Lugar de Mulher É Onde Deus Quiser

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LUGAR DE MULHER É ONDE DEUS DISSER

Copyright © 2019, Renata Veras Edição publicada pela Editora Peregrino


Todos os direitos em Língua Portuguesa reservados para Editora Peregrino
Rua Maestro Vila Lobos, 179 – CEP: 61.760-000 – Eusébio, CE
www.editoraperegrino.com.br – [email protected]
• As referências bíblicas são da versão Almeida Revista e Atualizada (ARA), 2a Edição
(SBB), salvo indicação específica.

• As convicções doutrinárias e teológicas desta obra são de responsabilidade de seus


autores e colaboradores diretos, não refletindo necessariamente a posição da Editora
Peregrino ou de sua equipe de colaboradores.

• Proibida a reprodução por quaisquer meios, salvo em citações breve, com indicação da
fonte.

1a edição: 2019

COORDENAÇÃO EDITORIAL
Humberto Duarte de Medeiros
EDITOR
Valberth Veras

REVISÃO
Flávia Queiroz

CAPA
Samuel Furtado

DIAGRAMAÇÃO
César Oliveira | Nany Oliveira
EBOOK
Yuri Freire
SUMÁRIO

PARTE 1 – A FEMINILIDADE QUE DEUS DISSER


1. O Problema Sem Nome - As Raízes Da Frustração Feminina E O Caminho
Para A Satisfação
2. A Ideologia De Gênero E As Escrituras - O Mínimo Que Você Precisa Saber
3. Formando Mulheres Em Dias De Ideologia De Gênero
4. Ser Feminina Não É Ser... Qual O Significado Da Feminilidade?
5. Mulheres Em Apuros Por Causa Do Feminismo
6. Mulheres Em Apuros Por Falta De Uma Boa Teologia
7. Quando O Machismo Vem De Dentro (Dos Cristãos)
8. Por Que Não Devo Tudo Ao Feminismo
9. Mais Que Cultura Do Estupro, É ‘Cultura’ Do Pecado?
10. Lugar De Mulher É Onde Deus Disser
11. Verdadeiramente Bela, Recatada E Do Lar
12. Dia Internacional Da Mulher - Repense O Seu Papel Na Sociedade
13. Males Que A Educação Dos Nossos Tempos Legou Às Mulheres Desta
Geração

PARTE 2 – OS RELACIONAMENTOS QUE DEUS DISSER


14. Romance E Idolatria - Os Perigos Da Paixonite
15. Complexo De Irmãs De Cinderela – Esperar Ou Fazer O Que For Preciso?
16. Mulher Que Se Preza Não Corre Atrás De Homem
17. Pornografia Feminina - Quem Tem Coragem De Falar A Respeito?

PARTE 3 – A MODÉSTIA QUE DEUS DISSER


18. Ansiosa Demais Com O Que Vestir? Reflexões Em Lucas 12
19. Quer Vestir-Se Bem? Vista-Se De Boas Obras!
20. A Medida Da Sua Felicidade - Deus Nunca Ordenou Que Eu Fosse
Magra!
21. Duas Coisas Que Não Podem Faltar No Seu Guarda-Roupa - Reflexão
Em IPedro 3.3-4
22. Sobre Excessos, Modéstia, Discrição E Boas Obras
23. Manual Definitivo De Etiqueta: A Elegância Em 8 Lições!
24. Sensualidade, O Tal Poder Feminino - Reflexão Em Eclesiastes 7.26
25. Uma Mulher Encantada - Reflexão Em Provérbios 11.16

PARTE 4 – A PIEDADE QUE DEUS DISSER


26. O Que Uma Mulher Precisa? Para Crescer Em Piedade E No
Conhecimento De Deus
27. Para Guardar No Coração: O Valor Da Memorização Das Escrituras
28. Disciplinas Espirituais: Nutrindo O Amor E O Apego Ao Nosso Deus
29. ‘Esposas’ Da Reforma - Mulheres Na Reforma
30. Duas Mulheres Notáveis - Lições Sobre Postura, Possibilidade, Prioridade
E Profundidade
31. Você Não Sabe Do Que Sua Boca É Capaz!
32. Quando Deus Nos Leva Pelo Caminho Mais Longo. Reflexão Em Êxodo
13.17
33. Cansou De Ser Boazinha? Renove Suas Forças! Reflexão Em Gálatas
6.9,10
34. Colecionando Provações
35. Consumismo - O Pecado Feminino Tolerado
36. Mulheres ‘Indignas’ De Fazerem Parte Do Plano De Deus
37. Que Tipo De Mulher Você É?
38. 6 (Péssimos) Disfarces Para A Inveja
39. O Que Há No Fundo Do Meu Poço
40. TPM – Tem Paciência, Menina!
41. Toda Mulher, Uma Teóloga! Toda Mulher Precisa De Teologia
42. Envergonhada E Decepcionada Comigo Mesma. O Que Fazer Quando Eu
Pecar?
43. Pense Mais! Ame Mais! ...E Melhor
44. Mulheres à Beira De Um Ataque De Nervos – E Que Precisam Aprender a
Ser Mansas
45. Deus Não Vai Resolver Todos Os Seus Problemas!
46. 10 Coisas Que Toda Mulher Deve Saber Sobre Suas Palavras!
47. Mulheres Que Falam Demais - Bons Motivos Pra Começar A Domar A
Língua! Parte 1
48. Mulheres Que Falam Demais - Bons Motivos Para Domar A Língua. Parte
2
49. Keep Calm E Vença A Amargura, A Gritaria E A Murmuração - Reflexão
Em Efésios 4
50. O Que Significa Ser Uma Mulher Sábia?
51. Betty Scott Stam - Uma Mulher Entregue À Vontade De Deus
52. Crise De Identidade? Reflexão Em 1Coríntios 15.10
53. Faxina No Coração - Uma Reflexão Em Salmo 19.12
54. Uma Boa Notícia: Você É Incapaz!
55. Dia Da Sogra E Noras Que São Como Filhas - Reflexão Em Rute 4.15
56. Confissões De Uma ‘Mulher De Pastor’
INTRODUÇÃO

Eu sempre quis escrever um livro. Sonho de criança: plantar uma


árvore, ter um filho, escrever um livro. Eu sempre quis escrever um
livro, mas nunca escrevi. E nunca escrevi por muitos motivos. Nunca
me achei capaz o suficiente, numa me achei preparada o suficiente,
nunca me achei experiente o suficiente e, sendo bem franca, nunca
fui disciplinada o suficiente. E até hoje, nunca escrevi. E enquanto
nunca fui escrevendo um livro, sempre fui escrevendo muitas outras
coisas. Não por ambição de vida, por propósito ou outro motivo.
Sempre escrevi por necessidade. Necessidades diversas.
Necessidade de entender, necessidade de lembrar, necessidade de
não esquecer, necessidade de não me deixar esquecer,
necessidade de me fazer entendida, lembrada. Minha forma
preferida de comunicação, definitivamente, é a escrita. Sempre
escrevi muito, muito pra mim e, principalmente, muito pra Ele.
Depois para os outros.
E foi não escrevendo um livro que, agora, escrevo a introdução
disso que você tem em mãos. Um livro? E por que não? Certamente
não o idealizado nos meus melhores sonhos e projetos,
definitivamente nada pretensioso, mas real. Não um tratado
teológico ou apologético bem estruturado sobre feminilidade, mas
uma coletânea de reflexões, desabafos, registros e confissões de
uma mulher comum que escreve para entender, para lembrar, para
não esquecer, para permanecer.
Porque escrever também é permanecer. Mesmo que a escrita
permaneça guardada naquele seu caderno velho no fundo da
gaveta. O que foi escrito não se dissipará nas memórias. E quando
o que foi escrito se compartilha, a escrita se torna alcance.
E vejo na publicação desse livro não intencional uma
oportunidade de compartilhar por meio de um novo veículo (além do
blog) esses escritos. E apesar de imaginar esperançosamente
tantos públicos a quem estes escritos possam alcançar, tenho
especialmente um em mente. Um público pequeno e próximo,
pedaço de mim. A quem me foi confiada a responsabilidade de
ensinar um pouco do que aprendi nas Escrituras sobre ser mulher.
Porque escrever também é não se deixar esquecer. Escrever é
se fazer presente, mesmo quando estamos ausentes, espacial ou
temporalmente. E como uma filha que experimentou a ausência de
uma mãe, através desse livro me faço permanentemente presente
para as duas mulheres pelas quais eu mais oro, e torço e desejo
que sejam tudo e exatamente aquilo que Deus planejou para cada
uma delas. Este livro não intencional é especialmente para vocês,
Carolina e Valentina, e para todas as outras filhas, de sangue ou
não, de carne ou espírito, que Deus me conceder o privilégio de
receber.
1
O PROBLEMA SEM NOME
AS RAÍZES DA FRUSTRAÇÃO FEMININA E O CAMINHO
PARA A SATISFAÇÃO

A autora que deu o pontapé inicial da segunda onda do


feminismo nos EUA foi Betty Friedan com sua obra mística feminina
lançada na década de 1960, influenciada pela mãe do feminismo de
segunda onda na França, Simone de Beauvoir. Baseada em
pesquisas realizadas com várias mulheres, Betty Friedan chegou à
conclusão de que existia um problema responsável pelo sentimento
universal de incompletude e de frustração feminina. Para Friedan, a
raiz do problema estava fundamentalmente nos modelos de
feminilidade impostos historicamente às mulheres com seus papéis
de maternidade e domesticidade. As mulheres eram frustradas
porque suas capacidades e potenciais eram tolhidos por uma norma
abstrata que ditava que elas deveriam ficar em casa dedicando-se
ao casamento, ao lar e aos filhos e não desenvolvendo todo o seu
potencial mundo à fora. Esquizofrenias, depressão, suicídio,
infidelidade conjugal, dores psicossomáticas – tudo tinha como
causa principal a prisão que os papéis tradicionais das mulheres
infligiam sobre elas. A solução para o ‘problema sem nome’, pois
nem mesmo as mulheres que sofriam dele o conseguiam definir,
estava na negação absoluta que qualquer papel tradicionalmente
imposto sobre as mulheres, mesmo aquele biologicamente patente
– a maternidade.
No lugar destes, a mulher deveria assumir papéis fora de casa,
lado a lado e em pé de igualdade com os homens. Décadas se
passaram desde então, e o que talvez fosse difícil de refutar
empiricamente à época, salta aos olhos nos dias de hoje. A
liberação feminina e o empoderamento da mulher não trouxeram
qualquer tipo de cura ou alívio para os sintomas causados pelo
‘problema sem nome’. Nunca antes as mulheres tiveram tanta
liberdade para saírem de casa e escolherem seus papéis e nunca
antes as mulheres estiveram mais perdidas e infelizes. Pelo menos
fica claro que os problemas femininos de insatisfação e frustração
estão longe de terem acabado, pelo contrário, arrastar as mulheres
à força para fora de casa tem resultado em milhões de outros
problemas e frustrações. Basta pensar nas mulheres que, em nome
de uma carreira, protelam a maternidade e anos depois apelam
desesperadas para técnicas de reprodução assistida. Pense
naquelas que recusaram a ideia de casamento e hoje estão
solitárias, sem companheiros, sem filhos, sem família – sim, os que
vieram antes de nós vão embora antes de nós. Muitas que quiseram
ter tudo amargam hoje o fruto de casamentos sem significado e de
filhos criados por terceiros. Exaustas e duplamente infelizes.
O “problema sem nome”, apontado por Friedan, tem nome e é um
velho conhecido. O sentimento de frustração e insatisfação da
mulher nunca será resolvido se não considerado a partir da
perspectiva correta. A frustração feminina não será resolvida por
meio de novas oportunidades de realização pessoal. A frustração
feminina nunca será resolvida à parte de Deus. O “problema”
responsável por tanto dissabor na vida de todas as mulheres pode
ser nomeado por “eternidade”.
Ele fez tudo apropriado a seu tempo. Também pôs no coração
do homem o anseio pela eternidade (Ec 3.11).

Uma vida “debaixo do sol” que desconsidera o eterno leva à


inescapável constatação de que “nada faz sentido”. Em nosso
coração há um anseio que nenhum tipo de realização puramente
humana poderá suprir. Enquanto vivermos à parte de Deus
viveremos insatisfeitos e frustrados. Qualquer tentativa de resolver
essa insatisfação e frustração nos causará mais frustração e mais
insatisfação. Deus não nos criou à parte dele. Fomos feitos à sua
imagem e semelhança e temos uma ligação com o Criador. Fomos
criados por ele e para ele. Uma vida voltada apenas para si mesmo
que desconsidera o criador é uma vida inevitavelmente frustrada,
pois carece de sentido e propósito.

Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória,
pois, a ele eternamente. Amém (Rm 11.36).

Uma vida de plena satisfação só é possível se vivida diante e de


acordo com o Criador. Aquele que criou homens e mulheres iguais
em dignidade e diferentes em função a fim de cooperarem em
indispensável harmonia complementar. Que desenhou a mulher com
o potencial maravilhoso da maternidade. Que planejou a família
como unidade original de multiplicação e propagação da sua glória.
À vista disso, falar que o movimento de liberação feminina faz
parte de uma agenda que visa tornar os relacionamentos entre
homens e mulheres insustentáveis e destruir qualquer valor familiar
é até mesmo redundante. É uma verdadeira agenda de fomento à
guerra entre os sexos, ao fim das estruturas familiares, à
desvalorização da maternidade e à ridicularização da
domesticidade.
O problema não está no casamento, na maternidade ou na
domesticidade. Está na forma como encaramos a vida. Está na
forma como abraçamos e realizamos qualquer um desses papéis
por Deus concedidos à luz da eternidade que ele mesmo colocou
em nosso coração.
Como diz a famosa frase de C. S. Lewis, “eu descobri em mim
mesmo desejos os quais nada nesta terra pode satisfazer. A única
explicação lógica é que eu fui feito para outro mundo”. A fonte de
nossa frustração e insatisfação, bem como de todos os sintomas
decorrentes destas, é a falta de Deus. A solução para todos estes
problemas está em, e somente em, Deus. Que aprendamos o
caminho da busca de nossa plena satisfação somente em Deus. As
outras coisas nos serão acrescentadas.
2
A IDEOLOGIA DE GÊNERO E AS ESCRITURAS
O MÍNIMO QUE VOCÊ PRECISA SABER

Entender a ideologia de gênero, bem como a própria questão de gênero, é


entender um processo de desconstrução das questões mais básicas da
existência humana e dos fundamentos das estruturas mais básicas da
sociedade. O próprio surgimento do conceito de gênero já estabelece uma
diferenciação entre biologia e construção social. Gênero é a ideia de que os
significados historicamente conhecidos e estabelecidos como masculinidade e
feminilidade não passam de mera construção social que em nada tem relação
com sexo biológico. Ideologia de gênero é a ideia subsequente de que não se
deve impor um significado de masculinidade ou feminilidade à ninguém
baseado em sua realidade fisiológica.
Sob o tópico “gênero” encontram-se as questões sobre masculinidade e
feminilidade, sobre como se dá as relações entre estes, quais são as bases
para o estabelecimento dos gêneros e quais as implicações de cada gênero.
“Gênero” é um termo emprestado da linguística que foi introduzido nos
estudos sociológicos e antropológicos de masculinidade e feminilidade por
pesquisadores americanos para se referir às identidades subjetivas de
homens e mulheres. É importante destacar a distinção clara feita pelos
teóricos do gênero estabelecida entre gênero e sexo.
Gênero – é tudo o que é determinado social, cultural e historicamente.
Sexo – é tudo o que é determinado biologicamente.
Podemos entender como os termos são utilizados entre os teóricos na
discussão sobre o assunto (sexo, gênero, identidade de gênero e
sexualidade) a partir da síntese de Grossi1 da definição de tais conceitos:

Sexo é uma categoria que ilustra a diferença biológica entre homens e


mulheres; que gênero é um conceito que remete à construção cultural
coletiva dos atributos de masculinidade e feminilidade (que nomeamos de
papéis sexuais); que identidade de gênero é uma categoria pertinente para
pensar o lugar do indivíduo no interior de uma cultura determinada e que
sexualidade é um conceito contemporâneo para se referir ao campo das
práticas e sentimentos ligados à atividade sexual dos indivíduos.

Na abordagem da ideologia de gênero, portanto, o gênero tem origens


exclusivamente sociais e se refere à identidade adotada por uma pessoa a
partir dos aspectos biológicos, psicológicos ou sociais.
Como se desenvolveu essa noção de gênero? Pesquisadores das áreas da
antropologia e sociologia desenvolveram suas pesquisas a fim de mostrar que
não existem explicações de ordem natural para justificar e legitimar os
comportamentos sociais de homens e mulheres – tudo não passa de
formulações ideológicas.

1. Margarete Mead
Na antropologia, destaca-se Margaret Mead, antropóloga americana
pioneira que, após suas pesquisas em sociedades primitivas como Samoa e
Papua-Nova Guiné, estabeleceu que os temperamentos que reputamos
naturais a cada sexo são meras variações do comportamento humano e que
eles podem ser moldados pela educação. Seu livro “Sexo e Temperamento
em Três Sociedades Primitivas”, de 1935, foi altamente influente e
impulsionou o movimento de liberação feminina ao destacar a existência de
comunidades onde as mulheres eram dominantes.
Nas palavras de Mead “comparando o modo como dramatizaram a
diferença de sexo, é possível perceber melhor que elementos são
construções sociais, originalmente relevantes aos fatos biológicos do gênero
de sexo.”2Segundo suas pesquisas, nenhuma das tribos tinha ideia de que
homens e mulheres eram diferentes em temperamento e de que qualquer
ideia de que os traços temperamentais de dominação, coragem,
agressividade, objetividade estavam intrinsicamente associados a um sexo ou
ao outro. Para a surpresa da própria Mead que em suas palavras
“compartilhava a crença geral da nossa sociedade de que havia um
temperamento ligado ao sexo natural, que no máximo poderia ser destorcido
ou afastado da expressão normal.”3
2. Simone de Beauvoir
Em 1949, o livro da escritora e filósofa Simone de Beauvoir “O Segundo
Sexo” questiona o determinismo biológico e o desígnio divino na questão da
feminilidade. Beauvoir é considerada a mãe do feminismo francês e, com sua
conhecida frase “não se nasce mulher, torna-se mulher”, separa o aspecto
biológico do aspecto social do sexo e descreve a feminilidade como
aprendizagem social e cultural. Beauvoir zomba da existência de um ideal ou
modelo de feminilidade.

A feminilidade ‘corre perigo’; e exortam-nos: sejam mulheres, permaneçam


mulheres, tornem-se mulheres. Todo ser humano do sexo feminino não é,
portanto, necessariamente mulher; cumpre-lhe participar dessa realidade
misteriosa e ameaçada que é a feminilidade. Será esta secretada pelos
ovários? Ou estará congelada no fundo de um céu platônico? E bastará
uma saia ruge-ruge para fazê-la descer a terra? Embora certas mulheres se
esforcem por encarná-lo, o modelo nunca foi registrado. Descreveram-no
de bom grado em termos vagos e mirabolantes que parecem tirados de
empréstimo do vocabulário das videntes (p. 7).4

Apesar da ideia de gênero já estar sendo desenvolvida, o termo


relacionado à masculinidade e feminilidade só aparece em 1955 por meio do
trabalho do psicólogo americano John Money no qual ele define “papel de
gênero” como “tudo o que a pessoa faz para evidenciar a si mesma como
garoto ou homem, como garota ou mulher. Isso inclui, mas não é restrito à
sexualidade no sentido de erotismo”. Em 1968, Robert Stoller, psicólogo que
estuda o caso de hermafroditas, estabelece a diferença conceitual entre sexo
e gênero, segundo a qual sexo refere-se aos aspectos anatômicos,
morfológicos e fisiológicos (genitália, cromossomos sexuais, hormônios) e
gênero refere-se ao padrão de comportamento. Segundo ele todo indivíduo
tem um núcleo de identidade de gênero que começa a ser construído
socialmente mesmo antes de nascer e que se estabelece até os 3 anos de
idade. Depois de estabelecido esse núcleo de sua identidade, é praticamente
impossível mudá-la. E é nesse contexto que diz que é “mais fácil mudar o
sexo biológico do que o gênero de uma pessoa”.5
Por volta de 1960 e 1970 o termo ‘“gênero” começa a se desenvolver na
teoria feminista, o que corresponde à segunda onda do feminismo. Não é
possível pensar em feminismo da segunda onda sem pensar na questão de
gênero. O movimento feminista irá denunciar que as diferenças biológicas
entre homens e mulheres são usadas para justificar e legitimar as
desigualdades e levantar o conceito de gênero no qual a masculinidade e a
feminilidade são construções sociais e culturais. Por mais que reivindique que
a feminilidade é construída socialmente, a abordagem feminista não nega a
feminilidade e os aspectos naturais do sexo. Para Beauvoir, por exemplo,
ainda existem as categorias identitárias, ou seja, a identidade feminina e as
normatividades ou referentes do gênero feminino decorrentes do sexo –
identidade feminina, que deveria ser defendida e emancipada. Entretanto, o
que se entende historicamente por feminino é uma construção social
masculina e patriarcal e se propõe um novo ideal de feminilidade construído
pelas próprias mulheres.
Se você achava que o feminismo já era um mal irremediavelmente grande
para a família, certamente não poderia imaginar quão pior as coisas poderiam
ficar. Enquanto movimentos como o feminismo ainda sustentam a
heteronormatividade ao defenderem e levantarem a bandeira de uma
essência feminina (desde que o conceito de feminilidade “culturalmente
imposto pelo patriarcalismo” seja reconstruído pelas próprias mulheres), os
movimentos atuais relacionados à questão de gênero vão além, propondo
uma completa desconstrução dessa heteronormatividade, propondo o fim do
conhecimento óbvio, natural e histórico de que a humanidade existe em dois
gêneros distintos e sexualmente complementares e apregoando que não há,
essencialmente, nem o feminino nem o masculino, mas cada indivíduo é
essencialmente neutro – principalmente no que diz respeito às interações
sexuais, negando qualquer espécie de norma sexual. É o que defendem os
pensadores da teoria queer, que se dedicam às questões das práticas sexuais
lgbt e querem naturalizá-las.

3. Judith Butler
Em 1990, a filósofa americana Judith Butler propõe um completo fim do
binário sexo/gênero e leva a questão do “gênero” às últimas consequências
em seu livro “Problemas de Gênero: feminismo e subversão da identidade”.
Segundo ela não existe uma identidade de gênero por trás das expressões de
gênero. Não há uma essência natural do sujeito de cujo sexo decorre um
determinado gênero. Cada corpo não corresponde a um gênero, mas o que
há são corpos sexuados como base para uma variedade de gêneros que são
construídos através da performance, da prática.
O pensamento de Butler traz fim ao “peso metafísico” da identidade. Não
há um gênero original. Não há referentes para a feminilidade ou
masculinidade fora de si e, portanto, não existem normas verdadeiras e nem
falsas. Não existe nem o feminino nem o masculino. Butler critica o que ela
chama de ‘paradoxo feminista’ da necessidade de fixar a mulher em uma
categoria da qual elas mesmas pretendiam libertá-la. Sua proposta é o fim de
qualquer categoria identitária, da ideia de um sujeito uno ‘mulher’.
A teoria queer (teoria do estranho, do anormal) nasce no pós-
estruturalismo e condena o estabelecimento de qualquer estrutura ou modelo,
pois as estruturas sempre excluem aqueles que não se enquadram nela.
Propõe o fim do normal, porque o normal sempre pressupõe um anormal
(queer) e o exclui. Também nega a existência de qualquer tendência ou
inclinação natural. Assim, apregoa o fim da heterosexualidade como normal
ou natural defendendo que a heteronormatividade é uma invenção cultural e
que a heterossexualidade tem sido historicamente imposta compulsoriamente
sobre as crianças mesmo antes de nascer. Dessa forma, defende a
neutralidade de gêneros (gênero neutro) e uma educação neutra que se
expressa numa educação sexual com ênfase na pluralidade, na construção
individual e na liberdade de interações sexuais. Por mais que a teoria pregue
a liberdade e a pluralidade das expressões sexuais, acabam por atacar
frontalmente a expressão heterossexual como forma de fortalecer a
expressão homossexual (ditadura homossexual).
Chegamos então ao cenário pós-moderno de completa desconstrução e
destruição de ideias fixas de masculinidade e feminilidade. De qualquer
essência ou ideal masculino ou feminino. Podemos dizer que, agora sim, a
humanidade enfrenta a sua maior crise de identidade. As consequências da
desconstrução do gênero vão além do fim da essencialidade da
masculinidade e da feminilidade e da destruição da família tradicional. A
desconstrução do gênero coincide com a desconstrução e negação de
paradigmas, regras ou de qualquer ideia de normatividade e sua
consequência inevitável é o desenvolvimento e defesa de uma moral aberta,
caracterizada pela imposição da aceitação de qualquer tipo de conduta sem
julgamentos e pela cauterização sistemática da mente com relação às noções
de certo ou errado, moral ou imoral. Acima de tudo, é um ataque frontal a
todos os absolutos e, como consequência principal, a desconstrução e
negação de Deus.
Ao percorrer o caminho da (re/des) construção das certezas sexuais
elementares, a humanidade caminha também para a maior crise moral e de
identidade, onde as certezas mais básicas são destruídas, e todo e qualquer
paradigma, ideal ou modelo, é negado e ridicularizado.

O que as Escrituras nos falam sobre a questão do gênero?


As questões sobre identidades de gênero, suas diferenças e funções estão
no centro da luta social, moral e até mesmo religiosa da nossa realidade
brasileira. Estudar as raízes e os fundamentos da questão da feminilidade
nunca foi tão necessário. Os conceitos de gênero e de identidade sexual tem
sofrido um processo de desconstrução e de remodelamento que os esvaziam
completamente de significado.
As vozes pós-modernas negam qualquer absoluto, qualquer ideal e, por
conseguinte, negam a natureza permanente ou intencional dos gêneros. Tal
visão destrói os absolutos e as morais fundamentais e a sexualidade é vista
como plástica, moldável. Há uma neutralidade sexual que poderá se
manifestar de qualquer forma sem necessariamente seguir normas pré-
estabelecidas ou alguma moral. Isso vai contra o plano original do criador. É
preciso entender que quando às vezes aceitamos perspectivas morais que
desprezam a vontade Deus como Criador ao negar a existência da diferença
significativa e real entre o homem e a mulher.
Os pressupostos são que não existem diferenças inatas entre os sexos e,
naturalmente, que não existem papéis específicos para cada gênero. A era da
identidade de gênero e a cultura da sexualidade moldável implicam em
sexualidade ou gênero sem propósito. Seguindo esses pressupostos, as
diferenças entre homens e mulheres não são necessárias. Não há espaço
para distinções significantes e profundas na identidade sexual humana.
A luta pela igualdade acaba por ignorar ou recusar o caráter complementar
das diferenças entre homens e mulheres. Não se trata apenas de uma
reivindicação de igualdade de dignidade, de valor – igualdade ontológica –
mas se trata de uma luta por uma igualdade total, que destrói as diferenças
obviamente visíveis. Devemos notar que luta por essa igualdade está na
verdade desumanizando a sexualidade humana.
A agenda da ideologia de gênero caminha para o que eles chamam de
“neutralidade de gênero”. As normas tradicionais para os papéis do homem e
da mulher não mais devem existir. Com o fim das normas de gênero, não são
apenas os papéis sociais que mudam, mas, principalmente, a ordem
estabelecida por Deus para o mundo é redefinida. Mesmo dentro do
cristianismo os papéis distintos estabelecidos por Deus para o homem e para
a mulher não são considerados válidos e muitos se sentem insatisfeitos e
lutam contra estes papéis e contra a forma como tais papéis se aplicam à sua
vida.

Evidências bíblicas da essência da identidade masculina e feminina


O pensamento antigo é acusado de fatalismo biológico ao considerar os
aspectos biológicos determinantes das diferenças comportamentais. Segundo
essa visão, os fatores naturais são responsáveis pelas diferenças e
desigualdades entre homem e mulher negando qualquer importância dos
processos de interação social.
A veia teísta deste fatalismo biológico pode ser notada nas concepções de
alguns pais apostólicos da Antiguidade e Idade Média que estabelecem a
desigualdade entre homem e mulher (leia-se a inferioridade ontológica da
mulher) como divinamente predeterminada na criação.
Os construcionistas sociais dirão que as diferenças comportamentais são
decorrentes da socialização. As desigualdades entre homens e mulheres
estão relacionadas às desigualdades nas relações de poder na sociedade. Os
papéis de gênero são construções inteiramente sociais e historicamente as
mulheres estiveram em posição desprivilegiada por causa da dominação
masculina e patriarcal.
Já a sociologia pós-moderna dirá que nem ao menos existem as
dicotomias clássicas homem x mulher, indivíduo x sociedade, natureza x
cultura. E o que as Escrituras dizem sobre o gênero e, especificamente, sobre
a feminilidade? E como as Escrituras explicam as diferenças entre homem e
mulher, e as desigualdades historicamente conhecidas?
Enquanto a nossa cultura (re)define a sexualidade e as identidades de
gêneros como algo maleável e os próprios cristãos questionam a clareza do
propósito divino, é necessário reafirmar que as Escrituras ensinam que a
identidade sexual é algo profundamente intrínseco, fixo, proposital,
necessário, bom e eterno.
A Bíblia é clara em mostrar que cada corpo sexual corresponde a uma
identidade de gênero própria, definida, imutável e eterna. Os serem humanos
não são corpos neutros à mercê das interações que porventura virão. Tudo
isso pode ser visto no relato da criação.
1. A humanidade não é humanidade por causa da socialização. E a mulher
não é mulher porque aprendeu a ser mulher. A humanidade foi criada
propositadamente por Deus de forma separada dos animais. Foram feitos
segundo à imagem e semelhança de Deus e são os únicos que são criados
assim. A humanidade é fruto do plano de Deus. Ela não se originou por meio
de eventos aleatórios ou de uma seleção natural, onde o mais forte sobrevive.
2. Só existem dois gêneros - masculino e feminino – que são determinados
pelo Criador. Nem existe o gênero neutro e nem o terceiro ou quarto gêneros.
Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e
mulher os criou (Gênesis 1.27).
Masculinidade e feminilidade são estabelecidas no momento da criação,
não são desenvolvidas socialmente. Papéis e hierarquias não são escolhidos
ou desenvolvidos socialmente. São determinados e comunicados por Deus no
momento da criação. Deus criou Adão já maduro, com um corpo masculino e
uma identidade masculina definida. Não apenas isso, mas com funções e
hierarquia bem definida. Uma identidade completa – biológica, ontológica,
psicológica, funcional e hierárquica. O mesmo no que diz respeito à mulher.
Não há espaço para escolha, seja de identidade sexual, função ou posição
hierárquica.
3. Gênero não se distingue de sexo. Homem e mulher foram criados como
uma unidade de corpo e espírito de forma que esta unidade corresponde a
unicamente uma identidade de gênero.
Deus criou espíritos encarnados. Deus não criou primeiro o espírito e
depois o corpo ou vice-versa. Homem e mulher foram criados em um ato
divino único. O corpo é essencial para os seres humanos e cada corpo inclui
uma identidade sexual logo, a identidade sexual é essencial para a existência
humana.
4. Homem e mulher são criados iguais no que diz respeito a ambos serem
feitos à imagem de Deus, serem iguais em dignidade e valor, e terem o
mesmo propósito maior de se relacionar com ele e glorificá-lo.

Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem


e mulher os criou (Gn 1.27).

5. Homem e mulher são criados diferentes no que diz respeito às questões


físicas, funções específicas e hierarquia. Homem e mulher não são a mesma
coisa. São diferentes, frutos de dois atos criativos diferentes e distintos. A
diferença entre homem e mulher é carregada em cada célula, em cada
cromossomo propositalmente projetado pelo Criador.
No que se constituem essas diferenças é algo difícil de determinar com
exatidão. Não há dúvidas com relação às diferenças biológicas, funcionais e
hierárquicas – estas estão explicitamente claras nas Escrituras. Com relação
a diferenças subjetivas e outras (força, tamanho do cérebro, aspectos
psicológicos, hormonais, sociais, emocionais, intuitivos) muitos
empreenderam pesquisas a fim de as estabelecerem.
6. As diferenças entre homem e mulher são boas e necessárias. Homem e
mulher foram criados de forma complementar, e não como iguais (mais sobre
isso no texto sobre concepções cristãs da relação entre os gêneros) – tudo foi
previamente definido por Deus segundo sua vontade perfeita, soberana e
graciosa. E tudo o que Deus faz é bom e tem um propósito e um fim
proveitoso.
Os dois atos criativos de Deus, um ao criar o homem e outro ao criar a
mulher não são sem propósito e chamam a atenção para algo que não
poderia ser de outra maneira. As diferenças servem a um propósito que não
seria cumprido se fosse diferente. Vindo das mãos de um Deus perfeito as
diferenças não apenas são necessárias como são boas e perfeitas.
7. As desigualdades históricas entre homem e mulher não são fruto de
suas diferenças. O fato de Deus ter criado homem e mulher antes do pecado
mostra que as identidades sexuais nada têm a ver com a queda e nem com
as desigualdades entre eles.
Homem e mulher foram criados perfeitos, e viviam de forma harmoniosa
em seus papéis e posições diferenciadas. As desigualdades e todos os
comportamentos desajustados (machismo, feminismo, sexismo) são
consequência do pecado.
8. As diferenças entre homem e mulher são eternas. A identidade de
gênero – a identidade do homem como homem e da mulher como mulher – é
algo profundo, importante e eterno. Não relativo, plástico, moldável ou
construído culturalmente.
Na ressurreição, há a promessa de que iremos experimentar a
continuidade da nossa identidade pessoal e, portanto, nossa identidade
sexual. A promessa divina da ressurreição corporal presume a natureza
essencial da identidade sexual humana. A resposta de Cristo aos saduceus
deixa claro que homens não deixarão se ser homens na eternidade. Muito
menos as mulheres deixarão de ser mulheres, como era tão comumente e
erroneamente pensado na pelos primeiros cristãos.
Não há dúvidas, para a maioria de nós, quanto à questão de se
continuaremos com nossas identidades sexuais após a ressurreição,
entretanto essa era uma questão comum nos tempos passados, talvez pela
visão extremamente negativa que tinham do corpo e da sexualidade em
dicotomia com o espírito e a santificação (principalmente no que se refere à
mulher). Não há dúvidas que nossas identidades sexuais são algo tão
intrinsecamente ligadas a nós e completamente imutáveis e determinantes de
quem nós somos que as levaremos mesmo depois de nossa morte.
Agostinho, em resposta aqueles que pensavam que na ressurreição todos
os homens e mulheres iriam perder o seu sexo, dizia: “Então, Ele que criou
ambos os sexos, os restaurará.”6
Continuaremos como mulheres, com nossa identidade feminina após a
ressurreição. Se as funções sexuais relativas à nossa identidade sexual não
mais existirão (sexo, filhos, casamento) ainda assim funções relacionadas à
nossa identidade certamente terão um propósito dentro do plano de Deus,
para o qual nada é sem razão ou sem proveito. Usando um pouco de
especulação teológica, podemos pensar que Deus tem um intento muito
profundo para a masculinidade e feminilidade no Estado Eterno quando os
papeis de cada um não mais existirão.
Em um movimento contrário à desestruturação e destruição, faz-se
necessário reafirmar a existência, os fundamentos, e a essência da
feminilidade e da masculinidade. É necessário traçar uma ontologia feminina
e masculina no sentido da natureza essencial do ser mulher e homem de
acordo com a revelação divina da sua criação. A Bíblia descreve a gênese
feminina e masculina e através dela nos permite voltar às causas primeiras do
ser homem e do ser mulher, ao entendimento das características
fundamentais bondosamente pensadas e projetadas por Deus.
E viva a diferença!

1.
http://miriamgrossi.paginas.ufsc.br/files/2012/03/grossi_miriam_identidade_de_genero_e_sexualidade.pdf
2. MEAD, Margareth. Sexo e Temperamento. São Paulo: Perspectiva, 2003, p.22.
3. Ibid. p.26.
4. Beauvoir, Simone. O Segundo Sexo. São Paulo: Difusão Europeia do Livro.
5. http://bibliobase.sermais.pt:8008/BiblioNET/upload/PDF3/01935_identidade_genero_revisado.pdf
6. Heimbach, D. R. (2002). The Unchangeable Difference: Eternally Fixed Sexual Identity for an Age of
Plastic Sexuality. In W. Grudem (Org.), Biblical foundations for manhood and womanhood (p. 283).
Wheaton, IL: Crossway Books.
3
FORMANDO MULHERES EM DIAS DE
IDEOLOGIA DE GÊNERO

Que tempos vivemos! Como muitos já têm observado, vivemos


tempos em que precisamos defender o óbvio. Quem diria que um
dia seria necessário ensinar a mulher a ser mulher!
Os ideólogos de gênero certamente diriam que precisar ensinar a
mulher a ser mulher é uma prova cabal de que não existe essa tal
feminilidade essencial, carregada por cada mulher ao nascer. Nós
que conhecemos as escrituras e o verdadeiro estado do mundo
onde vivemos podemos afirmar que a essência da feminilidade
existe e que ela precisa ser resgatada por causa dos efeitos
devastadores do pecado sobre os gêneros. O pecado fez com que a
ordem mais natural das coisas fosse subvertida (Rm 1.20-32).
Por causa disso, Deus os entregou a paixões vergonhosas. Até
suas mulheres trocaram suas relações sexuais naturais por outras,
contrárias à natureza (Rm 1.26). Sim, vivemos tempos de rejeição e
completa desconstrução dos valores cristãos. Por essa razão este é
um assunto necessário e urgente – para o bem da sociedade, da
família e da igreja.

Por que a feminilidade está tão sob a mira do inimigo?


Atacar a feminilidade é atingir o núcleo mais básico da sociedade.
Toda essa construção ideológica de gênero faz parte de uma
agenda anti-família, anti-vida, anti-cristã que tem por objetivo
destruir a forma e influência da família através do fim da família
tradicional, do êxodo feminino do lar, do fim da autonomia da família
e da terceirização da educação de seus filhos e, na sua expressão
mais cruel, através de campanhas pró-aborto.

A sutileza da influência da distorção da feminilidade na sociedade e


no meio cristão
Quanto o inimigo já ganhou com seus ataques? Analistas
contemporâneos comentam sobre a morte da filosofia feminista.
Infelizmente o que ocorre é que as ideias por ele defendidas já
foram de certa forma tão popularizadas e incorporadas ao
imaginário coletivo social que hoje se torna difícil distinguir o
feminismo do pensamento social comum.
Infelizmente, todas nós, mesmo aquelas que nasceram em lares
cristãos, nos tornamos “feministas” em alguma medida. Existe uma
essência absoluta da feminilidade que foi cuidadosamente
desenhada e projetada por Deus. Quem define o que é o feminino é
o criador do feminino.

O que é ser mulher?


Considerando as limitações de qualquer definição, digo que a
mulher é “uma criação especial e distinta de Deus à sua imagem e
semelhança para atuar em parceria complementar indispensável
com o homem e sob a sua liderança para a glória de Deus.”

Ideias erradas sobre feminilidade


Aqui cabe uma importante nota sobre o que não significa ser
mulher. Ser feminina não é ser frívola, incapaz, fútil, vaidosa ao
extremo. Alguns acusam a visão judaico-cristã de tornar as
mulheres em pessoas frívolas e alienadas por atribuir a elas papéis
específicos relacionados ao matrimônio, maternidade e
domesticidade. Nada mais distante da realidade!
O ensino bíblico de feminilidade é que a mulher deve exercer seu
mandato cultural por meio do pleno desenvolvimento de suas
capacidades observando as suas prioridades e as funções
divinamente ordenadas para o bem da sociedade e para a glória de
Deus.
Com base no que vimos, feminilidade tem mais a ver com ser
digna, capaz, ativa, necessária, respeitável, humilde. As Escrituras
estão recheadas de exemplo de mulheres fortes, determinadas, que
fizeram diferença no mundo sem desconsiderar seu papel ou função
como mulher.

Ensinando os ideais bíblicos de feminilidade


Com base no que vimos, como podemos ensinar as meninas a
serem verdadeiras mulheres? Seguem, então, algumas dicas
práticas.
- Ensinando a honrar a sua natureza feminina:
Se portar com honra de forma digna de uma mulher criada à
imagem e semelhança de Deus. Desenvolver capacidades,
intelecto, dons, talentos. Espelhar a beleza, ordem, o capricho do
criador através da forma como se porta, se veste, se cuida, fala.
- Ensinando a valorizar e nutrir os atributos de feminilidade (Tt
2.4,5): Depois de ver a essência da feminilidade, faz todo o sentido
o ensino de Paulo em Tito 2.4,5.
- Ensinando a amar o casamento - pureza, castidade:
Isso não significa incentivar relacionamentos fora do tempo.
Cuidado com a hiperssexualização. Ensinando que relacionamento
entre homem e mulher é coisa séria. Ensinando valores corretos de
pureza, castidade, guardar o coração. Mostrando o casamento
como algo bom, como benção.
- Ensinando a amar a maternidade:
Mostrando a maternidade como missão (benção) da mulher.
Ensinando a valorizar a relação mãe e filha / ter bons exemplos.
Ensinando a organizar as prioridades, a priorizar o que é mais
importante em cada fase da vida (carreira / família - tempos e
tempos na vida da mulher).
- Ensinando a amar o lar e a domesticidade:
Mostrando o lar como missão da mulher, não como prisão.
Ensinando a valorizar a missão de educar os filhos.
Ensinando a ser boas donas de casa – tudo para a glória de
Deus.
Mostrando as oportunidades de serviço no lar – lar como QG.
- Ensinando a viver o caráter complementar dos gêneros.
- Fim da guerra entre os sexos: ensinar a não ver homens como
inimigos, mas como parceiros, herdeiros da mesma graça de vida.
- Respeitar e honrar as lideranças masculinas:
Ensinar a respeitar os pais, pastores, líderes. Esse ponto é
especialmente delicado pela falta de figuras masculinas sadias em
lares disfuncionais. Devemos ter em mente que muitas vezes, os
únicos modelos de relacionamento de gêneros saudáveis que
algumas crianças poderão ter virá (ou deverá vir) da igreja. A igreja
pode ser o único lugar onde verão a hierarquia funcional
estabelecida por Deus funcionando.

Chamada à uma autoavaliação


Algo de fundamental importância é o fato de que, certamente, a
forma mais eficaz de ensinar esses valores às meninas que nos
rodeiam é por meio dos nossos exemplos. Por esse motivo, faço
uma chamada a uma autoavaliação a fim de analisarmos como
estamos como mulheres diante dos ideais divinos para a
feminilidade.
1. Você se porta com dignidade, como filha amada do Deus
altíssimo? O seu modo de falar, de se comportar, de se vestir
refletem o Deus que a criou?
2. Você reconhece e respeita o caráter complementar dos
gêneros? Ou acha que pode fazer tudo sozinha? Vive em
competição?
3. Você respeita e honra as lideranças masculinas estabelecidas
por Deus sobre você? Marido, pastor, líder, pai?
4. Você valoriza a maternidade? Vê a maternidade como benção
ou como empecilho, fardo?
5. Você encara a maternidade como uma missão e cumpre essa
missão com zelo e excelência ou delega a sua função?
6. Você ama o seu lar e cuida dele como um centro importante de
benção para a família? Ou ele é a última prioridade da sua lista?
Você é ausente?
4
SER FEMININA NÃO É SER...
QUAL O SIGNIFICADO DA FEMINILIDADE?

