Direitos Políticos Liberdade de Expressão V 2

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Rodolfo VLIBERDADE

FACEBOOK, iana PeReiRaDE EXPRESSÃO E


POLÍTICA: FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA
ORGANIZADOR
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?

DIREITOS POLÍTICOS,
Aléxia Duarte Torres1

LIBERDADE DE EXPRESSÃO
RESUMO
E DISCURSO DE ÓDIO
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
Volume II
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
propõe a responder.

1. INTRODUÇÃO

Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
sexualmente atraentes.
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,

1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço eletrônico: [email protected]

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:189
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSSERPXE ED EDADREBIL ,KOOBECAF
ARTUEN ACIGÓLONCET ATNEMARREF :ACITÍLOP
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO

1
serroT etrauD aixélA

OMUSER

odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
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OÃÇUDORTNI .1

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.setnearta etnemlauxes
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
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sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
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,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni

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ORGANIZADOR

Rodolfo VLIBERDADE
FACEBOOK, iana PeReiRa
Rodolfo Viana PeReiRa DE EXPRESSÃO E
ORGANIZADOR
POLÍTICA: FERRAMENTA
ORGANIZADORTECNOLÓGICA NEUTRA
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?

DIREITOS POLÍTICOS,
Aléxia Duarte Torres 1

LIBERDADE DE EXPRESSÃO
RESUMO

EDIREITOS
DIREITOS
DISCURSOPOLÍTICOS,
POLÍTICOS,
DE ÓDIO
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação

LIBERDADE
LIBERDADE DE
DE EXPRESSÃO
EXPRESSÃO
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
OLUME V II
i
a informação ou centralizando-a?
V
Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos

E
E DISCURSO DE ÓDIO
DISCURSO DE
que divergem com as ideias dos
ÓDIO
olume
fundadores e funcionários do Facebook possuem o
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
propõe a responder.

Baixe gratuitamente essa obra em:


1. INTRODUÇÃO V
V olume i
olume i
Apesar de nãohttps://doi.org/10.32445/9788567134062l
ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
https://goo.gl/FSUZAG
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
Baixe gratuitamente essa obra em:
sexualmente atraentes. Baixe gratuitamente essa obra em:
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
turaram as imagenshttps://goo.gl/FSUZAG
de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
https://goo.gl/FSUZAG
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
opiniões políticas, algo similarBelo
às mudanças
Horizonte de foto do perfil por parte de indivíduos
- 2018
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,

1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Belo Horizonte - 2018
Endereço eletrônico: [email protected]
Belo Horizonte - 2018
1
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSSERPXE ED EDADREBIL ,KOOBECAF
ARTUEN ACIGÓLONCET ATNEMARREF :ACITÍLOP
Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso
?LAIRD598
OTIDE LdeAódio.
UT/Rorganização
IV AMde RO FATViana
Rodolfo ALPereira
P UO – Belo Horizonte:
IDDE, 2018.
268p.; v.2.;22,5cm
188p.; v. 1.: il.; 22,5cm

ISBN 978-85-67134-06-2
ISBN 978-85-67134-05-5
https://doi.org/10.32445/9788567134062l
1. Direitos políticos. 2. Liberdade de expressão. 3. Análise do discurso.
1
serroT etrauD aixé4.lCampanha
A eleitoral. 5. Ódio – Discurso. I. Pereira, Rodolfo Viana (org.).

CDD 342.07 (22.ed)


CDU 342.81

OMUSER

odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
.rednopser a eõporp

OÃÇUDORTNI .1

oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
.setnearta etnemlauxes
Rua Espírito Santo, 1204, Loja Térrea - Centro - Belo Horizonte - MG
-pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eCEP der a30.160.031
marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni

edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adauEditoração
darG .siagráfica:
reG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
.813505656618475Andréa
2/rb.qEsteves
pnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
(Quarto Crescente Design)
moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

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FACEBOOK, LIBERDADE DE EXPRESSÃO
SUMÁRIO E
POLÍTICA: FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?

Aléxia Duarte Torres1


APRESENTAÇÃO
Rodolfo Viana Pereira ......................................................................................................... 5

LIBERDADE RESUMO
DE EXPRESSÃO POLÍTICA DAS E NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR
Christiane ACosta Assis
missão ..........................................................................................................
explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido 7
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
O DISCURSO HOMOTRANSFÓBICO COMO LIMITE À LIBERDADE DE EXPRESSÃO NO
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
DISCURSO POLÍTICO: UMA DISCUSSÃO À LUZ DOS DIREITOS HUMANOS E DA FALA
ENQUANTO noPOTÊNCIA
cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
Luiz Carlos Garcia .............................................................................................................. 25
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
VIABILIDADE
que DA UTILIZAÇÃO
divergem com as PROGRESSISTA
ideias dos fundadores DA CRIMINALIZAÇÃO
e funcionáriosDOdoDISCURSO Facebook possuem o
DE ÓDIO RACIAL NA PROPAGANDA POLÍTICO-ELEITORAL
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
Diogo Fernandes
propõe Gradim .................................................................................................... 43
a responder.

A LIBERDADE DO DISCURSO NO FÓRUM TÉCNICO DO PLANO ESTADUAL DE


EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS: O EMBATE EM TORNO DAS QUESTÕES DE GÊNERO
1. INTRODUÇÃO
Rodrigo Élcio Marcelos Mascarenhas ................................................................................. 67
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
QUAL É A RESPOSTA DO PARLAMENTO AO DISCURSO DE ÓDIO? REFLEXÕES
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
ACERCA DOS PROCEDIMENTOS DISCIPLINARES POR QUEBRA DE DECORO E DOS
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
LIMITES CONSTITUCIONAIS ÀS IMUNIDADES PARLAMENTARES
Juliaclassificar quemMoreira
Camara Alves era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
................................................................................................ 89
sexualmente atraentes.
STF OU TSE, QUEM DIZ O QUE DIZER?
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
Lucas Tavares Mourão ........................................................................................................ 117
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
a trocar DE
LIBERDADE as suas fotos por
EXPRESSÃO imagens com
E DISCURSO DE ÓDIOtextos NAde protestos
ARENA POLÍTICA:ou que expressavam suas
opiniões
ENTRE políticas,
O CRITÉRIO algo Esimilar
MORAL às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
O PRAGMÁTICO
inconformados
André com Oliveira
Matos de Almeida o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
......................................................................................... 143

SERIA “DEUS” UM BOM CABO ELEITORAL?


Aghisan Xavier Ferreira
1 Mestranda Pinto
em Direito pela...............................................................................................
Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade 165
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
CONSELHO EDITORIAL ...................................................................................................... 183
Endereço eletrônico: [email protected]

3
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSSERPXE ED EDADREBIL ,KOOBECAF
ARTUEN ACIGÓLONCET ATNEMARREF :ACITÍLOP
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO

1
serroT etrauD aixélA

OMUSER

odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
.rednopser a eõporp

OÃÇUDORTNI .1

oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
.setnearta etnemlauxes
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni

edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
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moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

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APRESENTAÇÃO
FACEBOOK, LIBERDADE DE EXPRESSÃO E
POLÍTICA: FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?

Aléxia Duarte
Rodolfo Torres1
Viana Pereira

A presente obra complementa a série de debates travados em torno da temática dos


discursosVivemos
de ódio afrente
era daaopolarização. No cenário político
princípio constitucional brasileirode– expressão,
da liberdade e por que não mundial
tendo por –,
a RESUMO
impressão é a de que não há espaço para a consensos e de que as claques se entrin-
viés específico o universo dos direitos políticos. Como mencionado no Volume I (acesse
cheiram
aqui): cada vez
A missão mais,docom
explícita vozes ampliadas
Facebook, no ecossistema
rede social que tem conquistadovirtual das redes
o coração sociais.
e consumido
E esseum movimento
tempo cada trazvezconsigo
maior daa radicalização
vida de milhõesdasdeopiniões,
brasileirosimpulsionando
e indivíduos aodiscursos
redor do
“Vivemos a era da polarização. No cenário político brasileiro – e por que não
virulentos, abjetos,
mundo,mundial discriminatórios.
é manter–, aoimpressão
mundo mais é a aberto, conectado
de que não e civilmente
há espaço engajado.e de
para a consensos Suaque
atuação
as
no cenário político tem ganhadocada destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
Pensarclaques
o papelsedoentrincheiram
Direito (e tambémvez domais, com
Direito vozes ampliadas
Político) no ecossistema
nesse contexto não é tarefa
virtual das
personalização redes sociais.
de algoritmo E esse
continuam movimento
a gerar trazEstaria
polêmicas. consigo a radicalização
o Facebook das
democratizando
simples. Poropiniões,
um lado, não há democracia
impulsionando discursos constitucional
virulentos, semdiscriminatórios.”
abjetos, uma dose reforçada
1 de
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
liberdade de expressão. Lado outro, também não há Estado Democrático de Direito sem
queopinião
Essa divergem com serasfacilmente
ideias dosconstatada
fundadoresnas e funcionários do travadas
Facebooknas possuem
ruas oo
o respeito integralpode
ao princípio da isonomia que demanda, manifestações
em sua versão mais recente,
e nas mesmo
redes espaço
sociais eocasião
visibilidade
dodona plataforma? Essas são as questões
deste que
anoesse artigo se
reconhecimento dapor
diversidade, processo eleitoral
multiculturalismo presidencial
e da solidariedade. de 2018.
propõe a responder.
Apoiadores de distintos campos político-eleitorais passaram a agir e a se expressar tendo
por suporte Apesar de a doutrina
argumentativo nacional
principal e estrangeira
a bestialização já teroponente(s),
do(s) avançado muito de modo na definição
mais sutile na
conceituação dos
ou mais chamados “discursos deàódio”, seu enquadramento concretoa esses
e conse-
1. explícito,
INTRODUÇÃO o que leva, inexoravelmente, indagação: o que fazer em relação
quências legais daí advindas ainda transitam em uma zona
discursos? Deixá-los circular livremente ou impor restrições legais? Havendo restrições de dúvidas e incertezas.
legais, qual Apesar
O propósito de não
a perspectiva ter
deste sidoémais
adotar:
livro criado
trazer comoa ou
restritiva
para um instrumento
mais
arena político,
liberal?algumas
jurídica logo no
dessas seu início
inquietações,
otendo
Facebook fiojácondutor
porsegundo dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
Esse volumeo da ambiente político,
série reflete eleitoral
a complexidade e parlamentar.
do debate. Ao A partir
fim e desse
ao cabo,filtro,
oa temática
software será colocava fotos
enfrentada dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
as discussões em torno do temadesempre
modo trazem,
variado.ainda
Renêque Braga, por exemplo,
de modo latente, astrataopçõesdo de
grave
classificar
problema quem era “hot” das
contemporâneo ou não,
fake uma
news palavra
e de em inglês
sua usada
utilização com para designar
meio pessoas
potencializado
cada um dos autores em prol do aumento ou da diminuição do controle legal dos atos de
sexualmente atraentes.
faladeque disseminação
mobilizam discursosdo discurso de ódio. Aliás, o mito da neutralidade das redes sociais é
de ódio.
analisado Depoiscomque primor
seuspor Aléxia Torres
criadores que descreve
acessaram a rede de os segurança
impactos das pretensões políticas
da universidade e cap-
do Cristiane
Facebook
turaram Assis começa
e o modo
as imagens de como comisso
umainfluencia
identificação provocação interessante
a regulamentação
dos estudantes, ao analisar
os próprios da usuários quaiscomeçaram
corporação osquanto
limi- a
tes apostagens
datrocar
liberdade de expressão
asenvolvendo
suas por política
fotos hate speech.das
imagens com
Joãoe nas Instituições
textos
Victor de protestos
Martins, de Ensino
por queSuperior,
ou vez,
sua expressavam
posiciona ouoseja,suas
debate
tanto em
opiniões
no contextorelação às
políticas, suas
do chamado comunicações
algo similar
partidismo externas
às mudanças
e avalia de quequanto
de foto
modo às suas
doa perfil comunicações
por de
liberdade parte de direcio-
expressão indivíduos
abarca
nadas a alunos, virulentos
inconformados
os discursos docentes e funcionários.
com o resultado
contra do pleito
determinados Luiz Carlos
naspartidos
eleições Garcia sustenta,
presidenciais
políticos. Partindo sem
dos rodeios,
deEstados serse-
Unidos,
indagações
possível
melhanteslimitare asegundo
liberdade de análise
uma expressão de candidatos
interdisciplinar no direito
entre caso de veiculação de
e psicologia, discurso
Pâmela Cortes
homotransfóbico. Diogo Gradim, por sua vez, ostenta posição
enfrenta o interessante questionamento sobre a possibilidade de os grupos ideológicos mais liberal ao tratar da
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
1 1 PEREIRA,
Professor da Faculdade
de MinasRodolfo
Gerais. Viana de Direito
Currículo
(org.).
lattes: da
DireitosUFMG.Coordenador
políticos, liberdade Acadêmico doeIDDE
http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
de expressão (Instituto
discurso para V.o Desenvolvimen-
de ódio. I. Belo Hori-
to Democrático).
zonte:
Endereço
IDDE, 2018,
eletrônico:
p. [email protected]

PEREIRA,
TORRES,
PEREIRA, Rodolfo
Aléxia
Rodolfo Viana.
Duarte.
Viana. Apresentação.
Facebook,
Apresentação. In: PEREIRA,
liberdade
In: PEREIRA, Rodolfo
de expressão
Rodolfo eVianaViana
política: (Org.).
ferramenta
(Org.). Direitos
Direitos políticos,
tecnológica
políticos, neutraliberdade
liberdade de expressão
ou plataforma virtual
de expressão e discurso
editorial?
e discurso de5ódio.
In: ódio.
de PEREIRA,
Rodolfo
Volume
Volume I.Viana
II. Belo Belo (Org.).
Horizonte: Direitos
Horizonte:
IDDE,IDDE,políticos,
2018.
2018. liberdade
p. 05-06.
p. 5-6. de978-85-67134-05-5.
ISBN expressão e Disponível
ISBN 978-85-67134-06-2. discurso de ódio.
Disponível
em: Volume
em: I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
<https://goo.gl/TsuYqB>
<https://doi.org/10.32445/9788567134062l>
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSERPdeXE
possibilidade ED E
controle doD ADREdeBódio
discurso IL ,racial
KOO BEviaCda
pela AFcriminalização, dialogando
ARTUEN ACIGÓLONCET ATNEMARREF :Acriminologia
com as teorias criminológicas tradicionais (positivistas) e a CITÍLOP crítica. Rodrigo
?LMascarenhas
AIROTIDparte E LAdeUumaTRIexperiência
V AMROconcreta:FATALafereP Use O a liberdade de expressão foi
garantida no Fórum Técnico do Plano Estadual de Educação, promovido pela Assembleia
Legislativa de Minas Gerais em 2016, sobretudo quando constatada a prática de discurso
de ódio por participantes ou parlamentares. Júlia Câmara avalia de que forma os “discur-
sos de ódio” veiculados por deputados federais são reprimidos no Congresso Nacional, a
partir da apreciação tanto das previsões do Código de Ética e Decoro Parlamentar, quan-
1
setorrodeT eventuais
etrauD aprocedimentos
ixélA disciplinares instaurados em seu desfavor. Lucas Mourão
desenvolve uma análise comparativa das posições do STF e do TSE quanto à proteção e
aos limites da liberdade de expressão, sustentando haver posições conflitantes entre as
Cortes. André Oliveira, a partir de uma abordagem teórico-filosófica, aponta OMUsoluções
SE R para
o julgamento de casos difíceis envolvendo a temática do discurso de ódio e da liberdade de
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
expressão, chamando a atenção para o risco da utilização não cautelosa de teorias morais
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
e para a necessidade de se partir de uma abordagem mais pragmática e consequencialista.
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
Aghisan Pinto, por fim, insere o debate no seio do binômio laicização v. influência religiosa
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
nos processos eleitorais brasileiros, testando a (in)compatibilidade normativa da candida-
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
soctura
itílopconfessional
sodit rap e sotano
didBrasil.
nac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
o meussoOs p kartigos
oobecaFora
od apresentados
soiránoicnuf enesse
serodaVolume
dnuf soIId são
saiedresultado
i sa mocnovamente
megrevid eudas q discus-
es osões
git ra eesdos
se eseminários
uq seõtseuqrealizados
sa oãs sasna
sE disciplina
?amrofatal“Liberdade
p an edadilibdeisivexpressão,
e oçapse om sem
(in)tolerância e
.r e d n o p s e
propaganda eleitoral” por mim ministrada no Programa de Pós-Graduação stricto sensu dar a e õ p o r p
Faculdade de Direito da UFMG. Agradeço a todos os participantes pelo rico debate produ-
zido e agora disponibilizado ao público.
OÃÇUDORTNI .1

oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odaRodolfo
irC .laicnViana
etop Pereira
ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráusu oa aitimrep e odal a Professor
odal drav rda
aH Faculdade
ed setnadde utsDireito
e sod sda
otoUFMG
f avacoloc erawt fos o
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
Coordenador Acadêmico do IDDE.setnearta etnemlauxes

- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD


maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni

edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
.8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE6REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
LIBERDADE DE EXPRESSÃO
FACEBOOK, POLÍTICA
LIBERDADE DAS E NAS E
DE EXPRESSÃO
INSTITUIÇÕES
POLÍTICA: FERRAMENTADE ENSINO SUPERIOR
TECNOLÓGICA NEUTRA
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?

Aléxia Costa
Christiane DuarteAssis
Torres
1
1

RESUMO
RESUMO
A missãoartigo
O presente explícita
temdocomo
Facebook, redeanalisar
objetivo social que tem conquistado
a liberdade o coração
de expressão e consumido
política das
Instituições de Ensino Superior, inclusive em seu âmbito interno. Para tanto,aoanalisa
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos redor do
nãomundo, é manter osobre
só a legislação mundo mais aberto,
o tema conectado
mas também e civilmente engajado.
as construções Sua além
doutrinárias, atuação
de no cenário
apontar político
casos tem ganhado
ilustrativos. destaque e utilizada
A metodologia suas políticas de restrição
foi a revisão de conteúdo
bibliográfica de e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook
obras nacionais e estrangeiras. Como resultado, apontaram-se as dificuldades para democratizando
a informaçãolimites
se estabelecer ou centralizando-a?
à liberdade de Visões políticasapesar
expressão, diferentes, candidatosde
da existência e partidos políticos
construções
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do
teóricas sobre o tema, sendo necessário analisar as circunstâncias de cada caso.Facebook possuem o
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
propõe a responder.
1. INTRODUÇÃO

1. A liberdade
INTRODUÇÃO de expressão política consiste em um desdobramento dos direitos
políticos essenciais à democracia. Sabe-se que os cidadãos são portadores desse direito,
Apesarque
mas é possível deele
nãosofra
ter limitações
sido criadoinclusive
como um em instrumento político,
função do sujeito que logo no seu início
o exerce.
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
O presente
o software artigo pretende
colocava fotos dosabordar a liberdade
estudantes de expressão
de Harvard política
lado a lado das Instituições
e permitia ao usuário
de classificar
Ensino Superior (IES), entendida como a manifestação de posicionamento
quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar político da
pessoas
própria instituição.
sexualmente Convém esclarecer que o artigo não abordará a campanha eleitoral
atraentes.
declarada ou a utilização da coisa pública para finalidades ilícitas, uma vez que tais
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
análises demandam pesquisa diferente da ora realizada. A intenção é verificar se uma IES
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
pode manter alguma proximidade com os atores políticos em função de seus interesses
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
institucionais.
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
O artigo aborda,
inconformados comainda, a liberdade
o resultado de expressão
do pleito política
nas eleições no âmbito dos
presidenciais interno da IES,
Estados ou
Unidos,
seja, trata sobre possíveis limitações a esse direito para professores, funcionários e alunos

1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
1 Doutoranda
de Direitoem
da Direito
Universidade
pela Universidade
Federal de Minas
FederalGerais.
de Minas
Graduada
Gerais.em
Mestre
Direito
empela
Direito
Pontifícia
pela Pontifícia
Universidade
Universi-
Católica
dade
de Católica
Minas Gerais.
de Minas
Currículo
Gerais.lattes:
Professora
http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
da graduação em Direito da Escola Superior Dom Helder Câmara.
Advogada.
Endereço eletrônico: [email protected]

ASSIS,TORRES, Aléxia Duarte.


Costa Christiane. Facebook,
Liberdade liberdade política
de expressão de expressão e política:
das e nas ferramenta
instituições tecnológica
de ensino neutra
superior. ou plataforma
In: PEREIRA, virtual
Rodolfo Vianaeditorial? 7
In: PEREIRA,
(Org.). Direitos
Rodolfo
políticos, Viana (Org.).
liberdade Direitos epolíticos,
de expressão discurso liberdade de expressão
de ódio. Volume II. Belo eHorizonte:
discurso IDDE,
de ódio. Volume
2018. I. Belo
p. 7-24. Horizonte:
ISBN IDDE, 2018. p.
978-85-67134-06-2. 07-33. ISBN
Disponível
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
em: <https://doi.org/10.32445/97885671340621>
EOda à SSERPconsiderando
instituição, XE ED EDasApossíveis
DREBIperseguições
L ,KOOBpolíticas
ECAFresultantes dos diferentes
posicionamentos.
ARTUEN ACIGÓLONCET ATNEMARREF :ACITÍLOP
?LAIROTConsiderando
IDE LAUTa Rpróspera
IV AMprodução
ROFATcientífica
ALP Urelativa
O à liberdade de expressão
nos Estados Unidos, o trabalho apresentará aportes teóricos norte-americanos. Entretanto,
ilustrar-se-ão, com exemplos brasileiros, algumas situações nas quais a liberdade de
expressão política “das” e “nas” IES foi colocada em debate, apresentando-se legislação e
doutrina brasileiras sobre o tema.
1
serroT etrauD aixélA
2. LIBERDADE DE EXPRESSÃO DA IES

A primeira tentativa de constitucionalização da autonomia universitária no Brasil se


OMUSER
deu em 1823 na proposta de criação das faculdades de Direito de São Paulo e Olinda. O
odim usnocfoi
projeto e oapreciado
ãçaroc o opela
datsiAssembleia
uqnoc met euGeral
q laicConstituinte
os eder ,koobque ecaFfoioddissolvida
aticílpxe opor im A Pedro I2.
ãssDom
od ArodConstituição
er oa soudívImperial
idni e sonão
rielisafirmava
arb ed seaõhautonomia
lim ed adivdas ad IES;
roiamalém
zev disso,
adac onapmépoca,
et mu existiam
oãçpoucas
auta auSfaculdades
.odajagne eetninexistiam
emlivic e oduniversidades
atcenoc ,ot re3b.a Asiaprimeira
m odnumafirmação
o retnam éda,oautonomia
dnum das
e oduniversidades
úetnoc ed oãçveio irtsecom
r ed soacDecreto
itílop sanº
us 19.851,
e euqatsdeed 11odadehnaabril
g medet o1931,
citílop que
oiránafirmou
ec on em seu
odnart.
azitar9º
com
a eautonomia
d koobecaF oadministrativa,
airatsE .sacimêldidática
op rareg aemdisciplinar,
aunitnoc omconferindo
tirogla ed oãçainda
azilanopersonalidade
srep
socjurídica
itílop sodàs
it rauniversidades
p e sotadidnac4,.sPorém,
etnerefid“asaausência
citílop seõsde
iV uma
?a-odpolítica
nazilartnuniversitária
ec uo oãçamresclarecida
ofni a ea
o mfalta
eussdeop uma
koobideia
ecaF dessa
od soirautonomia
ánoicnuf e levaram
serodadnouflegislador
sod saiedai spromulgar
a moc meuma grevidpletora
euq de leis,
es odecretos
git ra essee portarias”
euq seõtse5u. q sa oãs sassE ?amrofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
.rednopser a eõporp
As constantes mudanças legislativas brasileiras evidenciam o tema espinhoso da
autonomia das IES, que, a pretexto de controle de qualidade pelo Estado, podem converter-
se em “cabo eleitoral” para candidatos e partidos políticos. Tais instituições OÃÇUDORTsão NI o locus
.1
de produção do conhecimento, e uma intervenção estatal exagerada pode culminar no
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
direcionamento do ensino em favor de determinadas ideologias partidárias e influenciar
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
votos.
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
saossep rAanConstituição
gised arap ade das1934
u sêlgconferiu
ni me arprivativamente
valap amu ,oãnà União
uo ”toah“competência
are meuq raparacfiissdispor
alc
sobre as diretrizes da educação nacional e fixar o plano nacional .sede
tneeducação,
arta etnemporém
lauxes foi
na vigência da Constituição de 1946 que se publicou a primeira lei geral sobre educação
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
2 BOAVENTURA, Edivaldo M. A constitucionalização da autonomia universitária. Revista de Informação Legis-
saus malativa,
vassBrasília,
erpxe a.eu27,
q un.o 108,
sotsp.e297-308,
torp ed out./dez.
so txe t m oc sDisponível
1990. negami em:rop<http://www2.senado.leg.br/bdsf/
so tof sa us sa raco r t a
soudívidbitstream/handle/id/175827/000451509.pdf?sequence=1>.
ni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sàAcesso ralimem:
is o18glnov.
a ,s2017,
acitílp.
op299.
seõinipo
,sod3 Ibidem.
inU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
4 BRASIL. Decreto nº 19.851, de 11 de abril de 1931. Dispõe que o ensino superior no Brasil obedecerá, de
preferencia, ao systema universitario, podendo ainda ser ministrado em institutos isolados, e que a organi-
zação technica e administrativa das universidades é instituida no presente Decreto, regendo-se os institutos
edadlucaFisolados
ad oãçaupelos
darG-respectivos
sóP ed amaregulamentos,
rgorP – siareGobservados
saniM ed laros
ededispositivos
F edadisrevido
nUseguinte
alep otieEstatuto
riD me addas
narUniversidades
tseM 1
acilótaC edBrasileiras.
adisrevinU Disponível
aicífitnoP aem:
lep o<www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1930-1949/d19851.htm>.
tieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD Acesso
ed em:
18 nov. 2017. .8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
5 BOAVENTURA, op. cit., p. 299. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE8REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
no Brasil6: a Lei de Diretrizes LIBERDADE
e Bases da Educação de 1961 (LeiDE EXPRESSÃO
nº 4.024), que afirmou E
em seu art. 4º a liberdade de ensino, assegurando
POLÍTICA: FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA a todos o direito de transmitir seus
conhecimentos na forma da lei e, ainda, em seu art. 80, a autonomia universitária didática,
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
administrativa, financeira e disciplinar7.

Em 1968, criou-se a Lei nº 5.540, que fixou normas de organização e funcionamento


do ensino superior e sua articulação com a escola média, cujo art. 3º afirmou que “as
universidades gozarão de autonomia didático-científica, disciplinar, administrativa e
financeira, que será exercida na forma da lei e dos seus estatutos” Aléxia
8
Duarte lei
. A referida Torres
foi 1
revogada pela Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabeleceu as diretrizes e
bases da educação nacional, ainda em vigor. Ao tratar do ensino superior, essa nova lei
apresentou as possibilidades de intervenção na instituição, como suspensão temporária de
RESUMO
prerrogativas da autonomia e descredenciamento se ocorressem deficiências eventualmente
A missão
identificadas explícita do
na avaliação Facebook,
para rede social de
credenciamento queinstituições
tem conquistado o coração e consumido
e reconhecimento dos
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
cursos, que deveriam ser renovados periodicamente (art. 46, caput e § 1º).
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
A mesma lei apresentou
no cenário político tem uma distinção
ganhado de tratamento
destaque para de
e suas políticas instituições públicas
restrição de e e
conteúdo
privadas, personalização
afirmando que, deno caso de
algoritmo instituição
continuam pública,
a gerar o Poder
polêmicas. Executivo
Estaria responsável
o Facebook por
democratizando
a informação
sua manutenção ou centralizando-a?
acompanharia o processoVisões políticas diferentes,
de saneamento candidatos
e forneceria e partidos
recursos políticos
adicionais,
se necessários, para a superação das deficiências (§ 2º). Já no caso de instituição privada, o
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem
além das mesmo
sançõesespaço e visibilidade
mencionadas, na plataforma?
o processo Essas sãopoderia
de reavaliação as questões quetambém
resultar esse artigo
em se
propõe a responder.
redução de vagas autorizadas, suspensão temporária de novos ingressos e de oferta de
cursos (§ 3º).
1. O Decreto
INTRODUÇÃOnº 2.207, de 16 de abril de 1997, tratou sobre o sistema federal de ensino
e apresentou, em seu art. 7º, uma possibilidade diferente de intervenção ao afirmar que
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
o Ministério da Educação e do Desporto, no exercício de sua função de supervisão do
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
sistema federalcolocava
o software de ensino,fotos
poderia
dosdeterminar
estudantesa de intervenção,
Harvard lado comaa lado
designação de dirigente
e permitia ao usuário
pró-tempore, nas IES, em decorrência de irregularidades verificadas
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar ou em inquéritos
pessoas
9
administrativos atraentes. . Trata-se de hipótese de intervenção fora do processo de
sexualmente instaurados
avaliação da instituição e sem necessidade de apresentar-se representação de alunos,
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
6 Ibidem, p. 300.
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
7 BRASIL. Lei nº 4.021, de 20 de dezembro de 1961. Fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponí-
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
vel em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-4024-20-dezembro-1961-353722-publica-
caooriginal-1-pl.html>.
inconformados com Acesso em: 18 do
o resultado nov.pleito
2017. nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
8 BRASIL. Lei nº 5.540, de 28 de novembro de 1968. Fixa normas de organização e funcionamento do ensino
superior e sua articulação com a escola média, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5540.htm>. Acesso em: 18 nov. 2017.
9 1 BRASIL.
Mestranda em Direito
Decreto pelade
nº 2.207, Universidade
15 de abrilFederal de Minas
de 1997. Gerais – para
Regulamenta, Programa de Pós-Graduação
o Sistema da Faculdade
Federal de Ensino, as
de Direito contidas
disposições da Universidade
nos arts.Federal
19, 20,de45,
Minas
46 eGerais. Graduada
§ 1º, 52, emúnico,
parágrafo Direito54pela
e 88Pontifícia
da Lei nºUniversidade
9.394, de 20Católica
de
de Minas
dezembro deGerais.
1996, eCurrículo
dá outraslattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/
Endereço eletrônico:
d2207.htm>. [email protected]
Acesso em: 18 nov. 2017.

9
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSERou
professores PXpessoal
E EDtécnico-administrativo.
EDADREBIL ,KOO OBEdecreto
referido CAF de abril foi revogado pelo
ARDecreto
TUEN nº A
2.306
CIGemÓ19
LOdeNagosto
CET doATmesmo
NEMano,ARRque EFtambém
:ACITtratou
ÍLOsobre
P o sistema
federal de ensino e manteve a mencionada possibilidade de intervenção. Em 2006, o
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
Decreto nº 5.773 revogou o de agosto de 1997.

Em 2001, o Decreto nº 3.86010 dispôs tanto sobre a organização do ensino superior


e avaliação dos cursos quanto sobre as instituições, dando autonomia aos Centros
Universitários (art. 11, § 1º) e aos Centros Federais de Educação Tecnológica (art. 11-A, §
1 1º) para criar, organizar e extinguir em sua sede cursos e programas de educação superior
serroT etrauD aixélA
e ainda remanejar ou ampliar vagas nos cursos existentes. Caso fossem identificadas
deficiências ou irregularidades nas ações de supervisão, avaliação e reavaliação, o
Poder Executivo poderia determinar a suspensão de reconhecimento e desativação de
OMUSER
cursos superiores, suspensão temporária de prerrogativas de autonomia, intervenção ou
descredenciamento
odim usnoc e oãçaroc o oda
datinstituição
siuqnoc me(art.
t euq35).
laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
O referido decreto foi revogado pelo já mencionado Decreto nº 5.773, de 9 de
oãçauta auS .odaj11 agne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
maio de 2006 , ainda em vigor, que dispôs sobre o exercício das funções de regulação,
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
supervisão e avaliação de instituições de educação superior e cursos superiores de
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socgraduação
itílop sodit rapee sequenciais
sotadidnac ,seno
tneresistema
fid sacitílofederal
p seõsiVde
?a-oensino.
dnazilartnOecdecreto
uo oãçamcondicionou
rofni a as
o mprerrogativas
eussop koobeda caF autonomia
od soiránoicuniversitária
nuf e serodadao nufcredenciamento
sod saiedi sa moec funcionamento
megrevid euq regular
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?amrofatalp an edadilibisiv e oçapse afirmou,
com padrão satisfatório de qualidade (art. 13, § 2º). O mesmo decreto omsem ainda, a
possibilidade de representação de alunos, professores e pessoal técnico-administrativo
.rednopser a eõporp em
face de irregularidades no funcionamento da instituição de ensino superior (art. 46). Caso
a instituição não promovesse o saneamento das deficiências no prazo determinado ou se
OÃÇU
a representação fosse admitida de imediato, seria instaurado processo DORTNI
administrativo .1para
aplicação das penalidades de desativação de cursos e habilitações, intervenção, suspensão
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hstemporária
amecaF“ odeom prerrogativas
oc etnemlanda
igirautonomia
o odairC .lou
aicdescredenciamento
netop ues od satsip(art.
avad52).
áj koobecaF o
oiráusu oEm
a aitmeio
imrepàse alterações
odal a odalegislativas,
l drav raH eda Constituição
setnadutse soFederal
d sotofdeav1988acoloestabeleceu,
c erawt fos oem
saoseu
ssepart.
ra226,
ngiseos
d aprincípios
rap adasudasêeducação,
lgni me arafirmando
valap amuexpressamente
,oãn uo ”toh“ aa“liberdade
re meuq rade cfiaprender,
issalc
. s e t n e a
ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber” e ainda o “pluralismor t a e t n e m l a uxes de
-paideias
c e edeaddeisrconcepções
evinu ad açnpedagógicas,
aruges ed edeer coexistência
a marassecade seinstituições
rodairc suespúblicas
euq siopeeprivadas
D de
raçemo12
maensino” c .sPor
oiráumeio
su sde oirptais
órpdisposições,
so ,setnadutaseConstituição
sod oãçacfide itn1988
edi edfoisnaeprimeira
gami sa amassegurar
ararut
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
sou10
dívidBRASIL.
ni ed eDecreto
t rap rnºop3.860,
lfi rede
p o9 dde ojulho
tof de
ed2001.
saçDispõe
nadumsobre
sà araorganização
limis ogldo
a ,ensino
sacitísuperior,
lop seõainavaliação
ipo
,sodinU desocursos
datsE esoinstituições,
d siaicnede idáseroutras
p seõprovidências.
çiele san otDisponível
ielp od oem:
datl<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
user o moc sodam rofnocni
decreto/2001/D3860.htm>. Acesso em: 18 nov. 2017.
11 BRASIL. Decreto nº 5.773, de 9 de maio de 2006. Dispõe sobre o exercício das funções de regulação, su-
pervisão e avaliação de instituições de educação superior e cursos superiores de graduação e sequenciais
edadlucaFno ad sistema
oãçaudafederal
rG-sóP deed ensino.
amargorDisponível
P – siareG em:
saniM <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/
ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edDecreto/D5773.htm#art79>.
adisrevinU aicífitnoP alep otierAcesso
iD me aem:
daud18
arGnov.
.sia2017.
reG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
12 BRASIL. Constituição (1988)..81350Constituição
565661847da 52/República
rb.qpnc.seFederativa
ttal//:ptth :do
setBrasil
tal olude
círr1988.
uC .siaDisponível
reG saniMem:ed <http://
moc.liamg@otudaiAcesso
www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. xela :ociem:
nôrte18le nov.
oçere2017.
dnE

,ARIE10
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
a autonomia universitária,FACEBOOK,
que abrange as LIBERDADE DE EXPRESSÃO
dimensões didático-científica, financeira e E
13
patrimonial .POLÍTICA: FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA

A atual Lei de DiretrizesOU PLATAFORMA


e Bases VIRTUAL
da Educação classifica EDITORIAL?
como instituições públicas
aquelas criadas ou incorporadas, mantidas e administradas pelo Poder Público e privadas
aquelas mantidas e administradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito privado (art.
19)14. Por sua vez, as instituições privadas subdividem-se em particulares em sentido
estrito, se instituídas e mantidas por uma ou mais pessoas físicas ou jurídicas de direito
privado; comunitárias, se instituídas por grupos de pessoas físicasAléxia ou por Duarte
uma ou Torres
mais 1
pessoas jurídicas, inclusive cooperativas educacionais, sem fins lucrativos, que incluam na
sua entidade mantenedora representantes da comunidade; confessionais, se instituídas por
grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas que atendam a orientação
RESUMO
confessional e ideologia específicas; ou filantrópicas, na forma da lei (art. 20)15.
A missão explícita
A universidade é umado instituição
Facebook, rede
que social que tem
pertence conquistado
à sociedade o coração
e está e consumido
vinculada aos
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos
organismos que a mantêm; portanto, está sujeita a certas limitações em sua liberdade ao redor
de do
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado.
ação e de funcionamento em razão dos objetivos que busca16. Não se afasta também a Sua atuação
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
presença do Estado, que exerce controle especialmente em relação aos gastos, mas sem
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
interferir na atividade universitária17.
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
A que
autonomia
divergemconferida à universidade
com as ideias significa
dos fundadores uma possibilidade
e funcionários do Facebookdepossuem
auto- o
organização, o que permite a formação de departamentos especializados dos cursos.
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
As prerrogativas
propõe ae responder.
o grau de autonomia de cada departamento dependem do estatuto da
instituição de ensino superior, mas é necessário considerar a possibilidade de divergências
entre departamentos e instituição no tocante à gestão acadêmica – nesse caso, caberá a
1. estatuto
cada INTRODUÇÃO
regular o meio para solução do conflito. Entretanto, a divergência ganha outra
dimensãoApesar
quandodesenãotrataterdesido
umacriado
manifestação
como um externa da instituição,
instrumento como
político, logoé no
o caso
seu de
início
apoio político a determinado partido ou candidato.
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
o software colocavaperpassa
O apoio político fotos dos
peloestudantes de instituição
interesse da Harvard lado a lado superior
de ensino e permitia
naao usuário
eleição
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
de um candidato ou partido que pode significar o aumento de verba para suas atividades. No
sexualmente
caso atraentes.
de instituições públicas, há claro interesse, já que a educação recebe diferentes graus
de atenção dos partidos
Depois que seusnocriadores
direcionamento
acessaram dasaverbas.
rede dePara as instituições
segurança privadas,e cap-
da universidade a
proximidade
turaram as com um candidato
imagens ou partidodos
de identificação podeestudantes,
implicar inclusive indiretamente
os próprios usuárioso começaram
aumento
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
13 opiniões
BOAVENTURA,políticas,
Edivaldoalgo
M. A similar
educaçãoàs mudançasdede
na Constituição foto
1988. do de
Revista perfil por parte
Informação de indivíduos
Legislativa, Brasília,
a. 29, n. 116, p. 275-286, out./dez. 1992. Disponível em: <http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/hand-
inconformados com o resultado do pleito
le/id/176040/000472173.pdf?sequence=3>. nasem:
Acesso eleições presidenciais
18 nov. 2017, p. 278. dos Estados Unidos,
14 BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacio-
nal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394compilado.htm>. Acesso em: 30 dez.
2017.
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
15 Ibidem.
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
16 BOAVENTURA, op. cit.,
de Minas Gerais. p. 302.lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Currículo
Endereço eletrônico: [email protected]
17 Ibidem.

11
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EOde à SSEem
verbas RPfunção
XE Eda Dinfluência
EDADeRdoEB IL ,KO
prestígio. OBEosCcasos,
Ambos AF a priori, não consistem
ARem
TU condutas
EN AC ilícitas,
IGÓuma LOvezNCque
ETnaturalmente
ATNEMAa R instituição
REF :Atem CIoTÍlegítimo
LOP interesse em
manter, ou mesmo em ampliar, suas atividades de ensino e pesquisa. O problema reside
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
nos limites do apoio, uma vez que há vedações a certas condutas para IES, que não podem
se converter em “cabos eleitorais”.

No caso de instituições públicas, os apoios exigem ainda mais cautela, uma vez
que seus integrantes são servidores públicos. Aliás, o envolvimento de dinheiro público
1 na propaganda eleitoral perpassa pela regulação e pelo controle de conteúdo da justiça
serroT etrauD aixélA
eleitoral18. Para as IES públicas, aplicam-se as vedações de condutas tendentes a afetar
a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais prevista no art. 73
da Lei das Eleições (Lei nº 9.504, de 30 de setembro de 1997). Porém, o apoio pode não
advir de um servidor específico, e sim da instituição como um todo, atéOmesmo MUSER de forma
indireta.
odim usnoc eUmoãçaconvite
roc o odaoatscandidato
iuqnoc metpara
euq lparticipar
aicos eder de
,kooevento
becaF ocientífico
d aticílpxena
oãinstituição
ssim A pode
od converter-se
roder oa soudem ívidnpalanque
i e sorielipara
sarb campanha
ed seõhlim eleitoral;
ed adiv amas
d roiaestabelecer
m zev adacna opprática
met muos limites
oãçde
auttal
a amanifestação
uS .odajagne enãotnemélifácil.
vic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
Cite-se o exemplo ocorrido na Universidade Fumec (Fundação Mineira de Educação e
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
Cultura), em Belo Horizonte (MG), que no ano de 2017 – anterior às eleições para presidente
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
da República – convidou o deputado federal Jair Bolsonaro, do Partido Social Cristão e
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
eleito pelo Rio de Janeiro, para palestrar no evento “Pensando o Brasil”. A reação ao convite
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
foi violenta, resultando inclusive em manifestação na entrada da instituição convocada pela
.rednopser a eõpo19
rp
Associação de Ex-alunos da Fumec, que discordou da postura da instituição . Além da
manifestação que contou com a presença de alunos, ex-alunos e participantes externos20,
o Diretório Acadêmico de Psicologia da instituição também se posicionou OÃÇUDcontrariamente
ORTNI .1 à
recepção do deputado por meio de nota de repúdio divulgada em rede social21.
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hsamecAaF“controvérsia
o omoc etnedeu-semlanigirem o odfunção
airC .laicde
netoposições
p ues od polêmicas
satsip avadapresentadas
áj koobecaF opelo
oiráusu oa aitimrep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacolocdeerter
deputado, sua possível candidatura à presidência da República e pelo fato awsido
t fos ele
o o
único candidato que até então compareceu ao evento da instituição.
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc Em nota, a instituição
informou que o principal objetivo do “Pensando o Brasil” era .promover setnearta eencontros
tnemlauxecom s
lideranças políticas em evidência, sem distinção de partido, para exporem suas diretrizes e
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
18 OLIVEIRA, Igor Bruno Silva de. Os limites da propaganda eleitoral negativa e o discurso de ódio. In: PEREIRA,
saus maRodolfo
vasseViana
rpxe (Org.).
euq uDireitos
o sotspolíticos,
etorp eliberdade
d sotxedetm oc sneegdiscurso
expressão ami ropdesódio.
otofBelo
sauHorizonte:
s sa racIDDE,
ort a2018
soudívid(noni prelo).
ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sod19
inU FONSECA,
sodatsE Marcelo
sod siada.icnManifestantes
ediserp seõprotestam
çiele sancontra
otielpe oa dfavor
odadetluBolsonaro
ser o monac sporta
odamdaroFumec.
fnocnEsta-
i
do de Minas, Belo Horizonte, 15 set. 2017. Disponível em: <https://www.em.com.br/app/noticia/politi-
ca/2017/09/15/interna_politica,900858/manifestantes-protestam-contra-bolsonaro-na-porta-de-faculdade.
shtml>. Acesso em: 19 nov. 2017.
edad20 Ibidem.
lucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló21
taC edDIRETÓRIO
adisrevinU ACADÊMICO
aicífitnoP alepDE
otiPSICOLOGIA
eriD me adauDA
darFUMEC
G .siareG saniMFUMEC.
– D.A. ed lareNota
deF ede
dadrepúdio.
isrevinU14
adset.
otie2017.
riD ed Disponí-
.8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG
vel em: <https://www.facebook.com/dapsicologiafumec/posts/1549570888399067>. saniM em:
Acesso ed 19 nov.
2017. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE12
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
planejamentos de gestão, FACEBOOK, LIBERDADE
e os convites estavam DE EXPRESSÃO
sendo feitos de acordo com a agenda de E
cada um dos POLÍTICA:
prováveis postulantes a cargos eletivos TECNOLÓGICA
FERRAMENTA no ano de 2018, em âmbito federal
NEUTRA
e estadual, sendo que a ordem das apresentações seguia as datas disponíveis de cada
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
convidado22.

