A Autentica Adoração Cristã
A Autentica Adoração Cristã
A Autentica Adoração Cristã
por
Todd A. Stepp, D. Min., O.S.L.
Grace Church of the Nazarene
Evansville, Indiana
[email protected]
http://wesleyananglican.blogspot.com
especialmente aquelas com fortes ligações eclesiásticas à sua herança metodista - têm,
prática da adoração. A minha própria denominação, a Igreja do Nazareno, como outras igrejas
wesleyanas de santidade, tem sido rápida a adoptar a fé de Wesley, do coração aquecido, mas
tem falhado em ser tão entusiasta acerca das suas inclinações litúrgicas/sacramentais. O
Metodismo americano em geral tinha trocado, desde cedo, a versão de Wesley do Book of
Common Prrayer [Livro de Oração Comum], que ele intitulou de The Sunday Service of
Methodist in North America (The Sunday Service), para o avivamento da fronteira americana (o
Prayer Book de João Wesley [Livro de Oração Comum]). À medida que as reuniões em tendas
foram adoptadas pelos proponentes da santidade, a inteira santificação tornou-se o ponto focal. A
movimento.
da adoração sacramental, que é, frequentemente, vista como parte da religião formal, não
espiritual e morta.
3
Como Brad Estep diz, “O movimento de santidade do século XIX não foi um movimento
de reforma litúrgica, mas sim o movimento de uma ênfase doutrinal compreendida como tendo
sido perdida” (98). James R. Spruce, depois de reflectir sobre vários relatos iniciais da adoração
nazarena, conclui dizendo, “Os nazarenos adoram – ou mais precisamente, celebram!” (39). Ele
entende o seu comentário como sendo positivo, mas eu vejo-o como o assunto em questão. O que
esses primeiros nazarenos e outros wesleyanos fizeram é, mais adequadamente, descrito como
celebração, não adoração. Como Randall E. Davey correctamente afirma, “No zelo dos primeiros
nazarenos de promover a santidade e ministrar aos pobres, parece justo dizer que eles abraçaram,
de forma não crítica, uma forma de adoração moldada pelo pragmatismo, racionalismo,
autoconfiança, piedade pessoal e inovações” (3-4). Como David Pendleton tem dito, “A
experiência tende a ser levada ao emocional e focada no ego. Por outras palavras, temo-nos
juntado para ser alimentados espiritualmente em vez de nos oferecermos em adoração a um Deus
Santo” (11-12).
Como denominação, os primeiros nazarenos não operaram como resultado de uma teologia
consciente de adoração. Até mesmo hoje, os nazarenos não têm nenhuma teologia oficial da
adoração. Cada pastor e cada congregação decide como adorar a Deus. À medida que a cultura
tem mudado, muitos nazarenos têm percebido que as formas de adoração das reuniões em tendas
do século XIX já não são viáveis. Eles têm, então, buscado direcção em várias fontes:
Como a sua herança dos primeiros nazarenos, a procura por padrões efectivos de adoração tem
frequentemente sido levada por um pragmatismo, não crítico, que tem premiado um
emocionalismo que tende a ser focado no eu. Uma fonte ausente na busca dos nazarenos por
contraste com as fontes acima. Wesley era certamente o pai da religião do coração aquecido. Ele
estava comprometido com o evangelismo. Ele estava preocupado com a presença genuína do
Espírito Santo nas vidas dos adoradores, mas o padrão encontrado nele é aquele de uma
“estrutura via [ênfase original] o espírito.” Este mesmo evangélico de coração aquecido era
Journal 325):
Tanto [ênfase original] o espírito como a estrutura eram importantes e eles não eram
mutuamente exclusivos. A estrutura não era oposta ao espírito, mas era o seu próprio canal.
As formas de adoração, cultos com ordem, o Livro de Oração Comum, hinos que dirigiam
a alma para Deus, credos antigos, orações escritas e outros como esses eram os próprios
canais pelos quais Deus podia enviar o Seu Espírito convincente, regenerador e
santificador. Eles eram “meios da graça.” (Staples 288)
Fundamentos Bíblicos/Teológicos
desfrutar d’Ele para sempre” (200). A ordem do conteúdo dessa resposta é significativa.
adorar. Uma dessas passagem é 1 Crónicas 16:29: “Dai ao Senhor a glória do seu nome; trazei
presentes e vinde perante Ele: adorai ao Senhor na beleza da sua santidade”. É claro que as
Escrituras incluem outros mandamentos e muitos dentro da Igreja apontariam para a Grande
que ambos são importantes e nenhum pode ser deixado de lado. No entanto, quando as pessoas
olham para Mateus 28:17, descobrem que a Grande Comissão é dada no contexto da adoração.
Além disso, Jesus resume todos os mandamentos no Grande Mandamento: “Amarás, pois, ao
Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de
todas as tuas forças: este é o primeiro mandamento.” (Marcos 12:30). Esta passagem é um
mandamento de adoração.
Os primeiros quatro dos Dez Mandamentos assumem o papel do povo como adorador:
“Eu sou o Senhor, teu Deus... Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para
ti imagem de escultura... Não te encurvarás a elas, nem as servirás: porque eu, o
Senhor, teu Deus, sou Deus zeloso...Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em
vão... Lembra-te do dia do sábado, para o santificar... Mas o sétimo dia é o sábado do
Senhor, teu Deus.” (Êxodo 20:2-10)
A criação requer que a adoração seja vista como uma actividade fundamental das pessoas. A
ideia de que as pessoas foram criadas chama-as a estarem em admiração perante o seu Criador, a
Jesus diz à mulher samaritana que o Pai procura adoradores que O adorem em espírito e
em verdade (João 4:24). Jesus, durante as Suas tentações no deserto diz ao diabo que “…porque
está escrito: Adorarás o Senhor, teu Deus, e só a Ele servirás” (Lucas 4:8). Jesus é visto como
religiosas.
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Actos e das epístolas, os leitores vêem o envolvimento contínuo dos cristãos com o padrão de
sinagoga, os primeiros cristãos encontravam-se em casas para celebrar a Eucaristia. Além disso,
Hebreus 10:25 avisa os cristãos a não negligenciarem os encontros juntos, que Wesley
compreendia como sendo os encontros para adoração conjunta (Explanatory Notes 585).
