A Questão Da Saúde Mental Na Vigilância em Saúde Do Trabalhador

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DOI: 10.1590/1413-812320141912.

12732014 4649

A questão da saúde mental na vigilância em saúde do trabalhador

artigo article
The issue of mental health in occupational health surveillance

Luís Henrique da Costa Leão 1


Carlos Minayo Gomez 2

Abstract This paper addresses the issue of mental Resumo Este artigo aborda a questão da saúde
health in the Occupational Health Surveillance mental no contexto da vigilância em saúde do tra-
(VISAT) context. It seeks to present theoretical balhador (Visat). Busca-se apresentar aspectos
aspects and institutional policies contributing to teóricos e políticas institucionais que contribuam
the incorporation of mental health dimensions para incorporar dimensões da saúde mental nos
into the VISAT process, in view of the pressing processos de Visat, considerando a necessidade
need to attend to this demand that is becoming premente de responder a essa demanda que cada
increasingly important in the occupational health vez se torna mais explícita na área de saúde do
area, especially within the scope of the National trabalhador, especialmente no âmbito da Rede
Comprehensive Occupational Healthcare Net- Nacional de Atenção Integral à Saúde do Traba-
work (RENAST). Some theoretical approaches lhador (Renast). Nessa direção, são sistemati-
and practical experiences in mental health and zadas e discutidas algumas abordagens teóricas e
work are systematically presented and discussed experiências práticas em saúde mental e trabalho.
in this essay. A survey is also conducted of po- Realiza-se também uma reflexão em torno das
tential strategies to integrate mental health into estratégias possíveis para a integração da saúde
VISAT actions. It is our view that the origins of mental no escopo das ações de Visat. Entende-
illnesses and ensuing harm are closely linked to se que a origem dos sofrimentos e agravos guarda
the elements involved in work organization and estreita relação com os elementos que compõem a
management. Consequently, surveillance prac- organização e a gestão do trabalho e, nesse senti-
tices should include and identify generating com- do, as ações da vigilância devem incluir e identi-
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Grupo de Estudos
Ambientais e Saúde do ponents of these negative aspects. The diversity of ficar os componentes geradores desses agravos. A
Trabalhador, Instituto illnesses caused by work processes and conditions diversidade de sofrimentos gerados nas condições
de Saúde Coletiva, calls for major investment to ascertain and change e processos de trabalho exige um grande investi-
Universidade Federal de
Mato Grosso. Av. Fernando the situations that give rise to such illnesses. mento para conhecer e transformar as situações
Corrêa 2367, Boa Esperança. Key words Mental health and work, Health sur- que lhes dão origem.
78060-900 Cuiabá MT veillance, Occupational health Palavras-Chave Saúde mental e trabalho, Vigi-
Brasil.
[email protected] lância em saúde, Saúde do trabalhador
2
Centro de Estudos da
Saúde do Trabalhador e
Ecologia Humana, Escola
Nacional de Saúde Pública
Sergio Arouca, Fiocruz.
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Introdução acolhimento e a triagem de casos que são enca-


