Horta Na Escola - Passo A Passo

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Karina de Lorenzi · Gisa Garcia

1a edição

Florianópolis/SC
2021
COORDENAÇÃO GERAL DO PROJETO: ILUSTRAÇÕES:
FICHA TÉCNICA: Claudia Soar Gustavo Barreto

AUTORAS: FOTOS:
Karina de Lorenzi Acervo Cepagro
Gisa Garcia EDIÇÃO E REVISÃO:
Paula Desgualdo
COLABORADORAS:
Claudia Soar PROJETO GRÁFICO E EDITORAÇÃO:
Cristine Garcia Gabriel Fernanda do Canto

Catalogação na fonte pela Biblioteca Universitária


FICHA CATALOGRÁFICA :

da Universidade Federal de Santa Catarina

L869h Lorenzi, Karina Smania de


Horta na escola [recurso eletrônico] : passo a passo / Karina de Lorenzi,
Gisa Garcia. – Florianópolis : UFSC, 2021.
59 p. : il.

E-book (PDF)

ISBN 978-85-8328-065-1

1. Horticultura. 2. Merenda escolar. 3. Educação alimentar e nutricional.


4. Segurança alimentar. 5. Ecologia agrícola. I. Garcia, Gisa. II. Título.

CDU: 635.1/.8

Elaborada pelo bibliotecário Fabrício Silva Assumpção – CRB-14/1673

Este material faz parte do Projeto “Fortalecimento da Educação Alimentar e Nutricional no


Ambiente Escolar: ações multidisciplinares e intersetoriais”, coordenado por professores
do Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) com apoio
financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq.

Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida, desde que citada a fonte.
Sumário
A horta na escola. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
O que você vai encontrar aqui . . . . . . . . . . . . . 7
Passo a passo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1. Mobilização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2. Materiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
3. Identificação do local . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Luminosidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Acesso a água . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Como funciona uma cisterna? . . . . . . . . . . . . . . . . 16
O terreno e seu entorno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Tipos de solo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
4. Construção dos canteiros . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Canteiro elevado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Canteiro em caixotes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
Canteiro instantâneo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Espiral de ervas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
5. Plantio (para todos os tipos de canteiro!) . . . . . . . . . 36
Diversificar as plantas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Revolver menos o solo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Cobertura de matéria seca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Semeadura direta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Plantio por muda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Plantio por estaquia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
6. Colheita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
7. Manutenção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
Irrigação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
Adubação orgânica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Presença de insetos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Plantas doentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Condução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Rotação de cultura e mudança do local . . . . . . . . . . . 47
Proteção para as plantas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
8. Como fazer? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Mudas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Estacas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Durante as férias escolares . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

Calendário agrícola . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Referências bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . 55
Links para inspirar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

Glossário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
A horta na escola
Onde quer que seja implantada, uma horta abre um mundo de
possibilidades e interações. Na escola, ao ensinar sobre a vida e
seus ciclos, pode ser uma ótima ferramenta pedagógica, capaz de
conectar o meio ambiente aos conteúdos escolares de todas as disci-
plinas. Ajuda também a resgatar o vínculo entre o alimento e a na-
tureza, algo central para a educação alimentar e nutricional.
Mas não é só isso. Mais que um instrumento de ensino, esse espa-
ço cheio de vida se torna um meio de convivência e trabalho coleti-
vo para estudantes, professores e toda a comunidade escolar. Nes-
se sentido, contribui para preservar histórias, fortalecer as relações
e o respeito entre todos. Aprender em grupo, com as mãos na terra, é
um prazer que só pode ser experimentado na prática – não está des-
crito em nenhum livro!
Algo que você deve saber sobre a horta escolar é que sua finalida-
de não é produtiva, mas educativa. Por isso, cada etapa é importante,
desde a mobilização das pessoas até a pós-colheita. Os aprendizados
mais significativos estão nas entrelinhas, nos “erros”, nos dese-
quilíbrios que precisam ser verificados e que despertam o espíri-
to investigador da turma. Como em qualquer espaço de experimen-
tação, tudo isso faz parte do processo de aprendizagem.
Nas próximas páginas, vamos mostrar, passo a passo, como cons-
truir uma estrutura de canteiros agroecológicos em sua escola – tam-
bém vale para outros espaços, como praças e centros comunitários.
Um dos principais objetivos é incentivar os estudantes e a comu-
nidade escolar a adquirirem hábitos alimentares mais saudáveis.
Esperamos que todos desfrutem dessa vivência rica e cheia de novos
sabores!
6
O que você vai encontrar aqui
Este material está dividido em oito passos. A primeira etapa diz
respeito à Mobilização dos estudantes, equipe, vizinhos, parceiros e
pessoas dispostas a colaborar com o projeto. O item seguinte reúne
os Materiais que serão necessários tanto antes como depois da
construção dos canteiros. Na sequência, damos algumas orientações
para a Identificação do local mais adequado, pensando em fatores
como luminosidade, acesso a água e tipo de solo. Então, chegamos à
Construção dos canteiros, propriamente, onde são indicados quatro
tipos diferentes (elevado, em caixotes, instantâneo e espiral de ervas),
que podem se aplicar a espaços variados. O quinto capítulo tem como
foco o Plantio, que serve para todos os tipos de canteiro. Isso inclui
dicas para proteger o solo, formas de plantio e colheita. No sexto
passo, sobre Manutenção, você vai ver algumas orientações básicas
para uma irrigação adequada, para lidar com a presença de insetos e
eventuais plantas doentes. O capítulo seguinte traz algumas formas
de aumentar a sua autonomia, mostrando Como fazer as próprias
mudas e estacas. Ali você também pode conferir como garantir a
manutenção da horta durante o período de férias escolares. Por
fim, apresentamos um Calendário agrícola com a melhor época de
plantio de algumas espécies em diferentes regiões do país.

Bom trabalho!

7
Passo a passo
1. Mobilização
Antes de colocar a mão na massa, o foco é engajar a comunida-
de escolar! Quanto mais pessoas estiverem envolvidas, maiores são
as possibilidades de trocas e aprendizados. Uma sugestão é promover
uma conversa entre professores, estudantes, diretoria e outros fun-
cionários. Pode ser formada uma equipe interessada no tema, que
vai coordenar as ações e atividades iniciais do projeto.
É importante que os estudantes participem de todo o processo.
Que tal ouvir um pouco sobre as suas vontades?
• O que gostam de comer?
• O que gostariam de plantar?
• Quais frutas e verduras costumam comer em casa e na escola?
• Quais frutas e verduras gostam de comer mas não encontram
em casa e nem na escola?
Mesmo que não dê para aplicar todas as ideias em um primeiro
momento, elas contribuem de alguma forma, e podem ser transfor-
madas em metas de médio e longo prazo.
E em relação à cultura alimentar local, quais características
podem ser aproveitadas no projeto? Em uma região típica de en-
genhos de farinha, por exemplo, o cultivo da mandioca pode render
bons estudos!

8
Envie um convite aos familiares, vizinhos e comerciantes locais,
para que eles conheçam a proposta e colaborem da maneira
que puderem – não é preciso ter experiência com agricultura
para participar! Doações de material de jardinagem, adubo
orgânico, mudas e sementes também podem ser bem-vindas.

UMA
As palavras em destaque estão no glossário, no final do livro! IDEIA!

Duas questões práticas para considerar e incluir no cronograma


escolar:
• Quanto tempo (diário/semanal) o grupo tem disponível para
construir a horta?
• Uma vez implantada a horta, quanto tempo (diário/semanal) o
grupo terá para fazer a manutenção dos canteiros?
Uma medida legal, tanto para construir como para fazer a manu-
tenção, é de 1 hora por dia. Mas lembre-se que o ideal é o possível
dentro de cada contexto!

LEVE EM CONTA!

