Aula 3 - Recursos Civeis Na Pratica
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CURSO INTENSIVO
PRÁTICA EM PROCESSO CIVIL
JAYLTON LOPES JR.
JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO DA JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS. MESTRANDO EM CIÊNCIAS JURÍDICAS
PELA UNIVERSIDADE AUTÓNOMA DE LISBOA. MEMBRO DO IBDFAM E DA ASSOCIAÇÃO BRASILIENSE DE DIREITO
PROCESSUAL CIVIL – ABPC.
1. INTRODUÇÃO
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Prof. Jaylton Lopes Jr.
Os recursos estão previstos em lei em rol taxativo. Para cada tipo de decisão
elegida pelo legislador como relevante, haverá um ou mais recursos cabíveis, cada qual
com função e regime jurídico próprios. A taxatividade se relaciona, ainda, aos princípios
da legalidade e tipicidade, pois somente a lei pode criar um tipo de recursos.
Vê-se, assim, que não é possível a criação de tipos (espécies) recursais por
convenção das partes.
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O julgamento do recurso interposto pela parte, como regra, não gerar uma
situação jurídica pior à já suportada por ela. Se o recurso tem por objetivo uma melhora
na posição jurídica, o órgão ad quem não pode, no julgamento, criar um resultado ainda
mais desfavorável.
Não obstante, é possível que o próprio sistema recursal preveja exceções a esse
princípio. No caso do sistema brasileiro, são muitas as exceções. Vejamos algumas:
Para que o recurso seja admissível, não basta à parte manifestar a sua
insurgência em relação à decisão recorrida. Cabe ao recorrente apresentar as razões
pelas quais pretende a invalidação ou a reforma da sentença, impugnando
especificamente os fundamentos a decisão recorrida. Trata-se de princípio que também
se relaciona ao princípio do contraditório em sua dimensão substancial, pois, para que
o recorrido possa exercer o contraditório e buscar influir na decisão do órgão ad quem,
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4.1.1. CABIMENTO
Para que determinado recurso seja admitido, é preciso, em primeiro lugar, que
ele seja cabível. Para que seja cabível, é preciso que o recurso tenha previsão legal
(princípio da taxatividade). Nos termos do art. 994 do CPC, são cabíveis os seguintes
recursos: a) apelação; b) agravo de instrumento; c) agravo interno; d) embargos de
declaração; e) recurso ordinário; f) recurso especial; g) recurso extraordinário; h) agravo
em recurso especial ou extraordinário; i) embargos de divergência. Além desses, a
legislação extravagante pode prever outras espécies recursais. A título de exemplo, cite-
se o recurso inominado (art. 42 da Lei nº 9.099/95) e os embargos infringentes (art. 34
da Lei nº 6.830/80)1.
4.1.2. LEGITIMIDADE
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Os embargos infringentes previstos no art. 34 da Lei nº 6.830/80 nada têm a ver com os embargos
infringentes previstos no CPC/73. São cabíveis das sentenças de primeira instância proferidas em
execuções de valor igual ou inferior a 50 (cinqüenta) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional –
ORTN.
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Nos termos do art. 996 do CPC, “o recurso pode ser interposto pela parte
vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal
da ordem jurídica”.
Ao utilizar o termo parte, o CPC não está restringindo a legitimidade recursal às
partes originárias da demanda. Há casos em que um terceiro, até então estranho {a
relação processual, ingressa no processo e adquire a qualidade de parte. É o que ocorre,
por exemplo, com o assistente, denunciado à lide, chamado ao processo etc.
Especificamente em relação ao assistente simples, não se pode perder de vista que, por
ser parte coadjuvante (auxiliar, adesiva, contingente ou adjunta), fica à mercê da
vontade do assistido. Assim, se o assistido renunciar ao direito de recorrer, por exemplo,
o assistente simples não mais terá legitimidade recursal.
