A Afetividade Na Formacao Da Autoestima Do Aluno
A Afetividade Na Formacao Da Autoestima Do Aluno
A Afetividade Na Formacao Da Autoestima Do Aluno
Belém - Pará
2002
CÉLIA Mª MORAES DE SOUZA
Ferreira.
Belém - Pará
2002
CÉLIA Mª MORAES DE SOUZA
ALUNO
Avaliado por:
_______________________________________
Data: 29 / 10 / 2002
Belém – Pará
2002
Dedico este trabalho a Deus, que colocou em minha
da caminhada.
grandiosos saberes.
Dizem-nos que, se dermos mais atenção sistemática à
esperançoso.
Daniel Goleman
RESUMO
O texto tem como abordagem a formação da auto-estima do aluno, um tema que vem sendo visto
por alguns profissionais da educação, como o caminho para a obtenção de bons resultados
escolares e conseqüentemente, na vida adulta destes alunos. A priori são apontadas as estratégias
mais utilizadas pela escola, na figura do professor, como atitudes, que acredita, viáveis para
resolução de problemas de sala de aula. Em outro momento, tendo como base, teóricos que
tratam desse assunto, são apresentadas sugestões consideradas ideais para que, a relação
professor e aluno, contribua para o aprendizado e para a conquista da auto-estima do aluno,
através do relacionamento afetivo pautado em respeito, autonomia e compreensão entre ambos.
Esta pesquisa tem como objetivos, refletir sobre a afetividade como fator importante no
relacionamento professor e aluno, desenvolvendo análises sobre a interligação entre a
aprendizagem e a afetividade na formação da auto-estima; analisar que ações pedagógicas
favorecem a afetividade no trabalho do professor e identificar as dificuldades na relação professor
e aluno, que envolvem a questão da afetividade com a aprendizagem além de discutir a postura
do professor diante das dificuldades no relacionamento com alunos. Este trabalho foi
desenvolvido com um enfoque qualitativo e de cunho bibliográfico em que, por meio desta
metodologia, compreendi os acontecimentos históricos educacionais e as relações sociais que
indicaram a trajetória da relação professor e aluno tendo como ponto fundamental a questão
afetiva na formação do aluno e sua vinculação com o processo educacional. Através da pesquisa,
observei que a afetividade e a educação é um desafio para a aprendizagem significativa e consiste
num processo de educação para a vida, numa parceria entre professor, aluno, família e
comunidade, grupos sociais tão importantes no sucesso da aprendizagem do aluno. Confirmando
desta forma, que o funcionamento psíquico humano não é composto somente da dimensão
cognitiva, mas, também, pela dimensão fundamental de sua existência que é a afetiva. Nesta
perspectiva verifiquei que afetividade, moral e educação estão intrinsecamente ligadas na
aprendizagem. A afetividade influencia de maneira significativa à forma pela qual os seres
humanos resolvem os conflitos de natureza moral. A organização do pensamento influencia o
sentimento, e o sentir também configura a forma de pensar. Neste sentido, a afetividade perpassa
o funcionamento psíquico, assumindo papel organizativo nas ações e reações.
MEMORIAL................................................................................................................8
1.1 – Justificativa.........................................................................................................10
1.3 - Objetivos
1.3.1 – Geral.......................................................................................................13
1.3.2 – Específicos.............................................................................................13
1.4 – Metodologia........................................................................................................14
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................34
CAPITULO I – INTRODUZINDO O CAMINHO DA PESQUISA
MEMORIAL
Ninguém nasce sabendo como será seu futuro, porém, durante seu crescimento físico,
psicológico e social, começa a ter contatos com pessoas e situações diferentes proporcionando
profissional.
Cresci em uma família em que meus pais sempre valorizaram a formação escolar e,
principalmente, a relação afetiva entre todos. Assim, quando chegou o momento da escolha
profissional, optei pelo magistério e comecei a estagiar em sala de aula, desde o primeiro ano do
curso. Uma experiência encantadora e com grandes desafios. O contato com a sala de aula
despertou-me curiosidade para entender por que alguns alunos apresentavam dificuldades na
aprendizagem.