minhados aos Centros de Atenção Psicossocial
A questão da saúde mental dos trabalhadores é (Caps) ou a especialista em psiquiatria e psico-
atualmente uma das demandas mais prementes logia10. São ações centradas na atenção ao sofri-
para os serviços de saúde do trabalhador. As ca- mento, sem contemplar a análise de seus aspectos
racterísticas técnicas e sociais da gestão e organi- geradores e a intervenção sobre eles.
zação dos trabalhos atuais induzem uma série de Apesar do baixo número de diagnósticos, ne-
sofrimentos físicos, psíquicos e sociais1-4. xos causais e notificações de casos, alguns Cerest
São cada vez mais presentes as queixas relati- lidam com a saúde mental como problema cole-
vas a assédio moral e violência psicológica, assim tivo11. Organizam eventos diversos visando ca-
como narrativas de insatisfação, cansaço, mal-es- pacitar a própria equipe bem como as unidades
tar e sofrimentos constantes e duráveis. Também de saúde local e estabelecer parcerias com Caps e
emergem manifestações mais agudas e graves que ambulatórios de saúde mental e psiquiatria para
levam à depressão, estresse pós-traumático, neu- diagnosticar agravos, tratar trabalhadores e estru-
roses profissionais e até casos de suicídio. turar a rede sentinela de notificações. E implemen-
Esses fenômenos, inclusive, já são considera- tam-se algumas ações de vigilância e reabilitação.
dos como problema público na União Europeia, Mesmo que não tenhamos um quadro com-
pois afetam 28% dos trabalhadores daquela re- pleto das ações em saúde mental e trabalho no
gião e são responsáveis por 25% da taxa de ab- SUS, evidencia-se o quanto esse tema está na
senteísmo, o que representa um gasto de aproxi- pauta dos Cerest e nas preocupações do Ministé-
madamente vinte milhões de euros aos Estados- rio da Saúde - MS. Ao mesmo tempo, constata-se
Membros5. a ausência de propostas de ação contínuas e sis-
No Brasil, o quadro também é preocupan- temáticas pautadas em diretrizes e princípios que
te. Durante a primeira década do século XXI, subsidiem estratégias de vigilância.
33% da população economicamente ativa sofreu A área técnica de saúde do trabalhador do MS
alguma forma de assédio6 e, em 2010, os trans- vem protagonizando um processo de discussão
tornos mentais e do comportamento ocuparam coletiva para formular diretrizes de assistência,
o terceiro lugar na concessão de auxílio-doença prevenção, promoção e vigilância, com a pro-
por incapacidade7. Essa situação traz o desafio gramação de encontros, seminários e oficinas de
urgente de inserir as questões de saúde mental trabalho.
no escopo das ações de Vigilância à Saúde do tra- Em geral, no SUS, as práticas em saúde men-
balhador (Visat). Para tanto, há necessidade de tal de trabalhadores estão mais direcionadas à
ampliar o âmbito das intervenções, incorporan- assistência e ao reconhecimento, diagnóstico, no-
do estratégias de identificação e atuação sobre os tificação e tratamento dos transtornos mentais e
fenômenos relativos ao sofrimento originado nos do comportamento relacionados ao trabalho12,13.
processos de trabalho, em seus diferentes níveis, E, nessa direção, foi formulado também um “pro-
de modo a integrar a saúde mental nas ações da tocolo de agravos à saúde mental relacionados ao
vigilância em saúde. trabalho” que visava possibilitar o diagnóstico e o
Essa discussão é urgente porque, além do au- estabelecimento de nexos causais entre o adoeci-
mento dos problemas, os Centros de Referência mento mental e o trabalho e direcionar fluxos de
em Saúde do Trabalhador (Cerest) encontram atenção ao sujeito adoecido14.
limites e dificuldades para programar ações nes- Considerando essa trajetória, o presente
sa direção8. Algumas equipes recebem demandas artigo visa contribuir para a integração da saú-
para investigar categorias profissionais e setores de mental na Visat, aportando alguns subsídios
onde os problemas têm aparecido com maior teóricos para a construção de estratégias a esse
intensidade, a exemplo dos profissionais da edu- respeito no âmbito da Rede Nacional de Atenção
cação e saúde. Muitas dessas ações se concen- Integral à Saúde do Trabalhador (Renast).
tram na tentativa de realizar nexos causais para As reflexões e proposições aqui apresentadas
aumentar o número de notificações no Sistema são resultado de uma sistematização das aborda-
de Notificação de Agravos de Notificação (Sinan) gens teóricas e práticas em saúde mental e tra-
e para assistência ao trabalhador em sofrimento. balho nos campos acadêmicos e institucionais,
Em alguns casos, na ausência de diretrizes, são nos princípios da Política Nacional de Saúde do
realizadas apenas avaliações psicológicas com Trabalhador e da Trabalhadora, bem como na ex-
uso de testes, anamneses clínicas e determina- periência de participação dos autores em fóruns,
das terapias9. O procedimento mais comum é o encontros e debates sobre a temática.
