As Cooperativas de Habitacao Portuguesas
As Cooperativas de Habitacao Portuguesas
As Cooperativas de Habitacao Portuguesas
), Habitação: 100 anos de Políticas Públicas em Portugal, 1918/ 2018, Lisboa, IHRU, pp. 280-315.
[ISBN 978-972-27-2711-2]. URL: http://www.portaldahabitacao.pt/opencms/export/sites/portal/pt/portal/100anoshabitacao/af_IHRU_Habitacao_Social.pdf
Prólogo
As condições ideológicas das cooperativas, ainda que apresentando intensi- Patrícia Santos Pedrosa
dade oscilante ao longo da história, condicionam as suas relações com o poder Centro Interdisciplinar de Estudos
de Género da Universidade de Lisboa
e, de modo mais difuso, também com as populações. As raízes das cooperativas e Universidade da Beira Interior
remontam, em Portugal, a meados do século XIX, apresentando, nessa génese,
uma condição popular forte que reforçará algumas tensões políticas que surgem
em certos momentos da história do País (Almeida, 2005, p. 55).
No contexto da história da arquitetura portuguesa, também a habitação pro-
movida pelo setor cooperativo tem uma condição complexa — tanto enquanto
processo quanto como objeto — e o silêncio nos textos gerais dedicados à arquite-
tura portuguesa do século XX é disso reflexo. Considerando textos fundacionais ou
marcantes enquanto olhares alargados, e a título de exemplo, mesmo se surgindo
neles diversas referências aos problemas da habitação, as respostas de habitação
cooperativa estão genericamente ausentes, tanto como exemplos como enquanto
possibilidade de resposta aos graves problemas de infra-habitação ou mesmo
ausência da mesma. No contexto dos programas cooperativistas, José-Augusto <
Acesso entre volumes de garagens e de
França e Nuno Portas referem nos seus textos a Cooperativa de Consumo de Lor- habitações da Cooperativa de Habitação Gente
do Amanhã, Senhora da Hora, Urbanização
delo, de Álvaro Siza Vieira (França, 1991, p. 457, e Portas, 1978, pp. 740 e 744). Pedro
do Seixo, 2017 (José Pulido Valente, 1985).
Vieira de Almeida, nos diversos capítulos pelos quais é responsável na síntese his- João M Almeida
tórica, de 1993, da qual é coautor, efetua uma interessante abordagem aos temas
das condições de vida do operariado, mas não se chega a cruzar com o coopera-
1 Capítulos «A charneira 1900» e «O ‘arrabalde’ do céu»
tivismo como possibilidade de resposta ausente ou pouco considerada 1. O facto (Almeida, Fernandes e Maia, 1993).
tos localizados em todo o território continental e ilhas 8. Três anos depois, Flávio
Paiva apresenta uma dissertação que se dedica ao caso de Lisboa e onde, para
lá da inventariação, procura traçar um olhar crítico sobre as possibilidades
ideológicas — do cooperativismo efetivo à aproximação ao mercado —, a que o
desenvolvimento das cooperativas de habitação se vê sujeito ao se aproximar o
fim do século (Paiva, 1995). António Baptista Coelho, coordenando um levanta-
mento sobre a construção de habitação social de 1984 a 2004, para o Instituto
Nacional de Habitação (INH), dedica parte deste às cooperativas, enquanto pilar
fundamental do desenvolvimento de soluções de habitação para o período em
causa (Coelho, 2006). Já em 2013, Filipa Gomes apresenta uma dissertação onde
se dedica ao estudo de Matosinhos, de 1965 a 2003, e à importante promoção
cooperativa deste concelho 9. Todos estes trabalhos são contributos efetivos para
o presente texto.
Recorrendo ao que se encontra em contexto bibliográfico, aos arquivos exis-
tentes à guarda do Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) 10 e ao tra-
balho de campo, o objetivo principal deste texto é perceber o passar do tempo
político e social refletido nas construções que as cooperativas levam a cabo. Não
se enquadrando a sua enumeração exaustiva num trabalho desta natureza, a pro-
posta tenta sublinhar a condição particular da produção de habitação coopera-
tiva e apontando para algumas propostas arquitetónicas e urbanas que encerram,
necessariamente em contexto social, político e económico, questões considera-
das relevantes.
