Apontamentos de História 12º AnoPDF

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Apontamentos de História 12º ano

Crises, embates ideológicos e mutações culturais na primeira metade do seculo XX


As transformações das primeiras décadas do século XX
Um novo equilíbrio global
A Primeira Guerra Mundial decorreu entre 1914 e 1918. Em 1919 começaram a celebrar-se os primeiros
acordos da paz (participando apenas os países vencedores). A Conferencia da Paz pretendia, assim, lançar
as bases de uma nova Europa, através do estabelecimento de uma nova ordem internacional que
garantisse a convivência pacífica entre as nações, surgindo um novo mapa geopolítico da Europa. As
principais transformações ocorridas foram o desmembramento dos impérios, criação de novos países e
alteração de fronteiras:
 Após a transformação do império russo (domínio do czar) num estado soviético (revolução
bolchevique,1917), é a vez dos restantes impérios (Alemão, Austro-húngaro e Otomano) se
desmoronarem e darem origem a novos estados-nação: Finlândia, Estónia, Letónia e Lituânia
(que faziam parte da Rússia),Polónia, Checoslováquia, Hungria, Jugoslávia (da Áustria);
Os países vencedores (tais como a França, a Itália, a Bélgica) viram as suas fronteiras ampliadas ao
contrário dos países derrotados (como a Áustria, Alemanha, Bulgária, Turquia), aos quais foram retirados
vastos territórios.
Com o desaparecimento dos impérios, a maior parte dos estados optam pela democracia liberal sob
aforma de regimes republicanos (à exceção da Rússia soviética).
A Alemanha foi a grande perdedora: perdeu 1/10 da sua população; ficou desmilitarizada (exército e
armamento reduzido); perdeu todas as colónias. Foi-lhe retirada territórios, mas sentiu-se, sobretudo,
alvo de uma grande humilhação, pois foi considerada a principal responsável pela guerra e foi obrigada
apagar indemnizações aos países vencedores.

 A Sociedade das Nações


Em abril de 1919 surgiu, sob projeto do presidente Wilson e com a esperança de que não houvesse outro
conflito mundial, a Sociedade das Nações (SDN). A SDN tinha como objetivos principais manter a paz e
fomentar a entreajuda a nível internacional, através da cooperação económica e financeira entre os
estados membros, promoção do desarmamento e a resolução dos conflitos pela via pacífica. Esta
organização, no entanto, estava condenada ao fracasso, pois:
• Os países vencidos foram excluídos, quer dos tratados de paz, quer da SDN;
• Alguns dos países vencedores não estavam satisfeitos com as resoluções dos tratados de paz;
• Os EUA não integraram a SDN, contribuindo para o descrédito da organização.
Como consequência, a SDN mostrou-se incapaz de desempenhar o papel de organizadora da paz.

 A difícil recuperação da Europa e a dependência em relação aos EUA


Durante a guerra, os EUA eram o principal fornecedor em bens e serviços à Europa. No final da guerra,
perante uma Europa destroçada (estava arruinada, tanto material como humanamente), a perda da
hegemonia europeia agravou-se em favor da ascensão dos EUA. No período pós-guerra, a Europa
enfrentou graves problemas como a inflação, desvalorização da moeda, desemprego, enfim, um colapso
económico. Evidenciou igualmente grandes dificuldades em reconverter a economia, o que agravou a sua
dependência em relação aos EUA, aumentando os níveis de endividamento. A desvalorização da moeda
e a inflação surgiram pois houve um recurso à emissão massiva de notas de modo a fazer face ás dividas,
o que provocou uma desvalorização que se refletiu numa subida generalizada de preços (inflação),
agravando mais as condições de vida das populações.
Os EUA iniciaram, então, um período de franca prosperidade, são os designados “Loucos Anos 20” por
viver um clima de euforia, otimismo e confiança no futuro. Em consequência, os países europeus ficam
mergulhados em dívidas ao estado americano que afirmou a sua supremacia. A eventual recuperação da
Europa deveu-se á ajuda dos EUA.
O declínio da europa
A 1ª Guerra Mundial deixou a Europa arruinada, no plano humano e material.
Perdas europeias:
• Demográficas: perdas humanas durante a guerra; diminuição da mão de obra;
envelhecimento da população; excedente da população feminina;
• Materiais: a Europa, sobretudo a Central, em ruínas (cidades, fábricas, quintas e vias de
comunicação destruídas);
• Económicas: racionamento dos bens essenciais; inflação galopante (os estados emitiram
moeda, provocando a sua desvalorização); perda de poder de compra da classe média;
Durante a guerra, a Europa tornou-se dependente dos Estados Unidos, o seu principal fornecedor. Assim,
foi acumulando dividas. Acontece que, finalizado o conflito, as economias europeias registaram grandes
e naturais dificuldades de reconversão, vocacionados que estavam para as produções bélicas, isto custou-
lhes a adaptação da indústria.
A situação mostrava-se tão má como a situação de falta de mão-de-obra, dados os mortos e inválidos
causados pela guerra. Os campos queimados pelos explosivos, não produziam. As fábricas, minas e frotas
estavam destruídas e as finanças desorganizadas.
Por isso, a Europa continuou compradora de bens e serviços americanos, e o endividamento agravou-se.
Dá-se então uma crise economica. O recurso á emissão de notas afigurou-se, a melhor solução para
multiplicar os meios de pagamento e fazer face ás dividas. Mas a circulação de uma maior quantidade de
moeda, sem um inquirimento correspondente na produção, provocou uma desvalorização monetária que
fez subir os preços.
A fraqueza da moeda europeia já vinha desde o início do conflito, causado elo abandono do padrão-ouro
e em consequência, da inconvertibilidade das moedas.
Deu-se uma inflação, em 1920, com contornos gravíssimos entre os vencidos da guerra, obrigados ao
pagamento de pesadas indemnizações.

A ascensão dos estados unidos e a recuperação europeia


Os Estados Unidos dedicaram-se á venda de armamentos, munições e etc. aos Aliados. Exportando estes
produtos, ganhavam outros dos outros países. Em 1919, apresentavam uma imagem de sucesso, uma
grande capacidade de produção e prospera na sua balança de pagamentos.
Contudo, a economia americana não ficou imune ás dificuldades da Europa. Em 1920-21, deparam-se com
uma breve crise, mas violenta, relacionada com a diminuição da procura externa. Isto provocou a descida
da produção industrial e do índice de preços. O desemprego cresceu.
Entretanto, a Europa procurava a estabilidade economica e monetária. A maio de 1922, reuniu-se a
conferencia de Genova, onde se decidiu que as moedas europeias devia voltar á convertibilidade. Tal
significa que, na ausência de reservas de ouro, uma moeda passaria a ser convertida numa outra moeda,
considerada forte porque convertível em outro.
Foi, porém, nos créditos americanos que repousou a recuperação europeia economica. Empréstimos,
nomeadamente para a Alemanha, permitindo-lhe pagar as recuperações á França e á Inglaterra. Ficam
estes países, consequentemente, em condições de reembolsar os EUA das dividas da guerra e dos
empréstimos entretanto efetuados. A dependência da Europa em relação dos Estados Unidos era
consagrada.
Entre 1915 e 1929, o mundo capitalista respirou fundo. Agora, produzindo em massa para um consumo
em massa, viveram-se os anos da prosperidade americana e os “felizes anos 20” na Europa. Este clima á
caracterizado pelo otimismo e confiança na capitalismo liberal. A produção de petróleo e de eletricidade
conheceu notáveis progressos, tal como a siderurgia e a química. Eletrodomésticos e automóveis
satisfaziam a febre consumista de americanos e europeus.

A Implantação do marxismo-leninismo na Rússia


 1917: o ano das revoluções
Os antecedentes para a Revolução Russa de Fevereiro de 1917 foram:
 O império russo era chefiado pelo czar Nicolau II sob a forma de uma autocracia, isto é, detinha
o poder absoluto, o que provocava desagrado;
 Ao defender a liberalização do regime, o descontentamento do povo manifestou-se sob várias
formas (surgiram as primeiras assembleias de operários, os sovietes), sendo a Revolução de
1905 (Domingo Sangrento) uma delas, que originou uma certa abertura política por parte do
czar (convocou eleições para o Parlamento (Duma), criou partidos políticos e aboliu certos
privilégios da nobreza);
 O descontentamento face ao regime político agravou-se com a participação da Rússia na
primeira guerra mundial (milhares de mortos e desorganização da já débil economia russa);
A sociedade russa era composta maioritariamente por camponeses, a burguesia ansiava para modernizar
o país e por um governo parlamentar, o operariado era um grupo minoritário. Sendo tão desigualitária,
não deixou de provocar anseios revolucionários.

A Revolução de Fevereiro de 1917 (Revolução Burguesa)


Em fevereiro de 1917, estavam reunidas as condições para acontecer uma revolução, onde a Burguesia
ascende ao poder (daí a se designar Revolução Burguesa), pondo fim ao czarismo e instaurando um
regime republicano na Rússia. Os revolucionários exigem a abdicação de Nicolau II e formam um Governo
Provisório, constituído por Kerensky e Lvov (que governam sob uma república de tipo liberal). Veremos
que será deposto pela revolução socialista de outubro de 1917, feita pelos comunistas.

A Revolução de Outubro de 1917 (Revolução Soviética)


No período entre fevereiro e outubro de 1917, a agitação social não diminuiu. Já não havia czar, mas a
Rússia continuava na guerra e os problemas económicos mantinham-se. A nível político, a Rússia vivia
numa dualidade de poderes (os governos liberais, por um lado, e os sovietes, por outro, que eram contra
o Governo Provisório).
Em consequência, em outubro de 1917, os bolcheviques, com o apoio dos sovietes, conduziram à
Revolução Soviética, onde o Governo Provisório foi substituído pelo Conselho dos Comissários do Povo,
presidido por Lenine. Trotsky e Estaline também foram figuras importantes na revolução. A Rússia
transformou-se numa República não parlamentar e deu-se início a uma guerra civil (“Exercito Vermelho”-
comunistas “Exercito Branco”- liberais).
Esta revolução foi responsável pela retirada da Rússia da guerra, e a nível ideológico foi responsável pela
implementação dos princípios marxistas, através de Lenine. As suas ideias e a sua ação originaram o
marxismo-leninismo. Os representantes do proletariado conquistavam o poder político.

 A democracia dos sovietes ao centralismo democratico


A democracia dos sovietes; dificuldades e guerra civil (1918-1920)
A Revolução de Outubro foi vitoriosa graças ao apoio da população mais pobre da Rússia (camponeses,
operários, etc.) organizada em assembleias denominadas sovietes. No dia seguinte á revolução, Lenine
fez aprovar decretos revolucionários, no II Congresso dos Sovietes (Um Governo quando inicia as suas
funções, tem que lançar decretos):
• decreto sobre a paz (convidava aos povos em guerra, á paz);
• decreto sobre a terra (aboliu a propriedade privada, entregando-a aos sovietes);
Instaurando a paz e propriedade comunitária, os bolcheviques conseguiam, através dos decretos
revolucionários, responder aos anseios dos sovietes que tanto haviam contribuído para o sucesso da
revolução. Esta legislação revolucionária servia, assim, de instrumento para a criação de uma democracia
dos sovietes, um sistema político que atendia ás necessidades do proletariado.

O comunismo de guerra, face da ditadura do proletariado (1918-1920)


De acordo com a teoria marxista, a ditadura do proletariado é a etapa de transição entre a sociedade
capitalista e a edificação do comunismo (sociedade sem classes). No decurso dessa etapa, o proletariado
(classe dominante), deveria “abater os opressores”, retirando todo o capital á burguesia, centralizando os
meios de produção nas mãos do Estado. Assim se chegaria a um ponto onde já não havia desigualdade
social, e o Estado (sendo um instrumento de domínio), deixaria de fazer sentido e cessaria de existir, e aí
tornar-se-ia possível falar de liberdade. A ditadura do proletariado é uma etapa imprescindível para a
construção de uma sociedade comunista, marcada pela supressão do Estado e pela eliminação da
desigualdade social. A etapa final é então o comunismo.
O conjunto de medidas que conduziram á instauração da ditadura do proletariado denomina-se de
comunismo de guerra (assim chamado devido ao facto de ter sido instaurada durante a guerra civil, 1918-
1921). O comunismo de guerra sucedeu à democracia dos sovietes, substituindo os decretos
revolucionários por novas medidas, mais radicais.
• Toda a economia foi nacionalizada (fazendo parte do Estado);
• Institui-se um regime de partido único, o Partido Comunista;
• O Terror institucionalizou-se com o estabelecimento da censura e a criação da Tcheca, polícia
política.

O centralismo democrático
Em 1922 foi criada a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas). A organização do Estado
comunista da Rússia Soviética denominou-se de centralismo democrático, sistema que assentava nos
seguintes princípios:
• O poder partia da base das sociedade, os sovietes. Os sovietes eram eleitos pela população por
sufrágio universal, e a partir deles elegiam-se os poderes superiores;
• A organização do Partido Comunista seguia a mesma estrutura, as bases do partido elegiam os
organismos superiores;
• Não existia separação clara dos poderes legislativo, executivo, judicial;
• Apenas o Partido Comunista era permitido, pois considerava-se que era o único capaz de
representar o proletariado, ou seja, proibiam-se todos os outros;
• O Estado era controlado pelo Partido Comunista.

A Nova Política Económica (1921-1921)


A NEP consistiu numa viragem da economia, no sentido de superar a terrível crise económica herdada
da guerra civil. Considerando que o comunismo teria de ser construído com base no progresso económico,
Lenine passou a defender medidas do tipo capitalista (recuo estratégico, para o socialismo não se edificar
sobre ruínas) para estimular a produção:
• Estabeleceu um imposto a pagar, em vez dos camponeses entregaram todos os seus excedentes;
• Permitiu a venda direta dos produtos dos camponeses;
• Aceitou a ajuda do estrangeiro;
• Eliminou o trabalho obrigatório.
A NEP (1921-1927), resultou numa melhoria assinalável dos níveis de produção.

A regressão do demoliberalismo
 O impacto do socialismo revolucionário; dificuldades económicas e radicalização dos
movimentos sociais; emergência de autoritarismo
Os anos que se seguiram á Primeira Guerra Mundial trouxeram á Europa profundas dificuldades
económicas e financeiras. Esta situação leva a um descontentamento generalizado que se traduzem
greves e o espírito revolucionário estende-se por todo a Europa, isto é, o desespero das populações
perante a crise leva à procura de novas soluções políticas e à adesão de projetos políticos extremistas,
quer de esquerda, quer de direita:
• Os partidos de esquerda intensificavam a sua ação, denunciando os males do capitalismo. Na
Alemanha, proclamou-se “uma república socialista”. Mesmo na França, na Grã-Bretanha e na
Itália, a onda revolucionária de esquerda se fez sentir, inspirada pela III Internacional de Moscovo
fundada em 1919 (que defendia a união do operariado a nível internacional, impondo o
socialismo no mundo).
Estes acontecimentos denunciavam as democracias liberais e a sua incapacidade em resolver os
problemas económicos e sociais. No entanto, em países como a Alemanha e a Itália, o medo ao
bolchevismo levou a que se apoiasse soluções políticas de extrema-direita, levando à adesão de regimes
autoritários e fascistas (Jamais poderia agradar o controlo operário da produção à burguesia).A
emergência dos autoritarismos, confirmava a regressão do demoliberalismo.
O Komintern e o impacto do socialismo revolucionario(x)
Radicalização social e política(x)

Emergência de autoritarismo
Os receios provocados pelas vagas revolucionárias favoreceram a ascensão de movimentos autoritários
de direita, na década de 20. Estes movimentos eram defensores do nacionalismo e da ordem, contra o
marxismo.
Em Itália, formou-se o Partido Nacional Fascista. Benito Mussolini organizou a “Marcha sobre Roma” e
tomou o poder. Os movimentos autoritários de direita alastraram por toda a Europa, desde a
Hungria a Portugal. Na Alemanha, Adolf Hitler empreendeu um golpe em Munique, que tinha como
objetivo iniciar uma revolução.

Mutações nos comportamentos e na cultura


 As transformações da vida urbana
No início do século XX, havia cerca de 180 grandes núcleos urbanos (Londres, Paris, Moscovo, etc.). Esta
crescente concentração populacional provocou significativas alterações na vida e nos valores
tradicionais, ou seja, um novo modo de viver e de conviver no meio da multidão. Adquire-se novas
formas de sociabilidade , tendo o crescimento urbano originado a criação de novos comportamentos que
se massificaram (isto é, generalização dos mesmos hábitos e gostos). A racionalização e a redução do
tempo de trabalho, assim como a melhoria do nível de vida permitiram dispor de dinheiro e tempo para
o divertimento e prazer, fazendo com que a convivência entre os sexos se tornasse mais ousada e livre
(que rompia completamente com as antigas regras sociais). Adere-se à prática do desporto e ao uso do
automóvel.

A nova sociabilidade
Na grande cidade, o individuo perde-se no meio da multidão a vida despersonaliza-se e, tal como os
produtos da indústria, surge um modelo estandardizado (saem todos á mesma hora para o trabalho;
habitam casas semelhantes; os lazeres tendem para a massificação).
O crescimento d classe media e a melhoria do nivel de vida proporcionaram uma nova cultura do ócio,
oferecendo inúmeras distrações. A anterior importancia dada ao trabalho, a pouco e pouco, é substituída
pelo prazer do consumo e ânsia de divertimento.
A convivência entre sexos, outrora contida por rígidas convenções sociais, torna-se mais livre e ousada.
O advento do automóvel alarga estes espaços de lazer e incute o gosto pela velocidade.
Este gosto pelo movimento fomenta a prática desportiva que entra nos hábitos quotidianos. O ritmo de
vida, outrora lento, acelera-se, torna-se mais frenético nos anos 20.
Embora esta nova sociabilidade se confine ás classes medias e abastadas, é ela que imprime uma marca
de modernidade ás primeiras decadas do seculo, evidenciando a rutura com os valores e as convenções
da rígida moral oitocentista.

A crise dos valores tradicionais


Os tempos de otimismo, de confiança na paz, na liberdade, no progresso e bem-estar que caracterizaram
a viragem do século, ruíram subitamente com o eclodir da Primeira Guerra. A morte de milhões de
soldados, a miséria e a destruição visíveis gerou um sentimento de desalento e descrença no futuro, que
afetou toda a sociedade. Por outro lado, a massificação urbana, a laicização social que terminara com a
influência da Igreja, e as novas conceções científicas e culturais são igualmente responsáveis pela rutura
no padrão de valores e comportamentos sociais tradicionais. Deu-se uma profunda crise de consciência,
que atinge toda a conduta social, falando-se assim duma anomia social (ausência de regras sociais). Esta
crise de valores acentuou ainda mais as mudanças que já estavam em curso.

A emancipação da mulher
A crescente presença da mulher em todos os sectores de atividade, mais notada a partir da Primeira
Guerra, proporcionava uma relativa independência económica e esteve na origem de uma
consciencialização de que o seu papel no processo económico não tinha correspondência a um estatuto
social e político dignos. No início do século XX, organizaram-se numerosas associações de sufragistas que
lutaram pelo direito de participação na vida política, etc. Contudo, só no final dos anos 20 foi reconhecido
à mulher o direito ao voto e de exercício de funções políticas. Emancipadas e libertas de todos os
preconceitos, as mulheres passam a adotar novos comportamentos sociais: frequentar festas e clubes
noturnos; praticar desporto, fumar e beber livremente, etc. A valorização do corpo e da aparência
conduziu ao aparecimento de uma nova mulher que usava o cabelo curto (à garçonette) e comas saias
mais curtas e ousadas.

 A descrença no pensamento positivista e as novas conceções científicas; as conceções


psicanalíticas
O Positivismo impusera a ideia de que a ciência tinha a resposta para todos os problemas da Humanidade.
Mas, no início do século XX, verifica-se uma reação antirracionalista e antipositivista, devido às teorias
de alguns cientistas face à ciência (propunham o relativismo científico, segundo o qual a ciência não
atinge o conhecimento absoluto):
• a teoria do intuicionismo, de Bergson, que defende que o conhecimento não era através da
evidencia racional mas sim pela intuição;
• a teoria da relatividade, de Einstein, que demonstra que o espaço, o tempo e o movimento não
são absolutos, mas relativos entre si (por exemplo, a massa do corpo depende do movimento);
• a teoria quântica, de Max Planck, que defende a existência de unidades mínimas de matéria
que não se rege por leis rígidas (o que permitiu explicar o comportamento dos átomos);
• a teoria psicanalítica, de Sigmund Freud, que explicava que as neuroses (qualquer desordem
mental) são resultado de traumas, feridas, isto é, impulsos, sentimentos, desejos, instintos
naturais aprisionados no inconsciente. Criou um método terapêutico (psicanálise) que consistia
em libertar o paciente dos seus traumas, procurando trazê-los à consciência através da
interpretação de sonhos.
Todas estas novas teorias põem em causa as “verdades absolutas” que sustentavam o positivismo,
influenciando os comportamentos no quotidiano, pois nada mais é visto como absoluto mas como
questionável e discutível.

