Análise Estatística e Seu Uso Na Pesquisa Educacional

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 88

3

Denilson Junio Marques Soares


Talita Emidio Andrade Soares
Wagner dos Santos

ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO


NA PESQUISA EDUCACIONAL: COM
PRÁTICAS NO SOFTWARE R
Edição 1

Belém-PA

2021
4

https://doi.org/10.46898/rfb.9786558891093

Catalogação na publicação
Elaborada por Bibliotecária Janaina Ramos – CRB-8/9166

M152

Soares, Denilson Junio Marques

Análise estatística e seu uso na pesquisa educacional: com práticas no software R /


Denilson Junio Marques Soares, Talita Emidio Andrade Soares, Wagner dos Santos
– Belém: RFB, 2021.

Livro em PDF

88 p., il.

ISBN: 978-65-5889-109-3
DOI: 10.46898/rfb.9786558891093

1. Estatística educacional. I. Soares, Denilson Junio Marques. II. Soares, Talita


Emidio Andrade. III. Santos, Wagner dos. IV. Título.

CDD 370.21

Índice para catálogo sistemático

I. Estatística educacional

Nossa missão é a difusão do conhecimento gerado no âmbito acadêmico por meio da organização e da
publicação de livros digitais de fácil acesso, de baixo custo financeiro e de alta qualidade!
Nossa inspiração é acreditar que a ampla divulgação do conhecimento científico pode mudar para me-
lhor o mundo em que vivemos!

Equipe RFB Editora


5

Copyright © 2021 da edição brasileira.


by RFB Editora.
Copyright © 2021 do texto.
by Autores.
Todos os direitos reservados.
Todo o conteúdo apresentado neste livro, inclusive correção ortográ-
fica e gramatical, é de responsabilidade excluvisa do(s) autor(es).
Obra sob o selo Creative Commons-Atribuição 4.0 Internacional. Esta
licença permite que outros distribuam, remixem, adaptem e criem a
partir do trabalho, mesmo para fins comerciais, desde que lhe atri-
buam o devido crédito pela criação original.

Conselho Editorial:
Prof. Dr. Ednilson Sergio Ramalho de Prof.ª Me. Neuma Teixeira dos Santos -
Souza - UFOPA (Editor-Chefe). UFRA.
Prof.ª Drª. Roberta Modesto Braga - Prof.ª Me. Antônia Edna Silva dos Santos
UFPA. - UEPA.
Prof. Me. Laecio Nobre de Macedo - Prof. Dr. Carlos Erick Brito de Sousa -
UFMA. UFMA.
Prof. Dr. Rodolfo Maduro Almeida - Prof. Dr. Orlando José de Almeida Filho
UFOPA. - UFSJ.
Prof.ª Drª. Ana Angelica Mathias Macedo Prof.ª Drª. Isabella Macário Ferro Caval-
- IFMA. canti - UFPE.
Prof. Me. Francisco Robson Alves da Sil- Prof. Dr. Saulo Cerqueira de Aguiar Soa-
va - IFPA. res - UFPI.
Prof.ª Drª. Elizabeth Gomes Souza - Prof.ª Drª. ​Welma Emidio da Silva - FIS.
UFPA.

Diagramação: Bibliotecária
Laiane Borges. Janaina Karina Alves Trigo Ramos
Arte da capa: Assistente editorial
Pryscila Rosy Borges de Souza. Manoel Souza.
Imagens da capa:
https://www.canva.com/
Revisão de texto:
Os autores.

Home Page: www.rfbeditora.com.


E-mail: [email protected].
Telefone: (91)3085-8403/98885-7730.
CNPJ: 39.242.488/0001-07.
Barão de Igarapé Miri, sn, 66075-971, Belém-PA.
6
7

SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO...................................................................................................................9

1 CONCEITOS INICIAIS.....................................................................................................11

2 ALGUNS TESTES ESTATÍSTICOS...............................................................................29

3 CORRELAÇÃO E REGRESSÃO.....................................................................................41

4 ANÁLISE CLÁSSICA DE AVALIACÕES NO SOFTWARE R.................................67

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................81

REFERÊNCIAS.......................................................................................................................83

SOBRE OS AUTORES..........................................................................................................86
8
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
9

APRESENTAÇÃO

Apresentação

Este material foi desenvolvido com a finalidade de ser o guia didático do curso Análise Estatı́stica
e seu uso na Pesquisa Educacional, ministrado nos dias 17 e 18 de junho de 2019 no Laboratório de
Pesquisa do Instituto de Pesquisa em Educação e Educação Fı́sica (PROTEORIA) da Universidade
Federal do Espı́rito Santo.
O objetivo principal deste curso é oferecer um embasamento teórico para a aplicação das técnicas
estatı́sticas em pesquisas que envolvem as áreas de Educação e Educação Fı́sica, ressaltando a
importância de cada análise para efetivação da interpretação dos resultados obtidos ao longo dessas
pesquisas.
O livro está estruturado em quatro capı́tulos. O capı́tulo 1 apresenta conceitos básicos de
amostragem, estatı́stica descritiva e suas representações em gráficos e tabelas. O capı́tulo 2 traz
alguns dos testes de hipótese mais utilizados em pesquisas das áreas de ciências humanas e sociais
aplicadas, como testes de comparação de médias e de associação entre variáveis. O capı́tulo 3 é
destinado ao estudo de correlação e regressão e o capı́tulo 4 apresenta uma introdução à análise
de avaliações, pautada na teoria clássica dos testes.
Em todos os capı́tulos são apresentados exemplos práticos para serem executados no software
estatı́stico R, adotado como instrumento facilitador na aprendizagem, ilustrando aspectos básicos
com ênfase na compreensão da estrutura do software e na forma de operar seus comandos.
O software R pode ser obtido gratuitamente em http://www.R-project.org, em que são apre-
sentadas versões para os principais sistemas operacionais: Linux, MacOS X e Windows. Durante o
processo de instalação são criados atalhos na área de trabalho que podem ser acessados para rodar
o programa. Caso o leitor precise cita-lo em suas publicações, basta digitar na janela aberta pelo
software, conhecida como R Console, o comando citation().
Gostarı́amos de agradecer ao Instituto de Pesquisa em Educação e Educação Fı́sica (PROTE-
ORIA) e ao Núcleo de Estudos e Pesquisas em Polı́ticas Educacionais(NEPE) da Universidade
Federal do Espı́rito Santo (UFES) pela oportunidade de ofertar este curso.
10
CAPÍTULO 1

CONCEITOS INICIAIS
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
12

1 Conceitos Iniciais

A Estatı́stica é uma ciência que estuda, de forma sistemática, técnicas para coletar, organizar,
descrever, analisar e interpretar dados oriundos de estudos ou experimentos realizados em qualquer
área do conhecimento. Trata-se de uma ferramenta capaz de extrair informações acerca de uma
população, pautada em conceitos inferenciais probabilı́sticos.
Em seu estudo, é fundamental compreender conceitos como o de amostragem, tipos de variáveis,
medidas-resumo e suas representações.

1.1 Amostragem

Podemos definir uma população como sendo um conjunto de elementos que detém alguma
caracterı́stica comum, factı́vel de ser estudada. Qualquer subconjunto dessa população, consti-
tuem uma amostra. Entretanto, para garantir que uma amostra seja representativa para uma
população, mantendo suas caracterı́sticas essenciais, é preciso muito cuidado no processo seleção
dos seus elementos, conhecido como processo de amostragem. A Figura 1 ilustra este processo.

Figura 1: População e Amostra.


Fonte: Santos (2007, p. 17)

É muito comum trabalharmos com amostras, ao invés de populações, devido as dificuldades


operacionais (e financeiras) que terı́amos, caso contrário.

1.1.1 Cálculo do tamanho de uma amostra

Existem algumas fórmulas para o cálculo do tamanho de uma amostra. A que traremos aqui é
uma que acreditamos ser de fácil compreensão por não envolver cálculos complexos e nem necessitar
de valores tabelados de apoio. Primeiramente, precisamos adotar um valor para o erro amostral
tolerável (E0 ), para calcularmos uma primeira aproximação para o tamanho da amostra (n0 ). Este
valor pode ser considerado quando não se conhece o tamanho da população.

Denilson Junio Marques Soares, Talita Emidio Andrade Soares, Wagner dos Santos
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
13

1
n0 = (1)
E02

Caso se conheça o tamanho da população (N ), pode-se calcular o tamanho da amostra da


seguinte maneira:

N × n0
n= (2)
N + n0
Como exemplo, suponha que deseja-se selecionar uma amostra de uma população de tamanho
200 mil, considerando que os erros amostrais não ultrapassem 2%. Assim, das Equações 1 e 2,
tem-se:

1 200000 × 2500
n0 = = 2500 =⇒ n= ≈ 2469, 136.
0, 022 200000 + 2500
Portanto, devem ser amostradas 2470 pessoas para se obter uma amostra 98% confiável.

1.1.2 Processos de Amostragem

São quatro os principais processos de amostragem: aleatório simples, sistemático, estratificado


e por conglomerados. Na amostragem aleatória simples, cada elemento do conjunto tem a
mesma probabilidade de ser selecionado. Esta seleção muitas vezes se dá por geradores de números
aleatórios ou por qualquer outro tipo de processo randômico.
Na amostragem sistemática, primeiramente ordena-se os elementos e em seguida seleciona-se
(aleatoriamente) um elemento inicial para compor a amostra. Os demais elementos são selecionados
em intervalos constantes de unidades, cujo tamanho é determinado pela razão entre o tamanho da
população e o da amostra a ser selecionada.
Por exemplo, suponha que um pesquisador da área de educação fı́sica acredite que a seleção
de 139 dos 2363 atletas de Atletismo das Olimpı́adas 2016 é suficiente para realizar sua pesquisa.
Ele opta pelo processo de amostragem sistemático, considerando que os atletas estão organizados
alfabeticamente, e sorteia o número 15 para ser o elemento inicial da sua amostra. Em seguida,
ele calcula o salto amostral obtendo 2363
139
= 17. Assim, os elementos amostrados serão os de ordem
15; 15 + 17 = 32; 15 + 2 × 17 = 49; 15 + 3 × 17 = 66; · · · ; 15 + 138 × 17 = 2361.
Na amostragem por conglomerados, primeiramente a população é dividida em grupos. Em
seguida, um ou mais grupos são selecionados de maneira aleatória e todos os elementos desses
grupos são amostrados. Por exemplo, considere que o diretor de uma escola pretende entrevistar
os alunos. Para isto, primeiramente ele seleciona, aleatoriamente, 3 salas de aula e, em seguida,
entrevista todos os alunos pertencentes a elas. Este tipo de amostragem é comum em pesquisas
de satisfação realizadas por companhias aéreas, em que geralmente seleciona-se um número de
aeronaves cujos passageiros são todos entrevistados.
Na amostragem estratificada, os elementos são primeiramente dispostos em grupos com

Capítulo 1
CONCEITOS INICIAIS
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
14

alguma similaridade, chamados de estratos. Em seguida, proporcionalmente ao tamanho de cada


grupo, é realizada uma seleção aleatória dos elementos desses grupos para compor a amostra. Os
grandes institutos de pesquisa, como o Ibope e o Datafolha, geralmente utilizam a amostragem
aleatória estratificada em que as divisões ocorrem por renda, idade, escolaridade, gênero, entre
outras variáveis.

1.1.3 Exemplo no R

Para gerar números aleatórios no R, podemos usar o comando sample(). Por exemplo, para
gerar 5 números aleatórios no intervalo de 1 a 100, fazemos:

> sample(1:100, 5)

[1] 62 52 17 1 39

Cada vez que se executa o comando, o R retornará novos valores. É possı́vel definir uma semente
aleatória, através do comando set.seed(), para garantir que seja utilizado o mesmo número aleatório
gerado, sempre que for necessário repeti-lo. A mesma simulação acima é realizada, considerando
a semente número 125:

> set.seed(125)
> sample(1:100, 5)

[1] 30 63 72 24 51

1.2 Tipos de variáveis

Para termos uma boa amostragem dos dados, precisamos nos preocupar com as variáveis que
interferem nos resultados. Por exemplo, um candidato A pode ser o preferido para os eleitores
de baixa renda, enquanto que um candidato B é o mais querido para os eleitores de melhor
condição financeira. Dessa forma, a renda da população é uma variável que precisa ser levada em
consideração em uma pesquisa eleitoral. Outras variáveis que devem ser analisadas neste caso são
o sexo, a idade, o grau de escolaridade, entre muitas outras.
Quando uma variável expressa uma qualidade ou preferência de um entrevistado ela é chamada
de qualitativa. Se a variável expressa valores numéricos, ela é chamada de quantitativa. Assim,
sexo e grau de escolaridade são variáveis qualitativas enquanto que a renda familiar e a idade do
entrevistado são variáveis quantitativas.
As variáveis qualitativas podem ser classificadas em ordinais, quando podem ser ordenadas,
ou nominais, caso contrário. Assim, o grau de escolaridade é uma variável qualitativa ordinal e a
variável sexo é uma variável qualitativa nominal.
As variáveis quantitativas podem ser classificadas em discreta, quando é expressa por um
número inteiro, ou contı́nua, quando expressa por um número real não-inteiro. Assim, o número

10

Denilson Junio Marques Soares, Talita Emidio Andrade Soares, Wagner dos Santos
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
15

de acesso a uma plataforma online pode ser considerada como uma variável quantitativa discreta e
a altura de um grupo de adolescentes como uma variável quantitativa contı́nua. A Figura 2 resume
estas classificações.

Figura 2: Classificação de uma variável.

Considere que um pesquisador esteja interessado em fazer um levantamento sobre algumas


caracterı́sticas dos professores de Educação Fı́sica da rede pública de ensino da cidade de Serra-
ES. Para isto, selecionou uma amostra com os dados de 30 desses profissionais, conforme ilustra a
Tabela 1. Os dados em questão são hipotéticos.

11

Capítulo 1
CONCEITOS INICIAIS
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
16

Tabela 1: Informações sobre sexo, estado civil, idade, escolaridade, tempo de serviço e renda de 30 professores de
Educação Fı́sica da rede pública de ensino da cidade de Serra-ES.

Tempo de serviço Renda


Número Sexo Estado Civil Idade Escolaridade
(em anos) (× sal. mı́n.)
1 masculino solteiro 32 graduação 7 3,15
2 feminino solteiro 23 graduação 1 2,20
3 feminino casado 30 mestrado 5 4,04
4 masculino casado 25 graduação 2 2,20
5 feminino casado 27 mestrado 2 3,00
6 masculino casado 45 graduação 20 3,50
7 feminino casado 52 graduação 28 3,80
8 feminino solteiro 30 doutorado 5 5,20
9 masculino casado 30 mestrado 7 3,25
10 feminino solteiro 35 graduação 10 3,00
11 masculino solteiro 25 mestrado 2 3,00
12 feminino casado 26 mestrado 2 3,00
13 masculino casado 36 graduação 11 3,00
14 masculino casado 44 graduação 18 3,50
15 masculino solteiro 28 mestrado 6 3,25
16 feminino casado 51 doutorado 25 6,10
17 masculino casado 30 mestrado 6 4,60
18 masculino casado 38 graduação 15 3,40
19 feminino casado 28 mestrado 1 3,00
20 feminino casado 55 graduação 30 3,80
21 feminino casado 26 mestrado 1 3,00
22 masculino solteiro 30 graduação 4 2,50
23 feminino casado 34 doutorado 10 5,90
24 feminino solteiro 25 mestrado 1 3,00
25 masculino solteiro 60 graduação 35 4,00
26 masculino casado 35 graduação 12 2,80
27 masculino casado 30 mestrado 4 3,20
28 feminino casado 30 graduação 6 2,60
29 feminino casado 35 mestrado 10 3,50
30 masculino solteiro 26 graduação 2 2,20

As variáveis qualitativas nominais presentes na Tabela 1 são o sexo e o estado civil. Estas
variáveis podem ser dicotomizadas, auxiliando em alguns processos de análises estatı́sticas. Observe
que é possı́vel ordenar a variável escolaridade, logo trata-se de uma variável qualitativa do tipo
ordinal. As variáveis idade e tempo de serviço (em anos) são variáveis quantitativas discretas e a
variável renda é uma variável quantitativa contı́nua.

