A Proposta Do Namorado Bilionario - Kendra Little

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 73

A Proposta do Namorado Bilionário

Kendra Little

Traduzido por Tânia Nezio

“A Proposta do Namorado Bilionário”

Escrito por Kendra Little

Copyright © 2015 Kendra Little

Todos os direitos reservados

Distribuído por Babelcube, Inc.

www.babelcube.com

Traduzido por Tânia Nezio

“Babelcube Books” e “Babelcube” são marcas comerciais da


Babelcube Inc.

A PROPOSTA DO NAMORADO BILIONÁRIO

Um Romance Sobre a Família Kavanagh

Kendra Little

Copyright 2014 Kendra Little

[email protected]

Visite Kendra no site http://kendralittle.com

Índice Analítico

Página do Título

Página dos Direitos Autorais


Página dos Direitos Autorais
A Proposta do Namorado Bilionário

CAPÍTULO 1

CAPÍTULO 2

CAPÍTULO 3

CAPÍTULO 4

CAPÍTULO 5

CAPÍTULO 6

CAPÍTULO 7

CAPÍTULO 8

CAPÍTULO 9

CAPÍTULO 10

CAPÍTULO 11

CAPÍTULO 12

Fim

O Pacto do Namorado Bilionário

Cadastre-se para receber a Newsletter da Kendra – Ganhe


GRÁTIS 5 histórias!

LIVROS ESCRITOS POR KENDRA

SOBRE KENDRA

CAPÍTULO 1
Sobre A PROPOSTA DO NAMORADO B ILIONÁRIO

Quando Blake Kavanagh deixou Serendipity Bend 8 anos atrás, ele


levou o coração de Cassie
West com ele. Agora ele está de volta, machucado por suas
experiências no exército e querendo

recomeçar seu relacionamento com a única mulher a quem ele


amou. Mas Cassie não quer nada

com o homem que a abandonou quando ela mais precisava dele.

Quando problemas entram na vida ordenada de Cassie, Blake é


forçado a ficar com

ela para protegê-la. E as paredes tão cuidadosamente


construídas por Cassie começam a se

desmoronar. Ela o deixa entrar, só para descobrir que ele vai


deixá-la. Mais uma vez.

CAPÍTULO 1

Nunca confie em um Kavanagh. Esse tem sido meu mantra


durante oito anos e ele tem me mantido em

pé até o momento. Meus vizinhos de porta provaram que eles


esmagam tudo e todos que estiverem

em seu caminho para conseguir o que eles querem, inclusive eu


e minha casa. Mas eu não ia desistir

tão facilmente. Eu ia lutar com tudo o que eu tinha. E o que eu


tinha era uma dúzia de alunos da minha

escola de arte e alguns vizinhos igualmente irados que não queriam


que sua rua exclusiva fosse
invadida por uma companhia construtora. Nós juntamos um
contingente de cem pessoas, e fizemos

barulho. E o barulho foi tão alto que nós atraímos a mídia de


Roxburg e a polícia.

Nunca confie em um Kavanagh. Portanto, quando Blake


Kavanagh apareceu no meio do protesto,

meu instinto foi perguntar por quê. O que ele queria? O que o
segundo mais velho dos

cinco irmãos Kavanagh estava fazendo em Serendipity Bend,


Roxburg, depois de despedaçar meu

coração há oito anos?

Durante todo esse tempo eu tinha me refeito e seguido em


frente; nunca olhei para trás. Eu

tinha tentado arduamente não pensar nele, e o que poderia ter


sido a nossa história. Eu tive uma

recaída após a morte da minha avó, mas eu tinha conseguido


arrancar a melancolia do meu peito e

retornar ao padrão confortável que eu tinha estabelecido para minha vida.

Até o poderoso braço de Blake me arrastar para fora de perigo, e


sua fúria ter quase conseguido

que ele fosse preso.

Uma descarga como um choque passou através do meu corpo.


Deixou minhas pernas

fracas e fez com que meus nervos ficassem novamente abalados.


Ele estava aqui, agora,
quando eu mais precisava dele! Por muito tempo eu pensei o que
eu diria e faria quando esse dia

chegasse. Agora nada importava. Todos os pensamentos


sensatos se esvaíram com a visão de seu

rosto bonito, ossos fortes e brilhantes olhos azuis, preenchidos


com uma ferocidade que eu nunca

tinha visto antes.


Pensei sobre isso tudo numa fração de segundos. Eu queria olhar
para ele mais um pouco, digerir

cada pequena mudança, mas não houve tempo. Blake levantou


seu punho para dar um soco no

policial que estava prestes a me prender.

"Blake, não!" eu gritei. "Se você for preso por minha causa..." Minha
voz se perdeu no meio da

balbúrdia que nos cercava e Blake não conseguiu me ouvir de


qualquer maneira. Tinha morte em seus

olhos e ela estava dirigida ao policial.

“Não toque nela," ele rosnou. "Ou eu vou quebrar seu pescoço."

Eu tinha que tirá-lo dali antes que ele fizesse alguma bobagem.
Eu tentei empurrá-lo, mas parecia

uma mosca batendo contra uma parede de tijolos. Ele era maior
do que eu me lembrava, seus ombros

eram como rochas sólidas, esticando as costuras da sua camiseta


preta. Em outro momento eu o teria
admirado, mas não agora com o aumento da multidão surgindo
ao nosso redor e a polícia ameaçando

prender a mim e a meus alunos.

"Cassie!" ele gritou para mim. "Saia daqui. É muito

perigoso. Vá!" "Não sem você. Eu não quero sua prisão na

minha consciência."

Ele ficou pálido e deu um passo para trás, como se minhas


mãos em seu peito estivessem

realmente o forçando a sair. A próxima coisa que eu vi, foi que


estávamos caindo para trás no meio

da multidão. Não sabia quem estava empurrando quem, mas


acabamos caindo na minha varanda, no

meio das minhas camélias, seguros. Sozinhos.

Meu coração batia tão rápido que eu pensei que ele ia explodir para
fora do meu peito. Não era

do perigo que eu me encontrava. Ele batia assim porque


Blake tinha voltado.

Ele estava de volta, oito anos depois de deixar-me com minha avó
idosa, o imbecil do meu irmão

e meus demônios.

Agora eu tinha a chance de olhar para ele com clareza desde o


dia em que discutimos naquele

mesmo lugar que agora estávamos. Eu ainda só conseguia chegar


até o seu peito, que era grande,

amplo, forte, bem como seus ombros. Seus braços se


destacavam na sua camiseta e me vi vidrada
neles. Era mais fácil do que olhar para seu rosto com linhas
duras, boca grave e sua mandíbula de

pedra. Seu cabelo estava bem curto e seus olhos azuis tinham mais
sombras do que a última vez que

eu o tinha visto. Era um rosto inflexível, tão novo e ao mesmo


tempo tão familiar.

Ele me encarou por um longo tempo, pesquisando cada polegada


do meu corpo. Eu me

perguntava se eu tinha mudado em oito anos, como ele. Eu


duvidava. Meu cabelo ainda era um
emaranhado de cachos vermelhos e as sardas que eram a perdição
da minha adolescência ainda

respingavam sobre o meu nariz, ma eu tinha feito as pazes com elas.

Encarei o olhar dele, recusando a recuar. Eu não era mais a menina


ingênua que ele viu chorando

na varanda da frente. Eu era forte, e ia deixá-lo ver isso. "Você


está de volta," disse simplesmente.

Ele assentiu. "Você está bem?"

"Claro." Olhei por cima do meu ombro. Meus alunos tinham ido
para um canto e encaravam os

tratores. A polícia não tinha prendido ninguém, mas o protesto não


parecia que ia acabar tão cedo.

Que bom. Talvez o irmão mais velho de Blake, Reece,


recebesse a mensagem. Se não, pelo menos eu

iria atrasá-lo.
"Nós tentamos impedi-lo," ele disse abanando sua

cabeça. "Nós?"

“Ash, mamãe, papai, todos nós."

"Todos vocês?"

"Ele não vai nos ouvir. Ele está determinado a tirar este lugar do
mapa." Aqueles olhos azuis se

amaciaram quando examinaram meu rosto. "Ele só está tentando


destruir as memórias de —"

"Não. Não precisa mencioná-la ou não tente torná-lo uma espécie


de alma perdida, afetada

pela morte dela. Ela era minha irmã."


Os lábios de Blake se contraíram e ele olhou para o céu como
se fosse apelar ao espírito de

Wendy. Ela tinha se matado há doze anos por causa do irmão


de Blake, Reece, que a tinha traído. Eu

culpei Reece, mas parecia que eu era a única. Nenhum


Kavanagh o tinha culpado. Nem mesmo Blake

ficou do meu lado. Nossa diferença afetou nosso relacionamento e


destruiu tudo de bom que tinha

nele até que tudo o que restou foi uma carcaça podre. Nosso
romance tinha finalmente terminado em

uma noite de verão na minha varanda e nunca mais eu o vi.

Até agora. Onde ele esteve durante oito anos? Eu nunca perguntei a
nenhum dos Kavanagh,
preferindo evitá-los completamente, e eles nunca tinham
oferecido nenhuma informação. Onde quer

que ele tenha estado, o tinha mudado. O cara que era feliz parecia
não sorrir em anos.

"Por que você voltou agora?" Falei mais duramente do que


queria. Eu estava cansada, minha casa

corria o risco de ser demolida, bem em frente de mim e agora


isto. Meu nível de estresse não

precisava que ele tivesse aparecido agora.

"Ash me ligou. Ele pensou que se alguém poderia


convencê-lo a não cometer este erro

monumental, seria eu."

"Acho que ele estava errado."

Seu olhar se voltou para a multidão atrás de mim. Um grito soou,


seguido por um rugido dos

manifestantes. O barulho do motor do trator sobrepujava todos


os outros sons.

"Cassie!" alguém gritou.

Virei para ir, mas Blake pegou meu braço. Seu toque me foi difícil.
"Eu não vou desistir, Cass.

Estou aqui para ficar, pelo tempo que for preciso."

Ele estava falando sobre parar Reece? Ou outra coisa? Ele olhou
para mim com tanta intensidade

que eu tive certeza de que ele podia ver minha alma. Por um
momento, pensei que ele fosse me
beijar. Ele poderia ter facilmente me puxado contra seu corpo e eu
não teria sido capaz de resistir.

Parte de mim queria que ele o fizesse. Uma parte traidora, mas
pequena e eu fui capaz de

afugentá-la. Eu pisei no seu pé. Ele sugou o ar e me

deixou ir. Eu fugi, voltei para a multidão onde meus

alunos me abraçaram.

Não vi Blake novamente o resto do dia. Para minha total surpresa


e alívio, Reece chegou e

cancelou o trabalho. Ele mandou embora a polícia, a equipe da


demolição, a mídia e a próxima

coisa que eu vi foi que ele estava beijando Cleo Denny, a irmã
mais velha de uma das minhas alunas,

como se ele não se cansasse dela. Como se ela o tivesse salvado.

Eu não consegui tirar meu olhar deles enquanto eles ficaram


inclinados contra o carro dele,
envolvidos nos braços um do outro. Eles me chamaram e Reece
me disse que não ia mais derrubar a

minha casa. Ele queria que eu continuasse a viver nela e ia


cobrar um aluguel bem baixo para mim.

Incrível, o cruel Reece Kavanagh tinha um coração humano


batendo dentro do peito dele,

afinal. Só bastou a Cleo para fazê-lo bater novamente. Deus nos


ajudasse se algum dia ela o

deixasse.