O texto segue a narrativa cronológica por se considerar fundamental, neste
nível, para a compreensão do processo cooperativo focado na resolução do pro-
blema habitacional português. Assim, num primeiro momento, trataremos do
que são as origens do cooperativismo em Portugal, com atenção específica ao
que do setor da habitação respeita. Posteriormente, será analisado o contexto do
Estado Novo e das suas relações particulares com as cooperativas. A terceira parte
reflete sobre os anos pós-25 de abril de 1974. Finalmente, são trabalhadas as déca-
das a que chamámos de «ressaca revolucionária», ou o que para o País e para as
cooperativas significa um afastamento face à euforia pós-25 de Abril e um apro-
ximar dos valores do mercado e de uma Europa capitalista tida como modelo e de
que o País se procurava aproximar.
Géneses
8 Distribuídos do seguinte modo: Norte — 40; Centro — 19;
Lisboa — 44; Setúbal — 18; Alentejo — 14; Algarve — 11 e
Em 1918, pelas mãos do curto governo autocrático de Sidónio Pais (1882-1918) Ilhas — 3 (Fleming e Magano, 1992).
surge o início legislativo do que virá a ser um processo longo e de resposta lenta 9 São fichadas, com informação variável, 25 empreen-
dimentos (Gomes, 2013).
face às necessidades efetivas de habitação qualificada em Portugal e que se pro-
10 O trabalho nos arquivos contou com o apoio funda-
longa paulatinamente até aos dias de hoje. O Decreto n.o 4137 é dedicado ao que mental de Inês Faria.
cidades do País. Nem as respostas cooperativas nem outras se colocam como efe-
tivos caminhos neste início de século.
O golpe militar de 18 de maio de 1926 vai iniciar, em Portugal, quase cinco década
de relações complexas e principalmente ambíguas do cooperativismo com o
poder. A simpatia do regime por uma ideia de país eminentemente ruralista vai
resultar num apoio e fomento das cooperativas agrícolas. Mas esta atenção não se
aplica às cooperativas em geral. As cooperativas de consumo, por exemplo, pelas
suas raízes e condição operária, associadas a uma ficcionada ou efetiva resistência
política no seu interior, vão sofrer do que poderá ser visto como uma estraté-
gia anticooperativista do Estado Novo. Em 1933, a chamada «Lei Garrote» 11 vai
restringir a «isenção da contribuição industrial às cooperativas de consumo que
transacionassem exclusivamente com os seus membros» (Almeida, 2005, p. 57),
num claro ataque às mesmas. A ideia de que eram, de certo modo e potencial-
mente, contrárias ao regime, virá a estagnar o seu desenvolvimento, excetuando,
como já se disse, as que interessavam a uma certa ideia de país.
Em 1945, surge a Lei n.o 2007, de 7 de maio, relativa às «casas de rendas eco-
nómicas», realizadas em «centros urbanos ou industriais», e as cooperativas sur-
gem como uma das instituições habilitadas a construí-las. Porém, as sociedades
cooperativas, tal como as anónimas, que quisessem usufruir dos apoios e isen-
ções previstas no articulado deste documento deveriam «requerer a aprovação
dos seus estatutos ao Ministério das Finanças» (Lei n.o 2007, 1945, pp. 353-357).
Assim, o Estado garante não só o controlo sobre quem faz mas, especialmente,
sobre as posturas estratégicas e ideológicas dessas entidades que, no caso das
cooperativas, poderia ser especialmente relevante. Também é importante neste
documento o destino dos fogos. Estes poderiam ser tanto para venda — com paga-
mento a pronto ou a prestações — como para arrendamento, sendo que do último
não existem referências a dados sobre a sua concretização (Paiva, 1995, p. 31).
Refere Fernando Costa, em 1957, que é o pós-II Guerra Mundial a marcar
o crescimento das cooperativas de habitação. Se existia 1 em 1925, até 1945 pas-
sariam a 2 e só nos 10 anos seguintes subiria para 35 as cooperativas existentes.
