Texto 2 Adm Pública e Adm Direta

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TEXTO 2

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA


Prof. Aloísio de Araújo Prince, MSc. (2011 B)

1. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Administração é a ciência que trata das organizações. Sua história data de 5000 a.C. É a ação
corretamente calculada para realizar determinados objetivos desejados. Pode ser entendida também
como a ação humana cooperativa com alto grau de racionalidade.
O termo administração é empregado tanto para indicar funções de planejamento e direção, quanto
para significar as atividades de execução.
Portanto, em sentido exato (estrito), a administração pública abrange as funções administrativas
de execução das atividades de interesse público. Em sentido amplo, abrange o Governo (que toma
as decisões políticas), a estrutura administrativa e a administração (que executa essas decisões).
Administração pública e administração privada são iguais em gênero (administração), mas diferem
em espécie (público versus privado). No que tange às técnicas administrativas, têm mais
convergências do que divergências.
O administrador é o profissional que atua nas organizações executando as funções de
planejamento, organização, direção, coordenação e controle.
A alta administração é executada pelos agentes com poder de decisão, que devem tomar as
decisões corretas no tempo certo, conduzindo a organização para alcançar os objetivos
institucionais, o crescimento e a sustentabilidade.
A administração pública apresenta também as seguintes definições, de acordo com a ciência a que
se refere:
− segundo a ciência administrativa, administração pública é definida como o ramo da
Administração aplicada nas administrações direta e indireta das três esferas (ou níveis) de
governo: federal, estadual e municipal.
− segundo a ciência jurídica, administração pública é definida como a administração voltada para
às atividades desenvolvidas pelos entes públicos, dentro dos limites legais, com a finalidade de
prestar serviços ao Estado e à sociedade em prol do bem comum.
Segundo o conceituado jurista Hely Lopes Meirelles, os órgãos que constituem a administração
pública “são centros de competência instituídos para o desempenho de funções estatais, por meio de
seus agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica a que pertencem.”
O mesmo autor classifica esses mesmos órgãos em: independentes; autônomos; superiores; e
subalternos, a saber:
− órgãos independentes: são os que têm sua origem na Constituição e não estão sujeitos a
hierarquia superior. Exemplo: Presidência da República, Congresso Nacional, Senado,
Câmara e Tribunais Judiciários;
− órgãos autônomos: são os que se encontram no topo da estrutura administrativa,
imediatamente abaixo dos órgãos independentes, aos quais se submetem. Exemplos:
Ministérios de Governo; Controladoria-Geral; Advocacia-Geral da União.
− órgãos superiores: são os que exercem funções de comando, direção e controle,
sujeitando-se ao controle hierárquico de autoridade superior. Exemplos: gabinetes,
diretorias, secretarias, coordenadorias.

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− órgãos subalternos: são aqueles que praticamente não detêm poder algum e atuam na
execução de atividades. Exemplos: portarias, seções de atendimento ao publico.
Já os denominados agentes públicos podem ser definidos genericamente como as pessoas (físicas
ou jurídicas) que exercem alguma atividade estatal. A lei de improbidade administrativa define-os
com mais detalhe, como segue:
agente público é todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração,
por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou
vínculo, mandato, cargo, emprego ou função na Administração Pública.
Ainda segundo Hely Lopes Meirelles, os agentes públicos podem ser políticos, administrativos,
honoríficos e delegados, a saber:
− agentes políticos: são os que ocupam os escalões mais altos, cuja investidura se dá por
eleição, nomeação e delegação. Exemplos: presidente, ministros, senadores, deputados,
juízes;
− agentes administrativos: são os diversos tipos de servidores públicos: civis (estatutários
ou celetistas) e militares;
− agentes honoríficos: são os que se caracterizam pela transitoriedade e ausência de
remuneração. Exemplos: mesários eleitorais; jurados do Tribunal do Júri;
− agentes delegados: são os que executam certas atividades, serviços ou obras mediante
delegação do Poder Público. Exemplos: concessionários, permissionários, peritos,
tradutores.
− agentes credenciados: são os que podem exercer atividades específicas ou representar a
Administração Pública em determinado ato, mediante nomeação específica e pagamento.
Deve-se observar que todos os que exercem cargo, emprego ou função públicos são agentes
públicos.
Com base nas definições de administração pública, de governo e de estado, o quadro 3 mostra as
características diferenciadoras dessas três entidades.