Pelo facto da adoração ser a tarefa fundamental da Igreja e visto que a adoração da Igreja
é dirigida para Deus, então a adoração requer a maior consideração dos cristãos. De facto,
Wesley compreendia a adoração corporativa como sendo essencial ao cristianismo, que, no seu
quarto discurso, “Upon our Lord’s Sermon on the Mount” [Acerca do Sermão da Montanha, do
nosso Senhor] diz, “Por cristianismo eu refiro-me ao método de adorar a Deus que é aqui
revelado ao homem por Jesus Cristo” (Works Bicentennial 1: 533). Mark Horst está correcto em
citar que, para a tradição wesleyana, a adoração no seu sentido mais alargado “engloba não
apenas rituais públicos e devoções privadas, mas a vida cristã na sua plenitude” (297). No
entanto, a adoração corporativa é essencial para essa vida cristã. Wesley argumenta que “o
cristianismo é essencialmente uma religião social, e que torná-lo numa religião solitária é, de
Wesley, de acordo com James F. White, expôs uma visão para a vida cristã firmemente
construída na base dos “meios da graça dados por Deus, particularmente o sacramento, a
Escritura e a oração” (Introdução 10). Wesley baseou o seu padrão da vida cristã numa
“comunidade que se junta cada domingo para um tempo de oração matinal e nocturna, e para
partir do pão, e nas orações”. Quando comentando este versículo, Wesley diz, “Então a sua
comunhão diária de igreja consistia nestes quatro particulares: 1. Ouvir a palavra; 2. Ter tudo em
Ao falar sobre Colossenses 2:20, Wesley insiste que esta passagem se refere a uma
liberdade das ordenanças judaicas. Ele insiste que os cristãos ainda são obrigados a observar as
ordenanças de Cristo.
Assim, Wesley baseou a sua compreensão de muitos dos actos de adoração nos
mandamentos claros de Cristo. Ao ligar as palavras do Senhor acerca da oração de Lucas 18:1 ao
de que o mandamento para orar inclui oração dentro do contexto da adoração corporativa.
Além disso, Wesley compreende tais actos de adoração corporativa como meios da graça.
Ele diz, “Deus tem ordenado nas Escrituras a oração, o ler ou o escutar, e receber a Santa Ceia,
como os meios normais para transmitir a Sua graça ao homem” (Works Bicentennial 19: 157).
De forma a demonstrar a oração como um meio da graça, Wesley refere-se a Mateus 7:7 e Lucas
11:9 onde Cristo insiste que se os cristãos pedirem, em oração, irão receber (157). Wesley
demonstra que ler e escutar as Escrituras são meios da graça apontando para Romanos 10:17 e 2
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Timóteo 3:16-17. Ele diz que cada cristão sabe, por experiência, que “todas as Escrituras são
proveitosas,” ou um meio para esse fim, “que o homem de Deus deve ser perfeito,
todos os dias, no sacramento da Santa Ceia. Esta afirmação é apoiada ao referir o relato de Actos
2:46 que “...perseverando unânimes, todos os dias, no templo, e partindo o pão em casa, comiam
juntos com alegria e singeleza de coração” (Works Bicentennial 19: 158). Nas suas Explanatory
Notes, Wesley comenta acerca desta passagem: “Continuando diariamente – partindo o pão –
[ênfase original] na Santa Ceia, como fizeram muitas igrejas durante alguns anos” (Actos 2:46.
Ele ainda insiste que a “Ceia do Senhor foi ordenada por Deus para ser um meio de transmitir
graça [ênfase original] aos homens, seja graça preveniente [ênfase original], justificadora
[ênfase original] ou santificadora [ênfase original], de acordo com as suas várias necessidades”
A adoração wesleyana, então, é mais do que mera forma exterior. A adoração wesleyana
leva os adoradores à presença de Deus, onde eles, amorosamente, contemplam a Sua santidade
(Horst 297):
Quer eles apareçam na grande congregação para “dar honra devida ao Seu nome e
adorá-Lo na beleza da santidade;” ... quer estudem os oráculos de Deus ou oiçam
os embaixadores de Cristo a proclamar as boas novas da salvação; ou para comer
o pão e beber do cálice “anunciado a Sua morte até que Ele venha” nas nuvens
dos céus. Em todos esses seus modos por Ele designados, eles encontram uma tal
abordagem próxima que não pode ser expressa (Works Bicentennial 1: 514).
Como demonstrado acima, Wesley compreende que as Escrituras ensinam que a adoração
cristã envolve a unidade do “poder interior e a forma exterior” (Horst 297). Como Horton Davies
diz, a adoração wesleyana mistura “o espírito e a liturgia” (240). Por um lado, “A natureza da
9
religião está tão longe de consistir em... formas de adoração, ou rituais e cerimónias, que não
219). Por outro lado, se a pessoa não trocar “os meios pelos fins,” então Wesley argumenta que
os cristãos deviam “usar todos os meios exteriores; mas usá-los com um olho constante na
renovação da sua alma em justiça e verdadeira santidade” (545). As formas exteriores não são
fins em si mesmas, mas a Escritura indica que são dadas por Deus para serem usadas como meios
de graça. Como demonstrado acima, Wesley evidenciou uma teologia bíblica de adoração, na
adoração requer a maior consideração dos cristãos. A teologia bíblica da adoração, vista em
Wesley, foi formada à volta da compreensão de que Deus revelou à Igreja, através das Escrituras,
o Seu desejo pela adoração da Igreja. Em particular, Wesley focou-se em Deus ter dado à Igreja
a Palavra e o sacramento da Santa Ceia, juntamente com a oração, como meios da graça. Assim,
a adoração cristã consiste na acção recíproca entre a Igreja e Deus. À medida que a Igreja adora,
de acordo com a revelação de Deus, a graça de Deus é transmitida à Igreja. Tal revelação de
Deus, como vista nas Escrituras, demonstrada pela igreja primitiva, trabalhada pela razão e
confirmada pela experiência, forma a base da adoração cristã que pode ser compreendida como
autenticamente wesleyana.
