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Carlos Gaspar
Director Técnico, CMFG – Energia e Ambiente, Lda.
eficiência energética
na indústria* {6.ª parte - Variação Eletrónica de Velocidade}
O grau de desenvolvimento tecnológico al- passa também pelos controladores eletróni- Do ponto de vista do consumo de eletrici-
cançado na sociedade industrial atual, tanto cos de velocidade. A eletrónica de potência, dade, os motores apresentam-se como as
nas instalações industriais como nos servi- graças ao desenvolvimento de excelentes cargas mais importantes usadas em vários
ços ou no doméstico, não seria possível sem semicondutores, como o retificador de silí- setores e com uma vasta gama de aplicação
a presença maciça de uma máquina, que cio, controlado nas suas diversas variantes de que são exemplos os ventiladores, com-
com a sua simplicidade e robustez, solucio- e dos transístores bipolares, permitiu o fa- pressores, bombas, moinhos, elevadores,
nou o problema de gerar movimento e ener- brico de equipamentos muito eficientes de transportadores, entre outros.
gia mecânica onde é necessário. Falamos do produção de ondas de corrente alterna com
motor elétrico de corrente alternada. A au- frequência e tensão controladas (converso- O consumo de energia de um motor elétri-
sência nesta máquina de elementos subme- res de frequência), que aplicadas ao motor, cos é influenciado por diversos fatores, de-
tidos a fricção, possibilita o alcance de uma tanto síncrono como assíncrono, fazem dele signadamente: a eficiência e o controlo da
grande duração sem grandes necessidades uma máquina quase tão versátil, para o con- velocidade do motor, a qualidade da rede
de manutenção, quando dimensionada e trole de binário e velocidade, como o motor de alimentação, a presença de harmónicos,
usada adequadamente. elétrico de corrente contínua. Este teve, em o dimensionamento dos sistemas, a rede
consequência, uma redução drástica no seu de distribuição, os sistemas mecânicos de
Por outro lado, o consumo de energia elé- emprego devido ao preço mais elevado e transmissão, as práticas de manutenção e
trica numa instalação industrial é princi- necessidade de manutenção devido ao des- a eficiência do dispositivo utilizador final
palmente de energia utilizada como força gaste do conjunto colector/escovas. (ventilador, bomba, entre outros).
motriz de indução trifásica. Deste modo,
facilmente se percebe que a força motriz De entre todos os destinos da eletricidade, Atuando em alguns destes fatores podem
existente num processo apresenta elevada a sua transformação em energia mecâni- inferir-se significativas economias de ener-
representatividade no consumo elétrico da ca é pois um dos dados mais importantes gia elétrica, sendo portanto desejável a uti-
instalação. Assim, a redução do consumo e graças aos conversores de frequência lização de tecnologias mais eficientes, ca-
de energia associado à força motriz é, sem consegue-se que esta energia mecânica pazes de reduzir o consumo de eletricidade
dúvida, um dos principais fatores para a efi- se produza com motores elétricos convencio- em força motriz. Estas tecnologias incluem
ciência energética de uma instalação. nais, de uma forma altamente controlada e os motores de elevado rendimento, os varia-
flexível. Atingem-se, deste modo, as melhores dores eletrónicos de velocidade (VEV´s) e a
A versatilidade e universalidade do empre- prestações de eficiência, redução da contami- melhoria dos sistemas mecânicos de trans-
go do motor elétrico de corrente alternada nação ambiental e melhoria da qualidade. missão, entre outros.
* Texto escrito de acordo com o Novo Acordo Ortográfico.
