muito antes da escrita já haviam sociedades, e
como dizem a maioria dos filósofos e sociólogos, o direito nasce da
sociedade, bem como a sociedade nasce do direito. 

  
 
Na pré-história temos a fundamentação no parentesco, daí, a base
geradora do jurídico encontram-se principalmente nos laços de
consanguinidade. Logo, ao pensarmos em direito de propriedade, e
direito de sucessões, pensaremos na família e nas crenças dela.  


HISTÓRIA DO DIREITO - do direito romano à constituição europeia -
PAULO FERREIRA CUNHA e outros 2005, pag. 27 

Cotrim (1999, p. 9) 
10 
WOLKMER, Antonio Carlos - FUNDAMENTOS DE HISTÓRIA DO
DIREITO, 2006, PAG 01 

Posteriormente, com o aumento das crenças e ainda sim a falta da


escrita, as leis serão transmitidas oralmente, marcadas por revelações
divinas e sagradas. O direito religioso arcaico ou primitivo possui
sanções religiosas que são rigorosas e repressoras, permitindo aos
sacerdotes-legisladores a imposição e execução da lei divina, pois o
desrespeito de algum homem para com os ditames religiosos implicaria
na vingança dos deuses. Logo, os sacerdotes teriam recebido a lei do
Deus da cidade, o ilícito se confundia com a quebra da tradição e com a
infração ao que a divindade havia proclamado. Assim, as sanções legais
estão associadas aos rituais. Era formal e ritual, se repetia. 

 
Importante ressaltar que cada sociedade, por basear-se nos costumes,
religião, e repassar seus direitos de forma oral, várias foram as formas e
aplicações do direito. 

 
A História do Direito, para os estudantes de direito, juristas, seve de
base e alicerce para uma maior aproximação ao direito, à sua realidade
e ao seu sentido, através de uma visão guiada de índole histórica. Uma
verdadeira introdução  histórica a todo o direito, não apenas a um
determinado ramo do Direito ou a um conjunto de ramos jurídicos. Da
evolução do Code Napoléon ou a Lei das Dozes Tábuas, são dois marcos
na evolução do pensamento prático do direito. 

 
O Direito, como uma forma de manifestação social, constitui o mais
importante de todos os instrumentos disciplinadores de toda a atividade
humana, seja cultura, econômica ou social. Como processo de adaptação
social, o Direito deve,  sempre, acompanhar as mobilidades sociais e
culturais, inclusive algumas religiosas, sendo indispensável que ele seja
o Ser Atuante e o  Ser Atualizador, criando procedimentos novos e
eficazes na garantia do equilíbrio e da harmonia  da Sociedade como um
todo. 

 
Entretanto é extraordinário não esquecer que, mesmo estando o Direito
sujeito a um procedimento permanente de evolução, ele é capaz de
opor-se, por muito tempo, às mudanças sociais, trabalhando em
determinados momentos como Travo social, constituindo, sempre uma
relação  entre o presente e o passado.  
 

 
O homem, ao intervir no processo de desenvolvimento do Direito, tem
que obedecer, obrigatoriamente, às regras predeterminadas,
desvinculando-se de qualquer compreensão arbitrária, pois, se assim
não fizer poderá ter, que enfrentar a revolta da opinião pública, o que
inevitavelmente levará a não aplicação da lei, ou a sua reformulação. 

 
É um engano exagerar o fator volitivo na gênese do Direito, pois o
Direito não pode ser arquitetado como um ato isolado, mas, sim, como
um conjunto das ocorrências sociais e de motivos axiológicos que abraça
aquele que tem de legislar. 

 
Mesmo renunciando a formulação de um caminho sinônimo e retilíneo
para as instituições sociais de todos os povos, confiamos que os homens
primitivos eram nômades e a agregação humana era determinada pelas
relações individuais e pelos laços de parentesco. Nesse período, temos a
horda, o clã e a tribo. Mais tarde, o homem se atém ao solo e o vínculo
social vai pausadamente se decompondo de individual para territorial. 

A vida sedentária provoca o advento de agrupamentos mais densas


formando as cidades, que unidas entre si formam a Nação, e esta
institucionaliza o Estado, como máquina político-administrativa, cujo
escopo maior é garantir o Bem Comum e a Segurança Pública da
população que vive em seu Território. 