Ao terminar o magistério, fui convidada pela direção do colégio para trabalhar como
professora, onde assumi uma classe de alfabetização. O trabalho em sala de aula me encantava
cada vez mais e a vontade de aprender tornava o dia-a-dia maravilhoso, com inúmeras
A necessidade de fazer um curso superior surgiu quando percebi que precisava ter
conhecimentos acadêmicos para entender novas situações educativas que estavam surgindo em
minha vida profissional. As experiências com classes de alfabetização por dez anos
outro prisma, pois o desempenho escolar e pessoal dos alunos tinha outras dimensões quando
pautadas no respeito, carinho e principalmente quando humanizadas. Assim, decidi partir para
uma pesquisa voltada para a relação afetiva entre professor e aluno como fator fundamental para
As ciências da Educação e a Psicologia têm dado uma progressiva atenção aos estudos
da afetividade na formação da auto-estima dos alunos. Neste texto, pretendo discutir de que
forma a relação afetiva entre professor e aluno pode ajudar os alunos a desenvolverem atitudes e
pensamentos positivos que estariam contribuindo na sua auto-estima, através da valorização deste
com relevância social e, logo, em uma escola construída a partir de respeito, compreensão e
autonomia de idéias. Uma vez que se pretende formar cidadãos honestos responsáveis, a
A relevância do tema está em levantar uma questão que parece começar a incomodar
ação pedagógica deve nortear a relação afetiva que influenciará diretamente na auto-estima do
aluno, tendo em vista diferenças individuais e comportamentais inerentes ao ser humano. Para
TIBA (1999) a auto-estima “É o sentimento que faz com que a pessoa goste de si mesma.
Aprecie o que faz e aprove suas atitudes. Trata-se de um dos mais importantes ingredientes do
para o professor que geralmente tem em sua formação profissional, orientações voltadas, muitas
Sendo assim, a escolha deste tema visa uma contribuição para fomentar maior discussão
e interesse dos pedagogos que, assim como eu, acreditam no sucesso escolar tendo como
escolar pautado no respeito, favorecendo a construção da auto-estima que está intimamente ligada
à afetividade.
Ao lidar com os problemas da educação nos dias de hoje, os especialistas afirmam que
crianças, pois os estudos avaliam que a importância da auto-estima no bom desenvolvimento das
crianças proliferam nos países desenvolvidos, onde os problemas básicos já foram resolvidos e é
mesma. Quando positiva, significa que a pessoa tem uma boa imagem de si, acredita que os
outros gostam dela e confiam em sua habilidade de lidar com desafios. Quando negativa, acha
que não merece o amor de ninguém, não acredita em seu potencial, que não é capaz, e considera
Na escola diante de diferentes profissionais o professor é que tem mais contato com a
criança dentro do espaço educacional, por isso, torna-se o referencial para a construção da
desempenho escolar, fazendo com que o amor-próprio seja solidificado, pois faz parte do
em muitos casos, o primeiro grupo social que as crianças têm contato. Vale ressaltar que existem
outras construções familiares que não são tradicionalmente pai, mãe e filhos, porém a afetividade
é um fator fundamental na relação com as pessoas que estão envolvidas com o desenvolvimento
integral da criança.
1.2 – SITUAÇÃO PROBLEMA
pedagógicas que respeitem as diferenças existentes em sala de aula. Com isso, é cada vez mais
Sabe-se, porém, que algumas dificuldades existem nesta relação professor e aluno, e que
Serviço de Orientação Escolar desde o início de sua vida de estudante, com o rótulo de
“problema”. Tendo em vista que uma grande porcentagem destes “problemas” pode ser de cunho
afetivo e que, acontecendo com certa freqüência, pode comprometer a auto-estima deste aluno,
procurei, por meio desta pesquisa, buscar respostas para questionamentos que surgiram a partir
Este trabalho tem como proposta desvelar a relação existente em sala de aula na
relação professor e aluno no que diz respeito à afetividade como fator fundamental para a
valorização da auto-estima do aluno e, com isso, responder a algumas inquietações que procurei
Que vínculo pode existir na relação entre professor e aluno que pode influenciar na
1.3.1 – GERAL:
auto-estima.