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Concepções e práticas em saúde mental influenciados, entre outras razões, pelo desenvol-
dos trabalhadores vimento da psicologia, psiquiatria e psicanálise,
como também pelos contextos de cada região.
Um primeiro ponto a destacar quando se Percebemos perspectivas mais comportamen-
pensa na integração da saúde mental na Visat talistas nos EUA, outras médico-fisiológicas em
diz respeito à compreensão dos aspectos men- países nórdicos, abordagens sociológicas em solo
tais da saúde do trabalhador. Por influência do latino e compreensivas em solo francês.
pensamento cartesiano, emergiu a noção da Nesse percurso, o sofrimento humano foi
mente como espécie de vida interior, distinta dos sendo paulatinamente interpretado como doen-
eventos externos aos sujeitos. Operou-se então ça, patologia, transtorno, neurose, depressão22,
a clássica divisão entre mente/corpo, segundo a de modo que outro problema pode ser levanta-
qual certas dores seriam localizadas no corpo, en- do aqui: a medicalização e a consequente indi-
quanto as sensações, imagens, alucinações seriam vidualização, culpabilização e vitimização de
fenômenos particulares da mente. problemas cuja causalidade não estaria no corpo
Outras linhagens de pensamento, oriundas (biológico) ou nas instâncias psíquicas, mas nas
da psicanálise freudiana, trouxeram à tona a ideia relações sociais e de trabalho.
de aparelho psíquico e a noção de que os pro- Soares e Caponi23, em uma pesquisa sobre
cessos geradores de comportamentos, angústias e depressão, identificaram a transformação de
sofrimentos seriam inconscientes e funcionariam diferentes formas de sofrimento em patologias
com relativa independência dos processos corpo- individuais, mensuráveis e homogeneizadas por
rais e cerebrais15-17. meio de critérios diagnósticos. As autoras per-
Mais recentemente, pelo avanço das tecnolo- ceberam também a aplicação de “recursos tera-
gias e neurociências, ganhou relevo a noção de pêuticos universalizáveis”, voltados ao indivíduo,
mente como máquina processadora de infor- com destaque para os antidepressivos, apresenta-
mações, entendida como conjunto de processos dos como opção terapêutica privilegiada.
químicos e conexões neuronais. E têm surgido No cenário contemporâneo, portanto, mui-
sociedades psicofarmacológicas para controlar tos sofrimentos, que outrora eram considerados
a subjetividade pelo uso de medicamentos tran- manifestações variadas das experiências do viver,
quilizantes e antidepressivos, o que gera um lucro ganham contornos de patologias – depressão, es-
exorbitante para a indústria farmacêutica, como tresse, entre outras. Uma consequência entre os
uma expressão da biopolítica e também da bio­ trabalhadores, dado o contexto de concorrência
economia18. em que estão inseridos, é a tendência a desenvol-
Essas concepções influenciam nos modos de ver e manter performances de alto nível, inibindo
compreender e agir na esfera da saúde mental dos ou escamoteando qualquer manifestação de so-
trabalhadores e tendem a restringir a mente ou a frimento.
psique apenas a um lugar das perturbações19, es- Muitos dos sofrimentos dos trabalhadores,
fera de impacto das condições de trabalho no in- sendo diagnosticados como estresse, patologia
terior do indivíduo. Consequentemente atribui- e transtorno mental e do comportamento, ten-
se às características, à história e à personalidade dem a forjar indivíduos/trabalhadores adoecidos,
do trabalhador a causa de seu sofrer. As saídas direcionando práticas de atenção e vigilância da
para esses problemas seriam fundamentalmente doença, deixando escapar intervenções sobre de-
terapêuticas e psiquiátricas20, desconsiderando o terminantes sociais desse fenômeno. A patologi-
processo, o ambiente e a organização de trabalho zação e a medicalização sobressaem neste tempo
originadores dos sofrimentos. A própria reforma marcado pela intolerância com o sofrimento e a
psiquiátrica critica as instituições psiquiátricas, exigência de permanente bem-estar. Os próprios
manicomiais e psiquiatrizantes, compreendendo sujeitos acabam sendo socialmente conduzidos a
os sofrimentos dos sujeitos como um modo de medicalizar sua dor24.
existir e não apenas como distúrbio da mente dos Atualmente existem os seguintes ramos sobre
indivíduos21. a interface entre trabalho e saúde mental: clínicas
do trabalho, enfoques de estresse, assédios e vio-
Abordagens da saúde mental lências psicológicas; linhagens da psicopatologia
dos trabalhadores do trabalho e da psiquiatria, incluindo a vertente
do desgaste mental; psicossociologia e análises
Um conjunto de discursos de diferentes mati- institucionais; e abordagens organizacionais e da
zes analisa a gênese dos sofrimentos no trabalho subjetividade.
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Apesar da diversidade de compreensões e O estresse, principal alvo das preocupações,