 
As primitivas grandes culturas desenvolvidas no Oriente ofereceram,
uma verdadeira aliança entre o magismo primitivo e a primeira
organização racional da Economia, da Sociedade e do Estado. O estrato
social dominante, detentor dos segredos mágicos, impunha sua
dominação sobre as camadas inferiores, pela Religião unificada com o
Direito. 

 
O Direito era então uma memória sagrada mantida pelos sacerdotes,
que foram os primários juízes. Oculto era o conhecimento do Direito,
armazenado pelos sacerdotes ou pelos mais velhos. Com o tempo, o
Direito tornou-se o conjunto de decisões judiciais que, sendo
consecutivamente repetidos, tornaram-se costumes Então, das
sentenças surge os costumes e dos costumes as leis, ou melhor, o
Direito. 

 
No estudo do Direito oriental nota-se que a multidão dos legisladores
confessava ter recebido o Direito ou as leis das mãos de seu Deus.
Nesse Direito primitivo não há distinção entre os múltiplos ramos da
árvore jurídica, ou seja, o Direito Civil, o Direito Penal, o Direito
Administrativo etc, ficavam todos implantados na mesma legislação. 
  
A história do Direito passa a representar uma forma qualificada de
preparação dos alunos para o estudo dos conteúdos do eixo técnico-
jurídicos. Verificamos essa realidade na apresentação dos mais variados
institutos jurídicos através de suas evoluções históricas. A construção
histórica de um instituto serve para verificar o caminho que tal instituto
percorreu até os dias atuais. A título de exemplo podemos citar a
evolução do direito de família durante os tempos.  

  
Conclusão  
  
A história pode ser considerada uma ciência analisa o passado
como forma de entender nosso tempo atual e possibilitar ações
para o futuro. De tal modo, a história do direito possibilita a uma
análise apurada dos fatos que compõem a construção do sistema
jurídico atual. O direito atual é reflexo da versão mais atualizada
da nossa sociedade. 
  
  
A história do Direito como disciplina fundamental
Fernanda Holanda de Vasconcelos Brandão
 

Resumo: A História do Direito é uma disciplina que vem sendo exigida como obrigatória na
grade curricular dos cursos de direito. Isso acontece porque ela se torna indispensável para a
formação dos bacharéis em direito, uma vez que ela é fundamental no ensino jurídico, pois
descreve todos os acontecimentos jurídicos ocorridos desde a antiguidade até os dias de hoje.
Por isso, o presente artigo se propôe a analisar tal disciplina e falar da sua importância.

Palavras-chaves: Direito. História. Disciplina. Fundamental.

Abstract: The History of Law is a discipline that has been required as mandatory in the
curriculum of courses in law. That's because it is indispensable to the training of law
graduates, since it is essential in legal education, it describes all the legal events that have
occurred since the antiquity to the present day. Therefore, this article aims to examine this
subject and speaking of its importance.

Keywords: Right. History. Discipline. Fundamental.

Sumário: 1.Introdução. 2. Conceituando o direito. 3. A disciplina História do Direito. 4.


Considerações finais. Referências.

1. Introdução

Não é difícil de compreender que o direito nasceu junto com a civilização, aliado à história da
sociedade, sob a forma de costumes que foram se tornando obrigatórios. Isso aconteceu em
razão da necessidade de um mínimo de ordem e direção, de regras de conduta, com o
objetivo de regular o convívio entre os homens e proporcionar harmonia nas relações
humanas.

O surgimento do direito teve por finalidade regular justamente essas relações humanas, a fim
de proporcionar paz e prosperidade no seio social, para impedir a desordem, o crime e o caos
que seria proporcionado pela lei daqueles que detinham o poderio, principalmente, o
econômico, ou seja, aquele que fosse mais forte, e tendo como objetivo alcançar o bem
comum e obter a justiça.

É por isso que se consagra o estudo da História do Direito como disciplina fundamental na
grade curricular dos cursos de direito, uma vez que a história do direito é a própria história
da sociedade, ou seja, a história está intimamente ligada ao direito. É por essas e outras
razões que se faz necessário analisar essa disciplina como sendo de fundamental importância
para a formação dos bacharéis em direito.

2. Conceituando o direito
A palavra direito se origina do latim directum, que significa o que está conforme à regra.
Vem dos romanos antigos e é a soma da palavra DIS (muito) + RECTUM (reto, justo, certo).
Trata-se, na verdade, de um conjunto de regras obrigatórias que garante a convivência social,
que regula a conduta do homem na sociedade, que coloca um mínimo de regra ou de norma a
ser seguida pela sociedade.

