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Revista da ASBRAP nº 13 219

PORTUGUESES E SUAS GERAÇÕES NO TRECHO DO CAMINHO VELHO,


ENTRE OS RIOS BAEPENDI E GRANDE

Maria da Graça Menezes Mourão *

Resumo: A geração de alguns portugueses, como André do Vale Ribeiro, João Go-
mes Salgado, Luis Marques das Neves, Antônio de Brito Peixoto, Manuel da Costa
Gouveia nas primeiras décadas do século XVIII, no trecho do Caminho Velho entre
os rios Baependi e Grande.

Abstract: The geration of some Portuguese, as André do Vale Ribeiro, João Gomes
Salgado, Luis Marques das Neves, Antônio de Brito Peixoto, Manuel da Costa
Gouveia in the first decades of the 18th Century in the stretch of the Old Way be-
tween rivers Baependi and Grande

A Genealogia é importante método para a pesquisa histórica, quando


torna possível a compreensão das relações existentes entre as famílias dos pio-
neiros e povoadores de uma região. Tal contexto foi observado quando se levan-
tou o rol de documentações para compor o texto do livro ainda inédito: Veredas,
Sítios e Paragens do Caminho Velho da Estrada Real, entre os rios Baepen-
di e Grande. Estes sítios e paragens constituíram núcleos de povoamento e al-
guns sobreviveram ao tempo dando origem a povoados distritos, como Palmital
do Cervo, Rosário, dentre outros e, cidades como Conceição da Barra, Lagoa
Verde, Alagoa, Ingaí, Luminárias, São Bento Abade, Carmo da Cachoeira, Itu-
mirim, Lavras...
Encontramos uma intrincada rede formada pela descendência de portu-
gueses que fizeram História numa região que antes da Guerra dos Emboabas se
tornara quase que exclusivamente paulista. Muitos deles foram responsáveis pela
colonização da região, depois da aquietação dos ânimos. Entre os reinóis identi-
ficamos André do Vale Ribeiro, João Gomes Salgado, Luis Marques das Neves,
Antônio de Brito Peixoto, Manuel da Costa Gouveia e tantos outros que tiveram
suas gerações entrelaçadas desde as primeiras décadas do século XVIII, no tre-
cho do Caminho Velho entre os rios Baependi e Grande.

*
Pesquisadora, historiadora, membro do Instituto Cultural “Maria de Castro” No-
gueira, presidido pelo seu fundador Dr. Guaracy de Castro Nogueira.
220 Portugueses e suas gerações no trecho do Caminho Velho

§ 1º
I- Do Título Morais, da Genealogia Paulistana de Silva Leme, o CORONEL
CARLOS DE MORAIS NAVARRO, com 14 anos em 1647. Casou-se com
MARIA RAPOSO, filha do Mestre de Campo Antônio Raposo Tavares e de
sua primeira mulher Beatriz Furtado de Mendonça (ASBRAP, 1999:234).
Este casal foi pai de:
1 (II) - ANTÔNIO, batizado na Sé de São Paulo em 30-OUT-1654, sendo
padrinhos Antônio Bueno de Morais e Francisca Raposa (pesqui-
sa de Maria Celina Exner Godoy Isoldi. In ASBRAP,1999:234).
2 (II) - CAPITÃO MOR PEDRO DE MORAIS NAVARRO, que segue.
3 (II) - MARIA DE MORAIS, em 1694, C.c. FRANCISCO CORRÊA RIBEIRO;
pela segunda vez em 1706, com MANUEL DE ROSA ARZÃO, filho
de Manuel Rosa Guedes e Maria Rodrigues Arzão (SILVA LE-
ME, Tít. Arzão).
4 (II) - CARLOS DE MORAIS NAVARRO, em 1699, em Itu, C.c. MARIA
CORRÊA DE ARZÃO, filha do Capitão Cornélio Rodrigues de Ar-
zão e de Catarina Gomes Corrêa, a contraente viúva de Manoel
Ortiz de Camargos, falecido em 1698 (CORRÊA, 1948:217).
5 (II) - ANA PEDROSO C.c. MANUEL DE MADUREIRA (ASBRAP, 1999:
235).
6 (II) - FRANCISCA DE MORAIS, que segue no § 2º.

II- CAPITÃO MOR PEDRO DE MORAIS NAVARRO, pioneiro e povoador do “Ar-


raial dos Raposos”, das Minas Gerais e primeira autoridade no distrito do
Rio das Mortes, sendo nomeado seu superintendente em 8-FEV-1708 pelo
governador da Capitania do Rio de Janeiro e São Paulo, Artur de Sá e Me-
nezes, o qual ajudou a socavar a cascalheira do Rio das Velhas, a procura
do ouro, quando este se dirigiu para as minas em 1698 e 1701. O Capitão
Mor Pedro de Morais Navarro casou-se com ANA MARIA DE GODÓI, filha
de Gaspar de Godói Moreira e de Custódia Moreira (SILVA LEME, vol.
II: 103). Deste tronco nasceram:
1 (III)- SARGENTO-MOR ANTÔNIO DE MORAIS DE GODÓI, falecido no Rio
das Mortes;
2 (III)- CUSTÓDIA MOREIRA que se casou com o português [...] Capitão
mor das Ordenanças da Vila de São João del-Rei MANOEL DA
COSTA GOUVÊA, cuja presença se fez junto aos Buenos da Fon-
seca para coordenar a execução das melhorias do descaminho de
Rosário da Cachoeira à Traituba, oficializado como Caminho
Real, a partir de 1733 (AHU,5.11.1740,Cx44:14). O casal foi pai
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do GUARDA MOR JOSÉ JOAQUIM DA COSTA GOUVÊA C.c. ROSA


FELÍCIA DE VALOIS.
Seria Manoel da Costa Gouvêa, irmão de Dom Valim da Costa
Gouvêa, arcebispo de Lacedônia e do Dr. Valério da Costa Gou-
vêa, primeiro ouvidor-mor de São João del-Rei? Parece-nos ter
sido estes dois, uma mesma pessoa, pois, do Códice Costa Mato-
so consta que [...] Valério da Costa Gouveia, natural de Lisboa,
nasceu em 1656 e faleceu em 1742. Em 1702 servia no Desem-
bargo do Paço; em 1703 era juiz de fora do Castelo de Vide,
Castelo Branco e foi ouvidor no Rio das Mortes. Após seu re-
gresso a Portugal, ingressou-se na carreira eclesiástica, che-
gando a ser bispo em 1741 (MATOSO Vol. II: 40).
Houve também em Ouro Preto, um tal Antônio da Costa Gou-
vêa que registrou no ano de 1715, casamento de seus escravos
(Arquivo Eclesiástico da Paróquia de N. Sra. do Pilar-Ouro Pre-
to).

§ 2º
II- FRANCISCA DE MORAIS ou FRANCISCA DE MACEDO (filha do Coronel
Carlos de Moraes Navarro, do § 1º nº I) C.c. ANTÔNIO VIEIRA DE MORAIS
ou ANTÔNIO VIEIRA DOURADO, natural de Oliveira, Portugal (CID GUI-
MARÃES, In ASBRAP, 1999:234-236) No Inventário de André do Vale
Ribeiro, C.c. sua filha Teresa de Morais, foi citado [...] Francisca de Ma-
cedo e Moraes, sogra do defunto (MRSJDR-1720, CX245). Pais de:
1 (III) - HELENA DE MORAIS ou DE OLIVEIRA C.c. JÁCOME FERNANDES
DAS NEVES, falecido em 2-MAIO-1764, no lugar denominado
Cachoeirinha (Caminho Velho, hoje Itumirim), na Freguesia de
N.Sra. das Lavras do Funil e Carrancas, inventariado a partir de
4-MAIO do mesmo ano (ASBRAP, 1999:236). Teve geração:
ANA DAS NEVES, citada no Inventário de Antônio de Brito Peixo-
to (MRSJDR-1750. Cx : 605).
2 (III) - ANTONIO VIEIRA DE MORAIS, nascido em São Paulo e falecido
em 1753 em São João del-Rei. C.c. ANA PIRES DE OLIVEIRA em
20-DEZ-1720, em São Paulo, filha de Matias de Oliveira Lobo,
falecido em 1745 e de Ana de Morais Madureira, casados em
1694(ASBRAP, 1999:236).
3 (III) - TERESA DE MORAIS, que segue.
4 (III) - MARIA DE MORAIS RAPOSO, que segue no § 6º.

