Pedras Quentes - Fibromialgia

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CAPÍTULO 17

doi
ANÁLISE DOS EFEITOS DA MASSAGEM COM
PEDRAS QUENTES EM PACIENTES PORTADORES
DE FIBROMIALGIA

Data de aceite: 01/12/2020 Taís Foletto Bevilaqua


Data de submissão: 28/10/2020 Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
Santa Maria - RS
http://lattes.cnpq.br/5793230226125128
Caliandra Letiere Coelho Dias Clebiana Alvez e Silva Diniz
Universidade Franciscana (UFN) Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)
Santa Maria - RS Campina Grande - PB
http://lattes.cnpq.br/6913514342475480 http://lattes.cnpq.br/9015193294848030
Caren Franciele Coelho Dias
Universidade Franciscana (UFN)
Santa Maria - RS RESUMO: Introdução: a fibromialgia é uma
http://lattes.cnpq.br/3259327367673605
síndrome reumatológica, afetando principalmente
Cleonice Pereira Moreira mulheres de meia idade, acometendo 2,4%
Universidade Franciscana (UFN) a 6,8% da população feminina. As TAC
Santa Maria - RS vêm associando seus conhecimentos com
http://lattes.cnpq.br/0468685079025200 diversas técnicas da massagem tradicional. As
mesmas estão sendo incorporadas às terapias
Cleide Monteiro Zemolin
convencionais, tendo como principal objetivo o
Faculdade de Enfermagem Nova Esperança
equilíbrio energético e o relaxamento do corporal.
(FACENE)
Objetivo: analisar os efeitos da massagem com
Santa Maria - RS
http://lattes.cnpq.br/4113726884854713 pedras quentes em pacientes portadores de
fibromialgia. Método: o estudo caracteriza-se
Ezequiel da Silva como descritivo do tipo quase experimental,
Faculdade Integrada de Santa Maria (FISMA) com abordagem quantitativa. Participaram da
Santa Maria - RS pesquisa 12 pacientes do sexo feminino com
http://lattes.cnpq.br/9650033772046343 idade entre 40 a 60 anos de idade, as massagens
Claudia Monteiro Ramos com pedras quentes foram realizadas na região
Faculdade de Enfermagem do Belo Jardim dos pontos da fibromialgia. Utilizou-se para a
(FAEB) avaliação a Escala Analógica da Dor, Escala de
Campo grande - MS Estresse Percebido e o Questionário de Impacto
http://lattes.cnpq.br/8533764995436778 na Fibromialgia, antes e após as massagens. Os
dados coletados foram tabulados e analisados de
Nicole Adrielli Monteiro Zemolin
acordo com a estatística descritiva. Resultados:
Universidade de Santa Maria (UFSM)
na escala analógica da dor, verificou-se que
Santa Maria - RS
existem evidências significativas após as
http://lattes.cnpq.br/9030815621688612

Processos de Intervenção em Fisioterapia e Terapia Ocupacional 2 Capítulo 17 150


sessões (p = 0,007), o mesmo ocorre com o questionário de impacto na fibromialgia
(p = 0,0005). Na escala de estresse percebido os achados não são considerados
significativos. Discussão: Conclusão: a massagem com pedras quentes em pacientes
com fibromialgia é efetiva na diminuição da dor e na qualificação internacional de
funcionalidade.
PALAVRA-CHAVE: Fibromialgia; Massagem; Terapias Complementares.

ANALYSIS OF THE EFFECTS OF MASSAGE WITH HOT STONES ON


PATIENTS WITH FIBROMYALGIA
ABSTRACT: Introduction: fibromyalgia is a rheumatological syndrome, affecting
mainly middle-aged women, affecting 2.4% to 6.8% of the female population. TACs
have been associating their knowledge with various techniques of traditional massage.
They are being incorporated into conventional therapies, with the main objective of
energetic balance and relaxation of the body. Objective: to analyze the effects of hot
stone massage in patients with fibromyalgia. Method: the study is characterized as
descriptive of an almost experimental type, with a quantitative approach. Twelve female
patients aged between 40 and 60 years old participated in the research, massages with
hot stones were performed in the region of the points of fibromyalgia. The Pain Analog
Scale, Perceived Stress Scale and the Fibromyalgia Impact Questionnaire were used
for the evaluation before and after the massages. The collected data were tabulated
and analyzed according to descriptive statistics. Results: on the analogue pain scale,
it was found that there is significant evidence after the sessions (p = 0.007), the same
occurs with the fibromyalgia impact questionnaire (p = 0.0005). On the perceived
stress scale, the findings are not considered significant. Discussion: Conclusion: hot
stone massage in patients with fibromyalgia is effective in reducing pain and in the
international qualification of functionality.
KEYWORDS: Fibromyalgia; Massage; Complementary Therapies.