10
O CRITÉRIO DE WESLEY
Introdução
Em 1784, Wesley enviou ao povo chamado metodista, a viver na América do Norte, a sua
revisão do Livro de Oração Comum da Igreja de Inglaterra. Ele intitulou-o de The Sunday
Service of the Methodists in North America (The Sunday Service). Na sua carta a Coke, Asbury e
aos metodistas na América do Norte, Wesley indica que a sua revisão do Livro de Oração
Comum foi feita em resposta ao conselho procurado pelos metodistas americanos de forma a
“que aquelas pobres ovelhas no deserto” pudessem ser alimentadas e guiadas (John Wesley’s
Prayer Book a-ii). No seu prefácio ao The Sunday Service, Wesley escreve, “eu acredito que não
há liturgia no mundo, seja na linguagem antiga ou moderna, que respire uma piedade mais
Esta frase indica que Wesley avaliou o valor de certas formas de adoração baseado, pelo
menos em parte, em dois ramos do que Albert C. Outler identifica como o Quadrilátero
Wesleyano (7-18). A adoração da Igreja a Deus de uma forma que era “escriturística e racional”
era vitalmente importante para Wesley. Na carta que acompanhou o The Sunday Service, Wesley
diz que os metodistas americanos “estão agora em total liberdade para simplesmente seguir as
Escrituras e a igreja primitiva” (iii). Assim, acrescentou uma terceira perna ao quadrilátero para
basear a sua avaliação das formas de adoração. Karen Westerfield Tucker acrescenta a perna
final do quadrilátero dizendo que o critério teológico de Wesley para a sua revisão do livro de
Wesley não estava satisfeito com a “adoração” das sociedades metodistas por si mesmas.
Ruth indica, Wesley argumentava que lhes faltava o tipo de abrangência encontrada no tipo de
11
A visão de Wesley acerca da vida cristã, como demonstrada na sua revisão do livro de
oração, de acordo com White, estava “firmemente construída na base dos meios da graça dados
por Deus, particularmente sacramento, Escritura e oração” (Introdução 10). O padrão exposto
para a vida cristã estava baseado numa “comunidade que se junta a cada domingo para um tempo
de oração matinal e nocturna, e para celebrar a Santa Ceia ‘em cada Dia do Senhor’” (9). Actos
pão, e nas orações” e compreendia o “partir do pão” como sendo o sacramento da Santa Ceia.
necessidade de experimentar a presença e identidade de Deus, num relacionamento com Ele, que
argumento que aquilo que Tucker identifica como “experiência evangélica” (Sunday Service 19)
deve ser expandido para incluir este mesmo princípio da necessidade da experiência tanto da
formar o critério pelo qual a adoração pode ser avaliada como autenticamente wesleyana.
12
Piedade Escriturística
escriturística (cf., Wesley, John Wesley’s Prayer Book A1). A primeira questão que deve ser
respondida é o que Wesley quer dizer quando ele usa o termo “escriturístico.” A segunda questão
é como este termo se aplica ao Livro de Oração Comum da Igreja de Inglaterra. Ao responder a
estas duas questões, a “piedade escriturística” será estabelecida como um critério wesleyano para
avaliar a adoração.
O Significado de “Escriturístico”
Como indicado acima, Wesley tinha a tendência de observar quatro fontes principais
como normas teológicas, apesar de, seguramente, não usar o termo “quadrilátero”. Wesley
herdou os primeiros três da sua tradição anglicana. A esses três, adicionou a norma da
experiência. A perna do quadrilátero que tinha proeminência acima das outras três eram as
fontes auxiliares [da teologia] apoiam directamente a prioridade da autoridade bíblica” (77).
Wesley refere-se como homo unius libri, um homem de um só livro (Works Bicentennial
1: 105). De facto, ele usa esse termo para todos os do “clube santo”:
Desde o inicio, desde a altura em quatro jovens se juntaram, cada um deles como homo
unius libri – um homem de um só livro. Deus ensinou-lhes a fazer da Sua “Palavra,
lanterna para os seus pés e uma luz para os seus caminhos.” Eles tinham uma e apenas
uma regra de julgamento para com todos os seus génios, palavras e acções,
nomeadamente, os oráculos de Deus. Eles estavam cada um e todos determinados a ser
cristãos da Bíblia [ênfase original]. ... E, de facto, até hoje, é seu esforço constante,
pensar e falar como os oráculos de Deus. (3: 504)
A partir desta afirmação, e neste sentido, Scott J. Jones declara que, para Wesley “A Escritura
por si só é a autoridade para a fé e prática cristã. Wesley é definitivo acerca deste ponto. É a
Bíblia que serve como o ‘tribunal de última instância1” (41). Qualquer estudante de Wesley
13
prontamente concordará com Jones que “é justo caracterizar os escritos de Wesley como estando
embebidos em citações e alusões bíblicas” (43). Ele ilustra este ponto ao referir um exemplo
representativo dos escritos de Wesley, onde ele cita a Bíblia 2181 vezes. Nesse mesmo texto,
Com este antecedente em mente, o estudante de Wesley pode facilmente ver que quando
ele se referiu a algo como sendo “escriturístico” ele queria dizer que estava cheio com, baseado
em, fluindo de, ou consistente com a Bíblia e os seus ensinos. Além disso, algo poderia ser
encontrado nas Escrituras. Neste caso, Tucker pode dizer, da crença de Wesley que nenhuma
decisão de credo ou de concílio da Igreja tem alguma autoridade, a menos que esteja conforme o
credo estão conforme o testemunho da Escritura, elas podem ser consideradas como autoridade
adoração anglicana do que qualquer outro ramo do cristianismo (Tracy e Ingersol 102). A
Escritura está espalhada ao longo do livro de oração (105). O bispo Stephen Neill indica que os
credos e a liturgia do livro de oração expressam a sua forte qualidade bíblica. De facto, ele
insiste que “as igrejas anglicanas lêem mais da Bíblia [àqueles que participam da adoração] do
que qualquer outro grupo de igrejas” (418). A base para a sua afirmação não é apenas para o uso
Este conteúdo bíblico ilustra um caminho importante no qual a liturgia inglesa poderia ter
sido considerada por Wesley escriturística. O conteúdo escriturístico do The Sunday Service de
O que White diz acerca do The Sunday Service é igualmente verdade acerca do Livro de Oração
Comum. Quase 95 por cento do livro de oração vem directamente da Bíblia (Hobbs 8):
Até partes do livro de oração que não são citações directas da Escritura, são frequentemente
De facto, com a excepção da substituição de certas leituras dos apócrifos por leituras das
Escrituras canónicas, Wesley acaba por ter menos Escritura do que o livro de oração da Igreja de
Inglaterra por duas razões. Primeiro, contrariamente ao Livro de Oração Comum, Wesley não
fazia das orações matinais e nocturnas um dever diário. Em vez disso, Wesley indicou na carta
que acompanhou o The Sunday Service, que a liturgia, incluindo a Santa Ceia, deveria ser usada
em cada Dia do Senhor. A litania devia ser lida às quartas e sextas-feiras, e as orações
espontâneas deviam ser feitas em todos os outros dias (John Wesley’s Book of Prayer ii). Assim,
15
o uso pretendido do livro inglês providenciou mais Escritura ao longo da semana do que o The
A segunda razão pela qual a versão da Igreja de Inglaterra tem mais Escritura foi o
desbaste que Wesley fez do livro de oração. Wesley corta trinta e quatro dos 150 salmos. Ele
remove versículos de outros cinquenta e oito salmos, encolhendo o livro de oração de 2502
versículos para 1625 no The Sunday Service (White, Introduction 10). Em adição, Wesley
encolheu o livro de oração apagando secções como o Venite (Salmos 95). O facto de Wesley ter
apagado tantas secções não implica que o The Sunday Service não seja escriturístico. De facto,
algumas remoções que Wesley fez à versão inglesa foram feitas porque ele as jukgou
livro de oração inglês continha ainda mais Escrituras do que a revisão de Wesley.
