Proposta Pedagogica Curricular - 2020
Proposta Pedagogica Curricular - 2020
Proposta Pedagogica Curricular - 2020
Contextualização Histórica da Região, Contextualização Histórica da Organização Curricular, Pressupostos Filosóficos, Psicológicos e Legais:
Adriana Gonzaga Cantarelli; Amilton Benedito Peletti; Baltadar Vendrúscolo; Darci Alda Barros; Emma Gnoatto e Lucia Vitorina Bogo.
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Organização:
Associação dos Municípios do Oeste do Paraná
Departamento de Educação
Rua Pernambuco, 1936 – Centro – Cep 85.810-021 – Cascavel – Paraná
Fone/Fax (45) 3326 8544 – site: www.amop.org.br - Blog: http//:www.educaamop.blogspot.com.br
Email: [email protected]
Revisão:
Douglas Corrêa da Rosa
Professor de Língua Portuguesa/Italiana
Revisor de textos acadêmicos
Municípios que compõem a Associação dos Municípios da Região Oeste do Paraná.
Prefeitos(as) e Secretários(as) de Educação – 2017/2020
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Municípios Prefeitos Municípios Secretários de Educação
Anahy Carlos Antonio Reis Anahy Maria de Loudes Alves
Assis Chateaubriand João Aparecido Pegoraro Assis Chateaubriand Fátima Aparecida Sobral Silva
Boa Vista da Aparecida Leonir Antunes dos Santos Boa Vista da Aparecida Rosilange Fatima Paris Daros
Braganey Odair Guerreiro Oliveira Braganey Rubens Vicente Inacio
Brasilândia do Sul Márcio Juliano Marcolino Brasilândia do Sul Sandra Maria Gonçalves da Conceição
Cafelândia Estanislau Mateus Franus Cafelândia Rosane Dal Molin Pitol
Campo Bonito Antonio Carlos Dominiak Campo Bonito Eliane de Camargo Dominiak
Cantagalo Jair Rocha da Silva Cantagalo Fátima Bosetto Mierzwa
Capitão Leônidas Marques Claudiomiro Quadri Capitão Leônidas Marques Zizela Maria Primo Dallabrida
Cascavel Leonaldo Paranhos da Silva Cascavel Marcia Aparecida Baldini
Catanduvas Moises Aparecido de Souza Catanduvas Sirley Ferreira Esma
Céu Azul Germano Bonamigo Céu Azul Cleonides Wolf da Silva
Corbélia Giovani Miguel Wolf Hnatuw Corbélia Silvia Mara Skottki Pinto
Diamante D’Oeste Guilherme Pivatto Junior Diamante D’Oeste Adriana Franco
Diamante do Sul Fernando Maximiliano Risso Diamante do Sul Maria Celia Gaspar Risso
Entre Rios do Oeste Jones Neuri Heiden Entre Rios do Oeste Rejane Vogt Anderle
Formosa do Oeste Luiz Antonio Domingos de Aguiar Formosa do Oeste Angela Roberta Neves de Brito Pinto
Foz do Iguaçu Francisco Lacerda Brasileiro Foz do Iguaçu Maria Justina da Silva
Francisco Alves Alírio José Mistura Francisco Alves Ângela Maria da Cruz Silva
Guaíra Heraldo Trento Guaíra Franciele de Lima Danelon Jesus
Guaraniaçu Osmário de Lima Portela Guaraniaçu Ana Rosa Gregorio
Ibema Adelar Antonio Arrosi Ibema Neiva Terezinha Chaves Leite
Iguatu Vlademir Antonio Barella Iguatu Willian Rodrigues
Iracema do Oeste Donizete Lemos Iracema do Oeste Roberto da Costa Pereira
Itaipulândia Cleide Inês Griebeler Prates Itaipulândia Marli Basso
Jesuítas Aparecido Jose Weiller Junior Jesuítas Elaine Pasti de Oliveira Arrigoni
Lindoeste José Romualdo Pedro Lindoeste Sirlene de Andrade Verzeletti
Marechal Cândido Rondon Marcio Andrei Rauber Marechal Cândido Rondon Márcia Adriana Winter da Mota
Maripá Anderson Bento Maria Maripá Janaína Müller Geraldi
Matelândia Rineu Menoncin Matelândia Neiva Romani Bosio
Medianeira Ricardo Endrigo Medianeira Clair Teresinha Rugeri
Mercedes Cleci Maria Rambo Loff; Mercedes Gilson Backes
Missal Eduardo Staudt Missal Clarice Maria Grings Friedrich
Nova Aurora Pedro Leandro Neto Nova Aurora Aparecida Topp Serra
Nova Santa Rosa Norberto Pinz Nova Santa Rosa Nilza Siewert Gerling
Ouro Verde do Oeste Aldacir Domingos Pavan Ouro Verde do Oeste Marlene Inez Zorzo
Palotina Jucenir Leandro Stentzler Palotina Judith Maria B. Sendko
Pato Bragado Leomar Rohden Pato Bragado Cristiane Scheuermann Bonatto
Quatro Pontes João Inácio Laufer Quatro Pontes Araceli Basso Tauchert
Ramilândia Wilson Bonamigo Ramilândia Valdirene Aparecida Martins
Santa Helena Evandro Miguel Grade Santa Helena Ana Paula da Silva
Santa Lúcia Renato Tonidandel Santa Lúcia Margarida Mattos Pedrotti
Santa Tereza do Oeste Elio Marciniak Santa Tereza do Oeste Geneci de Fátima Soares Christmann
Santa Terezinha de Itaipu Cláudio Dirceu Eberhard Santa Terezinha de Itaipu Simara Cordeiro da Silva Jorge
São José das Palmeiras Gilberto Fernandes Salvador São José das Palmeiras Reginéia da Silva
São Miguel do Iguaçu Claudiomiro da Costa Dutra São Miguel do Iguaçu Andreia Marcelino Diedrich
São Pedro do Iguaçu Francisco Dantas de Souza Neto São Pedro do Iguaçu Valdinete Santana Gavenda
Serranópolis do Iguaçu Ivo Roberti Serranópolis do Iguaçu Leandro Luiz Hippler
Terra Roxa Altair de Pádua Terra Roxa Márcia Maria Sônego de Pádua
Toledo Lucio de Marchi Toledo Edna Heloisa Schaeffer do Amaral
Três Barras do Paraná Helio Kuerten Bruning Três Barras do Paraná Ronoaldo Freitas da Silva
Tupãssi Ailton Caeiro da Silva Tupãssi Adriana Augusti Camozzato
Ubiratã Haroldo Fernandes Duarte Ubiratã Rosa Rodrigues de Carvalho
Vera Cruz do Oeste Ednei Sgobi Vera Cruz do Oeste Nelma Cardozo de Oliveira
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Índice
Apresentação...................................................................................06 Conteúdos
Contextualização Histórica da Região..........................................11 Avaliação
Contextualização Histórica da Organização Curricular ............28 Ciências .........................................................................................478
Pressupostos Filosóficos..............................................................43 Concepção
Pressupostos Psicológicos...........................................................50 Objetivos
Pressupostos Pedagógicos...........................................................62 Pressupostos Teórico - Metodológicos
Pressupostos Legais......................................................................75 Coteúdos
Educação Inclusiva.........................................................................90 Avaliação
Educação Infantil...........................................................................146 Geografia........................................................................................501
Concepção Concepção
Objetivos Objetivos
Pressupostos Teórico – Metodológicos Pressupostos Teórico – Metodológicos
Conteúdos Conteúdos
Avaliação Avaliação
Língua Portuguesa e Alfabetização............................................241 História...........................................................................................530
Concepção Concepção
Objetivos Objetivos
Pressupostos Teórico - Metodológicos Pressupostos Teórico - Metodológicos
Conteúdos Conteúdos
Avaliação Avaliação
Arte.................................................................................................346 Matemática.....................................................................................566
Concepção Concepção
Objetivos. Objetivos
Pressupostos Teórico – Metodológicos Pressupostos Teórico – Metodológicos
Conteúdos Conteúdos
Avaliação Avaliação
Educação Física............................................................................431 Professores representantes dos municípios no processo de
Concepção Avaliação e Reorganização da Proposta Pedagógica Curricular-
Objetivos Educação Infantil e Ensino Fundamental(Anos Iniciais)-Rede Pública
Pressupostos Teórico- Metodológicos Municipal- REGIÃO DA AMOP – 2020...........................................625
Conteúdos
Referências de cada tópico e/ou componente curricular desta
Avaliação
Proposta Pedagógica Curricular-----------------------------------------628
Ensino Religioso...........................................................................462
Concepção
Objetivos
Pressupostos Teórico - Metodológicos
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APRESENTAÇÃO
Senhores Professores, Coordenadores, Diretores, Equipes Administrativas das Escolas, Conselhos Municipais de Educação,
Pais e Comunidade, este documento, denominado Proposta Pedagógica Curricular (PPC), mesmo sendo produzido por muitos
profissionais e submetido à Consulta Pública, não deve ser encarado com algo estanque, pronto e acabado. Sabemos que cada
município e cada comunidade escolar têm as suas especificidades e, portanto, ao sistematizarem os seus Projetos Político-
Pedagógicos, deverão realizar as devidas complementações, atentando-se para as suas respectivas realidades.
Ressaltamos o quão difícil é defender uma concepção e mantê-la em todos os componentes curriculares, sobretudo quando a
escrita é coletiva. Entretanto, por ser o resultado das leituras, das experiências e das pesquisas de muitos professores que estão no
chão da escola é que essa PPC se torna tão importante a cada um dos professores que assumirão, a partir de 2020, a Educação
Infantil e o Ensino Fundamental - Anos Iniciais. Ao colocarmos esta proposta em prática, teremos de 3 a 4 anos para avaliar e anotar
o que precisa ser, de alguma forma, modificado.
Uma Proposta Pedagógica Curricular não se resume aos conteúdos. Isso qualquer livro didático tem. No entanto, para que ela
tenha o seu propósito atingido, faz-se necessário entender/compreender os Pressupostos Filosóficos, Psicológicos, Pedagógicos e
Legais, bem como estudar cada componente curricular no que tange à Concepção, aos Objetivos, aos Pressupostos Teórico-
metodológicos e à Avaliação, escopo a ser alcançado por intermédio da participação contínua nos grupos de estudos, seminários,
simpósios e demais grupos de trabalho, objetivando fazer o melhor para aqueles a quem se destina esta PPC.
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SÚMULA – APROVA A PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR - EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL (ANOS
INICIAIS), REDE PÚBLICA MUNICIPAL - REGIÃO DA AMOP.
A Associação dos Municípios do Oeste do Paraná - AMOP, no uso de suas atribuições legais, que lhes são conferidas pelo Estatuto Social, com
fundamento na Constituição Federal; na LDB; na Lei Federal nº 13.005/2014; e ainda considerando o disposto na Deliberação nº 03/18 do CEE/PR; o
Parecer CNE/CP nº 15/2017 e a Resolução CNE/CP n.º 02/2017, que “Institui e orienta a implantação da Base Nacional Comum Curricular, a ser
respeitada obrigatoriamente ao longo das etapas e respectivas modalidades no âmbito da Educação Básica”; a Resolução CNE/CEB n.º 05/2009, que “Fixa
as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil”; a Resolução CNE/CEB n.º 04/2010, que “Define Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais
para a Educação Básica”; a Resolução CNE/CEB n.º 07/2010, que “Fixa Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos” e
a elaboração e readequação do Currículo Básico para as Escolas Públicas Municipais do Oeste do Paraná, documentos que a esta se incorporam:
RESOLVE
Art. 1º- Aprovar a Proposta Pedagógica Curricular elaborada em conjunto com coordenadores de áreas e equipes pedagógicas municipais.
§ 1º A Proposta Pedagógica Curricular tem duas dimensões:
I - dimensão política marcada pelas relações de forças sociais econômicas e culturais que permeiam a educação;
II – dimensão pedagógica definida por um instrumental teórico-prático que possibilite assimilar, produzir e socializar conhecimentos.
§ 2º A Proposta Pedagógica Curricular está organizada considerando as etapas da Educação Infantil e do Ensino Fundamental – Anos Iniciais.
Art. 2º- O Currículo Básico para as Escolas Públicas Municipais - doravante chamado de Proposta Pedagógica Curricular em anexo a esta resolução
contém a seguinte organização:
I - Contextualização Histórica da Região;
II - Contextualização Histórica da Organização Curricular;
III - Pressupostos Filosóficos, Psicológicos, Pedagógicos e Legais;
IV - Educação Inclusiva;
V – Etapa da Educação Infantil;
VI – Etapa dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.
Art. 3º - A Contextualização Histórica da Região contempla a ocupação do espaço na Mesorregião Oeste do Paraná:
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I - Ocupação indígena na região;
II - Os jesuítas e as reduções;
III - Sistema obragero;
IV - Companhias colonizadoras.
Art. 4º - A Contextualização Histórica da Organização Curricular resgata o processo de construção do Currículo Básico da Região Oeste do Paraná
e a Formação dos Educadores contendo quadros demonstrativos:
I - Quadro síntese das matrículas em 2017 nos 54 municípios que, administrativamente, pertencem à AMOP, referentes aos Anos Iniciais do Ensino
Fundamental, Educação Especial, EJA – Fase I, Creches e Pré-escola;
II - Quadro representativo do Número de Professores nas etapas de Educação Infantil e Ensino Fundamental – Anos Iniciais e suas Modalidade em
cada município;
III - Quadro por município / informações de matrículas em 2017;
IV - Escolas Indígenas na Região Oeste do Paraná;
V – Assentamentos e reassentamentos.
§ 2º Na Educação Infantil são observados os Saberes e Conhecimentos, de acordo com o Referencial Curricular do Paraná: princípios, direitos e
orientações, bem como os Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento - conhecer-se, conviver, expressar, participar, brincar e explorar - que
integram o trabalho pedagógico.
§ 3º A organização dos Saberes e Conhecimentos e dos Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento, nos respectivos Campos de Experiências
encontram-se dispostos de acordo com as seguintes idades:
I - Bebês – 0 a 1 ano;
II - Crianças Bem Pequenas – 1 ano;
III - Crianças Bem Pequenas – 2 e 3 anos;
IV - Crianças Pequenas – 4 e 5 anos.
Art. 8º - A Etapa dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental aborda a concepção, os conteúdos, objetivos, pressupostos teórico- metodológicos e a
avaliação de acordo com os seguintes componentes curriculares:
I - Língua Portuguesa e Alfabetização;
II - Arte;
III - Educação Física;
IV - Ensino Religioso;
V – Ciência;
VI – Geografia;
VII – História;
VIII – Matemática.
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Art. 9º - A Proposta Pedagógica Curricular Educação Infantil e Ensino Fundamental (Anos Iniciais), Rede Pública Municipal - Região da AMOP
será seguida pelos municípios pertencentes a AMOP, que optaram por fazê-la coletivamente, conforme esta Resolução.
§ 1º Cada município, usando de sua autonomia, deverá aprovar sua própria Proposta Pedagógica Curricular devendo complementá-la com a Parte
Diversificada que lhe é própria;
§ 2º Cada Instituição Escolar seguirá a Proposta Pedagógica Curricular aprovada no município complementando-a com a parte diversificada própria
do estabelecimento de ensino.
Art. 10 – A presente Resolução cumpre o que determina a Deliberação nº 3/2018 CEE/PR e o Termo de Cooperação e Colaboração assinado em
2018 pelos 399 municípios do Estado do Paraná.
Art. 11 - Esta Resolução, com seu ANEXO I, entrará em vigor na data de sua publicação mediante afixação na sede da AMOP e no respectivo
endereço eletrônico, revogadas as disposições em contrário.
REGISTRE-SE,
CUMPRA-SE.
ANEXO I
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR - EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL (ANOS INICIAIS), REDE PÚBLICA MUNICIPAL - REGIÃO DA
AMOP
De acordo com Piaia (2004), a ocupação do espaço atualmente caracterizado como Mesorregião Oeste do Paraná
atravessou quatro fases distintas. A primeira fase decorre da ocupação indígena, que se espalhava também por boa parte do
território sul-americano. A segunda fase, por sua vez, diz respeito ao período em que os jesuítas se instalaram na região, no intuito
de promover as reduções. A terceira fase, iniciada a partir do fim do século XIX, decorreu da introdução do sistema obragero, cujo
objetivo era a exploração da madeira e da erva-mate na região. Por fim, a quarta fase refere-se à ocupação implementada pelas
companhias colonizadoras.
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“[...] a fronteira seria tão somente os limites, as demarcações, as linhas de separação baseadas em coordenadas geográficas de determinado território?
Na verdade, aquilo que se entende normalmente por fronteira não é apenas composto pela demarcação precisa, e tampouco envolve apenas as divisas legais
entre países e estados. Quando se fala de região, por exemplo, as fronteiras já não são tão exatas; aspectos usuais que caracterizam certa região podem
também estar contidos na região adjacente, tais como sua flora e fauna, os hábitos da população, além de outras características comuns a ambas.
Usualmente, quando se fala no Oeste do Paraná, diz-se que é uma região de fronteira, relembrando os limites divisórios entre Argentina e Paraguai. A fronteira
separa línguas, estruturas político-administrativas, costumes e demais aspectos constitutivos de uma nação. Mas a fronteira é também lugar de encontro, onde
os limites se tocam, é onde ocorre a troca, a comunicação, e também onde ocorre a percepção das diferenças”. (PIAIA, 2013, p. 17).
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Com base na imagem, nota-se que os Guarani2 habitavam o litoral, as margens do rio Paraná e as regiões dos países
vizinhos do Brasil, como o Paraguai, a Argentina e o Uruguai. O estabelecimento das fronteiras geográficas, tais como se encontram
atualmente, foram demarcadas pelos colonizadores, já que esses povos se identificavam mutuamente e mantinham laços de
parentesco com aldeias distantes sem os limites geográficos como empecilho.
Os Guarani viveram de modo independente até o período em que a América começou a ser colonizada pelas nações ibéricas
no século XVI, pois, a partir de então, o território Guarani passou a ser o palco de disputas entre as coroas portuguesa e espanhola.
Os povos indígenas começaram a enfrentar e a oferecer resistência, algo que se observou no decorrer de toda história do Oeste do
Paraná, desde o século XVI até os dias atuais, tendo em vista os conflitos ainda existentes na região, os quais envolvem a luta pela
posse da terra e a territorialidade, necessária à manutenção dos seus costumes, pois, segundo os Guarani, "‘Sem Tekoha não há
Teko’. Tekoha é uma palavra composta: Teko (costume, cultura, tradição) e ha (lugar, espaço). Uma tradução livre de TEKOHA seria
ALDEIA. Estas palavras nos ensinam uma questão óbvia: sem espaço territorial não existe possibilidade de reprodução cultural. A
questão da centralidade na terra segue determinando a sobrevivência do povo Guarani” (http://www.oguataregua.com.br/#guarani-
map).
Atualmente, na região Oeste do Paraná, há algumas reservas indígenas e muitos grupos nas aldeias em diversos municípios
da região. Somente nos municípios de Guaíra e Terra Roxa, por exemplo, existem pelo menos 13 aldeias, isso porque muitos
indígenas que, no passado, foram obrigados a se refugiar3 em outros estados, principalmente no Mato Grosso do Sul e em outras
regiões do Paraná e no Paraguai, sobretudo, a partir da última década começaram a retornar aos seus locais de origem. Para
Masuzaki (2015), alguns segmentos locais difundem a ideia de que a presença indígena na região seria um obstáculo ao
desenvolvimento. Isso pode ser observado também pelo fato de que, no início do processo de colonização,
[...] o Estado brasileiro desconsiderou a presença indígena na região. A partir disso, se originaram no senso comum,
discursos que questionam a identidade indígena dos Guarani, taxando-os de ‘paraguaios’ ou ‘bugres’. [...] essa seria uma
forma de negar-lhes direitos e qualquer tipo de proteção pela legislação indígena vigente à época, e assim, não prejudicar
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"Antes da chegada dos europeus, os Guarani integravam a grande família, ou a nação conhecida com o nome de Guarani-Tupi. [...] A família Guarani-Tupi
habitava pois, grande parte dos atuais territórios do Brasil, Paraguai, Argentina, Uruguai, Bolívia, Peru, Equador e Guyana. O núcleo Guarani propriamente dito
se centrava entre os rios Paraná e Paraguai com certas prolongações; pode-se dizer que os Guarani habitavam a atual região oriental do Paraguai, o estado do
Mato Grosso e parte da costa Atlântica no Brasil, e a província de Missiones na Argentina, com algumas fixações em território boliviano pelo noroeste e Uruguai
pelo sudeste". (SAGUIER, 1980).
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Muitos foram obrigados a abandonar a região devido à exploração espanhola e portuguesa, ao frequente ataque de bandeirantes, à exploração das obrages,
ao processo de colonização efetivado a partir da década de 1930/40 e, ainda, à formação do lago com a construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu e mais
recentemente ao Agronegócio.
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o avassalador processo de colonização que se instaurava com o projeto ‘Marcha para o Oeste’. (MASUZAKI, 2015, p.
76/77).
Além disso, os indígenas da região são vítimas constantes de campanhas anti-indígenas, que acabam por disseminar
preconceito, ódio e informações distorcidas, dificultando o processo de resolução dos conflitos e/ou demarcações. Soma-se a isso,
ainda, o fato de que, no decorrer da história, foram sempre vistos (ao menos pela história oficial) como estrangeiros que habitavam a
região. No entanto, como indicado no mapa anterior (com a sobreposição das atuais fronteiras), os Guarani não estão ocupando
áreas aleatórias, mas aquelas nas quais existe uma relação de pertencimento, ou seja, aquelas onde viveram seus antepassados
(MASUZAKI, 2015). Para eles, a terra é muito mais que simplesmente um meio de subsistência; ela está ligada às crenças, ao
conhecimento e, mais que um recurso natural, é um recurso sociocultural. Esses fatos exigem o compromisso dos agentes públicos
que representam o Estado para uma mediação efetiva desses conflitos, trazendo a questão da demarcação das terras para o centro
do debate, mas que seja um debate sério e propositivo em torno da questão.
Os jesuítas e as reduções
A região do Guairá foi a primeira a experimentar o novo sistema adotado pelos jesuítas: as reduções. Segundo Wachowicz
(2010), as reduções consistiam em “Atrair o maior número possível de indígenas para uma povoação, chamada redução. Ali, teriam
uma habitação para sua família; o missionário também fixava ali residência, não precisando deslocar-se frequentemente para outras
regiões. Procuravam os jesuítas, desta maneira, conseguir alguma coisa durável no seu trabalho missionário”. (WACHOWICZ, 2010,
p. 39-40).
Para Colodel (1988), “dessa maneira os indígenas diversificavam seus ramos de atividade, sendo carpinteiros, tecelões,
ferreiros, pintores, estatutários, fundidores; tudo enfim era provido na própria Redução”. (COLODEL, 1988, p. 31). No entanto essa
organização4, e até mesmo o “sucesso” das reduções, gerou um conflito de interesses com os espanhóis5, que já exploravam a
região, e os indígenas, por meio do sistema de encomiendas6, e com os portugueses que temiam uma expansão espanhola para
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“Cada indivíduo no dia do seu casamento recebia um terreno, o qual era obrigado a cultivar. Além desta propriedade particular, havia as coletivas, que eram
cuidadas e plantadas em turnos pelos índios, que a chamavam de tupã-bem (propriedade de Deus). A criação de cavalos, gado bovino, galinhas etc. também
eram coletivas. O produto deste trabalho era armazenado em depósitos públicos, donde cada família recebia o necessário para o seu sustento. [...] Destes
depósitos comuns retirava-se também o necessário para o culto e os impostos, que eram religiosamente pagos à coroa espanhola” (WACHOWICZ, 2010, p.
341).
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Para compreender porque a região Oeste do Paraná foi inicialmente explorada pelos espanhóis e o litoral pelos portugueses, é preciso compreender a divisão
territorial para fins de exploração/colonização entre Espanha e Portugal por meio do Tratado de Tordesilhas e outros que o sucederam.
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“As autoridades espanholas encarregavam indivíduos, que possuíam alguns bens e capacidade, de conquistarem as terras ocupadas pelos índios. Estes
conquistadores eram os adelantados [...]. Segundo as determinações da coroa espanhola, a população indígena deveria ser catequizada, defendida contra os
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leste, haja vista que as reduções espanholas já atingiam o vale do Tibagi, e também pelo fato de desejarem prear indígenas para
trabalharem em suas lavouras. Pode-se sintetizar esse conflito de interesses da seguinte forma: as autoridades espanholas tinham
como objetivo fixar povoamento e fomentar à produção colonial; os Encomendeiros ou adelantados queriam explorar a força de
trabalho indígena pelo serviço pessoal; as autoridades paulistas e os bandeirantes desejavam atrair, capturar, comercializar e
escravizar a mão de obra indígena; e a Igreja missionária objetivava proteger os indígenas para torná-los cristãos e fiéis.
A produção agrícola da colônia no Brasil, pertencente a Portugal, necessitava de mão de obra. Por isso, buscou-se o trabalho
escravo indígena por meio dos bandeirantes, que se deslocavam de São Paulo até as Reduções. Em torno de 40 mil indígenas
viviam distribuídos em 14 reduções no Paraná.
No entanto, por volta de 1629, as reduções foram destruídas. Cerca de 28 mil indígenas foram escravizados ou mortos; os
demais fugiram para o interior da mata. Considerando que a região era explorada por espanhóis, além dos constantes conflitos com
indígenas e do Tratado de Madrid, assinado em 1750, que pôs um fim à pretensão espanhola de dominar o Oeste do atual Paraná,
essa região ficou por muito tempo “abandonada”.
Para visualizar essa situação, os dois mapas a seguir apresentam os seguintes aspectos: à esquerda, tem-se a divisão do
território do Guairá (século XVI e início do século XVII) com os povoados espanhóis e as reduções jesuíticas do período, além do
“contorno” atual do estado do Paraná; à direita, o mapa demonstra os tratados de Tordesilhas (1494), de Madrid (1750) e de Santo
Ildefonso (1777), os quais interferiram na forma como Portugal e Espanha se apossaram e exploraram o território brasileiro.
inimigos e iniciada num ofício pelos adelantados. Em troca disto, os índios pagariam uma taxa, ou prestariam serviços. Chamava-se encomenda a este sistema,
o qual logo degenerou devido a cobiça dos espanhóis, passando o índio a condição de escravos”. (WACHOWICZ, 2010, p. 38).
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Sistema obragero
O domínio do sistema obragero compreende o período de 1881 a 1930, entre Foz do Iguaçu e Guaíra, cujo objetivo principal
era a exploração extrativista da erva-mate e da madeira. Nesse período, como indica Priori (2012), “O governo fez enormes
concessões a empresas estrangeiras tendo como objetivo a exploração de erva-mate, madeira e a colonização da região Oeste.
Eram denominadas obrages e os seus trabalhadores eram os mensus, geralmente paraguaios, argentinos e ‘guaranis modernos’ –
termo empregado aos índios guaranis miscigenados no Paraguai”. (PRIORI, 2012, p. 79). O próximo mapa apresenta as principais
obrages da região.
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Um outro elemento que pode ser destacado refere-se à impossibilidade que os mensus encontravam para fugir das
obrages. A vigilância exercida sobre eles era severa e constante. Pouquíssimas eram as alternativas que eles podiam
contar para se esconder da fúria dos seus patrões. Podiam embrenhar-se na selva, mas ali teriam que enfrentar enormes
dificuldades: falta de comida, os animais selvagens, as doenças crônicas da região, etc. a outra rota de fuga possível era
oferecida pelo rio Paraná. Acontece que todas as embarcações que nele navegavam eram de propriedade dos obrageros
que tinham um cuidado todo especial em vigiá-las minuciosamente. (COLODEL, 1988, p. 70).
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A partir da década de 1920, com a Revolução de 1924 e a necessidade dos militares virem para a região combater os
rebeldes da Coluna Prestes, o sistema obragero7 entrou em decadência e essa situação de “abandono” da fronteira pelo governo
paranaense foi relatada ao governo brasileiro, mas somente a partir da década de 1930 que foram estabelecidas políticas para
“ocupar” essa região com brasileiros, ou seja, abrasileirar a fronteira promovendo a sua (re)ocupação. A seção a seguir discorre
sobre como foi pensada/estruturada parte dessas políticas.
Companhias colonizadoras
Até a independência do Brasil, o regime de sesmarias combinado às “datas” – sesmarias urbanas – regia a organização dos
núcleos urbanos. Esses sistemas de concessões de terras combinam políticas relacionadas à ocupação do território, à produção
agrícola e urbanização e aos interesses na obstacularização do acesso à terra. No início do século XIX, tal sistema entrou em crise.
Vigorou até 1850 o que Rolnik (1997) denominou de “regime de terras devolutas”, que envolve apropriação ampla e indiscriminada de
terra, expulsão de pequenos posseiros, ausência de legislação e atuação do Estado na estruturação de grandes latifúndios. A Lei de
Terras de 1850 resolveu o impasse, ao definir todas as terras devolutas como propriedade do Estado e ao permitir a ocupação
apenas mediante título de compra.
Para Rolnik (1997), “a promulgação da Lei de Terras marca um corte fundamental na forma de apropriação da terra no Brasil,
com grandes consequências para o desenvolvimento das cidades: a absolutização da propriedade e sua monetarização, conferindo à
terra status de mercadoria, assegurada por densa malha de leis e regulamentos posteriores” (ROLNIK, 1997, p. 23). Esse processo
estava articulado, entre outros aspectos, à abolição da escravidão, pois, na medida em que se avançava em busca da liberdade dos
escravos, era preciso tornar a posse da terra possível somente àqueles com poder econômico para adquiri-las, ou seja, “Num regime
de terras livres, o trabalho tinha que ser cativo; num regime de trabalho livre, a terra tinha que ser cativa” (MARTINS, 1981, p. 32).
A região Oeste era coberta por florestas tropicais rica em madeiras nobres, com grande potencial hidrográfico, fauna e flora
abundantes, e o solo era denominado latossolo roxo, um dos mais férteis do mundo. Além disso, o clima subtropical e o relevo eram
próprios para o desenvolvimento agrícola e para a mecanização. Esses fatores naturais contribuíram em muito para que o
empreendimento das colonizadoras alcançasse o sucesso; assim, a reocupação foi entendida como uma colonização moderna,
ordenada e planejada. No entanto, foram os fatores econômicos e políticos que “ditaram” as regras na colonização da região no
século XX.
7
Para aprofundar os estudos sobre esse tema, sugere-se a leitura das obras de Colodel (1988), Wachowicz (1987; 2010).
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É importante ressaltar a construção ideológica de vazio demográfico, a de que seria a região Oeste do Paraná um território
vazio, desabitado, com designações como sertão, mata virgem, grandes áreas desabitadas, mas com grande potencial. Esse
discurso camuflava ou tentava apagar os conflitos e/ou a presença da população nativa, como se observa tanto na literatura quanto
na cartografia, conforme os mapas a seguir.
As políticas econômicas, já sob a égide do capital internacional, sinalizavam para a região Oeste um grande potencial de
produção de grãos e da pecuária em grande escala, dadas as condições do solo e do clima, associadas às políticas de reocupação
adotadas pelas colonizadoras, que eram seletivas. O Estado havia se ancorado nas colonizadoras, usando-as como um de seus
instrumentos estratégicos para a reocupação e colonização do Oeste do Paraná. Além disso, a partir da década de 1940, migrantes
de outros estados da União chegaram a região em função da demanda de mão de obra temporária no campo.
20
A “conquista” e a colonização de novas terras no Oeste do Estado começaram a tomar amplas dimensões no início da
década de 1940, sob a perspectiva da busca do desenvolvimento e do progresso do país, fomentados, sobretudo, no ideal politizado
da ‘marcha para o oeste’ no governo de Getúlio Vargas. Tal política tinha por objetivo principal incentivar a migração de colonos para
a região Oeste a fim de “abrasileirar” e nacionalizar a região, haja vista a grande presença de estrangeiros que exploravam
economicamente essa porção do território, além, é claro, de abrir novas áreas de cultivos, atraindo o excedente populacional de
estados como o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Para Scholz (2015), além da atuação ferrenha das companhias colonizadoras8,
que, com o apoio estatal, estimulavam a vinda de colonos,
[...] a escassez de terras no extremo-sul brasileiro era um ponto determinante. As famílias cresciam e as pequenas
propriedades não davam mais o suporte necessário para mantê-las. Em contrapartida, a difusão dos grandes latifúndios
incentivava igualmente a saída de pequenos agricultores para outros estados da federação. [...] ademais, a possibilidade
de ganhar ou adquirir terras férteis com vastas extensões de mata possibilitando o uso comercial da madeira, um dos
grandes atrativos do período, instigava a ideia de prosperidade e de um futuro melhor para os imigrantes. (SCHOLZ, 2015,
p. 31).
Outro aspecto fundamental a se ressaltar, especialmente porque impactou diretamente as titulações e provocou conflitos
advindos do processo de colonização do Oeste do Paraná, foi o estabelecimento da chamada faixa de fronteira. A Constituição de
1891 não fixou a faixa de fronteira, mantendo o que já estava disposto na lei de Terras, ou seja, uma faixa de 66 quilômetros. A
Constituição de 1934, porém, ampliou e fixou a faixa de fronteira em 100 quilômetros; já a Constituição de 1937 alargou essa faixa
para 150 quilômetros, assim como se mantém na atual Constituição. Em decorrência disso, além da atuação intensa de grileiros,
ocorreram inúmeros conflitos derivados da superposição de títulos. Nas figuras a seguir, visualizam-se a delimitação da faixa de
fronteira, as áreas com superposição de títulos e as áreas com justaposição entre grilos, concessões e propriedades.
8
As principais companhias colonizadoras a atuar na região foram: Brasil Railway Company (séc. XIX, Sudoeste 1918-20), CANGO (Colônia Agrícola Nacional
General Ozório), CITLA (Clevelândia Industrial e Territorial Limitada) e Pinho e Terra, Colonizadora Madeireira Rio Paraná S. A. (MARIPÁ), Companhia Mate
Laranjeiras (explora erva-mate e madeira no Mato Grosso e depois no Paraná), Industrial Agrícola Bento Gonçalves Ltda, Colonizadora Gaúcha Ltda,
Colonizadora Matelândia Ltda, Colonizadora Criciúma Ltda e Companhia Brasileira de Imigração e Colonização (COBRIMCO), dentre outras.
21
Todos esses aspectos citados geraram inúmeros casos de conflitos e de violência registrados no processo de colonização do
Oeste do Paraná, tendo em vista a atuação ilegal de grileiros9, o fato de as terras ocupadas por populações indígenas e caboclas
(posseiros) serem consideradas vazias ou devolutas pelos governantes, títulos emitidos em duplicidade, concessões irregulares,
9
Para ampliar a discussão do tema, sugere-se a leitura de Guilherme e Rompato (2015).
23
inclusive como forma de pagamento de obras públicas que nunca chegaram a ser realizadas, dentre outros fatores, o que culminou
também em inúmeros processos judiciais, dos quais alguns ainda se arrastam na justiça.
O processo de (re)ocupação/colonização da região Oeste foi consolidado em 1960, evidenciando-se a construção da Usina
Hidrelétrica de Itaipu, iniciada em 1974, e a aceleração da atividade agroindustrial especializada, resultando na valorização do
agronegócio e em uma organização social calcada no modelo capitalista de concentração de terras.
Soma-se à construção da Usina de Itaipu o forte processo de mecanização e de automação pelo qual passou o setor agrícola
paranaense nesse período. No Oeste do Paraná, esse processo foi “marcado pela introdução maciça, no campo, de avançadas
técnicas de cultivo, de substituição de culturas alimentares pela produção de commodities e de alterações radicais nas relações de
trabalho” (IPARDES, 2003, p. 24). Já para Reolon (2007), “[...] na década de 1980, o fechamento das comportas da Usina de Itaipu
condicionou a elevação do nível das águas do Rio Paraná e, consequentemente, o alagamento de extensas áreas habitadas e
cultivadas, que se estendiam por cerca de 170 quilômetros ao longo do curso do rio, entre o Paraguai e o Brasil” (REOLON, 2007, p.
53). Isso ocasionou fortes impactos10 sociais e culturais, ocorrendo uma supervalorização das terras da região, o que obrigou
inúmeras famílias a migrar; ademais, muitas famílias novamente foram “assediadas” por empresas colonizadoras, indo para outros
estados, e outras perderam tudo devido às altas taxas inflacionárias. Esses impactos e danos causados, embora tenha havido um
esforço para minimizá-los, jamais serão compensados.
Vale ressaltar que, apesar de uma reocupação “planejada” por colonizadoras, na região Oeste do Paraná, esse processo foi
marcado por muitos conflitos pela posse da terra. Nesse contexto, o poder político, o espaço público e as instituições refletem a
mentalidade conservadora do modelo hegemônico, resistente e avesso a mudanças.
Segundo levantamento feito pela Secretaria da Agricultura do Paraná, somente entre 1970 a 1980, 100 385 propriedades
deixaram de existir no estado. A região de Cascavel, por exemplo, perdeu 16 mil pequenas propriedades. Segundo a Receita
Estadual, só em 1984 foram vendidas, na região Oeste do Paraná, 7 651 propriedades (3 200 somente em Cascavel). Ressalta-se
que a esse número pode ser acrescido mais 20%, porque muitos pequenos produtores venderam suas propriedades sem efetuar
transferência definitiva para os compradores, a fim de evitar pagamento de impostos. Desse total, 89% são áreas inferiores a 30
hectares e 95% inferiores a 50 hectares, ou seja, módulos pequenos e médios. Além de mecanização agrícola, a falta de capital
causada pela política incerta de comercialização e a política agrícola, beneficiando apenas culturas de exportação, são fatores que
obrigaram os pequenos proprietários a venderem as suas terras. Não bastanto esses aspectos, havia ainda a pressão de
compradores, mormente - latifundiários ou colonizadores que queriam especular ou aumentar a área de produção de soja e trigo para
exportação. Conforme explica Cancho (1991), “Perdendo a terra por dívidas ou expulsos pela mecanização, os agricultores acabam
10
Sobre os impactos da construção da Itaipu para a população que habitava a área alagada e a região, sugere-se a leitura de Ribeiro (2002) e Mazzarolo
(2003).
24
virando “bóias-frias” ou “sem-terra”. Quando conseguem vender a propriedade e arrecadar algum dinheiro com a venda, preferem ir
para o Norte, onde o preço por hectare é infinitamente mais baixo[...] (CANCHO, 1991, p. 69).
Em resumo, pode-se dizer que a região Oeste do Paraná tem sua história marcada pela expansão territorial capitalista, pelas
políticas da ditadura militar da época, tendo sido a última região do Paraná a ser colonizada. A partir de 1930, a região foi
(re)ocupada por populações provenientes do Rio Grande do Sul e do Oeste de Santa Catarina. Essas populações foram incentivadas
a comprar terras na região por empresas privadas, denominadas colonizadoras, e foram trazidas para a efetiva colonização. As terras
eram divididas em lotes pelas colonizadoras para onde destinavam os respectivos compradores. Tratava-se de uma região com alta
potencialidade produtiva.
Segundo Reolon (2007),
As taxas de crescimento e urbanização da Mesorregião Oeste do Paraná evoluíram bastante entre 1960 e 2000, período
em que a população total, de acordo com os respectivos Censos Demográficos, passou de 135.677 para 1.138.582
pessoas. Isso se deveu a alguns fatores peculiares a esse espaço regional e a outros, que também afetaram o interior do
Brasil, principalmente, de um modo geral. Aos primeiros podem ser relacionadas à construção da Ponte da Amizade em
Foz do Iguaçu, à reestruturação e pavimentação da BR-277 e, especialmente, à construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu
e, por conseguinte, o alagamento de seu reservatório. Aos fatores mais gerais, pode-se associar a modernização agrícola
e, em corolário, a concentração da estrutura fundiária. (REOLON, 2007, p. 53).
Na década de 1980, a região Oeste do Paraná, a exemplo do que ocorria no Brasil, passou por diversas transformações,
entre as quais estão a crise econômica e política do regime militar, o processo de abertura política, a construção de grandes
barragens, a mecanização do campo e o êxodo rural já mencionado. Nesse cenário de abertura política e em que se convive com a
contradição gerada pelo desenvolvimento capitalista, a escola pública torna-se uma necessidade social premente, é defendida como
elemento para contribuir na formação para o trabalho e da consciência política. Nesse contexto emerge a urgência na criação de
cursos de formação inicial de professores, bem como um programa específico para a formação contínua desse profissional, tendo-se
presentes, especialmente, as mudanças rápidas, quantitativas e qualitativas do mundo contemporâneo.
Diante desse jogo de forças, a educação tem se constituído em importante fator de mobilização e de luta na construção das
primeiras escolas, na ampliação das condições e dos níveis de escolaridade dos alunos. Esse movimento foi gerado pelo
crescimento das cidades provocado pelo êxodo rural (campo/cidade), o qual, por sua vez, originou-se da produção de espaços
agrícolas cada vez mais técnicos, científicos e informacionais. Para atender a demanda da formação inicial de professores, na
década de 1970, lutou-se pela criação do ensino de nível superior. Diante do descaso dos governos estadual e federal, grande parte
25
da população uniu-se visando à implantação do ensino superior. Como consequência, em 1972, entrou em funcionamento a
Faculdade de Cascavel (FECIVEL); em 1979, a Faculdade de Foz do Iguaçu (FACISA); em 1980, a Faculdade de Toledo (FACITOL)
e a Faculdade de Marechal Cândido Rondon (FACIMAR). Em decorrência das lutas em prol da ampliação e da melhoria da qualidade
e da gratuidade da educação superior, em 1988, foi criada a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), que, em 1994,
foi reconhecida pelo MEC como universidade multicampi.
No processo de consolidação e melhoria do sistema de ensino na Região Oeste do Paraná, cabe destacar o papel da
Associação Educacional do Oeste do Paraná – ASSOESTE11– que, desde sua criação em 1980, exerceu um conjunto de ações
formativas articuladas que foram essenciais na promoção e no desenvolvimento educacional em todos os níveis de ensino, incluindo
a produção e a socialização de metodologias de ensino essenciais na formação contínua dos professores.
Posteriormente, diferentes Instituições privadas criaram cursos de ensino superior, inicialmente os cursos de Direito,
Ciências Contábeis e Administração; algum tempo depois, foram criados os cursos de Pedagogia, de Letras e de Psicologia, o que
também contribuiu para a formação de professores na região. Atualmente, diversas Instituições oferecem cursos na modalidade à
distância que se destinam à formação de professores.
A região Oeste do Paraná é composta por 52 municípios. Entretanto, a região administrativa da AMOP é composta por 54
municípios, dos quais 53 integram-se à Proposta Pedagógica Curricular, como visualiza-se na tabela a seguir:
1 Anahy Anaiense 102,647 389º/53º 2816 2 874 28 0,695 11/06/1990 01/01/1993 11/jun
11
Constituída em agosto de 1980, tem suas origens nas atividades do Projeto Especial Multinacional de Educação, Brasil – Paraguai – Uruguai – MEC/OEA,
desenvolvidas em 20 municípios da 21ª Microrregião do Paraná, e executadas pelas unidades municipais de educação, em articulação com os diversos órgãos
da Secretaria de Estado da Educação. A partir de 1979, os municípios sentem que não podem enfrentar os problemas regionais individualmente. Surge, então,
a ideia da criação de uma associação regional, cuja demanda é levada à Presidência da AMOP, a todos os prefeitos da região, à Cotriguaçu, a Cooperativas
Agrícolas e a Fundações Educacionais. Todas essas instituições assimilam a ideia. A AMOP dá todo apoio e respaldo legal para sua constituição. O Projeto
Especial MEC/OEA procede aos estudos preliminares para sua constituição. No dia 22 de agosto de 1980, com a presença de representantes de órgãos de
nível nacional, é constituída a ASSOESTE, na cidade de Foz do Iguaçu, sendo eleita para sua sede a cidade de Cascavel. Essa entidade é criada, também,
para dar seguimento às atividades desenvolvidas pelo Projeto Especial de Educação MEC/OEA, cuja ação, no Paraná, tem início em 1975. Apesar de atender a
50 municípios, devido à ausência de recursos financeiros, em 2001, a ASSOESTE é extinta. Em dezembro desse mesmo ano, secretários e equipes de ensino
das secretarias municipais de educação da região Oeste encaminham pedido à AMOP, para que nesta se crie um Departamento Pedagógico (Cascavel, 2014).
26
2 Assis Chateaubriand Assis-chateaubriense 969,587 40º/5º 33 397 33 025 34,06 0,729 20/08/1966 07/04/1967 20/ago
3 Boa V. da Aparecida Boa-vistense 256,297 265º/41º 7643 7 911 30,87 0,67 22/12/1981 01/02/1983 22/dez
4 Braganey Braganense 343,321 208º/24º 5 473 5 735 16,7 0,701 03/05/1982 01/02/1983 03/mai
5 Brasilândia Brasilandiense 291,036 249º/35º 2719 3 209 11,03 0,681 17/06/1991 01/01/1993 01/jan
6 Cafelândia Cafelandense 271,724 259º/38º 17 775 14 662 53,96 0,748 29/02/1979 01/01/1983 25/nov
7 Campo Bonito Campo-bonitense 433,833 155º/21º 3 905 4 407 10,16 0,681 31/10/1986 01/01/1989 31/out
8 Cantagalo Cantagalense 583,539 108º/14º 13 306 12 952 22,2 0,635 12/05/1982 01/02/1983 12/mai
9 Capitão L. Marques Leônidas- 275,748 256º/37º 15 724 14 970 54,29 0,716 28/04/1964 14/12/1964 28/abr
marqueslense
10 Cascavel **** Cascavelense 2 100,831 6º/1°º 324 476 286 205 136,23 0,782 14/11/1951 14/12/1952 14/dez
11 Catanduvas Catanduvense 581,756 109º/15º 10 213 10 202 17,54 0,678 25/07/1960 08/12/1961 27/jul
12 Céu Azul Céu-azulense 1 179,449 35º/4º 11 709 11 032 9,35 0,732 08/10/1966 22/12/1968 08/out
13 Corbélia Corbeliano 529,384 124º/17º 17 024 16 312 30,81 0,738 10/06/1961 08/12/1961 08/dez
14 Diamante D’ Oeste Sul-diamantino 309,11 236º/32º 5 239 5027 16,26 0,644 21/12/1987 01/01/1989 21/dez
15 Diamante do Sul Diamantense 359,946 196º/23º 3 454 3510 9,75 0,608 11/07/1990 01/01/1993 12/jun
16 Entre Rios do Oeste Entreriense 122,071 376º/50º 4 481 3926 32,16 0,761 18/06/1990 01/01/1993 18/jun
17 Formosa do Oeste Formosense-do-oeste 275,712 257º/38º 6 700 7541 27,35 0,723 10/06/1961 08/12/1961 08/dez
18 Foz do Iguaçu Iguaçuense 618,352 102º/13º 258 823 256 088 414,58 0,751 18/09/1946 21/11/1946 10/jun
19 Francisco Alves Alvense 321,9 223º/29º 6 101 6 418 19,94 0,669 24/08/1972 01/02/1977 01/03
20 Guaíra Guairense 560,485 114º/16º 32 784 30 704 54,78 0,724 14/11/1951 14/12/1952 14/nov
21 Guaraniaçu Guaraniaçuano 1 225,606 31º/2º 12 733 14 582 11,9 0,677 14/11/1951 14/12/1952 14/nov
22 Ibema Ibemense 145,445 359º/48º 6 334 6 066 41,71 0,685 12/06/1989 01/01/1990 12/jun
23 Iguatu Iguatuense 106,937 386º/52º 2258 2 234 20,89 0,703 28/05/1990 01/01/1993 10/nov
24 Iracema do Oeste Iracemense 81,538 396º/54º 2 325 2 578 31,62 0,707 /4/7/1990 01/01/1993 07/jul
25 Itaipulândia Itaipulandiense 331,288 210º/25º 10 961 9 026 27,25 0,738 19/03/1992 01/12/1993 10/nov
26 Jesuítas Jesuitense 247,496 272º/42º 8 495 9 001 36,37 0,705 13/05/1980 01/02/1983 13/mai
27 Lindoeste Lindo-estense 361,367 195º/22º 4762 5 361 14,84 0,666 12/06/1989 01/01/1990 12/jun
28 Marechal C. Rondon Rondonense 748,002 72º/9º 52.379 46 819 62,59 0,774 25/07/1960 02/12/1961 25/jul
29 Maripá Maripaense 283,793 252º/36º 5 624 5 684 20,03 0,758 17/04/1990 01/01/1993 17/abr
30 Matelândia Matelandiense 639,746 97º/12º 17 776 16 078 25,13 0,725 25/07/1960 28/11/1960 25/jul
31 Medianeira Medianeirense 328,732 215º/26º 45 812 41 817 127,21 0,763 25/07/1960 28/11/1961 25/jul
27
32 Mercedes Mercedense 200,864 310º/45º 5 493 5 046 25,12 0,74 13/09/1990 01/01/1993 13/set
33 Missal Missalense 324,397 228º/30º 10 700 10 474 32,29 0,711 30/12/1981 01/02/1983 01/fev
34 Nova Aurora Nova-aurorense 474,011 138º/20º 10 550 11 866 25;03 0,733 25/09/1967 11/12/1968 25/set
35 Nova Santa Rosa Nova-santarosense 204,665 308º/44º 8 171 7 626 37,26 0,731 20/06/1973 31/01/1977 29/abr
36 Ouro V. do Oeste Ouro-verdense 293,042 247º/34º 5 975 5 692 19,42 0,709 12/06/1989 01/01/1990 12/jun
37 Palotina Palotinense 651,238 95º/11º 31 564 5 692 44,04 0,768 25/07/1960 03/12/1961 25/jul
38 Pato Bragado Bragadense 135,286 367º/49º 5 335 4 822 35,64 0,747 18/07/1990 01/01/1993 18/jun
39 Quatro Pontes Quatropontense 114,393 382º/51º 4 000 3 803 33,25 0,791 13/09/1990 01/01/1993 13/set
40 Ramilândia Ramilandiense 237,196 283º/43º 4 426 4 134 17,43 0,63 30/011991 01/01/1993 10/nov
41 Santa Helena Santa-helenense 758,227 69º/8° 26 206 23 413 30,88 0,744 03/02/1967 29/12 1968 26/mai
42 Santa Lúcia Santaluciense 116,858 390º/47º 3 834 3 925 33,59 0,687 09/05/1990 01/01/1993 01/set
43 Santa T. do Oeste Santa-terezense 326,19 217º28º 10 182 10 332 31,67 0,705 12/06/1989 01/01/1990 12/jun
44 Santa T. de Itaipu Itaipuense 259,393 263º/40º 23 224 20 841 80,35 0,738 03/05/1982 01/02/1983 03/mai
45 São J. das Palmeiras São-joseliense 182,419 333º/46º 3 682 3 830 21 0,713 17/08/1980 01/01/1986 17/abr
46 São Miguel do Iguaçu São-miguelense 851,917 52º/6º 27 325 25 769 30,27 0,704 25/01/1961 28/11/1961 28/nov
47 São P. do Iguaçu São pedrense 308,324 237º/33º 5 976 6 491 21,05 0,683 16/07/1990 01/01/1993 16/jul
48 Serranópolis do Serranopolitano 482,394 134º/19º 4 513 4 568 9,44 0,762 07/12/1995 01/01/1997 22/out
Iguaçu
49 Terra Roxa Terra-roxense 800,807 63º/7º 17 439 16 759 20,93 0,714 14/12/1961 27/10/1962 14/dez
50 Toledo Toledano 1 196,999 34º/3º 138 572 119 313 99,68 0,768 14/11/1952 14/12/1952 14/dez
51 Três Barras Tribarrense 504,171 127º/18º 12 043 11 824 23,45 0,681 13/05/1980 01/02 1983 13/mai
52 Tupâssi Tupãciense 310,909 234º/31º 8 128 7 997 25,72 0,73 27/12/1979 01/02/1983 08/out
53 Ubiratã Ubiratãense 652,581 93º/10º 21 119 21 558 33,03 0,739 25/07/1960 04/11/1961 04/nov
54 Vera Cruz do Oeste Vera-cruzense 327,09 216º/27º 8 590 8 973 27,43 0,699 27/12/1979 01/02/1983 01/fev
**** Não participa desta Proposta Pedagógica Curricular. Fonte: AMOP, 2017.
A sistematização dos pressupostos curriculares para as escolas municipais da região Oeste do Paraná, sem dúvida alguma,
representou um marco importante na história dessa região, tanto que a proposta foi avaliada, reformulada e apresentada nesta quarta
versão. Os elementos presentes neste documento representam o acúmulo das experiências e das lutas educacionais, travadas no
Oeste do Paraná, que se iniciaram com a chegada dos primeiros imigrantes, passaram pela construção da primeira escola e
atingiram um estágio mais elaborado com a organização da Universidade e com a consequente difusão do Ensino Superior. Nesse
processo, três instituições assumiram um papel de destaque: a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), a
28
Associação Educacional do Oeste do Paraná ( ASSOESTE) e o Departamento de Educação da AMOP, que, após a extinção da
ASSOESTE em 2001, passou, a partir de 2003, a contribuir na organização de cursos de formação continuada para professores das
redes municipais e no processo de produção e avaliação desta Proposta Pedagógica Curricular.
O MEC, com o concurso das representações educacionais e da sociedade, deverá propor e especificar os conteúdos
nacionais capazes de pautar a quantidade de educação socialmente útil e de caráter universal a ser oferecida a todas as
crianças, consideradas suas diferenças. Complementações curriculares serão propostas em cada sistema de ensino e
escolas, respeitando a pluralidade cultural e as diversidades locais. Igualmente pesquisas serão desenvolvidas para
29
fundamentar avanços no âmbito das competências sociais, visando a enriquecer o processo curricular da escola.
(BRASIL, 1993, p. 37).
Para consolidar essa meta, foram desencadeadas várias ações pelo MEC, ainda em 1995. Essas ações confirmavam a
antecipação do que estaria disposto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) nº 9394/96, no Artigo 9º, Inciso IV,
que indica a necessidade de: “Estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, competências e
diretrizes para a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de
modo a assegurar a formação básica”.
Em 1997, foram aprovados pelo Conselho Nacional de Educação os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), os quais não
receberam a expressão currículo, mas sim Parâmetros Curriculares, pois se anunciou um caráter de não obrigatoriedade. Já para a
Educação Infantil, foi utilizada, segundo Kuhlmann (2000), a expressão Referencial Curricular Nacional: “com isso, a expressão no
singular- referencial- significa, de fato, a concretização de uma proposta que se torna hegemônica, como se fosse única”
(KUHLMANN, 2000, p. 52-56).
Nesse cenário, vigoravam na região Oeste do Paraná o Currículo do Estado e o Currículo Nacional, mesmo que esse último
fosse tão somente um Parâmetro Curricular. No entendimento de alguns professores ou mesmo de Secretarias Municipais de
Educação, era o documento curricular que devia ser seguido por ter sido encaminhado pelo órgão com a autoridade do Ministério da
Educação. Devido a uma indefinição entre a opção pelo uso de um currículo estadual, construído coletivamente, que atendia a parte
das necessidades (Pré-escola à 8ª série) e a opção pelos Parâmetros ou Referenciais Nacionais, que atendiam à Educação Infantil e
ao Ensino Fundamental e Médio, mas organizado sem a participação dos profissionais das escolas, é que, em 2004, o Departamento
de Educação da AMOP, em conjunto com os Secretários Municipais da região de abrangência dessa associação, ao discutir o
Planejamento das ações para 2005, estabeleceram como uma das metas um estudo para a elaboração dos referenciais curriculares
para as escolas municipais.
Para entender a essa sistematização curricular coletiva iniciada em 2005, é mister recuperar parte de um percurso histórico
importante que pode ser entendido como o marco dessa sistematização. Em 1975, foi implantado o projeto Especial Multinacional de
Educação pelo Ministério da Educação e Cultura e da Organização das Nações Unidas, denominado como Projeto MEC/OEA cujo
objetivo era atender às demandas por saúde, educação, segurança, dentre outros, criadas/intensificadas pelo movimento migratório
provocado pela construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu, além de atender às exigências postas pela reforma do ensino estabelecida
pela Lei nº 5.692/71. O referido projeto possibilitou o diagnóstico dos principais problemas educacionais da região e também a
realização de ações voltadas à formação de professores.
30
O Projeto MEC/OEA tinha um prazo determinado para ser finalizado, e a região necessitava continuar os estudos sobre a
educação. O rápido desenvolvimento socioeconômico vivenciado no oeste paranaense impunha que a formação educacional
atendesse às necessidades da região. Para isso, em 1980, foi criada a ASSOESTE, com o objetivo de promover e articular ações
básicas para impulsionar o desenvolvimento educacional, por meio da produção e difusão de materiais didáticos, metodologias de
ensino, e formação contínua de professores e desenvolvimento de recursos humanos para a educação, como foi anunciado
anteriormente.
Os desafios educacionais herdados do processo de transformação, os estudos e as discussões nos cursos de formação
inicial e contínua apontaram a necessidade de avaliar o Currículo Básico para a Escola Pública do Estado do Paraná (1990), que
alicerçava a Educação Básica nessa região. A demanda pela sistematização de um currículo surgiu, portanto, a partir das condições
concretas da vida social, política e pedagógica vivenciadas nas instituições escolares, sobretudo. Para tanto, foi necessário refletir
sobre as bases filosóficas, psicológicas, pedagógicas e legais em sua relação com a sociedade, definindo-se o método que
sustentaria a estrutura curricular. Dentre as demandas alistadas pelo grupo de professores/secretários de educação, coordenadores
pedagógicos e professores, em decorrência da ausência de um documento curricular mais especificado em seus diferentes
elementos constituintes, encontrava-se o consenso de que, ao empreender esforços nessa organização curricular, seria
imprescindível a retomada dos pressupostos teóricos referendados no então Currículo Básico para a Escola Pública do Estado do
Paraná.
Em março de 2005, com representantes das equipes de ensino das secretarias municipais de educação, foram discutidos
conceitos sobre a concepção de homem, de sociedade, de conhecimento e a função da escola nesse contexto, além da necessária
mudança de paradigmas diante das conjunturas nos níveis regional, nacional e internacional. Nesse esforço integrado, o conjunto dos
municípios que compõe a região Oeste do Paraná começou a elaborar os pressupostos teóricos e filosóficos do que se constituiria,
na sequência, o Currículo Básico para a Escola Pública da Região Oeste do Paraná.
Esses representantes enfatizaram a necessidade de respeitar os princípios expressos no Currículo Básico do Paraná (1990).
Para isso, desencadeou-se, na região, um processo de discussão e de elaboração de um documento preliminar, que recebeu
contribuições dos professores dos municípios envolvidos, tornando-se o ponto de partida da elaboração do currículo.
Para dar continuidade aos trabalhos, foi composto um grupo de coordenação para auxiliar na organização geral, o qual foi
formado por profissionais da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, bem como de outras instituições de ensino.
Definidos os pressupostos que embasariam a Educação Infantil e o Ensino Fundamental, em 2006, foram constituídos os
seguintes grupos de trabalho: Educação Infantil, Alfabetização, Língua Portuguesa e Alfabetização, Matemática, História, Geografia,
Educação Física, Arte e Ciências. A sistematização do currículo foi realizada por meio de discussões com os representantes dos
municípios, os quais também tinham como atribuição discutir e sistematizar as contribuições indicadas pelo conjunto de professores
31
de seus municípios. Essas contribuições foram incorporadas ou não à proposta, após análise pelos representantes dos municípios,
em processo coletivo de discussões.
Em 2007, foi publicado e disponibilizado aos municípios a primeira edição do Currículo Básico para a Escola Pública
Municipal do Oeste do Paraná – Anos Iniciais e Educação Infantil. Com base nos pressupostos desse Currículo, foram
elaborados e acrescidos os currículos de Línguas Estrangeiras (Língua Inglesa e Espanhola), Ensino Religioso e de Informática
Educacional.
No percurso de implementação desse documento, o grupo base, sob coordenação do Departamento de Educação da AMOP,
em 2009 e em 2014, retomou com os municípios a avaliação/reorganização do documento curricular e, nos anos de 2010 e 2015,
foram publicadas as 2ª e 3ª edições, respectivamente revisadas. O trabalho de revisão e de reelaboração foi realizado por meio de
um intenso debate, com a participação de professores convidados e representantes dos municípios. Os grupos de estudos12
registravam quais as alterações possivelmente seriam necessárias, anotavam as sugestões de reformulação, que no momento da
reorganização foram socializadas e avaliadas pelo coletivo, resultando nas novas edições do Currículo. Outro ponto de apoio à
avaliação da implementação do currículo tem sido a realização do Seminário Nacional de Formação Continuada e de Vivências e
Experiências Pedagógicas – SERPROF, que ocorre a cada dois anos, em parceria com a UNIOESTE, com o objetivo de socializar
reflexões e relatar experiências. Por meio dele, tem sido possível evidenciar a busca permanente da relação teórico-prática nas salas
de aulas, nos diferentes municípios da região, à medida que se avança na implementação desta proposta curricular e nos estudos
que se apresentam como necessários à sua compreensão.
Outro destaque necessário refere-se ao fato de que, a partir de 2007, intensificou-se a Formação Contínua dos Professores
em todos os Municípios que assumiram o currículo, uma vez que colocá-lo em prática, por parte dos gestores municipais, exige
investimento em todas as áreas/disciplinas e modalidades de ensino. Nesse período de implementação, mudanças legais tornando
obrigatória, inclusive, a matrícula das crianças a partir dos 4 anos de idade também impactaram na demanda por professores em
sala de aula, bem como regulamentações específicas da hora-atividade, requerendo esforços da gestão para atender a todos os
envolvidos na educação pública municipal, oferecendo-lhes subsídios teórico-metodológicos em cada uma das áreas do
conhecimento.
Em 2018, para atender a 139 206 alunos, havia 14 128 professores atuando nas diversas modalidades de ensino nas redes
municipais da região. A seguir, é possível visualizar o número de professores na rede municipal, além de indicar o atendimento de
forma específica nas escolas indígenas, educação especial e educação de jovens e adultos distribuídos:
3
Os Grupos de Estudos são realizados anualmente com professores da rede municipal de ensino nas áreas e/ou modalidades, bem como outras demandas
advindas das Secretarias Municipais de Educação.
32
Quadro 2. Síntese das matrículas em 2018 nos 54 municípios que, administrativamente, pertencem à AMOP
Total de Matrículas Anos Total de Matrículas Educação Total de Matrículas EJA Total de Matrículas Total de Matrículas Pré-
Iniciais Especial Creches Escola
78 817 3 426 1 693 23 232 28 233
Matrículas escolas rurais.
3 378 88 11 87 1 170
Registra-se também indígenas no Município de Terra Roxa; entretanto, essas crianças e jovens indígenas são atendidos na
escola dentro da aldeia, por professores da rede estadual de educação.
Quadro 6.. Superintendência Regional do Paraná-SR 09 - Assentamentos – Informações gerais dos municípios da região administrativa
da AMOP - informações de 2017
PA: PROJETO DE ASSENTAMENTO (FEDERAL E/OU ESTADUAL) PRB- REASSENTAMENTO DE BARRAGEM SR: SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL
SR CÓD.PA NOME PA CÓD MUNICÍPIO CAPACIDADE FAM. ÁREA PA/ DT. CAD BOLSA CAD
IBGE em ha CRIAÇÃO ÚNI FAMÍLIA 77
ASSENTADAS CO
É possível que alguns se questionem sobre o sentido dessas informações na contextualização histórica da sistematização
curricular. O entendimento é o de que o objetivo maior é o de compreender a realidade para nela intervir, respeitando os princípios
legais, políticos e pedagógicos que se constituem como tarefa daqueles que assumem a gestão pública, pois, à medida que esses
aspectos são lidos e compreendidos, ajudam a encontrar alternativas aos desafios postos pela diversidade local e regional. Abarcar
essa totalidade por intermédio da formação contínua requer planejá-la por meio da oferta constante, por vezes, atendendo a apenas
uma parte da demanda, uma vez que o tamanho da rede e as condições financeiras interferem diretamente nesse planejamento.
Defende-se aqui, contudo, que a transparência sobre essas informações é fator primordial no diálogo entre os gestores e os demais
profissionais da educação.
42
Tem sido em meio a esse e a outros pontos do contexto das secretarias municipais de educação que o Departamento de
Educação da AMOP mobilizou esforços na direção conjunta para a primeira sistematização, assim como na manutenção das revisões
periódicas deste documento curricular, conforme demandado pelos resultados de sua implementação prática e/ou exigências
advindas de alterações nos dispositivos legais.
No caso mais específico das exigências advindas de alterações em dispositivos legais, em dezembro de 2017 foi publicada a
Base Nacional Curricular Comum (BNCC), e em 2018, publicou-se o Referencial Curricular do Paraná. Diante de tais mudanças, o
Departamento de Educação da AMOP assumiu o compromisso de formar, novamente, grupos de trabalho para o estudo e para a
avaliação dessas normativas, cujas implicações foram as necessárias reformulações no Currículo Básico para as Escolas Públicas
Municipais, a fim de adequar-se à Deliberação nº 03/18 do CEE/CP. Para dar conta dessa tarefa, foi formado um grupo por
representantes das Secretarias Municipais de Educação da região Oeste, contando também com a participação de representantes
das Secretarias de Educação dos municípios de Cantagalo, Brasilândia do Sul, Francisco Alves e Ubiratã. Esse conjunto de
profissionais juntamente com os coordenadores de cada fase de avaliação e reescrita, coordenados pelo Departamento de Educação
da AMOP, é responsável pela 4ª avaliação e revisão deste Currículo.
Nesse percurso de revisão curricular, intensificou-se o diálogo com as equipes dos Núcleos Regionais de Educação da área de
abrangência da AMOP, visando a atender às necessidades legais e pedagógicas dos municípios que se encontram vinculados ao
Sistema Estadual de Educação. Nesse contexto, o Currículo Básico para a Escola Pública da Região Oeste do Paraná passa a ser
denominado de Proposta Pedagógica Curricular - Educação Infantil e Ensino Fundamental (Anos Iniciais) - Rede Pública
Municipal - Região da AMOP - 2020
A produção de um projeto indica a direção, ainda que limitada, da sociedade que se quer produzir. Esse processo tem seus
limites, porque é mediado pelas relações e pelas contradições concretas do mundo material e pelas condições dos homens que o
fazem. Portanto, a concretização do projeto delineado para este documento é decorrente das forças e das relações coletivas e da
responsabilidade de cada um dos envolvidos.
PRESSUPOSTOS FILOSÓFICOS
A educação se constitui em um dos principais bens da humanidade. Por ela, as gerações vão legando, umas às outras, as
experiências, os conhecimentos e a cultura acumulada ao longo da história, permitindo tanto o acesso ao saber sistematizado,
quanto a produção de bens necessários à satisfação das necessidades humanas. Contudo, por ser histórica, a educação não se faz
sempre da mesma forma em todas as épocas e em todas as sociedades. Faz-se educação de acordo com as condições possíveis
em cada momento do processo de desenvolvimento social, histórico, cultural e econômico, ou seja, isso pressupõe pensá-la e fazê-la
em uma perspectiva político-pedagógica.
Para tanto, é preciso compreender que a educação escolar não é um trabalho que se executa meramente no interior de uma
sala de aula, de uma escola, limitando-se à relação professor-aluno. O ato pedagógico não é neutro, mas carrega implicações
sociais, haja vista que está marcado pela prática13 de todos os envolvidos no processo educativo e é mediado por relações sócio-
históricas. Em função da importância desse bem, a educação escolar não pode ser tratada como algo comum, mas deve ser
sustentada por uma linha de pensamento coesa e consistente e que dê conta de formar o ser humano em sua plenitude,
integralidade, ou seja, uma formação omnilateral14. Por isso, não basta que os professores tenham apenas clareza dos conteúdos a
serem trabalhados, mas, principalmente, que saibam como abordá-los filosófica e pedagogicamente (método e metodologia15) para
que professores e alunos, em suas práticas sociais, saibam utilizá-los para a busca constante de sua autonomia.
Neste sentido, partimos do princípio de que não é a consciência que determina a vida, mas a vida que determina a
consciência, ou seja, as ideias, as representações. A consciência dos homens está condicionada pelo desenvolvimento das forças
produtivas, isto é, pelo processo de vida real. Assim, de acordo com os fundamentos do Materialismo Histórico Dialético, a presente
Proposta Pedagógica Curricular parte de determinados princípios.
O primeiro é que são os homens que fazem a história diante de determinadas necessidades e condições materiais, quais
sejam: sociais, políticas, econômicas e culturais. O segundo é que toda a base da sociedade está fundada no trabalho. O terceiro é
13
“Faz-se necessário que esta prática seja fundamentada teoricamente, pois se a teoria desvinculada da prática se configura como contemplação, a prática
dissociada da teoria é puro espontaneísmo. É o fazer pelo fazer. É preciso unificá-las na práxis”.(SAVIANI, 2003, p. 41-42).
14
Segundo Frigotto (2012), “Omnilateral é um termo que vem do latim e cuja tradução literal significa ‘todos os lados ou dimensões’”. O autor ainda destaca que
Educação omnilateral significa “a concepção de educação ou de formação humana que busca levar em conta todas as dimensões que constituem a
especificidade do ser humano e as condições objetivas e subjetivas reais para seu pleno desenvolvimento histórico”. Essas dimensões envolvem sua vida
corpórea material e seu desenvolvimento intelectual, cultural, educacional, psicossocial, afetivo, estético e lúdico. Em síntese, educação omnilateral abrange a
educação e a emancipação de todos os sentidos humanos [...]”. (FRIGOTTO, 2012, p. 265)
15
A definição de método e metodologia está explicitada nos pressupostos pedagógicos deste currículo.
44
que a realidade não é estática, pois se encontra em constante movimento. Esses três princípios marcam a vida do homem e
estabelecem seus limites e suas possibilidades, ou seja, evidenciam como, em cada momento histórico, os homens se organizam
para produzir a sua existência.
Assim sendo, a primeira premissa é a de que os homens, para fazer história, precisam estar vivos, e o primeiro ato histórico
é o de produzirem a sua própria vida pelo trabalho. Ao produzirem a sua existência, produzem também os meios para realização
desse trabalho. Como o homem não vive só, construiu relações sociais com outros, aprendendo, com isso, as primeiras normas de
relacionamento e instituindo, paulatinamente, as ciências políticas. Juntos conheceram e modificaram a natureza, dominando-a e
estabelecendo com ela uma relação profunda .
Se o pressuposto fundamental de toda a matéria viva, e em especial do ser humano, é estar vivo, ele precisa satisfazer
algumas necessidades básicas, tais como comer, vestir, beber, morar, dentre outras coisas. Todavia, não consegue essas coisas da
mesma forma que os outros seres vivos; o homem precisa trabalhar, e o faz sobre os meios de produção, isto é, sobre a terra, o
capital, as fábricas, a matéria-prima, dentre outras formas. Ao fazê-lo, não o faz sempre da mesma forma, mas de acordo com o
estágio de desenvolvimento das forças produtivas materiais, de acordo com o grau de desenvolvimento cognitivo, da ciência e da
habilidade técnica. Além disso, a produção dos bens necessários à sobrevivência não ocorre de forma individual, pois não consegue-
se produzir sozinho e isolado todos os bens de que são necessários à vida, mas se faz socialmente.
De acordo com Marx (1963), os homens se definem pelo trabalho16. Nessa perspectiva, a relação homem, natureza e
trabalho levou-o a adquirir experiências e conhecimentos, enfrentando desafios, desenvolvendo as capacidades cognitivas,
produzindo instrumentos cada vez mais sofisticados. À medida que interagem com o meio e com os outros homens, transformam-se
e produzem-se como homem humanizado17. Essa relação é dialética por caracterizar-se como um movimento constante entre forças
contrárias de interação, entre as partes e o todo, o que impulsiona mudanças.
Segundo Oliveira, Almeida e Arnoni (2007), as leis da dialética são: I) passagem da quantidade à qualidade: ao mudarem,
as coisas não fazem isso sempre no mesmo ritmo, o qual pode ser: lento, acelerado, saltos ou modificações radicais; II)
interpenetração dos contrários: tudo tem a ver com tudo, pois os diversos aspectos da realidade se entrelaçam em diferentes
níveis e um depende do outro, as coisas não podem ser compreendidas isoladamente; III) negação da negação: está relacionada ao
movimento, isto é, toda afirmação engendra a sua negação, que também não prevalece como tal, sendo que ambas serão superadas
pela síntese, que, por sua vez, acaba sendo a negação da negação.
16
“Diferentemente do mundo inorgânico e orgânico, o ser humano tem que adaptar a natureza às suas necessidades, produzindo e reproduzindo seus meios de
existência. É esse agir sobre a natureza e sobre o mundo social que Lukács (1984) chama de trabalho. Por essa razão, de acordo com o autor, todo agir
humano tem no trabalho seu protótipo, quer dizer, o trabalho é a primeira relação social, é uma prática exclusiva do ser humano. É o trabalho que faz o ser
social emergir do ser natural – orgânico e inorgânico – e assumir sua especificidade social, sempre mais ampla no curso da história” (MORAES, 2009, p. 597).
17
É preciso distinguir o processo de hominização (evolução biológica do homem) do processo de humanização que ocorre com a apropriação da cultura.
45
Para compreensão das leis da dialética, faz-se necessário compreender as três categorias. A primeira é o:
Movimento: na primeira lei, a ênfase é dada na mudança quantitativa ou qualitativa, sendo que qualquer mudança resulta do
movimento. Na segunda, o movimento está tanto na negação mútua que se estabelece entre os termos da relação quanto na
possibilidade de completar-se; por fim, o movimento está presente na negação da tese pela antítese e dessa pela síntese.
A segunda categoria é a
Totalidade18: na lógica dialética, o todo é mais que a soma das partes que o constituem, o todo e as partes não são fixos,
estão em movimento. Eles se modificam de acordo com as relações que estabelecem entre si. Essas relações são de tensão porque
expressam a relação mútua entre eles, que são opostos e, por isso, ao mesmo tempo em que se negam, se completam; ou seja, sem
a visão do todo não se compreende as partes. No trabalho, por exemplo, 10 pessoas bem entrosadas produzem mais do que a soma
das produções individuais de cada uma delas, isoladamente considerada (KONDER, 2005).
A terceria categoria é a
Contradição: também está expressa nas leis da dialética, e a sua base é a negação mútua, isto é, a contradição só ocorre
quando dois termos, opostos entre si, estabelecem relação. Essa pode ser entre opostos não antagônicos (Ex. homem-mulher,
professor-alunos etc.) ou opostos antagônicos (Ex. Capital-Trabalho). Quando a contradição ocorre entre opostos não antagônicos,
um explica o outro e ambos se completam; por outro lado, quando ocorre entre opostos antagônicos, é necessário que seja
superada.
Na lógica dialética, o movimento, a contradição e a superação não podem ser entendidas de forma linear, mas somente em
espiral dialético, uma vez que não tem fim nem começo, ou seja, é permanente. Esses princípios marcam a vida dos homens e
estabelecem limites e possibilidades de superação. São distintas, mas não se dissociam; são interdependentes e
intercomplementares.
Quando se fala que a realidade não é sempre a mesma, refere-se ao fato de que realidade e homens se constituem como
processo, que é movimento. Nesse processo, os homens, ao trabalharem a natureza para viver, são produzidos pelo meio em que
vivem e trabalham. Na medida em que vão sendo produzidos, os homens vão se sensibilizando, conhecendo e adquirindo
experiências que vão sendo acumuladas, reelaboradas e transmitidas reciprocamente, portanto, é impossível dissociar os homens do
18
De acordo com Konder (2005), para que se possa encaminhar uma solução para os problemas, é preciso ter uma visão de conjunto, pois é a partir disso que
torna-se possível avaliar a dimensão de cada elemento, pois a verdade é o todo. Portanto, necessita-se de um conhecimento totalizante, pois a realidade é
sempre mais rica do que o conhecimento que se tem dela e, embora sempre tenha algo que escapa às sínteses, essa é a visão de conjunto que nos permite
descobrir a estrutura da realidade, ou seja, como a sociedade funciona.
46
trabalho e da natureza cuja relação é condição existencial. É por meio do trabalho19 que o ser humano se humaniza, pois, na medida
em que intervém no mundo para garantir sua sobrevivência, o homem cria sua própria vida e, consequentemente, sua história.
A categoria trabalho é compreendida aqui, como sendo a atividade consciente e planejada pela qual o ser humano, ao
mesmo tempo em que extrai da natureza os bens capazes de satisfazer as suas necessidades, cria as bases de sua realidade
sociocultural e produz-se a si mesmo, desenvolvendo as capacidades superiores que o diferenciam dos outros animais. Se os
homens fazem a história diante de determinadas necessidades e condições sociais, pode-se afirmar que o processo histórico é
constituído de acordo com o estágio de desenvolvimento das forças produtivas, não se fazendo de forma linear e homogênea. Ao
contrário, realiza-se por meio da luta pela sobrevivência, permeado por interesses sociais, econômicos, culturais e políticos
divergentes, contraditórios e/ou antagônicos.
Em decorrência de o conhecimento ser um produto histórico-social, um bem necessário e fundamental à produção da
sobrevivência, seu processo de transmissão e de apropriação tem sido marcado por diferentes interesses sociais, sendo
transformados em propriedade privada20. Como consequência, a nem todos os homens está posta a possibilidade de aprender a
argumentar com base em fatos, dados e conhecimentos, para formular e defender ideias, pontos de vista e tomadas de decisões que
respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e
global, com posicionamento ético com relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta . Essa situação impõe a necessidade
de a educação escolar trabalhar com um nível de conhecimento científico, artístico, filosófico, de forma metódica e sistemática, que
se institua como um instrumento a serviço da transformação intencional sobre o mundo.
Nessa sociedade marcada pela propriedade privada dos meios de produção, cabe a nós, na condição de professores, fazer
da escolarização um instrumento de problematização, de socialização e de apropriação do conhecimento, contribuindo para a
crítica21 social e para o desenvolvimento de meios de transformação da realidade22. A partir da divisão da sociedade, as classes
19
O trabalho, em uma forma social genérica, é “um processo entre o homem e a Natureza, um processo em que o homem, por sua própria ação, media, regula
e controla seu metabolismo com a Natureza” (MARX, 1963, p. 149), isto é, é o elemento determinante na constituição da própria natureza humana.
20
“Note-se que estamos fazendo referência a um complexo processo que envolve a questão do controle, pelas classes dominantes, de quanto do conhecimento
possa e deva ser difundido, para quem e sob quais formas, de maneira a manter a população em níveis de consciência que permitam sua manipulação
ideológica e, ao mesmo tempo, que essa população disponha de ferramentas intelectuais mínimas indispensáveis ao processo de sua adaptação à vida social.
[...] De um lado, é preciso manter a população em níveis intelectuais que permitam o controle de suas necessidades e aspirações e, por outro lado, é preciso
fornecer a uma parcela dessa população, uma educação de um nível intelectual mais elevado e mais complexo, que permita a reprodução da força de trabalho,
além, é claro, da necessidade de formação altamente qualificada das elites intelectuais que têm a tarefa de tentar gerenciar o processo econômico e político do
capitalismo contemporâneo” (DUARTE, 2007, p. 7).
21
Para Moraes (2009), “Ao contrário das receitas para o futuro, que nada mais fazem do que perenizar o presente, é a análise crítica do existente que pode
revelar os possíveis futuros que ele encerra” (MORAES, 2009, p. 603).
22
“A opção está posta: escolhermos uma teoria que contribua para perenizar o presente e administrar o existente, como as várias versões da epistemologia da
prática, particularmente na educação, ou uma teoria que proceda à análise crítica do existente, que informe a prática científica consciente de si mesma, pois é o
47
economicamente dominantes também se apresentam dominantes quanto à valorização do conhecimento voltado à produção utilitária
e ao domínio ideológico. Por essa razão, escamoteiam as contradições e os antagonismos sociais e apresentam os seus interesses
parciais e de classes, como expressão natural do interesse universal.
Apesar de atribuírem à escola a responsabilidade pela solução de praticamente todos os problemas sociais, e de fazerem
dela a responsável pelo sucesso ou pelo fracasso social dos indivíduos, ela é mais determinada do que determinante social. A
despeito de muitos problemas se fazerem sentir no interior da escola, ela não é absoluta, não é autônoma. Ela é “parte” da sociedade
e não a própria sociedade; é um dos espaços educativos privilegiados que a compõe. Ela se constitui em um espaço de contradição
e atua no âmbito da educação formal, tanto como agente para a transformação quanto para a conservação social. É fundamental que
a escola não deixe de socializar os conhecimentos historicamente construídos/acumulados sobre o mundo físico, social, cultural,
tecnológico e os conteúdos relevantes.
Para Saviani (2003), “A escola existe, pois, para propiciar a aquisição de instrumentos que possibilitam o acesso ao saber
elaborado (Ciência) [...]”. Assim, para o mesmo autor “trata-se de distinguir entre o essencial e o acidental, o principal e o secundário,
o fundamental e o acessório”, ou seja, trabalhar o clássico, “aquilo que se firmou como fundamental, como essencial”. Ele acrescenta,
ainda, que “clássico na escola é a transmissão-assimilação do saber sistematizado” (SAVIANI, 2003, p. 22-23), porque o domínio da
cultura constitui instrumento indispensável à emancipação23 e humanização24.
Em consonância com a concepção que fundamenta a presente Proposta Pedagógica Currícular, o objetivo da apropriação do
conhecimento é contribuir para a emancipação do ser humano, uma vez que conhecer, nessa perspectiva, implica em saber como
em cada momento histórico a sociedade está organizada para a produção e reprodução de nossa existência. Compreender essa
lógica é compreender as disputas entre os fundamentos que orientam currículos escolares e implica em conhecer a forma como está
organizado o capitalismo em âmbito mundial.
processo histórico-crítico do conhecimento científico que nos ensina (como seres sociais) a capacidade emancipatória da teoria, que nos torna conscientes de
nosso papel de educadores que não ignoram que a transmissão do conhecimento e da verdade dos acontecimentos é um instrumento de luta e tem a função de
ser mediação na apreensão e generalização de conhecimentos sobre a realidade objetiva, sob a perspectiva do domínio sobre a realidade segundo as
exigências humanas” (MORAES, 2009, p. 603-604).
23
“O conceito de emancipação humana se refere a uma emancipação real (MARX, 2009), agregando em si todas as expectativas de emancipação possíveis à
humanidade. Nesta perspectiva compreende-se que a humanidade já possui o nível de desenvolvimento necessário para lutar por uma sociedade na qual não
haja desigualdade, opressão, exploração, vislumbrando-se uma emancipação plena, que integra e supera todas as propostas de emancipação já
idealizadas/realizadas. Desde o livre acesso a todos os bens produzidos pela humanidade até uma relação subjetiva autônoma e consciente com o mundo, a
emancipação humana, por ser total e radical, só pode efetivar-se, portanto, quando para todos, sem exceção” (LIMA; SILVA, 2018, p. 8).
24
Para Klein ( 2002), “O processo de humanização, efetivamente, se dá pela radical e inteira socialização do indivíduo. É abrindo mão de qualquer traço de
individualidade própria, natural, para fazer-se indivíduo na e pela sociedade, que os homens se realizam enquanto tais, ascendendo da condição de meros
animais à condição humana. A existência do indivíduo e de todos os seus traços individuais é, pois, condicionada pelas marcas da humanização, de civilização,
que a sociedade lhe imprime” (KLEIN, 2002, p. 86).
48
Os organismos internacionais25, por exemplo, “determinam” as regras para os países de capitalismo dependente, para que
organizem os conhecimentos necessários para o bom funcionamento do mercado e da sociedade de consumo. No âmbito da
educação, qual seria a instituição que deveria dizer quais conhecimentos devem ser trabalhados para elevação da condição
humana? Quem deve fazer isso são os trabalhadores organizados, pois são eles que produzem tudo o que é necessário para a
sociedade. Nesse contexto, cabe à classe trabalhadora, na qual se incluem os professores, criar instrumentos para se opor à ordem
existente, lutando por uma educação que não se resuma aos interesses da produção capitalista, mas que seja libertadora26 do
homem, em caráter universal.
Ao contrário do que dizem alguns ideólogos, a educação escolar não se resume à prática, logo, é imprescindível alçar níveis
de compreensão mais elaborados sobre a prática para dela extrair seus condicionantes, como condição sine qua non para a
superação do costumeiro reducionismo que impera ao associar-se a prática à sua dimensão imediata e utilitária, conforme expresso
por Vàzquez (2011):
O homem comum e corrente se encontra em uma relação direta e imediata com as coisas – relação que não pode deixar
de ser consciente -, mas nela a consciência não distingue ou separa a prática como seu objeto próprio, para que se
apresente diante dela em estado teórico, isto é, como objeto do pensamento. A consciência comum pensa os atos
práticos, mas não faz da práxis – como atividade social transformadora – seu objeto; não produz – nem pode produzir
como veremos – uma teoria práxis. (VÀZQUEZ, 2011, p. 34).
O autor alerta que “O ponto de vista de consciência comum coincide, neste aspecto, com o da produção capitalista e com o
dos economistas burgueses. Para a consciência comum, o prático é o produtivo, e produtivo, por sua vez, sob o prisma dessa
produção capitalista, é o que produz um novo valor ou mais valia” (VÀZQUEZ, 2011, p. 35).
Ao enunciar os limites da consciência comum, associada à relação direta com as coisas imediatas, em um plano ateórico, o
pesquisador evidencia que as significações dos atos de produção e consumo humanos carecem de sentidos e significados sociais e
históricos, os quais são passíveis de serem compreendidos e captados da forma como entendemos ser necessária tão somente
quando permeados de significados. Segundo Vàzquez (2011),
25
A título de exemplo, pode-se citar: Organização Mundial do Comércio (OMC), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Banco Internacional para a
Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD).
26
“Quando um indivíduo utiliza conhecimentos históricos para buscar compreender sua situação como membro de uma classe social, está ultrapassando
(tendencialmente) a consciência de classe em-si e está buscando a consciência de classe para-si” (DUARTE, 2007, p. 64).
49
Esta significação só pode ser apreendida por uma consciência que capte o conteúdo da práxis em sua totalidade como
práxis histórica e social, na qual se integrem e se perfilem suas formas especificas (o trabalho, a arte, a política, a
medicina, a educação, etc.), assim como suas manifestações particulares nas atividades dos indivíduos ou grupos
humanos simultaneamente em seus diferentes produtos. Essa consciência é a que historicamente se foi elevando por
meio de um longo processo que é a prova histórica do pensamento humano, como condicionado pela história inteira do
homem como ser ativo e prático, a partir de uma consciência ingênua ou empírica da práxis até uma consciência filosófica
que capta sua verdade – uma verdade que nunca é absoluta. (VÀZQUEZ, 2011, p. 38).
Não se pode perder de vista a insistência do autor em destacar que a imersão em atividades práticas que atendem à
satisfação das necessidades cotidianas não é suficiente para a superação dos limites por elas impostos, incidindo em severas
dificuldades em compreender o quanto a atividade prática necessita da teoria. Prosseguindo em sua argumentação, o pesquisador
referenda:
Esta consciência filosófica não é alcançada casualmente em virtude de um desenvolvimento imanente, interno do
pensamento humano. Ela só é alcançada historicamente – isto é, uma fase histórica determinada – quando a própria
práxis, isto é, a atividade prática material, chegou em seu desenvolvimento a um ponto em que o homem já não pode
continuar atuando e transformando de forma criadora – isto é, revolucionariamente – o mundo – como realidade humana e
social -, sem cobrar uma verdadeira consciência da práxis. Esta consciência é exigida pela própria história da práxis real
ao chegar a certo estágio de desenvolvimento, mas apenas pode ser obtida, por sua vez, quando já amadurecemos ao
longo da história das ideias, as premissas teóricas necessárias. (VÀZQUEZ, 2011, p. 38 - 39).
Isso significa que não pode-se descuidar dos pressupostos que embasam teoricamente a prática educacional. Portanto,
adotando-se esses princípios, busca-se desmistificar as relações sócio-históricas, as ideologias27 e as representações de mundo
presentes na realidade e no currículo escolar, de modo a relacionar ciência, técnica e política.
Na educação, segundo Moraes (2009), a teoria
27
“[...] a ideologia das classes dominantes, mesmo quando se apresenta como um conhecimento objetivo, neutro, não-ideológico, científico, está comprometida
com a mistificação da realidade, com a não objetividade do conhecimento, com o escamoteamento da verdade” .(DUARTE, 2006, p. 25-26).
50
[...] pode nos ajudar a desnudar a lógica do discurso que, ao mesmo tempo em que afirma a sua centralidade, elabora a
pragmática construção de um novo vocabulário que ressignifica conceitos, categorias e termos, de modo a torná-los
condizentes com os emergentes paradigmas que referenciam as pesquisas, reformas, planos e propostas para a
educação brasileira e latino-americana. (MORAES, 2009, p. 587).
Sendo assim, quando destaca-se que a educação é a forma como a sociedade prepara o homem para viver nela mesma, não
se quer dizer que ela deva se limitar a adaptar e a adequar os alunos à sociedade. Ao contrário, cabe à escola contribuir para
desmistificar as contradições sociais de modo a superar a alienação28 e, quiçá, contribuir para superação da divisão da sociedade em
classes e a emancipação humana29.
PRESSUPOSTOS PSICOLÓGICOS
A educação formal se constitui de processos educativos sistematizados, sendo assim, exige clareza e conhecimentos acerca
da formação e do desenvolvimento daqueles a quem se destina. Nesse sentido, o presente pressuposto se constitui como uma das
abstrações teóricas que objetivam orientar o trabalho educativo, com vistas à formação humana por meio do ensino.
Mediante um conjunto de conceitos produzidos historicamente, a ciência psicológica, ao discutir o desenvolvimento, procura
explicitar questões, tais como: Quem é o ser humano? Como ele se forma humano? Como as crianças aprendem? Qual a
importância das práticas educativas no desenvolvimento humano? A inteligência e a personalidade humana nascem com as pessoas
ou a inteligência e a personalidade humana são apropriadas ao longo da vida?
Embora se saiba que muitos estudos e discussões já tenham sido feitos sobre essas temáticas e que o desenvolvimento
humano ocorre na base de condições biológicas e sociais, o que ainda permanece evidente, sobretudo no âmbito da educação
28
“[...] ação pela qual (ou estado no qual) um indivíduo, um grupo, uma instituição ou uma sociedade se tornam (ou permanecem) alheios, estranhos, enfim,
alienados aos resultados ou produtos de sua própria atividade. [...] Assim concebida, a alienação é sempre alienação de si próprio ou auto-alienação, isto é,
alienação do homem (ou de seu ser próprio) em relação a si mesmo (às suas possibilidades humanas), através dele próprio (pela sua própria atividade). E a
alienação de si mesmo não é apenas uma entre outras formas de alienação, mas a sua própria essência e estrutura básica. Por outro lado, a “auto-alienação”
ou alienação de si mesmo não é apenas um conceito (descritivo). Mas também um apelo em favor de uma modificação revolucionária do mundo
(desalienação)”. (BOTTOMORE, 2001, p. 5).
29
“Compreender que a educação não pode ser responsabilizada pela emancipação humana significa entender, também, que sem esta a perspectiva de
mudança se distancia. Não é a educação a força motriz da história, mas a própria humanidade – humanidade que é formada em diversas esferas, dentre essas,
o processo educacional. Assim, a especificidade da formação humana a ser realizada na educação escolar encontra sua brecha subversiva devido à sua
autonomia relativa somada à sua função ontológica”. (LIMA; SILVA, 2018, p. 20).
51
escolar, são os limites impostos por determinados modelos teóricos que privilegiam ora determinantes biológicos30 ora determinantes
sociais31, conforme assinalam Martins e Arce (2010).
Visando a uma superação desses limites, na busca de uma educação efetivamente humanizadora, a concepção de
desenvolvimento a ser considerada no presente PPC, encontra-se fundamentada na escola de Vigotski, uma teoria psicológica
histórico-cultural que possibilita uma visão dialética do desenvolvimento humano. Considerando que uma compreensão dialética
realiza-se à luz de princípios orientadores da captação do real, entre os quais se destacam o princípio da totalidade, do movimento e
da contradição, na ausência da qual não há movimento, conforme elucidado nos pressupostos filosóficos e reafirmado por Martins
(2013), o estudo da psicologia do homem requer um entendimento para além das diferenças naturais e biologizantes, haja vista que o
indivíduo é resultado de uma evolução complexa.
Na psicologia histórico-cultural, o homem é apresentado como um ser social, cujo desenvolvimento condiciona-se pela
atividade que o vincula à natureza, um ser que a princípio não dispõe de propriedades que lhe assegurem, por si mesmas, as
conquistas daquilo que o caracteriza como ser humano. Nas palavras de Leontiev (1978), “[...] tudo o que tem de humano nele
provém da sua vida em sociedade, no seio da cultura criada pela humanidade. [...] só apropriando-se delas no decurso da sua vida,
ele adquire propriedades e faculdades verdadeiramente humanas” (LEONTIEV, 1978, p. 261).
A correta interpretação dessas premissas implica em presumir que o tempo histórico é determinante na constituição do
psiquismo, dessa forma, esse não pode ser reconhecido apenas como um espaço de duração, que possibilitaria a maturação das
estruturas psíquicas do homem. Segundo Leontiev (1978), o tempo humano deve ser entendido como processo de desenvolvimento
do homem e da sociedade, que se efetiva na atividade produtiva, criadora e transformadora, realizada e vivenciada por cada ser
humano durante a sua existência.
Nessa compreensão, o desenvolvimento humano apresenta um caráter histórico32, visto sintetizar o movimento do mundo,
dos homens e das suas relações sociais, conforme discutido por Cantarelli (2014). Essa afirmação requer que se considere que o
processo de constituição histórica do gênero humano, aliado ao desenvolvimento pessoal de cada indivíduo, se dá sob a base do
trabalho, a atividade vital humana. Com fins de compreensão, nesta seção são retomados os pressupostos filosóficos para se
30
Essas concepções partem do pressuposto que as propriedades básicas do ser humano já se encontram garantidas no nascimento, dependentes, portanto, de
fatores hereditários e maturacionais. Nessa visão, o desenvolvimento torna-se pré-requisito da aprendizagem.
31
Nesses modelos, a constituição das características humanas depende, prioritariamente, do ambiente. As experiências seriam determinantes do
desenvolvimento, que, nessa visão, encontra-se identificado com a instalação de comportamentos adequados aos estímulos externos.
32
Em sentido amplo, o termo história ou histórico inclui o processo de evolução dos seres vivos, a história da humanidade por suas formações sociais
específicas e a história do desenvolvimento pessoal de um dado indivíduo.
52
discutir as características históricas/ontológicas33 de tal atividade, assim como os seus fundamentos centrais e as importantes
transformações psíquicas que opera.
Lessa e Tonet (2008), alicerçados em Lukács (1966), explicam que a reprodução social humana difere da reprodução
biológica, embora haja uma ineliminável conexão do ser social com sua base biológica. Sendo o homem um ser de natureza social, é
premente a necessidade de se entender a prioridade da reprodução material da vida na processualidade social, visto que os homens
para poderem existir, devem transformar constantemente a natureza, sem a qual a sua existência e a reprodução da sociedade
seriam impossíveis.
Diferente dos animais, o homem age no sentido de produzir os meios de satisfação de suas necessidades mais básicas. É
no decorrer das atividades realizadas e concretizadas na vida material e objetiva que o ser humano se apropria da natureza e a
modifica, cria instrumentos e meios de produção, organiza-se em grupo, desenvolve a linguagem.
De acordo com Duarte (1996), nesse processo de suprir as suas necessidades mais básicas, o homem acaba por gerar
necessidades de caráter superior, resultando, assim, na construção de objetos materiais e não materiais que vão se constituindo
enquanto cultura humana. Esse movimento configura um salto ontológico, na medida em que, se antes, esse ser, por estar fundado
biologicamente, agia imediatamente, sem a necessidade de uma consciência mediadora, o SER SOCIAL, ao intervir na natureza,
necessita de atos mediadores conscientes para, em geral poder, funcionar, como indicam Cantarelli, Facci e Campos (2017). A
transformação da natureza pelo homem implica que a sua ação e seu resultado sejam projetados na consciência antes de serem
construídos na prática, e é justamente a capacidade de idear, antes de objetivar que estabelece a diferença do homem em relação à
natureza, bem como a evolução humana, conforme evidencia Lessa e Tonet (2008).
Segundo os autores, a prévia-ideação é sempre uma resposta concreta, entre outras possibilidades, a uma necessidade
concreta, significando que ela tem um fundamento material último. Ao projetar na consciência o resultado almejado, o indivíduo age
objetivamente.
Desse modo, a atividade vital humana é considerada ação material consciente e objetiva, ou seja, é práxis. Martins (2001)
salienta que a práxis manifesta-se tanto em sua atividade objetiva, pela qual o homem transforma a natureza, quanto na construção
de sua própria subjetividade. Disso decorre a afirmação de que a gênese da categoria trabalho corresponde à gênese de uma nova
esfera do ser, a gênese do psiquismo humano.
33
A ontologia do ser social é um termo que identifica a obra de Georg Lukács. O longo processo evolutivo do ser inorgânico produziu o aparecimento do ser
orgânico, ou seja, da vida, e, a partir da evolução da vida, emergiu o ser humano como ser social e a esfera da vida em sociedade. Entende-se que esse
processo evolutivo é caracterizado por saltos ontológicos, ou seja, pelo surgimento de uma nova esfera do ser gerado ao longo do processo histórico (DUARTE,
1996). Dessa forma, o estudo histórico ontológico do ser social torna-se imprescindível, na medida em que evidencia a gênese fundante do ser social, o
trabalho, e possibilita compreender a práxis social que assegura ao indivíduo sua humanidade.
53
Dando continuidade à análise, ressalta-se dois aspectos fundamentais no processo de constituição da humanidade que
surgem a partir do trabalho e que contribuem para o entendimento do desenvolvimento humano dentro dessa perspectiva teórica e as
suas implicações educativas: a edificação das relações sociais e a constituição da linguagem.
De acordo com Duarte (1996), a atividade humana, desde o seu início, é realizada de forma coletiva. Isso significa que, além
da produção de instrumentos, ocorre, também, a edificação de relações sociais em função das diferentes necessidades de
organização dos indivíduos dentro das atividades necessárias à manutenção de suas vidas. Ao se realizar uma atividade que
apresenta como uma de suas características, o fato de se dar de forma coletiva, emerge a necessidade de comunicação entre os
indivíduos que a realizam, tendo em vista a execução bem sucedida de tal atividade e a consequente satisfação das necessidades
que a incitaram. Sob o amparo da atividade especificamente humana, ocorre o desenvolvimento da linguagem.
O autor explicita que, como resultados dessa interação ativa do ser humano com a realidade, tanto a construção dos
instrumentos quanto o desenvolvimento da comunicação e as relações sociais estabelecidas vão assumindo uma existência objetiva,
independente (uma dimensão genérica). A esse processo dá-se o nome de “objetivação”, na qual a atividade humana engendra
produtos materiais e imateriais, carregados de significados sociais referentes à própria atividade humana, produtos que serão
apropriados e objetivados por outros indivíduos, possibilitando a constituição de suas faculdades especificamente humanas. Esses
objetos tornam-se objetos culturais, ganhando uma função específica e fundamental dentro do desenvolvimento histórico e social da
humanidade.
Com intuito de uma maior compreensão, retoma-se que os atos humanos (material/intelectual), por seus importantes
resultados, são guardados e acumulados na “consciência comunitária” em uma forma de “hereditariedade social” dos saberes
adquiridos, para serem transmitidos. Assim, como explicita Leontiev (1978), cada geração começa a sua vida em um mundo de
objetos e de fenômenos criados pelas gerações precedentes. Ela apropria-se das riquezas desse mundo, participando no trabalho,
na produção e nas diversas formas de atividade social, desenvolvendo as aptidões especificamente humanas cristalizadas e
encarnadas nesse mundo.
Duarte (1996) demarca que as características do gênero humano não são transmitidas pela herança genética, porque não se
acumulam no organismo humano. As características foram criadas e desenvolvidas ao longo do processo histórico, por meio do
processo de objetivação, gerado a partir da apropriação da natureza pelo homem. Como afirma Leontiev (1978), “O que a natureza
lhe dá (ser humano) quando nasce não lhe basta para viver em sociedade. É-lhe ainda preciso adquirir o que foi alcançado no
decurso do desenvolvimento histórico da sociedade humana” (LEONTIEV, 1978, p. 267).
Em seus escritos, Leontiev (1978) ressalta que, como unidade dialética, a objetivação da cultura humana se dá sempre com
relação à apropriação, pelos indivíduos, de tais objetivações. Para entender esse processo, é importante destacar algumas
características. A primeira delas é que, “Para se apropriar dos objetos ou dos fenômenos que são o produto do desenvolvimento
54
histórico, é necessário desenvolver em relação a eles uma atividade que reproduza, pela sua forma, os traços essenciais da atividade
encarnada, acumulada no objeto” (LEONTIEV, 1978, p. 268). É nessa relação ativa que as características dos objetos e dos
fenômenos começam a fazer parte da individualidade humana. Outra característica a ser considerada no tocante ao processo de
apropriação, é que esse nunca se dá de modo isolado, em uma simples aquisição individual, isolada e espontânea pelos indivíduos,
das objetivações materiais e imateriais presentes na cultura humana. De acordo com Leontiev (1978), “Para que essas objetivações
tornem-se suas próprias aptidões a criança, o ser humano, deve entrar em relação com os fenômenos do mundo circundante através
de outros homens, isto é, num processo de comunicação com eles.Tal processo, portanto, deve ser considerado enquanto um
processo educativo” (LEONTIEV,1978, p. 272). Em outras palavras, o processo de apropriação é mediado e subjugado ao ensino,
mediatizado por outros seres humanos conforme reafirma Martins (2016) em seus estudos.
Como terceira característica, destaca-se que o processo de apropriação pelos indivíduos das objetivações culturais humanas
é responsável pelo desenvolvimento das funções psíquicas superiores. Ou seja, as funções psíquicas de caráter superior
(especificamente humanas) se apresentam como resultado do processo de objetivação dos indivíduos por meio das apropriações
vivenciadas a partir da mediação das relações sociais, da linguagem (signos)34 e da atividade especificamente humana. Resultam
das transformações condicionadas pela atividade que sustenta a relação do indivíduo com seu entorno físico e social, assim como
argumenta Martins (2016).
Sintetizando o processo de apropriação/objetivação, conceitualmente pode-se dizer que Vigotski (1984), ao afirmar
pioneiramente a natureza social do psiquismo, propôs a indissolúvel unidade entre atividade individual externa e interna. Alicerçada
no autor, Martins (2001) explicita que a atividade individual externa, ou social, desenvolve-se na base de processos coletivos ou
interpsíquicos, a partir dos quais deriva a atividade individual ou os processos intrapsíquicos. Assim sendo, o desenvolvimento é
resultado de uma longa série de eventos nos quais, continuamente, os processos externos vão se firmando como processos internos
e vice-versa.
A dinâmica do movimento no qual os processos interpsíquicos transmutam-se em processos intrapsíquicos foi denominada
por Vigotski (1984) de internalização. Essa, por sua vez, ocorre por meio da apropriação de signos, graças aos quais o homem pode
criar modelos mentais (ideias) dos objetos da realidade, atuando com e a partir deles, no planejamento e na coordenação da própria
atividade. Como a internalização não é um processo mecânico, apenas a aprendizagem possibilita a reconfiguração de um dado
externo como interno.
34
Vigotski assinala que o ato especificamente humano apresenta-se na qualidade de ato instrumental, uma vez que entre a resposta da pessoa e o estímulo do
ambiente interpõe-se os signos. Considerados meios auxiliares para solução de tarefas psicológicas, exigem adaptação dos comportamentos a eles,
promovendo, assim, uma transformação psíquica estrutural (MARTINS, 2016).
55
De acordo com Martins (2010), sobre a base das internalizações estruturam-se as funções psicológicas35 tipicamente
humanas (superiores), isto é, a percepção, a memória, a linguagem, o pensamento, a emoção/sentimento, o raciocínio, a imaginação.
Todos esses processos se formam nos diversos tipos de atividades vividas pelo indivíduo, e pelas quais ele se apropria da vasta
experiência social, convertendo os objetivos externos (objetivações) em dados constituintes de sua subjetividade (apropriação).
Leontiev (1978) assinala que o processo de desenvolvimento humano, no qual o homem produz e reproduz a cultura humana
a partir de sua atividade, se dá de forma gradativa, durante todo o decorrer de sua vida, sendo que em cada período de
desenvolvimento há a dominância de uma determinada atividade que representa o modo pelo qual o indivíduo se relaciona com o
mundo, tendo em vista suprir suas necessidades. A essas atividades denominou de atividades principais36 ou dominantes.
Segundo Leontiev (2006), para que uma atividade seja considerada a principal em determinado período de desenvolvimento,
ela precisa apresentar três atributos fundamentais:
1.Ela é a atividade em cuja forma surgem outros tipos de atividade e dentro da qual eles são diferenciados. [...] 2. A
atividade principal é aquela na qual processos psíquicos particulares tomam forma ou são reorganizados. Os processos
infantis da imaginação ativa, por exemplo, são inicialmente moldados no brinquedo e os processos de pensamento
abstrato, nos estudos. 3. A atividade principal é a atividade da qual dependem, de forma íntima, as principais mudanças
psicológicas na personalidade infantil, observadas em um certo período de desenvolvimento. (LEONTIEV, 2006, p. 64).
É por meio dessas atividades consideradas principais/dominantes, portanto, que as crianças se relacionam com o mundo,
produzindo e reproduzindo as condições necessárias à constituição de sua individualidade, acarretando, assim, em cada período de
seu desenvolvimento singular, na criação de necessidades específicas em termos psíquicos (FACCI, 2006).
Para entender a periodização do desenvolvimento infantil e as atividades principais que guiam cada período37, tem-se
respaldo nos estudos de Facci (2006). A comunicação emocional se constitui pela relação emocional direta dos bebês com os
adultos, sendo base para a formação de ações sensório-motoras de manipulação. Facci (2006) afirma que envolve a “assimilação de
35
Recomenda-se a leitura da tese de livre-docência da professora Lígia Márcia Martins: O Desenvolvimento do Psiquismo e a Educação Escolar:
contribuições à luz da psicologia histórico - cultural e da pedagogia histórico-crítica. Bauru, 2011. O escrito apresenta “o estudo do conceito funções psíquicas
superiores em Vigotski”.
36
É importante esclarecer que a atividade principal não é aquela que mais ocorre no dia a dia da criança, mas aquela em que ocorrem as mudanças mais
importantes nos processos psíquicos e nos traços psicológicos da personalidade dos indivíduos, em certo estágio de seu desenvolvimento (LEONTIEV, 2006).
37
Para maiores elucidações, consultar o esquema representativo da periodização do desenvolvimento humano elaborado pelo Dr. Angelo Abrantes, docente do Departamento
de Psicologia, Faculdade de Ciências, Unesp/Bauru.
56
tarefas e motivos da atividade humana e normas de relacionamento que as pessoas estabelecem durante suas relações, como o
choro, por exemplo” (FACCI, 2006, p. 13).
Na atividade objetal manipulatória - primeira infância -, a comunicação emocional dá lugar a uma colaboração prática por
intermédio da linguagem, considerando que as aquisições do primeiro ano de vida da criança são fundamentais para a relação destas
com o meio e com suas atividades: a marcha e a aquisição da linguagem. De acordo com a autora, “a atividade principal passa a ser
a objetal-instrumental, na qual tem lugar a assimilação dos procedimentos elaborados socialmente [...] com os objetos e, para que
ocorra essa assimilação, é necessário que os adultos mostrem essas ações às crianças” (FACCI, 2006, p. 14). As ações das crianças
com os objetos e seus modos de uso têm uma implicação social, sendo os adultos responsáveis por transmitir a história e a função
de cada objeto à criança. A relação com os objetos é fundamental para que se possa desenvolver o jogo protagonizado ou
brincadeira de papéis sociais que constitui o próximo período do desenvolvimento.
No jogo de papéis sociais, as brincadeiras não são instintivas, o que determina o seu conteúdo é a percepção que a criança
tem do mundo. Facci (2006), com base em Elkonin, afirma que o jogo permite que “a criança modele as relações entre as pessoas. O
jogo é influenciado pelas atividades humanas e pelas relações entre as pessoas e o conteúdo fundamental é o homem” (FACCI,
2006, p.15). Nesse sentido, o jogo tem grande influência no desenvolvimento psíquico da criança e na formação de sua
personalidade.
A evolução do jogo prepara para um novo período, em que a atividade principal passa a ser o estudo. Para a autora
supracitada, o ensino escolar deve “introduzir os educandos na atividade do estudo de forma que se aproprie dos conhecimentos
científicos”. Sobre as bases do estudo surgem a “consciência e o pensamento teórico e se desenvolvem, entre outras funções, as
capacidades de reflexão, análise e planificação mental” (FACCI, 2006, p. 16).
A comunicação íntima pessoal é uma atividade marcada pela posição que o jovem ocupa diante das questões que a
realidade impõe. Ocorre nesse período um importante avanço no desenvolvimento intelectual, formando-se os conceitos, os quais
possibilitam a formação da consciência social e do conhecimento da ciência, da arte, das diversas esferas da vida cultural e do
pensamento abstrato.
A próxima etapa refere-se à atividade profissional/de estudo em que o jovem começa a ocupar um novo lugar na
sociedade por meio da sua inserção no trabalho e no aprofundamento dos estudos. De acordo com Facci (2006), “na idade escolar
avançada a atividade de estudo passa a ser utilizada como meio para a orientação e preparação profissional, ocorrendo o domínio
dos meios de atividade de estudo autônomo, com uma atividade cognoscitiva e investigativa criadora” (FACCI, 2006, p.17).
Elkonin (2009) ressalta que cada momento do desenvolvimento consiste em dois períodos ligados entre si. Inicia-se com o
período em que predomina a assimilação dos objetos, dos motivos e das normas da atividade. Essa etapa prepara para a passagem
57
ao segundo período, em que ocorre a assimilação dos procedimentos de ação com o objeto e a formação de possibilidades técnicas
e operacionais38.
Os estudos de Facci (2006), fundamentados em Elkonin e Vigotski, contribuem para entender que o ser humano está em
constante processo de desenvolvimento.
A atividade dominante, portanto, é, pelo mecanismo da apropriação, aquela cujo desenvolvimento condiciona as principais
mudanças nos processos psíquicos da criança, possibilitando a superação das funções elementares na constituição das funções
psíquicas superiores, bem como na sua personalidade em um dado período do seu desenvolvimento, conforme evidencia Cantarelli
(2014), ao discutir a atividade e a formação da personalidade. Essas estão especificamente associadas a uma classe particular de
impressões psíquicas: as emoções e os sentimentos, a seguir consideradas.
Com relação às emoções, Leontiev (1969) ressalta que:
[...] são as vivências afetivas mais simples relacionadas com a satisfação ou a insatisfação das necessidades orgânicas,
como, por exemplo, a necessidade de comida [...]. Também se incluem dentro das emoções, as reações afetivas
relacionadas com a sensação. Umas cores, sons, odores e etc. são agradáveis, enquanto outras, pelo contrário, são
desagradáveis. Esta reação afetiva é o tono emocional das sensações. Tais sensações têm grande importância na vida do
homem, já que este correntemente reage ante os objetos e fenômenos em seu conjunto e não somente ante as
qualidades isoladas deles. (LEONTIEV, 1969, p. 358).
Alicerçada em Leontiev, Cantarelli (2014) explicita que as emoções não são específicas dos seres humanos, e as de caráter
mais simples são encontradas também nos animais. Todavia, as emoções humanas, incluindo as mais elementares, diferenciam-se
fundamentalmente das emoções dos animais porque são as de um ser social. O homem satisfaz as suas necessidades, incluindo as
mais elementares, de acordo com as exigências sociais. Isso significa que os estados emocionais do homem têm uma história de
desenvolvimento, visto que, em decorrência da complexificação da atividade humana, essas foram se tornando cada vez mais
especializadas, diferenciando-se e constituindo os sentimentos.
38
Entre um período e outro existem as denominadas crises. Na compreensão de Facci (2006), essas crises se dão quando a criança, em seu desenvolvimento,
“começa a se dar conta de que o lugar que ocupava no mundo das relações humanas que a circundava não corresponde às suas potencialidades e se esforça
para modificá-lo, surgindo uma contradição explicita entre esses dois fatores [...]. A atividade principal em determinado momento passa a um segundo plano, e
uma nova atividade principal surge, dando início a um novo estágio de desenvolvimento” (FACCI, 2006, p. 18).
58
Os sentimentos, ao contrário das emoções, estão relacionados às necessidades que apareceram com o desenvolvimento
histórico da humanidade, quais sejam, as necessidades morais, estéticas e intelectuais, e são denominados de sentimentos
superiores. Para Leontiev (1969), “A aparição dos sentimentos depende das condições em que vive o homem e, sobretudo, das
necessidades ligadas às relações entre as pessoas; a necessidade de ter relações sociais, de cumprir as exigências da sociedade,
etc. Os sentimentos estão ligados inseparavelmente das necessidades culturais ou espirituais” (LEONTIEV, 1969 p. 359).
O pesquisador assinala que as necessidades estimulam a atividade e a dirigem, e só cumprem essa função se sua raiz
estiver fincada na realidade, constituindo-se como necessidades objetivas, construídas no bojo das relações sociais e no contato com
os objetos produzidos pela cultura. Para o autor, também os sentimentos humanos devem ser entendidos nessa perspectiva, questão
importante que se insere na educação, principalmente quando se considera que trabalho educativo e seus desdobramentos são
constituintes da subjetividade humana.
As assertivas anteriores nos impulsionam a considerar os conteúdos internos que são gestados na e pela atividade principal
da criança e que lançam desafios sobre todas as suas funções psíquicas, visto que o desenvolvimento desses conteúdos encontra-se
vinculado às atividades que lhe são proporcionadas e disponibilizadas pela educação.
Segundo Martins (2010), por essa via, a criança vai individualizando as habilidades psicointelectivas e afetivas condensadas
nos produtos da cultura humana, sejam elas referentes ao manuseio de instrumentos, ao universo de significações ou às normas de
comportamento próprias às funções sociais desempenhadas pelos indivíduos, conferindo unidade ao seu comportamento.
Ressalta-se que, embora os períodos de desenvolvimento tenham um lugar determinado no tempo, os seus limites
dependem do seu conteúdo. Pode haver, dessa forma, diferentes períodos em uma mesma idade, visto que são as condições
históricas (conteúdos) que determinam qual atividade se torna dominante para a criança em dado momento do seu desenvolvimento,
conforme argumenta Cantarelli (2014). Nesse sentido, as situações de desenvolvimento não são sempre as mesmas para um dado
indivíduo ou para diferentes indivíduos representantes de classes sociais desiguais, o que reafirma a importância de uma educação
escolar de qualidade.
Tendo como unidade de análise a atividade humana, foram apresentados os princípios básicos orientadores do
desenvolvimento numa perspectiva Histórico-Cultural. Salienta-se que Vigotski e seus colaboradores identificam o desenvolvimento
do psiquismo humano com a formação das funções psíquicas superiores, apontando que nem toda atividade promove o
desenvolvimento, assim como não são quaisquer ações e conteúdos que corroboram para a formação dos comportamentos
complexos, ancorados nos processos funcionais superiores, questões essas ampliadas por Martins (2013). Nesse sentido, o
desenvolvimento psíquico demanda ações educativas intencionalmente orientadas para esse fim, por meio de um ensino
sistematicamente orientado à transmissão dos conceitos científicos.
59
Com intuito de uma melhor reflexão acerca das implicações pedagógicas decorrentes dessas afirmações, discute-se na
sequência o papel da linguagem e do pensamento na formação de conceitos e o desenvolvimento qualitativo do psiquismo humano.
A interação do sujeito com o social, inicialmente, é mediada pelo uso de instrumentos, e passa, gradativamente, a ser mediada pelo
uso de signos. Essa transposição do concreto ao abstrato é um passo significativo no desenvolvimento humano porque possibilita ao
sujeito a utilização do pensamento como estratégia/meio para a apropriação do conhecimento e para a troca de experiências. A
compreensão de que os objetos podem representar ou assumir outro significado e outro sentido é um momento importante para o
processo de desenvolvimento humano.O pensamento, mediado pelo uso de signos, que são elementos que representam ou
expressam objetos, eventos e situações, é fator fundamental para o desenvolvimento dos conceitos que se iniciam na infância e que
se efetivam ao longo da vida.
Cabe ressaltar que a elaboração conceitual é constituída por um processo que vai da agregação de ideias desordenadas do
pensamento até a sua elaboração conceitual, ou seja, a abstração. Em todo o processo de desenvolvimento de conceitos, a interação
verbal com outras pessoas possibilita à criança exercitar o pensamento. Vigotski (1989) afirma que o desenvolvimento da linguagem
assume importância na interação criança-criança, criança-adulto, aluno-professor. E com relação aos conceitos, o referido autor
destaca que um conceito se forma “mediante uma operação intelectual em que todas as funções psíquicas participam de uma
combinação específica. Essa operação é dirigida pelo uso das palavras como meio para centrar ativamente a atenção, abstrair
determinados traços, sintetizá-los por meio de um signo”.(VIGOTSKI, 1991, p. 79).
Linguagem e pensamento tornam-se os elos de um processo que promove o desenvolvimento das funções tipicamente
humanas, que se revelam, em especial, na capacidade de memorizar, de abstrair, de raciocinar logicamente, de prestar atenção
intencionalmente, de comparar e de diferenciar. Essas funções se apoiam cada vez mais na própria linguagem, desvinculando-se da
referência aos objetos concretos imediatos. E, à medida que a criança vai tomando consciência das operações mentais que realiza,
classificando-as como sendo lembrança ou imaginação, por exemplo, torna-se capaz de dominá-las.
Em outras palavras, a apropriação de um sistema linguístico reorganiza todos os processos mentais infantis. Nesse
desenvolvimento, a linguagem opera na estrutura original, considerada elementar. A complexificação da estrutura se dá pela
diferenciação e especialização dos seus elementos constitutivos (funções), determinando novas formas de correlação entre si, ou,
nexos internos, na constituição de um “sistema psíquico consciente”.
Vigotski (2001) assinala que o significado da palavra, que em seu aspecto psicológico é uma generalização, constitui um ato
de pensamento assim explicado:
60
[...] constitui um ato de pensamento, no estrito sentido do termo. Mas, ao mesmo tempo, o significado é parte integrante da
palavra, pertence ao domínio da linguagem em igual medida que ao pensamento. Sem significado a palavra não o é, mas
sim, um som vazio, deixando de pertencer ao domínio da linguagem. Em sua natureza, o significado pode ser considerado
igualmente como um fenômeno da linguagem e do pensamento. Não cabe dizer do significado da palavra o que dizíamos
antes com respeito aos seus elementos tomados em separado. O que é linguagem ou pensamento? É um e o outro ao
mesmo tempo, porque se trata de uma unidade de pensamento linguístico [...]. (VIGOTSKI, 2001, p. 21).
Buscando compreender um pouco mais esses processos, reitera-se que a intervinculação entre pensamento e linguagem é
atribuída à necessidade do intercâmbio com os indivíduos e à relação interpessoal, a qual interfere diretamente na formação do
pensamento verbal. A relação entre a fala externa/verbalizada e o pensamento modifica-se ao longo do desenvolvimento da criança.
Até por volta dos três anos, a fala acompanha frequentemente o comportamento infantil. A partir de então, gradativamente,
dependendo das experiências e das mediações, as crianças já são capazes de antecipar o que irão fazer. Disso decorre que a fala
passa a desempenhar funções que são características do pensamento complexo, a de planejar a ação e guiar as atividades
humanas, bem como a reelaboração do conhecimento adquirido.
O pensamento, a oralidade, o brinquedo, os gestos, as brincadeiras, o faz de conta, o jogo e o desenho contribuem para a
apropriação da linguagem escrita e das outras linguagens. Consequentemente, unem funções psíquicas em novas combinações que,
ao se complexificarem, possibilitam a apropriação do sentido e do significado que cada objeto contém.
Como já assinalado, a significação imbrica pensamento e linguagem, mas também razão e afeto. Segundo Martins(2013),
Todo e qualquer sentimento carrega consigo um complexo sistema de ideias por meio dos quais possa se expressar.
Portanto, tal como não há ideia sem pensamento não há, igualmente, ideia alheia à relação da pessoa com a realidade.
Da mesma forma, não há relação com a realidade que possa ser independente das formas pelas quais ela afeta a pessoa.
Assim, toda ideia, diga-se de passagem, conteúdo do pensamento, contém a atividade afetiva do indivíduo em face da
realidade que representa. (MARTINS, 2013, p. 57).
Vigotski (1989) explica o desenvolvimento como um processo de internalização de modos culturais de pensar e de agir.
Embora aponte diferenças entre aprendizagem e desenvolvimento como dois processos distintos, os considera interdependentes
desde o primeiro dia da vida da criança. A aprendizagem suscita e impulsiona o desenvolvimento, e esse realiza a mesma ação com
relação àquela.
61
A investigação sobre o sentido da interação contribuiu para o entendimento da relação entre aprendizagem e
desenvolvimento, que pode ser explicitado pelos conceitos de níveis de desenvolvimento39: nível de desenvolvimento real (NDR),
nível de desenvolvimento proximal (NDP), ou zona de desenvolvimento iminente (ZDI).40
O nível de desenvolvimento real revela as funções que já se desenvolveram na criança e que possibilitam a resolução de
problemas, individualmente. Refere-se àquilo que a criança, o jovem ou o adulto sabe. O nível de desenvolvimento proximal ou
iminente é para Vigotski (1989, p. 97) “determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em
colaboração com companheiros mais capazes”. Refere-se àquilo que a criança, jovem ou adulto sabe com a ajuda de alguém.
Segundo o autor (1989, p.102), “os processos de desenvolvimento não coincidem com os processos de aprendizado. Ou melhor, o
processo de desenvolvimento progride de forma mais lenta e atrás do processo de aprendizado; desta sequenciação resultam, então,
as zonas de desenvolvimento proximal”, esse entendimento explicita a relevância da função pedagógica.
Para o autor,
[...] o aprendizado orientado para os níveis de desenvolvimento que já foram atingidos é ineficaz do ponto de vista do
desenvolvimento global da criança. Ele não se dirige para um novo estágio do processo de desenvolvimento, mas, ao
invés disso, vai a reboque desse processo. Assim, a noção de zona de desenvolvimento proximal capacita-nos a propor
uma nova fórmula, a de que o “bom aprendizado” é somente aquele que se adianta ao desenvolvimento. (VIGOTSKI,
1989, p. 100).
É pelo trabalho educativo que o professor assume um papel decisivo e organizativo junto ao desenvolvimento infantil, e da
qualidade dessa interferência dependerá a qualidade do desenvolvimento. Por essas razões, os processos de educação e ensino,
promotores das complexas aprendizagens humanas, assumem enorme importância na psicologia histórico-cultural. Logo,
Vigotski(2001) afirma que,
[...] a aprendizagem não é, em si mesma, desenvolvimento, mas uma correta organização da aprendizagem da criança
conduz ao desenvolvimento mental, ativa todo um grupo de processos de desenvolvimento, e esta ativação não poderia
produzir-se sem aprendizagem. Por isso, a aprendizagem é um momento intrinsicamente necessário e universal para que
39
Os níveis de desenvolvimento levam em conta também a evidência de que a aprendizagem deve ser coerente com o nível de desenvolvimento da criança.
40
Termo proposto por Zoia Prestes em seu livro “Quando não é quase a mesma coisa: traduções de Lev Semionovitch Vigotski no Brasil”. Campinas, SP:
Autores Associados, 2012.
62
se desenvolvam na criança essas características humanas não naturais, mas formadas historicamente. (VIGOTSKI, 2001,
p. 115).
Segundo Martins, Abrantes e Facci (2016), Vigotski, ao afirmar o papel dos signos na transformação qualitativa do psiquismo
e que esses precisam ser transmitidos, apresentou o ensino como condição fundante do desenvolvimento. Contudo, é necessário um
trabalho educativo comprometido com a promoção do máximo desenvolvimento do indivíduo e um sistema educativo que, de acordo
com os autores,
[...] tenha possibilidades concretas de produzir uma pessoa de pensamentos, com autonomia intelectual para analisar a
realidade valendo-se de instrumentos conceituais em suas formas mais elaboradas; uma pessoa de sentimentos, que se
forme sensível ao conjunto dos seres humanos e que possua senso de justiça, revoltando-se contra arbitrariedades que se
pratique contra qualquer membro do gênero humano. Que culmine na produção de uma pessoa da práxis, que
compreenda as contradições sociais existentes no processo de produção e reprodução da sociedade, que se engaje na
luta pela implementação de uma sociedade livre da dominação e opressão. (MARTINS; ABRANTES; FACCI, 2016, p. 3-4,
grifos dos autores).
A partir da discussão acerca dos pressupostos psicológicos, espera-se que os professores possam se apropriar e discutir os
processos de desenvolvimento e de aprendizagem e seus desdobramentos no trabalho educativo, de forma a superar concepções de
senso comum presentes no cotidiano escolar, com vistas a uma educação verdadeiramente humanizadora.
PRESSUPOSTOS PEDAGÓGICOS
Ao se definir pressupostos pedagógicos, é necessário compreender a importância de, a priori, definir-se claramente o método
que dará sustentação ao trabalho escolar. Método é o conjunto de determinados princípios que permitem, filosófica e cientificamente,
apreender a realidade para atuar nela, objetivando a emancipação humana. Medodologia, por sua vez, é compreendida como um
conjunto de meios (materiais e procedimentos) que possibilitam a operacionalização do processo. Assim, entende-se que o
pressuposto pedagógico, que nesta PPC é sustentada pela Pedagogia Histórico-Crítica, é o que orienta a metodologia utilizada nos
mais diferentes processos pedagógicos e administrativos que organizam o trabalho escolar, tarefa essa que se espera ter sido
63
cumprida ao enunciar os pressupostos filosóficos e psicológicos.
Para que os pressupostos pedagógicos sejam definidos, algumas questões devem ser feitas e respondidas, tais como: O que
é educar? Qual o papel da escola e dos diferentes trabalhadores em educação? Tem-se clareza sobre qual método sustenta a
compreensão sobre a realidade? Quais relações, no cotidiano da escola, contribuem para um processo educativo que objetive a
formação omnilateral? Como formar a consciência crítica? Como organizar e trabalhar os conteúdos para atingir a esses objetivos?
Quais conteúdos produzidos socialmente devem se tornar conteúdos escolares? Qual é o objeto central do ensino deste ou daquele
conteúdo e quais objetivos serão priorizados? Como, por que e o que avaliar? Por que planejar? Quais as intencionalidades
presentes nas ações educativas? Qual a formação necessária aos profissionais da educação? Como organizar o cotidiano escolar
tendo em vista a consecução dos objetivos de um projeto educacional emancipatório? Como atuar no sentido de enfrentar a atual
fragmentação das ações e programas que incidem no cotidiano do trabalho educativo escolar?
Para buscar indicativos para essas questões, tem-se como princípio que a educação é trabalho, é atividade mediadora no
âmbito da prática social e que educar é contribuir para consolidar o processo de humanização do homem. Nessa perspectiva,
humanizar-se é assimilar o coletivo social no individual, em seu caráter dialético de transformar-se, modificando a realidade. Como
pontua Saviani (2012), “o trabalho educativo é o ato de produzir direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade
que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens” (SAVIANI, 2012, p.13). É, portanto, ação mediada, que visa a
imprimir o arcabouço cultural em cada indivíduo para que se constitua em si a humanidade coletiva, carregada dos sentidos e dos
significados produzidos, de modo que seja possível sua inserção nos diferentes espaços sociais, culturais e científicos.
Assim, uma educação que tenha compromisso com a transformação precisa levar em conta a relação entre a teoria e a
prática, por meio da transmissão e da assimilação dos elementos culturais e científicos que permitam fazer a crítica, bem como
buscar possibilidades de transformação das atuais relações sociais que expropriam, da ampla maioria da população, as reais
condições de acesso ao conhecimento científico e cultural produzido pela humanidade. Para tanto, é preciso recuperar a
essencialidade do fazer pedagógico, a partir da compreensão do exposto por Saviani (2012), o qual enfatiza a função social da
instituição escolar:
Ora, clássico na escola é a transmissão-assimilação do saber sistematizado. Este é o fim a atingir. É aí que cabe
encontrar a fonte natural para elaborar os métodos e as formas de organização do conjunto das atividades da escola, isto
é, do currículo. E aqui nós podemos recuperar o conceito abrangente de currículo: organização do conjunto das atividades
nucleares distribuídas no espaço e no tempo escolares. Um currículo é, pois, uma escola funcionando, quer dizer, uma
escola desempenhando a função que lhe é própria. (SAVIANI, 2012, p. 17).
64
Ao referir-se ao que é clássico, Saviani (2012), incisivamente, argumenta: “Clássico não se confunde com tradicional e
também não se opõe, necessariamente, ao moderno e muito menos ao atual. O clássico é aquilo que se firmou como fundamental,
como essencial. Pode, pois, constituir-se num critério útil para a seleção dos conteúdos do trabalho pedagógico” (SAVIANI, 2012,
p.13).
É, portanto, objeto do trabalho escolar a socialização do conjunto de conhecimentos científicos, culturais, artísticos, ou seja,
aqueles que se firmaram no tempo e que compõem o acervo da humanidade, de modo que sejam efetivamente apropriados em sua
totalidade e por todos os alunos. Em razão dessa compreensão, depreendem-se outras significações, dentre elas a de que a
educação, como prática social e como ação intencional mediada, exige um planejamento metódico, porque é pautado em um método
claramente definido; é rigorosa e reflexiva, por seguir ações e/ou procedimentos que possibilitem a apropriação crítica do conjunto de
conhecimentos, com vistas à ruptura com os padrões vigentes da mera reprodução utilitarista de competências. Nessa direção, há,
portanto, que se consolidar uma organização da e na instituição escolar que se paute nos princípios defendidos por Saviani (2012),
de que:
[...] Para existir a escola não basta a existência do saber sistematizado. É necessário viabilizar as condições de sua
transmissão e assimilação. Isso implica dosá-lo e sequenciá-lo de modo que a criança passe gradativamente do seu não
domínio ao seu domínio. Ora, o saber dosado e sequenciado para efeitos de sua transmissão-assimilação no espaço
escolar, ao longo de um tempo determinado, é o que convencionamos chamar de “saber escolar”. (SAVIANI, 2012, p. 17).
O ato de planejar, nesse contexto, se configura em uma ação política e técnica, visto que, como ação política, o professor
procede a análise do conteúdo escolar e do processo educativo em uma perspectiva mais ampla, implicando tomada de decisões
sobre para quê e como abordar os conteúdos de ensino. Na qualidade de ação técnica, conhecendo o processo de desenvolvimento
humano, compreende suas responsabilidades como mediador e promotor desse desenvolvimento por meio de ações pedagógicas
devidamente planejadas, assumindo os compromissos de organizar o processo educativo, considerando a consecução dos objetivos
e/ou a sua reorganização. Friza-se, nesse contexto, que essas duas dimensões (política e técnica) são indissociáveis.
O planejamento do processo educativo, em uma perspectiva crítica e transformadora, exige a reflexão sobre as relações de
poder que se instituem no interior da escola, explicitando a sua origem, o seu caráter contraditório, identificando de que modo
interferem tanto na organização interna quanto nas relações que permeiam o cotidiano da escola e comunidade, bem como as da
65
escola com a mantenedora. Parte-se do princípio fundante que se construam práticas coletivas em um processo reflexivo de tomada
de decisões, pautadas no domínio das informações necessárias e em tempo para que as decisões sejam, efetivamente, coletivas e
voltadas para os interesses do coletivo. Isso permite que ações mais participativas sejam, gradativamente, construídas,
consolidando-se na gestão escolar em uma perspectiva democrática que prime pela participação consciente de todos os envolvidos
no processo educativo escolar, mesmo que demarcadas pelos limites impostos pela legislação e/ou normativas.
Nessa direção, entende-se o Projeto Político Pedagógico41 (PPP, deste ponto em diante) não apenas como um documento,
mas como prática, como projeto em movimento, em permanente construção, execução e avaliação. Em um primeiro e mais
importante sentido, o PPP se revela como prática reflexiva e coletiva de tomada de decisão, que necessita, concomitantemente, ser
sistematizado e organizado para que se constitua também no registro das intencionalidades e das ações coletivas da comunidade
escolar, servindo de sustentação a todos os outros planejamentos escolares. Nesse movimento de construção, congrega e explicita
os fundamentos e os pressupostos que direcionam as práticas político-pedagógicas da comunidade escolar, indicando quais os
princípios que direcionam e mantêm as práticas educativas.
No campo dos pressupostos pedagógicos, há que se deter com afinco na relação ensino e aprendizagem, considerando,
sobretudo, o trabalho desenvolvido em sala de aula e nos demais espaços educativos como fundamentais para a socialização e a
problematização do conhecimento científico, uma vez que, nas palavras de Saviani (2012), “é o fim a atingir que determina os
métodos e processos de ensino-aprendizagem” (SAVIANI, 2012, p. 17). E, nesse caso, à instituição escolar compete, segundo o
autor, ensinar o conjunto de conhecimentos essenciais à inserção na cultura letrada, na cultura erudita o que exige, para tanto, a
incorporação dos rudimentos da leitura e escrita, bem como das demais áreas do universo letrado e das ciências.
O currículo escolar, por sua vez, expressa uma organização por campo de experiências na Educação Infantil e por
componente curricular no Ensino Fundamental – Anos Iniciais -, respeitando o objeto de estudo das diferentes áreas. Contudo, busca
avançar na superação dos limites que, costumeiramente, se instalam no ato de planejar a ação docente quando pautado por uma
visão linear ou fragmentada. É nessa direção que a afirmativa de que “são os fins a atingir que determinam os métodos e processos
de ensino e aprendizagem” assume especial relevância, pois sem essa clareza, sem essa definição, quaisquer procedimentos e,
possivelmente, quaisquer resultados serão aceitos como viáveis e justificados mediante as condições existentes, retirando da
41
No texto A organização do trabalho pedagógico: dos pressupostos curriculares à organização dos documentos na instituição escolar, disponível em
http://educaamop.blogspot.com/2017/07/dos-pressupostos-curriculares.html (acessado em 02/08/18), são estabelecidas relações entre os documentos
institucionais que organizam a prática pedagógica e esse serve de subsídio para ampliar a referida compreensão. O texto é resultado provisório das análises e
dos estudos necessários à Formação Continuada vinculada à implementação do Currículo Básico para a Escola Pública da região Oeste do Paraná, no ano de
2017.
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instituição escolar parte significativa de sua responsabilidade frente à transmissão-assimilação do saber sistematizado, que é o
pressuposto fundamental para que a instituição escolar cumpra com a função social, de contribuir para emancipção humana.
Ao referir-se à organização do processo de ensino e de aprendizagem, é necessário retomar o exposto por Klein (2010):
[...] o conhecimento não está nas coisas e nem nasce espontaneamente na cabeça dos educandos. O conhecimento
existe apenas nos homens e nas suas relações. E, portanto, na relação com outros homens, na medida em que incorpora
a intricada rede de relações que constituem uma dada forma humana de ser, que a criança se apropria do conhecimento.
Este não é, evidentemente, passível de ser “ditado”, mas também não é algo que se descubra por um golpe incomum de
genialidade. (KLEIN, 2010, p. 230).
Com base em Klein (2010), destaca-se que o conhecimento científico é resultante de pesquisa científica produzida nas
relações dos homens com a natureza e dos homens entre si. Trata-se de um complexo processo de produção, o qual se encontra, via
de regra, publicado na forma de síntese e, conforme interesse formativo da sociedade, essas sínteses são apresentadas em um rol
de abstrações conceituais, as quais são denominadas como conteúdos escolares. Nesse caso, as sínteses conceituais contêm uma
complexidade de relação entre elementos diversos que vão muito além das abstrações contidas na matriz curricular.
O conhecimento científico, sendo produzido nas relações dos homens com a natureza e dos homens entre si, constitui-se na
sua dimensão histórica, demarcada pelo tempo e pelas condições em que é produzido, sistematizado e socializado. Partindo desse
entendimento, compreende-se que a reprodução de conceitos, de regras e de fórmulas não é suficiente para configurar a apreensão
do conhecimento científico. Por isso, é necessário que a ação pedagógica, sob a responsabilidade da instituição escolar, esteja
planejada de forma a superar as práticas pedagógicas pautadas em conceitos espontâneos, visando a alçar novas práticas nas
instituições, uma vez que há que se tomar consciência do que é defendido reiteradamente por Martins (2016):
[...] há que se afirmar a escola como lócus privilegiado para a transmissão daquilo que realmente promove o
desenvolvimento, cientes de que o alcance dos conceitos científicos não restringe apenas aos conteúdos que veiculam em
si mesmos, haja vista que esse tipo de ensino opera decisivamente na estrutura psíquica dos indivíduos. O que se
apresenta no cerne da qualidade dos conteúdos de ensino outra coisa não é senão a formação da consciência, cujo
fundamento, do ponto de vista psicológico, radica na formação dos processos funcionais superiores e, sobretudo, naquilo
que conduz ao autocontrole da conduta. Pretender a formação de alunos “críticos”, “participativos”, “cidadãos”, etc; na
ausência do ensino de conteúdos sólidos, desenvolventes, parece-nos um ideal falaz que precisa ser desvelado.
(MARTINS, 2016, p. 26).
67
É, portanto, imprescindível que o trabalho pedagógico na Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental tenha
como pressuposto básico a definição dos conteúdos, a forma de trabalhá-los e a escolha dos materiais e dos recursos. O ato
intencional de planejar ações de mediação pedagógica requer amplo conhecimento sobre o desenvolvimento humano e sobre o
núcleo conceitual referente às áreas do conhecimento que pautam a prática pedagógica em sala de aula.
Essa organização extrapola o espaço privilegiado de transmissão e assimilação do conhecimento historicamente produzido e
sistematizado pela humanidade, ou seja, a aula em si. Ela congrega as concepções sobre o trabalho, o homem, a educação, a
sociedade, a escola, a ciência, a tecnologia, o conhecimento, o currículo, o saber, o ensino, a aprendizagem, dentre outras, as quais
são definidoras da forma como se lê a realidade social, política e cultural, bem como a forma como se posiciona nessa mesma
realidade. Há que se garantir, desse modo, a unidade político-pedagógica, a qual espera-se que esteja prevista no PPP institucional,
como resultado de uma construção coletiva e participativa dos sujeitos que constituem a comunidade. Assim é que a organização do
trabalho docente, de forma mais implícita, se volta à organização do plano de trabalho docente e do plano de aula e à avaliação
do ensino e da aprendizagem, o que exige escolhas metodológicas (procedimentos), as quais, por sua vez, revelam os
pressupostos teóricos (método) que os sustentam.
Nessa linha de argumentação, recupera-se a síntese que Martins (2016) apresenta ao referir-se ao método marxiano de
construção do conhecimento, o qual pressupõe a “captação empírica e sincrética da realidade como ponto de partida, as mediações
abstratas do pensamento como possibilidades para superação dessa condição, tendo em vista a apreensão concreta da realidade
como síntese das múltiplas determinações” (MARTINS, 2016, p. 27). Para tanto, há que se ter uma organização do trabalho escolar
que supere práticas fragmentadas de ensino, visto que o aporte dos pressupostos da psicologia histórico-cultural exige que, ao
considerar o desenvolvimento humano, tenha-se como fundamento que as “funções complexas não se desenvolvem na base de
atividades que não as exijam e as possibilitem” (MARTINS, 2016, p. 19). Assim sendo, no tratamento do conteúdo, em um constante
ir e vir, o professor deve precisar a definição conceitual; porém, sempre estabelecendo relação entre ela e outras definições que se
apresentarem como necessárias e com o processo histórico-social. Isso implica expressar quais são os fundamentos referenciais do
conteúdo, ao mesmo tempo em que busca superá-los, incorporando à discussão o seu significado histórico, social e político, ou seja,
estabelecendo as relações entre o conteúdo escolar e a realidade. Contudo, não se trata da realidade imediatamente visível, mas da
totalidade que, para ser compreendida e apreendida, assenta-se no planejamento de ações que “visam à conquista das capacidades
intelectuais, das operações lógicas do raciocínio, dos sentimentos éticos e estéticos, enfim, de tudo o que garanta ao indivíduo a
qualidade de ser humano” (MARTINS, 2013, p. 275).
68
Nesse aspecto, ao tratar do conteúdo escolar, o professor deve fazer um exercício racional sincrônico (tempo atual) e
diacrônico (por meio dos tempos), captando as relações estabelecidas, o seu movimento e as suas contradições. Esse exercício é
fundamental para a passagem do concreto-sensorial ao concreto pensado. O concreto sensorial é percebido pelo nosso cérebro por
intermédio de uma relação direta de nossos sentidos com o mundo objetivo. Ele é nos apresentado de forma caótica e limitado às
nossas apreensões de manifestações exteriores. O concreto, tal como Marx (1987) destaca, trata-se de um concreto idealizado, visto
que o “concreto aparece no pensamento como processo de síntese, como resultado, não como ponto de partida” (MARX, 1987, p.
16). Conforme o autor, o conhecimento concreto da realidade só é possível se as partes abstraídas e isoladas forem rearticuladas, de
modo a compreender a unidade do diverso, e a chegar ao concreto pensado, que é síntese de múltiplas determinações. Assim, as
definições permanecem em constante reflexão e só se aproximam do real se forem apreendidas as múltiplas relações que compõem
e dão base ao conhecimento.
O movimento entre concreto sensorial, abstração e concreto pensado está constantemente a se refazer, e é nesse
movimento que se insere outra organização do ensino, conforme defendida por Saviani (2012)42. Como esforço, no sentido de
garantir o entendimento de que prática social, problematização, instrumentalização, catarse e prática social são momentos
apresentados pelo autor na contraposição às pedagogias existentes até então, e, portanto, como método, é imprescindível destacar a
lógica dialética presente no movimento de transmissão-assimilação/apropriação do conhecimento científico. Nesse quesito,
Martins(2016) reafirma:
Frise-se que os momentos explicitados por Saviani referem-se à organização lógica do ensino e só podem expressar-se
no ato de ensinar como momentos distintos, mas interiores uns aos outros. Trata-se de compreender a prática social, quer
do ponto de partida, quer do ponto de chegada, como substrato das abstrações do pensamento organizadas como
problematização, instrumentalização e catarse, que se manifestam como atos de pensamento a serviço de uma apreensão
mediata daquilo que é dado imediatamente à captação sensível. (MARTINS, 2016, p. 27).
42
Ao proceder a apresentação dos cinco passos da pedagogia revolucionária denominada, posteriormente, de Pedagogia Histórico-Crítica, Saviani (2012)
dialoga com a pedagogia tradicional e a pedagogia nova, evidenciando os limites daquelas. Desse modo, no confronto, vai construindo sua argumentação que
só pode ser devidamente compreendida na relação com o todo do texto, em que o percurso histórico, filosófico e pedagógico das concepções teóricas vai sendo
minuciosamente apresentado. Para complementar os conhecimentos, é fundamental o estudo da obra completa do autor, intitulada Escola e Democracia. Ao
propor uma nova organização para o ensino, é fundamental que se destaque que ele não propõe que se engesse essa organização em procedimentos
metodológicos estanques, conforme se observa nas palavras do próprio autor, quando se posiciona a respeito disso, confrontando as práticas pedagógicas
inerentes às denominadas pedagogia tradicional e nova com aquilo que compreende ser uma nova proposta de organização do ensino. No contexto dessa
discussão, ele alerta: “Assim, se fosse possível traduzir os métodos de ensino que estou propondo na forma de passos à semelhança dos esquemas de
Herbart e de Dewey, [...] eu diria que o primeiro passo seria a prática social” (SAVIANI, 2012, p. 70, grifos nossos).
69
Há que se compreender, conforme indicado pela autora, o percurso lógico da aprendizagem, na sua relação com o
desenvolvimento humano para ser possível proceder as inferências necessárias à organização de um ensino que promova
desenvolvimento. A autora destaca: “O percurso lógico da aprendizagem segue uma linha de desenvolvimento que caminha do
concreto (sensorial, empírico) para o abstrato, do particular para o geral, do cotidiano para o não cotidiano, dos conhecimentos de
senso comum para os conhecimentos mais elaborados e complexos. Esse percurso revela-se ‘de baixo para cima’” (MARTINS, 2016,
p. 28).
A aprendizagem é um processo mediado por signos (culturais), inserido em contextos sociais carregados de significações, as
quais precisam ser transpostas do inter para o intrasubjetivo e cuja qualidade de apropriação depende das condições em que elas
ocorrem.
Martins (2016), ao confrontar a lógica da aprendizagem com a lógica do ensino, destaca que “[...] o percurso lógico do ensino
carece ocorrer do abstrato para o concreto, do geral para o particular, da síntese como possibilidade para a superação da síncrese,
do não cotidiano para o cotidiano, dos conceitos científicos a serem confrontados com os conceitos espontâneos. Logo, esse
percurso revela-se “de cima para baixo” (MARTINS, 2016, p. 29). A pesquisadora ainda acrescenta: “Consequentemente, o ensino só
pode sustentar-se como objetivação de apropriações já realizadas por quem ensina. Nesse sentido, o percurso lógico do ensino não
pode reproduzir o percurso lógico da aprendizagem, pois se assim o for não gerará as contradições necessárias à transformação do
sistema representado pela tríade conceitos científicos, conceitos espontâneos e seus objetos” (MARTINS, 2016, p. 29).
Nessa perspectiva, organizar o ensino implica, como tem se destacado nesta seção, um conjunto de saberes que extrapolam
a mera definição dos encaminhamentos e recursos didático-pedagógicos, que se objetivam em uma simples organização de
atividades que ocupem o tempo escolar. Além disso, torna-se possível inferir que não é possível ensinar aquilo que não se domina,
aquilo que não se conhece. É pertinente, ainda, destacar, as palavras de Saviani (2012) quando se refere à função social da escola
como instituição responsável pelo acesso ao saber sistematizado, momento em que também apresenta algumas das condições
necessárias para o acesso a esse saber:
Ora, o saber sistematizado, a cultura erudita, é uma cultura letrada. Daí que a primeira exigência para o acesso a esse tipo
de saber é aprender a ler e escrever. Além disso, é preciso também aprender a linguagem dos números, a linguagem da
natureza, e a linguagem da sociedade. Está aí, o conteúdo fundamental da escola elementar: ler, escrever, contar, os
rudimentos das ciências naturais e das ciências sociais (história e geografia). (SAVIANI, 2012, p.14).
70
Com base nas palavras supracitadas, entende-se que à escola compete, sobretudo, ensinar os rudimentos necessários à
instrumentalização primeira, ou seja, ensinar a ler, a escrever, a contar, a socializar o domínio das ciências naturais e sociais, por
meio das quais se permitem ampliar as possibilidades de inserção no mundo cultural por meio de domínios mais elevados sobre
esses rudimentos. O acesso aos conceitos científicos depende de processos de alfabetização devidamente conduzidos e concluídos,
bem como de processos de ensino devidamente orientados, de modo que se rompa com as exclusões tão frequentes, as quais
ocorrem em decorrência do não domínio dos conteúdos presentes na cultura letrada/erudita. Instrumentalizar os alunos é, sobretudo,
promover um ensino que possibilite a apropriação dos conteúdos da ciência e da cultura em suas diferentes manifestações.
Na prática pedagógica que se efetiva na sala de aula, é correto afirmar que se estabelecem a atividade de ensino, como
prática efetiva do professor, e a atividade de estudo, como prática do aluno. Moura, Sforni e Lopes (2017) definem a atividade de
estudo como “aquela atividade cujo produto são transformações no aluno” (MOURA; SFORNI; LOPES, 2017, p. 82). E, identificam
seus componentes como sendo “as tarefas de estudo, as ações de estudo e as ações de controle e avaliação”. De modo que “A
tarefa de estudo está associada à motivação do estudo, com a transformação do aluno em sujeito da atividade. Estar em atividade de
estudo é que coloca o aluno em ações de estudo. É a realização conjunta do aluno com seus colegas e o professor que vai permitir a
realização das ações de controle e avaliação dos resultados de sua atividade de estudo” (MOURA; SFORNI; LOPES, 2017, p. 82).
Tendo como objetivo promover a aprendizagem de conteúdos relevantes para uma formação emancipadora, a organização
do ensino é essencialidade que requer definição clara dos procedimentos metodológicos, pois, segundo os autores explicitam:
Da avaliação do que realiza poderá resultar a necessidade de mudanças na sua forma de atuação, já que no processo de
ensino irá perceber como agem os estudantes diante do conteúdo a ser aprendido. É a percepção, pela reflexão, sobre a
qualidade da aprendizagem que irá desencadear ou não novas ações do professor para atingir seu objetivo. Desse modo,
o controle intencional das ações e operações43, como parte do seu plano, permitirá ao professor passar qualitativamente
de um nível ao outro da organização da atividade de ensino, segundo as características do pensamento teórico. (MOURA;
SFORNI; LOPES, 2017, p. 85).
43
Ressalta-se a necessidade de aporte teórico como apoio à fundamentação de modo a ampliar a compreensão sobre a atividade de ensino e a de estudo.
Para tanto, é fundamental que o resultado dos trabalhos de diferentes grupos acadêmicos, os quais têm se dedicado à pesquisa, por intermédio de programas
que têm no financiamento público o suporte financeiro, continuem sendo socializados e debatidos em seminários, congressos e publicitados pelos meios
eletrônicos e impressos. É nesse diálogo da Universidade com a Educação Básica que tem-se a oportunidade de avançar na compreensão das imbricadas
relações entre teoria e prática. Nesse campo em específico, recomenda-se, por ora, o aprofundamento nas leituras dos trabalhos de Moura, Sforni e Lopes
(2017); Sforni (2015); Cardoso e Libâneo (2016); Arnoni (2003), os quais apresentam contribuições teóricas imprescindíveis à leitura e à compreensão teórico-
metodológico indicados nos diferentes componentes curriculares.
71
Nessa direção, às ações de organização do ensino vão exigindo o acompanhamento dos resultados correspondentes no que
tange à aprendizagem e à consequente tomada de decisão quanto à necessidade ou não de reorganização dos procedimentos
adotados para o ensino dos conteúdos escolares.
Além do domínio conceitual referente ao conteúdo, objeto de ensino, ao professor compete investigar as ações
desencadeadoras de aprendizagem, aquelas que produzem a real necessidade de novas elaborações ou novas sínteses resultantes,
por exemplo, da necessidade de confrontar informações sobre um mesmo conteúdo ou de núcleos conceituais diferentes. Vale
indicar que a prática pedagógica implica, ainda, conhecer os materiais e recursos disponíveis, a fim de saber de que forma será
possível conduzir as explicações, elaborações e/ou experimentações que se fizerem necessárias de modo a garantir a apropriação
dos conteúdos essenciais que se constituem o objeto de estudo. A organização do ensino, também, é referendada por Libâneo
(2016), o qual parte da defesa de um ensino que visa à formação do pensamento teórico e indica pressupostos para elaboração dos
planos, os quais, por sua vez, articulam-se ao corpus teórico da ciência a ser ensinada, requerendo do professor, amplo domínio
conceitual referente ao objeto de ensino, das ações mentais envolvidas e dos procedimentos e recursos necessários para
desencadear as situações de ensino. O autor destaca, dentre outros pontos, a necessidade de
Análise do conteúdo visando à elaboração do núcleo conceitual (núcleo do conceito) da matéria (princípio geral básico,
relações gerais básicas), que contém a generalização esperada para que o aluno a interiorize e a utilize para deduzir
relações particulares da relação básica identificada. Para isso, busca-se a gênese de desenvolvimento do conteúdo, isto é,
o processo histórico de sua constituição, recorrendo aos métodos e procedimentos de investigação próprios desta ciência.
(LIBÂNEO, 2016, p. 377).
Em síntese, tem-se a indicação objetiva do percurso do ato de planejar o ensino e a aprendizagem como trabalho pedagógico
em sala de aula que será viabilizado mediante ações intencionais, rigorosamente organizadas. Cabe destacar que o compromisso de
indicar o percurso a ser realizado para garantir a apropriação dos conceitos científicos será cumprido em cada componente curricular,
no campo dos encaminhamentos teórico-metodológicos. Nesse sentido, vale ressaltar os limites impostos pelo tempo histórico, o
desafio da produção coletiva em que tem-se a opção por metodologias de ensino consideradas mais adequadas ao objeto de ensino
do referido componente curricular, mantendo-se o respeito aos pressupostos teóricos já devidamente enunciados.
E, na lógica até aqui apresentada, não cabe enfatizar nenhuma concepção de avaliação que a trate de forma distinta ou
separada de todo o percurso. Situada no campo das ações de controle e avaliação, nos e dos processos de ensino e aprendizagem,
a avaliação contribui para que os fins a atingir se efetivem. Ela se reveste implícita no processo educativo com vários atributos:
72
diagnóstica, investigativa, processual, reflexiva, formativa e qualitativa. Diagnóstica e investigativa porque é um processo de reflexão
e investigação sistemática, com registros objetivos que permitem analisar e caracterizar o processo educativo, tanto com relação à
apropriação do aluno quanto com relação às ações articuladas para que essa apropriação aconteça. É formativa porque permite a
realimentação do processo e, assim, o acompanhamento permanente.
Ademais, não basta apenas diagnosticar; é preciso encaminhar ações que permitam a adequação dos procedimentos
utilizados para a consolidação dos objetivos e, consequentemente, para a apropriação dos conhecimentos. Há que se compreender
que os registros são provisórios e que ela se tornará qualitativa e contínua se os dados registrados forem pautados no pressuposto
de analisar a consolidação dos objetivos confrontados permanentemente, expressando a qualidade do processo, e não de um
determinado momento desse.
Segundo Janssen (2004), “à razão de ser da avaliação está em acompanhar, interativa e regulativamente, se os objetivos
pedagógicos estão sendo atingidos. Os processos avaliativos visam aproximar as formas de planejar, de ensinar, de aprender e
também de avaliar através da coleta de maior número possível de informações que sejam relevantes para a melhoria da qualidade
social do trabalho pedagógico” (JANSSEN, 2004, p. 58). Não se pode perder de vista que toda produção do aluno, inclusive o erro, é
uma fonte de informação importante sobre o processo de ensino e de aprendizagem, servindo de ponto de reflexão para a retomada
das ações de ensino que se apresentarem como necessárias a fim de garantir as aprendizagens objetivadas.
Considerando-se que é a partir de mediações significativas que se criam novas possibilidades de aprendizagem e de
desenvolvimento, as quais, por sua vez, exigirão novas mediações, não se pode: a) deter-se em coletar informações sobre momentos
específicos da aprendizagem dos alunos; e b) considerar momentos pontuais como a referência maior para análise de um percurso
de aprendizagem e desenvolvimento, os quais se revelam sempre em processo. Nas escolas, segundo Rego (2001), costuma-se
avaliar o aluno somente no nível de desenvolvimento real, ou seja, avalia-se aquilo que ele sabe no momento em que o instrumento
avaliativo é aplicado, que se revela por meio do que ele é capaz de fazer, sem colaboração de outros, como sendo o representativo
de seu desenvolvimento.
Nas reflexões sobre a avaliação, entendida como processo que serve para avaliar o ensino e a aprendizagem, defedende-se
que os resultados devem servir de suporte para reavaliar percursos de ensino e de aprendizagem, incluindo as diferentes situações
que incidem na organização das salas de aula e dos demais espaços educativos da instituição escolar, abarcando inclusive as
diferenças para que não se constituam em desigualdades. Há que se considerar a inclusão social e educacional, aspectos que
exigem a flexibilização curricular, quer seja com relação ao tempo, à forma, ao conteúdo, ao ensino e aos instrumentos e critérios de
avaliação, sem que ocorra a banalização/esvaziamento do conteúdo/conhecimento.
Ao tratar das ações de avaliação, é importante refletir sobre os instrumentos que poderão ser utilizados na relação com o
núcleo conceitual das áreas do conhecimento de modo que assegurem situações de análise, de interpretação, de síntese, de
73
memorização de informações e de conceitos relevantes, de reflexão, de aplicação de conhecimentos, dentre outros aspectos. Os
instrumentos, quando bem elaborados, podem contribuir para a necessária e coerente interpretação das informações contidas nas
atividades avaliativas de modo que, professor e aluno, tomem consciência das suas trajetórias de ensino e de aprendizagem, na
relação com o núcleo conceitual a ser apropriado pelos alunos como resultado das atividades desenvolvidas. Assim, criar estratégias
próprias de aprendizagem, construindo ações mais autônomas, no sentido da emancipação intelectual e da construção da autocrítica,
por parte de todos os envolvidos, passa a ser uma ação consequente/resultante do processo de avaliação.
A reflexão crítica sobre o ensino e a aprendizagem, realizadas por parte de todos os envolvidos no processo, aponta para o
redimensionamento de práticas pedagógicas que legitimam a função social da instituição escolar como espaço privilegiado de
socialização do conhecimento científico e, consequente, do desenvolvimento do pensamento teórico, por intermédio de atos
intencionais de ensino e de aprendizagem, os quais legitimam a manutenção da instituição social escola.
É preciso ampliar o debate sobre aprovação, reprovação, ciclo e/ou contínuos de modo a superar seus limites operacionais e
legais, uma vez que, a não retenção é uma ação pedagógica significativa, quando acompanhada de atos de ensino que priorizem à
efetiva aprendizagem. O processo educativo, ao ser metodicamente planejado e avaliado, precisa garantir a consolidação de
objetivos, contribuindo para que se estabeleçam relações que instiguem o espírito investigador e que ampliem a exigência com
relação ao domínio do conhecimento historicamente acumulado.
Ao tratar da avaliação do processo educativo, não se pode desconsiderar as ações de autoavaliação, por intermédio da
previsão da avaliação institucional, a partir da análise dos resultados alcançados nas diferentes práticas desenvolvidas, bem como a
análise dos resultados alcançados nas avaliações realizadas pelo sistema educacional. Diferentemente de confrontar índices
estatísticos, as ações de controle e autoavaliação aqui concebidas abarcam exercícios de autorreflexão mediatizados pelas
concepções que fundamentam essa PPC e rompem com práticas competitivas, visando a retornar ao que está concebido e proposto
na relação direta com o que se tem alcançado, mediante as condições existentes, com vistas a reorganizar procedimentos sempre
que necessário, bem como fortalecer as ações que alcançam bons resultados. A defesa é a de que cabe à escola cumprir seu papel,
possibilitando o acesso ao conjunto de conhecimentos produzidos pela humanidade por meio do efetivo trabalho escolar, da
investigação e da reflexão.
Defende-se, neste documento, o exposto nas diretrizes curriculares, bem como nos acordos internacionais firmados em prol
dos interesses da humanidade, os quais apontam para a formação de sujeitos que apresentem domínios nas diferentes áreas do
conhecimento, tenham desenvoltura linguística, de raciocínio e criatividade, para que possam resolver situações diferenciadas, para
que valorizem a diversidade cultural, para que cuidem da saúde física e emocional; para que se preocupem com o meio ambiente e
com o planeta, para que utilizem diferentes linguagens, incluindo a digital para se comunicar e se expressar, e, sobretudo, para que
respeitem o diferente, o diverso, valorizem o humano em si e no outro, de modo a melhorar os espaços de convivência. Entende-se
74
que, por ser viável a construção das relações sociais indicadas nos documentos legais e orientadores das práticas formativas,
agregada à difusão desses princípios, faz-se necessária a transformação nas relações de produção material da existência humana.
Contudo, não compete aguardar mudanças na base material, é necessário que a instituição atue no campo daquilo que lhe é próprio,
ou seja, a socialização dos conhecimentos científicos e culturais produzidos pela humanidade.
Para que o trabalho educativo se efetive da maneira indicada nesses pressupostos, as políticas públicas municipais para
formação dos profissionais da educação não podem ser compostas de eventos pontuais, nem podem ficar submetidas às mudanças
de governo, ou ainda mais grave, submetidas às empresas, às fundações e às corporações que têm adentrado ao espaço escolar, as
quais, oferecendo produtos e serviços por meio de parcerias, amarram programas de formação contínua, vinculados aos interesses
corporativos, desvirtuando os princípios político-pedagógicos tão arduamente construídos na discussão coletiva dos projetos políticos
pedagógicos. A formação precisa ser contínua, garantindo o aprofundamento teórico-metodológico, a unidade e a coerência aos
pressupostos teóricos que sustentam as concepções de desenvolvimento humano, de aprendizagem, de ensino, de organização
pedagógica, dentre outros.
Nesse sentido, o processo de formação inicial e contínua dos trabalhadores da educação, planejado em curto, médio e longo
prazos, tendo em vista a necessidade de uma formação plena, fica vinculado à concepção que contemple a multidimensionalidade do
conhecimento e que objetive a humanização do homem na perspectiva de sua emancipação. O Plano Nacional de Educação e o
Plano Municipal de Educação, aliado ao plano de governo municipal, pautam o planejamento da formação contínua, contemplando a
totalidade dos profissionais da educação, fator que requer estabelecimento de prioridades, e a exclusão programas e projetos que
atravessam os fins da instituição escolar, uma vez que a defesa desta PPC parte do entendimento maior de que “Clássico na escola
é a transmissão-assimilação do saber sistematizado. Este é o fim a atingir” (SAVIANI, 2012, p. 17). O mapeamento de situações
vivenciadas no cotidiano evidencia que há necessidade de empreender esforços no sentido de limpar o espaço escolar daquilo que é
secundário, daquilo que não é essencial, que vem atravessando a prática de ensino e, consequentemente, a de aprendizagem,
impactando nos resultados alcançados, em termos qualitativos.
A formação teórica do professor, quer seja na condição inicial ou contínua, parte dos mesmos princípios defendidos para o
ensino, primando pelo rigor dos conceitos e pelo rigor metodológico, visando a alçar níveis de compreensão cada vez mais
complexos que auxiliem no domínio conceitual e nas relações necessárias que incidam em práticas pedagógicas mais consistentes
que auxiliem na transposição da síncrese à síntese, do abstrato ao concreto pensado, na superação dos saberes em nível de senso
comum, alçando os patamares da elaboração conceitual sustentado por um domínio consistente. Essa formação a que este
documento se refere só ganhará caráter de continuidade se propiciar um processo de aprofundamento epistemológico, cuja previsão
deve constar, inclusive, nos Planos Municipais de Educação como resultado da participação efetiva dos trabalhadores no
planejamento dessa prática formativa e do seu conteúdo.
75
Assim, provisoriamente, finalizam-se as reflexões sobre os pressupostos pedagógicos, sendo esses articulados, na
sequência, aos legais à medida que esses, também, possibilitam e limitam práticas político-pedagógicas. No campo da gestão da
instituição escolar, lócus no qual incidem os resultados das decisões políticas dos sistemas, compete, sobretudo, o esforço pela
implementação de práticas efetivas de ensino que resultem em aprendizagem. Conhecer o conjunto jurídico que regulamenta e, por
vezes, condiciona a ação pedagógica, especialmente para que não se permita que regulamentações específicas e transitórias
assumam relevância ou significado que extrapolem sua exiguidade ou pequenez, é sumamente importante. Dessa forma, mesmo que
demarcados pelo aparato jurídico de um sistema legal, esta PPC ampara-se na consistência e coerência advindas dos princípios até
aqui assumidos, para seguir na organização das propostas pedagógicas curriculares, as quais complementarão este documento
curricular para a Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental.
PRESSUPOSTOS LEGAIS
Para compreender as implicações decorrentes da legislação educacional, é necessário situá-la no contexto das
transformações econômicas, políticas, culturais e geográficas que caracterizam a reorganização do sistema capitalista mundial,
intensificada ainda na segunda metade do século passado, e que tem sua defesa associada à indicação de avanços científicos e
tecnológicos, à globalização da economia e abertura de novos mercados consumidores. As transformações no modo de organizar a
produção econômica, defendidas como prioridades nos programas econômicos pela Organização de Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE) e pelo Banco Mundial, influenciam e afetam diretamente a organização das políticas e programas no campo da
educação. Esses organismos e os documentos que sustentam os acordos firmados encaram o desemprego, a fome, a pobreza e o
aumento das desigualdades como problemas que decorrem dos aspectos culturais, cuja solução estaria na proposição de um projeto
de educação voltado para a empregabilidade, concebendo a formação integral em uma perspectiva reducionista, ou seja, apenas
articulada às necessidades do mercado de trabalho.
Nesse processo de mudanças, defende-se, no campo discursivo, a reforma do ensino, principalmente nos países em
desenvolvimento, implicando mudanças nas políticas educacionais, alterações nos currículos, na gestão educacional, na avaliação
dos sistemas e na formação dos profissionais da educação. O Brasil, influenciado por essas políticas internacionais, adotou novas
estratégias, entre as quais se destaca a descentralização administrativa e a transferência de atribuições e responsabilidades, antes
do Estado, para as instituições de ensino e para os profissionais da educação. No campo das práticas sociais e da implementação
das políticas públicas, constata-se que o investimento insuficiente por parte do Estado44 na educação pública dificulta a efetivação de
44
A palavra Estado, grafada com inicial maiúscula, é uma forma organizacional cujo significado é de natureza política. É uma entidade com poder soberano
para governar um povo dentro de uma área territorial delimitada. As funções tradicionais do Estado englobam três domínios: Poder Executivo, Poder
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uma educação de qualidade com perspectiva de inclusão social, permanecendo e, até mesmo, agravando os quadros de exclusão ao
acesso aos bens culturais produzidos e acumulados pela humanidade.
E com essa clareza, parte-se do princípio de que a legislação educacional e as políticas públicas caracterizam-se pela
provisoriedade, a qual é determinada pelas condições históricas nas quais são produzidas, mantendo, ao mesmo tempo, um caráter
de permanência, ao estabelecer os direitos básicos de acesso à educação. Pode-se inferir que o aparato legal atua como
mecanismo de regulação dos Sistemas de Ensino45, bem como pressuposto de garantia do direito de acesso à Educação Básica.
Assim, cabe ressaltar que o acervo legal que jurisdiciona a organização do trabalho administrativo e pedagógico nas instituições
escolares está posto nos dispositivos advindos na forma de Lei, Decreto, Resolução, Parecer, Indicação e/ou Instrução que emanam
orientações e princípios que precisam ser considerados no conjunto das práticas curriculares. E é nesse contexto que tais
dispositivos serão considerados, observando-se seus limites e também suas implicações.
Vale ressaltar que as instituições se encontram jurisdicionadas à legislação nacional na forma das leis e decretos aprovados
pelo Congresso Nacional e sancionados pela Presidência da República, sendo competência dos Conselhos Nacional, Estadual e
Municipal de Educação emanar normativas específicas para assuntos educacionais a eles jurisdicionados. Os municípios que não
têm seus Conselhos Municipais de Educação constituídos com poderes normativos seguem as normas emanadas do Conselho
Estadual de Educação. O esforço que se empreende é o de garantir a atuação de modo articulado entre as esferas administrativas
federal, estadual e municipal, a fim de alçar a organicidade e sistematicidade previstas em lei. Mediante tais considerações, é
fundamental empreender esforços para que os desdobramentos jurídicos sejam tomados na integralidade, na organicidade e
sistematicidade à luz dos demais pressupostos que organizam esta PPC, de modo a contribuir para o fortalecimento do sistema
nacional de educação, tarefa essa que compete a todos, indistintamente.
No que tange à legislação nacional, no final da década de 1980, a Educação passou a ser garantida pela Constituição
Federal de 1988 – CF/88, como direito público subjetivo, e foi apontada como “direito de todos e dever do Estado e da família” (Art.
205). Ademais, os princípios constitucionais são prerrogativas a serem cumpridas na Educação, em todos os níveis de ensino,
primando por: equidade no acesso e na permanência, liberdade de ensinar e aprender, pluralismo de ideias e concepções
pedagógicas, gratuidade no ensino público em estabelecimentos oficiais, valorização dos profissionais da educação, gestão
Legislativo e Poder Judiciário. Numa nação, o Estado desempenha funções políticas, sociais e econômicas. Também são designadas por Estado, cada uma das
divisões político-geográficas de uma república federativa. Estas divisões são autônomas e possuem um governo próprio regido por uma estrutura administrativa
local. O Brasil é dividido em 26 Estados e um Distrito Federal. (Disponível em: https://www.significados.com.br/estado/. Acesso em: 12 de novembro de 2018, às
9h45).
45
Com base nos dados de adesão a este currículo, em sua fase de sistematização, 53 municípios participaram; desses, somente o município de Toledo tem
Sistema Próprio de Ensino municipal constituído como autônomo, pois tem as funções como CME de serem: consultiva, deliberativa, normativa, fiscalizadora e
mobilizadora.
77
democrática, garantia de padrão de qualidade (art. 206, I a VII). A Emenda Constitucional nº 59/2009 alterou o artigo 208 e
determinou que é obrigação do Estado a oferta do ensino, estabelecendo que: “I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4
(quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na
idade própria”. A Constituição Federal atribui aos municípios o dever de ofertar, organizar e garantir o acesso à Educação Infantil e
ao Ensino Fundamental, e a Constituição do Estado do Paraná46, aprovada em 05 de outubro de 1989, em seus artigos de 177 a
189, por sua vez, referenda o previsto na Constituição Federal de 1988 no campo dos direitos sociais no que tange à organização
da educação.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN, doravante) nº 9.394/96 normatiza, orienta os sistemas de
ensino do país e reitera as disposições da Constituição Federal, definindo princípios, normas e critérios para a efetivação do acesso
e da permanência da criança, do adolescente, do jovem e do adulto em todos os níveis e modalidades de ensino, vinculando a
educação ao mundo do trabalho e à prática social. No Art. 11, estabelece-se que é responsabilidade dos municípios “organizar,
manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas de ensino, integrando-os às políticas e planos educacionais
da União e dos Estados”, além de “oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas e, com prioridade, o Ensino Fundamental
[...]”. Ao estabelecer os níveis, etapas e modalidades de ensino, a LDBEN organiza a educação escolar em Educação Básica,
formada pela Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio; e em Educação Superior. Este documento curricular é
direcionado para a Educação Infantil e os Anos Iniciais do Ensino Fundamental.
A Educação Infantil tem “como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos
físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”. Ao ser definida como a primeira etapa
da educação básica, a sua oferta é indicada para ser efetivada, conforme expresso no artigo 30 da LDBEN nº 9.394/96, em: “I -
creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade; II - pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5
(cinco) anos de idade”. Quanto ao Ensino Fundamental, do 1º ao 9º ano, por sua vez, o artigo 32 destaca os objetivos da formação
mediante:
I – o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno desenvolvimento da leitura, da
escrita e do cálculo;
46
A Constituição do Estado do Paraná teve seus artigos referentes à educação alterados por força da Emenda Constitucional nº 7 de 24 de abril de 2000 e
Emenda Constitucional nº 21 de de 02 de agosto de 2008. Sofreu alterações por força da Lei nº 13.625 de 05 de junho de 2002; da Lei nº 15.917 de 12 de
agosto de 2008; da Lei nº 15.982 de 24 de dezembro de 2008; da Lei nº 16.193 de 30 de julho de 2009 e da Lei nº 16.889 de 02 de agosto de 2011, conforme
registros até esta data.
78
II – a compreensão do ambiente natural, e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se
fundamenta a sociedade;
III – o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a
formação de atitudes e valores;
IV – o fortalecimento de vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se
assenta a vida social. (BRASIL, 1996, art. 32).
No período de 2006 a 2018, as redes municipais conviveram com a problemática do corte etário que impactou na definição da
matrícula no Ensino Fundamental ou permanência da criança na Educação Infantil, em função da idade, situação que foi amplamente
discutida e caracterizada no contexto educacional. No período desta 4ª revisão curricular, a decisão do Supremo Tribunal foi deferida,
após o julgamento conjunto, no dia 01/08/2018, pelo STF, da ADC47 nº 17 e da ADPF48 nº 292; em seguida, a Câmara de Educação
Básica do Conselho Nacional de Educação emitiu o Parecer CNE/CEB nº 2, de 13 de setembro de 2018, o qual fundamenta as
Diretrizes Operacionais complementares para a matrícula inicial de crianças na Educação Infantil e no Ensino Fundamental,
respectivamente, aos quatro e aos seis anos de idade, diretrizes essas aprovadas por meio da Resolução CNE/CEB nº 2, de 9 de
outubro de 2018, fixando a data de corte etário vigente em todo o território nacional, para todas as redes e instituições de ensino,
públicas e privadas. No Paraná, por sua vez, cabe observar ainda as orientações expressas no Parecer Normativo CEE/PR nº
02/2018 – CP do Conselho Estadual de Educação, aprovado em 28 de setembro de 2018, que reafirma o corte etário, prevendo
orientações para o período de transição aos matriculados anteriormente a esta data.
No que diz respeito ao currículo, a LDBEN nº 9394/96 estabelece que a Educação Infantil e o Ensino Fundamental devem
contemplar uma base nacional comum, composta pelo estudo da “Língua Portuguesa e da Matemática, o conhecimento do mundo
físico e natural e da realidade social e política especialmente do Brasil, além de uma parte diversificada que contemple as
características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos” (Art. 26). A Lei diz respeito às
peculiaridades da vida rural e de cada região, afirmando que os conteúdos curriculares, as metodologias de ensino e a organização
escolar devem atender às condições e à natureza do trabalho na zona rural (Art. 28). Ao extrair as orientações legais, é certa a
indicação de que, além do já exposto, devem constar conhecimentos sobre o ensino da arte, em suas expressões regionais,
abarcando as artes visuais, a dança, a música e o teatro como linguagens do componente curricular; a educação física, integrada à
proposta pedagógica da instituição escolar; o ensino da história do Brasil, considerando as contribuições das diferentes culturas e
etnias, sobretudo das matrizes indígena, africana e europeia; ademais, registra-se, ainda, a obrigatoriedade da exibição de filmes de
47
ADC – Ação Declaratória de Constitucionalidade.
48
ADPF – Aguição de Descumprimento de Preceito Fundamental.
79
produção nacional, como componente curricular obrigatório na Educação Básica, a qual não está definida em termos de etapa, com
destaque para duas horas mensais, devendo integrar ação pedagógica devidamente planejada pela equipe responsável,
considerando a adequação do material. Às instituições vinculadas ao Sistema Estadual de Ensino cabe responder às exigências da
Deliberação nº 07 de 10 de novembro de 2006, a qual institui a inclusão dos conteúdos de História do Paraná nos currículos da
Educação Básica, podendo ser ofertada, conforme previsto na legislação de duas formas, como “disciplina de História do Paraná na
parte diversificada do currículo, em mais de uma série ou distribuir os seus conteúdos em outros componentes curriculares,
baseados em bibliografia especializada” (PARANÁ, 2006).
No que tange à organização curricular, a LDBEN nº 9.394/96 teve seus artigos complementados por outras legislações, as
quais indicam ou acrescem conteúdos que devem ser abordados de forma transversal. Dessa forma, serão nos PPPs, mais
especificamente no campo das PPCs, que a Educação Infantil e os Anos Iniciais do Ensino Fundamental evidenciarão cumprimento
das exigências legais quanto à inserção de temáticas que dizem respeito a assuntos de interesse nacional, estadual, regional e/ou
local, articulando-os ao conteúdo dos componentes curriculares sempre que possível, evitando a inserção de projetos de forma
aleatória que produzam cortes/interrupções ou sobreposições.
Observa-se no contexto dos estudos destacados até aqui que a Resolução CNE/CP nº 2, de 22 de dezembro de 2017,
referenda o estabelecido na LDBEN nº 9.394/96 e em suas alterações, conforme exposto no artigo 8º:
§ 1º Os currículos devem incluir a abordagem, de forma transversal e integradora, de temas exigidos por legislação e
normas específicas, e temas contemporâneos relevantes para o desenvolvimento da cidadania, que afetam a vida humana
em escala local, regional e global, observando-se a obrigatoriedade de temas tais como o processo de envelhecimento e o
respeito e valorização do idoso; os direitos das crianças e adolescentes; a educação para o trânsito; a educação
ambiental; a educação alimentar e nutricional; a educação em direitos humanos; e a educação digital; bem como o
tratamento adequado da temática da diversidade cultural, étnica, linguística e epistêmica na perspectiva do
desenvolvimento de práticas ancoradas no interculturalismo e no respeito ao caráter pluriétnico e plurilíngue da sociedade
brasileira. (BRASIL, 2017, art. 8).
O que se constata é que alguns desses temas estão regulamentados por dispositivos legais específicos e outros apenas no
que já está indicado no texto da Resolução supracitada, requerendo os mesmos cuidados ao abarcar as referidas temáticas,
cumprindo-as no corpo do trabalho com os componentes curriculares. Nesse campo de exigências e referências legais, abre-se para
a indicação mais específica de regulamentações com o intuito de direcionar a organização das disciplinas na sequência dessa
proposta:
80
a) Processo de envelhecimento, respeito e valorização do idoso – Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994, que dispõe sobre a
Política Nacional do Idoso, cria o Conselho Nacional do Idoso; Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, que dispõe sobre o Estatuto
do Idoso, e a Lei nº 13.466, de 12 de julho de 2017, que altera alguns de seus artigos. Vale ressaltar que nas instituições estão
presentes formas de organização familiar em que a presença do idoso se faz, inclusive como provedor das condições de existência
da criança que se encontra matriculada nos Centros de Educação Infantil e/ou escola;
b) Direitos da Criança e do Adolescente – Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, dispõe sobre o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), cujos artigos encontram-se alterados por inúmeras outras legislações, que tratam de conteúdos pertinentes aos
assuntos das configurações familiares, interferências na guarda e/ou educação infantil de crianças, quando há progenitores privados
de liberdade, dentre outros aspectos relevantes. Em nota49, são indicadas algumas das legislações que alteram/complementam o
ECA como forma de ressaltar a responsabilidade que se assume frente à implementação dos PPPs e respectivas PPCs
considerando que as implicações decorrentes da legislação impactam na organização das famílias, seus direitos e seus deveres e,
49
Lei nº 13.438, de 26 de abril de 2017, que altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), para tornar obrigatória a
adoção pelo Sistema Único de Saúde (SUS) de protocolo que estabeleça padrões para a avaliação de riscos para o desenvolvimento psíquico das crianças. Lei
nº 13.257, de 8 de março de 2016, dispõe sobre as políticas públicas para a primeira infância e altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da
Criança e do Adolescente), o Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada
pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1o de maio de 1943, a Lei nº 11.770, de 9 de setembro de 2008, e a Lei nº 12.662, de 5 de junho de 2012. Lei nº 13.436, de 12 de
abril de 2017, altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), para garantir o direito a acompanhamento e orientação à
mãe com relação à amamentação. Lei nº 13.509, de 22 de novembro de 2017, dispõe sobre adoção e altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da
Criança e do Adolescente), a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e a Lei nº 10.406, de 10 de
janeiro de 2002 (Código Civil). Lei nº 13.715, de 24 de setembro de 2018, altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a Lei nº
8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), e a Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), para dispor sobre hipóteses de
perda do poder familiar pelo autor de determinados crimes contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar ou contra filho, filha ou outro descendente.