Ninguém discute que homens e mulheres são diferentes (aliás,


alguns loucos querem questionar o óbvio). Deus criou homem e
mulher, cada um, de forma singular e com um belo propósito em
mente. Eles são o fruto da perfeita e bela obra de Deus. O homem e
a mulher foram criados diferentes, e essas diferenças não podem
ser suprimidas, pois estão no âmago de quem somos.
Mas em quê se constitui essa diferença? Existe algo específico e
básico na feminilidade que se diferencia da masculinidade, e que
Deus projetou e quer que expressemos? Existem características,
traços de personalidade e temperamentos próprios da feminilidade,
e que são inatas e particulares das mulheres? Temperamento,
habilidades, instintos, qualidades, modo de ser, de viver e de pensar
próprio da mulher?
Deus projetou homem e mulher igualmente à sua imagem e
semelhança, igualmente dignos e valiosos diante de Deus, com as
mesmas capacidades morais, intelectuais, espirituais e relacionais.
Ao mesmo tempo em que os projetou iguais, também os projetou
diferentes de forma que se complementassem. As diferenças
biológicas, por exemplo, são incontestáveis e certamente tais
diferenças (hormonais, cerebrais, fisiológicas) imprimem nuances e
matizes sobre como homem e mulher expressam cada um dos
aspectos que lhe são comuns.
Ao tentarmos definir de que forma a feminilidade se diferencia da
masculinidade é preciso ter cautela para não resumir tais diferenças
em termos de capacidades ou características pessoais. Isso foi
muito comum através dos séculos e levou a terríveis equívocos. As
mulheres eram consideradas naturalmente irracionais, vulneráveis,
carnais. Jacques Sprenger,7 inquisidor do século xv dizia que “a
mulher é mais carnal que o homem; vemos isto por suas múltiplas
torpezas… existe um defeito na formação da primeira mulher, pois
ela foi feita de uma costela curva, torta, colocada em oposição ao
homem. Ela é, assim, um ser vivo imperfeito, sempre enganador.” E
ainda “se hoje queimamos as bruxas, é por causa de seu sexo
feminino”. Fílon de Alexandria,8 filósofo judeu-helenista que viveu
durante o período do helenismo, dizia que “o sexo feminino é
irracional e inclinado às paixões animais, medos, tristezas, prazer e
desejo, de onde provêm fraquezas incuráveis e doenças
indescritíveis”. Ele também cria que “por causa da suavidade (a
mulher) facilmente se afasta e é levada por mentiras plausíveis que
se assemelham à verdade”.
O fato é que existem mulheres fortes e homens fisicamente
fracos. Existem mulheres rudes e homens sensíveis e carinhosos.
Existem mulheres espertas e homens ingênuos. Existem mulheres
“desligadas” e homens “intuitivos”. Existem mulheres ativas e
homens passivos. Muitas destas características não dizem respeito
exclusivo a um determinado gênero, mas são características
comuns à humanidade e se expressam de uma forma ou de outra
nos indivíduos de acordo com sua condição espiritual, pessoal,
cultural (o que não significa que elas deixem de ser pecado ou não).
Definir feminilidade em algum desses termos pode levar à cair no
erro fatalista de que certas características (algumas inclusive
pecaminosas) são inerentes a um sexo e, por isso, justificáveis.
Algumas mulheres podem se apoiar em uma suposta
característica “naturalmente” feminina para pecar – achar que, por
sua natureza, está liberada para falar demais, ser ansiosa, ser
emocionalmente instável, ser intelectualmente dispensada, ser
preguiçosa ou passiva. Da mesma forma, homens podem se apoiar
em características “naturalmente” masculinas como a agressividade
e a promiscuidade para pecar. Em lugar de tais características
serem naturalmente masculinas ou femininas, tais características
são naturalmente pecaminosas.
É fundamental que evitemos definir a feminilidade por critérios
superficiais, como cozinhar, ser sensual, doce e meiga. Ou achar
que tal mulher não é feminina porque joga futebol. Ser mulher bem
como ser homem tem mais a ver com a questão de atitude em
relação a si mesma e aos seus relacionamentos.
O fato é que homem e mulher foram criados igualmente
racionais, responsáveis por seus atos, capazes de compreender,
capazes de liderar, igualmente inteligentes, igualmente morais. E
ambos devem conduzir cada um desses aspectos, mesmo sob
influências biológicas ou espirituais, em santidade e de forma a
cumprir o seu papel distintivo para glória de Deus.
Mesmo no cumprimento de seu papel distintivo como ajudadora
em submissão, é necessário ter cuidado para não confundir a
submissão com passividade, preguiça, falta de iniciativa ou qualquer
atitude pecaminosa do gênero. Submissão não significa ter que
concordar com tudo o que a autoridade nos diz. A mulher pode ser
submissa e ainda ter sua opinião ativa nas decisões da família.
Piper9 diz: “Observe: precisamos nos acautelar a respeito das
diferentes forças de homens e mulheres. Quando alguém pergunta
se achamos que as mulheres são, digamos, mais fracas, ou mais
inteligentes, ou mais facilmente amendrontadas do que os homens,
ou algo assim, uma boa resposta seria mais ou menos esta: as
mulheres são mais fracas do que os homens em alguns aspectos, e
os homens são mais fracos do que as mulheres em alguns
aspectos; as mulheres são mais inteligentes do que os homens em
alguns aspectos, e os homens são mais inteligentes do que as
mulheres em alguns aspectos… Deus pretende que todas as
“fraquezas” que são caracteristicamente masculinas evoquem e
destaquem as forças de uma mulher. E Deus pretende que todas as
“fraquezas” que são caracteristicamente femininas evoquem e
destaquem as forças de um homem… masculinidade e feminilidade
devem se complementar, em vez de se duplicarem… a maneira
como Deus fez é boa… ninguém é de menor valor do que outro.
Homens e mulheres são de valor e dignidade iguais aos olhos de
Deus – ambos criados à imagem de Deus e extremamente
singulares no universo.”
As diferenças podem ser mais seguramente definidas em termos
de relacionamento do que em uma lista de características
peculiares. As diferenças entre homens e mulheres se encontram
em aspectos que os capacitam a atuar com mais eficiência em uma
esfera de responsabilidade do que em outra. É tudo o que Deus deu
à mulher para realizar seus papéis específicos de auxiliadora,
esposa e mãe.

Algumas definições de feminilidade são:


“Feminilidade como ter consciência da essência que Deus
colocou na mulher, que a capacita a convidar outros, com toda
confiança e amor, para terem comunhão com Deus e com ela
mesma, ciente de que em todo relacionamento encontrará um
motivo de satisfação.”10 “A verdadeira feminilidade é um chamado
distinto para demonstrar a glória do seu filho de maneira que não
seriam demonstradas se não houvesse feminilidade”.11
“No cerne da feminilidade madura está uma libertadora
disposição de ratificar, receber, e nutrir força e liderança de homem
dignos, por meio de formas apropriadas aos diferentes
relacionamentos de uma mulher”.12
Costumamos pensar na feminilidade sempre em contraste com a
masculinidade. Precisamos pensar nas diferenças entre homens e
mulheres mais em termos de complementariedade do que de
deficiência/eficiência ou de competição. As palavras chave são
cooperação e interdependência.
Em um movimento contrário à desestruturação e destruição, faz-
se necessário reafirmar a existência, os fundamentos e a essência
da feminilidade. É necessário traçar uma ontologia feminina no
sentido da natureza essencial do ser mulher de acordo com a
revelação divina da sua criação. A Bíblia descreve a gênese
feminina e através dela nos permite voltar às causas primeiras do
ser mulher, ao entendimento de suas características fundamentais
bondosamente pensadas e projetadas por Deus.
E viva ser mulher!

7. Schaff, Philip. History of the Christian Church.V.6.


8. Tucker, Ruth. Daughters of the Church. Grand Rapids: Baker, 1987, p.63.
9. Piper, John. Homem e Mulher. São José dos Campos: Fiel, 1996, p.26.
10. Crabb, Larry. Viva a Diferença. Venda Nova: Betânia, 1997, p.150.
11. Piper, John. O Sentido Último da Verdadeira Feminilidade. São José dos Campos: Fiel,
2014, p.5.
12. Piper, John. Homem e Mulher. São José dos Campos: Fiel, 1996, p.22.
5
MULHERES EM APUROS POR CAUSA
DO FEMINISMO

Em Colossenses 2.8, o apóstolo Paulo nos adverte a ter “cuidado


para que ninguém os escravize a filosofias vãs e enganosas, que se
fundamentam nas tradições humanas e nos princípios elementares
deste mundo, e não em Cristo”. Infelizmente as mulheres têm sido
alvo e presa fácil desse tipo de influência.
Sim! Todas nós temos sido influenciadas pelo feminismo. Talvez
muitas, no primeiro momento, rejeitem essa afirmação, mas o fato é
que muito do que entendemos de feminilidade claramente não vem
das escrituras. Boa parte do que entendemos sobre o que é ser
mulher, sobre nosso valor, papel e lugar no mundo vem de outras
fontes que não as escrituras.
Não percebemos essas influências porque muitas de nós nunca
pararam para refletir sobre suas crenças e convicções mais
fundamentais: o que é ser uma mulher para você? Qual o valor e o
lugar da mulher no mundo? Infelizmente, não discernimos nossas
próprias crenças, nossos pensamentos mais profundos. Não
paramos para pensar no que realmente cremos. E é aí onde as
influências de ideias e filosofias ‘do mundo’ podem estar
escondidas.
Além disso, temos pouco ou nenhum entendimento sobre os
fundamentos verdadeiros e os princípios bíblicos mais básicos da
nossa feminilidade e por isso nos tornamos vulneráveis (esse é
exatamente o assunto do próximo capítulo – Mulheres em apuros
por falta de uma boa teologia).
A forma como vivemos, nos comportamos, falamos, sentimos
mostra que nossas crenças e convicções são, em grande parte,
moldadas pelos valores do mundo (predominantes da nossa
sociedade). E de onde vem nossas crenças, nossas convicções
sobre o que significa ser mulher? Elas acabam vindo de uma mescla
de informações e de uma educação (de uma vida toda) fortemente
influenciada por filosofias alheias às Escrituras. E isso é fato mesmo
para aquelas que nasceram em famílias cristãs.
E uma filosofia que sutilmente tem moldado e determinado muito
das nossas crenças com relação à feminilidade é, indiscutivelmente,
o feminismo. Todas nós temos sido influenciadas pelo feminismo e
nem nos damos conta disso. E o que é o feminismo?
O feminismo é um movimento que tem assumido características
específicas em suas diferentes fases. Traçando um breve panorama
histórico podemos dizer que o feminismo é dividido em três ondas:
primeira onda – século XVIII e XIX, segunda onda – década de
1950/1960, terceira onda – década de 1990.
A primeira onda surgiu no final do século XVIII, início do século
XIX e foi caracterizada pelos movimentos de mulheres em busca de
direitos civis: direito de voto, trabalho, acesso à educação são
alguns exemplos dos assuntos nas pautas das reivindicações.
Esses movimentos foram bem-sucedidos em alguma medida.
Muitos direitos foram conquistados e o movimento arrefeceu suas
forças a ponto de ficar ‘adormecido’.
No século XX, especificamente nas décadas de 1950 e 1960, um
novo movimento de mulheres surge. É o que conhecemos hoje
como feminismo de segunda onda, feminismo moderno ou
feminismo propriamente dito. Enquanto o feminismo de primeira
onda tinha um caráter mais prático, em busca de direitos civis para
as mulheres (alguns nem chegam a considerar essa primeira onda
como feminismo), o feminismo de segunda onda assume um caráter
mais ideológico.
O feminismo de segunda onda, ao contrário do que abertamente
alega, não tem seu foco apenas em defender os direitos das
mulheres. Ele se desenvolve a partir de uma base filosófica
existencialista e humanista e propõe uma redefinição radical do
significado de feminilidade. Sua proposta central é a desconstrução
de qualquer ideia essencial/paradigmática de feminilidade, ideia
essa que, segundo ele tem historicamente oprimido e aprisionado as
mulheres em uma existência/condição inferior.
A terceira onda consiste em desdobramentos mais recentes da
segunda fase, fundamentado nos mesmos pressupostos ideológicos
e, por esta razão, não é tão relevante para o propósito desse
trabalho.

E o quanto o feminismo tem nos influenciado?


Por ser um movimento do século passado, algumas de nós pode
achar ultrapassado falar de feminismo em pleno século XXI, mas o
fato é que ele continua vivo e as suas influências nos acompanham
de maneira muito íntima. De fato, alguns analistas contemporâneos
gostam de falar da morte da filosofia feminista, mas o que realmente
aconteceu foi que as ideias feministas se tornaram tão populares e
tão comuns que passaram a estar incorporadas no imaginário
coletivo social. Hoje tornou-se difícil distinguir o pensamento e as
ideias feministas do pensamento social comum.
O que um dia foi absolutamente radical tornou-se comum. As
ideias inicialmente tão escandalosas, sutilmente e aos poucos foram
ganhando espaço e se integrando às nossas crenças ao ponto de
nem mais as identificarmos com o movimento que deu origem a ela.
Muito da ideologia feminista se tornou parte do nosso modo de
pensar. A triste realidade é que todas nós nos tornamos “feministas”
em alguma medida – e isso é fato mesmo para aquelas que
nasceram e cresceram em lares cristãos.
A forma como respondemos a perguntas como “o que significa
ser mulher?” ‘O que determina o valor da mulher?’ ‘qual o papel da
mulher no mundo?’ pode revelar o quão influenciadas são as nossas
crenças por filosofias alheias às Escrituras e o quão perto ou quão
longe estamos dos ideais bíblicos de feminilidade.
E é por isso que é preciso examinar e identificar de que forma
nossas crenças foram influenciadas para que elas possam ser
corrigidas.

Como o feminismo tem nos influenciado?


Gostaria de discorrer sobre pelo menos três formas como as
nossas crenças mais básicas sobre a feminilidade têm sido
influenciadas pela ideologia feminista e como isso tem nos trazido
problemas e nos deixado em sérios apuros.
- Fomos influenciadas a achar que somos a autoridade máxima
em nossas vidas;
- Fomos influenciadas a desprezar os nossos atributos de
feminilidade;
- Fomos influenciadas a achar que o nosso valor é determinado
pelo que fazemos e não pelo que somos.
1. Fomos influenciadas a achar que somos a autoridade máxima
em nossas vidas
Muitas pessoas perguntam porque não pode haver comunhão
entre feminismo e cristianismo (e, por consequência, porque o
movimento feminista cristão não é um movimento digno de
aceitação).
A resposta está nas raízes do movimento feminista. O feminismo
nasce no terreno preparado pelo “iluminismo”, e “renascimento”. O
cerne desses movimentos é o “humanismo” – o homem como centro
de todas as coisas. Rejeitando o pensamento medieval de Deus no
centro do pensamento, Deus é deixado de lado.
O feminismo surge então como a contraparte feminina desse
pensamento humanista: a mulher é colocada como o centro de
todas as coisas. Se Deus não deveria ser o centro, nem tão pouco
deveriam os homens. O feminismo trouxe com força a ideia de que
a mulher tem direito de definir a ela mesma, de dizer o que é melhor
para ela, e mais ninguém! Somos a autoridade máxima sobre nós e
temos direito de dizer o que quisermos, fazer o que quisermos, viver
como quisermos.
No coração da ideologia feminista está o problema com a
autoridade. Nós mulheres, não queremos ninguém nos dizendo o
que somos, quem somos, o que podemos e o que não podemos
fazer.
Isso é claramente expresso nos gritos e nas palavras de ordem
das mulheres de hoje: “meu corpo, minhas regras!” “Ninguém me diz
o que fazer!’” “Só a mulher sabe o que é melhor para ela!’ ‘lugar de
mulher é onde ela quiser!”
No centro da ideologia feminista está a busca por uma autonomia
e uma liberdade feminina total e a todo custo. E para a mulher
alcançar toda a autonomia e liberdade almejada é necessário negar
qualquer ideia de um Deus lhe dizendo quem ela é e o que ela deve
fazer. Deus é tirado da equação. Logo não existe essa história de
propósito divino para a criação da mulher. E é isso que, no final das
contas, o feminismo faz: nega a existência de um significado
essencial, transcendente de feminilidade.
Simone de Beauvoir, figura emblemática dessa fase, é a grande
responsável pelo início do feminismo moderno com a publicação do
seu livro O Segundo Sexo, que acaba por se tornar o fundamento, o
arcabouço filosófico e ideológico do movimento. Segundo ela, “não
se nasce mulher, torna-se mulher” – não existe propósito, regra ou
modelo de feminilidade que a mulher deva seguir. A ideia de
feminilidade que conhecemos é uma invenção patriarcal para
oprimir e explorar as mulheres. Essa história de um padrão de
feminilidade (de submissão, castidade, modéstia – ao que ela
denomina de ”o eterno feminino”) não passa de um padrão
inventado pelos homens para seu próprio benefício e prazer. Esse
ideal de feminilidade é uma mera construção social que deve ser
descontruída e reconstruída em nossos próprios termos.
E foi assim que o feminismo esvaziou completamente o
significado e o propósito de feminilidade. O feminismo entregou às
mulheres o direito de definir a elas mesmas e elas ficaram perdidas.
Afinal, o que significa ser mulher?
Ao tomar para si o direito de mandar na vida, as mulheres se
meteram em apuros. Se meteram em apuros porque somos
limitadas na nossa compreensão de nós mesmas e do mundo. Não
nos conhecemos verdadeiramente. Jeremias 17.9 diz que nosso
coração é enganoso e desesperadamente corrupto. Nossa visão de
nós mesmas e da realidade é limitada pela nossa humanidade e
manchada pelo pecado.
Não somos tão competentes assim. Dependemos da perspectiva
do nosso Criador e ele não nos deixa no escuro com relação a isso.
A verdade revelada pelas Escrituras é que não somos frutos do
acaso. Não estamos aqui sem propósito. Não temos direito de nos
definir. Não somos autoridade máxima sobre a nossa existência
como mulher.
Se nós, cristãs, não somos tão radicais a ponto de rejeitar
completamente Deus, mostramos a influência do pensamento
humanista e feminista quando, mesmo tendo conhecimento da
verdade, vivemos nossa feminilidade de acordo com nossas regras.
Quando rejeitamos o ensino bíblico ou o ignoramos, fazendo de
conta que não é com a gente. Ignoramos os valores como a
maternidade, domesticidade, castidade, modéstia, piedade,
submissão como de isso tudo fosse coisa do passado, sem
aplicação para nossa realidade de mulher hoje.
E é aqui que nos aproximamos da questão do feminismo
evangélico. Por mais que o movimento feminista evangélico não
exclua completamente a ideia de um Deus e que não concorde com
toda a ideologia feminista secular, o feminismo evangélico cai no
erro do liberalismo, no erro de privilegiar e desprezar certas partes
do ensino bíblico sobre feminilidade para fundamentar a sua
questão, principalmente as partes que tratam das questões de
submissão e autoridade.
O fato é que não somente Deus é a autoridade máxima sobre as
questões da feminilidade, mas também a Bíblia (toda), como
revelação autorizada do próprio Deus, é nossa regra de fé e
conduta.
Não nos enganemos. Sempre que tomamos nas mãos o direito
de dizer como devemos viver, negamos a autoridade, a soberania, o
direito de Deus como Criador. Quando achamos que sabemos o que
é melhor para nós, dizemos que Deus está errado. Que os planos
dele não são tão sábios. Que ele não é tão bondoso assim.
A única maneira de ter a segurança de que estamos no caminho
correto é abrindo mão dos nossos supostos direitos. Se cremos no
Deus criador, todo bondoso e soberano, aceitaremos os seus
termos com alegria e segurança, porque sabemos que ele sabe
mais e que ele quer o melhor para nós.
Existe outra forma pela qual a ideologia feminista nos influenciou
e nos colocou em apuros.
2. Fomos ensinadas a desprezar nossos atributos de feminilidade
Os atributos de feminilidade a que me refiro são aquelas
características e potenciais distintivamente femininos.
Fomos influenciadas a olhar a feminilidade como uma condição
que nos aprisiona e nos impede de sermos tudo o que poderíamos
ser. Para muitas, nascer mulher é nascer em desvantagem. Muitas
mulheres vivem descontentes com o que são e querem ser iguais
aos homens a todo custo.
Simone de Beauvoir expressa bem esse pensamento no seu livro
O Segundo Sexo. Segundo ela as características biológicas
femininas faziam com que a mulher estivesse em desvantagem em
relação ao homem. A mulher está presa na sua realidade física, às
funções meramente animais (procriação, amamentação) e
impedidas de se realizar verdadeiramente como gente. Segundo
ela, “a mulher tem ovários, um útero; essas peculiaridades a
aprisionam em sua subjetividade circunscreve-a nos limites da sua
própria natureza” e assim, o feminismo influenciou as mulheres a
desprezar a maternidade, a domesticidade e o casamento.

• Desprezar a maternidade
O feminismo influenciou as mulheres a verem os papéis de mãe
como impedimento, limitação. Por essa razão, as mulheres
deveriam estar autorizadas a fazer o que fosse preciso para se
eximirem da responsabilidade como mães. Isso pode ser notado nas
próprias palavras de Beauvoir que dizia que “a maternidade deve
ser voluntária, o que significa que a contracepção e o aborto são
autorizados (...) os custos da gravidez pagos pelo estado, o qual
assumiria a responsabilidade pela criança.”

• Desprezarem a domesticidade
Junto com a maternidade, a domesticidade também passou a ser
vista como empecilho para o pleno desenvolvimento feminino. Betty
Friedan, a responsável pelo início do feminismo moderno nos EUA
influenciada por Beauvoir escreveu o livro Mística Feminina, um
verdadeiro tratado pelo desprezo à domesticidade.
Segundo ela, os papéis de esposa, mãe e dona de casa eram os
responsáveis por tornarem as mulheres alienadas, frívolas, infelizes
e frustradas. Fazendo coro com Beauvoir que dizia que “nenhuma
mulher deve ser autorizada a ficar em casa e criar os filhos” e que
“donas de casa são parasitas”, Friedan dizia que “dona de casa são
sem sentido… não são pessoas”.
O resultado disso é o que chamamos hoje de “abandono do lar”
de ‘terceirização dos filhos’ – e as consequências desastrosas já
podem ser notadas. Analistas contemporâneos já reconheceram o
desastre que é o desprezo e o abandono da maternidade e
domesticidade. As consequências sociais são incalculáveis e já são
vistos nos filhos das gerações que foram influenciadas por esse tipo
de pensamento.

• Desprezarem o casamento
O movimento feminista também é conhecido como movimento de
liberação sexual. As mulheres deveriam estar livres para viver sua
sexualidade sem regras, sem rótulos e sem limites. A ideia de
castidade e fidelidade (monogamia) também não passava de uma
invenção patriarcal para dominar as mulheres.
Da mesma forma, essa falsa liberdade trouxe frutos amargos
para as mulheres – mulheres usadas, descartadas, violadas,
objetificadas - profundamente machucadas no corpo e na alma.

E como isso nos influenciou? A nós que dizemos que somos cristãs
e cremos no que as Escrituras dizem de nós?
Por mais que não confessemos em voz alta uma aversão por
estas características mais básicas da feminilidade, em maior ou
menor grau, fomos influenciadas por esses pensamentos.
A aversão pelo casamento – vemos mulheres que querem casar
cada vez mais tarde, não por vocação ou por um desejo piedoso de
agradar a Deus por meio de algum propósito, mas por desejo
egoísta, porque não querem nada que possa impedir seu pleno
desenvolvimento. Enxergam o casamento como prisão, não como
um lugar projetado por Deus para o nosso bem, para nosso prazer e
segurança. Não querem depender de ninguém e não querem
ninguém mandando na sua vida (liderando).
A versão pela maternidade – vemos o adiamento ou negação
completa da maternidade. Filhos são vistos como empecilhos para o
desenvolvimento profissional.
A versão pela domesticidade – desprezamos o cuidado com o lar
e quem se dedica a ele. O lar, cuidar dos seus, não é mais visto
como missão, mas como prisão. Como consequência, vemos o
abandono do lar cristão e também a terceirização dos filhos.
Com essa ideia na cabeça, muitas de nós mulheres perdemos a
oportunidade de desfrutar de algumas das coisas mais preciosas
que Deus amorosamente preparou como benção, como presente,
dádiva para a mulher, em busca de um valor, de uma realização que
elas não vão encontrar à parte de Deus.
E isso nos leva para a mais uma forma pela qual fomos
influenciadas e “encrencadas” pelas ideologias feministas.
3. Fomos influenciadas a achar que o nosso valor é determinado
pelo que fazemos e não pelo que somos
Se fizéssemos uma pesquisa rápida entre as mulheres mais
próximas de nós nos surpreenderíamos com a quantidade delas que
confessariam lutar com sentimentos de inferioridade, de inutilidade,
de inadequação, de frustração, de insatisfação (não se sentem
realizadas, acham que não são perfeitas o suficiente, não estão à
altura das expectativas dos outros ou das suas próprias). Esse é um
problema real e comum entre as mulheres que tem sido
potencializado pela influência do feminismo.
A explicação feminista para esse sentimento de frustração, ao
qual Betty Friedan denominou ”problema sem nome” pela
dificuldade das próprias mulheres de entenderem a sua causa –
estavam casadas, eram mães, eram boas donas de casa,
teoricamente deveriam estar felizes, mas não estavam, estava nos
papéis tradicionalmente impostos às mulheres. Ser esposa e mãe
simplesmente não é suficiente. a mulher só se torna
verdadeiramente gente, ser humano, quando deixa o lar e se realiza
profissionalmente.
Muitas mulheres compraram essa ideia e hoje fazem mais do que
podem na tentativa de provar seu valor para si mesmas e para os
outros e não foi preciso muito para que o senso comum provasse
que uma alta posição no mercado de trabalho simplesmente não é
suficiente para que a mulher se sinta realizada – mesmo com toda a
revolução, as mulheres continuam igualmente frustradas - ou mais.
O problema que Friedan chamou de “problema sem nome” é um
problema real, sério e que tem nome sim – falta de Deus. Falta da
perspectiva correta sobre o que é ser mulher, sobre seu valor e
papel no mundo.
Como diz C. S. Lewis em sua frase famosa, “se eu encontro em
mim um desejo que nenhuma experiência neste mundo pode
satisfazer, a explicação mais provável é que eu fui feito para outro
mundo”.
A verdade é que a mulher nunca encontrará plena satisfação à
parte de Deus. Não fomos criadas desta forma e o pecado
potencializou essa realidade. Precisamos desesperadamente do
Deus e não conseguiremos substituir a necessidade de Deus para
nossa realização e satisfação por qualquer outra coisa. Quando
colocamos em outras coisas ou pessoas o sentido de nossas vidas,
estes se tornam ídolos.
Não somos nós que atribuímos valor a nós mesmas! Não são os
outros que tem o poder de atribuir valor a nós. Quando pensamos
assim nos tornamos escravas das circunstâncias e da opinião dos
outros. Isso é frustração garantida.
Em primeiro lugar, o nosso valor é determinado pelo fato de
sermos feitas à imagem e semelhança de Deus. Em segundo lugar,
o nosso valor é determinado pela forma como Deus nos vê. Em
terceiro lugar, nossa satisfação e realização vem de entendermos a
vontade de Deus e nos colocar debaixo da vontade dele. Toda
mulher precisa do reconhecimento de Deus e da estima do alto!

Conclusão
Infelizmente, o feminismo tem moldado muitas das nossas ideias
sobre feminilidade.
Muitas de nós vivem confusas, exaustas, frustradas, esgotadas,
literalmente perdidas porque tem suas crenças mais fundamentais
sobre sua identidade, seu valor e seu papel influenciadas por ideias
erradas.
Fica para nós o desafio de Romanos 12.2 – não nos deixar
influenciar, moldar pelo mundo. Para isso, é necessário pôr em
prática a dinâmica do despojar/revestir: despojar-nos das ideias
erradas, reconhecendo, identificando e abandonando sua influência
e nos revestir da verdade, por meio do conhecimento profundo da
Palavra de Deus.
Os planos de Deus são sempre os melhores. Se quisermos viver
de forma plena como mulheres, precisamos voltar para aquele que
criou a mulher. Só assim podemos viver a plenitude de vida que ele
preparou para nós. Só assim podemos experimentar a boa,
agradável e perfeita vontade de Deus.
6
MULHERES EM APUROS POR FALTA DE
UMA BOA TEOLOGIA

Vimos no capítulo anterior que as mulheres se encontram em


apuros por causa da influência forte das filosofias humanistas e
feministas. O propósito deste capítulo é perceber que as mulheres
também estão em apuros por causa da falta de uma boa teologia,
por falta de conhecimento puro, genuíno e profundo das verdades
divinas. De forma resumida, passaremos pelos princípios
fundamentais das Escrituras que nos dizem o que significa ser
mulher, qual o nosso valor, papel e lugar no mundo de acordo com o
plano de Deus e vamos delinear os princípios fundamentais básicos
para uma teologia bíblica da feminilidade sadia.
Temos visto que, infelizmente, fomos expostas de forma tão
intensa à filosofias humanistas (no caso, feministas) que nem
percebemos que muito de nossas crenças e convicções estão
moldada por isso. Mas por que nossa mente é tão facilmente e tão
fortemente influenciada e moldada pelos pensamentos do mundo?
Quero comentar sobre pelo menos duas razões:
1. Porque não conhecemos e meditamos pouco nas verdades
das Escrituras.
Temos pouco ou nenhum entendimento sobre os fundamentos
verdadeiros e os princípios mais básicos da nossa feminilidade e por
isso nos tornamos vulneráveis. O que acontece é que muitas vezes
recorremos à Bíblia em busca de respostas práticas para os
problemas práticos do nosso dia-a-dia (e isso é ótimo), mas falta a
base, o fundamento. Faltam-nos as respostas para as perguntas
mais fundamentais. Perguntas como “o que é ser mulher?’”, “qual o
meu papel e o meu propósito nesse mundo como mulher?”
Muitas mulheres têm uma visão equivocada do seu Deus e de si
mesmas. Essas crenças estão enraizadas em uma teologia fraca,
deficiente. Uma famosa frase de John Piper diz acertadamente que
”teologia fraca produz mulheres fracas”. Acreditamos que os planos
de Deus são restritivos. Que o valor e o papel da mulher no
cristianismo é subutilizado. Achamos que seguir o que a Bíblia diz
sobre a feminilidade impede o pleno desenvolvimento da mulher. A
verdade é que as escrituras têm um plano e espera da mulher muito
mais do que muitas de nós hoje tem feito.
Por não conhecer a Deus e ter uma teologia fraca, muitas
mulheres trocam os desígnios de Deus por algo que acreditam ser
melhor. Ou, simplesmente, fazem uma misturada louca, um
verdadeiro sincretismo que dilui e despreza a verdade de Deus.
Quando faltam respostas sólidas das Escrituras, abraçamos as
únicas respostas disponíveis. Quando achamos que a Bíblia não
nos diz nada sobre o assunto, acreditamos que estamos livres para
escolher as respostas que mais nos agradam.
Nós não conhecemos e não meditamos nas verdades das
Escrituras porque achamos que não somos capazes ou
responsáveis por refletir sobre a nossa fé. Essa é a segunda razão
para sermos tão facilmente influenciadas.
2. Achamos que não somos capazes ou responsáveis por refletir
sobre nossa fé
Teologia é o conhecimento sistemático, organizado e aplicado
das verdades sobre Deus e sua criação. Achamos que teologia não
é para o cristão comum ou para mulheres – teologia é
responsabilidade de pastores e líderes. Ou ainda, achamos que não
somos capazes ou responsáveis por pensar teologicamente.
Infelizmente, a nossa realidade é que muitas de nós acreditam
que não precisa refletir sobre nossa teologia – sobre o que cremos
(de que outros têm a responsabilidade de pensar teologicamente
por nós). Contra essa ideia equivocada, temos o ensino de Jesus
retirado da forma como ele se relacionou com duas mulheres
notáveis (Marta e Maria-Lucas 10.38). Não temos tempo pra tratar
especificamente sobre esses textos, mas de forma resumida, Jesus
nos dá 4 lições sobre a relação da mulher com o conhecimento de
Deus: 4P’s - possibilidade, postura, prioridade e profundidade.
Toda mulher deve saber que ela é capacitada, convidada e
exigida a pensar teologicamente.
Precisamos de uma boa teologia bíblica da feminilidade – o que
Deus diz sobre mim, sobre o meu papel e valor no mundo? Somente
uma boa teologia, um estudo profundo e dedicado das Escrituras é
capaz de nos fazer enxergar com clareza quem somos, para quê
fomos criadas e, assim, nos fazer viver de maneira plena, de acordo
com tudo o que o nosso Criador planejou para nós.
Uma boa teologia:
- nos ajuda a entender definitivamente quem somos e pra quê
fomos criadas
- nos ajuda a vencer nossas ideias erradas (extremos);
- nos ajudar a ter firmeza nas nossas convicções;
- nos ajuda a saber como responder a quem pedir razão da sua
fé;
- nos torna capazes de tomar decisões melhores;
- nos ajuda a crescer como cristãs.
Quanto mais conhecermos a Deus mais vamos confiar nele,
obedecê-lo, louvá-lo e amá-lo.E quem sou eu? o que é ser uma
mulher? O que a Bíblia diz sobe a natureza feminina? O que Deus
nos diz sobre o que significa ser mulher, sobre o papel, valor, lugar
da mulher no mundo?
Sendo o autor da criação, Deus é o único que tem autoridade e
direito de definir, e estabelecer o funcionamento e as regras para a
vida individual, e para as relações segundo o seu plano soberano e
bondoso. E o que Deus diz sobre o lugar da mulher? O que Deus
requer da mulher?
Entender o verdadeiro lugar da mulher no mundo passa pelo
entendimento das intenções do criador ao projetá-la, segundo
revelado nas Escrituras Sagradas. Ao tratar do lugar da mulher,
opiniões, preferências e gostos pessoais são completamente
irrelevantes. O importante é o plano e a vontade de Deus
estabelecidos no momento da criação. Apresento agora um resumo
de um trabalho maior sobre a gênese feminina.
O que o Criador diz de nós? Não temos tanto tempo pra tratar de
cada pormenor dessa questão que não é tão simples, mas gostaria
de oferecer uma breve definição de feminilidade segundo as
Escrituras e falar um pouco sobre cada um dos pontos mais
básicos.

O que é a mulher?
Salientando as limitações de qualquer definição, proponho que a
mulher é:

Uma criação boa e distinta/especial de Deus feita à sua imagem


e semelhança, igual ao homem em dignidade e valor, e diferente
em funções e ordem em contextos específicos, criada para atuar
no mundo em parceria complementar indispensável com o
homem e sob a sua liderança visando a glória de Deus.
Gostaria de discorrer brevemente sobre cada um dos pontos
envolvidos nessa definição. Alguns pontos parecem óbvios, mas os
preconceitos dos de fora e a falta de entendimento dos de dentro
fazem com que seja necessário voltar às questões mais básicas.
Muitas vezes, como dito, os cristãos e a Bíblia são acusados de
sustentar uma visão mesquinha da mulher e nada pode estar mais
distante da realidade.
A primeira parte da definição diz que a mulher é uma criação boa
e distinta de Deus (Gn 1.31).
Dizer que a mulher é uma criação boa e distinta de Deus significa
dizer que Deus criou a mulher de forma intencional, proposital, não
por acaso, não foi um deslize, um equívoco. Ao criar a mulher, Deus
tinha em mente planos bons e propósito bm claros para ela. A
mulher não é algo ruim, inferior, não é uma maldição para o homem
e nem muito menos um castigo. A mulher é obra das próprias mãos
de Deus e tudo que Deus faz é bom – muito bom. A criação da
mulher está incluída no “muito bom” da obra de Deus. A mulher é
uma benção moldada pelas mãos de Deus. A reação de Adão ao
receber esse presente maravilhoso de Deus aponta para esse fato
(veja a primeira poesia romântica da humanidade em Gn 2.23).
O entendimento correto da gênese feminina exclui qualquer
entendimento equivocado de que a mulher foi criada de forma
inferior, defeituosa, desprezível, com capacidades limitadas. A
segunda parte da definição diz que a mulher foi feita à sua imagem
e semelhança, igual em dignidade e valor (Gn 1.27).
Ambos, homem e mulher, serem criados igualmente à imagem de
Deus é o que nos faz humanos, diferentes do restante da criação. É
o que nos confere dignidade e valor. A imagem de Deus na mulher
garante a ela os ‘direitos humanos’ e a desaprovação cabal do
criador contra qualquer tipo de abuso, maus tratos, violência, morte
ou privação de direitos.
Por mais difícil que seja determinar o que significa plenamente
ser feita à imagem de Deus, podemos dizer que ela significa tudo
aquilo que nos distingue do restante da criação e aquilo que é
próprio do Criador, e é comunicado a nós. Dizer que a mulher foi
igualmente criada à imagem de Deus significa que ela foi criada com
inteligência, criatividade, capacidade pra relacionar.
Ao criar a mulher à sua imagem e dotá-la de incrível intelecto,
criatividade e capacidade, Deus faz isso com intenção clara. Deus
não daria tais capacidades à mulher para que fossem ignoradas,
sufocadas, desprezadas ou subutilizadas. Deus deseja que a mulher
use toda a capacidade dada por ele para a sua glória.
A terceira parte da definição (a mais atacada pelas filosofias
humanistas) diz que a mulher é diferente em funções e ordem em
contextos específicos.
Existem diferenças fundamentais enraizadas na forma e no
propósito criativos do nosso Deus para a mulher.

• A mulher é uma criação diferente (Gn 2.21,22)


Ela é fruto de um ato criativo diferente. A mulher é uma criação
distinta com características e potencialidades especiais. Deus cria a
mulher fisicamente diferente, diferenças são profundas e se refletem
na forma de ser e agir da mulher – hormônios, ciclos. Ela é criada
com funções biológicas diferentes e entra essas se destaca a
maternidade.
Assim como não foi sem intenção que Deus deu capacidades,
talentos e dons à mulher, não foi à toa que ele a criou com o
potencial sobremodo maravilhoso para a maternidade.
Isso significa que para ser verdadeiramente mulher todas as
mulheres são obrigadas a serem mães? Absolutamente não.
Vivemos em uma realidade afetada pelo pecado. Algumas mulheres
simplesmente não conseguem ser mães. Outras não recebem de
Deus a oportunidade de casar. Outras escolhem permanecer
solteiras com o objetivo claro de servir e glorificar a Deus. A questão
fundamental é a motivação, a forma como vemos a maternidade.
Por que não queremos ou não somos mães. Porque desprezamos
essa missão maravilhosa projetada por Deus? Porque não
queremos nada que atrapalhe nossa realização pessoal (desejos
egoístas).
Dentro do propósito e do lugar da mulher no mundo destaca-se a
missão materna da mulher. Embora essa não seja a única missão
da mulher, ela assume um caráter prioritário para aquelas a quem
Deus a concedeu.
Como vimos anteriormente, a maternidade está sob ataque. É
uma grande tolice desprezar a importância dessa missão ou colocá-
la em um status inferior a qualquer outra. Uma das maiores
contribuições de uma mulher para a sociedade pode estar no
cuidado intencional e zeloso do núcleo mais básico da sociedade, a
família. A missão maravilhosa da maternidade carrega um peso
social elevadíssimo dentro do mandato cultural e missiológico da
mulher e, embora não seja a única missão feminina, tem caráter
prioritário para aquelas a quem Deus a concedeu.
Aquelas a quem Deus concede a missão da maternidade e lhes
entrega pequenas vidas sob seus cuidados não devem duvidar de
sua prioridade. Essa missão deve ser realizada com todo o zelo e
cuidado, reconhecendo sua importância e valor.
Além das diferenças físicas, biológicas, orgânicas, existem outras
características distintivas da feminilidade que estão intimamente
relacionadas com a forma como o criador planejou e criou a mulher
e que apontam para funções específicas e para uma ordem
estabelecida por Deus no relacionamento entre homem e mulher.

• A mulher é criada por Deus com uma função específica (Gn 2.18)
Existem implicações da forma como Deus criou a mulher que,
embora não estejam claras na narrativa de Gênesis, são clareadas
e explicadas pelo apóstolo Paulo no Novo Testamento, e que
apontam para funções e ordem específicas em contextos
específicos.
Por mais difícil que seja para você engolir, a mulher foi criada do
homem e para o homem (1Co 11). Ela foi criada para ser ajudadora,
auxiliadora, parceira e é colocada sob a liderança masculina –
homem é o cabeça (1Co 11).
Esse é um dos pontos mais difíceis para a mulher aceitar por
causa do mal entendimento do projeto do criador. A mulher não é
criada como apêndice, não é dispensável, mas é necessária (2.18).
Como vimos anteriormente, isso fica claro a partir do suspiro de
gratidão e reconhecimento de Adão (2.23).
A mulher não é inferior e isso fica claro por meio do princípio da
cooperação e interdependência determinado por 1Coríntios
11.11,12. A mulher tem uma missão em parceria indispensável com
o homem. Deus estabeleceu uma organização econômica,
funcional, uma parceria organizada, equipe complementar,
mutualidade. Alguém tem que liderar, e o Senhor escolheu que
fosse o homem. Essa ordem se manifesta claramente no lar e na
igreja.
A quarta e última parte da definição trata da nossa função e lugar
nesse mundo, dentro do plano de Deus e diz que a mulher foi criada
para atuar no mundo em parceria complementar indispensável com
o homem para a glória de Deus (Gn 1.28).
Em Gênesis 2.26-28 vemos que ambos, tanto o homem como a
mulher, recebem o que chamamos de “mandato cultural”. O
mandato cultural é a tarefa dada por Deus ao homem e à mulher de
cuidar e abençoar a terra, de espalhar e espelhar a imagem e a
glória de Deus. Ambos, homem e mulher, são co-regente, co-
administradores. Ambos têm a missão 2.26, 28 - “espelhar e
espalhar a glória de Deus”.
Não apenas o homem, mas a mulher também recebe o dever e a
responsabilidade cultural de usar as capacidades dadas por Deus
para agir para o bem do universo criado e da família em parceria
complementar indispensável sob o cuidado da liderança masculina
para a glória de Deus.
Resumindo tudo:

ser feminina é, então, viver de acordo com o projeto e os


desígnios divinos para a mulher.

Em outras palavras, honrar sua natureza feminina e o seu criador


é desenvolver da melhor maneira possível todo o potencial (criativo,
artístico, intelectual, social, espiritual, etc) projetado por Deus. E
fazer isso em parceria complementar harmoniosa e necessária
(contrário de competição) com o homem tendo como alvo principal a
glória de Deus.
A mulher tem a responsabilidade de desenvolver suas
capacidades e usá-las para abençoar o mundo, a sociedade, as
pessoas e também a igreja de maneira que glorifique o criador.
Cada mulher, de acordo com as capacidades dadas por Deus, tem
uma missão específica e um modo especial de realizar essa missão.
Ideias erradas sobre feminilidade
Como dito anteriormente, o cristianismo é acusado de ter uma
visão baixa da mulher. Ser mulher não é sinônimo de ser incapaz,
fútil, vaidosa ao extremo. Alguns condenam a visão judaico-cristã de
tornar as mulheres frívolas, alienadas por atribuir a elas papéis
específicos relacionados ao matrimônio, maternidade e
domesticidade.
O ensino bíblico de feminilidade é que a mulher deve exercer seu
mandato cultural por meio do pleno desenvolvimento de suas
capacidades observando as prioridades para o bem da sociedade e
para a glória de Deus. Com base no que vimos, feminilidade tem
mais a ver com ser digna, capaz, ativa, necessária, respeitável,
humilde, serva. As Escrituras estão recheadas de exemplo de
mulheres fortes, determinadas, centradas nas Escrituras.
Enxergar a mulher como criada com uma licença especial para a
vida mansa é uma compreensão equivocada da criação da mulher.
A mulher não foi mandada ao mundo à passeio.
Toda mulher deve trabalhar duro (seja em casa ou fora dela –
onde Deus lhe colocar, observando os princípios de mordomia,
prioridade e motivação). Deus não aceita a preguiça. Deve exercer o
mandato cultural de Gênesis 2, deve pôr em ação seus talentos
dados por Deus para o bem da humanidade e exercer seus dons
concedidos pelo Espírito Santo para a edificação da igreja de Cristo.
E então, qual o lugar da mulher do mundo? Só dentro de casa?
Só fora de casa?