As vanguardas: ruturas com os cânones das artes e da literatura


Nas primeiras décadas do século XX houve uma revolução imensa nas artes, criando-se uma estética
inteiramente nova, que rompia com as tradições para mostrar uma nova visão da realidade. Esse
movimento cultural ficou conhecido como o Modernismo (que revolucionou as artes plásticas, a
arquitetura, a literatura e a música). As principais vanguardas artísticas foram:

Corrente artística Principais características


- Colorismo muito intenso; pretendia transmitir
FAUVISMO serenidade enão a realidade, então utilizava acor com total
liberdade.
- Arte muito ligada a sentimentos de angústia e critica
social onde se evidencia um acentuado pessimismo, isto é,
EXPRESSIONISMO desenvolviam uma temática pesada, como o desespero,
morte, sexo, miséria social.
- Geometrização das formas(em cubos);
- Representação de vários ângulos do mesmo objeto,
CUBISMO destruindo com as leis tradicionais da perspetiva e da
representação;
- Pablo Picasso foi o principal pintor desta corrente.
- Rejeita o tema ligado á realidade concreta, á descrição
do visível;
ABSTRACCIONISMO - Divide-se em abstracionismo lírico (inspirado no
inconsciente)e no geométrico (foca-se na racionalização,
suprimindo qualquer emotividade pessoal)
- Rejeita o moralismo e o passado, baseando-se
FUTURISMO fortemente na velocidade e nos desenvolvimentos
tecnológicos;
- Também se baseava na guerra e na violência.
- Caracteriza-se pela oposição á arte em si, pelo
DADAÍSMO ceticismo absoluto, pela improvisação;
- A obra da Mona Lisa com bigode é um exemplo de
dadaísmo.
SURREALISMO - Realça o papel do inconsciente na atividade criativa,
combina o abstrato como psicológico; procura abstrair-se
da racionalidade.

Portugal no primeiro pós-guerra


 As dificuldades económicas e a instabilidade política e social; a falência da 1º República
Dificuldades económicas e instabilidade social
Portugal, após a implementação da república, mantinha-se ainda aquém do nível de desenvolvimento do
resto dos países da Europa.
A agricultura tinha fraco desenvolvimento técnico e a indústria era pouco competitiva e com poucas
infraestruturas.
O esforço de participação na guerra trouxe dificuldades acrescidas, pois obrigou à subida de impostos, ao
recurso a empréstimos e ao aumento significativo da dívida pública.
Como forma de solucionar o desequilíbrio orçamental, os governos procederam à emissão da moeda,
provocando a desvalorização do escudo, o aumento da inflação e a diminuição do poder de compra.
A fome e a miséria sentiam-se com a persistente dificuldade de abastecimentos, a carência de bens e o
consequente racionamento de produtos, tornando a vida dos portugueses penosa, afetando até mesmo
as classes médias.

O agravamento da instabilidade política


O clima de instabilidade política na 1ª República era sentido em diversas formas: em primeiro lugar,
devido à falta de unanimidade de decisões, presente na existência do elevado número de partidos, com
diferentes ideias e perspetivas, que se acentuou com a participação de Portugal na 1º Guerra Mundial.
O poder legislativo tinha predomínio sobre o executivo e a constante rotatividade dos partidos e o seu
elevado número num curto espaço de tempo dava descritibilidade à República.
As ideias impostas eram demasiado modernas para a mentalidade da época, como por exemplo a
laicização do Estado numa sociedade fortemente cristã.
A proteção dos operários gerou grande descontentamento nas classes privilegiadas e as reformas sociais
não implementadas geraram descontentamento na população com manifestações e greves.
A crise de valores dava lugar à corrupção e aumentava as dificuldades económicas de todas as classes,
num clima de propagação da crise e do desemprego.

A falência da 1ª República
A oposição aproveitou-se do quadro social explosivo e das fraquezas da República:
Igreja- revoltada com o anticlericalismo e ateísmo republicanos, cerrou fileiras em torno do Centro
Católico Portugues, contando com o apoio do pais profundo, agrário, conservador e católico. O
laicismo republicano, plasmado na Lei da Separação do Estado e da Igreja, cedo degenerou num violento
anticlericalismo. Tal atitude acabou por custar á república a hostilidade da Igreja e do pais conservador.
Capitalistas e grandes proprietários- sentindo-se ameaçados com o aumento dos impostos, com o
surto grevista/terroristas, e receando que o país enveredasse pela via do socialismo, converteram a sua
Confederação Patronal numa União dos Interesses Economicos, estrutura partidária que acabou a
concorrer ás urnas e a eleger deputados.
Classes Médias- Também estas, cansadas das arruaças constantes e receosas do bolchevismo
mostravam-se prontos a apoiar um governo forte e autoritário que restaurasse a ordem e a tranquilidade,
que pusesse termo á instabilidade política e que lhes devolvesse desafogo financeiro.
 Tendências culturais: entre o naturalismo e as vanguardas
O primeiro modernismo(1911-1918)
Os primeiros sinais foram na Exposição Livre de Lisboa, em 1911. O primeiro modernismo ficou ligado a
um conjunto de exposições (livres, independentes e de humoristas).
Os desenhos apresentados, muitos deles caricaturas, perseguiam objetivos de sátira política, social e ate
anticlerical. Entre enquadramentos boémios e urbanos.
Várias circunstâncias levaram ao amadurecimento do modernismo portugues, entre eles, a eclosão da 1ª
Guerra.
Com a publicação da revista Orpheu, em 1915, o modernismo portugues revelou a sua faceta inovadora
e polemica: a do futurismo. Os jovens da Orpheu escandalizaram o país ao contestarem a velha ordem
literária e exaltam o homem da ação. Propunham um corte radical com o passado, denunciando o
saudosismo mórbido dos portugueses e incitando a raça latina ao orgulho, á ação e á aventura.
Esta atitude de inconformismo e de denuncia da mediocridade e provincianismo da produção literária de
então, levou a que os modernistas fossem acusados de “mistificadores da realidade e intelectuais
alucinados”. Em resposta, e atraves de um Manifesto, os modernistas usaram de uma violência feroz
associando-a a uma cultura retrograda.

O segundo modernismo (anos 20 e 30)


Nos anos 20 o movimento modernista, embora fragilizado, não deixou de perseguir o seu caminho.
Também neste periodo, as revistas foram elemento aglutinador das artes e das letras. Duas destacaram-
se: a Contemporânea (1922-26), anunciada como “uma revista para gente civilizada e para civilizar gente”,
e a Presença (1927-49), folha de arte e critica publicada regularmente. Estes intelectuais defendiam o
primado do individual sobre o coletivo e da intuição sobre a razão.
A maior dificuldade dos artistas plásticos prendeu-se na constante rejeição do seu trabalho pelas
entidades e organismos oficiais. Outras portas se abriram: as das exposições independentes, dos cafés e
clubes que frequentavam.
Em 1933, Antonio Ferro, assumiu a direção do Secretariado da Propaganda Nacional. Confesso
modernista, convenceu Salazar que a arte, a literatura e a ciência eram o cartão de visita de uma Nação.
Desta forma, convidou a quase totalidade dos novos artistas a colaborarem na imagem de novidade que
o Estado Novo pretendia transmitir. A consequência foi a quase oficialização do movimento e a sua
sujeição, o que a prazo se traduziu na sua morte.

O impacto do modernismo na escultura e na arquitetura(x)

O agudizar das tensões políticas e sociais a partir dos anos 30


A grande depressão e o seu impacto
Nos anos 30, viveu-se uma trágica crise capitalista, iniciada nos EUA mas alargada ao resto do mundo, a
que se deu o nome de “Grande Depressão”.

 Nas origens da crise


Esta crise desencadeou-se a partir do crash bolsista de Nova Iorque (1929) , que teve origem nos
seguintes fatores:
• Na especulação bolsista;
• Na crise de superprodução (o estilo de vida americano foi generalizado, dando-se a quebra
progressiva das compras aos EUA pelo aumento da produção europeia, o que originou uma
acumulação de stocks, ou seja, superprodução).

 A dimensão financeira, economica e social da crise


O crash da bolsa provocou a ruína de imensos investidores, o que significou a ruína dos bancos (falência).
Muitas empresas acabaram por falir, o que provocou elevados índices de desemprego. Houve uma
diminuição do consumo, os preços dos produtos agrícolas registaram uma quebra acentuada e
destruíram-se produções. A nível social, teve efeitos desastrosos.
Em suma, os anos 30 foram tempos de profunda miséria e angústia: diminuição de investimento,
produção, consumo, as falências, e o desemprego, além da queda dos preços (deflação). A gravidade da
crise exigiu, como veremos mais á frente, medidas de intervenção do Estado na economia, instalando a
descrença no capitalismo liberal.

 A mundialização da crise; a persistência da conjuntura deflacionista


A grande depressão não atingiu apenas os EUA. Os países que estavam dependentes de empréstimos e
crédito dos EUA (Áustria, Alemanha), e os que exportavam matérias-primas (Austrália, Brasil,
Índia)também sofreram, o que originou uma crise a nível mundial (exceção feita, á URSS, que não seguia
o modelo económico capitalista).

As opções totalitárias
 Os fascismos, teoria e práticas
Temos como regimes totalitários o caso da Rússia Soviética, da Itália Fascista e da Alemanha Nazi.
Nas décadas de 20 e 30 do séc. XX, a vida política da Europa foi caracterizada por uma emergência de
totalitarismos (tanto de esquerda como de direita). Vários fatores contribuíram para a sua implantação:
• A crise económica e social (“Grande Depressão”);
• O ressentimento resultante da humilhação provocada pela derrota na guerra ou por uma vitória
sem recompensas;
• O receio do avanço no comunismo (no caso dos regimes de direita);
• A fragilidade das democracias liberais.

Uma nova ordem antiliberal e antissocialista, nacionalista e corporativista.


A ideologia fascista foi liderada pela Itália (fascismo) e Alemanha (nazismo) , que tinha como
características:
• O totalitarismo (primazia do Estado sobre o individuo) e o antiparlamentarismo (ao contrário
do sistema pluripartidário, presente nas democracias, impunha-se o partido único);
• O culto do chefe/elites (a separação de poderes deixa de existir, centralizando-se na figura de
um líder inquestionável que personifica a Nação. Adere-se á ideia do governos dos “melhores”
(elites), que tinham que prestar adoração ao seu chefe incontestado);
• O culto da força e da violência (a oposição política é considerada um entrave, por isso, deve ser
aniquilada pela repressão policial, logo, a violência está na essência dos regimes, valoriza-se o
instinto e ação);
• A autarcia como modelo económico (implementação de uma política económica de intervenção
do Estado para se atingir um ideal de autossuficiência e acabar com o desemprego);
• O nacionalismo exagerado (devia-se sacrificar tudo pela pátria);
• Utilização da censura, polícia política e propaganda como meio de difundir os ideais do regime.

Assim, os regimes nazi-fascistas opunham-se ao liberalismo e á democracia pois defendiam que o


individuo e os seus interesses deveriam subjugar-se ao interesse supremo do Estado e não o contrário.
Os fascismos atribuíam à fraqueza da democracia a incapacidade em dar resposta á grave crise
económica. Defendia, por isso, a edificação de um Estado forte e a instauração do partido único.
O Estalinismo (Rússia Soviética, URSS) apresenta diferenças dos outros regimes totalitários na medida em
que, é um regime socialista e de extrema-esquerda (Os fascismos são de extrema-direita e opõem-se ao
socialismo). No entanto, os princípios básicos são os mesmos. O Fascismo opunha-se aos princípios
socialistas, ou seja, rejeitava a “luta de classes”, porque dividia a Nação e enfraquecia o Estado.
Contrapunha-lhe um outro sistema baseado no entendimento entre as classes sujeito ao interesse do
Estado, conceção que conduziu ao corporativismo.

Fascismo (1922-1945)- Sistema político instaurado por Benito Mussolini. Suprime as liberdades
individuais, defende a supremacia do Estado, e é profundamente totalitário, autoritário e ditatorial, ou
seja, antidemocrático e antissocialista. O termo fascismo também pode ser aplicado a todos os regimes
autoritários de direita que se seguiram ao fascismo italiano (como o nazismo).

Nazismo (1933-1945)- Sistema político imposto na Alemanha, criado por Adolf Hitler. Tem os mesmos
princípios que o fascismo, acrescenta-se, porém, o racismo e antissemitismo que foi praticado de forma
violentíssima. Proclamou a superioridade da raça alemã, negando completamente outras etnias (daí as
perseguições aos judeus).

Elites e o enquadramento das massas nos regimes fascistas


As elites, como já foi visto, eram compostas por membros considerados superiores, que tinham de ser
respeitadas pelas massas (populações). A ideologia fascista difundiu-se através da propaganda, de modo
a levar as populações a aceitar os valores fascistas. Surgiram diversas organizações com a finalidade de
incutir os ideais fascistas nas populações (ou seja, enquadrar as massas):
• Organizações de juventude (As crianças (até ao estado adulto) integravam organizações onde
lhes eram incumbidos os valores fascistas, como o culto do chefe e do Estado);
• Partido Único (a filiação no Partido Fascista (Itália) ou no Partido Nazi (Alemanha) permitia aos
cidadãos o desempenho de cargos públicos, e o acesso a um estatuto superior)

O culto da força e da violência e a negação dos direitos humanos


A ideologia fascista defendia a violência, pois achava que era nessa situação que o homem desenvolvia
as suas qualidades. Assim, foi utilizada pelos fascistas para chegar ao poder, assim como para se
manterem no poder. A violência fascista consolidou-se através do estabelecimento das seguintes
• Milícias armadas (grupos armados que aterrorizavam qualquer forma de oposição política);
• Polícias políticas (que assegurava que não houvesse qualquer tipo de repressão ao regime);
• Campos de concentração (criados, na Alemanha, eram locais onde as vítimas do regime fascista
eram sujeitas a trabalhos forçados, a tortura e ao assassínio em câmaras de gás)

A violência racista
O desrespeito pelos direitos humanos atingiu os cumes do horror com a violência do seu racismo. Hitler
colocou a raça ariana (alemães e austríacos) como superior às restantes. Esta sua tese foi desenvolvida
na sua obra Mein Kampf, e obteve grande recetividade por parte dos nazis, o que levou ao maior
desrespeito pelos direitos humanos.
Obcecado pelo aperfeiçoamento da “raça ariana”, promoveu uma “seleção” de arianos (altos, louros,
olhos azuis). Para tal, deveriam ser eliminados os “imperfeitos” , para além dos judeus (deficientes, velhos,
doentes incuráveis, homossexuais), para se melhorar a raça (eugenismo).
Os judeus tornaram-se o alvo preferido da perseguição nazi (pois eram considerados culpados pela
derrota alemã na guerra e pelos problemas económicos sofridos) e sofreram na pele uma das maiores
humilhações e torturas na História.
 Antissemitismo- termo que designa o ódio aos judeus.
Passaram a não poder exercer nenhuma profissão, nem frequentar lugares públicos, foram obrigados a
viver em guetos (bairros separados), e a usar uma estrela amarela para serem rapidamente identificados.
Durante os anos da Segunda Guerra Mundial, os nazis causaram a morte de cerca de 6 milhões de judeus
através da sua política de genocídio (extermínio em massa) dos judeus. Pela dimensão das crueldades
cometidas nos campos de concentração, este genocídio ficou conhecido como Holocausto.

Autarcia como modelo económico


As populações ficam mais recetivas no totalitarismo com o agravamento das condições económicas da
Europa, com o pós-guerra e a grande depressão.
Tanto o partido fascista como o nazi apresentaram promessas de recuperação economica, resolução do
desemprego, propondo uma política intervencionista e que apostasse na autossuficiência. Ficou
conhecida como autarcia e traduzia a ideia de que um Estado deve bastar-se a si próprio.
Itália: Mussolini, ficou ligado ao lançamento de campanhas de produção envolvidas por companhas de
propaganda, onde era necessário trabalhar intensivamente para conseguir altos níveis de produtividade.
As atividade industriais tiveram um forte controlo:
• do estado atraves do tabelamento de preços e salarios;
• do enquadramento das atividades laborais (corporações- organizações que agrupam os
representantes dos grupos trabalhadores e associações patronais que atuam pelas regras que o
Estado que, ou seja, não são livres);
• de lançamento de programas de industrialização;
• do controlo do volume de exportações e importações;
• da planificação economica.
Os resultados foram positivos e o desenvolvimento do pais foi feito á custa de sacrifícios da população.

Alemanha: para tornar a Alemanha independente de empréstimos estrangeiros, Hitler relançou a


economia para resolver o problema de 6 milhoes de desempregados.
Hitler levou a cabo a política de grandes obras publicas e desenvolvimento dos setores automóveis,
aeronáuticos, químicos, siderúrgicos e de energia elétrica.
Para combater o desemprego foi relançada a indústria militar, a reconstituição do exército e a força aérea.
A Alemanha estava remilitarizada e preparada para se lançar na conquista da Europa.

 O estalinismo
O Estalinismo é uma outra vertente do totalitarismo, que ficou conhecida após a morte de Lenine(1924).
O novo líder, Estaline, impôs a submissão violenta dos indivíduos ao Estado e ao chefe e empenhou-se na
construção de uma sociedade socialista igualitária.

Coletivização dos campos e planificação economica.


• A coletivização dos campos (Pondo fim á NEP, Estaline ordenou que se expropriassem as
propriedades criadas durante a NEP, para dar origem a quintas coletivas (kolkhozes), o que
originou forte oposição por parte dos kulaks (proprietários agrícolas), levando Estaline a
persegui-los e deportá-los. Estaline defendia a coletivização dos meios de produção, pois no seu
entender, era o que proporcionava uma efetiva igualdade social;
• A planificação económica (Estaline estabeleceu metas de produção para a economia, através
dos planos quinquenais (5 em 5 anos). Cada plano definia os objetivos a atingir e os meios
necessários para o efeito. Como consequência, temos o desenvolvimento de alguns sectores de
indústria pesada e dos transportes.
Esta política económica permitiu ao país recuperar do atraso económico e atingir acentuados níveis
decrescimento da produção agrícola e industrial, fatores que permitiram á URSS afirma-se como das
grandes potências mundiais.

O totalitarismo repressivo do Estado


Em termos políticos, Estaline impôs um regime totalitarista extremamente repressivo, pois até á sua
morte, Estaline perseguiu os seus opositores e impôs a sua supremacia, através dos seguintes pontos:
• Purgas periódicas dentro do Partido, eliminando os elementos que o criticavam;
• Os elementos considerados indesejáveis eram condenados a campos de trabalho forçado
(Gulag);
• Integração de crianças e jovens em organizações estalinistas;
• O Partido Comunista controlava tudo;
• O culto da personalidade de Estaline, através da propaganda política.

A resistência das democracias liberais


 O intervencionismo do Estado
A dimensão que a crise de 1929 alcançou, fez aparecer opiniões/teses de economistas como John Keynes,
que defendem que a única solução é uma maior intervenção do Estado, pondo em causa o sistema
capitalista.

O New Deal
Os EUA optam pela teoria de Keynes, que defendia que ao Estado deveria caber um papel ativo de
organizador da economia e regulador do mercado, através do New Deal (designação dada á política
implementada nos EUA, a partir de 1933, que através de reformas económicas e sociais, combateu a
depressão dos anos 30), posto em prática por Franklin Roosevelt (presidente dos EUA na altura).
As medidas implementadas pelo New Deal (33-34) foram:
FINANCEIRAS SOCIAIS OBRAS PUBLICAS AGRICULTURA INDÚSTRIA
- Reorganização - Distribuição de - Construção de - Concessão de - Fixação de
da atividade dinheiro aos mais estradas, vias empréstimos e preços para os
bancaria; pobres, instituição de férreas, escolas, de produtos
- Desvalorização reformas por hospitais indemnizações industriais.
do dólar; velhice/invalidez; (combate ao aos agricultores.
- Controlo da - Fundo de desemprego)
inflação. desemprego;
- Garantia de um
salário mínimo e de
liberdade sindical;
- Redução para 40
horas de trabalho
semanal.
O New Deal permitiu uma recuperação económica, superando a crise que afetou o mundo capitalista. O
liberalismo económico passou a aceitar o intervencionismo estatal como estratégia de sobrevivência.

 Os governos de Frente Popular e a mobilização dos cidadãos.


Com o avanço da extrema-direita, em França e Espanha, grupos de cidadãos mobilizaram-se para formar
alianças políticas que se consagrassem força democráticas e de esquerda.
França 1936-38
Crise: a conjuntura recessiva quase pôs em risco o regime parlamentar. Embora a grande depressão não
tivesse atingido a gravidade dos EUA, a verdade é que a crise financeira durou até 1935, apesar da
insistência dos governos em políticas deflacionistas.
Extrema-direita: os governos enfrentavam os críticos da esquerda, que reclamavam soluções inspiradoras
em Keynes e no New Deal, e a contestação da direita. Ligas nacionalistas de pendor fascista acusavam os
governos democráticos de fraqueza, exigindo uma atuação mais autoritária.
Coligação de esquerda: face á violência dos movimentos de extrema-direita, verificou-se uma apreciável
mobilização cívica, que conseguiu numa ampla coligação de esquerda- a Frente Popular- que integrava
comunistas, socialistas reformistas e radicais, com o objetivo de deter o avanço do fascismo, a Frente
Popular ganhou as eleições de maio de 1936. O seu programa apostava no relançamento da economia
nacional e na melhoria da condições de vida dos trabalhadores.
Política: o governo da Frente Popular desenvolveu um política fortemente intervencionista e produziu
uma ampla legislação social, com o objetivo de melhorar as condições de vida dos trabalhadores, isto
depois de um vasto e participado movimento grevista que desde maio paralisou todos os setores da
economia.
Concertação: alarmados com a situação, os patrões denunciam a ameaça bolchevista que pairava no país.
O governo intervém no conflito propondo um acordo, no qual se estabelecia que de futuro todas as
empresas deveriam assinar contratos coletivos de trabalho, com os interesses dos trabalhadores, que a
liberdade sindical é inegociável e que os salarios devem ser aumentados. Pouco depois, concederam aos
trabalhadores o direito de 15 dias de ferias pagos, por anos. Com estas medidas, a Frente Popular
dignificava a classe trabalhadora e aumentava o seu poder de compra.

