Bruna Piazza - PROJETO DE ESTRUTURA DE CONTENÇÃO
Bruna Piazza - PROJETO DE ESTRUTURA DE CONTENÇÃO
Bruna Piazza - PROJETO DE ESTRUTURA DE CONTENÇÃO
BRUNA PIAZZA
Caxias do Sul
2018
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BRUNA PIAZZA
CAXIAS DO SUL
2018
3
BRUNA PIAZZA
Aprovado em 22/11/2018.
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________
Prof. Carolina Becker Pôrto Fransozi
Univates
_________________________________________________
Prof. Msc. Matheus Lemos Nogueira
Universidade de Caxias do Sul
__________________________________________________
Prof. Msc. Jaqueline Bonatto
Universidade de Caxias do Sul
4
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Cátia e Valdesir, pelo amor, dedicação, confiança e incentivo durante
os longos anos de graduação. Pelo esforço sem medida para me proporcionar uma excelente
educação, permitindo que eu realizasse este curso. Em especial à minha mãe, que nunca me
deixou desistir de meus sonhos mesmo quando deixei de acreditar neles.
Ao meu irmão, Pedro, pelo apoio, compreensão e motivação em todos os momentos
em que achei que não era capaz.
À minha orientadora, Jaqueline Bonatto, por estar sempre presente, me auxiliando e
ensinando. Por participar desta etapa importante para minha graduação, dedicando seu tempo
e me fornecendo a orientação necessária.
A todos os professores que contribuíram para minha formação profissional.
5
RESUMO
Grandes maciços de terra são extremamente vulneráveis a ações externas como intempéries,
ou a ação do homes, causando diversos danos financeiros e pondo em risco a vida e o bem
estar da população. Para que não ocorram esses tipos de acidentes, técnicas de contenção de
solo são utilizadas para garantir a segurança e estabilidade de taludes. O projeto e
dimensionamento dessa estrutura deve garantir a estabilidade externa e interna, trabalhando
sempre de acordo com fatores de segurança. Este trabalho apresenta um conjunto de obras de
engenharia em um talude na cidade de Cotiporã – RS, com a aplicação de duas técnicas
construtivas, muro de gabião e muro de flexão em concreto armado. A partir do método do
equilíbrio limite, calculou-se a estabilidade das estruturas propostas visando a segurança dos
mesmos, também foi possível determinar as dimensões finais das mesmas com base nos
cálculos da segurança. Busca-se a estabilidade de um talude de corte e a viabilidade
econômica da obra, para isso fez-se uma comparação orçamentária entre as diversas obras de
contenção. Com base no orçamento encontrado, juntamente com dados obtidos, observou-se a
maior viabilidade econômica e técnica do muro de gabião.
ABSTRACT
PIAZZA, B. Containment structure design and cost analysis for a cutting slope on a
highway. 2018. Completion of a course in Civil Engineering – University of Caxias do Sul,
City of Caxias do Sul / RS, Brazil.
Large earth masses are extremely vulnerable to external actions such as weathering, or the
action of humans, causing various financial damage and compromising the life and well-being
of the population. To ensure that these types of accidents do not occur, soil containment
techniques are used to guarantee the safety and stability of the soil. The design and sizing
structure should ensure external and internal stability, always working in favor of safety
factors. This work presents a set of engineering works in a slope in the city of Cotiporã – RS,
with the application of two constructive techniques, gabion wall and reinforced concrete
bending wall. Based on the equilibrium limit method, the stability of the proposed structures
was calculated to ensure their safety, and it was also possible to determine their final
dimensions based on safety calculations. It seeks the stability of a cutting slope and the
economic viability of the work, so a budget comparison between the various containment
works was made. Based on the budget found, along with data obtained, the highest economic
and technical viability of the gabion wall was observed.
Keywords: Slopes, containment structures, gabion wall, reinforced concrete bending wall.