1.3.2 – ESPECÍFICOS:
relações sociais que indicaram a trajetória da relação professor e aluno, tendo como ponto
educacional.
Desta forma, por buscar a análise histórico-crítica da relação professor e aluno com
observações e leituras, acredito que o contato com autores que tratam deste tema proporcionou-
educacional, haja vista que as leituras abrem as mentes e concretizam ou mudam idéias que
Para que o referencial teórico transcorresse de forma positiva e que o desafio proposto se
livros, textos, periódicos pesquisados, estruturação dos capítulos e análise bibliográfica. Desta
forma os autores pesquisados foram: Aminah Clark & Harris Clemes & Reynold Bean (1995),
Ana M. Bock (1998), Celso Antunes (1996), Dorothy Briggs (2000), Eliete A. Godoy (1997),
Firmino Sisto & Gislene Oliveira & Lucila Fini (2000), Gabriel Chalita (2001), Içami Tiba
(1999), Luis C. Menezes (2000), Marta Kohl (1998), Menga Ludke (1996), Maria da Glória
para que se observe e questione os motivos que levam o convívio escolar do professor e aluno,
Sabe-se que o ser humano tem grande necessidade de ser ouvido, acolhido e valorizado
contribuindo dessa forma para uma boa imagem de si mesmo. Neste sentido, a afetividade está
intimamente ligada à construção da auto-estima. Sendo assim, sua importância em toda relação é
fundamental para os sujeitos envolvidos. Logo, a relação entre professor e aluno, deve ser mais
próxima possível, pautada em partilha de sentimentos e respeito mútuo das diferentes idéias.
Vale ressaltar que a tarefa de educar deveria ser, para a maioria das famílias e
professores, uma função tão natural quanto respirar ou andar. No entanto, educar apresenta em
suas ações familiares e educacionais, e dentro de teorias consideradas ideais, uma complexa
pessoa. A família e outras pessoas que convivem com a criança, fazem parte do seu primeiro
grupo social representando neste momento, seu contato afetivo, que pode ser positivo ou
negativo, influenciando no futuro desta criança. O autoconceito que essa criança terá de si
refletirá em suas ações e na forma como será tratada ou mesmo percebida pelos outros.
Quando a criança ingressa na escola e tem uma visão negativa de si, demonstra um
comportamento diferente dos demais colegas como, agressividade ou apatia e, na maioria das
vezes é considerado preguiçoso, desatento, irresponsável, ou seja, “aluno-problema” e,
fatores, inclusive, no autoconceito que este aluno faz de si, quando não acredita no seu potencial
Por isso, a escola, enquanto segmento de grupo social que constrói diferentes relações,
necessárias, que promovam o resgate da auto-estima do aluno. Para OLIVEIRA (1998), o aspecto
afetivo tem uma profunda influência sobre o desenvolvimento intelectual. Ele pode acelerar ou
tristeza...) e aspectos expressivos (sorrisos, gritos, lágrimas...). Para SEBER (1997), dentro da
responsável pela ativação intelectual. Com suas capacidades afetivas e cognitivas expandidas
através da contínua construção, as crianças tornam-se capazes de investir afeto e ter sentimentos
validados nelas mesmas. Neste aspecto, a auto-estima mantém uma estreita relação com a
conquistas significativas para o autocontrole do aluno e seu bem estar escolar.Percebe-se uma
forte relação entre professor e aluno, influenciando na formação da auto-estima, pois o professor
que não tem amor pela profissão, e apresenta diferentes reações diante de um aluno indiferente ou
de aprender. A elevada auto-estima estimula a aprendizagem. O aluno que goza de elevada auto-
estima aprende com mais alegria e facilidade. Enfrenta as novas tarefas de aprendizagem com
confiança e entusiasmo. Seu desempenho tende a ser um sucesso, pois a reflexão e o sentimento
incompetente, fracassado.