Espanha 1936
Em fevereiro de 1936, triunfou em Espanha uma Frente Popular, apoiada por socialista, comunistas
anarquistas e sindicatos operários. Tinha um intenso programa de reformas sociais favoráveis aos
interesses da classe trabalhadora:
• Separação do Estado e da Igreja;
• Instituição do ensino laico;
• Legislação do divorcio;
• Consagração do direito á greve e á ocupação de terras incultas;
• Aumentos salariais;
• Reconhecimento da autonomia do País Basco e da Catalunha.
Perante medidas tão lesivas da tradição católica espanhola, da união nacional e dos interesses das forças
conservadoras, os partidos nacionalistas de direita iniciaram um levantamento militar. A Frente Nacional,
assim se chamou, pegou em armas contra a República democratica, dando início a uma das mais cruéis
guerras civis do seculo XX- a Guerra Civil Espanhola (1936-39).

A dimensão social e política da cultura


 A cultura de massas
Os media, veículos de evasão e de modelos socioculturais
É nos meios urbanos que emerge uma cultura destinada á maioria da população, so a forma de bens
acessíveis e de consumo imediato: a cultura de massas. Difundida pelos media, em muito contribuiu para
a uniformização de gostos.
A crescente procura de novos produtos culturais levou ao aparecimento de uma cultura que se
desenvolveu em alternativa á cultura de elites: conjunto das manifestações culturais produzidas em
resultado de um processo de elaboração mais intelectual e destinados a uma minoria.
Amplamente difundida pelos meios de comunicação social a CM surge como uma cultura de evasão,
associada ao lazer e ocupação dos tempos livres, tendo como função proporcionar uma espécie de fuga
á rotina e os problemas do quotidiano, transportando a pessoa para o mundo do sonho.
Na difusão desta cultura, tiveram papel de relevo as mass media, enquanto veículos transmissores de
valores, condicionadores de comportamentos, mas sobretudo fundadores de novos modelos
socioculturais.

A imprensa
A imprensa atingiu um extraordinário desenvolvimento, principalmente, pelo vocabulário simples,
atrativo e acessível que a imprensa passa a utilizar que atrai o publico.
O livro torna-se produto de consumo corrente. Novos géneros literários aparecem: romances cor-de-rosa
(histórias de amor com final feliz), bandas desenhadas, romances policiais.
Os jornais/revistas atingem grandes tiragens (algumas cidades chegam a vender mais de 1 milhão de
exemplares por dia). Atraiam os leitores com notícias sensacionalistas. As edições incluíam secções
desportivas, correio sentimental, cronicas, romances em folhetim e publicidade. Alem de informar, o
objetivo era entreter.

A radio
Estre as duas guerras, tornou-se o mais popular e poderoso veículo de comunicação, para isso
contribuíram os progressos na radiofusão, a melhoria da qualidade do som e os interesses dos poderes
politicos.
Acessível a todos, tornou-se um importante meio de difusão cultural: noticias, música, novelas
radiofónicas, anúncios publicitários, debates e colocava as pessoas em contacto instantâneo com o
mundo.
Esta abrangência transforma a radio num veículo privilegiado de propaganda política, que os governos
usaram largamente.

O cinema
O aparecimento do cinema sonoro abriu novas portas ao cinema: de arte, passou a indústria.
Qualquer que fosse o género, o espectador era transportado para outra dimensão, na qual, identificado
com as personagens, vivia as maiores aventura, evadia-se da propria vida e era nessa evadização que
estava a magia do cinema.
De todos os mass media, o cinema foi o que mais contribuiu para a difusão de modelos socioculturais e
estandardização de comportamento. A forma de vestir e falar das estrelas influenciou modos e atitudes.
Também se pretendeu com o cinema incutir valores. Foi assim que também se vulgarizaram os happy-
end, nos quais os protagonistas, em resultado da sua coragem e força de caracter, eram recompensados
com um final feliz, e o espectador, encorajado a uma nova ia da ao cinema.
 As preocupações sociais na literatura e na arte
A literatura mostrou preocupações com o contexto social e político; continuou a ser complexa mas voltou-
se para o exterior e para os problemas do mundo. A arte americana voltou-se para o naturalismo e para
a descrição social da realidade.

A arquitetura, arte da coletividade


Os Estados repensaram os edifícios e as cidades, para serem eficientes e funcionais devido ao aumento
da urbanização. Assistiu-se ao aparecimento de uma nova teoria, o Funcionalismo, segundo a qual os
edifícios e os objetos devem ser construídos e subordinados à sua função. A arquitetura funcionalista
apresentou diversas características:
• Ausência de ornamentos;
• Predomínio de linhas retas;
• Janelas de grandes dimensões;
• Uso de pilares para sustentar as construções;
• Enquadramento dos edifícios no espaço urbano.
O funcionalismo orgânico procurou a ligação Homem/Natureza, criando construções mais humanizadas.

 A cultura e o desporto ao serviço dos estados


Na Rússia Estalinista, foi adotado o realismo soviético que exaltava as realizações do povo e da revolução.
Na Alemanha nazi, a arte foi colocada ao serviço do regime para defender os valores nacionais e as
virtudes da raça ariana. O desporto esteve ao serviço dos regimes totalitários e foi uma forma de mostra
a sua superioridade, a propaganda e a valorização da juventude e da raça.

Portugal: O Estado Novo


 O triunfo das forças conservadoras; a progressiva adoção do modelo fascista italiano nas
instituições e no imaginário.
Da ditadura militar ao Estado Novo
A 1ª República Portuguesa vigorou de 1910 a 1926 e foi um período conturbado pelos graves problemas
sociais, económicos e políticos que, no entanto, também se faziam sentir por toda a Europa, mergulhada
em difíceis condições de vida após o primeiro conflito mundial (1914-1918). Assim, o contexto político-
económico-social que Portugal atravessava, não favoreceu em nada a 1ª República, que sendo vista
inicialmente como a salvação, rapidamente deixou de o ser, por não responder às questões levantadas
pela crise:
Dificuldades económicas: Com a entrada de Portugal na Guerra, a situação económica agravou-se.
Assistia-se a: a uma indústria atrasada e insuficiente; ao predomínio da agricultura; ao
aumento do custo de vida; à balança orçamental deficitária; à falta de bens essenciais que
levou à subida dos preços, à desvalorização da moeda e a consequente inflação e aumento da dívida.
Instabilidade política: A guerra também trouxe consigo a instabilidade política. As divergências internas
eram frequentes, o próprio Partido Republicano subdividiu-se em vários partidos e os governos
continuavam a suceder-se. A instabilidade governativa era visível. Em 16 anos de regime, houve 45
governos. A constante tentativa de derrubar o regime não ajudava.
Instabilidade social: A subida do custo de vida provocou um grande descontentamento social, o regime
republicano perdeu muito apoio, principalmente das classes médias e do operariado. Houve uma grande
agitação social, verificando-se vagas grevistas e movimentos antirrepublicanos. A República perdeu,
ainda, grande parte do suporte popular devido às suas medidas anticlericais (separação total entre o
Estado e a Igreja), o que teve efeitos catastróficos sobre a opinião pública, maioritariamente católica.
Com um ambiente destes, tornou-se fácil o derrube da 1ª República através de um golpe de estado
militar, que se deu a 28 de maio de 1926. Este golpe pôs fim á República Portuguesa e deu-se início a um
regime de Ditadura Militar que se manteve até 1933, altura em que é instaurado o Estado Novo de
Salazar, e dá-se início a uma nova vida política em Portugal.
Portugal e o Estado Novo
Tal como aconteceu noutros países, cujos regimes foram influenciados pela ideologia fascista, também
em Portugal se verificou a progressiva adoção do modelo italiano através da edificação do Estado Novo.
Designa-se, assim, por Estado Novo, o regime totalitário de tipo fascista que vigorou em Portugal de 1933
a 1974, caracterizado por ter um Estado forte, com supremacia sobre os interesses individuais, antiliberal,
antidemocrático e antiparlamentar, autoritário e nacionalista.
Em 1928, foi nomeado para o governo, a fim de exercer funções de ministro das Finanças, António de
Oliveira Salazar que, devido á sua ação, conseguiu um saldo positivo para o orçamento de Estado, tendo
sido nomeado chefe do governo em 1932 devido a esse “milagre económico” , passando a controlar todos
os sectores (daí a que o regime seja normalmente denominado por Salazarismo).Este projeto político de
Salazar (1933) caracterizou-se por diversos aspetos:

Conservadorismo e tradição
Em relação ao conservadorismo, Salazar empenhou-se na recuperação dos valores que considerava
fundamentais, como Deus, Pátria, Família, Paz Social, Moralidade, Autoridade, que não podiam ser postos
em causa. A base da nação era a família, o homem era o trabalhador e o papel da mulher foi reduzido.
Empenhou-se também na defesa de tudo o que fosse tradicional e genuinamente português, revestindo
de importância a ruralidade e rebaixando a sociedade industrializada. Deu proteção especial à Igreja,
baseado no lema "Deus, Pátria, Família".

Nacionalismo
O carácter nacionalista destacou-se, pois louvou e comemorou os heróis e o passado glorioso da Pátria,
valorizou as produções culturais portuguesas e incutiu os valores nacionalistas através das milícias de
enquadramento das massas. Além disso, o regime salazarista utilizava as colónias em proveito dos
interesses da nação, seguindo os parâmetros definidos pelo Ato Colonial de 1930.

A recusa do liberalismo, da democracia e do parlamentarismo


Defendia um Estado forte(ditatorial, autoritário, antiparlamentar e antidemocrático), que recusava as
liberdades individuais e a soberania popular: “Tudo no Estado, nada Fora do Estado”.
Salazar foi um forte opositor da democracia liberal e do pluripartidarismo. No entanto, também negava
os ideais marxistas e a luta de classes. Na sua ótica, o interesse de todos devia sobrepor-se às
conveniências individuais. Assim, os direitos individuais dos cidadãos não eram respeitados. Os opositores
políticos eram perseguidos e encerrados em prisões políticas, o que demonstra o carácter repressivo do
regime salazarista. Os meios repressivos utilizados pelo regime eram a censura e as polícias políticas.
Prestava-se o culto ao chefe, isto é, destacava- se a figura de Salazar, considerado “Salvador da Pátria” ,
que a propaganda política alimentava. Havia um partido único, a União Nacional.

Corporativismo
O Estado Novo mostrou-se empenhado na unidade da nação e no fortalecimento da Nação. Defendia,
assim, que os indivíduos apenas tinham existência para o Estado se integrados em organismos ou
corporações pelas funções que desempenham e os seus interesses harmonizam-se para a execução do
bem comum.

O enquadramento das massas


A longevidade do Estado Novo explica-se pelo conjunto de instituições que criou e que, de forma eficaz,
obtiveram a adesão das massas ao projeto do Regime

O SPN (secretariado de propaganda nacional); 1933: desempenhou um papel fundamental na divulgação


do ideário do regime e na padronização da cultura e das artes.
A União Nacional; 1930: principal estrutura de enquadramento de massas.
Obrigatoriedade de os funcionários públicos provarem a sua fidelidade ao regime
Legião Portuguesa (milícia armada para defesa do regime): destinava-se a defender a nação, o Estado
corporativo e a conter a ameaça bolchevista.
Mocidade Portuguesa: destinava-se a ideologizar a juventude com os valores do Estado Novo.
Controlo no Ensino: expulsaram-se os professores oposicionistas e adotaram-se “livros únicos” oficiais
que veiculavam os valores do Estado Novo e os principios da moral cristã.
Obras das Mães para a educação; 1936: destinada á formação das futuras mulheres e mães.
FNAT(Federação Nacional Alegria do Trabalho); 1935: função de controlar os tempos livres dos
trabalhadores, dinamizando atividades recreativas e educativas norteadas pela moral.

O aparelho repressivo do Estado


Censura Previa: á imprensa, teatro, cinema e radio. Vigilância rigorosa de toda a produção intelectual. Ao
lápis azul cabia a censura de palavras e imagens consideradas subversivas para a ideologia do regime.
Ditadura intelectual que obrigava ás mais incríveis subtilezas.
Polícia Política: PVDE (Polícia de Vigilância e Defesa do Estado), PIDE apos 1945. Distinguiu-se pela
delação, perseguição, prisão, tortura e eliminação dos opositores do regime.
Prisões: Caxias, Peniche e o campo de concentração do Tarrafal (Cabo Verde)

 Uma economia submetida aos imperativos politicos


A estabilidade financeira
A estabilidade financeira tornou-se numa prioridade. O Estado Novo apostou num modelo económico
fortemente intervencionista e autárquico, que se fez sentir nos vários sectores da economia:

Defesa da ruralidade
Portugal era um país maioritariamente rural, assim, pretendia-se tornar Portugal mais independente da
ajuda estrangeira, criando-se incentivos à especialização em produtos como a batata, vinho, etc. Um
grande objetivo de Salazar, era tornar a economia portuguesa isolada de possíveis crises económicas
externas. A construção de barragens levou a uma melhor irrigação dos solos.)

Obras publicas
As obras Públicas tinham como principal objetivo o combate ao desemprego e a modernização das
infraestruturas do país. A intervenção ativa do Estado fez-se sentir através da edificação de pontes,
expansão das redes telegráfica e telefónica, obras de alargamento nos portos, construção de barragens,
expansão da eletrificação, construção de edifícios públicos (hospitais, escolas, tribunais), etc. A política de
construção de obras públicas foi aproveitada (politicamente) para incutir no povo português a ideia deque
Salazar era imprescindível à modernização material do País.

Condicionamento industrial
A indústria não constitui uma prioridade ao Estado Novo. O condicionamento industrial consistia na
limitação, pelo Estado, do nº de empresas existentes e do equipamento utilizado, pois a iniciativa privada
dependia, em larga medida, da autorização do Estado. Funcionava assim, como um travão á livre-
concorrência. Mais do que o desenvolvimento industrial, procurava-se evitar a sobreprodução, a queda
dos preços, o desemprego e agitação social.)

A corporativização dos sindicatos


Contrário á desordem economica e social, o Estado Novo publicou, em 1933 o Estatuto do Trabalho
Nacional, diploma que estabelecia para todas as profissões, um modelo de organização corporativo: os
patrões, em grémios, os trabalhadores em sindicatos nacionais, que por sua vez, se agrupavam em
federações, uniões e corporações. Entre si, negociariam contratos coletivos de trabalho e fixariam salarios
e cota de produção. Ao Estado Novo caberia administrar as tais negociações, garantindo o direito ao
salário justo, proibindo o lock-out e a greve, promovendo a harmonia nacional.

Considerados um instrumento da política autoritária do Governo e uma forma de submissão dos


trabalhadores, os sindicatos nacionais, cujos corpos sociais tinham de ser aprovados pela tutela (encargo
publico de tutor).
Janeiro 1934- os sindicatos livres foram proibidos, evitando a luta de classes.
Deram-se inúmeras greves e atos de sabotagem, promovidos pela anarcossindicalistas e pelos
comunistas. A repressão dos motins permitiu ao regime prosseguir com a corporativização dos sindicatos,
sem nunca contar com a adesão total dos trabalhadores.
Os trabalhadores estavam em desvantagem nos sindicatos porque o Governo só aceita alguns como
representantes, sendo estes os que agradavam ao Governo do Estado Novo.

A política colonial
Ao longo dos seus 48 anos de vigência, o Estado Novo sempre proclamou a sua vocação nacional. As
colonias desempenhavam uma dupla função: eram elemento fulcral da política de nacionalismos
economicos, e tema recorrente da propaganda nacionalista.
Foi o ato colonial de 1930 que consagrou a política colonial do regime:
• Afirmava a missão histórica civilizadora dos portugueses nos territorios ultramarinos;
• Reforçava a tutela da metropole sobre as colonias (abandonando-se as experiências de
descentralização administrativa e de abertura ao capital estrangeiro feitos na 1ª República);
• Consagrava o regime económico de exclusivo colonial: ás colonias caberia fornecer matérias-
primas á metropole e servir o mercado de escoamento dos seus bens industriais.
Quanto ás populações nativas, consideradas inferiores, permaneceram objeto de segregação, embora o
Estado Novo procurasse defendê-los da exploração esclavagista. Os assimilados foram sempre um
número reduzido.
Nos anos 30/40, a propaganda incutiu no povo a ideia de “mística imperial”, dando a ideia de que o
império era a razão da existência histórica de Portugal, ideia que o Congresso e Exposições ajudaram a
difundir.

 O projeto cultural do Regime


No contexto de um regime de tipo totalitário, a cultura portuguesa encontrava-se subordinada ao Estado
e servia de instrumento de propaganda política. O Estado Novo compreendeu a necessidade de uma
produção cultural submetida ao regime, por isso, pela via da persuasão, o Estado Novo concebeu um
projeto que vai instrumentalizar os artistas para a propaganda do seu ideal. A este projeto cultural
chamou-se de ”Política de Espírito”.
Foi o meio encontrado para mediatizar o regime, em que era proporcionado uma “atmosfera saudável”
à imposição dos valores nacionalistas e patrióticos.
Tudo servia para divulgar as tradições nacionais e engrandecer a civilização portuguesa (restauro de
monumentos, festas populares, peças de teatro, cinema, etc.) Salazar defendia que as artes e as letras
deveriam inculcar no povo, o amor da pátria, o culto dos heróis, as virtudes familiares, a confiança no
progresso, ou seja, o ideário do Estado Novo.

A degradação do ambiente internacional


A irradiação do fascismo no mundo
 Na europa
Na decada de 30, explorando os efeitos devastadores da grande depressão e a descrença crescente nas
democracias, as ditaduras espalham-se.
A ascensão dos nazis na Alemanha (1933) foi acompanhada do estabelecimento de regimes autoritários.
Em Espanha é instaurada uma ditadura ao cabo de 3 anos de Guerra Civil (1936-39), na sequência do
triunfo dos nacionalismos em França.
Em 1940, o fascismo está em todo o lado. As democracias sobreviveram apenas nos paises de tradição
liberal.

 Noutros continentes
Esta vaga autoritária faz-se sentir também noutros continentes.
Duramente atingidos ela retração do comercio internacional, a América-Latina e o Extremo-Oriente
disseminaram-se regimes autoritários, influenciados por tradições locais e/ou decalcados dos modelos
fascistas da Europa. No Brasil, na Argentina e no Chile, as democracias não resistiram á ascensão de
chefes que se apoiaram nos exércitos e no proletariado urbano, instalando ditaduras populistas.
No Extremo-Oriente, o Japão pôs termo ao processo de democratização e ocidentalização, desde
1926, exerceu um poder absoluto e apoiou o expansionismo nipónico na China.
Reações ao totalitarismo fascista
 Das hesitações face ao imperialismo e á Guerra Civil de Espanha á aliança contra o Eixo nazi-
fascista
Quanto á SDN, a sua ineficácia prende-se com o facto de nunca ter colaboração dos EUA, o que acabou
por a condenar ao fracasso flagrante foi a incapacidade da instituição em pôr fim ás agressões levadas a
cabo pelas potencias totalitaristas nos anos 30.
França e Inglaterra receosas com a guerra, recusando-se a encara-la como inevitável e alimentando a ideia
de que sendo o comunismo o principal inimigo do nazismo, a guerra seria com a URSS e não com o
Ocidente. Estes foram cedendo perante Hitler, que apresentava cada reivindicação como se fosse a
última.
A atitude hesitante das democracias revelou-se em 1936 com a Guerra Civil de Espanha, quando ambos
negaram o apoio ás forças republicanas da Frente Popular confrontados com uma insurreição militar
nacionalista.
Comandados por Franco, os nacionalistas representavam os proprietários, os monárquicos e os catolicos,
para quem a guerra constituía uma espécie de cruzada contra o ateísmo, o anticlericalismo e o comunismo
da Frente Popular e contaram com o apoio de Hitler e Mussolini.
Quanto aos republicanos, contaram apenas com a ajuda da URSS. Sabendo tratar-se de uma luta de morte
entre fascismo e comunismo, a França e a Grã-Bretanha invocaram o princípio da não intervenção
estabelecida pela SDN para não entrarem no conflito, facilitando a vitoria dos nacionalistas e o
aparecimento de mais um regime totalitarista na Europa nos anos 30.
Acreditando nas promessas de Hitler, de que resolvido o problema dos Sudetas não haveria qualquer
outra questão a solicitar, e crendo as suas ambições imperialistas, as democracias ocidentais acabaram
por ceder, aceitando a integração daquela região na Alemanha.
Em 1939, a Alemanha negociou com a URSS um pacto de não agressão. Aliando-se ao inimigo bolchevista,
Hitler pensava, desta forma, ter encontrado cobertura para a expansão do seu “espaço vital”.
Quando em 1939, a Alemanha anexava a Checoslováquia as democracias ocidentais aperceberam-se até
que ponto é que tinham cedido á política astuciosa e chantagista dos ditadores. Dando-se conta, França
e Inglaterra, inventaram a sua política externa. Afirmaram a sua disposição de enfrentar pela força o
imperialismo nazi-fascista. No dia 3 de setembro declararam guerra á Alemanha, dois anos apos a invasão
da Polonia e do início do início da 2ª Guerra Mundial.