O uso meticuloso da Escritura no livro de oração não é a única razão para a avaliação de
Wesley acerca da liturgia inglesa. Tão certo como o Evangelho é proclamado através da liturgia,
assim deve ser avaliado como escriturístico. O livro de oração anuncia os mandamentos, chama o
chama o povo a experimentar a graça de Deus através do sacramento. Wesley teria visto toda
No entanto, quando Wesley declarou o livro de oração como escriturístico, ele não queria
puritanos radicais insistiram para que houvesse precedentes explícitos na Escritura para as
16
práticas de adoração. Wesley não viu razão para insistir que as Escrituras “fossem o blueprint
[esboço detalhado] para a adoração cristã”; formas válidas poderiam, de facto, “fluir” das
Escrituras (Tucker, Sunday Service 20). Wesley indica isso em “Ought We to Separate from the
“Mas não é a Bíblia a única regra para a adoração cristã?” Sim, é a única regra suprema
[ênfase original]. Mas poderá haver milhares de regras subordinadas [ênfase original] a
essa, sem que haja qualquer violação. Por exemplo, a regra suprema diz, “que todas as
coisas sejam feitas com ordem e decência.” Não sendo repugnantes a, mas claramente
fluindo dela, são as regras subordinadas relativas ao tempo e lugar do culto divino. E da
mesma forma são tantas outras observadas na Escócia, Geneva e em todas as outras
igrejas protestantes. (Works Bicentennial 9: 570)
Como indicado, o uso do livro de oração inclui, necessariamente, uma ênfase nos
sacramentos. A visão elevada dos sacramentos, demonstrada pelo The Sunday Service é
profundamente bíblica. Como J. Kenneth Grider diz, “Os sacramentos são necessários... porque
foram instituídos pelo próprio Cristo” (492). Como se vê em Lucas 22:7-20, Jesus instituiu
claramente a Santa Ceia. Mais à frente, a igreja do Novo Testamento continuou a observância do
sacramento (ver 1 Coríntios 11:26). Apesar dos estudiosos bíblicos terem de admitir que Cristo
baptizar-Se (Mateus 3:13-17; Marcos 1:9-11; Lucas 3:21-22). Além disso, Ele deu a Grande
Comissão, mandando que os cristãos se baptizassem (Mateus 28:19). Mais, qualquer estudo das
Além disso, a compreensão de Wesley do Novo Testamento e da igreja primitiva era tal que se
podia dizer que a Santa Ceia era “uma parte constante do culto do dia do Senhor. E, durante
vários séculos, eles receberam-na quase todos os dias. Sempre quatro vezes por semana, para
explicitamente na Bíblia, a estrutura geral de adoração encontrada no livro de oração pode ser
vista como consistente com a base bíblica. Richard C. Leonard infere um esboço da adoração
davídica de Salmos relevantes e relatos históricos, tais como 1 Crónicas 16. O seu esboço da
padrão quádruplo de Webber que consiste nos Actos de Entrada, o Serviço da Palavra, o Serviço
davídica como Actos de Entrada. Ele vê o Serviço da Palavra como consistindo na Preparação
para a Chegada do Senhor e associa a Renovação da Aliança com o Serviço da Mesa. Nos Actos
Webber vê este padrão quádruplo como estando enraizado na Escritura. Ele aponta para
Actos 2:42, que demonstra que os primeiros cristãos se juntavam em adoração à volta dos
ensinos dos apóstolos e no partir do pão no contexto da oração e comunhão. Nesta passagem, ele
encontra evidência de que, desde a sua concepção, a adoração cristã tinha dois focos primários: a
Palavra e a Mesa. A estes dois foram adicionados actos de encontro e actos pelos quais os
Os metodistas modernos têm visto no relato da Estrada de Emaús (Lucas 24) uma
Assim como no primeiro dia da semana o Cristo ressurrecto se juntou aos dois discípulos,
da mesma forma no poder do Espírito Santo, o Cristo ressurrecto e ascendido Se junta a
nós quando nos reunimos. À medida que os discípulos derramaram a Ele as suas tristezas
e, ao fazê-lo, abriram os seus corações para o que Jesus lhes dizia, da mesma forma
derramamos a Ele o que quer que esteja nos nossos corações e assim abrimo-nos para a
Palavra. Assim como Jesus lhes “abriu as Escrituras” e causou que os seus corações
ardessem, da mesma forma ouvimos as Escrituras abertas para nós e do arder dos nossos
corações adoramos a Deus. Assim como eles tiveram de encarar uma decisão e
responderam convidando Jesus a ficar com eles, podemos fazer o mesmo. Assim como
eles se juntaram ao Cristo ressurrecto à volta da mesa, podemos fazer o mesmo. Assim
como Jesus tomou, abençoou, partiu e deu o pão como os discípulos O tinham visto fazer
três dias antes, assim no nome do Cristo ressurrecto fazemos essas quatro acções com o
pão e o copo. Assim como Ele foi “feito conhecido no partir do pão,” da mesma forma o
Cristo ressurrecto e ascendido pode ser conhecido por nós na Santa Comunhão. Assim
como Ele desapareceu e enviou os discípulos para o mundo, com fé e gozo, da mesma
forma Ele nos envia ao mundo. E, assim como os discípulos encontraram Cristo quando
chegaram a Jerusalém mais tarde nesse dia, da mesma forma podemos encontrar Cristo
connosco onde quer que vamos. (United Methodist Book 14)
Este padrão quádruplo básico pode ser demonstrado em várias tradições teológicas e estilos de
adoração. O Livro de Oração Comum e o The Sunday Service de Wesley demonstram uma forma
estrutura geral da adoração do livro de oração pode ser compreendida como sendo consistente
com a Escritura.
