23053c DC Pneumonias Adquiridas Complicadas
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23053c DC Pneumonias Adquiridas Complicadas
Documento Científico
Departamento Científico de
Pneumologia (2019-2021)
Pneumonias Adquiridas
na Comunidade Complicadas
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nais gram-negativas, Listeria monocytogenes e choque séptico. A escoliose pode ser observada
S. pneumoniae. Logo, a antibioticoterapia preco- no lado afetado e este poderá estar sensível à
nizada é ampicilina intravenosa (IV) associada a palpação. À ausculta do lado envolvido, os sons
aminoglicosídeos6. respiratórios geralmente estão francamente di-
minuídos; os estertores associados à pneumonia
podem ser audíveis, assim como o atrito pleural
poderá ser audível quando o DPP for pequeno.
Quadro clínico À percussão observa-se macicez quando o líqui-
do flui livremente.12
Derrame pleural parapneumônico (DPP)
O EP é uma coleção de líquido purulento no
e empiema pleural (EP)
espaço pleural, que ocorre com a progressão do
O DPP é a manifestação mais comum da PACC DPP. O DPP e o EP são considerados diferentes
e pode ser dividido em três estágios: exsudativo estágios do mesmo processo fisiopatológico, no
(derrame parapneumônico simples), fibrinopuru- qual a inflamação pleural faz com que o líqui-
lento (derrame parapneumônico complicado) e a do se acumule na cavidade pleural. Em geral é
fase de organização com atividade fibroblástica uma doença grave, frequentemente associada a
e formação de paquipleuris. EP é usado generi- morbidade significativa (como a necessidade de
camente para descrever um estágio avançado cuidados em unidade de terapia intensiva), dre-
de derrame parapneumônico e, mais vagamente, nagem cirúrgica, internação hospitalar mais lon-
para descrever o DPP complicado3. ga e curso mais longo de antibióticos, resultando
em altos custos de saúde; as taxas de mortalida-
Muitas vezes o DPP terá indicação de dre-
de, no entanto, têm sido baixas, exceto em crian-
nagem por sua extensão ou quadro clínico da
ças menores de dois anos de idade3.
criança, mas não necessariamente. Inicialmen-
te, o DPP geralmente é de fluxo livre e estéril.
O DPP loculado refere-se à presença de septa- Pneumonia necrosante (PN)
ções no seu interior que interferem no fluxo
A PN foi descrita pela primeira vez em crian-
do fluido. A loculação, causada pelo acúmulo
ças em 1994. Tem sido cada vez mais relatada
de resíduos proteicos no fluido à medida que a
e seu aumento é apenas parcialmente explicado
doença progride, geralmente é detectada por
por maior conscientização e o uso de técnicas
imagens de ultrassonografia (US) ou tomografia
de imagem mais sensíveis para o diagnóstico.
computadorizada (TC) de tórax.10
A PN acomete cerca de até 7% de todos os casos
Deve-se suspeitar de DPP quando a respos- de PAC pediátrica. A fisiopatologia da PN ainda é
ta ao tratamento com antibiótico para a PAC é pouco conhecida e tem sido sugerida certa pre-
lenta, ou, caso haja deterioração clínica durante disposição genética na sua gênese3.
o mesmo. Os sintomas de DPP podem começar
Consolidação com necrose caracteriza o está-
inespecificamente com mal-estar, letargia e fe-
gio inicial da PN. A necrose rapidamente progride
bre, seguidos por tosse e taquipneia, esta última
para cavitação (pneumatocele), que é geralmen-
esperada em mais de 90% das crianças com DPP.
te periférica e em um único lobo. As cavidades
A dispneia torna-se aparente à medida que o
podem coalescer formando cavidades maiores,
derrame progride.11 A dor torácica ou abdominal,
fístulas bronco-pleurais e pneumotórax3.
quando ocorre, localiza-se no lado envolvido e
associa-se à febre alta e calafrios. A criança pode Pneumococos, Staphylococcus aureus e
repousar sobre o lado afetado para minimizar a Streptococcus pyogenes são os principais pató-
dor. Geralmente cursa com febre e toxemia, ta- genos envolvidos. Nas últimas duas décadas,
quipneia significativa e respiração superficial ou tem sido relatado maior frequência de PN em
com dificuldade respiratória grave, hipotensão e crianças previamente saudáveis13.