Apesar da controvérsia, não existem critérios objetivos que permitam a classificação


do convite feito ao deputado como apoio político. É possível argumentar que a exposição do
candidato lhe é benéfica e que o espaço concedido por uma instituição de ensino superior
pode lhe conferir mais confiabilidade e prestígio, resultando em aumento de votosTorres
Aléxia Duarte nas 1
urnas. Porém, ainda que se considere o convite como apoio político, é necessário indagar
se a instituição não poderia manifestar preferência política em função de seus interesses
institucionais.
RESUMO
Por fim, convém ressaltar que, sendo apoio político ou não, uma vez feito o convite, a
instituiçãoAestará
missãosujeita
explícita
às do Facebook,
críticas rede social
das vozes que teminternas
dissonantes conquistado o coração
e externas. Issoesignifica
consumido
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos
que ela não poderá silenciar por meios diretos ou indiretos alunos, órgãos de representação ao redor do
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado.
estudantil, professores, pessoal técnico-administrativo, etc. que discordem da participação Sua atuação
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
do candidato e terá ainda de arcar com eventuais efeitos funestos em relação à procura por
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
suas vagas de cursos e de trabalho.
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
3. LIBERDADE DE EXPRESSÃO NA IES
propõe a responder.
A liberdade acadêmica pode ser conceituada como uma expressão não jurídica para
se referir às liberdades dos professores contra interferências administrativas ou políticas na
1.
pesquisa, INTRODUÇÃO
no ensino e na administração23. Nos Estados Unidos, até 1915, professores que
ofendessem administradores poderosos, curadores ou políticos poderiam ser demitidos
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
sem aviso-prévio ou direito ao contraditório e, ainda que o professor tivesse importância
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
científica e anos de pesquisa, não havia a quem recorrer para fazer valer os seus direitos
o software colocava24fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
de liberdade acadêmica . A mudança veio quando a American Association of University
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
Professors
sexualmente(AAUP) estabeleceu o fundamento para a liberdade acadêmica de professores
atraentes.
por meio da Declaration of Principles on Academic Freedom and Academic Tenure25.
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
22 FUMEC. Nota relevante da Universidade FUMEC para a sociedade brasileira. Belo Horizonte, 14 set. 2017. Dis-
a ponível
trocarem:as <http://www.fumec.br/comunicacao-e-eventos/noticias/nota-relevante-da-universidade-fumec-
suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
opiniões políticas, algo similar
-para-sociedade-brasileira/>. às 19
Acesso em: mudanças
nov. 2017. de foto do perfil por parte de indivíduos
23 inconformados
BYRNE, J. Peter. Academic Freedom: a “special
com o resultado concern
do pleito nas ofeleições
the First Amendment”. Yaledos
presidenciais Law Estados
Journal, v. 99, n.
Unidos,
2, p. 251-340, 1989. Disponível em: <http://scholarship.law.georgetown.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=2
594&context=facpub>. Acesso em: 19 nov. 2017, p. 255.
24 LEE, Philip. Academic freedom at American universities: constitutional rights, professional norms, and con-
1 tractual duties.em
Mestranda London:
DireitoLexington, 2015, p.Federal
pela Universidade xi. de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Direito daOF
25 ASSOCIATION Universidade
UNIVERSITYFederal de Minas –Gerais.
PROFESSORS AAUP. Graduada emofDireito
Declaration pela Pontifícia
Principles on AcademicUniversidade
Freedom Católica
and
de MinasTenure.
Academic Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
1915. Disponível em: <https://www.aaup.org/NR/rdonlyres/A6520A9D-0A9A-47B3-
Endereço eletrônico: [email protected] Acesso em: 20 nov. 2017.
B550-C006B5B224E7/0/1915Declaration.pdf>.

13
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSentão,
Desde ERPaXAAUPE EDinvestiga
EDAD REBIL ,KO
representações de O BECAdaF liberdade acadêmica nas
violação
26
ARuniversidades
TUEN ACe Iauxilia
GÓLnaOdelimitação
NCET Ados TNcontornos
EMARR deEtal
F liberdade
:ACITÍL. OP
?LAIRO NoTBrasil,
IDEaLreferida
AUTR liberdade
IV AM está
RO constitucionalmente
FATALP UO garantida no art. 206, incisos
II (liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber) e III
(pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas
e privadas de ensino). Tais garantias significam que, uma vez cumpridas as normas gerais
da educação para credenciamento da instituição, há liberdade para criação de cursos
1 e respectivos projetos pedagógicos, que serão periodicamente avaliados nos termos
serroT etrauD aixélA
da legislação vigente. Nesse sentido, a liberdade de ensinar garantida pela Constituição
Federal de 1988 significa tanto a liberdade institucional quanto a liberdade docente, mas
ambas são limitadas tanto pelos outros princípios quanto pelas garantias constitucionais
e também pela estrutura do sistema educacional brasileiro27. A liberdade OMUSERacadêmica
constitucionalmente garantida é mais ampla do que a liberdade de cátedra e consiste em
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
28
od liberdade
roder oa scompartilhada,
oudívidni e sorieelinão
sarbem
ed liberdade
seõhlim epuramente iam zev ad.ac opmet mu
d adiv ad roindividual
oãçauta auOs S .oprofessores
dajagne etnemsão livic eincumbidos
odatcenoc ,oda t rebtarefa
a siam oinstitucional
dnum o retnam deé ,transmissão
odnum do
e odconhecimento
úetnoc ed oãçcientífico
irtser ed seacresponsáveis
itílop saus e epelo
uqatsque
ed oensinam
dahnag mou et odeixam
citílop ode iráensinar,
nec on mas os
odnposicionamentos
azitarcomed koobecpolíticos
aF o airatspodem
E .saciminfluenciar
êlop rareg a omaconteúdo
unitnoc omdas
tirogaulas,
la ed oãjáçaque zilanoosrser
ep humano
socnão
itílopse
sosepara
dit rap e de
sotasua
didnpré-compreensão.
ac ,setnerefid sacitíloNesse
p seõscontexto,
iV ?a-odnaézilpossível
artnec uoque oãçaalunos
mrofni discordem
a
o mdoeuposicionamento
ssop koobecaF odo d sprofessor
oiránoicnuou f emesmo
serodadquenuf professores
sod saiedi sdiscordem
a moc megentre revid si.euEntretanto,
q
es overificar
git ra esscom
e euqprecisão
seõtseuqa safetação
a oãs saspolítica
sE ?amrdoofaconteúdo
talp an edaministrado
dilibisiv e oem çapssala e omésimpraticável,
em
pois não é viável estabelecer limites claros entre a intenção do professor derpdirecionar
.r e d n o p s e r a e õ p o
politicamente os alunos e a ausência de percepção sobre tal direcionamento. Em outras
palavras, o professor pode direcionar sem que tenha a intenção de fazê-lo; nesse caso, a
OÃÇUDORTNI .1
divergência do aluno poderia causar-lhe até mesmo estranheza.
oicíni uesNoonque ogotange
l ,ocitaíloposicionamentos
p otnemu rtsni mpolíticos,
u omoc oodaproblema
irc odis rganha
et oãnmaiores
ed rasepproporções,
A
,”hscomo
amecase F“ observou
o omoc eem tnemum lancaso
igiro oocorrido
dairC .laina
cneUniversidade
top ues od sFederal
atsip avaded áMinas
j koobGerais
ecaF oem
oirá2016.
usu oaNaaiocasião,
timrep e uma odal representação
a odal drav raHanônima
ed setnagerou
dutse asoabertura
d sotof de
avainquérito
coloc eracontra
wt fos ouma
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
professora efetiva de cidadania italiana. A representação afirmava que a professora “[…]
.setnearta etnemlauxes
estaria envolvida com a militância de partidos políticos e outras atividades partidárias, bem
-pacomo
c e edcom
adisreentidades
vinu ad açsindicais,
naruges etendo,
d ederinclusive,
a marasseconcorrido
ca serodairaceleições
sues euqsindicais,
siopeD atitudes
maque
raçem oc soiráousestabelecido
violariam u soirpórp sono,sartigo
etnadu107
tse sdo
od Estatuto
oãçacfiitndo i ed snegam29
edEstrangeiro” i .saInstaurado
mararut o
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
sou26
dívidLEE,
ni eop.
d ecit.,
t rap.p xi.rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sod27
inU RODRIGUES,
sodatsE soHorácio
d siaicWanderlei;
nediserpMAROCCO,
seõçiele Andréa
san ode
tieAlmeida
lp od oLeite.
datluLiberdade
ser o modeccátedra
sodame raoConstituição
fnocni
Federal de 1988: alcance e limites da autonomia docente. In: CAÚLA, Bleine Queiroz et al. Diálogo ambiental,
constitucional e internacional. Fortaleza: Premius, 2014, v. 2. Disponível em: <http://abmes.org.br/public/
arquivos/documentos/hwr_artigo2014-liberdadecatedra_unifor.pdf>. Acesso em: 19 nov. 2017, p. 6.
edad28
lucaFIbidem,
ad oãçap.ud18.
arG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló29
taC edMINISTÉRIO
adisrevinU aPÚBLICO
icífitnoP alFEDERAL
ep otieriD –mMPF.
e adauPetição
darG .sinicial
iareG sde
aniHabeas
M ed lareCorpus
deF edaemdisrface
evinUdoadinquérito
otieriD edpolicial nº
310/2016-4 SR/DPF/MG. .8116
35mai.
05652016.
66184Disponível
752/rb.qpnem:
c.se<http://www.mpf.mp.br/mg/sala-de-imprensa/docs/
ttal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
habeas-corpus_professora-estrangeira-ufmg.pdf>. Acesso moc.em:
liamg19
@nov.
otud2017,
aixela :p.
oc4.
inôrtele oçerednE

,ARIE14
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
inquérito pela Polícia Federal, LIBERDADE
o Ministério Público Federal impetrouDE EXPRESSÃO
Habeas Corpus por falta E
30
de justa causaPOLÍTICA:
requerendo o trancamento
FERRAMENTA . O inquérito liminar31
foi suspenso por medidaNEUTRA
TECNOLÓGICA
e posteriormente arquivado. Assim entendeu o magistrado federal:
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
(…) o pluralismo político assegura ao indivíduo a liberdade para se
autodeterminar e levar a sua vida como bem lhe aprouver, imune à intromissão
de terceiros, sejam elas provenientes do Estado ou mesmo de particulares.
Assim, embora a Constituição brasileira utilize a expressão pluralismo,
agregando-lhe o adjetivo político, o que, à primeira vista, poderia sugerir tratar-
se de um fundamento que se refere apenas a questões políticas
Aléxia ou ideológicas,
Duarte Torres1
certo é que sua abrangência é muito maior, significando pluralismo na polis, ou
seja, um direito fundamental à diferença em todos os âmbitos e expressões da
convivência humana32.
RESUMO
No caso em tela, não se sabe se a representação foi impulsionada por discussões
de conteúdo político
A missão em sala
explícita de aula, rede
do Facebook, mas social
o panoquedetem
fundo parece oser
conquistado a diferença
coração de
e consumido
um tempo
posicionamentos cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
políticos.
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
O professor como autoridade responsável pela sala tem poder de influência sobre
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
alunos e, nesse contexto, surgem propostas que buscam coibir tentativas de doutrinação
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
política. Um deles é o movimento “Escola Sem Partido” que, embora voltado para ensino
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
fundamental e médio, se implantado, certamente afetará o ensino superior no futuro. O
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
anteprojeto de leiespaço
mesmo elaborado pelo movimento
e visibilidade busca Essas
na plataforma? “[…] sãoinibirasaquestões
prática da
quedoutrinação
esse artigo se
política e propõe
ideológica em sala
a responder. de aula e a usurpação do direito dos pais dos alunos sobre a
educação moral dos seus filhos”33.

O Projeto de Lei 867/2015 – projeto em tramitação que implantará o programa –


1. INTRODUÇÃO
em seu art. 3º veda, em sala de aula, a prática de doutrinação política e ideológica, bem
como a veiculação
Apesar dedenãoconteúdos
ter sido ou realização
criado comodeumatividades que possam
instrumento político, conflitar
logo no comseu as
início
34
convicções religiosas ou morais dos pais ou responsáveis pelos estudantes .
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”, Já o art. 4º
apresenta diretrizes
o software para fotos
colocava a conduta do professor:
dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
sexualmente atraentes.

30 Idem, Depois
2016. que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
31 turaram as imagens
MINAS GERAIS. Tribunal de identificação
Regional dos
Federal da 1ª estudantes,
Região. os próprios
Habeas corpus usuários começaram
nº 27270-21.2016.4.01.3800/MG
(deferimento de liminar). 17 mai. 2016. Disponível em: <http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-mace-
a do/wp-content/uploads/sites/41/2016/05/hcprofessoraufmg.pdf>.
trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos Acesso em:ou19que expressavam suas
nov. 2017.
32 opiniões
MINISTÉRIOpolíticas, algo similar
PÚBLICO FEDERAL – MPF. às mudanças
MPF/MG: de foto
Justiça Federal do perfil
determina por parte
arquivamento de indivíduos
de inquérito contra
professora da UFMG.
inconformados com3 ojun.resultado
2016. Disponível em:nas
do pleito <http://www.mpf.mp.br/mg/sala-de-imprensa/noticias-
eleições presidenciais dos Estados Unidos,
-mg/mpf-mg-justica-federal-determina-arquivamento-de-inquerito-contra-professora-da-ufmg>. Acesso
em: 19 nov. 2017.
33 ESCOLA SEM PARTIDO. O que é o Programa Escola sem Partido?. 2017. Disponível em: <https://www.
1 programaescolasempartido.org/faq>.
Mestranda em Direito pela Universidade Acesso em: de
Federal 19 Minas
nov. 2017.
Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Direito
34 CÂMARA DOSdaDEPUTADOS.
Universidade Projeto
Federal de
de Lei
Minas Gerais.
nº 867, de Graduada ementre
2015. Inclui, Direito
aspela Pontifícia
diretrizes Universidade
e bases Católica
da educação
de Minas
nacional, Gerais. Currículo
o “Programa lattes:Partido”.
Escola sem http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Disponível em: <http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fic
Endereço eletrônico: [email protected]
hadetramitacao?idProposicao=1050668>. Acesso em: 19 nov. 2017.

15
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSSERPXArt.
EE 4º.DNoEexercício
DADRdeEsuas BILfunções,
,KOO BECAF
o professor:

ARTUEN ACII–Gnão
ÓseLO NCETdaAaudiência
aproveitará TNEMcativaARRdos EFalunos,
:ACIcomTÍLoO P de cooptá-
objetivo
los para esta ou aquela corrente política, ideológica ou partidária;
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
II – não favorecerá nem prejudicará os alunos em razão de suas convicções
políticas, ideológicas, morais ou religiosas, ou da falta delas;
III – não fará propaganda político-partidária em sala de aula nem incitará seus
alunos a participar de manifestações, atos públicos e passeatas;
IV – ao tratar de questões políticas, sócio-culturais e econômicas, apresentará
1
serroT etrauD aaos
ixélA
alunos, de forma justa, as principais versões, teorias, opiniões e
perspectivas concorrentes a respeito;
V – respeitará o direito dos pais a que seus filhos recebam a educação moral
que esteja de acordo com suas próprias convicções;
OMUSER
VI – não permitirá que os direitos assegurados nos itens anteriores sejam
odimusnoc e oãçaroviolados
c o odatspela
iuqnação
oc mede t eterceiros,
uq laicos edentro
der ,koda
obsala
ecaFdeodaulaatic35
ílp. xe oãssim A
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
oãçauta auDetermina
S .odajagnoe eart.
tnem7ºlivi(caput
c e odateceparágrafo
noc ,ot rebaúnico)
siam ododnumesmo
m o retnaprojeto
m é ,odde
numlei que as
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec recebimento
secretarias de educação contarão com um canal de comunicação destinado ao on
odnde
azitarreclamações
comed koobecarelacionadas
F o airatsE .sacim aoêlopdescumprimento
rareg a maunitnoc odas
mtirogdisposições
la ed oãçazilanoapresentadas,
srep
socassegurado
itílop sodit rap oe sanonimato.
otadidnac ,seTais
tnerefireclamações
d sacitílop seõsdeverão
iV ?a-odnser
azilarencaminhadas
tnec uo oãçamroao fni aórgão do
o mMinistério
eussop koPúblico
obecaF oincumbido
d soiránoicda nufdefesa
e serodos
dadninteresses
uf sod saieda
di scriança
a moc m e edogreadolescente,
vid euq sob
36
es opena
git ra de
essresponsabilidade
e euq seõtseuq sa .oãs sassE ?amrofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
.rednopser a eõporp
Na justificativa do projeto de lei, o deputado federal Izalci (PSDB/DF) afirma que:
[…] a doutrinação política e ideológica em sala de aula compromete
gravemente a liberdade política do estudante, na medidaOÃem
ÇUque
DORvisa
TNIa induzi-lo
.1
a fazer determinadas escolhas políticas e ideológicas, que beneficiam, direta ou
oicíni ues on ogolindiretamente
,ocitílop otneas
mupolíticas,
rtsni muosommovimentos,
oc odairc oasdisorganizações,
ret oãn ed raossegovernos,
pA os
partidos e os candidatos que desfrutam da simpatia do professor37.
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráusu oOa adesafio
itimrep ae ser
odalenfrentado
a odal drapor
v raHqualquer
ed setnainiciativa
dutse sodquesottente
of avacoibir
coloc um eraw t fos o de
“abuso
saoautoridade”
ssep rangisedod aprofessor
rap adasue sde
êlgoutros
ni me afuncionários
rvalap amu ,das
oãn universidades
uo ”toh“ are moueuque q ractente
fiissaevitar
lc
. s e t n e a r t a
perseguições políticas, inclusive de alunos contra professores, é estabelecer os limitese t n e m l a u x e s
-paentre
c e edaasimples
disrevinumanifestação
ad açnarugedes eopinião
d eder ae ma aintenção
rasseca de serdoutrinação.
odairc sues euq siopeD
maraçemUma oc sointerpretação
iráusu soirpómais
rp sorestritiva
,setnadudatseliberdade
sod oãçacadêmica
acfiitnedi edsugere
snegaque
mi selaam ararut
abrangeria
sauapenas
s mavasos serpdireitos
xe euq unecessários
o sotsetorp eàs
d sfunções
otxet mocdasneeducação
gami rop ssuperior;
otof sausnesse
sa racosentido,
rt a
soumanifestações
dívidni ed et rapolíticas
p rop lfide
repestudantes
od otof eed professores
saçnadum sestão à ralifora
mis do
ogâmbito
la ,sacide
tílotal
p liberdade
seõinipo 38.
,sodEssa
inU sacepção
odatsE sprotegeria
od siaicnedoutros
iserp scidadãos
eõçiele sacontra
n otielap arrogância
od odatluseprofissional
r o moc sodeam rofnocni o
preservaria

35 Ibidem.
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló36 Ibidem.
taC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
37 Ibidem. .8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
38 BYRNE, op. cit., p. 264. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE16
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
39
FACEBOOK,
valor da busca pela verdade LIBERDADE
da educação superior . O problema,DE EXPRESSÃO
entretanto, é conseguir E
separar na prática quais discursos
POLÍTICA: são exclusivamente
FERRAMENTA acadêmicos e não afetados
TECNOLÓGICA NEUTRApor
opiniões políticas.
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?

4. RESPONSABILIDADE PELA OPINIÃO

A liberdade de ensinar não se confunde com a liberdade de opinião, pois esta se


aproxima da liberdade de consciência, sendo amplamente garantida pela Constituição 1
Aléxia Duarte Torres
Federal de 1988, mas é preciso considerar que a universidade é um espaço científico, e
não do senso comum. A academia é um local privilegiado da ciência da filosofia, no qual os
processos de conhecimento estão sujeitos a críticas e refutações porque são estruturados
RESUMO
em argumentos lógicos e fatos empiricamente verificáveis quando possível40.

NasA missão explícita do


universidades Facebook,
utiliza-se o rede social que
academic tem conquistado
speech (“discursoo acadêmico”,
coração e consumido
em
tradução livre), que engloba tanto as falas de professores quanto as de alunos . O auditório do
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos
41 ao redor
mundo,oéentende
desse discurso manter oe mundo mais aberto,
avalia dentro de umaconectado
tradição edecivilmente engajado.
conhecimento, Sua atuação
suposições
no cenário
compartilhadas político tem
e argumentos ganhado
sobre destaqueeecritérios,
metodologias suas políticas de objetivos
além de restrição comuns
de conteúdo
de e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook
exploração ou descoberta. Esse público tem estudo e capacidade crítica, proporcionando, democratizando
a informaçãoconforto
concomitantemente, ou centralizando-a?
e desafios Visões políticas
para quem se diferentes,
manifesta candidatos
no ambiente e partidos políticos
acadêmico.
Aquele que se manifesta academicamente sabe que seu auditório o escutará com cuidado, o
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
tecerá considerações com conhecimento e o desafiará com inteligência; nesse contexto, a
propõe a responder.
persuasão será alcançada por meio da razão e da evidência42.

As opiniões políticas são notadamente marcadas por opções pessoais e às vezes


1.
passionais,INTRODUÇÃO
logo, são diferentes do academic speech e estão sujeitas à não aceitação,
inclusive imotivada, por parte de terceiros. Nesse contexto, é preciso saber lidar com
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
a divergência de opiniões na academia, sem que isso seja causa de perseguição de
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
professores e alunos. O professor que expõe sua opinião política em sala de aula não pode
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
exigir adesão de seus alunos, assim como um aluno não pode exigir que o professor siga
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
suasexualmente
preferência política.
atraentes.E, ainda, professores de uma mesma instituição precisam saber
lidar com os diferentes posicionamentos políticos de colegas. Já a instituição como um todo
poderia, emDepois
tese,que seus
expor suacriadores acessaram
opinião política, masadificilmente
rede de segurança
haveria adanecessária
universidade e cap-
coesão
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários
interna entre seus membros sobre o assunto. Em todos os casos, trata-se de opinião, e começaram
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
não de conhecimento científico propriamente dito. Assim sendo, não há impedimento para
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
que todos se posicionem politicamente, mas é preciso cautela para que a opinião não seja
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
confundida com o conhecimento científico.

39 Ibidem, p. 265.
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
40 RODRIGUES; MAROCCO,
de Direito da op. Federal
Universidade cit., p. 18.
de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
41 BYRNE, op. cit.,
de Minas p. 258.
Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço eletrônico: [email protected]
42 Ibidem.

17
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSLado
SERoutro,
PXEexigir
ED imparcialidade
EDADREBdeILprofessores
,KOOBeEalunosCAF é impossível, posto que
ARcada
TUumENcarrega
ACIG emÓsiLpré-compreensões
ONCET ATNeEpaixões MARRdas EFquais
:ACnão
ITéÍLpossível
OP se separar.
Mas, uma vez reconhecida essa caraterística inerente ao ser humano – a ausência de
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
imparcialidade –, a aceitação do direito à divergência de opiniões mostra-se essencial.
Considerando a pluralidade de ideias constitucionalmente garantida, a divergência torna-
se inclusive elemento democrático do ensino. Se não há imparcialidade, é certo que as
diferentes opiniões em alguma medida interferem na pluralidade do próprio ensino, o que
é salutar para a democracia.
1
serroT etrauD aixélA
É necessário considerar, ainda, as diferenças de tratamento do direito à opinião em
instituições públicas e privadas. Mesmo que os funcionários públicos inicialmente tenham
garantida sua liberdade de expressão pela lei, na prática existem restrições. Até mesmo
nos Estados Unidos – país no qual o direito à liberdade de expressão seOM USER forte – a
mostra
odimjurisprudência
usnoc e oãçaroda c oSuprema
odatsiuqnCorte
oc metdemonstra
euq laicos eadeconstrução
r ,koobecaF ode d adiscrição
ticílpxe oãsdisciplinar
sim A para
od funcionários
roder oa soudpúblicos.
ívidni e soEmbora
rielisarb os ed sempregadores
eõhlim ed adiv públicos
ad roiam não
zev possam
adac opmexigiret muque seus
oãçfuncionários
auta auS .odasimplesmente
jagne etnemlivirenunciem
c e odatcenoacsua ,ot reliberdade
ba siam odednuexpressão
m o retnamprevista
é ,odnuna m Primeira
e oEmenda,
dúetnoc eeles d oãpodem
çirtser eregular
d sacittal
ílopliberdade
saus e esustentando
uqatsed odahque nagela
menão
t ocse
itíloaplica
p oiráanemanifestações
c on
odnrelacionadas
azitarcomed koao obetrabalho
caF o airade
tsE natureza
.sacimêloppública.
rareg a mEntretanto,
aunitnoc omatirliberdade
ogla ed oãçde azilaexpressão
nosrep sobre
socoitílotrabalho
p sodit raexercido
p e sotadiddeve
nac ,sprevalecer
etnerefid sacaso
citílop oseassunto
õsiV ?a-oseja
dnazilde
artninteresse
ec uo oãçapúblico,
mrofni a porém o
o mempregador
eussop koobpúblicoecaF odpodesoirárestringir
noicnuf e osedireito
rodadnde uf manifestação
sod saiedi sa se moela
c mperturbar
egrevid euoq ambiente
es odegittrabalho
ra esse eu. q seõtseuq sa oãs sassE ?amrofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
43

.rednopser a eõporp
No Brasil há indícios de que talvez tenha havido tentativa de silenciar funcionários
públicos durante um importante momento político: o impeachment presidencial de 2016.
Em ofício circular encaminhado aos reitores e diretores de IESOfederais ÃÇUDORbrasileiras,
TNI .1 a
Defensoria Pública da União recomendou que tais instituições assegurassem a livre
oicíiniciativa
ni ues ondeoseu
gol corpo
,ocitílodocente,
p otnemudiscente
rtsni mue servidores
omoc odaina rc opromoção
dis ret oãde n eatividades
d rasepA pacíficas
,”hsrelacionadas
amecaF“ o oao modebate
c etnemem lanitorno
giro odo dairprocesso
C .laicnetode p uimpeachment
es od satsip aque vadse áj encontrava
koobecaF oem
oiráandamento
usu oa aitime participação nelas ou de qualquer outro assunto que fosse deerinteresse
r e p e o d a l a o d a l d r a v r a H e d s e t n a d u t s e s o d s o t o f a v a c o l o c awt fos o da
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
comunidade universitária e da sociedade em geral, sem qualquer cerceamento no exercício
.setnearta etnemlauxes
do direito à liberdade de expressão, independentemente da posição político-ideológica44.
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
Vedar o direito à liberdade de expressão política dos funcionários públicos não é
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
compatível com a democracia, pois obriga um cidadão ao silêncio conivente com o plano
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
de governo em andamento – e, ao se tornar funcionário público, o indivíduo não deixa de
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
43 MASSARO, Toni M. Significant silences: freedom of speech in the public sector workplace. Southern Cali-
fornia Law Review, v. 61, n. 1, 1987. Disponível em: <https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_
id=2584123>. Acesso em: 19 nov. 2017. p. 4.
edad44
lucaFDEFENSORIA
ad oãçaudarGPÚBLICA
-sóP ed aDAmarUNIÃO.
gorP – Ofício
siareGCircular
saniM enºd la1re–dDPU
eF ed2CATDF/GDPC
adisrevinU alep2CATDF/OFDHTC
otieriD me adnarts2CATDF.
eM 1Bra-
acilótaC edsília,
adis6remai.
vinU 2016.
aicífitnDisponível
oP alep otieem:
riD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
.8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed Acesso
<http://www.dpu.def.br/images/stories/foto_noticias/2016/Of%C3%ADcio_Circular_Universidades.pdf>.
em: 19 nov. 2017. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE18
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
ser cidadão. Aliás, independentemente LIBERDADE
da natureza DE
da instituição, nãoEXPRESSÃO
se pode exigir o E
silêncio político do professor. Nesse
POLÍTICA: sentido, a declaração
FERRAMENTA da AAUP mencionaNEUTRA
TECNOLÓGICA o direito
dos professores de expressarem suas opiniões livremente fora da universidade ou de se
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
engajarem em atividades políticas na condição de cidadãos45, afirmando não ser possível
nem desejável privar um professor universitário dos direitos políticos concedidos a todos
os cidadãos46.

Lado outro, no caso de professores universitários, é preciso lembrar que a fala é seu
meio de trabalho e nela podem estar embutidos interesses, ainda que não Duarte
Aléxia haja intenção
Torres1
clara de doutrinação política. Nesse contexto, a vedação à liberdade de expressão torna-
se insustentável, pois o falante sequer percebe que está promovendo o direcionamento
político de seus alunos. Exigir autopoliciamento do professor em relação às suas opiniões
RESUMO
é plausível, mas a imparcialidade é humanamente inalcançável.

Se Anão
missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
é possível exigir imparcialidade dos membros de uma universidade e se na
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
prática também não é possível separar com precisão academic speech de opinião política,
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
uma solução pode ser o apontamento amplo de situações que potencialmente significariam
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
desrespeito à liberdade de expressão política na e da academia. A não ocorrência de tais
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
situações não significaria a existência da liberdade de expressão, mas a constatação de
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
uma ou mais situações dessa natureza seria forte indício de desrespeito a tal liberdade.
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
Umamesmo espaço e visibilidade
administração autoritária énaprejudicial
plataforma? Essas sãode
à liberdade asexpressão
questões que esse artigo
acadêmica, e se
propõetorna-se
esse problema mais grave em instituições privadas ou pequenas47, pois elas são
a responder.
mais fáceis de controlar em variados aspectos. Ao contrário, as IES de quaisquer naturezas
e tamanhos devem ter uma gestão plural e inclusiva, que proporcione a todos os membros
1. INTRODUÇÃO
oportunidades de participação nas decisões, independentemente de seu posicionamento
político. Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
o Facebook
Restriçõesjáadministrativas
dava pistas donoseu
usopotencial. Criadodeoriginalmente
de tecnologias comunicaçãocomotambémo “Facemash”,
são ruins
o software colocava fotos dos estudantes48 de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
para a liberdade de expressão acadêmica . A imposição da utilização exclusiva de e-mails
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
institucionais pode significar intimidação para manifestações políticas dos membros
sexualmente atraentes.
da universidade, forçando o uso de outros canais de comunicação restritos, o que não
Depois
contribui para que seus criadores
a pluralidade de ideias acessaram
que deveria aser
rede de segurança
característica da universidade e cap-
da universidade.
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
Supervisões injustificadas de pesquisas podem também ameaçar a liberdade de
a trocar as suas fotos por49 imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
expressão das universidades . Processos burocráticos, exigências e objeções absurdas,
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
45 ASSOCIATION OF UNIVERSITY PROFESSORS – AAUP, op. cit., p. 292.
46 Ibidem, p. 299.
47 1 NELSON, Cary.em
Mestranda NoDireito
university
pelaisUniversidade
an island: saving academic
Federal de Minasfreedom.
Gerais –New York: New
Programa York University,da
de Pós-Graduação 2010, p.
Faculdade
55.de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
48 Ibidem.
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço
49 Ibidem, p. 56.eletrônico: [email protected]

19
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSERdePX
imposição E ED EouDmesmo
obstáculos ADREvetos BIL injustificados
,KOOBEC aA F
projetos de pesquisa podem
ARdificultar
TUENdescobertas
ACIGÓque LOsejam
NCEcontrárias
T ATNEaos Minteresses
ARREFda:Ainstituição
CITÍLOouPservir de meio
para prejudicar professores e alunos, resultando em perseguição acadêmica.
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
A adoção da ideologia gerencial também pode significar restrição à liberdade de
expressão nas universidades50, pois é possível que as contratações de professores
levem em consideração o posicionamento político. Um professor ligado ao governo em
andamento pode ser mais interessante para a instituição, mas a contratação exclusiva de
1 professores ligados a determinado partido político pode instaurar uma ideologia dominante
serroT etrauD aixélA
na instituição. Nesse contexto, haveria violação da pluralidade constitucionalmente
exigida.

Outra caraterística incompatível com a liberdade de expressão na academia são os


OMUSER
procedimentos de reclamação inadequados ou inexistentes51. A universidade deve ter um
odim usnode
canal c efácil
oãçaacesso
roc o odeaconfiável
tsiuqnoc m et euque
para q laprofessores
icos eder ,koeobalunos
ecaF odregistrem
aticílpxe osuas
ãssim A
reclamações
od sobre
roder oeventuais
a soudívidperseguições
ni e sorielisarde
b ecunho
d seõhpolítico.
lim ed aMuitas
div ad rvezes
oiam zaeúnica
v adacreclamação
opmet mu cabível é
oãçpara
auta aaupessoa
S .odajaresponsável
gne etnemlivpela
ic e operseguição
datcenoc ,o52 t ree,
banesse
siam ocaso,
dnumaoreclamação
retnam é ,odpode
num inclusive
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
agravar a situação de perseguição política.
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
53
socitílop soAdintolerância
it rap e sotadipolítica
dnac ,seétnum
erefifenômeno
d sacitílop sglobal
eõsiV ?que
a-odameaça
nazilartnaecliberdade
uo oãçamderofexpressão
ni a ,
o mmas
eusséopnecessário
koobecaF lembrar
od soiráque,
noicnaufpriori,
e seroadacademia
adnuf sod ésaum iedilocal
sa mpara
oc mdebate
egrevidracional
euq e não
es opassional.
git ra esseOpiniões
euq seõtsprovavelmente
euq sa oãs sasserão
sE ?amemitidas
rofatalp–apor
n edisso
adiliébinecessária
siv e oçapsae responsabilidade
omsem
nas manifestações políticas –, mas o academic speech deve prevalecer. .rednopser a eõporp

As ameaças legais também se relacionam com a liberdade de expressão


acadêmica54. As interferências do Poder Judiciário, assim como OaÃsupervisão ÇUDORTNI do Poder .1
Executivo sobre as atividades da instituição, nas universidades podem significar o reforço
oicíou
ni uoeenfraquecimento
s on ogol ,ocitíloda
p oliberdade
tnemu rtsnde
i mexpressão
u omoc oacadêmica.
dairc odis reAt reavaliação
oãn ed raseperiódica pA da
,”hsinstituição
amecaF“ opelo omMinistério
oc etnemladanigEducação
iro odairCnão
.laicpode
netopser
uesinfluenciada
od satsip apor vadquestões
áj koobepolíticas,
caF o
oirácaso
usu ocontrário
a aitimrepsomente
e odal ainstituições
odal drav rapróximas
H ed setnaoadugoverno
tse sod emsotoandamento
f avacoloc eseraw t fos o
manteriam
saoabertas,
ssep ranginstaurando
ised arap aduma
asu sdoutrinação
êlgni me arvpolítica
alap amem u ,omassa.
ãn uo ”tNão
oh“ ase re m e u q r a
nega o direito c fi issalcdas
. s e t n
instituições de articulação com o governo para que, por exemplo, a educação recebae a r t a e t n e m l a uxemais
s
-paverbas.
c e edadPorém,
isrevinumanter
ad açnem arugfuncionamento
es ed eder a mapenas
arassecas
a sIES
erodque
airc compartilham
sues euq siopdaeD ideologia
mapolítica
raçemocdominante
soiráusu ésoincompatível
irpórp so ,scom
etnadautdemocracia.
se sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
Ainda na tentativa de se garantir a liberdade de expressão política nas universidades,
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
a AAUP publicou uma declaração específica sobre a garantia da liberdade acadêmica
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni

50 Ibidem.
51 Ibidem, p. 58.
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló52 Ibidem.
taC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
53 Ibidem, p. 59. .8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
54 Ibidem. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE20
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
nos casos de controvérsia política55, que apresenta
FACEBOOK, LIBERDADE DE
uma série de EXPRESSÃO
princípios-guia para a E
questão. Segundo os princípiosFERRAMENTA
POLÍTICA: da declaração, avaliações de acusações de doutrinação
TECNOLÓGICA NEUTRA
na sala de aula somente podem ocorrer se restar comprovado o uso de táticas desonestas
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
para enganar os estudantes – e não a simples exposição das visões políticas, advocacia
ou afiliações do professor56. Contanto que as opiniões emitidas em sala não sejam
apresentadas como verdade dogmática, o estilo da apresentação da opinião fica a critério
do professor, bem como a escolha dos assuntos e argumentos específicos é uma questão
de julgamento pessoal, baseada nos padrões e nas particularidades das disciplinas e
consistente com a liberdade acadêmica57. Aléxia Duarte Torres1

Para evitar intromissões nos processos de rotina de pessoal da universidade,


a declaração sustenta que as queixas de agências externas ou de indivíduos relativas
RESUMO
às opiniões emitidas em sala de aula não devem ser consideradas nos processos de
credenciamento
A missãoe explícita
recredenciamento
do Facebook,derede
professores. Já conquistado
social que tem as queixas oapresentadas por
coração e consumido
grupos políticos
um tempode estudantes devem
cada vez maior daser consideradas
vida de milhões apenas como queixas
de brasileiros e somente
e indivíduos se do
ao redor
baseadasmundo,
em evidências
é manterdeo mundo
estudantes
maisque realmente
aberto, estavam
conectado matriculados
e civilmente na disciplina
engajado. Sua atuação
58
e presentes
no no dia dapolítico
cenário condutatemque foi objeto
ganhado da queixa
destaque e suas. políticas de restrição de conteúdo e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
A declaração sugere ainda medidas para assegurar a revisão desapaixonada em
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
circunstâncias passionais, como é o caso dos processos relativos às controvérsias
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
políticas, e a necessidade de sopesamento da queixa em face de todo o registro acadêmico
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
do professor59. Aponta ainda como deve ser a composição dos comitês de audiência
propõe a responder.
acadêmica, a confidencialidade e a transparência de suas atividades, as obrigações do
comitê e da administração e a garantia do devido processo substantivo60.
1. INTRODUÇÃO

Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
5 CONCLUSÃO
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
As constantes mudanças legislativas sobre a liberdade de expressão das IES indicam
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
que o tema é espinhoso e merece atenção. Do ponto de vista institucional, desde que a
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
instituição não seatraentes.
sexualmente desvie de suas finalidades e se converta em “cabo eleitoral”, é necessário
considerar os interesses em jogo. Sabe-se que as IES são afetadas pelas mudanças no
poder do Depois
Estado;que seussentido,
nesse criadores acessaram
impedir a rede de segurança
sua participação pode lhesdaser universidade
prejudicial.e O
cap-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários
limite entre um simples interesse político e o desvio de finalidade, porém, dependerá das começaram
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
55 ASSOCIATION OF UNIVERSITY PROFESSORS – AAUP. Ensuring Academic Freedom in Politically Controversial
inconformados com
Academic Personnel o resultado
Decisions. 2011. do pleito nas
Disponível eleições presidenciais dos Estados Unidos,
em: <https://www.aaup.org/file/EnsuringAcademicFree-
domFINALExecSumm.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2017.
56 Ibidem, p. 34.
57 Ibidem.
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
58 Ibidem, p. 35.da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
de Direito
59 Ibidem.
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço
60 Ibidem, eletrônico: [email protected]
p. 35/36.

21
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSERPXdoEcaso.
circunstâncias EDDeED AD
toda REBa IIES
forma, L ,estará
KOO BECàsAcríticas
sujeita F em função do apoio
ARpolítico
TUEN manifestado
ACIGÓaindaLOque
NCdeETforma
ATNindireta,
EMAoRque REpode
F :Arefletir
CITÍnaLO suaPconfiabilidade
perante a sociedade.
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
No campo interno das IES fala-se em academic speech, que consiste em discurso
científico diferente de uma opinião. As opiniões são pessoais e estão sujeitas à não aceitação
imotivada. Professores, funcionários e alunos devem estar cientes de que opiniões políticas
não podem ser impostas nem podem ser causa de perseguição. Entretanto, separar opinião
1 e academic speech é humanamente impossível, então os casos deverão ser analisados
serroT etrauD aixélA
individualmente.

A experiência norte-americana sobre a liberdade de expressão fornece uma lista de


características que apontam os sinais de possível cerceamento da liberdade de expressão
OMUSER
“das” e “nas” IES, mas não se pode afirmar que a presença ou ausência de tais indicativos
odim usndeterminante
seja oc e oãçaroc opara
odatosiutema.
qnoc m et euqcontexto,
Nesse laicos edear ,responsabilização
koobecaF od aticílpxdas
e oãinstituições
ssim A e de
od sua
rodecomunidade
r oa soudívidnacadêmica
i e sorielisapelas
rb ed opiniões
seõhlim epolíticas
d adiv ademitidas
roiam zedeve
v adaser
c oconstruída
pmet mu caso a
oãçcaso,
auta arespeitando-se
uS .odajagne etnosemrequisitos
livic e odados
tcenprocedimentos
oc ,ot reba siamdemocráticos,
odnum o retnacomo
m é ,oadnampla
um defesa
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
e o contraditório.
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
o mREFERÊNCIAS
eussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
es oASSOCIATION
git ra esse euqOFseUNIVERSITY
õtseuq sa oãPROFESSORS
s sassE ?amro–faAAUP
talp a. nDeclaration
edadilibisiv of
e oPrinciples
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M ed laredeFnºed1.477-39,
adisrevinU ade lep8otde
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seM e1nos
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taC ed16,
adis19,
revin20,
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P aelep§ o1º, 52,
tieriD meparágrafo
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siareG s54 e 88
aniM ed lada
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isrevinUde
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otierde
iD edezembro
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,ARIE22
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POLÍTICA: FERRAMENTA
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de preferencia, ao systema universitario, podendo ainda ser ministrado em institutos isolados, e que
AléxiaDecreto,
a organização technica e administrativa das universidades é instituida no presente Duarte Torres1
regendo-
se os institutos isolados pelos respectivos regulamentos, observados os dispositivos do seguinte
Estatuto das Universidades Brasileiras. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto/1930-1949/d19851.htm>. Acesso em: 18 nov. 2017.
______. Lei nº 4.021, de 20 de dezembro de 1961.Fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
RESUMO
Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-4024-20-dezembro-1961-
353722-publicacaooriginal-1-pl.html>. Acesso
A missão explícita do Facebook, redeem: 18 nov.
social que2017.
tem conquistado o coração e consumido
umnºtempo
______. Lei 5.540,cada
de 28vez
de maior da vida
novembro de milhões
de 1968. de brasileiros
Fixa normas e indivíduos
de organização ao redor do
e funcionamento
do ensino mundo,
superior ée manter
sua articulação
o mundo com a escola
mais aberto,média, e dá outras
conectado providências.
e civilmente Disponível
engajado. em:
Sua atuação
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5540.htm>. Acesso em: 18 nov. 2017.
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
______. Lei nº 9.394, dede
personalização 20algoritmo
de dezembro de 1996.
continuam Estabelece
a gerar as Estaria
polêmicas. diretrizes e bases da
o Facebook educação
democratizando
nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394compilado.htm>. Acesso
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
em: 30 dez. 2017.
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
______. Lei nº 9.504, de 30 de setembro de 1997. Estabelece normas para as eleições. Disponível
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9504compilado.htm>. Acesso em: 19 nov. 2017.
propõe a responder.
BYRNE, J. Peter. Academic Freedom: a “special concern of the First Amendment”. Yale Law Journal, v.
99, n. 2, p. 251-340, 1989. Disponível em: <http://scholarship.law.georgetown.edu/cgi/viewcontent.
cgi?article=2594&context=facpub>. Acesso em: 19 nov. 2017.
1. INTRODUÇÃO
CÂMARA DOS DEPUTADOS. Projeto de Lei nº 867, de 2015. Inclui, entre as diretrizes e bases da
educação nacional, o “Programa Escola sem Partido”. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=1050668>. Acesso em: 19 nov. 2017.
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO. Ofício Circular nº 1 – DPU 2CATDF/GDPC 2CATDF/OFDHTC
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
2CATDF. Brasília, 6 mai. 2016. Disponível em: <http://www.dpu.def.br/images/stories/foto_
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em
noticias/2016/Of%C3%ADcio_Circular_Universidades.pdf>. inglêsem:
Acesso usada para
19 nov. designar pessoas
2017.
sexualmente atraentes.
DIRETÓRIO ACADÊMICO DE PSICOLOGIA DA FUMEC – D.A. FUMEC. Nota de repúdio. 14 set. 2017.
Disponível Depois
em: que<https://www.facebook.com/dapsicologiafumec/posts/1549570888399067>.
seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
Acesso em: 19 nov. 2017.
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
ESCOLA SEM PARTIDO. O que é o Programa Escola sem Partido?. 2017. Disponível em: <https://
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
www.programaescolasempartido.org/faq>. Acesso em: 19 nov. 2017.
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
FONSECA, Marcelo da. Manifestantes protestam contra e a favor de Bolsonaro na porta da Fumec.
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
Estado de Minas, Belo Horizonte, 15 set. 2017. Disponível em: <https://www.em.com.br/app/noticia/
politica/2017/09/15/interna_politica,900858/manifestantes-protestam-contra-bolsonaro-na-porta-
de-faculdade.shtml>. Acesso em: 19 nov. 2017.
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
FUMEC.deNota relevante da Universidade FUMEC para a sociedade brasileira. Belo Horizonte, 14
Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
set. 2017. Disponível em:
de Minas Gerais. <http://www.fumec.br/comunicacao-e-eventos/noticias/nota-relevante-da-
Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
universidade-fumec-para-sociedade-brasileira/>.
Endereço eletrônico: [email protected] Acesso em: 19 nov. 2017.