É sempre interessante que o projeto esteja vinculado ao currículo e


ao Projeto Político Pedagógico da escola. Assim, será possível
identificar a melhor forma de associar a horta ao contexto da unidade
e às matrizes curriculares. Lembrando também que a horta escolar
é uma das formas de realizar a Educação Alimentar e Nutricional,
prevista no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
9
EXEMPLO DE PLANEJAMENTO MENSAL
O que fazer? Quem? O que falta? Observações
SEMANA • Formar uma equipe interessada Profª. Olívia; Projeto modelo • Pesquisar sobre
01 no tema; Prof. Lírio. para se guiar. experiências exi-
• Estudar o Projeto Político Peda- tosas em horta
gógico da Escola; escolar;
• Pautar o assunto na próxima • Buscar livros
reunião de professores. sobre a temática.

SEMANA • Apresentar o projeto a profes- Profª. Olívia; Preparar apre- Conversar com a
02 sores, diretores, e servidores; Prof. Lírio. sentação do pessoa responsá-
• Incluir no PPP as atividades de Projeto de cons- vel pelos serviços
horta escolar; trução da escola gerais.
para identificar
• Verificar materiais disponíveis;
encanamentos e
• Identificação dos locais possí- fiações no pátio.
veis para implantação da horta.
SEMANA • Apresentar o projeto às turmas Profª. Olívia; • Convite para Pensar sobre o
03 da escola e definir alguns estu- Prof. Lírio; os pais par- canal de comuni-
dantes articuladores; ticiparem da cação com pais e
Merendeira
• Conversar com pais e comuni- implantação/ comunidade no
Cecília;
dade no entorno da escola; atividades; entorno da escola.
Serviços
• Pedir doações de materiais; • Identificar o
gerais, João.
tipo mais ade-
• Arrecadar fundos para os mate-
quado de com-
riais que faltam;
posteira.
• Projetar croqui do espaço;
• Iniciar os estudos sobre com-
postagem.
SEMANA • Organizar todos os materiais Profª. Olívia e • Definir local Talvez seja preciso
04 para a implantação da horta; Rose; para armaze- uma orientação
• Iniciar uma composteira para Prof. Lírio; nar as ferra- mais específica so-
produção de adubo. mentas; bre compostagem.
Merendeira
Cecília; • Orientar as
cozinhas sobre
Romeu, pai de
a separação
aluno;
dos resíduos
Estudantes orgânicos. 10
articuladores.
2. Materiais
A etapa seguinte é fazer um levantamento dos materiais disponí-
veis para a construção da horta. Verifique se a escola possui os mate-
riais listados a seguir e acione a rede de parceiros locais se necessário:

Para usar antes de fazer os canteiros:

Estacas de madeira
Barbante Trena ou fita métrica Carrinho de mão
ou pedaços de bambu

Pá quadrada Pá de corte
Enxada Pá de bico pequena
(para juntar) (para cavar)

Material para estrutura dos canteiros Solo Restos de poda, galhos secos, corte
(algumas opções: toco de madeira, bambu, de grama, folhas e outros materiais
caixas de feira de madeira, madeiras orgânicos secos
descartadas em obras, telhas, tijolo, pedras) 11
Para usar depois de fazer os canteiros:

Sementes sem tratamento


Mudas Placa de identificação
químico ou agrotóxicos

Kit de jardinagem
(garfo, ancinho Mangueira Regador
e pazinha larga)

Matéria orgânica seca Sombrite (caso necessário


Tesoura de poda
(palha ou folhas secas) sombreamento para a horta)

12
Anote tudo de forma organizada, para saber o que está disponível
e o que falta. No item 4, “Construção dos canteiros”, você encontra
uma lista detalhada dos materiais necessários para cada tipo de can-
teiro.

Prefira sempre materiais de origem vegetal ou


materiais de longa durabilidade, como tocos de
madeira, bambu ou tijolos. O uso de plástico, como
garrafas pet, deve ser evitado porque, além de se UMA
degradar facilmente quando exposto ao sol, é um DICA!
material que polui o meio ambiente.

3. Identificação do local
Para escolher o espaço mais adequado, algo que também pode ser
feito em conjunto com os estudantes, é preciso conhecer as neces-
sidades básicas de uma planta, como luz solar, água, segurança
e nutrientes. A seguir, reunimos algumas informações para você se
guiar:

Luminosidade
As plantas precisam da luz do sol para se desenvolver e realizar a
fotossíntese. Um local favorável para a horta deve ter pelo menos 4
horas de incidência solar por dia. Uma dica é construir os canteiros
virados para o norte, pois essa é a face que recebe mais sol ao longo
do dia e do ano.

13
Você pode usar uma bússola ou identificá-la observan-
do o movimento do sol, como mostra a ilustração. Aponte o
seu braço direito na direção onde o sol nasce. Esse é o leste.
Depois, aponte o braço esquerdo na direção oposta, onde ele se põe.
Esse é o oeste. Às suas costas está o sul e à sua frente, o norte.

14
LEVE EM CONTA!

Para garantir o desenvolvimento das plantas, é importante se


certificar de que não há obstáculos que produzam sombra, como
muros e prédios vizinhos. Árvores grandes também podem bloquear
a incidência de sol, mas como elas abrigam pássaros, é útil tê-las por
perto para o controle de insetos.

Caso não haja uma área com bastante incidência solar na sua
escola, não desanime! É possível utilizar espécies adaptadas a con-
dições mais úmidas e sombreadas. Você também pode fazer um ex-
perimento e testar se as plantas que pretende cultivar se adaptam ao
ambiente disponível.

Acesso a água
Próximo aos canteiros, deve haver água limpa para a rega diá-
ria das plantas. Se não houver, uma possibilidade é usar mangueiras
extensas conectadas a uma fonte ou desenvolver um sistema simples
de captação de água da chuva.
A água de chuva é um recurso natural disponível a todos.
Ela pode ser armazenada em reservatórios ou cisternas e utiliza-
da como manancial abastecedor. Essa é uma alternativa susten-
tável para economizar na conta de água e resolver problemas de
abastecimento.

15
Como funciona uma cisterna?
Existem vários modelos, mas o mecanismo básico
consiste em conduzir a água da chuva por calhas até um
filtro, que elimina mecanicamente impurezas como fo-
lhas e galhos. Um freio reduz a velocidade da entrada
da água e impede que o conteúdo no interior da cisterna
seja agitado. Assim, as partículas sólidas ficam deposi-
tadas no fundo. A água obtida não é considerada potá-
vel, pois pode conter desde poeira até partículas de sul-
fato, amônio e nitrato, que a tornam inapropriada para
o nosso consumo. Mas ela pode ser usada para lavar a
calçada ou panos de chão, e também para regar a horta.

O terreno e seu entorno


Para que os vegetais cresçam saudáveis e livres de contaminação,
certifique-se de que a horta esteja a uma distância considerável de:
• Depósitos de lixo, aterros, tubulação de esgoto ou fossa séptica.
• Trânsito de carros e outros veículos que emitem fumaça.

O terreno deve ser:


• De fácil acesso para todas as pessoas, incluindo aquelas com
deficiência visual ou motora.
• Livre de resíduos, pedras ou sobras de materiais de obras.
• Preferencialmente plano ou pouco inclinado.
Antes de definir o local, consulte se ele já está destinado a ou-
tro fim. Muitas escolas fazem suas hortas e depois precisam mudá-las
de lugar porque o espaço será utilizado de outra forma.

16
Se o local escolhido tiver resíduos ou problemas de
acesso, essa é uma boa oportunidade de reunir a
turma para fazer um mutirão de limpeza ou pensar
junto em adaptações possíveis, como a construção
de rampas para que todos possam chegar à horta.

UMA
O terreno não é plano? Não tem problema. Os canteiros
IDEIA!
podem ser construídos em curvas de nível:

O plantio em curvas de nível é realizado em linhas e é recomendado


para terrenos íngremes, sempre respeitando seus declives. Cada linha
ajuda a reduzir a velocidade de escoamento da chuva, dando mais
tempo para que a água penetre na terra. Essa é uma das técnicas mais
utilizadas na agricultura para combater a erosão
e preservar o solo.
Caso você identifique a
necessidade do plantio
em curva de nível na
sua escola, aprenda
como fazer em
www.embrapa.br.

