Artigo Completo SemiEdu 2021-GT4 Educação Indígena
Artigo Completo SemiEdu 2021-GT4 Educação Indígena
Artigo Completo SemiEdu 2021-GT4 Educação Indígena
Introdução
Na obra de Dom Galibert, citada por Dom Máximo Biennés há referências aos
Chiquitanos no Brasil, tratando-os como “habitualmente ignorantes”:
2. Os Povos Chiquitanos
Esse autor ainda defende a ideia de que apenas um dos grupos indígenas reduzidos
pelos jesuítas era chamado de Chiquitos e falavam esta língua. Porém, indistintamente
nas reduções, foram reunidos com outros povos que também passaram a ser chamados
de Chiquitos, e aprenderam a se comunicar na língua destes. Charupá encontrou nos
registros dos colonizadores espanhóis, nomes de vários grupos indígenas que viveram
na Província de Chiquitos antes da chegada desses colonizadores.
Assim, Charupá (2002), ao pesquisar estudos do jesuíta Lorenzo Hervás que
trabalhou nas reduções de Chiquitos, existiam quatro dialetos de língua Chiquita. Em
suas palavras:
3
Tradução: “[...] A região chiquitana foi povoada por numerosos grupos indígenas sendo muito difícil
senão impossível de completa identificação de uma das etnias que a habitavam.” (Tradução realizada no
Google Tradutor (do espanhol para o português): https://translate.google.com.br/?hl=pt-
BR&tab=rT&sl=es&tl=pt&op=translate
4
Tradução: “Em outras palavras, chamamos “chiquitanos” a todos os nativos reduzidos que,
prescindindo da própria nação ou cultura de origem e depois de um período de aculturação reducional,
incorporaram a língua chiquita como meio de comunicação habitual. Do contrário, como já foi dito,
chamamos “chiquitos” a aquelas etnias que já antes de sua conversão a fé cristã falavam a língua
chiquita” (CHARUPÁ, 2002, p. 231 - https://translate.google.com.br/?hl=pt-
BR&tab=rT&sl=es&tl=pt&op=translate)
Em base de estos informantes, Hervás distingue al menos cuatro dialectos de
la lengua chiquita: el dialecto tao considerado como el más universal; el
dialecto piñoco; el dialecto manasí; y por último el dialecto penoquí, que se
diferenciaba notablemente de los tres anteriores 5. (CHARUPÁ, 2002, p. 242).
7
Uti possidetis - Princípio de direito internacional, segundo o qual os que de fato ocupam um espaço de
determinado território possuem direito sobre o mesmo.
8
Tradução: “Existiam numerosas nações indígenas agrupas sob a denominação comum de “Índios
Chiquitos”. (CHARUPÁ, 2002, p. 239) - https://translate.google.com.br/?hl=pt-
BR&tab=rT&sl=es&tl=pt&op=translate)
“Chiquito”. Por isso, é importante identificar de quais Missões vieram para a região da
fronteira que estava se consolidando naquele momento.
Bortoletto da Silva (2007) classificou os Chiquitanos em subgrupos, destacando
aqueles que os espanhóis chamavam Chiquitos que pertenciam a vários grupos étnicos
do planalto de Chiquitos. Destaca que os “[...] Chiquitano compunham um conjunto de
povos indígenas remanescentes dos outrora chamados Zamucos, Paikoneka, Saraveka,
Otuke, Kuruminaka, Kuravé, Koraveka, Tapiis, Korakaneka, Paunaka, etc. Além dos
grupos Chiquitano propriamente ditos” (SILVA, 2007, p. 15).
Entre os indígenas que viveram em Vila Maria e São Luiz, os Chiquitanos foram
os que as autoridades e colonizadores portugueses mais registraram nos primeiros anos
de Vila Maria. Referem-se a eles, como indígenas fugidos de missões da província de
Chiquitos, após os espanhóis expulsaram os padres jesuítas de suas colônias na
América. Os novos administradores das reduções provocaram a fuga de muitos
indígenas dessa província para o lado lusitano da fronteira entre os dois domínios. Aos
Chiquitanos fugidos encontraram-se um novo local para os abrigar, e por outro lado, os
portugueses buscaram inseri-los e incorporá-los como mão de obra para a produção na
economia local.
A presença de povos indígenas na composição do povoamento de Vila Maria,
ainda continuou sendo registrada em outros documentos oficiais; como por exemplo,
numa correspondência datada de 20 de novembro de 1778, do então governador Luiz de
Albuquerque, na qual solicitava ao Rei que enviasse colonos lusos para compor a
população das vilas, pois segundo o governador era notória falta de habitantes. O
documento foi publicado na Revista Trimensal do IHGB (1865):
Pelo que tudo, se Sua majestade fosse servida de mandar um certo conduzir
um número, que parecesse, de familiares brancas pela via do Pará, ou aliás do
Rio de Janeiro em direitura aos rios de S. Paulo, [...] que se fizer na
civilisação e prestimos d’estes indios selvagens, quasi sempre
inconstantíssimos, ferozes e indomaveis, ou d’uma indolência e preguiça sem
exemplo [...]. (CÁCERES, Luiz de Albuquerque [1778], 1865, p.111).
3. Considerações finais
9
Tradução: “[...] chiquitos ocupavam a metade da jornada de trabalho em atividades agrícolas”
(CHARUPÁ 2002, p. 301) - https://translate.google.com.br/?hl=pt-
BR&tab=rT&sl=es&tl=pt&op=translate
A partir do estudo e escrita da história e cultura dos povo indígena Chiquitano,
percebemos que o conhecimento historiográfico pode impedir que o ensino continue
propagando os preconceitos e discriminações em relação aos indígenas e os seus
descendentes presentes nas escolas, casas, ruas, universidades.
Essas situações também repercutem significativamente na sociedade, persistindo
posições de não-reconhecimento, desvalorização e desrespeito à diversidade étnica e
cultural de povos indígenas, principalmente de Mato Grosso. Nesse aspecto, tentam
invisibilizar suas riquezas ancestrais, cosmológicas e suas contribuições para a
composição étnica do povo brasileiro. Muitas vezes vigoram preconceitos por ausência
ou omissão quanto aos conhecimentos oriundos de saberes escolares.
4. Referências
ALBÓ, Xavier. Los pueblos indígenas del Oriente. In: CONTRERAS BASPINEIRO,
Alex. Etapa de una larga marcha. La Paz: s.ed., 1991.
MELATTI, Júlio Cezar. Índios do Brasil. Brasília: 2 ed. Editora de Brasília Ltda, 1972.
PUHL, João Ivo, Representações Indígenas nas Fontes Coloniais para o Estudo de
Comunidades Chiquitanas contemporâneas do Oriente Boliviano, 2007/02.