III- TERESA DE MORAIS, batizada na Sé de São Paulo, C.c. com ANDRÉ DO


VALE RIBEIRO em 9-MAIO-1707, na Vila de São João del-Rei, tendo co-
222 Portugueses e suas gerações no trecho do Caminho Velho

mo testemunha, seu irmão Pedro de Morais Navarro e falecida em 20-


AGO-1727. André do Vale Ribeiro foi batizado em 27- MAIO-1675 na
Freguesia de São Mamede de Valongo, Concelho e Comarca de Valongo,
distrito e bispado do Porto, Minho. Era filho de Domingos Francisco e Ma-
ria do Vale. Seu inventário iniciou-se em 6-MAIO-1720 (MRSJDR, Cx
234). Dois anos antes de seu falecimento, em 27-JUL-1718 recebeu carta
de sesmaria, registro das terras que vinha colonizando no Rio Grande: [...]
numa capoeira, que há 10 anos foi roça e nunca mais foi plantada, no Rio
das Mortes Pequeno, Caminho Velho para a passagem velha do Rio
Grande (APM, SC 12:08v). Filhos que tiveram:
1 (IV) - MANOEL DO VALE RIBEIRO
2 (IV) - MARIA DE MORAIS RIBEIRO, que segue.
3 (IV) - ANTONIO DO VALE RIBEIRO, C.C. ROSA MARIA DE JESUS.
4 (IV) - LUZIA DA CRUZ DE MORAIS RIBEIRO consta do inventário de sua
mãe à folha 27 v: o seu nome como LUZIA DO VALE. Foi C.c.
ANTONIO MARTINS SALDANHA e na folha 64 v: aparece menção
à Luzia da Cruz e Antonio de Morais Ribeiro (Antônio do Vale
Ribeiro?).
5 (IV) - ANDRÉ, falecido depois da morte do pai.
6 (IV) - QUITÉRIA, que também faleceu da mesma forma.
7 (IV) - ÂNGELA DE MORAIS RIBEIRA, que segue no § 5º.

IV- MARIA DE MORAIS RIBEIRO, citada no inventário de sua mãe, como MA-
RIA RIBEIRA DO VALE (MRSJDR, NV-1727, Cx464).
Foi batizada em 15.05.1711 na matriz de N.Sra. do Pilar de São João del-
Rei e faleceu com testamento em 12-JUN-1794, na Fazenda das Bicas,
Freguesia de Carrancas (MRS JDR,INV-Cx214 e Livro de Testamento
1794-1795:28v.-30v.). Ela foi C.c. ANTÔNIO DE BRITO PEIXOTO, em
10.06.1725, na casa da sesmaria vizinha, a do Capitão Luis Marques Ne-
ves.
Antônio de Brito Peixoto, nascido na Freguesia de São João de Souto da
cidade, concelho, comarca e distrito do bispado de Braga, Minho, era filho
de Inácio Andrade Peixoto (de onde provém o apelido Andrade que a ge-
ração dele adotou) e Clara de Brito; faleceu em 1750 (MRSJDR-INV -CX
605).
Em 1711 Frei Antônio Peixoto registrou sesmaria no Caminho Velho, na
região de Carmo da Cachoeira, que supomos tratar de Antônio de Brito
Peixoto. Se confirmado, deixou este, o hábito depois que os integrantes da
Companhia de Jesus foram expulsos de Minas Gerais em 1722, pelo Con-
de de Assumar?
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O jesuíta vendeu sua sesmaria em 1717 a Manoel da Costa Gouveia para o


fornecimento de madeira para a mineração, no Rio do Cervo no Palmital,
hoje distrito de Carmo da Cachoeira.
Depois da morte de Antônio de Brito Peixoto, sua mulher obteve confir-
mação de sesmaria, datada de 6-NOV-1759, que ficava na Serra das Bicas,
donde veio a denominação da fazenda. Nessa mesma data, seu filho, José
de Andrade Peixoto também recebeu registro de sesmaria na Paragem Pi-
tangueiras, entre a Fazenda do Porto do Saco de João de Toledo Piza e a
Fazenda da Rocinha de Diogo Garcia e Júlia da Caridade (APM - Vol.
XXXVIII - Catálogo de Sesmarias, 1988:47). Quando a Usina Hidrelétrica
do Funil foi construída, perdeu-se grande parte do Caminho Velho, onde
nele corria o Rio Pitangueiras, totalmente desaparecido nesta ação. Em
1785, a Fazenda das Bicas pertencia ao casal Jerônimo de Andrade Brito e
Maria de Sousa Monteira, sendo ela a concessionária da sesmaria da Serra
das Bicas. Em 1862, era proprietário das terras Antônio Francisco de Sou-
sa, quando foi batizada sua filha, Ernestina. Nesta propriedade, em 1867,
registrou-se uma ermida. No ano 2000 esta fazenda pertencia a Rosemira
Ferreira de Andrade, descendente de Antônio Francisco de Sousa, segundo
Marta Amato (AMATO, 2000:36).
Consta da Revista ASBRAP, a geração de Maria Morais Ribeira e Antônio
de Brito Peixoto. Citamos os filhos que tiveram (ASBRAP, Vol. 4: 157):
1 (V) - TERESA MARIA DA CONCEIÇÃO, que segue.
2 (V) - JOSÉ DE ANDRADE PEIXOTO, que segue no § 3º.
3 (V) - JACINTA MARIA DA CONCEIÇÃO Casou-se primeira vez com
GREGÓRIO LOPES DOS REIS e depois com SARGENTO MOR JOSÉ
ANTÔNIO DE ALMEIDA.
4 (V) - MARIA VITÓRIA DO NASCIMENTO, que segue no § 4º.
5 (V) - ÂNGELA MARIA DE JESUS, gêmea de Maria Vitória do Nascimen-
to C.c. BENTO MANUEL DO NASCIMENTO. Sem geração.
Aos dez dias do mês de Outubro de mil setecentos e sessenta e um anos
faleceu com todos os sacramentos ministrados pelo Reverendo Louren-
ço José de Almeida, Ângela Maria de Jesus, casada com Bento Manoel
do Nascimento, foi acompanhada e encomendada pelo Padre Coadjutor
Boaventura Lopes Leite e sepultada dentro da Capela da Senhora do
Bonsucesso dos Serranos e para constar fiz este assento. Aiuruoca, 10
de outubro de 1761. O Coadjutor, Inácio João de Souza (MRSJDR,
1750, Cx: 650-F169V.)

6 (V) - AJUDANTE JERÔNIMO DE ANDRADE BRITO C.c. MARIA DE SOUSA


MONTEIRO, senhores de sesmarias citadas acima.
224 Portugueses e suas gerações no trecho do Caminho Velho

V- TERESA MARIA DA CONCEIÇÃO nascida na Freguesia de São João Del-Rei,


falecida em 16-JUN-1812 com testamento na Paragem de Andrequiçé em
São Gonçalo de Ibituruna (MRSJDR-INV-CX373). C.c. Simão de Oliveira
Pereira, falecido em 1794, do Arcebispado de Braga, filho de João de Oli-
veira Pereira e Maria Borges (AEAM, 1797-Arm. 6, Pasta 588:62 e 62
verso – “de genere” do Padre Joaquim Leonel de Paiva Silva).
1 (VI) - PADRE MANOEL JOÃO DE OLIVEIRA, falecido antes de sua mãe.
2 (VI) - JOÃO DE OLIVEIRA PEREIRA, inventariante de sua mãe..
3 (VI) - JOAQUINA MARIA DE OLIVEIRA C.C. MANOEL MARTINS FERREI-
RA, filho de André Martins Ferreira e Maria de Sousa Monteiro.
Mais três filhos desse casal casaram-se com descendentes de An-
tônio de Brito Peixoto, além de Manoel: José, Maria e Laureana.
Do inventário de Joaquina Maria de Oliveira constam como bens
de raiz terras de sua mãe Teresa Maria da Conceição:
uma morada de casas de telhas, situadas no Arraial de Ibituruna
com seu pátio, portão e fundos cercados de taipa, parte da Fazenda
Arapiara e bens na Fazenda do Sertão, localizados na Freguesia do
Senhor do Bom Jesus da Cana Verde dos Batatais, termo da Vila de
Franca do Imperador, hoje Batatais em São Paulo, bens que em
parte estão na Fazenda Cachoeira no Rio Pardo.
4 (VI) - MARIANA TERESA DE OLIVEIRA C.C. DR. JOSÉ MARTINS FERREI-
RA (irmão de Manoel Martins Ferreira).
5 (VI) - ÂNGELA TEODORA DE OLIVEIRA C.C. ANTÔNIO PEREIRA LIMA.

