Matriz Alimentacao Nutricao
Matriz Alimentacao Nutricao
Matriz Alimentacao Nutricao
Brasília – DF
2008
MINISTÉRIO DA SAÚDE
SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ATENÇÃO BÁSICA
Brasília – DF
2008
© 2008 Ministério da Saúde.
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Supervisão:
Ana Beatriz Pinto de Almeida Vasconcellos (CGPAN/DAB/SAS)
Equipe de elaboração:
Maria de Fátima Cruz Correia de Carvalho (OPSAN/UnB)
Mariana Martins (OPSAN/UnB)
Marília Mendonça Leão (OPSAN/UnB)
Elisabetta Recine (OPSAN/UnB)
Colaborador especial:
Michele Lessa de Oliveira (OPAS)
Revisão:
Dillian Adelaine Cesar da Silva (CGPAN/DAB/SAS)
Dirceu Ditmar Klitzke (CGPAN/DAB/SAS)
Helen Altoé Duar (CGPAN/DAB/SAS)
Janine Giuberti Coutinho (CGPAN/DAB/SAS)
Karla Lisboa Ramos (CGPAN/DAB/SAS)
Kathleen Sousa Oliveira (CGPAN/DAB/SAS)
Maria Natacha Toral Bertolin (CGPAN/DAB/SAS)
Mariana Carvalho Pinheiro (CGPAN/DAB/SAS)
Patricia Chaves Gentil (CGPAN/DAB/SAS)
Ficha Catalográfica
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.
Matriz de ações de alimentação e nutrição na atenção básica à saúde/Ministério da Saúde, Departamento de Atenção Básica.-Brasília:
Ministério da Saúde, 2008.
ISBN
Lista de Siglas
1. Referencial Metodológico de Construção da Matriz
1.1 Propósito
1.2 Antecedentes
A equipe multiprofissional e a atuação do nutricionista no cuidado nutricional na
1.3
atenção básica à saúde
1.4 Pressupostos conceituais e organizacionais da Matriz
2. Gestão das ações de alimentação e nutrição
3. Sujeito da abordagem: indivíduo
3.1 Nível de Intervenção: diagnóstico
3.2 Nível de Intervenção: promoção da saúde
3.3 Nível de Intervenção: prevenção de doenças
3.4 Nível de Intervenção: assistência/tratamento/cuidado
4. Sujeito da abordagem: família
4.1 Nível de Intervenção: diagnóstico
4.2 Nível de Intervenção: promoção da saúde
4.3 Nível de Intervenção: prevenção de doenças
4.4 Nível de Intervenção: assistência/tratamento/cuidado
5. Sujeito da abordagem: comunidade
5.1 Nível de Intervenção: diagnóstico
5.2 Nível de Intervenção: promoção da saúde
5.3 Nível de Intervenção: prevenção de doenças
5.4 Nível de Intervenção: assistência/tratamento/cuidado
Referências
Glossário
Anexo
5
Lista de siglas
1.1 Propósito
A atual situação epidemiológica brasileira representada pela dupla carga de doenças é razão que
justifica a incorporação das ações de alimentação e nutrição no contexto da Atenção Primária em Saúde
em geral e, em particular, da Estratégia da Saúde da Família. As emergentes e crescentes demandas de
atenção à saúde decorrem, principalmente, dos agravos que acompanham as doenças crônicas não
transmissíveis e as deficiências nutricionais, ambos os grupos associados a uma alimentação e modos
de vidas não saudáveis. As ações de alimentação e nutrição na Atenção Primária tanto contribuirá para a
qualificação como para a garantia da integralidade da atenção à saúde prestada à população brasileira.
O propósito principal desta matriz de ações de alimentação e nutrição, elaborada pelo Observatório
de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição da Universidade de Brasília – OPSAN/UnB, no âmbito da
pesquisa Inserção da Nutrição na Atenção Básica de Saúde, financiada pela Coordenação-Geral da Política de
Alimentação e Nutrição - CGPAN/MS, foi sistematizar e organizar as ações de alimentação e nutrição e do
cuidado nutricional para integrarem o rol de ações de saúde desenvolvidas no âmbito da atenção básica à
saúde. Com isso, objetiva-se contribuir com o aperfeiçoamento da ação governamental, especificamente
aquela sob responsabilidade e gestão da Política Nacional de Alimentação e Nutrição – PNAN (Portaria
nº 710, de 10 de junho de 1999), da Política Nacional de Atenção Básica (Portaria n.º 648, de 28 de março
de 2006) e de Promoção da Saúde (Portaria n.º 687, de 30 de março de 2006), a partir da adoção de ações
de alimentação e nutrição na atenção primária em saúde, num esforço convergente e complementar às
demais ações que já vêm sendo implementadas pelos diversos programas públicos de saúde ofertados,
em especial a Estratégia Saúde da Família.
A baixa oferta de ações primárias de alimentação e nutrição na rede de unidades básicas de saúde,
ou a sua baixa incorporação na atuação das equipes de saúde, implica em limitar o cumprimento dos
princípios da integralidade, universalidade e resolubilidade da atenção à saúde. Para superar esse desafio,
é preciso, além de fomentar a inserção das ações de alimentação e nutrição, no âmbito das estratégias de
atenção à saúde, de forma multidisciplinar, promover o apoio e a incorporação qualificada do nutricionista,
especialmente na rede básica de saúde. A criação de espaços, como os Núcleos de Apoio à Saúde da
Família (Portaria n.º 154, de 24 de janeiro de 2008) possibilita a integração do nutricionista à equipe
multidisciplinar, para atuar em parceria com os profissionais das Equipes Saúde da Família - ESF.
A ação dos profissionais de saúde na atenção primária à saúde deve orientar-se pelo compromisso
e conhecimento da realidade epidemiológica, em um determinado território, e das estratégias de ação em
saúde coletiva.
O trabalho em equipe assume destaque a partir da Reforma Sanitária, ao final dos anos 80, pautando-
se na interdependência e complementaridade das ações desenvolvidas pelos diversos agentes de saúde,
com produção articulada, e de modo cooperado e solidário. O trabalho multiprofissional pressupõe a
atividade coletiva, a cooperação solidária na elaboração e execução de ações de intervenção técnica,
resultando em um trabalho que considere os sujeitos em sua integralidade.
Estabelece-se, portanto, uma nova agenda para os gestores e profissionais de saúde, a partir
da necessidade de articulação entre equipes, diversas e heterogêneas, exigindo profissionais com
conhecimentos, habilidades e atitudes que possibilitem as mudanças necessárias na organização dos
serviços – trabalho em equipe, competências compartilhadas e humanização no atendimento.
