TCC Samuel Sirtoli
TCC Samuel Sirtoli
TCC Samuel Sirtoli
SAMUEL SIRTOLI
CAXIAS DO SUL
2013
2
SAMUEL SIRTOLI
CAXIAS DO SUL
2013
2
3
RESUMO
Palavras chave: Abaqus MEF. Perfilação contínua. Perfis especiais. Corte por
cisalhamento transversal. Análise não linear.
ABSTRACT
The roll forming process enables the manufacture of profiles with special cross
sections. Because it’s a highly productive, this process is widely used in various sectors, such
as construction and warehousing system. In cold roll forming, where cutting is performed
after obtaining the cross section, the flying shear process is the first choice due to the
mechanism simplicity, and not generate raw material losses. On cutting die design, the
designer may be faced with structural problems at certain points of the die, because the cross
sections profile can generate stress at some regions. Based on this situation, this work aimed
to provide rules for the cutting dies design as well as solved a case to shear a critical cross-
section sigma [Σ] profile, using it for the nonlinear analysis by finite element method with
Abaqus CAE software. From the project requirements and the previous defined fixed
parameters of the preprocessing, the jobs were progressively analyzed using different cutting
angles previously selected, appling the criterion the maximum normal main stress theory.
With the stress results analysis, it was observed that changing the original cutting angle can
result in a tool with lower tensile stress concentration in the critical regions. This procedure
allows the definition of a suitable angle for cutting the profile. By the way, the results showed
higher compressive stress on the tool cutting edges, which tend premature tool damage. An
additional surface treatment by plasma nitriding without the white layer was added, to
improve the surface hardness of the tool cutting edge and improve the compressive strength.
Key words: Abaqus FEA. Roll forming. Special steel profiles. Shear cutting.
Nonlinear finite element analyses.
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Referência orientativa para a seleção de aços para o corte de chapa metálica. ..... 34
8
LISTA DE TABELAS
LISTA DE SIGLAS
AISI American Iron and Steel Institute - Instituto Americano de Ferro e Aço
CAD Computer Aided Design - Projeto Auxiliado por Computador
CAE Computer Aided Engineering - Engenharia Auxiliada por Computador
10
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 12
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E ESTRUTURA DO TRABALHO ....................................... 12
1.2 JUSTIFICATIVA........................................................................................................... 14
1.3 OBJETIVOS .................................................................................................................. 17
1.3.1 Objetivo Geral ........................................................................................................... 17
1.3.2 Objetivos Específicos ................................................................................................. 17
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................. 18
2.1 PERFIS DE AÇO ........................................................................................................... 18
2.2 PROCESSO DE PERFILAÇÃO .................................................................................... 18
2.3 PROCESSO DE CORTE DE PERFIS ............................................................................ 20
2.3.1 Linha de corte por cisalhamento .............................................................................. 21
2.3.2 Linha de corte por faca ............................................................................................. 22
2.3.3 Linha de corte por meio de usinagem por serra....................................................... 24
2.4 COMPARATIVO ENTRE OS PROCESSOS DE CORTE ............................................. 25
2.5 CISALHAMENTO DE PRODUTOS PLANOS ............................................................. 26
2.5.1 Fenômeno do corte por cisalhamento ....................................................................... 26
2.5.2 Parâmetros do processo de corte .............................................................................. 27
2.5.2.1 Força de corte ........................................................................................................... 28
2.5.2.2 Folga de corte ........................................................................................................... 29
2.5.2.3 Ângulo de corte ........................................................................................................ 30
2.6 FERRAMENTAL PARA O CORTE DE PERFIS .......................................................... 32
2.6.1 Materiais aplicados em matrizes de corte ................................................................ 33