No tocante ao recurso interposto por terceiro estranho à relação processual,
não basta apenas ter interesse no resultado favorável a uma das partes. É preciso que
haja um interesse jurídico, consubstanciado na possibilidade de a decisão sobre a
relação jurídica submetida à apreciação judicial atingir direito de que se afirme titular
ou que possa discutir em juízo como substituto processual (art. 996, parágrafo único, do
CPC).
Em linhas gerais, todo aquele que teria legitimidade para ocupar um dos polos
da relação processual como litisconsorte facultativo ou na qualidade assistente simples,
mas, por alguma razão, não participou do processo, terá legitimidade parai interpor o
recurso na qualidade de terceiro prejudicado.
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Para que o recurso seja admitido, alguns fatos não podem ocorrer. Tratam-se,
portanto, de requisitos negativos de admissibilidade do recurso. Vejamos:
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4.1.4.2. RENÚNCIA
4.1.4.3. ACEITAÇÃO
Nos termos do art. 1.000, caput, do CPC, “a parte que aceitar expressa ou
tacitamente a decisão não poderá recorrer”. Na aceitação, aquele que tinha
legitimidade e interesse recursal, consente com a decisão, quer seja de forma expressa,
quer seja mediante comportamento de aquiescência incompatível com a vontade de
recorrer. “O trancamento das vias recursais é aspecto secundário e consequencial, que
pode até não ter sido querido”2.
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Ibid, p. 266.
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4.2.1. TEMPESTIVIDADE
O recurso deve ser interposto dentro do prazo previsto em lei, sob pena de
preclusão temporal. Nos termos do art. 223, caput, do CPC, “decorrido o prazo,
extingue-se o direito de praticar ou de emendar o ato processual, independentemente
de declaração judicial, ficando assegurado, porém, à parte provar que não o realizou por
justa causa”.
O prazo para a interposição dos recursos é de 15 (quinze) dias, com exceção
dos embargos de declaração, cujo prazo é de 5 (cinco) dias (art. 1.003, § 5º, do CPC).
O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a
sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério
Público são intimados da decisão (art. 1.003, caput, do CPC).
Verifica-se a tempestividade do recurso na data do protocolo da petição em
cartório ou conforme as normas de organização judiciária, ressalvado o disposto em
regra especial (art. 1.003, § 3º, do CPC). Tratando-se de recurso interposto pelo correio,
será considerada como data de interposição a data de postagem (art. 1.003, § 4º, do
CPC).
É possível que o recorrente interponha o seu recurso prematuramente, ou seja,
antes mesmo do início de fluência do prazo recursal. Durante a vigência do CPC/73,
houve grande controvérsia quanto à admissibilidade ou não do recurso prematuro,
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Todos os recursos previstos no CPC possuem uma forma mínima que deve ser
observada. De uma forma geral, os recursos devem atender aos seguintes requisitos
formais:
Forma escrita: como regra, os recursos devem ser interpostos por escrito. Não
obstante, a lei pode admitir a interposição de recurso de forma oral (ex.: embargos de
declaração no Juizado Especial Cível, art. 49 da Lei nº 9.0099/95);
Impugnação específica: nas razões recursais, deve o recorrente impugnar
especificamente os fundamentos da decisão (princípio da dialeticidade);
Congruência: o pedido formulado no recurso deve ser congruente, ou seja,
decorrer logicamente da fundamentação;
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AC no 738 QO-ED, relator Ministro Celso de Mello, Segunda Turma.
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Súmula 418.
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Nesse sentido: MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Curso de direito
processual civil, volume 2. Tutela dos direitos mediante procedimento comum, p. 522.
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Nesse sentido: MOREIRA, José Carlos Barbosa. Comentários ao código de processo civil, volume V. Rio
de Janeiro: Forense, 1974, p. 206.
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ineficácia de todos os atos subsequentes que dele dependam (art. 281, primeira parte,
do CPC).
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Ibid, p. 319.
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