Book 260517
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Book 260517
Indaial – 2021
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021
Elaboração:
Prof.ª Mayra Fernanda Ricci
R491b
Ricci, Mayra Fernanda
Bioquímica clínica. / Mayra Fernanda Ricci. – Indaial:
UNIASSELVI, 2021.
184 p.; il.
ISBN 978-65-5663-480-7
ISBN Digital 978-65-5663-479-1
1. Bioquímica médica. – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da
Vinci.
CDD 612.015
Impresso por:
Apresentação
Olá, acadêmico, convidamos você a ingressar na disciplina de Bio-
química Clínica. Segue uma breve introdução sobre o conteúdo que iremos
estudar nesta disciplina. Seja bem-vindo!
Bons estudos!
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
REFERÊNCIAS....................................................................................................................................... 60
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 119
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 181
UNIDADE 1 —
INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA
CLÍNICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
1
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da
unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o
conteúdo apresentado.
CHAMADA
2
TÓPICO 1 —
UNIDADE 1
LABORATÓRIO DE BIOQUÍMICA
CLÍNICA
1 INTRODUÇÃO
2 A INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS
Os resultados dos exames bioquímicos são utilizados para diagnóstico e
para o acompanhamento de um tratamento, e podem ser úteis na triagem de
doenças e no prognóstico, caso o diagnóstico já tenha sido realizado. Há também
uma outra vertente dos testes bioquímicos, a utilização dos testes em pesquisa
científica sobre a base das doenças e para o desenvolvimento de novos fármacos
(Figura 1) (TIETZ; BURTIS; BRUNS, 2016).
FONTE: A autora
4
TÓPICO 1 — LABORATÓRIO DE BIOQUÍMICA CLÍNICA
Exames básicos
Sódio, potássio e bicarbonato
Ureia e creatinina
Cálcio e fosfato
Proteínas totais e albumina
Bilirrubina e fosfatase alcalina
Alanina aminotransferase (ALT) e aspartato aminotransferase (AST)
Tiroxina livre (FT4) e hormônio estimulante da tireoide (TSH)
γ-glutamil transferase (γGT)
Creatina cinase (CK)
H+, PCO2 e PO2 (gases no sangue)
Glicose
Amilase
Exames especializados
Hormônios
Proteínas específicas
Elementos traço
Vitaminas
Drogas
Lipídeos e lipoproteínas
Metabólitos intermediários
Análise de DNA
FONTE: A autora
Existem duas formas básicas para realizar a análise do material coletado para
o exame: análises automatizadas e análises manuais. A última pode ser realizada
através de kits comerciais ou reagentes preparados no laboratório. A forma com que
um exame será realizado varia de acordo com a demanda, o tipo de laboratório, entre
outras circunstâncias. Um critério para a adoção de determinados procedimentos de
análise é a frequência com que um exame é solicitado. Exames que são realizados em
grande quantidade e diariamente por um laboratório (por ex., perfil lipídico e glicê-
mico sanguíneo, bilirrubinas e catecolaminas urinárias) são, muitas vezes, automa-
tizados. Já exames cuja demanda não é tão alta, comumente são feitos de forma não
automatizada, tanto através de kits comerciais previamente prontos como a partir de
reagentes preparados dentro do próprio laboratório (Figura 2).
5
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA
FIGURA 2 – ANÁLISES DAS AMOSTRAS: (A) ANÁLISE MANUAL; (B) ANÁLISE PELO KIT; (C) ANÁLI-
SE AUTOMATIZADA
FONTE: A autora
6
TÓPICO 1 — LABORATÓRIO DE BIOQUÍMICA CLÍNICA
dronização de horários, para que os valores obtidos possam ser comparados aos
valores de referência. A interpretação dos analitos de uso diagnóstico pode ser
alterada através dessas oscilações presentes no componente biológico (GIRELLI
et al., 2004). Podemos então classificar essas variáveis em pré-analíticas, analíticas
e biológicas, as quais podem ser descritas na Figura 4.
DICAS
7
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA
análises bioquímicas, tais como sangue arterial e capilar; sangue em papel filtro
(Cartão Guthrie); tecido e células; urina; fezes; LCR; expectoração e saliva; aspi-
rados (fluido pleural, ascite) e cálculos (pedras) (TIETZ; BURTIS; BRUNS, 2016).
9
FIGURA 5 – TUBOS DE COLETA SOB VÁCUO UTILIZADOS EM LABORATÓRIO CLÍNICO E EM HOSPITAIS
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA
10
FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/32FUARD>. Acesso em: 30 nov. 2020.
TÓPICO 1 — LABORATÓRIO DE BIOQUÍMICA CLÍNICA
11
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA
FONTE: A autora
• Idade;
• Dieta;
• Estresse e ansiedade;
• Postura;
• Exercício físico;
• Histórico clínico;
• Gravidez;
• Ciclo menstrual;
• Uso de medicamentos.
4 INTERVALOS DE REFERÊNCIAS
A Organização Mundial de Saúde (OMS), a Federação Internacional
de Química Clínica (IFCC) e o Instituto de Padronização Clínica e Laboratorial
(CLSI) definem valor de referência como um valor (resultado) obtido pela obser-
vação ou mensuração quantitativa de um analito em um indivíduo selecionado,
com base em critérios bem definidos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005).
Para a determinação dos intervalos de referência de um laboratório clínico
é primeiramente necessário definir de quem é a responsabilidade dessa deter-
minação. A Joint Comission on Accreditation of Healthcare Organizations (JCAHO)
(JOINT COMMISSION ON ACCREDITATION OF HEALTHCARE ORGANIZA-
TIONS, 1998) e o College of American Pathologists (CAP) (COLLEGE OF AMERI-
CAN PATHOLOGISTS, 1998) indicam que é de responsabilidade do diretor do
laboratório o estabelecimento dos intervalos referenciais.
variáveis biológicas, tais como, idade, sexo, hormônios, gravidez, entre outras.
Na literatura, o número amostral para realizar uma análise pode variar de 30
a 700 indivíduos. De acordo com o IFCC e o CLSI o mínimo para uma análise
fidedigna é de 119 para a utilização de testes não paramétricos. Para a utilização
de testes paramétricos, a distribuição deve ser normal e a amostra deve conter no
mínimo 30 indivíduos. Os critérios pré-analíticos, como tempo de jejum e horário
de obtenção da amostra, e os procedimentos analíticos, devem estar bem estabe-
lecidos e padronizados. Outra forma de aquisição de intervalos de referências é a
validação dos intervalos fornecidos pelas bulas dos reagentes em conjunto com a
avaliação criteriosa da literatura (FERREIRA; ANDRIOLO, 2008).
14
TÓPICO 1 — LABORATÓRIO DE BIOQUÍMICA CLÍNICA
15
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
16
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Mieloma múltiplo.
b) ( ) Diabetes mellitus.
c) ( ) Glomerulonefrite.
d) ( ) Doenças cardiovasculares.
17
18
TÓPICO 2 —
UNIDADE 1
GESTÃO DA QUALIDADE EM
BIOQUÍMICA CLÍNICA
1 INTRODUÇÃO
19
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA
Para deixar mais claro esse conceito, analise o organograma a seguir (Figura 7).
Médico/Profissional de Saúde
• Exame do paciente
• Testagem do paciente
• Diagnóstico do paciente
• Tratamento do paciente
20
TÓPICO 2 — GESTÃO DA QUALIDADE EM BIOQUÍMICA CLÍNICA
Diretor do Laboratório
Laboratorista
NOTA
21
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA
• Documentos e registros
• Organização
• Pessoal
• Equipamento
• Compra e inventário
• Controle de processo
• Gestão da informação
• Gestão da ocorrência
• Avaliação: externa e interna
• Avaliação do processo
22
TÓPICO 2 — GESTÃO DA QUALIDADE EM BIOQUÍMICA CLÍNICA
3 CONTROLE DE VARIÁVEIS
O controle das variáveis pré-analíticas e analíticas dentro de uma rotina
laboratorial é de extrema importância para a gestão de qualidade.
As variáveis analíticas deste processo podem ser, por exemplo: (1) qualida-
de da água, (2) calibração de balanças analíticas, (3) calibração de vidraria volumé-
trica e pipetas, (4) estabilidade da fonte de energia elétrica e (5) temperatura dos
banhos-maria, refrigeradores, freezers, além do controle de centrífugas, que devem
ser monitoradas em todo laboratório, pois elas podem afetar muitos métodos do
laboratório. Ainda, certas variáveis especificamente afetam métodos analíticos in-
dividuais e estes exigem o desenvolvimento de procedimentos para lidar especifi-
camente com as características dos métodos (TIETZ; BURTIS; BRUNS, 2016).