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segurança” em relação a regimes que vai investimento. Mas é de esperar que este va- trifásica é convertida em corrente contí-
encontrar na sua vida útil. A altura a vencer lor baixe se os preços da energia aumenta- nua, sendo depois filtrada numa indutân-
pelo caudal bombeado é determinada por rem e também prosseguir a tendência para cia que fornece uma corrente constante
excesso porque a parcela devida a eventuais o embaratecimento da tecnologia dos VEVs. ao inversor. Este, por sua vez, vai gerar
perdas de carga por fricção nas tubagens é uma corrente que aproxima a sinusoide
obtida com o auxílio de coeficientes já de si por patamares. Este tipo de VEV é simples
tendentes ao sobredimensionamento, sendo Tipos de variadores e robusto, sendo sobretudo utilizado em
no fim atribuída ainda uma percentagem eletrónicos de velocidade motores de indução na gama 150 kW a
adicional para aumentar a segurança do Os principais tipos de VEVs são: 750 kW. É apropriado em aplicações em
cálculo. Como resultado desta prática co- › Inversor por fonte de tensão (VSI, que se pretende recuperação de energia
mum acontece que tanto o caudal como a “Voltage Source Inverter”): Este tipo de na frenagem do motor. Apresenta, contu-
altura são sobrestimados no projeto, pelo montagem pode ser encarado como apro- do, um baixo fator de potência quando a
que a curva real de funcionamento do siste- ximação a uma fonte de tensão trifásica, carga é reduzida;
ma passa a funcionar com alturas menores desprezando o efeito dos harmónicos, e a › VEVs para motores de indução de ro-
para o mesmo caudal, e a bomba escolhida saída respetiva pode ser usada para ali- tor bobinado: neste tipo de motores, em
só poderá funcionar nas condições de refe- mentar diretamente o motor sem nenhu- vez de se controlar a velocidade, através
rência desde que haja um processo de intro- ma forma de controlo em malha fechada. da ligação de uma resistência variável ao
dução de perdas por atrito adicionais, o que No andar de saída é produzida uma onda rotor (o que conduz a perdas elevadas), é
é normalmente conseguido com válvulas de quadrática. Este tipo de VEV tem sido pro- possível utilizar VEVs ligados ao rotor do
estrangulamento de caudal. gressivamente abandonado devido aos motor, que devolvem à rede a energia que
harmónicos gerados e ao baixo fator de seria de outro modo dissipada. Podem
Dado que a potência mecânica solicitada ao potência quando a carga é reduzida; ser usados VEVs tipo Kramer estático ou
motor é proporcional ao produto da altura › Modulação por largura de impulso Scherbius estático. Estes VEVs apresen-
pelo caudal a dividir pelo rendimento da (PWM, “Pulse Width Modulated VSI”): tam a vantagem de só terem que estar
bomba, a potência desperdiçada é propor- No andar de saída é sintetizada uma si- dimensionados para a variação de veloci-
cional ao produto do caudal de referência nusoide de amplitude e frequência vari- dade pretendida. Por exemplo, num motor
pela diferença de alturas (entre aquela a ável através da comutação a frequência de rotor bobinado de 375 kW, se a veloci-
que poderá funcionar com o caudal referi- elevada de uma tensão contínua, permi- dade variar entre 70% e 100% da veloci-
do, após o estrangulamento, e a altura re- tindo obter uma tensão de amplitude e dade nominal, o VEV necessita apenas de
sultante do dimensionamento que terá que frequência variável. Tal como na monta- ter uma capacidade de 110 kW;
vencer) a dividir pelo rendimento da bomba. gem VSI, também a PWM pode ser en- › Inversores com comutação pela carga:
Há estimativas que situam as perdas devidas carada como aproximação a uma fonte em motores síncronos acima de 750 kW
ao estrangulamento de caudais de 20% de de tensão trifásica, desprezando o efeito é utilizado o VEV com inversor comuta-
toda a energia consumida pelos sistemas de dos harmónicos, e a saída respetiva pode do pela carga. Esta configuração permite
bombagem. Donde se infere que sistemas de ser usada para alimentar diretamente o simplificar consideravelmente o andar de
controlo de caudais de fluidos como o atrás motor sem nenhuma forma de controlo saída do VEV, pois a força contra-ele-
citado são ineficientes, sobretudo quando o em malha fechada. A indutância do mo- tromotriz do motor síncrono é utilizada
sistema é usado bastante abaixo da capaci- tor funciona como filtro sendo a corrente para comutar naturalmente os interrup-
dade nominal, ou funciona a cargas bastan- praticamente sinusoidal. Devido ao bom tores eletrónicos (tirístores) do inversor.