1.2.1 Representação global do conjunto de dados

Muitas vezes, o pesquisador está interessado em uma representação global do comportamento


de uma variável. Para uma leitura mais objetiva dos dados, podemos construir tabelas de frequên-

12

Denilson Junio Marques Soares, Talita Emidio Andrade Soares, Wagner dos Santos
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
17

cia e gráficos, como mostra a Tabela 2 que apresenta a distribuição de frequências da variável
escolaridade da Tabela 1.

Tabela 2: Distribuição de frequências da variável escolaridade.

Escolaridade Frequência Proporção Porcentagem


15
Graduação 15 30 = 0, 50 50%
12
Mestrado 12 30 = 0, 40 40%
3
Doutorado 3 30 = 0, 10 10%
Total 30 1,00 100%

Para representar variáveis quantitativas contı́nuas é comum a dispor os dados em classes com
a mesma amplitude, que deve ser determinada de acordo com a familiaridade do pesquisador com
os dados. Entretanto, é importante ressaltar que um número pequeno de classes causa perda de
informações. Bussab e Morettin (2010) sugerem o uso de 5 a 15 classes para representar uma
variável. Na Tabela 3 há informações acerca da variável salário.

Tabela 3: Distribuição de frequências da variável renda.

Salários Frequência Proporção Porcentagem


6
[2, 3) 6 30 = 0, 20 20%
18
[3, 4) 18 30 = 0, 60 60%
3
[4, 5) 3 30 = 0, 10 10%
2
[5, 6) 2 30 ≈ 0, 0667 6,67%
1
[6, 7) 1 30 ≈ 0, 0333 3,33%
Total 30 1,00 100%

Observe que foi utilizada a notação matemática [x, y) para designar os intervalos que contém
o extremo x mas que não contém o extremo y. A representação em gráficos ocorre de maneiras
distintas para variáveis qualitativas e quantitativas. Para o primeiro grupo, destacam-se a re-
presentação em gráficos de barras e setores. Já para o segundo, destacam-se a representação em
gráficos de dispersão, histogramas, boxplot e ramo-e-folhas.

1.2.2 Exemplos no R

Para uma melhor leitura dos dados no software R, dispomos as respostas dos 30 professores
entrevistados em uma planilha do Excel, conforme ilustra a Figura 3.

13

Capítulo 1
CONCEITOS INICIAIS
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
18

Figura 3: Dados dispostos em uma planilha do Excel

Para a leitura dos dados provenientes da planilha Excel no R, o arquivo foi previamente salvo
como Texto (separado por tabulações)(*.txt) e, em seguida, utilizou-se o comando read.table():

> dados=read.table("C:/Users/Usuario/Desktop/Curso no R/dados1.txt",head=T)

Para facilitar, pode-se clicar com o botão direito do mouse no arquivo salvo, clicar em proprie-
dades e copiar o local em que o trabalho foi salvo. Entretanto, deve-se lembrar de inverter o sentido
das barras que separam as respectivas pastas. Em tempo, a função head=T ou head=TRUE indica
que há um cabeçalho no arquivo analisado. O comando head() nos fornece um resumo da planilha
analisada.

> head(dados)

Numero Sexo EstadoCivil Idade Escolaridade TempodeServico Renda


1 1 masculino solteiro 32 graduacao 7 3.15
2 2 feminino solteiro 23 graduacao 1 2.20
3 3 feminino casado 30 mestrado 5 4.04
4 4 masculino casado 25 graduacao 2 2.20
5 5 feminino casado 27 mestrado 2 3.00
6 6 masculino casado 45 graduacao 20 3.50

É possı́vel também selecionar apenas uma das variáveis do conjunto de dados. Para isto, acres-
centamos o sı́mbolo $ junto ao nome da variável que queremos selecionar. Por exemplo, para
selecionar apenas a variável estado civil, fazemos:

> dados$EstadoCivil

[1] solteiro solteiro casado casado casado casado casado solteiro


[9] casado solteiro solteiro casado casado casado solteiro casado
[17] casado casado casado casado casado solteiro casado solteiro
[25] solteiro casado casado casado casado solteiro
Levels: casado solteiro

14

Denilson Junio Marques Soares, Talita Emidio Andrade Soares, Wagner dos Santos
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
19

Como visto na seção anterior, é comum trabalharmos com amostras para representar uma
população. Suponhamos que seja de interesse selecionar uma amostra de 5 elementos pertencentes
ao conjunto de dados representados na Tabela 1. Para isto, podemos utilizar o comando sample e
a semente 14302.

> set.seed(14302)
> dados[sample(nrow(dados),5),]

Numero Sexo EstadoCivil Idade Escolaridade TempodeServico Renda


16 16 feminino casado 51 doutorado 25 6.10
17 17 masculino casado 30 mestrado 6 4.60
26 26 masculino casado 35 graduacao 12 2.80
9 9 masculino casado 30 mestrado 7 3.25
30 30 masculino solteiro 26 graduacao 2 2.20

Para a construção de qualquer tipo de gráfico no R, há algumas opções comuns que usaremos
no decorrer deste tópico. São elas:

xlim: contém os limites do eixo x; col : cor de preenchimento do gráfico;


ylim: contém os limites do eixo y; pch: formato dos pontos do gráfico;
xlab: nomeia o eixo x; type: formato do segmento que une os pontos do
ylab: nomeia o eixo y; gráfico;
main: tı́tulo do gráfico; text: insere um texto nas coordenadas definidas.

Vejamos alguns exemplos. Na Figura 4, temos o gráfico de dispersão para as variáveis Idade
e Tempo de Serviço. Observe que estas variáveis parecem estar altamente correlacionadas, o que
veremos nos próximos capı́tulos.

> plot(dados$Idade, dados$TempodeServico, pch=1,


+ xlab="Idade", ylab="Tempo de Serviço",
+ main="Gráfico de dispers~
ao para Idade versus Tempo de Serviço")

15

Capítulo 1
CONCEITOS INICIAIS
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
20

Figura 4: Gráfico de dispersão para as variáveis Idade e Tempo de Serviço

Na Figura 5 temos a representação em gráfico de barras vertical da variável Estado Civil. Para
construir o gráfico de barras horizontal, representado na Figura 6, basta inverter os eixos coorde-
nados e acrescentar o comando horiz=TRUE no script abaixo.

> barplot(table(dados$EstadoCivil), col=c("green","blue"),ylim=c(0,25),


+ main="Dados referentes à variável Estado Civil",
+ xlab="Sexo", ylab="Número de Entrevistados")

Figura 5: Dados referentes à variável Estado Civil Figura 6: Dados referentes à variável Estado Civil

Na Figura 7 temos a representação em gráfico de setores da variável Escolaridade. Como não

16

Denilson Junio Marques Soares, Talita Emidio Andrade Soares, Wagner dos Santos
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
21

colocamos o comando para definir as cores, no script, o software retornará com as cores definidas
como padrão.

> pie(table(dados$Escolaridade),
+ main="Dados referentes à Escolaridade")

Figura 7: Dados referentes à Escolaridade

Na Figura 8 temos um histograma que representa a variável Renda. A definição das classes
também ocorreu de forma padrão no software.

> hist(dados$Renda, main="Histograma para a variável Renda", prob=F,


+ xlab="Renda (em salários mı́nimos)", ylab="Frequ^
encia de Entrevistados",
+ col=c("orange"), xlim=c(2,7), ylim=c(0,10))

17

Capítulo 1
CONCEITOS INICIAIS
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
22

Figura 8: Dados referentes à Renda

Na Figura 9 temos um Boxplot representando a variável Idade. Trata-se de um modelo de


gráfico bastante útil que contém informações essenciais para uma análise mais robusta dos dados.
O traço horizontal representa a mediana dos dados, ou seja, o valor que divide o conjunto de dados
em partes iguais. Os limites inferior e superior da caixa representam o primeiro e o terceiro quartis,
respectivamente. As linhas pontilhadas indicam aproximadamente o valor de dois desvios-padrão
e são conhecidas como whiskers. Caso algum dado for plotado fora dessas linhas, ele é considerado
um outlier, ou seja, um valor atı́pico, que apresenta um grande afastamento dos demais valores do
conjunto de dados. Veremos, no próximo tópico, estas medidas de dispersão mais detalhadamente.

> boxplot(dados$Idade, main="Boxplot para a variável Idade",


+ ylab="Idade", col=("pink"))

18

Denilson Junio Marques Soares, Talita Emidio Andrade Soares, Wagner dos Santos
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
23

Figura 9: Dados referentes à Renda

Podemos também relacionar duas variáveis e representá-las através do Boxplot. A Figura 10


ilustra esta situação, relacionando as variáveis Sexo e Renda.

> boxplot(dados$Renda ~ dados$Sexo,


+ main="Boxplot para as variáveis Sexo e Renda",
+ xlab="Sexo", ylab="Renda", col=c("yellow","orange"))

Figura 10: Dados referentes à Renda e o Sexo

Um tipo de gráfico bastante útil para resumir um conjunto de dados, quando se tem interesse
na forma de sua distribuição (simétrica ou assimétrica) é o gráfico ramo-e-folhas. Nele, também
é possı́vel analisar a frequência de observações e a presença de outliers. Em sua construção, as

19

Capítulo 1
CONCEITOS INICIAIS
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
24

observações devem ser divididas em duas partes: o ramo, colocado à direita de uma linha vertical,
e as folhas, colocadas à esquerda. O comando para gerá-lo no R é o stem().

> stem(dados$Idade)

The decimal point is 1 digit(s) to the right of the |

2 | 3
2 | 555666788
3 | 000000024
3 | 55568
4 | 4
4 | 5
5 | 12
5 | 5
6 | 0

Neste exemplo, o ramo representa a casa das dezenas das idades e a folha representa a casa das
unidades. Observe que os dados estão distribuı́dos assimetricamente à esquerda.

1.3 Medidas-Resumo

Como vimos, a representação dos dados por meio de gráficos e tabelas resume e fornece in-
formações globais sobre o comportamento das variáveis. Entretanto, as vezes precisamos resumir
ainda mais estes dados, apresentando um ou outro valor que represente o conjunto de dados como
um todo. Esses valores são denominados “Medidas de Posição, Medidas de Tendência Central ou
de Centralidade”.
Podemos também estar interessados na variabilidade de um conjunto de dados, ou seja, no
quanto seus elementos são dispersos entre eles. Estas informações são omitidas pelas medidas de
posição, mas contém informações importantes que devem ser levadas em consideração na análise
de um conjunto de dados.
Para ilustração, observe a Tabela 4 que apresenta as notas de dois candidatos que disputam um
cargo em uma empresa de telecomunicações.

Tabela 4: Notas de dois candidatos em um processo seletivo.

Disciplina Candidato 1 Candidato 2


Português 7,3 6,0
Matemática 7,5 8,5
Legislação 7,7 9,0
Informática 7,5 6,5

Na Tabela 4, embora as médias e medianas sejam iguais, o candidato 1 apresentou notas mais

20

Denilson Junio Marques Soares, Talita Emidio Andrade Soares, Wagner dos Santos
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
25

regulares do que o candidato 2. Em outras palavras, há menor variabilidade nas notas obtidas pelo
candidato 1. Dessa forma, se a empresa tiver interessada em um candidato cujos conhecimentos são
mais homogêneos, seria interessante contratá-lo. Observe que as medidas de posição não trazem
essa informação.

1.3.1 Medidas de Posição

As principais medidas de posição são a média aritmética, a mediana, a moda, os quartis e os


percentis. Para encontrarmos a média aritmética de um conjunto de dados basta somar os valores
das observações e dividir o resultado pelo número delas. Assim, a média aritimética é dada por

x 1 + . . . + xn
x= (3)
n
A moda (Mo) é o valor mais frequente do conjunto de dados e a mediana (Md) é o valor obser-
vado que divide o este conjunto (depois de ordenado) em duas partes com a mesma quantidade.
Matematicamente,

X( n2 ) + X( n+1 )
2
M d = X( n+1 ) , se n é impar ou M d = , se n é par. (4)
2 2
em que X(n) representa o elemento de ordem n.
Os quartis são os valores que dividem uma amostra de dados em quatro partes iguais. Abaixo
do 1o e acima do 3o quartil encontram-se 25% dos dados, o 2o quartil coincide com a mediana, ou
seja, representa o elemento central dos dados ordenados. A Figura 11 ilustra a situação descrita.

Figura 11: Representação para quartis.

Semelhante ao que acontece com os quartis, os percentis são medidas que dividem a amostra
(por ordem crescente dos dados) em 100 partes. Dessa forma, o 1o percentil determina os 1%
menores dos dados e o 65o percentil determina os 65% menores dos dados.

1.3.2 Medidas de Dispersão

As principais medidas de dispersão são a amplitude, variância, desvio-padrão e coeficiente de


variação. Para o cálculo da amplitude, basta subtrair o menor do maior elemento de uma amostra.
O cálculo da variância é um pouco mais elaborado: faz-se a razão entre a soma dos quadrados dos

21

Capítulo 1
CONCEITOS INICIAIS
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
26

desvios dos dados (encontrados ao subtrairmos o valor observado pela média aritmética) pelo total
de dados observados. Matematicamente:

n

(xi − X̄)2
i=1
V ar(X) = (5)
n

em que X representa o conjunto formado pelos n dados xi e x̄ representa a média aritmética desses
dados. Há uma correção para o cálculo da variância de uma amostra que consiste na divisão por
n − 1 ao invés de n na Equação 5.
O desvio-padrão de uma amostra é obtido extraindo a raiz quadrada da variância e o coeficiente
de variação é obtido pela razão entre o desvio-padrão e a média aritmética de uma amostra. O
coeficiente de variação (CV) é utilizado quando precisamos comparar variáveis que apresentam
médias diferentes, sendo o mais homogêneo aquele que apresentar menor CV.
Calculemos o CV das notas dos candidatos 1 e 2 da Tabela 4 para exemplificar estes conceitos.
Para o candidato 1, temos:

7, 3 + 7, 5 + 7, 7 + 7, 5
X̄ = = 7, 5 e
4

(7, 3 − 7, 5)2 + (7, 5 − 7, 5)2 + (7, 7 − 7, 5)2 + (7, 5 − 7, 5)2


V ar(X) = = 0, 02
4

 0, 141
DP (X) = 0, 02 ≈ 0, 141 =⇒ CV (X) = = 0, 0188.
7, 5

Para o candidato 2, temos:

6 + 8, 5 + 9 + 6, 5
Ȳ = = 7, 5;
4

(6 − 7, 5)2 + (8, 5 − 7, 5)2 + (9 − 7, 5)2 + (6, 5 − 7, 5)2


V ar(Y ) = = 1, 625;
4

 1, 275
DP (Y ) = 1, 625 ≈ 1, 275 =⇒ CV (X) = = 0, 17.
7, 5
Portanto, como anteriormente observado, as notas obtidas pelo candidato 2 são mais regulares.

1.3.3 Exemplos no R

Os comandos do R para as principais medidas-resumo, estão representados na Tabela 5.

22

Denilson Junio Marques Soares, Talita Emidio Andrade Soares, Wagner dos Santos
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
27

Tabela 5: Comandos para as principais Medidas-Resumo


Função Significado
mean() Média
median() Mediana
table() Moda
max() Máximo
min() Mı́nimo
quantile() Quantis
sd() Desvio-padrão
var() Variância

Um resumo para as medidas de posição pode ser obtido através da função summary(). Como
exemplo, consideremos a variável Idade da Tabela 1.

> summary(dados$Idade)

Min. 1st Qu. Median Mean 3rd Qu. Max.


23.00 27.25 30.00 34.03 35.75 60.00

Observe que as idades variam entre 23 e 60 anos e possuem média de 34, 03 e mediana 30. O
primeiro e o terceiro quartis foram 27, 25 e 35, 75, respectivamente.