7
LISTAS DE SÍMBOLOS
W – força peso
X1 – distância da base do muro ao centro
Eav – componente vertical do empuxo
X2 – base do muro
Eah – componente horizontal do empuxo
Y1 – altura de aplicação do empuxo
γ1 – peso específico do solo
H – altura do maciço reforçado
q – sobre carga uniformemente distribuída sobre o terrapleno
Lr – comprimento do reforço ou largura da base da massa de solo reforçado
Ye – altura de aplicação do empuxo
Wmuro – peso do muro ou do solo sobre o tardoz (kN/m)
Ep – empuxo passivo (kN/m)
Ea – empuxo ativo (kN/m)
𝛿– ângulo de atrito solo-muro (°)
∅–ângulo de atrito do solo (°)
8
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 13
1.1. OBJETIVO ........................................................................................................................ 14
1.1.1. Objetivo principal ......................................................................................................... 14
1.1.2. Objetivos específicos .................................................................................................... 14
2. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 15
2.1. TALUDES ......................................................................................................................... 15
2.1.1. Talude de aterro ........................................................................................................... 15
2.1.2. Talude de corte ............................................................................................................. 16
2.1.3. Tipos de movimento de massa ..................................................................................... 17
2.1.3.1. Rastejo..........................................................................................................................17
2.1.3.2. Corrida.........................................................................................................................18
2.1.3.3. Queda ou desprendimento...........................................................................................19
2.1.3.4. Escorregamento...........................................................................................................20
2.1.4. Estabilidade de taludes ................................................................................................. 21
2.1.4.1. Equilíbrio limite...........................................................................................................21
2.2. ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO ................................................................................. 22
2.2.1. Tipos de estrutura de contenção ................................................................................. 23
2.2.1.1. Muro de gravidade com concreto ciclópico................................................................23
2.2.1.2. Muro de gravidade em alvenariade pedra...................................................................23
2.2.1.3. Muro de saco de solo cimento......................................................................................24
2.2.1.4. Muro de pneus..............................................................................................................25
2.2.1.5. Cribwall.......................................................................................................................26
2.2.1.6. Cortina atirantada.......................................................................................................27
2.2.1.7. Cortina cravada...........................................................................................................26
2.2.1.8. Parede diafragma........................................................................................................27
2.2.1.9. Solo grampeado...........................................................................................................30
2.2.1.10. Solo reforçado............................................................................................................30
2.1.1.11. Muro de gabião..........................................................................................................32
2.1.1.12. Muro de flexão em concreto armado.........................................................................33
2.2.2. Estabilidade da estrutura ............................................................................................. 34
2.2.2.1. Estabilidade contra tombamento.................................................................................34
2.2.2.2.Estabilidade contra deslizamento................................................................................36
12
1. INTRODUÇÃO
1.1. OBJETIVO
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. TALUDES
Para Gerscovich (2016) a definição de taludes pode ser dada como qualquer superfície
inclinada de um maciço de solo ou rocha. Essas estruturas, quando construídas pelo homem,
podem ser divididas em taludes de aterro e corte. Esta definição também é dada por Das
(2007), que afirma que toda superfície de solo exposta que não possa ser classificada como
horizontal é denominada talude, como observa-se na Figura 1.
Para Andrade (2013), talude de aterro é aquele que se forma como resultado da
deposição de materiais, de terraplenagem e bota-foras. A Figura 2 demonstra este tipo de
estrutura. Gerscovich (2016) afirma que o projeto de taludes de aterros se deve à necessidade
de implementação de barreiras de terra ou rocha, quando o solo de fundação possui baixa
capacidade de suporte ou para nivelamento do terreno.
16
2.1.3.1.Rastejo
2.1.3.2.Corrida
Para Augusto Filho (1992) este movimento é caracterizado pelo deslocamento interno
e externo da massa, pela grande quantidade de material movimentado e por possuir a fluidez
de um líquido viscoso. O autor também afirma que por possuir uma alta velocidade de
deslocamento, consegue alcançar grandes distâncias, mesmo em áreas planas.
Ocorre principalmente em solos argilosos moles que se movem como um fluido
viscoso. Esse movimento de fluxo também pode ser visto em solos de areia seca
(DYMINSKI, 2007). A Figura 5 esquematiza este movimento.