A conexão entre as ações dos diversos profissionais de saúde que atuam na atenção básica requer
não apenas a articulação formal, mas resulta do empreendimento ativo desta articulação no processo de
formação profissional e do próprio sujeito nessa direção, envolvendo-se efetivamente com o trabalho que
se pretende executar.
O trabalho multiprofissional pode contribuir para a efetividade das ações de nutrição, a partir da
construção compartilhada de conhecimentos. No que se refere à atuação do nutricionista, nesse âmbito
da atenção à saúde, suas responsabilidades têm por objetivo central contribuir com o planejamento
e a organização das ações de cuidado nutricional local, visando qualificar os serviços e melhorar a sua
resolubilidade, atuando de forma efetiva sobre os determinantes dos agravos e problemas alimentares e
nutricionais que acometem a população daquele território.
A atuação do nutricionista em grande parte dos municípios brasileiros, precisa ser fortalecida para
que a potencialidade do conhecimento da Nutrição e das intervenções neste campo possam, de forma
efetiva, contribuir para a melhoria da qualidade de vida e de saúde da população. Para isso, é necessária a
sua atuação junto a indivíduos, famílias e comunidade, além de sua contribuição na formação em serviço
de profissionais e na articulação de estratégias junto aos equipamentos sociais de seu território, em prol da
promoção da alimentação saudável, do Direito Humano à Alimentação Adequada - DHAA e da Segurança
Alimentar e Nutricional – SAN.
A matriz elenca ações prioritárias e algumas delas dizem respeito ao conhecimento técnico
específico da formação do nutricionista, quais sejam, as relações entre o homem e o alimento. Muitas delas
são relacionadas ao cuidado nutricional direcionado aos indivíduos, e tiveram como base as determinações
legais para a atuação profissional e os princípios que regem o SUS.
Outras são atribuições a serem compartilhadas entre os membros da equipe, podendo o nutricionista
assumir o papel de profissional-referência para o desenvolvimento das ações, tendo a responsabilidade de
orientar a abordagem mais adequada, estabelecer protocolos de atenção em nutrição, de referência e
contra-referência, desde que sejam preservadas as suas atribuições privativas.
• Caráter das ações: universais (aplicáveis a quaisquer fases do curso da vida) e específicas (aplicáveis
a determinada(s) fase(s) do curso da vida).
Entende-se que o indivíduo, a família e a comunidade são três distintos sujeitos da abordagem
do cuidado nutricional. Logo, a família e a comunidade não são entendidas aqui como meros lócus
(locais) onde os profissionais executam suas ações, muito embora a atenção à saúde possa ser prestada
em diferentes locais de abordagem: nas próprias unidades de saúde, no núcleo familiar ou no domicílio e
nos equipamentos comunitários (escolas, creches, centros de acolhimento de idosos etc).
Se indivíduos, famílias e comunidades são os sujeitos da atenção, eles devem ser vistos como
“sujeito coletivo” ou “corpo social” que têm características próprias e fatores que lhes afetam o estado
nutricional e a saúde de forma mais ou menos específica. Ou seja, famílias e comunidades não devem ser
vistas como mero ajuntamento de indivíduos. Embora agreguem pessoas, esses grupamentos sociais têm
características, dinâmicas e formas de organização diferentes, como também o são as suas necessidades
e os resultados e impactos de fatores diversos que possam lhes afetar. Um mesmo fato/determinante
pode afetar esses três sujeitos – por exemplo, a condição socioeconômica - mas as explicações causais, os
determinantes e as implicações para cada um deles são específicos e determinam resultados diferentes de
acordo com a direção do “olhar profissional” ou da atenção: se sobre pessoas, famílias ou comunidades. E
isso deve ser levando em conta quando se estabelece o cuidado nutricional.
As famílias devem ser vistas como uma unidade na atenção nutricional, mas que apresentam
especificidades e diferenças entre uma e outra. Elas vivem em locais e em condições diferentes, são afetadas
por fatores culturais, sociais, econômicos educacionais de forma diferente e têm diferentes conformações
(unipessoais, nucleares ou ampliadas; consanguíneas ou não, heterogâmicas ou homogâmicas, uniparentais
com homens chefes ou mulheres chefes, famílias com chefia compartilhada, etc). Além disso, na família
podem conviver indivíduos de diferentes fases do curso da vida.
Da mesma forma, uma comunidade não deve ser olhada com um simples somatório de pessoas ou
de famílias. Cada uma delas é um “sujeito coletivo” e tem suas especificidades, dinâmicas, modos e formas
de se organizar, pois que é composta por indivíduos de diferentes fases do curso da vida, por núcleos
familiares ou outras formas variadas de organização social.
Contudo, famílias e comunidades também podem ser lócus da abordagem do sujeito “indivíduo”:
ações para indivíduos, quando pertinente, podem ser desenvolvidas nesses dois diferentes ambientes de
atenção. Por exemplo, as visitas domiciliares realizadas pelas equipes saúde da família idealmente devem
abordar a família como um “sujeito coletivo” e dirigir ações e intervenções pertinentes a esse sujeito da
abordagem. Mas por ocasião dessas visitas, é possível que essa mesma equipe tenha que realizar ações de
caráter individual para atender, no ambiente domiciliar, um ou outro integrante da família que necessite
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de intervenção individual. Ações de promoção da alimentação saudável, por exemplo, são ações que
têm a família como foco. Mas, se ao visitar dada residência, a equipe verificar a presença de um idoso
com dificuldade motora ou incapacidade física ou psíquica que afetem a sua alimentação, ela abordará o
próprio idoso, ou seus cuidadores/familiares, com orientações específicas e individualizadas para solução
ou minimização dos problemas detectados.
Adicionalmente, definir ações que tenham como sujeitos da abordagem a família e a comunidade
permite consonância com o olhar e a estratégia de cuidado pretendidas com a construção de um novo
modelo de atenção à saúde, tendo seu foco principal na atenção básica de saúde e na Estratégia Saúde da
Família. São esses dois âmbitos de atuação - família e comunidade – que, na concepção lógica da matriz,
têm potencial para permitir intervenções que possam qualificar a atenção à saúde, dando-lhe maior
resolubilidade e promovendo a integralidade da atenção, atendendo aos princípios do SUS, da atenção
básica e da Estratégia Saúde da Família.
A intervenção nutricional sobre esses “sujeitos coletivos” – de uma forma coordenada e integradas às
demais ações de saúde – indubitavelmente terá maior impacto sobre a melhoria do perfil epidemiológico
da população brasileira. Hoje, no Brasil, as principais causas de mortalidade e morbidade estão associadas
à alimentação inadequada e à inatividade física, conforme referido anteriormente.
Ressalta-se que o cuidado individual, contudo, não é menos importante para o alcance desses
princípios - e nem foi aqui esquecido, até porque esta abordagem da atenção nutricional é bem estabelecida
e consagrada na prática diária dos nutricionistas - e mesmo na lei que rege a sua atuação e em sua formação
acadêmica -, exigindo apenas um esforço em sua sistematização e utilização na rede básica de saúde.
