Pesquisa de Público em Museus: Desenvolvimento e Perspectivas

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Pesquisa de Público em Museus: desenvolvimento e


perspectivas

Chapter · January 2003

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3 authors, including:

Denise Studart Adriana Mortara Almeida


Fundação Oswaldo Cruz Federal University of Minas Gerais
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GUARACIRA GOUVEA - MARTHA MARANDINO
MARIA CRISTINA LEAL
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EDUCA~AO t MUSEU

ACCESS
EDITORA
Todos os direitos reservados. A produ<;ao nao autorizada desta publica<;ao,
por qualquer meio, seja total ou parcial, constitui viola<;ao da Lei 9.610/98.

Projeto grrifico e editorafao


Domus Design

Revisao
Pedro Argemiro Rodrigues

As imagens da cap a desta publica<;ao pertencem aos acervos dos seguintes


museus: Museu de Astronomia e Ciencias Afins - MCT; Museu Nacional -
UFRJ; Museu de Zoologia - USP; Museu Paraense Emilio Goeldi - MCT;
Esta<;ao Ciencia - USP; Museu de Ciencias e Tecnologia - PUCRS; Museu
da Vida - FIOCRUZ e foram cedidas para fins ed ucacionais.

ClP - BRASIL. CATALOGA<;Ao NA FONTE


DO DEPARTAMENTO NAClONAL DO LIVRO

E24 Educa~ao e Museu: A Constru~ao Social do Carater


Educativo dos Museus de Ciencia / Guaracira Gouvea,
Martha Marandino, Maria Cristina Leal [Orgs.] - Rio de
Janeiro: Access, 2003. 233p.; 21 em.

1. Museus - Aspectos Educacionais.


I. Gouvea, Guaraciara. II. Marandino, Martha. III. Leal,
Maria Cristina.

ACCESS EDITORA
Rua Pinheiro Guimaraes, 87 - Botafogo - 2228-1080
Rio de Janeiro - RJ - Tel.: (Oxx21)2535-1724/2537-1780
[email protected]
www.access.editora.com.br
Prefacio
Henrique Lins de Barros - Pesquisador do Museu de Astronomia
e Ciencias Afins, 7
Apresentac;ao
Guamcim Gouvea, Martha Marandino e Maria Cristina Leal, 11

Capitulo 1
A Conquista do Cacher Publico do Museu
Maria Esther Valente, 21
Capitulo 2
A Educa~ao no Museu, Divulgar "Saberes Verdadeiros" com "Coisas
Falsas"
Michel Van-Pmet, 47
Capitulo 3
Museus e Educa~ao na America Latina: 0 modelo parisiense e os
vfnculos com as universidades
Maria Margaret Lopes, 63
'I. Capitulo 4
Educac;:ao e Comunicac;:ao em Museus de Ciencia: aspectos hist6ricos,
pesquisa e pratica
Sibele Cazelli, Martha Marandino e Denise Studart, 83
Capitulo 5
Parceria Museu e Escola como Experiencia Social e Espac;:ode A£irma-
c;:aodo Sujeito
Luciana Sepulveda, 107
'j Capitulo 6
Pesquisa de Publico em Museus: desenvolvimento e perspectivas
Denise Studart, Adriana Mortara Almeida e Maria Esther Valente, 129

Capitulo 1
Estudo do Processo de Transposic;:ao Museografica em Exposic;:6es do
MAST
Martha Marandino, Maria Esther Valente, Fcitima Alves, Sibele Cazelli,
Guaracira Gouvea e Douglas Falcao, 161
Capitulo 2
Museus de Ciencia, Aprendizagem e Modelos Mentais: identi£icando
relac;:6es
Douglas Falcao, Fcitima Alves, Sonia Kapras e Dominique Colinvaux, 185
Capitulo 3
Formac;:ao de Pro£essores e Museus de Ciencia
Gloria Queiroz, Guaracira Gouvea e Cl'eso Franco, 207
Capitulo 4
Alfabetizac;:ao Cientffica e Tecnol6gica e os Museus de Ciencia
Guaracira Gouvea e Maria Cristina Leal, 221
Pesquisa de Publico em Museus:
Desenvolvimento e Perspectivas

Os estudos de publico vem atraindo 0 interesse crescente de pro-


fissionais que atuam nos museus e se constituem, hoje, em aspecto
cada vez mais relevante para 0 planejamento da institui\=ao, refina-
mento de seus program as e atendimento ao publico. Com 0 objetivo
de desenvolver pesquisas cada vez mais bem estruturadas, documenta-
das e sistematizadas, setores destinados a esse fim vem sendo estabele-
cidos, publica\=oes sao lan\=adas, e pesquisadores e profissionais de di-
ferentes areas se especializam para executar essa tarefa. De forma ge-
ral, os setores educativos dos museus sao responsaveis por boa parte
desses estudos. AIem disso, outras institui\=oes, como universidades, se
interessam em fazer parte desse contexto, desenvolvendo pesquisas e
projetos nesse campo.
Associa\=oes e 6rgaos espedficos vem se constituindo para 0 estu-
do sistematico da area. Nos Estados Unidos, a Visitor Studies Association,
fundada na decada de 1980, realiza reunioes anuais. Na Fran\=a, na de-
cada de 1990, foi fundado 0 Observatoire Permanent des Publics para
"fornecer aos responsaveis dos museus um instrumento que os permita
conhecer melhor as caracterfsticas, expectativas, aprecia\=ao de seus visi-
tantes, e seguir a evolu\=ao desses dados (...) necessarios para sua refle-
xao e sua a\=ao". (Lehalle e Mironer, 1993:15).
A produ<rao dedicada aos estudos de publico em museus, seja rela-
cionada as pesquisas de avalia<rao ou de investiga<rao, encontra-se dis-
persa por varios peri6dicos, tanto da area de museus quanto de distin-
tas disciplinas. Os trabalhos desenvolvidos em museus contam, entre-
tanto, com publica<roes importantes em lingua inglesa como Curator
(EVA), Museum Management and Curatorship (Inglaterra), Journal of
Education in Museums (Inglaterra),Joumal of Museum Education (EVA),
entre outras. 0 peri6dico Science Education (Inglaterra), onde recente-
mente foi inc1uida uma se<raodedicada a educa<rao nao-formal, publica
com freqiiencia estudos realizados em muse us de ciencia e science centres.
Vale lembrar, tambem, algumas publica<roes relevantes na area que fo-
ram descontinuadas, como ILVS Review e Visitor Behavior, ambas ame-
ricanas. 0 peri6dico frances Publics et Musees tern conseguido manter a
publica<rao de interessantes artigos desde 1992.
o desejo de obter urn maior conhecimento das pesquisas, proble-
maticas e correntes cientificas adotadas em diferentes regioes do mun-
do motivou a cria<rao de uma publica<rao do Comite de Educa<rao e
A<rao Cultural do Conselho Internacional de Museus (CECNICOM)
dedicada a pesquisa em educa<rao em museus, de periodicidade anual
desde 19981• A publica<rao conta com artigos que abordam varias ques-
toes, entre elas os visitantes e suas necessidades, os visitantes e a rela<rao
com os objetos, 0 comportamento dos visitantes nos museus e percur-
sos escolhidos, estudo das exposi<roes e outros programas destinados ao
publico, a transposi<rao de conhecimento cientifico para as exposi<roes,
etc. Com rela<rao a essa publica<rao, sua organizadora, professora
Dufresne-Tasse (1998, p. 28), fez 0 seguinte comentario:
"Os estudos apresentados SaD testemunhos da grande efervescencia da investiga-
qao sobre a educaqao e a aqao cultural. Alguns autores observam fen6menos que
questionam os principios aceitos sobre 0 comportamento e a aprendizagem dos
visitantes. Outros esgotam as velhas orientaqoes que constrangem a investigaqao e
adotam frente a esta uma atitude critica. Outms nao duvidam em inspirar-se nas
ciencias humanas e na filosofia para redefinir problemtiticas e renovar instrumen-
tos de investiga¢o ou para tentar entrar na intimidade do funcionamento psico-
16gico do visitante e da relaqao com 0 objeto do museu, 0 que seria impossivel de se
pensar hd alguns anos."

I a primeiro seminario de pesquisa que deu origem 11 publica~ao em questao realizou-se em

1997 no Rio de Janeiro, na Funda~ao Casa de Rui Barbosa, na conferencia anual do CECA
sabre a tema 'Avalia~ao da A~ao Educativa e Cultural nos Museus: teoria e pratica' (ver
rCOM/CECA, 1998 e Dufresne-Tasse, 1998).
Esta efervescencia, segundo a autora, pode ser considerada como a
utiliza~ao dinamica do potencial de investiga~ao e signo precursor em
dire~ao a urn questionamemo notadamente crftico. Ela enfatiza que e
desejavel que a vitalidade da atividade estimule outras investiga~6es de
forma que a fun~ao educativa do museu seja estudada de maneira mais
profunda e sistematica.
A seguir, sedo abordados 0 conceito de publico, 0 desenvolvimen-
to das pesquisas na area nas ultimas decadas, as semelhan~as e diferen-
~as entre as pesquisas de avalia~ao e investiga~ao, e alguns exemplos de
estudos nesse campo.