19
2.1.3.3.Queda ou desprendimento
2.1.3.4. Escorregamento
E, por fim, em formato de cunha, que segundo Infanti Jr. e Fornasari Filho (1998, apud
LEITE, 2011) tal tipo de superfície de ruptura ocorre com frequência em taludes de corte ou
encostas que sofreram algum tipo de confinamento, sendo ele natural ou antrópico. Leite
(2011) afirma que geralmente ocorrem em regiões que apresentam um relevo controlado por
estruturas geológicas, que apresentam algum grau de alteração e estão associados a maciços
rochosos. Nestes tipos de escorregamentos, existem duas estruturas planares desfavoráveis à
estabilidade que condiciona o deslocamento de uma parcela ao longo do eixo de intersecção
destes planos.
Pode-se classificar como talude não restrito toda superfície de solo exposta que forma
um ângulo com a superfície horizontal, este podendo ser natural ou artificial. Se a superfície
do solo não for horizontal, o solo tenderá a mover-se para baixo devido a força da gravidade
que, superando a resistência de cisalhamento do solo, acarretará na ruptura do talude (DAS,
2007).
A estabilidade pode ser avaliada de diversos métodos, porém Ventura (2009) afirma
que o método comumente utilizado é o equilíbrio limite, pois possui uma precisão satisfatória,
além de ser um método simples e rápido de ser calculado.
Esse método assume como hipótese um tipo e um critério de ruptura, em sua maioria o
de Mohr-Coulomb. Nele, a deformação do material não é levada em consideração, e “a
condição de equilíbrio é normalmente satisfeita pelo equilíbrio de forças e momentos”
(VENTURA, 2009). Algumas características desse método são:
a. assume-se a existência de uma superfície de ruptura bem definida, além de utilizar um
coeficiente de segurança constante e único ao longo da superfície de ruptura
(DYMINSKI, 2007);
b. consideram como hipótese genérica que os maciços se comportam mecanicamente
como materiais rígidos-perfeitamente plásticos, não sendo feitas quaisquer
considerações sobre os campos de tensão e deformação gerados pelo carregamento
externo, de acordo com Skempton (1949) citado por ZeaHuallanca (2004).
22
Método Características
São estruturas constituídas por agregados grandes juntamente com concreto. Sua
execução se dá no preenchimento de uma fôrma com concreto e blocos de rocha de dimensões
variadas. É imprescindível o uso de drenos neste tipo de muro por se tratar de um material
impermeável (DA SILVA, 2012).
Bonatto (2015) afirma que a largura da base deste muro deve ser 50% da altura da
estrutura. Para gerar uma economia de material, recomenda-se especificá-lo com faces de
certo grau de inclinação ou, quando não for possível, deve-se incliná-lo para trás com pelo
menos 2 graus em relação à vertical, evitando a sensação de tombamento para frente. A autora
também explana sobre a necessidade de execução de furos de drenagem, os quais devem ser
posicionados de modo a minimizar o impacto visual provenientes das manchas que o fluxo de
água causa na estrutura. Uma solução é realizar a drenagem na região posterior do muro
através de uma geossintético, como mostrado na Figura 8.
à disposição das pedras. Da Silva (2012) ressalta uma desvantagem significativa em relação a
este método, na qual para assegurar uma instabilidade interna os blocos devem possuir
dimensões regulares, o que diminui o atrito entre as pedras.
Muros de pedra podem atingir até 2 metros de altura sem a utilização de argamassa,
porém a sua base deve ter largura mínima de 0,5 m e deve ser apoiada em uma cota inferior à
do terreno, assim o risco de ruptura no contato muro-fundação é reduzido. Já para estruturas
com alturas superiores a 3 metros recomenda-se o uso de argamassa para preenchimento dos
vazios, a utilização da argamassa auxilia na rigidez do muro, porém diminui drasticamente
sua capacidade drenante, fazendo necessário a implementação de dispositivos drenantes como
areia ou geossintéticos, como pode ser visto na Figura 9 (BONATTO, 2015).
