Aquele A Quem Deus Ama.
Aquele A Quem Deus Ama.
Aquele A Quem Deus Ama.
Jo. 11.
Levítico 26:45. Mas por amor deles eu me lembrarei da aliança com os seus antepassados que tirei da
terra do Egito à vista das nações, para ser o Deus deles. Eu sou o Senhor.
Salmos 63:3. O teu amor é melhor do que a vida! Por isso os meus lábios te exaltarão.
Salmos 36:10 Estende o teu amor aos que te conhecem; a tua justiça, aos que são retos de coração.
Efésios 2:4-5. Todavia, Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, deu-nos
vida com Cristo quando ainda estávamos mortos em transgressões - pela graça vocês são salvos.
João 3:16. Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer
não pereça, mas tenha a vida eterna.
INTRODUÇÃO.
1. Qual a maior ênfase dessa passagem?
a. Todos nós corretamente diríamos que é a ressurreição de Lázaro.
b. Este é o último dos "sinais" registrados por João como evidência de que Jesus é o Cristo, e
outra oportunidade para a fé por parte daqueles que estão lendo (cf; Jo 20.30-31).
c. Este milagre, frequentemente chamado de "o maior", é um clímax adequado para as obras
terrenas de Jesus. É o melhor exemplo do que Jesus pode fazer pelos homens — trazê-los da
morte para a vida. "Eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância" (Jo 10.10).
d. Com frequência, surge a questão a respeito do fato de que este milagre está registrado somente
por João, e não é mencionado nos Sinóticos. Devemos nos lembrar de que existem outros
milagres de ressurreição dos mortos registrados nos Sinóticos: a filha de Jairo (Mt 9:18-26;
Mac 5:22-43; Lc 8:40-56) e o filho da viúva (Lc 7:11-17). Os Sinóticos também trazem
afirmações gerais sobre tais milagres caracterizando a obra e o ministério de Jesus (Mt 11:4-5;
Lc 7.22).
e. É necessário dizer pelo menos três coisas.
i. Lucas, fala do filho da viúva que foi ressuscitado.
ii. A filha do oficial que foi ressuscitada.
2. Não quero diminuir a importância da ressurreição, mas quero focar que Deus escolheu essa família
para fazer parte do ministério de Cristo de forma marcante e, revelar o poder da sua morte e
ressurreição, antecipando assim, o que acontecerá numa escala maior e definitiva, com cada homem
que é objeto do amor de Deus.
3. Mas, uma vez que isto já é consenso quero fazer vocês olharem outro aspecto, que antecede a
ressurreição de Lázaro, inclusive, tenho esse fato como determinante para que a ressurreição de
Lázaro aconteça.
a. O que é dito no v.1-3 é uma introdução a história.
b. Leia os três primeiros versos para perceber que antes de contar a história da ressurreição, João
faz questão de nos situar emocionalmente nessa história. João fala de uma família especial na
vida e ministério de Jesus.
4. E sem essa introdução, essa história não teria tanto impacto na vida dos leitores.
CONCLUSÃO.
A. Não temos dúvida de que Jesus amou a todos. Mas, havia aqueles que ele amou de um modo
relacional que diferenciou dos demais.
B. Lázaro foi um desses.
C. Deus ama o mundo, mas ama pessoas individual com o amor de aliança.
D. Todos que viram Lázaro sair vivo do túmulo ficaram maravilhados. Por causa desse milagre, muita
gente creu em Jesus! Mas algumas pessoas não ficaram felizes – os líderes religiosos do povo.
E. A ressurreição de Lázaro levou os líderes religiosos a procurar urgentemente uma forma de matar
Jesus, para não perderem seu poder (João 11:47-49). Por causa disso, Jesus teve de se retirar da vida
pública por algum tempo. Pouco tempo depois, Jesus foi crucificado.
F. O milagre também gerou perseguição contra Lázaro, porque ele se tinha tornado uma celebridade, o
homem que tinha sido ressuscitado. Os inimigos de Jesus queriam eliminar a evidência do milagre. A
vida restaurada de Lázaro tinha se tornado um forte testemunho e muitos creram em Jesus por causa
dele (João 12:9-11).