Piedade Racional
como sendo escriturístico e racional (John Wesley’s Book of Prayer A1). Para Wesley, a razão
era tão importante que ele poderia insistir que aquele que rejeita a razão, rejeita a religião
(Dunning 83):
Quando quer que vejas um homem irracional, vês um homem que talvez se chame pelo
nome [i.e., cristão], mas ele é tão cristão como é anjo. Assim como ele está longe da
19
razão genuinamente verdadeira, da mesma forma ele está longe do cristianismo. (Wesley,
Works Bicentennial 11: 55)
De forma a estabelecer a piedade racional como critério wesleyano para planear e avaliar
a adoração, a primeira questão a ser respondida é sobre o que Wesley queria dizer quando usou o
termo “racional” ou “razão”. A segunda pergunta a ser respondida é como este termo era
O Significado de “Racional”
Considerada], Wesley começa por definir razão. A primeira definição que ele dá à palavra é
argumento. Ele refere-se ao uso da palavra numa afirmação como “Ele tem boas razões [ênfase
original] para o que faz” e Wesley comenta que, nesse contexto, parece dizer que “ele tem
motivos [ênfase original] suficientes, que devem influenciar um homem sábio” (Works
Bicentennial 2: 589). Wesley usou a razão neste sentido ao longo dos seus escritos, mas este
Wesley rejeitou a razão como fonte de conhecimento independente. Ele não subscreveu a
escola de pensamento platónico (Miles 85). Em vez disso, Wesley adoptou uma compreensão
ou dados que eram derivados de outras fontes (86). Assim, Grider diz que é “principalmente um
veículo para tomar os dados revelados e descobrir o que eles significam. É um veículo que, nós
humanos, podemos usar para compreender o que é dito na Palavra de Deus vivida em Cristo e
escrita nas Escrituras” (109). De facto, é uma ferramenta necessária. Como John Miley diz,
“Uma revelação divina é, na sua natureza, uma comunicação divina da verdade e especialmente
20
verdade moral e religiosa. Não pode haver comunicação de tal verdade onde não há capacidade
Significa uma capacidade da alma humana; aquela capacidade que se exerce de três
formas: pela simples apreensão, pelo juizo e pelo discurso. A simples apreensão [ênfase
original] dificilmente é conceber algo na mente, o primeiro e mais simples acto de
compreensão. O juízoo [ênfase original] é o que determina se as coisas antes concebidas
estão de acordo ou se diferem entre si. O discurso [ênfase original] (estritamente falando)
é o movimento do progresso da mente de um juízo para o outro. A capacidade da alma
que inclui essas três operações, eu aqui dou o nome de razão [ênfase original] (Works
Bicentennial 2: 590).
Ao contrário dos empiristas dos seus dias, Wesley acreditava que os seres humanos tinham
“sentidos espirituais.” Com esses sentidos em mente, Tucker diz, “A razão não é simplesmente o
exercício do dom dado por Deus do intelecto humano, mas é a percepção da revelação divina
através da agência do Espírito Santo” (Sunday Service 22). A razão era compreendida por
Wesley como o meio pela qual os cristãos são capacitados pelo Espírito Santo a compreender a
usava a razão como sinónimo do “senso comum”. Neste sentido, a razão era vista como “uma
sabedoria pragmática, de senso comum” que a maioria das pessoas aceitaria (Miles 93). Em vez
de se compreender a razão como uma ferramenta ou processador, ela era compreendida como um
conjunto de conclusões derivadas do processo que qualquer pessoal racional aceitaria (93). Um
exemplo deste uso é visto na carta de Wesley a Robert Carr Brackenburry a 9 de Março de 1782:
É totalmente claro para mim que, primeiro, a dispensação do Evangelho é-te entregue; e,
segundo, és peculiarmente chamado a publicá-la em conexão connosco. Tem agradado a
Deus dar tantas e fortes evidencias disto, que não vejo como qualquer pessoa racional
possa duvidar disso. (Works 3rd ed. 13:3)
21
Os comentários de Wesley a Brackenburry derivam de um claro processo que ele tem a certeza
Wesley compreendia a razão como uma grande ajuda nas áreas de arte, ciência,
gramática, retórica, lógica, filosofia natural e moral, matemática, álgebra e metafísica. De facto,
a razão era vista como sendo de utilidade considerável em todas as coisas relacionadas com o
mundo presente, mas Wesley também acreditava que a razão poderia “fazer muito mais,” tanto
(assistida pelo Espírito Santo) ... capacita-nos a compreender o que as Santas Escrituras declaram
relativamente ao ser e atributos de Deus” (152). Desta mesma forma, os cristãos podem vir a
compreender as verdades essenciais das Escrituras, como têm sido resumidas no Credo dos
Apóstolos (592).
Por um lado, Wesley “reconheceu o uso judicioso da razão acoplado com a Escritura
quando admitiu a possibilidade de vários tipos de adoração, desde que a fé básica fosse mantida”
(Tucker, Sunday Service 23). “Os seres humanos racionais tinham um direito, dado por Deus, de
adorar à medida que eles eram persuadidos” (23). Wesley expressa esta mesma opinião:
Eu não quero dizer, “Adopte os meus modos de adoração,” ou, “irei adoptar os seus.” Isto
também é uma coisa que não depende nem da tua escolha nem da minha. Podemos,
ambos, agir de acordo com a total persuasão da sua própria mente. Agarre-se ao que crê
que é mais aceitável para Deus e eu farei o mesmo. (Works Bicentennial 2: 89-90)
Os cristãos devem ser livres para adorar da forma que eles consideram ser a mais racional.
Por outro lado, Wesley insiste que os cristãos devem ser racionalmente persuadidos
Mas o homem de um verdadeiro espírito católico, tendo pesado todas as coisas na balança
do santuário, não tem dúvida, nenhum escrúpulo relativo a esse modo particular de
adoração ao qual ele se junta. Ele está claramente convencido que esta [ênfase original]
forma de adorar a Deus é tanto escriturística como racional. Ele não conhece outra forma
no mundo, que seja mais escriturística, nenhuma que seja mais racional. Por isso, não
22
divaga para cá e para lá e se une a ela e louva a Deus pela oportunidade de o fazer.
(Works Becentennial 2: 93)
A declaração de Wesley no prefácio do The Sunday Service torna claro que ele estava
convencido de que a maneira de adorar a Deus como descrito pelo Livro de Oração Comum era
tanto escriturística como racional. Ele não conhecia nenhuma outra maneira no mundo que fosse
Já estabeleci que para Wesley as regras da adoração cristã estavam subordinadas à regra
suprema da Bíblia e que essas regras subordinadas não violavam a regra suprema, mas fluíam
dela (Works Bicentennial 9: 570). Estas regras subordinadas fluem da Bíblia de acordo com a
razão. A razão, usada como uma ferramenta, ajuda a formular a estrutura e conteúdo da liturgia.
