Tratamentos Pré e Pós-Operatórios Nas Cirurgias Plásticas: Tema 03 - Cicatrização Versus Reparo

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Tratamentos pré e
pós-operatórios
nas cirurgias plásticas
Tema 03 – CICATRIZAÇÃO
VERSUS REPARO
Bloco 1

Ana Carla Comune de Oliveira


Objetivos

1. Conhecer a diferença entre cicatrização e


reparação tecidual;
2. Conhecer as características clínicas e os
tipos de cicatrização anormal;
3. Compreender a diferença entre cicatrizes
hipertróficas e queloides;
4. Conhecer as medidas preventivas e os
tratamentos disponíveis para as
alterações cicatriciais.
Introdução

• A cicatrização de feridas é um
mecanismo amplo e complexo.
• Representa a resposta de um organismo
a uma lesão de tecido ou órgão, no
sentido de restabelecer a sua
homeostasia e de estabilizar a fisiologia
do organismo como um todo.
Introdução

• Dois processos básicos para que isso ocorra.


• O primeiro é a substituição por uma matriz
celular diferente, esse é o processo
de formação cicatricial.
• O segundo processo corresponde a
substituição por um tecido organizado,
semelhante em estrutura e função ao tecido
original, caracterizando a regeneração .
Introdução – Processo de cicatrização

• Processo de cicatrização pode ser


classificado segundo o tipo e a
quantidade de tecido em cicatrização por
primeira intenção e cicatrização por
segunda intenção.
Introdução – Processo de cicatrização

• A cicatrização por primeira intenção


ocorre por planos, com menor
quantidade de colágeno e reduzido
tempo de recuperação. Esta condição é a
ideal para um bom aspecto da cicatriz.
Introdução – Processo de cicatrização

• A cicatrização por segundo intenção ocorre


quando há perda mais extensa de tecido e
o reparo se dá por proliferação de tecido
de granulação, comprometendo a estética
final dessa cicatriz, e por muitas vezes
apresentando comprometimento funcional.
Introdução – Processo de cicatrização

• Tendo em vista que a grande maioria das


lesões do organismo, sejam intencionais
ou acidentais, é reparada pela
regeneração das células parenquimatosas,
seguida de cicatrização
do tecido conjuntivo.
Introdução – Processo de cicatrização

• Entretanto para se obter uma cicatriz de


boa qualidade, deve-se levar em
consideração três fatores importantes
como, a espessura cutânea, direção das
linhas de fenda e qualidade da sutura.
Cicatrização anormal

• Mecanismo complexo onde vários


componentes interagem entre si.
• Em alguns casos, este processo não se
desenvolve de maneira equilibrada
devido a diversos fatores, este reparo
passa a ser patológico.
• Envolve, basicamente, uma formação
deficiente ou uma exacerbação.
Cicatrização anormal

• Quando se tem uma exacerbação, na


maioria dos casos, prejudica as funções
fisiológicas, bem como a estética do local.
São exemplos de reparo exacerbado:
 Cicatriz hipertrófica;
 Queloides;
 Aderências;
 Fibroses.
Cicatrização anormal

• Regeneração inadequada - lesões do


sistema nervoso central.
• Praticamente não há recuperação
do tecido.
Cicatrização anormal

• A ausência de regeneração neural é


compensada por um processo fisiológico
normal de substituição do tecido neural
por tecido cicatricial, substituindo a área
lesada por um tecido não especializado,
alterando sua função.
Formação deficiente de cicatriz

• A formação deficiente de cicatriz pode


levar a instalação de deiscência.
• A deiscência da ferida operatória é a
separação de planos profundos, podendo
até palpar ou visualizar suturas de
camadas mais profundas.
Formação deficiente de cicatriz –
Deiscência
• Grave complicação presente em
abdominoplastias, mamoplastia e
reconstrução mamária, com taxas de
mortalidade de 45%.
Formação deficiente de cicatriz –
Deiscência
• Dentre os fatores de risco estão idade avançada,
homens com mais de 64 anos de idade com
complicações cirúrgicas e doenças inflamatórias,
obesidade, doença pulmonar crônica, tosse pós-
operatória, ascites, icterícia, anemia,
hipoalbuminemia, uremia, uso de corticoides,
cirurgia de emergência, técnica cirúrgica e
materiais empregados, contaminação, infecção,
má vascularização, tabagismo e diabetes e
retirada precoce de pontos.
Formação deficiente de cicatriz –
Deiscência - Tratamento
• Prevenção com repouso relativo.
• Cintas elásticas.
• Microporagem.
Formação deficiente de cicatriz –
Deiscência - Tratamento
• Curativos e retornos frequentes ao
consultório.
• Retirada de ponto no período correto,
seguindo características da pele de cada
região tratada.
• Em alguns casos é necessário correção
cirúrgica da cicatriz.
Tratamentos pré e
pós-operatórios
nas cirurgias plásticas
Tema 03 – CICATRIZAÇÃO
VERSUS REPARO
Bloco 2

Ana Carla Comune de Oliveira


Cicatriz hipertrófica e queloide

• São cicatrizes que não evoluem como o


esperado, podendo apresentar uma
hiperplasia cicatricial.
• Problema estético significativo, tendo em
vista a problemática enfrentada para
melhorar o aspecto.
Cicatriz hipertrófica e queloide

