A Autentica Adoração Cristã

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AUTÊNTICA ADORAÇÃO CRISTÃ:

DESCOBRINDO O CRITÉRIO DE WESLEY

por
Todd A. Stepp, D. Min., O.S.L.
Grace Church of the Nazarene
Evansville, Indiana
[email protected]
http://wesleyananglican.blogspot.com

Tradução para português: Priscila Guevara


Edição: Raquel Alves Espinhal Pereira

Conferência Teológica Wesleyana


Março de 2009
2

Uma Introdução ao Problema

O movimento americano de santidade do século XIX foi um avivamento da ênfase na

perfeição Cristã de João Wesley. As denominações identificadas com este movimento -

especialmente aquelas com fortes ligações eclesiásticas à sua herança metodista - têm,

conscientemente, tentado permanecer nos ensinos wesleyanos.

No entanto, muitas têm-se extraviado do Sr. Wesley relativamente à sua compreensão e

prática da adoração. A minha própria denominação, a Igreja do Nazareno, como outras igrejas

wesleyanas de santidade, tem sido rápida a adoptar a fé de Wesley, do coração aquecido, mas

tem falhado em ser tão entusiasta acerca das suas inclinações litúrgicas/sacramentais. O

Metodismo americano em geral tinha trocado, desde cedo, a versão de Wesley do Book of

Common Prrayer [Livro de Oração Comum], que ele intitulou de The Sunday Service of

Methodist in North America (The Sunday Service), para o avivamento da fronteira americana (o

Prayer Book de João Wesley [Livro de Oração Comum]). À medida que as reuniões em tendas

foram adoptadas pelos proponentes da santidade, a inteira santificação tornou-se o ponto focal. A

iminência da experiência, a espontaneidade e os sentimentos tinham uma função principal neste

movimento.

A preocupação para que as pessoas experimentassem o novo nascimento e que os crentes

avançassem para a experiência da inteira santificação tem levado a Igreja do Nazareno e as

denominações wesleyanas de santidade a adoptarem um modo revivalista da pregação com

apelos ao altar de forma a levar as pessoas a essas experiências cristãs. A compensação de um

sentido da presença e espontaneidade do Espírito Santo tem levado à diminuição da importância

da adoração sacramental, que é, frequentemente, vista como parte da religião formal, não

espiritual e morta.
3

Como Brad Estep diz, “O movimento de santidade do século XIX não foi um movimento

de reforma litúrgica, mas sim o movimento de uma ênfase doutrinal compreendida como tendo

sido perdida” (98). James R. Spruce, depois de reflectir sobre vários relatos iniciais da adoração

nazarena, conclui dizendo, “Os nazarenos adoram – ou mais precisamente, celebram!” (39). Ele

entende o seu comentário como sendo positivo, mas eu vejo-o como o assunto em questão. O que

esses primeiros nazarenos e outros wesleyanos fizeram é, mais adequadamente, descrito como

celebração, não adoração. Como Randall E. Davey correctamente afirma, “No zelo dos primeiros

nazarenos de promover a santidade e ministrar aos pobres, parece justo dizer que eles abraçaram,

de forma não crítica, uma forma de adoração moldada pelo pragmatismo, racionalismo,

autoconfiança, piedade pessoal e inovações” (3-4). Como David Pendleton tem dito, “A

experiência tende a ser levada ao emocional e focada no ego. Por outras palavras, temo-nos

juntado para ser alimentados espiritualmente em vez de nos oferecermos em adoração a um Deus

Santo” (11-12).

Como denominação, os primeiros nazarenos não operaram como resultado de uma teologia

consciente de adoração. Até mesmo hoje, os nazarenos não têm nenhuma teologia oficial da

adoração. Cada pastor e cada congregação decide como adorar a Deus. À medida que a cultura

tem mudado, muitos nazarenos têm percebido que as formas de adoração das reuniões em tendas

do século XIX já não são viáveis. Eles têm, então, buscado direcção em várias fontes:

Com o advento do movimento do Crescimento da Igreja dos anos setenta, a Kennedy


School of Evangelism e o fenómeno Willow Creek de 1980, os nazarenos têm-se tornado
cada vez mais eclécticos na adoração, ao ponto do desconforto de alguns, o desprazer de
outros e o deleite de não poucos.
Depois de noventa anos de relativo silêncio sobre as rúbricas da adoração, os nazarenos
estão prontos para “assumir o controle”. Com a sua tendência pragmática e propensão para
a inovação, eles têm pressionado os extremos do “espírito” e “estrutura”, levados por um
ardente desejo de “fazer crescer a igreja.” (Davey 12)
4

Como a sua herança dos primeiros nazarenos, a procura por padrões efectivos de adoração tem

frequentemente sido levada por um pragmatismo, não crítico, que tem premiado um

emocionalismo que tende a ser focado no eu. Uma fonte ausente na busca dos nazarenos por

orientação na área da adoração é o patriarca espiritual da denominação, João Wesley.

Quando buscam em Wesley orientação relativamente à adoração, encontram um forte

contraste com as fontes acima. Wesley era certamente o pai da religião do coração aquecido. Ele

estava comprometido com o evangelismo. Ele estava preocupado com a presença genuína do

Espírito Santo nas vidas dos adoradores, mas o padrão encontrado nele é aquele de uma

“estrutura via [ênfase original] o espírito.” Este mesmo evangélico de coração aquecido era

também um “Grande Homem da Igreja, o filho de um Grande Homem da Igreja” (Wesley,

Journal 325):

Tanto [ênfase original] o espírito como a estrutura eram importantes e eles não eram
mutuamente exclusivos. A estrutura não era oposta ao espírito, mas era o seu próprio canal.
As formas de adoração, cultos com ordem, o Livro de Oração Comum, hinos que dirigiam
a alma para Deus, credos antigos, orações escritas e outros como esses eram os próprios
canais pelos quais Deus podia enviar o Seu Espírito convincente, regenerador e
santificador. Eles eram “meios da graça.” (Staples 288)

Se os nazarenos e outros cristãos wesleyanos buscassem orientação em João Wesley

relativamente à adoração, iriam descobrir um critério muito diferente daqueles presentemente

adoptados por muitos nazarenos.

Fundamentos Bíblicos/Teológicos

A tarefa fundamental da Igreja é adorar a Deus. A primeira questão no “Westminster

Shorter Catechism” [Breve Catecismo de Westminster] busca identificar o objectivo principal da

humanidade. A resposta dada no Catecismo está exactamente correcta: “glorificar a Deus e

desfrutar d’Ele para sempre” (200). A ordem do conteúdo dessa resposta é significativa.

Glorificar a Deus está primeiro.


5

São inúmeros os exemplos de passagens da Escritura que mandam ou chamam o povo a

adorar. Uma dessas passagem é 1 Crónicas 16:29: “Dai ao Senhor a glória do seu nome; trazei

presentes e vinde perante Ele: adorai ao Senhor na beleza da sua santidade”. É claro que as

Escrituras incluem outros mandamentos e muitos dentro da Igreja apontariam para a Grande

Comissão. Eles argumentariam que a tarefa fundamental da Igreja é o evangelismo. O facto é

que ambos são importantes e nenhum pode ser deixado de lado. No entanto, quando as pessoas

olham para Mateus 28:17, descobrem que a Grande Comissão é dada no contexto da adoração.

Além disso, Jesus resume todos os mandamentos no Grande Mandamento: “Amarás, pois, ao

Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de

todas as tuas forças: este é o primeiro mandamento.” (Marcos 12:30). Esta passagem é um

mandamento de adoração.

Os primeiros quatro dos Dez Mandamentos assumem o papel do povo como adorador:

“Eu sou o Senhor, teu Deus... Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para
ti imagem de escultura... Não te encurvarás a elas, nem as servirás: porque eu, o
Senhor, teu Deus, sou Deus zeloso...Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em
vão... Lembra-te do dia do sábado, para o santificar... Mas o sétimo dia é o sábado do
Senhor, teu Deus.” (Êxodo 20:2-10)

A criação requer que a adoração seja vista como uma actividade fundamental das pessoas. A

ideia de que as pessoas foram criadas chama-as a estarem em admiração perante o seu Criador, a

adorara o seu Criador, e a louvar o seu Criador.

Jesus diz à mulher samaritana que o Pai procura adoradores que O adorem em espírito e

em verdade (João 4:24). Jesus, durante as Suas tentações no deserto diz ao diabo que “…porque

está escrito: Adorarás o Senhor, teu Deus, e só a Ele servirás” (Lucas 4:8). Jesus é visto como

apoiando a prática de adoração de Israel no templo, na sinagoga e ao observar as festas

religiosas.
6

A Igreja do Novo Testamento enfatizava a importância da adoração. Ao longo do livro de

Actos e das epístolas, os leitores vêem o envolvimento contínuo dos cristãos com o padrão de

adoração judeu estabelecido. Em adição aos cultos da Palavra encontrados na adoração da

sinagoga, os primeiros cristãos encontravam-se em casas para celebrar a Eucaristia. Além disso,

Hebreus 10:25 avisa os cristãos a não negligenciarem os encontros juntos, que Wesley

compreendia como sendo os encontros para adoração conjunta (Explanatory Notes 585).