Edward C. Hobbs diz que a racionalidade da tradição do livro de oração “é uma que se
conforma com a racionalidade da fé cristã – i.e., exibe sistematicamente a relação do cristão com
Deus, de acordo com a compreensão cristã desse relacionamento” (9). Ele vê esta estrutura
como pontos de transição entre cada uma dessas três secções do serviço:
O primeiro intercâmbio começa, “Oh Senhor, abre os nossos lábios; E a nossa boca
manifestará o Teu louvor.” O sinal é claro – estamos prestes a entrar num culto de louvor.
O outro é o comum, “O Senhor esteja contigo; E com o teu espírito; Oremos.” O sinal é
claro – segue-se a oração. (9)
Seguindo essas pistas, o pesquisador vê que as três porções do culto incluem uma de penitência e
confissão; uma de louvor, acção de graças e a Palavra de Deus; e uma em que os adoradores se
oferecem a si mesmos e tudo a Deus. Hobbs chama essas secções “o Serviço de confissão, o
Esta estrutura segue o padrão do relacionamento dos cristãos com Deus. A estrutura fá-lo
como um “memorial e uma interpretação daquela vida” perante Deus (Hobbs 10). Por outras
palavras, se a adoração da Igreja a Deus deve ser “racional,” então os cristãos não podem
simplesmente adorar de acordo com os seus próprios caprichos. Pelo contrário, os cristãos devem
adorar da mesma forma “na qual sempre encontramos e reconhecemos Deus quando nos
encontramos com o Deus que nos conforta em Cristo” (10). Hobbs resume o serviço:
Hobbs diz que “todos os grandes serviços da adoração cristã, desde o inicio até agora, seguem
na terceira porção” (12). Esta estrutura de adoração prova ser meticulosamente racional.
escriturística e a secção seguinte sobre a igreja primitiva, a estrutura da adoração pelo livro de
oração pode ser vista como uma de várias formas de demonstrar o padrão quádruplo aí presente”
(1) Entramos na presença de Deus; (2) Ouvimos Deus a falar; (3) Celebramos à Mesa de Deus; e
(4) Somos despedidos” (Webber, Signs 37). Webber comenta a racionalidade deste padrão:
O padrão quádruplo de adoração é caracterizado por uma qualidade narrativa porque nos
leva a um lugar (a sala do trono do reino de Deus) onde um ensaio do nosso
relacionamento com Deus é expresso através da palavra e da resposta de acção de graças.
Tendo sido tocados [por] Deus, somos enviados para o mundo para amar e servir o
Senhor. Este padrão quádruplo é a estrutura bíblica e história de adoração que mais
efectivamente comunica o conteúdo da adoração. (Planning Blended Worship 21)
24
pelo livro de oração, então, segue um procedimento racional. Assim, qualquer pessoa racional
Mais, a adoração baseada nos serviços do livro de oração pode ser vista como racional
domingo, de acordo com a tradição do livro de oração, providencia uma extensão espiritual para
assim como a Santa Ceia (Ruth 140-41). Esses são elementos de adoração que as sociedades
metodistas frequentemente não tinham, quando separadas da liturgia inglesa. O Livro de Oração
Comum providenciava um meio sólido de formação espiritual porque incluía uma leitura
Na sua carta que acompanhava o The Sunday Service, Wesley diz que os metodistas
americanos “estão agora em total liberdade, simplesmente para seguir as Escrituras e a igreja
primitiva” (John Wesley’s Book of Prayer A2). Assim, um terceiro critério pelo qual a adoração é
forma a estabelecer este terceiro elemento como critério, irei identificar o que Wesley referia
quando falava da “igreja primitiva”. Depois irei identificar como a continuidade com a igreja
3: 585). Ele identifica o Metodismo como “a religião antiga, a religião da Bíblia, a religião da
25
igreja primitiva [ênfase original], a religião da Igreja de Inglaterra” (585). Wesley fala da
religião da igreja primitiva como a de “toda a igreja na sua era mais pura” (586):
Além do período do tempo bíblico, Ted A. Campell identifica o período anterior a Niceno
como sendo o significado básico de Wesley quando se refere à igreja primitiva (5). Campbell
continua ao indicar que os primeiros líderes anglicanos concordaram que o período da igreja
primitiva podia ter sido estendido para os quarto ou quinto séculos (13). Wesley faz referencia ao
quarto século (Works Bicentennial 3: 586). No entanto, quando fala da igreja primitiva, Wesley
refere-se basicamente à igreja dos primeiros três séculos cristãos, aos quais os quarto e quinto
séculos podem ser adicionados. Assim, Wesley diz, “E até [ênfase original] no quarto século”
(586). Tal perspectiva é consistente com aquela do pai de Wesley, Samuel. Este teve em maior
consideração os primeiros três séculos, mas deu o seu aval às obras dos quarto e quinto séculos,
Constantino no inicio do quarto século. Ele vê maior unidade e demonstração de pureza antes de
Constantino (Campbell 47). Ele frequentemente fala favoravelmente dos “Pais pré-Nicéia” ou os
A consideração dos escritos dos primeiros três séculos, embora não igualados com, mas
próximos das Escrituras, nunca levaram qualquer homem a erros perigosos, nem
provavelmente levarão. Mas tem trazido muitos para fora de erros perigosos e
particularmente fora dos erros do Papismo. (Wesley, Works 3rd ed. 10: 14)
26
Wesley diz noutro lugar, “Quanto mais devo sofrer na minha utilidade, se perdi as oportunidades
que tive em me familiarizar com as grandes luzes da antiguidade, os Pais pré-Nicéia” (10: 493).
Assim, Wesley indica que o período pré-Nicéia é a sua referência básica quando fala sobre a
igreja primitiva.
Continuidade na Adoração
Wesley compreende a liturgia anglicana como sendo uma das áreas na qual a Igreja de
Inglaterra mostrou grande continuidade com a igreja apostólica e primitiva (Campbell 97).