abordagens teóricas existentes, algumas práticas é entendido como um conjunto de reações emo-
concentram-se nas alternativas para diminuir o cionais, fisiológicas, comportamentais e cog-
estresse e visam munir os trabalhadores com fer- nitivas ligados ao conteúdo, à organização e ao
ramentas capazes de auxiliá-los a lidar com as si- contexto do trabalho26. Nesse sentido, estabele-
tuações estressantes no trabalho. Ou seja, trata-se ceram-se normativas e acordos políticos, como o
de oferta coletiva de princípios orientadores para “Pacto europeu de saúde mental e bem-estar”, a
encontrar saídas individuais em face dos pro- “Declaração de Edimburgo sobre a promoção da
blemas de saúde mental. São intervenções pres- saúde mental e bem estar no local de trabalho”27 e
critivas, orientadas para a pessoa e que utilizam o “Acordo do estresse”28. São recursos importan-
técnicas de relaxamento muscular, meditação e tes para a União Europeia cumprir os objetivos
treinamento em habilidades cognitivo-compor- da “Estratégia de Lisboa”, com vistas a enfrentar a
tamentais, visando, sobretudo, modificar a ava- baixa produtividade e a estagnação econômica29.
liação do fator gerador de estresse ou ensinar a Bruchell e Robin30, após três décadas de pes-
lidar com os seus sintomas. quisas, seminários, consultorias e intervenções,
Nessa linha percebemos o coping (estraté- trouxeram a discussão de elementos importantes
gias de adaptação a circunstâncias adversas), as para construir um ambiente de trabalho saudável.
técnicas de gerenciamento do estresse, como o Destacaram a confiança como o elemento essen-
aconselhamento, a ginástica laboral, e atividades cial, tendo como âncoras a credibilidade, o res-
recreativas e artísticas, geralmente seguindo uma peito e a justiça, fortalecidas quando existe comu-
inspiração cognitivo-comportamental. Diversos nicação aberta, competência e integridade para
programas organizacionais também objetivam manter a visão da empresa. Outras dimensões
reduzir a avaliação cognitiva de estressores e seus seriam suporte para o desenvolvimento profis-
efeitos subsequentes. sional, demonstração de apreço, colaboração com
Poucas dessas intervenções são orientadas o funcionário na tomada de decisão e atenção a
para estabelecer mudanças nos principais estres- aspectos da sua vida pessoal, além de imparciali-
sores da organização do trabalho. Existem ten- dade, equidade e ausência de discriminação.
dências a explicar e atribuir sucessos e fracassos Ainda que o foco das ações seja elevar a pro-
organizacionais às características individuais das dutividade, não pode se desconhecer a melhoria
pessoas envolvidas e inclinações a culpar fatores de aspectos no trabalho que favorecem a saúde
de personalidade e estilo de vida dos empregados mental dos trabalhadores.
por suas ausências do trabalho ou pelas queixas
de saúde. Além do mais, as próprias tradições da Estratégias para a implementação
psicologia e da medicina do trabalho privilegiam da vigilância à saúde mental
um enfoque individual25.
Essas dimensões estão presentes nas orienta- Quais os caminhos para integrar a saúde
ções de organismos como: Organização Mundial mental em todas as etapas de planejamento, pre-
de Saúde, Organização Internacional do Traba- paração, realização e avaliação de processos de
lho, Occupational Safety & Health Administra- vigilância, no que diz respeito à origem dos di-
tion, National Institute for Occupacional Safety ferentes níveis de sofrimento a serem analisados?
and Health, parlamento europeu e outros insti- Dado que esse sofrimento ocorre na interseção
tutos nacionais. das relações materiais, técnicas, sociais e organi-
Em geral, essas orientações recomendam zacionais do trabalho com os sujeitos, será preci-
também práticas de melhoria de ambientes de so investigar as reais condições de cada contexto
trabalho em relação a estresse, violência, assédio, e situação de trabalho. A questão da saúde mental
riscos psicossociais e transtornos mentais, assim pode constituir o foco central de uma ação de in-
como a construção de empresas psicologicamen- tervenção ou uma das dimensões a ser comtem-
te saudáveis. plada no processo de vigilância.
O ponto crucial a destacar é que as questões Quanto à coleta, produção e análise de in-
mais preconizadas se relacionam à organiza- formações para proceder a implementação de
ção do trabalho, como cultura organizacional, ações de vigilância a partir de diferentes fontes
controle e autonomia do trabalhador sobre sua de dados, conta-se inicialmente com os instru-
tarefa, jornada e tempo de trabalho, relações in- mentos e dispositivos já existentes no SUS, de
terpessoais, comunicação, apoio social, recom- registro de agravos e transtornos mentais e do
pensas, reconhecimento e conflito casa-trabalho. comportamento relacionados ao trabalho. Entre
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esses agravos estão as lesões cerebrais, os trans- individual e se favorece a culpabilização e a vi-