Pelo facto da adoração ser a tarefa fundamental da Igreja e visto que a adoração da Igreja

é dirigida para Deus, então a adoração requer a maior consideração dos cristãos. De facto,

Wesley compreendia a adoração corporativa como sendo essencial ao cristianismo, que, no seu

quarto discurso, “Upon our Lord’s Sermon on the Mount” [Acerca do Sermão da Montanha, do

nosso Senhor] diz, “Por cristianismo eu refiro-me ao método de adorar a Deus que é aqui

revelado ao homem por Jesus Cristo” (Works Bicentennial 1: 533). Mark Horst está correcto em

citar que, para a tradição wesleyana, a adoração no seu sentido mais alargado “engloba não

apenas rituais públicos e devoções privadas, mas a vida cristã na sua plenitude” (297). No

entanto, a adoração corporativa é essencial para essa vida cristã. Wesley argumenta que “o

cristianismo é essencialmente uma religião social, e que torná-lo numa religião solitária é, de

facto, destruí-lo” (Works Bicentennial 1: 533).

Wesley, de acordo com James F. White, expôs uma visão para a vida cristã firmemente

construída na base dos “meios da graça dados por Deus, particularmente o sacramento, a

Escritura e a oração” (Introdução 10). Wesley baseou o seu padrão da vida cristã numa

“comunidade que se junta cada domingo para um tempo de oração matinal e nocturna, e para

celebrar a Santa Ceia ‘em cada Dia do Senhor’” (9).


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Wesley desenvolveu uma compreensão da adoração na vida cristã de passagens da

Escritura como Actos 2:42: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no

partir do pão, e nas orações”. Quando comentando este versículo, Wesley diz, “Então a sua

comunhão diária de igreja consistia nestes quatro particulares: 1. Ouvir a palavra; 2. Ter tudo em

comum; 3. Receber a Santa Ceia; 4. Oração” (Explanatory Notes 281).

Ao falar sobre Colossenses 2:20, Wesley insiste que esta passagem se refere a uma

liberdade das ordenanças judaicas. Ele insiste que os cristãos ainda são obrigados a observar as

ordenanças de Cristo.

Consequentemente, isto não tem nenhuma referencia às ordenanças de Cristo


[ênfase original], tal como a oração, comunicar e estudar as Escrituras. (3) O
próprio Cristo disse que “O homem deve [ênfase original] orar sempre”, e manda
“a que não esqueçamos de nos congregarmos juntos”, a “estudar as Escrituras,” e
comer o pão e beber o vinho “em lembrança d’Ele.” (4) Os mandamentos [ênfase
original] de Cristo obrigam [ênfase original] todos que são chamados pelo Seu
nome, sejam (em rigor) crentes ou descrentes, a ver que “quem quer que quebre o
menor destes mandamentos deve ser chamado o menor do reino dos céus” (Works
Bicentennial 19: 156)

Assim, Wesley baseou a sua compreensão de muitos dos actos de adoração nos

mandamentos claros de Cristo. Ao ligar as palavras do Senhor acerca da oração de Lucas 18:1 ao

mandamento acerca de se congregarem de Hebreus 10:25, Wesley demonstra o seu pressuposto

de que o mandamento para orar inclui oração dentro do contexto da adoração corporativa.

Além disso, Wesley compreende tais actos de adoração corporativa como meios da graça.

Ele diz, “Deus tem ordenado nas Escrituras a oração, o ler ou o escutar, e receber a Santa Ceia,

como os meios normais para transmitir a Sua graça ao homem” (Works Bicentennial 19: 157).

De forma a demonstrar a oração como um meio da graça, Wesley refere-se a Mateus 7:7 e Lucas

11:9 onde Cristo insiste que se os cristãos pedirem, em oração, irão receber (157). Wesley

demonstra que ler e escutar as Escrituras são meios da graça apontando para Romanos 10:17 e 2
8

Timóteo 3:16-17. Ele diz que cada cristão sabe, por experiência, que “todas as Escrituras são

proveitosas,” ou um meio para esse fim, “que o homem de Deus deve ser perfeito,

completamente habilitado para todas as boas obras” (158).

Wesley insiste que na igreja da antiguidade todos os crentes baptizados participavam,

todos os dias, no sacramento da Santa Ceia. Esta afirmação é apoiada ao referir o relato de Actos

2:46 que “...perseverando unânimes, todos os dias, no templo, e partindo o pão em casa, comiam

juntos com alegria e singeleza de coração” (Works Bicentennial 19: 158). Nas suas Explanatory

Notes, Wesley comenta acerca desta passagem: “Continuando diariamente – partindo o pão –

[ênfase original] na Santa Ceia, como fizeram muitas igrejas durante alguns anos” (Actos 2:46.

Ele ainda insiste que a “Ceia do Senhor foi ordenada por Deus para ser um meio de transmitir

graça [ênfase original] aos homens, seja graça preveniente [ênfase original], justificadora

[ênfase original] ou santificadora [ênfase original], de acordo com as suas várias necessidades”

(Works Bicentennial 19: 159).

A adoração wesleyana, então, é mais do que mera forma exterior. A adoração wesleyana

leva os adoradores à presença de Deus, onde eles, amorosamente, contemplam a Sua santidade

(Horst 297):

Quer eles apareçam na grande congregação para “dar honra devida ao Seu nome e
adorá-Lo na beleza da santidade;” ... quer estudem os oráculos de Deus ou oiçam
os embaixadores de Cristo a proclamar as boas novas da salvação; ou para comer
o pão e beber do cálice “anunciado a Sua morte até que Ele venha” nas nuvens
dos céus. Em todos esses seus modos por Ele designados, eles encontram uma tal
abordagem próxima que não pode ser expressa (Works Bicentennial 1: 514).

A adoração cristã usa formas exteriores para nos levar a Deus.

Como demonstrado acima, Wesley compreende que as Escrituras ensinam que a adoração

cristã envolve a unidade do “poder interior e a forma exterior” (Horst 297). Como Horton Davies

diz, a adoração wesleyana mistura “o espírito e a liturgia” (240). Por um lado, “A natureza da
9

religião está tão longe de consistir em... formas de adoração, ou rituais e cerimónias, que não

consiste propriamente em quaisquer acções externas de qualquer tipo” (Works Bicentennial 1:

219). Por outro lado, se a pessoa não trocar “os meios pelos fins,” então Wesley argumenta que

os cristãos deviam “usar todos os meios exteriores; mas usá-los com um olho constante na

renovação da sua alma em justiça e verdadeira santidade” (545). As formas exteriores não são

fins em si mesmas, mas a Escritura indica que são dadas por Deus para serem usadas como meios

de graça. Como demonstrado acima, Wesley evidenciou uma teologia bíblica de adoração, na

qual o Espírito trabalha através das formas de adoração.

As Escrituras demonstram que a adoração é a tarefa fundamental da Igreja; por isso, a

adoração requer a maior consideração dos cristãos. A teologia bíblica da adoração, vista em

Wesley, foi formada à volta da compreensão de que Deus revelou à Igreja, através das Escrituras,

o Seu desejo pela adoração da Igreja. Em particular, Wesley focou-se em Deus ter dado à Igreja

a Palavra e o sacramento da Santa Ceia, juntamente com a oração, como meios da graça. Assim,

a adoração cristã consiste na acção recíproca entre a Igreja e Deus. À medida que a Igreja adora,

de acordo com a revelação de Deus, a graça de Deus é transmitida à Igreja. Tal revelação de

Deus, como vista nas Escrituras, demonstrada pela igreja primitiva, trabalhada pela razão e

confirmada pela experiência, forma a base da adoração cristã que pode ser compreendida como

autenticamente wesleyana.
10

O CRITÉRIO DE WESLEY

Introdução

Em 1784, Wesley enviou ao povo chamado metodista, a viver na América do Norte, a sua

revisão do Livro de Oração Comum da Igreja de Inglaterra. Ele intitulou-o de The Sunday

Service of the Methodists in North America (The Sunday Service). Na sua carta a Coke, Asbury e

aos metodistas na América do Norte, Wesley indica que a sua revisão do Livro de Oração

Comum foi feita em resposta ao conselho procurado pelos metodistas americanos de forma a

“que aquelas pobres ovelhas no deserto” pudessem ser alimentadas e guiadas (John Wesley’s

Prayer Book a-ii). No seu prefácio ao The Sunday Service, Wesley escreve, “eu acredito que não

há liturgia no mundo, seja na linguagem antiga ou moderna, que respire uma piedade mais

sólida, escriturística e racional do que a Oração Comum da Igreja de Inglaterra” (A1).