Lugar de mulher é onde Deus disser!


Para encerrar, eu gostaria de falar sobre mais um princípio,
mesmo fora da definição, que nos ajudam a saber qual o nosso
lugar no mundo diante de tudo o que vimos sobre o que significa
feminilidade. Eu creio que aqui é onde há mais confusão e falta de
entendimento entre as mulheres que geralmente caem em extremos
igualmente perigosos – pode ou não pode. Ou tudo ou nada!
Mais do que dizer o que pode e o que não pode, o lugar da
mulher deve ser determinado observando os princípios de
mordomia, prioridade e motivação.

Princípio de discernir os tempos e aproveitar da melhor forma


possível todas as oportunidades
Os princípios delineados acima (o princípio de igualdade, da
imagem de Deus, de exercício de seus dons e capacidades, de
cumprimento de seu mandato cultural) são absolutos, mas a
aplicação deles pode significar diferentes coisas de acordo com o
tempo e com as oportunidades de Deus para cada mulher em
específico.
A melhor forma para entender o que Deus espera de cada mulher
é entender que existem “tempos e tempos” em sua vida (sabedoria
de Salomão em Eclesiastes 3) e aplicar os princípios que vimos a
cada um desses tempos.
Existe o tempo da juventude, existe o tempo da solteirice (que
pode ser passageira ou permanente), existe o tempo do casamento
sem filhos (porque eles ainda não vieram, porque nunca virão ou
porque já cresceram), existe o tempo do casamento com filhos
pequenos.
Sobre este último tempo (filhos pequenos) faço questão de frisar
a prioridade e a sublimidade da missão da mulher dentro do lar. A
mulher cumpre uma função social elevadíssima quando cuida da
futura geração. Napoleão, quando foi perguntado sobre como
recuperar prestígio da França disse: Deem-nos melhores mães!
(Éclaro que neste mundo caído muitas são as situações adversas
que impedem verdadeiramente que muitas mães se dediquem
integralmente ao filhos).
O que podemos dizer com convicção é que cada mulher deve ser
capaz de discernir os tempos específicos de sua vida e buscar
desenvolver tudo aquilo que Deus lhe deu, observando suas
prioridades (dando mais importância ao que é mais importante para
Deus) e aproveitando da melhor forma as oportunidades que o
Senhor lhe dá.
Deus deseja que cada mulher esteja em pleno desenvolvimento e
exercício de suas potencialidades (dons, talentos, capacidades
intelectuais), cumprindo seu mandato cultural de forma produtiva,
atuante e relevante (seja no lar, na igreja, no mundo) para a glória
de Deus discernindo os tempos e aproveitando todas as
oportunidades.
Cada uma de nós haverá de prestar contas de como
administramos tudo aquilo que Deus nos deu: capacidades,
intelecto, família, dons, tempo e oportunidades.
O mais importante: todo o esforço, todos os planos e projetos
devem ser submetidos ao Senhor, considerando seu querer e sua
vontade, buscando glorificar e espalhar a sua glória por onde passar
- tudo deve ser feito por causa dEle, por meio dEle e para Ele.

Concluindo
Os planos e a vontade de Deus para a mulher não são
mesquinhos e limitadores (muito pelo contrário). A mulher que busca
ser o que Deus planejou para ela ser e busca estar onde ele
designou que ela estivesse faz diferença no mundo, e marca a sua
geração. Ela estará sempre preparada para qualquer situação,
mesmo as mais difíceis. Não apenas porque cuida de usar bem tudo
o que o Senhor lhe deu, mas, acima de tudo, porque tem a
confiança de estar no centro da vontade de Deus, confiante em sua
vontade soberana e debaixo do seu cuidado de amor.
Que honremos a nossa natureza feminina e glorifiquemos ao
nosso Criador com tudo aquilo que ele nos deu de acordo com os
termos dele. Sem sombra de dúvidas, isso é o melhor para nós.
Efésios 4.13-14 - Deus deseja que “que todos alcancemos a
unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à
maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo. O propósito
é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para
outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de
doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao
erro.”
7
QUANDO O MACHISMO VEM DE
DENTRO (DOS CRISTÃOS)

Entre vocês não deve haver nem sequer menção de


imoralidade sexual nem de qualquer espécie de impureza nem
de cobiça; pois estas coisas não são próprias para os santos
(Ef 5.3).

Que atitudes machistas13 e declarações misóginas são


lamentáveis ninguém discute. Mas existe uma forma através da qual
elas conseguem se tornar ainda piores. Para mim, a pior expressão
do machismo é aquela que vem de dentro. Não me refiro a um
machismo que flui do interior porque, infelizmente, todas as ações
de uma pessoa refletem de alguma forma o que ela guarda no
coração. Me refiro antes ao machismo que vem de dentro do povo
de Deus, daqueles que se dizem conhecedores e seguidores das
verdades eternas.
Comentários depreciativos às mulheres, piadas com partes
íntimas femininas, troca de fotos depreciativas. Faço minhas as
palavras do apóstolo de que tais coisas nem ao menos deveriam se
nomear no meio dos cristãos. Mas o fato é que existem e são mais
comuns do que imaginamos.
Quando as mulheres cristãs reclamam da falta de figuras
masculinas, a reclamação não é sem fundamento. Se é triste a
constatação de que os homens estão cada dia menos masculinos
(menos líderes, protetores, provedores), mais deprimente é a
constatação de que eles não apenas diminuem a sua
masculinidade, mas desprezam, descaracterizam e abusam da
feminilidade alheia.
Tratar a mulher como objeto, se deleitar em compartilhar fotos de
nudez feminina, fazer piadas com partes íntimas e se gabar de usar
mulheres é tratar a mulher como qualquer outra coisa que não o que
o criador intencionou pra ela. E isso vindo de crentes é um
verdadeiro absurdo.
Como já disse em outra ocasião, qualquer atitude que diminua a
dignidade de uma mulher é uma das expressões mais cruas da
desordem do plano original de Deus para as relações entre os
gêneros. É a expressão mais mesquinha do pecado masculino,
quando este fere a dignidade de seu par, seu correspondente, seu
igual, seu complemento ontológico, reduzindo-o a qualquer coisa
menos que um ser humano, que assim como ele, foi feito à imagem
e semelhança de Deus e com quem compartilha a maior experiência
de solidariedade ontológica da raça.
Quando pensamos na forma como Deus criou homem e mulher,
no caráter belo e complementar, na mutualidade e ligação entre
eles, é fácil entender que uma atitude de proteção e preservação
deve derivar dessa relação. Sendo ambos à imagem de Deus,
recebedores da mesma graça de vida, é completamente fora de
propósito uma atitude masculina como essa. Um homem que se diz
cristão, que diz conhecer a Deus e tem esse tipo de atitude para
com as mulheres desonra e entristece o próprio criador da mulher.
Despreza a dignidade e o valor que Deus concedeu à mulher.
Humilha e diminui aquela que lhe é necessária. Por fim, mostra que,
ou tem sua mente e seu coração dominados pela cultura e pelo
pecado e não pelas verdades da palavra de Deus, ou nem ao
menos conhece a Deus.
Sabemos que essas atitudes muito têm a ver com o
comportamento de mulheres que não se dão ao respeito, mas a
atitude de muitas mulheres não justifica a atitude errada de muitos
homens. Se por um lado as mulheres devem respeitar a sua
natureza feminina e honrar seu criador através de sua feminilidade,
os homens, principalmente os cristãos, têm a responsabilidade de
tratar qualquer mulher com a dignidade devida e, o máximo quanto
puder, preservar, proteger e elevar o valor e a honra daquela que é,
junto com ele, herdeira da mesma graça de vida.
Sejam sábios no convívio com suas mulheres e tratem-nas com
honra, como parte mais frágil e co-herdeiras do dom da graça da
vida (1Pe 3.7).

13. Por machismo, não me refiro ao pacote completo de significado atribuído ao termo pelo
feminismo, mas me refiro a atitudes masculinas que exageram suas prerrogativas e
diminuem a mulher.
8
POR QUE NÃO DEVO TUDO AO
FEMINISMO?

Você deve tudo o que você tem hoje ao feminismo! Quantas


vezes você já foi confrontada com essa afirmação? O fato de você
estudar, trabalhar e até mesmo está escrevendo ou lendo esse
livro... você deve tudo isso ao feminismo.14
Querem nos forçar a ideia de que, como mulheres, devemos tudo
a ele. Nossa dignidade, valor, voz, vez, participação, protagonismo,
força e direito. O fato é que superestimam o feminismo. Colocam em
sua conta feitos dignos de um verdadeiro salvador messiânico.
Sinceramente, não creio ser preciso agradecer por me “darem de
volta” o que é meu por natureza, que me foi concedido por Deus e
que nunca foi tomado por ele de mim. E sim, mesmo nos casos em
que outros querem me privar de meus direitos, dignidade e valor
não preciso agradecer-lhes por sua luta, pois não creio que suas
armas são eficazes e suas soluções verdadeiras. O próprio Deus
combate a opressão feminina e as soluções divinas são as únicas
suficientes para resolver a questão.

Não foi o feminismo que me deu humanidade


Deus me criou à sua imagem e semelhança, em igualdade de
dignidade com o homem.

Não foi o feminismo que me deu dignidade


Em tempos da antiguidade oriental, os povos que seguiam os
princípios do Deus da Bíblia já sabiam reconhecer as mulheres com
a dignidade que lhes era devida. O povo de Deus se destacava das
nações vizinhas que, por seguirem seus próprios ideais, tratavam a
mulher como qualquer coisa, menos como mulher. Desde os tempos
antigos, entre o povo de Deus, as mulheres já tinham vez, tinham
voz. Muitas entraram para a história sem que fosse necessário pisar
na cabeça dos homens ou ser superior a eles.

Não foi o feminismo que não me deu força


Fui criada ouvindo histórias de mulheres fortes, valentes,
guerreiras, que desafiaram sistemas opressores por amor a Deus e
assim fizeram a diferença. Não preciso de figuras desfiguradas que
pretensiosamente se fazem de salvadora das mulheres.

Não foi o feminismo que me deu voz


Mesmo em culturas extremamente fechadas, Deus levantou
mulheres e fez suas vozes serem ouvidas. Mulheres foram
instrumentos de revelação da vontade de Deus segundo a sua
vontade. E as palavras destas mulheres foram escritas e estão
eternizadas nas páginas sagradas das Escrituras.

Não foi o feminismo que me deu direitos sexuais


Deus deu às mulheres seus direitos sexuais. Eles nunca foram
negados. Eles sempre foram projetados de forma a dignificar a
mulher e a proteger de perdas e danos físicos, emocionais e morais.

Não foi o feminismo que me deu o direito de trabalhar Deus sempre


deu a mulher não apenas o direito, mas o dever de trabalhar duro,
de estudar, de explorar as suas potencialidades – assim como deu
ao homem. O mandato cultural sempre foi para ambos.
O feminismo não me deu vez
Simplesmente reiterou o ensino do pai em sua maneira de tratar
as mulheres. Ele naturalmente conviveu com elas, conversou com
elas, discipulou muitas delas. Teve muitas como parceiras de
ministério. Frisou que ambos são valiosos, necessários e úteis. Que
ambos são igualmente dignos de participar de seus planos, cada um
no lugar que ele projetou.

O feminismo não me deu protagonismo


As mulheres que tanto nos inspiram nas escrituras não eram
alienadas da realidade política e social do seu tempo. Mulheres
notáveis que humilde e piedosamente protagonizaram momentos
históricos de conquistas de seu povo.
No fundo, o “pacote completo” de conquistas e vantagens que
nos é oferecido tira de nós exatamente o que prometem nos dar: a
dignidade, o valor.
O que realmente o feminismo quer me dar, isso eu não quero.
Não, obrigada.
Eu não quero o dever de não ser mãe.
Eu não quero o direito de matar meus filhos no ventre.
Eu não quero o dever de sair de casa.
Eu não quero o direito de ter sexo sem compromisso, propósito e
sem amor.
Eu não quero o dever de me sustentar sozinha.
Eu não quero o direito de descartar os homens.
E, por fim, não quero ser igual ao homem, exatamente porque fui
criada diferente e me alegro em ser mulher.
O que verdadeiramente me tira a dignidade, valor, voz, vez,
participação, protagonismo, força e direito é me distanciar do projeto
original do criador.
Os que me tiraram todas essas coisas ironicamente são os
mesmo que querem os louros por teoricamente as terem me dado
de volta. Sistemas que desprezam a intenção do criador e que
historicamente transformaram a mulher em objeto ou em vítima.
Mulheres não são vítimas inocentes, não são pobres coitadas
que historicamente apenas sofrem inescapavelmente. Pensar assim
é macular a memória de incríveis mulheres que marcaram a história.
Bem como fazer vista grossa para mulheres terríveis que
entristeceram o mundo.
Sim, historicamente as mulheres sofrem – isso é consequência
clara e direta do pecado no mundo. Mas essa desigualdade não foi
pretendida ou projetada pelo criador, foi um ato deliberado da
vontade humana. Aquelas nações ou grupos que entenderam isso e
resolveram olhar de volta para o projeto original sempre foram os
que tiveram a maior chance de serem curados e tratar as mulheres
com mais dignidade porque puderam ver a beleza e a bondade por
traz do projeto divino para a mulher.

14. É fato que muitos direitos sociais e políticos práticos foram conquistados através do
tempo, mas isso não me torna devedora. Na história vemos Deus usando mãos ímpias
para fazer a sua vontade. Isso não significa que sejamos necessariamente seus
devedores. Sem mencionar o fato de que nem todas as mulheres fortes e ativas que se
empenharam em conquistar esses direitos se identificavam com o movimento.
9
MAIS QUE CULTURA DO ESTUPRO, É
“CULTURA” DO PECADO

Eis as perguntas mais repetidas nos últimos dias. Que mundo é


esse? Que tipo de gente é essa?
E as respostas são simples. Este é o mundo completamente
destruído pelo pecado e que jaz no maligno. Estas são as pessoas
totalmente depravadas pelo pecado, escravas de suas próprias
concupiscências. Sim, todos os seres humanos (homem ou mulher)
são bombas em potencial.
O abuso sexual de uma mulher é uma das expressões mais
cruas da desordem do plano original de Deus para o mundo, para o
homem e para a mulher. O abuso sexual de mulheres é um fato. E
assim como eu, muitas de nós já fomos vítima dele. Não há quem
negue que ele exista. Não nego que há um problema. Pelo
contrário, afirmo que há um problema e ele é mais sério do que se
costuma considerar. Longe de ignorar o problema, lanço diariamente
luz sobre ele e sobre a única solução existente para ele.
Não discordo de muitas das questões levantadas pelo feminismo.
Não se pode negar que historicamente as mulheres têm sido mal
compreendidas e maltratadas (a própria Bíblia nos mostra isso já
nos primeiros capítulos do livro de Gênesis). Não se pode concordar
é com a explicação (razão) e a solução por eles apontadas. As
desigualdades não estão enraizadas simplesmente na cultura, na
educação, em um discurso religioso ou num projeto misógino do
criador. As desigualdades têm sua origem no pecado que
transformou as diferenças intencionalmente projetadas para um fim
necessário e harmonioso em combustível para uma guerra
sangrenta – a guerra entre os sexos.
A solução para as questões da mulher não está na anulação das
diferenças, mas no tratamento das causas das desigualdades. E
sendo o pecado a causa das desigualdades, o único tratamento
eficaz é a redenção de homens e mulheres por meio da obra
salvífica de Jesus Cristo. Apenas no reencontro com o criador e na
busca pelo plano original seremos capazes de, com a ajuda do
espírito santo, vencer as tendências pecaminosas, sejamos nós
homens ou mulheres.
A solução não está em virar as costas para Deus e arrogar para
si a capacidade de resolver o problema com as próprias forças. Não
se vence o machismo com gritos ou palavras de ordem. Um
problema enraizado em questões espirituais profundas só pode ser
resolvido com medidas da mesma natureza. A solução está em
correr para Cristo, em espírito de completa sujeição e dependência,
rogando para que ele nos liberte do pecado, nos regenere, nos
transforme em novas criaturas, nos transforme a cada dia em
homens e mulheres mais parecidos com aquilo que ele planejou
para nós.
Que Deus tenha misericórdia e derrame sobre nós a sua graça.
10
LUGAR DE MULHER É ONDE DEUS
DISSER

Ou o mínimo que toda mulher deve saber para entender seu


lugar no mundo.
Lugar de mulher não é onde ela quiser.
Ao contrário do pensamento humanista, que vê o homem como
centro e medida de todas as coisas, completamente livre e capaz de
escolher o melhor para si mesmo, a minha abordagem parte do
pressuposto teísta cristão e do fundamento da autoridade bíblica.
Pressuposto teísta cristão: parto do princípio de que o mundo não
é fruto de uma explosão, mas é obra intencional, boa e perfeita de
um Deus que criou todas as coisas para a sua glória.
Depravação total: Deus criou tudo bom e perfeito, mas a entrada
do pecado marcou de forma drástica e completa a natureza, a
humanidade e as relações. Homem e mulher entraram em inimizade
com Deus e tomaram para si o direito de definirem a si mesmo. O
plano original de homem e mulher atuando em cooperação
harmoniosa sob a liderança altruísta e abnegada masculina foi
maculado tomando o seu lugar uma guerra entre os sexos.
Autoridade bíblica: fundamento minha abordagem no princípio da
autoridade bíblica e na inspiração plenária e verbal das Escrituras. A
Bíblia é a revelação especial de um Deus bom que busca o ser
humano e lhe dá diretrizes com a finalidade de reestabelecer o seu
relacionamento com ele e com o próximo e viva bem. É através dela
que conhecemos a boa, agradável e perfeita vontade de Deus para
cada área de nossas vidas.
Contrário ao ensino que diz que a mulher só encontra felicidade e
significado por meio da autonomia, autoridade e liberdade pessoal,
parto do princípio de que a felicidade e a realização da mulher só
podem ser encontradas no reencontro com o criador.

Lugar de mulher é onde Deus disser


Sendo o autor da criação, Deus é o único que tem autoridade e
direito de definir e estabelecer o funcionamento e as regras para a
vida individual e para as relações segundo o seu plano soberano e
bondoso. E o que Deus diz sobre o lugar da mulher? O que Deus
requer da mulher?
Existem alguns princípios bíblicos fundamentais que determinam
esse lugar. O princípio do pleno desenvolvimento e exercício de
suas capacidades (dons, talentos, capacidades intelectuais). O
princípio da atuação para o bem da criação e da humanidade e para
a glória de Deus – mandato cultural (desenvolvimento e cuidado do
núcleo mais básico da sociedade). E o princípio que trata de
discernir os tempos e aproveitar da melhor forma possível todas as
oportunidades.
Pleno desenvolvimento e exercício de suas capacidades
(dons, talentos, capacidades intelectuais)
Entender o verdadeiro lugar da mulher no mundo passa pelo
entendimento das intenções do criador ao projetá-la segundo
revelado nas Escrituras Sagradas. Ao tratar do lugar da mulher,
opiniões, preferências e gostos pessoais são completamente
irrelevantes. O importante é o plano e a vontade de Deus
estabelecidos no momento da criação.
Deus criou a mulher à sua imagem e a dotou de capacidades
intelectuais, criativas, sociais. A criação da mulher está incluída no
“muito bom” da obra de Deus. O propósito de sua criação aponta
para a sua dignidade e necessidade. O suspiro poético de
identificação e gratidão de Adão ao encarar pela primeira vez o
presente amoroso que o Criador havia preparado demonstra a
admiração e o reconhecimento de seu valor, numa atitude de
completa parceria e não rivalidade (Gn 2.23).
“Entender que a mulher carrega a imagem de Deus afasta
qualquer ideia de que ela seja menos digna ou possa ser tratada de
qualquer forma. A imagem de Deus na mulher garante a ela os
‘direitos humanos’ e a desaprovação cabal do Criador contra
qualquer tipo de abuso, maus tratos, violência, morte ou privação de
direitos (veja o exemplo das filhas de Zelofeade em Números 27).
O entendimento correto da gênese feminina exclui qualquer
entendimento equivocado de que a mulher foi criada com
capacidades limitadas e inferiores. A natureza física e biológica
diferente e mais delicada da mulher é naturalmente observável e
não requer comentários. O próprio potencial para a maternidade
(pense na gestação, parto, resguardo, amamentação) coloca a
mulher em uma posição digna de cuidado, provisão e proteção
especiais. Mas pensar a mulher como naturalmente vulnerável,
fraca intelectualmente além de ser incompatível com a observação
simples da realidade, é desprezar a criatura e diminuir a obra do
criador. Nada no relato da criação indica que a mulher foi criada com
capacidades limitadas.
Ao criar a mulher à sua imagem e dotá-la de incrível intelecto,
criatividade e capacidade, Deus faz isso com intenção clara. Deus
não daria tais capacidades à mulher para que fossem ignoradas,
sufocadas, desprezadas ou subutilizadas. Deus deseja que a mulher
use toda a capacidade dada por ele para a sua glória.
A mulher foi criada do homem e para o homem (1Co 11.8,9), mas
isso não significa que ela é um apêndice, dispensável. Ela é
necessária (Gn 2.18). Existe um princípio de mutualidade claro nas
escrituras: nenhum é independente do outro (1Co 11.11). A mulher
tem uma missão em parceria indispensável com o homem que
funciona de acordo com uma organização econômica, funcional, em
parceria complementar debaixo do cuidado, proteção e provisão da
liderança masculina. Note que a liderança masculina nas Escrituras
sempre é apresentada em termos de responsabilidade e não de
privilégios.
Em outras palavras, honrar sua natureza feminina e o seu criador
é desenvolver da melhor maneira possível todo o potencial (criativo,
artístico, intelectual, social, etc) projetado por Deus e usá-lo em
parceria complementar harmoniosa (contrário de competição) com o
homem. Uma boa mordomia multiplica as capacidades, os talentos,
aproveita bem o tempo e as oportunidades.
Atuação para o bem da criação e da humanidade e para a
glória de Deus – mandato cultural
A mulher tem a responsabilidade de desenvolver suas
capacidades e usá-las para cuidar da natureza, das pessoas, dos
animais de maneira que glorifique o Criador. Cada uma, de acordo
com as capacidades dadas por Deus, tem uma missão específica e
um modo especial de realizar essa missão.
A igualdade entre homem e mulher também pode ser vista no
mandato cultural que estabelece que homem e mulher são co-
regentes na tarefa de cuidar e abençoar a terra e de espalhar e
espelhar a glória de Deus através da família (Gn 2.26-28). A mulher
recebe o dever e a responsabilidade cultural de usar as capacidades
dadas por Deus para agir para o bem do universo criado e da
família, núcleo mais básico da sociedade, em parceria
complementar indispensável sob o cuidado da liderança masculina.
Toda mulher deve trabalhar duro. Enxergar a mulher como criada
com uma licença especial para a vida mansa é uma compreensão
equivocada da criação da mulher. A mulher não foi mandada ao
mundo à passeio.
TODA mulher DEVE trabalhar duro (seja em casa ou fora dela).
Deus não aceita a preguiça. Deve exercer o mandato cultural de
Gênesis 2, deve por em ação seus talentos dados por Deus para o
bem da humanidade e exercer seus dons concedidos pelo Espírito
Santo para a edificação da igreja de Cristo. O mais importante é que
todo o esforço de labuta, todos os planos e projetos devem ser
submetidos ao Senhor, considerando seu querer e sua vontade,
buscando glorificar e espalhar a sua glória por onde passar - tudo
deve ser feito por causa dEle, por meio dEle e para Ele. Deus nos
capacitou e espera que usemos isso para a sua glória. E em cada
circunstância sigamos agindo de acordo com nossa natureza
feminina, agindo com espírito manso e tranquilo, em atitude de
verdadeira submissão em primeiro lugar a Deus.

Desenvolvimento e cuidado do núcleo mais básico da sociedade


Assim como não foi sem intenção que Deus deu capacidades à
mulher, não foi à toa que a criou com o potencial sobremodo
maravilhoso da maternidade.
Dentro do mandato cultural, destaca-se então para a mulher sua
missão materna. É uma grande tolice desprezar a importância dessa
missão ou colocá-la em um status inferior a qualquer outra. A maior
contribuição de uma mulher para a sociedade pode estar no cuidado
intencional e zeloso do núcleo mais básico da sociedade, a família.
A diferença mais óbvia e mais difícil de negar é a diferença física.
Apesar disso, essas diferenças tem sido alvo do desprezo das
filosofias antibíblicas que vêem a condição física da mulher, bem
como a maternidade, como um empecilho para sua plena igualdade
de oportunidades. A missão maravilhosa da maternidade carrega
um peso social elevadíssimo dentro do mandato cultural e
missiológico da mulher e, embora não seja a única missão feminina,
tem caráter prioritário para aquelas a quem Deus a concedeu.
Aquelas a quem Deus concede a missão da maternidade e lhes
entrega pequenas vidas sob seus cuidados não deve duvidar de sua
prioridade. Essa missão deve ser realizada com todo o zelo e
cuidado, reconhecendo sua importância e valor.

Discernir os tempos e aproveitar da melhor forma possível todas as


oportunidades
Os princípios delineados acima são absolutos, mas a aplicação
deles pode significar diferentes coisas de acordo com o tempo e
com as oportunidades de Deus para cada mulher em específico. A
melhor forma para entender o que Deus espera de cada mulher é
entender que existem “tempos e tempos” em sua vida. Não existem
fórmulas prontas ou absolutos totais que resumam debaixo de uma
sentença só o que toda mulher pode ou deve fazer ou não.
Seguem algumas considerações sobre a aplicação desses
princípios em alguns dos principais “tempos” da mulher:
Juventude, solteirice – àquelas a quem Deus não intencionou
(temporariamente ou definitivamente) o casamento devem
aproveitar seu tempo e suas oportunidades para desenvolver tudo
aquilo que Deus lhes concedeu para a glória de dele e para o bem
do universo criado e dos que estão ao seu redor. Aquelas que ainda
não são casadas possuem tempo e oportunidades que devem ser
investidos e aproveitados com estudo diligente e trabalho duro.
Casada e sem filhos (que ainda não os tiveram, não terão ou que
os já têm crescidos) – o casamento traz à mulher uma série de
responsabilidades e uma missão específica de atuar como
auxiliadora de seu marido. Em outro texto, “Esposa em tempo
integral. Posso trabalhar fora? Princípios que vão te ajudar a tomar
essa decisão”, escrevi algumas coisas sobre o assunto no texto que
escrevi, “Esposa em tempo integral. Posso trabalhar fora? princípios
que vão te ajudar a tomar essa decisão”, resume bem a aplicação
desses princípios nessa situação específica.
Se você é casada, o marido deve ser sua prioridade. O melhor do
seu tempo deve ser para o seu marido. De que os filhos precisam
de nosso tempo não há dúvidas, mas muitas vezes esquecemos
que nosso marido também precisa dele. Devemos dedicar tempo e
disposição intencional para ser a cooperadora e a auxiliadora idônea
e necessária criada por Deus para complementar nosso marido.
Isso vai bem além de cozinhar, lavar a roupa e organizar a bagunça.
Envolve ouvir, dividir as cargas, acompanhar, ajudá-lo em suas
obrigações, interceder por ele. Envolve disponibilidade e disposição.
Quando não se tem filhos (ou os filhos já estão crescidos) há a
possibilidade de que, mesmo se dedicando com zelo ao lar e
priorizando o marido, se tenha algum tempo livre a mais (certamente
isso é muito particular e vai depender do seu dia-a-dia – se a casa
grande ou pequena, por exemplo, ou da rotina do seu marido -
trabalha a noite e passa o dia em casa, por exemplo, etc).
Se esse for o caso e houver tempo disponível (que certamente
haverá), acredito que esse tempo deve ser bem utilizado de acordo
com o que falei no início desse texto: de forma sábia, produtiva,
criativa, aproveitando as oportunidades e respeitando as
prioridades. Você não tem licença divina para passar o dia inteiro,
todos os dias, deitada no sofá assistindo seriado na Netflix, vendo
as atualizações do Facebook ou batendo papo no Whatsapp.
Cada mulher deve decidir diante de Deus qual a forma mais
proveitosa de utilizar seu tempo a fim de fazer bem para a sua
família e trazer glória ao seu nome. As possibilidades são as mais
diversas (dentro ou fora de casa): aproveitar esse tempo para
estudar, para se capacitar, para desenvolver um ministério ou até
mesmo para trabalhar fora.”
Casada e com filhos – se recebemos filhos da parte do senhor,
precisamos reconhecer o peso da responsabilidade que repousa
sobre a nossa missão. Creio que o melhor dos nossos esforços e
energia devem ser dedicados ao cuidado com nossa família. Creio
também ser muito difícil, pelo menos nos primeiros anos de vida,
cumprir nossa missão com zelo enquanto dividimos nosso tempo e
nossa energia com um trabalho que nos tira do lar.
Mas, mesmo enquanto os filhos são pequenos e nossa missão
exige que estejamos por perto, não temos licença para usar
indiscriminadamente o tempo que nos sobra e as oportunidades que
Deus coloca diante de nós. A luta diária com crianças pequenas é
grande, mas devemos aproveitar os pequenos momentos de forma
consciente e produtiva. Estudar, escrever, praticar a hospitalidade.
Ou mesmo ajudar nas finanças do lar por meio de alguma atividade
feita em casa.
Uma nota é fundamental aqui! Existe o ideal e existe a triste
realidade resultante do pecado. Muitas mulheres amargam as
consequências da queda em seus lares e simplesmente não podem
desfrutar do privilégio de desempenhar a sua missão da forma ideal.
Mães solteiras por causa de mortes ou infidelidade, dificuldades
financeiras por causa de desemprego do provedor ou por causa da
situação econômica do país muitas vezes exigem que a mulher
assuma outras responsabilidades e dividam seu tempo.
Deus conhece as nossas lutas e conhece o nosso coração. Sabe
quando nos ausentamos do lar por falta de alternativa e continua
cuidando de nós. Assim como também sabe quando nos
ausentamos simplesmente porque preferimos estar fora, porque não
nos contentamos com uma vida modesta e nos acostumamos a
viver com muito ou porque damos mais valor à nossa missão como
profissional do que à nossa missão como mãe.

O lugar da mulher é onde Deus disser. E onde Deus diz que a


mulher deve estar?
Deus deseja que cada mulher esteja em pleno desenvolvimento e
exercício de suas potencialidades (dons, talentos, capacidades
intelectuais), cumprindo seu mandato cultural de forma produtiva,
atuante e relevante (no lar, na igreja, no mundo) para a glória de
Deus, observando os princípios de complementaridade, discernindo
os tempos e aproveitando todas as oportunidades.
Cada uma de nós haverá de prestar contas de como
administramos tudo aquilo que Deus nos deu: capacidades,
intelecto, família, dons, tempo e oportunidades.
O plano e a vontade de Deus para a mulher não é mesquinha e
limitadora. A mulher que busca ser o que Deus planejou e estar
onde ele designou faz diferença no mundo e marca a sua geração.
Ela estará sempre preparada para qualquer situação, mesmo as
mais difíceis. Não apenas porque cuida de usar bem tudo o que o
Senhor lhe deu, mas, acima de tudo, porque tem a confiança de
estar no centro da vontade de Deus, confiante em sua vontade
soberana e debaixo do seu cuidado de amor.
Que honremos a nossa natureza feminina e glorifiquemos ao
nosso criador com tudo aquilo que ele nos deu. Sem sombra de
dúvidas isso é o melhor para nós.
11
VERDADEIRAMENTE BELA, RECATADA
E DO LAR15

Verdadeiramente bela, recatada e do lar.


Uma nota no jornal e milhões de comentários inflamados. Qual o
problema mesmo?
Quem diria que chegariam tempos em que precisaríamos
defender a beleza, a decência e a família. Pois bem, eis que esses
tempos chegaram!
Tempos de completa desestruturação de todo tipo de valor. As
“belas-artes” são um amontoado de formas grosseiras, desconexas
e agressivas. Os valores são relativos. A família é (ou simplesmente
não é) à gosto de cada um. Certamente os atributos dignos de
exaltação pelos que professam ódio mortal pelos adjetivos “bela”,
“recatada” e “do lar” sejam “feia”, “depravada” e “antifamília”.
Sobre a pessoa que ensejou tamanho burburinho nem saberia
dizer se é realmente “bela, recatada e do lar” (e isso é
completamente irrelevante). O importante é entender o porquê de
tamanha reação e, no final das contas, chegar à conclusão sobre
que mal há e que virtude existe em cada uma dessas qualidades.
Que mal há em ser bela? Que mal há em ser recatada? Que mal
há em ser do lar? Procurei, mas não consegui encontrar nada
negativo para escrever sobre essas três qualidades. Por outro lado,
poderia facilmente escrever muitos e muitos parágrafos sobre os
males infindáveis de ser “desagradável”, “despudorada” e
“antifamília”, mas creio que um pouco de bom senso do leitor é
suficiente para preencher rapidamente essas lacunas.
Pobre geração de mulheres. Conseguiram convencê-las de que é
bonito ser feio. De que é cool ser depravada. E de que essa história
de família não passa de conversa fiada pra oprimir.
E esse é bem o discurso do movimento ‘pró-mulher’ mais
antimulher da humanidade. Que ao fazer do ‘machismo’ o demônio
de todas as mulheres, conseguiu convencê-las que não havia valor
na delicadeza com a qual Deus a havia criado. O movimento que
conseguiu convencer as mulheres de que liberdade e felicidade só
seriam conseguidas através da completa libertinagem. O movimento
que conseguiu convencer as mulheres de que a família era uma
invenção que visava seu mal e de que a sua condição biológica
(maternidade) era um grande empecilho para a sua plena realização
e competição no mundo.
Jogaram a mulher contra ela mesma. Elas viraram suas maiores
inimigas quando decidiram se expor, se entregar e se deixar usar
indiscriminadamente. Viraram suas maiores inimigas quando
negaram a si mesmas o acolhimento e a companhia de uma relação
familiar saudável. Viraram suas maiores inimigas quando negaram a
si mesmas o prazer e o vínculo da maternidade. Terminarão suas
vidas usadas, mal-amadas e sozinhas.

E o que é ser bela?


Bela é o adjetivo da pessoa agradável, que desperta admiração
ou prazer. Ser bela é presentear o mundo com nossa existência e
não tem nada a ver com ser oprimida pela ditadura da beleza (1,70
de altura, 60 kg, loira, olhos claros). Beleza vai além da aparência
exterior. Essa é uma sabedoria já registrada nos ditados populares.
A beleza tem a ver com um conjunto em que as qualidades de
espírito influenciam diretamente sobre as qualidades físicas. Beleza
vem de dentro e é a capacidade de ser agradável e de dar prazer
aos que estão ao nosso redor através daquilo que somos – nossa
personalidade.
As mulheres desistiram de ser belas e se contentaram em ser
podres e desagradáveis versões femininas de sepulcros caiados
cobertos por uma espessa camada de base translúcida da Mac e
300 baforadas de 212 Sexy. Desculpe-me, mas isso não é beleza.
O mundo precisa de mais mulheres belas de verdade. Pessoas
(homens e mulheres) agradáveis, que despertam a admiração, que
dão prazer em conviver. Ninguém em sã consciência se oporia a
isso.

O que é ser recatada?


Recatada é o adjetivo da pessoa discreta, decente, modesta,
reservada. É a qualidade de quem tem pureza, honestidade, pudor.
Ser recatada é cuidar de si mesmo. É guardar-se, preservar-se. É
valorizar sua dignidade, dignidade concedida por Deus ao criá-la à
sua imagem e semelhança.
Ao permitir ser usada e abusada indiscriminadamente em nome
de uma liberdade fajuta, a mulher concedeu voluntariamente o
direito de ser machucada, tratada indignamente, desvalorizada. Se a
mulher soubesse o bem que faz a ela mesma ao se resguardar,
jamais desprezaria o cuidado consigo mesma e a preservação da
sua pureza.

O que é ser do lar?


Do lar é o adjetivo daquela cuja atividade é cuidar do bem-estar
da família. É amar e dedicar-se prioritariamente ao que é mais
propriamente seu – sangue do seu sangue, carne da sua carne. É
valorizar o núcleo mais básico da sociedade e entender a função
social de quem tem o cuidado de uma família nas suas mãos. É
entender que o sucesso em qualquer outra atividade não compensa
o fracasso dentro de casa. Que os sentimentos genuínos de alegria,
amor e satisfação não podem ser substituídos por status, dinheiro,
poder. E que colocar o lar como prioridade não significa ser
intelectualmente limitada, emocionalmente dependente ou
produtivamente desambicionada.
As futuras gerações são entregues à própria sorte na medida em
que as mulheres negam sua importância no lar. Gerações
terceirizadas, concebidas em laboratório, educadas por empresas,
programadas por estranhos. Uma tragédia anunciada para a
sociedade.
E o que a Bíblia diz? Por “ironia do destino”, os adjetivos “bela”,
“recatada” e “do lar” são exatamente os adjetivos recorrentes nas
Escrituras quando se trata de feminilidade. Para longe de valores
machistas, estes são valores bíblicos.

A beleza de vocês não deve estar nos enfeites exteriores,


como cabelos trançados e joias de ouro ou roupas finas. Pelo
contrário, esteja no ser interior, que não perece, beleza
demonstrada num espírito dócil e tranquilo, o que é de grande
valor para Deus (1Pe 3.3,4).

Como anel de ouro em focinho de porco, assim é a mulher


bonita, mas indiscreta (Pv 11.22).

As mulheres mais jovens a amarem seus maridos e seus


filhos, a serem prudentes e puras, a estarem ocupadas em
casa, e a serem bondosas e sujeitas a seus próprios maridos,
a fim de que a palavra de Deus não seja difamada (Tt 2.4,5).
E caso você faça parte do grupo que pensa que a Bíblia é um
livro machista, que visa e perpetua o mal contra as mulheres,
convido-a a arrazoar com franqueza quais valores realmente
beneficiam a mulher.
Beleza, recato e domesticidade não são valores opressores,
limitadores e discriminatórios. Pelo contrário, são valores que visam
o bem maior da mulher, que reconhecem seu valor e seu papel
fundamental no seio sociedade.
Por mais mulheres belas, recatadas e do lar!
As mulheres precisam disso e a sociedade agradece.
Deus nos ajude a cada dia a ser um pouquinho mais de cada.