***
Não vi Blake novamente o resto do dia, ou no outro dia, o que foi
ótimo para mim. Eu tinha trabalho

a fazer, fugir dos meios de comunicação e arrumar o jardim


depois da manifestação. O degrau da

varanda estava caindo e alguém mais pesado podia se machucar


se pisasse nele.

Felizmente eu sou muito boa com um martelo. Eu tinha que ser.


Meu irmão, Lyle, sempre foi um

inútil, então não foi surpresa nenhuma ele ter colocado a casa a
venda. Não tinha sido idéia de a

minha avó deixar a casa para seu único neto. Ela tinha tentado
várias vezes mudar a vontade do meu

falecido avô, mas sem sucesso. Lyle tinha recebido tudo depois
que a vovó morreu, e ele tinha

prometido a ela que eu poderia ficar na casa. Infelizmente, as


suas dívidas tinham aumentado tanto

que ele já não tinha o que fazer a não ser quebrar a promessa. Ele
vendeu a casa para Reece

Kavanagh, deixando-me a mercê de um membro da família que não


gostava de mim. De acordo

com Harry e Ellen Kavanagh, eu era a mulher que tinha feito


asneira culpando Reece pela morte

da minha irmã e Blake se afastou porque ele tinha que ficar do


lado do irmão.

"Cassie!" gritou uma voz familiar.


Eu abaixei o martelo e acenei para Becky Denny, irmã de Cleo e
uma das minhas alunas de arte.

Uma das minhas favoritas. Não somente ela tinha espírito e


determinação, como era uma pessoa

linda por dentro e por fora.

"O que você está fazendo aqui?" eu perguntei.

"Cleo está almoçando com os Kavanagh então eu pensei em


pegar uma carona e visitá-la."

"Você não foi convidada?"

Ela colocou seu cabelo atrás da orelha, mas os fios loiros eram
muito curtos para ficarem presos

e se soltaram. "Eu fui, mas preferi vir vê-la."

Eu sorri. "Obrigada, querida. Aqui não está muito excitante." Eu


brandi o martelo. "Estou

fazendo alguns reparos. Você tem a certeza que não quer ir


almoçar com os Kavanagh? O cardápio é

sempre maravilhoso."

"Não. Eu vou ajudá-la. Você tem outro martelo?"


Mostrei-lhe a maleta de ferramentas. "Não tenho outro, mas você
pode me passar os pregos."

Ela se sentou no degrau mais alto e pegou a caixa de


pregos. "É provavelmente melhor eu não

tentar usar o martelo. Provavelmente vou martelar o meu polegar


ou algo assim."
"Você não é boa em trabalhos manuais?"

Ela deu de ombros. "Eu não sei. Eu nunca tive de consertar


qualquer coisa. Cleo sempre cuida

dos reparos em casa, ou ela chama alguém quando não sabe o que fazer."

Eu posicionei o suporte de apoio por baixo do degrau e coloquei


um prego. "Parece que

talvez você precise aprender, agora que ela tem um novo

projeto." "Um novo projeto?"

"Reece."

Sua boca formou um O. "não deixe ela te ouvir chamar-lhe de


projeto. Parece curto prazo e a

Cleo definitivamente quer ficar com ele por muito tempo."

Eu me sentei e olhei para ela. "Eles pareciam muito sério ontem.


Você acha que vai durar?"

"Espero que sim. Eu gosto dele. Quando ele não está sendo um
idiota, ele é legal. Dê tempo

ao tempo, Cassie. Talvez você veja que ele não é tão ruim."

"Eu conheço os Kavanagh a muito mais tempo do que você,


Becky." Eu disse. Ela não queria

ouvir a minha triste história com meus vizinhos mais próximos e


eu não queria falar sobre esse

assunto. A história era uma grande bagunça e era melhor ficar no


passado. Concentrei-me sobre
os aspectos positivos em vez disso. "Ash é um cara legal, isso eu
tenho que dizer. E admito que eu

não conheça muito bem os dois irmãos mais novos. Eu os vejo na


rua, mas isso é tudo." Ash era o

irmão no meio de cinco e é um cara legal. Sempre que tive algum


problema com meus vizinhos, eu

ligava para ele e ele falava com seus pais. Nenhum dos filhos ainda
morava com os pais, mesmo

a casa sendo do tamanho de um campo de futebol.


Provavelmente não queriam viver sob o mesmo

teto que a mãe dragão. "Vão todos almoçar lá hoje?"

"Todos, exceto Blake."

Meu coração bateu mais rápido no meu peito, como sempre fazia
quando eu ouvia o nome

dele. Velhos hábitos demoram a morrer, eu acho. "Talvez ele tenha


deixado Roxburg outra vez." Eu

tentei soar como se eu não me importasse. "Agora que Reece


decidiu não derrubar esta casa, Blake

não tem motivos para ficar.

"Talvez. Mas parece que ele não tem uma razão para ir embora agora."

Eu não segurei o prego que ela me passou e ele caiu através do


espaço entre os degraus e pousou

no chão. "O que você que dizer?"

"Você não sabia? Ele deixou o exército."


Macacos me mordam. Blake tinha ficado no exército durante
todo este tempo? Isto explicava seus

músculos bem desenvolvidos. "Nem sabia que ele tinha se


alistado." Peguei outro prego e me

concentrei na tarefa. Se eu deixasse meu foco, eu poderia acabar


com um dedo machucado.

"Aparentemente ele não contou para a família dele também,


durante alguns anos. Eu acho que

eles contrataram um detetive para encontrá-lo, mas ele nunca


escreveu ou telefonou. Que tipo de

pessoa faz isso com sua família?"

Uma pessoa que quisesse desaparecer.

"Ele parecia muito intenso com você ontem." O tom de Becky era
curioso, mas eu demorei em

respondê-la. "Vocês têm uma história." Não era uma pergunta.

"Nós nos conhecemos a nossa vida toda. Eu costumava sair com


ele." Foi tudo que falei. Eu

gostava de Becky, mas eu preferia manter nossa relação como


professor aluna. Era mais fácil assim.

"Bom trabalho," ela disse, inspecionando o degrau.

Eu testei o degrau com o meu peso. Ele agüentou então eu pulei


para testá lo melhor. "Café

primeiro ou trabalhar no jardim?"

"Café," ela disse, sorrindo. "E depois eu vou te ajudar. Tenho


certeza que eu fiz aquele estrago."
Eu coloquei o martelo de volta na caixa de ferramentas e fechei a
tampa. "Não se
preocupe. Considerando-se o caos de ontem, o lugar está
ótimo. Além disso, jardinagem é relaxante."

"Pelo menos você não precisa limpar sua cerca."

"Huh?"

Ela me olhou como se eu fosse estúpida. "As cercas ao longo de


sua rua. Você ainda não viu?"

"Não saí de casa." Eu olhei para a alameda, mas a minha cerca


estava fora de vista. Essa era a

melhor coisa sobre a vida em um subúrbio como Serendipity


Bend. As propriedades eram

enormes

as

cercas

da

entrada

ficavam

longe

das

casas.
Podia

ter

uma manada de elefantes descendo a rua e eu nem saberia.

"Todas as cercas ao longo dos salgueiros foram grafitadas durante


a noite," disse Becky.

"Foram grafitadas? Todas elas?"

"Exceto a sua."

Eu franzi a testa. "Por que não a minha?"

"Isso é o que Ellen Kavanagh gostaria de saber."

Ellen Kavanagh, a matriarca da família e uma mulher


indomável. Ela administra seu próprio

negócio e está indo muito bem. Ela tinha sido rigorosa quando
éramos crianças e uma feroz defensora

dos direitos da mulher e da preservação de Serendipity Bend.


Das suas unhas bem feitas até seus

sapatos Prada, ela é forte e feroz.

Eu fui até a entrada, Becky do meu lado e passamos o portão de


ferro. Ao contrário dos

meus vizinhos, eu deixava meu portão aberto, em parte porque eu


não tinha nada para ser roubado,

mas principalmente porque o interfone não funcionava. Ao longo da


rua eu vi pessoas limpando o

grafite das cercas feitas de pedra ou de tijolo. Não eram


membros das famílias, mas o pessoal que
cuidava dos jardins ou alguém que tinha sido contratado. Só a
minha cerca permanecia intocada.

"Uau," eu disse. "Pergunto-me porque a rua toda foi

grafitada." "Pergunto-me porque a sua cerca não foi."

Se eu tivesse que adivinhar, diria que era porque alguém tinha


visto a confusão de ontem no
noticiário e sentiu pena de mim. Era o clássico David contra o
Golias, e ninguém nunca simpatiza

com o Golias. Talvez eles pensassem que a luta não tinha


acabado e estavam expressando sua

raiva contra a América corporativa querendo tirar uma pessoa de seu lar.

"Esse está muito bom." Mostrei uma cerca em frente a minha casa.
Tinha a pintura do rosto de

um palhaço com lágrimas escorrendo pela sua bochecha. O resto


das cercas estava marcado apenas

com a assinatura do artista, mas deve ter levado algum tempo


para ser concluído na escuridão da

noite. As proporções estavam todas corretas, e o sombreamento


tinha sido usado com grande

efeito para destacar os olhos tristes do palhaço. A pintura era


evocativa, linda e me deu vontade

de abraçar o pobre palhaço. Certamente eu não queria que


limpassem essa pintura. Infelizmente, isso

é exatamente o que o homem vestido de macacão laranja estava fazendo.


"A polícia viu esta?" Eu perguntei, na esperança de retardar o
processo um pouco mais.

Becky acenou com a cabeça e riu. "Você vive em uma bolha, não é?"

"Não posso ver a rua da minha casa." Dei de ombros. "É


isolada e tranquila."

"Ou solitária."

Eu pisquei para ela, mas ela não reparou. Ela estava acenando para
sua irmã e para Reece de pé

no portão da casa dos Kavanagh. Eles acenaram de volta.


Becky pegou minha mão e me arrastou.

Eu me obriguei a ter a minha primeira conversa com Reece desde


que ele tinha cancelado

as escavadoras. Os poucos minutos que ele tinha passado me


dizendo que iria deixar a minha casa

intocada não contavam. Talvez ele fosse me dizer que tinha


mudado de idéia.

Cleo me abraçou antes que eu conseguisse dizer "Oi." Olhei de


relance para Reece e ele me deu

um sorriso tímido.

"Nunca está tranqüilo em Willow Crescent," ele disse.

"Que bagunça," Cleo disse se afastando de mim. Ela assentiu com


a cabeça para o palhaço. "Este

ficaria bem numa tela, mas isso não combina com a rua.
"Estávamos todos de costas para o portão

dos Kavanagh e olhávamos para o triste palhaço.


"Não sei," disse Reece. "Existem alguns palhaços que vivem por aqui."

"Mega ricos," disse Cleo, enganchando o braço em volta da


cintura dele. "Aposto que eles não

estão chorando."

"O dinheiro não compra felicidade." Ele beijou o topo da cabeça


de Cleo. Ela olhou para

ele com tanto amor nos olhos dela que doía a alguém que visse

de fora. Senti que estava atrapalhando.

"Aparentemente sua mãe acha que eu tenho algo a ver com isso,"
eu disse, cruzando os braços.
Reece franziu a testa. "Não, ela não acha."

"Mas ela está se perguntando por que a minha cerca não foi um alvo."

"Todos nós estamos," disse Cleo. "Mas não porque pensamos


que você tenha algo a ver com

isso."

Era fácil lutar com um Kavanagh, mas não quando uma Denny
juntava forças com eles. Eu

gostava de Cleo e Becky. Eu não queria discutir com elas.