Em 1950, seriam já 36 500 as famílias cooperativistas nestas instituições. À altura
do artigo, Costa refere que o número já teria subido para o meio milhar (Costa,
11 Decreto-Lei n.o 22 513, de 12 de maio de 1933. Diá- 1957, p. 3). Em 1967, contavam-se 47 cooperativas no território continental e ilhas:
rio do Governo, 1.a série, n.o 104, de 12 de maio de 1933,
pp. 729 -780. Ministério das Finanças — Direção-Geral Lisboa com 18, Porto com 12, Braga com 2 e com 1 Beja, Viana do Castelo, Vila
das Contribuições e Impostos. Chamada «Lei Garrote»,
Determina que a isenção de contribuição industrial con-
Real, Viseu, Ponta Delgada e Funchal (Ferreira, 1979, p. 3). A caracterização que
cedida às cooperativas de consumo e de produção só faz desta «massa associativa» não é, no entanto, emocionante ou otimista. A classe
é aplicada quando negoceiem exclusivamente com os
seus associados. média, que a constituía maioritariamente, não apresentava formação associativa
> pelo menos alguns deles, ganharem dinheiro com o processo. Respondendo
FIG. 3 Vista geral do edifício da
Sociedade Cooperativa O Lar Familiar, Olivais,
a essa crítica, Amaral afirma sobre a sua própria cooperativa que esta «compra
1968 (Nuno Teotónio Pereira e António Pinto terrenos para os seus planos ou para os seus associados, projecta as habitações,
de Freitas, 1967). CML/AML
constrói-as e transmite-as aos beneficiários, exactamente pelo preço do custo»
(Amaral, 1971, pp. 22-25). Ressalva também que não se encontram na esfera da
responsabilidade das cooperativas os lucros que resultam de eventuais vendas
posteriores por parte dos cooperantes.
As questões que dificultam a plena ação das cooperativas de habitação sur-
gem de diversos modos e reiteradamente referidas. O problema das estruturas
organizativas das próprias cooperativas assim como a falta de formação e prepa-
ração dos membros dos órgãos sociais são questões levantadas. Mas outras mais
genéricas relativas aos problemas financeiros são também referidas, concretiza-
das muitas vezes de modo grave na falta de terrenos interessantes e economi-
camente acessíveis para as realizações cooperativistas (Amaral, 1971, p. 19). Este
conjunto de preocupações é constante ao longo de toda a história das cooperati-
vas portuguesas.
Existe uma outra discussão que é igualmente persistente, a da necessidade
de uma efetiva e ampla política da habitação nacional. Na década de 1960, quem
se dedica ao estudo e trabalho na área da habitação sublinha mais uma vez esta
necessidade. No contexto de um estudo apresentado ao II Colóquio Nacional
do Trabalho, da Organização Cooperativa e da Previdência Social, profissionais
da Federação de Caixas de Previdência — Habitações Económicas (FCP-HE), que
trabalham e conhecem no terreno, pedem a «existência de uma política nacio-
nal de habitação que inclua incentivos ao arrendamento e uma política de ter-
renos» (Pedrosa, 2010, p. 227). Também o investigador Raul da Silva Pereira, em
1963, depois de analisar de modo alargado o problema da habitação em Portugal,
propõe igualmente um extenso mapa de respostas do que poderiam ser as ações
estruturantes. Este autor inclui a esfera das respostas económicas, mas sempre
considerando o nível global do problema e das soluções necessárias, reforçando
que a «resolução do problema do alojamento depende, antes de mais, da estrutu-
ração de uma política à escala nacional» (cit. por Pedrosa, 2010, p. 228).
Analisaremos em seguida, ainda neste contexto das cooperativas antigas de
habitação, algumas pistas que advêm das estratégias e espírito do cooperativismo
habitacional e que emanam de estatutos, regulamentos e outros textos. Assim,
serão abordados os objetivos das cooperativas, as questões do inquilinato coope-
rativo, o papel dos técnicos e o desenvolvimento das suas atividades dentro dos
processos e, finalmente, a tomada de posse simbólica e operacional do tema da
casa de família pelos homens enquanto chefes de família.