23
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
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and contractual duties. London: Lexington, 2015.
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Significant silences: freedom of speech in the public sector workplace. Southern
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1
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rroT etrauPÚBLICO
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inquérito contra professora da UFMG. 3 jun. 2016. Disponível em: <http://www.mpf.mp.br/mg/
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odim usnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq Acesso
laicos eem:
der 19
,koonov.
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aF od aticílpxe oãssim A
od NELSON,
roder oa Cary.
soudíNo
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ni e sorielisisaan
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oãçPress,
auta a2010.
uS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
e odOLIVEIRA,
úetnoc edIgor oãçBruno
irtser Silva
ed sade.citíOs
loplimites
saus edaeupropaganda
qatsed odaeleitoral
hnag mnegativa
et ocitíloepoodiscurso
iránec onde ódio. In:
odnPEREIRA,
azitarcomeRodolfo
d koobeViana
caF o (Org.).
airatsE Direitos
.sacimêlopolíticos,
p rareg a liberdade
maunitnocdeomexpressão
tirogla ed oeãçdiscurso
azilanosrde
ep ódio. Belo
Horizonte: IDDE, 2018 (no prelo).
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
RODRIGUES, Horácio Wanderlei; MAROCCO, Andréa de Almeida Leite. Liberdade de cátedra e a
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
Constituição Federal de 1988: alcance e limites da autonomia docente. In: CAÚLA, Bleine Queiroz et
es oal.giDiálogo
t ra esseambiental,
euq seõtseconstitucional
uq sa oãs sasesinternacional.
E ?amrofatalpFortaleza:
an edadilPremius,
ibisiv e o2014,
çapsev.o2.
msDisponível
em em:
.rednopser a eõporp
<http://abmes.org.br/public/arquivos/documentos/hwr_artigo2014-liberdadecatedra_unifor.pdf>.
Acesso em: 19 nov. 2017.

OÃÇUDORTNI .1

oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
.setnearta etnemlauxes
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni

edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
.8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE24
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
O DISCURSO HOMOTRANSFÓBICO
FACEBOOK, LIBERDADE COMO LIMITE À E
DE EXPRESSÃO
LIBERDADE DE EXPRESSÃO
POLÍTICA: NO DISCURSO
FERRAMENTA TECNOLÓGICAPOLÍTICO:
NEUTRA
UMA DISCUSSÃOOU À LUZ DOS DIREITOS
PLATAFORMA HUMANOS
VIRTUAL E
EDITORIAL?
DA FALA ENQUANTO POTÊNCIA

Aléxia
Luiz Duarte
Carlos Torres
Garcia61
1

Pensar a alteridade é, então, pensar o diferente, a relação, o conflito. Isto é


RESUMO mais difícil, evidentemente, do que pensar a diferença dos sexos apoiada
em invariantes culturais, antropológicas ou psicanalíticas ou, ainda, graças
A missão explícita
a boas dointenções
Facebook,sobre
rede social que tem conquistado
a complementaridade naturalodos
coração
sexose consumido
e a boa
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos
consciência sobre a perenidade do mal feminino. (Geneviève Fraisse) ao redor do
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
RESUMO
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
O presente trabalho
a informação analisa a possibilidade
ou centralizando-a? de limitar-se
Visões políticas a liberdade
diferentes, deeexpressão
candidatos de
partidos políticos
candidatos fundamentada
que divergem na prática
com as ideias por parte deste
dos fundadores do discurso
e funcionários homotransfóbico.
do Facebook possuem o
Tal mesmo
análise espaço
parte do pressuposto
e visibilidade de que todo
na plataforma? indivíduo
Essas são as tem direito
questões quea esse
viverartigo
sua se
sexualidade e identificar-se da forma que quiser e que o discurso que o diminua
propõe a responder.
tendo por base sua identidade e/ou orientação sexual configura discurso de ódio e
deve ser coibido. O pressuposto do trabalho é que a fala em si é capaz de violentar
1. e ser
INTRODUÇÃO
limitadora do livre exercício de direitos alheio, no que há de mais fundamental
que a própria manifestação de si e de sua sexualidade.
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
1. software
o colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
INTRODUÇÃO
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
Nos últimos
sexualmente anos, poucos temas foram tão abordados quanto o exercício da liberdade
atraentes.
de expressão e a possibilidade de esta ser ou não limitada, especialmente diante de um
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
discurso cujo conteúdo possa caracterizá-lo como de ódio. Fato incontestável é que o
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
direito de manifestar e expressar o que se pensa é algo muito caro a cada indivíduo de
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
forma singular e à coletividade como valor. Entretanto, na mesma medida, há outros valores
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
que por vezes podem ser feridos em determinadas manifestações e gerar consequências
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
que provocam danos imediatos, bem como corroboram uma visão deturpada de sociedade
e do que se quer enquanto grupo organizado.
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
61 Professor
de MinasdeGerais.
DireitoCurrículo
Privado.lattes:
Mestrehttp://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal de Ouro Preto.
Mestrando
Endereçoem eletrônico:
Direito pela
[email protected]
Universidade Federal de Minas Gerais.

TORRES,
GARCIA, Aléxia Duarte.
Luiz Carlos. Facebook,
O discurso liberdade decomo
homotransfóbico expressão
limite àe liberdade
política: ferramenta tecnológica
de expressão neutra
no discurso ou plataforma
político: virtual editorial?
uma discussão à luz dos In: 25
PEREIRA,
direitos
Rodolfo
humanos e daViana (Org.). Direitos
fala enquanto potência.políticos, liberdade
In: PEREIRA, deViana
Rodolfo expressão
(Org.).eDireitos
discurso de ódio.liberdade
políticos, Volume I.deBelo Horizonte:
expressão IDDE, 2018.
e discurso p. 07-33.
de ódio. VolumeISBN
978-85-67134-05-5
II. Belo . Disponível
Horizonte: IDDE, 2018. em:ISBN
p. 25-42. <https://goo.gl/g4e2Gy>
978-85-67134-06-2. Disponível em: <https://doi.org/10.32445/97885671340622>
E OÃSASEideia
RPdeXEpossíveis
ED EDmanifestações
ADREBILque ,KO OBE
devem serCtolhidas
AF por seus conteúdos
ARque
TUatacam
EN Adeterminados
CIGÓLOgrupos NCETé malvista
ATNEporMAmuitos
RREpor F :considerar
ACITÍLO tal P
movimento um
ato de censura ao que é denominado mercado livre das ideias. Esse medo da censura
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
de manifestação tem, entre muitos outros aspectos, lastro no passado brasileiro recente
marcado pela ditadura militar que tinha na censura uma arma usada à revelia de qualquer
garantia do indivíduo. Por que dizer que este é um aspecto que sustenta a aversão
a qualquer ideia de limitação à liberdade de expressão? Exatamente pelo fato de que a
discussão suscita uma série de outras questões, desde a ideia que tal limitação pode gerar
1
seuma
rroTreação
etrauD aixélA
violenta até o fato inequívoco de que os grupos vitimados por esses discursos
não contam com grande preocupação de ampla parcela da sociedade e das instituições em
geral. Ou seja, o preconceito obviamente também é pano de fundo para justificar por que é
mais relevante garantir a expressão irrestrita do que impedir a violência aOalguns
MUSERindivíduos
pelo que são.
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
od roder oÉaexatamente
soudívidni enessesorielilugar
sarb eque d sese õhlencontra
im ed adivo agrupo d roiam zev adacpor
composto opm et mu
homossexuais e
oãçtransexuais,
auta auS .odapor jagnisso
e etnaem l i v i c e o d a t c e n o c , o t r e b a s i a m o d n u
necessidade de discutir-se o discurso homotransfóbico enquanto m o r e t n a m é , o d n u m
e oum
dúetlimitador
noc ed oãaçliberdade
irtser ed sdeaciexpressão,
tílop saus einclusive
euqatseddeodcandidatos.
ahnag met oAcanálise itílop oirdessa
ánec oconjuntura,
n
odntanto
azitarcno
ommomento
ed koobecade F o aferir-se
airatsE .sase cimocorreu
êlop rareum gam a un itn oc o m tirog la e d o ã ça z
discurso de ódio quanto para se determinarila n o s rep
soccomo
itílop slidar
odit racom
p e stal
otasituação,
didnac ,sedeve tnerefser
id sfeita
acitílodep smaneira
eõsiV ?acontextualizada.
-odnazilartnec uo Isso oãçasignifica
mrofni a que uma
o mmesma
eussop fala
koopode
becaFproduzir
od soiráresultados
noicnuf e sdiferentes
erodadnuf em sodcontextos
saiedi sa diferentes.
moc megreEvesse id euqcontexto é
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
determinado pelo momento histórico, por quem profere o discurso e principalmente a quem
.rednopser a eõporp
esse discurso é direcionado.

No presente trabalho, o objetivo é discutir, portanto, o reconhecimento do discurso


homotransfóbico enquanto um limitador da liberdade de expressão OÃÇdeUDcandidatos.
ORTNI .1Para
tanto, será discutida a situação real vivida por esses grupos, de modo a demonstrar sua
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hsposição
amecaFde “ ominoria
omoc esocial.
tnemlaSerá
nigiroproblematizado
odairC .laicnetoopconceito
ues od de satdiscurso
sip avad de áj kódio
oobeecoaFqueo o
oiráusu oa aitimrep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos oem
caracteriza. Com um importante recorte no sentido de trabalhar o aspecto do discurso
saosisscomo
ep ranpotência,
gised araou p aseja,
dasudefende-se
sêlgni me aqui
arvalque
ap aamfala
u ,oem
ãn si
uopode
”toh“serarum
e matoeuqviolento
racfiissealcque,
portanto, ataca aquele a quem é direcionada, de modo a diminuir.sdeterminados etnearta etnemindivíduos
lauxes
em relação a sua própria dignidade.
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
2. IDENTIDADE DE GÊNERO E ORIENTAÇÃO SEXUAL NO BRASIL – QUEM É QUEM
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
NESSE CENÁRIO
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
Falar de gênero na atualidade é algo que leva a discussões homéricas ou então gera
grande confusão, mesmo nas mentes mais bem-intencionadas. Quando essa conversa
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
ainda é permeada por outras esferas, como a orientação sexual, a compreensão do assunto
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
para alguns beira o impossível..8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE26
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
A maior dificuldadeFACEBOOK,
reside exatamente noLIBERDADE
fato de que somos DEcriados
EXPRESSÃO
numa cultura E
binária que simplesmente
POLÍTICA: ignora as múltiplas possibilidades
FERRAMENTA TECNOLÓGICA existentes em NEUTRA
todas as
esferas de compreensão e manifestação humana. Vive-se numa sociedade em que a
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
heteronormatividade e o machismo ditam as normas de comportamento. Nesse sentido,
processos de naturalização nos são ensinados desde a primeira infância62. Naturalizar é
exatamente tornar natural algo que não o é, ou seja, dar a um determinado comportamento
– cultural ou socialmente construído – contornos quase biológicos. E qual é o ganho com
isso? A invisibilização de lutas sociais contrárias. É muito mais fácil reprimir ou simplesmente
ignorar determinados indivíduos quando o que os torna discordantesAléxia Duarte umTorres
1
é exatamente fato
antinatural.

Para entender e adentrar as muitas implicações sociais e, portanto, jurídicas que


RESUMO
advêm dessas definições, é fundamental estabelecer alguns conceitos. No presente estudo,
partir-se-áA de algumas
missão explícitacategorizações. Entretanto,
do Facebook, rede registre-se
social que que mesmo
tem conquistado as categorias
o coração e consumido
que aqui umserão utilizadas
tempo – asmaior
cada vez quaisdacorrespondem
vida de milhõesaodeque é majoritariamente
brasileiros e indivíduosaceito na do
ao redor
atualidademundo,
– são hoje questionadas;
é manter o mundo maisassim, a melhor
aberto, maneira
conectado de compreendê-las
e civilmente engajado. Suaé numa
atuação
ideia fluida,
no de algo não
cenário estanque
político e que estará
tem ganhado sempre
destaque à mercê
e suas da subjetividade
políticas de restrição dehumana e e
conteúdo
das muitas possibilidades
personalização de contexto
de algoritmo social aem
continuam quepolêmicas.
gerar o indivíduo podeo inserir-se.
Estaria Facebook democratizando
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
De modo geral, aceita-se que sexo corresponde ao aspecto biológico, ou seja, a
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
pessoa nasce com um órgão A ou B. De acordo com o tipo de genitália, essa pessoa será
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
classificada como masculina ou feminina, na ideia básica de macho/fêmea. Ressalve-se
propõe a responder.
a situação intersexo, que corresponde à pessoa cuja genitália não se enquadra na divisão
binária entre pênis e vagina. Considere-se que a situação do intersexo, o que o caracteriza,
como
1. o reconhecer,
INTRODUÇÃO divide opiniões na comunidade médica63.

Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
2.1o Facebook
Gênero e jáidentidade sexual
dava pistas – uma
do seu históriaCriado
potencial. de violência
originalmente como o “Facemash”,
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado ganhos
Vive-se hoje no Brasil momentos que mesclam intensamente e permitia ao usuário
relativos à
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar
liberdade sexual e verdadeiros ataques e avanços conservadores. Fala-se do Congresso pessoas
maissexualmente
conservadoratraentes.
desde a ditadura militar no Brasil, o que repercute diretamente nos
avanços ou retrocessos
Depois a que
que seus a legislação
criadores e as políticas
acessaram a rede depúblicas acabam
segurança por atender. e cap-
da universidade
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
A naturalização de condutas – que aborda como inerente a determinada condição,
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
principalmente a ideia de gênero ou orientação sexual, características que são socialmente
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
construídas –, somada a um histórico que tratou a homossexualidade como pecado, como
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
doença e como crime, acaba por sustentar condutas violentas até hoje no Brasil e no mundo.

62 1 SCOTT, Joan. em
Mestranda Tradução:
Direito Christine Rufino Dabat.
pela Universidade Maria
Federal Betânia
de Minas Ávila.– Gênero:
Gerais Programauma
de categoria útil para
Pós-Graduação daanálise
Faculdade
histórica. Revista
de Direito Educação e Federal
da Universidade Realidade, 1998. Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
de Minas
63 ISNA.de Minas Gerais.
Sociedade Currículodelattes:
Americana http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Intersexo. What is intersex?. Disponível em: <www.isna.com>. Acesso em:
15 Endereço
nov. 2017.eletrônico: [email protected]

27
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSDurante
SERPX aE EDMédia,
Idade EDAaDhomossexualidade
REBIL ,KOOfoiBEdemonizada
CAF pela Igreja Católica,
ARque
TUperseguiu
EN AChomossexuais porET
meio
ATdaNInquisição
EMARR.ECom F :AaCperda
ITÍLdeOespaço
P da Igreja
64
IGÓLONC
Católica no cenário político, a homossexualidade saiu de cena, deixando de ser encarada
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
como algo a ser perseguido pela máquina estatal, até então atrelada diretamente à religião.
Entretanto permaneceu como algo moralmente inaceitável que deveria ser coibido tanto pela
família, heterossexual, patrimonialista e patriarcal, como pelos órgãos do Estado, que não
reconheciam a essas pessoas quaisquer tipos de direitos.

1
serroT eSetraanteriormente
uD aixélA a homossexualidade era vista como maldição, como ato
pecaminoso, passa então a ser identificada como distúrbio, incorporada como transtorno
sexual na Classificação Internacional de Doenças (CID) no ano de 1975. Como patologia,
portanto, deveria ser tratada. Apesar de atualmente já ser uníssono na psiquiatria bem
como na psicologia que a homossexualidade não é uma patologia, haja vista OMUque
SERno ano de
1995
odim usnodeixou
c e oãçde
arofazer
c o odparte
atsiuqda
nocCID
meperdendo
t euq laicoos esufixo
der ,ko“-ismo”,
obecaF oque
d atientre
cílpxeoutros
oãssimsignificados
A
od quer
roder dizer
oa sodoença,
udívidni ee adotando
sorielisarboesufixo
d seõhl“-dade”,
im ed adque iv addefine
roiam jeito
zev adedacser.
opDez
met anos
mu após a
oãçindicação
auta auS .odadaOMS
jagne quanto
etnemlivao
ic fato
e odade
tcenão
nocser
,ot raebhomossexualidade
a siam odnum o retuma nam doença m, ainda há
é ,odnu65
e odpessoas
úetnoc eque
d oãapontam
çirtser ed osacaminho
citílop saude
s etratamentos
euqatsed odtantoahnagcommet medicamentos
ocitílop oiránec quanto
on com
odnterapia para
azitarcom ed k“curá-la”.
oobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
Por muito tempo, a homossexualidade foi considerada uma perversão, ou seja, um
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
desvio psiquiátrico relacionado à sexualidade. Porém, diversos estudiosos da mente humana
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
e dos fenômenos a ela relacionados, como Sigmund Freud, já assinalavam o fato de não se
.rednopser a eõporp
tratar de um quadro de distúrbio, e sim de uma manifestação da sexualidade. Freud adota
a teoria de que todos os seres humanos, bem como os animais, são aprioristicamente
bissexuais, apresentando uma predisposição biológica ora para o sexo OÃÇUoposto,
DORTNora I para.1 o
mesmo sexo66.
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hsamecHá aF“ ainda
o omoestudos,
c etnemlaespecialmente
nigiro odairC .lano icnecampo
top uesdaod antropologia,
satsip avad áquej kooapontam
becaF o a
oiráusu oa aitimrep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawtculturais,
homossexualidade como uma questão influenciada também por aspectos fos o
saotal
ssequal
p ranos
gisdemais
ed arapaspectos
adasu sêda lgnisubjetividade
me arvalap ahumana
mu ,oãncomo
uo ”toidentidade
h“ are meeuqprática
racfiisssexual.
alc
Independentemente de ser algo biologicamente determinado ou socialmente .setnearta einfluenciado,
tnemlauxes o
fato é que definitivamente a homossexualidade não está no campo das patologias.
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemNo oc ano
soirde
áu1973,
su soiarpAssociação
órp so ,setPsiquiátrica
nadutse soAmericana
d oãçacfiit(APA)
nedi eretirou
d snegaahomossexualidade
mi sa mararut
saus mavasserpxe euq uo sotsetorp ed sotxet moc snegami rop sotof sausMedicina
da lista de doenças mentais. No Brasil, em 1985, o Conselho Federal de sa racor(CFM)
ta
souretirou
dívidnia ehomossexualidade
d et rap rop lfi repdaodcondição
otof ed desadesvio
çnadum sexual.
sà raOlim
Manual
is oglaDiagnóstico
,sacitílop eseEstatístico
õinipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
64 DIAS, Maria Berenice. União homoafetiva: o preconceito e a justiça. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2012.
edad65
lucaFMOREIRA,
ad oãçaudaF.;
rG-MADRID,
sóP ed amD.argAorhomossexualidade
P – siareG saniM ede laresua
deF história. Encontro
edadisrevinU alep ode tierIniciação
iD me adnCientífica,
artseM Amé-
1
acilótaC edrica
adisrdo
evinUNorte,
aicífitno2009.
P alep oDisponível
tieriD me adaem:
udarG<http://intertemas.unitoledo.br/revista/index.php/ETIC/article/
.siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
view/1646/1569>. Acesso .813em:
50561256dez.
61842017.
752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
moc.liamg@Rio
66 ROUDINESCO, Elisabeth e PLON, Michel. Dicionário de psicanálise. otuddeaixJaneiro:
ela :ocinJorge
ôrteleZahar,
oçered1998.
nE

,ARIE28
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
de Transtornos Mentais (DSM-IV) LIBERDADE
também retirou DE da
a homossexualidade EXPRESSÃO
classificação de E
transtorno mental. Neste documento
POLÍTICA: são identificadosTECNOLÓGICA
FERRAMENTA todos os transtornos mentais
NEUTRA por
meio de códigos; ele serve de orientação para a classe médica. Finalmente, no ano de
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
1993, a Organização Mundial da Saúde (OMS), retirou o termo homossexualismo e adotou
a expressão homossexualidade.

Em 1995, na última versão da CID, o termo homossexualismo deixou de constar nos


diagnósticos. E houve em 1999 uma resolução do Conselho Federal de Psicologia (CFP)
proibindo qualquer tipo de ação que favoreça a patologização da homossexualidade.
Aléxia Duarte NoTorres
caso 1
da transexualidade, não houve ainda a retirada do termo do campo das patologias, sendo
ainda considerada uma doença psiquiátrica, em que pese diversos estudos apontarem em
outro sentido67.
RESUMO
Saliente-se que recentemente essa questão do tratamento para a cura da
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
homossexualidade foi alvo de um projeto de decreto legislativo – PDL 234/201168,
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
apresentado por um deputado federal e inclusive aprovado pela Comissão de Direitos
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
Humanosno e Minorias da Câmara
cenário político dos Deputados
tem ganhado destaque(CDHM), isso obviamente
e suas políticas pordehaver
de restrição na e
conteúdo
citada comissão uma composição quase total de membros da bancada religiosa, havendo
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
um claro amovimento
informaçãoreligioso no aludidoVisões
ou centralizando-a? projeto. O objetivo
políticas era alterar
diferentes, a resolução
candidatos do políticos
e partidos CFP
que proíbequeo tratamento da homossexualidade,
divergem com uma vez
as ideias dos fundadores que esta nãodoé Facebook
e funcionários mais considerada
possuem o
doença tanto
mesmo pelos psiquiatras
espaço quanto na
e visibilidade pelos psicólogos,
plataforma? como
Essas sãojáasdito.
questões que esse artigo se
propõe a responder.
Trata-se de um movimento que significa verdadeiro retrocesso diante de tudo o
que já foi discutido, pesquisado e concluído acerca do tema. Tal projeto não chegou a ser
votado
1. emINTRODUÇÃO
plenário, pois foi retirado da pauta a pedido daquele que o apresentou, diante de
pressões exercidas por órgãos de defesa dos direitos LGBT, como do próprio CFP, outros
Apesare de
parlamentares não ter sidodecriado
manifestações civis como um instrumento
nas ruas reivindicandopolítico, logo no seu
o arquivamento início
dessa
o Facebook
verdadeira já dava
aberração pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
legislativa.
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
Com as quem
classificar mudanças sociais
era “hot” oue não,
consequentes implicações
uma palavra em inglêspara o homossexual
usada e para
para designar as
pessoas
relações homoafetivas,
sexualmente além de modificações no próprio ordenamento jurídico que afetaram
atraentes.
a forma de ler-se as leis, levando a uma interpretação mais inclusiva e mais preocupada
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
com a promoção da dignidade do cidadão, houve razoável avanço no que diz respeito aos
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
direitos dos homossexuais e à tutela das relações homoafetivas.
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
67 TONIETTE, Marcelo Augusto. Um Breve Olhar Histórico Sobre a Homossexualidade. Revista Brasileira de Se-
xualidade Humana, São Paulo, jan. a jun. de 2006. Disponível em: <http://www.sbrash.org.br/portal/images/
1 stories/pdf/5-rbsh-vol17-2006-n1.pdf#page=37>.
Mestranda em Direito pela Universidade Federal deAcesso em: 15–dez.
Minas Gerais 2017. de Pós-Graduação da Faculdade
Programa
de Direito
68 BRASIL. da Universidade
Projeto Federal denºMinas
de Decreto Legislativo 234, deGerais.
2 de Graduada em Direito
junho de 2011. Sustapela PontifíciadoUniversidade
a aplicação Católica
parágrafo único
do de
art.Minas
3º e oGerais.
art. 4º,Currículo lattes:do
da Resolução http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Conselho Federal de Psicologia nº 1/99 de 23 de Março de 1999, que
Endereçonormas
estabelece eletrônico: [email protected]
de atuação para os psicólogos em relação à questão da orientação sexual.

29
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSASE
2.1.1 RPXEdiária
violência EDcontra
EDAa D REBIL LGBT
comunidade ,KO–Ohomotransfobia
BECAF em números
ARTUEEstupros
N ACIcorretivos
GÓLOcontra
NCETlésbicas.
ATNETransexuais
MARREFque:Anão
CITpodem
ÍLOPusar banheiros
?Lcom
AIRosOquais
TIDse E identificam.
LAUTRIGays V AMqueRsão
OFxingados
ATALPdesde
UOa infância. A violência contra a
comunidade LGBT no Brasil é algo corriqueiro e muitas vezes encarado com naturalidade
pela sociedade. Quando se analisa a questão da violência sob a ótica de teorias feministas
e de gênero – Joan Scott69, Sara Salih70 – é notório que as condutas ocorrem em razão da
manutenção de estereótipos marginalizados, relacionados à orientação sexual e identidade
1 de gênero. Ou seja, numa ideia hegemônica e padronizada de sexualidade, todo aquele e
serroT etrauD aixélA
aquela que não se enquadra é considerado desviante e merecedor muitas vezes de condutas
agressivas.

O Brasil é o país que mais mata transexuais, segundo o grupo Transgender Europe.
OMUSER
Entre 2008 e 2014, foram assassinadas no Brasil 604 travestis e transexuais. Este número
odim usnoc oe opaís
coloca ãçarna
oc oposição
odatsiuqdenocmais
met etransfóbico
uq laicos eddo
er ,kmundo.
oobecaFOs od crimes
aticílpxesão
oãsscaracterizados
im A
od por
rodeviolência
r oa soudextrema,
ívidni e sopor
rieliexemplo,
sarb ed seoõcaso
hlim erecente
d adiv aded rotortura
iam zeev aassassinato
dac opmet m deu Dandara,
oãçamplamente
auta auS .odanoticiado,
jagne etnepois
mliviosc eassassinos
odatcenoc ,filmaram
ot reba siatodo
m odonprocesso.
um o retnaIsso
m é ,denota
odnum uma total
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
despreocupação com qualquer ideia de punibilidade pelo ato cometido.
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop soCondutas
dit rap e soviolentas
tadidnac ,contra
setnerefessas
id sacitminorias
ílop seõsiVsexuais
?a-odnsão
azilarendêmicas.
tnec uo oãçaO mrsite
ofni de
a notícias
o mG1,
eussjuntamente
op koobecacom F odasoDelegacia
iránoicnufdee Crimes
serodadRaciais
nuf sod esaDelitos
iedi sa de moIntolerância
c megrevid e(Decradi)
uq fez
um levantamento sobre o mapa da violência no estado de São Paulo.
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem Em dez anos, 465
vítimas fizeram boletins de ocorrência acerca de crimes motivados .rednpor
opshomofobia
er a eõporpno estado
(2017). É importante salientar, entretanto, que tais números são os que foram registrados
em razão da denúncia, havendo ainda os casos que não são denunciados, seja pela
OÃÇcrimes
opressão social sofrida por tais grupos, seja porque quem comete tais UDORTsão
NI pessoas
.1

oicípróximas,
ni ues on como
ogol ,familiares.
ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hsamecTanto
aF“ o quanto
omoc aetideia
nemladenigfeminino,
iro odairC .laicnetop também
o masculino ues od séaconstruído.
tsip avad ájLogo, koobhá
ecaformas
Fo
oirápelas
usu oquais
a aitimorindivíduo
ep e odalsea oreconhece
dal drav raeHéereconhecido
d setnadutsecomo
sod shomem:
otof avacooperfil loc ertraçado
awt fos opela
saomídia,
ssep raonreconhecimento
gised arap adasudosêgrupolgni mee aarvreação
alap am u ,oãn uo71”.toAh“ideia
despertada are de meumasculinidade
q racfiissalc é
. s e t
algo que supera de maneira clara o indivíduo homem. E isso é um vetor de violêncian e a r t a e tnemlauxcontra
es
-pagrupos
c e edadque
isrecoloquem
vinu ad aç–naainda
rugesque
ed emeramente
der a marapor
ssecserem
a seroda
dairmaneira
c sues eque
uq sse
iopidentificam
eD –
maalgum
raçemotipo
c sodeiráquestionamento
usu soirpórp soa ,essa
setnadita
dutsmasculinidade.
e sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
Tal análise vai no sentido que este indivíduo não é, a priori, detentor dessa
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
masculinidade. Na verdade ele é desde sempre formado para atender aos ditames que essa
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
ideia social estabelece. Não se tem apenas um tipo de homem; portanto, seria lógico não

edad69
lucaFSCOTT,
ad oãçaop.udacit.
rG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló70
taC edSALIH,
adisrevS.inU
Judith
aicífitButler
noP aleepa oteoria
tieriDQueer.
me adBelo
audarHorizonte:
G .siareG sAutêntica.
aniM ed la2012redeF edadisrevinU ad otieriD ed
71 KORIN, Daniel. Nuevas .perspectivas
8135056566de 184género
752/rben
.qpnsalud.
c.settaRevista
l//:ptth :Adolescencia
settal olucírruLatinoamericana,
C .siareG saniM edv. 2, n. 2,
2001. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE30
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
se ter apenas um formatoFACEBOOK,
de masculinidade.LIBERDADE
Entretanto, a práticaDE EXPRESSÃO
cultural alicerçada em E
uma série de POLÍTICA:
signos e significantes estrutura uma realidade
FERRAMENTA na qual só é reconhecido
TECNOLÓGICA NEUTRA e
reverenciado enquanto homem – detentor dessa ideia quase mítica de masculinidade –
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
aquele que segue o que esta estabelece. Assim, cria-se a ideia de haver uma masculinidade
hegemônica. Neste sentido asseveram Robert W. Connell e James W. Messerschimidt:
A masculinidade hegemônica se distinguiu de outras masculinidades,
especialmente das masculinidades subordinadas. A masculinidade hegemônica
não se assumiu normal num sentido estatístico; apenas uma minoria dos
homens talvez a adote. Mas certamente ela é normativa.Aléxia Duartea forma
Ela incorpora Torres1
mais honrada de ser um homem, ela exige que todos os outros homens se
posicionem em relação a ela e legitima ideologicamente a subordinação global
das mulheres aos homens.72
RESUMO
Deste modo, o que se vivencia é uma masculinidade hegemônica a qual determina
padrões muito
A missão fechados
explícitado
do “ser homem”.
Facebook, Tais padrões
rede social passam nãoo coração
que tem conquistado só por condutas
e consumido
do homem umem relação
tempo cadaa vez
si mesmo,
maior damas
vidaespecialmente
de milhões de pelo desprezo
brasileiros por tudoao
e indivíduos que faz do
redor
referênciamundo,
ou contato com oo feminino.
é manter mundo mais É exatamente na ideia edecivilmente
aberto, conectado uma inferioridade
engajado.presumida
Sua atuação
da mulhernoemcenário
relaçãopolítico
a todoteme qualquer
ganhadohomem
destaque– ee asuas
própria ideia de masculino
políticas restrição deenquanto
conteúdo e
essência personalização
– que serve de debase paracontinuam
algoritmo justificar aagerar
conduta perniciosa
polêmicas. Estariade homens democratizando
o Facebook em relação
às mulheres, aos transexuais
a informação e aos homossexuais.
ou centralizando-a? Pois,
Visões políticas quando candidatos
diferentes, um homem se aproxima
e partidos políticos
da ideia de feminino – seja por estilo de roupa, seja pela forma de falar ou pelo ato de estar o
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem
com outromesmo
homem espaço
–, elee está
visibilidade na plataforma?
colocando em xeque Essas
toda asão as de
ideia questões que essee,artigo
masculinidade por se
propõe
conseguinte, a responder.
merece ser marginalizado, quando não eliminado.

3. 1. O DISCURSO
INTRODUÇÃO HOMOTRANSFÓBICO NO BRASIL ENQUANTO DISCURSO DE ÓDIO –
UMA ANÁLISE À LUZ DOS DIREITOS HUMANOS
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
A ideia
o Facebook dos
já Direitos Humanos
dava pistas enquanto
do seu garantia
potencial. do originalmente
Criado indivíduo em sua
comoessência e num
o “Facemash”,
compromisso
o software com seu livre
colocava fotosdesenvolvimento
dos estudantes édesimplesmente
Harvard ladoincompatível com aao
a lado e permitia defesa
usuário
do classificar
exercício irrestrito
quem era da “hot”
liberdade de expressão,
ou não, uma palavraainda
em que issousada
inglês configure
para ataque direto
designar e
pessoas
ostensivo a determinado
sexualmente atraentes.grupo.
Depois
Pensar os que seusHumanos
Direitos criadoreséacessaram
muito maisaqueredepensar
de segurança da universidade
em um corpo de normas; e cap-
é
turaram
conceber as imagens
e pensar de identificação
todo o Direito direcionadodos estudantes,
a uma os próprios
nova perspectiva e comusuários começaram
um compromisso
a trocar asdasuas
de promoção fotos por
dignidade imagens com social.
e reconhecimento textos Nesse
de protestos ou qualquer
diapasão, que expressavam
ponderação suas
queopiniões
considerepolíticas,
o fator algo similar
vontade às mudanças
da maioria de fotodedoestabelecer
no momento perfil por parte depolíticas
ou não indivíduos
inconformados
públicas com o resultado
a grupos socialmente do pleito
minoritários ounas eleições normas
estabelecer presidenciais dosque
jurídicas Estados Unidos,
beneficiem
tais grupos é um paradoxo. Se houvesse vontade geral pelo benefício igualitário de todos,

1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
72 CONNELL,
de Direito
Robert
da Universidade
W.; MESSERSCHMIDT,
Federal de MinasJamesGerais.
W. Masculinidade
Graduada emhegemônica:
Direito pela repensando
Pontifícia Universidade
o conceito. Católica
Re-
vista
deEstudos
Minas Gerais.
Feministas,
Currículo
Florianópolis,
lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
v. 21, n. 1, p. 241-282, maio 2013. Disponível em: <https://periodi-
cos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/S0104-026X2013000100014>.
Endereço eletrônico: [email protected] Acesso em: 15 dez 2017.

31
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSEideia
a própria RPXdeE Direitos
ED ED ADREcomo
Humanos BIL concebida
,KOOBno ECpós-guerra
AF e é entendida hoje
ARdeixaria
TUEN de ser
ACnecessária.
IGÓLOÉNcomo CETseAumTNpaís
EM onde
ARosRE índices
F :AC deIcriminalidade
TÍLOP são quase
nulos estabelecesse como prioridade a construção de centenas de presídios. Só é preciso
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
falar-se em proteção de minorias quando socialmente há indivíduos cujos direitos são
cerceados por uma maioria estabelecida que o faz cultural e sistemicamente.

3.1 Alguns exemplos que ganharam notoriedade e chegaram à justiça – o caso Levy
1
se rroT eFidelix
trauDnas
aixeleições
élA de 2014

Nas eleições presidenciais de 2014, houve uma situação emblemática relacionada


ao discurso de ódio no Brasil. O então candidato José Levy Fidelix da Cruz, do Partido
Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), em debate entre os presidenciáveis
OMUSErealizado
R na
rede de TV Record, ao responder à candidata Luciana Genro sobre uma pergunta relativa
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
aos direitos dos cidadãos LGBT, rebateu de forma agressiva e pejorativa. Diante do ocorrido,
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
a Defensoria Pública do Estado de São Paulo impetrou uma Ação Civil Pública contra o
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
candidato, que foi condenado em primeira instância, porém essa sentença foi parcialmente
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
reformada na segunda instância.
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop soAdipergunta
t rap e sotafeita
didnaaoc ,scandidato
etnerefid saLevy
citílopFidelix
seõsiVpela
?a-ocandidata
dnazilartnecLuciana
uo oãçaGenro
mrofni ado Partido
o mSocialista
eussop ko(PSOL)
obecaF questionava
od soiránoicnouposicionamento
f e serodadnuf sdele od saacerca
iedi sa domoreconhecimento
c megrevid euq da união
es oentre
git ra casais
esse euhomoafetivos
q seõtseuq sacomo oãs safamília
ssE ?anomroBrasil.
fatalp Em
an eresposta,
dadilibisiv Levy
e oçaFidelix
pse omdisse:
sem
.rednopser a eõporp
Jogo pesado agora. Tenho 62 anos e, pelo que vi na vida, dois iguais não fazem
filho. E digo mais: me desculpe, mas aparelho excretor não reproduz. É feio
dizer isso mas não podemos jamais deixar esses que aí estão achacando
a gente no dia a dia, querendo escorar essa minoria OÃÇUàDmaioria
ORTNI do .povo1
brasileiro. Luciana [Genro, candidata do PSOL à Presidência], você já imaginou
oicíni ues on ogolque ,ocoitíBrasil
lop ottem
nem200u rtsmilhões
ni mu ode mohabitantes.
c odairc oSediscomeçarmos
ret oãn ed araestimular
sepA isso aí
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koopra
[casamentos entre homossexuais] daqui a pouquinho vai reduzir bec100.
aF o(...)
oiráusu oa aitimrep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos essa
Então, gente, vamos ter coragem, nós somos maioria, vamos enfrentar o
minoria [gays]. Vamos enfrentar, não ter medo de dizer que sou pai, mamãe,
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
vovô. E o mais importante é que esses, que têm esses problemas, realmente
sejam atendidos no plano psicológico e afetivo mas .sebem
tnealonge
rta etndaem lauxesbem
gente,
-pac e edadisrevinulonge ad amesmo
çnarugepor
s edaqui
edenão dá.arasseca serodairc sues euq siopeD
73
ram
maraçemA ocresposta
soiráusudosocandidato
irpórp so enquadra-se
,setnadutse sem od mero
oãçaccomentário
fiitnedi ed sdesagradável,
negami sa maportanto
rarut
sauperfeitamente
s mavasserpxamparado
e euq uo seoabarcado
tsetorp edpela
sotxliberdade
et moc sde
negexpressão
ami rop sooutofpode
saussersaconsiderada
raco r t a
soudiscurso
dívidni eddeetódio?
rap roEm
p lfisituações
rep od otoposteriores,
f ed saçnadele umafirmou
sà ralimtaxativamente
is ogla ,sacitíque
lop snão
eõinpediria
ipo
,sod“perdão”
inU soda–tsEcomo
sod ssugerido
iaicnedisepor
rp soutros
eõçiele candidatos
san otielp oem
d oddebates
atluser osubsequentes
moc sodamro–, fnopois
cni o
que ocorrera foi apenas a manifestação de sua opinião e o exercício de seu direito de se
expressar.
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
73 Resposta do candidato .Levy 81350Fidelix
56566em
184debate
752/rb.em
qpncrede
.settaaberta
l//:ptthde
:setelevisão
ttal olucírna
ruCcampanha
.siareG sanpresidencial
iM ed de
2014. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE32
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
A análise do discurso LIBERDADE
proferido pelo então DE EXPRESSÃO
candidato Levy Fidelix não pode ser feita E
senão à luz de uma ideia do que
POLÍTICA: configuraria o discurso
FERRAMENTA de ódio, pois a concepção
TECNOLÓGICA NEUTRA do
que configura ou não esse tipo de discurso é o grande ponto de debate sobre o tema,
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
acompanhado com certeza da questão de, ainda que reconhecido um discurso como
causador de dano, ser suficiente para limitar a liberdade de expressão enquanto princípio74.

São muitos os conceitos de discurso de ódio, alguns mais amplos, outros mais
restritos. O adotado como melhor conceito no presente trabalho é aquele que identifica
como tal qualquer manifestação que venha a denegrir e promover –Aléxia
essa promoção deve 1
Duarte Torres
ser entendida em sentido amplo – a inferiorização de um grupo minoritário. Senão veja-se:

Os Estados defrontam-se com alguns aspectos polêmicos no domínio da


tutela à liberdade de expressão e são vários os temas que suscitam o debate
RESUMO público acerca da legitimidade da intervenção estatal. Entre esses temas,
destaca-se a resposta ao discurso do ódio, que pode ser definido como toda
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
manifestação que denigra ou ofenda os membros das minorias tradicionalmente
um tempo cada vez maior
discriminadas, da vidaem
que estão de inferioridade
milhões de brasileiros
numérica eouindivíduos ao redor
em situação de do
mundo,subordinação
é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado.
socioeconômica, política ou cultural. Em outras palavras, o Sua atuação
discurso
no cenário do ódio
político tem compõe-se de todaseas
ganhado destaque formas
suas de expressão
políticas que de
de restrição propagam,
conteúdo e
incitam,depromovem
personalização ou justificam
algoritmo continuam o ódio
a gerar racial,Estaria
polêmicas. a xenofobia, a homofobia,
o Facebook o
democratizando
antissemitismo e outras formas de ódio baseadas na intolerância.75
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
que divergem
Alguns com as
podem afirmar queideias
o quedos
foi fundadores e funcionários
feito pelo candidato tenha do
sidoFacebook possuem
um exercício de o
seu direitomesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
de se manifestar. O que num olhar superficial pode parecer razoável, entretanto, a
propõe a responder.
partir de uma análise cuidadosa, é inequívoco que nenhum exercício regular de Direito pode
prever essencialmente o ataque ao outro. Beira a ausência de lógica que um cidadão possa
se ancorar
1. em um pretenso direito para ter como desdobramento a exposição e a ofensa a
INTRODUÇÃO
outro cidadão.
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
No caso específico em tela, o discurso proferido não só é agressivo e violento em
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
si como há a conclamação para que uma dita maioria se insurja contra uma dita minoria.
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
Frise-se que, conquanto esse claro chamado a um ato que pode, sim, ser entendido como
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
incentivo a posturas
sexualmente violentas não tivesse acontecido, o restante da fala já seria suficiente
atraentes.
para se enquadrar em discurso de ódio. A partir do momento que o candidato faz alusão
Depois
direta à ideia que seus como
reprodutiva criadores
fatoracessaram a rede
definidor de um de segurança
casal, da universidade
– utilizando premissas ede
cap-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários
determinada matriz religiosa – no caso, o cristianismo –, ele exclui uma gama de pessoas começaram
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
de classificação social importante. Que espécie de respeito pode exigir determinado
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
aglomerado de pessoas que vivem em pecado e nem família são? Portanto, é fundamental
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
considerar que falas desse gênero proferidas em um contexto como o brasileiro e por um

74 1 LUNA, Nevita Maria


Mestranda Pessoa
em Direito peladeUniversidade
Aquino Franca; SANTOS,
Federal Gustavo
de Minas Ferreira.
Gerais Liberdade
– Programa de expressão eda
de Pós-Graduação discurso
Faculdade
de de
ódioDireito
no Brasil. Revista Direito
da Universidade e Liberdade
Federal de Minas – ESMARN, v. 16, n.em
Gerais. Graduada 3, p. 227-255,
Direito set./dez. Universidade
pela Pontifícia 2014. Católica
de MinasWinfried.
75 BRUGGER, Gerais. Currículo
Proibiçãolattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
ou proteção do discurso do ódio? Algumas observações sobre o direito ale-
mãoEndereço eletrônico:
e o americano. [email protected]
Revista de Direito Público, Brasília, DF, n. 15, p. 117-136, jan./mar. 2007.

33
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSER
candidato PXE EDdaED
à presidência ADREacabam
República BIL ,K Ocausar
por OBEdanos
CAF a um caminho em busca
ARdoTreconhecimento
UEN ACIGde ÓLdireitos.
ONCET ATNEMARREF :ACITÍLOP
?LAIRO TIDE LAU
É fundamental TRIV A
considerar MaRanálise
que OFATdoALdiscurso
P UOque objetive sua identificação
enquanto discurso de ódio, discurso impopular ou ofensivo deve pautar-se por determinadas
características, entre elas quem profere o discurso, a quem se dirige o discurso e em qual
contexto se insere a fala produzida e as pessoas a quem ela é direcionada. Quando em um
país onde há uma situação de violência institucionalizada contra homo e transexuais, que se
1 perfaz das maneiras mais variadas, desde xingamentos até espancamentos e homicídios,
serroT etrauD aixélA
um discurso que menospreze esse indivíduo ou o coloque em posição de subalternização
é arma poderosa.

