Pelas Bandas de Santo Amaro

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PELAS BANDAS DE SANTO AMARO: MÚSICA,

COLETIVIDADE E PERTENCIMENTO – ELEMENTOS PARA A


CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE

BY SANTO AMARO BANDS: MUSIC, COLLECTIVITY AND


BELONGING - ELEMENTS FOR THE CONSTRUCTION OF
AN IDENTITY

José de Carvalho Oliveira


Universidade de São Paulo
[email protected]

Resumo

A partir das relações que se estabelecem entre as tradicionais


bandas de coreto e povo no que se refere à memória e ao coletivo,
este trabalho busca apresentar interfaces entre música, coletividade
e pertencimento como elementos para construção de uma identidade.
Para este estudo, a partir de fontes iconográficas, utilizaremos como
referência as bandas de música do antigo município de Santo Amaro
- SP, incorporado à capital Paulista em 1935. No que diz respeito
aos resquícios da herança cultural das bandas do antigo município,
utilizaremos como base as atividades da atual Banda Municipal de
Música da cidade de Embu das Artes - SP.

Palavras-chave: Identidade Cultural; Pertencimento; Bandas de


Santo Amaro; Bandas de Música; Práticas Coletivas.

Abstract

Based on the relationships established between the traditional


bandstands and the people with regard to memory and the collective,
this work seeks to present the interfaces between music, collectivity
and belonging as elements for building an identity. For this study, using
iconographic sources, we will use as a reference the music bands from the
old municipality of Santo Amaro - SP, incorporated in the capital of São
Paulo in 1935. With regard to the remains of the cultural heritage of the
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bands from the old municipality, we will use as a base the activities of the
current Municipal Music Band in the city of Embu das Artes - SP.

Keywords: Cultural Identity; Belonging; Santo Amaro Band; Music


Bands; Collective Practices.

1. Introdução

Desprezada pela historiografia e às vésperas de completar


quase 100 anos da incorporação de Santo Amaro como bairro
da capital paulista, pesquisas recentes, no âmbito acadêmico, têm
proporcionado avanços no tocante à história do antigo município de
Santo Amaro, sobretudo os estudos de Peralta (2017 e 2019). Porém,
apesar da representatividade do trabalho de Peralta, o levantamento
bibliográfico realizado por esta pesquisa averiguou a ausência de uma
maior cobertura historiográfica e acadêmica – dada a importância do
município para os processos de urbanização e desenvolvimento da
cidade de São Paulo.

Os reflexos do absentismo historiográfico reverberam também


no que diz respeito às práticas culturais, ao espaço social e à arte
coletiva, principalmente, no que se refere às bandas de música do antigo
município. A partir dessas observações, transparece a compreensão
de que o estudo realizado por este trabalho se mostraria muito maior
do que apenas uma pesquisa historiográfica, já que seria necessário
reconstruir parte da história perdida bem como edificar referências para
melhor entendimento do contexto relacionados às práticas musicais, seus
músicos, maestros e as relações intrínsecas entre banda e a comunidade
santo-amarense.

Sobre as manifestações culturais em relação à música, partindo do


pressuposto de que hoje Santo Amaro é um bairro da capital paulista,
este trabalho fundamentou-se inicialmente na busca por dados a partir
de órgãos oficiais como, por exemplo, o site da Prefeitura de São Paulo,
que nos permitiu constatar a existência de poucas informações, porém
muito significativas para o desenvolvimento desta pesquisa.

Entre os dados encontrados no site da Prefeitura de São Paulo,


está a referência à fundação do Conservatório Musical de Santo Amaro
no ano de 1931 e a confirmação da existência da Banda Musical

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de Santo Amaro. Essa confirmação se dá pela menção ao Largo do
Rosário (atual Praça Floriano Peixoto, Figura 1) – onde se situavam a
Cadeia Pública, também a Câmara Municipal (atual Casa de Cultura)
e o “Coreto onde aconteciam as apresentações da Banda Musical de
Santo Amaro1”.

Figura 1. Largo do Rosário, ano de 1935. Atualmente denominado Praça Floriano


Peixoto, situada no centro do bairro de Santo Amaro.
Fonte: Arquivo pessoal de Monsenhor Jamil Nassif Adib (PERALTA, 2017).

Com relação às interações entre a prática musical e o espaço


social, abordaremos a música como elemento de conectividade
nos processos coletivos que convergem para a construção de uma
identidade. Sobre essa perspectiva, este estudo busca mostrar um
quadro de trocas permanentes em que a prática musical reflete e
expressa o espaço social em que ela está inserida, conferindo a esse
espaço sentidos particulares.

Sobre a música, enquanto veículo de transmissão e aproximação


presente nos diversos cenários da história humana notabilizam-se as

1 https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/subprefeituras/santo_amaro/historico/
- Acessado em 04/01/2020

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atividades das bandas de música na representação de ser, através do
reconhecimento público, agentes de reunião e de interação entre as
diferentes partes da população urbana (SANTIAGO, 1998, p. 191).

Referente ao papel das bandas de música do antigo município


de Santo Amaro e suas relações nos processos de construção da
identidade santo-amarense, este estudo procurou fundamentar-se na
análise da cidade por intermédio dos traços que os referidos grupos
musicais nela deixaram.

Para este trabalho, no que se refere à música, coletividade e


pertencimento, utilizaremos como referência os estudos de Cunha
(2013). Com relação à banda de música e suas relações com a
vida social urbana, como base, os estudos de Santiago (1998). Em
referência às questões históricas relacionadas ao município de Santo
Amaro, recorreremos aos estudos de Peralta (2017 e 2019), além de
fontes iconográficas recolhidas em arquivos digitais, disponibilizados em
plataformas oficiais ligadas à Prefeitura de São Paulo, jornais, revistas,
redes sociais e blogs que tratam da memória de Santo Amaro.

2. A cidade que virou bairro de São Paulo

De acordo com o site da Prefeitura de São Paulo, logo após a


fundação de São Paulo em 1554, os jesuítas foram distribuídos, sob as
ordens do Padre Manuel da Nóbrega, na Capitania de São Vicente em
três locais: São Vicente, São Paulo e Jeribatiba (atual bairro de Santo
Amaro). Em 1686, no dia 14 de janeiro, a Capela Curada de Ibirapuera
é elevada a Freguesia e, em 1833, no dia 6 de maio, acontece a
primeira Assembleia da Câmara dos Vereadores do município de Santo
Amaro.

A circunscrição de Santo Amaro era imensa. Entre os pontos


mais centrais do município estavam as áreas do cemitério de Santo
Amaro (atualmente o mais antigo da cidade de São Paulo em
funcionamento) (PERALTA, 2019), Aeroporto de Congonhas e a Represa
do Guarapiranga. A abrangência territorial contemplava desde o sul
do Córrego da Traição (Avenida dos Bandeirantes) até a Serra do
Mar, incluindo as áreas dos municípios de Itapecerica da Serra, Embu
(hoje Embu das Artes), Embu-Guaçu, Taboão da Serra, São Lourenço da

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Serra e Juquitiba, emancipados em 1877 formando um único município,
o de Itapecerica da Serra. Entretanto, no início da segunda metade do
século XX, ocorre o desmembramento de Itapecerica da Serra, tornando
esses municípios independentes na maneira como conhecemos hoje.

