Jogos Olímpicos Na Educação Física Infantil
Jogos Olímpicos Na Educação Física Infantil
Jogos Olímpicos Na Educação Física Infantil
2 – 2005
Anais do IV Simpósio de Estratégias de Ensino em Educação/Educação Física Escolar – 7 a 9 de dezembro – 2004
Resumo
Estratégia de Ensino desenvolvida com crianças de seis anos, distribuídas em quatro turmas, duas pela manhã e duas à tarde, com o objetivo de proporcionar o contato das
crianças com os Jogos Olímpicos no cotidiano escolar, constituindo para muitas delas o primeiro contato com determinadas modalidades olímpicas, evidenciando a
confraternização entre os povos, sua duração e periodicidade. A dinâmica das aulas consistia em ler um livro de história ilustrado e relacionado à modalidade esportiva que
seria vivenciada naquela aula. Foram vivenciados seis esportes e abordados os símbolos olímpicos, através de desenhos, revistas e pelo acompanhamento dos jogos pela
televisão. Ao final da estratégia, estas turmas socializaram a experiência com as demais turmas em um momento coletivo existente na escola.
Introdução
A Escola Municipal de Educação Infantil Irmã Maria Apparecida Monteiro, fundada em 19 de dezembro de 1991, está localizada no
Bairro Esperança, em Uberlândia/MG. Atende 220 crianças na faixa etária de 4 a 6 anos, distribuídas em 10 salas, sendo 5 no turno da manhã e 5
no da tarde. Estou nesta escola desde agosto de 2003, após efetivação em concurso público, trabalhando com nove turmas em aulas que ocorrem
duas vezes por semana. Mesmo atuando sozinha como professora de Educação Física nesta unidade de ensino, planejo as atividades com
referência no Planejamento Coletivo do Trabalho Pedagógico – PCTP – socializado nas reuniões pedagógicas da área destinadas para este fim.
O trabalho neste nível de ensino tem sido um desafio para mim, tanto pelas dificuldades atribuídas à recente formação, mas também, em
função das poucas experiências de Estratégias de Ensino sistematizadas para a Educação Infantil na Rede Municipal. Além deste aspecto,
encontramos nas escolas municipais um trabalho orientado, basicamente, pelos princípios da psicomotricidade, ao mesmo tempo em que se busca
também, “preparar” as crianças para a escolarização e alfabetização. Diante destas questões, ainda encontramos muitas dificuldades na
implementação de Estratégias e na condução do processo pedagógico, ficando o trabalho da Educação Física limitado, muitas vezes, a um espaço
de recreação, atribuído pela própria escola como responsabilidade da área.
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Apesar deste contexto, tenho participado no PCTP, além das reuniões mensais, dos encontros específicos para o grupo de Educação Física
Infantil, com a finalidade de ampliar a Diretrizes Básicas de Ensino para contemplar a Zona de Desenvolvimento Infantil, de acordo com a
concepção de Educação e Educação Física adotada pelo coletivo de professores participantes deste projeto. Tomando como referência estes
novos direcionamentos, senti-me motivada a sistematizar uma experiência de ensino, com a finalidade de socializá-la neste coletivo e refletir
sobre ela, na perspectiva de tornar-se uma referência para a elaboração de outras Estratégias.
Tomando como referência as Diretrizes Básicas de Ensino da Rede Municipal, a Estratégia de Ensino aqui apresentada destina-se à
Primeira Zona de Desenvolvimento, dentro do Eixo Temático Esporte, Indivíduo e Sociedade. Sua implementação ocorreu com quatro turmas de
6 (seis) anos, sendo duas no turno da manhã e duas no turno da tarde.
Caracterizando as crianças:
Zona de Desenvolvimento 1: Ensino Infantil (4 a 6 anos) 1
Nesse período de desenvolvimento, a construção da visão de realidade ocorre de maneira difusa e misturada (sincrética). Seu rendimento
qualitativo e sua disponibilidade para várias formas de movimentos, somados à manifestação de linguagem (verbal, escrita e teleológica),
demonstra que o aluno possui competência para:
• Identificar, associar e classificar objetos, conceitos, costumes e sentimentos relacionados à sua vida cotidiana;
• Agir comunicativamente, compreendendo a diferença do diálogo entre seus pares e com o grupo, aproximando-se das habilidades do
saber falar e do saber ouvir.
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Diretrizes Básicas de Ensino da Educação Física da Rede Municipal de Ensino de Uberlândia, elaboradas no contexto do Planejamento Coletivo do Trabalho Pedagógico.
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O esporte, a partir da década de 80, tem sido tema recorrente nas pesquisas acadêmicas e tem influenciado a Educação Física escolar,
muitas vezes moldando-a as particularidades da instituição esportiva, como se a Educação Física escolar fosse propriamente o esporte e/ou vice-
versa. Mesmo reconhecendo a grande proporção da prática esportiva no interior da escola, reafirmamos que Educação Física e esporte são
instituições diferentes (CAPARROZ, 2001). O esporte deve coexistir na escola e dentro do componente curricular Educação Física, junto a
outras práticas da cultura corporal como a dança, a ginástica, a expressão corporal, os jogos.