ele se considera mais competente. Sua capacidade de enfrentar desafios é maior e mais saudável
psicologicamente do que daquele que tem uma visão negativa de si, pois acha-se um derrotado e
preponderante para a construção do autoconceito do aluno. Ela vem sendo abordada com mais
intensidade, porque a violência, a agressividade e o desrespeito vivido hoje pela maioria das
pessoas podem ter causas de fundo afetivo, por conta da falta de valorização da pessoa como ser
apresenta diferentes fases que estão interligadas entre si. Independentemente da fase que esteja
vivendo, o ser humano está convivendo com grupos diversificados de pessoas que, contribuem a
Observa-se que cada vez mais os casos de agressões e desrespeitos verbais entre alunos
afetividade considerada fundamental para que situações como estas sejam superadas.
Para SISTO (2000), a pesquisa realizada com jovens da cidade de Campinas foi uma
considerável colaboração para os estudos sobre afetividade, pois teve como objetivo verificar se a
auto-estima pode ser alterada numa situação de provação. A pesquisa também observa que,
durante todas as fases da vida, desde a infância, a adolescência e a fase adulta a auto-estima passa
por mudanças, ocasionadas pelas situações e pelo próprio contexto social vivido.
Ninguém nasce bom ou mau, porém o autoconceito que cada um tem de si e a visão que
o próprio mundo tem de cada pessoa, faz com que ela acredite nesta imagem e viva como tal.
Assim, a pessoa marginalizada, discriminada, sente a rejeição em sua vida e passa a considerar-se
inferior aos outros e na maioria das vezes pessimista, tornando-se muitas vezes agressiva, hostil
confiança cresce com uma imagem positiva e enfrenta os desafios que surgem com mais
O papel da escola, enquanto relação professor e aluno, é de suma importância para que a
formação da auto-estima seja pautada em segurança, autonomia de idéias, conceitos que o próprio
aluno tenha de si e que contribuem para seu desempenho escolar e de sua vida como um todo.
da sociedade têm essas abordagens em seus discursos e buscam práticas que possam condizer
do que autores referem-se como o resgate a valores humanos esquecidos por nós que estamos
Acreditando nisto, ANTUNES (1996, p.56) afirma que a relação professor e aluno deve
Se um professor assume aulas para uma classe e crê que ela não aprenderá, então está
certo e ela terá imensas dificuldades. Se ao invés disso, ele crê no desempenho da classe,
ele conseguirá uma mudança, porque o cérebro humano é muito sensível a essa
expectativa sobre o desempenho.
Como se pode ver a escola, como parte integrante e fundamental em uma sociedade, não
pode ficar alheia a esta busca. Entretanto, apropria-se de pensamentos de teóricos como
WALLON, PIAGET e VYGOTSKY, para basear suas ações pedagógicas e transformar a relação
Tais conhecimentos perdem sua validade quando professores e técnicos não estão
comprometidos com mudanças em suas idéias tradicionais ou posturas, que trazem ranços de
práticas escolares que apenas depositam informações nos alunos, desconsiderando assim a
agressões entre colegas ou discussões com professores, casos estes, que observados em sua
essência, demonstram carência afetiva, demonstrando que o conceito que o aluno tem de si é
negativo.
Sabe-se, no entanto, que a escola não é a solução para todas as dificuldades existentes do
ser humano, porém, como órgão educacional que tem como uma de suas funções a formação do
cidadão como sujeito construtor do seu contexto histórico, pode e deve contribuir para mudanças
significativas na relação professor e aluno, pois, além da sala de aula que oferece conteúdos e
provas, a afetividade está presente em cada ação e busca seu espaço no espelho que a turma
repassa aos técnicos quando dispõem do diário de notas, conselho de classes, conselho escolar e
Para TIBA (1999), cuidar é mais que um ato, é uma atitude, portanto abrange mais que
responsabilização e envolvimento afetivo. Por isto, é preciso cuidar da terra antes e depois da
semente ser lançada, para que a planta possa crescer, florescer e dar bons frutos.
responsabilidade e não a culpa, criar um clima de confiança que faça com que a pessoa sinta-se
aprendem melhor quando estão satisfeitas com elas mesmas e que bons sentimentos são
importantes.