A autonomia de Santo Amaro termina em 22 de fevereiro de 1935


a partir do Decreto nº 69882, outorgado por Armando de Salles Oliveira,
interventor Federal no Estado de São Paulo, extinguindo o município de
Santo Amaro, cujo território passa a fazer parte da cidade de São
Paulo.

Com relação à herança cultural e idiossincrasias da região


de Santo Amaro, as bandas constituíram-se, muitas vezes, como uma
das únicas manifestações culturais de pequenas cidades interioranas,
fazendo-se presentes nos momentos sociais mais importantes da cidade:

[...] No passado, as bandas foram as principais responsáveis


pelas formas de lazer da comunidade, realizando retretas,
desfiles, circos, festas religiosas, festas cívicas, bailes, entre
outros. As retretas nos domingos reuniam na Praça os
habitantes da cidade, que circulavam enquanto ouviam
a música tocada no coreto. Para a autora, as bandas
foram também importantes na confirmação de princípios
hierárquicos. Não se concebia enterro de cidadão ilustre
sem o seu acompanhamento. Elas funcionavam igualmente
junto às igrejas, nas procissões dos padroeiros da cidade.
Destacavam-se ainda como “orquestras de dança”
responsável pelos serviços musical de festas e bailes.
Animavam os “mafuás” que divertiam crianças e adultos
(GRANJA, 1984, p. 82 Apud COSTA, 2011, p. 258).

De fato, conforme descrito na citação de Granja (1984), a vida


social urbana de uma cidade brasileira na virada do século XIX e
primeiras décadas do XX, remonta na herança cultural e no significado
da sociabilidade urbana construída por essas corporações musicais.

Apesar da grandiosidade da dimensão territorial de Santo Amaro


até o ano de 1877, do ponto de vista da música como um veículo de

2 Decreto n. 6.983, de 22 de fevereiro de 1935 – Acessado em 04/01/2020 https://www.


al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/1935/decreto-6983-22.02.1935.html

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transmissão, e as bandas como um das principais representações no
que se refere ao coletivo como elemento de construção da identidade,
é admissível compreender que lastros culturais verificados na região
central de Santo Amaro estivessem presentes nos mais longínquos bairros,
justificando, em parte, a existência de bandas centenárias, atualmente
em plena atividade nos municípios de Itapecerica da Serra e Embu das
Artes.

No entanto, embora haja uma continuidade cultural da banda de


música até os nossos dias, seja na forma ativa e orgânica, conforme os
exemplos de Itapecerica da Serra e Embu das Artes (cidades da grande
São Paulo que pertenciam a Santo Amaro até 1887), é preciso cautela,
já que não podemos estabelecer um olhar anacrônico simplesmente
transportando o sentido que elas têm hoje para as décadas próximas
da virada do século XIX - XX. Não apenas pela complexidade que o
espaço urbano adquiriu com o passar dos anos, mas pela forma singular
que naquele momento específico se integrara aos poros da cidade.

3. Pelas Bandas de Santo Amaro: música, pertencimento


e identidade

O registro das primeiras bandas de música no Brasil remete


à chegada da Corte Portuguesa em 1808. O decreto de 16 de
dezembro de 1815 tanto estabeleceu a composição das bandas de
música em cada regimento de infantaria e nos batalhões de Caçadores
como indicou a quantidade de músicos e os instrumentos que deveriam
compor essas bandas:

[...] Um mestre, um primeiro clarinete, um primeiro requinta,


um segundo primeiro clarinete (suplente), um clarinete, um
segundo clarinete, um músico primeiro trompa, um segundo
trompa, um primeiro clarone, um baixo, um músico para o
trombão ou para o serpentão, um tambor grande e uma
caixa de rufo. Além disso, deveria ter quatro aprendizes
entre os soldados, o que permitiria chegar ao número de
16 instrumentistas, mas não mais (SANTIAGO, 1997, p. 194).

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A instrumentação das bandas se caracteriza pelo emprego
de instrumentos de sopro e percussão, exceto as bandas sinfônicas
que atualmente se valem da participação de instrumentos de cordas
como, por exemplo, o contrabaixo acústico e violoncelo, em alguns
casos. Desde que suficientemente organizadas como associações
musicais, essas bandas são classificadas por múltiplas denominações:
Corporação Musical, Agremiação, Grêmio Musical, Filarmônica, Clube
Musical, Lira, Banda de Música, Sociedade Musical ou Banda Sinfônica,
estabelecidas em corporações militares ou civis. Podem ser pequenas ou
grandes, fanfarra, marcial, de coreto, banda sinfônica ou as chamadas
orquestras de sopros, entre outros. “Independente da classificação, elas
estão presentes nos momentos sociais mais importantes da cidade, sejam
civis ou religiosos (COSTA, 2011, p. 242)”.

De acordo com Oliveira (2019, p. 65), as bandas de música estão


distribuídas nas seguintes categorias:

• Fanfarra: do francês fanfare, é constituída especialmente de


percussão e instrumentos de sopro lisos, como cornetas e cornetões.
Apresenta ainda a característica coreográfica, como evoluções e
marchas, sendo especializada em desfiles cívicos.

• Banda marcial: a banda marcial é um conjunto de executantes


de instrumentos de metal e bocal, com três pistos e instrumentos de
percussão, especializadas em desfiles comemorativos, artísticos,
religiosos, populares e folclóricos, assim como possuem também grupos
coreográficos, porta-bandeiras, balizas e dançarinos. Seu repertório
principal é composto de músicas instrumentais ou populares de qualquer
estilo, porém interpretadas em movimento.

• Bandas tradicionais (civis ou militares): além dos instrumentos


normalmente empregados pelas bandas convencionais, as bandas
tradicionais são constituídas pela diversidade de sua formação
instrumental, abrangência de repertório e a utilização de instrumentos
como oboé, corne-inglês, diversas espécies de clarinetes, saxofones
e vasto naipe de percussão (teclados: marimba, vibrafone, xilofone,
glockenspiel, tímpanos, bombos, campanas etc.) e, cordas (piano,
contrabaixos e, em alguns casos, violoncelos). Essa formação pode
ser alterada de acordo com a natureza das obras e, tal flexibilidade
torna-a apta à execução de transcrições do repertório concebido para
a orquestra sinfônica e particularmente adequada às experimentações

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da música contemporânea justificando, assim, o fato de seu já vasto
repertório original ser fruto da produção artística do século XX.