Conceito e categorias de publico


o primeiro conceito a ser explicitado e 0 de "publico", uma vez
que estamos tratando de "estudos de publico". Cada urn de n6s pode
ter uma ideia diferente do que seria "publico", pois esse termo faz parte
do senso comum. No cotidiano, costumamos usar 0 termo publico como:
... conjunto simples, fisico, de pessoas que assistem a um espetaculo, visitam um
museu, (... ) leem determinado jomal, autor ou genera literario etc. Fala-se assim
de publico de cinema, de arte, de literatura e, mais genericamente, em publico da
cultura. Neste sentido, tem como sin6nimos, nao menos imprecisos, designaf;oes
como espectadores, consumidores, usuarios, leitores, ouvintes, telespectadores etc.
(Teixeira Coelho, 1997:322)
Ou seja, no cotidiano temos a tendencia de homogeneizar a grande
diversidade de pessoas que freqiientam urn determinado programa cul-
tural, apenas pelo fato de terem escolhido 0 mesmo programa.
Essa ideia de tratar urn conjunto diversificado como homogeneo
esta relacionada aos meios de comunica~ao de massa e seu estudo, que
trataram por muito tempo a massa como urn conjunto homogeneo.
Seria entao necessario dar coma da diversidade de indivfduos partici-
pantes de algum programa cultural, utilizando 0 termo "publicos" para
denomina-los. Por exemplo, nao existe urn publico de arte, mas sim
publicos de arte.
Na opiniao de Teixeira Coelho, professor e pesquisador da area de
a~ao cultural, "publico" s6 pode ser visto como urn grupo, quando con-
siderado como "( ...) 0 conjunto de pessoas que nao apenas praticam
uma atividade determinada, mas diante dela assumem urn mesmo tipo
de comportamento, sobre ela expressam opini6es e jufzos de valor con-
sideravelmente convergentes e dela extraem sensa~6es e sentimentos ana-
logos" (idem, p.323). Alem desses aspectos, poderfamos adicionar que
pessoas que formam urn publico possuem tambem motiva<;:6es seme-
Ihantes.
Cada mfdia proporciona diferentes tipos de rela<;:6escom aqueles
a que se destina. A leitura de urn livro, quase sempre individual, exige
concentra<;:ao diferente de assistir televisao em grupo, por exemplo.
Assim, as mfdias tambem proporcionam diferentes rela<;:6es entre as
pessoas.
Diante dessas quest6es, quando tratamos de publico de museus,
seria importante utilizar 0 termo no plural - publicos - e s6 tratar no
singular quando representar urn grupo com comportamentos e ideias
semelhantes. Outra possibilidade e agregar ao termo publico uma carac-
terfstica que 0 diferencia do resto, como por exemplo, publico escolar;
publico de familias, publico especial etc.
Os museus como entendemos atualmente sac cria<;:6esdo final do
seculo XVII e infcio do XVIII e seus publicos vem se modificando com
o passar do tempo. As cole<;:6esdos gabinetes de curiosidade, que em
muitos casos deram origem a museus, eram alojadas em salas de castel os
e paLicios e s6 eram visitadas por convidados dos colecionadores, entre
eles estudiosos, nobres e religiosos. Assim, a cole<;:aonao era pensada
para ser vista por muitas pessoas, mas apenas por uma seleta camada da
elite medieval e renascentista europeia.
No final do seculo XIX e infcio do XX, os museus foram aumen-
tan do gradualmente 0 acesso aos publicos, ampliando os perfodos de
abertura, diminuindo as restri<;:6es, criando programas para grupos es-
colares e para outros tipos de publico.
Nem sempre esfor<;:ospara tamar os museus mais acessfveis redun-
daram na visita<;:aode publicos novos ou maior quantidade de pessoas,
pois para muitos os museus continuavam a parecer espa<;:osreservados
para as elites. Bourdieu e Darbel realizaram pesquisa na decada de 1960
em dezenas de museus de arte da Fran<;:a,Holanda, Grecia e Polonia
(Bourdieu e Darbel, 1985). No estudo, os autores confrontaram as ca-
racterfsticas sociais e de escolaridade dos visitantes com suas atitudes
sobre museus e preferencias artfsticas. A pes qui sa evidenciou que a classe
social que estava mais representada no publico dos museus era tambem
a que declarava ter 0 habito de freqiientar museus, 0 que significa ter
feito muitas visitas a museus anteriores ao momenta da pesquisa. Essa
classe e denominada pelos autores como classe culta, aquela que tern
aces so e a "competencia" para a arte. 0 acesso e a necessidade da arte
saD urn privilegio criado e legitim ado por essa mesma classe culta. Em
oposi<;:ao a classe culta, estao as "classes populares", que nao sentem
necessidade da arte "culta" e nao tern os codigos para decifrar as obras
de arte. Geralmente, esses grupos solicitam mediadores (guias, catalo-
gos, sinaliza<;:ao)para diminuir a inacessibilidade das exposi<;:6esde arte.
Percebemos, entao, que, para analisar as rela<;:6esentre os publicos do
museu e as obras que saD ali apresentadas, e preciso refletir sobre as
rela<;:6esexistentes entre a sociedade e a cultura.
Nos ultimos 40 anos, muitos museus tern procurado ampliar seus
publicos e tomar seus espa<;:osffsicos mais atraentes e confortaveis para
visitas em grupo ou individuais. A arquitetura de muse us tambem so-
freu muitas modifica<;:6es, espa<;:osde lazer e servi<;:osforam adicionados
e a museografia das exposi<;:6esprop6e circuitos mais livres para a esco-
lha dos visitantes. Nessa nova perspectiva de exposi<;:ao, os visitantes
podem escolher percursos individualizados e aprofundar mais ou me-
nos seus conhecimentos nos temas propostos. Nesse caso, 0 perfil do
visitante e de urn "consumidor" com iniciativa e escolhas rapidas.
McDonald (1993) insere essa "nova" visao de visitante dentro do ideal
contemporaneo de "trabalhador": indivfduo flexfvel, com iniciativa,
senso de responsabilidade e motiva<;:ao pessoaI. Assim,os museus pre-
tendem ter visitantes cad a vez mais ativos, em harmonia com as necessi-
dades da sociedade contempodinea.
De urn ponto de vista teorico, Roger Miles (1986) prop6e tres
categorias de publico: "publico visitante" - pessoas que de fato freqiien-
tam museus e podem ser conhecidas por meio de levantamento de perfil
de visitantes; "publico potencial" - pessoas que se pretende atingir pela
a<;:aodo museu, que podem estar nomeadas na propria missao do mu-
seu, como na Gra-Bretanha quando se diz que os museus deveriam ser-
vir a popula<;:ao em geral, portanto ela e 0 publico potencial; e "publico
alvo" - trata-se de uma sele<;:aodentro do publico potencial a qual se
pretende atingir por determinado program a latividade e pode ser obtida
por meio de pesquisas ou proposta teoricamente.
Os visitantes de museus podem ser agrupados de diferentes manei-
ras, nao so pelo tipo de museu que costumam freqiientar, mas tambem
por sua faixa etaria, interesses, contexto social da visita ete. Para fins de
estudos costuma-se, ainda, fazer uma distin<;:aoentre os visitantes que
vem ao museu em "grupos organizados" (escolares, grupos turfsticos
/
etc.), e os que vem por conta propria (adultos, famflias etc.), cham ados
publico espontaneo ou autonomo.
E preciso ter clareza dos publicos aos quais se quer atingir nas pro-
grama~6es definidas pdo museu. Para tanto, a avalia~ao desses progra-
mas junto aos publicos participantes e fundamental.