Esta frase indica que Wesley avaliou o valor de certas formas de adoração baseado, pelo

menos em parte, em dois ramos do que Albert C. Outler identifica como o Quadrilátero

Wesleyano (7-18). A adoração da Igreja a Deus de uma forma que era “escriturística e racional”

era vitalmente importante para Wesley. Na carta que acompanhou o The Sunday Service, Wesley

diz que os metodistas americanos “estão agora em total liberdade para simplesmente seguir as

Escrituras e a igreja primitiva” (iii). Assim, acrescentou uma terceira perna ao quadrilátero para

basear a sua avaliação das formas de adoração. Karen Westerfield Tucker acrescenta a perna

final do quadrilátero dizendo que o critério teológico de Wesley para a sua revisão do livro de

oração anglicana incluía a experiência evangélica (Sunday Service 19).

Wesley não estava satisfeito com a “adoração” das sociedades metodistas por si mesmas.

Ele considerava-as, separadas da adoração anglicana, essencialmente defeituosas. Como Lester

Ruth indica, Wesley argumentava que lhes faltava o tipo de abrangência encontrada no tipo de
11

cultos de adoração da Igreja de Inglaterra e, separadas da adoração da igreja estabelecida, a

adoração metodista era desequilibrada (140).

A visão de Wesley acerca da vida cristã, como demonstrada na sua revisão do livro de

oração, de acordo com White, estava “firmemente construída na base dos meios da graça dados

por Deus, particularmente sacramento, Escritura e oração” (Introdução 10). O padrão exposto

para a vida cristã estava baseado numa “comunidade que se junta a cada domingo para um tempo

de oração matinal e nocturna, e para celebrar a Santa Ceia ‘em cada Dia do Senhor’” (9). Actos

2:42 é levado a sério: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do

pão, e nas orações” e compreendia o “partir do pão” como sendo o sacramento da Santa Ceia.

Eu concordo, entusiasticamente, com o argumento de Henry H. Knight III de que “é a

necessidade de experimentar a presença e identidade de Deus, num relacionamento com Ele, que

sublinha, implicitamente, a insistência de Wesley no padronizar os meios da graça” (11). Eu

argumento que aquilo que Tucker identifica como “experiência evangélica” (Sunday Service 19)

deve ser expandido para incluir este mesmo princípio da necessidade da experiência tanto da

presença como da identidade de Deus. Esta expansão da compreensão da experiência ajuda a

formar o critério pelo qual a adoração pode ser avaliada como autenticamente wesleyana.
12

Piedade Escriturística

O primeiro critério wesleyano para planear e avaliar a adoração é o de uma piedade

escriturística (cf., Wesley, John Wesley’s Prayer Book A1). A primeira questão que deve ser

respondida é o que Wesley quer dizer quando ele usa o termo “escriturístico.” A segunda questão

é como este termo se aplica ao Livro de Oração Comum da Igreja de Inglaterra. Ao responder a

estas duas questões, a “piedade escriturística” será estabelecida como um critério wesleyano para

avaliar a adoração.

O Significado de “Escriturístico”

Como indicado acima, Wesley tinha a tendência de observar quatro fontes principais

como normas teológicas, apesar de, seguramente, não usar o termo “quadrilátero”. Wesley

herdou os primeiros três da sua tradição anglicana. A esses três, adicionou a norma da

experiência. A perna do quadrilátero que tinha proeminência acima das outras três eram as

Escrituras. Como H. Ray Dunning correctamente afirma, “Correctamente entendido, as três

fontes auxiliares [da teologia] apoiam directamente a prioridade da autoridade bíblica” (77).

Wesley refere-se como homo unius libri, um homem de um só livro (Works Bicentennial

1: 105). De facto, ele usa esse termo para todos os do “clube santo”:

Desde o inicio, desde a altura em quatro jovens se juntaram, cada um deles como homo
unius libri – um homem de um só livro. Deus ensinou-lhes a fazer da Sua “Palavra,
lanterna para os seus pés e uma luz para os seus caminhos.” Eles tinham uma e apenas
uma regra de julgamento para com todos os seus génios, palavras e acções,
nomeadamente, os oráculos de Deus. Eles estavam cada um e todos determinados a ser
cristãos da Bíblia [ênfase original]. ... E, de facto, até hoje, é seu esforço constante,
pensar e falar como os oráculos de Deus. (3: 504)

A partir desta afirmação, e neste sentido, Scott J. Jones declara que, para Wesley “A Escritura

por si só é a autoridade para a fé e prática cristã. Wesley é definitivo acerca deste ponto. É a

Bíblia que serve como o ‘tribunal de última instância1” (41). Qualquer estudante de Wesley
13

prontamente concordará com Jones que “é justo caracterizar os escritos de Wesley como estando

embebidos em citações e alusões bíblicas” (43). Ele ilustra este ponto ao referir um exemplo

representativo dos escritos de Wesley, onde ele cita a Bíblia 2181 vezes. Nesse mesmo texto,

outras fontes da igreja primitiva só são referidas catorze vezes (43).

Com este antecedente em mente, o estudante de Wesley pode facilmente ver que quando

ele se referiu a algo como sendo “escriturístico” ele queria dizer que estava cheio com, baseado

em, fluindo de, ou consistente com a Bíblia e os seus ensinos. Além disso, algo poderia ser

considerado como escriturístico se proclamasse a mensagem do Evangelho de Jesus Cristo como

encontrado nas Escrituras. Neste caso, Tucker pode dizer, da crença de Wesley que nenhuma

decisão de credo ou de concílio da Igreja tem alguma autoridade, a menos que esteja conforme o

testemunho da Escritura (Sunday Service 20). Consequentemente, se aquelas afirmações do

credo estão conforme o testemunho da Escritura, elas podem ser consideradas como autoridade

por serem afirmações “escriturísticas”.

O Livro de Oração Comum como Escriturístico

Muitos concordariam que as Escrituras foram introduzidas mais profundamente na

adoração anglicana do que qualquer outro ramo do cristianismo (Tracy e Ingersol 102). A

Escritura está espalhada ao longo do livro de oração (105). O bispo Stephen Neill indica que os

credos e a liturgia do livro de oração expressam a sua forte qualidade bíblica. De facto, ele

insiste que “as igrejas anglicanas lêem mais da Bíblia [àqueles que participam da adoração] do

que qualquer outro grupo de igrejas” (418). A base para a sua afirmação não é apenas para o uso

do leccionário, mas também para o conteúdo bíblico encontrado ao longo da liturgia.


14

Este conteúdo bíblico ilustra um caminho importante no qual a liturgia inglesa poderia ter

sido considerada por Wesley escriturística. O conteúdo escriturístico do The Sunday Service de

Wesley é enfatizado por White:

A Escritura encontra-se em abundância nos cultos de Wesley: era providenciada


uma leitura do Velho Testamento para cada domingo, tanto na oração matinal
como na nocturna na sua tabela de lições apropriadas; salmos abundantes eram
providenciados para o período de 31 dias; e as epístolas litúrgicas e evangelhos
eram mantidos como providenciados no Livro de Oração Comum. Uma nota
sugere que um capítulo dos evangelhos era lido na oração matinal e outro das
epístolas na oração nocturna. As maiores porções do livro são, de longe,
dedicadas a selecções da Escritura. (Introdução 11)

O que White diz acerca do The Sunday Service é igualmente verdade acerca do Livro de Oração

Comum. Quase 95 por cento do livro de oração vem directamente da Bíblia (Hobbs 8):

As afirmações de abertura são versículos bíblicos; o Pai Nosso é retirado de


Mateus; os versículos são de Salmos; a Venite [as boas-vindas] é simplesmente os
Salmos 95 e 95 unidos num único salmo; ... a Benedictus [a bênção] é Lucas 1
(ou, se é seguida a substituição puritana do Jubileu, é o Salmo 100); e a bênção
final vem das cartas de Paulo. (9)

Até partes do livro de oração que não são citações directas da Escritura, são frequentemente

compilações de várias passagens bíblicas. A General Confession [Confissão Geral] é exemplo

dessa compilação (8).

De facto, com a excepção da substituição de certas leituras dos apócrifos por leituras das

Escrituras canónicas, Wesley acaba por ter menos Escritura do que o livro de oração da Igreja de

Inglaterra por duas razões. Primeiro, contrariamente ao Livro de Oração Comum, Wesley não

fazia das orações matinais e nocturnas um dever diário. Em vez disso, Wesley indicou na carta

que acompanhou o The Sunday Service, que a liturgia, incluindo a Santa Ceia, deveria ser usada

em cada Dia do Senhor. A litania devia ser lida às quartas e sextas-feiras, e as orações

espontâneas deviam ser feitas em todos os outros dias (John Wesley’s Book of Prayer ii). Assim,
15

o uso pretendido do livro inglês providenciou mais Escritura ao longo da semana do que o The

Sunday Service de Wesley.