Por um lado, quando se fala em qualquer medida de controle sobre a liberdade de


OMUSER
expressão, causa-se verdadeiro alarde, especialmente em países como o Brasil e a maioria
odim
dosusnpaíses
oc e oãlatinos
çaroc que
o odsofreram
atsiuqnocemainda
et euqsangram
laicos edcom
er ,kmarcas
oobecaFdeodlongas
aticílpxditaduras
e oãssim A que tinham
od como
roder ocaracterística
a soudívidni ea opressão
sorielisarbao eddiscurso.
seõhlim ePor
d aoutro
div adlado,
roiam z e v a d a c
o amadurecimento opmet m u
democrático
oãçpressupõe
auta auS .oquedajagonEstado
e etnemselivimovimente
c e odatcenonoc ,sentido
ot reba sde
iampromover
odnum o uma retnam é , o d n u m
sociedade mais igual
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
e verdadeiramente preocupada com a solidez dos valores que compõem seu arcabouço
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
jurídico. Assim, a defesa da manutenção de condutas que violam direitos subjetivos, vale
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
ressaltar que a livre orientação sexual se insere no rol dos direitos da personalidade, é,
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
portanto, protegida pela denominada cláusula geral de proteção à dignidade humana,
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?amrofatalp an edadilibisiv e oçapse o76msem
enquanto desdobramento do princípio da dignidade humana no Direito Civil. Ou seja, ainda
.rednopser a eõporp
que numa perspectiva de garantias de direitos, a baliza ou ponderação no sentido de um
prestígio absoluto à liberdade de expressão em detrimento da dignidade humana não parece
apontar para um caminho de acerto. OÃÇUDORTNI .1

oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hs3.2
am ecHomotransfobia
aF“ o omoc etneemdiscurso
lanigiro o–d airnegativa
C .laicnetdo op reconhecimento
ues od satsip avenquanto
ad áj kooviolação
becaF o
oirá usu odea adireitos
itim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
O professor José Reinaldo de Lima Lopes é salutar ao estabelecer como o discurso
.setnearta etnemlauxes
pode afetar a situação real dos homossexuais – e obviamente o mesmo raciocínio se aplica
-paaos
c e etransexuais.
dadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemoc soiráuEribon su soierpHonneth
órp so dizem
,setnaque
dutsase injúrias
sod oãsãoçacformas
fiitnedi de
edofensa
snegaemviolência.
i sa marPode-se
arut
saus mavasserpxeaté eudizer
q uo que sotsas
etoinjúrias
rp ed consistentes
sotxet moc snanenegação
gami rode p sdireitos
otof sapermitem
us sa racpropagar
ort a
soudívidni ed et rapuma ropvisão
lfi renegativa
p od otodos f edhomossexuais.
saçnadum sAà negação
ralimis odegldireitos,
a ,sacitíos
lopdiscursos
seõinipoque
,sodinU sodatsE sopublicamente
d siaicnediseafirmam
rp seõçique ele snão
an osetiepode
lp od condenar
odatluseros om homossexuais,
oc sodamrofnmas ocnique
também não se deve estimulá-los, têm como resultado o estímulo contrário, isto
é, o estímulo a violências físicas e morais contra eles. (…) É uma mensagem
de desigualdade.77
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
76 TARTUCE, Flávio. Manual .81de35Direito
05656Civil.
6184São
752/Paulo:
rb.qpncMétodo,
.settal//:2016.
ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
77 LOPES, José Reinaldo de Lima. O direito ao reconhecimento moc.liamgpara
@otugays
daixeela lésbicas.
:ocinôrteleSur,
oçeRev.
rednEInt. Direi-

,ARIE34
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
Na esteira do que oFACEBOOK,
autor traz, pensar LIBERDADE
qualquer espécie deDE EXPRESSÃO
fala como um vetor de E
promoção de POLÍTICA:
desigualdade nãoFERRAMENTA
é em si uma violação TECNOLÓGICA
de direitos? Quando se pensa que o
NEUTRA
discurso se produz em um meio, e este meio é hostil ao ator sobre o qual o discurso é tecido,
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
as implicações negativas sobre o ouvinte ganham muito mais facilidade e penetração.

O autor Rosenfeld78 faz interessante análise acerca do discurso de ódio, dividindo-o


em duas situações: hate speech in form, que faz referência às declarações odiosas em
si, e o hate speech in substance, que seria o discurso velado, aquele que não é a priori
agressivo, mas no contexto em que é aplicado e de acordo comAléxia o grupo ao qual
Duarte se 1
Torres
direciona é discriminatório e vexatório. Se em um discurso há a exaltação de valores morais
e condutas sociais que automaticamente excluem determinado grupo, está-se diante de um
discurso de ódio em substância.
RESUMO
Ilustrativamente, uma fala de determinado candidato que não ataque diretamente
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
os homossexuais, mas que exorte a ideia heterossexual de família enquanto única e real
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
possibilidade, está proferindo discurso de ódio contra homossexuais. Vez que, ainda que
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
o grupo não seja diretamente citado, o contrario sensu de que a única forma de família
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
aceitável e moralmente correta é a heterossexual é que a família composta por pessoas do
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
mesmo sexo, é imoral e não querida. Logo, não se está diante de mera manifestação de
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
opinião de um candidato, mas de um agente que tem notoriedade pela posição que ocupa e
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
profere uma fala que potencializa essa esfera de hostilidade já existente.
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
propõe a responder.
O Supremo Tribunal Federal em diversos julgamentos já se manifestou acerca das
questões relativas à liberdade de expressão e ao discurso de ódio. Como ilustração, no
julgamento da ADI 4274/DF, o ministro Celso de Melo foi categórico sobre os limites da
1. INTRODUÇÃO
liberdade de expressão e o discurso de ódio:
ApesarO de não ao
repúdio ter “hate
sido speech”
criado como
traduz,um instrumento
na realidade, político,delogo
decorrência no sistema
nosso seu início
o Facebook constitucional,
já dava pistasque do reflete,
seu potencial. Criado
nesse ponto, originalmente
a repulsa ao ódio como
étnico oestabelecida
“Facemash”,
no própriofotos
o software colocava Pactodos
de São José da Costa
estudantes Rica. (…)
de Harvard ladoEvidente,
a lado edesse modo,
permitia aoque a
usuário
liberdade
classificar quem de expressão
era “hot” ou não,não
umaassume caráter
palavra em absoluto em nosso
inglês usada para sistema jurídico,
designar pessoas
consideradas, sob tal perspectiva, as cláusulas inscritas tanto em nossa própria
sexualmente atraentes.
Constituição quanto na Convenção Americana de Direitos Humanos. (…) Há
Depoislimites que,criadores
que seus fundadosacessaram
na própriaaConstituição, conformam
rede de segurança o exercícioedo
da universidade cap-
direito à livre
turaram as imagens manifestaçãodos
de identificação do estudantes,
pensamento,oseispróprios
que a nossa Cartacomeçaram
usuários Política,
ao contemplar determinados valores, quis protegê-los de modo amplo, em
a trocar as suas
ordemfotos por imagens
a impedir, com textos
por exemplo, de protestos
discriminações ou que expressavam
atentatórias aos direitos suas
e
opiniões políticas, algofundamentais.
liberdades similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
(grifo nosso)
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,

tos Human., [online], 2005, v. 2, n. 2, p. 64-95. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S1806-


1 64452005000100004>. Acesso
Mestranda em Direito pela em: 10 nov.
Universidade 2017.de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
Federal
de Direito da
78 ROSENFELD, Universidade
Michel. Federalin de
Hate speech Minas Gerais.
constitutional Graduada ema Direito
jurisprudence: pela Pontifícia
comparative analysis.Universidade
Public Law Católica
Re-
de Minas
search Paper,Gerais.
n. 41, Currículo
Cardozo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Law School, abr. 2001. Disponível em: <http://papers.ssrn.com/sol3/papers.
Endereço eletrônico: [email protected]
cfm?abstract_id=265939>. Acesso em: 15 nov. 2017.

35
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSOSEministro
RPXEemED seuEvoto
DAdiz DRexpressamente
EBIL ,KOO nãoBpossuir
ECAFa liberdade de expressão
ARcaráter
TUEN absoluto,
ACIGdaÓmesma
LONCforma ET AqueTNcoloca
EMAR como
REFuma :ACbaliza
ITÍLdiscriminações
OP que
possam ser atentatórias a direitos e liberdades fundamentais. Resta cristalino que o direito
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
à livre determinação de identidade de gênero e sua manifestação – afinal, do contrário cair-
se-ia em mera prolixidade normativa sem a menor efetividade –, bem como a liberdade
quando da definição e vivência de uma orientação sexual em acordo com o projeto de vida
do indivíduo, inserem-se perfeitamente na ideia de liberdades fundamentais dessa ordem,
abarcados pelos limites enunciados pelo eminente ministro.
1
serroT etrauD aixélA

4. A PROTEÇÃO ÀS MINORIAS SEXUAIS COMO EFETIVAÇÃO DA DIGNIDADE DA


PESSOA HUMANA OMUSER

odimusnocA edignidade
oãçaroc o da odapessoa
tsiuqnocfoimeerigida
t euq laino
cosordenamento
eder ,koobecaFjurídico
od aticílbrasileiro
pxe oãssimpara A nortear
od toda
roderaoatuação
a soudívdo idniEstado
e sorieem
lisartoda
b ed asesua
õhliconformação
m ed adiv ad erosuas
iam zinstituições.
ev adac opmSob et messa
u ótica,
oãçimpõe-se
auta auS .àodsociedade
ajagne etncomo
emlivicum e otodo
datceenaoocEstado
,ot rebanão
siam o d n u m o r e t n a m é , o d n u
só o respeito a todos os indivíduos e am
e oseus
dúetnprojetos
oc ed oãpessoais,
çirtser ed mas
sacitítambém
lop sausaepromoção
euqatsed oedproteção
ahnag medessa
t ocitídiversidade
lop oiránec ode n projetos.
odnCada
azitarcindivíduo
omed koobtem ecaFoodireito
airatsE de
.sacviver
imêlosua
p raresexualidade
g a maunitnoplena
c omtireogsadiamente.
la ed oãçazilanEosoreEstado
p tem
socaitílobrigação
op sodit raplegal
e sotade
didgarantir
nac ,setnque
erefiisso
d sacocorra
itílop sedeõsiVmaneira
?a-odnaconcreta
zilartnec ueo materialmente
oãçamrofni a igual79.
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
Afinal, são exatamente grupos em situação de fragilidade social que merecerão – na
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
perspectiva da dignidade da pessoa humana enquanto princípio jurídico – especial proteção
.rednopser a eõporp
da lei.

A livre orientação sexual é um atributo da própria condição humana. Está entre um


rol fundamental de direitos de cada indivíduo, denominados direitosOÃ daÇUpersonalidade,
DORTNI .1que

oicícompõe
ni ues oan expressão
ogol ,ocitímais
lop oprofunda
tnemu rtsdos
ni mprincípios
u omoc oconstitucionais
dairc odis ret onoãnDireito
ed rasCivil.
epA Portanto,
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o –
a partir do momento em que o Estado não garante adequadamente esse desenvolvimento
oirápor
usuexemplo,
oa aitimrnão
ep eprotegendo
odal a odade
l dmaneira
rav raH eefetiva
d setnadeterminadas
dutse sod sotpessoas
of avacoque loc esão
rawlimitadas/
t fos o
saoviolentadas
ssep rangisemed razão
arap adedasua
su sorientação
êlgni me asexual
rvalap –,
amestá-se
u ,oãn diante
uo ”tode
h“ flagrante
are meuqviolação
racfiissao
alcque
hoje constitui o centro referencial de todo o ordenamento jurídico..setnearta etnemlauxes
-pac e edEntender
adisrevinuaaddignidade
açnarugehumana
s ed ederenquanto
a marassemandamento
ca serodairc constitucional
sues euq siope–D princípio
mafundante
raçemoc da soRepública
iráusu soi–rpéónecessariamente
rp so ,setnadutsereconhecer
sod oãçaque cfiitnaeConstituição
di ed snegam i sa m
possui ararut
efetividade
saunormativa,
s mavasseou rpxeseja,
euqque
uo nãosotsesetorestá
p eddiante
sotxetdemmeros
oc snegconselhos,
ami rop somas tof sdeausmandamentos
sa raco r t a a
souserem
dívidniperseguidos
ed et rap ropporlfi rtodo
ep oagente
d otof epúblico.
d saçnaAssim,
dum sàé rmister
alimis aogperfeita
la ,sacitcompreensão
ílop seõinipo do
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
conteúdo desses princípios constitucionais, de modo a garantir de fato sua efetividade e
consolidação. Em se tratando da livre autodeterminação sexual enquanto desdobramento
edadnecessário
lucaF ad oãçauda
dardignidade
G-sóP ed amhumana,
argorP – siaserá
reG saadotado
niM ed lareo
deFconceito
edadisrevindesenvolvido
U alep otieriD mepor
adnaMaria
rtseM Celina
1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
.8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
79 DIAS, op. cit. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE36
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
Bodin de Moraes80, que FACEBOOK, LIBERDADE
considera a dignidade humana sob oDE viésEXPRESSÃO
da igualdade, da E
integridade psicofísica,
POLÍTICA: vontadeFERRAMENTA
livre, autodeterminaçãoTECNOLÓGICA
e garantia de não marginalização.
NEUTRA
Do prisma da igualdade,OU urge PLATAFORMA
vislumbrar que se trataVIRTUAL EDITORIAL?
de uma igualdade material, ou
seja, que se faz presente no mundo dos fatos e não apenas na norma. É o reconhecimento
de que o outro merece o mesmo respeito, independentemente de qualquer característica que
tenha. Por que dizer que o outro é merecedor do mesmo respeito e não do mesmo direito?
Exatamente pelo outro viés da igualdade enquanto princípio que recai sobre a consideração do
que torna o sujeito particular, ou seja, o respeito a diversidade. A ideia de igualdade
Aléxia não pode,
Duarte Torres1
portanto, jamais servir a uma ideia hegemônica ou totalizante, e sim partir do pressuposto de
uma equidade enquanto dignidade e não características e condutas.

Na esfera da integridade psicofísica, o que se encontra como norte é o direito a uma


RESUMO
vida digna. Essa perspectiva deu ao princípio novo conteúdo extrapolando enormemente o
A missão
que se tinha explícita
até então do Facebook,
– defesa rede esocial
contra tortura que tem
garantias aosconquistado
presos. Esteopostulado
coração e passa
consumido
a
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos
ser fundamental para a defesa dos direitos da personalidade e vai abarcar ainda importantesao redor do
mundo,naé busca
manifestações manter do o mundo maispor
indivíduo aberto,
sua conectado
realização epessoal,
civilmentecomo
engajado. Sua atuação
a reprodução
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
humana assistida – congelamento de embriões – transplantes de órgãos, mudança de sexo,
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
dentre outros. Enfrentar todas essas questões – algumas enquanto desdobramento direto
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
dos avanços científicos – é questionar limites entre a autodisposição do próprio corpo e a
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
atuação do Estado.
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
O indivíduo, para ser de fato respeitado e assim se desenvolver de maneira digna,
propõe a responder.
necessariamente carece de ter preservado seu direito à autodeterminação, ou seja, a sua
liberdade. O desenvolvimento é íntimo e pessoal, cada indivíduo o tem de forma única e as
1. “castrações”
muitas INTRODUÇÃO que são promovidas – muitas vezes pelo próprio Estado, seja por ação
ou por omissão – configuram verdadeira
Apesar de não ter sido criado violência
como um contra esse indivíduo.
instrumento político, logo no seu início
o Facebook já dava portanto,
Essa liberdade, pistas do seseu potencial.noCriado
materializa originalmente
livre exercício como
por parte do oindivíduo
“Facemash”,
da
o software colocava fotos
sua pessoalidade e intimidade. dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
O último postulado
sexualmente atraentes. é a ideia de solidariedade, que passa a ser verdadeira tábua
axiológica nos ordenamentos jurídicos modernos, inclusive como forma de se afastar
Depois
dos horrores que seusdurante
praticados criadores acessaram
a Segunda a rede
Grande de segurança
Guerra.81 da do
A escolha universidade
legislador eemcap-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários
insculpir a solidariedade enquanto princípio impõe a toda ação o dever de buscar uma começaram
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
sociedade mais justa e igualitária, abrindo necessariamente um momento de não permissão
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
para qualquer tipo de exclusão ou marginalização. Assim, pensar a solidariedade enquanto
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,

80 MORAES, Maria Celina Bondin. O conceito da dignidade humana: substrato axiológico e conteúdo normativo.
In: SARLET, Ingo Wolfgang (Org.). Constituição, direitos fundamentais e direito privado. 2. ed., rev. e ampl.
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37
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSmanifestação
uma SERPXEdaEdignidade
D EDAhumana
DREBéIvisualizar
L ,KOO BEprojeto
como CAF de Estado e de sociedade
ARum
TUespaço
EN AqueCInão
GÓpermita
LONaCdiscriminação,
ET ATNEMuma ARvez
REque esta
F :A CItem
TÍLcomo
OP produto uma
massa de marginalizados.
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
Desse modo, compreender a necessidade de se buscar – do ponto vista social e
jurídico – a efetivação dos direitos das minorias sexuais de modo amplo, é atender ao
projeto constitucional de 1988. O que se vive na atualidade é um descompasso entre o que
a lei e todo o contexto histórico-jurídico impõe à atuação do Estado, dado que inexiste um
1 compromisso efetivo com a promoção desses grupos e políticas públicas que viabilizem
serroT etrauD aixélA
a autodeterminação sexual, especialmente quando se considera que tais direitos são
diariamente cerceados pelo quadro de violência generalizado no país contra essas minorias
sexuais. Nessa conjuntura, permitir que qualquer cidadão, em especial algum que esteja
com determinada projeção – como um candidato, por exemplo –, é ir na contramão OMUSER de todo
um
odim ushistórico
noc e oãçde
arolutas
c o odeatganhos, ainda
siuqnoc m et euque
q laictímidos,
os eder de
,koodiversas
becaF odpessoas.
aticílpxe oãssim A
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
4.1 A teoria dos atos de fala e o discurso de ódio contra homo e transexuais
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
odnazitarcoHámeuma
d koobsérie
ecaF odeaircoias
atsE .saque
cimêpodemos
lop rareg a fazer
maunitou
noctentar
omtirogfazer
la ed osimplesmente
ãçazilanosrep falando.
socPode-se
itílop sodiperguntar
t rap e sotadalgo,
idnacfazer
,setneuma
refid ameaça,
sacitílop scelebrar
eõsiV ?a-um
odncasamento,
azilartnec uo oagredir
ãçamroalguém.
fni a Cada
o muma
eussdessas
op koobcoisas
ecaF odé um
soiráato
noide
cnufala
f e sespecífico.
erodadnuf A soteoria
d saiedos
di saatos mocdemfala
egredivide
vid euqo discurso
es oem
git rcategorias
a esse euq deseõacordo
tseuq scoma oãsasque
assEse ?aprestam
mrofatalpe aqual
n edasua
dilibcapacidade
isiv e oçapsde e om sem efeitos
produzir
específicos.82 O ato de fala produz efeitos e são necessárias várias .rednocondições
pser a eõporelacionadas
rp
às circunstâncias em que a frase é produzida e aos interlocutores. Ou seja, o contexto é
determinante para que determinada fala tenha ou não significado.
OÃÇUDORTNI .1
O mais relevante da citada teoria para o presente estudo é o reconhecimento da
oicífala
ni uenquanto
es on ogopotência.
l ,ocitílopOu otnseja,
emu rotsdiscurso
ni mu ompor oc siodsó aircé uma
odis força ret oãen produz
ed raseefeitos.
pA Uma
,”hsilustração
amecaF“ para o omdemonstrar
oc etnemlancomo igiro ooduso airCda .lapalavra
icnetop assumeues od uma satsipcarga
avadcultural
áj koobeesocial
caF o de
oirámodo
usu oaa amodificar
itimrep e seu odalsignificado
a odal dravéraaHpalavra ed setn“viado”.
adutse sAodmesma sotof apalavra
vacoloc que erawét futilizada
os o
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
cotidianamente entre amigos para se chamarem – verdadeiro vocativo entre homens
.setnearta etnemlauxes
independentemente da orientação sexual – é também utilizada como xingamento. Mas, ao
-pafinal,
c e edqual
adismensagem
revinu ad aaçnpalavra arugesvai ed carregar
eder a menquanto arassecaformadora?
serodairc sSe uesemeuqumsiojogopeDde futebol
maumraçepai
mocacompanhado
soiráusu soirdo pórfilho
p so de ,seseis
tnaduanos, tse soao d ose ãçdeparar
acfiitnedcom i ed sumnegerro
ami do sa m ararutque
árbitro
sauprejudica
s mavassseu erpxtime
e euqgrita uo “Quesotsetisso orp eseud soviado?!”,
txet mocasreferência
negami ropdasopalavra tof saupara
s sa orafilho
cort éa de
souque
dívidser
ni “viado”
ed et rapé fazerrop lfialgo rep errado.
od otofQuandoed saçnesse adum sà ralgaroto
mesmo imis ogseladepara ,sacitílcom
op seum õincolega
ipo
,soddeinU s o d a t s E s o d s i a i c n e d i s e r p s e õ ç i e l e s a n o t i e l
classe que é chamado por outros garotos e garotas de “viado”, a inferência dele já p o d o d a t l u s e r o m o c s o d a m r o f n o cnestá
i
pronta. Assim tem-se uma manifestação significante da linguagem perpetuando preconceito
e violência contra determinado grupo.
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
82 SEARLE, John. Filosofia.8da13linguagem:
505656618uma475entrevista
2/rb.qpnc.com
settalJohn
//:ptthSearle.
:settalTradução
olucírruCde
.siaGabriel
reG sandeiMÁvila
ed Othero.
ReVEL, v. 5, n. 8, 2007. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE38
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
A ilustração acima tem LIBERDADE
como único objetivo DE reduzir
problematizar que, EXPRESSÃO
a linguagem E
a um canal apenas, e não como
POLÍTICA: um produto, é um TECNOLÓGICA
FERRAMENTA erro. Pois a potência da NEUTRA
fala, além
de ser perceptível, é culturalmente construída. Essa construção obviamente não está livre
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
de toda a carga de preconceito que porventura já exista na sociedade objeto da análise.
Provavelmente chamar uma mulher de adúltera no Brasil não tem o mesmo peso que fazê-lo
em um país islâmico teocrático. Ou seja, novamente o contexto em seu sentido amplo é
fator crucial para se aferir o poder/potência de determinada fala.

Nessa esteira, quando se analisa o discurso proferido, a percepçãoAléxia deDuarte


seu conteúdo
Torres1
é fundamental para aferir se há ou não agressão a outrem. Pensar o discurso apenas pelo
viés do exercício regular de direito sob o manto da liberdade de expressão é ignorar o caráter
polipotente de qualquer fala proferida. A fala forma, incita, informa, agride e modifica. E não
RESUMO
se está falando de um produto a ser concretizado ou realizado a partir da fala, e sim desta
enquanto Aproduto.
missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
um tempo
Faz-se cada ovez
necessário maioredaa vida
estudo de milhõesdodediscurso
compreensão brasileiros
emetodo
indivíduos
o seu ao redore do
poder
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado.
suas implicações. Afinal, a fala pode ser um meio para se chegar a determinado resultado Sua atuação
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
pretendido. Aqui se enquadra uma das teorias/conceitos do discurso de ódio, em que se
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
defende que só se estará diante de um discurso de ódio quando este gerar uma consequência
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
prática ou incentivar claramente a um ato prático de violência. Indubitável que, ocorrendo o
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
caso citado, se estará diante de uma situação em que houve discurso de ódio. Entretanto,
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
reduzir a ideia do discurso de ódio à conclamação direta à violência é ignorar o discurso
propõe a responder.
enquanto produto.

Ou seja, quando a fala tem conteúdo que em si inferioriza e ataca um grupo


1.
determinadoINTRODUÇÃO
– ainda que se ataque um indivíduo e essa agressão se faça por meio do
uso, no discurso,
Apesar dedenãocaracterísticas que como
ter sido criado o identifiquem como parte
um instrumento de umlogo
político, grupo, sendo
no seu início
issoo usado como razão de inferiorizá-lo –, o ato violador de direito consuma-se,
Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”, naquele
momento, na própria
o software colocavafala.fotos
Dessedosmodo, a fala deixa
estudantes de ser lado
de Harvard meioapara
ladose chegar a ao
e permitia umusuário
fim
violento e é em si um ato violento; portanto, se não for um crime, no mínimo
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas se trata de
abuso de direito.atraentes.
sexualmente
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
5. turaram as imagens de
CONSIDERAÇÕES identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
FINAIS
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
O presente
opiniões trabalho
políticas, algobuscou
similaranalisar o discurso
às mudanças de de ódio
foto doenquanto
perfil porumparte
limitador para o
de indivíduos
exercício da liberdade
inconformados comdeoexpressão
resultado do de pleito
candidatos quando presidenciais
nas eleições este proferir discurso de cunho
dos Estados Unidos,
homotransfóbico. O discurso tem a capacidade de intimidar, agredir, violentar e assediar.
Ou seja, trata-se de atentado direto e imediato, não carecedor, portanto, de consequência
1 Mestranda
mediata para queemseDireito pela Universidade
configure enquantoFederal de Minas
violento Gerais
a partir de –que
Programa de Pós-Graduação
se manifeste da Faculdade
discriminatório
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
e inferiorizante.
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço eletrônico: [email protected]

39
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSProblematiza-se
SERPXE EDde Eforma DAD REBa Idefinição
intensa L ,KOdo OB EC
que AFum discurso inferiorizante.
seria
ARNesse
TUEsentido,
N ACvalem IGÓduasLOacepções.
NCET A ATprimeira
NEMcorrespondendo
ARREF :ACaoITcontexto
ÍLOPno qual aquele
discurso foi proferido. Contexto entendido enquanto tempo, lugar, promotor do discurso e de
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
quem ele fala. E ainda os aspectos de dignidade, enquanto princípio preenchido de conteúdo
que pode ser mensurado no discurso e também na manifestação do agredido.

Independentemente da esfera jurídica em que essa apuração seja feita – civil ou penal
–, ela obedecerá aos ritos e princípios tradicionais como a ampla defesa e o contraditório;
1 logo, será possível a descaracterização do ocorrido. Em suma, em um processo instaurado,
serroT etrauD aixélA
o que não se pode é naturalizar a ofensa e o menosprezo a determinados grupos – que são
fatores incitadores de violência devido ao histórico de marginalização desses indivíduos –
de modo a manter numa ideia de normalidade o que é violento e violador de direitos.
OMUSER

odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
REFERÊNCIAS
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
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moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE40
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,e aLIBERDADE
MOREIRA, F.; MADRID, D. A homossexualidade DE EXPRESSÃO
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ROSENFELD, Michel. Hate speechOU PLATAFORMA
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RESUMO
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missãoManual de Direito
explícita Civil. São
do Facebook, Paulo:
rede Método,
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que tem conquistado o coração e consumido
TONIETTE,umMarcelo
tempo Augusto. Um maior
cada vez breve olhar histórico
da vida sobre ade
de milhões homossexualidade. Revista Brasileira
brasileiros e indivíduos ao redor do
de Sexualidade
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civilmente engajado. Sua atuação
portal/images/stories/pdf/5-rbsh-vol17-2006-n1.pdf#page=37>. Acesso em: 15 dez. 2017.
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
propõe a responder.

1. INTRODUÇÃO

Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
sexualmente atraentes.
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,

1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço eletrônico: [email protected]

41
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSSERPXE ED EDADREBIL ,KOOBECAF
ARTUEN ACIGÓLONCET ATNEMARREF :ACITÍLOP
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO

1
serroT etrauD aixélA

OMUSER

odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
.rednopser a eõporp

OÃÇUDORTNI .1

oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
.setnearta etnemlauxes
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni

edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
.8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE42
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
VIABILIDADE DA UTILIZAÇÃO
FACEBOOK, PROGRESSISTA
LIBERDADE DA E
DE EXPRESSÃO
CRIMINALIZAÇÃO DO DISCURSO
POLÍTICA: FERRAMENTA DE ÓDIO RACIAL
TECNOLÓGICA NEUTRA
NA PROPAGANDA
OU PLATAFORMAPOLÍTICO-ELEITORAL
VIRTUAL EDITORIAL?

Diogo Aléxia Duarte Torres 1


Fernandes Gradim

RESUMO:
RESUMO
O presente artigo apresenta uma crítica ao controle do discurso de ódio racial pela via
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
da criminalização. Em tal tarefa, serão trabalhadas teorias criminológicas tradicionais
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
(positivistas) e a criminologia crítica para apresentar ao leitor uma síntese dos
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
principais pontos da crítica ao funcionamento das instituições penais. Além disso,
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
serão expostas com especial enfoque as críticas que relacionam a atuação do poder
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
punitivo e a opressão de uma raça por outra para alcançar o principal problema
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
apontado pela criminologia crítica nas propostas de utilização do poder punitivo
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
como forma de mudar uma realidade opressora: o caráter intrinsecamente opressor
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
do poder punitivo. Expostas as questões gerais do poder punitivo, serão analisados,
propõe a responder.
também sob dois prismas distintos (favorável e contrário ao controle do discurso
de ódio), os efeitos políticos do controle penal do discurso de ódio racial buscando
1. identificar se os argumentos da criminologia crítica podem ser transportados para
INTRODUÇÃO
a esfera da política eleitoral a fim de estabelecer posição sobre o assunto. Ao final,
Apesar
serão de nãoalgumas
apontadas ter sidosoluções
criado como um instrumento
de acordo com as críticaspolítico, logo no seu início
aqui desenvolvidas.
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
1 classificar
CRIMINOLOGIA
quem eraCRÍTICA
“hot” ouE RACISMO
não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
sexualmente atraentes.
1.1 Breve apresentação da criminologia crítica
Depois que seus
Tradicionalmente criadores acessaram
a criminologia a rede
é conceituada de um
como segurança
ramo dasdaciências
universidade e cap-
criminais
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
que estuda as causas da prática de conduta criminosa, visão que tem origem na escola
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
positivista de criminologia.
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
Especificamente
inconformados comno que tange do
o resultado à construção do sistema
pleito nas eleições penal e da criminologia
presidenciais dos Estados posi-
Unidos,
tivista, o elemento racial tem papel central dentro desta escola que busca analisar o crime
por uma ótica causal-explicativa, aparecendo na obra de autores como Cesare Lombroso83
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
83 LOMBROSO,
de Minas Gerais.
Cesare.Currículo
O homem lattes:
criminoso.
http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Tradução de Maria Carlota Carvalho Gomes. Rio de Janeiro: Rio,
1887.
Endereço eletrônico: [email protected]

TORRES,
GRADIM, DiogoAléxia Duarte.Viabilidade
Fernandes. Facebook, daliberdade de progressista
utilização expressão e política: ferramentado
da criminalização tecnológica neutra
discurso de ódioou plataforma
racial virtual editorial?
na propaganda 43
In: PEREIRA,
político eleitoral.
Rodolfo Rodolfo
In: PEREIRA, Viana (Org.). DireitosDireitos
Viana (Org.). políticos, liberdade
políticos, de expressão
liberdade e discurso
de expressão de ódio.
e discurso Volume
de ódio. I. Belo
Volume Horizonte:
II. Belo Horizonte:IDDE,
IDDE,2018.
2018.p.p.07-33.
43-66.ISBN
ISBN978-85-67134-05-5
978-85-67134-06-2.. Disponível
Disponívelem:
em:<https://goo.gl/g4e2Gy>
<https://doi.org/10.32445/97885671340623>
EOna ÃSSERe P
Europa XERodrigues
Nina ED ED 84
A
noD REBcomo
Brasil IL ,um
KOelemento
OBECdeAFidentificação do criminoso.
ARÉTimportante
UEN Aidentificar
CIGÓLaO centralidade
NCET AdoTN elemento
EMAR racial
REna F criminologia
:ACITÍLO positivista
P porque
grande parte das políticas criminais são formuladas ainda com base nesta visão que cen-
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
traliza o indivíduo infrator e as causas do crime.

A criminologia crítica empreendeu uma modificação do objeto de estudo para o mo-


mento anterior à prática do ato delituoso e estuda o processo de criminalização de condutas
bem como deixa de analisar o agente da conduta para analisar as condições objetivas que
1 formam o contexto da prática das condutas desviantes. Tal mudança de objeto e de método
serroT etrauD aixélA
ocorreu com o surgimento do labeling approach, configurando o chamado criminologic
turn.
Conforme destaca Nilo Batista,
OMUSER
ao contrário da Criminologia Tradicional, a Criminologia Crítica não aceita, qual
odimusnoc e oãçaroac priori
o odainquestionável,
tsiuqnoc met euoqcódigo
laicos penal,
eder ,kmas
oobeinvestiga
caF od atcomo,
icílpxe opor
ãssquê
im A[sic] e para
od roder oa soudíviquemdni e s(em
orieambas
lisarb eas
d sdireções:
eõhlim edcontra
adiv aquem
d roiaememzevfavor
adacdeopquem)
met mse u elaborou
oãçauta auS .odajageste ne ecódigo
tnemliveicnão
e odoutro.
atcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
Segundo Juarez Cirino dos Santos, a criminologia crítica surgiu a partir da “integra-
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop sodiprocessos
ção dos t rap e sotadsubjetivos
idnac ,setnedereficonstrução
d sacitílop sesocial
õsiV ?ada
-odcriminalidade,
nazilartnec uo oestudados
ãçamrofni apelo labe-
o mling
eussapproach,
op koobeccom aF odossoprocessos
iránoicnuf objetivos
e serodadestruturais
nuf sod saieedideológicos
i sa moc medas grevrelações
id euq sociais
de produção da vida material, definidos pela teoria marxista”
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?amrofatalp an edadilibisiv e oçapse omsemmudança,
. A partir dessa
85

opera-se também uma alteração no conceito de criminologia. .Lola rednoAnyar


pser adeeõCastro,
porp citada
por Nilo Batista86, a define como “a atividade intelectual que estuda os processos de criação
das normas penais e das normas sociais que estão relacionadas com o comportamento
desviante (…)”. Vera Malagutti Batista87, acompanhando Eugênio Raúl OÃÇU DORTNI diz que
Zaffaroni, .1 a
criminologia seria “o curso dos discursos sobre a questão criminal” e aconselha que “ob-
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
servemos o curso desse caudaloso rio a partir da nossa margem periférica”.
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráusu oAlessandro
a aitimrep eBaratta,
odal a um
odaldos
draprincipais
v raH ed seteóricos
tnadutsedasocriminologia
d sotof avacchamada
oloc erawdet focrítica,
so
saoresume
ssep rabem
ngisead ideia
arap em
adaseu
su sCriminologia
êlgni me arvCrítica
alap ameuCrítica
,oãn udo
o ”Direito
toh“ arPenal:
e meuq racfiissalc
Na perspectiva criminológica crítica a criminalidade.snão
etneéamais
rta etuma
nemlqualidade
auxes
-pac e edadisrevinuontológica
ad açnarudegedeterminados
s ed eder a mcomportamentos
arasseca serodaiercdesudeterminados
es euq siopeDindivíduos,
mas se revela, principalmente, como um status atribuído a determinados indiví-
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
duos mediante uma dupla seleção: em primeiro lugar, a seleção dos bens pro-
saus mavasserpxetegidos
euq uopenalmente,
sotsetorp eeddos
sotcomportamentos
xet moc snegamofensivos
i rop sotoa fdestes
saus bens,
sa racdescritos
ort a
soudívidni ed et rapnosrotipos
p lfi repenais;
p od oem
tof segundo
ed saçnalugar,
dum asàseleção
ralimisdos
oglindivíduos
a ,sacitíloestigmatizados
p seõinipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
84 RODRIGUES, Nina. As raças humanas e a responsabilidade penal no Brasil. Salvador: Progresso, 1957.
85 SANTOS, Juarez Cirino dos. Criminologia e Política Criminal. In: BITTAR, Walter Barbosa (Coord.). A Crimino-
edadlucaFlogia
ad oãno
çaSéculo
udarG-sXXI.
óP eRio
d amdearJaneiro:
gorP – sLumen
iareG saJuris,
niM e2007.
d laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló86
taC edBATISTA,
adisrevinNilo.
U aicIntrodução
ífitnoP alep crítica
otieriDao
medireito
adaudpenal
arG .sbrasileiro.
iareG sani11.
M eed.
d laRio
rededeF eJaneiro:
dadisrevRevan,
inU ad o2007.
tieriD ed
87 BATISTA, Vera Malaguti..8Foucault
1350565na66periferia
184752/darb.barbárie.
qpnc.settQuadranti
al//:ptth :se–ttRivista
al olucíInternazionale
rruC .siareG sadiniM ed
Filosofia Con-
temporanea, v. II, n. 1, 2014. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE44
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
entre todosFACEBOOK, LIBERDADE
os indivíduos que realizam DE EXPRESSÃO
infrações a normas penalmente sancio- E
nadas. A criminalidade é – segundo uma interessante perspectiva já indicada
POLÍTICA: FERRAMENTA
nas páginas anteriores TECNOLÓGICA
– um “bem negativo”, NEUTRA
distribuído desigualmente confor-
me a hierarquiaOU PLATAFORMA
dos interesses fixada no VIRTUAL
sistema EDITORIAL?
sócio-econômico e conforme
a desigualdade social entre os indivíduos.88

Vera Malaguti extrai da obra de Alessandro Baratta que “a função simbólica da pena
e a punição de ‘certos comportamentos’, sobres os quais a dor é infligida, apenas serve
de cobertura ideológica para os mecanismos de controle social duro sobre as classes
perigosas”89. Aléxia Duarte Torres1
A criminologia crítica promove uma desconstrução do crime como algo natural e
da pena como uma resposta óbvia à conduta desviante, resposta essa que é pretendida
também por muitos movimentos que buscam alteração da atual relação de forças existente
RESUMO
na sociedade (desigualdade de gênero e de raça, por exemplo).
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
A partir da criminologia
um tempo crítica,
cada vez maior dapercebe-se que ode
vida de milhões poder punitivoe é,
brasileiros intrinsecamente,
indivíduos ao redor do
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado.
opressor e gerador de desigualdade e a sua demanda seria uma espécie de “cobertura Sua atuação
no cenário
ideológica”90 políticoatem
que encobre ganhado da
reprodução destaque e suas
realidade políticas
social de restrição
já existente de conteúdo
com todas suas e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
desigualdades.
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
1.2 Racismo
mesmoestrutural e sistema penal
espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
propõe a responder.
O deslocamento do objeto de análise da criminologia da justificativa causal-explicati-
va do fato imputado como criminoso para o processo de criminalização de condutas e para
a análise de comportamentos desviantes para além da esfera criminal será aqui utilizado
1. INTRODUÇÃO
para analisar o racismo enquanto discurso de ódio praticado no âmbito do discurso político
(eleitoral ou não).de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
Apesar
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
Nesse contexto, serão tratadas apenas condutas de injúria qualificada por racismo e
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
em tese enquadráveis na previsão do art. 140, § 3º, do Código Penal, e o art. 20, caput, da
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
Lei nº 7.716/1989, afastando-se os demais tipos previstos na Lei nº 7.716/1989, por não
sexualmente atraentes.
se tratar de condutas que podem ser entendidas como discurso.
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
88 a BARATTA,
trocar asAlessandro.
suas fotos por imagens
Criminologia com do
crítica e crítica textos
direitode protestos
penal: introduçãoou que expressavam
à sociologia suas
do direito penal.
3. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2002.
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
89 BATISTA, Vera Malaguti. Introdução crítica à criminologia brasileira. Rio de janeiro: Revan, 2011.
90 inconformados com ocom
Em metáfora que dialoga resultado do pleito
a astrofísica, nas eleições
a socióloga presidenciais
Sabrina Fernandes dos
explica que há Estados
“buracos deUnidos,
mi-
nhoca ideológicos” que encurtam o espaço entre esquerda e direita. Nas palavras da socióloga, “quanto a
esquerda faz uma defesa de esquerda mas se apropria de táticas mais coerentes com um projeto de direita,
isso cria algo como uma junção, um buraco de minhoca que dobra o tecido ideológico ao invés de o espaço-
1 -tempo
Mestranda em Direito
na astrofísica. Napela Universidade
teoria, quando seFederal de Minas
pensa em viagemGerais – Programa
pelo universo, umadedas
Pós-Graduação
possibilidadesdaseria
Faculdade
o
de Direito
tal buraco de da Universidade
minhoca, Federal
que seria de Minasum
praticamente Gerais.
buracoGraduada
de duas em Direito
bocas que pela Pontifícia
formaria Universidade
um atalho Católica
entre regiões
de Minas
distintas Gerais. Currículo
do universo”. lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
JUSTIFICANDO. Buracos de minhoca ideológicos: o punitivismo. 2017. Disponível em:
Endereço eletrônico: [email protected]
<https://www.youtube.com/watch?v=5GnTS2eOPOA&t=317s>. Acesso em: 3 dez. 2017.

45
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSTambém
SERPXseEfazEnecessária
D EDAD REressalva
uma BIL ,K OOao
quanto BEconceito
CAF de racismo. Não obstan-
ARteTvariados
UEN A conteúdos
CIGÓsemânticos,
LONCETracismoATNE será
MAconsiderado
RREF :Aaqui CIcomo
TÍLOumPfenômeno so-
cial que vai além da concepção biologizante, sendo caracterizado também pela sua origem
?LAIROTIDE 91LAUTRIV AMROFATALP UO
social e histórica , destacando que o conceito de raça será utilizado apenas na sua forma
sociológica e ressaltando as críticas pertinentes sobre o conceito biológico92.

Isso posto, dados estatísticos93 apontam para um resultado prejudicial à população


não branca das ações criminalizadoras no Brasil, havendo sobrerrepresentação de negros
1 e sub-representação de brancos nas prisões em flagrante quando comparados os núme-
serroT etrauD aixélA
ros com os da composição da população em geral, conforme apontado pelo Mapa do
encarceramento94. Thula Rafaela Martins traz, em sua tese de doutorado, dados da Anistia
Internacional segundo os quais mais de 90% da população carcerária brasileira é composta
OMUSER
por negros95.
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
Um dos grandes problemas apresentados tanto no estudo de práticas racistas (dis-
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
cursivas ou não) quanto no estudo de práticas criminalizadas é a individualização da ques-
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
tão, tratando uma ofensa racial ou a prática de uma conduta criminosa prevista em lei única
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
e exclusivamente como um conflito individual entre vítima e autor.
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop soEssa
dit rapvisão
e sotéadproblemática
idnac ,setnerefporque
id sacitílencobre
op seõsiVum
?a-conflito
odnazilarsocial
tnec uoqueoãçdá
amorigem
rofni a e forma
o moeucontexto
ssop koodaquela
becaF odconduta
soiránoiindividual,
cnuf e serofazendo
dadnuf scom
od saque
iedi sejam
sa mocpropostas
megrevid soluções
euq que
es onão
git ralevam
esse eemuq sconta
eõtseutal
q scontexto.
a oãs sassAE ?fim
amde
rofaesclarecer
talp an edadmelhor
ilibisiv ea oquestão,
çapse omcumpre
sem trazer
digressão histórica para expor dois fatores cruciais para a compreensão .rednopser ados
eõpprocessos
orp de
criminalização expostos por Foucault em Vigiar e Punir e Rusche e Kirchheimer em Punição
e Estrutura Social.
OÃÇUDORTNI .1
O primeiro deles é a extinção de métodos horizontais de solução de conflitos entre
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
particulares para a verticalização dessa solução que atribuiu a uma autoridade superior o
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
poder de arbitrar a solução adequada ao conflito, o que afastou a vítima desse processo.
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
A isso Vera Malaguti chamou de confisco do conflito, defendendo que “a gestão horizontal
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
da conflitividade é substituída por uma gestão vertical e hierarquizante que funda o que
.setnearta etnemlauxes
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
ma91
raçem DUARTE,
oc soiEvandro
ráusu sCharles
oirpórPiza.
p soCriminologia
,setnadutse eracismo:
sod oãintrodução
çacfiitneaodi processo
ed snegdeamrecepção
i sa madasrarteorias
ut
criminológicas no Brasil. Dissertação (Mestrado em Direito) – Faculdade de Direito da Universidade Federal
saus madevaSanta
sserCatarina.
pxe euqFlorianópolis,
uo sotset1988.
o r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
sou92
dívidIbidem,
ni ed p.et93.
rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sod93
inU Por
sodexemplo,
atsE sopresentes
d siaicnenodi“Mapa
serp sdo eõencarceramento:
çiele san otielos
p ojovens
d odadotluBrasil”,
ser o m elaborado
oc sodapela
mroSecretaria
fnocni de
Políticas de Promoção da Igualdade Racial, e na Nota Técnica nº 10, de novembro de 2013, do Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
94 BRASIL. Mapa do Encarceramento: os jovens do Brasil/Secretaria-Geral da Presidência da República. Brasília,
edadlucaF2014..
ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló95
taC edPIRES,
adisrevThula
inU aicRafaela
ífitnoP ade
lepOliveira.
otieriD mCriminalização
e adaudarG .siado
reGracismo:
saniM edentrelaredpolítica
eF edaddeisrereconhecimento
vinU ad otieriD eed meio de
legitimação do controle .social
81350dos
5656não
618reconhecidos.
4752/rb.qpnc.sTese
ettal/(Doutorado
/:ptth :settalem
oluDireito)
círruC .s–iaPontifícia
reG saniMUniversidade
ed
Católica do Rio de Janeiro. Rio de janeiro: p. 12, 2013. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE46
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
Foucault chama de poder FACEBOOK, LIBERDADE
punitivo, uma ideia muito DE
mais densa que a deEXPRESSÃO
sistema penal”96. E
A criação de uma estrutura que,FERRAMENTA
POLÍTICA: dado um comportamento desviante, afasta da solução
TECNOLÓGICA NEUTRA do
conflito a vítima e centra na pessoa do ofensor a reprimenda promove a despolitização da
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
questão e a subjetivação do conflito.