24
TÓPICO 2 — GESTÃO DA QUALIDADE EM BIOQUÍMICA CLÍNICA
25
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA
26
TÓPICO 2 — GESTÃO DA QUALIDADE EM BIOQUÍMICA CLÍNICA
27
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA
28
TÓPICO 2 — GESTÃO DA QUALIDADE EM BIOQUÍMICA CLÍNICA
29
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA
DICAS
• Teste de proficiência
• Processo Seis Sigma
30
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
31
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Erro sistemático.
b) ( ) Erro analítico.
c) ( ) Erro de imprecisão.
d) ( ) Erro aleatório.
a) ( ) Estatística.
b) ( ) Pré-analítica.
c) ( ) Analítica.
d) ( ) Controlada.
32
TÓPICO 3 —
UNIDADE 1
FUNDAMENTOS DE FOTOMETRIA
1 INTRODUÇÃO
2 CONCEITOS BÁSICOS
A energia transmitida por ondas eletromagnéticas é caracterizada pela sua
frequência e pelo seu comprimento de onda. O termo comprimento de onda des-
creve uma posição no espectro. A radiação eletromagnética inclui energia radiante
que se estende de raios cósmicos, com comprimentos de onda tão curtos quanto
10−9 nm, até ondas de rádio mais longas que 1.000 km. Acadêmico! Vamos utilizar o
termo luz nesta unidade como a descrição da energia radiante do ultravioleta até as
porções de luz visível do espectro (290 a 750 nm) (TIETZ; BURTIS; BRUNS, 2016).
33
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA
Observado (Devido à
natureza subjetiva da cor, os
Infravermelho
Nome da Região intervalos de comprimento de
Médio
onda mostrados são apenas
aproximações).
<380 Ultravioleta Invisível
380-440 Visível Violeta
440-500 Visível Azul
500-580 Visível Verde
580-600 Visível Amarelo
600-620 Visível Laranja
620-750 Visível Vermelho
750-2500 Infravermelho próximo Não visível
2500-15,000 Infravermelho médio Não visível
15,000-1,000,000 Infravermelho distante Não visível
FONTE: Adaptado de Tietz, Burtis e Bruns (2016)
34
TÓPICO 3 — FUNDAMENTOS DE FOTOMETRIA
35
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA
o estado excitado (estado energético alto), mas essa duração é breve, a duração do
estado excitado é de 10-8 segundos. Geralmente, o retorno ao estado baixo libera
energia em forma de calor (COMPRI-NARDY; STELLA; OLIVEIRA, 2009).
Onde:
T = Transmitância
e = Exponencial
α = Constante
l = Espessura da solução
c = concentração da solução (cor)
assim: -log T = K x l x c
em que: K = α/2.303.
-log T = K’ x c
em que: K’ = K x l
36
TÓPICO 3 — FUNDAMENTOS DE FOTOMETRIA
A = abc
Onde:
A – absorbância;
a – absortividade;
b – percurso ótico;
c – concentração.
37
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA
2.3 ESPECTROFOTÔMETRO
O espectrofotômetro é um equipamento utilizado para determinar valores
de transmitância (luz transmitida) e absorbância (luz absorvida) de uma solução
em um ou mais comprimentos de onda.
38
TÓPICO 3 — FUNDAMENTOS DE FOTOMETRIA
39
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA
Em que:
Inclinação = K
Inclinação = tg α
Inclinação = Cateto oposto/Cateto adjacente
K = 1,5
40
TÓPICO 3 — FUNDAMENTOS DE FOTOMETRIA
DICAS
41
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
42
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Milímetros (mm).
b) ( ) Nanômetros (nm).
c) ( ) Centímetros (cm).
d) ( ) Micrômetros (μm).
a) ( ) Nefelometria.
b) ( ) Turbidimetria.
c) ( ) Quimiluminescência.
d) ( ) Fluorescência.
a) ( ) A = abc.
b) ( ) log (1/T).
c) ( ) I0/I x 100.
d) ( ) C= abc.
5 Quais as condições que permitem que a lei de Lambert-Beer seja válida para
as reações colorimétricas?
43
44
TÓPICO 4 —
UNIDADE 1
ENZIMOLOGIA CLÍNICA
1 INTRODUÇÃO
2 CINÉTICA ENZIMÁTICA
Incialmente, caro acadêmico, precisamos compreender que as enzimas atu-
am por meio da formação de um complexo enzima/substrato (ES), em que uma mo-
lécula de substrato é ligada ao centro ativo da molécula de enzima, constituído por
resíduos de aminoácidos, o processo de ligação ocorre quando o substrato se liga
através de cadeias laterais aos resíduos de aminoácidos para ocorrer a transformação
química e a formação do produto, com a energia necessária para esta transformação
fornecida pela energia livre da ligação entre S e E. Portanto, a ativação ocorre sem a
adição de energia externa, de modo que a barreira de energia para a reação seja redu-
zida e a transformação dos produtos seja acelerada (TIETZ; BURTIS; BRUNS, 2016).
E + S ↔ ES → P + E
45
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA
Caso o produto da reação em uma direção seja removido assim que é forma-
do (p. ex., porque ele é o substrato de uma segunda enzima presente na mistura da
reação), o equilíbrio do primeiro processo enzimático será deslocado, prosseguindo
assim até estar completa nessa direção. Sequências de reação nas quais o produto de
uma reação catalisada por enzima torna-se o substrato da enzima seguinte e assim
por diante, muitas vezes, através de vários estágios, são características de processos
biológicos. Em laboratório, várias reações enzimáticas também podem estar ligadas
entre si para proporcionar um meio de se medir a atividade da primeira enzima e
concentração do substrato inicial na cadeia (TIETZ; BURTIS; BRUNS, 2016).
2.1 TEMPERATURA
A velocidade de uma reação química é afetada pela temperatura. Quanto
maior a temperatura, maior será a velocidade da reação até que a enzima chegue
a sua temperatura ótima, ponto em que sua atividade é máxima, ou seja, a enzi-
ma opera com aceleração máxima da reação, fazendo com que haja formação de
um produto no menor tempo possível. Essa afirmação pode ser explicada pela
teoria de Arrhenius, segundo a qual se baseia na hipótese de que duas partículas
devem se colidir na orientação correta e com energia cinética suficiente para que
os regentes sejam transformados em produtos. Em seguida, a atividade volta a
diminuir, pela desnaturação da molécula. Portanto, acadêmico, a partir de uma
temperatura determinada as enzimas perdem sua estrutura nativa, o que conse-
quentemente leva à perda de função (TIETZ; BURTIS; BRUNS, 2016). A Figura 17,
a seguir, mostra o efeito da temperatura na atividade enzimática.
46
TÓPICO 4 — ENZIMOLOGIA CLÍNICA
2.2 pH
A acidez ou a alcalinidade afetam as reações enzimáticas pela alteração da
ionização de radicais aminoácidos envolvidos em manter a conformação do local
ativo, ou em ligar o substrato, ou transformá-lo o substrato em produto. Existe
pH ótimo para cada enzima, assim quanto mais próximo do pH ótimo, maior será
a velocidade da reação. A desnaturação de enzimas é conhecida como “Efeito do
pH na estabilidade enzimática”. O estudo do efeito do pH na ionização de radi-
cais de aminoácidos envolvidos na ligação ou transformação de substrato em pro-
47
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA
Enzimas pH ótimo
Lipase (pâncreas) 8,0
Lipase (estômago) 4,0 a 5,0
Lipase (intestino) 4,7
Pepsina 1,5 a 1,6
Tripsina 7,8 a 8,7
Urease 7,0
Amilase (pâncreas) 6,7 a 7,0
Amilase (glândulas salivares) 4,6 a 5,2
Catalase 7,0
FONTE: Adaptado de Compri-Nardy, Stella e Oliveira (2009)
3 ENZIMOLOGIA ANALÍTICA
Na enzimologia analítica, o analista laboratorial se preocupa analiticamente
com a medição da atividade ou massa no soro ou plasma de enzimas que são predo-
minantemente intracelulares e que estão fisiologicamente presentes no soro em baixas
concentrações. Ao medir as alterações das quantidades destas enzimas em doenças, é
possível deduzir o local e a natureza das alterações patológicas nos tecidos do corpo.
3.1.2 Imunoensaio
49
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA
4 ENZIMAS SÉRICAS
De uma forma geral, os laboratórios clínicos normalmente estão preocu-
pados com as mudanças na atividade sérica ou plasmática das enzimas predomi-
nantemente intracelulares e presentes no sangue apenas em baixas concentrações.
As alterações séricas dessas enzimas são utilizadas para verificar a localização e a
natureza das mudanças patológicas em tecidos do corpo. Assim, compreender os
fatores que afetam a taxa de liberação de enzimas das suas células de origem e a
taxa na qual são retiradas da circulação é necessário para interpretar corretamen-
te as mudanças na atividade que ocorrem durante a doença.