Lei nº 13.306, de 4 de julho de 2016, altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente, a fim de fixar em cinco anos a idade
máxima para o atendimento na educação infantil. Lei nº 13.010, de 26 de junho de 2014. Altera a Lei nº8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do
Adolescente), para estabelecer o direito da criança e do adolescente de serem educados e cuidados sem o uso de castigos físicos ou de tratamento cruel ou
degradante, e altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. No que tange a alteração do previsto na LDBEN nº 9.394/96 temos a indicação da inclusão do
que segue: “Conteúdos relativos aos direitos humanos e à prevenção de todas as formas de violência contra a criança e o adolescente serão incluídos, como
temas transversais, nos currículos escolares de que trata o caput deste artigo, tendo como diretriz a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e
do Adolescente), observada a produção e distribuição de material didático adequado.” (NR). Lei nº 12.010, de 3 de agosto de 2009, que dispõe sobre adoção;
altera as Leis nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 8.560, de 29 de dezembro de 1992; revoga dispositivos da Lei no
10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, e da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943; e
dá outras providências. Neste caso a legislação ampara situações em que as crianças estejam em programas de acolhimento. A Lei nº 12.955, de 5 de fevereiro
de 2014, acrescenta § 9° ao art. 47 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), para estabelecer prioridade de tramitação
aos processos de adoção em que o adotando for criança ou adolescente com deficiência ou com doença crônica. Lei nº 12.962, de 8 de abril de 2014, que
altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente, para assegurar a convivência da criança e do adolescente com os pais
privados de liberdade. Além dessas, a Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que institui o Código Civil e que trata dos direitos e deveres na ordem civil e tem
artigos alterados por legislações específicas, as quais poderão ser acessadas a partir dela.
81
consequentemente, na proteção à infância e à adolescência em relação às quais à instituição escolar é parte constituinte. É
imprescindível que o desdobramento jurídico, as alterações e as referidas implicações sejam amplamente conhecidas tanto no
espaço da organização administrativa quanto na organização do trabalho pedagógico. Arranjos familiares ao serem efetivados,
sobretudo por decisões judiciais, muitas vezes, alteram rotinas e intensificam conflitos nos contextos familiares, colocando as
instituições de ensino e as equipes de apoio administrativo e pedagógico na condição de necessitar atuar de modo mais integrado às
outras secretarias, inclusive, primando pela proteção aos direitos da infância e da adolescência. O artigo 26 da LDBEN nº 9.394/96
foi alterado em sua redação original, por força da Lei nº 13.010, de 2014, e passou a integrar em seu parágrafo 9º a inclusão nos
temas transversais, de conteúdos relativos “à prevenção de todas as formas de violência contra a criança e o adolescente”, sendo
necessário neste campo a consequente preparação dos profissionais da educação para atuar nesta área de prevenção e de
intervenção, quando necessário, acionando as demais instituições vinculadas à rede de proteção à criança e ao adolescente;
c) Educação para o Trânsito, amparada na Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, que Institui o Código de Trânsito
Brasileiro com ênfase nos artigos de 74 a 76;
d) Amparada na Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, que dispõe sobre a educação ambiental e institui a Política Nacional de
Educação Ambiental. O Conselho Nacional de Educação, por sua vez, por intermédio do Parecer CNE/CP nº 14/2012, que
fundamenta a Resolução nº 2, de 15 de junho de 2012 do CNE/CP estabeleceu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação Ambiental. Nessa temática, é também fundamental considerar os acordos, as agendas50 e as conferências realizados de
modo a atuar na direção de contribuir para a efetivação dos objetivos globais, os quais incidem em compromissos que se alinham à
Declaração Universal dos Direitos Humanos51, assinada ainda em 1948, cujos princípios ainda são tarefas a serem cumpridas para
grande parte da humanidade. Ainda no campo da Educação Ambiental, o Estado do Paraná aprovou a Lei nº 17.505, de 11 de
janeiro de 2013, que institui a Política Estadual de Educação Ambiental e o Sistema de Educação Ambiental, e ressalta que deve ser
promovida de maneira integrada, interdisciplinar e transversal no currículo escolar de modo permanente em todos os níveis e
modalidades do ensino;
e) Educação Alimentar e Nutricional52, amparada na Lei nº 13.666, de 16 de maio de 2018, inclui o tema transversal da
educação alimentar e nutricional no currículo escolar. Nesse campo, há que se intensificar o trabalho preventivo e articulado à saúde
50
Em setembro de 2015, líderes mundiais reuniram-se na sede da ONU, em Nova York, e decidiram um plano de ação para erradicar a pobreza, proteger o
planeta e garantir que as pessoas alcancem a paz e a prosperidade, a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, a qual contém o conjunto de 17
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Disponível em: http://www.agenda2030.com.br/
51
Disponível em: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/declaracao-universal-dos-direitos-humanos.htm. A Declaração Universal dos Direitos
Humanos pode ser considerada o principal documento de referência ao exercício da cidadania, criado pela ONU em 1948.
52
É importante relacionar a essa regulamentação o previsto na Lei nº 12.982, de 28 de maio de 2014, a qual altera a Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009,
para determinar o provimento de alimentação escolar adequada aos alunos portadores de estado ou de condição de saúde específica, com base em
recomendação médica. Assim, é fundamental conhecer o exposto na Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009, uma vez que ela regulamenta o atendimento da
82
pública quando do trato das restrições alimentares, da promoção de hábitos de alimentação saudável e da preservação da saúde e
da vida humana;
f) Educação em Direitos Humanos fundamentada no Parecer CNE/CP nº 8/2012 e na Resolução nº 1, CNE/CP, de 30 de
maio de 2012, que estabelece Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos. O texto do Parecer é claro ao explicitar os
princípios da Educação em Direitos Humanos, cuja finalidade encontra-se em “promover a educação para a mudança e a
transformação social”, fundamentada nos princípios da dignidade humana, igualdade de direitos, reconhecimento e valorização das
diferenças e das diversidades, laicidade do Estado, democracia na educação, transversalidade, vivência e globalidade,
sustentabilidade socioambiental, pautada no desafio de promover processos formativos que auxiliem as pessoas a se reconhecerem
como pessoas de direitos, em condições de exercê-los, de promovê-los e de respeitá-los enquanto direito do outro. A normativa, por
sua vez, imprime a obrigatoriedade de formação inicial e continuada aos profissionais da educação para que a Educação em Direitos
Humanos53 quer seja pela transversalidade, como um conteúdo, ou de maneira mista, se constitua como conhecimento integrante do
currículo e trabalho escolar;
g) Diversidade cultural, étnica, linguística e epistêmica na perspectiva do desenvolvimento de práticas ancoradas no
interculturalismo e no respeito ao caráter pluriétnico e plurilíngue da sociedade brasileira. Nesse campo, o arcabouço jurídico
sustenta as práticas pedagógicas na instituição escolar por intermédio da Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que inclui no
currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira"; nos seus desdobramentos da
luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo
negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil, além de instituir o dia 20 de novembro como ‘Dia
Nacional da Consciência Negra’. A Lei nº 11.645, de 10 de março de 2008, por sua vez, inclui no currículo oficial da rede de ensino a
obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena", em especial nas disciplinas de Arte, Literatura e História.
Cabe enfatizar que no âmbito do Conselho Nacional de Educação é emitido o Parecer CNE/CEB nº 3, de 10 de março de 2004
referente às Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura
Afro-Brasileira e Africana, regulamentadas pela Resolução CNE/CP nº 1, de 17 de junho de 2004. Outra regulamentação foi por
meio da Resolução CNE/CP nº 5, de 22 de junho de 2012, que definiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar
Indígena na Educação Básica, amparada no texto do Parecer do CNE/CEB nº 13, de 15 de junho de 2012.
alimentação escolar e o Programa Dinheiro Direto na Escola aos alunos da Educação Básica, incidindo em campos de conteúdo que atravessam o currículo
escolar e que são do interesse da comunidade compreender e fiscalizar para que seja viabilizado o efetivo controle social por meio dos conselhos gestores e do
acompanhamento da população em geral.
53
É preciso também conhecer o disposto no Decreto nº 7.037, de 21 de dezembro de 2009, por meio do qual foi aprovado o Programa Nacional de Direitos
Humanos - PNDH-3, cujas diretrizes centram-se no combate às diversas formas de violência, de segregação e de discriminação, enfatizando as
responsabilidades sociais frente à construção de práticas democráticas e de valorização à vida humana com dignidade.
83
Nesse quesito, há que se considerar, ainda, a Resolução CNE/CP nº 3, de 16 de maio de 2012, a qual estabelece Diretrizes
para o atendimento de educação escolar de crianças, de adolescentes e de jovens em situação de itinerância, com fundamento no
Parecer CNE/CP nº 14, de 07 de dezembro de 2011, o qual contempla, conforme exposto no texto da regulamentação, os ciganos,
indígenas, povos nômades, trabalhadores itinerantes, acampados, circenses, artistas e/ou trabalhadores de parques de diversão, de
teatro mambembe, dentre outros, com implicações na vida legal e pedagógica destes estudantes, incluindo as questões postas pela
proximidade com a fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina. Alguns municípios, com maior ênfase que os demais, deverão tratar
desses aspectos em seus PPPs de forma específica.
O CNE estabelece, ainda, diretrizes à Educação Básica nas escolas do campo por meio da Resolução CNE/CEB nº 1, de 3
de abril de 2002, amparada no Parecer CNE/CEB nº 36, de 4 de dezembro de 2001, em um esforço concentrado de respeito às
especificidades das comunidades camponesas, de seus direitos sociais, sua organização social, atividades culturais, econômicas e
prestação de serviços e por intermédio do Parecer CNE/CEB nº 23, de 12 de setembro de 2007 e da Resolução do CNE/CEB nº 2,
de 28 de abril de 2008, instituiu diretrizes complementares, normas e princípios para o desenvolvimento de políticas públicas de
atendimento da Educação Básica do Campo.
Está previsto, também, o estudo dos símbolos nacionais - a Bandeira Nacional, o Hino Nacional, as Armas Nacionais e o Selo
Nacional - como tema transversal exigido pela Lei nº 12.472, de 1º de setembro de 2011.
A Lei nº 13.663, de 14 maio de 2018, alterou o art.12 da LDBEN nº 9.394/96 e incluiu “a promoção de medidas de
conscientização, de prevenção e de combate a todos os tipos de violência e a promoção da cultura da paz entre as incumbências dos
estabelecimentos de ensino” de modo a combater, “ especialmente a intimidação sistemática (bullying), no âmbito das escolas”
(BRASIL, 2018).
Ao tratar das questões que transversalizam o currículo escolar, a Resolução CNE/CEB nº 04, de 13 de julho de 2010,
reafirma que a base nacional comum e a parte diversificada do currículo “devem ser organicamente planejadas e geridas de tal modo
que as tecnologias de informação e comunicação perpassem transversalmente a proposta curricular, desde a Educação Infantil até o
Ensino Médio, imprimindo direção aos projetos político-pedagógicos” (BRASIL, 2010). A Resolução CNE/CP nº 2, de 22 de
dezembro de 2017, no artigo 8º, inciso VIII, § 1º, insiste na educação digital como tema transversal a ser trabalhado, sendo
fundamental que ela seja utilizada a favor da aprendizagem. Para tanto, o professor deve saber utilizar as ferramentas digitais em
benefício da aprendizagem, ensinando os alunos a utilizarem os recursos e as informações disponíveis no mundo digital, de modo
responsável e colocando-as a serviço efetivo da aprendizagem. Nessa direção, compete conhecer a Lei nº 12.965, de 23 de abril de
2014, que estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil, prevendo responsabilidades tais como
as previstas no artigo “Art. 26. O cumprimento do dever constitucional do Estado na prestação da educação, em todos os níveis de
ensino, inclui a capacitação, integrada a outras práticas educacionais, para o uso seguro, consciente e responsável da internet como
84
ferramenta para o exercício da cidadania, a promoção da cultura e o desenvolvimento tecnológico.” Em decorrência, o Decreto nº
9.204, de 23 de novembro de 2017, instituiu o Programa de Inovação Educação Conectada com o objetivo de “conjugar esforços
entre órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, escolas, setor empresarial e sociedade civil para
assegurar as condições necessárias para a inserção da tecnologia como ferramenta pedagógica de uso cotidiano nas escolas
públicas de educação básica.” (BRASIL, 2017). Nesse campo, o artigo 22 da Resolução CNE nº 02/2017 indica que o tema
computação será tratado de forma específica pelo CNE.
A Resolução CNE/CEB nº 05, de 17 de dezembro de 2009, fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil
e enfatiza responsabilidades frente ao combate ao racismo, às discriminações de gênero, sócio-econômicas, étnico-raciais e
religiosas, bem como o compromisso com a construção de identidade, como direito fundamental da criança. O texto legal destaca a
presença das creches em territórios não urbanos e a necessidade de respeito às identidades das comunidades indígenas e à sua
cultura, com as devidas responsabilidades administrativas e pedagógicas de previsão de oferta de brinquedos e equipamentos que
respeitem as características ambientais e socioculturais das comunidades quando as especificidades assim exigirem. No que tange à
organização da Educação Infantil, cabe, ainda, destacar os direitos de aprendizagem e desenvolvimento estabelecidos pela já
indicada Resolução CNE/CP nº 2/2017, quais sejam: os direitos de conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se,
os quais estarão devidamente situados no campo da proposta pedagógica específica à educação infantil, direitos esses reforçados
pela Deliberação CEE/CP nº 03/18, aprovada em 22/11/18.
A Resolução CNE/CEB nº 07, de 14 de dezembro de 2010 que fixa Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino
Fundamental de 9 (nove) anos, fundamentada no Parecer CNE/CEB nº 11, de 7, de setembro de 2010, indica a exigência, em seu
artigo 16, de que no Ensino Fundamental sejam tratados dos temas saúde, sexualidade e gênero, vida familiar e social, educação
para o consumo, educação fiscal, bem como trabalho ciência e tecnologia. No texto da Resolução nº 02/17 CNE/CP, o artigo 22
destaca que: “O CNE elaborará normas específicas sobre computação, orientação sexual e identidade de gênero”. É importante
destacar também que o Ensino Fundamental abarca do 1º ao 9º ano e que as diferentes temáticas que devem ser trabalhadas
precisam ser distribuídas ao longo dessa etapa da Educação Básica. No artigo 23, a referida resolução destaca que o “Ensino
Religioso terá tratamento, como área do conhecimento ou como componente curricular da área de Ciências humanas, no Ensino
Fundamental.” (BRASIL, 2017). O CEE do Paraná, por meio da Deliberação nº 01/06, aprovada em 10/02/06, no art. 2 e respectivos
incisos delibera que: Os conteúdos do ensino religioso oferecido nas escolas subordinam-se aos seguintes pressupostos: a) da
concepção interdisciplinar do conhecimento, sendo a interdisciplinaridade um dos princípios de estruturação curricular e da avaliação;
b) da necessária contextualização do conhecimento, que leve em consideração a relação essencial entre informação e realidade; c)
da convivência solidária, do respeito às diferenças e do compromisso moral e ético; d) do reconhecimento de que o fenômeno
religioso é um dado da cultura e da identidade de um grupo social, cujo conhecimento deve promover o sentido da tolerância e do
85
convívio respeitoso com o diferente; e) de que o ensino religioso deve ser enfocado como área do conhecimento em articulação com
os demais aspectos da cidadania. Art. 4° O ensino religioso é de oferta obrigatória por parte do estabelecimento, sendo facultativo ao
aluno.
Essas são as orientações legais para organização curricular, inserindo os diversos elementos que precisam ser
contemplados. Há, no entanto, que se retomar um dos pontos que incidem nessa organização: a base nacional comum e a parte
diversificada. Essa organização reflete na distribuição da carga horária dos componentes curriculares no tempo escolar. A
Resolução nº 04/10 CNE/CEB indica:
Art. 17. No Ensino Fundamental e no Ensino Médio, destinar-se-ão, pelo menos, 20% do total da carga horária anual ao
conjunto de programas e projetos interdisciplinares eletivos criados pela escola, previsto no projeto pedagógico, de modo
que os estudantes do Ensino Fundamental e do Médio possam escolher aquele programa ou projeto com que se
identifiquem e que lhes permitam melhor lidar com o conhecimento e a experiência.
§ 1º Tais programas e projetos devem ser desenvolvidos de modo dinâmico, criativo e flexível, em articulação com a
comunidade em que a escola esteja inserida.
§ 2º A interdisciplinaridade e a contextualização devem assegurar a transversalidade do conhecimento de diferentes
disciplinas e eixos temáticos, perpassando todo o currículo e propiciando a interlocução entre os saberes e os diferentes
campos do conhecimento. (BRASIL, 2010, n.p.).
Ao organizar a distribuição dos conteúdos no tempo escolar, é necessário respeitar as exigências quanto aos direitos dos
sujeitos que aprendem e dos que ensinam, as diretrizes, os conteúdos e as temáticas que transversalizam o ensino, bem como
considerar o tempo, o espaço, as condições físicas, materiais e humanas que estão disponíveis para o exercício da docência, cujo
fim é o ensino de modo que ocorra a aprendizagem efetiva. Ao compor a parte diversificada do currículo, o escopo do artigo 26 da
LDBEN nº 9.394/96 é enfático ao destacar que ela deve atender às exigências das características regionais e locais da sociedade, da
cultura, da economia e dos alunos. Assim, a coerência na organização legal, política e pedagógica das matrizes curriculares é ponto
fundamental para que a proposta curricular construída coletivamente se efetive em sala de aula.
Vale ressaltar que dois campos expressivos da regulamentação que integram os aspectos legais não se encontram aqui
situados; são eles: a educação especial e a educação de jovens e adultos. A educação especial, por se constituir um campo
específico neste currículo, terá seus pressupostos legais discutidos quando da sua enunciação. Dessa forma, compete redirecionar-
se ao campo de discussão próprio para poder avançar nas reflexões que se fazem necessárias à educação inclusiva. Com relação à
Educação de Jovens e Adultos, esta 4ª reorganização curricular não deu conta de abarcar essa produção curricular, ficando ao
86
encargo dos municípios que a ofertam organizar suas propostas pedagógicas curriculares, respeitando os pressupostos filosóficos,
psicológicos e pedagógicos, bem como os pressupostos legais emanados do sistema jurídico que decorre do sistema educacional ao
qual se encontra vinculado.
À medida que se investiga o aparato jurídico que organiza os currículos escolares e seus desdobramentos, fica evidente que
as competências estabelecidas no corpo da Base Nacional Comum Curricular, aprovadas por meio da Resolução CNE/CP nº 2, de
22 de dezembro de 2017, fundamentadas no texto do Parecer CNE/CP nº 15, de 15 de dezembro de 2017, já se encontram
contempladas nos diferentes dispositivos legais, anteriormente aprovados. Assim sendo, a instituição escolar que já cumpria com o
previsto na legislação que normatiza e orienta as práticas educativas para a Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental
necessita retomar as dez competências, que são estas:
1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para
entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática
e inclusiva.
2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a
análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver
problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.
3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas
diversificadas da produção artístico-cultural.
4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –,
bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações,
experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.
5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e
ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir
conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe
possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e
ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de
vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo
responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros
e do planeta.
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e
reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
87
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito
ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus
saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando
decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. (BRASIL, 2017, p. 9-10).
Ao realizar um exercício confrontativo, encontrar-se-ão todos os elementos elencados, ora nas diferentes Diretrizes
Curriculares, ora nos desdobramentos dos componentes curriculares indicados no texto da LDBEN nº 9.394/96 e demais dispositivos
legais que alteraram ou acresceram seus artigos, parágrafos ou incisos. Portanto, não há elemento novo colocado nas dez
competências. Há trabalho por se fazer no sentido de garantir a organicidade e a sistematicidade que o sistema nacional de
educação exige para que se constitua como sistema. O conhecimento das leis e normas é condição necessária para que os eventos
pontuais deixem de adentrar os espaços escolares como novidade e acabem ocupando um espaço privilegiado, retirando da função
social da escola um tempo precioso de fazer com que o conjunto de saberes socialmente produzidos se efetive como objeto de
ensino (tarefa do professor) e consequente objeto de aprendizagem escolar (tarefa do aluno).
O cumprimento dos dispositivos legais é também condição para que a escola possa posicionar-se frente às propostas que
recebe para executar tarefas alheias à sua função social direta e devolva às demais instituições as tarefas que elas desejam realizar
ou aquilo que lhes é de competência própria para o cumprimento da responsabilidade social, entendida aqui como “uma conduta
orientada pela lei, resultando numa opção estratégica da empresa, por motivos relacionados a um desempenho empresarial ótimo e
com reflexos sociais, seja ainda em razão dos incentivos fiscais decorrentes desta atuação” (LEWIS, s.d., p. 6). Nesse sentido, um
número significativo de ações deve ser desenvolvido pelas empresas e assumido em toda a sua extensão por elas próprias, sem
atravessar o cotidiano dos trabalhos escolares, os quais carregam em si as dimensões legal, filosófica, psicológica e pedagógica que
se constituem nos argumentos necessários à defesa do tempo e do espaço escolar, como lócus privilegiado de acesso aos
conhecimentos essenciais que constituem o acervo histórico, científico e cultural da humanidade, aqueles que se firmaram no tempo
como conhecimento clássicos.
O campo dos pressupostos legais abarca, ainda, a dimensão dos planos, por meio dos quais diretrizes e metas são
estabelecidas para um determinado período. Esta 4ª revisão curricular integra a primeira etapa da implementação do Plano Nacional
de Educação, aprovado por meio da Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. O plano reforça as diretrizes previstas na Constituição
Federal de 1988, na LDBEN nº 9.394/96 e amplia questões em áreas importantes tais como “o estabelecimento de meta de aplicação
de recursos públicos em educação como proporção do Produto Interno Bruto – PIB, que assegure atendimento às necessidades de
expansão, com padrão de qualidade e equidade;” bem como a “promoção dos princípios do respeito aos direitos humanos, à
diversidade e à sustentabilidade socioambiental”, delimitando 20 metas que se desdobram, abarcando os diferentes níveis, etapas e
88
modalidades da educação nos aspectos políticos, pedagógicos e administrativos. O Paraná, por sua vez, aprovou seu Plano Estadual
de Educação, por intermédio da Lei nº 18.492, de 24 de junho de 2015, assim como o município, por força legal, aprovou seu Plano
Municipal de Educação. Nesse campo das políticas educacionais, é preciso conhecer, de forma específica, as metas e as respectivas
estratégias estabelecidas nos planos Nacional, Estadual e Municipal que afetam direta ou indiretamente a organização do trabalho na
secretaria municipal de educação e instituição escolar, de modo que o planejamento local some ao projeto da educação nacional e
que os prazos e as metodologias estabelecidos tanto para cumprimento quanto para avaliação do cumprimento das metas e
estratégias se efetivem ao longo do percurso com a participação efetiva da sociedade civil.
Quanto ao financiamento, o Fundo de Manutenção e de Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação Básica – FUNDEB -, normatizado pela Lei nº 11.494/2006, destina recursos públicos para a Educação
Infantil, o Ensino Fundamental, a Educação de Jovens e Adultos e o Ensino Médio. O acompanhamento efetivo da aplicação dos
recursos financeiros aos fins a que se destinam torna-se responsabilidade da sociedade, principalmente por meio da atuação do
Conselho de Acompanhamento e Controle Social (CACS), no âmbito municipal, e da associação formada por representantes dos
diferentes segmentos que integram a comunidade escolar, a qual assume, dentre outras funções, a de acompanhar e fiscalizar a
aplicação dos recursos públicos de modo que se voltem para os fins sociais da instituição escolar.
Outro aspecto que merece atenção refere-se ao Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica – SAEB -, que é
formado por um conjunto de indicadores, entre os quais se destaca o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB -, o
qual combina informações de fluxo e de desempenho do estudante. Esse indicador tem como objetivo verificar a qualidade da
educação no país e redefinir políticas públicas. Os resultados do IDEB são divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (Inep), e dispõe a nota que cada estado e município deverá atingir até 2020. As informações são
coletadas por meio de instrumentos avaliativos aplicados diretamente aos estudantes, e, de dados junto às redes. Essas informações
são analisadas e compõem pareceres que têm auxiliado na definição de políticas e programas que visam a enfrentar áreas críticas.
Neste momento da 4ª revisão curricular, as informações são de que ocorrerão mudanças na organização do sistema de avaliação,
incluindo-se inclusive a avaliação da Educação Infantil.
É certo que as informações produzidas pelos instrumentos de avaliação de larga escala têm como objetivo avaliar o sistema
de modo a auxiliar na redefinição de políticas e programas sociais e educacionais que objetivam a melhoria da qualidade dos
resultados alcançados. Assim, nenhuma comparação descontextualizada faz ou fará sentido; é preciso empreender esforços na
direção de ações que conduzam aos resultados esperados e/ou objetivados nesta proposta. No período de discussão do Plano
Municipal de Educação, bem como na reorganização do PPP, as informações fornecidas pela avaliação do sistema são necessárias
como elementos que auxiliam no sentido de direcionar decisões. São informações importantes que não podem ser descartadas, mas
89
confrontadas com todos os elementos que constituem o contexto local, interpretadas de modo que produzam encaminhamentos
efetivamente político-pedagógicos.
Aos pressupostos legais cabe, ainda, destacar os elementos que articulam exigências quanto à formação inicial e contínua
dos profissionais da educação, conforme previsto nos artigos 61 a 67 da LDBEN nº 9.394/96 e Lei nº 12.014, de 2009, Lei nº 13.415,
de 2017, Lei nº 12.056, de 2009, Lei nº 12.796, de 2013, Lei nº 13.478, de 2017, Lei nº 11.301, de 2006, observando que compete a
análise do Plano de Carreira, Cargos e Salários aprovado por lei municipal, bem como outras legislações que regulamentem as
funções dos servidores públicos que desenvolvem funções administrativas e pedagógicas no campo da instituição escolar. Os
trabalhadores necessitam receber formação político-pedagógica coerente com os pressupostos que subsidiam essa Proposta
Curricular, considerando que atuam no espaço escolar educativo com função social específica. Nessa relação, encontram-se
articuladas a organização e a distribuição do tempo da hora-atividade dos professores e a forma como ela está regulamentada nos
dispositivos legais do município.
Ao sinalizar para o fechamento desses pressupostos, ressalta-se o quão importante eles são na orientação permanente das
práticas escolares, pois amparam e direcionam no sentido de que a instituição tem uma função social a cumprir, socializando os
elementos da cultura tão necessários à emancipação humana. Ler, escrever, calcular, dominar os rudimentos das ciências naturais e
sociais são elementos fundamentais para inserir cada um e cada uma no universo letrado da cultura produzida pela humanidade ao
longo da sua história. A legislação pode amparar àqueles que, historicamente, estiverem à margem do acesso a uma escola de
melhor qualidade. É por meio dela que hoje trilhamos essa busca dos fundamentos legais, de modo a evidenciar que a tarefa dessa
instituição social, denominada escola, requer que outras políticas de formação e de valorização dos profissionais da educação, das
condições físicas e materiais em que os trabalhos educativos são realizados, dentre outras condições essenciais, também sejam
pautas da discussão social mais ampla, incluindo dos gestores públicos.
90
EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
1. CONCEPÇÃO
A proposta da Educação Especial no Brasil se constituiu na segunda metade do século XX, no momento histórico marcado
por lutas contra as práticas excludentes e discriminatórias, quando surgiram os movimentos organizados das pessoas com
deficiências, “[...] reivindicando o fim das práticas e das concepções segregativas e a adoção de medidas favoráveis a sua inclusão
nos diferentes espaços e atividades sociais” (CARVALHO, 2009, p. 10). Essas reivindicações fizeram parte de documentos
internacionais e nacionais que preconizaram o fim do extermínio ou do abandono, da institucionalização e da integração, exigindo-se
dos governantes o reconhecimento dos direitos das pessoas com deficiências “[...] à igualdade de oportunidades e de participação na
sociedade por meio da implementação de leis que apoiem seus direitos enquanto seres humanos” (CARVALHO, 2009, p. 10).
Desde então, a construção de propostas educacionais inclusivas, para atender de forma qualitativa aos educandos, público-
alvo da Educação Especial, tem sido um desafio para os educadores brasileiros envolvidos direta e indiretamente nessa luta, pois
considera-se que, apesar dos avanços já conquistados, tem-se muito o que produzir e sistematizar para a continuidade de uma
proposta na perspectiva inclusiva. Foi nessa direção que o Grupo de Estudos em Educação Inclusiva da AMOP, desde o ano de
2012, estudou e discutiu os aspectos legais e pedagógicos da práxis educacional inclusiva na Região Oeste do Paraná. Em 2014,
foram planejadas a construção e elaboração coletiva desta proposta curricular, com a participação dos representantes dos
91
professores dos municípios da região, por meio de um grupo específico, durante encontros do Grupo de Estudos, por meio de
consulta pública, e finalizada no Seminário do dia 23 de outubro do mesmo ano, planejado exclusivamente para esse fim.
Para esta Proposta Pedagógica Curricular (PPC), o Grupo de Estudos em Educação Inclusiva revisou o texto publicado em
2015, atualizou e acrescentou outros aspectos da área, para colaborar com os outros campos do conhecimento na organização de
uma escola mais inclusiva, mediante às exigências de reorganização dos Projetos Políticos Pedagógicos das escolas.
Os aspectos históricos, legais e conceituais foram abordados nesta PPC respeitando-se as atuais políticas e diretrizes
nacionais, estaduais e regionais, por vezes conflituosas entre si. É importante destacar que, neste momento da 4ª revisão curricular,
ocorre uma consulta pública para a atualização da Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva.
Diante disso, esta proposta encontra-se em consonância com a política vigente.
Os pressupostos teóricos-metodológicos da Educação Especial Inclusiva buscam responder aos pressupostos da Teoria
Histórico-Cultural e da Pedagogia Histórico-Crítica, sendo que na Educação Especial, especialmente, ainda há um longo percurso a
ser trilhado rumo a essa compreensão nas práticas cotidianas, nos diversos espaços educativos, sobretudo, nas práticas educativas
desenvolvidas nas instituições escolares.
De acordo com Brasil (2008), a Educação Especial Inclusiva perpassa por todos os níveis e modalidades, desde “a educação
infantil, onde se desenvolvem as bases necessárias para a construção do conhecimento e seu desenvolvimento global”; no Ensino
Fundamental, “para apoiar o desenvolvimento dos educandos, constituindo oferta obrigatória dos sistemas de ensino, deve ser
realizado no turno inverso54 ao da classe comum, na própria escola, em outra escola da rede pública ou centro especializado que
realize esse serviço educacional”; na Educação de Jovens e adultos, na Educação Profissional, Educação Superior em que
“possibilitam a ampliação de oportunidades de escolarização, formação para a inserção no mundo do trabalho e efetiva participação
social”; e também na educação indígena, do campo e quilombola que “deve assegurar que os recursos, serviços e atendimento
educacional especializado estejam presentes nos projetos pedagógicos construídos com base nas diferenças socioculturais desses
grupos” (BRASIL, 2008, p. 14).
54
Ou seja, no contraturno. Refere-se, nesse caso, ao Atendimento Educacional Especializado (AEE) da Sala de Recursos Multifuncional ou do Centro de
Atendimento Especializado (CAE).
92
diante), “[...] gratuito aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação,
transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino” (BRASIL, 2013, p. 1).
Essa mudança foi resultado de um processo histórico de lutas e de embates políticos que ocuparam os espaços educacionais
e o sistema legislativo nacional, principalmente durante a sistematização e a aprovação do Plano Nacional de Educação, Lei nº
13.005 de 25 de junho de 2014, na Meta 4, que refere-se a
[...] Universalizar para a população de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos, o atendimento escolar aos alunos com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, preferencialmente na rede regular de ensino,
garantindo o atendimento educacional especializado em salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços
especializados, públicos ou comunitários, nas formas complementar e suplementar, em escolas ou serviços
especializados, públicos ou conveniados. (BRASIL, 2014, p. 8).
O principal ponto de discussão foi a questão do AEE em serviços conveniados das escolas especiais, pois, na Política
Nacional de Educação Especial, de 2008, destaca-se que, a partir do movimento mundial pela inclusão, as ações políticas, sociais,
culturais e pedagógicas devem defender o direito de “todos os alunos de estarem juntos, aprendendo e participando, sem nenhum
tipo de discriminação”, e, portanto, esses serviços deveriam ser repensados, o que implicaria “uma mudança estrutural e cultural da
escola para que todos os alunos tenham suas especificidades atendidas” (BRASIL, 2008, p. 5).
Nessa direção, determinou-se que as entidades filantrópicas, que antes atendiam de forma exclusiva aos alunos com
deficiência, se tornassem Centros de Atendimento Especializado (CAE)55, firmando convênio junto aos sistemas de ensino para o
atendimento no contraturno escolar, realizando e mediando, junto aos profissionais das escolas comuns de ensino, estratégias na
eliminação das barreiras impostas à inclusão educacional. Esse embate é pautado principalmente no item 4.1 do PNE -2014-2024,
referentes aos aspectos financeiros:
4.1) contabilizar, para fins do repasse do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização
dos Profissionais da Educação – FUNDEB, as matrículas dos/as estudantes da educação regular da rede pública que
recebam atendimento educacional especializado complementar e suplementar, sem prejuízo do cômputo dessas
matrículas na educação básica regular, e as matrículas efetivadas, conforme o censo escolar mais atualizado, na
55
Os Centros de Atendimento Educacional Especializado (CAEs), segundo a Nota Técnica do MEC nº 055/2013, são espaços que reúnem serviços de apoio de natureza
pedagógica e clínica, desenvolvidos por profissionais habilitados para o atendimento às necessidades específicas dos educandos público-alvo da Educação Especial.
93
educação especial oferecida em instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas
com o poder público, com atuação exclusiva na modalidade, nos termos da Lei n° 11.494, de 20 de junho de 2007.
(BRASIL, 2014, p. 8).
É válido esclarecer que a Educação Especial, na perspectiva da Educação Inclusiva, é uma modalidade que faz parte do
sistema de ensino como complementação ou suplementação por meio do AEE, o qual, por sua vez, “não substitui” a educação
(escolarização) oferecida em turmas comuns da rede regular de ensino, a qualquer criança ou adolescente brasileiro.
A Constituição Federal Brasileira de 1988, assim como as convenções internacionais56, considera que o AEE, para alunos
com deficiência, é uma forma válida de tratamento diferenciado desde que, se for necessário, seja ofertado à parte e ocorra sem
impedir ou dificultar que as crianças e adolescentes com deficiência tenham acesso às salas do ensino comum, no mesmo horário
que os demais educandos a frequentam57 (BRASIL, 2007).
A Resolução nº 4 de 2 de outubro de 2009, que institui as Diretrizes Operacionais para o AEE na Educação Básica,
modalidade Educação Especial, no Art. 5º, dispõe que
O AEE é realizado, prioritariamente, na sala de recursos multifuncionais da própria escola ou em outra escola de ensino
regular, no turno inverso da escolarização, não sendo substitutivo às classes comuns, podendo ser realizado, também, em
Centro de Atendimento Educacional Especializado da rede pública ou de instituições comunitárias, confessionais ou
filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas com a Secretaria de Educação ou órgão equivalente dos Estados, Distrito
Federal ou dos Municípios. (BRASIL, 2009, p. 2).
Entende-se que esse item ainda é o resultado das lutas políticas, que ora defendem a inclusão como proposta educacional
estabelecida constitucionalmente, como direito humano, ora admitem a sua substituição em ambientes escolares que atendem
exclusivamente aos alunos com deficiência, sendo que essa prática fere o disposto na Convenção da Guatemala, aprovada
integralmente pelo Brasil com a promulgação do Decreto nº 3.956, de 8 de outubro de 2001, “Reafirmando que as pessoas
portadoras de deficiência têm os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que outras pessoas e que estes direitos,
56
Decreto nº. 6.949/2009, que ratifica a Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência com status de Emenda Constitucional e adota o
paradigma da educação inclusiva; Declaração Mundial de Educação para Todos (1990); Declaração de Salamanca (1994); Convenção da Guatemala (1999),
promulgada no Brasil pelo Decreto nº 3.956/2001; Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2008), aprovada pela ONU em 2006.
57
Decreto n. 6.253, de 13 de novembro de 2007.
94
inclusive o direito de não ser submetidas à discriminação com base na deficiência, emanam da dignidade e da igualdade que são
inerentes a todo ser humano” (BRASIL, 2001, p. 2).
Entende-se, nessa perspectiva, que a atual situação da Educação Inclusiva é resultado dos embates das políticas sociais
brasileiras, que atendem tanto às necessidades da classe trabalhadora, quanto às da classe que detém o poder econômico no país,
em uma relação de contradição histórica em cujo cenário os sistemas de ensino estão estabelecendo e organizando suas normas.
Dessa forma, a intenção é esclarecer e informar essa realidade, para que cada município da Região Oeste do Paraná possa ofertar e
atender ao sujeito público-alvo da Educação Especial Inclusiva, visando ao pleno desenvolvimento humano e ao preparo para a
cidadania, de acordo com o Art. 5º da Constituição Federal de 1988.
Para tanto, vale esclarecer sobre a dupla matrícula dos alunos que constituem o público da Educação Especial, amparada no
que dispõe o Decreto nº 7.611, de 17/11/2011, no Art. 9º-A, segundo o qual “Para efeito da distribuição dos recursos do FUNDEB,
será admitida a dupla matrícula dos estudantes da educação regular da rede pública que recebem atendimento educacional
especializado. [...] § 1º A dupla matrícula implica o cômputo do estudante tanto na educação regular da rede pública, quanto no
atendimento educacional especializado” (BRASIL, 2011, p. 5).
Nessa questão, na contramão da política nacional da Educação Especial Inclusiva, a partir de 2011, convive-se com o que
pode ser caracterizado como retrocesso com relação à Política de 2008, pois admitiu-se que as escolas filantrópicas passassem a
receber recursos do FUNDEB para ofertar o AEE, conforme evidencia-se por meio do exposto no texto da referida legislação:
Art. 14. Admitir-se-á, para efeito da distribuição dos recursos do FUNDEB, o cômputo das matrículas efetivadas na
educação especial oferecida por instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, com atuação
exclusiva na educação especial, conveniadas com o Poder Executivo competente. [...] § 2º O credenciamento perante o
órgão competente do sistema de ensino, na forma do art. 10, inciso IV e parágrafo único, e art. 11, inciso IV, da LDB, Lei
nº 9.394, de 1996, depende de aprovação de projeto pedagógico. (BRASIL, 2011, p. 4).
Essa situação também abriu precedentes para os sistemas de ensino optarem em permanecer ou não com a escolarização
paralela da Educação Especial, com a oferta das classes especiais nas escolas de ensino comum ou ainda manter parcerias de
atendimento de escolarização em escolas de Educação Básica Modalidade de Educação Especial.
O AEE a partir da Política Nacional da Educação Especial é o serviço de apoio à escolarização nas Salas de Recursos
Multifuncionais, dos Centros de Educação Infantil e/ou das Escolas do Ensino Fundamental e Médio, e também é oferecido por meio
de convênios em CAEs, que podem ser públicos municipais ou de instituições comunitárias.
95
O Sistema Estadual de Ensino do Paraná, no item supracitado, atua de forma “paralela” à atual política nacional, visto que
organizou a Educação Especial de acordo com normas próprias, criando as Escolas de Educação Básica na modalidade de
Educação Especial, mediante o Parecer nº. 108/2010-CEE, que normatizou a alteração de denominação das Escolas de Educação
Especial e a Resolução Secretarial nº 3.600/2011, autorizando a alteração na denominação das Escolas de Educação Especial para
Escolas de Educação Básica na Modalidade de Educação Especial.
Em 2011, a Secretaria Estadual de Educação do Paraná (SEED-PR) definiu em suas metas a inclusão social como “Respeito
às necessidades, especificidades e diversidades para [...] 1. Promover a educação na escola comum e escola especial, ampliando o
atendimento aos alunos com deficiência, com a participação efetiva em políticas e programas públicos” (PARANÁ, 2011, p. 21).
No uso de suas atribuições a SEED-PR, no ano seguinte, visando a efetivar ações para os alunos público-alvo da Educação
Especial Inclusiva, destacou em suas metas que,
A política de educação inclusiva deve ser fortalecida, considerando a garantia de todos os alunos à educação formal, alunos
com necessidades diferenciadas permanentes ou temporárias, jovens em conflito com a lei, crianças carentes do convívio
familiar e alunos fora da escola, visando à organização de um espaço escolar agradável e acolhedor, que favoreça a
aprendizagem de maneira eficiente e responsável. Lembramos também dos alunos em fase de internamento, em classe
hospitalar, pois é de suma importância para a continuidade da escolarização dessas crianças e adolescentes
hospitalizados, a presença dos profissionais da educação, que estimula o aprendizado, diminui o tempo de internação e o
trauma hospitalar. A prática docente e o atendimento do professor da classe hospitalar, pelo Programa SAREH-SEED, é
fortemente marcada pelas relações afetivas, e estes alunos quando retornam ao convívio estão em igualdade de condições,
em relação aos demais. (PARANÁ, 2012, p.10).
Seguindo na mesma direção, para garantir a política de apoio às escolas filantrópicas, o governo estadual do Paraná, por
meio da Lei Estadual nº 17.656, de 12 de agosto de 2013, institui o Programa Estadual de apoio permanente às entidades
mantenedoras, que ofertam Educação Básica na modalidade da Educação Especial, denominado “Todos iguais pela educação”.
O AEE no Estado do Paraná é ofertado nas Salas de Recursos Multifuncionais em instituições de ensino comum público ou
em CAEs, com os serviços de apoio complementar e suplementar especializados, para o público-alvo da Educação Especial.
Entre outros serviços e apoios à educação inclusiva, o sistema de ensino do Paraná oferta “[...] Professor de Apoio à
Comunicação Alternativa (PAC), Professor de Apoio Educacional Especializado, (PAEE) e Tradutor e intérprete de LIBRAS (TILS),
Guia Intérprete e Professor Itinerante” (PARANÁ, 2014, p. 2).
96
Com relação aos serviços e aos apoios para os alunos com Transtornos Funcionais Específicos (TFE)58, há uma divergência
entre a Política Nacional de Educação Especial e a Política do Sistema Estadual de Ensino do Paraná, no que se refere ao público-
alvo da Educação Especial. A Política Nacional de 2008 estabelece como público-alvo da Educação Especial Inclusiva alunos com
Deficiência59, Transtorno Global do Desenvolvimento60 e Altas Habilidades e/ou Superdotação, enquanto que na Política Estadual do
Paraná são acrescidos os Transtornos Funcionais Específicos para a matrícula no AEE nas Salas de Recursos Multifuncionais.
A Deliberação nº 02/2016/SEED-PR, que atualizou as Normas para a Modalidade da Educação Especial no Estado do
Paraná, no Art. 10, estabelece a incumbência do poder público em:
[...] I – assegurar o atendimento aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, transtornos
funcionais específicos e altas habilidades ou superdotação e ampliar o número de Centros de Atendimento Educacional
Especializado;
II – instituir e assegurar setor próprio em sua estrutura administrativa para orientar, acompanhar, oferecer apoio técnico,
pedagógico e administrativo e supervisionar as instituições de ensino, visando o adequado atendimento dos estudantes da
Educação Especial;
III – manter o sistema atualizado de informação e interlocução com órgãos responsáveis pela realização do Censo
Demográfico e Escolar, para conhecimento das demandas e acompanhamento da oferta de atendimento em Educação
Especial;
IV – fortalecer os serviços de atendimento especializado para estudantes com deficiência, preferencialmente na rede
pública;
V – estabelecer interface e garantir parcerias ou convênios com organizações públicas e privadas, que assegurem uma
rede de apoio interinstitucional, para garantir atendimentos complementares, quando necessário;
VI – incentivar e estabelecer parcerias com instituições de ensino superior, para discussão de temas e conteúdos
relacionados ao atendimento das pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, transtornos funcionais
específicos e altas habilidades ou superdotação, na graduação e pós-graduação, realização de pesquisas e atividades de
extensão, bem como programas e serviços voltados ao aperfeiçoamento do processo de ensino e aprendizagem;
58
Refere-se à funcionalidade específica (intrínsecas) do sujeito, sem o seu comprometimento intelectual. Diz respeito a um grupo heterogêneo de alterações
manifestadas por dificuldades significativas: na aquisição e uso da audição, da fala, da leitura, da escrita, do raciocínio ou de habilidades matemáticas, na
atenção e na concentração, sendo os Distúrbios de Aprendizagem: Dislexia, Disgrafia, Disortografia e Discalculia) e o TDA-H - Transtorno de Deficit de Atenção
e Hiperatividade (PARANÁ, 2018).
59
Refere-se a todas as deficiências de natureza física, sensorial, mental e intelectual.
60
Esse termo, apesar de ainda constar na LDB/1996 e a área médica utilizá-lo nos diagnósticos de acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID ),
a partir de 2015, com o novo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM V ), modificou-se a classificação para Transtorno do Espectro
Autista (TEA). Todavia, o AEE ainda trabalha com a classificação dos dois termos, de acordo com a avaliação médica do aluno.
97
VII – assegurar a avaliação das necessidades educacionais dos estudantes com deficiência no início e ao longo do
processo de ensino e aprendizagem, por meio de equipe multiprofissional e interdisciplinar, conforme estabelece esta
Deliberação. (PARANÁ, 2016, p. 6-7).
Essa deliberação indica uma questão primordial do planejamento e encaminhamentos da escola para alunos matriculados no
ensino comum, principalmente na garantia do número adequado de alunos nas turmas com esses alunos, prevista no Art. 13: “Para o
Atendimento Educacional Especializado a mantenedora deverá providenciar, de acordo com a demanda: “[...] V – adequação de
número de educandos por turma, com critérios definidos pela mantenedora e expresso em seu Projeto Político-Pedagógico”
(PARANÁ, 2016, p. 9).
O Estatuto da Pessoa com Deficiência, Lei Brasileira de Inclusão nº 13.146, de 6 de julho de 2015, é determinante para a
Educação Inclusiva, pois destina-se “a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades
fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania”. O Capítulo IV, que trata do direito à Educação,
em seu Art. 28, destaca a obrigatoriedade de: “[...] III - projeto pedagógico que institucionalize o atendimento educacional
especializado, assim como os demais serviços e adaptações razoáveis, para atender às características dos estudantes com
deficiência e garantir o seu pleno acesso ao currículo em condições de igualdade, promovendo a conquista e o exercício de sua
autonomia” (BRASIL, 2015, p. 33).
[…] Así algún órgano debido a la deficiencia morfológica o funcional no logra cumplir enteramente su trabajo, entonces, el
sistema nervioso central y el aparato psíquico asumen la tarea de compensar el funcionamiento deficiente del órgano, para
crear sobre el órgano o la función deficiente una superestructura psíquica que tienda a asegurar el organismo en el punto
débil amenazado. (VIGOTSKI, 1983, p. 9).
Como destacado no excerto, o autor defendeu que, quando um órgão com comprometimento morfológico ou funcional não
cumprir de forma integral o seu trabalho, o sistema nervoso central e o aparelho psíquico assumem essa tarefa de compensar o mal
funcionamento do órgão com defeito, criando nesse órgão ou nessa função uma superestrutura psíquica, que compensará a
ameaça que essa condição fará no desenvolvimento do sujeito com deficiência.
Sendo assim, deve-se entender que a tarefa da educação consiste em introduzir o indivíduo com deficiência na vida e criar
compensações, mas não no plano biológico, visto que a natureza não compensa automaticamente uma grande perda, ou seja, o
cego não passa a ter uma audição automaticamente apurada para substituir a perda da visão. O autor ainda salienta que o olho e o
ouvido do ser humano não são somente físicos, mas antes de tudo são órgão sociais (VIGOTSKI, 1997). Por isso, como ele friza,
seria preciso que a nova sociedade se livrasse da lenda, muito presente na consciência comum, de que a natureza, ao privar o
homem de alguma função, o compensa com uma maior receptividade de outros órgãos automaticamente.
Nesse direcionamento, a Psicologia Histórico-cultural:
[...] defende que não só seja levado em consideração o caráter negativo da criança, não apenas seus defeitos e
dificuldades, mas que se analise positivamente sua personalidade e a possibilidade de criar caminhos de desenvolvimento
colaterais, que contornem o problema. Deste modo, é evidente que a compensação orgânica [...] direta é uma solução
99
limitada e estreita em alto grau. O desenvolvimento das funções psíquicas superiores da criança só é possível através de
seu desenvolvimento cultural, seja para dominar os meios externos da cultura como a linguagem, a escrita, a aritmética,
seja pelo aperfeiçoamento interno das próprias funções psíquicas, isto é, a formação da atenção voluntária, a memória, a
lógica, o pensamento abstrato, a formação de conceitos e do livre arbítrio, etc .(VYGOTSKI, 1995, p. 313)61.
Para essa teoria, existem possibilidades de compensação que permitem superar limitações, que devem ser trabalhadas na
educação do sujeito com deficiência na busca da supercompensação por meio da mediação. Ou seja, as dificuldades apresentadas
devem ser tencionadas de forma gradual e intencional para que ocorra o desenvolvimento.
Sobre a importância da prática educacional na teoria da supercompensação, Vigotski afirma que:
[…] ¡Qué perspectivas tiene ante sí el pedagogo cuando conoce que el defecto es no sólo una deficiencia, una debilidad,
sino también la fuente de la fuerza y de las capacidades y que en el defecto hay algún sentido positivo. En esencia, la
psicología hace mucho tiempo que estudió esto, los pedagogos hace mucho tiempo que conocían esto, pero sólo ahora se
ha formulado con precisión científica la ley principal: el niño querrá verlo todo si es miope, escucharlo todo si presenta una
anomalía auditiva; querrá hablar si tiene dificultades en el lenguaje o es tartamudo. El deseo de volar estará manifestado
en los niños que tienen grandes dificultades ya para saltar […]. En esta “oposición de la deficiencia orgánica y de los
deseos, las fantasías, los sueños, es decir, de las aspiraciones psíquicas a la compensación...” […], se encuentra el punto
de partida y las fuerzas motrices de cualquier educación. (VIGOTSKI, 1983, p. 94).
O professor deve entender que, nessa perspectiva, a deficiência não é uma fraqueza, mas uma fonte de força, de
possibilidades, que no “defeito” existe um sentido positivo. É preciso que ele compreenda que uma criança cega vai querer ver tudo,
uma criança surda vai querer ouvir, uma criança que não anda também vai querer andar. O desejo de voar se manifestará em
crianças que não conseguem pular. Nesse sentido, essas oposições da deficiência com as fantasias e os sonhos, ou seja, as
aspirações psíquicas, são o ponto de partida e as forças motrizes da educação do aluno com deficiência.
61
Así pues, el nuevo punto de vista preconiza que no sólo se tome en cuenta la característica negativa del niño, no sólo sus defectos y dificultades, sino que se
analice positivamente su personalidad y la posibilidad de crear vías de desarrollo colaterales, de rodeo. De aquí resulta evidente que la superación orgánica del
defecto, una directa compensación orgánica es una solución limitada y estrecha en alto grado. El desarrollo de las funciones psíquicas superiores del niño sólo
es posible por el camino de su desarrollo cultural, tanto si se trata de dominar los medios externos de la cultura tales como el lenguaje, la escritura, la aritmética,
como por el perfeccionamiento interno de las propias funciones psíquicas, es decir, la formación de la atención voluntaria, la memoria lógica, el pensamiento
abstracto, la formación de conceptos, el libre albedrío, etc. p. (VYGOTSKI, 1931/1995, p. 313, tomo III).
100
Assim como todas as crianças em desenvovimento, a aprendizagem do aluno com deficiência pode ocorrer de maneira
positiva ou não, dependendo da qualidade das mediações, da organização do trabalho pedagógico, das relações sócio-afetivas na
escola inclusiva.
A partir dessas concepções, é necessário conhecer, conceituar e compreender sobre as áreas da modalidade Educação
Especial. Reitera-se que nesta PPC entende-se o homem em sua totalidade, compreendendo-o como sujeito nos “aspectos social,
cultural, psicológico, considerando os aspectos biológico e cognitivo que juntos tecem e constituem cada sujeito em suas
especificidades” (ALVES, 2017, p. 114).
Por ora, apresentam-se as áreas conforme as Diretrizes Nacionais e Estaduais do Paraná, para a Educação Especial na
Educação Básica, pois a maior parte dos municípios da região Oeste do Paraná segue essas normativas como base legal para
organizar o AEE.
Caracterização da aprendizagem: levantamento dos aspectos de conteúdo acadêmicos do ano de matrícula do aluno e
das funções psicológicas superiores, obtidos através do relatório da avaliação psicoeducacional e/ou avaliação do
rendimento escolar;
Aspectos sócio-afetivos: Descrição do comportamento esperado para sua faixa etária e situação familiar em relação aos
aspectos voltados à aprendizagem do aluno;
62
Da mesma forma que encontra-se no Decreto nº 5.296/2004.
63
Orientação nº 04/2018 DEE (PARANÁ, 2018).
101
Organização do Atendimento: descrever como se dá o atendimento do estudante na SRM (individual ou em grupo),
número de atendimentos por semana, carga horária, necessidade de flexibilização curricular no cotidiano da sala de aula e
avaliações, organização do trabalho colaborativo com os professores do ensino comum;
Objetivo Geral: deverá retratar o objeto do trabalho a ser desenvolvido tomando como referência o acesso ao currículo
do ano de matrícula no ensino comum de forma a desenvolver as funções psicológicas superiores;
Objetivos Específicos: analisar o percurso de aprendizagem e o conhecimento prévio do aluno; criar situações de
aprendizagem que aproximem, o máximo possível dos conhecimentos trazidos pelo aluno, do currículo do ano de
matricula do mesmo; organizar o espaço, materiais e equipamentos em função das propostas de ensino planejadas em
relação ao ano de matricula do aluno no ensino comum; avaliar os resultados obtidos e redirecionar as propostas, que não
foram satisfatórias;
Conteúdos e mediação: nas áreas de Língua Portuguesa e Matemática, conforme a necessidade da série que o aluno
está matriculado;
Encaminhamentos metodológicos: Prever encaminhamentos diversificados, com materiais exemplificativos, jogos
pedagógicos e uso de material manipulável sempre que necessário, dependendo do nível de aprendizagem de cada
aluno;
Adaptações/flexibilizações curriculares: prever ações metodológicas de acorco com as necessidades do aluno;
Acompanhamento da aprendizagem e desenvolvimento: Relato do desenvolvimento na Sala de Recursos
Multifuncional (se frequentou assiduamente, se os conteúdos foram apropriados, os avanços obtidos, se atingiu os
objetivos propostos), avanços na sala de aula regular, dificuldades que ainda tem. Como o aluno tem se desenvolvido nos
conteúdos acadêmicos. Quais os encaminhamentos realizados que beneficiaram o aluno. Encaminhamentos previstos
com a articulação do ensino comum e o AEE. Continuidade na SRM. Se há necessidade da ampliação ou redução do
tempo de atendimento. As orientações aos professores do ensino comum. Os encaminhamentos e intervenções
pedagógicas necessários. As adaptações necessárias. Avaliação e acompanhamento na área da saúde e/ou de algum
programa da Rede Intersetorial de Atenção e Proteção social. (PARANÁ, 2018, p. 27-30).
Além dos aspectos destacados anteriormente, o AEE deverá trabalhar com as áreas psicomotoras, considerando as
habilidades adaptativas, práticas sociais e conceituais. As atividades lúdicas são mediações para desenvolver o potencial cognitivo,
psicomotor, social e afetivo da criança, lembrando que se deve sempre respeitar o seu nível de desenvolvimento, promovendo aulas
que provoquem criatividade, abstração, análise, crítica, afetividade, enfim, as Funções Psicológicas Superiores (FPS). Ressalta-se,
portanto, que cabe a todos os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem dos alunos com DI lembrar que a partir da
aprendizagem, ocorre o desenvolvimento, pois o ensino dos conhecimentos científicos em um ambiente educativo promove o
desenvolvimento da capacidade de abstração, de atenção concentrada, de memória, do pensamento e de outras funções que
caracterizam o ser humano.
102
1.2.2. DEFICIÊNCIA FÍSICA
De acordo com o Decreto nº 5.296/2004, em seu artigo 70, Inciso I, as pessoas com Deficiência Física (DF) apresentam,
[...] alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da
função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia,
tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral,
nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam
dificuldades para o desempenho de funções. (BRASIL, 2004, p. 12).
[...] aquele que apresenta comprometimento motor acentuado, decorrente de sequelas neurológicas que causam
alterações funcionais nos movimentos, na coordenação motora e na fala, requerendo a organização do contexto escolar
no reconhecimento das diferentes formas de linguagem que utiliza para se comunicar ou para comunicação. (PARANÁ,
2018, p. 3).
Na escola, os alunos identificados e avaliados nessa área demandam condições de acessibilidade, mobiliário adaptado,
utilização de tecnologias assistivas, comunicação alternativa e aumentativa, mediação e apoios para a aprendizagem e
desenvolvimento, nos aspectos pedagógicos, psicológicos e sociais.
No fascículo VI – Recursos Pedagógicos Acessíveis e Comunicação Aumentativa e Alternativa (BRASIL, 2010), indica-se
que:
Os recursos selecionados pelo professor do AEE para solucionar as dificuldades funcionais dos alunos podem ser de alta
ou baixa tecnologia. Recursos de baixa tecnologia são os que podem ser construídos pelo professor do AEE e
disponibilizados ao aluno que os utiliza na sala comum ou nos locais onde ele tiver necessidade deles. Recursos de alta
tecnologia são os adquiridos após a avaliação das necessidades do aluno, sob a indicação do professor de AEE. Para
descrever a utilização de recursos pedagógicos de acessibilidade na escola, temos de estar atentos às características do
aluno, à atividade proposta pelo professor e aos objetivos educacionais pretendidos na atividade em questão. Diversas
atividades exigem dos alunos competências como leitura, escrita, produção gráfica, manifestação oral, exploração de
103
diversos ambientes e materiais. A dificuldade do aluno com deficiência para realizar essas atividades acaba limitando ou
impendido sua participação na turma. (BRASIL, 2010, p. 9).
Umas das alternativas para esse trabalho são as Picture Exchange Communication System (PECS), na tradução para o
português, refere-se a um Sistema de Comunicação por Troca de Imagens, que são utilizados símbolos de comunicação pictória.
“Uma característica importante desse sistema simbólico é a sua transparência, ou seja, a sua capacidade de apresentar imagens que
são facilmente reconhecidas tanto por crianças quanto por adultos64” (BRASIL, 2010, p. 24).
Para o AEE e para a inclusão desse aluno, na sala de aula do ensino comum, oferta-se o Professor de Apoio à Comunicação
Alternativa (PAC), estabelecido na Instrução nº 002/2012 – SUED/SEED65, “[...] que atua no contexto da sala de aula, nos
estabelecimentos de Ensino Fundamental, Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos, onde o apoio se fundamenta na mediação
da comunicação entre o aluno, grupo social e o processo de ensino e aprendizagem, cujas formas de linguagem oral e escrita se
diferenciam do convencionado” (PARANÁ, 2012, p. 1).
[...] na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão,
que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a
somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60o; ou a ocorrência simultânea de
quaisquer das condições anteriores (BRASIL, 2004, p. 12).
As pessoas cegas necessitam do sistema de escrita da leitura em relevo denominado Sistema Braille, e também utilizam-se
das tecnologias assistivas66, como os softwares leitores de tela e os livros digitais acessíveis67.
64
Fascículo VI - Recursos Pedagógicos Acessíveis e Comunicação Aumentativa e Alternativa/SEESP/MEC, de 2010.
65
Disponível em: < http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=683>. Acesso em: 28/06/2019.
66
Pesquisar no site: < http://www.portalassistiva.com.br/pranchas/atividades.php?opcao=51>. Acesso em: 08/07/2019.
67
“[...] Atualmente o Sistema utilizado é o formato EPUB3, nova versão do padrão aberto de publicações digitais rompendo com diversas limitações da
implementação atual: maiores recursos para layout e estruturação do conteúdo, interatividade, animações, áudio, vídeo, tipografia avançada, suporte a fórmulas
104
As pessoas com Baixa Visão apresentam acuidade visual variável, mas, geralmente, a baixa visão é definida como uma
condição na qual a visão da pessoa não pode ser totalmente corrigida por óculos, interferindo em suas atividades diárias, como na
leitura, necessitando de ampliação de material e auxílio na locomoção.
O fascículo III - Os Alunos com Deficiência Visual: Baixa Visão e Cegueira, (BRASIL, 2010) apresenta contribuições e
orientações para o AEE nessa área. E com relação aos alunos com baixa visão, o documento indica que os principais auxílios são
os ópticos e não ópticos, sendo que
Os auxílios ópticos são lentes ou recursos que possibilitam a ampliação de imagem e a visualização de objetos,
favorecen do o uso da visão residual para longe e para perto. Exemplos de auxílios ópticos são lupas de mão e de apoio,
óculos bifocais ou monoculares e telescópios, dentre outros, que não devem ser confundidos com óculos comuns. A
prescrição desses recursos é da competência do oftalmologista que define quais são os mais adequados à condição
visual do aluno (BRASIL, 2010, p. 11).
[...] às mudanças relacionadas ao ambiente, ao mobiliário, à iluminação e aos recursos para leitura e para escrita, como
contrastes e ampliações, usados de modo complementar ou não aos auxílios ópticos, com a finalidade de melhorar o
funcionamento visual. Incluem, também, auxílios de ampliação eletrônica e de informática. São considerados auxílios
não-ópticos: iluminação natural do ambiente; uso de lâmpada incandescente e ou fluorescente no teto; contraste nas
cores, por exemplo: branco e preto, preto e amarelo; visores, bonés, oclusores laterais; folhas com pautas escuras e com
maior espaço entre as linhas; livros com texto ampliado; canetas com ponta porosa preta ou azul-escura; lápis (6b) com
grafite mais forte; colas em relevos coloridas ou outro tipo de material para marcar objetos ou palavras; prancheta
inclinada para leitura; tiposcópio: dispositivo para isolar a palavra ou sentença; circuito fechado de televisão (CCTV):
consiste em um sistema de câmera de televisão acoplado a um monitor que tem por finalidade ampliar o texto focalizado
pela câmera; lupa eletrônica: recurso usado para ampliação de textos e imagens. (BRASIL, 2010, p. 12).
matemáticas, narração de texto em voz alta, acessibilidade, entre outros goodies, abraçando uma maior diversidade de publicações, para múltiplas plataformas”.
Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/projovem-campo--saberes-da-terra/194-secretarias-112877938/secad-educacao-continuada-223369541/17435-projeto-
livro-acessivel-novo>. Acesso em: 28/06/2019.
105
O trabalho do AEE para os alunos cegos deve ser organizado principalmente na Sala de Recursos Multifuncional Tipo 2, a
partir do estudo de caso, de todos os aspectos que envolvem sua aprendizagem e desenvolvimento, visando à sua autonomia e
independência. Pata tanto, na escola, é necessário observar todos os obstáculos que podem dificultar esse processo e as
possibilidades desse trabalho, tais como:
[...] a dificuldade de identificação; a concepção de que a deficiência ocasiona dificulda de de aprendizagem; a falta de
acesso ou adaptação de conteúdos escolares; a ausência de acessibilidade arquitetônica, nos materiais didático-
pedagógicos e de mais recursos de tecnologia; e o não reconhecimento das necessidades educacionais específicas e
das potencialidades destes alunos. O conhecimento de recursos tecnológicos disponíveis que favoreçam o
funcionamento visual e a acessibilidade é imprescindível no processo de escolarização dos alunos com deficiência visual.
Além de conhecê-los, o professor do AEE deve saber utilizá-los e orientar os professores do ensino comum quanto ao
uso desses recursos na sala de aula e fora dela. Dessa forma, compete aos educadores, gestores e de mais profissionais
da escola preparar o ambiente, criando condições para o acesso, participação e aprendizagem dos alunos com
deficiência visual. (BRASIL, 2010, p. 55).
Os principais apoios nessa área são os serviços ofertados pelo Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento às Pessoas
com Deficiência Visual (CAPs)68, nas Salas de Recursos Multifuncionais Tipo 2 e/ou Centro de Atendimento Educacional
Especializado na área da Deficiência Visual – CAE-DV69.
1.2.4. SURDOCEGUEIRA
O Ministério da Educação dispõe em sua página oficial o Programa de Atendimento e Apoio ao Surdocego (PAAS)70, que
conceitua essa área como:
68
Em Cascavel, funciona um dos CAPs do estado do Paraná que realiza adaptações de livros e materiais didáticos e formação aos professores. Esse serviço é
regulamentado pela INSTRUÇÃO N. 013/2011 – SEED/SUED. Disponível em:
<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=688>. Acesso em: 28/06/2019.
69
Esse AEE é organizado de acordo com a INSTRUÇÃO N° 020/2010 - SUED/SEED. Disponível em:
<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=688.> Acesso em: 28/06/2019.
70
Disponível em: <http://www.ibc.gov.br/paas>. Acesso em: 28/06/2019.
106
[...] uma deficiência singular que apresenta perdas auditivas e visuais concomitantemente em diferentes graus, levando a
pessoa com surdocegueira a desenvolver diferentes formas de comunicação para entender e interagir com a sociedade. O
indivíduo surdocego necessita de um atendimento educacional especializado diferente daquele destinado ao cego ou ao
surdo, por se tratar de uma deficiência única com características específicas principalmente no que se refere à
comunicação, à informação e à mobilidade. (BRASIL, 2018, p. 1).
As características das pessoas surdocegas são heterogêneas, pois alguns sujeitos são cegos e surdos totais e outros podem
ter resíduo auditivo e/ou visual. Nesse sentido, a surdocegueira é classificada em dois grupos, a saber:
[...] congênita, quando o indivíduo nasce com a deficiência; e adquirida, quando a pessoa nasce com perda visual ou
auditiva, adquirindo outra no decorrer da vida. Em ambos os casos, há o desafio de comunicação resultando em
isolamento do sujeito surdocego. Para que isso não ocorra, é importante que haja intervenção adequada levando em
consideração as especificidades da surdocegueira. (BRASIL, 2017, p. 1).
O AEE nessa área deve ser planejado de acordo com as necessidades e interesses do aluno, utilizando-se de dos seguintes
aspectos: a comunicação, que deve ser realizada pela Língua de Sinais Tátil (sistema não alfabético que corresponde à língua de
sinais utilizada tradicionalmente pelas pessoas surdas, mas adaptadas ao tato, através do contato das mãos da pessoa surdocega
com as mãos do interlocutor); o Método Tadoma, que consiste na percepção da língua oral emitida, mediante uso de uma ou das
duas mãos da pessoa surdocega, utilizando-se geralmente o dedo polegar, colocado suavemente sobre os lábios e os outros dedos
mantidos sobre a bochecha. A mandíbula é a garganta do interlocutor; o Alfabeto datilológico, em que as letras do alfabeto se
formam mediante diferentes posições dos dedos da mão; e, por fim, o Sistema Braille Tátil, que é um sistema alfabético baseado no
sistema Braille tradicional de leitura e escrita adaptado de maneira que possa ser percebido pela pessoa surdocega através do
tato71.
A orientação, a mobilidade e as demais atividades pedagógicas são realizadas de acordo com as especificidades da pessoa
surdocega, para contribuir com sua aprendizagem, desenvolvimento da autonomia (Atividades de Vida Diária - AVDs), humanização
e inclusão social.
Para a área da surdocegueira, o fascículo V - Surdocegueira e Deficiência Múltipla (BRASIL, 2010) aponta os aspectos
pedagógicos necessários para o AEE e a inclusão do aluno na escola comum, com destaque para: o papel do professor do ensino
comum, da organização espacial e estrutural da escola, os recursos para a aprendizagem, o deslocamento em trajeto curto e longo
71
Disponível em: <http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=707>. Acesso em: 28/06/2019.
107
em ambiente escolar e na Sala de Recursos Multifuncional, a interface do AEE e os demais profissionais da escola, materiais
didáticos e tecnologia assistiva.
Assegurar aos estudantes surdos matriculados nas instituições da rede pública estadual de ensino, o Atendimento
Educacional Especializado, em contraturno, em complementação à escolarização, possibilitando aos estudantes surdos o
acesso ao currículo, como uma construção e reconstrução de experiências e vivências conceituais, no ensino da Libras
como primeira língua, e da Língua Portuguesa, na modalidade escrita, como segunda língua, sendo a prática pedagógica
do Atendimento Educacional Especializado parte dos contextos de aprendizagem explícitos no Projeto Político-
Pedagógico e em parceria com os professores das disciplinas curriculares. (PARANÁ, 2016. p. 1).
Um outro tipo de AEE é ofertado nos Centros de Atendimento Educacional Especializados – Surdez, mantidos por
organização civil organizada, sistematizado pela Instrução nº 07/2018 – SUED/SEED, com funcionamento em contraturno e
complementar à escolarização, com a atuação dos seguintes profissionais:
72
Disponível em: < http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=699>. Acesso em: 08/07/2019.
108
O Tradutor e Intérprete de Libras/Língua Portuguesa, que oferece suporte pedagógico à escolarização de estudantes
surdos matriculados na Educação Básica, na rede regular de ensino, por meio da mediação linguística entre estudantes
surdos e demais membros da comunidade escolar, de modo a assegurar o desenvolvimento da proposta de educação
bilíngue (Libras/Língua Portuguesa); o Professor Surdo de Libras - Profissional surdo, que tem como objetivo oportunizar
condições para a aquisição e desenvolvimento da Libras, como primeira língua e o Professor Bilíngue - Profissional surdo
ou ouvinte, que tem como objetivo oportunizar condições para a aquisição de conteúdos das diversas disciplinas da
educação básica ou no atendimento educacional especializado. (PARANÁ, 2018, p. 4).
E ainda como serviço de apoio existem o Centro de Apoio ao Surdo e aos Profissionais da Educação de Surdos (CAS)73 ,
organizado no Estado no Paraná e
[...] tem como finalidade disseminação da política de inclusão vigente e a valorização da diversidade linguística dos
estudantes surdos no Estado do Paraná, difundindo o uso da Língua Brasileira de Sinais - Libras para familiares e
comunidade em geral e promovendo a formação continuada de profissionais da educação de surdos do Paraná. Os
CAS/PR são instituições públicas estaduais vinculadas administrativa e pedagogicamente à Secretaria de Estado da
Educação, ao Departamento de Educação Especial e aos Núcleos Regionais de Educação. Para oferecer os serviços de
Apoio Técnicos e Pedagógicos, os CAS são divididos em núcleos de atuação, a saber: Núcleo de Capacitação de
Profissionais da Educação de Surdos (NCP), Núcleo de Atendimento Educacional Especializado (NAEE), Núcleo de Apoio
Didático-Pedagógico e Tecnológico (NADPT), Núcleo de Pesquisa (NP) e Núcleo de Convivência (NC). (PARANÁ, 2019,
p. 1).
No fascículo IV: Abordagem Bilíngue na Escolarização de Pessoas com Surdez (BRASIL, 2010), esse serviço é organizado
para atender a essa demanda com os aspectos do AEE e o ensino da LIBRAS e da Língua Portuguesa, destacando que “O AEE,
como um lócus epistemológico da educação inclusiva, constitui esta proposta voltada aos alunos com surdez que visa a preparar
para a individualidade e a coletividade, provocando um processo dialógico, de superação da imanência e a busca de mudanças
sociais, culturais e filosóficas. Uma ruptura de fronteiras para as infinitas possibilidades humanas” (BRASIL, 2010, p. 6).
73
Disponível em: < http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=699>. Amparado pela Resolução nº 5844/2017 -
GS/Seed e Instrução Normativa nº 20/2018 - GS/Seed. Acesso em: 08/07/2019.
109
De acordo com a Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012, o Art. 1º, parágrafo 1º, a pessoa que apresenta o Transtorno do
Espectro Autista (TEA), é aquela
[...] portadora de síndrome clínica caracterizada na forma dos seguintes incisos I ou II:
I - deficiência persistente e clinicamente significativa da comunicação e da interação sociais, manifestada por deficiência
marcada de comunicação verbal e não verbal usada para interação social; ausência de reciprocidade social; falência em
desenvolver e manter relações apropriadas ao seu nível de desenvolvimento;
II - padrões restritivos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades, manifestados por comportamentos
motores ou verbais estereotipados ou por comportamentos sensoriais incomuns; excessiva aderência a rotinas e padrões
de comportamento ritualizados; interesses restritos e fixos.
§ 2º A pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com deficiência, para todos os efeitos legais.
(BRASIL, 2012, p. 1).
Considerando o momento de transição do processo de inclusão, dos alunos público-alvo dessa área, faz-se necessário
conhecer e compreender o conceito tanto do ponto de vista da área da saúde quanto da educacional.
Essa área da Educação Especial ainda trabalha com duas caracterizações: os Transtornos Globais do Desenvolvimento
74
(TGD) , que englobam cinco transtornos caracterizados por grave comprometimento em inúmeras áreas do desenvolvimento -
Transtorno Autista, Transtorno de Rett, Transtorno Desintegrativo da Infância, Transtorno de Asperger e Transtorno Global do
Desenvolvimento Sem Outra Especificação. Esse grupo de transtornos é caracterizado por severas dificuldades nas interações
sociais com manifestação desde a primeira infância; e o Transtorno do Espectro Autista (TEA), que, a partir de 2014, com o novo
DSM-V, agrupou e incluiu quatro das cinco categorias75 na de TEA.
O AEE na área do TEA está organizado com a oferta de atendimento na Sala de Recursos Multifuncional, regulamentado
pela Instrução n° 09/2018–SUED/SEED e Orientação nº 004/2018- DEE, e de Professor de Apoio Educacional Especializado que
atua no contexto da Educação Básica, conforme a Instrução Normativa n.º 001/2016 – SEED/SUED (define os critérios para a
solicitação de Professor de Apoio Educacional Especializado aos estudantes com Transtorno do Espectro Autista) e a Classe
Especial que ainda é assegurada pela Instrução nº 014/2008 SEED/SUED.
74
Caracterizado no DSM-IV.
75
Foram elas: Transtorno Autista, Transtorno Desintegrativo da Infância, Transtorno de Asperger e Transtorno Invasivo do Desenvolvimento Sem Outra
Especificação.
110
O professor especializado é o responsável pelo plano de AEE do aluno com TEA/TGD, mas deve trabalhar
colaborativamente com todos os envolvidos na escolarização desse, organizando e planejando mediações com recursos diversos,
principalmente nos seguintes aspectos: sócio-afetivos, comportamentais, relacionamento interpessoal, alterações de humor,
desenvolvimento psicomotor e cognitivo, visando a sua aprendizagem e o desenvolvimento das FPS (com apoio do das Tecnologias
Assistivas (TICs ) e comunicação alternativa76.
[...] grande facilidade de aprendizagem que as leve a dominar rapidamente os conceitos, os procedimentos e que, por
terem condições de aprofundar e enriquecer esses conteúdos, deve conceber desafios suplementares em classe comum,
em sala de recursos ou em outros espaços definidos pelos sistemas de ensino, inclusive para concluir em menor tempo, a
série ou etapa escolar. (BRASIL, 2001, p. 39).
Para o AEE, considera-se que a identificação dos sujeitos com AH/SD é um dos primeiros passos a fim de que possam ser
atendidos em suas necessidades, sejam elas voltadas para área acadêmica ou criativa do desenvolvimento. O aluno que faz parte
desse grupo apresenta características específicas e é parte integrante da Educação Especial. Ignorá-los pode contribuir para
dificuldades em seu desenvolvimento. Se somos heterogêneos, o sistema pedagógico precisa considerar essa heterogeneidade para
intervir de maneira a respeitá-la (GOMES, 2017).
A Instrução nº 010/2011-SUED/SEED, no que se refere à organização do AEE com alunos AH/SD, apresenta a definição, os
objetivos e o alunado da Sala de Recursos Multifuncional :
[...] para Altas Habilidades/Superdotação é um espaço organizado com materiais didático-pedagógicos, equipamentos e
profissional(is) especializado(s) onde é ofertado o atendimento educacional especializado que visa atender às
necessidades educacionais dos alunos público alvo da Educação Especial na Rede Pública de Ensino.
76
Indicação de materiais de apoio: Fascículo IX - Transtornos Globais do Desenvolvimento (BRASIL, 2010); Manual do autismo (Manejo Comportamental de
Crianças com Transtorno do Espectro do Autismo Em condição de Inclusão Escolar: guia de orientação para professores).
111
2. OBJETIVO: Apoiar o sistema educacional, no atendimento às necessidades educacionais especiais do aluno com
indicativos de altas habilidades/superdotação matriculados na rede estadual de educação, que requeiram ampliação ou
suplementação dos conteúdos escolares.
3. ALUNADO: Aluno matriculado na rede estadual de educação com indicativos de altas habilidades/superdotação que
demonstra potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica,
liderança, psicomotricidade e artes, além de apresentar grande criatividade, envolvimento na aprendizagem e realização
de tarefas em áreas de seu interesse. (PARANÁ, 2010, p. 1).
A identificação/avaliação no contexto escolar dos alunos com indicativos de AH/SD é realizada a partir das pesquisas das
autoras Freitas e Pérez (2012)77, as quais utilizam os instrumentos de identificação78, tais como questionários, entrevistas e
atividades:
Por identificação entende-se o conjunto de instrumentos pedagógicos que podem ser utilizados para o reconhecimento de
diferentes habilidades dos alunos em diversas áreas do conhecimento, considerando as especificidades das altas
habilidades/superdotação. Essa prática de identificação traz o contexto da escola como foco de análise e a observação do
professor possibilitando: conhecer diferentes estratégias que alguns alunos usam na resolução de problemas; revelar seus
interesses e motivações; e avaliar conhecimentos e estilos de aprendizagem, subsidiando o trabalho educacional.
(BRASIL, 2010, p. 20).
Com intuito de efetivar as políticas públicas destinadas ao desenvolvimento pleno das potencialidades das pessoas com
AH/SD, a Lei nº 13.234, de 29 de dezembro de 2015 modificou o Art. 59 da LDBEN nº 9394/96, em em seu parágrafo único:
A identificação precoce de alunos com altas habilidades ou superdotação, os critérios e procedimentos para inclusão no
cadastro referido no caput deste artigo, as entidades responsáveis pelo cadastramento, os mecanismos de acesso aos
dados do cadastro e as políticas de desenvolvimento das potencialidades do alunado de que trata o caput serão definidos
em regulamento. (BRASIL, 2015, p. 1).
77
FREITAS, Soraia Napoleão; PÉREZ, Suzana Graciela. Altas Habilidades/superdotação: atendimento especializado. 2.ed. Marília : ABPEE, 2012.
78
Lista de Verificação de Indicadores de Altas Habilidades/superdotaçao (LIVIAHSD) para todos os professores da turma; Questionário de autonomeação e
nomeação pelos colegas (QIIAHSD-A); para indicadores de criatividade, devemos aplicar o LIVIAHSD – Área Artística (AA); para indicadores da área corporal-
cinestésica (Professores da Educação Física), utiliza-se o instrumento LIVIAHSD - ACC.
112
O AEE é organizado principalmente com o trabalho de enriquecimento curricular na sala de recursos e no ensino comum,
com “[...] a possibilidade de aceleração de estudos para concluir em menor tempo o programa escolar, utilizando-se dos
procedimentos da reclassificação compatível com seu desempenho escolar e maturidade sócio-emocional” (PARANÁ, 2016, p. 17).
Dessa forma, a escola deve:
[...] prever o atendimento educacional especializado, com função complementar ou suplementar à escolarização, este
orienta e possibilita que os alunos com altas habilidades/superdotação tenham atividades de enriquecimento curricular na
sala de aula comum e na sala de recursos multifuncionais. Para tanto, o projeto político pedagógico da escola deve prever
a articulação da escola com instituições de educação superior, centros voltados para o desenvolvimento da pesquisa, das
artes, dos esportes, entre outros, e promover a cooperação entre estes centros e a escola, oportunizando a execução de
projetos colaborativos, que atendem às necessidades específicas dos alunos com altas habilidades/superdotação.
(PARANÁ, 2016, p. 6-7).
Romper com as dificuldades encontradas no que se refere ao Atendimento Educacional Especializado para as pessoas que
apresentam AH/SD parece não ser uma tarefa fácil. Para tanto, ações precisam ser desenvolvidas com o intuito de efetivar os
dispositivos legais a partir das políticas públicas voltadas para esse fim. Nesse sentido, precisa-se de políticas públicas que estendam
essa possibilidade aos alunos em geral, pois a materialidade possibilita o desenvolvimento de um trabalho pedagógico com mais
qualidade. Esse atendimento coletivo facilita a implementação do trabalho pedagógico enriquecido, e, para isso, é necessária a
formação inicial e contínua para os professores e demais profissionais que atuam com esse público (GOMES, 2017).
1.2.8.1. DISLEXIA
A Associação Brasileira de Dislexia79 (ABD) destaca que
A dislexia é um transtorno que não tem uma causa específica; a escola, porém, tem a função de acompanhar e trabalhar com
cada aluno que apresenta alguma característica desse transtorno de forma particular, pois cada um tem um caminho para a
aprendizagem e essa diferença deve ser respeitada em todos os anos da escolarização.
Nesse sentido, a escola pode planejar ações em conformidade com o defendido pela ABA (2016), por exemplo:
[...] provas escritas, de caráter operatório, contendo questões objetivas e/ou dissertativas, realizadas individualmente e/ou
em grupo, sem ou com consulta a qualquer fonte; provas orais, através de discurso ou argüições, realizadas
individualmente ou em grupo, sem ou com consulta a qualquer fonte; testes; atividades práticas, tais como trabalhos
variados, produzidos e apresentados através de diferentes expressões e linguagens, envolvendo estudo, pesquisa,
criatividade e experiências práticas realizados individualmente ou em grupo, intra ou extraclasse; diários; fichas
avaliativas; pareceres descritivos; observação de comportamento, tendo por base os valores e as atitudes identificados
nos objetivos da escola (solidariedade, participação, responsabilidade, disciplina e ética). (ABD, 2016, s/p).
79
Disponível em: < http://www.dislexia.org.br/o-que-e-dislexia/>. Acesso em: 29/06/2019.
80
Associação Brasileira de Dislexia (ABD). Disponível em: <http://www.dislexia.org.br/como-interagir-com-o-dislexico-em-sala-de-aula/>. Acesso em:
29/06/2019.
114
Ademais, a ABD destaca que: “é importante manter a comunidade educativa permanentemente informada a respeito da
dislexia. Informações sobre eventos que tratam do assunto e seus resultados, desempenho dos alunos portadores da dislexia,
características desse distúrbio de aprendizagem, maneiras de ajudar o aluno disléxico na escola” (ABD, 2016, s/p).O trabalho
pedagógico para garantir a inclusão da pessoa com dislexia deve ser mediado de modo a proporcionar o desenvolvimento do sujeito
em sua totalidade.
1.2.8.2. DISGRAFIA
A pessoa que apresenta disgrafia tem dificuldades no traçado gráfico, tais como letra ilegível, inadequação na orientação
espacial, irregularidades entre letras e palavras, inversão e substituição de letras. Essas características podem influenciar na
qualidade da escrita, mas não devem ser consideradas como um empecilho para a realização das atividades escolares, e, portanto,
deve-se possibilitar o uso de outros instrumentos para realização dos encaminhamentos propostos, como uso de tablets, notebooks e
outros.
1.2.8.3. DISORTOGRAFIA
O aluno que apresenta o distúrbio da disortografia, de forma geral, realiza trocas e omissões de letras, tem vocabulário
restrito, dificuldades na concordância de gênero/número/grau e faz uso incorreto da pontuação. Nos Anos Iniciais da escolarização,
tais aspectos podem aparecer como indicativos dessa dificuldade, contudo, não deve ser em hipótese alguma motivo para justificar o
fracasso escolar, visto que todas as crianças, nessa fase, estão em processo de aprendizagem e desenvolvimento.
1.2.8.4. DISCALCULIA
O distúrbio da discalculia influencia na compreensão dos conceitos matemáticos, na utilização dos símbolos numéricos, nas
operações, nas abstrações, na interpretação de situações problemas, de geometria e de sistema da informação. O trabalho
pedagógico para essa demanda deve explorar atividades diferenciadas, com o uso de instrumentos e recursos auxiliares, como
calculadoras, smartphones, tablets, notebooks, multiplanos e outros recursos que possibilitem a aprendizagem e o desenvolvimento
das Funões Psíquicas Superiores.
81
Disponível em: < https://www.educacao.sp.gov.br/a2sitebox/arquivos/documentos/960.pdf>. Acesso em: 08/07/2019.
118
Tal regulamentação inclui a EAN – Educação Alimentar e Nutricional, no processo de ensino e de aprendizagem dentro do
currículo escolar, fortalece a resolução do FNDE nº 26, de 17 de junho de 201382. A resolução traz uma seção dedicada às ações que
devem ser realizadas, conceituando EAN como: “conjunto de ações formativas, de prática contínua e permanente, transdisciplinar,
intersetorial e multiprofissional, que objetiva estimular a adoção voluntária de práticas e escolhas alimentares saudáveis que
colaborem para a aprendizagem, o estado de saúde do escolar e a qualidade de vida do indivíduo”. Sabe-se da importância da EAN
como estratégia fundamental para a precaução, a prevenção e o controle dos problemas alimentares e nutricionais atuais e de
transformar a escola em um local privilegiado de promoção da saúde, possibilitando a autonomia de escolhas mais saudáveis.
Todavia, isso requer uma participação ativa pautada no respeito à diversidade individual e à pluralidade cultural e ou biológica.
Para a inclusão das crianças com Necessidades Alimentares Especiais (NAEs), as práticas educativas de EAN visam a
garantir a vida, a saúde, a convivência, a possibilidade de socialização e ações minimamente necessárias para a superação das
barreiras arquitetônicas, comunicacionais, atitudinais e metodológicas para a inclusão das pessoas, o acolhimento e a participação
em todas as atividades.
Os professores devem ter cuidado com atividades pedagógicas que podem incluir alimentos, como oficinas culinárias, aulas
em laboratório e visitas de campo. Os profissionais da escola devem levar em conta os estudantes com NAEs no planejamento de
eventos, datas comemorativas, festas ou aniversário de um colega. Deve-se buscar um cardápio o mais adequado possível à
diversidade de alunos.
É importante ressaltar que, além do cardápio das refeições no refeitório, outras adaptações metodológicas podem ser
necessárias no cotidiano da sala de aula e na utilização de materiais para a produção de artefatos e atividades. O educador também
precisará trabalhar com os estudantes atitudes de respeito às diferenças, tolerância, cooperação, expressão de emoções,
necessidades etc. Ademais, deverá promover atitudes que desenvolvam identidade, autonomia, autoestima, conhecimento das
próprias possibilidades e limitações, e, ainda, trabalhar com todos os alunos a conveniência de uma alimentação saudável e
adequada, lembrando que nem todas as pessoas toleram bem os mesmos alimentos.
3. OBJETIVOS GERAIS
A Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva tem por objetivo “assegurar a inclusão
escolar de estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação”, garantindo,
dessa forma:
82
Brasil. Resolução CD/FNDE nº 26, de 17 de junho de 2013. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar aos alunos da educação básica no âmbito
do Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE. Diário Oficial da União 2013; 18 jun.
119
a) Acesso ao ensino comum, com participação, aprendizagem e continuidade nos níveis mais elevados do ensino;
b) Transversalidade da modalidade de Educação Especial desde a Educação Infantil até a Educação Superior;
c) Oferta do Atendimento Educacional Especializado – AEE;
d) Formação de professores para o Atendimento Educacional Especializado e demais profissionais da educação para a
inclusão;
e) Participação da família e da comunidade;
f) Acessibilidade arquitetônica, nos transportes, nos mobiliários, nas comunicações e informação;
g) Articulação intersetorial na implementação das políticas públicas. (BRASIL, 2008, p. 7).
Para além da Política Nacional, os professores da região Oeste do Paraná entendem que a Educação Especial na
perspectiva da Educação Inclusiva deve: contribuir para a efetivação dos objetivos previstos na legislação/acordos/conferências
internacionais, nacional, estadual e municipal no que tange ao atendimento educacional especializado; promover a reflexão
permanente sobre os processos de ensino e de aprendizagem amparados nos pressupostos teóricos que sustentam esta PPC e
refletir sobre as práticas pedagógicas, os materiais e os recursos pedagógicos de modo a contribuir para procedimentos de
flexibilização curricular que promovam o atendimento educacional inclusivo.
Esses objetivos são o desafio da construção de uma proposta de Educação Inclusiva que atenda aos pressupostos
filosóficos, psicológicos e pedagógicos enfatizados a seguir.
120
4. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS-METODOLÓGICOS
Pensar a Educação Especial na perspectiva da Psicologia Histórico-cultural exige o entendimento de como ocorre o
desenvolvimento do psiquismo humano. Para tanto, esta PPC pautou-se nos estudos dos teóricos soviéticos83 que afirmam que o
homem é um ser social.
Diante do exposto, ressalta-se que esta proposta é pautada na teoria da Defectologia84, cujo escopo é para dar base à escola
comum, no que se refere à compreensão das deficiências e como lidar com elas, pautada em uma perspectiva de compreensão de
escola social ou educação social, na qual a criança com deficiência é educada a não se adaptar à deficiência, mas sim a superá-la
(ROSSETTO, 2009).
Com a apropriação do conhecimento historicamente produzido, o homem supre suas necessidades imediatas e, ao supri-las,
cria novas carências, as quais necessita externalizar por meio de suas relações com outros seres humanos. Ao projetar suas ações,
interage com os outros e com o meio, busca resolver seus problemas, desenvolvendo, nesse processo, as FPS que lhe conferem a
condição de diferenciar-se cada vez mais dos animais e dos homens que o precederam.
Nesse contexto, o homem transforma-se por intermédio da apropriação da cultura e desenvolve as FPS. As Funções
Psicológicas Elementares (FPE) são de origem biológica e estão presentes no ser humano e no animal; são ações involuntárias
imediatas e são influenciadas pelo ambiente externo. As FPS, por sua vez, são de origem social, estão presentes somente no ser
humano, caracterizadas pela intencionalidade nas ações; resultam da interação entre os fatores biológicos e sociais e somente são
possíveis porque existe uma atividade cerebral. Desenvolvem-se quanto à estrutura, ao conteúdo e à complexidade na relação que
os seres humanos estabelecem entre si permeados, pelos elementos da cultura.
Nessa perspectiva, é preciso compreender, como indica Martins85( 2013), as FPS, as suas características, o seu
desenvolvimento e relação entre si. Nos limites impostos pelo tempo e demais condições, apresenta-se, por ora, ainda que de forma
sintética, alguns elementos que são considerados essenciais e que podem auxiliar na compreensão do desenvolvimento humano,
quando e se tomados na relação mais ampla do desenvolviemnto dos processos psíquicos, conforme apresentados a seguir.
Processo Funcional - Sensação: segundo Martins (2013), as sensações são a “porta de entrada” do mundo da consciência,
possibilitando à criança respostas motora, visual, tátil, gustativa e auditiva, além de respostas de dor, fome, sede, movimento do
corpo no espaço, dentre outras. Ou seja, garante-se a sobrevivência, a qual, no decorrer do tempo e com o desenvolvimento das
estruturas cerebrais, se torna uma expressão reflexo – condicionada, promovendo o aperfeiçoamento sensorial. Contudo, essa
83
Lev S. Vigotski, Alexander R. Luria, Alexei Leontiev.
84
TOMO V/1931.
85
Indica-se o estudo da obra O desenvolvimento do psiquismo e a educação escolar: contribuições à luz da psicologia histórico-cultural e da pedagógica
histórico-crítica, de Lígia Márcia Martins, sobretudo capítulo 3, para aprofundamento teórico sobre os processos funcionais sensação, percepção, atenção,
memória, linguagem, pensamento, imaginação, afetivo-emoção e sentimento.
121
função se desenvolve aliando-se às condições de vida e de educação disponibilizadas para a pessoa, expressando-se em tais
condições como sensações humanas culturalmente formadas.
Nesse sentido, a formação dos órgãos sensoriais estão diretamente condicionados à exposição de estímulos ambientais, e à
qualidade desses; não é apenas fisiológico, mas principalmente na cultura sensorial em que ocorre. O desenvolvimento das
sensações de cada indivíduo condiciona-se por consequência pela relação sujeito e objeto e pelos diferentes aspectos das atividades
em que se intera, da execução da ação, sobretudo em situação de êxito da execução dessas ações. Logo, as sensações se
desenvolvem graças às experiências sociais, assumindo uma nova expressão.
Processo Funcional - Percepção: é uma função que também está ligada à constituição da consciência, refletindo o conjunto
das propriedades dos objetos e fenômenos, possibilitando uma imagem unificada deles. Pode ser organizada como o caráter sintético
da percepção e as fusões primárias entre linguagem e pensamento.
Segundo Martins (2013), a percepção é um produto ativo que envolve a procura de informações correspondentes, a distinção
de aspectos essenciais de um objeto, a comparação desses aspectos uns com os outros, a formação de hipóteses apropriadas e a
comparação com os dados originais. Em função disso, ocorre uma fusão entre a percepção, a linguagem e o pensamento. Nas
palavras de Luria (1981),
O homem não vive em um mundo de pontos luminosos ou coloridos isolados, de sons ou contornos, mas em um mundo
de coisas, objetos e formas, em um mundo de situações complexas; independentemente de ele perceber as coisas que o
cercam em casa, na rua, nas árvores e na relva dos bosques, as pessoas com quem se comunica, os quadros que
examina e os livros que lê, ele está invariavelmente em contato não com sensações isoladas, mas com imagens inteiras; o
reflexo dessa imagem ultrapassa os limites das sensações isoladas e baseia-se no trabalho conjunto dos órgãos dos
sentidos, na síntese das sensações isoladas e nos complexos sistemas conjuntos. (LURIA, 1981, p. 38).
Nesse sentido, não é um processo natural, mas é amplo e aprofundado, conquistado durante o processo de formação, que
transforma gradativamente os processos naturais, orientando um comportamento mais complexo que ocorre no mundo histórico do
sujeito, ou seja, nas relações sociais que ele desenvolveu e na história de prática social na qual está inserido.
Conforme Martins (2013), são os estreitamentos da função psíquica no sistema psíquico, isto é, são as conexões
interfuncionais que tornam possível a percepção emancipar-se de conexões primitivas, próprias à sua manifestação natural,
libertando-se delas, e assumir um papel altamente especializado na orientação do comportamento complexo.
Processo Funcional - Atenção: é uma função com extrema importância que depende em alto grau da qualidade da
percepção, da organização e do direcionamento do comportamento, pois forma a imagem focal da realidade captada. Tal função
122
corresponde a um complexo processo de desenvolvimento, que surge com reações primitivas de adaptação ao meio, mas que, em
função do trabalho, impulsionaram como fator determinante no desenvolvimento e exigiram transformações nas expressões naturais
da atenção. Martins (2013) reitera a defesa de que existem duas linhas básicas de desenvolvimento da atenção, uma natural, que é a
atenção elementar involuntária e que depende da maturação do sujeito, e outra cultural, que depende da apropriação dos signos, que
se tornam dirigidos, voluntários e importantes para a construção da cultura e do ser humano. Essa função, segundo Martins (2013),
tem importante inserção em outras funções (pensamento, memória, imaginação, afetos etc.), além de ser umas das formas pelas
quais a percepção se torna consciente, selecionando atividades e abrindo possibilidades para as ações serem orientadas para fins
específicos.
Processo Funcional - Memória: esse é o processo no qual é possível adquirir, armazenar e evocar as informações que
foram recebidas no passado. Segundo Luria (1991b), a memória pode ser definida como “[…] o registro, a conservação e a
reprodução dos vestígios da experiência anterior, registro esse que dá ao homem a possibilidade de acumular informações e operar
com os vestígios da experiência anterior após o desaparecimento dos fenômenos que provocaram tais vestígios” (LURIA, 1991b, p.
39).
Essa função, segundo Martins (2013), assim como as demais, passa por transformações no decorrer do desenvolvimento,
principalmente em decorrência do ensino e da educação sistematizada, em que a criança deixa de apresentar uma memória direta e
objetiva, para uma memória lógica, especialmente com as estreitas relações que se estabelecem com o pensamento, possibilitando à
pessoa atuar sobre a recordação, utilizando-se de conexões entre imagem, signo e ato mnésico.
Processo Funcional - Linguagem: a língua apresenta um sistema específico de comunicação por meio da linguagem, que
se estrutura por vocabulário, gramática e sistema fonológico específicos, sendo assim, de acordo com Petrovski (1985 apud
MARTINS, 2013), a linguagem é um sistema de signos que opera como meio de comunicação e intercâmbio entre os homens e
também como forma de atividade intelectual. Por meio da palavra, que é uma forma socialmente elaborada de representação, o
homem deu o primeiro e mais decisivo passo na direção do desenvolvimento da sua capacidade de pensar.
Martins (2013) destaca que, com o desenvolvimento da linguagem, torna-se possível entre os homens a ação conjunta,
articulada, de toda a sua atividade, na base da qual reside o mais decisivo tipo de intercâmbio: o de pensamentos, não sendo
somente uma forma de compreensão do outro, mas também uma forma de compreensão de si mesmo. Dessa forma, compreende-se
que a linguagem é uma atividade essencialmente humana, histórica e social. Enfim, amparados, ainda, nos estudos de
Vigotski(1985), o desenvolvimento da linguagem representa a história da formação de uma das funções mais importantes do
desenvolvimento cultural, na medida em que engloba o que foi acumulado pela experiência social da humanidade e os mais decisivos
saltos dos indivíduos, tanto do ponto de vista filogenético quanto ontogenético.
123
Processo Funcional do Pensamento: nesse aspecto, Martins (2013) organiza sua exposição com base em três itens: I) o
desenvolvimento do pensamento e a natureza da atividade humana; II) as etapas do desenvolvimento do pensamento; III) e as
relações entre pensamento, linguagem e a formação de conceitos.
Sinteticamente, compreende-se que, por meio do pensamento, há a construção da imagem do objeto em suas vinculações
internas e abstratas. Tal processo tem a tarefa de superar as condições nas quais as relações entre os objetos revelam-se
superficiais e aparentes, avançando do causal ao necessário, da aparência à essência, promovendo a descoberta de regularidades
gerais, de múltiplas vinculações e mediações que sustentam a sua existência objetiva. O produto dessa descoberta, por sua vez,
firma-se como generalização de modo que, pelo pensamento, se instala um trânsito do particular ao geral e do geral ao particular.
De acordo com Rubinstein (1967 apud MARTINS, 2013), o pensamento é um processo mental real, ou seja, diretamente
vinculado às vivências subjetivas da realidade objetiva, não se esgotando na análise e na síntese, uma vez que seus resultados
conduzem, dentre outras elaborações, à comparação. O pensamento se revela como um processo metabólico entre conceitos e
juízos, tendo em vista a obtenção de conclusões. Nesse sentido conforme Vigotski ( 2001), todo pensamento tenta unir uma coisa a
outra, estabelecendo uma relação, por isso, tem movimento, fluidez, desenvolvimento, uma função específica para um trabalho e
uma tarefa determinada .
Processo Funcional da Imaginação: de acordo com Martins (2013), a imaginação designa qualquer processo que se
desenvolve por meio de imagens. Ela permite a construção de uma imagem antecipada do produto das ações humanas e, com isso,
ela se torna imprescindível a muitas atividades, principalmente pela dialética entre traços reprodutores e criadores os quais possui.
Diante disso, esse processo surge como uma das principais expressões da autonomia relativa conquistada pela consciência do
homem e, com ela, a possibilidade psicológica para fazer de sua história o produto de sua imaginação.
Conforme exposto, a imaginação não é nenhuma função abstrata e alheia à realidade objetiva, mas uma face complexa da
atividade consciente, uma “atitude” da consciência desenvolvida, e da mesma forma, prova substantiva do movimento, da ideação
dinâmica que a institui. A imaginação conquista suas propriedades graças aos vínculos com a fala, ou seja, no processo de
comunicação entre os indivíduos, encontrando na atividade social, coletiva, a condição de sua emergência. Sendo assim, é graças à
imaginação que se torna possível a construção de uma imagem antecipada do produto das ações humanas e, com isso, ela se
constitui em um elemento imprescindível de uma imensa gama de atividades.
Processo Funcional Afetivo-emoção e Sentimento: Martins (2013) descreveu esse processo de forma aprofundada e
específica, abordando as críticas ao dualismo cartesiano e o enfoque histórico-cultural no estudo da emoção e dos sentimentos, da
atividade humana como unidade afetivo-cognitiva e da vivência subjetiva - afeto, emoção e sentimento. Ela explica que, para a
psicologia histórico-cultural, a compreensão do processo funcional afetivo demanda a superação dos dualismos em todas as suas
expressões. Superar as oposições entre biológico e psicológico, razão e emoção, emoção e sentimentos, impõe-se como exigência
124
primeira na afirmação de sua natureza social. A pesquisadora acrescenta também que [...] não é o pensamento quem pensa ou o
sentimento quem sente. Quem assim o faz é a pessoa, que apenas artificialmente pode ser compartimentalizada. (MARTINS, 2013
p.266).
Para Vigotski (2004), as emoções têm componentes históricos e que se modificam em função do caráter ideológico e
psicológico, além de apresentar um componente que origina o biológico. Em contrapartida, Lane (1994) ressalta a importância “da
natureza mediacional das emoções na constituição do psiquismo humano. Elas estão presentes nas ações, na consciência e na
identidade (personalidade) do indivíduo, diferenciando-se social e historicamente por meio da linguagem” (LANE, 1994, p. 59).
Existem diferenças entre emoção e sentimento; a diferenciação entre eles se dá na seguinte assertiva: emoções são as satisfações
de necessidades orgânicas relacionadas às sensações, já os sentimentos baseiam-se em necessidades sociais, culturais e
espirituais que aparecem durante o desenvolvimento histórico da humanidade. As emoções, mesmo que associadas a fenômenos
orgânicos, não deixam de ser reações do ser social, variando conforme as exigências em cada período histórico.
Para Vigotski (1997), cada FPS se manifesta no processo de desenvolvimento da conduta da criança da seguinte maneira:
primeiro, na conduta coletiva, podendo ocorrer na colaboração ou na interação com as pessoas que a rodeiam ou seja, como uma
função interpsicológica. Depois, na conduta individual da criança, como um processo interno, caracterizando como uma função
intrapsicológica. De acordo com Rossetto (2009 “Não se trata, no entanto, de uma simples passagem do externo, para o interno, mas
sim de uma internalização que envolve transformação e conversão, que se dá com o modo pelo qual o sujeito vivencia cada
momento de sua história e esses processos ocorrem dialeticamente pela função social” (ROSSETTO, 2009, p. 38).
Nessa perspectiva, vale destacar que
A consciência nunca foi um “estado interior primário da matéria viva; os processos psicológicos surgem não no “interior” da
célula viva; mas em suas relações com o meio circundante, na fronteira entre o organismo e o mundo exterior que
caracteriza toda atividade vital do organismo. À medida que a forma de vida se torna mais complexa com uma mudança
no modo de existência e com o desenvolvimento de uma estrutura mais complexa dos organismos, estas formas de
interação com o meio ou de reflexo ativo mudam; todavia os traços básicos desse reflexo, bem como suas formas básicas
tais como foram estabelecidas no processo da história social devem ser procurados não no interior do sistema nervoso,
mas nas relações concernentes à realidade, estabelecidas em estágios sucessivos de desenvolvimento histórico. (LURIA,
2012, p. 194).
A abordagem vigotskiana faz defesa que as melhores possibilidades de desenvolvimento e aprendizagem de crianças com
deficiência são o trabalho dirigido para o desenvolvimento das FPS e esse trabalho dá-se com maior êxito no coletivo. Vigotski afirma
125
que “é praticamente inútil lutar contra a deficiência e suas consequências diretas e, ao contrário, é legítima, frutífera e promissora a
luta contra as dificuldades da atividade coletiva” (VIGOTSKI, 1997, p. 222). É por meio do confronto da pessoa com deficiência com
as limitações e barreiras encontradas no meio social, que o sujeito tem a possibilidade de acionar o mecanismo de
supercompensação (VIGOTSKI, 1997), de transformar a limitação do órgão defeituoso em força motriz para impulsionar a sua
superação, ao utilizar-se dos produtos culturais e tecnológicos desenvolvidos historicamente pela humanidade. Nesse contexto, a
pessoa com deficiência é o sujeito que mais necessita utilizar-se dos recursos sociais e culturais para propiciar o desenvolvimento
das funções psicológicas superiores. Contudo, esse mecanismo de supercompensação não é espontâneo ou automático, necessita
ser mediado pela ação do professor ao colocar à disposição o máximo de recursos didáticos e pedagógicos possíveis para que haja o
desenvolvimento.
Vigotski (1997) defende que o atendimento escolar aos alunos com deficiência seja dado na escola comum, contrapondo-se
ao que, historicamente, ainda é desenvolvido na Educação Especial, em que são realizadas atividades voltadas para as
compensações terapêuticas e de defeitos primários. Ressalta-se que, por defeitos primários, na perspectiva vigostkiana,
compreendem-se as limitações decorrentes dos níveis estrutural e funcional do indivíduo (orgânico) e por defeitos secundários as
limitações mediadas socialmente, remetendo ao fato de o universo cultural estar construído em um padrão, o qual, por sua vez, cria
barreiras físicas, educacionais e atitudinais para a participação social e cultural da pessoa com deficiência. Nesse sentido, a
deficiência não está na pessoa acometida por um defeito orgânico, mas no meio social que ainda não conseguiu oferecer os recursos
capazes de propiciar o desenvolvimento do sujeito. Portanto, o defeito é orgânico e a deficiência é social, pois a deficiência somente
existe na relação do sujeito com o meio social. Em suma, “[...] o defeito por si só não define o destino da personalidade, mas as
consequências sociais e sua realização sociopsicológica [...]” (VIGOTSKI, 1997, p. 30).
Vigotski (1997) opõe-se às ideias de biologizar as concepções existentes sobre o desenvolvimento de crianças com
deficiência, enfatizando que essa não se caracterizava somente pelo caráter biológico, mas sobretudo pelo caráter social. O autor
defende de que, no desenvolvimento das crianças com deficiência, atuam as mesmas leis que no desenvolvimento das crianças em
geral. Desse modo, não se faz distinção entre o quadro evolutivo de criança sem deficiência e o quadro da criança com deficiência,
reafirmando a necessidade de a psicologia procurar compreender as leis comuns que caracterizariam o desenvolvimento “normal” do
“anormal”, buscando destacar as peculiaridades do desenvolvimento de crianças com deficiência.
Para Vigotski (1997),
O maior erro da escola tradicional consiste em separar sistematicamente o sujeito com deficiência do meio social,
isolando-o num mundo estreito e fechado, onde tudo está adaptado ao seu defeito, uma educação orientada para a
enfermidade e não para a saúde, para o ponto de vista biológico em vez de social. Segregadas nesse ambiente, as
126
crianças com deficiência têm seu processo de aprendizagem limitado e diferente das crianças educadas em escolas
regulares. (VIGOTISKI, 1997, p. 93).
Vigotski (1997) afirma que a aquisição formalizada de conhecimentos é de responsabilidade da educação escolar e a
Educação Especial deve ter o mesmo objetivo do ensino comum, no sentido de ter como foco a aprendizagem de conteúdos
científicos do currículo regular. Além do mais, o autor considera que os princípios de ensino e de aprendizagem são os mesmos e
não nega a necessidade de conhecimentos especiais para pessoas com deficiência, como para a pessoa cega a apropriação do
braile, para a pessoa surda a LIBRAS, para a pessoa com deficiência física neuromotora a comunicação alternativa. Entretanto, ele
enfatiza que esses conhecimentos e aprendizagens especiais devem estar subordinados ao ensino comum. A pedagogia especial
deve estar diluída na atividade geral da criança e essa deve dar-se no coletivo com seus pares.
Para a aquisição formalizada dos conteúdos científicos, Facci e Brandão (2008) destacam a importância do papel do
professor como agente mediador, coerente, consistente, ético, sensível às necessidades de seu aluno, para que ele possa superar
suas limitações, levando-o a negar o que está presente naquele momento, indo além de um pensamento primitivo, para um
pensamento superior, no sentido de saber utilizar os instrumentos mediadores disponíveis no ambiente.
A mediação é um dos elementos fundamentais na obra de Vigotski. Por meio dela, o professor, fazendo uso da linguagem,
dos signos e dos instrumentos, pode intervir junto ao desenvolvimento de seu aluno de modo a desempenhar a hábil função de
produzir conexões entre zonas reais e próximas do desenvolvimento, pois o bom ensino é aquele que se adianta ao
desenvolvimento, ou seja, que se dirige às funções psicológicas que estão em vias de se completarem (REGO, 1999). A postura
consagrada nos meios educativos de que as práticas pedagógicas devem adequar-se aos ritmos, aos tempos evolutivos da criança,
opõem-se aos preceitos vigotskianos. É um novo olhar sobre a relação aprendizagem e desenvolvimento do aluno da Educação
Especial na Educação Inclusiva.
Na abordagem vigotskiana, a concepção de pessoa com deficiência é pautada na valorização das aprendizagens de cada
sujeito e não do defeito. O êxito se caracteriza pela valorização das potencialidades; já o fracasso se caracteriza pela valorização do
defeito, que, consequentemente, causa a minimização das potencialidades. Esses resultados, êxito ou fracasso, estão sujeitos a
condicionalidades sociais e culturais, produzindo influências significativas do desenvolvimento cognitivo e social da pessoa com
deficiência.
Ao tratar dos pressupostos teórico-metodológicos na Educação Inclusiva, torna-se necessário situar como o aluno é
encaminhado para o AEE. Nesse sentido, considera-se relevante a identificação de quais são os procedimentos legais e pedagógicos
127
que orientam essa prática no contexto escolar. Para tanto, toma-se como referência a Avaliação Psicoeducacional86 no contexto
escolar do aluno da Educação Especial Inclusiva, de forma mediadora e assistida, em que, além de utilizar de instrumentos clínicos,
contempla as atividades de ensino e de aprendizagem que fazem parte do contexto dos alunos.
Um processo compartilhado de coleta e análise de informação relevante acerca dos vários elementos que intervém no
processo de ensino aprendizagem, visando a identificar as necessidades educativas de determinados alunos ou alunas
que apresentem dificuldades em seu desenvolvimento pessoal ou desajustes com respeito ao currículo escolar por causas
diversas, e a fundamentar as decisões a respeito da proposta curricular do tipo de suporte necessário para avançar no
86
A avaliação escolar do educando da Educação Especial, no decorrer dos séculos, esteve relacionada à avaliação psicológica que se utilizava de justificativas
individuais dos problemas de ordem orgânica, de forma rígida, classificatória, seletiva e discriminatória. Nesse sentido, a avaliação excluía, por meio dos testes
formais, ao se pautar nos estágios de desenvolvimento e aprendizagem do educando (FACCI; EIDT; TULESKI, 2006). Com a política de educação inclusiva de
2008, assumida pelo Ministério da Educação, impulsionado por um movimento mundial contra os processos de exclusão, os educadores reordenaram as
referências curriculares e, por consequência a avaliação nesta área, elemento essencial na direção da prática pedagógica, que põe em evidência o
desempenho escolar de educandos e a proposição de adaptações curriculares.
87
Considerando as especificidades do aluno, o profissional definirá quais instrumentos, pois cada caso exige um determinado planejamento.
128
desenvolvimento de várias capacidades e para desenvolvimento da instituição. (GINÉ, 2004, p. 279, apud PARANÁ, 2013,
p. 6).
Dessa forma, a avaliação auxilia no conhecimento, na descrição, na compreensão e na explicação com relação a realidade
avaliada, permitindo a tomada de decisão nos encaminhamentos de natureza pedagógica (adaptações curriculares necessárias de
pequeno e grande porte), estrutural (forma de avaliação, forma de aplicação, o que se pretende avaliar, com qual objetivo)
administrativa (a avaliação formal, contribui no sentido administrativo, uma vez que o relatório de avaliação aponta
encaminhamentos) de saúde e social, que possam otimizar e transformar essa realidade.
Para tanto, para Facci, Eidt e Tuleski (2006), a avaliação psicoeducacional precisa considerar o contexto no qual a queixa
escolar foi produzida, considerando também os fatores histórico-sociais que vêm produzindo o fracasso escolar. Para as autoras,
[...] as causas do atraso mental não podem ser explicadas somente a partir de anamneses, entrevistas e testagens
psicométricas, ou seja, com instrumentos que buscam as causas do não aprender na criança e em sua família, mas essa
análise deve ser ampliada para a atividade de ensino e de aprendizagem, especialmente no que se refere à qualidade do
conteúdo ministrado, a relação professor-aluno, a metodologia de ensino, a adequação de currículo, o sistema de
avaliação adotado, em suma, o acesso da criança ao mundo dos instrumentos e signos culturais. (FACCI; EIDT; TULESKI,
2006, p. 111).
[...] a avaliação tem que contemplar o desenvolvimento cultural da criança, as exigências que são feitas no seu entorno
social, que produzem este ou aquele comportamento, pois não se trata como vimos enfatizando, de considerar somente
os aspectos biológicos, mas sim, de estabelecer o que a cultura provoca em termos de desenvolvimento psicológico, que
tipos de instrumentos a criança utiliza para resolver as atividades propostas e de que forma. (FACCI; EIDT; TULESKI,
2006, p. 114-115).
Nessa direção, de acordo com os pressupostos vigotskianos, seria impossível tirar do processo avaliativo a mediação de
signos e instrumentos, bem como a relação humana, pois, desde o nascimento, as ações de uma criança adquirem significado
129
próprio, dirigidas a um objetivo e ao ambiente em que vive, fato que não pode ser ignorado no processo de avaliação.
Dessa forma, compreende-se que a avaliação psicoeducacional88 no contexto escolar deve “fugir de um enfoque monocausal
ou reducionista: o mundo da criança é complexo e toda avaliação que presuma o desempenho como decorrência da competência
individual do aluno é equivocada. À condição individual somam-se os espaços da escola e família, para incluir o mínimo em termos
de fatores intervenientes” (BEYER, 2013, p. 100).
A educação especial na perspectiva de uma Educação Inclusiva na Educação Infantil se faz necessária e é reconhecida a
importância da intervenção o mais cedo possível. Nesse sentido, a avaliação das crianças, quando realizada nessa fase da
educação, não deve objetivar a promoção ou a preparação para as etapas seguintes da escolaridade, uma vez que seu objetivo é
“contribuir com o trabalho do educador que com base no acompanhamento do desenvolvimento e aprendizagem das mesmas pode
planejar uma ação pedagógica carregada de sentido e significado para o seu grupo e capaz de atender aos interesses e
necessidades do contexto em que está inserido” (LOPES; FILHO; apud GOMES, 2017, p. 205).
De acordo com Gomes (2017), outro documento importante foi publicado em 2015, intitulado como: Contribuições para a
Política Nacional: A avaliação em Educação Infantil a partir da Avaliação de Contexto, produzido pela Universidade Federal do
Paraná (UFPR) para o Ministério da Educação. Esse documento apresenta uma parte das Diretrizes da Educação Infantil, que
interessa a esta PPC, sobre as questões pedagógicas. A respeito da avaliação psicoeducacional, o documento destaca que
[...] A verificação dos resultados alcançados pelas crianças não pode ser caminho para efetuar a avaliação das ofertas
educativas de creches e pré-escolas. Ao contrário, a avaliação de contexto permite problematizar a avaliação da
aprendizagem ao colocar os objetivos educacionais alcançados pelas crianças em articulação com a qualidade da
formação que elas recebem (o contexto relacional e de aprendizagem oferecidos), no sentido de permitir visualizar e
discutir o impacto real da experiência educacional sobre os educandos. (BRASIL, 2015, p. 41).
O documento ainda indica a importância do processo de avaliação psicoeducacional na Educação Infantil como possibilidade
de
88
O Grupo de Estudos em Educação Inclusiva AMOP desenvolve estudos e tabalhos na sistematização de um Caderno Temático de Educação Inclusiva:
deficiência intelectual constando a descrição do processo de avaliação psicoeducacional no contexto escolar, conforme a realidade de vários municípios da
Região Oeste do Paraná. Contudo, é mister destacar que, via de regra, os municípios seguem orientações do Núcleo Regionais de Educação (NRE) ao qual
encontram-se subordinados, ou ainda, as do sistema próprio de ensino, adequando as sugestões sistematizadas de forma coletiva às exigências postas pelos
núcleos e a sua realidade.
130
[…] subsidiar proposições de formação dos profissionais e gestores na construção de uma cultura participativa relativa à
avaliação de contexto. Pode, também constituir-se em elemento que permita ampliar as discussões sobre a continuidade
entre a Educação Infantil e Ensino Fundamental, uma vez que valoriza e coloca ênfase na dimensão educativa, em
sentido mais específico, pedagógico, e em sentido mais amplo, formativo; sem desconsiderar aspectos inerentes a gestão
e organização do trabalho. A avaliação de contexto da qualidade das experiências cotidianas das crianças, desde bebês
nos espaços institucionais, públicos ou privados, voltados aos seus cuidados e educação, problematiza a perspectiva de
articulação entre as duas etapas iniciais da Educação Básica brasileira ao considerar a importância da ampliação de
conhecimentos e vivências, desde a inserção das crianças na Educação Infantil, realçando suas especificidades e ao
mesmo tempo possibilitando outros percursos educacionais. (BRASIL, 2015, p. 42).
Portanto, para pensar e planejar as ações da Educação Inclusiva é necessário analisar cuidadosamente cada caso conforme
seu contexto, para que sejam realizados os encaminhamentos necessários para a melhor estimulação nas áreas menos
desenvolvidas, considerando que há a possibilidade das dificuldades apresentadas serem superadas por meio das mediações e
estímulos realizados.
Outro documento a ser considerado na avaliação para a Educação Infantil é a Instrução nº 015/2018 SEED/SUED, que
elenca critérios para a oferta do AEE em Sala de Recursos Multifuncionais e do CAE, para alunos matriculados na Educação Infantil,
para estudantes da Educação Especial e/ou com atraso global do desenvolvimento na rede estadual do Paraná.
Nesse momento, em que se discute a avaliação psicoeducacional no contexto escolar, nota-se a complexidade e seriedade
que se fazem necessárias para a condução desse processo, uma vez que a criança encontra-se em fase de desenvolvimento
integral. Assim sendo, a referida avaliação deve ser entendida como algo a ser revisto continuamente, para que embase as
intervenções no contexto educacional, e encaminhamentos necessários além do âmbito escolar.
Tanto na Educação Infantil quanto nos Anos Iniciais do Ensino Fundmental, há que se considerar os princípios da Psicologia
Histórico-cultural, os pressupostos metodológicos da Pedagogia Histórico-crítica, adotados nesta PPC, que orientam a tomada de
decisão de iniciar o processo de avaliação psicoeducacional no contexto escolar, pois é sempre uma decisão importante na vida dos
sujeitos envolvidos. No quesito organização, inicialmente, é preenchida a Ficha de Perfil Acadêmico pelos professores, que
descreve as potencialidades e as dificuldades, o trabalho realizado, as estratégias utilizadas, os avanços obtidos e as intervenções já
realizadas. Essa ficha é analisada pela equipe escolar que, observando indicadores de dificuldades, a encaminha à Secretaria de
Educação do Município para continuidade do processo de avaliação psicoeducacional, realizada por psicólogo e professor
especialista em Educação Especial. Na sequência, é redigido o Relatório de Avaliação Psicoeducacional no Contexto Escolar,
para ser realizada a devolutiva à equipe escolar e aos familiares do aluno. Para tanto, orienta-se a seguir o roteiro do processo da
131
avaliação, elaborado pelo Grupo de Estudos em Educação Inclusiva da AMOP, confome instruções do Sistema Estadual de Ensino,
respeitando a realidade local:
[...] só deve ser indicada pela equipe técnico-pedagógica da escola após um período efetivo de trabalho com as
intervenções sugeridas pela avaliação pedagógica da escola e a persistência das dificuldades escolares do aluno. Nesse
sentido, primeiramente deverá ser realizada uma análise da situação do aluno dentro do espaço escolar em que tanto as
causas de caráter pedagógico quanto a relação com a família tenham sido esgotadas.(PARANÁ, 2013, p. 57).
Além disso, outro aspecto relevante diz respeito ao que fazer mediante aos resultados obtidos:
Nessa fase, será analisado cada caso e realizados os encaminhamentos necessários (Sala de Recursos Multifuncionais,
Classes Especiais, Escolas de Educação Básica na Modalidade Educação Especial, Centro de Atendimento Educacional
Especializado, Professor de Apoio Educacional Especializado - PAEE, Professor de Apoio à Comunicação Alternativa
(PAC), saúde, Assistência Social específica, Conselho Tutelar, Ministério Público, etc.) de acordo com a necessidade.
Pode ocorrer que alguns casos, não sejam público-alvo da Educação Especial, então são realizados outros
encaminhamentos como: reforço, projetos culturais, atividades extra-curriculares, de apoio e do período integral, etc.
(CASCAVEL, 2017, p. 18).
De acordo com a Nota Técnica nº 04/2014/MEC/SECADI/DPEE, de 23 de janeiro de 2014 – que orienta os Sistemas de
Ensino quanto a documentos comprobatórios de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades
ou superdotação, no Censo Escolar –, a exigência do diagnóstico clínico dos estudantes público-alvo da educação especial não é
condição necessária para impedimento do acesso à matrícula no AEE. Entretanto, na prática, nota-se a incoerência com a
necessidade exigida pelo sistema SERE, pois, para a matrícula no AEE, é preciso “enquadrar” o aluno em um diagnóstico médico,
dentre os existentes.
Nesse sentido, a avaliação psicoeducacional
[...] precisa ir além da avaliação do aluno, de seus conhecimentos e competências como decorrentes de fatores orgânicos
de desenvolvimento e maturação, precisa ser também uma avaliação da escola e de suas metodologias, dos conteúdos
133
que esta oferece aos alunos, bem como da qualidade das mediações. Em suma, constitui-se numa avaliação que
extrapola o âmbito psicoeducacional para o âmbito só- cioeducacional, ao considerar a escola e a sociedade onde a
criança está inserida, sendo menos excludente e seletiva e mais dinâmica, desenvolvimentista e revolucionária, como
proposta por Vigotski e seus continuadores. (FACCI; EIDT; TULESKI, 2006, p. 120).
Tais reflexões, indicam que o entendimento desse processo serve de parâmetro para todos os profissionais que atuam na
Educação Inclusiva, que defendem a avaliação psicoeducacional, como perspectiva de possibilidades para a o desenvolvimento do
homem e da humanidade. E para colaborar com o trabalho pedagógico de todos os professores, que vivenciam desafios no
atendimento aos alunos público-alvo dessa modalidade, pelas condições da atual conjuntura brasileira, são indicadas na sequência
algumas orientações sobre o trabalho colaborativo.
Nesse modelo, dois ou mais professores possuindo habilidades de trabalho distintas, juntam-se de forma co-ativa e
coordenada para ensinar grupos heterogêneos, tanto em questões acadêmicas, quanto em questões comportamentais,
em cenários inclusivos. Ambos compartilham a responsabilidade de planejar e de implementar o ensino e a disciplina na
sala de aula. (CAPELLINI, 2004, p. 88).
Portanto, no trabalho escolar, a colaboração é uma estratégia pedagógica que consiste nas ações que o professor da classe
comum e o professor do ensino especial desenvolvem para trabalhar em conjunto, dentro da sala de aula comum, composta por
alunos com e sem deficiência. Existem alguns indicativos que auxiliam na prática pedagógica dentro da sala de aula do ensino
comum, entre o professor de apoio individual e o professor regente.
134
Atividades complementares: enquanto o professor do ensino comum assume, por exemplo, as atividades e os conteúdos
da área acadêmica, o professor do apoio89 ensina alguns alunos a identificar as ideias principais de um texto, a fazer resumos; enfim,
a dominar técnicas de estudo.
Atividades de apoio à aprendizagem: os dois professores ensinam os conteúdos acadêmicos. Enquanto o professor do
ensino comum é responsável pelo núcleo central do conteúdo, o professor do apoio encarrega-se de promover a mediação
suplementar e/ou complementar ao aluno que dele necessite, individualmente ou em pequenos grupos.
Ensino em equipe: o professor da classe comum e o do ensino especial planejam e ensinam em conjunto todos os
conteúdos a todos os alunos, responsabilizando-se cada um deles por uma determinada parte do currículo ou por diferentes aspectos
das matérias de ensino.
A outra forma de trabalho colaborativo realiza-se entre os professores que atuam na Sala de Recursos Multifuncional e os
professores de sala no ensino comum, a partir de ações de itinerância, em que o professor de AEE organiza em seu cronograma,
semanal ou mensal, visitas às escolas dos alunos matriculados, de forma intraitinerante, ou seja, dentro da própria instituição de
ensino ou interintinerante, com ações em diferentes instituições de ensino (SEED, 2018).
O sucesso do trabalho colaborativo depende de alguns fatores fundamentais:
• Necessidade de tempo (hora-atividade) nos horários dos professores para fazerem o planejamento em conjunto;
• Compatibilidade entre os estilos de trabalho e personalidades dos dois professores;
• Ser tolerante, reflexivo e flexível;
• Aceitar a responsabilidade pelo sucesso de todos os alunos;
• Manter relações positivas um com o outro;
• Ajustar expectativas para os alunos com deficiência na classe comum.
A elaboração e a execução do trabalho colaborativo requer planejamento e, para que esse se estruture, há necessidade da
criação de espaços e momentos para realização de encontros, troca de ideias e experiências, elaboração de estratégias, bem como,
apoio adequado para que os professores possam sustentar as iniciativas e manter a continuidade para viabilizar a revisão dos
progressos dos alunos para que sejam reformuladas ou reprogramadas as estratégias de trabalho pedagógico.
Ao professor da sala de aula do ensino comum é atribuído o ensino das áreas do conhecimento, e ao professor do AEE (da
sala de recursos, do apoio em sala de aula) cabe complementar (conteúdos defasados, básicos, dificuldades) e suplementar
89
Professor de Apoio Educacional Especializado - PAEE - (para alunos com TGD ou TEA); Professor de Apoio a Comunicação Alternativa - PAC - (para alunos
com deficiência física neuromotora); Professor de Apoio Pedagógico Especial - PAPE - (para aluno público-alvo que exige apoio especializado no ensino
comum).
135
(enriquecimento curricular para alunos com Altas Habilidades) a formação do aluno, com conhecimentos e recursos específicos que
eliminam as barreiras, as quais impedem ou limitam sua participação com autonomia e independência, nas turmas do ensino comum.
Para isso, utiliza-se de conteúdos, de serviços e de recursos específicos que consideram as peculiaridades de cada aluno,
público-alvo da Educação Especial Inclusiva. Nesse processo, os dois professores devem trabalhar de forma colaborativa, mediante
a elaboração do Plano de Atendimento Educacional Especializado para cada educando avaliado, tanto para os que são matriculados
na Sala de Recursos, quanto os que têm apoios individuais.
Para viabilização do trabalho colaborativo, os profissionais envolvidos precisam analisar quais são as barreiras que impedem
o desenvolvimento dessa proposta e que ações poderiam ser criadas para superá-las. O diretor e o coordenador pedagógico têm um
papel importante, como articuladores de momentos para que professores que atuam com o público alvo da educação especial, ou
seja, professores do AEE, PAC, PAEE e professores do ensino comum se encontrem para planejar. Como declara Martinelli (2016),
É importante destacar que o trabalho que o professor especialista desenvolve no ensino comum não é de apoio aos
alunos com NEE90 e não é auxiliar o professor de disciplina, é sim, uma parceria construída a partir das divergências e
consensos entre esses dois profissionais que requer paciência e tolerância em aceitar o outro, chegando ao ápice do
envolvimento mútuo de respeito e cumplicidade. O trabalho colaborativo prioriza a definição dos papéis entre o professor
especialista e o professor do ensino comum, bem como o pensar coletivamente, possibilitando o desenvolvimento
profissional e pessoal dos mesmos. (MARTINELLI, 2016, p. 37).
O desenvolvimento do trabalho colaborativo tem contribuído para autonomia e para aprendizagem dos alunos como um todo
e também para formação dos professores, auxiliando-os a refletirem continuamente sobre sua prática pedagógica na sala de aula e
no coletivo da escola. Esse trabalho, no entanto, exige derrubar barreiras e reconstruir o ambiente escolar para que se instale
efetivamente uma escola inclusiva. Dessa forma, as mediações devem considerar principalmente os aspectos psicossociais, ou seja,
o aluno com alguma necessidade especial ou deficiência está inserido em um contexto social, com suas características históricas,
culturais e individuais, e que a sua educação formal deve considerar que ele é sujeito de direito e central da ação educativa como
construção histórica.
Esse processo deve ser mediado pela compensação das suas dificuldades em possibilidades que possa aprender todos os
conhecimentos, mesmo que necessite de apoio constante do professor, colegas ou responsáveis pela sua aprendizagem. O objetivo
90
Necessidade Educacional Especial – NEE (termo utilizado também para os alunos público-alvo).
136
principal é sua plena participação em todas as atividades escolares, sem limitar seus interesses e direito de aprender como os
demais.
Na escola inclusiva, todos devem ser envolvidos e participarem do trabalho colaborativo, principalmente para aqueles alunos
de grupos socialmente excluídos e estigmatizados, visando seu pleno desenvolvimento educacional e social. E, portanto, pode-se
afirmar que um currículo à luz da pedagogia histórico-crítica deve oferecer conteúdos que permitam ao ser humano objetivar‐se de
forma social e consciente, de maneira cada vez mais livre e universal.
[...] b) Elaborar, executar e avaliar o Plano de Atendimento Educacional Especializado do estudante, contemplando: a
identificação das habilidades e necessidades educacionais específicas dos estudantes; a definição e a organização das
estratégias, serviços e recursos pedagógicos e de acessibilidade; o tipo de atendimento conforme as necessidades
educacionais específicas dos estudantes; o cronograma do atendimento e a carga horária, individual ou em pequenos
grupos.
c) Programar, acompanhar e avaliar a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de acessibilidade no
Atendimento Educacional Especializado, na sala de aula comum e nos demais ambientes da instituição de ensino.
d) Produzir materiais didáticos e pedagógicos acessíveis, considerando as necessidades educacionais específicas dos
estudantes e os desafios que estes vivenciam no ensino comum, a partir dos objetivos e das atividades propostas no
currículo.
e) Estabelecer a articulação com os professores da sala de aula comum e com demais profissionais da escola, visando à
disponibilização dos serviços e recursos e o desenvolvimento de atividades para a participação e aprendizagem dos
estudantes nas atividades escolares.
f) Orientar os demais professores e as famílias sobre os recursos pedagógicos e de acessibilidade utilizados pelos
estudantes de forma a ampliar suas habilidades, promovendo sua autonomia e participação.
g) Desenvolver atividades próprias do AEE, de acordo com as necessidades educacionais específicas dos estudantes:
ensino da Comunicação Aumentativa e Alternativa – CAA; ensino da informática acessível e do uso dos recursos de
Tecnologia Assistiva – TA; promoção de atividades para o desenvolvimento das funções mentais superiores com vistas ao
acesso ao currículo do ano de matricula do estudante. (PARANÁ, 2018, p. 4).
Portanto, a Sala de Recursos Multifuncional constitui-se em um espaço de desafio no qual o aluno encontra condições
necessárias para o desenvolvimento do processo de aprendizagem, com vistas ao alcance da supercompensação e de sua
valorização social, que pode ser potencializada pela educação inclusiva.
138
7. ADAPTAÇÕES CURRICULARES
A Política Nacional de Educação Especial de 2008 ressalta que “[…] as escolas devem acolher todas as crianças,
independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras” (BRASIL, 2008, p. 17-18).
Diante do exposto, deve-se considerar que todos os alunos devem ser matriculados na escola comum, e independentemente de suas
características biológicas, sociais e psicológicas, devem se apropriar dos conteúdos científicos que estão sendo ensinados.
A psicologia histórico-cultural descreve que “a diversidade de experiências, trajetórias pessoais, contextos familiares, valores
e níveis de conhecimento de cada membro do grupo, viabiliza no cotidiano escolar, a possibilidade de trocas, confrontos, ajuda mútua
e consequente ampliação das capacidades individuais e coletivas” (CARNEIRO, 2007, p.17).
Sendo assim, deve-se no contexto da escola comum ofertar as mediações adequadas, para que os alunos/crianças possam
efetivamente desenvolver suas FPS para uma educação de qualidade. Para que isso ocorra, são necessárias a elaboração e a
implementação de políticas de inclusão na escola.
Na LDBEN nº 9.394/96, em seu artigo 59, incisos I e II, destaca-se: “Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com
necessidades especiais: I - Currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas
necessidades [...]” (BRASIL, 1996, p. 41). Dessa forma, verifica-se uma preocupação em atender às necessidades dos alunos e
também assegurar-lhes a efetiva aprendizagem.
O Ministério da Educação apresentou, em 1999, o documento Adaptações Curriculares, Estratégias para a Educação de
Alunos com Necessidades Educacionais Especiais, que esboçou os diferentes níveis de organização das adaptações curriculares,
como: “[...] possibilidades educacionais de atuar frente às dificuldades de aprendizagem dos alunos” (BRASIL, 1999, p. 34).
O documento destacou que as adaptações curriculares não devem ser compreendidas apenas como um processo individual:
“[...] ou uma decisão que envolve apenas o professor e o aluno. Elas perpassam por três níveis: no âmbito do projeto pedagógico
(currículo escolar), no currículo desenvolvido na sala de aula; no nível individual” (BRASIL, 1999, p. 40).
As adaptações curriculares preveem:
[...] a busca de soluções para as necessidades específicas do aluno, não o fracasso na viabilização do processo ensino-
aprendizagem. As demandas escolares precisam ser ajustadas, para favorecer a inclusão do aluno. É importante observar
que as adaptações focalizam as capacidades, o potencial, a zona de desenvolvimento proximal (nos termos de Vigotsky) e
não centralizam nas deficiências e limitações do aluno como tradicionalmente ocorria. (BRASIL, 1999, p. 38).
139
No Brasil, o termo adaptações curriculares, voltado ao ensino comum, foi citado pela primeira vez no texto da Política
Nacional de Educação Especial. E, em 2006, nas Diretrizes Curriculares da Educação Especial para a Construção de Currículos
Inclusivos, destacou-se que:
[...] modificações que são necessárias realizar em diversos elementos do currículo básico para adequar as diferentes
situações, grupos e pessoas para as quais se aplica. As adaptações curriculares são intrínsecas ao novo conceito de
currículo. De fato, um currículo deve contar com adaptações para atender à diversidade das salas de aula, dos alunos.
(PARANÁ, 2006, p. 50).
O processo de adaptação/diferenciação curricular não pode ser entendido como uma mera modificação ou acréscimo de
atividades complementares na estrutura curricular, pois há aprendizagens imprescindíveis a todos os alunos, das quais não se pode
abrir mão. Há saberes que são essenciais como base para outras aprendizagens e que devem ser mantidos, como garantia de
igualdade de oportunidades de acesso a outras informações, portanto fundamentais para a construção do conhecimento. Se o que se
busca é a igualdade de oportunidades, é preciso aumentar a qualidade da educação oferecida e não diminuí-la.
Para os casos que necessitem de adaptação/diferenciação curricular, ou de organização geral do ensino, recomenda-se um
Plano de Atendimento Individualizado para cada aluno, elaborado pelos professores, pela equipe pedagógica da escola em parceria
com a Secretaria Municipal de Educação. Nesse sentido, a avaliação psicoeducacional do aluno de Educação Especial na
perspectiva da Educação Inclusiva deve garantir adequações curriculares como estratégias do cotidiano da escola e das
necessidades do mesmo. Segundo Oliveira (2008), “Adequações Curriculares são respostas educativas que devem ser dadas pelo
sistema educacional para favorecer todos os alunos, possibilitando o acesso ao currículo, sua participação integral e o atendimento
às necessidades educacionais especiais” (OLIVEIRA, 2008, p. 140).
Para Minetto (2008), não é um novo currículo, mas sim um currículo dinâmico, que pode ser alterado, pode ser ampliado,
para que possa atender realmente todos os alunos. Adaptar o currículo não significa reduzi-lo ou simplificá-lo, mas sim torná-lo
acessível. Ele exige que mudanças na estrutura do currículo e na prática pedagógica estejam em consonância com os princípios e
diretrizes do Projeto Pedagógico da Escola na perspectiva de um ensino de qualidade a todos. A autora ressalta que:
O currículo flexível que acolhe as adaptações curriculares tem na sua proposta pontos de destaque como, por exemplo, a
compreensão de que a decisão da necessidade de adaptações não é individual (do professor ou do orientador), mas sim
140
de responsabilidade de todos os envolvidos e, por isso, distribui responsabilidades, incluindo a à família. O sucesso não
depende somente de uma pessoa, mas da participação de todos. (MINETTO, 2008, p. 67, grifos nossos).
As adaptações curriculares realizam-se em três níveis: adaptações no nível do projeto pedagógico (currículo escolar/Projeto
Político Pedagógico - PPP), que devem focar, especialmente, a organização escolar e os serviços de apoio, oferecendo condições
estruturais que possam ocorrer no nível de sala de aula e no nível individual; adaptações relativas ao currículo da classe, que se
referem, sobretudo, à programação das atividades elaboradas, com o objetivo de que sejam desenvolvidas em sala de aula - a
organização e os procedimentos didático-pedagógicos, o como fazer, a organização temporal dos componentes e dos conteúdos
curriculares e a coordenação das atividades docentes; e adaptações individualizadas do currículo, que focalizam a atuação do
professor na avaliação do processo de aprendizagem e no atendimento a cada aluno.
As Adaptações Curriculares podem ser de Pequeno Porte/Não Significativas e de Grande Porte/Adaptações Significativas. As
adaptações de grande porte ou mais significativas: “compreendem ações que são da competência e atribuição das instâncias político-
administrativas superiores, já que exigem modificações que envolvem ações de natureza política, administrativa, financeira,
burocrática, etc.” (BRASIL, 2000, p.14).
Conforme Brasil (2000), as Categorias de Adaptações Curriculares de Grande Porte são definidas pelos elementos
curriculares e se voltam para: adptações de acesso ao currículo; adaptações de objetivos, adaptações de conteúdos, adaptações do
método de ensino e da organização didática, adaptação de sistema de avaliação e adaptação de temporalidade . Quando voltadas à
Adaptações de Acesso ao Currículo, referem-se:
[...] a criação de condições físicas, ambientais e materiais para o aluno em sua unidade escolar; a adaptação do ambiente
físico escolar; a aquisição do mobiliário específico necessário; a aquisição dos equipamentos e recursos materiais
específicos; a adaptação de materiais de uso comum em sala de aula; a capacitação continuada dos professores e demais
profissionais da educação; a efetivação de ações que garantam a interdisciplinaridade e a transetorialidade. (BRASIL,
2000, p.14).
As adaptações de Pequeno Porte constituem pequenos ajustes nas ações planejadas a serem desenvolvidas no contexto da
sala de aula:
141
As Adaptações Curriculares de Pequeno Porte (Adaptações Não Significativas) são modificações promovidas no currículo,
pelo professor, de forma a permitir e promover a participação produtiva dos alunos que apresentam necessidades
especiais no processo de ensino e aprendizagem, na escola regular, juntamente com seus parceiros coetâneos. São
denominadas de Pequeno Porte (Não Significativas) porque sua implementação encontra-se no âmbito de
responsabilidade e de ação exclusivos do professor, não exigindo autorização, nem dependendo de ação de qualquer
outra instância superior, nas áreas política, administrativa, e/ou técnica. As Adaptações Curriculares de Pequeno Porte
podem ser implementadas em várias áreas e momentos da atuação do professor: na promoção do acesso ao currículo,
nos objetivos de ensino, no conteúdo ensinado, no método de ensino, no processo de avaliação e na temporalidade.
(BRASIL, 2000, p. 8).
Nessa direção, um dos encaminhamentos importantes para o trabalho das adaptações91 curriculares é o atendimento
especializado individualizado em sala de aula, pelo professor de apoio (PAEE, PAC), o qual não deve ocorrer de forma isolado, mas
articulado com os conteúdos que são trabalhados com a turma toda. Mesmo para os alunos com Deficiência Intelectual, quando ainda
não se apropriaram da leitura e da escrita, o conteúdo não deve ser substituído por outros mais simples (currículo paralelo). O
encaminhamento a ser adotado é o de fazer o uso de recursos tecnológicos e encaminhamentos em que o mesmo possa ter o acesso
ao conhecimento, da mesma forma que os demais, o que irá diferenciar será como, com o quê, quando, avaliar qualitativamente (e
quantitativamente, com nota, quando for possível, de acordo com os resultados). As atividades devem sempre ser ativas (não
passivas) e, de preferência, cooperativas (com profissionais de apoio, colegas, dentre outros), valorizando sempre a autonomia do
aluno, visando sua independência nas atividades escolares.
Ao referir-se à organização do trabalho pedagógico, no momento do planejamento, todos os envolvidos devem considerar
ainda a área da avaliação na elaboração dos objetivos e, também, na definição dos conteúdos que serão avaliados em relação à
aprendizagem nos diferentes âmbitos do desenvolvimento humano e nas diferentes áreas curriculares. Tal avaliação deve considerar
o estilo e o ritmo individual da aprendizagem (que deve constar no relatório de avaliação no contexto), o que equivale a afirmar que
os avanços apresentados pelo aluno devem ser analisados em relação à sua própria trajetória escolar e não em relação aos demais
colegas de turma, com o foco principal nas possibilidades que o aluno público-alvo possa demonstrar seus conhecimentos sobre os
conteúdos estudados, igual aos demais alunos da turma.
Essas informações e considerações devem pautar, inclusive as discussões do pré-conselho e conselho de classe de modo
91
O uso do termo adaptação, no entanto, necessita de uma reflexão maior porque adaptar remete à ideia de ajuste mecânico, físico, localizado. Conforme
destaca Bueno (2000 apud DALGALO, 2018), adaptar é ajustar uma coisa à outra, amoldar, adequar. Historicamente, Garcia (2007) relata que o termo
adaptação curricular foi relacionado ao modelo médico-psicológico no campo da educação especial, com o “[...] sentido de adequar métodos, técnicas e
recursos aos diferentes diagnósticos dos alunos, a partir das categorias de deficiência: surdo, cego, deficiente físico, mental, múltiplo, das condutas típicas e das
altas habilidades” (GARCIA, 2007, p.17 apud DALGALO, 2018, p. 63).
142
que orientem decisões, inclusive sobre a pertinência da aprovação e/ou retenção de um aluno, uma vez que os tempos necessários à
aprendizagem, por vezes, são distintos dos demais alunos, requerendo mais tempo num mesmo ano. Nesse sentido, é possível que
a reprovação possa ser um indicativo de refazer um percurso de aprendizagem que auxilie no processo de desenvolvimento, quando,
comprovadamente, os atos de ensino necessários, tenham sido realizados com responsabilidade acadêmica. Com a Avaliação
Psicoeducacional no Contexto Escolar, descrita anteriormente, assim como a avaliação do ensino e da aprendizagem, faz-se
necessário garantir ao aluno não somente o diagnóstico, mas também condições de se desenvolver no contexto da escola comum,
por meio de mediações pedagógicas em suas dificuldades e aprimorar as suas potencialidades.
Por fim, considera-se que a sala de aula inclusiva deve propor um novo arranjo pedagógico, na qual contenham diferentes
dinâmicas e estratégias de ensino para todos, e complementação, adaptação e suplementação curricular quando necessários. Sendo
assim, a escola, a sala de aula e as estratégias de ensino devem ser modificadas para que o aluno possa se desenvolver e aprender.
92
Volume 1 da Coleção: A Educação Especial Inclusiva na Perpectiva da Inclusão Escolar: a escola comum inclusiva, MEC, 2010.
93
Refere-se aos demais professores que atuam no ensino comum, ou seja, os professores regentes das turmas da Educação Infantil e dos anos iniciais do
Ensino Fundamental.
143
f) O Sistema Braille;
g) A Orientação e mobilidade;
h) A Informática acessível;
i) O Sorobã (ábaco);
j) A Estimulação visual;
k) A Comunicação Alternativa e Aumentativa - CAA;
l) A Tecnologia assistiva.
94
Disponíveis nos Cadernos Temáticos para o AEE do Ministério da Educação de 2007. Pesquisar em
<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12814&Itemid=872>. Acesso em 30/06/19.
144
k) Avaliação de ingresso ou classificação/reclassificação no ensino comum de aluno egresso de educação segregativa
(Escola de Educação Básica na Modalidade de Educação Especial ou Classe Especial);
l) Trabalho colaborativo com os professores do ensino comum nos momentos da itinerância (observação, análises e
orientações “em relação” e “para” outros pares educativos);
m) Articulação de serviços multissetoriais e multidisciplinares; Avaliação (estudo de caso, plano do AEE e Relatórios).
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta proposta foi uma construção coletiva de professores e profissionais que assumiram o protagonismo do processo de
produção na área da Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva, a partir dos pressupostos desta PPC, na região
95
Disponíveis nos Cadernos Temáticos para o AEE do Ministério da Educação de 2007. Pesquisar em
<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12814&Itemid=872>. Acesso em 30/06/19.
145
Oeste do Paraná. E para a consolidação dessa proposta, a formação e atuação docente devem permitir que se vivenciem as
diferenças humanas, possibilitando a humanização de professores e alunos com ou sem deficiência.
Vale ressaltar que, ao longo da história humana, considera-se o processo de interação social o momento no qual há práticas
e vivências nas quais o ser humano transforma a natureza e, quando a transforma, modifica a si mesmo. Sendo assim, no ambiente
escolar, para que a inclusão de fato se legitime, há de se considerar a socialização, mas também um trabalho pedagógico que,
instrumentalize o aluno para a construção de pensamentos e abstrações mais elaboradas (KLIEN; SCHAFASCHEK, 1990 apud
IACONO, 2015).
Nesse sentido, ressalta-se a importância de se mediar práticas inclusivas, o mais cedo possível, às crianças público-alvo da
Educação Especial, na construção de um sistema educacional inclusivo, que vise à garantia da aprendizagem e ao desenvolvimento
de todos os alunos. Afinal, pode-se afirmar que esses alunos fazem parte do coletivo da escola, e todos os conteúdos e
encaminhamentos teórico-metodológicos apresentados devem ser ensinados e aprendidos por todos, como um direito humano
universal de uma educação de qualidade. Por fim, destaca-se que cabe a todos compreender a Educação Inclusiva como um avanço
para o fortalecimento da escola pública e da democracia social.
146
EDUCAÇÃO INFANTIL
1. CONCEPÇÃO
O desafio da construção de uma proposta curricular para a Educação Infantil iniciou-se pela necessidade de situar o tempo
da infância, que extrapola o período de 0 a 6 anos. Ser criança e viver a infância96 são direitos conquistados, como evidenciados nos
pressupostos legais; tais direitos precisam ser preservados no âmbito das diferentes instituições sociais: família, escola e
comunidade, entre outros espaços e tempos. Neste documento, porém, fez-se um recorte no tempo de existência humana e,
orientados pelos pressupostos filosóficos, psicológicos, pedagógicos e legais, delimitou-se um tempo específico da vivência da
infância sem, contudo, deixar de compreendê-la como tempo de vida que adentra o Ensino Fundamental.
Isso impôs uma responsabilidade ainda maior, no sentido de estabelecer um percurso pedagógico que pressupõe
continuidade. Mais do que elencar a infância como um período da existência humana, pela necessidade da construção curricular,
objetiva-se contribuir para repensar esse tempo, sem, no entanto, desconsiderar o direito primeiro de ser criança. Assim, é preciso
situar na história da humanidade como as relações sociais e os interesses predominantes, em cada momento, determinaram as
concepções sobre a infância, uma vez que os homens, dependendo da forma como se organizavam, produziram os meios de que
necessitavam para sobreviver, e, nessa luta pela sobrevivência, produziram diferentes relações, as quais, por sua vez, determinaram
diferentes necessidades educativas. Nessa perspectiva, a história da infância, entendida como a história do período inicial da vida do
homem, evidencia que a trajetória histórica da criança e da infância é marcada por fatores sociais, políticos, econômicos e culturais,
que foram decisivos no aparecimento das instituições destinadas ao atendimento e à educação das crianças.
Do século XII até meados do século XV, a infância era considerada uma fase insignificante, praticamente sem importância.
Consequentemente, não se nutria pela criança um sentimento de afetividade, pois ela era considerada um adulto em miniatura.
Somente no final do século XVII é que a infância passou a ser compreendida como uma etapa da vida, e é desse período que se têm
notícias das primeiras escolas para crianças: as instituições de caridade, cuidadas e mantidas por religiosos que recebiam crianças
de todas as camadas sociais. Paralelamente a esse acontecimento, a emergência da burguesia como classe social deslocou o valor
do homem da linhagem para o prestígio resultante do seu esforço e da sua capacidade de trabalho. A escola, nesse contexto, passou
a ser vista como caminho para a ascensão social, sendo a ela atribuída o “poder” de formar e transformar o indivíduo; assim, a
96
Constituição Federal de 1988, art. 227; Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN, 9394/96); Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Infantil (DCNEIs, 1999).
147
educação passou a ter o objetivo de estimular e intervir no desenvolvimento das crianças, especialmente das classes populares, de
forma assistencialista.
O contexto social do século XIX, período em que se consolidou o modo de produção capitalista por meio da industrialização
crescente na Europa, lançou a mulher, que até então exercia suas funções quase que exclusivamente no âmbito doméstico, no
mercado de trabalho das fábricas, criando a problemática de quem cuidaria das crianças, seus filhos e filhas, os quais, até então,
estavam sob a sua responsabilidade. Em meados desse século, na França, as primeiras creches tinham como objetivo, na maioria
das vezes, prestar assistência às crianças de baixa renda. Depois, apareceram também os Jardins de Infância, locais nos quais as
famílias mais abastadas matriculavam seus filhos para que tivessem diversão, adquirissem boas maneiras, fizessem trabalhos
manuais e, principalmente, se socializassem.
Ao situar a história da Educação Infantil no Brasil, Oliveira (2002) reafirma que:
Até meados do século XIX, o atendimento de crianças pequenas longe da mãe em instituições como creches ou parques
infantis praticamente não existia no Brasil. No meio rural, onde residia a maior parte da população do país na época,
famílias de fazendeiros assumiam o cuidado das inúmeras crianças órfãs ou abandonadas, geralmente frutos da
exploração sexual da mulher negra e índia pelo senhor branco. Já na zona urbana, bebês abandonados pelas mães, por
vezes filhos ilegítimos de moças pertencentes a famílias com prestígio social, eram recolhidos nas ‘rodas de expostos’
existentes em algumas cidades desde o início do século XVIII. (OLIVEIRA, 2002, p. 91).
A autora ressalta que esse panorama somente se modificou quando a abolição da escravatura no país veio intensificar a
migração para as grandes cidades, o que gerou, por um lado, problemas referentes ao destino que seria dado aos filhos dos
escravos, os quais já não assumiriam mais a condição de escravos de seus pais, o que colaborou para o aumento do abandono de
crianças. Iniciou-se, desse modo, uma busca de iniciativas voltadas para solucionar esses problemas com a criação de creches, de
asilos e de internatos, destinados ao atendimento das crianças pobres.
No século XX, nos Estados Unidos, por volta de 1950, presenciou-se a preocupação em atender às crianças de baixa renda,
no sentido de evitar os seus repetidos fracassos ao entrarem na escola elementar (equivalente ao Ensino Fundamental). Segundo
Abramovay e Kramer (1984), “as pré-escolas, nesse período, passaram a significar ensino que antecede ou que prepara para a
escola elementar” (ABRAMOVAY; KRAMER, 1984, p. 33). A pré-escola modificou radicalmente os objetivos das escolas maternais
americanas e também influenciou a Educação Infantil de vários países, inclusive a do Brasil, onde, respeitando as características que
lhe são próprias, a história da Educação Infantil também seguiu a lógica da história desse nível de ensino no mundo.
148
Na história da Educação Infantil97, dois marcos podem ser considerados como decisivos para o reconhecimento do direito da
criança à educação:
1) a “Declaração dos Direitos da Criança”, documento produzido pela ONU, em 1959, e complementado pela “Convenção
sobre os Direitos da Criança, de 1989”, que estabeleceu o direito à proteção, à compreensão, às oportunidades para o seu
desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, direito à educação, entre outros; responsabilizando a família, a sociedade e
as autoridades pela garantia da efetivação desses direitos, independentemente da raça, da cor, do sexo, da religião, da condição
social ou de outro fator de qualquer natureza;
2) a “Declaração Mundial sobre Educação para Todos”, assinada em Jomtien, na Tailândia, em março de 1990, por
representantes de 155 países, apresentou preocupações e metas a serem atingidas no sentido de ampliar a escolarização e,
principalmente, melhorar a sua qualidade. Com relação à aprendizagem, a declaração reforçou que essa começa com o nascimento,
o que implica cuidados básicos e investimentos na educação inicial na infância, envolvendo a família, a comunidade e os programas
institucionais. Dentre as metas estabelecidas, destacam-se os cuidados básicos com o desenvolvimento infantil, incluindo ações junto
às famílias e a comunidade, destinando especial atenção às crianças pobres e portadoras de deficiências.
O que se observou, no entanto, é que a ampliação do atendimento escolar para as camadas populares não foi suficiente para
cobrir as demandas nessa área. A Educação Infantil, como um direito da família e da criança, previsto na Constituição Brasileira de
1988, no Estatuto da Criança e do Adolescente (1990) e nas legislações educacionais específicas, pode ser considerada uma
conquista recente na história da educação brasileira, exigindo, ainda, muitos esforços da sociedade para que se efetive na prática.
Quando se analisa a legislação educacional, em seu percurso histórico, constata-se que, no Brasil, a primeira lei que tratou
da Educação Infantil foi a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 4.024/61, a qual apenas mencionava essa etapa da
escolarização, oferecida em Jardins de Infância ou em instituições permanentes. Na sequência, a Lei nº 5.692/71, que alterou artigos
da LDBEN nº 4.024/61, indicava, em seu Artigo 19, parágrafo 2º, que “Os sistemas de ensino velarão para que as crianças de idade
inferior a sete anos recebam convenientemente educação em escolas maternais, jardins de infância ou em instituições equivalentes”,
contudo, não afirmava como ocorreria a ampliação e a fiscalização desses estabelecimentos. No processo de redemocratização, por
sua vez, os debates em torno da Constituição de 1988 contaram com a participação de diversos movimentos sociais, entre eles o
97
É importante ressaltar que são necessários estudos, leituras e discussões que aprofundem a compreensão referente à história da Educação Infantil,
sobretudo a partir de meados do século passado, com a intenção de melhor situar quanto aos sentidos e significados das conferências, das declarações e dos
acordos estabelecidos pelas e entre nações no que tange ao enfrentamento das questões mais problemáticas que atingem a parcela da população considerada
vulnerável. Não há, nos limites deste documento curricular, condições de situar e analisar as ações que mais contribuíram para os avanços alcançados nas
políticas de oferta da Educação Infantil. Portanto, recomenda-se como leitura complementar estas duas obras: KUHLMANN JR., Moysés. A infância e
Educação Infantil. Uma abordagem histórica. Porto Alegre: Ed. Mediação, 1998,; ARCE, Alessandra. A infância brasileira e a história das ideias
pedagógicas: rastros e traços de uma construção social do ser criança. São Carlos: Ed. UFsCar, 2010.
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feminista, que favoreceram a conquista da Educação Infantil como um direito da família e da criança, os quais foram garantidos na
Constituição do Estado do Paraná98 de 1989 e na atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDBEN nº 9394/96.
O que pode-se evidenciar é que, à medida que na década de 1990 a Educação Infantil passou a ser responsabilidade da
pasta da educação, iniciaram-se também as discussões de cunho político-pedagógico sobre o atendimento à criança nesse período
de desenvolvimento humano. Inicialmente, as práticas pedagógicas orientavam-se, mais especificamente, pelas normativas advindas
do Sistema Nacional de Educação. Com a sistematização do Currículo Básico para a Escola Pública do Estado do Paraná, já
referenciado anteriormente, a pré-escola foi contemplada como proposta curricular, permanecendo a lacuna curricular para as demais
idades.
A legislação educacional atual avançou ao colocar a Educação Infantil como primeira etapa da Educação Básica, constituindo
direito inalienável da criança desde o seu nascimento, fator que imputou ao Estado a responsabilidade e dever de atender, em
complementação à ação da família e da sociedade. Dessa forma, todas as crianças adquiriram o direito à assistência e à educação,
independente do fato de seus responsáveis participarem ou não do mercado de trabalho. Aquilo que era uma reivindicação sobre os
direitos da mulher trabalhadora passou a ser, no âmbito legal, uma conquista de todas as famílias e um direito de todas as crianças
nessa faixa-etária, sem, todavia, consolidar-se no âmbito real, inclusive por questões que decorrem do próprio financiamento.
Refletir sobre a organização da Educação Infantil em seu percurso histórico implica obrigatoriamente explicitar a concepção
de criança que se assume. De modo coerente aos pressupostos que fundamentam este currículo, criança é entendida como
sujeito social e histórico, (iminente) que se apropria dos conhecimentos historicamente produzidos e acumulados pela
humanidade.
Portanto, é fundamental refletir, problematizar e desvelar o trabalho pedagógico desenvolvido com as crianças e as suas
famílias, porque esse é determinado pelas concepções de sociedade, de trabalho, de educação e de mundo que sustentam toda e
qualquer ação humana. Assim, parte dos seguintes princípios:
Primeiro, o homem não surge como um ser pronto e acabado, mas como um ser que é produzido pelo meio, pela própria
natureza e que, à medida que vai sendo produzido, vai se sensibilizando com relação ao meio, vai conhecendo e adquirindo
experiências que vão sendo acumuladas e transmitidas de uns aos outros, possibilitando a adaptação do meio às suas necessidades.
Ou seja, o homem é um produto do meio que, em sendo produzido, passa a produzir o meio que o produz e em que se produz;
98
O fato de, por um lado, estar sob a responsabilidade direta dos municípios a sua oferta e de, por outro, imperar as fragilidades históricas na tabulação e
análise dos dados estatísticos referentes à demanda/oferta/fluxo quanto a essa etapa da escolarização, ocorreram dificuldades, neste momento da 4ª revisão
curricular, em proceder uma contextualização mais consistente referente aos dados específicos do Estado do Paraná e da própria Região Oeste, nas últimas
décadas, confrontando-os com as mudanças nos dispositivos legais. Os municípios que integram esta produção curricular apresentam registros históricos
diferenciados na oferta da Educação Infantil e constata-se a necessidade de a Educação Infantil, no Estado do Paraná, ser minuciosamente pesquisada para
fins de que possa ser compreendida a partir dos determinantes econômicos, políticos, sociais, sua abrangência, avanços e dificuldades em relação à sua oferta.
150
Segundo, o trabalho se constitui uma marca do homem, de tal forma que não dá para entendê-lo dissociado da noção de
trabalho, bem como não é possível compreender o trabalho sem relacioná-lo ao homem;
Terceiro, para agir coletivamente, criou-se um sistema de signos que permitiu a troca de informações e a ação conjunta
sobre o mundo. A linguagem é ferramenta e produto da atividade mental. Portanto, não é apenas adquirida no curso do
desenvolvimento; ela constitui, transforma e é mediadora de todo o processo de apropriação de mundo e de nós mesmos,
acompanhando os jogos, as brincadeiras e as nossas ações ao longo da vida;
Quarto, no processo de humanização, ocorre o desenvolvimento das funções psíquicas superiores, entre elas, a sensação, a
percepção, a atenção voluntária, a memória, a linguagem, o pensamento, a imaginação, a emoção e os sentimentos. Esse
desenvolvimento pressupõe a internalização das operações externas, mediadas pelos instrumentos e pelos signos;
Quinto, a internalização não é uma condição dada a priori ao sujeito. Para efetivar-se, necessita de ações de intervenção em
nível de mediação para que aquilo que acontece, inicialmente, no nível interpessoal, possa ocorrer, posteriormente, no nível
intrapessoal.
À luz desses e dos pressupostos legais que orientam a oferta da Educação Infantil, é mister destacar que é função social
dessa etapa da Educação Básica tornar acessível a todas as crianças que as frequentam os elementos culturais construídos pela
humanidade, os quais constituem para o seu desenvolvimento. E, para tanto, referenda-se o defendido por Martins (2012) quando se
posiciona sobre as responsabilidades da instituição escolar: “Advogamos o princípio segundo o qual a escola, independentemente da
faixa etária que atenda, cumpra a função de transmitir conhecimentos, isto é, de ensinar como lócus privilegiado de socialização99
para além das esferas cotidianas e dos limites inerentes à cultura do senso comum” (MARTINS, 2012, p. 94).
Do mesmo modo, entende-se que, ao explicitar a função social da escola, os pressupostos pedagógicos referendam as
concepções fundamentais que balizam a organização curricular na e da Educação Infantil. Por isso, é preciso retomar com maior
precisão alguns aspectos, dentre eles, as concepções de cuidar e educar que permeiam toda a Educação Básica. O cuidar e o
educar são necessários porque se fazem prementes à preservação da vida humana. Nessa perspectiva, encontram-se nos
fundamentos legais que direcionam a organização da educação nacional elementos importantes que corroboram esse entendimento:
Cuidar e educar significa compreender que o direito à educação parte do princípio da formação da pessoa em sua
essência humana. Trata-se de considerar o cuidado no sentido profundo do que seja acolhimento de todos -crianças,
adolescentes, jovens e adultos- com respeito e com atenção adequada, de estudantes com deficiência, jovens e adultos
defasados na relação idade-escolaridade, indígenas, afrodescendentes, quilombolas e povos do campo. (BRASIL, 2010,
p.17).
99
Socialização dos conhecimentos acumulados pela humanidade.
151
Educar exige cuidado: cuidar é educar, envolvendo acolher, ouvir, encorajar, apoiar, no sentido de desenvolver o
aprendizado de pensar e agir, cuidar de si, do outro, da natureza, da água, do Planeta. Educar é, enfim, enfrentar o desafio
de lidar com gente, isto é, com criaturas tão imprevisíveis e diferentes quanto semelhantes, ao longo de uma existência
inscrita na teia de relações humanas, neste mundo complexo. Educar com cuidado significa aprender a amar sem
dependência, desenvolver a sensibilidade humana na relação de cada um consigo, com o outro e com tudo o que existe,
com zelo, ante uma situação que requer cautela em busca da formação humana plena. (BRASIL, 2010, p. 18).
Considerando a indissociabilidade do cuidar e do educar, o texto legal enfatiza que “[...] são, ao mesmo tempo, princípios e
atos que orientam e dão sentidos aos processos de ensino, de aprendizagem e de construção da pessoa humana em suas múltiplas
dimensões” (BRASIL, 2010, p. 18). Assim, um trabalho pedagógico para a Educação Infantil, direcionado às crianças de zero a cinco
anos (5 anos, 11 meses e 29 dias) e inserido em um projeto de transformação social, necessita incorporar as contribuições teórico-
práticas das diversas ciências e áreas de modo que auxiliem os professores a compreenderem a criança no contexto atual e
discernimento sobre a concepção de infância que norteia a organização do trabalho pedagógico.
2. OBJETIVO GERAL
Promover o desenvolvimento das crianças em suas máximas possibilidades, por meio da apropriação das experiências
das gerações anteriores para que sejam sujeitos históricos e sociais.
3. PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
A partir dos pressupostos da Teoria Histórico-Cultural e da teoria Histórico-Crítica, compreende-se que a criança se relaciona
com o mundo por meio da atividade dominante que, segundo Leontiev (1987), desempenha papel fundamental no desenvolvimento
dos processos psíquicos. Nesse contexto, retomando o que já foi explicitado nos pressupostos psicológicos, reforça-se que a
atividade principal ou atividade dominante refere-se, de acordo com Leontiev (1978), “[...] aquela cujo desenvolvimento condiciona-se
152
as principais mudanças nos processos psíquicos da criança e as particularidades psicológicas da sua personalidade num dado
estágio do desenvolvimento” (LEONTIEV, 1978, p. 293).
Para ser compreendida em seu processo de desenvolvimento, no período de 0 a 5/6 anos de idade, a criança precisa ser
situada no contexto econômico, político, social e cultural e, os processos de ensino e de aprendizagem, por sua vez, devem levar em
consideração a periodização do desenvolvimento, tendo como referência a atividade dominante. As atividades guias do
desenvolvimento, neste período, são identificadas como atividade de comunicação emocional direta, atividade objetal-manipulatória e
atividade jogo de papéis sociais, as quais apresentam implicações diretas à organização das situações de ensino, que visam a
promover o desenvolvimento humano. Destaca-se também que nem toda situação de ensino é promotora de desenvolvimento.
Diante disso, indaga-se: Como organizar o ensino? Quais conteúdos da prática social precisam ser apropriados? Por que e/ou para
quê precisam ser apropriados? Refletir sobre essas questões, dentre outras, no contexto da Educação Infantil, remete às reflexões
realizadas nos pressupostos filosóficos, psicológicos e pedagógicos que fundamentam este documento curricular.
Além disso, ressalta-se que é, ainda e sobretudo, na Educação Infantil que se intensifica o processo formativo intencional da
segunda natureza, a qual abarca as características humanas não-naturais, ou seja, aquelas que são produzidas e mediadas como
produtos da cultura humana e que, portanto, precisam ser transmitidas/ensinadas/socializadas de geração em geração. São nestas
tarefas de assegurar e garantir os elementos da cultura(externa) na constituição nos indivíduos que se insere a organização do
ensino e da aprendizagem na Educação Infantil.
Considerando a Atividade de comunicação emocional direta, que abarca de 0 a 1 ano, aproximadamente, Lazaretti e
Mello (2018) destacam que, ao assumir a comunicação como o principal elemento impulsionador do desenvolvimento infantil, é dela
que se extrai elementos para organizar a ação didática e, portanto, a prática pedagógica. Nessa direção, cabe destacar a importância
de uma comunicação entre adulto e criança enriquecida por gestos, olhares, toques, falas, expressões faciais, tons de voz, que
significam, que acolhem, que provoquem, que criem vínculos, que direcionem a atenção, que retirem os bebês das costumeiras
cenas de passividade em que são colocados. Para as autoras, “As intervenções nesse primeiro ano de vida devem ter como objetivo,
associado a suprir necessidades básicas de cuidado, expandir o repertório de experiências comunicativas que são mediadas por
signos e, concomitantemente, por experiências expressivas e instrumentais, que produzem novos motivos de agir sobre os objetos
que a circundam” (LAZARETTI; MELLO, 2018, p. 123). É preciso recuperar que o significado cultural dos objetos não será apropriado
pelo simples contato, é necessária a ação de intervenção e de mediação intencional por parte do professor, de modo que a criança
se aproprie do acervo disponibilizado. Não basta manipular livremente, é necessário que os conteúdos/conceitos científicos sejam
apropriados. Assim, ao definir o que será ensinado (conteúdo), é imprescindível delimitar o porquê será aprendido (objetivo), para
que o professor tenha condições de identificar os percursos necessários para alcançar os fins que se propôs a atingir.
153
Encarar o desenvolvimento infantil, nessa perspectiva teórica, como pressuposto para a organização do ensino, requer
compreender que:
Em meio ao amálgama formado pelos processos sensoriais e motores, a percepção do recém-nascido está imediatamente
vinculada aos seus estados emocionais, nos quais a sensação desempenha papel central. Na estrutura geral formada
pelos processos de sensação, motricidade e percepção, o afeto desponta como elemento fundamental às reações do
bebê, o que determina aclarar o significado do afeto nesse contexto formativo. O afeto diz respeito às afecções produzidas
pelas coisas do mundo sobre o bebê, coisas essas que, nesse período, produzirão sensações agradáveis e/ou
desagradáveis, de “bem-estar” e/ou “mal-estar”. Sua percepção, emocionalmente matizada, produz-se sobre a base
dessas sensações que, contudo, carecem de significados simbólicos. (CHEROGLU; MAGALHÃES, 2016, p. 100).
Para que isso se efetive, são necessárias ações de ensino que sejam pensadas por meio da formação dos processos
sensoriais e perceptivos de modo que essas ações provoquem respostas com o intuito de estabelecer vínculos, criar significados,
produzir sentidos que poderão ser incorporados como resultado das experiências de ensino e de aprendizagem. Destaca-se, ainda, a
importância dos movimentos de deslocamento que promovem o paulatino acompanhamento visual por parte da criança até à busca
pela apreensão tátil de objetos, em um movimento mais complexo de coordenação viso-motora. É, portanto, por intermédio de
práticas orientadas ao desenvolvimento máximo das possibilidades que o ensino deve ser organizado para fins de que as crianças
possam alcançar aquilo que lhes é legado pela humanidade. Somada a isso, encontra-se a responsabilidade por parte dos docentes
no tocante à percepção de possíveis problemas vinculados à visão ou à audição, que, por vezes, são diagnosticados com o auxílio do
trabalho de acompanhamento pedagógico realizado nas salas de aula.
Outro aspecto fundamental refere-se à Atividade objetal manipulatória, que abrange o período de 1 a 3 anos100, com
transformações importantes no desenvolvimento do psiquismo infantil. Martins (2012) esclarece esse aspecto, uma vez que essas
transformações acarretam implicações ao trabalho docente:
Na etapa inicial de aprendizagem das ações com objetos, própria ao início do segundo ano de vida, as ações
manipulatórias executadas pela criança marcam uma transição entre o objetivo de exploração das propriedades sensoriais
100
Para um aprofundamento, indica-se as obras: TULESKI, S. C.; EIDT, N. M. A periodização do desenvolvimento psíquico- atividade dominante e a formação
das funções psíquicas superiores. In: MARTINS, L.M.; ABRANTES, A. A.; FACCI, M. G. D. (Orgs.). Periodização Histórico Cultural do Desenvolvimento
Psíquico: do nascimento à velhice. Campinas, SP:Autores Associados, 2016. ARCE, A.; MARTINS, L.M. (Orgs). Ensinando os pequenos de zero a três
anos. São Paulo: Ed. Alínea, 2012.
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dos objetos (típica do primeiro ano de vida) e o objetivo de descoberta de suas funções sociais, isto é, para que e sob
quais circunstâncias são utilizados. Por isso, nessa etapa, elas tendem a reproduzir muito fielmente os atos que lhe são
ensinados pelo adulto, utilizando estritamente os mesmos objetos nas mesmas situações em que recebeu o modelo, ou
seja, a criança ainda não generaliza ações objetais. Importa-lhe, fundamentalmente, a funcionalidade do objeto, dado que
culmina numa característica bastante sutil de suas ações: para que servem os objetos se sobrepõe totalmente às
maneiras pelas quais são utilizados (o para quê prevalece sobre o como).(MARTINS, 2012, p. 110).
Trata-se de um período caracterizado por imensas possibilidades de desenvolvimento, se conduzidas com responsabilidade
teórico-prática. A ampliação de possibilidades de movimentos, de comunicação, por meio da linguagem, enriquecem e, ao mesmo
tempo, exigem que sejam disponibilizadas experiências de aprendizagem que insiram a criança em situações de uso social,
conversando com a criança de modo a expressar com clareza as palavras, estabelecendo vínculos visuais, utilizando vocabulário
variado, rico em possibilidades e ampliado em termos de manutenção de uma sequência lógica na exposição das ideias.
A Atividade Jogo de Papéis Sociais é a atividade guia no período de 3 a 6 anos, e caracteriza-se pelo interesse em fazer o
que o adulto faz, evidenciando que a criança percebe o adulto em suas funções, em suas ocupações, em suas vivências. Nesse jogo,
atribuem-se sentidos, transferem-se significados, possibilitando aprendizagens importantes, dentre elas, acatar ordens, controlar
desejos imediatos em razão de cumprir um papel assumido em uma brincadeira em que representa o outro. Nesse jogo de
representação, aprende-se sobre regras e sobre autocontrole, toma-se consciência gradativa de suas próprias ações, conforme
exposto por Lazaretti e Mello (2018):
Ações de ensino que promovem o desenvolvimento da brincadeira de papeis, condicionam ações de aprendizagem: ao
brincar como se fosse a mamãe, a criança aprende a renunciar seus desejos e impulsos imediatos para desempenhar o
papel assumido na brincadeira, esforçando-se para reproduzir as ações dessa função social, já que qualquer infração na
lógica das ações não é permitida com a justificativa que na vida não é assim. (LAZARETTI; MELLO, 2018, p. 128).
São exemplos de jogos e brincadeiras que podem ser utilizados como referência: coelhinho sai da toca, o gato e o rato,
brincadeira de roda, de bola, passa anel, elefante colorido, estátua, cinco Marias, telefone sem fio, entre outras. Além da riqueza
presente nos jogos e brincadeiras, a Literatura Infantil oferece uma gama de possibilidades que inserem as crianças no universo de
aprendizagens e de desenvolvimento. Destaca-se que a organização é do professor, para que as crianças se tornem sujeitos do
processo, participando da ação, discutindo possibilidades, fazendo levantamento de materiais, descartando ideias e negociando
outras, ampliando as aprendizagens no campo da oralidade, tanto no que tange ao ouvir quanto ao falar, aprendendo a expressar
155
opiniões, ideias, argumentando frente aos colegas. O ato de planejar mediante os recursos disponíveis exige que outras
possibilidades sejam previstas, requerendo que argumentos sejam apresentados, discutidos, aprovados ou descartados.
Se planejar ações imaginárias criam possibilidades de aprendizagem, é possível e necessário colocar as crianças em outras
situações que discutam e criem possibilidades de interação com a totalidade dos conteúdos escolares. Aprender sobre cuidados com
a saúde, o patrimônio natural e cultural, os órgãos dos sentidos e sensações, o sistema solar, os animais no ecossistema, a cadeia
alimentar faz-se necessário, pois são conteúdos que integram o currículo e exigem que o docente domine os conceitos científicos
necessários para proceder a organização didática de modo coerente ao envolvimento das crianças na ação de aprendizagem. Ao
trabalhar com esses conteúdos, é possível, por exemplo, criar situações que simulem os procedimentos para encaminhamento e
realização da consulta médica e/ou exame, ensinando sobre os cuidados básicos com a saúde. É possível, ainda, organizar uma
salada de frutas e, nesse percurso, ensinar sobre as vitaminas, os sais minerais, as quantidades, os sabores, os cheiros, os
problemas de alergia a determinados alimentos, a produção, a circulação e o consumo de produtos, ou seja, há uma gama de
conteúdos científicos que integram os campos de experiências que precisam ser trabalhados para que haja compreensão do que
representa organizar uma salada de frutas para fins de consumo, do processo inicial ao final. Os dados coletados podem, também,
constituir fonte para elaboração de tabelas e gráficos, com apoio do professor. Dessa forma, as características do desenho
representado oferecem possibilidades de compreensão dos elementos concretos a elementos simbólicos. Nesse sentido, a
representação pictórica permite fazer relações e conexões das preferências do grupo e ampliação dos conhecimentos relativos a
tratamento da informação.
Conforme evidenciado, é possível concluir que a Educação Infantil está alicerçada por uma concepção de homem e de
sociedade que carrega em si uma dimensão histórica em tempo e espaço, determinados pela dinamicidade da relação dos homens
com o meio natural e social. Nessa perspectiva, é tarefa docente possibilitar o acesso aos elementos culturais historicamente
acumulados, por intermédio do ensino, para que as crianças se apropriem das experiências das gerações anteriores, para que sejam
sujeitos históricos sociais.
Outro pressuposto a ser considerado nessa organização é o determinante legal que, por meio da Resolução nº 02/17
CNE/CP, de 22 de dezembro de 2017, estabeleceu direitos essenciais de aprendizagem na Educação Infantil, sendo eles o direito a
conviver, brincar, participar, explorar, expressar-se e conhecer-se, os quais devem perpassar todos os campos de experiências
que organizam as práticas pedagógicas na Educação Infantil, na condição de direitos que devem ser garantidos à criança.
A Deliberação nº 03/18 de 23/11/18, do CEE/PR, por sua vez, instituiu o Referencial Curricular do Paraná: princípios,
direitos e orientações, com incidência nas instituições vinculadas ao Sistema Estadual de Ensino do Paraná, definindo que, nas
instituições que ofertam a Educação Infantil, ao tratar das áreas do conhecimento e dos componentes curriculares, “as interações e
brincadeiras que possibilitam aprendizagens, desenvolvimento e socialização” (PARANÁ, 2018, p. 12) são eixos norteadores da
156
Educação Infantil, reafirmando o exposto na Resolução nº 05/09 do CNE/CEB, de 17 de dezembro de 2009, a qual fixou as diretrizes
para a Educação Infantil, em âmbito nacional, determinando que as interações e a brincadeira estivessem contempladas como eixos
norteadores do PPP das instituições de Educação Infantil.
No que tange aos direitos de aprendizagem e de desenvolvimento, a legislação é clara ao definir:
Art. 20. São considerados direitos de aprendizagem e desenvolvimento no âmbito da Educação Infantil:
I. conviver com outras crianças e adultos, em pequenos e grandes grupos, utilizar diferentes linguagens, ampliar o
conhecimento de si e do outro, o respeito em relação à cultura e às diferenças entre as pessoas;
II. brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e
adultos), ampliar e diversificar seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade,
suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais;
III. participar ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do planejamento da gestão da escola e das atividades
propostas pelo educador, quanto da realização das atividades da vida cotidiana, tais como a escolha das brincadeiras, dos
materiais e dos ambientes, desenvolver diferentes linguagens e elaborar conhecimentos, decidir e se posicionar em
relação a eles;
IV. explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras, emoções, transformações, relacionamentos,
histórias, objetos, elementos da natureza, na escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a cultura, em suas
diversas modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia;
V. expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses,
descobertas, opiniões, questionamentos, por meio de diferentes linguagens;
VI. conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e cultural, constituindo uma imagem positiva de si e de seus
grupos de pertencimento, nas diversas experiências de cuidados, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas na
instituição escolar e em seu contexto familiar e comunitário, com a finalidade de desenvolver, gradativamente, sua
consciência sobre as relações com seu corpo e as necessidades primárias de manutenção da vida e as relações com o
próximo e com os grupos de convívio social, dentro de princípios de atenção, respeito e colaboração. (PARANÁ, 2018, p.
13).
Ao retomar os direitos de aprendizagem, é importante observar que eles articulam condições, qualificam as experiências do
conviver, do brincar, do expressar, do conhecer-se, do explorar e do participar imprimindo exigências ao trabalho a ser desenvolvido
nas instituições escolares, fator que diferencia essas experiências daquelas que ocorrem livremente em outros tempos e espaços.
Para além dos direitos de aprendizagem, os princípios também são pressupostos legais que precisam ser considerados na
organização da proposta curricular, conforme se segue:
157
Art. 21. As propostas pedagógicas de Educação Infantil devem respeitar os seguintes princípios:
I. éticos: da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum, ao meio ambiente e às
diferentes culturas, identidades e singularidades;
II. políticos: dos direitos de cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática;
III. estéticos: da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da liberdade de expressão nas diferentes manifestações
IV. artísticas e culturais.
Parágrafo Único: Os direitos de conhecer-se e de conviver relacionam-se aos princípios éticos, já os direitos de se
expressar e de participar partem dos princípios políticos, enquanto que os direitos de brincar e de explorar contemplam os
princípios estéticos. (PARANÁ, 2018, p. 13).