G. Quando Jesus foi visitar Lázaro novamente, um pouco antes de sua entrada triunfal em Jerusalém,
uma grande multidão se reuniu para ver Jesus e Lázaro. Todos queiram ver o grande milagre!
H. Não se sabe o que aconteceu a Lázaro depois disso. Mas seu testemunho levou muitas pessoas para
Jesus.
A introdução da narrativa apresenta os personagens principais. Há duas irmãs, Maria e Marta (cf. Lc
10:38-42). Elas são identificadas como residentes em Betânia (ver o mapa 2), uma aldeia no declive
sudeste do monte das Oliveiras, cerca de três quilômetros de Jerusalém. Maria é descrita como aquela que
tinha ungido o Senhor com ungüento e lhe tinha enxugado os pés com os seus cabelos (2, cf; Mt 26:6-13;
Mac 14:3-9). Lázaro,' o irmão das duas mulheres, não é mencionado em nenhuma outra parte do Novo
Testamento. Mas aqui ele é um personagem importante, embora passivo. No estilo característico de João,
ele é apresentado como um certo Lázaro e como enfermo (1), "um fato de extrema importância".' A
doença de Lázaro retrata a condição de todos os homens separados de Deus. A aflição é o pecado, que é
universal (Rm 3.23), e o seu fim é sempre a morte (Rm 6.23).
Na sua hora de desespero, por causa da terrível doença de Lázaro, as irmãs enviaram um recado a Jesus,
que estava em Peréia (Jo 10.40), talvez a uma distância entre trinta e cinqüenta quilômetros (ver o mapa
1), dizendo: Senhor, eis que está enfermo aquele que tu amas (3). A mensagem foi enviada "com a
afeição natural de seu relacionamento pessoal".1" A reação inicial de Jesus foi dizer três coisas: a
primeira, Esta enfermidade não é para morte (4). Estas palavras "significam, para os ouvintes, que a
doença é temporária, mas para Jesus elas significam que a morte de Lázaro não é mais do que uma morte
temporária",' porque Ele sabia o que iria fazer (cf. 6.6). A segunda, esta doença é para glória de Deus. "A
cura indubitavelmente capacitaria os homens a ver a glória de Deus em ação".' Em terceiro lugar, esta
enfermidade é para que o Filho de Deus seja glorificado por ela. O milagre de ressuscitar Lázaro dos
mortos é, no Evangelho de João, a justificativa para o julgamento e a morte de Jesus (ver 11.4748,57),
que é também a sua hora de glorificação (Jo 12.23; 17.1).
Alguns hesitam e chegam a tropeçar naquilo que parece ser um paradoxo. Jesus amava a Marta, e a sua
irmã, e a Lázaro (5), mas ainda assim, ouvindo... que estava enfermo, ficou ainda dois dias no lugar onde
estava (6). Se Ele amava, por que demorou? Esta não é uma pergunta pouco freqüente na mente dos
homens que são afligidos pela tristeza e pela morte. Mas Jesus tinha as suas razões. "Como o Senhor
amava a família, Ele foi no exato momento em que a sua visita seria mais frutífera, e não quando foi
convidado".' Em todas as outras partes do quarto Evangelho, Jesus também decide agir estritamente pela
sua própria iniciativa, nunca simplesmente pelo convite ou pela solicitação dos homens (cf. 2.4; 7:3-10).
Assim, aqui, na hora certa, Ele disse aos seus discípulos: Vamos outra vez para a Judéia (7).
Esta proposta de voltar para a Judéia motivou uma considerável discussão entre Jesus e os seus
discípulos. O seu conteúdo provê uma reflexão sobre o milagre e as conseqüências que iriam ocorrer. É
evidente que os discípulos estavam bem cientes da profunda hostilidade dos judeus que procuravam
apedrejar Jesus (cf. Jo 10.31,39). Naturalmente eles perguntaram: E tornas para lá? (8)
A resposta de Jesus a esta objeção está em uma linguagem francamente figurada. Não há doze horas no
dia? (9).1" Trench comenta assim a paráfrase: "Enquanto durar o dia, o tempo indicado pelo meu Pai para
o meu trabalho terreno, enquanto houver qualquer obra para que eu realize, eu estarei seguro, e vocês
estarão seguros na minha companhia".' Mesmo diante do mais formidável inimigo, a morte, não devemos
nos render tão rapidamente ao desespero em um momento de crise. Jesus conhecia a sua hora e estava
pronto no momento indicado.