§ 3º
V- JOSÉ DE ANDRADE PEIXOTO (filho de Maria de Morais Ribeiro, do § 2º nº
IV) Em 1750, no inventário de seu pai, Antônio de Brito Peixoto, estava
com 16 anos. C.c. MARIA VITÓRIA DO NASCIMENTO, falecida em 31-DEZ-
1810 na Fazenda Pitangueiras, Freguesia de Carrancas. Foram os pais de:
1 (VI) - ALFERES JOSÉ JOAQUIM DE ANDRADE C.C. FRANCISCA PAULI-
CÉIA DE JESUS.
2 (VI) - ALFERES FRANCISCO JOSÉ DE ANDRADE MELO C.C. em primeiras
núpcias com ANA LUDOVINA DE PAIVA e em segundas núpcias
com CÂNDIDA UMBELINA DE SOUSA.
3 (VI) - ANA ESMÉRIA DE ANDRADE C.C. CUSTÓDIO JOSÉ PINTO, filho de
Luiz de Sousa Pinto e Mariana Teresa.
4 (VI) - RITA FELÍCIA DE ANDRADE C.C. DIOGO GARCIA DE ANDRADE,
filho de José Garcia, neto paterno de Diogo Garcia e Júlia Maria
da Caridade.
5 (VI) - MARIA RITA DE ANDRADE, que segue.
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6 (VI) - INÁCIA CONSTÂNCIA DE ANDRADE, baronesa, em 1808 C.c. o 1o


Barão de Alfenas, GABRIEL FRANCISCO JUNQUEIRA, filho de Jo-
ão Francisco Junqueira e Helena Maria do Espírito Santo, neta
materna de Inácio Franco e Maria Teresa de Jesus da Fazenda
Sto. Inácio, Caminho Velho, onde existiu a ermida do Divino Es-
pírito Santo.
7 (VI) - ALFERES TOMAZ JOSÉ DE ANDRADE C.C. ANTÔNIA FRANCISCA
JUNQUEIRA, filha de José Francisco Junqueira e Antônia Maria
de Jesus.

VI- MARIA RITA DE ANDRADE C.C. JOSÉ GONÇALVES PENHA. Pais de:
1 (VII) - FRANCISCO GONÇALVES PENHA, BARÃO de São Tomé C.c. a
prima MARIANA BENEDITA DE ANDRADE, filha de Francisco José
de Andrade.

§ 4º
V- MARIA VITÓRIA DO NASCIMENTO ou DE MORAES (filha de Maria de Mo-
rais Ribeiro, do § 2º nº IV) C.c. CAPITÃO DOMINGOS DE PAIVA E SILVA, da
Fazenda do Gramador em Carrancas, contratado antes para casar-se com
Luiza Teresa de Brito, que se casou com Alferes Amaro Gonçalves Cha-
ves. Ela teve sesmaria em 10-ABR-1764, entre o Ribeirão da Ponte Alta e
o sítio de Manuel Machado Toledo, divisando com José de Andrade Peixo-
to. Pais de:
1 (VI) - ANA ZEFERINA C.C. TENENTE TOMAZ COELHO DOS SANTOS.
2 (VI) - MARIANA BERNARDA.
3 (VI) - FRANCISCA BENEDITA DE ASSIS, que segue.
4 (VI) - INÁCIA CÂNDIDA DE PAIVA C.C. CAPITÃO JOAQUIM GOTARDO DE
LIMA.

VI- FRANCISCA BENEDITA DE ASSIS C.C JOSÉ JOAQUIM RIBEIRO, neto paterno
de Antônio Ribeiro da Silva e de Genoveva da Trindade filha de Maria da
Porciúncula Barbosa e de Francisco Ávila Fagundes. Pais de:
1 (VII) - PADRE ANTÔNIO JOAQUIM RIBEIRO, ordenado em 3-MAIO-1824.

§ 5º
IV- ÂNGELA DE MORAIS RIBEIRA (filha de Teresa de Morais, do § 2º nº III)
nascida em 1717 em São João del-Rei e falecida em 9-JUN-1763 na Para-
gem do Rio Grande. C.c. JOSÉ GOMES BRANQUINHO, aos 36 anos de idade,
no dia 2 de fevereiro de 1733, na cidade de São João del-Rei. Ele nascido e
226 Portugueses e suas gerações no trecho do Caminho Velho

batizado no dia 21-JUN-1697 na Freguesia de São Salvador. Por volta de


1706, aos 9 anos de idade veio para o Brasil, falecendo em 1754.
Em 12 de janeiro de 1728 [...] tirou licença para compra de umas casas a
Teodoro Ribeiro sitas na rua Direita desta Vila (São João del-Rei), as
quais partem com Vicente Rodrigues e são livres de foro (MRSJDR- Afo-
ramentos e Concessões de Terra).
O pai de José Gomes Branquinho, Manuel Gomes Branquinho, faleceu em
20-JUN-1706 na Freguesia São Salvador da Sé, Bispado de Angra, Ilha
Terceira, Açores, sendo enterrado na Igreja da Sé na sepultura da fábrica.
Era casado com Francisca de Assunção, nascida mais ou menos em 1666 e
falecida em 16-JUN-1706 também na mesma freguesia (PROJETO COM-
PARTILHAR).
Não localizamos sesmaria de José Gomes Branquinho na Comarca do Rio
das Mortes, mesmo com casas em São João del-Rei como foi citado. Po-
rém, ele obteve confirmação de sesmaria no Córrego das Pedras, Termo de
Pitangui, em 30-JUN-1746.
[...] por seu bastante procurador, que havendo comprado umas posses
que lançara Manuel Rodrigues Coimbra, em uns matos devolutos, sito
ao pé do caminho antigo para Pitangui, nos quais mandara o suplicante
fazer uma roça, de que estava há três anos, e querendo agora para rea-
lidade de seu título e conservação dela em melhor forma constituí-lo,
para que em nenhum tempo se argüisse nulidade da compra que fizera
das ditas terras e matos e posses, que nelas tomara o dito Coimbra,
vendedor delas ao suplicante, recorria este, concedesse por carta de
sesmaria as referidas terras na Paragem de um Córrego chamado das
pedras, que no princípio delas corria por elas abaixo, o qual tinha sua
presença ou cabeceiras por detrás do capitão do Mato Francisco Si-
mões e ia desaguar no Rio do Peixe, que juntava com o Rio Pará, cujas
terras confrontavam de uma parte com outras, do dito capitão do Mato,
e da outra com terras do capitão Antônio Marques Morais
(RAPM,XII:993 SC-85:191v.).

Atualmente, entre Pitangui e Divinópolis, existe um pequeno povoado,


Mata dos Coqueiros, cujos habitantes têm, a maioria, o sobrenome Bran-
quinho, segundo informação do presidente do Instituto Cultural Maria de
Castro - Itaúna, Dr. Guaracy de Castro Nogueira, que ali esteve certo ano,
pregando durante a Semana Santa.
Ângela de Morais Ribeira e José Gomes Branquinho foram os pais de:

V- CAPITÃO JOSÉ JOAQUIM GOMES BRANQUINHO, único herdeiro, segundo


declaração testamentária de sua mãe:
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Declaro que sou natural da Freguesia desta vila, filha legítima do Ca-
pitão André do Vale Ribeiro e de Tereza de Morais, já defuntos e sou
viúva de José Gomes Branquinho de quem tive o dito José Joaquim que
é meu legítimo herdeiro (MRSJDR-INV,1763,cx 165).