15. Este texto não se propõe a ser uma análise do discurso midiático e de suas intenções
sociais e políticas. Este texto aproveita o burburinho em torno do mote “bela, recatada e do
lar” para promover uma reflexão a cerca da visão, do valor e do significado dessas virtudes
nos dias de hoje e à luz das Escrituras.
12
DIA INTERNACIONAL DA MULHER
REPENSE O SEU PAPEL NA SOCIEDADE

Muito provavelmente você deve ter ouvido falar sobre um suposto


massacre em 8 de março de 1857 quando, na ocasião, muitas
mulheres que reivindicavam direitos e melhores condições de
trabalho foram queimadas vivas em uma tecelagem nos EUA.
Deixe-me fazer um pequeno apanhado histórico sobre a realidade
histórica por trás do Dia Internacional da Mulher a fim de esclarecer
sua origem para que possamos repensar e, quem sabe, até redimir
o seu significado.
A lenda por trás do dia 8 de março é, na verdade, uma grande
mistura de datas e fatos isolados. As datas e os acontecimentos que
se mesclaram para dar origem à história que conhecemos hoje são
um incêndio ocasionado pelas péssimas condições de trabalho em
uma tecelagem em Nova York onde vários operários, na maioria
mulheres, são queimados vivos em 1857; uma greve de operárias
em 1910, nos EUA e, principalmente, a greve e o congresso das
mulheres socialistas na Rússia, em 1917, que reivindicavam
melhores condições de trabalho. Da mescla de todas essas datas
criou-se a história que conhecemos hoje de uma greve (fictícia) nos
EUA, em 1857, que foi violentamente reprimida ocasionando a
morte de 129 mulheres que são queimadas vivas. O apelo
emocional de um massacre de mulheres que lutavam por seus
direitos sensibilizou e cativou o imaginário popular.
O Dia Internacional da Mulher, entretanto, nasceu como “Dia
Internacional da Mulher Socialista” e, como o próprio nome sugere,
surgiu no seio dessa militância política, por parte das mulheres em
suas conferências partidárias, tendo por objetivo incentivar
encontros anuais e fomentar debates em vários países acerca da
participação da mulher na sociedade.
Hoje, nem mesmo a luta das mulheres socialistas ou o massacre
das operárias nos vem à mente quando pensamos em “Dia
Internacional da Mulher”.
Ao revisitar a história e lançar luz sobre os fatos que deram
origem a essa data não intenciono necessariamente desmerecê-la.
Revisitar significa muito mais entender as reais intenções e
comemorações que a data enseja. É importante pelo menos
sabermos que por traz desta data há não apenas o memorial
emotivo e trágico de mulheres vítimas da opressão masculina, mas
também todo um sistema político altamente antireligioso que se
autoproclama capaz de resolver todas as questões de gênero –
sobretudo a questão do valor e do papel da mulher - por seus
próprios méritos por meio de pressupostos claramente antibíblicos.
As comemorações de 8 de março intencionavam discutir o papel
da mulher na sociedade e essa é uma discussão atual de extrema
importância e urgência. Discutir o papel da mulher na sociedade
hoje é vital uma vez que as mulheres desistiram de ser mulheres e
ignoraram seus papéis sociais mais naturais e essenciais para a
saúde da própria sociedade (no casamento, na maternidade, na
família e no lar).
Discutir o papel da mulher na sociedade é vital desde que se
tenha um firme fundamento e pressupostos sólidos. Somente nas
Escrituras entendemos o que é ser mulher (seu valor, seu lugar, sua
função neste mundo) com aquele que é o arquiteto, idealizador e
construtor da feminilidade. Nenhum sistema filosófico ou político
conseguiu responder a todas as perguntas da mulher e nem
corresponder a todos os seus anseios como a Bíblia faz. E nenhum
deles nem ao menos chegou perto de atribuir tamanha dignidade ao
‘ser mulher’ e ao seu papel neste mundo como faz as Sagradas
Escrituras.
Acerca da opressão masculina sobre as mulheres, não há como
não lamentar os frutos amargos colhidos como resultado do pecado
da humanidade. Essa mesma mulher, forte, capaz de revirar o
mundo de cabeça para baixo por seus direitos, foi criada para atuar
em cooperação harmoniosa com o homem. O projeto perfeito
original de homem e mulher fortes e capazes se ajudando
mutuamente sob a liderança masculina foi marcado pelo advento do
pecado – agora a mulher usa sua força e capacidade para tomar o
lugar do homem, e este usa toda sua força para subjugá-la.
Não há como ignorar a natureza espiritual da guerra dos sexos.
E, para problemas de natureza espiritual, somente soluções que
priorizem as questões espirituais são eficientes para resolvê-los.
Nenhum sistema político ou filosófico, seja socialista, seja feminista,
resolverá o problema da desigualdade de gênero. Qualquer tentativa
humana de solucionar o problema entre homens e mulheres à parte
de Deus está fadada ao fracasso. Qualquer tentativa que despreze
a natureza espiritual da guerra entre os sexos é vã, tola e apenas
traz falsas esperanças, falsas soluções e finda por acirrar ainda
mais a tensão entre homens e mulheres. Homens oprimirão
mulheres e negarão seu auxílio e mulheres se rebelarão contra os
homens e tentarão tomar seu lugar até que cristo volte, até que
cristo elimine de vez toda a sombra de pecado do mundo.
Somente a redenção do homem e da mulher pode solucionar o
problema entre os sexos originado pelo pecado. Uma vez que nem
todos são redimidos, perdoados e transformados, e uma vez que
mesmo os redimidos não são completamente santificados, podemos
dizer que, enquanto estivermos nesse mundo, as desigualdades de
gênero continuarão.
Entretanto, o homem redimido é capaz (e deve reconhecer a sua
obrigação diante de Deus) de se relacionar e liderar a mulher com
justiça, amor e equidade e de aceitar, incentivar e usufruir do seu
auxílio forte, capaz e necessário. Por sua vez, a mulher redimida é
capaz (e deve reconhecer a sua obrigação diante de Deus) de usar
sua força e inteligência para auxílio do homem, em cooperação
harmoniosa. E ambos são capazes de exercer os seus papéis
complementares indispensáveis para o bem da sociedade e,
sobretudo para a glória de Deus.
13
10 MALES QUE A EDUCAÇÃO DOS
NOSSOS TEMPOS LEGOU ÀS
MULHERES DESTA GERAÇÃO

É a nossa responsabilidade como pais de reavaliar os valores e


os fundamentos da educação que damos às nossas filhas.
1. Ensinaram-nos que nosso alvo principal é ser uma boa
profissional.
2. Não nos ensinaram a cuidar de um lar e de filhos.
3. Ensinaram-nos a desprezar o trabalho doméstico como tarefas
de segunda categoria.
4. Ensinaram-nos que deveríamos ser autosuficientes e não
precisar depender de ninguém.
5. Por consequência, nos ensinaram a não precisar depender de
“marido”.
6. Fizeram os homens (nossos futuros maridos) acreditarem que
a responsabilidade de prover o lar deve ser compartilhada conosco -
e agora eles nos cobram por isso.
7. Fomos acostumadas a achar que necessitamos de mais
dinheiro do que realmente necessitamos pra viver.
8. Fomos ensinadas e incentivadas a competir, e a sobrepujar a
liderança masculina.
9. Legaram-nos uma crise quando temos que decidir entre lagar
nossos empregos e nossa renda, e cumprir nosso papel
fundamental e sublime da maternidade, e criação de filhos.
10. Legaram-nos a ansiedade de tomar para nós a obrigação de
prover e suprir as necessidades financeiras nossas e do nosso lar.
Ensinaram-nos amar mais a profissão que o casamento ou o lar.
Muitas de nós, mesmo criadas em lares cristãos, recebemos de
nossos pais ensinamentos que nos distanciaram muito ou pouco do
projeto original divino para a mulher. De forma sutil alguns valores
humanistas, materialistas e feministas influenciaram nossos pais e
isso se refletiu na educação legada a nós. Quantas mulheres hoje
sofrem com o trabalho doméstico por nunca terem sido ensinadas
em casa a como cuidar de seu lar? Quantas sequer querem casar
porque foram ensinadas que seu alvo principal era o sucesso
profissional? Quantas protelam a maternidade ao máximo porque
não veem mais os filhos como benção e sim como empecilhos para
a sua carreira profissional? Quantas se sobrecarregam e vivem
ansiosas porque foram ensinadas que não deveriam depender de
ninguém além de si mesmas ao invés de serem ensinadas a viver
na dependência de Deus?
Devemos rever as convicções e os valores errados que nos
foram legados, seja por nossos pais ou por nossa cultura. E, como
pais, temos a responsabilidade de reavaliar tais valores e os
fundamentos da educação que damos às nossas filhas. A
cosmovisão cristã da feminilidade e do papel da mulher deve ser
resgatada e trazida à tona no cotidiano da educação das futuras
mulheres, esposas, donas de casa e mães. O resgate do projeto
divino colocará as nossas meninas no caminho certo, rumo à
realização pessoal em Cristo, ao resgate do casamento original, à
maternidade prazerosa como meio de glorificar a Deus e da família
cristocêntrica que faz diferença neste mundo de valores invertidos.
14
ROMANCE E IDOLATRIA
OS PERIGOS DA PAIXONITE

Para as mais novas e para as mais experientes também.


Ela só quer, só pensa em namorar! Ela só quer, só pensa em
namorar! Bem dizia Luiz Gonzaga. Quando o mandacaru começa a
“fulorar’” ... é sinal que vem paixonite por aí. Arriscaria dizer que
99,9% nas mulheres já sofreram, pelo menos uma vez na vida, de
paixonite e que mais da metade delas ainda sofrem.
Todas as mulheres são românticas por natureza - tirando aquelas
poucas que são mais práticas e que existem para comprovar a
regra. E a paixonite nada mais é que o excesso, a exacerbação dos
sentimentos e emoções relacionadas ao romance.
A paixonite tem características peculiares e seus sintomas podem
ser percebidos por:
- pensamento fixo em romance, namoro, amor, paixão;
- sonhos constantes (dormindo ou acordada) com o
relacionamento ideal ou com o “homem da sua vida”;
- fantasias sobre o que significa um relacionamento ideal ou o par
perfeito;
- desejo descontrolado de viver um grande amor;
- uma boa dose de sofrimento, descontentamento,
autocomiseração com os relacionamentos que tem;
- uma atração forte por músicas, filmes e livros melosos e
melodramáticos;
- suspiros, olhares perdidos, cabeça no mundo da lua.
Existem pelo menos dois tipos de paixonite: a paixonite aguda e a
paixonite crônica.

Paixonite aguda
A paixonite surge muito frequentemente pela primeira vez na
adolescência e vem em sua forma mais forte, intensa e com o maior
número de sintomas e efeitos colaterais – é o que eu chamo de
paixonite aguda. O fato é que, infelizmente, as meninas
experimentam a sua primeira crise cada vez mais cedo. Não fosse a
paixonite aguda (própria da juventude), esperaríamos mais – não
nos precipitaríamos e nem tomaríamos tanta decisão errada.
Desiludiríamos-nos menos – passaríamos por menos experiências
desnecessárias e, consequentemente, menos decepções. Teríamos
menos corações quebrados – fruto de relacionamentos precipitados.
Teríamos menos marcas – que teremos que levar pra vida toda.

Paixonite crônica
Muitas de nós não conseguem se curar da paixonite aguda da
juventude e acabam por levá-la pra vida toda. Não, paixonite não é
coisa de adolescente e nem apenas de quem ainda não se casou.
Muitas mulheres ainda sofrem da paixonite em sua forma latente, a
chamada paixonite crônica. Não fosse a paixonite crônica (aquela
que vai além da juventude), seríamos menos infelizes – comparando
o nosso relacionamento real com o relacionamento “ideal” dos
nossos sonhos. Aproveitaríamos mais – com nossas histórias reais
e nossos maridos reais. Brigaríamos menos – exigiríamos menos.
Teríamos menos relacionamentos quebrados - menos traições,
adultérios, infidelidades.
Os estragos da paixonite
O amor é lindo, o romance é bom. Mas a paixonite consegue
deixar tudo tão intenso e desproporcional que o que deveria ser
leve, gostoso e saudável acaba se tornando doloroso e deixando
marcas permanentes.
O pensamento fixo em romances e paixões nos causam
problemas sem fim. Apressa as coisas, queima etapas. Nos faz
entrar e sair de relacionamentos desnecessariamente. Desgasta
nossa mente e fere o nosso coração. Drena as forças, a criatividade
e o potencial que poderiam ser investidos em outras áreas. Tira a
capacidade e a alegria de viver o hoje, que se torna obscurecido
pelas sombras de um futuro ideal que nunca chega.
A paixonite rouba de nós a serenidade e a clareza de ideias.
Rouba-nos o bom senso e a perspectiva do plano maior. A vida não
é só romance, e não viemos ao mundo para viver um conto de
fadas.
Além disso, a paixonite também pode indicar que algo está
errado no altar do nosso coração.

Romance e idolatria
De maneira geral, o romance, assim como qualquer outra coisa
nessa vida, pode se tornar um ídolo do coração. Um ídolo é
qualquer coisa que colocamos acima e no lugar de Deus.
Quando concebemos o romance, ou a ideia de viver um grande
amor, ou o desejo de encontrar o “par perfeito” como supremo alvo
de nossas vidas, como condição para nossa alegria, como o alvo de
nossa existência e realização muito provavelmente ele já se
transformou em ídolo.
Uma boa maneira de avaliar se algo se tornou um ídolo no seu
coração é determinar objetivamente o quanto você estaria disposta
a fazer para consegui-lo. Muitas mulheres estão dispostas a
qualquer coisa para “viver o amor” ou “encontrar sua metade”, até
mesmo pecar, quebrar seus compromissos ou deixar Deus de lado.
Para as jovens solteiras isso pode significar se jogar naquele
relacionamento com um cara descrente por medo de ficar sozinha.
Pode significar ir contra as opiniões e conselhos dos pais. Pode
significar se entregar fisicamente e não guardar a sua pureza.
E não se engane. A paixonite não é prerrogativa das jovens
solteiras. Nós casadas não estamos imunes aos riscos da paixonite
em sua versão crônica. Mesmo casadas, a ideia fixa em romance
pode no fazer pecar. O desejo constante por “romance dos sonhos”
pode nos fazer cair no pecado do descontentamento com o
relacionamento que temos e no pecado da amargura – que são
portas para outros problemas conjugais bem sérios. Isso pode
significar trair o seu marido e entrar de cabeça em um
relacionamento extraconjugal que lhe “prometa” o coração
acelerado e as borboletas no estômago que há tempos não se
sentem no seu casamento.
Romance é bom? Bom demais! Palavra de uma romântica
incorrigível. Mas o desejo de viver um “romance na vida real” não
nos dá o direito de chutar o balde, passar por cima de tudo e de
todos, de nossos princípios, valores, compromissos, de nossa
palavra, de nosso Deus - palavra de quem sempre sofreu de
paixonite e foi agraciada por Deus com o homem menos romântico
da face da terra.
Não é fácil estar solteira e esperar pacientemente o amor chegar,
assim como não é fácil desejar um pouco mais de romance no
relacionamento conjugal e não o ter. Encaro minha experiência
como o ato gracioso de Deus de me ensinar a não desejar nada
mais intensamente do que a ele mesmo, de ensinar-me a buscar ser
completa, feliz e satisfeita nele e não naquilo que sempre imaginei
ser o alvo maior de minha realização – o romance.
E sabe de uma coisa? Quanto mais a gente concentra nossa
força e nosso desejo no romance, e coloca nisso nosso grande
sonho, razão de viver, mais Deus tem o prazer de torná-lo mais e
mais difícil, mais e mais distante. Não por puro sadismo ou por
requintes de crueldade, mas porque ele não divide a glória dele com
ninguém. Porque nos ama e deseja que amadureçamos e
passemos do estágio “paixões adolescentes” para o estágio
“contentamento e plena satisfação em Deus”. E sabe o que mais?
Dá-nos o que tanto queremos não é sinônimo de nos dar o melhor.
Dá o que queremos não é garantia de felicidade e realização. Achar
que um grande amor é tudo o que precisamos na vida é uma grande
ilusão. Nada tem o poder de realizar-nos, a não ser Deus.

Conselhos práticos para curar (ou aliviar) a paixonite


Às vezes, leva a vida toda para conseguir se desintoxicar de toda
a paixonite internalizada desde cedo. Talvez nunca consigamos
completamente, mas uma boa forma de amenizar os efeitos da
paixonite é deixar de alimentá-la. Eu, por exemplo, preciso de uma
semana para me desintoxicar de um filme romântico e do
sentimento que ele causa no meu coração. Sei que não acontece só
comigo, pode ser o seu caso também.
A Bíblia nos dá uma “técnica“ fantástica para mudanças de
hábitos e ela nos será muito útil aqui. É a “técnica“ do despojar e
revestir.

“Que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem,


que se corrompe pelas concupiscências do engano; e vos
renoveis no espírito da vossa mente; e vos revistais do novo
homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e
santidade” (Ef 4.22-24).

Comece se despojando daquilo que alimenta seus delírios,


devaneios e pensamentos fixos em romance, romance, romance.
Você, melhor do que ninguém, sabe o que mais lhe faz mergulhar
nesse mundo. Que tal evitar os romances melosos, as músicas “de
fossa”, os livros dramáticos.
O próximo passo é se revestir do que alimenta bem sua mente e
seu coração.

“Tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é


justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de
boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso
pensai” (Fp 4.8).

Troque o pensamento obsessivo em você mesma e em sua


realização pessoal por tempo investido em coisas que ajudem o
próximo, que edifiquem, que sejam do interesse do reino de Deus.
Cristo nos chama do conto de fadas para a vida real. Uma vida
com propósito maior e bem definido – fazer a vontade de Deus,
cumprir o seu chamado. Viver como peregrino e forasteiro. Na vida
que Deus preparou para nós há espaço pra tudo – inclusive
relacionamentos marcantes, boas histórias, grandes amores, fortes
emoções, mas tudo isso ele nos dá enquanto buscamos a sua glória
e o seu reino em primeiro lugar.
Tenho certeza que quando focalizamos em fazer o que é do
interesse de Deus, mesmo que isso signifique abrir mão de nossos
sonhos românticos ou deixá-los em segundo plano, ele terá o maior
prazer de nos dar todas as outras coisas conforme a sua vontade e
para o nosso bem.

“Busquem, pois, em primeiro lugar o reino de Deus e a sua


justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas” (Mt
6.33).

E você já sofreu de paixonite? Qual o tipo da sua paixonite atual?


Como faz para lidar com ela?
15
COMPLEXO DE IRMÃS DE CINDERELA
ESPERAR OU FAZER O QUE FOR PRECISO?

Estreou há alguns meses uma nova versão do clássico Cinderela.


Esse texto não se trata de uma crítica à nova adaptação. Na
verdade, nem tive oportunidade de assistir, mas a novidade me fez
ter vontade de ler o conto na sua versão original.
Não esperava algo tão diferente da versão que estamos
acostumadas desde pequenas e me surpreendi com a brutalidade
das cenas do conto original. Esqueça fadas madrinhas e pense em
mutilações e muito sangue. E no meio de tanto sangue me deparei
com semelhanças e reflexões bem pertinentes pra nossa realidade.
O enredo é praticamente o mesmo que já conhecemos, mas o
que chama a atenção são as medidas extremas das irmãs da
Cinderela. No desespero para encaixarem seus pezinhos no
sapatinho de cristal e conquistarem o príncipe, as duas irmãs são
capazes do inimaginável. Sob os conselhos de uma mãe igualmente
desesperada, uma corta os seus dedinhos do pé para que ele entre
no sapato. Com dois dedos a menos e o sapato no pé, uma delas
segue seu destino com o príncipe, até ser denunciada pelo rastro de
sangue deixado no caminho. Com uma irmã desmascarada a outra
não hesita e, também sob os conselhos da mãe, corta um pedaço
dos calcanhares que eram grandes demais para os sapatos.
Novamente, quando já se ia a caminho com o príncipe, foi
desmascarada pelo sangue que lhe escorria pelos pés.
Por mais bizarra que a história nos soe, ela se aproxima
muitíssimo de nossa realidade. Em atitudes desesperadas e de falta
de fé muitas mulheres agem como as tais irmãs da Cinderela. Se
exibem, trapaceiam e, sim, se mutilam na tentativa desesperada de
fazer alguma coisa para ganhar a atenção de algum príncipe
encantado. Mulheres que fazem de tudo para caberem no tal
sapatinho de cristal – o padrão e o modelo que elas acreditam ser
mais atraente e mais agradável aos homens.
Talvez não tenha tanto sangue derramado pelo chão, mas
mulheres em mesas de cirurgia arrancando pedaços do seu corpo
sem nenhuma justificativa e com o único objetivo de conquistar
homens é uma cena igualmente grotesca.
Vivemos em tempos de meninas que fazem qualquer coisa para
passarem na frente na corrida da conquistar do homem dos sonhos.
Encontrar um par, o grande amor, aquele com quem se vai dividir o
resto da vida, virou uma verdadeira corrida maluca em que palavras
como “esperar em Deus” não estão muito em voga.
Aqui vão algumas verdades que devemos manter em mente a fim
de agirmos menos como “irmãs da Cinderela” e mais como
princesas de verdade:
Deus é soberano. Isso significa que ele está no controle de tudo.
Se ele cuida das mínimas coisas do seu dia-a-dia, de cada fio de
cabelo de sua cabeça (Lc 12.7), imagine então de seus
relacionamentos e de seu futuro.
Ele quer que esperemos. Ele é o Deus que trabalha para os que
nele esperam (Is 64.4). Muitas vezes queremos dar uma ajudinha a
Deus e acabamos atrapalhando. Ele quer que confiemos e
esperemos. As coisas acontecem de acordo com o tempo e os
planos de Deus traçados para nossas vidas.
Ele quer que dependamos. Deus quer que lancemos sobre ele
todas as nossas ansiedades, necessidades e preocupações e nos
coloquemos em posição de dependência absoluta (1Pe 5.7). Isso se
aplica aos nossos relacionamentos. Devemos entregar nossas
preocupações concernentes a isso nas mãos de Deus e ele promete
que cuida do resto.
O Salmo 37.7 diz “descanse no Senhor e aguarde por ele com
paciência”. Eu ainda sou à moda antiga. Ainda penso que o par
ideal é aquele que se encanta e nos ama por aquilo que somos,
mesmo com nossos defeitos e imperfeições. Ainda creio que o par
perfeito nos encontrará sem que precisemos fazer mirabolices para
conquistá-lo ou para chamar a sua atenção. A pessoa certa não
será fruto de seus esforços, mas virá das mãos de Deus. Tudo o
que se conquista agindo de maneira artificial e forçada é um monte
de experiências com pessoas erradas.
Provérbios 19.14 nos diz que “casas e riquezas herdam-se dos
pais, mas a esposa prudente vem do senhor”. O versículo fala da
esposa, mas o mesmo se aplica ao marido. A pessoa certa vem de
Deus. Vem suave, vem no tempo, vem no jeito e na hora que deve
vir – se for pra vir. E não será preciso arrancar nenhum dedinho
para que o pé caiba no sapatinho de cristal.
16
MULHER QUE SE PREZA NÃO CORRE
ATRÁS DE HOMEM

Isso soa estranho pra você? Pois não deveria.


E esse negócio de que correr atrás de homem é sinal de
liberdade, autonomia, empoderamento feminino é conversa fiada. A
palavra que melhor define tal atitude é desespero.
Acredito sim que a mulher sabe bem o que quer e que sabe ir
atrás do que quer. E uma mulher que se preza não quer ter que
mendigar carinho, não quer competir com outras tantas, não quer se
sentir insegura com relação ao interesse do seu par. Uma mulher
que se preza há de querer um homem que saiba assumir o seu
lugar de homem, que saiba tomar iniciativa e que lhe dê segurança
com relação ao seu amor.
Deus criou o homem para ser o cabeça, o líder. Se um homem
não consegue tomar a iniciativa pra conquistar você, essa é uma
boa dica de que ele não será o líder que você precisa. Homem de
verdade toma a iniciativa e vai atrás do que quer.
Se utilizar de artifícios e artimanhas pra seduzir e chamar a
atenção não costumam ser bons sinais. Sensualidade nunca esteve
entre as virtudes bíblicas, mas sempre esteve listada entre as obras
da carne, fruto de nossa natureza pecaminosa. Nas Escrituras, toda
vez que uma mulher persegue um homem ela é considerada imoral.
A mulher que reconhece seu lugar na obra criativa de Deus sabe
de seu valor. Sabe também que tem um Pai que cuida de cada
detalhe de sua vida, inclusive de seus relacionamentos. Ela sabe o
que o melhor negócio é esperar... e espera tranquila.
Se você precisa correr atrás de um homem, das duas uma: ou ele
é um ‘bocó’ ou ele não está interessado em você. Nos dois casos,
não acho que ele seja um bom negócio pra sua vida. A verdade é
que quem muito corre atrás um dia acha... e pode acabar não
gostando muito do que achou.
17
PORNOGRAFIA FEMININA
QUEM TEM CORAGEM DE FALAR A RESPEITO?

Quantas vezes você já ouviu ou leu sobre o poder da pornografia


sobre os homens? Agora, me diga quantas vezes você já ouviu
sobre o mesmo tema, mas voltado para o público feminino?
Alguns temas parecem ser “tabus”, intocáveis ou ignorados no
meio feminino - a pornografia é um deles. Isso é altamente
prejudicial em pelo menos três sentidos: - as mulheres não são
confrontadas em seu pecado - as mulheres não são advertidas
contra esse pecado - as mulheres que se acham envolvidas nesse
pecado se acham sozinhas e as piores do mundo por esse
problema nem ao menos se nomear entre as demais mulheres.
A realidade da pornografia feminina não pode ser negada. Veja
só essas estatísticas que já nos dão ideia da extensão e do poder
da pornografia sobre as mulheres: 70% das mulheres que acessam
pornografia preferem manter segredo. 13% das mulheres admitem
que acessam pornografia no trabalho. 17 % das mulheres admitem
que são viciadas em pornografia. 9,4 milhões de mulheres acessam
sites pornográficos diariamente.
A procura de mulheres por pornografia tem crescido tanto que já
existe uma indústria pornográfica voltada exclusivamente para elas.
A pornografia feminina possui contornos mais sutis e românticos do
que a masculina. Como advertência quero comentar
superficialmente sobre alguns tipos sutis de pornografia que podem
fisgar mulheres e escravizá-las nesse mundo: revistas femininas
(mesmo as voltadas para o público adolescente), literaturas (dentre
as quais se destaca a trilogia bestseller 50 Tons de Cinza), internet e
TV.
Não quero neste texto entrar nos pormenores do assunto, mas
quero expor francamente e em voz alta que o problema existe e é
mais comum do que se imagina. Quero que tal pecado deixe de ser
ignorado e seja biblicamente confrontado. Quero advertir as
mulheres para que não caiam nele. Quero confrontar aquelas que
de alguma forma estão envolvidas. E principalmente dar a estas
mulheres uma palavra de incentivo e de esperança: você não está
só e pode ser liberta e purificada de todo e qualquer pecado por
meio da confissão sincera e do recebimento do perdão de Deus.
18
ANSIOSA DEMAIS COM O QUE VESTIR?
REFLEXÕES EM LUCAS 12

Qual mulher já não andou ansiosa com relação à sua aparência e


com o que haveria de vestir? Ansiedade é um estado de inatividade
prática que consome nosso tempo, nossas forças e nossa alegria.
Enquanto nos debatemos interiormente, pouco (ou nada) fazemos
de útil.
Existe espaço para um zelo saudável para com essa área da
nossa vida, mas, muitas vezes, estamos tão preocupadas com
nossa aparência que concentramos nossas emoções e ações de
forma desproporcional.
Andar ansiosa com relação ao que haveremos de comer, beber
ou, mais especificamente no caso de nós mulheres, com o que
haveremos de vestir, pode acabar nos levando a práticas de
consumismo. Sim! Muitas vezes a forma como consumimos pode
demonstrar quais são as reais preocupações do nosso coração, o
que realmente domina a nossa mente.
Sempre que pensamos no que a Bíblia nos fala sobre ansiedade
lembramos logo da ordem restritiva e negativa de não andarmos
ansiosas por coisa alguma: “não andeis ansiosos...”
Jesus é claro a esse respeito. “Simplesmente não ande ansiosa!”
Parece simples? A gente sabe que na prática não é tão simples
assim.
Mas Deus não nos deixa apenas na perspectiva negativa –
“simplesmente não ande ansiosa! Se vire para vencer a ansiedade!”
– com uma proibição fácil de decorar, mas difícil de colocar em
prática.
Existe uma dinâmica maravilhosa encontrada em várias partes
das Escrituras que nos ajuda a deixar de lado atitudes e
comportamentos que não são corretos e nos leva a nos exercitar na
justiça: a dinâmica do DESPOJAR/REVESTIR.
Deus nos diz não apenas o que não devemos fazer. Ao mesmo
tempo que nos diz o que deixar de lado, nos ensina a trocar aquelas
práticas antigas e pecaminosas por práticas verdadeiramente boas,
legitimamente saudáveis e perfeitamente alinhadas com nossa nova
vida, com a nova realidade que desfrutamos em Cristo.
Com relação à ansiedade sobre o que vestir (que pode nos levar
ao consumismo) o despojar/revestir é claro. Contra a preocupação,
a ansiedade, o apego, o sentimento de sempre precisar de mais,
Cristo nos dá o antídoto: desapegue! A ansiedade deve ser
substituída por práticas de generosidade.
Em Lucas 12, Jesus nos diz não apenas o que devemos deixar
de fazer. Ele nos ensina também qual deve ser a atitude correta.

Despojar - Lucas 12.22-30


Portanto eu lhes digo: não se preocupem com suas próprias
vidas, quanto ao que comer; nem com seus próprios corpos,
quanto ao que vestir. A vida é mais importante do que a
comida, e o corpo, mais do que as roupas. [...] Observem
como crescem os lírios. Eles não trabalham nem tecem.
Contudo, eu lhes digo que nem Salomão, em todo o seu
esplendor, vestiu-se como um deles. Se Deus veste assim a
erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao fogo,
quanto mais vestirá vocês, homens de pequena fé! Não
busquem ansiosamente o que hão de comer ou beber; não se
preocupem com isso. Pois o mundo pagão é que corre atrás
dessas coisas; mas o Pai sabe que vocês precisam delas.

Por que não se preocupar exageradamente com o que vestir?


Talvez a resposta esteja nos últimos versos. Os descrentes é que se
preocupam tanto com essas coisas. E nós? Nós temos coisas mais
importantes com o que nos preocupar. Talvez estamos gastando
tanto tempo nos preocupando com o que vestir porque não estamos
gastando o nosso tempo com aquilo que deveríamos gastar. E é
sobre isso que Cristo fala em seguida.

Revestir - Lucas 12.31-34


Busquem, pois, o Reino de Deus, e essas coisas lhes serão
acrescentadas. Não tenham medo, pequeno rebanho, pois foi
do agrado do Pai dar-lhes o Reino. Vendam o que têm e dêem
esmolas. Façam para vocês bolsas que não se gastem com o
tempo, um tesouro nos céus que não se acabe, onde ladrão
algum chega perto e nenhuma traça destrói.

Troque sua preocupação excessiva com o que vestir, comprar,


ter, possuir por atos de generosidade. Busque o Reino, invista em
missões, ajude os necessitados. Ocupe sua mente e seu orçamento
com as coisas do Reino. Esteja mais preocupada com coisas de
valor eterno do que com coisas temporais que não tem muito valor
para além dessa vida. Ocupando sua mente com coisas de valor
eterno, pouco tempo vai sobrar para andar preocupada e ansiosa
com coisas de menor valor. E as outras coisas? O Senhor sabe do
que você precisa. Descanse em Deus e tudo o mais lhe será
acrescentado.
Conclusão - Lucas 12.35
Muitas vezes pensamos que nossa espiritualidade está
dissociada da nossa prática. Queremos resolver as nossas questões
espirituais à parte de mudanças na nossa forma de agir, mas nada
pode estar mais longe da realidade. Espiritualidade e prática não
são coisas separadas. Nossas práticas refletem a nossa condição
interior. Nossos interesses e nossas preocupações são o reflexo do
nosso coração. Por isso mesmo Cristo termina dizendo: Pois onde
estiver o seu tesouro, ali também estará o seu coração.
19
QUER VESTIR-SE BEM?
VISTA-SE DE BOAS OBRAS!

Da mesma forma quero que as mulheres se vistam


modestamente, com decência e discrição, não se adornando
com tranças, nem ouro, nem pérolas, nem roupas caras, mas
com boas obras, como convém a mulheres que professam
adorar a Deus (1Tm 2.9-10).

As mulheres têm parte importante no Reino de Deus. É


necessário que elas cuidem de sua aparência e reflitam a beleza e o
cuidado do Criador, mas Deus não as chamou para serem bibelôs e
elas não ganharão galardões pelo quanto conseguiram ficar bonitas
e na moda (o nome disso é concurso de beleza). Cada uma tem um
chamado e recebeu dons que devem ser desenvolvidos na igreja
local. Seu papel não pode ser negligenciado ou toda a igreja sofre.
Deus as chamou para a ação!
Por esta e outras razões, o equilíbrio e a organização correta das
prioridades são importantes. As mulheres não devem ser obcecadas
a respeito de sua aparência. Não devem gastar todo o seu tempo,
toda a sua energia (bem como todo o seu dinheiro) correndo atrás
da última moda, dos acessórios do momento ou dos tratamentos e
cosméticos de última geração. Antes, devem estar mais
preocupadas e investir mais seu tempo e recursos em boas obras
em favor da expansão do Reino de Deus.
Cuide do seu corpo, vista-se com beleza, elegância e modéstia.
Esmere-se no cuidado com sua aparência como forma de refletir a
Cristo. Mas não permita que a obsessão com a aparência tome as
forças, a energia, o tempo e o dinheiro que devem ser investidos em
boas obras!
Seus esforços com a aparência não devem vir antes e em
detrimento dos seus esforços pela expansão do Reino de Deus. Há
tempo e lugar para todas as coisas. Saiba colocar cada coisa em
seu devido lugar: as coisas mais importantes em primeiro, e as
demais coisas lhe serão acrescentadas.
Mateus 6.27-33 diz: Será que alguém consegue ficar um
centímetro mais alto preocupado diante do espelho? Todo esse
tempo e dinheiro gasto com moda, pensam que faz muita diferença?
Em vez de correr atrás da moda, caminhem pelos campos e
observem as flores silvestres. Elas não se enfeitam nem compram,
mas vocês já viram formas e cores mais belas? Os dez homens e
mulheres da lista dos mais bem vestidos iriam parecer maltrapilhos
comparados às flores.

Se Deus dá tanta atenção à aparência das flores do campo —


e muitas delas nem mesmo são vistas —, não acham que ele
irá cuidar de vocês, ter prazer em vocês e fazer o melhor por
vocês? Quero convencê-los a relaxar, a não se preocuparem
tanto em adquirir. Em vez disso, prefiram dar, correspondendo,
assim, ao cuidado de Deus. Quem não conhece Deus e não
sabe como ele trabalha é que se prende a essas coisas, mas
vocês conhecem Deus e sabem como ele trabalha. Orientem
sua vida de acordo com a realidade, a iniciativa e a provisão
de Deus. Não se preocupem com as perdas, e descobrirão que
todas as suas necessidades serão satisfeitas.
Quanto tempo gastamos na frente do espelho, preocupadas com
nossa aparência, desagradadas com nossos defeitos ou
envaidecidas por qualidades? Quanto tempo gastamos em frente ao
guarda-roupa, infelizes e descontentes com nossa coleção de
roupas ou sapatos? Quanto tempo gastamos pensando em como
adquirir aquele item da última moda?
Por acaso você já deixou de ir a um culto ou uma reunião com os
irmãos por julgar não “ter roupa”? Você já saiu para a igreja
estressada e com uma tromba daquelas porque não tinha “a” roupa
dos seus sonhos? Já deixou de participar com alegria e serviço da
comunhão com os irmãos na igreja porque ao chegar lá se deparou
com mulheres “mais bem vestidas” do que você e por isso se sentiu
inferior e se escondeu em um canto qualquer?
A Bíblia fala que quem não tem Deus é que se preocupa demais
com essas coisas.

Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que


beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? Porque os gentios
é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste
sabe que necessitais de todas elas; buscai, pois, em primeiro
lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos
serão acrescentadas. Portanto, não vos inquieteis com o dia
de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao
dia o seu próprio mal (Mt 6.31-34).

O tempo que temos para servir e fazer diferença nesse mundo é


perdido, drenado por nossa preocupação excessiva com nossa
aparência ou com o que haveremos de vestir. Transformemos nossa
mente, ajustemos o nosso foco. Devemos remir o tempo e investi-lo
naquilo que tem valor eterno e todas as outras coisas nos serão
acrescentadas. Veja novamente comigo o que diz Mateus 6.27-33:
se Deus cuida da vida e da aparência das flores não cuidará muito
mais de nós?
A imagem que as pessoas têm de nós pode mudar e até ser
esquecida com facilidade, mas o efeito que fizermos em suas vidas
por meio de nossas obras fica gravado para sempre. No final das
nossas vidas, quando a beleza da juventude acabar e as roupas da
moda não nos servirem mais, o que ficará é a beleza daquilo que
fizemos pela graça de Deus para o Reino de Cristo. A beleza de um
look perfeito em nada supera a beleza das boas obras.

Que as mulheres se vistam modestamente, com decência e


discrição... com boas obras, como convém a mulheres que
professam adorar a Deus (1Tm 2.9-10).
20
A MEDIDA DA SUA FELICIDADE
DEUS NUNCA ORDENOU QUE EU FOSSE MAGRA!

Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer


coisa, fazei tudo para glória de Deus (1Co 10.31).

Desejar parecer com uma modelo é um objetivo ímpio e fútil para


a mulher cristã. Rejeitemos a partir de agora este pensamento
mundano. Coloquemos de lado a crença de que ser magra é
sinônimo de prazer e felicidade. Elyse Fitzpatrick.
Colocar o cuidado com o nosso corpo na perspectiva correta gera
disciplina piedosa, contentamento e liberdade para desfrutar da vida
que Deus tem para nós e para agradar e receber a aprovação de
Deus.
“Deus nunca ordenou que fôssemos magras” - A leitura desta
frase em um livro motivou a escrita deste texto. A minha luta contra
a balança tem sido sempre tão sofrida que a frase soou como uma
verdade libertadora e me fez perceber que o principal problema e a
principal fonte para o descontentamento e o sentimento de
inadequação de muitas de nós está longe de residir no número da
calça jeans, mas dentro do coração.
Não quero fazer apologia à obesidade ou à gordura, que são
questões de saúde pública, mas dar alívio e libertar muitas de nós
da escravização pelo padrão demasiadamente elevado de imagem
corporal que tanto nos causa ansiedade.
Deus ordenou que fôssemos saudáveis, que cuidássemos do
nosso corpo, mas não que perseguíssemos o padrão de beleza e de
magreza das passarelas internacionais.
Não há nada que as mulheres busquem mais que o corpo
“perfeito”. Consciente ou inconscientemente lutam freneticamente
contra a balança e contra o espelho como quem luta pela própria
felicidade.
Elyse Fitzpatrick16 em seu texto Aconselhando as mulheres que
comem demais e as que praticam bulimia destaca bem esta
realidade quando diz:

Muitas empresas procuram criar um mercado para seus


produtos, a fim de atacar continuamente o público com
descrições da “mulher ideal, feliz”. Ela é sempre muito magra. O
que eles não nos dizem é que a maioria de nós jamais se
parecerá com uma modelo, mesmo que façamos regime e
exercitemo-nos continuamente. Desejar parecer com uma
modelo é um objetivo ímpio e fútil para a mulher cristã.
Rejeitemos a partir de agora este pensamento mundano.
Coloquemos de lado a crença de que ser magra é sinônimo de
prazer e felicidade.

Se a questão da magreza te deprime, te escraviza, toma demais


de seus pensamentos, tempo e esforços, se o fato de não chegar ao
peso ideal te faz perder o prazer de viver e de conviver com outras
pessoas, preciso te dizer que seu problema maior não está no
número do seu manequim, mas no seu coração.
Se você se enquadra nessa realidade quero também dizer pra
você que Deus não estabeleceu um número de manequim ou um
peso máximo que as mulheres que desejam ser piedosas devem
observar. Saber isso pode ser um verdadeiro alívio para muitas de
nós. Mais do que no seu índice de massa corporal, Deus está
interessado no seu coração, em suas motivações. Por que você
come demais? Por que você come de menos?
É bem interessante como Elyse coloca essa verdade na
perspectiva correta:

Pense um pouco – não há mandamento para nos conformarmos


à imagem de uma modelo da moda feminina. Deus nunca ditou
qual tamanho que é piedoso. Ele nunca disse que pesar mais de
70 quilos é uma maldição. Deus não se preocupa com o nosso
tamanho – exceto no que ele revela do nosso coração.17

Devemos cuidar de nosso corpo em obediência à ordem de


Deus, mas a preocupação com a magreza de que falo aqui vai além
do zelo com saúde ou obediência ao Senhor. Não há nada de
errado em querer perder uns quilinhos para ficar mais bonita desde
que esse desejo não nos escravize ou tire nossa alegria de viver.
Tudo, até mesmo essa área de nossa vida deve ser submetido ao
Senhor. Nosso coração e nossa mente devem ser mantidos cativos
ao Senhor e o nosso desejo maior deve ser glorificar a Deus por
meio do nosso corpo.
Apesar de poder ser um desejo piedoso, na busca, algumas de
nós chegam a se tornar obcecadas pelo corpo e consumidas pelo
desejo de ficarem magras e condicionam sua alegria e sucesso pelo
peso marcado na balança.
A preocupação excessiva com a imagem muitas vezes nasce de
motivações erradas e pode chegar ao extremo de transtornos como
a bulimia e a anorexia. Na maioria dos casos não chegam tão longe,
mas são igualmente prejudiciais e escondem pecados que devem
ser confrontados.
Algumas motivações erradas para querer emagrecer que trazem
peso e tristeza à nossa vida:
• Inveja – preciso ser magra para ser tão bonita quanto à pessoa
que admiro.
• Sensualidade – preciso ser magra para que os homens me
desejem.
• Aprovação – preciso ser magra para que as pessoas gostem
de mim.
• Descontentamento – preciso ser magra para ser feliz.
É bem verdade que muitas de nós precisam lidar com o pecado
da gula, da preguiça, da indisciplina, da falta de autocontrole. Mas
devemos ter o cuidado para não trocar esses pecados pelos
pecados da obsessão pela vaidade, desejo de aprovação e falta de
contentamento. Devemos cultivar hábitos saudáveis e piedosos em
primeiro lugar para glória de Deus.
Shannon McCoy18 em seu texto Auxilio para pessoas que comem
demais pontua bem a questão da motivação como chave para a
correção permanente de maus hábitos:

Podemos desejar mudar os nossos maus hábitos alimentares


porque são constrangedores, frustrantes, prejudiciais à saúde,
caros ou nos fazem sentir culpados. Contudo, entrar numa dieta
para perder aqueles quilos indesejados porque o encontro com o
pessoal do colégio está chegando, tem um casamento para ir ou
apenas para ganhar atenção não tem o poder de transformar
escravos em homens e mulheres livres. Razões externas,
temporárias, não nos motivarão a parar de comer por muito
tempo. O nosso problema com a glutonaria não é simplesmente
um problema com a comida. É um problema de orientação de
vida e quando vivemos com a orientação errada – orientação de
curto prazo, transitória – nunca conheceremos a satisfação,
realização e a paz que estamos buscando.
Devemos sim e temos a responsabilidade diante do Senhor de
cuidar do nosso corpo por meio de hábitos saudáveis, mas devemos
fazer isso não porque estamos nos sentindo fora do padrão de
beleza imposto pela sociedade. Precisamos nos esforçar por
aprender hábitos saudáveis a fim de glorificar e adorar a Deus com
nosso corpo.
A chave para ter liberdade e alegria nessa área da vida é
submetê-la à verdade divina. Encarar de frente nossas motivações e
entender o que Deus realmente requer e espera de nós. Mais que
um corpo magrinho livre de qualquer gordura, Ele requer de nós um
coração saudável, livre de pecados.
O caminho para mudanças consistentes de hábitos é mudar
nossas convicções e motivações. Encarar a questão do nosso peso
como uma questão de adoração a Deus muda nossa perspectiva e
nos ajuda, com o auxílio do Espírito Santo, a mudar o que está
errado em nossos hábitos e em nossos pensamentos.
É preciso que aprendamos a fazer tudo por causa de Deus.
Nosso cuidado com o corpo, nossos hábitos alimentares, o que
comemos, o quanto comemos, como comemos - tudo deve ser
motivado pelo desejo de agradar a Deus. Se a motivação for essa,
tudo o mais entra nos eixos.

Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer


coisa, fazei tudo para glória de Deus (1Co 10.31).

Colocar o cuidado com o nosso corpo na perspectiva correta gera


disciplina piedosa, contentamento e liberdade para desfrutar da vida
que Deus tem para nós e para agradar e receber a aprovação de
Deus.
16. Mulheres Ajudando Mulheres. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.414.
17. Ibid. p.414.
18. Fiztpatrick, Elyse. Mulheres Aconselhando Mulheres. São Paulo: Nutra, 2015, p.344.
21
DUAS COISAS QUE NÃO PODEM
FALTAR NO SEU GUARDA-ROUPA
REFLEXÃO EM 1PEDRO 3.3-4

Docilidade e tranquilidade - dois “acessórios” de luxo que nunca


saem de moda.

A beleza de vocês não deve estar nos enfeites exteriores,


como cabelos trançados e jóias de ouro ou roupas finas. Pelo
contrário, esteja no ser interior, que não perece, beleza
demonstrada num espírito dócil e tranquilo, o que é de grande
valor para Deus (1Pe 3.3-4).

Jamais será verdadeiramente bela uma mulher que cuida de sua


aparência e descuida do seu interior: seu temperamento e sua
espiritualidade.
Ser você acha que ficar bonita é muito trabalhoso e complicado,
quero te dizer que é ainda bem mais difícil do que parece. A
verdade é que pra ser bonita de verdade não basta estar com o
corpinho em dia, unha feita, cabelo arrumado e com a roupa certa.
Dizem que as mulheres se vestem e se arrumam para outras
mulheres. Seja para mulheres ou para homens, não se pode negar
a desenfreada busca feminina por estar sempre com uma aparência
impecável. O fato é que, de uma forma ou de outra, preocupamo-
nos com nossa aparência porque queremos ser notadas, aprovadas
ou admiradas por outros ou por nós mesmas.
A mulher que, embora impecável por fora, é grosseira, nervosa,
afetada, ansiosa, iracunda, explosiva, desaforada, impaciente,
escandalosa, espalhafatosa, jamais será considerada
verdadeiramente bela. Muitas se passam por lindas e elegantes até
que abram a boca. Se os meros mortais avaliam assim, imagine só
o nosso Deus que nos vê por completo: porque o Senhor não vê
como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos,
porém o Senhor olha para o coração (1Sm 16.7).
Muito de nosso tempo e energia são gastos com nossa aparência
exterior, mas esquecemos de “acessórios” que são indispensáveis e
que, se faltam na composição do “look”, leva todo o esforço por
água à baixo.
O fato é que, ao cuidar de nós mesmas, pouco pensamos em
atrair a atenção, ser notada, aprovada ou admirada pelo nosso
Deus. Muito pouco pensamos em adornos que atraiam e agradem o
olhar do nosso Pai celestial. Para agradar a Deus temos que nos
adornar em um nível mais profundo já que o nosso Deus vê além da
aparência exterior, Ele vê o interior do coração.
Pedro, em sua primeira epístola, dedica um tempo especial a
esse assunto. Embora muitos o interpretem erroneamente, como se
ele estivesse condenando todo tipo de adorno feminino, sua
intenção e ênfase não jaz na proibição de certo tipo de penteado, de
um estilo de jóias ou de uma marca de roupa. Pedro enfatiza em
seu ensino uma correta ordenação de princípios e valores.
Jamais será verdadeiramente bela uma mulher que cuida de sua
aparência e descuida do seu interior: seu temperamento e sua
espiritualidade. Provérbios 11.22 nos lembra disso quando lemos
que “Como anel de ouro em focinho de porco, assim é a mulher
bonita, mas indiscreta.”
Há pelo menos dois “acessórios” indispensáveis para que você
fique realmente linda aos olhos de Deus, mesmo a despeito de quão
luxuosa ou antenada seja a roupa que você está vestindo: espírito
dócil e espírito tranquilo. Dois acessórios de ‘luxo’, de grande valor
para Deus.