te variáveis em regime de operação contí- fator de potência (em qualquer regime Para motores síncronos de pequena e
nua, pelo que uma alternativa a esta prática de carga) e ao baixo conteúdo de harmó- média potência é possível utilizar VEVs
pode, pois, ser a regulação de caudal por nicos, os VEVs com PWM dominam lar- com PWM ou com inversor por fonte de
velocidade regulável da bomba, conduzindo gamente o mercado para aplicações até corrente;
a rendimentos bastante superiores (é típico algumas centenas de kW. Na gama até › Cicloconversores: em aplicações de gran-
passar-se de 30% para 70%) e, consequen- 1.000 kW, o tipo predominante utiliza a de potência (> 750 kW) e baixa gama de
temente, a menores consumos de energia. modulação por largura de impulso com velocidades é recomendável o uso de ci-
saída a transístores/IGBTs; cloconversores. Neste tipo de VEVs os 50
O tempo de amortização de um VEV aplica- › Inversor por fonte de corrente (CSI, Hz da rede são convertidos diretamente
do a uma bomba varia bastante de caso para “Current Source Inverter”): este tipo, numa frequência variável (tipicamente 0 –
caso. Um valor entre um e três anos parece juntamente com o VSI e o PWM, consti- 25 Hz), através da comutação sequencial
razoável tendo em atenção os parâmetros tuem um dos três tipos mais comuns de da tensão trifásica por um grande número
atuais que condicionam a rentabilidade do montagem de inversores. A alimentação de interruptores eletrónicos (tirístores). O
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cicloconversor permite obter velocidades As leis associadas indicam que o binário (ou
muito baixas (sem recurso a caixas de 1,2
pressão) varia com o quadrado da veloci-
velocidade) com binários elevados, sendo Potência de
entrada1,2
dade e a potência com o cubo da velocida-
recomendável a sua aplicação em fornos relativa
Potência de Controlo por Válvula
de, sendo o caudal proporcional à velocida-
de cimento rotativos, moinhos de grandes entrada
relativa de. Reduzindo a velocidade da carga, vê-se
P
dimensões e trens de laminagem. Controlo por Válvula1
0,8
que, para mudanças relativamente peque-
0,8
P
1 nas de velocidade produz-se uma grande
Em resumo, o uso de um ou outro tipo de diminuição na potência absorvida.
VEVs dos referidos atrás depende da aplica- Controlo de Velocidade
0
0 0,4 0,6 0,8 1,0
0 0,4 0,6 0,8 1,0
Caudal relativo
Caudal relativo
P P:Controlo
:Controlo por válvula
por válvula
Campos de aplicação P
1 1
P:Controlo
:Controlo de velocidade
de velocidade incluindo
incluindo perdas
perdas no VEV no VEV
As aplicações com maior potencial para P
2 2
P:Controlo de veloc.
:Controlo sem perdas
de veloc. sem no VEV –no
perdas controlo
VEV –ideal
controlo ideal
conservação de energia são as bombas, 3 3
nário é inversamente proporcional à velocida- ma, isso traduz-se num aumento da resis- material, para as quais a ação de moagem
de. As aplicações deste tipo são, por exemplo, tência deste, isto é, a aumentar o valor de k do material moente é máxima, aumentan-
máquinas-ferramenta e bobinadoras. na equação p=kQ2 ou a deslocar a parábola do deste modo a eficácia do processo. É
no sentido inverso ao dos ponteiros do reló- intuitivamente claro que, mantendo uma
gio, que faz deslocar o ponto de funciona- velocidade constante no moinho durante
mento para B. todo o ciclo de moagem (o que normalmen-
te acontece nos sistemas convencionais de
Alternativamente, reduzindo a velocidade moinhos não equipados com conversores de
do motor/ventilador, o ponto de funciona- frequência), não é possível ajustar a ação de
mento desloca-se para C, produzindo uma moagem às dimensões que o material assu-
redução de caudal semelhante ao obtido no me com o decorrer da operação.