A segunda razão pela qual a versão da Igreja de Inglaterra tem mais Escritura foi o

desbaste que Wesley fez do livro de oração. Wesley corta trinta e quatro dos 150 salmos. Ele

remove versículos de outros cinquenta e oito salmos, encolhendo o livro de oração de 2502

versículos para 1625 no The Sunday Service (White, Introduction 10). Em adição, Wesley

encolheu o livro de oração apagando secções como o Venite (Salmos 95). O facto de Wesley ter

apagado tantas secções não implica que o The Sunday Service não seja escriturístico. De facto,

algumas remoções que Wesley fez à versão inglesa foram feitas porque ele as jukgou

“escriturísticmente indefensáveis” (Tucker, American Methodist Worship 5). A questão é que o

livro de oração inglês continha ainda mais Escrituras do que a revisão de Wesley.

O uso meticuloso da Escritura no livro de oração não é a única razão para a avaliação de

Wesley acerca da liturgia inglesa. Tão certo como o Evangelho é proclamado através da liturgia,

assim deve ser avaliado como escriturístico. O livro de oração anuncia os mandamentos, chama o

povo ao arrependimento, assegura-lhes o perdão, proclama Cristo e as promessas de Deus, e

chama o povo a experimentar a graça de Deus através do sacramento. Wesley teria visto toda

esta proclamação do Evangelho como sendo meticulosamente escriturística, apesar dessas

poucas porções “escriturísticamente indefensáveis”. Mais, eu sugeriria que a observância das

festas cristãs, como planeadas no calendário do livro de oração, apoiavam a proclamação da

história do Evangelho ao longo do ano.

No entanto, quando Wesley declarou o livro de oração como escriturístico, ele não queria

dizer que as liturgias ou estruturas do livro eram explicitamente encontradas na Bíblia. Os

puritanos radicais insistiram para que houvesse precedentes explícitos na Escritura para as
16

práticas de adoração. Wesley não viu razão para insistir que as Escrituras “fossem o blueprint

[esboço detalhado] para a adoração cristã”; formas válidas poderiam, de facto, “fluir” das

Escrituras (Tucker, Sunday Service 20). Wesley indica isso em “Ought We to Separate from the

Church of England? [Devemos separar-nos da Igreja de Inglaterra?]”:

“Mas não é a Bíblia a única regra para a adoração cristã?” Sim, é a única regra suprema
[ênfase original]. Mas poderá haver milhares de regras subordinadas [ênfase original] a
essa, sem que haja qualquer violação. Por exemplo, a regra suprema diz, “que todas as
coisas sejam feitas com ordem e decência.” Não sendo repugnantes a, mas claramente
fluindo dela, são as regras subordinadas relativas ao tempo e lugar do culto divino. E da
mesma forma são tantas outras observadas na Escócia, Geneva e em todas as outras
igrejas protestantes. (Works Bicentennial 9: 570)

Assim, o livro de oração está, novamente, conforme a Escritura.

Como indicado, o uso do livro de oração inclui, necessariamente, uma ênfase nos

sacramentos. A visão elevada dos sacramentos, demonstrada pelo The Sunday Service é

profundamente bíblica. Como J. Kenneth Grider diz, “Os sacramentos são necessários... porque

foram instituídos pelo próprio Cristo” (492). Como se vê em Lucas 22:7-20, Jesus instituiu

claramente a Santa Ceia. Mais à frente, a igreja do Novo Testamento continuou a observância do

sacramento (ver 1 Coríntios 11:26). Apesar dos estudiosos bíblicos terem de admitir que Cristo

não mandou manifestamente os convertidos a baptizarem-se (493), Ele deu o exemplo ao

baptizar-Se (Mateus 3:13-17; Marcos 1:9-11; Lucas 3:21-22). Além disso, Ele deu a Grande

Comissão, mandando que os cristãos se baptizassem (Mateus 28:19). Mais, qualquer estudo das

epístolas paulinas irá mostrar a importância do baptismo. William Greathouse afirma a

importância dos sacramentos na Igreja do Novo Testamento:

Na igreja do Novo Testamento, simplesmente não havia cristãos não baptizados e, em


cada dia do Senhor, os primeiros cristãos celebravam o sacrifício expiatório de Cristo ao
comer o Seu corpo e ao beber o Seu sangue, na simples fé de que Ele estava presente à
mesa com eles. (11-12)
17

Além disso, a compreensão de Wesley do Novo Testamento e da igreja primitiva era tal que se

podia dizer que a Santa Ceia era “uma parte constante do culto do dia do Senhor. E, durante

vários séculos, eles receberam-na quase todos os dias. Sempre quatro vezes por semana, para

além de todos os dias santos.” (Works Bicentennial 3: 430)

Apesar de Wesley não ver estruturas particulares de adoração demonstradas

explicitamente na Bíblia, a estrutura geral de adoração encontrada no livro de oração pode ser

vista como consistente com a base bíblica. Richard C. Leonard infere um esboço da adoração

davídica de Salmos relevantes e relatos históricos, tais como 1 Crónicas 16. O seu esboço da

adoração davídica inclui a Peregrinação, a Chamada à Adoração, o Cortejo, a Subida, a Entrada,

o Louvor ao Rei, a Preparação para a Chegada do Senhor e a Renovação da Aliança (123-24).

David F. Pendleton vê semelhanças entre o esboço da adoração davídica de Leonard e o

padrão quádruplo de Webber que consiste nos Actos de Entrada, o Serviço da Palavra, o Serviço

da Mesa e os Actos de Despedida. Pendleton entende os primeiros cinco actos de adoração

davídica como Actos de Entrada. Ele vê o Serviço da Palavra como consistindo na Preparação

para a Chegada do Senhor e associa a Renovação da Aliança com o Serviço da Mesa. Nos Actos

da Despedida, o povo reafirmaria a aliança usando as palavras de Deuteronómio 6:6-7 (27-30).

Webber vê este padrão quádruplo como estando enraizado na Escritura. Ele aponta para

Actos 2:42, que demonstra que os primeiros cristãos se juntavam em adoração à volta dos

ensinos dos apóstolos e no partir do pão no contexto da oração e comunhão. Nesta passagem, ele

encontra evidência de que, desde a sua concepção, a adoração cristã tinha dois focos primários: a

Palavra e a Mesa. A estes dois foram adicionados actos de encontro e actos pelos quais os

adoradores eram enviados (Planning Blended Worship 20).


18

Os metodistas modernos têm visto no relato da Estrada de Emaús (Lucas 24) uma

ilustração do padrão quádruplo da adoração:

Assim como no primeiro dia da semana o Cristo ressurrecto se juntou aos dois discípulos,
da mesma forma no poder do Espírito Santo, o Cristo ressurrecto e ascendido Se junta a
nós quando nos reunimos. À medida que os discípulos derramaram a Ele as suas tristezas
e, ao fazê-lo, abriram os seus corações para o que Jesus lhes dizia, da mesma forma
derramamos a Ele o que quer que esteja nos nossos corações e assim abrimo-nos para a
Palavra. Assim como Jesus lhes “abriu as Escrituras” e causou que os seus corações
ardessem, da mesma forma ouvimos as Escrituras abertas para nós e do arder dos nossos
corações adoramos a Deus. Assim como eles tiveram de encarar uma decisão e
responderam convidando Jesus a ficar com eles, podemos fazer o mesmo. Assim como
eles se juntaram ao Cristo ressurrecto à volta da mesa, podemos fazer o mesmo. Assim
como Jesus tomou, abençoou, partiu e deu o pão como os discípulos O tinham visto fazer
três dias antes, assim no nome do Cristo ressurrecto fazemos essas quatro acções com o
pão e o copo. Assim como Ele foi “feito conhecido no partir do pão,” da mesma forma o
Cristo ressurrecto e ascendido pode ser conhecido por nós na Santa Comunhão. Assim
como Ele desapareceu e enviou os discípulos para o mundo, com fé e gozo, da mesma
forma Ele nos envia ao mundo. E, assim como os discípulos encontraram Cristo quando
chegaram a Jerusalém mais tarde nesse dia, da mesma forma podemos encontrar Cristo
connosco onde quer que vamos. (United Methodist Book 14)

Este padrão quádruplo básico pode ser demonstrado em várias tradições teológicas e estilos de

adoração. O Livro de Oração Comum e o The Sunday Service de Wesley demonstram uma forma

particular de cumprir o padrão quádruplo encontrado na história da Estrada de Emaús. Assim, a

estrutura geral da adoração do livro de oração pode ser compreendida como sendo consistente

com a Escritura.