 Flávia Lages de Castro (2007, p. 2), analisando o conceito de direito, considera que o homem
não existe sem o direito e o direito não sem existe sem o homem. Observe:

“Entende-se, em sentido comum, o Direito como sendo o conjunto de normas para a


aplicação da justiça e a minimização de conflitos de uma dada sociedade. Estas normas, estas
regras, esta sociedade não são possíveis sem o Homem, porque é o Ser Humano quem faz o
Direito e é para ele que o Direito é feito.”

Com efeito, o direito surge para colocar direção, ordem, regras de conduta para regular o
convívio na sociedade, a fim de conseguir que os homens vivam em harmonia. O que foi
conseguido logo do surgimento da humanidade. Isso pode ser dito quando falamos dos povos
ágrafos, aqueles que não tinham escrita e que viviam em prol de toda uma coletividade.

 Como vimos, as origens do direito situam-se na formação das sociedades e isto remonta a
épocas muito anteriores à escrita. Esses povos sem escrita não têm um tempo determinado,
podem ser os homens da caverna de 3.000 a.C. ou os índios brasileiros até a chegada de
Cabral, ou mesmo as tribos da floresta Amazônica que ainda hoje não entraram em contato
com o homem branco.

É muito difícil de conceituar o direito dos povos sem escrita porque o direito requer o
conhecimento de como funcionavam as instituições na época em questão. Mas é com base em
estudos arqueológicos que se torna possível reconstituir os vestígios deixados pelos povos pré-
históricos, a exemplo das moradias, armas, cerâmicas, rituais, com os quais é possível
determinar a respectiva evolução social e econômica.

Segundo José Fábio Rodrigues Maciel e Renan Aguiar (2007, p. 28), no momento em que os
povos entram na história, a maior parte das instituições jurídicas já existem, mesmo que
ainda misturadas com a moral e com a religião, como o casamento, a propriedade, a
sucessão, o banimento, dentre outros.

Mas o direito também pode ser considerado como um conjunto de que se derivam todas as
normas e obrigações que devem ser cumpridas pelo homem, ou seja, um conjunto de regras
ou de leis. Mas não é só isso. O direito também abarca uma infinidade de conceitos ligados a
outros ramos da ciência, que não cabem aqui ser tratados. Trata-se de uma matéria
multidisciplinar que compreende, por exemplo, a psicologia e a filosofia etc.

É importante esclarecer, diante de todos esses aspectos, que o direito surge com o objetivo
de obter justiça e realizar o bem comum, isto é, dar a cada caso a solução merecida,
adequada conforme o sentimento humanitário ponderado e calcado em interpretação
conforme os princípios gerais do direito.

Ronaldo Leite Pedrosa (2006, p. 13) afirma o seguinte:

 “Destaco que o direito não é apenas um conjunto de regras. É muito mais do que isso. As
regras, escritas (leis), são um dos instrumentos de aplicação e atuação do direito, que se vale
de outros componentes em sua configuração. Temos assim, ao lado das leis, a doutrina, a
jurisprudência, os costumes, os princípios gerais, que, somados, compõem o conceito de
Direito. E esses elementos, em conjunto, aplicados, buscam atingir o ideal supremo, que é a
obtenção da justiça.”
Direito é, pois, um conjunto de normas ou regras de conduta que acompanham o homem
desde o seu nascimento até a morte. Assim, cada sociedade formula as suas próprias regras, o
que vai ser feito de acordo com suas culturas, tradições e períodos históricos.

3. A disciplina História do Direito

Como visto, a história não poderia estar dissociada do estudo do direito. É nesse sentido que
vem a importância da implantação da disciplina História do Direito na grade curricular dos
cursos de graduação, que nada mais é do que uma ciência que pesquisa e estuda o significado
dos processos de alteração das estruturas jurídicas, penetrando e convivendo com as naturais
modificações de ordem política, econômica e cultural de uma sociedade ao longo do tempo.

 Assim, por ser ciência, a história do direito descreve e revela, pesquisa e esclarece,
coordena e explicita a vida jurídica de um povo em todos os seus aspectos, detendo-se nas
fontes, nos costumes, na legislação que o rege, enfim, em todas as manifestações que
resultam do conhecimento dos fatos ocorridos.