tornos de personalidade, a demência, o delirium, timização das manifestações de sofrimento dos
o transtorno cognitivo leve, o transtorno mental trabalhadores. Além disso, essa segmentação da
orgânico, os episódios depressivos, a síndrome da saúde mental para o “mundo interno” pode con-
fadiga, o alcoolismo crônico, o estresse pós-trau- tribuir para manter na invisibilidade os elemen-
mático e a síndrome de adaptação, as neuroses tos da organização do trabalho que pressionam e
profissionais, os transtornos do ciclo vigília-sono fazem irromper sofrimentos. E, ao mesmo tem-
e a síndrome do esgotamento profissional12,13. po, corrobora para a manutenção das atuações
Podem obter-se também informações impor- psicologizantes e medicalizantes, na medida em
tantes na acolhida e interpretação das demandas que remete à clínica, de um lado, a compreensão
espontâneas e dos encaminhamentos de casos de e o tratamento dos aspectos subjetivos (dificul-
trabalhadores em sofrimento para o Cerest ou dades, sofrimento e transtorno) e, de outro, à vi-
denúncias feitas por movimentos de trabalha- gilância para identificar aspectos objetivos.
dores. Embora os conflitos psíquicos, angústias, A análise integrada do processo de trabalho
irritabilidade, apatia, baixa autoestima e outras impede o olhar dicotômico das ações de análise
situações de sofrimento psíquico e psicosso- -intervenção entre aspectos físicos, materiais, ob-
cial tenham menor reconhecimento social, po- jetivos e aspectos subjetivos, mentais-interiores,
dem emergir, inclusive, em relatos de sintomas psicológicos. Assim, a Visat precisa sobrepujar a
físicos31. E esses sofrimentos podem sinalizar segmentação entre o “lado de fora e lado de den-
contextos coletivos de exposição a processos de tro” dos sujeitos.
trabalho geradores de manifestações diversas de Essa análise integrada das dimensões do pro-
mal-estar e insatisfação, cruciais para a vigilância. cesso de trabalho compreende as configurações
Uma estratégia fundamental para aprimorar gerais dos processos de produção (políticas, eco-
o registro de atendimentos e, consequentemen- nômicas, tecnológicas e sociais), as características
te, a coleta de informações sobre problemas de específicas dos processos de trabalho (matéria
saúde mental – da mesma forma que para outros -prima, artefatos, procedimentos etc.), as cargas e
tipos de agravos – reside na interlocução estrei- riscos do ambiente de trabalho (físicos, químicos,
ta e permanente dos Cerest com os serviços de biológicos, ergonômicos), os aspectos da organi-
Atenção Básica, equipes de saúde da família e de- zação do trabalho (divisão de tarefas, hierarquia,
mais unidades e programas na rede de saúde loco modalidade de gestão, jornadas, turnos, ritmo e
-regional, mas particularmente neste caso com os intensidade das tarefas, pausas), o nível da ati-
Caps. Convém também estabelecer articulações vidade e trabalho real (vivências, criações, sofri-
intersetoriais similares às experiências já consoli- mentos, defesas, produção de novas normas).
dadas em alguns setores produtivos32. A nosso ver, essa abordagem integrada dá
respaldo a negociações coletivas e ao encaminha-
Análise integrada do processo de trabalho mento de mudanças no processo de trabalho be-
néficas para a saúde mental. Do contrário, isolar
Os fenômenos em saúde mental – sofrimen- a saúde mental do conjunto de problemas exis-
tos diversos, desânimo, tristeza, depressão, assé- tentes nos processos de trabalho sob intervenção
dios, estresse, transtornos, entre outros – têm sua pode deixar os profissionais de Visat sem respal-
especificidade, mas podem manifestar-se imbri- do para encaminhar ações aos órgãos competen-
cados com problemas derivados da exposição a tes e dificultar a implementação de mudanças
diversos tipos de risco no ambiente de trabalho, efetivas no trabalho. Obviamente a saúde mental
assim como a ocorrência de acidentes de traba- tem especificidades, mas não pode ser tratada de
lho. É esse complexo atravessamento entre su- forma isolada, uma vez que todo aspecto mate-
jeitos trabalhadores e aspectos materiais, físicos, rial, simbólico, social do trabalho está interligado
químicos, biológicos, culturais, e organizacionais com os sujeitos.
nos processos de trabalho que deve ser o objeto A integralidade do trabalho, enquanto ques-
da vigilância. tão social, econômico-material e psicológico-
Quando na prática de intervenção distin- simbólica não deve ser fracionada para propiciar
guem-se rigidamente aspectos objetivos do tra- a superação de intervenções em um ou outro
balho, separados de subjetivos, opera-se uma aspecto da realidade. Uma demissão, cobranças
simplificação da realidade. E a saúde mental aca- excessivas, acidentes, novos ritmos, relações, jor-
ba sendo considerada um problema dos sujeitos nadas, salário, entre outros aspectos, afetam re-
trabalhadores, uma questão subjetiva, interior, presentações dos sujeitos sobre si mesmos, sobre
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os outros e sobre o trabalho. O trabalho desper- sociais e culturais (divisões, grupos, status, reco-