• Banda sinfônica: é um termo reservado às organizações de


sopros de instrumentação equilibrada, constituídas muitas vezes de 90 a
120 instrumentistas e é verdadeiramente análoga à orquestra sinfônica.

• Banda militar: as bandas militares, de formação variada,


atendem às necessidades da caserna.

• Banda civil: em sua maior parte, são instituições de importância


ímpar na vida musical, social e cultural do interior brasileiro. Em geral, elas
possuem registro em cartório, sede própria, diretoria, estatutos, escolinha
de instrumentistas, arquivos de grande valor musicológico, perpetuando
gêneros abandonados pela música comercial.

Em relação às bandas do município de Santo Amaro, o


levantamento bibliográfico inicial realizado por esta pesquisa, a partir
de trabalhos acadêmicos, revistas, jornais, redes sociais e blogs, apontou
para a hipótese da existência de cinco bandas de música durante o
período em que Santo Amaro foi município (1833-1935): Banda Treze
de Maio, Lira Euterpa, Corporação Musical Santamarense e Banda 16
de Julho, além da Banda Musical de Santo Amaro relatada no site da
Prefeitura de São Paulo.

No entanto, a bibliografia, embora significativa, além de não


possuir consistência suficiente sobre quantas e quais seriam de fato, as
bandas de música existentes no município de Santo Amaro. Também não
responde a outras questões pertinentes no que diz respeito a informações
mais específicas, como por exemplo, aspectos de estratificação social
em relação aos músicos que fizeram parte das referidas bandas. Em
decorrência disso, algumas lacunas ainda não foram preenchidas:
não nos foi possível saber se os músicos eram moradores do bairro
ou não, como eram selecionados (se por teste ou indicação), se eram
contratados ou voluntários, se eram músicos profissionais ou se tinham
outras carreiras, nem se eram mantidos por algum patrocínio ou pelo
município. Além disso, não nos foi possível saber o público da banda, se
eram ou não cativos e nem o nível social a que pertenciam.

A revista Interlagos, em um artigo publicado no ano de 1951 e,


circunstancialmente relatado pelo historiador Fatorelli (2013), corrobora

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para a estimativa da existência de pelo menos quatro bandas de música
no município. Porém, a ausência de pesquisas historiográficas advindas
da academia ou de órgãos oficiais e a incipiência do estado atual da
pesquisa em torno deste assunto sugerem também a possibilidade desse
número ser menor ou até mesmo maior. Vale ressaltar que nomes como
“Lira”, “Euterpe” e “Furiosa” até hoje são utilizados como referência a esse
modelo de agrupamento musical e, por isso, não podemos descartar a
hipótese de que a mesma banda seja retratada com nomes distintos
nas diferentes fontes consultadas como, por exemplo, Banda Musical de
Santo Amaro e Corporação Musical Santamarense podem ser a mesma
banda.

Posto isso, embora a pesquisa ainda não reúna elementos


suficientes que comprovem a existência de todas essas bandas e nem a
não existência de parte delas, trataremos, portanto, neste estudo, como
instituições independentes e autônomas as bandas: Treze de Maio, Lira
Euterpa, Corporação Musical Santamarense, Banda Musical de Santo
Amaro e Banda 16 de Julho.

Em relação às corporações musicais Treze de Maio, Lira Euterpa e


Banda Musical de Santo Amaro, esta pesquisa reuniu poucas informações.
Entretanto, sobre a Corporação Musical Santamarense destacam-se
alguns dados importantes e, dentre eles, o do registro iconográfico por
ocasião da comemoração dos 56 anos da corporação disponibilizada
no blog de Fatorelli (2013) em um recorte do jornal A TRIBUNA, de 1972
(Figura 2).

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Figura 2. Comemorações dos 56 anos da Corporação Musical Santamarense.
Fonte: Jornal A TRIBUNA, 1972. Acervo pessoal de Cláudia Simone Pereira, neta do Sr.
Luiz Chile.

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Outro registro importante no que se refere à representação e à
memória da Corporação Musical Santamarense se dá em uma matéria
de 30 de julho de 1988, no jornal Gazeta de Santo Amaro. A matéria
apresenta uma espécie de passeio da memória através de relatos
do músico Luiz Chile, na ocasião com 72 anos, um dos mais antigos
moradores da região na década de 80 (Figura 3).

Figura 3. Luiz Chile – músico da Corporação Musical Santamarense.


Jornal GAZETA de SANTO AMARO, 30 julho de 1988. Acervo pessoal de Carlos Fatorelli.

Sobre a atuação de Luiz Chile, o músico relata que ingressou


na Corporação Musical Santamarense em 1931, aos 15 anos como
aprendiz, recebendo as primeiras lições de música de Norvalino Branco

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de Araújo (fundador da referida banda – Figura 2), iniciando como
músico na banda apenas aos 18 anos, tocando trombone e, mais tarde,
saxhorn.

Segundo Chile (1988), a atuação da Corporação Musical


Santamarense não se limitava apenas ao coreto. A banda tocava em
festas, congadas, procissões e romarias, além das retretas na Praça
Floriano Peixoto, o que nos faz imaginar a amplitude e a ecleticidade
do seu repertório. Os ensaios aconteciam em sua sede, situada na Rua
Isabel Schmidt 221. Em relação à quantidade de músicos, a Corporação
Musical Santamarense dispunha do efetivo de 30 músicos até a década
de 1980, quando, provavelmente por falta de recursos, encerrou suas
atividades. Seu último regente foi Amaro Alves Alvim que, além da função
de mestre de banda, trabalhava como funcionário dos Correios Paulista
(FATORELLI, 2013).

Em relação à formação de bandas civis no Brasil, segundo


Hardman (2002), predominantemente na cidade de São Paulo e,
sobretudo de origem amadora e operária, foi instituída a partir dos
processos de industrialização e urbanização do espaço público. “Tais
elementos contribuíram substancialmente para a organização social e
cultural operária, incluindo aí, suas formas de sociabilidade. Portanto, a
música foi um elemento característico desta fase histórica da formação
de classes em São Paulo (SILVA, 2018, p. 18)”.

No que se refere aos aspectos sociais, as bandas, em sua maioria,


desempenham um papel muito significativo em relação à coletividade,
pertencimento e construção da identidade do povo de um lugar. Sobre
a atuação da banda em cerimônias cívicas, seja em eventos privados
ou em locais públicos como repartições e praças, sua participação
se dá, muitas vezes, como música ambiente desde os momentos que
antecedem o pronunciamento de autoridades presentes à execução
do Hino Nacional e outros hinos cívicos (conforme a ocasião) até o
pós-cerimonial, despedindo os presentes ao som de dobrados ou temas
do imaginário popular. “Com elas, os eventos públicos ganham um novo
e poderoso ingrediente, sendo este capaz de mobilizar uma parcela
significativa da população, despertando sentimentos coletivos, pois as
bandas estão presentes nos momentos mais importantes da sociedade
(COSTA, 2011, p. 259)”.