ponto B. Contudo, no primeiro caso, há um
desperdício de potência relativamente à re- Uma ação adequada na regulação da velo-
dução de velocidade, proporcional ao caudal cidade de um moinho, com base num cri-
e à diferença de pressão entre os pontos B tério de desenvolvimento da ação de moa-
e C (atendendo a que potência absorvida = gem, na qual predomine numa primeira fase
Dos três tipos de carga mencionados, pressão x caudal volumétrico). o esmagamento ou a quebra do material a
observa-se que as poupanças mais impor- moer de dimensões maiores pela queda do
tantes obtêm-se nas cargas de binário qua- Os VEVs também podem ser utilizados para material moente (normalmente, estes moi-
drático, onde uma pequena diminuição da economizar energia em aplicações espe- nhos são do tipo de bolas, sendo a sílica ou
velocidade supõe uma grande diminuição cíficas de processo, para além das corres- a “alubite” os tipos de materiais mais usuais
na potência absorvida pelo motor (reduzin- pondentes a serviços auxiliares (ventilação, destas), e numa segunda e última fase pre-
do, por exemplo, a velocidade em 20%, o condicionamento de ar, bombagem, entre domine o atrito (pelo recíproco rolamento
consumo de energia elétrica pode ser redu- outros). Um exemplo de uma destas aplica- das bolas umas sobre as outras) de modo a
zido a metade). ções, no âmbito das tecnologias de proces- homogeneizar as dimensões finais, tornará
so, consiste na utilização de variadores de possível aumentar o rendimento do proces-
A figura que se segue, representa dois pro- frequência em motores de moinhos descon- so com economias de energia e do tempo
cessos de controlo de caudal num ventila- tínuos de preparação da pasta, na indústria de moagem.
dor. O ponto de funcionamento do sistema cerâmica, que permitem o ajuste da veloci-
deriva da intersecção da curva característica dade de rotação dos moinhos em função da Estes decréscimos nos consumos energéti-
do ventilador com as “resistências do siste- curva de moagem da matéria-prima (isto é, cos (elétricos) e no tempo de moagem de-
ma”. Se se pretende diminuir o caudal Q (e por forma a manter as condições óptimas de correntes da aplicação de variadores eletró-
aumentar a pressão p), correspondente ao moagem ou a optimização da relação gra- nicos de velocidade têm sido comprovados
ponto de funcionamento A, fechando par- nulometrias óptimas = função (velocidade por alguns resultados experimentais. Em
cialmente uma válvula intercalada no siste- de rotação)). testes de moagem realizados com veloci-
dades variáveis num determinado moinho,
por exemplo, os melhores resultados foram
obtidos com uma curva, na qual, depois de
uma fase inicial de 10 r.p.m. para as primei-
ras 500 revoluções do moinho, a moagem
foi conduzida a 15 r.p.m. durante 5.000 re-
voluções e, posteriormente, a 11 r.p.m. até à
obtenção das dimensões adequadas.
de revoluções – 8.000; Velocidade usual (an- cidade (após a instalação de um VEV) na sua operação, em função do número de revoluções
tes da aplicação do VEV) – 13,8 r.p.m.; Tempo completas por forma a serem avaliadas as melhores condições operatórias.
de moagem – 9,67 h (9h40 min); Fracção re-
sidual do peneiro a 45 µm (ASTM325 mesh) –
9%; Produção – 26.500 kg de pasta com um
teor médio de água de 32%).