 Vemos, então, que a história do direito ensina que o direito não surgiu espontaneamente,
mas que esteve condicionado a incontáveis ordens de realidade dinâmicas e que se alternam
conforme se modificam outros fatores que a vida proporciona, ou seja, acompanhando a
evolução da sociedade.

Antônio Carlos Wolkmer (2006, p. XV) afirma:

“Trata-se de pensar a historicidade do direito, no que se refere à sua evolução histórica, suas
idéias e suas instituições, a partir de uma reinterpretação das fontes do passado sob o viés da
interdisciplinaridade (social, econômico e político) e de uma reordenação metodológica, em
que o fenômeno jurídico seja descrito sob uma perspectiva desmistificadora.”

Como se observa, a história do direito tem como objeto de estudo o próprio direito, tendo o
historiador do direito o papel de relatar, descrever e comentar sobre o que efetivamente
vigorou como direito, não tendo que se preocupar em indagar qual o direito que deveria ter
vigorado em certa época e lugar. Pois a história do direito visa reconstituir as ordens jurídicas
que vigoraram no passado, ou seja, os institutos jurídicos e as fontes do direito.

Sua importância está, justamente, em buscar, na evolução de um determinado direito, os


fundamentos sociais, políticos, econômicos e culturais que dirigiram a conduta do ser
humano, fornecendo ao direito atual a compreensão desses fatos, “esclarecendo dúvidas,
afastando imprecisões, levantando, passo a passo, a verdadeira estrutura do ordenamento,
seus institutos mais sólidos e perenes, suas bases de fundo e suas características formais, até
alcançar a razão de ser de seu significado e conteúdo”. É o que entende Luiz Carlos de
Azevedo (2005, p. 22).

Para Walter Vieira do Nascimento, “à História do Direito se reserva a importante função de


estabelecer pontos de contato entre instituições jurídicas de diferentes fases da vida em
sociedade” (2008, p. 04).

Vejamos o que dizem José Fábio Rodrigues Maciel e Renan Aguiar (2007, p. 22):

“A função precípua da história do direito na formação dos bacharéis encontra-se na


desnaturalização da permanência ou evolução, em fazer o jurista observar que o direito
relaciona-se com o seu tempo e contexto (social, político, moral) e que o direito
contemporâneo não é uma nova versão do direito romano ou uma evolução do direito
medieval, mas sim fruto de um complexo de relações presentes na sociedade e que progride a
par das forças indutoras capazes de modificá-lo, transformá-lo, revolucioná-lo.”
Mas como disciplina, a história do direito teve o seu estudo institucionalizado apenas de dois
séculos para cá, incorporando-se ao elenco das ciências jurídicas de uma forma definitiva,
tornando-se obrigatória para a formação de um bacharel em direito. A partir daí, os cursos de
direito passaram a incluir na grade curricular a história do direito, geralmente, logo no
primeiro período do curso.

No Brasil, o estudo de História do Direito foi desenvolvido nas Faculdades de Direito de São
Paulo e do Recife, surgidas após o processo de Independência e da criação dos primeiros
grandes Códigos brasileiros, a exemplo do Código Criminal de 1830 e o de Processo de 1832,
embora não contasse com cadeira própria quando da instituição dos cursos jurídicos.

 Os Pareceres de Rui Barbosa, na época do Brasil Império, já haviam sugerido a adoção da
cadeira de “História do Direito Nacional”, que abordava a história das origens, dos
monumentos e da evolução das instituições do país. Após esse fato, várias outras tentativas
surgiram para inserir a História do Direito como disciplina nos cursos de direito, o que só veio
a ser consagrado com a Portaria 1.886, de 30.12.1994, que fixou as diretrizes curriculares e o
conteúdo mínimo do curso jurídico.

Hoje, o ensino de História do Direito faz parte do currículo de inúmeros estabelecimentos de


ensino superior, seja como disciplina autônoma, seja como integrante das matérias básicas,
despertando o interesse de alunos e professores pela importância do estudo da história, do
direito e, principalmente, da história do direito.

 O estudo é feito de acordo com a cronologia clássica que considera os períodos históricos:
Pré-história (há cerca de 4.000.000 de anos até a invenção da escrita, em torno de 4.000
a.C.); Antiguidade (até o ano 476 de nossa era, quando da queda do império romano do
ocidente); Idade Média (até 1453, com a queda de Constantinopla para os Turcos Otomanos);
Idade Moderna (até 1789, com a Revolução Francesa); Idade Contemporânea (até os dias
atuais).