"A polícia está inspecionando as imagens das câmeras de


segurança das casas," Reece disse,

apontando as câmeras anexadas aos portões. "Elas


provavelmente conseguiram gravar o suspeito

especialmente com essa assinatura dele. É bem notável."


"Eu só espero que a pobre criança seja deixada em paz
após uma advertência," eu disse. "O

grafite não é um delito pesado."

"Nesse caso, é melhor que ele não volte. Há alguns aqui que
querem vê-lo recebendo a pena

máxima."

Imagine. Os moradores de Willow Crescent — de Serendipity


Bend com relação a esse assunto

— se orgulhavam de suas sebes perfeitas e gramados bem


cuidados. Eles não se importariam com o

que aconteceria com o menino pobre sem teto, como muitos


grafiteiros eram desde que ele nunca

mais fizesse. Eles nunca tiveram que se preocupar da onde viria a


próxima refeição ou como manter

se quente no inverno. Eu me incluía nessa lista. Posso não ser tão


rica como todos os outros em The

Bend, mas eu sempre tive um teto sobre minha cabeça. Eu


esperava ser mais solidária do que a

maioria, particularmente para um artista talentoso como era o grafiteiro.

“Eu vim para falar com você,” Reece disse para mim. "Eu
tenho uma proposta para te fazer."

"Você vai me expulsar?"

"Não vou faltar com a minha palavra, Cassie."

Eu engoli e não disse nada.


"Eu quero reformá-la," ele disse.

"Você disse ontem. Você não mudou de idéia?"

Ele sorriu. "Não. Precisa de reparos, e estou preocupado —


estamos preocupados — isso pode

cair em cima de você."

Eu não tinha nenhuma ilusão de que era Cleo a pessoa que eu


tinha que agradecer por esta

mudança em sua atitude. "Você não precisa," eu disse para ele.

"Eu preciso. É responsabilidade do proprietário. Além disso, eu


quero. Se eu deixar a

propriedade como está agora, vai custar muito mais para


consertá-la mais tarde. É mais econômico

resolver problemas antes que se tornem grandes."

Essa atitude, eu entendia. Soou mais como a maneira que Reece


pensaria. Ele era tudo sobre
dinheiro e estava protegendo o seu investimento.

"Certo," disse. "Só me avise quando os empreiteiros vão aparecer."

"Sobre isso precisamos conversar." Ele limpou a garganta. "Quero


contratar Blake."

"Não!"

"Vamos, Cass, por favor. Ele sabe o que fazer."

"Tenho certeza que ele sabe, mas não me importo. Não o quero por perto."
Cleo e Becky trocaram olhares. "Ele precisa de algo para fazer,"
Reece falou. "Ele precisa de

trabalho, ou ele vai enlouquecer. Estou preocupado —"

"Eu disse não. Encontre outra pessoa para fazer, se ele está entediado."

"Cassie," ele disse calmamente, ameaçadoramente. "A propriedade


é minha. Se quero empregar

meu irmão, eu posso."

"É minha casa, não uma propriedade. E como inquilino estou


no meu direito de recusar a ter um

determinado trabalhador." Eu não sabia se isso era verdade ou


não, e não me importava.

O pensamento de ter Blake dentro dos mesmos muros que eu


estava me fazendo me sentir tonta.

Tinha sido ruim o suficiente vê-lo ontem, mas vê-lo todos os


dias, o dia inteiro, me transformaria

em uma bagunça patética. Não podia deixar meus alunos me


verem assim. Não podia

deixar Blake me ver assim. "Não quero ele perto de mim ou de


minha casa. Está claro?"
"Completamente," veio uma voz atrás de mim afiada como uma
lâmina de aço. Uma voz que

me fez ficar quente e fria ao mesmo tempo. Blake.

CAPÍTULO 2

Fechei os olhos, enquanto meu coração quase parou de bater.


Senti-me como a maior puta do
mundo, mesmo tendo a certeza de que cada palavra que eu tinha
dito era o que eu realmente sentia.

Não queria Blake perto de mim, porque sua presença ferrava


a minha cabeça. Mas se eu soubesse

que ele estava ouvindo, eu não teria dito tudo tão duramente.
Odiar Blake na cara dele era muito mais

difícil do que odiá-lo de longe.

"Cassie," Reece disse. O apelo na voz dele me surpreendeu.


Reece nunca tinha suplicado.

Nenhum Kavanagh suplicava.

"Esquece," Blake falou para seu irmão. "Eu avisei que ela diria não."

Eu ouvi o cascalho atrás de mim enquanto ele se afastava.


Como eu não tinha ouvido ele se

aproximar? Ou ele já estava lá, ou ele tinha chegado furtivamente


como um gato. Talvez este fosse o

seu treinamento militar ultra-secreto.

"Desculpe," eu murmurei, tanto para Reece quanto para Cleo e


Becky. Não era justo eles ficarem

envolvidos em nossos dramas. "Mas eu não posso ter Blake


ao redor, Reece. Você sabe disso."
Cleo passou seus braços pelos meus ombros. "Em parte a culpa
é minha. Ellen e eu pensamos

que seria uma boa idéia colocar vocês dois se falando outra vez."

"Ellen!" Coloquei minhas mãos pra cima, como se eu pudesse


afastar todas as minhas
preocupações. "Cleo, não se envolva nas porcarias dos
Kavanagh, está bem?"

Reece ficou arrepiado e ela suspirou. "Nós vimos vocês dois


conversando ontem," ela disse.

"Admito ter pensado que vocês pareciam pertencer um ao outro.”

"Claramente você não estava pensando corretamente.


Blake e eu terminamos. Muita água

passou sob a ponte e derrubou todas as fundações. Agora não

tem volta." Ela me deu um sorriso e disse. "Sinto muito, Cassie."

Eu respirei profundamente e, num impulso, apertei a mão dela. A


conexão entre nós duas era real

e eu me senti mal por fazê-la sentir-se miserável. "Esquece. Eu sei


que você quis fazer o que achava

que seria o melhor. Eu devo muito a você e a Becky. Não tive a


chance de agradecer-lhes

corretamente, mas quero que você saiba que agradeço muito a


sua ajuda. Vocês duas ficaram

comigo todo o final de semana e no bombardeio de ontem. Sem

mencionar que você convenceu Reece que ele estava sendo um

idiota."

Reece teve a decência de corar um pouco. Cleo riu. "Eu vou


tomar conta para que ele seja um

bom senhorio. Começando com a contratação de bons


empreiteiros para fazer as reformas

necessárias na casa. Que tal você fazer uma lista dos


trabalhos mais urgentes para que ele possa
começar a providenciar os reparos."

"Eu tenho um gerente para fazer essas coisas, Cleo," Reece disse
olhando-a divertido.

"Esta não é apenas uma propriedade," Becky se intrometeu.


"Como a Cassie disse, é um lar e um

lar requer um toque pessoal. Cleo pode supervisionar os trabalhadores."

"Ela vai estar ocupada. Estou contratando-a de volta como


minha PA (Personal Assistant –

Assistente Pessoal)."

"Eu dou conta," ela disse. "Becky, você pode ajudar."

"Eu! Por que eu?"

"Porque você me pediu para fazer mais e me disse que queria


procurar um emprego. Por

que não experimenta este?"

Falei para Becky. "Vamos, faça. Vamos poder passar mais tempo

juntas." "Está certo."

Gostei de ver o sorriso dela e da sua irmã também. Becky agora


estava a mais de um ano em

remissão, mas Cleo a continuava tratando com luvas de


pelica, não querendo que ela se preocupasse

com os problemas do dia a dia que a maioria das pessoas de


dezoito anos se preocupava. Foi bom

ver que Cleo estava finalmente dando-lhe algum espaço. Becky


era o tipo de mulher que iria voar
assim que conseguisse abrir suas asas.

Nós duas fomos para a minha casa e passamos a tarde fazendo


a lista de reparos. Era uma longa

lista. É um equívoco achar que todos os proprietários de


casas em Serendipity Bend são ricos,

porque no caso da minha família isso não era verdade. Meus


bisavós tinham sidos os primeiros

a comprar terras na rua, arrebatando um bloco quando o preço


ainda era razoavelmente baixo. Meu

bisavô tinha construído a casa ele mesmo e, e apesar de não


ser pobre, a situação financeira não era

da mesma magnitude dos outros moradores. Meu avô


conservou a casa durante a sua vida, mas após

sua morte, nenhum de nós teve habilidades para fazer os


reparos necessários, então a vovó

tinha que pagá-los, bem como criar os três netos depois que
nossos pais morreram. Os

custos simplesmente tornaram-se muito altos e ela parou de fazer


os reparos necessários. Depois que

ela morreu e meu irmão herdou a casa, graças às idéias antiquadas


do nosso avô sobre

primogenitura masculina, os reparos ainda não podiam ser


feitos. Lyle deixou Roxburg e

desperdiçou o dinheiro que ele tinha, e finalmente, quebrou sua


promessa para a nossa avó de
me deixar ficar na casa. Ele a vendeu para Reece não muito tempo
atrás. Eu não falei com Lyle

sobre a venda. Na verdade, eu não falava com meu irmão há


anos, nem queria.

"Então é isso," disse Becky, verificando sua lista com uma xícara
de café. "Eu acho que contratar

os empreiteiros é o próximo passo."

"O Gerente de Propriedades de Reece deve conhecer alguns,"

eu disse. "Eu quero fazer o trabalho sozinha."

"Eu sei que você quer, mas não adianta tentar reinventar a roda.
Não vai te fazer ser uma gerente

de propriedades menos eficiente se você aproveitar o trabalho


alheio. Além disso,

Reece vai querer que você use empreiteiros confiáveis."

Ela mordeu o lábio. "Acho que você está certa."

Discutimos os reparos até que Cleo a chamou e Becky teve que ir.
Eu estava sozinha novamente.

Geralmente não me importava de ficar sozinha. Droga, tinha tido


tempo suficiente para me acostumar.

Mas hoje, as lembranças me deixavam inquieta. Não as que eu


geralmente tinha sobre a minha linda e

frágil irmã, Wendy, ou de nossos pais, mas de Blake. Tê-lo


valsando de volta à minha vida, depois de

anos me fizeram ir à procura de chocolate e vinho. Pior que a


minha tendência para afogar as
mágoas com maus hábitos alimentares, no entanto, era a
reação do meu corpo por causa dele. Meu
corpo ainda vibrava, quando ele estava por perto. Não precisava
vê-lo para saber que ele estava lá.

E caramba, ele estava ainda sexy como nunca.

As palavras de Reece ecoavam no meu cérebro:

Ele está por um fio, e ele é alguém que precisa de trabalho, ou ele
vai ficar louco. Ele disse que estava preocupado com Blake. Reece
estava preocupado com Blake — tinha acontecido

uma mudança. Tinha sempre sido o contrário. Certamente,


Reece estava exagerando.

Certamente o valentão Blake era tão capaz como sempre tinha


sido em se livrar de seus problemas.

Ele simplesmente podia ir embora se quisesse. Não havia nada e


ninguém para impedi-lo.

Sim, Reece devia estar preocupado por nada. Claro que


eu não ia desperdiçar meu tempo

pensando sobre Blake.

Se ao menos meu subconsciente me ouvisse, porque eu


sonhei com ele naquela noite e na seguinte

e quase todas as noites durante três meses.

Demorou algum tempo para eu voltar a vê-lo novamente. Eu pensei


que ele tinha deixado

Roxburg. Eu não perguntei para Becky enquanto ela ia e vinha


na minha casa com os
empreiteiros, e eu me recusava a perguntar para um Kavanagh.
Além disso, era apenas curiosidade e

eles podiam ver algo na minha pergunta que não estava lá.