O Capitão nasceu e foi batizado em 1740 em São João del-Rei e faleceu


em 1º-ABR-1821 na sua Fazenda no Ribeirão da Boa Vista, Freguesia de
Lavras do Funil. C.c. MARIA VITÓRIA DOS REIS, filha do português Do-
mingos dos Reis e Silva e Andreza Dias de Carvalho, natural da Borda do
Campo, Barbacena, em 16-JUN-1776. Maria Vitória dos Reis era irmã de
Antônio dos Reis Silva e de Manuel dos Reis Silva, que depois de C.c.
Mariana Vilela do Espírito Santo, se estabeleceu na Fazenda Couro do
Cervo, no Palmital do Cervo (Carmo da Cachoeira).
Podemos encontrar a descendência dos Gomes Branquinhos, tanto no ter-
mo de São João del-Rei, como no termo de Pitangui onde José Gomes
Branquinho teve sesmaria registrada. Tanto seu filho José Joaquim Gomes
Branquinho, quanto um outro Inácio Gomes Branquinho, aparecem no Ar-
quivo Judiciário de Pitangui, em 1788.
Segundo consta, José Gomes Branquinho é o patriarca da família Branqui-
nho no Brasil e os seus descendentes se multiplicaram por quase todos os
estados brasileiros, sendo encontrados principalmente em Minas Gerais,
São Paulo e Goiás.
A respeito dos Gomes Branquinhos, arrolamos alguns documentos que
constam dos Índices de Pitangui, e dos livros de Itapecerica, arquivados no
Instituto Cultural “Maria de Castro” - Itaúna. O Arquivo Judiciário de Pi-
tangui encontra-se interditado para pesquisas, mas deverá logo ser liberado
pela UFMG que trabalha na recuperação de seu acervo:
- Em 1778, aos trinta anos de idade, José Joaquim Gomes Branquinho se
encontrava no termo de Pitangui, onde estava sendo-lhe movida uma
ação de Libelo (L. 4, 1778,IV:527-ICMC - Itaúna).
- Inácio Gomes Branquinho, com documentos arrolados em 1778
(IV:527), e no ano de 1865 (XXII:1283).
- Na capela do Espírito Santo da Itapecerica em 16-AGO-1835 solene-
mente batizou-se Manoel filho de Elias Gomes Branquinho e sua mu-
lher Apolinária Francisca de Jesus. Padrinhos, Antônio Ferreira da Sil-
va e sua mulher Maria Teresa: Capelão Liberato José Fernandes
(ICMC-Itaúna -Livro de Batismo Itapecerica, 1835: 49v.).
- Na capela do Espírito Santo, em 1836, o reverendo Gilberto José Fer-
nandes batizou Ana Jacinta filha de Manoel Gomes Branquinho e sua
mulher Claudina Ribeira da Silva. Foram padrinhos José Ribeiro da
Silva e Ana de Jesus (ICMC - Itaúna -Livro de Batismo Itapecerica,
1836: 55).
228 Portugueses e suas gerações no trecho do Caminho Velho

- Em 5.12.1830, no Espírito Santo da Itapecerica, batizou-se Joaquim, fi-


lho de Manoel Gomes Branquinho e sua mulher Francisca. Foram pa-
drinhos José da Cunha e Rita Bernardes de Jesus (ICMC-Itaúna-Livro
de Batismo Itapecerica, 1830: 139).
- Em 30-MAIO-1830, batizou-se a Josina, inocente, filha de Rafael José
Teixeira e Ana Maria, padrinhos José Gomes Branquinho e Maria Joa-
quina (ICMC -Itaúna- Livro de Batismo Itapecerica, 1830: 144).
- Em 12.06.1831, batizou-se Maria inocente, filha de Manoel Gomes
Branquinho e Claudiana Ribeira da Silva, foram padrinhos José Carlos
Borges e Ana Ribeiro da Silva (ICMC-Itaúna -Livro de Batismo Itapece-
rica, 1831: 146).
- Em 22 – MAIO -1832, batizou-se Maria, filha de José Gomes Branqui-
nho e de Joana Maria de Jesus. Foram padrinhos Joaquim Carlos e
Maria da Piedade (ICMC- Itaúna -Livro de Batismo Itapecerica, 1836:
149v.).

A primeira petição da sesmaria de José Joaquim Gomes Branquinho se deu


quase no final do século, em 9-JUL-1795, cujos autos de medição citaram
as cabeceiras do Ribeirão Boa Vista e do Ribeirão Santa Rita (APM -SC
265: 64 verso e RAPM,1988:110).
Em 5-JAN-1801, José Joaquim Gomes Branquinho pedia providências ao
Conselho Ultramarino, quanto às suas terras protocolando [...] um pedido
de carta de confirmação de meia légua em quadra na paragem das cabe-
ceiras da sesmaria e fazenda chamada Boa Vista, Termo da Vila de São
João del-Rei, Comarca do Rio das Mortes (AHU, Cx 156, documento 30).
Maria Vitória dos Reis, em 25-JUN-1822, na Fazenda Boa Vista, em casas
de sua morada declarou que o marido faleceu no dia 1-ABR-1821, cujo
testamento teve abertura solene no dia 12-MAIO-1821 com as seguintes
recomendações:
[...] ordeno que meu corpo seja amortalhado no hábito da Senhora do Carmo
de quem sou irmão terceiro e sepultado na igreja matriz ou capela mais vizi-
nha do meu falecimento...
[...] declaro que sou casado com Dona Maria Vitória dos Reis de cujo matri-
mônio temos 10 filhos, sete casados e 3 solteiros os quais são meus legítimos
herdeiros:
Legados:
A minha afilhada Maria filha do meu filho João Damasceno – 50$000;
A meu afilhado José, filho do meu compadre José Alves – 50$000;
A meu afilhado José, filho de meu filho José – 50$000;
A senhora do Carmo para suas obras – 100$000
Revista da ASBRAP nº 13 229

Declaro que a minha filha Jacinta casada com o capitão Joaquim Fernandes,
dei de dote 450$000, do mesmo modo dotei minha filha Maria casada com
José Alves (Figueiredo), do mesmo modo minha filha Cândida casada com
Antônio Alves (Figueiredo)
Nomeio como primeiro testamenteiro a minha mulher, em segundo lugar a
meu filho João Damasceno e em terceiro ao compadre Joaquim Fernando
(Projeto Compartilhar).

Foram herdeiros de José Joaquim Gomes Branquinho:


1 (VI) - CAPITÃO JOÃO DAMASCENO BRANQUINHO, casado.
2 (VI) - JACINTA PONCIANA BRANQUINHO C.C. CAPITÃO JOAQUIM FER-
NANDES RIBEIRO DE RESENDE.
3 (VI) - ALFERES LUIS GONZAGA BRANQUINHO, que segue.
4 (VI) - ALFERES CÂNDIDO HERMENEGILDO BRANQUINHO.
5 (VI) - MARIA DAS DORES BRANQUINHO C.C. O CAPITÃO JOSÉ ALVES
DE FIGUEIREDO.
6 (VI) - JOSÉ JUSTINIANO BRANQUINHO, casado.
7 (VI) - CÂNDIDA NICÉSIA BRANQUINHO C.C. ANTÔNIO ALVES FIGUEI-
REDO.
8 (VI) - ALEXANDRE GOMES BRANQUINHO, solteiro, idade 27 anos.
9 (VI) - ANA ALEXANDRINA BRANQUINHO, solteira, idade 25 anos.
10 (VI) - CLAUDINA MARCELIANA BRANQUINHO, solteira, idade 22 anos.
Em 1827, Claudina, solteira pediu emancipação e apresentou cer-
tidão de nascimento: nasceu em 1799 e foi batizada na Capela de
São Bento do Campo Belo, Caminho Velho, (hoje cidade de São
Bento Abade, tendo como padrinhos Domingos dos Reis e Silva
e Maria Clara de Resende) (MRSJDR,Cx 605).

VI- ALFERES LUIS GONZAGA BRANQUINHO, C.C. ANA CÂNDIDA MEIRELES.


Pais de:

VII- JOÃO NASCIMENTO BRANQUINHO C.C. MARIA HONÓRIA MEIRELES. Pais


de:
1 (VIII) - ANTÔNIO SATURNINO BRANQUINHO C.C. ANA EMÍLIA RESENDE.

§ 6º
III- MARIA DE MORAES RAPOSO (filha de Francisca de Morais, do § 2º nº II),
natural e batizada na igreja Matriz, hoje Sé Catedral de S. Paulo onde se
C.c. LUÍS MARQUES DAS NEVES, nascido na Freguesia de S. Mamede do
230 Portugueses e suas gerações no trecho do Caminho Velho

lugar de Valongo, Bispado do Porto e que foi morador em S. Paulo até


cerca de 1720, onde tinha loja de mercadorias, indo para Minas Gerais
(AMATO, In ASBRAP –vol. 6: 237).
O português Luis Marques das Neves já era morador no Rio das Mortes
Pequeno, nas vizinhanças de André do Vale Ribeiro, muito antes de 1720.
Ele recebeu confirmação de sua sesmaria em 20-JAN-1720 [...] de uma lé-
gua em quadra, com 34 escravos, 14 cabeças de gado; seis porcos; roça e
sítio com casa e senzalas de capim e dois alqueires de planta (APM, SC
12:20e 20v.).
Além de suas terras confrontarem com André do Vale Ribeiro, divisava
também com Pedro Rodrigues Maia e Domingos Alves Canjica e ficavam
próximas às terras de João Gomes Salgado, que deram origem à povoação
de N. Sra. da Conceição da Barra.
Na data de 14-JUN-1732, o bispo do Rio de Janeiro passou provisão para
que Luís Marques das Neves erigisse [...] uma capela no seu sítio da La-
goa Verde, freguesia de São João del-Rei, com a invocação de N. Sra. do
Rosário (Igrejas de Minas-1728-1732- JOSÉ GOMIDE BORGES, inédi-
to:120).
Segundo Waldemar Barbosa, havia na Paragem da Alagoa (Lagoa Verde)
uma capela denominada Rosário da Alagoa, [...] elevada a curato por Al-
vará Régio em 27-SET-1758 (BARBOSA,no.181:20).
Posteriormente, a “Lagoa Verde”, propriedade do Capitão Mor Matias
Gonçalves Moinhos, se transformou no núcleo que deu origem à povoação
da Paragem de Nossa Senhora do Rosário da Alagoa, hoje o município da
Alagoa, no Sul de Minas, atravessada por Saint-Hillaire em 1822:
[...] pela capela de Santo Antônio das Mortes e uma grande mineração
do tipo a que se dão o nome grupiara, [e] em seguida subiu [...] um
morro bastante elevado, chamado “Morro da Lagoa Verde”. [...] Desde
que entrara na região dos campos [ele] ainda não tinha visto morros
tão poucos arredondados ou vales tão estreitos e profundos quanto nas
terras que percorria agora entre a Lagoa Verde e a Fazenda do Tanque
(SAINT-HILLAIRE, 1975:80).

