Esconderijo Do Tempo - Análise
Esconderijo Do Tempo - Análise
Esconderijo Do Tempo - Análise
do tempo
ANÁLISE COMPLETA
@CFO_PMMA
Questões ------------------------------------------------- 30
Gabarito -------------------------------------------------- 50
AVISO LEGAL
O titular do direito autoral da obra
somente autorizou seu uso privado.
Estão proibidas quaisquer outras formas
de utilização tais como: copiar, editar,
adicionar, reduzir, exibir ou difundir
publicamente, bem como trocar,
emprestar ou praticar ato de
comercialização.
A violação de quaisquer desses direitos
exclusivos do titular, acarretará
consequências previstas na lei 9610/98 e
artigos 184 e 186 do código penal.
Apresentação da obra
TEXTO I OBRA
Os poemas
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam voo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
VAMOS AO ESTUDO:
FORMA – VERSOS LIVRES.
ESPÉCIE – POEMA PROSAICO.
GÊNERO – LÍRICO – DIMENSÃO FILOSÓFICA.
TEMA CENTRAL: O POEMA – METAPOEMA.
REFLEXÃO SOBRE A FUNÇÃO DO POEMA E UMA
MARCA INCOFUNDÍVEL DE TAL CONSTRUÇÃO
LITERÁRIA – CONOTAÇÃO – DIMENSÃO POÉTICA.
RECURSOS ESTILÍSTICOS:
METÁFORA – “Os poemas são pássaros...”
PERSONIFICAÇÃO – “pousam no livro que lês...”
ZEUGMA – “Quando fechas o livro, eles alçam
voo...” COMPARAÇÃO OU SÍMILE – “eles alçam
voo como de um alçapão...” ZEUGMA /
PERSONIFICAÇÃO / METONÍMIA – “Eles não têm
pouso nem porto alimentam-se um instante em
cada par de mãos e partem.” SÍNTESE – OS
POEMAS VIVEM E SE NUTREM DE NOSSAS
INTERPRETAÇÕES, POIS A CADA LEITURA O
POEMA GANHA UMA NOVA INTERPRETAÇÃO
SUBJETIVA E ISSO ALIMENTA A MAGIA DA
POESIA, QUE CONSISTE NA
PLURISSIGNIFICAÇÃO DO VERBO – PALAVRA.
TEXTO II
O silêncio
Há um grande silêncio que está sempre à
escuta...
E a gente se põe a dizer inquietamente qualquer
coisa,
qualquer coisa, seja o que for,
desde a corriqueira dúvida sobre se chove ou
não chove hoje
até a tua dúvida metafísica, Hamleto!
E, por todo o sempre, enquanto a gente fala,
fala, fala
o silêncio escuta...
e cala.
VAMOS AO ESTUDO:
FORMA – VERSOS LIVRES E BRANCOS.
ESPÉCIE – POEMA SINTÉTICO E PROSAICO.
GÊNERO – LÍRICO – DIMENSÃO FILOSÓFICA.
TEMA CENTRAL: A EXISTÊNCIA – O TEXTO APOIA
– SE NA HUMANIZAÇÃO DO SILÊNCIO, QUE SE
COLOCA COMO INDIGESTO CONTRAPONDO AO
IMPULSO HUMANO DE FALAR, DE NÃO OUVIR,
DE FALAR POR FALAR, DE ENGATAR CONVERSAS
DESIMPORTANTES OU REFELXÕES EXISTENCIAIS
DE PRIMEIRA ORDEM, MAS O SILÊNCIO
PERTUBADOR RESISTE E INCOMODA.
RECURSOS ESTILÍSTICOS:
PERSONIFICAÇÃO – “Há um grande silêncio que
está sempre à escuta...” ANTÍTESE – “E, por todo
o sempre, enquanto a gente fala, fala, fala
o silêncio escuta...”
EXTRA – ALUSÃO – “até a tua dúvida metafísica,
Hamleto!”
DRAMA UNIVERSAL – SHEAKSPEARE.
TEXTO III
A canção do mar
Esse embalo das ondas
Das ondas do mar
Não é um embalo
Para te ninar...
O mar é embalado
Pelos afogados!
O canto do vento
Do vento no mar
Não é um canto
Para te ninar...
São eles que tentam
Que tentam falar!
Tiveram um nome
Tiveram um corpo
Agora são vozes
Do fundo do mar...
Um dia viremos
Vestidos de algas
Os olhos mais verdes
Que as ondas amargas
Um dia viremos
Com barcos e remos
Um dia...
Dorme, filhinha...
São vozes, são vento, são nada...
VAMOS AO ESTUDO:
FORMA – VERSOS CURTOS – REDONDILHA
MENOR - PRESENÇA DE RIMAS.
ESPÉCIE – POEMA MUSICAL – CANÇÃO DE
NINAR – INTERGENERICIDADE.
GÊNERO – LÍRICO - FILOSÓFICO.
TEMA CENTRAL: A EXISTÊNCIA E SUAS
IMPLICAÇÕES.
TRAUMAS E FRUSTRAÇÕES.
UMA CANTIGA QUE DESTOA DO CANTO TERNO,
PUERIL E ROMÂNTICO FEITO PARA EMBALAR
SONHOS BONS.