• Organização: significa realizar as ações para organizar os órgãos e cargos, definir atribuição de
autoridade, de responsabilidade, identificar e organizar os recursos e atividades para atingir os
objetivos;
• Controle: envolve a definição de padrões para medir desempenho, corrigir desvios ou discrepâncias
e garantir que o planejamento seja realizado. (Brasil, 2007)
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É esse elenco de ações que conduzirão à execução de ações e ao cuidado nutricional de forma
alinhada, planejada e articulada nos diferentes níveis de atenção à saúde e entre as unidades de saúde e
suas equipes, que conformam a rede de serviços e ações que concretizam a atenção primária à saúde da
população. Em síntese, as ações de gestão envolvem o estabelecimento de diretrizes para a coordenação
e a gestão municipal das ações de alimentação e nutrição, bem como o planejamento e organização das
ações de atenção e cuidado nutricional em consonância com aquelas diretrizes e com as demais normas
emanadas pelos gestores nacional, estadual e municipal do SUS.
Essa necessidade traduz-se em função da ainda incipiente gestão e organização das ações de
alimentação e nutrição em muitos municípios brasileiros. Pensando-se na qualificação da atenção, faz-se
necessário que, no âmbito da política de alimentação e nutrição, a gestão também seja qualificada para se
conformar às responsabilidades da esfera municipal de gestão do SUS.
Nesse nível de intervenção, pelas suas próprias características, não há grupamento de ações
segundo o curso da vida, sujeitos da abordagem ou caráter das ações porque tais ações antecedem o
cuidado nutricional a ser desenvolvido na rede de saúde. São essas ações – e sua organização – que ditarão
as normas, procedimentos e condutas em relação ao cuidado nutricional implantado na rede.
b. Diagnóstico
Embora as ações de diagnóstico, nesta matriz, estejam propostas como meios para definir e selecionar as
intervenções mais adequadas para o alcance de um determinado objetivo de saúde ou nutrição, optou-
se por trabalhar o diagnóstico como um nível de intervenção específico e, portanto, transcendendo-o
para além de sua função especifica de “diagnosticar”. Por essa razão, a matriz define que o diagnóstico
nutricional vai além dos parâmetros tradicionalmente mensurados pelo sistema de saúde: indicadores
antropométricos, clínicos e bioquímicos. O diagnóstico nutricional, especialmente, quando se considera
como sujeitos da atenção as famílias e as comunidades, requer outros tipos de informação, passíveis de
serem coletadas também no âmbito do sistema de saúde e mesmo fora dele.
Diagnóstico nutricional é aqui entendido como as ações e atividades que visam à identificação e à
avaliação do estado nutricional do usuário do SUS, elaborado com base em dados clínicos, bioquímicos,
antropométricos e dietéticos conjugado, ainda, a dados sociais, econômicos e culturais, obtidos quando
da avaliação nutricional e durante o acompanhamento dos três sujeitos da atenção nutricional: indivíduo,
família e comunidade (Conselho Federal de Nutricionistas, 2005, com adaptações).
c. Promoção da saúde
Entende-se que a promoção da saúde é a intervenção (ou o conjunto delas) que teria como
horizonte ou meta ideal a eliminação permanente - ou pelo menos duradoura - de uma doença ou distúrbio
nutricional. Esse nível de intervenção e as ações que o conformam, buscam atingir as causas mais básicas
das doenças - e não apenas evitar que elas se manifestem nos indivíduos ou coletividades (famílias e
comunidades). Optou-se por essa conceituação explicativa, adotada por Lefèvre & Lefèvre para orientar a
identificação das ações de promoção da saúde (Lefèvre e Lefèvre, 2007).
Esse conceito rompe com um paradigma ainda muito vigente na concepção e abordagem da
atenção à saúde, uma vez que desloca o objeto e o enfoque da atenção do doente em direção à doença.
Ou seja, a promoção da saúde difere da prevenção, não se caracterizando como um subconjunto desta
- que na proposição clássica de Clarck & Leavell envolveria ações desenvolvidas em nível mais básico,
abrangente e inespecífico da prevenção de doenças (Leavell e Clarck, 1976).
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d. Prevenção de doenças e distúrbios nutricionais
Prevenção é aqui entendida como toda medida que, tomada antes do surgimento ou agravamento
de uma dada condição mórbida (ou conjunto delas) visando afastar a doença do doente ou vice-versa,
para que tal doença não se manifeste - ou manifeste-se de forma menos grave nos indivíduos ou na
coletividade (Lefèvre e Lefèvre, 2007).
Assistência à saúde, de uma forma ampla, trata do conjunto de ações concretizadas pelo SUS,
em todas as suas esferas de gestão, para o atendimento das demandas pessoais, individuais e coletivas. A
assistência à saúde pode ser prestada no âmbito ambulatorial e hospitalar, bem como em outros espaços,
especialmente no domiciliar.(Brasil, 2004)
Por se tratar aqui da atenção básica de saúde, as ações constantes da matriz referem-se à assistência
ambulatorial que trata de um conjunto de procedimentos terapêuticos de baixa complexidade, possíveis
de realização em ambulatórios e postos de saúde, envolvendo o tratamento e a reabilitação dos problemas
relacionados ou associados à alimentação e nutrição. (Brasil, 2004)
As ações que integram a atenção nutricional nos diferentes níveis de intervenção são agrupadas
em dois blocos: ações universais e ações específicas.
São universais aquelas ações de saúde e de cuidado nutricional que se aplicam a todas as fases do
curso da vida, ou seja, sua realização é pertinente e oportuna a todas as fases do curso da vida e portanto
a toda a população.
As ações específicas são aquelas aplicáveis à determinada fase do curso da vida. São ações inerentes
ou adaptadas às especificidades de uma determinada fase do curso da vida.
Por exemplo, a avaliação do consumo alimentar é uma ação de caráter universal porque é aplicada
- e é importante elemento de investigação - em todas (ou quaisquer) fases do curso da vida. Já a avaliação
do aleitamento materno, mesmo sendo parte da avaliação do consumo alimentar somente se aplica
às crianças menores de 24 meses e, mais particularmente, às crianças menores de seis meses de idade.
Também pode se aplicar às nutrizes, no tocante às técnicas de amamentação. Assim, essa ação tem caráter
específico para determinadas fases da vida.
Um ponto a ser ressaltado aqui trata da relação existente entre esses dois grupos – ações específicas
e universais. Um grupo não é mais relevante que o outro na atenção à saúde. Na verdade, considerando
os princípios norteadores da integralidade e resolubilidade e o princípio da humanização do cuidado
nutricional, esses dois grupos de ação são complementares, devendo ser adotados concomitantemente
na atenção nutricional prestada aos usuários do SUS.