O segundo fator é colocar-se a prisão como uma resposta para a deslegitimação do


poder punitivo gerada pela identificação entre a população em geral com os condenados.
A pena de prisão promove uma nova legitimação do mesmo poder, porém com penas
distintas. Aléxia Duarte Torres1
No âmbito específico que toca ao racismo, pode-se observar que a criminologia crí-
tica, baseada sobretudo em análises marxistas, deixa de lado a questão racial tida como
central no Brasil. Trata-se da importação da criminologia crítica a partir das obras de au-
RESUMO
tores europeus como Foucault, Rusche e Kirchheimer e Baratta de modo acrítico e sem
A missão
as ressalvas explícitapermitindo
adequadas, do Facebook, rede social que
a colonização tem conquistado
teórica o coração
e a reprodução e consumido
de uma visão
um tempo cada vez maior da
exclusivamente branca da questão criminal.vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
Nesta atribuição
no cenário de papel
político coadjuvante
tem ganhado à questão
destaque e suasracial é colocada
políticas a crítica
de restrição de que e
de conteúdo
a academia tem também um viés branco e importa teorias europeias que não falam por
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
completo ada realidadeouperiférica
informação dos países
centralizando-a? dapolíticas
Visões Américadiferentes,
Latina. Camila Cardoso
candidatos de Mello
e partidos políticos
Prando97 destaca que a com
que divergem recepção da criminologia
as ideias críticae funcionários
dos fundadores no Brasil e nadoAmérica
FacebookLatina teve o
possuem
três etapas nas quais nem sempre a questão racial esteve com a importância que
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo tem na se
realidade propõe
brasileira, sendo “diluída” na luta de classes na primeira fase; na segunda fase,
a responder.
houve a inserção de elementos característicos da periferia, da colonização e um começo
de abordagem da questão racial; na terceira fase, as questões de gênero e raça ganharam
1. INTRODUÇÃO
importância nas análises criminológicas.
Apesar
A crítica de não terporém,
permanece, sido criado como
mais por ser aum instrumento
raça um elementopolítico, logo da
explicativo no seletivi-
seu início
o Facebook
dade já davadopistas
penal (distorção) que umdo elemento
seu potencial. Criado
intrínseco ao originalmente como o “Facemash”,
próprio poder punitivo.
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
A partir dessa desvalorização do elemento da raça na pesquisa criminológica, Camila
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
Cardoso de Melloatraentes.
sexualmente Prando traz, com base em Bell Hooks98, a provocação aos acadêmicos
bancos para que passem também a racializar suas próprias questões já que, tradicional-
mente, osDepois que seus
não brancos sãocriadores acessaram
racializados a rede de
e os brancos sãosegurança
vistos de da universidade
forma e cap-
neutra nesse
turaram
ponto. as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
96 inconformados
BATISTA, op. cit. com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
97 PRANDO, Camila Cardoso de Mello. A criminologia crítica no Brasil e os estudos críticos sobre branquidade.
Revista Direito e Práxis, Ahead of print, Rio de Janeiro, 2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rdp/
v9n1/2179-8966-rdp-9-1-70.pdf>. Acesso em: 26 abr. 2018.
98 1 HOOKS,
Mestranda
Bell. em Direito race,
Yearning: pela Universidade
gender and Federal
cultural de Minas New
politics. GeraisYork
– Programa de Pós-Graduação
and London: da Faculdade
Routledge, 2015 apud
de Direito
PRANDO, da Universidade
Camila FederalAde
Cardoso de Mello. Minas Gerais.
criminologia Graduada
crítica eme Direito
no Brasil pela Pontifícia
os estudos Universidade
críticos sobre Católica
branquidade.
de Minas
Revista Gerais.
Direito Currículo
e Práxis, Aheadlattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
of print, Rio de Janeiro, 2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rdp/
Endereço eletrônico: [email protected]
v9n1/2179-8966-rdp-9-1-70.pdf>. Acesso em: 26 abr. 2018.

47
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSVê-se
SERPque XEhá,Emesmo
D EDA àD
luzRda
EB IL ,KOOcrítica,
criminologia BECque AF incorpora críticas a uma
ARrelação
TUEN de poder
ACIG consolidada,
ÓLONCpermanece
ET ATNa Ecrítica
MAde RRque
EFa questão
:ACITracial
ÍLOnãoP teve dado o
espaço devido nem teve reconhecida proximidade entre racismo e poder punitivo. Tal crítica
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
coloca ainda mais problemas na proposta de criminalização do racismo, posto que se trata
de uma ampliação do poder punitivo com todas as suas implicações.

1.3 Colocações preliminares sobre a criminalização do racismo


1
serroT etrauD aixélA
A identificação de um ambiente social onde, além dos mais notáveis e mais divulga-
dos casos de racismo contra indivíduos, há também racismo na forma estrutural e institu-
cional levou os movimentos a pleitearem reconhecimento jurídico de igualdade. Tal busca
também foi direcionada ao sistema penal visando, pela teoria do bem Ojurídico, MUSER ao reco-
nhecimento
odim usnoc e oãçda
aropopulação
c o odatsiuqnão
nocbranca
met euqcomo
laicossujeitos
eder ,kode
obedireitos
caF od atitulares
ticílpxe ode
ãssbens
im A jurídicos
penalmente tuteláveis na mesma medida em que a população branca.
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
oãçauta auPartidários
S .odajagnda e etcriminologia
nemlivic e odcrítica,
atcenocnão ,ot robstante
eba siamreconheçam
odnum o retnaalegitimidade
m é ,odnum do movi-
e omento
dúetnocque ed busca
oãçirtsreconhecimento
er ed sacitílop sadasus einstituições
euqatsed ojurídico-penais,
dahnag met ocitcolocam
ílop oiránequestões
c on acer-
odnca
azitdo
arcofuncionamento
med koobecaF odo airapoder
tsE .sapunitivo
cimêlop rque
areg oa m aunitn oc omt irog la ed oãçaz ilan osre p
tornariam em si incompatível com tal luta, já
socque
itílopseria
sodit roapinstrumento
e sotadidnacpor,setexcelência
nerefid sacitde
ílopsubjugar
seõsiV ?agrupos
-odnazilmal
artnecolocados
c uo oãçamnas rofnirelações
a de
o mpoder.
eussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
Não se trata de um embate entre negar e reconhecer .ros edndireitos
opser a de eõpigualdade
orp ra-
cial, mas de questionar se – e em que medida – a criminalização alcança os objetivos de
reconhecimento da população não branca. Thula Rafaela de Oliveira Pires coloca que “o
questionamento central refere-se a viabilidade/eficiência de se apostar OÃÇnaUDcriminalização
ORTNI .1 do
desrespeito como forma de proteção de identidades”, entendendo que:
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hsamecaF“ o omEnquanto
oc etnemolanmovimento
igiro odairCsocialaposta
.laicnetop unaescriminalização
od satsip avacomo
d áj kopolítica
obecaFdeo re-
oiráusu oa aitimrepconhecimento,
e odal a odal representantes
drav raH ed setdanadcriminologia
utse sod sotcrítica
of avacalertam
oloc erapar
wt foao
s ofato
saossep rangised aderapque
adasua
su sutilização
êlgni me comarvalesse
ap amintuito
u ,oãnpode
uo ”gerar
toh“ aexatamente
re meuq racofiiefeito
ssalc in-
verso, na medida em que o sistema de justiça criminal .setnearfoi
ta epensado
tnemlauxcomo
es
-pac e edadisrevinuumadinstrumento
açnaruges eoficial
d ederdeam dominação
arasseca seeropressão
odairc sudos
es eugrupos
q siopesociais
D não
reconhecidos. 99
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
saus mavAascriminologia
serpxe euq ucrítica
o sotscontribui
etorp ed para
sotxeque
t mseja
oc snanalisada
egami roap contribuição
sotof saus squea racaoprópria
rt a
soucriminologia,
dívidni ed etemrap sua
ropvertente
lfi rep odpositivista,
otof ed sdeu
açnpara
adumquesàornegro
alimis tivesse
ogla ,ssua
acitífigura
lop seassociada
õinipo
,sodà incriminalidade.
U sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni

edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
.8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
99 PIRES, op. cit., p. 11 e 12. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE48
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
2. FACEBOOK,
EFEITOS DA CRIMINALIZAÇÃO LIBERDADE
DO DISCURSO DE ÓDIO NADE EXPRESSÃO
POLÍTICA E
2.1 POLÍTICA:
Impulsionamento FERRAMENTA
de candidaturas de réus TECNOLÓGICA NEUTRA
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
Exposição de estudos em que foi trabalhado o efeito negativo da utilização do sistema
de justiça criminal no combate aos discursos de ódio de um modo geral.

Conforme trabalhado por Heli Askola em Taking the bait – impacts of prosecuting
politician, o processo criminal e, em especial, sua intensa exposição midiática podem ter
o efeito de dar visibilidade a atores políticos com posições extremadas e propiciar a suas 1
Aléxia Duarte Torres
falas um alcance que não teriam. Com o aumento de visibilidade, é possível que partidários
dos mesmos ideais se agrupem em torno da figura mais conhecida, fazendo com que seu
capital político-eleitoral seja substancialmente expandido. Esta é uma das explicações da-
das para oRESUMO
crescimento eleitoral de Halla-aho, político de pouca expressão na Finlândia que,
após provocar intencionalmente
A missão o cheferede
explícita do Facebook, do Ministério
social que Público local, foioprocessado
tem conquistado crimi-
coração e consumido
nalmente.um O candidato
tempo cada quevez
nãomaior
conseguira
da vidaviabilizar
de milhõescandidaturas competitivas
de brasileiros a uma
e indivíduos vaga do
ao redor
no legislativo municipal
mundo, conseguiu
é manter o mundoalcançar uma vaga
mais aberto, no parlamento
conectado nacional,
e civilmente crescimento
engajado. Sua atuação
também experimentado por seu
no cenário político tem partido.
ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
Uma outra possível explicação ao argumento de que o controle do discurso de ódio
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
pode fortalecer os atores que o praticam é a possibilidade de construção de uma narrativa
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
de perseguição política com base no conteúdo de fala. Nem sempre as falas são claramente
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
caracterizadas como criminosas e, sabendo dessas zonas cinzentas, os atores políticos po-
propõe a responder.
lêmicos valem-se dessa disputa de interpretação para manifestarem suas opiniões de forma
indireta ou sutil e, quando atacados pelo aparato jurídico, negarem o caráter odioso de suas
1. e construírem
falas INTRODUÇÃO uma narrativa vitimista. Heli Askola vê no caso Halla-aho esse elemento,
sobretudo diante do resultado final condenatório de seus processos. A absolvição pode ser
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
vista, também, como chancela do Estado para discursos abjetos, ou no limite da tolerância
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
com discursos de ódio.
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
classificar quemfirma
Askola não era posição
“hot” ougeral
não, sobre
uma palavra
a questãoem do
inglês usadadopara
controle designar
discurso de pessoas
ódio,
sexualmente atraentes.
destacando a importância que o contexto político tem nos efeitos que o controle pode gerar.
Depois no
Pensando quecontexto
seus criadores acessaram
brasileiro, o deputadoa Jair
redeMessias
de segurança da universidade
Bolsonaro e cap-
é um dos atores
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários
políticos que mais se envolve em polêmicas acerca de discurso de ódio na atualidade. começaram
a trocar as
O deputado suas 111.927
obteve fotos porvotos
imagens com 100
em 1994 textos de protestos
, 102.893 ou 1998,
votos em que expressavam suas
88.945101 nas
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte
eleições de 2002, 99.700 votos nas eleições de 2006, 120.646 votos nas eleições de de indivíduos
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,

1001 TSEMestranda
(Tribunal em
Superior
DireitoEleitoral). EstatísticaFederal
pela Universidade de candidatos
de Minas–Gerais
Rio de– Janeiro.
Programa2002. Disponível emda
de Pós-Graduação <http://
Faculdade
www.tse.jus.br/eleitor-e-eleicoes/eleicoes/eleicoes-anteriores/eleicoes-1994/estatistica-de-candidatos-por-
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
-estado/estatistica-de-candidatos-rio-de-janeiro>. Acesso em: 20 jan. 2018.
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço eletrônico: [email protected]
101 Ibidem.

49
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃS102SeE464.572
2010 RPXE votos
ED emED2014
AD103
R.EABtrajetória
IL ,KO OBECdaAvotação
completa F do candidato que é
ARum
TUpersonagem
EN ACIfrequente
GÓLOem NCprocessos
ET ATN cíveis
EMeAcriminais
RREF que envolvem
:AC ITÍLOdiscurso
P de ódio
contra mulheres, negros e membros da comunidade LGBT é também ambígua, posto que
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
não apresenta desde sua primeira eleição em 1994 somente crescimento.

Tradicionalmente associado aos militares reformados, seu principal aumento de vota-


ção deu-se entre as eleições de 2010 e 2014, quando cresceu mais de 385%; coincidente-
mente ou não, no período em que foi criada pela Lei nº 12.528/2011 a Comissão Nacional
1 da Verdade, trazendo pautas que desagradavam ao eleitorado tradicional do deputado ca-
serroT etrauD aixélA
rioca. O aumento de votação exatamente no período em que o deputado conseguiu maior
exposição para suas pautas reacionárias pode ser um indício de que a exposição, ainda que
por meio do ataque, nem sempre gera o efeito esperado. No entanto, assim como no caso
analisado por Askola, não é possível dizer que o aumento do capital político OMUSEéRum efeito
gerado
odim usnoc pelo
e oãçcontrole
aroc o oddo
atsdiscurso
iuqnoc mdadas
et euq las
aicnumerosas
os eder ,koovariáveis
becaF od anão
ticílpcontroladas
xe oãssim Ano caso.
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
2.1 Reconhecimento e empoderamento das vítimas e efeito simbólico
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
odnazitarcoAmcriminologia,
ed koobecaF o após
airatsEo.ssurgimento
acimêlop rarede g aseumauviés
nitnoccrítico
omtiroàglaatuação
ed oãçazdo ilansistema
osrep penal,
socchegou
itílop sodàit rconclusão
ap e sotadidde
nacque
,setaneseletividade
refid sacitílo104
p s, eseja
õsiV por
?a-omeio
dnazilda
artncriminalização
ec uo oãçamrofprimária ni a (es-
o mcolha
eussodosp koobens
becaFjurídicos
od soiráanoserem
icnuf etutelados
serodadnuef das sod condutas
saiedi sa m o c m e g r e v i d
a serem tipificadas) ou da e u q
es ocriminalização
git ra esse euq secundária
seõtseuq sa(atuação
oãs sassprática
E ?amrodas fatalinstituições
p an edadilibdeisivpersecução
e oçapse om sem faz com
penal)
que sejam atingidos de forma mais agressiva os grupos já desprivilegiados nas .r e d n o p s e r a e õ p orp relações
de poder. Vera Malaguti Batista destaca a obra Estigma como um marco na constituição do
conceito de seletividade:
OÃÇUDORTNI .1
De uma maneira inversa aos positivistas, que deduziam através da observação
oicíni ues on ogoldas
,ocipopulações
tílop otnemseletivamente
u rtsni mu omencarceradas,
oc odairc odGoffman
is ret oãpesquisa
n ed raseos pAprocessos
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobEstigma,
de “construção da identidade desviante” pelas instituições totais. ecaF o de
1963, é um libro fundamental para os que trabalham a questão criminal. Em
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
1968, Sack apontou para novas perspectivas nesse curso dos discursos da
saossep rangised aquestão
rap adacriminal,
su sêlgndemonstrando
i me arvalap aque
muexiste
,oãn uma
uo ”tfiltragem
oh “ are m entreeuqarcriminalidade
acfiissalc
. s e t n e a r t
latente e a criminalidade perseguida, constituindo aquilo que conhecemos a e t n e mlauxecomo
s
seletividade penal.105
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemEstaoc soconclusão
iráusu soilevou
rpórp grande
so ,setparte
nadutdos
se sestudiosos
od oãçacfiiatnrejeitar
edi ed toda
snega matuação
i sa madorarpoder
ut
punitivo, rejeitando inclusive as demandas das próprias parcelas da população tidas como
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
souperseguidas
dívidni ed etcomo
rap romulheres,
p lfi rep odnão
otobrancos
f ed saçneacomunidade
dum sà ralimLGBT,is oglea mesmo
,sacitíloppara
seõproteger
inipo
,sodbens
inU sjurídicos
odatsE stradicionalmente
od siaicnediserpdefendidos
seõçiele sapor
n otpautas
ielp od de
odesquerda.
atluser o mUm oc dos
sodamais
mroffamosos
nocni

102 Idem, 2010.


edad103
lucaFIdem,
ad oã2014.
çaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló104
taC edBATISTA,
adisrevinop.
U aicit.
cífitnSegundo
oP alep oentende
tieriD mVera
e adaMalaguti
udarG .siBatista,
areG san“oiMrotulacionismo
ed laredeF edaseria
disrevoinestudo
U ad otida
eriD ed
‘formação da
identidade desviante’ e das
.813agências
5056566de 184controle
752/rb.qsocial”.
pnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
105 Ibidem, p. 76. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE50
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
textos nesse sentido é deFACEBOOK, LIBERDADE
autoria de Maria Lúcia DEcomo
Karam, que define EXPRESSÃO
“esquerda pu- E
nitiva” a pretensão de, mantendo
POLÍTICA: o posicionamento crítico
FERRAMENTA em relação à atuaçãoNEUTRA
TECNOLÓGICA do poder
punitivo, redirecionar seus ataques também aos poderosos e privilegiados de modo a bus-
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
car maior isonomia nos resultados de sua atuação. O texto tem forte tom de crítica a essa
ideia e serve de fundamento teórico para que grande parte dos adeptos da criminologia
crítica rejeitem propostas de grupos feministas e ativistas negros de utilização do sistema
de justiça criminal na defesa de seus interesses. Nas palavras da autora:

Distanciando-se das tendências abolicionistas e de intervenção mínima, resul-


Aléxia Duarte Torres1
tando das reflexões de criminólogos críticos e penalistas progressistas, que
vieram desvendar o papel do sistema penal como um dos mais poderosos ins-
trumentos de manutenção e reprodução da dominação e da exclusão, carac-
terísticas da formação social capitalista, aqueles amplos setores da esquerda,
RESUMO percebendo apenas superficialmente a concentração da atuação do sistema
A missãopenal sobre do
explícita os Facebook,
membros das redeclasses subalternizadas,
social que tem conquistadoa deixar inatingidas
o coração con-
e consumido
dutas socialmente negativas das classes dominantes, não se preocuparam em
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
entender a clara razão desta atuação desigual, ingenuamente pretendendo que
mundo,osé mesmos
manter omecanismos
mundo maisrepressores
aberto, conectado e civilmente
se dirigissem engajado. Sua
a o enfrentamento da atuação
cha-
no cenário
madapolítico tem ganhado
criminalidade dourada, destaque e suas políticas
mais especialmente de restrição
aos abusos de conteúdo
do poder político e
e do poder
personalização econômico.
de algoritmo continuam
106
a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
Segundo a autora,com
que divergem as demandas de criminalização
as ideias dos são uma adesão
fundadores e funcionários do setor crítico
do Facebook possuem à o
ideologia mesmo
tradicional da leie evisibilidade
espaço da ordem.na Talplataforma?
concepçãoEssas
é baseada
são asnas ideias da
questões quecriminologia
esse artigo se
crítica, que, por sua vez,
propõe a responder. baseia-se em críticas marxistas.

Em contrapartida, os grupos vulneráveis apontam uma interpretação da criminologia


crítica, originalmente pensada para a realidade europeia, transplantada para a realidade bra-
1. INTRODUÇÃO
sileira sem a inserção de elementos característicos da realidade brasileira e latino-america-
na que gerou a desigualdade
Apesar e a vulnerabilidade
de não ter sido criado como destes grupos. político, logo no seu início
um instrumento
o Facebook já davanopistas
Camila Prando, do de
prefácio seuCriminologia
potencial. Criado originalmente
do Preconceito, como o “Facemash”,
destaca:
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
De outro
classificar quem era lado,
“hot”aoucrítica
não,criminológica
uma palavrapredominante faz usopara
em inglês usada de uma perspectiva
designar pessoas
sexualmenteteoria estilizada e europeizada do marxismo que divide as estruturas sociais em
atraentes.
superestruturas e infraestruturas e produz uma análise de classe social fundada
Depoisemqueinterpretações
seus criadores acessaram Judith
economicistas. a rede Butler
de segurança da universidade
provocativamente e cap-
chama esta
interpretação
turaram as imagens como aquela dos
de identificação que divide o econômico
estudantes, do “meramente
os próprios cultural”.
usuários começaram
No Brasil
a trocar as suas fotosa por
segunda onda com
imagens da Criminologia (1980-2000)
textos de protestos ou –que
queexpressavam
muitas vezes suas
é
esquecida pelas análises de caráter economicista – articulou-se em torno da
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
produção latino-americana e, em especial, de Zaffaroni, trazendo para o centro
inconformados com
do debate,o em
resultado docom
conjunto pleito nas do
a tese eleições presidenciais
dependentismo dos Estados
econômico, o lugar Unidos,
cen-
tral do colonialismo para compreensão das sociedades periféricas.107

1061 KARAM, Mariaem


Mestranda Lúcia. A esquerda
Direito punitiva. Discursos
pela Universidade Federal de Sediciosos:
Minas Geraiscrime, direito edesociedade,
– Programa ano 1,da
Pós-Graduação n. Faculdade
1, 1º
semestre de 1996.
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
de Minas Salo
107 CARVALHO, Gerais.
de;Currículo
DUARTE,lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Evandro Piza. Criminologia do preconceito: racismo e homofobia nas ciências
Endereço
criminais. Sãoeletrônico: [email protected]
Paulo: Saraiva, 2017.

51
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSTal SEcrítica
RPXéEtrabalhada
ED EDpor AD REBIacadêmicos
diversos L ,KOOestudiosos
BECAF de criminologia que rejei-
ARtam
TUo Etransplante
N ACIG daÓcriminologia
LONCEcrítica,
T ATdemandando
NEMARRumaEF maior
:ACIimportância
TÍLOP às questões
de raça e de gênero, por exemplo. No feminismo é dito que “a crítica feminista à crimi-
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
nologia (ortodoxa e crítica) provocou verdadeira ‘ferida narcísica’, pois não apenas deu
visibilidade à violência praticada pelos homens contra as mulheres, mas apresentou as me-
tarregras sexistas que orientam a elaboração, a aplicação e a execução do direito (penal),
bem como expôs a lacuna das investigações críticas em relação ao caráter falocêntrico do
sistema penal”108.
1
serroT etrauD aixélA
No âmbito da questão racial, o local é ainda mais relevante, posto que a formulação
europeia da criminologia crítica não abrange o processo de formação da sociedade brasi-
leira, no qual tanto o processo de dominação feito durante o período da escravidão como
OMUSER
o processo de dominação levado a efeito após a abolição são elementos centrais do modo
odimdeusfuncionamento
noc e oãçaroc odoodpoder
atsiuqpolítico
noc meteeutambém
q laicos do
edepoder
r ,koobpunitivo
ecaF odnoaticBrasil.
ílpxe oLeonardo
ãssim A Ortegal
od destaca
roder oa que
soud“para
ívidniaecriminologia
sorielisarb edcrítica,
seõhlifundamentada
m ed adiv ad roem iamuma
zev perspectiva
adac opmetanalítica mu con-
oãçsiderada
auta auS marxista,
.odajagne aetquestão
nemlivic racial,
e odatcsuas
enocdesigualdades
,ot reba siam oednoum o r e t n a m é , o
próprio racismo, parecemd n um agir
e odcomo
úetnoelementos
c ed oãçirtssecundários
er ed sacitílonos
p saprocessos
us e euqatsde edcriminalização
odahnag met oecviolência
itílop oirándos ec osujeitos”
n 109
.
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop soAdiomissão
t rap e sotado
didcolonialismo,
nac ,setnerefid desconsiderando
sacitílop seõsiV ?a-aoddiferença
nazilartnecde
uo analisar
oãçamrofaniatuação
a do
o mpoder
eussopunitivo
p koobecem aF uma
od sosociedade
iránoicnufnae speriferia
erodadneufnão
sodemsauma
iedi ssociedade
a moc megcentral
revid e(europeia
uq ou
norte-americana), é um outro problema de importar a criminologia crítica
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem nos exatos termos
em que formulada, já que sua principal contribuição é exatamente .redanalisar
nopser aoeprocesso
õporp social
de criminalização de condutas. Eugênio Raúl Zaffaroni propõe uma criminologia marginal
adequada à realidade de países latino-americanos que, assim como o Brasil, situam-se em
OÃÇUDORTNI .1
um contexto periférico do poder mundial.
oicíni uesAlém
on odisso,
gol ,ocoitílcontinente
op otnemuafricano
rtsni mu éoelemento
moc odaircentral
c odis para
ret oãanrelação
ed rasecolonial,
pA es-
,”hspecialmente
amecaF“ o no omBrasil,
oc etnedaí
mladecorrendo
nigiro odairoutra
C .laicimportante
netop ues deficiência
od satsip ada vadcriminologia
áj koobecaFcrítica
o
oiráortodoxa.
usu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
Além da crítica de que há uma supervalorização do aspecto .seeconômico
tnearta etnedemlinfluência
auxes
marxista na criminologia crítica, fazendo com que promova uma leitura incompleta sobre-
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
tudo em sociedades como a brasileira, em que a questão racial tem importância autônoma
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
em relação à questão econômica, há também o argumento de que a questão econômica e a
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
souquestão
dívidni eracial
d et rse
ap misturam
rop lfi repnoodBrasil,
otof fazendo
ed saçncomadumque
sà ardistribuição
alimis ogla desigual
,sacitílopdos
seõmeios
inipo de
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodamrofnodiz
produção seja feita com base em critérios racistas e homofóbicos. Camila Prando cnique
“A divisão social do trabalho é também uma divisão racial e sexual, assim como a hetero-

edad108
lucaFCAMPOS,
ad oãçaudCarmen
arG-sóPHein
ed amde;arCARVALHO,
gorP – siareGSalo.
saniM Tensões
ed lareatuais
deF edentre
adisreavicriminologia
nU alep otierifeminista
D me adnearatscriminologia
eM 1
acilótaC edcrítica:
adisrevainexperiência
U aicífitnoPbrasileira.
alep otieriIn:
Dm CAMPOS,
e adaudarCarmen Hein
G .siareG sande
iM(Org.).
ed lareLei
deFMaria
edadisdarevPenha
inU adcomentada
otieriD ed em uma
perspectiva jurídico-feminista.
.81350Rio565de
661Janeiro:
84752/rLumen
b.qpncJuris,
.settal/2011,
/:ptth :p.143-172.
settal olucírruC .siareG saniM ed
109 ORTEGAL, Leonardo. Cadernos do CEAS, Salvador, n. 238, moc.p.lia527-542,
[email protected] :ocinôrtele oçerednE

,ARIE52
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
normatividade regula um modelo LIBERDADE
hegemônico de DE
família que delimita EXPRESSÃO
o âmbito de circulação E
de riqueza e distribuição
POLÍTICA: de propriedade”110
FERRAMENTA . TECNOLÓGICA NEUTRA
OU PLATAFORMA
Essa nova corrente, posicionando-se VIRTUAL
de forma crítica à criminologiaEDITORIAL?
que se propõe
crítica, pretende reabrir o debate em relação à atuação do sistema de justiça criminal na tu-
tela de seus interesses a partir dessa reconstrução da criminologia crítica de uma perspecti-
va de um país periférico e também da perspectiva de grupos tradicionalmente afastados dos
lugares tradicionais de produção de conhecimento como a academia, por exemplo. Ainda
segundo essa concepção, a criminologia crítica, apesar de se oporAléxia Duartepositi-
à criminologia Torres1
vista de Cesare Lombroso e, no Brasil, de Nina Rodrigues , não promoveu a adequada
111 112

mudança da análise para dar o espaço central à questão racial113.

O reposicionamento
RESUMO da questão racial na criminologia é apontado como providência
central para a análise da atuação do poder punitivo não somente para promover uma críti-
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
ca decorrente dos resultados
um tempo práticos
cada vez maior da desiguais, mas também
vida de milhões porque
de brasileiros tradicionalmente
e indivíduos ao redora do
criminologia foi totalmente
mundo, é manter oconstruída
mundo mais a partir deconectado
aberto, um conceito biologizante
e civilmente de raça,
engajado. Suasendo
atuação
também nesse modo estruturada a atuação do poder punitivo. É importante ressaltar
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo que, e
tendo empersonalização
vista que a criminologia
de algoritmo positivista
continuam atinha
gerarcomo objeto
polêmicas. de estudo
Estaria o criminoso
o Facebook ea
democratizando
causa do acrime, suas ou
informação pesquisas serviamVisões
centralizando-a? de base para adiferentes,
políticas atuação das instituições
candidatos do poder
e partidos políticos
punitivo. que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
Retomar esse processo histórico de construção da criminologia e entender a influ-
propõe a responder.
ência de teorias racistas é necessário para que se promova um sistema de justiça criminal
minimamente adequado a uma sociedade democrática e ao constitucionalismo democrá-
tico1.de direito.
INTRODUÇÃO

Evandro
ApesarPiza
de Duarte
não terestudou detalhadamente
sido criado como um ainstrumento
influência de autoreslogo
político, positivistas
no seu nainício
o Facebook
criminologia já davasobretudo
brasileira, pistas do Nina
seu potencial.
Rodrigues.Criado originalmente
Inicialmente como o as
o autor trabalha “Facemash”,
pesqui-
sasoque
software colocava
culminaram no fotos
própriodos estudantes
conceito de Harvard
de raça e destacalado a lado
a sua e permitia
fragilidade, nãoaosendo
usuário
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra
solidamente fundamentadas mesmo para a ciência da época. em inglês usada para designar pessoas
sexualmente atraentes.
O autor, ao tratar sobre a construção do conceito de raça, identificou que não havia,
mesmo naDepois
épocaque seusfoicriadores
em que acessaram
desenvolvido, a rede
indícios de poderia
de que segurança
ser da universidade
sustentado e cap-
um con-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
ceito biológico de raça, afirmando expressamente que “desde o seu surgimento, a raça foi
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
um conceito político, servia para justificar relações de poder”114. Ainda segundo o autor, o
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
conceito deve ser compreendido a partir da funcionalidade para a qual foi criado:
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,

110 CARVALHO; DUARTE, op. cit., p. 19.


111 LOMBROSO, op. cit., 1887.
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
112 RODRIGUES, op.Universidade
de Direito da cit., 1957. Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
113 ORTEGAL,
de Minasop. cit., p.Currículo
Gerais. 527-542lattes:
. http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço DUARTE,
114 CARVALHO; eletrônico:op.
[email protected]
cit., p. 34.

53
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSSERPXNesse
E ED EDA
sentido, DREdeBvisa
o ponto IL ,adotado
KOOéBoEdeCcompreender
AF “raça” como uma
categoria sociológica complexa e historicamente construída (raça como dispo-
ARTUEN ACsitivo);
IGÓLportanto,
ONCE T ATaNuma
opõe-se EMteoria
ARRdas EFraças
:ACdeITcunho
ÍLObiologicista
P e, ao
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
mesmo tempo, a uma posição teórica que coloque o estudo sobre as práticas
raciais como secundárias diante de outras práticas de exclusão presentes nas
sociedades modernas.

A formulação de todas essas críticas leva a uma necessária reformulação da crimi-


nologia crítica para reposicionar a questão racial, o que por si só promove um ganho de
1
sevisibilidade,
rroT etraujá D que
aixéconsidera
lA demandas da população negra e dá espaço a uma produção
acadêmica desse grupo até então com representação deficitária na academia.

Além disso, a reformulação da análise criminológica, agora tratada como estudo do


processo de criminalização de condutas e do desvio, coloca em chequeOM a Uconclusão
SE R tra-
dicional
odim usnoc ede
oãçque
arocoopoder
odatsiupunitivo
qnoc meét eintrinsecamente
uq laicos eder ,koopressor
obecaF odeatexcludente,
icílpxe oãssimdevendo
A ser
contido em todas as ocasiões, inclusive quando demandada sua atuação
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu pelos próprios
oãçgrupos
auta auSoprimidos.
.odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
e odúetnoAc exemplo
ed oãçirtsdoer egiro
d sacriminológico,
citílop saus e eéuqdestacado
atsed odahpor
nagLeonardo
met ocitíloOrtegal
p oiránque
ec on“de seme-
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
lhante modo ocorre com a questão racial, e, neste mesmo sentido, poder-se-ia dizer que a
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
criminologia crítica, diante das lacunas relacionadas à questão racial, necessitaria também
o meussop koobecaF od115soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
de uma virada racial” . Frisa ainda o autor a necessidade de incorporar novos conceitos e
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
categorias à criminologia: .rednopser a eõporp
No tocante aos conceitos e categorias utilizados pela criminologia, observa-se,
também, a necessidade de incorporar “novos” conceitos, a fim de compreen-
OÃÇUpouco
der, de fato, este “novo” problema. Trata-se de categorias DORTpresentes
NI .1 na
discussão atual, como extermínio, genocídio, epistemicídio, historicídio, diás-
oicíni ues on ogolpora
,ociteílooutras
p otncapazes
emu rtsnde
i mcaptar
u omoasc particularidades
odairc odis ret destes
oãn edtemas.
rase116
pA
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráusu oAa aproposta
itimrep edeodmudança
al a odal na
dravanálise
raH eddo setpoder
nadutspunitivo,
e sod sooutof seja,
avaconalocforma
erawtde fosaocri-
saominologia
ssep rangcrítica
ised aranalisar
ap adasua satuação
êlgni medoarpoder
valap punitivo
amu ,oãnnouoBrasil,
”toh“deve
are m euq em
levar racficonta
issalcnão
somente o ganho científico pretendido, mas também o ganho de .sereconhecimento
tnearta etnemlaude xesnão
-pabrancos.
c e edadiConforme
srevinu adbemaçnadestaca
ruges eThula
d ederRafaela
a maraPires,
ssecaos sereflexos
rodairc sdoueracismo
s euq siona
peconstrução
D
madaraçautoimagem
emoc soiráusdeu pardos
soirpórpe spretos
o ,setnonadBrasil
utse sfoi
odeoéãçintenso,
acfiitnedsendo
i ed sntambém
egami suma maspecto
ararut a
ser recuperado. Nas palavras da autora:
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
Para refletir sobre elas foi necessário num primeiro momento estabelecer as
,sodinU sodatsE sorelações
d siaicneexistentes
diserp seentre
õçieleracismo
san otieelpreconhecimento,
od odatluser o demonstrando
moc sodamroafnmaneira
ocni
pela qual foi construída a figura do negro como Outro e os impactos do racismo
na conformação das identidades. O objetivo foi o de demonstrar os principais
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
115 ORTEGAL, op. cit., p. 527-542.
.8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
116 Ibidem. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE54
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
danos sofridos LIBERDADE
por pretos e pardos DE EXPRESSÃO
tradicionalmente submetidos a uma imagem E
depreciativa sobre si mesmos, além de chamar a atenção para o fato de que o
POLÍTICA: FERRAMENTA
sofrimento gerado por essa condição, aoTECNOLÓGICA
invés de aprisionar esses NEUTRA
grupos em
uma condição OU PLATAFORMA
social degradante, impele-os a VIRTUAL EDITORIAL?
resistir contra ela.117

Neste sentido, a possibilidade de utilizar as instituições para denunciar violações a


seus direitos é a conquista de um povo cujos sujeitos não foram considerados titulares de
direitos durante a maior parte de sua vivência no Brasil. Thula Rafaela Pires destaca ainda
que o direito reproduz categorias morais ao promover a valoração de comportamentos por 1
Aléxia Duarte Torres
meio do binômio lícito/ilícito, de modo que a inclusão dos pardos e negros na esfera de
tutela jurídica consiste num ganho de reconhecimento para esse grupo118.

Além da análise das leis que criminalizam o discurso racista sob o ponto de vista
RESUMO
da atuação do poder punitivo, é possível também analisar o espaço que o tema tem na
sociedadeA que
missão explícita
gerou do Facebook,
a aprovação da lei,rede
bemsocial
como queotem conquistado
debate posterioro àcoração e consumido
sua aprovação.
Sob esse ponto de vista, podemos enxergar um aumento do debate sobre o temaao
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos redor do
a ponto
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
de conseguir ressonância e aprovação no Congresso Nacional.
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
Felipe Gonçalves de
personalização Silva, Martacontinuam
algoritmo Rodrigueza gerar
de Assis Machado
polêmicas. e Rúrion
Estaria Melo,democratizando
o Facebook em artigo
intitulado a“Ainformação
esfera pública e as proteções
ou centralizando-a? legais
Visões antirracismo
políticas diferentes,no Brasil” destacam
candidatos que
e partidos políticos
“muitas das demandas formuladas pelos movimentos antirracistas alcançaram os debates o
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem
legislativosmesmo
e, em espaço
algumase visibilidade na plataforma?
oportunidades, como visto,Essas são asna
resultaram questões
criaçãoque esse artigo se
e modificação
propõe a responder.
de institutos jurídicos no direito positivo brasileiro”. 119

Trata-se de reconhecer que o acesso à tutela jurídico-penal é, além do reconheci-


mento
1. estatal da igualdade racial como um valor central no ordenamento jurídico, de uma
INTRODUÇÃO
conquista que simboliza o avanço e o empoderamento dos não brancos, antes agredidos e
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
destituídos de tutela jurídica na esfera penal.
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
o software colocava
Além disso, fotos dos
entendendo estudantes
o poder punitivodecomo
Harvard lado ratio,
a última a ladoseu
e permitia ao usuário
acionamento na
classificar
tutela da honra,quem
bem era “hot”tutelado
jurídico ou não,pelo
umacrime
palavra em inglês
de injúria, traz usada
também para designar pessoas
o reconhecimento
sexualmente
de que as demaisatraentes.
esferas do Direito falharam na tutela da honra dos não brancos, daí a ne-
cessidadeDepois
de aprovar uma lei
que seus autorizando
criadores a utilização
acessaram dode
a rede poder de punirdadouniversidade
segurança Estado também
e cap-
nesses casos.
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,

1171 PIRES, op. cit.,em


Mestranda p. Direito
227. pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
118 PIRES, op. cit.,
de Direito da p. 227-228. Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
Universidade
de Minas
119 SILVA, FelipeGerais. Currículo
Gonçalves; lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
MACHADO, Marta Rodriguez de Assis; MELO, Rúrion. A esfera pública e as prote-
Endereço
ções eletrônico:
anti-racismo [email protected]
no Brasil. Cadernos de Filosofia Alemã, n. 16, p. 95-116, jul./dez. 2010.

55
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO3. Ã
S(IM)POSSIBILIDADE
SERPXE ED ED DEAAPLICAÇÃO
DREBILDO ,KRACIOCÍNIO
OOBECA DEFRACISMO ESTRUTURAL
AR TUENONÂMBITO
ACIGPOLÍTICO
ÓLONCET ATNEMARREF :ACITÍLOP
?L3.1
AIR O TIDEpolíticos
Reflexos LAUTdo RIracismo
V AMestrutural:
ROFATAsub-representação
LP UO de não brancos

Os mecanismos de exclusão de não brancos e de diferenciação de seu papel na


sociedade tem como antecedente histórico óbvio a escravidão, porém essa não foi sua
única forma de atuação. Após a abolição, os métodos tornaram-se mais sutis, porém ainda
permaneceram influenciando a atuação das instituições públicas e privadas de forma a
1
sedirecionar
rroT etraprivilégios
uD aixélAaos brancos.
Não obstante a academia tenha uma convergência no sentido de admitir os privilégios
brancos na sociedade brasileira, são raros os estudos que analisam os reflexos do racismo
na representação política, conforme destacam Luiza Augusto Campos e Carlos OMUSEMachado
R 120

e utambém
odim snoc e oãFlávia
çaroc Rios,
o odatAna
siuqnClaudia
oc met ePereira
uq laicoes ePatrícia
der ,kooRangel
becaF od ,attendo
121
icílpxeambos
oãssim os
A estudos
mencionado a relativa maior produção acerca da sub-representação feminina.
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
oãçauta auASprópria
.odajagausência
ne etnemde livicdados
e odaacerca
tcenoc ,da ot rcor
eba dos
siamcandidatos
odnum o rera etnaumm égrande
,odnumempecilho
e odàúrealização
etnoc ed ode ãçirestudos
tser ed squantitativos
acitílop saus acerca
e euqatsda edcomposição
odahnag metdos ocitpolíticos,
ílop oiránesobretudo
c on não
odneleitos,
azitarcom e d ko ob e caF o aira tsE .s acim ê lo p rareg a m a unitnoc om tirog la ed oã
já que o Tribunal Superior Eleitoral apenas nas eleições de 2014 incluiu tópico sobreç azilano s rep
socaitílcor
op sdos
odit racandidatos
p e sotadidnpor
ac ,smeio
etnereda
fid autoclassificação.
sacitílop seõsiV ?a-oAdnvantagem
azilartnec udeo outilizar
ãçamrodados
fni a produ-
o mzidos
eussoap partir
koobeda caFautodeclaração
od soiránoicnuou f e autoclassificação
serodadnuf sod saéieadipossibilidade
sa moc megrde evidrealizar
euq análise
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
comparativa com os dados do IBGE, que são obtidos também a partir da autoclassificação.
.rednopser a eõporp
Com base nesses dados, observa-se que foram eleitos para o Congresso Nacio-
nal, em 2014, 432 (80%) pessoas brancas e 108 (20%) pessoas não brancas (negras e
pardas)122. OÃÇUDORTNI .1

oicíni uesAnalisando
on ogol ,oos citíldados
op otnda
emutotalidade
rtsni mu dos
omocandidatos,
c odairc odiobserva-se
s ret oãn edque rasaepdisparidade
A
,”hsaumenta
amecaF“após o omo oresultado
c etnemladasnigieleições,
ro odairCjá.lque
aicneentre
top uoestotal
od de
satcandidatos
sip avad ájhouve
koobe58,1%
caF o de
oirábrancos,
usu oa a41%itimrede
p pardos
e odal ae onegros,
dal dra0,5%
v raH de
ed amarelos
setnadutse 0,3%sod sdeotoindígenas.
f avacoloc erawt fos o
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
Já nas eleições municipais de 2016, a disparidade foi bem menor, havendo entre os
.setnearta etnemlauxes
eleitos 53,68% de brancos e 35,56% de pardos e pretos.123
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
Bueno e Dunning realizaram testes empíricos nas cidades de Salvador e Rio de Ja-
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
neiro utilizando atores brancos e negros que fizeram discursos e concluem que não houve
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
soudiferenciação
dívidni ed et rsignificativa
ap rop lfi repela
p odpopulação,
otof ed sade çnmodo
adum que sà raadisparidade
limis ogla ,de
sacrepresentação
itílop seõiniponão
,sod120
inU CAMPOS,
sodatsELuizsodAugusto;
siaicneMACHADO,
diserp seCarlos.
õçieleAscor
an dos
otieeleitos:
lp od odeterminantes
datluser o da
mosub-representação
c sodamrofnocpolítica
ni
dos não brancos no Brasil. Revista Brasileira de Ciência Política, n. 16. Brasília, jan./abr. de 2015, p. 121-151.
121 RIOS, Flávia; PEREIRA, Ana Claudia; RANGEL, Patrícia. Paradoxo da igualdade: gênero, raça e democracia.
edadlucaFCienc.
ad oãçCult.,
audarSãoG-sóPaulo,
P ed av.
ma69,
rgon.rP 1,
– sjan./mar.
iareG san2017.
iM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló122
taC edCAMPOS;
adisrevinUMACHADO,
aicífitnoP aop.
lep cit.,
otierp.iD 121-151.
me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
123 TSE. Estatísticas eleitorais..8135Disponível
056566184em: 752/<http://www.tse.jus.br/eleitor-e-eleicoes/estatisticas/eleicoes/
rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
eleicoes-anteriores/estatisticas-eleitorais-2016/resultados>. moc.liAcesso
amg@oem: tuda21ixeljan.
a :oc2018.
inôrtele oçerednE

,ARIE56
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
se dá por um critério racialFACEBOOK, LIBERDADE
do eleitorado124, atribuindo a diferença DE EXPRESSÃO
ao sistema eleitoral e às E
estruturas partidárias.
POLÍTICA: FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA
Luiz Augusto Campos eOU CarlosPLATAFORMA
Machado, ao analisarVIRTUAL
o desempenhoEDITORIAL?
eleitoral e a ca-
pacidade de captar financiamento para campanha de candidatos brancos e não brancos nas
eleições de 2012 nos municípios de Rio de Janeiro e São Paulo,125 obtiveram dados apon-
tando que brancos captam mais recursos que negros, assim como obtêm maior votação.
No entanto, ao cruzarem esses dados com os de sexo e instrução formal, os autores con-
cluíram que esses fatores têm maior influência que a cor isoladamente126
. Destaque-se
Aléxia que 1
Duarte Torres
nos 10% com maior arrecadação, há diferença significativa entre brancos e não brancos.