Maria de Morais Raposo e Luís Marques das Neves foram os pais de:
1 (IV) - FRANCISCA DE MORAIS, que segue.
2 (IV) - CUSTÓDIA DE MORAIS, que segue no § 7º.
3 (IV) - JOSEFA DE MORAIS, que segue no § 8º.
4 (IV) - JOÃO MARQUES PADILHA, que segue no § 9º.
5 (IV) - ANGÉLICA TERESA DE MORAIS SARMENTO C.C. HENRIQUE CAR-
LOS DE SOUSA MAGALHÃES, tenente dos dragões de Minas. Em
19-NOV-1774 estava viúva e solicitava a D. José, desobrigá-la
Revista da ASBRAP nº 13 231

da fiança que haviam assinado a Francisco Xavier, Manuel Duar-


te de Melo e João Cerqueira (BOSCHI,Cx 107 Doc 38).
6 (IV) - MARIA FELISBERTA DE MORAIS SARMENTO, que segue no § 13º.

IV- FRANCISCA DE MORAIS, natural e batizada na Igreja Matriz de S. Paulo,


C.c. JOÃO GOMES SALGADO, natural e batizado na Igreja de S. Pedro de
Pavolide, bispado de Viseu, filho de João Gomes e Maria Simão do lugar
Cabal, Freguesia de São Pedro, Bispado de Viseu. Em 1740, procedeu-se
ao inventário de João Gomes Salgado, que mandou fazer o Doutor Juiz dos
Órfãos Antônio Martins Couto, em 30-MAR-1740 no qual a viúva decla-
rou que:
[...] morando ela com seu marido na Vila de Pitangui e sendo-lhes ne-
cessário por causa de enfermidade do referido seu marido virem a Vila
do Ribeirão do Carmo para aí se curar sucedeu o falecimento este de
que ficaram os filhos menores e como o pai da Suplicante disto tivesse
noticia a foi conduzir e os ditos filhos para sua casa em companhia, e
que tem domicilio nesta Comarca onde a mesma Suplicante se acha em
cuja condução pela distancia se gastou largo tempo sem ser possível a
suplicante fazer Inventário e porque a fatura deste pertence a este juízo
(...) requer se proceda a Inventário nos seus bens (...) (MRSJDR-1740,
cx 487).

Quando João Gomes Salgado faleceu, deixou filhos menores, sendo nome-
ado a princípio o tutor João Peixoto do Amaral e depois o Padre Manuel
do Vale Ribeiro, filho de Teresa de Morais e André do Vale Ribeiro.
Antes de morarem em Pitangui, tiveram terras na Fazenda da Barra, ori-
gem da povoação de Nossa Senhora da Conceição da Barra, onde serviu o
Padre João Gomes Salgado, nos primeiros anos de sua vida eclesiástica.
Filhos do casal:
1 (V) - PADRE JOÃO GOMES SALGADO, natural e batizado na Freguesia
de N.Sra. da Conceição dos Prados (AEAM-1748-Arm.05, Pasta
834).
Em 1748 ele entrava para o seminário em Mariana, quando tam-
bém ingressou o Padre José da Costa Oliveira que se tornou vigá-
rio da Freguesia de Carrancas e Lavras. O Padre João Gomes
Salgado tornou-se seu coadjutor, residindo o primeiro em Car-
rancas e o segundo, em Lavras do Funil, auxiliando-se no tempo
em que Carrancas e Lavras coexistiram como uma só freguesia.
O irmão deste Padre João Gomes Salgado, Luis Gomes Salgado
(que segue) se tornou doador do patrimônio para construção da
232 Portugueses e suas gerações no trecho do Caminho Velho

capela nas Lavras do Funil, patrimônio esse fora de Rosário da


Cachoeira, estabelecido na Colina do Funil.
Para a ordenação de João Gomes Salgado, o Capitão-mor Matias
Gonçalves Moinhos casado com a irmã de sua mãe (Josefa de
Morais) doou o patrimônio que constituiu, em 20-OUT-1750, [...]
de um sítio no Ribeirão do Cervo, com matos virgens, capoeiras,
pastos, campos com suas casas cobertas de telhas e mais três es-
cravos de Angola, Manuel, Jerônimo e Heitor. Nessa data, 20-
OUT-1750, João Gomes Salgado, que já era um habilitando, o
que lhe dava o direito de usar de suas ordens, encontrava-se em
casas de morada de Manuel Francisco Xavier Bueno da Fonseca,
morador no “sítio do Rio Capivari” (no Barro Vermelho, irmão
do Guarda-mor Diogo Bueno da Fonseca, filhos de Francisco
Bueno da Fonseca e Maria Jorge Velho), distrito da Freguesia de
N. Sra. da Conceição das Carrancas [...] aonde o Reverendo An-
tônio Luis Campos, vigário desta (de Carrancas) e Juiz comissá-
rio desta diligência e o Padre Manuel Caetano de Figueredo, es-
crivão eleito, dela vieram para fazer a diligência do Mandado de
Segredo do minorista João Gomes Salgado (AEAM -De Genere-
1748,05-834).
Após o “de genere” e a doação do patrimônio em 30-DEZ-1750,
o Padre João Gomes Salgado recebeu duas provisões:
-para usar de suas ordens, como capelão da capela de São Gonça-
lo da Ibituruna, filial da matriz de São João del-Rei

-para dizer a mais missas e apresentar-se em oito meses (AEAM -


L. P-1750-1752:16).

Realmente, oito meses depois, o Padre João Gomes Salgado se


apresentou ao bispado e em 18 de setembro de 1751, com a idade
de quarenta anos recebeu [...] provisão de um ano para confessar
geralmente neste bispado (AEAM - Registro das Provisões
L.1750-1752:81v.).
Consta que MATHILDES FELIZARDA DE MORAIS SALGADO seria
filha de BERNARDA MARIA DA CONCEIÇÃO, caseira do padre Jo-
ão Gomes Salgado (AMATO,2002).
Em1.ABR.1789,Mathildes Felizarda de Morais Salgado casou-se com
Dr. Roiz Barreiros em São João Del-Rei ( AEAM –L. Provisões 1788-
1789-:142 v.).
Em 24.SET.1798, através do procurador Capitão Antônio Justiniano
Monteiro de Queiróz recebeu confirmação de uma sesmaria na Fazenda
da Cachoeirinha, nas margens do Rio Grande da Freguesia das Lavras
Revista da ASBRAP nº 13 233

do Funil, em casas de morada da sesmeira (MRSJDR-1798:Cx 11-


Sesmaria).
2 (V) - LUÍS GOMES SALGADO, que segue.
3 (V) - PADRE ALEXANDRE GOMES SALGADO, batizado na capela de
N.Sra. dos Prazeres do Milho Verde filial da matriz da Vila do
Príncipe, Comarca do Serro do Frio e morador na Freguesia de
N. Sra. do Pilar de São João del-Rei, Comarca do Rio das Mortes
(AEAM-1957-019-Serro- Diamantina).
Do Inventário de João Gomes Salgado, em 1740, encontramos mais:
4 (V) - JOSEFA, de idade de sete anos.
5 (V) - TOMÁZIA, de idade de cinco anos.
6 (V) - FERNANDO, de idade de dois anos, cujo atestado de óbito segue.
Certifico que em meu poder e cartório se acha um livro que serve
de fazer o Assento das pessoas que faleceram nesta Freguesia de
Nossa Senhora do Pilar e nele a folhas 80 no quinto assento da di-
ta folha se acha o Assento do teor seguinte:
Aos vinte e sete dias do mês de Fevereiro de mil setecentos e qua-
renta e um anos faleceu da vida presente Fernando párvolo, filho
legitimo de João Gomes Salgado, já defunto, e foi sepultado den-
tro da Capela de Nossa Senhora da Conceição da Barra, filial des-
ta Matriz de Nossa Senhora do Pilar de São João del Rei, de que
fiz este assento.O Coadjutor o Padre Matheus Machado (MRS-
JDR, 1740-Cx487).