17
Tipos de solo
O solo é o que fornece às plantas os nutrientes que elas necessi-
tam para crescer e produzir alimentos.
Um solo saudável deve ser:
• Rico em todo tipo de vida, de micro e macro-organismos (fun-
gos, bactérias, minhocas, centopéias e tatus-bola, por exemplo);
• Fofo e aerado, para facilitar a circulação de água e ar para as
raízes;
• Coberto por uma boa camada de matéria seca, para protegê-lo.
Mesmo que o solo da escola não se encontre nessas condições,
é possível fazer um manejo para melhorá-lo. Mas, antes, é preciso
conhecer seu solo!

Veja alguns tipos mais comuns:


Solo argiloso: é o que contém mais argila
em sua composição. A argila possui grãos
bem pequenos e pesados, que se mantêm
próximos entre si. Isso faz com que o solo
retenha a água e os sais minerais. Sua co-
loração está mais próxima ao avermelha-
do e a consistência é firme e pegajosa.

18
Solo arenoso: é o que contém mais areia
em sua composição. Os grãos de areia são
relativamente grandes e leves. Eles ficam
mais separados entre si, permitindo que o
ar e a água passem com facilidade e alcan-
cem camadas mais profundas. Sua colora-
ção geralmente é clara e seu aspecto, mais
seco.

Solo orgânico ou humoso: é um solo


com grande concentração de mate-
rial orgânico em decomposição. É
muito fértil e pode se formar a par-
tir de resíduos vegetais e animais.
Sua coloração é mais escura e o solo
tende a ser mais úmido.

19
Um solo ideal deve equilibrar esses três componentes: argila,
areia e matéria orgânica. Se houver argila em excesso, por exemplo,
ele pode ficar compactado e comprometer a circulação de ar até as
raízes das plantas. Já no caso de muita areia, o solo não consegue re-
ter os nutrientes.
Uma forma de manter o equilíbrio é misturar a mesma quantida-
de dos três tipos de solo, ou seja:
⅓ de solo argiloso, ⅓ de solo arenoso, ⅓ de solo orgânico.
Depois de identificar qual é o solo no local da horta, basta adicionar a
mesma medida dos outros tipos para equilibrá-lo.
Mas lembre-se: é uma sugestão. É possível trabalhar com o solo
disponível na sua escola! As hortaliças também podem ser plantadas
em composto puro, desde que esteja maturado.

O estudo da formação e do
UMA
tipo de solo pode ser realizado
DICA!
em conjunto de alunos nas
aulas de geografia.

20
COLOQUE AS IDEIAS NO PAPEL
Registre todas as informações coletadas sobre o local onde a horta
será construída (o professor ou a professora de geografia pode ajudar!):
situação do solo, topografia, drenagem, de onde vem o sol, áreas
que ficam mais sombreadas, se há muro ou construções perto e quais
plantas já cresceram ali. Esse mapeamento vai permitir conhecer
melhor e fazer uma boa análise do espaço. Depois disso, pode ser
feito um desenho ou croqui da área junto com a turma, usando essas
informações todas. Não se esqueça de tirar fotos do local onde a horta
será construída, assim é possível acompanhar as transformações ao
longo do tempo.

21
4. Construção dos canteiros
Sabemos que nem sempre é possível encontrar nas escolas as con-
dições ideais para a construção da horta. Mas, na maior parte das ve-
zes, podemos nos adequar ao espaço disponível. Aqui, vamos indicar
quatro tipos diferentes de canteiros. Veja qual se aplica melhor à es-
trutura da sua unidade.

LEVE EM CONTA!

Não se esqueça que o espaço destinado à


horta deve ter uma área para o plantio e
outra para a circulação de pessoas. Se for
possível, é interessante reservar também
espaços diferentes para a compostagem ou
preparação de insumos, a produção de
mudas e o armazenamento de materiais.

Mantenha o acesso aos canteiros livre, sem cerca,


para que os estudantes possam frequentar a horta a
UMA
qualquer momento, acompanhar o crescimento das DICA!
plantas e interagir com os animais que a habitam.

22
Canteiro elevado
Nesse tipo de canteiro, também conhecido como leira, as plan-
tas são cultivadas em algumas camadas acima do solo, o que exige
um investimento considerável em materiais, mão de obra, tempo e es-
paço. É um tipo de horta favorável para hortaliças, plantas que pos-
suem raízes profundas, como cenoura, beterraba, mandioca e batata
doce, plantas tuberosas, como batata e inhame, ou aquelas que não
suportam excesso de água, como babosa e suculentas.

Você vai precisar de:

Barbante Madeira, bambu, tijolo, pedra ou Fita métrica


outro material disponível na escola *

* Lembrando sempre de dar preferência aos materiais de origem vegetal, que po-
dem ser incorporados pelo solo ao se degradarem, ou os de alta durabilidade,
que não prejudicam o meio ambiente e não geram lixo.

23
Para delimitar o canteiro:
A quantidade de material vai depender do tamanho do canteiro.
Como calcular o tamanho?
1. Desenhe o formato do canteiro em uma folha de papel.
2. Reproduza o desenho no solo, no local da horta, usando barbante.
3. Com uma fita métrica, meça o perímetro do canteiro.
4. Agora será possível estimar a quantidade de material necessário.

Um exemplo: se o canteiro medir 1m x 0,8m, e o material escolhido


forem tijolos de 20 cm de comprimento, você vai precisar de 18 tijolos
para cercar a área. Sugerimos usar o tijolo deitado e fazer 3 camadas
(nesse caso, seriam 54 tijolos).
Se o material disponível não tiver um tamanho padrão, como to-
cos de madeira, não tem problema. Depois de fazer o desenho no chão
com barbante, é só ir encaixando os tocos até cobrir toda a borda
do canteiro.

24
É muito comum vermos canteiros quadrados
ou retangulares, mas eles podem ter qualquer
formato, inclusive relacionado a algum tema que
esteja sendo trabalhado em sala de aula. Inspire-
se na natureza para criar canteiros com formas
curvilíneas e explore a criatividade da turma.

Para preencher o canteiro: UMA


IDEIA!
Materiais Quantidades para 1m²
Adubo orgânico (composto ou 150 kg
esterco animal)
Solo* 150 kg
Matéria orgânica seca para a O suficiente para uma camada de 15 cm
base (restos de podas como ga- de altura
lhos, caules secos e folhas secas)
Matéria orgânica seca para a O suficiente para uma camada de 5 cm
cobertura (grama cortada seca de altura
ou folhas secas)

* Idealmente, uma mistura dos tipos argiloso, arenoso e orgânico.


Mas pode ser o solo disponível na sua escola.

25
Em nossos canteiros agroecológicos, antes de
adicionar a terra, forramos o espaço com uma
camada espessa de matéria orgânica (galhos, folhas
secas, restos de podas e troncos). Ela dá volume aos
canteiros, impede que a terra se compacte, melhora
a estrutura do solo e possibilita maior circulação de UMA
ar. Além disso, a decomposição da matéria fornece DICA!
nutrientes para a vida do solo.

Como montar:
1. Desenho: Nos dois primeiros passos, o procedimento é o mesmo
usado para calcular o perímetro do canteiro. Em uma folha A4,
faça um desenho da disposição e do formato dos canteiros. O for-
mato pode ser escolhido em conjunto com a turma!

LEVE EM CONTA!
A largura dos canteiros não deve ser maior que 80 cm, para
que as crianças consigam alcançar o centro pelos dois lados. Se
houver mais de um canteiro, deixe um espaço de 50 cm a 1 m
entre eles para facilitar a circulação.

2. Marcação: Com um barbante, reproduza o desenho do papel no


solo. Pequenas estacas podem ser usadas para apoiar o barbante.
3. Limpeza: Com a marcação pronta, faça uma breve limpeza no
espaço, ou seja, tire o excesso de plantas espontâneas usando
uma enxada ou ancinho.