2.6.2 Critérios para o projeto de matrizes de corte........................................................... 35
2.6.3 Características dos materiais do produto a ser cortado .......................................... 35
2.7 SIMULAÇÃO NUMÉRICA .......................................................................................... 36
2.7.1 O método de elementos finitos .................................................................................. 36
2.7.2 Tensão e deformação tridimensional ........................................................................ 38
2.7.3 Plasticidade ................................................................................................................ 40
2.7.4 Critérios de falha ....................................................................................................... 43
2.7.4.1 Teoria da energia de distorção .................................................................................. 43
2.7.4.2 Teoria da tensão normal máxima .............................................................................. 44
3 METODOLOGIA E PLANO DE TRABALHO ............................................................ 45
11
1 INTRODUÇÃO
1 2 3 4 5 6 7
De acordo com Halmos (2006), praticamente todos os metais que são formados por
outros processos podem ser perfilados. Tipicamente, ligas de cobre, latão, estanho, zinco,
13
zircônio, titânio, níquel, alumínio, assim como as diversas ligas aços dentre os quais os aços
inoxidáveis ou até mesmo os aços de alta resistência, são conformados neste processo. Para o
presente trabalho será abordado como matéria-prima as ligas de aço, as quais passam por
etapas distintas até tomar seu formato final. Neste caso, após ter passado por processos de
laminação na usina e ser armazenado em forma de bobinas, o material é recortado em tiras
com uma largura pré-determinada em função do perfil que se deseja obter. Uma vez em forma
de tiras longas, dá-se o início ao processo de perfilação, aonde a mesma vai sendo
gradativamente dobrada no seu sentido transversal à medida que vai avançando
longitudinalmente através dos estágios de conformação, os quais são formados por
ferramentas rotativas denominadas rolos, conforme mostrado na figura 2.
aplicáveis, o corte por cisalhamento (1), corte por faca (2) e o corte por meio de usinagem por
serra (3), os quais são apresentados na figura 3.
1 2 3
1.2 JUSTIFICATIVA
De acordo com a necessidade do cliente, geometrias especiais podem ser obtidas por
meio do processo de perfilação. Alguns exemplos como as mostradas na figura 5, representam
algumas seções com geometria especial.
Matriz fixa
Matriz móvel
Parte fraturada
Produto
1.3 OBJETIVOS
O presente trabalho tem por objetivo geral investigar o projeto de matrizes de corte
por cisalhamento transversal aplicado ao corte de perfis, a fim de definir a viabilidade ou não
do uso deste sistema ao processo de fabricação de perfis de seção com geometria especial.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Os perfis de aço formados a frio podem ser projetados para cada aplicação
específica, com dimensões adequadas às necessidades de projeto de elementos estruturais
leves, tais como terças, montantes, diagonais de treliças, travamentos, etc. (SILVA, SILVA,
2008).
Wood et al. (1996), afirma que os perfis de aço são utilizados em aplicações que o
componente é projetado para ter uma espessura de parede constante. Perfis de aço são
utilizados por empresas do ramo automotivo, da construção civil, do mobiliário de escritório,
de eletrodomésticos, da construção ferroviária, de aeronaves, de sistemas de aquecimento, de
ventilação e ar condicionado.
Conforme Silva e Silva (2008), dois são os processos de fabricação dos perfis
formados a frio: contínuo e descontínuo. O processo descontínuo, adequado a pequenas
quantidades de perfis, é realizado mediante o emprego de uma prensa dobradeira. A matriz da
dobradeira é prensada contra a chapa de aço, obrigando-a a formar uma dobra. Várias
operações similares a essa, sobre a mesma chapa, fornecem à seção do perfil a geometria
exigida no projeto. O comprimento do perfil está limitado à largura da prensa.
O processo contínuo, adequado à fabricação em série, é realizado a partir do
deslocamento longitudinal de uma chapa de aço, sobre os rolos de uma linha de perfilação. Os
rolos vão dobrando gradativamente à chapa até a forma definitiva do perfil. Quando o perfil
deixa a linha de perfilação, ele é cortado no comprimento indicado no projeto.
Para Bui e Ponthot (2008), a perfilação é descrita como um processo de conformação
a frio por rolos, e trata-se de um processo industrial para a fabricação de produtos oriundos de
tiras metálicas longas e com seção constante, as quais são transformadas em determinados
perfis, sem mudança considerável na sua espessura. Este tipo de processo de alta velocidade
de produção é bem adequado para a fabricação de perfis longos e com tolerâncias restritas.