As pesquisas de publico em museus ao longo


das ultimas decadas
Embora se possa situar as primeiras pesquisas sistematicas de ava-
)ia~ao em museus nas decadas de 1920 e 1930, so a partir dos ultimos
anos da decada de 1960 e infcio de 1970 pode-se falar de urn movimen-
to mais extenso dessa pratica.
Os estudos pioneiros de Robinson (1928) e Melton (1933) pro-
curavam examinar 0 comportamento do visitante do museu em urn
esfor~o de registrar 0 seu papd educativo, mas os resultados nao se diri-
giam nessa perspectiva e ficavam reduzidos, em linhas gerais, em mos-
trar apenas as areas mais visitadas pelo publico. Foi so a partir do inte-
resse em mudar as rela~6es do museu com 0 visitante, tornando-as mais
dinamicas e com propositos educativos e culturais mais amplos, que se
promoveu uma maior aten~ao as pesquisas de avalia~ao. Assim, os pro-
fissionais de museu, quanto mais comprometidos em atender novos
publicos e diversificar a clientela da institui~ao, mais se dedicam a pes-
quisa buscando mdhor entender os modos de apropria~ao das exposi-
~6es e descrever a experiencia no museu.
Confrontados com novos valores e novas exigencias, os museus
colocaram em questao e procuraram aprimorar suas a~oes. Na medida
que as rela~oes entre museu e publico se consolidam, as pesquisas de
publico se configuram em diferentes perspectivas. Nesse processo, e a
partir do reconhecimento de seus limites, os metodos mudam e se apro-
priam de dimensoes e conceitos de diferentes campos do saber (psicolo-
gia, educa~ao, ciencias sociais, comunica~ao), para auxiliar na forma-
~ao de urn quadro teorico util ao conhecimento do universo do museu.
Segundo Hooper-Greenhill (1998), na decada de 1970 a pratica
da avalia~ao debru~ou-se sobre as exposi~6es. A tendencia naquele mo-
mento era a de conferir-lhes urn carater mais pedagogico. As exposi~oes
eram elaboradas a partir de objetivos pre-determinados, que em sfntese
era 0 de ensinar. A avalia~ao, em ultima analise, estava dirigida a efica-
cia das tecnicas utilizadas na montagem de exposi<;oes e pouca aten<;ao
era dada ao visitante. Buscava-se na psicologia comportamental, que
enfatizava 0 estudo do comportamento do individuo dentro de urn de-
terminado ambiente, a base para quantificar a conduta do visitante do
museu. 0 exito ou fracasso de uma exposi<;ao era, entao, determinado
segundo 0 poder de atra<;ao e reten<;ao que ela proporcionava. Essas
pesquisas configuravam-se a partir dos prindpios que norteavam a ex-
posi<;ao, ou seja, centrados em objetivos limitados (como aquisi<;ao de
informa<;ao) e abandonavam os aspectos afetivos e os processos cognitivos
da experiencia. Os estudos, de forma geral, nao consideravam a com-
plexidade do processo de aprendizagem no espa<;o particular do museu
ou as caracteristicas individuais do visitante, e estavam mais preocupa-
dos com 0 interesse dos elaboradores da exposi<;ao.
Entretanto, na decada de 1980, essa perspectiva nao fomecia mais
respostas as novas questoes que vinham sendo colocadas pelos profissi-
onais de museu e pela sociedade com rela<;ao ao papel dessa institui<;ao.
Como resposta, 0 museu procurou redirecionar 0 foco de interesse para
o publico, tanto em seus program as quanto no estudo deste. As pesqui-
sas de publico vao tomar visivel a importancia dos aspectos sociais que
intervem na rela<;ao visitante-museu (Falk e Dierking, 1992).
As pesquisas passam entao a recolher dados relativos as experien-
cias do visitante nas diferentes atividades do museu, em lugar de medir
unicamente 0 exito da exposi<;ao. A percep<;ao dos interesses dos visi-
tantes possibilitou, a partir dai, estruturar programas mais contextuali-
zados, por meio de abordagens tematicas de assuntos particularmente
significativos, com perspectivas voltadas para a realidade do visitante.
Buscando cada vez mais facilitar a cogni<;ao, as exposi<;oes tratam os
temas apresentados de maneira problematizada, flexivel e antidogmatica,
ampliando a possibilidade de escolha a partir de estrategias que provo-
quem e envolvam 0 visitante. Deve-se destacar que essa nova perspecti-
va deslocou 0 foco das pesquisas para diferentes publicos: familias, adul-
tos, estudantes, publicos especiais (terceira idade, portadores de necessi-
dades especiais), publicos potenciais fora do museu e grupos de comuni-
dades especificas. Procura-se, a partir desse novo foco, conhecer nao s6
o comportamento do visitante mas como determinados publicos veem
o museu e 0 que esperam dele e dos assuntos nele veiculados, registran-
do as rea<;oes e perguntas dos visitantes. Entre as inten<;oes das pesqui-
sas, destacam-se os interesses em adquirir conhecimento para saber como
atender a diferentes publicos e entender a especificidade pedag6gica do
espa<;:omuseal.

Avalia~ao e investiga~ao: diferen~as e semelhan~as


Os "estudos de publico" (audience studies / audience research) - ou
"estudos de visitantes" (visitor studies) como saG comumente chamados
na literatura de lfngua inglesa - englobam tanto as pesquisas de "avali-
a<;:ao"(evaluation) quanto as de "investiga<;:ao" (research), e saG realiza-
dos por meio de instrumentos metodol6gicos como entrevistas, obser-
va<;:oes,paineis (focus groups) e questionarios. Dentro dessa area, reali-
zam-se pesquisas de carater distinto: estudos demograficos e pesquisas
de marketing, avalia<;:oesde exposi<;:oese outros programas do museu, e
atividades de investiga<;:ao da experiencia museal e do publico visitante
(comportamento, percep<;:oes, aprendizagem etc.). Esses estudos forne-
cern informa<;:oes "que ajudam na tomada de decisoes, no esclareceri-
mento de op<;:oes,na melhoria das rela<;:oescom 0 publico e informam a
equipe do museu sobre 0 que os visitantes pensam e como eles se com-
portam no museu" (Korn, 1989, p.219).
Munley (1986), outra autora que se dedica ao assunto, propoe cin-
co razoes para a realiza<;:aode estudos de publico, a saber: (1) justificar a
realiza<;:aode urn programa ou trabalho de uma institui<;:ao, (2) levantar
informa<;:oes para 0 planejamento de atividades, (3) ajudar na formula-
<;:aode novos programas, (4) avaliar a eficacia de uma atividade, e (5)
construir novas teorias e contribuir para a amplia<;:aodo conhecimento.
Como mencionado, essas pesquisas san basicamente de duas natu-
rezas - avalia<;:aoou investiga<;:ao- e se distinguem uma da outra pelos
seus prop6sitos. A "avalia<;:ao" pode ser definida pelo levantamento sis-
tematico de dados e informa<;:oes sobre atividades e resultados de expo-
si<;:oesou programas publicos, util para ado<;:aode decisoes sobre a con-
tinuidade ou melhoria dos programas e tern carater de interven<;:ao. A
"investiga<;:ao", por outro lado, supoe obter novos conhecimentos, con-
trastar hip6teses e produzir conhecimento que possa ser generalizado, e
caracterizam-se por estudos te6ricos que permitem, eventual mente, ela-
borar teorias (Korn, 1989, p.221). A principal diferen<;:aentre avalia<;:ao
e investiga<;:aoesta nos objetivos que as norteiam. De forma geral, diz-se
que a avalia<;:aosurge da necessidade de informa<;:ao para empreender
uma a<;:aoespedfica a curto prazo, enquanto a investiga<;:ao se volta
para a necessidade de estabelecer padroes e saber mais sobre a experien-
cia do museu, tanto em aspectos do publico visitante quanto institucio-
nais, com 0 intuito de elaborar urn marco conceitual. Entretanto, mes-
mo fazendo-se diferen~a entre os dois processos e, muitas vezes, diffcil
de separar as duas praticas (Hooper-Greenhill, 1998).
Existe uma grande variedade de termos para designar diferentes
avalia~6es realizadas em museus (Almeida, 1995b), todavia saG tres os
tipos de avalia~ao mais citados na literatura, especialmente a de lfngua
inglesa: a avalia~ao preliminar (front-end evaluation), a avalia~ao
formativa (formative evaluation), e a avalia~ao somativa (summative
evaluation). Cada uma dessas avalia~6es tern objetivos espedficos e saD
realizadas em momentos distintos de uma atividade ou programa.
A "avalia~ao preliminar" e realizada no estagio de planejamento
da exposi~ao ou programa. Esta analise visa identificar as atitudes e 0
conhecimento j entendimento do publico sobre determinado assunto
relacionado ao tema da atividade proposta e outras informa~6es uteis
para 0 planejamento do programa. Ja a "avalia~ao formativa" e realiza··
da na fase de detalhamento da exposi~ao, e tern por objetivo investigar
a receptividade, compreensao e utiliza~ao do publico em rela~ao a dife-
rentes componentes da exposi~ao, tanto com rela~ao ao conteudo e
linguagem utilizados quanto ao design jlayout do itens propostos (pai-
neis, tamanho de letras usado nos textos, mecanismos dos aparatos
interativos etc.), com fins de modifica~ao e corre~ao destes antes da
versao final. Esse tipo de avalia~ao tern urn carater processual, isto e, a
avalia~ao pode ser repetida diversas vezes (ap6s cada modifica~ao) ate
que se chegue a urn resultado satisfat6rio. A "avalia~ao somativa" e
realizada ap6s a abertura da exposi~ao ou realiza~ao de uma atividade e
pode ter diferentes objetivos: verificar 0 impacto da exposi~ao junto ao
publico, aspectos bem sucedidos, crfticas, mudan<;;asde atitude, ganhos
cognitivos e afetivos, entre outros. Diversos autores consideram que,
idealmente, esses tip os de avalia~ao sejam parte integrante do processo
de elabora~ao de exposi~6es e atividades (Caulton, 1998; Korn, 1989;
Bitgood, 1989; Screven, 1990). Todavia, a falta de pessoal treinado e a
escassez de recursos sao os empecilhos mais comuns para a realiza~ao de
avalia~6es em museus.
Com rela~ao aos estudos de publico de carater te6rico e academico
(investiga~ao), diferentes temas saD abordados: pesquisas que buscam
conhecer 0 publico visitante e nao-visitante (perfil, gostos, habitos e
caracterfsticas demograficas e s6cio-economicas), padr6es de comporta-
mento e intera~ao de diferentes grupos no museu (estudantes, famflias,
crian~as etc.), motiva~6es, expectativas e planejamento da visita ("agenda
do visitante"), ganhos cognitivos (aprendizagem) e ganhos afetivos (re-
a~6es, atitudes, emo~6es). Essas pesquisas contribuem para 0 entendi-
mento da natureza da experiencia museal, da natureza da aprendiza-
gem nesses espa~os, do impacto dos museus na sociedade, das praticas
culturais dos freqiientadores e nao-freqiientadores, e da natureza das
intera~6es sociais no contexto do museu.
. Existe urn intenso debate no campo dos estudos de publico sobre
qual a orienta~ao te6rica mais apropriada a ser adotada nessas pesqui-
sas. As duas principais correntes saDa orienta~ao cientffica (ou positivista)
e a naturalista. A primeira encara a realidade de maneira objetiva e ba-
seia-se em metod os quantitativos para obten~ao de dados. A segunda ve
a realidade de forma subjetiva e trabalha 0 processo principalmente por
meio de metodos qualitativos (Korn, 1989).
Os metodos quantitativos utilizam instrumentos de pesquisa como
experimentos e observa~6es codificadas a serem quantificadas, enquanto
que os metodos qualitativos adotam entrevistas livres ou semi-estruturadas,
paineis e observa~6es participantes ou de carater etnografico. Pesquisado-
res vem enfatizando os beneffcios da combina~ao dos dados por meio de
metodos mistos (quantitativos e qualitativos) nas investiga~6es na area
das ciencias sociais. Portanto, nao devemos ver essas abordagens de rna-
neira excludente. A tendencia nos ultimos anos e a de que diferentes rne-
todos sejam usados, na rnedida do possfvel, como complementares no
mesmo estudo. Assim, busca-se solucionar desafios relacionados ao equi-
librio entre quantitativo e qualitativo.
Nas duas pr6xirnas se~6es, exemplos de pesquisas realizadas no
exterior e no Brasil serao destacados, a fim de fornecer urn panorama
do corpo teorico que vern se desenvolvendo na area.