23

Capítulo 1
CONCEITOS INICIAIS
28
CAPÍTULO 2

ALGUNS TESTES ESTATÍSTICOS


ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
30

2 Alguns Testes Estatı́sticos

Em análises realizadas em três revistas de engenharia do Brasil entre 1999 e 2004, Mello; Alencar
e Peternelli (2004) encontraram a presença de análises estatı́sticas em cerca de 63% dos mais de
360 artigos publicados. Em educação Fı́sica, Teixeira et al. (2015) analisaram todos os artigos
publicados no triênio 2009-2011, em periódicos com estratificação B2 ou superior no QUALIS
CAPES, e perceberam a presença de análises estatı́sticas em pelo menos 56,7% deles.
Entretanto, segundo Inácio; Encinas e Santana (2012), as análises e testes estatı́sticos são poucos
utilizados nos artigos e trabalhos cientı́ficos na área das ciências humanas, principalmente na área
de educação. Neste capı́tulo, discutiremos alguns dos principais testes de hipóteses que podem ser
utilizados nas mais diversas áreas do conhecimento.
Um teste de hipóteses é um procedimento estatı́stico que permite aceitar ou rejeitar uma hipótese
(hipótese de nulidade), utilizando os dados amostrados. A hipótese de nulidade é simplificada como
H0 e caso o pesquisador a rejeite, a decisão é pela hipótese alternativa H1 (ou Ha ). Passos para a
realização de um teste de hipóteses:

1. Enunciar a hipótese H0 a ser testada (hipótese de nulidade) e a hipótese H1 alternativa;

2. Especificar o nı́vel de significância (α) a ser adotado no teste, que é, em termos práticos, a
probabilidade de se rejeitar incorretamente a hipótese nula quando ela é verdadeira, ou seja,
de se cometer um erro estatı́stico conhecido como erro do tipo I;

3. Identificar a estatı́stica do teste a ser realizado;

4. Determinar a região crı́tica do teste e a região de não rejeição da hipótese de nulidade, em


função do nı́vel de significância adotado e através das tabelas estatı́sticas;

5. Calcular, para a amostra selecionada, o valor da estatı́stica do teste (valor calculado).

6. Concluir pela rejeição ou não de H0 , caso o valor calculado pertença ou não à região crı́tica
do teste, respectivamente.

Em geral, os softwares de análises estatı́sticas retornam um valor para a probabilidade de se


obter uma estatı́stica de teste igual ou mais extrema que a observada em uma amostra, sob a
hipótese nula, conhecido como valor-p. Em termos práticos, um valor-p pequeno significa que
obter um valor da estatı́stica do teste como o observado é muito improvável, levando assim à
rejeição da hipótese nula. A análise pelo valor-p pode auxiliar os pesquisadores a concluı́rem se
suas hipóteses estão ou não corretas.

valor-p ≤ α ⇒ Rejeita-se H0

valor-p ≥ α ⇒ Não Rejeita-se H0

No decorrer deste texto, consideraremos α = 5% como nı́vel de significância.

24

Denilson Junio Marques Soares, Talita Emidio Andrade Soares, Wagner dos Santos
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
31

2.1 Testes Paramétricos vs Não-paramétricos

Os testes de hipóteses se dividem em testes paramétricos e testes não-paramétricos. Segundo


Reis e Junior (2007), os paramétricos são aqueles que utilizam os parâmetros da distribuição (ou
uma estimativa deles) para o cálculo de sua estatı́stica. Já os não-paramétricos utilizam postos
atribuı́dos aos dados ordenados. Normalmente, os testes paramétricos são mais rigorosos e possuem
mais pressuposições para sua validação.
Segundo Favero e Favero (2015), para a aplicação dos testes paramétricos, as observações devem
ser independentes, oriundas de populações com uma determinada distribuição (geralmente a nor-
mal) e as variáveis em estudo devem ser mensuráveis. Para testes de comparação de duas médias
populacionais emparelhadas ou mais de duas médias populacionais, essas populações devem ter
mesma variância.
Nas ciências sociais aplicadas é mais comum o uso de testes não-paramétricos por não exigirem
hipóteses sobre a distribuição de probabilidade da população e por permitirem trabalhar com
amostras menores. Entretanto, testes paramétricos são mais poderosos e devem ser escolhidos,
sempre que possı́vel.

2.2 Testes para normalidade e homogeneidade de variâncias

Existem alguns testes para verificarmos a hipótese de que os dados são normalmente distribuı́dos,
sendo que os mais utilizados são os de Kolmogorov-Smirnov (K-S) e Shapiro-Wilk, mais adequado
para amostras pequenas. Na Tabela 6, temos alguns testes estatı́sticos para normalidade dos dados
e seu respectivo comando para análise no software R. Estes testes pertencem ao pacote nortest
(Gross; Ligges e Ligges (2015)).

Tabela 6: Comandos para verificação da normalidade dos dados.

Teste Comando no R
ks.test(dados, “pnorm”,
Kolmogorov-Smirnov
mean(dados), sd(dados))
Lilliefors lillie.test(dados)
Cramér-von Mises cvm.test(dados)
Shapiro-Wilk shapiro.test(dados)
Shapiro-Francia sf.test(dados)
Anderson-Darling ad.test(dados)

Também podemos construir o gráfico de dispersão dos quantis amostrais versus os quantis
teóricos (da distribuição normal), para verificar se os dados seguem uma distribuição normal de
probabilidades, o que será verdade quando os pontos plotados se dispuserem em torno de uma
reta, conforme ilustra a Figura 12. No R, usamos a função qqnorm(), para a construção deste tipo
de gráfico.

25

Capítulo 2
ALGUNS TESTES ESTATÍSTICOS
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
32

Figura 12: Gráfico Quantil-Quantil para análise da normalidade dos dados.

Para verificar se as variâncias são homogêneas, podemos utilizar os testes expostos na Tabela
7. Neles, a hipótese nula é a de que as variâncias dos grupos testados são iguais (homocedasti-
cidade). Entretanto, a análise gráfica de Boxplots, embora mais subjetiva, também pode indicar
esta caracterı́stica.

Tabela 7: Comandos para verificação da homocedasticidade dos dados.

Teste Comando no R
F de Fisher var.test(x, y)
Bartlett bartlett.test(x,y)
Levene leveneTest(x,y)

2.3 Testes para comparação de duas médias

Muitos problemas aparecem quando se deseja testar hipóteses sobre médias de populações di-
ferentes. Por exemplo, podemos querer comparar a médias das notas de duas turmas de uma
determinada disciplina, uma com e outra sem aulas de monitoria, a fim de verificar a significância
da mesma.
No caso paramétrico, para a comparação de médias de duas amostras independentes, sugere-se
o uso do teste t. Entretanto, para seu uso, é preciso verificar, inicialmente, se as pressuposições
de normalidade e homocedasticidade para as populações foram satisfeitas. O comando no R para
este teste é t.test(x,y) e a hipótese de nulidade é a de que as médias populacionais são iguais para
ambos os grupos (x e y).
Em algumas situações, não há independência entre os grupos. Por exemplo, pode-se comparar o

26

Denilson Junio Marques Soares, Talita Emidio Andrade Soares, Wagner dos Santos
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
33

desempenho da mesma turma em dois momentos distintos: antes e depois da aplicação do método
inovador. Nestes casos, dizemos que os grupos a serem comparados são pareados e acrescentamos
o termo paired=t no comando do R, que passa a ser t.test(x,y,paired=t).
No caso não-paramétrico, para amostras independentes, sugere-se o uso do teste de Wilcoxon-
Mann-Whitney, cujo comando no R é wilcox.test(x,y) e para amostras dependentes, sugere-se o
uso do teste de Wilcoxon, cujo comando no R é wilcox.test(x,y,paired=T)).

2.3.1 Exemplo no R

Para verificar se a adição de aulas de monitoria é significativa para a melhoria das notas de uma
turma de fisiologia, foram amostradas as notas de 25 estudantes de duas turmas distintas: uma
com (x) e outra sem (y) essas aulas. Os dados estão disponı́veis na tabela 8.

Tabela 8: Notas de duas turmas de Fisiologia.

Notas sem 20, 25, 75, 50, 63, 60, 65, 11, 75, 23, 28, 37,
a monitoria 86, 54, 22, 62, 44, 35, 44, 46, 50, 60, 52, 26, 73.
Notas com 55, 60, 30, 55, 75, 85, 76, 62, 25, 54, 86, 77,
a monitoria 74, 28, 49, 57, 63, 66, 84, 58, 60, 60, 75, 45, 40

Primeiramente, precisamos verificar se trata-se de um teste paramétrico ou não. Para isto,


utilizaremos o teste de Shapiro-Wilk para normalidade.

> x=c(20, 25, 75, 50, 63, 60, 65, 11, 75, 23, 28, 37,
+ 86, 54, 22, 62, 44, 35, 44, 46, 50, 60, 52, 26, 73)
> y=c(55, 60, 30, 55, 75, 85, 76, 62, 25, 54, 86, 77,
+ 74, 28, 49, 57, 63, 66, 84, 58, 60, 60, 75, 45, 40)
> shapiro.test(x)

Shapiro-Wilk normality test

data: x
W = 0.97061, p-value = 0.6607

> shapiro.test(y)

Shapiro-Wilk normality test

data: y
W = 0.9493, p-value = 0.2418

Observe que ambos possuem uma distribuição normal. Para verificar a homocedasticidade,
utilizaremos o teste F.

27

Capítulo 2
ALGUNS TESTES ESTATÍSTICOS
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
34

> var.test(x,y)

F test to compare two variances

data: x and y
F = 1.374, num df = 24, denom df = 24, p-value = 0.4422
alternative hypothesis: true ratio of variances is not equal to 1
95 percent confidence interval:
0.6054606 3.1178915
sample estimates:
ratio of variances
1.373958

Observe que as variâncias das populações são homogêneas. Assim, como os pressupostos foram
satisfeitos, iremos comparar os grupos x e y através do teste t.

> t.test(x,y)

Welch Two Sample t-test

data: x and y
t = -2.3604, df = 46.838, p-value = 0.02247
alternative hypothesis: true difference in means is not equal to 0
95 percent confidence interval:
-23.191775 -1.848225
sample estimates:
mean of x mean of y
47.44 59.96

Como o valor-p calculado foi menor do que o nı́vel de significância adotado (5%), concluı́mos
pela rejeição da hipótese H0 que indicava que as médias das notas eram as mesmas para ambos os
grupos. Assim, como a média de y é maior do que a média de x, em termos absolutos, concluı́mos
que a adição de aulas de monitoria é significativa para uma melhoria das notas dos estudantes.

2.4 Testes para a comparação entre três ou mais grupos

Agora imagine o caso em que temos mais do que duas categorias para a avaliar. No caso em
que todas as categorias analisadas são independentes, temos a ANOVA de Welch, cuja função
no R é anova(), no caso paramétrico, e o teste de Kruskal-Wallis, função kruskal.test(), no caso
não-paramétrico.
Se as categorias analisados forem dependentes, usamos a ANOVA para medidas repetidas, cuja
função no R é aov(), no caso paramétrico, e o teste de Friedman, função friedman.test(), no caso
não-paramétrico.

28

Denilson Junio Marques Soares, Talita Emidio Andrade Soares, Wagner dos Santos
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
35

A Hipótese de nulidade para estes testes é a de que todas as médias das categorias analisadas
são iguais. Caso a rejeitamos, concluı́mos que pelo menos uma dessas médias é estatisticamente
diferente das demais, mas não sabemos qual (is). Para identificá-la (s), precisamos realizar um
teste de comparações múltiplas. No caso paramétrico, o mais utilizado é o teste de Tukey, cuja
função no R é TukeyHSD(). No caso não-paramétrico, destaca-se o teste de Nemenyi, função
posthoc.kruskal.nemenyi.test().

2.4.1 Exemplo no R

Imagine agora que o professor da disciplina Fisiologia queira comparar o rendimento de três
grupos de estudantes de sua turma: Nutrição, Educação Fı́sica e Fisioterapia. Para isto, o professor
selecionou uma amostra de 25 estudantes de cada curso, representada pela Tabela 9 e considerou-se
que todos os pressupostos para a realização dos testes paramétricos foram satisfeitos.

Tabela 9: Notas de três turmas de Fisiologia.

20, 25, 65, 50, 63, 60, 65, 11, 65, 23, 28, 37,
Nutrição
86, 54, 22, 62, 44, 35, 44, 46, 50, 60, 52, 26, 73.
55, 60, 30, 55, 75, 85, 76, 62, 25, 54, 86, 77,
Educação Fı́sica
74, 28, 49, 57, 63, 66, 84, 58, 60, 60, 75, 45, 40
10, 13, 25, 42, 65, 44, 30, 62, 25, 54, 24, 77,
Fisioterapia
76, 28, 49, 37, 63, 44, 40, 15, 22, 75, 60, 45, 40.

Vamos construir uma ANOVA para verificarmos se há algum grupo diferente dos demais. Para
isto, usaremos a função aov. Observe que, para criar o conjunto de dados e organizá-los em vetor,
usamos os comandos data.frame() e stack.

> nut=c(20, 25, 65, 50, 63, 60, 65, 11, 65, 23, 28, 37,
+ 86, 54, 22, 62, 44, 35, 44, 46, 50, 60, 52, 26, 73)
> edfis=c(55, 60, 30, 55, 75, 85, 76, 62, 25, 54, 86, 77,
+ 74, 28, 49, 57, 63, 66, 84, 58, 60, 60, 75, 45, 40)
> fisio=c(10, 13, 25, 42, 65, 44, 30, 62, 25, 54, 24, 77,
+ 76, 28, 49, 37, 63, 44, 40, 15, 22, 75, 60, 45, 40)
> dados2<-data.frame(nut,edfis,fisio)
> dat<-stack(dados2)
> anova=aov(dat$values~dat$ind)
> summary(anova)

Df Sum Sq Mean Sq F value Pr(>F)


dat$ind 2 4126 2063.0 5.803 0.00461 **
Residuals 72 25597 355.5
---
Signif. codes: 0 '***' 0.001 '**' 0.01 '*' 0.05 '.' 0.1 ' ' 1

29

Capítulo 2
ALGUNS TESTES ESTATÍSTICOS
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
36

Como rejeitamos a hipótese de que todos os grupos apresentam a mesma média (p-valor < 5%),
precisamos agora identificar qual(is) grupo (s) apresenta (m) média (s) diferente (s) dos demais.
Para isto, vamos utilizar o teste de Tukey, considerando a análise paramétrica.

> TukeyHSD(anova)

Tukey multiple comparisons of means


95% family-wise confidence level

Fit: aov(formula = dat$values ~ dat$ind)

$`dat$ind`
diff lwr upr p adj
edfis-nut 13.32 0.5574904 26.08251 0.0388156
fisio-nut -4.04 -16.8025096 8.72251 0.7300593
fisio-edfis -17.36 -30.1225096 -4.59749 0.0048622

Observe que não há diferenças entre as médias dos grupos nutrição e fisioterapia. Entretanto,
o grupo educação fı́sica apresenta média diferente dos demais. Uma análise através do gráfico
Boxplot, conforme Figura 13, também auxilia nas interpretações.

> boxplot(dat$values~dat$ind,
+ xlab="Curso", ylab="Notas", col=c("yellow","orange", "pink"))

Figura 13: Boxplot para comparação de notas de Fisiologia.

Dessa forma, a análise descritiva, a análise pela ANOVA e a análise pelo teste de Tukey, nos

30

Denilson Junio Marques Soares, Talita Emidio Andrade Soares, Wagner dos Santos
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
37

permitem concluir que os estudantes do curso de Educação Fı́sica possuem, em média, notas
estatisticamente maiores na disciplina de Fisiologia.
A Figura 14 apresenta um resumo dos principais testes de comparação de médias.

Figura 14: Esquema para testes de comparação de médias.

2.5 Testes de Associação

Em muitas pesquisas relacionadas às ciências sociais aplicadas é comum querer verificar se há
dependência ou não entre duas variáveis qualitativas. Para verificar, por exemplo, a significância
estatı́stica da aparente associação entre sexo e alguma modalidade de esporte, escolhida para
participação em aulas de educação fı́sica, podemos construir uma tabela de contingência, conforme
Tabela 10. Observe que a maioria das meninas optam por fazer aulas de Vôlei. Já os meninos tem
preferência para as aulas de futebol.

Tabela 10: Tabela de valores observados.

Esporte
Futebol Vôlei Handbol Total
Sexo Feminino 20 45 35 100
Masculino 60 25 15 100
Total 80 70 50 200

Dos testes para associação, os mais utilizados são o teste Qui-Quadrado e o teste exato de

31

Capítulo 2
ALGUNS TESTES ESTATÍSTICOS
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
38

Fisher. A hipótese nula em ambos é de que não existe associação entre as variáveis.
A estatı́stica do teste Qui-Quadrado é definida por:
n
 (Oi − Ei )2
χ2 = (6)
i=1
Ei

em que n é o tamanho da amostra, O : frequência observada e E : frequência esperada. A estatı́stica


χ2 é conhecida como estatı́stica qui-quadrado.
Para testar a significância do coeficiente precisamos verificar o valor crı́tico da estatı́stica χ2 .
Em suma, um valor grande de χ2 indica associação entre as variáveis.
Vamos calcular o valor da estatı́stica χ2 para o exemplo acima citado. A Tabela 11 representa
os valores esperados para cada categoria.