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Justamente em uma dessas ocasiões, Chile (1988) relembra com
tristeza um fato que marcou sua permanência na Corporação Musical
Santamerense, a “Cerimônia do Adeus” – evento que contou com a
presença de muitos moradores de Santo Amaro e de autoridades como
o prefeito de São Paulo, Faria Lima, e o governador Abreu Sodré em 27
de março de 1969, no Largo 13 de Maio:

Na administração Faria Lima, foi desativada a última linha


de bonde que ligava Santo Amaro à Praça João Mendes.
Houve grande solenidade com a presença dos moradores
e de importantes autoridades. Na despedida do bonde,
tocamos o tempo inteiro, emocionados com a partida da
condução que tantos anos serviu a população (CHILE,
1988 Apud GAZETA DE SANTO AMARO, 30 de julho de
1988).

No que diz respeito as questões que se relacionam entre música,


coletividade e pertencimento, ligadas diretamente à memória e à iden-
tidade cultural santo-amarense, a maestrina Mônica Giardini3, que cres-
ceu no Brooklin (bairro que pertenceu ao município de Santo Amaro),
além de ter participado em forma de passeio com sua mãe da última
viagem do bonde que ligava Santo Amaro à Praça João Mendes, co-
menta sobre a representatividade e a importância que as bandas de
música tinham na região, ao relembrar do passeio no bonde e de quan-
do ia com seus pais aos finais de semana assistir a banda no coreto
da Praça Floriano Peixoto (Praça central de Santo Amaro), em meados
dos anos 1960:

[...] Eu morava no centro de São Paulo e mudamos aqui


para o Brooklin, que agora é chamado Vila Cordeiro, eu
tinha entre quatro a seis anos. Era uma tradição nossa,
naquela época, passear de carro era tudo de bom (mi-
nha mãe que dirigia), íamos para Santo Amaro ouvir a
banda de Santo Amaro. Nasci em 1962, então, isso foi

3 Mônica Giardini é regente titular da Banda Sinfônica Jovem do Estado de São Paulo
desde sua estreia em 1993, regente e diretora musical da Banda Sinfônica Paulista, atua
como clinician do Projeto Sopro Novo Bandas da Yamaha do Brasil, em diversas cidades
do país, tendo escrito e publicado o Caderno de Regência da coleção deste Projeto e
é professora de regência na Faculdade FACEC -ES desde 2016. Fonte: Currículo Lattes
http://lattes.cnpq.br/6445891840556571 - Acessado em 30/06/2020

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provavelmente entre 66/67. Me lembro que em todos esses
anos, nós íamos aos domingos passear em Santo Amaro.
Tenho muito carinho pela banda, como toda criança, meus
pais ficavam sentados no banco da Praça e eu regendo a
banda assim como toda criança adora fazer, correndo em
volta do coreto e regendo a banda, marchando, brincan-
do (risos), em volta do coreto havia bêbado dançando e
tudo que tinha direito. Uma coisa que acho interessante e
gostaria de destacar, diz respeito ao público que assis-
tia essas bandas. Por exemplo, meu pai pertencia a uma
classe média que estava emergindo, uma família nova e
aquilo para nós era um passeio, assistir a banda era um
programa de domingo. Minha mãe me vestia de vestidinho
e dizia: “Vamos passear de carro, vamos lá ver a banda”.
Era muito bom, não sei porquê isso não se manteve. [...]
(sobre a última viagem do bonde de Santo Amaro), isso foi
quando eu era pequena, minha mãe nos levou para fazer
a última viagem no bonde. Não pegamos em Santo Amaro,
pegamos na Joaquim Nabuco, onde eu morava com meus
pais, fomos até a praça João Mendes e depois pegamos
de volta e descemos na Joaquim Nabuco, por isso não tive
a oportunidade de ouvir as bandas que estavam tocando
naquele dia, mas, fiquei muito feliz de ter participado dessa
última viagem (GIARDINI, 2020).

Ainda sobre identidade e pertencimento, Chile (1988) destaca


o concurso de bandas realizado em 1978 em Diadema/SP, em que,
dentre inúmeras bandas de várias regiões, Santo Amaro obteve o 3º
lugar. Destacam-se também outros registros sobre a participação da
Corporação Musical Santamarense em outros concursos como uma nota
no jornal A TRIBUNA de 26 de janeiro de 1979 (Figura 4).

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Figura 4. Anúncio da participação da Corporação Musical Santamarense no IIº
Campeonato de Bandas de Música em Taubaté – SP.
Fonte: Jornal A TRIBUNA, 26 janeiro de 1979. Acervo pessoal de Carlos Fatorelli.

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Sobre qual teria sido a primeira banda do município de Santo
Amaro, segundo Fatorelli (2013), a “Lira Euterpa foi a primeira corporação
musical do município de Santo Amaro, fundada em 1865 [...] e, possuía
como mestre o maestro Miguel Arcanjo (FATORELLI, 2013)”.

No tocante à Banda 16 de Julho (Figuras 5-6), em uma publicação


de março de 1951, na Revista Interlagos, em um texto que aborda
as tradições e herança cultural do antigo município, evidenciam-se
o saudosismo e o entusiasmo, mencionando a banda como um dos
símbolos da cultura santo-amarense:

Santo Amaro antigo tem tradições magníficas que trazem


até a cidade atual, estuante de seiva, a singeleza
e simplicidade dos costumes dos nossos saudosos
antepassados. Ainda há os que se recordam de tudo
o que ficou pelo século passado como, por exemplo, o
gosto musical da população que ficava horas e horas,
embevecidas, ouvindo os dobrados e, marchas executadas
pelas corporações musicais uniformizadas tão ao sabor
da época. O clichê apresenta à famosa “Banda 16 de
Julho”, em uma de suas domingueiras passeatas, no ano
de 1895, vendo-se como num painel de fundo (Figura 5),
sobressair-se os vagões do famoso ”trenzinho” que ligava
Santo Amaro à Capital em 2 horas de viagem (REVISTA
INTERLAGOS, 1951, p. 32).

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Figura 5. Banda 16 de Julho. Local: Largo Treze de maio, 1895.
Fonte: Revista Interlagos, 1951, p. 31. Acervo pessoal de Carlos Fatorelli.

Figura 6. Banda 16 de Julho: Excerto de matéria publicada na Revista Interlagos no ano


de 1951.
Fonte: Revista Interlagos, 1951, p. 32. Acervo pessoal de Carlos Fatorelli.

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4. Pra ver a banda passar: herança cultural de Santo
Amaro
Maestro Elias Evangelista da Silva Filho

Concernente à herança cultural de Santo Amaro e relacionado


às práticas coletivas, ressaltam-se as manifestações culturais por
intermédio de bandas como a Corporação Musical Bertinho Mandú da
cidade de Embu-Guaçu (antiga Banda de Embu-Guaçu), e, também, das
centenárias, Corporação Musical Imaculada Conceição de Itapecerica
da Serra e Banda Municipal de Embu das Artes.