4. Considerações finais

É notória a importância do estudo da disciplina História do Direito nos cursos jurídicos. Isso se
dá porque o direito e a história caminham juntos, ou seja, o direito está indissociável da
história, uma vez que ele surge junto com a história da própria sociedade como um condutor
de normas a serem seguidas para que a sociedade possa viver em paz e harmonia.

 A História do Direito surge como uma disciplina fundamental porque ela vai descrever,
revelar e contar todos os acontecimentos ocorridos em uma determinada época e em um
determinado local e o seu processo de evolução. Para isso, ou seja, para estudar a história do
direito de várias civilizações, faz-se necessário o estudo dos institutos jurídicos, a exemplo do
casamento, da propriedade, do direito penal etc, e também das suas fontes do direito, isto é,
tudo aquilo que pode ter ocasionado a criação de um direito.

Referências
AGUIAR, Renan; MACIEL, José Fábio Rodrigues. História do Direito. (Coleção Roteiros
Jurídicos). São Paulo: Saraiva, 2007.
 AZEVEDO, Luis Carlos de. Introdução à História do Direito. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2005.
CASTRO, Flávia Lages de Castro. História do Direito Geral e Brasil. 4. ed. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2007. 
NASCIMENTO, Walter Vieira do. Lições de História do Direito. Rio de Janeiro: Forense, 2008.
PEDROSA, Ronaldo Leite. Direito em História. 5. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006.
WOLKMER, Antonio Carlos (Organizador). Fundamentos de História do Direito. 3. ed. Belo
Horizonte, Del Rey, 2006.
UNIDADE 2

Conceituação e objeto da história do direito 

 
  
Métodos de estudo da história do direito  
 
O direito pode ser estudado através de diversos métodos. Usual adotar-
se o método lógico-formal de cunho claramente positivista. Tal realidade
fora propagada nas mais diversas Instituições de ensino e culminou na
criação de cursos eivados de docentes que “liam a lei”. 

 
Como a norma é dinâmica, assim como a própria sociedade, ao mudar a
legislação parte do conteúdo era perdido. De tal modo o método
positivista “não confere ao jurista um saber consistente, fundamentado
em bases históricas.” 12 

 
 
Para mudar essa realidade a inclusão de conteúdos de formação
humanística mudou a concepção dos cursos de graduação em direito
gerando uma egresso apto à avaliar a realidade social e buscar solução
no ordenamento, mas também em outras formas de solução de
conflitos.  Nesse contexto o ensino de história do direito permite o
estudo dos fatos, contextos e condição das passagens de interesse para
o operador do direito. Segundo Lopes, 

 
Como o direito, a história pode cumprir, nos momentos de mudança, um
papel legitimador do status quo, um papel restaurador e reacionário, ou
ainda um papel legitimador no novo regime, ou, se procurarmos uma
expressão mais neutra, um papel crítico. Para desempenhar este último,
tem que adquirir uma atitude de suspeita permanente para com suas
próprias aquisições. Alguns recursos de método da nova história serão
também os da nova história do direito.13 

 
 
 
Para Lopes, ao estudarmos a história do direito temos que ter cuidados
com: 

 
a) a suspeita do poder que exerce a autoridade formalizada pelo direito
em determinado período; 
 
b) a suspeita do romantismo  no que diz respeito à adoção de uma visão
sem isenção; 

 
c) suspeita da continuidade  pois a continua mutação das sócio-temporal
propicia a mudança das realidades/conceitos; e 

 
d) a suspeita da idéia de progresso e evolução pois tais conceitos ficam
na subjetividade do observador.14 
 
 
Já na opinião de Azevedo, o estuda da história do direito deve ser
diversificado, pois para entender o significado de um determinado
ordenamento jurídico o pesquisador deve dividir seu estudo em etapas: 
 
 
a) Estudar o conteúdo das normas e instituições; 
 
b) Avaliar as condições sociais que propiciaram tais normas e
instituições; 

 
c) Por fim, analisar o motivo da permanência/extinção de tais
institutos.15 
 

12 
MACHADO. Antônio Alberto. Ensino jurídico e mudança social. 2 ed.
São Paulo: Atlas, 2009. p. 78. 
13
 LOPES, José Reinaldo de Lima. O direito na história: lições
introdutórias. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2008. p. 3. 
14
 LOPES, José Reinaldo de Lima. O direito na história: lições
introdutórias. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2008. p. 4-6. 
16 
AZEVEDO, Luiz Carlos de. Introdução à história do direito. 2 ed. São
Paulo: RT. 2007. p. 23. 