ta sentimentos diversos – satisfação, frustração, nhecimento, relações de poder, relações interpes-
medo, indecisão, dúvida, tristeza – entre os tra- soais, valores, crenças, hábitos) com as caracterís-
balhadores e todas as manifestações coletivas de ticas dos sujeitos.
mal-estar devem direcionar o olhar da vigilância Cada contexto de trabalho, portanto, possui
para o trabalho, a fim de buscar compreender uma junção específica desses elementos e, por
suas contradições e propor mudanças efetivas isso, tem características próprias na forma de
que propiciem bem-estar. interferir positiva ou negativamente no processo
Esse pressuposto do caráter transversal do saúde-doença e nas manifestações do sofrimento.
trabalho - atravessamentos mútuos entre sujei- Daí é preciso ressaltar esses elementos da orga-
tos e contexto laboral -contribui para direcionar nização do trabalho para legitimar a interven-
práticas mais holísticas, evitando a segmentação ção sobre seus aspectos constituintes, como as
na análise do processo de trabalho. relações entre gestores e trabalhadores, as regras
abusivas, as demandas excessivas, os critérios de
Aspectos da organização do trabalho produtividade, as injustiças nas relações, entre
outros. Isso significa ir avançando no que tange à
A nosso ver, o processo de intervenção, com desnaturalização da organização do trabalho.
o foco central na saúde mental ou não, implica Para mudar aspectos da organização do tra-
perscrutar e descortinar o âmago do processo de balho faz-se necessário uma análise criteriosa,
trabalho, ou seja, avaliar todo o sistema de tra- que englobe a observação das relações de traba-
balho, considerando todos os seus componentes: lho e do cotidiano do trabalho. Com essa fina-
ambiente e processo de trabalho, posto de traba- lidade, podem ser realizadas entrevistas abertas
lho, equipamentos, características dos trabalha- com trabalhadores e gestores, reuniões ampliadas
dores, operações, atividades, fluxos, inventários, com representações de trabalhadores e especialis-
mecanismos de gestão, cultura organizacional, tas naquele tipo de trabalho. A intenção maior é
entre outros. Todos esses elementos são cruciais gerar diálogos que levem a entender o cotidiano
e uma atuação que vise minimizar as manifes- de trabalho, as fontes dos sofrimentos e as saídas
tações de sofrimento necessita dar mais relevo possíveis.
à organização e gestão do trabalho, pois esse é o Uma questão fundamental é caracterizar bem
elemento que define regras e funções para todo o o tipo de setor e processo de gestão. Se existe uma
sistema funcionar. gestão que se preocupa com programas de quali-
Por organização do trabalho (OT) enten- dade de vida no trabalho, por exemplo, se já tem
demos não um lugar, uma instituição, um am- essa sensibilidade, a vigilância vai lidar com outro
biente, mas os modos de compor o processo de gestor mais aberto a efetuar mudanças. Encon-
trabalho, os arranjos técnicos e sociais que pa- tra-se aí uma plataforma de diálogo, pois exis-
dronizam comportamentos, estabelecem metas, tem convergências e uma possível pré-disposição
objetivos, alvos, cultura, valores e que mobiliza, para rever processos, procedimentos e relações.
enquadra e forma sujeitos. Da mesma forma, se uma empresa está decidida
Dentre os vários elementos da OT estão a hie- a mudar sua imagem por questões de marketing
rarquia e as regras de subordinação, as rotinas e ou quedas na produtividade e alta rotatividade,
a prescrição de atividades, a divisão de tarefas, os essa preocupação pode ir ao encontro do que a
ritmos de produção, os mecanismos de controle vigilância quer propor. E, nesses casos, a vigilân-
de produção, a sequência dos fluxos de produ- cia pode cumprir um papel mais educativo.
ção, os horários, turnos e pausas, a alternância, Ao mesmo tempo, convém avaliar se o pro-
substituição e reposição, a disposição normativa blema estaria também na própria “cultura da de-
oral e escrita, a comunicação formal e não for- sorganização”, onde faltam mecanismos coletivos
mal, sistemas de bônus e punição, os requisitos de tomada de decisão e as normas são definidas
dos operadores e os mecanismos de segurança e apenas por uma hierarquia rígida e pessoalizada
proteção, o controle médico. ou se trata de uma cultura mais democrática e
A OT, seja no setor industrial, nos serviços aberta ao diálogo.
ou na agricultura, é conformada técnica e so- Referimos, a seguir, alguns elementos da or-
cialmente, e, em tese, articula singularmente ganização do processo de trabalho que a vigi-
elementos materiais (matéria-prima e objetos lância deve olhar, enquanto balizas iniciais para
de trabalho), técnicos e tecnológicos (maquiná- propiciar a aproximação com as fontes dos so-
rios, equipamentos, instrumentos de trabalho), frimentos. Eles podem ser agrupados em oito
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eixos: (1) organização do tempo e intensidade ções enfrentadas pelos trabalhadores no seu dia a