Ressalta-se a ocorrência de interfaces relacionada às bandas


Corporação Musical Imaculada Conceição de Itapecerica da Serra e
Banda Municipal de Embu das Artes, como por exemplo, o fato de que
ambas as bandas, no período estabelecido entre os anos de 1993
a 2017, estiveram sob a batuta do mesmo regente, o maestro Elias
Evangelista da Silva Filho (1948), estabelecendo, portanto, uma inter-
relação entre elas. Essa correspondência proporcionou a comunhão de
repertório, como também um processo migratório de músicos entre as
duas bandas.

Entre outras peculiaridades geradas a partir dessa simultaneidade,


está a participação e algumas conquistas de campeonatos estaduais
de bandas e fanfarras do Estado de São Paulo, visto que nesses
campeonatos, no sentido de se fortalecerem, apesar de nessas ocasiões
serem concorrentes, fora do palco, uniam-se na torcida de uma pela
outra.

Concomitantemente aos trabalhos frente às bandas de Itapecerica


da Serra e Embu das Artes, Elias Evangelista da Silva Filho integrou, como
clarinetista, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP), até
1996, período em que a orquestra esteve sob a regência do maestro
Eleazar de Carvalho. Além de sua expressividade enquanto músico e
arranjador, Elias Evangelista, talvez, seja um dos poucos representantes
da figura chamada de “mestre de banda”, função que em sua essência
é tipificada pelo acúmulo das funções de regência, preparação de
repertório e do exercício da atividade no ensino técnico de todos os
instrumentos que compõem uma banda de música por intermédio da
escolinha de instrumentistas.

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REV. TULHA, RIBEIRÃO PRETO, v. 6, n. 1, pp. 206-237, jan.–jun. 2020
Corporação Musical Imaculada Conceição de
Itapecerica da Serra - SP

Segundo informações na página oficial do Centro Musical


Imaculada Conceição4, a Corporação Musical Imaculada Conceição
de Itapecerica da Serra, ou “CMIC”, como também é chamada
carinhosamente pelos seus componentes, é uma entidade beneficente
sem fins lucrativos fundada no ano de 1893, uma das bandas mais
antigas no Brasil em funcionamento.

Atualmente, a banda é formada por músicos amadores com idade


entre 10 e 75 anos. Assim como as demais bandas desse segmento, além
do prazer de tocar, seus componentes cultivam um ambiente agradável
em uma espécie de segunda família, unida pela amizade e amor à
música.

Quanto à instrumentação da Corporação Musical Imaculada


Conceição, em geral conta com instrumentos normalmente empregados
pelas bandas tradicionais, dividindo-se nos naipes de madeiras - flautas,
clarinetes e família de saxofones; metais - trompetes, trombones, eufônios
e tubas; percussão - glockenspiel, tom-tons, bateria, bombos, campanas,
pratos etc.

A banda possui registro em cartório, sede própria, diretoria,


estatuto e escolinha de instrumentistas. Sua sede está situada na rua
Dr. Augusto de Queiróz, 77 – Centro de Itapecerica da Serra – SP, local
onde se realizam os ensaios e as aulas de instrumento (Figura 6).

4 https://www.facebook.com/cmic1983/ - Acesso em 30 de abril de 2020.

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REV. TULHA, RIBEIRÃO PRETO, v. 6, n. 1, pp. 206-237, jan.–jun. 2020
Figura 6. Sede da Corporação Musical Imaculada Conceição de Itapecerica da Serra
– SP. Fachada externa e pavimento interno superior, local onde são realizados os ensaios
da banda.
Fonte: Página oficial da CMIC5 - Corporação Musical Imaculada Conceição. Acessado
em 01/05/2020.

Banda Municipal de Embu das Artes – SP

A Banda Municipal de Embu das Artes é uma entidade civil,


não partidária, sem fins lucrativos e de tradição secular. Ela é gerida
e mantida pela Prefeitura de Embu das Artes, estando diretamente
subordinada à Secretaria de Cultura.

Ao longo dos anos, o efetivo da banda tem variado entre 30


e 50 integrantes, contando com um inspetor, um agente de apoio,
que auxilia a banda na logística quanto à montagem, desmontagem
e transporte dos instrumentos para apresentações e ensaios. Quanto
ao arquivo musical, organização e armazenamento das partituras e
pastas, a banda conta com a colaboração de um dos seus músicos,
a clarinetista Débora Simões, musicista da banda desde 1993, que, de
forma voluntária, desenvolve essa função.

No presente, a banda conta com cerca de 35 músicos divididos


entre os naipes de madeiras - flautas, clarinetes, família de saxofones
e fagote; metais - trompetes, trombones, eufônios e tubas; percussão

5 https://www.facebook.com/cmic1983/photos/a.221217777994618/617044191745306
/?type=3&theater – Acessado em 01/05/2020

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REV. TULHA, RIBEIRÃO PRETO, v. 6, n. 1, pp. 206-237, jan.–jun. 2020
- bateria, bumbo sinfônico, tímpanos, glockenspiel, bombos, campanas,
pratos etc.

Com relação à estrutura artística hierárquica, a Banda Municipal


de Embu das Artes estrutura-se da seguinte forma: Maestro (mestre de
banda), Maestro assistente (contramestre), Spalla e Chefes de naipe,
distribuídos segundo os instrumentos de cada categoria, ou seja, cada
família de instrumentos possui um líder - responsável pelo equilíbrio
sonoro do naipe, afinação, execução de solos e distribuição das vozes
entre outras peculiaridades.

Atualmente, a Banda Municipal de Embu das Artes (Figura 7) está


sob a regência de Hamilton Oliveira, que assumiu a condução dos
trabalhos em 2017, após a aposentadoria do maestro Elias Evangelista
da Silva Filho.

Figura 7. Concerto da Banda Municipal de Embu das Artes sob a regência do maestro
Hamilton Oliveira. Centro histórico - Museu de Arte Sacra de Embu das Artes, 2018.
Fonte: http://cidadeembudasartes.sp.gov.br/embu/portal/noticia/ver/11260 - Acessado
em 30/01/2020

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REV. TULHA, RIBEIRÃO PRETO, v. 6, n. 1, pp. 206-237, jan.–jun. 2020
Sobre a composição social do efetivo da Banda Municipal de
Embu das Artes, constata-se que, a maioria dos componentes reside na
cidade de Embu das Artes e compõe a faixa etária de 15 a 60 anos,
porém, com predomínio das idades entre 18 e 28 anos.