A idéia sugerida pela palavra dia se desenvolve em figuras características de João: luz, andar sem
tropeçar, o que se torna possível porque uma pessoa vê a luz deste mundo (9, cf. Jo 1.5,9; 9.5). Estes
exemplos positivos estão intimamente associados com a vida (Jo 1.4; 8.12). Eles devem superar a noite e
as trevas, onde os homens tropeçam (10) e onde reina a morte (13-14). Os versículos 9-14 definem o tema
de todo o capítulo. Existe uma luta cósmica entre as trevas e a luz, a morte e a vida, o mal e o bem. Esta
luta é particularizada aqui em um homem — Lázaro. Ele está morto (14). Nesta situação humana, Jesus
deve entrar para evocar a fé naqueles que vivem, para dar a vida a quem estava morto.
Quando Jesus disse: Lázaro, o nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo do sono (11), Ele estava usando
a palavra "sono" com duplo sentido. Como usada no Novo Testamento, ela tem o sentido eufemístico de
"morte" em treze ocorrências, contra somente três vezes no sentido de "sono normal".' Mas os discípulos
pensaram que Jesus se referia ao sono normal, daí a sua observação: Senhor, se dorme, estará salvo ("ele
se recuperará", NEB, 12). Para deixar esta situação perfeitamente clara para os discípulos, Jesus disse
claramente: Lázaro está morto (14).' A ausência de Jesus junto àquele leito de morte se converteria em
uma coisa boa para os discípulos. Jesus disse: folgo, por amor de vós, de que eu lá não estivesse, para
["com a finalidade de", Berld que acrediteis. Mas vamos ter com ele (15). Ressuscitar Lázaro dentre os
mortos seria um milagre que traria um convencimento maior do que curar a sua enfermidade.
Já não havia protestos por parte dos discípulos quanto ao perigo que espreitava na Judéia; mas Tomé, com
o seu pessimismo característico, em um tipo de desespero leal insistiu com os discípulos para que
acompanhassem o destino do seu Mestre:' Vamos nós também, para morrermos com ele (16). Sobre
Tomé, Westcott diz: "Ele será capaz de morrer pelo amor que sente, porém jamais fingirá uma fé que não
sente".174
A proximidade entre Betânia e Jerusalém, quinze estádios (18; ver o mapa 2), pouco mais de três
quilômetros, era conveniente para muitos dos judeus que tinham ido consolar a Marta e a Maria, acerca de
seu irmão (19).
As duas irmãs reagem à chegada de Jesus nesta ocasião com a mesma personalidade que demonstraram
em Lucas 10:38-42. Marta é ocupada, ativa e lidera, ao passo que Maria é pensativa, devota e espera.
Assim... ouvindo, pois, Marta que Jesus vinha, saiu-lhe ao encontro; Maria, porém, ficou assentada em
casa (20).
A conversa de Jesus com Marta neste episódio poderia ser chamada de "uma lição sobre o significado da
fé". Pois a fé, para ser eficiente, deve ser não apenas dinâmica, mas também completa, i.e., deve ser
caracterizada por aquelas reações que envolvem a pessoa como um todo. L. H. Marshall compara a fé
com a pólvora, que é composta por carbono, enxofre e salitre, e cada um desses compostos deve estar na
mistura antes que haja uma explosão. Da mesma forma, a fé genuína tem os seus elementos de confiança,
a reação emocional; a fé, a reação de compreensão, ou a resposta intelectual; e também de lealdade, o
exercício da vontade.' Jesus desafia Marta a ter esse tipo de fé.