"Ele fez novamente," Becky disse uma manhã quando chegou


para a aula de arte dez minutos mais

cedo do que os outros alunos.

Olhei para cima dos pincéis. Meu coração ficou silencioso no


meu peito. "Desaparecido?"

"Huh?"

"Blake. Você disse que ele fez de novo."

"Blake não." Ela me deu um sorriso manhoso, como se ela


estivesse compartilhando um segredo,

só que eu não sabia qual era esse segredo. "O grafiteiro


amigo da vizinhança."

Meu coração bateu de novo. Concentrei-me em colocar os


pincéis posicionados apenas para a

direita. "Ele atacou novamente durante a noite?"

"Sim. Desta vez ele pintou dois cães magros brigando por um osso."

O grafiteiro ainda não tinha sido pego, apesar dos esforços da


polícia. Cada duas ou três

semanas, ele visitava Willow Crescent e pintava uma imagem


diferente na grande cerca em frente a

minha casa. Minha cerca nunca tinha se tornado um alvo, apesar


de parecer uma boa tela. Após o
primeiro retrato do palhaço em lágrimas, ele tinha feito uma cena
na praia com um navio de

guerra no horizonte, um prédio com intensas chamas cor laranja


lambendo as janelas e agora os cães.

Tudo mostrava o talento dele, tão bom quanto o de qualquer um


dos meus alunos e às vezes

muito melhor.
"É definitivamente um pedido de ajuda," disse, inclinando-me na
mesa. "Agora tenho certeza."

"Talvez ele seja sem-teto," Becky disse. "Coitado."

As imagens de segurança da rua mostraram que era apenas um


homem, mas ele sempre usava

um capuz e nunca mostrava seu rosto. Era só uma questão de


tempo antes de ser apanhado. Os

moradores de Willow Crescent estavam em alvoroço por seu


domínio ter sido alvo de algo que eles

consideravam feio. Afinal havia um lugar para a arte, de acordo com


eles, e não eram as cercas na

frente das casas.

"Reece nos disse que a polícia está planejando ficar de tocaia para
pegá-lo," disse Becky.

Eu balancei minha cabeça. "O garoto pode não voltar por


semanas. É um desperdício de tempo e

recursos."
Meus alunos começaram a chegar e o grafiteiro foi esquecido até
que tive que ir sair de casa.

O ar fresco do outono estava frio e uma brisa forte brincou com meu
cabelo. Eu tentei amarrá-lo,

mas era o tipo de cabelo que se recusava a se comportar.


Sentei-me no meu carro durante cinco

minutos e puxei-o para trás e fiz uma trança. Eu ia me encontrar


com uma amiga para beber após

o trabalho dela na galeria.

Eu saí da garagem, mas tive que pisar no freio, quando uma


moto passou por mim na rua. Era

Blake e ele não estava usando um capacete. Idiota. O cara


devia estar querendo morrer. Pelo

menos eu sabia que ele ainda estava em Roxburg. Talvez ele


estivesse na casa de seus pais. Eu

não queria saber.

Mas não pude parar de pensar nele a noite toda. Seus pais
sabiam que ele não usava

capacete? A mãe dele não ficaria feliz. Depois, ele tinha mais de
trinta, ele podia fazer o que

quisesse. Ainda assim, alguém precisava sentá-lo e dar-lhe um


sermão sobre segurança.

Eu estava sendo uma péssima companhia para minha amiga Steph


então fui embora mais cedo. Já

estava escuro quando me dirigi para casa e estacionei o carro na


garagem. Eu tinha me esquecido
de deixar uma luz acesa na varanda e a casa estava escura,
silenciosa, um denso conjunto

vazio contra as árvores e um céu estrelado. Não estava pronta para entrar.

Eu não sabia o que me fez andar pela a alameda de volta para a


entrada. Não havia nenhuma

maneira para eu pegar o grafiteiro. Era muito cedo e ele já tinha


feito suas pinturas na noite

anterior. Ele não faria isso novamente tão cedo. Mesmo assim
procurei por ele.

Um movimento perto dos portões dos Kavanagh chamou a minha


atenção. Poderia ter sido um
gato, ou apenas o vento, mas eu achava que não.

"Olá?" Eu chamei. "Alguém aí?" De repente desejei ter trazido


uma arma comigo. Que tipo de

idiota passeava por aí à noite sem proteção? Uma pessoa confiante,


eu acho. Eu dobrei meus braços

no meu peito contra o frio, que estava se infiltrando em meus


ossos. "Olha, você está me assustando,

se há alguém aí e não vai me machucar, apareça."

Para minha surpresa, alguém emergiu das sombras. Reconheci seu


físico de ombros largos, e a

postura autoconfiante. Blake.

Eu queria correr de volta até a porta da garagem, mas meus pés


estavam enraizados no lugar. Ele
veio na minha direção. As luzes da rua tinham sido modificadas nas
últimas semanas, mas ainda

pareciam fracas. Blake se manteve nas sombras como uma


pantera rondando sua presa.

Eu percebi que estava de pé dentro de um arco de luz, um alvo fácil.

"Você não deveria estar aqui sozinha," ele disse baixinho. Sua
rica voz masculina

deslizou através de mim, me aquecendo. "É perigoso."

"Não acho que o grafiteiro seja uma ameaça."

"Você não sabe."

Estávamos bem perto um do outro, calados, só nos olhando.


Senti-me em desvantagem.

Era difícil vê-lo, mas ele seria capaz de me ver facilmente. O


momento alongou-se, e tornou-se

desconfortável. Blake não fazia barulho. Eu não podia nem ouvi-lo


respirar. O sangue que corria nas

minhas veias estava muito alto para os meus ouvidos. Devia ter ido
embora antes que ele se

aproximasse, mas eu não tinha ido e agora estava batendo um


papo idiota com ele.

"Por que você está aqui?" Finalmente perguntei para quebrar a

tensão. "Só de olho nas coisas."

"Você se autonomeou policial para pegar o grafiteiro?"

Minha piada não foi boa. Ele não disse nada.


"Se você pegá-lo, não o machuque," eu disse.

"Por que não?"

"Provavelmente é apenas uma criança sem teto."

"Você não sabe."

Eu suspirei. "Quando ficou tão insensível, Blake? No exército ou, antes?"

Vários momentos passaram antes que ele respondesse.


"Com esse comentário você já concluiu

que não tenho coração?"

Eu mordi meu lábio. Talvez eu tivesse falado sem pensar. Mas


Blake tinha uma forma de me

irritar e nos últimos três meses por não conseguir vê-lo


enquanto o procurava por cada esquina

tinha esticado meus nervos ao ponto de uma ruptura.

"Sinto muito. Você está certo. Devo apenas... ficar calada." Eu ia


sair, mas sua

voz baixa, gutural me parou.

"Fique. Por favor, Cassie. Não me evite."

"Eu evitá-lo? Eu estava na minha casa em Willow Crescent,


Blake. Onde você esteve nestes

últimos três meses? Ou nos últimos oito anos?"

"Trabalhando. Nos últimos três meses eu reformei uma velha


casa que eu comprei. Eu a vendi
no último fim de semana, portanto estou de volta aqui até
encontrar outro projeto. Antes disso, estava

onde o exército me mandava. Às vezes em casa, outras


vezes no Afeganistão e em alguns

outros lugares que não posso falar."

Uau. Foi uma resposta mais detalhada do que eu esperava


conseguir. Na verdade, não

esperava que ele me respondesse. "Você trabalhou em


alguma coisa secreta?"

"Algumas vezes."

"Por que parou?"

Ele colocou as mãos nos bolsos da calça jeans e olhou para o


pavimento. "Um par de razões."

Tive a impressão de que ele poderia falar sobre essas razões se eu


desse um empurrão, mas

eu não dei. Não queria ver dentro da cabeça de Blake. Eu estava


com medo do que eu poderia

encontrar.
"Você pode ficar aqui um tempo," eu disse para ele. "Ele ataca
todas as semanas."

Ele encolheu os ombros. "Não tenho nada melhor para fazer

agora." "Você vai ficar aqui fora a noite toda, todas as

noites?"

"Preocupado comigo, Cass?" Ele parecia estar se divertindo, maldito.


"Claro que não. Você é grande o suficiente para cuidar de si
mesmo. Mas falando de estar

preocupada, sua mãe sabe que você anda de moto sem

capacete?" "Você está preocupada comigo."

"Eu não! É a sua cabeça e sei como ela é dura e teimosa. Aposto
que ela iria sobreviver

a qualquer coisa."

Eu saí sem olhar para trás. Eu juro que eu o ouvi dando


uma risada baixinha, mas poderia ter

me enganado.

Eu acendi todas as luzes na parte da casa que eu ocupava.


Eu tinha desligado a outra metade

depois que a vovó morreu. Era muito grande para manter limpa e
era mais barato ter só metade dela

fresca no verão e quente no inverno. Durante a próxima hora,


tentei me ocupar, mas eu não conseguia

resolver nada.

O que eu realmente queria era falar com alguém. Eu peguei o


telefone para ligar para Becky, mas
desisti. Ela tinha sua irmã para fazer-lhe companhia. Ela não
precisava de mim para fazê-la perder

seu tempo. A única outra pessoa que eu senti que podia chamar
era Steph, mas eu tinha acabado de

vê-la. Ela acharia estranho eu telefonar sem nenhuma razão em particular.


Então me sentei no meu quarto com uma xícara de chocolate em
minhas mãos no vão de janela.

Eu não podia ver a estrada, mas não importava. Eu imaginava


Blake em pé nas sombras, procurando

pelo grafiteiro.

Sentei-me na janela do meu quarto na noite seguinte e todas as


noites por uma semana. Mais de

uma vez, tive vontade de sair, mas mudei de idéia. Na segunda


semana, eu fiz isso. Saber que Blake

estava lá fora no ar fresco da noite perto do meu portão estava me


deixando louca. Não que

eu quisesse vê-lo ou falar com ele. Parecia injusto que ele


estivesse protegendo o bairro,

quando ele era apenas um residente ocasional.

Tomei cuidado para pisar no solo macio em ambos os lados da


alameda. Tinha chovido naquela

tarde e a terra úmida cheirava a ar fresco e limpo. Eu me recostei


no poste de ferro e olhei na

escuridão para o portão da casa dos Kavanagh. Não havia


nenhum movimento. Se ele me viu, não

saiu do seu esconderijo. Talvez ele nem estivesse lá.

Eu esperei, fiquei olhando. O que ele pensava enquanto mantinha


vigília? Me? Suas experiências

no exército? Ou talvez ele deixasse seus pensamentos escapulirem


para um grande nada.
As horas passaram. Minhas pernas ficaram duras e meu estômago
rosnou de fome. A lua brilhava

atrás das nuvens. Rastreei seu progresso no céu até que achei
que devia passar da meia-noite. Eu

estava prestes a entrar quando o movimento de alguém me chamou


atenção. Não era perto do portão

dos Kavanagh, mas na cerca oposta a minha.

O grafiteiro estava de volta.

Ele usava um capuz escuro e jeans. Ele não ligava para os


candeeiros mais brilhantes ou para as

câmeras de segurança. Ele pousou a mochila dele e puxou


pincéis, tintas e uma paleta. Ele não tinha

latas de spray. O cara era um profissional.

Olhei para o portão dos Kavanagh, mas estava tudo tranquilo. O


grafiteiro começou a pintar.

Blake não apareceu. Ele iria esperar até que o cara acabasse? Ou
talvez ele nem estivesse lá.

"Ei!" Eu chamei. "Pare!"