A existência e a formação das cooperativas de habitação estão obviamente
associadas ao problema de falta de casa ou desejo de casa mais adequada para as
necessidades familiares específicas. Assim, os terrenos e a sua aquisição, por um
lado, e a construção dos fogos, por outro lado, são objetivos reiterados. As varia-
ções são remetidas para os tipos de fogos e a autonomia dos associados. Se, em
algumas situações, as casas são somente referidas como sendo «de preferência
económicas» (Sociedade Cooperativa «A Nossa Casa», 1950, p. 1), noutros casos
encontramos para lá da referência às «casas de tipo económico» — com identifi-
cação dos custos de construção e terreno — a possibilidade de se realizarem igual-
mente «casas de tipo médio» 15. Em algumas situações pontuais chegam ainda
mais longe, como por exemplo no caso da Cooperativa Construtora de Habita-
ções GAM, prevendo uma maior diversidade das famílias e dos próprios fogos,
propondo até seis classes, organizadas pelo custo respetivo 16.
As possibilidades, pelos textos estatutários, para os processos de concretiza-
ção da construção dos fogos apresentam variações. Ainda que o mais comum dos
processos inclua a aquisição do terrenos, construção e ocupação definidos e geri-
dos totalmente pela cooperativa, portanto, pelos seus cooperantes, outras possi-
bilidades surgem estabelecidas, como a de os mesmos indicarem terrenos e até
tratarem das obras, relacionando-se diretamente com os empreiteiros 17. Noutro
caso, outra vez com a GAM (1955, p. 41), a própria cooperativa pode também sur-
gir como prestadora de serviços de projeto, não especificando como e através de
quem. Outra situação interessante de apontar é a possibilidade de aquisição para
utilização por parte dos sócios, retirando do processo a aquisição do terreno e a
construção e substituindo-as pela casa construída (Soc. Coop. Tenho Uma Casa,
1951, p. 5). Mesmo se nem sempre relevantes, estas indicações encontradas em
alguns textos apontam obviamente para soluções que seriam, no mínimo, mistas
e que se afastam do espírito cooperativista estrito defendido por muitos. Alerta,
no fundo, para uma atitude face ao cooperativismo menos militante do que o que
se encontrava noutros setores.
Ainda que não exista, como já se referiu, nota de concretização de inquili-
nato cooperativo, na prática existe uma condição de possibilidade que é apon-
tada e particularizada pela parte de algumas cooperativas antigas. Ou seja, não
acontecer não é resultado das impossibilidades regulamentares ou do espírito do
cooperativismo habitacional português. Algumas preveem a possibilidade de um
mesmo edifício conter fogos «destinados às duas modalidades», arrendamento e
15 Por exemplo, a Sociedade Cooperativa Tenho Uma compra, e explicam igualmente que, no primeiro caso, a responsabilidade pelas
Casa (1951, p. 5), onde é discriminado do seguinte
modo: «casas de tipo económico, destinadas a habita- despesas de conservação serão, para o exterior, da cooperativa, e para os interio-
ção, considerando-se como tais as que não tenham um res, dos sócios que usufruem dos fogos (Coop. A Casa é Minha, 1957, pp. 59 e 73).
valor real superior a cem mil escudos» e «casas de tipo
médio, destinadas a habitação, de valor até duzentos e De certo modo, também é num regime similar ao do arrendamento o processo
cinquenta mil escudos».
que leva, via usufruto, à ocupação do fogo até que se complete a amortização do
16 Classes propostas: A (até 50 contos); B (50/100 con-
tos); C (100/150 contos); D (150/200 contos); empréstimo à cooperativa (Sociedade Cooperativa «A Nossa Casa», 1950, p. 25).