Partindo de outra ótica, o direito pode ser abordado como ordenamento,


cultura ou conjunto de instituições. Como ordenamento o foco do estudo
está na avaliação das fontes do direito. Nesse caso temos que ter em
mente que várias são as possíveis fontes a serem adotadas pelo
ordenamento jurídico (Leis, costumes,...) cada qual com suas
características próprias. 

 
Já o estudo do direito segundo a cultura. Nesse caso temos que nos
atentar para as diversidades culturais em relação tanto do local
(Estados, regiões..) quanto às diferenças entre as próprias classes que
com põem uma determinada sociedade. Exemplo disso é a errônea
adoção dos conceitos de Estado do Bem estar social europeu à realidade
brasileira do mesmo período. Por fim, temos o estudo da história do
direito segundo as instituições. Nesse viés podem-se observar as
divisões das funções dentro do Estado e as competências específicas de
cada agente em comparação com outras realidades ou períodos da
história.17 

 
O método histórico pode ser adotado como plano de redação de
trabalhos científicos. Segundo tal plano, devemos definir um marco
temporal de referência. Esse marco pode ser um dado momento ou
conjunto de atos. A questão será vista como o antes e o depois de tal
ato. 18 
 

 
 
 
 
ANEXO 2
http://www.brasiliana.usp.br/  
 
 
 
 
 
 
 
História do direito e interdisciplinaridade 
  
 
A interdisciplinaridade é uma necessidade para os cursos jurídicos. Essa
obrigação pode ser confirmada pelo fato de que a lei é um marco do
passado feita com base nos valores de determinado tempo e que busca
regular as ações do futuro. Desse modo, estudar o passado é imperioso
para que se identifiquem os motivos que levaram a sociedade a
resguardar tal bem jurídico (vida, patrimônio...). 

 
A história do direito é uma ciência tanto histórica quanto jurídica. Em
decorrência dessa característica, sua área de atuação não se restringe a
limites rígidos ou previamente direcionados, uma vez que não se destina
à simples descrição dos fatos jurídicos. Deve no entanto abordar a
análise de tais fatos para explica-los juntamente com os momentos que
os sucedem, suas causas e consequências.19 

 
Em verdade toda questão de direito, independentemente dos ramos do
direito, passa a ser uma questão de história do direito em decorrência da
indissociabilidade da história dos fatos que constituíram cada parte do
sistema jurídico. A exemplo das contribuições de Getúlio Vargar para o
direito do trabalho atual. 
 
 

 
17
 LOPES, José Reinaldo de Lima. O direito na história: lições
introdutórias. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2008. p. 8-11. 
 
18
 VENTURA, Deisy. Monografia jurídica. Porto Alegre: Livraria do
Advogado. 2002. p. 61. 
 
 
19 
AZEVEDO, Luiz Carlos de. Introdução à história do direito. 2 ed. São
Paulo: RT, 2007. p. 23. 

O direito labuta com o controle social, para isso depende de que a


própria sociedade determine quais são os valores preponderantes em
determinado tempo e espaço. Assim a vinculação da história com os
outros ramos do direito ou áreas afins fez-se indispensável. Tanto o
direito tributário quanto a economia podem ser observado pela ótica da
história, tornado, muitas vezes, obrigatória essa análise para se resolver
problemas da atualidade. 

 
A história do direito permeia por várias disciplinas dos eixos da formação
jurídica. Naturalmente, a construção do conhecimento jurídico é um
processo que deve ser compartilhado entre seus agentes (aluno,
professor, instituição de ensino) de forma a apresentar um perfil de
egresso crítico e apto à labuta nos mais diferentes ramos do
conhecimento jurídico. De tal modo a história do direito propicia uma
abordagem mais profícua dos demais ramos do direito. A título de
exemplo, no estudo do direito constitucional, como seria a análise da
constituição de 1988 sem o estudo dos fatos que ocorreram durante o
período de exceção promovido após o golpe (ou contra revolução) de
64. 
  