Ele se virou com o pincel no ar e não se mexeu. Ele parecia incerto


se devia ficar ou correr.

Eu posicionei minhas mãos em sinal de rendição e fui um pouco


mais perto dele. "Mantenha

as mãos onde eu possa vê-las," eu disse para ele, falando num


tom suave como se estivesse
abordando um gato arisco. "Não quero te machucar, mas eu quero falar."
Ele riu e se voltou para a cerca. Achou que eu não era uma grande
ameaça. Ele estava certo.

Ele era maior que eu. "Então fala. Não significa que eu vou te ouvir."

Certo. Permaneci na borda da calçada, a alguma distância


dele. Ele continuou a pintar. "Os

moradores daqui não estão felizes. Estão fartos de limpar as


cercas depois que você pinta."

"Não apreciam arte." Ele continuou a espalhar a tinta com o pincel.


Eu tinha certeza que

ele não ia me machucar. Ele já poderia ter me atacado.

"Na verdade eles apreciam. Mas não em suas cercas." Ele não
disse nada. "Eu deveria

chamar a polícia."

"Você não quer ver o que eu vou pintar?" Ele trocou os pincéis e
molhou na tinta marrom.

Eu tentei uma tática diferente. "Por que esta rua?"

"As cercas parecem telas e aqui tem muitos idiotas

arrogantes." "Verdade para as duas afirmativas."

Ele olhou para mim por cima do ombro, um vislumbre de um


sorriso em seus lábios. Foi a única

parte do rosto que eu pude ver por causa do capuz. "Além


disso, limpar minhas pinturas lhes dá algo

para fazer," ele disse, voltando para a cerca. "Nada como um


pouco de exercício para emagrecer
gatos gordos."
"Que gentil da sua parte. Exceto que você se esquece que as
pessoas daqui não limpam. Elas

contratam outras pessoas para limparem para elas."

Ele meramente rosnou.

"O que tem de errado com a minha cerca? Parece ser uma
boa tela em branco para mim."

Ele encolheu um dos ombros.

"É porque eu também sou uma artista?"

"Você é?" ele disse, com preguiça.

"Você sabe que eu sou. Você fez isso para chamar a minha
atenção sem querer me irritar

diretamente. A propósito, bom trabalho. Você conseguiu ter a


minha atenção. Seu trabalho é muito

bom e você tem talento. Com um pouco mais de direção, você pode
ser um artista fabuloso."

"Direção?" Ele bufou. "Tentando me inscrever nas suas aulas?


Eu tenho novidades para você

senhora, eu não tenho dinheiro para pagar suas exclusivas aulas de arte."

Então ele sabia quem eu era e o que eu fazia. Minha


curiosidade foi oficialmente provocada.

"Minhas aulas não são exclusivas e o preço das aulas é razoável.


Quero que todos sejam capazes de

pagar pelas aulas."


Ele apenas deu uma fungada e passou seu pincel em sua paleta,
e voltou a pintar.

Eu estava prestes a lhe oferecer ensino gratuito, quando vi, pelo


canto do meu olho, alguém se

mover. Vi outra figura encapuzada emergindo da escuridão da rua.


Esta era mais alta que o artista,

apesar dos ombros encurvados. Seu capuz cobria parte do rosto


também, mas enquanto ele se

aproximava, eu podia ver o sorriso de escárnio nos lábios


finos. Ele caminhou até onde eu estava,

mas o artista ficou na frente antes que ele me alcançasse.

"Não," disse o artista, sua voz aguda mais alta. "Deixa ela em
paz." Ele segurou suas mãos

salpicadas de tinta. "Por favor, Skull."

Eu encolhi, e meu coração foi parar na garganta. Tudo dentro de


mim gelou. Skull. Que tipo

de nome era este? Talvez o apelido do membro de uma gangue.


Não era o nome que você dava para

uma pessoa agradável e razoável. Eu não conseguia nem correr


de volta para minha casa. Skull

estava no meu caminho e eu apostava que ele poderia correr mais


rápido do que eu.

"Quem é você?" A voz de Skull soava ameaçadora.

Eu engoli, mas meu medo permaneceu. "Uma cidadã

preocupada." "Você mora aqui?" Para o artista ele

perguntou: "isto é ela?"

Eles tinham falado sobre mim? Por que diabos? Eu queria perguntar,
mas eu não queria atrair
qualquer irritação de Skull. Era melhor eu me manter

calma. "Sim," disse o artista. "Eu reconheço o cabelo

dela."

Skull estendeu a mão e enrolou um fio de cabelo que caía do meu


rosto ao redor do seu dedo.

Segurei-me, apesar do desejo de engasgar com o cheiro de


sujeira de dias que flutuava nele. "Um

cabelo bonito. Selvagem." Ele inclinou-se. Seu bafo quente na


minha bochecha. "Eu gosto do

selvagem."

"Por favor,” eu sussurrei, "Deixe-me ir."

"Ela é inofensiva," o artista disse rapidamente. Ele lambeu os


lábios secos. Eu não esperava que

ele fosse me salvar, apesar de sua insistência. Ele era menor que
Skull e não tão assustador.

Skull agarrou mais cabelos em seu punho. Ele torceu, quase


puxando eles pela raiz. Eu chorei

com a dor no meu couro cabeludo.

"Seu idiota," rosnou Skull. "Ela viu você. Ela nos viu. Ela
pode nos identificar."

"Não posso!" Eu chorei. "Seus capuzes escondem seus rostos.”

"Por favor, Skull," o artista implorou. "Eu faço qualquer coisa se


você deixá-la ir."
Skull riu. "Qualquer coisa? Sério?” O clique de um canivete me fez
dar um salto e o meu salto o

fez rir. "Primeiro, quero levar este cabelo selvagem, para me recordar dela."
O aço frio pressionado contra a minha bochecha. Eu fechei meus
olhos e tentei me afastar, mas

Skull segurava meu cabelo também. Era somente cabelo. Eu


poderia perder alguns fios. Contanto que

isso fosse tudo que ele cortaria.

CAPÍTULO 3

Skull respirou e soltou meu cabelo. Abri os olhos para vê-lo


desmoronar no chão aos meus

pés. Atrás dele estava Blake.

Eu quase joguei meus braços em volta dele em agradecimento.


Não sei o que me segurou. Talvez

o feroz brilho em seus olhos quando ele olhou para Skull. Eu


comecei a tremer e, para meu horror,

a chorar. Enterrei o rosto em minhas mãos e de repente os braços


de Blake estavam ao meu redor, me

segurando contra seu peito. Ele acariciava minhas costas, meu


pescoço e deu um beijo no

topo da minha cabeça. Seu calor passou através da


minha roupa, acalmando-me, e eu parei de tremer.

"Você está bem?" ele sussurrou com os lábios no meu

cabelo. Eu concordei com a cabeça.

Ele gentilmente pegou meu rosto e o acariciou, enxugando


minhas lágrimas. O seu olhar procurou

meus olhos e por um momento meu coração quase parou de


bater, pensei que ele fosse me beijar.

Skull gemeu e sentou-se. "Que merda." Ele esfregou a cabeça até


que Blake se abaixou e o

colocou de pé. O capuz caiu para trás, revelando um nariz longo


e reto e uma cicatriz curva em

sua bochecha. Seu cabelo era desengonçado e estava pendurado


como ervas daninhas úmidas, sobre

os olhos, protegendo-os. Ele devia ter uns vinte anos. Eu


o achei envelhecido para sua idade.

Ele deu um rosnado. "Cara durão, hein?" Ele não mais tinha sua
faca que estava nas mãos de

Blake.

"Jesus," disse o artista, agora atrás de mim. Ele estava


guardando suas coisas, trabalhando

rápido,

não

se

importando

como

estava

a
pintura.

"Eu

vou,

está

bem!
Você conseguiu o que queria senhora. Eu vou embora e não
vou voltar. Deixe

nos sair daqui, sem polícia."

"Não," disse Blake. Esse simples comando foi o suficiente para todo
mundo ficar parado. "Você a

machucou, e eu vou machucá-lo."

"Eu não toquei nela!" Skull gritou. “Deixe-nos ir, cara."

A mão do artista ainda estava na mochila. O capuz caiu para trás e


eu pude dar a

minha primeira boa olhada nele. Ele não podia ter mais de vinte
anos. Suas características eram um

pouco parecidas com as de Skull só que ele era mais bonito,


como se ele não tivesse ainda perdido

toda sua gordura de bebê.

"Vou fazer um acordo com você," ele disse para Blake. "Pode me
entregar para a polícia, mas

deixa meu irmão ir embora."


Blake e eu já não estávamos mais nos tocando, mas ele
estava perto o suficiente para que eu

pudesse sentir seu corpo tenso. "Irmãos?" ele murmurou.

"É a mim que você quer," disse o artista. "Skull não fez nada. Ele
não tem um osso artístico

em seu corpo."

"A arte é para maricas," zombou Skull.

"Por favor. Eu vou limpar isso sozinho, esta noite. Eu faço minha
confissão para a polícia. Deixe
o ir embora."

"Você tem convicções, ele tem?" perguntou Blake.

Os irmãos se olharam. "Vá" o mais novo disse.

Skull se virou para ir embora sem tirar os olhos de Blake.

"Se eu te encontrar aqui de novo, não vou ligar para a polícia,"


disse Blake. "Eu vou lidar com

você eu mesmo."

Skull mostrou o “dedo,” em seguida, virou-se e saiu correndo.

Ao meu lado, o garoto engoliu ruidosamente. "Qual é seu


nome?" Perguntei-lhe. "Seu nome

verdadeiro, não o nome que você usa na rua."

"Robbie."

"Seu irmão é um covarde, deixou você para trás para enfrentar tudo."
"Não deixe ele te ouvir chamá-lo assim. Ele vai achar que tem que
te provar que você está

errado e eu posso dizer agora, que não vai terminar bem."

"O que eu disse é verdade," Blake falou. "É melhor ele não
mostrar a cara por aqui novamente."

Ele pegou a mochila de Robbie e a vasculhou.

"Ei!" Robbie, protestou. "Cuidado com as minhas tintas."

"Isto é de boa qualidade," eu disse, pegando um dos tubos de tinta


da mão de Blake. "Como você

pode comprá-la?"

"Ele não pode," Blake disse. "Ele rouba."


Robbie não respondeu por que o que Blake disse estava correto.

Blake retirou da mochila uma faca pequena e colocou no bolso de


trás da calça. "Cassie, nosso

artista aqui precisa pegar emprestado algum removedor de pintura."

Eu os deixei e fui para a casa. Peguei o necessário e voltei para a


rua onde parecia que

Blake estava dando uma lição de moral em Robbie. Os braços


do garoto estavam cruzados sobre seu

peito, desafiador. Ambos olharam para mim quando me

aproximei. "Meu nome é Cassie West," eu disse. "E este é

Blake Kavanagh." Robbie assobiou baixo. "Como UM

Kavanagh?"

"Tudo o que você ouviu provavelmente é exagero," Blake


disse-lhe, parecendo um pouco

encabulado.

"Você não é um dos mega ricos e dono de metade de

Roxburg?" "Justamente."

"Eles são super ricos, não mega ricos," eu provoquei. "E eles têm
um terço de Roxburg, não a

metade."

Robbie riu, mas ele murchou sob o olhar de Blake.

"Se limpa," Blake disse. "Cassie, você deve voltar para casa. É
tarde e você levou um susto."

"Está tudo bem. Quero falar com Robbie."


Robbie olhou para mim. "Por quê?"

"Eu tenho motivos"

"Cass," Blake disse outra vez. "Vá para casa. Está ficando frio."