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Culturas de escarro geralmente são difíceis de substituído por gás. A compressão do pulmão,
serem obtidas em crianças e não são confiáveis, com desvio da traqueia para o hemitórax contra-
pois patógenos potenciais, como pneumococos, lateral só é observada quando o volume do DPP
são encontrados com frequência em crianças excede 1000 ml22.
saudáveis. Da mesma forma, embora a identifi-
cação de vírus nas secreções respiratórias seja
importante para obter um melhor entendimen- Ultrassonografia do tórax (US)
to da patogênese das complicações envolvidas,
A US é a modalidade de imagem mais sen-
e, possivelmente, para medidas de controle
sível para avaliar o espaço pleural em crianças
de infecção, é improvável que os resultados
com PACC. Também identifica o pulmão conso-
positivos tenham uma grande influência no ma-
lidado e, quando combinada com doppler colo-
nejo terapêutico (como a suspensão de antibi-
rido, detecta regiões hipoperfundidas do pul-
óticos)3.
mão17. É o método recomendado para estimar a
O líquido pleural normalmente tem caracte- quantidade de líquido pleural, pois o tamanho
rísticas de EP quando se apresenta com pus fran- do DP é significativo para a decisão da conduta.
co, organismos visíveis na coloração de Gram Também é considerada superior à TC de tórax em
ou leucócitos aumentados (≥15,0 × 106/L, pre- sua capacidade de demonstrar componentes in-
dominantemente neutrófilos) e é caracterizado ternos do derrame, como loculações e presença
por pH <7,20, proteína> 30 g/L, níveis de glicose de fibrina23. A US tem características atrativas de
<2,2 mmol/L e concentrações de lactato desidro- portabilidade, sem exposição à radiação, baixo
genase frequentemente ≥1000 U/L, esta última custo, ampla disponibilidade e sem necessida-
refletindo lesão do parênquima pulmonar14. de de sedação no paciente jovem. Portanto, isso
deve ser considerado quando a realização da TC
de tórax não for segura e nem viável e quando o
diagnóstico precoce de PN influenciar o manejo
Exames de imagem
do paciente14.
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A PN é diagnosticada na TC quando uma por- seada na visualização das paredes com realce de
ção significativa do pulmão consolidado mostra contraste do abscesso. A TC é útil na indicação de
baixa atenuação difusa ou irregular e diminuída terapia intervencionista agressiva. Pode ser tera-
sem realce após a administração de meio de con- pêutica no AP e prejudicial na PN. A fístula bron-
traste intravenoso24. A necrose cavitária é identi- co-pleural só pode ser definitivamente diagnosti-
ficada como uma área dominante de necrose com cada na TC quando a comunicação entre o pulmão
uma combinação de perda da arquitetura normal e o espaço pleural é visualizada diretamente25
do parênquima pulmonar, diminuição do realce
do parênquima e desenvolvimento de múltiplas
cavidades de paredes finas, cheias de líquido ou
ar e, sem uma borda de realce. Tratamento clínico
O AP é diagnosticado na TC quando há cavi-
dade pulmonar circundada por parede de realce A sugestão de abordagem empírica com anti-
bem definida, sem realce central e preenchido bióticos para casos de PACC com ou sem DP está
com líquido ou ar. A distinção entre PN e AP é ba- descrita no Quadro 1.
continua...
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... continuação
A sugestão de abordagem nos pacientes com PAC complicadas com ou sem DP está descrita na
Figura 1.
Fonte: os autores
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... continuação
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para retirada de líquido pleural, mas pelo maior acumular no líquido pleural no decorrer da evo-
impacto traumático para o paciente, é pouco lução do EP. Apenas a drenagem pleural simples
utilizado em crianças31,32. pode não ser suficiente para retirar esse material
espesso. Alguns autores recomendam a inter-
Drenagem Pleural Simples venção não operatória com uso de fibrinolíticos
como primeira opção em DP complicado e EP8,22.
Caracteriza-se pela introdução de dreno em
espaço pleural, o qual deve ser retirado apenas Os fibrinolíticos disponíveis são: a estrepto-
na conclusão do tratamento. Permite retirar o lí- quinase, a uroquinase e o fator ativador de plas-
quido da cavidade pleural e o que vai sendo pro- minogênio (Alteplase). A uroquinase é o mais
duzido nos dias seguintes à drenagem. Indicado descrito na literatura e promove menos efeitos
quando o volume se excede a 1cm na visualiza- alergênicos e pirogênicos30,31. A administração
ção pela USG31. é realizada pelo dreno pleural mantido pinçado
por 4 horas, tempo durante o qual o paciente
Deve ser colocado em declive de tórax e co-
deve fazer mudanças posturais. A uroquinase e
nectado a uma pressão de água entre 15 e 20cm,
estreptoquinase devem ser administradas duas
uma vez que a pressão negativa facilita a expan-
vezes ao dia. O fator ativador de plasminogênio
são pulmonar e tende a fechar a cavidade do
uma vez ao dia, durante três dias, podendo esse
EP31. Pode ser guiado por ultrassonografia, em
ciclo ser repetido mais três dias, a depender da
especial quando há lojas de líquido no espaço
necessidade.
pleural. O diâmetro do tubo varia de acordo com
a idade: 8-10 a 12-14, levando-se em conside- A dose recomendada de uroquinase é:
ração também a espessura do líquido pleural 10.000UI em 10ml de soro fisiológico 0,9% para
(Tabela 2). menores de 1 ano e 40.000UI em 40ml de soro
fisiológico 0,9% para maiores de um ano26.