Quadro 3 – Principais diferenças entre as entidades Estado, Governo e Administração Pública


Entidade Natureza Tipo de poder Objetivo Funcionamento
Estado Ente intangível Detém o poder Bem comum Soberano
(abstrato)
Governo Agente político Exerce o poder Instrumento Independente
do Estado
Administração Órgão Executivo Instrumento Hierarquizado
Pública executivo do Governo

A administração pública possui as seguintes características principais:


 é executora;

 é instrumental;

 é hierarquizada;

 possui competência limitada (fixada em lei);

 tem responsabilidade técnica;

 tem apenas poder administrativo (não tem poder político);

 é dependente (de decisões do Governo);


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 é neutra (deve tratar todos igualmente).
A administração pública rege-se pelos seguintes princípios básicos, definidos na Constituição:
 princípio da legalidade;
 princípio da impessoalidade;
 princípio da moralidade;
 princípio da publicidade;
 princípio da eficiência;
 outros (conforme Decreto-lei nº 200/1967): planejamento; coordenação; descentralização;
delegação de competência; controle; e mais os princípios de procedimentos licitatórios; dos
serviços públicos; da probidade; da razoabilidade; da motivação; etc.

2. ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA


A organização da administração pública depende das seguintes providências:
 criação de órgãos e entidades;
 estruturação dos órgãos e entidades criados;
 definição das atribuições de competências administrativas para os órgãos e entidades
criados;
 eventuais alterações e extinções dos órgãos e entidades existentes;
De forma resumida, a organização da Administração Pública Federal ocorre da seguinte forma
(PALUDO, 2010):
 A criação e extinção de ministérios, órgãos e autarquias deverá ocorrer mediante lei de
iniciativa privativa do Presidente da República e aprovada pelo Congresso Nacional;
 A instituição de fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista depende de três
situações: autorização do Congresso Nacional mediante lei de iniciativa privativa do Presidente
da República, decreto do Poder Executivo de instituição e registro no registro competente;
 A criação, extinção e transformação de cargos, empregos e funções - na Administração direta e
autárquica - deverá ocorrer mediante lei de iniciativa privativa do Presidente da República e
aprovada pelo Congresso Nacional;
 A extinção de cargos e funções - vagos - ocorre diretamente por meio de decreto, pois se trata
de competência privativa do Presidente da República;
 A organização e funcionamento da Administração federal - quando não implicar aumento de
despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos -ocorre diretamente por meio de decreto,
pois se trata de competência privativa do Presidente da República.
 A aplicação dos conceitos no âmbito estadual e municipal é muito semelhante. A figura do
Presidente da República e dos ministros são substituídas: nos estados, pelo governador e pelos
secretários; nos municípios, pelo prefeito e pelos secretários.

3. TIPOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


De acordo com o art. 37 da Constituição Federal, administração pública pode ser de dois tipos:
 administração direta;

 administração indireta.

Como se detalhará no próximo item, a administração pública direta é responsável pela


administração dos assuntos públicos relacionados diretamente aos níveis mais elevados dos três
poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). É exercida por órgão que fazem parte direta desses
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três poderes, sendo dotados de competências específicas, porém sem personalidade jurídica própria
(possuem a personalidade jurídica das entidades governamentais a que pertencem). Exemplos, no
nível federal: órgãos da Presidência da República, Ministérios, Câmara Federal, Senado, Tribunal
de Contas.
Já a administração pública indireta é formada por órgãos públicos que exercem, de forma
descentralizada, atividades administrativas, inclusive econômicas, mas sempre vinculados a órgãos
da administração direta (p.ex., a um Ministério ou a uma Secretaria de Estado). São órgãos que
possuem personalidade jurídica própria, ora de Direito Público, ora de Direito Privado. Exemplos:
autarquias como o INSS e a Embratur; fundações públicas como o IBGE e a Funasa, empresas
públicas como Correios e Caixa Econômica Federal; e sociedades de economia mista como
Petrobrás, Banco do Brasil, Copasa e Cemig.

4. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA


No Brasil, a administração pública direta é composta por órgãos integrantes dos três poderes, com
competências específicas e sem personalidade jurídica própria (integram a personalidade jurídica do
ente público maior a que pertencem – União, Estados ou Municípios).
Os órgãos da administração pública direta são apenas centros de competência despersonalizados; a
atuação de seus agentes é imputada à entidade estatal a que pertencem.
Exemplos: órgãos da Presidência da República (14); Ministérios (23); Advocacia Geral da União;
Câmara Federal; Senado; Tribunal de Contas da União; Tribunais do Poder Judiciário.
Os Conselhos de entidades públicas são também órgãos públicos da administração direta.
Geralmente são estabelecidos por lei, com atribuições de assessoramento, orientação ou
deliberação, na sua área de atuação. Mas há também conselhos cuja origem é constitucional, a
exemplo do Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional. Diversos conselhos, como os
de saúde, educação e assistência social, possuem paridade entre seus membros públicos e privados.
As ações da administração pública brasileira na área social podem ser feitas por colaboração ou
cooperação, mediante convênios, termos de parceria e contratos de gestão.
Já para ações de caráter econômico, as relações devem ser contratuais, estabelecidas por meio de
concessão, autorização ou outra forma de contrato.

5. REFERÊNCIAS
PALUDO, Augustinho Vicente. Administração Pública – Teoria e mais de 500 questões. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2010. 496p.

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