E (200/250 contos), e F (250/300 contos) (Cooperativa Mas a importância da aquisição da propriedade é uma característica fundamental
Construtora de Habitações GAM, 1955, p. 34).
do cooperativismo habitacional português, nos textos orientadores, mas princi-
17 Como é referido, por exemplo, no regulamento da
Sociedade Cooperativa «A Nossa Casa» (1950, p. 2). palmente no terreno.
não de uma vivenda para passar férias e o fim de semana», para o qual os custos
elevados dos terrenos contribuía de modo efetivo (Júnior, 1960, p. 8). Em 1960,
Fernando Júnior não hesita em defender o caminho, por um lado, de abandonar
o «sonho da moradia» — que só chega a alguns — e «entrar nos grandes blocos
de habitação», mas também, por outro lado, garantir que a cooperativa passa a
estar efetivamente presente em todo o processo: aquisição do terreno, aquisição
de materiais e construção, mas também de gestão do imóvel na sua vida de pós-
-ocupação (Júnior, 1960, p. 8).
No fecho da década de 1960 e entrada na seguinte, Portugal continuava com
problemas muito graves face à situação de falta de habitação minimamente qua-
lificada para uma parte substancial da sua população. As questões teóricas, de
estudo e investigação sobre o tema, por parte dos arquitetos e de algumas ins-
tituições, encontravam-se em crescendo efetivo, o que implicava visibilidade e
o consequente olhar dos técnicos e de investigadores ao problema de um modo
genérico (cf. Pedrosa, 2010). Mas, no entanto, o Estado Novo cai sem que as estraté-
gias face à habitação cumpram os seus objetivos, menos ainda que as cooperativas
sejam parte significativa dessa resposta. Em democracia, o problema continuará
grave e novas e velhas soluções definirão a nova fase do País.
As cooperativas e a Revolução
FIG. 7 Acessos às habitações unifamiliares são trazidas em contexto pré e pós-Revolução quando chega a Portugal, nos tra-
com caixa de correio coletiva da SOCASA,
Azambuja, 2017 (Duarte Cabral de Mello
balhos que realiza, entre outros, com Nuno Teotónio Pereira e Nuno Portas (1973),
e equipa). João M Almeida Vítor Figueiredo (1975) ou a já referida equipa do GACH (1976-1978) (Ferreira e
FIG. 8 Fachada principal da banda de
Gutiérrez Mozo, 2013, p. 3). Como refere numa entrevista dada em 2012, con-
habitação unifamiliar da CHUT, Vila Nova da sidera de fundamental importância ter-se sempre presente que a «Arquitectura
Caparica, 1.a fase, 2017 (Duarte Cabral de
Mello e equipa, 1976 -1980). João M Almeida
é um ofício» (Ferreira e Gutiérrez Mozo, 2013, p. 3) e, de certo modo, esta ideia
sintetiza esta relação da experiência internacional e esta sua aplicação específica
FIG. 9 Interior do quarteirão dos blocos de
habitação da CHUT, Vila Nova da Caparica,
ao contexto português referido, trabalhando os projetos como processo de e em
1.a fase, 2017 (Duarte Cabral de Mello e desenvolvimento e crescimento.
equipa, 1976 -1980). João M Almeida
A segunda situação específica que, nos anos que se seguem ao 25 de Abril
FIG. 10 Fachada principal da banda de de 1974 nos interessa abordar é o caso de Matosinhos, na Área Metropolitana do
habitação unifamiliar da CHUT, Vila Nova da
Caparica, 2.a fase, 2017 (Duarte Cabral de
Porto. A escolha da cidade de Matosinhos prende-se com a quantidade, diver-
Mello e equipa, 1976 -1980). João M Almeida sidade e qualidade dos empreendimentos que as cooperativas de habitação
destes volumes das garagens, colocado como um pódio, faz-se outro nível de dis-
tribuição horizontal, através da qual se acede aos fogos do 2.o andar. As escadas,
soltas e a céu aberto, largam-se perpendicularmente a estes dois volumes — das
habitações e das garagens —, fazendo com que estes dois volumes, deste modo
pontual, se toquem. A grande zona central, entre os pares de blocos, é um amplo
espaço público com zona de jogos, sombras, circulação pedonal, zonas de estada
e zonas verdes.