Qualquer tipo solo pode ser estabilizado com a adição cimento, mas antes de optar-se
por esse método é necessário verificar se a tipologia do solo na região e se há presença de
jazidas do mesmo material nas proximidades. Para garantir a economia e durabilidade do
solo-cimento, recomenda-se a utilização de solos que possuam 50 a 90% de areia, pois solos
finos, como argila, apresentam desvantagens como maior consumo de cimento (SANTANA,
2006). Nessa situação, aconselha-se misturar o solo argiloso com um solo granular, para
atender os requisitos de resistência mecânica, durabilidade e economia.
Domingues (1997) afirma que funcionam por gravidade, são executados a partir do
preenchimento de sacos de aniagem ou geossintéticos com solo cimento com teores de 8% a
25
10% de volume de cimento. Sua montagem pode ser vista na Figura 10, onde são empilhados
para a formação da contenção.
Para Jesus (2013), os muros de pneus, assim como os muros de gravidade, possuem
grande flexibilidade e acomodam os recalques sofridos pelo solo. Devido a isso, não são
indicados a taludes que suportem cargas de edificações, ferrovias e rodovias, uma vez que
estes tipos de obras não admitem deformações em suas bases.
Por não sustentarem grandes cargas, recomenda-se utilizar esse método de contenção
apenas para taludes de até 5 metros de altura, trabalhando assim somente com seu peso
próprio. Sua base deve variar entre 40 a 60 % de sua altura total e possuir um acabamento de
concreto projetado para evitar que erosões do solo e danificações por intempéries
desestabilizem a estrutura (CARMO, 2009), como pode-se ver na Figura 11.
26
2.2.1.5. Cribwall
Carvalho (1991) explana que estas estruturas são comumente utilizadas para obras
provisórias de contenção de taludes, devido a sua falta de fundações que lhe permitiria
sustentar grandes alturas. Seu método construtivo se baseia na introdução de perfis metálicos,
peças de madeira ou estacas pré-moldadas para apoiar verticalmente a construção dos muros
de arrimos. A distância nas quais essas peças são colocadas varia com o tipo de solo e a altura
da estrutura. A Figura 14 demonstra esse tipo de contenção.
28
É uma estrutura que se caracteriza pelo uso de estacas cravadas no terreno, que trabalham
à flexão e resistindo pelo apoio da ficha - parte enterrada no perfil. Podem ser obras
contínuas, quando se faz uso de estacas pranchas, ou descontínuas, quando há um
espaçamento entre os perfis, sendo o mesmo preenchido por chapas de madeira ou placas e
concreto. Por serem comumente utilizados em obras provisórias, faz-se o uso de perfis
metálicos cravados com chapas de madeira; porém para obras de longa duração e as
definitivas, recomenda-se revestir os perfis metálicos com um material anticorrosivo, além de
não utilizar pranchas de madeira para preenchimento entre perfis (LEITE, 2011).
Reaterro
Roman (2013) explica que a escavação para este tipo de contenção é feita através de
uma garra hidráulica (clamshell) e tem a capacidade de executar paredes de espessuras de 30 a
140 cm, com larguras variando entre 2,5 a 3,8 metros. A sequência de montagem desta parede
pode ser visualizada na Figura 16.
Este método atua para redistribuir as tensões e deformações globais do maciço, visando
aumentar sua resistência. São executados da base para o topo do talude, usualmente em
camadas, e fazendo uso de revestimento externo para diminuir os impactos causados por
intempéries (PLÁCIDO e KAMIJ, 2011; DYMINSKI, 2010).
Pedroso (2000) ainda afirma que:
As estruturas de solo reforçado caracterizam-se pela associação de dois
materiais com comportamentos mecânicos distintos: o solo, que pode
31
Existem vários materiais que podem ser utilizados neste método, os quais são
apresentados seguir:
a. Geossintéticos
b. Terra armada
,
2.2.1.11. Muro de gabião
Barros (2008) explana que o muro gabião é um muro de gravidade flexível constituído
de elementos metálicos feitos com telas de malha hexagonal de dupla torção, preenchidos
com pedras basálticas e granito. Este tipo de contenção é construído com o intuito de suportar
permanentemente, através de seu próprio peso, uma massa de solo que se encontra em risco
de movimentação do solo (HIGHLAND e BOBROWSKY, 2011).