Tratar o esporte significa também discutir a Educação Física, pois conhecendo a trajetória sócio-histórica desse componente curricular
torna-se possível repensar sobre o tema esporte na escola, buscando superar sua predominância como conteúdo das aulas de Educação Física
escolar, sem, porém negá-lo a ponto de exclui-lo totalmente.
A sistematização de novas experiências, bem como a utilização de diferentes temáticas, surge da necessidade de modificar as práticas
habituais da Educação Física Infantil, há tempos assumida, exclusivamente, como psicomotricidade e recreação, ficando o esporte para as séries
mais adiantadas. Num primeiro momento, a utilização das referências psicomotoras justificou-se pela necessidade de romper com a visão
esportivizante da Educação Física, mas foram termos que se apresentaram dotados de uma imprecisão conceitual, que não atendeu aos anseios
propostos, nem conseguiram justificar a presença da Educação Física na escola (BRACTH, 2003).
De acordo com Bracht (2003, p. 53) conhecer os esportes não significa mais apenas saber executá-los, mas também saber suas regras,
sua história, sua inserção sóciopolítica. Por outro lado, como fenômeno social, o esporte já está presente na vida das crianças, antes mesmo de
sua abordagem no contexto escolar, tanto pela influência familiar quanto pelos meios de comunicação. Diante disso, justifica-se a abordagem de
um tema como os Jogos Olímpicos neste nível de ensino, ainda que numa abordagem mais descritiva, informativa e de experimentações não
voltadas para o desenvolvimento de habilidades, buscando contribuir para a construção das competências educacionais (instrumental, social e
comunicativa) desde as séries iniciais.
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9 A bola deve ser rebatida para o colega após tocar o chão, sendo
devolvida da mesma forma; A professor marca o
tempo em que cada dupla
Oitava aula: O Futebol ficará de posse da raquete
aproximadamente um
9 Leitura da história com apresentação das ilustrações e identificação
minuto.
de alguns dos elementos constitutivos do Futebol;
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O Hino Nacional
Finalizando a estratégia: Brasileiro foi cantado e a
Bandeira Nacional foi
9 Solicitar à direção da escola um momento com todas as turmas hasteada, prática habitual
reunidas no pátio para o fechamento da Estratégia; da escola às sextas-feiras
que mereceu destaque
9 Apresentar os símbolos olímpicos estudados e deixar que as junto ao tema dos Jogos
crianças falem sobre o que aprenderam acerca dos mesmos; Olímpicos.
9 Lançar perguntas sobre os elementos constitutivos das modalidades
estudadas;
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Contingências Soluções
Durante a realização desta estratégia as crianças demonstraram grande Solicitar o apoio da professora de artes para a confecção artesanal de
interesse em possuir as medalhas, porém somente um reduzido número medalhas que serão entregues a todas crianças ao final das atividades.
de crianças conseguiria recebe-las ao final das atividades.
Considerações finais
Ao fim desta estratégia percebemos as crianças mais dispostas ao diálogo, formulando questões sobre possíveis objetos, implementos que
podem ser utilizados durante as atividades, sentem-se mais motivadas com práticas orientadas e distintas da recreação livre.
Dotar a Educação Física Infantil de um rigor metodológico, tal como exige a construção de uma Estratégia de Ensino, significou:
instrumentalizar a prática, com textos específicos e adequados à essa faixa etária; promover um novo espaço de produção teórica e registro em
sala de aula, atitude não habitual para este componente curricular; superar a visão cristalizada de que as aulas de Educação Física são espaços de
recreação livre ou dotadas de alguns estímulos que partem do professor a fim de otimizar o desenvolvimento de habilidades motoras e
consciência corporal.
Finalizando, vale registrar a praticidade de atuar na perspectiva da construção de uma Estratégia de Ensino e da real necessidade de
constituirmos o hábito e as competências necessárias para, posteriormente, registrar nossa atuação orientando e avaliando nossa intervenção
político-pedagógica no cotidiano escolar.
Referências Bibliográficas
BRACHT, Valter. Educação Física Escolar: saber e legitimidade In: BRACTH, Valter (org.). Pesquisa em ação: educação física na escola. Ijuí:
Editora Unijuí, 2003. p. 51-65.
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CAPARROZ, F.E. O esporte como conteúdo da Educação Física. In: V EnFEFE. Anais V EnFEFE. Rio de Janeiro: 2001.
MATOS, E. C., GENTILE, P., FALZETTA, R. Em busca do corpo perfeito. Escola. A força da equipe. p. 41-48, ago. 2004.
Você Sabia? Turma da Mônica. São Paulo: Editora Globo e Editora Maurício de Souza, jun. 2004.
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