Não havia dúvida sobre a sua confiança, pois as suas primeiras palavras a Jesus foram: Senhor, se tu
estivesses aqui, meu irmão não teria morrido. Mas também, agora, sei que tudo quanto pedires a Deus,
Deus to concederá (21-22). Este ato inicial de fé confiante tentara "alcançar aquilo que não conseguiria
agarrar".' Marta deve ter sentido pouco consolo ou esperança quando Jesus sugeriu que o seu irmão iria
ressuscitar. Ela expressou imediatamente a sua esperança judaica quando disse: Eu sei que há de
ressuscitar na ressurreição do último Dia (24). Ela ainda não tinha percebido que "na presença de Jesus, a
ressurreição é uma realidade iminente e presente; e aquilo que para os judeus é uma esperança futura,
para os cristãos é uma realidade presente".17
Para levar Marta a compreender a imediata presença da ressurreição, Jesus declarou: Eu sou a
ressurreição e a vida (25).' Embora esta afirmação se expresse na forma das muitas similitudes, em João,
que expressam a idéia da divindade — por exemplo, "Eu sou o pão da vida" (Jo 6.48) ou "Eu sou a
videira verdadeira" (Jo 15.1) — esta não é uma similitude. Antes, "é a referência a Ele mesmo daquilo
que Marta tinha dito sobre a ressurreição final... a ressurreição da qual Ele é potencialmente a Fonte,
assim como o Agente".' Assim, o próprio Jesus é o dom da vida, tanto presente quanto futuro, para o
homem, pois... quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive e crê em mim
nunca morrerá (25-26; cf. Jo 6:39-40,44,54). Dodd, fazendo uma tradução literal, coloca estes versículos
em uma interessante forma correlata:
Eu sou a ressurreição:
Eu sou a vida:
Então ele compara a afirmação de Jesus em Jo 5.28 com o evento de Jo 11, mostrando que esta é uma
"imagem da ressurreição".
Aqueles que estão nos sepulcros Ele encontrou Lázaro na sepultura (Jo 11.17)
e sairão
Assim se pode ver que "a Ressurreição é uma comunicação pessoal do próprio Senhor, e não uma graça
que Ele tem que obter de outro. Marta tinha falado de um dom a ser obtido de Deus e dispensado por
Cristo... Ele é aquilo que os homens necessitam. Ele não alcança a bênção para eles; Ele é a própria
bênção".'
A questão primordial para Marta, agora, não era se Jesus podia fazer alguma coisa, mas se ela realmente
sabia quem Ele era. Assim, Ele perguntou: Crês tu isso? (26) Este é um novo teste para a fé dela, um
exame da sua reação intelectual. A sua resposta foi rápida e direta. Sim, Senhor, creio' que tu és o Cristo,
o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo (27; cf. Jo 1.49; Jo 6.69; Mt 16.16; Mac 8.29). Não é exato
falar de uma fé cega ou ignorante. Tais expressões facilmente desculpam mentes preguiçosas e inteli-
gências entorpecidas. O crente precisa ter familiaridade com o objeto da sua fé. Aquilo que se chama
freqüentemente de fé é simplesmente uma confiança mal colocada, ou um palpite tolo. Paulo disse, "eu
sei em quem tenho crido" (2 Tm 1.12).
Uma das mais belas mensagens pessoais já enviadas foi a que Marta levou de Jesus a Maria. Tendo
deixado Jesus onde o encontrara, Marta disse em segredo a Maria: O Mestre está aqui e chama-te (28). A
palavra didaskalos, aqui traduzida como Mestre, significa literalmente "professor". Porém Mestre é uma
boa tradução, porque Marta "está falando de alguém que ela acredita ser o Mestre em todas as situações
dolorosas e angustiantes".' Assim que Maria ouviu o chamado, levantou-se logo e foi ter com ele (29),
encontrando-o no mesmo lugar onde Marta o encontrara (30).
Como os sepulcros ficavam fora da cidade, pode ser que o lugar onde Marta se encontrou com Jesus fosse
próximo do lugar onde Lázaro estava sepultado. Portanto, Jesus esperou onde Ele encontrou
primeiramente Marta enquanto ela foi chamar Maria (28). Por Maria ter saído tão rapidamente, os judeus
de Jerusalém que tinham vindo para consolar as irmãs supuseram que ela tinha ido ao sepulcro para
chorar ali (31). O versículo 31 é uma espécie de nota de rodapé que visa explicar a sua movimentação em
direção ao local onde Lázaro estava sepultado.