Houve a nomeação do tutor João Peixoto do Amaral para os órfãos Luiz,


Alexandre, Fernando, João, Josefa e Tomásia e sobre o órfão João Gomes
Salgado, se disse que ele:
[...] se acha hoje em estado de sacerdote servindo de Capelão aos apli-
cados da Capela de Nossa Senhora da Conceição (da Barra) filial da
Freguesia Matriz desta Vila e que os órfãos Luiz, Alexandre e Fernando
se achavam em companhia de sua mãe donde aprendiam a ler, escrever
e contar e também o Latim com boa educação e ensino - e que as órfãs
Thomasia e Josefa se achavam em companhia da dita sua mãe donde
lhe davam o ensino e educação necessária ensinando-as suas costuras,
e declarou que o órfão Fernando era falecido da vida presente.

Na data de 28 –MAR-1758, no Auto de Contas, o tutor era Manoel do


Vale Ribeiro e foi dito:
- Do órfão JOÃO GOMES... se acha estar sacerdote do Hábito de São
Pedro e emancipado...
234 Portugueses e suas gerações no trecho do Caminho Velho

- do órfão LUIZ GOMES... se acha com a idade maior de vinte e cinco


anos, em companhia de sua mãe no estado de solteiro.
- Do órfão ALEXANDRE GOMES... se acha no estado de Presbítero
do Hábito de São Pedro (...)
- da órfã JOSEFA... se acha em idade de vinte e cinco anos pouco mais
ou menos, na companhia da dita sua mãe no estado de solteira com boa
educação e ensino (...)
- da órfã TOMÁSIA... se acha com a idade de vinte e três para vinte e
quatro anos (...)
Dizem os Reverendos, Padre João Gomes Salgado, Alexandre Gomes
Salgado e seu irmão, Luiz Gomes Salgado, filhos legítimos que ficaram
por falecimento de João Gomes Salgado (...)
Diz o Padre João Gomes, o Padre Alexandre Gomes, Luiz Gomes,
Dona Josefa de Morais e Dona Tomásia de Morais, filhos legítimos
que ficaram do defunto João Gomes Salgado morador na Conceição e
de Dona Francisca de Morais que eles suplicantes querem justificar os
itens seguintes:
... que os Reverendos Padre João Gomes, Alexandre Gomes se acham
ordenados Presbíteros do Hábito de São Pedro e como tais emancipa-
dos (...)
... que Luiz Gomes se acha com idade e capacidade para administrar
sua legítima (...)
... que Josefa de Morais e Dona Tomásia de Morais também se acham
com idade suficiente e bastante capacidade para administrar suas legí-
timas (MRSJDR-1740:cx 487).

V- LUÍS GOMES SALGADO, doador do patrimônio da capela de Sant´Ana das


Lavras do Funil, casado com JOANA MARIA DA MOTA, natural de
Sant´Ana das Lavras do Funil. Pais de:

VI- PADRE FLÁVIO ANTÔNIO DE MORAIS SALGADO (AEAM-1790- Lavras -


Arm.03-Pasta 501). No dia 22-FEV-1790 ele recebeu provisão por um ano
para servir na catedral de Mariana (AEAM, L. Provisão-1790:202v.).

§ 7º
IV- CUSTÓDIA DE MORAIS (filha de Maria de Morais Raposo, do § 6º nº III),
C.c. PEDRO DA SILVA PORTELA, natural do Valongo, bispado do Porto.
Pais de:
1 (V) - PADRE MANUEL DA SILVA DE JESUS, batizado na Freguesia de N.
Sra. do Pilar de São João del-Rei. Era presbítero secular do hábi-
Revista da ASBRAP nº 13 235

to de São Pedro da Freguesia de Sant´Ana das Lavras do Funil.


Do seu “de genere”, em 22-NOV-1759, consta que ele foi [...] por
si e pelos ditos seus pais e avós paternos e maternos tidos e havidos por
legítimo e inteiro cristão-velho (AEAM-1762, Pasta 41).
O patrimônio para a sua ordenação proveio de terras de proprie-
dade do Padre João Gomes Salgado, com o testemunho de:
[...] João Manuel de Sequeira Lima, da Freguesia de Santa Maria
da Vila Nova, Arcebispado de Braga, morador nas Carrancas [tes-
temunha] que o Reverendo João Gomes Salgado [tem] uma mora-
da de casas situadas na Freguesia de N. Sª. Conceição das Car-
rancas e no Arraial da Senhora Santana das Lavras do Funil, co-
berta de telhas com chácara e quintal. Essas casas foram de he-
rança de João Rodrigues Guimarães (AEAM,1755, Pasta 1663).

Procedeu-se a declaração de que estas terras eram livres de qual-


quer embaraço, conforme está na documentação que segue (Auto
de Posse-1768-Confirmação do Patrimônio de livre impedimen-
to).
Dizemos nós Domingos de Souza e minha mulher Joana Ayres (Al-
ves) que entre os mais bens que possuímos [...] um sítio chamado
“Tavões de sima” (Tabacões), Santa Cruz que compra dele fize-
mos de João de Almeida Pedroso que declarou ser sesmaria do
Guarda-mor Diogo Bueno da Fonseca, que como tal se achou o
dito sítio como o sítio debaixo que vendido foi e como vendido te-
mos e agora e sempre ao Alferes Bernardo Gonçalves Chaves (e
faz a descrição das casas, árvores espinho, como na citação anteri-
or). E assim mais todos os ribeirões e capoeiras de cultura que se
vêem de Angahy para a matriz de Lavras do Funil para cima, que
para baixo pertence ao genro João Rodrigues de Araújo. E assim,
mais todos os campos e logradouros pertencentes a mesma situa-
ção da mesma [...] na forma declarada.... [...] do norte da sobredi-
ta estrada (Caminho Velho) com o dito meu genro, na parte do
poente com matos e campos de João Alves de Paiva e pelo nascen-
te com o Guarda-mor Diogo Bueno da Fonseca, [...] tudo pela
quantia de 200 mil réis que recebemos, quantia que por isso entre-
go ao capitão-mor Manoel Antunes Nogueira.

O Padre Manuel da Silva de Jesus fez compra de terras na para-


gem, conforme se infere do documento:
Aos 6 de abril de 1768, na parage chamada Santa Cruz, Freg. de
Lavras do Funil da Comarca do Rio das Mortes. Eu escrivão vim
com o Juiz Manuel da Costa da Silva, sendo aí testemunhas pre-
236 Portugueses e suas gerações no trecho do Caminho Velho

sentes, Simão da Costa, Antônia da Rosa Pires, Joaquim Vieira (8


linhas estragadas,) Ass. Como Juiz da Vintena Manuel Costa da
Silva, Gabriel Rosalles dos Prazeres, Bernardo Guimarães, Simão
da Costa.

E em 1782 compra toda a paragem conforme o “Devo que paga-


rei” de 4-DEZ-1782:
[...] o sítio por 5:000$000 a saber 300 mil réis por e mais outras
parcelas quando então pela escritura lhe passaram as chaves e
por nós ambos assinados. Hoje, Paivas, 4/12/1782 José Pereira de
Carvalho e Theodora Maria assinaram (AEAM-1755- Manuel da
Silva de Jesus - No. 1663).