101
O entendimento do campo de experiência ainda é um grande desafio na educação de um modo geral. Apesar de utilizado como elemento organizador dos
saberes e das experiências nos documentos normativos advindos do sistema nacional e estadual de ensino, ainda se observa a permanência da composição
disciplinar na organização desses documentos, evidenciando a necessidade de esforços coletivos na superação da fragmentação que, costumeiramente, se
sobrepõe à organização do trabalho pedagógico.
158
circunstâncias, esse mesmo objetivo se torna a condição necessária para alçar novos conhecimentos. Essa situação fica mais
evidente à medida que transposta ou exemplificada, ou seja, se, em um primeiro momento, é preciso ensinar a criança a “Dar e
receber brinquedos” ou a “Lançar objetos” porque ela não sabe fazê-lo e precisa, portanto, aprender a equilibrar-se, a direcionar um
objeto, imprimir força em um movimento; em um segundo momento, após ter dominado esses conhecimentos, tornando-os
automatizados, eles passarão a servir de suporte a aprendizagens mais complexas. Assim, o que é objeto de aprendizagem (saberes
e conhecimentos), em alguns momentos, pode e deve, em um segundo momento, transformar-se em procedimento para a
apropriação de novos saberes e conhecimentos. A consciência dessa situação é necessária ao(a) professor(a) de modo que possa
acompanhar o ensino e os resultados da aprendizagem, definindo em quais momentos e com quais alunos precisará retomar
intervenções pedagógicas de ensino.
É importante não perder de vista que a definição pelo Supremo Tribunal Federal referente ao corte etário para ingresso no
Ensino Fundamental impacta na organização da Educação Infantil como etapa inicial da Educação Básica. Nesses termos é que a
organização dos saberes e conhecimentos em cada campo de experiências e os encaminhamentos teórico-metodológicos
contemplam essa nova organização da Educação Infantil tendo também como referência a idade de matrícula nas referidas turmas,
havendo necessidade de contemplar o período de transição, responsabilidade essa que deverá ser cumprida no campo da
organização das PPC. Assim, ao proceder a leitura dos Campos de Experiências, há que se considerar a idade de 0 a 5 anos 11
meses e 29 dias e os Saberes e Conhecimentos (Conteúdos), bem como os Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento que
integram o trabalho pedagógico, considerando a sua abrangência e o grau de aprofundamento.
Na sequência, apresentam-se, portanto, os campos de experiências, com quais saberes dialogam mais intensamente e por
quais meios é possível encaminhá-los para fins de alcançar os objetivos de aprendizagem propostos. No campo deste currículo, são
indicados alguns dos elementos considerados essenciais, os quais precisam ser complementados no campo das PPCs e dos Planos
de Trabalho Docente (PTDs, doravante) de modo que a organização do trabalho pedagógico se efetive de modo coerente aos
pressupostos já enunciados neste documento curricular. Ao proceder a leitura dos campos de experiências e as indicações teórico-
metodológicas, faz-se necessário retomar e confrontar com o já exposto como proposição no que diz respeito às reflexões sobre a
atividade guia ou dominante.
1) O EU, O OUTRO E O NÓS: refere-se aos saberes e aos conhecimentos de si mesmo (sua identidade e autonomia), ao
conhecimento do mundo a sua volta, ao convívio social e ao contato com diversas culturas solidarizando-se com os outros. A
construção da identidade e da autonomia é um aspecto importante no desenvolvimento infantil e encontra-se diretamente ligada à
socialização, o que implica sentimentos de bem-estar e de segurança, os quais, segundo Souza e Borges (2002) “são pré-requisitos
para o estabelecimento da socialização e da autonomia da criança pequena” (SOUZA; BORGES, 2002, p. 99). Desse modo, à
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medida que o professor atua para a percepção do próprio corpo por parte da criança e incentiva a participação na organização dos
espaços e das brincadeiras, fazendo escolhas e trocando pontos de vista, fazendo perguntas e levantando hipóteses, fazendo
pesquisas e dando sugestões, bem como expressando sua opinião, estará contribuindo para o desenvolvimento de características
iminentemente humanas.
É por meio dos primeiros cuidados que a criança percebe seu próprio corpo como separado do corpo do outro, vai
aprendendo a organizar suas emoções e amplia seus conhecimentos sobre o mundo. Assim, assume relevância o trabalho com a
respiração e a consciência sobre ela como um dos primeiros trabalhos constituidores da percepção do próprio corpo, sendo que o
riso, o choro e a gargalhada podem servir de ponto de partida para a percepção dos movimentos que provocam no próprio corpo.
Na interação inicial, por meio das relações com pais, professores e outras pessoas do seu convívio social, a criança vai
elaborando suas primeiras noções de identidade, as quais estão relacionadas à noção de pertencimento a um determinado grupo,
fator que contribui para as sensações de segurança e proteção, essenciais ao bem-estar e à tranquilidade. Por meio das interações e
brincadeiras, a criança, além de imitar a vida, elabora conceitos que auxiliam nas situações de interação social. Esse processo
acontece de modo gradativo e o professor deverá estar atento ao histórico de vida de seus alunos, levando em consideração os que
frequentam a instituição escolar desde o início até os que foram matriculados posteriormente, em tempos distintos, obervando
aqueles que vêm de ambientes familiares e sociais em que há muitos estímulos e os que convivem em ambientes com menores
possibilidades de interação. Esse reconhecimento possibilitará ao(a) professor(a) a organização de planos de trabalho que
contemplem especificidades de modo a garantir que todas as crianças tenham seu direito de desenvolvimento garantido em todos os
saberes e conhecimentos.
Esse é um campo que dialoga com saberes de outros campos, pois, sobretudo no berçário, a comunicação visual, gestual,
emocional e o diálogo promovido pelo(a) professor(a) são elementos constituintes dos saberes e conhecimentos dos campos de
experiências Corpo, Gestos e Movimentos, bem como Escuta, Fala, Pensamento e Imaginação. Assim, à medida que interage, que
brinca, que vivencia, que participa de situações diversas mediadas pela interação dialógica com o(a) professor(a), o qual tem por
responsabilidade interpretar e, portanto, significar e atribuir sentidos às diversas experiências, a criança-aluno vai sendo inserida em
um universo de experiências sociais e culturais que lhe permite se apropriar, gradativamente, do universo simbólico que a rodeia.
O trabalho pedagógico a ser desenvolvido nesse campo tem a intencionalidade de promover a percepção do eu, do outro e
do nós, nos diferentes espaços e grupos, pelos e nos quais a criança transita e/ou encontra-se inserida. De forma gradativa e
intencional, é preciso conduzi-la para que se aproprie das diferentes formas de convivência, organização em cada um desses grupos
e espaços, de modo que tome consciência de qual “lugar” ela ocupa, como criança, em cada um dos diferentes grupos, espaços e
tempos, ampliando seu universo de saberes e conhecimentos. Esses conhecimentos se referem ao eu, ao eu e ao outro, ao outro
como família, ao outro como escola, ao outro como outros (possíveis estranhos), ao outro como outros grupos de convivência,
160
aprendendo a expressar suas necessidades, desejos, emoções e a comunicar-se, apropriando-se de regras de convivência de modo
a construir, gradativamente, posturas mais autônomas, confiantes, empáticas, respeitosas a si e ao outro. Esse é um campo de
experiências que exige a manipulação, a exploração, a movimentação, o uso de elementos da cultura de diferentes grupos, de modo
a contemplar a diversidade e contribuir para o enfrentamento de práticas de discriminação racial, de gênero ou mesmo em
decorrência da condição social das crianças e suas famílias, requerendo que o(a) professor(a) relacione essas diferenças ao gênero
humano.
2) CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS: trata-se de um campo de experiências que se refere aos saberes e aos
conhecimentos do próprio corpo, dos seus movimentos e dos seus cuidados, uma vez que o corpo é para a criança um meio de
expressão e comunicação que a auxilia na sua relação com o mundo.
À medida que se relaciona com o mundo por meio de seu corpo, por intermédio das mediações, gradativamente, a criança
incorpora a consciência do modo como acontecem essas relações, realizando movimentos afins quando percebe alterações de
acordo com as suas experiências e aprendizagens.
A comunicação entre os corpos que se relacionam e o mundo, por sua vez, propicia o diálogo em que interpretações e
respostas são expressas por meio do “se movimentar” desses corpos, constituindo novos significados. De acordo com o Referencial
Curricular do Paraná, “diferentes linguagens são manifestadas por meio do corpo, onde a criança revela sua compreensão de mundo,
sentimentos, necessidades” (PARANÁ, 2018, p. 49). É evidente, portanto, a importância da exploração de espaços para a prática de
movimento, nos quais a criança estabelece diferentes sentidos/significados para suas ações. Esses espaços precisam possibilitar a
exploração de movimentos de lançamento de preensão, de deslocamento, de atividades de orientação espacial por meio do percorrer
trajetos, por exemplo, com a intencionalidade de promover a progressiva autonomia nos movimentos e a autoconfiança em relação
ao movimentar-se pelos espaços, experienciando-os. Nesse campo, integram-se muitos conceitos essenciais às aprendizagens que
se fortalecerão com as demais experiências advindas dos outros campos de saberes, dentre eles Espaços, Tempos, Quantidades,
Relações e Transformações e Traços, Sons, Cores e Formas, tendo o corpo como referência em diferentes espaços e contextos.
Nessa perspectiva, a criança é estimulada à autorreflexão e à emancipação, contribuindo na construção de conhecimentos
sobre o mundo, apreendendo e criando, sempre por meio de experiências que evidenciem as relações com o seu corpo, com o corpo
do outro e com o ambiente, promovendo condições para o exercício da autonomia na criação de novos movimentos. Com a
experiência corporal, abrem-se possibilidades para fomentar o autoconhecimento, a autoafirmação e a curiosidade, pois, ao sentir o
movimento, é possível modificá-lo e ressignificá-lo expressando-se e dialogando com o mundo. Por meio das brincadeiras,
manipulação de jogos e brinquedos, uso de diferentes materiais e recursos pedagógicos, bem como interações que constituem o eixo
161
central nesse campo de experiências, é que a criança incorpora a realidade, a percepção dos papéis e os códigos sociais que fazem
parte do seu contexto social.
O brincar torna-se importante no desenvolvimento da criança, de modo que as brincadeiras e jogos devem ser explorados
intencionalmente desde os mais funcionais até os de regras, uma vez que “criar movimentos, gestos, olhares e mímicas em
brincadeiras, jogos e atividades artísticas como dança, teatro e música” (BRASIL, 2017, p. 47) é um dos objetivos a ser alcançado
nesse campo. Isso exige que o movimento do corpo ou de partes do corpo seja trabalhado nas várias linguagens da arte (dança,
teatro e música). Entretanto, o(a) professor(a) precisa explorar recursos pedagógicos adequados a elas, ambientes que propiciem a
movimentação e o uso do som, incluindo os diferentes ritmos, conforme expressos nos campos de experiências, contemplando a
cultura local, regional e o atendimento aos dispositivos legais que indicam a necessidade de trabalhar com os conteúdos da história e
cultura afro-brasileira, indígena e matrizes europeias. Outro cuidado ao explorar os saberes e conhecimentos vinculados ao Corpo,
Gestos e Movimentos diz respeito às possíveis situações de inclusão que podem requerer, de forma mais específica, a atenção do(a)
professor(a) com relação à flexibilização de encaminhamentos para o trabalho com os conteúdos desse campo.
O espaço da sala de aula, do berço, da mesa de refeições, os espaços livres e mais amplos disponíveis nas instituições de
ensino, as cores, as formas, os objetos, os brinquedos, as brincadeiras, os materiais manipuláveis, as músicas de diferentes ritmos,
os materiais que produzem sons, os brinquedos que possibilitam movimentos diversos, bem como a quadra de esportes, o parque
infantil, o colchonete, todos esses elementos são recursos e materiais que precisam estar no campo da organização do trabalho
pedagógico, inseridos de forma cuidadosa nas atividades que serão desenvolvidas.
É certo que os jogos, as brincadeiras e a linguagem cênica (dramatizar) lidam com o real e o imaginário, assumindo papel
decisivo no desenvolvimento do pensamento, contudo, no momento histórico atual, as crianças têm apresentado dificuldades cada
vez maiores para interagir por meio de brincadeiras e jogos nas praças e/ou outros espaços públicos de uso coletivo, em decorrência
das jornadas de trabalho intensivas dos responsáveis legais e, mesmo, por medo da violência presente nos espaços urbanos. Outro
ponto importante a considerar é o da recuperação de brincadeiras, brinquedos e jogos que não dependam do consumo excessivo de
produtos industrializados, que incentivem relações interpessoais, que ultrapassem a competitividade e a supervalorização da força
individual. O brincar, o jogar e o representar são vivências a serem exercitadas, fundamentalmente, pelo prazer que representam por
serem formas de lazer que podem ser experienciadas em diversos espaços e que, na maioria das vezes, independem de recursos
materiais mais complexos e exploram a criatividade. É importante lembrar de que, “Por meio do jogo, as crianças conhecem a vida
social dos adultos, compreendem melhor as funções sociais e as regras pelas quais regem suas relações” (MUKHINA, 1996, p.160).
A dança, outra forma de expressão, também é uma forma de linguagem que promove a comunicação da pessoa consigo mesma,
com os outros e com o meio. Desde pequena, a criança descobre as infinitas possibilidades de adequar o seu corpo a seus folguedos
diários. A Educação Infantil poderá construir inúmeras possibilidades de expressão corporal, pautando-se na condução prazerosa,
162
respeitando a condição física, por meio do movimento da dança, da consciência rítmica e da expressão de forma livre e/ou dirigida.
Ressalta-se que a escolha das músicas e dos ritmos que serão ensinados precisa alçar o campo do ensino de novos saberes,
possibilitando as crianças o contato e a aprendizagem de novas experiências que ampliem o seu universo cultural de modo que a
instituição cumpra com o exposto nos pressupostos pedagógicos deste documento curricular.
3)TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS: é o campo que se refere ao saberes, aos conhecimentos e a expressão por meio
das diferentes linguagens (visual, musical, cênica) das manifestações artísticas e culturais e de recursos tecnológicos, favorecendo o
desenvolvimento do senso estético e crítico, da sensibilidade, da criatividade e da expressão pessoal.
É importante que as instituições de Educação Infantil disponham de um espaço inicial e deflagrador para o desenvolvimento
das diferentes linguagens expressivas, tendo em vista que as crianças pequenas iniciam o conhecimento sobre o mundo por meio
dos cinco sentidos (visão, tato, olfato, audição, gustação), do movimento, da curiosidade com relação ao que está a sua volta. Assim,
a humanização dos sentidos é um fator fundamental para o trabalho com as linguagens expressivas, sendo necessário iniciá-lo já no
berçário, em situações nas quais os professores explorem a curiosidade dos bebês referente ao mundo físico à sua volta. É a partir
desse período que eles iniciam o conhecimento de que existem diferentes texturas, formas, cores, linhas, consistências, volumes,
tamanhos e pesos, conhecimento que vai se constituindo por intermédio da manipulação de diversos materiais, da exploração dos
ambientes, do movimento e do contato orientado com recursos pedagógicos diversos.
Ademais, é importante considerar o ambiente visual do berçário, os objetos que serão manipulados e as situações de
brincadeiras corporais. Recomenda-se, nesse sentido, a utilização de formas em cores vivas, com materiais diferentes, dentre eles
plásticos, papéis com texturas diferenciadas, objetos revestidos e/ou pintados, livro-pano, livro de banho, entre outros. Os móbiles
artesanais e brinquedos também em cores contrastantes (verde, vermelho, amarelo, azul e outras) e objetos que produzam sons e/ou
vibrações são outros atrativos para os bebês desenvolverem seus sentidos e curiosidades. Lembrando que é nos berçários que
surgem os primeiros registros de mãos impregnadas de sopas, papas e sucos. Por isso, é interessante possibilitar que aconteça em
alguns momentos, essa “lambança” alimentícia, pois é um momento de experimentação que gera satisfação, representa liberdade e
não deixa de se constituir numa criação.
À medida que as crianças se desenvolvem e conquistam sua independência em termos de locomoção, uso da linguagem,
entre outros aspectos, os professores poderão disponibilizar materiais e instrumentos mais específicos (pintura, modelagem,
colagem, fotografia, música, teatro, dança e audiovisuais, entre outros) que possibilitem a percepção da natureza e do ambiente
cultural em que estão inseridas. De acordo com Cunha (1999), o professor não deve estabelecer limites para as superfícies em que a
criança realiza seus registros. O alcance de sua atuação é o seu braço/mão, que deverá ser explorado de diversas maneiras. O
perceber e o registrar as impressões sobre o mundo se dá num processo contínuo que vai se modificando na medida em que as
163
crianças têm contato com as linguagens, com os materiais expressivos, com as intervenções dos adultos e de outras crianças. É na
interação da criança com os objetos de conhecimento, quer seja pelo desenho, pintura, modelagem, entre outros, que o processo
expressivo se constitui.
É oportuno destacar que o contato sensível, o reconhecimento e a análise de formas visuais e sensoriais presentes na
natureza e nas diferentes culturas antecedem a ação do registro. A partir deles, a observação e a experimentação em diversos meios
de comunicação da imagem devem acontecer por meio da utilização de fotografia, cartaz, televisão, vídeo, histórias em quadrinhos,
tela de computador, publicações, publicidades, desenho animado, obras de arte, entre outros. Na experiência com o fazer artístico,
diferentes possibilidades se apresentam ao professor: pesquisa de materiais; a relação entre perceber, imaginar e concretizar; o fazer
artístico com uso de massa de modelar, balões, jogos de montar, fantoches, argila, entre outros. É preciso, contudo, que o professor
equilibre as suas ações em um encaminhamento metodológico capaz de articular conhecimento, ludicidade, aprendizagem e
liberdade, com o ato de pensar acerca da arte e da produção de outros tempos e de seu tempo, exercitando seus modos de
expressão, reflexão, comunicação e senso crítico.
Outro aspecto importante diz respeito ao som, e para perceber a sua importância na vida do ser humano, basta observar que,
desde a mais tenra idade, a criança se sente atraída por ele; mesmo sem dispor ainda de um código social específico de
comunicação, utiliza-se do mais primário meio de expressão: os sons que emite para informar a mãe sobre as suas necessidades
básicas. Por meio de seus movimentos corporais, tem-se um indicativo claro: ela percebe e identifica a fonte geradora de sons, sua
localização, bem como as características intrínsecas deles. A qualidade e a expressividade do som são imediatamente percebidas
pelo bebê ouvinte. Nesse sentido, segundo Canduro (1989), “É do consenso geral que desde o primeiro mês de vida extrauterina, o
ser humano vai conhecendo o ambiente circundante, a princípio, pelos sons, depois pelas formas” (CANDURO, 1989, p. 15). A
receptividade à música é um fenômeno corporal. Ao nascer, a criança entra em contato com o universo sonoro que a cerca: sons
produzidos pelos seres vivos e pelos objetos. A sua relação com a música é imediata, seja por meio do acalanto da mãe e do canto
de outras pessoas, seja por meio dos aparelhos sonoros de sua casa, tornando-se de compromisso da instituição escolar ampliar o
universo de conhecimentos da criança-aluno sobre o som, os ritmos nas diferentes culturas, colocando-a em contato com
instrumentos musicais convencionais e não convencionais, explorando as múltiplas possibilidades advindas desses recursos.
A música exerce grande influência sobre a criança; diante disso, os jogos ritmados, próprios dos primeiros anos, devem ser
trabalhados e incentivados. O desafio é o de planejar atividades que envolvam músicas de diferentes povos, de diferentes épocas, de
diferentes formas, de diferentes compositores, oportunizando o acesso a vários gêneros musicais. Educar musicalmente é promover
atividades em que haja a percepção, a produção e a fruição dos sons, sejam eles musicais ou não para com eles interagir a fim de
expressar-se e comunicar-se. Esses encaminhamentos servem como ponto de partida e são ideias a serem questionadas e
enriquecidas pelas vivências em sala de aula, por meio do ouvir/perceber, analisar, reproduzir, utilizar, reelaborar. Na educação
164
auditiva, a receptividade sensorial é expressa por meio de diversas formas, tais como: movimentos, gestos, linguagem, entre outras,
e evolui de forma muito significativa nos primeiros anos da criança. É pela percepção auditiva que se descobrem os interesses
musicais, que se conhecem outros ritmos e que se desenvove a capacidade expressiva, favorecendo a capacidade imaginativa e
criativa. Assim, torna-se imprescindível o uso de materiais alternativos que possibilitam a produção de diferentes sons e/ou da banda
rítmica, os quais devem ser explorados com as crianças para que observem à vontade e façam suas primeiras tentativas com todo o
material sonoro de que se possa dispor. Para que a criança surda usufrua dessa mesma educação musical, faz-se necessário
adequar o ambiente para que ela possa sentir as vibrações dos ritmos musicais.
4) ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO: refere-se ao campo de experiências relacionado aos saberes e aos
conhecimento do uso social da fala e da escrita, possibilitando expressar ideias, desejos e sentimentos por meio da fala, do desenho
e das tentativas espontâneas de escritas, de modo a inserir a criança em diferentes experiências e vivências com diferentes suportes
de gêneros do discurso. Nesse campo de experiências, encontram-se os saberes e os conhecimentos que visam a familiarizar a
criança com os livros, ensinando-a a diferenciar a ilustração da escrita, bem como a perceber a direção da própria escrita,
distinguindo letras e números de outros sinais gráficos utilizados na linguagem escrita. Envolve um universo de experiências que
insere a criança na oralidade (escuta e fala) e, portanto, em processos de interação mediados de forma intencional, visando à
construção de saberes essenciais à apropriação da linguagem escrita.
O Referencial Curricular do Paraná (2018) defende a convivência “com diferentes manifestações artísticas, culturais e
científicas, locais e universais, no cotidiano da instituição escolar” (PARANÁ, 2018, p. 49), possibilitando às crianças, por meio de
experiências, a diversidade de linguagens como forma de expressar suas ideias e sua cultura. O trabalho com as linguagens implica
compreensão da leitura, como fundamento que permeia todas as linguagens, estando elas imbricadas, pois se revela na
interpretação dos sentidos presentes nos gestos, nos gêneros do discurso, no suporte e nos portadores textuais, na plástica, na
Literatura Infantil, no uso social da escrita e nos ícones. Assim sendo, ao se referendar cada uma das linguagens, parte-se do
pressuposto de que não será possível trabalhá-las desvinculadas da ação intencional de ler, interpretar e confrontar sentidos.
Na Educação Infantil, a leitura assume especial relevância na voz do professor. É um momento privilegiado para a construção
de leitores das mais diferentes linguagens, instigando as crianças à curiosidade, à paixão pela leitura, superando a visão de que se
leem apenas os registros escritos representados nas palavras e/ou nos textos. A entonação da voz na leitura diária realizada pelo
professor, a escolha de gêneros discursivos apropriados a cada momento da vida da criança, bem como a leitura de livros de
literatura sem legenda, discutindo as interpretações possíveis, são momentos privilegiados do trabalho com a leitura. Nesse contexto,
situa-se o trabalho com a Literatura Infantil, na qualidade de bem cultural produzido pela humanidade. O desenvolvimento do senso
crítico e estético bem como a integração da criança à sua cultura e ao conhecimento de outras culturas advêm de um trabalho
165
pedagógico intencionalmente planejado. Destaca-se, nesse contexto, que a Literatura Infantil não é pretexto para a sistematização da
escrita, para a reprodução de desenhos, para a realização de dramatizações, mas constitui-se em uma forma de imaginar e de criar,
de ver e de interpretar o mundo, por meio da discussão e da reflexão, estabelecendo relações entre o mundo real e o literário.
A fala é uma forma de representação construída socialmente. É um aprendizado que permite ao homem comunicar-se e
interagir, e ela vai se desenvolvendo desde o nascimento, uma vez que o choro já se constitui em um exercício. Engolir, espirrar,
arrotar, tudo serve para que o bebê aprenda a emitir sons, passando a fazer ruídos com a garganta, como se fosse um arrulho. Imitar
esses sons do bebê, mudando a entonação da voz, e esperar por uma “resposta” dele, mostrando-lhe, nesse processo, novos sons,
é de fundamental importância para que ele perceba que está sendo ouvido, pois quando compreende, com o tempo, que os sons por
ele emitidos podem chamar a atenção, procurará fazê-lo cada vez mais. Assim, entende-se que não há uma idade exata para a
criança começar a falar, mas sabe-se que, quanto mais ela se comunica, mais desenvolve a sua linguagem.
Em síntese, é fundamental que os adultos se comuniquem com os bebês: conversando, cantando, contando histórias,
escutando e repetindo os sons produzidos pelas crianças, nomeando partes de seu corpo e objetos. Embora, em um primeiro
momento, os bebês não compreendam a linguagem na mesma lógica dos adultos, vão percebendo os diferentes significados
atribuídos aos sons e às palavras que produzem. Cagliari (1985) contribui para essa reflexão, afirmando que as crianças aprendem
uma língua e não um amontoado de sons. O autor explicita que “aprender a falar é, sem dúvida, a tarefa mais complexa que o
homem realiza na sua vida. É a manifestação mais elevada da racionalidade humana. As crianças de todos os lugares do mundo, de
todas as culturas, de todas as classes sociais realizam isso de um e meio a três anos de idade. Isso é uma prova de inteligência”
(CAGLIARI, 1985, p. 52). Fica claro que a comunicação entre as pessoas é a primeira função da fala e, portanto, deve estar presente
na prática da Educação Infantil, pois a apropriação do conhecimento pressupõe a interação humana, por meio da qual ocorre troca de
ideias, de valores e de opiniões.
No processo de ensino e aprendizagem, é o professor que estabelece a relação entre a fala da criança e o conhecimento, por
meio dos processos de mediação em que deve-se primar pela ampliação do vocabulário por parte da criança. Observa-se que, no
esforço de resolver uma situação-problema, a criança balbucia ou sussurra para organizar seu pensamento. Essa fala, oralmente
manifestada, aos poucos vai sendo interiorizada, dando lugar à fala interior, pois, quando a criança fala em voz alta para si mesma,
ela organiza o seu pensamento e planeja sua ação, produzindo estratégias de ação intencional. Essa fala está, segundo Vigotski
(1991), “a serviço da orientação mental, da compreensão consciente, ajuda a superar dificuldades” (VIGOTSKI, 1991, p.115).
Ao professor compete criar contextos de interação em que a criança sinta-se segura para falar e, ao mesmo tempo, aprenda
a ouvir os colegas, a formular e responder a perguntas em momentos de interação, dirigidos intencionalmente pelo(a) professor(a).
Tais momentos transformam-se em práticas pedagógicas fundamentais à oralidade (ouvir e falar), por meio dos quais também se
desenvolve, de forma gradativa, a atenção voluntária, à medida que é necessário responder a comandos específicos ou interagir com
166
o outro entremeio ao seu relato ou exposição. Ao interagir, perguntando ao outro durante a sua exposição, exige-se que a criança
inicie seu aprendizado no sentido de manter a atenção na exposição realizada pelo outro.
As interações afetivas e descontraídas, que se iniciam nas práticas pedagógicas com o bebê, garantem que ele passe a
aguardar a hora de se comunicar com o professor, o que contribui para o desenvolvimento da comunicação e para o enriquecimento
do vocabulário, tanto nas situações de ouvir quanto nas de falar. Segundo Montoya (1994), “a criança que não foi solicitada a falar e
a relatar a respeito das suas experiências, a dizer e constatar aquilo que pensa, a reconstruir o vivido e o sonhado, não terá
condições necessárias para reconstruir as ações ao nível da representação” (MONTOYA, 1994 apud CUNHA, 1999, p. 12). A
linguagem oral se explicita na relação com o outro: falar – ouvir. Assim como no estímulo à fala, deve-se destinar tempo e atenção ao
ouvir. As crianças precisam ser ensinadas a prestar atenção na fala do outro, na narração de histórias, nos relatos realizados. Muitas
dificuldades de aprendizagem no Ensino Fundamental são diagnosticadas como resultantes da falta de atenção às orientações e/ou
às explicações orais. Não obstante, se as crianças não forem orientadas a ouvir e instigadas a reproduzir detalhes de histórias
ouvidas, por exemplo, dificilmente aprenderão a fazê-lo por conta própria; brincadeiras como “o telefone sem fio” podem auxiliar a
alcançar objetivos nessa direção.
Vigotski (1989) afirma que “Ensina-se às crianças a desenhar letras e construir palavras com elas, mas não se ensina a
linguagem escrita” (VIGOTSKI, 1989, p. 119), uma vez que se entende que o trabalho com a linguagem escrita não pode se reduzir
ao trabalho com o código escrito. Esse é um processo que se inicia com os gestos, os brinquedos e os desenhos, por meio dos quais
a criança vai elaborando as representações e atribuindo sentidos/significados, o que impacta a forma de lidar com os símbolos, cujos
significados são construídos nas relações sociais e incorporados na/pela cultura. Ou seja, quando um cabo de vassoura passa a ser
considerado “um cavalo”, ou um objeto enrolado em um pano passa a ser um “bebê”, a criança está atribuindo sentidos a esses
objetos, sentidos esses que não estão postos no objeto em si, mas foram por ela constituídos/atribuídos. Esse exemplo demonstra
que as brincadeiras, o faz de conta, os jogos de montar e os desenhos são fundamentais para a construção da ideia de
representação. É, contudo, um processo complexo cujo desenvolvimento dependerá da qualidade das intervenções pedagógicas
realizadas, uma vez que integra o campo da representação simbólica e da linguagem escrita.
Sendo a linguagem iconográfica a arte de representar, por meio de imagem/desenho, o conhecimento construído
historicamente que dá forma plástica e significado às ideias, aos conhecimentos e aos valores, deve-se ter claro que o desenho da
criança não evolui de forma natural, sendo necessária a intervenção do professor, ensinando a ver o implícito e o velado, atribuindo
significados aos seus traços, fazendo relação entre a representação da criança e a ideia que se quer representar. Segundo Luria
(2006),
167
A criança deve agora diferenciar esse signo (rabisco ou marca posicionado) e fazê-lo expressar realmente um conteúdo
específico. Sendo assim, a próxima fase é a de diferenciação dos signos primários pelas crianças, através,
principalmente, de pictogramas, ou seja, desenhos e representações de idéias. Trata-se da transformação de signos-
estímulos em signos-símbolos. - Linhas e rabiscos são substituídos por figuras e imagens, e estas dão lugar a signos.
Nesta sequência de acontecimentos está todo o caminho do desenvolvimento da escrita, tanto na história da civilização
como no desenvolvimento da criança. (LURIA, 2006, p. 161, grifos nossos).
Nesse sentido, o papel dos professores na Educação Infantil, no tocante à representação, é desafiador: interferir para que a
criança expresse visões particulares e imaginativas com relação aos objetos de conhecimento, de forma cada vez mais elaborada e,
sobretudo, para que compreenda o desenho como representação de alguma coisa ou ideia. O desenho é uma atividade que
apresenta múltiplas possibilidades, isto é, uma atividade que expressa a criação, a representação, o registro de ideias e
conhecimentos, a imaginação e estimula a criatividade. Para tanto, o professor pode fazer uso de diversos materiais, em momentos
de registro individual e coletivo, além de utilizar diferentes suportes, disponibilizando lápis de cor, giz de cera, tinta, cola colorida,
carvão, enfim, inúmeros recursos que irão possibilitar a expressão livre e/ou direcionada. O estímulo ao desenho coletivo e/ou
individual como forma de registro das discussões, estudos e passeios é um recurso imprescindível à prática pedagógica na Educação
Infantil.
O convívio com a linguagem escrita, em suas diferentes manifestações, deve ser compreendido como uma atividade real e
significativa. Ao professor cabe garantir esse processo, organizando as atividades e fornecendo informações necessárias à
compreensão da linguagem escrita, na qualidade de objeto cultural e, historicamente, construído. Os diversos sistemas de escrita,
elaborados pela humanidade, possibilitaram ao homem o registro de suas experiências, que se constituem, além de auxiliar a
memória, na possibilidade de divulgar informações e conhecimentos, de comunicar-se, de identificar locais, objetos e pessoas, de
expressar sentimentos e emoções.
É de Vigotski (1991, p. 133) a observação de que “o ensino tem que ser organizado de forma que a leitura e a escrita se
tornem necessárias às crianças”, de modo que assumam significado, bem como, se tornem relevantes para a vida. Quando a escrita
é compreendida como produto da atividade cultural, deflagrada pela humanidade, como resultado da necessidade de interação,
pode-se inferir que, quanto mais constantes e de qualidade forem os atos de leitura e escrita realizados pelas crianças e pelos que
estão ao seu redor, mais elementos elas terão para refletir sobre a língua e dela fazer uso. A defesa é a de que o encaminhamento
metodológico referente à escrita seja efetivado a partir da exploração das funções sociais e situações de uso real, o que implica
várias oportunidades de diálogo para analisar a diversidade de gêneros discursivos em suas várias manifestações, decorrentes das
diferentes situações de uso, tais como: a identificação, o registro histórico, o planejamento de ações, a comunicação, o lazer e as
fontes de informação.
168
Partindo-se, portanto, do pressuposto de que a apropriação da linguagem escrita depende fundamentalmente das interações
da criança com textos escritos, os professores precisam traduzir essa convenção, desde seus aspectos mais simples, como a direção
da escrita (da esquerda para a direita, e, no sistema braille, da direita para a esquerda), a disposição no papel (de cima para baixo) e
a especificação dos símbolos utilizados (letras, sinais de pontuação etc.). Esse trabalho realizar-se-á por meio de intensa produção
de textos coletivos, em que o professor atua como escriba, não se tratando de submeter a criança ao processo de reconhecimento
das unidades menores da escrita, mas de contextualizar informações necessárias à sua compreensão em situações de uso real. Ou
seja, pela mediação do professor, de quem recebe informações sobre o sistema convencional da escrita, a criança é inserida na
produção de textos e assim vai se apropriando dos mecanismos da escrita culturalmente elaborada, em processos pedagógicos,
intencionalmente conduzidos.
Perguntar os “porquês” das coisas; dá preferência ao que conhece e não que ao que vê; inicialmente o centro continua
sendo o próprio corpo, mas em seguida a criança consegue avançar, tomando como referencia um objeto; apresentam
dificuldades em considerar dois atributos simultaneamente; a percepção visual é mais forte que a correspondência um a
um; os conceitos que envolvem tempo se apresentam como os mais difíceis para à criança; por meio de manipulação de
materiais concretos, a criança já consegue adicionar e iniciar a contagem com significado. (LORENZATO, 2011, p. 5).
Ressalta-se que é por meio das experiências ou das situações do cotidiano da criança, nas experiências vividas no seu
universo cultural e, sobretudo, naquelas proporcionadas pelos atos de ensino promovidos pelo (a) professor(a), que os processos
mentais básicos para as aprendizagens da correspondência (ato de estabelecer a relação “um a um”); da comparação (ato de
estabelecer diferenças e semelhanças) da classificação (o ato de separar por categorias de acordo com semelhanças ou diferenças);
da sequenciação (ato de fazer suceder a cada elemento um outro sem considerar a ordem entre eles); da seriação (ato de ordenar
uma sequência segundo um critério); da inclusão (ato de fazer abranger um conjunto por outro) e da conservação (ato de perceber
que a quantidade não depende da arrumação, forma ou posição), vão corroborando para a construção do conceito de número.
Assim, o trabalho com esses conceitos não se constitui momento estanque ou específico, mas se encontra presente em uma
diversidade de atividades, podendo e devendo ser explorado em todos os campos de experiências e de forma simultânea.
170
Desde o nascimento, a criança está em contato permanente com formas, grandezas, números, medidas, contagens, os quais
assumem significados na relação com as outras pessoas e com o meio. Nesse percurso, os conceitos vão sendo construídos, à
medida que são exploradas as diferenças, as semelhanças, a forma, a cor, o tamanho, a temperatura, a consistência, a espessura, a
textura, por meio de jogos, materiais manipulativos, brincadeiras; quanto maiores são as experiências, maiores serão as
possibilidades de formação dos conceitos matemáticos. Uma vez que as noções lógico-matemáticas não se encontram no objeto,
para se construir esse tipo de conhecimento, é necessário que o professor estabeleça relações com o material manipulativo de forma
significativa, para que noções sejam interiorizadas. Para isso, é necessário, de acordo com Lopes e Grando (2012),
Entender que fazer matemática é expor ideias próprias, escutar as dos outros, formular e comunicar procedimentos de
resolução de problemas, formular questões, perguntar e problematizar, falar sobre experiências não realizadas ou que não
deram certo, aceitar erros e analisá-los, buscar dados que faltam para resolver problemas, explorar o espaço em que
ocupa, produzir imagens mentais, produzir e organizar dados, dentre outras coisas. Os conceitos matemáticos, bem como
as suas diferentes formas de registro (linguagem matemática) não são definidos por fases, ou etapas de aquisição de
linguagem matemática. Acrescenta-se a isso a ideia de que um trabalho intencional do professor no sentido de possibilitar
a aprendizagem matemática da criança não pode ser isolado de outras áreas do conhecimento, bem como definida por
etapas e fases. (LOPES; GRANDO, 2012, p. 5).
Ao tratar e refletir com a criança sobre os usos que são feitos dos números em nossa sociedade, a fim de compreender a sua
função social é preciso situar as diferentes funções que esses desempenham, tais como contar, medir, ordenar e codificar, funções
que estão presentes no cotidiano, como indicar data de nascimento, o número de calçado e da roupa, a altura, o peso, a ordem de
uma criança na fila, o peso de determinados alimentos, a distância, a metragem etc. À medida que se desenvolve o trabalho com os
números, constata-se que alguns podem ser utilizados em operações matemáticas e outros não. Por exemplo, não somamos os
números das casas ou dos calçados, números do CPF ou do RG, nem de placas de diferentes carros.
As operações, por sua vez, estão intimamente vinculadas à construção do número nas medidas, na geometria e no
tratamento das informações. Assim, quando trabalhadas de forma a possibilitar o desafio, desencadeiam na criança a necessidade
de buscar uma solução com os recursos de que ela dispõe. Em todas as atividades desenvolvidas, a quantidade é contada, tirada,
duplicada ou dividida entre os pares; inicialmente com o auxílio do professor e registrada por ele nas diferentes formas de registro
que mais tarde também poderão ser utilizadas pela criança, dentre elas, o desenho, o gesto, a escrita ou fazendo uso de um
vocabulário próprio. Aos 4/5 anos, a criança já conta, relaciona, enumera, faz correspondência, forma conjuntos iguais e inicia o
registro independente de pequenas quantidades.
171
É preciso, ainda, ensinar que medir é, essencialmente, comparar grandezas, tomando uma delas como padrão. É
recomendável que se trabalhe com as medidas arbitrárias, num primeiro momento, quando o(a) aluno(a) estará estabelecendo suas
primeiras relações, a partir daí, passar à compreensão das medidas padrões, àquelas convencionadas pelos homens em
determinada sociedade, como forma de unificar as relações comerciais. Compreender a medida implica, em nível mental, ter
adquirido a noção de conservação da quantidade, apesar das mudanças que possa acrescentar em nível perceptivo. Dessa forma, a
quantidade de um líquido não varia, apesar das diferentes formas que adquire, conforme o recipiente que o contém; o “peso” de uma
clara de ovo é invariável ainda que, quando batida, adquira maior volume. É preciso distinguir, em uma transformação, aquilo que
varia, nesse caso, a forma ou o volume, daquilo que fica invariável, ou seja, a sua quantidade.
O trabalho pedagógico com as medidas envolve todas as situações possíveis com a criança, a partir da observação, da
exploração, da comparação e da classificação, trabalhando-se as medidas padrão e arbitrárias, em situações reais. As ações que a
criança já pratica na vida cotidiana, ao brincar, experimentar e testar podem, com a mediação pedagógica, resultar em apropriação
do conhecimento. Ao utilizar-se de algumas medidas arbitrárias, é possível mostrar por que elas não permitem a exatidão de
informações, comparando-se com a medida padrão, com a qual não existe perda, considernado que elas permitem uma conversão
exata entre si. É importante também ensinar que algumas medidas arbitrárias ainda são usadas, por exemplo, as de receitas
culinárias (tais como a “pitada”). Ressalta-se, no entanto, a importância de se fazer o uso de instrumentos como: balança, metro, litro,
relógio, mostrando as mudanças ao longo do tempo. Da mesma forma, cabe trabalhar a função social do dinheiro na sociedade, a
cédula e a moeda como sistema monetário contemporâneo.
De todas as medidas trabalhadas, a de tempo é a que não usa a base decimal, por isso, a sua compreensão deve vir
precedida das noções de temporalidade, as quais devem ser organizadas pelo professor nas rotinas que constituem as atividades no
ambiente da Educação Infantil, tais como: ordenar fatos em uma sequência temporal, explorar o significado de antes e depois,
identificar situações que são vivenciadas de dia e de noite, trabalhar no calendário dia e mês, entre outros aspectos. Nesse período
de desenvolvimento, a criança tem ainda dificuldade de compreender o que é passado e, ao não compreendê-lo, sua percepção do
conceito de futuro também não ocorre. Essa situação decorre do fato de que, dentre as medidas, a de tempo é a mais complexa, haja
vista que não é possível vê-lo, ouvi-lo, saboreá-lo, cheirá-lo ou tocá-lo.
Ao estabelecer relações de comparação entre os objetos, considerando as suas propriedades, abarcam-se os elementos da
geometria, o que, na Educação Infantil, trata-se de sistematizar as experiências que as crianças realizam, inicialmente, de forma
espontânea com relação à exploração do espaço que as rodeia e dos objetos que têm a seu alcance, bem como de relacionar o
corpo com os objetos à sua volta e com seus pares. Por meio dos sentidos, elas visualizam, apalpam, ouvem, sentem, tendo, assim,
diferentes percepções, explorando e interpretando os objetos e suas formas. Segundo Pires, Curri e Campos (2001), “o espaço se
apresenta para a criança de forma essencialmente prática” (PIRES; CURRI; CAMPOS, 2001, p. 29), por isso, convém lembrar que,
172
entre 0 a 6 anos, dependendo das interações que a criança teve/tem no ambiente familiar e no ambiente escolar, irá
desenvolver/ampliar o domínio das relações espaciais. Nesse sentido, a responsabilidade dos professores é a de propiciar contato
com uma variedade de objetos e espaços, com detalhes de cor, de forma, de tamanho, dentre outros componentes do ambiente,
criando situações de aprendizagem.
Além disso, a exploração do espaço por meio dos órgãos sensoriais e dos movimentos e deslocamentos de engatinhar, de
pegar, de rolar, de pular, de agarrar, de sentir, de perceber, de comparar grandezas, de perceber espaços abertos, fechados,
fronteiras, vizinhanças, interior e exterior, se tornam essenciais à compreensão do espaço percebido/vivido. As noções básicas com
relação à orientação no espaço devem ser trabalhadas a partir dos pontos de referência, situando as crianças em relação às outras
crianças, em relação aos objetos do espaço e os objetos em relação a outros objetos. A exploração do espaço é um aspecto que
compartilha a geometria com outras áreas, a descoberta de si mesma e a descoberta do ambiente.
Nessa direção, os ambientes da Educação Infantil precisam ser organizados para a faixa etária que atendem, de modo a
proporcionar mobilidade e acessibilidade aos materiais que serão utilizados nas diferentes práticas pedagógicas, estando limpos,
portanto higienizados, a fim de que possibilitem atos de ensino desde o uso do banheiro, da sala de aula, do refeitório, do parque, da
horta, dos jardins e dos demais espaços de circulação e de acesso, tais como a entrada da instituição. Desse modo, no momento da
alimentação no refeitório, quando esse espaço existe, é necessário que ele esteja organizado para ser um refeitório e receber as
crianças em um momento de aprendizagem sobre o ato de alimentar-se. É preciso perguntar-se: Quais conteúdos de ensino e de
aprendizagem estão presentes nessa rotina? Quais deles passam despercebidos? Há uma ambientação (música, informações sobre
os alimentos da semana, por exemplo) adequada? Sobre os profissionais do setor? Restrições alimentares? Hábitos de higiene e
regras básicas? Ou apenas se serve, se orienta e se cuida individualmente de cada turma, em rotinas e escalas estabelecidas,
desvinculados de momentos e contextos gerais da sala de aula e dos conteúdos de aprendizagem, por vezes, esquecendo de
estabelecer relações com a própria experiência realizada com os alimentos em sala de aula ou na horta da instituição? É preciso
considerar que o ambiente e as relações que nele se estabelecem são pontos de partida para atos de ensino e que, quando
devidamente planejados, desencadeiam aprendizagens importantes.
Convém, ainda, explorar as formas dos objetos que integram a sua cultura e a cultura dos seus pares, partindo dos sólidos
geométricos, agrupando, observando critérios próprios ou fornecidos pelo professor, diferenciando-os (rolam, não rolam; porque não
rolam, têm tampa, fundo, entre outros), observando características comuns ou não, ou semelhanças e diferenças, situações essas
que poderão resultar em sínteses orais coletivas, sendo registradas com o auxílio do(a) professor(a) escriba, compondo, tabelas ou
gráficos. O trabalho de planificação dos sólidos se faz pelo contorno das faces, montando e desmontando caixas, reconhecendo,
percebendo, desenhando figuras planas, empilhando, contornando os sólidos, enfeitando, modificando, trabalhando com sombras,
descrevendo oralmente formas, embalagens e espaços.
173
Outro aspecto importante a considerar diz respeito às informações, as quais circulam de forma intensa, exigindo que a
sociedade encontre formas diferentes de organizá-las e de socializá-las. O tratamento da informação, nesse quesito, assume
especial relevância no contexto social, pois, cada vez mais, elas são veiculadas por meio de gráficos e tabelas, relacionados às
práticas sociais de coleta, de organização, de leitura e de interpretação e referentes às diversas áreas de interesse da sociedade. Na
Educação Infantil, portanto, é o momento de iniciar o trabalho com as informações organizadas de forma quantitativa, desenvolvendo
a curiosidade investigativa, atribuindo sentidos, construindo legendas e procedendo à sua leitura qualitativa. É o início da reflexão
sobre as diferentes formas de organizar esses dados que constituem o cotidiano das crianças, preferencialmente por meio de
gráficos pictóricos, os quais expressam as informações relativas ao tema da pesquisa como, por exemplo, a variação do tempo
durante um determinado mês, por intermédio de desenhos. Assim, existem vários assuntos que podem ser explorados: meninos e
meninas da sala, idades, número de calçados, frutas preferidas, verduras ou legumes de que mais gostam, números de pessoas que
moram na casa, números de irmãos, número de brinquedos, dentre tantas outras possibilidades de trabalho.
Ainda é oportuno destacar que, ao explorar, construir, ler e interpretar esses gráficos há muitos conceitos que, de início, pela
comparação e, mais tarde, pela exploração sistemática dos conteúdos, vão sendo formados. Um exemplo disso é o da construção,
com os alunos, de um gráfico que trate dos meses em que há mais aniversariantes, as suas alturas, os seus gostos por frutas, por
verduras, por times de futebol, pelas origens etc. Nesse momento, muitas questões irão aparecer como: Qual o mês em que há mais
crianças fazendo aniversário? Quantas a mais que...? Se..., que não veio hoje à escola, fizer aniversário no mês, igualará com qual
mês? Quantas crianças fazem aniversário no 1º semestre e no 2º semestre? E muitas outras proposições poderão ser levantadas,
com muitos conteúdos presentes, mesmo que o registro ainda seja de forma não convencional. O que se quer reforçar é que, ao
trabalhar com a leitura e o tratamento das informações que circulam na sociedade, há um percurso a ser realizado para garantir a
aprendizagem por parte dos(as) alunos(as). Ou seja, as informações, inicialmente, exploradas na oralidade, na sequência,
registradas por meio de desenhos, incorporarão, gradativamente, outras formas de registro escrito, tendo como apoio o professor
como escriba.
No contexto tratado até aqui, torna-se necessário que o(a) professor(a) domine saberes e conhecimentos/conteúdos e tenha
clareza sobre os objetivos de aprendizagem, para exercer uma intervenção pedagógica coerente com os pressupostos que
fundamentam este currículo, com as atividades guia ou dominante, possibilitando à criança o estabelecimento de relações e a
apropriação do conhecimento. De posse desse entendimento, é preciso retomar o exposto por Moura (2010), ao argumentar que “O
ensino realizado nas escolas pelos professores deve ter a finalidade de aproximar os estudantes de um determinado conhecimento.
Daí a importância de que os professores tenham compreensão sobre seu objeto de ensino, que deverá se transformar em objeto de
aprendizagem para os estudantes” (MOURA, 2010, p. 92). E, não é de qualquer ensino, não é de qualquer objeto, conforme elencado
174
nos pressupostos deste documento curricular; trata-se de uma instituição escolar que assuma compromissos com uma organização
específica pautada nos seguintes princípios:
[...] Para existir a escola não basta a existência do saber sistematizado. É necessário viabilizar as condições de sua
transmissão-assimilação. Isso implica dosá-lo e sequenciá-lo de modo que a criança passe gradativamente do seu não
domínio ao seu domínio. Ora, o saber dosado e sequenciado para efeitos de sua transmissão-assimilação no espaço
escolar, ao longo de um tempo determinado, é o que convencionamos chamar de “saber escolar”. (SAVIANI, 2012, p. 17).
Compete destacar que, nesse sentido, os cinco campos de experiências servem de referência à organização dos conteúdos
escolares, ou seja, ao recorte do conjunto de conhecimentos culturais que precisam ser ensinados às crianças de 0 a 5/6 anos de
idade. Os direitos de aprendizagem, os campos de experiências, os saberes e conhecimentos subsidiarão as escolhas teórico-
metodológicas, uma vez que respondem a elementos importantes da vida humana e que devem ser considerados a partir dos
pressupostos teóricos que sustentam este currículo.
A organização102 dos saberes e conhecimentos e dos objetivos de aprendizagem e desenvolvimento, nos respectivos
campos de experiências, encontra-se disposta em quatro tabelas, denominadas da seguinte forma:
BEBÊS – 0 a 1 ANO;
CRIANÇAS BEM PEQUENAS – 1 ANO;
CRIANÇAS BEM PEQUENAS – 2 e 3 ANOS;
CRIANÇAS PEQUENAS – 4 e 5 ANOS.
As tabelas específicas dos Bebês e das Crianças Bem Pequenas (1 ano) apresentam os saberes e conhecimentos e os
respectivos objetivos de aprendizagem e desenvolvimento, individualmente.
102
A Base nacional Comum Curricular apresenta a organização dos Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento organizados em Bebês (0 a 1 ano e 6
meses), Crianças Bem Pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses) e Crianças Pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses). O Referencial Curricular do
Paraná, por sua vez, apresenta uma outra organização dos Saberes e Conhecimentos e Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento, distribuídos em 6
faixas etárias: Bebês (0 a 1 ano); Crianças Bem Pequenas (1 ano); Crianças Bem Pequenas (2 anos); Crianças Bem Pequenas (3 anos); Crianças Pequenas (4
anos) e Crianças Pequenas (5 anos). Considerando o referencial teórico e a organização pedagógica e administrativa que prevalece na ampla maioria dos
municípios na área de abrangência deste currículo, optou-se por uma organização dos saberes e conhecimentos e dos objetivos de aprendizagem e
desenvolvimento que difere, em parte do que foi apresentado na BNCC e no referencial Curricular Paraná, conforme se apresenta no corpo do deste documento
curricular.
175
As tabelas correspondentes às Crianças Bem Pequenas (2 e 3 anos) e às Crianças Pequenas (4 e 5 anos), por terem sido
agrupadas duas idades, apresentam outra organização, exigindo a atenção no momento de sua leitura. Antecedendo a apresentação
dos objetivos de aprendizagem e desenvolvimento, há o indicativo de Comum. Nesse campo, foram agrupados todos os objetivos
que são comuns às crianças de 2 e 3 anos, e, na outra tabela, os que são comuns às de 4 e 5 anos. Na sequência de cada uma
dessas duas tabelas, foi indicado a qual idade os demais respectivos saberes e conhecimentos e objetivos de aprendizagem e
desenvolvimento se referem. Portanto, na leitura de cada tabela de conteúdos, é necessário observar:
a) No específico de Crianças Bem Pequenas (2 e 3 anos) e Crianças Pequenas (4 e 5 anos), há que se considerar na
marcação dos conteúdos: o que é comum e o que é específico de cada idade;
b) É possível que em alguns objetivos, dentro de alguns campos de experiências, não tenha ocorrido especificação de
saberes e conhecimentos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento para 2 ou 3 anos e 4 ou 5 anos, em função de que ocorreu
o entendimento de que os elencados no campo Comum atendem ao necessário de ser trabalhado, em ambas as idades. Compete às
equipes pedagógicas proceder detalhamentos nas respectivas PPCs, no âmbito dos PPPs, incluindo a progressão na complexidade
dos saberes e conhecimentos, quando eles estão definidos como Comum;
c) A progressão na complexidade dos saberes e dos conhecimentos, quando eles estão definidos como Comum às duas
idades (2 e 3 anos ou 4 e 5 anos), é tarefa político-pedagógica, no sentido de identificar que, em determinadas circunstâncias, alguns
objetivos de aprendizagem e desenvolvimento que estão definidos como “Comum”, também indicados às crianças de menor idade e
desenvolvimento, somente poderão serão trabalhados, por vezes, quando todos os específicos da idade tiverem sido contemplados
por atos de ensino, devidamente conduzidos pela ação docente.
5. CONTEÚDOS
(EI0/01EO01) Perceber que suas ações têm efeitos nas outras crianças e nos adultos.
Perceber-se e se relacionar com outros indivíduos.
● Família e pessoas do convívio social. Conhecer e reconhecer seus familiares e outras pessoas do convívio social.
176
Perceber que pode se comunicar por meio de sorriso, choro, balbucio e gestos.
● Comunicação oral e corporal com o outro.
Responder a estímulos, manifestando reações.
Brincar com outras crianças e adultos, imitando ou mostrando suas ações para estabelecer relações.
(EI0/01EO02) Perceber as possibilidades e os limites de seu corpo nas brincadeiras e interações das quais participa.
Explorar o próprio corpo na perspectiva de conhecê-lo, sentindo os seus movimentos, ouvindo seus barulhos.
● O próprio corpo. Conhecer as partes do corpo: mãos, pés, barriga, cabeça, boca e nariz, olho e orelha.
Participar de experiências em que o(a) professor(a) realiza movimentos com seu corpo.
● Corpo: possibilidades e limites.
Observar pessoas ou objetos que se movem em sua linha de visão e gradativamente ao seu redor.
(EI0/01EO03) Interagir com crianças da mesma faixa etária e adultos ao explorar espaços, materiais, objetos, brinquedos.
Participar de eventos culturais e coletivos.
● Profissionais e espaços da instituição.
Conhecer e relacionar-se com as crianças e profissionais da instituição.
● Características físicas, propriedades e Interagir com os(as) professores(as), funcionários(as) e outras crianças estabelecendo vínculos afetivos.
utilidades dos objetos.
Interagir com crianças de diferentes turmas, em situações coletivas e pequenos grupos.
● Manifestações culturais.
Explorar materiais diversos, em situações de interação social.
● Possibilidades motoras, sensoriais e
Experienciar coletivamente objetos que estimulam a percepção visual, tátil e sonora.
expressivas.
Comunicar-se com o outro imitando gestos, palavras curtas, ações e sons.
(EI0/01EO05) Reconhecer seu corpo e expressar suas sensações em momentos de alimentação, higiene, brincadeira e descanso.
Manifestar desconforto ao necessitar ser trocado, ao estar com fome ou com sono.
● Próprio corpo.
Demonstrar satisfação ao participar de rotinas relacionadas à sua alimentação, sono, descanso e higiene.
● Hábitos alimentares, de higiene e de Experimentar diferentes alimentos.
descanso.
. Expressar necessidades, emoções e sentimentos que vivencia.
Interagir com o(a) professor(a) durante as práticas de higiene, explorando o próprio corpo.
Desenvolver, gradativamente, o hábito de repousar (dormir, relaxar) nos horários/momentos destinados a essa finalidade.
Exercitar o movimento de mastigação, a partir dos seis meses, consumindo alimentos amassados (estado pastoso).
(EI0/01EO06) Interagir com outras crianças da mesma faixa etária e adultos, adaptando-se ao convívio social.
Participar de momentos de interação com crianças da mesma idade, de outras idades e adultos.
● Respeito à individualidade e à diversidade.
Comunicar-se com o outro imitando gestos, palavras e ações.
● Normas de convivência e combinados. Perceber ações e expressões de seus colegas.
Vivenciar dinâmicas de troca de afeto com abraço, com gestos de carinho, segurar na mão e outras.
(EI0/01CG01) Movimentar as partes do corpo para exprimir corporalmente emoções, necessidades e desejos.
Expressar reações corporais de inquietação e satisfação por meio do choro, do sorriso e do balbucio.
● Comunicação corporal. Movimentar o corpo para alcançar objetos que estão próximos ou distantes.
178
Virar-se para visualizar ou alcançar objetos que lhe chamam a atenção.
● Estado de tensão, movimento, relaxamento
corporal. Participar de situações coletivas de canto, de dança, manifestando-se corporalmente.
(EI0/01CG02) Experimentar as possibilidades corporais nas brincadeiras e interações em ambientes acolhedores e desafiantes.
Brincar com o próprio corpo realizando movimentos de engatinhar, de andar, de levantar-se, de sentar, de descer, de
● Possibilidades corporais. carregar, de rastejar, de subir, de rolar, de ficar em pé, de deitar, explorando diferentes espaços e aperfeiçoando
progressivamente sua autonomia.
● Movimento fundamentais. Pegar objetos que estão próximos e explorá-los.
Vivenciar brincadeiras e/ou circuitos simples ou com obstáculos que permitam empurrar, balançar, escorregar, equilibrar-
se, arrastar, engatinhar, tentativas de levantar, de subir, de descer, passar por debaixo de, por cima de, rolar, procurar,
pegar.
Experienciar a manipulação de objetos com movimentos de apertar, de tocar, de balançar, de arremessar, de empurrar,
de rolar, de transferir objetos de uma mão para outra, de colocar e de tirar de um recipiente para outro.
Movimentar as diferentes partes do corpo fortalecendo o tônus muscular .
(EI0/01CG05) Utilizar os movimentos de preensão, encaixe e lançamento, ampliando suas possibilidades de manuseio de diferentes materiais e objetos.
Agarrar e segurar materiais estruturados e não estruturados de diferentes tamanhos, explorando-os.
● Movimentos de preensão, de encaixe e
de lançamento. Explorar objetos diversos de borracha, de madeira, de metal, de plástico, de tecido, de papel etc., apertando, mordendo,
tocando, balançando, produzindo sons, jogando, empurrando, puxando, rolando etc.
Experimentar novos movimentos ao explorar objetos ou brinquedos.
179
CAMPO DE EXPERIÊNCIA: TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS
(EI0/01TS01) Explorar sons produzidos com o próprio corpo e com objetos do ambiente.
Explorar o próprio corpo, os sons que emite e outras possibilidades corporais.
● Linguagem sonora.
Experienciar sons com o corpo: bater palmas, bocejar, espirrar, bater os pés, chorar, gritar, rir, cochichar, roncar.
● Percepção auditiva.
Perceber a sons do meio ambiente e aos sons de objetos.
● Sons do corpo, dos objetos.
Vivenciar histórias e brincadeiras cantadas.
(EI0/01TS02) Traçar marcas gráficas, em diferentes suportes, usando instrumentos riscantes e tintas.
Manusear e explorar diferentes materiais e superfícies desenvolvendo as sensações.
● Linguagem gráfica.
Produzir marcas gráficas (mão e pé) em diferentes suportes, com auxílio do professor.
● Elementos da linguagem visual: texturas,
cores.
(EI0/01TS03) Explorar diferentes fontes sonoras e materiais para acompanhar brincadeiras cantadas,canções, músicas e melodias.
Perceber o som de diferentes fontes sonoras presentes no dia a dia: buzinas, despertador, toque do telefone, sino, apito,
● Linguagem musical e corporal. dentre outros.
● Ritmos. Conhecer e reconhecer sons de diferentes animais por meio de reprodução de áudios.
(EI0/01EF01) Reconhecer quando é chamado por seu nome e reconhecer os nomes de pessoas com quem convive.
Reconhecer a si mesmo e aos colegas, no convívio e no contato direto.
● Identificação nominal.
Participar de brincadeiras e cantigas típicas envolvendo os nomes das crianças da sua convivência.
Vivenciar experiência em que outras crianças ou professores(as) e funcionários(as) citam seu nome.
180
Reconhecer seu nome quando chamado.
● Escuta, observação e respeito à fala do Ampliar a capacidade de seleção de sons e direcionamento da escuta.
outro e textos literários.
Perceber os diferentes sons.
● Prática de leitura pelo professor leitor . Imitar comportamentos do(a) professor(a) ou de seus colegas ao explorar livros.
Escutar histórias lidas, contadas com fantoches, representadas em encenações, escutadas em áudios e outras
situações.
(EI0/01EF04) Reconhecer elementos das ilustrações de histórias, apontando-os, a pedido do adulto-leitor.
● Personagens e cenários. Observar e manusear livros com imagens, apontando fotografias, figuras ou objetos conhecidos em ilustrações.
● Elementos das histórias. Interagir a estímulos do(a) professor(a), no decorrer das contações de histórias.
● Vocabulário.
(EI0/01EF05) Imitar as variações de entonação e gestos realizados pelos adultos, ao ler histórias e ao cantar.
Reproduzir sons e gestos realizados pelo professor(a), durante leitura de histórias ou ao cantar músicas.
● Escuta, fala e expressões da língua. Responder a estímulos sonoros realizados durante a contação de história ou ao cantar músicas desenvolvendo reações
como assustar-se, entristecer-se, alegrar-se, dentre outros.
● Entonação de voz.
Comunicar-se por meio da vocalização, gestos ou movimentos nas situações de leitura de histórias e ao cantar músicas.
● Linguagem oral e gestual.
(EI0/01EF06) Comunicar-se com outras pessoas usando movimentos, gestos, balbucios, fala e outras formas de expressão.
Interagir com o professor(a) e colegas por meio de diferentes formas.
● A comunicação e as suas funções
sociais. Responder a estímulos sorrindo ou parando de chorar.
Manusear suportes textuais de materiais diversos: plástico, tecido, borracha, papel, dentre outros.
(EI0/01ET01) Explorar e descobrir as propriedades de objetos e materiais (odor, cor, sabor, temperatura).
Manipular objetos e brinquedos de materiais diversos, explorando suas características físicas.
Órgãos dos sentidos e sensações (Odores, Explorar o espaço por meio do corpo e dos sentidos, a fim de perceber odores, cores, sabores, temperaturas e outras
sabores, texturas, temperaturas, cores etc.). possibilidades presentes em seu ambiente.
Manusear objetos de diferentes formas e características explorando suas propriedades, com auxílio do(a) professor(a).
Propriedades dos objetos.
Sentir diferentes odores.
Ter contato com diferentes objetos e materiais, explorando as diferentes texturas (áspero, liso, macio, duro, mole, dentre
outros).
Identificar diversos objetos por meio da visão.
Identificar alguns sons presentes em seu cotidiano (palmas, choro, música, sons do corpo).
(EI0/01ET02) Explorar relações de causa e efeito (transbordar, tingir, misturar, mover e remover etc.) na interação com o mundo físico.
182
Explorar diferentes materiais na tentativa de mover e remover objetos como: tirar e colocar em recipientes, colar e
● Relação causa e efeito. descolar objetos com velcro, dentre outras possibilidades.
Fazer tentativas de puxar ou arrastar brinquedos amarrados com barbantes.
● Fenômenos físicos/químicos:
mistura, transformação e produção . Ter contato com diferentes misturas: terra com água, cola com corante, espuma com corante, dentre outras possibilidades,
vivenciando a mistura e a reação.
Vivenciar situações de contato com fenômenos da natureza, exemplo: chuva, vento, calor e frio.
(EI0/01ET03) Explorar o ambiente pela ação e observação, manipulando, experimentando e fazendo descobertas.
Interagir em diferentes espaços que permitam a possibilidade de sentir os elementos naturais: água, sol, ar e solo.
● Exploração do ambiente. Ter contato com os seres vivos do seu entorno possibilitando descobertas.
Explorar o ambiente, interagindo com diferentes tipos de objetos, cores, formas e seres vivos ( animais do seu entorno,
vegetais da sua alimentacão e seres humanos).
(EI0/01ET04) Manipular, experimentar, arrumar e explorar o espaço por meio de experiências de deslocamentos de si e dos objetos.
Explorar elementos presentes no espaço conhecendo algumas características e possibilidades.
● Elementos do espaço.
Fazer tentativas de deslocar elementos em um espaço: puxando, empurrando, deslocando de um lado para outro,
● Experiência de deslocamento dentre outros.
(equilíbrio, força e direção). Levar os objetos à boca ou jogá-los.
Fazer tentativas de interação na organização de brinquedos e outros objetos nos seus respectivos espaços.
Vivenciar situações que envolvam a superação de conflitos, problemas ou desafios, por meio da mediação do
professor(a).
(EI0/01ET05) Manipular materiais diversos e variados para comparar as diferenças e semelhanças entre eles.
Manipular objetos, brinquedos e materiais diversos explorando suas características físicas como textura, espessura,
● Diferenças e semelhanças entre os tamanho, forma desenvolvendo as sensações e percepções através do ato de: morder, chupar, produzir sons, apertar,
objetos. lançar etc.
Participar de situações em que o(a) professor(a) nomeia os atributos dos objetos destacando semelhanças e diferenças.
● Os objetos, suas características e
propriedades. Interessar-se por objetos com características variadas: leves, pesados, pequenos, grandes, finos, grossos, roliços, que
possibilitem manuseio.
Perceber possibilidades de empilhamento, desempilhamento, encaixe, desencaixe, enfileiramento, enchimento,
esvaziamento, ajuntamento e separação de objetos através da mediação do professor.
(EI0/01ET06) Vivenciar diferentes ritmos, velocidades e fluxos nas interações e brincadeiras (em danças, balanços, escorregadores etc.).
• Cuidados com a organização do ambiente. Receber visitas e visitar crianças de outras turmas para vivenciar experiências.
Demonstrar incômodo quando suas ações geram o choro de outra criança ou fazer carinho quando um colega da sala
está triste.
Ajudar o(a) professor(a) em tarefas simples, como guardar brinquedos.
(EI01EO02) Demonstrar imagem positiva de si e confiança em sua capacidade para enfrentar dificuldades e desafios.
Perceber as possibilidades de seu corpo frente aos desafios (agachar, rolar, saltar, engatinhar).
• Autoconhecimento.
Resolver situações de dificuldades e desafios (lançar um brinquedo, pegar algo que caiu, alcançar algo) à sua maneira.
• Estratégias para a resolução de situações-
problema.
(EI01EO03) Compartilhar os objetos e os espaços com crianças da mesma faixa etária e adultos.
Explorar espaços e objetos de uso coletivo.
Brincar com brinquedos e objetos em pequenos grupos considerando suas funções sociais.
• Convívio e interação social.
Explorar e compartilhar instrumentos e objetos de nossa cultura: óculos, chapéus, pentes, escovas, telefones, caixas,
panelas, instrumentos musicais, livros, rádio, gravadores etc.
184
Brincar com crianças da mesma faixa etária e adultos, interagindo.
Manter interações que gradativamente tenham maior duração, intenção de continuidade e complexidade de relações
nas suas brincadeiras e jogos de exploração.
Explorar objetos da nossa cultura tecnológica interagindo com as demais crianças.
● Normas (combinados) de convívio social. Vivenciar combinados de convívio social em momentos de alimentação, cuidado com a saúde e brincadeiras.
Expressar sentimentos ou emoções em mudanças na rotina social (ausência da mãe/pai/avós, separação etc).
(EI01EO08) Estabelecer relações sociais em diferentes contextos, percebendo as interferências e as modificações que ocorrem entre os grupos.
Reconhecer seus familiares.
● Família. Explorar o espaço escolar, visualizando e interagindo com as pessoas que fazem parte deste (funcionários e outras
crianças).
● Escola.
Interagir em situações de comemorações ou celebrações típicas de sua cultura.
● Manifestações culturais.
Conhecer alguns dos profissionais que desempenham funções em cada ambiente da instituição para, gradativamente,
estabelecer relações de confiança, de segurança e boa convivência.
Aprender, paulatinamente, a conviver em espaços coletivos e individuais, respeitando as regras desses ambientes.
● Seu corpo, suas possibilidades motoras, Movimentar as partes do corpo para expressar emoções, necessidades e desejos.
sensoriais e expressivas.
Participar de brincadeiras envolvendo cantigas, rimas ou outras situações que envolvam movimentos corporais.
● Compreensão global do corpo: partes, Explorar objetos diversos de diferentes materiais para apertar, morder, tocar, balançar, produzir sons, arremessar,
funções e sentidos. empurrar, puxar, rolar, encaixar, rosquear e outros.
Realizar comandos em momentos de brincadeira e do dia a dia: levantar, sentar, abaixar, subir, descer, dançar, comer,
beber etc.
Brincar nos diferentes espaços com obstáculos que permitem empurrar, balançar, escorregar, equilibrar-se, arrastar,
engatinhar, levantar, subir, descer, passar por dentro, por baixo, rolar, perseguir, procurar, pegar etc., vivenciando
limites e possibilidades corporais.
Vivenciar brincadeiras de esquema corporal.
Ouvir orientações sobre o cuidado com o corpo: sentar corretamente, levantar, deitar, alongar, rolar, movimentos de
braços e pernas.
186
Participar de situações de cuidado pessoal com auxílio.
Participar de situações de brincadeira buscando compartilhar enredos e cenários, usando expressões faciais como
forma de expressar suas ideias, sentimentos e emoções por meio da dança, da música ou da arte.
Participar de situações de brincadeiras que incentivem a comunicação.
Reconhecer diferentes temperaturas por meio da experimentação (fria, gelada, quente e morna).
Ter contato com diferentes objetos e materiais, explorando as temperaturas ( quente, frio, morno).
Manusear objetos de diferentes formas e características, explorando suas propriedades, com auxílio do(a) professor(a).
Ter contato com diferentes objetos e materiais, explorando as diferentes texturas (áspero, liso, macio, duro, mole,
dentre outros).
(EI01CG02) Deslocar seu corpo no espaço, orientando-se por noções como em frente, atrás, no alto, embaixo, dentro, fora etc., ao se envolver em brincadeiras e
atividades de diferentes naturezas.
Realizar movimentos variados.
● O corpo e o espaço. Participar de experiências, executando ações que envolvam noções de espaço.
Vivenciar diferentes direções e sentidos usando como referência seu corpo no espaço.
(EI01CG03) Explorar formas de deslocamento no espaço (pular, saltar, dançar), combinando movimentos e seguindo orientações.
187
Explorar o espaço ao seu redor, fazendo tentativas de movimentos como correr, lançar, pendurar-se, pular, rolar,
● Corpo e movimento. engatinhar, dançar, esconder e achar objetos de forma independente ou de acordo com comandos dados em
brincadeiras e jogos.
Participar de situações de deslocamento e movimento do corpo fora e dentro da sala.
Percorrer circuitos feitos com cordas, elásticos, fitas adesivas, cubos, túneis, pneus e outros obstáculos para subir,
descer, passar por baixo de, por cima de, dar voltas.
Vivenciar movimentos corporais seguindo compasso/ritmo da música.
• Materiais de uso pessoal. Identificar os cuidados básicos ouvindo, antecipadamente, as ações a serem realizadas.
• Hábitos alimentares, de higiene e de Conhecer o material de uso pessoal.
descanso. Utilizar utensílios nos momentos de alimentação e higienização.
• Cuidados com a saúde.
Sentar-se no assento sanitário por alguns minutos.
Observar sua imagem no espelho, acompanhando os cuidados de higiene (rosto limpo, cabelo penteado).
Conhecer alguns objetos, situações e atitudes que podem ser perigosas para si.
Alimentar-se à mesa nas diversas refeições, iniciando o controle da postura adequada para esse ambiente.
(EI01CG05) Desenvolver progressivamente as habilidades manuais, adquirindo controle para desenhar, pintar, rasgar, folhear, entre outros.
Conhecer e explorar instrumentos gráficos, seus usos ou suas funções.
● Suportes, materiais e instrumentos para Pintar, desenhar, rabiscar, folhear com diferentes recursos e em diferentes suportes.
desenhar, pintar, folhear.
Coordenar, progressivamente, o movimento das mãos para segurar instrumentos gráficos.
Manipular instrumentos gráficos (pincel grosso, pincel de rolinho, giz de cera, giz pastel etc.) para conseguir diferentes
marcas gráficas.
Participar de situações que envolvam o rasgar, o enrolar e o amassar.
Conhecer e manipular instrumentos musicais, objetos ou canções que são típicos da cultura local e de diferentes
culturas.
Explorar possibilidades vocais e instrumentais, como produzir sons agudos e graves, fortes e fracos, longos e curtos.
(EI01TS02) Utilizar materiais variados com possibilidades de manipulação (argila, massa de modelar), explorando cores, texturas, superfícies, planos, formas e
volumes ao criar objetos tridimensionais.
Manusear argila e massa de modelar.
• Elementos da linguagem visual: texturas,
cores, superfícies, formas etc. Manipular jogos de encaixe e de construção, explorando cores, formas, texturas.
● Diversidade musical de várias culturas, locais, Participar de brincadeiras cantadas do nosso folclore.
regionais e globais.
Apreciar produções audiovisuais como musicais, brinquedos cantados, teatro de fantoches.
189
Escutar músicas de diversos estilos musicais.
(EI01EF01) Dialogar com crianças e adultos, expressando seus desejos, necessidades, sentimentos e opiniões.
Expressar sentimentos e emoções por meio de diferentes linguagens, como a dança, o desenho, a música, a linguagem
oral e gestos.
Interagir com outras crianças, fazendo uso de diferentes linguagens tentando se fazer entender.
● Palavras e expressões da língua em
situações de uso social. Reconhecer-se quando é chamado.
● Linguagem oral. Reconhecer na oralidade o próprio nome e o das pessoas com quem convive.
Participar de brincadeiras que estimulem a relação dialógica entre o(a) professor(a)/criança e criança/criança.
Escutar o outro.
(EI01EF02) Identificar e criar diferentes sons e reconhecer rimas e aliterações em cantigas de roda e textos poéticos.
Vivenciar brincadeiras com outras crianças e professores(as) acompanhando parlendas.
(EI01EF03) Demonstrar interesse e atenção ao ouvir a leitura de histórias e outros textos, diferenciando escrita de ilustrações, e acompanhando, com orientação
do adulto-leitor, a direção da leitura (de cima para baixo, da esquerda para a direita).
Participar de momentos de contação: poesias e outros gêneros literários.
● Escuta, observação e respeito à fala do outro Escutar as leituras de histórias, poemas e músicas.
e textos literários.
Participar de momentos de leituras de textos em que o(a) professor(a) realiza a leitura apontada.
● Sensibilidade estética em relação aos textos
literários. (Gosto) Ter contato com diferentes gêneros discursivos, observando ilustrações, identificando sua relação com o texto lido.
190
Ouvir o nome e identificar objetos, pessoas, fotografias, gravuras, palavras e outros elementos presentes nos textos.
● Aspectos gráficos da escrita.
● Formação e ampliação de vocabulário.
(EI01EF04) Formular e responder perguntas sobre fatos da história narrada, identificando cenários, personagens e principais acontecimentos.
Participar de variadas situações de comunicação, escutando as narrativas de histórias e acontecimentos.
● Linguagem oral em suas diversas funções e Reconhecer alguns personagens das histórias, cenários, associando alguns acontecimentos.
usos sociais.
Responder perguntas referentes à história apontando para personagens e cenários.
● Fatos e personagens da história narrada.
Realizar tentativas de oralizar o nome de alguns personagens das histórias contadas.
(EI01EF05) Relatar experiências e fatos acontecidos, histórias ouvidas, filmes ou peças teatrais assistidos etc.
Participar de variadas situações de comunicação.
● Expressividade pela linguagem oral e
gestual. Expressar-se por meio de palavras transmitindo suas necessidades, desejos, sentimentos e percepção de mundo em
relação às histórias ouvidas e recursos audiovisuais observados.
● Palavras e expressões da língua e sua Emitir sons articulados e gestos observados nos recursos textuais e audiovisuais.
pronúncia.
Expressar-se em conversas e brincadeiras, ampliando seu vocabulário.
(EI01EF06) Criar e contar histórias oralmente, com base em imagens ou temas sugeridos.
Ouvir e nomear objetos, pessoas, personagens, fotografias e gravuras.
• Reconto de histórias.
Reconhecer histórias a partir de imagens.
● Relação entre imagem e narrativa.
Oralizar histórias contadas, a seu modo, com apoio de imagens.
(EI01EF07) Manusear diferentes portadores textuais, demonstrando reconhecer seus usos sociais.
Manipular revistas, livros, cartazes, e outros, ouvindo e conhecendo sobre seus usos sociais.
● Usos e funções da escrita.
Participar de experiências que utilizem como recurso os portadores textuais como fonte de informação: revistas, jornais,
● Gêneros e suportes de textos. livros, embalagens, rótulos.
(EI01EF08) Manipular textos e participar de situações de escuta para ampliar seu contato com diferentes gêneros discursivos (parlendas, histórias de aventura,
tirinhas, cartazes de sala, cardápios, notícias etc.).
Participar de situações de escuta envolvendo diferentes gêneros discursivos.
• Gêneros discursivos, seus autores, carac- Vivenciar experiências lúdicas em contato com diferentes textos.
terísticas e suportes.
Ter contato com diferentes suportes textuais, observando e manipulando: jornal, livro de receitas, revistas, embalagens,
rótulos (latas, caixas), dentre outros.
(EI01EF09) Manusear diferentes instrumentos e suportes de escrita para desenhar, traçar letras e outros sinais gráficos.
191
Presenciar situações significativas de leitura e escrita.
• Marcas gráficas. Ter contato visual com sua imagem (fotografia), juntamente com a escrita do nome.
Produzir marcas gráficas com diferentes suportes de escrita conhecendo suas funções.
• Sensibilização para a escrita.
Vivenciar registros em diferentes suportes: papel, papelão, plástico, piso, dentre outros.
Manipular objetos e materiais explorando suas propriedades como: temperatura, tamanho, massa e forma.
Observar os atributos dos objetos por meio da exploração: grande/pequeno, áspero/liso/macio, quente/frio,
pesado/leve, dentre outras possibilidades.
(EI01ET02) Observar, relatar e descrever incidentes do cotidiano e fenômenos naturais (luz solar, vento, chuva etc.).
Participar de momentos em diferentes ambientes em que perceba a presença de elementos e fenômenos da natureza,
ex.: luz solar, chuva, vento.
• Fenômenos naturais: luz solar, vento e Conhecer os elementos da natureza explorando os espaços externos da instituição.
chuva.
Observar a chuva, seu som e outras sensações características (cheiro e vibrações), bem como o fenômeno trovão.
• Elementos da natureza.
Identificar, com auxílio do(a) professor(a), objetos, seres vivos e eventos naturais no ambiente.
(EI01ET03) Compartilhar, com outras crianças, situações de cuidado de plantas e animais nos espaços da instituição e fora dela.
Observar e conhecer animais e plantas percebendo a existência de diferentes tipos de seres vivos.
● Plantas e seu habitat. Experimentar em diferentes momentos o contato com elementos naturais em hortas e jardins.
Participar de situações de cuidado com o meio ambiente: preservar as plantas e não maltratar animais.
(EI01ET04) Identificar relações espaciais (dentro e fora, em cima, embaixo, acima, abaixo, entre e do lado) e temporais (antes, durante e depois).
Explorar o ambiente da escola considerando a localização de seus elementos no espaço: dentro de, fora de, perto de,
longe de, em cima de, ao lado de, na frente de, atrás de, no alto, embaixo de.
● Linguagem matemática.
Participar de situações realizando comandos: dentro de, fora de, em cima de, embaixo de.
● Comparação da posição dos elementos no
espaço. Encontrar objetos ou brinquedos desejados nas situações de brincadeiras ou a partir de orientaçõe do(a) professor(a)
sobre a sua localização.
● Noções espaciais de orientação e direção Explorar o ambiente da escola considerando a localização de si e de elementos no espaço.
(dentro de, fora de, perto de, longe de,
embaixo de, em cima de, de um lado de, do Manipular, experimentar e explorar o espaço por meio de experiências de deslocamento de si e dos objetos.
outro, a frente de, atrás de, dentre outros).
Posicionar o corpo no espaço participando de situações que envolvam circuitos onde possa subir, descer, ir para frente
● Noção temporal. de e para trás de, abaixar-se e outros movimentos.
● Posição do corpo no espaço. Explorar o espaço por meio do corpo e dos sentidos, a fim de perceber formas e limites presentes em seu ambiente.
Perceber noções de tempo ao ouvir comandos como: agora, depois de, durante, como também em situações da rotina.
Identificar os momentos da rotina, ou conversar sobre os acontecimentos do dia, utilizando expressões temporais como
antes de, durante e depois de.
(EI01ET05) Classificar objetos, considerando determinado atributo (tamanho, peso, cor, forma etc.).
Explorar as propriedades físicas e funções dos objetos.
• Propriedades dos objetos.
Agrupar os objetos por tamanho, peso, forma, cor dentre outras possibilidades.
• Classificação dos objetos de acordo com
atributos. Perceber os atributos dos objetos atentando-se à fala e demonstração do(a) professor(a): objetos leves e pesados,
grandes e pequenos, de cores diferentes, dentre outros.
(EI01ET06) Utilizar conceitos básicos de tempo (agora, antes, durante, depois, ontem, hoje, amanhã, lento, rápido, depressa, devagar).
Participar de situações em que o(a) professor(a) relaciona noções de tempo a seus ritmos biológicos, para perceber a
• Noções de tempo. sequência temporal em sua rotina diária: alimentar-se, brincar, descansar, tomar banho.
Experimentar diferentes níveis de velocidades em brincadeiras.
• Transformações na natureza: dia e a
noite. Observar situações da rotima diária e experiências diversas relacionando as transformações e a passagem de tempo.
(EI01ET08) Registrar com números a quantidade de crianças (meninas e meninos, presentes e ausentes) e a quantidade de objetos da mesma natureza (bonecas,
bolas, livros etc.).
Observar contagens e registros de quantidades realizados pelo(a) professor(a).
• Números e quantidades.
Participar de situações de agrupamento de elementos da mesma natureza em quantidades preestabelecidas.
• Linguagem matemática.
• Identificação e utilização dos números
no contexto social.
• Representação de quantidades.
Comun
2 anos
3 anos
SABERES E CONHECIMENTOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO
● Respeito à individualidade e à diversidade de Identificar quando suas ações podem gerar conflitos ou afinidades, com auxílio do(a) professor(a). X
todos.
Participar de atividades que envolvam cooperação, respeito e solidariedade com o outro. X
● Valores para a vida em sociedade.
● Nome próprio e do outro. Vivenciar experiências que envolvam o seu nome próprio e das pessoas que fazem parte de seu X
círculo social, para ampliar o repertório social.
Vivenciar experiências com outras turmas em espaços internos e externos. X
Vivenciar dinâmica de troca de afeto como, abraçar e fazer carinho para criar vínculos afetivos. X
(EI02/03EO02) Demonstrar imagem positiva de si e confiança em sua capacidade para enfrentar dificuldades e desafios.
Reconhecer sua imagem corporal no espelho e/ou por meio de fotografias. X
● Próprio corpo e suas possibilidades
motoras, sensoriais e expressivas. Brincar com seu corpo por meio de gestos e movimentos. X
● Estratégias para resolver situações-
problema. Perceber características e possibilidades corporais e na conquista de objetivos simples. X
● Comunicação. Expressar suas emoções e sentimentos de modo que seus hábitos, ritmos e preferências individuais X
sejam vivenciadas no grupo, com mediação do(a) professor(a).
Realizar atividades que exijam autonomia como trazer ou levar objetos dentro da sala quando X
solicitada.
Explorar progressivamente o próprio corpo na perspectiva de conhecê-lo percebendo suas X
possibilidades e limites.
Participar de momentos de escolha, manifestando interesse e curiosidades. X
● Confiança e imagem positiva de si. Solicitar ajuda quando está em dificuldade e auxiliar o colega quando este necessita. X
● Valores e hábitos da vida em sociedade. Cuidar de sua apresentação pessoal e de seus pertences. X
195
(EI02/03E03) Compartilhar os objetos e os espaços com crianças da mesma faixa etária e adultos.
Compartilhar brinquedos em suas atividades de explorações. X
• Normas de convivência. Conhecer as regras dos espaços: banheiro, refeitório, sala de aula, conhecendo a função de cada um. X
Identificar seus pertences demonstrando cuidados com os mesmos e com os de seus colegas. X
Manter interações que gradativamente tenham uma maior duração, uma maior intenção de continuidade X
e uma maior complexidade de relações nas suas brincadeiras e jogos de exploração.
● Localização do corpo no espaço. Compartilhar objetos e espaços com crianças e adultos manifestando curiosidade e autonomia. X
Compartilhar instrumentos e objetos de nossa cultura como: óculos, chapéus, pentes, escovas, X
● Organização do espaço escolar. telefones, caixas, panelas, instrumentos musicais, livros, rádios, gravadores, máquinas de calcular,
vestimentas e outros, para conhecimento de suas funções sociais.
Participar progressivamente de brincadeiras coletivas assumindo papéis e compartilhando objetos. X
Expressar sensações, sentimentos, desejos e ideias que vivencia e observa no outro por meio de X
diferentes linguagens.
Participar de situações que envolvam relatos simples de acontecimentos. X
● Comunicação verbal e expressão de Interagir com pessoas de diferentes idades, em situações do dia a dia. X
sentimentos.
● Imitação como forma de expressão. Estabelecer relações de cooperação com os colegas por meio de diferentes brincadeiras. X
196
Reconhecer na oralidade o próprio nome e dos colegas em diferentes situações. X
● Vocabulário.
Expressar e nomear sensações, sentimentos, desejos e ideias que vivencia e observa no outro por X
meio de diferentes linguagens.
Relatar acontecimentos que vivencia, que ouve e que vê. X
Descrever situações ou fatos vividos utilizando palavras novas e frases cada vez mais complexas. X
(EI02/03EO05) Perceber que as pessoas têm características físicas diferentes, respeitando essas diferenças.
Perceber o próprio corpo e o do outro. X
● Próprio corpo e do outro. Relacionar-se com outras crianças vivenciando formas diferentes de agir. X
● Características físicas. Reconhecer a representação do próprio corpo e das demais crianças da turma por meio de registros X
● Afetividade nas convivências sociais. gráficos e fotografias.
Identificar progressivamente suas características físicas, reconhecendo diferenças com as de seus X
● Outras pessoas, tempos e culturas. colegas.
Reconhecer a si mesma e ao outro como seres sociais com características próprias que convivem em X
grupos.
Demonstrar afeto e respeito ao outro. X
Seguir, de forma gradativa, regras de convívio em momentos de alimentação, cuidado com a saúde e X
brincadeiras.
Conhecer ritos, festas ou celebrações típicas de diversas culturas. X
Exercitar desculpar-se quando sua atitude desrespeitar o outro, percebendo que suas atitudes geram X
consequências ao outro.
Cooperar, compartilhar, dar e receber auxílio quando necessário. X
Reconhecer o(a) professor(a) como apoio para ajudar a resolver conflitos nas brincadeiras e X
interações com outras crianças.
● Reconhecimento e respeito às Aceitar ajuda e conseguir acalmar-se com o apoio do(a) professor(a) ao vivenciar um conflito X
diferenças.
relacional.
Desenvolver ações, gradativamente para resolver conflitos. X
● Procedimentos dialógicos para a resolução
de conflitos.
Expressar suas emoções em situações de conflitos. X
Habituar-se à escuta do outro, respeitando suas escolhas e desejos, com mediação do(a) X
professor(a).
Aprender a desculpar-se quando sua atitude desrespeitar o outro, percebendo que suas atitudes X
geram consequências ao outro.
Exercitar o controle de suas emoções em situações de conflitos. X
Usar o diálogo para resolver conflitos reconhecendo as diferentes opiniões e aprendendo a respeitá- X
las.
Realizar a escuta do outro. X
198
Exercitar o desculpar-se quando sua atitude desrespeitar o outro, percebendo que suas atitudes X
geram consequências ao outro.
Cooperar, compartilhar, dar e receber auxílio quando necessário. X
Perceber que o ambiente escolar é formado por diferentes turmas, reconhecendo sua própria turma. X
(EI02/03EO09) Conhecer diferentes grupos familiares, seus costumes, fatos importantes sobre seu nascimento e desenvolvimento, a história
dos seus familiares e de sua comunidade (tempo histórico, história, pertencimento).
Reconhecer pessoas que fazem parte de sua convivência diária. X
• Diferentes pessoas, espaços, tempos e Identificar os membros que compõe sua família. X
culturas.
Conhecer as diferentes constituições familiares. X
• Grupo familiar.
Conhecer o cotidiano familiar. X
Comum
2 anos
3 anos
SABERES E CONHECIMENTOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO
(EI02/03CG01) Apropriar-se de gestos e movimentos de sua cultura no cuidado de si e nos jogos e brincadeiras.
Participar de brincadeiras com cantigas, rimas, histórias, parlendas ou outras situações que envolvam X
movimentos corporais.
199
● Coordenação motora ampla: equilíbrio, Acompanhar ritmos de diferentes músicas com movimentos corporais. X
destreza e postura corporal.
Executar movimentos e gestos a partir de estímulos visuais e auditivos. X
● Manifestações culturais.
Conhecer os objetos, materiais, expressões culturais corporais, danças, músicas e brincadeiras típicas X
● Orientação espacial. de sua região e de sua cultura e de outras.
Imitar movimentos fundamentais, com auxílio do professor. X
● Grupos Sociais (família).
Identificar objetos por meio da visão. X
● Esquema corporal.
● Materiais de higiene, procedimentos e Manipular objetos, visando ao desenvolvimento da coordenação óculo-manual. X
cuidados consigo mesmo.
Identificar, por meio de expressões e da linguagem, alguns sons presentes em seu cotidiano. X
● Órgãos dos sentidos.
Reconhecer texturas, formatos e tamanhos por meio da exploração. com o corpo. X
Perceber diferentes sabores por meio da experimentação de diversos tipos de alimentos, com diferentes X
texturas.
Reconhecer alimentos com diferentes sabores. X
Explorar o próprio corpo na perspectiva de conhecê-lo, sentindo os seus movimentos, ouvindo seus X
barulhos, conhecendo suas funções.
Conhecer e apontar partes do seu corpo e mostrar a correspondência destas em seus colegas. X
(cabeça, dente, olho, boca, cabelo, unha, dedo, nariz, mão, pé, pescoço, umbigo, joelho, dentre
outros).
Vivenciar brincadeiras de esquema corporal, de exploração e expressão diante do espelho, utilizando X
as diferentes formas de linguagens e percebendo suas características.
Observar e imitar gestos e movimentos típicos dos profissionais da escola e de sua comunidade X
próxima.
Expressar, por meio do corpo, de seus gestos e movimentos, confortos e desconfortos. X
Participar de atividades que desenvolvam o chutar, pegar, manusear, mover e transportar objetos com X
diferentes características.
Brincar nos espaços externos e internos com obstáculos que permitem empurrar, rodopiar, balançar, X
escorregar, equilibrar-se, arrastar, engatinhar, levantar, subir, descer, passar por dentro de, por baixo
de, saltar, rolar, procurar, pegar etc., vivenciando limites e possibilidades corporais.
200
Identificar partes do seu corpo e mostrar a correspondência destas em seus colegas. (cabeça, dente, X
olho, boca, cabelo, unha, dedo, nariz, mão, pé, pescoço, umbigo, joelho, ombro, punho, cotovelo,
calcanhar, perna, tornozelo, coxa, costa, nuca, testa, dentre outros).
Vivenciar, explorar e valorizar a escuta de diferentes estilos de música, dança e outras expressões da X
cultura corporal.
Conhecer práticas de cuidado e a atenção no uso dos diferentes espaços da escola. X
Apropriar-se de movimentos para o cuidado de si: pentear-se, lavar as mãos, usar talheres e outros X
utensílios percebendo suas funções sociais.
Imitar movimentos estabelecendo relações entre as situações vividas e o enredo, cenários e X
personagens.
(EI02/03CG02) Deslocar seu corpo no espaço, orientando-se por noções como em frente, atrás, no alto, embaixo, dentro, fora etc., ao se envolver em brincadeiras e
atividades de diferentes naturezas.
Explorar o espaço ao seu redor fazendo movimentos como saltar, correr, se arrastar e outros. X
Observar e imitar seus colegas nas diferentes formas de exploração do espaço escolar e X
extraescolar.
Participar de situações que envolvam a execução de comandos: dentro de, fora, perto de, longe, em X
cima de, no alto, embaixo de, ao lado de, a frente de, atrás de, no alto.
Explorar o espaço ambiente da escola considerando a localização de seus elementos no X
espaço: na frente de, atrás de, separado e junto, entre, em cima de e embaixo de, dentro de, fora de
e etc.
Participar de situações em que o(a) professor(a) demonstra a localização de objetos: na frente de, X
atrás de, no alto, embaixo de, dentro de, fora etc.
Participar de situações identificando a localização de objetos: à frente de, atrás de, no alto, X
embaixo de, dentro de, fora etc.
Chutar, pegar, mover e transportar objetos orientando-se por noções espaciais. X
(EI02/03CG03) Explorar formas de deslocamento no espaço (pular, saltar, dançar), combinando movimentos e seguindo orientações.
Explorar o espaço ao seu redor fazendo movimentos como: correr, lançar, galopar, pendurar-se, pular, X
saltar, rolar, arremessar, engatinhar e dançar livremente ou de acordo com comandos dados, em
brincadeiras e jogos.
Explorar espaços maiores, com mais desafios, variando os movimentos e mostrando maior domínio X
● O corpo e seus movimentos.
201
sobre eles.
● Esquema corporal.
Deslocar-se de diferentes modos: andando de frente, de costas, correndo, agachando, rolando, X
● Dança. saltando etc.
● Imitação como forma de expressão. Descobrir diferentes possibilidades de exploração de um mesmo espaço e compartilhar com os X
colegas.
Dançar, executando movimentos variados. X
● Práticas sociais relativas à higiene. Vivenciar práticas que desenvolvam bons hábitos alimentares: consumo de frutas, legumes, saladas e X
outros.
● Materiais de uso pessoal. Participar de momentos de cuidados de si como: limpar-se, lavar as mãos, vestir-se e alimentar-se, X
solicitando ajuda.
Participar de práticas de higiene com crescente autonomia. X
● Hábitos alimentares, de higiene e de Identificar os cuidados básicos ouvindo as ações a serem realizadas. X
repouso.
Usar utensílios apropriados nos momentos de alimentação e higienização. X
● Cuidados com a saúde.
Utilizar progressivamente o assento sanitário. X
Perceber e oralizar as necessidades do próprio corpo: fome, frio, calor, sono, sede e outras X
necessidades fisiológicas.
(EI02/03CG05) Desenvolver progressivamente as habilidades manuais, adquirindo controle para desenhar, pintar, rasgar, folhear, entre outros.
Conhecer a forma como segura instrumentos gráficos: pincel grosso, pincel de rolinho, giz de cera, giz X
pastel e outros para conseguir diferentes marcas gráficas.
Virar páginas de livros, revistas, jornais e etc. com crescente habilidade. X
● Coordenação motora fina. X
Manusear diferentes riscadores em suportes e planos variados.
● Suportes, materiais e instrumentos
para desenhar, pintar, folhear... Explorar jogos de montar, empilhar e encaixar. X
Pintar, desenhar, rabiscar, folhear, rasgar, picotar utilizando diferentes recursos e suportes. X
Coordenar o movimento das mãos para segurar o giz de cera, lápiz e pincel e fazer suas marcas X
gráficas.
Manusear diferentes riscadores naturais e industrializados em suportes e planos variados para X
perceber suas diferenças.
Conhecer gradativamente o movimento para o uso da tesoura. X
Manipular e modelar materiais e elementos de diferentes formas: massinha, argila, papel alumínio e X
outros.
Executar habilidades manuais utilizando recursos variados: linha, lã, canudinho, argolas X
e outros.
Pintar, desenhar, rabiscar, folhear, rasgar, pulsionar, recortar aleatóriamente utilizando recursos e X
suportes.
Participar de situações que envolvam o rasgar seguindo limites, o enrolar e o amassar, modelando X
objetos seguindo orientações do professor.
CAMPO DE EXPERIÊNCIA: TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS
203
Comum
3 anos
2 anos
SABERES E CONHECIMENTOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO
(EI02/03TS01) Criar sons com materiais, objetos e instrumentos musicais, para acompanhar diversos ritmos de música.
Conhecer instrumentos musicais, objetos ou canções que são típicos da cultura local e regional. X
● Percepção e produção sonora.
● Audição e percepção musical. Ouvir e conhecer produções artísticas de diferentes culturas. X
● Execução musical (imitação). Conhecer e explorar diversos materiais e instrumentos musicais, compreendendo que os mesmos X
produzem sons.
● Sons do corpo, dos objetos e da natureza. X
Perceber as vibrações sonoras produzidas pelo corpo, pelos materiais e instrumentos musicais.
● Melodia e ritmo.
Criar sons com diferentes materiais e instrumentos musicais. X
● Diferente instrumentos musicais.
Ouvir sons, com diferentes alturas e durações, produzidos por instrumentos convencionais ou não e X
materiais para acompanhar os diferentes ritmos.
Explorar possibilidades corporais, vocais e instrumentos para produzir sons fortes e fracos. X
● Parâmetro do Som. Perceber e reconhecer os sons da natureza e elementos naturais que podem produzir sons. X
● Fontes sonoras. X
Explorar os sons produzidos pelo corpo, por objetos, por elementos da natureza e instrumentos,
percebendo os parâmetros do som: altura, intensidade, duração e timbre.
Explorar possibilidades vocais a fim de perceber diferentes sons. X
Explorar novos materiais buscando diferentes sons para acompanhar canções que lhes são familiares. X
(EI02/03TS02) Utilizar materiais variados com possibilidades de manipulação (argila, massa de modelar), explorando cores, texturas, superfícies, planos, formas e
volumes ao criar objetos tridimensionais.
Manipular diversos materiais das artes plásticas. X
● Suportes, materiais, instrumentos e
técnicas das Artes Visuais e seus usos. Explorar as formas dos objetos conhecendo seus atributos. X
● Elementos da linguagem visual: texturas, Conhecer objetos e materiais que são típicos da região, comunidade ou cultura local. X
204
cores, superfícies, volumes, espaços, Experimentar diversas possibilidades de representação visual bidimensionais e tridimensionais. X
formas etc.
Manipular materiais de diferentes texturas: lisas, ásperas, macias e outras. X
● Propriedade dos objetos: formas e
tridimensionalidade. Cuidar e apreciar a sua própria produção e a dos colegas. X
Manipular objetos tridimensionais produzidos com materiais diversos, explorando a textura, a forma e X
o volume.
Manipular jogos de encaixe e de construção, explorando cores, formas e texturas. X
Observar e manipular objetos identificando características variadas como: cor, textura, tamanho, X
forma, odor, utilidade, entre outros.
Experimentar possibilidades de representação visual tridimensional, utilizando materiais diversos: X
caixas, embalagens, tecidos, tampinhas, massa de modelar, argila e outros.
● Produção de objetos tridimensionais.
Modelar a partir de seu próprio repertório, explorando diferentes elementos, como: forma, volume, X
● Obras de Artes: estratégias de apreciação textura etc.
estética. Experimentar e explorar superfícies tridimensionais com texturas diversas: pedrinhas, sementes, X
algodão, argila e outros.
Explorar novos procedimentos de modelagem. X
(EI02/03TS03) Utilizar diferentes fontes sonoras disponíveis no ambiente em brincadeiras cantadas, canções, músicas e melodias.
Explorar e identificar, com auxílio do professor, possibilidades sonoras de objetos de seu cotidiano ou de X
● Linguagem musical e corporal. instrumentos musicais.
● Sons do corpo, dos objetos e da natureza. Perceber o som de diferentes fontes sonoras presentes no dia a dia: buzinas, despertador, toque do X
telefone, sino, apito, dentre outros.
● Ritmos. Reproduzir sons ou canções conhecidas e usar em suas brincadeiras. X
● Músicas e danças.
Conhecer objetos, canções, instrumentos ou manifestações culturais que são típicas de sua cultura, X
● Instrumentos musicais convencionais e não região ou de outras culturas.
convencionais. Participar de brincadeiras cantadas do nosso folclore. X
● Recursos tecnológicos e midiáticos que X
Escutar e perceber músicas de diversos estilos musicais, por meio da audição de CDs, DVDs, rádio,
produzem e reproduzem músicas.
MP3, computador ou por meio de intérpretes da comunidade.
● Diversidade musical de várias culturas, Explorar possibilidades vocais ao cantar. X
locais, regionais e globais.
Perceber sons e estar atento ao silêncio. X
Perceber sons da natureza: barulho de água/chuva, canto dos pássaros, ruídos e sons de animais, X
dentre outros .
205
● Manifestações culturais. Ouvir canções de diferentes culturas, buscando cantar e imitar gestos característicos. X
● Audição e percepção de sons e músicas. Explorar possibilidades musicais para perceber diferentes sons, melodias e ritmos. X
Ouvir e cantar músicas de diferentes ritmos e melodias e de diferentes culturas, identificando a fonte X
sonora.
Conhecer diferentes estilos musicais. X
Conhecer fontes sonoras antigas como: som de vitrola, fita cassete e outros. X
Apreciar apresentações musicais de outras crianças /ou de grupos musicais como orquestras, corais, X
bandas etc.
Imitar e reproduzir sonoplastias. X
2 anos
3 anos
Comun
SABERES E CONHECIMENTOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO
(EI02/03EF01) Dialogar com crianças e adultos, expressando seus desejos, necessidades, sentimentos e opiniões.
Expressar suas ideias, sentimentos e emoções por meio de diferentes linguagens, como a dança, o X
desenho, a mímica, a música, a linguagem oral.
Interagir com outras crianças fazendo uso da linguagem oral e tentando se fazer entender. X
● A Língua Portuguesa falada, em suas Ampliar gradativamente o seu vocabulário. X
diversas funções e usos sociais.
Participar de variadas situações de comunicação. X
206
● Vocabulário. Oralizar sobre suas atividades na instituição ou em vivências fora dela. X
Iniciar diálogos estruturados e ter atenção ao escutar o outro, com auxílio do (a) professor (a). X
Interagir com outras pessoas por meio de situações mediadas pelo (a) professor (a). X
Interagir com outras pessoas por meio de situações comunicativas mediadas pelo(a) professor(a). X
Ampliar seu vocabulário por meio de músicas, narrativas, poemas, histórias, contos, parlendas, X
conversas e brincadeiras, para desenvolver sua capacidade de comunicação.
Compreender o uso social da linguagem oral e escrita como meio de comunicação e diálogo. X
(EI02/03EF02) Identificar e criar diferentes sons e reconhecer rimas e aliterações em cantigas de roda e textos poéticos.
Identificar sons da natureza e de objetos da cultura humana. X
● Linguagem oral. Explorar sons e ritmos, por meio de brinquedos e materiais recicláveis. X
● Gêneros discursivos.
Utilizar materiais estruturados e não estruturados para criar sons rítmicos ou não. X
● Rimas e aliterações.
Participar e interagir em situações que envolvam cantigas de roda e textos poéticos. X
● Sons da língua e sonoridade das palavras.
Explorar a sonoridade das palavras reconhecendo rimas e aliterações, com mediação do(a) x
● Sons e ritmos.
professor(a).
● Manifestações culturais. Participar de situações que desenvolvam a percepção das rimas durante a escuta de músicas. X
● Consciência fonológica. Ouvir poesias, parlendas, histórias e brincadeiras, produzindo diferentes entonações e ritmos. X
(EI02/03EF03) Demonstrar interesse e atenção ao ouvir a leitura de histórias e outros textos, diferenciando escrita de ilustrações, e acompanhando, com
orientação do adulto-leitor, a direção da leitura (de cima para baixo, da esquerda para a direita).
Ouvir, visualizar e apreciar histórias. X
● Escrita e ilustração. Manusear diferentes portadores textuais e ouvir sobre seus usos sociais. X
● Direção de leitura: de cima para baixo, da Observar as ilustrações dos livros buscando identificar sua relação com o texto lido. X
esquerda para a direita.
● Escuta, observação e respeito à fala do Fazer uso de diferentes materiais e recursos gráficos para produzir suas ilustrações. X
outro.
Apreciar e participar de momentos de contação de histórias com base em imagens. X
● Sensibilidade estética em relação aos
textos literários. Participar de momentos de leitura de textos em que o(a) professor(a) realiza a leitura apontada X
percebendo que palavras representam ideias.
● Aspectos gráficos da escrita. X
Identificar a história pela capa do livro.
● Vocabulário.
Perceber que imagens e palavras representam ideias e têm relação com o texto lido. X
● Gêneros discursivos.
Reconhecer as ilustrações/ figuras de um livro. X
● Portadores textuais, seus usos e funções.
● Linguagem escrita. Diferenciar desenho de letra/escrita. x
Perceber características da língua escrita: orientação e direção da escrita em situações de uso social, X
mediadas pelo(a) professor(a).
Ouvir e contar histórias oralmente, com base em imagens ou temas sugeridos. X
Vivenciar situações de leitura e escrita tendo o(a) professor(a) como escriba de listas, bilhetes, X
recados, convites, cantigas, receitas e histórias para compreender a função social das mesmas.
208
(EI02/03EF04) Formular e responder perguntas sobre fatos da história narrada, identificando cenários, personagens e principais acontecimentos.
Reconhecer cenários de diferentes histórias. X
● Língua Portuguesa falada, em suas diversas
funções e usos sociais. Identificar os personagens principais das histórias nomeando-os. X
● Gêneros discursivos orais.
Responder a questionamentos sobre as histórias narradas. X
● Fatos da história narrada.
● Características gráficas: personagens e
cenários.
● Vocabulário.
Identificar características dos personagens das histórias, utilizando seus adereços em suas brincadeiras X
de faz de conta.
Identificar personagens e/ou cenários e descrever suas características. X
(EI02/03EF05) Relatar experiências e fatos acontecidos, histórias ouvidas, filmes ou peças teatrais assistidos etc.
Expressar-se verbalmente em conversas, narrações e brincadeiras, ampliando seu vocabulário. X
● Vivências culturais: histórias, filmes ou
peças teatrais. Participar de conversas em grandes e pequenos grupos. X
● Expressividade pela linguagem oral.
Responder perguntas sobre experiências e fatos do cotidiano. X
● A Língua Portuguesa falada, em suas
diversas funções e usos sociais. Fazer tentativas de recontar histórias, identificando seus personagens e elementos. X
● Palavras e expressões da língua e sua Participar de relatos de acontecimentos vividos ou observados (histórias ouvidas, filmes e/ou peças X
pronúncia. teatrais, com auxílio do professor).
● Vocabulário. Relatar suas experiências pessoais, escutando o relato dos colegas, com auxílio do professor. X
● Relação entre imagem ou tema e narrativa. Recontar histórias ouvidas, filmes e/ou peças de teatro identificando seus personagens e elementos. X
Reproduzir partes da história ouvida, com auxílio dos colegas e do(a) professor(a). X
Participar de situações em que é convidado a contar ou criar histórias com ou sem o apoio de imagens, X
fotografias ou temas disparadores.
Contar histórias criadas ou memorizadas ao professor (a). X
(EI02/03EF07) Manusear diferentes portadores textuais, demonstrando reconhecer seus usos sociais.
Conhecer diferentes portadores textuais. X
● Usos e funções da escrita. Manipular jornais, revistas, livros, cartazes e outros ouvindo sobre seus usos sociais. X
● Suportes de textos. Participar de experiências que utilizem como recurso os portadores textuais como fonte de informação: X
revistas, jornais, livros, dentre outros.
Folhear livros contando suas histórias para seus colegas em situações de livre escolha. X
Participar de situações de contato a escrita do próprio nome em diferentes portadores (crachás, listas de X
chamada, aniversário, ajudante do dia).
Conhecer uso social de diferentes portadores textuais. X
210
Folhear livros contando suas histórias para seus colegas. X
(EI02/03EF08) Manipular textos e participar de situações de escuta para ampliar seu contato com diferentes gêneros discursivos (parlendas, histórias de aventura,
tirinhas, cartazes de sala, cardápios, notícias etc.).
Apreciar e participar de momentos de contação de histórias realizados de diferentes maneiras. X
● Gêneros discursivos, seus autores, Ouvir histórias e outros gêneros do discurso: poemas, literatura popular, lendas, músicas etc., por X
características e suportes. prazer/apreciação.
Participar de situações de escuta envolvendo diferentes gêneros do discurso, percebendo suas X
funções.
Vivenciar experiências lúdicas em contato com diferentes textos. X
Ouvir e apreciar histórias e outros gêneros do discurso, como poemas, literatura popular, parlendas e X
músicas percebendo suas funções.
Identificar suportes e gêneros do discurso que sejam típicos de sua cultura. X
● Sensibilidade estética com relação aos
Explorar o jornal como fonte de informação. X
textos.
Ouvir histórias contadas por outras pessoas dentro da instituição: avós, irmãos, pais e outros. X
Ouvir histórias em outros espaços próximos à instituição: praças, bibliotecas, escolas e outros. X
(EI02/03EF09) Manusear diferentes instrumentos e suportes de escrita para desenhar, traçar letras e outros sinais gráficos.
Reconhecer seus desenhos como uma forma de comunicação. X
● Sensibilização para a escrita.
● Instrumentos e tecnologias variadas para a Produzir marcas gráficas com diferentes materiais e instrumentos, em diferentes suportes de escrita. X
produção da escrita: lápis, caneta, giz,
computador e seus diferentes usos. Rabiscar, pintar, desenhar, modelar, colar à sua maneira, dando significado às suas ideias, aos X
pensamentos e às sensações.
● Marcas gráficas de representação da escrita. Presenciar situações significativas de leitura e escrita para compreender a sua função social. X
211
Manipular revistas, jornais, livros e outros materiais impressos para conhecer diferentes suportes de X
leitura e escrita.
Interagir com livros e letras de materiais resistentes e adequados à faixa etária (Ex. Livros de banho, X
letras de madeira e outros).
Expressar-se utilizando diversos suportes, materiais, instrumentos e técnicas. X
● Sensibilização para a escrita.
Utilizar diversos suportes de escrita para desenhar e escrever espontaneamente: cartolina, sulfite, craft, X
● Marcas gráficas: desenhos, letras, números. livros, revistas e outros.
● Sistema alfabético de representação da Conhecer a escrita do seu nome para identificá-lo em situações diversas, progressivamente. X
escrita e mecanismos de escrita.
Fazer uso de garatujas com a intenção de uma comunicação escrita. X
● Escrita do nome.
● Suportes de escrita.
CAMPO DE EXPERIÊNCIA: ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES
Comum
2 anos
3 anos
SABERES E CONHECIMENTOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO
(EI02/03ET01) Explorar e descrever semelhanças e diferenças entre as características e propriedades dos objetos (textura, massa, tamanho).
(EI0/01ET01) Explorar e descobrir as propriedades de objetos e materiais (odor, cor, sabor, temperatura).
Manipular objetos e brinquedos de materiais diversos, explorando suas características físicas. X
● Percepções.
Explorar objetos pessoais e do meio em que vive, conhecendo suas características, propriedades e X
● Características físicas, utilidades, função social.
propriedades, semelhanças e diferenças Descrever objetos em situações de exploração apontando suas características, semelhanças e X
entre os objetos. diferenças.
Observar objetos produzidos em diferentes épocas e por diferentes grupos sociais a fim de perceber as X
● Organização, comparação, classificação,
características dos mesmos.
sequenciação e ordenação de diferentes
objetos. Manipular objetos e brinquedos explorando as características, propriedades e possibilidades X
associativas (empilhar, rolar, transvasar, encaixar).
212
Manipular, explorar, comparar, organizar, sequenciar, classificar e ordenar materiais. X
● Formas geométricas.
● Medidas padronizadas e não padronizadas Participar de jogos de montar, empilhar e encaixar, realizando construções cada vez mais complexas e X
(arbitrárias) de comprimento, massa, orientando-se por noções espaciais.
capacidade e tempo. Realizar classificação em diferentes situações de acordo com critérios: capacidade, volume, cor, X
massa e comprimento.
Observar no meio natural e social as formas geométricas, percebendo diferenças e semelhanças entre X
os objetos no espaço.
Participar de situações que envolvam os sistemas de medida de comprimento, de massa e de X
capacidade utilizando medidas padronizadas e não padronizadas (arbitrárias).
Manusear as formas geométricas espaciais. X
(EI02/03ET02) Observar, relatar e descrever incidentes do cotidiano e fenômenos naturais (luz solar, vento, chuva etc.).
Participar de discussões mediadas pelo(a) professor(a) sobre os fenômenos naturais do cotidiano e X
● Fenômenos naturais. suas alterações.
● Elementos da natureza. Participar de práticas coletivas percebendo elementos e fenômenos da natureza (chuva, vento, luz X
solar, sombra, arco-íris, nuvens, relâmpago e trovão).
Observar e reconhecer a chuva, seu som e outras sensações características (cheiro e vibrações), bem X
● Tempo atmosférico. como do fenômeno trovão e suas características.
● Água. Conhecer a importância da água para os seres vivos. X
● Dia e noite. Perceber os elementos e características do dia e da noite, com presença e ausência de luz e sol/lua. X
● Luz e sombra. Observar e relatar sobre: o vento, a chuva, a luz do sol e outros. X
● Instrumentos para observação e
Observar sobre fenômenos naturais e físicos (movimento, inércia, flutuação, equilíbrio, força, X
experimentação.
magnetismo, atrito).
Explorar o efeito da luz por meio da sua presença ou ausência (luz e sombra). X
Ter noções sobre os quatro elementos: terra, fogo, ar e água, de várias formas. X
(EI02/03ET09) Conhecer animais e plantas percebendo a existência de diferentes tipos de seres vivos, seu habitat e suas características.
213
(EI02/03ET03) Compartilhar, com outras crianças, situações de cuidado de plantas e animais nos espaços da instituição e fora dela.
● Plantas, suas características gerais, habitat, Ajudar a cultivar e acompanhar o crescimento de algumas plantas, com auxílio do(o) professor(a). X
diversidade e prevenção de acidentes.
Conhecer o modo de vida de inseto (joaninha, abelha, besouro, mosquitos e outros) e animais X
● Plantas comestíveis e não comestíveis. presentes no dia a dia.
● Animais: suas características (locomoção, Identificar, pela exploração e observação, carcaterísticas que diferenciam os seres vivos de outros X
habitat , proteção, alimentação) seu modo elementos e materiais de seu meio.
de vida. Participar de situações de cuidado com o meio ambiente (preservar as plantas, não maltratar animais). X
● Alimentação dos seres vivos. Exercitar a coleta e seleção do lixo produzido pela turma no ambiente da sala de aula e do espaço X
escolar como ação de cuidado com o meio ambiente.
Identificar alguns alimentos comestíveis usados na sua alimentação. X
Conhecer plantas, do seu entorno, que podem causar perigo quando manipulada ou colocadas na X
boca.
Identificar as propriedades organolépticas (odor, sabor, cor e textura) das plantas. X
● Industrializados e naturais, restrições Ter noções sobre cuidados para prevenir acidentes com plantas. X
alimentares.
Ter noções sobre cuidados para prevenir acidentes com animais. X
● Corpo humano: partes externas, órgãos dos
sentidos e suas funções. X
Identificar, com auxílio de material de apoio, alimentos naturais e industrializados.
● Diferentes meios para satisfazer
necessidades de sobrevivência do ser Conhecer possíveis situações de restrição alimentar entre os colegas de turma. X
humano: comunicação, locomoção, habitat.
Conhecer doenças transmitidas por animais, insetos e formas de prevenção. X
● Coleta seletiva do lixo.
Conhecer algumas características físicas do ser humano: o corpo humano, partes externas, órgãos dos X
● Doenças transmitas por animais e formas sentidos e suas funções.
de prevenção.
Conhecer tipos de moradias do ser humano. X
● Prevenção de acidentes com plantas.
Conhecer formas de locomoção do ser humano em espaços terrestres, aéreos e aquáticos. X
Conhecer hábitos de higiene bucal e corporal diários, necessários à saúde do ser humano. X
Participar da construção de hortas, jardins, sementeiras, estufas e outros espaços para observação, X
experimentação e cuidado com as plantas.
Conhecer o processo de decomposição/compostagem de objetos e vegetais, percebendo as X
transformações num determinado tempo, com auxílio do professor.
Participar de situações de cuidado com o meio ambiente: cuidado com plantas e com animais, X
separação de lixo, economia de água e outros.
(EI02/03ET04) Identificar relações espaciais (dentro e fora, em cima, embaixo, acima, abaixo, entre e do lado) e temporais (antes, durante e depois).
Movimentar-se no espaço, sob comando do professor, com indicações de ação: descer, andar para X
● Percepção do entorno. frente, para trás, para o lado, evidenciando progressiva autonomia.
● Espaço físico e objetos. Movimentar-se no espaço, sob comando do professor, com indicações de ação: rápido, devagar, mais X
rápido, mais lento, evidenciando progressiva autonomia.
● Comparação dos elemento no Movimentar-se no espaço, sob comando do professor, com indicações de ação: dentro de, fora de, em X
espaço. cima de, embaixo de, por baixo de, ao lado de, perto de, longe de, evidenciando progressiva
autonomia.
215
Conhecer os diferentes ambientes da escola por meio de explorações que promovam a identificação X
● Noções espaciais de orientação,de direção, de relações espaciais.
de proximidade, de lateralidade,de
Encontrar objetos ou brinquedos em situações de brincadeiras orientadas ou a partir de comandos X
exterior e interior, de lugar e de distância.
do(a) professor(a) sobre a sua localização.
● Posição dos objetos. Identificar os momentos da rotina utilizando expressões temporais como antes de, durante e depois de. X
● Posição corporal.
● Noção temporal.
Explorar o espaço por meio do corpo e dos sentidos, a fim de perceber elementos presentes em seu X
ambiente que limitam e orientam a circulação, com mediação do professor.
Explorar o espaço por meio de experiências de deslocamento de si e dos objetos, considerando X
obstáculos, com progressiva autonomia.
● Linguagem matemática.
Posicionar o corpo no espaço a partir de orientações. X
● Noções espaciais de orientação, de direção,
de proximidade, de lateralidade, de exterior Participar de situações cotidianas, com progressiva compreensão, sobre noções de tempo em X
e de interior, de lugar e de distância. comandos como agora, depois de e durante.
Explorar o espaço escolar e do entorno, identificando a localização de seus elementos. X
● Noção temporal.
Participar de situações diversas dentro e fora da sala que envolvam as noções topológicas. X
Utilizar expressões temporais como antes, durante e depois, em situações de conversa ou relatos do X
cotidiano.
Evidenciar progressiva compreensão e autonomia sobre a passagem do tempo por meio do X
entendimento de comandos como agora, depois e durante, em situações rotineiras ou do cotidiano.
Deslocar-se no espaço/ambiente da escola considerando a localização de si e de elementos no X
espaço, obedecendo a comandos e com progressiva autonomia.
(EI02/03ET05) Classificar objetos, considerando determinado atributo (tamanho, peso, cor, forma etc.).
Conhecer as características, propriedades e função social dos objetos pessoais e do meio em que X
● Propriedades e funções dos objetos. vive.
● Semelhanças e diferenças entre Comparar objetos seguindo critérios: de capacidade, comprimento, massa, cor, forma, textura, dentre X
elementos. outros, com progressiva autonomia.
Agrupar os objetos, seguindo critérios mediados pelo(a) professor(a): comprimento, capacidade, cor, X
● Capacidade, comprimento, massa, forma massa, forma, posição, dentre outras possibilidades.
e posição dos objetos.
Comparar, organizar e classificar os objetos seguindo alguns critérios estabelecidos, como cor, forma, X
● Semelhanças e diferenças entre massa, comprimento, volume, material, uso etc.
elementos. Separar objetos e materiais considerando os usos, a cor, a textura e/ou material utilizado, realizando X
agrupamentos respeitando os critérios indicados pelo(a) professor(a).
● Medidas padronizadas e não
Explorar os sólidos geométricos observando de acordo com a superfície plana (não rolam) e curva X
padronizadas de comprimento,
capacidade e massa. (que rolam), com auxílio do(a) professor(a).
Conhecer instrumentos de medida de massa padronizada e não padronizada. X
● Medida de valor.
Conhecer instrumentos de medida de comprimento padronizadas e não padronizada. X
216
● Linguagem matemática. Conhecer instrumentos de medida de capacidade padronizada e não padronizada. X
Utilizar as medidas arbitrarias em situações problemas (colher, xícara, concha, copo, garrafa etc.). X
(EI02/03ET06) Utilizar conceitos básicos de tempo (agora, antes, durante, depois, ontem, hoje, amanhã, lento, rápido, depressa, devagar).
Experimentar diferentes níveis de velocidade em brincadeiras e movimentos (lento, rápido). X
Perceber a importância do tempo para esperar o preparo de alimentos ou até secagem de materiais X
para uso em sala (cola, tinta, por exemplo).
● Noções de tempo.
Observar o céu, astros, estrelas e seus movimentos (dia e noite), percebendo a passagem do tempo, X
● Transformações na natureza: dia e noite. com auxílio do professor.
Participar de situações de organização e registro da rotina diária, utilizando os conceitos básicos de X
● Linguagem matemática
tempo.
● Sequência temporal. Ter noções sobre o agora e o depois de nos diferentes momentos do cotidiano de seu grupo X
construindo referências para apoiar sua percepção do tempo.
Explorar diferentes instrumentos de nossa cultura que usam número, grandezas e medidas de tempo, X
em contextos significativos, como: calendário, relógio, ampulheta.
Vivenciar situações em que o adulto relaciona noções de tempo a seus ritmos biológicos, para perceber X
a sequência temporal em sua rotina diária: alimentar-se, brincar, descansar, tomar banho, escovar os
dentes.
Ter noções de tempo: agora, depois de, antes de, amanhã, ontem, hoje, depressa, devagar, lento, X
rápido por meio de atividades que estimulem a percepção.
Envolver-se na rotina da sala de aula observando a sequência dos fatos de modo a adquirir maior X
● Recursos culturais e tecnológicos de independência, autonomia e atuar de forma a prever as próximas ações.
medida de tempo.
Ter noções de tempo e relacionar a seus ritmos biológicos percebendo a sequência temporal em sua X
● Sequência temporal nas narrativas orais e rotina diária.
registros gráficos. Conhecer conceitos básicos de tempo em situações do dia a dia. X
● Sequência numérica.
● Números e quantidades.
● Linguagem matemática.
● Representação de quantidades.
Participar de brincadeiras que envolvam a recitação da sequência numérica por meio de cantigas, X
rimas, parlendas ou amarelinha.
Manipular e explorar objetos, brinquedos em situações cotidianas estabelecendo correspondência X
biunívoca.
● Relação objeto/quantidade (ideia de
Usar a contagem em situações de manipulação de materiais, conduzidas pelo(a) professor(a). X
correspondência).
● Agrupamento dos elementos. Realizar contagem oral durante brincadeiras, mesmo que de forma desordenada. X
● Correspondência biunívoca. Manipular, explorar, organizar brinquedos e outros materiais em agrupamentos de até 5 elementos e ir X
● Classificação. aumentando gradativamente.
Participar de atividades que envolvam o registro de quantidades de forma não convencional em jogos, X
brincadeiras e situações do cotidiano.
Participar de atividades oralmente, envolvendo a sequência numérica. X
● Relação número/quantidade. Comparar quantidades de brinquedos ou objetos, identificando se há mais, menos ou a quantidade é X
igual.
● Comparação.
Manipular, explorar, organizar brinquedos e outros materiais em agrupamentos, realizando a X
● Representação de quantidades de forma contagem.
convencional ou não convencional. Explorar os números e seus usos sociais em situações do dia a dia (refere-se ao código, à quantidade, X
à medida, à ordenação).
● Agrupamento de quantidades.
Observar os números no contexto social escolar. X
● Comparação entre
quantidades: menos, mais, igual. Participar de situações que envolvam o registro de quantidades de forma convencional em jogos, X
brincadeiras e situações do cotidiano, por meio de desenhos e outros símbolos até 5.
● Registros gráficos. Agrupar e/ou separar objetos em quantidades iguais, seguindo orientações do(a) professor(a). X
● Noções básicas de divisão e multiplicação.
218
ORGANIZADOR CURRICULAR – CRIANÇAS BEM PEQUENAS – 4 ANOS E 5 ANOS
CAMPO DE EXPERIÊNCIA: O EU, O OUTRO E O NÓS
Comun
4 anos
5 anos
SABERES E CONHECIMENTOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO
(EI04/05EO01) Demonstrar empatia pelos outros, percebendo que as pessoas têm diferentes sentimentos, necessidades e maneiras de pensar e agir.
Conhecer e conviver com outras pessoas, respeitando as diferenças. X
● Identidade e autonomia: construção de sua Demonstrar respeito pelas ideias e gostos de seus colegas. X
identidade e construção da autonomia.
Ouvir e compreender os sentimentos e necessidades de outras crianças. X
● Direitos e deveres: regras combinadas,
controle de conduta. Fazer uso de normas sociais nas diferentes situações. X
● Respeito à individualidade e à diversidade. Relacionar-se com outros indivíduos. X
● Grupos étnicos: identidade, semelhanças e Interagir com crianças da mesma idade e de idades diferentes, em situações coletivas, duplas e X
diferenças entre indivíduos. pequenos grupos.
● Escuta e compreensão do outro. Vivenciar situações de troca de afeto (abraço, fazer carinho). X
(EI04/05EO02) Agir de maneira independente, com confiança em suas capacidades, reconhecendo suas conquistas e limitações.
● Próprio corpo e suas possibilidades Manifestar iniciativa na escolha de brincadeiras e atividades, na seleção de materiais e na busca de X
motoras, sensoriais e expressivas. parcerias, considerando seu interesse.
Enfrentar desafios em brincadeiras e jogos para desenvolver confiança em si próprio. X
● Confiança e imagem positiva de si.
Reconhecer-se como um integrante do grupo ao qual pertence. X
● Estratégias para resolver situações
Expressar suas emoções e sentimentos de modo que seus hábitos, ritmos e preferências individuais X
problema.
sejam respeitadas no grupo em que convive.
● Comunicação. Demonstrar autonomia ao participar de atividades diversas, dentro e fora da sala. X
● Autonomia. Realizar ações como ir ao banheiro, tomar água, frequentar espaços da instituição com crescente X
autonomia.
● Respeito à individualidade e à diversidade.
Solicitar ajuda quando está em dificuldade e auxiliar o colega quando este necessita. X
Ampliar, progressivamente, suas atividades com base nas orientações dos(as) professores(as). X
Cuidar dos seus pertences, dos pertences de seus colegas e dos pertences do CMEI. X
Participar de situações em que é instruída a levar objetos ou transmitir recados em outros locais da X
instituição.
Relacionar-se com crianças da mesma idade e com outras em situações de interações e brincadeira, X
agindo de forma solidária e colaborativa.
Desenvolver noção de identidade e convivência em um espaço compartilhado com outras pessoas. X
● Autonomia, criticidade e cidadania. ldentificar emoções e/ou regulá-las conforme as ações que realizam. X
● Linguagem oral e corporal. lnteragir com pessoas de diferentes idades em situações do dia a dia. X
Interagir com outras crianças, compartilhando îdeias e experiências, enquanto trabalha na própria na X
tarefa.
Demonstrar compreensão de seus sentimentos e nomeá-los. X
220
Participar de assembleias, rodas de conversas, eleições e outros processos de escolha dentro da X
instituição, em práticas pedagógicas.
Oralizar reivindicações e desejos do grupo. X
Expressar, reconhecer e nomear necessidades, emoções, sentimentos que vivencia e/ou que observa X
● Comunicação verbal, expressão de no outro.
sentimentos e ideias.
Mostrar compreensão de sentimentos, sensibilizando-se com o sentimento do outro. X
● Direitos e deveres. Transmitir recados a colegas e profissionais da instituição, desenvolvendo a oralidade e a organização X
de ideias.
Oralizar e argumentar sobre reivindicações e desejos do grupo. X
(EI04/05EO05) Demonstrar valorização das características de seu corpo e respeitar as características dos outros (crianças e adultos) com os quais convive.
Relatar sobre suas características, observadas em fotografias e imagens. X
● Próprio corpo e do outro. Perceber o próprio corpo e o do outro, reconhecendo as diferenças e semelhanças das pessoas quanto X
a: cabelos, pele, olhos, altura, peso e etc.
● Características físicas: semelhanças e
diferenças. Identificar e respeitar as diferenças reconhecidas entre as características femininas e masculinas. X
● Respeito à individualidade e à diversidade. Reconhecer gradativamente suas habilidades, expressando-as e usando-as em suas brincadeiras e nas X
atividades individuais, de pequenos ou grandes grupos.
● Relatos como forma de expressão. Perceber suas características corporais, contribuindo para a construção de sua imagem corporal. X
● Etapas do desenvolvimento e Reconhecer as mudanças ocorridas nas suas características desde o nascimento, percebendo as X
transformações corporais. transformações e respeitando as diversas etapas do desenvolvimento.
Aceitar e valorizar suas características corporais, expressando-se de diferentes formas e construindo X
uma imagem positiva de si.
Observar e respeitar as características das diversas fases do desenvolvimento humano. X
(EI04/05EO07) Usar estratégias pautadas no respeito mútuo para lidar com conflitos nas interações com crianças e adultos.
Expressar, reconhecer e nomear necessidades, emoções e sentimentos que vivencia e observa no X
outro.
● Reconhecimento e respeito às diferenças.
Utilizar estratégias pacíficas ao tentar resolver conflitos com outras crianças, buscando compreender a X
● Procedimentos dialógicos para a posição e o sentimento do outro.
comunicação e resolução de conflitos. Utilizar estratégias para resolver seus conflitos relacionais, considerando soluções que satisfaçam a X
ambas as partes.
● Expressão de sentimentos que vivencia e
Saber desculpar-se quando sua atitude desrespeitar o outro. X
reconhece no outro.
Realizar a escuta e respeitar a opinião do outro. X
Usar do diálogo e estratégias simples para resolver conflitos, reconhecendo as diferentes opiniões e X
aprendendo a respeitá-las.
CAMPO DE EXPERIÊNCIA: CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS
Comum
4 anos
5 anos
SABERES E CONHECIMENTOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO
EI04/05CG01) Criar com o corpo formas diversificadas de expressão de sentimentos, sensações e emoções, tanto nas situações do cotidiano quanto em brincadeiras,
dança, teatro, música.
(EI04/05CG03) Criar movimentos, gestos, olhares e mímicas em brincadeiras, jogos e atividades artísticas como dança, teatro e música.
Expressar interesses, sentimentos, sensações ou emoções por meio de brincadeiras, dança ou X
● Manifestações culturais. dramatização.
Criar e recriar gestos e movimentos corporais. X
● Seu corpo, suas possibilidades motoras,
sensoriais e expressivas. Cantar, gesticular e expressar emoções acompanhando músicas, cantiga e jogos de imitação. X
● Imitação como forma de expressão. Dramatizar situações do dia a dia, músicas ou trechos de histórias. X
222
Vivenciar diferentes papéis em jogos e brincadeiras. X
● Jogo de papéis e domínio da conduta.
Combinar movimentos com outras crianças criando novas possibilidades de expressão. X
● Equilíbrio, destreza, postura e controle do Conhecer brincadeiras e atividades artísticas típicas da cultura local. X
corpo.
Participar de encenações e atividades que desenvolvam a expressão corporal a partir de jogos de X
● Orientação espacial. imitação, corporais e dramáticos.
Discriminar e nomear as percepções ao experimentar diferentes sensações. X
Deslocar-se em diferentes espaços e direções, de diferente modos, de acordo com diferentes ritmos. X
(EI04/05CG02) Demonstrar controle e adequação do uso de seu corpo em brincadeiras e jogos, escuta e reconto de histórias, atividades artísticas, entre outras
possibilidades.
Movimentar-se seguindo uma sequência e adequando-se ao compasso definido pela música, brincadeira X
● Corpo e o espaço. ou regra.
Percorrer trajetos inventados ou propostos demonstrando controle e adequação corporal. X
● Controle e equilíbrio do corpo.
Deslocar-se usando movimentos corporais cada vez mais complexos. X
● Jogos expressivos de linguagem corporal.
Movimentar-se e deslocar-se com controle progressivo, equilíbrio, coordenação, resistência e força X
muscular.
● Localização e orientação espacial: dentro
de, for a de, perto de, longe de, embaixo Adequar seus movimentos corporais aos de seus colegas em situações de brincadeiras ou atividades X
de, em cima de, de um lado de, do outro, a coletivas.
esquerda de, a direita de, a frente de, Participar de atividades que desenvolvam noções de proximidade, interioridade e direcionalidade, X
atrás de etc. posicionando o corpo no espaço.
Participar de conversas em pequenos grupos escutando seus colegas e esperando a sua vez de falar. X
● Noções de direcionalidade, lateralidade,
proximidade e interioridade. Adequar seus movimentos em situações de brincadeiras com ritmo da música ou da dança. X
Participar de situações que envolvam comandos, evidenciando controle corporal e exercitando a escuta. X
Utilizar diferentes materiais e instrumentos nas suas produções com progressiva desenvoltura. X
● Suportes, materiais e instrumentos para
desenhar pintar e folhear. Manusear diferentes riscadores em suportes e planos variados para perceber suas diferenças, X
registrando suas ideias.
● Representações gráfica e plástica: desenho, Participar de jogos e brincadeiras de construção utilizando elementos estruturados ou não, com o intuito X
pintura, colagem, dobradura, escultura etc. de montar, empilhar, encaixar e outros.
Executar habilidades manuais utilizando recursos variados: rasgar, picotar, recortar, dobrar, colar. X
● Representações bidimensionais e
tridimensionais. Manusear livros, revistas, jornais e outros com autonomia. X
Expressar-se por meio de desenho, pintura, colagem, dobradura, escultura, criando produções X
bidimensionais e tridimensionais.
CAMPO DE EXPERIÊNCIA: TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS
Comum
4 anos
5 anos
SABERES E CONHECIMENTOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO
EI04/05TS01) Utilizar sons produzidos por materiais, objetos e instrumentos musicais durante brincadeiras de faz de conta, encenações, criações musicais, festas.
(EI04/05TS03) Reconhecer as qualidades do som (intensidade, duração, altura e timbre), utilizando-as em suas produções sonoras e ao ouvir músicas e sons.
Escutar sons do entorno e estar atento ao silêncio. X
● Apreciação, percepção e produção sonora.
Cantar canções conhecidas, acompanhando o ritmo com gestos ou com instrumentos musicais. X
● Audição e percepção musical. Explorar os sons produzidos pelo corpo, por objetos, por elementos da natureza e instrumentos musicais, X
percebendo os parâmetros do som (altura, intensidade, duração e timbre).
● Percepção e memória musical.
Perceber sons graves e agudos, curtos e longos produzidos pelo corpo, objetos e instrumentos musicais. X
● Sons do corpo, dos objetos, dos Participar de brincadeiras cantadas produzindo sons com o corpo e outros materiais. X
224
instrumentos e da natureza. Explorar possibilidades vocais a fim de produzir diferentes sons. X
● Parâmetros do som: altura, Criar sons a partir de histórias (sonoplastia) utilizando o corpo e materiais diversos. X
intensidade, duração e timbre.
Reconhecer canções que marcam eventos específicos de sua rotina ou de seu grupo. X
● Melodia e ritmo. Conhecer, apreciar e valorizar a escuta de obras musicais de diversos gêneros, estilos, épocas e X
culturas, da produção musical brasileira e de outros povos e países.
● Instrumentos musicais convencionais e não Conhecer canções, brincadeiras e/ou instrumentos musicais que são típicos de sua cultura. X
convencionais.
Dançar a partir de diversos ritmos. X
● Música e dança.
Apreciar produções audiovisuais como musicais, brinquedos cantados, teatros reconhecendo as X
● Movimento: expressão corporal e qualidades sonoras.
dramática. Participar e apreciar apresentações musicais de outras crianças. X
Produzir sons com materiais alternativos, explorando variações de velocidade e intensidade em músicas X
diversas e em sons produzidos.
Reconhecer, em situações de escuta de música, características dos sons. X
Explorar diversos movimentos corporais (danças, imitações, mímicas, gestos, expressões faciais e jogos X
teatrais), intensificando as capacidades expressivas.
(EI04/05TS02) Expressar-se livremente por meio de desenho, pintura, colagem, dobradura e escultura, criando produções bidimensionais e tridimensionais.
Conhecer as formas variadas dos objetos percebendo suas características. X
● Expressão cultural. Criar com jogos de encaixe e de construção, explorando cores, formas e texturas. X
● Suportes, materiais, instrumentos e técnicas Experimentar possibilidades de representação visual bidimensional e tridimensional, utilizando materiais X
das artes visuais e seus usos. diversos.
● Elementos da linguagem visual: texturas, Expressar ideias, sentimentos e experiências utilizando variedades de materiais e recursos artísticos. X
cores, superfícies, volumes, espaços,
Reconhecer as cores presentes na natureza e em objetos, nomeando-as, fazendo a correspondência X
formas etc.
entre cores e elementos.
● Elementos bidimensionais e Experimentar as diversas possibilidades do processo de produção das cores secundárias. X
tridimensionais.
Criar desenhos, pinturas, colagens, modelagens utilizando os elementos da linguagem das artes visuais: X
● Estratégias de apreciação estética. ponto, linha, cor, forma, espaço e textura.
225
Explorar os elementos das artes visuais (ponto, linha e plano) a fim de que sejam considerados em suas X
● Obras de arte, autores e contextos. produções.
● Cores primárias e secundárias. Conhecer a apreciar artesanato e obras de artes visuais de diferentes técnicas, movimentos, épocas, X
estilos e culturas.
Utilizar a investigação que realiza sobre o espaço, as imagens, as coisas ao seu redor para significar e X
incrementar sua produção artística.
Conhecer e apreciar produções artes visuais de sua cultura, de culturas regionais, nacionais e de outros X
povos e países.
Apreciar diferentes obras de arte, desenvolvendo a sensibilidade estética, o cuidado e o respeito pelo X
processo de produção e criação em diferentes culturas.
SABERES E CONHECIMENTOS CAMPO DE EXPERIÊNCIA: ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO
Comum
4 anos
5 anos
SABERES E CONHECIMENTOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO
(EI04/05EF01) Expressar ideias, desejos e sentimentos sobre suas vivências, por meio da linguagem oral e escrita (escrita espontânea), de fotografias, desenhos e
outras formas de expressão.
Comunicar-se, oralmente, com diferentes intenções, em diferentes contextos e com diferentes X
interlocutores, em situações mediadas ou não pelo(a) professor(a).
● A Língua Portuguesa falada, suas diversas
Exercitar a escuta do outro com atenção, esperando sua vez de falar. X
funções e usos sociais.
● Palavras e expressões da língua. Ampliar seu vocabulário aprimorando sua capacidade de comunicação, relatando fatos ouvidos e vividos. X
● Vocabulário. Usar da escrita espontânea e de desenhos para comunicar ideias e conhecimentos aos colegas e X
professores(as).
● Linguagem escrita, suas funções e usos Elaborar hipóteses sobre a escrita para aproximar-se progressivamente do uso social e convencional da X
sociais. língua.
● Registro gráfico como expressão de Participar de variadas situações de comunicação oral expressando suas ideias com progressiva clareza. X
conhecimentos, ideias e sentimentos.
Argumentar sobre suas ideias, e, diferentes situações de comunicação, defendendo seu ponto de vista e X
● Oralidade e escuta.
ampliando sua capacidade comunicativa.
● Linguagem oral.
Produzir narrativas orais e escritas (desenhos), em situações que apresentem função social significativa. X
● Relato: descrição do espaço,
personagens e objetos. Apresentar relatos, orais de suas vivências com coerência aos fatos, a temporalidade e às situações de X
● Sequência dos fatos. interlocução (perguntas que surgirem).
Elaborar perguntas e respostas para explicitar suas dúvidas, compreensões e curiosidades. X
(EI04/05EF02) Inventar brincadeiras cantadas, poemas e canções, criando rimas, aliterações e ritmos.
Participar de brincadeiras, cantigas de roda, textos poéticos e músicas que explorem a sonoridade das X
● Linguagem oral. palavras (sons, rimas, sílabas e aliteração).
226
Interagir em situações orais discriminando os sons da língua e a sonoridade das palavras. X
● Rimas e aliterações.
Participar de situações de recitação de poesias e parlendas, respeitando ritmo e entonação. X
● Sons da língua e sonoridade das palavras.
Conhecer poemas, parlendas, trava-línguas e outros gêneros discursivos, explorando rimas, aliterações e X
● Ritmo.
ritmos.
● Cantigas de roda. Conhecer cantigas e textos poéticos típicos de sua cultura. X
● Textos poéticos. Reconhecer e criar rimas em atividades envolvendo a oralidade e imagens. X
● Consciência fonológica. Recriar brincadeiras cantadas (trava-línguas, cantigas, quadrinhas), com auxílio do(a) professor(a) X
● Manifestações culturais. explorando rimas, aliterações e ritmos.
Participar coletivamente da leitura e escrita de listas, bilhetes, recados, convites, cantigas, textos, receitas X
● Aspectos gráficos da escrita.
e outros, tendo o(a) professor(a) como leitor e escriba.
● Vocabulário. Manusear diferentes portadores textuais, e ouvir sobre seus usos sociais. X
● Sistema alfabético de representação da Levantar hipóteses sobre gêneros discursivos veiculados em portadores conhecidos, recorrendo a X
escrita e mecanismos de escrita. estratégias de observação gráfica.
EI04/05EF04) Recontar histórias ouvidas e planejar coletivamente roteiros de vídeos e de encenações, definindo os contextos, os personagens, a estrutura da
história.
Oralizar sobre fatos e acontecimentos da história ouvida. X
● Dramatização.
Relatar fatos e ideias com começo, meio e fim. X
227
● Criação de histórias. Criar narrativas sobre fatos do dia a dia, com auxílio do(a) professor(a) para serem expressas por meio X
de dramatizações.
● Interpretação e compreensão textual. Ajudar a compor personagens e cenários de modo coerente aos contextos da história. X
● Vocabulário. Criar e contar histórias oralmente, com base em imagens ou temas sugeridos. X
● Narrativa: organização e sequenciação de Reconhecer cenários de diferentes histórias e estabelecer relações entre os mesmos. X
ideias.
(EI04/05EF05) Recontar histórias ouvidas para produção de reconto escrito, tendo o(a) professor(a) como escriba.
Recontar histórias ouvidas, com entonação e ritmo adequados aos fatos narrados, utilizando recursos. X
● Relato de fatos e situações com Participar da elaboração de histórias observando o registro pelo professor(a). X
organização de ideias.
Responder a questionamentos sobre os personagens, cenário, trama e sequência cronológica dos fatos, X
● Criação e reconto de histórias.
ação e intenção dos personagens.
● Expressividade pela linguagem oral e Escutar relatos de outras crianças. X
gestual.
Envolver-se em situações de pequenos grupos, contribuindo para a construção de encenações coletivas. X
● Vocabulário.
Compreender que a escrita representa a fala. X
● Relação entre imagem ou tema e
narrativa. Produzir textos coletivos, tendo o(a) professor(a) como escriba. X
● Organização da narrativa considerando X
Escutar relatos de outras crianças e respeitar sua vez de escuta e questionamento.
tempo e espaço.
● Estratégias e procedimentos para leitura e Participar da elaboração e reconto de histórias e textos. X
produção de textos. X
Participar de momentos de criação de símbolos e palavras com o intuito de identificar lugares e situações
● Símbolos. e elementos das histórias ouvidas.
(EI04/05EF06) Produzir suas próprias histórias orais e escritas (escrita espontânea), em situações com função social significativa.
Fazer uso de expressões da linguagem da narrativa. X
228
● Diferenciação entre desenhos, letras e Diferenciar desenho, letra e número em suas produções espontâneas. X
números.
Produzir escritas espontâneas, utilizando letras como marcas gráficas. X
● Criação e reconto de histórias. Ler, a seu modo, textos literários e seus próprios registros gráficos para outras crianças. X
● A Língua Portuguesa falada, suas diversas Escutar nomes de objetos, pessoas, personagens, imagens ilustradas em fotografias e gravuras, bem
funções e usos sociais. como nomeá-los, ampliando seu vocabulário.
Oralizar contextos e histórias contadas, a seu modo. X
● Linguagem oral.
Criar histórias e representá-las graficamente (desenho) a partir de imagens ou temas sugeridos. X
● Vocabulário.
Expressar hipóteses a respeito da escrita de letras e números, registrando símbolos para representar X
ideias.
● Práticas de Leitura.
Expressar e representar com desenhos e outros registros gráficos seus conhecimentos, sentimentos e X
● Diferentes usos e funções da escrita. apreensão da realidade.
● Identificação e nomeação de
elementos.
● Produção escrita.
Criar histórias a partir de imagens ou temas sugeridos para desenvolver sua criatividade. X
● Estratégias e procedimentos para leitura e
produção de textos. Levantar hipótese em relação à linguagem escrita, realizando registros de palavras e/ou quantidades por X
meio da escrita espontânea e convencional.
● Produção escrita para representação gráfica
de conhecimentos, ideias e sentimentos.
(EI04/05EF07) Levantar hipóteses sobre gêneros discursivos veiculados em portadores conhecidos, recorrendo a estratégias de observação gráfica e/ou de
leitura.
Conhecer e compreender, progressivamente, a função social de diferentes suportes textuais, X
manuseando-os e explorando-os.
● Usos e funções da escrita.
Expressar suas hipóteses sobre “para que servem” os diferentes gêneros discursivos, tais como: receitas, X
● Tipos, gêneros e suportes de textos que placas, poesias, bilhetes, convites, bulas, cartazes e outros.
circulam em nossa sociedade com suas Compreender a função social da escrita nos diferentes portadores de textos. X
diferentes estruturas textuais.
Compreender como se organiza a escrita em nossa cultura: de cima para baixo, da esquerda para a X
● Escuta e apreciação de gêneros direita.
229
discursivos. Identificar símbolos que representam ideias, locais, objetos e momentos da rotina: a marca do biscoito X
preferido, placa do banheiro, cartaz de rotina, etc.
● Sensibilidade estética em relação aos textos
Observar o registro textual ,tendo o(a) professor(a) como escriba. X
literários.
● Símbolos, aspectos gráficos da escrita. Acompanhar a leitura apontada do texto realizada pelo(a) professor(a). X
● Sistema alfabético de representação da Identificar as letras do alfabeto em diversas situações da rotina escolar. X
escrita e mecanismos de escrita.
Realizar inferências na leitura do texto por meio do reconhecimento do conteúdo das gravuras, legendas, X
● Estratégias e procedimentos para leitura e disposição gráfica e outros, com auxílio do(a) professor(a).
produção de textos. Atentar-se para a escuta da leitura de diferentes gêneros discursivos feita pelo(a) professor(a), em X
ocasiões variadas.
● Direção da leitura e da escrita: de cima para
Ampliar seu repertório linguístico, observando a organização gráfica das palavras. X
baixo, da esquerda para a direita.
● Oralidade: exercício da escuta.
(EI04/05EF08) Selecionar livros e textos de gêneros conhecidos para a leitura de um adulto e/ou para sua própria leitura (partindo de seu repertório sobre esses
textos, como a recuperação pela memória, pela leitura das ilustrações etc.).
Escutar histórias contadas por outras pessoas convidadas a visitar a instituição. X
● Escuta e oralidade.
Contar, a seu modo, histórias para outras crianças e adultos. X
● Gêneros literários, seus autores, Ler, à sua maneira, diferentes gêneros discursivos. X
características e suportes.
Expressar suas opiniões sobre os diferentes textos lidos. X
● Sensibilidade estética com relação aos
textos literários. Escolher suportes textuais para observação e práticas de leitura à sua maneira. X
● Imaginação. Criar histórias coletivas a partir da leitura de ilustrações e imagens, desenvolvendo a criatividade e a X
imaginação.
● Narrativa: organização e sequenciação de Relacionar imagens de personagens e cenários às histórias a que pertencem. X
ideias. X
Narrar histórias ouvidas utilizando somente a memória como recurso.
● Identificação dos elementos das histórias. Apresentar uma história mostrando a capa do livro, o título e o nome do autor. X
Escutar e apreciar histórias e outros gêneros discursivos (poemas, histórias, lendas, fábulas, parlendas, X
músicas, etc.).
EI04/05EF09) Levantar hipóteses em relação à linguagem escrita, realizando registros de palavras e textos, por meio de escrita espontânea.
Vivenciar experiências que possibilitem perceber a presença da escrita em diferentes ambientes. X
230
Compreender a função social da escrita. X
● Identificação do nome próprio e de outras
pessoas. Utilizar, progressivamente, letras, números e desenhos em suas representações gráficas. X
● Uso e função social da escrita. Vivenciar situações de produção de textos coletivos, observando as convenções no uso da linguagem X
● Marcas gráficas: desenhos, letras, números. escrita, tendo o(a) professor(a) como escriba.
Vivenciar jogos e brincadeiras que envolvam a escrita. X
● Sistema alfabético de representação da
escrita e mecanismos de escrita. Participar de jogos que relacionam imagens e palavras. X
● Produção gráfica. Explorar a sonoridade das palavras, estabelecendo relações com sua representação. escrita. X
● Materiais e tecnologias variadas para a Utilizar suportes de escrita diversos para desenhar e escrever espontaneamente. X
produção da escrita: lápis, caneta, giz,
computador e seus diferentes usos. Registrar suas ideias utilizando desenhos, símbolos e palavras, escritas à sua maneira. X
Conhecer e verbalizar nome próprio e de pessoas que fazem parte de seu círculo social. X
Reconhecer e identificar as letras do alfabeto em contexto ao valor sonoro convencional para relacionar X
grafema/fonema.
Relatar e estabelecer sequência lógica para produzir o texto escrito, tendo o(a) professor(a) como X
escriba.
CAMPO DE EXPERIÊNCIA: ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES
Comum
4 anos
5 anos
SABERES E CONHECIMENTOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO
231
(EI04/05ET01) Estabelecer relações de comparação entre objetos, observando suas propriedades.
Identificar objetos pessoais e do meio em que vive conhecendo suas características, propriedades e X
função social.
● Manipulação, exploração e organização de
Manipular objetos e brinquedos explorando características e propriedades (empilhar, rolar, transvasar, X
objetos.
encaixar).
● Características físicas, propriedades e Conhecer as características das grandezas de objetos (grande/pequeno, comprido/curto etc.) ao falar X
utilidades dos objetos. sobre eles.
Observar e identificar no meio natural e social as formas geométricas, percebendo diferenças e X
● Coleções: agrupamento de objetos por
semelhança. semelhanças.
Abrir, contar e contornar todas as faces de um sólido geométrico. X
● Organização, comparação, classificação,
Comparar, classificar, ordenar, seriação e sequenciar os objetos seguindo alguns critérios, como cor, X
sequenciação e ordenação de diferentes
objetos. forma, textura, capacidade, massa, comprimento, função, dentre outros, mediados pelo professor.
Conhecer e utilizar instrumentos de medida de massa, capacidade e comprimento. X
● Formas geométricas.
Reconhecer e nomear as figuras geométricas planas: triângulo, círculo, quadrado, retângulo. X
● Figuras geométricas. Utilizar diferentes critérios para comparar objetos. X
● Sólidos geométricos. Estabelecer relações entre os sólidos geométricos e os objetos presentes no seu ambiente. X
● Planificação. Comparar comprimento, massa e capacidade, estabelecendo relações. X
● Propriedades associativas.
● Medidas padronizadas e não padronizadas
de comprimento, massa, capacidade e
tempo.
(EI04/05ET02) Observar e descrever mudanças em diferentes materiais, resultantes de ações sobre eles, em experimentos envolvendo fenômenos naturais e
artificiais.
Observar e descrever algumas características e semelhanças frente aos fenômenos da natureza. X
● Relação espaço-temporal. Identificar os elementos (fogo, ar, água e terra) enquanto produtores de fenômenos da natureza. X
● Fenômenos da natureza e suas relações com Conhecer a ação dos elementos da natureza na vida humana (chuva, seca, frio e calor). X
a vida humana. Identificar os elementos e características do dia e da noite. X
● Fenômenos físicos: movimento, inércia, Acompanhar e conhecer, com auxílio do professor, os resultados alcançados a partir da mistura de X
flutuação, equilíbrio, força, magnetismo, atrito. diferentes produtos/materiais ou em receitas simples.
Estabelecer relações de causa e efeito dos fenômenos da natureza, levantando hipóteses com auxílio X
● Fenômenos naturais: luz solar, vento, chuva. do(a) professor(a).
Identificar algumas consequências dos fenômenos da natureza na vida das pessoas. X
● Sistema Solar. X
Experienciar situações que comprovem a existência dos fenômenos físicos: movimento, inércia,
flutuação, equilíbrio, força, magnetismo e atrito.
● Dia e noite.
Conhecer o efeito da luz por meio da sua presença ou ausência (luz e sombra). X
● Luz /sombra.
232
(EI04/05ET03) Identificar e selecionar fontes de informações, para responder a questões sobre a natureza, seus fenômenos, sua conservação.
Conhecer os elementos que compõem a paisagem do percurso e suas modificações. X
● Elementos da paisagem: naturais e Participar de situações de cuidado com o meio ambiente. X
construídos pela humanidade.
Praticar a separação de materiais para fins de reciclagem, conforme sua destinação. X
● Formas de organização da cidade: bairros, Participar de ações de preservação de plantas e de cuidados com animais, sob sua responsabilidade. X
ruas, becos, avenidas.
Perceber que os seres vivos possuem um ciclo de vida, reconhecendo as diferentes fases. X
● Coleta seletiva de lixo. Ter contato com as partes das plantas e suas funções. X
● Preservação do meio ambiente. Conhecer espécies e/ou raças de animais usadas como guias ou em situações para ajudar as pessoas. X
Identificar, com auxílio do(a) professor(a), as principais doenças transmitidas por animais e formas de X
● Elementos da natureza. prevenção.
Exercitar hábitos diários de cuidado com a higiene do corpo. X
● Transformação da natureza.
Conhecer os diferentes meios de satisfazer as necessidades do ser humano: comunicar-se, mover-se, X
● Seres vivos: ciclos e fases da vida. alimentar-se e repousar.
Identificar cuidados em situações de restrição alimentar. X
● Plantas, suas características e habitat. Conhecer a origem de alguns alimentos: animal, vegetal e mineral. X
Conhecer alimentos industrializados e naturais. X
● Animais, suas características, seus modos
de vida, alimentação e habitat. Reconhecer alimentos saudáveis. X
Conhecer os meios utilizados pelo homem para comunicar-se com as outras pessoas. X
● Animais no ecossistema: cadeia alimentar.
Conhecer os diferentes tipos de transporte e seus usos pelo homem. X
● Uso dos animais em situações específicas: Conhecer e identificar as características e importância dos meios de transporte para circulação de X
guia e em terapias.
pessoas e mercadorias.
Conhecer os diferentes tipos de moradia que atendem as necessidades humanas. X
● Doenças transmitidas por animais e formas
de prevenção. Conhecer os estados físicos da água, com auxílio do(a) professor(a), realizando a observação dos X
fenômenos físicos em experiências realizadas no espaço escolar.
● O ser humano e suas características: o Conhecer os cuidados básicos para ajudar na preservação da água. X
corpo humano; os órgãos dos sentidos e as
Conhecer os diferentes usos do solo pelo homem e demais seres vivos. X
233
sensações; higiene do corpo humano. Identificar, com auxílio do(a) professor(a) algumas das principais causas da poluição do solo. X
Conhecer cuidados básicos para ajudar na preservação do solo. X
● Diferentes meios para satisfazer
necessidades e sobrevivência do ser Conhecer a importância do ar para os seres vivos animais e vegetais. X
humano: comunicação, locomoção, X
Identificar, com auxílio do(a) professor(a), algumas das principais causas da poluição do ar.
alimentação e habitat.
Identificar cuidados básicos para ajudar na preservação da qualidade do ar. X
● Alimentação saudável: origem dos Perceber as variações de temperatura do ambiente: clima quente e frio. X
alimentos, alimentos indústrializados e
naturais, restrições alimentares, higiene dos Reconhecer plantas pelas suas principais características. X
alimentos. Identificar plantas considerando seu habitat. X
● Tempo atmosférico. Conhecer cuidados básicos com a sua saúde: uso de medicamentos e vacinas, prática de atividade física X
e prevenção de acidentes.
Desenvolver ações referentes aos cuidados com o uso consciente da água. X
(EI04/05ET04) Registrar observações, manipulações e medidas, usando múltiplas linguagens (desenho, registro por números ou escrita espontânea), em diferentes
suportes.
Registro das observações, das manipulações e das medidas – múltiplas linguagens –, usando diferentes X
● Percepção do entorno. suportes.
Perceber que os números fazem parte do cotidiano das pessoas. X
● Linguagem matemática.
Estabelecer a relação de correspondência biunívoca (termo a termo) entre a quantidade de objetos de X
● Comparação dos elementos no espaço. dois conjuntos.
● Noções espaciais de orientação,de direção, Explorar o espaço escolar e do entorno, fazendo registros de suas observações. X
234
de proximidade,de lateralidade,de exterior Utilizar representações de espaços vivenciados para localizar objetos ou espaços/locais. X
e interior,de lugar ede distância.
Participar de situações que envolvam a medição da altura de si e de outras crianças, por meio de fitas X
métricas e outros recursos.
● Posição dos objetos.
Registrar suas constatações e/ou da turma resultantes das observações, manipulações e medidas. X
● Posição corporal.
Utilizar ferramentas de medidas não padronizadas, como os pés, as mãos e pequenos objetos de uso X
● Noção temporal. cotidiano em suas brincadeiras, construções ou criações.
Conhecer os estados físicos da água e registrar suas transformações em diferentes contextos. X
● Organização de dados e informações em
suas representações visuais. Registrar suas constatações e/ou da turma em diferentes suportes, utilizando desenhos e/ou tentativas X
de escrita.
● Representação de quantidades. Reconhecer pontos de referência de acordo com as noções de proximidade, interioridade e X
direcionalidade comunicando-se oralmente e representando com desenhos ou outras composições, a
● Medidas padronizadas e não padronizadas
sua posição, a posição de pessoas e objetos no espaço.
de comprimento, massa, capacidade e
tempo. Registrar suas constatações e/ou da turma em diferentes suportes, utilizando desenhos e tentativa de X
escrita do numeral.
● Fenômenos químicos: mistura de tintas para Registrar de forma espontânea e orientada pelo(a) professor(a) os experimentos com uso de medidas, X
a produção de cores secundárias. padronizadas ou não, de massa, comprimento, capacidade e tempo.
Fazer registros espontâneos sobre as observações realizadas em momentos de manipulação de objetos X
● Mudanças nos estados físicos da matéria. e materiais, identificando as transformações.
Observar as transformações produzidas nos alimentos em decorrência do preparo ou cozimento, fazendo X
● Correspondencia biunívoca.
registros espontâneos.
Registrar suas observações e descobertas, fazendo-se entender, escolhendo linguagens e suportes mais X
eficientes a partir de sua intenção comunicativa, com auxílio do(a) professor(a).
Participar da organização de dados e informações em representações visuais: registro das rotinas, X
alterações do clima, passagem do tempo em calendário.
(EI04/05ET05) Classificar objetos e figuras de acordo com suas semelhanças e diferenças.
Agrupar objetos e/ou figuras a partir de observações, manuseios e comparações de suas propriedades: X
● Propriedades e funções dos objetos. cor, textura, comprimento, volume, forma e massa, uso social, semelhanças e diferenças.
● Semelhanças e diferenças entre elementos. Organizar os objetos no espaço de acordo com suas características, observando direção e sentido, X
posição e grandezas.
● Classificação e agrupamento dos objetos de Conhecer instrumentos de medida padronizada e não padronizada de comprimento, massa e X
acordo com atributos. capacidade.
● Tamanho, peso, forma, textura e posição dos Explorar unidades de medidas não convencionais (sacos com alimentos, saco de areia, garrafas com líquidos X
objetos. ou outros) para comparar elementos e estabelecer relações entre leve e pesado.
Utilizar unidades de medidas não convencionais (garrafas, xícaras, copos, colheres ou outros) para X
● Medidas padronizadas e não padronizadas comparar elementos estabelecendo relações entre cheio e vazio.
de comprimento, massa, capacidade/
Explorar o espaço comparando objetos, formas e dimensões. X
volume e valor.
● Linguagem matemática. Conhecer a medida de valor: cédulas e moedas, em simulações orientadas, percebendo seu uso social X
(trocas).
Identificar e nomear os atributos dos objetos destacando semelhanças e diferenças. X
235
● Medida de valor: sistema monetário Vivenciar situações que envolvam o uso de instrumentos padronizados de medida de comprimento, X
brasileiro. massa e capacidade, realizando comparações.
(EI04/05ET09) Utilizar conceitos básicos de tempo (agora, antes, durante, depois, ontem, hoje, amanhã, lento, rápido, depressa, devagar, já, mais tarde, daqui a pouco,
velho/novo, dias da semana.
Perceber a importância da passagem do tempo para esperar o preparo de alimentos ou até secagem de X
materiais para uso em sala (cola, tinta, por exemplo).
● Noções de tempo.
Observar o céu, astros, estrelas e seus movimentos (dia e noite), percebendo a passagem do tempo, com X
● Transformações na natureza: sequência auxílio do(a) professor(a).
temporal, dia e noite. Participar de situações de organização e registro da rotina diária utilizando os conceitos básicos de X
tempo.
● Linguagem matemática. Compreender o agora e o depois nos diferentes momentos do cotidiano de seu grupo construindo X
referências para apoiar sua percepção do tempo.
● Recursos culturais e tecnológicos e medida
de tempo. Explorar instrumentos de medidas de tempo em contextos significativos como: calendário, relógio X
analógico e digital.
● Sequência temporal nas narrativas orais e Relacionar noções de tempo a seus ritmos biológicos para perceber a sequência temporal em sua rotina X
registros gráficos. diária: alimentar-se, brincar, descansar, tomar banho, frequência à escola, rituais familiares e da
comunidade, dentre outros.
Reconhecer, em atividades de sua rotina, os conceitos agora e depois de, rápido e devagar, percebendo X
que a atividade desenvolvida por si e por seus colegas acontecem em um determinado tempo de
duração.
Observar, em atividades da sua rotina, a construção da sequência temporal: manhã/tarde, dia/noite, X
reconhecendo a passagem de tempo.
Conhecer as características e regularidades do calendário, relacionando-as com a rotina diária e X
favorecendo a construção de noções temporais.
Recontar eventos importantes em uma ordem sequencial. X
(EI04/05ET06) Relatar fatos importantes sobre seu nascimento e desenvolvimento, a história dos seus familiares e da sua comunidade (tempo histórico, história -
pertencimento).
Conhecer os diferentes grupos familiares e as relações de convivência. X
● Diferentes pessoas, espaços, tempos e Identificar aspectos importantes de sua vida: local de nascimento (cidade e hospital/outros), data, medida X
culturas.
(peso e altura).
● Família. Conhecer fatos de seu desenvolvimento e escolha de seu próprio nome. X
● Fases do desenvolvimento humano.
Identificar mudanças ocorridas com a passagem do tempo (crescimento), diferenciando eventos do X
● Os objetos, suas características, funções passado e do presente.
e transformações.
Conhecer as formas de vida de outras crianças ou adultos, identificando costumes, ritos, hábitos, X
● Conceitos, formas e estruturas do mundo tradições e acontecimentos significativos do passado e do presente.
social e cultural. Conhecer celebrações e festas tradicionais da sua comunidade. X
● Noções de tempo.
Conhecer os papéis desempenhados pela família e pela escola. X
● Sequência temporal nas narrativas orais e
registros gráficos. Identificar aspectos da organização da família, da casa, da escola, do bairro ou outros. X
236
● Conceitos básicos de tempo: agora,
ontem, hoje, amanhã etc.
● Formas de organização da cidade:
bairros, ruas, praças etc.
● História e significado do nome próprio e dos
colegas.
● Vida, família, casa, moradia, bairro,
escola.
(EI04/05ET07) Relacionar números às suas respectivas quantidades e identificar o antes, o depois e o entre em uma sequência.
Identificar os números e seus usos sociais em situações do dia a dia (refere-se ao código, à quantidade, X
● Manipulação, exploração, comparação e à medida, à ordenação).
agrupamento de objetos. Perceber quantidades nas situações rotineiras. X
● Contagem oral. Utilizar a contagem oral nas diferentes situações do cotidiano, desenvolvendo o reconhecimento de X
● Sequenciação de objetos e fatos de acordo quantidades.
com critérios. Comparar quantidades identificando se há mais, menos ou se a quantidade é igual. X
● Sistema de numeração decimal. Utilizar noções básicas de quantidade: muito/pouco, mais/menos, um/nenhum/muito. X
● Identificação e utilização dos números no Reconhecer posições de ordem linear como “estar entre dois”, direita/esquerda, frente/atrás. X
contexto social.
Identificar o que vem antes e depois em uma sequência. X
● Lugar e regularidade do número natural na Comparar quantidades por estimativa ou correspondência biunívoca entre a quantidade de objetos de X
sequência numérica.
dois conjuntos.
● Linguagem matemática. Representar e comparar quantidades em contextos diversos (desenhos, objetos, brincadeiras, jogos e X
outros) de forma convencional ou não convencional, ampliando progressivamente a capacidade de
● Noções básicas de quantidade: muito, estabelecer correspondência entre elas.
pouco, mais menos, bastante, nenhum. X
Ler e nomear números, usando a linguagem matemática para construir relações.
● Noções básicas de divisão e multiplicação.
Realizar agrupamentos utilizando diferentes possibilidades de contagem. X
● Relação número/quantidade.
Identificar a sequência numérica até 9, ampliando essa possibilidade. X
● Tratamento da informação.
Elaborar hipóteses para resolução de problemas que envolvam as ideias de adição e subtração com X
● Representação de quantidades. base em materiais concretos, jogos e brincadeiras, reconhecendo essas situações em seu cotidiano.
Representar numericamente as quantidades identificadas em diferentes situações estabelecendo a X
● Noções de cálculo e contagem como recurso
para resolver problemas. relação entre número e quantidade.
Realizar agrupamentos de elementos da mesma natureza em quantidades iguais. X
● Comparação de quantidades utilizando
contagem, notação numérica em registros Compreender situações que envolvam as ideias de divisão (ideia de repartir) com base em materiais X
convencionais e não convencionais. concretos, ilustrações, jogos e brincadeiras para o reconhecimento dessas ações em seu cotidiano.
Agrupar objetos construindo e registrando a dezena. X
● Correspondência biunívoca.
Realizar o cálculo mental através de situações simples de soma e subtração, em situações mediadas X
237
pelo (a) professor(a) e auxílio do material.
● Introdução do algarismo zero e seu traçado
e a dezena. Participar de rotinas e brincadeiras que envolvam a ideia de inclusão e conservação. X
● Conservação e inclusão.
EI04/05ET08) Expressar medidas (peso/ massa, altura/comprimento etc.), construindo gráficos básicos.
Representar quantidades por meio de desenhos e registros gráficos. X
● Linguagem matemática.
Participar de situações de resolução de problemas utilizando gráficos básicos. X
● Representação de quantidades.
Comparar quantidades identificando se há mais, menos ou a quantidade é igual. X
● Tratamento da informação.
● Representação gráfica numérica. Ter contato com gráficos e tabela, organizando informações do contexto da sala de aula, com auxílio X
do(a) professor(a).
● Representação de quantidades de forma Comparar quantidades em tabelas e gráfico, com auxílio do(a) professor(a). X
convencional ou não convencional.
Ler gráficos coletivamente. X
● Agrupamento de quantidades.
Construir, coletivamente, gráficos básicos.
● Comparação entre quantidades: menos,
mais, igual.
● Registros gráficos.
● Leitura e construção de gráficos.
● Organização de dados.
6. AVALIAÇÃO
A avaliação é entendida como um processo por meio do qual o professor recolhe e analisa as informações sobre o ensino e a
aprendizagem, visando à intervenção pedagógica. Ela é um componente do processo educativo e, articulada ao planejamento, se
constitui em um importante instrumento de análise do trabalho pedagógico nas instituições de ensino. Considerados os pressupostos
já enunciados nesta PPC, a avaliação na Educação Infantil demarca suas especificidades considerando o pressuposto legal de que
os processos avaliativos não interferem na promoção da criança ao Ensino Fundamental, contudo, mediante isso, não se torna
menos importante.
Os objetivos de aprendizagem, os saberes e os conhecimentos previstos são pontos de referência para a definição dos
instrumentos e critérios a serem utilizados para a configuração da avaliação nessa etapa do processo de escolarização, bem como a
especificidade dessa faixa etária, a qual delimita a utilização de alguns instrumentos em detrimento de outros, exigindo uma atenção
pedagógica por parte do(a) professor(a) para que a avaliação cumpra suas funções diagnóstica e formativa.
238
Nesse contexto, destacam-se, aqui, alguns dos instrumentos que podem ser utilizados nessa etapa, incluindo os cuidados
que exigem por parte de quem os utiliza:
a) A observação: é um instrumento amplamente utilizado na Educação Infantil e requer atenção especial no sentido de saber
o que é que está sendo observado, por que é importante observá-lo e quem será observado naquele determinado momento. O “o
que” e o “por que” são definidos nos objetivos de aprendizagem que são traçados para serem alcançados a partir do trabalho
realizado com cada turma da Educação Infantil, com base no PTD. O “quem” será definido pelo professor, tomando o cuidado de
observar todas as crianças, porém, em momentos diferentes, a fim de comparar o desenvolvimento de cada criança em relação a si
própria, ao longo do processo de intervenção, tomando como referencial os objetivos propostos, os saberes e os conhecimentos.
A observação requer a utilização de recursos específicos para o registro do acompanhamento, o qual pode ser feito por meio
de fichas, no decorrer da observação, ou logo após tê-la realizado. Ao observar, tendo como parâmetro os objetivos estabelecidos,
evita-se a comparação de uma criança com a outra, fator que é proibido por determinação legal. Quando são utilizadas fichas com
roteiros de critérios, é importante que se adote campos para registros específicos e que contemplem aspectos que foram observados
e os que, por ventura, não foram suficientes para identificar a condição da aprendizagem e do desenvolvimento da criança.
b) A participação: ao interagir, ao desenvolver as atividades em grupos, nas brincadeiras, no desenvolvimento das
atividades individuais, nas trocas, a participação se revela nas diversas atividades. Por conta disso, é importante que o olhar atento
do professor seja capaz de captar onde precisará intervir para auxiliar, pois a participação é reveladora dos questionamentos da
criança, das suas possibilidades de interação, demonstrando em quais aspectos o docente precisará agir com maior atenção. O uso
da participação como instrumento de avaliação pressupõe a utilização dos registros de forma permanente, a fim de evitar equívocos.
A observação e a participação são instrumentos que, comumente, se integram como instrumentos de avaliação. A
participação, por sua vez, carrega a especificidade de se constituir instrumento e também critério de avaliação. A participação por
parte da criança, o momento em que ela participa e que interage, é instrumento a ser utilizado junto ao aluno da Educação Infantil. A
forma como ele o faz e o envolvimento que dispensa se constituem no critério utilizado pelo professor para avaliar a participação
dessa criança.
c) O portfólio: trata-se de um recurso para o acompanhamento individual, podendo ser introduzido, com melhores resultados,
no trabalho realizado com crianças a partir de dois anos de idade. Pressupõe o registro, por parte do professor, de situações de
aprendizagem e do desenvolvimento da criança, bem como a seleção de atividades realizadas em diferentes momentos, com o
intuito de servir de suporte para a análise dos avanços realizados por cada uma das crianças de forma individual, captando a
singularidade de cada uma, na relação com os conteúdos curriculares. Nele constam as atividades realizadas pelos alunos e também
pelo professor, possibilitando-lhe, ao final de um período, analisar a evolução de cada aluno, diante dos objetivos que foram
239
propostos no PTD. O portfólio se constitui em um memorial que ampara a análise sobre as aprendizagens, servindo de base e
auxiliando, inclusive, na tomada de decisões sobre os atos de ensino.
d) Relatório: é um instrumento de acompanhamento do desenvolvimento da criança, que permite uma análise reflexiva com
relação ao processo de aprendizagem de cada uma. Segundo Hoffmann (2000), o relatório de avaliação é o registro que historiciza o
processo de construção de conhecimento e provoca o olhar reflexivo do professor sobre os desejos, interesses, conquistas,
possibilidades e limites no desenvolvimento da criança, tornando-a partícipe. Nesse sentido, o relatório de acompanhamento
possibilita a interação criança/professor na construção do conhecimento de forma contextualizada, tendo como ponto de reflexão os
critérios previamente estabelecidos no planejamento.
No tocante aos resultados do acompanhamento da criança, é importante que os professores dialoguem permanentemente,
socializando todas as informações pertinentes ao seu desenvolvimento, discutindo com a equipe de apoio, com os demais
professores e com a família, sempre que necessário, independentemente dos períodos destinados às reuniões, a fim de que a
tomada de decisão se efetive em tempo de encaminhar ações, objetivando a resolução dos problemas detectados. Quando há mais
de um professor trabalhando com as crianças em períodos diferentes, torna-se necessário retomar os registros elaborados pelo outro
professor, discutindo os pontos que geraram dúvidas ou divergências, bem como analisar os processos desenvolvidos, confrontando-
os com as informações fornecidas pela família, de modo a elaborar pareceres mais completos sobre o que é o objeto de trabalho da
instituição escolar, inclusive.
Há necessidade, portanto, de se criar tempos e espaços para que professores, administradores, atendentes, funcionários,
técnicos, pais e familiares reflitam sobre o trabalho desenvolvido com a criança e seu processo de desenvolvimento, o que não quer
dizer que se deva efetivar uma prática de reuniões periódicas com os pais para a entrega de pareceres finais, mas, ao contrário,
significa criar oportunidades frequentes de troca de ideias, informações e sugestões. Nesse contexto, explicita-se a importância do
Conselho de Classe na Educação Infantil, momento oportuno para identificar os avanços e as necessidades de intervenção
pedagógica por parte dos professores e demais profissionais que atuam junto às crianças, bem como por parte da família. A reflexão
sobre o que é realizado e sobre os resultados obtidos permite o olhar avaliativo sobre todo o encaminhamento pedagógico da
instituição bem como o trabalho de cada professor envolvido; servindo ao propósito reflexivo de toda a prática, de modo que a
avaliação assuma seu caráter diagnóstico-formativo, envolvendo todos os sujeitos indistintamente.
A avaliação na Educação Infantil não tem caráter de retenção nem seleção dos alunos, no sentido de constituir turmas
homogêneas. A coerência na avaliação requer que os critérios legais que estabelecem o número de crianças atendidas por cada
professor, em cada faixa etária, sejam, no mínimo, respeitados, possibilitando, ainda, a análise de acordo com os diferentes
contextos em que a Educação Infantil está inserida, independentemente de ser em Centros de Educação Infantil ou na instituição
240
escolar que atende também a etapa do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, pois realidades diferentes podem requerer critérios
diferenciados de distribuição adulto/criança.
Um importante avanço na Educação Infantil decorre do entendimento do profissional que atua nessa etapa da Educação
Básica na condição de professor, fator que trouxe ao debate contemporâneo das políticas educacionais a preocupação com o
processo de formação inicial e contínua dos docentes da Educação Infantil. Esse é um campo que ainda carece de investimento,
sobretudo, no quesito qualidade da formação inicial e contínua. Pensar em processos de formação requer que se reflita sobre a
especificidade da Educação Infantil e sobre a articulação que se faz necessária com o Ensino Fundamental – Anos Iniciais,
superando a ideia de etapa preparatória para o ingresso na etapa subsequente, garantindo-lhe as condições necessárias para que se
firme sua identidade na condição de primeira etapa da Educação Básica, que se constitui fundamental no processo de formação
humana integral.
Respeitadas as exigências legais, há que preponderar o respeito ao desenvolvimento máximo das potencialidades humanas,
por meio da garantia do direito à apropriação do acervo cultural produzido e acumulado pela humanidade, tarefa essa viabilizada por
atos de ensino devidamente planejados, considerando a atividade guia do desenvolvimento humano como referência de modo a
garantir as aprendizagens por parte dos estudantes, tarefa nuclear da instituição de ensino.
241
LÍNGUA PORTUGUESA
1. CONCEPÇÃO
Ao longo da sua existência, os homens aprenderam a interagir por meio dos gestos e da fala, aprenderam também a registrar
suas ideias por símbolos pictográficos103 e ideográficos104, ou seja, estabeleceram signos (códigos)105 que contribuíram para o
aprimoramento da comunicação entre eles. A linguagem escrita foi criada a partir da necessidade de interação com o outro e de
socialização dos conhecimentos produzidos.
Por volta de 3.000 a.C, com a contribuição dos sumérios, dos egípcios, dos fenícios e dos semitas, dentre outros, tivemos o
início da construção do alfabeto106, que conquistou a civilização e contou com a produção do papel e, posteriormente, com a
invenção da imprensa. Esse processo de construção histórica da linguagem escrita foi marcado pela criação de convenções (regras)
para organizarem o seu uso.
O ensino do sistema da escrita, bem como o ensino de língua, está relacionado aos modos como o homem compreende a si
mesmo, a linguagem, o universo em que se situa, e disso decorrem as diferentes concepções de linguagem, de língua, de ensino e
de alfabetização que foram produzidas ao longo da história. Entre essas concepções, destacamos aqui três delas que exerceram (e
ainda exercem) influências no ensino: 1º, a concepção de linguagem como expressão do pensamento; 2º, a concepção de linguagem
como instrumento de comunicação; e 3º, a concepção interacionista e dialógica da linguagem. Vejamos alguns aspectos que
caracterizam cada uma delas.
A primeira foi a concepção de linguagem como expressão de pensamento, a qual se sustentou na tradição gramatical grega,
orientada pelo idealismo inatista e pela Gestalt; compreendia-se a linguagem como dom individual, já que, sob essa compreensão, o
indivíduo aprendia por maturação, e se expressava pelos “insights” ou “saltos”, “clics”, ou descobertas repentinas. Defendia-se a ideia
de que a linguagem é produzida no interior da mente de indivíduos racionais. Logo, se o indivíduo não falava bem, era porque não
pensava. Por essa razão, conforme explica Perfeito (2005), passou-se a primar pela clareza e precisão dos falantes, características
essas que só seriam atingidas pelo domínio de regras do bem falar e do bem escrever. Entendia-se que as capacidades humanas
103
Pictográfico refere-se ao sistema primitivo de escrita em que se exprimiam as ideias por meio de cenas figuradas ou simbólicas.