Conhecimento proveniente de pesquisa de


publico realizada em museus
Na decada de 1970, os muse us de ciencia (museus interativos de
ciencia, museus de hist6ria natural, rnuseus de ciencia e tecnologia, zo-
016gicos etc.) forarn responsaveis por urn nurnero significativo de pes-
quisas de publico. A maior parte desses estudos voltararn-se para as pes-
quisas de avalia~ao de exposi~6es e comportamento dos visitantes.
Dentre aqueles que freqiientam os museus, as crian~as (em grupo
escolar ou familiar) e as famflias tern sido foco de inumeras pesquisas. 0
visitante adulto, sozinho ou acompanhado, tambem tern sido alvo de es-
tudo, mas em menor escala. Estudos sobre os nao-visitantes, ou visitantes
em potencial, foram realizados com menos freqiiencia, mas sao relevantes
para se compreender a utiliza~ao dessas institui~6es pela sociedade.
Os aspectos comumente estudados nas pesquisas de publico refe-
rem-se ao perfil do visitante e enquetes sobre 0 uso pel os indivfduos das
institui~6es culturais, sobre comportamento e intera~6es sociais nos
museus, sobre aprendizagem e as rela~6es entre educa~ao formal e nao-
formal nesses espa~os, e sobre a experiencia museal. Vale ressaltar que
algumas pesquisas investigam varios aspectos em urn mesmo estudo.
Apresentamos a seguir alguns exemplos de estudos de publico que
estao dentro das linhas de investiga~ao mencionadas. Essa se~ao nao
pretende ser exaustiva, mas consideramos, que as pesquisas aqui menci-
onadas ofere cern urn panorama da diversidade dos tipos de estudo e
resultados na area.

Muitos estudos de publico realizados em museus buscam saber so-


bre 0 perfil do visitante: caracterfsticas socio-demograficas (sexo, esco-
laridade, faixa-etaria, profissao etc.), motiva~6es da visita, expectati-
vas, interesses e praticas culturais, entre outros aspectos, e sao geralmen-
te solicitados pelos setores de comunica~ao e marketing dos museus ou
de orgaos do governo.
Urn estudo classico nessa linha e a pesquisa de Marylin Hood (1983)
sobre "por que alguns indivfduos optam por nao visitar museus". A
pesquisa foi realizada em Toledo, Ohio (EUA), com 502 pessoas da ci-
dade, entrevistadas por telefone. 0 objetivo principal da investiga~ao
era saber se esses indivfduos ja haviam visitado algum museu da cidade
e por que razao. 0 ponto de partida do estudo e a visao da visita ao
museu como uma op~ao de lazer. A autora identificou seis raz6es que
influenciam as pessoas nas suas decis6es em como passar 0 seu tempo
livre / de lazer, advindas de pesquisas anteriores na area de marketing e
sociologia: (a) estar com outras pessoas (sociabilidade); (b) fazer algu-
ma coisa proveitosa; (c) sentir-se a vontade / relaxar; (d) experimentar
novas experiencias; (e) criar oportunidades de aprender; e (f) participar
ativamente em alguma coisa.
Usando essas categorias, Hood distinguiu tres segmentos de publi-
co na popula~ao entrevistada: visitante freqiiente; publico nao-visitan-
te / nao-participante; e visitante ocasional. Verificou-se que 0 "visitante
freqiiente" visita museus tres ou mais vezes no ana (14% dos entrevista-
dos) e representam 450/0a 50% da visita~ao ao museu de arte local. Esse
grupo usa 0 tempo livre para oportunidades de aprender algo novo,
motivar-se por novas experiencias e fazer alguma coisa proveitosa. Ja 0
"publico nao-visitante / nao-participante" nao inclui museus nas suas
op~6es de lazer (46% dos entrevistados) e usa 0 tempo livre para estar
com outras pessoas, participar ativamente em alguma coisa e relaxar.
Por sua vez, 0 "visitante ocasional" visita museus uma ou duas vezes ao
ana (40% dos entrevistados). As raz6es para usa do tempo livre sao
similares as do publico nao-participante.
Segundo as conclus6es dessa pesquisa (Hood, 1983), cada segmento
do publico procura tirar beneffcios diferentes de suas experiencias de
lazer. Se 0 museu quer atingir outros segmentos (publico ocasional e
nao-participante), precisa atender as diferentes necessidades de lazer desses
publicos. Por exemplo, se 0 museu quer atender ao publico ocasional e
nao-visitante deve difundir a imagem do museu como urn local de des-
coberta, de entretenimento e onde as pessoas se sintam a vontade para
compartilhar com outras sua experiencia no museu.
Outro estudo de publico norte-americano foi realizado por Doering
(1995). Ela desenvolveu em 1984 uma ampla pesquisa nos EUA, pela
Smithsonian Institution, para saber se os publicos de diferentes museus
estavam correspondendo a diversidade da popula~ao do pais. Os pes-
quisadores realizaram uma pesquisa telef6nica solicitando informa~6es
sobre visita~ao a museus e institui~6es afins para adultos acima de 18
anos. Os dados indicaram que 2/3 dos adultos haviam visitado pelo
menos urn museu no ana anterior, sendo que zool6gicos e aquarios fo-
ram os preferidos, seguidos pelos museus de hist6ria e sitios hist6ricos.
Os resultados tambem sugeriram que a escolaridade e renda sao fatores
significativamente positivos para a freqiiencia a museus. Como % dos
respondentes havia visitado apenas uma institui~ao no ana anterior, os
pesquisadores sugerem que os museus promovam uma a~ao conjunta
para estimular esse visitante a ir a outro tipo de museu, ampliando as-
sim 0 numero de visitas dos ja visitantes dessas institui~6es.
Mais urn exemplo e a pesquisa realizada no infcio da decada de 1990
em Toronto, Canada, envolvendo entrevistas com os visitantes de quatro
museus locais - Art Gallery of Ontario (AGO), Royal Ontario Museum
(ROM), Ontario Science Center (OSC) e Toronto Metropolitan Zoo (ZOO)
- e com 0 publico nao-visitante, contactado por telefone. Nessa pesquisa a
amostra foi dividida segundo idade, tipo de grupo e intera~ao do grupo
durante a visita. Ficou claro na pesquisa que existia uma diferen~a de
perfil entre os visitantes dos quatro museus. 0 estudo demonstrou que 0
publico da Galeria de Arte (AGO) e mais velho, tern uma experiencia museal
mais contemplativa e a frequencia de crian~as e pequena se comparada aos
outros tres. Por outro lado, 0 museu que demonstrou maior socializa~ao e
possui urn publico mais jovem foi 0 Zoologico (ZOO). Com rela~ao aos
nao-visitantes (nao foram em nenhum dos muse us pesquisados nos ulti-
mos 3 anos), eles gostavam mais de ficar em casa vendo TV ou praticando
hobbies, sendo que muitos tinham pouco tempo disponivel para lazer e
pouco interesse nesses museus (Linton, 1992).