Docilidade - espírito dócil


Ser dócil é ser branda, terna, afável. Mais do que isso, docilidade
é a qualidade de quem demonstra obediência; mansidão,
submissão. Você é uma mulher rebelde, insubmissa, seca,
contenciosa (no popular, barraqueira) ou grosseira?

Tranquilidade - espírito tranquilo


Um espírito tranquilo é um espírito sereno, sossegado, cheio de
paz. Ser tranquila é ter o espírito quieto, confiante, descansado no
cuidado e na sabedoria de Deus.
Você é uma mulher ansiosa, inquieta, impaciente, nervosa,
preocupada excessivamente?
Ao se olhar no espelho naquele momento final antes de sair,
lembre-se se olhar um pouco mais cuidadosamente. Olhe para
dentro de si e avalie seu espírito - ele está adornado de docilidade e
tranquilidade? Se sim, vá feliz e tranquila, tendo a certeza de que
você está linda para quem mais interessa, seu Deus, e de que você
irradiará beleza para os que estão à sua volta.

A beleza de vocês não deve estar nos enfeites exteriores,


como cabelos trançados e joias de ouro ou roupas finas. Pelo
contrário, esteja no ser interior, que não perece, beleza
demonstrada num espírito dócil e tranquilo, o que é de grande
valor para Deus (1Pe 3.3-4).
22
SOBRE EXCESSOS, MODÉSTIA,
DISCRIÇÃO E BOAS OBRAS

Da mesma forma quero que as mulheres se vistam


modestamente, com decência e discrição, não se adornando
com tranças, nem ouro, nem pérolas, nem roupas caras, mas
com boas obras, como convém a mulheres que professam
adorar a Deus (1Tm 2.9-10).

A beleza de vocês não deve estar nos enfeites exteriores,


como cabelos trançados e joias de ouro ou roupas finas. Pelo
contrário, esteja no ser interior, que não perece, beleza
demonstrada num espírito dócil e tranquilo, o que é de grande
valor para Deus (1Pe 3.3-4).

E viva os excessos! Excesso de maquiagem, de adornos, de


decotes. Excesso de vaidade e de luxo. Excesso de exposição, de
atenção, de ostentação. Excesso de tempo e dinheiro investidos em
excessos.
Excesso é tudo aquilo que não é necessário. É o que está a mais,
além da conta, da medida. É o que resta depois do suficiente. E
infelizmente as mulheres parecem ter uma tendência natural a
serem levadas pelos excessos, principalmente no que diz respeito à
sua aparência.
E não se engane, como já dizia o sábio Salomão, não há nada
novo debaixo do sol. Essa parece uma tendência que tem
acompanhado a história da mulher – basta voltar um pouco em
nossa história e pensar nos poufs – aqueles arranjos gigantescos
colocados nos penteados das nobres damas do século XVIII. A
nada discreta Maria Antonieta não foi a única personalidade daquele
século a usar esses tipos de penteados que de tão exagerados
chegavam ao ponto de serem “singelamente arrematados” (por
favor, note a minha ironia) com objetos como réplicas de navios ou
de praças e jardins.
O desejo de aparecer, de chamar a atenção e de se sobressair às
demais deixou muitas chegarem a extremos ridículos e as fizeram
entrar para os anais da história por tamanha bizarrice. Por esta
mesma razão, nós mulheres precisamos ser constantemente
lembradas e advertidas a não nos deixar levar pelos excessos, pela
briga de egos, pelo sentimento de competição louca e acirrada em
busca de atenção (já diziam que as mulheres se vestem para outras
mulheres).
Podemos voltar um pouco mais no tempo às épocas bíblicas do
Novo Testamento e nos deparar com o fato de que os pastores
daquela época também tinham que lidar com o mesmo problema
que temos visto hoje com relação às mulheres de sua igreja.
O apóstolo Paulo precisou dar aquele puxão de orelha na
mulherada da igreja de Éfeso, lembrando-as de que o mais
importante não é a aparência exterior, mas que a verdadeira beleza
vem de dentro pra fora. Não pense que o contexto feminino era
muito diferente do de hoje. Éfeso era uma cidade rica e as mulheres
viviam em uma espécie de concurso de beleza sem fim, cada uma
querendo chamar mais atenção e conseguir mais popularidade –
alguma semelhança com a nossa realidade?

Da mesma forma quero que as mulheres se vistam


modestamente, com decência e discrição, não se adornando
com tranças, nem ouro, nem pérolas, nem roupas caras, mas
com boas obras, como convém a mulheres que professam
adorar a Deus (1Tm 2.9-10).

Longe do que muitas podem supor, ao chamar a atenção das


mulheres de Éfeso, Paulo não acaba totalmente com a festa
feminina ao decretar uma proibição do uso de joias, adereços ou de
roupas bonitas. Paulo não faz isso, mas adverte quanto aos
excessos. Principalmente quando estes são substitutos da beleza
verdadeira, no caso, as boas obras. Paulo adverte quanto ao perigo
de dedicar toda sua atenção, energia e esforços numa competição
fútil que desvia a atenção da mulher do que é mais importante – seu
comportamento como filha de Deus, suas boas obras.
Assim como Paulo, Pedro também chama a atenção das
mulheres de Roma para que não dediquem toda a sua atenção a
sua aparência exterior a ponto de deixar os cuidados interiores com
o caráter de lado. Parece que não é de hoje que Milão é referência
nas passarelas internacionais. Assim como as mulheres de Éfeso,
as mulheres romanas do período neotestamentário também
adoravam seguir a última moda e, como todas as mulheres de todos
os tempos e do mundo inteiro, competiam entre si sobre quem era a
mais top.

A beleza de vocês não deve estar nos enfeites exteriores,


como cabelos trançados e joias de ouro ou roupas finas. Pelo
contrário, esteja no ser interior, que não perece, beleza
demonstrada num espírito dócil e tranquilo, o que é de grande
valor para Deus (1Pe 3.3-4).
Assim como no ensino de Paulo, Pedro chama a atenção das
mulheres para que cuidem em primeiro lugar do que vai por dentro
da roupa – seu caráter, sua conduta cristã. Quanto ao que vai por
fora, a palavra de ordem é modéstia, moderação.
Modéstia não significa andar mal vestida, com trapos, panos de
saco e cinzas. Não significa nunca cortar os cabelos e se
despreocupar completamente da aparência. Não significa combinar
roupas e cores de qualquer jeito sem nenhuma preocupação. Não
significa abandonar o salto alto e só andar de rasteirinha ou jogar
fora todas as bijuterias e acessórios que você tem no seu guarda-
roupa.
Cristo inclusive adverte quanto à prática de descuidar do corpo a
fim de transparecer espiritualidade e piedade. Isso passa longe do
significado de modéstia.

Quando jejuarem, não mostrem uma aparência triste como os


hipócritas, pois eles mudam a aparência do rosto a fim de que
os homens vejam que eles estão jejuando. Eu lhes digo
verdadeiramente que eles já receberam sua plena
recompensa. Ao jejuar, ponha óleo sobre a cabeça e lave o
rosto, para que não pareça aos outros que você está jejuando,
mas apenas a seu Pai, que vê no secreto. E seu Pai, que vê
no secreto, o recompensará (Mt 6.16-18).

Modéstia, na verdade, tem tudo a ver com moderação, bom


senso. Desleixo e mau gosto nem ao menos combina com a
natureza e o caráter de Deus que esbanja ordem, bom senso,
beleza e harmonia em toda a sua criação.
A mulher deve glorificar a Deus ao refletir em sua forma de agir
toda essa ordem, beleza, esse bom senso e essa harmonia que são
características do seu Criador. É completamente possível usar jóias
e se vestir na moda e ainda assim honrar a Deus, desde que se
tenha modéstia.
Modéstia é discrição, simplicidade, moderação, comedimento. É
o extremo oposto de excesso. A modéstia é aquele bom senso que
nos impede de ultrapassar os limites do que é decente e apropriado.
É aquele sensor que nos avisa se está exagerado, que nos faz ter
vergonha de colocar o pé fora de casa. Infelizmente o
“modestômetro” de muitas de nós anda desregulado e muitas
andam saindo de casa mais parecidas com Maria Antonieta,
ridiculamente empavonadas de excessos: excesso de tinta, de
maquiagem, de adornos, de decotes, de caras, de bocas, de
vaidade e de luxo.
Ter mo déstia significa ter equilíbrio, dando à aparência e ao
caráter a atenção que lhe é devida. Significa priorizar conteúdo, não
necessariamente esquecendo-se da forma. Significa cuidar mais do
que está por dentro do que com a aparência. Modéstia significa
chamar mais atenção pelo que você é do que pelo que você veste.
Modéstia tem muito mais a ver com o coração.
Como diz a máxima: menos é mais. A mulher elegante de
verdade é modesta, não gosta de exageros, mas se veste com bom
senso, moderação, preocupada mais com aquilo que ela é, sem
deixar de cuidar da sua aparência.
A vida cristã não é concurso de beleza e seu ministério não é ser
bibelô. As mulheres têm parte importante no Reino de Deus. Deus
não as chamou para serem bibelôs e elas não ganharão galardões
pelo quanto conseguiram ficar bonitas e na moda - isso se chama
concurso de beleza. Cada uma tem um chamado e recebeu dons
que devem ser desenvolvidos na igreja local. Seu papel não pode
ser negligenciado ou toda a igreja sofre. Deus as chamou para a
ação!
Por esta e outras razões, as mulheres não devem ser obcecadas
a respeito de sua aparência. Não devem gastar todo o seu tempo,
toda a sua energia (bem como todo o seu dinheiro) correndo atrás
da última moda, dos acessórios do momento ou dos tratamentos e
cosméticos de última geração. Antes, devem mais estar
preocupadas e mais investir seu tempo e recursos em boas obras
em favor da expansão do Reino de Deus.
Não permita que a obsessão com a aparência tome as forças, a
energia, o tempo e o dinheiro que devem ser investidos em boas
obras! Seus esforços com a aparência não devem vir antes e em
detrimento dos seus esforços pela expansão do Reino de Deus. Há
tempo e lugar para todas as coisas. Saiba colocar cada coisa em
seu devido lugar: as coisas mais importantes em primeiro e as
demais coisas lhe serão acrescentadas.
23
MANUAL DEFINITIVO DE ETIQUETA: A
ELEGÂNCIA EM 8 LIÇÕES!
Na raiz da verdadeira elegância está a discrição, a amabilidade, a
honradez, a simplicidade, a dignidade, a confiabilidade, a docilidade,
a gentileza e a tranquilidade.
Essa é a elegância verdadeira, de valor eterno, que encanta os
olhos de Deus e que faz diferença na vida dos que nos cercam.

1. Elegante é Ser Discreta!


Como anel de ouro em focinho de porco, assim é a mulher bonita,
mas indiscreta (Pv 11.22). Elegante é ser discreta. Discrição é a
característica da mulher que não tem a intenção de chamar a
atenção para si mesma. A discrição tem tudo a ver com o recato,
com a reserva. A mulher discreta demonstra modéstia,
discernimento, prudência. E tudo isso tem tudo a ver com elegância.

2. Elegante é Ser Aamável!


A mulher graciosa guarda a honra como os violentos guardam as
riquezas (Pv 11.16). Ser elegante é ser amável, benevolente,
branda. Ser graciosa é muito mais que ter beleza, é transbordar
graça nas suas atitudes. A mulher realmente elegante é uma mulher
graciosa, que tem uma inclinação interna para fazer o bem.

3. Elegante é Ter Honra!


A mulher graciosa guarda a honra como os violentos guardam as
riquezas (Pv 11.16). Elegante é ter honra, é ter decência, decoro.
Uma mulher elegante é uma mulher que age com honestidade,
honradez, integridade, retidão e seriedade.

4. Elegante é Ter Dignidade!


As mulheres igualmente sejam dignas, não caluniadoras, mas
sóbrias e confiáveis em tudo (1Tm 3.11). Elegante é ter dignidade, é
ser merecedor de respeito, é se portar de acordo com o que se é –
alguém de valor. É ter nobreza e agir como tal, de acordo com
nossa posição em Cristo.

5. Elegante é Ser Simples!


As mulheres igualmente sejam dignas, não caluniadoras, mas
sóbrias e confiáveis em tudo (1Tm 3.11). Elegante é ser sóbria e ter
equilíbrio e temperança em todas as coisas. A elegância se revela
no comedimento, na parcimônia, na reserva, na moderação. A
mulher realmente elegante é ausente de artificialidade e
complicação, mas é cheia de naturalidade e simplicidade.

6. Elegante é Ser Confiável!


As mulheres igualmente sejam dignas, não caluniadoras, mas
sóbrias e confiáveis em tudo (1Tm 3.11). Elegante é ser uma mulher
em quem se consegue confiar; que é digna de receber confiança,
que é honesta, sincera. Ser confiável é ser alguém que inspira fé e
não suscita dúvidas. É ser alguém em quem se consegue estar
tranquilo sobre, que sustenta ou oferece segurança.

7. Elegante é Ser Dócil!


A beleza de vocês não deve estar nos enfeites exteriores, como
cabelos trançados e joias de ouro ou roupas finas. Pelo contrário,
esteja no ser interior, que não perece, beleza demonstrada num
espírito dócil e tranquilo, o que é de grande valor para Deus (1Pe
3.3-4). Elegante é ser uma mulher com quem é fácil de se lidar, que
se demonstra ensinável e que tem disposição para aprender. Ser
dócil é o oposto de ser rebelde, teimosa, selvagem. Ser dócil é
saber receber orientações, é saber obedecer sem oferecer
relutância.

8. Elegante é Ser Tranquila!


A beleza de vocês não deve estar nos enfeites exteriores, como
cabelos trançados e jóias de ouro ou roupas finas. Pelo contrário,
esteja no ser interior, que não perece, beleza demonstrada num
espírito dócil e tranquilo, o que é de grande valor para Deus (1Pe
3.3-4). Elegante mesmo é uma mulher tranquila, que transborda paz
e serenidade em sua vida. Ela deixa de lado o nervosismo, a
agitação e a impaciência e vive sossegada.
24
SENSUALIDADE, O TAL PODER
FEMININO
REFLEXÃO EM ECLESIASTES 7.26

Que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em


santificação e honra (1Ts 4.4).

Sempre que uma pessoa usa meios antibíblicos para tentar


alcançar seus objetivos, ela está pecando (Martha Peace).

Muito se fala de um poder que é próprio da mulher – o poder da


sensualidade. O poder de convencer as pessoas com um sorriso ou
um olhar, poder de colocar os outros (especialmente os homens) na
palma de suas mãos, o poder de conseguir o que quer através da
sensualidade. As que dizem que o tem se gabam dele e esbanjam o
seu uso. Muitas que acreditam não tê-lo correm desesperadas a fim
de desenvolvê-lo e conquistá-lo a qualquer preço.
Mas afinal, que tipo de poder é esse? O que a Bíblia fala sobre
ele? Devo buscá-lo? Mas o que é sensualidade? Se recorrermos ao
dicionário veremos de forma clara e simples que sensualidade é um
termo relativo à sexualidade, erotismo. É o poder de atração para si
através do apelo sensual ou sexual. Em outras palavras, é a
capacidade de atrair o desejo sexual de outro para si.

A Sensualidade e a Manipulação
Lendo Eclesiastes 7.26 me deparei com uma advertência aos
homens contra esse tal poder feminino: Achei coisa mais amarga do
que a morte: a mulher cujo coração são redes e laços e cujas mãos
são grilhões; quem for bom diante de Deus fugirá dela, mas o
pecador virá a ser seu prisioneiro. Salomão compara o poder de
sedução da mulher como algo mais amargo que a própria morte,
capaz de prender um homem e escravizá-lo.
A mulher que se utiliza da sua beleza, sensualidade e
sexualidade para conseguir o que quer é chamada de manipuladora.
Manipular nada mais é que influenciar inadequadamente alguém a
fim de conseguir algo. A sensualidade usada como poder é
manipulação. É usar seus atributos sexuais a fim de atuar no desejo
sexual do outro com o intuito de conseguir algo em troca: seja
atenção, prazer, favor ou mesmo algo material.
Martha Peace19 descreve manipulação pecaminosa como “usar
palavras antibíblicas e/ou semblantes para intimidar ou persuadir
uma pessoa a deixar você fazer o que quer”. A sensualidade como
poder visa despertar desejo sexual do outro como meio para atingir
um alvo. O fato é que muitas mulheres usam sua sensualidade
como sua mais importante ferramenta de poder. Muitas adornam
com sensualidade suas roupas, maquiagens, cabelos, andar, falar,
comportamento e atitude com a finalidade de influenciar, convencer
e chamar a atenção através do desejo sexual (conscientemente ou
não).
Até mesmo no casamento a sensualidade pode ser usada de
forma pecaminosa, manipuladora, como ferramenta de poder. Usar
a sua sensualidade para convencer seu marido a fazer algo que ele
não quer ou usar o sexo como moeda de troca ou ferramenta de
tortura é completamente condenado pelas Escrituras. (Isso é
assunto para outro momento).
E o que a Bíblia fala sobre sensualidade utilizada como ferramenta
de poder?
A Bíblia utiliza o termo lascívia para se referir à sensualidade
pecaminosa, ao erotismo. A lascívia é incluída na descrição das
obras da carne em Gálatas 5.19: Ora, as obras da carne são
manifestas, as quais são: a prostituição, a impureza, a lascívia.
Ela também é citada em Colossenses 3.5 como fazendo parte de
da natureza humana terrena: Fazei, pois, morrer a vossa natureza
terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a
avareza, que é idolatria.
A Bíblia também nos diz categoricamente que agir de forma a
atrair para si o olhar ou desejo sexual de um homem que não seja
seu marido é atrair para si e para o outro pecado e juízo: Eu, porém,
vos digo, que qualquer que olhar para uma mulher com intenção
impura, em seu coração, já cometeu adultério com ela” (Mt 5.28).
Usar a sensualidade por meio de roupas, atitudes ou
comportamento fora do casamento, seja para conseguir favor,
atenção ou preferência, influenciar ou convencer é inadequado e
fora de propósito. É impuro, é desonrar o seu corpo, é ofender e
defraudar o próximo. É pecaminoso, é carnal, e pode chegar a ser
considerado prostituição.
Podemos relembrar rapidamente alguns exemplos na Bíblia de
mulheres que abusaram do seu poder da sensualidade. Dentre elas
temos a mulher de faraó (Gênesis), Dalila (Juízes) a moça da janela
(Provérbios). Em todos os casos o apelo sexual feminino foi usado a
fim de convencer homens a fazerem o que era desejado. Em todos
esses casos, explicitamente, a finalidade era imprópria e o fim não
foi nada bom.
Trocando em miúdos, o poder da sensualidade tão valorizado e
buscado até mesmo por mulheres cristãs nada mais é que um uso
errado (entenda-se pecaminoso) da sexualidade projetada por Deus
a fim de manipular e influenciar de maneira inadequada outras
pessoas (entenda-se homens) a fim de conseguir algum tipo de
favor. E o fim pode não ser nada bom...

O lugar bíblico da sensualidade


Foi o próprio Deus que nos criou seres sexuais. Ele criou a nós,
mulheres, com características, belezas e encantos para um
propósito bem determinado. Há hora, lugar e forma certa de
usarmos a nossa sensualidade, e esse lugar é o casamento. O
propósito é o deleite mútuo e a glória de Deus.
A mulher deve cuidar de seu corpo, de sua aparência, de suas
roupas a fim de agradar e deleitar seu marido. Essa preocupação
feminina em si não é pecado, desde que esteja no contexto do
casamento e que não seja utilizado como forma de manipulação. O
sexo e a nossa sensualidade foram criados por Deus, mas devem
estar restritos às “quatro paredes” do casamento.

Um caminho melhor
Se uma mulher deseja desenvolver o poder de conquistar,
influenciar ou atrair existe um caminho muito melhor. Devemos
“lutar” com as armas certas. Em lugar de procurar as armas
femininas relacionadas ao apelo sensual/sexual devemos buscar
armas espirituais a fim de atrair e influenciar positivamente as
pessoas ao nosso redor. Temor a Deus, espírito manso e humilde,
sabedoria, decência e modéstia são todas as armas das quais as
mulheres precisam. O nosso sábio conselho e nossas orações
intercessórias é que devem influenciar as pessoas. O brilho de
Cristo em nossas vidas é o que deve fazer os homens olharem em
nossa direção.
A mulher que teme ao Senhor não precisa se utilizar de
artimanhas sexuais para manipular os homens, antes, o Espírito
Santo que nela habita a conduzirá a agir como uma motivadora
convicta de que quem transforma as situações e as pessoas de
forma verdadeira e honesta é somente o próprio Deus.

Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos


abstenhais da prostituição; que cada um de vós saiba possuir
o próprio corpo em santificação e honra, não com o desejo de
lascívia, como os gentios que não conhecem a Deus; e que,
nesta matéria, ninguém ofenda nem defraude a seu irmão;
porque o Senhor, contra todas estas coisas, como antes vos
avisamos e testificamos claramente, é o vingador, porquanto
Deus não nos chamou para a impureza, e sim para a
santificação (1Ts 4.3-7).

19. Martha Peace. Mulheres em Apuros. São José dos Campos: Fiel, 2010, p.56.
25
UMA MULHER ENCANTADA
REFLEXÃO EM PROVÉRBIOS 11.16

A mulher graciosa guarda a honra como os violentos guardam


as riquezas (Pv 11.16).

Como jóia de ouro no focinho de uma porca, assim é a mulher


formosa que não tem discrição (Pv 11.22).

Em Provérbios 11.16 lemos que “A mulher graciosa guarda a


honra como os violentos guardam as riquezas”. Aqui temos um
ensino precioso sobre como as mulheres devem preservar a sua
honra, mas gostaria de chamar a sua atenção para a palavra
“graciosa” utilizada nesse versículo.
É interessante notar quão mais profundo é o significado que essa
palavra possui. Ser uma mulher graciosa vai muito além de ser uma
“gracinha“ ou “bonitinha“ (que, afinal, não é lá essas coisas todas, já
que dizem que a “bonitinha“ é a irmã da “feinha“).
A palavra usada nesse texto para graça é a palavra hebraica hen.
Para além de atributos físicos, ela significa encanto. Significa um
encanto que vai além da aparência exterior, algo capaz de atrair a
atenção. Mas claro que não se trata de nenhum encanto mágico ou
místico como nos filmes de princesas! Quando Provérbios fala de
uma mulher graciosa ele fala de uma mulher encantadora, atraente
pela sua personalidade. Ser graciosa, então, significa ter uma
personalidade atraente.
É interessante a questão do ‘chamar atenção’. A Palavra de Deus
várias vezes nos ensina a respeito da discrição, inclusive no mesmo
capítulo de Provérbios, no versículo 22, quando diz que “Como joia
de ouro no focinho de uma porca, assim é a mulher formosa que
não tem discrição”. Discrição é a característica da mulher que não
quer chamar atenção para si mesma, é recato, reserva. Uma mulher
bonita de verdade é discreta e não tem como alvo atrair os olhares
ou chamar a atenção para si mesma.
Se por um lado a beleza da mulher está no fato dela ser discreta,
de não buscar chamar atenção para si mesma, por outro a mulher
verdadeiramente bela também possui esse ‘encanto’, essa graça
que naturalmente atrai as pessoas à sua volta pela sua
personalidade e não pelo seu modo de vestir ou pela sua aparência.
Uma mulher encantadora tem uma personalidade capaz de atrair
os que estão ao seu redor pela sua amabilidade, pela sua
benevolência e brandura. Ela não precisa de artifícios para ser
notada. Ela não força a barra para que sua presença seja percebida.
Ela é uma mulher que chama a atenção pela sua inclinação interna
para fazer o bem, por transbordar graça nas suas atitudes.
E você? É uma mulher encantadora?
26
O QUE UMA MULHER PRECISA?
PARA CRESCER EM PIEDADE E NO CONHECIMENTO DE
DEUS

Com o crescimento do interesse de mulheres pelas questões


religiosas, tem crescido também a lista prescrita como indispensável
para que ela ‘esteja por dentro’ do assunto:
- Ler os principais teólogos reformados;
- Ler teologias sistemáticas;
- Saber sobre linguística;
- Conhecer as línguas originais.
Mas o que é realmente necessário para que uma mulher comum,
como eu e você, cresça em conhecimento de Deus, intimidade com
Cristo e em maturidade espiritual?
Das muitas coisas que aprendi com minha madrasta, uma me
impactou e me marcou de forma especial. Ela ainda era nova na fé
e ao se converter não faltaram sugestões de amigos a respeito de
livros e recursos que ela deveria ler a fim de ajudá-la na caminhada
cristã. A resposta dela marcou e moldou ainda mais a atitude e o
pensamento que eu já tinha com relação ao conhecimento dos
rudimentos da minha fé. Ela enfaticamente rejeitou as sugestões
bem intencionadas e disse que não leria livro adicional algum até
que tivesse lido toda a sua Bíblia. Afinal, de que outra forma julgaria
a literatura adicional que viesse a ler?
Muitas vezes a “literatura extra“ tem tomado o lugar da nossa
Bíblia. Ela tem se tornado necessária e não auxiliar. E ela, muitas
vezes, tem retirado de nós o privilégio de aprender de “primeira
mão” bem como atrapalhado e retirado a prioridade e a suficiência
das Escrituras.
Temos preguiça de ler a Bíblia, de pensar, de orar pedindo
iluminação, de mastigar, de meditar, de ler mais uma vez.
Acomodamos-nos e nos apegamos àquela velha história de que as
Escrituras são difíceis demais, à “moda teológica” ou ao “status
teológico”. Corremos rapidinho para o caminho mais fácil ou para o
mais pomposo. Um devocional diário, um comentário bíblico, uma
Bíblia de estudo. E com isso perdemos. Pensamos pela cabeça de
outros enquanto o Espírito Santo nos aguarda para nos fazer pensar
e aprender por meio dele e da Palavra.
Essa história de que a Bíblia é complicada demais e de que é
necessário algo mais para podermos entendê-la já causou muito
mal no passado. E muitas vezes a “literatura extra” tem tomado o
lugar da nossa Bíblia. Ela tem se tornado necessária e não auxiliar.
E ela, muitas vezes, tem atrapalhado e retirado a prioridade e a
suficiência das Escrituras.
As Escrituras foram escritas para pessoas simples, assim como
eu e você. Além disso, recebemos o Espírito Santo que, dentre
tantos ministérios, tem aquele de iluminar os nossos olhos, abrir
nosso coração e nos fazer compreender.
Eu sou uma militante do estudo teológico em profundidade para
mulheres. Tenho me dedicado a isso, escrito sobre isso e defendido
isso. Quanto mais profundo for possível conhecer, melhor. Mas é
preciso começar e se firmar no que é mais fundamental.
Sem dúvida podemos e devemos desfrutar das bênçãos de ter
crentes piedosos que vieram antes de nós e que podem nos ensinar
muito sobre Deus e sobre a Sua Palavra. A questão é que
precisamos fazer primeiro a lição de casa. Perdemos o privilégio de
desfrutar do original.
Certamente, ferramentas como comentários, dicionários bíblicos,
concordâncias podem ser usadas e auxiliam na compreensão de
questões difíceis. Os comentários também têm seu valor, mas
podem nos impedir de desfrutar do prazer de descobrir verdades
maravilhosas através de um relacionamento íntimo com Deus e com
a sua Palavra. A literatura extra pode e deve ser utilizada ao final do
processo de estudo bíblico, a fim de conferir se a sua interpretação
caminhou na direção correta.
Nada melhor do que desfrutar desse momento íntimo e de
conhecimento pessoal que, muitas vezes, é atrapalhado até pelas
Bíblias de estudo que insistem em interferir na leitura natural com
suas notas de rodapé que interpretam o texto pelo leitor e trazem
algo a mais para o que está escrito por obra de inspiração divina.
E o que é necessário? Você, sua Bíblia e o Espírito. Além disso,
temos um ambiente maravilhoso para comunhão e crescimento – a
Igreja. Junto com irmãos piedosos e mestres idôneos podemos
crescer em conhecimento, tirar dúvidas, corrigir interpretações
erradas.
Fiz teologia, li um monte de livros, estudei também grego e
hebraico. Mas os momentos mais deliciosos e produtivos acontecem
quando estou só eu e minha Bíblia, em plena intimidade e
dependência do Espírito Santo.
Conheçamos e prossigamos em conhecer o nosso Deus por meio
do estudo dedicado das Escrituras na dependência do Espírito
Santo.
27
PARA GUARDAR NO CORAÇÃO: O
VALOR DA MEMORIZAÇÃO DAS
ESCRITURAS

O Salmo 119 é um verdadeiro hino de louvor à Palavra de Deus.


O maior Salmo das Escrituras exaltando o valor, a importância, a
necessidade e os benefícios daquilo que Deus deixou registrado
para nossa vida.
Dentre tantos versículos que nos ensinam a amar os
mandamentos, testemunhos, estatutos do nosso Deus, destaca-se
um conhecido versículo de todas nós, sempre tão relacionado à
memorização das Escrituras que diz: Guardo no coração a tua
palavra para não pecar contra ti (v.11).
A pergunta que nos ocorre é se a memorização das Escrituras
hoje é realmente tão necessária em face do acesso fácil e variado
que temos à Palavra de Deus. Hoje, para alguns, equivocadamente
a memorização não passa de uma prática legalista e estéril.
Falar de memorização das Escrituras hoje, certamente, não é o
mesmo que falar de memorização nos tempos antigos. Em tempos
em que o acesso às Escrituras era extremamente difícil e limitado
(lembre-se que na época do salmista não havia a Bíblia inteira como
temos hoje) a memorização era quase uma questão de vida ou
morte espiritual.
Sem sombra de dúvidas o acesso que temos às Escrituras é
absurdamente amplo e para nós que vivemos em um país onde
temos liberdade religiosa, não nos parece necessário memorizar as
Escrituras se podemos tê-las sempre à mão.
Mas infelizmente ter a Bíblia na mão não é o mesmo de tê-la na
mente e no coração. Talvez o acesso fácil nos fez zelar menos por
aquilo que temos. A facilidade de ter a Palavra de Deus em mãos
nos fez reparar menos no seu valor e importância.
Desconstruindo a ideia de que a memorização é apenas mais
uma prática irrelevante e desnecessária, gostaria de dar cinco
razões, dentre tantas outras, pelas quais ter guardada a Palavra de
Deus no coração é uma prática necessária e valiosa que traz
benefícios à nossa caminhada e nosso crescimento espiritual. E
todas essas razões estão lá, no Salmo 119.

1. Ter a Palavra guardada no coração nos faz mais sábios para


resolver as questões cotidianas
Em momentos em que nos são exigidas decisões e palavras
imediatas (e isso ocorre várias vezes ao dia), a Palavra gravada em
nosso coração nos orienta e nos conduz a escolhas mais sábias. O
Espírito Santo usa a Palavra divina guardada em nossa memória
para nos lembrar da vontade de Deus para as nossas vidas.

Os teus mandamentos me tornam mais sábio que os meus


inimigos, porquanto estão sempre comigo (Sl 119.98).

2. Ter a Palavra guardada no coração nos permite meditar naquilo


que o Senhor nos fala o dia inteiro
Como poderemos meditar naquilo de que nem ao menos
lembramos? Confessemos que, muitas vezes, esquecemos daquilo
que lemos antes mesmo de fechar a Bíblia. Gravar a Palavra de
Deus no nosso coração nos ajuda a meditar na vontade do Senhor
para nossas vidas o dia inteiro, em qualquer ocasião.
Meditarei nos teus preceitos e darei atenção às tuas veredas
(Sl 119.15).

Como eu amo a tua lei! Medito nela o dia inteiro (Sl 119.97).

3. Ter a Palavra guardada no coração nos afasta do pecado


A Palavra gravada em nosso coração acusa nossa consciência
quando somos tentados a pecar. Como uma presença que nos
chama atenção para a realidade do erro, a Palavra memorizada nos
adverte e nos constrange.
Guardei no coração a tua palavra para não pecar contra ti (Sl
119.11).

Jamais me esquecerei dos teus preceitos, pois é por meio


deles que preservas a minha vida (Sl 119.93).

Dirige os meus passos, conforme a tua palavra; não permitas


que nenhum pecado me domine (Sl 119.133).

4. Ter a Palavra guardada no coração nos traz ânimo em meio às


dificuldades
Em momentos de tristeza e angústia, as Palavras gravadas em
nosso coração nos alegram e nos dão esperança. Quando não
temos ânimo para abrir as Escrituras, aquelas que estão escondidas
em nosso coração brilham em meio ao desânimo e nos trazem
alento.

Se a tua lei não fosse o meu prazer, o sofrimento já me teria


destruído (Salmos 119.92).
Tribulação e angústia me atingiram, mas os teus mandamentos
são o meu prazer (Sl 119.143).

5. Ter a Palavra guardada no coração nos ajuda a trilhar caminho


correto
Como uma lanterna que queremos ter sempre conosco para
iluminar um caminho escuro pelo qual passamos, ter as Escrituras
sempre perto, no coração e na mente, é uma ferramenta
indispensável para discernir nossos passos.

A tua palavra é lâmpada que ilumina os meus passos e luz que


clareia o meu caminho (Sl 119.105).

Algumas dicas para uma memorização significativa


Ninguém quer agir como papagaio, repetindo palavras que não
nos significam nada. Memorizar por memorizar não é o foco da
memorização das Escrituras. Tentar memorizar algo que você não
entende ou que não é relevante para você, além de não ter sentido,
se torna ainda mais difícil. Seguir os passos a seguir podem ajudar
você a memorizar de maneira significativa, relevante e mais fácil.
1. Encontre o versículo a ser memorizado na sua própria Bíblia.
2. Leia cuidadosamente. Sem pressa, repetidamente. Grife na
sua Bíblia.
3. Leia os versículos que vêm antes e depois do versículo para
entender o contexto em que ele está inserido. De preferência, leia
pelo menos todo o capítulo.
4. Repare o tipo de literatura do livro em que ele está inserido.
Saber se é um livro poético, profético ou se é um evangelho ou uma
epístola te ajudará a entender o significado, bem como as figuras de
linguagem.
5. Grife as palavras principais, as mais difíceis e procure o
significado de cada uma delas. Tenha certeza que entende o que vai
memorizar.
6. Resuma o versículo com as suas palavras.
7. Esquematize o versículo organizando palavras, trechos
menores, fazendo uma espécie de desenho ou representação
gráfica do versículo.
8. Aplique o versículo à sua vida: como esse versículo é relevante
para você?
9. Escreva os versículos em cartões ou cartazes que você possa
carregar ou ver durante todo o dia.
10. Utilize técnicas mnemônicas variadas como, por exemplo,
transformar o versículo em música. Isso facilita e muito a
memorização. Faça jogos de memória. Esconda progressivamente
algumas palavras e tente recitar até que seja capaz de recitar sem
ter nenhuma ajuda.
Quanto mais amarmos a Deus, mas amaremos à sua Palavra. E
quanto mais amarmos a sua Palavra, mais teremos prazer nela e
mais a guardaremos em nosso coração.
28
DISCIPLINAS ESPIRITUAIS:
NUTRINDO O AMOR E O APEGO AO NOSSO DEUS

Devoção não é uma obrigação penosa, uma espécie de


penitência ou uma série de passos mecânicos e artificiais a fim de
garantir salvação.
Devoção é muito mais do que a observância de práticas
religiosas, de ritos e práticas regulares privadas.
Devoção é, antes de mais nada, o apego sincero e fervoroso a
Deus que se expressa por meio de atitudes diárias.
A devoção brota de um coração que:
- reconhece a majestade do seu Deus e por isso deseja adorar
diariamente;
- reconhece o que Deus fez e por isso é profundamente grato;
- reconhece a necessidade diária de estar próximo a Deus e por
isso vive em dependência todo dia;
- reconhece as bênçãos e alegrias de andar próximo àquele que
cuida de sua vida.
A devoção brota de um coração que ama verdadeiramente o seu
Deus. Tudo isso é motivo de sobra para buscarmos de maneira
integral e disciplinada estar mais próximas do nosso Deus.
A forma como vivemos nossa fé e caminhamos com Deus mostra
o quanto amamos e dependemos dEle e nos traz benefícios
espirituais inenarráveis. Nossa devoção a Deus é demonstrada das
mais diversas maneiras. Existem algumas práticas que são
fundamentais para a nova vida cristã, para nosso crescimento
espiritual, e que são prescritas pelo próprio Deus nas Escrituras.
Novamente, não se trata de algum tipo de obediência mecânica,
mas de reconhecimento de quem Deus é e do quanto necessitamos
dEle.

1. Meditação nas Escrituras


Meditar nas Escrituras é muito mais do que apenas ‘ler a Bíblia’.
Algumas dicas práticas para desfrutar das bênçãos da meditação
nas Escrituras são:
- Reserve uma hora propícia. Desenvolva estratégias e aprenda a
encontrar pequenos momentos no meio da correria para ler a
Palavra e meditar nela.
- Tenha uma atitude de oração e dependência. Ore antes, durante
e depois da leitura Bíblia.
- Lembre-se de que qualidade é mais importante que quantidade.
Melhor do que ler automaticamente três capítulos é ler uma
pequena porção e meditar verdadeiramente nela.
As Escrituras nos falam sobre a importância e o benefício da
meditação na Palavra:

A meditação nas Escrituras é fonte de prazer para aqueles que


amam a Deus. É algo diário e constante e é fonte de vida
Como é feliz aquele que não segue o conselho dos ímpios,
não imita a conduta dos pecadores, nem se assenta na roda
dos zombadores! Ao contrário, sua satisfação está na lei do
Senhor, e nessa lei medita dia e noite. É como árvore plantada
à beira de águas correntes: Dá fruto no tempo certo e suas
folhas não murcham. Tudo o que ele faz prospera! (Sl 1.1-3).
A meditação nas Escrituras vale qualquer esforço
Fico acordado nas vigílias da noite, para meditar nas tuas
promessas (Sl 119.148).

A meditação nas Escrituras é profundamente útil


Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para
a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça,
para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado
para toda boa obra (2Timóteo 3.16,17).

A meditação nas Escrituras é vital


Jesus respondeu: “Está escrito: ‘Nem só de pão viverá o
homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus
(Mt 4.4).

A meditação nas Escrituras é eficaz


Pois a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais afiada que
qualquer espada de dois gumes; ela penetra ao ponto de
dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os
pensamentos e intenções do coração (Hb 4.12).

2. Memorização
Guardar a Palavra no coração é uma prática preciosa. Nutrir a
mente, a memória, com a Palavra de Deus é alimentar a si mesma
para momentos difíceis. Quando memorizamos versículos bíblicos
eles estarão sempre conosco quando precisarmos, brilhando em
nossa mente e nos trazendo conforto, consolo, ânimo, etc.
Meu filho, obedeça às minhas palavras e no íntimo guarde os
meus mandamentos. Obedeça aos meus mandamentos, e
você terá vida; guarde os meus ensinos como a pupila dos
seus olhos. Amarre-os aos dedos; escreva-os na tábua do seu
coração (Pv 7.1-3).

A memorização também nos ajuda a não pecar:

Guardei no coração a tua palavra para não pecar contra ti (Sl


119.11).

3. Oração
Orar é conversar com o seu Deus. A oração, entretanto, não deve
ser entendida apenas como um meio de pedir o que você deseja.
Jesus nos ensina verdades importantes sobre a oração:

E quando vocês orarem, não sejam como os hipócritas. Eles


gostam de ficar orando em pé nas sinagogas e nas esquinas, a
fim de serem vistos pelos outros. Eu lhes asseguro que eles já
receberam sua plena recompensa. Mas quando você orar, vá
para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, que está no
secreto. Então seu Pai, que vê no secreto, o recompensará. E
quando orarem, não fiquem sempre repetindo a mesma coisa,
como fazem os pagãos. Eles pensam que por muito falarem
serão ouvidos. Não sejam iguais a eles, porque o seu Pai sabe
do que vocês precisam, antes mesmo de o pedirem (Mt 6.5-8).

Outros elementos devem estar presentes na oração e muitos


deles são enfatizados no modelo deixado por Cristo em Mateus 6.9-
3 (Vocês, orem assim...), dentre eles adoração, ações de graças,
confissão, intercessão, e súplica.
E como deve ser nossa prática de oração?

Deve ser disciplinada como nos dá exemplo o profeta Daniel (Dn


6.10)
Três vezes por dia ele se ajoelhava e orava, agradecendo ao
seu Deus, como costumava fazer (Dn 6.10).

Deve ser uma prática contínua


Orai sem cessar (1Ts 5.17).

Deve ser feita sempre que tivermos necessidade


Aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança, a
fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos
ajude no momento da necessidade (Hb 4.16).

4. Desabafo
Pode parecer estranho, mas dentro de nossas práticas
devocionais existe espaço para o desabafo e ele é muito importante.
Desabafar é lançar a nossas ansiedades, frustrações, medos diante
do nosso Senhor. Quando temos problemas, dificuldades, desafios,
antes de correr para falar com qualquer pessoa, devemos
desenvolver o hábito de levar tudo em primeiro lugar para o nosso
Pai celestial. Colocar diante de Deus aquilo que nos perturba, nos
deprime, nos chateia nos ajuda a acalmar o nosso coração e evita
grandes problemas. Devemos derramar o nosso coração
diariamente diante do nosso Deus.
Os salmistas nos dão preciosos exemplos de desabafos diante
do Senhor. Um deles pode ser visto no Salmo 102. Podemos abrir o
nosso coração para Deus, coração esse que Ele já conhece. Ele
sabe ouvir e sempre pode nos ajudar. Quando desabafamos
aliviamos nossas cargas e temos paz com o nosso Deus

Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem


cuidado de vós (1Pe 5.7).

Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela


oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus
pedidos a Deus (Fp 4.6).

Confiem nele em todos os momentos, ó povo; derramem


diante dele o coração, pois ele é o nosso refúgio (Sl 62.8).

5. Confissão
Todas nós pecamos e pecamos diariamente. Por essa razão
devemos ter o hábito de confessar nossos pecados a Deus
regularmente.

Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para


perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça. Se
afirmarmos que não temos cometido pecado, fazemos de Deus
um mentiroso, e a sua palavra não está em nós (1Jo 1.9,10).

Quando confessamos os nossos pecados fazemos uma espécie


de higiene da alma. Guardar pecado no coração, além de ser algo
contra Deus é algo que prejudica a nós mesmas.
Enquanto escondi os meus pecados, o meu corpo definhava
de tanto gemer. Pois de dia e de noite a tua mão pesava sobre
mim; minha força foi se esgotando como em tempo de seca.
Então reconheci diante de ti o meu pecado e não encobri as
minhas culpas. Eu disse: “Confessarei as minhas
transgressões ao Senhor”, e tu perdoaste a culpa do meu
pecado (Sl 32.3-5).