1 | INTRODUÇÃO
A fibromialgia é um dos problemas de saúde mais perturbadores na sociedade
moderna, com consequência para a qualidade de vida daqueles que a possuem
(ABLIN; BUSKILA, 2015). É uma síndrome reumatológica, afetando principalmente
mulheres de meia idade, acometendo 2,4% a 6,8% (MARQUES et al., 2017),
principalmente entre a faixa etária de 35 a 44 anos (HEYMANN, 2017). A condição se
manifesta no sistema músculo esquelético e é considerada uma síndrome dolorosa
crônica, não inflamatória, de etiologia desconhecida sendo capaz de apresentar
sintomas em outros aparelhos e sistemas (JUNIOR; GOLDENFUM; SIENA, 2012).
Os sintomas decorrentes dessa síndrome são fadiga, sono não reparador e
a rigidez matinal. Os menos frequentes são caracterizados pela síndrome do colón
irritável, fenômeno de Raynaud, cefaleias, alterações psicológicas e incapacidade
funcional significativa, os quais interferem no trabalho, nas atividades de vida diária

Processos de Intervenção em Fisioterapia e Terapia Ocupacional 2 Capítulo 17 151


e na qualidade de vida dos pacientes (BASTOS; OLIVEIRA, 2003; ANTONIO, 2002).
A fibromialgia prejudica o paciente em ter uma vida plena e normal, levando a
dependência, impotência, debilidade e exclusão, podendo desencadear depressão,
com decréscimo da autonomia social e funcional, outro fator importante é a ausência
de tratamentos definitivos (MATTOS et al., 2019).
Conforme o diagnóstico proposto pelo Colégio Americano de Reumatologia
(ACR), a exigência é de pelo menos três meses consecutivos de dor generalizada e
dor a palpação que se dava pela sensibilidade dolorosa de 4kg de pressão no corpo
de 11 dos 18 pontos-gatilho (PG). Posteriormente a ACR reconsiderou o diagnóstico
por PG e passou a empregar o diagnóstico por questionários e pontuação (WOLFEET
et al., 1990).
Um importante recurso tem desempenhado um papel importante no alívio
desses sintomas, uma delas é a Terapia Alternativo/Complementar (TAC) que
é caracterizada por terapias físicas, hidroterapia, fitoterapia, nutrição alternativa,
terapias mentais e espirituais, cromoterapia, toque terapêutico, Reich e terapia de
exercícios individuais (HILL, 1990). Há ainda, outros tipos de TAC como acupuntura,
helioterapia, massoterapia, musicoterapia, reflexologia e técnicas de relaxamento
(FILIPINI et al., 2008).
As TAC vêm associando seus conhecimentos com diversas técnicas
da massagem tradicional. As mesmas estão sendo incorporadas às terapias
convencionais. Uma delas é a terapia de massagem com pedras quentes. Essa
técnica utiliza-se pedras vulcânicas, plutônicas e sedimentares, as quais devem ser
aquecidas para massagear determinadas regiões do corpo, tendo como principal
objetivo o equilíbrio energético e o relaxamento do corporal (BERTOLLETTI;
MATTA, 2006).
Atualmente verifica-se uma mudança no paradigma tanto dos profissionais
como dos pacientes, na busca por novos métodos de tratamento singular, ganhando
a confiança do indivíduo no processo saúde doença. Desta forma esta pesquisa tem
como objetivo analisar os efeitos da massagem com pedras quentes em pacientes
portadores de fibromialgia.