Tabela 11: Tabela de valores esperados.

Esporte
Futebol Vôlei Handbol Total
80×100 70×100 50×100
Sexo Feminino 200 = 40 200 = 35 200 = 25 100
80×100 70×100 50×100
Masculino 200 = 40 200 = 35 200 = 25 100
Total 80 70 50 200

Calculemos agora o valor da estatı́stica qui-quadrado:

(20 − 40)2 (45 − 35)2 (35 − 25)2 (60 − 40)2 (25 − 35)2 (15 − 25)2
χ2 = + + + + + = 33, 7143
40 35 25 40 35 25

Quando os valores esperados são menores do que 5 ou quando as amostras são pequenas, o teste
2
χ não apresenta resultados confiáveis. Nos casos em que conseguimos dispor os dados em uma
tabela 2x2, conforme Tabela 12, é preferı́vel usar o teste exato de Fisher.

Tabela 12: Modelo de tabela para o teste exato de Fisher.

Grupo 1 Grupo 2 Total


Grupo X a b a+b
Grupo Y c d a+d
Total a+c c+d n

A probabilidade de ocorrência das frequências observadas, se faz com o uso da distribuição


hipergeométrica:
  
a+b c+d
a c (a + b)!(c + d)!(a + c)!(b + d)!
Pa = P [X = a] =   =
n a!b!c!d!n!
a+c

32

Denilson Junio Marques Soares, Talita Emidio Andrade Soares, Wagner dos Santos
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
39

O teste exato de Fisher consiste na determinação das probabilidades de tabelas com as mesmas
margens e com menores valores na entrada cujo valor, conforme ilustra a Figura 15.

Figura 15: Esquema para teste exato de Fisher.

Rejeitamos a hipótese de independência entre as variáveis, se a soma Pa + Pa−1 + ... + P0 for


inferior ao nı́vel de significância α, adotado.

2.5.1 Exemplos no R

Vamos refazer o exemplo que verifica a relação de dependência entre as variáveis sexo e mo-
dalidade de esporte escolhida para participação em aulas de educação fı́sica, no R. Para isto,
utilizaremos a função chisq.test().

> M<-as.table(rbind(c(20,45,35),c(60,25,15)))
> chisq.test(M)

Pearson's Chi-squared test

data: M
X-squared = 33.714, df = 2, p-value = 4.776e-08

Como a hipótese de independência foi rejeitada, verificamos que as variáveis analisadas estão
associadas.
Imagine agora que os dados da Tabela 8 fossem reduzidos e que só considerássemos como
modalidade de esporte o futebol e o vôlei. A Tabela 13 retrata esta nova situação.

Tabela 13: Tabela reduzida de valores observados.

Esporte
Futebol Vôlei Total
Sexo Feminino 2 5 7
Masculino 8 5 13
Total 10 10 20

Neste caso, como há valores esperados menores do que 5 e a amostra é pequena, não seria
prudente analisar pelo teste χ2 . Procederemos à analise pelo teste exato de Fisher, cuja função no
R é fisher.test().

33

Capítulo 2
ALGUNS TESTES ESTATÍSTICOS
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
40

> M<-as.table(rbind(c(2,5),c(8,5)))
> fisher.test(M)

Fisher's Exact Test for Count Data

data: M
p-value = 0.3498
alternative hypothesis: true odds ratio is not equal to 1
95 percent confidence interval:
0.01858382 2.47022220
sample estimates:
odds ratio
0.2689102

Observe que, para a nova amostra, não há indı́cios para rejeitar a hipótese de independência
entre as variáveis.

34

Denilson Junio Marques Soares, Talita Emidio Andrade Soares, Wagner dos Santos
CAPÍTULO 3

CORRELAÇÃO E REGRESSÃO
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
42

3 Correlação e Regressão

Existem situações nas quais há interesse em estudar a relação entre duas ou mais variáveis.
Tanto a correlação, quanto a regressão são técnicas que visam estimar esta possı́vel relação, sendo
que a primeira preocupa-se em quantificá-la e a segunda em matematizá-la.
O comportamento conjunto de duas variáveis quantitativas pode ser observado por meio do
gráfico de dispersão, como o da Figura 4, em que é possı́vel verificar uma relação linear entre as
variáveis idade e tempo de serviço. Na Figura 16 traçamos uma reta para melhor visualização
desta relação.

Figura 16: Análise da relação entre as variáveis Idade e Tempo de Serviço

O gráfico mostra que quanto maior a idade dos entrevistados maior o tempo de serviço. Em
suma, quanto mais próximos de uma reta, maior a relação linear entre as variáveis.

3.1 Coeficientes de Correlação

Os coeficientes de correlação tem como objetivo a mensuração da intensidade e a direção da


relação (linear ou não) entre duas variáveis. Existem vários coeficientes que quantificam esta
intensidade. Nesta seção, apresentaremos os mais citados na literatura.

3.1.1 Coeficientes de Correlação para variáveis quantitativas

O coeficiente de correlação para variáveis quantitativas mais utilizado é o de Pearson, que pode
ser calculado através da fórmula:

35

Denilson Junio Marques Soares, Talita Emidio Andrade Soares, Wagner dos Santos
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
43

n

(xi − x̄)(yi − ȳ)
i=1
ρ=  n
 n
(7)
 
2 2
(xi − x̄) (yi − ȳ)
i=1 i=1

em que x1 , x2 , · · · , xn e y1 , y2 , · · · , yn são os valores medidos de ambas as variáveis e x̄ e ȳ são


as médias aritméticas dessas observações.
O coeficente de correlação de Pearson varia entre −1 e 1, sendo que, quanto mais perto dos
extremos, maior é a correlação entre as variáveis. O sinal indica a direção, se a correlação é positiva
ou negativa. Na Figura 17 temos um exemplo para correlação positiva (a), negativa (b) e nula (c).

Figura 17: Exemplo de correlações entre duas variáveis


Fonte: Bussab & Morettin (2010, p. 83)

Para avaliar o grau de intensidade da correlação entre duas variáveis, Mello et al. (2011) apre-
sentam a classificação apresentada na Tabela 14.

Tabela 14: Classificação para o Coeficiente de Correlação de Pearson.


Coeficiente de Correlação
Classificação
de Pearson
0,00 a 0,19 Correlação bem fraca
0,20 a 0,39 Correlação fraca
0,40 a 0,69 Correlação moderada
0,70 a 0,89 Correlação forte
0,90 a 1,00 Correlação muito forte

Para se utilizar o coeficiente de correlação de Pearson, o relacionamento entre as variáveis deve


ser linear, as variáveis envolvidas devem ser aleatórias e possuı́rem uma distribuição normal. Por
conta desta última hipótese, este coeficiente de correlação é dito paramétrico, como visto no último
capı́tulo. Para conjunto de dados não-paramétricos, ou que não possuam uma relação linear, mas
monótona, isto é, se uma aumenta (ou diminuiu) a outra tende a aumentar (ou diminuir), podemos
utilizar o coeficiente de correlação de Spearman (para amostras maiores) ou Kendall (para amostras
menores).

36

Capítulo 3
CORRELAÇÃO E REGRESSÃO
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
44

Para o caso de variáveis dicotômicas, há algumas generalizações da correlação de Pearson. A


correlação ponto-bisserial é recomendada quando uma das variáveis é genuinamente dicotômica,
a correlação bisserial para quando uma das variáveis é artificialmente dicotomizada, a correlação
phi quando as duas variáveis são genuinamente dicotômicas e a correlação tetracórica quando as
duas variáveis forem artificialmente dicotomizadas. A Tabela 15 apresenta um resumo de quando
usar cada tipo de correlação.

Tabela 15: Coeficientes de correlação e quando usá-los.


Coeficiente Variável X Variável Y
Pearson Contı́nua Contı́nua
Spearman ou Kendall Ordinal Contı́nua
Spearman ou Kendall Ordinal Ordinal
Bisserial Artificialmente dicotômica Contı́nua
Ponto-Bisserial Genuinamente dicotômica Contı́nua
Phi Genuinamente dicotômica Genuinamente dicotômica
Tetracórica Artificialmente dicotômica Artificialmente dicotômica

3.1.2 Coeficiente de Contingência para variáveis qualitativas

Entre as medidas que quantificam a associação entre variáveis qualitativas, apresentaremos o


chamado coeficiente de contingência, introduzido por Pearson. A fórmula para o cálculo deste
coeficiente é:

χ2
C= , (8)
χ2 + n
em que n é o tamanho da amostra e χ2 é a estatı́stica qui-quadrado.
Como exemplo, calculemos o coeficiente de contingência para as variáveis sexo e modalidade de
esporte, escolhida para a prática nas aulas de Educação Fı́sica, conforme Tabela 11. Neste caso, o
coeficiente de contingência pode ser calculado da seguinte maneira:

33, 7143
C= ≈ 0, 1443
33, 7143 + 200

Para testar a significância do coeficiente podemos realizar o teste χ2 , como visto no capı́tulo
anterior.

3.1.3 Exemplos no R

Para os coeficientes de correlação de Pearson, Spearman ou Kendall, o comando no R é o mesmo,


mudando apenas nas opções extras do comando:

> cor.test(variável1, variável2, method = "pearson")


> cor.test(variável1, variável2, method = "spearman")

37

Denilson Junio Marques Soares, Talita Emidio Andrade Soares, Wagner dos Santos
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
45

> cor.test(variável1, variável2, method = "kendal")

Estes comandos também retornam um teste de significância para o coeficiente de correlação.


Caso o valor-p retornado seja maior do que o nı́vel de significância adotado (usualmente 5%), então
não há correlação significativa entre as variáveis.
O pacote psych (Revelle (2014)) do R oferece comandos para o cálculo dos coeficientes de
correlação Bisserial, Phi e Tetracório. São eles, respectivamente:

> biserial(variável1,variável2)
> phi(matriz)
> tetrachoric(matriz)

Já a correlação Ponto-Bisserial pode ser obtida pelo pacote ltm (Rizopoulos (2006)), cujo co-
mando é:

> biserial.cor(variável1,variável2)

Para ilustração, imaginemos que os pressupostos para o cálculo do coeficiente de correlação de


Pearson foram atendidos e calculemos a correlação entre as variáveis Idade e Renda, da Tabela 1.

> cor.test(dados$Idade,dados$Renda,method="pearson")

Pearson's product-moment correlation

data: dados$Idade and dados$Renda


t = 2.7265, df = 28, p-value = 0.01092
alternative hypothesis: true correlation is not equal to 0
95 percent confidence interval:
0.1170822 0.7023950
sample estimates:
cor
0.4580311

Este resultado aponta para uma correlação moderada e significativa (a 5%) entre as variáveis.

3.2 Modelos de Regressão Linear

Na Figura 16 traçamos uma reta para visualizar o comportamento linear entre as variáveis
Idade e Tempo de Serviço, da Tabela 1. Podemos encontrar a equação dessa reta e, através dela,
fazer previsões acerca do comportamento dessas variáveis. Este processo é chamado de regressão
linear. Para o exemplo dado, a variável Tempo de Serviço é dependente da variável independente
Idade.

38

Capítulo 3
CORRELAÇÃO E REGRESSÃO
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
46

3.2.1 Regressão Linear Simples e Múltipla

Uma regressão é dita linear quando a curva ajustada é uma reta. Caso contrário, a regressão
é dita não-linear. Caso haja a presença de apenas uma variável independente, a regressão linear
é dita simples. Entretanto, na maioria dos problemas, para explicar uma variável dependente é
necessário mais do que uma variável independente. Nestes casos, a regressão linear é dita múltipla.
O modelo de regressão linear simples é:

Yi = β0 + β1 xi + εi , para i = 1, . . . , n (9)

em que Yi representa os valores da variável dependente, xi representa os valores da variável indepen-


dente (também chamado de variável explicativa ou regressora), i representa o erro experimental
aleatório, β0 e β1 representam os coeficientes do modelo, que serão estimados, e que definem a reta
de regressão e n é o tamanho da amostra.
O modelo estimado para representar a relação entre as variáveis idade e tempo de serviço,
representado na Figura 16 é:

yi = −23, 1103 + 0, 9611 x1i , i = 1, · · · 30

Com esse modelo podemos prever, por exemplo, o tempo médio de serviço de um (a) professor
(a) com 35 anos de idade, que será indicado por y(35):

y(35) = −23, 1103 + 0, 9611 × 35 = 10, 5282

A vantagem de matematizar esta relação está na possibilidade de fazer estimativas para dados
não observáveis.
Para os modelos de regressão linear múltipla, temos a inclusão de variáveis independentes
x2i , x3i , · · · xki . Dessa forma, temos o modelo:

Yi = β0 + β1 x1i + β2 x2i + β3 x3i + · · · + βk xki εi , para i = 1, . . . , n (10)

em que β2 , β3 · · · βk são os coeficientes das variáveis independentes x2i , x3i , · · · xki , respectivamente,
e os demais termos são igualmente definidos na Equação 9.
Americo e Lacruz (2017) descrevem a relação entre o “contexto” e o “desempenho” escolar
das escolas estaduais do Espı́rito Santo, considerando as notas obtidas na Prova Brasil em 2013,
por meio de regressão linear múltipla. Neste trabalho, os autores concluem que a permanência
do docente em uma mesma escola tem impacto positivo nas notas, e que um aumento na taxa
de abandono produziria um efeito negativo. Frente a estas conclusões, os autores discutem a
construção de polı́ticas públicas educacionais para solucionar os problemas evidenciados.
A Figura 18 mostra os coeficientes do modelo obtidos no processo de regressão que considerou a
nota na Prova Brasil (NPB) como variável dependente e o Índice de Regularidade Docente (IRD),
Indicador de Esforço Docente (IED) e Taxa de Abandono (TA) como variáveis independentes no

39

Denilson Junio Marques Soares, Talita Emidio Andrade Soares, Wagner dos Santos
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
47

modelo estimado.

Figura 18: Relação entre“contexto” e “desempenho” escolar em escolas estaduais do Espı́rito Santo.
Fonte: Americo & Lacruz (2017, p. 868)

O coeficiente R2 exibido na Figura 18 expressa o coeficiente de determinação, que mensura


o quanto o modelo consegue explicar os valores observados. Em suma, trata-se do quadrado
do coeficiente de correlação de Pearson e varia entre 0 e 1, sendo que, quanto maior, melhor o
ajustamento do modelo aos dados.

3.2.2 Análise dos Resı́duos

Para verificar a adequabilidade de um modelo de regressão linear simples ou múltipla, é preciso


validar as suposições do modelo ajustado para que os resultados obtidos sejam confiáveis. Para
isto, podemos nos basear nos resı́duos gerados e realizar o que chamamos de Análise dos Resı́duos.
A análise de resı́duos consiste em um conjunto de técnicas para verificar os pressupostos de
normalidade, homocedasticidade e independência dos resı́duos. Também deve-se verificar, para a
significância do modelo, a linearidade e a ausência de pontos atı́picos influentes, conhecidos como
outliers.
No caso da Regressão Linear Múltipla, além desses pressupostos, precisamos também verificar
a multicolinearidade, que ocorre no caso em que as variáveis são altamente correlacionadas, pro-
vocando efeitos nas estimativas dos coeficientes do modelo de regressão e, consequentemente, na
aplicabilidade geral do modelo estimado.
Na próxima seção apresentaremos alguns meios de verificação destes pressupostos. Caso o leitor
deseje aprofundar-se em seus estudos, poderá consultar obras clássicas como Gujarati e Porter
(2011), Hair Júnior et. al (2010) e Bussab e Morettin (2010).

3.2.3 Exemplos no R

O R apresenta um agrupamento dos principais pacotes relacionados a Regressão. Alguns deles,


como o Econometrics, possuem funções para estimação e análises dos modelos da regressão. Para
instalá-los simultaneamente basta digitar no R Console:

40

Capítulo 3
CORRELAÇÃO E REGRESSÃO
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
48

> install.packages("ctv")
> library(ctv)
> install.views("Econometrics")

Vamos verificar se existe uma relação linear, considerando o Tempo de Serviço como variável
dependente (y) e a Idade (x1 ) e o Salário (x2 ) como variáveis independentes, na Tabela 1. Para
isto, usaremos a função lm() do software R, cujo formato é (y ∼ x1 + x2 ). A Figura ?? representa
o retorno do R.