Podemos orar até mesmo por aqueles pecados que nos são
ocultos.

Quem pode discernir os próprios erros? Absolve-me dos que


desconheço! (Sl 19.12).

6. Autoexame
É necessário desenvolver o hábito de olhar para dentro. Somos
chamadas pela Palavra a examinarmos a nós mesmas. Devemos
examinar a nossa fé, o nosso caráter, a nossa consciência, nossas
obras.

Examinem-se para ver se vocês estão na fé; provem-se a si


mesmos. Não percebem que Cristo Jesus está em vocês? A
não ser que tenham sido reprovados! (2Co 13.5).

Cada um examine os próprios atos, e então poderá orgulhar-se


de si mesmo, sem se comparar com ninguém, pois cada um
deverá levar a própria carga (Gl 6.4,5).
Devemos também avaliar as nossas reações
É razoável a tua ira? (Jn 4.4).

Podemos ainda pedir ajuda de Deus nesse processo de autoexame:


Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e
conhece as minhas inquietações. Vê se em minha conduta
algo que te ofende, e dirige-me pelo caminho eterno (Sl
139.23,24).

7. Dependência
Viver na dependência de Deus é mais do que dizer que confia na
soberania dele. A nossa dependência se manifesta em atitudes
diárias em que reconhecemos essa soberania e por isso
entregamos a Deus todos os planos, desejos e as metas.
Quando reconhecer a nossa incapacidade sem Deus
aprendemos a colocar cada projeto diante dele.
Desenvolver um jornal ou diário onde você pode registrar e
apresentar seus planos a Deus é o primeiro passo para viver em
dependência e ter alguma chance de seu plano ser bem-sucedido
(se esta for a vontade do Pai)

Consagre ao Senhor tudo o que você faz, e os seus planos


serão bem-sucedidos (Pv 16.3).

Ouçam agora, vocês que dizem: “Hoje ou amanhã iremos para


esta ou aquela cidade, passaremos um ano ali, faremos
negócios e ganharemos dinheiro”. Vocês nem sabem o que
lhes acontecerá amanhã! Que é a sua vida? Vocês são como a
neblina que aparece por um pouco de tempo e depois se
dissipa. Ao invés disso, deveriam dizer: “Se o Senhor quiser,
viveremos e faremos isto ou aquilo (Tg 4.13-15).

Recapitulando, nossa devoção é uma manifestação da forma


como entendemos quem é o nosso Deus e a consequência do
reconhecimento de quem nós somos. Uma mulher que conhece e
ama verdadeiramente o seu Deus e reconhece o quanto depende
dEle vai buscar disciplinadamente desenvolver os hábitos de:
- Meditação nas Escrituras
- Oração
- Memorização das Escrituras
- Confissão
- Desabafo
- Autoexame
- Dependência
- Adoração
29
“ESPOSAS” DA REFORMA
MULHERES NA REFORMA

Ao lado dos reformadores estavam mulheres notáveis que


deixaram sua marca na história do cristianismo.
Por muitos anos, o acesso às verdades sagradas ou a
autorização para perscrutá-las permaneceu negado para o homem
comum (leigo). A visão medieval de domínio do clero impôs a ideia
de que somente uns poucos eram autorizados, capazes e
responsáveis por pensar sobre as Escrituras e aplicar tais Escrituras
à vida cotidiana.
Se essa era a realidade para o homem comum (leigo), era
especialmente forte com relação às mulheres.
Uma breve passagem pelas obras de alguns dos mais
destacados pais da igreja é suficiente para percebermos que,
infelizmente muitas vezes, as mulheres foram deixadas de fora da
responsabilidade de pensar sobre a sua fé.20
As mulheres eram vistas, muitas vezes, como incapazes para as
atividades intelectuais, facilmente enganadas, vulneráveis com
relações às questões da fé e, por isso mesmo, deveriam ficar longe
das atividades e reflexões teológicas.21
O fato é que, com a Reforma, muitas foram as mudanças
teológicas e eclesiásticas que ocorreram. E, para a mulher, isso foi
particularmente verdadeiro.
Uma das grandes contribuições da Reforma Protestante foi
acabar com a visão medieval clerical e enfatizar a verdade de que
todos os crentes têm acesso direto a Deus, sem a necessidade de
mediadores. Todos os crentes têm acesso às verdades das
Escrituras e a responsabilidade de conhecê-la.
Não somente isso, mas os reformadores restauraram a dignidade
do casamento devolvendo, assim, às mulheres seu lugar na
sociedade, retirando-as dos conventos (único lugar para onde as
mulheres que queriam se dedicar à reflexão teológica a à vida
ministerial podiam ir) e integrando-as de volta à sociedade e à
comunidade dos crentes.
Apesar das dificuldades e limitações (nem tudo eram flores), as
mulheres tiveram mais espaço e floresceram com o surgimento do
protestantismo e deixaram marcas indeléveis na vida da igreja. Se
destacam nesse contexto, por exemplo, as chamadas “esposas da
reforma”, que viam a si mesmas como parte do ministério de seus
maridos.

Katherine von Bora


Sem dúvidas, a mais conhecida dessas é Katherine von Bora
(1499 – 1555), a quem seu esposo, Lutero, se referiu como
“graciosa Katherine von Bora [...] pregadora, cervejeira, jardineira e
todas as outras coisas mais”.22
Além do reconhecimento por ser uma administradora do lar
exemplar, é dito que ela, junto com seu marido, conversava com
refugiados e estudantes que os procuravam em busca de
conselhos.

Katherine Zell
Outra Katarina se destaca no sentido de ser uma inspiração pela
forma como amava as Escrituras e refletia sobre ela. Katherine Zell,
também esposa de um reformador, demonstra o seu ávido interesse
pelas questões espirituais, mesmo antes de Lutero divulgar as suas
famosas teses. Em suas próprias palavras, diz que:23

Desde que eu tinha 10 anos eu tenho sido uma estudante e uma


espécie de mãe da igreja, muito dada a assistir aos sermões. E
tenho amado e frequentado a companhia de homens instruídos
e conversado muito com eles, não sobre dança, máscaras e
prazeres mundanos, mas sobre o Reino de Deus.

É dito que ela “conversava com eles sobre teologia tão


inteligentemente que eles a colocavam acima de muitos doutores”.
Ao mesmo tempo, contra rumores de que pretendia se tornar
”Doutora Katarina”, deixava claro que entendia o ensino das
Escrituras e que não pretendia desafiar ou usurpar os ofícios
estabelecidos por Deus para os homens:

Eu não estou usurpando o ofício de pregador ou apóstolo [...] Eu


sou como a querida Maria Madalena, que sem intenções de ser
apóstolo, foi contar aos discípulos que ela havia encontrado o
Senhor ressurreto.24

Katherine Zell, além de amante das Escrituras, era também uma


adoradora do Deus vivo. Ela escreveu muitos hinos dos quais se
diziam que quem os havia escrito parecia ter a Bíblia inteira em seu
coração.
Muitas outras mulheres entraram para a história da reforma pela
forma como amavam a causa de Cristo. Dentre elas Argula von
Grumback, Ursula de Munsterberg, Marguerite de Navarre e sua
filha Jeanne d’Albert, Reneé de Ferrara e tantas mais.
Essas mulheres marcaram seu tempo, entraram para a história e
nos abençoam hoje por meio do testemunho das suas vidas
piedosas. Mulheres que amavam a Deus e a sua Palavra, e que
brilharam ao entenderem o seu chamado para amar e servir a Deus
como mulheres.
O desafio que arde em nosso coração é o de ser tudo aquilo que
Deus espera de nós em nossa geração. Que o Senhor nos use para
abençoar o nosso lar, participar da edificação da igreja e transformar
a nossa sociedade por meio do zelo que temos pela Palavra e da
devoção que temos a Cristo.

20. Apesar disso, é interessante notar como, mesmo nos períodos mais escuros da
história, encontramos exemplos de mulheres notáveis que deixaram sua marca por amor à
Palavra e pelo zelo que tinham por ela – prometo que guardo essa para uma próxima
oportunidade.
21. Aqui é preciso uma nota de cautela. Apesar de admitir muito mal entendido e equívoco
com relação à participação e ao papel da mulher nas coisas do Reino, é preciso cuidado
para não assumir uma postura por demais pessimista e parcial, citando frases de impacto
de alguns pais da igreja, desconsiderando o contexto total em que aqueles homens
viveram e em que aquelas palavras foram ditas. Uma palavra pode descrever bem a
posição dos pais da igreja com relação às mulheres: ambiguidade. Não é simples entender
como muitos deles viam as mulheres e até que ponto reconheciam seu papel no Reino.
22. Tucker, Ruth. Dauthers of the Church. Grand Rapids: Baker, 1987, p.181.
23. Ibid. p. 182.
24. Ibid. p. 183.
30
DUAS MULHERES NOTÁVEIS
LIÇÕES SOBRE POSTURA, POSSIBILIDADE,
PRIORIDADE E PROFUNDIDADE

“O Senhor não afirmou ter sido má a parte de Marta, mas disse


ter sido ótima a parte escolhida por Maria, que não lhe será
tirada. A parte de Marta, a serviço da indigência, será tirada
quando terminar a indigência. A recompensa de uma boa ação
transitória é o repouso perene. Na contemplação, Deus será
tudo em todos (1Co 15.28), porque fora dele nada mais se
poderá desejar, e nos bastará sermos iluminados por ele e dele
gozarmos [...] Uma imagem desse gozo foi-nos oferecida por
Maria sentada aos pés do Senhor, atenta às suas palavras. Livre
de toda preocupação e de certo modo arrebatada perante a
verdade, o quanto possível nesta vida, prefigurou a realidade
futura e eterna. Marta, sua irmã, estava atarefada no trabalho,
embora útil e bom, mas transitório, até vir o descanso que
perdura; quanto a Maria, repousava na palavra do Senhor”
(Agostinho - A Trindade).

Ao parar para considerar a narrativa da visita de Jesus à casa de


Marta e Maria logo nos vem à mente o contraste das atitudes das
duas irmãs. Apesar da ênfase natural no contraste, gostaria de
propor uma aproximação diferente dessa narrativa. Fugindo um
pouco do mito do binômio Marta x Maria, convido você a uma
análise mais ampla dessas duas mulheres notáveis a fim de
tirarmos lições preciosas para nossas vidas.
Mais do que rejeitar e evitar terminantemente uma ou elevar uma
em detrimento da outra, proponho meditar acerca de características
e qualidades preciosas de cada uma dessas mulheres e de como
cada uma delas, apesar de suas limitações, características pessoais
e escolhas, fizeram parte do ministério do nosso Senhor Jesus
Cristo e foram consideradas dignas de terem suas histórias
registradas nas Sagradas Escrituras para o nosso ensino e
benefício.
Existem quatro princípios que me saltam aos olhos analisando a
passagem de Lucas 10.38-42 e em algumas outras passagens que
também tratam dessa dupla de mulheres.
Esses princípios são o da POSTURA, POSSIBILIDADE,
PRIORIDADE E PROFUNDIDADE
Essas são as quatro lições que podemos aprender através das
breves narrativas bíblicas sobre os acontecimentos da vida dessas
duas irmãs.

LIÇÃO SOBRE POSTURA


Algo interessante de se notar sobre Maria é sua postura com
relação a Jesus. Maria de Betânia aparece três vezes nos
evangelhos e nas três vezes a sua postura é a mesma: aos pés de
Cristo.
Apesar da semelhança, a postura de Maria nessa ocasião
específica nos traz uma lição especial. Enquanto nas outras
ocasiões (Jo 11.32; Jo 12.3) a postura era de adoração ou súplica,
aqui em Lucas 10 ela toma um caráter especial e inovador para a
época.
A POSTURA de Maria não era apenas uma postura de adoração.
Era uma postura de discípula. E uma mulher sentada aos pés de um
rabino era algo completamente contra cultural. Ser um pupilo aos
pés de seu mestre era algo reservado apenas para homens.
A POSTURA de Maria, aos pés de Jesus, quebrava todas as
convenções judaicas sobre a relação de uma mulher e um mestre,
sobre uma mulher aprendendo sobre a lei.
Algumas citações deixam clara a atitude dos judeus para com a
mulher e o ensino da lei:

“Deixe as palavras da Torah serem queimadas, mas não dadas


às mulheres”.25

“Louvado seja Deus que não me fez gentio, louvado seja Deus
que não me fez mulher; louvado seja Deus que não me fez um
homem ignorante”.26

Os judeus de Jerusalém chegaram a debater se realmente as


mulheres tinham alma, e julgavam ser um completo desperdício de
tempo e energia ensinar a lei às mulheres.
A despeito dos costumes e da cultura completamente hostil,
Maria desafia os padrões equivocados para assumir a postura de
uma verdadeira discípula aos pés do seu rabi.

E o que significa ser uma discípula?


O discípulo é um estudante ou aprendiz.
Discípulo é aquele que segue (literalmente) seu rabi (“mestre”)
para onde quer que ele fosse.
Discípulo é aquele que aprende com seu ensino e busca ser
como seu mestre.
Vivemos tempos de “cristãos nominais” e isso é bem verdade no
meio de nós mulheres. Mulheres que se dizem “cristãs” e nem ao
menos conhecem o Seu Mestre. Muitas de nós desprezam a
intimidade, a dedicação intencional, o tempo gasto aos pés do
Mestre.
A POSTURA de Maria nos constrange e nos motiva.
Mas que “crentes” ou “adoradoras”, devemos assumir a postura
de verdadeiras discípulas do Cristo. Isso significa dedicar tempo,
esforços para aprender do nosso Deus. Precisamos assumir a
POSTURA de verdadeiras discípulas de Cristo.
Aprendemos também com a POSTURA de Cristo.
Ao permitir que uma mulher sentasse aos seus pés, Cristo
endossa e honra a atitude daquela mulher, Cristo quebra de vez
com a visão equivocada que tinham da mulher e resgata a intenção
original do Criador.27
“Jesus não apenas escolheu mulheres para ilustrar o Seu ensino,
mas também estava preocupado com o fato de que as mulheres
deveriam estar autorizadas a sentar-se aos pés de seu ensino”.28 E
é daqui tiramos a lição da POSSIBILIDADE.

LIÇÃO SOBRE POSSIBILIDADE


Enquanto a cultura sustentava que não era possível que uma
mulher aprendesse com zelo, dedicação, Jesus, intencionalmente,
por meio desse evento, corrige a compreensão errada e ensina que
as mulheres TÊM a POSSIBILIDADE de beber dos ensinos de
Cristo.
A atitude dos judeus com relação às mulheres no que diz respeito
ao estudo das Escrituras estava muito distante dos princípios
eternos desenhados por Deus para a mulher na criação. Deus criou
a mulher com capacidades intelectuais, relacionais e estabeleceu
um relacionamento de intimidade e cuidado com ela que deveria ser
preservado e nutrido. Em Gênesis 1.28 Deus abençoa a ambos,
ordena a ambos, visita a ambos, toma satisfação a ambos. Ambos
têm não somente a POSSIBILIDADE, mas também a
responsabilidade de conhecer seu Deus, relacionar-se com Ele,
nutrir uma relação de intimidade com Ele.
Temos a POSSIBILIDADE de aprender de Cristo
Essa possibilidade nos é dada por meio da forma como Deus nos
criou.
Nos é dada por ter Cristo morrido por nós.
Nos é garantida pelo Espírito Santo habitar em nosso coração.
Nos é exemplificada por Cristo ao, intencionalmente, incluir
outras mulheres que beberam da fonte de seus ensinos e são
exemplos para nós hoje (mulher samaritana, discípulas que
viajavam com Jesus, testemunhas da ressurreição, galeria de Rm
16).
Encerrando essas duas primeiras lições, concluo dizendo que: a
POSSIBILIDADE resgatada, corrigida e honrada por Cristo deve
corrigir a nossa POSTURA
Existe uma POSTURA equivocada enraizada até mesmo em
nossos corações que nos faz crer que o estudo em profundidade, o
zelo na busca pelo conhecimento de Deus não é algo para as
mulheres. E nada pode estar mais longe do desejado por Deus.
Nossa postura deve ser a de discípulas aos pés do seu mestre.
A próxima lição que podemos tirar da narrativa sobre o encontro
de Cristo com Marta e Maria é o que geralmente é mais enfatizado.
Trata-se da lição da PRIORIDADE e esse ponto merece uma
atenção especial.

LIÇÃO SOBRE PRIORIDADE


O princípio da prioridade é retirado da reação de Marta à atitude
de Maria. Na narrativa de Lucas, vemos Marta desempenhando o
seu papel social, o papel social comum e esperado pelas mulheres.
Ao ver sua irmã não performando o papel que lhe cabia, Marta
dirige-se a Jesus. É interessante notar que a pergunta de Marta é
uma pergunta retórica (v. 40). O grego deixa claro que Marta pede
que Jesus mande Maria ajudá-la certa de que sua resposta seria
positiva.
Isso pode indicar que a própria Marta, influenciada pela cultura da
época, acreditava que aquilo que sua irmã estava fazendo não lhe
cabia, não era o papel que lhe era esperado, o mais nobre e
desejável para uma mulher.
Cristo, então, aproveita para lhe dá uma lição sobre
PRIORIDADES. E a lição principal aqui é que “Discipulado com
Jesus é a prioridade, mesmo acima de categorias de serviço
normalmente elogiadas”.29
Esse texto tem sido muito mal compreendido.
Alguns o interpretam de maneira limitada dizendo que ele ensina
que “mulheres devem preferir estudar teologia acima das
preocupações com afazeres domésticos”. As aplicações, entretanto,
são bem mais amplas e significativas do que isso.
Cristo não ensina que devemos abandonar todas as nossas
tarefas e os nossos papéis sociais para nos dedicarmos
exclusivamente e integralmente a aprender e a nos relacionar com
nosso Mestre.
O ensino de Cristo é que, acima de todos os papéis sociais e
atividades humanas, existe algo que é melhor. Não significa que
outras tarefas e graças cristãs devam ser ignoradas, mas que existe
algo que é mais importante que todo o resto. Em todas as nossas
escolhas, em todas as nossas atividades devemos reconhecer a
prioridade de nosso papel de discípulos de Cristo.
Não podemos fugir do mundo. Devemos agir e trabalhar para o
bem do mundo. E tudo o que fazemos deve ser um ato de adoração
a Deus. É preciso deixar de lado a visão dicotômica que divide
trabalho (vida secular) e adoração (vida religiosa). E muitas vezes
as pessoas interpretam essa passagem tomando por base essa
visão. Como se na vida só tivéssemos duas opções: trabalhar como
Marta ou adorar como Maria. Mas adoração e serviço não são duas
coisas mutuamente excludentes.
Todo o nosso agir, em todas as esferas (e isso inclui uma simples
lavagem de louça) deve ser um exercício de adoração a Deus (e
tudo o quanto fizerdes... Cl 3.17,23 - 1Co 10.31). Mais do que tomar
partido por Marta ou Maria, é preciso reconhecer a necessidade de
cumprir nossos papéis com zelo sem desprezar a importância e a
necessidade do nosso relacionamento com Cristo.
Nossa tendência natural é nos perder em nossas ocupações e
deixar o nosso relacionamento com Cristo em último lugar (leitura da
Bíblia, oração). Deixamos o Senhor de lado e só saímos perdendo.
O problema não é o nosso trabalho, mas permitir que os nossos
afazeres nos desgastem e nos distraiam do que é nossa
PRIORIDADE.
Neste mundo temos vários papéis: somos mãe, esposa, serva.
Mas dentre todos os papéis, o PRIORITÁRIO, o de maior VALOR, o
mais VITAL é o de discípula de Cristo.
A última lição que gostaria de salientar é sobre profundidade.

LIÇÃO SOBRE PROFUNDIDADE


Muitas vezes saímos de estudos que tratam dessa passagem de
Lucas com uma visão pessimista de Marta e eu gostaria de desfazer
essa visão para encerrarmos nosso estudo. E a lição que
aprenderemos com Marta é exatamente sobre PROFUNDIDADE
(Ver Jo 11.20).
A mesma Marta que havia confundido suas prioridades, agora,
em um dos momentos mais dramáticos de sua vida, a morte de seu
irmão, nos dá uma lição de lucidez e compreensão teológica.
Nessa ocasião, enquanto é Maria que fica em casa, Marta corre
ao encontro de Cristo (Jo 11.20) e faz uma magnífica confissão
acerca de sua fé. Confissão digna de nota que expressa o
conhecimento que aquela mulher tinha do seu Salvador. As
circunstâncias são difíceis, mas Marta não hesita em declarar a sua
fé e faz uma das declarações mais profundas e diretas sobre Cristo,
extremamente idêntica à posterior confissão cristológica de Pedro.
Marta reconhece Jesus Cristo como Senhor, Messias e Filho de
Deus. O tempo verbal de sua afirmação “eu creio” (11.27) indica
uma fé firme e segura: “Tenho crido e continuarei crendo”.
Marta nos deixa uma incrível lição sobre a PROFUNDIDADE e
firmeza de sua fé e conhecimento de Cristo.

As perguntas que se apresentam são:


Como temos aproveitado as POSSIBILIDADES que Deus nos
concede?
Qual a nossa POSTURA com relação ao Mestre?
Quais são as nossas PRIORIDADES?
Quão PROFUNDA é a nossa fé?
Quão PROFUNDO o nosso conhecimento de Cristo?
Que possamos aprender com o melhor de Marta e Maria.
Que tenhamos a postura de verdadeiras discípulas.
Que saibamos administrar nossas prioridades.
Que Tenhamos fé e conhecimento profundos do nosso Deus.
“Fiel às ordens do meu Senhor, Escolheria o que há de melhor:
Servir como Marta, com cuidadosa mão, E como Maria, com
amoroso coração” (Charles Wesley).

25. Tucker, Ruth. Dauthers of the Church. Grand Rapids: Baker, 1987, p.60.
26. Ibid. p. 61.
27. Muito frequentemente, a Bíblia é acusada de machismo, de discurso patriarcal. Tanto o
AT, com suas leis e narrativas muitas vezes mal compreendidas, quanto o NT com os
ensinamentos de Paulo – o terror dos movimentos de emancipação feminina - são tidos
como opressores e misóginos. Para os que pensam assim, a figura de Cristo aparece,
então, como um sopro de esperança para a mulher, com uma postura de quebra de
paradigmas, com uma atitude inovadora e revolucionária. Com relação a isso, é importante
levar em consideração pelo menos duas coisas para não cairmos em erro e não perdermos
a unidade do ensino das Escrituras. 1. Toda atitude errada para com as mulheres no meio
do povo de Deus estava enraizada na compreensão errada dos desígnios divinos para
homem e mulher, e no pecado que manchou as relações entre homem e mulher, e não no
plano perfeito do Criador. Essa tradição não vem do Antigo Testamento – a Bíblia é
unânime na valorização e dignificação da mulher. 2. Cristo não vem revogar a lei, negar o
AT ou algo do tipo. Cristo vem para cumprir a lei. Cristo vem para explicar, elucidar e
consertar muito da aplicação errada (por ignorância ou por pecado) dos princípios eternos
e imutáveis estabelecidos por Deus Pai no princípio de todas as coisas. Cristo não nega a
forma organizada que o Pai estabeleceu para homens e mulheres. Cristo não traz ou
estabelece um lugar novo para a mulher. Ele simplesmente mostra através de seu próprio
exemplo o que Deus sempre intencionou. Ele lança luz sobre a atitude errada e
pecaminosa de muitos com. Ele não traz um ensino novo, mas corrige a interpretação
errada.
28. Borland, James A. Woman in The Life and Teachings of Jesus. In: Grudem, Wayne,
Piper, John. Recovering Biblical Manhood & Womanhood. Crossway: Wheaton, 2006,
p.118.
29. Bock, Darrell. A Theology of Luke and Acts. Grand Rapids: Zondervan, 2012, p.347.
31
VOCÊ NÃO SABE DO QUE SUA BOCA É
CAPAZ!

Você não sabe do que sua boca é capaz. A Palavra de Deus nos
diz que as palavras que proferimos têm poder. Não se trata de
nenhum poder místico ou sobrenatural. Não se trata de palavras
mágicas, de mantras, de “pragas rogadas” ou algo do gênero.
A verdade ensinada pelas Escrituras é bem mais natural e bem
mais óbvia – as nossas palavras têm efeitos e consequências. O
que falamos produz efeitos na vida daqueles que nos ouvem.
Daremos conta das palavras que proferimos e pagaremos o preço
pelas consequências das mesmas.
O que falamos e a maneira como falamos pode levar à vida ou à
morte.

A língua tem poder sobre a vida e sobre a morte; os que


gostam de usá-la comerão do seu fruto (Pv 18.21).

Nossas palavras podem ser como uma fonte cristalina ou como


um poço salgado, como um doce sofisticado ou como um veneno
mortífero – a escolha está na ponta de nossa língua. A mulher que
muito gosta de falar não poderá escapar das consequências das
suas palavras, sejam elas boas ou más.

Palavras como fonte


Assim como uma fonte que sempre traz água nova, límpida e
fresca, as palavras sábias trazem refrigério e benefícios à vida.
A boca do justo é fonte de vida (Pv 10.11).

A palavra refletida, justa, confiável, amável traz alento, esperança


e carrega consigo o poder de revigorar as energias e até de curar o
abatido de espírito.

A língua dos sábios traz a cura (Pv 12.18).

Palavras como mel


As palavras podem ser fonte de delícias, nutrição e energia para
a alma, assim como o mel o é para o corpo.

As palavras agradáveis são como um favo de mel, são doces


para a alma e trazem cura para os ossos (Pv 16.24).

Palavras como árvore


A Bíblia também nos diz que as palavras podem ser árvore de
vida. As palavras amáveis e sábias são terapêuticas. A imagem de
nossas palavras como árvore de vida nos traz o sentido de uma
fonte de vitalidade, de alimento, de nutrição para outros. Elas curam
e ajudam.

O falar amável é árvore de vida (Pv 15.4).

Já as palavras insensatas, irrefletidas, levianas e irresponsáveis


podem levar à ruína tanto quem as profere quanto quem as ouve.
Há palavras que ferem, despertam a ira, desanimam, esmagam o
espírito.

O falar enganoso esmaga o espírito (Pv 15.4).

Elas ferem e destroem. ”Há palavras que ferem como espada”


(Pv 12.18). Uma mulher sábia não ignora e nem subestima o poder
(ou os efeitos e as consequências) das suas palavras. Ela sabe que
através das mesmas pode trazer vida a si mesma e aos outros ou
pode arruinar a si mesma e a muitos.
32
QUANDO DEUS NOS LEVA PELO
CAMINHO MAIS LONGO
REFLEXÃO EM ÊXODO 13.17

Traçamos um plano completo para nossas vidas. Consideramos


nosso plano perfeito e nos empenhamos a fim de realizá-lo. O que
seremos quando crescermos, onde viveremos, com que tipo de
rapaz nos casaremos, quantos filhos teremos e com que idade os
teremos, como deixaremos nossa marca do mundo e no Reino.
E, muitas vezes, (na maioria delas) as coisas não saem nem
parecido com aquilo que planejamos.
Olhamos para trás e nem conseguimos entender como chegamos
onde chegamos. Só conseguimos pensar que, de acordo com os
planos que havíamos traçado, as coisas seriam bem mais belas e
fáceis. Nosso plano era tão simples. Ele era simplesmente perfeito!
Muitas vezes, no lugar daquele caminho linear e tranquilo traçado
por nós, temos trilhado um caminho longo e penoso, com mais
pedras e vales que campinas e planícies.
Em nossa presunção natural pensamos: Deus poderia me levar
pela campina. Ele poderia me levar pela beira do mar. Ele poderia
me levar pelo caminho mais curto e agradável. Por que Ele escolheu
me levar pelo deserto? Não me parece, de sua parte, nem sábio e
nem cheio de amor. Sofremos e nos ressentimos.
O que esquecemos é que Ele sabe mais. Em Êxodo 13.17 vemos
um exemplo claro de Deus escolhendo o caminho mais longo e o
porquê disso:
Quando o faraó deixou sair o povo, Deus não o guiou pela rota
da terra dos filisteus, embora este fosse o caminho mais curto,
pois disse: Se eles se defrontarem com a guerra, talvez se
arrependam e voltem para o Egito.

Deus levou e guiou o seu povo pelo caminho mais longo porque
Ele sabia que o caminho mais curto não seria o melhor para eles.
Deus sabe mais. Deus sabe tudo. E nós? Somos míopes,
limitados em nossas visões e perspectivas. Achamos que nossos
planos são os melhores. Nos a pegamos a planos frustrados como
se naquilo estivesse nossa alegria e realização. Deixamos de
desfrutar o que Deus nos dá hoje presos por frustrações de planos
que achamos serem os melhores para nós, mas que poderiam ser o
nosso fim.
Temos dificuldade em nos contentar e nos regozijar com os
planos de Deus para nossa vida porque, no fundo, não acreditamos
e nem confiamos que Deus sabe o que é melhor para nós.
Continuamos achando que os nossos planos seriam melhores.
Como somos limitados e, ao mesmo tempo, tão presunçosos! No
lugar de Deus certamente faríamos diferente.
Não podemos perder de vista que, em nossa humanidade, somos
limitados de várias formas. Somos limitados no conhecimento de
nós mesmos. Somos limitados no conhecimento da realidade que
nos cerca. Acima de tudo, somos completamente limitados com
relação ao nosso futuro (Tg 4.13-15) e no conhecimento dos planos
de Deus pra nós (Je 29.11). Como diz o ditado, não enxergamos
nada além de um palmo a frente do nosso nariz!
Vocês nem sabem o que lhes acontecerá amanhã! Que é a
sua vida? Vocês são como a neblina que aparece por um
pouco de tempo e depois se dissipa (Tg 4.14).

Nos rendamos àquele que tem visão privilegiada. Soberano,


Senhor da história, rico em sabedoria e amor. Em momentos em
que duvidarmos dos planos de Deus para nós, nos apeguemos às
verdades maravilhosas da Sua Palavra.

Porque sou eu que conheço os planos que tenho para vocês,


diz o Senhor, planos de fazê-los prosperar e não de lhes
causar dano, planos de dar-lhes esperança e um futuro (Je
29.11).

Em momentos em que somos inclinados a pensar que nossos


planos são melhores, que esta seja a minha oração:

Senhor, ajuda-me a confiar em Ti. A descansar na certeza de


que Tu estás no comando, direcionando cada curva do meu
caminho, mesmo aquelas que parecem me levar para cada vez
mais longe de onde eu penso, ingenuamente, ser o melhor lugar
para estar.
Me ajuda a desfrutar a caminhada, mesmo quando ela for
pelo deserto, deixando de murmurar pelo que ficou para trás ou
parando de esperar simplesmente pelo destino final para então
me alegrar. Me ajuda a parar de pensar no que ficou para trás.
No que não saiu como planejado.
Me ajuda a agradecer pelas pedras que machucam os meus
pés e pelo sol que queima minha pele, pelo simples fato de
serem os meios que o Senhor escolheu para o meu bem maior.
Senhor, perdoa a minha falta de fé. Me ajuda, dia após dia, a
confiar no Teu cuidado de amor.
No que puderes, alivia as minhas cargas. Alivia os meus pés
e refresca o meu corpo quando tudo parecer difícil demais.
E me mantém no caminho mais longo, mesmo quando eu
desejar, com todas as minhas forças, tomar algum atalho
enganoso e trilhar outro caminho.
Porque eu sei que minha visão é limitada e meu coração é
enganoso, mas Tu és soberano, todo sábio e cheio de amor.
33
CANSOU DE SER BOAZINHA?
RENOVE SUAS FORÇAS!
REFLEXÃO EM GÁLATAS 6.9,10

E não nos cansemos de fazer o bem, pois no tempo próprio


colheremos, se não desanimarmos (Gl 6.9-10).

CANSEI! Quem já não disse isso? Pra todas nós, mortais, há de


chegar esse dia em que o desânimo vai bater... seja com relação ao
cônjuge, a uma amiga, a um familiar.
Você tanto se esforça e não vê ganho algum em todo esforço. De
que adianta ser sempre agradável, ceder, dar a preferência, deixar
seus interesses em segundo plano por algo ou alguém que nunca
reconhece ou nunca tem atitudes de reciprocidade? Com sacrifícios,
você trinca os dentes e faz um agrado mesmo quando a pessoa não
merece, você abre mão de você, da sua segurança, da sua saúde
pra cuidar do outro, mas o outro parece completamente incapaz de
aprender a fazer o mesmo.
Você pode chegar ao ponto de achar que todo o esforço de
retribuir o mal com o bem não tem valido de nada porque o bem
parece completamente insuficiente, ineficiente para amolecer o
coração do outro. Você pode achar que essa pedagogia do bem não
funciona com determinadas pessoas - ao invés de constranger o
outro, de fazê-lo reconhecer que deve agir de forma bondosa e
altruísta, o faz se encher mais de si mesmo, o faz se achar cada vez
mais certo e seguro de seu comportamento, afinal de contas, agindo
da forma que sempre age, recebe em troca sempre o bem.
A minha palavra pra você que se sente assim é a mesma que
ouvi do Senhor, por meio da Palavra de Deus. Eu estava em um dia
de desânimo desses e Deus falou diretamente ao meu coração: “Ei!
Peraí! Como é que é? Cansou? Já? Como assim? Vai deixar de
fazer o bem agora? Não é por aí não, queridinha! Se anime! Não se
canse de fazer o bem, pois se você não desanimar, no tempo certo
colherá os frutos!”

E não nos cansemos de fazer o bem, pois no tempo próprio


colheremos, se não desanimarmos (Gl 6.9-10).

Temos a tendência de achar que a demora de Deus significa que


Ele não está cuidando do nosso caso, mas as coisas não são bem
assim. A demora pode significar também que muito trabalho está
sendo feito e que muito trabalho ainda há pra fazer - em você e nos
outros à sua volta. Quantas vezes perdemos as bênçãos porque
desanimamos antes do tempo, porque abrimos mão, porque
desistimos, porque desfalecemos? A Palavra de Deus nos anima e
nos encoraja a continuarmos firmes e fortes, fazendo o bem,
independente do que recebemos em troca. Já seremos abençoadas
sempre que agimos dessa forma, ganhando em maturidade, em
testemunho, no exercício do amor e do altruísmo. E quando o
devido tempo chegar receberemos a recompensa completa... se não
desanimarmos!
Algumas considerações importantes a fazer quando sentimentos
como esses nos acometem:
1. Às vezes a síndrome de coitadinha nos acomete. Nesse ponto
é preciso ajustar o foco - parar de olhar para nós mesmas e
começar a olhar na direção correta. É sempre bom lembrar que não
sou tão boazinha assim e que não estou nesse mundo para ter
todas as minhas vontades e desejos atendidos. Estamos aqui para
seguir os passos de Jesus que mesmo sendo perfeito foi ultrajado e
não revidou com ultraje. Meu “sofrimento” é até piada perto do que
Jesus sofreu. Olhe pra CRISTO, Ele sofreu bem mais do que eu!
Para isso vocês foram chamados, pois também Cristo sofreu no
lugar de vocês, deixando-lhes exemplo, para que sigam os seus
passos (1Pe 2.21).
2. Quando começamos a cansar, a nos sentir injustiçadas, a nos
sentir infelizes e a sentir pena de nós mesmas uma luz vermelha se
acende! É a luz vermelha do egocentrismo, da autocomiseração. É
porque começamos a olhar demais na direção errada, a focalizar
demais nos nossos direitos, nos nosso umbigo. Lembre que você
não é essa “santidade e bondade” toda! Busque os interesses de
Deus e confie que as outras coisas nos serão acrescentadas. O
FOCO é amar a Deus e o próximo!

Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas


estas coisas vos serão acrescentadas (Mt 6.33-34).

3. Lembre-se que você não deve fazer o bem esperando algo em


troca. Você não deve fazer o bem a outra pessoa com a intenção de
constrangê-la ou ensiná-la. O bem realmente tem esse poder
pedagógico de ensinar, mas esse não deve ser o seu foco. Você
deve fazer o bem por amor a Cristo, em obediência a Ele. Calibre a
sua MOTIVAÇÃO e isso pode fazer toda a diferença!
4. É bom lembrar que as circunstâncias que nos rodeiam não
estão aí por mero acaso ou completamente sem propósito. Deus
planejou e governa a nossa vida e as pessoas que estão ao nosso
redor. Se Ele colocou certas pessoas difíceis para sua convivência
Ele tem propósitos bondosos para sua vida por meio delas. Você
deve aproveitar bem as circunstâncias para aprender e ter sua vida
transformada. Veja a pessoa difícil como um CURSO intensivo de
Deus pra você!

E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o


bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados
segundo o seu propósito (Rm 8.28-29).

5. É bom lembrar também que não sou eu que tenho poder para
mudar as pessoas, as atitudes, as circunstâncias. Meu papel é fazer
o que Deus manda - a parte da vingança, da disciplina, da
avaliação, da transformação pertence a Deus. Muitas vezes temos
que fazer o bem, receber o ultraje e direcionar esse ultraje para a
conta do Senhor, que é quem tem direito de tratar dele da maneira
correta. ENTREGUE nas mãos de Deus e siga fazendo o bem!

Quando insultado, não revidava; quando sofria, não fazia


ameaças, mas entregava-se àquele que julga com justiça (1Pe
2.21-23).

Então, RENOVE SUAS FORÇAS,


OLHE PRA CRISTO,
AJUSTE SEU FOCO,
CALIBRE SUA MOTIVAÇÃO,
ENTREGUE NAS MÃOS DE DEUS
e continue incansavelmente a FAZER O BEM!
E não nos cansemos de fazer o bem, pois no tempo próprio
colheremos, se não desanimarmos (Gl 6.9-10).
34
COLECIONANDO PROVAÇÕES

Colecionamos bons momentos. Esses fazemos questão de


guardar e recordar. Mas que tal colecionar suas provações?
Esses dias, por conta do grande número de comemorações, me
dei conta das dificuldades que estavam por trás de cada uma
daquelas datas. Relembrar cada uma das provações de maneira
alguma me trouxe tristeza ou amargura. Muito pelo contrário.
Estranhamente, olhar para trás e relembrar os vales atravessados
foi, na verdade, motivo de grande satisfação. Satisfação serena,
aliviada. Isso pode parecer estranho, não fossem as palavras das
Sagradas Escrituras.

Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato de


passarem por diversas provações, pois vocês sabem que a
prova da sua fé produz perseverança. E a perseverança deve
ter ação completa, a fim de que vocês sejam maduros e
íntegros, sem lhes faltar coisa alguma (Tg 1.2-4).

Resolvi então fazer uma coleção de provações, resgatando cada


momento difícil que Deus me levou a atravessar. Relembrar cada
uma delas me trouxe grande alegria. Não porque sou masoquista ou
algo do gênero, e sinto prazer no sofrimento pelo próprio sofrimento,
mas por reconhecer a forma como Deus usou cada um deles para
me fazer crescer.
Lembro-me claramente que um dos pedidos que mais fazia na
adolescência (além do pedido pelo meu príncipe encantado,
confesso) era por sabedoria. A história de Salomão marcou de
alguma forma a minha mente infantil e, assim como havia
acontecido com ele, queria que Deus me fizesse uma mulher sábia.
Talvez eu imaginasse que, assim como na historinha bíblica, Deus,
em um belo dia, decidiria fazer brotar a sabedoria em mim, como
num passe de mágica, assim como ele teria feito com Salomão. Mal
sabia eu que a forma pela qual Deus agiria a fim de me fazer de
alguma forma mais sábia seria um pouco mais difícil. O fato é que
Deus usa as provações para nos fazer crescer.
Não parece ser à toa que os versículos sobre “pedir sabedoria”
venham logo após aos que falam sobre “passar por diversas
provações”.

Se algum de vocês tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que


a todos dá livremente, de boa vontade; e lhe será concedida
(Tg 1.5).

Dentre as provações (algumas mais leves, outras mais pesadas)


que compõem minha coleção, ainda incompleta poderia citar a
perda repentina de uma mãe em um trágico acidente de carro aos
11 anos, desilusões amorosas da adolescência, uma longa e sofrida
experiência de infertilidade, um pai à beira da morte precisando de
um transplante urgente, um repentino diagnóstico de suspeita de
câncer e a necessidade de cirurgia durante uma gravidez, as
doenças das crianças (ver sua filha em convulsão é terrível!),
semanas comendo salsicha no começo do casamento porque a
grana era curta, fora muitas provações enfrentadas com meu marido
no casamento.
E não me entendam mal. Definitivamente não sou dessas
melancólicas, que gostam de se fazer de vítima a fim de atrair a dó
das pessoas. Muitas das minhas provações mais difíceis nem as
pessoas mais próximas de mim tem conhecimento. Algumas delas
eu nem lembrava mais – não sofro por praticamente nenhuma
dessas coisas relatadas acima. Não acho que tenho trauma algum
(talvez um profissional diria o contrário rsrsrs). Não fico remoendo e
não acho que passei por muita coisa difícil, principalmente quando
sei de histórias de pessoas que passaram por tanto mais.
A razão de fazer uma coleção de provações é outra. É porque
através delas algo bom aconteceu. Através delas Deus me mostrou
quem verdadeiramente eu sou, qual a minha estrutura. Como o
próprio Salomão dizia, há algo bom no sofrimento.

Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há


banquete, porque naquela está o fim de todos os homens, e os
vivos o aplicam ao seu coração. Melhor é a mágoa do que o
riso, porque com a tristeza do rosto se faz melhor o coração
(Ec 7.2,3).

Por meio das provações das provações Deus também me


permitiu deixar para trás algumas tolices e me ensinou algumas
lições preciosas. E é por isso que eu sinto prazer nas provações,
porque por meio delas pude experimentar o cuidado amoroso de
Deus e pude crescer um pouco mais em sabedoria.
Não que eu me julgue uma mulher sábia. Muito pelo contrário.
Tenho plena consciência de que preciso, assim como antes, rogar
diariamente a Deus por sabedoria. Mas posso afirmar com toda
certeza que o bom Deus ouviu minhas orações por sabedoria assim
como Ele prometeu. Deus trabalhou na minha vida a fim de me fazer
crescer através das circunstâncias difíceis. Não sou uma mulher
sábia, mas certamente sou bem mais sábia do que seria se não
tivesse passado por cada uma das provações permitidas por Ele em
minha vida.
E ainda uma razão a mais para “celebrar” os momentos difíceis
vividos é que eles nos preparam para ajudar outros que passam
pelas mesmas dificuldades.

Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, Pai


das misericórdias e Deus de toda consolação, que nos consola
em todas as nossas tribulações, para que, com a consolação
que recebemos de Deus, possamos consolar os que estão
passando por tribulações (2Co 1.3,4).

Se eu continuo pedindo a Deus sabedoria? Sempre! Mesmo


sabendo que isso pode significar que eu terei que enfrentar coisas
bem difíceis pela frente. E claro que pensar nas provações que
ainda virão faz doer o coração. Como as próprias Escrituras dizem,
nenhuma provação, no momento, é motivo de alegria. Saber que
momentos difíceis ainda virão me faz suplicar a Deus que segure a
minha mão e que não me deixe só na estrada pela qual ainda terei
que passar.

Nenhuma disciplina parece ser motivo de alegria no momento,


mas sim de tristeza. Mais tarde, porém, produz fruto de justiça
e paz para aqueles que por ela foram exercitados (Hb 12.11).