2 | MÉTODO
O presente estudo se caracteriza como descritivo do tipo quase experimental,
com abordagem quantitativa. A pesquisa foi realizada em uma Instituição de Ensino
Superior no interior do Rio Grande do Sul, junto ao Laboratório de Ensino Prático
de Fisioterapia.
Participaram do estudo 12 pacientes, com diagnóstico de fibromialgia, que
foram agendadas para o retorno três vezes na semana. Utilizou-se como critérios

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de inclusão ser do gênero feminino com idades entre 40-60 anos e que apresentam
dor por mais de três meses em pelo menos 11 pontos fibromiálgicos positivos ao
exame. Excluíram-se pacientes que apresentassem alguma contraindicação para
a massagem na região tóraco-lombar e as em uso de medicações (relaxante
muscular). Os pacientes que aceitaram participar do estudo assinaram o termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
No transcorrer da pesquisa houve perda amostral permanecendo na pesquisa
9 participantes. Porém no decorrer do tratamento 6 participantes não conseguiram
comparecer três vezes na semana e desta forma foi necessário montar dois grupos
de tratamento. O grupo 1 com 3 participantes recebeu 10 sessões três vezes na
semana e o grupo 2 com 6 participantes recebeu 8 sessões duas vezes na semana.
Os testes utilizados neste estudo foram coletados no primeiro e no último dia
da pesquisa. Para a avaliação da dor utilizou-se a Escala Visual Analógica (EVA) que
consiste em auxiliar na aferição da intensidade da dor no paciente. É uma escala
visual numérica, onde a participante graduou a dor em intervalos de 0 a 10, onde
0 significa ausência de dor e 5 ou 10, respectivamente, significam dor moderada e
forte (ANDRADE; PEREIRA; SOUSA, 2006).
Para avaliar o stress foi utilizado a Escala de Estresse Percebido que possui
14 questões com opções de resposta que variam de zero a quatro (0=nunca;
1=quase nunca; 2=às vezes; 3=quase sempre; 4=sempre). As questões com
conotação positiva (4, 5, 6, 7, 9, 10 e 13) têm sua pontuação somada invertida, da
seguinte maneira, 0=4, 1=3, 2=2, 3=1 e 4=0. As demais questões são negativas e
devem ser somadas diretamente. O total da escala é a soma das pontuações destas
14 questões e os escores podem variar de zero a 56 (LUFT et al., 2007).
Para a avaliação da qualidade de vida das pacientes aplicou-se o Questionário
de Impacto na Fibromialgia (QIF), utilizado para avaliar, de forma particular,
determinados aspectos da qualidade de vida, envolvendo questões relacionadas
à capacidade funcional, situação profissional, distúrbios psicológicos e sintomas
físicos. Sua pontuação varia de zero a 100 e quanto mais alta, maior o impacto na
qualidade de vida (SANTOS et al., 2006).
As participantes eram posicionadas na maca, onde se dava início a massagem
com a utilização de óleo de origem vegetal e pedras vulcânicas/semipreciosas
previamente aquecidas com temperaturas entre 36° e 38°. As manobras utilizadas
foram o deslizamento superficial e deslizamento profundo, com a utilização das
pedras que ocorreu da seguinte forma: em decúbito ventral foi realizado massagem
na região suboccipital, cervical baixa, trapézio e glúteo médio supra-espinhoso
por 15 minutos e após as pedras quentes foram posicionadas sobre os processos
espinhosos e sobre a espinha ilíaca postero superior onde sobre elas foi colocada
uma toalha para manter a temperatura das pedras em um período de 5 minutos.