26
4. Montagem: Disponha o material escolhido (tijolo, pedra, bambu,
madeira) seguindo o desenho do barbante *. Atenção! A altura
das paredes deve ser de no mínimo 30 cm para que as raízes pos-
sam se desenvolver.
* Caso utilize tijolos ou pedras, recomendamos não cimentar uns nos ou-
tros. Com o tempo, podemos mudar o formato ou o local dos canteiros,
colocar canteiros onde haviam caminhos de circulação e vice-versa.

5. Preenchimento: Esse é o momento de preencher o canteiro an-


tes de iniciar o plantio. Sugerimos forrar o espaço com uma
camada de 15 cm de matéria orgânica seca de base antes de co-
locar o solo. Em seguida, despeje terra e composto até a borda.
Agora que seu canteiro está pronto, veja como fazer o plantio a
partir da página 36.

Outra opção para construir o canteiro é inverter os passos: começar


reunindo todo o solo e o adubo orgânico em um grande monte, e, só
então, demarcar a área com o barbante para desenhar o formato. De-
pois de erguer as paredes, é só espalhar a mistura de terra no espaço
para iniciar o plantio. A escolha da ordem vai da preferência de quem
constrói!

Os canteiros elevados pedem manutenção constante, pois o


solo vai baixando com o tempo. É preciso colocar mais solo, UMA
composto e matéria orgânica seca, e alinhar as bordas dos DICA!
canteiros, principalmente após um longo período de chuvas.

27
Canteiro em caixotes
Esse canteiro pode ser construído em locais com pouco espaço ou
cobertos com concreto. Para pessoas com restrição de mobilidade e
dificuldade de se abaixar, os caixotes podem ser colocados em cima
de uma bancada. Ele é indicado para plantas com raízes curtas e mé-
dias. Há diversas formas de fazê-lo, com tábuas de madeira, caixas de
isopor e até canos de PVC. Aqui, vamos usar um modelo de caixa de
feira.

28
Você vai precisar de:
Materiais Quantidades para 1 caixa

Caixote de madeira 1

Tecido bidim 1 m²
Grampeador (opcional) 1

Argila expandida
(pode ser substituída por 2 kg
pedrinhas)

Adubo orgânico
15 kg
(composto ou esterco animal)
Solo * 15 kg

O suficiente para cobrir a


Palhada
superfície do canteiro

* Idealmente, uma mistura dos tipos argiloso, arenoso e orgânico.


Mas pode ser o solo disponível na sua escola.

Você pode impermeabilizar suas caixas de madeira para UMA


durarem mais tempo. Na internet você encontra formas de DICA!
fazer impermeabilizantes caseiros e naturais.

29
Como montar:
1. Forre o interior da caixa com o tecido (você pode utilizar um
grampeador para madeira, se tiver em casa ou na escola). Isso
serve para que a terra não escorra pelas laterais e pelos vãos da
caixa. Se preferir, é possível reutilizar materiais para fazer a for-
ração, como banners e faixas. Neste caso, será preciso fazer furos
no banner para escoamento da água.

2. Coloque uma camada de argila expandida no fundo da caixa e


cubra-a inteira com um pedaço de tecido, sem deixar nenhuma
parte para fora. Esse será o sistema de drenagem do canteiro.

3. Acrescente o solo misturado ao adubo orgânico. Certifique-se


antes de que as laterais do tecido estão bem rentes às paredes do
caixote.
4. Cubra o solo com palhada. A próxima etapa, de plantio, está des-
crita a partir da página 36.

Aproveite as aulas de UMA


geografia para falar sobre DICA!
drenagem do solo.

30
Canteiro instantâneo
Como indica o nome, essa é uma horta fácil e rápida de construir.
Ideal para escolas sem disponibilidade de recursos ou para contextos
em que falte tempo para implantar e fazer a manutenção dos cantei-
ros. Podem ser cultivadas folhosas, temperos, chás e algumas plantas
de lavoura, como girassol, feijão, abóbora, melão, melancia, além de
raízes menos profundas.

Você vai precisar de:


Materiais Quantidades para 1 m²
Palhada 10 sacos de 50kg cheios de palha
Adubo orgânico
100 kg
(composto ou esterco animal)
Solo * 100 kg
Mudas ou sementes de temperos,
Cerca de 30 mudas
folhosas, legumes e raízes.
* Idealmente, uma mistura dos tipos argiloso, arenoso e orgânico.
Mas pode ser o solo disponível na sua escola.

A palhada pode ser obtida a partir do corte de grama.


Se não houver um gramado grande na escola, uma
sugestão é buscar através dos serviços de jardinagem
do seu município*. Também funcionam para esse tipo
de canteiro acícula de pinus, palha de milho e capim.
* É possível encontrar palhada nas Centrais de Abastecimento do UMA
seu estado ou município – algumas frutas são acomodadas nas
caixas usando esse material –, em mercados e sacolões. IDEIA!

31
Como montar
1. Limpe o local e capine as plantas espontâneas predominantes.
2. Delimite a área do canteiro. Considere uma largura de até 80 cm,
para facilitar o acesso das crianças a partir das laterais.
3. Preencha toda a área delimitada com a palhada e molde as pa-
redes (dê leves batidinhas para firmar). A altura deve ser de no
mínimo 40 cm, para que as raízes das plantas possam se desen-
volver.
4. Faça cavidades ou “berços” de acordo com as plantas que serão
cultivadas. Se forem raízes, como beterraba ou cenoura, as cavi-
dades devem ser maiores e mais profundas, com 25 cm. No caso
de folhosas e temperos, que possuem raízes menores, elas podem
ter em torno de 15 cm de profundidade. Lembre-se de deixar um
espaço entre os berços, para que uma planta não sombreie a ou-
tra quando elas crescerem.
5. Preencha os berços com solo e composto.
O passo seguinte será realizar o plantio
de sementes ou mudas, descrito a par-
tir da página 36.

32
Espiral de er vas
Esse tipo de canteiro, construído em níveis, é uma boa opção para
otimizar espaço. O formato em espiral permite aproveitar diferentes
graus de incidência de sol e umidade – o topo recebe mais sol e é mais
seco, enquanto a base fica mais úmida. Outra vantagem é que tanto
a montagem quanto a manutenção são fáceis. O exemplo a seguir é
feito com tijolos, mas também é possível usar outros materiais como
madeira, pedras ou bambu.

33
Você vai precisar de:
Materiais Quantidades para espiral de 1m de diâmetro
Barbante 1 rolo pequeno
Tijolos 80 tijolos de 6 furos
Solo* 150 kg
Adubo orgânico (composto
150 kg
ou esterco animal)
O suficiente para uma camada de pelo menos
Matéria orgânica seca
15 cm de altura (pode ser maior na parte mais
para a base
alta do canteiro)

Palhada 1 saco de 50kg cheio de palha


Mudas de ervas aromáticas 15 a 20 mudas
* Idealmente, uma mistura dos tipos argiloso, arenoso e orgânico.
Mas pode ser o solo disponível na sua escola.

Como montar:
1. Limpe o local escolhido, retirando plantas e outros materiais.
2. Com o barbante, desenhe no chão uma espiral de 1 m de diâ-
metro – comece pelo centro (você pode usar uma estaca para
marcá-lo).
3. Acomode uma camada de tijolos sobre o barbante e depois
vá empilhando-os de forma intercalada, erguendo uma pare-
de de pelo menos 30 cm. Não é necessário usar argamassa.
Continue a montagem da parede, de modo que a altura vá
aumentando conforme se aproxima do centro.

34
4. Hora de preencher o canteiro! Forre a base com
uma camada de matéria orgânica seca, como
restos de poda, folhas e palhada. Depois preen-
cha com o solo e, por fim, adicione o composto.
5. O passo seguinte será o plantio. Veja no próxi-
mo tópico como fazer.