> lm(dados$TempodeServico~dados$Idade+dados$Renda)

Call:
lm(formula = dados$TempodeServico ~ dados$Idade + dados$Renda)

Coefficients:
(Intercept) dados$Idade dados$Renda
-22.7653 0.9694 -0.1829

O R estima o valor dos coeficientes β0 (intercepto), β1 (da variável Idade) e β2 ) da variável
Renda, através do Método de Mı́nimos Quadrados, método estatı́stico que consiste na minimização
dos erros do modelo estimado. Para o exemplo em questão, a equação da reta ajustada é dada por
y = −22, 7653 + 0, 9694 x1 − 0, 1829 x2 . Para encontrar medidas descritivas para analisar o ajuste
dos dados, podemos utilizar a função summary:

> summary(lm(dados$TempodeServico~dados$Idade+dados$Renda))

Call:
lm(formula = dados$TempodeServico ~ dados$Idade + dados$Renda)

Residuals:
Min 1Q Median 3Q Max
-2.82876 -0.60677 0.02154 0.92114 2.21696

Coefficients:
Estimate Std. Error t value Pr(>|t|)
(Intercept) -22.76526 0.93955 -24.230 <2e-16 ***
dados$Idade 0.96938 0.02553 37.972 <2e-16 ***
dados$Renda -0.18289 0.25901 -0.706 0.486
---
Signif. codes: 0 '***' 0.001 '**' 0.01 '*' 0.05 '.' 0.1 ' ' 1

Residual standard error: 1.194 on 27 degrees of freedom

41

Denilson Junio Marques Soares, Talita Emidio Andrade Soares, Wagner dos Santos
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
49

Multiple R-squared: 0.9852, Adjusted R-squared: 0.9841


F-statistic: 897.1 on 2 and 27 DF, p-value: < 2.2e-16

Para verificar a significância da regressão e dos coeficientes individualmente, podemos utilizar os


testes F e t, respectivamente, exibidos na Figura ??, verificando os valores-p exibidos. Observe que
o coeficiente da variável salário não foi significativo no modelo (valor-p > nı́vel de significância),
portanto, pode ser retirado da equação ajustada. Dessa forma, caı́mos em um processo de regressão
linear simples, em que a variável dependente é o Tempo de Serviço (y) e a independente é a Idade
(x):

> lm(dados$TempodeServico~dados$Idade)

Call:
lm(formula = dados$TempodeServico ~ dados$Idade)

Coefficients:
(Intercept) dados$Idade
-23.1103 0.9611

Conforme expressa pela Figura ??, a equação da reta ajustada é dada por y = −23, 1103 +
0, 9611 x. Verifiquemos, agora, a significância do modelo e de seus coeficientes:

> summary(lm(dados$TempodeServico~dados$Idade))

Call:
lm(formula = dados$TempodeServico ~ dados$Idade)

Residuals:
Min 1Q Median 3Q Max
-2.8012 -0.7235 0.1016 0.9223 2.1988

Coefficients:
Estimate Std. Error t value Pr(>|t|)
(Intercept) -23.11028 0.79528 -29.06 <2e-16 ***
dados$Idade 0.96112 0.02249 42.74 <2e-16 ***
---
Signif. codes: 0 '***' 0.001 '**' 0.01 '*' 0.05 '.' 0.1 ' ' 1

Residual standard error: 1.183 on 28 degrees of freedom


Multiple R-squared: 0.9849, Adjusted R-squared: 0.9844
F-statistic: 1826 on 1 and 28 DF, p-value: < 2.2e-16

A Figura ?? confirma esta significância e exibe, assim como a Figura ??, os erros-padrão das

42

Capítulo 3
CORRELAÇÃO E REGRESSÃO
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
50

estimativas dos coeficientes de regressão e o coeficiente de determinação (R2 ), que para este caso
foi de 0, 9844, o que indica um bom ajustamento dos dados ao modelo.
Vamos, agora, verificar se as pressuposições do modelo de regressão foram atendidas. Para
avaliar a homocedasticidade (variância constante) dos resı́duos, podemos construir os gráficos para
os valores ajustados da variável dependente e variável independente em função dos resı́duos. Para
isto, usaremos os comandos fitted() e residuals(), conforme ilustram as linhas de comando abaixo
e as Figuras 19 e 20, geradas pelo software.

> dadosajustados=lm(dados$TempodeServico~dados$Idade)
> plot(fitted(dadosajustados),residuals(dadosajustados))
> abline(h=0)
> plot(dados$Idade,residuals(dadosajustados))
> abline(h=0)

Figura 19: Resı́duos versus valores ajustados. Figura 20: Resı́duos versus variável independente.

Note que, para melhor visualização dos comandos, nomeamos o modelo como “dadosajustados” e
plotamos a reta y = 0. Os gráficos plotados pelo software, não apresentam nenhum comportamento
ou tendência. Assim, temos indı́cios de que o pressuposto da homogeneidade da variância dos
resı́duos foi atendido (Gráfico 19), assim como da independência (Gráfico 20).
Para verificar o pressuposto da normalidade dos resı́duos, podemos construir o gráfico de pro-
babilidade normal dos resı́duos, cujo comando no R é qqnorm():

> qqnorm(residuals(dadosajustados),
+ ylab="Resı́duos",xlab="Quantis teóricos normais")
> qqline(residuals(dadosajustados))

A Figura 21 exibe o gráfico gerado.

43

Denilson Junio Marques Soares, Talita Emidio Andrade Soares, Wagner dos Santos
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
51

Figura 21: Análise gráfica da normalidade dos resı́duos.

Observe que os pontos do se dispõem em torno de uma linha, o que nos permite considerar que
possuem uma distribuição normal. Uma outra forma de verificar o pressuposto da normalidade
dos resı́duos é através do teste de Shapiro-Wilk, cujo comando no R é shapiro.test(). A Figura ??
mostra o retorno do software para este comando:

> shapiro.test(residuals(dadosajustados))

Shapiro-Wilk normality test

data: residuals(dadosajustados)
W = 0.97966, p-value = 0.8165

Neste caso, como o valor-p retornado é maior que o nı́vel de significância adotado (5%), logo,
aceita-se a hipótese de normalidade dos resı́duos.

3.3 Regressão Logı́stica Binária

Assim como na regressão linear, os modelos de regressão logı́stica tratam de técnicas que permi-
tem explicar a relação entre uma variável dependente, e um conjunto de variáveis independentes.
O que difere uma da outra é que, no caso da regressão logı́stica, a variável dependente é biná-
ria (dicotômica), comumente classificada como sucesso (y = 1) ou fracasso (y = 0) e segue uma
distribuição binomial de probabilidade.
Nos modelos de regressão logı́stica binária, as variáveis independentes podem ser métricas ou
categóricas. Neles, é possı́vel verificar a probabilidade de ocorrência de um evento e o quanto cada
variável do modelo influencia no resultado da análise.

44

Capítulo 3
CORRELAÇÃO E REGRESSÃO
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
52

3.3.1 Modelo logı́stico

A equação da regressão logı́stica pode ser escrita da seguinte forma:


 
p
log = β0 + β1 x1 + β2 x2 + · · · + βn xn (11)
1−p

em que p representa a probabilidade de êxito quando a variável preditiva é x e β0 , β1 , · · · βn são os


coeficientes de regressão, estimados com métodos de máxima verossimilhança.
Com algumas manipulações algébricas, a Equação 10 pode ser escrita da seguinte forma:

eβ0 +β1 x1 +···+βn xn


1
p= = (12)
1 + eβ0 +β1 x1 +···+ β n xn 1 + e−(β0 +β1 x1 +···+ β n xn )

Em suma, utiliza-se este modelo para encontrar a probabilidade de estar em uma categoria,
baseado na combinação de variáveis independentes. Na Figura 22, temos a representação gráfica
da regressão logı́stica, cujo formato é de uma curva sigmoide.

Figura 22: Curva sigmoide para representar um exemplo de regressão logı́stica binária.

Um conceito bastante utilizado na regressão logı́stica é o de razão de chances (odds ratio). A


chance é definida como a razão entre a probabilidade de ocorrência de um evento pela sua não
ocorrência. A razão de chances é definida como a razão entre a chance de um evento ocorrer em
um determinado grupo e a chance de ocorrer em outro grupo.
Em termos práticos, podemos interpretar a razão de chances como sendo o aumento estimado na
probabilidade de sucesso associado a mudança em uma unidade no valor da variável independente.
Quando se altera em d unidades a variável independente, a razão de chances tem um aumento
estimado em edβ .

45

Denilson Junio Marques Soares, Talita Emidio Andrade Soares, Wagner dos Santos
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
53

3.3.2 Teste de significância dos coeficientes e de qualidade de ajuste

Para verificar a significância do modelo estimado, podemos realizar o teste de razão de verossi-
milhanças cuja hipótese de nulidade é a que todos os coeficientes do modelo são nulos. Para isto,
este teste compara a diferença entre o logaritmo da função de verossimilhança do modelo com-
pleto, com o logaritmo da verossimilhança do modelo sem a variável analisada, conhecido como
estatı́stica G:
 
verossimilhança do modelo sem a variável
G = − ln (13)
verossimilhança do modelo com a variável

Para testar a significância de cada coeficiente do modelo, separadamente, podemos realizar o


teste de Wald. Trata-se de uma generalização do teste t de Student, cuja estatı́stica W é dada por:

βi
W = (14)
 (βi )
EP
em que βi é o coeficiente testado e EP é o seu respectivo erro-padrão.
Para verificar se o modelo está bem ajustado, podemos utilizar o Teste de Hosmer & Lemeshow,
cuja hipótese de nulidade é a de que o modelo se ajusta bem aos dados. Caso rejeitada essa hipótese,
o modelo não é capaz de produzir estimativas e classificações confiáveis.
Uma outra medida para qualidade de ajuste é através do pseudo-R2 , que é similar ao coeficiente
de determinação obtido nos modelos de regressão linear e cujos valores também estão entre 0 e 1,
sendo que quanto mais perto de 1 melhor o ajuste do modelo.

3.3.3 Exemplo no R

Como exemplo, iremos refazer as análises presentes no artigo “Um modelo estatı́stico para gestão
de programas de pós-graduação”, de autoria de Mesquita e Nogueira (2015), cujo objetivo foi o
de estimar a probabilidade de obtenção de melhores conceitos CAPES em programas de pós-
graduação, bem como indicar as variáveis mais relevantes para esta melhoria, baseados em um
modelo de regressão logı́stica binária.
Para isto, foram amostrados o desempenho de 540 programas de pós-graduação na avaliação
trienal de 2013, cujos conceitos conceitos Muito Bom (MB), Bom (B), Regular (R), Fraco (F) ou
Deficiente (D) são atribuı́dos aos itens e respectivos quesitos da ficha de avaliação organizados na
Tabela 16, utilizada para atribuir uma nota de 3 a 7 para o programa.

46

Capítulo 3
CORRELAÇÃO E REGRESSÃO
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
54

Tabela 16: Quesitos e critérios de avaliação da CAPES.

I- Proposta do Programa
Coerência, consistência, abrangência e atualização das áreas de concentração, linhas de
x1
pesquisa, projetos e proposta curricular.
Planejamento do programa com vistas a seu desenvolvimento futuro, contemplando
x2
os desafios internacionais da área na produção do conhecimento.
x3 Infraestrutura para ensino, pesquisa e, se for o caso, extensão.
II - Corpo docente
Perfil do corpo docente, consideradas titulação, diversificação na origem da formação,
x4
aprimoramento e experiência, e sua compatibilidade e adequação à proposta do programa.
Adequação e dedicação dos docentes permanentes em relação às atividades de pesquisa e de
x5
formação do programa.
x6 Distribuição das atividades de pesquisa e de formação entre os docentes do programa.
Contribuição dos docentes para atividades de ensino e/ou de pesquisa na graduação, com
x7 atenção tanto à repercussão que este item pode ter na formação de futuros ingressantes na
pós-graduação, quanto na formação de profissionais mais capacitados no plano da graduação.
III - Corpo discente, teses e dissertações
Quantidade de teses e dissertações defendidas no perı́odo de avaliação, em relação
x8
ao corpo docente permanente e à dimensão do corpo docente.
Distribuição das orientações das teses e dissertações defendidas no perı́odo de avaliação
x9
em relação aos docentes do programa.
Qualidade das teses e dissertações e da produção de discentes autores da pós-graduação
x10 e da graduação na produção cientı́fica do programa, aferida por publicações e
outros indicadores pertinentes à área.
Eficiência do programa na formação de mestres e doutores bolsistas: Tempo de
x11
formação de mestres e doutores e percentual de bolsistas titulados.
IV - Produção intelectual
x12 Publicações qualificadas do programa por docente permanente.
x13 Distribuição de publicações qualificadas em relação ao corpo docente permanente do programa.
x14 Produção técnica, patentes e outras publicações consideradas relevantes.
V - Inserção social
x15 Inserção e impacto regional e (ou) nacional do programa.
Integração e cooperação com outros programas e centros de pesquisa e
x16 desenvolvimento profissional, relacionados à área de conhecimento
do programa, com vistas ao desenvolvimento da pesquisa e da pós graduação.
x17 Visibilidade ou transparência dada pelo programa à sua atuação.

Fonte: Mesquita e Nogueira (2015)

O desempenho dos programas de pós-graduação amostrados, oriundos da base de dados da


CAPES, foram tabulados em uma planilha do Excel, conforme ilustra a Figura 23.

47

Denilson Junio Marques Soares, Talita Emidio Andrade Soares, Wagner dos Santos
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
55

Figura 23: Desempenho dos programas de pós-graduação - Fragmento do Excel.

Para construção do modelo proposto, os dados exibidos na Figura 23, foram codificados con-
forme a Tabela 17.

Tabela 17: Critérios para codificação das variáveis

Antes Depois
Nota da avaliação 2013 (yi ) ≥4 1
≤4 0
Muito Bom “MB” 5
Bom “B” 4
Item avaliado (xi ) Regular “R” 3
Fraco “F” 2
Deficiente “D” 1
Fonte: Mesquita e Nogueira (2015)

Para a leitura dos dados codificados no Excel, utilizou-se o comando read.table().

> dados2=read.table("C:/Users/Usuario/Desktop/UFES/dados2.txt",head=T)

O comando head() exibe o cabeçalho dos dados codificados lidos pelo software.

> head(dados2)

Nota x1 x2 x3 x4 x5 x6 x7 x8 x9 x10 x11 x12 x13 x14 x15 x16 x17


1 0 4 3 4 4 5 4 5 2 4 4 4 2 3 4 2 4 4
2 1 5 5 5 5 5 4 4 3 5 5 5 5 5 5 5 5 5
3 0 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
4 1 4 4 4 5 3 4 4 4 4 3 5 4 3 5 5 4 3
5 0 5 4 5 5 5 4 5 3 5 3 4 3 4 5 4 4 5
6 1 5 5 5 4 5 4 5 5 5 4 5 2 4 5 5 5 4

Para compor o modelo, considerando todas as variáveis, usaremos a função glm. Para resumir
os dados e fazer uma análise inicial, usaremos a função summary(), conforme ilustra a Figura ??.