Além disso, destaca-se que as ações específicas são pertinentes apenas ao primeiro sujeito de
abordagem – os indivíduos. Famílias e comunidades apresentam somente ações de caráter universal. Isso
se justifica em função de alguns entendimentos:
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• O indivíduo vive em família e em uma comunidade e, portanto, é por elas influenciado. Eles
também apresentam especificidades e são diferentes entre si, sendo que um dos elementos
dessa diversidade é a fase do curso da vida em que se encontram no momento em que
têm acesso às ações de saúde ou são abordados pelos profissionais de saúde. Logo, o curso
da vida é o elemento orientador da construção da proposta de cuidado nutricional porque
os indivíduos diferenciam-se em função dessas diversas fases da vida.
Dentre os pressupostos que foram previamente consensuados para a construção da matriz está
a abordagem do curso da vida. Este pressuposto também foi utilizado para dar organicidade à matriz
de ações de alimentação e nutrição, mas, além disso, ela está intrinsecamente ligada aos conceitos aqui
criados - e que são também pressupostos da construção da matriz: sujeitos das ações e caráter das ações.
A matriz tenta dar visibilidade à importância do cuidado nutricional ao longo do curso da vida,
considerando-o um processo contínuo e ininterrupto. Significa assumir que o estado nutricional e de
saúde em uma fase da vida pode ter repercussões positivas ou negativas sobre as fases subseqüentes do
curso da vida.
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Nessa lógica, as ações representantes dos diferentes níveis de intervenção são desagregadas de
acordo com oito grupos de indivíduos, ou as fases do curso da vida aqui adotadas:
• Gestantes;
• Crianças de 0-6 meses;
• Crianças de 7-24 meses;
• Crianças de 25-60 meses (5 anos completos);
• Crianças com mais de 5 até 9 anos;
• Adolescentes (10 a 19 anos);
• Adultos (20 a 59 anos);
• Idosos (60 ou mais anos).
2. GESTÃO DAS AÇÕES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO
Gestão das Ações de Alimentação e Nutrição no âmbito municipal (gerência ou coordenação de A&N)
1. Organização das ações de alimentação e nutrição no âmbito do sistema municipal de saúde tendo em conta a estrutura da rede de serviços (recursos
humanos, equipamentos, estabelecimentos de saúde)
1.1. Adequação dos equipamentos dos serviços de saúde para diagnóstico precoce e tratamento oportuno dos agravos nutricionais que ocorrem na
população;
1.2. Definição e monitoramento de indicadores de desempenho organizacional na área de nutrição.
2. Participação na elaboração do Plano Plurianual (PPA), do Plano Municipal Saúde, do Termo de Gestão e da Programação Pactuada e Integrada (PPI), em
época oportuna, visando a incorporação das ações de alimentação e nutrição;
2.1 Dimensionamento dos recursos necessários, integrando planejamento e orçamento, para a geração dos resultados previstos no Plano Plurianual,
no Plano Municipal de Saúde, no Termo de Gestão e na PPI;
2.2 Negociação e definição, junto com a Secretaria Estadual de Saúde, dos indicadores de alimentação e nutrição municipais para o Pacto pela Saúde;
2.3 Utilização do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN e outros sistemas de informação em saúde, como SIAB, SINASC, SIH, SAI-SUS e
SIM, inquéritos populacionais e chamadas nutricionais para definição das metas e ações de alimentação e nutrição.
3. Coordenação da elaboração da Política Municipal de Alimentação e Nutrição com base no perfil alimentar e nutricional da população e em consonância
com as políticas nacional e estadual de saúde e de nutrição.
4. Elaboração da programação anual de saúde, definindo as ações, metas, objetivos, indicadores e recursos financeiros que serão aplicados nas ações de
cuidado nutricional na atenção básica de saúde.
5. Monitoramento, avaliação e divulgação dos resultados previstos no Plano de Saúde relativos à alimentação e nutrição.
5.1. Elaboração dos relatórios anuais das ações de alimentação e nutrição na atenção básica, avaliando resultados e sugerindo qualificações e os ajustes
necessários para o próximo exercício;
5.2. Avaliação do alcance das metas e indicadores de alimentação e nutrição previstos.
6. Pactuação das ações de alimentação e nutrição no conselho municipal de saúde e no âmbito da Comissão Intergestores Bipartite.
7. Dimensionamento da estrutura de recursos humanos para atender as metas de alimentação e nutrição estabelecidas nos Planos Plurianual e Municipal
de Saúde.
7.1. Definição das atribuições dos profissionais envolvidos com as atividades de alimentação e nutrição;
7.2. Redesenho das estruturas e dos processos de trabalho quando necessário.
15
8. Estabelecimento de parâmetros e procedimentos técnicos que orientem uniformemente e integrem as atividades de planejamento local, gestão, execução,
avaliação e monitoramento das ações de alimentação e nutrição, no âmbito das regionais/distritos de saúde, unidades básicas de saúde, núcleos de apoio à
Saúde da Família e equipes de Saúde da Família.
9. Fortalecimento dos meios de interlocução, participação e atendimento ao cidadão, que o informe a respeito de seus interesses e direitos.
9.1. Facilitação do acesso da população às ações de alimentação e nutrição, divulgando os mecanismos e critérios de acesso;
9.2. Garantia de publicidade e transparência das informações relativas às ações de alimentação e nutrição;
9.3. Promoção da gestão integrada e da participação dos usuários nos Conselhos e Conferências Locais e/ou Municipais de Saúde.
10. Assessoria da participação da Secretaria Municipal de Saúde nos conselhos de saúde, de segurança alimentar e nutricional e outros de áreas afins para
contribuir na elaboração, acompanhamento e fiscalização de projetos e programas voltados à população em vulnerabilidade alimentar e nutricional.
11. Coordenação da elaboração, revisão, adaptação e padronização de procedimentos, processos e protocolos de atenção e cuidado relativos à área de
alimentação e nutrição, em consonância com as normas e diretrizes locais.
12. Definição e Implantação de fluxos e mecanismos de referência e contra-referência para o cuidado nutricional (ACS, ESF, NASF, UBS, centros de especialidade,
hospital, equipes de internação domiciliar, etc.).
12.1. Estabelecimento de critérios de prioridade de atendimento e acompanhamento de casos e famílias de em situação de vulnerabilidade na infra-
estrutura de serviços de saúde.
13. Planejamento e organização da capacitação das equipes da SF e das UBS para aplicação das rotinas de atenção nutricional e atendimento às doenças
relacionadas à Alimentação e Nutrição, de acordo com protocolos de atenção básica, e com os processos de referência e contra-referência do atendimento,
estabelecidos pela Secretaria Municipal de Saúde.