Piedade Racional

Na citação de Wesley relativamente ao Livro de Oração Comum, ele referiu-se ao livro

como sendo escriturístico e racional (John Wesley’s Book of Prayer A1). Para Wesley, a razão

era tão importante que ele poderia insistir que aquele que rejeita a razão, rejeita a religião

(Dunning 83):

Quando quer que vejas um homem irracional, vês um homem que talvez se chame pelo
nome [i.e., cristão], mas ele é tão cristão como é anjo. Assim como ele está longe da
19

razão genuinamente verdadeira, da mesma forma ele está longe do cristianismo. (Wesley,
Works Bicentennial 11: 55)

A razão tinha um papel essencial na compreensão de Wesley acerca da fé cristã.

De forma a estabelecer a piedade racional como critério wesleyano para planear e avaliar

a adoração, a primeira questão a ser respondida é sobre o que Wesley queria dizer quando usou o

termo “racional” ou “razão”. A segunda pergunta a ser respondida é como este termo era

aplicado ao Livro de Oração Comum da Igreja de Inglaterra.

O Significado de “Racional”

No “The Case of Reason Impartially Considered” [O Caso da Razão Imparcialmente

Considerada], Wesley começa por definir razão. A primeira definição que ele dá à palavra é

argumento. Ele refere-se ao uso da palavra numa afirmação como “Ele tem boas razões [ênfase

original] para o que faz” e Wesley comenta que, nesse contexto, parece dizer que “ele tem

motivos [ênfase original] suficientes, que devem influenciar um homem sábio” (Works

Bicentennial 2: 589). Wesley usou a razão neste sentido ao longo dos seus escritos, mas este

sentido não era o uso técnico filosófico de Wesley (Miles 84-85).

Wesley rejeitou a razão como fonte de conhecimento independente. Ele não subscreveu a

escola de pensamento platónico (Miles 85). Em vez disso, Wesley adoptou uma compreensão

empírica como uma ferramenta ou capacidade de compreensão. A razão processava informação

ou dados que eram derivados de outras fontes (86). Assim, Grider diz que é “principalmente um

veículo para tomar os dados revelados e descobrir o que eles significam. É um veículo que, nós

humanos, podemos usar para compreender o que é dito na Palavra de Deus vivida em Cristo e

escrita nas Escrituras” (109). De facto, é uma ferramenta necessária. Como John Miley diz,

“Uma revelação divina é, na sua natureza, uma comunicação divina da verdade e especialmente
20

verdade moral e religiosa. Não pode haver comunicação de tal verdade onde não há capacidade

para a sua apreensão e recepção” (41).

Wesley ilustra o ponto de Miley:

Significa uma capacidade da alma humana; aquela capacidade que se exerce de três
formas: pela simples apreensão, pelo juizo e pelo discurso. A simples apreensão [ênfase
original] dificilmente é conceber algo na mente, o primeiro e mais simples acto de
compreensão. O juízoo [ênfase original] é o que determina se as coisas antes concebidas
estão de acordo ou se diferem entre si. O discurso [ênfase original] (estritamente falando)
é o movimento do progresso da mente de um juízo para o outro. A capacidade da alma
que inclui essas três operações, eu aqui dou o nome de razão [ênfase original] (Works
Bicentennial 2: 590).

Ao contrário dos empiristas dos seus dias, Wesley acreditava que os seres humanos tinham

“sentidos espirituais.” Com esses sentidos em mente, Tucker diz, “A razão não é simplesmente o

exercício do dom dado por Deus do intelecto humano, mas é a percepção da revelação divina

através da agência do Espírito Santo” (Sunday Service 22). A razão era compreendida por

Wesley como o meio pela qual os cristãos são capacitados pelo Espírito Santo a compreender a

comunicação de Deus com eles.

Finalmente, em adição ao conceito da razão como uma ferramenta, Wesley às vezes

usava a razão como sinónimo do “senso comum”. Neste sentido, a razão era vista como “uma

sabedoria pragmática, de senso comum” que a maioria das pessoas aceitaria (Miles 93). Em vez

de se compreender a razão como uma ferramenta ou processador, ela era compreendida como um

conjunto de conclusões derivadas do processo que qualquer pessoal racional aceitaria (93). Um

exemplo deste uso é visto na carta de Wesley a Robert Carr Brackenburry a 9 de Março de 1782:

É totalmente claro para mim que, primeiro, a dispensação do Evangelho é-te entregue; e,
segundo, és peculiarmente chamado a publicá-la em conexão connosco. Tem agradado a
Deus dar tantas e fortes evidencias disto, que não vejo como qualquer pessoa racional
possa duvidar disso. (Works 3rd ed. 13:3)
21

Os comentários de Wesley a Brackenburry derivam de um claro processo que ele tem a certeza

que qualquer pessoal racional aceitaria.

Wesley compreendia a razão como uma grande ajuda nas áreas de arte, ciência,

gramática, retórica, lógica, filosofia natural e moral, matemática, álgebra e metafísica. De facto,

a razão era vista como sendo de utilidade considerável em todas as coisas relacionadas com o

mundo presente, mas Wesley também acreditava que a razão poderia “fazer muito mais,” tanto

quanto ao fundamento como à superestrutura da religião (Works Bicentennial 2: 591). “A razão

(assistida pelo Espírito Santo) ... capacita-nos a compreender o que as Santas Escrituras declaram

relativamente ao ser e atributos de Deus” (152). Desta mesma forma, os cristãos podem vir a

compreender as verdades essenciais das Escrituras, como têm sido resumidas no Credo dos

Apóstolos (592).

Por um lado, Wesley “reconheceu o uso judicioso da razão acoplado com a Escritura

quando admitiu a possibilidade de vários tipos de adoração, desde que a fé básica fosse mantida”

(Tucker, Sunday Service 23). “Os seres humanos racionais tinham um direito, dado por Deus, de

adorar à medida que eles eram persuadidos” (23). Wesley expressa esta mesma opinião:

Eu não quero dizer, “Adopte os meus modos de adoração,” ou, “irei adoptar os seus.” Isto
também é uma coisa que não depende nem da tua escolha nem da minha. Podemos,
ambos, agir de acordo com a total persuasão da sua própria mente. Agarre-se ao que crê
que é mais aceitável para Deus e eu farei o mesmo. (Works Bicentennial 2: 89-90)

Os cristãos devem ser livres para adorar da forma que eles consideram ser a mais racional.

Por outro lado, Wesley insiste que os cristãos devem ser racionalmente persuadidos

quanto à melhor forma de adorar:

Mas o homem de um verdadeiro espírito católico, tendo pesado todas as coisas na balança
do santuário, não tem dúvida, nenhum escrúpulo relativo a esse modo particular de
adoração ao qual ele se junta. Ele está claramente convencido que esta [ênfase original]
forma de adorar a Deus é tanto escriturística como racional. Ele não conhece outra forma
no mundo, que seja mais escriturística, nenhuma que seja mais racional. Por isso, não
22

divaga para cá e para lá e se une a ela e louva a Deus pela oportunidade de o fazer.
(Works Becentennial 2: 93)

A declaração de Wesley no prefácio do The Sunday Service torna claro que ele estava

convencido de que a maneira de adorar a Deus como descrito pelo Livro de Oração Comum era

tanto escriturística como racional. Ele não conhecia nenhuma outra maneira no mundo que fosse

mais escriturística ou mais racional (John Wesley’s Book of Prayer A1).

O Livro de Oração Comum como Racional

Já estabeleci que para Wesley as regras da adoração cristã estavam subordinadas à regra

suprema da Bíblia e que essas regras subordinadas não violavam a regra suprema, mas fluíam

dela (Works Bicentennial 9: 570). Estas regras subordinadas fluem da Bíblia de acordo com a

razão. A razão, usada como uma ferramenta, ajuda a formular a estrutura e conteúdo da liturgia.

Edward C. Hobbs diz que a racionalidade da tradição do livro de oração “é uma que se

conforma com a racionalidade da fé cristã – i.e., exibe sistematicamente a relação do cristão com

Deus, de acordo com a compreensão cristã desse relacionamento” (9). Ele vê esta estrutura

centrada num arranjo triplo básico do serviço (9).

Hobbs identifica os “versículos” ou intercâmbios de diálogo entre o ministro e o povo,

como pontos de transição entre cada uma dessas três secções do serviço:

O primeiro intercâmbio começa, “Oh Senhor, abre os nossos lábios; E a nossa boca
manifestará o Teu louvor.” O sinal é claro – estamos prestes a entrar num culto de louvor.
O outro é o comum, “O Senhor esteja contigo; E com o teu espírito; Oremos.” O sinal é
claro – segue-se a oração. (9)

Seguindo essas pistas, o pesquisador vê que as três porções do culto incluem uma de penitência e

confissão; uma de louvor, acção de graças e a Palavra de Deus; e uma em que os adoradores se

oferecem a si mesmos e tudo a Deus. Hobbs chama essas secções “o Serviço de confissão, o

Serviço da Palavra; ... e o Serviço da oferta” (9).