 A mundialização do conflito
A 2ª Guerra Mundial foi o conflito que atingiu todos os continente, mobilizando homens e recursos e
sacrificando as populações civis, vítimas de bombardeamentos, massacres e deportações.
De 1939 a 1942, as forças do Eixo estendem o seu domínio. No Pacifico, o Japão controla vastas regiões,
depois de ter destruído parte da frota americana, em Pearl Harbor, em dezembro de 1941.
Nos paises ocupados, as forças do Eixo pilha riquezas, discriminam, torturam, massacram e enunciam
milhoes de judeus e ciganos para campos de concentração.
A partir do verão de 1942, depois da batalha de Midway, os americanos recuperam o controlo do Pacifico.
Os britânicos derrotam os alemães no Norte de África. Os soviéticos põem fim ao cerco de Estalinegrado,
em fevereiro de 1943. Os aliados desembarcam em Itália.
Os dois últimos anos da guerra são o sol poente das potências do Eixo. O desembarque na Normandia,
em junho de 1944 e o avanço soviético para o Ocidente libertam a Europa e aniquilam a Alemanha, que
capitula se condições a 8 de maio de 1945. Na Asia, o lançamento de duas bombas atómicas por parte
dos EUA, forçam o Japão á rendição.
Portugal e o Mundo da 2ª Guerra Mundial ao incio da decada de 80- opções internas
e contexto internacional
Nascimento e afirmação de um novo quadro geopolítico
A reconstrução do pós guerra
 A definição de áreas de influência
Ainda decorria a 2ª Guerra Mundial, e já os “Aliados” (EUA, URSS, Inglaterra), confiantes na vitória,
procuravam estratégias para estabelecer uma nova ordem internacional, e definir os termos da paz que
se avizinhava, através da realização de conferências, onde se chegaram a alguns pontos

A construção de uma nova ordem internacional: as conferencias de paz


Conferência de Ialta (fevereiro de 1945):
• Proposta de criação de uma organização mundial que fomentasse a cooperação entre os povos,
que seria a ONU(Organização das Nações Unidas);
• Desmembramento da Alemanha e confiá-la aos Aliados, consequentemente destruindo o
regime nazi (estabelecimento da democracia na Europa) e imposição à Alemanha o pagamento
das reparações da Guerra;
• Definição das fronteiras da Polónia.
Conferência de Potsdam (julho de 1945): Com o objetivo de confirmar as resoluções em Ialta
• Confirmação da ”desnazificação” e a divisão em 4 partes (pela URSS, EUA, Inglaterra e França)
da Alemanha e da Áustria
• Detenção dos criminosos de guerra nazis, que eram julgados no Tribunal de Nuremberga;
• Especificação das indemnizações à Alemanha, isto é, o tipo e o montante.

Esboça-se um novo quadro geopolítico


No final do conflito, estava definido um novo mapa político europeu, marcada pela emergência de duas
grandes potências, vencedoras da Guerra, perante uma Europa destruída e desorganizada, emergindo,
então, um novo desenho geopolítico que se sustenta na formação de definição de duas grandes áreas de
influência: a área soviética (URSS) e a área americana (EUA).A divisão da Europa reforçou a desconfiança
e conduziu ao endurecimento de posições entre os dois blocos geopolíticos, que marcaria o período da
Guerra Fria.
A rutura entre os EUA e a URSS deveu-se à extensão da influência soviética na Europa de Leste, ou seja,
a extensão do comunismo provocou a crítica das democracias da Europa Ocidental e dos EUA. Churchill
utilizou a célebre expressão “cortina de ferro” para se referir ao isolamento da Europa de Leste, que
estavam fechados ao diálogo com as democracias ocidentais.

 Organização das Nações Unidas


A ONU foi criada em 1945, segundo o projeto de Roosevelt. Na Carta das Nações Unidas estão contidos
os objetivos que presidiram à sua criação:
• Manter a paz e a segurança internacionais (para evitar novos conflitos), desenvolver relações
de amizade entre as nações (baseada no princípio de igualdade entre os povos), realizar a
cooperação internacional (para promover e estimular o respeito pelos direitos humanos) e
harmonizar os esforços das nações para concretizar estes objetivos (servir como mediador)

Orgãos de funcionamento
A formação de uma nova organização mais atuante que a SDN, mas com o mesmo espírito pacifista e
democrático, foi acordada na Conferência de Teerão de 1943 e oficialmente estabelecida em 25 de junho
de 1945, na Conferência de São Francisco, através do documento designado por Carta das Nações Unidas.
Eram seus propósitos:
• Manter a paz
• Desenvolver relações de amizade
• Promover a cooperação internacional
• Ser local de debate e entendimento entre todas as nações, no sentido de defender os direitos
humanos e dos povos.
Todas as ações desenvolvidas pela organização foram motivadas pelo mesmo objetivo: o da defesa dos
Direitos Humanos. Foi por isso aprovada a Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948,
que se distingue da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão pelo facto de procurar definir
princípios de cooperação entre as nações do mundo além de direitos e liberdades fundamentais.
O papel da cooperação económica e o carácter profundamente humanitário e social da ONU é patente
nos orgãos que dela fazem parte e que espelham as preocupações humanistas da organização:
• A Assembleia Geral
• Conselho de Segurança
• Secretariado Geral
• Conselho Económico e Social
• Tribunal Internacional de Justiça
• Conselho de Tutela (extinto em 1994).
Além destes órgãos outros organismos, comissões, e agências de vocação mais especializada, foram
criados:
• Forças Armadas (capacetes azuis)
• Comissão de Energia Atómica
• Unicef
• UNHCR
• BM
• FMI
• Unesco
• OMS
A ação da ONU não tem tido a eficácia desejada na prevenção de conflitos regionais apesar de uma
intervenção crescente em cada vez maior número de situações de guerra. Desde a 2ª Guerra
diversos conflitos em zonas designadas de 3º Mundo não foram resolvidas com a celeridade desejável,
situação que se deve ainda em grande parte ao desacordo frequente entre as grandes potências com
assento e direito de veto no Conselho de Segurança: EUA, Rússia, China, Inglaterra e França.

 As novas regras da economia internacional


O ideal de cooperação economica
Havia consciência de que estava eminente uma grave crise económica, pois os países europeus
encontravam-se arruinados e desorganizados. Assim, em 1944, na Conferência de Bretton Woods, um
grupo de economistas reuniu-se a fim de estabelecer uma nova ordem económica e financeira
internacional e relançar o comércio com base em moedas estáveis. As principais diretrizes económicas
que resultaram da conferência foram:
• A criação do: Fundo Monetário Internacional(assistência financeira aos países em dificuldades),
do Sistema Monetário Internacional(que assentou no dólar como moeda-chave), do Banco
Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento(apoiava projetos de reconstrução das
economias).
Apesar de todos os esforços para desenvolver a economia mundial, a Europa continuava frágil. Com receio
que a crise europeia se estendesse aos EUA, os americanos decidiram tomar medidas imediatas. Surge,
assim, o Plano Marshall (1947) , que consistiu na ajuda prestada pelos EUA à Europa após a Segunda
Guerra Mundial. Este programa de auxílio foi acolhido com entusiasmo pela generalidade dos países, e
foi verdadeiramente essencial à recuperação europeia, pois os países beneficiários receberam
14000milhões de dólares. Para operacionalizar esta ajuda, foi criada a OECE (Organização Europeia de
Cooperação Económica).
Em 1949, dá-se a resposta da URSS ao Plano Marshall, com a criação do Plano Molotov e COMECON, que
estabeleceu as estruturas de cooperação económica da Europa de Leste. A divisão do mundo em dois
blocos antagónicos consolidou-se e os tempos da Guerra Fria estavam cada vez mais próximos.
 A primeira vaga de descolonizações
Uma conjuntura favorável á descolonização
Com o fim da 2ª Guerra Mundial arranca o processo de descolonização que, se iria traduzir no
desaparecimento dos impérios coloniais. Varios fatores estiveram na base da descolonização.
A guerra, que exigiu também pesados sacrifícios ás colonias, “acordou” os povos para a injustiça da
dominação estrangeira. A luta contra as forças do Eixo foi sentida por todos como uma luta pela liberdade.
Os sentimentos de rebeldia puseram em evidencia as fragilidades da Europa. Os Estados europeus
mostravam-se incapazes de defender os seus territorios da invasão estrangeira. Desprestigiados e com
uma economia arruinada, os países coloniais viam-se impotentes para suster a vaga independista.
Os efeitos da guerra juntaram-se as pressões exercidas pelas duas superpotências, que apoiam os esforços
de libertação dos povos colonizados. Os EUA, em lembrança do seu próprios passado e em defesa
dos seus interesses economicos, mostram-se adversos á manutenção do sistema colonial. A URSS
atua em nome da ideologia marxista que prevê a revolta dos oprimidos pelos interesses economicos
capitalistas e não desperdiça a possibilidade de estender, nos países recém-formados, o modelo soviético.
A ONU fundada sob o signo de igualdade entre todos os povos do Mundo, se constituirá como um balvarte
internacional da descolonização.

A descolonização asiatica
Ainda antes da Segunda Guerra Mundial, ex-colônias britânicas, como Egito e Iraque, conquistaram suas
independências, em 1922 e 1932, respetivamente.
Na década de 1940, outros territórios como a Transjordânia, Palestina e Líbano também se libertaram da
dominação colonial. Com isso, percebemos que a luta pela independência do domínio colonial esteve
presente na disputa política em diferentes momentos do século XX.
Contudo, mesmo após a Segunda Guerra, o grande território colonial inglês, a Índia, permanecia sob
condição de dominação. Nesse país, os movimentos contra a colonização já atuavam desde o século XIX,
mas ainda sem obter sucesso.

O tempo da Guerra Fria- a consolidação de um mundo bipolar.


 Um mundo dividido
A rutura
Enquanto os EUA defendiam o regime político democratico-liberal e uma economia capitalista, a URSS
defendia o regime socialista- de centralismo democratico- e uma economia coletivizada e planificada.
Em 1946, Churchill diz que a cortina de ferro que dividia a Europa, o processo de sovietização dos paises
do Leste era irreversível. Sob a tutela diplomática e militar da URSS os partidos comunistas locais
assumiram o poder. Para coordenar a sua ação, fora criado, em 1947, o Kominform.
A extensão da influência soviética na Europa constituía para os aliados uma ameaça ao modelo capitalista
e liberal. Em 1947, os EUA assumiram liderança da oposição ao avanço socialista.
O presidente Truman, expos a sua visão do mundo: um mundo dividido entre 2 sistemas antagónicos:
um, baseado na liberdade; outro, na opressão. Aos americanos competiria liderar o mundo livre e
auxilia-lo na contenção do comunismo comprometendo-se a intervir em qualquer parte do globo onde
fosse preciso obstar ao avanço soviético ou onde a liberdade estivesse ameaçada. Era a doutrina Truman.
Esta doutrina teve contrapondo do lado soviético, na pessoa Jdanov que inverteu a argumentação do
presidente americano: ao mundo imperialista e antidemocrático, liderado pelos EUA opunham-se os
ideais democráticos e anti-imperialistas dos estados liderados pela URSS.

O primeiro conflito: a questão alemã


A questão da Alemanha foi o principal símbolo da guerra-fria, dividindo-se em dois episódios: o Bloqueio
de Berlim e a divisão de Berlim.
O Primeiro episódio surgiu após a divisão da Alemanha em 4 partes e da unificação dos regimes
democráticos na tentativa da reanimação da economia alemã, com a criação de uma Assembleia
Constituinte e de uma nova moeda, o marco alemão.
A URSS viu estas decisões como uma tentativa de dominação e para retaliar bloqueou os acessos à zona
de Berlim Ocidental com o corte das ligações rodoviárias e ferroviárias, mostrando assim o seu poderio
sobre a cidade. Para a resolução do problema, os americanos e ingleses estabeleceram uma ponte área
para fornecer os materiais necessários para a cidade.
O segundo episódio surgiu após a criação da RFA e da RDA onde em Berlim, que também ficara dividida,
se construiu um muro que dividia as duas fações e que impedia a passagem da população de Berlim
Oriental para a parte Ocidental.

A Guerra Fria
“Guerra Fria” é a expressão que se atribui ao clima de tensão político-ideológico que no final da Segunda
Guerra Mundial se instalou entre as duas superpotências (EUA e URSS), e que se estende até ao final da
década de 80. No entanto, nunca houve um conflito direto, caracterizando-se apenas pela corrida aos
armamentos, ameaças e movimentos de espionagem, conflitos locais, etc. Era uma “guerra de nervos”,
sustentada pelo antagonismo de duas conceções diferentes de organização política (EUA-
Liberalismo/Capitalismo; URSS- Socialismo/Comunismo).
Assim, no tempo da Guerra Fria, assistiu-se á consolidação de um mundo bipolar. De um lado, um bloco
liderado pelos EUA, politicamente adepto da democracia liberal, pluripartidária e economicamente
defensor do modelo capitalista (assente na livre iniciativa e na livre concorrência). Do outro lado, o bloco
liderado pela URSS, defensora do regime socialista, cujo modelo económico assentava nos princípios da
coletivização e planificação estatal da economia.

 O mundo capitalista
A política de alianças dos Estados Unidos
O acentuar das tensões políticas conduziu á formação de alianças militares que simbolizaram o
antagonismo militar, ou seja, os EUA e a URSS procuraram estender a sua influência ao maior número
possível de países. Criou-se a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) , liderado pelos EUA
(sendo o objetivo principal a segurança coletiva, isto é, ter a capacidade de resposta perante a um ataque
armado) e, em resposta, foi constituído o Pacto de Varsóvia, liderado pela URSS, para a defesa militar do
seu bloco.

A política económica e social das democracias ocidentais.


No decorrer de 25/30 anos após a guerra, os países europeus recuperaram e viveram uma excecional
recuperação económica (a produção industrial cresceu, houve uma revolução nos transportes, cresceu o
número de empresas, a agricultura modernizou-se, o sector terciário expandiu-se, etc.). Este
desenvolvimento económico fez nascer a sociedade de consumo, isto é, as populações são incitadas a
comprar um número crescente de bens que ultrapassam a satisfação das necessidades básicas (lar
materialmente confortável, bem equipado com eletrodomésticos, rádio, TV, telefone, automóveis,
etc.),tudo isto possível devido ao pleno emprego e bons salários (resultados da recuperação económica).
Aforma que se arranjou para estimular o consumo, foi através da publicidade.

A afirmação do Estado-Providência
A Grande Depressão já tinha demonstrado a importância de um Estado económica e socialmente
interventivo. O Estado torna-se, por esta via, o principal agente económico do país, o que lhe permite
exercer a sua função reguladora da economia. O país pioneiro do Welfware State, isto é, o Estado do bem-
estar (Estado Providência) , foi o Reino Unido, onde cada cidadão tem asseguradas as suas necessidades
básicas. Ao Estado caberá a tarefa de corrigir as desigualdades, daí o seu intervencionismo.
As medidas principais do EP foram a nacionalização da economia e o garantir de reformas que abrangesse
situações como maternidade, velhice, doenças. Este conjunto de medidas visa um duplo objetivo:
por um lado, reduz a miséria e o mal-estar social; por outro, assegura uma certa
estabilidade á economia. O Estado-Providência foi um facto da prosperidade económica.

A prosperidade economica
Nos anos 50 assistiu-se a um grande crescimento económico dos países ocidentais tendo o capitalismo
possibilitado um acréscimo de bem estar a largas camadas de população de uma forma nunca antes vista.
De 1945 a 1973 houve grandes acréscimos da produção mundial para isso contribuindo em grande parte
sectores essenciais como os da energia e da produção automóvel. Nesse período não se assistiram a
períodos de crise económica e certos países como o Japão, Alemanha e França tiveram elevadíssimas
taxas de crescimento, devidas a fatores como:
• aceleração do progresso tecnológico;
• recurso ao petróleo como matéria prima energética por excelência;
• aumento da concentração industrial e do número e dimensão das empresas multinacionais;
• aumento da população ativa;
• modernização da agricultura;
• crescimento do sector terciário.

A sociedade de consumo
O desenvolvimento tecnológico e melhoramento do estilo de vida com o aumento dos salários traduziu-
se num aumento do consumo.
Surgiram novos equipamentos domésticos, mais diversificados e de substituição rápida, alimentados pela
grande publicidade e exigências da moda.
As famílias passaram a gastar o seu dinheiro cada vez mais em objetos não essenciais em vez de o poupar
e as novas gerações trouxeram novos hábitos de consumo.
O fácil acesso ao crédito permitia o aumento do rendimento disponível o que se traduzia num aumento
do poder de compra.

 O mundo comunista
O expansionismo soviético
Após a 2ª Guerra, a URSS foi responsável pela implantação de regimes comunistas, inspirados no modelo
soviético, por todo o mundo, ou seja, estendeu a sua influência à Europa, Ásia e África.
Os países europeus que aderiram ao modelo soviético foram a Bulgária, Albânia, Roménia e Polónia. Estes
novos países socialistas receberam a designação de democracias populares (designação atribuída aos
regimes em que o Partido Comunista, afirmando representar os interesses dos trabalhadores, se impõem
como Partido Único, controlando as instituições do Estado).
Como resposta à OTAN, a URSS cria o Pacto de Varsóvia, com objetivos idênticos: a assistência mútua
entre os países membros.
Os países asiáticos que sofreram influência soviética foram a Mongólia, China e Coreia. O ponto fulcrada
expansão comunista na América Latina foi Cuba, onde um punhado de revolucionários sob o comando de
Fidel Castro e do Che Guevara derrubaram o governo apoiado pelos EUA.

Opções e realizações da economia de direção central


No final da 2ª guerra, a economia soviética estava arrasada. Para afirmar o seu papel de superpotência,
obtido com a vitória, havia que recuperar e rapidamente. Para tal, foi recuperada a planificação
económica, onde foi dado prioridade à indústria pesada. Assim, a URSS e os países de modelo soviético
registaram um crescimento industrial tão significativo que ascenderam à segunda posição da indústria
mundial. No entanto, o nível de vida das populações não acompanhou esta evolução económica (faltavam
bens de consumo, os horários de trabalho são excessivos, os salários são baixos, as populações
amontoam-se em bairros periféricos, etc.)
No entanto, as economias de direção central (dirigidas pelo Estado) evidenciavam as suas debilidades:
• A prioridade concedida à indústria levou à falta de investimento em outros sectores;
• A planificação económica, o “jogar pelo seguro”, reduzia certos fatores importantes, como o risco
no investimento, o que revelou ser um entrave ao progresso.
Destes bloqueios económicos resultou a estagnação da economia soviética. Apesar de inúmeras
tentativas de a ultrapassar, estes bloqueios acabarão por conduzir à falência dos regimes comunistas
europeus, no fim dos anos 80. A extinção da União Soviética deu-se a 1991.
 A escalada armamentista e o início da era espacial
A escalada armamentista
A corrida ao armamento manifestou-se nas armas convencionais e nucleares enquanto a corrida ao
espaço procurou demonstrar o poder científico, tecnológico e alcance militar, que tinham grande impacto
na opinião pública mundial.
O início da era espacial
O mundo bipolar estava consolidado: a corrida aos armamentos e a corrida espacial, por parte das duas
superpotências, foi uma estratégia militar que visiva conter a ameaça inimiga, demonstrar o poder de
cada um dos blocos e dissuadir o ataque de qualquer uma das potências.

A afirmação de novas potências


 O rápido crescimento do Japão
O rápido desenvolvimento do Japão, a partir de 1952, deveu-se a vários fatores entre os quais se
destacam:
• a ajuda norte americana, que promoveu a implantação de um novo regime político
multipartidário e democrático e a concessão de ajudas, apoios económicos e uma ajuda
financeira substancial necessária à recuperação do país;
• o entendimento entre o Estado e os grandes grupos empresariais no sentido de promover o
crescimento económico e o desenvolvimento social. O Estado interveio na regulação do
investimento, na concessão de créditos, na proteção das empresas e do mercado nacional não
sobrecarregando as empresas com obrigações sociais que dificultassem a sua reconversão e
recuperação;
• uma cultura tradicionalista com a colaboração ativa de uma população imbuída de um espírito
de entreajuda e de lealdade e colaboração com os empresários mantendo baixos níveis de
reivindicação salarial e possuindo um nível de escolaridade elevado.

Os fatores do “milagre japonês”


Sem matérias primas e pouco território cultivável o Japão baseou o seu crescimento no pós guerra num
desenvolvimento industrial e comercial em duas fases:
• de 1955 a 61, uma primeira fase em que a produção industrial triplicou e em que se realizaram
investimentos nas indústrias transformadoras de bens de consumo e indústria pesada. As
exportações aumentaram assim como as importações de matérias primas.
• de 1966 a 71, com um novo impulso económico nas áreas da eletrónica e da produção
automóvel.