14. Identificação de estrutura comunitária (pública e privada) de apoio às famílias ou segmentos populacionais em situação de vulnerabilidade tais como
centro de convivências de idosos, associações de portadores de patologias, grupos de terceira idade, creches etc.
15. Criação de mecanismos para melhor acolhimento dos usuários e para humanização cuidado nutricional.
16. Fortalecimento do papel do setor saúde no sistema de segurança alimentar e nutricional do município principalmente em relação à vigilância alimentar
e nutricional, à promoção da alimentação saudável e à vigilância sanitária dos alimentos.
17. Identificação, seleção e utilização de um elenco mínimo de indicadores de segurança alimentar e nutricional local, em articulação com o CONSEA
municipal ou instância congênere, quando houver (ex.: monitoramento da sazonalidade de emprego e renda, abastecimento e preços dos alimentos,
16
produção, consumo e práticas alimentares predominantes).
18. Articulação dos serviços de saúde com instituições e entidades locais, escolas e ONGs para desenvolvimento de ações de alimentação e nutrição e de
segurança alimentar e nutricional.
19. Organização em conjunto com outros setores, governamentais e não-governamentais, das prioridades e dos fluxos de encaminhamento das pessoas em
situação de vulnerabilidade nutricional para atendimento em programas de assistência alimentar e proteção social ou de transferência de renda.
19.1. Organização da rede de apoio comunitário para fortalecer as ações e estratégias de segurança alimentar e nutricional na comunidade e/ou para
segmentos populacionais específicos.
20. Participação e apoio à implantação, à implementação e ao fortalecimento da Vigilância Epidemiológica, da Vigilância Sanitária e da Vigilância Alimentar
e Nutricional no município.
22. Elaboração do elenco de indicadores prioritário para o diagnóstico alimentar e nutricional municipal, com apoio dos NASF e das equipes de Saúde da
Família, respeitando os parâmetros estabelecidos pelos gestores nacional e estadual de alimentação e nutrição, quando existirem.
23. Avaliação do resultado das ações de alimentação e nutrição sobre a população assistida, no âmbito do município, por meio da análise do alcance das
metas e indicadores de alimentação e nutrição previstos, aprimorando as ações quando necessário.
24. Promoção, participação e divulgação de estudos e pesquisas na sua área de abrangência, promovendo o intercâmbio técnico-científico.
25. Articulação com as estratégias de educação permanente em saúde visando à integração dos nutricionistas da rede básica de saúde.
26. Planejamento e execução de programas de treinamento, aperfeiçoamento e educação continuada para profissionais de saúde, bem como estágios para
alunos de nutrição, quando aplicável.
27. Participação em fóruns de governo e de controle social, promovendo articulações e parcerias intersetoriais e interinstitucionais.
28. Fomento à integração e/ou articulação entre programas e processos de trabalho nas diversas áreas e políticas existentes no município com vistas à
implementação da Política de Alimentação e Nutrição.
28.1. Promoção da integração entre políticas e da cooperação técnica entre os respectivos órgãos governamentais, com divulgação dos conhecimentos
e informações gerados;
28.2.Apoio ao planejamento, à implantação, à implementação e ao acompanhamento das ações de Segurança Alimentar e Nutricional.
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3. SUJEITO DA ABORDAGEM: INDIDÍVUO
1. Diagnóstico nutricional, avaliação e monitoramento do estado nutricional, com base nos dados dietéticos, clínicos, bioquímicos e antropométricos
(verificação do peso e da altura), de acordo com a fase do curso da vida;
2. Identificação dos portadores de patologias e deficiências associadas à nutrição, incluindo desnutrição infantil, má-nutrição por micronutrientes e
baixo peso, para o atendimento nutricional específico;
3. Identificação dos portadores de doenças crônicas não transmissíveis (diabetes, hipertensão arterial, obesidade, entre outras) para o cuidado nutricional
específico;
4. Identificação dos distúrbios associados à alimentação (anorexia, bulimia, compulsão alimentar e outros transtornos alimentares);
5. Identificação de fatores de risco para o estado nutricional em quaisquer fases do curso da vida;
6. Identificação das condições gerais de saúde e de problemas de saúde bucal, encaminhando ao atendimento profissional específico, quando
necessário;
7. Identificação da possível existência de doenças infecciosas e parasitárias;
8. Avaliação e monitoramento do consumo alimentar.
• Diagnóstico Nutricional – identificação e avaliação do estado nutricional do usuário do SUS, elaborado com base em dados clínicos, bioquímicos, antropométricos
e dietéticos, obtidos quando da avaliação nutricional e durante o acompanhamento individualizado; (Fonte do conceito: Resolução do. 380/2005 – CFN , com
adaptações).
• OBS: os indicadores e pontos de corte adotados para o diagnóstico dos indivíduos em qualquer fase do curso da vida deverão ser compatibilizados com os adotados
pelo Ministério da Saúde.
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Ações
ESPECÍFICAS (para Gestantes 0-6 meses 7-24 meses 25-60 meses
cada fase da vida)
1
6. Detecção de dificuldades 7. Identificação das crianças 6. Identificação das crianças 5. Identificação das crianças
e distúrbios alimentares filhas de mulheres filhas de mulheres vivendo filhas de mulheres vivendo
que interferem no estado vivendo com HIV/AIDS com HIV/AIDS ou com com HIV/AIDS ou com
nutricional na gestante; ou com outras patologias outras patologias que outras patologias que
que possam interferir em possam interferir em seu possam interferir em seu
7. Detecção de dificuldades seu estado nutricional estado nutricional e nas estado nutricional e nas
existentes para futura e nas condutas de condutas de orientação condutas de orientação
adesão ao aleitamento. orientação alimentar; alimentar; alimentar;
8. Identificação dos sinais de 8. Detecção precoce dos 7. Identificação dos fatores 6. Identificação dos fatores
deficiências nutricionais fatores associados ao que possam interferir na que possam interferir na
específicas, principalmente desmame precoce alimentação da criança alimentação da criança
a anemia. (retorno ao trabalho, (trabalho e estado de saúde (trabalho e estado de saúde
estado de saúde da mãe, da mãe, aspectos culturais, da mãe, aspectos culturais,
aspectos culturais, apoio socioeconômicos, apoio socioeconômicos, apoio
da família e do parceiro da família e do parceiro da família e do parceiro
conjugal); conjugal); conjugal);
9. Identificação e 8. Identificação das práticas 7. Identificação e
acompanhamento das adotadas na alimentação acompanhamento da
condutas adotadas da criança. evolução das práticas
para a introdução adotadas na alimentação
da alimentação da criança.
complementar e de sua
evolução.