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Com a participante posicionada em decúbito dorsal realizou-se a massagem
na segunda junção costo-condral, epicôndilo lateral e joelhos por 15 minutos. Nos
outros pontos como epicôndilo lateral e joelho na linha medial posicionou-se duas
pedras quente no qual permaneceu por 5 minutos. Toda a sessão de terapia com as
pedras quentes teve duração de 40 minutos.
Os dados coletados foram tabulados e analisados de acordo com a estatística
descritiva. Com os resultados, a normalidade dos dados foi verificada pelo teste
de Shapiro-Willk. Para a comparação dos resultados do grupo pré e pós-sessões
de massagens, caso a distribuição seja considerada normal, foi aplicado o teste t
pareado. Caso contrário o teste não paramétrico de Wilcoxon. Para a comparação
dos resultados pré e pós entre os grupos que fizeram 8 ou 10 massagens, para a
distribuição considerada normal, foi aplicado o teste t não pareado. Caso contrário
o teste não paramétrico Mann-Whitney. Foi utilizado o nível de significância p < 0,05
e o software BioEstat 5.3.
Para realização deste estudo, foram respeitados os aspectos éticos e legais,
conforme a Resolução 466/12 de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional
de Saúde, do Ministério da Saúde. A pesquisa foi submetida à apreciação do Comitê
de Ética de Pesquisa, onde foi aprovada com Certificado de Apresentação para
Apreciação Ética (CAAE) nº: 34640214.4.0000.5306.

3 | RESULTADOS
As participantes tinham idade média de 49,9 anos (DP = 6,7), 55,55% não
tinham atividade profissional e são portadoras de fibromialgia.
Na aplicação do teste de Shapiro-Wilk quanto aos dados da escala analógica
da dor, na análise do efeito pré e pós massagem com a utilização das pedras
quentes, ambos os grupos mostraram que os dados não seguem uma distribuição
normal ao nível de confiança de 95% (ppré = 0,0294 e ppós = 0,029).
Na sequência foi aplicado o teste de Wilcoxon para duas amostras
emparelhadas para testar a igualdade das duas distribuições. Os resultados
mostram que existem evidências estatísticas para se afirmar que a Escala Analógica
da Dor após as sessões de massagens é significativamente inferior a esta mesma
escala antes (p = 0,007). De fato, verifica-se que as médias da escala de dor variam
de 8,2 (DP = 1,78), antes das sessões, e 5,22 (DP = 1,98), após as sessões, sendo
consideradas significativas estas diferenças, como mostra o Gráfico I.

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Gráfico 1 - Escala Visual Analógica (EVA) da dor antes e após as massagens com
pedras quentes.

O grupo das 9 mulheres foram divididas em dois subgrupos: pacientes 1, 2, 3,


4, 5 e 6 que fizeram oito massagens e o grupo com as pacientes 7, 8 e 9 que fizeram
dez. O teste não paramétrico de Mann-Whitney revela não existirem diferenças
significativas entre os dois grupos (p = 1).
Conforme mostra o Grafico 2, na avaliação do nível de stress percebido das
participantes, não existem evidências para se afirmar que os dados não seguem
uma distribuição normal (ppré = 0,5684 e ppós = 0,1981), pelo que se assume que o
nível de stress é normalmente distribuído. Para a sequência da análise foi aplicado
o teste t para duas amostras emparelhadas e notou-se que não existem evidências
estatísticas para se afirmar que o nível de stress alterou após a aplicação das sessões
de massagens (p = 0,1554), sendo confirmado com os resultados das médias das
respostas do questionário antes 31,11 (DP = 11,47) e depois 25,11 (DP = 11,02) que
embora sejam diferentes não são consideradas significativas. Na divisão dos grupos
o resultado é o mesmo, ou seja, não existem evidências de diferenças no conjunto
das 14 respostas de um questionário aplicado para pacientes que fizeram oito ou
dez sessões de massagens (p = 0,8236).

Gráfico 2 - Escala de Stress Percebido antes e após as massagens pedras quentes.

Processos de Intervenção em Fisioterapia e Terapia Ocupacional 2 Capítulo 17 155


No Gráfico 3, os resultados do QIF seguem uma distribuição normal (ppré =
0,2656 e ppós = 0,4158). Na comparação entre os resultados antes e depois, verificou-
se uma diferença entre os mesmos (p = 0,0005), resultando um menor impacto da
fibromialgia na qualidade de vida após a aplicação das massagens utilizando pedras
quentes, pois a média reduziu de 83 para 52. Quando ocorre a divisão dos dois
grupos, esta diferença já não ocorre mais (p = 0,98999), ou seja, não há diferença
realizar 8 ou 10 sessões de massagens, pois o resultado será considerado o mesmo.

Gráfico 3 - Questionário de Impacto na Fibromialgia (QIF) antes e após as massagens


com pedras quentes.