A forma de ingresso na banda acontece por intermédio de


processo seletivo, convite e/ou também de forma voluntária, variando
de acordo a necessidade do momento. No entanto, 30% do efetivo
atual ingressaram como estagiários, oriundos da antiga escolinha de
instrumentistas da banda (até 2001), projeto PIM (2001-2014) e da
Escola Municipal de Música de Embu das Artes, instituição criada em
2014, que tem como finalidade manter um centro de formação musical
que, entre as principais funções, está o objetivo de alimentar a Banda
Municipal com novos músicos. Sobre a remuneração dos integrantes da
banda, essa acontece por intermédio de uma ajuda de custo a partir
de uma bolsa mensal no valor de 350 reais, acrescido do auxílio de
uma cesta básica.

Entre os acontecimentos que marcam a trajetória da banda,


destaca-se a conquista do bicampeonato estadual de Bandas,
ocorrido na cidade de Itapira – SP, no ano de 1996.

Para efeito comparativo, a partir de registros iconográficos, uma


das principais fontes para esta pesquisa, foi-nos possível observar a
Banda Municipal de Embu das Artes, ao longo dos últimos 90 anos em
dois momentos distintos: o primeiro – registro de 1930 (Figura 8) e, num
segundo momento, um registro de 1968, conforme se observa na figura
9. A imagem de 1968 retrata a participação da banda tocando ao
vivo no filme “Embu”, de Roberto Santos. Vale ressaltar que parte da
produção da trilha do filme é da Banda Municipal de Embu das Artes.

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Figura 8. Banda Municipal de Embu – anos 30. Coleção de Pedro Saturnino da Silva.
Fonte: Acervo da Prefeitura da Estancia Turística de Embu das Artes.

Figura 9. Participação da Banda Municipal de Embu das Artes no filme “Embu” (1968),
de Roberto Santos (Início do período considerado “Cinema Novo”). ECA / USP, 1968.
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=RrpUvu04yjo – Acessado em 06/02/2020

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REV. TULHA, RIBEIRÃO PRETO, v. 6, n. 1, pp. 206-237, jan.–jun. 2020
Levando em consideração a continuidade do legado centenário
da Banda Municipal de Embu das Artes, é importante destacar que
alguns fatores corroboraram para que o trabalho e o foco principal da
banda não se perdesse em meio à onda migratória, que levou muitas
bandas a abandonarem o coreto, buscando um status mais elitizado,
optando por um público mais seleto, fato que, na maioria das vezes,
está essencialmente ligado à gestão artística do maestro.

Partindo desse ponto de vista, no que se refere à escolha do


atual maestro da Banda Municipal de Embu das Artes, assim como
acontece em outras bandas desse segmento, para continuidade do
legado, a escolha do maestro se dá por diversas maneiras. Entre as
principais questões levadas em consideração é que a indicação parta
da própria banda, representada na figura de seus integrantes, atrelada
ao fato de que esse regente possua relações intrínsecas com a banda,
como no caso do atual maestro Hamilton Oliveira.

Hamilton Oliveira é natural de Embu das Artes (39 anos), seus


primeiros contatos com a Banda Municipal acontece aos 13 anos de
idade, quando iniciou seus estudos de clarinete na antiga escolinha
de instrumentistas, com o então mestre de banda e clarinetista Elias
Evangelista da Silva Filho, no mesmo ano, Hamilton ingressa na banda
na função de terceiro clarinete.

Como discípulo do maestro Elias, em 2011, Hamilton Oliveira assume


a função de maestro assistente (contramestre) da banda e, em 2013,
a convite da Secretaria de Cultura, assume também a coordenação
geral de uma frente de trabalho para criação e implantação da Escola
Municipal de Música de Embu das Artes.

Quanto a sua formação, Hamilton Oliveira é bacharel em clarinete


pela UNESP (2006) recebendo orientação de Sérgio Burgani e Luis
Afonso Montanha. Também foi aluno da Escola Municipal de Música
de São Paulo tendo como professor os clarinetistas Edmilson Nery e
João Francisco Correa. Estudou regência com os maestros Vitor Gabriel,
Samuel Kerr, Mônica Giardini e Carlos Moreno.

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REV. TULHA, RIBEIRÃO PRETO, v. 6, n. 1, pp. 206-237, jan.–jun. 2020
Leis municipais que orientam a Banda Municipal de
Embu das Artes

Os primeiros levantamentos efetuados por esta pesquisa apontam


as origens da Banda Municipal de Embu das Artes para meados do
século XVIII, período do Brasil colônia na aldeia M’Boy (hoje Embu das
Artes); no entanto, essa pesquisa não teve acesso a fontes primárias.
Todas as informações no que diz respeito às origens da banda de Embu
até a primeira lei de 1963, que transforma a Sociedade Musical Nossa
Senhora do Rosário na Banda de Música Municipal de Embu, refere-se
a dados consultados em fontes secundárias como, por exemplo, o site
da Prefeitura de Embu das Artes e o jornal Correio Embuense na edição
de dezembro de 2014.

Contudo, embora a consulta não tenha se dado em fontes primárias,


há uma corroboração entre as informações apresentadas no Correio
Embuense (2014) e no site da Prefeitura de Embu das Artes. O Correio
Embuense cita que a primeira formação da banda de Embu se deu a
partir de um grupo de índios e negros orientados por padres jesuítas
com a finalidade de acompanhar procissões e festividades folclóricas
entre outras atividades religiosas (CORREIO EMBUENSE, dezembro de
2014, p. 5). Em convalidação às informações expostas pelo jornal, os
dados disponíveis no site da Prefeitura de Embu das Artes indicam o
ano de 1910 como o período aproximado de quando a Sociedade
Harmônica M’boyense sucedeu a banda de música da aldeia M’Boy -
composta por índios guaranis6, ou seja, confirma a existência de uma
banda de música proveniente da aldeia M’Boy composta por índios,
deixando apenas de mencionar os negros, conforme descrito pelo jornal
Correio Embuense.

No site da Prefeitura também consta o nome de maestros que


fizeram parte da construção histórica da banda. Entre eles estão
Saturnino Canudo, Rossini, Antenor Carlos Vaz, Luiz Abdo e Elias
Evangelista da Silva Filho.

Com relação à atuação, com mais de um século de existência,


além dos registros iconográficos, essa pesquisa destaca algumas leis que
orientam a criação da banda como também norteiam sua finalidade

6 http://cidadeembudasartes.sp.gov.br/embu/portal/noticia/ver/526 - Acessado em
01/05/2020

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e diretrizes orçamentárias, como, por exemplo, o Plano Municipal de
Cultura de 2012.

A lei7, nº 175, de 28/11/1963 - a primeira encontrada por esta


pesquisa -, em seu artigo 1º, transforma a Sociedade Musical Nossa
Senhora do Rosário na Banda de Música Municipal de Embu:

Annis Neme Bassith, Prefeito Municipal de Embu, faço saber


que a Câmara Municipal decretou e eu promulgo a
seguinte lei:
Art. 1º - Fica transformada em “BANDA DE MÚSICA MUNICIPAL
DO EMBU”, a Sociedade Musical Nossa Senhora do Rosário,
sob a regência do Maestro Antenor Carlos Vaz (LEI Nº 175,
DE 28/11/1963).