50
TÓPICO 4 — ENZIMOLOGIA CLÍNICA
51
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA
52
TÓPICO 4 — ENZIMOLOGIA CLÍNICA
53
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA
intestinal, nos túbulos proximais dos rins, nos ossos, fígado e placenta. Sua fun-
ção metabólica exata ainda não é bem compreendida, mas aparentemente está as-
sociada ao transporte de lipídeos no intestino e ao processo de calcificação óssea
(TIETZ; BURTIS; BRUNS, 2016).
54
TÓPICO 4 — ENZIMOLOGIA CLÍNICA
55
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA
LEITURA COMPLEMENTAR
56
TÓPICO 4 — ENZIMOLOGIA CLÍNICA
57
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:
• Existem fatores que poderão afetar na taxa de reação de enzimas, tais como a
temperatura e o pH.
• Isoenzimas são enzimas que alteram sua conformação estrutural pela mu-
dança na sequência de aminoácidos, mas catalisam a mesma reação química e
podem apresentar parâmetros distintos e propriedade de regulação distinta.
CHAMADA
58
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Produto.
b) ( ) Substrato.
c) ( ) Coenzima.
d) ( ) Enzima.
a) ( ) CK-MB.
b) ( ) CK-BB.
c) ( ) CK-Mt.
d) ( ) CK-MM.
59
REFERÊNCIAS
ANDRIOLO, A. O laboratório na assistência à saúde. Gestão Estratégica em Me-
dicina Laboratorial - Publicação da SBPC/ML. Sociedade Brasileira de Patologia
Clínica e Medicina Laboratorial, v. 31, p. 05–06, 2007.
60
CSLI. Quality Management System: Development and Management of Labo-
ratory Documents. 6. ed. CLSI document QMS02-A6. Wayne, PA: Clinical and
Laboratory Standards Institute: [s.n.], 2013.
PLEBANI, M. Errors in laboratory medicine and patient safety: the road ahead.
Clinical chemistry and laboratory medicine, v. 45, n. 6, p. 700–7, 2007. Disponí-
vel em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17579520. Acesso em: 9 mar. 2021.
61
TIFFANY, T. O. et al. Enzymatic kinetic rate and end-point analyses of substrate,
by use of a GeMSAEC fast analyzer. Clin Chem, v. 18, p. 829– 40., 1972.
WESTGARD, J. O. Multirule and “Westgard Rules”: What are They? Copyright Wes-
tgard QC, 2002. Disponível em: http://www.westgard.com. Acesso em: 9 mar. 2021.
62
UNIDADE 2 —
63
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No decorrer da
unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o
conteúdo apresentado.
CHAMADA
64
TÓPICO 1 —
UNIDADE 2
AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA
FUNÇÃO RENAL
1 INTRODUÇÃO
2 FUNÇÃO RENAL
Os rins exercem diversas funções em nosso sistema, são elas: filtração, reab-
sorção, homeostase, funções endocrinológicas e metabólicas. Têm como função prin-
cipal a regulação da homeostasia através reabsorção de substâncias e íons filtrados
pelos glomérulos, regulando assim o meio interno. Além disso, também exerce fun-
ção de excreção de substâncias do nosso organismo (SODRÉ; COSTA; LIMA, 2007).
A cada minuto, o rim recebe cerca de 1.200 a 1.500 mL de sangue, que é fil-
trado pelos glomérulos renais, gerando cerca de 180 mL/minuto de um fluido pra-
ticamente límpido, livre de proteínas de até 66 kDa e de células. Os túbulos renais
e ducto coletor são responsáveis pela reabsorção de íons e água a fim de garantir a
65
UNIDADE 2 — FUNÇÕES BIOQUÍMICAS DOS SISTEMAS FISIOLÓGICOS
homeostasia. Todo este processo é regulado por diversos hormônios, dentre eles se
destaca o sistema renina-angiotensina-aldosterona, hormônio antidiurético (ADH)
e substâncias como óxido nítrico (NO) (BURTIS; ASHWOOD, 1999).
Componente
Filtração (g/dia) Excreção (g/dia) Reabsorção (g) (%)
plasmático
H2O 1.800.000 1.800 178.200 99
Cl- 630 5,3 625 99,2
Na+ 540 3,3 537 99,4
HCO3- 300 0,3 300 -100
Glicose 140 0 140 100
Ureia 56 32 24 45
K+ 28 4 24 85,7
Ácido úrico 8,50 0,8 7,7 90,6
Creatinina 1,41 1,6* 0 0
*Entre 7 e 20% de sua concentração urinária corresponde à creatinina que é secretada ativamente.
FONTE: Adaptado de Sodré, Costa e Lima (2007)
2.1 UREIA
A ureia é o principal metabólito nitrogenado gerado pela degradação de
aminoácidos e proteínas. A maior parte da ureia, cerca de 90%, é eliminada pelos
rins, o restante será eliminado através da pele e do trato gastrointestinal (SODRÉ;
COSTA; LIMA, 2007). O processo de inicial de degradação das proteínas a fim de
gerar o produto final, a ureia, está ilustrado na figura a seguir.
66
TÓPICO 1 — AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA FUNÇÃO RENAL
67
UNIDADE 2 — FUNÇÕES BIOQUÍMICAS DOS SISTEMAS FISIOLÓGICOS
2.2 CREATININA
A creatinina é o produto final da decomposição da fosfocreatina, e é excre-
tada pela urina. É no tecido muscular que ocorre a transformação diária da creati-
na em creatinina, cerca de 1 a 2% de creatina se converte em creatinina, portanto,
a concentração de creatinina produzida é dependente da massa muscular, po-
dendo variar com a idade e o sexo do indivíduo (TIETZ; BURTIS; BRUNS, 2016).
68
TÓPICO 1 — AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA FUNÇÃO RENAL
Fórmulas
[140 – idade (anos) × peso (kg)]/72 × creatinina
Equação de Cockcroft-Gault sérica (mg/dL) × [0,85 se a
paciente for do sexo feminino]
170 × [creatinina sérica (mg/dL)]–0,999 ×
[idade]–0,176 × [0,762 se a paciente for
Equação MDRD completa do sexo feminino] × [1,18 se o paciente for
negro] × [ureia sérica (mg/dL)]–0,17 ×
[albumina sérica (g/dL)] 0,318
186 × [creatinina sérica (mg/dL)]–1,154 ×
Equação MDRD abreviada [idade]–0,203 × [0,742 se a paciente for do
sexo feminino] × [1,21 se o paciente for negro]
FONTE: Adaptado de Sodré, Costa e Lima (2007)
Por fim, temos a química seca, uma técnica utilizada no Brasil, que abrange
a metodologia enzimática e a equação de MDRD evitando os interferentes
produzidos pela técnica de Jaffe (JAFFE, 1886; SODRÉ; COSTA; LIMA, 2007).
69
UNIDADE 2 — FUNÇÕES BIOQUÍMICAS DOS SISTEMAS FISIOLÓGICOS
3 ANÁLISES BIOQUÍMICAS
Acadêmico, com relação aos constituintes químicos da urina, pode-se ve-
rificar que são diversos, e que as alterações em seus valores resultam em diversas
patologias. Esses constituintes são determinados através do pH, da densidade
e de várias outras substâncias (COMPRI-NARDY; STELLA; OLIVEIRA, 2009).
Vamos comentar alguns constituintes anormais que podem surgir nas análises
bioquímicas e seu significado clínico, estando demonstradas no quadro a seguir.
70
TÓPICO 1 — AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA FUNÇÃO RENAL
• Células
71
UNIDADE 2 — FUNÇÕES BIOQUÍMICAS DOS SISTEMAS FISIOLÓGICOS
• Cilindros
• Cristais
DICAS
72
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• Os rins exercem diversas funções em nosso sistema, são elas: filtração, reab-
sorção, homeostase, funções endocrinológicas e metabólicas. Têm como fun-
ção principal a regulação da homeostasia.
73
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Rins.
b) ( ) Coração.
c) ( ) Fígado.
d) ( ) Trato gastrointestinal.
3 O ácido úrico é:
74
TÓPICO 2 —
UNIDADE 2
AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA
FUNÇÃO HEPÁTICA
1 INTRODUÇÃO
2 DOENÇA HEPÁTICA
As lesões que acometem o fígado normalmente respondem com uma lesão
que não apresenta sintomas, ou que por muitas vezes pode levar a icterícia. Vejamos
a seguir a denominação de icterícia de acordo com Tietz, Burtis e Bruns (2016, s.p.).