Pensar que no final das contas poderemos comprovar a realidade


das palavras divinas é uma esperança a mais para enfrentarmos as
provações da vida e para termos uma perspectiva completamente
diferente sobre a nossa própria história.
Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem
daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo
com o seu propósito (Rm 8.28).

Eu não sei pelo que você já passou na sua vida. Você pode ter
uma história de grandes sofrimentos, traumas, abusos. Mas desafio
você a olhar para as suas experiências não com melancolia,
vitimismo ou amargura, mas com alegria, reconhecendo-as como
oportunidades de crescer, de estar mais perto de Deus e de ajudar
outros.
Não sei o que você pode estar enfrentando agora, mas é certo
que você tem auxílio eficaz. Posso garantir-lhe ainda que, apesar da
provação não ser motivo de alegria no momento, tudo redundará em
glória.

Portanto, visto que temos um grande sumo sacerdote que


adentrou os céus, Jesus, o Filho de Deus, apeguemo-nos com
toda a firmeza à fé que professamos, pois não temos um sumo
sacerdote que não possa compadecer-se das nossas
fraquezas, mas sim alguém que, como nós, passou por todo
tipo de tentação, porém, sem pecado. Assim sendo,
aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança, a fim
de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos
ajude no momento da necessidade (Hb 4.14-16).

Que tal fazer a sua própria coleção, relembrando as provações


passadas e as maravilhosas lições aprendidas por meio de cada
uma delas?
35
CONSUMISMO
O PECADO FEMININO TOLERADO

É engraçado como alguns pecados se naturalizaram e se


tornaram parte do estereótipo feminino. O consumismo é um deles.
Ninguém em pleno exercício de suas faculdades mentais
admitiria publicamente com um sorrisinho amarelo que é mentiroso.
Com o consumismo é diferente. Algumas mulheres comentam com
relativo orgulho que não sabem viver sem consumir. Algumas
mulheres até se gabam dessa sua “característica” e de forma
arrogante declaram “não bancar a simplesinha”.
Você se considera consumista? Proponho um teste rápido para
saber se você padece deste mal.
1. Quantos dias você consegue passar sem fazer planos de
compras?
2. Com que frequência você se pega vasculhando a internet à
procura de coisas para comprar (muitas delas que você não tem a
mínima necessidade)?
3. Quanto da sua felicidade você condiciona à aquisição de um
determinado bem ou realização de algo (viagem, festa)?
4. Qual porcentagem da sua oração é dedicada para pedidos de
coisas materiais?
5. Qual o seu nível de frustração ao sair de um shopping sem
consumir nada?
Esse é um teste que não precisa de gabarito. Se você respondeu
com sinceridade já sabe a sua condição.
Se você admite que luta com esse pecado e lida com ele em
espírito de submissão à Palavra e dependência do Espírito Santo,
creio que você já está no caminho certo.
Mas se você é daquelas que acha normal depender do consumo
para ser feliz, mesmo correndo o risco de me tornar redundante
tenho algo a lhe dizer: querida, consumismo é pecado. Consumismo
é feio. Consumismo te faz mal.
As facilidades digitais fizeram aflorar os potenciais de consumo
de todos nós. Para se sentir tentado a comprar algo não é preciso
estar em um centro comercial. Basta ligar o celular ou levantar a tela
do computador que temos vitrines internacionais piscando suas
luzes neon à nossa frente. Uma enxurrada de tentações,
despertando a concupiscência dos nossos olhos. Como se isso não
fosse o bastante, ainda temos as ferramentas de buscas que, em
segundos, nos trazem milhares de opções para realizarmos
qualquer desejo tolo e despropositado que nos ocorra.

Não ameis o mundo nem as coisas do mundo. Se alguém ama


o mundo, não está nele o amor do Pai. Porque tudo o que há
no mundo - a concupiscência da carne, a concupiscência dos
olhos e a soberba da vida - não procede do Pai, mas do
mundo. O mundo passa com as suas concupiscências, mas
quem cumpre a vontade de Deus permanece eternamente
(1Jo 2.15-17).

Conheço mulheres que parecem não fazer outra coisa a não ser
gastar suas horas, seus dias e anos, existência chafurdando a
internet a busca de coisas para comprar (tempo precioso que
poderia ser bem melhor investido). Compradoras profissionais. E se
não compram (por falta de dinheiro), não deixam de encher
carrinhos imaginários em grandes sites como forma de
autogratificação imaginária ou como forma de garantir
psicologicamente que um dia todas aquelas coisas serão suas.
Vale frisar que o problema não está nas coisas, mas em como as
encaramos. O Senhor abençoa com bens materiais aqueles a quem
lhe apraz e dá a estes o prazer de desfrutar de riquezas segundo a
Sua vontade. O problema surge quando nossos olhos são
enfeitiçados e levados cativos ao que é passageiro. Quando
permanecemos hipnotizados, consumidos pelo desejo de ter,
incapazes de enxergar qualquer coisa além do que o que se pode
adquirir. A tragédia se realiza quando somos completamente
neutralizados pelo consumo.
A triste realidade do consumismo é que ele consome quem o
possui. Sim, você nunca estará satisfeita. Você sempre irá querer
mais. E tudo nunca será o bastante.
Assim como qualquer coisa, o consumo pode se transformar em
um ídolo do nosso coração. Assim como qualquer ídolo, o
consumismo toma do lugar de Deus, nos escraviza e rouba nossa
alegria de viver. O nosso foco deixa de estar em Cristo e passa a
estar na transitoriedade natural das coisas materiais. Nosso alvo
deixa de ser viver a vida à luz da eternidade, deixa de ser realizar a
vontade do Pai e passa a ser o desfrute temporário do agora.
Fugir do consumismo não é apenas uma questão de evitar ir ao
shopping ou de deixar o cartão de crédito na gaveta do criado mudo.
É uma questão de mudança de mentalidade e de transformação do
coração.
Quer você seja uma pessoa que consome porque tem dinheiro,
quer seja uma pessoa que deseja consumir e para isso se endivida
ou, ainda, alguém que simplesmente vive em preocupações e
ansiedades por conta do que gostaria de ter e não tem, é necessário
examinar o coração e praticar o princípio do despojar/revestir.

Que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem,


que se corrompe pelas concupiscências do engano; e vos
renoveis no espírito da vossa mente; e vos revistais do novo
homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e
santidade (Ef 4.22-24).

Algumas perguntas importantes para o processo do despojar são:


Por que tenho tanta necessidade de adquirir coisas?
Por que os bens materiais são tão importantes para o meu
coração?
Que tipo de preocupação meu comportamento revela?
Onde está o meu coração?
A Bíblia fala que onde estiver o nosso tesouro, ali estará também
o nosso coração.

Não acumulem para vocês tesouros na terra, onde a traça e a


ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e furtam.
Mas acumulem para vocês tesouros no céu, onde a traça e a
ferrugem não destroem, e onde os ladrões não arrombam nem
furtam. Pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o
seu coração (Mt 6.19-21).

Para o processo de revestir, seguem outras perguntas que podem


ajudar:
Minha preocupação com o consumo tem tomado quanto do
tempo que poderia ser investido em outra coisa?
O que, de maior valor para Deus, eu devo buscar no lugar de
gastar horas me preocupando com o que quero possuir?
Creio que entender a nossa condição nesse mundo muda
radicalmente a nossa perspectiva com relação ao consumo.
Nossa condição é de forasteiros e peregrinos. Somos pessoas de
passagem, mas que não vieram à passeio. Pessoas que visam uma
pátria celeste, que não condicionam ou resumem sua felicidade pela
quantidade de bens que possui. Pessoas que tem uma missão
muito mais nobre e importante do que acumular e usufruir.

Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos


abstenhais das concupiscências carnais, que combatem contra
a alma (1Pe 2.11).

Por fim, nada melhor que as palavras de advertência do próprio


Cristo:

Cuidado! Fiquem de sobreaviso contra todo tipo de ganância; a


vida de um homem não consiste na quantidade dos seus bens
(Lc 12.15).
36
MULHERES “INDIGNAS” DE FAZEREM
PARTE DO PLANO DE DEUS

Irmãos, pensem no que vocês eram quando foram chamados.


Poucos eram sábios segundo os padrões humanos; poucos
eram poderosos; poucos eram de nobre nascimento. Mas
Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar
os sábios, e escolheu as coisas fracas do mundo para
envergonhar as fortes. Ele escolheu as coisas insignificantes
do mundo, as desprezadas e as que nada são, para reduzir a
nada as que são, para que ninguém se vanglorie diante dele.
É, porém, por iniciativa dele que vocês estão em Cristo Jesus,
o qual se tornou sabedoria de Deus para nós, isto é, justiça,
santidade e redenção, para que, como está escrito: “Quem se
gloriar, glorie-se no Senhor” (1Co 1.26-31).

Se você é uma “Mulher em Apuros” como eu, vez por outra se


pega desanimada, olhando para você mesma e se achando indigna,
desqualificada e completamente incapaz de fazer parte de qualquer
coisa grande e importante para Deus. Pois te convido pra meditar
por alguns minutos junto comigo e ouvir o que Deus tem pra falar ao
meu e ao seu coração.
Na genealogia de Jesus Cristo, em Mateus capítulo 1,
encontramos, pelo menos, quatro mulheres escolhidas para cumprir
os propósitos de Deus. Mulheres que poderiam ser consideradas
“indignasdo mais breve comentário, mas que fazem parte da
genealogia do próprio Filho de Deus. São elas Tamar, Raabe, Bate-
Seba e Rute.
Raabe e Rute nem ao menos eram judias, não faziam parte do
povo escolhido de Deus, não eram herdeiras das promessas, não
haviam sido criadas e educadas nos preceitos do Senhor. Rute
podia até ser uma mulher honrada e de bem, mas havia algo que
podia manchar sua reputação ou torná-la desaprovada - o fato de
ser moabita, um povo que teve sua origem no pecado do incesto. A
situação de Raabe era particularmente pior. Esta havia sido uma
prostituta, classe considerada a escória da sociedade. E sobre
Tamar e Bate-Seba? Ambas eram mulheres que também tinham
suas histórias manchadas por pecados sexuais.
O fato é que Deus escolheu mulheres comuns, pecadoras como
eu e você, para realizar seus planos e cumprir seus propósitos. Ele
não escolheu supermulheres ou mulheres imaculadas, mas
mulheres reais como eu e você. Mulheres que nós mesmas
consideraríamos indignas ou desqualificadas para participar de algo
grande e importante.
Deus age assim, escolhe as coisas humildes e insignificantes
para que a glória dos resultados seja totalmente dEle. Deus não
divide Sua glória com ninguém. Ao olhar para si mesma e querer
desanimar lembre-se que Deus usa os fracos e humildes. Lembre-
se também que o poder se aperfeiçoa na fraqueza e que reconhecer
suas limitações é um bom começo para viver na dependência
constante de Deus. Temos a tendência de olhar para nós mesmas.
Olhemos para Cristo e sejamos gratas a Ele por nos ter escolhido,
redimido e por querer nos usar - apesar de nós mesmas. Deus inclui
todos a quem Ele deseja e a quem Ele escolhe em seu plano
redentor. E sua escolha não se baseia em sexo, raça ou mérito
pessoal, mas unicamente em Sua vontade soberana, em Sua graça
e em Sua misericórdia.
Pai, obrigada por incluir nos Teus planos mulheres normais,
simples, pecadoras como eu. Obrigada por me salvar e por me
permitir fazer parte de algo tão grande e importante que é o Teu
Reino. Me use, dependo inteiramente de Ti, amém.
37
QUE TIPO DE MULHER VOCÊ É?

Mulher egocêntrica, “outrocêntrica” ou cristocêntrica? - Ajuste o


seu Foco!

Tudo foi criado por meio dEle e para Ele (Cl 1.16,17).

Uma mulher cristocêntrica faz sua vida girar em torno de Cristo.

Ela olha para além dos seus desejos, das coisas, pessoas e
circunstâncias. Ela olha para Cristo, que é o seu alvo (Fp
3.14).

A nossa vida gira em torno daquilo que é mais importante para


nós. Não podemos fugir do fato de que tudo o que fazemos é
motivado pelo que colocamos em primeiro lugar em nosso coração.
Gostaria de falar aqui brevemente sobre três tipos de mulheres: a
mulher egocêntrica, a mulher ‘outrocêntrica’ e a mulher
cristocêntrica.
Por mulher egocêntrica entenda aquela mulher que coloca a si
mesma como motivação e alvo de tudo o que vai fazer. Ela vive para
ela mesma, faz o que lhe traz mais felicidade e realização,
independente do que isso signifique para os outros ou para Deus.
Por mulher “outrocêntrica” entenda a mulher que coloca os outros
como razão e foco de suas ações. Não que ela tenha uma
preocupação sadia em agir pelo bem do outro, mas uma
dependência excessiva da aprovação, da atenção e do amor de
outras pessoas como fonte de sua felicidade e realização. Ela faz
tudo para agradar o esposo, os filhos ou outra pessoa qualquer,
mesmo que isso signifique deixar Deus em segundo plano.
Já a mulher cristocêntrica faz sua vida girar em torno de Cristo.
Ela olha para além dos seus desejos, das coisas, pessoas e
circunstâncias. Ela olha para Cristo, que é o seu alvo (Fl 3.14).
Qualquer estilo de vida que não seja o cristocêntrico é um estilo
de vida idólatra, porque tira Deus do centro e coloca qualquer outra
coisa. Além de idólatra, um estilo de vida que não seja cristocêntrico
é um estilo de vida miserável, porque carrega consigo a certeza de
motivações, alvos e foco errados, instáveis, inúteis, finitos, falíveis.
Quando a motivação da mulher não é Cristo sua vida segue vazia
porque nem nós mesmas e nem outras pessoas são capazes de dar
plenitude de significado e alegria à nossa vida. Além disso, as
pessoas, mais cedo ou mais tarde, irão nos decepcionar. O fato é
que nos decepcionamos até conosco mesmas.
Uma mulher cristocêntrica é aquela que faz tudo em sua vida
girar em torno de Cristo: suas motivações, seus alvos, seu foco.
Essa mulher é mais feliz e satisfeita que qualquer outra porque
alicerça sua vida sobre algo perfeito, eterno e imutável - Cristo. Ela
não teme o que acontece à sua volta porque confia em um plano
soberano e não em pessoas pecadoras ou em circunstâncias
passageiras. Ela caminha a passos firmes, porque seu alvo é certo
e não determinado por eventos aleatórios. Ela não se desespera e
nem se decepciona, pois vive para Cristo que é perfeito.
Colocar Cristo no centro, como alvo motivador de tudo o que
fazemos nos dá a certeza de que nada que fazemos é em vão.
Mesmo quando a vida parecer sem sentido aos olhos humanos
teremos motivo pra viver - Cristo. Mesmo quando um marido
insensível e pecador trouxer à tona uma vontade e um motivo pra
não se submeter, nos submeteremos como ao próprio Cristo.
Mesmo quando o trabalho doméstico parecer sem valor e pouco
reconhecido por aqueles a quem eu sirvo, servimos por causa do
nome de Cristo.
Aproveite este momento para ajustar o foco de sua vida:

O FOCO da nossa VIDA deve ser CRISTO


Porquanto para mim, o viver é Cristo... (Fp 1.21).

O FOCO da nossa SUBMISSÃO deve ser CRISTO


As mulheres sejam submissas como ao Senhor... (Ef 5.22).

O FOCO do nosso TRABALHO DOMÉSTICO deve ser CRISTO


...para que a palavra de Deus não seja difamada (Tt 2.5).

O FOCO de nossas ações deve ser CRISTO


Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo coração, como para o
SENHOR e não para HOMENS (Cl 3.23).

POR QUÊ?
Tudo foi criado por meio dEle e para Ele. Ele é antes de todas
as coisas. Nele, tudo subsiste (Cl 1.16,17).

Uma mulher cristocêntrica faz sua vida girar em torno de Cristo.


Ela olha para além dos seus desejos, das coisas, pessoas e
circunstâncias. Ela olha para Cristo, que é o seu alvo (Fp 3.14)
38
6 (PÉSSIMOS) DISFARCES PARA A
INVEJA

A inveja é aquele bichinho horroroso que, vez por outra, bate na


porta do nosso coração.
É aquela vontade frustrada de possuir coisas ou qualidades de
uma outra pessoa. É aquele sentimento de tristeza diante do que o
outro tem. É aquele desejo de ter ou ser exatamente o que a outra
pessoa tem ou o é.
A maioria de nós não costuma admitir, mas sabe que, no fundo,
sofre com esse mal. Aqueles um pouco mais sinceros admitem ter
inveja, mas tentam atenuar o fato denominando-a de “inveja
branca”, “inveja boa” ou “inveja santa”. Aqueles mais resistentes
tentam de alguma forma disfarçar esse pecado e, com suas ações,
acabam denunciando seu coração invejoso.
Aqui estão seis péssimos disfarces que costumamos dar para a
nossa inveja:

Disfarce do falso contentamento - “Eu nem queria mesmo...”


Você diz da boca pra fora que nem se importa com aquilo que o
outro tem. Diz que nem precisa de tal coisa, mas no fundo seu
coração está tomado pelo desejo de ter o mesmo. Pior ainda, seu
coração está cheio de desgosto e infelicidade por não possuir o que
o outro possui.

Disfarce da falsa modéstia – “Eu não me dou a esses luxos!”


Você se compara com a outra pessoa e se julga melhor por não
ter tudo o que ela tem. Se considera por isso mais humilde, mais
simples, mais descolada. Mas provavelmente no seu coração jaz um
enorme desejo de desfrutar do mesmo.

Disfarce do falso desdém - “Nem é tão legal assim!”


Você menospreza o que é da outra pessoa destacando defeitos
que não existem. Tudo porque é algo que você não tem, mas, na
realidade, deseja. É como diz aquele venho ditado: quem desdenha
quer comprar...

Disfarce do falso moralismo “Que exagero! Pra quê tudo isso?!”


Você julga a aquisição da pessoa como algo inapropriado pelo
simples fato de você não poder possuir o mesmo. Provavelmente,
nas condições da outra pessoa, você faria exatamente igual.

Disfarce da falsa empatia - “Ah, que legal...”


Você finge alegrar-se pela conquista do outro quando na verdade
está triste por ele ter superado você de alguma forma ou por tal
conquista não ser sua.

Disfarce da falsa piedade - “Mas oferta que é bom não dá!”


Você condena a outra pessoa por investir em si mesma e não em
coisas mais importantes. Julga que ela deveria investir em coisas
mais espirituais. Se considera mais espiritual enquanto, na verdade,
seu foco não é tão piedoso e você mesmo não investe nas coisas
certas.
A inveja revela um coração insatisfeito com o que Deus tem lhe
dado. Revela um coração ingrato e cobiçoso. Revela um coração
que não é totalmente controlado pelo Espírito, mas que ainda age
de acordo com a carne.

Ora, as obras da carne são manifestas: imoralidade sexual,


impureza e libertinagem; idolatria e feitiçaria; ódio, discórdia,
ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções e inveja (Gl 5.19-
21).

A chave pra vencer a inveja é olhar para o lugar certo. Parar de


olhar tanto para o outro e para o que Deus deu a ele e olhar mais
para Deus e para o que Ele tem dado a você. Junto com isso, é
necessário cultivar no coração duas virtudes indispensáveis:
gratidão e contentamento.
Gratidão a Deus pela plena consciência de que Ele tem lhe dado
muito mais do que o que você merece. Na verdade, não merecemos
nada e tudo o que recebemos já é bônus. E contentamento no
Senhor, como fonte primeira de sua satisfação e alegria.

dando graças constantemente a Deus Pai por todas as coisas,


em nome de nosso Senhor Jesus Cristo (Ef 5.20).

Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela


oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus
pedidos a Deus (Fp 4.6).

E sejam agradecidos (Cl 3.15).

Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura.


Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer
situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou
passando necessidade. Tudo posso naquele que me fortalece
(Fp 4.12-13).

Pare de olhar tanto para o que o outro tem. Deixe o seu próximo
ser feliz com aquilo que Deus tem lhe dado. Não gaste suas forças
criticando ou julgando, isso é entre ele e Deus. No lugar disso, gaste
seu tempo agradecendo a Deus e traga à mente estas duas
verdades:
- “Deus já tem me dado mais do que eu mereço”.
- “Deus já tem me dado tudo o que eu realmente preciso”.
39
O QUE HÁ NO FUNDO DO MEU POÇO

Vez por outra, me encontro no fundo do poço e isso não é tão


raro quanto eu gostaria que fosse. Na verdade, acabei de sair de lá.
Creio que minhas visitas a esse lugar escuro e sombrio
começaram bem cedo na vida. Consigo me lembrar com clareza de
momentos em que me encontrei sentadinha lá no fundo, ainda
quando na adolescência (apesar disso ter se passado há bem mais
de 15 anos). Depois daí, esse lugarzinho desagradável tem sido
visitado por mim com certa frequência.
O meu fundo do poço é aquele sentimento de desânimo total que
quase beira a desesperança com qualquer coisa deste mundo.
Aquele sentimento de tristeza, de desilusão, que todo mundo já
passou ou vai passar um dia.
Não sei bem por qual razão isso me acontece, mas acontece e
não é tão raro assim.
Talvez algum desequilíbrio hormonal, cansaço, falta de momento
intencional de intimidade com Deus. Alguém poderia dizer que sofro
de algum problema psicológico, algum trauma de infância pela
perda que sofri ou, como bem diria meu pai, tudo isso seja só “falta
de peia” mesmo.
Não sei ao certo, mas sei que geralmente acontece quando olho
demais pra baixo, quando olho demais para as coisas que estão ao
meu redor. A maioria das vezes acontece quando dou atenção
demasiada às circunstâncias: quando olho demais para mim
mesma, quando olho demais para as minhas limitações, quando
paro para reparar nas imperfeições que existem na vida que
construí, quando começo a comparar a minha vida com a de mais
alguém, quando relembro todos os planos frustrados, todos os
projetos que não saíram como eu planejei. É como no episódio de
Pedro andando sobre as águas... quando olho demais para baixo,
sinto que começo a afundar.
Mas o que, na verdade, gostaria de compartilhar nem é tanto o
motivo ou o que me leva ao fundo do poço. O mais interessante é o
que eu sempre encontro quando chego lá.
Consigo lembrar claramente das primeiras vezes que o achei.
Lembro de estar em meu quarto, ainda na casa paterna, nem 16
anos, sentindo aquele aperto sufocante no peito. A única coisa que
conseguia fazer era correr para desabafar com o meu Senhor
enquanto registrava cada pedido de socorro e cada soluço de
tristeza no meu caderno de orações - ainda guardo dezenas deles.
Foi ali que encontrei a presença mais palpável e mais íntima com o
meu Deus. Ele estava ali, bem perto, aparentemente mais perto do
que nunca.
Anos depois e nos momentos mais escuros, Deus continuava se
mostrando claramente presente, confortando o meu coração.
Dessa vez não foi diferente. Passei dias com o coração
angustiado, triste e desanimada com as coisas da vida. Mais uma
vez no fundo do poço, não encontrava forças e nem sabia como sair
de lá. Sabendo quem estava comigo, só pude pedir ajuda e esperar
para ver como Ele novamente me tiraria dali - e Ele o fez. Mais uma
vez, de forma surpreendente, transformou meu momento de
desânimo e de tristeza em expectativas e planos para o futuro.
Deus sempre está comigo, não há dúvidas! Mas quando estou no
fundo do poço, quando aparentemente não vejo esperança e nem
mais ninguém, Deus mostra claramente que Ele é o único que está
sempre 100% comigo. Alguns dizem que no fundo do poço há uma
mola. Eu diria que no fundo do meu poço há um amigo amoroso, um
abraço apertado, um pai cuidadoso, um braço forte que me ergue
outra vez, uma mão gentil que carinhosamente levanta o meu
queixo e me faz olhar pra cima.
E sabe do que mais? Depois que saio do fundo do poço, sinto-me
feliz por ter estado lá. Porque quando estou fraca, não tendo como
me virar sozinha, aprendo, mais uma vez, que preciso correr para
Cristo e depender inteiramente Daquele que é a minha força.

Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas


necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de
Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte (2Co 12.10).

Se eu subir aos céus, lá estás; se eu fizer a minha cama na


sepultura, também lá estás. Mesmo ali a tua mão direita me
guiará e me susterá (Sl 139.8, 10).
40
TPM – TEM PACIÊNCIA, MENINA!

Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade,


benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança (Gl 5.22).

Às vezes, as pessoas me perguntam se eu penso que a TPM é


real. A resposta é “Sim!”, entretanto, ainda sendo tão real, ela
não pode nos impedir de honrar a Deus e amar os outros
durante esse período. [...] Nossas tendências pecaminosas
serão agravadas e seremos testadas de maneiras que,
normalmente, não nos irritariam de forma alguma ou,
certamente, em um grau em menor [...] O essencial nos dias de
TPM é ter um relacionamento correto com Deus, e assim
alegrar-se nEle e no que Ele está fazendo em sua vida (Martha
Peace).

Não aproveitemos a TPM como uma ‘desculpa boa’ pra deixar a


carne reinar.
Há algum tempo, assisti na TV uma matéria com uma médica,
chefe de um grupo de pesquisa e tratamento de mulheres com
problemas de TPM de um grande hospital do país. Ela foi bastante
dura falando categoricamente que a maioria dos sintomas que
muitas mulheres atribuem a TPM nada tem a ver com ela (que falta
de solidariedade feminina, né?!... acabou com nosso álibi!).
A grande verdade é que ela tem razão e muitas de nós sabemos
disso! É claro que a TPM é real, mas o fato é que muitas vezes ela é
superestimada. Claro que os hormônios e o ciclo biológico nos
causam uma série de desconfortos físicos e emocionais. Não quero
aqui entrar nos pormenores físicos e biológicos nem na área
médica. Creio que um bom acompanhamento médico e medidas
como boa alimentação e atividades físicas trazem um grande alívio
pra quem sofre com esse mal. Imagino que isso todas nós sabemos!
O que quero é chamar atenção para um aspecto que não podemos
ignorar e muitas vezes ignoramos: o nosso pecado. Precisamos ser
sinceras e reconhecer que muitas de nós usam a TPM para justificar
nossa ira, nossa falta de paciência, falta de domínio próprio, falta de
mansidão, nosso sentimento de autocomiseração e até mesmo a
nossa gula.
Sejamos sinceras e avaliemos nossas atitudes. Paulo fala em
Gálatas 5.13 “Não useis então da liberdade para dar ocasião à
carne”. Da mesma forma digo aqui: não aproveitemos a TPM como
uma “desculpa boa” pra deixar a carne reinar. Antes, aproveitemos
esse período quando a nossa paciência e o nosso pavio parecem
menores para exercitar a longanimidade, a mansidão, o domínio
próprio, a alegria no “nível hard”. Aproveitemos para exercitar o fruto
do Espírito em nossa vida cristã.
Seu pecado não será justificado só porque você está na TPM.
Você não será isenta das responsabilidades dos seus atos porque
está na TPM. Isso é fato! As pessoas não deixarão de ficar
ofendidas com suas palavras grosseiras só porque você está na
TPM, se você comer uma tonelada de chocolate vai engordar, se
brigar com o marido vai ter que pedir perdão, se for ignorante com
as pessoas vai ter que se retratar. Melhor que correr atrás de
reparar as consequências de ações que não agradam a Deus é
vigiar e buscar a graça que vem do alto e a plenitude do Espírito
Santo para guiar nossas atitudes do dia-a-dia.
41
TODA MULHER, UMA TEÓLOGA!
TODA MULHER PRECISA DE TEOLOGIA

Sabe do que a mulher mais precisa?


A coisa que a mulher mais precisa hoje é de uma boa teologia.
Na verdade, isso nem é de hoje não. Basta lembrar da nossa amiga
Eva, e de como ela conseguiu estragar tudo por causa de uma
teologia equivocada. Da mesma forma, muitas de nós andam
metendo os pés pelas mãos por falta de uma boa teologia.
Se você acha que teologia é algo complicado demais pra sua
cabeça, que é coisa de homem, ou que você não precisa dela... Isso
aqui é pra você!

Teologia não é complicado demais!


Teologia nada mais é que o estudo sobre Deus. É aquilo que
cremos e conhecemos sobre Ele. Não é nada obscuro e escondido,
reservado apenas para os iniciados em algum tipo de ordem
secreta.
Wayne Grudem, em sua Teologia Sistemática, fala que está
convencido de que a maioria dos cristãos é capaz de entender
teologia com profundidade razoável, desde que ela seja
apresentada com clareza e desde que se deixe de lado a linguagem
técnica e difícil. Diz ainda que o estudo da teologia de forma alguma
deve ser visto como algo árido e enfadonho (chato), mas como algo
prazeroso, fonte de alegria e adoração.
Um grande número de nós mulheres não tem conhecimento real
nenhum sobre o conteúdo ou história da sua fé – e não estão nem
aí para isso. Muitas mulheres tem aversão à teologia e deixam “ela”
de lado pela ideia errada de que sua crença em Deus é questão
apenas de fé irracional, e isso é um terrível engano.
A questão crucial é saber até que ponto o que cremos e
conhecemos (sobre Deus, sobre Cristo, sobre a Bíblia, etc, etc.)
está certo ou está completamente equivocado. A questão é saber se
nossa teologia é boa ou não.

O que é uma boa teologia?


Uma boa teologia é aquela que está completamente baseada nas
Escrituras e não nas suas tradições nem no seu achismo e, muito
menos, nos seus sentimentos e suas emoções. Pra ter uma boa
teologia é preciso de Bíblia!
Muitas possuem uma teologia de segunda mão ou de ouvir falar.
Nunca pararam pra pensar o que acreditam realmente sobre Deus e
o porquê de acreditarem assim. Não se contente com teologia de
segunda mão, principalmente quando se trata de algo tão
importante, do que depende a sua vida aqui e no futuro. Vá à fonte.
A Bíblia foi escrita pra mim e pra você. Vá à fonte, tenha firmeza nas
suas convicções. Estude de maneira séria, comprometida!

Teologia é para Mulheres!


Teologia não é só para pastores ou para os professores de
seminário. Teologia é pra todo mundo. Teologia é também para a
mulher.
“Não são somente os pastores e professores que precisam
compreender a teologia com mais profundidade – é a igreja
toda. Que um dia, pela graça de Deus, possamos ter igrejas
cheias de cristãos capazes de discutir, aplicar e viver os ensinos
doutrinários da Bíblia com a mesma facilidade com que discutem
detalhes de seu próprio trabalho ou hobbies – ou as vitórias e
derrotas de seus times ou de seus programas favoritos de
televisão. Não é que os cristãos não tenham capacidade de
entender a doutrina; simplesmente devem ter acesso a ela numa
forma compreensível. Uma vez que isso aconteça, penso que
muitos cristãos sentirão que a compreensão (e a vivência) das
doutrinas das Escrituras é uma de suas maiores alegrias.”

A nossa teologia determina completamente a forma como


entendemos e encaramos a vida. Se você tem uma teologia fraca e
equivocada, você também vai encarar sua existência, seus
propósitos de vida e sua missão de maneira equivocada. Não é a
toa que temos tantas mulheres imaturas espiritualmente, facilmente
influenciadas e levadas por qualquer teoria ou filosofia nova que
apareça (2Tm 3.5-7). E é por isso que todas nós precisamos, acima
de qualquer outro conhecimento, de uma boa teologia.

Uma boa teologia:


* nos ajuda a entender definitivamente quem somos e pra quê
fomos criadas. Você é um mero fruto do acaso ou um projeto
amorosamente executado por Deus?
* nos ajuda a vencer nossas ideias erradas. E as ideias erradas
que nos são impostas todos os dias;
* nos ajudar a ter firmeza nas nossas convicções;
* nos ajuda a saber como responder a quem pedir razão da sua
fé;
* nos torna capazes de tomar decisões melhores;
* nos ajuda a crescer como cristãs;
* e quanto mais conhecermos a Deus mais vamos confiar nEle,
obedecê-lo e louvá-lo com nossas vidas.
Daí você pode me dizer:
Tudo bem Renata, eu admito que preciso de teologia e que ela
também é pra mim, mas será mesmo necessário estudá-la e com
profundidade? Ir a um seminário, por exemplo, se eu não vou ser
pastora nem nada do tipo?
Eu, particularmente, creio que toda a oportunidade disponível de
conhecer o nosso Deus mais profundamente deve ser aproveitada.
Se você tem a oportunidade de ir a um seminário, não perca tempo,
vá! Se isso não é possível, há uma infinidade de oportunidades que
não podem ser desperdiçadas como a escola bíblica dominical de
sua igreja, cursos online, palestras, literatura.
Nós, mulheres, somos conhecidas como multitarefas! Seja você
jovem, profissional, dona de casa, ou mãe de filhos pequenos como
eu, somos todas capazes de separarmos um tempo na correria do
nosso dia-a-dia pra aprendermos mais do nosso Deus.
E com relação aos ministérios, não se engane! Deus confiou
importantes ministérios às mulheres também, como o ministério de
treinar outras mulheres e o ministério de educar seus filhos. Dorothy
Patterson, doutora em teologia, disse uma vez que só a
responsabilidade de educar os filhos no caminho do Senhor já é
uma razão mais que suficiente pra uma boa preparação teológica!
E eu sou grata a Deus por mulheres como ela, que não mediram
esforços na tarefa de estudar a Palavra de Deus e assim puderam
produzir material e livros que tanto me edificaram e me ensinaram a
ser a mulher que Deus deseja e a como amar a Deus acima de
todas as coisas.
E você? Está teologicamente preparada para encarar o mundo de
hoje? (Rm 12.2) Como está a sua mente? O que realmente você
sabe de Deus?
É uma simples questão de prioridade - o que é mais importante
deve despertar em nós o melhor de nossos esforços. E o que pode
ser mais importante para uma mulher cristã do que Deus?
Meu desejo é que você tenha desejo e prazer em conhecer mais
sobre teologia assim como o tem desejo de aprender sobre moda,
cabelo, maquiagem. Meu convite é pra que você se junte à mim no
conhecimento do nosso Deus de uma forma alegre, simples,
agradável e completamente relacionada com a sua vida.

Conheçamos o Senhor; esforcemo-nos por conhecê-lo. Tão


certo como nasce o sol, ele aparecerá; virá para nós como as
chuvas de inverno, como as chuvas de primavera que regam a
terra (Os 6.3).
42
ENVERGONHADA E DECEPCIONADA
COMIGO MESMA
O QUE FAZER QUANDO EU PECAR?

Existem momentos em que nos sentimos como se perdêssemos


as rédeas de nossa santidade. Nos vemos em um turbilhão que nos
leva cada vez pra mais longe de onde gostaríamos de estar e de
onde nos esforçamos e batalhamos como cristãs para permanecer.
Esses dias passei por uma série de “badheartdays” aquele dia em
que o coração está uma tristeza só). Seria a minha versão espiritual
daquilo que chamam de “badhairday” (aquele dia em que o cabelo
está uma tristeza só). Me perdi de tal forma que minha rotina de
devoção foi por água abaixo, minha alegria e contentamento escoou
pelo ralo, minha paciência voou pelos ares e... eu pequei! Pequei
em coisas que já vinha conseguindo vencer há anos.
Quando pecamos e fracassamos em seguir o que o Senhor
espera de nós, somos instantaneamente tomadas pelos sentimentos
de derrota, decepção e vergonha. E, geralmente, esses primeiros
sentimentos que nos acometem estão direcionados para o lugar
errado. O sentimento de derrota e decepção são sentimentos mais
relacionamos à nós mesmas, à nossa cobrança própria, ao nosso
ego – “Eu estava indo tão bem, não acredito que cai mais uma vez!”
“Como eu fui capaz de fazer isso mais uma vez!” “Como cheguei a
esse ponto!” O sentimento de vergonha muitas vezes está
relacionado com os outros, sejam aqueles que foram vítimas do
nosso pecado ou que foram testemunhas dele – “O que vão pensar
de mim?”, “Nunca mais vão me olhar direito!”, “Perdi minha
credibilidade!”, “E agora?!”
Mas esses sentimentos de fracasso, decepção e vergonha não
são suficientes pra resolver o problema do nosso pecado. Muitas
vezes eles tiram de nós o foco correto, a sobriedade e objetividade
que são necessários pra tratar o pecado como ele realmente
merece. Esses sentimentos podem nos fazer olhar excessivamente
pra nós mesmas e nos fazer desanimar, nos paralisar. E se
olharmos só para nós mesmas logo chegaremos à conclusão de
que nem vale à pena lutar, de que o caso é perdido. Assim nos
colocamos no olho de um furacão que nos suga cada vez mais pra
baixo e não nos leva a lugar nenhum.
Eu creio que a decepção, o sentimento de fracasso e a vergonha
têm seu valor – o de nos fazer enxergar e reconhecer a nossa
podridão e a nossa necessidade do Senhor. Afinal, aquele que é
nascido de novo não tem prazer no pecado e realmente se sentirá
muito mal toda vez que pecar. E tanto eu como você, que nascemos
de novo e queremos prosseguir em nossa santificação, mortificando
nossa natureza carnal e deixando os velhos pecados para traz,
naturalmente ficaremos tristes quando cometemos algum deles
novamente.
Mas precisamos ter em mente que a nossa incapacidade é só
uma parte da história. Precisamos lembrar que estamos “em
construção”, em um processo de santificação que começou quando
Cristo nos salvou e só terminará quando recebermos nossos corpos
glorificados completamente livres de qualquer mancha de pecado.
Enquanto estivermos aqui não conseguiremos viver completamente
sem pecar, apesar de que esse deve ser o nosso alvo e o nosso
esforço diário.
João fala desse duplo aspecto de nossa realidade para com o
pecado quando diz: Meus filhinhos, escrevo-lhes estas coisas para
que vocês não pequem. Se, porém, alguém pecar, temos um
intercessor junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo (1Jo 2.1).
Infelizmente, nós ainda iremos pecar. Mas não podemos permitir
que o remorso, a vergonha, a decepção nos paralise em nossa
caminhada rumo à santificação. Esses sentimentos fazem parte do
processo de arrependimento, mas muitas vezes não nos fazem ter a
atitude certa e completar o processo divino para o tratamento do
pecado. Somente esse tratamento é suficiente para o perdão de
Deus e para a restauração de nossa alegria e nosso ânimo para
continuar a caminhada na estrada da santificação. E o tratamento é
a confissão de nossos pecados e a certeza de que obtemos o seu
perdão: Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para
perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça (1Jo
1.9).
Nosso pecado deve sempre ser motivo de muita tristeza e
decepção, mas não somente porque nos mostra a nossa própria
falta de capacidade de seguir o caminho correto ou porque nos faz
vergonhosas diante das outras pessoas. Nosso pecado deve nos
trazer pesar porque ele é sempre contra Deus. E é dessa
perspectiva que devemos encará-lo e tratá-lo. Sempre que
pecarmos – e vamos pecar – que corramos completamente e
profundamente humildes, envergonhadas, tristes e arrependidas
para os braços do nosso Pai, onde poderemos receber o puxão de
orelha devido, juntamente com o perdão e a força pra continuarmos
no caminho certo. E é assim que a Bíblia nos ensina, e é só assim
que eu consigo levantar, sacudir a poeira, olhar pra Cristo e
continuar.
43
PENSE MAIS! AME MAIS! E MELHOR

Pense MAIS! Ame MAIS! E melhor.