Para definir quais espécies plantar em cada posição da


espiral, é preciso ter em mente as condições de luz e umida-
de de cada nível, como mostra a tabela:

Posição na espiral Luz e umidade Planta

Alecrim, lavanda, melissa,


Topo Sol pleno e solo seco
erva doce, sálvia
Tomate cereja, capim limão,
Centro-cima Sol pleno e solo pouco úmido
manjerona
Pimenta diversas, cebolinha,
Centro-baixo Sol pleno e solo úmido
salsinha, orégano
Carqueja, cavalinha, coentro,
Embaixo Meia sombra e solo úmido hortelã, manjericão, poejo,
capuchinha, tomilho

A espiral de ervas traz muitos elementos que podem ser trabalhados


em sala de aula, como o uso das plantas medicinais em diversas UMA
culturas, biopirataria, atuação das plantas no sistemas nervoso, DICA!
digestivo e respiratório, uso das plantas em medicamentos e cosméticos
e cuidados em relação ao uso excessivo de ervas medicinais.
35
5. Plantio (para todos os tipos de canteiro!)
Em uma horta agroecológica, procuramos manter a maior biodi-
versidade possível. Algumas formas de garantir isso são:

Di versificar as plantas
Seu canteiro de hortaliças e ervas pode ser tão diverso quanto uma
floresta. Lembre-se que, quanto mais espécies, maior a variedade de nu-
trientes disponíveis para as plantas. As diferentes raízes ajudam ainda
na descompactação do solo. Portanto, procure misturar hortaliças, tem-
peros e flores em um mesmo canteiro. Também é saudável deixar cres-
cer algumas plantas espontâneas, pois elas atuam como barreira para
insetos e fungos, e conservam a umidade do solo.
SAIBA MAIS

Espécies diferentes podem ajudar umas as outras, repelindo


insetos com seu cheiro ou textura, trazendo polinizadores com
suas flores e atraindo inimigos naturais, ou seja, predadores de
insetos que poderiam prejudicar a plantação caso sua população
aumentasse muito. Pesquise sobre plantas companheiras em
www.anamariaprimavesi.com.br.

Revolver menos o solo


Revolver minimamente ajuda a conservar a vida do solo, tornan-
do-o menos exposto a intempéries, como vento, sol pleno e chuva.
Desse modo, preservamos sua condição ideal. No caso de solos muito
compactados, o indicado é plantar espécies com raízes de diferentes
tamanhos, que cumprirão o papel de arejar e afofar a terra.

36
Cobertura de matéria seca
Qualquer que seja o tipo de canteiro, uma cobertura de matéria
orgânica seca (palha ou folhas) vai nutrir e proteger o solo das chuvas
fortes e da incidência solar, além de mantê-lo úmido mesmo nas esta-
ções mais quentes do ano.

Um estudo da pesquisadora Maria de Lourdes Soffner


(2001) mostrou que a folha da bananeira e o seu
pseudocaule usados como cobertura ou incorporados
ao solo mantêm a umidade, evitam a erosão, controlam
plantas invasoras e devolvem nutrientes à terra,
reduzindo os custos com adubação.
VO CÊ
SABI A?
Para fazer o plantio, podemos utilizar sementes, mudas ou estacas.

Seme adura dire ta


O que é: É o nome que se dá ao plantio de sementes ou rizomas direta-
mente no canteiro, em um solo já adubado.
O que plantar dessa forma: Cenoura, beterraba, batata, gengibre,
rabanete, cebola, melancia, melão, girassol, abóbora, milho, rúcula, sal-
sinha, coentro.
Como fazer: Abra um sulco de até 1 cm* de profundidade no solo, pol-
vilhe um punhado de sementes dentro e cubra novamente com terra.
Esse é um semeio genérico, que pode ser aplicado a diversas espécies
de uma horta. Após o plantio, regue o solo até ficar úmido, porém não
encharcado.
* A regra geral é que as sementes não devem ser enterradas a mais do que o dobro
do seu tamanho, ou seja, sementes de cenoura, rúcula e salsinha devem ficar
entre 0,5 cm e 1 cm de profundidade e sementes de abóbora e melancia devem
ser plantadas entre 1 e 2 cm. 37
SAIBA MAIS

Depois que as sementes brotam, as plantas se desenvolvem e suas folhas


começam a despontar (o tempo vai variar de acordo com a espécie),
faz-se um desbaste, deixando apenas as mudas mais saudáveis.
É sempre bom deixar um espaço entre as plantas, algo entre 5 e 15 cm,
considerando o tamanho que elas podem atingir.

Fique atento para realizar o


plantio no período do ano mais UMA
adequado a cada espécie (veja DICA!
o calendário na página 52).
Plantio por muda
O que é: É o plantio de uma planta jovem (plântula), que cresceu a
partir de uma semente germinada em local específico para isso (tube-
te, bandeja).
O que plantar dessa forma: Hortaliças em geral.
Como fazer: As mudas podem ser compradas ou feitas na própria es-
cola (veja como na página 49). Se elas estiverem em um recipiente ou
saco plástico, retire-o com bastante cuidado, para preservar as raízes.
Para plantá-las, comece medindo o tamanho do torrão de terra, que é
a parte onde estão as raízes, e faça um berço desse mesmo tamanho.
Separe a terra retirada do buraco e misture-a com adubo orgânico.
Coloque uma parte dessa mistura no fundo do buraco. Em seguida,
posicione a muda na cavidade, na vertical, e preencha o espaço com a
mistura de terra e adubo, cobrindo as raízes. Regue a planta de modo
que o solo fique úmido, mas não encharcado.
38
O melhor horário para semear ou transplantar as
mudas para o canteiro definitivo é no começo ou no UMA
final do dia. Aproveite este momento para estudar com DICA!
os alunos a morfologia vegetal. De forma prática, eles
conseguirão ver diversas partes das plantas.

Plantio por estaquia


O que é: Esse plantio se baseia na multiplicação de estacas feitas a
partir do caule, da raiz ou das folhas.
O que plantar dessa forma: mandioca, cana-de-açúcar, manjericão,
rosa, uva.
Como fazer: Depois de produzir as estacas (veja como na página 50),
prepare o espaço onde elas serão plantadas, com um solo rico em maté-
ria orgânica. Com uma enxada ou pazinha, faça um sulco transversal
de cerca de 20 cm de profundidade e apoie a estaca em pé ou levemente
inclinada. Volte a colocar o solo removido para preencher o sulco. No
primeiro mês após o plantio, capriche na rega.

LEVE EM CONTA!

Dependendo da espécie, as estacas podem ser plantadas de formas


diferentes. A da mandioca, por exemplo, é plantada deitada.
Pesquise sobre o tipo de estaca da planta que você pretende
cultivar.

39
Use um caderno como diário de campo para
anotar as datas de plantio. Assim, será possível
planejar uma rotina de irrigação, manutenção e
colheita, dividindo as tarefas entre o grupo.

UMA
IDEIA!
UMA Lembre-se que as ferramentas precisam ser
DICA!
limpas após o uso. Isso contribui para não levar
doenças de uma planta a outra.

40
6. Colheita
Tendo como referência o calendário agrícola da página 52, é pos-
sível prever aproximadamente o tempo de colheita de cada espécie.
Mas isso vai depender da planta cultivada, de seu estado nutricional e
de fatores como clima e quantidade de água disponível.

Cada tipo de planta tem um momento certo para ser colhido.


Fique atento aos sinais!
Hortaliças folhosas: Preste atenção para não passarem do ponto,
ficarem amareladas, amargas ou secas.
Hortaliças brássicas com inflorescência (couve-flor e brócolis):
Observe se os botões florais já estão formados e firmes. Esse é um
sinal de que já podem ser colhidos.
Solanáceas (tomate e pimentão): Confira se os frutos estão no
tamanho e coloração desejadas.

41
Os melhores horários para a colheita são o começo da manhã ou o
fim da tarde. Evite os períodos mais quentes e secos do dia, quando as
plantas perdem água.

Para colher as hortaliças, retire folha por folha, em


vez de arrancar o pé inteiro. Assim, elas continuarão UMA
produzindo, e também darão flores e sementes que DICA!
poderão ser plantadas novamente.