2
Ações ESPECÍFICAS
(para cada fase da Adolescentes Adultos Idosos
> 5-9 anos
vida) (10-19 anos) (20-59 anos) (≥ 60 anos)
3
3.2. NÍVEL DE INTERVENÇÃO: PROMOÇÃO DA SAÚDE
Ações UNIVERSAIS
1. Promoção e realização de educação alimentar e nutricional com ênfase na Promoção da Alimentação Saudável;
2. Orientação para a alimentação saudável em todas as fases do curso da vida;
3. Orientação da alimentar, com ênfase em práticas alimentares saudáveis e no consumo de alimentos regionais, com abordagem adequada à realidade
local e às distintas fases do curso da vida;
4. Ações educativas de promoção da alimentação saudável considerando os fatores da vida moderna que influenciam os modos de vida: alimentação fora
de casa, falta de tempo, limitações físicas etc;
5. Promoção da adoção de modos de vida saudáveis;
6. Promoção da manutenção do estado nutricional adequado em todas as fases do curso da vida;
7. Promoção do peso saudável;
8. Orientações para valorização e apoio ao aleitamento materno;
9. Desenvolvimento de ações para fortalecimento do vínculo de cada indivíduo para com sua família, no âmbito de sua relação com o estado nutricional.
4
3.3 NÍVEL DE INTERVENÇÃO: PREVENÇÃO DE DOENÇAS
Ações UNIVERSAIS
5
Ações ESPECÍFICAS
(para cada fase da Gestantes 0-6 meses 7-24 meses 25-60 meses
vida)
1. Orientação sobre os 1. Observação do ato de 1. Orientação para a alimentação 1. Acompanhamento e correção
princípios da alimentação amamentar, com correções complementar; oportuna da alimentação da
saudável da gestante; das técnicas inadequadas; criança;
2. Acompanhamento da
2. Ações educativas de 2. Observação das mamas alimentação da criança; 2. Acompanhamento
prevenção a morbidades (flacidez, fissuras de mamilo do crescimento e
associadas à gestação etc.); 3. Acompanhamento da desenvolvimento e
(doenças hipertensivas evolução das práticas estimulação dos fatores
específicas da gravidez, 3. Acompanhamento alimentar adotadas na alimentação cognitivos relacionados à
diabetes gestacional, anemia da mulher durante o período da criança, com correção alimentação;
gestacional, obesidade e da amamentação; oportuna;
baixo peso); 3. Orientação sobre as doenças
4. Orientação e 4. Incentivo à manutenção mais prevalentes na infância
3. Reforço e valorização do acompanhamento da do aleitamento materno e/ou as preveníveis por
acompanhamento pré- alimentação complementar; complementar até 2 anos de vacinação (diarréias, IRA,
natal e do cumprimento do idade e seu monitoramento; desidratação, doenças
5. Acompanhamento
calendário de consultas no do crescimento e 5. Acompanhamento infecciosas e parasitárias etc.);
serviço de nutrição; desenvolvimento e do crescimento e 4. Suplementação preventiva de
4. Acompanhamento do ganho estimulação dos fatores desenvolvimento e micronutrientes;
de peso durante o período cognitivos relacionados à estimulação dos fatores
gestacional; alimentação; cognitivos relacionados à 5. Reforço da importância
alimentação; do cumprimento do
5. Acompanhamento 6. Reforço da importância calendário de consultas como
alimentar durante o período do cumprimento do 6. Suplementação preventiva de instrumento para a promoção
gestacional; calendário de consultas como micronutrientes; do estado nutricional da
instrumento para a promoção criança.
6. Suplementação preventiva de do estado nutricional da 7. Orientação sobre as doenças
micronutrientes; criança; mais prevalentes na infância
e/ou as preveníveis por
7. Orientação sobre os 7. Orientação sobre as doenças vacinação (diarréias, IRA,
princípios e técnicas do mais prevalentes na infância desidratação, doenças
aleitamento materno e da e/ou as preveníveis por infecciosas e parasitárias etc.);
alimentação complementar. vacinação (diarréias, IRA,
desidratação, doenças 8. Reforço da importância do
infecciosas e parasitárias etc.). cumprimento do calendário de
consultas como instrumento
para a promoção do estado
nutricional da criança.
6
Ações ESPECÍFICAS
Adolescentes Adultos Idosos
(para cada fase da > 5-9 anos
vida) (10-19 anos) (20-59 anos) (≥ 60 anos)
7
3.4 NÍVEL DE INTERVENÇÃO: ASSISTÊNCIA/TRATAMENTO/CUIDADO
8
Ações ESPECÍFICAS
(para cada fase da vida)
Gestantes 0-6 meses 7-24 meses 25-60 meses
9
Ações ESPECÍFICAS Adolescentes Adultos Idosos
(para cada fase da vida)
> 5-9 anos
(10-19 anos) (20-59 anos) (≥ 60 anos)
10
4. SUJEITO DA ABORDAGEM: FAMÍLIA
1. Identificação das famílias em vulnerabilidade nutricional (variáveis: renda e escolaridade, condições de saneamento e de moradia, número de filhos/
dependentes e características familiares: estrutura e dinâmica familiar, desagregação e caracterização da chefia familiar);
2. Identificação das características de consumo alimentar da família: produção, disponibilidade de alimentos, aquisição, consumo, distribuição intra-familiar,
preparo de alimentos, cultura alimentar, participação em programas de assistência alimentar;
3. Identificação das percepções, práticas alimentares aceitas e valores associados à alimentação da família e à alimentação da gestante, da nutriz, do pré-
escolar, do escolar, do adolescente, do adulto e do idoso;
4. Identificação de fatores associados ao comprometimento do estado nutricional das pessoas de quaisquer fases do curso da vida (gestantes, nutrizes,
crianças, adolescentes, adultos ou idosos);
5. Identificação das famílias com portadores de patologias e deficiências associadas à nutrição;
6. Identificação das famílias com gestantes em vulnerabilidade nutricional e/ou com adolescentes grávidas;
7. Identificação das percepções, práticas alimentares e valores associados à alimentação na gestação e durante o período da amamentação;
8. Identificação do comportamento familiar para reforço da atitude da mãe e familiares, em relação ao aleitamento materno e aos cuidados com a
criança;
9. Avaliação da relação da criança com a família e dos cuidados da família para com a criança;
10. Identificação do(s) responsável(eis) pelos cuidados com a criança (quem cuida da criança e quem é responsável pelo preparo e oferta dos alimentos);
11. Identificação das percepções, práticas alimentares e valores associados à alimentação da criança (fases da transição e de alimentação complementar);
12. Avaliação da relação do idoso com a família e dos cuidados da família para com o idoso;
13. Identificação do(s) responsável(eis) pelos cuidados com o idoso com algum grau de dependência (quem cuida do idoso e quem é responsável pelo
preparo e oferta de alimentos).