Em 24-FEV-1790 o Padre Manuel da Silva de Jesus iniciou uma


troca de bens do patrimônio que fora doado à Igreja quando da
sua ordenação e tem o seguinte teor:
Diz Manuel da Silva de Jesus, presbítero secular do Hábito de São
Pedro da Freguesia de Santana das Lavras do Funil que ele deseja
remover o Patrimônio a título dos quais foi ordenado neste bispa-
do para os bens contendo nos documentos que junto ofereceu, co-
mo não pode fazer sem faculdade:
Uma escritura pública de doação que faço a mim mesmo a benefí-
cio de remover o meu patrimônio que se acha feito em uma mora-
da de casas citas no Arraial de Lavras do Funil ao pé da Igreja
feito patrimônio por doação do Reverendo João Gomes Salgado
cujo cedimento faço em uma fazenda Santa Cruz, sita nesta Fre-
guesia de Lavras do Funil que se compõem de matos virgens, ca-
poeiras, campos e mais logradouros, casas de vivendas, paiol, co-
zinha, monjolo, tudo coberto de telha com seu quintal, murada em
quadra e nela árvores de espinho, divide parte comigo pelo doa-
dor, pelo ribeirão chamado Taboacão, pelo poente com o Reve-
rendo Flávio Antônio de Morais Salgado e D. Felizarda Matilde
de Morais Salgado pelo norte com o Capitão Custódio José Duar-
te, pelo Sul com a Serra do Angahy com quem mais houver por
compra do alferes José Pereira de Carvalho, o qual se acha satis-
feito e assim mais, faço doação para benefício do mesmo “remo-
vimento” de dois escravos Jerônimo, mulato, e outro Domingo de
nação benguela.... 24/02/1790. Documentos Removentes Patrimô-
nio (AEAM,1755:1663).

Em 14-NOV-1790, já como proprietário da sesmaria do Sítio do


Bom Caldo (Palmital do Cervo), ele recebeu [...] provisão como
Revista da ASBRAP nº 13 237

capelão para usar de suas ordens e confessar, na capela de N.


Sª. da Ajuda (Três Pontas) (AEAM,1790: 342).

§ 8º
IV- JOSEFA DE MORAIS (filha de Maria de Morais Raposo, do § 6º nº III), C.c.
com o CAPITÃO MOR MATIAS GONÇALVES MOINHOS, em 2-JUN-
1725(Arquivo Paroquial de Carrancas - L. Casamento-1729-1732:32v.).
O capitão-mor [...] veio para o Brasil de pouca idade. Era filho de An-
tônio Gonçalves Moinhos da Freguesia de Sta. Maria das Júnias, Raya
de Galiza, Concelho de Monte Alegre, Comarca de Avos do Arcebispa-
do de Braga. Antônio Gonçalves Moinhos era casado com Ana Alves de
Villena, legítimos e inteiros cristãos velhos do lugar de Pitões, Fregue-
sia de Sta. Maria das Júnias, Raya de Galiza, do Concelho de Monte
Alegre, Comarca de Xavier, Arcebispado de Braga (AEAM-1765).

Em 16-ABR-1751, recebeu confirmação de sua sesmaria que se localizava


nas proximidades do Vau Formoso, na Paragem do Bom Caldo, cujo nome
primitivo era “Paragem do Sertão do Cervo” e na petição sesmarial, seu
proprietário se dizia [...] vizinho da Serra Branca na ponta das Carrancas,
isto é, da serra que levava este nome (APM SC 94: 83v.).
Em 1769 Mateus (Matias) Gonçalves Moinhos já se encontrava com a fa-
mília estabelecido com sesmaria, na região do Rio Aiuruoca, dando origem
à Paragem da Alagoa, hoje município de Alagoa, no Sul de Minas
(RAPM,1900, SC 96:157v. 1769).
Filho que se conhece:
1 (V) - MATIAS GONÇALVES MOINHOS VILLENA, nascido em 1753
(AEAM-1765).
Segundo Lefort, o coronel Matias Gonçalves Moinhos [...] nasceu
em 1753, nesta paragem (Paragem do Bom Caldo?) e [...] foi ca-
sado em 1779, com Iria Claudina Umbelina da Silveira (LEFORT,
1972:79).
Iria Claudina Umbelina da Silveira era irmã de Bárbara Eliodora
Guilhermina da Silveira, mulher do inconfidente Inácio José de
Alvarenga Peixoto, filhas do Dr. José da Silveira e Sousa e Maria
Josefa da Cunha, esta filha de Mariana Bueno da Cunha e do Ca-
pitão José Carlos Monteiro de Araújo, morador no Arraial de San-
ta Rita de Vila Boa de Goiás (Arquivo Paroquial de São João del-
Rei, Livro de Casamento 1765-1790).
Iria Claudina, era bisneta materna de Baltazar da Cunha Bueno e
Mariana Buena da Rocha, casada a primeira vez com o Capitão
238 Portugueses e suas gerações no trecho do Caminho Velho

José Ferreira Chaves (APSJDR, e Registro de Óbito 1786 : fl 01 e


Livro de Óbitos-1805-1806: fl 5-Testamento).
O coronel Matias Gonçalves Moinhos, fez os seus estudos no se-
minário de Mariana. Aos 13 anos de idade, em 1765, apresentava-
se para a ação “de genere” (AEAM-1765). Quatorze anos depois,
aos 26 anos de idade casava-se com Iria Claudina.
Consta do seu “de genere”:
O Padre Matias Gonçalves Moinhos de Vilena, natural e batizado
na Freguesia de N. Sª. do Pilar de São João del-Rei, Comarca do
Rio das Mortes, filho legítimo do Capitão-mor Matias Gonçalves
Moinhos e de Josefa de Morais da mesma Freguesia, e que ele
com continuados estudos e bons costumes, quer ser sacerdote do
Hábito de São Pedro para se empregar nos serviços de Deus e da
sua Igreja.
Para limpeza e pureza do sangue, visto ser seu pai em visão de ser
Cavaleiro Professo da Ordem de Cristo e se acha ausente da sua
naturalidade há mais de setenta anos donde veio de pouca idade,
por ter havido na sua Freguesia guerras e ser destruída do inimi-
go, por estar no Arraial de Galiza e por ter na Freguesia onde
nasceram muitas pessoas da sua Pátria, conhecem seu pai e tron-
cos donde procede e da mesma sorte verificar a paternidade de
sua mãe D. Josefa de Morais que tem como irmã Dona Francisca
de Morais, legítima mãe do Padre José Gomes Salgado e do padre
Alexandre Carlos Salgado do Hábito de São Pedro, ordenados
neste Bispado.
Em 8.8.1766 na residência do Reverendo José Sobral e Sousa, Vi-
gário Geral desta Comarca da Freguesia das Mortes, Comissário
do Santo Oficio, aonde eu, Padre Julião da Silva Abreu, secretário
do mesmo Santo Tribunal e morador na mesma Vila fui vindo aí
por parte de Matias Gonçalves Moinhos de Vilena foi apresentado
o Mandato da Comissão do Mérito, o reverendo Sr, Dr. Provisor e
Juiz das Justificativas de De Genere, deste Arcebispado de Maria-
na (Mandato de Segredo).
Foram Testemunhas: Domingos Dias Santos, que vive de minerar
há 32 anos, solteiro da Freguesia de S. Tiago, Termo de Monte
Alegre Comarca de Arouca Arcebispado de Braga (AEAM-1765).

§ 9º
IV- JOÃO MARQUES PADILHA (filho de Maria de Morais Raposo, do § 6º nº
III), natural e batizado em São João del Rei em 27-NOV-1756 C.c. MARIA
Revista da ASBRAP nº 13 239