Suas dimensões atingem normalmente 2 metros de altura com 1 metro de largura em
suas arestas; caracterizados por serem “estruturas relativamente deformáveis e drenadas” (DA
SILVA, 2012). São divididos em: gabião caixa, com formato de prisma retangular e revestido
por uma malha metálica hexagonal; gabião manta, que possui formato de prisma retangular
com grande superfície e pouca altura e é empregado na preservação de taludes, canalizações,
plataformas de deformação e em margens; gabião saco, utilizado, em sua maioria, em obras
33
emergenciais hidráulicas onde o local necessita de uma intervenção rápida ou ainda quando a
água não permite acesso ao local. Seus detalhamentos se dão na Figura 20, Figura 21 e Figura
22, respectivamente.
Para Ranziniet al. (1998), os muros de flexão possuem seção em “L” e são estruturas
esbeltas que resistem aos empuxos por flexão através do apoio de sua base utilizando parte de
seu peso próprio para tal feito. Para Gerscovich (2013) este tipo de contenção não é
econômica para grandes alturas, pelo alto custo de seus materiais e pela necessidade da
utilização de contrafortes para aumentar sua estabilidade ao tombamento.
Pinto (2013) afirma que existem dois tipos de muros de flexão: para aterro, onde são
projetados de modo a suportar os empuxos por flexão, utilizando parte do peso próprio da
estrutura, sobre a base do “L”, para manter-se em equilíbrio; e à flexão para corte, nos quais
transmitem as pressões geradas pelos empuxos ativos ao solo de apoio pela sapata de
34
fundação dos muros sem a contribuição de parte do maciço a ser estabilizado. A Figura 23
mostra a última estrutura mencionada.
Segundo Gerscovich (2009), o momento resistente deve ser maior do que o momento
solicitante para que o muro não sofra tombamento em torno da extremidade externa. Sendo o
momento resistente correspondente ao momento gerado pelo peso do muro e o momento
solicitante definido como o momento do empuxo total atuante, como mostrado na Figura 24.
Com isso, o coeficiente de segurança contra o tombamento é definido pelas Equações 1 e 2.
MRES
FStomb = ≥ 2,0 (1)
MSOLIC
w. x1 + Eav . x2
FStomb = ≥ 2,0 (2)
Eah . y1
Onde:
W: força peso;
X1; distância da base do muro ao centro;
Eav: componente vertical do empuxo;
X2: base do muro;
35
Onde:
γ1: peso específico do solo;
H: altura do maciço reforçado;
q: sobrecarga uniformemente distribuída sobre o terrapleno;
Lr: comprimento do reforço ou largura da base da massa de solo reforçado;
E: empuxo ativo;
Ye: altura de aplicação do empuxo.
Pode-se determinar a largura da massa reforçada a partir da Equação 4.
2FSt . E. yE (4)
Lr = √
(γ1 H + q)
36
As forças atuantes são mostradas na Figura 25 e o ângulo de atrito solo-muro pode ser
calculado conforme a Equação 6.
2 (6)
tan δ = . tan θ
3
Sendo:
𝛿 = ângulo de atrito solo-muro (°);
∅ = ângulo de atrito do solo (°).
37
2.3.1.1.Orçamento paramétrico
O orçamento paramétrico é ideal para as verificações iniciais de uma obra, por se tratar
de uma análise aproximada dos valores, ou ainda quando não se tem acesso a todos os
projetos referentes à obra em questão, podendo definir o custo da construção por sua área. A
média do custo utilizado por esse tipo de orçamento é obtido pelo CUB (Custo Unitário
Básico), que é um índice que representa a variação mensal dos custos para a realização de
uma construção. Tal índice é definido pela NBR 12.721 (MARTINS, 2012).
38
Para Martins (2012), o orçamento é composto por custos diretos, que dependem da
quantidade de bens e serviços produzidos. Enquadram-se nesses custos as despesas com
materiais, equipamentos e mão de obra. O orçamento também abrange o custo indireto, que
são aqueles que não dependem dos bens produzidos, e sim as despesas com a instalação do
canteiro, gastos com escritório e veículos da administração.