Padr6es de comportamento e intera<;;ao e estudos de


genero em museus
Muitas das pesquisas sobre comportamento em museus investiga-
ram 0 publico de famHias. Na decada de 1970, os estudos de intera~ao
familiar em museus procuraram investigar 0 tempo medio gasto pelas
famflias diante de diferentes tipos de exposi~ao. Cone e Kendall verifi-
caram que 0 tempo medio gasto por famHias em modulos expositivos
nao-interativos nao ultrapassa 30 segundos (apud Dierking e Falk, 1994).
A partir da decada de 1980, os estudos em exposi~6es interativas verifi-
caram urn aumento do tempo gasto nos modulos (Blud,1990;
McManus,1987). Studart (2000), por exemplo, verificou que 0 "tem-
po medio" da intera~ao de famHias com aparatos interativos em expo-
si~6es planejadas para 0 publico infantil em museus ingleses variou, de-
pendendo da tarefa proposta e do design do aparato, de 1 a 8 minutos
(em determinados aparatos, algumas familias chegaram a gastar 25
minutos), demonstrando urn aumento consideravel do tempo de
intera~ao com os aparatos nesse tipo de exposi~ao.
Pesquisas tambem procuraram verificar 0 comportamento das fa-
mflias a partir da forma~ao do grupo e idade das crian~as. Por exem-
plo, Dierking (1987) investigou comportamentos relacionados a apren-
dizagem em grupos familiares em diferentes tipos de exposi~ao em
fun~ao da idade da crian~a e do grupo. Ela observou que ha urn maior
numero de comportamentos relacionados a "aten~ao" (attentional
behaviours) dada pel os adultos as crian~as pequenas, se comparados a
aten~ao dada as crian~as maiores. Studart (2000) tambem verificou
resultados semelhantes em sua pesquisa. Testes estatfsticos apontaram
para 0 fato de que os adultos tendem a usar mais os aparatos interativos
com as crian~as menores, e que estas preferem utilizar as exposi~6es
junto com uma pessoa mais experiente. A partir dos 10 anos, as crian-
~as go starn de interagir com as exposi~6es tanto sozinhas quanto acom-
panhadas.
Estudos de genera e das intera~6es sociais no espa~o do museu
tern trazido informa~6es por vezes contradit6rias. Alguns estudos afir-
mam que, nas exposi~6es interativas, em grupos familiares compostos
de homem, mulher e filhos, 0 homem assume 0 papel de lfder, en-
quanto que a mulher assume uma posi~ao mais passiva (McManus,
1987; Koran et ai., 1986). Estudos mais recentes, no entanto, mostra-
ram que as mulheres tern urn pape! de Ifder no processo de aprendiza-
gem do grupo familiar (Dritsas et ai., 1998). Studart (2000) verificou
que os papeis assumidos podem variar de acordo com os aparatos
interativos. Nos aparatos que promovem uma maior colabora~ao en-
tre os membros do grupo, as mulheres sao mais ativas, ao passo que
nos aparatos que requerem maior esfor~o ffsico ou competi~ao, os
homens assumem a lideran~a.
Com rela~ao a leitura e uso de textos em exposi~6es, tambem aqui
os resultados sao por vezes contradit6rios. Diamond (1986) apontou
que muitas famflias nao leem as instru~6es dos aparatos interativos. Por
outro lado, em seu estudo no Natural History Museum de Londres,
McManus (1989) verificou que muitos visitantes nao s6 leem os textos
apresentados como se utilizam destes nas suas conversas, ao contrario
do que muitos profissionais costumam pensar. 0 seu estudo demons-
trou que usar "observa~ao" para averiguar 0 comportamento de leitura
dos visitantes fornece dados imprecisos. E necessario "gravar" as con-
versas junto aos m6dulos expositivos. McManus encontrou "eco dos
textos expositivos" ao analisar as conversas dos visitantes. Tres tipos de
intera~ao com os textos foram determinados: (1) "alguem esta falan-
do" - 0 visitante percebe que quem escreveu 0 texto esta procurando se
comunicar com ele; (2) "os visitantes respondem ao texto" - 0 visitante
responde verbalmente as quest6es colocadas pe!o texto; e (3) "os visi-
tantes conversam sobre 0 t6pico proposto" - 0 visitante conversa sobre
o t6pico apresentado, baseando-se no texto~ A autora conclui que os
elaboradores das mensagens e textos das exposi<;:6esexercem controle
sobre as conversas dos visitantes, uma vez que as pessoas tendem a usar
o texto para embasar e guiar suas conversas. Esse estudo joga por terra a
cren<;:a,comum entre muitos profissionais, de que visitantes nao leem
textos, e enfatiza 0 importante papel dos textos e etiquetas na comuni-
ca<;:aoentre 0 museu e 0 visitante.
Na Fran<;:a, 0 Departamento de Avalia<;:aoe Estudos Prospectivos
da Cite des Science et de l'Industrie, La Villete, realizou uma pesquisa
no infcio dos anos 1990 sobre os tipos de visita de grupos familiares
em uma exposi<;:ao para 0 publico infantil: a Cite des Enfants ("Cida-
de das Crian<;:as") (Chaumier et al., 1995). As pesquisadoras busca-
ram usar urn 'olhar' antropologico sobre as visitas. Para elas, 0 espa<;:o
da exposi<;:ao e considerado como urn laboratorio experimental de psi-
cologia social, pois acreditam que, de certa forma, 0 espa<;:ocondiciona
as intera<;:6es. Para cada familia, 0 tempo de observa<;:ao das visitas foi
de 20 minutos. A partir das observa<;:6es, as pesquisadoras delinearam
as seguintes modalidades de visita: a visita ludica, a visita cumplice, a
visita pedagogica nao-diretiva, a visita pedag6gica diretiva, a visita
substitutiva, a visita superficial e a visita solitaria.
Na "visita ludica", caracteristico e 0 aspecto ludico, de jogo. Nela,
a crian<;:ae livre para escolher 0 que quer fazer e 0 maior objetivo da
visita e "se divertir". Na "visita cumplice", ha uma atitude atenta e
calma dos acompanhantes adultos, que conversam com a crian<;:atodo
o tempo. A "visita pedagogica nao-diretiva" e caracterizada pelo obje-
tivo do adulto em explicar a crian<;:a 0 que ela esta vendo ou fazendo,
com a inten<;:ao de despertar a aten<;:ao ou 0 interesse sobre 0 tema. J a
a "visita pedag6gica diretiva" tern a clara inten<;:ao de ensinar algo a
crian<;:a,a fim de que a esta entenda 0 que ve e 0 que esta fazendo, e 0
adulto tern urn papel mais autoritario nessa visita do que na anterior.
Na "visita substitutiva", os adultos decidem 0 que a crian<;:atern que
fazer e 0 papel desta e seguir 0 adulto e obedece-Io. A "visita superfici-
al" se caracteriza por uma abordagem superficial dos temas, tendo
sido observado que os adultos sac por vezes 'impacientes'. Finalmen-
te, na "visita soliraria", as crian<;:asdescobrem sozinhas a exposi<;:ao e
os adultos muitas vezes se sentam em algum local e ficam ali aguar-
dando as crian<;:as, sem participar da visita.
Outros estudos sobre padr6es de comportamento do visitante,
relacionados a aprendizagem, serao abordados na proxima se<;:ao.
Aprendizagem em museus
Pesquisadores vem investigando a natureza e as estrategias de apren-
dizagem no contexto museal. Citamos a seguir alguns exemplos de es-
tudos realizados por pesquisadores que vem se dedicando a investiga<;:ao
do processo de aprendizagem em museus. Os do is primeiros estudos
relacionam-se ao publico escolar e os dois ultimos ao publico esponta-
neo.
Falk e Balling (1982), pesquisadores norte-american os, investiga-
ram como 0 tipo de orienta<;:ao antes da visita pode influenciar 0 apren-
dizado dos alunos. Em uma amostra composta por 900 estudantes, de
33 visitas ao zoologico (Zoologico Nacional, Washington), os alunos
participaram em quatro tipos distintos de sess6es preparatorias para a
visita, a saber: (1) orienta<;:ao do tipo "cognitiva": foram descritos para
os alunos os conceitos que seriam discutidos durante a visita; (2) orien-
ta<;:aobaseada na "habilidade de observar": os alunos foram orientados
a desenvolver estrategias para observar as coisas durante a visita; (3)
orienta<;:ao "centrada nos interesses da crian<;:a": 0 objetivo dessa orien-
ta<;:aofoi informar os alunos sobre aspectos praticos da visita; 0 que
iriam ver, 0 que poderiam comprar na lojinha, onde e 0 que eles iriam
comer, a fim de deixa-Ios a vontade. Mapas e fotos tambem foram
mostrados para os estudantes; e (4) nenhuma orienta<;:ao: este grupo
nao recebeu nenhuma orienta<;:ao (chamado de "grupo de controle").
Os resultados do estudo demonstraram que todos os grupos tive-
ram ganhos cognitivos (inclusive 0 grupo que nao recebeu orienta<;:ao),