 O afastamento da China do bloco soviético


A China adotou o modelo comunista soviético nos anos 50. Procedeu à redistribuição da terra, criou uma
rede de cooperativas, planificou a economia, adotou o partido único, o culto de personalidade e à
repressão com campos de trabalhos. Em 1958 foi lançado o II Plano Económico, denominado “Grande
Salto em Frente” que era caracterizado pelas comunas populares, uma espécie de cidades autónomas que
eram controladas por brigadas e batalhões de produção. Pretendia-se assegurar as condições básicas de
sobrevivência e mobilizar toda a população para os campos e as fábricas.
Devido ao grande fracasso do plano económico, Mao Tsé-Tung culpabilizou a URSS pela aproximação aos
EUA e responsabilizou a nomenklatura pelo fracasso do “Grande Salto em Frente”. É nesta vertente que
adota o Maoísmo: política económica que correspondeu a uma aplicação do marxismo-leninismo às
condições específicas da China. Entre os princípios defendidos destacavam-se o voluntarismo e a
mobilização das massas, o igualitarismo e a coletivização dos meios de produção, a luta contra a sociedade
tradicional, a corrupção, a ambição pessoal e os contrarrevolucionários. Defendia ainda a propagação dos
ideais do “Livro Vermelho”, com bastante propaganda e controlo pelos guardas vermelhos, num
sentimento anti imperialista capitalista.
 A ascensão da Europa
Após a 2ª Guerra Mundial, vários países europeus sentiram necessidade de se unir no intuito de recuperar
a prosperidade perdida. A formação de uma comunidade económica aparecia como a via para a afirmação
internacional da Europa. Em 1946, Churchill lançara o apelo e a ideia de uns "Estado Unidos da Europa".
A ideia foi ganhando adeptos, mas desde logo se deram dificuldades em definir o futuro modelo político
europeu.
Dada essa dificuldade, através de um processo contínuo assistiu-se à criação da Comunidade Económica
Europeia. A partir da experiência conseguida da OECE, da primeira organização europeia, o BENELUX e da
organização responsável pela cooperação do carvão e do aço, pretendia-se a constituição de uma
organização económica de mercado comum, um espaço de autonomia, de cooperação e entreajuda,
diminuindo as desigualdades nos diferentes países.
A 25 de Março de 1957, dá-se a assinatura do Tratado de Roma que instituía a CEE, através de uma união
alfandegária, assente nas “quatro liberdades”: a livre circulação de pessoas, dos serviços, das mercadorias
e dos capitais. A CEE expandiu também o Conselho Europeu para fins políticos e a EURATOM e PAC, com
vista, respetivamente, para o desenvolvimento da indústria nuclear e da modernização, autossuficiência,
produtividade e aumento dos rendimentos agrícolas.

Da CECA á CEE(x)

 A segunda vaga de descolonizações. A política de não alinhamento


A descolonização africana
Nesta conjuntura, ao longo dos anos 60, praticamente toda a África, de norte a sul do continente, se
tornou independente, mediante processos envolvidos em maior ou menor violência.
No Norte de África, depois da libertação da Líbia da tutela da ONU, em 1951, e de um processo de
independência relativamente ao pacífico da Tunísia e de Marrocos, em 1956, a França viu-se a braços com
o complicado processo de independência da Argélia, devido à resistência levantada pela comunidade
franco-argelina, que recusava a autoridade muçulmana. No final da guerra da Argélia, em 1961, a França
inicia a descolonização de mais de 15 subsarianos, procurando evitar que situações como a da Argélia se
voltassem a verificar.
Na África Negra, as reivindicações independentistas rapidamente se alastraram, onde movimentos
nacionalistas encabeçam a luta armada contra os colonizadores. Movimentos que, de início, sentiram
dificuldades em obter a participação de todos os povos dos seus territorios, divididos que estavam em
múltiplas etnias, que os interesses coloniais nunca tinham respeitado.
A fim de criar um sentimento de unidade nacional, os líderes nacionalistas prosseguiram com o esforço
de revalorização das raízes ancestrais dos seus povos, integrando-as numa “cultura africana comum” que
afirmava tao valida como a dos colonizadores. Nascia o conceito de africanidade.
Os líderes africanos tinham estudado nas metrópoles, onde tinham assimilado valores que pretendiam
ver agora aplicados aos seus paises (liberdade, justiça social)
A luta da independencia foi tambem uma luta contra o atraso económico social, consequência da
exploração colonial. É por isso que muitos destes movimentos vão deixar-se seduzir pela mensagem
igualitária socialista.

Um terceiro mundo
Entre 1946 e 1976, 70 novos países nascem, todos eles partilhando o mesmo passado colonial e o mesmo
atraso económico. No seu conjunto formavam o 3º Mundo, expressão com reminiscências na de 3º
Estado. Á semelhança daquela mole humana da Revolução Francesa, também o 3º Mundo incluía as
regiões mais populosas e pobres do mundo.
Nascido do movimento de descolonização, o º Mundo, não obstante a independencia política, manteve a
dependência economica relativamente aos países ricos, que continuaram a explorar as riquezas e as
matérias-primas do mundo subdesenvolvido através das suas companhias.
Esta exploração dos recursos dos países mais débeis em benefício dos mais ricos, perpetuou o atraso
daqueles e acabou por configurar uma situação de neocolonialismo desde logo denunciada pelos paises
recém-libertados.
A política de não alinhamento
Querendo se afirmar internacionalmente, os países agora denominados de Terceiro Mundo (países que
se queriam ver neutrais face ao domínio dos EUA e da URSS) realizaram a conferência de Bandung na
Indonésia em 1955.
Os principais atores, o Egipto (com Nasser), a Índia (com Nehru) e a Indonésia (com Sukarno) que
pressionaram a constituição de um movimento alternativo levantaram a ideia do anticolonialismo e do
anti neocolonialismo (pretendiam a perda da influência dos países que intervinham nas antigas colónias,
que faziam com que estas se tornassem dependentes economicamente desses países.
Eram já devastadas pela guerra e do baixo nível de preparação), promovendo os direitos humanos nos
países novos. Já a Conferência de Belgrado em 1961, instituiu oficialmente a instituição política do
Movimento dos Não Alinhados.

 O termo da prosperidade economica: origens e efeitos


As três décadas de abundância,, prosperidade e crescimento que se seguiram á 2ª Guerra Mundial,
cessaram em 1973. Os indicadores económicos não mentiam: em todos ocidentais, as taxas médias de
crescimento do PIB caíram 5% para 2%; a produção baixou; o desemprego aumentou.
Esta crise apresentava todos os sintomas clássicos de uma crise capitalista, já que a períodos de
crescimento sucediam-se geralmente períodos de recessão. Mas apresentava também uma
particularidade: é que nela coexistiam fenómenos normalmente inconciliáveis; quebra na produção e
aumento de desemprego de um lado, inflação do outro. A este fenómeno novo deu-se o nome de
estagflação.

Os fatores da crise
1973- Os países árabes da OPEP, que até então tinham mantido baixo o preço do crude, fazem dele uma
arma política contra o Ocidente, como retaliação á política de auxílio americano a Israel aquando da
guerra do Yon Kippur.
A OPEP decide quadruplicar o preço do barril de petróleo e reduzir em 25% a sua produção. Esta retração
de rendimentos assumiu a forma de boicote.
1979- a crise política no Irão e o posterior envolvimento deste pais num conflito com o Iraque conduziu a
uma nova subida do preço do crude.
Estes 2 choques petrolíferos, que em poucos anos multiplicaram por 12 o preço do ouro negro, tiveram
como consequência um acentuado aumento dos custos de produção dos bens industriais e uma inevitável
escala da inflação.
Do aumento do custo das importações de crude, resultou um desequilíbrio imediato das balanças de
pagamentos dos países ocidentais.

A crise relativa
A crise dos anos 70 teve efeitos duradouros e marcou uma viragem em todo o mundo:
• O desemprego tornou-se um problema crónico dos países de todo o mundo dado o elevado
preço do petróleo que desde então condiciona toda a produção industrial e todo o comércio
mundial obrigando em períodos de maiores dificuldades ao despedimento ou encerramento das
empresas;
• O sector secundário sofreu grandes transformações decorrentes da sua reconversão e
modernização e do aparecimento de novas tecnologias que aceleram a produção e as trocas e
permitem reduzir o número de funcionários das empresas com a utilização de robots e
programas informáticos;
• o Sector terciário e o comércio desenvolveram-se embora a um ritmo menos rápido do que antes
de 1970 (cerca de 5%);
• A dimensão dos aparelhos de Estado conheceu grande desenvolvimento que foi resultante da
multiplicação de serviços estatais e da generalização do Welfare State, assente no pressuposto
da igualdade de direitos também no acesso a bens e serviços essenciais como a educação, a
saúde e a justiça.
Portugal: do autoritarismo á democracia
Imobilismo político e crescimento económico do pós-guerra a 1974
 Imobilismo político e crescimento económico do pós-guerra a 1974
Politicamente, após a Segunda Guerra Mundial, Portugal manteve a mesma feição autoritária ,ignorando
a onda democrática que inundava a Europa. No que se refere à economia, viveu-se um período
conturbado na medida em que o atraso do país era evidente, não acompanhando o crescimento
económico do resto da Europa, marcado pela estagnação do mundo rural e pela emigração. Por outro
lado, também ocorreu um considerável surto industrial e urbano, e as colónias tornaram-se alvo das
preocupações. A economia manteve estruturas que impossibilitaram o crescimento económico.

 Coordenadas económicas e demográficas


Estagnação do mundo rural e o surto industrial
Apesar da agricultura ser o sector dominante, era pouco desenvolvida, caracterizada por baixos índices
de produtividade, que fazia de Portugal dos países mais atrasados da Europa. O principal problema
consistia na dimensão das estruturas fundiárias, no Norte predominava o minifúndio, que não
possibilitava mecanização; no Sul estendiam-se propriedades imensas (latifúndios), que se encontravam
subaproveitadas. O défice agrícola foi aumentando, e ao longo dos anos 60 e 70 e assistiu-se a um elevado
êxodo rural e emigração, pois as populações procuravam melhores condições de vida, condenando a
agricultura a um quase desaparecimento.
Face a esta situação, a partir de 1953, foram elaborados Planos de Fomento para o desenvolvimento
industrial. O I Plano (1953-1958) e o II Plano (1959-1964) davam continuidade ao modelo de autarcia e à
substituição de importações, mas não contavam com o apoio dos proprietários. É só a partir de meados
dos anos 60, com o Plano Intercalar de Fomento (1965-1967) e o III Plano (1968-1973), que o Estado Novo
delineia uma nova política económica:
• Defende-se a produção industrial orientada para a exportação;
• Dá-se prioridade à industrialização em relação à agricultura;- Estimula-se a concentração
industrial;
• Admite-se a necessidade de rever a lei do condicionamento industrial (que colocava entraves à
livre concorrência. O grande ciclo salazarista aproximava-se do fim).No decurso do II Plano, o
nosso país viria a integrar-se na economia europeia e mundial, integrando a EFTA, a BIRD e a
GATT. A adesão a estas organizações marca a inversão na política da autarcia do Estado Novo.
Esta política confirmou a consolidação de grandes grupos económicos e financeiros em Portugal
e o acelerar do processo industrial.

A emigração
Enquanto que nas décadas de 30 e 40 a emigração foi bastante reduzida, a década de 60 tornou-se no
período de emigração mais intenso da nossa história, pelos seguintes motivos:- a política industrial
provocou o esquecimento do mundo rural, logo, sair da aldeia era uma forma de fugir à miséria;
• Os países europeus que necessitavam de mão-de-obra, pagavam com salários superiores;
• A partir de 61, a emigração foi, para muitos jovens, a única maneira de não participar na guerra
entre Portugal e as colónias africanas. Por essa razão, a maior parte da emigração fez-se
clandestinamente. O Estado procurou salvaguardar os interesses dos nossos emigrantes,
celebrando acordos com os principais países de acolhimento. O País passou, por esta via, a
receber um montante muito considerável de divisas: as remessas dos emigrantes. Tal facto, que
muito contribuiu para o equilíbrio da nossa balança de pagamentos e para o aumento do
consumo interno, induziu o Governo a despenalizar a emigração clandestina e a suprimir alguns
entraves.

O surto industrial
A política autárcica do Estado Novo nunca logrou atingir os seus objetivos. Antes e durante a 2ª Guerra
Mundial, o país continuou dependente dos fornecimentos estrangeiros (matérias-primas, energia,
adubos, alimentos). Mas foi so quando os abastecimentos começaram a falhar que o país passou por
situações dramáticas de penúria e carestia.
Foram estas dificuldades que vieram reforçar a ideia de que era no crescimento industrial na via
industrializadora, que deveria assentar todo o desenvolvimento económico nacional. Ideia que foi
ganhando consistência á medida que o setor agricola se revelou incapaz de responder ás necessidades do
pais.
Assim, em 1945, a Lei de Fomento e Reorganização Industrial estabelece as linhas a seguir o objetivo a
alcançar: a substituição das importações.
Portugal continuava a seguir um modelo económico autárcico, que o colocava á margem da economia
mundial.
Em 1948, o Governo assinou o pacto fundador da Organização para a Cooperação Economica Europeia, 1ª fase:
integrando-se dessa forma nas estruturas de cooperação prevista no Plano Marshall. Embora pouco nacionalismo
benefício tenha tirado da ajuda americana, a participação na OECE veio chamar a atenção do regime para e autarcia
a necessidade de planeamento económico, conduzindo á elaboração dos primeiros planos de fomento.
O I Plano (53-58) reiterava a nossa vocação de aís agricola, embora reconhecesse a importância da
indústria para a melhoria do nivel de vida. Previa um conjunto de investimentos públicos em vários
setores, com prioridade para as infraestruturas (eletricidade, transportes, comunicações).
Em 59, com o II Plano de Fomento (59-64), elege-se a indústria transformadora de base como setor a
privilegiar (siderurgia, refinação de petróleo, química, celulose), A política industrializadora é assumida
sem ambiguidades, coincidindo com o arranque da política de fomento nas colonias.
Nesta decada, contudo, a política economica salazarista vai continuar nacionalista e autárcica,
submetendo a indústria a rigorosas regras de condicionamento industrial herdadas dos anos 30.
Os anos 60 trazem mudanças significativas á economia portuguesa. No decurso do II Plano, Portugal 2ª fase: inversão
integra-se na economia europeia e mundial ao ser cofundador da EFTA, em 1960. Também em 1960 o da polítipo
país adere ao BIRD e ao FMI e em 62 assina o protocolo do GATT. autarcica
A adesão a estas organizações marca a inversão do política autarcica do Estado Novo e o fim do ciclo
conservador e ruralista. O plano intercalar de 65-67 já salienta a importancia da concorrência externa
bem como a necessidade de rever o condicionamento industrial, considerado desajustado ás novas
realidades.
Em 1968, a nomeação de Marcelo Caetano para presidente do Conselho e o III Plano de Fomento (68-73) 3ª fase:
marcam uma orientação completamente nova. economia de
Num quadro de internacionalização da economia portuguesa, a tónica é agora colocada na livre mercado
concorrência e nas leis do mercado, na indústria como setor preponderante da economia nacional, no
crescimento do terciário, na concentração empresarial, na política de exportações e na abertura do pais
á captação de investimento estrangeiro. Apela-se ao dinamismo dos empresários nacionais, definindo-se
uma política incentivadora da formação de grandes grupos económicos.

A urbanização
O surto industrial traduziu-se no crescimento do sector terciário e na progressiva urbanização do país. Dá-
se o crescimento das cidades e a concentração populacional. Em Lisboa e Porto, as maiores cidades
portuguesas, propagam-se subúrbios. No entanto, esta expansão urbana não foi acompanhada da
construção das infraestruturas necessárias, aumentando as construções clandestinas, proliferam os
bairros de lata, degradam-se as condições de vida (incremento da criminalidade, da prostituição…).
Mesmo assim, o crescimento urbano teve também efeitos positivos, contribuindo para a expansão do
sector dos serviços e para um maior acesso ao ensino e aos meios de comunicação.

O fomento económico nas colónias


Após a guerra mundial, o fomento económico das colónias também passou a constituir uma preocupação
ao governo. Angola e Moçambique receberam uma atenção privilegiada. Os investimentos do Estado nas
colónias, a partir de 1953, foram incluídos nos Planos de Fomento. O objetivo desta preocupação
reforçada, era mostrar à comunidade internacional que a presença portuguesa era essencial ao
desenvolvimento desses territórios, através de medidas como a criação de infraestruturas, incentivos ao
investimento nacional, estrangeiro e privado, criação do EPP (Espaço Económico Português, com vista à
abolição de entraves comerciais entre Portugal e as suas colónias), reforço da colonização branca e
desenvolvimento dos sectores agrícola, extrativo e industrial.
 A radicalização das oposições e o sobressalto político de 1958
Em 1945, a grande maioria dos países europeus festejavam a vitória da democracia sobre os fascismos.
Parecia, assim, que estavam reunidas todas as condições para Salazar também optar pela democratização
do país. Salazar encenou, então, uma viragem política, aparentando uma maior abertura, a fim de
preservar o poder:
 antecipou a revisão constitucional, dissolveu a Assembleia Nacional e convocou eleições
antecipadas, que Salazar anunciou “tão livres como na livre Inglaterra”.
Em 1945, os portugueses foram convidados a apresentar listas de candidatura às eleições legislativas(para
eleger os deputados da Assembleia Nacional). A oposição democrática (conjunto dos opositores ao regime
no segundo pós-guerra) concentrou-se em torno do MUD (Movimento de Unidade Democrática), criado
no mesmo ano. O impacto deste movimento, que dá início à chamada oposição democrática, ultrapassou
todas as previsões.
Oposição Democrática- Expressão que designa o conjunto de forças políticas heterodoxas(monárquicos,
republicanos, socialistas e comunistas) que, de forma legal ou semilegal, se opunham ao Estado Novo,
adquirindo visibilidade, face aos constrangimentos impostos às liberdades pelo regime, em épocas
eleitorais.
Para garantir a legitimidade no ato eleitoral, o MUD formula algumas exigências, que considera
fundamentais, como o adiamento das eleições por 6 meses (a fim de se instituírem partidos políticos),a
reformulação dos cadernos eleitorais e a liberdade de opinião, reunião e de informação. As esperanças
fracassaram. Nenhuma das reivindicações do Movimento foi satisfeita e este desistiu por considerar que
o ato eleitoral não passaria de uma farsa. A apreensão das listas pela PIDE permitiu perseguir a oposição
democrática.
Em 1949, aquando das eleições presidenciais, a oposição democrática apoiou o candidato Norton de
Matos, que concorria contra o candidato do regime, Óscar Carmona. Era a primeira vez que um candidato
da oposição concorria à Presidência da República e a campanha voltou a entusiasmar o País mas, no
entanto, face a uma severa repressão, Norton de Matos apresentou também a sua desistência pouco
antes das eleições.
1958– Ano de novas eleições presidenciais. O Governo pensou ter controlado a situação até que, em 1958,
a candidatura de Humberto Delgado a novas eleições presidenciais desencadeou um terramoto político.
A sua coragem em criticar a ditadura, apelidou-o de“general sem medo”. O anúncio do seu propósito de
não desistir das eleições e a forma destemida como anunciou a sua intenção de demitir Salazar caso viesse
a ser eleito, fizeram da sua campanha um acontecimento único no que respeita à mobilização popular.
De tal forma que o governo procurou limitar-lhe os movimentos, acusando-o de provocar “agitação social,
desordem e intranquilidade pública”. O resultado revelou mais uma vitória esmagadora do candidato
do regime (Américo Tomás), mas desta vez, a credibilidade do Governo ficou profundamente abalada.
Salazar começou a tomar consciência de que se estava a tornar difícil continuar a enganar a opinião
pública. A campanha de Humberto Delgado desfez qualquer ilusão sobre a pretensa abertura do regime
salazarista. Humberto Delgado foi assassinado pela PIDE em 1965.

 A questão colonial
Tornou-se difícil para o Governo Português manter a sua política colonial. Depois da segunda guerra
mundial, e com a aprovação da Carta das Nações Unidas, o Estado Novo viu-se obrigado a rever a sua
política colonial e a procurar soluções para o futuro do nosso império.

Soluções preconizadas
Em termos ideológicos, a “mística do império” é substituída pela ideia da “singularidade da colonização
portuguesa”. Os portugueses tinham mostrado uma grande capacidade de adaptação à vida nas colónias
onde não havia racismo e as raças se misturavam e as culturas se espalhavam. Esta teoria era conhecida
como luso-tropicalismo.
No campo jurídico, a partir de 1951, desaparece o conceito de colónia, que é substituído pelo de província
ultramarina e desaparece o conceito de Império Português, substituído por Ultramar Português. A
presença portuguesa em África não sofreu praticamente contestação até ao início da guerra colonial.
Exceção feita ao Partido Comunista Português que no seu congresso de 1957 (ilegal),reconheceu o direito
à independência dos povos colonizados.
Entretanto, em 1961, no seguimento da eclosão das primeiras revoltas em Angola, começam a notar-se
algumas divergências nas posições a tomar sobre a questão do Ultramar. Confrontam-se, então, 2 teses
divergentes: a integracionista e a federalista. A 1ª defendia a política até aí seguida, lutando por um
Ultramar plenamente integrado no Estado português; a 2ª considerava não ser possível, face à
pressão internacional e aos custos de uma guerra em África, persistir na mesma via. Defendia a
progressiva autonomia das colónias e a constituição de uma federação de Estados que garantisse os
interesses portugueses. Os defensores da tese federalista chegaram a propor ao Presidente a destituição
de Salazar. Destituídos acabaram por ser eles, saindo reforçada a tese de Salazar, que ordenou que o
Exército Português avançasse para a Angola, dando início a uma guerra que se prolongou até à queda do
regime, em 1974.