104
Ideográfico refere-se à representação direta do sentido das palavras por sinais gráficos.
105
Nesse excerto do texto, referimo-nos ao signo de modo geral como código. Para os estudos estruturalistas, que emergiram no início do século XX até mais ou menos a década
de 1980, o signo era composto pelo significante (representação) e significado (conceito). Já para Bakhtin, o signo é mais do que o código (significante + significado), o signo é
ideológico, fruto da historicidade, da cultura e do meio social.
106
Para aprofundar conhecimentos, consultar Barbosa (1992) e Cagliari (1998).
242
eram determinadas hereditariamente. Em termos pedagógicos, nada se poderia fazer para que o indivíduo aprendesse. Nessa
perspectiva, as diferenças sociais seriam decorrentes de transmissão hereditária.
O ensino de língua, nessa concepção, pautava-se na gramática normativa ou prescritiva e, em geral, distanciava-se de
atividades de leitura e de produção de textos socialmente significativos. Em outras palavras, era o ensino da gramática pela
gramática, completamente descontextualizada. Na alfabetização, prevaleceram os métodos sintéticos, que partiam da aprendizagem
de letras (primeiro as vogais, depois as consoantes), sílabas (das famílias silábicas simples às complexas), palavras, frases e textos
(ou pseudotextos), que deveriam ser memorizados sem que tivessem significado para a criança.
A segunda concepção é a de linguagem compreendida como instrumento de comunicação, na qual a língua é vista como um
“código (conjunto de signos que se combinam segundo regras) capaz de transmitir ao receptor uma certa mensagem” (GERALDI,
1985, p. 43), e estruturado por critérios fonéticos, morfológicos e sintáticos. Caberia ao falante apropriar-se desse código para poder
transmitir uma mensagem a outrem. Nesse caso, considerava-se a linguagem do ponto de vista do locutor, como se ele estivesse
sozinho, sem relação com os outros. Mesmo quando se levava em conta o papel do outro, era na perspectiva de um destinatário
passivo, que se limitava apenas a compreender o locutor. O aluno também era visto assim e vinha à escola apenas para aprender
aquilo que o professor tinha para ensinar.
Em termos de ensino, passou-se a realizar descrição gramatical de fragmentos textuais, recortados principalmente do registro
escrito. Priorizavam-se atividades que veiculavam modelos de estrutura gramatical. Esse modo de entender o ensino de língua, ainda
hoje, se materializa em práticas pedagógicas, por meio de exercícios de treinamento com atividades de múltipla escolha e de
completar lacunas, que são artificiais e distantes do uso real da língua. Concomitante ao tratamento da descrição da língua, no
ensino ainda há fortes ecos da norma e da prescrição gramatical.
Na alfabetização, essa concepção de linguagem apresentou implicações que podem ser identificadas na aplicação prática
dos métodos analíticos, que partiam de unidades maiores (historietas – criadas com a finalidade de alfabetizar, frases e palavras)
para unidades menores da escrita (famílias silábicas e letras). Os métodos analíticos, assim como os sintéticos, compreendiam o
processo de alfabetização como aquisição do código gráfico (letras, vogais e consoantes juntando-se para formar sílabas e palavras),
dissociado dos usos sociais da língua. Ao se restringir o reconhecimento das letras a simples tarefa de decodificação/codificação,
produziam-se leituras e escritas mecânicas, distanciadas dos sentidos. Posteriormente, na alfabetização, ocorreu a junção dos
métodos sintéticos e analíticos, dando origem aos chamados métodos mistos ou ecléticos.
O trabalho descontextualizado com unidades menores apaga a produção efetiva da leitura, obscurecendo a formação da
consciência crítica pela perda da noção de totalidade do real. Tendo-se instrumentalizado a língua e fragmentado a consciência, o
registro da história pela escrita se funda em uma concepção de mundo que não dá conta de explicar as contradições e os confrontos
243
da história dos grupos sociais. Assim, o ler e o escrever perdem seu “porquê”, pois se tornam atividades mecânicas que contribuem
para a formação de estudantes não leitores e não escritores.
A partir de meados do século XX, as pesquisas em psicologia da aprendizagem, influenciadas pelos estudos de Piaget,
modificaram a maneira de compreender a apropriação da escrita pela criança. Estamos nos referindo aos trabalhos de Emília Ferreiro
e Ana Teberoski, que discutem as práticas pedagógicas, nas quais o educador não ensina, nem transmite ideias ou conhecimentos,
mas facilita encontros e descobertas. Para isso, usa técnicas que ajudam a desenvolver a subjetividade e a criatividade do aluno,
dando-se maior valor à originalidade do que ao conteúdo, resultando em uma prática pedagógica pautada em níveis (pré-silábico,
silábico e alfabético)107. Nessa perspectiva, aguarda-se o momento da construção do conhecimento pela criança. A linguagem
permanece como objeto de estudo por ela própria, desvinculada do seu contexto de produção. Em termos de implicações políticas,
pode-se dizer que as práticas pedagógicas orientadas pelo viés construtivista apresentam pouca preocupação com o
desenvolvimento da criança como ser social. Propõe-se a trabalhar a partir dos textos dos alunos, com ênfase no sistema gráfico, em
detrimento do sentido.
A terceira concepção defende a linguagem como interação. Nessa perspectiva, os homens interagem socialmente mediados
pela linguagem, ou seja, ela organiza suas relações sociodiscursivas. Essa concepção incorpora conceitos de língua, linguagem e
dialogismo apresentados pelos estudos de Bakhtin (2003[1979]) e, por isso, é denominada de concepção interacionista e dialógica da
linguagem, a qual orienta as compreensões de ensino de língua e de alfabetização, neste currículo.
Por dialogismo entendemos o diálogo que todo discurso, ao ser elaborado, estabelece com outros discursos que o
antecedem ou o sucederão. Por isso, Bakhtin (2010[1929]) entende que as relações dialógicas são extralinguísticas, mas, “Ao
mesmo tempo, porém, não podem ser separadas do campo do discurso, ou seja, da língua como fenômeno integral concreto. A
linguagem só vive na comunicação dialógica daqueles que a usam. É precisamente essa comunicação dialógica que constitui o
verdadeiro campo da vida da linguagem. Toda vida da linguagem, qualquer que seja seu campo de emprego, está impregnada de
relações dialógicas” (BAKHTIN, 2010[1929], p. 209).
Para Bakhtin/Volochinov (2004[1929]), a linguagem é um trabalho coletivo que resulta de um momento histórico, político e
cultural, construído em meio às relações de poder. Ela é mais do que um código ou uma estrutura gramatical, uma vez que (re)
produz as relações entre o homem e o mundo, pois “A verdadeira substância da língua não é constituída por um sistema abstrato de
formas linguísticas nem pela enunciação monológica isolada, nem pelo ato psicofisiológico de sua produção, mas pelo fenômeno
social da interação verbal, realizada através da enunciação ou das enunciações. A interação verbal constitui assim a realidade
fundamental da língua” (BAKHTIN/VOLOCHINOV, 2004[1929], p. 123.)
107
Para aprofundar essa análise, consultar CÓCCO, Maria Fernandes; HAILER, Marco Antônio. Alfabetização e socioconstrutivismo. São Paulo: FTD, 1996.
244
Por ser coletiva, a linguagem é o lugar de constituição dos sujeitos e de manutenção ou transformação das relações sociais,
pois é na interação com o outro que o sujeito constitui seus valores. Conforme Bakhtin/Volochinov, “A palavra dirige-se a um
interlocutor: ela é função da pessoa desse interlocutor [...]. A palavra é uma espécie de ponte lançada entre mim e os outros. Se ela
se apoia sobre mim numa extremidade, na outra apoia-se sobre o meu interlocutor. A palavra é o território comum do locutor e do
interlocutor” (BAKHTIN/VOLOCHINOV, 1995[1929], p. 112-113). Logo, é por meio do uso da linguagem que interagimos com os
outros.
Ao interagir, os sujeitos produzem novos discursos que são materializados linguisticamente em textos ou enunciados108, os
quais, por sua vez, se configuram em gêneros do discurso. Por meio do texto ou do enunciado, os sujeitos externalizam valores sobre
o outro e sobre o mundo e (re)organizam seu pensamento. Por isso, a relevância de se compreender o aspecto extraverbal da
linguagem, que se alicerça no contexto histórico, social e cultural.
Bakhtin/Volochinov (1995[1929]) entendem que a língua é mais que um signo constituído por um significante e um
significado. Ela é ideológica, social e interacional, pois nasce em meio à sociedade, a partir das necessidades de interação entre os
sujeitos que são reais. As escolhas linguísticas que fazemos em um processo de interação são determinadas pelo querer dizer do
locutor e pelas possibilidades que ele tem para dizer o que deseja. As possibilidades são fruto das condições sociais, políticas e
culturais que permitem que dado enunciado – tomado aqui em uma perspectiva bakhtiniana, como qualquer unidade real de
comunicação verbal – passe a existir em meio ao processo de interação entre os sujeitos, pois segundo os autores, “Toda palavra
comporta duas faces. Ela é determinada tanto pelo fato de que procede de alguém, como pelo fato de que se dirige para alguém. Ela
constitui justamente o produto da interação do locutor e do ouvinte. Toda palavra serve de expressão a um em relação a outro”.
(BAKHTIN/VOLOCHINOV, 1995[1979], p. 113).
Desse modo, a língua não tem apenas uma natureza linguística, mas também social, uma vez que o seu uso depende do
contexto histórico e dos sujeitos que se utilizam do discurso. Conforme a sociedade se transforma, a língua, em seu constante
movimento interacional, se adapta para atender às novas necessidades que emergem.
Pode-se dizer que os discursos são construídos no interior de situações sociais e a socialização desses discursos se dá na
relação com interlocutores social e ideologicamente situados, uma vez que o sujeito não é totalmente livre para dizer o que quer e
onde quer. A situação social de interação, os interlocutores, o gênero elegido para interagir e o querer dizer do locutor delimitam, por
assim dizer, todo discurso proferido. Conforme explica Bakhtin (2003[1979]), os usos da língua emergem das vivências, ou seja, da
108
Conforme destaca Bakhtin, o texto define-se como enunciado: “Todo texto tem um sujeito, um autor (o falante, ou quem escreve). [...] Dois elementos que
determinam o texto como enunciado: a sua ideia (intenção) e a realização dessa intenção [...] Cada texto (como enunciado) é algo individual, único e singular, e
nisso reside todo o seu sentido”(BAKHTIN, 2003[1979], p. 309-310).
245
“situação social mais imediata” (BAKTHIN, 2003[1979], p. 112). Essa situação diz respeito às nossas necessidades de interação às
quais respondemos no uso dos gêneros do discurso.
Para essa concepção, a linguagem não é neutra, pois “[...] está sempre carregada de um conteúdo ou de um sentido
ideológico ou vivencial” (BAKHTIN/VOLOCHINOV, 1995[1979], p. 95,(grifos nossos). Compreender a linguagem nessa perspectiva,
no ensino de Língua Portuguesa, significa trabalhar com textos que circulam socialmente, e que se configuram em algum gênero
discursivo.
Assim, esta PPC, ao incorporar essa concepção, assume os gêneros discursivos como um instrumento para o trabalho
com a linguagem e a metodologia de sequência didática como uma das possibilidades de trabalho efetivo com alguns dos
gêneros propostos. Com essa concepção de linguagem e com o procedimento da sequência didática (SD, doravante), busca-se
assegurar, por meio de práticas de oralidade, de leitura, de análise linguística e de produção textual, situações de interação verbal
que representem a verdadeira realidade da língua para os alunos.
A alfabetização, nessa concepção, é compreendida na perspectiva do letramento. Isso significa que ela deve partir das
práticas sociais de uso da linguagem nos diferentes campos da atividade humana. Essas práticas se materializam por meio dos mais
diversos gêneros do discurso que circulam na sociedade. Isso significa que não basta ao sujeito apropriar-se do código; é preciso que
ele seja capaz de interagir socialmente por meio desse código: lendo e produzindo textos de gêneros diversos, compreendendo a sua
função social. Logo, o gênero discursivo é o ponto de partida no processo de alfabetização. É por meio dele que se deve abordar,
posteriormente, as unidades menores da língua - fonemas, letras, sílabas, palavras -, que devem ser trabalhadas durante todo o
processo de aquisição da leitura e da escrita, pois sem o trabalho minucioso com as unidades menores, não há apropriação do
sistema da escrita.
Para melhor entender a concepção interacionista e dialógica da linguagem, a compreensão de alguns conceitos são
fundamentais:
Texto-enunciado: Segundo Bakhtin (2003[1979]), toda atividade humana é constituída pelo uso da linguagem e esse uso se
concretiza por meio de enunciados-textos (orais, escritos, multissemióticos109) concretos e únicos, que se materializam em um
gênero do discurso. O enunciado reflete as condições específicas e as finalidades dos campos sociais e institucionais que propiciam
a existência de um gênero discursivo.
Cada campo de atividade humana – a escola, a família, a igreja, o jornalismo etc. - elabora seus "tipos relativamente
estáveis" de enunciados, que para Bakhtin (2003[1979]), são os gêneros do discurso. Bakhtin assevera que "os enunciados e seus
tipos, isto é, os gêneros discursivos são correias de transmissão entre a história da sociedade e a história da linguagem“ (BAKHTIN,
109
Os gêneros multissemióticos são aqueles que reúnem em sua composição diferentes linguagens, tais como: cores, formas, sons, movimentos, imagens,
produzindo os mais diferentes sentidos. Exemplo: propaganda.
246
2003[1979], p. 268), pois não há linguagem fora de um quadro social e histórico. Em decorrência disso se justifica a importância de
considerar sempre o momento histórico que propiciou o surgimento de um discurso e porque os gêneros aparecem em cada nova
situação de interação. É no texto-enunciado que se inscrevem os discursos, os quais, por sua vez, são atravessados por diversas
vozes e diferentes visões de mundo do sujeito que os produziu. De certo modo, pode-se afirmar que o texto que se organiza em um
gênero é uma (re)construção do mundo, pois não se produz fora de um contexto histórico. O texto-enunciado pode ser compreendido
como uma soma do material linguístico associado ao discursivo que revela o contexto sócio-histórico que propiciou o seu
aparecimento, somado aos aspectos cognitivos que influenciaram o autor em sua produção. Assim, em cada texto temos um gênero
discursivo e esse, por sua vez, agrupa uma família de textos. É o texto que constitui a materialidade linguística de um gênero.
Podemos exemplificar dizendo, então, que nos gêneros conto de fadas, notícia, fábula, poema temos uma família de textos que
representam esses gêneros.
O discurso, segundo Bakhtin, “[...] é a língua em sua integridade concreta e viva” (BAKHTIN, 2010[1929], p. 207); logo, se
inscreve em todo texto-enunciado, uma vez que comporta as condições de produção. O discurso é o próprio texto-enunciado,
constituído por valores ideológicos nem sempre explícitos na linearidade do texto, e pelo material extralinguístico, isto é, o contexto
no qual o texto foi produzido. Ao recorrermos à língua na interação, estamos produzindo discurso, o que, por si só, já pressupõe
dialogicidade, pois, segundo Bakhtin, o discurso “[...] é por natureza dialógica” (BAKHTIN, 2010[1929], p. 209). Sob esse ponto de
vista, o discurso não se reduz à natureza linguística do texto, mas extrapola-o para seu contexto extraverbal, uma vez que as
relações dialógicas são também extralinguísticas. Todo texto-enunciado se organiza a partir de outros discursos, já proferidos em
outras circunstâncias discursivas: momento histórico, interlocutores e necessidade de interação. Esses discursos são retomados em
novas situações discursivas, produzidas em diferentes contextos históricos e por diferentes interlocutores, originando novos textos-
enunciados que responderão às situações e necessidades de interação daquele momento. Portanto, é a partir dessa reconstituição
discursiva que o sujeito reelabora seu discurso nas condições sócio-históricas que lhes permitem esse novo dizer, constituindo
outro(s) enunciado(s).
Os gêneros do discurso, por sua vez, se revelam em textos veiculadores de discursos. Bakhtin (2003[1979]) lembra que a
riqueza e a diversidade dos gêneros são imensas, não só porque as possibilidades de atividade humana são inesgotáveis, mas
porque em cada campo – jornalístico, artístico literário, da vida do cotidiano, científico, acadêmico, político, religioso – existe um “[...]
repertório de gêneros que cresce e se diferencia à medida que se desenvolve e se complexifica um determinado campo” (BAKHTIN,
2003[1979], p. 262). No estudo dos gêneros, é importante considerar sua natureza (de onde vem), sua historicidade, suas mudanças,
pois, à medida que cada campo se desenvolve, alguns gêneros desaparecem, outros surgem, diferenciam-se, complexificam-se,
ganham novos sentidos. Os gêneros se revelam nos textos e cumprem diferentes funções sociais: informar, fazer rir, relatar,
emocionar, convencer etc., e são reconhecidos como reportagens, editoriais, artigos de opinião, bilhete, carta familiar, conversação
247
espontânea, lista de compras, telefonema, carta eletrônica, bate-papo, parlenda, quadrinha, poema, dentre tantos outros. Diante
dessa diversidade, o que determina a seleção de um gênero discursivo é o querer-dizer, o projeto discursivo, do locutor. Esse, tendo
em vista a esfera de circulação de seu discurso, o conteúdo que pretende veicular e seu(s) interlocutor(es), seleciona um gênero
(oral, escrito ou multimodal) para organizar seu texto-enunciado, de modo que cumpra a necessidade daquele momento de interação.
Os gêneros, conforme apresenta Bakhtin (2003[1979]), são caracterizados pelo conteúdo temático, pela estrutura
composicional e pelo estilo. “Todos esses três elementos – o conteúdo temático, o estilo, a construção composicional – estão
indissoluvelmente ligados ao todo do enunciado e são igualmente determinados pela especificidade de um determinado campo da
comunicação (BAKHTIN, 2003[1979], p. 261-262, (grifos das autoras). Esses aspectos são explicitados a seguir:
CONTEÚDO
TEMÁTICO
CONSTRUÇÃO
COMPOSICIONAL
ESTILO
Fonte: As autoras.
248
a) O conteúdo temático: é o conteúdo sócio-ideológico expresso por determinado gênero discursivo, dizível por meio de um
gênero em específico e não de outro. Todo gênero serve à interação, seja para informar, persuadir, manifestar-se sobre dado
conteúdo social. Assim, o tema veiculado por um texto é um conteúdo ideológico produzido. Por isso, há dizeres que se inscrevem
em uma notícia e outros que só podem ser dizíveis em um artigo de opinião. Por isso, defende-se, conforme Bakhtin (2003[1979]),
que o tema e o gênero expressam uma situação histórica concreta e situada. Segundo Medviédev (2012[1928]), todo gênero se
relaciona com a vida, com seu contexto de produção, por meio do conteúdo temático. O autor ainda explica que “O tema de uma obra
é o tema do todo do enunciado, considerado como determinado ato sócio-histórico. Por conseguinte, o tema é inseparável tanto do
todo da situação do enunciado quanto dos elementos linguísticos” (MEDVIÉDEV, 2012[1928], p. 196-197). Assim, para que ocorra a
compreensão do conteúdo temático, é preciso que haja a compreensão do leitor acerca do contexto de produção, isto é, da função
social do gênero, dos sujeitos que produzem e que consomem o texto que o representa, o lugar de circulação, os objetivos que
permitiram que aquele conteúdo fosse veiculado. O contexto de produção não é apenas o momento mais imediato que propicia a
interação, mas contempla também um contexto mais amplo que envolve o momento histórico, político e ideológico que permite que
aquele conteúdo seja veiculado. É importante lembrar, segundo Medviédev (2012[1928]), que o tema não pode ser confundido com
assunto. Esse é o conjunto dos significados verbais de um texto-enunciado. O tema é o enunciado inteiro e, para que seja
compreendido, é preciso considerar esse enunciado como um ato sócio-histórico determinado, inseparável, portanto, da situação de
produção e dos elementos linguísticos que o organizam.
b) A estrutura composicional refere-se à composição típica de cada gênero, “à disposição, à orquestração e ao acabamento
do enunciado, levando em consideração os participantes da interação” (COSTA-HÜBES, 2014, p. 18). Embora esteja, de alguma
forma, relacionada à estrutura formal do gênero, não podemos aprisioná-la em formas estruturais rígidas, haja vista que todo gênero
se organiza dentro de uma dimensão fluida e dinâmica, tendo em vista o próprio estilo que o autor pode lhe conferir, dentro dos
limites instáveis do contexto. Essa estrutura resulta de fatores como a tradição, pois os gêneros nos são dados pelas gerações
anteriores que deles se utilizaram e da necessidade que temos naquele momento. Bakhtin (2003[1979]) nomina o formato e as
especificidades de cada gênero como construção composicional, pois todo gênero possui um formato específico. Uma análise da
construção composicional de um gênero considera seus aspectos formais engendrados a aspectos extraverbais que o constituem em
uma situação específica de interação social. Sua composição pode nos ajudar diferenciar um gênero de outro, caracterizando-os.
Ainda com relação à estrutura de cada gênero, há que se observar os aspectos tipológicos, uma vez que cada gênero
apresenta determinadas características linguísticas discursivas que se inserem em sua dimensão textual. Por suas características
estruturais essas tipologias são classificadas como: narrativa, expositiva, argumentativa, descritiva e injuntiva.
I) Narrativa: utilizada para atender aos domínios sociais de comunicação da cultura literária ficcional, apresenta como
capacidade de linguagem predominante narrar ações através da criação de intrigas. Ex.: contos, fábulas, lendas, histórias infantis,
249
quadrinhas, parlendas, cantigas, entre outros. Essa tipologia encontra-se também nos gêneros que apresentam experiências vividas,
situadas no tempo e no espaço. Ex.: relatos de experiência vivida, relatórios, notícias, reportagens, biografias, cartas familiares,
bilhetes, entre outros;
II) Argumentativa: utilizada em gêneros que têm como propósito a discussão de problemas sociais controversos. Esses
gêneros apresentam em suas características linguísticas a argumentatividade a respeito de determinado tema, a contra
argumentatividade, a negociação de ideias, a modalização e a tomada de posição. Os gêneros que se inscrevem nessa tipologia
visam à defesa de um ponto de vista por meio de uma tese, defendida pelo seu autor. Ex.: cartas de reclamação ou de solicitação,
artigos de opinião, textos publicitários, anúncios, charges, resenhas críticas, entre outros;
III) Expositiva/Explicativa: utilizada para atender aos domínios sociais de comunicação na transmissão e construção de
saberes. Apresentam como capacidade de linguagem a exposição de diferentes formas de saberes com o propósito de apresentarem
informações comprovadas. Ex.: texto de divulgação científica, seminários, mapas, gráficos, placas, aulas expositivas, entre outros;
IV) Descritiva: utilizada para atender aos domínios sociais de comunicação no sentido de instruir, apresentam, como
capacidade de linguagem dominante, a regulação mútua de comportamentos. Essa tipologia, geralmente, está a serviço das outras
tipologias e tem como característica principal mostrar os detalhes apresentados, presentes em determinado gênero. Geralmente essa
tipologia vem associada à Injuntiva, que tem como pressuposto levar o outro a uma ação. Ex.: manuais de instrução, receitas
culinárias, regulamentos, regras de jogo, bulas de medicamentos, faturas, leis, contratos entre outros;
V) Injuntiva: utilizada para atender às necessidades de levar o outro a uma ação. Geralmente, essa tipologia apresenta-se nos
gêneros junto à descritiva e à argumentativa. São exemplos de gêneros que apresentam essa tipologia: manuais de instrução,
receitas culinárias, regulamentos, regras de jogo, anúncios e campanhas publicitárias.
Se cada gênero tem uma estrutura, não podemos ignorá-la ao escolhermos um determinado gênero para interagir. Essa
escolha, por sua vez, está relacionada, primeiramente, à sua função social. Isso significa que não escolhemos o gênero pela
estrutura, mas pela função social que ele desempenha. Porém, vale lembrar que a estrutura de um gênero também sofre alterações,
pois é “relativamente estável’ (BAKHTIN, 2003[1979], p. 262) e se molda, muitas vezes, ao autor, à situação, ao veículo de circulação
e ao momento histórico social. Pode-se constatar isso, por exemplo, com o gênero carta, o qual sofreu significativas alterações nos
últimos anos. Conforme destaca Rojo (2005), a construção composicional está relacionada, diretamente, à esfera social que provoca
a interação, ao contexto histórico, aos interlocutores, ao tema elegido e à apreciação valorativa desses interlocutores em relação ao
tema.
c) O estilo, como lembra Bakhtin (2003[1979]), corresponde aos elementos da língua que auxiliam na produção de um ou
outro gênero discursivo. Está relacionado às escolhas do locutor com relação às formas da língua – o vocabulário, a variedade de
250
uso, as formas gramaticais, a organização sintática dos enunciados –, as quais darão ‘acabamento’ ao texto-enunciado e ao gênero.
Não obstante, atualmente, tendo em vista os gêneros multimodais, compreende-se que o estilo está relacionado também às escolhas
não verbais que organizam o texto-enunciado, tais como cores, figuras, movimentos, som, tamanho de letras etc. O estilo apresenta
os traços da posição enunciativa do locutor e do gênero, pois, para Bakhtin (2003[1979]), cada texto-enunciado é único, particular e
reflete a individualidade do autor construída sócio historicamente. O autor, sujeito coletivo e historicamente formado, ao elaborar seu
texto-enunciado, ainda que inconscientemente, deixa traços de sua autoria nele, o que se caracteriza como um estilo individual,
embora produzido em suas relações que são sempre sociais. Além de revelar marcas da individualidade do falante, há o estilo
próprio do gênero. Assim, além do gênero refletir um estilo individual do falante, também reflete um estilo do próprio texto-enunciado.
Por exemplo, orientado pela esfera jornalística, um artigo de opinião reflete tanto um estilo vinculado à sua autoria, quanto um estilo
que é próprio desse gênero. Entende-se, desse modo, que os textos-enunciados não são compostos livremente, pois adequam-se a
um estilo que tanto é do gênero quanto do enunciador.
Considerando os pressupostos teóricos que orientam a concepção de linguagem defendida nessa proposta curricular,
apresenta-se, na sequência, os objetivos de aprendizagem que orientam o ensino da língua materna na oralidade, leitura/escuta,
análise linguística/semiótica e produção de texto.
2. OBJETIVO GERAL
Compreender o caráter dialógico e interacional da linguagem por meio dos gêneros discursivos, ampliando-se, assim, o
acesso aos bens culturais, às diferentes práticas sociais de uso da linguagem e à capacidade de ação efetiva do sujeito no mundo
letrado.
Quanto à oralidade
Oportunizar ao aluno o desenvolvimento de sua competência discursiva, a partir do trabalho sistematizado com os diferentes
gêneros orais, primando-se pelos diferentes contextos que os envolvem que remetem a interações formais e informais, mas,
principalmente, a situações que exijam uma maior formalidade de uso da língua, já que o acesso a essa variante se dá em maior
proporção na escola.
3. PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
a) Alfabetização e letramento
A compreensão de alfabetização apresentada neste Currículo fundamenta-se na concepção interacionista e dialógica de
linguagem, que tem os gêneros do discurso como instrumento para o ensino da língua, também no que se refere à leitura e à escrita.
Para atender ao que propõe essa concepção, é preciso considerar que a alfabetização vai além da decodificação e da compreensão
da estrutura da língua. Trata-se da alfabetização em uma perspectiva de letramento, que considera a função social da linguagem,
revelada nos gêneros do discurso que se inserem nos diferentes campos de atuação, inclusive com o uso de gêneros que
correspondem ao letramento digital, os quais correspondem ao desenvolvimento das competências necessárias para usar os
equipamentos digitais com proficiência, assim como, compreender as atividades de leitura e escrita presentes nas mídias (VIEIRA,
2013).
252
O termo letramento110, referenciado paralelamente à alfabetização, nomina o estado ou a condição de quem faz uso da leitura
e da escrita em suas práticas sociais. Essa definição reconhece que não basta ao sujeito adquirir o código; é preciso que ele participe
das necessidades sociais exigidas pela leitura e pela escrita na sociedade atual. Conforme explica Soares (1999), o letramento
refere-se ao “resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e escrever: o estado ou a condição que adquire um grupo social ou
um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita” (SOARES, 1999, p. 18). E tendo em vista as necessidades
contemporâneas da sociedade, o conceito de letramento contempla os textos não verbais ou multissemióticos que, segundo Rojo
(2009), envolvem “[...] diversas linguagens e semioses (verbal oral e escrita, musical, imagética [imagens estáticas e em movimento],
corporal e do movimento [nas danças, performances, esportes, atividades de condicionamento físico]” (ROJO, 2009, p. 110).
No contexto educacional, a alfabetização e o letramento têm sido compreendidos como conceitos distintos, mas
indissociáveis. A alfabetização relaciona-se à aquisição do código escrito; o letramento, por sua vez, está relacionado ao uso desse
código nas relações sociais. Essa indissociabilidade entre esses dois termos, segundo Soares (2003), fundamenta-se em dois
fatores: 1) é em atividades de letramento, isto é, em práticas sociais de leitura e de escrita que a alfabetização deve ocorrer; 2) o
letramento, como processo de participação social na cultura escrita, está ligado à compreensão e ao domínio do código escrito.
Significa pensar que a alfabetização111, isto é, a ação de ensinar a leitura e a escrita em língua materna, deve ocorrer por meio de
textos, que se configuram por meio de gêneros discursivos, produzidos por alguém e dirigidos para alguém, em uma dada situação
interlocutiva, regulada pelas suas condições de produção. Entende-se, então, que o letramento consiste em um fenômeno social
complexo, discursivo e polissêmico, que entrelaça linguagem, cultura e sociedade.
Conforme parâmetros do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a pessoa que sabe ler, escrever e contar é
considerada alfabetizada. No entanto, o domínio desses conhecimentos básicos sobre letras e números pode ser insuficiente para
uma participação ativa em práticas sociais mediadas pela escrita; isso justifica a agregação do conceito de letramento vinculado ao
processo de alfabetização.
O trabalho com o gênero, seja a partir da metodologia da SD ou não, deve partir da escolha de um gênero por meio da
seleção de texto(s) que o represente(m), da compreensão da sua função social, de seu conteúdo, de sua construção composicional,
para só depois avançar para o estudo da sua materialidade linguística. Nesse sentido, explora-se o gênero como forma/estrutura
(título, parágrafos, distribuição das informações, frases, versos) até chegar à análise da palavra, da sílaba, da letra, do fonema,
elementos fundamentais para que o aluno se aproprie da leitura e da escrita. Portanto, parte-se do todo, que é o texto, configurado
em determinado gênero, e migra-se, na sequência, para as unidades menores que constituem a alfabetização propriamente dita.
110
Para aprofundar essa compreensão, consultar TFOUNI, Leda Verdiani. Letramento e alfabetização. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2000.
111
Entendida como processo intencional, deliberado, em que o professor é o principal mediador entre a criança e a língua escrita.
253
Quanto à leitura, é importante que o professor lance mão de estratégias diversificadas de trabalho, como a leitura apontada
realizada pelo professor e a pseudoleitura112 realizada pelo aluno. Trata-se de estratégias de fundamental importância no início da
alfabetização. Mesmo não sabendo ler convencionalmente, o alfabetizando será conduzido à leitura, pela interferência e mediação
proporcionada pelo professor. A visualização do texto, das palavras e das letras, tentando identificá-las e relacioná-las ao que está
ouvindo, é essencial nessa fase de aquisição do código.
O nome do aluno é um texto significativo para se iniciar o processo de alfabetização. Por isso, é impotante a confecção de
crachás, além do trabalho com o alfabeto móvel, não apenas para a construção do nome, em caixa alta e manuscrito, mas também
para a identificação das letras, a formação de sílabas, a produção de novas palavras a partir do nome. A construção de baterias de
palavras, caça-palavras, cruzadinhas, ditado relâmpago, entre outras, realizadas a partir de textos lidos ou produzidos, ajudarão o
aluno a se apropriar da leitura e da escrita.
Para melhor desenvolvimento da leitura, é importante que o aluno tenha acesso a variados materiais escritos e que o
professor leia diariamente, mostrando sempre a função social do gênero que pode ser uma história, uma quadrinha, uma notícia, uma
fábula, uma piada, uma parlenda ou textos de qualquer outro gênero.
Com relação à análise linguística/semiótica, é muito importante nesse processo de alfabetização e de compreensão do
código que o professor proporcione nesse momento uma análise acerca da
[...] reflexão linguística dos signos verbais dos textos escritos, mas também das materialidades dos textos
multissemióticos, nos quais “a análise levará em conta as formas de composição e estilo de cada uma das linguagens que
os integram, tais como plano/ângulo/lado, figura/fundo, profundidade e foco, cor e intensidade nas imagens visuais
estáticas, acrescendo, nas imagens dinâmicas e performances, as características de montagem, ritmo, tipo de movimento,
duração [...]. (BRASIL, 2017, p. 79).
113
Para compreender melhor as relações cruzadas, arbitrárias e biunívocas ver: VENDRÚSCOLO, Baltadar. Educação em crise na sociedade: A perspectiva
da alfabetização. Cascavel: Assoeste, 2000.
114
Em um artigo intitulado “Algumas Questões de Linguística na Alfabetização” (sem data, p. 80), publicado pela Universidade Estadual Paulista (UNESP),
disponível no site: https://acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/40140/1/01d16t05.pdf Acesso em 22 jan. 2019.
255
encaminhamentos de trabalho, no entanto, devem partir de um determinado gênero, de modo que não se constituam de atividades
isoladas e fragmentadas.
É necessário, nesse sentido, que o alfabetizador conheça muito bem as particularidades nas variedades de correspondências
entre sons e letras que ele estiver trabalhando, pois, quando o alfabetizando questionar sobre as ocorrências e como acontecem nas
relações arbitrárias, o professor tem que estar apto a explicar que a posição das letras nas palavras precisa ser levada em conta, ou
seja, é o contexto que determina, por exemplo, se a letra “c” terá som de /k/ ou de /s/.
Conforme esclarece a Base Nacional Comum Curricular (BNCC),
[...] alfabetizar é trabalhar com a apropriação pelo aluno da ortografia do português do Brasil escrito, compreendendo
como se dá este processo (longo) de construção de um conjunto de conhecimentos sobre o funcionamento fonológico da
língua pelo estudante. Para isso, é preciso conhecer as relações fono-ortográficas, isto é, as relações entre sons
(fonemas) do português oral do Brasil em suas variedades e as letras (grafemas) do português brasileiro escrito. Dito de
outro modo, conhecer a “mecânica” ou o funcionamento da escrita alfabética para ler e escrever significa, principalmente,
perceber as relações bastante complexas que se estabelecem entre os sons da fala (fonemas) e as letras da escrita
(grafemas), o que envolve consciência fonológica da linguagem: perceber seus sons, como se separam e se juntam em
novas palavras etc. Ocorre que essas relações não são tão simples quanto as cartilhas ou livros de alfabetização fazem
parecer. Não há uma regularidade nessas relações e elas são construídas por convenção. [...] diferente dos desenhos, as
letras da escrita não representam propriedades concretas desses sons. (BRASIL, 2017, p. 88).
O processo de desenvolvimento da linguagem na criança inicia muito antes do seu ingresso na escola, pois, conforme
Vigotski (1989), tendo como parâmetro a fala, a criança se apropria progressivamente da ideia da representação. Um exemplo disso
é o gesto, constituído por um signo visual que contém a futura escrita da criança. Os rabiscos que se configuram como representação
gestual e não propriamente como um desenho. Por meio do faz de conta (jogos e brinquedos) a criança atribui significado. No plano
imaginário, a faca pode ser um médico; um relógio, uma farmácia que com outros elementos, podem compor uma história que
representa um simbolismo de segunda ordem. O jogo e o brinquedo contribuem sobremaneira para o desenvolvimento da linguagem
escrita na criança, haja vista ser esta, um simbolismo de segunda ordem.
O desenho desempenha um papel fundamental no desenvolvimento da criança no processo de atribuição de sentido para a
escrita. Ele configura-se enquanto simbolismo de primeira ordem, uma vez que representa diretamente o objeto. Inicialmente, a
criança encara o desenho como sendo o próprio objeto. Isto é, o desenho não é recebido como uma forma de representação, mas
como objeto em si. Por exemplo, quando se olha para uma criança de costas, ela vira a folha para ver o rosto dela. Isso porque ainda
256
não compreendeu a função simbólica do desenho. Os desenhos da criança são feitos com base no conhecimento que ela tem
memorizado acerca da realidade, ou seja, são uma representação da realidade.
No entanto, para que a criança se aproprie do código da escrita, é preciso que ela compreenda que a escrita é um
simbolismo de segunda ordem, ou seja, que não é a representação direta do objeto, mas o desenho da fala (código sonoro). Assim
como se desenham imagens visuais, pode-se representar, por meio da escrita, os sons da fala. Mesmo assim, a escrita não é um
reflexo da fala. O aluno deverá reconhecer que a escrita é o desenho da fala e que existem diferenças entre fala e escrita decorrentes
da diferente natureza de código de cada uma: a escrita é um código sonoro-visual e a fala um código sonoro. A aquisição do código
da escrita se sustenta sobre a compreensão das relações letra/som. Existem diferentes símbolos para representar os sons da fala
(mimica, desenhos, dramatização...).
A produção escrita deve ser trabalhada desde o princípio do processo de alfabetização, por meio de encaminhamentos que
incentivem o aluno a tentativas diárias de escrita com a ajuda do professor, que deverá, antes de propor uma atividade, discutir o
tema sobre o qual ele deverá escrever. É importante que o aluno escreva a partir de situações concretas que envolvem o seu
cotidiano, como: recontar uma história contada pela professora, escrever sobre um passeio realizado, produzir um bilhete para ser
enviado aos pais, comentar as atividades diárias que envolvem o seu cotidiano. Nesse momento, como em todos os momentos de
escrita, é muito importante que o aluno tenha o que dizer, já que o seu repertório de conhecimentos e informações ainda é limitado. A
mediação do professor é fundamental porque ele é que incentivará o aluno a produzir, dando-lhe informações e provocando-lhe
curiosidade acerca dos temas propostos para a produção.
Klein (2011) afirma que “a criança não está simplesmente se comunicando ao falar, mas está agindo com a palavra”. Que por
meio da linguagem oral, impõe seus desejos, fala sobre seus sonhos, reage sobre aquilo que não concorda, “nomeia jogos e
brincadeiras, cria regras e internaliza regras estabelecidas” (KLEIN, 2011, p. 74). Segundo a autora, os relatos expostos pelas
crianças poderão servir de base para produções textuais individuais e coletivas mediadas pelo professor.
Outro fator relevante da produção é quando o aluno não domina o código convencional da escrita alfabética. Nesse caso, o
professor deverá ser o seu escriba, na escrita de palavras e textos. O trabalho pormenorizado com as letras e sílabas, reconhecendo-
as foneticamente, é imprescindível para que o aluno identifique que há diferenças entre a fala e a escrita.
O traçado da letra, assim como a forma de registro no caderno – da esquerda para a direita, de cima para baixo – deve ser
trabalhado visando à apropriação da estrutura da escrita, por isso, é importante iniciar a alfabetização com a letra de imprensa
maiúscula (caixa-alta), pois isso favorece o registro da criança, já que, nessa fase, ela está desenvolvendo a coordenação motora.
Porém, é imprescindível que o professor sempre mostre os demais tipos de letras por meio dos diferentes materiais de leitura que
circulam na sociedade. Quando o aluno estiver mais familiarizado com a escrita, o professor pode, aos poucos, ir substituindo a
caixa-alta pela manuscrita/cursiva. É importante que o traçado da manuscrita seja devidamente trabalhado com a criança. Do mesmo
257
modo, deve-se trabalhar, nesse momento, a compreensão e o uso adequado das margens, das linhas, dos espaços existentes entre
as palavras, assim como os sinais diacríticos representados pela pontuação. Esses aspectos podem ser observados na leitura de
textos de diferentes gêneros, na produção e reescrita de textos e na construção de palavras.
O processo de alfabetização em seu diálogo indissociável com o letramento deve considerar, como visto, os gêneros
discursivos em suas variadas funções e campos de atuação, porém, não pode ignorar o trabalho pormenorizado que a aquisição do
código exige.
Na sequência, apresentam-se as práticas de linguagem previstas pela Base Nacional Comum Curricular (2017) e pelo
Referencial Curricular do Estado do Paraná (2018), quais sejam: oralidade, leitura/escuta (compartilhada e autônoma), análise
linguística semiótica (alfabetização e ortografização), produção de texto (escrita compartilhada e autônoma).
Consideração e reflexão sobre as Compreensão de textos Produção de textos Compreensão dos Relação entre fala e escrita
condições de produção dos textos Orais orais efeitos de sentidos
orais que regem a circulação de provocados pelos usos
diferentes gêneros nas diferentes de recursos linguísticos
mídias e campos de atividade e multissemióticos em
humana. textos pertencentes a
gêneros diversos
•Refletir sobre diferentes contextos e • Proceder a uma escuta •Produzir textos perten- • Identificar e analisar • Estabelecer relação entre fala e escrita,
situações sociais em que se produzem ativa, voltada para centes a gêneros orais efeitos de sentido levando-se em conta o modo como as duas
textos orais e sobre as diferenças em questões relativas ao diversos, considerando- decorrentes de escolhas modalidades se articulam em diferentes gêneros
termos formais, estilísticos e contexto de produção se aspectos relativos ao de volume, timbre, e práticas de linguagem (como jornal de TV,
linguísticos que esses contextos dos textos, para o planejamento, à produ- intensidade, pausas, ritmo, programa de rádio, apresentação de seminário,
determinam, incluindo-se aí a conteúdo em questão, ção, ao redesign, à efeitos sonoros, mensagem instantânea etc.), as semelhanças e
multimodalidade e a multissemiose. para a observação de avaliação das práticas sincronização, as diferenças entre modos de falar e de registrar
estratégias discursivas e realizadas em situações expressividade, o escrito e os aspectos sociodiscursivos,
• Conhecer e refletir sobre as tradições dos recursos linguísticos de interação social gestualidade etc. e composicionais e linguísticos de cada
orais e seus gêneros, considerando-se e multissemióticos específicas. produzir textos levando em modalidade sempre relacionados com os
as práticas sociais em que tais textos mobilizados, bem como conta efeitos possíveis. gêneros em questão.
surgem e se perpetuam, bem como os dos elementos paralin-
sentidos que geram. guísticos e cinésicos. • Oralizar o texto escrito, considerando-se as
situações sociais em que tal tipo de atividade
acontece, seus elementos paralinguísticos e
cinésicos, dentre outros.
• Refletir sobre as variedades linguísticas,
adequando sua produção a esse contexto.
Fonte: Adaptado de Brasil (2017, p. 54).
Pensando nas situações didáticas para o trabalho com os gêneros orais e nas estratégias de organização desse trabalho, apresentamos
alguns aspectos de natureza extralinguística, paralinguística e linguístico-discursivo, para ser foco de atenção no estudo desses gêneros:
Aspectos de natureza extralinguísticos Aspectos de natureza paralinguísticos e cinésicos Aspectos de natureza linguístico-discursivo
Número de participantes Qualidade da voz (aguda, Os marcadores conversacionais são
Grau de envolvidos na situação de rouca, grave, sussurrada, Marcadores unidades típicas da fala que ajudam a
115
publicidade interação, quantidade de Paralinguísticos infantilizada). conversacionais construir, dar coesão e coerência ao texto
interlocutores, seja do ponto Elocução (maneira de falado, especialmente dentro do enfoque
de vista da produção ou da produzir a fala: rápida, lenta, conversacional; podem vir em início, meio e
circulação do gênero. soletrando e etc.) e pausas. final de turno; (bom; bem; olha; então; sim;
Risos/suspiros/choro/irritação. mas... entende?, percebe?, viu? visse?
etc.).
115
Elementos paralinguísticos são aqueles que se referem ao som, à velocidade, ao ritmo e à expressão de voz, os quais interferem na produção de sentido
quando se trata do texto oral.
261
Conhecimento dos Atitudes corporais (postura A repetição é a duplicação de algum
116
Grau de participantes entre si; Cinésicos variada: ereta, inclinada etc.) elemento que veio antes (palavra, estrutura
intimidade dos conhecimentos comuns/ Gestos. Repetições e sintática etc.) e a paráfrase é a
participantes partilhados entre os Trocas de olhares. paráfrases reformulação de algo que veio antes.
interlocutores; grau de Mímicas faciais.
institucionalização do
evento.
Grau de envolvimento na Substituição de algum elemento que é
Grau de situação, emocionalidade, Correções retirado do enunciado/ texto; as correções
participação expressividade, afetividade. podem incidir em diversos aspectos da
emocional produção textual/discursiva; pode-se corrigir
fenômenos lexicais, sintáticos ou fazer
reparos em problemas interacionais.
Comunicação face a face Vem no início de um enunciado, ou antes,
Proximidade ou entre pessoas que estão Hesitações de um item lexical; (hum, ãã, eh, hein?
física dos geograficamente distantes; etc..).
parceiros da interações síncronas (que
interação se dão no mesmo momento
temporal) ou assíncronas
(que se dão em momentos
temporais diversos).
Maior ou menor As digressões são uma suspensão
Grau de possibilidade de atuação do Disgressões temporária de um tópico que retorna mais
cooperação interlocutor no evento adiante; apontam para algo externo ao que
comunicativo, resultando se acha em andamento.
num texto mais dialógico ou
mais monológico.
Grau de planejamento da Expressões São idiomatismos, provérbios, lugares
Grau de interlocução, comunicação formulaicas, comuns, expressões feitas, truísmos,
espontaneidade preparada previamente ou expressões rotinas (chover no molhado; quem tudo quer
não. prontas. tudo perde; em nível de etc.).
Atos de fala/ Atos de fala positivos (tais como elogiar,
Fixação temática O tema é ou não fixado com estratégias de agradecer, aceitar etc.) atos de fala
antecedência, o tema é polidez positiva e negativos (tais como discordar, recusar,
espontâneo ou não. negativa. ofender, xingar etc.).
Fonte: Adaptado de Melo e Cavalcante (2007, p. 85 – 87).
Considerando que esses aspectos da oralidade são essenciais, no sentido de habilitar o aluno à adequação da linguagem conforme os
contextos de interação, apresenta-se, na sequência, uma tabela que contempla os aspectos essenciais no trabalho com a oralidade, a qual
também deve ser parâmetro para a avaliação.
116
Os elementos cinésicos da interação verbal oral referem-se aos gestos, aos movimentos corporais, à postura, à expressão facial e a outros elementos que
interferem na produção de sentidos durante a interação oral.
262
CRITÉRIOS DE ANÁLISE DA ORALIDADE - TABELA DIAGNÓSTICA – 1º ao 5º ANO
A leitura é compreendida nesse documento em sua dimensão crítica, entendida como uma prática social que, por sua vez, é também
uma prática de letramento, o que a priori mostra que ler é ir além da decodificação mecânica de um texto. Considera-se que o ser humano,
mesmo não sendo alfabetizado, realiza em seu dia a dia as mais diversas formas de leituras. Isso é esclarecido por Dell’Isola (1996) ao afirmar
que “O ser humano é sujeito praticante de leitura, uma vez que decifra, compreende, interpreta, avalia o signo. Sendo sujeito leitor,
simultaneamente, lê palavras, formas, cores, sons, volumes, texturas, gestos, movimentos, aromas, atitudes, fatos. Este sujeito interage com
diversas formas de linguagem, através da sua leitura de mundo” (DELL’ISOLA, 1996, p. 70).
Entende-se que um leitor crítico é aquele que analisa o texto lido e se posiciona diante de seu conteúdo, conhecendo e relacionando-o à
sua realidade e aos fatos e fenômenos sociais relevantes para a sociedade. Ao fazer isso, o faz com coerência, considerando as questões
contextuais e os sujeitos envolvidos na produção e na circulação do texto. Não basta, para a formação do leitor crítico, trabalhar atividades que se
resumam em encontrar as informações explícitas e implícitas no texto, construir inferências, localizar tema, argumentos, formular hipóteses, fazer
antecipações sobre o texto e outros aspectos de natureza textual. É preciso ir, além disso, compreender os elementos discursivos e ideológicos
que constituem cada dizer. Os aspectos textuais nominados são importantes para que o leitor dialogue com o texto, relacionando-o ao seu
263
contexto. Entretanto, para formar um leitor crítico, é preciso colocá-lo em contato com as diversas práticas sociais de interação, materializadas
nos mais diversos gêneros discursivos.
A efetivação de uma leitura crítica deve favorecer a formação de opinião, o posicionamento diante de dado tema diretamente relacionado
às práticas sociais de leitura. Desse modo, as atividades de leitura não devem estar separadas das demais práticas de linguagem que abarcam o
ensino da língua portuguesa, como a oralidade, a produção de texto, a análise linguística, pois o conhecimento acerca dessas práticas favorece
ao aluno o desenvolvimento de suas habilidades de leitura.
decodificação
compreensão
interpretação
retenção
Fonte: As autoras.
A primeira etapa do processo de leitura trata da decodificação: nessa etapa, o aluno primeiramente decodifica os símbolos
que organizam o texto. É uma leitura superficial que, apesar de incompleta, é necessária para que se compreenda o que o texto diz,
pois é só dominando essa etapa que ele conseguirá, posteriormente, interpretar o texto. Segundo Menegassi (1995), “Na
decodificação, há a ligação entre o reconhecimento do material linguístico com o significado que ele fornece. No entanto, ‘muitas
264
vezes a decodificação não ultrapassa um nível primário de simples identificação visual’, pois se relaciona a uma decodificação
fonológica, mas não atinge o nível do significado pretendido” (MENEGASSI, 1995, p. 87). Na etapa da decodificação, o leitor apenas
identifica informações fornecidas pelo texto, de modo que não modifica a sua visão de mundo, pois só reproduz o que o texto diz.
Essa etapa é importante, especialmente no processo inicial de alfabetização, porém, não pode ser a única, é preciso que o aluno vá
além da decodificação.
A segunda etapa trata da compreensão: nesse momento, posterior (ou paralela) à decodificação, o aluno deverá identificar
as informações apresentadas pelo texto. É o momento em que o leitor ativa o seu conhecimento prévio sobre o tema apresentado.
Deve saber do que trata o texto e se preciso, ser capaz de resumi-lo. É nessa etapa que o aluno deve ler o texto globalmente, fazer
inferências a partir dos conhecimentos que já possui registrados em sua memória. Ao término dessa etapa, o leitor terá condições de
falar sobre o texto.
A terceira etapa trata da interpretação: nessa etapa, o aluno deverá extrapolar o texto e relacioná-lo com a vida, o mundo, o
contexto para, então, apresentar a sua réplica, a sua contrapalavra, a sua argumentação. É o momento em que o leitor analisa,
pensa e julga as informações disponibilizadas. É nesse momento que o leitor se posiciona ideologicamente frente ao texto,
ampliando seus conhecimentos e dialogando com aqueles já existentes sobre o tema. Por isso, entende-se que nessa etapa alcança-
se a formação do leitor crítico.
A quarta etapa trata da retenção: refere-se à última etapa do processo da leitura. Essa etapa “diz respeito ao
armazenamento das informações mais importantes na memória de longo prazo. Essa etapa pode concretizar-se em dois níveis: após
a compreensão do texto, com o armazenamento da sua temática e de seus tópicos principais; ou após a interpretação, em um nível
mais elaborado” (MENEGASSI; CALCIOLARI, 2002 p. 83). Os conhecimentos armazenados e, portanto, internalizados passarão a
fazer parte dos conhecimentos prévios do leitor.
Conforme pontua Vigotski (1984), as funções psicológicas superiores aparecem duas vezes no desenvolvimento da criança:
primeiro, no nível social (entre pessoas), processo denominado como nível interpsicológico e, depois, no nível individual, denominado
como nível intrapsicológico. Isso significa que na leitura, a formação do sujeito-leitor se constrói do nível social para o individual, pois
primeiramente o leitor dialoga com o texto, com o outro, com os conhecimentos prévios já disponibilizados, o que se dá no nível
interpsicológico. Após o trabalho sistematizado com essas etapas, o sujeito leitor é capaz de reformular esse conhecimento, de
associá-lo a outros conhecimentos, (re)elaborando suas ideias, opiniões, posicionamentos117.
117
Propomos a (re)leitura dos pressupostos psicológicos, os quais auxiliarão na compreensão da construção do conhecimento, o que se dá nesse processo
interativo entre autor, leitor e texto.
265
Essas etapas, todas muito importantes na formação do leitor, devem ser precedidas da exploração do contexto social de
produção que envolve o texto-enunciado em estudo. Antes de qualquer reflexão, é preciso situar o texto na vida e na história, pois é o
reconhecimento do texto como um enunciado concreto, real, que garantirá uma maior profundidade na leitura.
Apesar de toda essa preocupação com as habilidades de leitura, na escola, ela deve ser uma aprendizagem e não uma
técnica resultante de uma mecanização ou receita a ser seguida. Deve ser uma ação do aluno, mediada pelo professor, que
provoque reflexões, acerca da sua realidade.
Muitas vezes, a falta de compreensão dos elementos linguísticos e multissemióticos (BRASIL, 2017) que constituem o texto
pode afetar a construção de sentido. Por isso, é importante que o aluno compreenda o vocabulário empregado no texto, a relação
que existe entre o título e o texto, o modo como são retomadas informações de um parágrafo em outro, os elementos linguísticos que
usa para contestar o que foi dito, como o mas, o porém e outras conjunções adversativas. No que diz respeito a um texto multimodal,
esses elementos devem estar relacionados às demais formas de linguagens empregadas no texto: imagens, cores, figuras,
movimentos, sons etc.
O conhecimento enciclopédico, ou de mundo, também é defendido por Freire (2011), para quem “a leitura de mundo precede
a leitura da palavra” (FREIRE, 2011, p. 19). Isso significa que todas as leituras anteriores e além do código escrito contribuem para a
produção de sentido daquilo que é lido. Assim como Freire, Kleiman (2008) destaca a importância do conhecimento de mundo para a
compreensão de um texto. Segundo a autora, ao ler, precisamos relacionar o conteúdo expresso pelo texto lido com o conteúdo sócio
historicamente registrado em nossa memória, pois esse conhecimento nos auxiliará na construção de sentido do texto que
almejamos. É o que faz com que haja múltiplas possibilidades de leitura para um mesmo texto e não uma única leitura ou a leitura
verdadeira.
Considerando as especificidades do processo de alfabetização, é importante que a leitura seja planejada e explorada
sistematicamente pelo professor, com vistas à formação de um aluno leitor. Nesse processo, é preciso considerar que a
decodificação é o primeiro passo para a construção do sentido do texto, mas não deve ser o único. O aluno deve ser preparado para
a leitura que vai além do texto e que possibilita a compreensão do discurso e de todos os entornos que contribuem para a produção
de sentido. Para que isso ocorra, faz-se necessário que o professor possibilite ao aluno dialogar com o texto, com o contexto
histórico, social e cultural e, sobretudo, com o autor do texto.
Para a produção de sentido(s) do texto, várias estratégias interpretativas são mobilizadas pelo conhecimento enciclopédico
que o sujeito traz armazenado em sua memória. São esses conhecimentos, somados às condições sócioculturais, que permitem a
reelaboração do conhecimento nos níveis que Vigotski (1984) denomina como interpsicológico e intrapsicológico, o que faz com que
a interpretação realizada por um sujeito seja diferente daquela realizada pelo outro, pois diferentes conhecimentos e ideologias são
mobilizados no processo de produção de sentidos.
266
O trabalho com estratégias de leitura no Ensino Fundamental é extremamente relevante para a formação de um leitor que
seja capaz de ler qualquer texto da sociedade, compreendê-lo e fazer uso de seus conhecimentos para conseguir transitar no meio
social em que convive. As estratégias são procedimentos conscientes ou inconscientes utilizados pelo leitor para decodificar,
compreender, interpretar o texto e resolver os problemas que encontra durante a leitura.
As estratégias requerem, por parte do professor, conhecimento acerca dos diferentes gêneros e de suas características, pois
cada gênero requer uma leitura específica, já que os textos não são lidos sempre da mesma forma. É certo que muitos são lidos com
a mesma estratégia; porém, seu emprego é diferenciado pelo leitor.
Conforme pontua Solé (1998), as estratégias são as ferramentas necessárias para o desenvolvimento de uma leitura
proficiente. Segundo a autora, essas estratégias dividem-se em:
•ater-se ao que é útil no •predições sobre o texto •informações inferidas •confirmação ou não das
texto. com vistas à antecipação pelo leitor sobre o texto. antecipações e das
•escolha de textos, temas do conteúdo. •A inferência influencia no inferências realizadas.
e gêneros. •Está relacionada com os sentido que o leitor •A cada confirmação das
conhecimentos prévios. constrói sobre o texto. predições levantadas e
•Segundo Kleiman (2008), das inferências
o trabalho do professor realizadas, mais seguro o
tem grande importância leitor se sente,
na ativação desse possibilitando-lhe uma
conhecimento prévio, melhor construção de
pois “o professor já sentido para o texto
conhece o texto, ele pode trabalhado.
servir de orientador para
as predições sobre o
desenvolvimento do
tema, fornecendo ao
aluno aquelas pistas
necessárias para a
predição” (KLEIMAN,
2008, p. 56).
Dessa forma, ao selecionar um texto de determinado gênero do discurso para trabalhar com os alunos, o professor deve
procurar ativar os conhecimentos prévios que envolvem a memória cognitiva do leitor a respeito do tema apresentado por textos
daquele gênero. Para isso, devem ser realizadas atividades de pré-leitura. Considerando um livro de história infantil, por exemplo,
pode-se explorar a capa, o título, as ilustrações, o autor, a editora, o local de publicação. Esse diálogo inicial pode ser conduzido por
267
meio de questionamentos. Também auxilia nessa compreensão inicial a leitura oral do texto proposto com ritmo, fluência e
entonação.
Destaca-se, portanto, a importância do papel do professor como mediador do processo de ensino e aprendizagem de leitura,
conduzindo os alunos para a identificação do gênero a que se vincula o texto que será lido, do conteúdo veiculado, do contexto de
produção, do autor, do espaço de produção e de circulação do gênero proposto para leitura.
No que se refere à metodologia do trabalho com a leitura, é importante considerar que os objetivos devem estar
previamente planejados, assim como os momentos de leitura em sala de aula. Não se trata apenas da leitura do texto literário, mas
da leitura de textos de diferentes gêneros que estão sendo trabalhados.
Conforme prescreve a BNCC, “as habilidades não são desenvolvidas de forma genérica e descontextualizada, mas por meio
da leitura de textos pertencentes a gêneros que circulam nos diversos campos de atividade humana. Daí que, em cada campo [...]
serão destacadas as habilidades de leitura, oralidade e escrita, de forma contextualizada pelas práticas, gêneros e diferentes objetos
do conhecimento em questão” (BRASIL, 2017, p. 50). Depreende-se, conforme postula esse documento, que em todos os eixos, o
trabalho com a leitura deve estar articulado às demais práticas de uso da linguagem.
A BNCC (BRASIL, 2017) orienta ainda que sejam selecionados diferentes procedimentos de leitura, conforme os objetivos
propostos, as características dos gêneros, o suporte, os interlocutores. O aluno precisa compreender desde o processo inicial de
alfabetização que não se lê todos os textos do mesmo modo, já que eles têm diferentes funções sociais. Assim, nao se lê uma
parlenda da mesma forma como se lê uma receita, um convite ou uma história infantil. Por outro lado, ora lê-se silenciosamente, ora
em voz alta, de modo que se atenda ao objetivo pretendido.
Ao encaminhar momentos de leitura em sala de aula, é necessário considerar as relações entre o gênero, o conteúdo
apresentado e o contexto, os valores ideológicos materializados no discurso, as diferentes visões de mundo, explicitadas em cada
gênero. O aluno, no processo formativo de sujeito leitor, deverá fazer antecipações quanto ao conteúdo veiculado nos textos,
apoiando-se em “seus conhecimentos prévios sobre gênero textual, suporte e universo temático, bem como sobre saliências textuais,
recursos gráficos, imagens, dados da própria obra (índice, prefácio etc.), confirmando antecipações e inferências realizadas antes e
durante a leitura de textos” (BRASIL, 2017, p. 49), assim como encontrar informações explícitas e implícitas, de acordo com a etapa
de aprendizagem e as possibilidades de leitura oferecidas aos alunos, sempre somadas à mediação do professor.
Considerando as etapas de leitura, gêneros discursivos, o contexto de produção e os aspectos essenciais para o
desenvolvimento leitor, apresentam-se tabelas que sintetizam os conteúdos que devem ser contemplados no trabalho e na avaliação
como prática de linguagem leitura/escuta:
268
TABELA 1
DIMENSÃO EXTRAVERBAL
Aspectos não Dominados – ND/ Marcar X
PRIMEIRO E SEGUNDOS ANOS: ALFABETIZAÇÃO NOME DOS ALUNOS
No que se refere à prática da análise linguística/semiótica, conforme os pressupostos teóricos que definem essa
proposta, é preciso que todas as questões relacionadas à estrutura gramatical da língua sejam pensadas considerando-se o gênero
em questão, os interlocutores, o contexto de interação, a variante linguística adequada. Determinadas construções sintáticas ou
mesmo escolhas lexicais só podem ser compreendidas em função do gênero e do objetivo que se vislumbra com ele.
É nessa prática de linguagem que se contempla o trabalho com os aspectos estruturais da língua: a ortografização, a
morfologia, a sintaxe. O trabalho com a variedade linguística consiste na valorização e no reconhecimento da heterogeneidade
linguística como expressão histórica e cultural na qual o aluno se forma. No entanto, é papel da escola dar a conhecer e ensinar a
variante padrão, relacionada ao uso formal da linguagem, sem silenciar as variantes estigmatizadas, sejam elas regionais, sociais ou
estilísticas, pois tanto uma quanto a outra à interação.
Quanto à metodologia, propõe-se que pelo menos um gênero por bimestre seja trabalhado por meio da metodologia da SD.
Quanto ao trabalho com os demais gêneros, propõem-se que o trabalho se dê, considerando-se os três aspectos que, para Bakhtin
(2003[1979]), são fundamentais no trabalho com o gênero: o conteúdo temático, a construção composicional e o estilo. Isso significa
que ao trabalhar com determinado gênero, sempre sejam elencadas questões referentes a esses três aspectos fundamentais de sua
constituição. As metodologias a serem utilizadas no trabalho com o gênero devem contemplar o conhecimento sobre o gênero
selecionado, a partir da análise comparativa de vários textos do mesmo gênero, a fim de destacar o que eles têm em comum, ou não.
Pensar no ensino da Língua Portuguesa, nessa perspectiva, envolve pensar em ações no ensino da língua que favoreçam a
interação verbal, em diferentes contextos. Para que isso realmente se efetive, faz-se necessário garantir ao aluno, por meio de um
trabalho coletivo, compartilhado, o conhecimento necessário acerca dos diferentes gêneros, pois quanto maior for esse
conhecimento, maior a possibilidade de interação social nos mais variados contextos: formais ou informais.
272
Usamos a expressão produção de textos118 para nos referirmos tanto à produção de textos de diferentes gêneros para fins
de interação, quanto às inúmeras atividades de escrita realizadas diariamente pelo aluno. Segundo Costa-Hübes (2012), a produção
de texto como exercício de escrita são as atividades de produção textual em função do trabalho com determinado(s) conteúdo(s) da
disciplina, objetivando ensinar o aluno a escrever. Por exemplo: introduzir ou concluir um texto, a partir de um fragmento dado;
recontar uma história narrada oralmente pelo professor, avaliando-se, assim, sua capacidade de memorização e/ou reprodução dos
fatos narrados; escrever um texto a partir de uma sequência de figuras, verificando a capacidade de o aluno ordenar
sequencialmente as ideias, marcar os parágrafos, apresentar a ordem cronológica dos fatos; reproduzir diálogos, para avaliar o
discurso direto, dentre outras formas de encaminhamentos. Já a produção de texto como forma de interação, ainda de acordo com a
autora, prioriza a interlocução, tendo em vista que lida com contextos reais de interação, quando o aluno poderá, por meio de seu
texto escrito, interagir com diferente(s) interlocutor(es).
Quando se trata de trabalhar a produção de texto para a interação, Geraldi (2003) defende a importância de o aluno ter
sempre um interlocutor com quem dialogar. Esse interlocutor “pode ser real ou imaginário, individual ou coletivo, pode estar mais ou
menos próximo” (GERALDI, 2003, p. 119), pois quando se interage, seja pela escrita ou pela oralidade, sempre se tem em vista um
interlocutor e uma dada razão para a produção textual. Nesse caso, antes de tudo, o aluno precisa compreender a função social que
o gênero solicitado cumpre na sociedade, que o lugar de produção e de circulação de um gênero não é o mesmo de outro e que
esses fatores extratextuais exercem grande importância na compreensão do gênero.
É na produção de texto que se pode avaliar a dimensão da subjetividade, pois ao escrever o sujeito se coloca no texto,
afirmando, negando, argumentando e justificando. Ele mostra que não é neutro e que carrega valores de seu contexto histórico e
cultural. Geraldi define esse sujeito como “produto da herança cultural, mas também de suas ações sobre ela” (GERALDI, 2004, p.
20). Esse sujeito não é apenas um produto da história, mas é aquele que a interpreta e, nessa interpretação, (re)constrói a realidade
sob outros pontos de vista. Portanto, o texto não é só o resultado das relações sociais, mas também é o lugar de constituição do
sujeito, no qual ele manifesta os valores ideológicos de seu contexto social, histórico, culural. Nesse sentido, Geraldi (2003) defende
a necessidade de considerarmos as condições de produção de cada texto: que o aluno tenha o que dizer, uma razão para dizer, para
quem dizer e o locutor se constitua como tal. O aluno deve ser compreendido, nesse processo, como um participante ativo da
118
Para uma compreensão maior com relação à produção de textos de diferentes gêneros e às atividades de escrita, ler ROSA, Douglas Corrêa; BALTAR,
Marcos Antônio; COSTA-HÜBES, Terezinha da Conceição. O trabalho com a produção textual nos anos iniciais. In: SELLA, Aparecida Feola; RODRIGUES,
Rosângela Hammes; COSTA-HÜBES, Terezinha da Conceição. Contextos escolares de fronteira: resultados de pesquisas interinstitucionais. Cascavel-PR:
EDUNIOESTE; Londrina-PR: EDUEL, 2016, p. 41-62.
273
situação de interação, pois é no contato com os textos produzidos que ele elabora e reelabora novos discursos sociais, conforme as
condições que lhe são dadas. É no acontecimento social que a língua se materializa, ou, conforme indica Bakhtin (2003[1979]), “a
vontade discursiva do falante só se realiza antes de tudo na escolha de um certo gênero do discurso [...] determinada pela
especificidade de um determinado campo da comunicação discursiva” (BAKHTIN, 2003[1979], p. 282). Isso implica adaptar a língua
às restrições e às questões envolvidas na situação de produção.
Conforme explica Kleiman (2007), nas aulas de língua portuguesa “devem ser criados espaços para experimentar formas de
participação nas práticas sociais letradas” (KLEIMAN, 2007, p. 4). Tais práticas correspondem a situações concretas de uso da
linguagem que propiciam a interação, as quais são mediadas pelos gêneros, orais, escritos e multissemióticos, que circulam nos
diferentes campos da atividade humana. Por isso, a importância de trabalhar com os gêneros desde o momento inicial de
alfabetização.
Outra questão relevante é compreender que a escrita não está separada da linguagem oral, mas é constituída por um
sistema de símbolos e signos que determinam os sons e as palavras da oralidade. Segundo Vigotsky (2003), existe um momento
crítico na passagem dos simples rabiscos para o uso das grafias como sinais que representam ou significam algo. A criança passa a
atribuir um significado ao desenho, entretanto ainda o encara como um objeto em si, ou seja, não como uma representação, um
símbolo. Todavia, no que se refere ao desenvolvimento da linguagem escrita, essa se dá
[...] pelo deslocamento do desenho de coisas para o desenho das palavras. De uma maneira ou de outra, vários dos
métodos existentes de ensino de escrita realizam isso. Muitos deles empregam gestos auxiliares como um meio de unir o
símbolo falado ao símbolo escrito; outros empregam desenhos que representam os objetos apropriados. Na verdade, o
segredo do ensino da linguagem escrita é preparar e organizar adequadamente essa transição natural. (VIGOTSKI, 2003,
p. 77)
Ao iniciar o processo da escrita, é comum as crianças desenharem em diferentes suportes. Luria (1986) ressalta que “o
período de escrita por imagens apresenta-se plenamente desenvolvido quando a criança atinge a idade de cinco, seis anos; se ele
não está claro e completamente desenvolvido nessa época é apenas porque já começou a ceder lugar à escrita alfabética simbólica,
que a criança aprende na escola e às vezes mesmo antes” (LURIA, 1986, p. 173).
Produzir textos, levando em consideração um dado gênero do discurso, deve ser compreendido como um processo
discursivo que se constrói na interação com o outro, pois é esse outro, aquele para quem escrevemos, que direcionará esse dizer,
motivando-o a escolha de um ou outro gênero. Por isso, antes que um gênero circule socialmente, é essencial revisá-lo. Propomos
que essa revisão seja feita por meio da reescrita.
274
Cagliari (2008) defende a produção de texto desde o princípio da alfabetização, pois entende que a língua só se efetiva em
gêneros e que trabalhar com determinado gênero é ampliar as possibilidades de compreensão da língua nos diferentes campos da
atividade humana, porque é o texto que fornece material para pensar concretamente a linguagem. Pode-se dizer, então, que é na
produção do aluno que os elementos linguísticos e estruturais da língua estarão em uso. “A produção de um texto escrito envolve
problemas específicos de estruturação do discurso, de coesão, de argumentação, de organização de ideias e escolha de palavras, de
objetivo e de destinatário do texto” (CAGLIARI, 2008, p. 122).
Nesse sentido, ressalta-se que um dos caminhos para trabalhar com o aluno o que é a escrita, para quê e como se utiliza a
escrita é a prática da produção de textos coletivos (principalmente nos anos iniciais de alfabetização). Assim, quanto mais intensa for
essa forma de produção, em que se oportunizam a discussão de ideias e a orientação sobre os processos de registro, maiores serão
as condições de o aluno produzir diferentes gêneros conforme as necessidades que lhe forem apresentadas.
Ao encaminhar a produção de texto, seja oral, escrita ou multimodal, deve-se considerar que a linguagem requer um
processo contínuo de ensino, que envolva situações reais de uso da linguagem verbal. Para a produção, tanto oral, como escrita, ou
multissemiótica, há a necessidade de realização de atividades prévias de trabalho com o gênero que norteará o texto a ser produzido
para dar condições de produção ao aluno. Desse modo, o trabalho com as diferentes formas de linguagem constitui lugar de
interação, de “um trabalho consciente, deliberado, planejado e repensado” (MENEGASSI, 2010, p. 78).
O processo de produção, principalmente no que se refere ao texto escrito, é subdividido nas etapas de planejamento,
execução, revisão e reescrita. Enquanto no planejamento o professor proporciona condições de execução do texto, estabelecendo as
condições de produção e orientando o aluno para que planeje seu texto, a etapa da revisão é uma oportunidade de diálogo do escritor
com seu produto criado. A etapa da reescrita, por sua vez, é um momento de reflexão sobre o discurso do texto e o uso da língua,
conforme o gênero discursivo escolhido e os demais elementos da situação de interação verbal (MENEGASSI, 2010).
Como visto, o processo de produção escrita deve ser subdividido nas etapas de: planejamento, execução, revisão e reescrita.
De acordo com Menegassi (2010):
Planejamento: nessa etapa, deve-se dar condições para que o aluno escreva, fundamentando-o com informações
necessárias à produção. Por exemplo, é importante que antes de qualquer situação de produção, o professor trabalhe com textos de
apoio sobre o tema para que o aluno escolha as informações relevantes e tenha o que dizer. É importante, ainda, fazer o
levantamento de informações a partir do conhecimento de mundo do aluno sobre o tema apresentado para a produção textual para
depois selecioná-las. Nesse momento, o produtor seleciona os aspectos a serem considerados em seu texto, tanto os discursivos
quanto os linguísticos. E, finalmente, apresentar um comando de produção que oriente o aluno quanto ao gênero no qual o texto será
produzido, seu conteúdo temático, o(s) interlocutores, a finalidade, e o veículo de circulação.
275
Execução: refere-se a um processo pessoal e próprio de cada sujeito. A partir do planejamento, o produtor materializa o que
foi estabelecido nas condições de produção do texto.
Revisão: essa etapa poderá ser feita pelo próprio produtor, pelos pares e pelo professor. É o momento em que se indica a
correção voltada para a forma do texto e a intervenção no conteúdo, visando a deixar o texto adequado à situação de enunciação.
Reescrita: refere-se ao momento em que o aluno reescreve o texto, contemplando as intervenções como acréscimos,
substituições de termos, supressão de unidades, deslocamento de trechos, entre outras alterações.
O que não pode ocorrer com as produções de textos dos alunos é que esses sejam utilizados apenas como um pretexto para
se ensinar a ortografia ou outras convenções da língua escrita, embora essas convenções sejam necessárias. Primeiramente, é
preciso que o professor valorize e destaque, nesse trabalho, a importância da produção naquela situação de interação, considerando
o que o aluno já sabe fazer e entendendo que os aspectos ainda não dominados, revelam-se como seu material de trabalho, e não
cobranças direcionadas ao produtor do texto como se ele já tivesse que dominar isso.
Conforme Geraldi (2003), para que a produção de texto faça sentido, é preciso que o sujeito produtor tenha o que dizer
(motivo para interagir); razão para dizer; como dizer, supondo sempre os interlocutores e o lugar social onde esse texto circulará,
sempre com a mediação do professor. Costa-Hübes (2012) entende que um encaminhamento que precede uma produção textual
deve apontar, minimamente, para os elementos que organizam o discurso e responder aos seguintes questionamentos: qual gênero?
Para quem? O quê? Por quê? Como? Assim, o processo de produção textual deve atender ao seguinte encaminhamento:
• oportunidade de diálogo entre escritor e leitor; o aluno autor registra sua primeira versão ou rascunho com as
REVISÃO alterações necessárias que ele próprio percebeu ou foi mediado pelo professor a perceber.
• das maiores dificuldades apresentadas pela turma e reveladas na produção escrita após a revisão.
LEVANTAMENTO
• Elaboração de atividades coletivas e individuais pelo professor que permitam ao aluno compreender o
ATIVIDADES conteúdo não dominado.
ADEQUAÇÃO DO • REESCREVER (coletiva ou individualmente) partes ou o texto todo, conforme determinação do professor, a
fim de atender com clareza ao propósito inicial da escrita: a clareza do texto, a adequação as condições da
TEXTO situação, os aspectos linguísticos, a relação entre períodos, parágrafos, ortografia, pontuação e as normas
da sintaxe e da semântica, em conformidade com o gênero produzido.
• a reescrita pode ser realizada em grupo ou coletivamente. Nessa atividade, pode-se mexer no conteúdo, no
léxico e nas ideias, se for necessário. Constitui-se de um trabalho de reflexão e reelaboração da linguagem
REESCRITA DO TEXTO escrita, de melhoria da estrutura do texto, visando à complementação de informações, a separação de
ideias, a utilização adequada da pontuação, o uso dos elementos coesivos com vistas à clareza e à
coerência do texto.
Fonte: As autoras.
278
A reescrita pode ser coletiva ou individual. No caso da coletiva, o texto selecionado deve representar as dificuldades
apresentadas pela maioria dos alunos. Outro fator importante nesse processo de reescrita coletiva é que não sejam abordados
muitos aspectos da língua em um único texto para que não haja uma sobrecarga de conteúdos, o que pode tornar o trabalho
cansativo. Caso o professor deseje trabalhar pontuação, por exemplo, sugere-se que apresente o texto sem erros ortográficos,
utilizando os recursos disponíveis (quadro, cópias, multimídia, cartaz etc.) para não fixar no aluno formas incorretas de registro. Em
se tratando da reescrita individual, a mediação do professor será voltada para as dificuldades específicas de cada aluno.
Tanto na reescrita individual quanto na coletiva, o professor deve conduzir o aluno a uma reflexão sobre a organização da
escrita no papel, a margem, o título, os espaços entre as palavras, o parágrafo, a pontuação, os sinais gráficos, a concordância
nominal e verbal, a coerência e a coesão, pois esses são os elementos que organizam a linguagem escrita. Na fase de apropriação
da escrita, é necessário enfocar a análise dos componentes do interior das palavras, ensinando as unidades menores: letra (nome e
som), sílaba, bem como as questões de ordem ortográfica.
No processo de reescrita, o aluno poderá refazer partes ou até mesmo todo o texto, conforme os problemas detectados e a
orientação do professor. Por isso, é importante mostrar ao aluno que a primeira produção é apenas um esboço, um rascunho, que
escrever é trabalho e, por isso, demanda reflexões e retomadas, tanto do texto escrito quanto da proposta inicial de produção, ou
seja, daquilo que foi estabelecido como necessidade de interação – evento de letramento e do gênero selecionado para atender a
essa necessidade.
A reescrita é também um meio de estabelecer a relação entre autor- texto-leitor, proporcionando ao aluno um “[...] diálogo do
sujeito-autor com o seu produto criado, possibilitando um relacionamento mais interativo com o seu próprio texto” (MENEGOLO e
MENEGOLO, 2005, p. 74). Trata-se de um processo reflexivo sobre a escrita, que envolve o aluno como sujeito-autor-leitor do seu
texto, dando ênfase para a sua adequação à necessidade de interlocução – mais ou menos formal - de modo que o aluno saiba
interagir por meio da escrita em diferentes situações.
Como há muitas dúvidas no que diz respeito aos critérios que deverão ser considerados na reescrita de texto, o Grupo de
Estudos em Língua Portuguesa (GELP) elaborou tabelas diagnósticas, com critérios que servem para auxiliar o professor a identificar
o nível de escrita de seus alunos. Conforme esses critérios, o texto deve ser analisado de acordo com três aspectos: 1º Gênero/
situação social; 2º Texto; 3º Aspectos ortográficos.
Cabe ao professor, após análise das produções realizadas pelos seus alunos, verificar quais conteúdos devem ainda ser
explicados e exercitados. A tabela diagnóstica apresentada neste documento se constitui em um importante instrumento avaliativo,
pois contribui para se diagnosticar o conhecimento que o aluno já adquiriu da língua; isso destaca a importância de sua utilização, a
partir da produção do aluno. Tendo como base esses critérios avaliativos, o professor terá um mapeamento do nível de escrita da sua
279
turma, possibilitando as intervenções nos encaminhamentos de reescrita coletiva ou individual. Essas tabelas são reproduzidas na
sequência.
CRITÉRIOS DE ANÁLISE LINGUÍSTICO-DISCURSIVA-TABELA DIAGNÓSTICA – 1º e 2º ANO
Ajudar o aluno a dominar melhor um gênero de texto, permitindo-lhe, assim, escrever ou falar de uma maneira mais
adequada numa dada situação de comunicação. O trabalho será realizado sobre gêneros que o aluno não domina ou o faz
de maneira insuficiente; sobre aqueles dificilmente acessíveis, espontaneamente, para a maioria dos alunos; e sobre
gêneros públicos, e não privados. (DOLZ; NOVERRAZ; SCHNEUWLY, 2004, p. 97).
I. APRESENTAÇÃO DO EVENTO DE LETRAMENTO: o ponto de partida do trabalho com as práticas de linguagens - oralidade,
leitura/escuta, análise linguísticas/semiótica e produção de textos - são os campos de atividade humana e, relacionadas a eles, os
eventos e práticas de letramento, bem como os gêneros discursivos que são elementos propulsores do ensino e da aprendizagem.
Tomando como ponto de partida um evento de letramento, é possível desenvolver o trabalho com a SD, ocasião em que o
professor(a) estimulará os alunos a perceber a necessidade de interação, por exemplo, com a comunidade. Trata-se de apresentar
aos alunos uma situação de interação (o evento de letramento) que será realizado, atendendo a uma demanda social.
II. SELEÇÃO DO GÊNERO: para a compreensão dos eventos de letramento, é necessário conhecer as práticas de letramento
subjacentes a eles, ou seja, só se compreende o modo pelo qual um gênero discursivo é utilizado em um determinado evento se
conhecer o valor desse gênero discursivo no contexto que está sendo utilizado e quais são as experiências historicizadas em função
dos usos daquele gênero naquele campo de atuação. Assim, a situação de comunicação indicará a necessidade de produção de um
determinado gênero, que requer que os produtores de textos se assumam como locutores e, assim, tenham o que dizer, razão para
dizer, como dizer e interlocutores para quem dizer. Enfim, a escrita envolve um objetivo com a linguagem, uma vez que é um ato de
enunciação. Logo, selecionar o gênero adequado a prática de letramento, que atenda as necessidades do evento letramento, é muito
importante para consolidar uma situação de interação.
III. RECONHECIMENTO DO GÊNERO: para utilizar-se do gênero selecionado, é preciso, antes de tudo, reconhecê-lo quanto ao seu
meio de circulação, ao seu conteúdo temático, ao seu estilo, à sua forma de composição, à sua organização discursiva, aos seus
283
aspectos tipológicos e à sua estrutura linguística. Para isso, inicialmente, é importante buscar, na sociedade, textos já publicados,
que representem o gênero selecionado para estudo. Por meio da leitura desses “exemplares” do gênero, o aluno poderá reconhecer,
gradativamente, sua forma “mais ou menos estável” de organização. Além disso, o professor poderá encaminhar atividades que
explorem esse gênero, organizadas, por exemplo, da seguinte forma:
3.1) Dentre os “exemplares” de textos do gênero que está sendo trabalhado, o professor seleciona um para discutir as seguintes
reflexões (ou atividades):
a) Contextualização sócio-histórica do texto-enunciado (quem o produziu, quando, por que, para quem etc.);
b) Compreensão do conteúdo temático por meio de atividades de leitura que envolvam a decodificação, a compreensão, a
interpretação para se alcançar a retenção do conteúdo. Para isso, o professor fará, juntamente com os alunos, a análise do conteúdo
veiculado pelo texto, elaborando questões orais e/ou escritas que impliquem no reconhecimento do código, na compreensão do
conteúdo global do texto e na localização de informações pontuais, assim como no estabelecimento de relações entre o texto e o
contexto mais imediato e mais amplo (social, histórico, ideológico) de produção daquele texto;
c) Análise de sua organização discursiva, de seu conteúdo temático e de sua estrutura composicional (que campo/esfera de
atividade humana representa, quais as marcas representativas desse campo/esfera de atividade, que tipologias são predominantes:
narrativas, descritivas, argumentativas, expositivas, injuntivas? Nesse caso, o gênero representa que tipologia?);
d) Análise do estilo linguístico e semiótico do texto por meio de atividades de análise linguística contextualizadas, que
permitam uma reflexão sobre a língua, em sua funcionalidade, sobre os diferentes usos da linguagem, que só ocorre por meio dos
gêneros discursivos. O ensino da gramática, na perspectiva da análise linguística, deve garantir ao aluno o conhecimento necessário
para que ele possa utilizá-la em momentos concretos de interlocução, a partir dos mais diversos gêneros discursivos.
IV. PRODUÇÃO ORAL OU ESCRITA: nessa etapa da SD, entende-se que o aluno já tem condições de produzir um texto do gênero,
conforme situação de interação (o evento de letramento) proposto. Nesse momento, o professor retoma a situação de interação
estabelecida, o gênero selecionado, interlocutores e lugar de circulação. Após esse diálogo, o aluno passa a primeira produção que se
constituirá como um rascunho do gênero pretendido.
V. REVISÃO E REESCRITA DO TEXTO119: após essa primeira versão do texto do aluno, o professor fará as primeiras intervenções:
individuais ou coletivas, conforme os problemas detectados nessa produção. Após essa intervenção do professor, se ele julgar
119
Observar a prática de linguagem “produção e reescrita de texto”, na página.272...
284
necessário, poderá elaborar um bloco de atividades com o(s) conteúdo(s) não dominados pelo aluno, com a finalidade de auxiliar os
alunos a superarem as dificuldades apresentadas.
VI. CIRCULAÇÃO DO GÊNERO: uma vez que o texto tenha sido revisado, reescrito e, eventualmente, reestruturado e sanados os
seus problemas, esse deve cumprir a sua função social, ou seja, deve-se propiciar a circulação do gênero, tendo em vista o(s)
interlocutor(es) definido(s) inicialmente. Considerando que o ensino de língua deve priorizar a oralidade, a leitura/escuta, a análise
linguística/semiótica, a produção e a reescrita de textos, de acordo com o gênero selecionado, e, tendo em vista que esse expressa
situações reais de interação, acredita-se que o encaminhamento metodológico aqui proposto tem grandes possibilidades de contribuir
significativamente para a formação de um sujeito que possa participar de práticas sociais de uso da língua, utilizando-se dos gêneros
discursivos que melhor responderem às suas necessidades sociais.
QUADRO 2: GÊNEROS DISCURSIVOS, OBJETO DE CONHECIMENTO E OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM QUE DEVEM SER TRABALHADOS
EM TODOS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO
TODOS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO
Aspectos não linguísticos (paralinguísticos) no (EF15LP12) Atribuir significado a aspectos não linguísticos
ato da fala. (paralinguísticos) observados na fala, como direção do olhar, riso,
gestos, movimentos da cabeça (de concordância ou
Objetividade.
discordância), expressão corporal, tom de voz, a fim de
compreender que esses elementos colaboram com a produção de
sentido do texto.
Relato oral/Registro formal e informal. (EF15LP13) Identificar finalidades da interação oral em diferentes
contextos comunicativos (solicitar informações, apresentar
opiniões, informar, relatar experiências etc.), a fim de perceber as
diferenças entre os diversos usos da linguagem.
CAMPOS DAS PRÁTICAS DE ESTUDO E PESQUISA
Verbetes de enciclopédia infantil. Produção de texto oral. (EF12LP13) Planejar, com a mediação do professor, slogans e
peça de campanha de conscientização destinada ao público
Estrutura do texto oral. infantil que possam ser repassados oralmente por meio de
ferramentas digitais, em áudio ou vídeo, considerando a situação
comunicativa e o tema/assunto/finalidade do texto, a fim de
ampliar o repertório de produção de texto oral.
CAMPOS DA VIDA PÚBLICA
Recados, campanha de Produção de texto oral. (EF12LP13) Planejar, paulatinamente, com a mediação do
conscientização. professor, recados, slogans e peça de campanha de
287
Estrutura do texto oral. conscientização destinada ao público infantil (campanha
comunitária) que possam ser repassados oralmente por meio de
ferramentas digitais, em áudio ou vídeo, considerando a situação
comunicativa e o tema/assunto/finalidade do texto, a fim de
ampliar o repertório de produção de texto oral.
CAMPO DA VIDA COTIDIANA
Recados, convites, avisos, receitas, (EF12LP06) Planejar, com a ajuda do professor, recados, avisos,
Produção de texto oral.
instruções de montagem. convites, receitas, instruções de montagem, dentre outros
Estrutura do gênero oral. gêneros do Campo da Vida Cotidiana, que possam ser
repassados oralmente ou por meio de ferramentas digitais, em
áudio ou vídeo, considerando a situação comunicativa e o
tema/assunto/finalidade do texto, a fim de ampliar a capacidade
de produção desses gêneros orais.
CAMPO ARTÍSTICO-LITERÁRIO
Contos acumulativos, histórias infantis. Contagem de histórias. (EF15LP19) Recontar oralmente, com e sem apoio de imagem,
textos literários lidos pelo professor, a fim de empregar os
Marcas linguísticas: pontuação, pronomes,
elementos da narrativa (tema, personagens, espaço, enredo,
elementos coesivos.
marcas linguísticas próprias da narrativa).
Formas de composição de narrativas; aspectos (EF01LP26) Identificar elementos de uma narrativa, como contos
Contos acumulativos, histórias infantis.
da narrativa: personagens; enredo; tempo e acumulativos e histórias infantis, lidas ou escutadas, incluindo
espaço. personagens, enredo, tempo e espaço, de modo a compreender a
relação entre esses elementos.
Formas de composição de textos poéticos. (EF12LP19) Perceber em textos versificados, como em poemas,
parlendas, cantigas e canções, rimas, sonoridades, jogos de
Parlendas, cantigas e poemas. Disposição gráfica (aspectos estruturantes.
palavras, palavras, expressões, comparações, relacionando-as
com sensações e associações, de modo a ser capaz de perceber
as formas de composição dos textos poéticos.
TODOS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO
PRÁTICAS DE LINGUAGEM: ESCRITA (COMPARTILHADA E AUTÔNOMA)
GÊNEROS OBJETOS DE CONHECIMENTO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Listas, calendários, recados, convites, Escrita autônoma e compartilhada. (EF01LP17) Planejar e produzir, com a mediação do professor,
legendas para álbuns de fotos ou listas, agendas, calendários, avisos, convites, receitas, instruções
Função social e cognitiva da leitura.
ilustrações (digitais ou impressos). de montagem e legendas para álbuns, fotos ou ilustrações
(digitais ou impressos), dentre outros gêneros do Campo da Vida
Cotidiana, considerando a situação comunicativa e o
tema/assunto/ finalidade do texto, a fim de, gradativamente,
apropriar-se dos elementos constitutivos desses gêneros.
Cantigas, quadras, quadrinhas, Escrita autônoma e compartilhada. (EF01LP18) Registrar, com a mediação do professor, cantigas,
parlendas, trava-línguas. quadras, quadrinhas, parlendas, trava-línguas, dentre outros
Ideia de representação; unidade Textual.
gêneros do Campo da Vida Cotidiana, considerando a situação
295
comunicativa e o tema/assunto/finalidade do texto.
Parlendas, cantigas, trava-línguas, Escrita compartilhada. (EF12LP05) Planejar e produzir, com a mediação do professor,
contos acumulativos, histórias infantis, (re)contagens de histórias, poemas e outros textos versificados
Coerência.
poemas. (letras de canção, quadrinhas, cordel), poemas visuais, tiras e
histórias em quadrinhos, dentre outros gêneros do campo
artístico-literário, considerando a situação comunicativa e a
finalidade do texto, a fim de, progressivamente, apropriar-se dos
elementos constitutivos desses gêneros.
CAMPO ARTÍSTICO-LITERÁRIO
Contos acumulativos, histórias infantis, Escrita autônoma e compartilhada. (EF01LP25) Produzir, tendo o professor como escriba,
histórias poéticas. recontagens de histórias lidas pelo professor, histórias
Aspectos da narrativa: personagens; enredo;
imaginadas ou baseadas em livros de imagens, observando a
tempo e espaço.
forma de composição de textos narrativos (personagens, enredo,
tempo e espaço), a fim de apropriar-se gradativamente da
produção escrita de narrativas.
TODOS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO
PRODUÇÃO DE TEXTOS (ESCRITA COMPARTILHADA E AUTÔNOMA)
GÊNEROS OBJETOS DE CONHECIMENTO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Planejamento de texto; adequação ao tema. (EF15LP05) Planejar, com a mediação do professor, o texto que
será produzido, considerando a situação comunicativa, os
Parlendas, cantigas, trava-língua, Adequação ao formato/estrutura do gênero.
interlocutores (quem escreve/para quem escreve); a finalidade ou
quadrinhas, poemas, poemas visuais
Adequação à esfera de circulação, ao suporte o propósito (escrever para quê); a circulação (onde o texto vai
concretos, contos acumulativos,
físico e de circulação. circular); o suporte (qual é o portador do texto); a linguagem,
histórias infantis, adivinhas, histórias
organização e forma do texto e seu tema, pesquisando em meios
poéticas, enunciados de tarefas Adequação ao tema. impressos ou digitais, sempre que for preciso, informações
escolares, verbetes de enciclopédia
Adequação ao formato/estrutura do gênero. necessárias à produção do texto, organizando em tópicos os
infantil, legendas para álbuns de fotos
dados e as fontes pesquisadas, a fim de adequar gradativamente
ou ilustrações (digitais ou impressos), Adequação à esfera de circulação. suas produções à estrutura do gênero e à esfera de circulação.
cartazes, avisos, listas, recados,
convites, calendários, Adequação ao suporte físico de circulação.
logomarca/logotipo. Revisão de textos. (EF15LP06) Reler e revisar o texto produzido com a mediação do
professor, para corrigi-lo e aprimorá-lo, fazendo cortes,
Ortografia e pontuação; ampliação de ideias.
acréscimos, reformulações, correções de ortografia e pontuação.
Edição de textos. (EF15LP07) Editar a versão final do texto, com a mediação do
professor, ilustrando, quando for o caso, em suporte adequado,
Disposição gráfica (aspectos estruturantes dos
manual ou digital, para apropriar-se gradativamente dos aspectos
gêneros discursivos).
296
estruturantes dos gêneros discursivos.
CAMPO DAS PRÁTICAS DE ESTUDO E PESQUISA
Não haverá produção
CAMPO DA VIDA PÚBLICA
Não haverá produção
CAMPO ARTÍSTICO-LITERÁRIO
Não haverá produção.
QUADRO 4: GÊNEROS DISCURSIVOS, OBJETO DE CONHECIMENTO E OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM QUE DEVEM SER TRABALHADOS
EM TODOS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO
TODOS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO
Enunciados de tarefas, quadrinhas, Oralidade pública/Intercâmbio (EF15LP09) Expressar-se em situações de intercâmbio oral com
parlendas, cantigas, trava-línguas, conversacional em sala de aula. clareza, preocupando-se em ser compreendido pelo interlocutor e
297
histórias infantis, contos acumulativos, usando a palavra com tom de voz audível, boa articulação e ritmo
Clareza na exposição de ideias.
poemas. adequado, a fim de demonstrar clareza e organização nas exposições
orais de ideias.
Relatos de experimentos, relatos de (EF15LP10) Escutar, com atenção, falas de professores e colegas,
experiências pessoais. formulando perguntas pertinentes ao tema e solicitando
Escuta atenta.
esclarecimentos sempre que necessário, de modo a compreender que
Campanhas comunitárias, canções,
a escuta atenta contribui para o aprendizado.
contos de fadas, receitas.
Enunciados de tarefas, relatos de (EF15LP11) Reconhecer características da conversação espontânea
experiências pessoais, receitas. presencial, respeitando os turnos de fala, selecionando e utilizando,
Características da conversação
durante a conversação, formas de tratamento adequadas, de acordo
espontânea.
com a situação e a posição do interlocutor, de forma a melhor interagir
Turnos de fala. na vida social e escola.
Contagem de histórias. (EF15LP19) Recontar oralmente, com e sem apoio de imagem, textos
literários lidos pelo professor, a fim de empregar os elementos da
Histórias infantis, contos acumulativos, Marcas linguísticas: pontuação, pronomes,
narrativa (tema, personagens, espaço, enredo, marcas linguísticas
contos de fadas. elementos coesivos.
próprias da narrativa).
TODOS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO
Enunciados de tarefas escolares, Decodificação/fluência de leitura. (EF12LP01) Ler palavras novas com precisão na decodificação, no
gráficos, legendas para álbuns de caso de palavras de uso frequente, ler globalmente, por memorização,
fotos ou ilustrações (digitais ou adquirindo paulatinamente fluência na leitura.
impressos), regras que regulamentam Formação de leitor. EF12LP02) Buscar, selecionar e ler, com a mediação do professor
299
e organizam a vida na comunidade (leitura compartilhada), textos que circulam em meios impressos ou
Atribuição de sentido ao texto lido.
escolar, convites, receitas, bilhetes, digitais, de acordo com as necessidades e interesses, atribuindo
instruções de montagem (digitais ou Finalidade do texto/função social. sentido a sua leitura, para possibilitar contato com diferentes textos.
impressas), quadrinhas, parlendas,
(EF15LP02) Estabelecer expectativas em relação ao texto que vai ler
cantigas, trava-línguas, poemas, (pressuposições antecipadoras dos sentidos, da forma e da função
Poemas visuais concretos. Estratégia de leitura; pré-leitura.
social do texto), apoiando-se em seus conhecimentos prévios sobre as
condições de produção e recepção desse texto, o gênero, o suporte e o
universo temático, bem como sobre saliências textuais, recursos
gráficos, imagens, dados da própria obra (índice, prefácio etc.),
confirmando antecipações e inferências realizadas antes e durante a
leitura de textos, checando a adequação das hipóteses realizadas.
Estratégia de leitura. (EF15LP03) Localizar informações explícitas em textos, como requisito
básico para a compreensão leitora.
Localização de informações explícitas.
Relato de experimento, verbetes de
(EF12LP01) Identificar a função social de textos que circulam em
enciclopédia infantil (digitais ou campo da vida social dos quais participa cotidianamente (a casa, a rua,
impressos), campanhas comunitária Reconstrução das condições de produção
a comunidade, a escola) e nas mídias impressa, de massa e digital, de
(campanhas de conscientização e recepção de textos.
modo a reconhecer seu contexto de produção: para que foram
destinadas ao público infantil), Contexto de produção e de circulação. produzidos, onde circulam, quem os produziu e a quem se destinam.
legendas para álbuns de fotos ou
ilustrações (digitais ou impressos),
campanhas comunitária (campanhas
de conscientização destinadas ao
público infantil), receitas, bilhetes,
instruções de montagem (digitais ou
impressas), relatos de experiências
pessoais.
Gráficos, legendas para álbuns de
(EF12LP04) Identificar o efeito de sentido produzido pelo uso de
fotos ou ilustrações (digitais ou Estratégia de leitura.
recursos expressivos gráfico-visuais em textos multissemióticos, para
impressos), convites, receitas, compreender gradativamente o uso desses recursos.
Linguagem verbal e não verbal. Uso dos
instruções de montagem (digitais ou
recursos gráfico visuais.
impressas), quadrinhas, Poemas
visuais concretos.
CAMPOS DAS PRÁTICAS DE ESTUDO E PESQUISA
Enunciados de tarefas escolares, Compreensão em leitura. (EF12LP17) Ler e compreender, em colaboração com a mediação do
gráficos, relato de experimento, professor, enunciados de tarefas escolares, diagramas, curiosidades,
300
verbetes de enciclopédia infantil peque-nos relatos de experimentos, entrevistas, verbetes de
Identificação do tema/assunto do texto.
(digitais ou impressos), campanhas enciclopédia infantil, entre outros gêneros do campo investigativo,
comunitária (campanhas de considerando a situação comunicativa e o tema/assunto do texto.
conscientização destinadas ao público
infantil).
Gráficos, verbetes de enciclopédia (EF02LP20) Reconhecer a função de textos utilizados para apresentar
infantil (digitais ou impressos), informações coletadas em atividades de pesquisa (enquetes, pequenas
Imagens analíticas em Textos.
campanhas comunitária (campanhas entrevistas, registros de experimentações), para que,
de conscientização destinadas ao progressivamente, reconheça a função das atividades de pesquisa.
público infantil).
Enunciados de tarefas escolares, (EF02LP21) Explorar, com a mediação do professor, textos informativos
gráficos, relato de experimento, de diferentes ambientes digitais de pesquisa, conhecendo suas
Pesquisa.
campanhas comunitária (campanhas possibilidades, e a fim de, gradativamente, aprimorar a capacidade de
de conscientização destinadas ao pesquisa.
público infantil).
CAMPO DA VIDA PÚBLICA
Legendas para álbuns de fotos ou (EF12LP08) Ler e compreender, com a mediação do professor,
ilustrações (digitais ou impressos), fotolegendas em notícias, manchetes e lides em notícias, álbum de
Compreensão em leitura; Identificação do
campanhas comunitária (campanhas fotos digital noticioso e notícias curtas para público infantil, dentre
tema do texto; Interlocutores (papel /função
de conscientização destinadas ao outros gêneros do campo jornalístico, considerando a situação
social).
público infantil), regras que comunicativa e o tema/assunto do texto, de forma a possibilitar o
regulamentam e organizam a vida na contato com esses diferentes textos e os recursos inerentes a eles.
comunidade escolar, convites.
Legendas para álbuns de fotos ou (EF12LP09) Ler e compreender, com a mediação do professor,
ilustrações (digitais ou impressos), slogans, anúncios publicitários e textos de campanhas de
Compreensão em leitura.
campanhas comunitária (campanhas conscientização destinados ao público infantil, dentre outros gêneros do
de conscientização destinadas ao Atribuição de sentido ao texto lido. campo publicitário, considerando a situação comunicativa e o
público infantil), regras que tema/assunto do texto, de forma a possibilitar o contato com esses
Finalidade do texto/função social.
regulamentam e organizam a vida na diferentes textos e os recursos inerentes a eles.
comunidade escolar, convites.
Cartazes, avisos, folhetos, regras e (EF12LP10) Ler e compreender, com a mediação do professor,
regulamentos que organizam a vida na cartazes, avisos, folhetos, regras e regulamentos que organizam a vida
Compreensão em leitura.
comunidade escolar, campanhas na comunidade escolar, dentre outros gêneros do campo da atuação
comunitária (campanhas de Finalidade do texto. cidadã, considerando a situação comunicativa e o tema/assunto do
conscientização destinadas ao público texto, de forma a possibilitar o contato com esses diferentes textos e os
infantil), regras que regulamentam e recursos inerentes a eles.
organizam a vida na comunidade
escolar, convites.
301
CAMPO DA VIDA COTIDIANA
Listas, agendas, calendários, avisos, Compreensão em leitura. (EF12LP04) Ler e compreender, com a mediação do professor ou já
convites, receitas, instruções de com certa autonomia, listas, agendas, calendários, avisos, convites,
Unidade temática.
montagem (digitais ou impressos). receitas, instruções de montagem (digitais ou impressos), dentre outros
gêneros do Campo da Vida Cotidiana, considerando a situação
comunicativa e o tema/assunto do texto e relacionando sua forma de
organização à sua finalidade, para que progressivamente desenvolva a
compreensão leitora desses gêneros.
Poemas visuais concretos, histórias Leitura de imagens em narrativas visuais. (EF15LP14) Produzir em cooperação com os colegas e a mediação do
em quadrinhos e tirinhas. professor, o sentido de Poemas visuais concretos, histórias em
Linguagem verbal e não verbal.
quadrinhos e tirinhas, relacionando imagens e palavras e interpretando
recursos gráficos (tipos de balões, de letras, onomatopeias), para que
gradativamente aproprie-se da linguagem utilizada nesses gêneros.
Cantigas, letras de canção, relatos de Compreensão em leitura. (EF02LP12) Ler e compreender com certa autonomia cantigas, letras
experiências pessoais. de canção, dentre outros gêneros do Campo da Vida Cotidiana,
Identificação do tema do texto.
considerando a situação comunicativa e o tema-/assunto do texto e
relacionando sua forma de organização à sua finalidade, de modo a
compreender com autonomia o conteúdo presente nesses gêneros
discursivos.
CAMPO ARTÍSTICO-LITERÁRIO
Poemas, parlendas, cantigas, trava- Apreciação estética/Estilo. (EF12LP18) Apreciar poemas, parlendas, cantigas, e outros textos
línguas. versificados, observando rimas, sonoridades, jogos de palavras,
Ritmo, fluência e entonação.
reconhecendo seu pertencimento ao mundo imaginário e sua dimensão
de encantamento, jogo e fruição, a fim de desenvolver a sensibilidade
estética própria desses gêneros.
Poemas, parlendas, cantigas, trava- (EF15LP15) Reconhecer que os textos literários, como poemas,
língua, contos acumulativo, histórias parlendas, cantigas, trava-língua, contos acumulativo, histórias infantis,
Formação do leitor literário.
infantis, contos de fadas, fábulas, contos de fadas, fábulas, poemas, contos de assombração, lendas,
poemas, contos de assombração, narrativas de aventura, Poemas visuais concretos e ciberpoemas,
lendas, narrativas de aventura, histórias em quadrinhos, tiras, cartum, letras de canções fazem parte do
Poemas visuais concretos e mundo do imaginário e apresentam uma dimensão lúdica, de
ciberpoemas, histórias em quadrinhos, encantamento, valorizando-os, em sua diversidade cultural, como
tiras, cartum, letras de canções. patrimônio artístico da humanidade, de modo a contribuir para sua
formação como leitor literário.
Quadrinhas, parlendas, cantigas, Leitura colaborativa e autônoma. (EF15LP16) Ler e compreender, com a mediação do professor e, mais
trava-línguas, histórias infantis, contos tarde, de maneira autônoma, textos narrativos de maior porte como
Atribuição de sentido ao texto lido.
302
acumulativos, contos de fadas, contos (populares, de fadas, acumulativos, de assombração etc.),
Finalidade e função social.
poemas, Poemas visuais concretos. lendas, história infantil, fábula, narrativas de aventura, poemas e
crônicas, de modo a ampliar e diversificar sua capacidade leitora.
Apreciação estética/Estilo. (EF15LP17) Apreciar Poemas visuais concretos, observando efeitos de
sentido criados pelo formato do texto na página, distribuição e
Poemas visuais concretos. Formas de representação.
diagramação das letras, pelas ilustrações e por outros efeitos visuais, a
fim de compreender, gradativamente, as formas de representação
desses textos.
Quadrinhas, parlendas, cantigas, Formação do leitor literário/Leitura (EF15LP18) Relacionar texto com ilustrações e outros recursos
trava-línguas, histórias infantis, contos multissemiótica. gráficos, para que compreenda de forma gradativa a relação existente
acumulativos, contos de fadas, entre os textos imagéticos e os textos escritos.
poemas, Poemas visuais concretos.
Quadrinhas, poemas, parlendas, Formação do leitor literário. (EF02LP26) Ler e compreender, com certa autonomia, textos literários,
cantigas, trava-língua, história infantil, como quadrinhas, poemas, parlendas, cantigas, trava-língua, história
contos de fadas, poemas. infantil, contos de fadas, poemas, entre outros gêneros variados, a fim
de desenvolver o gosto pela leitura.
TODOS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO
Enunciados de tarefas escolares, Construção do sistema alfabético/ (EF02LP01) Utilizar, ao produzir o texto, grafia correta de palavras
verbetes de enciclopédia infantil, Convenções da escrita. conhecidas ou com estruturas silábicas já dominadas, letras maiúsculas
legendas para álbuns de fotos ou em início de frases e em substantivos próprios, segmentação entre as
Símbolos do alfabeto; Segmentação.
ilustrações (digitais ou impressos), palavras, ponto final, ponto de interrogação e ponto de exclamação, de
quadrinhas, parlendas, cantigas, trava- modo a apropriar-se, gradativamente, das convenções de uso da
línguas, relatos de experimentos, linguagem escrita.
relatos de experiências pessoais,
Construção do sistema alfabético. (EF12LP03) Copiar textos breves, mantendo suas características e
regras escolar, bilhetes, canções,
voltando para o texto sempre que tiver dúvidas sobre sua distribuição
receitas. Estabelecimento de relações anafóricas na
gráfica, espaçamento entre as palavras, escrita das palavras e
referenciação e construção da coesão.
pontuação, como meio de aperfeiçoar gradativamente sua forma de
registro.
CAMPOS DAS PRÁTICAS DE ESTUDO E PESQUISA
Verbetes de enciclopédia infantil, Produção de textos. (EF02LP22) Planejar e produzir, com a mediação do professor,
relatos de experimentos. pequenos relatos de experimentos, entrevistas, verbetes de
Relação tema/assunto/finalidade do texto.
enciclopédia infantil de dicionários, dentre outros gêneros do campo
investigativo, digitais ou impressos, considerando a situação
comunicativa e o tema/assunto/finalidade do texto.
303
Escrita autônoma. (EF02LP23) Planejar e produzir, com certa autonomia, pequenos
registros de observação de resultados de pesquisa, coerentes com um
Adequação ao tema.
tema investigado, a fim de manter a adequação ao tema e produzir com
gradativa autonomia.
CAMPOS DA VIDA PÚBLICA
Escrita autônoma e compartilhada. (EF02LP13) Planejar e produzir bilhetes e cartas, em meio impresso
e/ou digital, dentre outros gêneros do Campo da Vida Cotidiana,
Bilhetes (digitais ou impressos). Adequação a esfera de circulação.
considerando a situação comunicativa e o tema/assunto/finalidade do
texto, a fim de demonstrar autonomia na produção desses gêneros.
Relatos de experimentos, relatos de Escrita autônoma e compartilhada. (EF02LP14) Planejar e produzir pequenos relatos de observação de
experiências pessoais. processos, de fatos, de experiências pessoais, mantendo as
Adequação ao suporte físico de circulação.
características do gênero, considerando a situação comunicativa e o
tema/assunto do texto, de modo a demonstrar gradativa autonomia na
produção desses gêneros.
Parlendas, cantigas, trava-língua, Escrita compartilhada. (EF12LP05) Planejar e produzir, com a mediação do professor,
quadrinhas, histórias infantis, contos (re)contagens de histórias, poemas e outros textos versificados (letras
Coerência.
de fadas, poemas, Poemas visuais de canção, quadrinhas, cordel), poemas visuais, tiras e histórias em
concretos. quadrinhos, dentre outros gêneros do campo artístico-literário,
considerando a situação comunicativa e a finalidade do texto, a fim de,
progressivamente, apropriar-se dos elementos constitutivos desses
gêneros.
CAMPO ARTÍSTICO-LITERÁRIO
Histórias infantis, contos acumulativos, Escrita autônoma e compartilhada. (EF02LP27) Reescrever textos narrativos literários lidos pelo professor,
304
contos de fadas. de modo a promover progressivo domínio da escrita.
Emprego dos verbos no pretérito perfeito e
imperfeito.
TODOS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO
Enunciados de tarefas escolares, Planejamento de texto; Adequação ao (EF15LP05) Planejar, com a mediação do professor, o gênero
verbetes de enciclopédia infantil, tema; Adequação ao formato/estrutura do discursivo que será produzido, considerando a situação comunicativa,
legendas para álbuns de fotos ou gênero; Adequação à esfera de circulação, os interlocutores (quem escreve/para quem escreve); a finalidade ou o
ilustrações (digitais ou impressos), ao suporte físico e de circulação. propósito (escrever para quê); a circulação (onde o texto vai circular); o
textos de memória ( Adequação ao tema; Adequação ao suporte (qual é o portador do texto); a linguagem, organização e forma
quadrinhas, parlendas, cantigas, trava- formato/estrutura do gênero; Adequação à do texto e seu tema, pesquisando em meios impressos ou digitais,
línguas) histórias infantis, relatos de esfera de circulação; sempre que for preciso, informações necessárias à produção do texto,
experimentos, relatos de experiências Adequação ao suporte físico de circulação. organizando em tópicos os dados e as fontes pesquisadas, a fim de
pessoais, regras escolar, bilhetes, adequar gradativamente suas produções à estrutura do gênero e à
contos de fadas. esfera de circulação.
Gráficos, relatos de experimento, Reconstrução das condições de produção (EF15LP01) Identificar a função social gêneros que circulam em diferentes
textos de divulgação científica, e recepção de textos. campos da vida social dos quais participa cotidianamente (a casa, a rua, a
cartas do leitor destinadas a comunidade, a escola) e nas mídias impressa, de massa e digital, de modo a
Contexto de produção e de circulação.
público infantil (revista infantil), reconhecer seu contexto de produção: para que foram produzidos, onde
entrevistas, anúncios circulam, quem os produziu e a quem se destinam.
publicitários, notícias, diários,
receitas, instruções de Estratégia de leitura; Pré-leitura. (EF15LP02) Estabelecer expectativas em relação ao texto que vai ler
montagem, contos de fadas, (pressuposições antecipadoras dos sentidos, da forma e da função social do
fábulas, lendas, história infantil, texto), apoiando-se em seus conhecimentos prévios sobre as condições de
narrativa de aventura, crônica, produção e recepção desse texto, o gênero, o suporte e o universo temático,
poemas, Poemas visuais bem como sobre saliências textuais, recursos gráficos, imagens, dados da
concretos, tiras. própria obra (índice, prefácio etc.), confirmando antecipações e inferências
realizadas antes e durante a leitura de textos, checando a adequação das
.
hipóteses realizadas.
Estratégia de leitura. (EF15LP04) Identificar o efeito de sentido produzido pelo uso de recursos
expressivos gráfico-visuais em textos multissemióticos, para compreender
Linguagem verbal e não verbal.
gradativamente o uso desses recursos.
Uso dos recursos gráfico visuais.
Decodificação/Fluência de leitura. (EF35LP01) Ler e compreender, silenciosamente e, em seguida, em voz alta,
com autonomia e fluência, textos curtos com nível de textualidade adequado,
Ritmo e entonação em leitura.
de modo a aperfeiçoar a proficiência leitora.
(EF35LP02) Selecionar livros, revistas e jornais da biblioteca e/ou do cantinho
de leitura da sala de aula e/ou disponíveis em meios digitais para leitura
Formação de leitor.
individual, justificando a escolha e compartilhando com os colegas sua
opinião, após a leitura, de modo que consiga estabelecer critérios para
escolha de um livro, de uma revista e/ou jornal.
Compreensão: (EF35LP03) Identificar a ideia central do texto, demonstrando compreensão
global, a fim de desenvolver a capacidade de inferenciação, de localização e
Ideias principais e secundárias.
de seleção de informações relevantes.
308
Estratégia de leitura: inferência. (EF35LP04) Inferir informações implícitas nos textos lidos, para que
gradativamente atribua significados que extrapolem o texto lido.
Atribuir significados que extrapolem o
texto lido.
Estratégia de leitura. (EF35LP05) Inferir, com a mediação do professor, o sentido de palavras ou
expressões desconhecidas em textos, com base no contexto da frase ou do
Inferir o sentido de palavras ou
texto, de modo a aprimorar, progressivamente, essa capacidade de atribuir
expressões.
sentidos.
Estratégias de leitura. (EF35LP06) Recuperar relações entre partes de um texto, identificando
substituições lexicais (de substantivos por sinônimos) ou pronominais (uso de
Elementos coesivos.
pronomes anafóricos – pessoais, possessivos, demonstrativos) que
Ampliação vocabular. contribuem para a continuidade do texto, a fim de utilizar e reconhecer os
elementos coesivos.
Adequação ao gênero.
PRÁTICA DE LINGUAGEM: ANÁLISE LINGUÍSTICA/SEMIÓTICA (ORTOGRAFIZAÇÃO).
Gráficos, relatos de experimento, Construção do sistema alfabético e da (EF35LP12) Recorrer ao dicionário para esclarecer dúvida sobre a escrita de
textos de divulgação científica, ortografia: relações arbitrárias. palavras, especialmente no caso de palavras com relações irregulares
cartas do leitor destinadas a fonema-grafema, de modo a compreender a forma de organização dos
público infantil (revista infantil), vocábulos no dicionário.
entrevistas, anúncios publicitários,
Construção do sistema alfabético e da (EF35LP13) Memorizar a grafia de palavras de uso frequente nas quais as
notícias, diários, receitas,
ortografia. relações fonema-grafema são irregulares e com h inicial que não representa
instruções de montagem, contos
fonema, a fim de adquirir domínio do sistema alfabético e das convenções
de fadas, fábulas, lendas, história
ortográficas.
infantil, narrativa de aventura,
crônica. poemas, Poemas visuais Morfologia: coesão. (EF35LP14) Identificar em textos e usar na produção textual pronomes
concretos, tiras. pessoais, possessivos e demonstrativos, como recurso coesivo anafórico e
. progressivamente ampliar seu uso nas produções, bem como identificar a qual
referente do texto esses elementos coesivos se referem.
Construção do sistema alfabético e da (EF03LP01) Ler e escrever palavras com correspondências regulares
ortografia; Relações biunívocas, cruzadas contextuais entre grafemas e fonemas – c/qu; g/gu; r/rr; s/ss; o (e não u) e e (e
e arbitrárias. não i) em sílaba átona em final de palavra – e com marcas de nasalidade (til,
m, n), a fim de demonstrar progressivo domínio da construção do sistema
alfabético.
Construção do sistema alfabético e da (EF03LP02) Ler e escrever corretamente palavras com sílabas CV, V, CVC,
ortografia. CCV, VC, VV, CVV, identificando que existem vogais em todas as sílabas,
para que apresente domínio das sílabas canônicas e complexas.
Relatos de experimento, textos de Relação grafema fonema: sílabas
309
divulgação científica, cartas do canônicas e complexas.
leitor destinadas a público infantil
(revista infantil), entrevistas, Construção do sistema alfabético e da (EF03LP03) Ler e escrever corretamente palavras com os dígrafos lh, nh, ch,
anúncios publicitários, notícias, ortografia: dígrafos. a fim de apropriar-se das convenções da escrita.
diários, receitas, instruções de Conhecimento das diversas grafias do (EF03LP04) Usar acento gráfico (agudo ou circunflexo) em monossílabos
montagem, contos de fadas, alfabeto: categorização gráfica/ tônicos terminados em a, e, o e em palavras oxítonas terminadas em a, e, o,
fábulas, lendas, história infantil, acentuação. seguidas ou não de s, para que gradativamente empregue de forma correta a
narrativa de aventura, crônica, acentuação gráfica.
poemas, Poemas visuais
concretos, tiras. Segmentação de palavras/Classificação (EF03LP05) Identificar o número de sílabas de palavras, a fim de classificá-las
. de palavras por número de sílabas. em monossílabas, dissílabas, trissílabas e polissílabas.
Construção do sistema alfabético. (EF03LP06) Identificar a sílaba tônica em palavras, classificando-as em
oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas, para que esse conhecimento
Classificação das palavras quanto à
contribua com a apropriação da acentuação gráfica.
posição da sílaba tônica.
(EF03LP07) Identificar a função na leitura e usar na escrita ponto final, ponto
de interrogação, ponto de exclamação e, em diálogos (discurso direto), dois-
Pontuação.
pontos e travessão, a fim de perceber os efeitos de sentido provocados pelo
uso da pontuação.
Morfologia: substantivos; verbos. (EF03LP08) Identificar e diferenciar, em textos, substantivos e verbos e suas
funções na oração: agente, ação, objeto da ação, para que de forma
progressiva aplique esse conhecimento gramatical em suas produções.
Morfossintaxe: uso do adjetivo. (EF03LP09) Identificar, em textos, adjetivos e sua função de atribuição de
propriedades aos substantivos, a fim de fazer uso deles em suas produções
com o intuito de caracterizar o substantivo.
Morfologia: uso dos prefixos e sufixos na (EF03LP10) Reconhecer prefixos e sufixos produtivos na formação de
formação de palavras. palavras derivadas de substantivos, de adjetivos e de verbos, utilizando-os
para compreender palavras e para formar novas palavras, a fim de identificar
que algumas palavras são derivadas de outras e assim inferir o significado
delas.
PRÁTICA DE LINGUAGEM: PRODUÇÃO DE TEXTOS (ESCRITA COMPARTILHADA E AUTÔNOMA).
Planejamento de texto; Adequação ao (EF15LP05) Planejar, com a mediação do professor, o gênero discursivo que será
tema. produzido, considerando a situação comunicativa, os interlocutores (quem
escreve/para quem escreve); a finalidade ou o propósito (escrever para quê); a
Gráficos, relatos de Adequação ao formato/estrutura do
circulação (onde o texto vai circular); o suporte (qual é o portador do texto); a
experimento, textos de gênero; Adequação à esfera de
linguagem, organização e forma do texto e seu tema, pesquisando em meios
310
divulgação científica, cartas circulação, ao suporte físico e de impressos ou digitais, sempre que for preciso, informações necessárias à produção do
do leitor destinadas a circulação. texto, organizando em tópicos os dados e as fontes pesquisadas. a fim de adequar
público infantil (revista gradativamente suas produções à estrutura do gênero e à esfera de circulação.
Adequação ao tema;Adequação ao
infantil), entrevistas,
formato/estrutura do gênero;
anúncios publicitários,
Adequação à esfera de
notícias, diários, receitas,
circulação;Adequação ao suporte físico
instruções de montagem,
de circulação.
contos de fadas, fábulas,
poemas, Poemas visuais Revisão de textos. (EF15LP06) Reler e revisar o texto produzido com a ajuda do professor e a
concretos, tiras. colaboração dos colegas, para corrigi-lo e aprimorá-lo, fazendo cortes, acréscimos,
. Ortografia e pontuação; Ampliação de
reformulações, correções de ortografia e pontuação.
ideias.
Edição de textos; (EF15LP07) Editar a versão final do texto, com a mediação do professor, ilustrando,
quando for o caso, em suporte adequado, manual ou digital, para apropriar-se
Disposição gráfica (aspectos
gradativamente dos aspectos estruturantes dos gêneros discursivos.
estruturantes dos gêneros discursivos).
Utilização de tecnologia digital. (EF15LP08) Utilizar software, com a mediação do professor, inclusive programas de
edição de texto, para editar e publicar os textos produzidos, explorando os recursos
multissemióticos disponíveis, a fim de apropriar-se paulatinamente desses recursos.
Construção do sistema alfabético/ (EF35LP07) Utilizar, ao produzir um texto, conhecimentos linguísticos e gramaticais,
Convenções da escrita. tais como ortografia, regras básicas de concordância nominal e verbal, pontuação
(ponto final, ponto de exclamação, ponto de interrogação, vírgulas em enumerações) e
Ortografia; Pontuação; Concordância
pontuação do discurso direto, quando for o caso, com gradativo domínio das
verbal e nominal.
convenções da escrita.
Construção do sistema (EF35LP08) Utilizar, ao produzir um texto, recursos de referenciação (por substituição
alfabético/Estabelecimento de relações lexical ou por pronomes pessoais, possessivos e demonstrativos), vocabulário
anafóricas na referenciação e na apropriado ao gênero, recursos de coesão pronominal (pronomes anafóricos) e
construção da coesão. articuladores de relações de sentido (tempo, causa, oposição, conclusão,
comparação), com nível suficiente de informatividade. a fim de manter a coerência em
suas produções textuais evitando redundâncias.
Planejamento de texto/Progressão (EF35LP09) Organizar o texto em unidades de sentido, dividindo-o em parágrafos
temática e paragrafação. segundo as normas gráficas e de acordo com as características do gênero discursivo,
para que progressivamente utilize a estrutura composicional adequada ao gênero.
Entrevista Planejamento e produção de texto (EF03LP22) Planejar e produzir, com a mediação do professor, telejornal para público
oral. infantil com algumas notícias e textos de campanhas que possam ser repassados
oralmente ou em meio digital, em áudio ou vídeo, considerando a situação
comunicativa, a organização específica da fala nesses gêneros e o tema/assunto/
finalidade dos textos, apropriando-se das características pertinentes ao gênero notícia.
PRÁTICA DE LINGUAGEM: LEITURA/ESCUTA (COMPARTILHADA E AUTÔNOMA).
Cartas do leitor destinadas a Compreensão em leitura: (EF03LP18) Ler e compreender, com autonomia, cartas dirigidas a veículos da mídia
público infantil (revista especificidade do gênero, da impressa ou digital (cartas do leitor e de reclamação a jornais, revistas) e notícias,
infantil), entrevistas, composição, da estrutura e do estilo. dentre outros gêneros do campo jornalístico, de acordo com as convenções do gênero
anúncios publicitários carta e considerando a situação comunicativa e o tema/assunto do texto, a fim de
(digitais ou impressos). apropriar-se das especificidades de composição, estrutura e estilo desses gêneros.
Anúncios publicitários Compreensão em leitura: linguagem (EF03LP19) Identificar e discutir o propósito do uso de recursos de persuasão (cores,
(digitais ou impressos). verbal e não verbal; Intencionalidade e imagens, escolha de palavras, jogo de palavras, tamanho de letras) em textos
ideologia. publicitários e de propaganda, como elementos de convencimento, a fim de apropriar-
se gradativamente dos elementos inerentes a esses gêneros, assim como
compreender progressivamente a intencionalidade e a ideologia presentes nos textos
publicitários.
PRÁTICA DE LINGUAGUEM: ANÁLISE LINGUÍSTICA/SEMIÓTICA (ORTOGRAFIZAÇÃO).
Adequação da estrutura da linguagem (EF35LP16) Identificar e reproduzir, com a mediação do professor, em notícias,
argumentativa. manchetes, lides e corpo de notícias simples para público infantil e cartas de
Cartas do leitor destinadas
reclamação (revista infantil), digitais ou impressos, a formatação e diagramação
a público infantil (revista
específica de cada um desses gêneros, inclusive em suas versões orais, de modo a
infantil), entrevistas, notícia,
identificar as especificidades da linguagem requerida nesses gêneros.
313
anúncios publicitários
Forma de composição dos textos. (EF03LP23) Analisar o uso de adjetivos em cartas dirigidas a veículos da mídia
(digitais ou impressos).
impressa ou digital (cartas do leitor ou de reclamação a jornais ou revistas), digitais ou
impressas, de modo a compreender o uso dos adjetivos presentes nos textos da
esfera jornalística e gradativamente empregá-los em suas produções.
PRÁTICA DE LINGUAGEM: PRODUÇÃO DE TEXTOS (ESCRITA COMPARTILHADA E AUTÔNOMA).
Cartas do leitor destinadas Escrita colaborativa. (EF35LP15) Opinar e defender ponto de vista sobre tema polêmico relacionado a
a público infantil (revista situações vivenciadas na escola e/ou na comunidade, utilizando registro formal e
Consistência argumentativa.
infantil), digitais ou estrutura adequada à argumentação, considerando a situação comunicativa e o
impressas. tema/assunto do texto e o gênero discursivo a fim de manter a consistência
argumentativa.
Escrita colaborativa: princípios da (EF03LP20) Produzir cartas dirigidas a veículos da mídia impressa ou digital (cartas
textualidade;da intencionalidade, da do leitor ou de reclamação a jornais ou revistas), dentre outros gêneros do campo
aceitabilidade, da informatividade e da político-cidadão, com opiniões e críticas, de acordo com as convenções do gênero
situacionalidade. carta e considerando a situação comunicativa e o tema/assunto do texto, a fim de
desenvolver a capacidade de argumentação e manter as especificidades desses
gêneros.
Anúncios publicitários Escrita colaborativa: expressão de (EF03LP21) Produzir anúncios publicitários, textos de campanhas de conscientização
(digitais ou impressos). domínio da capacidade de linguagem destinados ao público infantil, observando os recursos de persuasão utilizados nos
que o gênero requer (argumentar e textos publicitários e de propaganda (cores, imagens, slogan, escolha de palavras,
expor). jogo de palavras, tamanho e tipo de letras, diagramação).
CAMPO DA VIDA COTIDIANA
Receitas Produção de texto oral. (EF03LP15) Assistir, em vídeo digital, programa de culinária infantil e, a partir dele,
planejar e produzir receitas em áudio ou vídeo, de modo a apresentar sequência e
Sequência na exposição de ideias;
clareza na exposição de ideias.
clareza.
PRÁTICA DE LINGUAGEM: LEITURA/ESCUTA (COMPARTILHADA E AUTÔNOMA).
Poemas visuais concretos; Leitura de imagens em narrativas (EF15LP14) Construir (atribuir, produzir), em cooperação com os colegas e a
314
Cartum; Historias em visuais. mediação do professor, o sentido de Poemas visuais concretos, cartum, histórias em
quadrinhos; Tirinhas. quadrinhos e tirinhas, relacionando imagens e palavras e interpretando recursos
Linguagem verbal e não verbal.
gráficos (tipos de balões, de letras, onomatopéias), para que gradativamente aproprie-
se da linguagem utilizada nesses gêneros.
Receitas, instruções de Compreensão em leitura: tema/assunto (EF03LP11) Ler e compreender, com autonomia, textos injuntivos instrucionais
montagem (digitais ou do texto. (receitas, instruções de montagem etc.), com a estrutura própria desses textos (verbos
impressos). imperativos, indicação de passos a ser seguidos) e mesclando palavras, imagens e
recursos gráfico-visuais, considerando a situação comunicativa e o tema/assunto do
texto, a fim de apresentar independência na leitura e na compreensão dos textos
injuntivos.
Diários Compreensão em leitura: tema/assunto (EF03LP12) Ler e compreender, com autonomia, cartas pessoais e diários, com
do texto. expressões de sentimentos e opiniões, dentre outros gêneros do Campo da Vida
Cotidiana, de acordo com as convenções do gênero carta e considerando a situação
comunicativa e o tema/assunto do texto, de modo a apropriar-se das características
inerentes a esses gêneros.
PRÁTICA DE LINGUAGUEM: ANÁLISE LINGUÍSTICA/SEMIÓTICA (ORTOGRAFIZAÇÃO).
Receitas, instruções de Forma de composição do texto. (EF03LP16) Identificar e reproduzir, em textos injuntivos instrucionais (receitas,
montagem (digitais ou instruções de montagem, digitais ou impressos), a formatação própria desses gêneros
Adequação da linguagem ao gênero e
impressos). (verbos imperativos, indicação de passos a ser seguidos) a fim de manter a
ao tema.
diagramação específica dos textos desses gêneros (lista de ingredientes ou materiais
Condições contextuais e estrutura. e instruções de execução – "modo de fazer"), de modo a compreender as
especificidades desses gêneros.
Diários Forma de composição do texto. (EF03LP17) Identificar e reproduzir, em gêneros epistolares e diários, a formatação
própria desses textos (relatos de acontecimentos, expressão de vivências, emoções,
Adequação à necessidade de interação
opiniões ou críticas) e a diagramação específica dos textos desses gêneros (data,
estabelecida (contexto de produção).
saudação, corpo do texto, despedida, assinatura), a fim de adequar o discurso à
composição do gênero.
PRÁTICA DE LINGUAGEM: PRODUÇÃO DE TEXTOS (ESCRITA COMPARTILHADA E AUTÔNOMA).
Escrita colaborativa:adequação do (EF03LP13) Planejar e produzir cartas pessoais e diários, com expressão de
discurso ao gênero. sentimentos e opiniões, dentre outros gêneros do Campo da Vida Cotidiana, de
Diários
acordo com as convenções dos gêneros carta e diário e considerando a situação
comunicativa e o tema/assunto do texto, a fim de adequar do discurso as
especificidades do gênero.
315
Receitas, instruções de Escrita colaborativa: adequação do (EF03LP14) Planejar e produzir textos injuntivos instrucionais, com a estrutura própria
montagem (digitais ou discurso ao gênero. desses textos (verbos imperativos, indicação de passos a ser seguidos) e mesclando
impressos). palavras, imagens e recursos gráfico-visuais, considerando a situação comunicativa e
Verbos no imperativo.
o tema/assunto do texto, a fim de planejar e produzir com autonomia textos
instrucionais.
CAMPO ARTÍSTICO LITERÁRIO
Contagem de histórias. (EF15LP19) Recontar oralmente, com e sem apoio de imagem, textos literários lidos
pelo professor, a fim de empregar os elementos da narrativa (tema, personagens,
Contos de fadas, fábulas. Marcas linguísticas: pontuação,
espaço, enredo, marcas linguísticas próprias da narrativa).
pronomes, elementos coesivos.
Declamação; ritmo e entonação. (EF35LP28) Declamar poemas, com entonação, postura e interpretação adequadas,
de modo a empregar a articulação correta das palavras e utilizando a postura
Poemas Articulação correta das palavras.
adequada para cada situação de declamação.
Performances orais. (EF03LP27) Recitar cordel, poemas e cantar canções repentes e emboladas,
observando as rimas e obedecendo ao ritmo e à melodia.
Estrutura dos gêneros orais.
PRÁTICA DE LINGUAGEM: LEITURA//ESCUTA (COMPARTILHADA E AUTÔNOMA).
Contos de fadas, fábulas, Formação do leitor literário. (EF15LP15) Reconhecer que os textos literários fazem parte do mundo do imaginário
poemas, Poemas visuais e apresentam uma dimensão lúdica, de encantamento, valorizando-os, em sua
concretos, tiras (digitais ou diversidade cultural, como patrimônio artístico da humanidade, de modo a contribuir
impressos). para sua formação como leitor literário.
Contos de fadas, fábulas, Leitura colaborativa e autônoma. (EF15LP16) Ler e compreender, com a mediação do professor e, mais tarde, de
poemas (digitais ou maneira autônoma, textos narrativos de maior porte como contos (populares, de fadas,
Atribuição de sentido ao texto lido.
impressos), lendas, história acumulativos, de assombração etc.), lendas, história infantil, fábula, narrativas de
infantil, narrativa de Finalidade e função social. aventura, poemas e crônicas, de modo a ampliar e diversificar sua capacidade leitora.
aventura, crônica.
Poemas visuais concretos Apreciação estética/Estilo. (EF15LP17) Apreciar Poemas visuais concretos, observando efeitos de sentido
(digitais ou impressos). criados pelo formato do texto na página, distribuição e diagramação das letras, pelas
Formas de representação.
ilustrações e por outros efeitos visuais, a fim de compreender, gradativamente, as
formas de representação desses textos.
316
Poemas visuais concretos, Formação do leitor literário/Leitura (EF15LP18) Relacionar texto com ilustrações e outros recursos gráficos, para que
tiras (digitais ou multissemiótica. compreenda de forma gradativa a relação existente entre os textos imagéticos e os
impressos), história infantil. textos escritos.
Contos de fadas, fábulas, Formação do leitor literário. (EF35LP21) Ler e compreender, de forma autônoma, textos literários de diferentes
poemas, Poemas visuais gêneros e extensões, inclusive aqueles sem ilustrações, estabelecendo preferências
concretos, lendas, história por gêneros, temas, autores, para desenvolver o gosto literário.
infantil, narrativa de
aventura, crônica, tiras
(digitais ou impressos).
Contos de fadas, fábulas, Formação do leitor literário/ Leitura (EF35LP22) Perceber diálogos em textos narrativos, como observando o efeito de
lendas, história infantil, multissemiótica. sentido de verbos de enunciação e, se for o caso, o uso de variedades linguísticas no
narrativa de aventura, discurso direto, a fim de compreender a estrutura do discurso direto.
Discurso direto e indireto.
crônica.
Verbos no pretérito perfeito e imperfeito.
Poemas Apreciação estética/Estilo. (EF35LP23) Apreciar poemas, canções e outros textos versificados, observando
rimas, aliterações e diferentes modos de divisão dos versos, estrofes e refrões e seu
Especificidades/Características dos
efeito de sentido, a fim de identificar as características desses gêneros discursivos.
gêneros discursivos.
Peças teatrais Textos dramáticos. (EF35LP24) Identificar funções do texto dramático (escrito para ser encenado) e sua
organização por meio de diálogos entre personagens e marcadores das falas das
Especificidades (composição, estrutura
personagens e de cena, para que aprecie e compreenda leituras e apresentações de
e estilo de cada gênero discursivo).
textos dramáticos.
PRÁTICA DE LINGUAGUEM: ANÁLISE LINGUÍSTICA/SEMIÓTICA (ORTOGRAFIZAÇÃO).
Contos de fadas, fábulas. Formas de composição de narrativas. (EF35LP29) Identificar, em narrativas, cenário, personagem central, conflito gerador,
resolução e o ponto de vista com base no qual as histórias são narradas,
Discurso em primeira e terceira
diferenciando narrativas em primeira e terceira pessoas, com a mediação do
pessoas.
professor, a fim de gradativamente compreender as formas de composição de
narrativas.
Contos de fadas, fábulas, Discurso direto e indireto. (EF35LP30) Diferenciar discurso indireto e discurso direto, determinando o efeito de
lendas, história infantil, sentido de verbos de enunciação e explicando o uso de variedades linguísticas no
narrativa de aventura, discurso direto, quando for o caso, a fim de dominar o discurso direto e indireto.
crônica.
Poema e Poemas visuais Forma de composição de textos (EF35LP31) Identificar, em textos versificados, efeitos de sentido decorrentes do uso
concretos. poéticos. de recursos rítmicos e sonoros e de metáforas, a fim de aplicar, progressivamente,
317
esses recursos na leitura e na escrita de textos versificados.
PRÁTICA DE LINGUAGEM: PRODUÇÃO DE TEXTOS (ESCRITA COMPARTILHADA E AUTÔNOMA).
Contos de fadas, fábulas, Escrita autônoma e compartilhada. (EF35LP25) Criar (produzir) narrativas ficcionais, com certa autonomia, utilizando
poemas, lendas, história detalhes descritivos, sequências de eventos e imagens apropriadas para sustentar o
Marcadores temporais e espaciais:
infantil, narrativa de sentido do texto, e marcadores de tempo, espaço e de fala de personagens, a fim de
advérbios de tempo e lugar.
aventura, crônica, tiras e dominar os elementos característicos da narrativa.
Poemas visuais concretos.
Contos de fadas, lendas, Escrita autônoma e compartilhada: (EF35LP26) Ler, compreender e produzir com certa autonomia, narrativas ficcionais
história infantil, narrativa discurso direto e indireto. que apresentem cenários e personagens, a fim de observar os elementos da estrutura
de aventura, crônica, narrativa: enredo, tempo, espaço, personagens, narrador e a construção do discurso
fábulas. indireto e discurso direto.
Poemas, Poemas visuais Escrita autônoma: rimas; linguagem (EF35LP27) Ler, compreender e produzir com certa autonomia, textos em versos,
concretos. poética. explorando rimas, sons e jogos de palavras, imagens poéticas (sentidos figurados) e
recursos visuais e sonoros, de modo a apropriar-se gradativamente da linguagem
poética.
Texto de divulgação científica (digitais ou impressos), gráficos, tabelas, verbetes de enciclopédia infantil e
CAMPOS DAS PRÁTICAS DE ESTUDO E
dicionários.
PESQUISA
Notícias, carta de reclamação.
CAMPOS DA VIDA PÚBLICA
Instruções de montagem, regras de jogos e brincadeiras, cartas de reclamação, Poemas visuais concretos e
CAMPOS DA VIDA COTIDIANA
história em quadrinhos.
Contos maravilhosos, fábula, poemas, história em quadrinhos, Poemas visuais concretos e peças teatrais.
CAMPO ARTÍSTICO-LITERÁRIO
318
QUADRO 8: CAMPOS DE ATUAÇÃO, GÊNEROS DISCURSIVOS, OBJETOS DE CONHECIMENTO E OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM QUE DEVEM SER
POEMAS VISUAIS TRABALHADOS
TODOS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO
Texto de divulgação Reconstrução das condições de produção (EF15LP01) Identificar a função social de textos que circulam em campo da vida
científica, gráficos, tabelas, e recepção de textos. social dos quais participa cotidianamente (a casa, a rua, a comunidade, a escola) e
verbetes de enciclopédia nas mídias impressa, de massa e digital, de modo a reconhecer seu contexto de
Contexto de produção e de circulação.
infantil e dicionários, produção: para que foram produzidos, onde circulam, quem os produziu e a quem
notícias, instruções de se destinam.
montagem, regras de jogos
e brincadeiras, cartas de Estratégia de leitura; pré-leitura. (EF15LP02) Estabelecer expectativas em relação ao texto que vai ler
reclamação, Poemas (pressuposições antecipadoras dos sentidos, da forma e da função social do texto),
visuais concretos e história apoiando-se em seus conhecimentos prévios sobre as condições de produção e
em quadrinhos, conto recepção desse texto, o gênero, o suporte e o universo temático, bem como sobre
maravilhoso, fábula, saliências textuais, recursos gráficos, imagens, dados da própria obra (índice,
poemas, peças teatrais prefácio etc.), confirmando antecipações e inferências realizadas antes e durante a
(digitais ou impressos). leitura de textos, checando a adequação das hipóteses realizadas.
Gráficos, tabelas, poemas Estratégia de leitura. (EF15LP04) Identificar o efeito de sentido produzido pelo uso de recursos
visuais e concretos e expressivos gráfico-visuais em textos multissemióticos, para compreender
Linguagem verbal e não verbal.
história em quadrinhos. gradativamente o uso desses recursos.
Uso dos recursos gráfico visuais.
Texto de divulgação Decodificação/Fluência de leitura. (EF35LP01) Ler e compreender, silenciosamente e, em seguida, em voz alta, com
científica, gráficos, tabelas, autonomia e fluência, textos curtos com nível de textualidade adequado, de modo a
Ritmo e entonação em leitura.
verbetes de enciclopédia aperfeiçoar a proficiência leitora.
infantil e dicionários,
Formação de leitor. (EF35LP02) Selecionar livros, revistas e jornais da biblioteca e/ou do cantinho de
notícias, instruções de
montagem, regras de jogos leitura da sala de aula e/ou disponíveis em meios digitais para leitura individual,
justificando a escolha e compartilhando com os colegas sua opinião, após a leitura,
e brincadeiras, cartas de
de modo que consiga estabelecer critérios para escolha de um livro, de uma revista
reclamação, Poemas
e/ou jornal.
visuais concretos e história
em quadrinhos, contos Compreensão: ideias principais e (EF35LP03) Identificar a ideia central do texto, demonstrando compreensão global,
maravilhosos, fábula, secundárias. a fim de desenvolver a capacidade de inferenciação, de localização e de seleção
poemas, peças teatrais de informações relevantes.
(digitais ou impressos).
Estratégia de leitura: inferência. (EF35LP04) Inferir informações implícitas nos textos lidos, para que
gradativamente atribua significados que extrapolem o texto lido.
Atribuir significados que extrapolem o texto
lido.
320
Estratégia de leitura: inferir o sentido de (EF35LP05) Inferir, com a mediação do professor, o sentido de palavras ou
palavras ou expressões. expressões desconhecidas em textos, com base no contexto da frase ou do texto,
de modo a aprimorar, progressivamente, essa capacidade de atribuir sentidos.
(EF35LP06) Recuperar relações entre partes de um texto, identificando
Estratégias de leitura: elementos coesivos;
substituições lexicais (de substantivos por sinônimos) ou pronominais (uso de
ampliação vocabular; adequação ao
pronomes anafóricos – pessoais, possessivos, demonstrativos) que contribuem
gênero.
para a continuidade do texto, a fim de utilizar e reconhecer os elementos coesivos.
Verbetes de enciclopédia Construção do sistema alfabético e da (EF35LP12) Recorrer ao dicionário para esclarecer dúvida sobre a escrita de
infantil e dicionários. ortografia: relações arbitrárias. palavras, especialmente no caso de palavras com relações irregulares fonema-
grafema, de modo a compreender a forma de organização dos vocábulos no
dicionário.
Texto de divulgação Construção do sistema alfabético e da (EF35LP13) Memorizar a grafia de palavras de uso frequente nas quais as
científica, verbetes de ortografia. relações fonema-grafema são irregulares e com h inicial que não representa
enciclopédia infantil e fonema, a fim de adquirir domínio do sistema alfabético e das convenções
dicionários, notícias, ortográficas.
instruções de montagem,
regras de jogos e
brincadeiras, cartas de Morfologia: coesão. (EF35LP14) Identificar em textos e usar na produção textual pronomes pessoais,
reclamação, Poemas possessivos e demonstrativos, como recurso coesivo anafórico e progressivamente
visuais concretos e história ampliar seu uso nas produções, bem como identificar a qual referente do texto
em quadrinhos, contos esses elementos coesivos se referem.
maravilhosos, fábula,
poemas. Construção do sistema alfabético e da (EF04LP01) Grafar palavras utilizando regras de correspondência fonema--
ortografia; relações biunívocas, cruzadas e grafema regulares diretas e contextuais, a fim de ampliar gradativamente o seu
arbitrárias. conhecimento ortográfico.
Construção do sistema alfabético e da (EF04LP02) Ler e escrever, corretamente, palavras com sílabas VV e CVV em
ortografia; encontros vocálicos. casos nos quais a combinação VV (ditongo) é reduzida na língua oral (ai, ei, ou),
para que aplique em suas produções a escrita correta dos encontros vocálicos.
Verbetes de enciclopédia Conhecimento do alfabeto do português do (EF04LP03) Localizar palavras no dicionário para esclarecer significados, a fim de
infantil e dicionários, Brasil; ordem alfabética; polissemia. reconhecer o significado mais plausível para o contexto que deu origem à consulta.
Conhecimento das diversas grafias do (EF04LP04) Usar acento gráfico (agudo ou circunflexo) em paroxítonas terminadas
Texto de divulgação
alfabeto/ Acentuação. em -i(s), -l, -r, -ão(s), a fim de apropriar-se gradativamente das regras de
científica, gráficos, tabelas,
acentuação.
verbetes de enciclopédia
infantil e dicionários, (EF04LP05) Identificar a função na leitura e usar, adequadamente, na escrita ponto
321
notícias, instruções de final, de interrogação, de exclamação, dois-pontos e travessão em diálogos
montagem, regras de jogos Pontuação. (discurso direto), vírgula em enumerações e em separação de vocativo e de
e brincadeiras, cartas de aposto, com o objetivo de aperfeiçoar progressivamente a compreensão e o uso da
reclamação, Poemas pontuação em suas produções.
visuais concretos e história
(EF04LP06) Identificar em textos e usar na produção textual a concordância entre
em quadrinhos, contos Morfologia: concordância verbal e nominal.
maravilhosos, fábula, substantivo ou pronome pessoal e verbo (concordância verbal), para que em suas
poemas, peças teatrais produções faça as devidas concordâncias verbais e nominais.
(digitais ou impressos). (EF04LP07) Identificar em textos e usar na produção textual a concordância entre
Morfossintaxe.
artigo, substantivo e adjetivo (concordância no grupo nominal), a fim de que
progressivamente produza com maior adequação da concordância nominal.
(EF04LP08) Reconhecer e grafar, corretamente, palavras derivadas com os sufixos
Morfologia: uso do sufixo.
-agem, -oso, -eza, -izar/-isar (regulares morfológicas, como forma de ampliação
vocabular).
PRÁTICA DE LINGUAGEM: PRODUÇÃO DE TEXTOS (ESCRITA COMPARTILHADA E AUTÔNOMA).
Planejamento de texto: adequação ao (EF15LP05) Planejar, com a mediação do professor, o texto que será produzido,
tema; adequação ao formato/estrutura do considerando a situação comunicativa, os interlocutores (quem escreve/para quem
gênero; adequação à esfera de circulação, escreve); a finalidade ou o propósito (escrever para quê); a circulação (onde o texto
ao suporte físico e de circulação. vai circular); o suporte (qual é o portador do texto); a linguagem, organização e
Adequação ao tema; adequação ao forma do texto e seu tema, pesquisando em meios impressos ou digitais, sempre
formato/estrutura do gênero; adequação à que for preciso, informações necessárias à produção do texto, organizando em
Texto de divulgação
esfera de circulação; adequação ao tópicos os dados e as fontes pesquisadas. a fim de adequar gradativamente suas
científica, gráficos, tabelas,
suporte físico de circulação. produções à estrutura do gênero e à esfera de circulação.
verbetes de enciclopédia
infantil e dicionários, Revisão de textos. (EF15LP06) Reler e revisar o texto produzido, com a mediação do professor, para
notícias, instruções de corrigi-lo e aprimorá-lo, fazendo cortes, acréscimos, reformulações, correções de
montagem, regras de jogos Ortografia e pontuação.
ortografia e pontuação.
e brincadeiras, cartas de Ampliação de ideias.
reclamação, Poemas
visuais concretos e história Edição de textos. (EF15LP07) Editar a versão final do texto, em colaboração com os colegas e com a
em quadrinhos, contos ajuda do professor, ilustrando, quando for o caso, em suporte adequado, manual
Disposição gráfica (aspectos estruturantes
maravilhosos, fábula, ou digital, para apropriar-se gradativamente dos aspectos estruturantes dos
dos gêneros discursivos).
poemas, peças teatrais gêneros discursivos.
(digitais ou impressos). Utilização de tecnologia digital. (EF15LP08) Utilizar software, com a mediação do professor, inclusive programas
de edição de texto, para editar e publicar os textos produzidos, explorando os
recursos multissemióticos disponíveis, a fim de apropriar-se paulatinamente desses
recursos.
322
Construção do sistema alfabético/ (EF35LP07) Utilizar, ao produzir um texto, conhecimentos linguísticos e
Convenções da escrita. gramaticais, tais como ortografia, regras básicas de concordância nominal e verbal,
pontuação (ponto final, ponto de exclamação, ponto de interrogação, vírgulas em
Ortografia.
enumerações) e pontuação do discurso direto, quando for o caso, com gradativo
Pontuação; concordância verbal e nominal. domínio das convenções da escrita.
Construção do sistema (EF35LP08) Utilizar, ao produzir um texto, recursos de referenciação (por
alfabético/Estabelecimento de relações substituição lexical ou por pronomes pessoais, possessivos e demonstrativos),
anafóricas na referenciação e construção vocabulário apropriado ao gênero, recursos de coesão pronominal (pronomes
da coesão. anafóricos) e articuladores de relações de sentido (tempo, causa, oposição,
conclusão, comparação), com nível suficiente de informatividade. a fim de manter a
coerência em suas produções textuais evitando redundâncias.
Planejamento de texto/Progressão (EF35LP09) Organizar o texto em unidades de sentido, dividindo-o em parágrafos
temática e paragrafação. segundo as normas gráficas ede acordo com as características do gênero
discursivo, para que progressivamente utilize a estrutura composicional adequada
ao gênero.
CAMPO DAS PRÁTICAS DE ESTUDO E PESQUISA
Escuta de textos orais. (EF35LP18) Escutar, com atenção, apresentações de trabalhos realizadas por
colegas, formulando perguntas pertinentes ao tema e solicitando esclarecimentos
Seminários, apresentação
sempre que necessário, a fim de respeitar os turnos de fala e a opinião dos colegas.
de gráficos, tabelas.
Compreensão de textos orais.
(EF35LP19) Recuperar as ideias principais em situações formais de escuta de
Análise e reconhecimento das exposições, apresentações e palestras, de modo a reconhecer as intenções presentes
intenções no discurso do outro. nos discursos.
Planejamento de texto oral. (EF35LP20) Expor trabalhos ou pesquisas escolares, em sala de aula, com apoio de
recursos multissemióticos (imagens, diagrama, tabelas etc.), orientando-se por roteiro
Exposição oral.
escrito, planejando o tempo de fala e adequando a linguagem à situação
Estratégias de argumentação. comunicativa.
PRÁTICA DE LINGUAGEM: LEITURA//ESCUTA (COMPARTILHADA E AUTÔNOMA).
Texto de divulgação Pesquisa. (EF35LP17) Buscar e selecionar, com o apoio do professor, informações de interesse
científica (digitais ou sobre fenômenos sociais e naturais, em textos que circulam em meios impressos ou
Síntese reflexiva de leituras.
impressos), gráficos, digitais, a fim de compor em parceria com o professor sínteses reflexivas.
323
tabelas, reportagem
científica.
Texto de divulgação Compreensão em leitura. (EF04LP19) Ler e compreender textos expositivos de divulgação científica para
científica (digitais ou crianças, considerando a situação comunicativa e o tema/ assunto do texto, de modo a
Identificação do tema do texto.
impressos). compreender as características desses gêneros.
Gráficos e tabelas. Imagens analíticas em textos. (EF04LP20) Reconhecer a função de gráficos, diagramas e tabelas em textos, como
forma de apresentação de dados e informações, a fim de interpretar os dados
apresentados nesse gênero.
PRÁTICA DE LINGUAGUEM: ANÁLISE LINGUÍSTICA/SEMIÓTICA (ORTOGRAFIZAÇÃO).
Verbetes de enciclopédia Forma de composição dos textos. (EF04LP23) Identificar e reproduzir, em verbetes de enciclopédia infantil e de
infantil e dicionários. Coesão e articuladores. dicionários, digitais ou impressos, a formatação e diagramação específica desse
gênero (título do verbete, definição, detalhamento, curiosidades), considerando a
situação comunicativa e o tema/assunto/finalidade do texto, a fim de apropriar-se da
estrutura composicional desse gênero.
Gráficos e tabelas. Forma de composição dos textos. (EF04LP24) Identificar e reproduzir, em seu formato, tabelas, diagramas e gráficos em
relatórios de observação e pesquisa, como forma de apresentação de dados e
Adequação do texto às normas de
informações.
escrita.
PRÁTICA DE LINGUAGEM: PRODUÇÃO DE TEXTOS (ESCRITA COMPARTILHADA E AUTÔNOMA).
Texto de divulgação Produção de textos. (EF04LP21) Planejar e produzir textos sobre temas de interesse, com base em
científica, gráficos, tabelas, resultados de observações e pesquisas em fontes de informações impressas ou
Relação tema/título/texto
reportagens científicas. eletrônicas, incluindo, quando pertinente, imagens e gráficos ou tabelas simples,
(situacionalidade e intencionalidade).
considerando a situação comunicativa e o tema/assunto do texto, a fim de planejar e
produzir textos mantendo os princípios da situacionalidade e da intencionalidade.
Verbetes de enciclopédia Escrita autônoma. (EF04LP22) Planejar e produzir, com certa autonomia, verbetes de enciclopédia
infantil ou de dicionários infantil ou de dicionários, digitais ou impressos, considerando a situação comunicativa
Autoria da escrita (produz com e para o
(impressos ou digitais). e o tema/ assunto/finalidade do texto.
outro).
Escrita autônoma. (EF04LP25) Planejar e produzir, com certa autonomia, verbetes de dicionário, digitais
ou impressos, considerando a situação comunicativa e o tema/assunto/finalidade do
texto.
324
CAMPO DA VIDA PÚBLICA
Notícias Planejamento e produção de texto: os (EF04LP17) Produzir jornais radiofônicos ou televisivos e entrevistas e notícias
gêneros da esfera midiática. veiculadas em rádio, TV e na internet, orientando-se por roteiro ou texto e
demonstrando conhecimento dos gêneros jornal falado/televisivo notícias e
entrevistas, a fim de atender as especificidades dos gêneros da esfera midiática.
PRÁTICA DE LINGUAGEM: LEITURA/ESCUTA (COMPARTILHADA E AUTÔNOMA).
Notícias Compreensão em leitura. (EF04LP14) Identificar, em notícias, fatos, participantes, local e momento/tempo da
ocorrência do fato noticiado, atribuindo sentido ao texto, a fim de articular o texto ao
Atribuição de sentido, articulando
seu contexto de produção.
texto, contexto e situacionalidade.
Notícias, carta de Compreensão em leitura. (EF04LP15) Distinguir fatos de opiniões/sugestões em textos (informativos,
reclamação. jornalísticos, publicitários etc.), para que identifique nos textos lidos quais são os fatos
Distinguir fato de opinião.
e quais são as opiniões.
PRÁTICA DE LINGUAGUEM: ANÁLISE LINGUÍSTICA/SEMIÓTICA (ORTOGRAFIZAÇÃO).
Notícias, carta de Adequação da estrutura da linguagem (EF35LP16) Identificar e reproduzir, com a mediação do professor, notícias,
reclamação. argumentativa. manchetes, lides e corpo de notícias simples para público infantil e cartas de
reclamação (revista infantil), digitais ou impressos, a formatação e diagramação
específica de cada um desses gêneros, inclusive em suas versões orais, de modo a
identificar as especificidades da linguagem requerida nesses gêneros.
Notícias radiofônicas ou Forma de composição dos textos: (EF04LP18) Analisar o padrão entonacional e a expressão facial e corporal de
televisivas. contexto de produção e de circulação. âncoras de jornais radiofônicos ou televisivos e de entrevistadores/entrevistados, de
modo a considerar o contexto de produção e de circulação.
PRÁTICA DE LINGUAGEM: PRODUÇÃO DE TEXTOS (ESCRITA COMPARTILHADA E AUTÔNOMA).
Vídeos de instruções de Produção de texto oral: situacionalidade (EF04LP12) Assistir, em vídeo digital, a programa infantil com instruções de
montagem. e intencionalidade. montagem, de jogos e brincadeiras e, a partir dele, planejar e produzir tutoriais em
áudio ou vídeo, a fim de considerar a situacionalidade e a intencionalidade de cada
produção.
PRÁTICA DE LINGUAGEM: LEITURA/ESCUTA (COMPARTILHADA E AUTÔNOMA)
Poemas visuais concretos, Leitura de imagens em narrativas (EF15LP14) Produzir, construir em cooperação com os colegas e a mediação do
história em quadrinhos. visuais. professor com a mediação do professor, o sentido de Poemas visuais concretos,
histórias em quadrinhos e tirinhas, relacionando imagens e palavras e interpretando
Linguagem verbal e não verbal.
recursos gráficos (tipos de balões, de letras, onomatopéias), para que gradativamente
aproprie-se da linguagem utilizada nesses gêneros.
Instruções de montagem, Compreensão em leitura: finalidade do (EF04LP09) Ler e compreender, com autonomia, instruções de montagem, regras de
regras de jogos, texto. jogos e brincadeiras, boletos, faturas e carnês, dentre outros gêneros do Campo da
brincadeiras, boletos, Vida Cotidiana, de acordo com as convenções do gênero (campos, itens elencados,
faturas e carnês. medidas de consumo, código de barras) e considerando a situação comunicativa e a
finalidade do texto, para que identifique os elementos principais que compõem esses
gêneros.
Cartas de reclamação. Compreensão em leitura: identificação (EF04LP10) Ler e compreender, com autonomia, cartas pessoais de reclamação,
do tema/assunto/finalidade de textos. dentre outros gêneros do Campo da Vida Cotidiana, de acordo com as convenções do
gênero carta, de modo a considerar a situação comunicativa e o
tema/assunto/finalidade do texto e compreender as características próprias desses
326
gêneros.
Instruções de montagem, Forma de composição do texto. (EF04LP13) Identificar e reproduzir, em textos injuntivos instrucionais (instruções de
regras de jogos e jogos digitais ou impressos), a formatação própria desses textos (verbos imperativos,
Adequação do texto à estrutura e ao
brincadeiras. indicação de passos a ser seguidos) e formato específico dos textos orais ou escritos
estilo próprio de gênero.
desses gêneros (lista/ apresentação de materiais e instruções/passos de jogo), para
que produza textos com a finalidade de instruir.
PRÁTICA DE LINGUAGEM: PRODUÇÃO DE TEXTOS (ESCRITA COMPARTILHADA E AUTÔNOMA).
Instruções de montagem, Escrita colaborativa. (EF04LP11) Planejar e produzir, com autonomia, cartas pessoais de reclamação,
regras de jogos e dentre outros gêneros do Campo da Vida Cotidiana, de acordo com as convenções do
brincadeiras, cartas de gênero carta e com a estrutura própria desses textos (problema, opinião, argumentos),
reclamação, Poemas considerando a situação comunicativa e o e o tema/assunto/finalidade do texto, a fim
visuais concretos e história de adequar as suas produções as normas requeridas por esses gêneros.
em quadrinhos.
CAMPO ARTÍSTICO LITERÁRIO
Contos maravilhosos, Contagem de histórias. (EF15LP19) Recontar oralmente, com e sem apoio de imagem, textos literários lidos
fábula, poemas, peças pelo professor, a fim de empregar os elementos da narrativa (tema, personagens,
Marcas linguísticas: pontuação,
teatrais. espaço, enredo, marcas linguísticas próprias da narrativa).
pronomes, elementos coesivos.
Poemas. Declamação. (EF35LP28) Declamar poemas, com entonação, postura e interpretação adequadas,
de modo a empregar a articulação correta das palavras e utilizando a postura
Ritmo e entonação.
adequada para cada situação de declamação.
Articulação correta das palavras.
PRÁTICA DE LINGUAGEM: LEITURA//ESCUTA (COMPARTILHADA E AUTÔNOMA).
Conto maravilhoso, fábula, Formas de composição de narrativas: (EF35LP29) Identificar, em narrativas, cenário, personagem central, conflito gerador,
poemas, história em discurso em primeira e terceira pessoas. resolução e o ponto de vista com base no qual as histórias são narradas,
quadrinhos. diferenciando narrativas em primeira e terceira pessoas, com a mediação do
professor, a fim de gradativamente compreender as formas de composição de
narrativas.
Contos maravilhosos, Discurso direto e indireto. (EF35LP30) Diferenciar discurso indireto e discurso direto, determinando o efeito de
fábula, história em sentido de verbos de enunciação e explicando o uso de variedades linguísticas no
quadrinhos. discurso direto, quando for o caso, a fim de dominar o discurso direto e indireto.
Forma de composição de textos (EF35LP31) Identificar, em textos versificados, efeitos de sentido decorrentes do uso
poéticos. de recursos rítmicos e sonoros e de metáforas, a fim de aplicar, progressivamente,
Poemas, poemas visuais
esses recursos na leitura e na escrita de textos versificados.
concretos.
Forma de composição de textos (EF04LP26) Observar, em poemas concretos, o formato, a distribuição e a
poéticos visuais. diagramação das letras do texto na página, para que progressivamente compreenda
sua composição.
Peças teatrais. Forma de composição de textos (EF04LP27) Identificar, em textos dramáticos, marcadores das falas das personagens
dramáticos. e de cena, de modo a considerar a sua forma de composição.
PRÁTICA DE LINGUAGEM: PRODUÇÃO DE TEXTOS (ESCRITA COMPARTILHADA E AUTÔNOMA).
Conto maravilhoso, fábula, Escrita autônoma e compartilhada; (EF35LP25) Criar (produzir) narrativas ficcionais, com certa autonomia, utilizando
poemas, história em detalhes descritivos, sequências de eventos e imagens apropriadas para sustentar o
Marcadores temporais e espaciais -
quadrinhos. sentido do texto, e marcadores de tempo, espaço e de fala de personagens, a fim de
advérbios de tempo e lugar.
dominar os elementos característicos da narrativa.
Conto maravilhoso, fábula, Escrita autônoma e compartilhada; (EF35LP26) Ler, compreender e produzir com certa autonomia, narrativas ficcionais
poemas, história em que apresentem cenários e personagens, a fim de observar os elementos da estrutura
Discurso direto e indireto.
quadrinhos. narrativa: enredo, tempo, espaço, personagens, narrador e a construção do discurso
indireto e discurso direto.
Poemas, poemas visuais Escrita autônoma. (EF35LP27) Ler, compreender e produzir com certa autonomia, textos em versos,
concretos. explorando rimas, sons e jogos de palavras, imagens poéticas (sentidos figurados) e
Rimas.
recursos visuais e sonoros, de modo a apropriar-se gradativamente da linguagem
Linguagem poética. poética.
329
LÍNGUA PORTUGUESA – 5° ANO – ENSINO FUNDAMENTAL
CAMPOS DAS PRÁTICAS DE ESTUDO E PESQUISA Reportagens, seminário, verbetes de dicionário, gráficos, tabelas, (digitais ou impressos).
CAMPOS DA VIDA PÚBLICA Reportagens, resenhas de livros e filmes destinados ao público infantil, vídeos curta metragem
(vídeo minuto).
CAMPOS DA VIDA COTIDIANA Anedotas, piadas, cartum, regras de jogo, resenhas de livros e filmes destinados ao público infantil.
CAMPO ARTÍSTICO-LITERÁRIO Lendas, narrativas de aventura, contos de assombração, ciberpoemas, cartum, peças teatrais,
minicontos (digitais ou impressos).
QUADRO 10: CAMPOS DE ATUAÇÃO, GÊNEROS DISCURSIVOS, OBJETOS DE CONHECIMENTO E OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM QUE DEVEM
SER TRABALHADOS
TODOS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO
Reportagens, seminário, Reconstrução das condições de produção (EF15LP01) Identificar a função social dos gêneros discursivos que circulam em
verbetes de dicionário, e recepção de textos. campos da vida social dos quais participa cotidianamente (a casa, a rua, a
gráficos, tabelas, (digitais comunidade, a escola) e nas mídias impressa, de massa e digital, de modo a
Contexto de produção e de circulação.
ou impressos), resenhas de reconhecer seu contexto de produção: para que foram produzidos, onde circulam,
livros e filmes destinados quem os produziu e a quem se destinam.
ao público infantil, vídeos
curta metragem (vídeo Estratégia de leitura; pré-leitura. (EF15LP02) Estabelecer expectativas em relação ao gênero discursivo que vai ler
minuto), anedotas, piadas, (pressuposições antecipadoras dos sentidos, da forma e da função social do texto),
cartum, regras de jogo, apoiando-se em seus conhecimentos prévios sobre as condições de produção e
lendas, narrativas de recepção desse texto, o gênero, o suporte e o universo temático, bem como sobre
aventura, contos de saliências textuais, recursos gráficos, imagens, dados da própria obra (índice,
assombração, prefácio etc.), confirmando antecipações e inferências realizadas antes e durante a
ciberpoemas, cartum, leitura de textos, checando a adequação das hipóteses realizadas.
peças teatrais, minicontos Estratégia de leitura: localização de (EF15LP03) Localizar informações explícitas em textos, como requisito básico para
(digitais ou impressos). informações explícitas. a compreensão leitora.
Ciberpoemas, cartum Estratégia de leitura: linguagem verbal e (EF15LP04) Identificar o efeito de sentido produzido pelo uso de recursos
(digitais ou impressos). não verbal; uso dos recursos gráfico expressivos gráfico-visuais em textos multissemióticos, para compreender
331
visuais. gradativamente o uso desses recursos.
Reportagens, seminário, Decodificação/Fluência de leitura. (EF35LP01) Ler e compreender, silenciosamente e, em seguida, em voz alta, com
verbetes de dicionário, autonomia e fluência, textos curtos com nível de textualidade adequado, de modo a
Ritmo e entonação em leitura.
gráficos, tabelas, (digitais aperfeiçoar a proficiência leitora.
ou impressos), resenhas de
Formação de leitor. (EF35LP02) Selecionar livros, revistas e jornais da biblioteca e/ou do cantinho de
livros e filmes destinados
leitura da sala de aula e/ou disponíveis em meios digitais para leitura individual,
ao público infantil, vídeos
curta metragem (vídeo justificando a escolha e compartilhando com os colegas sua opinião, após a leitura,
minuto), anedotas, piadas, de modo que consiga estabelecer critérios para escolha de um livro, de uma revista
e/ou jornal.
regras de jogo, lendas,
narrativas de aventura, Compreensão: ideias principais e (EF35LP03) Identificar a ideia central do texto, demonstrando compreensão global,
contos de assombração, secundárias. a fim de desenvolver a capacidade de inferenciação, de localização e de seleção
ciberpoemas, cartum, de informações relevantes.
peças teatrais, minicontos
(digitais ou impressos). Estratégia de leitura: inferência. (EF35LP04) Inferir informações implícitas nos textos lidos para que,
gradativamente, atribua significados que extrapolem o texto lido.
Atribuir significados que extrapolem o texto
lido.
Verbetes de dicionário, (EF35LP05) Inferir, com a mediação do professor, o sentido de palavras ou
Estratégia de leitura: iInferir o sentido de
gráficos. expressões desconhecidas em textos, com base no contexto da frase ou do texto,
palavras ou expressões.
de modo a aprimorar, progressivamente, essa capacidade de atribuir sentidos.
Construção do sistema alfabético e da (EF35LP12) Recorrer ao dicionário para esclarecer dúvida sobre a escrita de
Verbetes de dicionário.
ortografia: relações arbitrárias. palavras, especialmente no caso de palavras com relações irregulares fonema-
grafema, de modo a compreender a forma de organização dos vocábulos no
dicionário.
332
Reportagens, verbetes de
Construção do sistema alfabético e da (EF35LP13) Memorizar a grafia de palavras de uso frequente nas quais as
dicionário, resenhas de
ortografia. relações fonema-grafema são irregulares e com h inicial que não representa
livros e filmes destinados
fonema, a fim de adquirir domínio do sistema alfabético e das convenções
ao público infantil,
ortográficas.
anedotas, piadas, regras de
jogo, lendas, narrativas de
aventura, contos de
assombração,
ciberpoemas, peças
teatrais, minicontos (digitais
ou impressos).
Morfologia: coesão. (EF35LP14) Identificar em textos e usar na produção textual pronomes pessoais,
Reportagens, resenhas de
possessivos e demonstrativos, como recurso coesivo anafórico e progressivamente
livros e filmes destinados
ampliar seu uso nas produções, bem como identificar a qual referente do texto
ao público infantil,
esses elementos coesivos se referem.
anedotas, piadas, cartum,
regras de jogo, lendas, Construção do sistema alfabético e da (EF05LP01) Grafar palavras utilizando regras de correspondência fonema-grafema
narrativas de aventura, ortografia. regulares, contextuais e morfológicas e palavras de uso frequente com
contos de assombração, correspondências irregulares, a fim de, progressivamente, adquirir o domínio da
ciberpoemas, peças Grafema x fonema.
ortografia padrão.
teatrais, minicontos (digitais Relações arbitrárias.
ou impressos).
Conhecimento do alfabeto do português do (EF05LP02) Identificar o caráter polissêmico das palavras (uma mesma palavra
Brasil; ordem alfabética; polissemia. com diferentes significados, de acordo com o contexto de uso), comparando o
significado de determinados termos utilizados nas áreas científicas com esses
mesmos termos utilizados na linguagem usual, de modo a perceber a importância
do contexto para inferir o sentido de uma palavra ou expressão.
(EF05LP03) Acentuar corretamente palavras oxítonas, paroxítonas e
Conhecimento das diversas grafias do
proparoxítonas, a fim de apresentar progressivo domínio das regras de
alfabeto; acentuação.
acentuação.
(EF05LP04) Diferenciar, na leitura de textos, vírgula, ponto e vírgula, dois-pontos e
Pontuação.
reconhecer, na leitura de textos, o efeito de sentido que decorre do uso de
reticências, aspas, parênteses, de modo a aperfeiçoar, progressivamente, a
compreensão e o uso da pontuação em suas produções.
Reportagens, resenhas de
Morfologia: tempos e modos verbais. (EF05LP05) Identificar a expressão de presente, passado e futuro em tempos
livros e filmes destinados
verbais do modo indicativo, a fim de adquirir, progressivo, domínio no emprego dos
ao público infantil,
tempos e modos verbais.
anedotas, piadas, regras de
jogo, lendas, narrativas de Morfologia: concordância verbal e nominal. (EF05LP06) Flexionar, adequadamente, na escrita e na oralidade, os verbos em
aventura, contos de concordância com pronomes pessoais/nomes sujeitos da oração, para que em
333
assombração, suas produções faça as devidas concordâncias verbais e nominais.
ciberpoemas, peças
teatrais, minicontos (digitais Morfologia: uso das conjunções. (EF05LP07) Identificar, em textos, o uso de conjunções e a relação que
ou impressos). estabelecem entre partes do texto: adição, oposição, tempo, causa, condição,
finalidade, a fim de que compreenda as relações entre os enunciados.
Morfologia: composição de palavras. (EF05LP08) Diferenciar palavras primitivas, derivadas e compostas, e derivadas
por adição de prefixo e de sufixo, de modo a ampliar, gradativamente, seu
conhecimento lexical.
PRÁTICA DE LINGUAGEM: PRODUÇÃO DE TEXTOS (ESCRITA COMPARTILHADA E AUTÔNOMA).
Planejamento de texto ao tema: (EF15LP05) Planejar, com a mediação do professor, o gênero discursivo que será
Reportagens, seminário, adequação ao formato/estrutura do produzido, considerando a situação comunicativa, os interlocutores (quem
gráficos, tabelas, (digitais gênero; adequação à esfera de circulação, escreve/para quem escreve); a finalidade ou o propósito (escrever para quê); a
ou impressos), resenhas de ao suporte físico e de circulação; circulação (onde o texto vai circular); o suporte (qual é o portador do texto); a
livros e filmes destinados adequação ao tema; adequação ao linguagem, organização e forma do texto e seu tema, pesquisando em meios
ao público infantil, vídeos formato/estrutura do gênero; adequação à impressos ou digitais, sempre que for preciso, informações necessárias à produção
curta metragem (vídeo esfera de circulação; adequação ao do texto, organizando em tópicos os dados e as fontes pesquisadas. a fim de
minuto), anedotas, piadas, suporte físico de circulação. adequar gradativamente suas produções à estrutura do gênero e à esfera de
regras de jogo, lendas,
circulação.
narrativas de aventura,
contos de assombração, Revisão de textos. (EF15LP06) Reler e revisar o texto produzido com a ajuda do professor e a
ciberpoemas, cartum, colaboração dos colegas, para corrigi-lo e aprimorá-lo, fazendo cortes, acréscimos,
peças teatrais, minicontos Ortografia e pontuação.
reformulações, correções de ortografia e pontuação.
(digitais ou impressos). Ampliação de ideias.
Edição de textos; (EF15LP07) Editar a versão final do texto, com a mediação do professor,
ilustrando, quando for o caso, em suporte adequado, manual ou digital, para
Disposição gráfica (aspectos estruturantes
apropriar-se gradativamente dos aspectos estruturantes dos gêneros discursivos.
dos gêneros discursivos).
Utilização de tecnologia digital. (EF15LP08) Utilizar software, com a mediação do professor, inclusive programas
de edição de texto, para editar e publicar os textos produzidos, explorando os
recursos multissemióticos disponíveis, a fim de apropriar-se paulatinamente desses
recursos.
Reportagens, seminário,
Construção do sistema alfabético/ (EF35LP07) Utilizar, ao produzir um texto, conhecimentos linguísticos e
resenhas de livros e filmes
Convenções da escrita. gramaticais, tais como ortografia, regras básicas de concordância nominal e verbal,
destinados ao público
pontuação (ponto final, ponto de exclamação, ponto de interrogação, vírgulas em
infantil, vídeos curta Ortografia; pontuação; concordância verbal
enumerações) e pontuação do discurso direto, quando for o caso, com gradativo
metragem (vídeo minuto), e nominal.
domínio das convenções da escrita.
334
anedotas, piadas, regras de
Construção do sistema (EF35LP08) Utilizar, ao produzir um texto, recursos de referenciação (por
jogo, lendas, narrativas de
alfabético/Estabelecimento de relações substituição lexical ou por pronomes pessoais, possessivos e demonstrativos),
aventura, contos de
anafóricas na referenciação e na vocabulário apropriado ao gênero, recursos de coesão pronominal (pronomes
assombração,
construção da coesão. anafóricos) e articuladores de relações de sentido (tempo, causa, oposição,
ciberpoemas, peças
conclusão, comparação), com nível suficiente de informatividade. a fim de manter a
teatrais, minicontos (digitais
coerência em suas produções textuais evitando redundâncias.
ou impressos).
Reportagens, seminário, Planejamento de texto/Progressão (EF35LP09) Organizar o texto em unidades de sentido, dividindo-o em parágrafos
resenhas de livros e filmes temática e paragrafação. segundo as normas gráficas e de acordo com as características do gênero
destinados ao público discursivo, para que progressivamente utilize a estrutura composicional adequada
infantil, vídeos curta ao gênero.
metragem (vídeo minuto),
anedotas, piadas, regras de
jogo, lendas, narrativas de
aventura, contos de
assombração,
ciberpoemas, peças
teatrais, minicontos (digitais
ou impressos).
CAMPO DAS PRÁTICAS DE ESTUDO E PESQUISA
Escuta de textos orais. (EF35LP18) Escutar, com atenção, apresentações de trabalhos realizadas por
colegas, formulando perguntas pertinentes ao tema e solicitando esclarecimentos
Seminário.
sempre que necessário, a fim de respeitar os turnos de fala e a opinião dos colegas.
Compreensão de textos orais: análise e (EF35LP19) Recuperar as ideias principais em situações formais de escuta de
reconhecimento das intenções no exposições, apresentações e palestras, de modo a reconhecer as intenções presentes
discurso do outro. nos discursos.
Seminários, Gráficos, Planejamento de texto oral. (EF35LP20) Expor trabalhos ou pesquisas escolares, em sala de aula, com apoio de
tabelas (digitais ou recursos multissemióticos (imagens, diagrama, tabelas etc.), orientando-se por roteiro
Exposição oral.
impressos). escrito, planejando o tempo de fala e adequando a linguagem à situação
Estratégias de argumentação. comunicativa.
PRÁTICA DE LINGUAGEM: LEITURA//ESCUTA (COMPARTILHADA E AUTÔNOMA).
Seminário, gráficos, tabelas Forma de composição dos textos. (EF03LP26) Identificar e reproduzir, com gradativa autonomia, em relatórios de
(digitais ou impressos). observação e pesquisa, a formatação e diagramação específica desses gêneros
Adequação do texto às normas de
(passos ou listas de itens, tabelas, ilustrações, gráficos, resumo dos resultados),
escrita.
inclusive em suas versões orais, a fim de compreender as formas de composição dos
textos e apropriar-se da norma padrão da escrita.
Verbetes de dicionário. Forma de composição dos textos: (EF04LP23) Identificar e reproduzir, em verbetes de enciclopédia infantil e de
coesão e articuladores. dicionários, digitais ou impressos, a formatação e diagramação específica desse
gênero (título do verbete, definição, detalhamento, curiosidades), considerando a
situação comunicativa e o tema/assunto/finalidade do texto, a fim de apropriar-se da
estrutura composicional desse gênero.
PRÁTICA DE LINGUAGEM: PRODUÇÃO DE TEXTOS (ESCRITA COMPARTILHADA E AUTÔNOMA).
Vídeos curta metragem Planejamento e produção de texto: (EF05LP18) Roteirizar, produzir e editar vídeo para vlogs argumentativos sobre
(vídeo minuto). ampliação e adequação do produtos de mídia para público infantil (filmes, desenhos animados, HQs, games etc.),
vocabulário (usos e contextos sociais). com base em conhecimentos sobre os mesmos, de acordo com as convenções do
gênero e considerando a situação comunicativa e o tema/ assunto/finalidade do texto,
de modo que amplie seu vocabulário e adeque sua produção ao contexto social.
Vídeos curta metragem Produção de texto: estratégias de (EF05LP19) Argumentar oralmente sobre acontecimentos de interesse social, com
(vídeo minuto). argumentação; consistência base em conhecimentos sobre fatos divulgados em TV, rádio, mídia impressa e digital,
argumentativa. respeitando pontos de vista diferentes, a fim de desenvolver a consistência
argumentativa.
Reportagens, vídeos curta Compreensão em leitura: unidade (EF05LP15) Ler/assistir e compreender, com autonomia, notícias, reportagens, vídeos
metragem (vídeo minuto), temática; ideias principais. em vlogs argumentativos, dentre outros gêneros do campo político-cidadão, de acordo
notícias, artigo de opinião. com as convenções dos gêneros e considerando a situação comunicativa e o
tema/assunto do texto, a fim de compreender as ideias principais presentes nesses
gêneros.
Reportagens, vídeos curta Compreensão em leitura: leitura crítica (EF05LP16) Comparar informações sobre um mesmo fato veiculadas em diferentes
metragem (vídeo minuto), de fontes distintas. mídias e concluir sobre qual é mais confiável e por quê, de modo a desenvolver a
notícias. criticidade em sua leitura.
PRÁTICA DE LINGUAGUEM: ANÁLISE LINGUÍSTICA/SEMIÓTICA (ORTOGRAFIZAÇÃO).
Reportagens, notícias. Adequação da estrutura da linguagem (EF35LP16) Identificar e reproduzir, em parceria com os colegas e a mediação do
argumentativa. professor, em reportagens, notícias, manchetes, lides e corpo de notícias simples para
público infantil e cartas de reclamação (revista infantil), digitais ou impressos, a
formatação e diagramação específica de cada um desses gêneros, inclusive em suas
versões orais, de modo a identificar as especificidades da linguagem requerida nesses
gêneros.
Resenhas de livros, filmes Forma de composição dos textos. (EF05LP20) Analisar a validade e força de argumentos em argumentações sobre
destinados ao público produtos de mídia para público infantil (filmes, desenhos animados, HQs, games etc.),
Análise e reconhecimento das
infantil, tiras, charges. com base em conhecimentos sobre os mesmos, de modo a reconhecer as formas de
intenções presentes no discurso.
composição e as intenções presentes no discurso.