Constata-se que o teste que conduziu aos melhores resultados está representado pela curva
Os dados da figura anterior ilustram o com- 3, em que a fracção residual de referência, obtida por peneiração, foi atingida com 6.750
portamento da fracção residual num pe- revoluções em vez das 8.000 iniciais (quando o moinho ainda não tinha aplicado o VEV). Na
neiro de 325 mesh da pasta produzida no figura seguinte, está representado o comportamento da fracção residual obtida por peneira-
moinho, sob diferentes condições de velo- ção em função da energia consumida pelo moinho.
PUB
POTÊNCIA
SEM
LIMITES
MOTORES CATERPILLAR E Mak
DE ÚLTIMA GERAÇÃO
A correspondência entre este último gráfi- missão via junta rígida em vez de junta É de salientar que, as aplicações de VEVs não
co e o precedente é agora clara. Atingindo viscosa, permitindo durante todo o ciclo se esgotam nos exemplos a que se fez re-
a fração residual de peneiração com menos de moagem a redução de fricção; ferência, quer em termos de equipamentos,
revoluções, significa melhor utilização da › A ação de moagem pode ser ajustada quer em termos de tipos de indústrias.
energia consumida, e daí as economias de adequando-se às dimensões que o ma-
energia resultantes. terial assume com o avanço do processo,
obtendo-se uma optimização do ciclo Principais benefícios
Estes testes revelaram que as melhores con- de moagem. As vantagens proporcionadas pela aplicação
dições de moagem originaram uma redução dos VEVs a motores elétricos na indústria,
de 13,6% no tempo de moagem (equivalen- Na prática, os benefícios obtidos resultam es- em geral, podem resumir-se a:
te a 1h 20min) e uma redução de 8,9% no sencialmente em vantagens adicionais no que › economias de energia até 50% ou mais,
consumo de energia (equivalente a 60 kWh) respeita a ganhos energéticos e de operação com um valor médio de 20 – 30%;
em comparação com as condições de refe- do equipamento entre as quais se destacam: › redução das pontas de potência, propor-
rência. Contudo, de acordo com resultados › Menor consumo de energia elétrica; cionada pelos arranques suaves que per-
já verificados noutros países (sobretudo › Menor tempo de moagem; mitem efetuar;
em Espanha e Itália, os dois principais pro- › Aumento da produtividade; › prolongamento da duração do motor;
dutores da União Europeia de pavimento › Possibilidade de utilização da energia elé- › melhoria do fator de potência, com refle-
e revestimento cerâmicos) são possíveis trica durante períodos de tempo econo- xo no da instalação e consequente redu-
reduções superiores, quer do consumo de micamente favoráveis e/ou maior dispo- ção da energia reativa e, eventualmente,
energia elétrica, quer do tempo de moagem, nibilidade daquela forma de energia para da correspondente parcela da factura
sendo típicos valores da ordem de 10 a 25%, outras utilizações; energética;
dependendo principalmente das matérias- › Melhoria na correção do fator de potência › aumento da produtividade;
primas a moer e da relação entre a carga de do motor do moinho; › capacidade de “by-pass” perante falhas
material e a carga de moente, além de que › Maior simplicidade do equipamento e da do variador;
é possível melhorar a qualidade do produ- maquinaria; › amplas gamas de velocidade, binário e
to final, tudo isto com a vantagem de uma › Menor desgaste das partes de transmis- potência;
maior flexibilidade no processamento de di- são mecânica. › melhoria do processo de controlo e por-
ferentes materiais. tanto da qualidade do produto;
O custo médio destes sistemas de contro- › diminuição da quantidade das partes me-
Existem basicamente três vantagens funda- le de velocidade de moagem em moinhos cânicas – os VEVs possuem normalmente
mentais que podem ser obtidas com a apli- de bolas depende da potência instalada e diversos tipos de proteções para o motor