O processo de perfilação pode ser melhor compreendido através da figura 7 que
exemplifica a sequência de conformação ao longo de uma linha de perfilação.
19
Segundo Wood et al. (1996), o processo de perfilação pode ser dividido em duas
categorias: uma usando tiras de aço, também conhecidas como blanks, com comprimentos
pré-cortados, e a outra onde a bobina de aço é cortada em tiras, as quais são perfiladas
continuamente, sendo o produto cortado após a conformação.
Nas operações que utilizam blanks, o equipamento geralmente é dotado de um
sistema alimentação na entrada da máquina e de um sistema de empilhamento do produto
conformado na saída da linha de perfilação. Este método é tradicionalmente aplicado a um
baixo volume de peças.
O processo de perfilação contínuo é mais eficiente e produtivo, porém o maquinário
requer uma configuração mínima composta de um desbobinador de tiras (1), perfiladeira (2),
sistema de corte (3) e uma mesa de descarga (4), a qual destina o produto para o
empilhamento e embalagem, conforme mostrado na figura 8. Este processo pode receber
operações intermediárias como perfurações, recortes, estampos e marcações.
1 2 3 4
Fonte: Adaptado de Halmos, 2006.
Segundo Halmos (2006), as linhas de perfilação, com exceção das linhas alimentadas
por blanks, exigem um equipamento para o corte do produto. Comumente, são utilizadas
prensas para efetuar o corte. Cita-se também o uso de serras, laser, plasma, entre outros
métodos para a execução do corte do produto.
Os fabricantes de máquinas perfiladeiras comercializam alguns modelos de
equipamentos de corte para uso nas linhas de perfilação como as linhas de corte por
cisalhamento (1), corte por faca (2) ou corte por meio de usinagem por serra (3), conforme
ilustrado anteriormente na figura 3.
Conforme a empresa Kent Corporation (2012), tradicional fabricante de máquinas e
acessórios para linhas de fabricação de tubos e perfis, situada nos Estados Unidos, oferece
linhas de corte por serra e corte por faca. Por sua vez, a empresa alemã Dreistern (2012),
oferece os três modelos de corte citados anteriormente. Da mesma forma, a empresa Zikeli
(2012b), uma das tradicionais fabricantes nacionais de máquinas perfiladeiras, também
oferece os três modelos de sistemas de corte para seus clientes.
Uma característica importante dos sistemas de corte citados, é que todos são
instalados sobre uma mesa móvel chamada carro de corte, que tem por função manter a linha
de perfilação em movimento durante o processo de corte. Dessa forma, no momento do corte,
o carro de corte iguala a velocidade da linha de perfilação e então o corte pode ser realizado
sem prejuízo à velocidade de perfilação. A figura 9 ilustra o carro de corte com as possíveis
configurações de corte.
A escolha do sistema pode ser influenciada pela geometria que se deseja cortar. No
processo de perfilação contínuo, o corte do produto após o mesmo ter obtido a sua geometria
transversal final, se torna um processo complexo em função das diferentes geometrias
transversais que podem ser obtidas pelo processo de perfilação.
Para Wood et al. (1996), no corte por cisalhamento, o produto está colocado entre
uma lâmina estacionária inferior e uma lâmina superior móvel. À medida que a lâmina
superior é forçada para baixo, o produto é penetrado a uma fração específica da sua espessura.
A fração não penetrada sofre o rompimento e então, o material é separado. A figura 10 ilustra
as fases de corte por cisalhamento.
Folga
de corte
No corte de perfis, duas matrizes, uma fixa e a outra móvel, são instaladas em uma
prensa hidráulica. Quando a matriz móvel é acionada, o cisalhamento do perfil ocorre de
forma muito similar ao corte realizado por uma guilhotina de chapas planas. A figura 11
ilustra o processo de corte por cisalhamento aplicado ao corte de perfis.
22
Matriz fixa
Movimento da
matriz móvel
Matriz móvel
Sentido
da linha
O corte por faca é caracterizado pela presença de dois planos de corte. Este processo
gera um retalho do corte com comprimento igual à espessura da faca, conforme figura 12.