Relativamente aos sacramentos, Wesley compreende a prática do baptismo das crianças, assim
como o dos adultos, como sendo consistente com as práticas da igreja primitiva (95). A
Eucaristia era celebrada diariamente nos primeiros tempos, e nos últimos tempos era celebrada
todos os domingos (96). Tal perspectiva era consistente com a insistência de Wesley em “O
Wesley é consciente das festas anuaus observadas pelos cristãos antigos ao celebrarem a
Páscoa, Pentecostes e Epifania (Campell 99). Mais, ele é rápido a adoptar certas práticas antigas
para essas celebrações. Wesley regista, “Durante doze dias de festa tivemos diariamente a Ceia
coisas, assim como eles foram de Cristo” (Works Bicentennial 22: 441). Ele regista novamente,
“Domingo, dia 30 – O dia de Páscoa foi um dia solene e agradável, no qual Deus estava
marcadamente presente com o Seu povo. Durante a Oitava administrei a Ceia do Senhor cada
manhã, seguido o exemplo da igreja primitiva” (23: 45-46). Assim, Wesley demonstra o seu
Wesley sobre o Cristianismo primitivo não eram correctas. Como exemplo, Campell cita a
crença de Wesley em que as “Homilias Espirituais” eram de facto obra de Macário, monge
egípcio do quarto século (4). Ao longo da sua vida, as crenças de Wesley acerca da ordenação e
episcopacia mudaram à medida que ele ganhou compreensões mais claras das práticas da igreja
da antiguidade:
Segunda-feira, dia 20. Fui a Bristol. Na estrada li o Relato da Igreja Primitiva por Lord
King. Apesar do preconceito veemente da minha educação, eu estava pronto a crer que
isto era um relato justo e imparcial. Mas se assim o era, isso queria dizer que os bispos e
os presbíteros são (essencialmente) de uma ordem. (Works Bicentennial 20: 112)
Como resultado de tal mudança na sua compreensão da igreja primitiva, Wesley eventualmente
Tais exemplos de Wesley em mudar a sua posição em alguns assuntos ao ganhar uma
contemporâneos à medida que eles vêem a igreja primitiva pelos olhos da escolástica mais
recente. Este precedente implica que onde a escolástica contemporânea revela aspectos da prática
de adoração da antiguidade, aos quais Wesley não teve acesso, os liturgistas wesleyanos não
seguem Wesley à risca no desenvolvimento de textos litúrgicos de forma a que os seus textos
Estou a sugerir que uma forma em que os wesleyanos contemporâneos podem aderir à
admoestação do seu pai espiritual para seguir o padrão de adoração da igreja primitiva (John
Wesley’s Book of Prayer iii) é adoptar o padrão quádruplo básico e histórico da adoração. Este
padrão compreende a adoração cristã como estando centrada na “Palavra e Mesa” (Webber,
Signs 34). A esses dois actos básicos de adoração, os primeiros cristãos adicionaram o
para adorar à volta da Palavra e da mesa é claramente visto no século dois na The First Apology
de Justino, o Mártir (capítulos 61-67). Este padrão tem sido popularizado nos anos recentes por
Webber:
Os quatro actos básicos da adoração de domingo incluem o congregar das pessoas, a leitura
das Escrituras e a pregação, o partir do pão e derramar o vinho juntamente com orações de
acções de graça, e enviar o povo. Estes quatro actos são alcançados através de uma
sequência de cânticos, Escrituras e orações que proclamam, reconstituem e celebram o
Evangelho e uma sequência de respostas congregacionais que os ajudam a experimentar o
Evangelho. Pode-se estudar a história da adoração desde a igreja primitiva até ao presente e
descobrir, sem excepção, que a adoração de domingo tem sido sempre caracterizada por
estes quatro actos. (Worship 150)
A implementação deste padrão é uma forma dos wesleyanos contemporâneos seguirem o padrão
Entre os wesleyanos contemporâneos, este padrão geral tem sido adoptado pela Igreja
Metodista Unida no United Methodist Book of Worship [Livro de Adoração dos Metodistas
Unidos] como uma tentativa de recuperar a sua herança bíblica e histórica (13-15). O padrão
quádruplo também tem ganho alguma atenção dentro da Igreja do Nazareno, principalmente na
quádruplo histórico da adoração como um terreno comum para adoração centrada em Cristo na
Igreja do Nazareno” (6). Estou a sugerir que o padrão quádruplo da adoração é uma expressão
importante no ser-se consistente com as práticas da adoração da igreja primitiva, e, por isso, um
passo importante em ser guiado por um critério wesleyano autêntico de adoração. A minha
posição amplia as possibilidades da adoração wesleyana autêntica bem além do uso exclusivo do
Livro de Oração Comum ou do The Sunday Service, apesar do uso destes ser uma possibilidade
semanal da Eucaristia deveria ser vista como a norma. Como o superintendente geral Greathouse
afirma, “Os primeiros cristãos celebravam o sacrifício expiatório de Cristo, ao comer o Seu
corpo e ao beber o Seu sangue, em todo o Dia do Senhor, na fé simples de que Ele estava à mesa
Outra prática do inicio da Igreja do Nazareno que deveria ser reafirmada contra a forte
baptismo infantil é altamente consistente com a herança wesleyana e com a prática da igreja
primitiva. Tal posição não fala da norma do baptismo adulto para a teologia sacramental, mas
para a prática aceite da igreja primitiva assim como para aqueles dentro da tradição wesleyana.
ajudando a Igreja a ordenar a Sua vida de acordo com o calendário cristão. Apesar de Wesley ter
omitido a maioria dos “dias santos (assim chamados) ... como, no presente, não apresentando
nenhum valor final” (John Wesley’s Book of Prayer A1) quando ele reviu o livro de oração para
essas “pobres ovelhas no deserto” (ii), reteve referências do Advento, Natal, Páscoa, Pentecostes,
Domingo da Trindade, Sexta-Feira Santa e Dia da Ascensão. Eu sugiro que a observância desses
dias é escriturística no sentido em que eles ajudam a proclamar o Evangelho. Tais observâncias
séculos do cristianismo, sendo que os primeiros dois foram herdados e adaptados do Judaísmo
(White, Brief History 62). Desde o quarto século, os cristãos têm observado a Sexta-Feira Santa,
o Sábado da Aleluia e o dia de Páscoa como o trio sagrado (63). Em 336, é feita referência à
celebração do que é chamado agora Natal (64). Assim, desde o quarto século, os cristãos têm
30
tido “um ano de dois ciclos, natividade e pascal, consistindo de quatro temporadas: Advento e
Natal, Quaresma e Páscoa, assim como os intervalos no meio” (65). Apesar de nem todas essas
O quarto critério no qual a adoração pode ser avaliado como sendo autenticamente
graça de Wesley (11), assim, também, ambos os elementos são vitais para a adoração
autenticamente wesleyana. Apesar deste critério não ser explícito na carta que acompanha o The
Sunday Service, é uma síntese das declarações de Wesley numa variedade de lugares e devia ser
presença e identidade de Deus como um critério para a adoração wesleyana autêntica, revejo a
exploração de Knight da presença e identidade de Deus nos meios da graça. Aplico então as
A Presença de Deus
Knigh identifica alguns meios da graça de Wesley que encorajam a abertura à presença de
Deus. Eles incluem a comunidade cristã, obras de misericórdia, oração extemporânea, jejum e os
meios da graça gerais (13). O último inclui obediência universal, guardar todos os mandamentos,
vigiar, negar-se a si mesmo, tomar diariamente a cruz e exercitar a presença de Deus (5).