cação de um variador eletrónico de veloci- da capacidade do moinho, sendo aqueles (contra curto-circuitos, sobreintensida-
dade a um moinho de bolas descontínuo de normalmente viáveis apenas para moinhos des, falta de fase, entre outros) que dei-
preparação de pasta: de capacidade superior a 35.000 litros. De xam assim de ser adquiridas isoladamente,
› Arranque gradual do moinho que torna salientar que esta medida também pode e oferecem uma enorme flexibilidade de
possível a eliminação de picos de corrente; implicar uma redução dos custos de funcio- colocação (contrariamente aos processos
› O motor pode ser conectado a uma trans- namento, já que em alguns casos, a redução convencionais de regulação de velocida-
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de, que implicam a interposição do varia- mento dos VEVs. Esta situação provoca uma potência economizada, relativamente ao
dor de velocidade entre o motor e a carga) elevação da temperatura de funcionamento dispositivo regulador de caudal atual. A
e são mais compactos, o que faz com que dos motores, quando o regime de velocidade quantidade de energia elétrica economi-
a sua aplicação no melhoramento do ren- baixa se prolonga. Esta produção indesejá- zada por ano resulta da soma da ener-
dimento de processos já existentes não vel de harmónicos (tanto para o motor como gia poupada (potência poupada vezes o
ofereça problemas de implantação – po- para a rede) pode, pois, refletir-se num baixo número de horas de funcionamento) em
dem ser facilmente integrados em siste- factor de potência e em interferências ele- cada regime de carga. Se o regime de
mas automáticos de gestão de produção, tromagnéticas. A mitigação destes efeitos carga se reduz a um pequeno número
porquanto vêm preparados com diversos pode implicar investimentos adicionais que de caudais (4 ou menos) poderá ser
tipos de entradas (0-1 V, 0-5 V, 4-20 mA) devem ser considerados na avaliação eco- vantajoso considerar um motor com vá-
que permitem o seu controlo por compu- nómica do investimento. rias velocidades;
tador externo responsável pela condução › Determinação do custo total do VEV, in-
do processo industrial. Uma avaliação económica do investimento cluindo instalação e eventuais medidas
em VEVs requer normalmente os seguintes requeridas para supressão de harmóni-
Não obstante todas as vantagens apontadas, passos: cos e interferências. Em aplicações novas
a aplicação de VEVs também pode dar lugar › Determinação do diagrama de carga do pode descontar-se o custo do arrancador
a alguns efeitos indesejáveis, nomeadamen- equipamento em cujo motor elétrico se e das proteções do motor implementados
te poluição harmónica que tende a aumen- pretende aplicar o VEV. Este passo obriga pelo VEV;
tar as perdas nos motores. No caso de moto- a uma mediação do respectivo caudal ao › O período de recuperação do investimen-
res alimentados a partir de VEVs, os regimes longo do tempo; to é calculado a partir da divisão do valor
de baixa velocidade são caracterizados por › Com base na potência instalada e no do investimento obtido do 3.º passo pelo
quebra na ventilação, a par da circulação de diagrama de carga é possível determi- valor da economia de energia estimada no
correntes harmónicas, típicas do funciona- nar, para cada regime de carga, qual a 2.º passo.
› Atual › Futuro
Potência do motor %f h/ano Efut Consumo energético com VEV 53 777.15 kWh / ano
30 kW (kWh/ano)
do ventilador
Custo energético com VEV 4 140.61 € / ano
Potência média 0.0% 0.0 0.0
18.41 kW Economia Anual em kWh 28 974.68 kWh / ano
tomada
10.0% 0.0 0.0
Economia Anual em Euros 2 230.93 € / ano
Funcionamento anual 4496 horas/ano 20.0% 0.0 0.0
Economia Anual em % 35.01%
30.0% 0.0 0.0
Preço do kwh 0.0770 €/kWh
40.0% 449.6 1 438.7
Tabela Resumo Sem VEV Com VEV
50.0% 899.2 5 187.7
CONSUMO DE ENERGIA (KWH/ANO) 82 751.83 53 777.15
Consumo anual 82 751.83 kWh/ano
60.0% 1213.9 11 237.4
CUSTO DE ENERGIA (€/ANO) 6 371.54 4 140.61