337
Vídeos curta metragem Forma de composição dos textos. (EF05LP21) Analisar o padrão entonacional, a expressão facial e corporal e as
(vídeo minuto). escolhas de variedade e registro linguísticos de vloggers de vlogs opinativos ou
Especificidades da linguagem padrão e
argumentativos, a fim de empregar a linguagem adequada ao objetivo da
digital (forma, registro, interlocução,
comunicação.
recursos gráficos, estilo, conteúdo).
PRÁTICA DE LINGUAGEM: PRODUÇÃO DE TEXTOS (ESCRITA COMPARTILHADA E AUTÔNOMA).
Escrita colaborativa: consistência (EF35LP15) Opinar e defender ponto de vista sobre tema polêmico relacionado a
argumentativa. situações vivenciadas na escola e/ou na comunidade, utilizando registro formal e
Reportagens, vídeos curta
estrutura adequada à argumentação, considerando a situação comunicativa e o
metragem (vídeo minuto),
tema/assunto do texto, a fim de manter a consistência argumentativa.
resenhas de livros e filmes
destinados ao público Escrita colaborativa. (EF05LP17) Produzir roteiro para edição de uma reportagem digital sobre temas de
infantil, artigos de opinião. interesse da turma, a partir de buscas de informações, imagens, áudios e vídeos na
internet, de acordo com as convenções do gênero e considerando a situação
comunicativa e o tema/assunto do texto, a fim de organizar as ideias principais
coletadas para posterior produção textual.
CAMPO DA VIDA COTIDIANA
Resenhas de livros e filmes Produção de texto oral. (EF05LP13) Assistir, em vídeo digital, a postagem de vlog infantil de críticas de
destinados ao público brinquedos e livros de literatura infantil e, a partir dele, planejar e produzir resenhas
infantil. digitais em áudio ou vídeo, a fim de adequar o discurso a situação de interlocução.
PRÁTICA DE LINGUAGEM: LEITURA/ESCUTA (COMPARTILHADA E AUTÔNOMA).
Poemas visuais concretos, Leitura de imagens em narrativas (EF15LP14) Construir (atribuir, produzir), com a mediação do professor, o sentido de
cartum, histórias em visuais. Poemas visuais concretos, cartum, histórias em quadrinhos e tirinhas, relacionando
quadrinhos e tirinhas. imagens e palavras e interpretando recursos gráficos (tipos de balões, de letras,
Linguagem verbal e não verbal. onomatopéias), para que gradativamente aproprie-se da linguagem utilizada nesses
gêneros.
(EF05LP09) Ler e compreender, com autonomia, textos instrucionais de regras de
Regras de jogo. Compreensão em leitura: finalidade do
338
texto. jogo, dentre outros gêneros do Campo da Vida Cotidiana, de acordo com as
convenções do gênero, de modo a considerar a situação comunicativa e a finalidade
do texto.
Anedotas, piadas, cartum. Compreensão em leitura: identificar (EF05LP10) Ler e compreender, com autonomia, anedotas, piadas e cartuns, dentre
humor e ironia. outros gêneros do Campo da Vida Cotidiana, de acordo com as convenções do
gênero e considerando a situação comunicativa e a finalidade do texto, a fim de
identificar o humor e a ironia presente nesses gêneros.
PRÁTICA DE LINGUAGUEM: ANÁLISE LINGUÍSTICA/SEMIÓTICA (ORTOGRAFIZAÇÃO).
Resenhas de livros e filmes Forma de composição do texto: (EF05LP14) Identificar e reproduzir, em textos de resenha crítica de brinquedos, livros
destinados ao público adequação da estrutura e linguagem ao de literatura infantil ou filmes destinados a formatação própria desses textos
infantil. gênero. (apresentação e avaliação do produto), de modo a reconhecer e empregar a estrutura
e a linguagem característica do gênero.
PRÁTICA DE LINGUAGEM: PRODUÇÃO DE TEXTOS (ESCRITA COMPARTILHADA E AUTÔNOMA).
Anedotas, piadas e cartuns. Escrita colaborativa: princípio da (EF05LP11) Registrar com autonomia, anedotas, piadas e cartuns, dentre outros
situacionalidade, da intencionalidade e gêneros do Campo da Vida Cotidiana, de acordo com as convenções do gênero e
da aceitabilidade. considerando a situação comunicativa e a finalidade do texto, de modo a dominar a
estrutura desses gêneros.
Regras de jogo. Escrita colaborativa: característica dos (EF05LP12) Planejar e produzir, com autonomia, textos instrucionais de regras de
textos Injuntivos. jogo, dentre outros gêneros do Campo da Vida Cotidiana, de acordo com as
convenções do gênero e considerando a situação comunicativa e a finalidade do texto,
de modo a considerar as características dos textos injuntivos/instrucionais.
CAMPO ARTÍSTICO LITERÁRIO
Lendas, narrativas de Contagem de histórias. (EF15LP19) Recontar oralmente, com e sem apoio de imagem, textos literários lidos
aventura, peças teatrais, pelo professor, a fim de empregar os elementos da narrativa (tema, personagens,
Marcas linguísticas: pontuação,
contos de assombração, espaço, enredo, marcas linguísticas próprias da narrativa).
pronomes, elementos coesivos.
minicontos.
339
Ciberpoemas. Declamação; ritmo e entonação. (EF35LP28) Declamar poemas, com entonação, postura e interpretação adequadas,
de modo a empregar a articulação correta das palavras e utilizando a postura
Articulação correta das palavras.
adequada para cada situação de declamação.
Peças teatrais. Performances orais. (EF05LP25) Representar cenas de textos dramáticos, reproduzindo as falas das
personagens, de acordo com as rubricas de interpretação e movimento indicadas pelo
autor, de modo a manter a essência do texto a ser representado.
PRÁTICA DE LINGUAGEM: LEITURA//ESCUTA (COMPARTILHADA E AUTÔNOMA).
Lendas, narrativas de Formação do leitor literário. (EF15LP15) Reconhecer que os textos literários fazem parte do mundo do imaginário
aventura, contos de e apresentam uma dimensão lúdica, de encantamento, valorizando-os, em sua
assombração diversidade cultural, como patrimônio artístico da humanidade, de modo a contribuir
Ciberpoemas, cartum, para sua formação como leitor literário.
peças teatrais, minicontos
(digitais ou impressos).
Contos (populares, de Leitura colaborativa e autônoma. (EF15LP16) Ler e compreender, com a mediação do professor e, mais tarde, de
fadas, acumulativos, de maneira autônoma, textos narrativos de maior porte como contos (populares, de fadas,
Atribuição de sentido ao texto lido.
assombração etc.), acumulativos, de assombração etc.), lendas, história infantil, fábula, narrativas de
Lendas, narrativas de Finalidade e função social. aventura, poemas e crônicas, de modo a ampliar e diversificar sua capacidade leitora.
aventura, poemas,
crônicas.
Ciberpoemas. Apreciação estética/Estilo. (EF15LP17) Apreciar Poemas visuais concretos, observando efeitos de sentido
criados pelo formato do texto na página, distribuição e diagramação das letras, pelas
Formas de representação.
ilustrações e por outros efeitos visuais, a fim de compreender, gradativamente, as
formas de representação desses textos.
Ciberpoemas, cartum. Formação do leitor literário/Leitura (EF15LP18) Relacionar texto com ilustrações e outros recursos gráficos, para que
multissemiótica. compreenda de forma gradativa a relação existente entre os textos imagéticos e os
textos escritos.
Lendas, narrativas de Formação do leitor Literário. (EF35LP21) Ler e compreender, de forma autônoma, textos literários de diferentes
aventura, contos de gêneros e extensões, inclusive aqueles sem ilustrações, estabelecendo preferências
assombração, por gêneros, temas, autores, para desenvolver o gosto literário.
ciberpoemas, cartum,
peças teatrais, minicontos
(digitais ou impressos).
Lendas, narrativas de Formação do leitor literário/ Leitura (EF35LP22) Perceber diálogos em textos narrativos, como observando o efeito de
aventura, contos de multissemiótica. sentido de verbos de enunciação e, se for o caso, o uso de variedades linguísticas no
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assombração e minicontos discurso direto, a fim de compreender a estrutura do discurso direto.
Discurso direto e indireto.
(digitais ou impressos).
Verbos no pretérito perfeito e imperfeito.
Ciberpoemas. Apreciação estética/Estilo. (EF35LP23) Apreciar poemas, canções e outros textos versificados, observando
rimas, aliterações e diferentes modos de divisão dos versos, estrofes e refrões e seu
Especificidades/Características dos
efeito de sentido, a fim de identificar as características desses gêneros discursivos.
gêneros discursivos.
Peças teatrais. Textos dramáticos: especificidades (EF35LP24) Identificar funções do texto dramático (escrito para ser encenado) e sua
(composição, estrutura e estilo de cada organização por meio de diálogos entre personagens e marcadores das falas das
gênero discursivo). personagens e de cena, para que aprecie e compreenda leituras e apresentações de
textos dramáticos.
Lendas, narrativas de Escrita autônoma e compartilhada: (EF35LP25) Criar (produzir) narrativas ficcionais, com certa autonomia, utilizando
aventura, contos de marcadores temporais e espaciais: detalhes descritivos, sequências de eventos e imagens apropriadas para sustentar o
assombração, advérbios de tempo e lugar. sentido do texto, e marcadores de tempo, espaço e de fala de personagens, a fim de
ciberpoemas, cartum, dominar os elementos característicos da narrativa.
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peças teatrais, minicontos
Escrita autônoma e compartilhada: (EF35LP26) Ler, compreender e produzir com certa autonomia, narrativas ficcionais
(digitais ou impressos).
discurso direto e indireto. que apresentem cenários e personagens, a fim de observar os elementos da estrutura
narrativa: enredo, tempo, espaço, personagens, narrador e a construção do discurso
indireto e discurso direto.
Escrita autônoma: rimas; linguagem (EF35LP27) Ler, compreender e produzir com certa autonomia, textos em versos,
poética. explorando rimas, sons e jogos de palavras, imagens poéticas (sentidos figurados) e
Ciberpoemas.
recursos visuais e sonoros, de modo a apropriar-se gradativamente da linguagem
poética.
120
De acordo com Vigostsky (2009), o psiquismo tem uma natureza social pela relação intrínseca entre atividade individual externa e interna dos sujeitos. “Todas
as funções no desenvolvimento da criança aparecem duas vezes: primeiro, no nível social, e, depois, no nível individual; primeiro, entre pessoas
(interpsicológica), e, depois, no interior da criança (intrapsicológico). Isso se aplica igualmente para a atenção voluntária, para memória lógica e para formação
de conceitos” (VIGOTSKI, 2009, p. 57-58, destaques do autor).
342
estão alcançando seus objetivos” (SILVA; MENEGASSI, 2010, p. 270). Nessa perspectiva, avaliar é também uma situação de
aprendizagem implicada no processo de ensino e, um dos meios utilizados para conhecer o nível de desenvolvimento real do aluno.
No processo avaliativo, é preciso que professores e alunos se constituam como interlocutores sociais e históricos, ambos
objetivando ascender a um grau de desenvolvimento intelectual e pessoal que lhes possibilite interagir nos mais diferentes contextos
sociais. Em se tratando da Língua Portuguesa, é preciso que, a partir do ensino oportunizado pelo professor, o aluno seja capaz de
utilizar-se dos diversos gêneros discursivos, mais ou menos formais que couberem em cada situação interativa, pois, se isso ocorrer,
é porque houve ensino e aprendizagem.
Considerando o encaminhamento metodológico proposto neste PPC para o trabalho com essa disciplina, cabe ao educador
considerar a avaliação como parte integrante do trabalho docente, e que deve ter como objetivo principal analisar se os objetivos de
aprendizagem foram atingidos e se o aluno está se apropriando dos conhecimentos necessários para utilizar-se da linguagem em
contextos diversificados e exigentes do mundo letrado em que está inserido, quer seja em situações de oralidade, de leitura/escuta
ou produção (escrita e multissemiótica) e análise linguística/semiótica. A fim de verificar a apropriação ou não dos conteúdos e
objetivos previstos, propomos o uso das tabelas diagnósticas das práticas de linguagem oralidade, leitura/escuta (compartilhada e
autônoma, análise linguística/semiótica (alfabetização e ortografização) e produção de texto (escrita compartilhada e autônoma)
apresentado nos pressupostos teóricos metodológicos desse documento.
Não se pode ignorar na avaliação a produção textual do aluno, que deverá ocorrer desde o primeiro ano. Essa produção
deverá revelar uma compreensão mais avançada da estrutura da língua e, principalmente, da organização da escrita nos anos
subsequentes à alfabetização. É na produção do aluno que se poderá visualizar se houve a apropriação dos conhecimentos
trabalhados durante os processos de mediação pedagógica. Assim, toda produção de textos pode servir para avaliar, porque na
produção individual e coletiva, o aluno demonstra a compreensão que já adquiriu da organização da língua e quais aspectos de sua
organização que ainda não compreende. É importante observar se o aluno consegue utilizar-se da variante linguística adequada em
uma dada situação de interlocução, se é capaz de adequar o seu texto aos interlocutores, ao contexto e ao conteúdo temático
daquela dada situação, considerando que todo gênero possui três aspectos essenciais para que cumpram a sua função social:
conteúdo temático, estrutura e estilo. Esses aspectos podem ser melhor visualizados nas tabelas diagnósticas apresentadas na
prática de linguagem produção de texto (escrita compartilhada e autônoma).
A avaliação, no entanto, não deve ser tomada como um fim em si mesmo, mas dever estar articulada ao encaminhamento
metodológico considerando as “práticas de reflexão que permitam aos estudantes ampliarem suas capacidades de uso da
língua/linguagens (em leitura e em produção) em práticas situadas de linguagem” (BRASIL, 2017, p. 69), de acordo com o que está
posto na BNCC.
343
Conforme essa perspectiva, compreende-se que a avaliação é um eixo central de qualquer proposta pedagógica e que
precisa ser pensada a partir de suas múltiplas finalidades. Para isso, é necessário reconhecer que:
[...] avaliamos em diferentes momentos, com diferentes finalidades. Avaliamos para identificar os conhecimentos prévios
dos alunos e trabalhar a partir deles; avaliamos para conhecer as dificuldades dos alunos e, assim, planejar atividades
adequadas para ajudá-los a superá-las; avaliamos para verificar se eles aprenderam o que nós já ensinamos e, assim,
decidir se precisamos retomar os conceitos trabalhados naquele momento; avaliamos para verificar se os alunos estão em
condições de progredir para um nível escolar mais avançado; avaliamos para verificar se nossas estratégias de ensino
estão dando certo ou se precisamos modificá-las. (LEAL, 2007, p. 30).
Dentre tais finalidades, considera-se fundamental destacar que a avaliação das estratégias didáticas é fundamental para
redimensionar o ensino, tendo como norte a avaliação do desenvolvimento e da aprendizagem dos alunos. Partindo desse
pressuposto, torna-se imprescindível que o professor elabore instrumentos apropriados para realizar avaliações, alguns cuidados na
elaboração dos enunciados, evitando a ambiguidade, a utilização de termos não trabalhados, a ênfase em questões que privilegiam a
memória mecânica. Isso significa que a avaliação deve contemplar os conteúdos previstos no planejamento do professor, de modo
que os gêneros discursivos trabalhados sejam também os avaliados, igualmente deve ocorrer com todos os conteúdos propostos.
O tipo de instrumento a ser utilizado é definido na relação com os objetivos estabelecidos e com a natureza dos conteúdos.
Não será, portanto, qualquer instrumento que poderá ser utilizado para fornecer informações em qualquer circunstância, conforme já
enunciado nos pressupostos pedagógicos deste currículo. Há situações em que a aprendizagem poderá ser avaliada por meio de
questões discursivas; em outros momentos; porém, a avaliação deverá ocorrer por meio de questões objetivas.
É comum encontrarmos referência à utilização de instrumentos como observação, participação e frequência, para avaliação
da aprendizagem. O que se avalia é o processo de ensino e de aprendizagem; em outras palavras, o trabalho docente também é
objeto da avaliação de forma concomitante. Primeiro, é preciso que o professor tenha clareza sobre o que é observação e como se
registra. O docente precisa avaliar se o mecanismo de observar contribui, de fato, para que identifique as aprendizagens do aluno no
sentido de possibilitar-lhe informações consistentes sobre a proporção em que o conteúdo foi apropriado pelo aluno, em que tempo e
por quais alunos, assim como o que se revela por meio da observação como não aprendizagem em qual nível e em quais
circunstâncias. Essas são questões que sempre devem estar presentes no ato da observação para fins de constatação do que,
realmente, foi apreendido pelo aluno, de modo a se apropriar do conteúdo proposto, pois sabemos que a memória docente não é
confiável para avaliar a partir da observação, sem um roteiro que permita por parte do professor o registro das situações em que
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ocorre ou não a aprendizagem dos alunos. Nesse sentido, as tabelas diagnósticas já referenciadas podem contribuir para que o
professor tenha um registro sistematizados das aprendizagens dos alunos.
Segundo, é preciso definir o que se compreende por participação e quais critérios são utilizados para avaliar a participação
dos alunos. Se participar significa expressar-se oralmente ou estar atento às explicações, por exemplo, se utilizamos os mesmos
critérios para avaliar a participação de todas as crianças indistintamente ou se, dependendo das circunstâncias, atribuímos maior
valor à participação de alguns alunos e não de outros.
Terceiro, é preciso ter claro que frequência não é sinônimo de aprendizagem, e que ela é computada para fins de aprovação
e/ou reprovação por força da lei, que foi elaborada em um contexto em que se torna necessário determinar um mínimo de frequência
à escola. Todavia, nem todos que frequentam regularmente à escola aprendem e, por outro lado, nem sempre os faltosos não
dominam o que a escola ensina.
Defende-se, no contexto deste documento, uma avaliação que assuma as características fundamentais de ser diagnóstica e
investigativa, isto é, aquela que tem por finalidade nortear a prática docente, para que o aluno se aproprie dos conhecimentos
trabalhados durante todo o processo. Entender isso, nas palavras de Bozza (2000), significa compreender a necessidade de a
avaliação ser permanente, ou seja, de estar presente em todas as instâncias do trabalho com a Língua Portuguesa; ser contínua, não
ocorrendo interrupções de um bimestre para outro; e ser cumulativa, no sentido de possibilitar a incorporação de novos registros que
acompanhem, de forma dinâmica, os conteúdos já consolidados e os que vão sendo apropriados a partir de novas estratégias
pedagógicas. Dessa forma, a avaliação cumpre sua função de ser formativa e qualitativa, à medida que os instrumentos utilizados, os
critérios, as análises sobre os resultados obtidos e as ações desencadeadas encontram-se a serviço do pedagógico, justificando-se
em função do processo de ensino e de aprendizagem, articulando-se aos objetivos estabelecidos, considerando os percursos
realizados, e servindo para desencadear ações de intervenção pedagógica.
Para tornar esse processo mais consistente e coerente, os professores, a partir da proposta curricular e do planejamento de
ensino, deverão construir instrumentos que possibilitem o registro dos progressos individuais dos alunos, os quais, sendo analisados
à luz dos objetivos, da natureza dos conteúdos e dos percursos realizados; constituir-se-ão em fontes de informação para a
reorganização de todo o processo ensino-aprendizagem e da própria organização do trabalho pedagógico da instituição escolar como
um todo.
É preciso que o professor tenha claro o que é fundamental em Língua Portuguesa. É possível apreender o sentido sem o
domínio da estrutura da língua, ou dominar a estrutura da língua sem apreender o sentido? Essa questão pode auxiliar na definição
de que o fundamental em Língua Portuguesa é a apreensão do sentido, que pode ser prejudicada pela falta de domínio de elementos
que organizam a linguagem. Em turmas de alfabetização ou anos subsequentes, considerando o encaminhamento metodológico
proposto neste currículo, o professor não pode perder de vista que o ponto de partida do trabalho com a linguagem e o ponto de
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chegada é o domínio do gênero discursivo. Isso equivale dizer que o objetivo maior do ensino é mediar o processo de aprendizagem
dos alunos na compreensão do gênero discursivo, como o efetivo trabalho com a língua portuguesa na escola, pois é por meio dos
gêneros que o aluno constrói as suas interações sociais. Compreender os gêneros discursivos como ponto de partida e de chegada
requer a compreensão do aluno quanto ao conteúdo temático expresso, a estrutura composicional dos gêneros orais, escritos e
multissemióticos e os elementos estruturais da língua que envolvem o conhecimento gramatical – aqui apresentado como análise
linguística/semiótica, visto que os gêneros não têm todos a mesma estrutura e ao conteúdo veiculado pelo gênero, o que está
relacionado à intenção, objetivos, contexto de produção, interlocutores relacionados ao gênero produzido, conforme especificado na
metodologia da SD.
Nessa perspectiva, compreende-se que é necessário planejar situações de avaliação que contemplem todas as práticas de
linguagem de ensino da Língua Portuguesa.
346
ARTE
1. CONCEPÇÃO
O ensino da Arte no Brasil foi marcado por imposições e contradições e, assim como as demais disciplinas do currículo
escolar, sofreu influências políticas, econômicas, sociais, históricas e culturais. Desse modo, a concepção de Arte e de ensino da Arte
no país é fruto de um processo cuja origem data da colonização. Para um melhor entendimento acerca do ensino da Arte na
contemporaneidade, serão pontuados, a seguir, alguns dos aspectos históricos mais relevantes. Na sequência desse breve histórico,
evidenciaremos, a concepção de Arte e ensino que ampara este documento orientador.
Cabe ressaltar que, antes mesmo de os portugueses aportarem no Brasil, o solo brasileiro era densamente ocupado por
grupos indígenas que formavam sociedades altamente complexas. Esses grupos acumularam conhecimentos, aprimoraram técnicas
e procedimentos que garantiram sua sobrevivência. A Arte sempre esteve presente na vida dessas tribos, não como objeto
decorativo, mas como forma de expressão de valores e crenças, nos objetos do cotidiano – redes, trançados, cerâmicas; na pintura
corporal, nos adereços plumários - , representando seu modo de ser e de viver. Contudo, a “visita” inesperada dos portugueses
provocou turbulentas mudanças, inaugurando uma nova era.
A ação dos portugueses inicialmente priorizou a colonização, a exploração da terra, a extração do pau-brasil; somente com a
chegada dos padres jesuítas ao Brasil - com a Companhia de Jesus - no século XVI, é que se iniciou um trabalho missionário e
pedagógico para propagar a fé católica e garantir a unidade política; nessa perspectiva, a “educação” funcionava como agente
colonizador. Os primeiros direcionamentos dos jesuítas, com relação ao ensino da Arte no Brasil, foram no sentido de atrair a atenção
dos adultos e crianças indígenas por meio do teatro, da música, da dança e dos diálogos em versos. A produção e a cultura indígena
que aqui encontraram foram desconsideradas e, aos poucos, os indígenas – induzidos pelos jesuítas – aprendiam “os bons
costumes” e a religião cristã.
Gradualmente, o ensino de Arte passou por reformulações metodológicas até atingir, no século XVII, uma nova posição na
estrutura educacional brasileira. Esse fato está associado à expulsão dos padres jesuítas e às reformas propostas por Marquês de
Pombal. A partir de então, foram instituídos o ensino de desenho e as aulas públicas de geometria, em 1771.
Em 1800, foi introduzido no Brasil o desenho de modelo vivo por meio de aulas régias; porém, a figura-modelo observada era
concebida apenas como apoio para a observação, pois a imagem desenhada obedecia rigorosamente aos padrões de beleza
estabelecidos pelo código neoclássico, com os quais o professor entrara em contato no exterior.
O ano de 1808 foi considerado um marco na história econômica e cultural do país, pois D. João VI chegou ao Brasil,
juntamente com a corte portuguesa. A presença da família real em nosso território impulsionou mudanças que atingiram as esferas
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sociais, econômicas, políticas e culturais do país, da mesma maneira que gerou uma sistematização do ensino da Arte. Por um lado,
sua presença trouxe uma modernização e, por outro, controle e centralização das atividades artísticas. Preocupado com o
desenvolvimento cultural da colônia, D. João VI solicitou a Joaquim Lebreton que convocasse um grupo de artistas franceses
dispostos a trabalhar no Brasil. Assim, no ano de 1816, a Missão Artística Francesa desembarcou no país, trazendo um estilo estético
europeu – o neoclassicismo – para satisfazer às necessidades da Corte (Arte para “poucos”). O Neoclassicismo representava o
convencionalismo. Os jovens que sentiam vocação para a Arte dirigiam-se para a Academia Imperial de Belas Artes, fundada no ano
de 1826 e dirigida pelos mestres franceses, cujo ensino era uma prática reprodutivista e autoritária.
Como se sabe, as tendências pedagógicas acompanharam (nem sempre no mesmo ritmo) as mudanças políticas e, em 1889,
com a Proclamação da República, os positivistas pretendiam implantar reformas para consolidar seu novo regime. Nessa concepção,
a Arte é considerada um poderoso veículo para desenvolver o raciocínio e, se ensinada pelo método positivista, subordinava a
imaginação à observação, possibilitando a identificação das leis que regem as formas. O ensino de desenho e o de aritmética,
seguidos pelo de geometria prática, eram ideais por suas contribuições ao estudo da ciência. Como resultado da fusão das propostas
positivistas e liberais, foi implantado, nas escolas primárias e secundárias, o desenho geométrico que, assim como a cópia,
permaneceu no cenário artístico escolar até os primeiros 20 anos do século XX.
As décadas de 1920-30 foram caracterizadas, conforme Biasoli (1999), por um entusiasmo pela educação e por um otimismo
pedagógico. As influências de padrões europeus e norte-americanos de filosofia humanista indicaram novos caminhos para o ensino
da Arte que, naquele momento, enfatizava “a relação existente entre o processo afetivo e cognitivo, apontando para a concepção de
Arte como produto interno que reflete uma organização mental” (BIASOLI, 1999, p. 61). A nova crença era de que a Arte não é
ensinada, mas expressada. O filósofo Dewey contribuiu com o princípio da função educativa da experiência, cujo centro não é mais o
conteúdo de ensino nem o professor, mas sim o aluno em constante crescimento. Nesse período, o movimento nacionalista marcado
pela Semana de Arte Moderna de 1922 reconfigurou a produção de Arte no Brasil, pois, com a atuação dos artistas modernistas Anita
Malfatti, Di Cavalcante, Vincente do Rego Monteiro, Victor Brecheret, Heitor Villa Lobos e Guiomar Novaes (músicos), Antônio Moya e
George Prsyrembel (arquitetos), Yvonne Dalmerie (dança) e os poetas Mario de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti Del Picchia,
romperam-se os modos de representação realista, uma vez que seus trabalhos de pesquisa e de produção eram voltados para as
raízes nacionais.
No ano de 1948, foi fundada a Escolinha de Arte no Brasil, por Augusto Rodrigues, o qual valorizava a Arte infantil e concebia
a Arte como expressão e liberdade criadora. As crianças e os adolescentes eram incentivados a pintar e desenhar livremente,
desenvolvendo a autoexpressão. Essa prática teria influência direta sobre a educação formal em Arte, pois era considerada
fundamental por desenvolver a criatividade e, ao mesmo tempo, era fonte de ensino alternativo como complemento às atividades
escolares.
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No decorrer do século XX, muitas tendências educacionais e fatores históricos foram relevantes para as transformações
ocorridas em relação ao ensino da Arte. Na década de 1950-60, o país vivia um momento de industrialização, de politização intensa,
de mobilizações estudantis e de trabalhadores, de renovações educacionais e de movimentos de revalorização da cultura popular.
Dentro desse cenário, o ensino da Arte passou a ocupar lugar de destaque em algumas universidades, como é o caso da
Universidade de Brasília, cujo Departamento de Educação tinha como proposta iniciar pesquisas e estudos de educação por meio da
Arte-Educação, refletindo uma abordagem fiel à ideia de educação pela Arte.
No entanto, essa liberdade criadora foi reprimida na década de 1970, com a Lei nº 5692/71, imposta por militares e
tecnocratas, a qual imprimira à educação uma tendência fortemente tecnicista. Essa lei determinou a obrigatoriedade do ensino da
Arte nas escolas de 1º e 2º graus, como se lê no Capítulo I, do Ensino de 1º e 2º graus: “Art. 7º Será obrigatória a inclusão de
Educação Moral e Cívica, Educação Física, Educação Artística e Programas de Saúde nos currículos plenos dos estabelecimentos
de 1º e 2º graus.” (BRASIL, 1971, n.p.), porém, apenas em 1973 ocorreu a criação do primeiro curso superior de Licenciatura em
Educação Artística. Nesse período, no ensino da Arte, a ênfase recaiu sob o aspecto técnico dos instrumentos artísticos e a
expressão pessoal por meio do fazer artístico.
Como nos aponta a história, importantes transformações referentes ao ensino da Arte ocorreram na década de 1980. A
crescente politização dos professores, a necessidade de uma política educacional para o ensino da Arte e a reflexão sobre a
formação profissional impulsionaram a realização de congressos, seminários, simpósios sobre Arte, ensino e história da Arte, fatos
que provocaram discussões e renovações na área.
O conjunto dos fatores históricos citados anteriormente nos mostra que a contradição sempre esteve presente no que diz
respeito ao ensino da Arte. Essa contradição se faz mais evidente quando se analisa a década de 1990. No início dessa década, a
situação se apresentava da seguinte maneira: por um lado, a obrigatoriedade da Arte no currículo das escolas, mesmo ela não sendo
considerada, por lei, área de conhecimento na educação e, ainda, com o descaso da classe dirigente para o ensino nessa área; por
outro, a supervalorização da Arte como livre expressão e o entendimento da criação artística como fator afetivo e emocional, sem a
existência do pensamento reflexivo.
É relevante citar que alguns avanços e esforços dos profissionais da área também contribuíram para a criação de uma nova
perspectiva para o ensino da Arte, dentre elas destacamos: a difusão da Metodologia Triangular e a presença da imagem da Arte na
escola, que possibilita ao aluno o contato com o universo artístico. A referida metodologia foi uma ação sistematiza pela arte-
educadora Ana Mae Barbosa, para ser usada no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (USP, 1987/1993),
onde se integrava a História da Arte, o fazer artístico e a leitura da obra de arte. De acordo com a autora, basear o ensino da Arte no
fazer e ver arte foi o cerne da arte-educação de meados dos anos 1980 e anos 1990. Era uma proposta inovadora e sinônimo de re-
conquista da Arte para a arte-educação, pois rompia com a crença modernista na “virgindade expressiva”.
349
A Metodologia Triangular, difundida nas escolas brasileiras, é baseada na inter-relação entre História da
Arte/contextualização, leitura da obra de arte e fazer artístico. Para Barbosa (2009), “um currículo que interligasse o fazer artístico, a
análise da obra de arte e a contextualização estaria se organizando de maneira que a criança, suas necessidades, seus interesses e
seu desenvolvimento estariam sendo respeitados, e ao mesmo tempo, seus valores, sua estrutura e sua contribuição específica para
cultura” (BARBOSA, 2009, p. 36).
Atualmente, a autora substituiu o termo metodologia por Abordagem Triangular, o que corresponde aos modos como se
aprende, não a um modelo para o que se aprende. Barbosa (2009), em sua proposta, não usa o termo releitura, o que ocorreu foi que
essa abordagem, ao longo dos anos, na prática diária dos professores de Arte, foi identificada com a releitura, e esta, empregada
erroneamente como cópia.
Vale destacar, dentre os fatos ocorridos nos anos de 1990, a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional Nº 9394/96, que garante a presença da Arte como área de conhecimento obrigatória no currículo escolar, como se lê no
Capítulo II, Da Educação Básica, Art. 26: § 2º: “O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da
educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos” (BRASIL,1996, n.p.). Esse fato resultou na elaboração
de uma nova concepção de ensino de Arte, pela qual essa passa a ser compreendida como uma área do conhecimento humano, um
campo de estudo específico com história e conteúdos próprios, sendo essencial para a formação do sujeito.
A partir da promulgação da LDBEN nº 9394/96, temos que considerar a formulação e a publicação dos Parâmetros
Curriculares Nacionais, entre os anos de 1997 a 1999, que foram encaminhados diretamente para as escolas, tornando-se os novos
orientadores do ensino da Arte.
Durante o processo histórico/educacional brasileiro dos últimos 20 anos, a referida lei foi submetida a diversas revisões, sendo
que o Art. 26 passou a vigorar com novas versões, como lemos a seguir:
Art. 26: § 2o O ensino da arte, especialmente em suas expressões regionais, constituirá componente curricular obrigatório,
nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos (Redação dada pela
Lei nº 12.287, de 2010).
Art. 26: § 2o O ensino da arte, especialmente em suas expressões regionais, constituirá componente curricular obrigatório
da educação infantil e do ensino fundamental, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos (Redação dada
pela Medida Provisória nº 746, de 2016).
Art. 26: § 2o O ensino da arte, especialmente em suas expressões regionais, constituirá componente curricular obrigatório
da educação básica. (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017).
350
No que tange aos marcos legais, é necessário ainda citar outras leis que definem conteúdos específicos e as linguagens que
compõem o componente curricular Arte: a Lei nº 11.645, de 10 de Março de 2008, que altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de
1996, modificada pela Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir
no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena", conforme já
enunciado nos pressupostos legais deste currículo de forma mais ampla. A seguir, são destacados alguns excertos dessas leis:
Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o
estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena.
§ 1º O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que
caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da
África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e
o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política,
pertinentes à história do Brasil
§ 2º Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no
âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras.
(BRASIL, 2008, n.p.).
Art. 1o. O art. 26 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescido do seguinte § 6o:
Art. 26...................................................................................
§ 6º A música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular de que trata o § 2º deste
artigo.
Art. 1º. O § 6º do art. 26 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a seguinte redação:
Art. 26. .................................................................
351
º
§ 6 As artes visuais, a dança, a música e o teatro são as linguagens que constituirão o componente curricular de que
trata o § 2º deste artigo.
Esse breve histórico do ensino da Arte nos mostra que, ao longo de sua trajetória no campo educacional, esse vai
gradualmente deixando de ser uma simples “atividade auxiliar ou decorativa” para ser compreendido como um processo de
construção de conhecimentos, estéticos, artísticos, enfim sensíveis. No entanto, as discussões sobre sua permanência no currículo
escolar continuam atuais, como observamos na redação dada pela Medida Provisória nº 746, citada anteriormente, pela qual o ensino
da Arte foi limitado à Educação Infantil e ao Ensino Fundamental. Compreendemos que a realidade é contraditória e os homens
fazem a história no movimento e, apesar dos impasses colocados pela legislação, reconhecemos que, a Arte e seu ensino – um
campo de estudo específico – integrante da realidade escolar, é imprescindível para a humanização do homem, em todos os níveis
da educação básica.
Como visto anteriormente, as transformações históricas, políticas e as alterações legais ocorridas no ensino da Arte trazem a
marca do seu tempo e das necessidades sociais presentes em cada momento histórico, e influenciam, de certa maneira, as
diferentes concepções, objetivos e metodologias de ensino dessa área de conhecimento. Diante disso, é necessário alinhavarmos
uma concepção de Arte e seu ensino, que contribua para a emancipação de nossos alunos, para a compreensão da função social da
Arte e da produção artística da humanidade. Se o ensino da Arte tem um passado recente, a produção artística, criação
especificamente humana, reporta-se aos primórdios da civilização. A Arte esteve e está presente nas relações sociais, históricas e
culturais sendo uma forma diferenciada de perceber e expressar o mundo.
Esse caráter de produto especificamente humano da Arte é importante para compreendermos o homem como ser social,
constituído historicamente. Nossas características biológicas dos sentidos estão constituídas ao nascer, herança do processo
histórico da espécie humana; contudo, esses sentidos encontram-se em potencialidade, em estado de vir a ser, efetivamente,
sentidos humanos em sua concretude. Ao agir sobre a natureza, o homem a modifica, e essa ação também o modifica, ou seja, o
homem constrói o mundo em uma relação dialética. É nessa ação, que humaniza a natureza, que o homem processa a objetivação
de sua subjetividade, cria e constrói objetos imprimindo-lhes a marca do humano. De acordo com Vázquez (1978), “O homem se
eleva, se afirma, transformando a realidade, humanizando-a, e a arte com seus produtos satisfaz esta necessidade de humanização.
Por isso, não há – nem pode haver – arte pela arte, mas arte por e para o homem. Dado que este é, por essência, um ser criador, cria
produtos artísticos porque neles se sente mais afirmado, mais criador, isto é mais humano” (VÁZQUEZ, 1978, p. 48).
Dessa maneira, a Arte cumpre uma importante função no processo de humanização do próprio homem, pois possibilita um
reconhecimento de si por meio de todos os sentidos, como homem concreto/real e histórico; possibilita apreender a realidade e
captar as características essenciais de seu tempo; possibilita experimentar situações inusitadas recriando sua própria existência,
352
enfim; sua função humanizadora consiste, de acordo com Vázquez (1978), em ampliar e enriquecer, com suas criações, a realidade
já humanizada pelo trabalho humano.
Ocorre que, para fruir a Arte, como dito anteriormente, os sentidos humanos e a sensibilidade estética precisam ser
desenvolvidos; quanto mais acesso ao mundo da cultura – arte, filosofia e ciência –, quanto maior o domínio dos instrumentos
teóricos para compreendê-lo, maior o aprimoramento dos sentidos humanos. O homem só poderá contemplar, julgar, comparar,
transformar um objeto a partir do momento em que se libertar das necessidades vitais, biológicas e fisiológicas, se distanciando dele,
pois “a contemplação – e a relação estética que tem nela seu ponto de partida – só é possível a partir de uma separação sujeito-
objeto, em virtude do caráter especificamente humano da necessidade que ela satisfaz” (VÁZQUEZ, 1978, p. 84).
Assim, o olho humano se diferenciou do olho animal porque o homem se libertou da necessidade imediata, natural e
instintiva, afirmando-se sobre o mundo objetivo, disso decorre, conforme o autor já citado, que
A sensibilidade estética surge neste processo de afirmação do ser humano. O sentido estético aparece quando a
sensibilidade humana se enriqueceu a tal ponto que o objeto é, primária e essencialmente, realidade humana, “realidade
das forças essenciais humanas”. As qualidades dos objetos são percebidas como qualidades estéticas quando são
captadas sem uma significação utilitária direta, ou seja, como expressão da essência do próprio homem. A criação artística
e, em geral, a relação estética com as coisas é fruto de toda a história da humanidade e, por sua vez, é uma das formas
mais elevadas de afirmação do homem no mundo objetivo. (VÁZQUEZ, 1978, p. 85).
Como explicitado anteriormente, a sensibilidade estética é consequência de um processo que, no ensino da Arte, ocorre por
meio da criação-produção e da fruição artísticas, sendo que esse modo de perceber sensível possibilitará aos alunos entenderem-se
como construtores de uma cultura e como seres capazes de dar significação ao mundo, uma vez que, exercendo as suas
potencialidades perceptivas, imaginativas e reflexivas, tornam-se mais ativos e críticos com relação ao meio em que vivem, pois a
Arte une o pensamento a uma forma de expressão, um significado a um significante.
Nessa perspectiva, investimos em um ensino de Arte que assegure a concepção sistematizada por Peixoto (2003), de Arte
como produto da criação humana, resultado do trabalho/ação do homem sobre a natureza; exclusivamente social, que manifesta
posições estéticas, éticas, sociais e políticas de uma determinada época, portanto, nunca neutra.
A própria Arte é um fenômeno social, em razão de que o artista, apesar de sua existência individual – é um ser social; no ato
da criação, o artista não está somente exteriorizando seus sentimentos, pois ele apreende também certos estados do sentir que
perpassam as sociedades num determinado tempo e espaço histórico, portanto, a Arte é a expressão do particular e do coletivo. O
artista expressa uma visão de mundo que envolve não apenas um momento presente ou o passado, mas também as projeções do
353
futuro. Com base nas percepções e interpretações possibilitadas pelo movimento da história humana, ele tenta captar os traços
essenciais de seu tempo e desvendar novas realidades. Sua obra, por conseguinte, é sempre um elo entre o criador e outros
membros da sociedade, por mais profunda que seja a marca nela deixada pela experiência do seu criador.
A obra afeta os sujeitos, contribuindo para ampliar certas percepções, finalidades, ideias ou valores; ela “é uma força social
que, com sua carga emocional ou ideológica, sacode ou comove aos demais. Ninguém continua a ser exatamente como era, depois
de ter sido abalado por uma verdadeira obra de arte” (VÁZQUEZ, 1978, p. 122). Nenhuma forma de Arte é indiferente ao contexto em
que foi produzida, as relações entre arte e sociedades são históricas e variam historicamente. Ao entrar em contato com a Arte, o
sujeito pode apreender uma nova visão de mundo, experimentar situações inusitadas e ampliar sua compreensão acerca da
realidade circundante. E é nessa particularidade que reside o caráter revolucionário da Arte, assim entendida como agente na
sociedade e não apenas como seu reflexo.
Reiteramos que, com base em Vázquez (1978),
A arte, como trabalho, é criação de uma realidade na qual se plasmam finalidades humanas, mas nesta nova realidade
domina sobretudo sua utilidade espiritual, isto é, sua capacidade de expressar o ser humano em toda sua plenitude, sem
as limitações do produto do trabalho. A utilidade da obra artística depende de sua capacidade de satisfazer não uma
necessidade material determinada, mas a necessidade geral que o homem sente de humanizar tudo quanto toca, de
afirmar sua essência e de se reconhecer no mundo objetivo criado por ele. (VÁZQUEZ, 1978, p. 71).
Os objetos artísticos criados pelo homem satisfazem a uma necessidade essencial, a estética. A arte contém significados
humanos, que identificam o homem como seu criador, portanto, menos importa a classe social que o sujeito se encontra, e sim o
acesso a Arte, que possibilita a qualquer ser humano a satisfação plena de suas necessidades sensíveis.
No entanto, no sistema capitalista que rege nossas relações, a Arte como “artigo de luxo”, o artista e sua produção estão
envoltos em uma aura que os separa da grande maioria da sociedade; aquela “Arte”, restrita a poucos, institucionalizada em museus,
galerias, teatros, salas de concertos, entre outros espaços, está distanciada da classe trabalhadora, pois se encaixa dentro da
categoria de objetos e necessidades que não pertencem ao sistema de necessidades definidas para essa classe. Nesse sentido, a
Arte foi dividida em erudita e popular, sendo que o termo popular foi compreendido como de menor valor (BENJAMIN, 1994). Ocorre
que a produção artística, tão presente no cotidiano do homem, como a grafitagem, o teatro, a dança de rua, as danças folclóricas, as
músicas regionalistas, entre outras, está tão impregnada de sentido e de percepções de realidades que deve ser considerada
manifestação artística autêntica e de valor, pois carrega em si as percepções dialéticas do homem em seu contexto histórico e nas
suas relações sociais.
354
A divisão do trabalho e a expansão do capital criaram, por um lado, condições para o pleno desenvolvimento do sujeito, mas,
por outro, determinam a alienação no que diz respeito aos produtos e aos meios de produção, de modo que o trabalhador, envolvido
em satisfazer as necessidades definidas para sua sobrevivência e limitado por sua condição econômica, é privado de usufruir da Arte,
restando-lhe os produtos mais baratos e acessíveis da indústria cultural. Vemos que a própria Arte é transformada em mercadoria
pelo capitalismo; como afirma Salomé (2007), “e é essa arte que está disponível para a grande maioria da população: uma arte que
visa manipular consciências em prol de um ideário capitalista, no qual os homens consomem produtos artísticos desprovidos de uma
real estética e tem no artista e na arte um mundo inacessível e distante” (SALOMÉ, 2007, p. 871).
O consumo passivo e imediato dos produtos da indústria cultural, dessa “arte barata”, e a falta de acesso e conhecimento dos
códigos estéticos utilizados para a produção de um objeto artístico ocasionam o embrutecimento dos sentidos humanos, tornando o
sujeito alienado e vulnerável à manipulação. Visando às necessidades imediatas de lucratividade, a indústria cultural oferece a
população produtos que atendem a essa demanda não explícita, de modo a garantir tanto o seu lucro, quanto o controle ideológico.
De acordo com Duarte (2012), a estrutura econômica e o comportamento político-ideológico das instâncias de produção da indústria
cultural, exercem forte poder de coerção a partir de estratégias sempre renovadas que estimulam os sentidos dos indivíduos – seja
por meio de sons, imagens provocantes, entre outras. Os “construtos estéticos” (DUARTE, 2012) dessa indústria – a música, moda,
produtos de beleza, brinquedos, programas de TV, produtos alimentícios, a própria arte etc. – produzem efeitos psicológicos nas
consciências que acabam por incentivar uma relação utilitária, acrítica e nociva com o mundo, em que o consumo desenfreado, o
descarte, a busca pelo novo e o desejo de “ter” atingem um patamar mais elevado que a relação estética.
Diante dessas considerações, o ensino da Arte na escola tem um papel primordial para a compreensão da realidade social,
tem a função de contribuir para a formação estética dos alunos, para humanização dos sentidos e promover a socialização da Arte. É
indispensável uma educação que considere a Arte como prática social, que não está cristalizada em espaços institucionalizados e,
sim, presente nas relações sociais; uma Arte que questiona, resiste e mostra o movimento das relações nas quais está inserida.
Nessa perspectiva ainda, o ensino da Arte tem como finalidade oportunizar e fomentar a apropriação/fruição de obras
produzidas pela humanidade que promovem a consciência e permitem o desenvolvimento da autoconsciência do aluno; oportunizar
condições para que ele possa criar/produzir, resultando num trabalho criador onde conteúdo e forma são indissociáveis.
No ato da fruição121, a totalidade do sujeito/fruidor se confronta com a totalidade da obra; ele está “inteiro”, empenhado na
leitura buscando toda sua experiência anterior para enriquecer e aprofundar a fruição estética. Nesse processo, o pensar e o sentir
estão unidos na busca pelos significados/sentidos. Cada sujeito/fruidor, ao fruir uma obra, ativa uma rede de relações; procuramos
comparar, relacionar, interrogar, dialogar, olhar para a Arte de vários ângulos, achar correspondências, enfim, algo que nos conecte a
121
O termo fruição, do latim fruere, significa gozar, desfrutar. Em Arte, utilizamos o termo para indicar, de forma mais completa, o prazer estético, em que o
sensível e o cognitivo interagem para melhor compreensão da obra.
355
ela para tentar compreender sua realidade histórica-social. Por conseguinte, esse processo de fruição é ativo, é movimento diante da
obra e as interpretações elaboradas a partir daí, são múltiplas e passíveis de revisão, sempre novas e diversas, porque são infinitas
quanto ao seu número e ao seu processo. Não há interpretação definitiva e nem processo acabado. Cada vez que fruímos uma obra,
o processo interpretativo é reiniciado, pois a interpretação é infinita uma vez que a obra é inesgotável.
No momento da criação, o sujeito opera com a matéria, moldando-a, transformando-a, recriando-a, revelando conteúdos
sociais e psíquicos, individuais e coletivos. Materializa, seja por meio da pintura, da escultura, do desenho, da música, do teatro, do
cinema, da dança, da performance ou de qualquer outro objeto criado, um sentir que é existencial e um posicionamento ético,
estético e político. No processo de criação, de apropriação, de reprodução, de incorporação e de transformação, fundem-se e
impulsionam a atividade criadora, produzem novas possibilidades de expressão e solução de problemas artísticos. Ao contrário do
senso comum, é relevante destacar que qualquer criação surge a partir do já existente; a criação nunca parte do nada. De acordo
com Saccomani (2014), “[…] reprodução e criação são processos dialéticos. […] o processo de criação encerra em si um processo de
conservação e reprodução daquilo que já fora apropriado e experienciado pelos indivíduos” (SACCOMANI, 2014, p. 61).
A Arte, como atividade fundamental do homem, encontra sua totalidade na dimensão do conhecimento humano. Ela é uma
forma de conhecimento de mundo, “uma maneira de apreender e compreender o outro e a realidade não restrita a racionalidade ou
ao discurso; logo, uma forma de conhecimento pela ótica não científica (racional ou universal), mas pela via estética (sensorial e
particular)” (PEIXOTO; SCHLICHTA, 2013, p. 25.951).
Ao se apropriar do conhecimento estético e do conhecimento da produção artística (objetos de estudo da disciplina Arte na
escola), o aluno tem sua consciência de mundo ampliada e intensificada, superando a consciência espontânea, o senso comum.
Considerando a concepção de Arte já sintetizada anteriormente e os autores que fundamentam esta concepção, entendemos
que a articulação entre a criação, a fruição e a reflexão deve permear todo o ensino de Arte que visa a humanizar os sentidos
humanos, a aguçar a percepção e a suscitar a reflexão nos/dos alunos sobre a realidade.
2. OBJETIVOS
Alicerçados na perspectiva teórica que orienta este currículo, e nos fundamentos filosóficos para o ensino da Arte,
“compreender como a necessidade estética se constrói, se manifesta e se transforma, a partir de suas relações com o trabalho, é a
condição para definir os objetivos para o ensino da arte na escola” (TROJAN, 2002, p. 6). Portanto, o ensino da Arte tem como
finalidade: propiciar a formação do pensamento artístico e da sensibilidade estética, que caracterizam um modo próprio de ordenar e
de dar sentido à experiência humana, bem como, aprimorar as capacidades perceptivas, inventivas, imaginativas e criativas do
estudante, visando o domínio do conhecimento artístico e estético, necessários para compreender a Arte como meio de humanização
356
da realidade. Elencamos, na sequência, os objetivos para o ensino da Arte, nos anos iniciais do Ensino Fundamental, bem como, os
objetivos específicos a serem atingidos, em cada linguagem artística.
2.2.3 DANÇA
a) Oportunizar vivências e experiências corporais, por meio da fruição/criação/reflexão sobre Dança, para ampliar seu repertório
cultural e suas possibilidades expressivas.
b) Apropriar-se do conjunto de conhecimentos – estéticos, artísticos – oriundos da Estética, da História da Dança e outras
disciplinas científicas – produzidos historicamente pela humanidade, para acessar e compreender os códigos da produção em Dança;
c) Compreender a Dança como fenômeno cultural e seu papel na sociedade, contribuindo para apreensão dos conceitos
estéticos de diferentes origens, incluindo as manifestações expressivas de diferentes povos, estilos, épocas e tendências;
d) Apropriar-se dos elementos formadores da Dança, dos fatores do movimento e de técnicas expressivas por meio da
criação/produção e apreciação de espetáculos de Dança, de manifestações folclóricas, estabelecendo relações significativas entre o
conteúdo escolar e sua própria produção;
e) Proporcionar a pesquisa/investigação em Dança, a partir do estudo de grupos de dança local e profissionais ligados à Dança,
de companhias de dança brasileiras, de modo a promover aproximações culturais, regionais, nacionais;
f) Frequentar espaços/atividades culturais diversas – apresentações folclóricas, espetáculos de Dança, Teatro, manifestação de
dança populares, entre outros espaços – geradores de vivências estéticas, reflexões, possibilitando a inserção do estudante no
universo da Dança.
358
2.2.4 TEATRO
a) Oportunizar vivências e experiências cênicas, por meio da fruição/criação/reflexão sobre Teatro, para ampliar seu repertório
cultural e suas possibilidades expressivas;
b) Apropriar-se do conjunto de conhecimentos – estéticos, artísticos – oriundos da Estética, da História do Teatro e outras
disciplinas científicas – produzidos historicamente pela humanidade, para acessar e compreender os códigos da produção teatral;
c) Compreender o Teatro como fenômeno cultural e seu papel na sociedade, contribuindo para apreensão dos conceitos estéticos
de diferentes origens, incluindo as manifestações cênicas expressivas de diferentes povos, estilos, épocas e tendências;
d) Apropriar-se dos elementos formadores do Teatro e de técnicas expressivas por meio da criação, improvisação, dramatização e
apreciação de espetáculos/peças teatrais, estabelecendo relações significativas entre o conteúdo escolar e sua própria produção.
e)Proporcionar a pesquisa/investigação em Teatro, a partir do estudo de grupos de teatro local e profissionais ligados ao Teatro,
de de companhias brasileiras, de modo a promover aproximações culturais, regionais, nacionais;
f)requentar espaços/atividades culturais diversas – apresentações folclóricas, espetáculos de Teatro, manifestação de Teatro
popular, entre outros – geradores de vivências estéticas, reflexões, possibilitando a inserção do estudante no universo do Teatro.
A criança acumula os materiais com os quais posteriormente constituirá sua fantasia, ou seja, a criança cria com o alicerce
da experiência e de tudo o que ela percebe no mundo em que vive. O produto da imaginação é sempre arquitetado de
materiais hauridos da realidade, do acúmulo de experiências vivenciadas anteriormente. A criação apoia-se na memória,
ou seja, nossa imaginação modifica e reelabora elementos retirados da própria realidade, gerando uma nova combinação
de tais elementos. Vê-se aqui claramente a dialética entre conservação e transformação, e além disso, destaca-se a
apropriação de conhecimentos historicamente acumulados como fundamental nesse processo. (SACCOMANI, 2014, p.
64).
Com base nesses pressupostos, a experiência da Arte e a sua função na educação não estão no desenvolvimento da
criatividade – aquela originária do espontaneísmo, do ineditismo – nem no adestramento artístico, formal, perceptivo, como afirma
Favareto (2010).
Tendo em vista as considerações anteriores sobre metodologia, entendemos que a articulação entre “o que fazer e o como
fazer” é imprescindível, uma vez que a Arte é uma área de conhecimento, e o ensino dessa área é um processo ao mesmo tempo
360
teórico e prático, criador e transformador, que deve colocar o aluno em contato com o contexto circundante, com suas vivências, com
o saber artístico acumulado e com as diferentes culturas. Isso implica pensar a escola como espaço de acesso às linguagens
artísticas e de socialização da Arte. Portanto, a opção por um encaminhamento teórico-metodológico que considera o aluno como um
sujeito criador, reflexivo e transformador, visa à atualização das práticas pedagógicas já existentes, para a superação de conceitos
enraizados e, consequentemente, para a promoção de mudanças nessa área do conhecimento, pois, como esclarece Schlichta
(2002),
As atividades artísticas são importantes não apenas como meras experiências, não somente porque possibilitam a
ampliação do tempo e do espaço de contato com a produção cultural; mas porque respondem também a necessidade de
auto-afirmação humana, exatamente porque permitem aos diferentes sujeitos experienciar a produção artística não mais
como objeto de museu, exposta a uma curiosidade indiferente, mas como via de humanização. (SCHLICHTA, 2002, p. 13).
O processo de educação estética inicia-se na Educação Infantil e tem sequência por toda a vida do aluno, ultrapassando os
muros escolares para acompanhá-lo por toda a sua trajetória. Na escola, o real sentido da atividade artística é a formação dos
sentidos humanos a partir da produção e da fruição da Arte, regional, nacional e universal (seja corporal, visual, musical ou cênica).
Educar esteticamente pressupõe uma metodologia que possibilite ao professor ensinar o aluno a ver, ouvir, criticar, criar, recriar e
interpretar a realidade, a fim de ampliar suas possibilidades de apreciação, de expressão e de produção artística; pressupõe uma
metodologia que crie condições de ensino e aprendizagem do conhecimento artístico-histórico acumulado, de forma que o aluno
aproprie-se, gradativamente, de tal conhecimento. Nessa perspectiva, Schlichta (2002) argumenta que, “[...] O que diferencia nossa
abordagem é que não separamos os objetivos da arte na escola de seus conteúdos e procedimentos metodológicos, sendo vital
manter as três dimensões em sua unidade dialética para se chegar a elucidação do método não só como meio de apreciação do
conhecimento artístico, como também elemento articulado dos objetivos e dos conteúdos” (SCHLICHTA, 2002, p.11).
Como o ensino da Arte necessita de um processo sistemático de aprender a ver, a investigar e a pensar de maneira crítica e
estética, sugerimos uma metodologia que contemple a Fruição, a Criação e a Compreensão sobre o contexto histórico-social de
produção da Arte, possibilitando o acesso e o contato com a produção cultural, de modo a criar condições para que os alunos se
apropriem dos significados dessa produção.
Quanto à Fruição: a fruição/apreciação da Arte se dá por meio do contato e do entendimento das produções artísticas e
culturais da humanidade, considerando as suas diferentes formas de expressão como a Música (local, regional e os diversos estilos
musicais e seus contextos), as Artes Visuais (os diversos modos de compor ao longo da História da Arte, da produção primitiva à
361
contemporânea), a Dança (suas origens e articulação com a sociedade) e o Teatro (a análise das diferentes formas de representação
e dramatização desde sua origem).
Quanto à Criação: é indispensável oportunizar a criação artística, seja por meio do trabalho criador, realizado a partir de
diversos materiais, técnicas e suportes, seja por meio da exploração e combinação de sons e de experiências com objetos,
instrumentos musicais, ou, ainda, por meio do movimento corporal, da improvisação, da criação de composições coreográficas,
dramatização e encenações teatrais.
Quanto à Compreensão acerca do contexto histórico-social da produção artística, musical, cênica: pode ser realizada a
partir de estudos teóricos, pesquisas, análise da produção artística local, regional, mundial, considerando os diferentes movimentos
artísticos ocidentais, as diversas matrizes estéticas não ocidentais; a partir do conhecimento dos processos de criação, bem como, a
partir do reconhecimento de seu próprio processo criador, das soluções artísticas encontradas para as diferentes proposições do
professor.
Quanto ao encaminhamento metodológico descrito anteriormente, salientamos que o trabalho educativo em Arte deve
contemplar esses momentos, mas não necessariamente nessa “sequência”, pois a fruição, a criação e a compreensão sobre Arte
não se sobrepõe entre si, mas sim constituem-se uma totalidade. Salientamos também que todo o trabalho educativo deve partir da
prática social, isto é, da realidade vivida e retornar à própria realidade, visando a sua transformação. Dessa maneira, a abordagem
dos conteúdos de Arte também pode ser realizada considerando a problematização, a instrumentalização e a catarse.
Faz-se necessário retomar, neste momento, o processo de desenvolvimento humano. Esse resulta da apropriação da
experiência socialmente acumulada e da interação dialética da criança com o meio sócio-cultural, uma vez que tem um caráter
histórico, social e cultural (de acordo com Leontiev, Duarte e Vigotski), conforme já explicitado nos pressupostos psicológicos desta
PPC. Sem nos estendermos nesse assunto, acentuamos que, para que a aprendizagem em Arte se efetive, é relevante que o
professor encaminhe suas propostas artísticas tendo em vista o período de desenvolvimento infantil, pois, conforme Leontiev (1978),
em cada período de desenvolvimento, há a predominância de uma determinada atividade que representa o modo pelo qual o
indivíduo se relaciona com o mundo, denominada de “atividades principais ou dominantes”. As crianças se relacionam com o mundo
por meio das atividades principais/dominantes, produzindo e reproduzindo as condições necessárias à constituição de sua
individualidade. Elkonin (2012) categorizou essas atividades principais como: contato emocional direto; manipulação de objetos; jogo
de papéis; atividade de aprendizagem formal; contato pessoal íntimo; atividade vocacional ou orientada para uma carreira122, sendo
que nos Anos Iniciais o professor de Arte deve considerar especialmente como “atividades dominantes” o jogo de papéis e a atividade
de estudo, principalmente para antever, prever propostas e lançar desafios que possibilitem a criança avançar no seu
desenvolvimento intelectual.
122
Para compreender essa periodização das atividades principais/dominantes de Elkonin, sugerimos a re-leitura dos pressupostas psicológicos deste currículo.
362
É necessário reconhecer o papel do jogo, dos brinquedos e das brincadeiras no desenvolvimento e na construção do
conhecimento infantil. O lúdico no processo de ensino e de aprendizagem estimula o imaginário da criança, como defendido por
Kishimoto (2005):
Quando as situações lúdicas são intencionalmente criadas pelo adulto com vistas a estimular certos tipos de
aprendizagem, surge a dimensão educativa. Desde que mantidas as condições para a expressão do jogo, ou seja, a ação
intencional da criança para brincar, o educador está potencializando as situações de aprendizagem. Utilizar o jogo na
educação infantil significa transportar para o campo do ensino-aprendizagem condições para maximizar a construção do
conhecimento, introduzindo as propriedades do lúdico, do prazer, da capacidade de iniciação e ação ativa e motivadora.
(KISHIMOTO, 2005, p. 36-37).
No que se refere ao ensino da Arte, a situação educacional lúdica, de acordo com Marques (2011), está relacionada à criação
e à transformação; nessa direção, a brincadeira possibilita a criação de um outro mundo, de outro jeito de ser e agir; brincar
possibilita estabelecer relações transformadoras, assim como a Arte, que transforma e intensifica as relações entre sujeito e mundo
circundante. Muitos encaminhamentos didáticos em Artes Visuais, Dança, Música e Teatro possibilitam momentos de brincadeira, de
prazer e de conhecimento, conforme assevera Dias:
Para a criança, as linguagens expressivas, que se transformarão em linguagens artísticas para o adulto, são instrumentos
fundamentais no processo de construção do pensamento e da própria linguagem verbal socializada, pois são canais de
expressão mais subjetivos, que darão forma as experiências vividas e as transformarão em elementos de pensamento
interiorizado”. (DIAS apud KISHIMOTO, 2005, p. 52).
Como cada uma das linguagens artísticas apresenta especificidades com relação ao fazer, aos elementos formais e aos
modos de percebê-las, sugerimos formas de abordagem diferentes. Para o ensino das Artes Visuais, no que toca ao trabalho com a
fruição das imagens – sejam obras de Arte ou outras –, propõem-se exercícios de atenção prolongada e intencional, estruturados em
quatro momentos: I) encontrar uma obra – refere-se a um tempo destinado ao encontro com a obra no espaço; II) dedicar atenção –
refere-se a um momento de atenção prolongada diante da obra, cuja finalidade é investigá-la generosamente; III) registrar a
experiência – compreende um momento de registro individual daquilo que percebeu na relação com a obra; IV) compartilhar –
primeiramente, o professor deve evitar o debate e proporcionar momentos de abertura para os alunos expor e compartilhar seus
363
pontos de vista. Esse momento é coletivo, o professor deve organizar as falas, de modo que todos se escutem, assim o docente será
mediador desse processo123. O importante é que o resultado da ação pedagógica, desse “encontro com a obra” em que o professor é
o mediador, seja a aprendizagem dos conceitos em Arte.124
Sugere-se, também, a utilização dos mais diversificados gêneros de representação pictórica; de reprodução de pinturas,
desenhos, escultura, fotografia, material publicitário e imagens virtuais, filmes, infográficos e outros, considerando a diversidade
cultural. E para a produção artística, recomenda-se um encaminhamento que considere a articulação entre elementos visuais e
compositivos nos seus trabalhos artísticos, bem como a exploração de instrumentos e meios que abordem desde a produção
artesanal local, até a produção artística contemporânea, que mobilizem recursos tecnológicos como forma de registro e como meio
para a criação artística. No que tange à História do Paraná, é possível abordar a obra de artistas paranaenses que expressaram em
suas pinturas as paisagens, a identidade, a história e os símbolos do Paraná, valorizando a história e cultura de nosso Estado. Para
além da História do Paraná, é possível abordar ainda a produção artística de origem africana e indígena, por meio do estudo da
produção escultórica, das máscaras, da estamparia e da simbologia africanas e as suas influências na Arte brasileira, bem como a
produção indígena por meio da cerâmica, da cestaria, da tecelagem, da pintura corporal das tribos indígenas, de seus usos e
significados, oportunizando ao aluno o reconhecimento e o diálogo com a diversidade cultural, de modo a contemplar o que está
previsto na Lei nº 11. 645, de 2008.
Ao abordar o ensino de Música, no contexto escolar, temos que considerar que ela está articulada aos valores de um
determinado grupo social, sendo composta e interpretada segundo a sua cultura. É importante que a mediação dos conteúdos
musicais contemplem a percepção sonora e musical, a organização e o registro dos sons, no tempo e espaço, bem como a
interpretação e a produção musical.
A educação musical não está necessariamente vinculada ao ensino de instrumentos; cabe ao professor incentivar a prática
musical, o uso do corpo e enfatizar o desenvolvimento da percepção auditiva, além de adotar procedimentos para desenvolver
práticas criativas, promovendo inclusive trabalhos interativos entre a Música e outras linguagens expressivas – Teatro, Dança, Artes
Visuais. De acordo com Fonterrada (s.d.),
Uma das funções do professor de música é ampliar o repertório de seus alunos, desvelar a cultura da infância e mostrar
que ela ainda fala ao coração das crianças; as cantigas de roda, os brinquedos e folguedos não acabaram, apenas
123
Esse encaminhamento sugerido foi baseado nas proposições elaboradas pela equipe da Ação Educativa da Fundação Bienal de São Paulo, para a
publicação educativa da 33ª Bienal/SP, Afinidades Afetivas – cujas etapas dos protocolos (entendidos como sequências de instruções) são descritas a seguir:
Encontrar uma obra; Dedicar atenção; Investigar a experiência; Compartilhar.
124
Sobre a formação dos conceitos, retornar a leitura dos pressupostos psicológicos e pedagógicos neste documento.
364
encontram-se escondidos pelo véu estendido pela indústria cultural, com seus CDs, prêmios, vídeos e shows de artistas
consagrados. Se todos passarem a brincar com música, dançar, cantar e tocar, ela estará presente e contribuirá para a
formação de seres humanos mais completos. (FONTERRADA, s.d., p. 97).
Como exemplo de procedimento para o ensino da Música, citamos o jogo vocal. Nesse, o professor instiga os
participantes/alunos a criar sonoridades vocais individualmente e em grupo e a produzir pequenas peças, a partir de poesias,
movimentos, sons e ações. Para o estudo da paisagem sonora, por exemplo, o professor pode sair com os alunos de sala de aula e
explorar outro espaço físico da escola, orientando os alunos para a percepção e a comparação dos diferentes sons que os cercam
(incluindo os ruídos e silêncios) e características sonoras do ambiente. É possível, ainda, solicitar que as crianças criem diferentes
paisagens sonoras125. Outra sugestão é ouvir diferentes estilos musicais – música erudita/clássica, popular ou folclórica, da indústria
cultural –, destacando-se os timbres, as alturas, a duração e a intensidade. Para ampliar o repertório cultural dos alunos, pode-se
explorar diferentes ritmos, incluindo os africanos e indígenas, destacando a variedade de instrumentos, de composições e de
finalidades de cada uma dessas produções estéticas.
Com relação ao ensino de Dança, para a maioria das crianças, e também para muitos professores, dança é sinônimo de
“coreografia”, ou seja, de uma sequência de movimentos interligados pela música. Para além dessa definição “simplista”, a Dança na
escola não se resume à montagem e à apresentação de uma coreografia, envolve a percepção das potencialidades corporais, a
vivência com o corpo e o movimento, a brincadeira, a imaginação, a expressão, o auto-conhecimento, a auto-afirmação e o
conhecimento sensível. Dessa forma, o trabalho com os conteúdos de Dança deve basear-se nas conexões entre dança, indivíduo e
sociedade. Conforme indica Marques (2009),
[…] as atividades corporais que experimentamos (brincadeiras, jogos, fazer arte, afazeres domésticos) vão construindo
nosso corpo e fazendo com que nos relacionemos com a vida de formas diferentes. […] As crianças que têm oportunidade
de expandirem seus corpos, correrem, pularem são bem diferentes daquelas que só ficam sentadinhas fazendo lição na
mesinha. As primeiras, em geral, são crianças que percebem seu entorno de forma mais ampla, mais profunda e mais
apurada e, portanto, estabelecem relações com os outros de forma mais significativa. (MARQUES, 2009, n.p.).
125
O educador musical canadense M. Schafer (2011), no livro Educação Sonora, indica 100 exercícios para desenvolver a percepção auditiva e a consciência
sobre o processo da escuta.
365
Dentre as atividades relacionadas aos conteúdos específicos dessa linguagem artística, recomenda-se trabalhar com os
elementos formais da Dança: o espaço, o tempo, o corpo, os ritmos, as ações corporais, os relacionamentos. O professor pode
propor uma dança somente no chão; a realização de movimentos com as articulações, somente com o cotovelo, por exemplo;
desenhar formas no espaço com os corpos; dançar uma dança lenta com uma música rápida.
Ao abordar os fatores de movimento – peso, tempo, espaço, fluxo –, o professor pode explorar, por exemplo, os níveis de
espaço (alto, médio, baixo), indicando um percurso no chão, com uma fita, para que o aluno percorra-o explorando os níveis citados.
O professor pode também educar o corpo do aluno para se tornar um instrumento expressivo, por meio de propostas que abordam as
ações corporais. Por exemplo, uma sequência como: correr – sacudir – agachar – rodopiar – parar; ou arquear-se – levantar-se –
fechar – abrir; ou ainda balançar – circular – espalhar – plainar; entre outras; atribuindo a esses estados expressivos, variando a
velocidade, a energia muscular e o peso.126 Orientamos o professor para que, na elaboração de seu planejamento, realize uma leitura
mais ampla dos conteúdos deste currículo (das demais disciplinas), pois há possibilidade de desenvolver um trabalho interdisciplinar
entre Arte e Educação Física, uma vez que ambas apresentam em comum os conteúdos de Dança. Para trabalhar a reflexão e
compreensão sobre Dança, uma possibilidade é realizar leitura e discussão com os alunos de críticas de Dança que são publicadas
em jornais e revistas especializadas; pesquisas orientadas sobre as companhias de dança brasileiras e locais, caracterizando seus
espetáculos de acordo com o estilo: clássico, moderno, contemporâneo entre outros.
Para encaminhar a leitura dos alunos, após a fruição de um espetáculo de Dança, o professor pode utilizar textos-relatórios,
produzidos pelos próprios alunos, sobre os inúmeros aspectos observados/percebidos. Lenira Rengel (s.d.) propõe “ler a dança com
todos os sentidos” (RENGEL, s.d., p. 26); para tanto, a autora apresenta algumas sugestões de encaminhamento para apreciação de
um espetáculo, em uma sequência, listados a seguir:
1.Tema: Qual é o tema da dança: uma poesia? Social? Político? Histórico? A gravidade agindo no corpo?
2. Espaço: O espaço agindo no corpo (danças em rampas, muros, aquários, trapézios entre outros espaços)?
3.Corpos dos dançarinos: Como se deu a postura? Alongada? Arredondada? Sinuosa? As pessoas que dançaram eram
musculosas? Fortes? Gordas? Magras? Fora dos padrões convencionais de Dança? Deu para perceber o tipo de qualidade de
treinamento do dançarino (alguns fazem musculação além de natação e balé, outros, só balé, outros ainda não têm vocabulário de
balé no seu repertório de movimentos)? O corpo foi “multipartido” (mais mãos e cabeça, por exemplo, nos movimentos) ou havia a
ideia do corpo todo e com ênfases em certas partes, por exemplo?
4. Os materiais de movimentos (os “passos de dança” utilizados): Houve pesquisa de linguagem (criação de movimentos não
codificados)? Dá para reconhecer alguns códigos de dança? Havia, por exemplo, passos de danças tradicionais como o maracatu e
126
Laban (1978), em seu livro “Domínio do Movimento”, sugere uma série de exercícios para o estudo do movimento corporal, visando a torná-lo mais
expressivo.
366
balé clássico? Há o uso da improvisação? Simultaneidade de ações? Coabitação e mescla entre técnicas de dança? É possível
identificar as infinitas nuances de emprego dos fatores de movimento? (de acordo com o “alfabeto” de Rudolf Laban). Os Fatores de
movimento de Rudolf Laban são: fluência (paradas e continuidades do movimento, relações entre partes do corpo); espaço (focado
e/ou multifocado, tridimensionalidade, bidimensionalidade e a impossibilidade do unidimensional, mas a sua busca); peso (leve e/ou
firme, com seus contatos com o solo ou outros corpos, objetos, com suas minúsculas tensões, como um piscar de olhos, por
exemplo); tempo (sustentado ou lento e súbito ou rápido, com diferentes durações de movimento e métricas)? Qual foi a organização
cênica do corpo (ou seja, a relação do corpo com o espaço)?
5. Utilização do som: Ele teve um caráter independente, não obstante ter feito parte da dança? Havia música ao vivo? Que tipo?
Como era o músico? Ele estava em cena? Fora de cena? Havia música ou som? Havia percussão corporal? A iluminação, jogos de
luzes e sombras: quais símbolos elas carregam? E, por fim, conversem sobre a dança como profissão, coloquem-se de maneira
reflexiva sobre o papel do profissional de dança e seu campo de abrangência.
Para ampliar as possibilidades de trabalho em Dança, o professor pode, a partir da fruição e análise de um espetáculo de
Dança contemporânea em comparação com uma peça de balé, problematizar questões referentes aos padrões de beleza corporal
que a mídia difunde, aos hábitos alimentares saudáveis, à obesidade, ao preconceito e ao bullying, indagando: Como é o corpo que
dança? Existe um modelo de corpo para a dança? Todos podem dançar? Dança é coisa de menina? O que é “ter um corpo bonito”?
O seu corpo tem marcas ou cicatrizes? Conte a história de suas marcas. Essas questões que devem ser problematizadas estão em
consonância com as leis nº 13.666/2018 e nº 13.663/2018.
O Teatro é uma linguagem que amplia a visão de mundo, visto que a dramatização é inerente ao homem e ao seu processo
de desenvolvimento. Na educação, o Teatro auxilia o relacionamento do homem com o mundo/sociedade e o integra como sujeito de
intuição e razão, por meio das percepções, sensações, elaborações e racionalizações. Para o trabalho com os conteúdos dessa
linguagem, o professor pode explorar jogos teatrais, a improvisação, a dramatização, a mímica. Quanto aos jogos teatrais, sugere-se
o desenvolvimento dos jogos no formato palco e plateia, em que todos os jogadores/alunos vivenciam as duas posições, ou seja, ora
são plateia ora são jogadores em cena.
Outra possibilidade pedagógica, conforme Reverbel (2007)127, é desenvolver atividades de expressão que exploram o
relacionamento, a espontaneidade, a imaginação, observação e percepções dos alunos, por meio de exercícios que vão desde os
jogos simples de uma criança imitando um personagem, uma profissão, um animal ou um objeto até o jogo coletivo, composto de
ideias e sugestões de cada um. Soma-se a essas sugestões a fruição de espetáculos teatrais, preferencialmente, de forma
presencial; a confecção de figurinos, máscaras, o trabalho com o teatro de bonecos, dedoches, entre outros gêneros de
127
Reverbel (2007), em seu livro “Jogos Teatrais na escola”, apresenta e orienta os educadores como desenvolver as atividades e jogos teatrais com crianças,
incentivando a descoberta do mundo e de si por meio da arte.
367
representação teatral. É necessário que o professor desenvolva um trabalho articulado com a realidade dos alunos, explorando
outras dimensões dos conteúdos do Teatro para além dos aspectos formais, isto é, articulando o teatro com temas urgentes de nossa
sociedade como, o direito a saúde, moradia, educação, contemplando, desse modo, a Resolução nº1, de 30 de maio de 2012. Uma
possível proposta artística, é explorar obras como “2ª Classe”, de 1933, de Tarsila do Amaral; ou “Retirantes”, de 1944, de Candido
Portinari, e propor uma dramatização explorando os elementos do Teatro, relacionando-os ao contexto social atual.
Não podemos deixar de mencionar que o estudo planejado e sistemático da produção visual, cênica e musical – seja das
manifestações artísticas populares e folclóricas, incluindo a dança e a música regionais e certas dramatizações, bem como a
arquitetura, pintura, escultura – permite o conhecimento e valorização do patrimônio artístico-cultural, material e imaterial; nacional e
mundial, aproximando tais produções de nossos alunos, que devido a um conjunto de determinantes geográficos (distância), culturais
e econômicos, encontram-se impedidos de fruir e acessar tal patrimônio. Permite, ainda, compreender e problematizar as relações
entre Arte, mercado, consumo, e os modos de produção e circulação da Arte na sociedade capitalista.
A Arte, como trabalho criador, aguça os sentidos, tem significados que não podem ser traduzidos por intermédio de nenhum
outro tipo de linguagem. Ela capacita o homem a não ser um estranho em seu meio, é um importante instrumento para a identificação
cultural, o reconhecimento de sua singularidade e da subjetividade do outro, ou seja, do individual e do coletivo, bem como para
promover o respeito e valorização da diversidade, logo não pode ficar fora da escola. Diante disto, entende-se que um processo de
ensino e de aprendizagem comprometido possibilita o acesso e cria condições – por meio da apropriação da produção artística e
cultural produzida pela humanidade, ou seja, por meio dos conhecimentos estéticos e artísticos – para que todos os alunos
conheçam, usufruam e compreendam a Arte e seu contexto histórico-social, com vistas à compreensão aprofundada de conceitos
que habitualmente são interpretados de maneira superficial, bem como à formação e ao aprimoramento da sensibilidade estética,
cumprindo, dessa forma , sua função social e humanizadora.
Destarte, os fundamentos filosóficos e os pressupostos teórico-metodológicos que fundamentam o ensino da Arte nesta PPC
condizem com as Competências Gerais da Educação Básica, definidas na BNCC (BRASIL, 2017), bem como com as competências
especificas de Arte para o Ensino Fundamental, alinhavadas no Referencial Curricular do Paraná: princípios, direitos e
orientações (PARANÁ, 2018).
4. CONTEÚDOS
A arte é uma das formas mais elevadas da consciência humana, transforma os sujeitos, eleva a consciência e a sensibilidade;
produz efeitos diferentes nos sujeitos; assim, segundo destaca Duarte (2012), “[...] uma arte de real valor, que produz, nos indivíduos,
efeitos distintos daqueles sentidos no cotidiano: “aquela mesma dor, aquela mesma inquietação, quando suscitadas pela arte,
368
implicam o algo a mais acima daquilo que nelas está contido” (DUARTE, 2012, p. 3960). Em razão disso, na escola, é relevante que
os estudantes tenham acesso aos conteúdos artísticos, à Arte de real valor, ao invés daquela “arte pobre”, que simplesmente repete
e multiplica o que as pessoas já têm em sua vida cotidiana.
Os conteúdos elencados nesta PPC abrangem as quatro linguagens artísticas: Artes Visuais, Teatro, Dança e Música, e
atendem ao Referencial Curricular do Paraná: princípios, direitos e objetivos de aprendizagem (PARANÁ, 2018). Esta PPC optou por
manter o termo linguagens artísticas por entender que a Arte é uma forma de linguagem que nos permite ordenar e compreender o
mundo, acrescer-lhe um sentido. Na Arte, o artista organiza o mundo percebido e sentido, revela sentimentos humanos, por meio de
formas expressivas, que adquirem, de acordo com Duarte Jr. (1981), “quase que o estatuto de um símbolo”. Toda obra de Arte é uma
forma; nas artes dinâmicas, como a Música, a Dança, o Teatro etc., as formas construídas são formas dinâmicas – formas que se dão
no tempo. As formas guardam em si um significado que, conforme o autor acima mencionado “nunca significa nada fora de si mesma”
(DUARTE JR, 1981, p. 75). Pela Arte, o artista capta os sentimentos de sua época e comunidade e exprimi-os em formas simbólicas -
em uma estrutura significativa - que são antes de tudo, culturais.
No Referencial Curricular do Paraná (PARANÁ, 2018), as linguagens artísticas são chamadas de unidades temáticas, e
nesse campo incluem-se ainda Artes Integradas; foram elencados no documento citado objetos de conhecimento que perpassam as
linguagens artísticas: “Contextos e Práticas”, “Processos de criação”, “Elementos da linguagem”, “Matrizes estéticas e culturais”,
“Materialidades”, “Sistemas da Linguagem” e “Notação musical”. No entanto, para a composição deste currículo, e considerando a
realidade na qual estamos inseridos (região oeste do estado do Paraná), algumas adequações foram realizadas. Nesta PPC, os
objetos de conhecimento foram detalhados, desdobrados em conteúdos específicos para melhor pontuar aos professores, quais
conteúdos abordar durante a aula de Arte. Os objetivos de aprendizagem também foram desdobrados, quando necessário, para
contemplar os conteúdos acrescidos.
Para uma melhor compreensão por parte do professor, do que sejam os objetos de conhecimento, elucidamos cada um deles
na sequência.
Contextos e práticas
Entendemos, nesta PPC, que “Contextos e Práticas” correspondem aos contextos históricos/culturais, estilos, gêneros,
movimentos artísticos e aos valores coletivos que tem origem nas inter-relações sociais, sendo que as valorações da cultura são
chamadas de “valores de uma época”. Gêneros artísticos referem-se aos temas ou aos assuntos abordados pelos artistas em suas
369
obras, podendo ser: retratos e autoretratos, paisagens, naturezas-mortas, dentre outros, como cenas do cotidiano, cenas históricas,
cenas religiosas128 e mitológicas.
É certo que o ser humano (sensível e cultural) desdobra o seu ser social em formas culturais. O homem criador, cuja
individualidade não pode ser negada (cada indivíduo é único, com uma predisposição e um modo singular de interagir com o mundo),
estará sujeito às influências culturais, em qualquer contexto. De acordo com Ostrower (1991), o contexto cultural representa o campo
dentro do qual se dá o trabalho humano, abrangendo os recursos materiais, os conhecimentos, as propostas possíveis. Com elas, se
defronta a criatividade humana. O contexto cultural – com suas valorações – orienta, assim, os rumos da criação no sentido de certos
propósitos e certas hipóteses virem a se tornar possíveis.
Tomemos como exemplo os “estilos artísticos”. O estilo – nas linguagens da Arte - é também cultural, haja vista que
[…] Abrange a maneira de pensar, de imaginar, de sonhar, de sentir, de se comover, abrange a maneira de agir e reagir, a
própria maneira de o homem vivenciar o consciente e as incursões ao inconsciente. O estilo é forma de cultura. Seria de
todo impossível preordenar as formas estilísticas, inventá-las, tão impossível quanto seria inventar formas de cultura ou
modos de viver”. [...] Os estilos correspondem a visões de vida. Nelas confluem os conhecimentos e as técnicas
disponíveis a uma sociedade em um dado momento, os costumes, os ideais, as necessidades materiais e espirituais e
certas possibilidades de satisfazê-la material e espiritualmente. (OSTROWER, 1991, p. 102).
Portanto, no estudo das produções artísticas da humanidade, não podemos ignorar o diálogo existente e dinâmico entre
contexto cultural/padrão de valores e a criatividade individual do homem criador. Como afirma Ostrower (1991),
Na obra de arte, qualquer que seja o estilo ou a época, transparece uma tomada de consciência ante a realidade vivida,
ainda que o indivíduo formule sua experiência em termos subjetivos […] Na medida em que as visões de vida não se
limitam a experiência do indivíduo, nem tampouco poderiam ser inventadas individualmente, tudo o que o homem formula
e faz, ele o faz mediante formas que são qualificações a um tempo individuais e sociais. (OSTROWER, 1991, p. 125).
128
“Cenas religiosas” refere-se a um subgênero de uma categoria geral de pintura, caracterizado pela representação de textos sagrados e vidas de santos,
principalmente nas culturas monoteístas. Compreendemos que a diversidade religiosa está contemplada em outros conteúdos desta PPC, especialmente nas
matrizes estéticas e culturais não ocidentais, como a indígena, a africana, dentre outras.
370
Na organização dos conteúdos nesta PPC, é na esfera dos Contextos e Práticas (bem como na abordagem dos elementos
formais das linguagens e dos processos de criação) que se abre a possibilidade de abordar os Movimentos Artísticos. Para
esclarecimento, o termo Movimento Artístico refere-se à ideia da incessante modificação dos processos de criação, assinalando as
faixas de tempo em que determinados valores predominaram na Arte. Por exemplo, no movimento Expressionismo, há uma
predominância da deformação formal nas representações, durante um certo tempo e em determinadas partes do mundo da arte. De
acordo com Costa (2006),
[…]As definições referem-se àquilo que artistas de uma localização temporal específica entenderam como seu programa
de ação estética, expressando-o principalmente por meio de obras, manifestos, discursos, pronunciamentos em
entrevistas coerentes com os princípios defendidos. Diz respeito ainda, ao que entenderam dessa produção, a crítica e a
história, contemporâneas ou posteriores a ela, incluindo a de nossos dias. (COSTA, 2006, p. 9).
No entanto, cabe destacar que os nomes dos Movimentos Artísticos são abrangentes, as datas de cada um são apenas
pontos de referência no tempo e a classificação de um artista em dado movimento não pode ser rígida. É necessário analisar a
produção de cada artista com todos os seus desdobramentos.
Elementos da Linguagem
Os elementos da linguagem são os elementos formais, que constituem uma identidade para cada uma das linguagens
artísticas. Os elementos formais são a “gramática” da Arte que dão “forma” à Música, às Artes Visuais, à Dança a ao Teatro, e como
tais não devem ser trabalhados isoladamente na produção artística. A compreensão desses elementos ocorrerá a partir da
produção/trabalho artístico e da reflexão acerca das obras. É importante orientar os alunos para articulá-los em suas produções.
Processos de criação
O ato criador abrange a capacidade de relacionar, de ordenar, de configurar e significar, de formar e de transformar; é
intencional e comunica, como nos explica Ostrower (1991), “A forma converte a expressão subjetiva em comunicação objetivada. Por
isso, o formar, o criar, é sempre um ordenar e comunicar” (OSTROWER, 1991, p. 24). O fazer artístico, nesta PPC, é entendido como
trabalho, como um fazer intencional produtivo e necessário que amplia no ser humano a capacidade de viver. Vale salientar que os
processos de criação ocorrem nas variadas esferas da vida humana, e não se restringem apenas à Arte. Toda a produção material
humana, desde os objetos, os artefatos e os instrumentos utilitários são resultado de um processo de criação, de uma necessidade
371
prática que assumiu um aspecto formal e que traduz as aspirações, os valores e impulsos de uma dada época e cultura – desde um
palito de dentes, até casas, automóveis, aeronaves, arranha-céus, e todo o aparato tecnológico que hoje serve ao homem.
No âmbito da criação artística, os processos criadores ocorrem no nível do intuitivo, sensível e cultural, em correlação com o
estado consciente e racional do homem, portanto, não podemos desprezar o princípio dialético implícito no ato da criação. Os
processos criativos são experiências existenciais, em que se conectam o nosso ser sensível e ser pensante, no nosso ser atuante.
São processos ordenadores e configuradores, quando o artista configura uma “determinada realidade”, exclui outras, ou seja, quando
se configura algo e se o define, surgem novas alternativas e se excluem outras, nesse sentido, de acordo com a autora já citada, “no
formar, todo construir é um destruir” (OSTROWER, 1991, p. 26). São essencialmente processos formativos, sempre de ordem formal,
pois, ao transformarmos uma matéria, damos-lhe forma.
No processo de criação, a imaginação criadora só se concretiza por meio de uma matéria, sem ela o imaginar não passaria
de um divagar descompromissado, sem rumo e sem finalidade. Durante o processo criador, o artista se vê diante de encruzilhadas:
decidir quanto ao uso deste ou daquele instrumento, suporte, material, modificar a matéria desta ou daquela maneira, decidir sobre
uma pincelada, a exata tonalidade de uma cor ou o peso de uma palavra, etc.; ele só vai resolver tais questões a partir das noções
intelectuais, conhecimentos que já incorporou, contextos familiares e culturais. O caminho muitas vezes é acompanhado de
ansiedades, impaciência, conflitos interiores e confrontos com a matéria a formar; tensões, avanços, recuos, acaso, tudo se mistura e
se integra, no engajamento do artista com a obra criada.
Cabe ainda mais uma consideração: todo processo de criação ocorre em um contexto cultural; enquanto constrói o mundo, o
homem cria cultura e é por ela constituído. O contexto cultural orienta os rumos da criação artística, a utilização de determinadas
formas expressivas, de certos “padrões” estéticos e estilísticos. Tomemos como exemplo a perspectiva.
A perspectiva tornou-se a forma mais expressiva da Arte do Renascimento em virtude da nova visão de mundo que admitia e
aprovava a materialidade dos fenômenos, a observação da natureza, a mensuração e comparação, a análise racional, subvertendo
assim os valores medievais. Para Ostrower (1991), “A perspectiva é um sistema tão lógico nos relacionamentos entre a totalidade e
suas partes, determina tão rigorosamente e define tão clara e plasticamente os objetos e os intervalos espaciais dentro da forma
global de profundidade, que confere as imagens a ilusão do real” (OSTROWER, 1991, p. 112). Seu surgimento só foi possível em
virtude do redimensionamento da natureza, do espaço, enfim dos novos ares culturais da época. Portanto, conforme destaca o autor,
“[...] A cultura orienta o ser sensível ao mesmo tempo que orienta o ser consciente. Com isso, a sensibilidade do indivíduo é
aculturada e por sua vez orienta o fazer e imaginar individual. Culturalmente seletiva, a sensibilidade guia o indivíduo nas
considerações do que para ele seria importante ou necessário para alcançar certas metas” (OSTROWER, 1991, p. 17).
No que se refere especificamente à linguagem da Música, muitos professores contemporâneos têm desenvolvido abordagens
de ensino que incluem a composição e a improvisação. Tais atividades envolvem importantes maneiras de conhecer e experenciar a
372
Música. Nessa perspectiva, o ato criador está ligado ao processo de improvisação, de composição e de interpretação. Nesse
processo está incluso também o manuseio do instrumento musical.
Do ponto de vista da educação musical, conforme indica Finck (2001), o termo improvisação estaria relacionado ao processo
de pura experimentação, exploração e seleção sonora, ou seja, àquela experiência prévia com instrumentos musicais, em que os
alunos, pelo contato físico, tomam ciência da própria percepção com relação à produção e ao controle dos sons. A composição é
vista como um “produto planejado”, de acordo com a autora citada, como um objeto sonoro, organizado e estruturado, que a rigor
pode ou não ser consumido por um público, que não participou de sua criação.
No processo composicional, os artistas/músicos revisam seus trabalhos, fazem correções, pesquisa, esboços, planos; a
composição é intencionalmente planejada pelo compositor, sendo que suas experiências e conhecimentos adquiridos como ser social
e cultural, são primordiais no processo de criação musical. A interpretação refere-se à atividade de interpretar gráficos,
representações (notações não convencionais) e partituras, e agrupa uma série de elementos como: “a soma de elementos que o
compositor mapeou no sistema de escrita, mais os elementos que o próprio sistema de representação cria independente da ideia
musical do compositor e, ainda, os elementos que o próprio interprete coloca na leitura” (FINCK, 2001, p. 115). Nesse sentido, a
autora destaca a interpretação como um momento híbrido e contínuo que não se separa da criação.
Materialidades
Em todo trabalho de Arte, sempre há a combinação de materiais. O termo Materialidade refere-se aos materiais físicos com
os quais se forma uma obra e, ao mesmo tempo, aos aspectos simbólicos presentes em cada matéria escolhida. O material físico é o
aspecto exterior da matéria, aquilo que vemos objetivamente, as suas características ligadas à pura fisicidade; porém, é inconcebível
desprezar as características não visíveis presentes na matéria, ou seja, seus dados simbólicos, inconscientes e subjetivos. O corpo, o
movimento do/no corpo, assim como o mármore, a tinta, a parafina e o feltro, ou o som e o silêncio, são matérias que deixam de ser o
que são quando sujeitas à prática artística, perdendo sua crueza de matéria pela passagem para o simbólico. Matérias são “peles
sobre a carne” da obra.
A materialidade tem qualificações culturais. Ela é matéria cultural, como esclarece Ostrower (1991):
Cada matéria pode ser desdobrada de múltiplas maneiras, encerra múltiplas possibilidades de indagação. Embora seja
o indivíduo quem age, escolhe e define as propostas e ainda as elabora e as configura de um modo determinado, trata-se
também, talvez antes de tudo, de uma questão cultural. Não só a ação do indivíduo é condicionada pelo meio social, como
também as possíveis formas a serem criadas tem que vir ao encontro de conhecimentos existentes, de possíveis técnicas
ou tecnologias, respondendo a necessidades sociais e aspirações culturais. (OSTROWER, 1991, p. 40).
373
Pela ação do homem/artista, as matérias são transformadas, tornam-se diferenciadas, adquirem nova forma, tornam-se
únicas, ao mesmo tempo que têm sua essência reafirmada. Elas se tornam matéria configurada, matéria-forma, e nessa síntese entre
o geral e único são impregnadas de significações. O material de arte a ser trabalhado já tem algo que o precede; a escolha deste ou
daquele material pelo artista deve considerar os aspectos históricos do material, bem como as suas qualidades químicas, simbólicas,
físicas entre outras. O artista precisa incorporar, conhecer determinadas informações para que possa, de acordo com Pareyson
(2001), questionar e dialogar com a matéria e assim compreender o que ela lhe tem a revelar. Ao agir sobre a matéria, o próprio
homem se configura; criando, ele se recria. E nesse processo é que se dá a relação dialética entre artista e matéria.
Em todas as linguagens da arte, ao articular uma matéria, o homem deixa a sua marca, faz sentir sua ação simbólica. O
material é submetido a uma configuração que revela um conteúdo expressivo, e se torna passível de comunicação. O modo como as
diferentes materialidades são conjugadas, cada uma com suas qualidades especificas, a maneira como é apresentada, em seu
estado bruto ou bem-acabada, provocam ressonâncias em nosso corpo que desencadeiam efeitos de sentido, como aconchego,
tensão, opressão ou leveza; podem ainda atrair ou repelir, excitar ou causar estranhamento na relação com o público.
Para que a obra se torne possível, três elementos da materialidade são fundamentais: o suporte, o instrumento/ferramenta e
a matéria.
O suporte refere-se àquilo que “suporta, segura, serve de sustentação” para a obra de Arte. Nas Artes Visuais, o suporte
mais comum é a tela de pintura, pois ela suporta o desenho, a pintura. Na linguagem Música, o principal suporte para o som é a
pessoa que segura e toca o instrumento ou sustenta a voz que faz então a melodia. Já na Dança como também no Teatro, o principal
suporte é o corpo do artista, que possibilita o gesto expressivo.
O instrumento/ferramenta refere-se ao elemento/objeto que se utiliza para a criação, assim como o exemplo de suporte para
as Artes Visuais foi a tela, temos como instrumento/ferramenta o pincel, o que vai servir para que a obra de Arte seja realizada; na
Música, as ferramentas são os instrumentos musicais ou as cordas vocais; no Teatro e na Dança, as ferramentas podem ser os
corpos dos artistas, uma vez que são eles que sustentam e que fazem a arte acontecer.
A matéria em si pode ser considerada propriamente o que chamamos de material para a arte, sendo assim, é o que se
utilizou para que a obra de Arte pudesse ser realizada e finalizada, assim a matéria para o exemplo de Artes Visuais são as tintas;
para a Música, são os sons; e para o Teatro e a Dança, são as formas corporais e os movimentos corporais no espaço.
Matrizes Estéticas e Culturais
As Matrizes Estéticas e Culturais referem-se ao estudo das produções e das manifestações artísticas das três matrizes: a
indígena, a portuguesa e a africana, as quais constituem a cultura brasileira. O que há de mais definidor e característico em nossa
cultura é fruto do encontro, do entrechoque e do confronto dessas três culturas, considerando que as bases dessas matrizes foram
374
estabelecidas por diversos grupos étnicos. As três matrizes citadas desencadearam processos sociais complexos que envolvem a
religião, a linguagem, a culinária, as festas e muitas outras expressões culturais brasileiras. No estudo das Matrizes Estéticas e
Culturais, não podemos desprezar que, sobretudo a partir de fins do século XIX, outros grupos culturais, de procedências geográficas
diversas, somaram-se à nossa cultura, integrando-se a ela e contribuindo com novos elementos culturais. É o caso dos imigrantes
italianos, japonêses, sírio-libanêses, alemães, entre outros. Portanto, ao abordar as Matrizes Estéticas e Culturais com os alunos, o
professor precisa ir além da produção artístico-cultural ocidental (aquela já institucionalizada), tendo em vista a diversidade cultural
brasileira.
O estudo da produção artística cultural indígena, africana e dos outros grupos que incorporaram a cultura brasileira perpassa
as linguagens da Música, da Dança, do Teatro, assim como das Artes Visuais. É fundamental abordar no campo deste objeto de
conhecimento as festas populares e folclore que resultaram desta confluência, os jogos, as brincadeiras, as danças e as canções,
enfim, as suas histórias.
Sistemas da Linguagem
Este objeto de conhecimento está situado especificamente na esfera das Artes Visuais, porém, nada impede que o professor
aborde o funcionamento desse sistema nas outras linguagens artísticas. O termo refere-se ao estudo e a compreensão sobre o
funcionamento do sistema da Arte, sobre as relações existentes entre arte e mercado, os produtores de arte (diferença entre artista e
artesão), os colecionadores, os comerciantes, os críticos e critérios de valor para julgar um objeto como Arte, os consumidores, e
enfim, sobre os lugares que cada um dos componentes desse sistema ocupa na estrutura econômica da sociedade. Portanto, esse
375
estudo aborda o Sistema de Arte com todos os seus atores – marchands, críticos, curadores, colecionadores, conservadores,
museus, galerias, feiras –, as funções e as tarefas distintas que desempenham na sociedade.
Em outras linguagens, é possível diferenciar a atuação do profissional da dança ou teatro e da música, dos amadores; a
atuação e a relevância das companhias de Dança e Teatro, a função dos espaços de apresentação públicos e privados (Teatros,
ruas, palcos improvisados), a questão do mercado, consumo, entre outras questões que perpassam esse sistema.
Na tabela a seguir, referente aos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, o professor encontrará o detalhamento dos conteúdos
na coluna “Desdobramento dos objetos de conhecimento”. Ressaltamos que a repetição de um ou mais conteúdos durante os cinco
anos indica uma retomada, um aprofundamento, a possibilidade de se estabelecer novas relações no processo de construção do
conhecimento em Arte.
ARTE - 1º ANO
DESDOBRAMENTO DO Conhecer e perceber os diferentes gêneros da arte como: retrato e autorretrato, paisagem, natureza morta, cenas da
OBJETO DE CONHECIMENTO mitologia, cenas religiosas e cenas históricas e os diferentes contextos históricos/artísticos comparando-os a partir das
diferenças formais.
Gêneros artísticos e contextos históricos:
* Retrato. DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
* Autorretrato.
* Paisagem (natural, urbana, marinha). Identificar e descrever os diferentes gêneros da Arte: retrato e autorretrato, paisagem (natural, urbana, marinha),
* Cenas do cotidiano. cenas religiosas, por meio de uma leitura temática, para comparar e perceber a partir das diferenças formais.
* Cenas religiosas.
Identificar e representar o gênero da Arte retrato e autorretrato nas produções artísticas locais, regionais, nacionais e
internacionais para se expressar, conhecer e distinguir este gênero.
OBJETO DE CONHECIMENTO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
ELEMENTOS DA LINGUAGEM (EF15AR02) Explorar e reconhecer elementos constitutivos das artes visuais (ponto, linha, forma, cor, espaço, movimento
etc.).
DESDOBRAMENTO DO
OBJETO DE CONHECIMENTO Conhecer, reconhecer e explorar os elementos da linguagem visual (ponto, linha, forma, cor, volume, superfície)
presentes na natureza, nas obras de arte e imagens do cotidiano, para elaborar composições artísticas tanto no
* Ponto: percepção na natureza e na bidimensional, como no tridimensional.
376
arte.
* Linha – posição: horizontal, vertical e Conhecer e distinguir cores primárias e cores secundárias, para realizar experimentações e composições artísticas
diagonal; Tipos - retas, curvas, diversas em suportes variados.
sinuosas e mistas (espiral,
ziguezague). Realizar composições artísticas, tendo como referência, não como modelo, obras de arte ou objetos artísticos de
* Forma: percepção na natureza e na diferentes períodos (da Pré-história à Contemporaneidade, sem a obrigatoriedade de ser linear) para compreender o
arte; tipos e tamanhos: geométricas. conceito de bidimensional e tridimensional.
*Posição no espaço: longe e perto, em cima, em
baixo, central e lateral, justaposição.
* Cor – percepção de cor na natureza e na arte
relações cromáticas: policromia, tonalidades,
primárias.
* Textura – percepção na natureza e na arte,
texturas naturais (textura tátil), frotagem.
* Luz – percepção na natureza e na arte, claro e
escuro (luz e sombra).
* Composição Bidimensional – noções de altura
e largura, parte superior x inferior, justaposição,
repetição, tamanhos.
* Composição Tridimensional: noções de altura,
largura, profundidade e volume, massa, peso,
equilíbrio.
* Modelar.
* Figuração.
OBJETO DE CONHECIMENTO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
(EF15AR03) Reconhecer e analisar a influência de distintas matrizes estéticas e culturais das artes visuais nas manifestações
MATRIZES ESTÉTICAS E CULTURAIS artísticas das culturas locais, regionais e nacionais.
DESDOBRAMENTO DO Conhecer as diversas expressões artísticas em artes visuais encontradas no seu dia-a-dia, para reconhecer a
OBJETO DE CONHECIMENTO importância da arte como um meio de comunicação, de transformação social e de acesso à cultura, respeitando as
diferenças e o diálogo de distintas culturas, etnias e línguas percebendo ser um importante exercício para a cidadania.
* Instrumentos: lápis grafite, carvão, giz de cera, Produzir trabalhos de diversas expressões artísticas, utilizando diferentes suportes (papel, tecido, muro, chão etc.) de
lápis de cor, pincel. cores, formas, tamanhos e texturas diferentes, propiciando segurança e variedade de possibilidades em suas criações.
* Matéria: tinta artesanal ou industrializada, Explorar diferentes tipos de tintas e materiais pictóricos (industrializados e artesanais), em diferentes suportes, para
tintas produzidas com elementos naturais (terra, experienciar possibilidades diversas e perceber efeitos com relação ao material, tamanho do suporte, textura e cor,
folhas, raízes, flores entre outros). experimentando as diversas possibilidades de uso de materiais, para desenvolver a pesquisa, a capacidade de
observação, a memória visual, a imaginação criadora.
* Técnicas:
Realizar composições artísticas, tendo como referência, não como modelo, obras de arte ou objetos artísticos de alguns
Desenho: de observação, memória e criação. diferentes períodos (da Pré-história à Contemporaneidade, não tendo a necessidade de ser linear), para compreender o
conceito de bidimensional e tridimensional.
Pintura: a guache, com elementos naturais.
Fazer composições artísticas explorando materiais sustentáveis, como por exemplo: tintas com pigmentos de elementos
Colagem: tecidos, papéis ou técnica mista. da natureza (terra/solo, folhas, flores, frutos, raízes) e/ou papel reciclável para utilizá-los em trabalhos artísticos ou
como suporte (superfície onde é realizado o trabalho), para perceber outras possibilidades de experimentações e
Modelagem: argila/barro, massinha . criações a partir da natureza.
Gravura: monotipia, carimbos. Explorar as técnicas de desenho, pintura e colagem, utilizando diferentes tipos de materiais (grafite de diferentes
gramaturas e densidades, carvão, giz de cera etc.), em diferentes suportes (papel, tecido, muro, chão etc.), de cores,
Frotagem. formas, tamanho e texturas diferentes e compreender a diferença entre desenho de observação, desenho de memória e
desenho de criação, para experimentar diversas possibilidades de uso de materiais e efeitos ao desenhar e desenvolver
a observação, a memória e a imaginação.
Explorar as técnicas de monotipia, carimbo (técnica de impressão), e frotagem para realizar composições artísticas em
suportes diversos, conhecendo e relacionando-os com produções artísticas em gravura.
OBJETO DE CONHECIMENTO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
(EF15AR05) Experimentar a criação em artes visuais de modo individual, coletivo e colaborativo, explorando diferentes
PROCESSOS DE CRIAÇÃO espaços da escola e da comunidade.
DESDOBRAMENTO DO Compreender por meio do fazer artístico e da leitura da produção artística, que o processo de criação envolve ação
OBJETO DE CONHECIMENTO investigativa, pesquisa, experimentação, levantamento de hipóteses, reflexão, acaso, sendo, tanto o produto artístico,
como também o processo, significativos.
* Reprodução, incorporação, citação,
transformação e criação. Incorporar o lúdico ao processo criativo, de modo que ao desenvolver as propostas artísticas, os conteúdos da
linguagem da arte, sejam contemplados.
(EF15AR06) Dialogar sobre a sua criação e as dos colegas, para alcançar sentidos plurais.
378
Realizar apresentações das linguagens artísticas e exposições de artes visuais aos pais e a comunidade escolar, para
realizar momentos de expressão, fruição e integração entre escola e comunidade.
Explorar as técnicas de desenho, pintura e colagem, utilizando diferentes tipos de materiais (grafite, carvão, giz de cera,
tinta guache, acrílica, mista dentre outros), como técnicas expressivas e compreender como os artistas utilizam delas
para comunicar ideias, pensamentos e sua percepção sensível.
Estudar o processo de criação de artistas locais, regionais, nacionais – considerando a arte brasileira e paranaense,
de diferentes períodos, percebendo as incorporações, reproduções, citações, e “re-leitura” na obra dos artistas
pesquisados.
OBJETO DE CONHECIMENTO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
SISTEMAS DA LINGUAGEM (EF15AR07) Reconhecer algumas categorias do sistema das artes visuais (museus, galerias, instituições, feiras, artistas,
artesãos, curadores etc.), local ou regional, por meio de visitas e/ou registros fotográficos, cartazes, catálogos e/ou meios
DESDOBRAMENTO DO audiovisuais.
OBJETO DE CONHECIMENTO
DESDOBRAMENTOS DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
* Artista, artesão: produção artesanal e
feiras de arte. Identificar e diferenciar Arte de Artesanato, o artista do artesão, para compreender suas funções na realidade local e na
sociedade como um todo.
UNIDADE TEMÁTICA: LINGUAGEM - DANÇA
CONTEXTOS E PRÁTICAS (EF15AR08) Experimentar e apreciar formas distintas de manifestações da dança, presentes em diferentes contextos,
cultivando a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório corporal.
DESDOBRAMENTO DO
OBJETO DE CONHECIMENTO Conhecer espaços de dança local e/ou regional, grupos de dança local e/ou regional, assistindo espetáculos, festas
populares e manifestações culturais, presencialmente ou por meio de canais de comunicação, para ampliar o repertório
* Manifestações culturais/danças paranaenses: de movimento corporal e conhecimento de manifestações culturais.
fandango, congada, pau de fitas entre outras.
Compreender a dança como um momento de integração e convívio social presentes em diversos momentos da vida em
* Manifestações culturais indígenas: dança. sociedade.
Conhecer e identificar as características estéticas das manifestações culturais paranaenses – elementos formais,
figurinos, adereços, acessórios, para reconhecer sua identidade cultural e compreender a dança como forma de
comunicação e expressão.
Conhecer e identificar as caraterísticas da dança indígena, seus usos e funções, percebendo as relações existentes
entre a dança e o cotidiano e as relações entre as linguagens da música e a dança.
379
ELEMENTOS DA LINGUAGEM (EF15AR09) Estabelecer relações entre as partes do corpo e destas com o todo corporal na construção do movimento
dançado.
DESDOBRAMENTO DO Conhecer o corpo como totalidade formada por dimensões (física, intelectual, emocional, psicológica, ética, social),
OBJETO DE CONHECIMENTO compreendendo que se relacionam, analisando suas características corporais em suas singularidades: diferenças e
potencialidades para explorar as possibilidades expressivas que o corpo pode realizar de modo integral e suas
* Movimento corporal: corpo inteiro, partes, diferentes partes.
articulações.
* Corpo parado (simetria, assimetria, volume, (EF15AR10) Experimentar diferentes formas de orientação no espaço (deslocamentos, planos, direções, caminhos etc.) e
largura, curvas, torções, angulações). ritmos de movimento (lento, moderado e rápido) na construção do movimento dançado.
* Formas virtuais/desenhos no espaço.
* Fatores do movimento: Conhecer as várias ações básicas corporais (arrastar, enrolar, engatinhar, arremessar, chutar, esticar, dobrar, torcer,
Tempo: rápido x lento X moderado. correr, sacudir, saltar, entre outras) em situações cotidianas e brincadeiras, vivenciando-as.
Espaço: Espaço pessoal (Kinesfera).
Níveis de espaço: alto, médio, baixo. DESBODRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Direções espaciais: Frente, atrás, direita,
esquerdo, em cima, embaixo. Apropriar-se por meio de brincadeiras, jogos corporais, da apreciação de trechos de espetáculos de dança, dos fatores
Força/Peso: leve e pesado, passivo x ativo, do movimento e suas variações, para ampliar seu repertório gestual.
Fluência: livre, interrompido e conduzido.
PROCESSO DE CRIAÇÃO (EF15AR11) Criar e improvisar movimentos dançados de modo individual, coletivo e colaborativo, considerando os aspectos
estruturais, dinâmicos e expressivos dos elementos constitutivos do movimento, com base nos códigos de dança.
DESDOBRAMENTO DO
OBJETO DE CONHECIMENTO Realizar pequenas sequências coreográficas a partir das vivências, exercícios de expressão corporal, movimentos do
cotidiano, sequências e estruturas rítmicas, percebendo-as por meio de brincadeiras e jogos como: parlendas, cantigas
* Sequência de movimento. de roda, trava-línguas, percussão corporal, balança caixão, escravos de Jó, cirandas etc., para expressar-se
corporalmente, por meio da dança, vivenciando-as.
* Improvisação.
Explorar a dança com o uso de figurinos e objetos, adereços e acessórios, com e sem o acompanhamento musical, em
* Movimento e som. improvisações em dança.
(EF15AR12) Discutir, com respeito e sem preconceito, as experiências pessoais e coletivas em dança vivenciadas na escola,
. como fonte para a construção de vocabulários e repertórios próprios.
Realizar exercícios reflexivos, a partir de rodas de conversa, sobre as diversas manifestações, em dança e suas
origens, valorizando a identidade e a pluralidade cultural.
Vivenciar e refletir sobre seu processo de criação, sobre as possibilidades expressivas do movimento, e as
possibilidades criativas de figurinos, adereço, sonoplastia, ampliando o conhecimento dos elementos constitutivos desta
linguagem.
380
UNIDADE TEMÁTICA: MÚSICA
(EF15AR13) Identificar e apreciar criticamente diversas formas e gêneros de expressão musical, reconhecendo e analisando
CONTEXTOS E PRÁTICAS os usos e as funções.
DESDOBRAMENTO DO Conhecer gêneros musicais variados, percebendo a diversidade existente no repertório musical brasileiro.
OBJETO DECONHECIMENTO
Assistir e analisar diferentes espetáculos musicais, presencialmente e/ou por meio de vídeos, ou outros aparelhos
Gêneros: audiovisuais, para conhecer os diferentes gêneros musicais populares e eruditos.
* Canções folclóricas.
* Músicas infantis.
DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
* Erudito.
* Música indígena.
* Música africana. Conhecer e vivenciar as canções folclóricas e infantis, para identificar os elementos formais da música presentes
nesses gêneros.
Apreciar e identificar as fontes sonoras (instrumentos, corpo, objetos, sons da natureza) específicas da produção
musical indígena e africana, percebendo suas características.
ELEMENTOS DA LINGUAGEM (EF15AR14) Perceber e explorar os elementos constitutivos da música (altura, intensidade, timbre, melodia, ritmo etc.), por
meio de jogos, brincadeiras, canções e práticas diversas de composição/criação, execução e apreciação musical.
DESDOBRAMENTO DO
OBJETO DECONHECIMENTO DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
* Altura – grave, médio, agudo. Identificar, comparar e classificar os elementos formais da linguagem musical, para desenvolver sua sensibilidade
* Intensidade – forte e suave. auditiva, ampliar sua percepção da paisagem sonora e das obras musicais.
* Duração – longo e curto.
* Timbre – identidade sonora. Vivenciar e apreciar diferentes ritmos nas obras musicais, percebendo sua presença nas outras linguagens artísticas.
* Composição – ritmo.
MATERIALIDADES (EF15AR15) Explorar fontes sonoras diversas, como as existentes no próprio corpo (palmas, voz, percussão corporal), na
natureza e em objetos cotidianos, reconhecendo os elementos constitutivos da música e as características de instrumentos
DESDOBRAMENTO DO musicais variados.
OBJETO DECONHECIMENTO
Produzir instrumentos musicais com materiais alternativos, para conhecer o instrumento, explorar seus sons e perceber
* Formação: solo, dueto, trio ou grupo/vocal e a possibilidade de criar instrumentos e sons diversos.
instrumental.
DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
*Fontes sonoras: corpo, sons da natureza,
objetos, instrumentos. Perceber nas obras musicais as diferentes formações, os silêncios, pausas, bem como a utilização de variadas fontes
sonoras e suas características, para compreender a diversidade estética existente nas produções culturais.
* Som e silêncio.
381
NOTAÇÃO E REGISTRO MUSICAL. (EF15AR16) Explorar diferentes formas de registro musical não convencional (representação gráfica de sons, partituras
criativas etc.), bem como procedimentos e técnicas de registro em áudio e audiovisual, e reconhecer a notação musical
DESDOBRAMENTO DO convencional.
OBJETO DE CONHECIMENTO
DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
* Partitura não convencional: representações
dos sons por meio de desenhos, sinais gráficos, Explorar diferentes partituras não convencionais e criativas fazendo uso da representação gráfica dos sons, por meio do
objetos. desenho, sinais gráficos entre outros, para introduzir o sistema de registro musical.
PROCESSOS DE CRIAÇÃO (EF15AR17) Experimentar improvisações, composições e sonorização de histórias, entre outros, utilizando vozes, sons
corporais e/ou instrumentos musicais convencionais ou não convencionais, de modo individual, coletivo e colaborativo.
DESDOBRAMENTO DO
DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
OBJETO DE CONHECIMENTO
* Improvisação. Vivenciar o processo de criação, por meio da Sonorização de histórias, brincadeiras musicais, da apropriação e
* Composição. incorporação dos sons e ritmos estudados, para perceber a intencionalidade desse processo e objetivar sua
* Interpretação. expressividade.
PROCESSOS DE CRIAÇÃO (EF15AR20) Experimentar o trabalho colaborativo, coletivo e autoral em improvisações teatrais e processos narrativos
criativos em teatro, explorando desde a teatralidade dos gestos e das ações do cotidiano até elementos de diferentes
DESDOBRAMENTO DO OBJETO DE matrizes estéticas e culturais.
382
CONHECIMENTO
Realizar improvisos individual e coletivamente, com objetos, figurinos, adereços e outros, apreciando a criação do(a)
* Improvisação. colega e colocando-se como espectador.
* Jogos teatrais. Realizar trabalhos cênicos, a partir de situações do seu cotidiano, para estabelecer relações entre os diferentes
contextos.
* Imitação.
(EF15AR21) Exercitar a imitação e o faz de conta, ressignificando objetos e fatos e experimentando-se no lugar do outro, ao
* Dramatização. compor e encenar acontecimentos cênicos, por meio de músicas, imagens, textos ou outros pontos de partida, de forma
intencional e reflexiva.
Participar de jogos teatrais por meio de: improvisos, mímicas, imitação de pessoas, objetos, animais, cenas do
cotidiano, pequenos textos dentre outros.
(EF15AR22) Experimentar possibilidades criativas de movimento e de voz na criação de um personagem teatral, discutindo
estere ótipos.
Experimentar e representar cenicamente as possibilidades dramáticas na: literatura infantil, poemas, fábulas,
provérbios, parlendas, pequenos contos, dentre outros, por meio de teatro humano e/ou de bonecos (dedoche,
marionetes, fantoches, vara, sombra etc.), para conhecer e vivenciar as diversas possibilidades de representação.
Dramatizar, individual ou coletivamente peças da literatura infantil, poemas, fábulas, provérbios, parlendas, pequenos
contos, articulando os elementos do teatro: personagem, espaço e ação.
PROCESSO DE CRIAÇÃO (EF15AR23) Reconhecer e experimentar, em projetos temáticos, as relações processuais entre diversas linguagens artísticas.
Integrar as linguagens da Arte: artes visuais, música, teatro e a dança, articulando saberes referentes a produtos e a
fenômenos artísticos, envolvendo as práticas de criar, de ler, de produzir, de construir, de exteriorizar e de refletir sobre
formas artísticas.
MATRIZES ESTÉTICAS CULTURAIS (EF15AR24) Caracterizar e experimentar brinquedos, brincadeiras, jogos, danças, canções e histórias de diferentes matrizes
estéticas e culturais brasileira.
(EF15AR25) Conhecer e valorizar o patrimônio cultural, material e imaterial, de culturas diversas, em especial a brasileira,
incluindo-se suas matrizes indígenas, africanas e europeias, de diferentes épocas, favorecendo a construção de vocabulário e
383
repertório relativos às diferentes linguagens artísticas.
PATRIMÔNIO CULTURAL Conhecer produtores (as) de arte e suas obras: artes visuais, dança, música e teatro, que representam em seus
trabalhos artísticos temáticas lúdicas, que abordam brincadeiras, brinquedos, fatos inusitados, criança, infância etc. para
compará-los entre si e com seus contextos.
Construir na sala de aula, um espaço cultural (painel) com: fotos, reportagens, convites, catálogos, curiosidades, dentre
outros, sobre eventos culturais, locais e/ou regionais, relacionados às artes visuais, à dança, ao teatro e à música, para
que conheça e valorize sobre a vida cultural de seu munícipio e/ou região.
ARTE E TECNOLOGIA (EF15AR26) Explorar diferentes tecnologias e recursos digitais (multimeios, animações, jogos eletrônicos, gravações em
áudio e vídeo, fotografia, softwares etc.) nos processos de criação artística.
CONTEXTOS E PRÁTICAS (EF15AR01) Identificar e apreciar formas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, cultivando a percepção, o
imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.
DESDOBRAMENTO DO
OBJETO DE CONHECIMENTO Conhecer e perceber os diferentes gêneros da arte como: retrato e autorretrato, paisagem, natureza morta, cenas da
mitologia, cenas religiosas e cenas históricas e os diferentes contextos históricos/ artísticos comparando-os a partir das
Gêneros artísticos e contextos históricos: diferenças formais.
* Retrato.
* Autorretrato. Conhecer e apreciar a produção artística de artistas locais ou regionais para compreender a realidade histórica e
* Paisagem (natural, urbana e marinha); cultural regional.
* Cenas religiosas.
* Natureza-morta; DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
* Cenas do cotidiano.
* Cenas do cotidiano. Identificar e descrever os diferentes gêneros da Arte: retrato e autorretrato, paisagem (natural, urbana, marinha), cenas
religiosas, natureza-morta, cenas do cotidiano, por meio de uma leitura temática, para comparar e perceber a partir das
* Arte Naïf: artistas e contextos diferenças formais.
* Land Art.
Identificar o gênero da Arte paisagem nas produções artísticas locais, regionais, nacionais e de artistas estrangeiros,
bem como perceber o uso da paisagem natural como objeto para as produções contemporâneas, distinguindo a
produção tradicional da contemporânea, ampliando assim seus conhecimentos e repertório visual.
ELEMENTOS DA LINGUAGEM
(EF15AR02) Explorar e reconhecer elementos constitutivos das artes visuais (ponto, linha, forma, cor, espaço, movimento
etc.).
384
DESDOBRAMENTO DO OBJETO DE
CONHECIMENTO Conhecer, reconhecer e explorar os elementos da linguagem visual (ponto, linha, forma, cor, volume, Superfície),
presentes na natureza, nas obras de arte e imagens do cotidiano, para elaborar composições artísticas tanto no
* Ponto: percepção na natureza e na arte. bidimensional, como no tridimensional.
* Linha - Posição: horizontal, vertical e diagonal.l
Tipos: reta, curvas, sinuosas e mistas (espiral, Realizar composições artísticas, tendo como referência, não como modelo, obras de arte ou objetos artísticos de alguns
zigue- zague). diferentes períodos (Pré-história à Contemporaneidade, sem a obrigatoriedade de ser linear) para compreender o
* Forma: percepção na natureza e na arte. conceito de bidimensional e tridimensional.
*Tipos e tamanhos: geométricas.
*Posição no espaço: longe e perto, em cima, Relacionar obras de arte ou objetos artísticos de alguns diferentes períodos (Pré-história à Contemporaneidade, sem a
embaixo, central e lateral, justaposição. obrigatoriedade de ser linear) as linguagens gráficas (cartaz, outdoor, propaganda, catálogo de museu, ilustrações e
* Cor – percepção de cor na natureza e na arte outros), para compreender as possibilidades do fazer artístico e integrar linguagens gráficas com pictóricas, dentre
relações cromáticas: policromia, tonalidades, outras, em suas composições artísticas.
primárias /secundárias.
* Textura – percepção na natureza e na arte, Conhecer e realizar trabalhos artísticos de monocromia e policromia para saber distingui-las e realizar composições
texturas naturais (textura tátil), frotagem. artísticas monocromáticas e policromáticas.
* Luz – percepção na natureza e na arte,
claro e escuro (luz e sombra). DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
* Composição Bidimensional – noções de altura
e largura, parte superior x inferior, justaposição, Explorar as relações formais em trabalhos bidimensionais, de variadas técnicas, articulando formas geométricas,
repetição, tamanhos. orgânicas, figuração e deformação, em suas produções.
* Composição Tridimensional: noções de altura,
largura, profundidade e volume. Explorar as relações entre formas e texturas em trabalhos bidimensionais e tridimensionais, de variadas técnicas,
- Massa, peso, base e equilíbrio. articulando formas, textura, cor, em suas produções.
- Modelar.
* Figuração /deformação.
MATRIZES ESTÉTICAS E CULTURAIS (EF15AR03) Reconhecer e analisar a influência de distintas matrizes estéticas e culturais das artes visuais nas manifestações
artísticas das culturas locais, regionais e nacionais.
DESDOBRAMENTO DO Conhecer as diversas expressões artísticas em artes visuais encontradas no seu dia-a-dia, para reconhecer a
OBJETO DE CONHECIMENTO importância da arte como um meio de comunicação, de transformação social e de acesso à cultura, respeitando as
diferenças e o diálogo de distintas culturas, etnias e línguas percebendo ser um importante exercício para a cidadania.
* Arte Popular brasileira - pintura e escultura. Conhecer Arte Naïf para apreciação estética e realização de propostas artísticas relacionadas a este tipo de arte.
* Arte Naïf. Conhecer o conceito de Land Art, identificando alguns de seus produtores (as) para apreciação, criação de repertório e
de produção artística.
Conhecer e identificar a produção artística popular brasileira – da pintura, escultura, técnicas de impressão, a produção
Naif, como manifestação artística autêntica, seus usos e funções.
Conhecer e identificar a Land Art, as intervenções em espaços naturais, por meio do estudo de obras de artistas
contemporâneos brasileiros e sua poética.
385
MATERIALIDADES (EF15AR04) Experimentar diferentes formas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura,
escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia etc.), fazendo uso sustentável de materiais, instrumentos, recursos e
DESDOBRAMENTO DO técnicas convencionais e não convencionais.
OBJETO DE CONHECIMENTO
Realizar trabalhos de diversas expressões artísticas: desenho, pintura, colagem, modelagem, gravura, fotografia,
* Suportes: papel, papelão, papéis recicláveis, construções tridimensionais e outros, conhecendo os diferentes materiais, instrumentos e técnicas, para que tenha
tecido, muro, chão, árvores, pedras, entre maior domínio no seu fazer artístico desenvolvendo uma linguagem própria / poética pessoal na perspectiva da criação,
outros. experimentação, exercício e investigação de materiais artísticos e alternativos e na produção de trabalhos originais.
* Instrumentos: lápis grafite, carvão, giz de cera, Produzir trabalhos de diversas expressões artísticas, utilizando diferentes suportes (papel, tecido, muro, chão etc.) de
lápis de cor, pincel, galhos. cores, formas, tamanhos e texturas diferentes, propiciando segurança e variedade de possibilidades em suas criações.
* Matéria: tinta artesanal ou industrializada, Explorar diferentes tipos de tintas e materiais pictóricos (industrializados e artesanais), em diferentes suportes, para
tintas produzidas com elementos naturais (terra, experienciar possibilidades diversas e perceber efeitos com relação ao material, tamanho do suporte, textura e cor,
folhas, raízes, flores entre outros). experimentando as diversas possibilidades de uso de materiais, para desenvolver a pesquisa, a capacidade de
observação, a memória visual, a imaginação criadora.
* Técnicas:
Desenho: de observação, memória e criação. Realizar composições artísticas, tendo como referência, não como modelo, obras de arte ou objetos artísticos de alguns
Pintura: a guache, com elementos naturais. diferentes períodos (da Pré-história à Contemporaneidade, não tendo a necessidade de ser linear), para compreender o
Colagem: tecidos, papeis ou técnica mista. conceito de bidimensional e tridimensional.
Modelagem: argila/barro, massinha.
Frotagem. Fazer composições artísticas explorando materiais sustentáveis, como por exemplo: tintas com pigmentos de elementos
da natureza (terra/solo, folhas, flores, frutos, raízes) e/ou papel reciclável para utilizá-los em trabalhos artísticos ou
como suporte (superfície onde é realizado o trabalho), para perceber outras possibilidades de experimentações e
criações a partir da natureza.
Explorar as técnicas de desenho, pintura e colagem, utilizando diferentes tipos de materiais (grafite de diferentes
gramaturas e densidades, carvão, giz de cera etc.), em diferentes suportes (papel, tecido, muro, chão etc.), de cores,
formas, tamanho e texturas diferentes e compreender a diferença entre desenho de observação, desenho de memória e
desenho de criação, para experimentar diversas possibilidades de uso de materiais e efeitos ao desenhar e desenvolver
a observação, a memória e a imaginação.
Identificar e realizar composições artísticas de natureza morta locais, regionais, nacionais e internacionais para se
expressar, conhecer e distinguir este gênero da arte.
Identificar e representar o gênero da arte natureza morta nas produções artísticas locais, regionais, nacionais e
internacionais para se expressar, conhecer e distinguir este gênero da arte.
Explorar os elementos da natureza – terra, barro, pedras, galhos, água, entre outros -, percebendo suas qualidades
plásticas e expressivas, para redimensioná-los como material para arte, especialmente para a arte contemporânea.
(EF15AR05) Experimentar a criação em artes visuais de modo individual, coletivo e colaborativo, explorando diferentes
PROCESSOS DE CRIAÇÃO espaços da escola e da comunidade.
386
DESDOBRAMENTO DO Compreender por meio do fazer artístico e da leitura da produção artística, que o processo de criação envolve ação
OBJETO DE CONHECIMENTO investigativa, pesquisa, experimentação, levantamento de hipóteses, reflexão, acaso, sendo, tanto o produto artístico,
como também o processo, significativos.
* Reprodução, incorporação, citação, Incorporar o lúdico ao processo criativo, de modo que ao desenvolver as propostas artísticas, os conteúdos da
transformação e criação. linguagem da arte, sejam contemplados.
Conhecer, compreender e realizar relações cromáticas – monocromia e policromia e seus significados em um contexto
colorístico, para diferenciá-las nas obras de arte e imagens do cotidiano.
(EF15AR06) Dialogar sobre a sua criação e as dos colegas, para alcançar sentidos plurais.
Realizar apresentações das linguagens artísticas e exposições de artes visuais aos pais e à comunidade escolar, para
realizar momentos de expressão, de fruição e de integração entre escola e comunidade.
Compreender o processo de criação de artistas contemporâneos, que se apropriaram dos elementos naturais como
material expressivo para a produção de suas obras, percebendo como os artistas utilizam-se deles para comunicar
ideias, pensamentos e sua percepção sensível.
SISTEMAS DA LINGUAGEM (EF15AR07) Reconhecer algumas categorias do sistema das artes visuais (museus, galerias, instituições, feiras, artistas,
artesãos, curadores etc.), local ou regional, por meio de visitas e/ou registros fotográficos, cartazes, catálogos e/ou meios
DESDOBRAMENTO DO audiovisuais.
OBJETO DE CONHECIMENTO
DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
* Artista, artesão: produção artesanal e feiras de
arte. Identificar e diferenciar Arte de Artesanato, o artista do artesão, para compreender suas funções na realidade local e na
sociedade como um todo.
UNIDADE TEMÁTICA: LINGUAGEM - DANÇA
CONTEXTOS E PRÁTICAS (EF15AR08) Experimentar e apreciar formas distintas de manifestações da dança, presentes em diferentes contextos,
cultivando a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório corporal.
DESDOBRAMENTO DO
OBJETO DE CONHECIMENTO Conhecer espaços de dança local e/ou regional, grupos de dança local e/ou regional, assistindo espetáculos, festas
populares e manifestações culturais, presencialmente ou por meio de canais de comunicação, para ampliar o repertório
* Manifestações culturais/ danças populares de movimento corporal e conhecimento de manifestações culturais.
paranaenses: fandango, congada, pau de fitas.
DESBODRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
387
* Manifestações culturais indígenas – Dança e
acessórios utilizados na Dança; relação entre Conhecer e identificar as características estéticas das manifestações culturais brasileiras e paranaenses – elementos
dança e pintura corporal. formais, figurinos, adereços, acessórios, para reconhecer sua identidade cultural e compreender a dança como forma
de comunicação e expressão.
* Gênero: circular, popular, folclórico e étnico.
Conhecer e identificar as caraterísticas da dança indígena, seus usos e funções, percebendo as relações existentes
entre a dança e o cotidiano e as relações entre as linguagens da música e a dança e a pintura corporal.
ELEMENTOS DA LINGUAGEM (EF15AR09) Estabelecer relações entre as partes do corpo e destas com o todo corporal na construção do movimento
dançado.
DESDOBRAMENTO DO OBJETO DE
CONHECIMENTO Conhecer o corpo como totalidade formado por dimensões (física, intelectual, emocional, psicológica, ética, social),
compreendendo que se relacionam, analisando suas características corporais em suas singularidades: diferenças e
* Movimento corporal: corpo inteiro, partes, potencialidades para explorar as possibilidades expressivas que o corpo pode realizar de modo integral e suas
articulações. diferentes partes.
* Corpo: parado (simetria, assimetria, volume,
largura, curvas, torções, angulações). (EF15AR10) Experimentar diferentes formas de orientação no espaço (deslocamentos, planos, direções, caminhos etc.) e
* Formas virtuais/desenhos no espaço. ritmos de movimento (lento, moderado e rápido) na construção do movimento dançado.
* Fatores do movimento: Conhecer as várias ações básicas corporais (arrastar, enrolar, engatinhar, arremessar, chutar, esticar, dobrar, torcer,
Tempo: rápido x lento X moderado. correr, sacudir, saltar, entre outras) em situações cotidianas e em brincadeiras, vivenciando-as.
Espaço: Espaço pessoal (Kinesfera).
Níveis de espaço: alto, médio, baixo. DESBODRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Direções espaciais: frente, atrás, direita,
esquerda, em cima, embaixo. Vivenciar os fatores do movimento, por meio de atividades lúdicas, situações cotidianas, exercícios direcionados,
Força/Peso: leve e pesado, passivo x ativo. ampliando seu repertorio gestual, em busca do movimento expressivo.
Fluência: livre, interrompido e conduzido.
(EF15AR11) Criar e improvisar movimentos dançados de modo individual, coletivo e colaborativo, considerando os aspectos
estruturais, dinâmicos e expressivos dos elementos constitutivos do movimento, com base nos códigos de dança.
PROCESSO DE CRIAÇÃO
Realizar pequenas sequências coreográficas a partir das vivências, exercícios de expressão corporal, movimentos do
DESDOBRAMENTO DO cotidiano, sequências e estruturas rítmicas, percebendo-as por meio de brincadeiras e jogos como: parlendas, cantigas
OBJETO DE CONHECIMENTO de roda, trava-línguas, percussão corporal, balança caixão, escravos de Jó, cirandas etc., para expressar-se
corporalmente, por meio da dança, vivenciando-as.
* Sequência de movimento.
Explorar a dança com o uso de figurinos e objetos, adereços e acessórios, com e sem o acompanhamento musical, em
* Improvisação. improvisações em dança.
* Movimento e som. (EF15AR12) Discutir, com respeito e sem preconceito, as experiências pessoais e coletivas em dança vivenciadas na escola,
como fonte para a construção de vocabulários e repertórios próprios.
388
Realizar exercícios reflexivos, a partir de rodas de conversa, sobre as diversas manifestações, em dança e suas
origens, valorizando a identidade e a pluralidade cultural.
Compreender a dança como um momento de integração e convívio social presentes em diversos momentos da vida em
sociedade.
Vivenciar e refletir sobre seu processo de criação, sobre as possibilidades expressivas do movimento, e as
possibilidades criativas de figurinos, adereço, sonoplastia, ampliando o conhecimento dos elementos constitutivos desta
linguagem.
CONTEXTOS E PRÁTICAS (EF15AR13) Identificar e apreciar criticamente diversas formas e gêneros de expressão musical, reconhecendo e analisando
os usos e as funções.
DESDOBRAMENTO DO
OBJETO DE CONHECIMENTO Conhecer gêneros musicais variados, percebendo a diversidade existente no repertório musical brasileiro;
* Gêneros: Assistir e analisar diferentes espetáculos musicais, presencialmente e/ou por meio de vídeos, ou outros aparelhos
- Músicas Infantis (cantigas de roda). audiovisuais, para conhecer os diferentes gêneros musicais populares e erudito.
- Canções folclóricas e ritmos brasileiros –
baião. DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
- Música indígena.
- Música africana. Conhecer e vivenciar as músicas infantis, canções folclóricas brasileiras, estrangeiras, a música erudita e o baião, para
- Erudito. identificar os elementos formais e diferenças estéticas e culturais nesses gêneros.
Apreciar e Analisar as fontes sonoras (instrumentos, corpo, objetos, sons da natureza) especificas da produção musical
indígena e africana, identificando suas características, seu conteúdo e suas funções.
ELEMENTOS DA LINGUAGEM (EF15AR14) Perceber e explorar os elementos constitutivos da música (altura, intensidade, timbre, melodia, ritmo etc.), por
meio de jogos, brincadeiras, canções e práticas diversas de composição/criação, execução e apreciação musical.
DESDOBRAMENTO DO
OBJETO DE CONHECIMENTO DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
* Altura – grave, médio, agudo. Identificar, comparar e classificar os elementos formais da linguagem musical, para desenvolver sua sensibilidade
* Intensidade – forte e suave. auditiva, ampliar sua percepção da paisagem sonora e das obras musicais.
* Duração – longo e curto.
* Timbre – identidade sonora. Vivenciar e apreciar diferentes ritmos nas obras musicais, percebendo a marcação rítmica de cada gênero estudado.
MATERIALIDADES (EF15AR15) Explorar fontes sonoras diversas, como as existentes no próprio corpo (palmas, voz, percussão corporal), na
natureza e em objetos cotidianos, reconhecendo os elementos constitutivos da música e as características de instrumentos
DESDOBRAMENTO DO musicais variados.
OBJETO DE CONHECIMENTO
Conhecer gêneros musicais variados, percebendo a diversidade existente no repertório musical brasileiro.
*Formação – Solo, Dueto, Trio ou grupo/vocal e Realizar jogos de mãos (como “Escravos de Jó”, “Adoletá”, “Batom”, entre outros) e copos (mantendo uma sequência),
instrumental. cantigas de roda, parlendas, brincadeiras cantadas e rítmicas.
*Fontes sonoras – corpo, sons da natureza,
DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
objetos, instrumentos.
* Som e silêncio. Perceber nas obras musicais as diferentes formações, os silêncios, pausas, bem como a utilização de variadas fontes
so-noras e suas características, para compreender a diversidade estética existente nas produções culturais.
NOTAÇÃO E REGISTRO MUSICAL.
(EF15AR16) Explorar diferentes formas de registro musical não convencional (representação gráfica de sons, partituras
DESDOBRAMENTO DO criativas etc.), bem como procedimentos e técnicas de registro em áudio e audiovisual, e reconhecer a notação musical
OBJETO DE CONHECIMENTO convencional.
PROCESSOS DE CRIAÇÃO (EF15AR17) Experimentar improvisações, composições e sonorização de histórias, entre outros, utilizando vozes, sons
corporais e/ou instrumentos musicais convencionais ou não convencionais, de modo individual, coletivo e colaborativo.
DESDOBRAMENTO DO
OBJETO DE CONHECIMENTO DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
* Improvisação. Vivenciar o processo de criação, por meio de brincadeiras musicais, jogos rítmicos, brincadeiras cantadas, da
apropriação/ incorporação dos sons e ritmos estudados, para perceber a intencionalidade desse processo e objetivar sua
* Composição. expressividade.
* Interpretação. Vivenciar o processo de criação por meio de sonorização de obras de arte visuais ou de imagens do cotidiano, fixas ou
em movimento (pequenos vídeos, vídeos-clipes), para perceber a intencionalidade desse processo e objetivar sua
expressividade.
Vivenciar o processo de criação por meio da articulação das linguagens da música e artes visuais, da apreciação da
música e representação de seu ritmo por meio de formas, gestos, cor, ampliando suas possibilidades expressivas.
UNIDADE TEMÁTICA: LINGUAGEM - TEATRO
ELEMENTOS DA LINGUAGEM
(EF15AR19) Descobrir teatralidades na vida cotidiana, identificando elementos teatrais (variadas entonações de voz,
DESDOBRAMENTO DO diferentes fisi-calidades, diversidade de personagens e narrativas etc.).
OBJETO DE CONHECIMENTO
DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
* Personagem: expressões corporais, vocal,
gestual, facial. Conhecer os elementos formais do teatro para articulá-los em suas dramatizações e representações.
* Espaço: espaço cênico.
* Ação.
PROCESSOS DE CRIAÇÃO (EF15AR20) Experimentar o trabalho colaborativo, coletivo e autoral em improvisações teatrais e processos narrativos
criativos em teatro, explorando desde a teatralidade dos gestos e das ações do cotidiano até elementos de diferentes
DESDOBRAMENTO DO matrizes estéticas e culturais.
OBJETO DE CONHECIMENTO
Realizar improvisos individual e coletivamente, com objetos, figurinos, adereços e outros, apreciando a criação do(a)
* Improvisação. cole-ga e colocando-se como espectador.
* Jogos teatrais.
* Leitura dramática. Realizar trabalhos cênicos, a partir de situações do seu cotidiano, para estabelecer relações entre os diferentes
contextos.
* Roteiro.
(EF15AR21) Exercitar a imitação e o faz de conta, ressignificando objetos e fatos e experimentando-se no lugar do outro, ao
com-por e encenar acontecimentos cênicos, por meio de músicas, imagens, textos ou outros pontos de partida, de forma
intencional e reflexiva.
Participar de jogos teatrais por meio de: improvisos, mímicas, imitação de pessoas, objetos, animais, cenas do
cotidiano, pequenos textos dentre outros.
(EF15AR22) Experimentar possibilidades criativas de movimento e de voz na criação de um personagem teatral, discutindo
estereótipos
Experimentar e representar cenicamente as possibilidades dramáticas na: literatura infantil, poemas, fábulas,
provérbios, parlendas, pequenos contos, dentre outros, por meio de teatro humano e/ou de bonecos (dedoche,
marionetes, fantoches, vara, sombra etc.), para conhecer e vivenciar as diversas possibilidades de representação.
Construir textos e roteiros teatrais individual e/ou coletivos, baseados em leituras diversas, para habituar-se às
391
caracteres-ticas dos textos teatrais.
Dramatizar individual ou coletivamente peças da literatura infantil, poemas, fábulas, provérbios, parlendas, pequenos
contos, articulando os elementos do teatro personagem, espaço e ação.
UNIDADE TEMÁTICA: ARTES INTEGRADAS
(EF15AR23) Reconhecer e experimentar, em projetos temáticos, as relações processuais entre diversas linguagens artísticas.
PROCESSO DE CRIAÇÃO
Integrar as linguagens da Arte: artes visuais, música, teatro e a dança, articulando saberes referentes a produtos e
fenômenos artísticos e envolvendo as práticas de criar, ler, produzir, construir, exteriorizar e refletir sobre formas
artísticas.
MATRIZES ESTÉTICAS CULTURAIS (EF15AR24) Caracterizar e experimentar brinquedos, brincadeiras, jogos, danças, canções e histórias de diferentes matrizes
estéticas e culturais brasileira.
(EF15AR25) Conhecer e valorizar o patrimônio cultural, material e imaterial, de culturas diversas, em especial a brasileira,
incluindo-se suas matrizes indígenas, africanas e europeias, de diferentes épocas, favorecendo a construção de vocabulário e
PATRIMÔNIO CULTURAL repertório relativos às diferentes linguagens artísticas.
Conhecer produtores (as) de arte e suas obras: artes visuais, dança, música e teatro, que representam em seus
trabalhos artísticos temáticas lúdicas, que abordam brincadeiras, brinquedos, fatos inusitados, criança, infância etc. para
compará-los entre si e com seus contextos.
ARTE E TECNOLOGIA (EF15AR26) Explorar diferentes tecnologias e recursos digitais (multimeios, animações, jogos eletrônicos, gravações em
áudio e vídeo, fotografia, softwares etc.) nos processos de criação artística.
ARTE - 3 º ANO
CONTEXTOS E PRÁTICAS (EF15AR01) Identificar e apreciar formas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, cultivando a percepção, o
imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.
DESDOBRAMENTO DO Pesquisar e analisar os diferentes gêneros da arte como: retrato e autorretrato, paisagem, natureza morta, cenas da
OBJETO DE CONHECIMENTO mitologia, cenas religiosas e cenas históricas e dos diferentes contextos históricos/ artísticos comparando-os a partir
das diferenças formais.
Gêneros artísticos Pesquisar e conhecer a produção artística de artistas paranaenses para compreender a realidade histórica e cultural
regional.
e contextos históricos:
* Paisagem (natural, urbana, marinha). Conhecer, diferenciar e caracterizar a produção artística abstrata da produção artística figurativa, seus produtores(as)
de algumas diferentes épocas (da Pré-história à Contemporaneidade, sem a obrigatoriedade de ser linear), para realizar
* Cenas religiosas. composições artísticas abstratas e figurativas, desenvolvendo sua percepção estética e reconhecendo os princípios
* Cenas do cotidiano. estéticos.
Diferenciar a produção artística figurativa da abstrata, tendo por base a produção dos artistas de vanguarda da Arte
Moderna;
Conhecer e identificar as diferenças formais das tendências da abstração: abstração informal ou lírica, Arte abstrata
geométrica, arte não figurativa geométrica brasileira, tachismo para ampliar seu repertório visual e suas possibilidades
expressivas.
ELEMENTOS DA LINGUAGEM (EF15AR02) Explorar e reconhecer elementos constitutivos das artes visuais (ponto, linha, forma, cor, espaço, movimento
etc.).
DESDOBRAMENTO DO Identificar, reconhecer e explorar os elementos da linguagem visual (ponto, linha, forma, cor, volume, superfície),
OBJETO DE CONHECIMENTO presentes na natureza, nas obras de arte e imagens do cotidiano, para elaborar composições artísticas tanto no
bidimensional, como no tridimensional.
*Ponto – percepção na natureza e na arte.
*Linha. Realizar composições artísticas, tendo como referência, não como modelo, obras de arte ou objetos artísticos de alguns
Posição: Horizontal, vertical e diagonal. diferentes períodos (da Pré-história à Contemporaneidade, sem a obrigatoriedade de ser linear) para compreender o
Tipos: Reta, curvas, sinuosas e mistas (espiral, conceito de bidimensional e tridimensional.
zigue- zague).
* Forma: percepção na natureza e na arte. Relacionar e analisar os elementos formais nas obras de arte e objetos artísticos, de diferentes períodos (Pré-história à
*Tipos e tamanhos: geométricas x orgânicas x Contemporaneidade, sem a obrigatoriedade de ser linear) nas produções gráficas (cartaz, outdoor, propaganda,
mista. catálogo de museu, ilustrações e outros) para compreender as possibilidades do fazer artístico.
*Posição no espaço: longe e perto, em cima, em
393
baixo, central e lateral, justaposição, repetição, Conhecer o conceito de proporção e simetria para produzir composições artísticas, utilizando a proporção e simetria e
sobreposição e proporção. reconhecê-los em imagens diversas.
* Cor: percepção de cor na natureza e na arte
relações cromáticas: policromia, tonalidades, Compreender o conceito de cores quentes e cores frias, realizando composições artísticas com elas experimentando
primarias x secundarias, quentes x frias. esta relação.
* Textura: percepção na natureza e na arte,
texturas naturais (textura tátil), frotagem. DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
* Luz : percepção na natureza e na arte,
- Claro e escuro (luz e sombra). Identificar os usos e funções dos elementos formais nas composições, nas organizações do espaço, de modo a
*Composição Bidimensional: noções de altura e reconhecer ritmo visual, equilíbrio, harmonia, semelhanças e contrastes, efeitos de atração, fusão ou tensão visual,
largura, parte superior x inferior, justaposição, usados nas obras de arte, imagens do cotidiano, da publicidade, da comunicação visual.
repetição, simetria x assimetria.
*Composição Tridimensional: noções de altura,
largura, profundidade e volume.
- Massa, peso, equilíbrio.
- Modelar.
* Figuração.
MATRIZES ESTÉTICAS E CULTURAIS (EF15AR03) Reconhecer e analisar a influência de distintas matrizes estéticas e culturais das artes visuais nas manifestações
artísticas das culturas locais, regionais e nacionais.
DESDOBRAMENTO DO Conhecer as diversas expressões artísticas em artes visuais encontradas no seu dia-a-dia, para reconhecer a
OBJETO DE CONHECIMENTO importância da arte como um meio de comunicação, de transformação social e de acesso à cultura, respeitando as
diferenças e o diálogo de distintas culturas, etnias e línguas percebendo ser um importante exercício para a cidadania.
* Arte Naïf: Artistas de diferentes regiões do Conhecer a arte brasileira e afro-brasileira em diferentes tempos, para valorizar, aumentar o repertório imagético e
Brasil. utilizá-las como suporte interpretativo.
* Arte Africana: pintura corporal, padrões
estéticos, estamparia, símbolos e escultura. Conhecer arte Naïf para valorizá-las e realizar propostas artísticas relacionadas a este tipo de arte.
* Arte afro-brasileira - período colonial (pintura,
escultura, arquitetura). Conhecer o conceito de Land Art, identificando alguns de seus produtores (as) para apreciação, criação de repertório e
de produção artística.
* Arte afro-brasileira: principais artistas, século
DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
XIX e século XX.
Conhecer e identificar a produção artística indígena - pintura corporal, cerâmica, cestaria, arte plumaria, como
manifestação artística autêntica, seus usos e funções.
Conhecer e identificar a produção artística africana – pintura corporal, estamparia/padrões estéticos, escultura e
cerâmica, como manifestação artística autêntica, seus usos e funções.
Perceber a influência dos negros na produção artística brasileira, desde o barroco brasileiro, passando pelos
movimentos modernos e contemporâneos, com intuito de reconhecer essa “africanidade” na arte e valorizá-la como
expressão da brasilidade.
MATERIALIDADES
(EF15AR04) Experimentar diferentes formas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura,
394
DESDOBRAMENTO DO escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia etc.), fazendo uso sustentável de materiais, instrumentos, recursos e
OBJETO DE CONHECIMENTO técnicas convencionais e não convencionais.
Suportes: papel, papelão, papéis recicláveis, Realizar trabalhos de diversas expressões artísticas: desenho, pintura, colagem, modelagem, gravura, fotografia,
tecido, muro, chão, entre outros. construções tridimensionais e outros, conhecendo os diferentes materiais, instrumentos e técnicas, para que tenha
maior domínio no seu fazer artístico desenvolvendo uma linguagem própria / poética pessoal na perspectiva da criação,
Instrumentos: lápis grafite, carvão, giz de cera, experimentação, exercício e investigação de materiais artísticos e alternativos e na produção de trabalhos originais.
lápis de cor, pincel.
Produzir trabalhos de diversas expressões artísticas, utilizando diferentes suportes (papel, tecido, muro, chão etc.) de
Matéria: tinta artesanal ou industrializada, tintas cores, formas, tamanhos e texturas diferentes, propiciando segurança e variedade de possibilidades em suas criações.
produzidas com elementos naturais (terra,
folhas, raízes, flores entre outros). Explorar diferentes tipos de tintas e materiais pictóricos (industrializados e artesanais), em diferentes suportes, para
experienciar possibilidades diversas e perceber efeitos com relação ao material, tamanho do suporte, textura e cor,
Técnicas: experimentando as diversas possibilidades de uso de materiais, para desenvolver a pesquisa, a capacidade de
Desenho – desenho de observação, de observação, a memória visual, a imaginação criadora.
memória e criação.
Pintura – a guache, com elementos naturais. Realizar composições artísticas, tendo como referência, não como modelo, obras de arte ou objetos artísticos de alguns
Colagem – tecidos, papeis ou técnica mista. diferentes períodos (da Pré-história à Contemporaneidade, não tendo a necessidade de ser linear), para compreender o
Modelagem – argila/barro, massinha. conceito de bidimensional e tridimensional.
- Frotagem.
- Fotografia. Explorar as técnicas de desenho, pintura e colagem, utilizando diferentes tipos de materiais (grafite de diferentes
- Objetos-Arte. gramaturas e densidades, carvão, giz de cera etc.), em diferentes suportes (papel, tecido, muro, chão etc.), de cores,
formas, tamanho e texturas diferentes e compreender a diferença entre desenho de observação, desenho de memória e
desenho de criação, para experimentar diversas possibilidades de uso de materiais e efeitos ao desenhar e desenvolver
a observação, a memória e a imaginação.
Identificar e representar o gênero da arte paisagem: urbana, rural, litorânea, natural, construída de diferentes tempos e
lugares – produções artísticas locais, regionais, nacionais e internacionais para se expressar, conhecer e distinguir este
gênero da arte.
Explorar as técnicas e procedimentos de escultura – amassar, moldar, talhar, cortar e dobrar para obtenção de volume
no espaço, incorporar massa em objetos, agrupar objetos entre outras, para produção de trabalhos tridimensionais,
ampliando suas possibilidades expressivas.
PROCESSOS DE CRIAÇÃO (EF15AR05) Experimentar a criação em artes visuais de modo individual, coletivo e colaborativo, explorando diferentes
espaços da escola e da comunidade.
DESDOBRAMENTO DO Compreender, por meio do fazer artístico e da leitura da produção artística, que o processo de criação envolve ação
OBJETO DE CONHECIMENTO investigativa, pesquisa, experimentação, levantamento de hipóteses, reflexão, acaso, sendo, tanto o produto artístico,
como também o processo, significativos.
* Reprodução, incorporação, citação,
transformação e criação. Incorporar o lúdico ao processo criativo, de modo que ao desenvolver as propostas artísticas, os conteúdos da
linguagem da arte, sejam contemplados.
395
Explorar as técnicas de desenho, pintura e colagem, utilizando diferentes tipos de materiais (grafite, carvão, giz de cera,
tinta guache dentre outros).
(EF15AR06) Dialogar sobre a sua criação e as dos colegas, para alcançar sentidos plurais.
Realizar apresentações das linguagens artísticas e exposições de artes visuais aos pais e à comunidade escolar, para
realizar momentos de expressão, fruição e integração entre escola e comunidade.
Explorar as técnicas de desenho, pintura e colagem, utilizando diferentes tipos de materiais (grafite, carvão, giz de cera,
tinta guache, acrílica, mista dentre outros), como técnicas expressivas e compreender como os artistas utilizam delas
para comunicar ideias, pensamentos e sua percepção sensível.
Estudar o processo de criação de artistas locais, regionais, nacionais – considerando a arte brasileira, a arte afro-
brasileira, de diferentes períodos, percebendo as incorporações, reproduções, citações e “re-leitura” na obra dos artistas
pesquisados.
SISTEMAS DA LINGUAGEM (EF15AR07) Reconhecer algumas categorias do sistema das artes visuais (museus, galerias, instituições, feiras, artistas,
artesãos, curadores etc.), local ou regional, por meio de visitas e/ou registros fotográficos, cartazes, catálogos e/ou meios
DESDOBRAMENTO DO OBJETO DE audiovisuais.
CONHECIMENTO
DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
* Artista x Artesão.
* Críticos de Arte. Identificar e diferenciar Arte de Artesanato, o artista do artesão, bem como os espaços destinados a exposição da arte –
* Feiras de Arte. museus, feiras, galerias - para compreender suas funções na realidade local e na sociedade como um todo.
* Museus.
* Galerias de arte.
UNIDADE TEMÁTICA: LINGUAGEM - DANÇA
CONTEXTOS E PRÁTICAS (EF15AR08) Experimentar e apreciar formas distintas de manifestações da dança, presentes em diferentes contextos,
cultivando a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório corporal.
DESDOBRAMENTO DO Conhecer espaços de dança local e/ou regional, grupos de dança local e/ou regional, assistindo espetáculos, festas
OBJETO DE CONHECIMENTO populares e manifestações culturais, presencialmente ou por meio de canais de comunicação, para ampliar o repertório
de movimento corporal e conhecimento de manifestações culturais.
* Modalidades: dança de salão, danças
urbanas. DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
* Dança clássica x Conhecer e identificar as características estéticas das manifestações culturais brasileiras e paranaenses – elementos
Dança contemporânea. formais, figurinos, adereços, acessórios - para reconhecer sua identidade cultural e compreender a dança como forma
de comunicação e expressão.
* Gênero: Popular, folclórico, étnico.
396
Conhecer, identificar e diferenciar, as caraterísticas da dança clássica, das danças folclóricas, populares e étnicas, seus
usos e funções, percebendo as relações existentes entre a dança e o cotidiano, os espaços para a dança clássica e
para as manifestações populares.
ELEMENTOS DA LINGUAGEM EF15AR09) Estabelecer relações entre as partes do corpo e destas com o todo corporal na construção do movimento
dançado.
DESDOBRAMENTO DO
OBJETO DE CONHECIMENTO Conhecer o corpo como totalidade formado por dimensões (física, intelectual, emocional, psicológica, ética, social),
compreendendo que se relacionam, analisando suas características corporais em suas singularidades: diferenças e
* Movimento corporal: corpo inteiro, partes, potencialidades para explorar as possibilidades expressivas que o corpo pode realizar de modo integral e suas
articulações. diferentes partes.
* Corpo - parado (simetria, assimetria, volume,
largura, curvas, torções, angulações). (EF15AR10) Experimentar diferentes formas de orientação no espaço (deslocamentos, planos, direções, caminhos etc.) e
* Formas virtuais/desenhos no espaço. ritmos de movimento (lento, moderado e rápido) na construção do movimento dançado.
* Fatores do movimento: Conhecer e vivenciar as várias ações básicas corporais (arrastar, enrolar, engatinhar, arremessar, chutar, esticar, dobrar,
Tempo: Rápido x lento X moderado. torcer, correr, sacudir, saltar, entre outras) em situações cotidianas e em brincadeiras.
Espaço: Espaço pessoal – Kinesfera.
Níveis de espaço: Alto, médio, baixo. Explorar e perceber o espaço que o corpo ocupa individualmente e compartilhado por outros corpos: união das células
Direções espaciais: Frente, atrás, direita, coreográficas.
esquerda, em cima, embaixo.
Força/Peso: Leve e pesado - passivo x ativo;. Conhecer as diversas modalidades da dança: contemporâneas, de salão, danças urbanas, danças clássicas, danças
Fluência: Livre, interrompido e conduzido. étnicas, entre outras.
* Ponto de apoio: Partes do corpo: pés, mão, DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
joelhos, cabeça, nádegas.
Vivenciar os fatores do movimento, por meio de atividades lúdicas, situações cotidianas, exercícios direcionados,
* Rotação: contínua x descontínua, completa x ampliando seu repertorio gestual, em busca do movimento expressivo.
incompleta, individual x grup.
PROCESSO DE CRIAÇÃO (EF15AR11) Criar e improvisar movimentos dançados de modo individual, coletivo e colaborativo, considerando os aspectos
estruturais, dinâmicos e expressivos dos elementos constitutivos do movimento, com base nos códigos de dança.
DESDOBRAMENTO DO Realizar pequenas sequências coreográficas a partir das vivências, exercícios de expressão corporal, movimentos do
OBJETO DE CONHECIMENTO cotidiano, sequências e estruturas rítmicas, percebendo-as por meio de brincadeiras e jogos como: parlendas, cantigas
de roda, trava-línguas, percussão corporal, balança caixão, escravos de Jó, cirandas etc., para expressar-se
* Sequência de movimento. corporalmente, por meio da dança, vivenciando-as.
397
* Improvisação. Explorar a dança com o uso de figurinos e objetos, adereços e acessórios com e sem o acompanhamento musical, em
improvisações em dança.
* Sonoplastia.
(EF15AR12) Discutir, com respeito e sem preconceito, as experiências pessoais e coletivas em dança vivenciadas na escola,
* Cenografia. como fonte para a construção de vocabulários e repertórios próprios.
Realizar exercícios reflexivos, a partir de rodas de conversa, sobre as diversas manifestações em dança e suas origens,
valorizando a identidade e a pluralidade cultural.
Compreender a dança como um momento de integração e convívio social presentes em diversos momentos da vida em
sociedade.
Vivenciar e refletir sobre seu processo de criação, sobre as possibilidades expressivas do movimento, e as
possibilidades criativas de figurinos, adereço, sonoplastia, ampliando o conhecimento dos elementos constitutivos desta
linguagem.
CONTEXTOS E PRÁTICAS (EF15AR13) Identificar e apreciar criticamente diversas formas e gêneros de expressão musical, reconhecendo e analisando
os usos e as funções.
DESDOBRAMENTO DO
OBJETO DE CONHECIMENTO Conhecer gêneros musicais variados, percebendo a diversidade existente no repertório musical brasileiro.
Gêneros: Assistir e analisar diferentes espetáculos musicais, presencialmente e/ou por meio de vídeos, ou outros aparelhos
* Canções folclóricas e ritmos brasileiros – audiovisuais, para conhecer os diferentes gêneros musicais populares e erudito.
samba, e suas vertentes.
DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
* Música indígena.
* Música africana e afro brasileira – maracatu. Conhecer e vivenciar as canções folclóricas brasileiras e estrangeiras, a música erudita para identificar os elementos
* Músicas Regionais (gauchescas, fandango formais e diferenças estéticas e culturais nestes gêneros.
entre outras).
* Erudito. Conhecer, apreciar e vivenciar os ritmos da música indígena, africana e afro-brasileira, para valorizar e compreender a
identidade cultural do país.
Apreciar e Analisar as fontes sonoras (instrumentos, corpo, objetos, sons da natureza) especificas da produção musical
indígena, africana, afro-brasileira, identificando suas características, seu conteúdo e suas funções.
398
ELEMENTOS DA LINGUAGEM (EF15AR14) Perceber e explorar os elementos constitutivos da música (altura, intensidade, timbre, melodia, ritmo etc.), por
meio de jogos, brincadeiras, canções e práticas diversas de composição/criação, execução e apreciação musical.
DESDOBRAMENTO DO
OBJETO DE CONHECIMENTO Realizar brincadeiras musicais com diferentes ritmos que tenham esses acentos (binário/marcha; ternário/valsa, entre
outros).
* Altura – grave, médio, agudo.
Compreender e vivenciar, por meio de brincadeiras os elementos da música (pulso, ritmo, melodia, andamento e
* Intensidade – forte e suave. dinâmica).
* Duração – longo e curto. Conhecer o conceito de paisagem sonora e fazer o registro gráfico alternativo (notação não tradicional) dos elementos
do som em paisagens sonoras.
* Timbre – identidade sonora.
Identificar sons naturais e sons culturais
* Composição – ritmo (binário, quaternário).
DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Identificar, comparar e classificar os elementos formais da linguagem musical, para desenvolver sua sensibilidade
auditiva, ampliar sua percepção da paisagem sonora e das obras musicais.
Vivenciar e apreciar diferentes ritmos nas obras musicais, percebendo a marcação rítmica de cada gênero estudado.
MATERIALIDADES
(EF15AR15) Explorar fontes sonoras diversas, como as existentes no próprio corpo (palmas, voz, percussão corporal), na
DESDOBRAMENTO DO natureza e em objetos cotidianos, reconhecendo os elementos constitutivos da música e as características de instrumentos
OBJETO DE CONHECIMENTO musicais variados.
*Formação: Solo, Dueto, Trio ou grupo/vocal e Cantar músicas e executar jogos e brincadeiras cantadas, do repertório musical brasileiro, identificando gêneros
instrumental. musicais variados, percebendo a diversidade existente.
NOTAÇÃO E REGISTRO MUSICAL. (EF15AR16) Explorar diferentes formas de registro musical não convencional (representação gráfica de sons, partituras
criativas etc.), bem como procedimentos e técnicas de registro em áudio e audiovisual, e reconhecer a notação musical
convencional.
DESDOBRAMENTO DO
OBJETO DE CONHECIMENTO DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
* Partitura não convencional: Representações Explorar diferentes partituras não convencionais e criativas fazendo uso da representação gráfica dos sons, por meio do
dos sons por meio de desenhos, sinais gráficos, desenho, sinais gráficos entre outros, para introduzir o sistema de registro musical.
objetos.
PROCESSOS DE CRIAÇÃO (EF15AR17) Experimentar improvisações, composições e sonorização de histórias, entre outros, utilizando vozes, sons
corporais e/ou instrumentos musicais convencionais ou não convencionais, de modo individual, coletivo e colaborativo.
399
DESDOBRAMENTO DO
OBJETO DE CONHECIMENTO DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
* Improvisação. Vivenciar o processo de criação, por meio de brincadeiras musicais, jogos rítmicos, brincadeiras cantadas, da
apropriação/incorporação dos sons e ritmos estudados, para perceber a intencionalidade desse processo e objetivar
* Composição. sua expressividade.
*Interpretação. Vivenciar o processo de criação por meio de sonorização de obras de arte visuais ou de imagens do cotidiano, fixas ou
em movimento (pequenos vídeos, vídeos-clipes), para perceber a intencionalidade desse processo e objetivar sua
expressividade.
Vivenciar o processo de criação por meio da articulação das linguagens da música e artes visuais, da apreciação da
música e representação de seu ritmo por meio de formas, gestos, cor, ampliando suas possibilidades expressivas.
Pesquisar e estudar o processo de criação de grupos musicais brasileiros, que utilizam instrumentos e objetos
alternativos (sugestão barbatuques, uakit,) percebendo a diversas possibilidades expressivas.
UNIDADE TEMÁTICA: LINGUAGEM - TEATRO
ELEMENTOS DA LINGUAGEM
(EF15AR19) Descobrir teatralidades na vida cotidiana, identificando elementos teatrais (variadas entonações de voz,
DESDOBRAMENTO DO diferentes fisicalidades, diversidade de personagens e narrativas etc.).
OBJETO DE CONHECIMENTO
DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
* Personagem: expressões corporais, vocal,
gestual, facial. Conhecer os elementos formais do Teatro para articulá-los em suas dramatizações e representações cênicas.
* Espaço: cênico.
* Ação.
PROCESSOS DE CRIAÇÃO
(EF15AR20) Experimentar o trabalho colaborativo, coletivo e autoral em improvisações teatrais e processos narrativos
DESDOBRAMENTO DO criativos em teatro, explorando desde a teatralidade dos gestos e das ações do cotidiano até elementos de diferentes
OBJETO DE CONHECIMENTO matrizes estéticas e culturais.
* Improvisação. Realizar improvisos individual e coletivamente, com objetos, figurinos, adereços e outros, apreciando a criação do(a)
colega e colocando-se como espectador
400
* Jogos teatrais.
Realizar trabalhos cênicos, a partir de situações do seu cotidiano, para estabelecer relações entre os diferentes
* Leitura dramática. contextos.
* Roteiro. (EF15AR21) Exercitar a imitação e o faz de conta, ressignificando objetos e fatos e experimentando-se no lugar do outro, ao
compor e encenar acontecimentos cênicos, por meio de músicas, imagens, textos ou outros pontos de partida, de forma
* Dramatização. intencional e reflexiva.
* Máscaras. Participar de jogos teatrais por meio de: improvisos, mímicas, imitação de pessoas, objetos, animais, cenas do
cotidiano, pequenos textos dentre outros.
(EF15AR22) Experimentar possibilidades criativas de movimento e de voz na criação de um personagem teatral, discutindo
estereótipos.
Experimentar e representar cenicamente as possibilidades dramáticas na: literatura infantil, poemas, fábulas,
provérbios, parlendas, pequenos contos, dentre outros, por meio de teatro humano e/ou de bonecos (dedoche,
marionetes, fantoches, etc.), para conhecer e vivenciar as diversas possibilidades de representação.
Construir textos e roteiros teatrais individual e/ou coletivos, baseados em leituras diversas, para habituar-se às
características dos textos teatrais;
Entender a finalidade da máscara na representação teatral, confeccionando-as para utilizá-la nas apresentações
cênicas.
Vivenciar o processo criativo em Teatro, participando como ator e como plateia, bem como explorar a improvisação, as
possibilidades expressivas do corpo na criação de personagens e gestualidade expressivas, para além dos
estereótipos.
Articular as linguagens Artes Visuais e Teatro para a confecção de máscaras, figurinos e adereços para as
dramatizações teatrais.
Pesquisar e estudar o processo de criação de atores brasileiros, bem como de companhias de Teatro para ampliar suas
possiblidades expressivas e apreciar espetáculos.
UNIDADE TEMÁTICA: ARTES INTEGRADAS
PROCESSO DE CRIAÇÃO (EF15AR23) Reconhecer e experimentar, em projetos temáticos, as relações processuais entre diversas linguagens artísticas.
Integrar as linguagens das artes visuais, da música, do teatro e da dança, articulando saberes referentes a produtos e
fenômenos artísticos, envolvendo as práticas de criar, ler, produzir, construir, exteriorizar e refletir sobre formas
401
artísticas.
Conhecer as formas estéticas híbridas, tais como as artes circenses, o cinema e a performance, para perceber e
vivenciar o campo vasto da arte.
MATRIZES ESTÉTICAS CULTURAIS (EF15AR24) Caracterizar e experimentar brinquedos, brincadeiras, jogos, danças, canções e histórias de diferentes matrizes
estéticas e culturais brasileira.
(EF15AR25) Conhecer e valorizar o patrimônio cultural, material e imaterial, de culturas diversas, em especial a brasileira,
incluindo-se suas matrizes indígenas, africanas e europeias, de diferentes épocas, favorecendo a construção de vocabulário e
repertório relativos às diferentes linguagens artísticas.
PATRIMÔNIO CULTURAL Conhecer produtores(as) de arte e suas obras: artes visuais, dança, música e teatro, que representam em seus
trabalhos artísticos temáticas lúdicas, que abordam brincadeiras, brinquedos, fatos inusitados, criança, infância etc. para
compará-los entre si e com seus contextos.
Construir na sala de aula, um espaço cultural (painel) com: fotos, reportagens, convites, catálogos, curiosidades, dentre
outros, sobre eventos culturais, locais e/ou regionais, relacionados às artes visuais, dança, teatro e música, para que
conheça e valorize sobre a vida cultural de seu munícipio e/ou região.
(EF15AR26) Explorar diferentes tecnologias e recursos digitais (multimeios, animações, jogos eletrônicos, gravações em
áudio e vídeo, fotografia, softwares etc.) nos processos de criação artística.
ARTE E TECNOLOGIA Relacionar obras de arte ou objetos artísticos de alguns diferentes períodos (da Pré-história à Contemporaneidade sem
a obrigatoriedade de que seja linear) a linguagens gráficas, digitais, audiovisuais e midiática (cartaz, outdoor,
propaganda, catálogo de museu, ilustrações, animações, vídeos e outros), para compreender as possibilidades do fazer
artístico e integração destas linguagens, dentre outras, em suas composições artísticas.
Conhecer a presença da arte: música, imagens, movimentos e outros em animações, novelas, propagandas, filmes,
dentre outros, compreendendo sua presença e importância no mundo.
Saber pesquisar na internet, de forma reflexiva, ética, crítica e criativa, sobre artistas visuais e suas obras, grupos
musicais, espetáculos de dança e de teatro, dentre outros.
ARTE - 4 º ANO
CONTEXTOS E PRÁTICAS (EF15AR01) Identificar e apreciar formas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, cultivando a percepção, o
402
imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.
DESDOBRAMENTO DO Pesquisar e analisar os diferentes gêneros da arte como: retrato e autorretrato, paisagem, natureza morta, cenas da
OBJETO DE CONHECIMENTO mitologia, cenas religiosas e cenas históricas e dos diferentes contextos históricos/artísticos comparando-os a partir das
diferenças formais.
* Gêneros artísticos e contextos históricos:
- Cenas da Mitologia. Pesquisar e conhecer a produção artística de artistas paranaenses para compreender a realidade histórica e cultural
regional.
* Arte Paranaense – pintura, escultura, mural,
objeto, fotografia. DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
* Arte Contemporânea: Identificar e descrever cenas da mitologia e oníricas, por meio de uma leitura temática, para comparar e perceber as
Arte urbana/street art, fotografia, diferenças composicionais e formais.
Intervenção urbana, instalação.
Identificar e apreciar a produção artística paranaense, desde artistas que abordam a temática do Paraná – por meio da
exploração dos símbolos e história paranaense (seja em suas pinturas, esculturas, murais) - até a produção
contemporânea – incluindo meios contemporâneos, como objetos, fotografias, vídeo –, com intuito de apropriar-se da
produção de arte no Estado.
Conhecer e identificar os meios de produção contemporâneos – fotografia, vídeo-arte, instalação, objeto-arte, arte
urbana e intervenção -, bem como artistas, grupos e coletivos que exploram esses meios.
ELEMENTOS DA LINGUAGEM (EF15AR02) Explorar e reconhecer elementos constitutivos das artes visuais (ponto, linha, forma, cor, espaço, movimento
etc.).
DESDOBRAMENTO DO
OBJETO DE CONHECIMENTO Identificar, reconhecer e explorar os elementos da linguagem visual (ponto, linha, forma, cor, volume, superfície),
presentes na natureza, nas obras de arte e imagens do cotidiano, para elaborar composições artísticas tanto no
*Ponto – percepção na natureza e na arte. bidimensional, como no tridimensional.
*Linha - Posição: Horizontal, vertical e diagonal.
* Tipos: Reta, curvas, sinuosas e mistas (espiral, Produzir trabalhos práticos das diversas expressões artísticas ou modalidades: desenho, pintura, colagem, modelagem,
zigue- zague). gravura, fotografia, construções tridimensionais e outros, isoladamente ou articulados (juntos).
* Forma – percepção na natureza e na arte.
*Tipos e tamanhos: geométricas x orgânicas x Realizar composições artísticas, tendo como referência, não como modelo, obras de arte ou objetos artísticos de alguns
mista. diferentes períodos (da Pré-história à Contemporaneidade, sem a obrigatoriedade de ser linear) para compreender o
* Posição no espaço: longe e perto, em cima, conceito de bidimensional e tridimensional.
em baixo, central e lateral, justaposição,
repetição, sobreposição e proporção. Relacionar os elementos formais nas obras de arte e objetos artísticos, em alguns diferentes períodos (da Pré-história à
* Cor: percepção de cor na natureza e na arte; Contemporaneidade, sem a obrigatoriedade de ser linear) nas produções gráficas (cartaz, outdoor, propaganda,
relações cromáticas: policromia, tonalidades, catálogo de museu, ilustrações e outros) para compreender as possibilidades do fazer artístico, de integração e
primárias x secundárias, quentes x frias, articulação das linguagens gráficas, pictóricas entre outras.
complementares.
* Textura: percepção na natureza e na arte,
403
texturas naturais (textura tátil), textura visua.; DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
* Luz: percepção na natureza e na arte,
- Claro e escuro (luz e sombra). Identificar, reconhecer os elementos formais nas produções contemporâneas, nas organizações do espaço, nas
*Composição Bidimensional: noções de altura e imagens do cotidiano, da publicidade, da comunicação visual.
largura, parte superior x inferior, justaposição,
repetição, simetria x assimetria.
*Composição Tridimensional: noções de altura,
largura, profundidade e volume,
Interferência em objetos, apropriação de
objetos.
(EF15AR03) Reconhecer e analisar a influência de distintas matrizes estéticas e culturais das artes visuais nas manifestações
MATRIZES ESTÉTICAS E CULTURAIS artísticas das culturas locais, regionais e nacionais.
Arte afro-brasileira: principais artistas, século Conhecer as diversas artes visuais encontradas no seu dia a dia, para reconhecer a importância da arte como um meio
XIX e século XX. de comunicação, de transformação social e de acesso à cultura, respeitando as diferenças e o diálogo de distintas
culturas, etnias e línguas percebendo ser um importante exercício para a cidadania.
Perceber a influência da cultura oriental na produção artística brasileira, dos movimentos modernos aos
contemporâneos, com intuito de reconhecer as características formais, os aspectos técnicos e composicionais da
produção dos artistas orientais de relevância para a Arte brasileira.
MATERIALIDADES (EF15AR04) Experimentar diferentes formas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura,
escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia etc.), fazendo uso sustentável de materiais, instrumentos, recursos e
técnicas convencionais e não convencionais.
DESDOBRAMENTO DO Realizar trabalhos de diversas expressões artísticas: desenho, pintura, colagem, modelagem, gravura, fotografia,
OBJETO DE CONHECIMENTO construções tridimensionais e outros, conhecendo os diferentes materiais, instrumentos e técnicas, para que tenha
maior domínio no seu fazer artístico desenvolvendo uma linguagem própria / poética pessoal na perspectiva da criação,
* Suportes: papel, papelão, papéis recicláveis, experimentação, exercício e investigação de materiais artísticos e alternativos e na produção de trabalhos originais.
tecido, muro, chão, entre outros.
Produzir trabalhos de diversas expressões artísticas, utilizando diferentes suportes (papel, tecido, muro, chão etc.) de
* Instrumentos: lápis grafite, carvão, giz de cera, cores, formas, tamanhos e texturas diferentes, propiciando segurança e variedade de possibilidades em suas criações.
lápis de cor, pincel.
Explorar diferentes tipos de tintas e materiais pictóricos (industrializados e artesanais), em diferentes suportes, para
* Matéria: tinta artesanal ou industrializada, experienciar possibilidades diversas e perceber efeitos com relação ao material, tamanho do suporte, textura e cor,
tintas produzidas com elementos naturais (terra, experimentando as diversas possibilidades de uso de materiais, para desenvolver a pesquisa, a capacidade de
folhas, raízes, flores entre outros). observação, a memória visual, a imaginação criadora.
Técnicas: Realizar composições artísticas, tendo como referência, não como modelo, obras de arte ou objetos artísticos de alguns
Desenho – de observação, de memória e diferentes períodos (da Pré-história à Contemporaneidade, não tendo a necessidade de ser linear), para compreender o
criação. conceito de bidimensional e tridimensional.
404
Pintura – a guache, com elementos naturai.
Colagem – tecidos, papeis ou técnica mist. Explorar as técnicas de desenho, pintura e colagem, utilizando diferentes tipos de materiais (grafite de diferentes
Modelagem – argila/barro, massinha. gramaturas e densidades, carvão, giz de cera etc.), em diferentes suportes (papel, tecido, muro, chão etc.), de cores,
formas, tamanho e texturas diferentes e compreender a diferença entre desenho de observação, desenho de memória e
* Fotografia. desenho de criação, para experimentar diversas possibilidades de uso de materiais e efeitos ao desenhar e desenvolver
a observação, a memória e a imaginação.
* Objetos-Arte.
Conhecer trabalhos artísticos e seus produtores(as) de intervenções e de instalações, para apreciação e criação de
* Assemblage. repertório.
Identificar conceitos de arte urbana ou street art, identificando alguns de seus produtores (as), para apreciação e
criação de repertório.
Conhecer as principais técnicas, materiais e conceitos da produção artística fotográfica para realizar apreciação, criação
de repertório e de produção artística.
Identificar e representar o gênero da arte cenas da mitologia nas produções artísticas locais, regionais, nacionais e
internacionais para se expressar, conhecer e distinguir esse gênero da arte.
Conhecer as diferentes materialidades da produção contemporânea, para identificar e distinguir entre as matérias
nobres e a matérias “não artísticas”, manuseados pelos artistas, suas qualidades e seus efeitos de sentido particulares.
(EF15AR05) Experimentar a criação em artes visuais de modo individual, coletivo e colaborativo, explorando diferentes
PROCESSOS DE CRIAÇAO espaços da escola e da comunidade.
Compreender, por meio do fazer artístico e da leitura da produção artística, que o processo de criação envolve ação
DESDOBRAMENTO DO OBJETO DE investigativa, pesquisa, experimentação, levantamento de hipóteses, reflexão, acaso, sendo, tanto o produto artístico,
CONHECIMENTO como também o processo, significativos.
Incorporar o lúdico ao processo criativo, de modo que ao desenvolver as propostas artísticas, os conteúdos da
* Reprodução, incorporação, citação, linguagem da arte, sejam contemplados.
transformação e criação.
Explorar as técnicas de desenho, pintura e colagem, utilizando diferentes tipos de materiais (grafite, carvão, giz de cera,
tinta guache dentre outros).
(EF15AR06) Dialogar sobre a sua criação e as dos colegas, para alcançar sentidos plurais.
Realizar apresentações das linguagens artísticas e exposições de artes visuais aos pais e à comunidade escolar, para
realizar momentos de expressão, fruição e integração entre escola e comunidade.
Explorar os meios, procedimentos e processos da produção contemporânea – apropriar-se de objetos, matérias, cortar,
dobrar, rasgar, filmar, fotografar, incorporar massa em objetos, agrupar objetos, entre outras - para produção de
405
trabalhos artísticos contemporâneos, ampliando suas possibilidades expressivas.
Estudar o processo de criação de artistas contemporâneos, locais, regionais, nacionais, percebendo as incorporações,
reproduções, citações e “re-leitura” na obra dos artistas pesquisados.
SISTEMAS DA LINGUAGEM
(EF15AR07) Reconhecer algumas categorias do sistema das artes visuais (museus, galerias, instituições, feiras, artistas,
DESDOBRAMENTO DO artesãos, curadores etc.), local ou regional, por meio de visitas e/ou registros fotográficos, cartazes, catálogos e/ou meios
OBJETO DE CONHECIMENTO audiovisuais.
CONTEXTOS E PRÁTICAS (EF15AR08) Experimentar e apreciar formas distintas de manifestações da dança, presentes em diferentes contextos,
cultivando a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório corporal.
DESDOBRAMENTO DO
OBJETO DE CONHECIMENTO Conhecer espaços de dança local e/ou regional, grupos de dança local e/ou regional, assistindo espetáculos, festas
populares e manifestações culturais, presencialmente ou por meio de canais de comunicação, para ampliar o repertório
de movimento corporal e conhecimento de manifestações culturais.
* Modalidades: dança de salão, danças
urbanas. Conhecer e vivenciar danças brasileiras de matriz africana, afro-brasileiras e indígenas.
Pesquisar e conhecer gêneros de danças típicos ou mais populares em cada parte do país, a influência da cultura afro-
* Dança clássica x brasileira e indígena na dança, para compreender a presença da diversidade cultural em nosso país.
Dança contemporânea.
Reconhecer as festas populares e manifestações culturais do Paraná.
* Gênero: Popular, folclórico, étnico.
DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
* Africana, afro-brasileiras.
Conhecer e identificar as características estéticas das manifestações culturais brasileiras – elementos formais, figurinos,
adereços, acessórios -, para reconhecer sua identidade cultural e compreender a dança como forma de comunicação e
expressão.