"Alguns minutos trabalhando para remover esta tinta vão me


esquentar." Dei-lhe um sorriso, mas

ele fez uma careta. "Obrigada por me resgatar, Blake. Eu


agradeço. Seu tempo foi impecável."

"O que diabos você estava fazendo aqui fora à noite por conta
própria, de qualquer forma? Eu

pensei que você fosse mais esperta."


"Eu só me aproximei de Robbie quando percebi que ele era
inofensivo. Skull chegou mais tarde."

"Ele não te machucou," Robbie disse. "Ele não machuca


mulheres. Ele ia apenas pegar uma

mecha de seu cabelo para assustá-la e depois ele ia embora."

Blake estava em pé ao lado dele. Ele era enorme em comparação


a Robbie. O garoto deu um

passo para trás. "Quando eu digo que ninguém toca num fio de
cabelo dela, eu falo a verdade." Ele

jogou um pano no peito do Robbie. "Comece a trabalhar."

Cada um de nós começou a remover uma seção da pintura. "O


que você ia pintar?" Eu perguntei

para Robbie.

"Não digo.”

"Faça do seu jeito. Então qual é sua história?"


"Sem história."

Está bem. "Você nunca me disse por que você nunca pintou a

minha cerca." Ele encolheu os ombros. "Não senti vontade de

pintá-la."

"Tem certeza que não tem algo a ver com a tentativa de chamar
a minha atenção?"

Ele ficou esfregando seu pano numa área até não sobrar mais
nenhum traço da pintura.

"Mulheres! Você acha que tudo é sobre você."


Blake riu e eu lhe atirei um olhar fulminante.

“Nesse caso, acho que é sobre mim," eu disse. "Você quer que eu
te ensine alguns truques para

ajudar você a melhorar."

"Não preciso melhorar para fazer esse tipo de coisa." Ele passou a
parte de trás da manga na sua

testa e voltou a remover seu trabalho novamente.

"Você quer pintar cercas toda a sua vida?"

Robbie encolheu um ombro.

"Talvez ele deva pintá-las corretamente," disse Blake. "De acordo


com as instruções do

proprietário. Sem palhaços ou cães chorando, só um bom trabalho


honesto para um bom e honesto dia

de pagamento."

"Preferia cortar meus pulsos."


Eu joguei meu pano na parede. "Não brinque com suicídio. Há
pessoas que sofrem com

depressão e você está desmerecendo a luta delas. Não acredito


que estou perdendo meu tempo aqui

falando com você. Você claramente não aprecia receber ajuda


quando ela está lhe sendo entregue de

bandeja. Volte para onde quer que você tenha vindo com aquele
seu irmão valentão. Fique bem longe

daqui."
Robbie boquiaberto me encarou. Não me importava se eu o tinha
chocado com o meu

desabafo. Ele devia pensar que saiu do nada, mas eu sabia que
não. Blake também sabia. Seu olhar

preocupado me encarou.

Eu saí com lágrimas nos meus olhos. Nenhum deles me seguiu.


Corri até a casa e bati a porta

atrás de mim. Então me sentei no chão e deixe que as lágrimas fluíssem.

Eu não conseguia parar de pensar em Wendy. Minha pobre irmã


mais velha do que eu e com

o peso do mundo nos ombros. Ela tinha sido amada por mim e
pela vovó, mas ela não pôde vê

lo. Ela só tinha olhos para Reece e ele não a tinha amado o
bastante para mantê-la feliz.

Foi injusto de a minha parte descontar minha raiva em


Robbie. Ele provavelmente tinha visto

muita coisa na sua vida, muito mais do que eu. Eu enxuguei


minhas lágrimas e voltei para a rua.
Robbie e Blake tinham ido embora, e tinham levado meu
equipamento com eles.

***

Eu dormi e acordei no início da manhã com alguém batendo na


minha porta. Eu corri para baixo e dei

de cara com Blake. Seu olhar quente pesquisou todo o meu corpo,
olhando para a camiseta, os
shorts de pijama e minhas pernas nuas. Ele engoliu pesadamente.

Robbie estava atrás dele. Eu não o tinha visto ali, protegido pela
muralha que era Blake. O

olhar dele fez o mesmo que Blake. "Uau," ele murmurou. Blake

deu-lhe um tapinha, Robbie tossiu. "Desvie os olhos," disse

Blake.

Robbie esfregou seu peito. "Eu estava apenas olhando. Jesus


acalme-se Kavanagh, você está

muito tenso."

Eu limpei minha garganta e me afastei. "Entrem enquanto vou me trocar."

Eles entraram e eu corri para o meu quarto para colocar um


vestido que chegava aos

meus joelhos. Eu me olhei de relance no espelho e recuei. Mais


um dia de cabelo ruim. Eu o amarrei

em um coque apertado e desci.

Encontrei-os na cozinha, Blake fazendo café. Sua presença


enchia o aposento, e parecia que ele

estava em casa. Movia-se com graça, sem esforço, os


músculos, deslocando-se sob sua camiseta
justa. De repente virou-se, e me pegou olhando para ele. Um
sorriso fugaz, incerto passou por seus

lábios. Eu corei ferozmente.

Eu peguei a xícara que ele me ofereceu. Robbie viu um bolo de


cenoura em cima da mesa que eu

tinha feito no dia anterior. "Posso comer?"


"Corta uma fatia." Senti um momento de pânico quando ele
pegou a faca, mas ele simplesmente

a usou para cortar o bolo. Eu fiquei em pânico por nada. Além


disso, Blake estava lá para desarmá

lo, se necessário. Suspeitei que Blake devesse ser bom para fazer isso.

Ele era bom em tudo, há oito anos, não via uma razão por que
ele seria menos capaz agora após

seu treinamento militar.

"Você não toma café da manhã?" ele perguntou para Robbie.

Robbie abanou a cabeça, a boca cheia de bolo. Ele passou o bolo


para mim e eu o coloquei de

volta sobre a mesa.

"Ele ficou com você durante a noite?" eu perguntei.

Blake assentiu com a cabeça. "Na casa dos meus pais. Eu estou
morando lá desde que

eu reformei a casa que foi vendida e até encontrar uma

nova." "Os teus pais aceitaram bem em ter um

estranho em casa?"

"Eu não contei. Eu esperei eles saírem para o trabalho então lhe
disse que ele podia vir."

"Sua mãe te mataria se ela descobrisse." Não podia


imaginar Ellen Kavanagh permitindo um

jovem sem-teto na casa dela. Ela era uma mulher de caridade — a


partir de uma distância segura.
"Ficou tudo bem. Ele estava no quarto ao lado do meu. Eu
ouviria se ele saísse no meio

da noite para cortar nossas gargantas ou fugir com as jóias da

mamãe." "Você adquiriu super audição enquanto você esteve

fora?" "Eu tenho sono leve."

"Ele é o foda do Rambo," Robbie disse, comendo mais um pedaço do bolo.

"Não use esta linguagem perto dela," Blake disse. "Uh, quero dizer
ao redor de qualquer uma.

Não apenas Cassie."

Robbie riu e piscou para mim. "Vocês dois têm uma

história?" "Nada que seja do seu interesse."

Ele segurou suas mãos. Estavam limpas. Seu rosto estava limpo
demais, e ele tinha penteado o

cabelo. Era castanho escuro e caía nos ombros em ondas suaves.


Ele tinha olhos

castanhos inteligentes que ficavam pequenos quando ele sorria


o que ele fazia muitas vezes. Foi-se

a atitude da noite anterior. Se eu tivesse que adivinhar, diria que


ele estava relaxado quando ele

percebeu que não íamos machucá-lo ou entregá-lo à


polícia. "Vamos lá," Blake disse-lhe. "Agora seria um

bom momento."

Robbie deu uma respiração profunda, engoliu e respirou


novamente. "Sinto muito, Cassie.
Não vai acontecer novamente."

"Obrigada pelo pedido de desculpa," eu disse. "Você está


perdoado. Mas se eu fosse você, eu

ficaria escondido por aqui e não mencionaria a palavra grafite para


os meus vizinhos."

Ele acenou para mim, em seguida, lançou um sorriso para Blake.


Estava claro que Blake o havia

forçado a pedir desculpas, mas a crédito de Robbie, parecia que


ele estava falando a verdade.

"Então você está aqui para juntar-se ao Conservatório?" perguntei-lhe.

Robbie de repente parecia um garoto tímido, se escondendo


atrás de seu cabelo que caía sobre

seus olhos. Ele assentiu com a cabeça.

"Bom. A primeira aula é esta tarde. As classes começam as duas


e meia e duram duas horas."

"Espere," disse Blake largando sua xícara. "Não era para


acontecer desta maneira. Eu quero lhe

fazer uma proposta."

"Oh. Está bem. Qual é sua proposta?"

"Eu vou pagar a mensalidade do Robbie."

"Você não precisa me pagar, Blake."

"Mas eu quero."
"Prefiro não aceitar seu dinheiro."
"Por que não?" ele perguntou calmamente,
ameaçadoramente. Ele se inclinou para frente, tão

perto que quase nos tocamos e parecia que todo o ar tinha sido
sugado para fora do aposento. "Você

está com medo que eu vá querer algo em troca?"

"Ei, será que eu tenho direito a dizer alguma coisa?" Robbie


perguntou. "É do meu futuro que

vocês estão falando."

Blake se inclinou para trás, mas não olhou para mim. "Com
certeza. Você quer que

eu pague para ela, certo?"

"Isso não é justo," eu protestei.

"Qual é o problema?" Robbie disse com um encolher de ombros.


"Deixe-o pagar. Blake é um

Kavanagh e os Kavanagh são bilionários."

"Nem todos eles. Alguns são simplesmente multimilionários. Blake


talvez nem tem uma centena

de dólares no seu nome."

Apareceu no canto de sua boca um quase-sorriso. "Você quer


ver meus extratos bancários ou

você prefere uma carta do meu gerente de propriedade"?

"Você tem um gerente de propriedade também? Mas eu pensei


que você mesmo tinha reformado

aquela casa."
"Eu reformei. Ele procura propriedades apropriadas para eu
reformar e vender para ter lucro

rápido. Ele se aproxima dos proprietários com uma oferta, em


seguida fecha o negócio. Eu lhe pago

uma comissão."

"Você está começando a soar como Reece."

Seu olhar se fixou no meu por um longo instante, em seguida, ele


desviou o olhar. "Então, está

combinado. Eu vou pagar a mensalidade do Robbie."

Não vi outra opção senão concordar. Eu não tinha certeza por


que estava lutando contra ele,

exceto que ele estava preso na minha garganta e eu não


conseguia pegar qualquer coisa de Blake nos

dias de hoje. Ele me fazia sentir em dívida com ele, e eu não


gostava de me sentir assim com

ninguém. Eu era uma West e os Wests se erguiam sobre seus


próprios pés sem precisar de esmolas.

"Onde você mora?" Eu perguntei para Robbie.

"Em nenhum lugar em particular," ele disse.

"Então você pode se mudar para cá."

"Sério?" ele disse ao mesmo tempo em que Blake disse, "Não!"

“Por que não?" eu perguntei. "Eu tenho esta casa enorme e ele
precisa de um lugar para ficar.

Nem sequer quero que você pague o aluguel dele."


"Nem pense nisso, Cass. Não vou deixar um estranho na sua
casa. Nem pensar."

"Você o deixou dormir sob o mesmo teto que sua mãe."


"Eu estava no quarto ao lado. A menos que você queira que eu
durma aqui também, isso não

vai acontecer. E Robbie, se você não concordar comigo sobre


isso, eu vou levar você de volta para o

seu irmão."