Outra lei importante no que diz respeito à música na cidade de


Embu das Artes é a lei nº 752, de 17/04/1979, que cria a “Banda Musical”
da Guarda Mirim Municipal de Embu e dá providências correlatas8:

Joaquim Mathias de Moraes, Prefeito Municipal de Embu,


faço saber que a Câmara Municipal decretou e eu
promulgo a seguinte lei:
Art. 1º - Fica criada na estrutura da GUARDA MIRIM
MUNICIPAL DE EMBU, diretamente subordinada ao Senhor
Presidente, a “BANDA MUSICAL” da GUARDA MIRIM MUNICIPAL
DE EMBU
Parágrafo Único - A Banda será dirigida por maestro
indicado pelo Presidente às expensas da Guarda Mirim
Municipal de Embu (LEI Nº 752, DE 17/04/1979)

Quanto à reestruturação da banda, há a lei9 nº 2769, de 17 de


setembro de 2014 que “dispõe sobre à restruturação e o funcionamento
da Banda Municipal de Embu das Artes, e dá outras providências” como
a criação da Escola Municipal de Música:

7 https://leismunicipais.com.br/a/sp/e/embu-das-artes/lei-ordinaria/1963/17/175/
lei-ordinaria-n-175-1963-transforma-em-banda-de-musica-municipal-do-embu-
a-sociedade-musical-nossa-senhora-do-rosario-e-da-outras-providencias-1963-
11-28 - Acessado em 02/05/2020
8 https://leismunicipais.com.br/a/sp/e/embu-das-artes/lei-ordinaria/1979/75/752/
lei-ordinaria-n-752-1979-cria-a-banda-musical-da-guarda-mirim-municipal-de-
embu-e-da-providencias-correlatas-1979-04-17 - Acessado em 02/05/2020
9 https://leismunicipais.com.br/a/sp/e/embu-das-artes/lei-ordinaria/2014/277/2769/lei-
organica-embu-das-artes-sp - Acessado em 02/05/2020

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REV. TULHA, RIBEIRÃO PRETO, v. 6, n. 1, pp. 206-237, jan.–jun. 2020
Francisco Nascimento de Brito, Prefeito, no uso de suas
atribuições legais: Faço saber que a Câmara Municipal,
aprovou e eu promulgo a seguinte lei:
Art. 1º Reestrutura a Banda Musical Municipal de Embu -
denominada “Banda Municipal de Embu das Artes”.
Art. 2º São objetivos e diretrizes da Banda Municipal de
Embu das Artes:
I - realizar concertos no Município, prioritariamente, nos
bairros, centros culturais, praças e feiras e fora dele,
difundindo a música erudita, folclórica e popular;
II - manter intercâmbio com entidades musicais dos demais
Municípios, Estados e Países;
III - prestar assistência à Escola Municipal de Música;
IV - auxiliar no desenvolvimento da Escola Municipal de
Música;
V - divulgar a música erudita, para elevação cultural da
população;
VI - participar ativamente dos objetivos culturais das
demais Secretarias
(LEI Nº 2769 DE 17 DE SETEMBRO DE 2014).

Do coreto à sala de espetáculo: a proeminência das


bandas no ambiente da música de concerto

Como símbolo de progresso, algumas bandas de projeção


nacional já nasceram configuradas para apresentações em salas de
concerto como, por exemplo, a Banda Sinfônica do Estado de São
Paulo (1989), Banda Sinfônica do Conservatório de Tatuí (1992), Banda
Sinfônica Jovem do Estado de São Paulo (1993) e a Banda Sinfônica
do Exército Brasileiro (2002) entre outras.

Há também bandas que trocaram as praças e o coreto pelas salas


de concerto. De alguma forma, abandonando uma de suas principais
funções, ou seja, proporcionar o acesso desse tipo de música a uma
parte da população que, por uma série de fatores, socioculturais ou
financeiros, não teriam acesso a esse tipo de conteúdo musical se não
fosse pela atuação das bandas em ambientes como praças e coretos.

O objetivo deste estudo, entretanto, não busca fazer uma defesa


ao “não progresso” das bandas, pelo contrário, para sobrevivência,
é importante que essas bandas cresçam, abranjam outros espaços e

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REV. TULHA, RIBEIRÃO PRETO, v. 6, n. 1, pp. 206-237, jan.–jun. 2020
frequentem também as salas de concerto, porém, que não venham por
causa disso, abandonar sua principal vocação.

A partir disso, a reflexão que nos toca, diz respeito à urgência


pela preservação dessas tradições, trazendo em memória um período
não muito distante, onde notabilizou-se uma parte da sociedade que
assistiu, de braços cruzados (sobretudo gestores da máquina pública),
à extinção de bandas como as de Santo Amaro, assim como outras
importantes instituições que compõem o eixo Conisud10 (região que
até 1877 pertencia a Santo Amaro), como, por exemplo, o fim da
Banda de Música Municipal de Taboão da Serra – SP, criada pela lei
complementar11 nº 10, de 09/06/1992, banda cuja as origens remontam
a década de 196012.

Na esteira desses acontecimentos, recentemente, mais


especificamente no ano de 2017, a classe artística e parte da população
acompanharam perplexos os desdobramentos que culminaram, no
trágico apagar das luzes da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo,
principal representação do segmento no Brasil e na América Latina.

De certa maneira, as deflagrações mencionadas acima emitem um


alerta no que se refere à necessidade de suporte por parte do poder
público para preservação e continuidade do trabalho das bandas,
principalmente, de instituições centenárias como as de Itapecerica
da Serra e Embu das Artes, como também, apoio a outras instituições
do Conisud, como a Corporação Musical Bertinho Mandu da cidade
de Embu-Guaçu – SP, e o retorno da Banda de Música Municipal de
Taboão da Serra - SP.

10 CONISUD é um Consórcio Intermunicipal da Região Sudoeste da Grande São Paulo,


constituído aos 21 de maio de 2001 por Municípios da Região Sudoeste a saber: Embu
das Artes, Embu-Guaçu, Itapecerica da Serra, Juquitiba, São Lourenço da Serra e Taboão
da Serra.
11 https://leismunicipais.com.br/a/sp/t/taboao-da-serra/lei-complementar/1992/1/10/lei-
complementar-n-10-1992-criacao-da-banda-de-musica-municipal-de-taboao-da-serra
- Acessado em 03/05/2020
12 Jornal O Taboanense, 01 de julho de 2015. https://www.otaboanense.com.br/musicos-
do-futuro-homenageiam-pioneiro-das-bandas-de-taboao/ - Acesso 03/05/2020

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REV. TULHA, RIBEIRÃO PRETO, v. 6, n. 1, pp. 206-237, jan.–jun. 2020
Considerações finais

Ao revisitar as atividades das bandas de música do antigo


município de Santo Amaro até sua incorporação à cidade de São
Paulo em 1935, através de relatos e, sobretudo, por intermédio de
fontes iconográficas, foi possível perceber que essas corporações
compartilharam o mérito com os diversos fenômenos sociais que, com
o passar do tempo, perderam-se na memória oficial da cidade. Essas
mesmas bandas testemunharam o modo singular de uma sociedade e seus
segmentos sociais explicitados em diferentes momentos da comunidade,
caracterizando-se também por seu aspecto coletivo e integrador a
partir da construção de espaços de sociabilidade, afirmando uma
determinada cultura e, consequentemente, sua identidade.