de produção; (2) práticas de gestão; (3) cultura dia, pois são elas que vão gerando manifestações
organizacional; (4) relações interpessoais; (5) ati- do sofrimento. Essas manifestações podem ex-
vidade e autonomia; (6) relação dos sujeitos com pressar-se como situações de desânimo por falta
sua atividade; (7) situações relativas ao vínculo de escuta, desesperança com a gestão, desalento
de trabalho; (8) questões externas ao processo de por trabalhar em ambiente deteriorado, sem con-
trabalho. dições de exercício pleno e satisfatório das tarefas
O primeiro aspecto trata do ritmo e da car- dada a falta de materiais, insumos, recursos e pes-
ga das atividades, incluindo a extensão e inten- soal para isso.
sidade da jornada de trabalho, a existência de Sem dúvida, outro eixo de onde emanam si-
sistema de turnos e outras situações que podem tuações de sofrimento são as relações interpesso-
provocar cansaço ou esgotamento, alterando ais. É nesse âmbito que ocorrem comportamen-
comportamentos dos trabalhadores e podendo tos abusivos, violências psicológicas e simbólicas,
levar a crises agudas. A sobrecarga de atividades, relações desiguais de poder, mecanismos discipli-
a velocidade das tarefas, as exigências de traba- nares, entre outros. Incluem-se aí os incentivos
lho noturno, por exemplo, quando analisadas de à competitividade ou à colaboração e trabalho
modo integrado, oferecem indícios e evidências em equipe, o trato com o outro e o respeito às
do quanto o trabalho pode produzir sofrimentos diferenças de sexo, idade, função, cor, etnia e re-
nos sujeitos. ligião. As relações entre os sujeitos podem gerar
As práticas de gestão também são aspectos situações de (des) confiança, (in) justiça, falta de
centrais, pois tratam de todos os caminhos refe- reconhecimento e humilhações. Essas relações
rentes a ação de uns sobre a de outros, definindo podem ser fontes tanto de sofrimentos quanto de
os modos como os trabalhadores são seleciona- resiliência. O apoio do grupo, a consolidação de
dos, treinados, recompensados, premiados, in- relações de amizade e camaradagem certamente
centivados e avaliados. Envolvem também os ti- são fatores que contribuem para a melhoria da
pos de tecnologias usadas, as exigências/metas de saúde mental dos trabalhadores.
produtividade e pagamento por produção, as prá- A autonomia e outros aspectos da atividade
ticas de avaliação de desempenho e de resultados. dos trabalhadores são também importantes para
Essas práticas, independentemente de seu porte e serem avaliados. Trata-se do controle do traba-
grau de qualificação, tanto se realizadas de modo lhador sobre sua tarefa, a definição clara de seus
informal como por profissionais qualificados e papeis e expectativas sobre ele, o equilíbrio entre
instrumentos específicos, trazem repercussões habilidades e exigências. É crucial atentar para a
nos sujeitos, cruciais para a análise da vigilância. existência ou falta de autonomia e liberdade de
Outros pontos importantes são os compo- escolha, tomada de decisão, resolução de proble-
nentes da cultura organizacional: as formas de mas e até a administração de tempos de trabalho.
comunicação mais presentes, como oportunida- Nesse item, entra em questão também o orgulho
des para os trabalhadores exporem suas queixas do trabalhador pelo tipo de trabalho que se faz
e participar na tomada de decisão, os valores, e pelo seu produto e até mesmo os sentimentos
hábitos e crenças que circulam entre as pessoas gerados pela tarefa que se executa, como os de in-
no cotidiano do trabalho, a própria estrutura ferioridade e de autoestima.
organizacional, incluindo o objetivo, a missão, o Existe ainda um nível que trata das próprias
histórico e a visão de futuro da organização. Um caraterísticas dos sujeitos em relação às suas ati-
olhar da vigilância estaria em perceber se existe vidades. São as pressões emocionais do trabalha-
transparência na gestão, respeito às pessoas, va- dor, a sensação de capacidade/incapacidade para
lorização dos esforços dos trabalhadores para a tarefa, a subutilização de seus saberes e habili-
resolver os problemas, incentivo para a melho- dades, o sentido e significado do trabalho para o
ria na vida e o avanço profissional. Afinal, pode sujeito, entre outros.
ser muito custoso ter que enfrentar uma jornada Até mesmo, o tipo de vínculo laboral influi
de trabalho extensa e cansativa, lidar com a dis- para a produção de sofrimento. Contextos de
tância entre o trabalho e casa e com um gestor maior instabilidade no emprego, contratos tem-
autoritário, entre tantas outras questões. Esse é porários, informalidade e ameaças de perda da
um amplo terreno de relações. O processo de vi- atividade geram angústias, medos e conflitos,
gilância passa então pela identificação do maior pois ameaçam a própria subsistência do traba-
número possível de elementos da organização do lhador e de sua família. Também repercutem no
trabalho, para chegar o mais próximo das situa- sofrimento a (des) harmonia entre vida privada
4656
Leão LHC, Minayo Gomez C