Robbie se sentou em uma cadeira na mesa da cozinha. "Eu


poderia dormir na varanda. Tudo

o que eu preciso é de um colchão e um cobertor. Na verdade,


você pode pular a parte do colchão."

Ele olhou para nós dois e deu de ombros. "Você tranca as portas
à noite, certo?"

"Eu não estou te forçando a dormir na minha varanda de trás


como um cão," eu disse.

"E na casa de verão?" Blake perguntou.

"Minha casa de verão?"

"Tecnicamente é do Reece."

Eu rolei meus olhos. "Eu não vou lá há cerca de um ano. Uma das
janelas está quebrada e há

todos os tipos de lixo empilhados por lá."

"Tem um teto?" Robbie perguntou.

"Sim."
"E uma cama?"

"Sim, mas o colchão está afundando no meio."

"Então, é melhor do que o lugar onde eu moro."

O pobre garoto. Provavelmente minha varanda era melhor do que os


lugares que ele tinha ficado.

Pelo menos aqui, ele estaria seguro e longe de problemas. "Eu

vou limpá-la esta tarde enquanto você estiver na aula," Blake

disse.

"Precisa de mais de uma pessoa e mais de um dia para


fazer o lugar habitável."

"Você ainda não me viu trabalhando."

"Eu não o subestimaria," Robbie disse com seriedade. "Ele


realmente é o Rambo. O cara acordou

de madrugada para nadar e malhar no quintal."

Blake estreitou os olhos. "Como você sabe?"

"Você não é o único que tem o sono leve."

***

A casa de verão ficava aninhada ao pé das árvores perto do rio.


Era uma casinha linda que parecia

uma caixa de chocolate, embora um pouco de sua beleza


estivesse agora desbotada. A princípio ela

era a casa do caseiro, mas também tinha sido usada como casa de
hóspedes, retiro para

amantes e depósito.
Nós três trabalhamos juntos limpando o único quarto e a única sala
de estar até que chegou à hora

de se preparar para a aula na escola. Alguns minutos antes das


duas e meia, a modelo e os alunos

começaram a chegar sem nenhum sinal de Robbie se juntar a nós.


Eu estava prestes a ir buscá –lo
quando ele e Blake entraram.

Seus olhares foram diretos para a modelo nua empoleirada na


beira de uma cadeira, envolta em

seda vermelha. Robbie corou até as raízes do cabelo e ficou


olhando, mas Blake desviou o olhar.

Suas bochechas estavam um pouco vermelhas, mas ele


pareceu imperturbável.

Ele cutucou Robbie com o cotovelo. "Feche a boca e comece a


trabalhar. Não pago para você

encarar modelos. Bem, na verdade eu estou, mas você deve


pintá-los também."

Robbie sorriu. "Eu não me importaria em pintá-la. Usando-a


como uma tela, quero dizer."

Alguns dos meus alunos deram uma risadinha.

Blake o empurrou. "Sente-se e faça o que Cassie disser. Se eu


descobrir que você fez bagunça na

aula, vamos ter problema."

Robbie sentou num dos banquinhos e piscou para a modelo. Ela


sorriu de volta. Blake manteve
seu olhar firmemente para frente, e saiu.

Robbie era bom. Não queria lhe dar muita instrução na sua
primeira lição. Eu precisava ver o que

ele podia fazer, e eu estava um pouco preocupada como ele se


portaria como estudante.

Quando a aula chegou ao fim, fiquei pensando em Blake na minha


casa de verão. O dia

estava quente e o trabalho não seria fácil. Eu tinha que ter certeza
de que ele beberia líquido o

suficiente. O Conservatório ficava de frente para o quintal. O


gramado se esticava até o rio com

o bosque de árvores do lado esquerdo que escondia a casa de


verão. Eu estava perdida em um sonho,

quando passos de botas pesadas na varanda de trás, me fez pular.

Duas figuras vestidas de jaquetas com capuzes apareceram


com paus na mão. Um dos meus

alunos gritou e todos saltaram. A modelo se cobriu.

O mais alto dos dois recém-chegados apontou o pau para Robbie


através da janela. "Venha

aqui. Agora! Ou eu vou esmagar cada pedaço de vidro, bem como


algumas cabeças."

CAPÍTULO 4

Eu reconheci a voz de Skull, irmão de Robbie. Ele beijou o pau


que trazia na palma de sua mão.
Sua boca torcida em um escárnio. Eu não podia ver seus
olhos, mas eu também não queria.

"Jesus, Skull!" Robbie, gritou. "O que você está fazendo

aqui?" "Atrás de você, seu merdinha. Venha aqui agora."

Robbie xingou sob sua respiração. "Desculpe, Cassie. Eu vou


falar com ele."

Eu olhei para Skull e seu amigo, ainda batendo seus paus nas
palmas de suas mãos, como se

quisessem fazer algum dano. "Não acho que ele vai

ouvir." "Provavelmente não."


"Deixe-me falar com ele." Fui abrir a porta de vidro que levava
para a varanda, mas Becky

agarrou meu braço.

"Você não pode ir lá fora!" ela disse. "Ele vai te

machucar." "Isso nós não sabemos."

"Ela está certa," Robbie disse. "Você tem que ficar aqui. Ele
não vai te ouvir."

Ele abriu a porta e saiu, mas eu me livrei de Becky e o

segui. "Cassie!" ela gritou.

"Volte para dentro," Robbie sussurrou para mim.

"Ele não quer ir com você," eu disse para Skull.

Skull riu, um riso áspero. "Não me interessa o que ele quer."


"Ele é seu irmão! Como você pode não ligar?"

"Ele pertence a nós. Nós somos seu povo, não os merdinhas


lá dentro. Vamos Rob, ou você vai

conhecer o inferno."

Eu estiquei meu braço na frente do Robbie, bloqueando-o. "Vai ser


um erro se você ceder," disse.

"Ele é um valentão e você tem que tomar uma posição com os valentões."

"Ele está falando sério, Cassie," ele sussurrou para que seu
irmão não pudesse ouvi-lo. "Ele vai

quebrar todas as suas janelas e talvez te machucar. Ele nunca fez


mal a uma mulher antes, mas ele

pode começar agora."

"Como ele pode fazer isso com você? Seu próprio irmão?"
"Não é sobre irmandade. É sobre poder. Skull não pode deixar
um de nós sair. Vai ser muito ruim

para ele mostrar qualquer sinal de fraqueza."

"Você não pode ceder, Robbie." Falei para Skull, "sai da minha
propriedade ou vou chamar

a polícia." Eu suspeitava que Becky ou um dos outros alunos


já tinha chamado. Por Deus eu esperava

que sim.

O amigo de Skull adiantou-se. Sua boca larga esticada, revelando


os dentes tortos amarelos.
"Você é uma coisa bonita. Eu odiaria estragar essa sua cara." Ele
passou seu dedo indicador da

minha bochecha até meu queixo. Parecia que sua unha afiada
mordia a minha pele e isto enviou

um arrepio através de mim. "Agora, você vai fazer como Skull


disse e deixá-lo ir ou eu vou ter que

fazer algo desagradável para você obedecer?"

Robbie me empurrou e correu para o lado de Skull. "Não toque nela."

Eu abri minha boca para pedir-lhe para parar, mas o amigo de Skull
agarrou meu queixo. Tentei

puxá-lo, mas só fiz com que ele apertasse ainda mais. Eu recuei
quando a dor rasgou a metade

inferior do meu rosto e trouxe lágrimas aos meus olhos.

No canto da minha visão turva, algo se moveu tão rápido que


mal pude distinguir a forma. Não

até que o meu agressor foi arrastado para longe de mim e eu


percebi que era Blake. Ele não disse
nada ou fez algum som, só empurrou e afastou o homem encapuzado.

Skull foi atrás dele. Ele levantou seu pau e bateu com ele nas
costas de Blake. Eu e Robbie

gritamos

na

direção

dele
para

adverti-lo,

mas

Blake

tinha

as

mãos

ocupadas

com o segundo cara e não podia se defender. Seu gemido de


dor foi o primeiro som que passou por

seus lábios.

Voei na direção de Skull, mas Robbie me deteve. "Não," ele disse


em meu ouvido.

Blake se livrou do sujeito dando-lhe um soco no estômago e, em


seguida, ele se virou, se colocou

debaixo do pau de Skull e golpeou-o no queixo. Skull cambaleou


para trás e caiu de bunda no chão.
Blake pegou o pau e enfiou sob o queixo de Skull.

"Você está me empurrando para o meu limite," Blake rosnou baixo.


"Devia bater na tua cabeça

pelo o que você fez com ela."

Atrás dele, o outro atacante ficou de pé, mas não precisei avisar
a Blake. Ele já estava ciente e
ajustou sua postura para que pudesse saltar fora do caminho se necessário.

Mas o homem olhou para ele e fugiu. "Vamos, Skull!" ele gritou
por cima do ombro. "A polícia

vai estar aqui em breve."

Skull olhou de relance para Blake, para mim e para Robbie.


"Bem?" ele perguntou para seu

irmão. "Você vem ou não?"

"Ele não vai," eu disse.

Robbie hesitou. Ele olhou para trás através das janelas de


vidro do Conservatório onde os outros

estudantes e a modelo assistiam tudo com expressões


horrorizadas. "Se eu não for com ele, ele vai

continuar voltando. Da próxima vez, Blake pode não estar aqui."

"Eu vou estar aqui," Blake disse sombriamente. "Eu estarei aqui,
enquanto for necessário.

Se alguém tentar ferir ou assustar a Cassie eu posso matar


essa pessoa. Entendido?"

As narinas de Skull se contraíram e ele tentou se sentar. Blake


empurrou o pau ainda mais no

queixo dele, forçando-o a se deitar de novo. Skull gargarejou.


"Robbie, venha para casa comigo. Eu

sou a sua família, não eles. Nós cuidamos um do outro. Somos


eu e você contra o mundo, lembra? Só

você e eu e ninguém vai ficar entre nós."


Robbie deu um suspiro e abaixou a cabeça. "Tenho que ir," ele

murmurou. "Não," Eu disse calmamente. "Tudo vai ficar bem.

Fique."

Blake deixou Skull se levantar e os dois irmãos ficaram a alguns


pés de distância, encarando

um ao outro. Eu tinha medo que Robbie cedesse e fosse com ele,


mas o som distante das sirenes

da polícia quebrou o impasse. Skull xingou, e em seguida


saiu em disparada, deixando

Robbie na varanda.

Coloquei meu braço ao redor de sua cintura. "Você está

bem?" Ele assentiu. "Ele vai voltar."

"Ele não é o Schwarzenegger," eu disse, tentando alegrar o


ambiente. "Não chega nem perto. Nós

ficaremos bem, Robbie. Nós só temos que ficar mais alertas de


agora em diante."

"Você não o conhece. Ele não desiste, e ele odeia perder. Ele vai
voltar e ele vai estar mais

preparado na próxima vez."

"A polícia está aqui agora." Enquanto eu dizia isso, ouvimos a


trituração dos pneus no cascalho

em frente da casa.
"Não. Sem polícia." Ele apelou para Blake. "Por favor. Sei que
ele é um idiota, mas eu prefiro

ir com ele, a saber que ele foi para a prisão."


Blake esfregou a mão sobre o queixo. "Cabe a Cassie resolver."

Era contra meus instintos, mas concordei. "Bem. Vamos dizer para a
polícia que não sabemos

quem eram os caras." Eu coloquei a cabeça para dentro de casa,


mas Blake pegou minha mão. Era

quente e forte, exatamente o que os meus nervos

precisavam. "Você está bem?" ele perguntou baixinho.