• Caracterizam-se por uma síntese de


colágeno exacerbada, sendo que as
fibras colágenas não se orientam como
nas cicatrizes normais, ao logo das
fendas de tensão, mas sim em espiral
projetando-se para a superfície cutânea.
Cicatriz hipertrófica e queloide
[

CICATRIZES
QUELOIDES
HIPERTRÓFICAS
Cresce além das bordas Mantêm -se nos limites da
Extensão
da ferida inicial. lesão inicial.
Habitualmente semanas
Início Até meses após a lesão.
após a lesão.
Contraturas Ausentes. Presentes
Regressão Rara. Frequente após 1 a 2 anos.
Sim, porém menos
Prurido/ eritema Sim. frequentes e menos
intensos.
Resposta ao Pobre com possível Boa, principalmente com
tratamento cirúrgico piora. terapia adjuvante.
Cicatrizes hipertróficas

• Lesão acima do nível da pele, mas


limitada ao local da lesão, vermelha, com
prurido e retraída.
• Desenvolve a partir de um trauma
profundo, esta pode ter uma redução
espontânea após um ano ou mais, e
adquirem coloração de pele normal.
Queloide

• Apresenta-se arredondado, linear,


alongado e com digitações diversas, com
sensação de prurido, queimação ou
ferroadas, podendo se estender muito
além do local da lesão.
• Estas adquirem coloração vermelha
escura, rosada ou esbranquiçada, de
acordo com sua idade.
Queloide

• A tendência para a formação dos


queloides está ligada a fatores genéticos,
mas também a influencias hormonais,
pelo fato de observar uma regressão
espontâneas após a menopausa, baixa
incidência em idosos e, portanto, seu
predomínio em jovens.
Queloide

• Gênese - indivíduos da raça negra e


caucasianos de pele morena são mais
suscetíveis quando comparado a raças
brancas, e mais frequente em mulheres.
Tendência para formação de
queloides e cicatriz hipertrófica
• Fatores genéticos;
• Qualidade do processo de cicatrização;
• Tensão mecânica;
• Inflamação;
• Colonização bacteriana e reação de corpo
estranho.
Abordagens terapêuticas

• Além das medidas profiláticas como,


controle de infecção, as incisões serem
feitas no sentido das fendas da pele,
tensão dos pontos, idade, raça, sexo, e
hereditariedade, o tratamento se faz pela
associação de recursos disponíveis como:
medicações tópicas e/ou intralesionais,
compressão, cirurgia, radioterapia,
crioterapia e laser.
Injeção intrelesional de corticoide

• Primeira linha de tratamento dos


queloides e segunda da terapêutica para
cicatrizes hipertróficas.
• Corresponde à melhora entre 50 a 100%,
com recidiva entre 9 a 50%.
Injeção intrelesional de corticoide

• Mecanismo de ação age inibindo a


colagenase.
• A associação com outros tratamentos
como cirurgia, crioterapia ou compressão
observa-se melhores resultados.
Compressão

• Método efetivo no tratamento e


prevenção de cicatrizes hipertróficas.
• O mecanismo de ação, ainda incerto,
pode estar relacionado a oclusão seguida
de isquemia de pequenos vasos
diminuindo o número dos fibroblastos e
formação do colágeno.
• Pode inibir a colagenase, decorrente da
diminuição da alfa-macroglobulina.
Tratamento cirúrgico

• Apresenta bons resultados quando


associados a radioterapia, apresentado
uma recorrência entre 10% e 14%.
• O objetivo da cirurgia é relaxar as bordas
e, em seguida estabilizar a ferida por
meio de suturas subdérmicas e
intradérmicas com fios absorventes de
longa duração.
Tratamento cirúrgico

• A radioterapia pode apresentar alguns


efeitos colaterais como, hipercormias,
acromias, telangectasas e indução tardia
de neoplasia.
• Deve ser reservada para adultos
portadores de queloides em que houve
falha no tratamento com outras
modalidades.
Crioterapia

• Aplicação de nitrogênio líquido com o


objetivo de causar uma lesão celular e
microvascular e, posteriormente necrose
tecidual levando a involução
dos queloides.
Crioterapia

• Desvantagens:
 Demora na cicatrização,
 Hipopigmentação,
 Hiperpigmentação, atrofia cutânea
moderada,
 Dor à aplicação.
• Indicado para tratamento de pequenas
cicatrizes.
Fibroses e aderências

• Quando ocorre perda maior de células e


tecidos, como ocorre na lipoaspiração, o
processo de reparação é mais complicado.
• A regeneração de células parenquimatosas
não consegue reconstituir
a arquitetura original.
• Um tecido de granulação abundante é
formado a partir da margem para
complementar a cicatrização.
Fibroses e aderências

• Resultado final do reparo é visualizado


um tecido cicatricial exacerbado, menos
flexível, provocando aderências,
irregularidades e limitações, além de
prejudicar o resultado final.
Fibroses e aderências

• A maior deposição de colágeno no tecido


cicatricial ocorre entre o 6º e 17º dia, e
não ocorre mais após o 42º dia.
• Após esse período, o que temos é apenas
um remodelamento do colágeno já
depositado.
• Portanto, para evitar a formação das
fibroses deve-se atuar o quanto antes,
no período inicial.
Abordagens terapêuticas

• Drenagem linfática manual.


• Endermoterapia.
• Massagem de tecido conjuntivo.
• Radiofrequência.
• O principal objetivo dessas modalidades
são o controle do processo inflamatório,
bem como a formação de fibroses.

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