4 | DISCUSSÃO
Neste estudo, a média de idade das pacientes foi de 49,9 anos, mínimo de 40
e máximo de 57 anos. Peres, Costa e Santos (2020) evidenciaram em seu estudo
que a idade das participantes variou entre 41 e 60 anos, além de se encontrarem
ativas no que se refere a situação ocupacional.
O impacto da fibromialgia na qualidade de vida e na função física é substancial,
quando comparado com outras doenças reumáticas. Mais de 30% dos pacientes
com a doença são obrigados a trabalhar por períodos curtos ou ter um trabalho que
tenha pouca demanda física (AGNOL; MARTELETE, 2009). Os estudos corroboram
com os achados dessa pesquisa, onde se observou que a maioria das pacientes
não consegue trabalhar nem para auxiliar financeiramente em casa ou mesmo para
sentir-se profissionalmente ativa.
Esta pesquisa, encontrou uma redução significativa de dor nas pacientes
que fizeram a terapia por meio das pedras quentes. Outras pesquisas mostram
que os exercícios terapêuticos como uma abordagem de tratamento mais segura e
com menos efeitos colaterais (AMBROSE; GOLIGHTLY, 2015; GARCÍA; NICOLÁS;

Processos de Intervenção em Fisioterapia e Terapia Ocupacional 2 Capítulo 17 156


HERNÁNDEZ, 2016).
Conforme Ávila et al. (2017), que utilizou em seu estudo outras TAC com
enfoque na melhora da sensibilidade à dor, observaram que houve melhora
importante na dor e na qualidade de vida dos participantes. De acordo com Brilho
(2003), a técnica de massagem com pedras quentes aplicada no corpo por meio
da massoterapia proporciona um efeito penetrante sobre o sistema muscular
chegando a corrigir disfunções de órgãos e vísceras. A energia originada das pedras
penetra profundamente nos músculos, permitindo a limpeza, a desobstrução e a
normalização dos fluxos de energia do corpo.
Em outro estudo, realizado com gestantes, teve como proposta caracterizar
a dor durante o trabalho de parto com ou sem massagem lombar nas três fases da
dilatação cervical (aceleração, inclinação máxima e desaceleração). Os resultados
indicaram que a massagem lombar provavelmente não muda as características da
dor das parturientes, mas pode ser efetiva na redução de sua intensidade na fase 1
e 2. Os autores concluíram que o uso da massagem lombar é efetivo para ajudar na
redução da intensidade da dor durante o parto (LEEMAN et al., 2003).
Nesta pesquisa notou-se que não existiu evidências estatísticas para se
afirmar que o nível de stress alterou após a aplicação das sessões de massagens.
No estudo de Souza, Vitorino e Monteiro (2019) que analisou e comparou os dados
de avaliação na redução do stress e diminuição de pontos de dor por meio de um
programa de intervenção para a mudança comportamental desenvolvido a partir de
atividade física, com base no treino de competências, verificou-se uma redução do
stress e diminuição de pontos de dor.
Observou-se em outro estudo com 63 mulheres, 32 do grupo teste com
diagnóstico de fibromialgia e 31 do grupo controle composto por indivíduos sem
sintomas de fibromialgia ou qualquer outra doença reumatológica. Ambos os grupos
preencheram questionários referentes ao estresse. As pacientes com fibromialgia
apresentarem maior nível de estresse, o número de eventos de vida estressantes
não está significativamente aumentado, sugerindo que o problema seja a forma
como esta paciente lida com o estresse e não a intensidade dos eventos que ela
vivencia (FERREIRA et al., 2002).
Diante dos resultados apresentados nesta pesquisa, sobre o impacto da
fibromialgia na qualidade de vida, verificou-se que em outro estudo realizado com
10 mulheres, que avaliou a terapia com dança em ambiente aquático na qualidade
de vida de portadoras de fibromialgia, pode-se notar que o score da mediana diminui
de 73,52 no primeiro dia da intervenção para 70,28 no último dia da intervenção, ou
seja, quanto menor o score, melhor a qualidade de vida do indivíduo (REGRA et al.,
2020).
O mesmo estudo afirma que, não foram observadas alterações estatisticamente