O encontro entre Jesus e Maria lembra ao leitor uma cena anterior na casa em Betânia, quando "Maria...
assentando-se... aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra" (Lc 10.39); aqui ela lançou-se aos seus pés (32). É
dificil pensar em Maria em qualquer outra posição perante Jesus a não ser em uma postura de adoração,
expectativa e humildade. As suas palavras para Jesus foram exatamente as mesmas que Marta havia pro-
nunciado — Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido (32).
O encontro entre Jesus e Maria poderia receber um título: "O Chamado do Mestre", e possuir três
aspectos: 1. O chamado é pessoal (28); 2. O chamado vem aos homens onde eles estão (28-29); 3. O
chamado nasce do desejo de Cristo em relação ao homem, e da necessidade que o homem sente em
relação a Ele (32-33).
Quando Jesus perguntou: Onde o pusestes? (34), veio a resposta: Senhor, vem e vê (34). Evidentemente
foi no caminho para o sepulcro que Jesus chorou' (35; cf. Lc 19.41) e os judeus exclamaram, Vede como
o amava (36). A observação seguinte, por parte dos espectadores, foi somente um olhar para o passado.
Não podia ele, disseram, que abriu os olhos ao cego, fazer também com que este não morresse? (37) Na
sua descrença, mal sabiam eles da grande verdade revelada a Marta — a ressurreição pessoal e presente
— Jesus Cristo o Senhor.
Quando Jesus viu o sepulcro, Ele disse: Tirai a pedra (39). Por que aquele por quem "todas as coisas
foram feitas" (Jo 1.3) e que estava prestes a trazer à vida um homem morto há quatro dias, pediria a
alguém para tirar a pedra? Poderia ter sido um desafio para a fé de Marta, que estava crescendo, mas que
ainda era inadequada e incompleta? Foi Marta quem respondeu: Senhor, já cheira mal, porque é já de
quatro dias (39).
A sua objeção, sob o ponto de vista humano, tinha um bom fundamento, pois em um clima quente, onde
não se praticava o embalsamamento, o processo de decomposição já estaria muito adiantado. Observando
o que era impossível na vida, ela se esqueceu daquele que é especialista em fazer as coisas que são
consideradas impossíveis. Este foi o teste ácido da sua fé. Poderia ela ser leal, i.e., obediente a sua ordem?
Será que alguém ousaria sugerir que não poderia haver ressurreição dos mortos, que não poderia ser dada
a vida aos homens há muito tempo mortos em transgressões e pecados, a menos que os colaboradores de
Deus (1 Co 3.9) oferecessem os seus ombros para remover a pedra do sepulcro, tirando-a do caminho?
Falando sobre a questão "Como está a sua fé?", um possível esboço poderia ser: 1. Confiança, a resposta
das emoções (21-22); 2. Fé, a reação do pensamento (23-27); 3. Lealdade, a reação da vontade (38-41).
A palavra tranqüilizadora de Jesus a Marta foi: Não te hei dito que, se creres, verás a glória de Deus? (40)
Estas são como as palavras ditas aos discípulos em Peréia (Jo 11.4), e elas refletem a auto revelação de
Jesus a Marta em 25-27. "Qualquer que fosse a visão prometida, a intenção é que fosse uma visão
espiritual, pois o verbo (ver, optomai) é sempre usado no texto de João como uma referência a enxergar
realidades espirituais ou celestiais".1" Mediante esta Palavra de Jesus, tiraram, pois, a pedra (41) defronte
do local onde estava o morto.
Então Jesus, o Filho de Deus, orou: Pai, graças te dou, por me haveres ouvido. Eu bem sei que sempre me
ouves (41-42). "A sua vida é uma vida de completa obediência à vontade de Deus, e a sua oração não
admite uma resposta que contenha a incerteza".190 Assim, a verdadeira oração é a "realização consciente
da vontade divina".' Eu disse isso por causa da multidão que está ao redor, para que creiam que tu
meenviaste (42). É evidente que Jesus queria que todos entendessem que o grande poder de Deus flui
através da vida daquele que está em perfeito acordo com a vontade de Deus. "A oração que é ouvida" (a)
vem do clamor do coração (33-35); (b) está de acordo com a vontade de Deus (42); e (c) tem certeza da
resposta divina (43).