Ao analisar as candidaturas competitivas, assim entendidas aquelas que obtiveram a


partir de 20% da votação necessária para ser eleito, há relativa igualdade quando se isola os
RESUMO
fatores sexo e renda, ressaltando-se que nos 10% mais bem votados, onde a competição é
A missão
mais acirrada, explícitadiferença
há notável do Facebook, rede social
envolvendo que tem
brancos conquistado
e não brancos. o coração e consumido
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
Interpretar
mundo, tais dadoso no
é manter sentido
mundo maisdeaberto,
que a conectado
desigualdade se dá na engajado.
e civilmente proporçãoSua ematuação
que
há distinção pela cor dos eleitos isolando-se outros fatores como instrução e renda
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e é pro-
blemáticopersonalização
na medida em de que a corcontinuam
algoritmo influenciaa também na distribuição
gerar polêmicas. desigual democratizando
Estaria o Facebook desses re-
cursos, gerando uma influência
a informação dupla nosVisões
ou centralizando-a? dadospolíticas
finais dadiferentes,
representação política.
candidatos Os autores
e partidos políticos
também encaminham
que divergemsuacomconclusão nestefundadores
as ideias dos sentido aoe afirmarem
funcionários quedo“do ponto de
Facebook vista o
possuem
sociológico, nossos
mesmo dados
espaço parecem corroborar
e visibilidade a ideia
na plataforma? de que
Essas os questões
são as não brancos enfrentam
que esse artigo se
dificuldades maiores
propõe de ascensão à medida que se acirra a competitividade por recursos
a responder.
socialmente valiosos nas esferas em que eles penetram”127.

1. A grande diferença existente entre a composição do grupo de representantes e a


INTRODUÇÃO
composição da população em geral não é um fenômeno exclusivo da sociedade brasileira,
Apesar deuma
sendo identificada nãotendência
ter sido àcriado como
distorção nasum instrumento
democracias político,
atuais. logo
Daniel no seu
afirma que início
“A
o Facebook
observação já dava
empírica pistas
mostra quedoa probabilidade
seu potencial.deCriado
exerceroriginalmente como(seja
um poder político o “Facemash”,
qual for)
o software
aumenta colocava
conforme fotosnados
a posição estudantes
hierarquia socialdee Harvard lado asocial
que a posição lado de
e permitia ao usuário
origem (medida,
por exemplo, pela última profissão antes da entrada na política) dos políticos é tanto pessoas
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar mais
sexualmente
elevada atraentes.
quanto mais altas as posições ocupadas na hierarquia política”128.
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
124a BUENO,
trocar N.;
asDunning
suas fotos
T. Race,por imagens
resources, com textos evidence
and representation: de protestos ou que
from Brazilian expressavam
politicians, suas
social scien-
opiniões políticas,
ce research network. algo
2014. similar
Disponívelàsem:
mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
<http://www.thaddunning.com/wp-content/uploads/2017/03/
Bueno-and-Dunning_World-Politics_published-online-first.pdf>. Acesso em 21 jan. 2018.
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
125 Os autores utilizaram os critérios de heteroclassificação feitos por quatro pesquisadores a partir das fotos dos
candidatos, havendo alto grau de concordância (ao menos três opiniões convergentes) em 87,9% dos casos.
126 CAMPOS; MACHADO, op. cit., p. 134 e 136.
1271 Ibidem, p. 142.em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
Mestranda
128 GAXIE,
de Direito
Daniel.daAs
Universidade
lógicas do Federal
recrutamento
de Minaspolítico.
Gerais.
Revista
Graduada
Brasileira
em Direito
de Ciência
pela Pontifícia
Política, n.
Universidade
8, p. 165-208,
Católica
2012.
de Minas
Disponível
Gerais.em:
Currículo
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-33522012000200007&script=sci_
lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
arttext#back1>.
Endereço eletrônico:
[email protected]
em: 21 jan. 2018.

57
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO3.2Ã SRedução
SERPXda E opressão
ED EDdeAD REparte
uma BILda,K OOBEsobre
população CAF outra à ofensa individual
ARTUEAN AC
atual IGÓacadêmica
crítica LONCEsobre
T AasTNanálises
EMAR doRpoder
EF :punitivo
ACITÍbaseadas
LOP em teorias
?Lmarxistas
AIROTIdenuncia
DE LAaUrelegação
TRIV AaM ROFplano
segundo ATALdaPquestão
UO racial. Tal crítica coloca em
cheque a ideia de que o critério central do maior peso com que o poder punitivo atinge
determinados grupos é a distribuição dos meios de produção, ou seja, utiliza um conceito
economicista de classe que não seria uma variável com a mesma importância no contexto
brasileiro.
1
serroT eAtrmudança
auD aixepistemológica
élA na análise da atuação do poder punitivo ainda não trouxe
resultados conclusivos acerca da possibilidade de utilização do poder punitivo na tutela de
direitos de não brancos.

Tal mudança de perspectiva traz ao debate acadêmico propostas OMde


USEtornar
R mais
igualitário
odim usnoc e ooãçpoder
aroc o punitivo
odatsiuqnno
oc sentido
met euq delaictentar
os ederfazê-lo
,koobecatingir
aF od ade
ticíforma
lpxe oãmais
ssim Aisonômica
a população e opor o argumento da inefetividade do sistema penal
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet m com uma proposta
u de
oãçproteção
auta auS .igualitária
odajagne eétnignorar
emlivic que
e odaotcpoder
enoc ,punitivo
ot reba sipermanecerá
am odnum o reatuando,
tnam é ,odescartando-se
dnum
uma oportunidade de atenuar os males apontados.
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
odnazitarcoNo
meentanto,
d koobecmesmo
aF o airatapós
sE .saconcluir
cimêlop raquereg faltam
a maunestudos
itnoc omtsobre
irogla eadcentralidade
oãçazilanosreda
p questão
socracial
itílop sna
oditatuação
rap e sotado
didpoder
nac ,sepunitivo,
tnerefid saacisua
tílop característica
seõsiV ?a-odnadezilaencobrir
rtnec uo oconflitos
ãçamrofnisociais
a não
o mparece
eussopser koafetada
obecaF por
od sessas
oiránocríticas,
icnuf e saoerocontrário.
dadnuf soSed smesmo
aiedi saosmposicionamentos
oc megrevid euq mais crí-
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
ticos no âmbito da criminologia crítica foram incorporados pelos estudiosos brasileiros sem
.rednopser a eõporp
perceber a centralidade da questão racial, muito disso se deve a essa alienação promovida
pelo sistema penal e suas agências que sequestram o debate em torno de outros problemas
sociais, mesmo que diretamente relacionados. OÃÇUDORTNI .1
Já partindo de uma perspectiva marginal da questão criminal, Vera Malaguti, citando
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
Nilo Batista, destaca que o sistema penal atua na proporção da conflitividade social exis-
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
tente no momento histórico, de modo que o neoliberalismo da virada do século XX para o
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
século XXI teria gerado um aumento do contingente de pobres e a reação estatal foi um
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
aumento e um endurecimento da atuação punitiva129. .setnearta etnemlauxes
-pac e edAlém
adisreda vinconflitividade
u ad açnarugesocial
s ed eencoberta
der a marapela
ssecatuação
a serodado ircpoder
sues punitivo,
euq siopehá D a substi-
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararutpor
tuição da vítima pelo promotor, o que no caso da injúria racial afasta todas as demandas
sauigualdade
s mavasseertraz
pxe umeuqdebate
uo sotde rp ed sotxet m. oAcisso
setoculpabilidade snegVera
ami Malatuti
rop sotodenomina
f saus sa ora“confisco
130
co r t a
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,saprodução
do conflito”, identificando seu surgimento com os novos processos de citílop seõeinas
ipomu-
,soddanças
inU sodnoatsexercício
E sod siadoicnpoder
edisepolítico
rp seõçiempreendidas
ele san otielp opelas
d odarevoluções
tluser o moliberais
c sodam.rAofpartir
nocni daí
131

129 BATISTA, Nilo. Um oportuno estudo para tempos sombrios. In: Discursos sediciosos – crime, Direito e socie-
edadlucaFdade,
ad oãn.
çau2.daRio
rG-de
sóPJaneiro:
ed amaInstituto
rgorP – sCarioca
iareG sade Criminologia,
niM ed laredeF e1996.
dadisrep.vi302
nU aapud
lep otBATISTA,
ieriD me aop.
dnacit.
rtseM 1
aciló130
taC edMELCHIOR,
adisrevinU aPedro
icífitnAntônio;
oP alep oCASARA,
tieriD me Rubens
adaudarGRoberto
.siareGR.saTeoria
niM eddolaProcesso
redeF edadPenal
isreviBrasileiro.
nU ad otieRio
riD ede
d Janeiro:
Lumen Juris, 2013, p. 565 .813apud
5056BATISTA,
5661847op.
52/rcit.
b.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
131 BATISTA, op. cit., 2014. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE58
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
o Estado, lidando de formaFACEBOOK,
hierarquizada com LIBERDADE
o infrator, promoveráDEumaEXPRESSÃO
busca da verdade E
em que a cidadania e a subjetividade
POLÍTICA: do acusado passam
FERRAMENTA a ser consideradas NEUTRA
TECNOLÓGICA apenas na
atribuição de culpa ao final do processo, desconsiderada a titularidade de sujeitos perante o
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
Estado investigador. Nas palavras da autora carioca:

Sai a figura da vítima e entra em cena aquele que acusa em nome do Estado. A
gestão horizontal da conflitividade é substituída por uma gestão vertical e hie-
rarquizante que funda o que Foucault chama de poder punitivo, uma ideia muito
mais densa do que a de sistema penal. O tribunal da Inquisição vai imprimir
uma nova atitude para determinar a “verdade”. Esse método Aléxia Duarte Torres
de averiguação por 1
quem exerce o poder vai produzir a objetificação do pecador/criminoso. Esta
objetificação produz subjetivações que reaparecerão no positivismo criminoló-
gico da virada do XIX para o XX. A partir da possibilidade técnica de domínio,
RESUMO são desenvolvidas técnicas de interrogatório, diagnósticos e principalmente a
construção da identidade criminosa. Como na Inquisição, a Criminologia posi-
tivista
A missão vai sedo
explícita fazer valer darede
Facebook, confluência
social quedostemdiscursos médicos
conquistado e jurídicos
o coração para
e consumido
a produção
um tempo cada vezdo maior
sujeitodaculpável,
vida deaquele
milhõesforjado na confissão,
de brasileiros estabelecida
e indivíduos pelo do
ao redor
mundo,IVéConcílio
manter odemundo
Latrão.mais
O dispositivo da confissão
aberto, conectado permitiu engajado.
e civilmente um assujeitamento
Sua atuação
coletivo a partir de um procedimento individualizante na direção do controle do
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
corpo e do desejo (aquilo que buscam os publicitários…).132
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
a informação
O principal ou centralizando-a?
problema enfrentado nesteVisões políticas
artigo está diferentes,
diretamente candidatos
ligado a eesta
partidos políticos
mudança
na gestão do conflito social operada no século XVIII e que perdura até hoje. O chamado en- o
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem
mesmo
cobrimento espaço e visibilidade
da conflitividade na plataforma?
social geraria também uma Essas são as questões
despolitização que esse
da questão artigo se
criminal
propõe a responder.
ao regular o conflito por meio da criminalização, despolitização esta gerada pela retirada
da vítima, personagem principal na disputa política pela igualdade racial, centrar o debate
na qualificação
1. da conduta do réu em criminosa ou não criminosa, afastando assim a face
INTRODUÇÃO
estrutural e mesmo institucional (com atuação das instituições estatais).
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
o Facebook já Vera
Novamente davaMalaguti,
pistas donoseu
seupotencial.
estudo sobre uma
Criado releitura de Foucault
originalmente como o a“Facemash”,
partir da
perspectiva periférica, aponta que “Talvez a grande contribuição desses ditos e
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário escritos seja
a politização
classificar da questão
quem criminal,
era “hot” comouma
ou não, resistência à criminalização
palavra em inglês usada da parapolítica”.133
Daí a
designar pessoas
ideia de que, mesmo
sexualmente acatando as críticas feitas à criminologia crítica de que há subvalori-
atraentes.
zação da questão racial, permanece ainda a consequência de despolitização que a própria
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
estruturação do processo penal promove.
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
a trocar as suas
Tratando-se defotos por imagens
propaganda com
eleitoral, quetextos de protestos
tem como principal ou que expressavam
objetivo a promoção de suas
umopiniões políticas,
espaço onde algo similar
a pluralidade àspossa
política mudanças de foto
aparecer, doesse
reduzir perfilespaço
por parte de indivíduos
justamente reti-
inconformados
rando do ofendido ocom o resultadona
protagonismo dodisputa
pleito nas eleições
é fator presidenciais
que devemos dos Estados
ficar atentos Unidos,
ao discutir
o assunto. Precisamos ter em mente ainda que o discurso de ódio racial possui, inevita
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
132 Ibidem.
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço eletrônico: [email protected]
133 Ibidem.

59
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSEcaráter
velmente, RPXEdeEdisputa
D EDpolítica,
ADRjáEB ILse,K
que OO
trata de B ECelite
uma AFbranca buscando reforçar
ARhierarquia
TUENsocialACIeGmanter
ÓLOoNacesso
CETprivilegiado
ATNEMque ARpossui
REF a:Apoder
CITeconômico
ÍLOP e político.
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
3.3 Reflexos da atuação do poder punitivo racista na sub-representação
de não brancos

O racismo estruturou não somente o poder punitivo, que esconde sua faceta política,
mas também sistemas econômicos e o próprio sistema de representação política ao distri-
1 buir os papéis de forma desigual utilizando como critério distintivo a raça em seu conceito
serroT etrauD aixélA
sociológico. Thula Rafaela Pires destaca em sua tese de doutorado que não somente du-
rante o período da escravidão, mas a desumanização e a construção da imagem de pardos
e negros como perigosas perdurou durante a República. Diz a autora:
OMUSER
Todo o processo de desumanização dos pretos e pardos, forjado como con-
odimusnoc e oãçarodição c o odde
atsmanutenção
iuqnoc met eudo q lmodelo
aicos edescravista,
er ,koobecavai
F odsofrendo
aticílpxe ressignificações
oãssim A ao
od roder oa soudívilongo dni e da
sorprimeira
ielisarb eRepública
d seõhlime da ed Era
adivVargas
ad roicom
am zaevcristalização
adac opmedo t mnegro
u como
oãçauta auS .odajaganimageme etnemldoivicdelinquente,
e odatcenocdo,ocriminoso,
t reba siam daquele
odnum oque retameaça
nam é ,oedque
numdeve, por-
tanto, ser mantido distanciado da convivência das pessoas de bem.134
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
odnazitarcoAinda
med koconforme
obecaF o aairaautora,
tsE .saci“o
mêprocesso
lop rareg a m deauindustrialização
nitnoc omtirogla efoi
d oãdesenvolvido
çazilanosrep sob um
socideário
itílop sodque
it rapvinculava
e sotadidn‘cientificamente’
ac ,setnerefid saciotílonegro
p seõsàiVindisciplina,
?a-odnazilartpreguiça,
nec uo oãçinsolência,
amrofni a atraso,
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
características que transformavam-nos em inadequados por excelência às necessidades
es ogit ra esse euq seõtse135 uq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
dos ‘novos tempos’” .
.rednopser a eõporp
Observa-se que houve a imagem criada dos negros e pardos afastou-os tanto do
centro do poder econômico quanto do centro do poder político. Para além do controle dos
corpos operado pelo poder punitivo, ao promover a criminalizaçãoOÃdeÇUnegros DORTNeI pardos .1 e
associar sua imagem à criminalidade, constituem-se obstáculos pelos quais os brancos
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
não têm que passar na disputa pelo poder político.
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráusu oOa fato
aitimde
repnão
e ohaver
dal a estatísticas
odal drav raconclusivas
H ed setnaddeutsque
e soodque
sotafasta
of avacnegrosoloc ereapardoswt fos odos
saocargos
ssep rapolíticos
ngised aeletivos
rap adaséua sdiscriminação
êlgni me arvaracial
lap ampor
u ,parte
oãn udo
o ”eleitorado,
toh“ are mhá euqfortes
racfiibarreiras
ssalc
ao ingresso na estrutura partidária e de acesso ao financiamento necessários para uconcor-
. s e t n e a r t a e t n e m l a xes
-parer
c e aos
edadcargos
isrevineletivos
u ad açne,aruquanto
ges edmaior
eder aa m
proximidade
arasseca sedosrodarecursos
irc sues necessários,
euq siopeD maior a
mabarreira
raçemocà sentrada
oiráusudesonão
irpóbrancos
rp so ,seetnmaior
adutsae facilidade
sod oãçadecfiibrancos.
tnedi ed snegami sa mararut
saus mavAasatuação
serpxe edouq sistema
uo sotsede torpjustiça
ed socriminal
txet moccom snegtodas
ami roasp sinstituições,
otof saus sadesde
racortoapo-
souder
dívilegislativo
dni ed et raoap agente
rop lfi rpenitenciário,
ep od otof eddá-sesaçnaadpartir
um sdaà rimagem
alimis ogdela criminoso
,sacitílop socialmente
seõinipo
,sodconstruída,
inU sodatseE osoaumento
d siaicnedas
disecondutas
rp seõçielae serem
san otipotencialmente
elp od odatluseratingidas
o moc sopor dam rofnsistema
esse ocni
não possui, por si só, o poder de alterar tal imagem.
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
134 PIRES, op. cit., p. 236. .8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
135 Ibidem, p. 249. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE60
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
A inserção da qualificadora do motivo LIBERDADE DE no
de discriminação racial EXPRESSÃO
crime de injúria E
transmite à sociedade
POLÍTICA:a ideia deFERRAMENTA
que tal conduta não é TECNOLÓGICA
admitida pelo Estado, porém o direi-
NEUTRA
to brasileiro já possuía há mais tempo normas que vedavam a discriminação pelo critério
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
racial, e a criação da imagem depreciativa do negro ocorreu ainda assim, ou seja, a criação
dessa imagem, embora tenha se dado de forma explícita e assumida no período da escra-
vidão, permaneceu após sua abolição, modificando as formas de racismo. Deste modo, a
seleção das pessoas a serem criminalizadas não passou a ser feita mais na criminalização
primária (lei), mas na criminalização secundária (atuação das instituições) e esta não fora
em nada modificada pela criação da forma qualificada do tipo de injúria,Aléxia Duarte
já que Torres
se trata de
1

interferir na criminalização primária apenas.


Tal raciocínio também pode ser aplicado às instituições que compõem o sistema de
representação política no Brasil. A atuação do poder punitivo na persecução de atos de
RESUMO
fala em tese qualificáveis como discursos de ódio também possui este caráter ambíguo
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
de, embora haja norma penal criminalizando o discurso de ódio, as instituições do sistema
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
penal permanecem orientadas por uma imagem de criminoso fortemente influenciada por
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
conceitos racistas, o que faz com que haja de forma menos rígida a persecução desses
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
atos e selecione também pessoas não brancas para punir.
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
Emaestudo empírico,
informação Thula RafaelaVisões
ou centralizando-a? Pires políticas
analisa diferentes,
o julgamento de casos
candidatos de racismo
e partidos políticos
no âmbitoque
do Tribunal
divergemdecom
Justiça do Estado
as ideias do Rio de Janeiro,
dos fundadores e o seguinte
e funcionários caso é ilustrativo
do Facebook possuem o
da atuação das agências
mesmo espaço edo sistema penal:
visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
propõe a responder.
No acórdão de nº 0132379-29.2002.8.19.0001 (2003.050.04038), por exem-
plo, a ré apela após ser condenada em 1ª instância por injúria qualificada. A
ré, ao supor que a vítima agrediu seus animais de estimação, proferiu as se-
1. INTRODUÇÃO
guintes palavras “negro nojento, asqueroso, peste negra…lugar de negro é na
senzala”. (…) No entanto, a ré foi absolvida sob o argumento de que “ao ver
Apesarseus
de animais
não ter de
sido criado como
estimação um instrumento
sendo maltratados político,uma
pelo Apelado, logocólera
no seu início
tomou
o Facebook conta
já davada pistas do que,
Apelante, seu envolvida
potencial.por
Criado originalmente
forte emoção acaboucomo o “Facemash”,
desabafando”. 136

o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
Para além
classificar da visão
quem distinta
era “hot” ou em
não,relação ao enquadramento
uma palavra típicopara
em inglês usada da conduta,
designaroutros
pessoas
fatores como tempo
sexualmente médio de julgamento maior nos casos de racismo que o tempo médio
atraentes.
geral de tramitação dos processos no Tribunal, ausência de localização de denúncias do
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
Ministério Público após a transformação do delito de injúria racial em crime de ação penal
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
pública condicionada à representação137 também indicam a atuação tendenciosa do siste-
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
ma de justiça criminal.
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
Tal tratamento
inconformados dado
com ao racismo
o resultado dopelas
pleitoagências do sistema
nas eleições penal jádos
presidenciais foraEstados
reconhecido
Unidos,
pela Organização dos Estados Americanos (OEA) ao julgar caso de denúncia apresentada
por Simone Diniz contra o Estado brasileiro:
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
136 Ibidem, p. 277.
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço
137 Ibidem, eletrônico: [email protected]
p. 277.

61
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSSERPX76.
E Segundo
ED EDTelles,
ADR EBIL ,Knos
a impunidade OOcasosBECdeAracismo
F reflete a brandura da
legislação especifica, a ineficácia do sistema de justiça criminal do Brasil e a
ARTUEN ACmá-vontade
IGÓLON dosCrepresentantes
ET ATNEM da A RREaoF analisá-los.
Justiça :ACITÍLOP
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
Primeiramente, para condenar alguém por racismo, as leis anti-racismo
brasileiras exigem que o acusado tenha agido com intenção racista. Alem
disso, os tribunais demonstram falta de seriedade para lidar com esse tipo
de crime. Os juizes evitam impor as pesadas sentenças estabelecidas pela
Constituição aos culpados por crime de racismo. Juizes e promotores, as-
sim como demais membros da sociedade brasileira, vêem supostos in-
1
serroT etrauD aixélA
cidentes de racismo como inócuos e não estão dispostos a colocar os
infratores atrás das grades por um tipo de comportamento que é comum
na sociedade brasileira.

77. Desde os idos de 1995, a Comissão tem recebido informações OMUSERque já da-
vam conta da ineficácia da lei anti-racismo no Brasil, dada a seu laconismo,
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
que revelava um segregacionismo que não refletia o racismo existente no Brasil
od roder oa soudíviednai resistência
e sorielisarbdeemembros
d seõhlim do
ed poder
adiv ajudiciário
d roiam zemev aaplicá-la.
dac opmeDe t macordo
u com
oãçauta auS .odajagessasne etninformações,
emlivic e odaatcComissão
enoc ,ot rebpôde
a siaidentificar
m odnum peloo retnmenos
am é ,otrês
dnucausas
m para
e odúetnoc ed oãçiratsineficácia
er ed sacdaitíloaplicação
p saus e da
euqLei
ats7716/89
ed odahnno agBrasil,
met ocoitque
ílop fará
oiránàecontinuação.
c on
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
Necessidade de provar ódio racial ou a intenção de discriminar
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
o meussop koobec78. aF oSegundo
d soiránoilação
icnuf da
e sComissão,
erodadnuf asLei
od s7716/89,
aiedi sa “não
moc representou
megrevid eumaior
q avan-
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?amrofatalp an edadilibisiv e oçapse omseme lacônica
ço no campo da discriminação racial por ser excessivamente evasiva
e exigir, para a tipificação do crime de racismo,.reodnautor,opserapós
a eõppraticar
orp o ato
discriminatório racial, declare expressamente que sua conduta foi motivada por
razões de discriminação racial”.138 Se não o fizesse, seria sua palavra contra a
do discriminado.
OÃÇUDORTNI .1
79. Racusen 139
examinou sistematicamente várias denúncias de racismo e dis-
oicíni ues on ogolcriminação
,ocitílop otracial
nemuno rtsBrasil
ni mue,om oc odaele,
segundo irc oos
disjuizes
ret obrasileiros
ãn ed raserequerem
pA evi-
,”hsamecaF“ o omdência
oc etndireta
emlandoigirtratamento
o odairC .desigual
laicnetopnouequal
s odo ato
satsdiscriminatório
ip avad áj koonãobecsomente
aF o
oiráusu oa aitimrepofende
e odaalguém
l a odalcomdravbase
raH eemd ssua
etnaraça
dutsemassodtambém
sotof avdemonstra
acoloc eraawmotivação
t fos o
saossep rangised adiscriminatória.
rap adasu sêlgPor ni mconseguinte,
e arvalap anuma
mu ,oeventual
ãn uo ”tação
oh“ apenal,
re meauqmaioria
racfiissdos
alc jui-
zes requeriam a comprovação de três elementos .(1) setnevidência
earta etnedireta
mlauxdo es ato
discriminatório (2) evidência direta da discriminação do ofensor para o ofendido
-pac e edadisrevinue (3)
ad aevidência
çnarugesdaedrelação
eder ademcausalidade
arasseca seentre
rodaiaqueles.
rc sues euq siopeD
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
saus mavasserpxe(…) e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sod138
inU CIDH.
sodaRelatório
tsE sodsobre
siaicansituação
ediserpdosseõdireitos
çiele humanos
san otieno
lp oBrasil,
d odCap.
atlusIX,erA,o OEA/Ser.L/V/ii.97
moc sodamroDoc. fnoc29
ni rev.
1, 29 set. 1997, § 13 apud CIDH, Relatório nº 66/06, caso 12.001, Simone André Diniz vs. Brasil, 21 out.
2006. Disponível em: <http://www.cidh.org/annualrep/2006port/brasil.12001port.htm#_ftn1>. Acesso em
28 jan. 2018.
edad139
lucaFRACUSEN,
ad oãçaudaSeth,
rG-só“AP mulato
ed amacannot
rgorP –besiaprejudiced”:
reG saniM ethe
d lalegal
redeFConstruction
edadisrevinUofalracial
ep otiediscrimination
riD me adnartsineM 1
contempo-
acilótaC edrary
adisBrazil.
revinUJun.
aicíf2002,
itnoP ap.
lep288
otieapud
riD mCIDH,
e adauRelatório
darG .sianº
reG66/06,
saniMcaso
ed la12.001,
redeF edSimone
adisrevinAndré
U ad Diniz
otieriDvs.edBrasil, 21
out. 2006. Disponível em: .81<http://www.cidh.org/annualrep/2006port/brasil.12001port.htm#_ftn1>.
35056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed Aces-
so em 28 jan. 2018. Denúncias feitas pelo Geledés – Institutomoc.liada
mgMulher
@otudNegra
aixela :ao
ociautor
nôrtelda
e oobra
çeredcitada.
nE

,ARIE62
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
109. Em razão LIBERDADE
do tratamento desigual DEautoridades
conferido pelas EXPRESSÃO brasileiras E
à denúncia de racismo e discriminação racial feita por Simone André Diniz,
POLÍTICA:
revelador de umaFERRAMENTA TECNOLÓGICA
prática generalizada discriminatória NEUTRA
na análise desses crimes,
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
a Comissão conclui que o Estado brasileiro violou o artigo 24 da Convenção
Americana, em face de Simone André Diniz.

Observa-se, pois, que a atuação permanece desigual e não há conquista de espaço


político pela utilização do sistema de justiça criminal pelas vítimas de racismo.

Aléxia Duarte Torres1


3.4 Alternativas jurídicas de controle do discurso de ódio na propaganda eleitoral

Com essas considerações não se pretende dizer que o Direito deve se abster de
regulamentar o discurso de ódio na propaganda eleitoral, tampouco que os próprios grupos
RESUMO
ofendidos devam buscar seu espaço sem a interferência estatal. O intento do presente
A missão explícita
estudo é demonstrar como do Facebook,histórico
o processo rede social
de que tem conquistado
exclusão tem no podero coração
punitivoe um
consumido
dos
principais meios de atuação, seja durante o período da escravidão, seja posteriormente. do
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
Diante do “confisco
no cenário políticodo
temconflito”,
ganhadodadestaque
subjetivação
e suasque ocultade
políticas aspectos
restriçãoestrutur ais e e
de conteúdo
institucionais do racismo, da imagem racista de criminoso prevalecente nas instituições
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
do sistema penal, é preciso
a informação que se busquem
ou centralizando-a? formas
Visões de diferentes,
políticas regulaçãocandidatos
do discurso de ódiopolíticos
e partidos que
possibilitem
queaodivergem
oprimidocomcolocar suas dos
as ideias questões na resolução
fundadores do conflito.
e funcionários do Facebook possuem o
mesmorestaurativa
A justiça espaço e visibilidade na plataforma?
parte também Essas sãode
dos pressupostos as inefetividade
questões quedo esse artigo se
sistema
propõe a responder.
penal às soluções que se pretende (tutela de bens jurídicos, prevenção geral, prevenção
especial, prevenção positiva, prevenção negativa e ressocialização). Compartilha com a
criminologia
1. crítica o posicionamento resistente às políticas criminais que pretendem o
INTRODUÇÃO
mero aumento e endurecimento do poder de punir, medidas muito populares a partir das
Apesar do
últimas décadas de século
não terXX.sido criado como um instrumento político, logo no seu início
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
A justiça restaurativa possui conceitos variados a depender do enfoque acentuado
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
pelo autor140 e, segundo Tony Marshall, é “um processo através do qual todas as partes en-
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
volvidas em umaatraentes.
sexualmente ofensa particular se reúnem para resolver coletivamente como lidar com
a consequência da ofensa e as suas implicações para o futuro”141. Segundo a Resolução
Depois
nº 2002/2012 doque seus criadores
Conselho Econômico acessaram
e Social daa Organização
rede de segurança da universidade
das Nações e cap-
Unidas (ONU):
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
Processo
a trocar as suas fotosrestaurativo
por imagenssignifica
com qualquer
textos deprocesso no ou
protestos qualque
a vítima e o ofensor,
expressavam suas
e, quando apropriado, quaisquer outros indivíduos ou membros da comunidade
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
140 SANTOS, Jonny Maikel dos. Justiça Restaurativa – Aspectos teóricos e análise das práticas do 2º juizado
criminal do Largo do Tanque – Salvador/BA. Dissertação (Mestrado em Direito) – Faculdade de Direito da
Universidade Federal da Bahia. Salvador, 2015.
1411 MARSHALL,
MestrandaTony.
em Direito pela Universidade
The Evolution Federal
of Restorative de Minas
Justice Gerais
in Britain. In: –European
ProgramaJournal
de Pós-Graduação da Faculdade
on Criminal Policy Re-
de Direito
search, vol. 4,dan.Universidade Federal
4. Heidelberg: de Minas
Springer, 1996, Gerais. GraduadaDaniel.
apud ACHUTTI, em Direito pela
Justiça Pontifícia Universidade
Restaurativa Católica
e Sistema Penal:
de Minas Gerais.
contribuições Currículopara
abolicionistas lattes:
umahttp://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
política criminal do encontro. Disponível em: <http://ebooks.pucrs.br/
edipucrs/anais/cienciascriminais/III/18.pdf>.
Endereço eletrônico: [email protected] Acesso em: 1º mai. 2014.

63
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSSERPXafetados
E EDpor EDumAcrime,
DREparticipam
BIL ,Kativamente
OOBECnaAresolução
F das questões oriun-
das do crime, geralmente com a ajuda de um facilitador. Os processos restaura-
ARTUEN ACtivos
IGÓ LON
podem CEaTmediação,
incluir ATNEM ARREF a:A
a conciliação, CITÍfamiliar
reunião LOPou comunitária
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
(conferencing) e círculos decisórios (sentencing circles)142
.

Observa-se que um dos principais pilares da justiça restaurativa é a promoção de


diálogo entre os interessados, incluindo-se a vítima. Tal processo tem o condão de reverter
o dito confisco da resolução comunitária do conflito.
Tal modo de resolução de conflitos dista do sistema de justiça criminal a ponto de
1
seescapar
rroT etrao
auconceito.
D aixélAConforme destaca Michel Foucault143, o surgimento do poder punitivo
acontece exatamente quando ocorre a substituição da gestão horizontal do conflito pela
gestão verticalizada do Estado.
É possível a utilização, por exemplo, do direito de resposta, instituto OMUdoSEdireito
R elei-
toral que permite ao ofendido ocupar espaço de propaganda do
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A ofensor quando houver
od afirmação
roder oa soinjuriosa
udívidni e(art.
sor58,
ielisacaput,
rb ed sda
eõLei
hlimnºed9.504/1997).
adiv ad roiamTalzeinstituto
v adac otem
pmepotencialidade
t mu
oãçenorme
auta auSdiante
.odajadagnpromoção
e etnemlivicdae concessão
odatcenoc ,de ot remaior
ba siatempo
m odnude
mexposição
o retnam édas
,odnideias
um do gru-
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec ode
po oprimido por meio do candidato ofendido, porém tem limitações nos casos n a ofensa
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep haveria
ser proferida em relação a pessoa indeterminada ou que não seja candidata, já que
socdificuldades
itílop sodit rapde
e satribuir
otadidnalegitimidade
c ,setnerefid sativa
acitíloao
p spedido.
eõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
o meussoVale p koolembrar
becaF odque
soirhá
ánoainda
icnuf eo sdireito
erodadndeuf resposta
sod saiedgeral
i sa mprevisto
oc megreno vidart.
euq 5º, V, da
es oCRFB/1988
git ra esse eueqregulamentado
seõtseuq sa oãspela
sasLei
sE ?nº
am13.188/2015,
rofatalp an edaque
dilibinão
siv eprevê
oçapsaplicação
e omsem em caso
.r e d n
específico de afirmação injuriosa, mas prevê, em seu art. 2º, caput, a concessãoo p s e r a eõporp de direito
de resposta “Ao ofendido em matéria divulgada, publicada ou transmitida por veículo de
comunicação social”. Quando a ofensa for proferida em propaganda eleitoral, haverá difi-
OÃÇUDORTNI .1
culdade em definir a competência, bem como em definir se a resposta pode se dar também
oicíno
ni espaço
ues on de
ogopropaganda
l ,ocitílop oeleitoral
tnemu rtsdo
ni ofendido,
mu omocjáoque
daircháonorma
dis ret específica
oãn ed rasobre
sepA o tema.
,”hsamecDe aF“toda
o om oc etntrata-se
forma, emlanigde iro adaptações
odairC .laicde netinstitutos
op ues odque satnão
sip foram
avad ápensados
j koobecainicial-Fo
oirámente
usu oapara
aitim r e p e o d a l a o d a l d r a v r a H e d s e t n a d u t s e s o d s
a tutela de ofendidos por discurso de ódio, mas que por darem maior protago-o t o f a v a c o l o c e r a w t f o s o
saonismo
ssep rao
angofendido
ised arappoderiam
adasu sêser lgnutilizadas
i me arvatambém lap amu nesse ,oãn ucontexto.
o ”toh“ are meuq racfiissalc
.setnearta etnemlauxes
Há também a saída da responsabilidade civil, que tem na vítima figura indispensável
-paec permite
e edadisautocomposição
revinu ad açnarudas ges partes,
ed edertendo a maras assfiguras
eca serda odconciliação
airc sues eueq da siomediação
peD ga-
manhado
raçemobastante
c soiráuimportância
su soirpórp com so ,saetentrada
nadutseem sovigor
d oãçdo acfiCódigo
itnedi ede d Processo
snegami sCivil a mde ara2015.
rut
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
Nenhuma alternativa deve ser descartada, mas todas devem ser analisadas de forma
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
específica com vistas a compreender de que maneira a proposta poderia contribuir para o
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
enfrentamento do racismo, fugindo à solução fácil de encontrar na criminalização a respos-

142 ONU (Organização das Nações Unidas). Resolução 2002/12 da ONU – Princípios básicos para utilização
edadlucaFde adprogramas
oãçaudarG-desóPjustiça
ed amrestaurativa
argorP – siaem
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adisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed Aces-
so em: 27 jan. 2018. .8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
143 BATISTA, op. cit., 2014. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE64
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
ta mais dura e reproduzir acriticamente LIBERDADE
o discurso DEaoEXPRESSÃO
oficial de combate crime e as preten- E
sões declaradas de prevenção, FERRAMENTA
POLÍTICA: todas elas sucumbindoTECNOLÓGICA
diante de séculos de evidências
NEUTRA em
sentido contrário.
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a apresentação da criminologia crítica e das suas leituras empreendidas por
autores latino-americanos, procurou-se desconstruir a criminalização como uma resposta
natural a comportamentos indesejáveis, buscando demonstrar que Aléxia ao longoDuarte
de sua Torres
1
atua-
ção, sobretudo no Brasil, o poder punitivo foi uma das principais formas de manutenção da
hierarquia social e do racismo.
As RESUMO
críticas aqui empreendidas não pretendem descartar por completo a resposta
criminalizante, masexplícita
A missão trazer ao
dodebate
Facebook,críticas
rede que desde
social a década
que tem de 1960
conquistado são feitas
o coração à sua
e consumido
atuação, possibilitando avaliar, à luz da experiência histórica nacional e dos escritos
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do produ-
zidos na Europa
mundo,eéprincipalmente
manter o mundo na mais
América Latina,
aberto, se a resposta
conectado da criminalização
e civilmente engajado. Suaatende
atuação
às expectativas de tutela de direitos dos não brancos.
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
Nãopersonalização
se pretende,deainda,
algoritmo continuam
incluir a gerar
ou excluir polêmicas.
qualquer Estaria
pauta o Facebook democratizando
do movimento negro e as
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos
críticas aqui empreendidas não deslegitimam suas demandas, já que a igualdade e partidos políticos
pressupõe
construir novos caminhos a partir de um processo no qual os próprios interessados par- o
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem
mesmo espaço
ticipem efetivamente e visibilidade
da decisão e nãonasejam
plataforma?
salvos Essas
por umasãoacademia
as questõesqueque esse
lhes artigo se
desenhe
a solução.propõe a responder.

O objetivo aqui pretendido é problematizar aspectos da atuação do poder punitivo


e fazer
1. com que, aderindo ou não ao posicionamento aqui defendido, a discussão possa
INTRODUÇÃO
prosseguir com uma maior gama de informações e a opção pela criminalização não se faça
na forma Apesar de não
como ocorre emtergrande
sido criado como
parte das um instrumento
decisões político,
sobre política logo
criminal: no seu início
reproduzindo
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
o senso comum de que o aumento dos crimes e das penas é solução para os conflitos mais
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
graves da sociedade.
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
sexualmente atraentes.
REFERÊNCIASDepois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
turaramAlessandro.
BARATTA, as imagens de identificação
Criminologia crítica edos estudantes,
crítica do direito os próprios
penal: usuários
introdução começaram
à sociologia do
direito penal. 3. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2002.
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
BATISTA, Nilo.políticas,
opiniões Introduçãoalgo
crítica ao direito
similar penal brasileiro.
às mudanças 11. ed.
de foto do Rio de Janeiro:
perfil Revan,
por parte de 2007.
indivíduos
BATISTA, Vera Malaguti. Foucault na periferia da barbárie. Quadranti – Rivista Internazionale
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, di
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areG penas
saniM eperdidas:
d laredeF edaadperda
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U alegitimidade
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adnsistema
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fitnoP alepPedrosa.
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saniM e1991.
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moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE66
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
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>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
A LIBERDADE DO DISCURSO
FACEBOOK, NO FÓRUM
LIBERDADE TÉCNICO
DE DO E
EXPRESSÃO
PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO
POLÍTICA: FERRAMENTA DE MINAS GERAIS:
TECNOLÓGICA NEUTRA
O EMBATE EM TORNO DAS QUESTÕES
OU PLATAFORMA DEEDITORIAL?
VIRTUAL GÊNERO

Aléxia
Rodrigo Élcio Marcelos Duarte Torres
Mascarenhas144 1

RESUMO:
RESUMO
O artigo analisa se a liberdade de expressão é garantida no Fórum Técnico do
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
Plano Estadual de Educação, promovido pela Assembleia Legislativa de Minas
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
Gerais em 2016, mesmo quando ocorre a presença de discurso de ódio, proferido
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
por participantes ou parlamentares. Para isso, concentra-se nas manifestações
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
populares, de representantes de instituições governamentais e de membros do
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
Parlamento. Um dos pontos que mais levantaram polêmica e controvérsia durante as
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
discussões foi relativo às questões de gênero no contexto das escolas e, por isso,
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
é temática sobre a qual este trabalho se debruça. O artigo, portanto, promove um
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
estudo dos discursos presentes em defesa ou não da inclusão dessas minorias a
propõe a responder.
partir de uma análise teórica da liberdade de expressão. Para tanto, a metodologia é
o estudo das notas taquigráficas dos encontros do Fórum Técnico, especialmente
1. da Plenária
INTRODUÇÃOFinal, realizada em junho de 2016. Ao fim do trabalho, conclui-se como a
democracia liberal tem lidado com o embate de ideias comum às discussões.
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
1. o software
INTRODUÇÃOcolocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
A democracia liberal ainda engatinha no Brasil. Passados 30 anos da promulgação da
sexualmente atraentes.
Constituição da República, encerrando um período de ditadura militar, a sociedade brasileira
Depois que
busca consolidar seus criadores
princípios como o acessaram
da dignidadea rede de segurança
da pessoa humana da universidade
e tudo e cap-
que decorre
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
dessa premissa, como a liberdade de expressão.
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
É inegável
opiniões que aalgo
políticas, desigualdade,
similar àsem todos osde
mudanças aspectos,
foto do éperfil
figurapor
latente
partee de
entrave ao
indivíduos
inconformados
exercício com pelo
da cidadania o resultado do Os
brasileiro. pleito nas democráticos
ideais eleições presidenciais
dependem, dossobremaneira,
Estados Unidos,

1441 Integrante
Mestrandado programa
em Direitodepela
pós-graduação
Universidade deFederal
Mestrado
de Minas
em Administração
Gerais – Programa
Pública
de Pós-Graduação
da Escola de Governo
da Faculdade
da
Fundação
de Direito
João
da Pinheiro.
Universidade
Bacharel
Federal
emdeComunicação
Minas Gerais. Social
Graduada
– Jornalismo
em Direito
pelapela
Universidade
Pontifícia Universidade
Fumec. Bacharel
Católica
emdeDireito
Minaspela
Gerais.
Universidade
Currículo lattes:
Fumec.http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Analista Legislativo – jornalista da Assembleia Legislativa de Minas
Gerais.
Endereço
Advogado.
eletrônico: [email protected]

TORRES, Aléxia
MASCARENHAS, Duarte.
Rodrigo Facebook,
Élcio Marcelos. liberdade de expressão
A liberdade e política:
do discurso no fórum ferramenta
técnico dotecnológica neutradeoueducação
plano estadual plataforma
devirtual
Minaseditorial?
Gerais: o In: 67
PEREIRA,
embate
Rodolfo
em torno das Viana (Org.).
questões DireitosIn:políticos,
de gênero. PEREIRA,liberdade de expressão
Rodolfo Viana e discurso
(Org.). Direitos de ódio.
políticos, Volume
liberdade de I.expressão
Belo Horizonte: IDDE,de2018.
e discurso ódio. p. 07-33.II.ISBN
Volume
Belo 978-85-67134-05-5 . Disponível
Horizonte: IDDE, 2018. p. 67-88.em:
ISBN <https://goo.gl/g4e2Gy>
978-85-67134-06-2. Disponível em: <https://doi.org/10.32445/97885671340624>
EOda Ãgarantia
SSERde PXque
E Etodos
D Etenham
DADR EBIoportunidades,
iguais L ,KOOBErespeito
CAF e acesso aos bens de
ARconsumo
TUENessenciais.
ACIGÓIgualdade,
LONCEnesseT ATsentido,
NEMAexerce
RREgrande
F :ACinfluência
ITÍLOP na participação
popular nos rumos dos desígnios do país.
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
A política e, por conseguinte, o seu discurso nunca antes estiveram tão vigiados.
A maioria das pessoas têm acesso a quase tudo que é dito, seja por meio da imprensa
escrita, da televisionada ou até mesmo das redes sociais. A interação entre falante e ouvinte
cresceu; dessa forma, o que é dito sofre julgamento quase que instantâneo. Nesse aspecto,
1 questões como discursos controversos, algumas vezes aparentemente abjetos, passaram
serroT etrauD aixélA
a sofrer ainda mais pressão para serem, de certa forma, oprimidos.