É o mote de mais uma propaganda pós-moderna que insiste em
empurrar a tolerância intolerante estava estampada nos outdoors da
cidade: Pense menos! Ame mais!
Em outras palavras, a mensagem era: não seja tão crítico,
simplesmente aceite. Como se o criticismo, o pensamento racional
fosse contra a nova ideologia do “tudo pode e ponto final”. E essa é
realmente a verdade. A lógica pós-moderna nos obriga a largar
tudo: valores, princípios, pressupostos, lógica e até a razão -
simplesmente pelo bem do pós-modernismo.
Querem esvaziar a nossa mente, que sejamos acéfalos. Será
mesmo sério? Agora faz mal pensar? Afinal, a razão é inimiga do
amor? De onde tiraram essa ideia tão tosca e sem sentido?
A falsa compreensão de amor como sentimentalismo barato quer
empurrar a ideia de que pensar demais estraga o amor. É a mesma
lógica dos que dizem “siga o seu coração”, ensinando que não se
deve pensar racionalmente antes de tomar alguma decisão e
esquecendo o quão enganoso é o coração e o quanto o
emocionalismo nos faz ver as coisas distorcidas e fora de
perspectiva.
Um amor sem compreensão, sem entendimento, sem
racionalização é um amor capenga, infantil, imaturo. É um amor de
momento, sujeito às variações do nosso humor e dos nossos
sentimentos. É um amor sem fundamento, sem convicção. “Por que
você ama?” “Não sei, só amo’” Não acredito que isso seja
verdadeiramente amor.
Se amar significa agir pelo bem do outro é extremamente
necessário que eu pense, e pense muito, em como posso cumprir
de forma plena essa tarefa. Pensamos pelo bem do amor. A nossa
mente alimenta o amor. O pensamento é essencial para um amor
verdadeiro e saudável.
Amor sem razão não é amor, é sentimentalismo barato que não
vale de nada. É esse tipo de amor que querem? Eu digo: ame mais,
mas pense mais! Pense, pense muito, pense bem, pense
biblicamente. Assim você vai saber o que é amar. Assim você vai
poder verdadeiramente amar e amar melhor.
44
MULHERES A BEIRA DE UM ATAQUE DE
NERVOS
E QUE PRECISAM APRENDER A SER MANSAS

Bater a porta depois de uma discussão com o marido ou atirar


objetos no chão, gritar descontroladamente por causa do filho que
não te ouve da primeira e nem da segunda vez, rosnar feito um cão
quando alguma coisa não está sendo feita do seu jeito, bufar de
raiva quando as coisas não saem como o esperado, arrancar os
cabelos por não conseguir cumprir prazos e horários, e praguejar no
trânsito porque o motorista à frente não dirige da forma como você
gostaria. Você já fez alguma dessas coisas na vida? Você costuma
fazer alguma dessas coisas diariamente? Infelizmente pra mim isso
é mais comum do que o que eu gostaria.
Cenas como essas estão cada vez mais comuns no nosso dia-a-
dia. Podemos tentar transferir a responsabilidade e culpar o
estresse da correria do dia, das multitarefas a nós delegadas.
Podemos culpar os maridos - “que são insensíveis e que não nos
ajudam”, podemos culpar os filhos - “que são rebeldes e
indisciplinados”. Podemos culpar o trânsito caótico, o relógio que
corre depressa demais, o mundo que gira muito rápido, a gravidade
que que deixa tudo muito pesado. Infelizmente, jogar a culpa em
cima dos outros não alivia a nossa barra e nem nos ajuda a viver
melhor. Uma saída mais inteligente é encarar a realidade e
examinar o nosso coração. O comportamento nervoso e explosivo e
todos esses acessos de fúria só revelam um coração que precisa de
ajuda.
Olhar para o coração pode nos mostrar que dentro de cada
mulher irada e descontrolada está um coração profundamente tolo e
precipitado, um coração insubmisso, um coração profundamente
murmurador, um coração mal-agradecido, um coração duvidoso, um
coração vingativo, um coração controlador, um coração incrédulo,
um coração precipitado.
Um coração tolo porque, muitas vezes, fala antes de pensar,
age antes de refletir. Quem responde antes de ouvir, comete
insensatez e passa vergonha (Pv 18.13).
Um coração precipitado que se destempera facilmente e perde
o controle emocional. Irai-vos, e não pequeis. Não deis lugar ao
diabo (Ef 4.26, 27).
Um coração insubmisso porque não se coloca humildemente e
pacientemente na posição correta, seja com relação ao seu marido
nas diferenças e tribulações decorrentes da vida cotidiana, seja com
relação a Deus e à sua soberania. Vós, mulheres, submetei-vos a
vossos maridos, como ao Senhor (Ef 5.22).
Um coração murmurador e mal-agradecido porque todo
praguejar, em última instância, destina-se sempre a Deus, por ser
Ele quem controla a nossas vidas e nos coloca em determinadas
circunstâncias. Porque demonstra a nossa falta de capacidade
espiritual para reconhecer a mão Deus e a sua bondade em todas
as coisas e circunstâncias que nos cercam e a nossa falta de
capacidade de dar graças em tudo. Façam tudo sem queixas nem
discussões (Fp 2.4).
Um coração duvidoso, porque demonstra a falta de confiança
na bondade de Deus e em sua promessa de que tudo coopera para
o nosso bem. E sabemos que todas as coisas contribuem
juntamente para o bem daqueles que amam a Deus (Rm 8.28).
Um coração vingativo, porque não quer deixar a cargo de Deus
a retribuição para aquilo que nos fazem de mal, mas antes procura
devolver a injúria ou a ofensa de alguma forma que maltrate aqueles
que nos magoaram, seja através de gritos ou de danos materiais.
Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira,
porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o
Senhor (Rm 12.19).
Um coração controlador, porque não admite que as coisas ou
as pessoas (as circunstâncias ou as ações) saiam, minimamente, de
seu controle. “Mas qual de vós, por mais que se preocupe, pode
acrescentar um só côvado à duração de sua vida? Se vós, pois, não
podeis fazer nem as mínimas coisas, por que estais preocupados
com as outras?” (Lc 12.25, 26).
Um coração incrédulo porque não confia na vontade soberana
de Deus em sua vida nem no seu cuidado, nem no seu amor. Não
vos inquieteis com o que haveis de comer ou beber; e não andeis
com vãs preocupações (Lc 12.29).
Um coração que precisa aprender a ser humilde. Nada façais
por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um
considere os outros superiores a si mesmo (Fp 2.3).
Cristo faz um convite a todas as mulheres à beira de um ataque
de nervos, tolas, precipitadas, vingativas, murmuradoras, incrédulas,
insubmissas, mal agradecidas: aprendei de mim, que sou manso e
humilde de coração (Mt 11.29).
Um bom antídoto para toda essa fúria que muitas de nós abrigam
no coração e que sempre está à um passo de se exteriorizar é
aprender sobre Jesus. Um breve passeio pelos evangelhos nos
mostra tamanha mansidão e humildade de Cristo, o nosso modelo e
nosso alvo. Ele sofreu todos os ultrajes e mesmo assim não se
destemperou ou revidou com ultraje. A resposta branda e a palavra
abençoadora e perdoadora sempre estiveram em sua boca.
Talvez o chamado do versículo de 1Pedro 3.4 para que as
mulheres busquem um espírito manso e tranquilo nunca esteve tão
urgente e atual quanto nos dias de hoje. Com muita sinceridade, se
nos avaliarmos bem, poderemos dizer com franqueza que todas nós
(ou a grande maioria) somos mulheres que vivem à beira de um
ataque de nervos, em maior ou menor grau. Por outro lado, a Bíblia
nos ensina que a beleza da mulher deve estar no interior do
coração, unido ao incorruptível trajo de um espírito manso e
tranquilo, que é de grande valor diante de Deus (1Pe 3.4).
A mansidão é o estado de espírito de alguém que tem controle e
domínio sobre seu temperamento e suas atitudes, que tem calma,
que é paciente, que tem domínio próprio. É serenidade,
tranquilidade, brandura. É o oposto de agressividade, de agitação,
de pressa, de inquietação, de ferocidade.
A mansidão faz parte do fruto do Espírito Santo (Gl 5.22) no
coração daqueles que foram lavados e regenerados e por isso não
pode ser opcional em nossa vida.
Abandonar um estilo de vida nervoso e estressado, e viver
mansamente não é algo fácil, mas é completamente possível, uma
vez que temos o próprio Espírito Santo habitando em nossos
corações. E é por meio do processo de santificação que, dia após
dia, nos tornamos mais semelhantes a Cristo.
A Bíblia nos fala que os mansos são bem-aventurados (Mt 5.5).
Isso significa dizer que os mansos são felizes. A felicidade do
manso é uma felicidade plena, porque não depende das
circunstâncias aparentes ou terrenas e nem das pessoas. É uma
felicidade que depende unicamente de Deus. É uma felicidade
verdadeira, completa e que não pode acabar por estar
fundamentada em Deus e no seu cuidado sempre terno, que nunca
falha.
A mulher que abandona o estilo de vida “à beira de um ataque de
nervos” para um estilo de vida manso é uma mulher mais feliz. E ela
é mais feliz porque pode suportar qualquer estresse, correria,
pressão ou dificuldade da vida sem se exasperar, uma vez que
confia no cuidado soberano e amoroso de Deus.
45
DEUS NÃO VAI RESOLVER TODOS OS
SEUS PROBLEMAS!

Na verdade, achar que Deus tem a obrigação de resolver todos


os nossos problemas pode ser a razão pela qual levamos uma vida
amargurada e frustrada. Temos uma ideia muito equivocada de
Deus – pensamos nele como o Papai Noel ou como um gênio da
lâmpada, que está à disposição para atender todos os nossos
pedidos e resolver todos os nossos problemas.
A teologia rasa e equivocada pregada por muitas “novas igrejas”
ensina erradamente que o cristianismo é apenas uma forma prática
de resolver suas dificuldades: encontre o amor, arrume seu
casamento, restaure sua família, prospere financeiramente, cure
suas doenças.
Essas igrejas podem ser novas, mas os resultados já são
conhecidos. Multidões que procuram a Deus não por quem Ele é,
mas pelo que Ele pode lhes dar. Assim como no caso de Jesus e da
multiplicação dos pães, quando o próprio Cristo diz: em verdade, em
verdade vos digo: vós me procurais não porque vistes sinais, mas
porque comestes dos pães e vos fartastes (Jo 6.26). E como já
disse certo escritor, “reduzir o Mestre a um doador de bênçãos é um
insulto à Sua grandeza”.
Muitas de nós buscamos Deus com segundas intenções, Jesus
deixa de ser o fim e passa a ser um meio para conseguirmos o que
queremos. E o que queremos? Queremos viver livres de problemas.
E para quando queremos? O mais rápido possível!
Nancy Leigh DeMoss30 em seu livro “Mentiras em que as
Mulheres Acreditam” diz que muitas de nós “queremos um Deus que
resolva todos os nossos problemas. Em vez disso, Deus diz: “Tenho
um propósito para seus problemas. Quero usar seus problemas
para mudá-la e para revelar minha graça e meu poder ao mundo”.
Não temos garantia alguma de que nessa vida não passaremos
por problemas. Muito pelo contrário, Cristo nos dá a certeza de que
passaremos por aflições (Jo 2.16). Contudo, juntamente com as
aflições, também nos promete companhia, socorro, propósito e
vitória.
Podemos ter certeza do socorro sempre presente em todas as
tribulações (Sl 46.1) e podemos ter a certeza de que Deus tem um
propósito que se cumpre por meio dos nossos problemas: Sabemos
que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o
amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito
(Rm 8.28).
Deus não nos promete uma vida livre de problemas, mas nos
promete uma perspectiva completamente nova em relação a eles.
Uma vez com Cristo, nossos problemas não são apenas motivos de
tristeza e desesperança, mas podem ser motivos de alegria e
grande glória.

Por isso não desanimamos. Embora exteriormente estejamos


a desgastar-nos, interiormente estamos sendo renovados dia
após dia, pois os nossos sofrimentos leves e momentâneos
estão produzindo para nós uma glória eterna que pesa mais do
que todos eles. Assim, fixamos os olhos, não naquilo que se
vê, mas no que não se vê, pois o que se vê é transitório, mas o
que não se vê é eterno (2Co 4.16-18).

Quem tem a Cristo não tem uma vida livre de problemas, mas
pode enxergar em seus problemas uma grande oportunidade para
crescer em vida.
Podemos nos gloriar nas dificuldades porque Deus usará os
nossos problemas para moldar o nosso caráter. Não só isso,
mas também nos gloriamos nas tribulações, porque sabemos que a
tribulação produz perseverança; a perseverança, um caráter
aprovado; e o caráter aprovado, esperança. E a esperança não nos
decepciona, porque Deus derramou seu amor em nossos corações,
por meio do Espírito Santo que ele nos concedeu (Rm 5.3-5).
Podemos nos alegrar nas dificuldades porque Deus usará os
nossos problemas para nos fazer mais maduras e íntegras.
Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato de
passarem por diversas provações, pois vocês sabem que a prova da
sua fé produz perseverança. E a perseverança deve ter ação
completa, a fim de que vocês sejam maduros e íntegros, sem lhes
faltar coisa alguma (Tg 1.2-4).
Podemos confiar em Deus porque Ele usa os nossos
problemas para provar e refinar a nossa fé. Mas ele conhece o
caminho por onde ando; se me puser à prova, aparecerei como o
ouro (Jó 23.10).
Podemos nos alegrar ainda mais porque Deus usa os nossos
problemas para aperfeiçoar a nossa força. Mas ele me disse:
Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa
na fraqueza. Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em
minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim (2Co
12.9).
Deus não nos promete uma vida livre de problemas, mas nos
promete uma perspectiva completamente nova em relação a eles.
Uma vez com Cristo, nossos problemas não são apenas motivos de
tristeza e desesperança, mas podem ser motivos de alegria e
grande glória. Quem tem a Cristo não tem uma vida livre de
problemas, mas pode enxergar em seus problemas uma grande
oportunidade para crescer na vida. Amém?

30. São Paulo: Vida Nova, 2013, p.57.


46
10 COISAS QUE TODA MULHER DEVE
SABER SOBRE SUAS PALAVRAS!

1. TODA mulher deve saber o poder das suas palavras.


A língua tem poder sobre a vida e sobre a morte; os que
gostam de usá-la comerão do seu fruto (Pv 18.21).

2. TODA mulher deve saber o perigo que jaz em sua boca.


A língua, porém, ninguém consegue domar. É um mal
incontrolável, cheio de veneno mortífero (Tg 3.8).

3. TODA mulher deve saber da necessidade de domar as suas


palavras.
Quem guarda a sua boca guarda a sua vida, mas quem fala
demais acaba se arruinando (Pv 13.3).

4. TODA mulher deve saber que as palavras são um reflexo do


coração.
Pois a boca fala do que está cheio o coração (Mt 12.34).

5. TODA mulher deve saber que Deus leva a sério suas palavras.
Mas eu lhes digo que, no dia do juízo, os homens haverão de
dar conta de toda palavra inútil que tiverem falado (Mt 12.36).

6. TODA mulher deve saber a hora de falar e a hora de calar.


Quem tem conhecimento é comedido no falar, e quem tem
entendimento é de espírito sereno (Pv 17.27).

7. TODA mulher deve saber falar com sabedoria.


[A mulher virtuosa] fala com sabedoria e ensina com amor (Pv
31.26).

8. TODA mulher deve saber usar suas palavras para abençoar


outros.
As palavras dos justos dão sustento a muitos, mas os
insensatos morrem por falta de juízo (Pv 10.21).

9. TODA mulher deve saber usar as palavras certas nas horas


certas.
Os lábios do justo sabem o que é próprio, mas a boca dos
ímpios só conhece a perversidade (Pv 10.32).

10. TODA mulher deve saber que deve pensar antes de falar.
O coração do sábio ensina a sua boca, e os seus lábios
promovem a instrução (Pv 16.23).
47
MULHERES QUE FALAM DEMAIS
BONS MOTIVOS PRA COMEÇAR A DOMAR A LÍNGUA
(PARTE 1)

A nossa boca é um dos mais comuns instrumentos de pecado e


dano. Aprender a controlar as nossas palavras é requisito
indispensável para vivermos com sabedoria. As Escrituras dão
imenso valor à língua quando se trata da caminhada rumo à
santificação, à maturidade espiritual.
O fato é que erramos quase todas as vezes que abrimos a nossa
boca. E isso é especialmente verdade quando se trata de nós
mulheres, conhecidas como as que mais gostam de falar.
A luta para controlar nossas palavras não é nada fácil, é uma luta
ferrenha que cada uma de nós deve enfrentar se desejamos ser
cada vez mais sábias. Controlar nossas palavras é uma luta árdua e
por isso mesmo deve ser encarada com seriedade, como uma
batalha a ser travada diariamente. Uma luta difícil, mas necessária e
que traz grandes recompensas para a vida.
O livro de Tiago nos fornece duas ilustrações que nos mostram a
dificuldade de controlar a língua e o perigo que o mal uso dela é
capaz de gerar.

Língua como fogo


Fogo queima, arde, se alastra com facilidade, destrói. Depois de
iniciado é extremamente difícil de conter.
Vejam como um grande bosque é incendiado por uma simples
fagulha. Assim também, a língua é um fogo; (...) incendeia todo
o curso de sua vida, sendo ela mesma incendiada pelo inferno
(Tg 3.5, 6).

Uma simples palavra pode causar um verdadeiro incêndio na vida


de outros. Uma palavra maliciosa, mentirosa ou mal-intencionada,
descuidada ou indevida pode lançar uma faísca da desconfiança e é
capaz de destruir uma reputação, contaminar pensamentos, criar
confusões, dividir amigos, arruinar planos, sonhos e projetos,
contaminar o mundo.
Depois de lançadas, as palavras começam a causar estragos e,
muito dificilmente, conseguiremos conter esse “incêndio”. Por isso a
necessidade de tomarmos todo cuidado para que essa faísca não
seja lançada e que o estrago nem ao menos comece.

Língua como cobra


A cobra é um animal audaz, ágil, difícil de ser domado, difícil de
controlar ou de capturar após ter sido solta. A cobra é sorrateira,
astuciosa, venenosa e igualmente mortífera. As Escrituras falam que
a nossa língua é como ela:

é um mal incontrolável, cheio de veneno mortífero (Tg 3.8).

Da mesma sorte, nossas palavras, se não domadas e bem


controladas, podem fugir de nossas bocas espalhando veneno e
dor, e, uma vez soltas, o estrago será feito e, dificilmente, as
tomaremos de volta.
Trazer à mente essas ilustrações pode nos ajudar a pensar
melhor antes de falar. É de se assustar, mas a luta é tão difícil que a
Palavra de Deus nos diz que nunca ninguém foi capaz de domá-la
completamente.

a língua, porém, ninguém consegue domar (Tg 3.8).

Ninguém, a não ser o próprio Jesus foi perfeito em seu falar. Isso
não deve nos desanimar nem nos fazer desistir da luta e nem muito
menos servir de desculpa e nos eximir de nossa responsabilidade.
Nosso modelo, nossa referência e nosso alvo é sempre Cristo, e
Ele espera que sejamos seus imitadores. Assim como a santificação
e a maturidade, a capacidade de controlar as palavras é um
processo de uma vida toda, enquanto somos conformados com
Cristo dia-a-dia, até o dia em que seremos transformados e libertos
de toda natureza pecaminosa.

Põe, ó Senhor, uma guarda à minha boca; guarda a porta dos


meus lábios (Sl 141.3).
48
MULHERES QUE FALAM DEMAIS
BONS MOTIVOS PARA DOMAR A LÍNGUA (PARTE 2)

O domínio da língua é uma das marcas mais claras de uma


mulher sábia, íntegra, santa, madura espiritualmente.
As nossas palavras e a maneira como usamos a nossa língua é
uma clara evidência de como estamos espiritualmente.
Segundo às Escrituras, controlar o que falamos é um bom
caminho para controlar todo o resto de nossa vida. O caminho para
a perfeição passa primeiro pelo controle de nossas palavras. Se
conseguirmos controlá-las, conseguiremos controlar todo o resto.
Alguém que não falha ao abrir a sua boca tem total controle de sua
vida.

Se alguém não tropeça no falar, tal homem é perfeito, sendo


também capaz de dominar todo o seu corpo (Tg 3.2).

Uma simples palavra pode parecer nada, mas é capaz de


construir ou destruir quase tudo, inclusive nossa vida. A língua é um
órgão tão pequeno, mas responsável por tanta coisa.

Semelhantemente, a língua é um pequeno órgão do corpo,


mas se vangloria de grandes coisas (Tg 3.5).
É capaz de contaminar a pessoa por inteiro e destruir o curso
de uma vida. Colocada entre os membros do nosso corpo,
contamina a pessoa por inteiro, incendeia todo o curso de sua
vida, sendo ela mesma incendiada pelo inferno (Tg 3.6).

Controlar as palavras é guardar a vida de problemas e


complicações. Quem não as controla cai em muitas armadilhas e
acaba se arruinando.

Quem guarda a sua boca guarda a sua vida, mas quem fala
demais acaba se arruinando (Pv 13.3).

No livro de Tiago encontramos também duas ilustrações que nos


mostram o poder e a influência da língua sobre toda nossa vida e a
consequente necessidade de a colocarmos como foco diário de
nossa atenção Língua como freio
Quando colocamos freios na boca dos cavalos para que eles
nos obedeçam, podemos controlar o animal todo (Tg 3.3).

O freio no cavalo o distingue de um animal selvagem. Mostra que


ele é treinado, domesticado e não selvagem e descontrolado.
Aquele que cuida de suas palavras é igualmente distinto de alguém
bruto, ignorante, selvagem e descontrolado. Controlar a boca
significa controlar sua força, seu rumo, seu propósito.

Língua como leme


Controlar bem nossas palavras, mesmo a menor delas, nos ajuda
a enfrentar as maiores situações, a nos colocar na direção certa, a
evitar tormentas, nos faz desviar de obstáculos. Tomem também
como exemplo os navios; embora sejam tão grandes e impelidos por
fortes ventos, são dirigidos por um leme muito pequeno, conforme a
vontade do piloto (Tg 3.4).
Uma pessoa que não controla sua língua é como um barco sem
leme, à deriva, sem direção nem propósito, vagando ao sabor do
vento. Controlar algo tão pequeno como língua pode determinar o
curso de nossa vida.
Como dito anteriormente, as nossas palavras e a maneira como
usamos a nossa língua é uma clara evidência de como estamos
espiritualmente. Ela denuncia se somos controladas pelo Espírito
Santo ou se somos descontroladamente guiadas por nossa
carnalidade.
Uma mulher sábia sabe da necessidade urgente de cuidar
diariamente de suas palavras como aspecto fundamental na busca
pela maturidade espiritual e santificação.

Do fruto de sua boca o homem se beneficia, e o trabalho de


suas mãos será recompensado (Pv 12.14).

A conversa do insensato traz a vara para as suas costas, mas


os lábios dos sábios os protegem (Pv 14.3).
49
KEEP CALM E VENÇA A AMARGURA, A
GRITARIA E A MURMURAÇÃO
REFLEXÃO EM EFÉSIOS 4

Livrem-se de toda amargura, indignação e ira, gritaria e


calúnia, bem como de toda maldade. Sejam bondosos e
compassivos uns para com os outros, perdoando-se
mutuamente, assim como Deus perdoou vocês em Cristo (Ef
4.31-32).

vivam de maneira digna da vocação que receberam. Sejam


completamente humildes e dóceis, e sejam pacientes,
suportando uns aos outros com amor (Ef 4.1-2).

Quanto à antiga maneira de viver, vocês foram ensinados a


despir-se do velho homem, que se corrompe por desejos
enganosos, a serem renovados no modo de pensar e a
revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a
Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade (Ef
4.22-24).

Algumas mulheres vivem à beira de um ataque de nervos. As


solicitações cotidianas, as exigências, a lista de afazeres e a
montanha russa hormonal contribuem para esse fenômeno
universal. Nesse turbilhão de tarefas, preocupações e frustrações
muitas se tornam amarguradas, explosivas e murmuradoras.
Algumas carregam esse comportamento por tanto tempo que
eles acabam por se tornar hábitos – hábito de reclamar, de gritar, de
roer as unhas, de arrancar os cabelos, de explodir.
Como é difícil se desfazer dos maus hábitos. Mais difícil ainda é
desenvolver os bons. Hábitos são comportamentos instalados em
nós há tanto tempo que acabam sendo repetidos sistematicamente,
mesmo sem que nos demos conta. Os psicólogos dizem que para
mudar um hábito é necessário planejamento, disciplina e força de
vontade. Acrescento a tudo isso a necessidade fundamental da
ajuda do Espírito Santo e da orientação da Palavra de Deus, que
não nos deixa só nessa enrascada.
A Bíblia traça uma estratégia para mudanças de hábitos. A lógica
bíblica para mudanças de hábitos e atitudes é simples. É a lógica do
despojar (ou despir) x revestir. Comportamentos e atitudes erradas
devem ser deixados de lado, jogados fora e substituídos
imediatamente por comportamentos e atitudes que agradam a Deus
(e fazem muito bem a nós e aos que nos rodeiam).
Efésios 4.31,32 nos dá dicas práticas de como andar de acordo
com a nossa realidade de filhas de Deus, mudando nossos velhos
hábitos, nos despindo da “velha mulher” e nos revestindo da “nova
mulher” que somos em Cristo.
No lugar da amargura – decida liberar perdão
No lugar da cólera e ira – escolha ser paciente
No lugar da gritaria – aja com compaixão
No lugar da blasfêmia – profira palavras de bênção
Mudar hábitos não é fácil, mas só acontece com esforço ativo e
disciplinado, e completa dependência de Deus. Temos conosco a
ajuda sobrenatural do Espírito Santo. Quando buscamos sua ajuda
e deixamos de entristecê-lo com o nosso mau comportamento
temos a garantia do seu auxílio divino e constante. O nosso modelo,
que nos inspira e nos constrange é o próprio Deus, que em Cristo
nos perdoou e nos trata diariamente com toda a paciência,
compaixão e longanimidade.
50
O QUE SIGNIFICA SER UMA MULHER
SÁBIA?

A Bíblia exalta a importância da sabedoria. Em alguns trechos


ressalta a importância e a necessidade de que as mulheres sejam
sábias. Provérbios 14.1 nos diz que a mulher sábia é uma benção
para o seu lar, uma vez que suas atitudes e suas palavras edificam
e fortalecem a sua casa. Todo o livro de Provérbios traz o contraste
marcante entre o homem (ou mulher) sábio e o homem (ou mulher)
tolo.
Mas enfim, o que significa ser SÁBIA? Quero compartilhar com
vocês essa breve citação de Martyn Lloyd-Jones31 que lança luz
sobre o conceito de sabedoria e sobre o que significa ser uma
pessoa realmente sábia.
“Sabedoria é a faculdade de fazer uso da inteligência e do
conhecimento e de relacionar estas capacidades com as coisas
práticas e comuns da vida. Aí está como eu vejo a essência desta
palavra. Sabedoria, é claro, é muito semelhante a julgamento, e
também estamos familiarizados com a diferença entre posse de
conhecimento e julgamento. Não são a mesma coisa. Há pessoas
que sabem muitíssimas coisas. Tem memória maravilhosa e podem
lembrar todo tipo e espécie de fatos, mas são incapazes de usá-lo
para enfrentar problemas particulares. São como discos de vitrola,
podem repetir informações, porém não as podem aplicar, e daí
dizerem delas: ‘Ah, sim, ele é muito instruído, mas incapaz de julgar;
realmente lhe falta sabedoria [...] Então o que é a sabedoria? Sábio
é o homem [ou a mulher] que sempre pensa. Não age baseado
apenas no instinto, ou no impulso, ou no desejo. Não, ele insiste em
aplicar-se ao pensamento, à razão e à meditação... ele é um homem
que examina completamente cada proposição com que se defronta,
ou cada situação a que é levado. É um homem que primeiramente e
acima de tudo dá atenção a toda evidência... às vezes penso que o
sinal distintivo do sábio é que ele sempre é um bom ouvinte... tendo
examinado as evidências, ele as relaciona com os princípios
fundamentais”.
Você gosta de pensar e refletir? Gosta de meditar? Presta
atenção ao que acontece ao seu redor? É uma boa ouvinte?
Que corramos para Deus como fonte de toda verdadeira
sabedoria e assim nos tornemos mulheres sábias que fazem
diferença onde quer que Deus nos coloque.

31. As Trevas e a Luz. São Paulo: PES, 1995. p.378-385.


51
BETTY SCOTT STAM
UMA MULHER ENTREGUE À VONTADE DE DEUS

Um dos mais conhecidos martírios na história do cristianismo na


China ocorreu em dezembro de 1934, quando John e Betty Stam,
um casal de jovens missionários americanos entre seus 27 e 28
anos e pais de uma pequena bebê, foram decapitados na província
de Anhui por causa de sua fé.
A oração e as palavras de Betty, escritas anos antes de ser
nomeada para servir na China mostram suas convicções e sua
disposição de entregar sua vida em total rendição aos propósitos de
Deus.
“Senhor, desisto de meus próprios planos e propósitos, de todos
os meus desejos, esperanças e ambições para aceitar a Tua
vontade para minha vida. Eu me entrego, entrego minha vida, meu
tempo, entrego meu tudo totalmente a Ti, para ser Tua para sempre.
Preenche-me e sele-me com o Teu Espírito Santo. Use-me
conforme Tua vontade, manda-me onde quiseres, cumpra toda a
Tua vontade em mim a qualquer custo, agora e para sempre”.

Eu quero algo pelo que realmente vale a pena viver. Como a


maioria dos jovens, eu quero investir nesta vida tão sabiamente
quanto possível, ao invés de ir atrás de lucros que rendam mais
riquezas do mundo para mim.... Eu quero que seja a escolha de
Deus para mim e não a minha. Não deve haver autointeresse
em tudo, pois eu não acredito que assim Deus poderá revelar
Sua vontade claramente... Eu sei muito bem, que eu nunca
poderei realizar as coisas mais ricas e gratificantes da vida,
como Cristo significa para mim, se eu não der a minha própria
vida sem egoísmo para os outros. Eu quero que Ele me lidere e
me encha com Seu Espírito. E então, só então, eu irei sentir que
minha vida está justificando sua própria existência adquirindo
maturidade em Cristo que se revela para todos os homens, em
todas as partes do mundo (Betty Scott Stam)
52
CRISE DE IDENTIDADE?
REFLEXÃO EM I CORÍNTIOS 15.10

Mas, pela graça de Deus, sou o que sou, e sua graça para
comigo não foi em vão; antes, trabalhei mais do que todos
eles; contudo, não eu, mas a graça de Deus comigo” (1Co
15.10).

Lembrar quem fomos e o que fizemos nos tornará humildes e


reconhecedoras da graça de Deus em nossas vidas. Nossas
experiências nos ensinam sobre nós mesmas e principalmente
sobre Deus. Nossa história pode servir de meio para alcançar
outras pessoas.

Algumas de vocês, assim como eu, podem, vez por outra, passar
pelas conhecidas “crises de identidade”. É aquele sentimento de
inadequação, tristeza ou insatisfação pelo que fomos, somos ou nos
tornamos. Muitas vezes não queremos aceitar o nosso passado,
outras vezes temos uma visão equivocada de nós mesmas e
simplesmente não aceitamos ou reconhecemos quem realmente
somos.
A partir de alguns ensinamentos do apóstolo Paulo podemos
refletir na tentativa de ajustar o nosso foco colocando tudo o que
somos, nossa história e nossas experiências na perspectiva correta
da soberania de Deus em nossas vidas.
Traumas com o passado? - (1Coríntios 15.9). Não devemos fugir
do passado, mas colocá-lo em seu devido lugar. Os pecados
arrependidos e confessados já foram perdoados. As provações nos
fortalecem e nos dão condições de ajudar outros que passam por
situações semelhantes. Lembrar quem fomos e o que fizemos nos
tornará humildes e reconhecedoras da graça de Deus em nossas
vidas. Nossas experiências nos ensinam sobre nós mesmas e
principalmente sobre Deus. Nossa história pode servir de meio para
alcançar outras pessoas.

Sou o que sou


Cada pessoa tem a sua própria identidade. Todas nós temos
características, personalidades e sonhos que nos distinguem das
outras pessoas. Deus criou cada uma de nós de forma única e
“irrepetível”. Nossa identidade está fundamentalmente relacionada
com o fato de Deus ter nos criado e escrito a nossa história. E é
quando fugimos dessa verdade que entramos em crise. É quando
queremos ser, ter ou viver como outras pessoas que abrimos
brechas para a insatisfação, para a inveja e para as crises.

Sou o que sou pela graça de Deus


Minha identidade, quem me tornei, tudo o que hoje sou é por
causa da graça de Deus. É Deus agindo em meu favor, é sua
misericórdia em minha vida. Devo assumir a responsabilidade pelos
erros e tropeços em minha vida, fruto do meu pecado. Ao mesmo
tempo devo lembrar que Deus usa todas as circunstâncias para a
minha edificação. Também devo reconhecer que toda boa dádiva,
tudo de bom em mim é fruto do trabalho de Deus em minha vida. A
perspectiva correta não dá espaço nem para nem para o orgulho
nem para a autocomiseração.
Convicção de pecado
Convicção do pecado - “dos quais eu sou o principal” (1Tm 1.15).
Não adianta mascarar a realidade. Muitas vivem uma vida de
fachada, tentando esconder seus pecados ao invés de tratá-los.
Vivem sufocadas e escravizadas pela necessidade equivocada de
uma aparência de perfeição, a qual só alcançaremos na glória.
Paulo reconhecia sua condição de pecador, dos quais ele se dizia o
principal. Precisamos reconhecer nossa condição de pecadores -
pecadores arrependidos que buscam, a cada dia, com a ajuda do
Espírito Santo, a santificação.
53
FAXINA NO CORAÇÃO
UMA REFLEXÃO EM SALMO 19.12

Que tal começar logo a sua? Há sempre muito trabalho a se


fazer!

...quem pode discernir os próprios erros? Absolve-me dos que


desconheço! (Sl 19.12).

Revirar o coração em um processo de faxina profunda traz uma


visão mais coerente e madura de quem eu sou e do quanto preciso
do meu Deus. Traz uma alegria diferente, uma satisfação madura,
uma esperança prazerosa de que o que está errado já está sendo
trabalhado e de que já estou em processo de modificação. Traz a
esperança aliviada de uma vida mais livre pela frente, sem mais
precisar carregar o peso de pecados que me impediam de viver o
melhor de Deus pra mim.
Há cerca de um ano, o Senhor começou um processo em mim
que eu mesma pedi para que Ele começasse - o processo de cavar
fundo em meu coração a fim de mostrar todo e qualquer tipo de
pecado enraizado que não agrada a Ele e que me impedia de viver
a plenitude de Deus em minha vida. A ideia era fazer uma faxina
profunda no meu coração.
Desde aquele momento, Deus tem penetrado no meu coração e
tem me mostrado um milhão de coisas que preciso consertar. Sou
sincera em confessar que sim, claro que eu sempre soube que tinha
pecados em minha vida - nunca me achei perfeita - mas também
confesso que não imaginava que tinha tanta coisa errada assim - e
como! As pedras grandes eu sempre enxerguei e sempre lutei para
arrancá-las, mas o que me chamou a atenção foram os pedregulhos
que estavam muito abaixo da superfície, que eu normalmente
passava por cima, não via ou fazia de conta que não que estavam
ali.
Sempre gosto de dizer que o pior cego é aquele que não quer
ver. Todas temos pecados enraizados, ocultos e eu nunca me
preocupei realmente em revirar a minha vida pelo avesso para
descobrir quais eram eles - melhor deixar quieto, né?! Só que NÃO!
Deus tocou em meu coração e juntos, Ele e eu, começamos esse
processo. Um processo árduo e doloroso que eu tenho certeza que
ainda está muito longe de terminar... ai, ai.
É verdade que esse processo de cura envolve uma grande parte
de humilhação e tristeza pelo pecado. Tenho olhado muitas vezes
para mim mesma com desesperança e tristeza. Enxergar meus
pecados tem trazido uma grande carga de tristeza e desânimo. Vejo
tantas áreas que preciso mudar e não sei como fazer para me
despojar de tanta coisa e me revestir da santidade que Deus espera
de mim.
Mas, ao mesmo tempo, esse processo tem me trazido uma série
de benefícios. Trouxe-me uma visão mais coerente e madura de
quem eu sou e do quanto preciso do meu Deus. Trouxe-me uma
alegria diferente, uma satisfação madura, uma esperança prazerosa
de que o que está errado já está sendo trabalhado e de que já estou
em processo de modificação. Trouxe-me a esperança aliviada de
uma vida mais livre pela frente, sem mais precisar carregar o peso
de pecados que me impediam de viver o melhor de Deus pra mim.
Desafio você a convidar Deus para iniciar este processo em sua
vida. Ele pode ser doloroso, mas as dificuldades a serem encaradas
nem podem ser comparadas com os benefícios do trabalho da
faxina que Deus pode fazer em nosso coração.
54
UMA BOA NOTÍCIA: VOCÊ É INCAPAZ!

pois é Deus quem efetua em vocês tanto o querer quanto o


realizar, de acordo com a boa vontade dele (Fp 2.13).

Não nos esqueçamos jamais de que viver a vida cristã e servir a


Deus só acontece pelo poder do Espírito Santo. No instante em
que achamos que podemos fazer as coisas por conta própria,
nós nos tornamos inúteis para Deus. Temos de sair da frente,
deixar que Deus tome o controle e permitir que sua sombra nos
cubra (Nancy Leigh DeMoss).

SIM, VOCÊ É INCAPAZ!


Essa pode parecer uma péssima notícia, mas não é! Esta é uma
verdade libertadora. Não sei vocês, mas eu sempre lutei contra o
sentimento de incapacidade, principalmente no que diz respeito a
desenvolver algum ministério significativo à serviço do Senhor.
Esse sentimento deriva de uma tendência humana pecaminosa
de se achar autossuficiente e independente. Vem do desejo antigo
de achar que devemos e que podemos fazer o que queremos por
nossas próprias forças. Queremos ser assim, pensamos que somos
assim, agimos como se fôssemos assim, mas damos de cara com a
decepção à primeira dificuldade encontrada pelo caminho. Não é
preciso muito pra vermos o quanto somos fracas, principalmente
quando se trata de vencer o nosso pecado e realizar aquilo que
Deus espera de nós.
A salvação, a santificação, os nossos ministérios e todos os
aspectos da nossa vida cristã não são obra do esforço e da
capacidade humana. Muito pelo contrário. Uma vida dependente
dos esforços e dos recursos humanos só denuncia uma vida
governada pela carne. Uma vida governada pelo Espírito aceita e
reconhece a necessidade da dependência dos recursos espirituais
infinitos e graciosos. Não há absolutamente NADA que sozinhas
possamos fazer.
Podemos até estar cheias de boas intenções e de boa vontade,
mas isso não é suficiente para vencer essa luta que é espiritual.
Paulo relata bem essa verdade quando fala dessa luta travada entre
a carne e o espírito - “Porque não faço o bem que quero, mas o mal
que não quero esse faço” (Rm 7.19). E a verdade é essa - por nós
mesmas, por nossos próprios esforços, jamais seremos
competentes para viver a vida cristã e servir a nosso Deus.
Enquanto lutarmos por nossas próprias forças só nos cansaremos e
falharemos, vez após vez.
Olhar para nós mesmos só dificulta e estraga ainda mais as
coisas. Olhar excessivamente para si pode levar ao desânimo e ao
desespero ou ao orgulho e à soberba - de todo modo, o resultado
disso é o fracasso, principalmente quando se trata do serviço ao
nosso Senhor. “A soberba precede a destruição, e a altivez do
espírito precede a queda” (Pv 16.18).
Deus quer que nos acheguemos a Ele. Que recorramos a Ele.
Ele espera de nós humildade e dependência. “Assim sendo,
aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança, a fim de
recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no
momento da necessidade” (Hb 4.16).
Ele espera o reconhecimento de que a obra é dEle. “Aquele que
começou boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo
Jesus” (Fp 1.6). E que Ele nos usa como melhor lhe apraz.
O segredo está em reconhecer a nossa falta de capacidade
própria e correr humildemente para os pés de Cristo. O segredo
está na dependência constante do poder de Deus. ...pois sem mim
vocês não podem fazer coisa alguma (Jo 15.5). Quando
compreendemos isso deixamos de dar atenção excessiva a nós
mesmos e às nossas capacidades e passamos a colocar a nossa fé
em ação olhando somente para Cristo.
Graças a Deus por Jesus Cristo, que nos ajuda a servir a Ele de
toda mente e coração, enquanto a influência do pecado tenta nos
puxar para a direção contrária. Nossa força vem de Deus que nos
capacita a fazer alguma coisa para o Seu prazer. Pois é Deus quem
efetua em vocês tanto o querer quanto o realizar, de acordo com a
boa vontade dele (Fp 2.13).
É o Espírito Santo quem nos capacita, é Ele quem nos usa, é Ele
quem realiza a obra por meio de nós e APESAR de nós, como bem
disse Nancy Leigh DeMoss:

Deus é especialista em impossíveis; assim, quando a vitória é


conquistada e a tarefa é realizada, não levamos crédito algum.
Os outros sabem que não foi obra nossa, e nós também
sabemos. Não nos esqueçamos jamais de que viver a vida cristã
e servir a Deus só acontece pelo poder do Espírito Santo. No
instante em que achamos que podemos fazer as coisas por
conta própria, nós nos tornamos inúteis para Deus. Temos de
sair da frente, deixar que Deus tome o controle e permitir que
sua sombra nos cubra.
55
DIA DA SOGRA E NORAS QUE SÃO
COMO FILHAS
REFLEXÃO EM RUTE 4.15

...sua nora, que a ama e que lhe é melhor do que sete filhos!
(Rt 4.15).

E que mérito terão, se fizerem o bem àqueles que são bons


para com vocês? Até os ‘pecadores’ agem assim (Lc 6.33).

Deixando de lado todas as piadinhas que são quase inevitáveis


nesse dia, gostaria de compartilhar com vocês um texto que sempre
me vem à mente quando penso no meu relacionamento com a
minha sogra.
A passagem a que me refiro é a que descreve o relacionamento
entre Rute e Noemi, já no final do livro em Rute 4.14,15, quando as
mulheres declaram que Rute, sua nora, é, para ela, melhor do que
sete filhos.

As mulheres disseram a Noemi: “Louvado seja o Senhor, que


hoje não a deixou sem resgatador! Que o seu nome seja
celebrado em Israel! O menino lhe dará nova vida e a
sustentará na velhice, pois é filho da sua nora, que a ama e
que lhe é melhor do que sete filhos!
Por meio desse texto, a despeito do comportamento das nossas
sogras com relação à nós, somos desafiadas a cuidar bem do nosso
comportamento com relação a elas. Eu creio que isso deve nortear
bem as nossas atitudes - cuidar para sermos aquilo que Deus
espera de nós a despeito do que os outros são para conosco.
Será que somos como filhas para nossas sogras? Será que elas
poderiam dizer que somos melhores para elas do que sete filhos?
Será que cuidamos, amamos e preenchemos alguns vazios de seus
corações mediante o do nosso relacionamento para com elas?
Posso dizer que sou abençoada pela sogra que tenho, mas
também sei que muitas mulheres precisam lidar com sogras de
temperamentos difíceis. E partindo do princípio de que é impossível
mudar o comportamento de outra pessoa, sugiro que você cuide do
seu comportamento, aproveitando a oportunidade desse
relacionamento para exercitar aquele amor ensinado nas Escrituras,
que é capaz de dar a sua vida pelos seus inimigos.
Eu não sei como é seu relacionamento com sua sogra, mas seja
como for, as Escrituras têm algo a nos ensinar. Se for um
relacionamento realmente difícil, veja o que diz Lucas 6.27-36

Mas eu digo a vocês que estão me ouvindo: Amem os seus


inimigos, façam o bem aos que os odeiam, abençoem os que
os amaldiçoam, orem por aqueles que os maltratam. Se
alguém lhe bater numa face, ofereça-lhe também a outra. Se
alguém lhe tirar a capa, não o impeça de tirar-lhe a túnica. Dê
a todo o que lhe pedir, e se alguém tirar o que pertence a você,
não lhe exija que o devolva. Como vocês querem que os
outros lhes façam, façam também vocês a eles. “Que mérito
vocês terão, se amarem aos que os amam? Até os ‘pecadores’
amamos que os amam. E que mérito terão, se fizerem o bem
àqueles que são bons para com vocês? Até os ‘pecadores’
agem assim. E que mérito terão, se emprestarem a pessoas
de quem esperam devolução? Até os ‘pecadores’ emprestam a
‘pecadores’, esperando receber devolução integral. Amem,
porém, os seus inimigos, façam-lhes o bem e emprestem a
eles, sem esperar receber nada de volta. Então, a recompensa
que terão será grande e vocês serão filhos do Altíssimo,
porque ele é bondoso para com os ingratos e maus. Sejam
misericordiosos, assim como o Pai de vocês é misericordioso.

Que possamos demonstrar o amor de filhas para as mães


daqueles a quem o Senhor nos deu como maridos, para aquelas
que nos deram nosso grande amor.
56
CONFISSÕES DE UMA “MULHER DE
PASTOR”

Por ocasião do “dia da mulher de pastor”, muitas são as


mensagens que exaltam e engrandecem as qualidades daquelas
que servem ao lado de seus maridos no ofício do episcopado.
Agradeço a generosidade das palavras. Sei que muitas das
homenagens são para compensar as cobranças e as pressões do
dia-a-dia. Mas preciso dizer que qualquer tipo de mensagem que
retrate a mulher de pastor como uma mulher diferente, além de ser
equivocada, colabora para uma visão que escraviza e massacra
muitas que, nesse momento da vida, se encontram nessa posição.
O fato de ocupar uma posição de mulher de pastor não faz de
mim um tipo diferente de mulher. Eu não sou uma mulher mais forte,
eu não sou uma mulher inabalável, eu não sou uma mulher mais
santa por causa disso. Não sou a personificação da disposição nem
a materialização da generosidade e abnegação. E eu não sou
porque eu sou como você.
Sou uma mulher como qualquer outra, sujeita às mesmas
fraquezas e dores, passível da disciplina graciosa, necessitada da
admoestação em amor. Sou como você. Apesar de salva,
regenerada, justificada, continuo em um mundo caído e caminho no
processo de santificação até o dia em que serei completamente
transformada à semelhança de Cristo, que é meu alvo.
Talvez a única coisa que diferencia uma “mulher de pastor” de
outras mulheres seja o fato de que ela necessita desesperadamente
da graça e da misericórdia de Deus. Isso porque, pela posição que
ocupa, atrai o olhar do inimigo que sabe o estrago que fará se tiver
sucesso em suas investidas. Porque a posição que ocupa
certamente traz responsabilidades, desafios e lutas diferentes.
Porque se encontra em uma posição em que os olhares e as
cobranças são muitas vezes ferozes e impiedosos.
Nesse “dia da mulher de pastor”, eu troco a exaltação de
pretensas qualidades pelo reconhecimento da minha realidade.
Realidade de mulher como qualquer outra. Eu troco os elogios por
um olhar empático, um conselho generoso e uma oração
intercessória.
Renata Veras é teóloga, pedagoga e
psicopedagoga, mestranda em teologia e
autora do blog Mulheres em Apuros. É casada
desde 2003 com Valberth Veras e mãe de
Valentina e Carolina. A família Veras serve
junto no ministério de ensino e treinamento na
Igreja Batista Maanaim e no Seminário e
Instituto Bíblico Maranata.

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