23
Faca móvel
Retalho
Produto
Matrizes fixas
A linha de corte por faca aplicado ao corte de perfis é caracterizada pela presença de
duas matrizes fixas e uma faca de corte montados sob uma prensa hidráulica, onde a faca ao
se deslocar ao longo das matrizes promove o cisalhamento do perfil que passa por elas. A
figura 13 apresenta o sistema de corte por faca.
Faca de corte
Matriz fixa
Matriz fixa
Conforme Dreistern (2012) e Fiorentini (2012), o processo de corte por faca aplicado
ao corte de perfis é caracterizado por:
a) presença de cavaco com comprimento igual a espessura da faca;
b) forças de corte reduzidas se comparada ao sistema de corte por cisalhamento;
24
Movimento da serra
Produto
Mesa de trabalho
O processo de corte por meio de usinagem por serra se dá pela remoção do material
do perfil através da rotação da serra. O acionamento da serra é obtido através do motor
elétrico. O corte ocorre quando a serra se desloca contra o perfil que se encontra fixado por
mordentes. Neste momento, a rotação da serra provoca a usinagem do perfil gerando, além
dos cavacos de corte, a separação das peças cortadas. A figura 15 ilustra o equipamento de
corte por serra.
25
Movimento da serra
Serra
Carro de
corte Mordente
Movimento do carro
de corte
Segundo Dreistern (2012), Tallyrand (2012) e Zikeli (2012a), o processo de corte por
serra possui as seguintes características:
a) geração de cavaco;
b) curso de corte proporcional as dimensões do perfil;
c) permite a afiação das serras;
d) aplicável em perfis de seção aberta e em seções fechadas;
e) necessita de refrigeração em função do aquecimento gerado pelo atrito durante a
usinagem do corte;
f) índice de rebarbas reduzido.
Uma vez apresentado os sistemas de corte usuais aplicados ao corte de perfis de aço,
é possível realizar um comparativo entre os mesmos de modo a prover critérios para a escolha
do sistema ideal para o corte de perfis, conforme segue na tabela 1.
26
Segundo Santos, Moura e Sappak (2008), o corte é um dos métodos mais utilizados
no processo de manufatura de produtos metálicos. O cisalhamento é oriundo de operações
realizadas por guilhotinas, tesouras e discos rotativos de vários tipos.
Zona de deformação
Zona de
cisalhamento
Altura da rebarba
Rebarba
Cavaco
Wick , Benedict e Veilleux (1984), afirmam que quando uma navalha realiza um
corte em uma peça metálica, esta exerce uma força considerável para iniciar o corte e
continuar o processo. Num corte convencional, apenas uma fração do material é cortada, o
restante do material é fraturado durante o processo de corte.
Segundo Schaeffer e Boff (2011), as forças envolvidas no processo de corte são altas.
Isso se deve ao fato de que o material vai encruando devido à deformação plástica crescente, o
que faz com que a força de corte aumente gradualmente, até alcançar um valor máximo,
iniciando a fissuração.
A força de corte requerida pode ser dada usando as equações 1 e 2:
Fc = τc . Ac (1)
Onde:
Fc = Força de corte [N];
τc = Tensão máxima de cisalhamento do material [MPa];
Ac = Área a ser cisalhada [mm²], calculada por:
A c = lc . s (2)
Onde:
lc = Perímetro ou comprimento da aresta de corte [mm];
s = Espessura da chapa [mm].
Para Wick, Benedict e Veilleux (1984), a resistência ao cisalhamento para aços com
baixo teor de carbono está entre 70 a 80% da resistência a tração.
Schaeffer e Boff (2011) destacam também, alguns fatores que influenciam na força
de corte:
a) folga entre as matrizes de corte;
b) desgaste do ferramental;
c) forma da linha de corte;
d) espessura da chapa;
e) qualidade da chapa;
29
f) lubrificação.
Aço macio 9
Aço inoxidável 10
Cobre duro 4
Cobre macio 6
Bronze fosforoso 11
Latão Duro 7
Latão Macio 6
Alumínio duro 10
Alumínio macio 7
Magnésio 4
Wc = x.Fc . s (3)
Onde:
Wc = Trabalho de corte [N.m];
x = Coeficiente da progressão de corte [adimensional]
(4)
32
Para Caversan e Junior (2012), o corte de chapas por guilhotinas também pode ser
feito com a lâmina inclinada, de modo a diminuir a força de corte, conforme ilustrado na
figura 19.
