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Atividade 3

Atividade 3: de encontrar uma “dissertação argumentativa”


na vida real. A não ser que se conduza a atividade
de modo a destacar como as estratégias de argu-
Produção de material a partir dos objetivos pro- mentação e posicionamento do gênero são impor-
postos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais. tantes para a constituição de outros textos, como
Público alvo: alunos de 9º ano do EF. artigos de opinião e gêneros acadêmicos, o profes-
sor corre o risco de apenas indicar ao aluno como
Livro escolhido produzir redações de vestibular. Há, portanto, de
se atentar à orientação da atividade, de modo que
os estudantes não se contentem com uma escrita
BARRETO, Ricardo Gonçalves & outros. Ser Pro- engessada nas fôrmas cômodas da dissertação es-
tagonista – 1º ano, São Paulo: Edições SM, 2010. colar: é preciso entender a importância da reda-
ção escolar como prática do tipo argumentativo,
não simplesmente como objeto em si mesma.
Propus-me a analisar o capítulo 30 do livro didá-
tico Ser Protagonista, direcionado à 1ª série do Em seguida, é interessante que os autores guiem
Ensino Médio, que diz respeito à dissertação es- a leitura dos alunos com perguntas que dissecam
colar. A seção de produção de texto da obra cobre o texto lido anteriormente, procurando-lhe a tese
gêneros dos mais variados, do conto de humor e os argumentos, elementos chave desse gênero
à carta de reclamação. No entanto, pareceu-me discursivo. Algumas questões, como 12, 16 e 17,
produtivo concentrar-me nesse que, muitas ve- inclusive levam o aluno a avaliar a argumentação
zes, parece o único gênero com que a escola se desenvolvida pelo autor da dissertação escolar
preocupa, a fim de pensar como fazê-lo de forma “Autoestima ingênua” – que é, de algum modo, seu
realmente relevante para a experiência do aluno. par – o que aguça sua visão crítica sobre os textos
desse gênero. Afinal, somente bons leitores de um
Um primeiro aspecto positivo que, logo de pronto, gênero são capazes de bem produzi-lo.
chamou-me atenção foi a delimitação do gênero
como texto escolar, cujo contexto social e cultural Os autores passam, então, a uma síntese do que
é justamente uma proposta de posicionamento seja argumentação e suas principais estratégias,
feita no ambiente da escola ou do vestibular. Isso, partindo de uma versão adaptada do texto “O di-
indo na contramão de outros materiais didáti- reito à literatura”, de Antonio Candido, o qual não
cos que pretendem pensar a dissertação escolar faz parte do gênero analisado no capítulo. Penso
como algo abstrato e descontextualizado, permi- que caberia aqui, por parte do professor, destacar
te ao aluno compreender o espaço do gênero e a esse fato, apontando justamente a questão sobre
maneira como deve conduzi-lo estrutural e esti- a qual discorri mais acima: a de que a necessidade
listicamente. Perseguindo essa ideia, os autores de posicionamento e argumentação não é exclusi-
do livro exemplificam a dissertação escolar com va à experiência e à estrutura da redação escolar,
uma dissertação escolar real, cuja proposta foi re- mas existe em muitas outras situações comunica-
tirada do vestibular da Fuvest de 2003. Assim, é tivas.
possível ao aluno ver o texto em sua situação de
produção. A proposta de produção em si parte de três tex-
tos, dentre os quais estão uma imagem e dois pe-
Entretanto, essa mesma forma de apresentação quenos excertos oriundos de Aristóteles e de um
do gênero tem seu aspecto negativo: saber cons- artigo de opinião na internet. Pareceu-me confu-
truir a dissertação escolar, gênero cuja estrutura so que o enunciado exija do aluno “posicionar-se
esperada parece tão pouco flexível, pode limitar o diante do tema proposto e apresentar argumen-
entendimento do aluno acerca das possibilidades tos para sustentar o seu ponto de vista”, sem, no
entanto, jamais formular um tema; pelo contrário, é pedido no planejamento
que o aluno deduza o tema a partir dos textos dados. Existe aqui certo con-
trassenso, pois, se a intenção era produzir uma dissertação escolar e, nelas,
sempre há um tema formulado diante do qual o aluno deve se posicionar, a
não formulação do tema já foge à situação sociocomunicativa em que o gêne-
ro ocorre. Os quadros de planejamento, por sua vez, são produtiva ferramen-
ta de organização das ideias e argumentos do texto e podem, até, servir para
outros gêneros, uma vez que todos possuem um público, uma finalidade, um
meio e determinado tipo de linguagem.

Achei muito interessante que a proposta de produção não acabe na elabo-


ração do texto em si, mas prossiga em uma avaliação da redação por pares
e com uma grade de critérios bem definida. Tal atividade, se conduzida de
modo construtivo pelo professor, evitando expor os alunos a constrangimen-
tos, pode ser duplamente produtiva, pois permite um exercício de leitura crí-
tica e, depois, de reescrita, processo fundamental da construção de qualquer
texto.

Apesar de a estrutura da proposta ter aspectos bastante positivos, contudo,


parece bastante solta tematicamente, não havendo um esforço efetivo pela
construção de um posicionamento diante do assunto. À parte dos textos mo-
tivadores, não parece existir preocupação em armar o aluno de um repertó-
rio sobre o tema ou de engajar a turma em algum tipo de debate. Nesse sen-
tido, diante da lacuna no livro, caberia ao professor trazer outros materiais
para a sala de aula e produzir novas atividades que criem oportunidade de
reflexão para a turma, de modo que seu posicionamento não seja vazio de
uma perspectiva crítica acerca do mundo ao seu redor.