A questão que este artigo se propõe a desvelar, principalmente, é se a arena


democrática tem resguardado os direitos dos falantes e também dos ouvintes,
OMUSER uma vez
que, quando se usa uma ferramenta de participação popular, parte-se de certo pressuposto
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
de que os indivíduos inseridos na discussão terão igualdade de ferramentas e liberdade para
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
defender suas propostas.
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
e odúetnoAc eAssembleia
d oãçirtser eLegislativa
d sacitílop de
sauMinas
s e euGerais
qatsed temodahcomo
nag mdiscurso
et ocitílopinstitucional
oiránec on a busca
odnpelo
azitarcincentivo
omed kooda becparticipação
aF o airatsE .sapopular.
cimêlop raOreslogan
g a maunoficial
itnoc o“Poder
mtirogla eedVoz
oãçado
zilaCidadão”
nosrep revela
socuma
itílop sintenção
odit rap e de
sotaaprofundamento
didnac ,setnerefiddo
sacprotagonismo
itílop seõsiV ?a-do odnindivíduo
azilartnec nos
uo oãrumos
çamrofndas
i a políticas
o mpúblicas
eussop kdiscutidas
oobecaF odpelosoirParlamento.
ánoicnuf e sNessa
erodadnlinha
uf soded sraciocínio,
aiedi sa modiversos
c megrevinstrumentos
id euq de
es oparticipação
git ra esse eupopular
q seõtseforam
uq sa institucionalizados
oãs sassE ?amrofaao talplongo
an eddos
adilianos.
bisiv eSão
oçapaudiências
se omseme debates
públicos, ciclos de debates, conferências, seminários e fóruns.rtécnicos. ednopser a eõporp

O que se questiona ainda, no presente trabalho, é se a liberdade de expressão é


garantida nesses eventos, mesmo quando ocorre a presença de discurso OÃÇUD deOR
ódio,
TNI proferido
.1
por participantes ou parlamentares. Importa também colocar luz sobre a necessidade
oicíou
ni unão
es oden se
ogocontrolar
l ,ocitílopo oque
tneméudito,
rtsni bem
mu ocomo
moc oproceder
dairc odiàs análise
ret oãnde edserasmanifestações
epA
,”hssilenciosas
amecaF“ oaparentemente
omoc etnemlaagressivas
nigiro odaidevem
rC .laicsofrer
netop algum
ues odtipo satde
siprestrição.
avad áj koobecaF o
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
saossep rParaangisisso,
ed araconcentrar-se-á
p adasu sêlgni m nas
e armanifestações
valap amu ,oãnpopularesuo ”toh“ earedemparlamentares
euq racfiissalc no
Fórum Técnico do Plano Estadual de Educação, Projeto de Lei nº 2.882/2015, .setnearta etnque emlcomeçou
auxes
a tramitar na Assembleia Legislativa de Minas Gerais em setembro de 2015. Um dos
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
pontos que mais levantaram polêmica e controvérsia, durante as discussões, foi relativo
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
às questões gênero no contexto das escolas e, por isso, é a temática escolhida. O presente
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
artigo tem por objetivo analisar se os discursos presentes em defesa ou não da inclusão
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,soddessas
inU sodminorias
atsE sodconfiguram
siaicnedisediscurso
rp seõçiede le sódio,
an otiaelpartir
p od ode datum
luseestudo
r o mocteóricosodamdarofliberdade
nocni
de expressão. Para tanto, a metodologia é o estudo das notas taquigráficas dos encontros
do Fórum Técnico, especialmente da Plenária Final, realizada em junho de 2016. Ao fim do
edadtrabalho,
lucaF ad oãespera-se
çaudarG-sóPconcluir
ed amargocomo
rP – siaareG
democracia
saniM ed laredliberal
eF edadtem
isrevilidado
nU alep ocom
tieriD omembate
e adnartsede
M ideias
1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
comum às discussões. .8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE68
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
2. O FÓRUM TÉCNICOFACEBOOK, LIBERDADE
DO PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DE EXPRESSÃO
DE MINAS GERAIS E
O FórumPOLÍTICA: FERRAMENTA
Técnico é um dos TECNOLÓGICA
tipos de eventos institucionais NEUTRA
da Assembleia Legislativa
de OU se
Minas Gerais. Ele geralmente PLATAFORMA
estende por algunsVIRTUAL
meses. AlémEDITORIAL?
das atividades
presenciais em Belo Horizonte e no interior de Minas Gerais, o Fórum prevê formas de
participação online, como a consulta pública sobre o tema discutido.

Os deputados organizam o evento sempre em parceria com a sociedade e com órgãos


públicos. A ideia, segundo a própria instituição, é democratizar o debate, a formulação e o
Aléxia Duarte
acompanhamento de políticas públicas. Por isso, ao seu final, os participantes votamTorres
um
1

documento que subsidia ações legislativas e de governo.

A plenária final do Fórum Técnico do Plano Estadual de Educação, conforme relatório


RESUMO de Projetos Institucionais da Assembleia de Minas145, contou com a
da Gerência-Geral
representação de 154
A missão instituições,
explícita dentrerede
do Facebook, elassocial
escolas,
que universidades,
tem conquistadosindicatos,
o coração membros
e consumido
dos governos municipais e estadual, câmaras municipais, conselhos
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos profissionais
ao redore do
entidadesmundo,
organizadas da sociedade
é manter civil.aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
o mundo mais
Na no cenário
plenária político
final, tem ganhado
expositores destaque
convidados e suas políticas
palestraram de restrição
sobre o tema do fórum.de conteúdo
Depois, e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook
os participantes reuniram-se em grupos de trabalho para consolidar o documento que foi democratizando
votado. Osa informação
grupos de ou centralizando-a?
trabalho Visões
tiveram 502 políticas diferentes,
participantes, candidatos
dos quais e partidos
471 foram políticos
à plenária
que divergem com as ideias
final com direito de direito a voz e a voto.dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
O fórum
propõetécnico do Plano Estadual de Educação teve como objetivo buscar – junto
a responder.
aos diversos segmentos da sociedade, às entidades representativas da sociedade civil e aos
setores público e privado – subsídios para a discussão do Projeto de Lei nº 2.882/2015,
que1.estabelece
INTRODUÇÃO
o Plano Estadual de Educação em Minas Gerais, com diretrizes, metas e
estratégias para a política educacional do estado nos próximos dez anos. Encerrados os
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
trabalhos, uma comissão de representação do fórum encarregou-se de acompanhar os
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
desdobramentos das propostas aprovadas, visando à sua implementação.
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
classificar
O Planoquem era “hot”
Estadual ou não, começou
de Educação uma palavra em inglês
a tramitar na usada para designar
Assembleia pessoas
Legislativa de
sexualmente atraentes.
Minas Gerais em setembro de 2015. De autoria do governador do estado, o texto chegou ao
146
LegislativoDepois
Mineiro porseus
que meiocriadores
da Mensagem 77 dea2015
acessaram rede de. Na justificativa
segurança para a proposta,
da universidade e cap-
o Poder Executivo argumentou no sentido de que a Constituição da República
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram de 1988
147
prevê, em seu
a trocar as art.
suas214fotos, por
queimagens
deverá ser
comestabelecido, por meio ou
textos de protestos de lei,
queoexpressavam
Plano Nacional suas
de opiniões
Educação,políticas,
de duração
algo similar às mudanças de foto do perfil por partee estratégias
decenal, definidor de diretrizes, objetivos, metas de indivíduos
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
145 Relatório fornecido, por e-mail, pela Gerência-Geral de Projetos Institucionais da Assembleia Legislativa de
Minas Gerais em 24 de janeiro de 2018.
1461 MINAS GERAIS.
Mestranda emMensagem
Direito pelanº 77/2015. Disponível
Universidade Federal de em: <https://www.almg.gov.br/atividade_parlamentar/
Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
tramitacao_projetos/interna.html?a=2015&n=77&t=MSG&aba=js_tabVisao>. Acesso em:
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia 15 dez. 2017.
Universidade Católica
de Minas
147 BRASIL. Gerais. Currículo
Constituição (1988). lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal,
Endereço
1988. 292 p.eletrônico: [email protected]

69
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EOde à SSERPXE para
implementação EDassegurar
EDADaRmanutenção
EBIL ,KO eO BECAF
o desenvolvimento do ensino em seus
ARdiversos
TUENníveis,
ACIetapas
GÓLeO modalidades.
NCET ATNEMARREF :ACITÍLOP
?LAIRO TIDcontexto,
Nesse E LAUfoiTR IV AMR
sancionada aO
LeiFFederal
ATALnºP13.005,
UO de 25 de junho de 2014148,
que contém o Plano Nacional de Educação (2014-2024) e determina, em seu art. 8º, aos
estados, ao Distrito Federal e aos municípios a obrigação de elaborar seus correspondentes
planos de educação, ou adequar os planos já aprovados em lei, em consonância com as
diretrizes, metas e estratégias previstas nacionalmente.
1
serroT eOtrestado
auD ade
ixéMinas
lA Gerais já possui o Plano Decenal de Educação, aprovado pela
Lei nº 19.481, de 12 de janeiro de 2011149, com vigência até o ano de 2020. No entanto,
o entendimento do Poder Executivo foi pela necessidade de elaborar-se um novo Plano
Estadual de Educação, uma vez que a estrutura e as metas do PlanoOem MUSvigor
ER não se
coadunariam com o novo Plano Nacional.
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
od roder oSeguindo
a soudívidos ni parâmetros
e sorielisarbconstitucionais
ed seõhlim ed definidos
adiv ad ropara
iam zaevtramitação
adac opmde et mleiu ordinária,
oãçaauproposta
ta auS .odtramita
ajagne etemnemdois
livic eturnos,
odatcensubmetida
oc ,ot reba sàiamaprovação
odnum o rpor etnamaioria
m é ,odnsimples
um dos
e odpresentes
úetnoc edem oãçPlenário.
irtser ed Osaprojeto
citílop sfoi
audistribuído
s e euqatseàs d oComissões
dahnag metde ocConstituição
itílop oiránec eoJustiça;
n de
odnEducação,
azitarcomedCiência
koobecaFe oTecnologia;
airatsE .sacim deêloAdministração
p rareg a maunitPública;
noc omtireogdela eFiscalização
d oãçazilanosrFinanceira
ep e
socOrçamentária,
itílop sodit rap e nas
sotadquais
idnacdeve
,setneser
refidanalisado
sacitílop seeõreceber
siV ?a-oparecer
dnazilartnaoectexto
uo oãantes
çamrode fni aser votado
o memeusdois
sop turnos
koobecno aF oPlenário.
d soiránoNo icnatual
uf e smomento,
erodadnuf asoproposta
d saiedi recebe
sa mocparecer megrevdas id eucomissões,
q
es oem
git rprimeiro
a esse eturno,
uq seõetsaguarda
euq sa oinclusão
ãs sassEem ?am rofatapara
pauta lp anapreciação
edadilibisivpelo
e oçplenário
apse omda seAssembleia
m
Legislativa. 150 .r e d n o p s e r a e õ p o r p

O Plano é dividido em duas partes. A primeira, normativa, estabelece as providências


OÃÇUdo
para a implementação. Nela estão listadas diretrizes como erradicação DOanalfabetismo;
RTNI .1
universalização do atendimento escolar; formação para o trabalho e para a cidadania;
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
gestão democrática; valorização dos profissionais de educação; e promoção dos direitos
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
humanos, diversidade e sustentabilidade socioambiental. Na segunda parte, o anexo,
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
estão as metas e estratégias do Plano. São 20 e, para cada uma delas, várias estratégias
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
detalhadas – com índices a serem alcançados.
.setnearta etnemlauxes
-pac e edNoadiscontexto
revinu addoaçFórum
narugeTécnico,
s ed ederforam
a marealizadas
rasseca se23 rodreuniões
airc suespreparatórias
euq siopeD entre os
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed sneos
meses de abril de 2015 e junho de 2016. Nessas reuniões, definiram-se gamtemas
i sa mque
araseriam
rut
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
sou148
dívidBRASIL.
ni ed eLei
t ranºp 13.005,
rop lfide
rep25ode
d junho
otof de
ed2014.
saçnAprova
adumo sPlano
à raNacional
limis ogdelaEducação
,sacitílo–pPNE
seõe idá
nipoutras
o
,sodinU providências.
sodatsE soDisponível
d siaicneem:
dis<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm>.
erp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
Acesso em: 15 dez. 2017.
149 MINAS GERAIS. Lei nº 19.481, de 12 de janeiro de 2011. Institui o Plano Decenal de Educação do Estado.
Disponível em: <https://www.almg.gov.br/consulte/legislacao/completa/completa.html?tipo=LEI&num=19
edadlucaF481&comp=&ano=2011&aba=js_textoAtualizado#texto>.
ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edAcesso adisrevinem:
U a15
lep dez.
otieri2017.
D me adnartseM 1
aciló150
taC edMINAS
adisrevGERAIS.
inU aicífitProjeto
noP alepdeotiLei
eriDnºme2882/2015.
adaudarG .sDisponível
iareG saniM ed <https://www.almg.gov.br/atividade_parla-
em: laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
.8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniMAcesso
mentar/tramitacao_projetos/interna.html?a=2015&n=2882&t=PL&aba=js_tabTramitacao>. ed em:
22 jan. 2018. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE70
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
abordados no debate público; LIBERDADE
o número de encontros regionais eDE EXPRESSÃO
a dinâmica de trabalho E
nesses eventos; a divisão dos grupos
POLÍTICA: de trabalho e os conteúdos
FERRAMENTA TECNOLÓGICA que seriam discutidos
NEUTRA em
cada um; e a dinâmica de trabalho do evento final, realizado em Belo Horizonte.
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
Em parceria com órgãos do poder público e entidades da sociedade civil, que
compuseram a Comissão Organizadora do Fórum Técnico, os participantes debateram,
divididos em oito grupos de trabalho temáticos, as propostas contidas no Plano: acesso
e universalização; inclusão educacional, diversidade e equidade; qualidade da educação
básica; educação profissional; educação superior; formação e valorização dosDuarte
Aléxia profissionais
Torres1
da educação; gestão democrática; e articulação entre os sistemas de educação e
financiamento.

O debate público, realizado em 19 de fevereiro de 2016, contou com a apresentação,


RESUMO
pela Secretária de Estado de Educação Macaé Evaristo dos Santos, do projeto de lei que institui
A missãodeexplícita
o Plano Estadual Educaçãodo Facebook,
de Minas rede social
Gerais que painéis
e com tem conquistado
relativos oa coração e consumido
financiamento da
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos
educação, bem como a custo-aluno x qualidade; superação de desigualdades educacionais; ao redor do
e situaçãomundo, é manter
do ensino médio. o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
Já os encontros regionais
personalização ocorreram
de algoritmo continuamentre os polêmicas.
a gerar meses de fevereiro e maio dedemocratizando
Estaria o Facebook 2016 nos
seguintesamunicípios:
informação ouCoronel Fabriciano,
centralizando-a? Setepolíticas
Visões Lagoas,diferentes,
Montes candidatos
Claros, Varginha,
e partidosAraxá,
políticos
Paracatu, que
Ubá,divergem
Divinópolis,
com as Uberlândia,
ideias dosDiamantina,
fundadores Teófilo Otoni, Belo
e funcionários Horizonte.
do Facebook Além o
possuem
disso, foi mesmo
realizadaespaço
consulta pública, em
e visibilidade naque os participantes
plataforma? Essas sãopuderam opinar,que
as questões pela internet,
esse artigo se
sobre todas as metas
propõe e estratégias do projeto de lei do Plano Estadual de Educação, além
a responder.
de poder apresentar novas sugestões ao projeto.

1. Todo esse trabalho culminou na etapa final ocorrida em Belo Horizonte entre os dias
INTRODUÇÃO
15 e 17 de junho de 2016. O primeiro dia foi destinado a exposições e debates e os seguintes
Apesar
dedicaram-se de não ter
a atividades dossido criado
grupos de como umNoinstrumento
trabalho. segundo dia, político, logo no seu
os participantes início
foram
o Facebook
divididos já dava
nos oito pistas
grupos do seu potencial.
de trabalho Criadoaooriginalmente
mencionados, passo que, no como o “Facemash”,
terceiro dia, as
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia
propostas aprovadas no dia anterior foram submetidas à plenária final. Os representantes ao usuário
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar
eleitos nos Encontros Regionais e aqueles que fizeram inscrição individual prévia, estando pessoas
sexualmente
devidamente atraentes. participaram da Etapa Final do Fórum Técnico, com direito a
credenciados,
151
voz e a voto nas Sessões
Depois que seusPlenárias
criadorese acessaram
nos GruposaderedeTrabalho .
de segurança da universidade e cap-
turaram as aimagens
Durante de identificação
etapa final, dos estudantes,
ocorreram a apresentação dosos própriossobre
relatórios usuários começaram
o trabalho em
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
grupo, a leitura e a discussão das propostas encaminhadas pelos grupos e a entrega do
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
documento de proposta ao presidente da Assembleia. As propostas originais, discutidas
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
e modificadas nos encontros regionais, tiveram como redação final aquela aprovada nos
grupos de trabalho que se reuniram na capital no segundo dia do evento. No entanto, o
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Direito
151 MINAS GERAIS.da Universidade
RegulamentoFederal
do Fórumde Minas
Técnico. Gerais. Graduada
Art. 10. em Direito
Disponível pela Pontifícia Universidade Católica
em: <https://www.almg.gov.br/export/
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
sites/default/acompanhe/eventos/hotsites/2015/forum_tecnico_plano_educacao/documentos/regulamento/
regulamento_forum_tecnico_plano_educacao.pdf>.
Endereço eletrônico: [email protected] Acesso em: 22 jan. 2018.

71
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSERPfacultava
regulamento XE ED aosEparticipantes
DADREBapresentar
IL ,KOumOBrecurso
ECAFde rediscussão da redação
ARfinal
TUdaEdada
N AàsCIpropostas
GÓLON originais
CET aprovadas
ATNEMnos ARgrupos
REF de:Atrabalho.
CITÍLOP
?LAIRO TIDEpoderiam
Também LAUTser RIobjeto
V AM de R OFAdeTA
recurso LP UO aquelas propostas suprimidas
rediscussão
ou rejeitadas pelos grupos de trabalho, entre as novas oriundas dos encontros regionais ou
das consultas públicas. Para apresentação desse recurso, em ambas as hipóteses, seja
para trazer de volta algo que foi suprimido, seja para modificar algo que foi aprovado, o
critério era o mesmo. A pessoa que desejava recorrer deveria coletar, entre os participantes
1 da plenária final, 100 assinaturas pelo menos do total de participantes votantes, com os
serroT etrauD aixélA
respectivos nomes e números de inscrição.

Ao fim do processo, foram aprovadas 21 metas e 352 estratégias. Um dos pontos


que mais levantaram polêmica durante as discussões foi relativo à ideologia de gênero no
OMUSER
contexto das escolas. O tema, abordado no grupo 2, sobre inclusão educacional, diversidade
odim
e uequidade,
snoc e oãçapresentou
aroc o odatsalgumas
iuqnoc medas
t euqdiscussões
laicos eder ,mais
koobeacirradas,
caF od aticíprincipalmente
lpxe oãssim A no que
od se
roderefere
r oa saooudcombate
ívidni e soàridiscriminação
elisarb ed seõhsexual,
lim ed aracial
div ad ou
roiareligiosa,
m zev adaporc omeio
pmet mdou currículo
oãçescolar.
auta auSA.oproposta
dajagne edetneinclusão
mlivic e dos
odatcgays,
enoc lésbicas,
,ot reba sibissexuais
am odnum eo transgêneros
retnam é ,odn(LGBT)
um entre
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
as minorias a serem priorizadas na elevação da escolaridade média da população gerou
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
tal polêmica. Conhecida a sistemática do Fórum Técnico, o próximo tópico cuida de uma
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
análise teórica dos argumentos doutrinários em relação à liberdade de expressão. Esse
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
estudo é fundamental para subsidiar a análise das discussões do Fórum realizada neste
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
trabalho.
.rednopser a eõporp

3. TRAJETÓRIA DA DEFESA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO OÃÇUDORTNI .1


Para compreendermos se há limites em discussões controversas, nas quais podem
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
surgir falas ou atos de cunho agressivo ou opressor, é necessário um estudo sobre
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
a trajetória percorrida pela defesa da liberdade de expressão na doutrina sobre o tema.
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
Dessa forma, neste tópico, buscam-se os fundamentos que deram base à liberdade de
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
expressão nas democracias modernas, além de apontar quais são .setneeasertaexistem
etnemlalimites
uxes a
serem observados quando há a ocorrência de discurso de ódio.
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemA ocliberdade
soiráusudesoexpressão
irpórp so tem
,setntradição
adutse norte-americana,
sod oãçacfiitnedi principalmente
ed snegami saapresentada,
mararut
152
em 1791, na primeira emenda à Constituição dos Estados Unidos
saus mavasserpxe euq uo sotsetorp ed sotxet moc snegami rop sotof saus sa rachistórica
. A trajetória ort a
153
soudesse
dívidniinstituto,
ed et rapsegundo
rop lfi reFiss
p od o, toconduziu,
f ed saçnpara
aduma srestrição
à ralimisouognão
la ,sdo
acitdiscurso,
ílop seõinaipouma
,sodanálise
inU soddaatsprova
E soddosiaperigo
icnedisiminente
erp seõçiouele da
sanprova
otielpda
odindução
odatlusear um
o morisco.
c sodNesse
amrofnsentido,
ocni
consolidou-se uma regra contra a regulamentação dos conteúdos.

edad152
lucaF“Oadcongresso
oãçaudarGnão-sóPdeverá
ed amfazer
argorqualquer
P – siareG
leisaanrespeito
iM ed lade
redum
eF eestabelecimento
dadisrevinU alepdeotreligião,
ieriD meou adnproibir
artseMo seu1livre
acilótaC edexercício;
adisrevinUouarestringindo
icífitnoP alepaoliberdade
tieriD me de
adaexpressão,
udarG .siaroueGdasaimprensa;
niM ed lareou deFo edireito
dadisrdas
evinpessoas
U ad otierdeiD se
ed reunirem
pacificamente, e de fazerem
.8135pedidos
056566ao184governo
752/rb.qpara
pnc.que
settasejam
l//:ptthfeitas
:settareparações
l olucírruC .de siaqueixas.”
reG saniM ed
153 FISS, Owen. Libertad de expresión y estructura social. México: moc.liamFontamara,
g@otudaix1997,ela :ocp.inô22.
rtele oçerednE

,ARIE72
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
Eric Barendt apresentaFACEBOOK,
uma análise LIBERDADE DE EXPRESSÃO
da liberdade do discurso como liberdade E
154
fundamental garantida contra qualquer
POLÍTICA: tipo de supressão
FERRAMENTA ou regulação . O autorNEUTRA
TECNOLÓGICA expressa
que, quando surgem casos nos quais a restrição ao discurso é uma hipótese, argumentos
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
da teoria política são centrais para subsidiar o estudo, uma vez que o judiciário parte de um
exame do sentido do discurso frente ao escopo da liberdade.155
A análise de Barendt firma-se em quatro argumentos mais comuns no sentido de
se construir a base de um princípio do livre discurso. Essas proposições funcionam, em
grande medida, para atribuir valor significativo à comunicação e à expressão de modo 1
Aléxia Duarte Torres
que elas sejam imunes à regulação estatal. Isso porque os quatro argumentos derivam
de um princípio do livre discurso. Os defensores dessas premissas, segundo Barendt,
não impedem a restrição do discurso quando necessário, principalmente quando existe a
possibilidade de violência iminente.
RESUMO

Assim, o primeiro
A missão explícitaargumento
do Facebook, baseia-se naque
rede social importância do livre
tem conquistado discursoe consumido
o coração para a
descobertaumdatempo
verdade.
cadaAmplamente
vez maior dadefendida por John
vida de milhões de Stuart Mill, eessa
brasileiros funçãoao
indivíduos doredor
livre do
discurso tem seu aspecto valorado ao levarmos em conta que o debate de ideias permite o
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
progressonoe ocenário
desenvolvimento
político tem da sociedade.
ganhado Mill156
destaque considera
e suas a utilidade
políticas da opinião
de restrição para e
de conteúdo
o debate personalização
na busca peladeverdade
algoritmoecontinuam
apresentaa gerar
que, polêmicas.
mesmo quando Estaria oháFacebook
qualquerdemocratizando
restrição
a informação
a uma ideia, ou centralizando-a?
ela acaba, ao longo dos anos Visõesoupolíticas
séculos, diferentes,
obtendo candidatos
espaço enapartidos
históriapolíticos
da
humanidade, pois sempre acabam surgindo pessoas que redescobrirão aquele debate. o
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem
mesmodefende-se
Nesse sentido, espaço e visibilidade
que, muitonamais
plataforma?
do queEssas
aplicar sãoferramentas
as questõesde querestrição
esse artigoao se
propõe
livre debate, a responder.
é relevante incentivar e inibir o uso de linguagem agressiva ou com insultos
no seio da discussão da ideia.157 Além disso, permitir a restrição ao discurso, de acordo
com Mill, abarca a perigosa suposição de que o poder estatal é infalível158, isto é, capaz de
1. INTRODUÇÃO
determinar, sem erros, qual fala ou ato deve ser proibido, o que por óbvio não se consegue
provar com o tempo.
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
o Facebook
Uma opiniãojá dava pistas do
silenciada, seu potencial.
segundo Mill, podeCriado
conter,originalmente
em maior oucomo
menoro grau,
“Facemash”,
uma
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao
porção de verdade, sendo, portanto, importante a colisão de ideias adversas de modo a obter usuário
classificar quem era
159“hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
algum esclarecimento. Entretanto, os críticos de Mill, conforme Barendt, apontaram que
sexualmente
o autor atraentes.
dá demasiado valor à discussão intelectual, muitas vezes partindo do pressuposto
de que todas as pessoas
Depois são
que seus capazesacessaram
criadores de participar, de forma
a rede qualificada,dadouniversidade
de segurança debate público.
e cap-
turaram as160
Barendt imagens
aponta,de identificação
ainda, que a busca dosda estudantes,
verdade deosMillpróprios
traz emusuários começaram
si a suposição de
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que
que a liberdade necessariamente guia para a descoberta do que seria melhor para cada expressavam suas
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
154inconformados com oofresultado
BARENDT, Eric. Freedom do Oxford:
Speech. 2. ed. pleito Oxford
nas eleições
University,presidenciais
2007. p. 1. dos Estados Unidos,
155 Ibidem, p. 5.
156 MILL, John Stuart. On liberty. Nova York: Liberal Arts/Bobbs-Merrill. 1956. p. 49.
157 Ibidem, p. 92.
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
158 Ibidem, p. 30.da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
de Direito
159 Ibidem, p. 88.Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
de Minas
Endereçoop.eletrônico:
160 BARENDT, cit., p. 9. [email protected]

73
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EOumÃou
SSpara
ERas PXdecisões
E ED sociais.
EDAD REB
Neste IL ,KO
contexto, OB
essa ECAF não poderia ser aplicada
suposição
ARem
TUqualquer
EN Aambiente
CIGÓL deO
discussão,
NCET A uma
TNvezEMque,
ARalgumas
REF :vezes,
ACITo Ídiscurso
LOP desregulado
não conduz à recepção da verdade na sociedade. Como exemplo, ter-se-ia a ascensão do
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
nazismo na Alemanha em 1933. Apesar das críticas ao argumento da busca da verdade,
Barendt explica que, mesmo a supressão do discurso do ódio leva à criação da suspeição
da autoridade que o restringiu, bem como aumenta o risco da destruição da tolerância
dentro do debate.
161
1
serroT ePor
traseu
uD turno,
aixélAAlexander defende a ideia da busca da verdade sem, no entanto,
deixar de apresentar um problema nessa justificação. Para ele, é essencial estabelecer
um procedimento que permita o alcance da descoberta de qual opinião aproxima-se da
realidade. Partindo-se dessa premissa, seria necessário determinar pontos específicos
a esclarecer, isto é, deve valorizar-se aquelas expressões que substancialmente OMUSER trazem
respostas
odim usnoc e oaãquestões
çaroc o odimportantes,
atsiuqnoc meassim,
t euq laimuitas
cos edevezes,
r ,kooboecqueaF oimporta
d aticílpxnão
e oãéstoda
sim Aa verdade,
od mas
roderalgumas
oa soudípartes
vidni e dela.
sorieliComo
sarb edexemplo,
seõhlim tem-se
ed adiv quead roquestões
iam zev afeitas
dac opelos
pmet m governantes
u
oãçna
autintimidade
a auS .odajanão
gnetêm
etnerelevância,
mlivic e odanatcemedida
noc ,ot reem
ba sque
iamseoddeve
num operguntar
retnam é somente
,odnum aqueles
e opontos
dúetnocque
ed oinfluenciam
ãçirtser ed ssobremaneira
acitílop saus edecisões
euqatsedpolíticas
odahnagque meafetam
t ocitílopa sociedade.
oiránec on A busca
odnda
azitverdade,
arcomed kneste
oobeccontexto,
aF o airatsEnão
.sacéimpermissão
êlop rareg ageral
maunpara
itnoc aomliberdade
tirogla ed de
oãçexpressão.
azilanosrep
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
Cabe ressaltar que o argumento pela busca da verdade guardou relação com a
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
doutrina americana do “mercado das ideias”, principalmente depois de importantes julgados
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
nos Estados Unidos. O mais famoso deles é o voto de Holmes J.’s em Abrams v. US. O
.rednopser a eõporp
julgado, com inspiração claramente liberal, parte do pressuposto de que, da mesma forma
que é incorreta a interferência no mercado de bens e serviços, também não deve haver o
162
exercício de nenhuma manipulação sobre o mercado de ideias. Yong OÃÇUDO aponta
RTNI que,.1em
um mercado livre de ideias, opiniões verdadeiras tendem a eventualmente prevalecer sobre
oicífalsas
ni uesideias
on ogeoopiniões.
l ,ocitílopAoafirmação
tnemu rtsnmaisi mu fraca
omoce ocética,
dairc oem
disrelação
ret oãna eessa
d rasteoria,
epA é que a
,”hscensura
amecaFsempre
“ o omotemc etmenos
nemlanipropensão
giro odairCa .promover
laicnetop aueverdade
s od satdo sipque
avaad discussão
áj koobecagratuita
Fo
oiráporque
usu oanenhuma
aitimrep autoridade
e odal a odpode
al draidentificar,
v raH ed sde
etnforma
adutseconfiável,
sod sotoideias
f avacerradas
oloc erae,wtportanto,
fos o
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
a supressão de opiniões pode simplesmente levar à eliminação de ideias verdadeiras ou
.setnearta etnemlauxes
pelo menos parcialmente verdadeiras.
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
Além disso, cabe destacar que a noção liberal do mercado de ideias teria falhado por
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
não lograr sucesso em permitir que todas as vozes tenham espaço na discussão. Erraria
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
também pois a ideia de neutralidade, esperada do estado, não consegue desencorajar
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed163 saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
as opiniões culturalmente opressoras. Nesse sentido, Levin defende que a proteção
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni

161 ALEXANDER, Larry. Is there a right of freedom of expression?. Cambridge: Cambridge University, 2005. p.
edadlucaF128.ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló162
taC edYONG,
adisrevCaleb.
inU aicDoes
ífitnofreedom
P alep otiof
erispeech
D me adinclude
audarGhate
.siarspeech?.
eG saniMRes ed laPublica,
redeF edn.ad17,isrepvi385-403,
nU ad otie2011.
riD ed p. 390.
163 LEVIN, Abigail. The cost.8of13free
505speech:
656618pornography,
4752/rb.qpnc.hate
settaspeech,
l//:ptth :sand
ettatheir
l olucchallenge
írruC .siarto
eGliberalism,
saniM ed Palgrave
Macmillan, 2010. p. 198. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE74
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
constitucional, comum nosFACEBOOK,
Estados Unidos, aoLIBERDADE DE EXPRESSÃO
discurso de ódio acaba por promover uma E
sociedade emPOLÍTICA:
grande desacordo com os objetivos eTECNOLÓGICA
FERRAMENTA compromissos liberais, NEUTRA
ou seja, a
garantia de que todo cidadão recebe igual preocupação e respeito.
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
Vale apontar que essa noção de mercado também tem outras críticas. A principal
delas diz respeito ao fato de que não é qualquer pessoa que consegue participar e comunicar
dentro do debate. Além disso, alguns pontos de vista seriam fortemente disseminados
pelos meios de comunicação e por figuras públicas fortes. Há considerações também
de que a visão clássica liberal, ao enxergar o mercado de ideias como algo promissor, 1
Aléxia Duarte Torres
no qual haveria a coexistência de diversas opiniões em um debate genuíno, acabou por
desconsiderar a proliferação de discursos racistas ou sexistas na sociedade moderna,
bem como a força da opressão cultural existente em alguns locais.164 Nesse aspecto,
RESUMO
a manifestação das minorias raciais e das mulheres ainda não tem espaço no mercado
de ideias,Aomissão
que conduz a um desrespeito aos direitos de igualdade dessas parcelas da
explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
165
população. Dessa forma,
um tempo cada vez Barendt
maior daadmite
vida dealguma
milhõesrestrição de discurso,
de brasileiros se elaaotiver
e indivíduos redoro do
objetivo de garantir a comunicação efetiva.
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
no166
Baker cenário
chegapolítico tem ganhado
a apresentar destaque eàsuas
uma alternativa noçãopolíticas de restrição
de mercado de conteúdo
de ideias, a que e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria
o autor denomina liberty theory, a partir da tese de que a primeira emenda americanao Facebook democratizando
protege aa expressão
informação não
ou centralizando-a?
violenta e nãoVisões políticas
coerciva. Ou diferentes, candidatos
seja, o método parae determinar
partidos políticos
o
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do
alcance da proteção procede, primeiro, considerando os propósitos ou valores atendidos Facebook possuem o
mesmo
pelo discurso. espaço e violentas
Atividades visibilidadee na plataforma?
coercivas, Essas são
entretanto, as questões
também podem queservir
esse esses
artigo se
propõe a responder.
mesmos valores. Assim, a proteção constitucional da fala é justificada não meramente por
causa dos valores atendidos, mas também pela liberdade de expressão que serve a esses
valores de uma maneira particular, humanamente aceitável, ou seja, não violenta e não com
1. INTRODUÇÃO
coerência. Nessa perspectiva, o autor critica qualquer tentativa de categorizar o discurso,
pois essaApesar
sistemática necessariamente
de não ter sido criado será um reflexo
como das preocupações
um instrumento político, de quem
logo no elabora
seu início
a categorização.
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
Fiss também chama atenção para a possibilidade de o Estado agir para melhorar a
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
qualidade do debate público167. No entanto, a intervenção governamental e a regulamentação
sexualmente atraentes.
podem produzir efeito contrário do pretendido, com a redução de alternativas e informações
disponíveisDepois que seus
ao cidadão, bemcriadores acessaram
como agravar a rede na
distorções de discussão
segurança já daprovocadas
universidadepelas
e cap-
turaramda
diferenças asestrutura
imagenssocial.
de identificação dos aestudantes,
Nesse sentido, intervençãoos próprios
deve usuários
partir do começaram
questionamento
a trocar
se ela as melhorar
permite suas fotosou por imagens com
o empobrecer textospúblico.
o debate de protestos ou que expressavam suas
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
O segundo argumento para o princípio do livre discurso relaciona-se ao direito
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
individual de autodesenvolvimento e autorrealização. Nesse sentido, a expressão de

1641 LEVIN, op. cit.,em


Mestranda p. Direito
8-9. pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
165 BARENDT, op.dacit.,
de Direito p. 13.
Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
166 BAKER, C. Edwin.
de Minas Gerais.Human liberty
Currículo andhttp://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
lattes: freedom of speech. [S.l.]: Oxford University, 1989. p. 51.
Endereço
167 FISS, op. cit.,eletrônico:
p. 31-35. [email protected]

75
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSEe RdePposições
crenças XE EDpolíticas
EDADé RalgoEBinerente
IL ,KO àO BECAhumana.
natureza F Conforme Yong168,
AResse
TUconceito
EN ACparte
IGÓdaLO ideia
NC deEque
T Aas
TNpessoas
EMARnão REpoderão
F :ACdesenvolver
ITÍLOP intelectual e
espiritualmente, a menos que sejam livres para formular suas crenças e atitudes políticas
?Lpor
AIR OTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
meio de discussão pública, e em resposta às críticas de outras.
A liberdade de expressão teria ligação íntima com outras liberdades humanas, como
a de religião, pensamento e consciência. Barendt aponta que, apesar dessas liberdades, a
expressão pode prejudicar outrem, além de danificar a reputação e infringir a privacidade
1 e a propriedade intelectual. Assim, o discurso não pode servir para proteger o indivíduo de
serroT etrauD aixélA
qualquer ameaça, mesmo em um contexto em que o desenvolvimento pessoal é valorizado
por meio de acesso à educação, à cultura etc.
A terceira teoria que dá base ao livre discurso é aquela segundo a qual a liberdade de
OMUSER
expressão é necessária para a participação cidadã na democracia. Esse argumento explica
odima unecessidade
snoc e oãçarde oc seo oexpor
datsiuqasnopessoas
c met euqa lumaicolargo
s ederespectro
,koobecade F opontos
d aticílpde
xe vistas,
oãssim fornecendo
A
od informações
roder oa soudque ívidnpermitam
i e sorielisacerto
rb ed controle
seõhlim esobred adivasadatividades
roiam zev governamentais.
adac opmet mu Barendt
oãç169
autaexplica
auS .odque
ajagesse
ne etnprisma
emlivic protege
e odatceonodiscurso
c ,ot reba como
siam oexpressão
dnum o retnpolítica,
am é ,odmas
numdá pouco
170
e odsubsídio
úetnoc eparad oãçairproteção
tser ed saemcitírelação
lop sausàeliteratura
euqatsedouodàs ahartes.
nag mYonget ocitílo,ppor
oiráseu
necturno,
on afirma
odnque
azitaracoliberdade
med koobdeecaexpressão
F o airatsE .sdeve
acimêser
lop protegida
rareg a mauporque
nitnoc ofacilita
mtiroglaaearticulação
d oãçazilanosdemocrática,
rep
socagregação
itílop sodit raep equilíbrio
e sotadidnadec ,sinteresses,
etnerefid saceitíélonecessário
p seõsiV ?a-oquednazasilarpessoas
tnec uo oãpossam
çamrofnidecidir,
a por
o msieumesmas,
ssop kooboseccandidatos
aF od soiránqueoicneles
uf eacreditam
serodadnuserem f sod smais
aiedi oportunos.
sa moc meNesse grevid sentido,
euq seria
es oincorreto
git ra esseo ediscurso
uq seõtsemajoritário
uq sa oãs ssuprimir
assE ?amordireito
ofatalp da
an minoria
edadilibisdeiv expressar
e oçapse oomseusemdissenso.
Dessa forma, é possível que a minoria tenha, na discussão,.remelhores dnopser aideias
eõporpdo que as
expressas pelos representantes da corrente majoritária.
O argumento da participação democrática, portanto, acaba por OÃÇ tolerar
UDORoTN discurso
I .1 de
ódio no contexto do debate público, justamente porque o Estado não é capaz de determinar
oicíquais
ni uessão
onosoglimites
ol ,ocdentro
itílop odatnedeliberação.
mu rtsni muPercebe-se
omoc odaique rc oédtarefa
is ret complicada
oãn ed raseestabelecer
pA a
,”hslinha
ameentre
caF“ oo discurso
omoc etnque emdeve
lanigiser
ro oregulado
dairC .lado
icndiscurso
etop ues queod deve
satsipser
avamplamente
ad áj koobectolerado.
aF o
oiráusu oa aitimrep e od171 al a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
Larry Alexander , ao expor o posicionamento de John Rawls, por um lado afirma que
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
este autor se alinha ao entendimento de que a liberdade de expressão .setnéeuma
arta prerrogativa
etnemlauxesque
uma sociedade liberal justa deve conceder, apesar de não estar entre os direitos humanos
-paque
c e eadacomunidade
disrevinu adinternacional
açnaruges eddeva ederhonrar.
a maraPor
sseoutro
ca serlado,
odaircconforme
sues euqAlexander,
siopeD outros
maautores
raçemocargumentam
soiráusu soque irpóros
p sdireitos
o ,setnhumanos,
adutse sodaos oãçquais
acfiitnRawls
edi edreconhece,
snegami sdependem
a mararut de
sauums mgoverno
avasserpsendo
xe eudemocrático,
q uo sotsetorop que, ed spor
otxesua
t movez,
c sneles
egaargumentam
mi rop sotof requerer
saus saliberdade
racort a de
souexpressão.
dívidni ed Além
et rap disso,
rop lfitemos
rep odque otoAlexander
f ed saçnaconsidera
dum sà raalinecessidade
mis ogla ,sade citípensarmos
lop seõinipoque,
,somuitas
dinU sovezes,
datsE soodireito
d siaicde nedse
iseexpressar
rp seõçieltambém
e san otienvolve
elp od oodadireito
tluser de
o mescutar
oc sodada maudiência.
rofnocni

168 YONG, op. cit., p. 391.


edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló169
taC edBARENDT,
adisrevinUop.
aiccit.,
ífitnop.P 18.
alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
170 YONG, op. cit., p. 391. .8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
171 ALEXANDER, op. cit., p. 8. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE76
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
Alexander172 apresenta LIBERDADE
ainda teorias segundo DE EXPRESSÃO
as quais a liberdade de expressão tem E
como argumento a promoção da virtude.
POLÍTICA: FERRAMENTA TECNOLÓGICANesse contexto, o discurso livre seria ferramenta
NEUTRA
para o incentivo de certas virtudes essenciais para o sucesso da democracia liberal,
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
especialmente por desenvolver a tolerância das pessoas para com as opiniões alheias
diversas das suas. Cabe apontar, entretanto, que o argumento da promoção da virtude
pode ser de certa forma excessivo, pois o exercício da tolerância pode obrigar as pessoas
a terem de aceitar falas com insultos ou até ofensas, dando espaço a discursos que podem
destruir reputações, infringir a privacidade, bem como trazer outros prejuízos ao destinatário
daquela opinião. Aléxia Duarte Torres1

A quarta teoria que aporta o princípio do livre discurso relaciona-se também ao


papel do governo em relação aos cidadãos. O governo, enquanto detentor de poder, estaria
inclinado RESUMO
a penalizar a minoria, bem como a limitar os discursos radicais, mesmo numa
sociedadeA liberal.
missão Nesse
explícitasentido, a instituição
do Facebook, de que
rede social regras
temde regulaçãoodo
conquistado discurso
coração pode
e consumido
representar
umriscos
tempoà cada
liberdade de expressão.
vez maior da vida deCabe ressaltar,
milhões entretanto,
de brasileiros a controvérsia
e indivíduos do do
ao redor
tema, poismundo,
parte-se do pressuposto
é manter o mundo maisde que a interferência
aberto, conectado egovernamental sempreSua
civilmente engajado. sofrerá
atuação
173
a acusaçãono de promoção
cenário políticodetem
censura.
ganhadoValedestaque
lembrar eque suas políticas de aponta
a doutrina que,
restrição de além do e
conteúdo
Estado, a personalização
estrutura socialde pode ser continuam
algoritmo uma inimiga da liberdade
a gerar polêmicas.deEstaria
expressão. Isso democratizando
o Facebook decorre do
fato de osa meios de comunicação
informação de massa
ou centralizando-a? Visõese políticas
o poderdiferentes,
econômico estaremeconcentrados
candidatos partidos políticos
nas mãosquede poucos.
divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
A função do Estado, na visão liberal, é assegurar que os cidadãos tenham a máxima
propõe a responder.
oportunidade de escolher, livremente, a maneira segundo a qual vão viver, além de promover
oportunidades paras as pessoas poderem exercer o seu estilo de vida. Sob essa ótica, o
governo
1. guarda uma neutralidade que, ao lado da igualdade, seria condição imprescindível à
INTRODUÇÃO
174
liberdade. Ainda nessa linha de raciocínio, a neutralidade levaria a uma análise criteriosa
Apesar da
da conveniência deintervenção
não ter sido criado
estatal comoquando
mesmo um instrumento político,
há algum tipo logo nocultural.
de opressão seu início
Issoo porque,
Facebook já davao pistas
ao proibir do além
discurso, seu potencial.
de se violarCriado originalmente
a liberdade como
do opressor, o “Facemash”,
também haverá
o software colocava fotos dos estudantes
desrespeito aos direitos dos potenciais ouvintes. de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
Autores liberais
sexualmente modernos chegam a defender que a preocupação central, em relação
atraentes.
aos discursos, não deve ser mais direcionada à liberdade do falante, mas sim elevar a
premissa Depois
de que que
todosseus
os criadores
cidadãos acessaram a rede
recebem igual de segurança
respeito da universidade
e preocupação. Portanto,eno
cap-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários
caso de discurso de ódio, importaria mais a garantia da igualdade entre os debatedores começaram
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
do que assegurar a liberdade daquele que profere o discurso.175 Nesse prisma, o Estado é
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
neutro em relação ao conteúdo da fala, mas pode estabelecer, sim, limites à liberdade de
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
expressão.