Lâmina superior Fc
e
Produto a ser
α
cortado
b
Lâmina inferior
O cálculo da área de corte (Ac) e da força de corte (Fc) é obtida pelas equações 5 e 6
respectivamente:
(5)
(6)
Onde:
b = largura da região cortada instantaneamente [mm];
α = ângulo entre a lâmina superior e a lamina inferior [º].
Uma vez que a forma geométrica do produto está definida, é preciso estudar os
materiais a serem utilizados na fabricação dos ferramentais, assim como o modo de sua
construção, de forma a obter uma configuração de ferramenta apropriada ao material que se
deseja cortar.
Segundo Silveira e Schaeffer (2008), a determinação do material a ser utilizado de
acordo com a função que a ferramenta irá desempenhar é uma das etapas mais importantes. A
escolha mais criteriosa está particularmente nas matrizes de corte, pois estes são os elementos
em contato direto com o produto a ser cortado.
Os aços para ferramentas e matrizes são projetados para fins especiais. Conforme
GGD Metals (2011), estes aços são produzidos e processados para atingir um elevado padrão
de qualidade e são utilizados principalmente em: matrizes, moldes, ferramentas de corte
intermitente e contínuo, ferramentas de conformação e corte de chapas a frio, componentes de
máquina, etc.
Para Rossi (1979), a seleção de aços para a construção de uma ferramenta deve
basear-se em:
a) dimensões das matrizes de corte;
b) tipo de operação que se deseja utilizar, como corte, dobra, embutimento, etc;
c) temperatura de trabalho;
d) tipo de material que se deseja conformar.
a) aço para trabalho a frio AISI D6: temperado e revenido com dureza entre 60-62
HRC;
b) aço rápido AISI M2: temperado e revenido com dureza entre 62-64 HRC.
Quadro 1 - Referência orientativa para a seleção de aços para o corte de chapa metálica.
Figura 20 – Dureza adequada para ferramentas de corte fabricadas em aços AISI D2 e AISI
D6 em função da espessura do material a ser cortado.
Segundo Caversan e Junior (2012), o material base do produto a ser cortado possui
características importantes, que afetam diretamente a capacidade de corte, o acabamento
obtido e, também, afetam algumas características do projeto do ferramental.
A seguir, pode-se visualizar a tabela 3, com as características de algumas chapas de
aço utilizadas na conformação por perfilação.
∑ (7)
condições de contorno, pode ser obtida a matriz de rigidez. As forças nodais são obtidas pela
multiplicação dos elementos da matriz de rigidez com os deslocamentos.
Onde:
τxy = tensão de cisalhamento na direção xy;
39
(9)
(10)
(11)
40
2.7.3 Plasticidade
O modelo elástico-plástico prevê que a deformação pode ser dividida em uma parte
elástica e uma parte plástica. Segundo Hosford (2007), durante a fase elástica, um corpo
retorna à sua forma original quando o carregamento é removido. O estado de tensão
deformação durante a fase elástica está relacionado por meio das leis de Hooke. Qualquer
carregamento irá causar alguma tensão. Em contrapartida, não ocorre deformação plástica até
que a tensão gerada por algum carregamento atinja o limite de escoamento do material.
O comportamento elástico significa que a deformação é totalmente recuperável, isto
é, quando a carga é removida, o material regressa à sua forma original. Uma vez que a carga
exceder um certo o limite de escoamento, a deformação não está mais totalmente recuperável.
