Defesa Multa - Praia Grande - Luiz - 20.12.2018

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ILUSTRÍSSIMO SENHOR DIRETOR DA SECRETARIA DE TRÂNSITO DO

MUNICÍPIO DE PRAIA GRANDE/SP.

Auto de Infração nº M46-0726139

LUIZ EDUARDO CAPELLA RIBEIRO, advogado, portador do RG nº 32.103.357-7,


inscrito no CPF sob o nº 300.789.108-62, domiciliado na Avenida Laudo Natel, nº 174,
Centro, Serra Negra-SP, vem, respeitosamente à presença de Vossa Senhoria apresentar
DEFESA PRÉVIA aos termos do Auto de Infração em epígrafe, pelos motivos de fato e
de direito a seguir aduzidos.

Em cumprimento à determinação dos artigos 282 § 4º c/c 286 do Código de Trânsito


Brasileiro, Lei 9.503/97, que trata dos recursos contra imposição de multa, gostaria que
Vossa Senhoria, apreciasse o referido recurso baseado nos seguintes dados:

O Recorrente é o real condutor, no ato da suposta infração em comento, do veículo


VOLKSWAGEN UP! MOVE, placa FRF-4315, de propriedade da pessoa jurídica
Marcostra Comércio de Pescados - ltda., consoante comprova cópia do CRLV anexa.

Segundo consta do auto de infração em epígrafe, o recorrente supostamente infringira


a norma descrita no artigo 181, XVII, do Código de Trânsito
Brasileiro (Lei 9.503/97): “Art. 181. Estacionar o Veículo: VIII – em desacordo com as
condições regulamentadas especificamente pela sinalização (placa - Estacionamento
Regulamentado). Infração – grave / Penalidade – multa / Medida Administrativa – remoção do
veículo.”

Referida infração teria sido cometida no Município de Praia Grande/SP, à RUA


PAULO SERGIO GARCIA, 425 PRÓXIMO.

I) PRELIMINAR - DOS VÍCIOS DE FORMA


Primeiramente, entende o Recorrente o total descabimento da referida multa, vez que
a AUTUAÇÃO não veio acompanhada do devido documento probante que comprove
a suposta infração, fazendo com que a notificação mereça total cancelamento uma vez
que foi emitida sem qualquer comprovação, a qual demonstraria a falta de sinalização
da via supramencionada, fato este que contraria frontalmente o disposto no
artigo 280, § 2º do Código de Trânsito Brasileiro (regulamentado pela Resolução nº
23/98 do CONTRAN).

Não obstante, o Requerente se serve da presente para tornar inequívocos os fatos que
se seguirão e afastar qualquer ocorrência da suposta infração, haja visto ter jungido à
presente fotocópias que revelam o local dos fatos da presente autuação, nas quais resta
patente que não há qualquer sinalização de solo apta a justificar a infração em
comento.

Assim, merece total cancelamento a multa precitada, uma vez que foi emitida sob o
manto do equívoco, já que o órgão/agente autuador, inadvertidamente, deixou de
observar alguns procedimentos que lhe obrigam o ofício e preceitos legais que regulam
a matéria.

Não merece, portanto, prosperar o presente auto de infração, eis que restou
descumprido um quesito primordial e elementar para sua validade.

Notadamente pelo fato de que a autuação não veio acompanhada do devido


documento probante, que lhe dê sustentação fática, ou seja, não há nenhum elemento
apto que venha a caracterizar a conduta transgressora, fato este que contraria
frontalmente o disposto no artigo 280, § 2º do Código de Trânsito
Brasileiro (regulamentado pela Resolução nº 23/98 do CONTRAN).

Portanto, verificada existência de vícios de forma insanáveis, posto que ferem


disposições constitucionais e infraconstitucionais elementares, não há outra solução,
senão a declaração de nulidade de pleno direito do referido auto de infração com seu
consequente arquivamento, tendo seu registro julgado insubsistente nos termos do
art. 281, parágrafo único, inciso I, da Lei 9503/97.