Minhas propostas de reformulação passariam justamente por esses aspec-


tos: munir os alunos de um repertório que lhe permita um olhar crítico sobre
o tema, além, é claro, de efetivamente formular tal tema, visto a proposta
confusa do livro. Não tenho certeza se a coletânea de textos que organizei é
a mais interessante ou produtiva, então, se tivesse que de fato aplicar essa
proposta, talvez ainda fosse procurar outros textos. Assim:

Proposta:
Com o apoio dos três textos apresentados, escreva uma disserta-
ção escolar, na qual você deverá discutir e posicionar-se diante
do tema “o papel da imitação na vida humana contemporâ-
nea”, apresentando argumentos que deem sustentação ao ponto
de vista que você adotou.

Para refletir...
Antes de começar a planejar e elaborar seu texto, leia os textos
abaixo e discuta-os com seus colegas, a fim de melhor entender e
fundamentar seu posicionamento diante da proposta de redação.
Texto 1

Plágio e direito do autor

Muito se ouve falar sobre plágio e violação dos direitos autorais na música, literatura ou em obras de
arte; entretanto, nos últimos anos, essa prática vem se multiplicando, de forma alarmante, no ambiente
acadêmico e de pesquisa, por conta do volume e da diversidade de informações, descobertas e conheci-
mentos disseminados, em especial, pela Internet.
O plágio não tem nada a ver com a citação bem intencionada e referenciada a autores, com o uso de
uma dissertação ou tese como ponto de partida para a construção de uma nova teoria, com a influência
inspiradora de um músico, artista plástico ou coreógrafo, ou, ainda, com a coletânea histórica, poética,
cultural devidamente caracterizada. No entanto, muitas vezes, o limiar entre o inocente uso das fontes
e a cópia maliciosa é bastante estreito, dando margem ao crime, mas também a múltiplas situações de
conflito.
Quando o assunto é plágio, nem tudo é simples e fácil de identificar, principalmente em um universo
como o do conhecimento científico. Por isso, para se precaver, mas também para não cometer, é preciso
conhecer: não apenas os direitos do autor, mas as diferentes formas de plágio e as sanções cíveis e pe-
nais.
CONCEITO DE PLÁGIO
Plágio não é somente a cópia fiel e não autorizada da obra de outra pessoa −seja ela artística, literária
ou científica. É também, e mais comumente, a cópia “da essência criadora sob veste ou forma diferente”
(pg. 65 JOA), isto é, a apropriação indevida da produção de outrem mascarada por um modo distinto de
escrever ou pela versão para outro idioma, entre várias possibilidades.
FORMAS DE PLÁGIO
Segundo o professor Lécio Ramos, citado por Garschagen (2006), existem, pelo menos, três tipos de
plágio:
Integral: cópia de um trabalho inteiro, sem citar a fonte.
Parcial: ‘colagem’ resultante da seleção de parágrafos ou frases de um ou diversos autores, sem menção
às obras.
Conceitual: utilização da essência da obra do autor expressa de forma distinta da original.
PERGUNTAS RELEVANTES PARA O UNIVERSO ACADÊMICO
Ideias são protegidas?
Não. As ideias são de livre circulação. Entretanto, a materialização em qualquer meio, físico ou virtual,
de uma obra com base nas ideias é passível de proteção.
Para a elaboração de um trabalho acadêmico, é possível consultar livros, trabalhos anteriores, publica-
ções, Internet sem cometer o plágio?
Sim, desde que se utilize a informação como base para o trabalho, citando a fonte e o autor, e se elabore,
a partir da consulta, uma concepção nova sobre o tema ou a solução para um problema.
O trabalho escrito de uma tese ou dissertação admite mais de um autor?
Não. O trabalho escrito resultante do processo criativo objeto da tese ou dissertação só pode ter um
único autor, o aluno, garantindo que ele faça jus ao grau para o qual o trabalho é pré-requisito.
E o processo criativo técnico ou científico, do qual resultam as invenções, admite coautoria?
Sim. As criações intelectuais em que as teses ou dissertações se apoiam, em sua maioria, fazem parte
de um contínuo de pesquisa e desenvolvimento, podendo ter mais de um criador – como o orientador
e seus diversos alunos, por exemplo. O direito dos criadores é protegido por meio de patentes, modelos
de utilidade, entre outras formas. A todos deve ser dado o crédito correspondente à participação na
propriedade intelectual gerada.

Disponível em: <http://www.puc-rio.br/sobrepuc/admin/vrac/plagio.html>. Acesso em: 28 ago. 2017. (adaptado)


Texto 2

No programa da emissora americana PBS “Triun-


fo dos nerds: a ascensão de impérios acidentais”, o
inventor e CEO da Apple, Steve Jobs, afirmou:

“No fim das contas, tudo se resume (...) a tentar se ex-


por às melhores coisas que humanos fizeram e então
tentar trazê-las para as coisas que você está fazendo.
Quero dizer, Picasso tinha uma citação em que dizia
que bons artistas copiam e grandes artistas roubam.
E sempre fomos descarados sobre roubar grandes
ideias.

Texto 3

Assista a essa cena do filme “O Grande Ditador” e


discuta, em grupos, sobre o modo como Chaplin
realizou sua imitação de Hitler. Foi uma cópia fiel?
Qual a intenção do ator?

Vídeo: <https://www.youtube.com/wat-
ch?v=sGBCsZJRcAI>

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