Apesar das transformações socioculturais decorrentes da


anexação de Santo Amaro à capital paulista em 1935, este estudo
observou a importância das bandas de música no que se refere à
memória social e suas relações com a identidade de um povo.

No decorrer desta pesquisa, foram vários os indicativos sobre a


importância das corporações musicais para os processos identitários
da sociedade santo-amarense. Um deles faz referência à citação no
trabalho de Dos Anjos (2016), quando se refere aos bens imateriais de
Santo Amaro:

[...] As duas bandas de música atroavam os ares, com suas


marchas e dobrados perfeitamente ensaiados, enquanto o
povo aplaudia intensamente [...]. Foi festiva a comemoração,
como entusiásticas foram as palavras dos Drs. Raphael
Correia Sampaio, Carlos Samuel de Araújo e o vibrante
repertório das duas bandas presentes: “Treze de Maio” e
“16 de Julho” (REVISTA SANTO AMARO, 1961, p. 15 Apud
DOS ANJOS, 2016, p. 286 e 292).

No que diz respeito à herança da cultura musical de Santo


Amaro, resistente e manifesta por intermédio do trabalho de bandas
como a Corporação Musical Imaculada Conceição de Itapecerica
da Serra e Banda Municipal de Embu das Artes, além de adaptações
de obras do repertório sinfônico orquestral ou obras específicas das
chamadas bandas sinfônicas, ressalta-se, a similaridade em uma espécie

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REV. TULHA, RIBEIRÃO PRETO, v. 6, n. 1, pp. 206-237, jan.–jun. 2020
de continuidade do trabalho das bandas do antigo município de
Santo Amaro em várias formas como, por exemplo, a manutenção do
repertório tradicional escrito especificamente para bandas. No entanto,
há também de se considerar que as semelhanças não se referem apenas
pela opção no que diz respeito à manutenção do repertório tradicional
desse modelo de banda, que é composto por marchas, dobrados e
canções do imaginário popular. Essa inter-relação com as antigas
bandas de Santo Amaro se fortalece também pela participação ativa
nas festividades locais, como também nas habituais apresentações
no coreto e nas alvoradas musicais13, além de oferecer um tom mais
patriótico em inaugurações de equipamentos públicos, sobretudo, em
cerimônias que ainda preservam a necessidade da execução ao vivo
do Hino Nacional Brasileiro, antecedendo à fala oficial das autoridades.

Referências

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de dezembro de 2014. pp. 4-5.

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as bandas de música civis e suas apropriações militares. In: Tempos
Históricos v. 15, p. 240-260, 1º semestre de 2011.

CUNHA, Rosemyriam. A prática musical coletiva. In: REVISTA


BRASILEIRA DE MÚSICA, Rio de Janeiro, v. 26, n. 2, p. 345-365, Jul./Dez.
2013.

DOS ANJOS, Ana Christina C. Diálogos entre Patrimônio, Meio


Ambiente e Aprendizagem Social: Uma experiência de Educação
Patrimonial em pesquisa-ação no bairro paulistano de Santo Amaro.
Tese (Doutorado) – Faculdade de Educação da Universidade de São
Paulo, São Paulo, 2016.

FATORELLI. Carlos. Disponível em: http://carlosfatorelli27013.


blogspot.com/2013/04/corporacao-musical-de-santo-amaro.

13 “Alvorada musical” é o nome dado a qualquer música executada no começo da


manhã com o objetivo de acordar as pessoas ou marcar o início das atividades. Apesar
de ser tradição em algumas cidades do interior, essa prática é mais comum entre as
tropas militares onde há um responsável pelos toques de corneta que transmitem ordens
para grandes quantidades de soldados. Também é denominada de “matinada”.

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REV. TULHA, RIBEIRÃO PRETO, v. 6, n. 1, pp. 206-237, jan.–jun. 2020
html. Acesso em 30/01/2020. Corporação Musical de Santo Amaro.
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GRANJA, Maria de Fátima. A banda: Som e Magia. Dissertação


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PERALTA, Inez Garbuio. Santo Amaro - um século de autonomia. 2ª


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236
REV. TULHA, RIBEIRÃO PRETO, v. 6, n. 1, pp. 206-237, jan.–jun. 2020
Sobre o autor

Natural de Matias Olímpio, Piauí, José de Carvalho possui


mestrado com pesquisa apoiada pela agência de fomento CAPES,
sob orientação do Prof. Dr. Paulo de Tarso Salles, na área de Teoria e
Análise pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São
Paulo – ECA/USP (2019). É formado em Licenciatura em Música pelo
Centro Universitário Sant´Anna e desde 2017 integra o corpo docente
na referida instituição nos Cursos de Bacharelado e Licenciatura em
Música. É editor assistente da Revista Música – ECA/USP – SP e, como
pesquisador, pertence ao grupo de pesquisa PAMVILLA, Perspectivas
Analíticas para a Música de Villa-Lobos. Possui trabalhos publicados
no campo da Performance, Teoria, Análise Musical e Educação Musical.
Como saxofonista dedica-se ao repertório brasileiro e contemporâneo.
Atua como spalla e maestro assistente na Banda Municipal de Embu
das Artes, SP, cidade a qual desenvolve também, sólido trabalho como
coordenador na Escola Municipal de Música desde sua implantação
no ano de 2014.

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/2051026202284367

ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6803-6013

Recebido em 20 /02/2020

Aprovado em 06 /05/2020

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1 Agradecimento às pessoas que contribuíram para a realização desta pesquisa. Ao
historiador Carlos Fatorelli, à maestrina Mônica Giardini, Secretaria de Cultura de Embu
das Artes na pessoa de Lindomar Peixoto, ao maestro Hamilton Oliveira, ao ex-músico
clarinetista da banda de Embu, e também ex-vereador de Embu das Artes, Gabriel Fi-
delis, ao Gian Marco Mayer de Aquino (Franguinho), maestrina Silvia Luisada, a todos
os músicos da Banda Municipal de Embu das Artes representados por Heder Cardoso,
Débora Simões, André de Oliveira Samogyi, Dr. Marcelo Lantyer, Suzana Chieme Miura e
aos ex-músicos da banda de Embu, o jornalista e clarinetista Marcos Lemes e o artista
plástico e saxofonista Camilo Filho.

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REV. TULHA, RIBEIRÃO PRETO, v. 6, n. 1, pp. 206-237, jan.–jun. 2020

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