Tabela 2. Tamanho recomendado do tubo de
drenagem pleural. Videotoracoscopia assistida (VTCA)
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Diretoria
Triênio 2019/2021
PRESIDENTE: Grant Wall Barbosa de Carvalho Filho (RJ) Magda Lahorgue Nunes (RS) DF - SOCIEDADE DE PEDIATRIA DO DISTRITO FEDERAL:
Luciana Rodrigues Silva (BA) Sidnei Ferreira (RJ) Gisélia Alves Pontes da Silva (PE) Dennis Alexander Rabelo Burns
1º VICE-PRESIDENTE: Silvio Rocha Carvalho (RJ) Dirceu Solé (SP) ES - SOCIEDADE ESPIRITOSSANTENSE DE PEDIATRIA:
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COMISSÃO EXECUTIVA DO EXAME PARA GO - SOCIEDADE GOIANA DE PEDIATRIA:
2º VICE-PRESIDENTE: OBTENÇÃO DO TÍTULO DE ESPECIALISTA EDITORES REVISTA RESIDÊNCIA PEDIÁTRICA
Edson Ferreira Liberal (RJ) EM PEDIATRIA AVALIAÇÃO SERIADA Clemax Couto Sant’Anna (RJ) Marise Helena Cardoso Tófoli
COORDENAÇÃO: Marilene Augusta Rocha Crispino Santos (RJ) MA - SOCIEDADE DE PUERICULTURA E PEDIATRIA
SECRETÁRIO GERAL: Eduardo Jorge da Fonseca Lima (PE) DO MARANHÃO:
Sidnei Ferreira (RJ) EDITORA ADJUNTA:
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2º SECRETÁRIO: João Carlos Batista Santana (RS) Sidnei Ferreira (RJ) MS - SOCIEDADE DE PED. DO MATO GROSSO DO SUL:
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Luciano Amedée Péret Filho (MG) Mariana Tschoepke Aires (RJ) MT - SOCIEDADE MATOGROSSENSE DE PEDIATRIA:
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Marilucia Rocha de Almeida Picanço (DF) Silvio da Rocha Carvalho (RJ)
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COORDENAÇÃO DE ÁREA DE ATUAÇÃO DIRETORIA DE PUBLICAÇÕES REDE DA PEDIATRIA • Saúde Escolar
Mauro Batista de Morais (SP) Fábio Ancona Lopez (SP) COORDENAÇÃO: • Segurança
Kerstin Tanigushi Abagge (PR) Luciana Rodrigues Silva (BA) • Sono
Ana Alice Ibiapina Amaral Parente (RJ) EDITORES DA REVISTA SBP CIÊNCIA Rubem Couto (MT) • Suporte Nutricional
Joel Alves Lamounier (MG) AC - SOCIEDADE ACREANA DE PEDIATRA: • Terapia Intensiva
COORDENAÇÃO DO CEXTEP Altacílio Aparecido Nunes (SP) Ana Isabel Coelho Montero • Toxicologia e Saúde Ambiental
(COMISSÃO EXECUTIVA DO TÍTULO Paulo Cesar Pinho Ribeiro (MG) AL - SOCIEDADE ALAGOANA DE PEDIATRIA:
DE ESPECIALISTA EM PEDIATRIA) Flávio Diniz Capanema (MG) Ana Carolina de Carvalho Ruela Pires GRUPOS DE TRABALHO
COORDENAÇÃO: AM - SOCIEDADE AMAZONENSE DE PEDIATRIA: • Atividade física
Hélcio Villaça Simões (RJ) EDITORES DO JORNAL DE PEDIATRIA (JPED) • Cirurgia pediátrica
COORDENAÇÃO: Elena Marta Amaral dos Santos
MEMBROS: • Criança, adolescente e natureza
Ricardo do Rego Barros (RJ) Renato Procianoy (RS) AP - SOCIEDADE AMAPAENSE DE PEDIATRIA: • Doenças raras
Clovis Francisco Constantino (SP) MEMBROS: Rosenilda Rosete de Barros • Drogas e violência na adolescência
Ana Cristina Ribeiro Zöllner (SP) Crésio de Aragão Dantas Alves (BA) BA - SOCIEDADE BAIANA DE PEDIATRIA: • Metodologia científica
Carla Príncipe Pires C. Vianna Braga (RJ) Paulo Augusto Moreira Camargos (MG) Dolores Fernandez Fernandez • Oftalmologia pediátrica
Flavia Nardes dos Santos (RJ) João Guilherme Bezerra Alves (PE) CE - SOCIEDADE CEARENSE DE PEDIATRIA: • Pediatria e humanidade
Cristina Ortiz Sobrinho Valete (RJ) Marco Aurélio Palazzi Sáfadi (SP) Anamaria Cavalcante e Silva • Saúde mental
www.sbp.com.br
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