No entanto, alguns professores desconhecem seu papel de “espelho” dentro de uma sala
de aula, esquecendo que seus alunos os admiram e estão preocupados em ser iguais a eles,
acabando por imitá-los em suas atitudes e até pensamentos. Se os professores percebessem essa
imitação sem dúvida procurariam policiar suas palavras e posturas. Que maravilhoso seria se
que insiram cada vez mais o aluno em uma vida escolar que retrate sua realidade e que busque a
contextualização, porém, olhando-se de outro prisma, a solução para a educação pode estar no
afeto. Afeto este que inclua, que proporcione crescimento e valorização do ser humano e
Mais do que aula, muitas vezes o aluno vai para a sala de aula em busca de respostas que
esclareçam o seu verdadeiro papel na sociedade. Considera esta escola, como grupo social que
pode contribuir para sua formação como cidadão e, na maioria das vezes, o professor não se
preocupa com o “tipo” de aluno que está convivendo, muito menos, em estabelecer um vínculo
afetivo mais forte nesta relação favorecendo atitudes positivas que favoreçam na formação da
auto-estima do aluno.
dada à maturação temporal da criança. Todas precisam de uma aprendizagem específica, pois
Por isso, é preciso que se tenha cuidado com as palavras escolhidas para a comunicação,
levando em consideração o tom de voz que deve ser firme e não acusador e padrões de linguagem
que encorajem a auto-avaliação e o automonitoramento por parte da própria criança, fazendo com
que ela aprenda a amar-se, conhecendo seus limites pedindo ajuda quando necessário.
2.3 – A AUTO-ESTIMA E A APRENDIZAGEM
Aprender o valor do autocontrole na infância não significa apenas ser passivo, pelo
contrário, significa ter capacidade de discriminar os contextos apropriados para falar, brincar,
rir... É preciso aproveitar o melhor das possibilidades da infância nas diferentes situações, de
forma a beneficiar-se com o que tais situações podem proporcionar ao seu desenvolvimento.
Crianças não aprendem sozinhas, precisam de apoio para aprenderem a manter seu
comportamento direcionado a uma meta, com aprendizagem consistente de valores que as guiem.
Segundo BRIGGS (2000), a auto-estima das crianças não é formada unicamente em uma
fase, mas eternamente construída e sujeita a mudanças, por isso a base familiar e escolar desta
criança deve ser segura e confiante para que possa superar as dificuldades da vida com mais
facilidade.
A escola está, a todo o momento, buscando mudanças para que possa melhorar a
qualidade do ensino e, o professor em sua formação continuada tem contato com novas
metodologias que sugerem o respeito pela produção do aluno, valorizando o que consegue fazer e
se com o conteúdo a ser trabalhado, avaliando somente o lado cognitivo, e com isso, desprezando
o que o aluno tem a oferecer ou precisa receber, que é a afetividade nesta relação, favorecendo
liberalismo sem repressão, despertando no aluno a rebeldia, agressividade por não referencial de
limites, porém, o que se pretende não é tirar a autoridade pedagógica do professor, mas sim, o
autoritarismo que faz da relação escolar, um momento de dor, medo e lembranças tristes.