23

Esta estrutura segue o padrão do relacionamento dos cristãos com Deus. A estrutura fá-lo

como um “memorial e uma interpretação daquela vida” perante Deus (Hobbs 10). Por outras

palavras, se a adoração da Igreja a Deus deve ser “racional,” então os cristãos não podem

simplesmente adorar de acordo com os seus próprios caprichos. Pelo contrário, os cristãos devem

adorar da mesma forma “na qual sempre encontramos e reconhecemos Deus quando nos

encontramos com o Deus que nos conforta em Cristo” (10). Hobbs resume o serviço:

A Palavra temeosa é a primeira coisa que ouvimos – “Tu és o homem!” – quando


entramos...E o ministro da igreja de Deus explica-nos então que as Escrituras nos levam a
confessar a Deus, de forma tão precisa como as Escrituras dizem que somos – pecadores.
Então caímos de joelhos e juntos confessamos. E nessa altura – graças a Deus! – a
palavra de perdão vem, através das palavras do ministro, libertando-nos para orar nas
palavras de Jesus. Os versículos lembram-nos que agora podemos louvá-Lo, visto que Ele
abriu os nossos lábios. Então, levantamo-nos com gozo e juntamo-nos cantando os Seus
louvores, dando-Lhe graças, ouvindo a Sua Palavra. Quando resumimos esta fé no nosso
credo, somos chamados a apresentar-Lhe as nossas preocupações, nas Orações. À medida
que avançamos, a graça, o amor e a comunhão vão connosco. (11)

Hobbs diz que “todos os grandes serviços da adoração cristã, desde o inicio até agora, seguem

este esquema fundamental; a Comunhão é simplesmente uma elaboração disso, principalmente

na terceira porção” (12). Esta estrutura de adoração prova ser meticulosamente racional.

De uma perspectiva diferente, como ilustrado na secção anterior sobre a piedade

escriturística e a secção seguinte sobre a igreja primitiva, a estrutura da adoração pelo livro de

oração pode ser vista como uma de várias formas de demonstrar o padrão quádruplo aí presente”

(1) Entramos na presença de Deus; (2) Ouvimos Deus a falar; (3) Celebramos à Mesa de Deus; e

(4) Somos despedidos” (Webber, Signs 37). Webber comenta a racionalidade deste padrão:

O padrão quádruplo de adoração é caracterizado por uma qualidade narrativa porque nos
leva a um lugar (a sala do trono do reino de Deus) onde um ensaio do nosso
relacionamento com Deus é expresso através da palavra e da resposta de acção de graças.
Tendo sido tocados [por] Deus, somos enviados para o mundo para amar e servir o
Senhor. Este padrão quádruplo é a estrutura bíblica e história de adoração que mais
efectivamente comunica o conteúdo da adoração. (Planning Blended Worship 21)
24

Webber compreende que o “conteúdo da adoração” é o Evangelho (21). A estrutura da adoração

pelo livro de oração, então, segue um procedimento racional. Assim, qualquer pessoa racional

concordaria que a estrutura da liturgia faz sentido.

Mais, a adoração baseada nos serviços do livro de oração pode ser vista como racional

por providenciarem semanalmente uma “adoração equilibrada”. O formato da adoração de

domingo, de acordo com a tradição do livro de oração, providencia uma extensão espiritual para

os adoradores, “incluindo os actos de arrependimento, petição, intercessão e acção de graças,”

assim como a Santa Ceia (Ruth 140-41). Esses são elementos de adoração que as sociedades

metodistas frequentemente não tinham, quando separadas da liturgia inglesa. O Livro de Oração

Comum providenciava um meio sólido de formação espiritual porque incluía uma leitura

sistemática da Escritura, pregação e sacramento.

Continuidade com a Igreja Primitiva

Na sua carta que acompanhava o The Sunday Service, Wesley diz que os metodistas

americanos “estão agora em total liberdade, simplesmente para seguir as Escrituras e a igreja

primitiva” (John Wesley’s Book of Prayer A2). Assim, um terceiro critério pelo qual a adoração é

avaliada como sendo autenticamente wesleyana é o da continuidade com a igreja primitiva. De

forma a estabelecer este terceiro elemento como critério, irei identificar o que Wesley referia

quando falava da “igreja primitiva”. Depois irei identificar como a continuidade com a igreja

primitiva pode ser vista na adoração.

Identidade da Igreja Primitiva

Num sermão, Wesley responde à pergunta, “O que é o Metodismo?” (Works Bicentennial

3: 585). Ele identifica o Metodismo como “a religião antiga, a religião da Bíblia, a religião da
25

igreja primitiva [ênfase original], a religião da Igreja de Inglaterra” (585). Wesley fala da

religião da igreja primitiva como a de “toda a igreja na sua era mais pura” (586):

É claramente expresso mesmo no pouco que resta de Clemente de Roma, Inácio e


Policarpo. É ainda mais visto nos escritos de Tertuliano, Orígenes, Clemente de
Alexandria e Cipriano. E até no quarto século foi encontrado nas obras de Crisóstomo,
Basílio, Efraim da Síria e Macário. (586)

Wesley crê que o Metodismo espelha a religião destes primeiros cristãos.

Além do período do tempo bíblico, Ted A. Campell identifica o período anterior a Niceno

como sendo o significado básico de Wesley quando se refere à igreja primitiva (5). Campbell

continua ao indicar que os primeiros líderes anglicanos concordaram que o período da igreja

primitiva podia ter sido estendido para os quarto ou quinto séculos (13). Wesley faz referencia ao

quarto século (Works Bicentennial 3: 586). No entanto, quando fala da igreja primitiva, Wesley

refere-se basicamente à igreja dos primeiros três séculos cristãos, aos quais os quarto e quinto

séculos podem ser adicionados. Assim, Wesley diz, “E até [ênfase original] no quarto século”

(586). Tal perspectiva é consistente com aquela do pai de Wesley, Samuel. Este teve em maior

consideração os primeiros três séculos, mas deu o seu aval às obras dos quarto e quinto séculos,

especialmente à formulação Nicéia da doutrina da Trindade (Campbell 25).

Wesley vê uma mudança na história do cristianismo começando com o reino de

Constantino no inicio do quarto século. Ele vê maior unidade e demonstração de pureza antes de

Constantino (Campbell 47). Ele frequentemente fala favoravelmente dos “Pais pré-Nicéia” ou os

“escritos dos primeiros três séculos” (47):

A consideração dos escritos dos primeiros três séculos, embora não igualados com, mas
próximos das Escrituras, nunca levaram qualquer homem a erros perigosos, nem
provavelmente levarão. Mas tem trazido muitos para fora de erros perigosos e
particularmente fora dos erros do Papismo. (Wesley, Works 3rd ed. 10: 14)
26

Wesley diz noutro lugar, “Quanto mais devo sofrer na minha utilidade, se perdi as oportunidades

que tive em me familiarizar com as grandes luzes da antiguidade, os Pais pré-Nicéia” (10: 493).

Assim, Wesley indica que o período pré-Nicéia é a sua referência básica quando fala sobre a

igreja primitiva.

Continuidade na Adoração

Wesley compreende a liturgia anglicana como sendo uma das áreas na qual a Igreja de

Inglaterra mostrou grande continuidade com a igreja apostólica e primitiva (Campbell 97).

Relativamente aos sacramentos, Wesley compreende a prática do baptismo das crianças, assim

como o dos adultos, como sendo consistente com as práticas da igreja primitiva (95). A

Eucaristia era celebrada diariamente nos primeiros tempos, e nos últimos tempos era celebrada

todos os domingos (96). Tal perspectiva era consistente com a insistência de Wesley em “O

Dever da Comunhão Constante” (Works Bicentennial 3: 427-39). Wesley, como a igreja do

oriente, também compreendia que na igreja primitiva as crianças baptizadas comungavam da

Ceia (Champbell 96).

Wesley é consciente das festas anuaus observadas pelos cristãos antigos ao celebrarem a

Páscoa, Pentecostes e Epifania (Campell 99). Mais, ele é rápido a adoptar certas práticas antigas

para essas celebrações. Wesley regista, “Durante doze dias de festa tivemos diariamente a Ceia

do Senhor; um pequeno emblema da igreja primitiva. Sejamos seguidores deles em todas as

coisas, assim como eles foram de Cristo” (Works Bicentennial 22: 441). Ele regista novamente,

“Domingo, dia 30 – O dia de Páscoa foi um dia solene e agradável, no qual Deus estava

marcadamente presente com o Seu povo. Durante a Oitava administrei a Ceia do Senhor cada

manhã, seguido o exemplo da igreja primitiva” (23: 45-46). Assim, Wesley demonstra o seu

desejo em permanecer em continuidade com as práticas de adoração da igreja primitiva.