mas a complexidade do aprendizado variou. Os ganhos cognitivos per-
sisti ram por urn perfodo de mais de tres meses, evidenciado 0 impacto
da visita a medio prazo.
Dos grupos que receberam orienta<;:ao, 0 que demonstrou maiores
ganhos cognitivos foi 0 que recebeu a orienta<;:ao do tipo 'centrada nos
interesses da crian<;:a'. Isto deve-se ao fato dos alunos nesse grupo esta-
rem mais 'relaxados', pois foram bem informados sobre 0 que iriam
encontrar no zoologico, tanto a nfvel de facilidades (necessidade pesso-
ais) quanto a nfvel de conteudo (0 que iriam ver etc.). Esta orienta<;:ao
proporcionou urn estado propfcio para a 'frui<;:ao' da visita e
consequentemente uma maior aten<;:aoao que viram.
Falk e Balling conclufram que as expectativas do visitante e pla-
nejamento da visita (visitor agenda) tern urn papel muito importante no
aproveitamento da visita. Oferecer 'orienta<;:ao' ao visitante - clara, ob-
jetiva e de facil compreensao - e fundamental em urn museu, a fim de
que 0 individuo possa estruturar a sua visita de acordo com os seus
interesses.
Borun e outros (1983) tambem procuraram verificar como a orga-
nizas:ao da visita afeta a aprendizagem. Uma pesquisa foi realizada com
grupos de escolares que pretendiam visitar exposis:oes de flsica (movi-
mento e astronomia) em dois museus de ciencias da Filadelfia. Os pes-
quisadores criaram quatro grupos experimentais: (1) grupo que assistiu
palestra sobre 0 tema e visitou a exposi~ao; (2) grupo que so visitou a
exposis:ao; (3) grupo que so assistiu a palestra e (4) grupo que nao
participou de nenhum dos dois. Todos fizeram testes apos as atividades,
envolvendo conceitos de flsica e elementos afetivos em rela~ao ao tema.
Parte dos testes era escrito, mas alguns envol viam experiencias
tridimensionais semelhantes as da exposis:ao visitada e de recursos utili-
zados nas palestras.
Os resultados indicaram que a visita ao museu produziu aprendi-
zagem, porem tanto quanta a palestra do mesmo assunto. A diferens:a
estava no ganho afetivo, pois a visita a exposis:ao gerou maior interes-
se dos alunos em aprender mais e foi considerada mais divertida. Em
relas:ao a esses resultados, os pesquisadores comentam que "( ... ) a ver-
dadeira fors:a da experiencia no museu nao se baseia na eficacia em
transmitir gran des quantidades de conteudo, mas na capacidade de
gerar entusiasmo e interesse na aprendizagem da ciencia" (Borun et
al., 1983, p.92).
Em estudos com 0 publico espontaneo, outra pesquisa realizada
por Minda Borun e colegas (Borun et al., 1996) em quatro museus de
ciencias norte-american os, buscou metodos para identificar e medir a
aprendizagem em visitas de famflias a museus. Por meio da observas:ao
de comportamentos, tempo de visitas:ao e entrevistas estabeleceram tres
niveis de aprendizagem: "identifica~ao", "descris:ao" e "interpretas:ao e
aplicas:ao". Os indicadores dos niveis de aprendizagem eram dados por
comportamentos e falas dos visitantes: se a familia, ao olhar urn modulo
determinado, discutisse e/ou fizesse afirmas:oes corretas sobre oobserva-
do, estaria no nivel de interpretas:ao/aplicas:ao, mas se apenas fizesse
afirmas:oes monossilabicas sobre 0 modulo estaria no nivel da identifi-
cas:ao. As autoras valorizam a interas:ao dos membros da familia esti-
mulada pela exposis:ao, como indicadora de aprendizagem. Elas apon-
tam que se a exposis:ao serviu como catalizador para discussoes, essas
discuss6es sac consideradas "aprendizado baseado na exposi~ao" (exhibit-
based learning). Entre os comportamentos observados, as autoras conse-
guiram identificar alguns que tern rela~ao direta com os niveis de apren-
dizagem: fazer uma pergunta; responder uma pergunta; comentar sobre
o modulo; explicar como utiliza-Io (no caso dos interativos); ler a eti-
queta em voz alta e ler a etiqueta em silencio. Elas afirmam que se esses
comportamentos sac verificados, pode-se inferir que alguma aprendiza-
gem esta ocorrendo. Chamamos a aten~ao, no entanto, que tal aborda-
gem deve ser adotada cuidadosamente, para nao levar a situa~ao de que
uma causa determina necessariamente sempre 0 mesmo efeito.
Em outro estudo, Falk (1993) buscou investigar junto ao publico
espontaneo se a sequencia dos modulos de uma exposi~ao interfere na
obten~ao dos objetivos por ela propostos. A exposi~ao "0 que e urn
Ecossistema?" foi montada em urn mesmo local, em semanas consecuti-
vas, de duas maneiras diferentes. Cada montagem apresentava os mes-
mos elementos, mas em sequencias diferentes, sendo urn modo denomi-
nado pelos auto res como "estruturado" e outro "nao-estruturado". No
primeiro, 0 visitante deveria assistir a urn video e ler textos sobre
ecossistema, para apreciar em seguida os aquarios com animais vivos.
No segundo modo, 0 visitante teria liberdade para iniciar pelos aquari-
os que mais the atraiam e, se quisesse, poderia ler os textos e assistir ao
video. Os metodos da pesquisa mesclaram abordagens qualitativas e
quantitativas, com quatro tecnicas basicas: verifica~ao do percurso dos
visitantes, observa~ao em modulos especfficos, entrevistas e respostas
por escrito da "pergunta do dia".
Os resultados nao mostraram diferen~as gritantes entre as atitudes
e os ganhos cognitivos dos visitantes diante das duas montagens, porem
os visitantes da montagem "nao-estruturada" acharam 0 espa~o mais
convidativo e conseguiram compreender melhor a proposta da exposi-
~ao. Alem disso, estes visitantes utilizaram mais os textos e videos of ere-
cidos. Para explicar esse resultado, no qual 0 visitante parece ter maior
interesse e aproveitamento do material textual e em video depois de ser
estimulado pela observa~ao dos animais vivos dos aquarios, 0 autor
argumenta que uma possivel explica~ao pode ser a questao da "agenda
do visitante", isto e, 0 visitante chega ao museu com uma serie de ex-
pectativas e que, uma vez satisfeitas, ele se sente mais disponivel para
interagir com a "agenda do museu".
Rela~ao museu-escola / educa~ao formal e nao-formal
o Museu de Astronomia e Ciencias Afins/MAST desenvolveu em
1996 urn estudo que buscou investigar a relac;ao museu-escola. Os resul-
tados dessa pesquisa mostraram que os professores consideraram a visi-
ta ao museu extremamente proveitosa por razoes distintas, como:
"complementa a escola contribuindo para uma melhor sedimentac;ao
dos conteuclos trabalhados"; "motiva os estudantes para a posterior
abordagem de diferentes conteudos programaticos"; "compensa a ca-
rencia de recursos didaticos e laboratoriais da escola"; "oportuniza uma
relac;ao entre teoria e pratica" (Cazelli et al., 1997). Os resultados de-
monstraram ainda que, em nenhum momento, 0 museu foi visto pelos
professores como urn espac;o de ampliac;ao da cultura ou, particular-
mente, da cultura cientffica. Esse entendimento do significado de mu-
seu, por parte dos professores, caracteriza suas expectativas e objetivos
ao organizarem uma visita escolar ao museu.
Os pesquisadores que trabalham nas experiencias de educac;ao em
museu tern detectado nessa evidencia uma descaracterizac;ao do papel
social dos museus (Gouvea et al., 2001). Na perspectiva de resgatar esse
papel, tanto do ponto de vista de urn espac;o que contribui para 0 aper-
feic;oamento da cultura cientffica, quanto de urn espac;o que deve ser
com preen dido, nao como definitivo nos processos de aprendizagem,
mas sim como mediador, 0 museu cleve, em seu cotidiano, priorizar
ac;oes sistematicas no sentido de (re)construir 0 olhar dos professores em
relac;ao ao museu e as suas especificidades.
Urn aspecto destacado por Gouvea e colegas e 0 fato de os profes-
sores ainda entenderem a relac;ao museu-escola como "suplementar", e
nao como uma relac;ao de complementariedade, enfatizando a utiliza-
c;ao do museu como urn instrumento para suprir as demandas da escola.
Historicamente, essa compreensao consolidou-se na trajet6ria particu-
lar dos museus de ciencia em sua relac;ao com a escola: 0 museu forne-
cendo a escola os elementos nela ausentes. Nesse sentido, os pesquisado-
res concluem que a construc;ao dessa relac;ao deve orientar-se para a reci-
procidade de ac;oes e reflexoes entre as duas instituic;oes.