Neste momento, observa-se que todos nós lembramos de alguns professores que
marcaram nossa vida, uns de maneira alegre e amorosa, outros de forma dolorosa, por ter nos
feito passar por situações vexatórias ou humilhantes diante da turma, fazendo com que a figura
É obvio que a afetividade tem grande influência em nossa vida, pois quem gosta de ser
maltratado por outra pessoa em uma loja, no cinema? E de ser chamado atenção de maneira
grossa na frente de outras pessoas? Ninguém nasceu para sofrer ou fazer outro sofrer. Desta
forma, o aluno também tem o direito de receber tratamento que o respeite enquanto cidadão e que
Vale ressaltar que, todas relações iniciam a partir do momento que as limitações de um
são respeitadas, o que favorece o reconhecimento das limitações do outro. A afetividade nas
troca das informações e das experiências pessoais entre aprendiz e mestre. Nessa troca ninguém
sai ileso e os resultados serão marcantes e especiais, na medida em que marcantes e especiais
no processo de ensino aprendizagem, pois, pela criação de um forte vínculo afetivo, a criança não
se sentirá sozinha, facilitando, assim, seu aprendizado. Certamente o clima criado será de prazer,
dificuldades serão percebidas e acolhidas como parte do processo, auxiliando-a, desta forma, na
idéias preconcebidas. Manipula, experimenta e explora. A criança, cuja curiosidade é aceita como
Infelizmente, algumas crianças aprendem muito cedo a não aprender. Como isto
acontece? É comum a criança utilizar determinado brinquedo ou produtos de outra forma, pois a
curiosidade faz com que esta manipulação seja guiada pela imaginação; porém, por uma questão
excessivas destas limitações são desnecessárias. Suas necessidades de descobrir não encontram
todos os campos. Se essas qualidades, que existem em todas as crianças forem eliminadas, elas
exploração, como também precisam de amplos contatos com uma grande variedade de
experiências. Para BRIGSS (2000, p.162), “Toda criança precisa do máximo de experiência
direta possível. Só dessa maneira ela pode chegar a conhecer o seu ambiente pessoal”.
prática utilizada no lar, que desenvolve uma habilidade muito valorizada na escola, a linguagem
escrita. No entanto, podemos estimular a criança a falar através dos exemplos familiares
respeitando as suas idéias e sentimentos. A comunicação realmente aberta só floresce num clima
de segurança.
2.4 – A NECESSIDADE DE TODO SER HUMANO.
Saber ouvir alguém, pensar a respeito do que foi dito por essa pessoa, é uma forma de
valorizar aquilo que ela falou, é a melhor maneira de iniciar um relacionamento, pois, todas as
pessoas têm necessidade de ser ouvidas. Assim, quando se age desta maneira, caminha-se na
direção de um diálogo franco, aberto, tendo oportunidade de descobrir o que a outra pessoa
realmente quer.
alunos têm de serem ouvidos, respeitados em suas idéias e como sujeitos construtores da história
Uma prática que está se tornando comum em algumas escolas é de encaminhar a criança
ouvir essa criança sabe que seu retorno à sala será com outra postura, haja vista que conseguiu ser
ouvido e trocou idéias com o outro, atitude esta que o faz sentir respeitado.
Sabe-se que não se pode atribuir a todo tipo de inadequação em sala de aula do aluno um
problema de auto-estima, porém, em sua grande maioria é a razão das dificuldades nos
Vale ressaltar que sempre que a criança apresenta alguma dificuldade em aprender é
importante descobrir a causa. A criança, cujas necessidades emocionais não são satisfeitas, tem
menos probabilidade de conseguir êxito na escola. O homem com fome, não tem motivação para
aprender. Ele tem, primeiro, que matar sua fome para depois se concentrar no estudo. A criança
que está convencida de ser um fracasso tem pouca motivação para tentar. E a criança com um
acúmulo de repressão, não tem muita energia para enfrentar os desafios da escola, porém, os
segredo do sucesso.
BRIGGS (2000, p.169) afirma em suas observações e análises que, “a causa mais
vem da pressão indevida que sofrem para atingir certas metas que estão além de sua capacidade”.
auto-estima. Elas acabam com a energia e a criança passa a ter menos interesse e curiosidade.
que se recusam a estabelecer limitações fazem com que as crianças se sintam incapazes e não
amadas. Essas atitudes são negativas para a auto-estima, que por sua vez afeta a motivação de
aprender.
de Goleman abordado por BRIGGS (2000, p.172), mostra que o maior fator para motivar a
criança a aprender é a imagem que tem de si, é o sentimento de que “Eu tenho um certo controle
do meu destino”.
aprender, tinham sua autoconfiança intensificada a medida que essa facilidade aumentava com o
tempo. Elas tinham confiança, a certeza de serem amadas, estavam à vontade com os outros,
pensavam de maneira mais original. Em suma, apresentavam as características de uma elevada
auto-estima.