Esta riqueza formal e espacial não tem grandes herdeiros no panorama
nacional. As questões dos acessos transitam para alguns edifícios multifamiliares
em versão galeria, criando uma intensidade acrescida no leque das estratégias de
transição exterior/interior, mesmo se perdendo diversidade de espaços e qualifi- 28 São elas: Cooperativa As Sete Bicas, Carriçal
(2.a fase, 1982-1985, 75 fogos; 3.a fase, 1987-1989,
cação das zonas de transição. São exemplos destas soluções os casos da Coopera- 32 fogos, ambas de Jorge Teixeira de Sousa), Barra-
tiva Favo, em São Mamede de Infesta, de José Gomes Fernandes, onde as garagens nha (1984-1988, 324 fogos, Sousa) e Azenhas de Cima
(1988-1993, 516 fogos, Pedro Ramalho e Luís Rama-
funcionam como embasamento, suportando as galerias, ou o caso da Coopera- lho); Cooperativa Aldeia Nova, Senhora da Hora (1983-
-1985, 56 fogos, Eduardo Iglésias); Cooperativa HAZAL,
tiva de Aldoar, com projeto de Manuel Correia Fernandes, de final da década, e Azenhas de Cima (1.a fase, 1989, 110 fogos, Margarida
onde as galerias surgem também como modo de resolver as circulações, criando Strech); Cooperativa Juntos Venceremos, Senhora da
Hora (1986, 204 fogos, João Santos); Cooperativa FAVO,
os dinamismos de percurso e volumétrico do conjunto. Senhora da Hora (1990, 66 fogos, Gomes Fernandes);
Cooperativa HABECE, Senhora da Hora (1988, 72 fogos,
Em Matosinhos, as propostas cooperativistas realizadas no final dos anos 1970
João Pestana); Cooperativa COHEMATO, Leça da Pal-
e até à primeira metade da década seguinte sugerem algumas reflexões. Por um meira (1985 -1989, 224 fogos, Jorge Gigante e Alberto
Morais); Cooperativa Tripeira, Senhora da Hora (1983,
lado, a ainda amarração à tipologia de habitação unifamiliar, em banda, mesmo 206, Noé Dinis); Cooperativa 19 de Fevereiro, Senhora
se com leituras urbanas da continuidade volumétrica diferenciada, e de tipologia da Hora (1987-1989, 160 fogos, Pedro Ramalho); Coo-
perativa Água Viva, Matosinhos (1984-1990, 368 fogos,
única, por outro lado, a definição monoprogramática dos conjuntos, com a aten- Gomes Fernandes); Cooperativa Lar do Trabalhador,
Matosinhos (1984-1990, 37 fogos, Rogério Cavaca),
ção estrita à habitação a que as cooperativas primeiramente procuram responder. e Cooperativa NORBICETA, Santo Ildefonso (1987,
O que veremos acontecer nos anos seguintes, e a década de 1980 é profícua para as 60 fogos, Alfredo Resende). (Gomes, 2013, pp. 255 -280).
Cruzada igualmente com a documentação dos arquivos
realizações das cooperativas de habitação em Matosinhos 28, é um recentramento do IHRU (Lisboa e Porto).
FIG. 14 Acesso entre volumes de garagens a vários níveis. Em termos de tipologias de habitação, assiste-se a uma diversifica-
e de habitações da Cooperativa de Habitação
Gente do Amanhã, Senhora da Hora,
ção, em geral, mas também no que cada empreendimento oferece e disponibiliza
Urbanização do Seixo, 2017 (José Pulido aos seus cooperantes. Assim, a passagem para o leque mais alargado de oferta em
Valente, 1985). João M Almeida
paralelo de T2, T3 e T4 é generalizada, mas encontramos igualmente casos, como
FIG. 15 Cobertura das garagens da os blocos multifamiliares das Sete Bicas, em Azenhas de Cima, de 1988-1990, da
Cooperativa de Habitação Gente do Amanhã,
Senhora da Hora, Urbanização do Seixo, 2017 autoria de Pedro Ramalho e Luís Ramalho, onde surgem igualmente T0 e T1. Esta
(José Pulido Valente, 1985). João M Almeida ampliação tipológica dos fogos representa necessariamente um reconhecimento
das diversidades das estruturas familiares, mas também das capacidades econó-
micas das famílias inscritas nestas cooperativas. Outra alteração que se pode veri-