A história do direito tem a função de propiciar uma avaliação mais
aprofundada dos fatos, permitindo avalição das causas e consequências
que culminaram nos fatos inerentes à sociedade e seus sistemas de
controle. Apenas com o conhecimento do passado é que podemos ter
consciência do nosso presente (tempo e espaço) para planejarmos o
futuro. Para Miguel Reale, 
  
A História do Direito pode se desenrolar em três planos que se
correlacionam: o dos fatos sociais que explicam o aparecimento das
soluções normativas, bem como as mutações operadas no ordenamento
jurídico, dando relevo ao problema das fontes do Direito; o das formas
técnicas de que se revestem tais soluções normativas, pela constituição
de modelos institucionais; e o das ideias jurídicas que atuam, como fins,
nas alterações verificadas nas fontes e seus modelos normativos.  
  

 
A história do direito no Brasil e no exterior  
 
 
   
O ensino da história do direito sempre esteve presente nos bancos dos
cursos de direito. Já na Carta de Lei de 1827, foi previsto conteúdo de
história pois, segundo Venâncio Filho, o professor deveria discorrer
sobre “às origens da monarquia portuguesa, referindo as diversas
épocas, os diversos códigos e compilações e tudo mais que fosse
necessário para que os estudantes conhecessem, a fundo, a marcha que
tem seguido a ciência do Direito Pátrio até o presente” 20 
 
 

20
 VENÂNCIO FILHO, Alberto. Apud: AZEVEDO, Luiz Carlos de.
Introdução à história do direito. 2 ed. São Paulo: RT, 2007. p. 29. 

Outra passagem que demonstra inclusão da história na formação jurídica


foi a promulgação do Decreto 1.232-H de 02.01.1891. Segundo tal
instituto o curso de direito seria dividido em Ciências Jurídicas; Ciências
Sociais e Notariado. A história do direito foi contemplada nessas três
modalidades, ora ministrada juntamente com a filosofia, ora com
conteúdo focado na história do direito pátrio.21 
 
A portaria 1.886, de 30.12.1994 regula as diretrizes curriculares do
curso de direito sem abordar expressamente a história do direito como
conteúdo obrigatório permitindo, no entanto sua inclusão através da
previsão dos novos direitos. 
 
Sabendo-se que o curso de direito deve possuir uma base interdisciplinar
para garantir que o egresso conheça os fatos sociais regulados pelo
direito, a Resolução 09/2004 da Câmara de Ensino Superior do Conselho
Nacional de Educação passa a tornar a história conteúdo obrigatório para
os cursos de graduação em Direito. 

 
A história do direito é lecionada em diversos países contemplando em
boa parte deles conteúdo obrigatório. Verificamos que o ensino da
história do direito nos países que adotam o sistema common law é mais
que uma disciplina necessária, uma vez que em tais sistemas os
costumes tem uma acentuada importância no processo decisional.  Já os
países que adotam o sistema civil law, de origem romana tem na história
do direito a forma de explicar as origens das normas que compõem seus
sitemas jurídicos. 

 
Alguns grupos sociais possuem regras próprias não escritas que são
transmitidas pela tradição e remontam às suas origens. Tais grupos
utilizam-se da história como forma de manter suas características. 

 
Conclusão 

 
A história do direito deve ser abordada como conteúdo indispensável
para a formação do jurista atual. Isso decorre da necessária inclusão de
seus conteúdos no eixo de formação básica dos cursos de direito e
colabora com um egresso de perfil crítico. 
 
 

 
http://dialnet.unirioja.es/servlet/revista?codigo=115  
  
 

 
Comente fatos da história do Brasil que influenciaram o direito 
 
21 
AZEVEDO, Luiz Carlos de. Introdução à história do direito. 2 ed. São
Paulo: RT. 2007. P. 30.
REFERÊNCIAS 
  
AZEVEDO, Luiz Carlos de. Introdução à história do direito. 2. ed. São
Paulo: RT, 2007. 
CUNHA, Paulo Ferreira da; SILVA, Joana Aguiar e; SOARES, António
Lemos. História do Direito: do direito romano à constituição europeia.
Coimbra: Almedina, 2005. 

 
TRINDADE. André Fernando dos Reis. Manual de Direito
Constitucional. São Paulo: Atlas. 2011. 

 
LOPES, José Reinaldo de Lima. O direito na história: lições
introdutórias. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2008. 

 
MACHADO. Antônio Alberto. Ensino jurídico e mudança social. 2. ed.
São Paulo: Atlas, 2009. P.78. 
VENTURA, Deisy. Monografia jurídica. Porto Alegre: Livraria do
Advogado. 2002.

Você também pode gostar