11
4.2 NÍVEL DE INTERVENÇÃO: PROMOÇÃO DA SAÚDE
Ações UNIVERSAIS
1. Promoção e realização de educação alimentar e nutricional com ênfase na Promoção da Alimentação Saudável;
2. Ações educativas para a valorização do consumo de alimentos regionais e, se pertinente, incentivo à produção doméstica de Frutas, Legumes e Verduras
(FLV);
3. Ações de valorização da alimentação como momento de convívio familiar;
4. Incentivo à adoção de práticas alimentares e modos de vida saudáveis no núcleo familiar/domicílio por todos os integrantes da família e de acordo com
a fase do curso de vida;
5. Orientações para valorização e apoio ao aleitamento materno;
6. Orientação a respeito da influência da alimentação da família na formação de hábitos alimentares saudáveis de crianças e adolescentes;
7. Desenvolvimento de ações para fortalecimento do vínculo criança-família no âmbito de sua relação com o estado nutricional;
8. Orientação para organização da estrutura de apoio familiar aos idosos e promoção da integração do idoso à família;
9. Desenvolvimento de ações de incentivo e apoio ao idoso para participação em grupos de convívio social (vizinhos, grupos de maior idade, atividades
lúdicas, etc).
12
4.3 NÍVEL DE INTERVENÇÃO: PREVENÇÃO DE DOENÇAS
13
4.4 NÍVEL DE INTERVENÇÃO: ASSISTÊNCIA/CUIDADO
1. Orientação e monitoramento, quando pertinente, dos procedimentos de preparo, manipulação, armazenamento, conservação e administração
da alimentação, considerando os hábitos e condições sociais da família, de modo a garantir a qualidade higiênico-sanitária e o aporte nutricional
adequado;
2. Encaminhamento de famílias em risco de insegurança alimentar e nutricional para atendimento em programas de assistência alimentar, de geração de
renda, inclusão social ou assistencial: programas de transferência de renda, estratégias ou ações locais de segurança alimentar e nutricional, de iniciativa
pública ou não (ONGs e instituições filantrópicas), ou outras alternativas de proteção social disponíveis;
3. Vigilância e apoio às famílias nas situações de desestruturação familiar (alcoolismo do pai ou mãe, abandono do lar), violência doméstica e abuso físico,
sexual, psicológico (casos suspeitos ou confirmados), exploração do trabalho infantil, situação de abandono, buscando articulação e encaminhamento
para setores públicos que tenham competência para solucionar essas dificuldades;
4. Encaminhamento para confirmação do diagnóstico e tratamento dos indivíduos de quaisquer fases do curso da vida que apresentem vulnerabilidade
de deficiência de micronutrientes, desnutrição, sobrepeso ou doenças crônicas não transmissíveis e outras morbidades associadas ao estado nutricional
(distúrbios nutricionais e transtornos alimentares);
5. Orientação e apoio para a adequação da situação alimentar da família;
6. Acompanhamento e assistência específica a famílias em vulnerabilidade nutricional;
7. Orientação para a organização do apoio familiar nos casos de membros portadores de distúrbios nutricionais e/ou transtornos alimentares;
8. Orientação para a organização do apoio familiar ao indivíduo com limitações psíquicas e/ou físicas e idosos com algum grau de dependência que
tenham impacto na alimentação;
9. Orientação para a organização do apoio familiar à gestante, em especial à gestante adolescente;
10. Orientação para a organização do apoio familiar à mãe para contribuir com a prática da amamentação e com os cuidados com a criança;
11. Intensificação da assistência às famílias com casos de distúrbios e transtornos alimentares e outras morbidades associadas ao estado nutricional;
12. Intensificação das visitas às famílias com pessoas com desnutrição, anemia e/ou limitações físicas e/ou psíquicas que interfiram na alimentação.
14
5. SUJEITO DA ABORDAGEM: COMUNIDADE
1. Mapeamento das áreas de risco de insegurança alimentar e nutricional (favelas, ocupações urbanas e rurais, áreas rurais e urbanas vulneráveis);
2. Identificação de grupos na comunidade com maior vulnerabilidade à saúde e nutrição (agricultura de subsistência, áreas de extrativismo sazonal, povos
indígenas, populações tradicionais, desempregados, subempregados etc);
3. Identificação das estratégias de segurança alimentar e nutricional disponíveis na comunidade (produção e disponibilidade de alimentos; rede de
apoio alimentar, geração de emprego e renda e programas sociais);
4. Identificação das características da comunidade tais como condições de saneamento (água, esgoto, lixo), infraestrutura de abastecimento de alimentos,
comércio e preços dos alimentos, renda e empregos, cultura alimentar predominante, lideranças locais e levantamento dos principais problemas da
comunidade;
5. Identificação da estrutura e da disponibilidade de serviços de saúde, educação (escolas e creches), centros profissionalizantes, culturais ou de socialização
e centros de apoio/assistência social à população ou a segmento populacional em situação de vulnerabilidade social/exclusão disponíveis no local;
6. Identificação de determinantes ambientais e econômicos na comunidade que podem afetar o estado nutricional e a saúde dos moradores de quaisquer
fases do curso da vida;
7. Coleta, consolidação, análise e avaliação dos dados de vigilância alimentar e nutricional da população;
8. Identificação d a relação de integração dos serviços de saúde com as escolas e outros equipamentos sociais da comunidade;
9. Identificação da estrutura comunitária de apoio aos cuidados com a criança e com as gestantes (creches, escolas, associações, grupos de mulheres,
casas-abrigo, casas-lares, conselhos tutelares);
10. Identificação da estrutura comunitária de apoio à prática de amamentação (creches, escolas, associações, sindicatos patronais e de trabalhadores, grupos
de mulheres);
11. Identificação da estrutura comunitária de apoio às famílias com idosos em vulnerabilidade nutricional (centros de convivência de idosos, clubes,
associações, grupos da terceira idade, casas de repouso e acolhimento de idosos, grupos de mulheres).
15
5.2 NÍVEL DE INTERVENÇÃO: PROMOÇÃO DA SAÚDE
Ações UNIVERSAIS
16
5.3 NÍVEL DE INTERVENÇÃO: PREVENÇÃO DE DOENÇAS
Ações UNIVERSAIS
1. Ações educativas de prevenção das deficiências de micronutrientes (ferro, ácido fólico, vitamina A, iodo e cálcio), da desnutrição e do baixo peso e dos
transtornos alimentares (anorexia, bulimia e outros);
2. Ações educativas sobre as doenças mais prevalentes na infância (inclusive doenças infecciosas e parasitárias);
3. Ações educativas para o controle e a prevenção das doenças crônicas não transmissíveis (obesidade, diabetes, hipertensão arterial, osteoporose e
outras) e para o envelhecimento saudável;
4. Ações educativas para incentivo a alimentação saudável, adaptada para as condições fisiológicas e de saúde dos idosos;
5. Ações educativas sobre cuidados com a manipulação de alimentos, higiene corporal e bucal e saneamento ambiental;
6. Divulgação e reforço das orientações sobre alimentação infantil e higiene na manipulação dos alimentos;
7. Divulgação de orientações sobre alimentação do escolar e do adolescente, e sobre o comportamento alimentar com ênfase na prevenção dos distúrbios
alimentares e da obesidade nos espaços de convívio desses grupos na comunidade;
8. Associação com instituições, escolas e Organizações Não Governamentais para desenvolvimento de ações educativas em alimentação e nutrição.