ficar são as tipologias dos edifícios. A passagem das propostas unifamiliares para
as de blocos multifamiliares vai acontecer à medida que se chega a meados dos
anos 1980, com situações onde ainda coexistem as duas. Exemplos desta situação
de coexistência são as respostas da Cooperativa Sete Bicas, em Barranha, de José
Teixeira de Sousa, de 1984-1988, e da COHEMATO, em Leça de Palmeira, de 1985-
-1989, de Jorge Gigante e Alberto Morais. O aumento da complexidade também
acontece no que à diversidade de programas diz respeito. De um modo geral, com a
passagem do tempo, os conjuntos vão tendendo a serem pensados ou a se comple-
mentarem com mais equipamento, comércio e apoio diversos à habitação que tor-
nam os núcleos construídos mais coesos, enquanto vida urbana, ou seja, enquanto
que substitua parte das políticas de promoção pública direta de habitação, «com
vantagem» diz o documento, no que aos «agregados familiares parcialmente sol-
ventes» respeitava. Será ao FFH que caberá, neste contexto, concretizar o apoio
financeiro que passa pela concessão de «empréstimos com bonificação de juros a
cargo do Estado» (Decreto-Lei n.o 268/78). Estas políticas marcam o contexto que
até agora analisámos e têm efetivas consequências no que vimos neste quadro de
pós-Revolução. Como veremos de seguida, ainda que as mudanças dos anos 1980
sejam consideráveis, tanto no País em geral como nas políticas de habitação, a
segunda metade da década de 1970 produzirá efeitos pela década seguinte adentro.
Ainda que os anos 1980 herdem um processo que lhes permita ver surgir ainda
muitas respostas habitacionais cooperativistas, as mudanças a que se assistirão vão
ter repercussões inevitáveis neste setor. A partir de 1982, segundo o faseamento
proposto por Paiva, surgem as cooperativas de habitação e construção (CHC). Esta
data prende-se com a publicação do Código Cooperativo (Decreto-Lei n.o 454/80,
pp. 3225-3244) e é marcada pelo que o mesmo autor chama de «espírito liberali-
zador da legislação complementar» ao referido Código. Em termos de financia-
mento, estas cooperativas entram numa nova fase, passando a recorrer à banca ou
ao autofinanciamento. São estruturas encerradas e socialmente homogéneas por
resultarem, na maioria das vezes, da agregação e organização vinda do interior de
pequenos grupos, profissionalmente oriundos dos quadros superiores e médios
(Paiva, 1995, p. 62). Como refere também, em resultado do trabalho de campo
que faz para o caso de Lisboa, a composição social dos cooperantes a meio dos
anos 1990 apresentava uma «predominância das classes médias urbanas ligadas
aos serviços» (Paiva, 1995, p. 61). O afastamento face a uma matriz social popular
e operária que se encontrava no cooperativismo português inicial não para de se
acentuar. Não é casual que, em paralelo e a partir da década anterior, as cooperati-
vas operárias de produção, que tinham tido uma expansão desde 1978, sofram um
forte abrandamento do seu crescimento (Almeida, 2005, p. 58). A aspiração a ser-
-se parte da classe média, de se concretizar uma ascensão social real, no contexto
de um país que se procura europeu, democrático e desenvolvido, vai chocando
crescentemente com o imaginário e a ação popular e revolucionária que se dis-
solve num passado recente cada vez menos visto como heroico.
Em 1984, é criado o Instituto Nacional de Habitação (INH), que procura res-
ponder às insuficiências de que o Fundo de Apoio ao Investimento para a Habi-
tação 29 padeceria, sendo referido como «apenas vocacionado para o apoio de
programas de habitação apoiados pelo sector público» (Decreto-Lei n.o 177/84).