A luta armada
O negar da possibilidade de autonomia das colónias africanas, fez extremar as posições dos movimentos
de libertação que, nos anos 50 e 60, se foram formando na África portuguesa. Em Angola, em
1955,surge a UPA (União das Populações de Angola) que, 7 anos mais tarde, se transforma na FNLA
(Frente de Libertação de Angola); o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) forma-se em
1956; e a UNITA (União para a Independência Total de Angola) surge em 1966. A guerra inicia-se em
Angola a 1961. Em Moçambique, a luta é dirigida pela FRELIMO (Frente de Libertação de
Moçambique) fundada em 1962. A guerra estende-se a Moçambique em 1964.
Na Guiné, distingue-se o PAIGC (Partido para a Independência da Guiné e Cabo Verde) em 1956
e a guerra alastrou-se à Guiné em 1963.
Portugal viu-se envolvido em duras frentes de batalha que, à custa de elevadíssimos custos materiais e
humanos, chegou a surpreender a comunidade internacional.

O isolamento internacional
A carta das nações unidas estabeleceu que todas as nações tinham o direito á sua auto determinação.
Contudo, Portugal recusou-se a aceitar esta ideia dizendo que as províncias ultramarinas faziam parte de
Portugal. Tal postura conduziu, inevitavelmente, ao desprestígio do nosso país, que foi excluído de vários
organismos das Nações Unidas e alvo de sanções económicas por parte de diversas nações africanas. A
recusa de todas as ofertas e planos (como a ajuda americana por exemplo), remeteu Portugal para um
isolamento, evidenciado na expressão de Salazar, “orgulhosamente sós”.

 A Primavera Marcelista
Reformismo político não sustentado
Em 1968, Salazar foi substituído Marcello Caetano, no cargo de presidente do Conselho de Ministros, que
fez reformas mais liberais para a democratização do regime. Nos primeiros meses o novo governo até deu
sinais de abertura, período este conhecido por“Primavera Marcelista” (alargou o sufrágio feminino por
ex.). Contudo, o oscilar entre indícios de renovação e seguir as linhas do salazarismo, resultou no fracasso
da tentativa reformista. A PIDE mudou o seu nome para DGS e diminuiu, ao início, a virulência das suas
perseguições. No entanto, face ao movimento estudantil e operário, prendeu, sem hesitações, os
opositores ao regime; A Censura passou a chamar-se Exame Prévio; se este, inicialmente, tolerou algumas
críticas ao regime, cedo se verificou que atuava nos mesmos moldes da Censura;
A oposição não tinha liberdade de concorrer às eleições e a política Marcelista era criticada como sendo
incapaz de evoluir para um sistema mais democrático. Tudo isto levou á revolução de 25 de Abril de1974.

O impacto da guerra colonial


Logo apos tomar posse, Marcelo Caetano reiterou a sua intenção de continuar a defender os nossos
territorios em Africa. Mas, como federalista que era, iniciou a preparação de um projeto de revisão do
estatuto das colonias, no sentido de as encaminhar para a autonomia progressiva.
O projeto teve a oposição da maioria conservadora da Assembleia Nacional. E se é verdade que Angola,
Moçambique e Guiné passaram a categoria de estados honoríficos, dotados de instituições de governo
proprias, no essencial nada mudou. E assim o entenderam os movimentos de libertação e a ONU.
Desta forma, a luta armada prosseguiu e, embora controlada em Angola e Moçambique, a situação
deteriorou-se na Guiné, onde o PAIGC foi adquirindo controlo sobre parte significativa do territorio.
externamente
Cresce o isolamento:
• em 1970, o Papa Paulo VI recebe os líderes do MPLA, FRELIMO e PAIGC, situação humilhante
para Portugal.
• em 1973, a AG da ONU reconhece oficialmente a independencia da Guiné á revelia do estado
portugues.
• em 1973, a visita oficial de Marcelo Caetano ao Reino Unido decorre no meio de ruidosos
protestos, na sequência da denuncia de massacres de civis em Moçambique perpetrados pelas
tropas portuguesas.
Aumenta a pressão: internamente
• os deputados da ala liberal abandonam a Assembleia Nacional em sinal de protesto.
• surgem muitos grupos opositores de extrema-esquerda.
• cresce a contestação dos catolicos progressistas, com manifestações publicas de condenação da
guerra e reconhecimento do direito dos povos africanos á autodeterminação.
• as Forças Armadas, perante a iminência de uma derrota, dão sinais de inquietação. Um dos seus
mais prestigiados militares, o General Spínola, herói da Guerra da Guine, vice-CEMGFA, diz que
a única solução para a Guerra de Africa teria que ser política. Um golpe militar parecia inevitável.

Da revolução à estabilização da democracia


 O Movimento das Forças Armadas e a eclosão da Revolução
O problema da guerra colonial continuava por resolver. Perante a recusa de uma solução política pelo
Governo Marcelista, os militares entenderam que se tornava urgente pôr fim à ditadura e abrir o caminho
para a democratização do país.
A Revolução de 25 de Abril de 1974 partiu da iniciativa de um grupo de oficiais do exército português
• O Movimento dos Capitães (1973), liderado por Costa Gomes e Spínola, que tinha em vista o
derrube do regime ditatorial e a criação de condições favoráveis à resolução política da questão
colonial. Estes acontecimentos deram força àqueles que, dentro do Movimento (agora passava-
se a designar por MFA– Movimento das Forças Armadas), acreditavam na urgência de um golpe
militar que, restaurando as liberdades cívicas, permitisse a tão desejada solução para o problema
colonial. Depois de uma tentativa precipitada, em março, o MFA preparou minuciosamente a
operação militar que, na madrugada do dia 25 de Abril de 1974pôs fim ao Estado Novo.

Operação “Fim-Regime”
A operação militar teve início com a transmissão, pela rádio, das canções-senha, que permitia às unidades
militares saírem dos quartéis para cumprirem as missões que lhes estavam destinadas. A resistência
terminou cerca das 18h, quando Marcello Caetano se rendeu pacificamente ao general Spínola.
Entretanto, já o golpe militar era aclamado nas ruas pela população portuguesa, cansada da guerra e da
ditadura, transformando os acontecimentos de Lisboa numa explosão social por todo o país, uma
autêntica revolução nacional que, pelo seu carácter pacífico, ficou conhecido como a“Revolução dos
Cravos”. A PIDE foi a última a render-se na manhã seguinte.

 A caminho da democracia
O desmantelamento das estruturas do Estado Novo
O ato revolucionário permitiu que se desse início ao processo de desmantelamento do Estado Novo. No
próprio dia da revolução, Portugal viu-se sob a autoridade de uma Junta de Salvação Nacional , que tomou
de imediato medidas:
 O presidente da República e o presidente do Conselho foram destituídos, bem como todos os
governadores civis e outros quadros administrativos; A PIDE-DGS, a Legião Portuguesa e as
Organizações da Juventude foram extintas, bem como a Censura (Exame Prévio) e a Ação
Nacional Popular; Os presos políticos foram perdoados e libertados e as personalidades no exílio
puderam regressar a Portugal; Iniciou-se o processo da independência das colónias e organização
de eleições para formara assembleia constituinte que iria aprovar a nova constituição da
República. A Junta de Salvação Nacional nomeou para Presidente da República o António de
Spínola, que escolheu Adelino para chefiar o governo provisório.

Tensões políticas ideológicas na sociedade e no interior do movimento revolucionario


O período Spínola
Os tempos não foram fáceis para as novas instituições democráticas. Passados os primeiros momentos
de entusiasmo, seguiram-se dois anos politicamente muito conturbados, originando graves confrontações
sociais e políticas. Rapidamente começaram as reivindicações, as greves e as manifestações influenciadas
pelos partidos da esquerda. O governo provisório mostrou-se incapaz de governar o país e demitiu-se, o
que fez com que o poder político se dividisse em dois polos opostos.
• De um lado o grupo apoiante do general Spínola (procurava controlar o movimento popular que
podia originar outra ditadura, desta vez de extrema-esquerda)
• Do outro lado a comissão coordenadora do MFA e os seus apoiantes (defendia a orientação do
regime para um socialismo revolucionário. O desfecho destas tensões culminou com a demissão
do próprio general Spínola, após o falhanço da convocação de uma manifestação nacional em
seu apoio, e a nomeação de outro militar, o general Costa Gomes, como Presidente da República.

A radicalização do processo revolucionário


No período entre a demissão de Spínola (setembro 1974) e a aprovação da nova Constituição da República
(1976), Portugal viveu uma situação política revolucionária repleta de antagonismos sociais. Durante estes
dois anos, o poder esteve entregue ao MFA, a Vasco Gonçalves, que assumiu uma posição de extrema-
esquerda e uma forte ligação ao Partido Comunista. A data-chave é 11 de março de 1975:tentando
contrariar a orientação esquerdista da revolução, António de Spínola tentou um golpe militar(fracassado).
Em resposta, a MFA cria o Conselho da Revolução, ligado ao PCP, que passa a funcionar como órgão
executivo do MFA e tornou-se o verdadeiro centro do poder (concentra os poderes da Junta de Salvação
Nacional e do Conselho de Estado), e propõe-se orientar o Processo Revolucionário em Curso – PREC que
conduziria o País rumo ao socialismo.

As eleições de 1975 e a inversão do processo revolucionário


Das eleições de 1975, sai vitorioso o Partido Socialista, que passa a reclamar maior intervenção na
atividade governativa. Vivem-se os tempos do Verão Quente de 1975 , em que esteve iminente o
confronto entre os partidos conservadores e os partidos de esquerda.
É em pleno “Verão Quente” que um grupo de 9 oficiais do próprio Conselho da Revolução, encabeçados
pelo major Melo Antunes, crítica abertamente os sectores mais radicais do MFA: contestava o clima de
anarquia instalado, a desagregação económica e social e a decomposição das estruturas do Estado. Em
consequência, Vasco Gonçalves foi demitido. Era o fim da fase extremista do processo revolucionário. A
revolução regressava aos princípios democráticos e pluralistas de 25 de Abril, que serão confirmados com
a Constituição de 1976.

Política Económica antimonopolista e intervenção do Estado a nível económico-financeiro


Os tempos da PREC tinham em vista a conquista do poder e o reforço da transição ao socialismo. Assim,
nessa altura, tomaram-se um conjunto de medidas que assinalaram a viragem ideológica no sentido do
marxismo-leninismo:
o intervencionismo estatal (em todos os sectores da economia), as nacionalizações (o Estado apropriou-
se dos bancos, dos seguros, das empresas, etc., passando a ter mais controlo da economia), a reforma
agrária (procedeu-se à coletivização dos latifúndios do Sul e à expropriação e nacionalização pelo Estado
e a constituição de Unidades Coletivas de Produção (UCP). Graças ao partido comunista foi aprovada a
legislação para a reforma agrária com proteção dos trabalhadores e dos grupos económicos mais
desfavorecidos através das novas leis laborais, salário mínimo nacional, aumento de pensões e reformas.)

A opção constitucional de 1976


Depois de um ano de trabalho, a Assembleia Constituinte terminou a Constituição, aprovada em 25 de
Abril de 1976. A constituição consagrou um regime democrático e pluralista, garantindo as liberdades
individuais e a participação dos cidadãos na vida política através da votação em eleições para os diferentes
órgãos. Além disso, confirmou a transição para o socialismo como opção da sociedade portuguesa.
Mantém, igualmente, como órgão de soberania, o Conselho da Revolução considerado o garante do
processo revolucionário. Este órgão continuará a funcionar em estreita ligação com o presidente da
República, que o encabeça. A nova constituição entrou em vigor no dia 25 de Abril de1976, exatamente
dois anos após a “Revolta dos Cravos”. A Constituição de 1976 foi, sem dúvida, o documento fundador da
democracia portuguesa.

 O reconhecimento dos movimentos nacionalistas e o processo da descolonização


O processo descolonizador
A nível interno, a “independência pura e simples” das colónias colhia o apoio da maioria dos partidos que
se legalizaram depois do 25 de Abril e também nesse sentido se orientavam os apelos das manifestações
que enchiam as ruas do país. É nesta conjuntura que o Conselho de Estado reconhece às colónias o direito
à independência. Intensificam-se, então, as negociações com os movimentos aos quais Portugal
reconhece legitimidade para representarem o povo dos respetivos territórios. No entanto, Portugal
encontrava-se num a posição muito frágil, quer para impor condições quer para fazer respeitar os acordos.
Desta forma, não foi possível assegurar, como previsto, os interesses dos Portugueses residentes no
Ultramar. Fruto de uma descolonização tardia e apressada e vítimas dos interesses de potências
estrangeiras, os territórios africanos não tiveram um destino feliz.

A revisão constitucional de 1982 e o funcionamento das instituições democráticas


Logo apos a sua aprovação, em 1976, a Constituição tornou-se alvo da critica de grande parte do espetro
político, sendo-lhe apontado, alem do défice democratico, um excessivo comprometimento com o
socialismo.
Passados 4 anos, a Assembleia da República procedeu á primeira revisão constitucional. PS, PSD e CDS
chegaram a acordo sobre as alterações a introduzir no texto.
Mas, apesar de alguma suavização do texto constitucional, a Constituição, em relação á economia, não se
afastou muito da linha ideológica inicialmente consagrada. Os artigos que proibiam qualquer retrocesso
nas nacionalizações e na reforma agraria permaneceram imutáveis, tal como inalterados ficaram os
principios mais socializantes.
As principais alterações constitucionais verificaram-se ao nivel da organizações do poder político:
• O Conselho da Revolução foi extinto;
• As Forças Armadas, aceitando o primado do poder civil, subordinaram-se ao poder político que
passa a assentar somente na legalidade democratica;
• Limita-se o poder do Presidente da República e alarga-se o do Parlamento, estabelecendo-se um
maior equilíbrio entre os órgãos de soberania.
O regime viu assim reforçado o seu caracter democratico e liberal.

O significado internacional da revolução portuguesa


O derrube da mais velha ditadura da Europa foi acontecimento bem recebido pela comunidade
internacional, já que alem da vitoria da democracia arrastava consigo mais um projeto descolonizador.
O 25 de Abril representou o princípio do fim para muitos regimes autoritários.
Logo em 1974, cai o chamado "regime dos coronéis", na Grécia;
Em 1975, em Espanha vê restaurada a democracia. O fim do regime portugues teve grande influência na
evolução política espanhola. O regime franquista há muito que se vinha arrastando, dando ideia de que
não sobreviveria á morte do ditador. Prevendo isto, Franco designou, em 1969, o príncipe Juan Carlos seu
sucessor, abrindo caminho á restauração da monarquia. A 20 e novembro de 1975 Juan Carlos foi
proclamado rei de Espanha iniciando a democratização do pais. A radicalização da revolução portuguesa
foi o motivo de alarme que endureceu os últimos anos do franquismo.
A influencia da revolução portuguesa entendeu-se também á Africa Austral. Tal como a perpetuação do
colonialismo portuguesa constituíra um alento para o poder branco na região, também a vitoria dos
movimentos nacionalistas negros em Angola e Moçambique foi um importante incentivo para as minorias
negras que lutavam pela legitimidade democratica.
As transformações sociais e culturais do terceiro quartel do seculo XX
Artes, letras, ciências e técnica
 A importancia dos polos culturais
O fim da Segunda Guerra Mundial levou a uma mudança de consciência no homem ocidental depois de
assistir à crueldade da guerra. A liderança mundial da Europa começou a desbotar em 1914-1918, os
totalitarismos dos anos 20 e 30 e a Segunda Guerra Mundial destruíram-na quase completamente.
Os EUA assumiram o papel de condução do Ocidente num mundo bipolarizado. O protagonismo
cultural das grandes cidades europeias (Paris, Londres, Berlim, Milão, etc.) é substituído pela cidade de
Nova Iorque, doravante as grandes inovações provêm dessa cidade americana. Muitos artistas,
intelectuais e cientistas europeus procuraram refúgio nos EUA durante os anos 30;
A prosperidade económica dos EUA incentivou um generoso mecenato, surgem colecionadores, museus,
galerias, espaços culturais. Einstein, Brecht, André Breton, Chagal, Mondrian, Gropius, Salvador
Dalí, são algumas dos artistas e cientistas que se exilaram nos EUA. Conjuntamente com os artistas e
intelectuais americanos irão transformar Nova Iorque na grande dinamizadora da cultura e arte mundiais.

 A reflexão sobre a condição humana nas artes e nas letras


O expressionismo abstrato (1945-1960)
A pintura expressionista de tipo informalista surgiu nos EUA nos finais dos anos 40. Resulta da fusão
do Surrealismo com o Abstracionismo e é uma pintura que procura as emoções e estados de espírito,
angústias, raiva, etc.
Pollock, Forma Livre: Dentro do Expressionismo Abstrato distingue-se Jackson Pollock que criou a “action
painting” e desenvolveu o conceito surrealista de automatismo psíquico. É uma pintura gestualista.
Pollock, Convergência: O resultado final não é uma representação, mas o conjunto dos gestos que o
artista imprime na tela para exprimir as suas pulsões emotivas e que, pelo menos nas intenções, não são
ditados por uma ideia premeditada. Não geométrica e de carácter gestualista, trata-se geralmente
de telas de grandes dimensões que os pintores realizam no próprio chão do atelier.
A action paiting retoma o conceito central da teoria surrealista, ou seja, a definição de automatismos de
André Breton:
• utilizam as descobertas da psicanálise, o automatismo psíquico;
• estabelecem uma relação direta entre o inconsciente e o gesto criativo, sem qualquer controlo
ético ou estético;
A abstração geométrica: Nasceu nos EUA, nos anos 50, são influenciados por Josef Albers (1888-1976)
(professor da Bauhaus, naturalizado americano), pelo Neoplasticismo.
• a cor sobrepõe-se à forma;
• procuram realizar uma pintura estritamente pictórica;
• é a pintura despojada de todo o significado extra visual, a recusa de tudo o que não seja pictórico;
Numa sociedade caracterizada pelo consumo surge uma arte que é o reflexo das novas formas de
relacionamento social, onde determinados objetos, imagens ou pessoas se impõem como ícones;

 O progresso científico e a inovação tecnológica(x)

Os Media e hábitos socioculturais


 Os novos centros de produção cinematográfica(x)
 O impacto da televisão e da música no quotidiano(x)
 A hegemonia dos hábitos socioculturais norte-americanos(x)

Alterações na estrutura social e nos comportamentos


 A terciarização da sociedade(x)
 Os anos 60 e a gestação de uma nova mentalidade(x)
Alterações geostratégicas, tensões políticas e transformações socioculturais no
mundo atual
O fim do sistema internacional da Guerra Fria e a persistência da dicotomia Norte-Sul
O fim do mundo soviético
 A Era Gorbatchev
Uma nova política
No início dos anos 80, a União Soviética encontrava-se numa situação preocupante.
Foi na conjuntura de crise que surge Mikhail Gorbatchev, eleito secretário-geral do PCUS em 1985. Sem
querer por em causa a ideologia e o sistema político vigente, Gorbatchev entendeu, no entanto, ser
necessário iniciar:
• Um processo de reestruturação económica, perestroika (assiste-se a uma descentralização da
economia, através da adaptação da economia planificada a uma economia de mercado, onde
passa a ser reconhecida a livre iniciativa e a livre concorrência);
• Uma política de transparência, glasnot (foi reconhecida a liberdade de expressão, aboliu-se a
censura e acabou-se com as perseguições políticas, visando a participação mais activa dos
cidadãos na vida política) Para além da reconversão económica e a abertura democrática,
Gorbatchev também pretendia uma aproximação ao mundo ocidental, nomeadamente no
sentido do desarmamento, para se chegar a um clima internacional estável.

O colapso do bloco soviético


Entretanto, as reformas liberais empreendidas por Gorbatchev tiveram grande impacto nos países de
Leste europeu. No ano de 1989, uma vaga democratizadora varre o Leste, assistindo-se a uma subversão
completa do sistema comunista: Na Polónia, Checoslováquia, Bulgária, Roménia, etc, os partidos
comunistas perdem o seu lugar de “partido único” e realizam-se as primeiras eleições livres do pós-guerra.
Assim, a “cortina de ferro” que separava a Europa, começa a dissipar-se: as fronteiras como Ocidente são
abertas e, nesse mesmo ano, cai o Muro de Berlim, reunificando a Alemanha (antes dividida em duas pelo
muro). Ainda é anunciado, o fim do Pacto de Varsóvia e, pouco depois, a destituição do COMECON.
• A Checoslováquia divide-se em duas repúblicas– A República Checa e a Eslováquia.
• Origem de novos estados independentes, através da extinção da Jugoslávia, como a Eslovénia,
Bósnia-Herzegovina, Croácia

O fim da URSS
Nesta altura, a dinâmica política desencadeada pela perestroika tornara-se já incontrolável, conduzindo,
também, ao fim da própria URSS. Gorbatchev nunca pretendia o fim do comunismo ou do socialismo,
tenta parar o processo pela força, fazendo com que o apoio da população se concentre em Boris Ieltsin,
que é eleito presidente da República da Rússia, em junho de 91 (que toma a medida extrema de proibiras
atividades do partido comunista).
No Outono de ’91, a maioria das repúblicas da União declara a sua independência. Em 21 de Dezembro,
nasce oficialmente a CEI– Comunidade de Estados Independentes, à qual aderem 12 das 15 repúblicas
que integravam a União Soviética.
Estava consumado, assim, o fim do bloco soviético e da URSS.