Icterícia (também conhecido como icterus) é caracterizada por aparên-
cia amarela da pele, membranas mucosas e esclera causada por depo-
sição de bilirrubina. Ela é a manifestação clínica mais específica de dis-
função hepática. No entanto, não se apresenta em muitos indivíduos
75
UNIDADE 2 — FUNÇÕES BIOQUÍMICAS DOS SISTEMAS FISIOLÓGICOS
UNI
76
TÓPICO 2 — AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA FUNÇÃO HEPÁTICA
77
UNIDADE 2 — FUNÇÕES BIOQUÍMICAS DOS SISTEMAS FISIOLÓGICOS
E
IMPORTANT
Doença Diagnóstico
História, HBsAg, anti-HBs, anti-HBc,
Hepatite B
HBV DNA
Hepatite C Anti-HCV, HCV RNA por PCR
Autoimune tipo 1 ANA, ASMA
Autoimune tipo 2 SLA, anti-LKM1
Doença de Wilson Ceruloplasmina
Fármacos História
Alfa-1-antitripsina Fenótipo α1-AT
Biópsia hepática, ausência de
Idiopático
marcadores
ANA, anticorpos antinucleares; anti-HBs, anticorpos contra o antígeno de superfície do vírus da
hepatite B; anti-HBc, anticorpos antinúcleo contra o vírus da hepatite B; anti-HCV, anticorpo an-
tivírus da hepatite C; anti-LKM1, anticorpo antimicrossomal do rim e fígado; ASMA, anticorpo an-
timúsculo liso; AT, antitripsina; DNA, ácido desoxirribonucleico; HBsAg, antígeno de superfície do
vírus da hepatite B; HVB, vírus da hepatite B; HCV, vírus da hepatite C; PCR, reação em cadeia da
polimerase; RNA, ácido ribonucleico; SLA; anticorpo músculo liso.
FONTE: Adaptado de Tietz, Burtis e Bruns (2016)
79
UNIDADE 2 — FUNÇÕES BIOQUÍMICAS DOS SISTEMAS FISIOLÓGICOS
ALP, fosfatase alcalina; AST, aspartato aminotransferase; URL, limite superior de referência.
FONTE: Adaptado de Tietz, Burtis e Bruns (2016)
Os exames clínicos de enzimas séricas como AST, ALT e ALP são importan-
tes nas análises laboratoriais por ter a capacidade de diferenciar a doença hepatoce-
lular da doença colestática. Essa diferenciação tem relevância clínica. Por exemplo,
caso um paciente tenha um diagnóstico de doença colestática com obstrução extra-
-hepática, automaticamente seria encaminhado como um caso médico de urgência
a fim de corrigir essa obstrução. Mas, caso haja algum erro nos fatores pré, pós,
ou analítico nas dosagens, o diagnóstico não será o correto, consequentemente o
paciente não terá a obstrução corrigida, evoluindo para um quadro de insuficiência
hepática aguda, que pode ser fatal (TIETZ; BURTIS; BRUNS, 2016).
NOTA
80
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
81
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Grupos vinilo.
b) ( ) Ácido glicurônico.
c) ( ) Ácido salicílico.
d) ( ) Grupos metileno.
a) ( ) Albumina.
b) ( ) Imunoglobulinas.
c) ( ) Glicogênio.
d) ( ) Fatores de coagulação.
82
Comente os achados encontrados no resultado dos exames e o provável diag-
nóstico do paciente nessas condições.
83
84
TÓPICO 3 —
UNIDADE 2
AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA
DIABETES MELLITUS E HIPOGLICEMIA
1 INTRODUÇÃO
2 METABOLISMO DA GLICOSE
Os carboidratos oriundos da alimentação são digeridos no trato gastrointes-
tinal, e consistem em glicose, frutose e galactose. Após essa absorção grande parte da
frutose e da galactose serão convertidas em glicose pelo fígado, portanto, a glicose é
vital para nosso organismo e está envolvida em basicamente todos os processos me-
tabólicos das nossas células (COMPRI-NARDY; STELLA; OLIVEIRA, 2009).
fosforilação catalisada por uma enzima, a hexoquinase, que dará origem à glicose-
-6-fosfato, importante nos processos metabólicos desempenhados pelas células do
nosso corpo. A medida que a glicose vai sendo metabolizada pelo organismo, seus
níveis na corrente sanguínea diminuem, este é o sinal para que outro hormônio
importante nos processos metabólicos entre em ação, é o hormônio glucagon, ele
é produzido pelas células α das ilhotas pancreáticas e promovem a decomposição
do glicogênio, estocado no fígado, em glicose para elevar seus níveis na corrente
sanguínea (COMPRI-NARDY; STELLA; OLIVEIRA, 2009).
86
TÓPICO 3 — AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA DIABETES MELLITUS E HIPOGLICEMIA
TERMO PROCESSO
Degradação de estoques glicogênio através
Glicogenólise
da retirada de moléculas de glicose
Produção de glicose a partir de compostos
Gliconeogênese
anglicanos (não açúcares)
Glicogênese Síntese de glicogênio
Glicólise Quebra da molécula de glicose
FONTE: A autora
87
UNIDADE 2 — FUNÇÕES BIOQUÍMICAS DOS SISTEMAS FISIOLÓGICOS
3 DIABETES MELLITUS
Como discutimos no tópico introdutório, a diabetes mellitus (DM) é a desor-
dem endócrina mais comumente encontrada na prática clínica. A DM pode ser defi-
nida como uma síndrome metabólica caracterizada por hiperglicemia oriunda de re-
sistência à insulina, falta relativa ou ainda falta absoluta de insulina (MOTTA, 2009).
3.1.1 DM Tipo 1
Este tipo acomete cerca de 15% do total de pacientes com diabetes. Ocorre
em qualquer idade, mas tem maior incidência em indivíduos jovens. A falta
absoluta de insulina é a consequência da destruição por mecanismos autoimune
das células β do pâncreas. Em alguns casos fatores ambientais, como as infecções
virais, podem ser desencadeantes da diabetes Tipo 1.
3.1.2 DM Tipo 2
A diabetes do tipo 2 já corresponde acerca de 85% dos casos totais de diabe-
tes. Ocorre em qualquer idade, mas com maior incidência em indivíduos na faixa
etária de 40 a 80 anos. Entretanto, com o advento de uma geração mais sedentária, já é
possível diagnosticar casos crescentes de diabetes Tipo 2 em crianças e adolescentes.
88
TÓPICO 3 — AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA DIABETES MELLITUS E HIPOGLICEMIA
89
UNIDADE 2 — FUNÇÕES BIOQUÍMICAS DOS SISTEMAS FISIOLÓGICOS
Essa dosagem se tornou essencial a partir de grandes estudos clínicos que mos-
traram claramente que manter a fração A1C abaixo de 7% no paciente com diabetes,
reduziu significativamente o risco de complicações quando comparados aos pacien-
tes crônicos descompensados, ou seja, com intervalo de referência acima do normal
(DCCT RESEARCH GROUP, 1994; UK PROSPECTIVE DIABETES STUDY, 1998).
90
TÓPICO 3 — AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA DIABETES MELLITUS E HIPOGLICEMIA
91
UNIDADE 2 — FUNÇÕES BIOQUÍMICAS DOS SISTEMAS FISIOLÓGICOS
DICAS
5 HIPOGLICEMIA
A hipoglicemia é definida como a baixa concentração de glicose no san-
gue, normalmente os indivíduos começam a sentir os sintomas clínicos quando
os valores de referências estão abaixo de 2,2 mmol/L. Para avaliar o paciente em
um caso de hipoglicemia, alguns aspectos precisam ser considerados, tais como, a
idade, se o evento ocorreu em um estado de jejum ou pós-prandial, se o paciente
é portador de diabetes e quanto ao uso de medicamentos (MOTTA, 2009).
92
TÓPICO 3 — AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA DIABETES MELLITUS E HIPOGLICEMIA
DICAS
93
UNIDADE 2 — FUNÇÕES BIOQUÍMICAS DOS SISTEMAS FISIOLÓGICOS
LEITURA COMPLEMENTAR
O mundo enfrenta uma nova pandemia viral, responsável pela doença corona-
vírus-19 – COVID-19, e permanece lutando contra outra, bem mais antiga, o Diabetes
mellitus (DM). Estima-se que mais de 460 milhões de pessoas no mundo apresentem
DM e que o número de afetados deve aumentar 50% em vinte anos (INTERNATION-
AL DIABETES FEDERATION, 2019). Concomitantemente, no presente, temos registra-
dos quase 9 milhões de casos confirmados da COVID-19 no mundo e este número per-
manece crescendo (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2020). São duas pandemias
em curso, as quais guardam relações entre si. As infecções humanas por coronavírus
são conhecidas há décadas, em especial a síndrome respiratória aguda grave (SARS) e
a síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS). No entanto, a partir de dezembro
de 2019, um novo coronavírus – SARS-CoV-2, passa a circular no mundo, causando a
COVID-19 (ANDERSEN et al., 2020; HIRANO; MURAKAMI, 2020).