e trabalho, bem como as próprias condições de requeridas e acompanhar sua implantação e efe-
moradia, transporte e o salário. tividade em um processo dialógico com os atores
Muitas dessas questões são reivindicações responsáveis. Sob essa ótica, a incorporação do
históricas e centrais dos trabalhadores para ga- saber e experiência é requisito básico em todas
rantir a melhoria de suas condições de vida e tra- as outras etapas do processo da vigilância. A mo-
balho. É fundamental focalizá-las para identificar bilização dos trabalhadores e suas representações
e reduzir fontes de sofrimento. Para isso, inde- para a identificação e resolução das situações ge-
pendentemente do método e instrumento a ser radoras dos problemas em saúde mental no tra-
utilizado, um requisito fundamental é ouvir os balho é um passo crucial. É indispensável fortale-
discursos dos trabalhadores, técnicos de seguran- cer estratégias de emancipação dos trabalhadores
ça, gerentes e demais pessoas envolvidas no tra- e oportunizar seu protagonismo na identificação
balho. Até porque muitas situações originadoras e análise do trabalho visando à transformação
de sofrimento são invisíveis ao olhar de terceiros dos aspectos da organização da sua atividade. O
e só são percebidas a partir da fala, comporta- reconhecimento e a melhor identificação das ori-
mento e expressão dos trabalhadores33. gens do sofrimento nos elementos da OT, inclu-
Esses elementos podem ser considerados sive, dependem mais do olhar dos trabalhadores
para entender os motivos e razões das queixas, do que dos próprios técnicos.
de modo que as entrevistas com os trabalhadores A participação efetiva dos trabalhadores
não representem apenas uma oportunidade para como protagonistas reais de todas as etapas de
desabafos, mas um meio para localizar os princi- atuação contribui para retirar do trabalhador o
pais problemas nas relações no trabalho. papel de mero objeto para a produção no espaço
De forma semelhante a outras práticas de vi- de trabalho, objeto de cura no espaço da saúde,
gilância, é importante também proceder à verifi- objeto de assistência na previdência, para forta-
cação e análise de documentos relativos à saúde lecer sua autonomia enquanto sujeito da trans-
e segurança – afastamentos do trabalho, taxas formação.
de frequência e gravidade de acidentes e doen-
ças profissionais, práticas de controle médico em
saúde mental, atas da CIPA, programas existentes Considerações finais
de qualidade, índices de absenteísmo e turnover.
E quanto às práticas de gestão: missão e visão da Neste artigo buscou-se apresentar aspectos teó­
empresa, regras escritas, mecanismos de incenti- ricos e políticas institucionais que contribuam
vos e premiações, relatórios de gestão e índices de para incorporar dimensões da saúde mental nos
produtividade, entre outras. processos de vigilância em saúde do trabalhador.
Esse conjunto de informações permite cons- Existe necessidade de responder a essa demanda
truir uma espécie de mapa da organização do que cada vez se torna mais explícita na área de saú-
trabalho, que trabalhadores, técnicos, gestores de do trabalhador. Entende-se que a origem dos
e vigilantes de saúde pública elaborariam essa sofrimentos e agravos guarda estreita relação com
cartografia, situando as relações e fontes de so- os elementos que compõem a organização e gestão
frimento mais perceptíveis e imediatas e identifi- do trabalho. Nesse sentido, as ações da vigilância
cando pontos críticos a serem melhorados. devem incluir e identificar os componentes gera-
Quanto às medidas de avaliação, encaminha- dores desses agravos. A diversidade de sofrimentos
mento e formas de acompanhamento dos resul- gerados nas condições e processos de trabalho exi-
tados da ação entram em questão os processos de ge um grande investimento para conhecer e trans-
negociação coletiva, os acordos setoriais e os me- formar as situações que lhes dão origem.
canismos para a implementação de mudanças na Em nível nacional, é fundamental promover
organização de trabalho. O objetivo seria, portan- a inserção das questões de saúde mental dos tra-
to, recomendar, efetivar e acompanhar mudanças balhadores na legislação e nas normas técnicas da
baseadas nas análises desses elementos apontados vigilância em saúde. Da mesma forma, é preci-
anteriormente. E mais do que obter uma mera so que o Ministério da Saúde elabore diretrizes
comprovação de nexos em uma relação de causa específicas para orientar e conseguir avançar nas
-efeito entre um sujeito e uma patologia, a pers- ações de vigilância.
pectiva é superar ênfases positivistas e biomédicas Avançar nessa direção é um enorme desafio,
para lidar com as manifestações de sofrimento. principalmente porque ainda não temos sufi-
Mais que gerar processos administrativos, o cientes experiências de vigilância consolidadas
foco da vigilância está em sistematizar mudanças nesses moldes.
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Ciência & Saúde Coletiva, 19(12):4649-4658, 2014


Finalmente, convém enfatizar que tornar Consequentemente, é necessário pensar meios
efetivos os resultados das ações de vigilância e estratégias para ir negociando mudanças que
à saúde mental dos trabalhadores não é uma promovam mais satisfação no trabalho. É claro
questão meramente técnica. Interferir na gestão que os próprios trabalhadores deveriam ocupar
e organização do trabalho significa entrar num um papel fundamental em todas as etapas de vi-
terreno de conflito de interesses antagônicos de gilância para garantir a implementação das ações
diversos níveis e, portanto, tem os seus limites. de transformação.

Colaboradores

LHC Leão trabalhou na pesquisa e escrita inicial


do artigo; C Minayo Gomez trabalhou na con-
cepção e na redação final do artigo.
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Leão LHC, Minayo Gomez C

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