A experiencia museal
Concluiremos esta sec;ao com alguns resultados provenientes dos
estudos de Falk e Dierking (1992) sobre a experiencia museal. Os auto-
res propoem urn modelo, base ado em resultados de pesquisas, onde colo-
carn que a experiencia museal do visitante e constitufda a partir da intera~ao
de tres contextos: 0 "contexto pessoal", 0 "contexto social" e 0 "contex-
to £isico/espacial". Cad a visitante tern urn "contexto pessoal" que the e
unico. Este contexto incorpora interesses pessoais, motiva<;:oes,experien-
cias e conhecimentos previos, caracterfsticas pessoais etc. Cada visitante
chega ao museu com uma agenda pessoal, que inclui expectativas sobre a
visita. Outro aspecto considerado refere-se ao fato de que toda visita a
urn museu acontece dentro de urn "contexto social": com a escola, com a
familia, com amigos etc. Mesmo sozinho, 0 visitante ira se deparar com
outros visitantes ou funcionarios do museu. Dependendo do contexto
social com 0 qual se visita urn museu, a experiencia museal sera diferente
(comportamento, conversas etc). 0 "contexto ffsico" inclui, entre outras
coisas, a arquitetura do museu, os objetos em exposi<;:ao,posicionamento
dos objetos e textos, ambiente (confortavel/desconfortavel, aconchegan-
te/impessoal, informal/formal); presen<;:a (ou nao) de escadas, rampas,
cafeterias, toiletes, espa~os de descanso ete. A experiencia museal e, nessa
visao, urn resultado da intera~ao desses tres contextos. Ao elaborarmos
program as e espa<;:ospara 0 publico ou ao realizarmos pesquisas, e funda-
mental considerar esses aspectos.
Baseado nesse entendimento da experiencia museal e em resulta-
dos de pesquisas, os autores fazem algumas afirma<;:oesque saG tomadas
hoje como consensuais. Podemos destacar, por exemplo, que cad a visi-
tante aprende de maneira diferente e interpreta a informa<;:ao atraves
das lentes do conhecimento e experiencia anteriores, e tambem por meio
de seus estilos de aprendizagem preferidos. Al6n disso, todo visitante
chega ao museu com uma agenda e urn conjunto de expectativas em
rela<;:ao aquilo que sera a visita. A maioria das pessoas vai ao museu
como parte de urn grupo social e aquilo que 0 visitante ve, faz e lembra
e mediado por aquele grupo. A aten~ao do visitante e fortemente influ-
enciada pela orienta<;:ao oferecida em folhetos, salas de exposi<;:ao, den-
tro e fora do museu.
Algumas recomenda<;:oes para 0 planejamento de exposi<;:oeselabo-
radas a partir desses resultados podem ser citadas, a saber: a exposi~ao
deve ser pensada de forma a criar uma ponte entre os conhecimentos do
visitante e aqueles que 0 museu quer divulgar. Para tanto, e importante
realizar pesquisas de avalia~ao sobre 0 entendimento e as expectativas
dos visitantes com rela<;:aoao tema a ser tratado. A exposi<;:aodeve faci-
litar a personaliza<rao das mensagens, construindo-se sobre poucos con-
ceitos, apresentados a partir de ideias mais familiares, e somente depois
introduzir as nao-familiares. As entre vistas com visitantes e as discus-
soes com grupos previamente formados podem trazer informa<roes para
avaliar esses aspectos da exposi<rao. Alem disso, a exposi<rao deve ser urn
ambiente que permita intera<r0es sociais, isto e, a conversa, as trocas de
informa<rao e a observa<rao simulranea de m6dulos. Os autores reco-
mendam que as exposi<roes sejam "divertidas" para os visitantes que,
segundo eles, geralmente selecionam visitar museus principalmente como
oP<rao de lazer. Mas cham am a aten<rao que "divertir" nao significa
"trivializar" a exposi<rao, mas engajar 0 visitante emocionalmente, fisi-
camente e intelectualmente.
Consideramos as informa<roes e reflexoes fornecidas acima,
advindas da pesquisa, como relevantes para os profissionais de muse us
envolvidos na elabora<rao de programas publicos. E importante, toda-
via, que a institui<rao como urn todo tenha objetivos educativos claros e
incorporados em todas as suas a<roes.