94
TÓPICO 3 — AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA DIABETES MELLITUS E HIPOGLICEMIA
95
UNIDADE 2 — FUNÇÕES BIOQUÍMICAS DOS SISTEMAS FISIOLÓGICOS
Considerações finais
Pessoas com diabetes têm risco aumentado para infecções severas produ-
zidas por diferentes agentes, incluindo o SARS-CoV-2. Os mecanismos propostos
para explicar a associação entre DM e COVID-19 incluem um processo inflama-
tório exacerbado, alterações na coagulação e na resposta imune, e agressão direta
do SARS-CoV-2 às células das ilhotas pancreáticas, responsáveis pela regulação
glicêmica (HUSSAIN; BHOWMIK; DO VALE MOREIRA, 2020). Ambas as con-
dições, DM1 e DM2, podem estar associadas à resposta imune exacerbada iden-
tificada em pacientes com DM e COVID-19 (DONATH et al., 2003; DONATH;
DINARELLO; MANDRUP-POULSEN, 2019).
97
UNIDADE 2 — FUNÇÕES BIOQUÍMICAS DOS SISTEMAS FISIOLÓGICOS
98
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
99
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Gliconeogênese.
b) ( ) Glicogênese.
c) ( ) Glicólise.
d) ( ) Glicogenólise.
a) ( ) Epinefrina.
b) ( ) Glucagon.
c) ( ) Cortisol.
d) ( ) Insulina.
a) ( ) EDTA.
b) ( ) Fluoreto de sódio.
c) ( ) Oxalato de sódio.
d) ( ) Heparina.
4 Um exemplo de dissacarídeo é:
a) ( ) Amido.
b) ( ) Lactose.
c) ( ) Frutose.
d) ( ) Glicose.
6 Caso clínico: Um homem de 55 anos de idade está realizando seu teste geral
de sangue como parte de sua avaliação de rotina. Foi requerido que ele esti-
vesse em jejum. A concentração de glicose encontrada no sangue foi 127,91
mg/dl. Comente o resultado e como se deve proceder neste caso.
100
TÓPICO 4 —
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Lipídios Localização/Função
Fosfolípides Estrutura básica das membranas celulares
Precursor de hormônios esteroidais, ácidos
Colesterol
biliares e vitamina D. Constituinte das membranas celulares
Uma das formas de armazenamento energético mais
Triglicérides
importantes no organismo
Compõem a estrutura dos TGs e as membranas
Ácidos graxos
celulares
FONTE: A autora
101
UNIDADE 2 — FUNÇÕES BIOQUÍMICAS DOS SISTEMAS FISIOLÓGICOS
102
TÓPICO 4 — AVALIAÇÃO LABORATORIAL DAS DISLIPIDEMIAS
103
UNIDADE 2 — FUNÇÕES BIOQUÍMICAS DOS SISTEMAS FISIOLÓGICOS
104
TÓPICO 4 — AVALIAÇÃO LABORATORIAL DAS DISLIPIDEMIAS
105
UNIDADE 2 — FUNÇÕES BIOQUÍMICAS DOS SISTEMAS FISIOLÓGICOS
Pacientes com triglicérides acima de 400 mg/dl não podem utilizar a fór-
mula para estimar a LDL (LABETEST, 2016).
106
TÓPICO 4 — AVALIAÇÃO LABORATORIAL DAS DISLIPIDEMIAS
107
UNIDADE 2 — FUNÇÕES BIOQUÍMICAS DOS SISTEMAS FISIOLÓGICOS
DICAS
108
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:
109
AUTOATIVIDADE
1 Qual das seguintes fórmulas mostra o cálculo correto para medir indireta-
mente LDL-C (a fórmula de Friedewald)?
a) ( ) Fosfolípide.
b) ( ) Apolipoproteína.
c) ( ) Prostaglandina.
d) ( ) Terpeno.
a) ( ) LDL.
b) ( ) HDL.
c) ( ) Quilomícron.
d) ( ) Lipoproteína (a).
a) ( ) Colesterol oxidase.
b) ( ) Glicerol quinase.
c) ( ) HMG-CoA redutase.
d) ( ) Lipoproteína lipase.
110
TÓPICO 5 —
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
111
UNIDADE 2 — FUNÇÕES BIOQUÍMICAS DOS SISTEMAS FISIOLÓGICOS
• Idade;
• Tabagismo;
• Alta taxa de colesterol;
• Hipertensão;
• Diabetes mellitus;
• Dislipidemias;
• Obesidade;
• Estresse e depressão;
• Histórico familiar (MOTTA, 2009).
Alguns critérios para o diagnóstico de IAM são utilizados de acordo com o do-
cumento redigido pelo Consenso dos Especialistas representantes da Força Tarefa Con-
junta das Sociedades Americana e Europeia de Cardiologia. Vejamos esses critérios.
3.1 TROPONINAS
As troponinas são proteínas estruturais da musculatura esquelética e
cardíaca, estando diretamente relacionadas no processo de contração muscular.
O complexo de troponina cardíaca (cTn) apresenta três tipos de proteínas,
a troponina I, C e T (Figura 14). As subunidades I e T são as específicas do
tecido muscular cardíaco, já a subunidade C também é coexpressa no músculo
esquelético (TIETZ; BURTIS; BRUNS, 2016).
112
TÓPICO 5 — AVALIAÇÃO LABORATORIAL DAS DOENÇAS CARDIOVASCULARES
FONTE: A autora
113
UNIDADE 2 — FUNÇÕES BIOQUÍMICAS DOS SISTEMAS FISIOLÓGICOS
3.3 MIOGLOBINA
A mioglobina é uma proteína globular presente nas células musculares. É
uma proteína utilizada em diagnóstico de IAM, entretanto, a mioglobina não é um
biomarcador específico de lesão cardíaca, pode estar alterada em casos de insuficiên-
cia renal e em danos à musculatura esquelética, por exemplo. Portanto, seu resultado
deve estar associado aos exames CK total, CK-MB e troponinas. A mioglobina apre-
senta níveis elevados nas primeiras horas após o início da dor (cerca de 1 a 2 horas),
apresenta pico máximo em 12 horas, e, normalmente, estabiliza seus níveis em até
24 horas. Seu limite de referência é de 0,15 ng/mL. (TIETZ; BURTIS; BRUNS, 2016).
114
TÓPICO 5 — AVALIAÇÃO LABORATORIAL DAS DOENÇAS CARDIOVASCULARES
dor a ser dosado em pacientes com IAM. Atualmente, o teste de AST para infarto
não é mais utilizado, devido a existência de testes mais sensíveis e específicos. Para
a LDH, a questão está em sua baixa especificidade, pois é uma enzima que está
presente em todas as células do nosso organismo, em maior quantidade no fígado,
coração, rins, músculo esquelético e eritrócitos, portanto, não recomendada para o
diagnóstico de casos de lesão cardíaca (FLEURY MEDICINA E SAÚDE, 2007).
A falta de perfusão dos tecidos de uma maneira geral pode causar lesão e
perda da função do órgão. A ICC evolui de forma progressiva, e envolve risco à vida
do paciente. Por isso, a realização do exame laboratorial é fundamental no diagnós-
tico precoce de ICC (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIA CLÍNICA, 2019).
115
UNIDADE 2 — FUNÇÕES BIOQUÍMICAS DOS SISTEMAS FISIOLÓGICOS
DICAS
116
RESUMO DO TÓPICO 5
Neste tópico, você aprendeu que:
CHAMADA
117
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Ensaio fotométrico.
b) ( ) Imunoensaio.
c) ( ) Ensaio amperométrico.
d) ( ) Ensaio potenciométrico.
2 Quais são os nomes das proteínas contráteis que estão localizadas nas fibras
estriadas do coração?
a) ( ) Actina e miosina.
b) ( ) Peptídeos natriuréticos.
c) ( ) Albuminas modificadas.
d) ( ) Troponinas.
a) ( ) Peptídeo natriurético.
b) ( ) Mioglobina.
c) ( ) Troponinas.
d) ( ) Nourin.
118
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124
UNIDADE 3 —
TÓPICOS ESPECIAIS EM
BIOQUÍMICA CLÍNICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
125
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
126
TÓPICO 1 —
UNIDADE 3
ELETRÓLITOS E OS GASES
SANGUÍNEOS
1 INTRODUÇÃO
2 ELETRÓLITOS
Geralmente, os eletrólitos são classificados como cátions e ânions. Cátions
são íons carregados positivamente e que se movem em direção a um cátodo. Em
contrapartida, ânions são íons carregados negativamente, que se movem em di-
reção a um ânodo. Os eletrólitos que abordaremos neste tópico atuam como íons
livres e sua determinação nos fluidos corporais é chamada de “perfil dos eletróli-
tos” (TIETZ; BURTIS; BRUNS, 2016).