7. Manutenção
Irrigação
A irrigação da horta pode ser feita com regadores, mangueiras,
mangueiras furadas, gotejadores ou aspersores. A quantidade de
água e a frequência variam de acordo com a região, o tipo de solo, a
espécie e a fase de crescimento das plantas.
Confira algumas informações gerais:
Os melhores horários: Assim como a colheita, a indicação é irrigar
os canteiros nos horários mais frescos do dia, ou seja, no começo da
manhã ou no fim da tarde (duas vezes nos dias quentes e uma vez nos
dias frios). Assim, a perda de água por evapotranspiração é menor.
Em períodos de chuva, não é necessário regar a horta.
Os tipos de solo: Conhecer o solo é fundamental para saber a quan-
tidade de água que ele precisa. Os argilosos, por exemplo, tendem a

42
reter líquido. Nesse caso, as irrigações podem ser mais volumosas e
espaçadas. Já os solos arenosos, por terem fácil lixiviação, podem re-
ceber regas mais frequentes e com menos água.
Fases da vida: Mudas recém-transplantadas precisam de água com
mais frequência, de duas a três vezes por dia. Na fase adulta das plan-
tas, quando acontece a floração e formação de frutos, as irrigações po-
dem ser mais espaçadas, de uma a duas vezes por dia, dependendo da
estação e do clima do dia.

Evite encharcar o solo nas irrigações, pois isso


cria um ambiente favorável ao ataque de fungos. UMA
A falta de água, por outro lado, pode prejudicar DICA!
o desenvolvimento das plantas. Observe sempre
os sinais que elas dão!

Nos feriados, é comum não ter pessoas na escola para regar as


plantas. Uma sugestão é criar um sistema caseiro de irrigação por go-
tejamento. É algo simples e que pode ser feito com materiais de fácil
acesso. Há bons exemplos na internet.

Quando as plantas são irrigadas em períodos mais


espaçados, suas raízes se tornam mais fortes e
resistentes à seca, porque se aprofundam mais no solo
em busca de água.
VO CÊ
SABI A?

43
Adubação orgânica
Uma primeira adubação, chamada de adubação de base, já é rea-
lizada na hora do plantio, quando adicionamos o composto orgânico
à terra. Mas outras podem ser feitas conforme as plantas se desen-
volvem. Essas são as adubações de cobertura: o adubo deve ser colo-
cado próximo à base da planta ou na linha de plantio da horta. Além
do composto orgânico, a adubação pode ser feita de diversas formas:
com húmus de minhoca, esterco de animais herbívoros, como aves e
bovinos, ou através da adubação verde.

SAIBA MAIS

Um bom jeito de obter adubo orgânico é através da compostagem.


Esse processo, além de resultar em um material rico em nutrientes
para a horta, recicla os resíduos orgânicos produzidos na escola. Para
aprender a fazer, acesse o Manual de Orientação da Compostagem
Doméstica, Comunitária e Institucional de Resíduos Orgânicos, uma
parceria do Ministério do Meio Ambiente, do Cepagro e do Sesc/SC.

Presença de inse tos


Saiba que os insetos farão parte de sua horta! E
nem todos são prejudiciais às plantas. Muitos, ao con-
trário, são polinizadores ou predadores de pragas. O
importante é ficar atento ao aumento da população de
um só tipo de inseto no canteiro ou em uma mesma
planta, pois esse pode ser um indicativo de desequilí-
brio. Nesse caso, podem ser tomadas medidas que não
prejudicam a saúde das pessoas nem a do meio am-
biente.

44
Veja três presenças bem comuns nas hortas, que podem interferir
no desenvolvimento das plantas, e saiba o que fazer para controlá-las:

Lagartas: Elas se alimentam de raízes, brotos e folhas novas. Para


controlar a sua população, é possível recolhê-las manualmente ou
pulverizar calda de fumo* nas plantas.
Pulgões: São insetos bem pequenos, de coloração preta, marrom,
verde branca ou amarela. Eles deixam as plantas enrugadas e
amareladas. Uma sugestão é aplicar calda de fumo a cada três dias
na planta. Cultive também plantas como manjericão e erva doce, pois
elas atraem joaninhas, que são predadoras de pulgões.
Cochonilha: Sua aparência lembra bolinhas bem pequenas de
algodão. Elas ficam alocadas nas folhas e dobras das plantas, sugando
sua seiva. Pulverize óleo de neem uma vez por semana até controlar
a infestação.
* Para fazer a calda de fumo: 20g de fumo de corda + 1 litro de água + 200 ml de
álcool. Misture tudo, deixe descansar por um dia e coe. Depois de 2 ou 3 dias,
aplique nas plantas com borrifador.

Lembre-se que um solo fértil e saudável é a


melhor forma de manter as plantas fortes e UMA
menos suscetíveis a ataques de insetos. DICA!

Plantas doentes
As plantas são como os animais: se não estão em um local favorá-
vel ou não recebem uma nutrição adequada, podem adoecer. Elas ma-
nifestam esse desequilíbrio de muitas formas, mudando por exemplo
o aspecto das folhas, do caule ou das raízes.
45
As causas também podem ser diversas: muito ou pouco sol, muito
vento, solo encharcado ou muito seco, excesso ou falta de algum nu-
triente, presença de vírus, bactérias e nematóides (vermes que mo-
ram no solo). Segundo a Teoria da Trofobiose, desenvolvida na déca-
da de 1970 pelo francês Francis Chaboussou, a condição ambiental de
crescimento da planta está diretamente relacionada à sua saúde.
Veja a seguir algumas doenças comuns, suas causas e medidas
que podem ser tomadas:

Sinal Causa O que fazer


Folhas murchas e amareladas Excesso de água Drenar o solo
Irrigar com frequên-
Folhas murchas e secas Falta de água
cia
Aumentar a exposição
Folhas desbotadas e amolecidas Falta de luz
solar
Folhas com manchas brancas ou Eliminar essas folhas
Fungos
cinzas ou a planta inteira
Planta murcha e folhas com as Eliminar essas folhas
Bactérias
bordas queimadas (marrom) ou a planta inteira
Folhas novas enroladas e pálidas Falta de cálcio Adequar a adubação
Folhas novas amareladas Falta de ferro Adequar a adubação
Folhas finas com pequenos buracos Falta de potássio Adequar a adubação
Folhas velhas verde amarelado Falta de
Adequar a adubação
pálido nitrogênio
Folhas excessivamente verdes e Excesso de
Adequar a adubação
macia nitrogênio

46
Uma planta nutricionalmente equilibrada está mais protegida do
ataque de pragas e doenças. É essencial conhecer o ciclo de vida de
cada espécie cultivada em sua horta para oferecer condições e cuida-
dos específicos, como quantidade de luz, água, adubação adequada e
companhias aliadas.
SAIBA MAIS
O site da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(EMBRAPA) tem um acervo sobre “sistema de produção” de diversas
espécies, com informações técnicas para seu cultivo.

ATENÇÃO! Se observar que alguma planta


mudou de cor, murchou, secou ou está apresen-
tando deformidades nas folhas, caule ou raiz,
retire-a da horta para evitar a possível disse-
minação de alguma doença.
Condução
No caso das plantas com caules flexíveis, como o tomate, que ten-
de a tombar quando cresce, é recomendado fazer um apoio com uma
estaca (galho, vara de madeira ou bambu) para dar sustentação. Você
pode amarrar um cordão de algodão ou sisal para firmar a planta na
estaca.

Rotação de cultura e mudança do local


Depois das colheitas, não se deve cultivar as mesmas espécies
plantadas anteriormente. Isso porque elas exigem do solo sempre os
mesmos nutrientes. Escolher plantas com características diferentes
garante que nenhum nutriente se esgote, além de melhorar a ferti-
lidade do solo. Se havia folhosas no canteiro, por exemplo, opte por
cultivar raízes.
47
Para ajudar a melhorar a qualidade do solo, é interessante tam-
bém reconstruir a horta a cada ano e mudar sua disposição – lugares
que antes serviam de passagem podem virar canteiro e vice-versa.
Dessa forma, conservamos a biota do subsolo.