DE BARROS, natural e batizada em São Paulo, filha de Bento de Barros Bi-


cudo e de Maria Garcia (Ari Florenzano. In RIEG,1938-vol.27:210).
Eram moradores na Paragem da Pirapetinga – atravessada pelo Ribeirão
Pirapetinga, afluente do Rio do Cervo. Paragem esta no Caminho Velho,
hoje município de Luminárias-Estrada Real, constituída da sesmaria, cujo
registro se deu em 1753 (APM,1753,SC:182v.).
Em 1816, usando o Caminho Velho entre os municípios de Carmo da Ca-
choeira e Luminárias, os cientistas austríacos Spix e Von Martius passa-
ram pela Fazenda Pirapetinga na Serra Branca. Esta fazenda ficava a pou-
cas léguas da Ermida de Sto. Antônio e foi o abrigo destes estrangeiros,
quando uma tempestade os apanhou na Serra Branca (SPIX,1972:136).
No ano de 1776, levantou-se na região, a Fazenda da Serra Branca ou da
Pedra Branca, de propriedade do Cel. José Ferreira Vila Nova, irmão do
Padre Bento Ferreira Vila Nova. Com as terras subdivididas pelas vendas e
sucessões hereditárias a sesmaria deu origem a terras da Fazenda Monjolos
e da Fazenda da Lage que pertencia em 1901 a Carlos Gomes Ribeiro da
Luz, as duas, no município de Luminárias, Estrada Real. Pais de:
1 (V) - JOAQUIM JOSÉ MARQUES DAS NEVES, que segue.
2 (V) - ANA JOAQUINA DO ESPÍRITO SANTO batizada em 10-AGO-1763
em Sant´Ana das Lavras do Funil C.c. JOAQUIM JOSÉ DE BAR-
ROS.
3 (V) - MARIA VITÓRIA DE JESUS, batizada em 8-NOV-1767, C.c. JOSÉ
DOS SANTOS ANDRADE em 4-NOV1793 na capela de São Bento,
natural e batizada em Piedade da Campanha do Rio Verde, filho
de Manoel Miguel de Andrade e de Antônia Maria Clara (AP
Lavras, L.III- Matrimônio:56).
Viúva em 8-JAN-1783, ela C.c. o cunhado ANTÔNIO MARTINS,
filho de Manoel Miguéis (sic) de Andrade e de Antônia Maria
Clara, natural e batizado na Freguesia de Santo Antônio da Vila
da Piedade do Rio Verde (RIEG,Vol.50:213).
4 (V) - ANTÔNIO, nascido em Carrancas em 4-JAN-1771.
5 (V) - LUÍS, nascido em 10-JUN-1772.
6 (V) - MANOEL, nascido em 9-OUT-1775.
7 (V) - FURRIEL JOÃO MARQUES PADILHA, C.c. ANA BRANCA DE TOLE-
DO, em 21-MAIO-1787, filha de Antônio Pereira de Carvalho e
Ana Branca de Toledo, bisneta, portanto, de João de Toledo Piza
e Maria Pedrosa (MRSJDR-Cx 276:36).
8 (V) - MARIA DA COSTA DE MORAIS, que segue no § 10º.
9 (V) - JOSÉ DA COSTA MORAIS C.C. ÂNGELA DE TOLEDO, filha de João
de Toledo Piza.
240 Portugueses e suas gerações no trecho do Caminho Velho

10 (V) - ESCOLÁSTICA MARIA DE MORAIS, que segue no § 12º.

V- JOAQUIM JOSÉ MARQUES DAS NEVES, nascido em 24-FEV-1758, C.c.


TERESA VITÓRIA DE JESUS, filha de Bernardes Xavier e Ana Vitória de Je-
sus (A.P. Lavras L3 - Matrimônio:33 e SILVA LEME, Vol.6:361). Foram
os pais de:
1 (VI) - JOAQUIM, batizado em 14-MAR-1784 em Lavras do Funil (AAP
Lavras, L.IV :253v.).
2 (VI) - JOSÉ, batizado em 6-DEZ-1790 (AAP Lavras, L.V: 177v.).
3 (VI) - ANA, batizada em 2-ABR-1793 (AAP Lavras, L.V:219).

§ 10º
V- MARIA DA COSTA DE MORAIS (filha de João Gomes Padilha, do § 9º nº
IV), viúva de JOÃO DE ARAÚJO ABREU, C.c. MANOEL ANTÔNIO RATTES:
1 (VI) - CIPRIANA ANTÔNIA RATES, que segue.
2 (VI) - JOAQUINA MARIA DA COSTA, que segue no § 11º.
3 (VI) - ANTÔNIA MARIA, natural e batizada em SJDR, C.c. com LUÍS
PIMENTA, filho de Luís Pimenta e de Maria Batista Carneira em
20-NOV-1779, Lavras, (A. Paroquial de Lavras - L.II Matrimô-
nio:122).

VI- CIPRIANA ANTÔNIA RATES que teve em estado de solteira:


1 (VII) - CAETANA (RESENDE, 1980:12).
Cipriana Antônia Rates casou-se depois, em 18-NOV-1779 com Manu-
el Pereira Nunes, natural e batizado em Santiago de Pedra, São Jorge,
bispado de Angra, filho de Antônio Pereira Nunes e Bárbara Nunes (A.
P.de Lavras-L.II-Matrimônio:122).

§ 11º
VI- JOAQUINA MARIA DA COSTA (filha de Maria da Costa de Morais, do § 10º
nº V), que teve em estado de solteira:
1 (VII) - MANOEL.
Manoel, inocente, batizado na ermida de São Bento pelo Padre Manuel
Afonso, com licença do Padre Bento Ferreira, em 20-JUN-1771. Foram
padrinhos Manuel Pereira de Carvalho e Maria da Silva, mulher de
Francisco de Oliveira Galante, de que fez este assento e assino. O co-
adjutor Manoel Afonso Custódio Pereira (RESENDE, 1980:120).
Revista da ASBRAP nº 13 241

Segundo Monsenhor Lefort, em 1771, Joaquina Maria da Costa casou-


se com MANUEL BATISTA CARNEIRO, filho de Luís Pimenta e de Maria
Batista Carneiro (LEFORT, 1972:262).

§ 12º
V- ESCOLÁSTICA MARIA DE MORAIS, (filha de João Gomes Padilha, do § 9º
nº IV), natural do bispado de São Paulo:
1 (VI) - JOAQUIM, batizado em 7-MAR-1782, de licença na Capela de
São Bento, pelo Reverendo José Álvares Proença. Registrou o
vigário da Freguesia de Lavras, José de Oliveira (AP Lavras L.
Batizado II: 06).

§ 13º
IV- MARIA FELISBERTA DE MORAIS SARMENTO (filha de Maria de Morais
Raposo, do § 6º nº III), C.c. AMARO DA COSTA GUIMARÃES, filho de Ama-
ro da Costa Guimarães, falecido em 5-JAN-1816 e de Joaquina Antunes de
Faria, filha de João Pinto Coelho, o Velho. O avô paterno de Amaro da
Costa Guimarães era filho de Jerônimo da Costa Guimarães, natural e bati-
zado na Freguesia de seus pais, João Lourenço da Costa e Jerônima Mar-
tins da Freguesia de São Torquato, Comarca de Guimarães, bispado de
Braga. E sua mãe era Damiana de São José, natural da Freguesia de São
Miguel do Orro, Vale do Arouca, bispado de Lamego (Proc. “de genere et
moribus”,1107-1762-ICMC-Itaúna).
1 (V) - MARIA CÂNDIDA GUIMARÃES C.c. ALFERES ELIAS PINTO COE-
LHO (INV, 243-AJPitangui).

BIBLIOGRAFIA

Fontes Primárias:
AEAM - Arquivo Eclesiástico da Arquidiocese de Mariana.
AENSP - Arquivo Episcopal N.Sra. do Pilar de Ouro Preto.
AHU - Arquivo Histórico Ultramarino, In Boschi.BH.FJP. 1998.
AJP - Arquivo Judiciário de Pitangui - Minas Gerais.
APC - Arquivo Paroquial de Carrancas - Minas Gerais.
APL - Arquivo Paroquial de Lavras - Minas Gerais.
APM - SC - Arquivo Público Mineiro -Seção Colonial- Belo Horizonte – MG.
ICMC -Instituto Cultural Maria de Castro- Itaúna- Minas Gerais.
MRSJDR - Museu Regional de São João del- Rei- Minas Gerais.
242 Portugueses e suas gerações no trecho do Caminho Velho

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Referências:
AMATO, Marta. A Freguesia de N.S.da Conceição de Carrancas e sua história.
1966.
_______, Marta - Reedição Coordenada - Genealogia Paulistana- Luís Gonzaga da
Silva Leme, 1852-1919.SP.2002.
CORRÊA, Carlos Cunha. Serra da Saudade. Belo Horizonte: Imprensa Oficial,
1948.
BOSCHI, Caio C. Inventário dos Manuscritos Avulsos Lisboa: AHU; Belo Horizon-
te: FJP, 1998.
LEFFORT, Monsenhor. Campanha. Belo Horizonte: Imprensa Oficial,1992.
MATOSO, Caetano Costa. Códice Costa Matosos Belo Horizonte: FAPEMIG, 1998.
RESENDE, Wanderley F. Carmo da Cachoeira Origem e Desenvolvimento. Belo
Horizonte: Imprensa Oficial, 1980.
SAINT- HILLAIRE, August. Viagens às Nascentes do Rio São Francisco. Belo
Horizonte: Itatiaia. 1975.
LEME, Luís Gonzaga da Silva Genealogia Paulistana. São Paulo: Duprat e Cia,
1903 a 1905.
LEME, Luís Gonzaga da Silva. Genealogia Paulistana (1857-1919). Reedição coor-
denada por Marta Amato. São Paulo, 2002.
SPIX, Johann Baptist Von. A Grande Aventura de Spix e Martius. Brasília: MEC e
INL, 1972.

Revistas:
ASBRAP-SP.1999
RAPM- Revista do Arquivo Público Mineiro-Belo Horizonte- Minas Gerais.
RIEG - Revista do Instituto de Estudos Genealógicos – S. Paulo.

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