Entretanto, as crianças que eram dependentes, menos seguras de ser amadas, menos
dificuldades de aprender.
modo pelo qual a criança utiliza as habilidades de que dispõe. É certo que outro obstáculo ao
As crianças que se saem bem em suas atividades escolares, vêm, em geral, de famílias
onde há muita comunicação. Quando pais e filhos interessam-se carinhosamente pelas atividades
mútuas e, quando os filhos se sentem seguros em partilhar suas idéias e seus sentimentos, o
boas escolas, dos professores influentes e dos currículos flexíveis, ligados aos interesses das
vêem em salas de aula muito cheias, com professores incompetentes que usam metodologias
ultrapassadas.
Além disso, quando as crianças têm uma participação ativa nas atividades escolares que
estão de acordo com seus interesses, elas reagem de maneira muito diferente do que quando são
tratadas como simples recipientes vazios, onde se despeja o conhecimento velho dos manuais.
verificar o clima que lhe é oferecido, o que pode detectar áreas que precisam ser mudadas. E, o
que é mais importante, contribui muito para poupar os professores e as crianças dos resultados de
se as convivências com os alunos lhes proporcionarem satisfação por serem quem são. Não se
pode desconhecer, ou ignorar, a característica mais importante da criança – seu grau de auto-
respeito.
Geralmente pais e professores querem evitar o mau comportamento das crianças sempre
que possível. A vida é mais agradável, para eles e para as crianças, sem tal comportamento. A
imagem, poderá ver que uma das causas do mau comportamento é um autoconceito negativo. A
criança que se considera má modela seus atos para que se enquadrem nesta concepção. Ela
rejeitada. E, em conseqüência, mais profunda se torna a sua convicção íntima de que é “má”. O
mau comportamento crônico pode se basear numa visão deformada do eu, embora uma auto-
Pensar na construção de uma sociedade escolar mais justa e solidária é refletir sobre os
valores e afetos que fazem a diferença humana nas relações escolares no dia-a-dia. Através deste
estudo foi possível confirmar as expectativas sobre a educação que MENEZES (2000, p.13)
acredita como, “a boa educação é aquela que promove gostosamente a diferença humana,
reações.
pensar em uma escola que trabalhe o estado emocional de todos os profissionais de forma
positiva, baseada na confiança, respeito, satisfação interna, para assim desempenhar de maneira
Família e escola devem trabalhar juntas para ajudar a criança a desenvolver todas as
partes de si mesma, de modo a ser livre para aprender e criar. Só o respeito à sua total
crescimento. As crianças que se desenvolvem mais devagar irão se beneficiar muito com o
apreciação da natureza humana é fundamental para a auto-estima na vida de toda criança. Vale
ressaltar que, os seres humanos adaptam-se e ajustam-se até mesmo aos ambientes psicológicos
mais desfavoráveis, portanto, a tendência para um desenvolvimento sadio floresce até mesmo nas
pessoas que tiveram poucos estímulos psicológicos e que já estão em idade avançada.
Algumas escolas adotam ainda práticas que valorizam o crescimento cognitivo dos
alunos desconsiderando o emocional, por isso as crianças terão mais probabilidade de efetuar o
que prometem se participarem de num clima que lhes permitam crescer no memento adequado, à
Vale ressaltar que a criança saudável é verdadeira consigo mesma, o que lhe assegura a
integridade pessoal. Ela faz o que pode com o que tem e isso lhe dá uma paz interior. Há um
ditado popular que diz: “Eu não posso estar bem com alguém se não estou bem comigo mesmo”.