2.1 SÓDIO
O sódio (Na+) é o principal cátion presente em maior quantidade no meio
extracelular. O Na+ provém da dieta, em geral, a média de ingestão de sódio é de
3 a 6 gramas (90 a 250 mmol por dia), sendo completamente absorvido pelo trato
gastrointestinal. Entretanto, nosso corpo necessita apenas de 1 a 2 mmol por dia
127
UNIDADE 3 — TÓPICOS ESPECIAIS EM BIOQUÍMICA CLÍNICA
de sódio, assim, o restante será excretado pelos rins, que são os reguladores finais
da concentração de sódio no organismo. O Na+ pode ser dosado no soro, plasma
e urina. Aplicações clínicas relevantes na determinação urinária envolvem por
exemplo, a oligúria aguda (redução do volume urinário com valores abaixo de
400 mL em exame de urina 24 horas), hiponatremia (redução da concentração
plasmática de sódio), hipernatriúria (eliminação excessiva de íons como potássio
e sódio, geralmente verifica-se maior excreção de sódio), insuficiência adrenal,
terapia com diuréticos, dentre outras (TIETZ; BURTIS; BRUNS, 2016).
2.2 POTÁSSIO
O potássio (K+) é o cátion presente em maior quantidade no meio intracelular.
Em resumo, através da energia oxidativa gerada, ocorre o transporte contínuo de K+
contra o gradiente de concentração, esse mecanismo mantém os níveis de K+ em torno
de 150 mmol/L nas células e nos eritrócitos em torno de 105 mmol/L. O processo inver-
so, que envolve a difusão do K+ para o meio extracelular, acontece quando a bomba de
Na/K encontra-se com a sua atividade diminuída, este processo de transporte passivo
ocorre sem gasto de energia pela célula. A ingestão diária de K+ é de 2,4 a 4,4 gramas
por dia (60 a 120 mmol). O potássio é rapidamente absorvido no trato gastrointestinal e
caso esteja em excesso, será excretado pelos rins (TIETZ; BURTIS; BRUNS, 2016).
128
TÓPICO 1 — ELETRÓLITOS E OS GASES SANGUÍNEOS
literatura. Por isso, uma alimentação balanceada envolve uma dieta rica em po-
tássio, presente em frutas e hortaliças e pobre em sódio, presente em elevadas
quantidades em alimentos industrializados (BISI MOLINA et al., 2003; OSORIO;
ALON, 1997; TRINDADE et al., 2007).
2.3 CLORETO
Considerado o principal ânion extracelular, o cloreto tem papel no controle da
volemia (volume sanguíneo) e no controle osmótico. O Cl- é também absorvido no tra-
to gastrointestinal e excretado pelos rins. O cloreto pode ser dosado no soro, plasma,
suor e urina. Suas aplicações clínicas englobam, alcalose metabólica persistente, devido
à presença de quantidades elevadas de cloreto na urina (HARRINGTON; COHEN,
1975) e a fibrose cística (FC), dosada a partir de amostras de suor dos pacientes (TIETZ;
BURTIS; BRUNS, 2016), que discutiremos em um subtópico específico.
Os intervalos de referência registrados para o Cl– em soro ou plasma
variam de 98-107 mmol/L até 100-108 mmol/L. Os valores séricos va-
riam pouco durante o dia. As concentrações de Cl– no fluido espinal
são ≈15% maiores do que aquelas no soro. A excreção urinária de
Cl– varia com o consumo alimentar, mas um intervalo de 110 a 250
mmol/d é típico (TIETZ; BURTIS; BRUNS, 2016, s.p.).
129
UNIDADE 3 — TÓPICOS ESPECIAIS EM BIOQUÍMICA CLÍNICA
FONTE: A autora
130
TÓPICO 1 — ELETRÓLITOS E OS GASES SANGUÍNEOS
DICAS
131
UNIDADE 3 — TÓPICOS ESPECIAIS EM BIOQUÍMICA CLÍNICA
amostra indicarão os valores dos íons na solução. Além dos eletrólitos Na+ e K+,
outros íons como o Cálcio Ionizado (Ca2+), Cloreto (Cl-) e o Lítio (Li+) também po-
dem ser quantificados através destes analisadores (MOTTA, 2009).
3.3 ENZIMÁTICO
Os métodos enzimáticos utilizam equipamentos automatizados de espec-
trofotometria que por meio da identificação de comprimentos de ondas específi-
cos e controle da reação de monitoramento da temperatura conseguem detectar o
eletrólito. Entretanto, o custo elevado para compra dos reagentes para realização
deste ensaio são limitações na utilização desta metodologia em laboratórios clíni-
cos (TIETZ; BURTIS; BRUNS, 2016).
132
TÓPICO 1 — ELETRÓLITOS E OS GASES SANGUÍNEOS
133
UNIDADE 3 — TÓPICOS ESPECIAIS EM BIOQUÍMICA CLÍNICA
O exame do suor é realizado em três fases, (1) estimulação do suor, (2) coleta
e (3) análises qualitativas ou quantitativas. A técnica utilizada para o teste é a descrita
por GIBSON e COOKE em 1959 (GIBSON; COOKE, 1959), e até os dias de hoje é
considerada o padrão ouro para diagnóstico de FC. Algumas características desta
técnica precisam ser levadas em consideração, uma delas é a determinação do peso
exato de suor, o mínimo recomendado é de 50mg, e o ideal é de 75mg, essa quantida-
de garante acurácia no resultado (LEGRYS et al., 2007). Além disso, o treinamento de
profissionais capacitados é importante na garantia da qualidade do teste.
134
TÓPICO 1 — ELETRÓLITOS E OS GASES SANGUÍNEOS
DICAS
135
UNIDADE 3 — TÓPICOS ESPECIAIS EM BIOQUÍMICA CLÍNICA
136
TÓPICO 1 — ELETRÓLITOS E OS GASES SANGUÍNEOS
6 GASOMETRIA
A avaliação do equilíbrio ácido-base apresenta relevância na rotina clí-
nica, pois os dados gerados fornecem informações importantes sobre a função
respiratória e a perfusão tecidual do indivíduo. O aumento ou a diminuição das
concentrações de íons H+ caracterizam acidose e alcalose, respectivamente e con-
sequentemente, alteram os valores de pH. Neste sentido, o exame de gasometria é
muito utilizado, pois através dele é possível verificar as quantidades de O2 e CO2,
os valores de pH e as concentrações de bicarbonato (RIELLA, 2003).
137
UNIDADE 3 — TÓPICOS ESPECIAIS EM BIOQUÍMICA CLÍNICA
Arterial Venosa
pH 7,35 – 7,45 0,05 unidade menor
pO2 80 – 100 mmHg 50% menor
pCO2 35 a 45 mmHg 6 mmHg maior
HCO3- 22 – 26 mEq/L 22 – 26 mEq/L
FONTE: Adaptado de Furoni et al. (2010)
138
TÓPICO 1 — ELETRÓLITOS E OS GASES SANGUÍNEOS
DICAS
139
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• Íons que apresentam maior relevância clínica são, sódio (Na+), potássio (K+),
cloreto (Cl-) e bicarbonato (HCO3-).
140
• Testes de bicarbonato (dióxido de carbono total) estão relacionados com a
verificação de acidoses e alcaloses respiratórias e/ou metabólicas.
141
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Sódio.
b) ( ) Cloreto.
c) ( ) Dióxido de carbono.
d) ( ) Potássio.
a) ( ) Potenciometria.
b) ( ) Espectrofotometria.
c) ( ) Espectrofotometria atômica.
d) ( ) Coulometria.
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
5 Caso clínico: Mulher, 58 anos, com histórico de 5 dias de anorexia, dor ab-
dominal, náuseas e letargia. Faz tratamento para diabetes melito do tipo 2,
com uso de metformina 500 mg duas vezes ao dia, apresenta osteoartrite
de joelho para a qual, recentemente, iniciou o uso de diclofenaco. Os dados
laboratoriais da coleta de sangue arterial são:
143
144
TÓPICO 2 —
UNIDADE 3
METABOLISMO ÓSSEO
1 INTRODUÇÃO
145
UNIDADE 3 — TÓPICOS ESPECIAIS EM BIOQUÍMICA CLÍNICA
• Condução neuromuscular;
• Condução e relaxamento do músculo esquelético e cardíaco;
146
TÓPICO 2 — METABOLISMO ÓSSEO
147
UNIDADE 3 — TÓPICOS ESPECIAIS EM BIOQUÍMICA CLÍNICA
148
TÓPICO 2 — METABOLISMO ÓSSEO
2.2 HIPERCALCEMIA
A definição para hipercalcemia é o aumento dos níveis de cálcio no san-
gue com valores acima de 10,5 mg/dL em adultos. O aumento do cálcio plasmáti-
co pode levar a complicações renais e cardíacas. Neoplasias malignas e hiperpa-
ratireoidismo primário são causas de cerca de 90% dos casos de hipercalcemias.