27

No entanto, a erudição litúrgica contemporânea revela que algumas das noções de

Wesley sobre o Cristianismo primitivo não eram correctas. Como exemplo, Campell cita a

crença de Wesley em que as “Homilias Espirituais” eram de facto obra de Macário, monge

egípcio do quarto século (4). Ao longo da sua vida, as crenças de Wesley acerca da ordenação e

episcopacia mudaram à medida que ele ganhou compreensões mais claras das práticas da igreja

da antiguidade:

Segunda-feira, dia 20. Fui a Bristol. Na estrada li o Relato da Igreja Primitiva por Lord
King. Apesar do preconceito veemente da minha educação, eu estava pronto a crer que
isto era um relato justo e imparcial. Mas se assim o era, isso queria dizer que os bispos e
os presbíteros são (essencialmente) de uma ordem. (Works Bicentennial 20: 112)

Como resultado de tal mudança na sua compreensão da igreja primitiva, Wesley eventualmente

exerceu a sua autoridade de presbítero em ordenar outros presbíteros.

Tais exemplos de Wesley em mudar a sua posição em alguns assuntos ao ganhar uma

compreensão mais correcta da igreja primitiva define um precedente para os liturgistas

contemporâneos à medida que eles vêem a igreja primitiva pelos olhos da escolástica mais

recente. Este precedente implica que onde a escolástica contemporânea revela aspectos da prática

de adoração da antiguidade, aos quais Wesley não teve acesso, os liturgistas wesleyanos não

seguem Wesley à risca no desenvolvimento de textos litúrgicos de forma a que os seus textos

sejam considerados autenticamente wesleyanos.

Estou a sugerir que uma forma em que os wesleyanos contemporâneos podem aderir à

admoestação do seu pai espiritual para seguir o padrão de adoração da igreja primitiva (John

Wesley’s Book of Prayer iii) é adoptar o padrão quádruplo básico e histórico da adoração. Este

padrão compreende a adoração cristã como estando centrada na “Palavra e Mesa” (Webber,

Signs 34). A esses dois actos básicos de adoração, os primeiros cristãos adicionaram o

desenvolvimento de actos de entrada e actos de despedida (37-44). Este padrão de se juntarem


28

para adorar à volta da Palavra e da mesa é claramente visto no século dois na The First Apology

de Justino, o Mártir (capítulos 61-67). Este padrão tem sido popularizado nos anos recentes por

Webber:

Os quatro actos básicos da adoração de domingo incluem o congregar das pessoas, a leitura
das Escrituras e a pregação, o partir do pão e derramar o vinho juntamente com orações de
acções de graça, e enviar o povo. Estes quatro actos são alcançados através de uma
sequência de cânticos, Escrituras e orações que proclamam, reconstituem e celebram o
Evangelho e uma sequência de respostas congregacionais que os ajudam a experimentar o
Evangelho. Pode-se estudar a história da adoração desde a igreja primitiva até ao presente e
descobrir, sem excepção, que a adoração de domingo tem sido sempre caracterizada por
estes quatro actos. (Worship 150)

A implementação deste padrão é uma forma dos wesleyanos contemporâneos seguirem o padrão

de adoração da igreja primitiva.

Entre os wesleyanos contemporâneos, este padrão geral tem sido adoptado pela Igreja

Metodista Unida no United Methodist Book of Worship [Livro de Adoração dos Metodistas

Unidos] como uma tentativa de recuperar a sua herança bíblica e histórica (13-15). O padrão

quádruplo também tem ganho alguma atenção dentro da Igreja do Nazareno, principalmente na

dissertação de doutoramento de Pendelton. A dissertação de Pendelton focou-se no “padrão

quádruplo histórico da adoração como um terreno comum para adoração centrada em Cristo na

Igreja do Nazareno” (6). Estou a sugerir que o padrão quádruplo da adoração é uma expressão

importante no ser-se consistente com as práticas da adoração da igreja primitiva, e, por isso, um

passo importante em ser guiado por um critério wesleyano autêntico de adoração. A minha

posição amplia as possibilidades da adoração wesleyana autêntica bem além do uso exclusivo do

Livro de Oração Comum ou do The Sunday Service, apesar do uso destes ser uma possibilidade

de cumprir o padrão quádruplo.

Este padrão quádruplo leva naturalmente à consideração do conceito de Wesley do “O

Dever da Comunhão Constante” (Works Bicentennial 3: 427-39). Apesar, talvez, de poucas


29

congregações nazarenas implementarem a prática num futuro próximo, no entanto, a celebração

semanal da Eucaristia deveria ser vista como a norma. Como o superintendente geral Greathouse

afirma, “Os primeiros cristãos celebravam o sacrifício expiatório de Cristo, ao comer o Seu

corpo e ao beber o Seu sangue, em todo o Dia do Senhor, na fé simples de que Ele estava à mesa

presente com eles” (11-12).

Outra prática do inicio da Igreja do Nazareno que deveria ser reafirmada contra a forte

influencia das práticas baptismais baptistas, é a prática do baptismo infantil. A prática do

baptismo infantil é altamente consistente com a herança wesleyana e com a prática da igreja

primitiva. Tal posição não fala da norma do baptismo adulto para a teologia sacramental, mas

para a prática aceite da igreja primitiva assim como para aqueles dentro da tradição wesleyana.

Finalmente, os líderes de louvor devem procurar recuperar as grandes festas da Igreja,

ajudando a Igreja a ordenar a Sua vida de acordo com o calendário cristão. Apesar de Wesley ter

omitido a maioria dos “dias santos (assim chamados) ... como, no presente, não apresentando

nenhum valor final” (John Wesley’s Book of Prayer A1) quando ele reviu o livro de oração para

essas “pobres ovelhas no deserto” (ii), reteve referências do Advento, Natal, Páscoa, Pentecostes,

Domingo da Trindade, Sexta-Feira Santa e Dia da Ascensão. Eu sugiro que a observância desses

dias é escriturística no sentido em que eles ajudam a proclamar o Evangelho. Tais observâncias

também ligam os adoradores à igreja primitiva.

A observância da Páscoa, Pentecostes e Epifania desenvolveu-se nos primeiros três

séculos do cristianismo, sendo que os primeiros dois foram herdados e adaptados do Judaísmo

(White, Brief History 62). Desde o quarto século, os cristãos têm observado a Sexta-Feira Santa,

o Sábado da Aleluia e o dia de Páscoa como o trio sagrado (63). Em 336, é feita referência à

celebração do que é chamado agora Natal (64). Assim, desde o quarto século, os cristãos têm
30

tido “um ano de dois ciclos, natividade e pascal, consistindo de quatro temporadas: Advento e

Natal, Quaresma e Páscoa, assim como os intervalos no meio” (65). Apesar de nem todas essas

observâncias se encaixarem nos primeiros três séculos cristãos, elas encaixam-se na

compreensão alargada de Wesley da igreja primitiva. Assim, a observância dessas festas/jejuns

providencia uma forma de cumprir este critério da adoração autenticamente wesleyana.

Experiência da Presença e Identidade de Deus

O quarto critério no qual a adoração pode ser avaliado como sendo autenticamente

wesleyano é o da experiência. O meu argumento é que, assim como Knight identifica a

necessidade de experimentar a presença e identidade de Deus através do padrão dos meios da

graça de Wesley (11), assim, também, ambos os elementos são vitais para a adoração

autenticamente wesleyana. Apesar deste critério não ser explícito na carta que acompanha o The

Sunday Service, é uma síntese das declarações de Wesley numa variedade de lugares e devia ser

presumida como o pano de fundo da carta de Wesley. De forma a estabelecer a experiência da

presença e identidade de Deus como um critério para a adoração wesleyana autêntica, revejo a

exploração de Knight da presença e identidade de Deus nos meios da graça. Aplico então as

minhas descobertas à área da adoração wesleyana.

A Presença de Deus

Knigh identifica alguns meios da graça de Wesley que encorajam a abertura à presença de

Deus. Eles incluem a comunidade cristã, obras de misericórdia, oração extemporânea, jejum e os

meios da graça gerais (13). O último inclui obediência universal, guardar todos os mandamentos,

vigiar, negar-se a si mesmo, tomar diariamente a cruz e exercitar a presença de Deus (5).

A adoração por parte das sociedades metodistas tendeu fortemente nesta direcção, assim

como tem feito a típica adoração nazarena histórica. O perigo de se apoiar demasiado nesta
31

direcção sem o equilíbrio providenciado pela identidade de Deus é que os adoradores podem cair

na armadilha do emocionalismo. Os adoradores podem facilmente tornarem-se subjectivos.