O que a criança sente em relação a si mesma afeta seu modo de viver. Uma auto-estima elevada
baseia-se na convicção que a criança tem que ser amada e valorizada, precisando saber que é
Ao sentir-se competente para lidar consigo mesma e com o ambiente que a cerca, a
criança percebe que tem algo para oferecer aos outros, por isso a auto-estima elevada não é
É fundamental que os professores saibam que toda a criança tem o potencial de gostar de
si mesma, e que aprende a ver a si mesma tal qual as pessoas importantes que a cercam a vêem,
pois, ela constrói sua auto-imagem a partir das palavras, da linguagem corporal, das atitudes e
as necessidades das crianças são diferentes. Assim, por exemplo, o que é útil para uma criança
impulsiva pode não ser para uma inibida, daí a necessidade do uso de recursos e metodologias
liberdade, da responsabilidade, da justiça social, do respeito. Uma organização que aprende e que
e que seja capaz de ensinar. O aluno deve apresentar um comportamento ativo e livre no processo
As escolas devem também se preocupar com a formação deste professor que hoje tem
profissionais que incluam em sua visão educacional a dimensão emocional como fundamental
aprender como:
Essas e outras atividades podem ser inseridas no dia-a-dia escolar sem riscos de
futuro melhor, mais amável e lúdico, com pessoas cada vez mais humanas, completas em todos
pelos aspectos cognitivos, mas que os sentimentos e emoções também configuram o pensamento.
Quanto mais humanos formos maior será a nossa capacidade de amar, mais divino nos
tornaremos.
que são delineados perante as exigências impostas. Faz parte da natureza errar: o grande desafio é
saber aceitar as limitações e amar outros seres tão imperfeitos quanto nós.
Em um mundo cada vez mais conturbado, que exige uma formação maior dos
profissionais da educação responsáveis pela educação moral e afetiva do ser humano, conseguir
significativa, pode ser uma arma poderosa na mão de educadores conscientes de seu papel na
sociedade.
alegres, satisfeitos e felizes podem trazer conseqüências benéficas para a educação e para os
alunos de maneira específica. Por outro lado, pessoas infelizes, tristes, tendem a demonstrar
Em suma, hoje pensamos que educar significa também preocupar-se com a construção e
organização da dimensão afetiva das pessoas, afinal a escola, para cumprir seu papel, deve ser um
experiência entre professor e aluno promove o ser, reduz a angústia, facilita os acertos da vida,
conduzindo-os a vencer desafios da afetividade e educação na conquista da aprendizagem
significativa.
Diante disso, observa-se que as crianças que vivem com expectativas realistas, encontros
Com esta sólida base interior, o potencial se expandirá, as crianças serão motivadas,
criativas e terão um objetivo na vida. Elas se relacionarão bem com os outros, terão paz interior,
relacionar-se com o outro que imaginamos como as pessoas são e sua influência dos
Ao admirarmos toda magnitude de um iceberg, com seus blocos de gelo submersos nas
águas mostrando sua resistência ou sua fragilidade diante dos intempéries da natureza, não
imaginamos que sua formação inicial está em sua base. Ela determinará seu tempo de existência e
Assim é o ser humano. Quando observamos suas atitudes, sua visão de mundo, sua
forma de resolver diferentes situações não imaginamos o seu interior, sua base de formação que
Para BRIGGS (2000, p.27) “A chave da paz interior e da vida feliz é a auto-estima
elevada, pois é ela que está por trás de todo relacionamento bem-sucedido com os outros”.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BEAN, Reynold et al. Adolescentes Seguros: Como aumentar a auto-estima dos jovens. São
Paulo: Gente, 1995.
BOCK, Ana M. Bahia et al. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. São Paulo:
Saraiva, 1998.
BRIGGS, Dorothy C. A auto-estima do seu filho. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
CHALITA, Gabriel. Educação: a solução está no afeto. São Paulo: Gente, 2001.
GODOY, Eliete Aparecida de. Educação, afetividade e moral. Revista Educação e Ensino –
USF. Bragança Paulista: v. 2. n. 1. p. 35. jan/jun., 1997.
LUDKE, Menga. Pesquisa em Educação: Abordagens Qualitativas. São Paulo: EPU, 1996.
SISTO, Fernandes Firmino et al. Leitura de Psicologias para formação de Professores. Rio de
Janeiro: Vozes, 2000.
TIBA, Içami. Disciplina: limite na medida certa. São Paulo: Gente, 1999.