48

Capítulo 3
CORRELAÇÃO E REGRESSÃO
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
56

> modelo1=glm(Nota~x1+x2+x3+x4+x5+x6+x7+x8+x9+x10+x11+
+ x12+x13+x14+x15+x16+x17,family=binomial(link="logit"))
> summary(modelo1)

Call:
glm(formula = Nota ~ x1 + x2 + x3 + x4 + x5 + x6 + x7 + x8 +
x9 + x10 + x11 + x12 + x13 + x14 + x15 + x16 + x17, family = binomial(link = "logit"))

Deviance Residuals:
Min 1Q Median 3Q Max
-3.6175 0.0249 0.0476 0.1964 2.3325

Coefficients:
Estimate Std. Error z value Pr(>|z|)
(Intercept) -25.81148 3.39473 -7.603 2.88e-14 ***
x1 0.31849 0.35114 0.907 0.36440
x2 0.14835 0.39617 0.374 0.70806
x3 0.15694 0.37051 0.424 0.67186
x4 0.72507 0.31793 2.281 0.02257 *
x5 -0.13541 0.31480 -0.430 0.66709
x6 -0.37612 0.27345 -1.375 0.16899
x7 0.02768 0.25109 0.110 0.91223
x8 1.11846 0.26734 4.184 2.87e-05 ***
x9 0.25011 0.26280 0.952 0.34124
x10 1.42358 0.24890 5.719 1.07e-08 ***
x11 -0.13289 0.35237 -0.377 0.70609
x12 1.58393 0.30176 5.249 1.53e-07 ***
x13 0.73632 0.23153 3.180 0.00147 **
x14 0.21002 0.21999 0.955 0.33974
x15 0.63219 0.38371 1.648 0.09943 .
x16 0.05273 0.33953 0.155 0.87658
x17 0.02089 0.28279 0.074 0.94111
---
Signif. codes: 0 '***' 0.001 '**' 0.01 '*' 0.05 '.' 0.1 ' ' 1

(Dispersion parameter for binomial family taken to be 1)

Null deviance: 574.58 on 539 degrees of freedom


Residual deviance: 180.91 on 522 degrees of freedom
AIC: 216.91

49

Denilson Junio Marques Soares, Talita Emidio Andrade Soares, Wagner dos Santos
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
57

Number of Fisher Scoring iterations: 7

As variáveis significativas para compor o modelo, considerando 5% de significância, estão acom-


panhadas por pelo menos um asterisco na Figura ??. Entretanto, nem todas as variáveis entram
neste grupo. Para uma melhor seleção dessas variáveis, utilizaremos o método stepwise, através
da função step do pacote stats. A Figura ?? ilustra parte do retorno do R para esta função.

> step(modelo1, data=dados2)

Start: AIC=216.91
Nota ~ x1 + x2 + x3 + x4 + x5 + x6 + x7 + x8 + x9 + x10 + x11 +
x12 + x13 + x14 + x15 + x16 + x17

Df Deviance AIC
- x17 1 180.91 214.91
- x7 1 180.92 214.92
- x16 1 180.93 214.93
- x2 1 181.05 215.05
- x11 1 181.05 215.05
- x3 1 181.09 215.09
- x5 1 181.09 215.09
- x1 1 181.74 215.74
- x14 1 181.81 215.81
- x9 1 181.83 215.83
- x6 1 182.81 216.81
<none> 180.91 216.91
- x15 1 183.70 217.70
- x4 1 186.30 220.30
- x13 1 191.68 225.68
- x8 1 201.05 235.05
- x12 1 216.51 250.51
- x10 1 222.93 256.93

Step: AIC=214.92
Nota ~ x1 + x2 + x3 + x4 + x5 + x6 + x7 + x8 + x9 + x10 + x11 +
x12 + x13 + x14 + x15 + x16

Df Deviance AIC
- x7 1 180.93 212.93
- x16 1 180.94 212.94
- x2 1 181.05 213.05
- x11 1 181.06 213.06

50

Capítulo 3
CORRELAÇÃO E REGRESSÃO
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
58

- x3 1 181.09 213.09
- x5 1 181.10 213.10
- x1 1 181.81 213.81
- x14 1 181.82 213.82
- x9 1 181.83 213.83
- x6 1 182.82 214.82
<none> 180.91 214.91
- x15 1 183.81 215.81
- x4 1 186.30 218.30
- x13 1 191.70 223.70
- x8 1 201.24 233.24
- x12 1 216.55 248.55
- x10 1 222.93 254.93

Step: AIC=212.93
Nota ~ x1 + x2 + x3 + x4 + x5 + x6 + x8 + x9 + x10 + x11 + x12 +
x13 + x14 + x15 + x16

Df Deviance AIC
- x16 1 180.96 210.96
- x11 1 181.06 211.06
- x2 1 181.07 211.07
- x5 1 181.10 211.10
- x3 1 181.12 211.12
- x9 1 181.84 211.84
- x1 1 181.87 211.87
- x14 1 181.87 211.87
- x6 1 182.88 212.88
<none> 180.93 212.93
- x15 1 183.83 213.83
- x4 1 186.37 216.37
- x13 1 191.77 221.77
- x8 1 201.27 231.27
- x12 1 216.89 246.89
- x10 1 223.38 253.38

Step: AIC=210.96
Nota ~ x1 + x2 + x3 + x4 + x5 + x6 + x8 + x9 + x10 + x11 + x12 +
x13 + x14 + x15

Df Deviance AIC

51

Denilson Junio Marques Soares, Talita Emidio Andrade Soares, Wagner dos Santos
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
59

- x11 1 181.09 209.09


- x2 1 181.11 209.11
- x5 1 181.12 209.12
- x3 1 181.17 209.17
- x1 1 181.87 209.87
- x9 1 181.88 209.88
- x14 1 181.90 209.90
- x6 1 182.88 210.88
<none> 180.96 210.96
- x15 1 184.85 212.85
- x4 1 186.47 214.47
- x13 1 191.84 219.84
- x8 1 201.30 229.30
- x12 1 216.89 244.89
- x10 1 224.70 252.70

Step: AIC=209.09
Nota ~ x1 + x2 + x3 + x4 + x5 + x6 + x8 + x9 + x10 + x12 + x13 +
x14 + x15

Df Deviance AIC
- x2 1 181.21 207.21
- x5 1 181.25 207.25
- x3 1 181.29 207.29
- x1 1 182.03 208.03
- x9 1 182.06 208.06
- x14 1 182.06 208.06
- x6 1 183.03 209.03
<none> 181.09 209.09
- x15 1 185.17 211.17
- x4 1 186.56 212.56
- x13 1 191.88 217.88
- x8 1 202.40 228.40
- x12 1 217.38 243.38
- x10 1 224.70 250.70

Step: AIC=207.21
Nota ~ x1 + x3 + x4 + x5 + x6 + x8 + x9 + x10 + x12 + x13 + x14 +
x15

Df Deviance AIC

52

Capítulo 3
CORRELAÇÃO E REGRESSÃO
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
60

- x5 1 181.38 205.38
- x3 1 181.52 205.52
- x9 1 182.22 206.22
- x14 1 182.25 206.25
- x1 1 182.67 206.67
- x6 1 183.08 207.08
<none> 181.21 207.21
- x15 1 185.74 209.74
- x4 1 186.77 210.77
- x13 1 192.34 216.34
- x8 1 203.45 227.45
- x12 1 217.42 241.42
- x10 1 225.34 249.34

Step: AIC=205.38
Nota ~ x1 + x3 + x4 + x6 + x8 + x9 + x10 + x12 + x13 + x14 +
x15

Df Deviance AIC
- x3 1 181.65 203.65
- x9 1 182.28 204.28
- x14 1 182.45 204.45
- x1 1 182.77 204.77
- x6 1 183.22 205.22
<none> 181.38 205.38
- x15 1 185.75 207.75
- x4 1 186.81 208.81
- x13 1 192.35 214.35
- x8 1 204.87 226.87
- x12 1 217.81 239.81
- x10 1 225.36 247.36

Step: AIC=203.65
Nota ~ x1 + x4 + x6 + x8 + x9 + x10 + x12 + x13 + x14 + x15

Df Deviance AIC
- x9 1 182.41 202.41
- x14 1 182.90 202.90
- x6 1 183.33 203.33
- x1 1 183.50 203.50
<none> 181.65 203.65

53

Denilson Junio Marques Soares, Talita Emidio Andrade Soares, Wagner dos Santos
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
61

- x15 1 187.44 207.44


- x4 1 187.61 207.61
- x13 1 192.76 212.76
- x8 1 206.96 226.96
- x12 1 218.73 238.73
- x10 1 225.96 245.96

Step: AIC=202.4
Nota ~ x1 + x4 + x6 + x8 + x10 + x12 + x13 + x14 + x15

Df Deviance AIC
- x6 1 183.56 201.56
- x14 1 183.91 201.91
<none> 182.41 202.41
- x1 1 184.63 202.63
- x15 1 187.83 205.83
- x4 1 188.61 206.61
- x13 1 194.23 212.23
- x8 1 211.77 229.77
- x12 1 218.73 236.73
- x10 1 226.91 244.91

Step: AIC=201.56
Nota ~ x1 + x4 + x8 + x10 + x12 + x13 + x14 + x15

Df Deviance AIC
- x14 1 184.97 200.97
- x1 1 185.39 201.39
<none> 183.56 201.56
- x15 1 188.56 204.56
- x4 1 189.25 205.25
- x13 1 194.53 210.53
- x8 1 212.11 228.11
- x12 1 218.75 234.75
- x10 1 227.20 243.20

Step: AIC=200.97
Nota ~ x1 + x4 + x8 + x10 + x12 + x13 + x15

Df Deviance AIC
<none> 184.97 200.97

54

Capítulo 3
CORRELAÇÃO E REGRESSÃO
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
62

- x1 1 187.20 201.20
- x4 1 190.50 204.50
- x15 1 191.81 205.81
- x13 1 197.37 211.37
- x8 1 213.49 227.49
- x12 1 220.03 234.03
- x10 1 227.69 241.69

Call: glm(formula = Nota ~ x1 + x4 + x8 + x10 + x12 + x13 + x15, family = binomial(link = "logit"))

Coefficients:
(Intercept) x1 x4 x8 x10 x12
-24.9949 0.4284 0.6740 1.1130 1.3689 1.4476
x13 x15
0.7602 0.7557

Degrees of Freedom: 539 Total (i.e. Null); 532 Residual


Null Deviance: 574.6
Residual Deviance: 185 AIC: 201

Observe que o função selecionou as variáveis x1 , x4 , x8 , x10 , x12 , x13 e x15 para compor o modelo
logı́stico. Vamos agora realizar a mesma análise inicialmente realizada, através da função summary,
para verificar a significância dos coeficientes dessas variáveis. A Figura ?? retrata o retorno do R.

> modelo2=glm(Nota~x1+x4+x8+x10+x12+x13+x15,family=binomial(link="logit"))
> summary(modelo2)

Call:
glm(formula = Nota ~ x1 + x4 + x8 + x10 + x12 + x13 + x15, family = binomial(link = "logit"))

Deviance Residuals:
Min 1Q Median 3Q Max
-3.5491 0.0294 0.0532 0.1908 2.3588

Coefficients:
Estimate Std. Error z value Pr(>|z|)
(Intercept) -24.9949 3.0010 -8.329 < 2e-16 ***
x1 0.4284 0.2909 1.472 0.140898
x4 0.6740 0.2950 2.285 0.022340 *
x8 1.1130 0.2334 4.768 1.86e-06 ***
x10 1.3689 0.2368 5.781 7.42e-09 ***
x12 1.4476 0.2731 5.300 1.16e-07 ***

55

Denilson Junio Marques Soares, Talita Emidio Andrade Soares, Wagner dos Santos
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
63

x13 0.7602 0.2237 3.399 0.000676 ***


x15 0.7557 0.2932 2.578 0.009950 **
---
Signif. codes: 0 '***' 0.001 '**' 0.01 '*' 0.05 '.' 0.1 ' ' 1

(Dispersion parameter for binomial family taken to be 1)

Null deviance: 574.58 on 539 degrees of freedom


Residual deviance: 184.97 on 532 degrees of freedom
AIC: 200.97

Number of Fisher Scoring iterations: 7

Observe que, quando analisada junta com as demais variáveis selecionadas, a variável x1 não
foi significativa para o modelo, considerando o teste de Wald, cuja estatı́stica é representada por
zvalue, na Figura ??. Retirando-a e procedendo a mesma análise, temos o resultado exposto na
Figura ??.

> modelo3=glm(Nota~x4+x8+x10+x12+x13+x15,family=binomial(link="logit"))
> summary(modelo3)

Call:
glm(formula = Nota ~ x4 + x8 + x10 + x12 + x13 + x15, family = binomial(link = "logit"))

Deviance Residuals:
Min 1Q Median 3Q Max
-3.5082 0.0330 0.0583 0.1923 2.2792

Coefficients:
Estimate Std. Error z value Pr(>|z|)
(Intercept) -23.6859 2.7427 -8.636 < 2e-16 ***
x4 0.7612 0.2856 2.665 0.007693 **
x8 1.1370 0.2326 4.889 1.01e-06 ***
x10 1.3509 0.2326 5.808 6.34e-09 ***
x12 1.3628 0.2609 5.223 1.76e-07 ***
x13 0.8071 0.2225 3.628 0.000286 ***
x15 0.8210 0.2862 2.869 0.004121 **
---
Signif. codes: 0 '***' 0.001 '**' 0.01 '*' 0.05 '.' 0.1 ' ' 1

(Dispersion parameter for binomial family taken to be 1)

56

Capítulo 3
CORRELAÇÃO E REGRESSÃO
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
64

Null deviance: 574.58 on 539 degrees of freedom


Residual deviance: 187.20 on 533 degrees of freedom
AIC: 201.2

Number of Fisher Scoring iterations: 7

Portanto, o modelo estimado é:

1
P (Y = 1) = P (N ota ≥ 4) =
1+ e23,6859−0,7612x4 −1,1370x8 −1,3509x10 −1,3628x12 −0,8071x13 −0,8210x15

Através do modelo estimado, podemos concluir que um caso um programa de pós-graduação


tenha obtido conceito bom nas variáveis consideradas significativas do modelo, a probabilidade de
obter um conceito maior ou igual a 4 será:

1
P (Y = 1) = P (N ota ≥ 4) = ≈ 78, 14%.
1 + e23,6859−0,7612×4−1,1370×4−1,3509×4−1,3628×4−0,8071×4−0,8210×4

Verifiquemos, agora, a qualidade de ajuste pelo teste de Hosmer & Lemeshow:

> library(ResourceSelection)
> hoslem.test(Nota,fitted(modelo3))

Hosmer and Lemeshow goodness of fit (GOF) test

data: Nota, fitted(modelo3)


X-squared = 6.4298, df = 8, p-value = 0.5992

Como o valor-p calculado para o teste foi maior do que o nı́vel de significância adotado (5%),
não rejeitamos a hipótese de nulidade e concluı́mos que o modelo se ajusta bem aos dados.
Vamos calcular agora, a razão de chances (OR), para as variáveis do modelo. Para isto, proga-
mamos o software para calcular a exponencial dos coeficientes do modelo. O comando round() foi
utilizado para arredondamento, considerando 3 casas decimais.

> OR=exp(modelo3$coefficients)
> round((cbind(OR)),3)

OR
(Intercept) 0.000
x4 2.141
x8 3.118
x10 3.861

57

Denilson Junio Marques Soares, Talita Emidio Andrade Soares, Wagner dos Santos
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
65

x12 3.907
x13 2.242
x15 2.273

Observe, através da Figura ??, que para cada mudança de 1 unidade no conceito da variável
x4 - Perfil do corpo docente, consideradas titulação, diversificação na origem da formação, apri-
moramento e experiência, e sua compatibilidade e adequação à proposta do programa - são 2,141
maiores as chances de se obter uma nota maior ou igual a 4, já para a variável x8 - Quantidade de
teses e dissertações defendidas no perı́odo de avaliação, em relação ao corpo docente permanente
e à dimensão do corpo docente - essas chances são 3,118 maiores e, assim, sucessivamente.
Como discussão, observe também que das seis variáveis do modelo estimado, as três com maior
efeito no conceito CAPES são relacionadas com a produção cientı́fica do corpo docente. Assim,
conclui-se, em conformidade com Mesquita e Nogueira (2015), que os programas de pós-graduação
devem investir na quantidade e qualidade das publicações de seus docentes e discentes.

58

Capítulo 3
CORRELAÇÃO E REGRESSÃO
66
CAPÍTULO 4

ANÁLISE CLÁSSICA DE AVALIACÕES NO


SOFTWARE R
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
68

4 Análise Clássica de Avaliações no Software R

A necessidade cada vez maior de se produzir avaliações consistentes, com itens capazes de
estimar com precisão o grau de conhecimento em determinada área e selecionar talentos, fez surgir,
no campo da Psicometria, uma teoria de análise de testes, conhecida como Teoria Clássica dos
Testes (TCT).
A TCT faz uso de algoritmos estatı́sticos com o intuito de avaliar diversos aspectos dos itens
que compõe o teste. Existem várias informações que podem ser usadas para determinar se um
item é útil como instrumento do que se propõe a medir e sobre o como ele funciona em relação aos
outros itens de um teste. Neste capı́tulo definiremos algumas delas.
O softwate R apresenta um agrupamento dos principais pacotes relacionados a Psicometria,
chamado Psychometrics, devido ao extenso número de pacotes que realizam análises psicométricas.
Para instalar todos estes pacotes de uma vez basta digitar no R Console:

> install.packages("ctv")
> library(ctv)
> install.views("Psychometrics")

Os principais pacotes utilizados neste texto são ltm (Rizopoulos (2006)), mirt (Chalmers (2012))
e psych (Revelle (2014)). Entretanto, outros pacotes como irtoys (Partchev (2009)) e CTT (Willse
e Shu (2014)), também podem ser utilizados na análise de itens.