O MAR E SUAS ONDAS CRIAM UMA IMAGEM
INCOMUM, POIS RATIFICA A DOR, O VAI E VEM
DAS REMINISCÊNCIAS INFELIZES.
“DORME, FILHINHA...”
UMA MEMÓRIA TRISTE.
QUE FILHA? A FILHA SONHADA E NUNCA
REALIZADA.
RECURSOS ESTILÍSTICOS: PERSONIFICAÇÃO – “O
mar é embalado / Pelos afogados!”
“O canto do vento...” ANÁFORA – “Tiveram um
nome / Tiveram um corpo...” COMPARAÇÃO OU
SÍMILE – “Os olhos mais verdes / Que as ondas
amargas...” GRADAÇÃO / POLISSÍNDETO: “São
vozes, são vento, são nada...”
POEMAS COM TEMA TEMPO: O poema
Intermezzo, por exemplo, refere-se ao tempo:
Nem tudo pode estar sumido ou consumido...
Deve – forçosamente – a qualquer instante,
formar-se, pobre amigo, uma bolha de tempo
nessa Eternidade...
IMPORTANTE:
O tema principal da obra é o tempo e o resgate
das memórias do autor, mas esse fato não anula
a presença e a importância de outros temas
como por exemplo: a velhice, a vida, a morte que
também são retratadas na obra.
CARACTERÍSTICAS IMPORTANTES:
METAPOEMAS: Os poemas, Eu fiz um poema,
Se o poeta falar num gato.
Poemas que apresentam a função
metalinguística como foco do texto, o poema
explica o próprio poema.
FIGURAS DE LINGUAGEM: As figuras de
linguagem mais recorrentes na obra são:
Comparação: Consiste em aproximar dois seres
em razão de alguma semelhança por meio de
elementos comparativos. EX.: como, tal que,
igual a, que nem. Na obra, observa-se a
presença constante do COMO.
Antítese: Ideias contrarias. O autor usa esse
recurso para representar uma confusão mental,
demostrando que não tem memórias concretas.
Metáfora: Emprego de uma palavra em sentido
que não lhe é comum. Observa-se o uso de
metáforas de comparação.
Anáfora: Repetição da mesma palavra ou
construção no inicio de varias orações, períodos
ou versos (figura presente no poema: Se o poeta
falar num gato, por exemplo).
Personificação ou prosopopeia: Atribuir
características humanas a seres inanimados ou
irracionais
Possíveis temas de redação extraídos da obra
A dificuldade em lidar com a morte:
Mario Quintana, em alguns de seus poemas tem
a morte como tema principal, e por meio deles
suavizar esse assunto.
OBS: esse tema já foi abordado na prova da
FUVEST, banca semelhante ao PAES
Amor na contemporaneidade:
Poema: Bilhete
QUESTÕES
Na seguinte narrativa curta de Mário Quintana,
podemos observar algumas características da
obra do escritor:
História
“Era um desrecalcado, pensavam todos.
Pois já assassinara uma bem-amada, um crítico
e um amigo.
Mas nunca mais encontrou amada, nem crítico,
nem amigo.
Ninguém mais que lhe mentisse, ninguém mais
que o Incompreendesse, nem nunca mais um
inimigo íntimo...
E vai daí ele se enforcou.”
01. (PUC-PR) Selecione a alternativa que melhor
descreve as características da obra de Mário
Quintana:
A) A destruição indiscriminada, cega e desumana
do mundo circundante.
B) Individualismo autêntico e generoso, mas
carregado de crítica social.
C) Desconfiança diante das convenções sociais
estabelecidas.
D) Visão desencantada, irônica e crítica da
humanidade, materializada pela força da palavra
poética.
E) Nostalgia e saudade dos objetos antigos
e do passado.
Os poemas
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam voo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
Mário Quintana.
“Eles não têm pouso
nem porto...” (v. 6-7)
Bilhete
Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...
Mário Quintana.
Os poemas
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam voo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso e nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhoso espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti…
Ah, mundo…
Perdão!
Eu distraí-me ao receber a Extrema-Unção.
Enquanto a voz do padre zumbia como um
besouro
eu pensava era nos meus primeiros sapatos
que continuavam andando
que continuam andando
— rotos e felizes! —
por essas estradas do mundo.
13. O texto
a) Ressalta a efemeridade do tempo e da vida.
b) Elogia a criação do relógio.
c) Afirma que o melhor momento da existência
humana ocorreu antes da idade média.
d) Valoriza a ferramenta criada pelo ser humano.
e) Odeia o tempo.
Noturno
O gato, que mora no mundo para sempre
perdido do cinema silencioso,
atravessa o país do tapete, onde se abrem flores
falsamente tropicais.
Ao pé da escada, por força do hábito, a avozinha
morta começa a tricotar
mais um pulôver.
Por trás de suas barbas, no retrato da parede, o
olhar do avô indaga: — para
quê?
De repente, na copa, o refrigerador compõe
ruidosamente a garganta,
enquanto estremecem de medo os frágeis
habitantes do porta-cristais: — Meu
Deus, meu Deus, ele agora vai fazer um
discurso!