Estudos de publicos de museus no Brasil


No Brasil, ainda saD poucos os estudos de publico sistematizados.
No pais existem cerca de 840 museus de diversas tipologias, dos quais
634 saD publicos2• Os mais visitados recebem cerca de 400.000 visitan-
tes por ano. Normalmente, a contagem de visitantes e estimada por
meio de livro de assinatura, roletas ou pelo numero de ingressos vendi-
dos. Sao poucos os museus que solicitam dados sobre 0 visitante para
conhecer melhor seus usuarios. Iniciativas institucionais SaDraras e nao-
sistematicas. Aqui, como em muitos outros paises, os departamentos de
educa<rao foram os primeiros a realizar estudos de publico porque saD
eles que estiio em contato constante com os visitantes. Alem disso, estu-
dos academicos - como disserta<r0es de mestrado e doutorado - realiza-
dos por profissionais tanto de dentro como de fora do museu SaD os
mais completos disponiveis, pois alem de dados de perfil de publico
trazem analises mais aprofundadas. Algumas dessas pesquisas SaDapre-
sentadas nessa se<rao.
Os tres primeiros estudos citados a seguir possuem carater qualita-
tivo e adotaram uma metodologia etnografica, base ad a em Geertz, para
quem a interpreta<;ao dos dados esta centrada na busca dos significados
e significa<;oes das a<;oessociais que estao na trama das rela<;oes.
A educadora Beatriz Muniz Freire (1992) fez urn estudo no Museu
do Folclore Edison Carneiro (MFEC) focalizando a qualidade e conti-
nuidade da a<;ao educativa. Ela observou a visita previa dos professores
e as respectivas visitas das escolas. Considerou a visita como urn "ritu-
al", tanto a visita preparat6ria do professor como aquela que ele realiza
com seus alunos. Os professores diante de seus alunos tinham atitudes
explicativas e disciplinares, acabando por promover urn distanciamento
da exposi<;ao. Nas entrevistas com os professores, percebeu-se uma dis-
tancia entre 0 discurso e a pratica. Freire observou algumas recorrencias
nas atitudes e falas dos professores e na condu<;ao das visitas de seus
alunos que indicam a dificuldade dos professores trabalharem pedago-
gicamente nos museus, e tambem mostram a dificuldade do museu em
orientar os professores.
A disserta<;ao da educadora Sibele Cazelli (1992) partiu da busca do
papel social dos museus interativos de ciencias e sua rela<;ao com a escola
para a alfabetiza<;ao cientffica. As observa<;oes e entrevistas de professores
e alunos foram realizadas no Museu de Astronomia e Ciencias Afins (MAST)
que expoe varios m6dulos interativos. Na visita, os monitores pretendi-
am instigar os alunos a questionarem a partir de atividades ludicas. Da
mesma maneira que Freire, Cazelli percebeu que a atitude dos professores
durante a visita era diferente de seu discurso: com a atua<;ao dos monitores
do museu, 0 professor s6 observava os alunos e nao tratava dos conteu-
dos trabalhados em sala de aula. A autora identificou que, enquanto se
buscava desmistificar a ciencia, alguns ambientes do museu, como a cu-
pula do observat6rio astronomico, causavam rea<;oes de assombro e per-
plexidade que podiam levar justamente a mistifica<;ao da astronomia en-
quanto ciencia. Trata-se de urn estudo explorat6rio que procurou contri-
buir para a possibilidade do entendimento do processo de aprendizagem
de ciencias em fontes de educa<;ao nao-formal.
Em outra disserta<;ao de mestrado, a educadora Maria Esther Alvarez
Valente (1995) investigou quais seriam os niveis de interferencia na rela-
<;aovisitante-museu no Museu Nacional (RJ), considerando que os obje-
tos museais no interior de uma apresenta<;ao sao elementos
comunicadores e que a fun<;ao expositiva do museu esta intrinsecamen-
te ligada a sua dimensao educativa. A proposta foi a de conhecer a
institui<;ao do ponto de vista do visitante a partir das representa<;oes
que faz desses espa~os e suas exposi~oes. Observando e entrevistando
visitantes adultos autonomos, Valente procurou entender a rela~ao
museu-visitante centrada na percep~ao e expressao do publico. Atraves
da descri~ao de cenas e falas dos visitantes, foi possivel perceber tip os
caracteristicos de atitudes, por meio de frases como "Urn elo com 0
passado", "E, mas e tudo dinossauro", "Eu ja conhecia tudo", entre
outras. A analise dos dados permitiu identificar as condi~oes que pro-
movem 0 distanciamento ou facilitam a aproxima~ao do museu com 0
publico, ressaltando a necessidade de considerar 0 universo do visitante
e a eficiencia dessa rela~ao.
Ja a antrop610ga Andrea C. M. M. Barbosa (1994) realizou urn
estudo da rela~ao do publico com 0 Museu de Arte de Sdo Paulo (MASP),
baseando-se principalmente em antrop610gos do interacionismo simb6-
lico (Simmel, Schultz e Velho). Por meio de entrevistas e questionarios,
tra~ou urn perfil dos dirigentes do museu, dos publicos e de suas visoes
sobre 0 MASP.
Entre os estudos voltados para aprendizagem, Almeida (1995a,
1998) avaliou em seu mestrado em Comunica~ao a exposi~ao do Mu-
seu do Instituto Butantan. Utilizando questionarios e analises quantita-
tivas, procurou perceber a recep~ao e aprendizagem das mensagens, pro-
postas pela equipe do museu, pelos visitantes. Usou prioritariamente
bibliografia da area de museologia e posteriormente fez uma leitura crf-
tica dos metodos quantitativos utilizados, principalmente para avaliar
a aprendizagem.
Adotando urn enfoque da ciencia da informa~ao, a muse610ga
Rosane Maria Rocha de Carvalho estudou 0 processo de comunica~ao e
transferencia de informa~ao na exposi~ao "Athos Buldo - uma trajet6-
ria plural" no Centro Cultural Banco do Brasil (RJ), por meio de questi-
onarios, entrevistas e observa~ao dos visitantes. A pesquisa foi urn "es-
tudo explorat6rio", que demonstrou como ocorre a transferencia de
informa~ao de uma exposi~ao de arte para urn grupo de estudantes
(Carvalho, 1998).
Pesquisas voltadas para a percep~ao do publico em exposi~oes in-
cluem os trabalhos das psic610gas Maria Cristina Freire (1990) e Maria
Elvira M. Vieira (1997), as quais desenvolveram pesquisa junto ao Ins-
tituto de Psicologia da USp' respectivamente, sobre a percep~ao do pu-
blico na 19a Bienal de Sao Paulo e na mostra de pintura francesa no
MASp, utilizando referencias da psicologia, psicanalise e estetica.
Outras pesquisas buscaram investigar a imagem da institui<;:aomuseu
peio publico. Mario Chagas (1987) coordenou uma pesquisa na cidade
do Rio de Janeiro, por meio da qual pessoas eram entrevistadas aleato-
riamente na rua e responderam 0 que vinha em suas mentes quando se
falava a palavra "museu". "Velho" e "antigo" foram as respostas mais
freqiientes. Maria Cristina Freire (1993) entrevistou visitantes do Mu-
seu de Arte ContemporanealUSP e perguntou que tipo de lugar 0 museu
parecia. "Loja", "biblioteca" e "igreja" foram algumas das respostas ob-
tidas.
Nos anos 1990 houve uma maior profissionaliza<;:ao das areas de
marketing dos museus, levando ao desenvolvimento de pesquisas de
publico voltadas para fins comerciais. A pesquisa desenvolvida em 1994
no Museu Nacional de Be/as Artes por Marcia Marques de Carvalho foi
urn levantamento do perfil do publico acrescido de algumas informa-
<;:oessobre interesses culturais. Essa pesquisa tinha fins experimentais,
mas tambem serviu para fins de planejamento de marketing.
Com rela<;:aoas a<;:oeseducativas do museu, citamos dois estudos
recentes. Em 1997 foi realizado urn estudo junto ao publico escolar e
espontiineo no Museu de Hist6ria Natural e jardim Botanico da UFMG
(MHNJB), sob coordena<;:ao de Maria Aparecida Mazzilli, com apoio
da VITAE. Essa pesquisa visava avaliar 0 programa educacional ofereci-
do pelo MHNJB, identificar 0 perfil dos visitantes e suas expectativas e
conhecer suas sugestoes sobre 0 que 0 museu poderia oferecer. Os dad os
foram coletados por meio de questionarios e discussoes em escolas, en-
tre junho e novembro de 1997. Os resultados sugeriram que 0 programa
causou impacto positivo nas atividades curriculares das escolas visitan-
tes, pela possibilidade de desenvolvimento de experiencias concretas,
diversificadas e atualizadas do ponto de vista conceitual. Verificou-se
ainda, que 0 Museu e, para 0 publico, urn 'locus' de lazer e tambem urn
lugar de saber (Mazzilli, 1997:v).
No ana 2000, Almeida (2001) realizou pesquisa para 0 Museu
Lasar Segall (IPHAN/SP), avaliando a exposi<;:aode longa dura<;:ao"Lasar
Segall: constru<;:ao e poetica de uma obra" e de sua a<;:aoeducativa. Os
dados foram coletados por meio de questionarios, entrevistas e observa-
<;:aode publico escolar e espontiineo. Os resultados mostraram as difi-
culdades dos professores em utilizar os materiais fornecidos peio museu
para preparar os seus alunos, alem de identificar partes da exposi<;:ao
que sac pouco aproveitadas tanto pelo publico escolar como pelo pu-
blico espontaneo. Em levantamento sobre estudos de publico realizado
durante a pesquisa, Almeida verificou urn maior numero de estudos em
museus de ciencia do que em museus de arte, corroborando uma ten-
dencia tambem observada na literatura estrangeira.
Os museus brasileiros nao possuem estudos de publico sistemati-
cos, com poucas exce~6es. No Rio de Janeiro, por exemplo, 0 Museu de
Astronomia e Ciencias Afins (MAST) vem realizando desde 1995 pes-
quisas de publico e avalia~6es de exposi~6es e da a~ao educativa de
forma sistematica. Atualmente, 0 Museu da Vida (FIOCRUZ) come~a a
desenvolver estudos nessa area de maneira continuada.

Considera<soes finais
Ainda existem muitas quest6es a serem colocadas pel os estudos de
publico, urn trabalho a ser desenvolvido pelos profissionais de museus e
outros pesquisadores preocupados com os aspectos educacionais e
comunicacionais desses espa~os. Algumas perguntas que se colocam sao:
o que 0 individuo retira da rela~ao desenvolvida com 0 museu para a
sua vida privada, profissional e clvica? Quais os efeitos dos divers os
tipos de apresenta~ao do objeto de museu nos diferentes publicos? Qual
o imp acto do tipo de discurso superficial habitualmente caracterfstico
da industria do entretenimento cultural sobre a maneira do individuo
compreender 0 mundo a sua volta? Estas e outras quest6es merecem ser
estudadas a fim de se compreender 0 real impacto e valor dessas institui-
~6es.para a sociedade. Uma das quest6es mais importantes que se colo-
cam, no entanto, para os pesquisadores da area, refere-se a generaliza-
~ao dos resultados dos estudos de publico e situa~6es em que podem ser
aplicados.
Outro aspecto importante ao desenvolver essas pesquisas e ter sem-
pre em mente que 0 visitante nao e passivo em sua rela~ao com a insti-
tui~ao museu e, portanto, deve ser acolhido como sujeito participante.
A a~ao educativa e comunicativa processa-se, entao, pela parceria e ne-
gocia~ao entre visitante e museu, entendido que a participa~ao favorece
a intera~ao. E necessaria uma afirma~ao continua da utilidade da insti-
tui~ao junto ao publico, pel a desmistifica~ao de sua antiga superiorida-
de que priorizava 0 erudito. Deve-se considerar 0 visitante enquanto
sujeito ativo, social e psiquico, aceitando a permeabilidade perceptiva
dos individuos, na medida em que cada urn tern urn olhar de significa-
dos diferentes.
Melhor compreender e conhecer os publicos dos museus, caracte-
rizar a natureza do espas:o museal e entender as relas:6es entre esses as-
pectos e tarefa das pesquisas de publico, urn campo a ser explorado em
maior profundidade.
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EDUCA(Ao E MUSEU: A CONSTRU(AO SOCIAL DO CARATER
EDUCATNO DOS MUSEUS DE CLENCIA apresenta algumas das reflex6es
te6ricas acumuladas- no plano internacional e nacional sobre a educa<;:ao em
museus, socializa quest6es referentes a educa<;:aoem museus entre os profissionais
que trabalham direta ou indiretamente com esta tematica, promovendo urn maior
aprofundamento da mesma no contexto brasileiro, e divulga resultados de
pesquisas em educa<;:aoem museus de ciencia.
Este livro esta estruturado da seguinte forma: uma primeira parte que desenvolve
reflex6es te6ricas acerca da constru<;:ao social do carater educativo dos museus e
destaca aspectos hist6ricos e conceituais associados a praxis educativa em museus,
como os conceitos de publico, parceria, a<;:aoeducativa, interatividade, media<;:ao,
entre outros, e uma segunda parte que discute resultados de pesquisas de educa<;:ao
em museus de ciencia, especialmente aquelas realizadas pela Coordena<;:ao de
Educa<;:aodo Museu de Astronomia e Ciencias Mins.

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