17
5.4 NÍVEL DE INTERVENÇÃO: ASSISTÊNCIA/CUIDADO
Ações UNIVERSAIS
1. Acompanhamento e apoio comunitário aos grupos de elevada vulnerabilidade social (gestantes carentes, gestantes adolescentes, agricultores sem terra,
povos indígenas, populações tradicionais, população residente em áreas de risco de insegurança alimentar e nutricional, desempregados, população
albergada etc.);
2. Fortalecimento das estratégias locais de segurança alimentar e nutricional com priorização das famílias e de pessoas em quaisquer fases do curso da
vida que estejam em situação de vulnerabilidade;
3. Orientação da rede de apoio e de ambiente social para acolhimento e cuidado às famílias e às pessoas em vulnerabilidade nutricional ou com casos de
deficiências de micronutrientes e morbidades associadas ao estado nutricional;
4. Estímulo à inclusão de alimentos saudáveis nos programas e ações de assistência alimentar disponíveis na comunidade, com ênfase nos regionais
produzidos localmente;
5. Estímulo à participação organizada da comunidade nos conselhos de controle social;
6. Busca ativa casos/pessoas de maior vulnerabilidade nutricional;
18
19
Referências
1. Brasil. Ministério da Saúde. Evolução da Cobertura Populacional (%) de ACS, PSF e ESB. Brasil.,
agosto/200. Ministério da Saúde, 2008a. Disponível em http://dtr2004.saude.gov.br/dab/abnumeros.php,
acessado em 03 de outubro de 2008.
2. Brasil. Ministério da Saúde. Desempenho da Atenção Básica e da Saúde da Família Brasil. Ministério
da Saúde, 2008b. Disponível em http://dtr2004.saude.gov.br/dab/atencaobasica.php#desempenho,
acessado em 03 de outubro de 2008.
3. Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de Atenção Básica. Gestão da Atenção Básica - Como
organizar um sistema de saúde liderado pela Atenção Básica/ Saúde da Família. Revista da Saúde da Família
2007; 14: 9-18.
4. Brasil. Conselho Nacional dos Secretários de Saúde. A Gestão Administrativa e Financeira do SUS.
Conselho Nacional dos Secretários de Saúde. Brasília: CONASS, 2007 (Coleção Progestores – para entender
a gestão do SUS, 2).
7. Conselho Federal de Nutricionistas. Resolução CFN n° 380/2005. Dispõe sobre a definição das áreas
de atuação do nutricionista e suas atribuições, estabelece parâmetros numéricos de referência, por área de
atuação, e dá outras providências., 2005.
9. Leavell HR, Clark EG. Medicina Preventiva. São Paulo, MacGraw-Hill do Brasil, 1976.
10. Lefèvre, F., Lefèvre, AMC. Promoção de Saúde: a negação da negação. Rio de Janeiro: Vieire & Lent,
2007.
20
Glossário
Articulação ou parceria interinstitucional: refere-se às relações internas ao setor saúde, como aquelas
entre áreas programáticas, entre a rede de serviços de diferentes níveis de complexidades, entre as unidades
de saúde de uma determinada área do município etc.
Articulação ou parceria intersetorial: refere-se à relação do setor saúde com outros setores, cujas ações
têm impacto direito e indireto no quadro sanitário (educação, trabalho, agricultura, proteção social,
segurança alimentar e nutricional, entre outros).
Direito Humano à Alimentação Adequada: O direito humano à alimentação adequada se realiza quando
todo homem, mulher e criança, sozinho ou em comunidade com outros, tem acesso físico e econômico,
ininterruptamente, a uma alimentação adequada ou aos meios necessários para sua obtenção. ( Fonte:
Comentário Geral n. 12 O direito humano à alimentação (art.11). Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e
Culturais do Alto Comissariado de Direitos Humanos/ONU - 1999.)
Educação Alimentar e Nutricional: procedimento realizado pelo nutricionista por meio de diferentes
métodos educacionais, junto a indivíduos, a famílias, a comunidades ou aos grupos populacionais que
a integram, considerando as interações e significados que compõem o fenômeno do comportamento
alimentar, para aconselhar mudanças necessárias para uma readequação ou reforço dos hábitos alimentares
saudáveis, visando à melhoria da qualidade de vida (Fonte: Res. 417/2008, do CFN, com adaptações).
Estruturas de apoio à prática de amamentação e de apoio aos cuidados com a criança (creches, escolas,
associações, sindicatos patronais e de trabalhadores, grupos de mulheres);
Serviços de saúde, educação (creches, brinquedotecas, escolas) e de assistência social;
Grupos de auto-ajuda para portadores de distúrbios de saúde associados a práticas alimentares
inadequadas ou comportamentos de risco para a saúde;
Compra de alimentos para o Programa Nacional de Alimentação Escolar articulada com as estratégias de
fortalecimento da agricultura familiar no município;
Atividades de capacitação e qualificação profissional para jovens e adultos;
Estratégias e ações de segurança alimentar disponíveis na comunidade (assentamentos da reforma
agrária, produção e disponibilidade de alimentos, geração de emprego e renda, distribuição de alimentos,
suplementação alimentar etc);
Rede de comércio varejista/atacadista do setor alimentar;
Indústria de produção/beneficiamento/distribuição de alimentos (inclusive produção caseira).
Orientação alimentar e nutricional: conjunto de informações que visam ao esclarecimento dos pacientes
ou usuários do SUS objetivando a promoção da saúde, a prevenção e a recuperação de doenças e agravos
nutricionais e/ou informar ou dirimir dúvidas sobre alimentação e nutrição. (Fonte: Res. 417/2008, do CFN,
com adaptações)
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Promoção da Alimentação Saudável: engloba as ações e atividades que visam melhorar ou adequar
o padrão alimentar e promover hábitos alimentares saudáveis de indivíduos, famílias ou comunidades.
Alerte-se que o temo adotado na matriz vem sempre com as suas iniciais maiúsculas por que se refere e
se fundamenta nos princípios, atributos e diretrizes consolidadas nos guias alimentares oficiais para o
Brasil: Guia Alimentar da Criança Menor de 2 anos e Guia Alimentar para a População Brasileira.