DOS FATOS

Informa o Recorrente, perante Vossa Senhoria que, na forma pela qual se encontra a
suposta infração de trânsito pelo agente autuador merece ser anulada.
Com respeito à alegada infração, a mesma não procede, posto que de fato a via da
suposta infração não possui sinalização de solo regulamentadora, o que configura
fato atípico da legislação vigente.

Ademais, segundo parecer do DENATRAN, existe a necessidade da abordagem do


condutor para se lavrar o auto de infração e, no caso em comento, o requerente se
encontrava a poucos metros do local, fato este que facilitaria o cumprimento da
determinação alhures e, consequentemente, a elucidação de quaisquer dúvidas quanto
a supostas irregularidades, bem como evidente erro de tipicidade da infração em
comento.

Consoante tais fundamentos, permissa vênia, a presente autuação não poderá ser
mantida, conforme regra o artigo 90, do Código de Trânsito Brasileiro:

Art. 90. Não serão aplicadas as sanções previstas neste Código por inobservância à sinalização
quando esta for insuficiente ou incorreta.

§ 1º O órgão ou entidade de trânsito com circunscrição sobre a via é responsável pela


implantação da sinalização, respondendo pela sua falta, insuficiência ou incorreta colocação.

§ 2º O CONTRAN editará normas complementares no que se refere à interpretação, colocação e


uso da sinalização.

Outrossim, há claro descumprimento ao parágrafo primeiro do artigo 80 do Código de


Trânsito Brasileiro, segundo o qual a sinalização deveria estar em condições que a
tornem perfeitamente visível.

Como Vossa Senhoria bem o sabe, para a configuração de uma infração são requisitos
básicos a materialidade e autoria, conforme preceitua a mais balizada doutrina vigente.
Ausentes tais condições o ato é nulo de pleno direito não surtindo quaisquer efeitos
jurídicos.

Restando evidente que o auto fora emitido sem embasamento, e portanto, tem-se que
o mesmo é nulo de pleno direito, pois há completa ausência de materialidade a dar
suporte à suposta infração.

Destarte, permissa vênia, a presente autuação não poderá ser mantida.


Diante do exposto, requer que Vossa Senhoria, tomando conhecimento das razões ora
expendidas, principalmente dos vícios insanáveis que o Auto Infração apresenta,
PRELIMINARMENTE determine seu arquivamento, julgando insubsistente o seu
registro, nos termos do artigo 281, § único, inciso I, do Código de Trânsito Brasileiro.

Quanto ao MÉRITO não lhe deve restar outra sorte, pelo que postula pelo provimento
do presente recurso cancelando-se a imposição da multa pecuniária e os demais efeitos
dela decorrentes.

Contando com o alto discernimento jurídico e o elevado senso de justiça que


certamente norteiam as decisões de Vossa Senhoria.

Ademais disso, pleiteia:

1) o DEFERIMENTO do presente recurso, tornando o auto de infração M46-0726139


irregular, levando ao cancelamento da multa e o seu arquivamento, sendo o seu
registro julgado insubsistente, conforme art. 281, parágrafo único, inciso II do Código
de Trânsito Brasileiro;

2) a extinção da pontuação que a infração gerou no Prontuário Geral Único do


Recorrente/condutor;

3) o benefício do efeito suspensivo no caso do recurso não ter sido julgado em até 30
dias da data de seu protocolo na conformidade do artigo 285 § 3º do Código de Trânsito
Brasileiro;

4) caso o recurso não seja julgado dentro do prazo de sessenta dias, o cancelamento da
penalidade aplicada, não gerando nenhum efeito e seus registros devidamente
arquivados, de acordo com o § 4º do art. 285 do Código de Trânsito Brasileiro;

5) Por fim, que a decisão seja fundamentada para fins de prequestionamento


constitucional, a fim de que, também, possa garantir o amplo direito de defesa
assegurado pela Constituição Federal.

O recorrente protesta poder provar o alegado pela produção de provas, especialmente


documental, depoimento das partes e testemunhas, com ampla produção de prova,
inclusive, requisição e exibição de documentos, e tudo mais que seja necessário à fiel
comprovação dos fatos aqui narrados.
Certo de vossa compreensão,

Pede e espera deferimento.

Praia Grande, 20 de dezembro de 2018.

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LUIZ EDUARDO CAPELLA RIBEIRO

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