4.1 Banco de dados

Analisaremos um banco de dados referente a resposta de 477 indivı́duos à 50 itens de um teste.


Os gabaritos individuais encontram-se digitalizados em uma planilha do Excel, conforme ilustra a
Figura 24.

Figura 24: Exemplo de banco de dados.

59

Denilson Junio Marques Soares, Talita Emidio Andrade Soares, Wagner dos Santos
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
69

Para a leitura dos dados, utilizou-se o comando read.table():

> dados3=read.table("C:/Users/Usuario/Desktop/UFES/dados3.txt")

É possı́vel também selecionar apenas uma linha, ou coluna, da planilha. Para isto para acres-
centar ao lado do nome dado à planilha o número da linha ou coluna (nesta ordem) desejado. Por
exemplo, se quisermos apenas o gabarito, que encontra-se na segunda linha da planilha, fazemos:

> gabarito=as.character(as.matrix(dados3[2,]))

Da mesma forma, podemos excluir algumas linhas ou colunas indesejadas:

> gabarito=as.character(as.matrix(dados3[2,-1]))

Observe que o comando acima excluirá a primeira coluna do gabarito, restando apenas as opções
corretas. No modelo analisado, pode obter apenas as opções marcadas pelos respondentes através
do seguinte comando:

> respostas=as.matrix(dados3[-2:-1,-1])

Existe uma função no R para dicotomizar os dados, de acordo com o gabarito, transformando-os
em 0 para respostas incoerentes e 1 para respostas coerentes. Trata-se da função mult.choice(),
Além disso, o comando dim() fornece a dimensão dos dados analisados.

> prova.dicotomizada=mult.choice(respostas,gabarito)

> dim(prova.dicotomizada)

[1] 477 50

Dessa forma, pode-se somar as linhas da planilha para obter o número de acertos de cada
respondente e assim, proceder a análises clássicas, a serem vistas na seção 4

> notas=rowSums(prova.dicotomizada)

4.2 Estatı́sticas descritivas

É comum começar uma análise de um conjunto de dados pelas estatı́sticas descritivas, como
as medidas de posição e de dispersão. O mesmo ocorre com os itens de um teste. Geralmente,
quanto maior a variabilidade do item e quanto mais a média do item estiver no ponto central da
distribuição, melhor será o item (KLINE, 2005).
Um resumo das estatı́sticas clássicas pode ser obtido através da função summary():

> summary(notas)

Min. 1st Qu. Median Mean 3rd Qu. Max.


9.00 21.00 27.00 27.32 34.00 49.00

60

Capítulo 4
ANÁLISE CLÁSSICA DE AVALIACÕES NO SOFTWARE R
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
70

4.3 Índice de dificuldade

Conforme Borgatto e Andrade (2012), a dificuldade Di de um determinado item i é definida


em termos da proporção p̂ de respondentes que acertam tal item.
Para classificação do nı́vel de dificuldade dos itens, pode-se tomar como base Tabela a 18,
proposta por Condé (2001).

Tabela 18: Critério para avaliação do ı́ndice de dificuldade de um determinado item


Classificação Índice de dificuldade
Fácil Di > 0, 70
Moderado 0, 30 < Di ≤ 0, 70
Difı́cil Di ≤ 0, 30

O ı́ndice de dificuldade dos itens do teste analisado pode ser obtido pelo comando reliability do
pacote CTT :

> library(CTT)
> reliability(prova.dicotomizada)$itemMean

V1 V2 V3 V4 V5 V6 V7
0.85953878 0.80712788 0.53039832 0.29559748 0.65408805 0.91823899 0.54507338
V8 V9 V10 V11 V12 V13 V14
0.53878407 0.90356394 0.09224319 0.53878407 0.87211740 0.74842767 0.87211740
V15 V16 V17 V18 V19 V20 V21
0.76100629 0.42767296 0.54297694 0.77358491 0.22222222 0.32494759 0.37526205
V22 V23 V24 V25 V26 V27 V28
0.31656184 0.71069182 0.70020964 0.65199161 0.51991614 0.40461216 0.77987421
V29 V30 V31 V32 V33 V34 V35
0.45073375 0.35639413 0.57442348 0.50314465 0.75681342 0.65618449 0.41509434
V36 V37 V38 V39 V40 V41 V42
0.98322851 0.27882600 0.58700210 0.37945493 0.73794549 0.24947589 0.59958071
V43 V44 V45 V46 V47 V48 V49
0.22431866 0.60167715 0.38155136 0.41090147 0.28721174 0.37735849 0.24318658
V50
0.58071279

4.4 Discriminação do item

A discriminação do item avalia a capacidade de diferenciar indivı́duos com bom desempenho


daqueles indivı́duos com baixo rendimento, no mesmo teste. Para isto, podemos analisar estatisti-
camente este ı́ndice através da criação de grupos-critério, de uma análise gráfica ou da correlação
de cada item com o escore total observado.

61

Denilson Junio Marques Soares, Talita Emidio Andrade Soares, Wagner dos Santos
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
71

4.4.1 Índice de discriminação

Pasquali (2003) sugere uma estatı́stica para análise do poder discriminativo de um item baseado
na criação de grupos-critérios: superior (formado pelos indivı́duos com maior rendimento no teste)
e inferior (formado pelos indivı́duos com menor rendimento no teste). Para isto, baseado na
distribuição sugerida por Kelley (1939), em que a porcentagem referente a cada grupo deve ser de
27% do total de indivı́duos, define-se o ı́ndice de discriminação como o valor absoluto da diferença
entre o ı́ndice de dificuldade calculado para cada um desses grupos. Para ilustrar esta situação,
observe a Figura 25.

Figura 25: lustração do método de Kelley.

Como não foi encontrado nenhum comando no R que retornava esta estatı́stica foi preciso
construı́-la manualmente. Uma das grandes vantagens de trabalhar com este software é a fácil
manipulação e compreensão de seus comandos.
Primeiramente, encontremos as notas que correspondem aos limites inferior e superior:

> quantile(notas, c(0.27, 0.73))

27% 73%
21 33

Encontrados os valores de 21 e 33, respectivamente, temos que 27% dos estudantes encontram-se
com nota menor ou igual a 21 e, analogamente, temos o mesmo percentual para estudantes com
média maior ou igual a 33. Assim, podemos determinar os grupos-critérios, através da criação de
subconjuntos do conjunto de dados:

> dadosx=cbind(prova.dicotomizada,notas)
> grupoinferior=subset(dadosx, notas<=21)
> gruposuperior=subset(dadosx, notas>=33)

Finalmente, podemos determinar o ı́ndice de discriminação (ID), como o valor absoluto da


diferença entre o ı́ndice de dificuldade encontrado para os dois grupos.

62

Capítulo 4
ANÁLISE CLÁSSICA DE AVALIACÕES NO SOFTWARE R
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
72

> ID=reliability(gruposuperior)$itemMean-reliability(grupoinferior)$itemMean

V1 V2 V3 V4 V5 V6
0.16305165 0.27815956 0.58455922 0.45817674 0.60909481 0.08525717
V7 V8 V9 V10 V11 V12
0.02067003 0.56297648 0.12815419 0.12847632 0.59894771 0.21448513
V13 V14 V15 V16 V17 V18
0.48759798 0.29469559 0.40846129 0.63889187 0.69354666 0.42338666
V19 V20 V21 V22 V23 V24
0.17727907 0.29109846 0.47659186 0.39369698 0.63975089 0.47186728
V25 V26 V27 V28 V29 V30
0.73354451 0.63626114 0.45420380 0.42311822 0.38414045 0.38118759
V31 V32 V33 V34 V35 V36
0.69435198 0.51820037 0.29174273 0.51637496 0.46993450 0.04316547
V37 V38 V39 V40 V41 V42
0.37023516 0.45984108 0.44754644 0.28347471 0.31880168 0.64506604
V43 V44 V45 V46 V47 V48
0.39181789 0.65145496 0.33002255 0.47100827 0.56292280 0.63916031
V49 V50 notas
0.31133899 0.54885644 21.20664662

Segundo Arias; Lloreda e Lloreda (2006), uma boa referência para a classificação da qualidade
discriminativa de um item é a descrita na Tabela 19.

Tabela 19: Classificação do item do teste, de acordo com o ı́ndice de discriminação


Índice de discriminação Classificação do item
ID ≤ 0, 20 Ineficiente. Sugere-se eliminá-lo ou revisá-lo totalmente
0, 20 < ID ≤ 0, 30 Necessita ser revisado
0, 30 < ID ≤ 0, 40 Aceitável, não sendo necessária uma revisão.
ID > 0, 40 Satisfatório. Deve permanecer no teste.

4.4.2 Análise gráfica

Outra maneira de medir o poder de discriminação de um item é através da análise gráfica do


escore total versus proporção de acerto dos itens do teste. Este método de análise foi desenvolvido
por Rasch (1960), que traçou os escores totais de um teste em função das taxas de aprovação em
itens cognitivos.
A Figura 26 traz a análise de três itens do teste. Observe que o item 3 tem grau de dificuldade
muito baixo, visto que independente do escore do respondente a proporção de acerto está sempre
próxima de 1. Em contrapartida, o item 1 apresenta um grau de dificuldade elevado, pois para
obter uma boa proporção de acerto, é preciso que o respondente tenha obtido um escore alto
no teste. Estes itens não apresentam um bom poder discriminativo, pois para diferentes grupos-
critérios, a proporção de acerto não difere muito. Por outro lado, o item 2 se destaca, quanto

63

Denilson Junio Marques Soares, Talita Emidio Andrade Soares, Wagner dos Santos
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
73

a discriminação, por apresentar diferentes proporções de acerto para respondentes com diferentes
escores.

> plot(descript(prova.dicotomizada),items=c(10,11,36),type="b")

Figura 26: Escore total versus proporção de acerto para três itens do teste.

Embora visual, esta análise pode ser bastante subjetiva.

4.4.3 Coeficientes de correlação

Segundo Pasquali (2003), se desejamos estudar a correlação entre uma variável contı́nua e uma
variação dicotômica, devemos usar os coeficientes de correlação bisserial, (ρb ) ou ponto-bisserial
(ρpb ). Ambas tratam de uma estimativa derivada do coeficiente de correlação de Pearson.
Em nossa análise, a variável analisada é naturalmente dicotômica, ou seja, sua classificação já é
determinada de forma natural: acerto versus erro. Neste caso, utiliza-se o coeficiente de correlação
ponto bisserial. Entretanto, existirão casos em que uma variável numérica é artificialmente dicoto-
mizada. Por exemplo, caso queiramos codificar a idade de um grupo de pessoas, podemos fazê-la
comparando com um valor especı́fico: se maior que este valor, recebe 1, caso contrário 0. Nestes
casos, segundo Pasquali (2003), utiliza-se o coeficiente de correlação bisserial. Como pressuposto,
para o cálculo do ρb é necessário que a variável contı́nua a ser dicotomizada siga uma distribuição
normal. Para obter estas estimativas, pode-se utilizar, respectivamente, comandos abaixo. Aqui,
os coeficientes foram calculados excluindo os respectivos itens.

64

Capítulo 4
ANÁLISE CLÁSSICA DE AVALIACÕES NO SOFTWARE R
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
74

> reliability(prova.dicotomizada)$pBis

[1] 0.16586934 0.23521025 0.43059858 0.37162144 0.48226086 0.08320766


[7] -0.03027969 0.42955587 0.15051627 0.20490619 0.46700528 0.23117620
[13] 0.39759758 0.34330411 0.33142067 0.45081533 0.50575102 0.35405813
[19] 0.11108886 0.18652716 0.35301238 0.30232517 0.51041532 0.36564821
[25] 0.54416168 0.42011930 0.33818037 0.36713635 0.28946029 0.27880944
[31] 0.50429454 0.38946130 0.25354209 0.37950519 0.33660198 0.09586229
[37] 0.34049016 0.33515950 0.33916906 0.19794198 0.28975971 0.49270573
[43] 0.38485001 0.44964539 0.23990932 0.37358864 0.46163060 0.49467733
[49] 0.28148164 0.40653983

> reliability(prova.dicotomizada)$bis

[1] 0.27608473 0.35623844 0.53084833 0.46739622 0.63010852 0.15970077


[7] -0.03803848 0.53322851 0.27237941 0.32477415 0.57371056 0.39826970
[13] 0.57029091 0.62592156 0.48437082 0.54549108 0.61871558 0.52715830
[19] 0.15181538 0.23606209 0.43404702 0.37936073 0.70179856 0.49973257
[25] 0.71511836 0.51635440 0.41516445 0.54572739 0.35749162 0.34360002
[31] 0.62320509 0.47955758 0.36183309 0.50680731 0.41277344 0.35589076
[37] 0.42904958 0.42042140 0.41532340 0.27190546 0.36413868 0.62820524
[43] 0.48880082 0.56826500 0.29701527 0.45642958 0.56580208 0.59477389
[49] 0.35437591 0.51250470

De acordo com Tôrres (2015), de maneira geral, espera-se que o coeficiente de correlação ponto-
bisserial assuma valores positivos e superiores a 0, 30 para que sejam considerados de boa discri-
minação.
Em suma, espera-se de uma resposta a um item discriminativo que os estudantes que saem-se
bem na prova como um todo, acertem-no, e por sua vez, aqueles que não vão bem, errem-no.
Quanto maior forem os coeficientes de correlação bisserial e ponto-bisserial, maior a capacidade do
item de discriminar grupos de indivı́duos que construı́ram determinada competência e habilidade,
daqueles que não as construı́ram. Além disso, os itens com coeficiente de correlação baixo não
diferenciam o indivı́duo que construiu determinada competência e habilidade, daquele que não a
construiu (SANTOS, 2008).

4.5 Coeficiente alpha de Cronbach

A precisão de um teste está associada ao erro de medida, ou seja, a diferença entre os escores
observado e verdadeiro em um teste. A precisão de um teste pode ser usada para estimar o erro
padrão dos escores e para estabelecer intervalos de confiança em torno dos valores observados.
Uma estimativa usual da precisão é dada pelo estimador alpha de Cronbach.

65

Denilson Junio Marques Soares, Talita Emidio Andrade Soares, Wagner dos Santos
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
75

O coeficiente alpha de Cronbach mede a correlação entre respostas em um teste através da


análise das respostas dadas pelos respondentes, apresentando uma correlação média entre as per-
guntas. Dessa forma, ele pode ser utilizado para medir a consistência interna do instrumento de
medida. No R, pode-se determiná-lo da seguinte maneira:

> reliability(prova.dicotomizada)$alpha

[1] 0.8832461

A função cronbach.alpha() do pacote ltm também retorna o coeficiente:

> library(ltm)
> cronbach.alpha(prova.dicotomizada)

Cronbach's alpha for the 'prova.dicotomizada' data-set

Items: 50
Sample units: 477
alpha: 0.883

Para determinar o coeficiente alpha de Cronbach estimado para cada item, excluindo-o, pode-se
fazer:

> reliability(prova.dicotomizada)$alphaIfDeleted

[1] 0.8832190 0.8825171 0.8797144 0.8806843 0.8789553 0.8837806 0.8870200


[8] 0.8797324 0.8832372 0.8827225 0.8791212 0.8824837 0.8803430 0.8812799
[15] 0.8812750 0.8793947 0.8784876 0.8809716 0.8842070 0.8834612 0.8809635
[22] 0.8817200 0.8786303 0.8807716 0.8779810 0.8798845 0.8812030 0.8808014
[29] 0.8819929 0.8821074 0.8785270 0.8803833 0.8823495 0.8805519 0.8812304
[36] 0.8834183 0.8811437 0.8812529 0.8811814 0.8831570 0.8818549 0.8787329
[43] 0.8805570 0.8794264 0.8827324 0.8806401 0.8793603 0.8787226 0.8819647
[50] 0.8801114

Esse coeficiente varia de zero a um, sendo o teste mais consistente a medida que se aproxima de
um. De acordo com Hair Júnior et. al (2010), valores acima de 0, 7 são considerados satisfatórios.