Proteção para as plantas


Quebra ventos ou cercas vivas: Plantas como a bananeira e o café
podem ser usadas como barreiras vegetais contra ventos fortes, ata-
que de insetos e disseminação de fungos na horta. Além de protege-
rem o plantio, as cercas vivas atraem insetos polinizadores e inimi-
gos naturais, mantêm a umidade e a temperatura da horta. Também
é possível optar por plantar árvores nativas frutíferas, muitas vezes
desconhecidas dos alunos, como cabeludinha, cambuci, gabiroba e
cerejeira do mato. Essa é uma forma de trabalhar a biodiversidade
local e introduzir novas frutas na alimentação dos estudantes.
Consórcio e plantas companheiras: Como já vimos, algumas espé-
cies se beneficiam entre si quando cultivadas juntas. A essa parce-
ria dá-se o nome de consórcio. Elas podem, por exemplo, se ajudar
repelindo pragas e atraindo polinizadores, caso do manjericão e do
alecrim. Outras plantas, como a flor de cravo, repelem nematóides do
solo através de uma substância que eliminam pelas raízes. Plantas
mais altas também podem produzir sombra para companheiras que
precisam se proteger do sol.

48
8. Como fazer?

Mudas
Produzir as próprias mudas é uma forma de a escola se tornar
mais independente em relação à compra de insumos.

Você vai precisar de:


• Um local com controle de incidência solar, protegido de ventos,
chuva e ataque de insetos ou pássaros;
• Uma bancada (de preferência afastada do chão);
• Solo (rico em nutrientes, com boa aeração para o desenvolvi-
mento das raízes, sem pedras ou sujeiras);
• Sementes de qualidade (colhidas na própria horta ou adquiri-
das de produtores orgânicos);
• Recipientes (caixas de leite, potes de iogurte, caixas de ovos ou
recipientes próprios para mudas, comprados em lojas de jardi-
nagem).

Para fazer as mudas:


1. Preencha os recipientes com o solo.
2. Faça um buraco de até 1 cm em cada
(a depender do tamanho da semente).
3. Coloque de 2 a 3 sementes no buraco.
4. Cubra as sementes e molhe sem encharcar.

49
Irrigação:
No início, regue algumas vezes ao dia, mas sem deixar o solo en-
charcado. Essa frequência constante de irrigação deve ser realizada
até as sementes desenvolverem suas primeiras raízes, o que pode le-
var uma média de duas semanas, dependendo da espécie. Quando a
planta já estiver com 3 ou 4 folhas, é hora de transplantá-la para o
canteiro definitivo.

Estacas
1. Escolha uma planta adulta e saudável, sem sinais de doença ou
falta de nutrientes.
2. Com uma tesoura de poda limpa, corte um pedaço do caule (20
cm). O corte deve ser em diagonal, sem deixar feridas ou rasgos
na estaca.
3. Se houver folhas no caule, retire cerca de ⅓ delas, deixando a par-
te inferior limpa. Retire flores e botões, se for o caso, e corte a
ponta caso haja folhas grandes, para que não consumam energia.

Para enraizar:
• Coloque hortaliças de caule macio (como manjericão e hortelã)
em um recipiente de vidro com água limpa – se ficarem folhas
submersas, retire-as. Mantenha em local fresco e luminoso,
mas sem luz do sol direta, e troque a água a cada três dias. O
tempo de enraizamento será de uma a duas semanas, depen-
dendo da planta.
• Plantas com caule lenhoso ou fibroso (frutíferas e temperos
como o alecrim) podem ser colocadas diretamente no solo fér-
til. Escolha uma dessas plantas, retire um galho novo e use a

50
parte verde como estaca. Prepare um recipiente com terra fér-
til. Faça uma cavidade, coloque a estaca – com a parte cortada
em contato com a terra – e firme o solo ao redor dela. Esse pro-
cedimento também pode ser feito diretamente no canteiro.

Durante as férias escolares


E quando chega o fim do ano, como fazer a manutenção da horta?
Uma boa estratégia é utilizar plantas de cobertura, também conheci-
das como adubo verde. Elas melhoram as condições físicas, químicas
e biológicas do solo. Após completar seu ciclo vegetativo, formam uma
camada de palha que vai beneficiar o local de produção.

Que plantas são essas?


Mucuna, feijão de porco, aveia, nabo forrageiro, ervilhaca, crota-
lária e milheto, entre outras.

Quando plantar?
Antes do início das férias, mantendo-as até o início das aulas.

Por que plantar?


Elas ajudam a combater a erosão, geram matéria orgânica que
funciona com o isolante térmico, reduzem o crescimento de plantas
espontâneas e evitam a compactação do solo. Outra vantagem é a in-
corporação de nitrogênio do ar para o solo, através das leguminosas
que têm a capacidade de fixá-lo.

51
Calendário agrícola
Confira a melhor época para o plantio de algumas espécies em
diferentes regiões do país.

Regiões do Brasil
Colheita
Planta Norte Nordeste Centro-oeste Sudeste Sul
(dias)
Abóbora Abr-Ago Mar-Out Ano todo Set-Mar Out-Fev 90 a 120
Abobrinha Italiana Abr-Ago Mar-Out Ano todo Ago-Maio Set-Maio 45 a 60
Acelga Abr-Jun Fev-Jul Fev-Jul 60 a 70
Agrião Abr-Jul Mar-Set Mar-Jul Fev-Jul Fev-Out 60 a 70
Alface de inverno Mar-Jul Mar-Set Mar-Set Fev-Jul Fev-Out 60 a 80
Alface de verão Ano todo Ano todo Ano todo Ano todo Ano todo 50 a 70
Alho Maio Mar-Abr Mar-Abr Mai-Jun 150 a 180
Alho-poró Mai-Jun Abr-Jun Mar-Jun Mar-Jun 90 a 120
Almeirão Abr-Ago Fev-Ago Fev-Ago Fev-Ago Fev-Out 60 a 70
Batata Abr-Mai Abr-Mai Nov-Dez 90 a 120
Batata- doce Ano todo Ano todo Out-Dez Out-Dez Out-Dez 120 a 150
Berinjela Abr-Ago Ano todo Ago-Fev Ago-Mar Ago-Jan 100 a 120
Beterraba Abr-Ago Abr-Ago Ano todo Ano todo 60 a 70
Brócolis de inverno Fev-Mai Fev-Jul Fev-Set 90 a 100
Brócolis de verão Abr-Jul Out-Fev Out-Jan Set-Jan Out-Dez 80 a 100

52
Regiões do Brasil
Colheita
Planta Norte Nordeste Centro-oeste Sudeste Sul
(dias)
Capuchinha Abr-Mai Abr-Mai Abr-Mai Ago-Out Ago-Out 70
Cebola Fev-Mai Fev-Abr Fev-Mai Fev-Mai Jul-Ago 120 a 180
Cebolinha Abr-Out Mar-Jul Abr-Ago Ano todo Ano todo 80 a 100
Cenoura de inverno Abr-Jul Mar-Jul Fev-Ago 90 a 110
Cenoura de verão Out-Mar Out-Mar Out-Mar Out-Mar Nov-Jan 85 a 100
Chuchu Abr-Jul Ano todo Set-Out Set-Out Set-Out 100 a 120
Coentro Abr-Out Ano todo Ago-Abr Ago-Fev Set-Jan 50 a 60
Couve Manteiga Abr-Jul Abr-Ago Fev-Jul Fev-Jul Fev-Jul 80 a 90
Ervilha Abr-Mai Abr-Mai Abr-Mai 60 a 70
Espinafre Mar-Mai Mar-Ago Mar-Ago Fev-Set Fev-Set 60 a 80
Feijão Vagem Abr-Jul Ano todo Mar-Ago Ago-Mar Set-Mar 60 a 70
Gengibre Ano todo Ano todo Ago-Dez Ago-Dez Ago-Dez 240 a 300
Melancia Abr-Ago Mar-Set Set-Dez Ago-Mar Set-Jan 85 a 90
Melão Abr-Ago Mar-Set Set-Dez Set-Fev Out-Fev 80 a 120
Milho Mar-Mai Out-Mar Set-Jan Set-Dez Ago-Fev 80 a 110
Moranga Mar-Jun Set-Dez Set-Dez Set-Dez 120 a 150
Morango Fev-Mar Mar-Abr Mar-Abr 70 a 80
Mostarda Fev-Jul Mar-Jul Mar-Ago Jul-Dez 45 a 50
Pepino Abr-Set Ano todo Jul-Nov Set-fev Set-Fev 45 a 60