Alguma parte da deformação permanecerá quando a carga é removida, tal como, por exemplo,
quando um clipe de papel é dobrada em excesso. As teorias da plasticidade modelam a
resposta mecânica do material, uma vez que este sofre uma deformação não recuperável de
uma forma dúctil. As teorias têm sido desenvolvidas com maior intensidade para os metais,
mas eles também são aplicadas aos solos, concreto, rocha, gelo, espuma deformável, e assim
por diante. Esses materiais se comportam de maneiras muito diferentes. Por exemplo, valores
elevados de pressão hidrostática pura podem provocar pouca deformação elástica dos metais,
mas os valores de pressão hidrostáticos pequenos podem causar uma significativa variação de
volume não recuperável em uma amostra de solo. No entanto, os conceitos fundamentais da
teoria de plasticidade são suficientemente gerais para que os modelos baseados nestes
conceitos tenham sido desenvolvidos com êxito para uma vasta gama de materiais. De forma
geral, o manual do Abaqus (2012) descreve o modelo de plasticidade através das equações
que seguem:
(12)
Onde:
F = gradiente de deformação total;
= parte de deformação retornável;
= parte de deformação permanente.
̇ ̇ ̇ (13)
Onde:
̇ = taxa de deformação total;
̇ = taxa de deformação retornável;
̇ = taxa de deformação permanente.
Logo, a parte elástica da resposta é assumida como sendo deriváveis de uma energia
potencial elástica e então, a tensão é definida pela equação 14.
(14)
Onde:
= densidade de energia promovida pela tensão;
= tensão provocada no material.
( ) (15)
Onde:
= limite da região de resposta elástica;
= temperatura;
= conjunto de parâmetros de encruamento.
( ) (16)
42
∑ (17)
( ) (18)
Onde:
= fluxo potencial do sistema;
= taxa de variação do tempo;
= parâmetros do sistema em i;
A forma em que a regra de fluxo é escrita acima, assume que existe um potencial de
fluxo único no sistema de ordem i. Modelos mais gerais de plasticidade podem ter vários
potenciais de fluxo de ativos em um ponto.
Em alguns modelos de taxa independentes de plasticidade a direção do fluxo é a
mesma que a direção da normal para fora, para a superfície de rendimento, conforme indicado
pela equação 19.
(19)
Onde:
= valor escalar.
( ) (20)
Onde:
= é a taxa de endurecimento para ;
43
A teoria da energia de distorção, também conhecida por Teoria de Von Mises, prevê
que ocorre escoamento quando a energia de deformação por distorção em uma unidade de
volume alcança ou excede à energia de deformação por distorção por unidade de volume,
correspondente ao escoamento sob tração ou compressão do mesmo material (Shigley,
Mischke e Budynas, 2005).
Segundo Toloui, Firoozabadi e Saidi (2011), o estado geral de tensões pelo critério
de Von Mises é fornecido pela equação 21.
44
√
√( ) ( ) ( ) (21)
Onde:
= tensão pelo critério de Von Mises (MPa);
= tensões principais (MPa).
(22)
Onde:
= resistência de escoamento do material (MPa);
n = fator de segurança.
(23)
Onde:
= última resistência à tração (MPa);
= última resistência à compressão (MPa);
45
Este trabalho tem por objetivo a solução do problema do projeto de matrizes de corte
por cisalhamento transversal aplicado ao corte de perfis de aço. Para isso, utilizou-se o
método de elementos finitos para avaliar as variáveis de projeto aplicáveis a este sistema de
corte.
G(Y(t),Y(t+∆t))=0 (24)
46
Início
Pré-Processamento
Processamento
Pós-Processamento
Não
Modelo
validado?
Sim
Fim
Superfície mestre
Superfície escrava
Ponto mais
próximo de A
Ponto mais
próximo de B
No caso da simulação deste estudo, a malha dos elementos avaliados foi composta
por elementos estruturais contínuos sólidos, lineares de oito nós com integração reduzida
(C3D8R) e de quatro nós (C3D4), conforme ilustrado na figura 25. Tendo em vista que a
análise está focada na avaliação das matrizes, não utilizou-se a malha adaptativa durante a
simulação do processo de corte.
49
a) b
)
O estudo foi baseado no projeto das matrizes de corte para o corte de um perfil de
aço do tipo sigma (assim chamado pela semelhança com a letra grega sigma [Ʃ]). Os perfis de
aço do tipo sigma possuem diversas aplicações, destacando-se a aplicação na construção civil
e em sistemas de armazenagem industriais e comerciais, conforme figura 26.
