Coleção LITURGIA E TEOLOGIA

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 7

AS FESTAS CRISTÃS

Coleção LITURGIA E TEOLOGIA


■ Como estudar liturgia, Ione Buyst
■ Orientações para ministros extraordinários da comunhão,Valter M. Goedert
■ A celebração litúrgica e seus dramas, Antonio Sagrado Bogaz e Ivanir Signorini
■ A missa: da última ceia até hoje, Pe. José Luiz Gonzaga do Prado
■ A dimensão estética da liturgia: arte sagrada e espaços para celebração, Dionísio Borobio
■ Reforma litúrgica: renovação ou revolução?, Antônio S. Bogaz / João H. Hansen
■ As festas cristãs: história, sentido e tradição, Edith Momméja
EDITH MOMMÉJA

AS FESTAS CRISTÃS
História, sentido e tradição
Título original: Les fêtes chrétiennes: histoire, sens et traditions
© Éditions des Béatitudes, S.O.C., 2012
ISBN 978-2-84024-427-1
Tradução: Margarida Maria Cichelli Oliva
Direção editorial: Claudiano Avelino dos Santos
Assistente editorial: Jacqueline Mendes Fontes
Revisão: Cícera G. S. Martins
Iorlando Rodrigues
Diagramação: Dirlene França Nobre da Silva
Capa: Marcelo Campanhã
Impressão e acabamento: PAULUS

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Momméja, Edith
As festas cristãs: história, sentido e tradição / Edith Momméja; [tradução Margarida
Maria Cichelli Oliva]. – São Paulo: Paulus, 2014. – (Coleção Liturgia e teologia)

Título original: Les fêtes chrétiennes: histoire, sens et traditions

Bibliografia.
ISBN 978-85-349-3756-6

1. Ano litúrgico 2. Festas religiosas 3. Festas religiosas - Cristianismo 4. Igreja


Católica - Liturgia I. Título. II. Série.

13-12425 CDD-263.9

Índices para catálogo sistemático:


1. Festas religiosas: Cristianismo 263.9
2. Tempos e festas: Ano litúrgico: Cristianismo 263.9

1ª edição, 2014

© PAULUS – 2014
Rua Francisco Cruz, 229
04117-091 São Paulo (Brasil)
Fax (11) 5579-3627
Tel. (11) 5087-3700
www.paulus.com.br
[email protected]
ISBN 978-85-349-3756-6
Introdução

As festas religiosas são numerosas e dão ritmo à nossa


vida, mas, para muitos, não têm sentido nenhum. O obje-
tivo deste livro é encontrar esse sentido e pô-lo ao alcance
de todos em uma linguagem simples e clara. Trata-se de
recuperar a verdadeira essência de cada festa porque, muitas
vezes, só o que resta são os sinais exteriores e a forma. Para
o Natal, são, antes de tudo, os presentes, uma ceia farta e a
magia das iluminações. Eis-nos aqui transformados em me-
ros objetos do consumismo. Esquecemos que temos uma
alma, que ela também tem fome de nutrição, não da mes-
ma nutrição do corpo, mas nutrição de essência divina. É
por isso que algumas pessoas sentem-se mal, sentem certa
inquietação, durante esse período de Natal. Os psicólogos
dizem que o número de suas consultas aumenta nesse pe-
ríodo do ano.
Essas festas, aliás, se as colocarmos umas em seguida às
outras, pois não são independentes, nos contam uma bela
história, a do amor de Deus por nós, suas criaturas. Trata-se
de uma verdadeira caminhada espiritual, em busca do sentido
de nossa vida. Cada festa veicula seu próprio sentido e seu
próprio ensinamento, e nos leva, passo a passo, por um cami-
nho que conduz à Vida.
5
Participar dessas festas é também deixar o tempo pro-
fano de nosso cotidiano para mergulhar no tempo sagrado,
ou tempo divino; deixar, assim, essa temporalidade, o espaço-
-tempo, fonte de angústia e de dor, e a história de nossa
própria vida, para nos encontrarmos, por um momento, no
tempo sagrado primordial, no qual tudo é harmonia e paz e
no qual o tempo se detém. Esse desejo de eternidade, pelo
qual desaparece a noção de tempo e se esfuma o ciclo de vida
e de morte, não é um pouco a esperança de cada um? Um
desejo inconsciente de eternidade. A socióloga Françoise
Brisse-Magerand1 explica que essa intuição universal de uma
plenitude irremediavelmente perdida suscitou tentativas para
dominar o tempo e encontrar as origens, aquele grande tem-
po do começo, a beatitude de antes da ruptura:2 “Nós não so-
mos mortais, mas moribundos, em vias de morrer, como que
implacavelmente devorados pelo tempo. O sofrimento está
enraizado, e indefinidamente prolongado, neste mundo, pela
temporalidade. Os filósofos, os técnicos ascéticos e contem-
plativos, os místicos indianos, perseguem, todos, o mesmo
objetivo: curar o homem da existência no tempo. É preciso
esgotar a duração, percorrendo-a, ao invés, para desembocar
finalmente no Não-Tempo”, o Não-Tempo eterno. Daí esse
entusiasmo atual pela meditação.
“O cristão abolirá o tempo profano, reintegrando-o no
tempo sagrado primordial.”3 Por isso, “ele não comemora
verdadeiramente um acontecimento, ele simplesmente rea-
tualiza um mistério”, transpondo-o para o tempo presente. É
isso, também, o que a tradição talmúdica transmite, nos diz o

1
VV.AA., L’Europe, Mythes et traditions, Brepols, capítulo “Du sacré au profane”, p. 207.
2
Ruptura com a proximidade de Deus, quando Adão e Eva foram expulsos do jardim
do Éden.
3
VV.AA., L’Europe, Mythes et Traditions, Brepols, Françoise BRISSE-MAGERAND, p. 208.

6
rabino Jacky Milewski,4 quando evoca a Páscoa judaica: “Em
cada geração, o homem tem a obrigação de se considerar
como tendo ele mesmo saído do Egito”. Trata-se de reen-
contrar a fonte de cada um dos mistérios dessas festas, que
nos reenvia, obrigatoriamente, à Fonte inesgotável que é o
Amor de Deus, aquela plenitude primordial que a proximi-
dade de Deus dava a Adão e Eva. Participar das festas, como
Igreja, com os outros, é, portanto, se reanimar comungando
nessa Fonte-plenitude que é Deus, o que se autonomeia “Eu
sou”. Deus é o Senhor dessa Existência, desse tempo divino
que não tem começo nem fim. Ele nos propõe deixar o nos-
so ciclo de vida e de morte e reintegrar o ciclo da Vida em
Deus. Ele mesmo vem nos trazer a chave dessa Existência à
qual todos nós aspiramos: seu Filho Jesus. “Eu sou o Cami-
nho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai a não ser por
mim” (Jo 14,6).
Se conhecêsseis o dom de Deus!

4
Texto chamado Haggadah de Pessa’h, lido na noite de páscoa e citado pelo rabino Jacky
MILEWSKI no seu livro Les fêtes de pèlerinage dans la tradition juive, PUF, p. 30.

Você também pode gostar