53
Regiões do Brasil
Colheita
Planta Norte Nordeste Centro-oeste Sudeste Sul
(dias)
Pimentão Abr-Jul Mai-Set Ago-Dez Ago-Mar Set-Fev 100 a 120
Quiabo Ano todo Ano todo Ago-Fev Ago-Mar Out-Dez 70 a 80
Rabanete Mar-Ago Mar-Jul Abr-Set Mar-Ago Mar-Ago 25 a 30
Rúcula Mar-Jul Mar-Jul Mar-Ago Mar-Ago 40 a 60
Salsinha Mar-Ago Mar-Ago Mar-Set Mar-Set 60 a 70
Tagete Ano todo Ano todo Ano todo Ano todo Ano todo 70 a 85
Taioba Ano todo Ano todo Set-Fev Set-Nov Set-Nov 70 a 100
Tomate Mar-Jul Ano todo Ano todo Ano todo Set-Fev 100 a 120
Fonte: Guia de Atividades Educando com a Horta (Cepagro, 2019)

54
Referências bibliográficas
ARAÚJO, Roberto. Manual natureza de hortaliças e temperos. São
Paulo: Editora Europa, 2009.
BIANCO, Saul; ROSA, A. C. M. Hortas escolares: o ambiente horta
escolar como espaço de aprendizagem no contexto do ensino funda-
mental - livro do professor. Florianópolis: Instituto Souza Cruz, 2005.
BLAINSKI, Juliane. Controle Biológico de pragas: dicas de como
atrair joaninhas. Site Maneje Bem, 2019.
EPAGRI. O que são plantas de cobertura ou adubos verdes: conhe-
ça as vantagens. Epagri, 2020.
GOMES, G. Plantio direto de hortaliças orgânicas: estudo de caso
em uma propriedade periurbana em Florianópolis, SC. Florianó-
polis: UFSC, 2004.
IRALA, C. H.; FERNANDEZ, P. M. Manual para escolas: a escola pro-
movendo hábitos alimentares saudáveis. Coordenação Elisabetta
Recine. Brasília: UnB, 2001.
LEGAN, Lucia. Criando habitats na escola sustentável: livro do edu-
cador. Pirenópolis: Ecocentro IPEC, 2009.
REYES, Caroline Pinheiro et al. Hortas pedagógicas: Manual prático
para instalação. Brasília (DF): Embrapa Hortaliças, 2019.
SILVA, Andreia C. da (org). Guia hortas pedagógicas: Mais um espa-
ço para aprendizagem. São Paulo: Associação Paulista de Gestores
Ambientais (APGAM), 2018.
SOFFNER, M. L. A. P. Produção de polpa celulósica a partir de en-
gaço de bananeira, 2001. 56 f. Tese (Mestrado em Ciências) – Escola
Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, USP, Piracicaba, 2001.

55
Links para inspirar
6 passos para iniciar uma horta escolar. CicloVivo, mar. 2017.
Guia de atividades Educando com a horta. CEPAGRO, 2019.
Horta em casa: uma conexão com a natureza durante o isolamento.
Greenpeace Brasil, mar. 2020.
Manual para escolas: a escola promovendo hábitos alimentares
saudáveis. Universidade de Brasília, 2001.

56
Glossário
Acícula: Folha fina e pontiaguda, Berço: Abertura no solo destinada a
com formato semelhante ao de uma receber uma muda de planta.
agulha.
Biota: Conjunto de todos os seres vi-
Adubação orgânica: Técnica para vos de um determinado lugar.
fertilizar a terra a partir de resíduos
de origem animal e vegetal (folhas Cisterna: Reservatório para armaze-
secas, grama, restos vegetais, restos nar e conservar a água.
de alimentos e esterco animal), por
meio da decomposição. Croqui: Desenho ou esboço feito à
mão, sem a necessidade de traços pre-
Adubação verde: Técnica de aduba- cisos.
ção através do cultivo de plantas que
melhoram as características físicas, Decomposição: Processo realizado
químicas e biológicas do solo. por fungos e bactérias, que transfor-
mam a matéria orgânica (fauna/flora)
Agroecológico: Ou agroecologia é em compostos orgânicos e minerais.
uma forma de fazer agricultura que
respeita o meio ambiente, a diversi- Desbaste: Retirada de mudas mal-
dade e as relações, incluindo questões formadas e menores, para que as
culturais, políticas e sociais. mais saudáveis tenham espaço para
se desenvolver.
Agrotóxicos: Substâncias químicas
utilizadas em produções agrícolas Drenagem: Escoamento da água.
para o controle de pragas (animais e
vegetais) e doenças. Seu uso está as- Estacas: Mudas de plantas geradas a
sociado a problemas ambientais e de partir de um pedaço de caule, raízes
saúde. ou folhas. 57
Evapotranspiração: Processo Mudas: Nome popular para os
que envolve a evaporação da água primeiros estágios da vida de uma
do solo e a transpiração das plan- planta.
tas.
Óleo de neem: Óleo extraído
Folhosas: Folhas que consumi- da planta Neem (Nim) e utilizado
mos como alimento, como alface, como antifúngico, antibacteriano,
rúcula, almeirão, acelga, couve, antiviral, antiséptico e anti-infla-
repolho. matório.

Fotossíntese: Conversão da Plantas companheiras: Plantas


energia solar em energia química, que se ajudam quando cultivadas
realizada pelas plantas para sinte- no mesmo local.
tizar compostos orgânicos.
Plantas espontâneas: Plantas
Inimigos naturais: Qualquer que nascem sem serem cultivadas,
organismo (vírus, fungos, bacté- e muitas vezes são indesejadas.
rias, insetos) que exerça o contro-
le sobre a população de outro or- Projeto Político Pedagógico
ganismo. (PPP): Documento que resume os
valores e a proposta educacional
Insumos: Cada um dos elemen- de uma instituição de ensino.
tos (matéria-prima) necessários
para produzir algo (produto). Pseudocaule: Falso caule forma-
do pela união das bainhas (bases)
Lixiviação: Perda de compostos das folhas, que termina com uma
do solo para água. copa de folhas longas e largas.

Manancial: Nascente ou fonte de Revolver o solo: Prática realiza-


água. da com a intenção de descompac-
tar o solo. 58
Sais minerais: Compostos de Sombrite: Manta ou tela, geral-
substâncias inorgânicas essen- mente feita de polietileno, usada
ciais para o funcionamento ade- para sombrear alguma área.
quado dos seres vivos.
Topografia: Característica natu-
Solo fértil: Solo com quantidade ral ou artificial da superfície de
de nutrientes e microrganismos um terreno.
vivos adequada para o desenvol-
vimento das plantas. Transplantar: Mudar uma plan-
ta, muda ou estaca de local.

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Este livro é um dos produtos do projeto “Fortalecimento da Educação
Alimentar e Nutricional no Ambiente Escolar: ações multidisciplinares
e intersetoriais”, do Departamento de Nutrição/Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC) em parceria com o Centro de Estudos e Promoção
da Agricultura de Grupo (CEPAGRO). A história do nosso grupo iniciou
em 2017 com o projeto “Rede de Fortalecimento da Segurança Alimentar
e Nutricional no âmbito da alimentação escolar: ações intersetoriais e
multidisciplinares de pesquisa, ensino e extensão – ReforSAN Escolar”,
que permitiu a aproximação de pessoas com experiência e paixão em
educação alimentar e nutricionalcom a comunidade escolar.

O CEPAGRO é uma organização não governamental com sede


em Florianópolis (SC) fundada em 1990. Sua missão é promover a
agroecologia em comunidades rurais e urbanas, de maneira articulada
em rede. O trabalho de fortalecimento da agroecologia em comunidades
locais, nacionais e internacionais se dá por meio do desenvolvimento e
replicação de tecnologias sociais, estabelecendo parcerias e contribuindo
para a construção de políticas públicas.

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