À extinção do FFH, no início dos anos 1980, somam-se, em 1978 e 1983, inter-
venções do Fundo Monetário Internacional em Portugal, causando perturba-
ções efetivas no desenvolvimento dos processos em curso (Santos, Teles e Serra,
2014, p. 16). Será ao INH que caberá herdar a obrigação de apoiar as cooperati-
vas. No âmbito de um conjunto alargado de responsabilidades — da investigação
à regulamentação, passando pela supervisão de respostas apoiadas financei-
ramente pelo Estado, até à formação de técnicos e promotores —, o prólogo do
decreto-lei que o institui sublinha a necessidade de se «criar na administração
central» uma estrutura como o INH que possa ter de concretizar os «instrumen-
29 Decreto-Lei n.o 217/82, de 31 de maio. Diário do Repú-
tos da política de habitação e de apoio financeiro aos programas destinados aos blica, 1.a série, n.o 123, de 31 de maio de 1982, pp. 1492-
estratos sociais menos solventes» (Decreto-Lei n.o 177/84). As estruturas coope- -1494. Ministério da Habitação, Obras Públicas e Trans-
portes. Cria o Fundo de Apoio ao Investimento para a
rativistas não são, tal como quaisquer outros programas, especificadas, mas pas- Habitação (FAIH).
sará a ser este o seu interlocutor estatal. Ainda assim, as cooperativas de habitação
vão assistir a um novo impulso resultante do ressurgimento dos financiamentos,
desta vez com alargamento das «instituições bancárias habilitadas a conceder
crédito às cooperativas de habitação» (ibidem). A tendência para o esvaziamento
ideológico e uma aproximação aos processos do mercado vão-se acentuando.
O cooperativismo enquanto realidade «profundamente enraizada no sentimento
e na prática do povo português» (Decreto-Lei n.o 454/80) talvez não o fosse assim
tanto. A «posição intermédia» (Santos, Teles e Serra, 2014, pp. 16-17) e, diríamos,
privilegiada que as cooperativas de habitação poderiam ter, entre o mercado e o
Estado, tenderá a perder sentido.
O primeiro decénio de existência do INH é considerado por alguns autores
como a década das cooperativas de habitação (Coelho, 2006, p. 66), mas, daí para
a frente, a competitividade das respostas cooperativas decresce (Santos, Teles e
Serra, 2014, pp. 17-18). Tentando contrariar este caminho, ainda surgem respostas
concertadas entre municípios e setor cooperativo que procuram seguir o exem-
plo anterior de Matosinhos e articular esforços e investimento. O caso da capital,
em 1990, é disso um exemplo, quando a FENACHE assina com a Câmara Muni-
cipal de Lisboa um protocolo em que a última apoia o desenvolvimento coope-
rativo habitacional através da cedência de terrenos e prevendo-se a construção
de 3000 fogos em resultado desta ação (Paiva, 1995, pp. 61-62). A diversidade de
programas habitacionais que se encontram no longo tempo de construção de
algumas grandes áreas de desenvolvimento da cidade de Lisboa vai permitir que
diversas respostas tipológicas — tanto de fogos como urbanas — mas também de
promoção surjam em simultâneo nestes territórios (Serpa, 2015, p. 134).
Nos últimos anos do século XX, as cooperativas de habitação espalhadas pelo
País seriam pouco mais de 400. Por esta altura, Flávio Paiva defende a importância
das cooperativas e do seu «papel imprescindível na política de habitação nacio-
nal», justificando-o pela proximidade às populações e pela promoção de «práticas
de solidariedade e participação que as outras vias promocionais, públicas ou pri-
vadas», não asseguram. Mas, mais uma vez, o deslocamento para as classes médias
é referido, motivado, segundo este autor, pelos valores dos terrenos e pela falta de
financiamento às famílias com mais dificuldades económicas (Paiva, 1995, p. 51).
Se para algumas vozes o ano de 1997 se apresenta promissor e um momento
de inversão da tendência (Almeida, 2005, p. 59), com as publicações do novo
Código Cooperativo, continuando, em 1998, com a publicação do novo Estatuto
Fiscal Cooperativo, outras, no entanto, são muito críticas. A demora na realização
do regulamento que garantisse a efetividade do Estatuto e a sua «aplicação sem
controvérsias nem equívocos» contribuiu para o que afirmam ser a irrelevância
da promoção habitacional cooperativa por esses anos (Vilaça, 2001, p. 88). Mas
também, em resultado do que é definido pelo próprio Estatuto Fiscal Coopera-
tivo, a aposta das cooperativas em habitação para classes socioeconómicas mais
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