Conhecer, identificar e diferenciar, as caraterísticas da dança clássica, das danças folclóricas, populares e étnicas, seus
usos e funções, percebendo as relações existentes entre a dança e o cotidiano, os espaços para a dança clássica e
para as manifestações populares.
ELEMENTOS DA LINGUAGEM (EF15AR09) Estabelecer relações entre as partes do corpo e destas com o todo corporal na construção do movimento
dançado.
DESDOBRAMENTO DO Conhecer o corpo como totalidade formado por dimensões (física, intelectual, emocional, psicológica, ética, social),
OBJETO DE CONHECIMENTO compreendendo que se relacionam, analisando suas características corporais em suas singularidades: diferenças e
potencialidades para explorar as possibilidades expressivas que o corpo pode realizar de modo integral e suas
* Movimento corporal: corpo inteiro, partes, diferentes partes.
articulações; Corpo - Parado (simetria,
assimetria, volume, largura, curvas, torções, (EF15AR10) Experimentar diferentes formas de orientação no espaço (deslocamentos, planos, direções, caminhos etc.) e
angulações). ritmos de movimento (lento, moderado e rápido) na construção do movimento dançado.
Formas virtuais/desenhos no espaço.
Conhecer e vivenciar as várias ações básicas corporais (arrastar, enrolar, engatinhar, arremessar, chutar, esticar, dobrar,
* Fatores do movimento: torcer, correr, sacudir, saltar, entre outras) em situações cotidianas e em brincadeiras.
Tempo: rápido x lento X moderado.
Espaço: Espaço pessoal – Kinesfera. Explorar e perceber o espaço que o corpo ocupa individualmente e compartilhado por outros corpos: união das células
Níveis de espaço: alto, médio, baixo. coreográficas.
Direções espaciais: frente, atrás, direita,
esquerda, em cima, embaixo. Conhecer as diversas modalidades da dança: contemporâneas, de salão, danças urbanas, danças clássicas, danças
Força/Peso: leve e pesado, étnicas, entre outras.
passivo x ativo.
Fluência: livre, interrompido e conduzido. Conhecer as diversas modalidades da dança: de salão, danças urbanas, dança contemporânea, danças clássicas,
danças étnicas, entre outras.
* Ponto de apoio: Partes do corpo: pés, mão,
joelhos, cabeça, nádegas. Experimentar variações nas formações utilizadas para composições coreográficas como: movimentos em círculo,
* Rotação: Contínua x descontínua, completa x diagonal, em blocos, em cânone, em duplas, em grupos, em filas, em colunas, entre outras.
incompleta, individual x grupo.
Conhecer e vivenciar danças brasileiras de matriz africana, afro-brasileiras e indígenas.
* Ações corporais: arrastar, enrolar, engatinhar,
arremessar, chutar, esticar, dobrar, torcer, correr, DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
sacudir, saltar, entre outras.
Vivenciar os fatores do movimento, os elementos da linguagem, por meio de atividades lúdicas, situações cotidianas,
* Giros: giro simples (um giro), giro (duplo): dois exercícios direcionados, ampliando seu repertorio gestual, em busca do movimento expressivo.
giros, giros sequenciais: (diversos giros
consecutivos).
PROCESSO DE CRIAÇAO (EF15AR11) Criar e improvisar movimentos dançados de modo individual, coletivo e colaborativo, considerando os aspectos
estruturais, dinâmicos e expressivos dos elementos constitutivos do movimento, com base nos códigos de dança.
407
DESDOBRAMENTO DO Criar pequenas sequências coreográficas a partir das vivências com jogos, brincadeiras, exercícios de expressão
OBJETO DE CONHECIMENTO corporal, sequências rítmicas e movimentos do cotidiano.
(EF15AR12) Discutir, com respeito e sem preconceito, as experiências pessoais e coletivas em dança vivenciadas na escola,
* Recursos Coreográficos – Uníssono, contraste como fonte para a construção de vocabulários e repertórios próprios.
simultâneo, cânone, antífona/responsorial;
Criar sequências de movimentos de dança.
* Improvisação.
Realizar exercícios reflexivos, a partir de rodas de conversa, sobre as diversas manifestações em dança e suas origens,
* Sonoplastia. valorizando a identidade e a pluralidade cultural.
* Cenografia. Compreender a dança como um momento de integração e convívio social presentes em diversos momentos da vida em
sociedade.
Vivenciar e refletir sobre seu processo de criação, sobre as possibilidades expressivas do movimento e as
possibilidades criativas de figurinos, adereço, sonoplastia, ampliando o conhecimento dos elementos constitutivos desta
linguagem, incorporando os recursos coreográficos para a criação em dança.
CONTEXTOS E PRÁTICAS (EF15AR13) Identificar e apreciar criticamente diversas formas e gêneros de expressão musical, reconhecendo e analisando
os usos e as funções.
DESDOBRAMENTO DO Conhecer gêneros musicais variados, percebendo a diversidade existente no repertório musical brasileiro.
OBJETO DE CONHECIMENTO
Assistir e analisar diferentes espetáculos musicais, presencialmente e/ou pelos canais de comunicação e/ou aparelhos
* Gêneros: audiovisuais, para conhecer os diferentes gêneros musicais populares e eruditos.
* Canções folclóricas e ritmos brasileiros.
Relacionar a produção musical com o contexto social em tempos e espaços e sua função social.
* Música popular Brasileira – MPB.
* Erudito - Música clássica. DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
* Musicais. Conhecer e vivenciar as canções folclóricas brasileiras, a música popular e a música erudita para identificar os
elementos formais e diferenças estéticas e culturais nesses gêneros.
Conhecer as caraterísticas dos Musicais, sua história, origem, agregando conhecimentos sobre os gêneros musicais.
408
ELEMENTOS DA LINGUAGEM (EF15AR14) Perceber e explorar os elementos constitutivos da música (altura, intensidade, timbre, melodia, ritmo etc.), por
meio de jogos, brincadeiras, canções e práticas diversas de composição/criação, execução e apreciação musical.
Realizar brincadeiras musicais com diferentes ritmos que tenham esses acentos (binário/marcha; ternário/valsa, entre
DESDOBRAMENTO DO outros).
OBJETO DE CONHECIMENTO
Compreender os elementos da música: pulso, ritmo, melodia, andamento e dinâmica em roteiros de paisagens sonoras
* Altura – grave, médio, agudo. e repertório variado.
* Intensidade – forte e suave. Compreender o que seja paisagem sonora e por meio da escuta registro e gravação, colher os sons do entorno da
escola e, registrar a impressão gráfica dos sons ouvidos, construindo um mapa cartográfico.
* Duração – longo e curto.
Identificar sons naturais e sons culturais.
* Timbre – identidade sonora.
DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
* Composição – ritmo (binário, ternário,
quaternário). Identificar, comparar e classificar os elementos formais da linguagem musical, para desenvolver sua sensibilidade
auditiva, ampliar sua percepção da paisagem sonora e das obras musicais.
Vivenciar e apreciar diferentes ritmos nas obras musicais, percebendo a marcação rítmica de cada gênero estudado.
MATERIALIDADES (EF15AR15) Explorar fontes sonoras diversas, como as existentes no próprio corpo (palmas, voz, percussão corporal), na
natureza e em objetos cotidianos, reconhecendo os elementos constitutivos da música e as características de instrumentos
musicais variados.
DESDOBRAMENTO DO
OBJETO DE CONHECIMENTO Cantar músicas do repertório musical brasileiro.
Analisar as produções realizadas em grupo e do repertório musical, vivenciado em atividades escolares, utilizando
*Formação – Solo, Dueto, Trio ou grupo/vocal e diferentes formas de registro.
instrumental.
DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
*Fontes sonoras – corpo, sons da natureza,
objetos, instrumentos. Perceber nas obras musicais, as diferentes formações, os silêncios, pausas, bem como a utilização de variadas fontes
sonoras e suas características, para compreender a diversidade estética existente nas produções culturais.
* Som e silêncio.
Conhecer, diferenciar orquestra de câmara, orquestra sinfônica, filarmônica, a formação dos instrumentos, localização
dos músicos no palco para apreciar e desenvolver sua sensibilidade auditiva.
Apreciar, identificar e explorar nas obras musicais as diferentes formações, os silêncios, pausas, bem como a utilização
de variadas fontes sonoras e suas características, para compreender a diversidade estética existente nas produções
culturais, reconhecendo os elementos constitutivos da música.
NOTAÇÃO E REGISTRO MUSICAL. (EF15AR16) Explorar diferentes formas de registro musical não convencional (representação gráfica de sons, partituras
criativas etc.), bem como procedimentos e técnicas de registro em áudio e audiovisual, e reconhecer a notação musical
409
convencional.
DESDOBRAMENTO DO OBJETO DE
CONHECIMENTO DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
* Partitura não convencional - Representações Explorar diferentes partituras não convencionais e criativas fazendo uso da representação gráfica dos sons, por meio do
dos sons por meio de desenhos, sinais gráficos, desenho, sinais gráficos entre outros, para introduzir o sistema de registro musical.
objetos.
Apresentar as notas musicais (dó, ré, mi, fá, sol, lá e si), estabelecendo comparação com o elemento Altura (grave,
médio e agudo).
PROCESSOS DE CRIAÇÃO (EF15AR17) Experimentar improvisações, composições e sonorização de histórias, entre outros, utilizando vozes, sons
corporais e/ou instrumentos musicais convencionais ou não convencionais, de modo individual, coletivo e colaborativo.
DESDOBRAMENTO DO
OBJETO DE CONHECIMENTO Experimentar, registrar e compartilhar improvisações e produções musicais variadas.
Vivenciar o processo de criação por meio da articulação das linguagens da música, artes visuais, dança, da apreciação
da música e representação de seu ritmo por meio de formas, gestos, cor, ampliando suas possibilidades expressivas.
Pesquisar e estudar o processo de criação de grupos musicais brasileiros e estrangeiros, percebendo as diversas
possibilidades expressivas.
UNIDADE TEMÁTICA: LINGUAGEM - TEATRO
CONTEXTOS E PRÁTICAS (EF15AR18) Reconhecer e apreciar formas distintas de manifestações do teatro presentes em diferentes contextos,
aprendendo a ver e a ouvir histórias dramatizadas e cultivando a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o
DESDOBRAMENTO DO repertório ficcional.
OBJETO DE CONHECIMENTO
DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
* Gêneros:
- Tragédia, comédia, drama. Conhecer, identificar os diferentes gêneros teatrais, diferenciando-os a partir de suas caraterísticas, bem como perceber
* Monólogo. os diferentes contextos dessas produções teatrais.
* Teatro brasileiro.
* Teatro de rua e arena.
410
ELEMENTOS DA LINGUAGEM (EF15AR19) Descobrir teatralidades na vida cotidiana, identificando elementos teatrais (variadas entonações de voz,
diferentes fisicalidades, diversidade de personagens e narrativas etc.).
DESDOBRAMENTO DO
OBJETO DE CONHECIMENTO DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
* Personagem: expressões corporais, vocal, Conhecer os elementos formais do teatro para articulá-los em suas dramatizações e representações cênicas,
gestual, facial. explorando suas possibilidades expressivas, para além dos estereótipos.
* Espaço: espaço cênico.
* Ação.
PROCESSOS DE CRIAÇÃO (EF15AR20) Experimentar o trabalho colaborativo, coletivo e autoral em improvisações teatrais e processos narrativos
criativos em teatro, explorando desde a teatralidade dos gestos e das ações do cotidiano até elementos de diferentes
matrizes estéticas e culturais.
DESDOBRAMENTO DO
OBJETO DE CONHECIMENTO Realizar improvisos individual e coletivamente, com objetos, figurinos, adereços e outros, apreciando a criação do(a)
colega e colocando-se como espectador.
* Improvisação.
Realizar trabalhos cênicos, a partir de situações do seu cotidiano, para estabelecer relações entre os diferentes
* Jogos teatrais. contextos.
* Leitura dramática. (EF15AR21) Exercitar a imitação e o faz de conta, ressignificando objetos e fatos e experimentando-se no lugar do outro, ao
compor e encenar acontecimentos cênicos, por meio de músicas, imagens, textos ou outros pontos de partida, de forma
* Roteiro. intencional e reflexiva.
*Dramatização. Participar de jogos teatrais por meio de: improvisos, mímicas, imitação de pessoas, objetos, animais, cenas do
cotidiano, pequenos textos dentre outros.
* Direção.
(EF15AR22) Experimentar possibilidades criativas de movimento e de voz na criação de um personagem teatral, discutindo
* Ensaio. estereótipos
* Máscaras. Experimentar e representar cenicamente as possibilidades dramáticas na: literatura infantil, poemas, fábulas,
provérbios, parlendas, pequenos contos, dentre outros, por meio de teatro humano e/ou de bonecos (dedoche,
marionetes, fantoches etc.), para conhecer e vivenciar as diversas possibilidades de representação.
Construir textos e roteiros teatrais individual e/ou coletivos, baseados em leituras diversas, para habituar-se às
características dos textos teatrais.
Vivenciar o processo criativo em Teatro, participando como ator e como platéia, bem como explorar a improvisação, as
possibilidades expressivas do corpo na criação de personagens e gestualidade expressivas, para além dos
estereótipos.
411
Articular as linguagens Artes Visuais e teatro para a confecção de mascaras, figurinos e adereços para as
dramatizações teatrais.
Pesquisar e estudar o processo de criação de atores brasileiros, bem como de companhias de teatro brasileiras, para
ampliar suas possiblidades expressivas e apreciar espetáculos.
UNIDADE TEMÁTICA: ARTES INTEGRADAS
(EF15AR23) Reconhecer e experimentar, em projetos temáticos, as relações processuais entre diversas linguagens artísticas.
Integrar as linguagens das artes visuais, da música, do teatro e da dança, articulando saberes referentes a produtos e
PROCESSO DE CRIAÇÃO fenômenos artísticos, envolvendo as práticas de criar, ler, produzir, construir, exteriorizar e refletir sobre formas
artísticas.
Conhecer as formas estéticas híbridas, tais como as artes circenses, o cinema e a performance, para perceber e
vivenciar o campo vasto da arte.
MATRIZES ESTÉTICAS CULTURAIS (EF15AR24) Caracterizar e experimentar brinquedos, brincadeiras, jogos, danças, canções e histórias de diferentes matrizes
estéticas e culturais brasileira.
(EF15AR25) Conhecer e valorizar o patrimônio cultural, material e imaterial, de culturas diversas, em especial a brasileira,
PATRIMÔNIO CULTURAL incluindo-se suas matrizes indígenas, africanas e europeias, de diferentes épocas, favorecendo a construção de vocabulário e
repertório relativos às diferentes linguagens artísticas.
Conhecer produtores (as) de arte e suas obras: artes visuais, dança, música e teatro, que representam em seus
trabalhos artísticos temáticas lúdicas, que abordam brincadeiras, brinquedos, fatos inusitados, criança, infância etc. para
compará-los entre si e com seus contextos.
Construir na sala de aula um espaço cultural (painel) com: fotos, reportagens, convites, catálogos, curiosidades, dentre
outros, sobre eventos culturais, locais e/ou regionais, relacionados às artes visuais, à dança, ao teatro e à música, para
que conheça e valorize sobre a vida cultural de seu munícipio e/ou região, Estado.
(EF15AR26) Explorar diferentes tecnologias e recursos digitais (multimeios, animações, jogos eletrônicos, gravações em
áudio e vídeo, fotografia, softwares etc.) nos processos de criação artística.
Relacionar obras de arte ou objetos artísticos de alguns diferentes períodos (da Pré-história à Contemporaneidade sem
ARTE E TECNOLOGIA a obrigatoriedade de que seja linear) a linguagens gráficas, digitais, audiovisuais e midiática (cartaz, outdoor,
propaganda, catálogo de museu, ilustrações, animações, vídeos e outros), para compreender as possibilidades do fazer
artístico e integração destas linguagens, dentre outras, em suas composições artísticas.
Conhecer a presença da arte: música, imagens, movimentos e outros em animações, novelas, propagandas, filmes,
412
dentre outros, compreendendo sua presença e importância no mundo.
Saber pesquisar na internet, de forma reflexiva, ética, crítica e criativa, sobre artistas visuais e suas obras, grupos
musicais, espetáculos de dança e de teatro, dentre outros.
ARTE - 5 º ANO
CONTEXTOS E PRÁTICAS (EF15AR01) Identificar e apreciar formas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, cultivando a percepção, o
imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.
DESDOBRAMENTO DO Compreender e analisar os diferentes gêneros da arte como: retrato e autorretrato, paisagem, natureza morta, cenas da
OBJETO DE CONHECIMENTO mitologia, cenas religiosas e cenas históricas e dos diferentes contextos históricos/artísticos, comparando-os a partir
das diferenças formais.
* Gêneros artísticos e contextos históricos: Pesquisar e conhecer a produção de artistas brasileiros cujas obras versem sobre o contexto histórico e cultural do
- Cenas da Mitologia. Brasil, para compreender a realidade do país.
- Cenas religiosas.
DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
- Cenas Históricas.
* Arte brasileira : Século XX. Identificar e descrever os gêneros da arte, por meio de uma leitura temática, para comparar e perceber as diferenças de
composição, representação de espaço e formais.
* Arte Contemporânea:
Fotografia, Intervenção urbana, instalação. Conhecer e apreciar a produção artística brasileira, do modernismo ao contemporâneo – compreendendo a influência
da produção estrangeira -, com intuito de apropriar-se da produção de Arte no país.
Conhecer e identificar os meios de produção contemporâneos – fotografia, vídeos arte, instalação, objeto-arte, e
intervenção -, bem como artistas, grupos e coletivos que exploram esses meios.
ELEMENTOS DA LINGUAGEM (EF15AR02) Explorar e reconhecer elementos constitutivos das artes visuais (ponto, linha, forma, cor, espaço, movimento
etc.).
DESDOBRAMENTO DO Identificar, reconhecer e explorar os elementos da linguagem visual (ponto, linha, forma, cor, volume, superfície),
OBJETO DE CONHECIMENTO presentes na natureza, nas obras de arte e imagens do cotidiano, para elaborar composições artísticas tanto no
bidimensional, como no tridimensional.
*Ponto – percepção na natureza e na arte. Realizar composições artísticas, tendo como referência, não como modelo, obras de arte ou objetos artísticos de alguns
413
*Linha. diferentes períodos (da Pré-história à Contemporaneidade, sem a obrigatoriedade de ser linear) para compreender o
Posição: Horizontal, vertical e diagonal. conceito de bidimensional e tridimensional.
Tipos: Reta, curvas, sinuosas e mistas (espiral,
zigue- zague). Relacionar os elementos formais nas obras de arte e objetos artísticos, em alguns diferentes períodos (da Pré-história à
* Forma – percepção na natureza e na arte Contemporaneidade, sem a obrigatoriedade de ser linear) nas produções gráficas (cartaz, outdoor, propaganda,
Tipos e tamanhos: geométricas x orgânicas x catálogo de museu, ilustrações e outros) para compreender as possibilidades do fazer artístico, de integração e
mista. articulação das linguagens gráficas, pictóricas entre outras.
Posição no espaço: longe e perto, em cima, em
baixo, central e lateral, justaposição, repetição,
sobreposição e proporção. DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
* Cor – percepção de cor na natureza e na arte
relações cromáticas: policromia, tonalidades, Identificar, reconhecer os elementos formais nas produções contemporâneas, nas organizações do espaço, nas
primarias x secundarias, quentes x frias, imagens do cotidiano, da publicidade, da comunicação visual.
complementares.
* Textura – percepção na arte, texturas naturais
(textura tátil), textura visual.
* Luz – percepção na natureza e na arte;
- Claro e escuro (luz e sombra).
*Composição Bidimensional – noções de altura
e largura, parte superior x inferior, justaposição,
repetição, simetria x assimetria.
*Composição Tridimensional: noções de altura,
largura, profundidade e volume, Interferência
em objetos, apropriação de objetos.
MATRIZES ESTÉTICAS E CULTURAIS (EF15AR03) Reconhecer e analisar a influência de distintas matrizes estéticas e culturais das artes visuais nas manifestações
artísticas das culturas locais, regionais e nacionais.
Arte Oriental: principais artistas modernos e Conhecer as diversas artes visuais encontradas no seu dia-a-dia, para reconhecer a importância da arte como um meio
contemporâneos. de comunicação, de transformação social e de acesso à cultura, respeitando as diferenças e o diálogo de distintas
culturas, etnias e línguas, percebendo ser um importante exercício para a cidadania.
Perceber a influência da cultura oriental na produção artística brasileira, dos movimentos modernos aos
contemporâneos, com intuito de reconhecer as características formais, os aspectos técnicos e composicionais da
produção dos artistas orientais de relevância para a Arte brasileira.
MATERIALIDADES (EF15AR04) Experimentar diferentes formas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura,
escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia etc.), fazendo uso sustentável de materiais, instrumentos, recursos e
DESDOBRAMENTO DO técnicas convencionais e não convencionais.
OBJETO DE CONHECIMENTO
Realizar trabalhos de diversas expressões artísticas: desenho, pintura, colagem, modelagem, gravura, fotografia,
Suportes: papel, papelão, papéis recicláveis, construções tridimensionais e outros, conhecendo os diferentes materiais, instrumentos e técnicas, para que tenha
tecido, muro, chão, entre outros. maior domínio no seu fazer artístico desenvolvendo uma linguagem própria / poética pessoal na perspectiva da criação,
experimentação, exercício e investigação de materiais artísticos e alternativos e na produção de trabalhos originais.
414
Instrumentos: lápis grafite, carvão, giz de cera,
lápis de cor, pincel. Produzir trabalhos de diversas expressões artísticas, utilizando diferentes suportes (papel, tecido, muro, chão etc.) de
cores, formas, tamanhos e texturas diferentes, propiciando segurança e variedade de possibilidades em suas criações.
Matéria: tinta artesanal ou industrializada, tintas
produzidas com elementos naturais (terra, Explorar diferentes tipos de tintas e materiais pictóricos (industrializados e artesanais), em diferentes suportes, para
folhas, raízes, flores entre outros). experienciar possibilidades diversas e perceber efeitos com relação ao material, tamanho do suporte, textura e cor,
experimentando as diversas possibilidades de uso de materiais, para desenvolver a pesquisa, a capacidade de
Técnicas: observação, a memória visual, a imaginação criadora.
Desenho – desenho de observação, de
memória e criação. Realizar composições artísticas, tendo como referência, não como modelo, obras de arte ou objetos artísticos de alguns
diferentes períodos (da Pré-história à Contemporaneidade, não tendo a necessidade de ser linear), para compreender o
Pintura – a guache, com elementos naturais. conceito de bidimensional e tridimensional.
Colagem – tecidos, papeis ou técnica mista. Explorar as técnicas de desenho, pintura e colagem, utilizando diferentes tipos de materiais (grafite de diferentes
gramaturas e densidades, carvão, giz de cera etc.), em diferentes suportes (papel, tecido, muro, chão etc.), de cores,
Modelagem – argila/barro, massinha. formas, tamanho e texturas diferentes e compreender a diferença entre desenho de observação, desenho de memória e
desenho de criação, para experimentar diversas possibilidades de uso de materiais e efeitos ao desenhar e desenvolver
Intervenção. a observação, a memória e a imaginação.
Instalação. Conhecer o conceito de textura gráfica realizando trabalhos que utilizem a textura gráfica ou visual: estamparia e
grafismos corporais.
Objetos-Arte.
Conhecer trabalhos artísticos e seus produtores(as) de intervenções e de instalações, compreendendo seu conceito,
Assemblage. para aumentar seu repertório imagético e realizar estes trabalhos na escola.
Performance. Identificar e representar o gênero da arte cenas religiosas e cenas históricas nas produções artísticas locais, regionais,
nacionais e internacionais para se expressar, conhecer e distinguir este gênero da arte.
Conhecer as diferentes materialidades da produção contemporânea, para identificar e distinguir entre as matérias
nobres e a matérias “não artísticas”, manuseadas pelos artistas, suas qualidades e seus efeitos de sentido particulares.
PROCESSOS DE CRIAÇÃO (EF15AR05) Experimentar a criação em artes visuais de modo individual, coletivo e colaborativo, explorando diferentes
espaços da escola e da comunidade.
DESDOBRAMENTO DO Compreender, por meio do fazer artístico e da leitura da produção artística, que o processo de criação envolve ação
OBJETO DE CONHECIMENTO investigativa, pesquisa, experimentação, levantamento de hipóteses, reflexão, acaso, sendo, tanto o produto artístico,
como também o processo, significativos.
* Reprodução, incorporação, citação,
transformação e criação. Incorporar o lúdico ao processo criativo, de modo que ao desenvolver as propostas artísticas, os conteúdos da
linguagem da arte, sejam contemplados.
Explorar as técnicas de desenho, pintura e colagem, utilizando diferentes tipos de materiais (grafite, carvão, giz de cera,
tinta guache dentre outros).
415
(EF15AR06) Dialogar sobre a sua criação e as dos colegas, para alcançar sentidos plurais.
Realizar apresentações das linguagens artísticas e exposições de artes visuais aos pais e à comunidade escolar, para
realizar momentos de expressão, de fruição e de integração entre escola e comunidade.
Explorar os meios, procedimentos e processos da produção contemporânea – apropriar-se de objetos, matérias, cortar,
dobrar, rasgar, filmar, fotografar, incorporar massa em objetos, agrupar objetos, entre outras -, para produção de
trabalhos artísticos contemporâneos, ampliando suas possibilidades expressivas.
Estudar o processo de criação de artistas contemporâneos, locais, regionais, nacionais, percebendo as incorporações,
reproduções, citações e “releitura” na obra dos artistas pesquisados.
SISTEMAS DA LINGUAGEM (EF15AR07) Reconhecer algumas categorias do sistema das artes visuais (museus, galerias, instituições, feiras, artistas,
artesãos, curadores etc.), local ou regional, por meio de visitas e/ou registros fotográficos, cartazes, catálogos e/ou meios
DESDOBRAMENTO DO audiovisuais.
OBJETO DE CONHECIMENTO
DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
* Artista x público.
* Críticos x Marchand. Identificar e diferenciar os espaços destinados a exposição da Arte na sociedade – museus, feiras, galerias -, bem como
* Museus. o papel do crítico e do marchand, do colecionador e consumidor, as relações entre mercado de arte e valor da arte, para
* Galerias de arte. compreender suas funções na realidade local e na sociedade como um todo.
* Colecionador.
* Consumidor.
* Mercado da Arte.
CONTEXTOS E PRÁTICAS (EF15AR08) Experimentar e apreciar formas distintas de manifestações da dança, presentes em diferentes contextos,
cultivando a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório corporal.
DESDOBRAMENTO DO Conhecer espaços de dança local e/ou regional, grupos de dança local e/ou regional, assistindo espetáculos, festas
OBJETO DE CONHECIMENTO populares e manifestações culturais, presencialmente ou por meio de canais de comunicação, para ampliar o repertório
de movimento corporal e conhecimento de manifestações culturais.
* Dança clássica. Conhecer e vivenciar danças brasileiras de matriz africana, afro-brasileiras e indígenas.
* Dança Moderna.
* Dança contemporânea. Pesquisar e conhecer gêneros de danças típicos ou mais populares em cada parte do país, a influência da cultura afro-
brasileira e indígena na dança, para compreender a presença da diversidade cultural em nosso país.
* Gênero: popular, folclórico, étnico: africana,
afro-brasileiras, indígena. Reconhecer as festas populares e manifestações culturais do Brasil.
416
DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Conhecer e identificar as características estéticas das manifestações culturais brasileiras – elementos formais, figurinos,
adereços, acessórios -, para reconhecer sua identidade cultural e compreender a dança como forma de comunicação e
expressão de um povo.
Conhecer, identificar e diferenciar, as caraterísticas da dança clássica, dança moderna e contemporânea, percebendo
as relações estéticas existentes estéticas entre elas e as possibilidades expressivas do corpo.
ELEMENTOS DA LINGUAGEM (EF15AR09) Estabelecer relações entre as partes do corpo e destas com o todo corporal na construção do movimento
dançado.
DESDOBRAMENTO DO Conhecer o corpo como totalidade formado por dimensões (física, intelectual, emocional, psicológica, ética, social),
OBJETO DE CONHECIMENTO compreendendo que se relacionam, analisando suas características corporais em suas singularidades: diferenças e
potencialidades para explorar as possibilidades expressivas que o corpo pode realizar de modo integral e suas
* Movimento corporal: corpo inteiro, partes, diferentes partes.
articulações.
* Corpo:- parado (simetria, assimetria, volume, (EF15AR10) Experimentar diferentes formas de orientação no espaço (deslocamentos, planos, direções, caminhos etc.) e
largura, curvas, torções, angulações). ritmos de movimento (lento, moderado e rápido) na construção do movimento dançado.
Formas virtuais/desenhos no espaço.
Conhecer as várias ações básicas corporais (arrastar, enrolar, engatinhar, arremessar, chutar, esticar, dobrar, torcer,
* Fatores do movimento: correr, sacudir, saltar, entre outras) em situações cotidianas e em brincadeiras, vivenciando-as.
-Tempo: rápido x lento x moderado.
- Espaço: espaço pessoal (Kinesfera). Explorar e perceber o espaço que o corpo ocupa individualmente e compartilhado por outros corpos: união das células
- Níveis de espaço: Alto, médio, baixo. coreográficas.
- Direções espaciais: frente, atrás, direita,
esquerda, em cima, embaixo. Perceber e vivenciar sequências e estruturas rítmicas em brincadeiras e jogos como: parlendas, cantigas de roda, trava-
- Força/Peso: leve e pesado, passivo x ativo. línguas, percussão corporal, entre outros, balança caixão, escravos de Jó, cirandas etc.) para expressar-se
- Fluência: livre, interrompida e conduzida. corporalmente por meio da dança.
* Ponto de apoio: - partes do corpo: pés, mão,
joelhos, cabeça, nádegas. Explorar a dança com o uso de objetos, adereços e acessórios com e sem o acompanhamento musical.
* Rotação: contínua x descontinua, completa x Conhecer as diversas modalidades da dança: contemporâneas, de salão, danças urbanas, dança contemporânea,
incompleta, individual x grupo. danças clássicas, danças étnicas, entre outras.
* Ações corporais: arrastar, enrolar, engatinhar, Conhecer danças brasileiras de matriz africana, afro-brasileiras e indígena, vivenciando- as.
arremessar, chutar, esticar, dobrar, torcer, correr,
sacudir, saltar, entre outra. Identificar a dança em diferentes espaços midiáticos.
* Giros: Giro simples (um giro), giro (duplo): dois
giros; giros sequenciais: (diversos giros Realizar a dança a partir da exploração dos fatores de movimento: peso, tempo, fluência e espaço.
consecutivos).
DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
* Rolamentos: para frente, para trás, lateral.
* Salto e queda: força e duração da elevação Vivenciar os fatores do movimento, os elementos da linguagem, por meio de atividades lúdicas, situações cotidianas,
dos dois pés para os dois pés, dos dois pés exercícios direcionados, ampliando seu repertorio gestual, em busca do movimento expressivo
417
para um dos pés, de um pé para o mesmo pé,
de um pé par outro pé, de um dos pés para os
dois pés.
PROCESSO DE CRIAÇÃO (EF15AR11) Criar e improvisar movimentos dançados de modo individual, coletivo e colaborativo, considerando os aspectos
estruturais, dinâmicos e expressivos dos elementos constitutivos do movimento, com base nos códigos de dança.
DESDOBRAMENTO DO
OBJETO DE CONHECIMENTO Criar pequenas sequências coreográficas a partir das vivências com jogos, brincadeiras, exercícios de expressão
corporal, sequências rítmicas e movimentos do cotidiano.
* Recursos Coreográficos: uníssono, contraste
simultâneo, cânone, antífona/responsorial. (EF15AR12) Discutir, com respeito e sem preconceito, as experiências pessoais e coletivas em dança vivenciadas na escola,
* Improvisação. como fonte para a construção de vocabulários e repertórios próprios.
* Sonoplastia.
* Cenografia. Criar sequências de movimentos de dança.
* Iluminação de palco.
Realizar exercícios reflexivos, a partir de rodas de conversa, sobre as diversas manifestações em dança e suas origens,
valorizando a identidade e a pluralidade cultural.
Diferenciar aspectos da dança direcionados ao contexto da escola, daquela que visa à formação artística, a primeira
como formação cultural e humana e a segunda tendo como prioridade a construção do corpo cênico.
Vivenciar e refletir sobre seu processo de criação, sobre as possibilidades expressivas do movimento e as
possibilidades criativas de figurinos, adereço, sonoplastia, ampliando o conhecimento dos elementos constitutivos desta
linguagem, incorporando os recursos coreográficos para a criação em dança.
Compreender os processos de criação contemporâneos e as relações entre dança e teatro para ampliar suas
possibilidades expressivas e criativas.
UNIDADE TEMÁTICA: MÚSICA
CONTEXTOS E PRÁTICAS (EF15AR13) Identificar e apreciar criticamente diversas formas e gêneros de expressão musical, reconhecendo e analisando
os usos e as funções.
DESDOBRAMENTO DO Conhecer gêneros musicais variados, percebendo a diversidade existente no repertório musical brasileiro.
OBJETO DE CONHECIMENTO
Assistir e analisar diferentes espetáculos musicais, presencialmente e/ou pelos canais de comunicação e/ou aparelhos
* Gêneros: audiovisuais, para conhecer os diferentes gêneros musicais populares e eruditos.
418
Canções folclóricas e ritmos brasileiros.
Conhecer as características das músicas produzidas pela indústria cultural.
* Música indígena.
DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
* Música afro brasileira – Carimbó.
. Conhecer e vivenciar as canções folclóricas brasileiras, a música popular e a música erudita para identificar os
* Música Erudita. elementos formais e diferenças estéticas e culturais nestes gêneros.
* Rap.
* Música Contemporânea. Conhecer e compreender as caraterísticas da produção musical contemporânea, diferenciando-a dos produtos da
indústria cultural, percebendo as funções desta indústria.
* Industria cultural.
Conhecer, vivenciar e analisar as canções folclóricas brasileiras e estrangeiras; a música erudita, o carimbó, o Rap e a
música contemporânea, para identificar os elementos formais e diferenças estéticas e culturais nestes gêneros.
ELEMENTOS DA LINGUAGEM (EF15AR14) Perceber e explorar os elementos constitutivos da música (altura, intensidade, timbre, melodia, ritmo etc.), por
meio de jogos, brincadeiras, canções e práticas diversas de composição/criação, execução e apreciação musical.
DESDOBRAMENTO DO
OBJETO DE CONHECIMENTO Realizar brincadeiras musicais com diferentes ritmos que tenham esses acentos (binário/marcha; ternário/valsa, entre
outros).
* Altura – grave, médio, agudo.
Conhecer o conceito de paisagem sonora e fazer o registro gráfico alternativo (notação não tradicional) dos elementos
* Intensidade – forte e suave. do som em paisagens sonoras.
* Duração – longo e curto. Compreender os elementos da música: pulso, ritmo, melodia, andamento e dinâmica em roteiros de paisagens sonoras
e repertório variado;
* Timbre – identidade sonora.
Identificar sons naturais e sons culturais.
* Composição – ritmo (binário, ternário,
quaternário). Compreender o que seja paisagem sonora e por meio da escuta, registro e gravação, colher os sons do entorno da
escola e, registrar a impressão gráfica dos sons ouvidos, construindo um mapa cartográfico.
Conhecer músicas de concerto do mundo (música composta para balés, para dançar, para contar histórias, entre
outras).
Identificar, comparar e classificar os elementos formais da linguagem musical, para desenvolver sua sensibilidade
auditiva, ampliar sua percepção da paisagem sonora e das obras musicais.
Vivenciar e apreciar diferentes ritmos nas obras musicais, percebendo a marcação rítmica de cada gênero estudado.
MATERIALIDADES (EF15AR15) Explorar fontes sonoras diversas, como as existentes no próprio corpo (palmas, voz, percussão corporal), na
natureza e em objetos cotidianos, reconhecendo os elementos constitutivos da música e as características de instrumentos
DESDOBRAMENTO DO musicais variados.
419
OBJETO DE CONHECIMENTO
Cantar músicas do repertório musical brasileiro.
Analisar as produções realizadas em grupo e do repertório musical, vivenciado em atividades escolares, utilizando
*Formação – Solo, Dueto, Trio ou grupo/vocal e diferentes formas de registro.
instrumental.
DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
*Fontes sonoras – corpo, sons da natureza,
objetos, instrumentos. Perceber nas obras musicais, as diferentes formações, os silêncios, pausas, bem como a utilização de variadas fontes
*Som e silêncio. sonoras e suas características, para compreender a diversidade estética existente nas produções culturais.
Conhecer, diferenciar Orquestra de câmara, orquestra sinfônica, filarmônica, a formação dos instrumentos, localização
dos músicos no palco para apreciar e desenvolver sua sensibilidade auditiva.
Apreciar, identificar e explorar nas obras musicais as diferentes formações, os silêncios, pausas, bem como a utilização
de variadas fontes sonoras e suas características, para compreender a diversidade estética existente nas produções
culturais, reconhecendo os elementos constitutivos da música.
NOTAÇÃO E REGISTRO MUSICAL. (EF15AR16) Explorar diferentes formas de registro musical não convencional (representação gráfica de sons, partituras
criativas etc.), bem como procedimentos e técnicas de registro em áudio e audiovisual, e reconhecer a notação musical
DESDOBRAMENTO DO convencional.
OBJETO DE CONHECIMENTO
Refletir sobre diferentes possibilidades de registro voltadas à grafia não convencional.
Apresentar as notas musicais (dó, ré, mi, fá, sol, lá e si), estabelecendo comparação com o elemento Altura (grave,
médio e agudo).
Apresentar as figuras musicais (semibreve, mínima e semínima), estabelecendo comparação com o elemento Duração
(longo e curto).
PROCESSOS DE CRIAÇÃO (EF15AR17) Experimentar improvisações, composições e sonorização de histórias, entre outros, utilizando vozes, sons
corporais e/ou instrumentos musicais convencionais ou não convencionais, de modo individual, coletivo e colaborativo.
Vivenciar o processo de criação por meio da articulação das linguagens da música, artes visuais, dança, da apreciação
da música e representação de seu ritmo por meio de formas, gestos, cor, ampliando suas possibilidades expressivas.
Pesquisar e estudar o processo de criação de grupos musicais brasileiros e estrangeiros, percebendo as diversas
possibilidades expressivas.
UNIDADE TEMÁTICA: LINGUAGEM - TEATRO
CONTEXTOS E PRÁTICAS (EF15AR18) Reconhecer e apreciar formas distintas de manifestações do teatro presentes em diferentes contextos,
aprendendo a ver e a ouvir histórias dramatizadas e cultivando a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o
DESDOBRAMENTO DO repertório ficcional.
OBJETO DE CONHECIMENTO
DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
* Gêneros:
Comedia, Tragédia, Farsa, Épico, Lírico,
Dramático, Romântico. Conhecer, identificar os diferentes gêneros teatrais, diferenciando-os a partir de suas caraterísticas, bem como perceber
os diferentes contextos dessas produções teatrais.
* Monólogo.
* Teatro brasileiro.
ELEMENTOS DA LINGUAGEM (EF15AR19) Descobrir teatralidades na vida cotidiana, identificando elementos teatrais (variadas entonações de voz,
diferentes fisicalidades, diversidade de personagens e narrativas etc.).
DESDOBRAMENTO DO
OBJETO DE CONHECIMENTO DESDOBRAMENTO DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
* Personagem: expressões corporais, vocal, Conhecer os elementos formais do Teatro para articula-los em suas dramatizações e representações cênicas,
gestual, facial. explorando suas possibilidades expressivas, para além dos estereótipos.
* Espaço: espaço cênico.
* Ação.
PROCESSOS DE CRIAÇÃO (EF15AR20) Experimentar o trabalho colaborativo, coletivo e autoral em improvisações teatrais e processos narrativos
criativos em teatro, explorando desde a teatralidade dos gestos e das ações do cotidiano até elementos de diferentes
matrizes estéticas e culturais.
DESDOBRAMENTO DO
OBJETO DE CONHECIMENTO Realizar improvisos individual e coletivamente, com objetos, figurinos, adereços e outros, apreciando a criação do(a)
colega e colocando-se como espectador.
* Improvisação.
Realizar trabalhos cênicos, a partir de situações do seu cotidiano, para estabelecer relações entre os diferentes
* Jogos teatrais. contextos.
421
* Leitura dramática. (EF15AR21) Exercitar a imitação e o faz de conta, ressignificando objetos e fatos e experimentando-se no lugar do outro, ao
compor e encenar acontecimentos cênicos, por meio de músicas, imagens, textos ou outros pontos de partida, de forma
* Roteiro. intencional e reflexiva.
* Dramatização. Participar de jogos teatrais por meio de: improvisos, mímicas, imitação de pessoas, objetos, animais, cenas do
cotidiano, pequenos textos dentre outros.
* Máscaras e Maquiagem.
(EF15AR22) Experimentar possibilidades criativas de movimento e de voz na criação de um personagem teatral, discutindo
* Direção. estereótipos.
* Ensaio. Experimentar e representar cenicamente as possibilidades dramáticas na: literatura infantil, poemas, fábulas,
provérbios, parlendas, pequenos contos, dentre outros, por meio de teatro humano e/ou de bonecos (dedoche,
* Sonoplastia. marionetes, fantoches etc.), para conhecer e vivenciar as diversas possibilidades de representação.
* Cenografia. Construir textos e roteiros teatrais individual e/ou coletivos, baseados em leituras diversas, para habituar-se às
características dos textos teatrais.
* Iluminação.
Realizar práticas cênicas e fazer a relação com aspectos históricos do teatro.
Vivenciar o processo criativo em Teatro, participando como ator e como plateia, bem como explorar a improvisação, as
possibilidades expressivas do corpo na criação de personagens e gestualidade expressivas.
Articular as linguagens Artes Visuais, Teatro e Música, para a confecção de máscaras, figurinos e adereços, cenários,
criação de sonoplastia e iluminação, para as dramatizações teatrais.
Pesquisar e estudar o processo de criação de atores brasileiros, bem como de companhias de teatro brasileiras, para
ampliar suas possiblidades expressivas e apreciar espetáculos em diferentes contextos.
(EF15AR23) Reconhecer e experimentar, em projetos temáticos, as relações processuais entre diversas linguagens artísticas.
PROCESSO DE CRIAÇÃO
Integrar as linguagens das artes visuais, da música, do teatro e da dança, articulando saberes referentes a produtos e
fenômenos artísticos, envolvendo as práticas de criar, ler, produzir, construir, exteriorizar e refletir sobre formas
artísticas.
Conhecer as formas estéticas híbridas, tais como as artes circenses, o cinema e a performance, para perceber e
vivenciar o campo vasto da arte.
MATRIZES ESTÉTICAS CULTURAIS (EF15AR24) Caracterizar e experimentar brinquedos, brincadeiras, jogos, danças, canções e histórias de diferentes matrizes
estéticas e culturais brasileira.
422
(EF15AR25) Conhecer e valorizar o patrimônio cultural, material e imaterial, de culturas diversas, em especial a brasileira,
PATRIMÔNIO CULTURAL incluindo-se suas matrizes indígenas, africanas e europeias, de diferentes épocas, favorecendo a construção de vocabulário e
repertório relativos às diferentes linguagens artísticas.
Conhecer produtores(as) de arte e suas obras: artes visuais, dança, música e teatro, que representam em seus
trabalhos artísticos temáticas lúdicas, que abordam brincadeiras, brinquedos, fatos inusitados, criança, infância etc. para
compará-los entre si e com seus contextos.
Construir na sala de aula, um espaço cultural (painel) com: fotos, reportagens, convites, catálogos, curiosidades, dentre
outros, sobre eventos culturais, locais e/ou regionais, relacionados às artes visuais, dança, teatro e música, para que
conheça e valorize sobre a vida cultural de seu munícipio e/ou região.
ARTE E TECNOLOGIA (EF15AR26) Explorar diferentes tecnologias e recursos digitais (multimeios, animações, jogos eletrônicos, gravações em
áudio e vídeo, fotografia, softwares etc.) nos processos de criação artística.
Relacionar obras de arte ou objetos artísticos de alguns diferentes períodos (da Pré-história à Contemporaneidade sem
a obrigatoriedade de que seja linear) a linguagens gráficas, digitais, audiovisuais e midiática (cartaz, outdoor,
propaganda, catálogo de museu, ilustrações, animações, vídeos e outros), para compreender as possibilidades do fazer
artístico e integração destas linguagens, dentre outras, em suas composições artísticas.
Conhecer a presença da arte: música, imagens, movimentos e outros em animações, novelas, propagandas, filmes,
dentre outros, compreendendo sua presença e importância no mundo.
Saber pesquisar na internet, de forma reflexiva, ética, crítica e criativa, sobre artistas visuais e suas obras, grupos
musicais, espetáculos de dança e de teatro, dentre outros.
5. AVALIAÇÃO
No ensino da Arte, a avaliação não pode restringir-se às subjetividades, aos afetos e às emoções, nem dos alunos e nem dos
professores. O ato avaliativo requer clareza quanto ao porque avaliar a arte, o que avaliar em arte e como avaliar a produção
artística. Não é possível realizar uma avaliação coerente em Arte sem considerar o conhecimento específico nessa área, tanto em
seus aspectos experimentais (práticos) quanto conceituais (teóricos). O conhecimento tem papel decisivo na avaliação que se faz dos
trabalhos de Arte. Marques (2006) alerta:
O “sentir” como único instrumento de avaliação esvazia os trabalhos, desnutre os artistas, joga a arte no rol das
sensações e emoções indeterminadas e indecifráveis. Isso não quer dizer, obviamente, que a sensação, o sentimento e
as emoções não façam parte do mundo da arte, pelo contrário. O que queremos enfatizar é que a avaliação desprovida
423
de conhecimento da linguagem da arte está fadada ao senso comum, à arbitrariedade do gosto e às escolhas por
afinidade e não por qualidade. (MARQUES, 2006, n.p.).
O caráter objetivo da avaliação não pode ser desprezado, caso contrário, o ensino da Arte ficará ao capricho do gosto, das
afinidades pessoais e dos interesses do avaliador. A avaliação em Arte, de acordo com Arslan e Iavelberg (2006) propõe “expressar
conquistas e esforços dos alunos, as persistências, a dedicação à aprendizagem e a postura criadora” (ARSLAN; IAVELBERG, 2006,
p. 84). A avaliação deve ser uma maneira de informar aos alunos e aos professores sobre o desenvolvimento da aprendizagem, para
que possam ajustar seus processos. Nesse sentido, avaliar tem caráter formativo e informativo.
Ainda sobre a necessidade de objetivar o subjetivo no processo avaliativo de ensino da Arte, Marques (2006) declara:
O enfoque mais objetivo na apreciação dos trabalhos de arte gera um distanciamento (não frieza) necessário que permite
separar a qualidade do trabalho do puro gosto pessoal. Objetivamente é possível não gostar do artista, do gênero de arte
que faz, das escolhas temáticas que têm etc. e, ainda assim, reconhecer que é um bom trabalho e, portanto, merecedor
de aplauso, de crítica adequada, de respeito, de apoio financeiro, de nota alta. O conhecimento gera critérios que
dialogam com os limites do gosto e das afinidades. O conhecimento permite objetivar o subjetivo. (MARQUES, 2006, n.p.).
Nessa perspectiva, os critérios de avaliação deverão ter como norte os conteúdos e os objetivos de aprendizagem. Dessa
maneira, no que se refere à produção artística dos alunos, o professor precisa avaliar o trabalho artístico em si, o uso dos materiais, o
uso adequado das técnicas, a articulação dos elementos da linguagem, o diálogo com a história e com o contexto do trabalho. O
professor é avaliador da produção de Arte, e não das individualidades – comportamento, disciplina, atitudes – dos alunos.
Ocorre que a avaliação em Arte tem sido uma prática na qual a participação, a organização, a criatividade, a comparação, os
padrões-modelos de beleza têm sido utilizados, de modo equivocado, como critérios mais valorizados que o próprio conteúdo.
Entretanto, como a Arte é uma área de conhecimento com conteúdos próprios e modos de avaliar também específicos, a utilização
de instrumentos e critérios adequados contribui para que se criem situações de análise nas quais os alunos reconhecem seu próprio
processo de criação e seus contextos específicos, transformando a avaliação em um momento de aprendizagem. Para Marques
(2006) ,“O professor tem a oportunidade única de avaliar continuamente o trabalho dos alunos e alimentá-los com comentários,
conhecimento, materiais. O professor ocupa uma posição que muitos críticos gostariam de ocupar: participar do processo e
compartilhar o produto” (MARQUES, 2006, n.p.).
424
Como já salientamos, a escolha de instrumentos avaliativos adequados deve ser fundamentada pela objetividade na
constatação dos conteúdos trabalhados. Tomemos como exemplo o conteúdo Fontes Sonoras/Voz. Esse conteúdo deve ser capaz de
propiciar ao aluno a percepção da voz como instrumento de comunicação, como um aparelho de nosso corpo que tem um modo de
ação e cuidados específicos e, também, como um signo que carrega mensagens, ideologias, emoções. Para cada faceta desse
conteúdo, e de acordo com o objetivo que foi trabalhado, devemos utilizar um instrumento de avaliação adequado. No exemplo desse
conteúdo, o professor poderia apresentar uma composição musical somente com vozes – coral – para os alunos apreciarem, e
depois da audição questionar os alunos sobre: De onde vem a voz? Por que devemos cuidar da nossa voz? Isso contribuiria para que
se realizasse uma avaliação diagnóstica para verificar os conhecimentos prévios dos alunos. Após a abordagem dos conceitos
referentes a fonte sonora, o professor poderia organizar grupos diferentes na mesma sala, e cada grupo apresentaria uma canção
aos demais, de maneira que vivenciem papéis de público e de compositor. Na avaliação dessa prática, o professor pode usar como
instrumento a roda de conversa, pontuando os conteúdos apreendidos e o relatório sobre a aprendizagem dos alunos. A
autoavaliação também poderia ser utilizada como instrumento nesse caso.
O importante é não conceber esse momento avaliativo como ponto de chegada, mas sim como novo ponto de partida. Para
tanto, o professor precisa assumir uma prática pedagógica mediadora que possibilite ao aluno a apropriação do conhecimento em
caráter dinâmico, contínuo e colaborativo.
No processo de ensino e aprendizagem em Arte, o ato avaliativo pode ser realizado em três momentos: primeiramente, para
diagnosticar os conhecimentos prévios dos alunos sobre determinado conteúdo; durante a própria situação de aprendizagem, quando
o professor identifica como o aluno interage com os conteúdos em estudo, e, por fim, a avaliação pode acontecer ao término de um
conjunto de proposições artísticas. É importante que, no momento da avaliação, o professor procure articular processo de criação ao
produto artístico finalizado pelo aluno para evitar, de um lado, a simples mensuração de um objeto ou, por outro, o espontaneísmo
esvaziado de sentido.
Como exposto anteriormente, o trabalho avaliativo requer clareza quanto aos critérios e instrumentos específicos para cada
uma das linguagens da Arte. Assim, a avaliação em Artes Visuais, Música, Dança e Teatro se dará mediante o acompanhamento e a
verificação da assimilação dos conteúdos necessários para a aprendizagem do aluno. É necessário, ainda, que o professor considere
o grau de aprofundamento do conteúdo em cada ano e o nível de desenvolvimento intelectual em que o aluno se encontra para
selecionar instrumentos de avaliação apropriados.
Diante da especificidade de cada uma dessas linguagens, elencamos alguns instrumentos avaliativos e pontuamos algumas
questões que poderão orientar a avaliação em cada uma das linguagens.
425
5.1 AVALIAÇÃO EM ARTES VISUAIS:
Algumas questões para orientar o professor:
O aluno consegue simbolizar o seu sentir e o seu pensar por meio das diversas modalidades expressivas das Artes Visuais?
Ele experimenta os códigos da linguagem visual? Como organiza o espaço considerando as formas bidimensionais e
tridimensionais? Como utiliza e compõe com os materiais? Como representa o movimento, a profundidade, a perspectiva, a
proporção e outros elementos formais essenciais à composição? Como realiza a leitura e análise das obras de Arte? Está consciente
dos elementos formais (ponto, linha, forma, cor, volume e textura) em seus vários gêneros/temas (paisagem, retrato, natureza morta
etc.)? Reconhece e identifica os gêneros artísticos? Compreende a obra e a relação com a sociedade, contexto histórico-cultural de
sua produção? Compreende a Arte como forma de conhecimento?
Critérios: Instrumentos:
Produção em Arte: Produção em Arte – para avaliar o trabalho artístico dos alunos, o professor pode fazer uso dos instrumentos indicados nesta tabela.
- Adequação do trabalho artístico
aos temas-conteúdos propostos. Trabalhos práticos/artísticos – individuais ou em grupo: Desenho, pintura, escultura, colagem, modelagem, painel, cartaz, gravura, trabalhos
- Uso adequado de técnicas, com técnica mista.
suportes, materiais, meios Trabalhos práticos/artísticos com meios contemporâneos – individuais ou em grupo: instalação, performance, objeto, fotografia, vídeo-arte,
tecnológicos conforme a intervenção ambiental.
proposta/conteúdo.
- Articulação dos elementos Portifólios – Individuais. Em Artes Visuais, o próprio portfólio configura-se como produção artística, assumindo formas, medidas,
formais das artes visuais, no materialidades variadas.
espaço bi ou tridimensional, de
acordo com os modo de compor. Exposição de Arte – do conjunto de trabalhos artísticos dos alunos, na própria sala de aula ou em outro espaço escolar. A exposição dos
-Expressividade (trabalho trabalhos artísticos em si, constitui-se também um objeto de avaliação, a partir do momento em que os alunos aprender como organizar
inventivo, que não se reduz a uma exposição, como identificar as obras, planejar o espaço para os trabalhos, o tempo de duração, bem como a iluminação e a
cópia). divulgação.
- Qualidade estética.
Fruição/Apreciação da Arte. Fruição/Apreciação da Arte – Para avaliar o “ver Arte”, o professor pode fazer uso dos instrumentos indicados nesta tabela.
- Verificar se o aluno expressa,
oralmente e de forma organizada, Leitura de obras: podem ser realizadas em Roda de Leitura, como conversas dirigidas sobre arte.
suas ideias sobre arte. Debates: podem ocorrer na sala de aula, quando o professor apresenta uma imagem ou obra de arte e propõem o diálogo ou quando vai a
- Realiza leituras mais complexas um espaço expositivo (seja Museu de Arte, Galeria ou outro espaço destinado a exposição).
sobre os objetos artísticos, Para se converter em instrumento avaliativo, estes momentos precisam ser registrados minuciosamente pelo professor, por meio de uma
articulando suas ideias aos “ficha” (ou outro meio de preferência do professor) contendo os aspectos essenciais dos conteúdos debatidos/estudados.
conteúdos estudados.
Compreensão sobre o contexto Compreensão da arte -Para avaliar a compreensão sobre o contexto histórico-social da Arte, o professor pode fazer uso dos instrumentos
histórico-social da Arte. indicados nesta tabela.
- Apropriação dos
conhecimentos/conteúdos Provas de Arte – individual ou em grupo, com consulta ou não.
Salientamos que a “Prova” de Arte não deve substituir a vivência artística, com as técnicas e meios de produção, mas sim apresentar
426
históricos acerca dos gêneros e questões desafiadoras que motivem o aluno sobre o que foi estudado e pesquisado e que não o intimidem.
movimentos artísticos e sua As questões devem ter clareza e ser elaboradas de acordo com o desenvolvimento intelectual do aluno.
relação com o contexto de Devem, ainda, conter imagens de boa qualidade.
produção da obra.
- Identifica e reconhece obras e Cartas para artistas ou instituições culturais.
suas caraterísticas estilísticas nas Relatórios de visita a exposições de Arte.
provas, pesquisas realizadas.
- Elabora o pensamento e Produção textual.
argumenta com clareza, sobre os
processos de criação dos artistas, Pesquisas orientadas.
nos relatórios, produção textual.
Critérios Instrumentos
Produção/Composição em Música - para avaliar a produção/composição musical dos alunos, o professor pode fazer uso dos
Produção/Composição em Música instrumentos indicados nesta tabela.
- Verificar se o aluno adquiriu consciência Trabalhos práticos /artísticos – individuais ou em grupo: como desenho ou pintura relacionado aos conteúdos da música.
e controle dos materiais sonoros, Relatório realizado pelo professor sobre o processo compositivo.
distingue timbres, explora altura, duração
e intensidade. Filmagem do processo.
- Demonstra níveis de diferenciação entre
os parâmetros do som e o manuseio Composição.
técnico de seu instrumento ou voz. Improvisação.
- Expressividade, por meio do domínio do Trabalho de criação de instrumentos /objetos sonoros.
ritmo e dinâmica, na composição musical.
Autoavaliação.
Fruição/Apreciação Musical - Fruição/Apreciação Musical - Para avaliar a “escuta” sensível e consciente, o professor pode fazer uso dos instrumentos indicados
nesta tabela.
-Verificar se o aluno expressa, oralmente Rodas de conversa: podem ocorrer na sala de aula, quando o professor apresenta uma obra musical ou trechos de músicas de
e de forma organizada, suas ideias sobre estilos diferentes e propõem o diálogo ou quando vai a um concerto Musical, ou apresentação de Orquestra. O professor avalia, por
427
Música. meio dos argumentos, se os alunos têm consciência sobre as relações existentes entre as formas expressivas, os contrastes e
- Realiza audições mais complexas sobre conexões entre os elementos da linguagem musical; se apresenta, oralmente, suas conclusões, destaca ideias relevantes e sintetiza
as obras musicais, articulando suas sua experiência sonora.
ideias aos conteúdos estudados. Esses momentos precisam ser registrados minuciosamente, em tempo, pelo professor, por meio de uma “ficha” (ou outro meio de
preferência do professor) contendo os aspectos essenciais dos conteúdos debatidos/estudados.
Compreensão sobre o contexto Compreensão sobre o contexto histórico-social - Para avaliar a compreensão sobre o contexto histórico-social da produção
histórico-social da Música. musical, o professor pode fazer uso dos instrumentos indicados nesta tabela.
Critérios Instrumentos
Produção em Teatro – Produção em Teatro - para avaliar a produção/composição em Teatro dos alunos, o professor pode fazer uso dos instrumentos
- Verificar o nível de comprometimento indicados nesta tabela:
dos alunos/jogadores e a relação com os
conteúdos abordados: Registro escrito do processo de cada aluno – sugestão de relatório avaliativo para o professor: descrever/relatar o processo de cada
a) Participação. aluno considerando a performance durante a atividade teatral, conforme critérios assinalados ao lado.
b) Concentração. Improvisação.
c) Observância e atendimento às regras
do jogo/atividade. Registro fotográfico do processo de criação.
A finalidade maior da avaliação deve ser a promoção do aluno e não o fracasso escolar; dessa forma, o professor deve evitar
rotular alunos que não atingiram “a nota” esperada, realizando uma intervenção pedagógica adequada à superação de suas
dificuldades, seja por meio de recursos, instrumentos pedagógicos diferenciados ou outras mediações.
431
EDUCAÇÃO FÍSICA
1. CONCEPÇÃO
A Educação Física, antes de se tornar uma ciência sistematizada, já era produto da cultura humana, componente do cotidiano
do homem primitivo que, diante das dificuldades e obstáculos naturais, realizava atividades físicas, tornando-as essenciais para a sua
sobrevivência. A maioria das atividades do homem primitivo envolvia o movimento e o desenvolvimento de habilidades e qualidades
físicas que possibilitassem a ele criar as condições necessárias para a sua subsistência e até mesmo a sobrevivência em meio à
realidade a que estava exposto. Seu corpo era sempre exigido, mas, mesmo assim, agia muito mais por instinto do que por
autoconsciência dessas necessidades, pois só começou a desenvolver a consciência de cuidar do físico como um instrumento que
estabelecia a sua relação com a construção do meio e também como patrimônio proveniente dessa relação, o que segundo Vigotsky
(2007), se deu em oportunidade do desenvolvimento da superação das funções biológicas para as funções superiores, por meio do
processo de transformação que o homem realiza na natureza e nele mesmo, sendo artífice de si próprio.
Marinho (1980) descreve as atividades físicas desenvolvidas pelo homem primitivo da seguinte maneira:
As longas caminhadas, pois o único meio de transporte que possuíam eram os pés, davam-lhe resistência nas marchas;
as necessidades de perseguir a caça ou de fugir ao inimigo emprestavam-lhe velocidade nas corridas; a imposição de
acertar o alvo, quase sempre móvel, adestravam-no nos arremessos; as valas, os precipícios, o terreno acidentado
exercitavam-no constantemente nos saltos; o refúgio ou busca dos frutos em árvores ensinaram-lhe os movimentos de
trepar, só com os braços ou com esses e as pernas; o transporte da caça e de objetos pesados (principalmente paus e
pedras) mantinham o seu vigor físico e a sua fabulosa força muscular; lutas contínuas, em terríveis corpo a corpo, deram-
lhe destreza. Além disso, os lagos e os rios forçaram-no a aprender como atravessá-los, usando pedaços de paus, que o
auxiliavam a flutuar, ensinaram-lhe a mergulhar para recolher a pesca. (MARINHO, 1980, p. 29).
Nesse sentido, percebendo a historicidade do desenvolvimento do homem primitivo como resultado do fazer-se
cotidianamente frente às adversidades e às necessidades, é que se visualiza a importância de tratar a noção cultural da Educação
Física no âmbito escolar, a fim de promover a reflexão sobre a consciência corporal, bem como essa concepção se estabeleceu ao
longo da trajetória humana, mas principalmente como compreender e traduzir esse conhecimento na prática escolar, como parte do
patrimônio cultural e também como instrumento político de atuação do sujeito no meio. Para tanto, os pressupostos que embasam a
concepção de Educação Física estão em sintonia com os pressupostos que embasam esta PPC, que pautam-se na análise e na
432
compreensão das categorias de sociedade, trabalho e homem, categorias que concebem o homem como agente histórico, cujas
práticas sociais são conscientes e determinadas pelas possibilidades e limites do contexto social no qual está inserido, e pelas
condições de produção dos bens necessários à sua sobrevivência.
Nessa direção, o homem foi transformando a natureza, criou instrumentos por meio do trabalho e, simultaneamente, construiu
a sua cultura, a sua corporeidade, construindo-se como ser social. Contudo, a produção dos bens necessários à sobrevivência não
ocorre de forma individual, pois não conseguimos produzir sozinhos e isolados todos os bens de que necessitamos para viver.
O desafio maior como projeto de mundo e de sociedade está na superação da formação do homem unilateral que, alienado
em relação aos meios de produção do fato de pertencer a uma classe, pode encontrar na escola, uma das instâncias dessa
sociedade, condições possíveis de contrapor a ordem da lógica capitalista, fundamentada na divisão e na exploração de uma classe
sobre outra. Nessa direção, Abib (1998) afirma que os mecanismos de dominação, de alienação e de exploração têm que ser
explicitados no processo pedagógico, objetivando a formação de indivíduos críticos, pois a interpretação de sua realidade é elemento
fundamental no processo educativo.
Necessitamos de uma visão de totalidade129 para interpretar o ser humano objetivamente e subjetivamente em seu contexto
social. A Educação Física tem como objeto de estudo e de ensino a Cultura Corporal130, o que pressupõe a necessidade de
entendê-la no âmbito do espaço/tempo da vida na sociedade de classes. Diante disso, cabe à Educação Física a elaboração e uma
organização curricular que permita a socialização do conhecimento necessário à formação omnilateral, conforme já explicitado nos
Pressupostos Filosóficos.131
Com isso, apreendemos que a Educação Física é um produto da cultura humana, resultante da sua relação com o eu, com o
outro e com o mundo que decorre na produção material do homem que se constitui em um elemento essencial da vida.
Segundo Gutierrez (1985), as práticas de atividades físicas ocorrem desde as civilizações antigas, sendo essas práticas
diferentes, de acordo com a sociedade em que estão inseridas e de acordo com o objetivo que com ela se pretende. No antigo
Oriente, por exemplo, a prática de exercícios com sentido moral e preparatório para a vida tornou a humanidade mais civilizada. Na
129
Compreensão do homem como um todo, incluindo os aspectos: afetivo, cognitivo, motor, social, histórico, político e econômico (GALLAHUE; OZMUN 2003;
VIGOTSKI, 2007).
130
“O Conceito de Cultura Corporal tem como suporte a ideia de seleção, organização e sistematização do conhecimento acumulado historicamente acerca do
movimento humano, para ser transformado em saber escolar. Esse conhecimento é sistematizado em ciclos, tratado de forma historicizada e espiralada. Isto é,
partindo do pressuposto de que os alunos possuem um conhecimento sincrético a respeito da realidade, é função da escola, neste caso também da Educação
Física, garantir o acesso às variadas formas de conhecimentos produzidos pela humanidade, levando os alunos a estabelecerem nexos com a realidade,
elevando-os a um grau de conhecimento sintético. Nesse sentido, o tratamento espiralar representa o retomar, integrar e dar continuidade ao conhecimento nos
diferentes níveis de ensino, ampliando sua compreensão conforme o grau de complexidade dos conteúdos” (PARANÁ, 2008, p. 44- 45).
131
Ibid. p. 41.
433
Índia, o ensino e a religião, juntamente com a prática de atividades físicas, estabeleciam um modelo ideal de educação. Na China, a
educação do corpo visava a aprimorar as qualidades físicas e motoras dos guerreiros.
A Grécia antiga ficou conhecida como o berço dos esportes, pois a atividade física era muito importante e estava ligada à
intelectualidade e à espiritualidade, manifestadas por meio da mitologia e da filosofia, pois se pensava na harmonia entre corpo e
mente para a atuação do cidadão em sociedade. Foi nessa época que os gregos criaram os Jogos Olímpicos, evento no qual, além
de ser uma homenagem às divindades provenientes de uma crença politeísta, era uma prática relativa ao início da formulação de
uma consciência acerca da Cultura Corporal, como produto da relação homem-sociedade. Os romanos também realizavam jogos de
estádio, como as competições atléticas e equestres, mas sem o entusiasmo pelos jogos de circo e anfiteatro, haja vista que o culto ao
físico estava ligado à uma consciência um tanto mais primitiva do que a de seus vizinhos gregos.
Na Idade Média, com a ascensão do cristianismo, as práticas realizadas por gregos e romanos foram abolidas, tendo como
prioridade apenas a parte espiritual, pois o corpo e a possível consciência dele trariam inúmeras possibilidades ao homem de
estabelecer uma visão para além daquela determinada pelo poder vigente da época, em que clero e monarquia estabeleciam as
formas de vida possíveis, o que resultava em processos de total alienação da realidade. Conforme destaca Gutierrez (1985), isso só
começou a mudar com as Cavalarias e as Cruzadas. Nos feudos, as atividades físicas consistiam em caça, pesca, jogos infantis,
danças, jogos populares, lutas e arremessos.
Na Europa, a partir do século XVIII, inúmeros filósofos e pensadores fixaram as bases da Educação Física, influenciando as
escolas, sistematizando a prática da atividade física e criando as chamadas Escolas de Ginástica, que difundiram-se pelo mundo,
originando a Educação Física moderna, que, no século XXI, consolidou a sua inclusão no programa educativo do mundo, como
elemento fundamental de uma educação integral.
De acordo com Medina (1990), as concepções de Educação Física se estabeleceram umas após as outras. O mesmo
fenômeno não ocorreu, entretanto, nas consciências das pessoas. Uma concepção não destruiu e nem foi destruída por outra, todas
influenciaram diretamente os profissionais que trabalhavam nessa área. A partir do século XIX, podemos observar em alguns países,
inclusive no Brasil, o fenômeno dos governos militares e a escola, como instituição social, sofreu com o predomínio do militarismo.
Nesse contexto histórico, político e social, atribuiu-se ao professor a função de instrutor e, ao aluno, a de executor passivo de
movimentos, a fim de fortalecer física e moralmente os indivíduos, visando à formação de mão de obra adestrada e capacitada para
finalidade ligada à submissão aos meios de produção.
Segundo Bracht (1989), na Concepção Tecnicista, a escola servia de base à pirâmide esportiva, encarregada de formar os
futuros campeões, sendo a intenção da prática esportiva condicionar os sujeitos, ajustando-os ao modelo de sociedade capitalista por
meio da eliminação dos mais fracos, priorizando o homem padrão que se quer, ou seja, o aluno/atleta e o professor/técnico. Já na
434
Escola Nova, o que predominava era a atividade livre, quando o professor era o facilitador e o aluno só realizava a atividade que lhe
agradava.
Nos anos de 1980, iniciou-se uma reflexão sobre os novos encaminhamentos para a Educação Física, porém, somente nos
anos de 1990 houve o surgimento das chamadas teorias críticas, que buscavam por meio da Educação Física o desenvolvimento da
consciência do sujeito e, a partir de então, a superação da condição de mero espectador da realidade em que se encontrava inserido.
O currículo Básico para a Escola Pública da região Oeste do Paraná vem trabalhando com o referencial teórico que atende à
perspectiva de uma educação que visa a superar o modelo social e econômico vigente, buscando traduzir na prática os elementos
que possam garantir ao indivíduo plenas condições de ser cidadão agente de sua própria história. No entanto, ainda que exista um
empenho por parte de professores e das equipes envolvidas, a concepção citada, aqui utilizada como fundamento filosófico e político
que orientam este documento, encontra limites na práxis educativa.
Concebemos, portanto, a Educação Física como uma área que tem um conhecimento historicamente acumulado, sendo
elemento fundamental para a emancipação do homem, bem como determinante para a transformação do movimento, o qual é capaz
de suscitar no indivíduo uma nova visão da Cultura Corporal, ou seja, da apropriação desse corpo como ser totalitário,
compreendido e integrado em um contexto cooperativo, reflexivo e em condições de atuar crítica e reflexivamente no mundo. As
práticas corporais exprimem, dentro do período histórico, a realidade concreta daquela sociedade, trazendo consigo uma
ressignificação de nossa existência.
Como seres históricos, estamos constantemente nos construindo dentro de uma concreticidade estabelecida pelas relações
sociais. Os modos de vida são decorrentes das condições materiais de existência, o que, em última instância, determina o que
pensamos, o que somos, no que acreditamos e até o que sentimos, existindo ou não uma relação entre esses e o que expressamos
por meio de gestos, de atitudes, de posturas ou de movimentos. O elemento chave da intervenção pedagógica é compreender e
interpretar essas expressões e as relações sociais. Nesse sentido, é necessário, de acordo com Lorenzini (1998), trabalhar o
conhecimento da área com sentido/significado132, contextualizado, relacionado ao cotidiano, ao significativo, ao relevante, com
consistência pedagógica, política e social, na perspectiva de superação da ordem vigente, por meio da qual o ser humano possa
conscientizar-se de que pertence a uma classe133 e passe a agir em função da transformação da sociedade e para a formação do
homem omnilateral.
A Educação Física é um componente curricular que está contido na área das linguagens. Segundo Neira (2018),
132
Segundo Luckesi (1994), em sua obra “Filosofia da Educação”, pode se entender Sentido/Significado como o fato e fator de cultura, resultado das relações
sociais em que cada um está inserido, visando à produção de sujeito único e singular.
133
Classe - Em razão da divisão social do trabalho e dos meios, a sociedade se extrema entre possuidores e os não detentores dos meios de produção.
Surgem, então, a classe dominante e a classe dominada (a dos trabalhadores). Para mais informações, retornar os pressupostos filosóficos deste currículo.
435
Vale lembrar que uma brincadeira, dança, luta, esporte ou ginástica é um texto da cultura produzido pela linguagem
corporal, passível, portanto de inúmeras leituras, elaborações e reelaborações. Sendo a Educação Física um componente
da área das Linguagens, é de se esperar também, a proposição de situações didáticas que promovam a leitura dos
códigos presentes nas práticas corporais e a análise dos significados e circulação. (NEIRA, 2018, p. 63).
Nessa direção, o presente documento visa a levar em consideração a visão nítida e ampliada da Educação Física, em que
ela seja percebida como fruto de uma relação dialética entre o papel que exerce de produtora de práticas sociais e como um produto
dessas, num constante movimento de elaborações e reelaborações, de sentidos e de significados na vida do aluno. O documento,
Referencial Curricular do Paraná: Princípios, Direitos e Orientações (PARANÁ, 2018) 134 referencia da seguinte forma a
discussão sobre a importância, os avanços e as contribuições da Educação Física na escola:
Entende-se que é de fundamental importância termos clareza da função social da Educação Física na escola, para
definirmos a nossa prática pedagógica em consonância com os propósitos da mesma. Assim, pode-se dizer que tal função
social consiste em contribuir significativamente no processo de formação humana integral dos sujeitos construtores da sua
própria história e da cultura, críticos e criativos, capazes de identificar e reconhecer seu próprio corpo e os dos demais,
seus limites e possibilidades. [...] Diante da diversidade de objetos de Ensino/Estudo propostos e defendidos para a
Educação Física escolar, a Cultura Corporal insere a área em um projeto educativo significativo, visando a garantir aos
estudantes o acesso aos conhecimentos historicamente produzidos pela humanidade e culturalmente desenvolvidos pelos
diversos povos, assim como o acesso à reflexão crítica a respeito das inúmeras manifestações ou práticas corporais que
podem e devem ser desenvolvidas no ambiente escolar, na busca de contribuir com um ideal mais amplo de formação de
um ser humano crítico e reflexivo, reconhecendo-se como sujeito, que é produto, mas também agente histórico, político,
social e cultural. (PARANÁ, 2008, p. 49 apud PARANÁ, 2018, p. 338-339).
134
O documento Referencial Curricular do Paraná: Princípios, Direitos e Orientações (PARANÁ, 2018) é resultado dos esforços empreendidos pelo Comitê
Executivo formado pela Secretaria de Estado da Educação (SEED/PR), pelo Conselho Estadual de Educação (CEE/PR), pela União Nacional dos Dirigentes
Municipais de Educação (Undime), pela União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação (Uncme) e demais parceiros institucionais do Estado do
Paraná, que, durante o ano de 2018, fizeram o estudo, a discussão, a consulta pública e a elaboração do referido documento atendendo às novas demandas
resultantes da BNCC de 2017, que fixou determinações centradas em dez competências gerais, que garantam os direitos e os objetivos de aprendizagem e que
estes tenham um alcance nacional, permitindo a orientação do desenvolvimento escolar dos estudantes em todas as fases da Educação Básica. Face à
importância da nova demanda, mas principalmente frente à necessária compreensão de que os direitos e os objetivos da educação são comuns à todos, em
todo o território nacional, porém, que os currículos são diversos de acordo com a realidade local, social individual da escola e de seus estudantes é que surge a
imperiosidade desse documento acima referenciado.
436
Tendo como princípio os pressupostos deste currículo e no diálogo com as orientações do Referencial Curricular do Paraná
(2018), compreendemos e objetivamos para essa disciplina, nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental uma clara preocupação com a
abordagem que enfatiza para a área o trabalho com as práticas corporais como fenômeno cultural dinâmico, diversificado,
pluridimensional, singular e contraditório, permitindo ao aluno a possível apropriação e utilização da Cultura Corporal que lhe
possibilite a participação consciente, confiante e autoral na sociedade em que vive. Essa perspectiva objetivada pela Educação Física
constitui-se como uma ação pedagógica capaz de estimular a reflexão e o acesso a diferentes concepções e representações do
homem, da sociedade e do mundo, por meio do entendimento das manifestações e dos conhecimentos historicamente produzidos
pelo homem, o que ocorre por meio de um processo dialético com os fundamentos e as teorias abordadas na escola por outras
áreas.
2. OBJETIVO
Oportunizar aos alunos o acesso à Cultura Corporal (brincadeiras e jogos, danças, ginásticas, esportes, lutas e práticas
corporais de aventura) presente na realidade em que se está inserido e em outras realidades, para que eles possam vivenciá-las em
um processo de pesquisa que compreende desde a prática às possíveis ressignificações e reconstruções, tornando-a instrumento de
transformação social.
Um ponto de destaque nessa nova significação atribuída à educação física é que a área ultrapassa a ideia de estar
voltada apenas para o ensino do gesto motor correto. Muito mais que isso, cabe ao professor de educação física
problematizar, interpretar, relacionar, analisar com seus alunos as amplas manifestações da cultura corporal, de tal forma
que estes compreendam os sentidos e significados impregnados nas práticas corporais. Ainda nesta perspectiva, a
Educação Física Escolar destaca-se por entender o homem como um ser em movimento. Observa-se também, reflexões
de vários estudiosos que procuram compreender a problemática da corporeidade inserida na totalidade da existência
humana. Nessas reflexões, buscam-se os fundamentos para pensar a Educação Física Escolar como fenômeno educativo
e cultural. (DARIDO; SOUZA, 2007, p. 14).
Encontramos em Soares et al. (1992) a noção de que a Educação Física é capaz de subsidiar elementos para a reflexão
pedagógica que venha ao encontro do acima exposto. Essa possibilidade ocorre a partir das proposições contidas nas Unidades
Temáticas que desdobram-se nas práticas escolares e, por isso mesmo, tornam-se pertinentes para as condições de emancipação
das relações exploratórias a que os sujeitos da práxis pedagógica estão expostos, tão presentes na sociedade em que a escola está
inserida, pois,
A expectativa da Educação Física escolar, que tem como objetivo a reflexão sobre a cultura corporal, contribui para a
afirmação dos interesses de classe das camadas populares, na medida em que desenvolve uma reflexão pedagógica
sobre valores como solidariedade substituindo individualismo, cooperação confrontando a disputa, distribuição em
confronto com apropriação, sobretudo enfatizando a liberdade de expressão dos movimentos – a emancipação – negando
a dominação e submissão do homem pelo homem. (SOARES et al., 1992, p. 28-29).
Segundo Oliveira (1997), a Cultura Corporal será enfocada como prática social produzida pelo trabalho para atender a
determinadas necessidades sociais. As práticas corporais serão vivenciadas no fazer corporal, bem como na necessidade de se
refletir sobre esse fazer.
Para atender a essa concepção, os conteúdos estão organizados em Unidades Temáticas que contemplam o conhecimento
de Educação Física. Segundo Darido (2001), propõe-se que, ao serem trabalhados os Objetos de Conhecimentos, considere-se a
438
relevância social e o tempo histórico em que está inserido, fazendo com que o aluno confronte o conhecimento do senso comum com
o científico e os diferentes saberes elaborados, ampliando os conhecimentos por ele apreendidos, propiciando a leitura da realidade.
Segundo o Referencial Curricular do Paraná,
É importante salientar que a organização das unidades temáticas se baseia na compreensão de que o lúdico pode ser
enfatizado em todas as manifestações da Cultura Corporal, ainda que essa não seja a única finalidade na Educação Física
na escola. Ao experenciar Brincadeiras, Jogos, Esportes, Ginásticas, Danças, Lutas, Práticas corporais de aventura dentre
outras manifestações, para além da ludicidade, os estudantes se apropriam das lógicas intrínsecas a essas manifestações
(regras, códigos, rituais, sistemáticas de funcionamento, organização, táticas, etc.), assim como estabelecem relações
entre si e com a sociedade por meio das representações e dos significados que lhes são atribuídos. (PARANÁ, 2018, p.
343-344).
Para que esse entendimento se traduza na prática da disciplina, de modo a contemplar os pressupostos psicológicos dessa
PPC, a abordagem das Unidades Temáticas deve atentar para a relevância das escolhas do que e de como conduzir o trabalho,
possibilitando, assim, a apreensão das representações, da sua historicidade e das suas implicações. No que tange a essa questão,
Neira (2018) destaca a possibilidade de ‘justiça curricular’135 decorrente da ‘seleção cuidadosa’ dos temas:
Uma seleção cuidadosa de brincadeira, dança, luta, esporte ou ginástica que será abordada legitima diversos saberes
culturais e, em função disso, os alunos e alunas podem entender a heterogeneidade social mediante a democratização
das políticas de identidade, isto é, do direito às diferenças (Torres Santomé, 1998). O que não quer dizer preencher o
currículo com práticas corporais pertencentes aos grupos minoritários, muito menos como costuma acontecer em algumas
135
O termo ‘justiça curricular’, segundo Neira (2018), vem designar um conjunto de ideias e ações que contrapõem o privilégio dado aos conhecimentos e aos
conteúdos inerentes às identidades dos grupos hegemônicos em detrimento às identidades de outros grupos sociais que ficam à margem, como reprodução da
própria sociedade de classes em que as escolas encontram-se inseridas. Assim, a justiça curricular, por meio da seleção cuidadosa dos temas a serem
abordados, busca articular o rompimento com o dualismo entre as noções (equivocadas) de cultura superior e de cultura inferior, bem como os valores que
norteiam essas duas percepções e que por muito tempo sustentou posturas discriminatórias na escola e na sociedade. Um dos elementos favoráveis a
viabilização da ‘justiça curricular’ foi a implementação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB), mediante a alteração proposta pela Lei
Federal nº. 10.639/2003, que orienta e determina a obrigatoriedade do Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira na Educação Básica, corroborando para o
exercício de promoção da cidadania plena para todos, valorizando a cultura negra brasileira e africana, as expressões culturais indígenas, a diversidade de
escolas, como as das populações quilombolas etc. Dessa forma, os professores de Educação Física, em especial neste Currículo, oportunizado pela
reorganização teórico-metodológica em ‘Unidades Temáticas’, poderá atuar nessa direção a fim de minimizar as injustiças e as desigualdades étnico-raciais nos
espaços escolares onde atuam, mediando o conhecimento e a cultura acumulada historicamente, por meio da prática educativa consciente e crítica.
439
escolas, conferir-lhes um tratamento episódico: danças sertanejas nas festas juninas, capoeira e jogo na Semana da
Consciência Negra, etc. A definição do tema com base na justiça curricular desestabiliza o viés colonialista na descrição
do outro. Uma Educação Física culturalmente orientada destaca não só os conhecimentos e práticas sociais dos grupos
dominados, como também suas histórias de luta, ademais, valoriza a diversidade da população e proporciona o ambiente
necessário para que as narrativas sejam efetuadas a partir da própria cultura, de forma a relatar as condições enfrentadas
e partilhar formas de resistência e superação. (NEIRA, 2018, p. 49).
Assim, na mesma direção, podemos encontrar a prerrogativa da organização da disciplina de Educação Física para a
educação básica, na orientação do Referencial Curricular do Paraná, que assim é expressa:
O presente Referencial Curricular do Paraná: Princípios, Direitos e Orientações – Educação Física traz uma
diversidade de Objetos de conhecimento a serem tematizados pela Educação Física na escola, visando à
democratização do acesso às diferentes manifestações da Cultura Corporal. Nesse sentido, entende-se que as vivências
corporais sejam experienciadas a partir da atribuição de sentidos e significados enquanto princípios básicos para as aulas,
que se justificam nos conhecimentos historicamente acumulados pela humanidade, muitos dos quais foram e ainda são
simplesmente negados na escola. Tais conhecimentos serão imprescindíveis para a compreensão da própria prática
social, bem como para uma apreensão crítica, reflexiva e com vistas à superação e transformação de contradições sociais
por parte de todos os envolvidos no processo. Neste Referencial, os Objetos de conhecimento e respectivos Objetivos
de aprendizagem estão organizados em seis Unidades temáticas que serão abordadas durante os anos do Ensino
Fundamental. Conforme a BNCC (Brasil, 2017) essas unidades são: Brincadeiras e Jogos, Esportes, Ginásticas, Danças,
Lutas e Práticas Corporais de Aventura. ( PARANÁ, 2018, p. 341, grifos nossos).
Os Objetos de Conhecimento e os Objetivos de Aprendizagem são tematizados em seis Unidades, como forma de
sistematizar os conhecimentos a serem trabalhados no Ensino Fundamental. Esse trabalho não deve ser estanque, mas deve
considerar determinada flexibilidade em sua organização, já que o próprio Referencial considera a possibilidade de inserção de novas
Unidades Temáticas, Objetos de Conhecimento e Objetivos de Aprendizagem de acordo com os anseios e conforme for necessário
para atender às realidades distintas em que estão inseridas as diferentes escolas, respeitando as especificidades das que ofertam
outras modalidades (Educação do Campo, Educação Especial, Educação Escolar Indígena, Educação de Jovens e Adultos,
Educação Escolar Quilombola, Educação Profissional e Educação à Distância). É por meio dessa articulação que a Educação Física,
durante o Ensino Fundamental, deverá garantir os seguintes Direitos de Aprendizagem específicos à área:
440
1.Compreender a origem das manifestações da Cultura Corporal e seus vínculos com a organização da vida coletiva e
individual, levando em consideração as constantes transformações sociais. 2.Planejar e empregar estratégias para
resolver desafios e aumentar as possibilidades de aprendizagem da Cultura Corporal, além de se envolver no processo de
ampliação do acervo cultural de forma crítica. 3.Refletir, criticamente, a respeito das relações entre a vivência da
manifestações da Cultural Corporal e os processos de formação humana integral. 4.Identificar a multiplicidade de padrões
desempenho, saúde, beleza e estética corporal, analisando criticamente os modelos disseminados pelas mídias, e discutir
posturas consumistas e preconceituosas. 5.Identificar as formas de produção dos preconceitos, compreender seus efeitos
e combater posicionamentos discriminatórios em relação às manifestações da Cultura Corporal e aos seus participantes.
6.Interpretar e recriar os valores, os sentidos e os significados atribuídos às diferentes manifestações da Cultura Corporal,
bem como aos sujeitos que delas participam. 7.Reconhecer as manifestações da Cultura Corporal como elementos
constitutivos da identidade histórica e cultural dos povos e grupos, respeitando e acolhendo as diferenças. 8.Usufruir das
manifestações da Cultura Corporal de forma autônoma para potencializar o envolvimento em tempos/espaços de Lazer,
garantindo como direito social, ampliando as redes de sociabilidade e a promoção da saúde individual e coletiva.
9.Reconhecer o acesso às manifestações da Cultura Corporal como direitos dos cidadãos, propondo e produzindo
alternativas para sua realização no contexto comunitário. 10.Experimentar, apreciar, vivenciar e (re)criar diferentes Jogos,
Brincadeiras, Danças, Ginásticas, Esportes, Lutas, Práticas corporais de aventuras e outras manifestações da Cultura
Corporal, valorizando o trabalho coletivo, o protagonismo e a inclusão social. ( PARANÁ, 2018, p. 342-343).
Nessa direção, com o intuito de garantir os Direitos de Aprendizagem, orienta-se adotar a simultaneidade no processo
educativo, ou seja, os Objetos de Conhecimento devem ser trabalhados de maneira mais aprofundada ao longo dos anos, sem a
visão de pré-requisitos a fim de contemplar os Objetivos de Aprendizagem propostos pela educação formal/institucionalizada. Assim,
para a elaboração deste documento, considerou-se as práticas corporais organizando-as nas seguintes Unidades Temáticas:
brincadeiras e jogos, ginásticas, danças, esporte, lutas e práticas corporais de aventura, que aqui constam descritas na sequência
dos Conteúdos Permanentes, devido à relevância e à constância desses em todos os Anos Iniciais do Ensino Fundamental.
Conteúdos Permanentes
Os Conteúdos Permanentes aparecem em todos os anos, e, devido à sua importância, recebem destaque. Portanto, serão
trabalhados constantemente e em paralelo às unidades temáticas já apresentadas. São eles: percepção, categorias de movimento,
alongamento e descontração, os quais estão descritos na sequência.
441
Percepção
Segundo Gallahue (2008), percepção significa consciência ou interpretação de informação. Refere-se ao processo de
organizar e sintetizar a informação que reunimos por meio dos vários órgãos dos sentidos. Esse processo leva os alunos a aprender,
por meio dos sentidos, sobre os aspectos corporais, espaciais e temporais do seu mundo em expansão. Divide-se em: Percepção
Corporal - imagem corporal e esquema corporal; Percepção Espacial - quanto espaço o corpo ocupa e a relação histórico-social do
corpo com objetos externos; Percepção Temporal - noção espaço-tempo; Percepção Direcional – com relação a objetos que estão
no espaço externo; lateralidade e direcionalidade: à frente/atrás, direita/esquerda, em cima/embaixo, perto/longe, pequeno/grande,
dentro/fora.
Os elementos que dizem respeito à aprendizagem pela via dos sentidos, reunidos nas diferentes percepções e em seus
desdobramentos corroborativos para a construção do conhecimento, encontram as condições para a sua efetivação na prática
educativa contemplados na gama de objetivos propostos em cada uma das seis Unidades Temáticas dessa PPC.
As Categorias de Movimento
As categorias de movimento denominadas por Gallahue (2008) como equilíbrio, manipulação e locomoção são conteúdos
que fundamentam o desenvolvimento do aluno e, portanto, serão contempladas em todos os Anos Iniciais do Ensino Fundamental. O
autor conceitua as categorias do movimento em ‘Equilíbrio ou estabilidade’, que é a habilidade de manter o equilíbrio com relação à
força da gravidade. Essa é a forma mais básica do movimento humano e embasa as categorias de locomoção e manipulação.
‘Locomoção’ é a mudança, a alteração do corpo no espaço. ‘Manipulação’, por sua vez, refere-se à ação direta a um objeto com o
uso das mãos ou dos pés, movimento que abrange a manipulação motora grossa (movimentos de dar força aos objetos ou receber
força dos objetos, como arremessar, chutar, agarrar, rebater) e a manipulação motora fina (atividades de segurar objetos que
enfatizam o controle motor, a precisão e a exatidão do movimento como cortar, escrever, empunhar). O professor deve preocupar-se
primeiramente com a aquisição de habilidades motoras grossas e, em menor intensidade, com as habilidades manipulativas finas.
CATEGORIAS DE MOVIMENTOS
Movimentos Fundamentais Movimentos Fundamentais Movimentos Fundamentais
EQUILÍBRIO LOCOMOÇÃO MANIPULAÇÃO
Inclinar Caminhar Arremessar
Alongar Correr Interceptar
Girar/virar Pular Chutar
Balançar Saltar Capturar
Rolamento Corporal Saltitar Golpear
Apoios invertidos Deslizar Quicar uma bola
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Iniciar e finalizar Guiar Rolar uma bola
Parar Escalar Chutar em suspensão
Esquivar
Equilibrar
As Categorias de Movimentos são, em essência, instrumentos pertinentes e participativos para o desenvolvimento integral do
aluno, e caracterizam-se por serem habilidades fundamentais e necessárias, que devem ser trabalhadas ao longo dos Anos Iniciais
do Ensino Fundamental. Considerando que o desenvolvimento dos seres humanos não acontece de forma natural e/ou espontânea,
como fora explicitado por intermédio da teoria histórico-crítica e descrito por Saccomani e Marsiglia (2016) como “[...] um
desenvolvimento histórico-cultural e, portanto, é resultado da produção (ou não) na subjetividade de cada indivíduo [...]”
(SACCOMANI, MARSIGLIA, 2016, p. 343), ou seja, que cada indivíduo, desde a sua infância, apreende, por meio da apropriação da
cultura, o que deriva considerar que cabe à escola, como já defendido por Saviani (2000), possibilitar esse processo como um todo, o
que ocorre por meio da apropriação do conhecimento científico.
Nesse entendimento, destacam-se as possibilidades que a Educação Física, considerando os elementos inerentes ao
trabalho com a Cultura Corporal, pode colocar-se a serviço dessa formulação conceitual e prática junto aos alunos, os quais,
apropriando-se desses conhecimentos, participarão do processo de construção da história da sociedade e da sua própria história
como sujeitos ativos em sua trajetória.
Assim, o trabalho a ser desenvolvido com as Categorias de Movimentos permite aos alunos a unidade entre as funções
sensoriais e motoras. Além disso, com o domínio dessas habilidades e conhecimentos, eles passam também a formular múltiplas
percepções de si mesmos, do outro, da sociedade e do mundo, em um movimento dialético que corrobora para a superação das
imposições de limitações e das próprias contradições que decorrem destas.
Alongamento e Descontração
O objetivo da atividade de alongamento, conforme pontua Dantas (1995), é conservar ou recuperar a harmonização do corpo,
reduzindo tensões, aprimorando a coordenação motora, mantendo a amplitude de movimento, prevenindo lesões musculares,
trabalhando as articulações e, por consequência, aumentando a flexibilidade. Essa atividade prepara o corpo para o exercício físico
que será realizado. Apesar de não ter função biológica em crianças menores de oito anos, isto é, não traz resultados expressivos, é
importante realizar vários exercícios de alongamento, os quais terão como função a consciência corporal, o conhecimento do corpo.
A descontração é a qualidade física compreendida como um fenômeno neuromuscular, resultante de uma redução de tensão
na musculatura esquelética. Essa atividade capacita o aluno a recuperar-se de esforços físicos realizados, fazendo o organismo
443
retornar rapidamente ao repouso. É importante utilizá-la ao final das aulas. Pode ser a respiração concentrada, um alongamento,
música, entre outros. Além disso, é o momento de conversar sobre as atividades realizadas durante a aula.
Nessa direção, as Unidades Temáticas se organizam de tal forma que permitem ao professor o diálogo constante com os
Conteúdos Permanentes, como explicitado a seguir.
Brincadeiras e Jogos
A Unidade Temática Brincadeiras e Jogos explora aquelas atividades voluntárias exercidas dentro de determinados limites de
tempo e de espaço, caracterizadas pela criação e alteração de regras, bem como pela apreciação do ato de brincar em si. Essas
práticas não têm um conjunto estável de regras e, portanto, ainda que possam ser reconhecidos jogos similares em diferentes épocas
e partes do mundo, esses são recriados, constantemente, pelos diversos grupos culturais.
A cultura dos jogos deve ser transmitida e valorizada tanto na escola quanto na sociedade na qual o aluno está inserido.
Sabe-se da importância dessa vivência para a construção de significados e para a apreensão deles por meio das manifestações
corporais.
Segundo as Diretrizes Curriculares da Educação Básica (DCEs) do Estado do Paraná,
[...] os jogos se integram aos currículos escolares deixando de ser simples passatempo inconsequente, e sim um lugar de
destaque. As atividades em forma de jogo são as que mais podem facilitar e contribuir para o desenvolvimento
metodológico de ensino-aprendizagem da criança, em virtude da riqueza de oportunidades que o lúdico oferece.
Estimulam a criatividade, a crítica, e a socialização, sendo, assim, uma atividade importante e significativa pelo seu
conteúdo pedagógico-social. (PARANÁ, 2008, p. 33).
Nessa perspectiva, o conhecimento teórico, o valor social, cultural e pedagógico das brincadeiras e jogos têm grande
importância na vida do aluno. No componente curricular de Educação Física, essa unidade é considerada fundamental no
desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem como um todo, assim, “Almeja-se organizar, e estruturar a ação pedagógica
de Educação Física, de maneira que o jogo seja entendido, apreendido, refletido e reconstruído como um conhecimento que se
constitui um acervo cultural, ao qual o aluno deve ter acesso na escola” (SOARES et al., 1992 apud PARANÁ, 2008, p. 66).
Nessa direção, brincar e jogar são consideradas atividades que possibilitam um estreitamento no diálogo entre a percepção
de mundo contida no aluno à linguagem cultural e elaborada, próprias do ambiente escolar, que auxiliam na formulação do
pensamento e na consciência de mundo. É interessante, nesse aspecto, referenciar o jogar e o brincar da seguinte forma: “Quando a
criança joga, ela opera com o significado das suas ações, o que a faz desenvolver sua vontade e ao mesmo tempo tornar-se
444
consciente das suas escolhas e decisões. Por isso, o jogo apresenta-se como elemento básico para a mudança das necessidades e
da consciência” (SOARES et al., 1992, p. 66).
A brincadeira é uma das formas que levam o professor de Educação Física a possibilitar e a dar o enfoque a algo que coloca
o aluno como protagonista no mundo. O desenvolvimento cognitivo, psicológico e social da criança perpassa por várias etapas, e
essas são desenvolvidas no decorrer dos primeiros anos de sua vida, os quais transcorrem quando a criança já encontra-se inserida
na escola. E é nesse local e espaço de tempo que as brincadeiras tomam forma, em que as vontades, resultantes em parte das
necessidades e das ações práticas, são sustentáculo para o processo de aprendizagem. Segundo Elkonin (1969 apud LAZARETTI
2016, p.130), nesse período, “A ampliação dos domínios da realidade permite que a criança assuma ações cada vez mais autônomas
e sua percepção a respeito da realidade que a rodeia torna-se mais aprimorada”.
Seguindo esse pressuposto, Lazaretti (2016) afirma que a brincadeira, desde a ação e a manipulação com os objetos,
marcada pelas ações elementares às atividades lúdicas que reproduzem os diferentes papéis sociais, propicia à criança explorá-la
como a representação do adulto em sociedade, o que, em última instância, a auxilia no entendimento das diversas funções que esse
exerce, tal como a do trabalho, momento no qual os objetos que ela utiliza para as suas brincadeiras, apesar de pertencerem ao
mundo da infância, adquirem um novo significado social, como menciona a autora:
[...] ocorre a conversão de menina em mamãe, da boneca em filha, e os atos de dar banho, dar de comer e preparar a
comida transforma-se em responsabilidades da criança. Isso revela a tendência de a criança querer participar da vida e
das atividades dos adultos, quer aprender na relação com eles e com o mundo dos objetos humanos, procurando
compreender essas relações em sintonia com o tudo o que se descortina à sua volta. (LAZARETTI, 2016, p. 132).
Em consonância com essa concepção, Sawitzki (1998) afirma que, por meio da dinâmica dos jogos, é possível ao professor
de Educação Física incentivar uma reflexão em torno da organização do trabalho e da vida social, por exemplo, mostrando aos
alunos a importância do estabelecimento de regras para a convivência em grupo. Pode-se afirmar que as brincadeiras e os jogos
propiciam formas para a criança criar estratégias cognitivas em seu processo de desenvolvimento e do conhecimento do real. Nesse
trabalho, podemos afirmar que o processo de ensino e de aprendizagem a partir dessa unidade permitirá supostamente a construção
de um referencial sobre a organização social, suas imposições, bem como a importância e a dimensão da atuação individual para o
todo.
445
Ginásticas
A ginástica confunde-se com a própria história da Educação Física, pois a sua prática remonta à história da Grécia Antiga,
onde os homens exercitavam-se com o objetivo de atingir um elevado condicionamento físico, para garantir a preservação da
espécie, a destreza dos movimentos e do intelecto, assim como o sucesso de uma guerra.
Nesse sentido, é possível compreender as ginásticas como sendo uma Unidade Temática de importância ímpar, que contribui
na formação para a liberdade; essa por sua vez, consciente aos limites que o respeito por si e pelo outro exige na vivência coletiva.
Já na perspectiva de Brochado (2005), a ginástica é uma forma particular de exercitação por meio da qual, com ou sem o uso de
aparelhos, abre-se a possibilidade de atividades e de experiências corporais dos alunos, cujo agir (aprendizagem de movimentos)
resulta da própria história dos homens, possibilitando a aquisição do domínio corporal, da flexibilidade, da força, da velocidade, da
resistência, da habilidade motora, do equilíbrio, entre outros.
Danças
A dança acompanha o homem praticamente desde os primórdios da humanidade. Os povos antigos dançavam pelas mais
diversas motivações, estando ela presente nos principais acontecimentos das sociedades antigas. Para Oliveira (1983),
Uma das atividades físicas mais significativas para o homem antigo foi a dança. Utilizada como forma de exibir suas
qualidades físicas e de expressar os seus sentimentos, era praticada por todos os povos [...] A dança primitiva podia ter
características eminentemente lúdicas como também um caráter ritualístico, onde havia demonstrações de alegria pela
caça e pesca feliz ou a dramatização de qualquer evento que merecesse destaque como os nascimentos ou funerais.
(OLIVEIRA 1983, p. 14).
Assim, a dança é uma linguagem social que engloba as manifestações da Cultura Corporal, representando e simbolizando a
história social dos homens, tendo como característica comum a intenção explícita de expressão e de comunicação por meio de
gestos (que permitem exteriorizar sentimentos e emoções) e a presença de ritmos e estímulos sonoros, possibilitando a construção
de conhecimentos sobre brincadeiras cantadas, cantigas de roda e manifestações da Cultura Corporal. Esses conteúdos devem ser
adequados, considerando o contexto no qual a escola está inserida.
Segundo Soares et al. (1992), a dança como arte deve encontrar os seus fundamentos na própria vida, o que significa afirmar
que a dança pode se concretizar como unidade temática, no processo de ensino e aprendizagem, como a expressão da vida dos
alunos, ou seja, deles e da realidade em que estão inseridos, permitindo-os, à medida que se expressam, perceberem o corpo em
sua totalidade. Outro elemento importante nessa unidade é considerar que os ritmos e os movimentos divulgados na mídia são
446
reproduzidos e, consequentemente, invadem o contexto escolar, necessitando da mediação do professor para reflexão e o
aproveitamento desse conhecimento. Devido à tecnologia, à presença dos meios de comunicação e ao fato do mercado da música
estar mais voltados para o lado comercial, é necessário instrumentalizar os alunos para que façam uma leitura crítica da realidade
midiática. Para essa questão, Santos Júnior (2007) oferece o seguinte aporte:
[...] o professor deve discutir e dialogar rotineiramente com os educandos, vinculando a utilização de vídeos,
documentários, revistas, jornais e entre outras que possibilitem o diálogo com os fundamentos teóricos de uma Educação
Física concebida como apropriação e transformação da cultura corporal de movimento, tratando de assuntos polêmicos e
atuais que facilitem o desenvolvimento de conteúdos conceituais e atitudinais. No caso da televisão, a imagem
proporciona um impacto aos educandos e a partir dessa primeira emoção pode-se mediar uma interpretação mais crítica e
racional. Em síntese, a tarefa teórica e prática da Educação Física deve ser a do esclarecimento, visando desvelar pela
crítica e pela razão o conjunto de objetivos e interesses que configuram a mensagem midiática [...]. [...] Cabendo a
Educação Física com pleno conhecimento sobre a cultura corporal de movimento promover a retomada de uma formação
cultural esportiva autônoma em relação a indústria midiática, concorrendo para ação do receptor-sujeito capaz de
automatizar e reconstruir seu próprio significado. (SANTOS JÚNIOR, 2007, p. 1).
Esportes
Os Esportes compõem, juntamente com outras unidades temáticas, um leque de possibilidades aos professores no que se
refere à diversidade de situações a serem trabalhadas. Cada modalidade apresenta a sua singularidade, mas todas têm um alcance
possível e pertinente para a formulação de entendimentos da sociedade na qual os alunos estão inseridos. Nessa perspectiva,
Reverdito e Scaglia (2009) destacam que,
[...] o esporte surge como um construtor de valores (personalidade, espírito coletivo, aceitar as regras, resolver problemas,
analisar situações, etc.) e comportamentos, que, por meio de sua constante sistêmica de autorregulagem, permite aos
indivíduos constatarem a resolução e a construção de problemas em um ambiente de intensidade e fascinação, levando-
os a diferentes níveis de experiências e vivências. (REVERDITO; SCAGLIA, 2009, p. 46).
Com base nessas palavras, destacamos a importância da percepção por parte dos sujeitos da práxis educativa de que os
esportes na escola são de caráter educativo e não de treinamento para a competição. Ademais, instrumentalizá-los como prática
social que corrobora para a formação de valores e para a consciência do papel que cada um ocupa e pode ocupar nas tramas das
relações sociais faz toda a diferença entre a vivência concreta deles e a mera esportivação. Segundo Sawitzki (1998), “[...] a prática
do esporte na escola deve oportunizar aos alunos o desenvolvimento do espírito crítico a partir da análise de sua estrutura, evolução
histórica e equipamentos exigidos para a sua realização. [...] Por isso é importante que a criança compreenda os esportes
criticamente e sistematize os conhecimentos acerca deles[...]” (SAWITZKI, 1998, p. 65).
Lutas
Como parte da Cultura Corporal, as lutas representam um meio eficaz de educação e um conjunto de conteúdos altamente
importante para a Educação Física escolar, pois, qualquer que seja a modalidade de luta, exige-se respeito às regras, à hierarquia e
à disciplina, bem como o respeito à sua origem e aos significados culturais, sem que receba um tratamento exclusivamente técnico.
Outro elemento importante a ser considerado é a valorização das lutas como Unidade Temática, com o intuito de corroborar para a
preservação da saúde física e mental de seus praticantes, já que essa é também um dos elementos importantes a serem tratadas no
componente curricular. De acordo com Souza Júnior e Santos,“As lutas assim como os demais conteúdos da Educação Física,
devem ser abordadas na escola de forma reflexiva, direcionada a propósitos mais abrangentes do que somente desenvolver
capacidades e potencialidades físicas” (SOUZA JÚNIOR; SANTOS apud OLIVEIRA; FILHO, 2013, p. 1).
4. CONTEÚDOS
EDUCAÇÃO FÍSICA – 1º ANO
UNIDADE OBJETOS DE CONHECIMENTO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
TEMÁTICA
Brincadeiras e jogos da cultura popular (EF12EF01) Experimentar, fruir, compreender e recriar diferentes brincadeiras e jogos da cultura popular
presentes no contexto comunitário local e presentes no contexto comunitário local e regional, reconhecendo e respeitando as diferenças individuais
regional. de desempenho dos colegas, valorizando o trabalho coletivo e enfatizando a manifestação do lúdico.
(EF12EF02) Explicar, por meio de múltiplas linguagens (corporal, visual, oral e escrita), as brincadeiras e os
jogos populares, do contexto comunitário local e regional, reconhecendo e valorizando a importância desses
Contrastes: longe/perto/ jogos e brincadeiras para suas culturas de origem.
convergir/divergir/perseguir/escapar
rápido/lento/para frente/para trás/em Deslocar no espaço em diferentes direções, sentidos, velocidades, ora fugindo, ora perseguindo e
cima/em retornando, com e sem o uso de materiais.
baixo/direita/esquerda/dentro/fora,
449
centro/perímetro.
Brincadeiras Vivenciar e apropriar-se de um espaço delimitado, que exige manutenção desse espaço no decorrer
Estrutura: deslocamento do aluno e do da atividade.
e
material; deslocamento do aluno e
Jogos material imóvel; deslocamento apenas do
material em espaço delimitado.
(EF12EF05) Experimentar e fruir prezando pelo trabalho coletivo e pelo protagonismo, a prática de jogos
esportivos de precisão, por meio de atividades e jogos diversificados, adequados à realidade escolar e que
Jogos Esportivos de Precisão: evidenciem a modalidade esportiva ensinada, identificando os elementos comuns a esses jogos esportivos
bocha, golfe, boliche, sinuca, tiro esportivo e refletindo sobre os aspectos culturais e sociais que envolvem a prática das referidas modalidades,
e com arco, esgrima, críquete, entre enfatizando a manifestação do lúdico.
Esportes
outros. (EF12EF06) Apresentar e discutir a importância da observação das normas e das regras dos jogos
esportivos de precisão para assegurar a integridade própria e as dos demais participantes, valorizando a
ética, a cooperação, o respeito e acolhimento às diferenças, a competição saudável e o espírito esportivo.
Ginástica geral e o reconhecimento do (EF12EF07) Experimentar, fruir e identificar diferentes elementos básicos da ginástica (equilíbrios, saltos,
corpo. giros, rotações, rolamentos, acrobacias, com e sem materiais, seguindo uma direção), da ginástica geral e
do movimento humano, de forma individual e em pequenos grupos, adotando procedimentos de segurança.
(EF12EF08) Planejar e utilizar estratégias para a execução de diferentes elementos básicos da ginástica, da
Rolamento corporal: ginástica geral, do movimento humano e da manutenção da postura corpórea, em níveis e planos, com e
Lateral; sem deslocamento.
Para frente. (EF12EF09) Participar da ginástica geral, identificando e vivenciando as potencialidades e os limites do
corpo, e respeitando as diferenças individuais e de desempenho corporal.
Ginásticas (EF12EF10) Aprender e descrever, por meio de múltiplas linguagens (corporal, oral, escrita e audiovisual),
Equilíbrio: as características dos elementos básicos da ginástica, da ginástica geral e do movimento humano,
Estático; identificando a presença desses elementos em distintas práticas corporais, bem como em ações e tarefas
do cotidiano, questionando padrões estéticos e prevenindo práticas de bullying.
Dinâmico.
(EF12EF12) Experimentar e fruir diferentes brincadeiras cantadas, cantigas de roda, brincadeiras rítmicas e
expressivas, e recriá-las, respeitando as diferenças individuais e de desempenho corporal, valorizando os
Danças Brincadeiras cantadas e cantigas de roda. aspectos motores, culturais e sociais de cada uma delas.
(EF12EF13) Identificar os elementos constitutivos (ritmo, espaço, gestos) das brincadeiras cantadas,
cantigas de roda, brincadeiras rítmicas e expressivas, valorizando e respeitando as manifestações de
diferentes culturas.
450
(EF12EF11) Experimentar e fruir diferentes danças do contexto comunitário local e regional (brincadeiras
cantadas, rodas cantadas, mímicas, brincadeiras rítmicas e expressivas) e recriá-las, respeitando as
Danças Danças do contexto comunitário local e diferenças individuais e de desempenho corporal.
regional.
Fundamentos Rítmicos:
(EF12EF12) Identificar e se apropriar dos elementos constitutivos (ritmo, espaço, gestos, entre outros
Ritmo; elementos) das danças do contexto comunitário local e regional, valorizando e respeitando as
Percepção do tempo musical; manifestações de diferentes culturas.
(EF35EF05) Experimentar e fruir diversos tipos de jogos esportivos de campo e taco, identificando seus
elementos comuns e criando estratégias individuais e coletivas básicas para sua execução, prezando pelo
trabalho coletivo, pelo respeito e pelo protagonismo, por meio de atividades e jogos diversos que se
relacionam com os saberes ensinados, evidenciando a manifestação do lúdico.
452
Esportes Jogos esportivos de campo e taco: (EF35EF06) Diferenciar os conceitos de brincadeira, jogo e esporte, identificando as características que os
constituem na contemporaneidade, suas manifestações (social, profissional, cultural e comunitária/lazer) e
beisebol, softbol, críquete, dentre outros. as diferentes possibilidades de fruição dentro e fora da escola.
Ginástica geral. (EF35EF07) Experimentar, fruir de forma coletiva, combinações de diferentes elementos da ginástica geral
(equilíbrios, saltos, giros, rotações, pontes, roda, rodante estrelas, acrobacias; com e sem materiais),
Ginásticas Posições invertidas: roda e rodante. compreendendo e propondo coreografias com diferentes temas do cotidiano.
Capacidades físicas: (EF35EF08) Planejar e utilizar estratégias para resolver desafios na execução de elementos básicos de
Força. apresentações coletivas de ginástica geral, reconhecendo e respeitando as potencialidades e os limites do
corpo, adotando assim, procedimentos de segurança.
Velocidade.
Resistência.
Flexibilidade.
Habilidade motora.
(EF35EF09) Experimentar, (re)criar e fruir atividades rítmicas e expressivas, danças populares e tradicionais
do Brasil, valorizando e respeitando os diferentes sentidos e significados dessas danças em suas culturas
de origem.
(EF35EF10) Comparar e identificar os elementos constitutivos comuns e diferentes (ritmo, espaço, gestos)
Danças Danças do Brasil. em danças populares e tradicionais do Brasil.
(EF35EF11) Formular e utilizar estratégias para a execução de elementos constitutivos das danças
populares e tradicionais do Brasil.
(EF35EF12) Compreender o movimento rítmico como forma de expressão corporal e de representação
social, e ainda, identificar situações de injustiça e preconceito geradas e/ou presentes no contexto das
danças e demais práticas corporais, desenvolvendo uma consciência crítica e reflexiva sobre seus
significados e discutir alternativas para superá-las, valorizando as diversas manifestações culturais.
Aplicar as formações corporais nas danças do Brasil, em variados planos, níveis, com materiais e em
deslocamentos.
Experimentar e fruir diferentes jogos de luta, conhecendo e respeitando a si e aos outros, evidenciando
a manifestação do lúdico.
Identificar os riscos durante a realização dos jogos de luta, valorizando a própria segurança e
integridade física, bem como as dos demais, reconhecendo e respeitando a pluralidade de ideias e a
Jogos de luta. diversidade cultural humana.
Lutas Planejar e utilizar estratégias para a execução de diferentes elementos dos jogos de luta.
Experimentar e fruir diferentes jogos de aventura, baseados em práticas corporais de aventura urbanas
e da natureza, valorizando a própria segurança e integridade física, bem como as dos demais,
453
reconhecendo e respeitando a pluralidade de ideias e a diversidade cultural humana, evidenciando a
Práticas Corporais Jogos de aventura. manifestação do lúdico.
de
Identificar e compreender os riscos durante a realização dos jogos de aventura e planejar estratégias
Aventura para sua superação, reconhecendo os protocolos básicos de segurança das práticas corporais
propostas como conteúdo específico.
Identificar o meio em que as práticas ocorrem: terra, água ou ar e quais os equipamentos necessários
para minimizar os riscos, respeitando os próprios limites e os dos demais.
Experimentar e fruir os jogos de aventura, respeitando o patrimônio público, privado e o meio
ambiente, utilizando alternativas para a prática segura e consciente, em diversos tempos e espaços.
Velocidade.
Resistência. Conhecer e compreender o próprio corpo, as habilidades, estruturas e a coordenação motora,
orientação e estruturação espaço temporal, esquema e percepção corporal.
Flexibilidade.
Habilidade motora.
(EF35EF09) Experimentar, (re)criar e fruir atividades rítmicas e expressivas, danças de matrizes Indígena e
Africana, valorizando e respeitando os diferentes sentidos e significados dessas danças em suas culturas
de origem.
(EF35EF10) Comparar e identificar os elementos constitutivos comuns e diferentes (ritmo, espaço, gestos)
nas danças de matrizes Indígena e Africana.
Danças Danças de matrizes Indígena e Africana. (EF35EF11) Formular e utilizar estratégias para a execução de elementos constitutivos das danças de
matrizes Indígena e Africana.
(EF35EF12) Compreender o movimento rítmico como forma de expressão corporal e de representação
social e, ainda, identificar situações de injustiça e preconceito geradas e/ou presentes no contexto das
Formações Corporais: danças e demais práticas corporais, discutindo alternativas para superá-las e desenvolvendo uma
consciência crítica e reflexiva sobre seus significados, valorizando as diversas manifestações culturais.
Níveis-Planos-Deslocamentos.
Aplicar as formações corporais nas danças de matrizes Indígena e Africana, em variados planos,
níveis, com materiais e em deslocamentos.
Colunas, Fileiras, Círculos e Criação.
(EF35EF13) Experimentar, fruir e recriar diferentes lutas e seus elementos presentes no contexto
comunitário local e regional, reconhecendo seu contexto histórico, social e cultural.
(EF35EF14) Planejar e utilizar estratégias básicas das lutas do contexto comunitário local e regional
propostas como conteúdo específico, respeitando as individualidades e a segurança dos colegas.
Lutas Lutas do contexto comunitário local e
regional.
(EF35EF15) Identificar e valorizar as características das lutas do contexto comunitário local e regional,
reconhecendo as diferenças entre brigas, lutas e artes marciais, e entre lutas e as demais práticas
corporais.
Experimentar e fruir diferentes jogos de aventura, baseados em práticas corporais de aventura urbanas
e da natureza, valorizando a própria segurança e integridade física, bem como as dos demais,
455
reconhecendo e respeitando a pluralidade de ideias e a diversidade cultural humana.
(Identificar e compreender os riscos durante a realização dos jogos de aventura e planejar estratégias
para sua superação, reconhecendo os protocolos básicos de segurança das práticas corporais
propostas como conteúdo específico.
Práticas Corporais Jogos de aventura. Identificar o meio em que as práticas ocorrem: terra, água ou ar e quais os equipamentos necessários
para minimizar os riscos, respeitando os próprios limites e os dos demais.
de Aventura
(Experimentar e fruir os jogos de aventura, respeitando o patrimônio público, privado e o meio
ambiente, utilizando alternativas para a prática segura e consciente em diversos tempos/espaços.
Brincadeiras Brincadeiras e jogos populares e (EF35EF02) Planejar e utilizar estratégias para possibilitar a participação segura de todos os estudantes em
e tradicionais do Mundo. brincadeiras e jogos populares e tradicionais do mundo.
Jogos
(EF35EF03) Descrever, por meio de múltiplas linguagens (corporal, oral, escrita, audiovisual), as
brincadeiras e os jogos populares e tradicionais do mundo, explicando suas características e a importância
desse patrimônio histórico cultural na preservação das diferentes culturas.
(EF35EF04) Recriar, individual e coletivamente, e experimentar, na escola e fora dela, brincadeiras e jogos
populares e tradicionais do mundo, e demais práticas tematizadas na escola, adequando-as aos espaços
públicos disponíveis.
Jogos esportivos de invasão: handebol, (EF35EF05) Experimentar e fruir diversos tipos de jogos esportivos de invasão, identificando seus
futsal/futebol, basquete, rúgbi, tapembol, elementos comuns e criando estratégias individuais e coletivas básicas para sua execução, prezando pelo
Esportes futebol americano, entre outros. trabalho coletivo, pelo respeito e pelo protagonismo, por meio de atividades e jogos diversos que se
relacionam com os saberes ensinados.
Ginásticas Ginástica geral. (EF35EF08) Planejar e utilizar estratégias para resolver desafios na execução de elementos básicos de
apresentações coletivas de ginástica geral, reconhecendo e respeitando as potencialidades e os limites do
456
Apoios Invertidos: próprio corpo e do outro, adotando, assim, procedimentos de segurança.
Parada de mãos com auxílio.
(Conhecer e compreender o próprio corpo, as habilidades, estruturas e coordenação motora,
orientação e estruturação espaço temporais, esquema e percepção corporais.
(Realizar os movimentos específicos da ginástica sem e com aparelhos.
(Experimentar a prática de atividades com apoios invertidos, exigindo maior controle corporal.
(EF35EF09) Experimentar, (re)criar e fruir atividades rítmicas e expressivas, danças populares e tradicionais
do mundo, valorizando e respeitando os diferentes sentidos e significados dessas danças em suas culturas
de origem.
Danças Danças do Mundo.
(EF35EF10) Comparar e identificar os elementos constitutivos comuns e diferentes (ritmo, espaço, gestos)
em danças populares e tradicionais do mundo.
(EF35EF11) Formular e utilizar estratégias para a execução de elementos constitutivos das danças
populares e tradicionais do mundo.
Brincadeiras e jogos da cultura popular Amarelinha, elástico, 5 marias, caiu no poço, mãe-pega, stop, bulica, bets, peteca, fito, raiola, relha, corrida
presentes no contexto comunitário local e de sacos, pau ensebado, paulada ao cântaro, jogo do pião, jogo dos paus, queimada, caçador, polícia e
regional. ladrão, dentre outros.
Brincadeiras Matriz Indígena: adugo/jogo da onça, tydimure/tihimore, corrida com tora, contra os marimbondos, pirarucu
e Brincadeiras e jogos de matrizes Indígena foge da rede/pirarucu fugitivo, ronkrã/rõkrã/rokrá, peikrãn/kopükopü/jogo de peteca, jogo de bolita, jogo buso
Jogos e Africana. dentre outros.
Matriz Africana: shisima, terra e mar, pegue o bastão, jogo da velha, labirinto, mbube mbube (imbube)
dentre outros.
Brincadeiras e jogos populares e Bilboque, esconde esconde, gato mia, pega-pega, pé na lata, ioiô, pipa, amarelinha, elástico, bola queimada
tradicionais do Brasil. dentre outras.
Esportes de marca Todas as provas de atletismo, de ciclismo, de levantamento de peso, de remo, dentre outros.
Esportes Características: são os que
comparam resultados registrados em
segundos, metros ou quilos, e as
provas podem ser realizadas com os
participantes simultaneamente ou
individualmente, comparando marca,
tempo e outros.
Esportes de precisão Bocha, boliche, golfe, golfe 7, tiro com arco, tiro esportivo, dentre outros.
Características: arremesso ou lançamento
de um objeto com o objetivo de acertá-lo
ou aproximá-lo de um alvo específico,
estático ou em movimento.
Esportes de rede/parede Rede: voleibol, vôlei de praia, tênis de mesa, badminton, peteca, manbol, frescobol, tênis de campo dentre
Característica rede: lançamento ou outros.
rebatimento da bola em direção à quadra Parede: pelota basca, raquetebol, squash, dentre outros.
adversária, sendo que os oponentes não
podem devolvê-la de mesma forma.
Características parede: semelhantes aos
de rede, porém, não contam com a
utilização dela. Nesse, os participantes se
posicionam de frente para uma parede.
Esportes de invasão Futebol, futsal, basquetebol, handebol, tapembol, corfebol, tchoukball, futebol americano, rugby, rugby
Características: em equipe objetiva-se sevens, hóquei sobre a grama, polo aquático, frisbee, netball dentre outros.
introduzir ou levar uma bola ou outro
objeto a uma meta ou setor da quadra ou
do campo defendida pelos adversários
(gol, cesta, touchdown etc.), protegendo,
simultaneamente, o próprio alvo ou setor
do campo.
Ginástica Ginástica Geral. Jogos gímnicos, movimentos gímnicos (balancinha, vela, rolamentos, paradas, estrela, rodante, ponte),
dentre outras.
Reconhecimento do corpo. Significado de corpo humano, esquema corporal, segmentos maiores e menores, orgãos do corpo,
percepção sensorial, percepção motora dentre outras.
Ginástica de condicionamento físico. Alongamentos, ginástica aeróbica, ginástica localizada, pular corda, dentre outras.
Brincadeiras cantadas e cantigas de roda. Gato e rato, adoletá, capelinha de melão, caranguejo, atirei o pau no gato, ciranda cirandinha, escravos de
Danças jó, lenço atrás, dança da cadeira, dentre outras.
Vanerão, sertanejo, fandango, quebra-mana, nhô-chico, pau de fitas, dentre outras.
Danças do contexto comunitário local e
regional.
Danças do Brasil. Forró, frevo, arrocha, samba, samba de gafieira, soltinho, pagode, lambada, xote, xaxado, dentre outras.
Danças de matrizes Indígena e Africana. Matriz Indígena: toré, kuarup, acyigua, atiaru, buzoa, da onça, do jaguar, kahê-tuagê, uariuaiú, cateretê,
caiapós, cururu, jacundá, o gato, dentre outras.
Matriz Africana: ahouach, guedra, schikatt, gnawa, quizomba, semba, dentre outras.
Danças do Mundo. Valsa, tango, bolero, cha-cha-cha, zook, swing, fox-trot, rumba, mambo dentre outras.
Jogos de luta Luta de dedos, “Rinha de Galo”, jogos de desequilíbrio (agachado, de joelhos, em pé, em um pé só), lutas
Lutas Características: o contato corporal é de toque (toque nas costas, nos ombros etc.), dentre outras.
suprido de forma organizada para que os
459
participantes possam expressar o seu
ímpeto em condições seguras,
possibilitando a liberação da
agressividade sem deixar de lado o
reconhecimento do outro.
Do contexto comunitário local e regional. Capoeira, karatê, judô, jiu jitsu, dentre outras.
Lutas de matrizes Indígena e Africana. Matriz Indígena: aipenkuit, huka-huka, idjassú, luta marajoara, maculelê, dentre outras.
Matriz Africana: laamb, dambe, ngolo, musangwe, dentre outras.
Jogos de aventura Escalada horizontal, arborismo de obstáculo, corridas de aventura, circuitos de obstáculos, passeio de skate,
Práticas Corporais Características: são os que estão caminho da escalada, escalada lateral, jogos de equilíbrio (em linhas, bancos, pequena plataformas etc.),
de envolvidos em cenários e histórias que dentre outros.
Aventura levam os participantes a explorar mundos
e espaços, solucionar problemas e
montar quebra-cabeças.
Práticas corporais de aventura urbanas. Orientação, skate, slackline, parkour, mountain bike, escalada, boulder, dentre outras.
Práticas corporais de aventura na Orientação, corrida de aventura, slackline, parkour, mountain bike, escalada, boulder, rapel, tirolesa,
natureza. arborismo/arvorismo, dentre outras.
5. AVALIAÇÃO
O ato de avaliar deve ser compreendido não apenas como uma ação burocrática de atribuir valor (se for o caso) ao aluno ou
ainda, classificá-lo, mas é fundamental identificar ou diagnosticar o nível de conhecimento dos alunos, para efetivar a ação docente e
proporcionar a aprendizagem dos conteúdos pertinentes à Educação Física.
O Referencial Curricular do Paraná (PARANÁ, 2018) apresenta uma concepção de avaliação:
[...] o ato de avaliar, em seu contexto escolar, se dá de maneira diagnóstica, na qual a situação de aprendizagem é
analisada, tendo em vista a definição de encaminhamentos voltados para a apropriação do conhecimento; de forma
contínua, pois acontece a todo o momento do processo de ensino do professor e da aprendizagem do estudante; e de
maneira formativa, contribuindo para a sua formação como sujeito crítico, situado como um ser histórico, cultural e social,
enfatizando a importância do processo. (PARANÁ, 2018, p. 27).
460
Partindo da concepção acerca de como deve ocorrer o processo avaliativo presente no documento supracitado, e com base
nos princípios contemplados nos Pressupostos Pedagógicos deste documento, que também devem estar presentes no PPP do
estabelecimento de ensino, a avaliação em Educação Física deve ser entendida como um processo contínuo e sistemático do aluno
e do professor, caracterizando o que atualmente é entendido e tratado por “Avaliação Formativa”, como indica Villas Boas (2006):
[...] a avaliação na concepção formativa consiste no ato de avaliar tanto a trajetória de construção das aprendizagens e
dos conhecimentos dos educandos, como também o trabalho do professor, por permitir analisar “[...], de maneira frequente
e interativa, o progresso dos alunos, [...]” e “[...] para identificar o que eles aprenderam e o que ainda não aprenderam,
para que venham a aprender e para que reorganizem o trabalho pedagógico”. (VILLAS BOAS, 2006, p. 4-5 apud
SALOMÃO; NASCIMENTO, 2015, p. 18).
Essa concepção de avaliação é permanente e se faz presente no processo educativo: no planejamento, na execução e na
sua reflexão, como forma de reorientar a prática docente e ampliar a aprendizagem dos alunos. Ainda nessa direção, encontramos
em Soares et al. (1992) que “[...] o sentido da avaliação no processo ensino-aprendizagem em Educação Física é o de fazer com que
ela sirva de referência para análise da aproximação ou distanciamento do eixo curricular que norteia o projeto pedagógico da escola”
(SOARES et al.,1992, p. 103), contribuindo para a discussão no que tange a importância de considerar a avaliação como processual
e como elemento fundamental na reflexão e no possível redirecionamento das práticas educativas que devem estar em consonância
ao projeto educativo, em sua proposição expressada pelos objetos de conhecimento, objetivos de aprendizagem e unidades
temáticas.
Dessa forma, para avaliar em Educação Física, é preciso ter claro os objetos do conhecimento e os objetivos de
aprendizagem das unidades temáticas, considerando os diversos níveis de complexidade, respeitando a individualidade dos alunos,
por meio da utilização de variados instrumentos avaliativos, como a utilização de instrumentos de coleta de dados elaborados em
reciprocidade com as Unidades Temáticas, orientados pela clareza do que avaliar e para que avaliar. Para os momentos avaliativos
no desenvolvimento da aula, é pertinente a criação de estratégias avaliativas que conduzam formular considerações (do individual ao
coletivo) acerca das aprendizagens das Categorias de Movimentos, em uma constante observação da apropriação das habilidades
motoras básicas e especializadas, articuladas ao grau de apreensão cognitiva e social que envolve o processo como um todo.
Nessa direção, os instrumentos avaliativos devem estar estruturados e adequados em sintonia com os objetos do
conhecimento, de modo a garantir e efetivar o registro da avaliação realizada, tanto pelo professor como pelo aluno. Esses dados
devem compor um acervo que permita a compreensão da realidade que foi avaliada, tendo a função de ampliar a observação feita
pelo professor, constatando e configurando uma descrição que demonstra a aprendizagem. Também, ao avaliar, o professor
considerará as diferenças dos alunos a partir do contexto social no qual estão inseridos na perspectiva de contribuir para o
461
desenvolvimento omnilateral do indivíduo, ciente de que ao final os alunos precisam dominar os objetos da aprendizagem que
constituem o núcleo conceitual do componente curricular. Para tanto, a reflexão sobre o conjunto das ações docentes é de extrema
importância, pois permite a reorganização de sua prática ao longo do ano letivo, de acordo com os resultados obtidos.
Serão ofertados ao longo do processo de ensino e aprendizagem na disciplina do componente curricular Educação Física, no
Ensino Fundamental, Anos Iniciais, os elementos teóricos e práticos para que o aluno possa entrar em contato com o que propõe as
seis Unidades Temáticas, subsidiando condições para a apreensão dos objetos de conhecimento e dos objetivos de aprendizagem,
de tal forma que em meio ao processo o professor possa identificar essa apropriação, como sugerido no quadro abaixo:
1. CONCEPÇÃO
Entender as distintas formas de manifestação dos fenômenos religiosos é, antes de tudo, entender as diferenças como uma
maneira de perceber e reafirmar as identidades religiosas. Essa percepção, no entanto, não deve ser encarada como esteio para
comparações valorativas e, em decorrência disso, para estigmas, estereótipos ou mesmo confrontos religiosos, mas como uma
relação dialógica que possibilita distinguir o “eu” do “outro” e perceber como os valores, as convicções e os referenciais simbólicos de
cada grupo humano constroem identidades que se relacionam com alteridades, isto é, com as diferenças.
Assim entendido, falar de religião é, sobretudo, falar da distinção entre o eu e o outro e das relações dialógicas daí
resultantes, ou seja, do nós em diálogo e da construção de sentidos pessoais de vida a partir de valores e de princípios éticos,
visando à promoção da cidadania. Na mesma medida, estudar religião é, em essência, aprofundar-se no conhecimento religioso de
forma científica, isto é, estudar os fenômenos religiosos em suas múltiplas manifestações sem juízos de valor do grupo do eu sobre o
grupo do outro.
É mister ressaltar, nesse ponto, que tal abordagem nem sempre foi garantida nos espaços escolares, o que se deve,
fundamentalmente, ao modo pelo qual as alteridades foram historicamente tratadas: em cada novo espaço de ocupação, o
conquistador branco, em nome da civilização e da conversão dos “bárbaros”, impunha a sua prática espiritual e ritualística negando e
condenando ritos e acontecimentos religiosos diferentes do seu. Não são necessárias aqui imersões históricas no Oriente ou na
África, em que a diversidade religiosa sempre foi historicamente abundante, para corroborar esse argumento; basta um olhar analítico
sobre o processo de formação histórica, social e cultural do próprio Brasil, pois os povos indígenas que aqui habitavam já tinham sua
vivência marcada por manifestações do fenômeno religioso, no entanto, o processo de colonização iniciado em 1500 pelos povos
advindos da Europa, mais especificamente pelos portugueses, não se limitou à exploração das terras, da mão de obra e dos recursos
naturais, mas também foi fortemente marcado pela imposição cultural, linguística e religiosa.
No que tange à religião, evidenciou-se a difusão do cristianismo, mais especificamente do catolicismo, como única
manifestação religiosa aceitável por parte dos portugueses com relação aos indígenas brasileiros. Esse silenciamento das culturas
autóctones136, embora notadamente eficaz, se analisado sob viés da dizimação de muitos povos, não liquidou as práticas religiosas
136
Autóctone se refere àquilo que é próprio do local, ou seja, culturas, comunidades, povos e nações autóctones são aquelas que mantiveram, ao longo do
tempo, uma continuidade histórica de suas práticas culturais e de seus costumes, independentemente das práticas culturais das sociedades colonialistas que
invadiram os seus territórios. Neste currículo, o termo se reporta diretamente às sociedades nativas, às culturas indígenas. Para maiores esclarecimentos
463
indígenas, tampouco as manifestações religiosas de matriz africana, inseridas no contexto cultural brasileiro pelo processo de
escravização dos povos africanos, cujas manifestações religiosas, bem como as de imigrantes de todos os demais continentes,
também sobreviveram e se reconstituíram nesse novo espaço sociocultural. Entretanto, a influência do catolicismo na organização do
Estado Nacional Brasileiro foi muito evidente e profícua.
Uma das ações mais eficientes dos portugueses para difundir o cristianismo e dominar os povos indígenas que aqui
habitavam foi a vinda dos padres jesuítas, trazidos para ensinar a língua e também os preceitos religiosos pautados no cristianismo,
com vistas a desenvolver amplamente o catolicismo, ainda que isso custasse a opressão e a escravização, como esclarece Severino
(1986), ao evidenciar que a evangelização foi um investimento da Igreja e do Estado que e “a cosmovisão católica serviu de ideologia
adequada para a promoção e a defesa dos interesses da classe dominante ao mesmo tempo que fundamentava a legitimação, junto
às classes dominadas, dessa situação econômico-social (SEVERINO, 1986, p. 70).
Após a proclamação da república, a Constituição do Império de 1824 determinou, em seu artigo 5º, a continuidade e a
prevalência do catolicismo apostólico romano como religião oficial do Império e, de acordo com Hoornaert (1983), durante todo esse
período, Estado e Igreja perfizeram uma política de camaradagem marcada pelo padroado137 e pelo regalismo138. Essa união atendia
a um interesse político bem específico, pois, nesse momento histórico, havia forte expansão do movimento protestante em toda a
Europa e o padroado dava maiores chances ao Papa de garantir fiéis nas novas terras descobertas, aos reis de indicarem candidatos
ao episcopado e às altas dignidades eclesiásticas com vistas a manter a Igreja em dívida com o Estado. Em essência, forjava-se um
acordo de interesses, eficiente para ambos os lados.
A definição do catolicismo como religião oficial do Brasil Império, de acordo com Hoornaert (1983), foi decisiva para delimitar
um caráter obrigatório para o Ensino Religioso e, em decorrência, para tornar as aulas uma catequese da igreja católica. Essa prática
começou a ser questionada com a mudança do sistema de governo do Império para a República, processo claramente inspirado em
moldes positivistas que desvencilhou Igreja e Estado sob o argumento da laicidade do Estado. No entanto, ainda que a lógica do
Estado laico estivesse presente já na primeira Constituição Republicana de 1891, que estabeleceu, à época, no parágrafo 6º do artigo
72, que o ensino a ser ministrado nos estabelecimentos públicos deveria ser leigo, a prática catequética persistiu, ainda, por longos
anos.
Após a constituição do Estado Novo, em 1937, efetivou-se a reforma “Francisco Campos”, que retirou o caráter de
obrigatoriedade do Ensino Religioso e passou a defini-lo como disciplina de matrícula facultativa a ser ministrada de acordo com os
acerca do conceito de cultura, sugere-se a leitura da obra: LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. 14.ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
Ed., 2001.
137
Segundo Hoornaert (1983), o padroado se refere à “expressão prática do colonialismo em termos de instituições religiosa” (HOORNAERT, 1983, p. 39) por
meio da qual se conferia à Coroa o direito de arrecadar e redistribuir os dízimos devidos à Igreja e de indicar os ocupantes de todos os cargos eclesiásticos.
138
De acordo com Castro (1987), regalismo se refere à supremacia do poder civil sobre o eclesiástico com vistas a aumentar o controle sobre a igreja.
464
princípios de confissão religiosa de cada aluno, conforme manifestação dos pais e responsáveis. Em outros termos, evidenciou-se,
pela primeira vez, a ideia de não cobrar a frequência dos alunos nessa disciplina.
Essa mesma perspectiva foi sustentada no texto constitucional de 1946, que deu maior ênfase à liberdade religiosa do
cidadão, mantendo o Ensino Religioso como disciplina de oferta facultativa. A partir da década de 1960, contudo, após o golpe de
Estado que culminou na Constituição de 1967, o Ensino Religioso passou a ser entendido como disciplina de oferta obrigatória para a
Escola, que deveria conceder ao aluno, no ato da matrícula, o direito de frequentar, ou não, as aulas sob o argumento da atenção
com as liberdades religiosas. Vale lembrar que nesse período o conceito de liberdade passa a ser regulado pela ótica da segurança
nacional, acerca da qual a Lei nº 5692/71 delimitou o caráter aconfessional da disciplina de Ensino Religioso. Esse caráter partia do
princípio de que o planejamento não deveria se centrar em nenhuma religião específica, mas, como definiram mais tarde os
Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs - na “antropologia religiosa” (BRASIL, 1997, p. 11). Todavia, na prática, como ressaltou
Hoornaert (1983), prevalecia um ensino pautado em uma visão interconfessional, ou seja, que envolvia a reunião de um certo
conjunto de religiões com o poder decisório sobre o conteúdo a ser ministrado. Isso explicava o fato de que os docentes
“continuavam a ser voluntários e ligados às denominações religiosas” (PARANÁ, 2008, p. 40). Ou seja, conforme as Diretrizes
Curriculares do Paraná para o Ensino Religioso (PARANÁ, 2008), na prática, não havia “uma postura de respeito às liberdades
religiosas, pois aquele que não pertencia à religião hegemônica, frequentando ou não as aulas de Ensino Religioso, não tinham o
privilégio de ter sua religião contemplada na educação pública” (PARANÁ, 2008, p. 39).
Esse contexto fez com que, a partir da década de 1970, a Igreja tomasse uma série de iniciativas relacionadas ao Ensino
Religioso, dentre as quais a delimitação de uma prática de análise, acompanhamento e avaliação do Ensino Religioso nas escolas
confessionais ou públicas pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que incluiu, em suas linhas de atuação,
assessoramento às secretarias estaduais e municipais de educação para elaboração de programas curriculares para diferentes
séries escolares, promovendo encontros nacionais dos coordenadores estaduais. Tal cenário evidenciava o caráter tendencioso e
proselitista da disciplina e o não respeito à diversidade religiosa existente no país. Por meio dessa frente de atuação, fortificou-se a
visão interconfessional do Ensino Religioso com forte apelo micro ecumênico, ou seja, de um conjunto delimitado de religiões cristãs,
reforçando aspectos como valores humanos e éticos a partir da cosmovisão bíblica, que era então utilizada como referencial.
Após a retomada democrática, na década de 1980, a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 210, determinou o
estabelecimento de conteúdos mínimos para o Ensino Fundamental, incluindo o Ensino Religioso como disciplina de matrícula
facultativa para alunos, porém, com oferta obrigatória nos horários normais de funcionamento das escolas públicas. Os processos de
transformação e de reorganização da educação nacional gestados a partir daí culminaram na aprovação da Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional nº 9.394/96, que desencadeou uma série de outras regulamentações pautadas em novas diretrizes.
465
Nesse percurso, o Conselho Nacional de Educação (CNE), por meio da Resolução nº 2 de 7 de abril de 1998, da Câmara de
Educação Básica (CEB), instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental, incluindo o Ensino Religioso no
conjunto das dez áreas de conhecimento que integram o Currículo Escolar do Ensino Fundamental. Na mesma medida, a Resolução
nº 02/98, aprovada em 29 de janeiro de 1998 e fundamentada no Parecer nº 04, estabeleceu normas a serem observadas pelos
sistemas de ensino no que tange à implantação das Diretrizes Curriculares para o Ensino Fundamental, nas quais a Educação
Religiosa passou a ser entendida como área do conhecimento, assumindo a formatação de disciplina de Ensino Religioso. À época,
os PCNs reforçaram esse entendimento, enfatizando a necessidade de que os currículos de Ensino Religioso contemplassem a
pluralidade cultural do Brasil.
Essa ideia foi ampliada significativamente pelas Diretrizes Curriculares Nacionais - DCNs - (BRASIL, 2008), cujo teor foi
assegurado pela BNCC (BRASIL, 2017) e, em decorrência, reafirmada pelo Referencial Curricular do Paraná (PARANÁ, 2018), para
o qual o ensino religioso deve garantir a percepção das alteridades e a construção das identidades por meio de uma práxis que
valorize as diferentes práticas espirituais e ritualísticas em todos os seus elementos e que proporcione o conhecimento, a valorização
e o respeito às distintas experiências e manifestações religiosas (PARANÁ, 2018).
No que toca nomeadamente ao Estado do Paraná, é mister ressaltar que a proposta do Ensino Religioso veio sendo
redefinida paralelamente às Deliberações nº 03/02 e nº 07/02, nas quais essa área do conhecimento deixa de ser específica da
esfera pública e passa a abranger todas as instituições públicas e privadas. Corroborando essa determinação, a Deliberação nº
01/06, de 10 de fevereiro de 2006, aprovou novas normas para o Ensino Religioso, no Sistema Estadual de Ensino, definindo os
seguintes eixos como pressupostos de organização:
• Conceber o conhecimento de forma interdisciplinar como princípio de estruturação curricular e de avaliação;
• Contextualizar o conhecimento, considerando a relação essencial entre informação e realidade;
• Promover a convivência solidária, o respeito às diferenças e o compromisso moral e ético;
• Reconhecer que o fenômeno religioso compõe a identidade de um grupo social e deve ser respeitado;
• Entender que o Ensino Religioso deve ser enfocado como área do conhecimento, garantindo uma leitura pedagógica.
Nessa mesma diretiva, o Currículo de Ensino Religioso elaborado em 2008 na região Oeste do Paraná (AMOP, 2008)
reafirmou a ideia de que esse componente curricular deve tomar a pesquisa e o diálogo como eixos estruturantes, adequando-se à
perspectiva do conhecimento religioso como objeto de ensino, desprendendo-se, em definitivo, de qualquer visão proselitista. Tal
abordagem favoreceu a compreensão de que essa área do saber engloba uma série de temas transversais que são referendados
pelo Referencial Curricular do Paraná e assegurados nesta PPC. Dentre os temas transversais relacionados a esse componente
curricular, cumpre destacar a educação em direitos humanos (Decreto nº 7.037/2009, Parecer CNE/CP nº 8/2012 e Resolução
CNE/CP nº 01/2012), a educação das relações étnico-raciais e ensino de história e cultura afro-brasileira, africana e indígena (Leis nº
466
10.639/2003 e nº 11.645/2008; Parecer CNE/CP nº 3/2004 e Resolução CNE/CP nº 1/2004), bem como o processo de
envelhecimento, de respeito e de valorização do idoso (Leis nº 8.842/1994 e nº 10.741/2003), além das áreas de saúde, sexualidade,
vida familiar e social e diversidade cultural, asseguradas pela Resolução CNE/CP nº 02/17 dentre outras legislações específicas.
Nos termos do Referencial Curricular do Paraná, esses temas supracitados devem ser tratados de forma transversal e
integradora, e constituem uma gama de conhecimentos que podem ser facilmente incorporados à discussão do conhecimento
religioso na perspectiva das ciências humanas e sociais. Isso implica compreender que esse componente curricular não deve se
pautar em convicções individuais, mas estar atrelado aos conhecimentos científicos, filosóficos, culturais e artísticos produzidos pela
humanidade, pois as construções existentes sobre o universo religioso fazem parte da produção cultural universal presente em nossa
realidade. Depreende-se disso que a escola não tem a função de ensinar uma doutrina ou os preceitos de uma religião, mas de
trabalhar a religião do ponto de vista histórico-cultural e, portanto, científico.
Ademais, o trabalho com o conhecimento religioso não deve ser tratado como um aglomerado de conteúdos que visem à
evangelização ou à doutrinação, tampouco, deve se associar à imposição de dogmas, de rituais ou de orações, mas sim de conhecer
as diferentes consciências religiosas e as diferentes crenças, contribuindo para que cada aluno construa seus sentidos pessoais
acerca dos valores humanos e religiosos. Tal encaminhamento permite atender ao que preconiza a Lei nº 9.475/97, que dá nova
redação ao art. 33 da LDBEN nº 9.394/96, de que a prática pedagógica não nega em momento algum a fé nas tradições religiosas,
mas visa ao pluralismo e à diversidade cultural presentes em nossa sociedade.
Outro aspecto fundamental desse componente curricular é o entendimento de que as sociedades são permeadas por
diferentes concepções religiosas, as quais são elementos da cultura, logo, construídas historicamente e, em suas especificidades,
têm princípios e práticas comuns que as norteiam. Tal aspecto nem sempre se apresenta como elemento de coesão no interior das
sociedades, pelo contrário, as alteridades têm sido alvo de tensões e conflitos com fortes implicações nas práticas escolares.
Por essa razão, o trabalho com Ensino Religioso deve visar à formação de pessoas que valorizem e respeitem as diferentes
concepções religiosas por meio de uma leitura dialógica da realidade, compreendendo que em todas as manifestações religiosas há
elementos comuns, como o senso de justiça, de fraternidade e de solidariedade. Sob essa ótica, a prática pedagógica deve
considerar os seguintes princípios:
• Desenvolver valores vinculados à preservação da vida e à humanização, problematizando formas de pensar e
agir como o consumismo, a competição, o acúmulo, o individualismo, o domínio e a exploração, que contribuem para tornar
o ser humano e natureza mercadorias;
• Reconhecer a subjetividade139 dos seres sociais como aspecto que permite visões de mundo distintas em cada
contexto social, determinando identidades, alteridades e distintas formas de intervir no mundo;
139
A subjetividade, na concepção materialista histórico-dialética, é constituída a partir de formação histórica, social e cultural de cada sujeito.
467
• Compreender as mudanças operacionalizadas no grupo primário de convívio (família), assim como a estrutura
econômica e de poder que as delimitam, tendo como centro de análise o respeito entre os membros que o compõem e a
busca do rompimento dos preconceitos quanto à sua forma de organização;
• Analisar e relacionar os vínculos desse grupo primário de convívio a outras formas de organização social,
objetivando compreender os princípios de ajuda mútua, a origem e a construção dos papéis sociais e de gênero e,
principalmente, o papel da família como agente de transformação da realidade na comunidade em que se insere;
• Respeitar a diversidade de credos e filosofias de vida, rompendo com as formas de discriminação
equivocadamente baseadas em questões de gênero (masculino e feminino), de geração (criança, jovem, adulto, idoso), de
poder econômico, de regionalização (local de origem do sujeito), de etnia, dentre outros;
• Desnaturalizar a violência relativa à diversidade humana, enfatizando a ideia de que a violência não é natural e os
problemas sociais não têm origem no indivíduo, mas são manifestados por ele em detrimento do contexto em que está
inserido;
• Considerar as diferentes filosofias de vida que não advêm do universo religioso, pois pessoas sem religião
adotam princípios éticos e morais que decorrem de fundamentos racionais, filosóficos e científicos de acordo com valores
individuais e coletivos como respeito, dignidade, igualdade, liberdade e direitos;
• Compreender a relação entre imanência e transcendência140 em cada matriz religiosa e, no caso daqueles que
não professam nenhum segmento religioso, em códigos éticos e morais.
Assim entendido, o Ensino Religioso deve resgatar os fatores que tornam o humano um ser de sentimentos, capaz de
expressar desejos e emoções, os quais têm no princípio da razão seu modo de ser. Ao compreender a cultura religiosa ou a
religiosidade como uma dimensão humana, reafirma-se seu fundamento nos princípios de cidadania, do convívio social e do
entendimento do outro, aspectos comuns a todas as denominações religiosas. Por isso, é “importante que o diálogo inter-religioso
seja impulsionado pelo desejo de um melhor entendimento humano [...] que contribua para uma melhor conviviabilidade humana”
(BERKENBROCK, 1996, p. 327). Em outras palavras, retoma-se aqui o paradigma da educação em direitos humanos e da
diversidade cultural.
A compreensão dos fenômenos religiosos a partir de seu processo histórico e dialético indica que a dimensão social,
permeada pela cultura, assume, no processo de construção do sujeito como ser social, formas explicativas da realidade. Como
140
Por imanência entende-se a qualidade do que pertence à essência de algo, isto é, as características físicas, a dimensão concreta. Já o conceito de
transcendência se reporta a questões de ordem subjetiva, à realidade que está além do mundo sensível, à dimensão simbólica. Esses conceitos são aqui
utilizados conforme apresentados no Referencial Curricular do Paraná (PARANÁ, 2018).
468
produto do processo histórico, a realidade carrega em si a mudança cuja análise dialética dos processos sociais e culturais permite
entender.
Nesse contexto de mudanças, os indivíduos têm o direito de professar uma fé, como fenômeno religioso ou não, em
diferentes tradições religiosas e em códigos morais e éticos como uma forma de construir uma identidade pessoal e coletiva. Em
cada uma dessas formas, prevalece o estabelecimento de uma ordem de prioridades e de organização da prática do bem comum, o
respeito à vida, a transmissão de valores, o desenvolvimento de atitudes, o alargamento da consciência a respeito de direitos e
deveres para consigo e para com os demais, enfim, cada distinta forma de manifestar uma fé apresenta deveres com a humanidade
e com a natureza.
Sob essa linha de raciocínio, os princípios norteadores do componente curricular de Ensino Religioso, nesta PPC, têm como
finalidade contribuir para valorizar a vida e as relações sociais, levando em conta a notória influência exercida pela religião tanto na
subjetividade humana quanto no contexto social. O desafio consiste em estabelecer uma identidade pedagógica em consonância
com a realidade na qual se inserem alunos e professores, da Região Oeste do Paraná, propósito que norteia, a seguir, os objetivos
do Ensino Religioso.
2. OBJETIVOS
Compreender a religião como um conjunto de formulações e comportamentos humanos e como uma forma de conceber a
realidade como simultaneamente objetiva e transcendente141, capaz de promover o diálogo e de permitir a interação do “eu” e do
“outro” em diversos setores da comunidade.
141
Nesse contexto, transcender remete às experiências subjetivas, como algo sobre o qual não se tem controle quanto aos efeitos. A transcendência pode
contribuir tanto para manter, quanto para transformar a realidade a partir das experiências que são socializadas no contexto das condições materiais da vida.
469
• Abordar os conhecimentos religiosos com base nas diversas culturas e tradições religiosas, sem desconsiderar a
existência de filosofias seculares de vida, desenvolvendo competências e habilidades que contribuam para o diálogo,
exercitando o respeito à liberdade de concepções e ao pluralismo de ideias, de acordo com a Constituição Federal;
• Contribuir para que os alunos construam seus sentidos pessoais de vida a partir de valores, princípios éticos e da
cidadania, aprendendo a valorizar e respeitar o ser humano e a liberdade de crença;
• Debater, problematizar e posicionar-se frente aos discursos e práticas de intolerância, discriminação e violência de cunho
religioso, de modo a assegurar os direitos humanos no constante exercício da cidadania e da cultura de paz;
• Identificar costumes, crenças e formas diversas de viver em variados ambientes de convivência.
3. PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
Na perspectiva metodológica em foco, toda produção humana se enquadra na materialidade de sua existência, isto é, cultura,
linguagem, fé e religião decorrem das condições pelas quais os homens organizam a produção material da vida, influenciando ou
determinando as formas pelas quais as comunidades se estruturam na busca de unidade e de identidade social. Assim, a
socialização de experiências permite tanto a interação humana quanto a busca pelo sentido das coisas como forma de explicação da
vida social, e essa busca, por seu turno, incorpora as experiências como forma de interpretar o vivido, o que dá acesso à orientação
existencial e à realidade em si.
Para auxiliar o aluno a entender esse processo, é preciso mediar uma interpretação acerca das experiências religiosas como
uma forma de experiência humana, a qual, somada a outras já vividas, permite a interação, a associação de grupos humanos em
torno de ideias e práticas comuns. Não se trata de uma tarefa fácil, em especial, porque o contexto escolar é tipicamente marcado
pela existência de alunos oriundos de famílias cujas experiências socializadas e tornadas práticas de fé ou de filosofias de vida são
distintas. No entanto, é esse mesmo pressuposto que fundamenta o Ensino Religioso e não compete à escola questionar a doutrina,
a fé ou, em essência, a experiência religiosa de cada aluno, mas de refletir sobre o aspecto comum que liga todas essas diferentes
experiências, ou seja, o fato de auxiliarem seus seguidores a encontrar uma explicação e um significado para o mundo e para a vida
e, a partir daí, definirem formas de organização comunitária em busca de unidade e identidade social.
Nesse sentido, a metodologia do Ensino Religioso para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental busca vincular
ensino/aprendizagem/realidade em uma perspectiva histórica, oferecendo-lhes condições de estudar as diferentes experiências
religiosas e filosofias de vida pelo que têm em comum, isto é, como explicam a vida, o nascimento, a morte, o sagrado e o profano
(aspectos da identidade) e também como organizam seus rituais, delimitam seus símbolos, suas festividades e seus líderes
religiosos.
470
Tal compromisso impõe responsabilidades às equipes pedagógicas, em especial, no que se refere ao esclarecimento legal
aos pais ou aos responsáveis pelo aluno quanto ao conteúdo dessa disciplina. Esse esclarecimento deve visar, em essência, à
desconstrução de possíveis preconceitos existentes no tocante à pluralidade religiosa e ao desligamento definitivo da associação
dessa área do saber à perspectiva proselitista que historicamente a acompanhou e a fundamentou durante anos, conforme
destacado no resgate histórico apresentado na concepção da disciplina.
É seguro afirmar, desse modo, que a escola não adentra o campo da fé, mas do conhecimento religioso como objeto de
estudo, o qual é produzido no âmbito das ciências humanas e sociais. Isto é, não cabe à escola catequizar, mas estudar como as
ciências investigam e analisam as diferentes manifestações dos fenômenos religiosos em cada cultura e em cada sociedade e como
essa vivência delimita as formas de organização comunitária e de organização material da vida.
Para dar conta desse cabedal científico, é preciso que a prática docente transite entre a antropologia, a história, a sociologia
e a psicologia, fazendo as devidas intersecções com as demais áreas do conhecimento para dar conta de trabalhar o eu (identidade),
o outro (alteridade) e a sua relação com o sagrado na perspectiva do respeito e do conhecimento religioso. Tal abordagem exigirá do
professor o uso consciente e comprometido de recursos didáticos variados, inclusive, das mídias digitais, bem como uma seleção de
atividades que levem os alunos a refletirem acerca das relações sociais e do respeito às alteridades.
Evidentemente que tal encaminhamento metodológico deve levar em consideração o desenvolvimento de cada criança, razão
pela qual, inicialmente, deve-se abordar a temática a partir do contexto comunitário da criança e, à medida que avança, acrescentar
novos elementos, ampliando as fronteiras de análise. Dito de outro modo deve-se, primeiramente intensificar aspectos relativos à
formação da identidade pessoal e à organização familiar, buscando estabelecer vínculos entre essas características físicas
(dimensão concreta, imanência) e subjetivas (dimensão simbólica, transcendência) de cada ser, bem como, reconhecer as diferentes
formas pelas quais as pessoas manifestam sentimentos, ideias, memórias, gostos e crenças em diferentes espaços.
Busca-se, nesse primeiro momento, construir pontes para facilitar o entendimento de que as vivências e ações de cada
pessoa podem ser relacionadas a costumes, crenças e formas diversas de viver em variados ambientes de convivência, ou seja, ao
fato de que existem diferentes regras de convivência nos espaços familiar e comunitário, bem como, diferentes formas de
organização, constituição ou núcleos familiares presentes na sala aula. Uma vez construída essa ponte, o professor poderá, então,
abrir caminhos no sentido de mostrar como as formas de se organizar e de viver podem estar relacionadas às orientações de uma
religião ou de uma filosofia de vida, elaborando atividades que permitam à criança identificar os símbolos presentes nos variados
espaços de convivência comunitária que identificam ou remetem a diferentes espaços de convivência e que, por sua vez, remetem à
diversidade de lugares sagrados naturais e/ou construídos na comunidade ou de espaços de vivência e referência da criança.
Esse percurso pode ser facilmente notado na forma pela qual os conteúdos estão dispostos, passando de uma abordagem
mais generalista, que é, em essência, a orientação da prática pedagógica para o 1º ano, para uma abordagem que introduz de forma
471
gradativa aspectos relativos aos ritos e aos rituais das diferentes religiões, aos diversos lugares sagrados e festividades religiosas de
cada uma das quatro matrizes: Indígena, Ocidental, Africana e Oriental. O que se considera aqui é, antes de tudo, a necessidade de
permitir à criança uma compreensão gradativa do fenômeno religioso como algo que modifica a vida do sujeito, daí a importância de
começar pela construção da identidade pessoal, pela compreensão das diferentes organizações familiares e dos diferentes espaços
de convivência para, então, iniciar os estudos das especificidades de cada manifestação religiosa.
Essa estratégia de ensino considera que aquilo que deve ser ensinado está delimitado a uma Unidade Temática como uma
grande área dentro da qual serão dispostos os objetos de conhecimento, isto é, os conteúdos fundamentais de cada ano, e os
objetivos de aprendizagem definidos para cada objeto do conhecimento. Nesse arranjo, observa-se que a Unidade Temática
Identidades e alteridades (Contemplando as quatro matrizes: Indígena, Ocidental, Africana e Oriental), por exemplo, se mantém ao
longo dos três primeiros anos do Ensino Fundamental, agregando novos elementos em cada um deles, mas, no quarto e no quinto
anos, passa a compor o quadro de conhecimentos necessários para que se compreenda as distintas manifestações religiosas,
igualmente contemplando as quatro matrizes acima especificadas, com elementos e objetos de conhecimento novos acrescentados
de modo gradativamente mais complexo. É o caso da Unidade Temática Crenças religiosas e filosofias de vida, que está situada no
quarto e no quinto anos do Ensino Fundamental justamente porque requer dos alunos a compreensão dos distintos fenômenos
religiosos como instituições sociais que orientam as formas de organização comunitária e de organização material da vida de modo a
contribuir para a compreensão da construção da identidade e das alteridades, ou seja, das relações entre o eu, o outro e o nós em
diferentes espaços.
Nessa proposta metodológica, o professor pode aproveitar os fatos vividos em sala de aula, os conflitos acerca das
identidades e alteridades e as dúvidas dos alunos acerca das questões que perpassem o conhecimento religioso, buscando refletir
acerca das distintas experiências pessoais relacionadas a ele. Em seguida, deve-se listar as causas desses fatos, refletindo formas
de compreender as relações neles imbricadas e, por fim, as consequências, estimulando o grupo a perceber as especificidades de
cada fato (religião) em discussão, para que desenvolvam o senso crítico.
Em outras palavras, isso se configura como uma análise da realidade, a qual pressupõe entender os elementos que formam a
identidade pessoal e, posteriormente, religiosa, verificar como as manifestações religiosas propiciam o bem estar social, como
explicam o nascimento, a morte, a vida como um todo, como definem o que é sagrado, como celebram e como isso tudo influencia na
organização material da vida. Nesse ponto, o professor deve levar o aluno a refletir acerca dos valores de cada religião e de como
cada uma delas visa ao bem estar de seu grupo, ou seja, como cada uma intervém no mundo com vistas a contribuir para que os
homens possam conviver dignamente e de forma harmônica com a natureza.
Para garantir a efetivação dos pressupostos teórico-metodológicos no contexto da sala de aula, deve-se atentar para o fato
de que os encaminhamentos adotados pelo professor para se referir às distintas experiências de manifestações religiosas deve
472
primar pela proposição de debates, leituras, análises, pesquisas, sempre com vistas à promoção do respeito e da dignidade humana.
Por essa razão é que o Ensino Religioso se inicia com a construção das identidades e alteridades para, só então, enveredar pelo
estudo dos referenciais simbólicos que conformam cada identidade religiosa e cada filosofia de vida.
Nesse processo, é importante considerar a realidade como ponto de partida para a escolha dos elementos e dos aspectos a
serem analisados, ou seja, perceber as situações que marcam a comunidade. Nesse contexto, a ação educativa deve ser marcada
pelo respeito ao diferente e pelo fortalecimento dos vínculos de amizade e de valorização da vida, inclusive no que toca aos temas
que devem ser trabalhados de forma transversal e integradora, conforme legislação especificada anteriormente.
Observa-se, por fim, que essa perspectiva metodológica favorece o diálogo com as outras áreas do conhecimento, sem,
contudo, perder sua especificidade. É o que se depreende das discussões acerca do eu e do outro e de sua relação com os
conteúdos relativos às Ciências da Natureza e às relações históricas e sociais trabalhadas nas Ciências Humanas. Essa ressalva tem
a função essencial de levar os alunos a perceberem que os seres humanos são resultado dos valores sociais e culturais que os
diferentes contextos produzem.
4. CONTEÚDOS
O eu, a família e o ambiente de (EF02ER01) Reconhecer os diferentes espaços de convivência do contexto onde se vive.
Identidades e alteridades convivência. (EF02ER02) Identificar costumes, crenças e formas diversas de viver em variados ambientes de
(Contemplando as quatro convivência.
matrizes: Indígena, Ocidental, Compreender as diferentes regras de convivência nos espaços familiar e comunitário, tanto em
Africana e Oriental). âmbito privado, quanto público.
Conhecer as diferentes formas de organização, constituição ou núcleos familiares presentes na
sala aula.
Compreender que a diversidade étnico-racial e cultural é uma marca da sociedade brasileira.
Memórias e Símbolos. (EF02ER03) Identificar as diferentes formas de registro das memórias pessoais, familiares e escolares
(fotos, músicas, narrativas, álbuns, entre outros).
Reconhecer que os idosos são uma grande referência de memória cultural e religiosa de um povo.
(EF02ER04) Identificar os símbolos presentes nos variados espaços de convivência comunitária que
identificam ou remetem a diferentes espaços de convivência.
Símbolos Religiosos. (EF02ER05) Identificar e respeitar símbolos religiosos de distintas manifestações, tradições e
instituições religiosas tomando como referência a comunidade.
Alimentos Sagrados. (EF02ER06) Identificar alimentos considerados sagrados por diferentes culturas, tradições e expressões
religiosas.
(EF02ER07) Conhecer e respeitar os significados atribuídos a alimentos considerados sagrados em
diferentes manifestações e tradições religiosas.
474
Lugares Sagrados. Identificar a diversidade de lugares sagrados naturais e/ou construídos da comunidade ou de
espaços de vivência e referência.
Desenvolver atitudes de respeito aos diferentes lugares sagrados.
Organizações Religiosas. Conhecer as diversas organizações religiosas da comunidade ou de espaços de vivência e
Manifestações religiosas referência da criança.
(Contemplando as quatro
matrizes: Indígena, Ocidental, Festas Religiosas. Reconhecer as festas religiosas a partir do contexto onde se vive.
Africana e Oriental).
Ritos e Rituais. Entender o rito como conjunto de regras e cerimônias praticadas numa religião.
Entender o ritual como um conjunto de regras socialmente estabelecidas para determinada
solenidade (os ritos em prática).
Conhecer a importância de diferentes ritos e rituais nas organizações religiosas focando nas
experiências compartilhadas na sala de aula (iniciação, confirmação, passagem etc.).
Doutrinas Religiosas. Conhecer (e identificar) alguns lugares sagrados e sua importância para as tradições/organizações
religiosas do mundo.
Reconhecer o papel exercido por homens e mulheres na estrutura hierárquica das organizações
religiosas.
Manifestações religiosas Ritos Religiosos. (EF04ER01) Identificar ritos presentes no cotidiano pessoal, familiar, escolar e comunitário.
(Contemplando as quatro (EF04ER02) Identificar ritos e conhecer suas funções em diferentes manifestações e tradições religiosas
matrizes: Indígena, Ocidental, (adivinhatórios, de cura, entre outros).
Africana e Oriental).
(EF04ER03) Caracterizar ritos de iniciação e de passagem em diversos grupos religiosos (nascimento,
morte e casamento, entre outros).
(EF04ER04) Identificar as diversas formas de expressão da espiritualidade (orações, cultos, gestos,
cantos, dança, meditação) nas diferentes tradições religiosas.
Representações religiosas na (EF04ER05) Identificar representações religiosas em diferentes expressões artísticas (pinturas,
arte. arquitetura, esculturas, ícones, símbolos, imagens), reconhecendo-as como parte da identidade de
diferentes culturas e tradições religiosas.
Ideia(s) de divindade(s). (EF04ER06) Identificar nomes, significados e representações de divindades nos contextos familiar e
comunitário.
Crenças religiosas e filosofias (EF04ER07) Reconhecer e respeitar as ideias de divindades de diferentes manifestações e tradições
de vida (Contemplando as religiosas.
quatro matrizes:Indígena, Entender filosofia de vida como uma conduta que rege a forma de viver de uma pessoa ou de um
Ocidental,Africana e Oriental). grupo.
Organizações Religiosas. Reconhecer que as religiões do mundo possuem diferentes formas de organização.
Manifestações religiosas Conhecer a estrutura hierárquica das religiões presentes no mundo.
(Contemplando as quatro Reconhecer a existência do sagrado feminino e de outras filosofias de vida na diversidade
matrizes: Indígena, Ocidental, religiosa.
476
Africana e Oriental). Festas Religiosas. Conhecer a função e a importância das festas religiosas e populares do mundo e sua relação com
a temporalidade sagrada.
Linguagens Sagradas. Conhecer a função e a importância dos mitos e textos sagrados orais e escritos.
Narrativas Religiosas. (EF05ER01) Identificar e respeitar acontecimentos sagrados de diferentes culturas e tradições religiosas
como recurso para preservar a memória.
Mitos nas tradições religiosas. (EF05ER02) Estudar mitos de criação em diferentes culturas e tradições religiosas.
Crenças religiosas e filosofias (EF05ER03) Conhecer as funções e mensagens religiosas contidas nos mitos de criação (concepções
de vida (Contemplando as de mundo, natureza, ser humano, divindades, vida e morte).
quatro matrizes: Indígena,
Ocidental, Africana e Oriental). Ancestralidade e tradição oral. (EF05ER04) Reconhecer a importância da tradição oral para preservar memórias e acontecimentos
religiosos.
(EF05ER05) Identificar elementos da tradição oral nas culturas e religiosidades indígenas, afro-
brasileiras, ciganas, entre outras.
(EF05ER06) Identificar o papel dos sábios e anciãos na comunicação e preservação da tradição oral.
(EF05ER07) Reconhecer, em textos orais e escritos, ensinamentos relacionados a modos de ser e viver.
5. AVALIAÇÃO
Ao considerar a premissa elementar de que uma das caraterísticas centrais do Ensino Religioso é a não obrigatoriedade de
frequência por parte do aluno, a escola, muitas vezes, se encontra circundada por uma série de indagações relativas à validade e à
viabilidade de uma avaliação escolar desse componente curricular. Tais inquietações têm sua razão quando analisadas sob a ótica
das dificuldades de trabalho por parte dos professores, entretanto, o que se defende nessa área do saber é, sobretudo, o fato de que
trabalhar com Ensino Religioso na escola é possibilitar aos alunos uma formação humana e uma formação para a cidadania, o que
pressupõe, de imediato, uma mudança de atitude e não a mensuração de conteúdos internalizados.
A avaliação em Ensino Religioso requer que se desconstrua os preconceitos referentes à pluralidade religiosa, como
assinalado nos pressupostos metodológicos, bem como a desvinculação dessa área do conhecimento de um caráter proselitista de
ensino, pois o primeiro elemento que deve figurar na avaliação em Ensino Religioso é a não confessionalidade dos componentes
curriculares. Isso é fundamental para que as crianças compreendam as relações entre o eu e o outro quando mediadas pelas
manifestações distintas do fenômeno religioso e de que maneira assimilam esses conhecimentos como valores que lhes serão úteis
para a vida em sociedade. Esse sentido de avaliação encontra sustentação nas palavras de Hoffmann (2007), ao afirmar que a
“avaliação é movimento, é ação e reflexão” (HOFFMANN, 2007, p. 52), características centrais da formação humana em Ensino
Religioso.
477
Assim entendido, o caráter educativo do Ensino Religioso objetiva à compreensão de que o sagrado pode ser vivenciado de
forma diferente em cada distinta manifestação religiosa e que essas manifestações atuam distintamente nos modos de organização
da vida social e cultural o que, por seu turno, evocará conhecimento, respeito e valorização. De outro modo, a práxis deve visar a
mudanças de atitude frente à diversidade religiosa para que se compreenda as formas de ver e entender o sagrado e a própria vida.
Dessa forma, a avaliação desse componente curricular deve encontrar nas práticas cotidianas dos alunos seu ponto central
de análise e pressupor um processo avaliativo que possibilite a investigação sobre o que vem sendo compreendido, a fim de intervir
nas circunstâncias em que a mudança de atitude se apresentar como necessária. De outro modo, é necessário ter clareza que esse
componente curricular não incide em nota, mas, por se tratar de área do saber ensinada na escola, deve ser devidamente avaliada
pelo professor. A avaliação deve se pautar num instrumento que mesmo não tendo a finalidade de classificação do aluno, possibilite
ao professor acompanhar a compreensão de conteúdos como respeito, valorização, bem como, os referentes ao conhecimento
religioso presente em seu contexto; ou seja, de determinados conteúdos que estejam relacionados à religião, religiosidade,
espiritualidade e a diferentes filosofias de vida.
Cumpre ressaltar que tal avaliação deve estar intimamente relacionada aos objetivos traçados para essa área do saber no
momento do planejamento docente, estabelecendo coletivamente formas de superar as dificuldades para dar continuidade ao
processo de ensino e aprendizagem e possibilitar aos alunos apreender de forma significativa o valor da formação humana e de sua
relação com a transcendência. Nesse processo, o diálogo com as outras áreas do conhecimento e a interdisciplinaridade contribui de
modo significativo para efetivar uma avaliação coerente e consistente em relação aos objetivos propostos no plano de trabalho
docente, aliada à devida escolha dos instrumentos e definição dos critérios que orientarão a prática de avaliação.
478
CIÊNCIA
1. CONCEPÇÃO
As Ciências devem ser entendidas no contexto das relações sociais em que nascem e, por serem históricas, assim como a
própria educação, não se fazem sempre da mesma forma, ou seja, elas se fazem de acordo com as condições materiais de cada
momento do processo de desenvolvimento social, ambiental, cultural e econômico.
Chassot (2003) destaca que é interessante pontuar a complexidade dessa área de conhecimento pela sua própria constituição.
As Ciências da Natureza fazem parte de um conjunto no qual se pode encontrar cada uma das ciências da natureza que
conhecemos, como a Química, a Biologia, a Física, a Geologia e a Astronomia, além das interações e intersecções entre elas.
Assim, enunciar as Ciências da Natureza como o produto da existência humana constitui-se em um pressuposto com o qual se pode
entender melhor a possibilidade alcançada pelo homem de produzir conhecimento em diferentes momentos históricos, o que lhe tem
garantido a transformação da natureza com a finalidade de suprir as suas necessidades e interesses, condicionadas pelas relações
sociais, econômicas e políticas desde aquelas que têm possibilitado a sua sobrevivência até aquelas que ficam no campo das
vaidades.
Captar esse movimento sistemático da produção do conhecimento do homem, ao longo de sua existência, requer lançar mão
de um método que não caia simplesmente no reducionismo cronológico, que demarca as produções, os feitos de maior destaque e
seus protagonistas em um determinado espaço de tempo, o que tem sido muito utilizado no ensino de Ciências Naturais ao longo da
história. Esse modelo educativo tende a isolar a Ciência, revestindo-a de uma pseudoneutralidade, à medida que coloca o homem
como mero produtor casual ou mesmo vocacional de saberes.
Para exemplificar o que chamamos de reducionismo cronológico no ensino de Ciências da Natureza, basta nos reportarmos à
história do ensino dessa área do saber nas práticas educacionais no Brasil. Pesquisadores como Krasilchik (1987), Fracalanza (1986)
479
e Carvalho e Gil Pérez (1993) destacam que o modelo educativo adotado para o ensino de Ciências da Natureza tem sido marcado
pelo seu caráter livresco, memorístico e desconectado da vivência dos alunos. Esse modelo, que estimula à passividade dos alunos,
tende a priorizar muito mais a história dos inventos, de seus inventores, com suas respectivas datas, esquecendo que esses saberes
são produzidos na própria história dos homens, portanto, um fenômeno humano que tem dimensão técnica, emocional, cognitivo-
cultural, bem como ação do meio (social, política e ambiental) no qual são materializados e se idealizam.
A configuração do ensino que prima pela memorização e pela sua posterior repetição é evidenciada pela forma como o
conteúdo da disciplina é trabalhado. Pesquisadores como Romaneli (2002), Ribeiro (2001), Ronan (1987) e Foresti (1983) afirmam
que esse trabalho, desde os primórdios da educação, tinha sua base metodológica fundamentada na concepção jesuítica, até
meados dos anos 50 do século XX, marcado pelo que ficou conhecido, nas teorias educacionais, como modelo tradicional, que
primava exclusivamente pela verbalização do professor, o qual cobrava a pura e simples memorização dos conteúdos e a repetição
dos trabalhos executados durante suas exposições.
Em geral, os professores, nesse modelo educacional, tratam de descrever, linearmente, os saberes acumulados, dividindo-os
em diferentes períodos históricos: a Ciência Primitiva, a Ciência Antiga, a Ciência da Idade Média, a Ciência Moderna e a Ciência
Contemporânea.
Na Ciência Primitiva, o destaque ficava para o saber construído sobre a base mitológica, valorizando-se, em especial, a
história dos mitos Gregos e Romanos, enfatizando que a transmissão do saber se dava por rituais e práticas manipulativas como a
fermentação, o curtimento e o tingimento. Já tínhamos, nesses saberes, o cerne de nossa Química atual.
Na Ciência da Antiguidade, privilegiava-se o desenvolvimento do pensamento Greco-Romano, com destaques para a criação
da Academia de Platão, o Liceu de Aristóteles, o Museu e a Escola de Medicina de Alexandria. Era o início do pensamento racional,
que recebeu o nome de Filosofia, cuja contribuição é evidente em muitas áreas. A Matemática despontou, nesse período, juntamente
com a Astronomia e a Medicina, e eram destacados os expoentes ocidentais como: Tales de Mileto, Heráclito de Éfeso, Pitágoras,
Demócrito de Abdera, Hipócrates de Quios, Ptolomeu, Arquimedes, Philadelphus, entre outros de maior ou menor destaque. Todavia,
nossos alunos não conhecem a grande contribuição que o Oriente deixou, no mesmo período, em áreas como a Medicina, com o
desenvolvimento do conceito de hospital e posterior de farmácia; a Matemática, com o desenvolvimento dos algarismos e o conceito
do zero; a Física, com o desenvolvimento da hidrostática e a óptica; a Química, com atividades práticas que oportunizaram o
desenvolvimento do sabão e também da água de rosas; contribuições dadas pela Ciência Chinesa, Indiana e Árabe.
Na Ciência da Idade Média, a importância dos mosteiros para a transmissão do saber acumulado ganhou primazia com o
advento do cristianismo, que criara e reforçara sua base educativa na escolástica. Foi destaque, nesse período, Thomás de Aquino,
cuja vertente era religiosa, e os trabalhos de Roger Bacon que, à época, já lançava as bases da Ciência experimental. Destacou-se,
480
ainda, nesse período, a criação das primeiras Universidades, mas não se trabalhava a dinâmica desses acontecimentos como sendo
fruto das relações da história do homem.
Nos saberes produzidos e trabalhados na Ciência Moderna, temos um reforço muito grande no ensino descritivo de ciências,
cuja base se alicerçava na tríade: Copérnico-Galileu-Newton. Os estudantes eram cobrados a estudar e repetir sobre seus feitos até
em ambientes que favorecessem a repetição de seus inventos, mas o faziam, na maioria das vezes, sem nenhuma contextualização,
o que podia levar o estudante a pensar que o conhecimento produzido pela Ciência era construído fora da realidade. Chassot (1994)
já advertia do reducionismo que isso representava, lembrando que a Ciência, em todos os tempos, foi construída por milhares de
trabalhadores anônimos.
Na Ciência Contemporânea, por sua vez, podemos igualmente visualizar a sua fragmentação e o seu caráter reducionista,
quando identificamos que a ênfase dada às Ciências Naturais resume-se à utilização e ao domínio da técnica e da tecnologia. Após a
Segunda Guerra Mundial, ocorria no mundo uma corrida para a industrialização e muitos governantes, com seus interlocutores,
sabiam que o desenvolvimento tecnológico e científico era necessário para o controle da dinâmica do processo de dominação
capitalista. Pesquisadores como Krasilchik (1987), Delizoicov e Angotti (2000) apontam que principalmente os que trabalhavam com
recursos bélicos, nessa década, tinham, no campo educacional, uma importante área potencial de influência. Sendo assim, a
Segunda Guerra Mundial foi, para o ensino de Ciências da Natureza, um marco de diferenciação no currículo escolar com a
implantação das disciplinas de Física, Química e História Natural.
No período considerado como Guerra Fria, os grandes projetos incorporaram mais um objetivo, o de permitir a vivência do
método científico como necessário à formação do homem, agora identificado como cidadão. Assim, o discurso da democratização do
ensino destinado a todos foi se fortalecendo e, no ensino de Ciências da Natureza, esse discurso materializou-se por simplificar o
método científico a pura e simples utilização da técnica e da tecnologia. Apareceram, nesse período, muitos projetos de mudança
curricular, cada um com suas especificações devido às necessidades de cada país.
No Brasil, entre 1963 e 1965, foram criados seis Centros de Ciência pelo Ministério da Educação e Cultura, com o objetivo de
possibilitar a produção de materiais para o ensino, pois se acreditava que a qualidade do material didático seria suficiente para o
processo de ensino e aprendizagem. Junto às mudanças curriculares, ocorreu a intensificação dos cursos de atualização e
treinamento de professores; porém, o sistema educacional resistia às mudanças, devido à exigência do conhecimento memorístico
para o vestibular.
Em 1964, o sistema passou por uma reestruturação, devido à mudança de regime político e à implantação do regime militar.
Um novo projeto educativo acenava para a modernização e o desenvolvimento do país. Para tanto, o ensino de Ciências Naturais
passou a ser valorizado como contribuinte à formação de mão-de-obra qualificada, sendo essa intenção reforçada pela Lei nº.
5.692/71, que regulamentou o ensino profissionalizante de nível técnico no Brasil.
481
Conforme Bianchi (2012), com o aumento da industrialização, proporcionado pelo avanço da técnica e da tecnologia, o período
de 1970-1980, foi conhecido como a década da crise energética e a percepção do homem para os problemas ambientais. No Brasil,
ficou evidente que os problemas sociais determinaram um novo objetivo para o ensino de Ciências Naturais: a necessidade de
discutir as implicações socioambientais. Como afirma Krasilchik (1987), “O que agora se visava era incorporar o racionalismo
subjacente ao processo científico, à análise de valores e o reconhecimento de que a ciência não é neutra” (KRASILCHIK, 1987, p.
17). Juntamente nessa perspectiva continuou o apoio ao ensino de Ciências Naturais, marcado pela criação do Programa de
Expansão e Melhoria do Ensino (PREMEN), que dinamizou um conjunto de ações para a reestruturação dos currículos em projetos
patrocinados pelo governo vigente.
Nesse mesmo período, tem-se o registro de uma nova modalidade de licenciatura regulamentada pela Resolução nº 30/74 do
Conselho Federal de Educação, denominada “Licenciatura Curta”, por meio da qual o profissional era formado em dois anos de
estudos gerais e mais um ano de formação em área específica. Essa licenciatura é apontada por Krasilchik (1987), Delizoicov e
Angotti (2000) como sendo a responsável pela debilitação na formação de professores para trabalhar com a disciplina, pois muitos
desses profissionais que foram para as salas de aula ensinar Ciências tinham uma formação aligeirada e muito precária, sendo que
muitos não haviam sequer entrado em um laboratório, em seu período de formação.