A adoração por parte das sociedades metodistas tendeu fortemente nesta direcção, assim
como tem feito a típica adoração nazarena histórica. O perigo de se apoiar demasiado nesta
31
direcção sem o equilíbrio providenciado pela identidade de Deus é que os adoradores podem cair
morto. Evita que os adoradores tenham a forma de religiosidade sem poder. Os meios da graça
que devem ser encontrados dentro da adoração corporativa devem incluir a comunidade cristã, a
Wesley não desencoraja aquilo que fomenta a presença de Deus. De facto, é essencial
para a vida cristã. A sua preocupação é que, apesar das sociedades metodistas fomentarem a
Inglaterra providenciava.
A Identidade de Deus
Todos estes meios da graça são partes importantes na adoração cristã. Apesar das igrejas
livres não despenderem muito tempo usando as orações da tradição, estas orações são aqui
referidas porque elas funcionam para identificar Deus. Por isso, mesmo que a adoração da igreja
livre não use estas orações específicas, os líderes de louvor podem aprender delas formas de
A tradição da adoração da igreja livre, como vista em nas reuniões em tendas revivalistas,
promove claramente muito menos a identidade de Deus do que a presença de Deus. A adoração
32
Escritura. No entanto, quando comparada com o âmbito da Escritura usada na tradição do livro
sobre as possíveis tensões e conflitos encontrados nas abordagens actuais da adoração pelos
adoração quando foi confrontado por alguns das sociedades metodistas que insistiam que os
encontros da sociedade providenciavam suficiente adoração para o povo metodista. Para aqueles
que actualmente encaram aquilo que é frequentemente referido como “guerras de adoração,” a
Mas alguns dizem, “O nosso culto é adoração pública.” Sim; mas não se isso substituir o
culto da igreja; pressupõe-se oração pública como os sermões na universidade. Se fosse
planeado para ser o substituto do culto da igreja, seria essencialmente defeituoso; pois
raramente tem as quatro grandes partes da oração pública, súplica, petição, intercessão e
acção de graças. (Works 3rd. 8: 321-22)
adoração. Um ponto principal de contenção para os wesleyanos contemporâneos tem a ver com
defendem cada uma destas e outros estilos de adoração diversos formam os vários campos dentro
Mudanças dramáticas têm tido lugar nas práticas de adoração das igrejas protestantes ao
longo das últimas décadas. Estas mudanças têm servido para intensificar o debate sobre os estilos
de adoração, que se tem focado na música. Muitas dessas mudanças dentro do cristianismo
protestante têm surgido como resultado do Vaticano II do Catolicismo Romano (Plantiga 24-26).
A variedade de práticas tem vindo de quatro forças principais forças que têm sido identificadas
como contribuindo para estas mudanças. Elas são “o movimento litúrgico ecuménico universal, o
Cada uma destas forças pode ter um impacto diferente nas práticas de adoração e nas
perspectivas de várias congregações. Tais impactos podem ser complementares, mas podem ser,
da mesma forma, de oposição. Destas quatro forças, apenas o movimento litúrgico ecuménico é
que provável partilha uma lógica interna similar à abordagem de Wesley à adoração.
exemplos da igreja dos segundo, terceiro e quarto séculos. Este movimento tem sido influente em
recuperar o padrão da Palavra e da Mesa como a norma da adoração colectiva cristã. Além disso,
grande influência dentro das denominações principais, mas influência mínima dentro da Igreja
tempos de oração em pequenos grupos e cultos de cura, tem também sido instrumental ao trazer
o movimento de louvor e adoração. Este ultimo movimento tem-se focado na música entusiasta,
34
particularmente no uso de coros de louvor e no uso de um grupo de louvor e/ou banda (Authentic
16-17).
A ênfase carismática nos dons espirituais, especialmente as línguas, tem sido julgada
como duvidosa pela maioria dos nazarenos. Como uma denominação nascida do movimento de
tem sido difícil. O movimento carismático tem sido compreendido pelos nazarenos como sendo
entusiasmo foi uma marca da tradição das reuniões em tendas e a música de louvor e adoração é
O “evangelismo porta a porta” tem visto o culto de adoração como um meio de alcançar
os não frequentadores de igreja (Authentic 17). Apesar deste conceito poder ser novo para
algumas denominações, não é novo para os nazarenos. O que é novo é o uso das técnicas de
marketing é parte da cultura consumista americana. O perigo para a Igreja em usar tais técnicas é
tais casos, a adoração deixa de ser acerca de adorar a Deus; em vez disso, o foco da adoração
deixa de ser Deus e passa a ser os “perdidos”. Estimulado pelo movimento do crescimento da
igreja, o movimento do “evangelismo porta a porta” tem sido, rapidamente, e, por vezes,
como a sociedade se tem tornado mais diversa, da mesma forma muitas denominações têm-se
tornado culturalmente diversas. O idioma, a música e as tradições culturais têm tido um papel em
35
enriquecer a adoração dos cristãos (Authentic 18). Além disso, a sociedade tem-se tornado menos
letrada e mais levada para o entretenimento. As pessoas focam-se mais nos sentimentos e menos
na verdade. Estas características culturais têm tido um papel em influenciar as tendências actuais
de adoração.
adoração dentro da igreja de hoje. Por outro lado, outras tendências têm produzido cultos de
adoração que são abertos ao mesmo tipo de críticas que Wesley expressou no inicio desta secção.
Dentro deste contexto das várias tendências de adoração e das actuais “guerras de adoração” o
várias práticas de tal maneira que providencie uma adoração cristã autêntica.
Conclusão
wesleyanas/metodistas continuam a lutar com a mudança na área da adoração, é vital ter critérios
promovido neste texto pode meticulosamente preencher a lacuna. Como demonstrado neste
estudo, os critérios wesleyanos transcendem os vários estilos de adoração ao mesmo tempo que
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