4.6 A função descript()

A função descript() apresenta um resumo das principais análises descritivas a serem realizadas,
como a frequência com que cada escore é obtido, o percentual de erros e acertos de cada item,
o logit da proporção para as respostas, o coeficiente alpha de Cronbach para todos os itens e
também para os itens individuais, excluindo-os, o coeficiente de correlação bisserial de cada item

66

Capítulo 4
ANÁLISE CLÁSSICA DE AVALIACÕES NO SOFTWARE R
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
76

com a pontuação total incluindo e excluindo no cálculo da pontuação total e uma análise do grau de
associação entre pares de itens através de um teste Qui-quadrado, realizado através da construção
de tabelas de contingência para todos os possı́veis pares de itens.

> descript(prova.dicotomizada)

Descriptive statistics for the 'prova.dicotomizada' data-set

Sample:
50 items and 477 sample units; 0 missing values

Proportions for each level of response:


0 1 logit
V1 0.1405 0.8595 1.8115
V2 0.1929 0.8071 1.4315
V3 0.4696 0.5304 0.1217
V4 0.7044 0.2956 -0.8684
V5 0.3459 0.6541 0.6371
V6 0.0818 0.9182 2.4187
V7 0.4549 0.5451 0.1808
V8 0.4612 0.5388 0.1554
V9 0.0964 0.9036 2.2375
V10 0.9078 0.0922 -2.2865
V11 0.4612 0.5388 0.1554
V12 0.1279 0.8721 1.9198
V13 0.2516 0.7484 1.0902
V14 0.1279 0.8721 1.9198
V15 0.2390 0.7610 1.1582
V16 0.5723 0.4277 -0.2914
V17 0.4570 0.5430 0.1723
V18 0.2264 0.7736 1.2287
V19 0.7778 0.2222 -1.2528
V20 0.6751 0.3249 -0.7311
V21 0.6247 0.3753 -0.5097
V22 0.6834 0.3166 -0.7696
V23 0.2893 0.7107 0.8987
V24 0.2998 0.7002 0.8483
V25 0.3480 0.6520 0.6278
V26 0.4801 0.5199 0.0797
V27 0.5954 0.4046 -0.3863
V28 0.2201 0.7799 1.2649
V29 0.5493 0.4507 -0.1977

67

Denilson Junio Marques Soares, Talita Emidio Andrade Soares, Wagner dos Santos
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
77

V30 0.6436 0.3564 -0.5910


V31 0.4256 0.5744 0.2999
V32 0.4969 0.5031 0.0126
V33 0.2432 0.7568 1.1353
V34 0.3438 0.6562 0.6463
V35 0.5849 0.4151 -0.3429
V36 0.0168 0.9832 4.0712
V37 0.7212 0.2788 -0.9503
V38 0.4130 0.5870 0.3516
V39 0.6205 0.3795 -0.4919
V40 0.2621 0.7379 1.0353
V41 0.7505 0.2495 -1.1014
V42 0.4004 0.5996 0.4037
V43 0.7757 0.2243 -1.2407
V44 0.3983 0.6017 0.4125
V45 0.6184 0.3816 -0.4830
V46 0.5891 0.4109 -0.3602
V47 0.7128 0.2872 -0.9090
V48 0.6226 0.3774 -0.5008
V49 0.7568 0.2432 -1.1353
V50 0.4193 0.5807 0.3257

Frequencies of total scores:


0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27
Freq 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 2 3 7 9 18 12 15 17 18 16 21 15 20 17 26 20 22
28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50
Freq 25 17 12 17 13 8 11 13 19 13 17 7 7 7 8 5 5 5 4 1 2 2 0

Point Biserial correlation with Total Score:


Included Excluded
V1 0.2048 0.1659
V2 0.2781 0.2352
V3 0.4770 0.4306
V4 0.4166 0.3716
V5 0.5239 0.4823
V6 0.1146 0.0832
V7 0.0273 -0.0303
V8 0.4760 0.4296
V9 0.1838 0.1505

68

Capítulo 4
ANÁLISE CLÁSSICA DE AVALIACÕES NO SOFTWARE R
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
78

V10 0.2368 0.2049


V11 0.5115 0.4670
V12 0.2676 0.2312
V13 0.4394 0.3976
V14 0.3771 0.3433
V15 0.3749 0.3314
V16 0.4958 0.4508
V17 0.5480 0.5058
V18 0.3960 0.3541
V19 0.1584 0.1111
V20 0.2385 0.1865
V21 0.4015 0.3530
V22 0.3508 0.3023
V23 0.5487 0.5104
V24 0.4111 0.3656
V25 0.5823 0.5442
V26 0.4671 0.4201
V27 0.3879 0.3382
V28 0.4082 0.3671
V29 0.3417 0.2895
V30 0.3295 0.2788
V31 0.5463 0.5043
V32 0.4379 0.3895
V33 0.2997 0.2535
V34 0.4260 0.3795
V35 0.3866 0.3366
V36 0.1106 0.0959
V37 0.3859 0.3405
V38 0.3852 0.3352
V39 0.3883 0.3392
V40 0.2465 0.1979
V41 0.3352 0.2898
V42 0.5350 0.4927
V43 0.4255 0.3849
V44 0.4942 0.4496
V45 0.2925 0.2399
V46 0.4220 0.3736
V47 0.5023 0.4616
V48 0.5364 0.4947
V49 0.3268 0.2815
V50 0.4536 0.4065

69

Denilson Junio Marques Soares, Talita Emidio Andrade Soares, Wagner dos Santos
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
79

Cronbach's alpha:
value
All Items 0.8832
Excluding V1 0.8832
Excluding V2 0.8825
Excluding V3 0.8797
Excluding V4 0.8807
Excluding V5 0.8790
Excluding V6 0.8838
Excluding V7 0.8870
Excluding V8 0.8797
Excluding V9 0.8832
Excluding V10 0.8827
Excluding V11 0.8791
Excluding V12 0.8825
Excluding V13 0.8803
Excluding V14 0.8813
Excluding V15 0.8813
Excluding V16 0.8794
Excluding V17 0.8785
Excluding V18 0.8810
Excluding V19 0.8842
Excluding V20 0.8835
Excluding V21 0.8810
Excluding V22 0.8817
Excluding V23 0.8786
Excluding V24 0.8808
Excluding V25 0.8780
Excluding V26 0.8799
Excluding V27 0.8812
Excluding V28 0.8808
Excluding V29 0.8820
Excluding V30 0.8821
Excluding V31 0.8785
Excluding V32 0.8804
Excluding V33 0.8823
Excluding V34 0.8806
Excluding V35 0.8812
Excluding V36 0.8834

70

Capítulo 4
ANÁLISE CLÁSSICA DE AVALIACÕES NO SOFTWARE R
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
80

Excluding V37 0.8811


Excluding V38 0.8813
Excluding V39 0.8812
Excluding V40 0.8832
Excluding V41 0.8819
Excluding V42 0.8787
Excluding V43 0.8806
Excluding V44 0.8794
Excluding V45 0.8827
Excluding V46 0.8806
Excluding V47 0.8794
Excluding V48 0.8787
Excluding V49 0.8820
Excluding V50 0.8801

Pairwise Associations:
Item i Item j p.value
1 2 36 1.000
2 6 40 1.000
3 7 10 1.000
4 7 26 1.000
5 7 42 1.000
6 12 36 1.000
7 20 36 1.000
8 26 36 1.000
9 28 36 1.000
10 36 37 1.000

71

Denilson Junio Marques Soares, Talita Emidio Andrade Soares, Wagner dos Santos
CONSIDERAÇÕES FINAIS
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
82

5 Considerações finais

Com a popularização do uso de computadores e o desenvolvimento de softwares especı́ficos, as


análises estatı́sticas se tornaram acessı́veis e fáceis de serem executadas por pesquisadores das mais
diversas áreas do conhecimento. Segundo Gatti (2004):
“Estas análises [...] trazem subsı́dios concretos para a compreensão de fenômenos
educacionais indo além dos casuı́smos e contribuindo para a produção/enfrentamento
de polı́ticas educacionais, para planejamento, administração/ gestão da educação, po-
dendo ainda orientar ações pedagógicas de cunho mais geral ou especı́fico.” (GATTI,
2004, p. 26)

Apesar de introdutório, espera-se que este curso sirva para a difusão dos procedimentos de
análises estatı́sticas em trabalhos acadêmicos, especialmente nas áreas de ciências humanas e sociais
aplicadas. Para isto, sugere-se o uso do software R, por se tratar de um software livre, de código
aberto de fácil manipulação e com uma extensão de funções imensuráveis.

72

Denilson Junio Marques Soares, Talita Emidio Andrade Soares, Wagner dos Santos
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
83

REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS

AMERICO, B. L.; LACRUZ, A. J. Contexto e desempenho escolar: análise das notas na Prova
Brasil das escolas capixabas por meio de regressão linear múltipla, Rev. Adm. Pública [online].
2017, vol.51, n.5, pp.854-878.

ARIAS, M. R. M.; LLOREDA, M. V. H.; LLOREDA, M. J. H. Psicometrı́a. [S.1.]: Alianza


Editorial, 2006. 488 p.

BORGATTO, A. F.; ANDRADE, D. F. Análise clássica de teste com diferentes graus de dificul-
dade. Estudos em Avaliação Educacional, v. 23, n. 52, p. 146-156, 2012.

BUSSAB, W. O.; MORETTIN, P. A. Estatı́stica básica. 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2010. 540 p.

CHALMERS, R. P. mirt: A multidimensional item response theory package for the R environ-
ment. Journal of Statistical Software, v. 48, n. 6, p. 1-29, 2012.

CONDÉ, F. N. Análise empı́rica de itens. Technical report, Instituto Nacional de Estudos e


Pesquisas Educacionais-DAEB/INEP/MEC, Brası́lia, 2001. 193 p.

FÁVERO, L. P.; BELFIORE, P.; SILVA, F. L.; CHAN, B. L. Análise de dados: modelagem
multivariada para tomada de decisões. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier, 2009. 646 p.

FÁVERO, L. P.; FÁVERO, P. Estatı́stica aplicada: Para cursos de Administração, Con-


tabilidade e Economia com Excel e SPSS. Rio de Janeiro: Elsevier Brasil, 2015. 480 p.

GATTI, B. A. Estudos quantitativos em educação. Educação e pesquisa, v. 30, n. 1, p. 11-30,


São Paulo, jan./abr. 2004.

GROSS, J.; LIGGES, U.; LIGGES, M. U., I. Nortest: Tests for Normality. Five omni-
bus tests for testing the composite hypothesis of normality. R package version 1.0-3. Publi-
cado em 26/02/2015 Disponı́vel em: http://CRAN.R-project.org/package=nortest. Acesso em
23/05/2018.

GUJARATI, D. N.; PORTER, D. C. Econometria Básica. 5 ed. Porto Alegre: McGraw Hill,
2011, 924 p.

HAIR JÚNIOR, J.; BLACK, W. C.; BABIN, B. J.; ANDERSON, R. E. Multivariate data
analysis. 7th ed. Upper Saddle River: Prentice Hall, 2010. 785 p.
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
84

INÁCIO, E. S. B.; ENCINAS, J. I.; SANTANA, O. A. Testes estatı́sticos utilizado em trabalhos


cientı́ficos apresentados nos congressos internacionais de educação à distância da ABED (2001 a
2011). In: Congresso Internacional de Educação a Distância, 18., 2012, Recife. Anais... Recife:
Associação Brasileira de Educação a Distância, 2012. 100 p.

KELLEY, T. L. The selection of upper and lower groups for the validation of test items. Journal
of educational psychology, Warwick & york, v. 30, n. 1, p. 17-24, 1939.

KLINE, T. Psychologicl testing: A practical approach to design and evaluation. Thou-


sand Oaks, CA: Sage, 2005. 363p.

MELLO, M. P.; ALENCAR, E. R.; PETERNELLI, L. A. Ocorrências de análises estatı́sticas em


revistas cientı́ficas de engenharia. In: Simpódio de Iniciação cientı́fica da Universidade Federal de
Viçosa, 14., 2004, Viçosa, MG. Resumos... Viçosa, MG: UFV, 2004. (n. 0775). CD-Room.

MELLO, C. B. et al. Versão abreviada do WISC-III: correlação entre QI estimado e QI total em


crianças brasileiras. Psicologia: Teoria e Pesquisa. 2011, vol.27, n.2, p. 149-155, 2011.

MESQUITA, P. S. B; NOGUEIRA, R. T. . Um modelo estatı́stico para gestão de programas de


pós-graduação. Revista GEPROS, v. 10, n. 2, p. 173-186, 2015.

PARTCHEV, I. irtoys: Simple Interface to the Estimation and Plotting of IRT Models.
R package version 0.1.3, v. 2, 2009. Disponı́vel em: http://CRAN.R-project.org/package=irtoys.
Acesso em 04/12/2017.

PASQUALI, L. Psicometria: teoria dos testes na psicologia e na educação. Petrópolis:


Vozes; 2003. 397 p.

R DEVELOPMENT CORE TEAM. R: A Language and Environment for Statistical Computing.


Vienna: R Foundation on Statistical Computing, 2019. Disponı́vel em: https://www.r-project.org.
Acesso: 24/05/2019.

RASCH, G. Probabilistic models for some intelligence and achievement tests. Copenha-
gen: Danish Institute for Education Research, 1960. 18 4p.

REIS, G. M.; JUNIOR, J. I. R. Comparação de testes paramétricos e não-paramétricos aplicados


em delineamentos experimentais. In: Simpósio Acadêmico de Engenharia de Produção, v. 3,
2007.Anais..., Viçosa: UFV, 2007.

REVELLE, W. psych: Procedures for personality and psychological research.


Northwestern University, Evanston. Illinois, USA, 2014. Disponı́vel em: https://cran.r-
project.org/web/packages/psych/index.html. Acesso em 04/12/2017.
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
85

RIZOPOULOS, D. ltm: An R package for latent variable modeling and item response theory
analyses. Journal of statistical software, v. 17, n. 5, p. 1-25, 2006.

SANTOS, L. M. Desempenho escolar em Pernambuco: análise dos itens e das habi-


lidades usando teoria clássica e tri. 2008. 104 p. Dissertação (Mestrado em Estatı́stica) -
Universidade Federal de Pernambuco, Recife. 2008.

SANTOS, C. Estatı́stica descritiva - Manual de auto-aprendizagem. 1.ed. Lisboa: Edições


Silabo, 2007. 264p.

TEIXEIRA, I. P. et al. Uso da estatı́stica na Educação Fı́sica: análise das publicações nacionais
entre os anos de 2009 e 2011. Revista Brasileira de Educação Fı́sica e Esporte, v. 29, n. 1,
p. 139-147, 2015.

TÔRRES, F. C. Uma aplicação da teoria de resposta ao item em um simulado de


matemática no modelo enem. 2015. 116p. Dissertação (Mestrado em Matemática) - Programa
de Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional, Universidade de Brası́lia, Brası́lia,
2015.

WILLSE, J. T.; SHU, Z. CTT: Classical test theory functions. R package version, v. 2, 2014.
Disponı́vel em: http://CRAN.R-project.org/package=CTT. Acesso em: 04/12/2017.
ANÁLISE ESTATÍSTICA E SEU USO NA PESQUISA
EDUCACIONAL: COM PRÁTICAS NO SOFTWARE R
86

SOBRE OS AUTORES

Denilson Junio Marques Soares


Doutorando em Educação pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES); Mes-
tre em Estatística Aplicada e Biometria e Licenciado em Matemática pela Universida-
de Federal de Viçosa (UFV). É professor EBTT do Instituto Federal de Minas Gerais
(IFMG) - Campus Piumhi.

Talita Emidio Andrade Soares


Mestranda em Educação pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Espe-
cialista em Ensino de Matemática pela Faculdade Única e Licenciada em Matemática
pela Universidade Federal de Viçosa (UFV).

Wagner dos Santos


Doutor em Educação pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), onde atua
como professor dos Programas de Pós-Graduação em Educação e em Educação Física.
Líder do Instituto de Pesquisa em Educação e Educação Física (Proteoria). Bolsista de
Produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 2.

Você também pode gostar