 Os problemas da transição para a economia de mercado


A transição para a economia de mercado mostrou-se difícil e teve um impacto muito negativo na vidadas
populações.
• Perante o fim da economia planificada e dos subsídios estatais, muitas empresas faliram,
contribuindo para o desemprego;
• A continuada escassez dos bens de consumo, a par da liberalização dos preços, estimulou uma
inflação galopante (subida de preços), que não era acompanhada por uma subida de salários,
lançando a população na miséria.
Os países de Leste viveram também, de forma dolorosa, a transição para a economia de mercado.
Privados dos importantes subsídios que recebiam da União Soviética, sofreram uma brusca regressão
económica. De acordo com o Banco Mundial “a pobreza espalhou-se e cresceu a um ritmo mais acelerado
do que em qualquer lugar do mundo”. A percentagem de pobres elevou-se de 2 para 21% da população
total. O caos económico instalou-se e agravaram-se as desigualdades sociais.

Os polos de desenvolvimento económico


Profundamente desigualitário, o mundo atual concentra a sua força em 3 polos de intenso
desenvolvimento: os Estados Unidos, a União Europeia e a região da Ásia-Pacífico.
 A hegemonia dos EUA
A prosperidade economica
Com o colapso do bloco soviético, os EUA passaram a reunir todas as condições para se afirmarem como
a grande superpotência mundial. A hegemonia que os EUA detêm sobre o resto do mundo alicerça-se
numa incontestada capacidade militar, numa próspera situação económica e no dinamismo científico e
tecnológico que evidencia.
O poder americano afirmou-se apoiado pelo gigantismo económico e pelo investimento maciço no
complexo industrial militar. Os EUA têm sido considerados os "polícias do mundo", devido ao papel
preponderante e ativo que têm desempenhado, afirmando a sua supremacia militar.
A sua hegemonia assenta, igualmente, na prosperidade da sua economia. Os EUA afirmam-se como os
maiores exportadores, devido ao dinamismo das suas empresas de bancos, turismo, cinema, música.
O sector primário não foi, porém, abandonado. Em resultado da elevada produtividade, os EUA mantêm-
se como os maiores exportadores de produtos agrícolas.
A sua indústria também revela grande dinamismo, tendo como consequência a liderança dos EUA em
sectores de produção de automóveis, têxteis sintéticos, produtos farmacêuticos, etc.

Novos laços comerciais


Durante a presidência de Bill Clinton, tornou-se prioridade o desenvolvimento do sector comercial,
procurando-se estimular as relações económicas com a região do Sudoeste Asiático (criando a APEC -
Cooperação Económica Ásia-Pacífico), e estipulou a livre circulação de capitais e mercadorias entre os
EUA, Canadá e México (através da NAFTA–Acordo de Comércio Livre da América do Norte)Finalmente, a
hegemonia dos EUA resulta também da sua capacidade de inovar, reflexo do progresso científico-
tecnológico que evidencia.

O dinamismo cientifico-tecnológico
São os que mais investem na investigação científica, desenvolveram os tecnopolos (parques tecnológicos,
empresas ligadas à tecnologia). O sector terciário ocupa um enorme peso na economia americana (cerca
de 75 %).

A hegemonia político-militar
No início dos anos 90, o fim da guerra-fria trouxe ao mundo a esperança de uma época nova. Dessa
esperança se fez eco o presidente dos EUA, George Bush (pai), ao defender a criação de uma “nova ordem
mundial”.
É invocando esta ordem nova, que se pretende criar, que as Nações Unidas aprovam uma operação militar
multinacional com o fim de repor a soberania do Kuwait, invadido, pelo vizinho Iraque. A libertação do
Kuwait (conhecida como guerra do Golfo) iniciou-se em janeiro de 1991 e exibiu, perante o mundo a
superioridade militar dos Estados Unidos. Este primeiro conflito pós guerra-fria inaugurou oficialmente a
época da hegemonia mundial americana.
O poderio americano afirmou-se inequivocamente, apoiado pelo gigantismo económico e pelo
investimento maciço no complexo industrial militar. É a única superpotência da última década, em virtude
do papel preponderante e ativo que tem desempenhado na geopolítica do globo.
Assim, os EUA multiplicaram a imposição de sanções económicas, reforçaram o papel da NATO e
assumiram um papel militar ativo que serviu de suporte à polémica invasão do Iraque, que, em 2003,
derrubou o regime de Sadam Hussein.

 A União Europeia
Desde a sua criação, em 1957, que a União Europeia (naquela altura, CEE) tem vindo a consolidar-se quer
pela integração de novos estados-membros, quer pelo aprofundamento do seu projeto económico e
político. Assim, integraram-na:
− Nos anos 70– Inglaterra, Irlanda e Dinamarca (1973)–Europa dos 9;
− Nos anos 80–Grécia (1981), Portugal e Espanha (1986)–Europa dos 12;
− Nos anos 90– Áustria, Suécia, Finlândia (1995)–Europa dos 15.

Recentemente entraram os Países Bálticos: Chipre, República Checa, Eslovénia, Eslováquia, Hungria,
Polónia, Letónia, Lituânia, Malta (Europa dos 25).

A consolidação da Comunidade: o Ato Único á moeda única


O principal objetivo da CEE era a união aduaneira, concretizada em ’68. No início dos anos 80 vigorava a
Europa dos 9, porém, o projeto europeu encontrava-se estagnado.
Decidido a relançar o projeto europeu, Jacques Delors, concentrou-se na renovação da CEE:
• Em '86 foi assinado o Ato Único Europeu, que previa o estabelecimento de um mercado único,
onde, para além de mercadorias, circulassem livremente pessoas, capitais e serviços.
• Em '92 celebrou-se o Tratado da União Europeia (Tratado de Maastricht) que estabelece uma
União europeia (UE), fundada em três pilares: o comunitário, de cariz económico
e, de longe, o mais desenvolvido; o da política externa e da segurança comum (PESC),
e o da cooperação nos domínios da justiça e dos assuntos internos. Foi instituída a cidadania
europeia e definiu-se o objetivo da adoção da moeda única. A 1 de janeiro de 1999, onze países
inauguram oficialmente o euro, que completou a integração das economias europeias. O euro
entra em vigor em 2002.

O alargamento geográfico
Em 1981, a Grécia torna-se membro efetivo da comunidade; a adesão dos dois países ibéricos formaliza-
se em 1985, com efeitos a partir do ano seguinte. A entrada destes três novos membros colocou à CEE o
seu primeiro grande desafio, já que se trava de um grupo de países bastante atrasados relativamente aos
restantes membros. Em 1992, o Conselho Europeu de Lisboa recebeu, com agrado, as candidaturas da
Áustria, Finlândia, Suécia e Noruega, países cuja solidez económica contribuiria para o reforço da
comunidade. A Europa passa a funcionar a 15. Entretanto, os desejos de adesão dos países de Leste eram
olhados com apreensão, limitando-se a comunidade, no início, a implementar planos de ajuda às
economias em transição.
Em 1 de Maio de 2004, a Europa enfrentou o desafio imenso, impensável, de unir o Leste e o Oeste, o
Norte e o Sul. Em 2007 entram a Roménia e Bulgária.

As dificuldades de construção de uma Europa política


Têm sido muitos os obstáculos à criação de uma Europa política: os países que não se identificam na
totalidade com o projeto europeu, ou os que resistem às medidas que implicam a perda da soberania
nacional, a integração de mais países (conjugar interesses de países diferentes), que não tem favorecido
o caminho de uma Europa mais unida, a incapacidade da EU de resolver questões como o desemprego,
etc.

 O Espaço económico da Ásia-Pacífico


O milagre japonês dos anos 50 e 60 deu início a um processo de desenvolvimento económico que iria,
nas décadas seguintes, contagiar outros países asiáticos.
Os quatro dragões: Hong Kong, Singapura, Coreia do Sul, Taiwan
Com efeito, o sucesso do Japão serviu de incentivo e de modelo ao desenvolvimento dos “quatro
dragões”: Hong Kong; Singapura; Coreia do Sul; Taiwan.
Os quatro dragões compensaram a escassez de recursos naturais com o esforço de uma mão-de-obra
barata e abundante, com o apoio do Estado (que investiu altamente no ensino, tendo em vista a
qualificação profissional da população, apostou em políticas protecionistas com vista a atrair os capitais
estrangeiros e na exportação de bens de consumo). Em resultado, estes países conseguiram produzir, a
preços imbatíveis, produtos de consumo corrente que invadiram os mercados ocidentais, promovendo
sectores como o da indústria automóvel, construção naval, etc.

Da concorrência á cooperação
Quando a crise afetou a economia mundial na década de 70, o Japão e os “quatro dragões” iniciaram um
processo de cooperação económica com os membros da ASEAN (Associação das Nações do Sudoeste
Asiático), que agrupava a Tailândia, Indonésia, Filipinas e Malásia. O desenvolvimento destes países
resultou das necessidades de matérias-primas, recursos energéticos e bens alimentares, de que eram
importantes produtores, por parte do Japão e dos “quatro dragões” que, em troca, exportavam bens
manufaturados e tecnologia. Este intercâmbio deu origem a uma nova etapa de crescimento, mais
integrado, do polo económico da Ásia Pacífico.
O crescimento teve, no entanto, custos ecológicos e sociais muito altos: a Ásia tornou-se a região mais
poluída do Mundo e a sua mão-de-obra permaneceu, maioritariamente, pobre e explorada.

A questão de Timor
Timor foi dos poucos casos na Ásia onde se instaurou uma democracia através de um processo de
autodeterminação.
Em 1974, a “Revolução dos Cravos” agitou também Timor Leste, que se preparou para encarar o futuro
sem Portugal. Na ilha, onde não tinham ainda surgido movimentos de libertação, nasceram três partidos
políticos: A UDT (União Democrática Timorense), que defendia a união com Portugal num quadro
de autonomia; A APODETI (Associação Popular Democrática Timorense), favorável à integração do
território da Indonésia; E a FRETILIN (Frente Revolucionária de Timor Leste Independente), comum
programa independentista, ligado aos ideais de esquerda). Esta última, em 1975, declara,
unilateralmente, a independência do território, mas em novembro, o governo indonésio ordena a sua
invasão por tropas suas.
Timor resiste, e a sua resistência continuou ativa nos anos 80, encabeçada por Xanana Gusmão (líder da
FRETLIN). Em 1991, a consciência da comunidade internacional foi despertada, através do visionamento
de imagens de um massacre a civis timorenses. No fim da década, a Indonésia aceita finalmente que o
povo timorense decida o seu destino através de um referendo, que fica marcado para agosto de 1999. O
referendo, supervisionado por uma missão das Nações Unidas, a UNAMET, deu uma inequívoca vitória à
independência, mas desencadeou uma escalada de terror por parte das milícias pró-indonésias. Uma
onda de indignação e de solidariedade percorreu então o Mundo e conduziu ao envio de uma força de
paz multinacional, patrocinada pelas Nações Unidas. A 20 de Maio de 2002 nasce oficialmente a
República Democrática de Timor Leste.

 Modernização e abertura da China à economia de mercado


O arranque da China para o processo de modernização e abertura à economia de mercado teve início
nos fins da década de 70, altura em que Deng assumiu o poder.
A “era Deng”
O Líder chinês iniciou um processo de grandes reformas económicas, lançando as bases do
desenvolvimento agrícola, industrial e técnico da China. Seguindo uma política pragmática, Deng dividiu
a China em 2 áreas geográficas distintas: O interior, essencialmente rural, permanecia resguardado da
influência externa; e o litoral abrir-se-ia ao capital estrangeiro, integrando-se plenamente no mercado
internacional.
• O sistema agrário foi reestruturado. Entre 1979 e 1983 as terras foram descoletivizadas e
entregues aos camponeses, estes que podiam, então, comercializar os seus produtos num
comércio livre. Assim, a produção agrícola chinesa cresceu 50% em apenas 5 anos. O sector
industrial foi altamente modificado em favor da exportação. Em 1980, as cidades de Shenzhen,
Zuhai, Shantou e Xiamen, passaram a ser“Zona Económicas Especiais”, eram favoráveis ao
negócio pois o investimento estatal estava aí concentrado.

A integração de Hong Kong e Macau


A morte de Mao e os falhanços do Maoísmo obrigaram a uma reflexão sobre a via política a seguir pelos
dirigentes chineses nos anos 70 do século XX.
Deng Xiao Ping procedeu a partir dos anos setenta à modernização da China após a morte do líder
carismático chinês com um sistema económico a que se designa socialismo de mercado. Anteriormente
grande crítico do radicalismo revolucionário de Mao, lançou medidas de renovação determinantes para
os anos que se seguiram:
• abertura cultural admitindo críticas aos excessos do maoismo.
• desenvolveu os sectores da agricultura, indústria, comércio ciência e indústrias militares.
• desenvolveu uma diplomacia orientada para a abertura ao capitalismo ocidental para
modernizar o tecido económico chinês.
• reestruturação do sector agrário chinês com a descoletivização de terras e o seu arrendamento
a longo prazo a camponeses autorizados a comercializar os excedentes.
• criadas várias Zonas Económicas Especiais, Zuhai, Xiamen, Shenzen e Shantou, Hainan na costa
sudeste da China próximas de polos económicos importantes como portas abertas ao
investimento e à tecnologia ocidental. Estas zonas beneficiavam de regimes fiscais muito
favoráveis e incentivos diversos à fixação de empresas de turismo, construção, têxteis e energia.
• aproximação às economias japonesa e americana desde 1978.
• aderiu ao FMI, Banco Mundial e aos acordos do GATT em 1986.
• integração de Hong Kong (1997) e de Macau (1999) na tutela chinesa num processo gradual e
pacífico que contemplou períodos de transição e regimes especiais de circulação monetária e de
administração.

Dificuldades:
• baixo custo de mão de obra provoca grandes desigualdades e dificulta a formação de um
mercado interno.
• grandes desigualdades entre o interior rural e o litoral desenvolvido
• incentivos à indústria de bens de consumo corrente.
• abertura ao comércio externo e abandono das políticas de autarcia.
• abertura política e cultural tem sido muito lenta e frequentemente desrespeitadora dos direitos
humanos causando querelas diplomáticas frequentes.

Permanência de focos de tensão em regiões periféricas


 A africa subsariana
A degradação das condições de existência
A África tem sido atormentada pela fome, epidemias , ódios étnicos e ditaduras ferozes.
Rica em minerais, ouro, diamantes e petróleo, a África subsariana em , no entanto, um PIB global pouco
superior ao da Bélgica. Desde sempre muito débeis, as condições dos Africanos degradaram-se por um
conjunto de fatores:
• Crescimento acelerado da população, que abafa as pequenas melhorias na escolaridade e nos
cuidados de saúde, por exemplo, aumentando a dependência do estrangeiro em alimentos e
bens manufaturados;
• Deterioração do valor dos produtos africanos: o progressivo abaixamento dos preços das
matérias-primas reduziu a entrada de divisas e aumentou a disparidade entre as importações e
exportações;
• Enormes dívidas externas dos Estados africanos: a obtenção de empréstimos junto das potências
ocidentais e dos seus organismos (FMI, Banco Mundial) originou um círculo vicioso de juros e
novos empréstimos;
• Dificuldade em canalizar investimentos externos e a diminuição das ajudas internacionais: com
o fim da Guerra Fria as nações desenvolvidas perderam o interesse em aliciar os países africanos,
os programas de ajuda diminuíram, em parte sob o pretexto de que os fundos eram desviados
para a compra de armas e para as contas particulares dos governantes corruptos.
O atraso tecnológico, a desertificação de vastas zonas agrícolas e, sobretudo, a guerra são responsáveis
pela subnutrição crónica dos Africanos.
A peste chegou sob a forma de sida, que juntam ente com a tubérculos e outras doenças têm devastado
o continente.
Tal como no passado, a doença e a pobreza reforçam-se mutuam ente a miséria estimula a propagação
da epidemia, que por sua vez está a gerar uma crise de subdesenvolvimento.
À fome e a “peste” junta-se a guerra, sendo que nos anos 90 os conflitos proliferam.

A instabilidade política: etnias e Estados


Quando, no fim do século XX, os Europeus partilharam a África entre s i, fizeram-nos em qualquer respeito
pelos povos africanos e pela sua cultura.
Por esta razão, o sentimento nacional não teve, em muitos casos, outras raízes que não fosse à luta contra
o domínio estrangeiro. Era uma base muito frágil, que conduziu, desde logo, a tentativas de secessão e
a terríveis guerras civis, estimuladas, muitas vezes, pela ambição de líderes sanguinários e corruptos.
Desde a independência que a maioria dos regimes africanos prima pela prepotência, corrupção e
constantes golpes de força, que quase substituem um a ditadura por outra.
O fim da Guerra Fria trouxe ao subcontinente alguma esperança de democratização, já que os Soviéticos
e Americanos deixaram de apoiar regimes totalitários.
No entanto, esta abertura não correspondeu às expectativas. Em muitas regiões, as grandes dificuldades
económicas, as rivalidades étnicas e religiosas, bem como a ânsia de perpetuação no poder, fizeram
aumentar a instabilidade, que em alguns casos, conduziram ao caos político-militar.
A persistência de uma sociedade em que os laços tribais se mantêm vivos e fortes tem facilitado as
explosões de violência, os massacres e os conflitos armado, que atormentam os Africanos. Embora o
tribalismo concorra para estas explosões de ódio, poucos são os casos em que não envolvem ambições
políticas ou interesses económicos .
Os imensos conflitos contribuíram para agravar a miséria das populações: os surtos de fome aumentaram
e as deslocações em massa deram origem a extensos campos de refugiados, onde impera a doença e o
desamparo.
Novas perspetivas
Na última decada a imagem da Africa alterou-se significativamente:
• As riquezas do subsolo têm alimentado um crescimento económico continuo;
• Os investidores estrangeiros mostram-se cada vez mais interessados em colocar em africa os
seus capitais;
• Os africanos fizeram nascer as suas primeiras grandes empresas de sucesso;
• O peso da classe media tem vindo a reforçar-se;
• A tecnologia difunde-se pelo continente.

 A América Latina
Descolagem contida e endividamento externo
O século vinte e o atual assistiram a uma sucessão infindável de problemas políticos e de crises
conjunturais na América Central e do Sul. Tais crises têm sido marcadas por aspetos socioeconómicos
quase sempre invariáveis:
• sucessão frequente de ditaduras militares em alguns dos maiores países da América Latina.
• repressão policial feroz.
• elevado endividamento externo.
• grande dependência dos capitais e mercados externos.

Ditaduras e movimentos de guerrilha. O advento das democracias


Outros graves problemas marcaram o passado recente entre 1960 e 1980:
• revolução cubana provocou receios de propagação de comunismo.
• regimes militares fascistas pró-americanos alternando com governos de esquerda provocaram
grande instabilidade e frequentes golpes militares e crises políticas.
• surgimento de guerrilhas armadas antigovernamentais facilitaram a divulgação de um modelo
de resistência marxista e a implantação de uma opinião pública antiamericana e pró-marxista.
• abrandamento do cariz anticomunista de Jimmy Carter permitiu uma progressiva mas lenta
normalização.
A partir dos anos oitenta, o abrandamento da política de intervenção ativa americana na América Latina
provocou algumas mudanças com reflexos favoráveis na situação política e económica de grande parte
desses países:
• políticas protecionistas de substituição das importações aceleraram o desenvolvimento
tecnológico e económico das sociedades sul-americanas.
• défices elevados, desvalorizações monetárias, inflações, subida de juros provocaram graves
crises financeiras e bancarrotas.
• políticas neoliberais de abertura ao comércio, aplicadas nas economias mais poderosas da
América do Sul levaram a uma inversão do rumo das economias com aumento e diversificação
das exportações, captação de investimentos estrangeiros com bons resultados em países como
o Brasil, Argentina, Chile, México e Venezuela.
• OEA apoiou a partir de 2001 a democratização dos países da América Latina na Carta
Democrática Antiamericana.

 O Medio Oriente e os Balcãs


Nacionalismos e confrontos político-religiosos no Medio Oriente
O fundamentalismo islâmico surgiu em 1979 no Irão após a revolução islâmica que depôs o chá da Pérsia
implantando um governo teocrático dominado pelos ayatollahs.
É marcado pelo ideal de Jihad e impõem uma configuração política religiosa baseada no Corão.
Rejeitando os princípios laicos das sociedades ocidentais, os países fundamentalistas acentuam os
caracteres corânicos na sociedade civil.
Os princípios islâmicos são antiocidentais e geralmente aceites pelos países e povos com uma posição
mais marcada pelo anti sionismo.