Outras causas de hipercalcemia estão descritas a seguir:
• Hipervitaminose D;
• Desordens endócrinas;
• Imobilizações prolongadas;
• Enfermidades granulomatosas;
• Síndrome leite-álcalis;
• Insuficiência renal;
• Hipocalciúria-hipercalcemia familiar;
• Diuréticos tiazídicos;
• Terapia com lítio;
• Aumento das proteínas plasmáticas (MOTTA, 2009).
149
UNIDADE 3 — TÓPICOS ESPECIAIS EM BIOQUÍMICA CLÍNICA
2.3 HIPOCALCEMIA
Na hipocalcemia, redução da concentração de cálcio no sangue, a avalia-
ção é voltada para a análise de cálcio total e cálcio ionizado, e principalmente,
está relacionada ao teor de proteínas plasmáticas e do pH sanguíneo. As princi-
pais causas de hipocalcemia estão descritas a seguir:
• Hipoalbuminemia;
• Alterações da concentração de íons H+ no plasma (acidose e alcalose);
• Insuficiência renal crônica;
• Pancreatite aguda;
• Deficiência de vitamina D;
• Deficiência de magnésio;
• Hipoparatireoidismo;
• Pseudo-hipoparatireoidismo;
• Tetania (sugestivo de hipocalcemia, necessita de exames complementares)
(MOTTA, 2009).
150
TÓPICO 2 — METABOLISMO ÓSSEO
3 METABOLISMO DO FÓSFORO
O fósforo é um ânion intracelular e no sangue é denominado fosfato. Este
íon é importante, pois está envolvido no processo de mineralização e juntamente
com o cálcio, são responsáveis pela manutenção do esqueleto e dos dentes. O fos-
fato também está relacionado a processos como a ativação de substâncias como
glicose e aminoácidos, está presente nos nucleotídeos de ácidos nucleicos e em
fosfolipídios (COMPRI-NARDY; STELLA; OLIVEIRA, 2009).
151
UNIDADE 3 — TÓPICOS ESPECIAIS EM BIOQUÍMICA CLÍNICA
3.1 HIPERFOSFATEMIA
A hiperfosfatemia é considerada quando os níveis séricos de fosfato são
maiores que 5 mg/dL em adultos e 7 mg/dL em crianças. O quadro de hiperfosfate-
mia leva à hipocalcemia, devido à diminuição da produção de vitamina D, precipi-
tação de cálcio e alterações na reabsorção óssea mediada pelo PTH (MOTTA, 2009).
3.2 HIPOFOSFATEMIA
A hipofosfatemia, redução da concentração de fosfato no sangue, é clas-
sificada como leve, moderada e grave. Para a leve, o intervalo de referência do
fosfato é de 2 a 2,5 mg/dL, moderado, 1-2 mg/dL e grave com valores abaixo de 1
mg/dL (MOTTA, 2009).
152
TÓPICO 2 — METABOLISMO ÓSSEO
153
UNIDADE 3 — TÓPICOS ESPECIAIS EM BIOQUÍMICA CLÍNICA
4 ENFERMIDADES ÓSSEAS
Acadêmico, defeitos na mineralização ósseas associadas às alterações me-
tabólicas do cálcio e do fósforo são agrupadas em “enfermidades metabólicas ós-
seas”. Falaremos das principais enfermidades a seguir. É importante destacar que
em alguns casos os pacientes podem apresentar características de mais de uma
enfermidade óssea, isso pode dificultar o diagnóstico clínico mesmo em condi-
ções em que exames adicionais à bioquímica de rotina, como exames radiológicos
e biópsia óssea, sejam realizados (MOTTA, 2009).
4.1 OSTEOPOROSE
A osteoporose é a doença metabólica mais comum nos ossos, caracterizada
pela redução dos minerais e da matriz óssea que geram alterações na arquitetura do
tecido. Como explicado no início deste tópico, após a fase de crescimento do indivíduo,
quando a densidade óssea máxima é atingida, ocorrem perdas progressivas anuais, no
entanto, perde-se pouca quantidade de componentes ósseos. Agora, caso essa perda
exceda o limite da normalidade, nos exames clínicos e bioquímicos, o resultado será
a perda de massa óssea. Os exames laboratoriais, como as dosagens bioquímicas de
cálcio e fósforo, auxiliam no diagnóstico do paciente, além também do exame de den-
sitometria óssea, que fornece uma medida quantitativa da perda de massa óssea. Neste
sentido, a prevenção, como acompanhamento médico especializado e exames de roti-
na, são importantes e a melhor forma de evitar a osteoporose (MOTTA, 2009).
154
TÓPICO 2 — METABOLISMO ÓSSEO
155
UNIDADE 3 — TÓPICOS ESPECIAIS EM BIOQUÍMICA CLÍNICA
NOME ABREVIATURA
FORMAÇÃO ÓSSEA
Pró-peptídeo de pró-colágeno tipo I PINP PICP
Fosfatase alcalina óssea BALP
Osteocalcina OC
REABSORÇÃO ÓSSEA
Telopeptídeos do Colágeno Tipo I
N-telopeptídeo NTx
C-telopeptídeo (formado pela catepsina K) CTx
C-telopeptídeo (formado por MMPs) ICTP
Ligação Cruzada de Piridinium
Deoxipiridinolina livre fDPD
Deoxipiridinolina livre e piridinolina livre fDPD e fPYD
Deoxipiridinolina total e piridinolina livre tDPD e tPYD
FONTE: Adaptado de Tietz, Burtis e Bruns (2016)
156
TÓPICO 2 — METABOLISMO ÓSSEO
DICAS
157
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• Em sua maioria os ossos são formados por uma matriz orgânica de fibras co-
lágenas e líquidos extracelulares (sulfato de condroitina e ácido hialurônico).
• O cálcio, na corrente sanguínea, está presente em três formas, cálcio não ioni-
zado, cálcio ionizado livre e cálcio complexado.
158
• A metodologia laboratorial comumente empregada na quantificação de fósforo
inorgânico nos líquidos biológicos é a colorimetria com o molibdato de amônio.
159
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Albumina.
b) ( ) Calcitonina.
c) ( ) Imunoglobulina M (IgM).
d) ( ) Vitamina D.
a) ( ) Osteomalacia.
b) ( ) Osteoporose.
c) ( ) Raquitismo.
d) ( ) Doença de Paget.
a) ( ) Cálcio.
b) ( ) Hormônio da paratireoide (PTH).
c) ( ) Fosfato.
d) ( ) Calcitonina.
INTERVALO DE REFERÊNCIA
Homem 30 – 100 Unidade/Litro
Mulher 45 – 115 Unidade/Litro
160
TÓPICO 3 —
UNIDADE 3
MARCADORES TUMORAIS
1 INTRODUÇÃO
2 CÂNCER
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer é um dos
principais problemas de saúde pública mundial, sendo consequência de mortes
prematuras de indivíduos abaixo dos 70 anos. No Brasil, a estimativa é que entre
2020 – 2022, ocorrerão 625 mil novos casos de câncer (INSTITUTO NACIONAL
DE CÂNCER – MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2020).
161
UNIDADE 3 — TÓPICOS ESPECIAIS EM BIOQUÍMICA CLÍNICA
Na maioria dos casos, os tumores são classificados de acordo com sua carac-
terística histomorfológica, ou seja, a morfologia do tecido avaliado. O sufixo –oma é
utilizado para indicar qualquer neoplasia, benigna ou maligna. A palavra carcino-
ma é utilizada para tumor maligno em epitélio de revestimento e a palavra sarcoma
para designar neoplasias malignas de origem mesenquimal (FILHO, 2013).