No entanto, este aspecto da adoração é essencial para a salvaguarda contra o ritualismo

morto. Evita que os adoradores tenham a forma de religiosidade sem poder. Os meios da graça

que devem ser encontrados dentro da adoração corporativa devem incluir a comunidade cristã, a

oração extemporânea, vigília e o exercício da presença de Deus. Muito da música usada na

adoração deveria tender a funcionar da mesma forma.

Wesley não desencoraja aquilo que fomenta a presença de Deus. De facto, é essencial

para a vida cristã. A sua preocupação é que, apesar das sociedades metodistas fomentarem a

presença de Deus, faltava-lhes o equilíbrio da identidade de Deus que a adoração da Igreja de

Inglaterra providenciava.

A Identidade de Deus

Os meios da graça wesleyanos identificados como promovendo a identidade de Deus

incluíam a Escritura, a pregação, a Eucaristia e as orações da tradição. Todos esses itens

descrevem o carácter e a actividade de Deus. Elas adicionam conteúdo à experiência da presença

de Deus (Knight 13).

Todos estes meios da graça são partes importantes na adoração cristã. Apesar das igrejas

livres não despenderem muito tempo usando as orações da tradição, estas orações são aqui

referidas porque elas funcionam para identificar Deus. Por isso, mesmo que a adoração da igreja

livre não use estas orações específicas, os líderes de louvor podem aprender delas formas de

permitir que as suas orações extemporâneas promovam a identidade de Deus.

A tradição da adoração da igreja livre, como vista em nas reuniões em tendas revivalistas,

promove claramente muito menos a identidade de Deus do que a presença de Deus. A adoração
32

da igreja livre foca-se na pregação e a pregação incluirá frequentemente um texto curto da

Escritura. No entanto, quando comparada com o âmbito da Escritura usada na tradição do livro

de oração, a adoração da igreja livre está claramente em falta.

Tendências Actuais de Adoração

Os vários elementos da abordagem da adoração de Wesley providenciam discernimento

sobre as possíveis tensões e conflitos encontrados nas abordagens actuais da adoração pelos

cristãos wesleyanos contemporâneos. O próprio Wesley encontrou tensões relativamente à

adoração quando foi confrontado por alguns das sociedades metodistas que insistiam que os

encontros da sociedade providenciavam suficiente adoração para o povo metodista. Para aqueles

que actualmente encaram aquilo que é frequentemente referido como “guerras de adoração,” a

resposta de Wesley poderá ser útil:

Mas alguns dizem, “O nosso culto é adoração pública.” Sim; mas não se isso substituir o
culto da igreja; pressupõe-se oração pública como os sermões na universidade. Se fosse
planeado para ser o substituto do culto da igreja, seria essencialmente defeituoso; pois
raramente tem as quatro grandes partes da oração pública, súplica, petição, intercessão e
acção de graças. (Works 3rd. 8: 321-22)

A afirmação daqueles das sociedades metodistas e a resposta de Wesley a eles demonstra

diferentes perspectivas sobre o que são práticas de adoração suficientes.

Os wesleyanos de hoje também encaram tensões e opiniões várias relativamente à

adoração. Um ponto principal de contenção para os wesleyanos contemporâneos tem a ver com

os estilos de adoração. Muitos cristãos identificam-se agora em termos de estilos de adoração em

vez de em termos da denominação ou tradição de fé. Eles participam em “adoração

contemporânea,” “adoração tradicional,” ou “adoração mista” (Plantinga 2-3). Aqueles que

defendem cada uma destas e outros estilos de adoração diversos formam os vários campos dentro

dos quais ocorre o que é conhecido como “guerras de adoração.”


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Mudanças dramáticas têm tido lugar nas práticas de adoração das igrejas protestantes ao

longo das últimas décadas. Estas mudanças têm servido para intensificar o debate sobre os estilos

de adoração, que se tem focado na música. Muitas dessas mudanças dentro do cristianismo

protestante têm surgido como resultado do Vaticano II do Catolicismo Romano (Plantiga 24-26).

A variedade de práticas tem vindo de quatro forças principais forças que têm sido identificadas

como contribuindo para estas mudanças. Elas são “o movimento litúrgico ecuménico universal, o

movimento carismático, ‘o evangelismo porta a porta’ e a diversidade cultural” (Authentic 14).

Cada uma destas forças pode ter um impacto diferente nas práticas de adoração e nas

perspectivas de várias congregações. Tais impactos podem ser complementares, mas podem ser,

da mesma forma, de oposição. Destas quatro forças, apenas o movimento litúrgico ecuménico é

que provável partilha uma lógica interna similar à abordagem de Wesley à adoração.

O movimento litúrgico ecuménico procurou promover padrões de adoração derivados de

exemplos da igreja dos segundo, terceiro e quarto séculos. Este movimento tem sido influente em

recuperar o padrão da Palavra e da Mesa como a norma da adoração colectiva cristã. Além disso,

tem influenciado a recuperação do ano cristão, o desenvolvimento e uso de um lecionário, a

recuperação da oração de acção de graças durante a celebração eucarística e uma ênfase na

participação da congregação (Authentic 15-16). O movimento litúrgico ecuménico tem tido

grande influência dentro das denominações principais, mas influência mínima dentro da Igreja

do Nazareno, particularmente nas congregações nazarenas locais.

O movimento carismático, que tem enfatizado a participação animada das pessoas,

tempos de oração em pequenos grupos e cultos de cura, tem também sido instrumental ao trazer

o movimento de louvor e adoração. Este ultimo movimento tem-se focado na música entusiasta,
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particularmente no uso de coros de louvor e no uso de um grupo de louvor e/ou banda (Authentic

16-17).

A ênfase carismática nos dons espirituais, especialmente as línguas, tem sido julgada

como duvidosa pela maioria dos nazarenos. Como uma denominação nascida do movimento de

santidade do século dezanove, a história do relacionamento entre os nazarenos e os pentecostais

tem sido difícil. O movimento carismático tem sido compreendido pelos nazarenos como sendo

um resultado do pentecostalismo. No entanto, a participação entusiasta e a música de louvor e

adoração têm sido rapidamente adoptadas por um número de congregações nazarenas. O

entusiasmo foi uma marca da tradição das reuniões em tendas e a música de louvor e adoração é

vista como um meio de recapturar esse entusiasmo para um novo século.

O “evangelismo porta a porta” tem visto o culto de adoração como um meio de alcançar

os não frequentadores de igreja (Authentic 17). Apesar deste conceito poder ser novo para

algumas denominações, não é novo para os nazarenos. O que é novo é o uso das técnicas de

marketing sociológico para alcançar os não frequentadores de igreja. O uso de técnicas de

marketing é parte da cultura consumista americana. O perigo para a Igreja em usar tais técnicas é

permitir que os desejos e preferências do consumidor distorçam a mensagem do Evangelho. Em

tais casos, a adoração deixa de ser acerca de adorar a Deus; em vez disso, o foco da adoração

deixa de ser Deus e passa a ser os “perdidos”. Estimulado pelo movimento do crescimento da

igreja, o movimento do “evangelismo porta a porta” tem sido, rapidamente, e, por vezes,

acriticamente, adoptado por muitos nazarenos.

A diversidade cultural tem também influenciado as práticas de adoração actuais. Tal

como a sociedade se tem tornado mais diversa, da mesma forma muitas denominações têm-se

tornado culturalmente diversas. O idioma, a música e as tradições culturais têm tido um papel em
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enriquecer a adoração dos cristãos (Authentic 18). Além disso, a sociedade tem-se tornado menos

letrada e mais levada para o entretenimento. As pessoas focam-se mais nos sentimentos e menos

na verdade. Estas características culturais têm tido um papel em influenciar as tendências actuais

de adoração.

As práticas de adoração têm sido grandemente enriquecidas por certas tendências de

adoração dentro da igreja de hoje. Por outro lado, outras tendências têm produzido cultos de

adoração que são abertos ao mesmo tipo de críticas que Wesley expressou no inicio desta secção.

Dentro deste contexto das várias tendências de adoração e das actuais “guerras de adoração” o

critério wesleyano é oferecido como um meio de atravessar os vários movimentos e de filtrar as

várias práticas de tal maneira que providencie uma adoração cristã autêntica.

Conclusão

Enquanto os pastores e congregações na Igreja do Nazareno e outras igrejas

wesleyanas/metodistas continuam a lutar com a mudança na área da adoração, é vital ter critérios

adequados para planear e avaliar a adoração a Deus. O critério wesleyano desenvolvido e

promovido neste texto pode meticulosamente preencher a lacuna. Como demonstrado neste

estudo, os critérios wesleyanos transcendem os vários estilos de adoração ao mesmo tempo que

promovem a adoração cristã que é escriturística, racional, em continuidade com a igreja

primitiva, e que impulsionam a experiência da presença e identidade de Deus.


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