39
3. METODOLOGIA
O objeto do estudo está localizado em uma rodovia municipal que liga Bento Gonçalves
a Cotiporã. Esta rodovia está dentro do domínio do município de Cotiporã no Rio Grande do
Sul, sob as coordenadas geográficas: latitude 29º4’9.33”S e longitude 51º40’23.81”O, como
pode ser observado nas Figuras 26, 27 e 28.
Fonte (Autor).
A amostra de solo foi coletada no dia 18/08/2018, de forma manual com auxílio de pá, e
a partir dela foram realizados os ensaios previstos na NBR 6459/2016 – Determinação do
Limite de Liquidez de Solo e NBR 7180/2016 – Determinação do Limite de Plasticidade de
Solos. Obtendo-se o limite de liquidez e o limite de plasticidade, assim pode-se determinar o
índice de plasticidade do solo, como mostrado na Equação 7.
𝐼𝑃 = 𝐿𝐿 − 𝐿𝑃 (7)
Onde:
IP = índice de plasticidade
LL = limite de liquidez
LP = limite de plasticidade
estudado, foi possível definir o peso específico natural do solo (ϒ), o ângulo de atrito (ϕ) e a
coesão (c).
𝐿𝐿 − 𝜔
𝐼𝐶 = (8)
𝐼𝑃
1 1
FS = ∑{[𝑐 ′ 𝑏 + (𝑊 − 𝑢𝑏)𝑡𝑔∅′ ] } (9)
∑ 𝑊 𝑠𝑒𝑛𝛼 𝑚𝑖
cosec β. sin(β − ∅)
Ka = (10)
sin(∅+δ).sin(∅+i)
√sin(β + δ) + √
[ sin(β−i) ]
𝑠𝑖𝑛²(𝛼 − 𝜙)
Kp = (11)
sin(𝜙+𝛿).sin(𝜙+𝛽)
𝑠𝑖𝑛2 𝛼. sin(𝛼 + 𝛿) . [1 − √ sin(𝛼+𝛿).sin(𝛼+𝛽) ]²
42
1 (12)
Ea = . γ. H 2 . Ka
2
1 (13)
Ep = . γ. H 2 . Kp
2
Onde:
Ep = empuxo passivo (kN/m);
Ea = empuxo ativo (kN/m);
Ka = coeficiente de empuxo ativo;
Kp = coeficiente de empuxo passivo;
H = altura de solo sobre o muro (m);
γ = peso específico do solo.
1 (14)
𝑏= × (1 + 𝐻)
2
43
A Figura 29 apresenta que as bermas de equilíbrio dos muros de gabião podem ser
dimensionadas com largura variando de 0,15 m a 0,50 m. A largura da base (B) é função da
altura (H).
w. x1 + Eav . x2
FStomb = ≥ 2,0
Eah . y1
Ep
Wmuro . tan δ + 2
FSdesliz = ≥ 1,5
Ea
3.6. ORÇAMENTAÇÃO
Nesta etapa foram levantados os custos diretos e indiretos para a construção dos dois
tipos de obra de contenção:
▪ custos diretos (de construção): referem-se aos gastos diretos gerados a partir da
construção da obra de contenção;
▪ custos indiretos (de manutenção): referem-se aos custos que serão gerados ao
longo da vida útil do projeto.
A orçamentação apresentada se refere a 1 metro linear de cada estrutura projetada.
Desta forma a diferença entre os custos de cada uma deve ser multiplicado pelo comprimento
total de cada construção. Os valores considerados foram embasados no SINDUSCON-RS -
Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Rio Grande do Sul e no SINAPI -
Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil - Caixa - IBGE, na
vigência do segundo semestre de 2018 para o Estado do Rio Grande do Sul, juntamente com a
tabela TCPO 13ª edição de 2010. Os custos apresentados são expressos em valores presentes.
Para efeito comparativo, foram abordados somente os custos para execução e
manutenção das estruturas, contemplando: material, equipamentos e mão de obra. Não foram
inclusos custos para preparação do local, laudo geológico, instalações provisórias e custos que
não estiverem diretamente ligados à obra de execução das contenções.