[Ʃ]
Deformação real
Fonte: Adaptado de Söderberg (2006)
51
Movimento do
porta matriz móvel Porta matriz móvel
Sentido da linha
Para o projeto das matrizes de corte, utilizam-se os dados fornecidos pela tabela 2,
onde a folga de corte para o aço macio é de 9% da espessura nominal do material, ou seja, a
folga de projeto é de 0,18 mm.
53
Ângulo de corte
Aumentar a folga de passagem entre o perfil e a matriz, mesmo que seja em algumas
determinadas regiões, pode ser a solução para diminuir as tensões durante a operação de corte.
Por outro lado, grandes variações de folga de passagem podem resultar em distorções
dimensionais na região do corte, o que em geral não se torna um grande problema, uma vez
que, para os perfis de aço que são fabricados de acordo com a NBR 6355, devem ter suas
tolerâncias verificadas em qualquer seção transversal do perfil, distante no mínimo 100 mm
das extremidades.
Para o projeto das matrizes de corte aplicado ao corte de perfis de aço, o requisito
dimensional é que haja uma folga superior às tolerâncias máximas e mínimas admitidas na
fabricação do perfil de aço, de modo a antever a ocorrência de riscos superficiais e
deformações na geometria do perfil. Outras variações admitidas pelo processo de perfilação
devem ser consideradas ao se especificar a folga de passagem mínima nas matrizes, como
possíveis desvios de flecha e torção do perfil. As dimensões mínimas necessárias no projeto
da matriz de corte são apresentadas na figura 33, na qual foi utilizada uma folga de passagem
adicional de 0,5 mm.
Maior dimensão
Menor dimensão
Aresta Espessura
de corte da matriz
O material aplicado na construção das matrizes de corte foi aço AISI D2 (DIN
1.2379), com tratamento térmico de têmpera e triplo revenimento, atingindo dureza de 58 a 60
HRC, combinando boas propriedades de resistência ao desgaste e tenacidade. As propriedades
mecânicas são informadas na tabela 5.
Início
Requisitos do projeto:
• curva tensão-deformação real do material do perfil;
• geometria do perfil a ser cortado;
• parâmetros do processo de corte;
Geração da malha
Processamento
Não
Satisfatório?
Sim
Fim
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2013.
57
4 RESULTADOS
Ângulo
de corte
Lado A Lado B
A tensão normal máxima coletada para cada lado da matriz e em cada ângulo
simulado é apresentada na tabela 6. Os valores apresentados foram coletados em elementos
que representam a maior tensão na região crítica no intervalo de tempo em que ocorria o corte
do perfil.
58
75 906 842
66 1.211 1.039
60 1.137 1.003
50 1.154 996
40 739 810
30 175 245
15 1,3 246
Pode-se observar a progressão das tensões na região crítica em relação a cada ângulo
de corte na figura 37, por meio dos valores da tabela 6 e as curvas de tendência.
Lado A Lado B
(Pa) (Pa)
Lado B
(Pa)
tempo = 0,30 s
5. CONCLUSÃO
GLOSSÁRIO
Blank: chapa de aço a ser conformada. Tamanho de material pré-definido para a fabricação de
algum componente.
Setup: conjunto de tarefas necessárias e relativas às atividades de preparação de um
equipamento.
Software: conjunto de programas, métodos e procedimentos, regras e documentação
relacionados com o funcionamento e manejo de um sistema de dados.
Standard : modelo padrão pelo qual são normalmente executados ou obtidos os resultados de
uma tarefa.
64
REFERÊNCIAS
ABAQUS v6.10, User’s Manual, Version 6.10. Disponível em: < https://www.sharcnet.ca/
Software/Abaqus610/Documentation/docs/v6.10/index.html >. Acesso em 25 de setembro de
2012.
BATHE, Klaus Jurgen. Finite Elements Procedures. New Jersey: Prentice Hall, 1996.
BUI, Q.V.; PONTHOT, J.P. Numerical simulation of cold roll-forming processes. Journal of
Materials Processing Technology. v.202, p. 275-282, 2008.
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