A questão israelo-palestiniana
A questão palestiniana embora com antecedentes tornou-se mais ativa após a independência do estado
de Israel que na opinião dos árabes da Palestina não teve em conta os interesses dos povos árabes.
Em 1967, Israel ocupou os territórios árabes através de uma guerra agressiva que durou apenas 6 dias,
com o apoio dos E.U.A. e de países ocidentais. A guerra motivou longas querelas políticas e o
fortalecimento da oposição e da resistência antissionista levando os árabes a reforçar o papel da Al-Fatah
como movimento de oposição armada ao estado judaico.
Várias guerras israelo-palestinianas levaram a crises económicas de graves repercussões em todo o
mundo nos anos setenta e oitenta o que tornou indispensável a negociação de acordos que permitissem
ultrapassar os diferendos entre Israel e o povo palestiniano
Nos finais dos anos oitenta a 1ª Intifada levou a acordos urgentes que evitassem mais violência contra os
palestinianos e permitiram a criação do embrião de estado palestiniano na zona de Gaza e na margem
ocidental do rio Jordão, acordos de Oslo de 1993 e 1995.
A Autoridade Palestiniana passou desde então a controlar os territórios habitados maioritariamente por
árabes embora com alguma intervenção dos judeus e alguns períodos de violência.
Em 2000 a 2ª Intifada levou Ariel Sharon a construir um muro de separação entre Israel e os territórios
palestinianos a fim de evitar os ataques de bombistas suicidas.
A partir de 2005 o movimento palestiniano tem sofrido cisões após a morte de Arafat crescendo a
desunião entre partidários do Hamas - fundamentalista islâmico e a Fatah.

Medio Oriente- uma região cada vez mais instável(x)

Nacionalismos e confrontos político religiosos nos Balcãs


1919-criação do estado da Jugoslávia como monarquia. Pedro I da Sérvia sobe ao trono.
1941-Jugoslávia foi ocupada pelos alemães. Guerrilha liderada pelos partisans e por Joseph Tito conseguiu
vencer os alemães e evitar a intervenção da URSS no território.
1946-Tito tornou-se presidente da Jugoslávia.
Anos 50-Jugoslávia não faz parte do Pacto de Varsóvia nem do Comecon. Socialismo não alinhado.
1961-Conferência de Belgrado, Tito apadrinha movimento dos não alinhados.
1980-Tito morre surgindo dificuldades e desentendimentos entre croatas católicos, sérvios ortodoxos, e
bósnios muçulmanos. Diferenças religiosas e culturais entre as seis repúblicas (Croácia, Sérvia, Bósnia,
Montenegro, Eslovénia e Macedónia).
1990-eleições na Sérvia deram vitória aos comunistas de Milosevic com a oposição da Croácia, Eslovénia
e Bósnia.
1991-Em consequência Eslovénia e Croácia declararam independência. A independência da Eslovénia foi
tolerada pela Sérvia mas esta república pretende criar uma Grande Sérvia agrupando Sérvios da Croácia
e Bósnia e não aceita secessão destas repúblicas
1992-Inicio da guerra da Sérvia contra Bósnios e Croatas. ONU intervém mas dá-se uma escalada de
violência com bombardeamentos de civis, assassínios em massa, migração de populações, campos de
extermínio, limpezas étnicas.
1995-NATO intervém militarmente com o apoio dos EUA impondo o fim das hostilidades. Acordos de
Dayton dividiram a Bósnia em comunidades sérvia e croato-muçulmana.
Em 1999 novo conflito no Kosovo e retirada pela Sérvia depois de intervenção armada da NATO. Milosevic
foi capturado e julgado pelo Tribunal Penal Internacional das Nações Unidas mas suicidou-se na prisão.

A viragem para uma outra era


Mutações sociopolíticas e novo modelo económico
 O debate do Estado-Nação
O Estado Novo surge como um dos principais legados do liberalismo no secXIX. No secXX, os
Estados-Nação registam uma expansão planetária, tornando-se o elemento estruturador da ordem
política internacional. Reconhecem, todavia, os especialistas, que a fórmula do
Estado-Nação é o modelo de organização política mais coerente do ponto de vista jurídico e mais justo.
Hoje revela-se ineficaz, face aos desafios que a nova ordem internacional provoca.
Um conjunto de fatores determina a crise do Estado-Nação:
• São forças desintegradas a nivel local e regional;
• Imensos conflitos étnicos;
• Nacionalismos separatistas basco e catalão;
• Crescente valorização das diferenças e especificidades de grupos e indivíduos;
• Os processos de integração economica e política afetam a confiança dos cidadãos nas
capacidades do Estado-Nação para assumir as suas responsabilidades;
• Os mecanismos de funcionamento da economia globalizada criaram fluxos financeiros que
escaparam ao controlo e á fiscalidade do Estado-Nação;
• Questões transnacionais, como a emergência do terrorismo e da criminalidade internacional.
Mais do que nunca, mostram-se necessários os esforços concentrados nas autoridades transnacionais
para responder aos complexos desafios do novo mundo que nos rodeis.

 A explosão das realidades étnicas


As identidades agitam-se no mundo com a intensidade acrescida desde as últimas decadas do secXX.
Quase sempre, as tensões étnicas e separatistas são espoletadas pela pobreza e pela marginalidade em
que vivem os seus protagonistas, contribuindo para múltiplos conflitos que, desde os anos 80, têm
ensanguentado a Africa, os Balcãs e o Medio Oriente, o Cáucaso, a Asia Central e Oriental
Ao contrário dos conflitos enterectáticos do periodo da Guerra-Fria, as novas guerras são
maioritariamente intra estáticas:
• Na região do Cáucaso, as tensões étnicas mostram-se particularmente violentas em territórios
da ex-União Soviética
• No Afeganistão as últimas decadas têm assistido a um crescendo de violência e desentendimento
• No Indostão, a India vê-se a braços com a etnia sikh, que professa um sincretismo hindu e
muçulmano e que disputa com a maioria hindu;
• No Sri Lanka, a etnia tâmil, de religião hindu, enfrenta os budistas cingaleses;
• No Sudeste Asiático, só em 2002, Timor-Leste conseguiu libertar-se da Indonésia, depois de
massacres cruéis da sua população
Na verdade, o genocídio tem sido a mais terrível dos conflitos étnicos. Multidões de refugiados cruzam
fronteiras, chamando o direito á vida que as vicissitudes da História e os erros dos homens lhes parecem
negar. Os Estados mostram-se impotentes para controlar as redes mafiosas e terroristas que se
refugiam nos seus territórios e atuam impunemente.

 As questões transnacionais: migrações, segurança, ambiente


Migrações
As motivações económico-demográficas são as mais determinantes. A fuga á pobreza, á miséria ou a
simples busca de emprego são tanto mais relevantes quanto os paises de partida se confrontam com um
quadro so superpovoamento ou de escassez de recursos. Causas
Também não se podem esquecer as motivações políticas ligadas aos múltiplos conflitos das últimas
decadas, e onde encontramos fatores coo tensões étnicas, transições para a economia de mercado,
guerras civis, etc.
Sul: Local de onde partem os mais intensos fluxos migratórios e onde se encontram as populações mais
carenciadas do globo.
Norte: Onde se encontram os paises com maior número de imigrantes: EUA e Europa Ocidental. Fluxos
Assinalam-se também importantes mudanças na composição dos contingentes emigratórios, havendo
cada vez mais lugar para mulheres e pessoal qualificado.
• De ordem demográfica/economica: quando os paises de acolhimento já se deparam com
excesso de população face aos recursos economicos disponíveis;
• De ordem étnica: quando as populações nativas receiam que as populações imigrantes cresçam
a ponto de se tornarem minorias étnicas suscetíveis de pôr em causa a coesão nacional; Efeitos dos
• De ordem sanitária: quando as populações nativas receiam as populações imigrantes em razão fluxos
de estas serem portadoras de doenças pouco conhecidas;
• De ordem racial: quando as populações se sentem ameaçadas com a possibilidade de alteração
da pureza da raça pela entrada de novas gentes;
• De ordem xenófobo: quando as populações nativas passam a encarar os imigrantes como
concorrentes na procura de emprego e na fruição dos benefícios sociais.
Segurança
Terminada a Guerra Fria, o mundo passa a confrontar-se com outras ameaças. De todas, a mais
importante é o terrorismo. Embora não seja um novo fenómeno, a partir do último quartel do secXX
assistiu-se a uma verdadeira escalada terrorista. Tal facto ficou a dever-se ao ressurgimento
do fundamentalismo religioso, ao reavivar dos nacionalismos e ao despertar dos separatismos.
Cada vez mais globalizado, o terrorismo constitui um sério desafio para os Estados que de repente se
veem confrontados com uma ameaça sem pátria e sem exército convencional.
Ignorando fronteiras, o terrorismo tornou-se uma ameaça planetária:
• A Europa confronta-se com o terrorismo basco (Espanha), irlandês (IRA) e tchetcheno (Rússia);
A América do Norte foi alvo do ataque terrorista ais violento de sempre (11 de setembro;
• Na Ásia, o terrorismo é presença na Indonésia, Filipinas, Paquistão, India, Sri Lanka, Afeganistão,
Síria, Israel, Turquia e Iraque;
• Na África, o Egito é alvo frequente de ataques fundamentalistas.
As redes/células terroristas são difíceis de combater já que se auxiliam mutuamente, trocando
informações, técnicas, pessoal, dinheiro e armas.
Associado ao terrorismo, as facilidades de comunicação contribuem para que o mundo se confronte com
outras ameaças como é o caso da proliferação de armas. Outro problema é o mercado negro de
armamento, controlado por redes mafiosas, que abastece os grupos terroristas e anda associado ao
trafico de droga, orgãos e seres humanos e a redes de prostituição.

 A afirmação do neoliberalismo e globalização da economia


Os mecanismos da globalização
A política neoliberal refletiu a tendência economica da epoca. Com efeito, no anos 80, a globalização
economica apresentava-se já como fenómeno incontornável. A conceção, produção e comercialização de
bens e serviços, bem como a injeção de capitais, ultrapassava as fronteiras nacionais organizando-se agora
á escala planetária. Com a economia cada vez mais dependente de fatores externos o isolamento
de cada Estado parecia cada vez mais inútil.
A liberalização das trocas
Os Estados recuam nas medidas protecionistas e enveredam pelo livre-câmbio. Desde finais dos anos 80
que o comercio internacional acusa um crescimento excecional, mercê de progressos técnicos nos
transportes e da criação de mercados comuns.
Em 1995, a Organização Mundial do Comercio entre em vigor. Tendo em vista a liberalização das trocas,
incentiva a redução dos direitos alfandegários e propõe-se arbitrar os diferendos comerciais entre os
Estados-membros.
Deparamo-nos, consequentemente, na aurora do secXXI, com um fluxo comercial prodigioso, num mundo
que quase parece um mercado único.
O movimento de capitais
A circulação de capitais ocorre nos dias de hoje á escala internacional. As bolsas de valores foram as
grandes beneficiarias do aligeiramento da regulação que pesava sobre essa circulação, facilitando os
grandes investimentos.
Um novo conceito de empresa
Possuindo uma tendência para a internacionalização, as grandes empresas sofrem mudanças estruturais
e adotam estratégias planetárias. Desde os anos 90, aumenta o número de empresas em que a conceção
do produto, as respetivas fases de fabrico e o setor de comercialização se encontram dispersos á escala
mundial.
Eis-nos perante as fimas da era da globalização, as chamadas multinacionais ou transnacionais. É essa
logica de rendibilidade das condições locais que conduz, em momentos de crie ou de diminuição de lucros,
as multinacionais a abandonarem certos paises. Encerram aí as suas fábricas e /ou estabelecimentos
comerciais, para os reabrirem noutro locais. A este fenómeno chama-se deslocalização, sendo-lhe
atribuída a principal razão do desemprego cronico que grassa no Mundo.

A critica á globalização
O crescimento económico proporcionado pelo neoliberalismo e pela globalização podem ser apontadas
críticas e dirigidos louvores.
Os defensores argumentam que a globalização:
• permitiu resolver a gravíssima crise inflacionista dos anos 70;
• possibilitou a uma enorme franja da população mundial, condenada á pobreza, obter emprego
e aceder a uma profusão de bens e serviços antes inacessíveis.
Os críticos condenam:
• o fosso crescente entre paises ricos e paises pobres, frisando que mesmo nas sociedades
desenvolvidas acentuam-se as desigualdades, a pobreza e a exclusão;
• criticam a ineficácia do combate ao desemprego;
• chamam a atenção para o facto de a globalização ser somente uma sobreposição dos interesses
dos capitalistas aos interesses das populações;
• apontam ainda o facto de a globalização ter trazidos a desregulação das economias nacionais, e
de a uniformização não ter em conta as especificidades regionais, contribuindo para a crise do
Estado-Nação.

 Rarefação da classe operária; declínio do sindicalismo e da militância política(x)

Dimensões da ciência e da cultura no contexto da globalização

 Primado da ciência e da inovação tecnológica(x)


 Declínio das vanguardas e pós-modernismo(x)
 Dinamismos socioculturais(x)

Portugal no novo quadro internacional


A integração europeia e as suas implicações
 A evolução economica
O impacto imediato da integração
A integração na CEE seguiu-se a um periodo difícil da nossa história. Pouco mais de dez anos passados
sobre a Revolução de Abril, permaneciam latentes alguns focos de crispação, motivados sobretudo pelas
dificuldades económicas: altas taxas de juro; inflação; desemprego; rede de comunicações ineficiente.
A adesão á CEE proporcionou vantagens imediatas. Ao pais começa a fluir um grande fluxo de capitais- os
fundos comunitários ou estruturais- no âmbito de varios programas de apoio económico-financeiro:
FEDER (mais tarde Fundo de Coesão), FSE e FEOGA- ajudas destinadas a aproximas o pais dos níveis de
desenvolvimento dos outros países-membros.
O impacto dos fundos comunitários, associado á melhoria da conjuntura internacional (baixa do preço
das matérias-primas; descida das taxas de juro, com incentivo ao investimento; desvalorização do dólar,
com alívio da divida comercial), foi imediato. Alguns indicadores de prosperidade o
comprovam: aumento do numero de pequenas e medias empresas; crescimento do PIB; modernização
da estrutura economica com crescimento do setor terciário; realização de um vasto programa de obras
publicas; redução do défice da balança de transações; descida da taxa desemprego; subida do nivel de
remunerações; melhoria das prestações sociais; aumento do consumo privado; aumento do investimento
estrangeiro; baixa da inflação; aumento de exportações; diminuição da vida externa.
O desafio dos anos 90
Depois de um ligeiro abrandamento entre 1993 e 1995, Portugal retomou o crescimento económico e a
modernização.
De tal forma que, em 2000, o quadro económico apresentava-se irreconhecível:
• Não obstante os apoios comunitários, a agricultura não aguentou a concorrência estrangeira,
entrando num declínio acentuado;
• O setor terciário adquire maior relevância, com a proliferação de grandes superfícies comerciais,
a expansão das telecomunicações e do audiovisual;
• Ao nivel das exportações, o têxteis, o calçado, a madeira e a cortiça são ultrapassados pelas
máquinas e material de transporte;
• Aposta-se na modernização das infraestruturas: telecomunicações, redes de gás e eletricidade.
É lançado um programa de modernização rodoviária e de renovação da rede ferroviária;
• O Estado privatiza muitas empresas, arrecadando avultadas receitas;
• A integração na UEM e o cumprimento dos critérios de convergência deu ao país a possibilidade
de, em 1999, integrar o grupo do aderentes á moeda única, situação que trouxe estabilidade
cambial e redução das taxas de juro;
• Viveu-se um boom na concessão de crédito, mais virado para os setores da habitação e serviços
que para o setor industrial;
• A indústria continuou a ser o elo mais fraco da economia nacional. Embora beneficiando de
algum investimento externo (ex.: AutoEuropa), a dependência de fatores externos, as
dificuldades de concorrer em mercados cada vez mais competitivos e a reduzida aposta na
investigação não permitiram á indústria portuguesa afirmar-se como uma indústria competitiva.
Na decada de 90, a vida do portugueses mudou. A imagem tradicional de um povo poupado oi substituída
pela de um outro avido de consumo. Grandes centros comerciais, novas alternativas de emprego,
desafogo financeiro, tudo contribuiu para o aumento do poder de compra dos portugueses em grande
parte suportado numa desenfreada concessão de crédito.
As dificuldades do 3º milénio
Embora a moeda única seja um êxito, o pais enfrente múltiplas dificuldades, já que se viu integrado num
mercado altamente competitivo:
• Em 1º, os choques petrolíferos que vêm ocorrendo regularmente;
• Depois, os efeitos dos crashs bolsistas e da recessões económicas cíclicas, e que é exemplo a
atual, iniciada em 2008. A situação de dependência da nossa economica acentua sempre os
efeitos negativos das conjunturas de crise;
• O aumento dramático do desemprego, na sequência da deslocalização de empresas e
encerramento das que não resistem crise;
• Por fim, a entrada para a EU em 2004, de 10 novos membros, com assinalável potencial
competitivo;
A agravar a situação, a liberdade de atuação do governo portugues e matéria orçamental cada vez mais
condicionada pela opções políticas da EU. Entretanto, cresce o endividamento/incumprimento as
famílias, agudizam-se os problemas sociais e diminui o nivel de vida;
Face á situação, Portugal, confronta-se com as suas fragilidades: dependência energética do exterior,
baixo nivel de qualificação profissional, burocratização dos serviços, défice orçamental cronico, nivel
excessivo de consumo publico, baixo investimento em investigação.
 As transformações demográficas, sociais e culturais
Desde 1986 que Portugal regista determinadas tendências demográficas:
• População envelhecida;
• Assimetrias regionais, a refletiram-se no fluxos migratórios. O país divide-se entre interior
desertificado e litoral populoso. Nas grandes cidades, os centros perdem vitalidade e as áreas
urbanas expandem-se,
• O impulso da economia nas últimas decadas e a melhoria de condições de vida tornou Portugal
um pais de imigração. Nos anos 70, a vaga imigratória era maioritariamente
proveniente dos paises africanos de língua portuguesa, a mão de obra pouco qualificada, foi
absorvida pelo setor da construção civil. Na decada de 80 foi a vez da imigração Demografia
brasileira que foi absorvida pelos setores da restauração e comercio. Em meados da
decada de 90, em resultado do colapso do comunismo, chegam os ucranianos, russos, romenos
e moldavos, com elevada qualificações e que veem em Portugal uma porta de entrada para
outros paises europeus. Já nos anos 2000, o pais confronta-se com a vitalidade e
empreendedorismo da comunidade chinesa, sobretudo nas áreas do comercio a retalho e
restauração.
• Em 2011/12, sujeito a um programa de assistência financeira, que elevou o desemprego,
Portugal torna-se novamente pais de emigração.

Afirmação do papel da mulher. A entrada da mulher no mercado de trabalho modificou a estatura da


população ativa. O seu nivel medio de instrução é em média superior ao dos homens.
Na família, os homem e mulheres estão hoje em pé de igualdade; fruto de novas realidades como o
divorcio, a união de facto ou a família monoparental, assiste-se a um recuo da família nuclear Sociedade e
Os avultados investimentos feitos na área da educação elevaram o nivel das qualificações académicas das cultura
novas gerações.
Mais bem remunerados, com acesso ao crédito, á educação, á segurança social, os portugueses usufruem
hoje de um nivel de vida superior.
 A consolidação da democracia(x)
As relações com os paises lusófonos e com a área ibero-americana
 O mundo lusófono
Apesar das ligações à Comunidade Europeia, Portugal continua a dar grande importância às relações
estabelecidas com o mundo da lusofonia e o espaço ibero-americano.
No espaço ibero americano são de destacar as boas relações com a Espanha e o Brasil. As trocas
comerciais assumem relevo crescente nesta região e os investimentos mútuos são crescentes não só no
Brasil, mas também em países latinos da América do Sul.

Portugal e os PALOP
Ao longo dos anos 80 verificou-se um processo de aproximação progressiva aos países de língua oficial
portuguesa. A partir de 1982, as relações com Angola tornaram-se mais favoráveis com o
desenvolvimento de políticas de cooperação económica.
Angola tornou-se o mais importante parceiro de Portugal nos PALOP, absorvendo mais de 60% das
exportações para aqueles países.
Com os restantes países, sofrendo de muitas dificuldades e crises políticas frequentes, as relações têm
sido marcadas por alguns avanços embora condicionados pelo fraco ritmo de crescimento.
Têm-se desenvolvido acordos de cooperação multilaterais sob a orientação de diversas entidades e
particularmente IPAD (Instituto Português do Apoio ao Desenvolvimento).

Portugal e o Brasil
As relações com o Brasil têm-se aprofundado, devido em grande parte à posição privilegiada de Portugal
na Europa.
Desde os anos 90 as relações bilaterais tiveram grande incremento, surgindo da parte do Brasil
importações relevantes no sector dos recursos e produtos primários, e encontrando-se no Brasil boas
oportunidades de investimento nos campos da metalomecânica, têxtil, energias alternativas, construção
civil, turismo, telecomunicações.
Ao mesmo tempo a imigração de muitos brasileiros tem permitido estreitar as relações e a cooperação.

A Comunidade dos Paises de Língua Portuguesa(x)

 A área ibero-americana
Além de Espanha, país com o qual as trocas comerciais e intercâmbios culturais e políticos têm sido
frequentes, também outros países de língua espanhola na América têm merecido a atenção de
empresários e políticos enquadrados pela Comunidade Ibero-Americana (CIA).
Alguns países como Venezuela, Argentina e Chile têm merecido a atenção de empresários e políticos pelas
oportunidades de cooperação que se abrem.

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