ESTRUTURA
PROLIFERADA
TUMOR BENIGNO TUMOR MALIGNO
E/OU ORIGEM DO
TUMOR
Tecidos epiteliais
Epitélio de revestimento Papiloma Carcinoma
Epitélio glandular Adenoma Adenocarcinoma
Tecidos conjuntivos
Tecido fibroso Fibroma Fibrossarcoma
Tecido adiposo Lipoma Lipossarcoma
Tecido cartilaginoso Condroma Condrossarcoma
Tecido ósseo Osteoma Osteossarcoma
Tecido mucoso Mixoma
Células do sangue Leucemia
Órgãos linfoides Linfoma
Tecidos musculares
Liso Leiomioma Leiomiossarcoma
Estriado Rabdomioma Rabdomiossarcoma
Tecido nervoso
Neuroblasto Ganglioneuroma Glanglioneuroblastoma
Neuroepitélio Ependimoma Ependimoma maligno
Astrocitoma Glioblastoma multiforme
Células da glia
Oligodendroglioma Oligodendroglioma maligno
N e u r i n o m a Neurinoma (schannoma)
Nervos periféricos
(schannoma) maligno
Meninges Meningioma Meningioma maligno
Vasos
Sanguíneos Hemangioma Angiossarcoma
Linfáticos Linfagioma Linfagiossarcoma
Sistema melanógeno Nevo Melanoma maligno
Trofoblasto Mola hidatiforme Coriocarcinoma
Células multi ou
Teratoma benigno Teratoma maligno
totipotentes
FONTE: Adaptado de Filho (2013)
162
TÓPICO 3 — MARCADORES TUMORAIS
BENIGNAS MALIGNAS
Crescimento neoplásico Baixo Alto
De bem diferenciadas a
Grau de diferenciação Bem diferenciadas
anaplásicas
Mitose Raro Frequente
Atipias celulares e de
Raro Frequente
arquitetura tecidual
Degeneração, necrose Ausente Presente
Tipo de crescimento Expansivo Infiltrativo
Cápsula Bem definida Geralmente ausente
Limites da lesão Bem definidos Imprecisos
Efeitos locais e Geralmente Geralmente graves e às
sistêmicos inexpressivos vezes letais
Metástases Ausentes Presentes
FONTE: Adaptado de Filho (2013)
163
UNIDADE 3 — TÓPICOS ESPECIAIS EM BIOQUÍMICA CLÍNICA
164
TÓPICO 3 — MARCADORES TUMORAIS
165
UNIDADE 3 — TÓPICOS ESPECIAIS EM BIOQUÍMICA CLÍNICA
TUROS
ESTUDOS FU
166
TÓPICO 3 — MARCADORES TUMORAIS
167
UNIDADE 3 — TÓPICOS ESPECIAIS EM BIOQUÍMICA CLÍNICA
3 MÉTODOS ANALÍTICOS
Várias técnicas são empregadas nas dosagens dos marcadores tumorais.
Ensaio de enzimas, imunoensaios, espectrometria de massa, cromatografia, e biolo-
gia molecular, como os microarranjos, são algumas técnicas usuais na clínica. Essas
técnicas, utilizam de diversos produtos biológicos secretados por células saudáveis,
mas que na presença de uma neoplasia, podem ser secretadas principalmente pelas
células neoplásicas, e assim, podendo ser avaliados como marcadores tumorais.
Além disso, técnicas de imunofenotipagem e imuno-histoquímica, no diagnóstico
anatomopatológico são também utilizadas e são de grande importância, pois, apre-
sentam papel direto na avaliação tecidual das células neoplásicas (TIETZ; BURTIS;
BRUNS, 2016). A figura a seguir ilustra através de uma representação esquemática,
os vários produtos biológicos que uma célula pode produzir.
168
TÓPICO 3 — MARCADORES TUMORAIS
• Adenocarcinoma de mama;
• Adenocarcinoma de rins;
• Adenocarcinoma de pâncreas;
• Carcinoma epidermoide de pulmão;
• Mieloma múltiplo;
• Leucemia;
• Linfoma de célula T (em adultos), dentre outros (NAOUM; NAOUM, 2018).
169
UNIDADE 3 — TÓPICOS ESPECIAIS EM BIOQUÍMICA CLÍNICA
170
TÓPICO 3 — MARCADORES TUMORAIS
NTE
INTERESSA
Homens podem ser usados como controle negativo de mulheres que realizam
um teste de gravidez de farmácia, pois homens saudáveis não secretam quantidades
elevadas de hCG. O hCG nos homens atua estimulando as células intersticiais de Leydig e,
consequentemente, a secreção de androgênios. O tipo de câncer de testículo (Teratoma
de testículo) secreta altas taxas de hCG. Isto leva a um teste de gravidez com resultado falso
positivo para os homens. Este dado deve ser avaliado imediatamente através dos exames
bioquímicos e clínicos.
171
UNIDADE 3 — TÓPICOS ESPECIAIS EM BIOQUÍMICA CLÍNICA
LEITURA COMPLEMENTAR
MARCADORES TUMORAIS
• Estimar o prognóstico.
• Determinar se existe doença residual ou recidiva após o tratamento.
• Avaliar a resposta ao tratamento.
• Monitorar se um tumor se tornou resistente ao tratamento.
172
TÓPICO 3 — MARCADORES TUMORAIS
173
UNIDADE 3 — TÓPICOS ESPECIAIS EM BIOQUÍMICA CLÍNICA
Alfafetoproteína (AFP)
Câncer de fígado e tumores de células
Tipos de câncer
germinativas
Amostra analisada Sangue
ALK rearranjos e superexpressão
Tipos de câncer Câncer de pulmão de não pequenas célu-
las e linfoma anaplásico de grandes células.
Amostra analisada Tumor
Amplificação do gene HER2/neu ou
superexpressão de proteínas
Câncer de mama, câncer de ovário,
Tipos de câncer câncer de bexiga, câncer de pâncreas e
câncer de estômago
Amostra analisada Tumor
Beta-2-microglobulina (B2M)
Mieloma múltiplo, leucemia linfoide
Tipos de câncer
crônica e alguns linfomas
Amostra analisada Sangue, urina ou líquido cefalorraquidiano
Beta-hCG (Gonadotrofina coriônica
humana beta)
Coriocarcinoma e tumores de células
Tipos de câncer
germinativas
Amostra analisada Urina ou sangue
Catecolaminas na urina: VMA e HVA
Tipo de câncer Neuroblastoma.
174
TÓPICO 3 — MARCADORES TUMORAIS
175
UNIDADE 3 — TÓPICOS ESPECIAIS EM BIOQUÍMICA CLÍNICA
EGFR
Câncer de pulmão de não pequenas
Tipo de câncer
células
Amostra analisada Tumor
Enolase específica de neurônios (NSE)
Câncer de pulmão de pequenas células
Tipos de câncer
e neuroblastoma
Amostra analisada Sangue
Exclusão do cromossomo 17p
Tipo de câncer Leucemia linfocítica crônica
Amostra analisada Sangue
Fosfatase ácida prostática (PAP)
Câncer de próstata avançado
Tipo de câncer
Amostra analisada Sangue
Fusão do gene PML/RARα
Tipo de câncer Leucemia promielocítica aguda (LPA)
Amostra analisada Sangue e medula óssea
Gastrina
Tipo de câncer Tumor produtor de gastrina (gastrinoma)
Amostra analisada Sangue
Gene de fusão BCR-ABL (cromossomo
Philadelphia)
Leucemia mieloide crônica, leucemia lin-
Tipos de câncer
foide aguda e leucemia mieloide aguda.
Amostra analisada Sangue ou medula óssea
Imunoglobulinas
Tipos de câncer Mieloma múltiplo e macroglobulinemia
de Waldenstrom
Amostra analisada Sangue e urina
JAK2 Mutação no gene
Tipo de câncer Determinados tipos de leucemia
Amostra analisada Sangue e medula óssea
PSA (Antígeno prostático específico)
Tipo de câncer Câncer de próstata
Amostra analisada Sangue
Reorganização do gene da
imunoglobulina de células B
Tipo de câncer Linfoma de células B
Amostra analisada Sangue, medula óssea ou tecido tumoral
Reorganização do gene do receptor de
células T
Tipo de câncer Linfoma de células T
Medula óssea, tecido, líquido corporal
Amostra analisada
e sangue
176
TÓPICO 3 — MARCADORES TUMORAIS
5-HIAA
Tipo de câncer Tumores carcinoides
Amostra analisada Urina
177
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
178
• São vários os produtos biológicos que podem ser utilizados como marcadores
tumorais, como enzimas, proteínas, hormônios, moléculas do sistema imune,
material genético, receptores e antígenos.
CHAMADA
179
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Rabdomiossarcoma.
b) ( ) Tumores da glândula paratireoide.
c) ( ) Carcinoma medular da tireoide.
d) ( ) Meningioma maligno.
4 Caso clínico: homem de 70 anos foi admitido no hospital com dores fortes
no tórax inferior e abdômen. Os exames mostraram um aumento no tama-
nho do fígado. O homem revelou que consome grandes quantidades de
álcool. Os exames bioquímicos foram:
O nível bastante alto γGT e os modestos aumentos de AST e ALT sugerem um quadro
de colestase, esse quadro pode advir de um câncer de fígado ou cirrose hepática.
Assim, como o marcador tumoral AFP pode ser útil no caso desse paciente?
180
REFERÊNCIAS
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fosfato inorgânico (fósforo) por metodologia colorimétrica. [S.l: s.n.]. Disponí-
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Disorders of Mineral Metabolism. 4. ed. Philadelphia: [s.n.], 1999.
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TIETZ, N. W.; BURTIS, C. A.; BRUNS, D. E. Tietz fundamentos de química clíni-
ca e diagnóstico molecular. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier: [s.n.], 2016.
183
184