Balancei a cabeça. "E você? Você levou uma pancada forte."

"Estou bem." Os nós dos seus dedos acariciaram minha


bochecha onde a unha do invasor tinha

arranhado. Ele acariciou meu queixo, com carinho e finalmente o


segurou em concha. Seu toque era

tão gentil que eu quase me desfiz na frente dele. "Você está


com uma contusão. Minha pobre

menina. Tão corajosa. Tão forte." Um barulho das profundezas do


seu peito e a voz dele me acariciou

tão suavemente quanto seu toque, calmante em sua intensidade.

Suavemente e intensamente eu comecei a chorar. Ele me puxou


contra seu peito e colocou a mão

em minha nuca, sob o meu cabelo. O polegar dele fazia círculos


lentos na minha pele. A outra mão

descansava contra as minhas costas, me segurando. Era muito


bom ser segurada assim. Como se eu
fosse importante. Como se eu fosse a única coisa que importava.
Ninguém me segurava com tanta ternura há muito tempo. Doía tanto
quanto ajudava.

"Senhora?" A voz do policial me fez sair dos braços de Blake.

Passamos os próximos trinta minutos falando com a polícia


sobre os intrusos. Eles pegaram os

detalhes de todos os meus alunos, mas os deixaram ir quando eles


alegaram não ter conseguido ver

bem os atacantes.

"É melhor ele valer a pena," Becky murmurou.

Robbie estava no Conservatório, o braço cruzado sobre o peito.


Ele olhou para a polícia com

cautela, com uma profunda carranca no seu rosto. Ele


claramente não confiava neles.

Nós três demos nossos depoimentos e a polícia não tinha idéia


de quem poderia ser

nossos atacantes. A teoria deles é que eles poderiam estar


conectados com o grafiteiro.

"Você precisa intensificar a vigilância por aqui," Blake disse.

"Estamos fazendo tudo o que é possível, Sr. Kavanagh," disse


um dos policiais.

"Façam mais."

Eles finalmente saíram. Tivemos que enfrentar uma série de


Kavanaghs que tinham ouvido as

sirenes e vieram investigar. Eu pensei que eles estivessem


preocupados com Blake, mas todos
pareceram genuinamente surpresos ao vê-lo em minha casa.
Sua mãe Ellen disse, "Estou feliz que Blake estava aqui para
cuidar de você.” Ela e o marido

Harry sentaram-se na minha sala de estar, que estava um pouco


caída nos dias de hoje. O tapete

era antiquado e velho, e o sofá precisava ser reformado, mas os


copos de cristal estavam perfeitos e

eu usei para servir cerveja e vinho.

“A polícia teria chegado a tempo," eu disse para ela, sentindo um


pouco de culpa por não dar

crédito total para Blake. Ele realmente merecia meu louvor e eu


desejava ter sido corajosa o

suficiente para reconhecer em voz alta.

Seus olhos azuis, tão parecidos com os de Blake, se tornaram


gelados. "Se você diz." Ela tomou

um gole enquanto olhava para as minhas cortinas desbotadas.

Avistei Blake me olhando pelo canto do olho. Ele estava


conversando com seu pai. Robbie

havia se tornado invisível logo após a chegada do casal, o que


eu achei sábio. Ele havia ido para

a casa de verão para terminar a limpeza.

"Agora, sobre esse menino ficar aqui,” Ellen disse secamente. Ela
cruzou as pernas longas e me

olhou.
"Seu nome é Robbie."

"Foi ele que pintou as cercas?"

Blake e eu trocamos um olhar. Os lábios de Harry se curvavam


em um sorriso.

"Ele não é seu parente, Cassie, ou nós saberíamos sobre ele," Ellen
disse, "e você

não tem amigos, tanto quanto posso ver."

"Eu tenho sim," disse irritada.

Ela me deu um sorriso complacente que não ficava bem com


sua feição grave. "Ele de repente

apareceu aqui no mesmo dia que a polícia teve que ser


chamada. A governanta encontrou manchas

de tinta no meu banheiro de hóspedes e a cama estava remexida


como se alguém tivesse dormido

durante a noite. Acho que isso é muita coincidência, e eu não


acredito em coincidências."

"Você sabe que não se pode esconder nada dela," Harry disse
alegremente. "Ela tem espiões por

toda parte."

Blake se sentou no sofá e olhou para a mãe. "Eu devia ter


perguntado para você primeiro. Sinto

muito. Em minha defesa, já era tarde e você estava dormindo."

Ela inclinou seu queixo. "Sim, você deveria ter pedido. Mas isso é
passado. A questão é o que
você vai fazer com ele agora?"

"Ele está aqui," eu disse. "Na minha casa de verão."

"Não é um pouco perigoso? Becky Denny disse que o irmão do


rapaz veio aqui procurando por

ele. Ele se tornou violento, eu acredito, por isso vocês chamaram a


polícia". "Você submeteu Becky a tortura para descobrir isso?"

Blake perguntou. "Claro que não. Ouvi-a conversando com Reece e

Cleo." "E o que Reece e Cleo disseram?"

"Reece disse a ela para não se preocupar e que você iria

resolver." "Pelo menos o meu irmão tem fé em mim."

"Nós temos fé em você também, não é, Harry?"

Harry assentiu obedientemente.

"É que temos dúvida quanto ao seu senso comum quando se


trata de Cassie."

O calor subiu para o meu rosto. Não havia nada a dizer sobre
isso. Ellen tinha sempre que me

culpar por ter afastado Blake e parecia que ela ainda me culpava
por cada coisa idiota que ele fazia.

Não vi a reação do Blake porque não ousei olhar para ele.

"Falando de falta de bom senso," disse Harry. "Sua mãe e eu


estamos preocupados porque o

irmão do menino pode voltar."


"Talvez," Blake falou.

"Ele vai querer vingança e vai voltar por causa do rapaz. É muito
perigoso para ele ficar aqui.

Você tem que mandá-lo para casa."

"É muito perigoso para ele ir para casa," disse Blake.

"Além disso, não é um lar adequado com um irmão assim," eu


disse. "Ele está melhor aqui."

"Você não se preocupa do irmão dele voltar?"


"Claro que sim. Mas eu tenho a polícia na discagem rápida."

Ellen dobrou os braços. "Você acha que isso será suficiente? Você
é muito descuidada, garota."

"Eu vou ficar aqui," Blake disse.

"Você não vai!" Eu falei ao mesmo tempo em que Ellen

protestou. "Eu vou. Lá em cima no quarto ao lado do seu."

"Não seja idiota. Você não pode ficar aqui."

"Por que não?"

"Sim, Cassie," disse Harry. "Por que não? Acho que é uma boa

idéia." "Típico," Ellen murmurou.

Harry apenas sorriu para ela. Eu tive que admirar sua coragem.
Ellen não era uma mulher que era

facilmente convencida.
"Faz mais sentido ficar na casa de verão com Robbie," eu
disse. "Ele é quem o Skull quer."

"Skull?" Ellen bufou. "Que nome ridículo."

Blake encheu os copos da sua mãe e o meu de vinho tinto da


garrafa que estava sobre a mesa.

"Se Skull voltar, ele vai vir para esta casa, e não para casa de
verão. Ele não sabe que esta casa

existe muito menos que Robbie esta nela e não aqui."

"É verdade," a mãe dele disse pensativa.

"Você está desistindo?" Eu joguei minhas mãos e deixei-as cair


no meu colo. "Eu pensei que
podia contar com você para Blake ficar fora daqui."

Os lábios dela se juntaram. "Se você conhecesse um pouco


de Blake, saberia que nem eu

nem você podemos fazê-lo mudar sua decisão. É melhor ir junto


com ele ou arriscar a ver o famoso

temperamento Kavanagh."

"Também não se deve brincar com o meu temperamento," eu disse.

Ela suspirou. "Eu sei. Mas a verdade é que você precisa


proteger este personagem do Skull

e Blake não vai permitir que mais ninguém faça isso."

Ela estava certa. Graças à teimosia combinada de todos os três


deles, além do meu próprio senso

comum, eu desisti. "Mas haverá algumas regras," eu disse para ele.


"Não duvido," ele disse.

"Regras são boas," disse Ellen, em pé. "Eu gosto de regras."

Harry bufou e se levantou também. "Regras só são boas


para os que supostamente devem

obedecê-las." Ele beijou sua esposa na testa e se dirigiu para a


porta. Ela foi atrás dele.

Blake deixou-os, em seguida, se juntou a mim na cozinha para


lavar os copos. Ele se inclinou

contra a bancada da cozinha e me olhou. "Quer que eu

cozinhe?" “Desde quando você cozinha"?

"Desde que saí de casa. O exército não cozinhava sempre para


mim, sabe. Tive que me
virar para sobreviver."

Grande. Não só ele tinha voltado para Roxburg mais quente do


que nunca, mas ele

simpatizava com os sem-teto e ainda cozinhava. Mais uma


vez. "Sem cozinhar," disse, voltando-me

para a pia. "Isso é a regra número um."

"Quantas regras existem?"

"Não é uma lista finita."

"Então qual é a número dois?"

"Não entre no meu quarto."

"E se eu precisar salvá-la?"


"Exceções serão aceitas em circunstâncias extremas".

"E a regra número três?"

"Nenhum contato físico. Exceto em circunstâncias extremas".

Ele pegou um pano do banco e se inclinou por cima de mim,


bloqueando meu acesso a pia.

Seu rosto estava tão perto do meu que a respiração dele


aquecia o meu rosto. Meu corpo sussurrou

em resposta. Se eu me virasse um pouquinho, eu poderia


facilmente acabar com o espaço que nos

separava e poderia beijá-lo. E caramba, eu queria beijá-lo. Já


fazia um longo tempo desde que

eu senti os lábios de Blake nos meus. Eles eram macios,


insistentes, doces. Eles ainda estariam

assim? Ou eles estavam mais exigentes agora? Ele beijava


ou pedia primeiro como costumava fazer?

Eu mordi meu lábio inferior no caso de ele me trair. Eu esperava


por este beijo, esperava a

carícia da pele dele na minha pele e o frio na barriga que eu sabia


que iria ter

explodindo dentro de mim ao menor toque.

Mas ele simplesmente pegou um copo no escorredor e limpou-o.


"Nenhum contato

físico," ele murmurou. "Entendi."

Amassei a esponja no meu punho. Respirei. Respirei novamente.


A porta de trás bateu e Robbie gritou. "Onde vocês estão?"

"Aqui," eu disse de volta, aliviada de ter uma terceira pessoa


presente para garantir que

não fizéssemos nada que pudéssemos nos arrepender mais tarde.


Tive que me lembrar que eu não

podia voltar atrás com Blake. Esse caminho levava apenas


para dor de cabeça. A fenda que se criou

entre nós nunca poderia ser curada.

Robbie veio para a cozinha. "O que tem para jantar? Estou
morrendo de fome."

"Pizza," eu disse antes de Blake de novo se oferecer para cozinhar.

Eu peguei Blake sorrindo para mim, como se ele soubesse


que vê-lo trabalhando na minha

cozinha iria quebrar minhas barreiras. Maldito.

***

"Como está à casa de verão?" eu perguntei enquanto comíamos na


mesa da cozinha. A cozinha

sempre tinha sido o centro da casa da minha avó. Não era um


projeto moderno como a cozinha dos

Kavanagh com seus armários sob medida e aparelhos brilhantes.


Tinha um estilo

caseiro com bancos de madeira cada um com uma história própria.

Vovó tinha cozinhado brownies e bolos por décadas, mesmo depois


que ela tinha começado

Você também pode gostar