Tendo tratado cada item da contagem regressiva preliminar — a fé de Marta, o choro, a devoção e a
adoração de Maria, a incredulidade dos judeus, a certeza da vontade de Deus — Jesus clamou com grande
voz: Lázaro, vem para fora (43). Deus chama os seus (cf. 5.28; 10.3) e, quando Ele chama, não há poder
que possa retê-los, nem mesmo a própria morte. O milagre aqui é "a história de Jesus caminhando para
enfrentar a morte, afim de vencer a morte" (cf. 1 Co 15:26-27, 55
A morte não foi capaz de reter Lázaro, pois ele saiu, tendo as mãos e os pés ligados com faixas, e o seu
rosto, envolto num lenço (44). Algumas vezes surge a pergunta: como poderia Lázaro, atado desta forma,
ter saído do sepulcro? Podemos supor que os seus membros estavam envoltos separadamente, como era o
costume egípcio. Ou, se preferirmos, podemos aceitar o comentário de Westcott: "Não é necessário
especular sobre como Lázaro saiu do sepulcro, estando tão envolto".1" Tudo isto faz parte do milagre de
derrotar a morte, e da libertação das trevas e da noite do sepulcro (Jo 11.10). Mas, como no caso da
remoção da pedra, há agora uma obra que os homens devem realizar. Jesus disse: Desligai-o
("desamarrai-o", Phillips) e deixai-o ir (44). Somente o poder de Deus pode trazer a vida e a luz para as
almas mortas e envoltas em trevas. Mas a tarefa do homem é essencial — desamarrar os nós e curar as
cicatrizes deixadas pela devastação do pecado, cujo salário é a morte.
João observou duas coisas importantes na afirmação do sumo sacerdote: 1. Esta era realmente uma
profecia, proferida pelo sumo sacerdote na sua verdadeira função. Ele não disse isso de si mesmo, mas,
sendo o sumo sacerdote naquele ano, profetizou (51). 2. Ela implicava um sacrifício universal. Jesus
morreria não apenas pelos judeus (51), mas também para reunir em um corpo os filhos de Deus que
andavam dispersos (52; cf. Jo 3.16; 10.16; 12.32).
O conselho tomou a decisão de o matar (53), e por essa razão Ele já não andava manifestamente entre os
judeus (54). O Senhor deixou as redondezas de Betânia e foi para a terra junto do deserto,'" para uma
cidade chamada Efraim; e ali andava ["permanecia", NASB] com os seus discípulos (54). Efraim, que
"fica aproximadamente 24 quilômetros ao norte de Jerusalém, e cerca de dez quilômetros a leste-nordeste
de Betel... agora é chamada de Et-Taiyibeh".
Os versículos 55-57 são o contexto para os eventos relacionados com a Paixão, o julgamento e a morte de
Jesus. A ocasião é mencionada aqui pela primeira vez: estava próxima a Páscoa dos judeus (55; cf. Jo
12.1; 13.1; 18.28). Devido à proximidade desta grande festa, muitos daquela região subiram a Jerusalém...
para se purificarem (55; cf. Atos 21.24), ou seja, para serem declarados cerimonialmente limpos antes do
início da Páscoa (cf. Jo 18.28; Lv 7.21; Nm 9.10). É de fato natural, à luz do recente milagre e dos
eventos posteriores, que as multidões procurassem Jesus nas proximidades do Templo, e discutissem a
improbabilidade de que Ele viesse à festa. Phillips traz o seguinte texto: "O que você acha? Parece que
Ele não virá à festa, não?" (56). Evidentemente, a decisão do conselho era conhecida do povo, pois eles
deram ordem para que, se alguém soubesse onde ele estava, o denunciasse ["informasse", NASB], para o
prenderem (57).