Na década de 1980, a crise econômica gerou um período de competição tecnológica impactando diretamente o ensino de
Ciências da Natureza. Esse período foi marcado pelas organizações profissionais, científicas e de professores universitários e a
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), órgão que estimula a pesquisa e o fomento, criou um
projeto para melhorar o ensino de ciências naturais e matemática. De acordo com Krasilchik (1987), como reflexo desse movimento,
surgiram vários projetos no plano escolar, revelando uma variedade de concepções sobre o ensino de ciências da natureza.
Já no início dos anos de 1990, o domínio da técnica e da tecnologia se transformou em um embate global, bem como a
necessidade de se trabalhar a Educação Ambiental pensando na sustentabilidade. Enquanto alguns propunham a necessidade da
formação do “cidadão trabalhador”, outros estavam preocupados com a conquista das novas tecnologias para dominar o chamado
mercado globalizado. Conforme Delizoicov, Angotti e Pernambuco (2002), os professores, que trabalhavam com a opção de formar
cidadãos, tinham como meta principal as mudanças curriculares, com foco nos conteúdos e nas metodologias utilizadas nas aulas.
Algumas mudanças de conteúdos foram constantes, sempre se pensando em trabalhar as relações da indústria com a agricultura, a
Ciência e tecnologia e, também, a proposição de trabalhar a educação ambiental e a educação para a saúde.
É importante essa reflexão sobre o histórico do ensino de Ciências da Natureza no Brasil, pois ele está diretamente ligado à
formação de professores, quer seja nas áreas específicas que compõem as Ciências da Natureza, quer seja na formação de
professores generalistas como o Pedagogo, fator esse que reflete na forma e na qualidade por meio da qual os conceitos foram
apreendidos ou não, interferindo, por sua vez, diretamente na ação do professor.
482
O caso da formação do pedagogo, professor generalista que, na maioria das vezes, é o responsável pelo ensino nos Anos
Iniciais do Ensino Fundamental, é bastante pontual, pois em seu processo de formação, cabe ao Ensino Superior propiciar que esse
profissional tenha acesso a metodologias de ensino das diferentes áreas de conhecimento, mas isso só é possível partindo do
conhecimento científico que o aluno de graduação de pedagogia deve ter. Infelizmente, muitas vezes no Ensino Superior, é
necessário retornar ao trabalho de conceitos que não foram aprendidos na Educação Básica, para então se trabalhar as
metodologias de ensino. Quando essas lacunas de formação não são supridas, tem-se um profissional com domínio limitado dessa
área de conhecimento, o que irá refletir diretamente no processo de ensino de ciências da natureza.
Conforme destaca Brasil (2017), é necessário que o ensino dessa área contemple o estímulo à reflexão, à medida que se
estudam os saberes produzidos ao longo da existência do homem e de suas diferentes relações, para que se viabilize, aos
estudantes, uma compreensão crítica de como o homem tem produzido o conhecimento, transformando o meio em que vive e a si
próprio, desenvolvendo assim a capacidade de atuação no e sobre o mundo, finalidade da alfabetização científica, e importante
conhecimento para o exercício pleno da cidadania. Dessa forma, acredita-se que considerar a Ciências da Natureza como uma
“linguagem para facilitar a nossa leitura do mundo natural” (CHASSOT, 1993, p. 37) é entender que, essa área é uma interpretação
humana do mundo natural e que implica diretamente na forma de entender a nós mesmos e ao ambiente.
Para tanto, é importante, nesse contexto, que o ensino Ciências da Natureza assuma o compromisso com o desenvolvimento
da alfabetização científica, entendida como “um processo que deve articular: domínio de vocabulário, simbolismos, fatos, conceitos,
princípios e procedimentos da ciência; as características próprias do “fazer ciência”; as relações entre ciência, tecnologia, sociedade
e ambiente e suas repercussões para entender a complexidade do mundo possibilitando, assim, às pessoas, atuar, avaliar e até
transformar a realidade” (BRASIL, 2015, p. 9). Assim, a alfabetização científica deve ser entendida como parte inseparável do ensino
de Ciências da Natureza, independente do ano escolar, de modo que o aluno possa ser capaz de ler e compreender o mundo.
Neste documento curricular, a concepção do ensino de Ciências é apresentada na perspectiva de que seu ensino se constitua
no estudo das relações estabelecidas entre o homem e a natureza, ao longo da história, ou seja, na percepção, na ação do homem
com relação à natureza e na tentativa do homem em entender e explicar os fenômenos naturais.
Sendo assim, o método dialético, por meio da categoria da totalidade, oferece subsídios para análise da produção do homem
em todos os seus aspectos. Sobre essa particularidade, Pinto (1969) afirma que “qualquer ato definido de pesquisa de algum dado da
realidade só pode ser entendido como determinado pela totalidade do conhecimento existente no momento” (PINTO, 1969, p. 37).
Assim, o processo de produzir conhecimento constitui-se na reflexão do desenvolvimento histórico do homem, explorando as
contradições estabelecidas de uma dada sociedade com o máximo rigor possível.
Corroborando com essa afirmação, Santos (2005) argumenta que, “quando se parte da visão dialética e da ideia de que tudo
está relacionado, a visão de conjunto é importante. [...] o conhecimento é totalizante e a atividade humana, em geral, é um processo
483
de totalização, que nunca alcança uma etapa definitiva e acabada” (SANTOS, 2005, p. 30). Dessa maneira, a Ciência, o seu
conhecimento e o seu desenvolvimento devem ser entendidos como um processo contínuo, desenvolvidos e aprimorados na história
da humanidade.
2. OBJETIVO GERAL
Proporcionar a formação de um cidadão que se reconheça como parte do ambiente, compreendendo a sua dinâmica e seus
fenômenos, além de compreender que a ação humana, pelo e no trabalho, proporciona o conhecimento científico, a produção da
tecnologia e a transformação dinâmica da natureza e do homem, dentro de um contexto histórico, político, econômico, ambiental e
social a fim de garantir a sustentabilidade planetária.
3. PRESSUPOSTOS TEÓRICO–METODOLÓGICOS
De acordo com Brasil (2017), o ensino de Ciências do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental estrutura-se a partir de três
unidades temáticas: Matéria e Energia, Vida e Evolução e Terra e Universo, que contemplam especificamente:
Matéria e Energia: “[...] estudo de materiais e suas transformações, fontes e tipos de energia utilizados na vida em geral, na
perspectiva de construir conhecimento sobre a natureza da matéria e os diferentes usos da energia” (BRASIL, 2017, p. 325). Essa
temática trabalha mais diretamente com os conceitos da Física, da Química, da Geologia e a Astronomia, sendo importante para
iniciar o processo de diferenciação e a relação entre matéria e energia, como a fotossíntese, processo que se utiliza de energia (luz
do Sol) para sintetizar carboidrato (glicose) que é matéria;
Vida e Evolução: “[...] estudo de questões relacionadas aos seres vivos (incluindo os seres humanos),suas características e
necessidades, e a vida como fenômeno natural e social, os elementos essenciais à sua manutenção e à compreensão dos processos
evolutivos que geram a diversidade de formas de vida no planeta.[...] características dos ecossistemas, interações dos seres vivos
com outros seres vivos e com os fatores não vivos do ambiente. [...] a importância da preservação da biodiversidade e como ela se
distribui nos principais ecossistemas brasileiros” (BRASIL, 2017, p. 326). Nessa unidade temática, enfatizam-se os conceitos da
Biologia, entendendo dois pontos: a relação direta entre o meio abiótico e o biótico, ou seja, compreender que as condições de luz,
calor, umidade, tipos de solo, entre outros, são determinantes para os tipos de seres vivos em um determinado ambiente e entender
que todos os seres vivos são importantes na natureza, até mesmo um mosquito ou uma barata, pois fazem parte de uma teia
alimentar. Esses pontos contribuem para a Educação Ambiental de forma científica proporcionando assim a compreensão do que é
sustentabilidade;
Terra e Universo: “[...] a compreensão das características da Terra, do Sol, da Lua e de outros corpos celestes – suas
dimensões, composição, localizações, movimentos e forças que atuam entre eles [...] experiências de observação do céu, do planeta
484
Terra, particularmente das zonas habitadas pelo ser humano e demais seres vivos, bem como de observação dos principais
fenômenos Celestes. [...] a construção dos conhecimentos sobre a Terra e o céu se deu de diferentes formas em distintas culturas ao
longo da história da humanidade” (BRASIL, 2017, p. 328). Os conceitos trabalhados com maior ênfase são da Astronomia e da
Física. A compreensão da amplitude do Universo e das características abióticas exclusivas do Planeta Terra dadas pela localização
do mesmo nesse sistema são os pontos importantes que devem ser compreendidos.
Por mais que a divisão desse componente curricular esteja organizada em unidades temáticas e facilite o estudo e a
compreensão dos conhecimentos, não se deve esquecer de relacioná-las, uma vez que não há como compreender sobre o Universo
sem refletir sobre o Sol, ou estudar sobre o Sol e não relacioná-lo com a energia, e mesmo estudar sobre energia e não relacionar a
importância dessa para os seres vivos. Cabe ressaltar que, para atingir o objetivo proposto no ensino de Ciências, tem-se a
necessidade de, segundo Oliveira, Almeida e Arnoni (2007), assumir o conhecimento científico como ponto de partida, uma vez que
ele é o objeto, meio e o fim do trabalho do professor.
A Ciência, por não ser neutra, não pode ser pensada em termos de ensino como uma prática que valoriza somente as teorias
que a sustentam, dissociadas das práticas sociais que as criam. Logo, por ser a educação uma atividade intencional, teoria e prática
são indissociáveis no contexto de qualquer área do saber. Ou seja, a Ciência deve ser trabalhada na perspectiva apontada por
Vázquez (1977), com a sua potencialidade de contribuir para a transformação do mundo, uma vez que tem como objeto de trabalho
do professor o conhecimento científico, fruto da Ciência produzida historicamente pelo homem. Assim, torna-se importante salientar
que deve ser de domínio do mesmo, a lógica própria do conhecimento científico, que tem no método científico o ponto que o
diferencia do saber cotidiano.
Defende-se aqui a concepção dialética da mediação, conforme Almeida, Oliveira e Arnoni (2007), que consideram os conceitos
no seu encadeamento e nas suas relações mútuas e ações recíprocas, sendo função do professor provocar conflito cognitivo no
aluno. Nesse contexto, o professor parte do conhecimento que o aluno já tem, ou seja, conhecimento imediato para, por meio da
organização metodológica do conteúdo, promover a elaboração de sínteses, ou seja, partir do imediato (conhecimento
aparentemente fragmentado, desarticulado) ao mediato (conhecimento articulado, com múltiplas relações), em outras palavras, da
síntese precária ou provisória à síntese das múltiplas determinações, enquanto resultante da apropriação do conhecimento científico,
núcleo do trabalho escolar.
Para a prática educativa, Almeida, Oliveira e Arnoni (2007) apresentam as etapas que organizam o ensino e a aprendizagem:
o planejamento, o desenvolvimento e a avaliação que constituem a aula. No planejamento, primeira etapa, estão inclusas a
seleção dos fundamentos teóricos (tanto científicos, quanto filosóficos), a organização metodológica por meio da Metodologia da
485
Mediação142 Dialética e a elaboração do plano de aula. Na segunda etapa, tem-se o desenvolvimento da aula, que é integrada
pela operacionalização da Metodologia da Mediação Dialética (resgatando, problematizando, sistematizando e produzindo143). Na
terceria etapa tem-se a avaliação, com a responsabilidade de análise dos processos desenvolvidos, tanto no que tange ao
ensino, quanto à aprendizagem.
Ao propor a Metodologia da Mediação Dialética (MMD), destaca-se que os elementos que integram a organização
metodológica dos diferentes momentos são: Resgatando/Registrando, Problematizando, Sistematizando e Produzindo, interligados e
interdependentes:
1º Momento – Resgatando/registrando
É o momento inicial do trabalho com o aluno, sendo necessário indagar o que ele sabe em relação ao que será ensinado. E
serão esses saberes o ponto de partida para o processo de ensino. Para registrar os conhecimentos, vários recursos podem ser
utilizados, dentre eles a dramatização, o desenho, os recortes, a colagem, a música, a poesia, a atividade prática com
explicações/inferências, a produção de texto, a discussão, dentre outras formas de registro, adequadas às possibilidades da turma,
contemplando registros coletivos e/ou individuais. A partir desses registros, o professor delimita o conhecimento prévio do aluno
sobre o conteúdo e faz a comparação com o conhecimento científico que ele objetiva trabalhar. Na sequência, elabora-se a
problematização, que determinará a tensão entre os conhecimentos e tem-se, então, o momento da confrontação das representações
iniciais do aluno (conhecimento imediato) com o saber científico (conhecimento mediato).
A forma de organização dependerá sempre das condições de acesso ao material para pesquisa, assim, é fundamental que o
professor planeje com antecedência de modo a ter disponível material para pesquisa necessários à realização da atividade proposta.
Diferentes propostas de organização e de reorganização devem seguir critérios indicados pelo professor, bem como adotar cuidados
com os devidos registros, a partir dos quais será possível verificar quais intervenções serão necessárias para avançar nos
questionamentos sobre o conteúdo, de modo a provocar os alunos na busca dos conhecimentos teóricos;
2º Momento - Problematização
142
Para ampliar as reflexões, retoma-se o exposto a seguir: “Conforme Garaudy, a superação do imediato ocorre na mediação; o mediato é, então, o estado que
dela resulta. A superação se viabiliza só quando coisas ou estados distintos estabelecem relações entre si, mas devem ser de mediação, que é uma relação
qualitativa, fundada na força e caracterizada pela negatividade e pelo reflexo. Quando se trata da superação, deve-se ter claro que ela sempre se refere a uma
contradição. Por isso, se a superação ocorre na mediação, a contradição também se manifesta nela. Assim, não podemos buscá-las (a contradição e a
superação) nas coisas, mas nas relações de mediação que elas (as coisas) mantêm entre si” (ALMEIDA; OLIVERIA; ARNONI, 2007, p. 103).
143
Além do apresentado neste componente curricular, orienta-se retomar o exposto nos pressupostos teórico-metodológicos do componente curricular
Geografia.
486
A problematização se efetiva quando o professor prepara situações que abordem o conteúdo de ensino, contrapondo-os com o
conhecimento inicial do aluno, de modo que esse perceba que seus registros, no primeiro momento, são incompletos e precisam de
complementos. A partir dos registros iniciais, faz-se necessária a comparação entre as anotações de um e outro aluno, entre o que
um sabe e o outro sabe. O professor poderá propor o diálogo entre as equipes, quando da realização de trabalhos em grupos
distintos, incentivando-os a compararem os resultados obtidos e a emitirem a sua opinião sobre os estudos realizados, suas
inferências sobre os conteúdos, suas conclusões parciais. É importante aqui que o diálogo entre os alunos e entre professor e alunos
provoque a contraposição sobre o conteúdo abordado.
O professor deve estar atento a fim de que ocorra o ponto de tensão entre o saber inicial do aluno (imediato) e o saber
científico (mediato). É responsabilidade do professor o domínio conceitual de modo a tratar o conteúdo em sua natureza histórica e
cultural. É essencial utilizar esses momentos para que o aluno entenda como se efetiva a sistematização do conhecimento científico,
ou seja, de forma individual e coletiva em um processo histórico de acertos e erros;
3º Momento-Sistematização
O terceiro momento é o da sistematização. É importante que o professor faça a mediação com rigor científico da linguagem a
ser utilizada. É fundamental que os alunos, organizados, pesquisem em materiais como o livro de Ciências e em sites para, na
sequência, confrontar o resultado da pesquisa realizada com as inferências realizadas nos momentos anteriores, quer seja,
individualmente, em pequenos grupos e no coletivo; ou ainda, inicialmente e, após a realização dos primeiros debates/discussões, e,
finalmente, após a realização das pesquisas.
Mediante um novo diálogo, frente ao conhecimento cotidiano e o conhecimento científico resultante do que foi pesquisado,
com uso da nomenclatura científica, é que será levantada a necessidade ou não de reorganização dos saberes e conhecimentos, dos
conceitos utilizados, agora com base em dados científicos. Trata-se de um momento fundamental para retomar e discutir as questões
com a turma, trabalhando os conceitos científicos e a terminologia adequada, oportunizando a compreensão dos conceitos e não
apenas a mera memorização;
4º Momento - Produzindo
É o momento em que o aluno elabora a síntese cognitiva, em que a sua produção revelará se ocorreu a superação do imediato
no mediato, por intermédio do domínio dos conceitos científicos, utilizando-os nas produções de textos escritos e orais, nas análises
e sínteses que tece sobre os diferentes conteúdos em estudo/debate, evidenciando a apropriação do conhecimento teórico. A partir
da síntese em que se tem como objetivo a apropriação dos conceitos, faz-se necessária a proposição de atividades que exercitem a
487
fixação dos conhecimentos em estudo, momentos esses fundamentais no processo de ensino e de aprendizagem dos conteúdos
escolares.
Destacou-se, brevemente, os momentos fundamentais da Metodologia da Mediação Dialética no que tange à
operacionalização da aula, aos seus desdobramentos e suas implicações teórico-metodológicas. Ressalta-se, ainda, que no ensino
de Ciências, além de atividades práticas, deve-se trabalhar com diversos tipos de textos, não somente os do livro didático. Um
poema, um conto, uma fábula (que pode estar sendo usado em Língua Portuguesa, no trabalho com os gêneros discursivos), um
artigo científico (para essa faixa etária, os artigos da revista Ciência Hoje para Criança são adequados), uma entrevista com
moradores do bairro, uma notícia de jornal, uma foto de uma situação do bairro, podem ser utilizados no conteúdo de Ciências em
estudo. O uso de vídeos curtos como documentários, filmes e desenhos (como “Sid, o Cientista”) também são recursos muito
importantes e práticos, mas não podemos esquecer que todos os encaminhamentos desses recursos devem sempre colaborar para
um único fim: favorecer o processo de aprendizagem do aluno.
O trabalho com o conteúdo deve sempre partir de sua totalidade, ou seja, se for trabalhar um dos sistemas do corpo humano,
é importante destacar o corpo, as suas características como corpo, para só então fazer o recorte do sistema que se quer abordar,
não esquecendo que depois desse estudo realizado sobre o sistema deve-se inserir novamente esse sistema no todo, ou seja, no
corpo, mas agora com outra compreensão.
Entender cada sistema é uma parte fundamental do percurso de estudos em direção à compreensão dos conceitos científicos.
É preciso que o aluno conheça e reconheça as características, as partes, as funções, relacione-as como sistema, compreenda-os no
corpo, sobretudo, situe esse corpo no tempo e espaço histórico e social, cujas marcas de saúde e doenças, inclusive, também são
demarcadas pelas condições de acesso ou não aos bens produzidos socialmente pela e na sociedade. Em diferentes culturas e em
diferentes contextos econômicos e sociais, o corpo é marcado e demarcado de forma semelhante e, também, distinta. A identificação
dos fatores determinantes dessas marcas é também tarefa essencial em Ciências, à medida que problematiza as questões
decorrentes do uso excessivo de agrotóxicos na alimentação, hábitos alimentares, condições de trabalho inadequadas, dificuldades
de acesso às condições de prevenção às doenças, ações essas que auxiliam no cuidado com o corpo, com a saúde/equilíbrio do
corpo em sua totalidade.
As questões de saneamento básico, por sua vez, partem dos elementos conhecidos pelos alunos (sua casa, escola, bairro,
município) e contribuem para questionar a realidade local no sentido de identificar fatores que existem no entorno que auxiliam ou
afetam o saneamento. Ao trabalhar sobre o lixo, pesquisar como a comunidade local o trata, quais os significados que esse tem para
a comunidade; ele é um resíduo a ser descartado ou uma fonte de renda; há ação pública para a coleta seletiva, entre outros. Ao
professor cabe promover situações desencadeadoras da problematização e sistematização, visando a aprofundar saberes por meio
dos conceitos científicos que precisam ser ensinados referentes ao conjunto de conhecimentos que estão em estudo, pois quando se
488
trabalha dessa forma a compreensão de conceitos científicos é significativo para o aluno, e o conhecimento imediato é (re)significado.
Nesse contexto, o livro didático assume seu sentido mais como um recurso a serviço da organização da aula e não como principal
elemento direcionador dela.
O ensino de Ciências também deve incluir, de maneira transversal e integradora, a abordagem de temas “contemporâneos
relevantes para o desenvolvimento da cidadania, que afetam a vida humana em escala local, regional e global” (BRASIL, 2017).
Dentre esses temas, os que devem ser mais diretamente abordados são: o processo de envelhecimento e o respeito e valorização do
idoso, pontuando em ciências naturais as fases de desenvolvimento dos seres vivos, em especial do homem e as especificidades de
cada fase de desenvolvimento. Considerando que o cuidado com a saúde é preocupação desde o período intrauterino, estendendo-
se ao longo da vida, quanto antes formarem-se hábitos saudáveis e preocupação com a qualidade de vida, mais preparados
estaremos para o enfrentamento das questões que dizem respeito ao processo de envelhecimento.
Outro tema é a educação ambiental, que foi instituída a partir da Política Nacional de Educação Ambiental pela Lei no 9.795/99.
A Educação ambiental formal se fundamenta em Brasil (2012), com a resolução nº 2, de 15 de junho de 2012, que estabelece as
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental. No Paraná, em 2013, com a aprovação da Lei nº 17505, de 11 de
janeiro de 2013, instituiu-se a Política Estadual de Educação Ambiental e o Sistema de Educação Ambiental. Esses documentos
ressaltam o dever de ser promovida a educação ambiental de maneira integrada, interdisciplinar e transversal no currículo escolar. É
importante salientar que a educação ambiental deve ser trabalhada com o objetivo de promover hábitos sustentáveis, ou seja, não só
as questões ligadas diretamente ao ecossistema, mas também à interação desses com as questões econômicas e sociais, sendo
responsabilidade de todos. Para tanto, podem ser utilizados os documentos universais da Educação Ambiental como: Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS), Carta da Terra, Tratado de Educação Ambiental.
A educação alimentar e nutricional, Lei nº 13.666, de 16 de maio de 2018, é outro tema que deve ser abordado tendo o
incentivo ao desenvolvimento de hábitos alimentares que promovam a saúde e o bem estar, abrangendo desde o entendimento
básico do funcionamento do nosso organismo até a escolha de alimentos saudáveis, promovendo uma reflexão sobre questões
importantes dentro dessa temática como a obesidade e desnutrição infantil, bem como estudos aprofundados sobre as
consequências do uso/abuso de agrotóxicos na produção de alimentos.
Com relação ao Estatuto da Criança e do Adolescente e à prevenção à violência, é preciso que, ao tratar das questões
referentes à sexualidade, também abarque-se o cumprimento da referida obrigatoriedade de cuidar e educar, ajudando a cumprir
esse preceito legal por meio do tratamento do conteúdo curricular.
A dinâmica do processo educativo dependerá, em muito, do professor, principalmente pela estruturação do planejamento de
suas aulas e das metodologias, recursos, encaminhamentos de ensino utilizados, buscando relacionar os conteúdos científicos
489
apresentados nas unidades temáticas à experiência de vida dos alunos, alçando a apropriação dos conceitos científicos, objeto de
trabalho da instituição escolar.
Além de contribuir para o desenvolvimento das competências gerais que são de responsabilidade da Educação Básica e que
estão estabelecidas por força do aparato legal, o componente curricular atuará no sentido de contribuir para o desenvolvimento das
competências específicas de Ciências da Natureza, conforme estabelecido nos dispositivos legais, as quais seguem:
1. Compreender as Ciências da Natureza como empreendimento humano, e o conhecimento científico como provisório,
cultural e histórico.
2. Compreender conceitos fundamentais e estruturas explicativas das Ciências da Natureza, bem como dominar
processos, práticas e procedimentos da investigação científica, de modo a sentir segurança no debate de questões
científicas, tecnológicas, socioambientais e do mundo do trabalho, continuar aprendendo e colaborar para a construção de
uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
3. Analisar, compreender e explicar características, fenômenos e processos relativos ao mundo natural, social e
tecnológico (incluindo o digital), como também as relações que se estabelecem entre eles, exercitando a curiosidade para
fazer perguntas, buscar respostas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das Ciências da
Natureza.
4. Avaliar aplicações e implicações políticas, socioambientais e culturais da ciência e de suas tecnologias para propor
alternativas aos desafios do mundo contemporâneo, incluindo aqueles relativos ao mundo do trabalho.
5. Construir argumentos com base em dados, evidências e informações confiáveis e negociar e defender ideias e pontos
de vista que promovam a consciência socioambiental e o respeito a si próprio e ao outro, acolhendo e valorizando a
diversidade de indivíduos e de grupos sociais, sem preconceitos de qualquer natureza.
6. Utilizar diferentes linguagens e tecnologias digitais de informação e comunicação para se comunicar, acessar e
disseminar informações, produzir conhecimentos e resolver problemas das Ciências da Natureza de forma crítica,
significativa, reflexiva e ética.
7. Conhecer, apreciar e cuidar de si, do seu corpo e bem-estar, compreendendo-se na diversidade humana, fazendo-se
respeitar e respeitando o outro, recorrendo aos conhecimentos das Ciências da Natureza e às suas tecnologias.
8. Agir pessoal e coletivamente com respeito, autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação,
recorrendo aos conhecimentos das Ciências da Natureza para tomar decisões frente a questões científico-tecnológicas e
socioambientais e a respeito da saúde individual e coletiva, com base em princípios éticos, democráticos, sustentáveis e
solidários. (BRASIL. 2017, p. 322).
O trabalho pedagógico deve atender às exigências legais, sem, contudo, ferir os pressupostos teóricos que sustentam as
práticas pedagógicas. Assim, conforme delimitado nos pressupostos filosóficos, psicológicos e pedagógicos, na tensão entre o que se
490
tem instituído e o que se almeja formar, encontra-se situado o trabalho com o ensino dos conteúdos essenciais, aqueles que se
firmaram no tempo e que são a base para a compreensão dos fenômenos naturais e dos processos decorrentes desses. Ao
componente curricular Ciências incorporam-se muitos desafios, dentre eles refletir sobre a base conceitual necessária para que se
compreenda, efetivamente, as transformações que ocorrem na contemporaneidade quer seja pela ação direta ou indireta do homem.
4. CONTEÚDOS
Materiais: (EF01CI01) Comparar características de diferentes materiais presentes em objetos de uso cotidiano, identificando sua
Características gerais origem, os modos como são descartados e como podem ser usados de forma mais consciente.
Classificação (coleta e Investigar, por meio dos órgãos dos sentidos, as características dos materiais (cor, odor, textura, forma, entre outros)
utilização). utilizados no cotidiano.
Identificar ações que contribuam para a conservação do ambiente, percebendo a importância da separação dos
Noções de resíduos sólidos, coleta seletiva e redução da geração de resíduos.
Sustentabilidade.
Conhecer práticas que contribuam para minimizar os problemas ambientais locais (por exemplo: compostagem,
reciclagem do vidro, do papel, do metal e do plástico, aproveitamento da água da chuva, entre outros).
Seres vivos no ambiente. Identificar a presença de seres vivos na escola e outros espaços, conhecendo suas principais características,
relacionando-as à capacidade de sobreviverem em certos ambientes.
Características Básicas.
Diferenciar seres vivos (bióticos) de seres não vivos (abióticos), definindo a capacidade de reprodução como o
Habitat. determinante para ser classificado como ser vivo.
Animais e Vegetais Compreender a influência do ser humano como agente transformador do meio para atender às suas necessidades,
Vida
(Características básicas). reconhecendo atitudes de cuidados para conservação do ambiente.
e
evolução Caracterizar os animais que vivem no meio aquático, terrestre, suas características físicas, formas de reprodução,
Uso dos recursos naturais.
locomoção, alimentação, habitat.
Reconhecer que a espécie humana utiliza os animais na produção de alimentos, obtendo benefícios e causando
impactos ambientais.
Conhecer as características dos vegetais utilizados pelo homem para o atendimento às suas necessidades básicas:
vestuário, moradia, saúde.
491
(EF01CI02) Localizar, nomear e representar graficamente (por meio de desenhos) partes do corpo humano e explicar suas
funções, percebendo as mudanças que aconteceram desde seu nascimento.
Corpo humano.
Relacionar as partes do corpo humano com os sentidos, reconhecendo o que podemos perceber por meio deles.
Estrutura Básica.
(EF01CI04) Comparar características físicas entre os colegas, reconhecendo a diversidade e a importância da valorização,
do acolhimento e do respeito às diferenças.
Órgãos dos sentidos.
Especificar e valorizar hábitos de cuidados com o próprio corpo em situações do cotidiano, fazendo-se respeitar e
Hábitos alimentares e respeitando o outro.
higiene.
(EF01CI03) Discutir as razões pelas quais os hábitos de higiene do corpo (lavar as mãos antes de comer, escovar os
dentes, limpar os olhos, o nariz e as orelhas etc.) são necessários para a manutenção da saúde.
Diversidade. Reconhecer a importância dos alimentos para a saúde do corpo, compreendendo que uma alimentação saudável
depende de uma dieta equilibrada em termos de variedade, qualidade e quantidade de nutrientes.
Sol, astro que ilumina a Vivenciar a projeção de sombra, utilizando o corpo da criança e objetos do cotidiano;
Terra Terra.
e Reconhecer o Sol como fonte de energia para a Terra e sua influência com a dinâmica da vida na Terra (dia e a
Universo Dia/Noite. noite);
(EF01CI06) Relatar exemplos de como a sucessão de dias e noites orienta o ritmo de atividades diárias de seres humanos
e de outros seres vivos.
(EF01CI05) Nomear por meio de figuras as diferentes escalas de tempo (períodos diários: manhã, tarde e noite), bem
Escalas de tempo. como relatar que a sucessão de dias formam semanas, meses e anos.
Materiais. (EF02CI01) Identificar de que materiais (metais, madeira, vidro etc.) são feitos os objetos que fazem parte da vida
Matéria cotidiana, como esses objetos são utilizados e com quais materiais eram produzidos no passado.
e Características como (EF02CI02) Propor o uso de diferentes materiais para a construção de objetos de uso cotidiano, tendo em vista algumas
Energia flexibilidade, dureza etc. propriedades desses materiais (flexibilidade, dureza, transparência etc.).
Uso conforme as
características.
492
Uso consciente. Reconhecer a importância de evitar o desperdício de materiais na produção de objetos de uso cotidiano;
Identificar tecnologias que contribuem para minimizar os problemas ambientais.
Prevenção de acidentes (EF02CI03) Reconhecer os cuidados necessários à prevenção de acidentes domésticos (objetos cortantes e inflamáveis,
domésticos. eletricidade, produtos de limpeza, medicamentos etc.), reconhecendo atitudes de segurança em relação às situações de
risco.
Energia.
Conhecer a partir de atividades práticas os diferentes tipos de energia: movimento (do ar, do carro, dos seres vivos),
Tipos. calor (do Sol, do fogo, do atrito), luz (natural e artificial) relacionando a origem dos mesmos.
Origem.
Água. Reconhecer a importância da água para os seres vivos;
Importância. Identificar a distribuição da água no planeta (nascentes, rios, lagos, mares, oceanos, geleiras, lençõis freáticos,
aquíferos) diferenciando a característica básica (agua doce e salgada)
Distribuição no planeta.
Matéria. Vivenciar atividades que apresentam os estados físicos da matéria (sólido, líquido e gasoso).
Estados físicos.
Solo. Reconhecer a importância do solo para os seres vivos como fonte de nutrientes para vegetais e animais;
Importância para os seres Reconhecer o do solo como estrutura básica de sustentação e fixação dos seres vivos, bem como matéria prima
vivos. para a agricultura, construção civil e agropecuária.
Ar.
Reconhecer a importância do ar para os seres vivos.
importância para os seres
vivos.
Seres vivos no ambiente. (EF02CI04) Descrever características de plantas e animais (tamanho, forma, cor, fase da vida, local onde se desenvolvem
etc.) que fazem parte de seu cotidiano e relacioná-las ao ambiente em que eles vivem.
Ciclo de vida.
Compreender que os seres vivos têm um ciclo de vida, reconhecendo os cuidados básicos com os vegetais e
Habitat. animais, por meio de seu cultivo e criação.
Características dos animais Conhecer e valorizar a diversidade das plantas e animais como fator importante para o equilíbrio do ambiente,
e vegetais. considerando sua relação com os elementos naturais abióticos (água, solo, ar etc.).
Vegetais e suas partes. Diferenciar animais vertebrados de invertebrados reconhecendo a diversidade dos representantes dos animais
vertebrados e invertebrados.
Vida
e (EF02CI05) Investigar a importância da água, luz e solo para a manutenção da vida de plantas em geral.
493
evolução
(EF02CI06) Identificar as principais partes de uma planta completa (raiz, caule, folhas, flores e frutos) e a função
desempenhada por cada uma dessas partes na planta, considerando a importante relação das plantas, com ambiente
onde ela vive.
Realizar o cultivo de ervas medicinais identificando sua utilização, baseada no conhecimento popular, comparando
como conhecimento científico.
Conhecer e explorar as partes das diferentes plantas utilizadas fins medicinais.
Reconhecer as necessidades das diferentes plantas no processo de seu cultivo.
Cuidados e respeito com o Reconhecer que seu corpo lhe pertence e só pode ser tocado por outra pessoa com seu consentimento ou por razões
corpo humano. de saúde e higiene.
Identificar cuidados básicos de higiene e preservação da saúde do corpo humano.
Terra Sol. (EF02CI07) Descrever, a partir de atividade prática, as posições do Sol em diversos horários do dia e associá-las ao
e tamanho da sombra projetada.
Universo Movimento aparente no céu.
(EF02CI08) Comparar, a partir de atividade prática, o efeito da radiação solar (aquecimento e reflexão) em diferentes tipos
Fonte de luz e calor. de superfície (água, areia, solo, superfície escura, clara e metálica etc.).
Reconhecer a importância do sol nos fenômenos naturais como a formação da chuva e também para os seres vivos
como a fixação de vitamina D para o homem.
Luz. (EF03CI02) Experimentar e relatar o que ocorre com a passagem da luz através de objetos transparentes (copos, janelas
de vidro, lentes, prismas, água etc.), no contato com superfícies polidas (espelhos) e na intersecção com objetos opacos
Matéria Efeitos nos materiais. (paredes, pratos, pessoas e outros objetos de uso cotidiano).
e
Energia
(EF03CI03) Discutir hábitos necessários para a manutenção da saúde auditiva e visual considerando as condições do
Saúde auditiva e visual. ambiente em termos de som e luz (uso de eletrônico, equipamentos de proteção e segurança auditiva e visual como
equipamentos de segurança em diversos lugares de trabalho).
Matéria. Descrever as mudanças dos estados físicos da matéria (ação da temperatura: vaporização, liquefação e
solidificação).
Mudanças dos estados
físicos. Relacionar a partir de experimentos (como a construção de terrário) as mudanças do estado físico da água com o
ciclo da mesma na natureza.
494
Água. Identificar as principais características organolépticas da água própria para consumo humano (incolor insípido e
inodoro.
Características.
Reconhecer a água como solvente de diferentes substâncias (sal, açúcar, corantes), entendendo-a como solvente
Propriedades.
universal.
Uso sustentável.
Identificar as principais fontes de poluição da água.
(EF04(veio do 03) CI01) Reconhecer misturas na vida diária, com base nas propriedades físicas observáveis,
diferenciando as que não são possíveis de distinguir os componentes da mistura (como água e sal) daquelas que são
(Como água e areia).
(EF03CI09) Comparar diferentes amostras de solo do entorno da escola com base em características como cor, textura,
Solo. cheiro, tamanho das partículas, permeabilidade etc. (está no eixo matéria e energia).
Principais tipos. (EF03CI10) Identificar os diferentes usos do solo (plantação e extração de materiais, dentre outras possibilidades),
Caraterísticas. reconhecendo a importância do solo para a agricultura e para a vida.
Usos. Diferenciar, a partir de atividades práticas as principais características do solo argiloso, arenoso e humífero.
Produção de som. (EF03CI01) Produzir diferentes sons a partir da vibração de variados objetos e identificar variável (forma do objeto,
tamanho, material do que é feito etc.) que influem nesse fenômeno.
Ar. Observar a presença do ar (formação do vento, movimentação das nuvens, existência do ar no solo e do ar dentro
dos objetos).
(EF03CI04) Identificar características sobre o modo de vida (o que comem, como se reproduzem, como se deslocam etc.)
Animais. dos animais mais comum no ambiente próximo, relacionando os fatores bióticos aos abióticos.
Ciclo de vida. (EF03CI05) Descrever e comunicar as alterações que ocorrem desde o nascimento em animais, de diferentes meios
terrestres ou aquáticos, inclusive o homem.
Classificação dos
Vida
vertebrados.
e (EF03CI06) Comparar alguns animais e organizar grupos com base em características externas comuns (presença de
evolução penas, pelos, escamas, bico, garras, antenas, patas etc.).
Reconhecer a diversidade dos representantes dos animais vertebrados, identificando as características específicas
das classes: peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos.
Vegetais. Conhecer as diferentes formas de reprodução dos vegetais (semente, muda, estaca, enxerto).
Reprodução.
495
Biodiversidade e Compreender e valorizar a biodiversidade como fator importante para o equilíbrio do ambiente, estabelecendo
sustentabilidade. relações com os ecossistemas locais.
Nomear ações de degradação ambiental (desmatamento, queimadas, poluição, extinção de espécies, desperdício de
água e de outros recursos naturais), conhecendo suas consequências.
Planeta Terra. (EF03CI07) Identificar características da Terra (como seu formato, a presença de água, solo etc.), com base na
observação, manipulação e comparação de diferentes formas de representação do planeta (mapas, globos, fotografias
Características. etc.).
Terra
e Ambientes aquáticos e (EF03CI08) Observar, identificar e registrar os períodos (dia e/ou noite) em que o Sol e demais estrelas, Lua e planetas
Universo terrestres. estão visíveis no céu.
Rotação. Identificar as características (formato, presença de água, solo etc.) do planeta Terra, percebendo que é formado por
diferentes ambientes aquáticos e terrestres.
Translação.
Experienciar os movimentos da Terra: rotação, translação, revolução.
Revolução.
Relacionar as estações do ano, o dia e a noite com os movimentos da Terra.
História. Conhecer a evolução dos instrumentos astronômicos bem como a sua importância: telescópios, satélites artificiais
(sondas, foguetes, estação espacial etc.).
Desenvolvimento.
Gravidade: ação sobre os Perceber a ação da gravidade sobre os corpos (os corpos que caem em direção ao solo).
corpos.
Matéria. (EF04CI02) Testar e relatar transformações (mudança de estado físico, cor entre outros) nos materiais do dia a dia quando
expostos a diferentes condições (aquecimento, resfriamento, luz e umidade).
Transformações reversíveis
e não reversíveis. (EF04CI03) Concluir, a partir de atividades práticas, que algumas mudanças causadas por aquecimento, resfriamento, luz
ou umidade são reversíveis (como as mudanças de estado físico da água, parafina entre outros- fenômenos físicos) e
outras não (como o cozimento do ovo, ferrugem, etc. – fenômeno químico.).
496
Matéria
e Energia. Reconhecer as transformações de energia que ocorrem na natureza e no cotidiano como: a combustão (energia
energia química em luminosa e calorífica) eletricidade (que se transforma em energia cinética - movimento e em sonora,
Transformações. exemplo o liquidificador) pilhas e baterias, respiração, fotossíntese e decomposição.
Atmosfera. Reconhecer a camada atmosférica bem como a sua localização e importância para a vida na Terra.
Caracterização. Compreender, a partir de vivências, que o vento é formado pelo movimento do ar em decorrência da diferença de
temperatura (como a brisa do mar).
Ar, formação e importância
do vento.
Reconhecer a importância do vento nos processos de polinização, disseminação de sementes e evaporação da
água.
Ar, características gerais.
Reconhecer o como matéria (tem massa e ocupa lugar no espaço), como de diferentes substâncias, bem como as
propriedades organolépticas.
Cadeias alimentares. (EF04CI04) Analisar e construir cadeias alimentares, reconhecendo a posição ocupada pelos seres vivos nessas cadeias e
Vida o papel do Sol como fonte primária de energia na produção de alimentos por meio da fotossíntese (diferenciando de forma
e Autótrofos. pontual a fotossíntese da respiração que os vegetais realizam).
evolução
Heterótrofos.
Diferenciar seres autótrofos e heterótrofos, compreendendo o papel dos produtores, consumidores e decompositores
Ciclo de Energia. na cadeia alimentar.
(EF04CI05) Descrever e destacar semelhanças e diferenças entre o ciclo da matéria e o fluxo de energia entre os
componentes vivos e não vivos de um ecossistema.
Microrganismos. (EF04CI06) Relacionar a participação de fungos e bactérias no processo de decomposição, reconhecendo a importância
ambiental desse processo.
Importância para o meio
ambiente. (EF04CI07) Conhecer a participação de microrganismos na produção de alimentos (a partir de atividades práticas como a
produção de iogurte), reconhecendo também a utilização desses na produção de combustíveis, medicamentos, entre
Importância para o homem. outros, percebendo as relações entre ciência, tecnologia e sociedade.
Prevenção de doenças. (EF04CI08) Propor, a partir do conhecimento das formas de transmissão de alguns microrganismos (vírus, bactérias e
protozoários), atitudes e medidas adequadas para prevenção de doenças a eles associadas.
Célula – unidade básica dos Reconhecer a célula como unidade básica dos seres vivos, identificando as diferenças entre célula animal e vegetal.
seres vivos.
497
(EF04CI09) Identificar os pontos cardeais, com base no registro de diferentes posições relativas do Sol e da sombra de
Pontos Cardeais. uma vara (gnomon).
(EF04CI10) Comparar as indicações dos pontos cardeais resultantes da observação das sombras de uma vara (gnômon)
com aquelas obtidas por meio de uma bússola.
Calendários, fenômenos (EF04CI11) Relacionar os movimentos cíclicos da Lua e da Terra a períodos de tempo regulares e ao uso desse
cíclicos e cultura. conhecimento para a construção de calendários em diferentes culturas.
Terra e Universo
Sistema solar. Conhecer os planetas do Sistema Solar, identificando suas principais características, comparando-as com o planeta
Terra.
Componentes.
Identificar os componentes do Sistema Solar: estrelas, planetas, cometas, astros luminosos e iluminados, entre
Características do Planeta. outros.
Radiação solar. Conhecer a composição da radiação solar: luz branca, raios infravermelho, ultravioleta sua ação e influência na
biosfera.
Matéria Materiais. (EF05CI01) Explorar fenômenos da vida cotidiana que evidenciem propriedades físicas dos materiais – como densidade,
e condutibilidades térmicas e elétricas, respostas a força magnética, solubilidade, respostas a forças mecânicas (dureza,
energia Propriedades físicas e elasticidade etc.), entre outras.
químicas.
Sustentabilidade. Reconhecer a importância de escolher e consumir apenas o que é necessário, para não esgotar os recursos
naturais, evitando a poluição ambiental na água (esgoto), solo (uso de insumos agrícolas) e ar (automóveis e
Tecnologia. fabricas);
Consumo consciente.
Reconhecer a importância do descarte correto de materiais, bem como da reciclagem de materiais (papel, metal,
vidro, plástico).
498
(EF05CI05) Construir propostas coletivas para um consumo mais consciente e criar soluções tecnológicas para o descarte
adequado e a reutilização ou reciclagem de materiais consumidos na escola e/ou na vida cotidiana.
Identificar tecnologias que são utilizadas para facilitar as atividades do cotidiano (comer, estudar, conversar, brincar,
deslocar-se e outras) relacionando-as com o desenvolvimento científico.
Água. (EF05CI02) Aplicar os conhecimentos sobre as mudanças de estado físico da água para explicar o ciclo hidrológico e
analisar suas implicações na agricultura, no clima, na geração de energia elétrica, no provimento de água potável e no
Ciclo hidrológico. equilíbrio dos ecossistemas regionais (ou locais).
Preservação.
(EF05CI03) Selecionar argumentos que justifiquem a importância da cobertura vegetal para a manutenção do ciclo da
água, a conservação dos solos, dos cursos de água e da qualidade do ar atmosférico.
(EF05CI04) Identificar os principais usos da água e de outros materiais nas atividades cotidianas para discutir e propor
formas sustentáveis de utilização desses recursos.
Energia. Investigar sobre as diferentes fontes de produção de energia, argumentando sobre os possíveis impactos no
Produção. ambiente.
Sustentabilidade. Reconhecer as vantagens e desvantagens no uso das tecnologias na produção de energia, percebendo a
necessidade de minimizar os prejuízos que podem causar (por exemplo: poluição), como também seus benefícios
para o planeta (por exemplo: energias renováveis).
Terra. Conhecer as camadas da Terra: crosta (solo e subsolo), manto e núcleo.
Camadas.
Corpo humano. Reconhecer os níveis de organização do corpo humano (célula, tecido, órgão e sistema), identificando as funções
Vida dos principais órgãos que caracterizam os sistemas digestório, respiratório, circulatório, imunológico, endócrino,
Níveis de organização. excretor, nervoso, esquelético, locomotor, muscular e sexual.
e
evolução Sistemas.
Entender o corpo humano como um todo integrado, organizado e constituído por um conjunto de sistemas
Integração entre os sistemas (digestório, respiratório, circulatório, muscular, ósseo, nervoso, reprodutor e outros), com funções específicas, mas
digestório, respiratório e que se relacionam entre si.
circulatório.
(EF05CI06) Selecionar argumentos que justifiquem por que os sistemas digestório e respiratório são considerados
corresponsáveis pelo processo de nutrição do organismo, com base na identificação das funções desses sistemas.
(EF05CI07) Justificar a relação entre o funcionamento do sistema circulatório, a distribuição dos nutrientes pelo organismo
e a eliminação dos resíduos produzidos.
Alimentos. Conhecer os grupos alimentares (construtores, reguladores e energéticos) utilizando a pirâmide alimentar conforme
a faixa etária.
Grupos.
(EF05CI08) Organizar um cardápios equilibrados com base nas características dos grupos alimentares (nutrientes e
Alimentação saudável. calorias) e nas necessidades individuais (atividades realizadas, idade, sexo etc.) para a manutenção da saúde do
organismo, relacionando com a importância da educação alimentar e nutricional.
Distúrbios da alimentação.
(EF05CI09) Discutir a ocorrência de distúrbios nutricionais (como obesidade, subnutrição etc.) entre crianças e jovens a
partir da análise de seus hábitos (tipos e quantidade de alimento ingerido, prática de atividade física etc.)
499
Universo. Conhecer a partir de imagens, explicação científica para a formação do universo e os outros componentes do
universo, como as galáxias, constelações, asteroides etc.
Terra Componentes.
e (EF05CI10) Identificar algumas constelações no céu, com o apoio de recursos como mapas celestes e aplicativos digitais,
Universo entre outros e os períodos do ano em que elas são visíveis no início da noite.
Lua. (EF05CI12) Concluir sobre a periodicidade das fases da Lua, com base na observação e no registro das formas aparentes
da Lua no céu, ao longo de, pelo menos, dois meses.
Fases.
Influência sobre a Terra. Observar a influência da lua sobre a Terra (mares).
Instrumentos óticos. (EF05CI13) Projetar e construir dispositivos para observação à distância (luneta, periscópio etc.), para observação
ampliada de objetos (lupas, microscópios) ou para registro de imagens (máquinas fotográficas) e discutir usos sociais
desses dispositivos, associando-os aso tipos de informações que coletam.
5. AVALIAÇÃO
É fundamental que a avaliação em Ciências identifique a capacidade do aluno em conhecer e estabelecer relações entre a
estrutura e o funcionamento dos diferentes ecossistemas, de seus componentes e da interação e relação de interdependência que
mantém entre si. Assim, o processo avaliativo deve ser compreendido na totalidade do ato educativo, como uma ação que, a partir da
definição de instrumentos e critérios, identifique aspectos que reflitam a capacidade e a habilidade do aluno em poder entender o
mundo, usando também os conhecimentos das Ciências, ou seja, ser alfabetizado cientificamente. É preciso identificar se o aluno é
capaz de analisar, julgar e emitir um parecer, demonstrando a compreensão de que o homem é parte integrante da natureza e que
exerce sobre ela uma ação transformadora, ao mesmo tempo em que é transformado por ela. E, ainda, que para a sobrevivência da
espécie humana, o homem precisa preservar os recursos inerentes à manutenção de todas as comunidades de vida no Planeta
Terra, respeitando a Terra e a vida em toda a sua diversidade, expressando o entendimento de que as relações homem-natureza e
homem-homem são integrantes dessa interdependência por conta dos estruturantes políticos, econômicos e culturais, que se
revelam nas relaçoes entre Ciência, Tecnologia e Sociedade.
500
Como instrumento de avaliação, há inúmeros recursos que podem e devem ser utilizados, desde as avaliações com questões
abertas e fechadas com níveis de dificuldades diferenciados, produção de um gênero discursivo como carta, relatório, folder, poesia,
história em quadrinhos, organização de quadros e tabelas e suas interpretações de modo a ser possível evidenciar que o aluno
aprendeu os conceitos trabalhados. A apresentação de um trabalho em uma exposição, a intervenção na comunidade como uma
campanha para o descarte correto de lixo eletrônico também podem ser instrumentos de avaliação da aprendizagem, desde que esse
instrumento possibilite ao professor observar a aprendizagem do conceito científico ensinado.
O relatório de atividades práticas e as questões que dizem respeito às aulas práticas desenvolvidas em sala de aula,
laboratórios e/ou espaços de visitas utilizados para esse fim, devem dar conta de elementos considerados relevantes: a) a
manutenção da atenção durante as explicações, para fins de executar o cumprimento conforme as orientações; b) as habilidades
manuais que envolvem o manuseio dos materiais e instrumentos utilizados, bem como a aplicação de medidas de segurança; c) a
observação nos elementos significativos da experiência enquanto executa-a; d) registro organizado durante o processo de realização
da atividade prática; e) sistematização do conceito científico em estudo, frente as observações/comparações, a partir do experimento;
e f) elaboração do relatório científico, o qual pode ser escrito de forma coletiva, envolvendo toda a turma, em pequenos grupos ou
individualmente. Para avaliar essas práticas e o próprio relatório, o professor poderá organizar uma ficha, listando os critérios que
serão considerados, estando ciente de que, antes de serem utilizados como critérios de avaliação, precisam ser explicados aos
alunos, de modo que fique claro que se espera deles, nos diferentes momentos.
O fundamental é que constem as discussões e reflexões sobre o que foi vivenciado; os conceitos científicos aprendidos, fotos,
desenhos, dúvidas, dentre outros. Os relatórios sistematizados com o auxílio dos registros realizados durante a mesma, podem
seguir o modelo científico tradicional, apresentando: Título, Fundamentação Teórica, Objetivo, Material, Método, Resultado,
Discussão dos Dados e Referências, sem perder a referencia de quais conceitos teóricos encontram-se envolvidos no processo de
ensino e e aprendizagem que estão submetidos a avaliação no referido momento.
501
GEOGRAFIA
1. CONCEPÇÃO
A Geografia, como as demais ciências, passou por grandes mudanças, especialmente no pós-Segunda Guerra Mundial,
quando foi questionada a finalidade da produção geográfica, uma vez que não satisfazia mais às necessidades da época. O intenso
debate que a ciência viveu, desde então, chegou ao nível do ensino, a partir da década de 1980, por meio de propostas curriculares
renovadas e, entre elas, a do Currículo Básico para a Escola Pública do Paraná. O desafio de organizar uma proposta curricular não
é tarefa fácil. Por isso, dentro de uma perspectiva do movimento histórico da ocupação, da exploração e da produção do espaço pelo
homem, consideramos importante partir do pressuposto de como surgiu a Geografia, a quem serviu e por que permanece nas
escolas e toma vulto nesse início do século XXI.
Nos seus primórdios, uma primeira vertente da Geografia foi sistematizada na Grécia, ligada às preocupações com as lutas
democráticas e com aqueles que viam as soluções dos problemas do homem como ato político, coletivo e totalizante. Referia-se a
uma Geografia diluída em escritos filosóficos. Houve, porém, uma segunda vertente que se tornou dominante. Dessa, há registros
abundantes na forma de relato de povos, de terras e de mapas feitos para servir ao comércio e ao Estado. Os relatos a respeito de
novas terras e os mapas indicando posições e direções constituíam um conhecimento considerado segredo de estado, e poucos
eram os que tinham acesso a ele. Segundo Moreira (1987),
Dos romanos à “idade da ciência” (séculos XVIII-XIX), a geografia terá sua imagem cunhada como um inventário
sistemático de terras e povos. Um tratado descritivo e cartográfico com caráter “auxiliar da administração de Estado” e
pedagógico. Mas produzida e reproduzida sempre como um saber descomprometido. Sua jurisdição está longínqua das
grandes lutas dos povos e das classes oprimidas. A luta de classes não existe. A geografia fala de um homem geral,
heterogêneo no plano da natureza. Da história da Geografia não fará parte a crítica política de seu uso político pelo
Estado. (MOREIRA, 1987, p. 19).
Com a expansão marítima, a acumulação primitiva do capital e o imperialismo econômico europeu, esse conhecimento
representou também o poder político que consolidou o poder econômico e esse foi e é exclusividade dos grupos hegemônicos. É a
Geografia dos Estados Maiores. Dá-lo a conhecer é abrir possibilidades de perder o poder.
502
No século XVIII, com Humboldt e Ritter, passamos a ter a Geografia científica e acadêmica, produzida nos centros
universitários e ensinada nas escolas. Foi uma Geografia que pretendia estudar as interações dos fatos físicos e humanos. Foi um
propósito frustrado porque a divisão entre geografia física e humana não conseguiu ser superada. O objeto e os métodos do fazer
geográfico foram modificados ao longo do tempo, mas se acentuou o seu caráter ideológico na formação do senso patriótico, o que
justificou o imperialismo e as guerras. Esse caráter marcadamente nacionalista da Geografia – escola alemã, escola francesa, escola
anglo-saxônica – foi apresentado por seus historiadores como uma suposta luta entre concepções diferentes da forma como se dá a
relação homem-meio. Escondiam, na verdade, as lutas interimperialistas pelo domínio do espaço e de áreas de influência econômica,
exatamente no momento histórico em que a descoberta de novos territórios e o conhecimento de novos espaços de poder era
estrategicamente importante.
Na qualidade de saber escolar, a Geografia que se instituiu no Brasil, no século XIX, esteve marcada por essa ideologia
patriótica e nacionalista, apresentada como ciência neutra, erudita, descritiva, conhecida como geografia tradicional. Seu ensino
privilegiava a descrição e a memorização dos elementos físicos, com destaque para as imensas riquezas naturais, para os dados
populacionais e econômicos, analisados em forma de números. O Brasil passava a significar mais “território” e menos nação, povo ou
sociedade. Entretanto, o conhecimento do espaço físico em si não leva à compreensão da realidade e o conhecimento do uso social
do espaço continua sendo exclusividade de quem domina o poder, tanto no nível político como no econômico. O que sustentou o
ensino da geografia, assim como as demais disciplinas, configurou as influências recíprocas entre o poder econômico e o poder
político. A penetração do ideário liberal e depois do ideário desenvolvimentista influíram, sobremaneira, ora valorizando, ora
desvalorizando essa disciplina nas escolas.
A Geografia passou, no pós-guerra, por significativas mudanças, pois o mundo tornou-se mais e mais complexo, e os
métodos e as teorias que fundamentavam a ciência geográfica não davam mais conta de explicar a realidade. Podemos dizer,
resumidamente, que foram produzidas, nessa época, e continuam atuando no campo da Geografia, três grandes escolas: a
Geografia Quantitativa, a Geografia Humanística e a Geografia Crítica.
As décadas 1960/1970 marcaram novas transformações nos modos de fazer, pensar e ensinar a Geografia. De um lado, com
o enfoque centrado nos processos espaciais, surge a New Geography, ou Geografia Quantitativa. É a Geografia matematizada,
que exacerba a técnica na análise do espaço e se coloca a serviço da expansão do capital. Assim, ela reforça a hegemonia
imperialista, que se recria e se reproduz tecnologicamente mais instrumentalizada. O capital internacionalizado e a globalização da
economia exigem conhecimentos geográficos cada vez mais pormenorizados, não apenas dos elementos físicos da superfície
terrestre, mas do Planeta como um todo. Afinal, não existe mais um pedaço da superfície do planeta que não tenha sido vasculhado
e conhecido, mesmo que por instrumentos tecnológicos de longo e preciso alcance que dispensam a visita in loco.
503
Ainda nessa década, os geógrafos culturais e históricos perfilaram os seus esforços, valorizando a subjetividade das ações
humanas, assentando as bases da Geografia Humanista, na qual a percepção da realidade é dada pelo próprio sujeito. Essa se
apoiou em uma rede de tendências filosóficas que incluiu a fenomenologia144, o existencialismo145, e o idealismo146. Entretanto,
teóricos da área adotaram uma tendência crítica na Geografia e no seu ensino, com a mudança de foco de análise para os
processos sociais presentes na produção dos espaços. É a Geografia Crítica, baseada no movimento histórico, cujo centro das
preocupações são as relações que se estabelecem entre a sociedade, o trabalho e a natureza na produção do espaço geográfico,
abrindo perspectivas para pensar a espacialidade das relações sociais. Com essa perspectiva, a geografia ganha o conteúdo político
necessário à emancipação humana. Nesse sentido, conforme assevera Carlos (2002), “[...] o espaço é entendido como produto de
um processo de relações reais que a sociedade estabelece com a natureza (primeira ou segunda). A sociedade não é passiva diante
da natureza; existe um processo dialético entre ambas que reproduz, constantemente, espaço e sociedade, diferenciados em função
de momentos históricos específicos e diferenciados” (CARLOS, 2002, p. 165).
Esse percurso evolutivo teve um salto qualitativo nos últimos 50 anos, sendo que dois grandes grupos de paradigmas foram
fundamentais na orientação metodológica da produção do conhecimento geográfico. Segundo Sposito (2001), foram o neopositivismo
e o materialismo histórico.
O neopositivismo se caracteriza pela neutralidade axiológica147 do método científico, com a pretendida imparcialidade do
pesquisador. Essa concepção de realidade (de homem, objeto, ciência) parte de uma visão estática, funcional e pré-definida. A
concepção de ciência, nessa perspectiva, é baseada na percepção empírica e o meio de apresentação é a linguagem matemática,
valendo-se de dados quantitativos obtidos por meio de coletas de investigação, cujos resultados são transferidos para estatísticas e
outros dados matemáticos. A concepção de Natureza é algo separado do Homem. O neopositivismo explica o espaço geográfico
144
Fenomenologia: as concepções filosóficas da fenomenologia surgem como forma de reação ao objetivismo positivista, ao excesso de racionalismo, à
materialização, à teorização, à instrumentalização, à ideologia e ao dogmatismo apresentado pela racionalidade científica. Dessa corrente surge a Geografia da
percepção. Na fenomenologia, ocorre a discussão das representações, do imaginário, das fantasias, dos mapas mentais do mundo, para representação do
espaço. Segundo Lencioni (2003), a Geografia inspirada na fenomenologia enfoca de forma subjetiva a realidade na qual a intuição constitui um elemento
importante no processo de conhecimento.
145
Existencialismo: é uma corrente filosófica surgida entre os séculos XIX e XX, que tem por base a afirmação dos ideais de liberdade, de responsabilidade e
de subjetividade do ser humano. Esse, segundo o pensamento filosófico, tem livre arbítrio e deve utilizar a razão para fazer as melhores escolhas. Essa
corrente procura analisar o homem como indivíduo, e é ele quem faz sua própria existência. (http://www.alunosonline.com.br/filosofia/existencialismo.html).
146
Idealismo: Doutrina filosófica que considera os objetos de percepção como imagens na nossa mente. Segundo o idealismo, as sensações e as ideias na
nossa mente são as únicas coisas existentes. O oposto de materialismo. Atitude de espírito aberta a um ideal. Idealista é aquele que crê no poder das ideias e
na nobreza dos sentimentos, para reformar o homem e a sociedade. Nesse sentido, o idealista se opõe tanto ao materialista quanto ao egoísta. Do latim tardio
idealis. Em sentido geral, “idealismo” significa dedicação, engajamento, compromisso com um ideal, sem preocupação prática necessariamente, ou sem visar
sua concretização imediata ( https://sites.google.com/view/sbgdicionariodefilosofia/idealismo).
147
Axiológico é tudo aquilo que se refere a um conceito de valor ou que constitui uma axiologia, isto é, os valores predominantes em uma determinada
sociedade.
504
como algo natural, neutro e estático. A lógica do pensamento positivista naturaliza os processos sociais de produção dos espaços e
escamoteia ou oculta as intenções reais dessa produção.
O materialismo histórico, em termos teóricos e práticos, procura desvendar conflitos de interesses, elegendo o movimento
histórico como categoria de análise, questionando a visão estática da realidade com a preocupação de transformá-la. Percebe essa
realidade em uma dimensão histórica e propõe-se mudanças, baseando-se em uma postura crítica. No nível do conhecimento,
trabalha com a inter-relação dos fenômenos, com a inter-relação da totalidade com as partes e vice-versa, e com a inter-relação dos
elementos da estrutura econômica, relacionados ao social, político e intelectual. Procura explicar, pelo método, as contradições
internas dos fenômenos e as relações sociais sobre a produção do espaço. O processo cognitivo está centrado na relação dialética
entre o sujeito e o objeto. A natureza e o homem são concebidos como parte de um mesmo movimento.
Os fundamentos paradigmáticos do neopositivismo ainda persistem, tanto na produção do conhecimento geográfico quanto
no do seu ensino na escola. Poderíamos dizer que os espaços geográficos são “espaços neopositivistas” porque são pensados e
produzidos segundo esse paradigma. O estudo desses espaços nas salas de aula caracteriza-se pela memorização de fatos, de
descrição de lugares e de citação de fenômenos. Não fica assegurada ao aluno a possibilidade de compreender o mundo atual, as
suas contradições e as desigualdades sociais que se refletem nos espaços produzidos. Por isso, professor e aluno devem
desenvolver a capacidade de pensar, de analisar e de interpretar historicamente os processos de produção espacial e de incluir,
nesse pensamento, homem e natureza como parte de um só movimento. Isso mediado pelo trabalho coletivo, pensando
historicamente seus espaços de uso e de sua inclusão ou não nesses espaços, investigando e processando as informações que são
veiculadas pela mídia, comparando-as com os espaços que a realidade imediata apresenta.
Assim, se antes a Geografia inexistia como serviço à humanidade como um todo, hoje ela está a serviço da emancipação do
homem, mas se trabalhada em uma perspectiva de ciência da sociedade. Nesse sentido, desde os Anos Iniciais do Ensino
Fundamental, a Geografia é um espaço privilegiado para discutir questões existentes na sociedade, na qual a relação/interação
homem e natureza forma um todo integrado, em constante transformação, de cujo processo a criança também faz parte. E nessa
busca pela ampliação do conhecimento da criança sobre o mundo, faz-se necessário entender historicamente essa relação/interação
homem e natureza, pois, em seu percurso histórico sobre o Planeta, o homem, levado pela necessidade e pelo desenvolvimento das
forças produtivas (materialidade posta), foi obrigado a mudar as formas pelas quais produzia a vida material. Assim, os paradigmas
anteriormente citados – neopositivismo e materialismo histórico – sinalizam algumas diferenças na produção do conhecimento
geográfico a partir de uma nova compreensão de realidade na qual o homem está imerso. Se o primeiro paradigma aponta a
realidade como algo estático e nela o homem é compreendido separado da natureza, o segundo orienta para o movimento em
espiral, para a possibilidade de mudança, para o homem como elemento integrante da natureza, com a qual tem uma relação de
505
pertencimento e pela qual, mediante suas ações, é responsável, e, como afirma Cavalcanti (1998) “a consciência da geografia do
mundo, deve ser construída no decurso da formação humana, incluindo aí a formação escolar” (CAVALCANTI, 1998, p. 24).
Se entendermos que “O homem é produto do meio, que em sendo produzido, passa a produzir o meio que o produz e em que
se produz”, conforme expresso nos Pressupostos Filosóficos deste documento, é preciso saber que meio produz, como produz esse
meio e para quem o produz. Essa afirmação aplica-se à Geografia quando essa é entendida como uma ciência da sociedade, e é
analisada e interpretada, teoricamente, à luz dos fundamentos filosóficos do materialismo histórico. Nesse sentido, implica conceber o
espaço como produção humana, e entender essa produção como processo ou processos. Assim, o objeto da Geografia não pode ser
definido como espaço - o espaço da superfície terrestre, por exemplo -, mas a produção dos diferentes espaços sobre a superfície
terrestre, o uso e a apropriação dessa produção pela sociedade. Trata-se, então, de compreender esse espaço produzido e em
produção como uma categoria social real, um espaço marcado e demarcado por práticas sociais precisas, o que significa que a
categoria trabalho humano é categoria principal/central.
Os homens, ao criarem e recriarem as suas condições de vida, deixam nos espaços que produziram as marcas de suas
concepções de vida, de homem e de mundo. Quando produzem seus espaços e, segundo Santos (1994, 1996, 1997), “produzir é
produzir espaço”, o fazem condicionados pelo modo de produção de seu tempo. A natureza transformada fica socialmente
qualificada, e essa qualificação identifica o homem que a produziu. Esse posicionamento implica compreender os processos de
produção do espaço com o concurso da perspectiva histórica, em que se levam em consideração o movimento do conhecimento e as
inúmeras contradições que o perpassam. O homem, como produto do meio, vai, ao longo do tempo, conhecendo e produzindo
conhecimentos sobre os espaços que produz e aos quais agrega valor. Assim, o meio natural é o meio do qual o homem dispõe para
produzir o espaço geográfico, expressando, dessa forma, a instalação humana sobre a Terra. Esse espaço deve ser compreendido
em sua dimensão humana, ou seja, como construção humana na qual sociedade e natureza estão imbricadas pelo trabalho social. É
um espaço carregado de história, percebido e sentido historicamente, praticado no cotidiano, localizável, diferenciado e, por ser uma
produção humana, está em constante transformação.
Entretanto, não podemos perder de vista que o espaço físico - a superfície terrestre - é preexistente ao trabalho humano.
Nesse sentido, o espaço é condição e meio de produção. Não podemos esquecer, também, que a natureza tem uma dinâmica
interna própria, cujas leis independem da vontade do homem. Portanto, se é o uso social que confere conteúdo às formas espaciais
via trabalho humano, o espaço, em si, é o “depositário universal da História”. A superfície terrestre é a realidade natural, condição e
meio pelo qual os homens produzem seus espaços sociais, satisfazendo as suas necessidades de vida; por isso, também é produto.
É preciso repensar e refletir sobre a produção do conhecimento geográfico e de seu ensino, bem como sobre a concepção de homem
nele contida, para entender concretamente a realidade de uma cidadania planetária. Nessa perspectiva, metodologicamente, os
506
professores precisam promover a alfabetização geográfica, que consiste em criar condições para que a criança leia e interprete o
espaço geográfico, para que possa compreender os espaços que estão sendo produzidos, a que servem e a quem são destinados.
Com relação ao objeto da Geografia, Santos (2001) considera o espaço primeiramente como um “conjunto de fixos e fluxos”.
Os elementos fixos são naturais (relevo, hidrografia, solos etc.) e construídos (estradas, pontes, construções, barragens etc.), e os
fluxos são os movimentos que são condicionados pelas ações humanas (informações, ideias, valores etc.). Há uma interação entre
os fixos e os fluxos construindo e reconstruindo o espaço; os fixos que produzem fluxos e esses que levam à reprodução de fixos e
vice-versa. Portanto, a partir dos fixos (objetos) e dos fluxos (ações), tomados como partes indissociáveis que formam o espaço, é
possível reconhecer, segundo Santos (2006), as categorias externas ao espaço: objetos e ações, totalidade e totalização, técnica,
temporalidade, símbolos e ideologias, e as categorias analíticas internas como: a paisagem, configuração territorial, divisão
territorial do trabalho, rugosidades, formas-conteúdo, como processos básicos. Ademais, o espaço pode ser explicado por
recortes espaciais como: região, lugar, redes e escala. Esses aspectos são detalhados a seguir.
Totalidade refere-se ao conjunto de todas as coisas e de todos os homens em sua realidade, isto é, em suas relações e em
seu movimento. A totalidade está em constante movimento, desfaz-se, refaz e renova-se como produto de um movimento real, em
que a totalização seria o resultado da totalidade, saindo do velho para o novo. A totalidade sendo o resultado e a totalização o
processo, que compreenderia o passado, o presente, o futuro.
A técnica é a principal forma de relação entre o homem e a natureza. São conjuntos de meios instrumentais e sociais, com
os quais o homem realiza sua vida, produz e, ao mesmo tempo, cria e recria o espaço. A técnica deve ser entendida na relação com
os modos de produção e nas relações de poder presentes em cada período histórico.
A temporalidade, por sua vez, pressupõe movimento. Sendo uma grandeza invisível, sua percepção se dá por meio dos
eventos naturais e culturais, usados como referência no estudo do espaço.
Ideologia e símbolos devem ser vistos a partir da realidade concreta, estão na estrutura do mundo e também nas coisas,
são um fator constitutivo da história. A ideologia produz símbolos, criados para fazer parte da vida real, e que frequentemente tomam
a forma de objetos. Desse modo, há objetos que já nascem como ideologia e como realidade ao mesmo tempo.
A paisagem é a forma como os homens organizaram um determinado espaço. Seja ela natural ou humanizada, está repleta
de conteúdos. Nela estão materializados eventos físicos, relações de trabalho e produção do passado e do presente. As paisagens
podem ser lidas/analisadas diretamente, até onde a vista alcança, ou por meio de gravuras, imagens ou textos descritivos. Segundo
Filizolla (2009),
507
Contemplar, descrever, analisar são exemplos de operações mentais envolvidas com seu estudo. A princípio, a paisagem
é tudo o que os nossos sentidos captam, percebem. Daí se afirmar que a paisagem é forma e cores, como também
odores, sons e tudo o mais que sentimos pelo tato. Contudo, um estudo mais sistemático da paisagem requer a
compreensão e o entendimento das razões que levaram uma paisagem a ser o que é, envolvendo os estudos de sua
construção. Assim, lugar e paisagem são dois conceitos que se entrelaçam e auxiliam na compreensão de ambos.
(FILIZOLLA, 2009, p. 110).
Desse modo, paisagem é o conjunto de forma que, em determinado momento, revelam as relações entre o homem e a
natureza em um determinado lugar. Assim, a paisagem é resultado do processo de construção do espaço; é a unidade visível do
lugar.
Pereira (2003) defende a paisagem como ponto de partida, pois ela traduz, em seu aspecto visível, o tipo de relação existente
entre sociedade e natureza. Segundo ele, “a paisagem é a forma e a Geografia tem como método de análise partir justamente da
paisagem, ou seja, da forma dos fenômenos porque os lugares são manifestações paisagísticas dos fenômenos sociais” (PEREIRA,
2003, p. 10). A paisagem é passível de ser apalpada, medida, representada e investigada em seus elementos. Seu aspecto visível é
apenas o ponto de partida, e a compreensão histórica de seus processos de produção é o ponto de chegada.
A configuração territorial é dada pelo conjunto formado pelos sistemas naturais existentes em um dado país ou em dada
área e pelos acréscimos que os homens superimpuseram a esses sistemas naturais. Santos (1996) destaca que “A configuração
territorial não é o espaço, já que sua realidade vem de sua materialidade, enquanto o espaço reúne a materialidade e a vida que a
anima” (SANTOS, 1996, p. 51). É construída historicamente. O território, por sua vez, está estreitamente relacionado às esferas do
poder político e econômico. O poder político estabelece fronteiras entre países (limites internacionais), bem como as subdivisões
estaduais e municipais. O poder econômico estabelece áreas de atuação relativas à produção de bens e serviços e que, em
consequência da globalização, está subordinado aos interesses de grupos econômicos internacionais, os quais, por meio de suas
redes, definem territórios. Também aos que envolvem interesses e disputas pelo espaço da cidade ou campo, como uma favela, um
acampamento de sem-terra, implantado pela necessidade das pessoas e outras formas de partilhamento do espaço, o qual nem
sempre se efetiva como área de ocupação oficial.
A divisão territorial do trabalho se realiza e se materializa nos lugares, criando hierarquias, conforme a capacidade de
produção e especialização diferenciando-os no modo de produzir das pessoas, empresas, governos e instituições, assim, conforme
destaca Santos (2008[1978]), “A cada movimento social, possibilitado pelo processo da divisão do trabalho, uma nova geografia se
estabelece, seja pela criação de novas formas de atender a novas funções, seja pela alteração funcional das formas já existentes.
Daí a estreita relação entre a divisão social do trabalho, responsável pelos movimentos da sociedade, e a sua repartição espacial”
(SANTOS, 2008[1978], p. 62).
508
As rugosidades são as marcas do passado, tanto da natureza quanto do trabalho humano que se evidenciam nas formas-
conteúdo.
Região refere-se a uma área ou a um espaço que foi dividido obedecendo a um critério específico. Trata-se de uma
elaboração racional humana para melhor compreender uma determinada área ou um aspecto dela. Assim, as regiões podem ser
criadas para realizar estudos sobre as características gerais de um território (as regiões brasileiras, por exemplo) ou para entender
determinados aspectos do espaço (as regiões geoeconômicas do Brasil para entender a economia brasileira). Para tanto, Ribeiro e
Gonçalves (2001) afirmam: “A região teria, com isso, em termos gerais, a sua configuração determinada pelos processos e relações
sociais de produção, perpetuados ao longo da história, assumindo assim estas partes características do movimento geral das formas
de produção e reprodução da sociedade, ou seja, da totalidade social reproduzida espacialmente” (RIBEIRO; GONÇALVES, 2001, p.
91).
Lugar é o espaço das vivências, do cotidiano, onde o homem inscreve os seus significados de vida. O lugar tem uma
identidade própria e com ele se estabelecem vínculos afetivos, identitários e de pertencimento. Trata-se de uma análise que pode ser
feita em diferentes escalas, local, regional, nacional e global. O lugar não se explica por si mesmo, porque contém relações culturais,
econômicas políticas, sociais e ideológicas que promovem as mudanças e permitem as permanências.
Rede diz respeito a toda infra-estrutura, permitindo o transporte de matéria, de energia ou de informação, e que se inscreve
sobre um território que se caracteriza pela topologia dos seus pontos de acesso ou pontos terminais, seus arcos de transmissão,
seus nós de bifurcação ou de comunicação.
Escalas estão relacionadas com a origem dos eventos que podem ser locais, regionais, estaduais, nacionais ou mundiais,
pois, conforme afirma Santos (2006), “Se considerarmos o mundo como um conjunto de possibilidades, o evento é um veículo de
uma ou algumas dessas possibilidades existentes no mundo. Mas o evento pode ser o vetor das possibilidades existentes numa
formação social, isto é, num país, numa região, ou num lugar, considerados esse país, essa região, esse lugar como um conjunto
circunscrito e mais limitado que o mundo” (SANTOS, 2006, p. 144).
A escala, portanto, precisa ser entendida no tempo e no espaço, considerando tanto os elementos naturais quanto os eventos
históricos, conjugados na relação homem, trabalho e produção.
É preciso pensar o espaço de modo que ofereça condições essenciais para a melhoria da qualidade do ambiente e da vida,
ou seja, um espaço sustentável, que esteja associado ao desenvolvimento econômico das atividades humanas e que concilie as
questões sociais e ambientais, garantindo a continuidade da vida. Ademais, deve-se observar para que a sustentabilidade atenda às
necessidades do hoje, sem comprometer as necessidades das gerações futuras nos aspectos econômicos, políticos, sociais,
tecnológicos e internacionais, entendendo-se como sujeito histórico e agente de transformações, o que implica criar uma situação de
pertencimento, isto é, criar atividades e ações que façam com que o aluno se sinta parte de um determinado espaço (que pode ser o
509
espaço da sala de aula). É importante, nesse sentido, fazer com que ele veja na sala de aula o seu espaço, o seu lugar, um espaço
em que organiza móveis, flores, mesas e até mesmo a organização de espaços ocupados pelos colegas, nos quais ele pode
interferir e mudar, interagindo com colegas e professores. Essa dimensão deve ser gradativamente ampliada para os outros
espaços que são objeto de estudo como a escola, a comunidade, a cidade, o município. Contudo, deve-se iniciar pelo espaço
próximo, ao qual, pelas vivências oportunizadas, o aluno sente-se pertencido. Essa situação de pertencimento ao lugar pode
alcançar muitas e variadas dimensões, passando pelo pertencimento de classe até chegar à dimensão planetária. O conhecimento
geográfico nesse nível pode oportunizar novas formas de pensar e interagir. Entretanto, a interação mediada pelo educador é um
processo que somente se concretiza quando conhecimento/reflexão e ação caminham juntos; por isso, o espaço vivenciado é
importante. De acordo com Kozel e Filizola (1996), “Primeiro a criança toma contato com o espaço de ação, que é o espaço vivido,
experimentado. A partir desse espaço próximo e concreto, vai construindo a noção de espaço percebido e concebido, mais abstratos,
que não são vivenciados diretamente” (KOZEL; FILIZOLA, 1996, p. 26), ou seja, as noções topográficas, projetivas e euclidianas.
Ao integrar as categorias analíticas externas e internas, bem como os recortes espaciais do estudo do espaço, contribui-se
para o desvendamento da realidade pelo aluno, assegurando um caráter mais geográfico, pois esses conceitos são estruturantes do
ensino da Geografia como o são também os de natureza, trabalho e sociedade, os quais devem ser construídos associados a
situações da realidade e das vivências humanas (conteúdos), de forma gradativa e processual. Cada um desses conceitos tem
forma, função, estrutura e processos específicos, isto é, estão historicamente situados no tempo e no espaço – têm a sua própria
História – e estão sempre inseridos em uma totalidade maior.
A conceituação de domínios territoriais, chamada de territorialidade, para os Anos Iniciais, é introduzida por meio da
percepção do espaço vivido e está relacionada à corporeidade, isto é, à compreensão do próprio corpo em movimento – corpo como
território –, e as suas possibilidades de interação com o meio: o espaço que ocupa em sala de aula, a escola, a casa como território e
as regras aí estabelecidas e, portanto, territorialidade é também a percepção que temos do poder exercido por um indivíduo ou, um
grupo, um modo de agir no âmbito de um dado espaço geográfico, sendo algo mais cultural do que físico - relações topográficas.
Essa concretude que se manifesta na paisagem, no lugar e na região deve ser também representada cartograficamente. A
cartografia possibilita a compreensão e a discussão das diferentes maneiras de ver o mundo. Na medida em que o aluno
representa pequenos espaços e codifica pequenos mapas, aprende a decodificar outros mapas, de escalas diferentes e dimensões
mais amplas. Essas atividades permitem ao aluno o conhecimento da linguagem cartográfica, conceitos relativos à legenda, à escala
e a toda linguagem simbólica que possibilita a leitura dos mapas e gráficos, instrumentos muito usados pela mídia e cuja leitura nem
sempre é processada como conhecimento. Metodologicamente, para que o aluno seja um bom leitor de mapas, deve ser
inicialmente um “fazedor” de mapas - relações euclidianas.
510
É importante considerar que, nos Anos Iniciais, os conteúdos das diversas áreas são tratados metodologicamente em uma
estreita relação dessas áreas entre si. O espaço vivido é conteúdo desenvolvido pela Educação Física, quando trabalha o corpo em
movimento e desenvolve a percepção direcional. É com esse trabalho iniciado na Educação Infantil que os conceitos de lateralidade
e percepção espacial são desenvolvidos - relações projetivas. Esses conceitos são necessários para a Geografia no campo da
orientação e da localização. A alfabetização, que possibilita a leitura de mundo por meio dos diferentes gêneros discursivos e o
domínio dos códigos escritos na disciplina de Língua Portuguesa, é uma habilidade imprescindível. Da mesma forma, os conteúdos
de Matemática, relativos aos conceitos de ordem, de sucessão, de inclusão, de sistema de medidas, de proporcionalidade e
reversibilidade e de tratamento de informação serão necessários para a compreensão na Geografia, de inclusão de espaços e de
escala. No campo das Ciências, os conteúdos relativos aos elementos físicos, orientação pelos astros, ecossistema e meio ambiente
que constituem o nosso planeta também são conhecimentos necessários às aprendizagens geográficas. No campo da História, por
exemplo, têm-se as relações que os homens estabelecem entre si e com a natureza por meio das mudanças e transformações
realizadas pela sociedade de acordo com as condições em cada época e espaço. O professor dos Anos Iniciais é privilegiado, nesse
sentido, pois transita pelas diferentes áreas, podendo, dessa forma, fazer as pontes entre as disciplinas e desenvolver um trabalho
que busque superar a fragmentação do conhecimento.
Salientamos, outrossim, que a integração entre as disciplinas ocorre por meio do método, na medida que buscarmos a
totalidade – a qual não significa conhecer todos os fatos, mas compreender as relações entre eles e o homem, o que se dá na
articulação entre as partes e dessas com o todo.
Quanto aos conteúdos propostos, importa salientar que partem do espaço vivido: escola, bairro, município, estado, o que não
significa que devam ser trabalhados linearmente. Ressaltamos que um trabalho linear impossibilita o desenvolvimento de um trabalho
pedagógico dentro de uma perspectiva dialética. O imediato e o concreto devem ser o ponto de encontro entre as lógicas locais e
globais, próximas e remotas. O importante são as relações que se estabelecem entre as diversas escalas espaciais. Quando
estudamos um fato geográfico em um recorte local (seja um fenômeno físico, social, econômico), devemos estabelecer as relações
com o estadual, o nacional e o global, não apenas como inclusão de espaços, mas compreendendo que o que acontece no lugar é
definido nessas escalas. Só o estabelecimento dessas relações é que vai garantir a compreensão do fenômeno em sua totalidade.
Metodologicamente, precisamos ir além da abordagem particularizada, pois o interesse da criança pode dar saltos que vão da escola,
da curiosidade sobre a rua até para um evento esportivo distante, para um planeta, um terremoto ou fenômeno de grande escala.
Portanto, não há como focar apenas em um nível escalar, mas em um “vai e vem” constante, ampliando o processo de expansão do
horizonte geográfico do aluno.
Os encaminhamentos dos estudos geográficos deverão, igualmente, orientar-se pelo princípio de que os processos de
produção do espaço são realizados segundo os interesses de uma dada sociedade em determinado momento histórico. Na
511
sociedade capitalista contemporânea, a produção de espaços locais está estreitamente relacionada aos espaços regionais e
internacionais. É preciso compreender a produção de espaços locais como ponto de encontro das lógicas local e global. Não se pode
esquecer que entre os fundamentos da globalização inclui-se que pensar, em termos globais, significa acreditar que as necessidades
dos consumidores são iguais em todo o planeta. A produção, apoiada na tecnologia, pode, por isso, ser padronizada. Entre outras
consequências, significa a possibilidade de desconsiderar a identidade dos indivíduos e povos, já que interferências (individual ou
coletiva) dos sujeitos locais na produção de espaços locais torna-se limitada.
A modernidade e a globalização são, de outro lado, dois paradigmas148 a serem levados em consideração, visto que
determinaram mudanças estruturais no mundo de hoje nas esferas socioeconômicas, culturais e geopolíticas, marcadas, sobretudo,
pelo uso das tecnologias informacionais. A globalização caracteriza o mundo contemporâneo, e não pode ser entendida somente no
campo da Geografia, mas incluída como dimensão da História e da Filosofia. O diálogo entre os conhecimentos produzidos na
Geografia, na História e na Filosofia, entre outros, é um exercício intelectual necessário para a superação da divisão da ciência e do
conhecimento nela produzido. No campo da Geografia, conhecer criticamente os processos sociais da produção do espaço implica a
inclusão dos conceitos de modernidade: globalização e glocalização e das suas consequências nas práticas sociais, sob pena da não
consolidação de avanços significativos na compreensão da realidade.
Captar historicamente o movimento em espiral da produção do conhecimento, de concepção de homem e de mundo, de
produção das configurações geográficas contemporâneas, analisá-las, interpretá-las e compreendê-las para a apreensão do real
vivido são contribuições a serem dadas pela Geografia. Conhecer os processos (não visíveis) da criação desses espaços significa
uma possibilidade de não perdê-los para outrem e uma possibilidade de não alienação. Assim, é essencial fazer uso dos
conhecimentos geográficos como um dos instrumentos políticos para o exercício da cidadania tanto local, como planetária.
Assim, se antes a Geografia inexistia como serviço à humanidade como um todo, hoje ela está a serviço da emancipação do
homem, em que todo o cidadão pode ser capaz de superar as dificuldades e melhorar suas condições de existência quando se tem
acesso a novos conhecimentos e possibilidades, e, grande parte disso, ocorre dentro da sala de aula. Sendo assim, como um ser
social, mediante a apropriação do saber, ele vai transformando sua realidade, visando a sua emancipação.
148
Paradigma: Paradigma é um termo com origem no grego “paradeigma”, que significa modelo, padrão. No sentido lato, corresponde a algo que vai servir de
modelo ou exemplo a ser seguido em determinada situação. Ver mais em http://www.significados.com.br/paradigma/.
512
2. OBJETIVO GERAL
Entender a produção dos espaços como processos sociais mediados pelo trabalho humano, por isso, ser capaz de
posicionar-se frente às desigualdades sociais por meio da leitura dos espaços produzidos e reconhecer-se como agente das
transformações desses espaços, buscando novas formas de interagir com o meio e com o outro, para garantir a emancipação
humana e a sustentabilidade planetária.
3. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS-METODOLÓGICOS
Considerando a escolha do materialismo histórico dialético como caminho para atingir os objetivos propostos, as
metodologias deverão nortear o trabalho com o conhecimento geográfico. Se o objetivo maior é formar um cidadão crítico, capaz de
posicionar-se frente às desigualdades sociais por meio da leitura dos espaços geográficos produzidos, tanto o espaço concreto como
o abstrato revelam-se igualmente como espaços vividos e são conteúdos pertinentes e significativos nas dimensões sociais, políticas,
econômicas e culturais da contemporaneidade explicitadas na concepção adotada nesta PPC.
Conhecer a realidade como um processo cada vez mais complexo e conhecer o espaço que é produzido a partir de
interesses cada vez mais hegemônicos é tão ou mais complexo ainda. Exige estudo e reflexão, produzindo novas formas de pensar,
incluindo escalas de análise que partem do local para o global, pois nisso se expressam as contradições e os conflitos que são
resultados de decisões tomadas, às vezes, internacionalmente. Além disso, os espaços que vêm sendo produzidos carregam a
marca do modo de produção capitalista que não leva em conta a finitude dos recursos naturais. A falta de cuidado com essas
questões pode fazer com que o encaminhamento metodológico dos conhecimentos geográficos contribua, e o que é pior, reforce a
reprodução pura e simples das práticas pedagógicas já existentes e, por consequência, não se opere qualquer mudança na prática
social. Pretendemos que a prática social esteja voltada para a sustentabilidade149,e que essa concepção fundamente a metodologia
presente no ensino da Geografia. Para compreender a influência dos homens sobre a organização dos espaços, optamos pela
Metodologia da Mediação Dialética (MMD, doravante).
Sentimos, ainda, na Geografia, como nas demais disciplinas, a herança do ensino positivista das definições, em que o
conceito científico é o produto pronto e acabado a ser passado ao aluno de forma fragmentada, cabendo a ele a tarefa de articular os
sistemas e compreender o todo. Também são partes dessa herança desconsiderar o conhecimento do aluno, o erro de não
incorporar a contradição e de não considerar o processo da produção do conhecimento científico.
Assim sendo, nos fundamentos do materialismo histórico dialético têm-se por princípio a necessidade da mediação como
categoria central da abordagem didática, pois é por meio da mediação que se estabelece entre professor e aluno que se imprime a
149
O conceito de sustentabilidade comporta alguns aspectos principais: sustentabilidade econômica, política, social, cultural e ambiental equilibrada, que
satisfaça as necessidades das gerações atuais, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer suas próprias necessidades.
513
perspectiva dialética ao conhecimento, que tem como foco o movimento e as relações que se processam na passagem do
conhecimento empírico para o saber a ser ensinado, conforme pontuam Almeida, Oliveira e Arnoni (2007).
Nessa metodologia, o ensino e a aprendizagem são relações distintas; o ensino é a relação que o professor estabelece com o
conhecimento (mediato), e a aprendizagem refere-se a relação que o aluno estabelece com o conhecimento (imediato). O professor,
dominando o conhecimento científico, faz o processo descendente, puxando o aluno para que esse ascenda ao conhecimento
científico ou saber cientificamente elaborado (mediato). Então, procurarmos a inversão de raciocínio de “só há ensino quando ocorre
a aprendizagem” para “a aprendizagem decorre do ensino”. Nessa compreensão, o professor medeia com seus alunos e garante as
condições para que os alunos medeiem com ele.
Já temos claro que, em uma aula, a ação de ensinar não constitui a mera transmissão ou declamação do conceito científico
da Ciência de referência, no caso a Geografia, e nem a sua simplificação. Para Arnoni et al. (2004), “O ensinar deve estar
compromissado com o aprender e, para isso, torna-se necessário realizar a transformação do conceito científico da área de
referência, em conteúdo de ensino desta, para que ele se torne ensinável (ensino-professor), compreensível (aprendizagem-aluno) e
preservador do conhecimento científico, um bem cultural” (ARNONI et al., 2004, p. 341).
Portanto, a mediação dialética é método, uma metodologia e uma lógica. Requer a superação do imediato (o saber do
cotidiano) pelo mediato (o saber cientificamente elaborado). A mediação é o resultado de uma relação de dois elementos opostos
(conhecimento ordenado e conhecimento empírico). A MMD está centralizada na problematização de situações pedagógicas
organizadas de forma a:
a) Gerar contradições entre o ponto de partida (saber imediato) e o ponto de chegada desses processos (saber mediato);
b) Promover a superação do saber imediato no mediato;
c) Possibilitar a elaboração de sínteses pelos alunos (aprendizagem);
d) Essa síntese elaborada pelo aluno no ponto de chegada representa o saber aprendido, mais articulado e menos imediato
que o do ponto de partida.
A aprendizagem passa por três níveis: imediato – abstração – concreto pensado ou mediato. O saber imediato – o ponto
de partida – refere-se às representações que o aluno traz sobre o conceito científico a ser ensinado. O conhecimento dele, mesmo
que precário, não pode ser desconsiderado pelo educador. O saber mediato é o saber científico que se pretende ensinar para lhe
potencializar a elaboração de novas sínteses. O aluno compreende o processo de produção do conhecimento e o seu significado
teórico e prático, sendo capaz de estabelecer relações a partir do entendimento de sua realidade, materializando-a em pensamento
por meio de diversas linguagens (verbal, escrita, estética etc.). Assim, adquire autonomia na problematização e na busca de solução
dos problemas. O ponto de chegada torna-se imediatamente em um novo ponto de partida para novas aprendizagens.
514
Didaticamente, a “MMD é composta por etapas, interligadas, denominadas de Resgatando/ Registrando, Problematizando,
Sistematizando e Produzindo, conforme representado no Diagrama a seguir.
PROBLEMATIZANDO SISTEMATIZANDO
Contradição entre o saber Diálogo da “situação-
imediato do aluno problema” e discussão do
RESGATANDO PROBLEMATIZANDO
(resgatando) e o conteúdo conceito científico PRODUZINDO
Registro da científico Elaboração de síntese Expressão da síntese
representação do Situação-problema (saber aprendido) elaborada pelo aluno,
imediato do aluno,Contradição
em entre o saber imediato do aluno (resgatando) e o conteúdo saber
científico
mediato
relação ao conceito Ponto de chegada
científico ensinado
Ponto de partida Situação-problema Fonte:
CONTEUDO DE Arnoni et al.
ENSINO (2004).
Em uma aula, a ação de ensinar não constitui a mera transmissão ou declaração do conceito científico da Ciência de referência, e nem a sua simplificação. O ensinar
deve estar compromissado com o aprender e, para isso, torna-se necessário realizar a transformação do conceito científico da área de referência, em conteúdo de
ensino desta, para que ele se torne ensinável (ensino-educador), compreensível (aprendizagem-educando) e preservador do conhecimento científico, um bem
cultural. Esse complexo processo de transformação se expressa na MMD, que considera distintos os processos de ensino e de aprendizagem, pressupondo-os
centrados na organização metodológica do conteúdo de ensino, por intermédio de situações capazes de gerar contradições entre o ponto de partida (plano do
imediato) e o ponto de chegada (plano do mediato) da prática educativa – a aula-, provocando a superação do imediato (conhecimento aparentemente
fragmentado, desarticulado) no mediato (conhecimento articulado, com múltiplas relações), possibilitando, assim, a aprendizagem por elaboração de sínteses
(conhecimento aprendido).
1ª etapa: RESGATANDO/registrando – resgatar tem o sentido de retomar as ideias iniciais sobre o conteúdo de ensino. É a
representação do conhecimento imediato, a visão da totalidade empírica. É buscar um mesmo ponto de partida provisoriamente
comum ao professor e ao aluno. É uma mobilização para a pesquisa/descoberta: o professor apresenta aos alunos atividades
diversas em diferentes linguagens, que envolvam o conteúdo trabalhado. Ao desenvolvê-las, eles representam suas ideias iniciais.
Pode ser por meio de observação do objeto/configuração geográfica (rua, escola, bairro, cidade, meios de transporte e outros), a
partir de estudos do meio, questionamentos, círculo de conversa, entrevistas etc. O registro se constitui de textos, de desenhos,de
relatos etc., sobre o ambiente circundante, fundamentais para definir o segundo momento da MMD.
515
2ª etapa: PROBLEMATIZANDO – refere-se à confrontação entre o que os alunos sabem e o conhecimento científico a ser
ensinado, discutindo-se os problemas postos pela prática social ou pelo conteúdo. O professor pode questionar o espaço estudado, a
sua história, por quem e por que foram construídos, quais os problemas sociais e espaciais originados pela ação do homem.
Problematizar é provocar questionamentos sobre o assunto, é uma atividade planejada pelo professor a partir dos conhecimentos
iniciais dos alunos e dirigida para compreensão do conhecimento científico. De acordo com Almeida, Oliveira e Arnoni (2007),
[...] a problematização explicita a divergência entre saberes tencionando-os pela contradição, bem como estimula o aluno
a pensar e elaborar soluções por intermédio de seus saberes disponíveis e, simultaneamente, leva-o a perceber que seus
saberes iniciais não são suficientes para a resposta suscitada. Essa contradição, além de gerar necessidade cognitiva
(motivação), cria possibilidades para o sujeito investigar e buscar novas relações. (ALMEIDA; OLIVEIRA; ARNONI, 2007,
p. 151).
3ª etapa: SISTEMATIZANDO - refere-se ao diálogo entre a problematização e o conhecimento científico a ser ensinado. São
as ações docentes necessárias para a construção do conhecimento, ou seja, as relações estabelecidas entre o aluno e o objeto do
conhecimento mediado pelo professor. Além disso, indica a busca sistemática de informações técnicas, científicas, oficiais com
auxílio da pesquisa (Análise de textos, imagens, entrevistas, material gráfico e cartográfico, construção de material como croquis, pré-
mapas, plantas baixas, linhas do tempo etc.). Estabelece-se, nesse sentido, um diálogo com o saber científico que “responde” à
problematização. O professor explora, então, os conceitos geográficos e propõe a discussão sobre o significado dos textos didáticos,
paradidáticos e outras fontes de pesquisa, além da produção de texto sobre o conteúdo estudado.
4ª etapa PRODUZINDO - refere-se à síntese elaborada pelo aluno, ao saber mediato, à superação do conhecimento
empírico/imediato. É uma expressão da síntese cognitiva. É importante, para tanto, produzir situações de ensino para que o aluno
possa expressar-se com diferentes linguagens o saber elaborado ( em forma de desenhos, tabelas, mapas conceituais, mapas
mentais, gráficos, maquetes, esculturas com massinha, pintura, colagens, painéis, fotos, internet – laboratório de informática), ou
seja, a síntese do conhecimento científico por ele apropriado. Nessa etapa, é fundamental que fique claro a aprendizagem do aluno
e, por isso, o peso na produção textual. Não obstante, é importante que ela seja valorizada, inicialmente, como expressão dos
saberes relacionados aos conteúdos, e que o texto seja de fato uma produção do aluno e não a cópia de conceitos. Por esse motivo,
o parâmetro de avaliação é comparar a produção do aluno em todos os momentos da MMD.
516
4. CONTEÚDOS
GEOGRAFIA – 1º ANO
UNIDADES OBJETOS DE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
(EF01GE01) Descrever características observadas de seus lugares de vivência (moradia, escola etc.) e identificar
semelhanças e diferenças entre esses lugares.
O sujeito e seu O modo de vida das crianças
lugar no mundo em diferentes lugares. Perceber que a produção da vida humana se dá na superfície do planeta Terra, através da ocupação e
modificação do espaço original, resultando na produção do espaço geográfico.
Compreender que o espaço geográfico é formado por criações da natureza e por criações humanas.
Analisar a rotina diária em cada espaço, entendendo a importância e a necessidade dessa organização.
(EF01GE02) Identificar semelhanças e diferenças entre jogos e brincadeiras de diferentes épocas e lugares.
Situações de convívio em (EF01GE03) Identificar e relatar semelhanças e diferenças de usos do espaço público (praças, parques) para o lazer e
diferentes lugares. diferentes manifestações.
Reconhecer, a partir dos espaços de vivências das crianças, quais são e a diferenciação entre os espaços
públicos e privados identificando suas finalidades.
Explorar os espaços da escola (pátio, parquinho, biblioteca, quadra esportiva, etc. entendendo o uso e a
necessidade dos mesmo.
Compreender o uso do tempo e do espaço em diferentes épocas e lugares (Pesquisa com a família, uso de
imagens, objetos).
(EF01GE04) Discutir e elaborar, coletivamente, regras de convívio em diferentes espaços (sala de aula, escola etc.).
(EF01GE05) Observar e descrever ritmos naturais (dia e noite, variação de temperatura e umidade etc.) em diferentes
escalas espaciais e temporais, comparando a sua realidade com outras.
Observar e compreender como as variações de tempo meteorológico interferem na paisagem e nas atividades
familiares e escolares do aluno.
517
Perceber que o tempo cronológico possui certa organização: ordem/sequência/sucessão (antes, durante, depois),
duração dos períodos (períodos longos e períodos curtos), renovação cíclica de certos períodos (dia e noite), ritmo
(rápido, devagar), simultaneidade (ao mesmo tempo em que) e irreversibilidade (não volta).
Analisar a organização do tempo cronológico em casa e na escola, entendendo a rotina diária em cada espaço, a
importância e a necessidade dessa organização.
(EF01GE06) Descrever e comparar diferentes tipos de moradia ou objetos de uso cotidiano (brinquedos, roupas,
mobiliários), considerando técnicas e materiais utilizados em sua produção.
Mundo do trabalho Diferentes tipos de trabalho (EF01GE07) Descrever atividades de trabalho relacionadas com o dia a dia da sua comunidade.
existentes no seu dia a dia.
Discutir a divisão do trabalho, as funções desempenhadas na casa/escola, a importância do mesmo para a
organização do espaço.
(EF01GE08) Criar mapas mentais e desenhos com base em itinerários, contos literários, histórias inventadas e
brincadeiras.
Analisar o espaço da sala de aula e outros espaços vivenciados e representá-los através de maquete e desenhos.
Fazer a representação gráfica (dobraduras, desenhos - legendas) dos tempos vividos na escola.
(EF01GE10) Descrever características de seus lugares de vivência relacionadas aos ritmos da natureza (chuva, vento,
calor, etc.).
518
Natureza, Condições de vida nos
ambientes e lugares de vivência. (EF01GE11) Associar mudanças de vestuário e hábitos alimentares em sua comunidade ao longo do ano, decorrentes
qualidade de vida da variação de temperatura e umidade no ambiente.
GEOGRAFIA – 2º ANO
UNIDADES OBJETOS DE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
(EF02GE02) Comparar costumes e tradições de diferentes populações inseridas no bairro ou comunidade em que vive,
reconhecendo a importância do respeito às diferenças.
Riscos e cuidados nos meios (EF02GE03) Comparar diferentes meios de transporte e de comunicação, indicando o seu papel na conexão entre
de transporte e de lugares, e discutir os riscos para a vida e para o ambiente e seu uso responsável.
comunicação.
Verificar quais os principais meios de transporte e de comunicação utilizados pela família no bairro/comunidade.
Identificar as orientações (sinais de trânsito, cuidados) ao utilizar meios de transportes, conforme Lei nº 9.503, de
23 de setembro de 1997, que institui o Código de Trânsito Brasileiro.
Conhecer os espaços de circulação no bairro/comunidade (ruas, praças, avenidas), articulando com a Unidade
Temática: Formas de Representação e Pensamento Espacial.
Experiências da comunidade (EF02GE04) Reconhecer semelhanças e diferenças nos hábitos, nas relações com a natureza e no modo de viver de
Conexões e escalas no tempo e no espaço. pessoas em diferentes lugares.
Identificar os elementos naturais e culturais do espaço geográfico, destacando as semelhanças e diferenças nos
hábitos (relação com a natureza e modo de vida) em diferentes lugares.
(EF02GE05) Analisar mudanças e permanências, comparando imagens de um mesmo lugar em diferentes tempos.
Mudanças e permanências.
Analisar o tempo e as sequências de tempo no ambiente escolar, destacando a organização temporal: antes,
durante, depois, simultaneidade, permanência.
Compreender tempo vivido, tempo de brincar, lanchar, estudar etc. e o tempo de trabalho das pessoas na escola.
519
(EF02GE06) Relacionar o dia e a noite a diferentes tipos de atividades sociais (horário escolar, comercial, sono etc.).
Mundo do trabalho Tipos de trabalho em lugares
e tempos diferentes. Analisar as mudanças e permanência nas relações e tipos de trabalho em épocas e tempos (diurno, noturno)
diferentes.
Identificar e analisar o trabalho nos diferentes ambientes: casa, escola, vizinhança, bairro.
(EF02GE08) Identificar e elaborar diferentes formas de representação (desenhos, mapas mentais, maquetes) para
representar componentes da paisagem dos lugares de vivência.
Representar através de maquete (visão tridimensional) elementos culturais (casas, estabelecimentos comerciais,)
Formas de Localização, orientação e e naturais (árvores) do meio em que vive.
representação e representação espacial.
pensamento Transpor para a visão bidimensional (mapas, desenhos) as representações tridimensionais, as representações
espacial espaciais, trabalhando com as noções de proporção.
(EF02GE09) Identificar objetos e lugares de vivência (escola e moradia) em imagens aéreas e mapas (visão vertical) e
fotografias (visão oblíqua).
Observar imagens aéreas para que o aluno possa traçar, por exemplo, o caminho da sua casa até a escola,
incluindo nessa representação, elementos constitutivos dos mapas, como legenda, título.
Compreender que as coisas e os lugares podem ser representados de diferentes pontos de vista, entendendo que
nos mapas é utilizado o ponto de vista vertical.
(EF02GE10) Aplicar princípios de localização e posição de objetos (referenciais espaciais, como frente e atrás, esquerda
e direita, em cima e embaixo, dentro e fora) por meio de representações espaciais da sala de aula e da escola.
Identificar as diferentes formas de representação (desenhos, mapas mentais, maquetes,) com noções de
proporção e legenda.
Representar o ambiente familiar e escolar, da rua, do trajeto casa-escola, destacando a localização e posição dos
objetos, móveis, nessas representações.
Os usos dos recursos (EF02GE11) Reconhecer a importância do solo e da água para a vida, identificando seus diferentes usos (plantação e
Natureza, naturais: solo e água no extração de materiais, entre outras possibilidades) e os impactos desses usos no cotidiano da cidade e do campo.
ambientes e campo e na cidade.
520
qualidade de vida Verificar o uso da água, do solo e demais recursos naturais nas diferentes atividades da sua comunidade/bairro,
destacando a importância para uma vida saudável e os impactos causados na cidade e no campo, conforme
parecer das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental.
GEOGRAFIA – 3º ANO
UNIDADES OBJETOS DE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
(EF03GE01) Identificar e comparar aspectos culturais dos grupos sociais de seus lugares de vivência, seja na cidade,
seja no campo.
Estabelecer semelhanças e diferenças no modo de vida da área urbana e rural compreendendo as relações de
O sujeito e seu A cidade e o campo: interdependência que se estabelecem entre esses espaços, os quais estão organizados de acordo com sua
lugar no mundo aproximações e diferenças. finalidade.
(EF03GE02) Identificar, em seus lugares de vivência, marcas de contribuição cultural e econômica de grupos de
diferentes origens.
Reconhecer a importância da herança cultural dos grupos étnicos que formam a população local, atendendo a Lei
nº 11.645, de 10 de março de 2008, que inclui no currículo da rede de ensino, a obrigatoriedade da temática:
História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena.
(EF03GE03) Reconhecer os diferentes modos de vida de povos e comunidades tradicionais em distintos lugares.
Destacar os principais aspectos naturais e culturais presentes nos grupos sociais de sua comunidade/bairro, o
modo de vida na área rural e urbana, das comunidades tradicionais e relações de interdependência.
Conhecer as principais contribuições culturais e econômicas de grupos de diferentes origens e sua contribuição,
suas formas de organização e características (naturais e antrópicas) do bairro.
(EF03GE04) Explicar como os processos naturais e históricos atuam na produção e na mudança das paisagens naturais
e antrópicas nos seus lugares de vivência, comparando-os a outros lugares.
Conexões e escalas Paisagens naturais e
antrópicas em Identificar os elementos naturais do bairro/comunidade (relevo, hidrografia, vegetação, solo) analisando o uso e as
transformação. transformações, os processos naturais e históricos na produção das paisagens.
Traçar linha do tempo das mudanças e permanências do bairro/comunidade, contextualizando: uso do tempo na
área rural e urbana, modificações das paisagens naturais/culturais.
Caracterizar o espaço/tempo na escola: horário de uso dos diferentes espaços (biblioteca, quadra, refeitório,)
bimestre, semestre, calendário escolar.
521
(EF03GE05) Identificar alimentos, minerais e outros produtos cultivados e extraídos da natureza, comparando as
Mundo do trabalho Matéria-prima e indústria. atividades de trabalho em diferentes lugares.
Caracterizar a vocação econômica do município em função das atividades que desenvolveu no passado e a que
ainda desenvolve.
Identificar os principais tipos de trabalho nos diferentes ambientes: rua, comunidade/bairro, destacando as
relações sociais decorrentes da organização do trabalho.
Trabalhar com imagens aéreas para entender a inclusão de espaços e identificar o bairro, município.
Formas de Representações
representação e cartográficas. (EF03GE07) Reconhecer e elaborar legendas com símbolos de diversos tipos de representações em diferentes escalas
pensamento cartográficas.
espacial
Ler as representações feitas em diferentes mapas temáticos do bairro, município, a partir da legenda.
Identificar as direções cardeais a partir do corpo como referência, do lugar que ocupa e de outros pontos de
referência.
Identificar, na planta baixa da comunidade/bairro, a localização da sua escola, a direção da sua casa a partir de
um ponto de referência dado, outros elementos presentes nessa representação.
Desenvolver as noções de proporção e escala (medidas não convencionais), de inclusão de espaços, legenda.
(EF03GE08) Relacionar a produção de lixo doméstico ou da escola aos problemas causados pelo consumo excessivo e
construir propostas para o consumo consciente, considerando a ampliação de hábitos de redução, reuso e
Natureza, Produção, circulação e reciclagem/descarte de materiais consumidos em casa, na escola e/ou no entorno.
ambientes e consumo.
qualidade de vida Comparar a produção do lixo doméstico e escolar e nas diferentes atividades econômicas, relacionado ao
consumo consciente, redução, reuso e reciclagem/descarte.
Conhecer como são tratadas as questões ambientais no bairro/comunidade: coleta de lixo, programas de
reciclagem, atuação (conscientização) da sociedade.
522
Impactos das atividades (EF03GE09) Investigar os usos dos recursos naturais, com destaque para os usos da água em atividades cotidianas
humanas. (alimentação, higiene, cultivo de plantas etc.), e discutir os problemas ambientais provocados por esses usos.
(EF03GE10) Identificar os cuidados necessários para utilização da água na agricultura e na geração de energia de modo
a garantir a manutenção do provimento de água potável.
Identificar os recursos naturais presentes em seu bairro/comunidade, verificando o uso desses recursos, bem como
analisar os problemas causados por esse uso.
Conhecer os usos dos recursos naturais, as consequências causadas pelos impactos sobre o ambiente físico
devido a atividade econômica na área urbana e rural: uso da água na agricultura, na geração de energia, nas
atividades industriais, conforme emana o parecer das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Ambiental.
Analisar as consequências ambientais causadas pela transformação dos ambientes, compreendendo que essas
mudanças se dão em função das necessidades e interesses humanos.
(EF03GE11) Comparar impactos das atividades econômicas urbanas e rurais sobre o ambiente físico natural, assim
como os riscos provenientes do uso de ferramentas e máquinas.
GEOGRAFIA – 4º ANO
(EF04GE01) Selecionar, em seus lugares de vivência e em suas histórias familiares e/ou da comunidade, elementos de
distintas culturas (indígenas, afro-brasileiras, de outras regiões do país, latino-americanas, europeias, asiáticas etc.),
valorizando o que é próprio em cada uma delas e sua contribuição para a formação da cultura local, regional e brasileira.
Território e diversidade
cultural. Identificar no seu município, as correntes migratórias que ocorreram no Brasil que trouxerem as famílias para a
Região Oeste do Paraná, atendendo a Lei nº 11.645, de 10 de março de 2008, que inclui no currículo da rede
de ensino, a obrigatoriedade da temática: História e Cultura Afro-Brasileira e indígena.
(EF04GE02) Descrever processos migratórios e suas contribuições para a formação da sociedade brasileira, levantando
as origens dos principais grupos de formação populacional do Brasil, relacionados aos fluxos migratórios, dando ênfase
O sujeito e seu Processos migratórios no à formação do Paraná.
lugar no mundo Brasil e no Paraná.
Caracterizar os fatores (políticos, econômicos, sociais, naturais) que influenciam nos processos migratórios.
Destacar a origem dos principais grupos que migraram para o Paraná, para a região, sua contribuição e fatores
que influenciaram nesse processo.
523
Analisar a construção da Usina de Itaipu que contribuiu para o processo migratório na Região Oeste do Paraná.
(EF04GE03) Distinguir funções e papéis dos órgãos do poder público municipal e canais de participação social na
Instâncias do poder público e gestão do Município, incluindo a Câmara de Vereadores e Conselhos Municipais.
canais de participação social.
Identificar os serviços públicos prestados pelos Órgãos Municipais, destacando sua função, papéis que
desempenham, importância e manutenção através dos impostos pagos pela população.
Conhecer quais as instâncias do poder público, as leis e estatutos que regem a vida dos munícipes e os canais de
participação social.
Tomar conhecimento de leis e estatutos que permeiam a vida da população do município e quais a importância
dessas para a sociedade, como a Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, que dispões sobre, Estatuto do Idoso e
Lei 8.069 de 13 de julho de 1990 que dispõe sobre o ECA.
Conexões e escalas Relação campo e cidade. (EF04GE04) Reconhecer especificidades e analisar a interdependência do campo e da cidade, considerando fluxos
econômicos, de informações, de ideias e de pessoas.
Unidades político- (EF04GE05) Distinguir unidades político-administrativas oficiais nacionais (Distrito, Município, Unidade da Federação e
administrativas do Brasil. grande região), suas fronteiras e sua hierarquia, localizando seus lugares de vivência.
Compreender a inclusão de espaços, identificando nos mapas: o seu município, a sua região, o seu Estado.
Identificar os outros estados da Federação, sua capital, sigla, região, fronteira.
(EF04GE06) Identificar e descrever territórios étnico-culturais existentes no Brasil, tais como terras indígenas e de
Territórios étnico-culturais. comunidades remanescentes de quilombos, reconhecendo a legitimidade da demarcação desses territórios.
Identificar, na cadeia produtiva do seu município (agricultura, pecuária, indústria, agroindústria, comércio,
serviços,) a interdependência campo/cidade, o processo de produção e circulação de diferentes produtos.
524
(EF04GE09) Utilizar as direções cardeais na localização de componentes físicos e humanos nas paisagens rurais e
urbanas.
Sistema de orientação.
Adquirir noções de orientação e localização, partindo das direções cardeais, compreendendo a inclusão do
município no Estado, no país, no mundo.
(EF04GE10) Comparar tipos variados de mapas, identificando suas características, elaboradores, finalidades, diferenças
Elementos constitutivos dos e semelhanças.
mapas.
Fazer leitura de mapas temáticos, considerando o mesmo espaço físico (do estado, do município) e as diferentes
representações (físicos, políticos, sistema viário etc.).
Fazer a leitura de mapas tomando os elementos constitutivos (legenda, coordenadas cartesianas, escala, título,
orientação e fonte) como parâmetro para o entendimento do espaço real.
(EF04GE11) Identificar as características das paisagens naturais e antrópicas (relevo, cobertura vegetal, rios etc.) no
Natureza, Conservação e degradação ambiente em que vive, bem como a ação humana na conservação ou degradação dessas áreas.
ambientes e da natureza.
qualidade de vida Identificar as ações humanas que provocam alterações no ambiente físico: uso do solo e das águas no campo e
na cidade, tecnologias aplicadas na organização e produção dos espaços.
Analisar o uso do solo e da água no espaço rural e urbano, relacionando esse uso com a e as consequências
ambientais e a necessária conscientização de ações que viabilizem a qualidade de vida e a sua sustentabilidade
no Planeta, conforme emana o parecer das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental.
525
GEOGRAFIA – 5º ANO
UNIDADES OBJETOS DE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
(EF05GE01) Descrever e analisar dinâmicas populacionais na Unidade da Federação em que vive, estabelecendo
O sujeito e seu Dinâmica populacional. relações entre migrações e condições de infraestrutura.
lugar no mundo
Compreender as dinâmicas populacionais no Paraná – migrações e infraestrutura, identificando as diferenças étnico-
raciais e étnico-culturais e as desigualdades sociais, atendendo também a Lei nº 11.645, de 10 de março de
2008, que inclui no currículo da rede de ensino, a obrigatoriedade da temática: História e Cultura Afro-Brasileira e
Indígena.
Diferenças étnico-raciais e (EF05GE02) Identificar diferenças étnico-raciais e étnico-culturais e desigualdades sociais entre grupos em diferentes
étnico-culturais e territórios.
desigualdades sociais.
Observar as condições de saúde, educação, produção e acesso a bens e serviços, entre as diferentes
comunidades.
(EF05GE03) Identificar as formas e funções das cidades e analisar as mudanças sociais, econômicas e ambientais
Conexões e escalas Território, redes e provocadas pelo seu crescimento.
urbanização.
EF05GE04) Reconhecer as características da cidade e analisar as interações entre a cidade e o campo e entre cidades
na rede urbana.
Analisar as características, formas e funções das cidades, sua interação com o campo e com outras cidades, bem
como, a distribuição de bens e serviços.
(EF05GE05) Identificar e comparar as mudanças dos tipos de trabalho e desenvolvimento tecnológico na agropecuária,
na indústria, no comércio e nos serviços.
Mundo do trabalho Trabalho e inovação (EF05GE06) Identificar e comparar transformações dos meios de transporte e de comunicação.
tecnológica.
(EF05GE07) Identificar os diferentes tipos de energia utilizados na produção industrial, agrícola e extrativa e no cotidiano
das populações.
Estabelecer relação entre o antes e o depois no desenvolvimento das tecnologias e a sua importância nos
diferentes setores da economia.
Caracterizar os tipos de trabalho desenvolvidos nas diferentes atividades produtivas, estabelecendo comparações
entre: trabalho no passado e nos dias de hoje, mercado consumidor, interdependência campo/cidade, entre
regiões, entre países, instrumentos/ferramentas de trabalho.
Compreender o papel das redes de transportes e comunicação, das fontes de energia, para o desenvolvimento
das atividades produtivas e para a integração entre cidades e o campo com vários lugares do mund;.
526
Inserir o Paraná e a região no processo produtivo do Brasil, construindo uma linha do tempo, das fases da
ocupação e exploração do espaço, relacionando recursos naturais presentes que impulsionaram o processo, tipos
de atividades que se desenvolveram, a relação: extrativismo, atividades agrícolas e pecuárias, com a
industrialização e o crescimento urbano.
Caracterizar tipos de indústrias, áreas (cidades/regiões) industriais, estabelecendo relações com deslocamentos
populacionais, trabalho, rede de transporte, poluição.
Compreender como o papel das redes de transportes e comunicação para a integração entre cidades e o campo
com vários lugares do mundo.
Entender os fusos horários ou zonas horárias e a importância desses nas relações comerciais que se estabelecem
entre países, nas transmissões via meios de comunicação.
(EF05GE08) Analisar transformações de paisagens nas cidades, comparando sequência de fotografias, fotografias
aéreas e imagens de satélite de épocas diferentes.
Mapas e imagens de satélite. Destacar semelhanças e diferenças em relação a ritmos das mudanças.
Traçar comparações através de imagens (fotografias antigas, vídeos, fotos aéreas) das transformações ocorridas
Formas de no espaço, no decorrer do tempo do processo de ocupação, exploração e produção do espaço paranaense, tanto
representação e no meio rural, quanto urbano, caracterizando as transformações na paisagem natural e cultural.
pensamento
espacial (EF05GE09) Estabelecer conexões e hierarquias entre diferentes cidades, utilizando mapas temáticos e representações
gráficas.
Representação das cidades
e do espaço urbano. Utilizar mapas, croquis, plantas, imagens de satélites, fotografias aéreas, desenvolvendo noções e conceitos
básicos de cartografia, para a identificação de dados naturais e socioeconômicos.
Entender a inclusão de espaço, partindo do seu espaço de vivência, para espaços regionais, globais (município,
estado, pais, mundo).
Fazer leitura de mapas temáticos, caracterizando: limites políticos, sistema viário, (entroncamentos de rodovias,
ferrovias, aeroportos), compreendendo a hierarquia urbana e a escala de subordinação que ocorre entre as
cidades (cidades pequenas, cidades grandes, centros comerciais, industriais).
Adquirir noções de orientação e localização, utilizando as direções cardeais, das coordenadas geográficas, de
escalas convencionais, (localização das cidades, do estado).
Compreender a origem dos fusos horários, relacionando-os com os movimentos de rotação, e analisar a
527
interferência desses na organização do espaço.
Identificar as linhas terrestres da Terra, o sistema de coordenadas e sua importância para a localização no espaço
nos dias de hoje (GPS).
Interpretar as conexões e diferenças entre os municípios utilizando mapas, croquis, plantas, imagens de satélites,
fotografias aéreas, desenvolvendo noções e conceitos básicos de cartografia, para a identificação de dados
naturais e socioeconômicos.
Qualidade ambiental. (EF05GE10) Reconhecer e comparar atributos da qualidade ambiental e algumas formas de poluição dos cursos de
água e dos oceanos (esgotos, efluentes industriais, marés negras etc.).
Compreender o impacto das ações humanas sobre a natureza do ponto de vista socioambiental, como abuso e
Natureza, desperdício da água, do solo, nas atividades econômicas.
ambientes e
qualidade de vida Diferentes tipos de poluição. (EF05GE11) Identificar e descrever problemas ambientais que ocorrem no entorno da escola e da residência (lixões,
indústrias poluentes, destruição do patrimônio histórico etc.), propondo soluções (inclusive tecnológicas) para esses
problemas.
Conhecer os tipos e fatores que provocam a poluição: da água (rios, oceanos), do ar do solo, atendendo ao
disposto no parecer das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental
Conhecer as zonas climáticas da terra, caracterizando o clima do seu estado e as consequências provocadas pelo
desmatamento, pela poluição, pelo aquecimento, pelo empobrecimento do solo (erosão), pelos transbordamentos
dos rios, alagamentos nas cidades.
(EF05GE12) Identificar órgãos do poder público e canais de participação social responsáveis por buscar soluções para a
melhoria da qualidade de vida (em áreas como meio ambiente, mobilidade, moradia e direito à cidade) e discutir as
propostas implementadas por esses órgãos que afetam a comunidade em que vive.
Gestão pública da qualidade
de vida. Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos.
Identificar os serviços públicos prestados pelo Poder Municipal, destacando sua função, papéis que
desempenham, discutindo os conceitos de cidadania, caracterizando os canais de participação social, atendendo a
Resolução nº 1, de 30 de maio de 2012, que estabelece as Diretrizes nacionais para a Educação em Direitos
Humanos.
5. AVALIAÇÃO
528
O ensino da Geografia, nesta PPC, orienta-se para a análise crítica e para a compreensão dos processos de produção do
espaço, das diferentes formas de organização social que se estabelecem pelo processo de trabalho e pela lógica que estrutura a
sociedade, considerando que cada conteúdo apresenta conceitos básicos a serem desenvolvidos. A avaliação deve superar seu
caráter autoritário, amarrado quase exclusivamente à classificação, para estar de acordo com os objetivos pretendidos, a qual se dá
por meio de um processo de intervenção contínua, diagnóstica e processual, de modo que ofereça ao aluno várias possibilidades de
demonstrar seu aprendizado. Assim, a partir da seleção criteriosa de conteúdos/conceitos, o professor deve definir os critérios a
serem utilizados para avaliar o conhecimento adquirido pelos alunos no processo de ensino e de aprendizagem. Dessa forma,
entende-se a avaliação como um processo educacional que promove a aprendizagem e que se constitui num processo formador, a
qual deve estimular o raciocínio, acionar a reflexão e a criatividade, provocar julgamentos e promover linhas de pensamentos das
quais, professor e aluno, gradativamente, possam compor, resolver, criar alternativas e inserir-se crítica e ativamente na realidade
estudada.
A definição dos instrumentos avaliativos, bem como os critérios de avaliação dentro da MMD, tem especificidades a serem
levadas em conta: para avaliar na MMD, é fundamental o acompanhamento passo a passo de cada uma das etapas. Já a partir dos
registros do RESGATANDO, fazemos avaliação do conhecimento imediato do aluno. No SISTEMATIZANDO, acompanhamos, por
meio da mediação, a construção dos conceitos propostos que levam ao conhecimento mediato. No PRODUZINDO, temos a
expressão do saber do aluno em sua produção textual e outras linguagens.
Uma vez feito esse acompanhamento contínuo, teremos oportunidade de redirecionar determinadas atividades para ir ao
encontro às necessidades dos alunos, fazendo as intervenções necessárias. Na etapa do PRODUZINDO, o aluno expressa, por meio
de diferentes linguagens, a síntese do conhecimento científico por ele apropriado, fundamental para avaliar o processo. É necessário;
porém, que o professor tenha clareza dos passos da MMD, estabelecendo os critérios que utilizará como pontos de referência para
qualificar a produção do aluno. Entre eles, destacamos a necessidade de atingir a todos os elementos envolvidos: o conteúdo, os
objetivos, a metodologia, os conceitos e habilidades e os fatores internos e externos que interferiram no desenvolvimento do
conteúdo de ensino.
Diferentes mecanismos facilitam essa avaliação: a comparação do que o aluno produziu no percurso inicial e final. O texto,
como intenção comunicativa, expressa o saber do aluno sobre o conteúdo ensinado? Como precisamos qualificar a produção, o texto
individual constitui-se em um instrumento avaliativo fundamental e deverá ser utilizado para avaliar se o aluno conseguiu superar o
senso comum ou o saber imediato e chegar ao conhecimento mediato. De posse desses dados, é possível identificar o que interferiu
na prática educativa para replanejá-la.
Enfim, a avaliação precisa contemplar o entendimento que os alunos tiveram sobre os conceitos básicos que eles deveriam
se apropriar no término dessas atividades. Vale lembrar que é a mudança (ou não) do olhar do professor que reflete a qualidade do
529
trabalho do educador. Assim, avaliar o aluno significa, obrigatoriamente, a autoavaliação do professor. É necessário, portanto, que
ao elaborar o seu instrumento avaliativo, o professor tenha clareza do que pretende alcançar para que possa avaliar.
Para finalizar, destacamos a necessidade de criar situações que permitam a troca de pontos de vista entre os alunos e os
professores. Sim ou não e certo ou errado devem ceder lugar a questionamentos relativamente simples, mas que conduzam a
criança a uma explicação de seu raciocínio, a uma apresentação de seus argumentos e os erros são tratados como oportunidades de
aprender a argumentar. “Por que você pensa assim” ou “como você chegou a esse resultado” são perguntas que podem ser
motivadoras para a aprendizagem e até mesmo para a autocompreensão, auxiliando na formação de princípios e servindo para a
retomada das explicações dos conceitos em estudo.
530
HISTÓRIA
1. CONCEPÇÃO
A história como disciplina escolar surgiu na França, no século XIX, juntamente com a constituição das nações modernas e os
movimentos de laicização da sociedade, com o objetivo de mostrar a genealogia da nação, do estado de mudança daquilo que é
subvertido ou transformado em relação ao que permanece estável (NADAI, 1993). Buscava-se também destacar o caráter
nacionalista de forma a contribuir para a sedimentação do poder estabelecido. No entanto, quando o conhecimento promove
reflexões, também pode levar a contestação, por isso, a necessidade de, em diferentes momentos, o ensino de história ser “vigiado”
pela classe que detém o poder.
No Brasil, podemos dizer que a constituição da história como disciplina escolar ocorreu de forma semelhante, na medida em
que a sua implantação no século XIX, após a Independência do Brasil e a estruturação do Colégio Pedro II, baseou-se no modelo
francês. Assim, a história inicialmente estudada no país foi a história da Europa Ocidental e a história do Brasil era apenas um
apêndice dessa, consistindo em um repositório de biografias de homens ilustres, de datas e de batalhas. Ao mesmo tempo,
procurava-se criar uma ideia de nação a partir da colaboração de europeus, africanos e nativos, mas não se explicitava a dominação
social interna e a sujeição do país à metrópole. Nesse contexto, os conteúdos, segundo Nadai (1993),
Foram determinados pela ideia de nação, de cidadão e de pátria que se pretendiam legitimar pela escola. Veiculou-se,
assim, um discurso histórico que enfatizava de um lado, a busca do equilíbrio social, e, de outro, a contribuição
harmoniosa, sem violência ou conflito, de seus variados e diferenciados habitantes (e grupos sociais) para a construção de
uma sociedade democrática e sem preconceitos de qualquer tipo. [...] É nesta perspectiva que devem ser compreendidos
o tratamento dado a escravidão do africano, realçando sua sujeição (pacífica) ao regime de trabalho compulsório e os
silêncios sobre a escravidão da etnia indígena, sua resistência à conquista colonial bem como a abordagem reducionista
das sociedades tribais e de sua distribuição pelo território. Além disso, as próprias representações enfatizando a ocupação
portuguesa de um espaço natural, vazio, não como conquista, garantiram o grau de legitimidade da expansão colonial
europeia e da colonização portuguesa. (NADAI, 1993, p. 139-140).
Como resultado disso, tivemos por décadas a reprodução e o realce de um país irreal, mascarando as desigualdades sociais,
a dominação e a ausência de democracia social.
A partir da proclamação da República, tratou-se logo de estabelecer a galeria dos heróis nacionais, tanto pela instituição de
531
feriados e datas cívicas quanto pela seleção dos personagens que deveriam ser cultuados. Nesse período, temos a influência do
positivismo, no que tange à periodização utilizada e à abordagem do conteúdo. Dessa forma, segundo Nadai (1993), “O conceito de
fato histórico, a neutralidade e objetividade do historiador/professor ao tratar o social, o papel do herói na construção da pátria, a
utilização do método positivo permearam tanto o ensino quanto a produção histórica”; além disso, “[...] Essa forma de ensino,
determinada desde sua origem como disciplina escolar, foi o espaço da história oficial na qual os únicos agentes visíveis do
movimento social eram o Estado e as elites” (NADAI, 1993, p. 152).
Já no Estado Novo, o ensino de história foi incumbido de retomar a concepção de Estado Nacional na busca por uma
identidade do povo brasileiro. Estava nas mãos da elite promover as transformações sociais, pois o povo era a massa a ser guiada.
Mais uma vez, dá-se sequência no modelo francês e aplica-se um ensino de história quadripartite: história antiga, medieval, moderna
e contemporânea (MATHIAS, 2011). A partir das reformas empreendidas nesse período, a história do Brasil passou ao status de
disciplina autônoma, sendo que o ensino de história objetivava “a conjuração de uma consciência patriótica por meio da seleção de
episódios significativos e de grandes nomes do passado [...]repisavam-se os princípios da família, da tradição, da nação e da pátria”
(MATHIAS, 2011, p. 43). Dessa forma, “pregava-se” a unidade étnica, cultural, administrativa e territorial, e iniciava a divulgação de
que o indígena não aceitou a escravidão, e o negro como mercadoria, além de se destacarem a figura do bandeirante e os marcos
fundadores, os quais seriam todos de natureza política.
Com a deflagração do Golpe de 1964, o ensino de história é pensado para atender de forma mais efetiva aos interesses do
Estado ditatorial e, com a criação das disciplinas de Educação Moral e Cívica (EMC) e da Organização Social e Política do Brasil
(OSPB), o ensino de história foi vinculado à moral. Há também um esforço no sentido de suprimir as ciências humanas do ensino de
2o grau em favor do ensino profissionalizante, e, como consequência, a disciplina de história sofreu uma drástica redução. Somados a
isso, houve a massificação do livro didático, que, articulado aos currículos oficiais, tornou-se canal privilegiado de difusão de saberes
de interesses do Estado (MATHIAS, 2011). Ainda, de acordo com o mesmo autor, ao aluno bastava identificar, localizar e interpretar
os fatos acriticamente, sendo a História feita por poucos e para poucos, excluindo o indivíduo não só da história, mas também da luta
por seus direitos sociais e políticos.
Como argumenta Nadai (1993), “Faz-se necessário registrar sua relevância como esclarecedores dessa temática, por
denotarem o grau de confiança, de poder atribuído ao ensino de história, embora sua nomenclatura seja retirada oficialmente dos
150
currículos ”(NADAI, 1993, p. 157). Aparentemente, a disciplina de EMC representa uma ruptura com a forma da disciplina e com os
150
Para completar, negou-se à História o estatuto de disciplina autônoma, chegando a desaparecer do currículo da escola fundamental (a partir de então
chamada de primeiro grau, com oito anos de duração) com a introdução dos Estudos Sociais. Ficou relegada à ínfima carga horária e somente obrigatória em
uma única série do segundo grau (NADAI, 1993). Em 1971, por meio da Lei n. 5.692, no contexto da ditadura militar brasileira, de controle e repressão ao
processo de formação de professores e de patrulha ostensiva sobre as disciplinas que fomentassem nos estudantes ideias contestatórias ao programa
governamental, autoritariamente, História e Geografia são reunidas em uma mesma disciplina, os Estudos Sociais (OLIVEIRA, 2006).
532
conteúdos anteriormente ensinados pela história. No entanto, não é o que se constata, pois, com a ditadura militar, intensificou-se o
controle sobre os seus conteúdos que se tornaram ainda mais “carregados” de forte carga ideológica, caracterizando-se por estimular
a formação de um sujeito pacífico, moralmente correto, patriota. Nadai (1993) afirma que
O controle sobre a disciplina histórica relacionou-se, sobretudo à ideologia implantada com o golpe de 1964, quando o
ensino foi colocado a serviço do regime ditatorial que propugnava a formação de cidadãos dóceis, obedientes e ordeiros:
De um lado, ter-se-ia dado ‘o esvaziamento do seu sentido crítico e contestador’ e, de outro, manifestado o seu caráter de
‘instrumento de veiculação e formação do espírito cívico, entendido como aquele capaz de glorificar os feitos dos
autoproclamados heróis do dia’. (NADAI, 1993, p. 158).
151
Dessa forma, o Estado “controla” ideologicamente a formação dos jovens, do pensamento brasileiro, na medida em que
não fornece elementos para análise e para compreensão da realidade, pois o professor não precisa ser alguém que reflita e analise,
mas que aprenda e transmita um ensino no qual não há espaço para a crítica. Assim, o que passou a ser o centro dos programas da
disciplina de EMC foram os conceitos de lei, de heróis, de pátria, de nação e de integração nacional.
Nessa perspectiva, o que norteava o ensino de estudos sociais - não mais história e geografia -, segundo a autora
supracitada, era um ensino que buscava ajustar o aluno ao meio e não transformá-lo; viver e conviver e não subverter, assumindo
deveres básicos para com a comunidade, o Estado e a Nação. Nota-se, portanto, que a preocupação do ensino nessa disciplina era
apenas localizar e interpretar fatos, não havendo espaço para a reflexão sobre a história construída pelos homens, contribuindo,
dessa forma,para a consolidação do projeto autoritário das forças políticas que detinham o poder. Para Fonseca (1994),
A ‘história oficial’ consegue excluir, silenciar, ocultar os outros projetos e ações, mas não consegue eliminá-los da
memória coletiva. As instituições e o próprio ensino de história não apenas ratificam, confirmam e impõem a memória e os
valores dominantes. É preciso considerar os limites deste discurso historiográfico homogeneizador, do controle social
exercido pelo Estado e dos seus instrumentos, no caso, os programas de ensino. É preciso considerar também as tensões
internas vividas pelas escolas, e o fato de que a aprendizagem e a formação da consciência histórica não se dão apenas
nestas instituições, mas no conjunto social. (FONSECA, 1994, p. 70).
151
Sobre o Estado, consultar a obra: SAES, Décio. A Evolução do Estado no Brasil. Uma interpretação marxista. In: ______. República do capital: capitalismo
e processo político no Brasil. São Paulo: Boitempo, 2001.
533
A partir de meados da década de 1980, o ensino de história no Brasil começou a ser pensado com o objetivo de preparar os
cidadãos para uma sociedade democrática. Como indica Mathias (2011), o ensino de história não mais consistia em celebrar grandes
feitos, grandes personagens/heróis, mas em discutir os problemas da realidade, incorporando sujeitos e ações até então
marginalizados. A linearidade não mais ditava o tempo histórico152, a relação passado, presente e futuro sofreu alteração com a
incorporação de novos temas e novos problemas. No entanto, há que ressaltarmos o fato de que isso não chegou a todas as escolas
brasileiras, podemos citar o exemplo aqui de experiências curriculares em Minas Gerais (1986) e no Paraná (1990), além é claro do
fato de que, mesmo se tornando oficial, ainda era muito forte a presença do positivismo.
Há, nesse período, forte influência da perspectiva marxista; nessa direção, a história é chamada a exercer uma função crítica
da sociedade, atenta à luta de classes e aos conflitos sociais. Os professores e alunos, além de ensinarem e aprenderem história,
são sujeitos da história e, por isso mesmo, deveriam desenvolver uma consciência social e de classe, aptos a realizar as
transformações sociais e políticas.
Nesse momento, há o fortalecimento da crítica contra a história factual, heroica, mecanicista, linear e etapista, propondo, em
vez disso, uma História na qual o homem fosse o protagonista. Segundo Fonseca (1994), a crítica a essa concepção tradicional de
história fundamenta-se na teoria marxista de história, pelo fato de que os homens, as suas ideias, as suas representações e valores
serem condicionados pelo modo de produção de sua vida material e por um determinado desenvolvimento das forças produtivas, ou
seja, os homens fazem história não de acordo com sua vontade, mas conforme as suas condições materiais.
Não se descarta totalmente, dessa forma, as datas; o que há é um enfoque diferente com relação a elas, ressaltando o papel
da ação coletiva, a compreensão dos objetivos desses movimentos, as relações entre os fatos e a atualidade, fazendo, portanto,
reflexões acerca delas e não apenas as comemorando, o que permite um maior entendimento das contradições da constituição
histórica do capitalismo. Procura-se, portanto, dar voz aos excluídos, introduzindo no centro das reflexões as ações e os sujeitos que
até então eram excluídos da história ensinada, por meio do enfrentamento dessa problemática. Segundo Silva (1994), “Aquilo que a
história oficial pós-1964 e particularmente pós-69 procurava silenciar era toda e qualquer concepção socialmente crítica de história,
especialmente, como a marxista [...] é ilusão sempre nutrida pelos vencedores ou dominadores aquela de pensar que conseguirão
apropriar-se por inteiro da memória dos vencidos ou silenciá-la totalmente [...]” (SILVA apud FONSECA,1994, p. 115).
152
“O tempo histórico não se limita ao tempo cronológico, à sucessão linear dos acontecimentos no tempo físico. As capacidades de ordenação, de sucessão,
de duração, de simultaneidade e de quantificação do tempo necessárias para lidar com a temporalidade histórica não são suficientes para o seu alcance. O
tempo histórico é produto das ações, relações e formas de pensar dos homens e essas ações variam ao longo do tempo cronológico. Em cada tempo histórico –
ou em cada presente – coexistem relações de continuidade e de rupturas com o passado, bem como perspectivas diferenciadas do futuro. Assim, as mudanças
e permanências que acontecem num determinado tempo não se explicam pelo que aconteceu num tempo cronológico imediatamente anterior; no entanto, não
podemos prescindir da cronologia para construir demarcações dos processos históricos” (SIMAN, 2005, p. 111-112).
534
A historiografia brasileira é repensada; assim, a História Social começa a ter papel importante nesse processo, elaborando
novas questões, explorando novas fontes, possibilitando uma ampliação do “território” a ser pesquisado, fazendo com que,
principalmente, na década de 1980, ocorresse a inserção no âmbito da universidade das vozes que por um longo tempo haviam sido
silenciadas pela História. Segundo Fonseca (1994),
O desenrolar das lutas políticas nos anos 70 coloca para os historiadores novas necessidades de questionamento da
produção historiográfica e do lugar ocupado por esta produção. Põem-se em questão as premissas do saber histórico, os
temas e os problemas. Passam a ser discutidas e redefinidas diversas abordagens a partir de uma crítica ao campo da
história tradicional, única e globalizante. E, como parte desse processo, passamos a viver a expansão do campo da
história, através da busca incessante de outros temas e abordagens até então silenciadas na historiografia brasileira.
(FONSECA, 1994, p. 116).
153
Articulado a esse processo “ganha” força a teoria materialista , que busca compreender as relações sociais em sua
totalidade contraditória. Para se ensinar história, nesse modo de compreensão, é preciso ter conhecimento dessa disciplina, ou
melhor, compreendê-la como sendo materialmente construída pelo trabalho do conjunto da humanidade. Caso isso não aconteça, a
história ensinada estará fadada a ser apresentada de maneira fragmentada, não estabelecendo relações com o vivido e o passado
historicamente construído, recebendo unicamente um valor quantitativo, sem fornecer aos alunos elementos que possam auxiliá-los
na compreensão da realidade.
Essa perspectiva se contrapõe à História que oculta as diferenças e as contradições sociais, isso significa, que a História não
assume uma postura de neutralidade, mas traz à tona agentes sociais, fatos e aspectos que permitirão desmontar essa história a
serviço da dominação que conta a história do seu jeito, selecionando aquilo que deve ser dito e quais fatos e agentes sociais devem
ser lembrados e quais devem ser ocultados da memória social.
Assim, ao se estudar a transformação de uma sociedade, é fundamental procurar resgatar as ações das diferentes classes
sociais que atuaram nela, pois, quando uma sociedade é pensada em sua totalidade, é possível explicar porque seu processo
permitiu que uma possibilidade fosse concretizada e não outra, destruindo a ideia de determinismo.
A partir da década de 1990, passou a ter forte influência no ensino de história da chamada Nova História, com a introdução
153
“Por meio da teoria materialista histórica, [...], entende-se que o homem, na busca pela vida, produz sua própria história, e que, para compreendê-la, é
preciso investigar as situações reais que a conduz a construí-la. Nesta dimensão o processo da história é reconhecido como aquele formado a partir de lutas e
conflitos. Portanto, existe significativa diferença entre uma postura docente, que concebe a história dos homens a partir do movimento real da luta pela vida, da
postura em que os homens na história são meros figurantes” (CARROSI, 2005, p. 371).
535
de novos temas como: cotidiano, família, sexualidade, gênero, memória, mentalidade, dentre outros. Isso fez, inclusive, com que a
perspectiva materialista histórica e dialética perdesse espaço ou até mesmo deixasse de aparecer em currículos e livros didáticos. De
acordo com Mathias (2011), “a despeito dessa nova roupagem do ensino de história que o contexto em voga na década de 1990 e
alvorecer da seguinte refletia a implementação, no Brasil, das ideias neoliberais” (MATHIAS, 2011, p. 47)
Com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), apresentados à sociedade em 1997, buscava-se introduzir nos currículos
de história narrativas de um cotidiano despolitizado, desvinculado da consciência histórica e fragmentado, dispensando atenção
demasiada à história imediata e ao tempo presente, em que tudo é história. No entanto, Fonseca (2003) nos chama atenção para o
fato de que “[...] a ideia de que se deve aceitar tudo, estudar tudo, valorizar tudo, sugerindo o velho chavão ‘tudo é história’, ou
mesmo uma volta do presentismo em nome do respeito, da valorização dos interesses e da vivência dos alunos, pode conduzir à
diluição do objeto da disciplina. Em decorrência há uma restrição do acesso ao conhecimento histórico” (FONSECA, 2003, p. 35).
Em 1996, com a aprovação da LDBEN, Lei nº 9.394/1996, a História, a exemplo da Geografia, torna-se novamente uma
disciplina autônoma. No ano de 2003, a LDBEN foi alterada por meio da Lei nº 10.639/2003, a qual estabeleceu a obrigatoriedade do
ensino de História e Cultura Africana e Afro-Brasileira. Em 2004, foram homologadas as Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação das Relações Étnicos Raciais e, em 2008, a Lei nº 11.645/2008 modificou a Lei nº 10.639/2003, acrescentando a
obrigatoriedade do ensino de história e da cultura dos povos indígenas do Brasil, passando o Art. 26-A a ter a seguinte redação:
§ 1o O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que
caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da
África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e
o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política,
pertinentes à história do Brasil.
§ 2o Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no
âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras.
Em 2017, com a aprovação da BNCC (BRASIL, 2017) e do Referencial Curricular do Paraná: princípios, direitos e orientações
(PARANÁ, 2018), destaca-se o acesso aos direitos de aprendizagem, almejando a formação ética dos indivíduos, auxiliando na
construção do sentido de responsabilidade para coletividades, na valorização dos direitos humanos, no respeito ao ambiente e à
própria coletividade, no fortalecimento de valores sociais, como a solidariedade, a participação e o protagonismo voltados ao bem
comum, e na preocupação com as desigualdades sociais, econômicas, políticas e culturais, retomando em muitos aspectos a
proposta contida nos PCNs e se aproximando da chamada Nova História, claramente em uma perspectiva pós-moderna, em que se
536
abandona a análise do todo e se estuda a realidade de forma fragmentada.
Diante desse breve histórico do ensino de História no Brasil, percebemos que a história construída por uma sociedade acerca
dela mesma e de seus pares guarda forte relação com a história ensinada em sala de aula, além de expressar os vínculos com os
anseios de quem detém o poder de controlar a história ensinada, principalmente por meio da definição do que compõe ou não o
currículo escolar.
Desse modo, ao discutirmos a concepção da disciplina de História, é necessário esclarecermos o que entendemos por
história. Antes, porém, é preciso dizer que uma coisa é a história propriamente dita, outra é a compreensão que temos dela, e outra,
ainda, é a disciplina de História154. São três dimensões diferentes, mas inter-relacionadas: a primeira diz respeito ao concreto, às
relações sociais travadas nas lutas pela sobrevivência, e as outras duas ao plano das ideias e à compreensão de como a história é
entendida, assimilada, registrada e transmitida, possibilitando intervenções.
Quando se estuda a história, em geral, aprende-se que ela começa com a criação da escrita, que teria acontecido por volta
de quatro a seis mil anos a. C., e que é feita pelos grandes homens e heróis. Entretanto, isso não corresponde à realidade. A História
está diretamente relacionada ao ser humano, às mudanças, às transformações; tem a ver com as dimensões de passado, presente e
futuro, portanto, com o tempo e com o espaço.
A partir disso surgem alguns questionamentos: antes do aparecimento do ser humano, não ocorreram transformações e
mudanças também na natureza? Isso não significa que também podemos falar de uma “história da natureza”? De fato, antes do ser
humano, a natureza passou por um longo processo de transformação, decorrente da ação e interação dos elementos e das forças
internas que a constituem, mas só impropriamente podemos denominar isso de “história da natureza”. Partindo-se do pressuposto de
que história implica mudanças e transformações, pode-se até falar de história da natureza. Todavia, dissemos que isso só pode ser
feito de maneira imprópria uma vez que a História diz respeito às ações do ser humano no meio, vivenciadas por grupos e
classes sociais em diferentes momentos históricos, pois, com o passar do tempo, o ser humano foi gradativamente obtendo
domínio sobre as técnicas que possibilitaram a interferência na natureza, como a fabricação de utensílios para a caça, a pesca, a
coleta e a manufatura de materiais. Essas técnicas ainda que simples já demonstravam uma certa independência do ser humano
com relação à natureza, no momento em que o homem desenvolve a agricultura e a domesticação dos animais, consegue diminuir
ainda mais sua dependência com relação à natureza, deixando de ser nômade e fixando moradias. Dessa maneira, as relações ser
humano x natureza mudam, uma vez que homem e natureza não são mais uma coisa só, mas inicia-se uma relação de domínio da
natureza pelo homem por meio do trabalho e as mudanças nessa relação vão ocorrendo de acordo com as necessidades humanas, o
que só pôde acontecer a partir do momento em que ele foi produzido pela natureza, ou seja, que o homem se tornou homem.
154
A historiografia é um campo de estudo ao qual nenhum historiador pode se furtar. É a reflexão sobre a produção e a escrita da História.
537
Entendemos que a História, portanto, tem a ver fundamentalmente com o ser humano e com o trabalho. O ser humano
diferencia-se dos demais seres vivos pelo fato de ter desenvolvido sua capacidade ideativa e reflexiva, pela capacidade de agir
intencionalmente sobre o mundo e de poder antecipar mentalmente os resultados de sua produção. Diferente dos demais seres
vivos, o ser humano sobrevive por meio do trabalho. E, ao trabalhar, os homens não apenas produzem bens materiais, mas também
desenvolvem seu cérebro, produzem representações, ideias e conhecimentos que possibilitam a produção de instrumentos e a
adaptação do mundo para si mesmo, garantindo a sobrevivência.
O trabalho, desse modo, tornou-se a condição essencial para o ser humano, pois não é possível compreendê-lo sem o
trabalho, nem esse sem aquele, ambos se pressupõem. Da mesma forma, não dá para entender a sociedade se considerarmos a
categoria trabalho em uma dimensão abstrata e a-histórica. Pode-se dizer que, assim como para sobreviver o ser humano precisa
satisfazer uma série de necessidades vitais, a produção dos bens necessários para isso não é fruto do trabalho individual; os bens
são produzidos socialmente. Além disso, os homens não produzem sempre da mesma forma e as mesmas coisas para satisfazer a
sua sobrevivência, ou seja, ao produzi-las, o ser humano estabelece relações com a natureza e com os demais homens, isto é, não
são quaisquer tipos de relações ou relações indeterminadas, mas são relações necessárias e independentes de sua vontade,
relações que correspondem a um determinado grau de desenvolvimento das forças produtivas materiais.
Para compreender isso, precisamos nos remeter à forma de organização social, isto é, como os homens se organizam para
produzir os bens de que necessitam para sobreviver. E como a sociedade está fundada na propriedade privada dos meios de
produção, ela se constitui em uma sociedade de classes. Em decorrência disso, temos os conflitos e os antagonismos sociais, pois a
história é a história das lutas de classes, ou seja, a organização da produção e as relações sociais carregam a marca dessa
sociedade. E, como os homens, dado o grau de desenvolvimento das forças produtivas atingido em cada momento, organizam-se e
produzem de um determinado modo, a história também aparece como expressão das condições e das relações de cada momento.
A dimensão temporal da História diz respeito às mudanças, às transformações. Ao contrário disso, teríamos a perpetuidade e
a eternidade. O fato de que as coisas não foram e não serão sempre da mesma forma como as encontramos hoje, remete-nos à
noção de passado155, de presente, de futuro e de tempo. Contudo, apesar dessa aparente linearidade, a História não se resume a um
encadeamento de datas, um agregado de fatos, uma cronologia156. De acordo com Siman (2005), embora o tempo histórico utilize-se
de medidas temporais para estimar as durações dos fenômenos, identificar seus marcos históricos no continuum do tempo se
diferencia desse, pois essas medidas trazidas pelos números são apenas índices, pontos de luz, pontas do iceberg, portanto, mais
que decorar datas, o aluno precisa estabelecer um diálogo entre passado e presente, ou seja, precisa se deslocar temporalmente
para compreender o como e o porquê.
155
O passado torna-se passado quando o presente estabelece com ele relações de mudanças, inaugurando um novo tempo.
156
A cronologia, embora essencial, só adquire valor quando relacionada a uma cadeia de relações que lhe imprime sentido.
538
Mais do que isso, a História, revela-se como resultado da relação dos homens entre si e desses com a natureza, em
determinadas condições, em cada época, em diferentes sociedades. Por um lado, significa dizer que, sem o ser humano, não existe
história, e, por outro, que, se o ser humano produz sua vida socialmente, de diferentes maneiras, de acordo com as condições de
cada época, a história também não é feita somente pelos “heróis”, pelos “grandes homens”, ela é feita coletivamente e assume
características específicas de acordo com o estágio de desenvolvimento atingido em cada momento, com as relações que se
estabelecem, com a intensidade dos conflitos e em decorrência do grau de acirramento dos antagonismos entre as classes.
As diferentes formas de organização social e a ocorrência dos fatos são resultados do acúmulo quantitativo e qualitativo das
ações dos seres humanos, mediados pela natureza, os quais, por sua vez, permitem a existência de uma cronologia, uma sequência
de fatos. Não obstante, o que faz com que, dia após dia, as coisas mudem? Que ocorram fatos novos? Que a realidade a nossa volta
seja diferente? E que, seja possível se falar de história?
Algumas correntes historiográficas, partindo de pressupostos positivistas e idealistas, como ressaltamos anteriormente,
adotam uma série de teorias em suas análises e interpretações da realidade e do mundo; confundem, porém, objetividade com
neutralidade e, na maioria das vezes, resumem a historiografia a meras descrições e interpretações factuais, ressaltando “heróis”
como se a história fosse feita por alguns indivíduos e como se a história seguisse uma sequência evolutiva e progressiva. Como não
consideram a categoria trabalho como elemento central na análise, com toda a abrangência e com todas as consequências que isso
implica, também não compreendem que, muitas vezes, acabam perpetuando as relações existentes e reproduzindo os interesses da
classe dominante. As ideias gerais e dominantes de uma determinada época, em geral, são expressões dos interesses da classe
dominante da época. Em função disso, visam à reprodução de sua condição de classe.
Como vimos, os seres humanos têm necessidades que precisam ser satisfeitas para poder garantir sua sobrevivência. Para
isso, precisam transformar o meio. Nessa perspectiva, à medida que, por meio do trabalho, vão estabelecendo relações necessárias
com a natureza e com os seres humanos independentes de sua vontade, correspondentes ao modo de produção e ao estágio de
desenvolvimento das forças produtivas, vão alterando o meio ou produzindo bens materiais e espirituais, satisfazendo determinadas
necessidades e fazendo história. Como as forças produtivas mudam a cada momento em função da necessidade de dar novas
respostas aos também sempre novos desafios, a história também muda, exprimindo o acúmulo quantitativo e qualitativo do
desenvolvimento, das relações, dos antagonismos e das lutas. Contudo, como são os seres humanos que fazem a história, e a fazem
de maneira diferente em cada momento e em cada sociedade, a sua forma de compreensão mudará concomitantemente.
Comumente, divide-se a história em grandes períodos demarcados por fatos e datas: Idade Antiga, Idade Média, Idade
Moderna e Idade Contemporânea, ancorados sobretudo em visão eurocêntrica157. Isso, porém, exige uma reflexão mais cuidadosa,
157
Modo de explicar o mundo a partir de um ponto de vista europeu, ou seja, a Europa, segundo essa visão, exerceria influencia política, cultural, econômica,
social sobre os demais países.
539
pois, se por um lado permite e facilita a localização em função de alguns traços e elementos comuns em cada período, por outro,
pode-se cometer o equívoco de pensar que ela caminha linear e progressivamente. Contudo, se tomarmos como referência essa
periodização, pode-se afirmar que em cada um desses grandes momentos históricos, os homens se organizaram para produzir de
uma determinada forma sua vida social, marcados por determinadas relações e por um determinado modo de produção
predominante.
Dentro dessa perspectiva, o processo mais longo da história da humanidade foi marcado pelas chamadas comunidades
primitivas, nas quais não havia classes sociais, nem exploração, nem dominação e, muito menos, a propriedade privada. Tudo era de
todos e a divisão do trabalho era elementar e por gênero. Entretanto, com a produção do excedente e a apropriação desse por
poucos, tem-se a constituição da propriedade privada e a constituição da sociedade de classes sociais. A partir de então, a relação
entre os seres humanos sempre foi a de luta entre as classes, quer seja entre senhores e escravos, senhores e servos ou entre
capitalistas e proletários que, como vimos, desde a Antiguidade até os nossos dias, a história tem sido a história da luta de classes.
Os fatos, a história e o conhecimento são marcados por essas condições reais.
A exemplo disso temos o modo de produção escravista, cuja relação social básica travava-se entre senhores e escravos; na
Idade Média, havia o Feudalismo, cuja sobrevivência estava fundada na terra, a produção estava voltada para a subsistência e as
relações de produção eram travadas entre suseranos e servos; na Idade Moderna e Contemporânea, observou-se o modo de
produção capitalista, cuja relação antagônica trava-se fundamentalmente entre patrões e empregados, capitalistas e proletários,
voltados para a exploração e a dominação do ser humano pelo seu semelhante, em uma relação de competição. Também houve
tentativas de construção de outro modelo social, o socialismo, no qual vigora o princípio: “De cada qual, segundo sua capacidade; a
cada qual, segundo suas necessidades”. No entanto, após a queda do muro de Berlim, o capitalismo tornou-se um sistema
totalizante, não podendo ser analisado de forma fragmentada, requerendo, portanto, uma teoria que nos permita analisar a realidade
em sua totalidade e não apenas alguns fragmentos.
Por meio da cultura158 é que produzimos e ensinamos, seja na disciplina de História ou nas demais, assim, cultura, não é
nada mais que produto do trabalho realizado ao longo do tempo, decorrente das relações de produção e de organização da
sobrevivência, que é transformado em ciências e, essas, em instrumentos e técnicas que permitem a transformação do meio para
adaptá-lo a si e para a satisfação das necessidades. Em função disso, o conhecimento histórico não é neutro.
158
“Isso pode ser percebido por meio da cultura, compreendida aqui como o conjunto de (da) produção material e espiritual criados pela humanidade, no curso
de sua história. A cultura é um fenômeno social que representa o nível alcançado pela sociedade em determinada etapa histórica: progresso, técnica,
experiência de produção e de trabalho, instrução, educação, ciência, literatura, arte e instituições que lhes correspondem. Em sentido mais restrito,
compreende-se, sob o termo cultura, o conjunto de formas de vida espiritual da sociedade que nascem e se desenvolvem à base do modo de produção dos
bens materiais historicamente determinados” (SODRÉ, 2003, p. 9).
540
No período convencionado como Antiguidade, a Filosofia era compreendida como a ciência que abarcava a totalidade do
saber existente. Todavia, com o processo de transformação e com o desenvolvimento da sociedade, na modernidade, em
consequência de uma determinada forma de produzir a vida social e de uma determinada concepção de ciência fragmentada, o
conhecimento também foi expressando cada vez mais essa fragmentação, de tal forma que hoje a divisão do conhecimento por
disciplinas e áreas do saber dá a impressão de que são autônomas e independentes entre si. Isso não significa que devemos
retroceder na história. É preciso que os conteúdos das diversas áreas do saber não sejam compreendidos como absolutos, mas que
se revelem como “partes” interdependentes entre si, componentes da totalidade.
Para tanto, a opção pelo materialismo histórico dialético como instrumento para compreender, explicar e contribuir para a
transformação da realidade possibilita a história como uma disciplina escolar: estimular a pesquisa, a reflexão, a busca e a
catalogação de fontes primárias, tomando por base a categoria trabalho, as relações e os antagonismos entre as classes; analisar e
compreender, criticamente, como ocorreu o processo de ação e de transformação do ser humano e do meio, materializados em
determinadas formas específicas, em decorrência do acúmulo de conhecimentos, das experiências humanas, das relações sociais,
das condições sócio históricas e do estágio de desenvolvimento das forças produtivas em cada época; possibilitar o acesso aos
conhecimentos significativos historicamente acumulados; desmistificar as ideologias e contribuir para que professores e alunos
possam se compreender como agentes do processo histórico, capazes de agir e transformar a natureza, o mundo, as relações nas
quais estão inseridos e a história.
Portanto, o trabalho com os conteúdos de história, na perspectiva aqui defendida, tendo em vista as relações que os homens
estabelecem com a natureza e com outros homens, de acordo com as condições materiais de existência, possibilita aos alunos se
compreenderem como sujeitos históricos que podem e devem lutar por melhores condições de vida, fazer uso racional dos recursos
naturais, desenvolver relações de cooperação, objetivando a construção de uma sociedade mais justa.
2 . OBJETIVOS
VIDA
TRABALHO
HISTÓRIA
Entendemos ser possível por meio dessa forma de apresentação contribuir para que os conteúdos sejam
apresentados/trabalhados estabelecendo relações entre os mesmos e não meramente em uma sequência rígida. Ainda, permite-nos
compreender que a VIDA é o principal, o centro, ou seja, é preciso estar vivo para fazer história e é, portanto, por meio do trabalho
que produzimos nossa existência; ao produzi-la sob determinadas condições materiais de existência, estabelecemos relações sociais
e de poder, ou seja, fazemos história.
Todos os conteúdos ao longo dos cinco anos159 devem ser compreendidos sempre articulados e tendo presente a vida, o
159 o o
Além dessa articulação do 1 ao 5 anos que propomos aqui, o Referencial Curricular do Paraná (PARANÁ, 2018) também aponta para a importância da
articulação entre a Educação Infantil, os Anos Inicias e Finais do Ensino Fundamental, pois “[...] a comunicação e a troca de experiências e materiais
545
trabalho, a sociedade e a história, ainda que em grau de aprofundamento e de complexidade maior, de acordo com o nível de
desenvolvimento que cada aluno vai adquirindo. Os conteúdos devem possibilitar a compreensão de como os homens vivem; como
produzem e se reproduzem; como, por meio do trabalho, estabelecem relações com a natureza e com os demais homens; como
transformam e são transformados nas relações sociais de produção; e como, por meio do trabalho e dessas relações transformam o
meio e a si mesmos, estabelecem relações sociais, políticas e econômicas, organizam e reorganizam o espaço e estabelecem
limites, fronteiras e lutam pela sobrevivência.
É importante ajudar os alunos a compreenderem que a vida, o trabalho, as relações sociais e a história vão ocorrendo e
sendo marcados pelas relações concretas que os homens estabelecem para garantir a sua sobrevivência, em uma determinada
época e em uma determinada sociedade, mediada pelo grau de desenvolvimento das forças produtivas e que, em função disso, as
relações não são harmônicas, ao contrário, são marcadas por lutas e conflitos.
Conforme vai se avançando de um ano para outro, sempre é importante retomar as discussões e o que foi trabalhado no ano
anterior, de tal forma que o aluno perceba a unidade e a sequência dos conteúdos e, ao final do quinto ano, consiga fazer a leitura de
mundo como um agente de ação e transformação de si e do mundo.
Ressaltamos, ainda, que o ensino, a linguagem, a pesquisa, os conteúdos e a forma de trabalho devem promover o
desenvolvimento dos alunos, articulando-se ao momento histórico e às suas exigências sociais, aos locais de origem dos agentes do
processo educativo (perspectiva da educação do campo e educação indígena) e das suas condições de aprendizagem.
160
Nesse sentido, propomos a seguir algumas possibilidades de trabalhos que podem ser explorados/desenvolvidos com os
conteúdos de história.
Centro de memória/casa da cultura/museu: propõem-se, após o trabalho com os conteúdos, visitas direcionadas a centros
pedagógicos entre professores (as) da Educação Infantil e de Ensino Fundamental – Anos Iniciais e Finais, são essenciais, uma vez que oportunizam a
articulação do trabalho pedagógico com significado, ampliando e aprofundando gradativamente os objetivos explorados no decorrer da etapa de ensino que
antecedea sistematização progressiva das experiências vivenciadas, integrando diferentes áreas do conhecimento e diferentes linguagens, possibilita aos
estudantes novas leituras, relações e conhecimentos que se tornam significantes num contexto diverso, dentro e fora da escola, podendo ocorrer integrações
com ações constantes relacionadas a transição do 5.º para o 6.º ano com formações colaborativas entre os professores(as) das redes públicas municipais e
estadual”. (PARANÁ, 2018, p. 439).
160
O Referencial Curricular do Paraná destaca que: “[...] é preciso considerar que a prática investigativa norteia constantemente o ensino de História, o qual
deve instigar a pesquisa, propor desafios e questionamentos voltados aos objetos de estudo e fontes, contribuindo para que os estudantes, por meio de análises
e discussões, levantem hipóteses, façam suas inferências e produções em direção ao conhecimento científico, destacando mudanças e permanências,
semelhanças e diferenças, bem como a problematização dos fatos. Tais encaminhamentos podem envolver o estudo de documentos, fotografias, gravuras,
pinturas, mapas, vídeos, músicas, objetos de acervos familiares e/ou institucionais, cartas, jornais, propagandas, literaturas, edificações, percursos, narrativas
orais ou escritas, além de visitas técnicas pedagógicas a locais e percursos de história e memória que correspondam às problematizações e conteúdos
referentes ao universo escolar” (PARANÁ, 2018, p. 440).
546
de memória, casas de cultura e museus como possibilidade de apresentar os vínculos do presente em sua relação com o passado
pela temporalidade. É possível ainda articular os conhecimentos a partir de fontes históricas, tais como: fontes documentais,
imagéticas, orais entre outras, visando a resgatar a história, pois, na perspectiva teórica que adotamos, o ponto de partida para o
conhecimento da realidade são as relações que os homens estabelecem com a natureza e com outros homens, analisadas de acordo
com as condições materiais de existência e, para compreendermos as contradições sociais no presente, precisamos nos deslocar
temporalmente ao passado.
Calendário e Linha do Tempo161: de acordo com Elias (1998) e Oliveira (2010), é preciso compreender o calendário162 como
um sistema de controle, um objeto social, portanto, construído historicamente. Isso vai muito além de saber sobre dias, meses e
anos, pois podemos compreender como o homem foi elaborando esse conhecimento – ciência. Assim, a linha do tempo está para o
conhecimento histórico como os algarismos e o alfabeto estão para a Matemática e a Língua Portuguesa, respectivamente. No
trabalho com a linha do tempo, o foco é entender como podemos investigar o passado. Para isso, é essencial identificar fontes
(memórias, fotos, filmes, objetos, documentos), selecionar, interpretar, comparar, estabelecer relações, bem como eleger as
mais importantes. Afinal, para além da descrição factual e linear, a História busca explicar tanto as uniformidades e as regularidades
das formações sociais quanto as rupturas e as diferenças que se constituem no embate das ações humanas. Os registros ou as
evidências da luta dos agentes históricos são o ponto de partida para entendermos os processos históricos.
Desse modo, saber quem foi Pedro Álvares Cabral, Zumbi dos Palmares, o que aconteceu em 07 de setembro de 1822 ou o
que comemoramos em 21 de abril não nos exige nos deslocarmos para o passado, pois esses acontecimentos nos são apresentados
no presente. O objetivo em sala não se limita a saber essas informações, mas compreendê-las historicamente, deslocando-se
temporalmente, como e por que isso aconteceu e como chegou até nós – conhecimento histórico. Por que algumas coisas
permanecem? Por que outras se transformam? Por que algumas coisas se transformam mais lentamente e outras mais rapidamente?
Fontes e Documentos históricos: o documento163 é essencial para a produção do conhecimento histórico, ele é produto de
161
Podemos afirmar que as concepções do tempo e do espaço são criadas necessariamente através de práticas e processos materiais que servem à
reprodução da vida social. [...] A objetividade do tempo e do espaço advém, em ambos os casos, de práticas materiais de reprodução social; e, na medida em
que estas podem variar geográfica e historicamente, verifica-se que o tempo social e o espaço social são construídos diferencialmente. Em suma, cada modo
distinto de produção ou formação social incorpora um agregado particular de práticas e conceitos do tempo e do espaço” (HARVEY, 2009, p. 189
162
“Quanto mais os enclaves humanos foram ganhando extensão e autonomia relativa em favor de processos como a urbanização, a comercialização e a
mecanização, mais eles se tornaram dependentes, para medir o tempo, de dispositivos artificiais, e menos passaram a depender de escalas naturais de
medição do tempo, como os movimentos da Lua, a sucessão das estações ou o ritmo da maré alta e da maré baixa. Em nossas sociedades altamente
industrializadas e urbanizadas, as relações entre a alternância das estações e as divisões do calendário são cada vez mais indiretas e soltas; com muita
frequência como na relação entre os meses e as lunações, elas chegaram até, mais ou menos, a desaparecer. Em larga medida, os homens vivem dentro de
um mundo de símbolos que eles mesmos criaram. A relativa autonomia dos enclaves sociais aumentou consideravelmente, sem nunca se tornar absoluta”
(ELIAS, 1998, p. 36).
163
O documento em si, como objeto, é pouco explicativo, isto é, não fala por si mesmo, pois nem sempre suas significações são explícitas, tendo o historiador a
547
uma necessidade humana e como tal cumpre uma função social que não se diferencia, como valor, dos demais objetos que o homem
produz para sua sobrevivência.
O significado do documento é construído em confronto com a realidade social que lhe dá origem e em conexão com outros
documentos; isso permite ampliar o seu sentido e possibilita analisar seu conteúdo; o não isolamento do documento é a garantia de
sua legitimidade e existência enquanto material empírico. O documento é objeto na condição de material empírico, e, portanto,
representação de um dado real; ou seja, é resultado do trabalho humano. Assim, como argumenta Borges (2003), “As fontes164 ou
documentação não são um espelho fiel da realidade, mas é sempre a representação de parte ou momentos particulares do objeto
[estudo] em questão. Uma fonte representa muitas vezes, um testemunho, a fala de um agente, de um sujeito histórico; devem ser
sempre analisadas como tal” (BORGES, 2003, p. 61).
É importante ressaltar que toda produção humana pode ser utilizada em sala de aula como fonte de investigação para o
ensino de História. Quanto maior a diversidade de fontes propostas, maior a possibilidade de o aluno aprender a analisá-las. O
trabalho pode ser realizado com fontes primárias165, entendidas como “testemunhas do passado que se caracterizam por ser de
primeira mão ou contemporâneas dos fatos históricos a que se referem” (SCHMIDT; CAINELLI, 2004, p. 96), ou secundárias,
entendidas como “registros que contêm informações sobre os conteúdos históricos resultantes de uma ou mais elaborações
realizadas por diferentes pessoas. Essas fontes nos chegam por pessoas que realizam reconstruções do passado, cujas referências
são diferentes testemunhos ou relatos” (SCHMIDT; CAINELLI, 2004, p. 97).
O principal objetivo do trabalho com fontes é levar o aluno a fazer inferências válidas (perguntas pertinentes) ao passado e
que possam ter na fonte um início de resposta. O aluno precisa ir além da observação ou da leitura de determinada fonte,
estabelecendo um diálogo temporal baseado nas categorias articuladoras166. Dois alertas se fazem necessários quanto ao trabalho
com fontes: primeiro, relaciona-se ao trabalho com elementos da cultura material, pois é comum em sala de aula focar mais o objeto
Aprender a interpretar símbolos torna-se cada dia mais importante, afinal, vivemos na era da tecnologia, um tempo em que
as informações são constantes, e a todo momento somos bombardeados por notícias e imagens de todos os cantos do
mundo. Nesse contexto ensinar história não pode resumir-se a análises simples e descontextualizada de figuras de livros
didáticos, devemos instigar os alunos a questionar e desconstruir aquilo que eles veem. (GONÇALVES, 201?, n.p.).
O uso de imagens auxilia no entendimento e interpretação da história, da vivência de épocas diferentes, sendo uma
excelente fonte de pesquisa em virtude de sua riqueza de detalhes e informações, nos possibilita interpretar, e não apenas
decorar. Esse tipo de proposta favorece um aprendizado interativo, prazeroso possibilitando o posicionamento crítico
mediante os acontecimentos da nossa sociedade. (GONÇALVES, 201?, n.p.).
As pinturas rupestres, por exemplo, conservadas até os nossos dias, nos permitem a compreensão de outra realidade
possibilitando interpretar um modo de vida bem diferente do nosso. Gonçalves (201?) pontua que:
Outro exemplo bem interessante é trazer imagens de quadros como o da chegada dos portugueses aqui no Brasil, junto
com a carta de Pero Vaz de Caminha. Refletir sobre esses documentos é analisar o que pensaram esses homens quando
chegaram ao Brasil. O que acharam do povo que encontraram aqui? Essa visão era verdadeira? Os povos indígenas eram
ingênuos [...]? (GONÇALVES, 201?, n.p.).
O quadro Independência ou morte, de Pedro Américo (Óleo sobre tela, 1888) que representa a proclamação da
independência do Brasil de forma grandiosa, com a imagem de um herói (D. Pedro I) que criou nossa nação nos livrando
do jugo de Portugal, entretanto a historiografia nos conta que não foi daquela forma. Foi muito mais simples, sem cavalos
grandiosos e espadas reluzentes. Podemos questionar quais os motivos de essa imagem ter sido produzida dessa forma,
ou seja, o que esse quadro quis mostrar? O que ele representa? (GONÇALVES, 201?, n.p.).
A utilização das imagens no ensino de História diz respeito à necessidade de serem compreendidos os significados dessa
utilização tão corriqueira, vivida como hábito e presente na vida de todos nós a tal ponto que nem pensamos mais por que e como
acontece. Faz sentido considerar a produção/reprodução/transformação de imagens como uma característica dos nossos tempos e
compreendê-la como a forma em que as sociedades se imaginam e se percebem. Tomar as imagens como um problema a ser
decifrado significa, a princípio, pôr em questão a organização da vida em sociedade, tanto no presente quanto no passado, pois, na
medida em que podem trazer explicações sobre o passado, as imagens provocam novas reflexões também sobre o presente. Desse
modo, em sala de aula, uma imagem gera muitas reflexões e possibilidades de compreensão do passado e do presente.
Para Bachelar (2009),
É importante lembrar que nenhum documento é neutro. Assim como qualquer objeto elaborado historicamente pelo
homem, em sociedade, o documento iconográfico167não pode ser concebido como a história em si ou uma expressão
absoluta da verdade ou de uma época ou sociedade, muito menos o retrato fiel da realidade. Tal qual o documento escrito,
ele foi feito e/ou concebido por alguém, em determinado contexto, com determinada ideologia, em determinado tempo e
espaço. A noção de verdade única é questionada pelos historiadores, haja vista que um mesmo fato pode ser interpretado
de várias maneiras a partir de pontos de vista diferenciados, pois [...] o objeto criado é portador de conteúdo social e
histórico e como objeto concreto é uma nova realidade social. (BACHELAR, 2009, p. 16).
Portanto, é preciso que se obtenha o máximo possível de informações sobre qualquer objeto iconográfico produzido, é
preciso interrogá-lo, realizar uma leitura crítica, perceber quais são as intenções contidas no mesmo: como e quando foi produzido,
sua finalidade, seus significados e valores para a sociedade que o produziu. Para o autor supracitado,
167
“A palavra iconografia define qualquer imagem registrada e as representações por trás da imagem. Como conceito, abarca desde desenhos, pinturas e
esculturas, até fotografias, cinema, propaganda, outdoors; tanto a imagem fixa quanto a imagem em movimento”. (SILVA, 2009, p. 198).
550
Diversos questionamentos podem ser feitos quando se analisa um objeto iconográfico, procurando identificar suas
condições de produção: Procedência: Por quem foi elaborado? Onde? Quando? Como foi sua conservação? Existe
alguma inscrição em seu corpo (no caso de fotografias168, esculturas, pinturas...)?; Finalidade: Qual seu objetivo? Por que
e/ou para quem foi feito? Qual sua importância para a sociedade que o fez? Em que contexto foi feito? Com quais
finalidades? Onde se encontra o objeto atualmente?; Tema: Possui título? Existem pessoas retratadas? Quem são? Como
se vestem? Como se portam? Percebe-se hierarquia na representação? Que objetos são retratados? Como aparecem?
Que tipo de paisagem aparece? Qual é o tempo retratado? Há indícios de tempo histórico na representação? É possível
identificar práticas sociais no objeto iconográfico retratado?; Estrutura formal: Qual é o material utilizado: papel, pedra,
tela, parede, mural, cartão, fotografia? Quais foram as técnicas e os materiais utilizados? Como se estrutura sua
composição? Qual o estilo adotado? Percebe-se relação/aproximação com a realidade da sociedade ou período
retratados?; Simbolismos: É possível identificar simbolismos? Quais? Permitem várias interpretações? Como se
articulam os simbolismos com o tema? Seria possível aos contemporâneos da imagem identificarem algum simbolismo?
(BACHELAR, 2009, p. 18).
A partir desses exemplos, e de toda exposição feita anteriormente, acreditamos ser possível desenvolver nos alunos o
conhecimento histórico, o qual implica que eles compreendam que a realidade social é mutável169, ou seja, de acordo com Schaff
(1995), essa mudança é submetida a leis cujo reflexo são as leis dinâmicas da ciência (histórica); as mudanças conduzem a estados
periódicos de equilíbrio relativo, cuja característica não é a ausência de qualquer mudança, mas sim a duração relativa de suas
‘formas’ e de suas ‘relações recíprocas’. O conhecimento, nessa perspectiva, acarreta necessariamente uma vinculação
168
Complementando esse entendimento, é preciso considerar o apresentado por Sônego (2010): “A fotografia deixou de ser mero instrumento ilustrativo da
pesquisa para assumir o status de documento, matéria-prima fundamental na produção do conhecimento sobre determinados períodos da História,
acontecimentos e grupos sociais. Assim, se a fotografia foi e ainda é utilizada como janela para o passado, fornecendo dados que os documentos textuais não
registraram, por outro lado a compreensão da fotografia como uma forma de representação abriu inúmeras possibilidades de análise de problemas históricos
associados à construção da imagem. Os diferentes autores que adotaram a fotografia como instrumento ou objeto de pesquisa, embora realizem trajetórias
diferentes em suas construções metodológicas, apontam a necessidade de desconstrução do aparente, desvendando aquilo que está oculto, identificando os
assuntos/temas que foram focados naquele determinado momento histórico, os fotógrafos e agências/autores das imagens e as tecnologias empregadas em
sua produção, bem como o contexto em que foram realizadas e a utilização da linguagem verbal para o preenchimento das brechas e silêncios deixados pela
imagem”. (SÔNEGO, 2010, p. 114).
169
A mais perversa armadilha da alienação é acreditar que “sempre foi assim” e, portanto, “sempre será assim”. A consciência imediata, presa à particularidade
da época em que vive, tende a transformar em naturalidade os contextos sociais, culturais e históricos, justificando a inevitabilidade das formas sociais
estabelecidas. Por esse motivo, o estudo da história é subversivo, é revolucionário, por que serve ao desmascaramento das ideologias, porque, ao se inserirem
os contextos particulares em sua história, desvelamos suas pretensões de universalidade .(IASI, 2005).
551
epistemológica dialética entre presente e passado, isto é, em cada momento, as lutas sociais é que determinam a configuração que
terá a sociedade estudada, incluindo os aspectos mais conscientes e voluntários dessas lutas, não se travam no vácuo, livres de
determinações, mas, pelo contrário, no interior de uma delimitação estrutural herdada da história anterior e que não há como
transformar in totum em um período curto por simples atos de vontades.
Estudar história é, portanto, estabelecer um diálogo entre o passado e o presente. “Isso significa que não temos uma fórmula
para representar o passado ‘puro’, ‘total’, que possa ser reconstituído exatamente ‘como era’. Também significa que não podemos
fazer um texto ou dar uma aula de história baseados apenas na concepção atual, pois isso leva a projeções do presente no passado:
os famosos anacronismos” (KARNAL, 2004, p. 7). Afinal, “Que seja dito e repetido a exaustão: uma aula pode ser extremamente
conservadora e ultrapassada contando com todos os mais modernos meios audiovisuais. Uma aula pode ser muito dinâmica e
inovadora utilizando giz, professor e aluno. Em outras palavras, podemos utilizar meios novos, mas é a própria concepção de História
que deve ser repensada. O recorte que o professor faz é uma opção política” (KARNAL, 2004, p. 7), pois, as palavras do historiador
Eric Hobsbawm (1998), “Ser membro da consciência humana é situar-se com relação a seu passado”, passado este que “é uma
dimensão permanente da consciência humana, um componente inevitável das instituições, valores e padrões da sociedade”
(HOBSBAWM, 1998, p. 22).
É preciso deixar claro, porém, que não é proposta do ensino básico a formação de pequenos historiadores. A organização
dos conteúdos e a articulação metodológica para trabalhá-los possibilita ao aluno pensar historicamente, evitando passar para a falsa
sensação de que os conhecimentos históricos existem de forma acabada, e assim são transmitidos, afinal a realidade não é natural.
170
Quando somos capazes de analisar nossa sociedade, como resultado da história, podemos compreender o processo pelo
qual ela se tornou o que é e, dessa maneira, entender o movimento que conduz à possibilidade de superação da sociedade
capitalista e à emancipação humana.
Para tanto, é importante que, por meio dessa disciplina, os alunos possam identificar e refletir sobre as relações entre a
sociedade atual e o conhecimento histórico, contribuindo para a superação de uma visão na qual o que importa é apenas o momento
presente, ou seja, ao estudar as sociedades passadas, o aluno poderá compreender o tempo presente com o objetivo de transformar
a realidade, percebendo-se desse modo como sujeito histórico. O ensino de História contribui, portanto, para libertar o indivíduo do
imobilismo, do tempo presente, ou seja, não explicar o presente a partir de si mesmo, considerando a dialética da História.
Dizer que somos sujeitos da história ou agentes de transformação da realidade significa entender que essas transformações
não ocorrem por vontade individual, que ser sujeito histórico é ter compreensão de que o indivíduo não é o único responsável pelas
170
A História compreendida como processo, busca aprimorar o exercício da problematização da vida social, como ponto de partida para a investigação
produtiva e criativa, buscando identificar as relações sociais de grupos locais, regionais, nacionais e de outros povos; perceber as diferenças e semelhanças, os
conflitos/contradições existentes na sociedade.
552
mudanças, que ele não é apenas sujeito da história, mas é também produto dessa. Assim sendo, é preciso desvelar/desmistificar a
realidade presente por meio do estudo da história, compreendendo que é a luta coletiva no e do social que permitiu e/ou permite
conquistas ao longo da história.