Processos de Intervenção em Fisioterapia e Terapia Ocupacional 2 Capítulo 17 157


significantes na qualidade de vida das participantes, porém clinicamente todas
voluntárias relataram que a terapia fez com que deixassem de lado as limitações
e as dores e isso influenciava positivamente na autoestima (REGRA et al., 2020).
As TAC, demostram nos estudos citados, benefícios no alívio dos sintomas
relacionados a fibromialgia, com ênfase na massagem com pedras quentes que
demonstrou nesta pesquisa benefícios no alívio dos sintomas. A adoção dessas
terapias na assistência à saúde pode favorecer o alcance de resultados no processo
saúde/doença com melhora na qualidade de vida.
Como limitação do estudo destaca-se o número reduzido da amostra,
e entende-se que o mesmo pode ser motivação para novos estudos, pois até o
momento, não foram encontrados estudos sobre os efeitos da massagem com pedras
quentes em pacientes portadores de fibromialgia, que possam ser comparados os
dados encontrados neste. Apesar das limitações, o presente estudo revela dados
importantes, já discutidos anteriormente.

5 | CONCLUSÃO
Esta pesquisa mostrou que houve diferença significativa nos resultados
das variáveis analisadas no pré e pós-tratamento da massagem com pedras
quentes. O teste de estresse percebido e o questionário impacto da funcionalidade
mostraram alterações estatisticamente significativas. Com isto, podemos afirmar
que a massagem com pedras quentes teve um enfoque positivo na evolução das
pacientes, assim como na redução da dor, melhorando a qualidade de vida e
consequentemente as atividades de vida diária, bem como melhora da mobilidade
e da capacidade física. Contudo, compreende-se para a necessidade de pesquisas
ampliadas com um maior tempo de intervenção para que os resultados sejam
fidedignos.

REFERÊNCIAS
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Processos de Intervenção em Fisioterapia e Terapia Ocupacional 2 Capítulo 17 160


ÍNDICE REMISSIVO

A
Acidente vascular cerebral 53, 58, 100, 101, 109, 110, 129, 134, 136, 147
Acidente vascular encefálico agudo 129, 131
Alterações posturais 179, 180, 182, 213
Aplicabilidade 31, 68, 70, 75, 79, 80, 113, 169, 245, 253, 254, 261
Asma 43, 44, 45, 46, 47, 48, 49
Atividades cotidianas 102, 106, 137, 186, 189, 275, 276, 281, 282, 283, 285, 286,
293

B
Bioética 70, 74, 79
C
Câncer 5, 6, 9, 11, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 74, 75, 77, 78, 80, 81, 91, 92, 96,
97, 98, 99, 124
Cardiopatias 83, 265
Cavalo 263, 264, 265, 266, 267, 268, 269, 270, 271, 272, 273
Cif 245, 246, 247, 248, 249, 250, 251, 252, 253, 254, 255, 256, 257, 258, 259, 260,
261, 262
Cólica menstrual 224, 225
Corpo 32, 64, 91, 92, 93, 97, 106, 119, 122, 126, 135, 152, 157, 167, 186, 200, 201,
202, 213, 214, 227, 229, 248, 253, 254, 256, 259, 265, 271, 275, 276, 277, 278, 279,
281, 282, 283, 284, 285, 286, 287, 288, 289, 291, 292, 293, 294
Cuidado de si 275, 276, 279, 280, 281, 293
Cuidados paliativos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 9, 10, 11, 12, 62, 63, 65, 66, 69, 70, 71, 72,
73, 74, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 81

D
Depressão 5, 9, 28, 31, 32, 64, 66, 69, 74, 75, 78, 121, 144, 152, 160, 163, 164,
166, 167, 168, 169, 236, 237, 296, 297, 298, 299, 300, 301, 302, 303, 304, 305, 306,
307, 308
Disco intervertebral 199, 203, 204
Disfunções sexuais 235, 236
Dismenorreia 224, 225, 226, 227, 229, 230, 231, 232, 233, 234
Dismenorreia primária 225, 232
Dismenorreia secundária 225, 232

Processos de Intervenção em Fisioterapia e Terapia Ocupacional 2 Índice Remissivo 310

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