45
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1.CARACTERIZAÇÃO DO SOLO
msolo úmido com msolo seco com cápsula msolo úmido sem msolo seco sem cápsula Umidade
Amostras mcápsula (g)
cápsula (g) (g) cápsula (g) (g) (%)
msolo úmido com msolo seco com cápsula msolo úmido sem msolo seco sem cápsula Umidade
Amostras mcápsula (g)
cápsula (g) (g) cápsula (g) (g) (%)
mcápsula msolo úmido com msolo seco com msolo úmido sem msolo seco sem Nº de Umidade
Amostras
(g) cápsula (g) cápsula (g) cápsula (g) cápsula (g) Golpes (%)
60
55
50
45 y = -0,2058x + 46,982
UMIDADE (%)
40
35
30
25
20
5 15 25 35 45 55 65
NÚMERO DE GOLPES
A partir dos dados obtidos dos limites de liquidez e de plasticidade, assim como a
umidade relativa do solo, pode-se chegar aos valores de índice de plasticidade e índice de
consistência, conforme as Equações 7 e 8, respectivamente, apresentadas no capítulo 3 deste
trabalho.
𝐼𝑃 = 𝐿𝐿 − 𝐿𝑃
𝐼𝑃 = 41,86 − 28
𝑰𝑷 = 𝟏𝟑, 𝟖𝟔 %
𝐿𝐿 − 𝜔
𝐼𝐶 =
𝐼𝑃
41,86 − 23,98
𝐼𝐶 =
13,86
𝑰𝑪 = 𝟏, 𝟐𝟗
O próximo passo foi definir a altura (h) e o ângulo de inclinação (α) de cada fatia. O
valor da altura é medido do centro da fatia até o topo do talude e o ângulo de inclinação é
determinado através do ângulo da base da fatia com a horizontal. A Figura 33 exemplifica a
obtenção destes valores.
O Fator de Segurança obtido foi de 1,97, enquadrando o talude como estável conforme
a norma NBR 11.682. Porém, conforme observado na Figura 34, o talude apresenta
características de instabilidade, visto que já ocorreram deslocamentos de massa no talude e,
para efeitos de cálculo, não foram considerados valores de poro-pressão. Portanto, há
necessidade de implantação de estruturas de contenção no local.
Ea 89,02 kN/m
Fonte (Autor, 2018)
52
21 kN/m³
H 0,5 M
Kp 0,741
Ep 1,944 kN/m
Fonte (Autor, 2018)
Di BASE (bs)
8%H a 10%H 40%H a 70%H
Adotado (cm) 50 Adotado (cm) 400
Ds R
8%H a 10%H 10%H a 12%H
Adotado (cm) 50 Adotado (cm) 30
Do PROFUNDIDADE
Adotado (cm) 50 Adotado (cm) 0
Fonte (Autor, 2018)
𝐅𝐒𝐭𝐨𝐦𝐛 = 𝟐, 𝟏𝟗 ≥ 𝟐, 𝟎
𝐅𝐒𝐝𝐞𝐬𝐥𝐢𝐳 = 𝟐, 𝟕𝟑 ≥ 𝟏, 𝟓
Centro de
Peça Peso (kN/m)
Gravidade (m)
Peça 1 53,75 2,15
Peça2 90 0,7
Solo 302,4 2,7
Fonte (Autor, 2018)
𝐅𝐒𝐭𝐨𝐦𝐛 = 𝟐, 𝟎𝟗 ≥ 𝟐, 𝟎
A verificação da estabilidade quanto ao tombamento foi feita pela Equação 18. O valor
do fator de segurança (FS) segundo a Norma de Taludes (ABNT NBR 11682/2009) deve ser
maior ou igual a 1,5.
(18)
1,94
(53,75 + 90 + 302,4) . tan 25,02 + 2
FSdesliz = ≥ 1,5
89,02
𝐅𝐒𝐝𝐞𝐬𝐥𝐢𝐳 = 𝟐, 𝟐𝟔 ≥ 𝟏, 𝟓
A estrutura está segura ao deslizamento, pois seu coeficiente de segurança é maior que
o determinado na Norma de Taludes (ABNT NBR 11682/2009).
4.6. ORÇAMENTO
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
BIBLIOGRAFIA
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