171
O historiador Ângelo Priori (1999) nos alerta para o risco de se trabalhar com a história local. Primeiro: O risco de trabalhar a história tradicional – positivista –
a primeira casa, o primeiro agricultor, a primeira escola, o primeiro prefeito, o primeiro padre e assim por diante, numa sucessão de eventos, heróis, tratados,
leis etc. A falta de materiais didáticos produzidos para esse fim, dando-se ênfase às “histórias” produzidas oficialmente, geralmente livros e cartilhas elaboradas
por historiadores ou escritores ligados à prefeitura ou a algum órgão da sociedade local.
553
Todos abandonaram os tempos extraordinários em troca da memória do quotidiano das pessoas comuns. Uma topografia
estética nova instala-se, conforme se fale de uma aldeia, das mulheres, dos imigrantes, dos marginais... Sobre este campo
de investigação novo, a etnologia interna alimenta-se da crise da noção de progresso e desabrocha em um “presente
imóvel”. Passamos insensivelmente da grande biografia dos heróis da história, de Luís XI a Napoleão, sem esquecer
Carlos V, para as biografias dos heróis obscuros do quotidiano. (DOSSE, 2003, p. 24).
A heroização do povo pode ser consoladora, mas não ajuda a compreender a realidade e transformá-la. Ao contrário, pode
ser tão mitificadora quanto à história tradicional, que enaltecia os “grandes homens” das camadas dirigentes.
Afinal, o ensino de História, mesmo que em âmbito local172 ou regional, deve dar conta das contradições que movem à
sociedade, compreendendo a dialética dos mesmos sem sobrepor um interesse em detrimento de outro, deixando de lado
interpretações fantasiosas. No entanto, não é suficiente estudar o regional ou local por si mesmos, pois o estudo desses deve
possibilitar ao aluno entender, mesmo que de forma incipiente, como funciona a sociedade. Isso exige a necessidade de estabelecer
relações com contextos maiores, estadual, nacional e até mesmo mundial.
O estudo da história regional ou local, integrante de uma totalidade, favorece/incentiva visitas a museus, a acervos, a
entrevistas, a observar figuras que representam a realidade de um determinado momento, rompendo com a ideia de que a história de
uma sociedade seja simplesmente uma ordenação cronológica de fatos e datas. É necessário, desse modo, investigar como os
homens no decorrer da história produziam e se relacionavam, questionando e problematizando para que o aluno possa compreender
que a história da região ou local onde vive não se explica por si só, pois está relacionada ao contexto social, político e econômico.
Nessa perspectiva, “Nestes recortes precisamos ter alguns cuidados, pois esta questão de trabalharmos com a parte é um fenômeno
do mundo em que vivemos, onde tudo é partido, repartido, separado. Como a nossa vida o mundo não é de partes, mas é um todo
que funciona no conjunto; ao fazer os recortes, estamos evitando a compreensão do todo, isolamos as partes e depois vamos juntá-
las”. (CALLAI, 1988, p. 33).
Nesse sentido, ao trabalhar a história local e/ou regional é fundamental analisar: o que estava acontecendo no Brasil e no
mundo nesse momento? Quais políticas nacionais interferiram na história da região e/ou do município onde vivemos? Como o
172
Por exemplo, “o município constitui-se em microcosmo do nacional e mesmo do planetário. A par de acontecimentos de cunho eminentemente local
(particular), manifestam-se outros tantos de natureza mais geral (universal). As relações de ordem econômica, política e social que se manifestam no município
expressam um ordenamento mais geral. É o universal que se revela no concreto [...] Estudar o município é importante e necessário para o aluno, na medida em
que ele está desenvolvendo o processo de conhecimento e de crítica da realidade em que está vivendo. Ali estão o espaço e o tempo delimitados, permitindo
que se faça a análise de todos os aspectos da complexidade do lugar”. (CALLAI, 1988, p. 9-11).
554
estabelecimento de uma faixa de fronteira influenciou na exploração da região Oeste do Paraná, por exemplo? Portanto, fica evidente
que a história local e regional estão articuladas a história de contextos mais amplos.
Diante das orientações apresentadas nesses pressupostos, que pretendem dar relevância às metodologias a serem
trabalhadas, cabe-nos identificar quais as melhores maneiras de se trabalhar os conteúdos da disciplina de história. Este documento
incumbe-se de auxiliar na elaboração e desenvolvimento de aulas, ressaltando que esse trabalho deve-se voltar para a maneira
como o aluno irá compreender a história. Para Cruz (2003), “Estudar História e Geografia na Educação Infantil e no Ensino
Fundamental resulta em uma grande contribuição social. O ensino de História e da Geografia pode dar ao aluno subsídios para que
ele compreenda, de forma mais ampla, a realidade na qual está inserido e nela interfira de maneira consciente e propositiva” (CRUZ,
2003, p. 2). Dessa forma, a “escolha” de quais documentos e linguagens serão utilizados deve ser rigorosa, cuidadosa e é de grande
importância, de forma que o professor, apoiado na perspectiva teórica adotada, proporcione aos alunos uma aprendizagem
significativa, em que se possa aprender a problematizar a história de maneira crítica e reflexiva.
Outra questão extremamente importante diz respeito ao trabalho e à articulação com os temas transversais, dentre os quais
podemos citar: o trabalho com os Símbolos do estado do Paraná, o Estatuto da Criança e do Adolescente, Estatuto do Idoso, Direitos
Humanos, pois dada a relevância destes temas os mesmos serão contemplados nas unidades temáticas, objetos do conhecimento e
objetivos de aprendizagem.
4. CONTEÚDOS
HISTÓRIA – 1º ANO
UNIDADE OBJETOS DO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
TEMÁTICA CONHECIMENTO
As fases da vida e a ideia de (EF01HI01) Identificar aspectos do seu crescimento por meio do registro das lembranças particulares ou de
temporalidade (passado, lembranças dos membros de sua família e/ou de sua comunidade.
presente, futuro).
Identificar características pessoais, familiares e elementos da própria história de vida por meio de relatos, fotos,
Mundo pessoal: meu Nome/Sobrenome. objetos e outros registros, socializando com os demais integrantes do grupo;
lugar no mundo.
Sobrenome enquanto Conhecer e relatar a história de vida e do próprio nome.
pertencimento ao grupo
familiar. Identificar e comparar objetos, imagens, relatos e ações humanas em diferentes temporalidades para
compreender a passagem do tempo, apontando mudanças e permanências em suas características e funções.
Quem sou eu? Por que tenho
esse nome? Empregar noções de anterioridade e posterioridade, ordenação e sucessão em situações cotidianas.
555
Identificar e comparar características das diferentes fases da vida do ser humano por meio da linha do tempo;
Perceber a passagem do tempo através do uso do calendário e relógio.
As diferentes formas de (EF01HI02) Identificar a relação entre as suas histórias e as histórias de sua família e de sua comunidade.
organização da família e da
comunidade: os vínculos Identificar problemas em sua realidade comunitária, pesquisar e conversar sobre possíveis soluções.
pessoais e as relações de
amizade. (EF01HI03) Descrever e distinguir os seus papéis e responsabilidades relacionados à família, à escola e à
comunidade.
Estruturas familiares dos
diferentes povos. Identificar tarefas/objetos de uso individuais e coletivas no ambiente familiar que visam obter os recursos
indispensáveis à satisfação das necessidades familiares.
Diferentes formas de produção
na estrutura familiar: tipos de
Conhecer e comparar famílias em diferentes temporalidades, espaços, culturas e relações de trabalho, condições
trabalho, papéis sociais,
relações de poder: pai/mãe, de vida, identificando semelhanças e diferenças, mudanças e permanências.
homem/mulher.
A escola e a diversidade do (EF01HI04) Identificar as diferenças entre os variados ambientes em que vive (doméstico, escolar e da comunidade)
grupo social envolvido. reconhecendo as especificidades dos hábitos e das regras que os regem, diferenciando o público do privado.
Conhecer, comparar e entender diferentes formas de trabalho na escola e em outros grupos culturais e sociais.
A vida em casa, a vida na (EF01HI05) Identificar semelhanças e diferenças entre brinquedos, jogos e brincadeiras atuais e de outras épocas e
Mundo pessoal: eu, escola e formas de lugares.
meu grupo social e representação social e
meu tempo. espacial: os jogos e Conhecer e comparar brincadeiras e brinquedos de outras épocas, povos e culturas, identificando mudanças e
brincadeiras como forma de permanências frente às novas tecnologias.
interação social e espacial.
(EF01HI06) Conhecer as histórias da família e da escola e identificar o papel desempenhado por diferentes sujeitos em
diferentes espaços.
A vida em família e na escola:
diferentes configurações e (EF01HI07) Identificar mudanças e permanências nas formas de organização familiar, respeitando as diferenças.
vínculos.
Reconhecer a importância dos sujeitos que compõem a família, identificando relações afetivas e de parentesco
no convívio familiar.
Compreender, exemplificar e desenvolver atitudes de colaboração no contexto familiar e escolar de forma ética e
respeitosa.
556
(EF01HI08) Reconhecer o significado das comemorações e festas escolares, diferenciando-as das datas festivas
A escola, sua representação comemoradas no âmbito familiar e/ou da comunidade.
espacial, sua história e seu
papel na comunidade. Identificar as comemorações e festas escolares e sua importância social.
Identificar a importância das famílias no cotidiano da comunidade escolar.
Conhecer o contexto cultural e/ou regional das festas e comemorações.
Conhecer e respeitar o patrimônio e a diversidade cultural, entendendo-os como direito dos povos e sociedades.
HISTÓRIA – 2º ANO
UNIDADE OBJETOS DE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
TEMÁTICA CONHECIMENTO
(EF02HI01) Reconhecer espaços de sociabilidade e identificar os motivos que aproximam e separam as pessoas em
diferentes grupos sociais ou de parentesco.
A noção do “Eu” e do “Outro”: (EF02HI02) Identificar e descrever práticas e papéis sociais que as pessoas exercem em diferentes comunidades e/ou
comunidade, convivências e instituições (família, escola, igreja, entre outras).
A comunidade e seus interações entre pessoas.
registros. Participar na construção de regras cotidianas, considerando diferentes grupos e espaços de convívio.
As instituições: organização e
papel social. Identificar-se enquanto sujeito histórico e agente de transformação em sua comunidade.
(EF02HI03) Selecionar situações cotidianas que remetam à percepção de mudança, pertencimento e memória.
(EF02HI04) Selecionar e compreender o significado de objetos e documentos pessoais como fontes de memórias e
histórias nos âmbitos pessoal, familiar, escolar e comunitário.
Conhecer a história da escola identificando mudanças e permanências no espaço escolar e a importância dos
profissionais que trabalham e/ou trabalharam nele.
Apresentar noções de temporalidade em sua história de vida e em momentos rotineiro.
Relacionar elementos da própria história com base em narrativas familiares, documentos escritos e imagens
(fotos e/ou objetos).
557
Respeitar as diferenças existentes nos grupos de convívio.
Conhecer etnias e culturas que caracterizam sua comunidade estabelecendo relações sociais mais amplas.
(EF02HI05) Selecionar objetos e documentos pessoais e de grupos próximos ao seu convívio e compreender sua
As formas de Formas de registrar e narrar função, seu uso e seu significado.
registrar as histórias (marcos de memória
experiências da materiais e imateriais). Identificar mudanças e permanências em objetos, espaços e modos de agir ao longo do tempo.
comunidade.
Pesquisar fontes materiais e/ou imateriais sobre a história da escola e do bairro.
Conhecer elementos do contexto de origem das datas comemorativa.
Conhecer os símbolos que representam o município e as datas comemorativas.
(EF02HI06) Identificar e organizar, temporalmente, fatos da vida cotidiana, usando noções relacionadas ao tempo
(antes, durante, ao mesmo tempo e depois).
O tempo como medida. (EF02HI07) Identificar e utilizar diferentes marcadores do tempo presentes na comunidade, como relógio e calendário.
Noções de tempo: biológico, Interpretar o calendário e linhas do tempo para situar-se no tempo cronológico.
psicológico, cronológico,
histórico. Perceber o tempo biológico, psicológico e histórico estabelecendo vínculos com as relações de vida escolar,
tempo e espaço.
Comparar brinquedos e brincadeiras regionais e em sociedades e temporalidades distintas apontando
semelhanças e diferenças com a comunidade.
Estabelecer comparações entre passado e presente.
As fontes: relatos orais, (EF02HI08) Compilar história do estudante, da família, da escola e/ou da comunidade registradas em diferentes fontes.
objetos, imagens (pinturas,
fotografias, vídeos), músicas, (EF02HI09) Identificar objetos e documentos pessoais que remetam à própria experiência no âmbito da família e/ou da
escrita, tecnologias digitais de comunidade, discutindo as razões pelas quais alguns objetos são preservados e outros descartados.
informação e comunicação e
inscrições nas paredes, ruas e Comparar fontes orais, escritas e ou visuais de natureza material e ou imaterial que retratem diferentes
espaços sociais. comunidades formas de trabalhar, produzir, brincar e festejar.
O trabalho e a A sobrevivência e a relação (EF02HI10) Identificar diferentes formas de trabalho e lazer existentes na comunidade em que vive, seus significados,
sustentabilidade na com a natureza. suas especificidades e importância.
comunidade
Bens permanentes e de Identificar os gastos internos do grupo familiar: moradia, saúde, educação, segurança, lazer, comunicação....
consumo: quem e como se
pagam os bens? O que, para Conhecer os direitos da criança relacionados ao trabalho e ao lazer na infância.
que e para quem se produz? -
Comparar meios de transporte, de produção e de comunicação no passado e no presente.
Passado/presente.
558
(EF02HI11) Identificar impactos no ambiente causados pelas diferentes formas de trabalho existentes na comunidade
Diferentes formas de trabalho em que vive.
e organização.
Conhecer e diferenciar as atividades humanas existentes em sua comunidade: comércio, indústria, serviços
(público, privado, estatal), agricultura, pecuária, dentre outros.
HISTÓRIA – 3º ANO
UNIDADE OBJETOS DE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
TEMÁTICA CONHECIMENTO
(EF03HI01) Identificar os grupos populacionais que formam o município e a região, as relações estabelecidas entre
eles e os eventos que marcam a formação da cidade/município, como fenômenos migratórios (vida rural/vida
urbana), desmatamentos, estabelecimento de grandes empresas, etc.
As pessoas e os O “Eu”, o “Outro” e os Reconhecer-se como sujeito histórico na construção da história de sua comunidade.
grupos que compõem diferentes grupos sociais e
a cidade e o étnicos que compõem a Conhecer a história dos grupos populacionais que ocupavam a região onde o município se formou,
município. cidade e os municípios: os identificando os povos indígenas como os primeiros donos da terra.
desafios sociais, culturais e
ambientais do lugar onde vive. (EF03HI02) Selecionar, por meio da consulta de fontes de diferentes naturezas, e registrar acontecimentos ocorridos
ao longo do tempo na cidade/município ou região em que vive.
Conhecer, analisar e/ou elaborar narrativas orais, escritas e/ou visuais sobre aspectos do município
(população, economia, emancipação política, manifestações sociais e culturais, urbanização, educação, lazer e
saúde, entre outros).
(EF03HI04) Identificar os patrimônios históricos e culturais de sua cidade ou região e discutir as razões culturais,
Os patrimônios históricos e sociais e políticas para que assim sejam considerados.
culturais da cidade e/ou do
município em que vive. Entender o conceito de patrimônio relacionando à ideia de pertencimento, valorização e preservação da
memória do município.
Conhecer, explorar e sistematizar pontos do município e/ou lugares de memória, coletando dados e cuidando
dos mesmos.
(EF03HI05) Identificar os marcos históricos do lugar em que vive e compreender seus significados.
559
Conhecer o significado e a origem de festas e/ou comemorações e sua relação com a preservação da memória
dos diferentes grupos que compõem a história do município e/ou região.
(EF03HI06) Identificar os registros de memória na cidade (nomes de ruas, monumentos, edifícios etc.), discutindo os
critérios que explicam a escolha desses nomes.
Migração e rupturas: formação Conhecer a história dos diferentes grupos que constituíram a população, a cultura e o espaço local.
das populações locais.
A produção dos marcos da (EF03HI08) Identificar modos de vida na cidade e no campo no presente, comparando-os com os do passado.
memória: a cidade e o campo,
aproximações e diferenças. Compreender que a história é construída coletivamente num processo contínuo de mudanças e permanências,
semelhanças e diferenças.
(EF03HI09) Mapear os espaços públicos do lugar em que vive (ruas, praças, escolas, hospitais, prédios da Prefeitura
A noção de espaço A cidade/município, seus e da Câmara de Vereadores etc.) e identificar suas funções.
público e privado. espaços públicos e privados e
suas áreas de conservação (EF03HI10) Identificar as diferenças entre o espaço doméstico, os espaços públicos e as áreas de conservação
ambiental. ambiental, compreendendo a importância dessa distinção e o respeito às normas de convívio nos mesmos.
Comparar espaços de sociabilidade no bairro e/ou município, no passado e no presente (ruas, templos
religiosos, praças, parques, casas, entre outros).
Compreender a importância das áreas de conservação para a população de acordo com as necessidades de
cada época histórica.
A cidade/município e suas (EF03HI11) Identificar e comparar diferenças entre formas de trabalho realizadas na cidade e no campo,
atividades: trabalho, cultura e considerando também o uso da tecnologia nesses diferentes contextos e segmentos: agricultura familiar, extensiva,
lazer. orgânica e as relações de interdependência.
560
Organização do espaço de (EF03HI12) Comparar as relações de trabalho e lazer do presente com as de outros tempos e espaços, analisando
trabalho e sua mudanças e permanências.
interdependência: o rural e o
urbano. Conhecer profissões, lutas e conquistas no mundo do trabalho.
Diferentes trabalhadores: Conhecer e respeitar as comunidades indígenas do passado e do presente, as formas de trabalho
assalariado, volante, produtor desenvolvidas, seus costumes e relações sociais.
familiar, meeiros e outros.
Identificar e comparar os deveres e direitos da criança no presente e no passado.
Conhecer, valorizar e preservar os espaços de lazer do município.
Conhecer e analisar os poderes que caracterizam a organização administrativa do município e suas funções.
HISTÓRIA - 4º ANO
UNIDADE OBJETOS DO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
TEMÁTICA CONHECIMENTO
(EF04HI01) Reconhecer a história como resultado da ação do ser humano no tempo e no espaço, com base na
identificação de mudanças e permanências ao longo do tempo.
O passado e o presente: a (EF04HI03) Identificar as transformações ocorridas na cidade e no campo ao longo do tempo e discutir suas
noção de permanência e as interferências nos modos de vida de seus habitantes, tomando como ponto de partida o presente.
lentas transformações sociais
e culturais.
Circulação de A circulação de pessoas e as (EF04HI04) Identificar as relações entre os indivíduos e a natureza e discutir o significado do nomadismo e da fixação
pessoas, produtos e transformações no meio das primeiras comunidades humanas.
culturas. natural.
Reconhecer os povos indígenas como primeiros habitantes das terras brasileiras.
As lutas e conflitos pela posse Reconhecer os Kaingang, os Guarani e os Xetá como povos indígenas paranaenses, comparando a realidade
da terra: indígenas, posseiros,
561
grileiros, atingidos por dos mesmos no presente e no passado.
barragens.
As mudanças na ordem social Compreender como se deu a chegada dos portugueses e africanos às terras brasileiras e à localidade
com a chegada de paranaense associando à exploração das terras e recursos.
portugueses (Leste) e
espanhóis (Oeste): as novas Compreender as razões da luta pela posse da terra em diferentes contextos espaciais e temporais.
relações de poder. (EF04HI05) Relacionar os processos de ocupação do campo a intervenções na natureza, avaliando os resultados
Ação jesuítica no sul do Brasil, dessas intervenções para a população e o meio ambiente.
as encomendas e reduções.
Relações de poder e
processos de resistência: as
entradas e bandeiras –
interesses, ações e
consequências.
A invenção do comércio e a (EF04HI06) Identificar as transformações ocorridas nos processos de deslocamento das pessoas e mercadorias,
circulação de produtos. analisando as formas de adaptação ou marginalização.
Miscigenação e formação Pesquisar sobre a utilização do trabalho escravo no estado do Paraná e a resistência dos escravizados.
social: o Oeste do Estado do
Paraná no século XVII – a Identificar a extração da madeira, a mineração, o tropeirismo e a exploração da erva-mate entre as primeiras
ação dos obrageros, relações atividades econômicas exploradas no Paraná, além do impacto das mesmas para o meio ambiente e para o
de poder e exploração das surgimento das cidades.
riquezas naturais e da
população.
As rotas terrestres, fluviais e (EF04HI07) Identificar e descrever a importância dos caminhos terrestres, fluviais e marítimos para a dinâmica da
marítimas e seus impactos vida comercial.
para a formação de cidades e
as transformações do meio Identificar as transformações ocorridas nos meios de transporte e discutir seus significados para os diferentes
natural. grupos ou estratos sociais.
O mundo da tecnologia: a (EF04HI08) Identificar as transformações ocorridas nos meios de comunicação (cultura oral, imprensa, rádio,
integração de pessoas e as televisão, cinema, internet e demais tecnologias digitais de informação e comunicação) e discutir seus significados
exclusões sociais e culturais. para os diferentes grupos ou estratos sociais.
O surgimento da espécie (EF04HI09) Identificar as motivações dos processos migratórios em diferentes tempos e espaços e avaliar o papel
As questões humana no continente africano desempenhado pela migração nas regiões de destino.
históricas relativas às e sua expansão pelo mundo.
migrações.
Os processos migratórios para (EF04HI10) Analisar diferentes fluxos populacionais e suas contribuições para a formação da sociedade brasileira,
a formação do Brasil: os reconhecendo a diversidade étnica e cultural que formou a população paranaense.
grupos indígenas, a presença
portuguesa e a diáspora (EF04HI11) Analisar, na sociedade em que vive a existência ou não de mudanças associadas à migração (interna e
forçada dos africanos. internacional).
O processo de expansão
562
europeia e os conflitos étnicos. Conhecer as principais festas e manifestações artísticas e culturais do Paraná.
Os processos migratórios do Pesquisar e conhecer aspectos históricos da sociedade paranaense (população, trabalho, economia, educação,
final do século XIX e início do cultura, entre outros).
século XX no Brasil.
Relacionar os símbolos oficiais do Paraná à história do Estado.
As dinâmicas internas de
migração no Brasil a partir dos
anos 1960.
HISTÓRIA - 5º ANO
UNIDADE OBJETOS DE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
TEMÁTICA CONHECIMENTO
O que forma um povo: do (EF05HI01) Identificar os processos de formação das culturas e dos povos, relacionando-os com o espaço geográfico
Povos e culturas: nomadismo aos primeiros ocupado.
meu lugar no mundo povos sedentarizados.
e meu grupo social. Diferenciar os processos de nomadismo e sedentarismo.
Formas de organização da
população nativa: Entender a migração como deslocamento populacional pelo espaço geográfico, identificando a importância da
semelhanças e diferenças mobilidade e da fixação para a sobrevivência do ser humano.
entre os povos.
Reconhecer os povos indígenas como primeiros habitantes do território brasileiro e as relações de trabalho que
O papel do conhecimento se estabeleceram com a chegada dos portugueses.
entre as primeiras sociedades
nativas brasileiras. Conhecer o processo de colonização das terras brasileiras, especialmente do território paranaense.
Conhecer e valorizar a cultura dos povos indígenas, africanos e europeus que formaram a população brasileira
e do estado do Paraná.
As formas de organização (EF05HI02) Identificar os mecanismos de organização do poder político com vistas à compreensão da ideia de
social e política: a noção de Estado e/ou de outras formas de ordenação social.
Estado.
Relacionar a disputa por terras férteis à garantia de sobrevivência e poder de um grupo sobre outro, originando
Formas de governo. o governo de um território.
Discutir e compreender a necessidade de regras e leis para vivermos em sociedade.
Entender como se deu a chegada dos portugueses ao Brasil e a organização do sistema de governo durante o
período colonial brasileiro.
Conhecer as primeiras formas de exploração econômica no território brasileiro: extração do pau-brasil, cana-de-
563
açúcar, mineração e mão-de-obra escravizada.
Analisar a história do Brasil em diferentes períodos, destacando relações de poder, cultura e trabalho a partir de
fontes históricas e da articulação entre o contexto local e/ou regional.
Conhecer direitos sociais conquistados pela luta de muitos cidadãos brasileiros e que fazem parte do nosso
cotidiano.
(EF05HI03) Analisar o papel das culturas e das religiões na composição identitária dos povos antigos, respeitando as
O papel das religiões e da diferenças.
cultura para a formação dos
povos antigos. Compreender que existem pessoas que não participam de manifestações religiosas.
Conhecer festas populares no Paraná e/ou no Brasil e contextos de origem.
Conhecer povos e comunidades tradicionais do Paraná e suas relações de trabalho.
(EF05HI04) Associar a noção de cidadania com os princípios de respeito à diversidade, à pluralidade e aos direitos
Cidadania, diversidade cultural humanos.
e respeito às diferenças
sociais, culturais e históricas. Pesquisar e conhecer a importância de revoltas coloniais como Inconfidência Mineira e Conjuração Baiana no
processo de independência do Brasil e de libertação da população escravizada.
Conhecer os símbolos nacionais relacionando-os à história do país.
(EF05HI05) Associar o conceito de cidadania à conquista de direitos dos povos, das sociedades e diferentes grupos,
compreendendo-o como conquista histórica.
Reconhecer grupos de imigrantes e migrantes que formam a população da cidade, do estado e/ou do país e
suas contribuições.
Conhecer, respeitar e valorizar as diferenças étnicas, regionais, ambientais e culturais que caracterizam o
território paranaense relacionando-as aos movimentos migratórios.
Conhecer elementos que caracterizam conflitos, como por exemplo, a Guerra do Contestado, Guerra de
Porecatu e Levante dos Posseiros de 1957, relacionando-os a movimentos de luta pela posse da terra.
Conhecer e valorizar espaços e formas de resistência da população negra paranaense, por meio das
comunidades de remanescentes quilombolas, clubes negros e manifestações culturais.
As tradições orais e a (EF05HI06) Comparar o uso de diferentes linguagens e tecnologias no processo de comunicação e avaliar os
valorização da memória. significados sociais, políticos e culturais atribuídos a elas.
Registros da história: (EF05HI07) Identificar os processos de produção, hierarquização e difusão dos marcos de memória e discutir a
linguagens e presença e/ou a ausência de diferentes grupos que compõem a sociedade na nomeação desses marcos de memória.
564
culturas. (EF05HI08) Identificar formas de marcação da passagem do tempo em distintas sociedades, incluindo os povos
indígenas originários e os povos africanos.
(EF05HI09) Comparar pontos de vista sobre temas que impactam a vida cotidiana no tempo presente, por meio do
acesso a diferentes fontes, incluindo orais.
Os patrimônios materiais e (EF05HI10) Inventariar os patrimônios materiais e imateriais da humanidade, do Brasil e do Paraná, analisando
imateriais da humanidade. mudanças e permanências desses patrimônios ao longo do tempo, desenvolvendo ações de valorização e respeito.
5. AVALIAÇÃO
Avaliar em História caracteriza-se pela busca de metodologias significativas para o processo de compreensão do mundo do
trabalho e de suas implicações nas formas de organização e do exercício do poder. Nesse sentido, é necessário avaliar a capacidade
de entendimento dos alunos a respeito das questões discutidas, a sua capacidade de pesquisa e da busca de elementos
argumentativos, a capacidade de organização e de trabalho em grupo, o respeito e a compreensão dos fatores que imprimem aos
seres humanos as condições adversas à vida e a possibilidade de proposição e de articulação de ações que promovam as
transformações sociais com e nos vários grupos a que pertençam.
A avaliação na disciplina de História poderá seguir os seguintes critérios:
A sugestão desses critérios de avaliação em História visam a mostrar as possibilidades de substituir as práticas avaliativas
baseadas na memorização de conteúdo. O desafio é o da apreensão das ideias históricas em relação ao tema abordado,
desenvolvendo a capacidade de síntese e a produção de uma narrativa histórica que possibilite ao aluno a expressão, evidenciando
domínio dos conceitos históricos.
Nesse sentido, a avaliação deve ser constante e atingir todos os elementos envolvidos: o conteúdo, a metodologia, os
objetivos, o instrumento de avaliação, as condições em que os sujeitos se encontram, os limites e as possibilidades da escola, dos
alunos, dos professores, do conhecimento, com vistas a analisar e verificar até que ponto a educação escolar, por meio de sua ação
e reflexão, contribui para a emancipação humana.
No pensar histórico, o movimento, a mudança, as contradições, as incertezas, as indagações são elementos essenciais do
processo de constituição do conhecimento, sendo, portanto, elementos a serem observados no processo de avaliação.
566
MATEMÁTICA
1 . CONCEPÇÃO
A história da ciência e da Matemática, especificamente, se mesclam à história do homem, que, no início, vivia em pequenos
grupos, morando em grutas e cavernas; além disso, para registrar os animais mortos em uma caçada, se limitava a fazer marcas em
e com objetos como varas, pedras e ossos. O homem se alimentava daquilo que a natureza oferecia: a caça, os frutos, as sementes
e os ovos. Em seu percurso histórico, descobriu o fogo, aprendeu a cozinhar os alimentos e a proteger-se melhor do frio. O
desenvolvimento de novas formas de se organizar, para se proteger e alimentar, foi acompanhado por registros por meio de
desenhos, posteriormente encontrados em cavernas, os quais representam os primeiros passos da história da escrita como a
conhecemos hoje.
Imenes e Lellis (1999) destacam que, há sete mil anos, quando o homem começou a criar animais, sentiu a necessidade de
estabelecer uma correspondência um a um entre os objetos para controlar suas posses. Antunes e Moura (2006) afirmam que, desde
que o pastor primitivo estabeleceu uma correspondência biunívoca entre os elementos que compunham seu rebanho e uma
quantidade correspondente de pedrinhas, a humanidade iniciou o processo de construção do número.
Por que é importante retomar a história da construção dos conhecimentos matemáticos? Para entender que foi desse
movimento, como resultado da necessidade sentida/vivida, que se originou o processo para a construção do conceito de número
natural. Assim, detemo-nos na exposição de Caraça (2002), que argumenta:
A ideia do número natural não é um produto puro do pensamento, independentemente da experiência; os homens não
adquiriram primeiro os números naturais para depois contarem; pelo contrário, os números naturais foram se formando
lentamente pela prática diária de contagens. A imagem do homem, criando duma maneira completa a ideia de número,
para depois a aplicar à prática da contagem, é cômoda, mas falsa. (CARAÇA, 2002, p. 4).
Para o mundo civilizado de hoje, o número natural é um ser puramente aritmético, desligado das coisas reais e
independente delas – é uma pura conquista do seu pensamento. Com esta atitude, o homem de hoje, esquecido da
humilde origem histórica do número, e elevando-se (ou julgando elevar-se) acima da realidade imediata, concentra-se nas
567
suas possibilidades de pensamento e procura tirar delas o maior rendimento. (CARAÇA, 2002, p. 10).
Quer seja a luta pela sobrevivência ou a luta pelo domínio territorial entre os povos da antiguidade, ou ainda, as
necessidades com a vida humana em coletividade, novos conhecimentos matemáticos foram produzidos. Nesse período (desde a
origem do homem até a queda de Roma em 476), diferentes povos deram contribuições, que foram respostas às necessidades de
cada um deles, no contexto em que viviam:
Os babilônicos, com a utilização dos sistemas de numeração sexagesimal (base 60), que permanece na relação entre
horas, minutos e segundos, as tábuas de informação (armazenar dados de observações astronômicas) e de cálculo;
Os egípcios, com as medições de terras, com o calendário para o plantio, com cálculos no comércio (negócios e medir
produtos), com cálculos de impostos e uso da numeração com base decimal, estudo da geometria em decorrência das
enchentes do Rio Nilo;
Os gregos, com a organização da matemática, enfatizando a separação entre a matemática utilitária e abstrata;
Os romanos, com a arquitetura e a astronomia;
Os chineses, que tinham preferência pela álgebra e pelas formas de escrever números;
Os maias, com os calendários e a sua relação com os eclipses, tinham calendário lunar e usavam numeração na base 20;
Os astecas, com o sistema de medição de tempo baseado na combinação de vários calendários, utilizavam sistema de
numeração vigesimal (base vinte).
D’Ambrósio (1996) afirma que na Idade Média (aproximadamente de 476 a 1453 – tomada de Constantinopla) foram
desenvolvidos interessantes sistemas de contagem utilizando-se pedras (calculi), ábacos e mãos. Nesse período, foi significativa a
contribuição dos povos hindus e árabes na produção e na divulgação dos símbolos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, dos quais se originou o
nosso sistema de numeração decimal.
A história do uso do zero, por sua vez, tem outro contexto. Segundo Boyer (1996), ele foi introduzido duzentos anos depois
da divulgação dos nove algarismos. Boyer (1996) declara que “É bem possível que o zero seja originário do mundo grego, talvez de
Alexandria, e tivesse sido transmitido à Índia depois que o sistema decimal posicional já estava estabelecido lá” (BOYER, 1996, p.
155). Os números indo-arábicos foram introduzidos no ocidente a partir do século X, cuja aceitação efetiva aconteceria séculos mais
tarde. Na Idade Moderna (aproximadamente de 1453 a 1789 – Revolução Francesa), houve uma grande expansão marítima e várias
invenções, como a bússola e a imprensa, que impulsionaram o avanço na área da matemática. A criação da imprensa, por exemplo,
possibilitou a publicação de textos populares de aritmética, com o objetivo de instruir os jovens que quisessem seguir a carreira
comercial. Houve também avanços científicos permeados pelos estudos/investigações na área da medicina, desenvolvimento da
física e da astronomia, bem como o desenvolvimento da teoria heliocêntrica que contribuíram no mesmo sentido.
568
As necessidades decorrentes desses avanços impulsionaram o aprofundamento dos conhecimentos matemáticos. Assim,
tivemos, no século XVI, a expansão da álgebra simbólica, a padronização do cálculo com numerais indo-arábicos, o uso comum de
frações decimais, a resolução de equações cúbicas e quárticas por meio algébrico, o aprimoramento da trigonometria e a progressão
da teoria das equações. Nos séculos XVII e XVIII, a astronomia, a navegação, o comércio, a engenharia e a guerra exigiam cálculos
mais precisos e rápidos. No século XIX, um dos importantes acontecimentos foi o despertar das geometrias não euclidianas. Ainda
sobre esse século, Boyer (1996) salienta que “O século dezenove, mais do que qualquer período precedente, mereceu ser conhecido
como Idade Áurea da matemática. O que se acrescentou ao assunto durante esses cem anos, supera de longe, tanto em quantidade
quanto em qualidade, a produtividade total combinada de todas as épocas precedentes” (BOYER, 1996, p. 419). O século XX, por
sua vez, foi marcado por avanços no campo da topologia e por discussões sobre os fundamentos da Matemática
Essas transformações, em âmbito mundial, são observadas também na história da Matemática na educação brasileira. Nesse
percurso, diferentes concepções definiram os encaminhamentos dados a ela nas escolas, não havendo hegemonia de uma delas em
cada período histórico.
No Período Jesuítico, no Brasil (aproximadamente de 1549 a 1759), de tradição clássica humanística, a Matemática fazia
parte do curso de Filosofia, juntamente com a Lógica, a Metafísica, a Moral e as Ciências Físicas e Naturais. Contudo, dedicava-se
pouco tempo a ela, com exceção em algumas escolas jesuítas, devido ao empenho de alguns mestres, nas quais os estudos
matemáticos foram incentivados. No período que se seguiu, após a expulsão dos jesuítas, apesar do vazio institucional que se criou,
houve a introdução de novas disciplinas no currículo, tais como a Aritmética, a Álgebra e a Geometria, a fim de atender às aspirações
de imprimir à história brasileira a modernidade já presente na Europa.
Conforme explica Miorim (1998), os séculos que se seguiram foram marcados pela contraposição de dois grupos: aqueles
que defendiam o ensino clássico humanista e aqueles que defendiam, principalmente, o desenvolvimento de estudos científicos. No
início do século XIX, o Colégio D. Pedro II, no Rio de Janeiro, representou um avanço no tocante às preocupações do segundo
grupo. Introduziram, em seu currículo, a Matemática em todas as oito séries do curso. Nesse período, um marco da consolidação
dessa concepção científica foi a Reforma Benjamin Constant, em 1890.
No ano de 1897, foi realizado o I Congresso Internacional de Matemática e, em 1908, o Brasil participou, como convidado, do
Movimento Internacional para Modernização do Ensino da Matemática, mas sem direito a voto. Durante esse movimento, criou-se a
Comissão Internacional para Ensino da Matemática, a qual propunha mudanças para o seu ensino. Entretanto, foi em 1928 que essa
comissão apresentou a proposta da “introdução das ideias modernizadoras no ensino da matemática” (MIORIM,1998, p. 91).
De acordo com Fiorentini (1995), aproximadamente a partir de 1920, a concepção empírico-ativista também marcou o ensino
da Matemática no Brasil, a qual estava associada ao pragmatismo estadunidense. De acordo com essa concepção, o aluno “aprende
fazendo”, valoriza-se a pesquisa, a descoberta, os estudos do meio, a resolução de problemas e atividades experimentais. Entendia-
569
se que, a partir da manipulação de objetos ou de atividades práticas, envolvendo medições, contagens, levantamento e comparações
de dados, a aprendizagem matemática poderia ser obtida mediante generalizações e abstrações; valorizava-se a relação da
Matemática com as ciências empíricas ou com as situações problemas do cotidiano dos alunos.
Para Miorim (1998), essa concepção empírico–ativista respondia às necessidades provocadas pela expansão industrial, pelo
desenvolvimento da agricultura e pela expansão dos centros urbanos após a Primeira Guerra Mundial, e, em decorrência, explicitou-
se no Brasil, nos anos de 1930, no movimento escolanovista. A reforma proposta, na época, para o Distrito Federal, que inicialmente
atingiu as séries iniciais, pautou-se nessa concepção e enfatizou dois princípios que transformaram o ensino da Matemática: o da
atividade e o de introduzir, na escola, situações do contexto social. Para a autora, essa concepção ficou explícita na Reforma
Francisco Campos (1931/1932), segundo a qual a Matemática tinha por objetivo superar o caráter propedêutico, valorizar a
metodologia, questionando o grande número de noções e de conceitos trabalhados pela escola tradicional.
No mesmo período, por meio do Decreto 19.890/31, sugeriu-se renunciar completamente à prática de memorização sem
raciocínio, ao enunciado abusivo de definições e regras e ao estilo sistemático das demonstrações já feitas, introduzindo-se a matéria
por meio da resolução de problemas e de questionários intimamente coordenados. Sugeriu-se trabalhar, de maneira intuitiva e
experimental, do fácil para o complexo, evitando a memorização mecânica de processos e cálculos. Nesse Decreto, houve, segundo
Miorim (1998), incentivo para que se estudasse a História da Matemática. Os anos de 1930 representaram um período de grandes
transformações no ensino da Matemática, não apenas no que se referia à concepção, mas também aos trabalhadores que a ela se
dedicavam. Muitos estrangeiros vieram ao Brasil ensiná-la e livros didáticos foram produzidos, provocando o desencadeamento de
um processo de pesquisa para a área. Em 1934, criou-se o primeiro curso de graduação em Matemática na Universidade de São
Paulo (USP) e, em 1945, fundou-se a Sociedade de Matemática de São Paulo.
Fiorentini (1995) afirma que, apesar de todas essas mudanças, até o final dos anos 1950, prevaleceu, no ensino da
Matemática, a tendência formalista clássica, segundo a qual o ensino se caracterizava pela ênfase às ideias e às formas da
Matemática clássica, especialmente ao modelo euclidiano (caracterizado pela sistematização lógica do conhecimento matemático a
partir de elementos primitivos – definições, axiomas e postulados) e à sua concepção platônica, ou seja, esse período foi marcado
por uma visão estática, a-histórica e dogmática das ideias matemáticas. Também, havia ênfase no ensino expositivo, aprendizagem
passiva, centrada no educador, incentivando a copiar, a repetir, a memorizar e a devolver.
No período após a Segunda Guerra Mundial, constatou-se a defasagem entre o progresso científico-tecnológico da
sociedade industrial e o currículo vigente da Matemática. Isso provocou a articulação de um movimento internacional que ficou
conhecido como Movimento da Matemática Moderna. Após 1950, houve um processo de intensa mobilização, com a realização de
cinco Congressos Brasileiros de Ensino da Matemática e a articulação dos professores brasileiros ao movimento internacional que
resultou na reformulação, na perspectiva de, modernizar os currículos escolares. Apresentava-se uma Matemática apoiada em
570
estruturas lógicas, algébricas, topológicas e de ordens, enfatizando-se a teoria dos conjuntos. Preocupava-se exageradamente com
as abstrações matemáticas, ocorrendo o excesso de formalização.
Fiorentini (1995) destaca que, nas décadas de 1960/1970, a ênfase foi para a tendência tecnicista, com foco no uso de novas
tecnologias de ensino. Havia uma preocupação exagerada com a linguagem e com o uso correto dos símbolos, tratando-os com
precisão, com rigor, sem dar atenção aos processos que os produziam, isso porque se enfatizava o lógico sobre o psicológico, o
formal sobre o social, o sistemático-estruturado sobre o histórico. Tratou-se a Matemática como se ela fosse neutra e não tivesse
relação com interesses sociais e políticos.
O fracasso do movimento modernista, bem como as dificuldades quanto à aprendizagem da Matemática pelas classes
economicamente menos favorecidas, fizeram com que alguns estudiosos, a partir da década de 1960, voltassem a atenção para os
aspectos socioculturais da Educação Matemática. Nessa tendência, a Matemática só ganhava significação no interior de um grupo
cultural. No âmbito da Matemática, essa corrente apoiava-se na Etnomatemática que, de acordo com D’Ambrósio (2004), “é um
estudo da evolução cultural da humanidade no seu sentido amplo, a partir da dinâmica cultural que se percebe nas diferentes
manifestações, mas também artísticas, religiosas, tecnológicas e científicas” (D’AMBRÓSIO, 2004, p. 17). Ainda, tratando da
Etnomatemática, D’Ambrósio (1998) esclarece:
Outra influência nas propostas construídas para o ensino da Matemática, no início da década de 1970, descritas por Onuchic
e Allevato (2004), foi a metodologia da resolução de problemas, a qual explicitaremos, neste texto, no campo dos pressupostos
teórico-metodológicos.
Em decorrência dos cursos criados em 1934 e da Sociedade Matemática de São Paulo em 1945, a Educação Matemática
571
ganhou impulso no final da década de 1970 e, durante a década de 1980, criou-se a Sociedade Brasileira de Educação Matemática
(SBEM) e, com ela, os primeiros programas de Pós-Graduação em Educação Matemática. Em 1980, criou-se a Sociedade Brasileira
de Matemática (SBM).
Nessa década, ganhou ênfase a tendência construtivista que entendia a Matemática como uma construção humana.
Valorizava-se o “aprender a aprender” e o desenvolvimento do pensamento lógico-formal. O erro era visto como manifestação
positiva de grande valor pedagógico, pois indicava em que fase do processo de construção cognitiva o aluno se encontrava.
Ainda nos anos de 1980, os pressupostos da tendência histórico-crítica serviram de base para o ensino da Matemática. Para
Fiorentini (1995), “A Matemática, sob uma visão histórico-crítica, não pode ser concebida como um saber pronto e acabado mas, ao
contrário, como um saber vivo, dinâmico e que, historicamente, vem sendo construído, atendendo a estímulos externos
(necessidades sociais) e internos (necessidades teóricas de ampliação dos conceitos)” (FIORENTINI, 1995, p. 31).
Pinto (2000) expõe que, durante muito tempo, “a matemática foi ensinada na escola a partir de uma concepção formalista;
seus símbolos e regras eram apresentados aos alunos de um modo que os destituía de suas referências histórico-culturais. Uma
aura de “neutralidade” perpassava os conteúdos matemáticos, transmitindo a ideia de um conhecimento imutável” (PINTO, 2000,
p.18). Hoje, a matemática apresentada na escola é como um conhecimento imprescindível à leitura da realidade, o que contribui para
não se correr o risco de voltarmos ao status de outrora, um estudo voltado para um conhecimento matemático pronto e acabado.
Em algumas escolas, percebem-se práticas pedagógicas representantes das diferentes concepções apresentadas e alguns
professores que as executam não demonstram ter consciência de qual delas utilizam, estando sujeitos ao mesmo processo de
alienação ao qual estão submetidos os demais trabalhadores, em decorrência das transformações nas relações de produção. Pelo
reconhecimento do percurso histórico, percebe-se, no ensino da Matemática, o seu atrelamento aos diferentes interesses políticos,
sociais e econômicos que prevalecem no âmbito social. E, como forma de rompimento com essa lógica, enfatiza-se a importância dos
pressupostos que embasam esta PPC, tendo como referência a definição dos conteúdos, a forma de trabalhá-los, a escolha dos
materiais e recursos, superando o mero planejamento de atividades que ocupem o tempo escolar. Neste sentido, Moura (2016)
destaca que
[...] uma das responsabilidades do professor é organizar situações didáticas que favoreçam o desenvolvimento, no
estudante de um querer aprender, uma vez que esse não é um valor natural, mas construído historicamente. Construir o
motivo de aprender é fundamentalmente uma função educativa que, diga-se de passagem, vem sendo menosprezada por
grande parte dos educadores. [...] Assim, embora o professor tenha limites de atuação, criar condições para que o
estudante queira aprender deve ser um dos objetivos de sua atividade de ensino. (MOURA, 2016, p. 36).
572
Ao definir-se uma concepção de ensino da Matemática em uma proposta curricular, considera-se que ela está presente no
cotidiano das pessoas, sendo um bem cultural construído e alicerçado nas relações do homem com o meio em que vive. Contudo, é
importante indagar: Qual concepção de Matemática trabalhar em sala de aula? Para que e para quem ensinar Matemática?
Ao fundamentar histórica e metodologicamente a área de conhecimento da Matemática, com base no método do
materialismo histórico dialético, persegue-se, com seriedade, mas com limites, pois concebe-se a Matemática como ciência viva, uma
produção humana em transformação, uma vez que a construção do conhecimento matemático não se dá a partir da genialidade de
alguns homens que lidam com abstrações, mas é resultado das condições concretas que o produzem, para atender as necessidades
em diferentes tempos e espaços. Desse modo, “A presente proposta leva consigo a esperança de que professores e alunos
desenvolvam uma concepção de Matemática que permita a todos o acesso aos conhecimentos e instrumentos matemáticos
presentes em qualquer codificação da realidade, como uma condição necessária para participarem e interferirem na sociedade em
que vivem” (PARANÁ, 1990, p. 58).
Considera-se importante recuperar que o ponto de partida desta proposta foi o Currículo Básico da Escola Pública do Estado
do Paraná, que representou, na década de 1990, a coragem e a ousadia de um grupo que se propôs a estruturar uma proposta
materialista dialética. Passados mais de trinta anos da versão paranaense, incluindo doze anos do Currículo Básico para Escola
Pública da região Oeste do Paraná, os avanços têm sido gradativos e consistentes. Retomar os pressupostos desse documento,
portanto, representa ratificá-los e aprofundá-los teórica e metodologicamente para consolidar a prática pedagógica sustentada nas
concepções teóricas coletivamente assumidas.
A análise da história da construção dos conhecimentos matemáticos nos fornece elementos para compreender que a
matemática foi e é pensada pelos homens ao longo da história da humanidade, sendo resultado da interação do homem com a
natureza e dos homens entre si, ao tentar compreendê-la e nela intervir. Nessa concepção, ao ensinar Matemática, o professor deve
levar em consideração o local onde ensina e os sujeitos envolvidos, percebendo que não está inserido em um mundo isolado, mas
sim, numa organização ampla que é a sociedade, necessitando considerar o contexto, indo além da realidade vivida pelo aluno. Os
que atuam na escola, em especial os professores, devem estudar e buscar instrumentos que possibilitem uma prática pedagógica
efetiva que resulte em ensino e aprendizagem, considerando que, conforme defendido por Moura (2016), para tornar possível a
formação do pensamento teórico é mister que o ensino seja organizado de modo que as atividades orientadoras de ensino sejam
adequadas à sua formação.
2. OBJETIVO GERAL
Compreender as relações quantitativas, qualitativas e as formas espaciais, nas inter e intra-relações com as unidades
temáticas, analisando o contexto sociocultural, o movimento que o produz e as suas contradições, com a intencionalidade de formar
573
sujeitos, capazes de compreender a realidade, com autonomia e criticidade.
Objetivos específicos
• Conhecer o processo da construção do número, respondendo as necessidades humanas, a fim de identificar sua função,
bem como sua utilização;
• Compreender o sistema de numeração decimal;
• Trabalhar, aprofundar e consolidar habilidades e conceitos matemáticos que possibilitem a resolução de problemas;
• Desenvolver noções de espaço, de percepção e de representação de conceitos geométricos, em diferentes contextos,
possibilitando a articulação com as outras áreas do conhecimento, reconhecendo-se como parte produtora e
transformadora desse espaço;
• Reconhecer e identificar as grandezas e medidas (arbitrárias e padrão) como unidades básicas e sua aplicabilidade no
cotidiano;
• Construir procedimentos para coletar, organizar, representar e interpretar dados, analisando e interpretando tabelas e
gráficos como forma eficiente de comunicação.
3. PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
No ensino da Matemática, uma abordagem significativa é a história da produção dos conhecimentos matemáticos, explicitando
que ela é resultado das condições materiais da vida humana, ou seja, que a produção dos conhecimentos da matemática se deu para
responder às necessidades humanas. Assim, é pressuposto fundamental que a própria história da produção dos conhecimentos
matemáticos esteja presente em cada momento do processo de ensino e de aprendizagem de modo a garantir a apropriação deles,
possibilitando a compreensão do porquê e para que cada conteúdo matemático é estudado.
Nessa perspectiva, além de situá-los social e historicamente, faz-se necessário a superação de qualquer forma de
disciplinaridade para compreendê-los em uma perspectiva de totalidade, contribuindo para o estabelecimento de relações entre
o particular e o universal, de modo a (re)conceituar a prática social, em um nível mais elaborado, conforme já enunciado nos
pressupostos deste documento curricular. Além disso, no ensino da Matemática, precisamos considerar o exposto por Saviani (1992):
[...] a prática social [...] no ponto de partida [...] e no ponto de chegada [...] [da prática pedagógica] é e não é a mesma. É a
mesma, uma vez que é ela própria que constitui ao mesmo tempo o suporte e o contexto, o pressuposto e o alvo, o
fundamento e a finalidade da prática pedagógica. E não é a mesma, se considerarmos que o modo de nos situarmos em
574
seu interior se alterou qualitativamente pela mediação da ação pedagógica; e já que somos, enquanto agentes sociais,
elementos objetivamente constitutivos da prática social, é lícito concluir que a própria prática se alterou qualitativamente. É
preciso, no entanto, ressaltar que a alteração objetiva da prática só pode se dar a partir da nossa condição de agentes
sociais ativos, reais. A educação, portanto, não transforma de modo direto e imediato e sim de modo indireto e mediato,
isto é, agindo sobre os sujeitos da prática. (SAVIANI, 1992, p. 82).
Cabe-nos indagar: Qual a contribuição resultante do ensino e da aprendizagem dos conteúdos matemáticos para a
ressignificação da prática social dos sujeitos situados historicamente? A aprendizagem dos conteúdos matemáticos significa e
ressignifica a leitura de mundo? De que modo? Quais conceitos teóricos matemáticos são necessários para ler e interpretar o
contexto social de forma a nele inserir-se criticamente, podendo agir e intervir? Defende-se que, ao refletir sobre essas, dentre outras
questões, a partir dos pressupostos teóricos que sustentam esta proposta curricular será possível projetar novas formas de intervir
qualitativamente na aprendizagem dos conteúdos.
Sendo assim, ao trabalhar os conceitos pertinentes ao componente curricular de matemática, deve-se partir do nível de
desenvolvimento real do aluno, pois esse, conforme explica Martins (2015), “[...] aponta as conexões interfuncionais já estabelecidas
pela criança, que podem ser identificadas pelas tarefas e ações que ela realiza por si mesma” (MARTINS, 2015, p. 286), prestando
extrema atenção na responsabilidade pedagógica vinculada aos atos de ensino com a intencionalidade de provocar novas zonas de
desenvolvimento iminente, objetivando um novo nível de desenvolvimento real. Referindo-se a essa responsabilidade, a autora
afirma: “[...] Se tais conexões ainda não estão asseguradas, se ainda fogem ao seu domínio, eis o “espaço” de atuação do ensino”
(MARTINS, 2015, p. 286) .
O trabalho com os conceitos matemáticos e o seu tratamento formal inicia na Educação Infantil. É nesse momento que o
professor tem um espaço privilegiado para oportunizar às crianças o trabalho por meio de brincadeiras, da manipulação de materiais,
bem como da oralidade, de situações problematizadoras, propondo atividades coletivas que envolvam a inferência, a descoberta e o
prazer em aprender essa disciplina como uma ciência viva, que faz parte da vida das crianças, incentivando também as diferentes
formas de registro. Nessa perspectiva, concorda-se com Arrais et al. (2017), que asseveram: “[...] entendemos que o ensino
sistemático e dirigido, desde os primeiros anos, pode favorecer amplas condições potenciais de aprendizagem, com transformações
qualitativas no desenvolvimento psíquico, provocado por atividades de ensino favoráveis e adequadas no contexto da educação
infantil” (ARRAIS et al., 2017, p. 90).
No que tange à alfabetização, por sua vez, ela abarca a linguagem matemática e, de acordo com Danyluk (2015), ela se
efetiva
575
[...] quando consegue realizar o ato de ler a linguagem matemática encontrando significado. E a escrita faz com que a
compreensão existencial e a interpretação sejam desenvolvidas, fixadas e comunicadas pelo registro efetuado. Dessa
forma, ser alfabetizado em matemática é entender o que se lê, o que se escreve e o que se entende a respeito das
primeiras noções de aritmética, geometria, lógica e álgebra, dentre outros temas significativos para a construção de um
conhecimento sólido nessa área. (DANYLUK, 2015, p. 15).
É importante, portanto, alfabetizar matematicamente, considerando-se como aspectos dessa alfabetização a decodificação, a
interpretação e o posicionamento que integra a argumentação e o confronto, as inferências, enfatizando a oralidade, o registro e a
leitura.
Ao trabalhar com a Matemática, faz-se necessário que o professor organize o ensino com as atividades pedagógicas,
conforme proposto por Moura (2010), tendo por base a Atividade Orientadora de Ensino (AOE)173. Segundo o autor, “A AOE mantém
a estrutura de atividade proposta por Leontiev, ao indicar uma necessidade (apropriação da cultura), um motivo real (apropriação do
conhecimento historicamente acumulado), objetivos (ensinar e aprender) e propor ações que considerem as condições objetivas da
instituição escolar” (MOURA, 2010, p. 96).
Em Matemática, recomenda-se o uso de gêneros discursivos que oportunizem explorar os objetos do conhecimento
matemático, como bulas, tabelas, panfletos, folders, quadrinhos, leis, receitas, reportagens de revistas, notícias diferentes de jornais,
poemas, símbolos, músicas, relatos orais, faturas de luz e de água, mapas, gráficos, entre outros, pois, ao fazê-lo, enfatiza-se, além
dos aspectos quantitativos, também os qualitativos, na perspectiva de contribuir para análise da realidade. É importante que se faça
uma escolha intencional desses gêneros para que contenham questões significativas da realidade social, e que as atividades
planejadas permitam a interpretação, a análise, o levantamento de hipóteses, as inferências e o trabalho com os objetos do
conhecimento.
É certo que o domínio dos conhecimentos matemáticos contribui para realizar, com êxito, diferentes atividades, como planejar
uma ação, pagar uma conta, localizar-se e organizar o espaço vivido e percebido, ler e interpretar tabelas e gráficos, dentre outras.
Isso é fundamental, pois “[...] é direito de todo o cidadão saber matemática, ferramenta essencial para que possa atuar de forma
crítica na sociedade” (BRASIL, 2008, p. 350). A Matemática torna-se instrumento para organizar o pensamento e interpretar o mundo.
De acordo com Sforni (2008), “A matemática tem papel formativo – ajuda a estruturar o pensamento e o raciocínio lógico” (SFORNI,
2008, p. 504). Todavia, para que essas ações se concretizem no ensino da Matemática, é necessário que o professor desempenhe o
173
Indica-se os estudos de Moura et al. (2010) para aprofundamento teórico.
576
papel de mediador, função que precisa ser compreendida para além da presença física do professor, conforme destacado por Sforni
(2008):
Ao se reconhecer que a mediação não se restringe à presença corpórea do professor junto ao estudante, que não se trata
de ajuda aleatória ou de relações democráticas em sala de aula, e que o fundamental dessa relação entre pessoas é a
ação sobre e com objetos específicos - os elementos mediadores, o foco da atenção volta-se para o conteúdo a ser
ensinado e o modo de torná-lo próprio ao aluno. Isso implica reconhecer que a mediação docente começa muito antes da
aula propriamente dita. Seu início ocorre já na organização da atividade de ensino, quando se planejam situações de
comunicação prática e verbal entre professor e estudantes, entre estudantes e estudantes em torno das ações com o
objeto da aprendizagem. (SFORNI, 2008, p. 504).
Para a sua efetivação, os objetos do conhecimento, ou seja, os conteúdos essenciais necessitam de encaminhamentos
metodológicos adequados. Dessa forma, na abordagem dos conteúdos da matemática, indica-se como encaminhamento
metodológico a Resolução de Problemas, apoiada no uso de materiais manipuláveis, em brincadeiras e jogos, nas tecnologias
digitais, dentre outros.
Ao trabalhar com a Resolução de Problemas, possibilita-se que aconteça a verbalização e a mediação entre
professor/aluno, aluno/aluno; a interpretação; a leitura, que é mais do que decodificação e tem como consequência a argumentação
clara, objetiva e coerente; a valorização das diferentes estratégias no desenrolar da solução com o uso de algoritmos, diagramas,
desenhos, tabelas, tentativas ou hipóteses; e a inter-relação com as outras áreas do conhecimento. Onuchic (2004), com relação à
resolução de problemas, defende: “Assim é importante reconhecer que a matemática deve ser trabalhada através da Resolução de
Problema, ou seja, que tarefas envolvendo problemas ou atividades sejam o veículo pelo qual um currículo deva ser desenvolvido. A
aprendizagem será uma consequência do processo de Resolução de Problema” (ONUCHIC, 2004, p. 221). E, ao fazê-lo, efetiva-se a
participação do aluno, questionando, contrapondo, comparando, analisando em todos os momentos do processo de ensino e de
aprendizagem.
A Resolução de Problemas como uma metodologia não se restringe apenas a uma situação escrita apresentada aos alunos.
Ela pode ser uma situação real, uma brincadeira, pode estar presente em um jogo, na exploração de um material e não
necessariamente exige do aluno um cálculo ou uma operação matemática para resolver. Ou seja, a Resolução de Problemas é toda
a situação que exige do aluno pensar, encontrar estratégias de resolução, despertando para o trabalho com novos conhecimentos
matemáticos, perpassando outras áreas do conhecimento. Assim, devem ser valorizados e incentivados os diferentes algoritmos
utilizados para resolver as problematizações propostas, bem como respeitados os diferentes momentos de aprendizagem dos alunos
577
e as suas dificuldades nesse percurso.
Os materiais manipuláveis permitem, por sua vez, que as situações problema sejam resolvidas de diferentes maneiras,
compreendendo o processo de resolução dos cálculos até chegar à solução. Entretanto, a simples manipulação não leva,
obrigatoriamente, à compreensão dos conceitos matemáticos, ou seja, não é somente manipulando os objetos que o aluno consegue
relacionar os elementos que compõem os conceitos formais da Matemática. Machado (1999) chama-nos a atenção para as
imbricadas relações abstrato-concreto e os costumeiros entendimentos que perpassam as significações docentes:
Em seu uso mais frequente, ele se refere a algo material manipulável, visível ou palpável. Quando, por exemplo,
recomenda-se a utilização de material concreto nas aulas de Matemática, é quase sempre este o sentido atribuído ao
termo concreto. Sem dúvida, a dimensão material é um importante componente da noção de concreto, embora não esgote
o seu sentido. Há uma dimensão do concreto igualmente importante, apesar de bem menos ressaltada: trata-se de seu
conteúdo de significações. (MACHADO, 1999, p. 46-47).
Ao referir-se aos materiais manipuláveis, não se pode incorrer no erro de reducionismos teóricos, cabendo a tarefa de
reservar-lhes a dimensão que lhes é própria, de auxiliares na condição de recursos que contribuem na organização dos
procedimentos teórico-metodológicos. Nessa direção, cabe identificá-los como recipientes, palitos, produtos, brinquedos, cédulas
monetárias, geoplano, réguas numéricas, dados, material dourado, ábaco, barra de frações, escala cuisenaire, trenas, balanças,
relógios, sólidos geométricos, embalagens, blocos lógicos, calculadora etc.. Fiorentini e Miorim (1990) argumentam que,
[...] antes de optar por um material ou jogo, devemos refletir sobre a nossa proposta político-pedagógica; sobre o papel
histórico da escola, sobre o tipo de sociedade que queremos, sobre o tipo de aluno que queremos formar, sobre qual
matemática acreditamos ser importante para esse aluno. O professor não pode subjugar sua metodologia de ensino a
algum tipo de material porque ele é atraente ou lúdico. Nenhum material é válido por si só. Os materiais e seu emprego
sempre devem, estar em segundo plano. A simples introdução de jogos ou atividades no ensino da matemática não
garante uma melhor aprendizagem desta disciplina. (FIORENTINI; MIORIM, 1990, p. 9).
Reafirma-se que o professor necessita do conhecimento teórico acerca do objeto do conhecimento a ser ensinado e do
material manipulável que utilizará em sala de aula, favorecendo a compreensão do conceito por parte do aluno.
Contribuindo nessa mesma linha, Moura (2010) destaca:
578
As abstrações se alcançam por meio do desenvolvimento do objeto e permitem expressar a essência do objeto concreto.
Já o concreto é o resultado mental da associação das abstrações e nele o objeto se apresenta em unidade com o todo.
Assim, não se entende um conceito como uma abstração; ele é na verdade o concreto gerado com base na associação de
abstrações. (MOURA 2010, p. 86-87).
[...] a atividade de jogar, se bem orientada, tem papel importante no desenvolvimento das habilidades de raciocínio como
organização, atenção e concentração, tão necessárias para o aprendizado, em especial da Matemática, e para a
resolução de problemas em geral. Os jogos auxiliam também na descentralização, que consiste em desenvolver a
capacidade de ver algo a partir de um ponto de vista que difere do seu, e na coordenação dessas opiniões para chegar a
uma conclusão. [...] identificamos o desenvolvimento da linguagem, criatividade e raciocínio dedutivo, exigidos na escolha
de uma jogada e na argumentação necessária durante a troca de informações. (BORIN, 2004, p. 8).
Além disso, os jogos possibilitam o planejamento de ações, a elaboração de estratégias de resolução e a busca de soluções,
a construção de uma atitude positiva perante os erros, bem como contribuem para o desenvolvimento do raciocínio.
De acordo com Vigotski (1988), os jogos contribuem para que o aluno, gradativamente, estabeleça relações mais complexas
entre o campo do significado e o campo da percepção, entre o pensamento e as situações reais. Isso significa que os jogos
contribuem para a (re)organização do pensamento, mas nem todos contribuem igualmente para isso. Moura (2010) destaca que “[...]
O que devemos considerar é a possibilidade do jogo colocar a criança diante de uma situação - problema semelhante à vivenciada
pelo homem ao lidar com conceitos matemáticos” (MOURA, 2010, p. 105). Portanto, é preciso selecioná-los e utilizá-los
criteriosamente e com intencionalidade. Utilizando-se dos jogos, o aluno vai se aproximando dos significados matemáticos antes
mesmo de se familiarizar com a linguagem matemática formal. O jogo com propósito pedagógico pode ser um importante aliado ao
ensino, já que preserva o caráter de problema.
Os jogos possibilitam, ainda, ao aluno estabelecer relações quantitativas e espaciais, planejar e estruturar suas ações
579
durante o jogo, confrontar diferentes formas de pensar, contribuindo, constantemente, para a criação de novas zonas de
desenvolvimento iminente e, consequentemente, para a consolidação de um novo nível de desenvolvimento real. Para Fiorentini e
Miorim (1990),
Ao aluno deve ser dado o direito de aprender. Não um 'aprender' mecânico, repetitivo, de fazer sem saber o que faz e por
que faz. Muito menos um 'aprender' que se esvazia em brincadeiras. Mas um aprender significativo do qual o aluno
participe raciocinando, compreendendo, reelaborando o saber historicamente produzido e superando, assim, sua visão
ingênua, fragmentada e parcial da realidade. O material ou o jogo pode ser fundamental para que isto ocorra.
(FIORENTINI; MIORIN, 1990, p. 9).
As tecnologias digitais, por sua vez, são recursos que precisam estar aliadas ao trabalho com os conteúdos científicos, em
situações que possibilitem ao aluno pesquisar, estabelecer relações entre os conteúdos escolares e a realidade, desenvolver o
raciocínio, compreender e ampliar conceitos, atribuindo significado à aprendizagem e à sistematização dos conteúdos. Alguns
recursos físicos, como o televisor, o vídeo, o computador e os programas, a calculadora, a internet, os aplicativos, o software, devido
ao avanço tecnológico, não podem ser ignorados; porém, seu uso têm sido limitado pelas condições nas quais a escola está inserida.
É certo que esses recursos contribuem para a instrumentalização do aluno na realização de várias atividades de sua vida, no entanto,
não substituirão o processo mental que o aluno deve realizar, sendo esse o foco do trabalho escolar com as tecnologias digitais.
Os conteúdos estão organizados em unidades temáticas: Números e Álgebra, Geometria(s), Grandezas e Medidas e
Tratamento da Informação, sendo que para cada unidade aborda-se, mesmo que de forma breve, algumas orientações teórico-
metodológicas para o trabalho com os objetos do conhecimento matemático.
NÚMEROS E ÁLGEBRA
Os números estão presentes em situações cotidianas, representam medidas (calendário, relógio, altura, peso, receitas,
temperatura), códigos (CPF, RG, CEP, código de barras, números de telefone, cartões bancários), ordem (posição em uma corrida,
andares de um prédio, posições na fila – primeiro, último) e são quantificadores (número de alunos na sala, pontos obtidos em um
jogo).
Para Lorenzato (2008), a correspondência biunívoca (corresponder elementos um a um), a comparação, a classificação, a
sequenciação, a seriação (ordenar uma sequência, por exemplo, do maior para o menor), a inclusão de classes e a conservação
(perceber que a quantidade continua a mesma, apesar da alteração na forma) são processos mentais básicos fundamentais para a
aprendizagem matemática, especialmente no que se refere à contagem e à apropriação do número. Para Kamii (2003), na
580
construção do conceito de número, é importante reforçar a necessidade de o aluno colocar os objetos em uma ordem, ou seja,
separar aquilo que já contou daquilo que ainda falta contar, bem como colocar os objetos em uma relação de inclusão hierárquica,
pois somente assim poderá quantificar os objetos de um determinado conjunto. É importante explorar possibilidades de compor uma
quantidade, bem como diferentes formas de registrá-la por meio de desenhos, de gestos e de signos formais.
Ao trabalhar com números e operações, destaca-se como as diferentes civilizações antigas faziam a contagem, ressaltando
que as transformações desse processo ocorreram em função das necessidades humanas. Isso pode ser compreendido ao explorar a
história dos números, entre eles, os romanos, os egípcios e os indu arábicos e, ainda, a numeração nas diferentes bases, lembrando
que hoje o sistema binário (base 2) é usado na computação.
Amaral e Silva (2013) destacam que o trabalho com as diferentes bases requer ênfase na base 10, uma vez que a estrutura
do nosso sistema de numeração é regida particularmente por dois princípios que o definem, o princípio do valor posicional, que se
refere ao valor do algarismo e depende da posição que ocupa na representação, e o princípio do agrupamento de 10 em 10, ou seja,
decimal, que se refere a cada 10 elementos, troca-se por uma nova ordem. Nesse trabalho, explora-se a reversibilidade174, ou seja,
desenvolve-se no aluno a capacidade de realizar mentalmente ações opostas simultaneamente.
O trabalho dos números com a álgebra tem como finalidade o desenvolvimento do pensamento algébrico, isto é, a percepção
de regularidades, de generalização de padrões e a propriedade de igualdade, e é fator fundamental no ensino da matemática. Essa
relação fica evidente no trabalho com as sequências, em situações de completar ou construir, seguindo uma lei de formação,
inicialmente com sequências de figuras e objetos familiares, sendo que no decorrer da escolarização deve ser aprofundado por meio
de sequências numéricas, seguido pelas regularidades das operações de adição/subtração e multiplicação/divisão, bem como da
investigação e da resolução de situações-problema.
No que tange às ideias das operações, Cardoso (2005) explicita que essas devem ser exploradas em contextos que
expressam o significado de cada ideia. Na adição, há a ideia de juntar duas quantidades, assim se sobre a mesa há 15 livros e no
armário há 3 livros, reunindo todos os livros em uma prateleira, quantos livros teremos? E há a ideia de acrescentar uma
quantidade a outra, pois, se tenho 15 livros de histórias, e, se no meu aniversário, eu ganhar outros 3 livros, com quantos livros eu
ficarei?
Na subtração, há a ideia de retirar ou a ideia subtrativa, por exemplo: Carla possuía 5 figurinhas de uma coleção e perdeu
2. Com quantas figurinhas ela ficou? Geralmente diremos: “5 menos 2” ou “5 tirando 2 restam”; ainda, há a ideia de completar ou
aditiva; por exemplo, uma página de álbum tem 5 figurinhas, eu já tenho 2 delas. Quantas faltam para eu completar a página?
Diremos “2 para chegar a 5 faltam...”; há, também, a ideia de comparar; por exemplo, eu tenho 5 figurinhas e meu irmão tem 2.
174
“Reversibilidade se refere à habilidade de realizar mentalmente ações opostas simultaneamente. [...] Quando as crianças colocam todos os tipos de
conteúdos em relações, seu pensamento se torna mais móvel [...]” (KAMII, 2003, p. 23).
581
Quantas figurinhas eu tenho a mais que meu irmão? Diremos “5 tem... a mais que 2” ou “2 tem... a menos que 5”.
Na multiplicação, existe a ideia da adição de parcelas iguais, como neste exemplo: um prédio tem 3 andares e em cada
andar existem 4 janelas. Quantas janelas tem o prédio? 3 andares X 4 janelas em cada andar = 4 + 4 + 4 = Três vezes o quatro. Há
também, na multiplicação, a ideia do raciocínio combinatório: por exemplo, em uma sorveteria há 6 sabores de sorvete e 3
diferentes coberturas. De quantos modos diferentes eu posso escolher um sabor de sorvete com um tipo de cobertura? Por fim, há a
ideia de área ou organização retangular, representação na malha quadriculada, considerando linhas e colunas ou a própria
organização da tabuada.
No campo da divisão, há a ideia de divisão em partes iguais (repartitiva): por exemplo, distribuindo-se 18 figurinhas entre
3 crianças, quantas figurinhas receberá cada uma delas? Outra ideia que compõe o campo da divisão é a ideia de medida
(subtrativa). Por exemplo, quando questionamos quantos pacotes com 3 figurinhas cada um podem ser feitos a partir de 18
figurinhas, queremos saber quantas vezes o 3 cabe em 18, que consiste em sucessivas estimativas.
As ideias e as relações entre as operações devem ser exploradas por meio de situações-problema, e os procedimentos de
cálculo ou de resolução devem ser socializados e discutidos. Ao explorar as operações, é necessário ajudar o aluno na construção de
diferentes algoritmos175, priorizando formas de organização (resolução de uma situação) dos próprios alunos para, posteriormente,
inserir o algoritmo padrão ou convencional em cada operação. O cálculo mental, a estimativa e o cálculo aproximado são estratégias
que favorecem e enriquecem a compreensão das operações e a relação entre as quantidades. O processo de construção e
compreensão da tabuada, por sua vez, contribui para a assimilação e compreensão de outros conhecimentos.
Os números racionais devem ser explorados na sua representação fracionária e na representação decimal; porém, a ênfase
deve ser dada à representação decimal, sendo a mais utilizada. Ao explorar os números fracionários, é importante utilizar contextos
que apresentem as ideias que perpassam a representação fracionária: a ideia de parte de um inteiro, parte de um conjunto, medida
de comparação entre duas grandezas, quociente de divisão de um número inteiro por outro, representação na reta numérica176.
O trabalho com os números racionais deve se dar de modo articulado entre a representação fracionária, a representação
decimal, a porcentagem em contextos de medidas, para que possa ter significado para os alunos. Quanto às operações com
números racionais, a ênfase deve ser na representação decimal, no caso da representação fracionária, explorando situações em que
apareçam frações homogêneas, ou em situações de frações heterogêneas explorar por meio das classes de equivalência.
Ainda na unidade temática números, destaca-se a Matemática Financeira, que deverá oferecer orientações e informações
175
“Algoritmo é uma sequência de passos pré-estabelecidos que, se seguidos, devem levar ao sucesso de uma tarefa. Isto é, se executarmos, numa sequência,
os passos elaborados para realizar um algoritmo de uma operação matemática, estes certamente levarão a um resultado correto” (MENDONÇA, 1996, p. 57).
176
VASCONCELOS & BELFORT. Diferentes significados de um mesmo conceito: o caso das frações. Pró-letramento Matemática Estado de Minas Gerais.
Este texto foi adaptado de um texto de mesmo título, que faz parte da programação do Salto para o Futuro, da TV Escola, na série “Discutindo Práticas em
Matemática”, exibido pela primeira vez pela TV Escola, na semana que se iniciou, em 28 de agosto de 2006.
582
que favoreçam a atuação consciente do cidadão. Ela não é apenas o trabalho mecânico com cálculo de porcentagens, mas instiga
uma mudança de atitudes com relação às compras, às vendas, ao planejamento de sua mesada, aos empréstimos bancários
realizados por seus pais, bem como aos rendimentos das aplicações financeiras, à análise dos impostos/tributos pagos pelos
cidadãos e ao retorno desses como políticas públicas garantidas aos cidadãos pelos tributos pagos, entre outros aspectos.
GEOMETRIA(S)
Os objetos do conhecimento que compõem a unidade temática da geometria possibilitam o desenvolvimento da noção de
espaço e as suas representações, pois a percepção na geometria, assim como as propriedades das formas/figuras planas
(bidimensionais/duas dimensões) e dos sólidos geométricos (tridimensionais/ três dimensões), em diferentes contextos, possibilitam a
articulação com os outros eixos da Matemática e as demais áreas do conhecimento, sobretudo, a Geografia, Arte e Educação Física.
A percepção espacial é a exploração, a locomoção e a organização do espaço em que vivemos. Tal percepção se dá de forma
gradativa e a exploração inicia com a percepção de si mesmo e do espaço ao seu redor. Para Gonçalves, Gomes e Vidigal (2012),
“As crianças nascem e vivem em um mundo de formas, o próprio corpo da criança pode ser entendido como seu primeiro espaço. E a
percepção dele e do que o rodeia forma um contexto social repleto de informações de natureza geométrica, que na maioria, são
geradas e percebidas pela criança desde cedo, quando ela se move na exploração do espaço ao seu redor” (GONÇALVES; GOMES;
VIDIGAL, 2012, p. 23).
Para o desenvolvimento de conceitos geométricos, o aluno deve ter como ponto de referência seu corpo, sendo de grande
importância para o reconhecimento de um determinado espaço e a partir dele localizar-se utilizando noções espaciais, como
profundidade (em cima de, embaixo de), lateralidade (direita e esquerda) e anterioridade (a frente de e atrás de). Ao realizar
atividades de deslocamento à direita ou à esquerda, mudando a direção do trajeto, estamos explorando a ideia inicial de ângulo como
giro (rotação), tendo como referência o movimento do próprio corpo. Conforme pontua Teixeira (2013), “O conceito de ângulo está
associado a ideias distintas, como inclinação, rotação, região, abertura, orientação, direção, entre outras. A compreensão do conceito
de ângulo é um processo, por isso, é necessário possibilitar ao aluno, o mais cedo possível, a realização de diferentes atividades
durante sua trajetória escolar” (TEIXEIRA, 2013, p. 9). Ressalta-se a importância do trabalho sistemático da topologia por ocupar-se
também das propriedades das formas geométricas, podendo-se citar: interior, exterior, vizinhança, fronteira, conceitos que serão
utilizados também na Geografia, na Arte e na Educação Física.
O ato de observar pode ser trabalhado por meio da observação da natureza, de seu espaço no bairro e de suas formas, como
as cascas e os troncos das árvores, a forma dos cascos e o corpo dos animais, a forma das flores, os favos de mel das abelhas, as
cascas de frutas,o contorno do Sol, da Lua e os frutos do pinheiro, analisando e comparando com as produções humanas, tais como:
583
diferentes construções de casas, colunas de prédios, salas de aula, ruas e pontes. Nesse sentido, Luna (2009,) afirma que “a partir
da observação, experimentação, exploração e investigação do espaço, as crianças desenvolvem a capacidade de perceber,
visualizar, reconhecer formas, representá-las por meio de desenhos, identificar propriedades e, continuando nessa direção podem
construir suas definições e abstraí-las” (LUNA, 2009, p. 74). Contudo, a observação precisa ser dirigida pelo ato de ensino do
professor, aos objetivos de aprendizagem a serem alcançados, pois há um conteúdo a ser aprendido como resultado desse percurso.
O estudo da Geometria possibilita que as pessoas “exercitem competências geométricas cada vez mais elaboradas de
localização, de reconhecimento de deslocamentos, de representação de objetos do mundo físico, de classificação de figuras
geométricas e de sistematização do conhecimento nesse campo da matemática” (LIMA; CARVALHO, 2010, p. 135).
O valor estético e cultural das formas geométricas, presentes nas pinturas, nos passos ordenados de uma dança, na
tatuagem, na moda, nas esculturas, no paisagismo, nas construções, nas cestarias (artesanato indígena), no artesanato (crochê,
macramê, bordados) etc., permitem observar a simetria e os padrões geométricos que se apresentam e trabalhá-los a partir do uso
do quadriculado. É imprescindível a exploração de materiais manipuláveis, tais como: formas de sólidos geométricos, malhas,
geoplano, tangrans, poliminós, caleidoscópio, mosaicos, tecelagens, dobraduras, quebra-cabeças, espelhos, histórias infantis,
brincadeiras e o uso de aplicativos online e off-line, e, a possibilidade de construção de maquetes, culminando em representações
planas, por meio de desenhos, croquis, mapas e planta baixa. É necessário que o aluno desenvolva ações com objetos no espaço,
não restringindo o ensino do espaço e das formas a atividades estáticas e não manipuláveis.
A utilização desses e outros recursos viabilizam a exploração, a percepção e classificação dos sólidos geométricos e das
figuras planas, estabelecendo relações, possibilitando, manipular, analisar, comparar, discriminar, posicionar, perceber propriedades
que os caracterizam, classificando-os por semelhanças e diferenças. Referente à Geometria Plana, é necessário que os alunos
reproduzam moldes, utilizem malhas (pontilhada/quadriculada), régua (transferidor e esquadro), compasso e dobraduras. Ao usar
malhas quadriculadas, é possível reproduzir, por exemplo, os padrões geométricos utilizados pelas tribos indígenas presentes na
região, em seus trabalhos de trançados e cestarias.
Quanto aos objetos de conhecimento em Geometria Espacial, os alunos podem reproduzir modelos de sólidos geométricos
utilizando-se de papel, de palitos, de canudos, de embalagens, dentre outros materiais. Também, espera-se que: descrevam,
identificando características e elementos desses sólidos geométricos, considerando a forma, o número de faces, as arestas e
vértices; produzam e interpretem representações de sólidos geométricos considerando diferentes posições (vista superior, frontal,
lateral); e, nas planificações, percebam a composição de um objeto tridimensional nos espaços ocupados pelo homem tornando
possível uma visão de totalidade. Isso deve ser feito de tal forma que possibilite comparar os objetos para perceber as relações
quantitativas e qualitativas, a partir de critérios estabelecidos pelo próprio aluno e, gradativamente, por meio de critérios
estabelecidos pelo professor. Faz-se necessário ainda o registro das relações percebidas pelo aluno, no manuseio dos sólidos
584
geométricos por meio da massa de modelar e, posteriormente, por desenhos. Ao analisar, por exemplo, rótulos e embalagens, além
de perceber a sua forma, a data de validade, a composição, a massa, e outros dados, o aluno deve contrapor e argumentar sobre o
produto, o seu uso, em que condições foi produzido, o trabalho humano que o produziu, o preço, o acesso e às alterações desse.
Os aspectos destacados até aqui referem-se principalmente à Geometria Euclidiana, do século III a. C, descrita por Euclides.
Todavia, grafa-se geometrias no plural, por considerar as demais geometrias, denominadas Geometrias não Euclidianas, introduzidas
no século XIX, e que vêm avançando significativamente. Dentre elas, cita-se,duas: a Geometria Fractal e a Geometria Esférica.
Apesar de não serem abordadas nos Anos Iniciais, são referenciadas para, em um futuro próximo, demarcar um tema a ser
desvelado.
GRANDEZAS E MEDIDAS
Na história da humanidade, sempre foram utilizadas medidas não padronizadas; somente com o advento das grandes
navegações e a expansão do comércio é que foram padronizadas para satisfazer as novas necessidades. O trabalho a ser
desenvolvido nesse campo deve permitir ao aluno identificar o percurso histórico da ciência, promovendo aprendizagens que
permitam identificar a grandeza envolvida, selecionar a unidade e o instrumento de medida a ser utilizado, de modo a comparar a
unidade de medida selecionada com a grandeza a ser considerada, entendendo que medir significa comparar grandezas de mesma
espécie (TOLEDO, 1997). Para tanto, deve-se trabalhar, na Educação Infantil e nos Anos Iniciais, as medidas não padronizadas e,
gradativamente, introduzir as medidas padronizadas. Medir tecido na loja, a temperatura de uma criança, pesar os legumes no
supermercado, medir sua pressão arterial, quanto recebe pelas horas extras trabalhadas e quanto pagam de juros na prestação
atrasada, quantos megabytes têm a sua internet são ações que fazem parte do cotidiano das pessoas. As unidades de medidas são
utilizadas para auxiliar os processos de medição, em que é determinado um valor numérico para um objeto, para uma quantidade ou
um evento. Elas são números comparativos que podem ser avaliadas por critérios como as dimensões, o tamanho, o volume, a
escala e até mesmo a sua magnitude. Cada uma dessas unidades de medida passou por alterações ao longo da história, com a
criação de novos sistemas e formas de medição. Nos dias atuais, todas as medidas são padronizadas pelo Sistema Internacional de
Unidades (SI), como tempo, massa, superfície, volume, capacidade, comprimento, valor e outras.
Ao trabalhar medidas de valor, não se deve apenas treinar o aluno para ser um consumidor consciente, saber fazer e
conferir o troco, observar e comparar preços, mas ensiná-lo a analisar as relações de exploração presentes no processo de compra e
de venda dos produtos, o seu custo, o preço inicial e final, a lógica do mercado de consumo, entre outros fatores. Os alunos têm, em
sua maioria, familiaridade ou contato com o dinheiro. “Essa grandeza relaciona os números e medidas, incentiva a contagem, o
cálculo mental e o trabalho com a estimativa. O uso de cédulas e moedas, verdadeiras ou imitações, constitui-se em um material
585
didático-pedagógico” (BRASIL, 2008, p. 10).
No Sistema Monetário brasileiro, a criança tem contato com o uso da vírgula, cuja função é separar o número inteiro da sua
parte decimal. Ela é uma convenção, um símbolo, e toda simbologia tem um importante papel na produção do conhecimento, bem
como para sua comunicação. Cabe ao professor oportunizar ao aluno entender o significado desse símbolo. Estudar os números
racionais relacionando-os com as medidas permite que os alunos articulem os conteúdos nas suas representações decimais e
fracionárias. Por exemplo, preciso de quatro moedas de R$ 0,25 para formar um real (o inteiro); assim, cada moeda representa um
quarto (fração) de um real, ou ainda 25% de um real. É essencial a leitura e a compreensão de diferentes registros de uma mesma
quantidade, como: meio quilo = 0,5 kg = 1/2kg = 500 gramas = 50% de um quilo. A articulação dos números inteiros e dos números
racionais com as medidas se faz necessária para a compreensão dos conteúdos presentes nessas duas unidades temáticas.
O homem da antiguidade utilizou-se do próprio corpo para estabelecer padrões de medidas de comprimento. Para medir,
utilizou o tamanho do pé, da polegada, o comprimento da ponta do dedo da mão ao nariz, a abertura da mão como a distância entre
os dedos polegar e minguinho, entre outros. Como as pessoas eram de tamanhos diferentes, foi necessário padronizar e unificar. O
metro, por sua vez, só foi criado na época da Revolução Francesa (1789), e representou a primeira tentativa de se implantar um
padrão universal de medida de comprimento. Ele foi universalizado como uma fração de um meridiano terrestre, isto é, escolheu-se o
próprio Planeta Terra como referência para o padrão de medida de comprimento. No caso do Brasil, “[...] o sistema métrico foi
adotado em 1938” (BRASIL, 2008, p. 47).
No tocante à medida de comprimento, é necessário trabalhar com os instrumentos de medidas padronizadas ou não, como
barbante, régua e fita métrica entre outros, verificando, por exemplo, a altura dos alunos, a largura e o comprimento da sala de aula,
do caderno, o tamanho de seu pé, de seu palmo, dentre outros elementos. Alguns padrões de medidas utilizados na Antiguidade são
empregados até hoje em alguns países e em diferentes situações; por exemplo: o pé corresponde a 30,48 cm, a polegada
corresponde a 2,54 cm e a jarda corresponde a 91,44 cm.
Quanto ao trabalho com as medidas de tempo, utilizamos os instrumentos de medida para perceber que tempo, espaço e
trabalho humano estão intimamente relacionados. Ao trabalhar o calendário, com a noção de dia, de semana, de mês e de ano, deve-
se fazê-lo estabelecendo relações com o tempo de trabalho realizado pelos pais, as condições para fazê-lo e o valor da remuneração
que recebem ao venderem a sua força de trabalho, bem como a rotina do aluno, o que faz durante o período claro e escuro do dia,
antes do almoço, depois do almoço etc. É oportuno destacar também outras relações de tempo como bimestre, semestre,
quinquênio, década, século, milênio. Nessa direção, há possibilidade de construção da ampulheta e do relógio do Sol, além da
exploração de outros instrumentos de medidas de tempo, como o relógio analógico e digital, lembrando que, ao fazê-lo, dialoga-se
com outras áreas do conhecimento, inclusive, com a História, bem como com outros povos, como os indígenas. Ao tratar do tempo, é
importante considerar que,
586
O tempo é considerado uma convenção social, pois, cada sociedade, de acordo com suas necessidades, define o que é
o tempo. O conceito de tempo está ligado, portanto, as necessidades de dar nome as mudanças que marcam as
transformações na natureza e das ações das diversas organizações humanas. Alguns exemplos de marcação de tempo
estão vinculados à vida dos seres (nascimento, crescimento e mortes); outra forma de marcação se vincula aos
movimentos do planeta Terra em torno de seu próprio eixo e do Sol [...]. (AMOP, 2015, p. 25).
Atualmente, temos instrumentos modernos para medir o tempo com maior precisão, tais como o cronômetro, utilizado nas
competições de natação, nas corridas de carros e cavalos. Em algumas situações, é usado também o intervalo de tempo mínimo,
como décimos, milésimos de segundos. Contudo, o instrumento mais utilizado é o relógio, sendo que, com o avanço da tecnologia,
o relógio digital é o mais usado.
As primeiras medidas de capacidade também eram medidas não padronizadas, baseadas em alguns objetos como
conchas, cascas de ovos e outros. Com o passar do tempo, foi necessário criar um padrão de medida cuja unidade é o litro, seus
múltiplos e submúltiplos.
Para compreender como ocorre a conservação dos líquidos e sólidos, nas medidas de volume e de capacidade, é
importante que o professor utilize recipientes de tamanhos e formas diferentes, mas com a mesma quantidade de produtos, para
que possa trabalhar a noção de conservação também com os líquidos.
Destaca-se a relação entre medidas de volume e de capacidade pela equivalência: 1 metro cúbico (m³) = 1000 litros (L) =
1000 decímetros cúbicos (dm³), que poderá ser demonstrada com materiais manipuláveis. O volume é o espaço ocupado por um
sólido que pode ser medido. Para desenvolver o trabalho com esses conteúdos, pode-se utilizar diversos gêneros discursivos: a
fatura de água, a bula de remédio, as receitas culinárias, e ainda construir, com madeira, o “esqueleto” do metro cúbico. O expoente ³ do
cm³ nos diz que essa é uma unidade de medida com três dimensões, portanto, não é uma unidade de medida linear, seu significado
é de três dimensões (comprimento, largura e altura).
As medidas de superfície fazem parte de nosso dia a dia e respondem a perguntas do cotidiano como: Qual a área da sala
de aula? Qual a área da sua casa? Quantos metros quadrados de azulejos são necessários para revestir as paredes da cozinha?
Qual a área de uma quadra de futebol? Superfície é uma grandeza com duas dimensões (comprimento e largura), já área é a medida
dessa grandeza, isto é, um número e tem como unidade fundamental o metro quadrado.
No trabalho com as medidas de superfície, deve-se utilizar medidas arbitrárias como malhas quadriculadas e folhas de
diferentes tamanhos. É possível ainda construir e explorar com os alunos o metro quadrado (m²), construindo essa área com jornal,
587
TNT, ou plástico, bem como o decímetro quadrado e o centímetro quadrado, que são seus submúltiplos - unidades 100 vezes
menores, respectivamente.
Destaca-se também as medidas agrárias, as quais que são utilizadas para medir superfícies de plantações, de pastos, de
sítios e/ou de fazendas, e a principal unidade dessas medidas é o are (a). Essa medida tem um múltiplo, o hectare (ha), e um
submúltiplo, o centiare (ca). Em nossa região, utiliza-se muito o alqueire, que corresponde a 24. 200 metros quadrados, sendo que
esse varia de tamanho de acordo com a região do país. A unidade de referência oficial é o hectare, que equivale a 10. 000 metros
quadrados.
Nas medidas de massa, a unidade padrão para determinar a massa de um corpo é o grama. O quilograma é uma unidade
de referência; já a tonelada e a arroba são unidades de massa utilizadas no setor agropecuário. Assim, comparar objetos ou
embalagens é oportuno para discutir as relações de leve e pesado, peso bruto e peso líquido. Diferentes instrumentos podem ser
utilizados para medir a massa de um corpo, como as balanças de dois pratos, de ponteiro, as digitais ou eletrônica, dentre outras.
É preciso trabalhar com os alunos algumas transformações dos múltiplos e submúltiplos nas medidas, destacando as
unidades de medidas mais usuais, fazendo conversões simples, como horas para minutos, metros para centímetros, quilo para
gramas, entre outros.
A abordagem das medidas, como de comprimento, de área, de volume, de tempo e de valor, realiza-se juntamente com
números decimais e frações, ampliando a leitura e o significado dos números e das operações, e a compreensão dos conceitos
relativos aos cálculos das demais medidas.
Com o desenvolvimento de instrumentos tecnológicos, surgiu a necessidade de novas unidades de medida e constam
também no Sistema Internacional de Unidades. As principais unidades utilizadas são: bit, byte, kilobyte, megabyte, gigabyte, terabyte,
petabyte, exabyte, zettabyte e yottabyte. Embora a informática esteja presente em nosso dia a dia, muitos termos e unidades usadas
podem ainda ser difíceis de entender.
Existem outras unidades de medidas chamadas não decimais, como medidas de temperatura e medidas de ângulos. A de
temperatura é em graus Celsius, e a medida do ângulo é o grau.
Temos a medida de caloria, relativo ao valor energético dos alimentos, entre outros. Quando usamos caloria para nos
referirmos ao valor energético dos alimentos, na verdade queremos dizer a quantidade de energia necessária para elevar a
temperatura de 1 quilograma (equivalente a 1 litro) de água de 14,5 graus Celsius para 15,5 graus Celsius.
TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO
Os objetos de conhecimento do eixo Tratamendo da Informação possibilitam inserir a criança no universo da investigação
estatística para compreender, interpretar, assim como superar situações do mundo que as cerca. O mundo é dinâmico e as
588
informações vão e vêm rapidamente. Os dados numéricos ou qualitativos são coletados e organizados por meio de representações
gráficas e representações tabulares expressos por índices, porcentagens, médias entre outros. E diante disso, conhecer ferramentas
utilizadas para trabalhar o tratamento da informação em sala de aula torna-se fundamental para a formação de cidadãos críticos.
Segundo Lopes (1999),
Fica para o ensino da Matemática o compromisso de não só ensinar o domínio dos números, mas também a organização
de dados e leitura de gráficos e tabelas. Sob esta visão, incluir a Estatística apenas como um tópico a mais a ser
estudado, em uma ou outra série do Ensino Fundamental, enfatizando apenas a parte da Estatística Descritiva, seus
cálculos e fórmulas não levarão o estudante ao desenvolvimento do pensamento estatístico e do pensamento
probabilístico que envolve desde uma estratégia de resolução de problemas, até uma análise de resultados obtidos.
Parece-nos essencial à formação de nossos alunos o desenvolvimento de atividades estatísticas que partam sempre de
uma problematização, pois assim como os conceitos matemáticos, os estatísticos também devem estar inseridos em
situações vinculadas ao cotidiano deles. Assim sendo, esse estudo os auxiliará na realização de seus trabalhos futuros em
diferentes ramos da atividade humana e contribuirá para sua cultura, a geral. (LOPES, 1999, p. 168).
[...] o desenvolvimento proporcionado pelo estudo da Combinatória não se limita a conhecimentos matemáticos, mas
também a outras áreas, pois, na resolução de problemas combinatórios, os estudantes são estimulados a pensarem
de modo hipotético, a levantarem possibilidades e a julgarem a adequação das possibilidades levantadas, a partir de
uma grande variedade de situações. (BORBA et al., 2014, p. 116).
Para a efetivação desse trabalho, é necessário o uso de materiais manipulativos, de situações com contextos próximos das
vivências das crianças, como: Quantos sanduíches diferentes são possíveis de montar usando-se dois tipos de pães (francês e de
589
forma) e três recheios: queijo, presunto e frango? O estímulo às diversas estratégias de resolução, tais como desenhos, listagens ou
árvores de possibilidades e o trabalho com Resolução de Problemas, é caminho para o trabalho com o raciocínio combinatório, desde
os Anos Iniciais em salas de aula.
A Probabilidade possibilita fazer previsões sobre as chances de um acontecimento qualquer ocorrer ou não, analisar um
experimento aleatório, examinando os resultados obtidos; busca, pesquisa, cria e elabora modelos que possam medir a
incerteza/acaso, uma vez que em nosso cotidiano situações de natureza aleatória sempre estão presentes, jogos como dados, bingo,
cara ou coroa, entre outros, são experimentos nos quais não é possível determinar com certeza o resultado que será obtido, ou seja,
são aleatórios, também denominados não determinísticos.
A Estatística, por sua vez, é a ciência que envolve a realização de investigações a partir de uma variável, coletando,
representando (organizando), interpretando e fazendo inferências sobre os dados e, a partir daí colocar novas questões e reiniciar o
ciclo investigativo de coletar e analisar dados.
A Estatística deve ser considerada como uma ferramenta de análise para as outras áreas de conhecimento. Assim, o trabalho
com Educação Estatística nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental deve proporcionar ao aluno a interpretação dos dados, ler
criticamente as informações organizadas em tabelas e gráficos apresentadas em diversos contextos, além de requerer a
compreensão dos símbolos e/ou termos utilizados, como também os conceitos envolvidos, apresentando uma atitude questionadora
diante das informações, usando os dados para dar suporte a argumentos, avaliando a relevância dos mesmos e compreendendo a
importância de tomar decisão a partir de processos de coleta, organização e análise de dados. De acordo com Lopes (2003),
No mundo das informações, no qual estamos inseridos, torna-se cada vez mais precoce o acesso do cidadão a questões
sociais e econômicas em que tabelas e gráficos sintetizam levantamentos; índices são comparados e analisados para
defender ideias. Dessa forma, faz-se necessário que a escola proporcione ao estudante, desde o Ensino Fundamental, a
formação de conceitos que o auxiliem no exercício de sua cidadania. Entendemos que cidadania também seja a
capacidade de atuação reflexiva, ponderada e crítica de um indivíduo em seu grupo social. (LOPES, 2003, p. 13).
Os gráficos apresentam de forma rápida uma visão geral dos dados e, geralmente, de mais fácil compreensão e leitura. É
fundamental que os alunos sejam estimulados a analisar as representações gráficas, apoiando-se sobre fatores que o determinam e
não sobre a sua aparência.
Existem diferentes tipos de representações gráficas que podem ser trabalhados desde a Educação Infantil, dentre os quais
citamos alguns: o pictograma, o gráfico de colunas, o gráfico de setor e, ainda, os infográficos. A partir de vários temas, como
diversidade racial (negros, índios, quilombolas, ribeirinhos, ciganos), questões ambientais (água, clima, lixo, os cuidados com o nosso
590
planeta), sociais (moradia, uso indevido de drogas) e saúde pública (incidência de doenças, prevenção de doenças, vacinação,
dentre outros). Por meio da leitura e da interpretação de gráficos, podemos trazer para discussão muitos temas importantes.
Dentre os gráficos, o pictograma é mais indicado para o trabalho com crianças bem pequenas, seja por sua simplicidade, seja
pelo apelo visual que oferece. Nesses gráficos, utilizamos figuras para representar os dados, e um ponto importante que deve ser
considerado é o tamanho e o espaçamento entre os ícones.
Um gráfico bastante utilizado é o de colunas ou barras. É imprescindível que as crianças sejam incentivadas a interpretar as
informações que ali estão representadas. Lembrando que gráficos e tabelas são recursos para auxiliar os alunos a construírem a
noção de números de forma contextualizada e como ponto de partida de diferentes situações problemas na unidade temática dos
números e da álgebra, mas também servem para problematizar temas transversais de relevância na comunidade local e regional.
Outro gráfico é o de setor, o qual permite a comparação das partes em relação ao todo, pois cada parte ou setor é uma fração do
todo.
Os alunos necessitam aprender a representar dados em tabelas e precisam aprender a construir tabelas como uma forma de
organizar os dados, bem como para a interpretação dos gráficos os alunos precisam compreender a função da legenda, do título, da
fonte dos dados, entre outras informações.
É fundamental que a escola proponha um trabalho sistematizado com representações gráficas, considerando os diferentes
tipos de gráficos, as unidades de medidas e as suas subunidades, para que, de fato, possam analisar às estratégias utilizadas pela
mídia para mascarar, omitir, manipular, minimizar as informações, que são de interesse social.
As informações e/ou dados podem estar organizados em tabelas. Nesse sentido, o termo tabela é utilizado para nomear
várias coisas, tais como: uma lista de compras, uma lista de dados, um extrato de conta bancária, uma nota fiscal. Essas informações
têm uma característica em comum na sua forma de apresentação, ou seja, encontram-se dentro de um quadro. Uma tabela é uma
organização numérica composta por linhas e colunas, cujas intersecções são denominadas de células, nas quais se encontram
dados que podem ser números, desenhos, palavras, frases, entre outros. Em uma tabela, nas linhas apresenta-se uma variável e nas
colunas outra(s) variável(is) relacionada(s).
O trabalho com gráficos e tabelas deve fazer parte da rotina escolar, uma vez que permite ao aluno compreender o mundo a
partir de ferramentas matemáticas, indo além do campo perceptível, lendo, implicitamente as informações contidas em tabelas ou
gráficos e interpretando-os com o rigor científico do conhecimento matemático.
591
4. CONTEÚDOS
(EF01MA01) Reconhecer e utilizar da função social dos números naturais como indicadores de quantidade, de ordem, de medida e de
177
código de identificação em diferentes situações cotidianas.
O conceito de número. Representar ideias e quantidades por meio de símbolos (letras, algarismos, desenhos e outras formas de registro) em diferentes
contextos.
Sistema de numeração.
Identificar e diferenciar números de letras e outros símbolos que estão presentes nos diferentes gêneros discursivos e em
Números naturais. diferentes contextos.
(EF01MA02) Contar de maneira exata ou aproximada, utilizando diferentes estratégias como o pareamento e outros agrupamentos
O conceito de número. utilizando recursos (manipuláveis e digitais) e apoio em imagens como suporte para resolver problemas.
(EF01MA03) Estimar e comparar quantidades de objetos de dois conjuntos (em torno de 30 elementos), por estimativa e/ou por
Sistema de numeração.
correspondência (um a um, dois a dois) para indicar “tem mais”, “tem menos” ou “tem a mesma quantidade”.
177
Exemplo: Número de identidade, Cadastro de pessoa física/CPF, telefone, número do calçado e dos vestuários, número de registro de nascimento, código
de barra e outros.
592
Números naturais. (EF01MA04) Contar a quantidade de objetos de coleções até 100 unidades e apresentar o resultado por meio de registros verbais e
simbólicos, em situações de seu interesse, como jogos, brincadeiras, materiais da sala de aula, entre outros.
Números ordinais.
Traçar corretamente os algarismos de 0 a 9.
Agrupamentos e trocas, contagem, Reconhecer que as diferentes possibilidades de combinação entre os algarismos formam diferentes números.
escrita e sequência numérica. 178
Escrever números, utilizando-se de algarismos, em ordem ascendente e descendente .
Valor Posicional.
Contar os elementos de um conjunto (em torno de 30) estabelecendo a relação entre a quantidade e o número natural que o
Registro de quantidades, leitura , representa.
escrita e contagem de números. Compreender que a contagem verbal segue critérios diferentes: do zero até o nove, cada algarismo se refere a uma palavra; a
partir do dez, há novos nomes para uma combinação em que se utilizam os mesmos algarismos.
Ordem crescente e decrescente.
Reconhecer agrupamentos tais como: dezena, meia dezena, dúzia e meia dúzia em diferentes contextos.
Realizar agrupamentos e trocas nas diferentes bases (base 2, 3, 5 e 10) utilizando recursos didáticos (manipuláveis e digitais) e
registros pessoais para compreender as regularidades que compõe o sistema de numeração decimal.
Reconhecer, registrar e utilizar os números ordinais no contexto das práticas sociais (1.º ao 10.º).
Estabelecer a relação de correspondência (um a um, dois a dois) entre a quantidade de objetos de dois conjuntos (formados por
até 30 elementos).
Comparar quantidades constatando onde tem mais, formulando hipóteses sobre tais quantidades.
Contar até 100 unidades utilizando agrupamentos de 10 em 10 com diferentes estratégias e outros.
Ordenar números, progressivamente, até 100 unidades.
Utilizar números naturais nas atividades nos momentos de contagem, representando-os.
179
Representar números de até duas ordens utilizando recurso didático manipulável e recursos digitais.
Ler e realizar hipóteses de escrita alfabética dos números naturais até 100.
(EF01MA05) Comparar números naturais de até duas ordens em situações cotidianas, com e sem suporte da reta numérica.
O conceito de número.
Identificar o antecessor e sucessor dos números naturais de até duas ordens em situações contextualizadas.
Sistema de numeração. Compreender o valor posicional dos algarismos em um número, estabelecendo as relações entre as ordens da unidade e da
dezena.
Números naturais.
Utilizar o zero para indicar ordem vazia e ausência de quantidade.
178
Crescente e decrescente.
179
Nesse caso, sugere-se a utilização do material dourado, ábaco, cédulas sem valor, palitos de sorvete, ligas elásticas e quadro de ordens (valor-lugar), dentre
outros.
593
Regularidades na sequência Localizar números naturais, na reta numérica, em diferentes contextos de modo a compreender regularidades na sequência
numérica: pares e impares, numérica.
antecessor e sucessor, valor Diferenciar e utilizar os conceitos de número par e ímpar no contexto de jogos, brincadeiras e resolução de problemas.
posicional.
Sistema de numeração.
(EF01MA06) Construir fatos básicos da adição e utilizá-los em procedimentos de cálculo para resolver problemas no contexto de jogos e
Números naturais (adição e brincadeiras, com apoio de recursos (manipuláveis e digitais) e registros pictóricos.
subtração). Construir estratégias pessoais de cálculo, com registro (algarismos, desenhos ou outras representações) para resolver
problemas envolvendo adição e subtração.
Construção de fatos básicos da
Utilizar a reta numérica como suporte para desenvolver procedimentos de cálculo durante o processo de resolução de
adição e da subtração.
problemas, envolvendo adição e subtração.
Operações.
(EF01MA07) Compor e decompor número de até duas ordens, por meio de diferentes adições, com o suporte de material manipulável,
Sistema de numeração. contribuindo para a compreensão de características do sistema de numeração decimal e o desenvolvimento de estratégias de cálculo.
Utilizar a composição e a decomposição de números (de até duas ordens), de diferentes formas, como estratégia de cálculo
Números naturais.
durante a resolução de problemas.
(EF01MA08) Resolver e elaborar problemas de adição e de subtração, envolvendo números de até dois algarismos, com os significados
de juntar, acrescentar, separar e retirar, com o suporte de imagens e/ou material manipulável, utilizando estratégias e formas de registro
pessoais.
Resolver e elaborar coletivamente problemas de adição e de subtração, com números de até dois algarismos, envolvendo as
Números naturais. ideias de comparação (quanto a mais, quanto a menos, qual a diferença, quanto falta para) com o suporte de imagens, material
manipulável e/ou digital, utilizando estratégias e formas de registro pessoais e posteriormente algoritmo padrão simples, sem
Números naturais (idéias da
reagrupamento.
adição e subtração).
Resolver e elaborar coletivamente problemas que envolvem as ideias de divisão (distribuição e medida) e multiplicação (ideia de
Números naturais (noções de adição de parcelas iguais) utilizando recursos manipuláveis, digitais e registros pictóricos como apoio.
multiplicação e divisão).
Utilizar noções de metade e dobro para resolver e elaborar problemas com suporte de imagens e material manipulável.
(EF01MA09) Organizar e ordenar objetos familiares ou representações por figuras, por meio de atributos, tais como cor, forma e medida.
Números naturais.
Observar e comparar atributos de objetos e figuras (cor, forma, tamanho e outros) para organizar, ordenar e/ou classificá-los de
acordo com critérios estabelecidos.
Regularidades.
(EF01MA11) Descrever a localização de pessoas e de objetos no espaço em relação à sua própria posição, utilizando termos como à
direita, à esquerda, em frente, atrás.
Localização no espaço. (EF01MA12) Descrever a localização de pessoas e de objetos no espaço segundo um dado ponto de referência, compreendendo que,
para a utilização de termos que se referem à posição, como direita, esquerda, em cima, embaixo, é necessário explicitar-se o referencial.
Observação.
Localizar um objeto ou pessoa no espaço descrevendo a posição que este ocupa de acordo com um ponto de referência
Topologia. utilizando noções de direita, esquerda, em cima e embaixo de, na frente e atrás de, dentro e fora de.
Representar o espaço, incluindo percursos e trajetos, por meio de registros pessoais, identificando pontos de referência a fim de
Grandeza.
localizar- se em ambientes variados e/ou desconhecidos.
Posição. Reconhecer o espaço (os objetos, o outro, a sala de aula, a escola e o bairro) em que está inserido, tendo como ponto de
referência o seu corpo.
Direção e sentido.
Observar e perceber objetos em diferentes posições (conservação da forma).
Reconhecer os conceitos de localização: em cima de, embaixo de, na frente de, atrás de.
Observar, explorar e localizar-se no espaço em relação ao próprio corpo, objetos locais.
Conhecer os conceitos básicos de topologia: interior, exterior, fronteira de objetos bidimensionais e tridimensionais.
Utilizar conceitos de grandeza: maior que, menor que, mais grosso que, mais fino que, mais curto que, mais comprido que, mais
alto que, mais baixo que, mais longo que, mais estreito que.
Identificar posições: em cima de, embaixo de, entre, na frente de, atrás de, ao lado de, o primeiro, o último, à direita de, à
esquerda de, antes e depois de.
Utilizar-se dos conceitos de direção e sentido: para frente, para trás, para o lado, para a direita, para a esquerda, para cima, para
baixo, no mesmo sentido, em sentidos contrários, meia volta, volta e meia, meia volta para a direita e meia para a esquerda.
180
(EF01MA13) Reconhecer e relacionar figuras geométricas espaciais (cones, cilindros, esferas, pirâmides e blocos retangulares ) a
objetos familiares do mundo físico.
180
Em especial: paralelepípedos e cubos.
595
Identificar as faces, os vértices e as arestas em poliedros.
Geometria espacial.
Identificar características das figuras geométricas espaciais observando semelhanças e diferenças (cones, cilindros, esferas,
Sólidos geométricos. pirâmides e blocos retangulares) e classificá-las em dois grupos: poliedros (formado por superfícies planas) e corpos redondos
(formas arredondadas).
Poliedros.
Ordenar objetos e sólidos geométricos: empilhar, juntar, separar, encaixar/desencaixar, abrir/fechar, empurrar e enfileirar.
Corpos redondos. Planificar os sólidos geométricos, pelo contorno das faces.
Identificar as formas geométricas encontradas na natureza e nos objetos construídos pelo homem.
Identificar os sólidos geométricos(cubos, paralelepípedos e cilindros) e seus elementos (vértices, faces, arestas).
Visualizar os objetos: de cima, de baixo, de frente, de trás, de um lado, de outro lado.
(EF01MA14) Identificar e nomear figuras planas (círculo, quadrado, retângulo e triângulo) em desenhos apresentados em diferentes
disposições ou em contornos de faces de sólidos geométricos.
Geometria plana e espacial.
Identificar atributos (cor, forma e medida) em representações de formas geométricas a fim de classificá-las e nomeá-las em
diferentes situações e posições.
Figuras geométricas planas.
Reconhecer as figuras triangulares, retangulares, quadradas e circulares presentes em diferentes contextos, relacionando-as
com objetos familiares do cotidiano.
Reconhecer objetos representados no plano a partir da vista vertical, frontal e lateral.
Compor e decompor formas planas.
Identificar o número de lados de um polígono.
Observar as posições das retas.
Associar as formas encontradas na natureza e nos objetos construídos pelo homem às formas geométricas.
Identificar as figuras planas que formam as faces dos sólidos geométricos.
Visualizar os objetos: de cima, de baixo, de frente, de trás, de um lado, de outro lado.
Identificar características (quanto aos lados) das figuras planas.
UNIDADE TEMÁTICA
GRANDEZAS E MEDIDAS
OBJETOS DE CONHECIMENTO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
(EF01MA15) Comparar comprimentos, capacidades ou massas, utilizando termos como mais alto, mais baixo, mais comprido, mais curto,
mais grosso, mais fino, mais largo, mais pesado, mais leve, cabe mais, cabe menos, entre outros, para ordenar objetos de uso cotidiano.
Medidas de comprimento.
Resolver e elaborar coletivamente problemas utilizando instrumentos de medida não padronizados (palmo, passo, pé, polegada,
jarda, conchas, pitadas, copos , xicaras, colher e outros).
Medidas de massa.
596
Reconhecer os instrumentos de medida padronizados mais usuais e a sua função social (régua, fita métrica, trena, balança e
Medidas de capacidade.
outros).
Reconhecer objetos que se compram por: metro, quilograma, litro, unidade e dúzia.
Fazer estimativas de grandezas padronizadas ou não, com auxílio do professor.
(EF01MA16) Relatar em linguagem verbal ou não verbal sequência de acontecimentos relativos a um dia, utilizando, quando possível, os
horários dos eventos e termos que marcam o tempo: antes, durante e depois, ontem, hoje e amanhã.
Utilizar expressões relativas ao tempo cronológico (ontem, hoje, amanhã etc.).
Medidas de tempo. Relacionar uma sequência de acontecimentos relativos a um dia com o tempo cronológico.
Reconhecer instrumentos de medidas que auxiliam na determinação de medidas do tempo cronológico (ampulheta, relógio,
calendário).
Reconhecer duração de fatos ou ações do cotidiano (muito tempo, pouco tempo).
(EF01MA17) Reconhecer e relacionar períodos do dia, dias da semana e meses do ano, utilizando calendário, quando necessário.
Listar oralmente e representar atividades cotidianas realizadas em períodos do dia.
Identificar os dias da semana e meses do ano utilizando o calendário como apoio.
(EF01MA18) Produzir a escrita de uma data, apresentando o dia, o mês e o ano, e indicar o dia da semana de uma data, consultando
calendários.
Produzir coletivamente o registro de uma data.
(EF01MA19) Reconhecer e relacionar valores de moedas e cédulas do sistema monetário brasileiro e outros de acordo com a cultura
local para resolver situações simples do cotidiano do estudante.
Compreender as ideias de compra e venda utilizando-se de representações de dinheiro (cédulas e moedas sem valor)
identificando as cédulas e moedas.
Sistema monetário brasileiro.
Iniciar a leitura e escrita de valores monetários.
(EF01MA20) Classificar eventos envolvendo o acaso, tais como “acontecerá com certeza”, “talvez aconteça” e “é impossível acontecer”,
em situações do cotidiano.
Noções de acaso.
597
Identificar e reconhecer noções de acaso (incerteza).
Classificar dentre alguns fatos/eventos do cotidiano, quais tem maior ou menor chance de acontecer.
Desenvolver noções de probabilidade relacionada ao acaso em situações do cotidiano.
(EF01MA21) Ler e compreender dados expressos em listas, tabelas e em gráficos de colunas simples e outros tipos de imagens.
Tabelas. Ler e construir coletivamente tabelas e gráficos pictóricos (desenhos ou objetos) de barras ou colunas e uso de legendas;
Gráficos. Localizar informações em tabelas e gráficos simples;
Expressar, por meio de registros pessoais, as ideias que elaborou a partir da leitura de listas, tabelas, gráficos e outras imagens
(problematização coletiva).
(EF01MA22) Realizar pesquisa, envolvendo até duas variáveis categóricas de seu interesse em universo de até 30 elementos, e
organizar dados por meio de representações pessoais.
Elaborar formas pessoais de registro para comunicar informações coletadas em uma determinada pesquisa.
Pesquisa, organização,
tratamento de dados e Representar, com auxílio do professor, as informações pesquisadas em gráficos de colunas e/ou barras, utilizando malhas
informações. quadriculadas.
MATEMÁTICA – 2º ANO
UNIDADE TEMÁTICA NÚMEROS E ÁLGEBRA
(EF02MA01) Comparar e ordenar números naturais (até a ordem de centenas) pela compreensão de características dosistema
Sistema de numeração decimal. de numeração decimal (valor posicional e função do zero).
Números naturais. (EF02MA02) Fazer estimativas por meio de estratégias diversas (pareamento, agrupamento, cálculo mental, correspondência
biunívoca) a respeito da quantidade de objetos de coleções e registrar o resultado da contagem desses objetos (até 1000
Valor Posicional. unidades).
Agrupamentos e trocas. (EF02MA03) Comparar quantidades de objetos de dois conjuntos, por estimativa e/ou por correspondência (um a um, a dois,
entre outros), para indicar “tem mais”,“tem menos” ou “tem a mesma quantidade”, indicando, quando for o caso, quantos a mais
Pares e ímpares. e quantos a menos.
(EF02MA04) Compor e decompor números naturais de até três ordens, com suporte de material manipulável, por meio de
diferentes adições para reconhecer o seu valor posicional.
Resolver e elaborar coletivamente problemas utilizando diferentes estratégias de cálculo, (convencionais ou não),
Sistema de Numeração Decimal. dentre elas a composição e a decomposição de números (de até três ordens) por meio de adições.
181
Crescente e decrescente.
599
Utilizar o zero com o significado de ordem vazia e ausência de quantidade.
Números naturais.
182
Representar números de até três ordens utilizando recursos manipuláveis e digitais.
Reconhecer e utilizar agrupamentos de quantidades que representam dúzia e meia dúzia no contexto das práticas
sociais.
(EF02MA05) Construir fatos básicos da adição e subtração e utilizá-los no cálculo mental ou escrito em diferentes contextos
com o apoio de recursos manipuláveis e pictóricos.
(EF02MA06) Resolver e elaborar problemas de adição e de subtração, envolvendo números de até três ordens, com
significados de juntar, acrescentar, separar, retirar, com o suporte de imagens, material manipulável e/ou digital, utilizando
Adição. estratégias pessoais ou convencionais.
Resolver e elaborar problemas de adição e de subtração, com números de até três ordens, envolvendo as ideias de
Subtração. comparação (quanto a mais, quanto a menos, qual a diferença, quanto falta para) com o suporte de imagens,
material manipulável e/ou digital, utilizando estratégias e formas de registro pessoais ou convencionais.
Cálculo mental. Construir estratégias pessoais de cálculo, com registro, para resolver problemas envolvendo adição e subtração.
Utilizar a reta numérica como suporte para desenvolver procedimentos de cálculo durante o processo de resolução de
problemas, envolvendo adição e subtração.
Resolver operações de adição com apoio de recursos manipuláveis e/ou digitais, registros pictóricos e algorítmicos
(com e sem agrupamento na dezena).
Resolver operações de subtração com apoio de recursos manipuláveis e/ou digitais, registros pictóricos e algorítmicos
(com e sem desagrupamento na dezena).
(EF02MA07) Resolver e elaborar problemas de multiplicação (por 2, 3 ,4 e 5) com a ideia de adição de parcelas iguais por
meio de estratégias e formas de registro pessoais, utilizando ou não suporte de imagens, material manipulável e digital.
(EF02MA08) Resolver e elaborar problemas envolvendo dobro, metade, triplo e terça parte, com o suporte de imagens ou
Noções de Multiplicação e divisão. material manipulável, utilizando estratégias pessoais em diferentes contextos, em especial: jogos e brincadeiras.
Resolver e elaborar (coletivamente) problemas de divisão (por 2, 3, 4 e 5) que envolvem as ideias de distribuição e
medida, utilizando estratégias e formas de registros pessoais, recursos manipuláveis, digitais e registros pictóricos
como apoio.
(EF02MA09) Identificar e construir sequências de números naturais em ordem crescente ou decrescente a partir de um
número qualquer, utilizando uma regularidade estabelecida.
Regularidades. (EF02MA10) Identificar e descrever um padrão (ou regularidade) de sequências repetitivas e de sequências recursivas, por
meio de palavras, símbolos ou desenhos.
182
Neste caso sugere-se a utilização do material dourado, ábaco, cédulas sem valor, palitos de sorvete, ligas elásticas e quadro de ordens (valor-lugar), dentre
outros.
600
(EF02MA11) Descrever os elementos ausentes em sequências repetitivas e em sequências recursivas de números naturais,
objetos ou figuras.
(EF02MA12) Identificar e registrar, em linguagem verbal ou não verbal, a localização e os deslocamentos de pessoas e de
Localização no espaço (direita, esquerda, objetos no espaço, considerando mais de um ponto de referência, e indicar as mudanças de direção e de sentido.
em cima, embaixo, frente e atrás).
Identificar pontos de referência para situar-se e deslocar-se no espaço.
Localização no espaço.
Descrever e comunicar a localização de objetos no espaço utilizando noções de direita de, esquerda de, entre, em
Observação. cima e embaixo de.
Topologia. Ler a representação de um dado percurso e deslocar-se no espaço da sala de aula/escola a partir da sua
Grandeza. compreensão.
Posição. Reconhecer os conceitos de localização: em cima de, embaixo de, na frente de, atrás de.
Utilizar a observação, exploração e localização no espaço em relação ao próprio corpo, objetos locais.
Direção e sentido.
Utilizar-se da topologia: interior, exterior, fronteira de objetos bidimensionais e tridimensionais.
Utilizar conceitos de grandeza: maior que, menor que, mais grosso que, mais fino que, mais curto que, mais comprido
que, mais alto que, mais baixo que, mais longo que, mais estreito que.
Identificar posições: em cima de, embaixo de, entre, na frente de, atrás de, ao lado de, o primeiro, o último, à direita
de, à esquerda de, antes e depois de.
Utilizar-se dos conceitos de direção e sentido: para frente, para trás, para o lado, para a direita, para a esquerda, para
cima, para baixo, no mesmo sentido, em sentidos contrários, meia volta, volta e meia, meia volta para a direita e meia
volta para a esquerda.
(EF02MA13) Esboçar roteiros a ser seguidos ou plantas de ambientes familiares, assinalando entradas, saídas e alguns pontos
de referência.
Localização no espaço. Explorar e caracterizar aspectos do espaço, representando-o por meio de registros pessoais (desenhos e maquetes)
indicando pontos de referência.
Identificar representações de objetos/sólidos geométricos sob diferentes pontos de vista.
(EF02MA14) Reconhecer, nomear e comparar figuras geométricas espaciais (cubo, bloco retangular, pirâmide, cone, cilindro e
Geometria espacial. esfera), relacionando-as com objetos do mundo físico (natureza e construções humanas).
Sólidos geométricos. Identificar as características das figuras geométricas espaciais observando semelhanças e diferenças (cones,
Elementos dos sólidos: vértices, arestas e cilindros, esferas, pirâmides e blocos retangulares) e classificá-las em dois grupos: corpos redondos (formadas por
faces. superfícies arredondadas) e poliedros (formadas por superfícies planas).
601
Poliedros: prismas, pirâmides e corpos
redondos. Reconhecer e nomear as formas geométricas.
Planificação dos sólidos geométricos. Identificar os polígonos através da planificação dos sólidos geométricos.
Construir e planificar os sólidos geométricos.
Classificar as formas geométricas seguindo atributos reconhecendo-as e estabelecendo diferenças e semelhanças
entre elas.
(EF02MA15) Reconhecer, comparar e nomear figuras planas (círculo, quadrado, retângulo e triângulo), por meio de
características comuns, em desenhos apresentados em diferentes disposições ou em sólidos geométricos.
Geometria plana. Identificar as figuras geométricas planas a partir do contorno das faces de uma figura geométrica espacial.
Formas geométricas.
Reconhecer e nomear as formas geométricas e polígonos.
Polígonos.
Planificação. Identificar os polígonos através da planificação dos sólidos geométricos, nomeando-os.
Reproduzir e representar sequências geométricas.
Compor e decompor as formas planas.
Identificar a posição das retas, horizontal, vertical e inclinada em diferentes posições e contextos.
Identificar o ângulo em formas planas.
UNIDADE TEMATICA GRANDEZAS E MEDIDAS
(EF02MA16) Estimar, medir e comparar comprimentos de lados de salas (incluindo contorno) e de polígonos, utilizando
unidades de medida não padronizadas e padronizadas (metro, centímetro e milímetro) e instrumentos adequados.
Conhecer aspectos históricos relacionados às medidas de comprimento.
Utilizar corretamente os instrumentos de medida mais usuais como metro, régua, fita métrica, trena e metro articulado,
Medidas de Comprimento.
estabelecendo relações entre as unidades mais usuais de medida como: metro e centímetro.
Utilizar instrumentos adequados para medir e comparar diferentes comprimentos.
Resolver e elaborar coletivamente problemas utilizando medidas não padronizadas e padronizadas de comprimento
(metro e centímetro).
602
(EF02MA17) Estimar, medir e comparar capacidade e massa, utilizando estratégias e registros pessoais e unidades de
medida não padronizadas ou padronizadas (litro, mililitro, grama e quilograma).
Diferenciar o significado de leve e pesado, de cheio e vazio, onde tem mais e onde tem menos.
Reconhecer as unidades de medidas de capacidade e massa no contexto dos gêneros discursivos que circulam em
Medidas de capacidade e massa.
sociedade, em especial nos rótulos dos produtos e panfletos de propaganda, identificando produtos que podem ser
comprados por litro e quilograma.
Compreender as relações das medidas padrões litro e grama (quilograma).
(EF02MA18) Indicar a duração de intervalos de tempo entre duas datas, como dias da semana e meses do ano, utilizando
calendário, para planejamentos e organização de agenda.
Medidas de tempo. Reconhecer duração e sequência temporal.
Conhecer aspectos históricos relacionados às medidas de tempo (relógio do sol, ampulheta, e diferentes calendários);
Nominar os dias da semana e os meses do ano para registrar datas, indicando o dia, mês e ano em diferentes
situações, na forma abreviada e escrita por extenso.
Utilizar o calendário Gregoriano para registrar e localizar datas relacionadas às diferentes situações vivenciadas e que
fazem parte da cultura local/regional.
(EF02MA19) Medir a duração de um intervalo de tempo por meio de relógio digital e registrar o horário do início e do fim do
intervalo.
Medidas de tempo. Conhecer diferentes tipos de relógio: digital e analógico.
Reconhecer a hora como unidade de medida padrão do tempo.
Medida de temperatura.
Reconhecer, no relógio da sala, as representações de horas que pertencem à rotina do período letivo.
Reconhecer instrumentos de medição da temperatura em seu contexto.
(EF02MA20) Estabelecer a equivalência de valores entre moedas e cédulas do sistema monetário brasileiro, para resolver
situações cotidianas.
Reconhecer as cédulas e moedas que circulam no Brasil e seus aspectos históricos.
Elaborar e resolver problemas orais e escritos envolvendo o sistema monetário brasileiro.
Sistema monetário brasileiro.
Identificar e utilizar cédulas e moedas.
Ler e escrever, por extenso, valores monetários exatos.
Compor e decompor valores usando cédulas e moedas.
Fazer comparações e estimativas envolvendo diferentes valores.
603
UNIDADE TEMATICA TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO
(EF02MA21) Classificar resultados de eventos cotidianos aleatórios como “pouco prováveis”, “muito prováveis”, “improváveis”
e “impossíveis”.
Eventos aleatórios: Ler e conhecer os eventos aleatórios do cotidiano;
Probabilidade.
Classificar dentre alguns fatos/eventos do cotidiano, quais tem maior ou menor chance de acontecer, utilizando
nomenclatura correta.
(EF02MA22) Comparar informações de pesquisas apresentadas por meio de tabelas de dupla entrada e em gráficos de
colunas simples ou barras, para melhor compreender aspectos da realidade próxima.
Dados e informação. Ler e construir coletivamente tabelas e gráficos pictóricos (desenhos ou objetos), de barras ou colunas e uso da
Tabelas e gráficos. legenda.
183
Compreender informações apresentadas em listas, tabelas, gráficos e outros tipos de imagens e produzir textos
para expressar as ideias que elaborou a partir da leitura.
Resolver problemas simples com base na interpretação de uma tabela ou gráfico.
Entender a função da legenda nos gráficos.
(EF02MA23) Realizar pesquisa em universo de até 30 elementos, escolhendo até três variáveis categóricas de seu interesse,
organizando os dados coletados em listas, tabelas e gráficos de colunas simples com apoio de malhas quadriculadas.
Resolver e elaborar problemas a partir das informações apresentadas em tabelas e gráficos de colunas ou barras
Dados e informação. simples.
Tabelas e gráficos. Ler e compreender legendas em diferentes situações.
MATEMÁTICA – 3º ANO
UNIDADE TEMÁTICA NÚMEROS E ÁLGEBRA
(EF03MA01) Ler, escrever e comparar números naturais de até a ordem de unidade de milhar, estabelecendo relações entre
Números naturais. os registros numéricos e em língua materna.
Valor posicional. Compreender o número natural no contexto de diferentes gêneros que circulam na sociedade, conhecendo aspectos
Ordens e classes. da sua história.
183
Os alunos poderão escrever textos coletivos e individuais (com a mediação do professor), ainda que não estejam completamente alfabetizados, para
expressar suas ideias a partir da leitura de gráficos e tabelas.
604
Antecessor e sucessor.
Compreender o valor posicional dos algarismos em um número, estabelecendo as relações entre as ordens: 10
História dos números.
unidades = 1 dezena; 10 dezenas = 1 centena; 10 centenas = 1 unidade de milhar.
Utilizar diferentes estratégias de contagem.
Identificar o antecessor e sucessor dos números naturais até quatro ordens em diferentes contextos.
Representar números naturais até a quarta ordem utilizando algarismos e recursos manipuláveis ou digitais.
Organizar agrupamentos para facilitar a contagem e a comparação entre coleções que envolvem quantidades até as
unidades de milhar.
Conhecer outros sistemas de numeração e a importância dos mesmos para o Sistema de Numeração Decimal (SND).
Sistema de numeração decimal. Compreender e utilizar os números pares e ímpares no contexto de jogos, brincadeiras e resolução de problemas.
(EF03MA03) Construir e utilizar fatos básicos da adição e da multiplicação para o cálculo mental ou escrito.
(EF03MA04) Estabelecer a relação entre números naturais e pontos da reta numérica para utilizá-la na ordenação dos
Números naturais números naturais e na construção de fatos da adição e da subtração, relacionando-os com deslocamentos para a direita ou
(adição, subtração e multiplicação). para a esquerda.
Estabelecer a relação entre números naturais e pontos da reta numérica para utilizá-la na ordenação dos números
naturais.
Utilizar a reta numérica como suporte para desenvolver procedimentos de cálculo durante o processo de resolução de
problemas, envolvendo adição, subtração e multiplicação, deslocando-se para a direita ou para a esquerda.
(EF03MA05) Utilizar diferentes procedimentos de cálculo mental e escrito para resolver problemas significativos envolvendo
Números naturais. adição e subtração com números naturais.
Algoritmo (adição e subtração). Construir estratégias pessoais de cálculo, com registro, para resolver problemas envolvendo adição e subtração;
184
Resolver operações de adição utilizando a compensação como estratégia de cálculo com apoio de recursos
manipuláveis e registros pictóricos em diferentes contextos.
Resolver operações de adição (com e sem agrupamentos e reagrupamentos) e de subtração (com e sem
reagrupamento) com apoio de recursos manipuláveis ou digitais e registros pictóricos envolvendo números naturais
até a ordem de unidade de milhar.
184
Exemplo: 58 + 13 = 60 + 13 – 2.
605
(EF03MA06) Resolver e elaborar problemas de adição e subtração com os significados de juntar, acrescentar, separar, retirar,
Números naturais (ideias e algoritmo da comparar (quanto a mais, quanto a menos, qual a diferença) e completar quantidades (quanto falta para), utilizando diferentes
adição e subtração). estratégias de cálculo exato ou aproximado, incluindo cálculo mental, como suporte de imagens, material manipulável e/ou
digital.
Relação de igualdade. (EF03MA11) Compreender a ideia de igualdade para escrever diferentes sentenças de adições ou de subtrações de dois
números naturais que resultem na mesma soma ou diferença.
185
Resolver e elaborar problemas envolvendo as situações aditivas que apresentem um elemento desconhecido .
(EF03MA07) Resolver e elaborar problemas de multiplicação (por 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10) com os significados de adição de
parcelas iguais e elementos apresentados em disposição retangular e raciocínio combinatório utilizando diferentes estratégias
Números naturais (ideias e algoritmo da de cálculo e registros e representações por meio de recursos manipuláveis ou digitais.
multiplicação e divisão). (EF03MA08) Resolver e elaborar problemas de divisão de um número natural por outro (até10), com resto zero e com resto
diferente de zero, com os significados de repartição equitativa e de medida, por meio de estratégias e registros pessoais
utilizando recursos manipuláveis e/ou digitais.
Utilizar estratégias próprias de resolução da operação de divisão.
Construir estratégias pessoais de cálculo, com registro, para resolver problemas envolvendo a multiplicação.
Compreender a construção e representação das tabuadas.
Resolver operações de multiplicação, de um fator por números naturais, até a 3.ª ordem sem agrupamento na dezena
e reagrupamento na centena.
(EF03MA09) Associar o quociente de uma divisão com resto zero de um número natural por 2, 3, 4, 5 e 10 às ideias de
metade, terça, quarta, quinta e décima parte.
Resolver e elaborar problemas envolvendo noções de metade, terça parte, quarta parte, quinta parte e décima parte
Números naturais. (no todo contínuo e no todo discreto) utilizando diferentes registros e recursos manipuláveis como apoio.
Representar, por meio de uma fração, as noções de metade, terça parte, quarta parte, quinta parte e décima parte.
Números racionais.
Relacionar os números racionais, representados por meio de uma fração em situações do cotidiano (1\2 litro, 1\4 de
hora).
Estabelecer relações entre as partes e o todo, em uma fração, no contexto de resolução de problemas utilizando
apoio em imagens e material manipulável.
(EF03MA10) Identificar regularidades em sequências ordenadas de números naturais, resultantes da realização de adições ou
subtrações sucessivas, por um mesmo número, descrever uma regra de formação da sequência e determinar elementos
Sequências numéricas. faltantes ou seguintes.
Produzir sequências numéricas de acordo com a regra estabelecida.
185
Exemplo: Eu tinha uma coleção de 30 carrinhos. Fui contar a minha coleção e percebi que havia somente 12. Quantos carrinhos eu perdi?.
606
UNIDADE TEMÁTICA GEOMETRIA(S)
(EF03MA12) Descrever e representar, por meio de esboços de trajetos ou utilizando croquis e maquetes, a movimentação de
Localização no espaço. pessoas ou de objetos no espaço, incluindo mudanças de direção e sentido, com base em diferentes pontos de referência.
Observação. Observar, explorar e localizar no espaço em relação ao próprio corpo, objetos locais.
Topologia. Reconhecer os conceitos de localização: em cima de, embaixo de, na frente de, atrás de.
Grandeza. Utilizar-se da topologia: interior, exterior, fronteira de objetos bidimensionais e tridimensionais na construção de
maquetes e croquis.
Posição.
Compreender e utilizar conceitos de grandeza: maior que, menor que, mais grosso que, mais fino que, mais curto
Direção e sentido. que, mais comprido que, mais alto que, mais baixo que, mais longo que, mais estreito que.
Ângulo. Identificar e compreender as posições: em cima de, embaixo de, entre de, na frente de, atrás de, ao lado de, o
primeiro, o último, à direita de, à esquerda de, antes e depois de, na construção de maquetes e croquis.
Utilizar-se dos conceitos de direção e sentido: para frente, para trás, para o lado, para a direita, para a esquerda, para
cima, para baixo, no mesmo sentido, em sentidos contrários, meia volta, volta e meia, meia volta para a direita e meia
para a esquerda, na construção de maquetes e croquis.
(EF03MA13) Associar figuras geométricas espaciais (cubo, bloco retangular, pirâmide, cone, cilindro e esfera) a objetos do
mundo físico e nomear essas figuras.
Geometria plana. Identificar semelhanças e diferenças entre cubos e quadrados, paralelepípedos e retângulos, pirâmides e triângulos,
esferas e círculos pela observação de seus atributos.
Geometria espacial.
Visualizar e representar os objetos (bidimensional e tridimensional) em diferentes posições (vista superior, frontal e
lateral).
Polígonos.
Classificar e nomear sólidos geométricos de figuras planas: cubos e quadrados, paralelepípedos e retângulos,
pirâmides e triângulos, esferas e círculos, pela observação de seus atributos.
Poliedros.
Representar sob diferentes pontos de vista entes geométricos em diferentes posições: vista vertical, frontal e lateral.
Descrever oralmente e/ou registrar características das formas geométricas.
(EF03MA14) Descrever características de algumas figuras geométricas espaciais (prismas retos, pirâmides, cilindros, cones),
relacionando-as com suas planificações.
607
Geometria plana.
Classificar e comparar figuras geométricas espaciais de acordo com as suas características (formas arredondadas e
não arredondadas, número de lados do polígono da base).
Geometria espacial.
Identificar o número de faces, vértices e arestas de uma figura geométrica espacial.
Relacionar a planificação com o respectivo sólido geométrico.
Comparar e agrupar sólidos geométricos de acordo com suas características (corpos redondos e poliedros).
Identificar número de faces, arestas e vértices.
(EF03MA15) Classificar e comparar figuras planas (triângulo, quadrado, retângulo, trapézio e paralelogramo) em relação a
Geometria plana. seus lados (quantidade, posições relativas e comprimento) e vértices.
Reconhecer e quantificar os elementos dos polígonos: vértices e lados.
Geometria plana.
Classificar e comparar as formas planas.
(EF03MA16) Reconhecer figuras congruentes, usando sobreposição e desenhos em malhas quadriculadas ou triangulares,
incluindo o uso de tecnologias digitais.
Geometria plana. Identificar semelhanças e diferenças entre figuras planas.
Reconhecer figuras congruentes.
Simetria.
Identificar eixos de simetria em figuras planas.
Perceber as propriedades de simetrias presentes em figuras/formas padrões.
Utilizar noções de escala para ampliar e reduzir figuras.
UNIDADE TEMÁTICA GRANDEZAS E MEDIDAS
(EF03MA17) Reconhecer que o resultado de uma medida depende da unidade de medida utilizada.
(EF03MA18) Escolher a unidade de medida e o instrumento mais apropriado para medições de comprimento, tempo e
Medidas (padronizadas e não capacidade.
608
padronizadas).
Reconhecer e utilizar unidades padronizadas e não padronizadas para realizar medições em diferentes situações do
cotidiano.
Compreender o significado de grandezas, medidas e unidades de medida.
Estimar grandezas utilizando unidades de medidas padronizadas.
Estabelecer relações entre as unidades usuais de medida como metro, centímetro, grama, quilograma, litro, mililitro,
horas e minutos, identificando em quais momentos elas são utilizadas.
(EF03MA19) Estimar, medir e comparar comprimentos, utilizando unidades de medida não padronizadas e padronizadas mais
usuais (metro, centímetro e milímetro) e diversos instrumentos de medida.
Compreender o significado e relação de tamanho, distância, largura, altura, comprimento, espessura com utilização
de medidas padronizadas e não padronizadas.
Medidas de comprimento.
Registrar o resultado de medições após a utilização de instrumentos de medida padronizados e não padronizados;
Resolver e elaborar problemas envolvendo medidas de comprimento.
Compreender a utilização das medidas nos diferentes gêneros discursivos em que há informações relacionadas às
medidas de comprimento.
Identificar o perímetro como medida de contorn.
Utilizar a régua adequadamente realizando medições e fazendo traçados.
(EF03MA20) Estimar e medir capacidade e massa, utilizando unidades de medida não padronizadas e padronizadas mais
Medidas de capacidade. usuais (litro, mililitro, quilograma, grama e miligrama), reconhecendo-as em leitura de rótulos e embalagens, entre outros.
Reconhecer os instrumentos de medida padrão de massa e de capacidade.
Medidas de massa.
Ler e registrar o resultado de uma medida de massa em diferentes tipos de balança.
Resolver e elaborar problemas envolvendo medidas de massa e capacidade.
(EF03MA21) Comparar, visualmente ou por superposição, áreas de faces de objetos, de figuras planas ou de desenhos.
Compreender o significado de área usando medidas não padronizadas (folhas de papel; jornais, lajotas).
Medidas de área.
Identificar e comparar a área de figuras planas utilizando, como apoio, malhas quadriculadas.
Calcular áreas de quadrados e retângulos em malha quadriculada.
Introduzir o metro quadrado, como unidade padronizada de medidas de área.
(EF03MA22) Ler e registrar medidas e intervalos de tempo, utilizando relógios (analógico e digital) para informar os horários de
Medidas de tempo. início e término de realização de uma atividade e sua duração.
(EF03MA23) Ler horas em relógios digitais e em relógios analógicos e reconhecer a relação entre hora e minutos e entre
609
minuto e segundos.
Reconhecer no relógio da sala as representações de horas que pertencem à rotina do período letivo.
Registrar e ler horas em atividades significativas.
Compreender o modo como o tempo é organizado: semana, mês, bimestre, trimestre, semestre e ano.
Resolver e elaborar problemas envolvendo medidas de tempo (dias/semanas/meses e horas).
Reconhecer que a medida de tempo se faz presente em diferentes gêneros discursivos.
(EF03MA24) Resolver e elaborar problemas que envolvam a comparação e a equivalência de valores monetários do sistema
brasileiro em situações de compra venda e troca.
Conhecer aspectos históricos relacionados ao sistema monetário brasileiro.
Sistema monetário brasileiro.
Compreender os diferentes contextos em que o dinheiro é utilizado.
Reconhecer e estabelecer trocas entre as cédulas e moedas que circulam no Brasil, resolvendo e elaborando
problemas que tratem do sistema monetário brasileiro dependendo da cultura local.
Conhecer e utilizar palavras relacionadas ao contexto de comércio: a prazo, à vista, descontos e acréscimos, troco,
prestações, crédito, dívida, lucro, prejuízo, cheque, cartão de crédito, boletos bancários, entre outros).
Compor e decompor valores com cédulas e moedas.
Ler e escrever, por extenso, valores monetários.
UNIDADE TEMÁTICA TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO
Noções de acaso. (EF03MA25) Identificar, em eventos familiares aleatórios, todos os resultados possíveis, estimando os que têm maiores ou
Espaço amostral. menores chances de ocorrência.
Eventos aleatórios.
(EF03MA26) Resolver problemas cujos dados estão apresentados em tabelas de dupla entrada, gráficos de barras ou de
Dados. colunas.
Tabelas. Resolver e elaborar problemas envolvendo dados organizados em tabelas e gráficos apresentadas nos diferentes
gêneros discursivos que circulam em sociedade.
610
Gráficos.
(EF03MA27) Ler, interpretar e comparar dados apresentados em tabelas de dupla entrada, gráficos de barras ou de colunas,
envolvendo resultados de pesquisas significativas, utilizando termos como maior e menor frequência, apropriando-se desse
tipo de linguagem para compreender aspectos da realidade sociocultural significativos.
Produzir textos para expressar as ideias que elaborou a partir da leitura de tabelas de dupla entrada, gráficos de
barras ou de colunas.
(EF03MA28) Realizar pesquisa envolvendo variáveis categóricas em um universo de até 50 elementos, organizar os dados
coletados utilizando listas, tabelas simples ou de dupla entrada e representá-los em gráficos de colunas simples, com e sem
uso de tecnologias digitais.
Compreender o uso de legendas e sua função nas situações diárias.
MATEMÁTICA – 4º ANO
UNIDADE TEMÁTICA NÚMEROS E ÁLGEBRA
(EF04MA01) Ler, escrever e ordenar números naturais até a ordem de dezenas de milhar.
Sistema de numeração decimal. Ler textos que contenham informações numéricas, até a ordem das dezenas de milhar, para compreender aspectos da
realidade social, cultural e econômica.
Agrupamentos e trocas.
Conhecer outros sistemas de numeração, em especial o Romano em seu contexto de uso social.
Ordens e classes; antecessor e sucessor.
Conhecer numerais romanos e ordinais usuais, perceber sua utilização e utilizá-los sempre que necessário.
Pares e ímpares.
Posicionar corretamente números na reta numérica.
Sistema de numeração Romano.
Utilizar diferentes estratégias de contagem.
Números naturais.
Utilizar corretamente a calculadora para produzir e comparar escritas numéricas.
Compreender os princípios do Sistema de Numeração Decimal.
Representar números naturais, até a ordem das dezenas de milhar, por extenso, utilizando algarismos e recursos
manipuláveis ou digitai.
Identificar números pares e ímpares.
Compreender os agrupamentos de 10 em 10 como característica do Sistema de Numeração Decimal (10 unidades = 1
dezena, 10 dezenas = 1 centena, 10 centenas = 1 unidade de milhar e 10 unidades de milhar = 1 dezena de milhar).
(EF04MA02) Mostrar, por decomposição e composição, que todo número natural pode ser escrito por meio de adições e
Números naturais. multiplicações por potências de dez (Exemplo: 12345 = (1 x 10 000) + (2 x 1 000) + (3 x 100) + (4 x 10) + 5 x 1), para
compreender o sistema de numeração decimal e desenvolver estratégias de cálculo.
611
Compor e decompor números naturais (até a 5ª ordem) utilizando diferentes estratégias de cálculo, mostrando
Composição e decomposição de números.
compreensão das possibilidades de agrupamento e reagrupamento de quantidades (por exemplo: 1 234 = 123 dezenas
e 4 unidades).
Adição e multiplicação por potência de 10.
Reconhecer e registrar números na forma polinomial.
Problemas de contagem: raciocínio (EF04MA06) Resolver e elaborar problemas envolvendo diferentes significados da multiplicação (adição de parcelas iguais,
combinatório. organização retangular e proporcionalidade), utilizando estratégias diversas, como cálculo por estimativa, cálculo mental e
algoritmos.
(EF04MA07) Resolver e elaborar problemas de divisão cujo divisor tenha no máximo dois algarismos, envolvendo os
significados de repartição equitativa e de medida, utilizando estratégias diversas, como cálculo por estimativa, cálculo mental e
algoritmos.
(EF04MA08) Resolver, com o suporte de imagem e/ou material manipulável, problemas simples de contagem, como a
determinação do número de agrupamentos possíveis ao se combinar cada elemento de uma coleção com todos os elementos
de outra, utilizando estratégias e formas de registro pessoais.
(EF04MA13) Reconhecer, por meio de investigações, utilizando a calculadora quando necessário, as relações inversas entre as
operações de adição e de subtração e de multiplicação e de divisão, para aplicá-las na resolução de problemas.
Resolver e elaborar diferentes tipos de problemas (com números naturais) no contexto de jogos e brincadeiras,
envolvendo uma ou mais operações, imagens/gráficos e desafios lógicos, a fim de desenvolver raciocínio dedutivo,
princípios lógico-matemáticos e criação de estratégias.
Resolver operações de adição (com e sem agrupamento e reagrupamento) e subtração (com e sem desagrupamento)
envolvendo números naturais e racionais expressos na forma decimal.
Utilizar corretamente a calculadora para resolver e /ou confirmar estimativas de resultados de situações problemas reais
ou operações.
Entender as operações inversas e utilizar-se delas sempre que necessário.
Construir estratégias pessoais de cálculo, com registro, para resolver problemas envolvendo adição, subtração,
multiplicação e divisão.
Utilizar as propriedades da adição (comutativa, associativa, elemento neutro e fechamento) e da multiplicação
(comutativa, associativa, distributiva e elemento neutro) para ampliar as possibilidades de estratégias de cálculo;
Compreender que ao mudarmos as parcelas de lugar na adição (propriedade comutativa) o resultado não se altera
612
(Exemplo: 3 + 4 = 4 + 3 = 7).
Compreender que ao somarmos três ou mais parcelas de maneiras diferentes (propriedade associativa), o resultado não
se altera (Exemplo: (2 + 4) + 5 = 2 + (4 + 5) = 11).
Reconhecer que, na adição, qualquer número adicionado a zero (elemento neutro) tem como resultado o próprio
número (Exemplo: 3 + 0 = 3).
Saber que o resultado da soma de um ou mais números naturais (fechamento) será sempre um número natural
(Exemplo: 2 + 5 = 7, dois é um número natural e cinco também, logo o resultado da operação será um número natural);
Compreender que ao mudarmos os fatores de lugar na multiplicação, o resultado não se altera (propriedade
comutativa).
Entender que ao multiplicarmos três ou mais fatores de maneiras diferentes (propriedade associativa), o produto não se
altera.
Conhecer a propriedade distributiva da multiplicação em relação à adição para resolver problemas.
Reconhecer que, na multiplicação, qualquer número multiplicado por um (elemento neutro) tem como produto, o próprio
número (Exemplo: 3 x 1 = 3).
Resolver operações de multiplicação por dois fatores, envolvendo os números naturais, utilizando diferentes estratégias
e registros.
Realizar cálculos envolvendo dobro, triplo, quádruplo.
Compreender a construção e representação das tabuadas.
Resolver operações de divisão (máximo de dois números no divisor) por meio de estratégias diversas, tais como a
decomposição das escritas numéricas para a realização do cálculo.
Resolver cálculo mental exato e aproximado e de técnicas convencionais utilizando recursos manipuláveis e registros
pictóricos como apoio, caso necessário.
Entender as operações inversas e utilizar-se delas sempre que necessário.
(EF04MA09) Reconhecer as frações unitárias mais usuais (1/2,1/3,1/4,1/5,1/10,1/100 e 1/100) como unidades de medida
menores do que uma unidade, utilizando a reta numérica como recurso.
Números racionais. Estabelecer relações entre as partes e o todo para compreender os números racionais na forma fracionária.
Identificar numerador e denominador das frações estabelecendo as relações entre as partes e todo.
Ler e escrever, por extenso, o nome das frações mais usuais.
Resolver problemas envolvendo noções de metade, terça parte, quarta parte, quinta parte, décima parte e centésima
parte do todo contínuo e do todo discreto, utilizando recursos manipuláveis e registros pictóricos como apoio.
Reconhecer que uma mesma quantidade pode ser representada de diferentes maneiras (frações equivalentes).
613
Comparar frações unitárias mais usuais no contexto de resolução de problemas.
Utilizar o conhecimento das frações mais usuais para ler e compreender diferentes textos em que elas aparecem
(receitas, rótulos de produtos e outros).
Estabelecer relação de equivalência entre frações e medidas.
(EF04MA10) Reconhecer que as regras do sistema de numeração decimal podem ser estendidas para a representação decimal
de um número racional e relacionar décimos e centésimos com a representação do sistema monetário brasileiro,
Números racionais. Reconhecer que as regras do sistema de numeração decimal podem ser estendidas para os números racionais, na
representação decimal.
Sistema monetário brasileiro.
Relacionar décimos e centésimos com a representação do sistema monetário brasileiro.
Ler e escrever, por extenso, o valor expresso no sistema monetário brasileiro.
Representar valores relacionados ao sistema monetário brasileiro utilizando símbolos convencionais.
Reconhecer e relacionar números racionais nos sistemas de medidas (valor, comprimento, massa, capacidade).
Estabelecer relações e fazer trocas envolvendo as cédulas e moedas do sistema monetário brasileiro em diferentes
contextos.
Resolver e elaborar problemas envolvendo o sistema monetário brasileiro.
Conhecer outros sistemas de medida de valor, conforme a cultura local.
(EF04MA11) Identificar regularidades em sequências numéricas compostas por múltiplos de um número natural.
Números naturais.
(EF04MA12) Reconhecer, por meio de investigações, que há grupos de números naturais para os quais as divisões por um
Sequências numéricas. determinado número resultam em restos iguais, identificando regularidades.
Produzir sequências numéricas de acordo com a regra estabelecida.
Identificar múltiplos e divisores de números naturais.
Números naturais. (EF04MA14) Reconhecer e mostrar, por meio de exemplos, que a relação de igualdade existente entre dois termos permanece
quando se adiciona ou se subtrai um mesmo número a cada um desses termos.
Propriedades da igualdade .
(EF04MA15) Determinar o número desconhecido que torna verdadeira uma igualdade que envolve as operações fundamentais
com números naturais.
Expressões numéricas envolvendo uma
incógnita.
(EF04MA16) Descrever deslocamentos e localização de pessoas e de objetos no espaço, por meio de malhas quadriculadas e
614
Localização no espaço. representações como desenhos, mapas, planta baixa e croquis, empregando termos como direita e esquerda, mudanças de
direção e sentido, intersecção, transversais, paralelas e perpendiculares.
Geometria plana.
Identificar representações de retas nos objetos do mundo físico, nas construções arquitetônicas, nas artes, nos mapas
Retas paralelas e perpendiculares. e outros.
Conhecer e representar retas paralelas, perpendiculares e transversais utilizando instrumentos de desenho ou recursos
digitais.
Conhecer e representar diferentes posições das retas (paralelas e perpendiculares).
Reduzir e ampliar entendendo o conceito de proporção (metade e dobro).
Compreender os conceitos de posição e localização, direção e sentido.
(EF04MA17) Associar prismas e pirâmides a suas planificações e analisar, nomear e comparar seus atributos, estabelecendo
relações entre as representações planas e espaciais.
Geometria plana. Identificar propriedades comuns e diferenças entre poliedros e corpos redondos, relacionando figuras tridimensionais
com suas planificações.
Geometria espacial.
Identificar as características (arestas, faces, vértices, dentre outras) que diferenciam os poliedros (prismas, pirâmides)
dos corpos redondos.
Classificar figuras geométricas espaciais de acordo com as seguintes categorias: prismas, pirâmides e corpos redondos.
Reconhecer e diferenciar os poliedros (prismas e pirâmides) e corpos redondos.
Estabelecer relações entre sólidos geométricos e suas planificações.
Identificar propriedades comuns e diferenças entre figuras bidimensionais pelo número de lados e pelos tipos de
ângulos.
Compreender as características dos prismas e pirâmides.
(EF04MA18) Reconhecer ângulos retos e não retos em figuras poligonais com o uso de dobraduras, esquadros ou softwares de
geometria.
Geometria plana. Identificar a presença e representações de ângulos nos objetos do mundo físico.
Identificar “o grau” como unidade de medida de ângulo e o transferidor como instrumento utilizado para realizar a
Noções de ângulos: retos e não retos.
medição.
Conhecer os diferentes tipos de ângulos: reto, maior que 90º e menor que 90º.
Reconhecer e medir ângulos em formas planas.
Identificar e utilizar eixos de simetria em figuras planas.
(EF04MA19) Reconhecer simetria de reflexão em figuras e em pares de figuras geométricas planas e utilizá-la na construção
de figuras congruentes, com o uso de malhas quadriculadas e de softwares de geometria.
615
Geometria plana.
Identificar a simetria de reflexão nas letras e nos objetos.
UNIDADE TEMÁTICA GRANDEZAS E MEDIDAS
(EF04MA20) Medir e estimar comprimentos (incluindo perímetros), massas e capacidades, utilizando unidades de medida
Medidas de comprimento. padronizadas mais usuais, valorizando e respeitando a cultura local.
Medidas de massa Medidas de Ler e registrar (de formas diversas) o resultado de medições de comprimento (incluindo perímetros), massa e
capacidade.
capacidade considerando suas relações com os números racionais.
Resolver e elaborar problemas, envolvendo medida de comprimento (incluindo perímetro), massa e capacidade, utilizando
diferentes estratégias: estimativa, cálculo mental, algoritmos e outras.
Reconhecer e utilizar as unidades mais usuais de medida como: quilômetro/metro/centímetro/milímetro,
quilograma/grama e litro/mililitro.
Conhecer a forma correta da grafia de medidas envolvendo diferentes unidades de medida.
Ler e compreender textos que envolvem informações relacionadas às medidas de comprimento, massa e capacidade.
Fazer conversões entre as unidades de medida de comprimento, massa e capacidade mais usuais:
quilômetro/metro/centímetro/milímetro, quilograma/grama e litro/mililitro em situações diversas.
Relacionar frações e números decimais no contexto das medidas de comprimento, massa e capacidade ( ½ m = 0,5m,
500g =1/2 kg, 1/2L = 0,5L).
Reconhecer unidades de medidas de massa da cultura local: arroba, tonelada, libra (1 lb = 453,59g) e onça (1 oz =
28,35g) e (1 oz = 29,57mL).
(EF04MA21) Medir, comparar e estimar área de figuras planas desenhadas em malha quadriculada, pela contagem dos
quadradinhos ou de metades de quadradinho, reconhecendo que duas figuras com formatos diferentes podem ter a mesma
Medidas de área. medida de área.
Diferenciar medida de comprimento (linear) e medida de superfície (área).
Estabelecer relações entre área e perímetro para reconhecer que duas ou mais figuras distintas em sua forma podem
ter a mesma medida de área, no entanto, podem ter perímetros diferentes.
Reconhecer a conservação ou modificação de medidas dos lados, do perímetro, da área em ampliação e/ou redução
de figuras poligonais usando malhas quadriculadas.
Resolver e elaborar problemas envolvendo medidas de área utilizando diferentes estratégias.
Reconhecer o metro quadrado como medida padrão de área.
Conhecer unidades de medidas de área da cultura local: alqueire e a medida padronizada (hectare).
(EF04MA22) Ler e registrar medidas e intervalos de tempo em horas, minutos e segundos em situações relacionadas ao seu
616
cotidiano, como informar os horários de início e término de realização de uma tarefa e sua duração.
Reconhecer a medida padrão hora.
Medidas de tempo.
Resolver e elaborar problemas envolvendo medidas de tempo estabelecendo relações entre horas/minutos e
minutos/segundos (base sexagesimal).
Conhecer possibilidades de agrupamento envolvendo medidas de tempo, tais como bimestre, trimestre, semestre,
década, século e milênio em diferentes contextos.
Converter horas em minutos, minutos em segundos problematizando situações.
Estabelecer relações entre as medidas de tempo e as frações ( ½ hora, ¼ de hora).
Estabelecer relações entre o horário de início e término e/ou o intervalo da duração de um evento ou acontecimento.
(EF04MA23) Reconhecer temperatura como grandeza e o grau Celsius como unidade de medida a ela associada e utilizá-lo em
comparações de temperaturas em diferentes regiões do Brasil ou no exterior ou, ainda, em discussões que envolvam problemas
relacionados ao aquecimento global.
(EF04MA24) Registrar as temperaturas máxima e mínima diárias, em locais do seu cotidiano, e elaborar gráficos de colunas
Medidas de temperatura. com as variações diárias da temperatura, utilizando, inclusive, planilhas eletrônicas.
Identificar o termômetro como instrumento de medida padronizado para medir temperatura.
Ler e registrar medições de temperatura.
(EF04MA25) Resolver e elaborar problemas que envolvam situações de compra e venda e formas de pagamento (cédulas e
moedas, cartão de crédito e cheque), utilizando termos como troco, desconto, acréscimo, pagamento a prazo e à vista, lucro e
Sistema monetário brasileiro e outros de prejuízo, enfatizando o consumo ético, consciente e responsável.
acordo com a cultura local. Comparar, analisar e avaliar valores monetários em situações de compra e venda (vantagens e desvantagens).
Conhecer os valores do sistema de medidas de valor utilizado no Brasil, utilizando-os corretamente.
Identificar números decimais dentro do sistema monetário utilizando-os.
Noções básicas de eventos aleatórios. (EF04MA26) Identificar, entre eventos aleatórios cotidianos, aqueles que têm maior chance de ocorrência, reconhecendo
186
características de resultados mais prováveis, sem utilizar frações .
(EF04MA27) Analisar dados apresentados em tabelas simples ou de dupla entrada e em gráficos de colunas ou pictóricos, com
base em informações das diferentes áreas do conhecimento, e produzir texto com a síntese de sua análise.
Dados.
(EF04MA28) Realizar pesquisa envolvendo variáveis categóricas e numéricas e organizar dados coletados por meio de tabelas
Tabelas. e gráficos de colunas simples ou agrupadas, com e sem uso de tecnologias digitais.
Gráficos. Analisar as informações coletadas para concluir e comunicar, oralmente e por escrito, o resultado das suas pesquisas.
Resolver problemas envolvendo dados estatísticos e informações das diferentes áreas do conhecimento para
Pesquisa estatística. compreender aspectos da realidade social, cultural, política e econômica.
Ler, conhecer e interpretar diferentes tipos de gráficos e tabelas.
Empregar o uso de legenda e sua função social no cotidiano.
MATEMÁTICA – 5º ANO
UNIDADE TEMÁTICA NÚMEROS E ÁLGEBRA
(EF05MA01) Ler, escrever e ordenar números naturais até a ordem das centenas de milhar com compreensão das principais
características do sistema de numeração decimal.
Compreender os princípios do Sistema de Numeração Decimal.
Sistema de numeração decimal.
Ler, escrever (utilizando algarismos e por extenso) e ordenar números naturais até a ordem das centenas de milhar
com compreensão das principais características do sistema de numeração decimal.
Números naturais. Ler números que estão presentes nos diferentes gêneros discursivos e em diferentes contextos, até a ordem das
centenas de milhar, para compreender aspectos da realidade social, política, cultural e econômica.
Conhecer numerais romanos e ordinais usuais, em seus usos sociais e utilizá-los sempre que necessário.
Leitura e escrita, composição e
Compor e decompor números de diferentes maneiras.
decomposição, ordens e classes, valor
186
Por exemplo: Em uma caixa há 3 bolas azuis e 5 vermelhas. Se eu retirar, de dentro da caixa, uma bola qualquer tem mais chance de ser azul ou vermelha?
Por quê?
618
posicional.
Posicionar corretamente números na reta numérica.
Utilizar corretamente a calculadora para produzir e comparar escritas numéricas.
Utilizar diferentes estratégias de contagem.
Resolver problemas que necessite a análise do valor posicional.
(EF05MA02) Ler, escrever e ordenar números racionais na forma decimal com compreensão das principais características do
sistema de numeração decimal, utilizando, como recursos, a composição e decomposição e a reta numérica.
Compreender o valor posicional dos números racionais expressos na forma decimal.
Números racionais.
Reconhecer que os números racionais admitem diferentes representações na forma fracionária.
Números decimais.
Estabelecer relações entre os números racionais na forma fracionária e decimal.
Compreender que os agrupamentos e reagrupamentos presentes na composição do Sistema de Numeração Decimal
estende-se para os números racionais (Por exemplo: 1 inteiro = 10 décimos; 1 décimo = 10 centésimos; 1 centésimo =
10 milésimos).
Observar que os números naturais podem também ser expressos na forma fracionária.
Compreender o conceito de metade, reconhecer e utilizar as suas diferentes representações.
Estabelecer relação entre números racionais e medidas.
(EF05MA03) Identificar e representar frações (menores e maiores que a unidade), associando-as ao resultado de uma divisão ou
à ideia de parte de um todo (contínuo e discreto), utilizando diferentes recursos, inclusive a reta numérica.
(EF05MA04) Identificar frações equivalentes utilizando estratégias e recursos diversos.
Números racionais.
(EF05MA05) Comparar e ordenar números racionais positivos (representações fracionária e decimal), relacionando-os a pontos
na reta numérica.
Frações.
(EF05MA06) Associar as representações 10%, 25%, 50%, 75% e 100% respectivamente à décima parte, quarta parte, metade,
três quartos e um inteiro, para calcular porcentagens, utilizando estratégias pessoais, cálculo mental e calculadora, em contextos
Decimais. de educação financeira, entre outros.
Ordenar números racionais com apoio da reta numérica.
Porcentagem.
Reconhecer e representar na forma fracionária e na forma mista, números fracionários maiores que uma unidade;
Identificar situações em que as frações são utilizadas.
Reconhecer frações com denominador 100 como uma forma de representar porcentagem, e número decimal.
Resolver e elaborar problemas envolvendo o conceito de equivalência.
Comparar duas ou mais frações, em diferentes contextos, a fim de identificar qual delas representa a maior, a menor
quantidade e se há equivalência entre elas.
619
Identificar frações equivalentes, inicialmente por meio de comparação.
Estabelecer relação entre frações e medidas.
Escrever frações equivalentes a partir de uma fração indicada.
Utilizar malhas quadriculadas e outros recursos didáticos para representar 10%, 25%, 50%, 75% e 100%.
Compreender as representações, na forma de porcentagem, presentes em textos que circulam em sociedade.
Resolver e elaborar problemas envolvendo cálculo de porcentagem (10%, 25%, 50%, 75% e 100%) em contextos de
educação financeira e outros.
Relacionar as representações fracionárias e decimais com porcentagem (Exemplo: 50%= 50/100 = 0,50).
Compreender o uso de porcentagem.
(EF05MA07) Resolver e elaborar problemas de adição e subtração com números naturais e com números racionais, cuja
Números naturais (adição e subtração). representação decimal seja finita, utilizando estratégias diversas, como cálculo por estimativa, cálculo mental e algoritmos.
(EF05MA08) Resolver e elaborar problemas de multiplicação e divisão com números naturais e com números racionais cuja
Números racionais (adição e subtração). representação decimal é finita (com multiplicador natural e divisor natural e diferente de zero), utilizando estratégias diversas,
Números naturais (multiplicação e divisão). como cálculo por estimativa, cálculo mental e algoritmos.
Construir estratégias pessoais de cálculo, com registro, para resolver problemas envolvendo multiplicação (por um ou
Números racionais (multiplicação e divisão). mais fatores) e divisão com um ou mais algarismos no divisor.
Conhecer diferentes algoritmos para realizar operações de divisão (processo por subtrações sucessivas, por estimativa
e processo longo) para que possa escolher o método que julgar mais favorável.
Resolver operação de multiplicação (envolvendo um número racional por um multiplicador natural) e divisão
(envolvendo um número racional com divisor natural e diferente de zero) de modo contextualizado.
Elaborar e resolver problemas envolvendo mais do que uma operação (números naturais e racionais), incluindo
multiplicação e divisão.
Resolver problemas de caráter investigativo (envolvendo multiplicações e divisões), criando estratégias diferenciadas e
registros das respostas e processos desenvolvidos.
Reconhecer múltiplos e divisores.
Compreender o processo de construção e registro das tabuadas.
Utilizar corretamente a calculadora para resolver e /ou confirmar estimativas de resultados de situações problemas reais
ou operações.
(EF05MA09) Resolver e elaborar problemas simples de contagem envolvendo o princípio multiplicativo, como a determinação do
Problemas de contagem: Raciocínio número de agrupamentos possíveis ao se combinar cada elemento de uma coleção com todos os elementos de outra coleção,
combinatório. por meio de diagramas de árvore ou por tabelas.
Propriedades da igualdade. (EF05MA10) Concluir, por meio de investigações, que a relação de igualdade existente entre dois membros permanece ao
adicionar, subtrair, multiplicar ou dividir cada um desses membros por um mesmo número, para construir a noção de
Noção de equivalência.
equivalência.
Propriedades da igualdade. (EF05MA11) Resolver e elaborar problemas cuja conversão em sentença matemática seja uma igualdade com uma operação em
que um dos termos seja desconhecido.
Noção de equivalência: expressões.
numéricas envolvendo incógnita.
(EF05MA12) Resolver problemas que envolvam variação de proporcionalidade direta entre duas grandezas, para associar a
Números racionais. quantidade de um produto ao valor a pagar, alterar as quantidades de ingredientes de receitas, ampliar ou reduzir escala em
mapas, entre outros.
Proporcionalidade. (EF05MA13) Resolver problemas envolvendo a partilha de uma quantidade em duas partes desiguais, tais como dividir uma
quantidade em duas partes, de modo que uma seja o dobro da outra, com compreensão da ideia de razão entre as partes e
delas com o todo.
UNIDADE TEMÁTICA GEOMETRIA(S)
(EF05MA14) Utilizar e compreender diferentes representações para a localização de objetos no plano, como mapas, células em
planilhas eletrônicas e coordenadas geográficas, a fim de desenvolver as primeiras noções de coordenadas cartesianas.
Localizar objetos (pontos ou imagens) a partir da indicação das coordenadas geográficas representadas em malhas
quadriculadas.
Plano cartesiano.
Resolver e elaborar problemas que envolvem o deslocamento de pessoas/objetos no espaço.
Ler mapas e croquis para localizar-se no espaço e criar representações deste (plantas baixas e maquetes).
(EF05MA16) Associar figuras espaciais a suas planificações (prismas, pirâmides, cilindros e cones) e analisar, nomear e
Geometria plana. comparar seus atributos utilizando recursos manipuláveis e digitais para visualização e análise.
Geometria espacial. Compreender as características das figuras espaciais e planas;
Classificar figuras espaciais e planas.
(EF05MA17) Reconhecer, nomear e comparar polígonos, considerando lados, vértices e ângulos, e desenhá-los, utilizando
material de desenho ou tecnologias digitais.
Geometria plana. Classificar os polígonos de acordo com seus atributos: regulares e irregulares; triângulos, quadriláteros, pentágono,
hexágonos e outros.
Construir e modificar figuras planas em malhas quadriculadas mantendo a proporcionalidade nas figuras.
Diferenciar e reconhecer círculo e circunferência.
Identificar formas/figuras simétricas e seus movimentos básicos (rotação, reflexão e translação).
(EF05MA18) Reconhecer a congruência dos ângulos e a proporcionalidade entre os lados correspondentes de figuras poligonais
Geometria plana. em situações de ampliação e de redução em malhas quadriculadas e usando tecnologias digitais.
Ampliar e reduzir polígonos, proporcionalmente, utilizando malhas quadriculadas e tecnologias digitais, reconhecendo
Paralelismo e perpendicularismo. que a medida de todos os lados deve aumentar ou diminuir na mesma proporção.
(EF05MA21) Reconhecer volume como grandeza associada a sólidos geométricos e medir volumes por meio de empilhamento
de cubos, utilizando, preferencialmente, objetos concretos (manipuláveis).
Medidas de volume. Compreender o significado de volume.
Desenvolver a noção de volume por empilhamento e posteriormente por cálculos numéricos (cubo e paralelepípedos).
Conhecer a relação entre volume e capacidade 1dm cúbico = 1L (1m cúbico = 1000 L).
(EF05MA22) Apresentar todos os possíveis resultados de um experimento aleatório, estimando se esses resultados são
Noções básicas de eventos aleatórios. igualmente prováveis ou não.
(EF05MA23) Determinar a probabilidade de ocorrência de um resultado em eventos aleatórios, quando todos os resultados
Noções de probabilidade. possíveis têm a mesma chance de ocorrer (equiprováveis).
(EF05MA24) Interpretar dados estatísticos apresentados em textos, tabelas e gráficos (colunas ou linhas), referentes a outras
Dados. áreas do conhecimento ou a outros contextos, como saúde e trânsito, e produzir textos com o objetivo de sintetizar conclusões.
Tabelas. Compreender informações e dados expressos em tabelas de dupla entrada, gráficos de colunas agrupados, gráficos
pictóricos, de setores e de linha.
Gráficos.
(EF05MA25) Realizar pesquisa envolvendo variáveis categóricas e numéricas, organizar dados coletados por meio de tabelas,
gráficos de colunas, pictóricos e de linhas, com e sem uso de tecnologias digitais, e apresentar texto escrito sobre a finalidade da
pesquisa e a síntese dos resultados.
Usar a legenda na produção de gráficos.
623
5. AVALIAÇÃO
Ao avaliar, necessita-se definir os objetivos da avaliação, que podem ser aplicados a partir das práticas pedagógicas, sendo
que esses objetivos devem definir os critérios de avaliação a serem utilizados. Normalmente, encontram-se discrepâncias entre o que
se estabelece como objetivo e o que se avalia. Os objetivos devem expressar exigências significativas de análise, de observação e
de síntese para minimizar as exigências de mera memorização e reprodução, e devem se referir a "conteúdos relevantes”.
Valorizar os caminhos percorridos pelos alunos na resolução de problemas com os algoritmos, a sua argumentação, os seus
raciocínios, a sua oralidade, o seu crescimento contínuo, as suas tentativas de resolução, é importante no trabalho específico da
matemática. Faz-se necessário olhar o erro como indicativo de processo, não concluído que expressa aquilo que o aluno não realiza
sozinho e que, com auxílio do professor ou de outra criança, poderá realizar. Nesse sentido, Pinto (2009) destaca que:
[...] é possível inferir implicações didáticas, como, por exemplo, constatar que os erros decorrem de concepções
adquiridas anteriormente, e reconhecer que o próprio processo de ensino pode ser um elemento gerador de erros. Nessa
perspectiva, o erro pode contribuir positivamente para o processo de ensino-aprendizagem, desde que se modifique a
atitude de condenação do aluno como o único culpado pelo erro, e que se faça um tratamento preventivo dos erros.
Quando um aluno comete um erro, ele expressa o caráter incompleto de seu conhecimento. Esta é, na verdade, uma
oportunidade de o professor ajudá-lo a adquirir o conhecimento que lhe falta, ou levá-lo a reconhecer por que errou.
(PINTO, 2000, p. 54).
Ao resolver situações que envolvam domínio de diferentes conhecimentos matemáticos, o aluno nem sempre fará uso da
mesma forma de resolução utilizada pelo professor para chegar ao resultado; porém, apesar disso, o professor deve analisar a
validade do caminho percorrido e valorizá-lo, criando, a partir disso, novas mediações para realizar uma intervenção pedagógica que
contribua para avançar na apropriação dos conhecimentos matemáticos.
Os registros sobre a investigação avaliativa que fazemos devem ser feitos metodicamente e referir-se a informações
relevantes para possibilitar uma análise qualitativa do processo educativo. O cômputo de quem fez a tarefa sem analisar o como foi
feita; a correção do resultado final das questões, sem nos preocuparmos com a construção ou sem olharmos o erro como tentativa ou
construção provisória, são procedimentos que precisam ser repensados na prática docente.
Para acompanhar o processo de aprendizagem, indica-se a organização de uma pasta com suas produções, uma espécie de
portfólio, o que possibilita analisar o avanço na apropriação de conceitos matemáticos, e essa pasta seria o resultado da produção de
todo período em que o aluno esteve na escola.
624
Ao utilizar um instrumento para avaliar, devemos ter alguns cuidados: que os instrumentos sejam variados, provas escritas,
trabalhos orais e escritos, observação sistemática, trabalho em grupo, dentre outros, e que denotem a expressão pessoal; as
questões propostas tenham objetividade; que estejam de acordo com os objetivos estabelecidos e que esses sejam significativos;
que exijam raciocínio lógico, aplicação de conhecimentos, originalidade, organização de ideias e, principalmente, contribuam para a
formação de um ser pensante.
A análise dos resultados deve servir de parâmetro para redimensionar a prática do aluno, do professor e da escola. Esse
redimensionamento não pode significar a repetição de estratégias, mas novas mediações com uso de diferentes instrumentos.
Com relação à avaliação dos alunos com necessidades especiais, é importante que sejam analisadas as condições e as
possibilidades de cada um, e que essa seja feita oferecendo-se a eles as condições para que possam expressar toda a sua
aprendizagem. Para um aprofundamento e para sanar possíveis dúvidas, ler o item 5 – Avaliação Psicoeducacional no Contexto
Escolar do Aluno da Educação Especial Inclusiva - nesta mesma proposta.
625
PROFESSORES REPRESENTANTES DOS MUNICÍPIOS NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO E REORGANIZAÇÃO DA PROPOSTA
PEDAGÓGICA CURRICULAR- EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL(ANOS INICIAIS)-REDE PÚBLICA
MUNICIPAL- REGIÃO DA AMOP - 2020
EDUCAÇÃO INCLUSIVA
EDUCAÇÃO INFANTIL
ARTE
EDUCAÇÃO FÍSICA
ENSINO RELIGIOSO
CIÊNCIAS
627
Coordenadora: Sandra Moraes Giannotti.
Andreia Jaqueline Bach – Marechal Cândido Rondon; Edina Rodrigues de Meira Bonatto – Ibema; Elza Gonçalves Seibert - Itaipulândia; Eni Maria do Sacramento Chicoski -
Braganey; Gilvania dos Santos Goehlen – Palotina; Irani Moreira Kreutz - Maripá; Ivete Teresinha Tonkiel - Itaipulândia; Jacqueline de Oliveira Chaves - Foz do Iguaçu; Lisete
Teresinha Bohnenberger Damian – Missal; Roberto Paulo de Godoy – Guaraniaçu; Sandra Adriana Pedron Wissmann - Marechal Cândido Rondon; Sandra Hartemink - Foz do
Iguaçu; Simei Cândido de Oliveira – Cafelândia; Vaniria Lysyk Teixeira Bianchi – Toledo.
GEOGRAFIA
Carmen Inez Castelli - Marechal Cândido Rondon; Fabiani Del Puppo - Braganey; Francielli Sampaio Pereira - Ibema; Juliana Rühle - Maripá; Laurinda de Fátima Helker - Iguatu;
Liane Moisinho Frois Chichoski - Foz do Iguaçu; Marceli Lisiane Munchen Heck - Missal; Marineide Inês Mielke Lunkes Trojack – Itaipulândia; Marizete Campanaro Treviso
Scheifer - Ibema; Marli Brasil da Cruz - Cafelândia; Tania Maria Iakovacz Lagemann - Toledo.
.
HISTÓRIA
MATEMÁTICA
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA
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629
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Educação – FUNDEB
631
______. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação e dá outras providencias.
o
______. Lei nº 11.274 de 06 de fevereiro de 2006. Altera a redação dos art. 29, 30, 32 e 87 da Lei n 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional, dispondo sobre a duração de 9 (nove) anos para o ensino fundamental, com matrícula obrigatória a partir dos 6 (seis) anos de idade.
______. Lei nº 8.842, de 4 de janeiro 1994. Dispõe sobre a política nacional do idoso, cria o Conselho Nacional do Idoso e dá outras providências.
______. Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências.
______. Lei nº 13.466, de 12 de julho de 2017. Altera os artigos 3º, 15 e 71 da Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, que dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras
providências.
______. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências.
______. Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito Brasileiro.
______. Lei no 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências.
______. Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar e do Programa Dinheiro Direto na Escola aos alunos da educação
básica; altera as Leis nos 10.880, de 9 de junho de 2004, 11.273, de 6 de fevereiro de 2006, 11.507, de 20 de julho de 2007; revoga dispositivos da Medida Provisória
no 2.178-36, de 24 de agosto de 2001, e a Lei no 8.913, de 12 de julho de 1994; e dá outras providências.
o
______. Lei nº 12.982, de 28 de maio de 2014. Altera a Lei n 11.947, de 16 de junho de 2009, para determinar o provimento de alimentação escolar adequada aos alunos
portadores de estado ou de condição de saúde específica.
______. Lei nº 13.666, de 16 de maio de 2018. Inclui o tema transversal da educação alimentar e nutricional no currículo escolar.
______. Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Inclui no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira"
______. Lei nº 11.645, de 10 março de 2008. Inclui no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.
______. Lei nº 12.472, de 1º de setembro de 2011. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, incluindo os símbolos nacionais como tema transversal nos
currículos do ensino fundamental.
______. Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014. Estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil categorias de trabalhadores que se
devem considerar profissionais da educação.
______. Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação, a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT
______. Lei nº 12.056, de 13 de outubro de 2009. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
______. Lei nº 12.014, de 6 de agosto de 2009. Altera o art. 61 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, com a finalidade de discriminar as categorias de trabalhadores que
se devem considerar profissionais da educação.
______. Lei nº 12.796, de 4 de abril de 2013. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para dispor sobre a formação dos profissionais da educação.
______. Lei nº 13.478, de 30 de agosto de 2017. Estabelece direito de acesso aos profissionais do magistério a cursos de formação de professores, por meio de
processo seletivo diferenciado.
______. Lei nº 11.301, de 10 de maio de 2006. Incluindo, para os efeitos do disposto no § 5o do art. 40 e no § 8o do art. 201 da Constituição Federal, definição de
funções de magistério.
______. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional
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______. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer nº 2 de 13 de setembro de 2018. Diretrizes Operacionais complementares para a matrícula inicial
de crianças na Educação Infantil e no Ensino Fundamental, respectivamente, aos quatro e aos seis anos de idade.
______. Ministério da Educação Conselho Nacional de Educação Câmara de Educação Básica. Resolução nº 2, de 9 de Outubro 2018. Define Diretrizes Operacionais
complementares para a matrícula inicial de crianças na Educação Infantil e no Ensino Fundamental, respectivamente, aos 4 (quatro) e aos 6 (seis) anos de idade.
______. Ministério da Educação Conselho Nacional de Educação - Conselho Pleno. Resolução CNE/CP Nº 2, de 22 de dezembro de 2017. Institui e orienta a implantação da
Base Nacional Comum Curricular, a ser respeitada obrigatoriamente ao longo das etapas e respectivas modalidades no âmbito da Educação Básica
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para a Educação Ambiental.
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Educação em Direitos Humanos
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Educação das Relações Étnico Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.
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diretrizes e bases da educação nacional, e 11.494, de 20 de junho 2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização
dos Profissionais da Educação, a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, e o Decreto-Lei no 236, de 28 de
fevereiro de 1967; revoga a Lei no 11.161, de 5 de agosto de 2005; e institui a Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral.
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