172 ALEXANDER, op. cit., p. 132-133.


1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
173 FISS,
de op. cit.,da
Direito p. Universidade
23. Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
174 LEVIN, op. cit.,
de Minas p. 9. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Gerais.
Endereço
175 LEVIN, eletrônico:
op. cit., p. 136. [email protected]

77
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSFiss
SE176
RP, X E Eesteio,
nesse D EDaponta
ADRum EBquinto
IL ,Kargumento,
OOBECsegundo
AF o qual a liberdade de
ARTUEN ACIGÓLONCET ATNEMARREF :Aele,
expressão equivale à proteção da autonomia. De acordo com CIToÍobjetivo
LOP da liberdade
de expressão não é a autorrealização individual, mas a preservação da democracia
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
como direito do povo. Direito esse que abarca a escolha livre de como se viver, além de
poder conhecer, por meio das opiniões, os candidatos nos quais vai ou não votar. Essa
possibilidade conduzirá ao debate pleno.

Para Yong177, uma maneira útil de entender o argumento da autonomia é por meio da
1 jurisprudência da Primeira Emenda dos Estados Unidos, com a exigência de neutralidade e
serroT etrauD aixélA
proibição da discriminação do ponto de vista. Os regulamentos relativos à fala devem tomar
um ponto de vista neutro. Observe que a neutralidade em questão é a de justificativa, não
a de efeito. Uma lei que regula o discurso para expressar desaprovação e supressão tem
sua mensagem falha no teste da neutralidade do ponto de vista. No entanto, OMUSEumaR lei que
prejudica
odim usnoc e oaãcapacidade
çaroc o odatsde
iuqcertos
noc mepontos
t euq laicde
osvista
eder ,para
koobeobter
caF oadeptos,
d aticílpxeou
oãsosique
m A prejudica
od aqueles
roder oaque
soudetêm
dívidni esse
e sorponto
ielisarbdeedvista,
seõhmas
lim enão
d advisa
iv adproduzir
roiam zetal
v apadrão
dac opdemedesvantagem,
t mu
oãçnão.
auta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euq178 atsed odahnag met ocitílop oiránec on
Nesse contexto, a defesa de Baker é que o discurso recebe proteção quando,
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
sem representar desrespeito à autonomia de outras pessoas, promove o desenvolvimento
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
do falante e a habilidade dele de participar das mudanças sociais. Além disso, o discurso
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
representa a escolha livre do orador, com a aceitação do ouvinte, fora de um contexto de
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
violência ou de atividade coercitiva.
.rednopser a eõporp
Ainda nessa linha de raciocínio, Fiss179 destaca que, na sociedade moderna, com
características desiguais de distribuição de poder, bem como diante da incapacidade de
todas as pessoas obterem formação essencial para o exercício da OÃcidadania,
ÇUDORTNéI possível
.1

oicíque
ni uaesproteção
on ogol da
,ocautonomia,
itílop otnemfundamenta
u rtsni mu oàmliberdade
oc odaircdeodexpressão,
is ret oãn esteja
ed rassobremaneira
epA
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaquando
ameaçada. Dessa forma, a autonomia do falante deve receber proteção somente Fo
oiráenriquece
usu oa aitoimdebate
rep e opúblico,
dal a odmas
al drnão
av raquando
H ed seas
tnaopiniões
dutse sodservem
sotof apara
vacodistorcer
loc erawtafoagenda
so
saopública.
ssep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
A autonomia, conforme Alexander180, demanda ainda.sealgum tnearta mecanismo
etnemlauxes de
-pabalanceamento.
c e edadisrevinuAssim,
ad açnna aruanálise
ges eddeedum
er adiscurso
marasseemca relação
serodairac outro,
sues eexiste
uq sioapnecessidade
eD
mado
raçeestudo
moc spara
oiráudemonstrar
su soirpórp que so ,asepermissão
tnadutse sodad expressão
oãçacfiitnede
di euma
d snopinião
egami snão
a mirá
araferir
rut a
sauautonomia
s mavassealheia.
rpxe euOuq useja,
o sootsargumento
etorp ed soou txegesto
t mocexpresso
snegampori ropuma
sotpessoa,
of saus nosa exercício
racort a de
sousua
dívidautonomia,
ni ed et rapdeve
ropguardar
lfi rep ocerto
d otofrespeito
ed saçànaautonomia
dum sà radelimoutrem.
is ogla ,sacitílop seõinipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni

176 FISS, op. cit., p. 23.


177 YONG, op. cit., p. 393.
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló178
taC edBAKER,
adisreviop.
nU cit.,
aicífip.
tno69.
P alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
179 FISS, op. cit., p. 51. .8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
180 ALEXANDER, op. cit., p. 131. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE78
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
3.1 FACEBOOK,
A proteção ao discurso LIBERDADE
político na democracia DE EXPRESSÃO
liberal: liberdade x igualdade E
POLÍTICA:
Para o objetivo FERRAMENTA
deste trabalho, TECNOLÓGICA
é importante compreender também o papel daNEUTRA
liberdade
de expressão no contexto dasOU arenasPLATAFORMA VIRTUAL
de participação popular EDITORIAL?
e política, principalmente que
a análise parte dos trabalhos do Fórum Técnico do Plano Estadual de Educação de Minas
Gerais. Alexander181 discorre que as teorias mais populares em relação à liberdade de
expressão justamente destacam sua importância para um governo democrático. Segundo
ele, há uma teoria geral na qual a democracia necessita de um cidadão informado, além
da teoria do discurso público, em que a liberdade de expressão é requisito para um debate 1
Aléxia Duarte Torres
desregulamentado, proporcionando a formação da opinião pública, bem como a promoção
da legitimidade do processo democrático de tomada de decisão.

A teoria do discurso público, no entanto, apresenta problemas ao tender a buscar


RESUMO
separar o discurso em categorias por conteúdo, de modo a determinar quais categorias são
imunes aoA controle
missão explícita do Facebook,
governamental rede
e quais social
não são.queOu tem
seja,conquistado
existe umaoinclinação
coração e aconsumido
dividir
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
o discurso por temas, como político, religioso, científico, artístico, profissional e comercial.
mundo,
Dessa forma, é manter éo possível
dificilmente mundo mais aberto, em
determinar conectado e civilmente
qual categoria engajado.
aquele discursoSua atuação
estaria
no cenário
alocado, além político
de incorrer notem
riscoganhado destaque
de se criar e suas políticas
uma hierarquia detemas,
entre os restrição
nosdequais
conteúdo
um e
personalização de algoritmo
adquire maior relevância do que o outro.continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
Os que
argumentos
divergemem comrelação ao livre
as ideias dos discurso
fundadorespassam pela relação
e funcionários entre a liberdade
do Facebook possuem o
de expressão e outros direitos também fundamentais, como o princípio da dignidade
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
da pessoapropõehumana. Dessa forma, diversos valores circunscrevem a necessidade de se
a responder.
proteger o discurso, no mesmo sentido de que a restrição pode vir a ocorrer quando houver
necessidade de tornar a liberdade de expressão uma ferramenta de igualdade, limitando
1. individuais.
direitos INTRODUÇÃO Para Barendt, o valor do pluralismo é justamente qualificar o exercício
dos direitos pelo cidadão182.
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
Sobre o discurso
o Facebook já dava do parlamentar,
pistas do seu temos importante
potencial. Criado colaboração
originalmentedecomo Brinck183
David oO.“Facemash”,
ao oanalisar
software colocava de
a liberdade fotos dos estudantes
expressão de Harvard
em um contexto ladoconforme
liberal, a lado e permitia ao usuário
os princípios de
Johnclassificar quem
Stuart Mill. era “hot”
Segundo ou não,
o autor, uma em
mesmo palavra
uma em inglês usada
democracia, para os
na qual designar pessoas
governantes
sãosexualmente
politicamente atraentes.
responsáveis perante o governado e como resultado, os governantes
visam aoDepois
bem-estarque dos
seusgovernados, há razõesa para
criadores acessaram rede preocupar-se
de segurança em dar uma licença
da universidade e cap-
paternalista para o Estado. Mesmo os governantes bem-intencionados,
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários muitas vezes,
começaram
identificam
a trocar erroneamente
as suas fotosopor bemimagens
de cidadãos.
com textos de protestos ou que expressavam suas
opiniões
Brinck políticas,
apresenta,algo similardeàsvista
no ponto mudanças de fotopelas
de Mill, razões do perfil
quaispor
deveparte de indivíduos
se manter livre
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados
o discurso: 1. Uma opinião censurada pode ser verdadeira; 2. Mesmo que seja literalmente Unidos,
falsa, uma opinião censurada pode conter parte da verdade; 3. Mesmo que seja totalmente

1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
181 Ibidem, p. 136.
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
182 BARENDT,
de Minasop. cit., p.Currículo
Gerais. 6. lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço
183 BRINK, Davideletrônico: [email protected]
O. Mill’s Progressive principles. Oxford: Oxford University, 2013. p. 152.

79
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSuma
falsa, SERopinião
PXE Ecensurada
D EDAevitaria
DREB queILopiniões
,KOOverdadeiras
BECAF se tornem dogma; e 4.
ARComo
TUEum Ndogma,
ACIGumaÓLopinião
ONCincontestável
ET ATNEperderá
MARR o seu
EF significado.
:ACITÍLOP
184
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO da liberdade de expressão
Na mesma esteira, Kent Greenawalt entende o princípio
como um guia político e um padrão real ou potencial de direito constitucional. A garantia
constitucional da liberdade de expressão reflete, segundo o autor, a importância do princípio
político de que o governo não deveria suprimir a comunicação de ideias. Na verdade, esse
princípio é frequentemente considerado como uma pedra angular da democracia liberal.
1
serroT eBarendt
trauD defende
aixélA que o discurso político deve ser livre, pois reforçaria um eleitorado
bem-informado, politicamente sofisticado, capaz de confrontar o governo, mais os menos
nos mesmos termos185. Além disso, o argumento do fortalecimento do ideal democrático
no livre discurso seria bastante forte.
OMUSER
Dworkin186, ao discorrer sobre a liberdade do indivíduo, afirma que, nos casos
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
em que a restrição à liberdade for suficientemente grave ou severa, o governo não está
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
autorizado a impor essa restrição, apenas porque ela seria imposta no interesse geral. Este
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
não está autorizado a restringir a liberdade de expressão sempre que parecer que isso
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
contribuirá para o aumento do bem-estar geral. Por outro lado, Dworkin critica a ideia de
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
um direito à liberdade, pois coloca essa prerrogativa do cidadão em confronto com outros
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
valores, quando surge regulamentação sobre a expressão, por exemplo. Nesse sentido,
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
para ele, é errôneo o argumento de que existe dano psicológico quando o indivíduo tem a
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
sua expressão de qualquer forma cerceada. Tendo em conta esse ponto de vista, Dworkin
.rednopser a eõporp
passa a defender a ideia de igualdade, e não a de liberdade.
A igualdade, nesse contexto, relaciona-se à distribuição de bens ou oportunidades
de maneira equânime, com tratamento respeitoso e preocupado relativamente OÃÇUDORTN aoI cidadão.
.1
Essa igualdade acaba por fundamentar o argumento de que ninguém pode ser detentor da
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
concepção de qual é a forma mais adequada de se viver, além de tentar impô‑la a todas
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
as outras pessoas. Nesse aspecto, todos teriam, primeiro, o direito a igual tratamento, ou
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
seja, a mesma distribuição de bens e oportunidades que qualquer outra pessoa receba. Em
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
segundo lugar está o direito de ser tratado como igual, isto é, receber .setneigual
arta econsideração
tnemlauxes e
respeito na decisão política sobre como tais bens e oportunidades serão distribuídos.
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemEssaoc soconcepção
iráusu soirliberal
pórp sdeo igualdade,
,setnadutseproposta
sod oãçpor
acfiDworkin,
itnedi edimpõesnegaque
mi um
sa governo
mararut só
saupode
s marestringir
vasserpxea liberdade
euq uo soatspartir
etorpdeedtipos
sotxmuito
et moclimitados
snegamde i rojustificação.
p sotof sausEssasa rconcepção
aco r t a
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõdeinilimitar
parte principalmente de que a restrição deve surgir quando houver necessidade po
,sopara
dinU fornecer
sodatsE sproteção
od siaicnaeddireito
iserp sespecífico
eõçiele sandeotalgum
ielp odindivíduo
odatluserque o mseria
oc soprejudicado
damrofnocnpelo i
outro. Outro aspecto que justificaria a restrição é aquele segundo o qual o governo apresenta

edad184
lucaFGREENAWALT,
ad oãçaudarG-Kent.
sóP eSpeech,
d amargocrime,
rP – siand
areGthe
sanuses
iM eof
d lalanguage.
redeF edaOxford
disrevinUniversity,
U alep otie1992.
riD mep.ad4.nartseM 1
aciló185
taC edBARENDT,
adisrevinUop.
aiccit.,
ífitnop.155.
P alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
186 DWORKIN, Ronald. Levando .8135os
05direitos
656618a47sério.
52/rbTradução
.qpnc.settealnotas:
//:ptth :Nelson
settal oBoeira.
lucírruCSão
.siaPaulo:
reG sanMartins
iM ed Fontes,
2002. p. 415-421. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE80
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
o impedimento, baseado FACEBOOK,
em algum objetivo LIBERDADE
político geral, a fimDE EXPRESSÃO
de realizar algo para a E
comunidade como um todo, pelo
POLÍTICA: qual a sociedade estará
FERRAMENTA melhor por causa daNEUTRA
TECNOLÓGICA restrição.
A concepção liberal de igualdade limitaria os argumentos de política ideais que podem ser
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
usados para justificar qualquer restrição à liberdade. Segundo Dworkin, “tais argumentos
não podem ser usados se a ideia em questão for controversa dentro da comunidade”.187

Na mesma linha de raciocínio, Baker188 aponta que o respeito à dignidade humana


em relação à liberdade de expressão passa por quatro elementos: o respeito à autonomia
das pessoas; pela igualdade delas como seres humanos; um Aléxia contextoDuarte
democrático
Torres1
apropriado para a tomada de decisão; além de uma estrutura de direitos que consiga
subverter estruturas de dominação. Nesse esteio, a democracia deve incorporar igualdade
no sentido de que todos têm pelo menos o mesmo direito formal de participar e controlar
RESUMO
os resultados coletivos.

Os Afóruns
missãotécnicos,
explícita dorealizados
Facebook,pelo
rede social que tem
legislativo conquistado
mineiro, o coração
inserem-se nume consumido
reflexo
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros
necessário a todos os governos representativos. Nesse sentido, Mill e indivíduos
189 ao redor
argumenta que do
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado.
a liberdade é um valor o qual impede um governante de dispensar a participação dos Sua atuação
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
indivíduos. Isso porque o fortalecimento dos direitos das pessoas sempre incentivará a
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
capacidade reivindicativa de um povo. Dessa forma, o autor explica que uma forma ideal
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
de governo “é aquela em que todo cidadão não apenas tem uma voz no exercício do poder
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
supremo, mas também é chamado, pelo menos ocasionalmente, a tomar parte ativa no
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
governo pelo exercício de alguma função pública, local ou geral”.190
propõe a responder.
A questão da participação está, substancialmente, na necessidade fundamental de se
garantirem espaços a fim de que todas as pessoas possam efetivamente ter voz no debate.
1.
A exclusão INTRODUÇÃO
de um grupo importante àquele tema incorre em deixá-lo numa situação menos
191
favorável Apesar
para aprimorar
de não ater própria
sido vida e acomo
criado comunidade a que pertença
um instrumento político,. Para
logoalém disso,
no seu início
a participação em liberdade conduz ao exercício da plena cidadania, pois,
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”, conforme Mill,
existe um incentivo
o software à autodependência
colocava e à autoconfiança
fotos dos estudantes de Harvarddas pessoas
lado a lado em um contexto
e permitia no
ao usuário
qualclassificar
elas sentem estar competindo em nível de igualdade com todos os outros.
quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas Quando
chamado a participar,
sexualmente o cidadão passa a tolerar opiniões diversas das suas, “(…) a pesar
atraentes.
interesses que não são os seus; a guiar-se, no caso de pretensões conflitantes, por outra
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
regra que não são suas parcialidades pessoais; a aplicar, em todos os casos, princípios e
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
máximas que têm como razão de ser o bem comum”.192
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
187inconformados
DWORKIN, op. cit.,com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
p. 422.
188 BAKER, C. op. cit., p. 278.
189 MILL, John Stuart. O governo representativo. Trad. de Manoel Innocêncio de L. Santos Jr. Brasília: Universi-
dade de Brasília, 1981. p. 30.
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
190 Ibidem, p. 31.da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
de Direito
191 Ibidem, p. 34-37.
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço
192 Ibidem, p. 38.eletrônico: [email protected]

81
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSNesse XE EDMillE193
SERPcontexto, DA jáD REBILa necessidade
apontava ,KOOBEde CAseFter mecanismos os quais
ARpermitissem
TUEN Aque CIaGminoria
ÓLOnão NCfosse esmagada
ET A TNEMpela ARmaioria
REF :emACum ITcontexto
ÍLOP democrático.
O autor defende a qualificação da minoria, ou seja, fornecer instrução a essa parcela
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
da população. Daí temos ainda a importância de ferramentas institucionalizadas de
participação, como são os fóruns técnicos realizados pelo legislativo.

4. IDEOLOGIA DE GÊNERO NO CONTEXTO DO PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO


1
serroT etrauD aixélA
Dworkin já afirmava, com base na concepção liberal da igualdade, que todos têm
“direitos precisos a certas liberdades, tais como a liberdade de expressão e de escolha em
nossas relações pessoais e sexuais”.194 O termo “gênero” já foi ponto sensível durante a
tramitação do PNE, em 2014. Não diferentemente, a questão mobilizou políticos, OMUSERsociedade
civil
odim usneoccidadãos
e oãçarocnao oluta
datsipara
uqnocque
metaechamada
uq laicos eideologia
der ,koobede
caFgênero
od aticílnão
pxe ofosse
ãssim incluída
A no
texto dos planos municipais e estaduais de educação. A indicações apresentadas
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu a seguir
oãçpartem
auta auSdas
.odnotas
ajagnetaquigráficas
etnemlivic e cedidas
odatcenopela
c ,otAssembleia
reba siam odLegislativa
num o retndeamMinas
é ,odnGerais.
um
e odúetnoNoc edprimeiro
oãçirtsedebate
r ed sacpúblico
itílop sanous econtexto
euqatseddoodPlanoahnagEstadual
met ocitílde op Educação
oiránec onde Minas
odnGerais,
azitarcom e d ko obec aF o a iratsE .sa cim ê lop ra re g a m aun itno c
em 25 de maio de 2015, a bancada evangélica do Parlamento mineiro om tiro g la ed o ã çazilanjá
osfoi
repveemente
soccontra
itílop soaditinclusão
rap e sotado
didntermo
ac ,setnonerecontexto
fid sacitílodop seplano
õsiV ?mineiro.
a-odnazilaUm rtnecdosuo orepresentantes
ãçamrofni a dessa
o mbancada,
eussop kooodeputado
becaF odestadual
soiránoicLéo nuf Portela,
e serodado dnPRB,
uf sodfoisaexplícito
iedi sa m em ocseu
meposicionamento.
grevid euq De
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
acordo com ele, estariam sendo abertas brechas para a inserção de termos da chamada
.rednopser a eõporp
ideologia de gênero, apesar de o PNE ter rejeitado essas premissas. O parlamentar defende
também que a ideologia de gênero é uma afronta às famílias mineiras e brasileiras.

A seguir, um trecho do pronunciamento do parlamentar: OÃÇUDORTNI .1

oicíni ues on ogolPara


,ocitívocê
lop otquenemnos
u rtsnacompanha
i mu omoc em odaicasa,
rc odispor retmeio
oãn eda
d rTVasepAssembleia,
A
e que não sabe o que é ideologia de gênero, saiba que ela é a ideologia
,”hsamecaF“ o omque oc eestimula
tnemlaniagiremancipação
o odairC .laicsexual
netop uinfantil,
es od sdizendo
atsip avque
ad ácrianças
j koobecnascem
aF o
oiráusu oa aitimrepneutras,
e odal ambíguas
a odal draev rbissexuais.
aH ed setnAssim
adutsesendo,
sod soelastof apodem
vacolocexperimentar
erawt fos o os
saossep rangised adiversos
rap adaspapéis
u sêlgnsexuais
i me arantes
valap de
amoptar
u ,oãpelo
n uoseu.”toh“ are meuq racfiissalc
.setnearta etnemlauxes
O deputado ainda complementa:
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
Será que você que é pai ou que é mãe quer ver o seu filho estimulado a
maraçemoc soiráuexperimentar
su soirpórp sdiversos
o ,setnapapéis
dutse ssexuais
od oãçaantes
cfiitnede
di assumir
ed snegaomque i saquer
marearoutque
saus mavasserpxenão euqquer?
uo soEssa
tsetorép aedrealidade
sotxet mque
oc asnfamília
egami mineira
rop sotoquer?
f sausSerása rque
acorét aisso
soudívidni ed et rapquerovocê
p lfi reque
p onos
d otassiste
of ed sdeaçncasa
adum quer?
sà rOualiméiso que
oglaquer
,sacvocê
itílopque
seõentra
inipoem
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodamrofnocnpara
contato com a Assembleia pelas redes sociais, que tanto me acionaram i
discutir esse tema nesta tarde? Será que essa é a realidade que virá para a
família mineira? Não; não é isso o que queremos para a nossa sociedade.

edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
193 Ibidem, p. 80. .8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
194 DWORKIN, op. cit., p. 426. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE82
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
No mesmo debate público, LIBERDADE
o pesquisador da Fundação João DE EXPRESSÃO
Pinheiro doutor Bruno E
Lazzarotti também abordou a FERRAMENTA
POLÍTICA: questão da ideologia de gênero. Ele participouNEUTRA
TECNOLÓGICA do painel
“Plano Estadual de Educação: alinhamento ao Plano Nacional de Educação, diretrizes
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
complementares e especificidades da educação mineira”. Para o pesquisador,
Cada vez que silenciamos sobre um assunto, estamos corroborando a
manutenção de uma ideologia de gênero. Ela não desaparece. Cada vez que
vamos às lojas de brinquedos e vimos quais são os brinquedos destinados
às meninas e quais os destinados aos meninos, estamos assistindo a uma
ideologia de gênero, que reforça um determinado papel às mulheres e um 1
Aléxia
determinado papel e posições aos homens. Então espero que Duarte Torres
a ideologia de
gênero que passe a frequentar nossas escolas não seja a da omissão, a da
manutenção da desigualdade, a da opressão, a da discriminação.

No RESUMO
mesmo sentido, a professora Marisa Ribeiro Teixeira Duarte defendeu a abordagem
da ideologia de gênero. Segundo ela, “construções de gênero são construções de poder,
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
não tenho a menor dúvida disso, e de um poder simbólico, difuso, que é muito mais difícil
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
de enfrentar do que o da autoridade quando ela nos apresenta”.
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
No no cenário político
encerramento tem ganhado
do debate, destaque
diversos e suascriticaram
participantes políticas de restrição
a fala de conteúdo
do deputado Léo e
Portela. Opersonalização
presidente dadeFundação
algoritmo continuam a gerar polêmicas.
Joaquim Nabuco, Paulo RubemEstariaSantiago,
o Facebook democratizando
comparou as
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos
observações contrárias à ideologia de gênero com as reações do passado a conquistas e partidos políticos
que divergem
como a abolição com as ideias
da escravatura, dos fundadores
voto feminino e funcionários do Facebook possuem o
e divórcio.
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
No propõe
debate apúblico,
responder.em 19 de fevereiro de 2016, a questão da inclusão voltou às
discussões. A secretária de Estado de Educação, Macaé Evaristo do Santos, defendeu um
Plano Estadual de Educação que respeitasse a pessoa na grandeza de sua humanidade.
Para1. a secretária,
INTRODUÇÃO o Plano Estadual de Educação deveria ser “banhado de humanidade,
sem deixar ninguém de fora”. “Queremos que todas as pessoas tenham direito a voz e a
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
educação. Vamos calar qualquer fascismo no nosso Estado”, afirmou.
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
No mesmo
o software sentido,fotos
colocava a coordenadora do Fórum
dos estudantes Estadual
de Harvard ladodea Educação, SuelyaoDuque
lado e permitia usuário
Rodarte, defendia,
classificar quemalém da inclusão
era “hot” ou não,dauma
pessoa comemdeficiência,
palavra a inclusão
inglês usada de gênero
para designar e
pessoas
o respeito à diversidade.
sexualmente atraentes.Nesse aspecto, a coordenadora chegou a ser interrompida por
manifestações contrárias ao que dizia, por meio de vaias, além de palmas em apoio, mas
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
o parlamentar responsável pela condução dos trabalhos, deputado estadual Paulo Lamac,
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
reiterou pelaas
a trocar ordem
suasno evento.
fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
opiniões
Daniel políticas, algo similar às mudanças
Cara, coordenador-geral da Campanha de foto do perfil
Nacional pelo por parteà de
Direito indivíduos
Educação,
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados
também defendeu o olhar às minorias. Para ele, a maioria dos planos estaduais de educaçãoUnidos,
que já estão aprovados e confirmados considerou a questão de gênero. “Espero que, em
Minas Gerais, não seja diferente, porque não dá para excluir nenhuma pessoa do processo
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
educacional nem
de Direito da dá para deixar
Universidade dede
Federal respeitar as mulheres,
Minas Gerais. osDireito
Graduada em homossexuais;
pela Pontifícia não é possível
Universidade Católica
de Minas
deixar de fazer Gerais. Currículo lattes:
uma educação http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
verdadeiramente inclusiva”.
Endereço eletrônico: [email protected]

83
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSOSE RPXEafirmou
estudioso ED Eser DAuma
DRcobrança
EBIL ,das
KOOrganizações
OBECAFdas Nações Unidas nesse
ARsentido:
TUEN “Tem
ACdeIdiscutir
GÓLO todas
NCasEquestões
T ATNpolíticas,
EMARideológicas,
REF :ACde ITgênero
ÍLOPe de orientação
sexual nas escolas – faz parte da construção do direito humano a educação”. O professor
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
Antônio Carlos Pereira, secretário adjunto de Educação, também partiu em defesa do tema.

Libernina Andrade, da Sociedade Civil, Travestis e Trans, chegou a ser dura nos
apontamentos. Afirmou: “Não sei se é falta de noção ou mau-caratismo dessas pessoas
que usam esses termos de ideologia de gênero para desviar a atenção do que realmente
1 deve ser discutido, como as questões da diversidade na escola e suas condições e dos
serroT etrauD aixélA
salários dos professores”. Libernina apontou ainda que a falta de acolhimento das minorias
nas escolas leva à evasão escolar alta no contexto dessas pessoas.

As atividades da etapa final do Fórum Técnico foram abertas por uma reunião
OMUSER
especial realizada em 15 de junho de 2016. Nela os debatedores voltaram a defender a
odim usnoc e osobre
discussão ãçarocgênero
o odatsno
iuqcontexto
noc met eescolar.
uq laicosNoedeentanto,
r ,koobecpercebe-se
aF od aticílpque
xe oaãsala
simparlamentar
A
od mais
roder conservadora
oa soudívidni se
e safastou
orielisarbdos
eddebates,
seõhlim pois
ed adnão
iv aestiveram
d roiam zepresentes
v adac opm e t m u dessa
deputados
oãçcategoria
auta auS .nos
odajtrês
agnedias
etnede
mlidiscussões
vic e odatcenfinais
oc ,odo
t rebFórum.
a siam odnum o retnam é ,odnum
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
odnazitarcoNa meplenária
d koobecfinal,
aF o aiem
ratsE17.sade
cimjunho
êlop rade
reg2016,
a mauanitvotação
noc omtirde
ogladiretrizes
ed oãçazieducacionais
lanosrep que
socbeneficiem
itílop sodit rapminorias,
e sotadidnem
ac ,especial
setnerefidhomossexuais,
sacitílop seõsiV bissexuais,
?a-odnazilarttransgêneros
nec uo oãçamreofnprofissionais
ia
o mdoeussexo,
sop kocupou
oobecaFoocentro
d soirádos
noicndebates.
uf e seroEntre
dadnuasf s21
od metas
saiedi sem
a mqueoc mfoiegorganizado
revid euq o texto,
es oogdebate
it ra essemais
euq acirrado
seõtseuq foisa na
oãsmeta
sassEEducação
?amrofatade lp aJovens
n edadielibAdultos,
isiv e oçaconcentrando-se
pse omsem nas
diretrizes que mencionavam as minorias, em especial aquelas .redrelacionadas
nopser a eõpoàrporientação
sexual. No encontro final da Plenária, os inscritos puderam defender no microfone suas
opiniões. Percebe-se que, apesar das divergências em torno das questões de gênero, não
houve argumentos que caminhassem para um discurso agressivo, O ouÃÇaté
UDmesmo
ORTNI abjeto.
.1

oicíni uesDiversos
on ogolparticipantes
,ocitílop otneprocuraram
mu rtsni muretirar omocdoodtexto airc aodmenção
is ret oãàs n minorias,
ed rasepAafirmando
,”hsque
ameascacitações
F“ o omofereciam
oc etnemlabenefícios
nigiro odainjustificados
irC .laicnetopausegmentos
es od satsda ip apopulação,
vad áj kooem becprejuízo
aF o
oiráda
usmaioria.
u oa aitimCondenaram especialmente a menção a homossexuais e profissionais dossexo,
r e p e o d a l a o d a l d r a v r a H e d s e t n a d u t s e s o d s o t o f a v a c o l o c e r a w t f o o
saopor
ssepconsiderar
rangised aquerap isso
adasuestimularia
sêlgni meaarerotização
valap amuprecoce ,oãn uo das ”tohcrianças.
“ are meuOs q raargumentos
cfiissalc
levaram alguns professores a se manifestarem contrariamente, .setnargumentando
earta etnemlauxque es o
-patrabalho
c e edaddocente,
isrevinu aseja d açnqual
arugfor
es aedorientação
eder a mado rasprofissional,
seca serodairnão c suéeserotizar
euq sioninguém,
peD mas
matrabalhar
raçemoc com soiráousconhecimento.
u soirpórp so ,Cabe setnaressaltar
dutse sodque, oãçquando
acfiitnedhavia
i ed smanifestações
negami sa macontra rarut a
saupessoa
s mavaque sserestava
pxe euqaoumicrofone,
o sotsetorpo edeputado
d so txe t mestadual
oc snegPaulo
ami rLamac
op sotorestabelecia
f saus sa raacordemort a e
sougarantia
dívidni eoddireito
et rap de ropexpressar
lfi rep oddootfalante.
of ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
Os pedidos de supressão da menção às minorias acabaram rejeitados pela Plenária.
Uma das diretrizes que gerou polêmica foi a que propõe garantir a oferta de Educação de
edadJovens
lucaF ad oeãçAdultos
audarG-só“àsP edpopulações
amargorP – siaemreG ssituação
aniM ed larde
edeFvulnerabilidade
edadisrevinU alep social,
otieriD mepessoas
adnartseMLGBT 1 –
acilóem
taC eespecial
dadisrevinUtravestis
aicífitnoP e
aletransexuais
p otieriD me ad–
audmulheres,
arG .siareG snegros,
aniM ed lapopulação
redeF edadisredovinUcampo,
ad otieriDindígenas,
ed
.8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
quilombolas, povos tradicionais, população em m situação
oc.liamg@ deoturua
daixeela população
:ocinôrtele oçeem
rednsituação
E

,ARIE84
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
de privação de liberdade, que LIBERDADE
não tiveram acesso DEo ensino
ou não concluíram EXPRESSÃO
fundamental E
ou o ensino médio”. A propostaFERRAMENTA
POLÍTICA: acabou aprovada com TECNOLÓGICA
uma única alteração: que NEUTRA
se garanta
o direito de travestis e transexuais usarem o nome social (e não o de batismo) nesses
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
processos educacionais.

Diversas outras diretrizes relacionadas provocaram disputas acirradas no discurso.


Uma delas é a que propõe “desenvolver e implementar políticas e mecanismos de acesso e
permanência na escola para jovens, adultos e idosos, visando, especialmente, contemplar
trabalhadores que cumprem jornada de trabalho em tempo integral, emAléxia
especialDuarte
profissionais
Torres1
do sexo, transexuais, população de rua e pessoas privadas de liberdade”.

Durante a plenária final, também foi aprovada uma meta suplementar às outras 20 que
já constavam no texto. Trata-se da criação e implementação de um “programa educacional
RESUMO
de combate às discriminações motivadas por preconceito de orientação sexual, identidade
de gênero,A machismo,
missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
LGTBfobia, de crença ou de qualquer outra natureza”.
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
Como se pode
mundo, perceber,
é manter o mundo apesar
mais dos discursos
aberto, conectadocontrários à inclusão,
e civilmente engajado.prevaleceu
Sua atuação
aquele emnoque havia a defesa por meio de mecanismos que visem assegurar os
cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo direitos e
das minorias. Nesse sentido,
personalização percebe-se
de algoritmo queaagerar
continuam liberdade de expressão
polêmicas. esteve assegurada.
Estaria o Facebook democratizando
No contexto do FórumouTécnico,
a informação a sistemática
centralizando-a? da discussão
Visões políticas caminha
diferentes, no objetivo
candidatos depolíticos
e partidos dar
voz a todos os lados, para finalmente, numa votação aberta, chegar-se a uma decisão em o
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem
relação aomesmo espaço
texto final e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
da proposta.
propõe a responder.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
1. INTRODUÇÃO
A Constituição da República consagra o modelo representativo de governo ao mesmo
tempo queApesar
prevê dequenão ter sidopode
o cidadão criadoter como
formasum de instrumento político, logo
influenciar diretamente no seudas
os rumos início
o Facebook
políticas públicas já pensadas
dava pistasparadoa seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
sociedade.
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
Ao longo
classificar dos era
quem últimos
“hot”anos,
ou não,apósuma a redemocratização
palavra em inglêsdo país para
usada em 1988,
designardiversos
pessoas
instrumentos de participação
sexualmente atraentes. popular foram institucionalizados nas Casas Legislativas
Brasileiras. A Assembleia Legislativa de Minas Gerais é uma das que defendem essa
bandeira aoDepois
chamar queoseus criadores
cidadão acessaram
a debater, a redecom
em conjunto de segurança da universidade
representantes do governo,eas cap-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
propostas que ali devam ser aprovadas.
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
Este artigo
opiniões buscou
políticas, detectar
algo similarseàsa diversidade
mudanças de pontosfoto dodeperfil
vistaspor
temparte
espaçode mesmo
indivíduos
eminconformados
temas espinhosos, com como a discussão
o resultado do pleito dasnasquestões
eleiçõesde gênero no contexto
presidenciais dos Estadosdo Plano
Unidos,
Estadual de Educação, que tramita no legislativo desde setembro de 2015. Como podemos
observar, a liberdade de expressão não é permissão geral para que todos digam o que
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
querem na hora em que desejam, mas um direito a ser exercido, considerando um ambiente
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
salutar de
deMinas
debate, emCurrículo
Gerais. que exista
lattes:igualdade entre os debatedores.
http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço eletrônico: [email protected]

85
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSOSEFórumRPXTécnico
E ED do EDPlano
ADEstadual
REBILde,KEducação
OOBErecebeu,
CAF de forma irrestrita, as
ARinscrições
TUEN de AC atores
IGÓ interessados
LONCEnaquele
T ATNtema
EMeAacabou
RREFpor:Areunir
CITrepresentantes
ÍLOP de 154
instituições, tanto governamentais quanto da sociedade civil organizada. Esteve ali, portanto,
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
uma diversidade considerável de pessoas com opiniões distintas sobre as temáticas que
perpassam o ambiente escolar.

Ao fim, percebe-se que os parlamentares mais conservadores em relação à temática


de gênero optaram por se afastar das discussões, o que não impediu o debate, com
1 respeito, ordem e igualdade. Os defensores de que o ambiente escolar não deve abordar
serroT etrauD aixélA
as questões de gênero tiveram voz e votos garantidos, da mesma forma que as pessoas
favoráveis à inclusão também puderam ser ouvidas.

Portanto, tem-se que houve igualdade entre os cidadãos que se dispuseram a debater
OMUSER
o Plano Estadual de Educação de Minas Gerais, uma vez que foi franqueada a participação
odim
deustodas
noc eas
oãformas,
çaroc o oseja
datsnos
iuqnoencontros
c met euq regionais
laicos edenor ,kinterior
oobecaFdo odestado,
aticílpxepela
oãsinternet
sim A e ainda
od presencialmente
roder oa soudívidnnoi eevento
sorielisfinal
arb eemd seBelo
õhlimHorizonte.
ed adiv adNão roiam z e v a d a c o p m e t mu
há razão, neste contexto, para
oãçestabelecer
auta auS .odlimites
ajagneàsetnvozes
emlivique
c e ose
dadispõem
tcenoc ,oat rparticipar
eba siam ona dnconstrução
um o retnamdeé políticas
,odnum públicas
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
necessárias ao pleno exercício da democracia pelos cidadãos.
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
o mREFERÊNCIAS
eussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
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datsE The
sod cost
siaicofnefree
disespeech:
rp seõçipornography,
ele san otielphate
od speech,
odatluseand
r o their
moc challenge
sodamroftonoliberal-
cni
ism. Palgrave Macmillan, 2010.
MILL, John STUART. O governo representativo. Trad. de Manoel Innocêncio de L. Santos Jr. Brasília:
edadUniversidade
lucaF ad oãçaude
darBrasília,
G-sóP ed 1981.
amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
_______. On liberty. Nova.8York: 13505Liberal
656618Arts/Bobbs-Merrill,
4752/rb.qpnc.settal//:p1956.
tth :settal olucírruC .siareG saniM ed
moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE86
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
MINAS GERAIS. Lei nº 19.481, de 12 de janeiro de LIBERDADE DE
2011. Institui o Plano EXPRESSÃO
Decenal de Educação do E
Estado. <https://www.almg.gov.br/consulte/legislacao/completa/completa.html?tipo=LEI&num=19
POLÍTICA: FERRAMENTA TECNOLÓGICA
481&comp=&ano=2011&aba=js_textoAtualizado#texto>. Acesso em: 15 dez. 2017. NEUTRA
______. Mensagem nº 77/2015.OU PLATAFORMA
Disponível VIRTUAL EDITORIAL?
em: <https://www.almg.gov.br/atividade_parlamentar/
tramitacao_projetos/interna.html?a=2015&n=77&t=MSG&aba=js_tabVisao>. Acesso em: 15
dez. 2017.
______. Projeto de Lei nº 2882/2015. Disponível em: <https://www.almg.gov.br/atividade_par-
lamentar/tramitacao_projetos/interna.html?a=2015&n=2882&t=PL&aba=js_tabTramitacao>.
Acesso em: 22 jan. 2018.
Aléxia Duarte Torres1
______. Regulamento do Fórum Técnico. Art. 10. Disponível em: <https://www.almg.gov.br/export/
sites/default/acompanhe/eventos/hotsites/2015/forum_tecnico_plano_educacao/documentos/regu-
lamento/regulamento_forum_tecnico_plano_educacao.pdf>. Acesso em: 22 jan. 2018.
YONG, Caleb. Does freedom of speech include hate speech?. Res Publica, n. 17, p 385-403, 2011.
RESUMO

A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
propõe a responder.

1. INTRODUÇÃO

Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
sexualmente atraentes.
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,

1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço eletrônico: [email protected]

87
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSSERPXE ED EDADREBIL ,KOOBECAF
ARTUEN ACIGÓLONCET ATNEMARREF :ACITÍLOP
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO

1
serroT etrauD aixélA

OMUSER

odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
.rednopser a eõporp

OÃÇUDORTNI .1

oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
.setnearta etnemlauxes
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni

edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
.8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE88
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
QUAL É A RESPOSTA
FACEBOOK, DO PARLAMENTO
LIBERDADE AO E
DE EXPRESSÃO
DISCURSO
POLÍTICA:DE ÓDIO? REFLEXÕES
FERRAMENTA ACERCA
TECNOLÓGICA DOS
NEUTRA
PROCEDIMENTOS DISCIPLINARES POR QUEBRA
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
DE DECORO E DOS LIMITES CONSTITUCIONAIS ÀS
IMUNIDADES PARLAMENTARES

Aléxia
Julia Camara Duarte
Alves Torres
Moreira195
1

RESUMO:
RESUMO
O presente artigo almeja analisar de que forma os intitulados “discursos de ódio” são
A missãonoexplícita
reprimidos seio dodoParlamento
Facebook, Nacional,
rede socialrelativamente
que tem conquistado o coração eadvindas
às manifestações consumido
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e
de seus próprios membros, a partir da apreciação tanto das previsões do Código indivíduos ao redor do
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente
de Ética e Decoro Parlamentar, quanto de eventuais procedimentos disciplinares engajado. Sua atuação
no cenárioem
instaurados político tem de
desfavor ganhado destaque
deputados e suasPara
federais. políticas
tanto,debuscar-se-á
restrição dedelimitar
conteúdo e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook
os contornos da garantia constitucional da imunidade material e dos conceitos de democratizando
a informação
“discurso ou centralizando-a?
do ódio” e de “decoro Visões políticas adiferentes,
parlamentar”, candidatos
fim de propor e partidos políticos
aperfeiçoamentos
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do
aos procedimentos disciplinares internos, tornando-os mais efetivos em relação Facebook possuemà o
mesmo social
satisfação espaçoquanto
e visibilidade na plataforma?
à reprimenda Essas sãodegradantes.
de manifestações as questões que esse artigo se
propõe a responder.

1. INTRODUÇÃO
1. INTRODUÇÃO
Nas vivências de uma sociedade construída sob pilares democráticos, a busca da
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
proteção das mais variadas formas de discurso pelo manto da liberdade de expressão pode
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
originar manifestações de intolerância e discriminação contra grupos vulneráveis (negros,
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
homossexuais, mulheres, minorias religiosas, indígenas, entre outros) o que, a contrario
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
sensu, desencadearia a fragmentação dos pilares que a sustentam.
sexualmente atraentes.
Posto esse contraste, este artigo pretende analisar o conceito e as nuances do fenô-
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
meno do “discurso de ódio” a partir de parâmetros tanto doutrinários quanto normativos,
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
com merecido enfoque atribuído à sua manifestação e repressão na seara política, no dis-
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
curso parlamentar.
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
inconformados
Nesse contexto,comrealizar-se-á
o resultado recorte
do pleitoespecífico
nas eleições presidenciais
no âmbito dos Estados
da manifestação pelaUnidos,
via
do discurso, no que diz respeito à atuação dos deputados federais, averiguando em que me-
dida o ato político, dentro e fora do Legislativo, pode ou não ser classificado como discurso
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
195 Mestranda
de MinasemGerais.
DireitoCurrículo
Administrativo
lattes: pela
http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Graduada em Direito
pelaEndereço
UFMG. Advogada.
eletrônico: [email protected]
MOREIRA, Julia Camara Alves. Qual é a resposta do parlamento ao discurso de ódio? Reflexões acerca dos procedimentos disciplinares 89
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
por quebra de decoro e dos limites constitucionais às imunidades parlamentares. In: PEREIRA, Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume II. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 89-116. ISBN 978-85-67134-06-2. Disponível em:
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
<https://doi.org/10.32445/97885671340625>
EOde à SSESerão
ódio. RPXexpostas
E ED as ED ADREconsequências
possíveis BIL ,KOOdessas BECAmanifestações
F – sejam elas
ARcriminais,
TUENcivis,ACIadministrativas,
GÓLONCpolíticas ET ATN e/ou
EMsociais
ARR –,EoFque
:Aexige
CITmaior
ÍLOaprofundamento
P
tanto na prerrogativa constitucional da Imunidade Parlamentar quanto nos efeitos da “que-
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
bra de decoro parlamentar”.

No intuito de trazer maior concretude a este trabalho, analisar-se-ão, criticamente,


eventuais processos disciplinares por quebra de decoro parlamentar no recinto da Câmara
dos Deputados, dando merecido zelo à argumentação sustentada pelos representantes,
1 pelo parlamentar processado, pelos membros do Conselho de Ética, enfim, por todos os
serroT etrauD aixélA
agentes envolvidos nos procedimentos disciplinares.

Por fim, após pesquisa documental, serão trazidas as principais discussões e apon-
tamentos acerca do assunto. Obviamente, não há como, e nem se pretende, relatar tudo
OMUSER
o que foi dito/argumentado naqueles procedimentos, muito menos encerrar a temática do
odim usnoc e de
discurso oãçódio
aroc oe oos
datseus
siuqnoatritos
c met ecom
uq laiacogarantia
s eder ,koconstitucional
obecaF od aticda ílpxeimunidade
oãssim A material.
od Propõe-se,
roder oa sououtrossim,
dívidni e soum rielinovo
sarb eolhar
d seõao
hlim e d a d i v a d r o i a m z e v a
procedimento disciplinar parlamentar,d a c o pmet mua partir de
oãçsua
autaressignificação,
auS .odajagne epara
tnemlqueivic possa
e odatcser
enoaperfeiçoado,
c ,ot reba siamtornando-se
odnum o retnmais am éefetivo.
,odnum
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
soc2.
itílo p soOdiDISCURSO
t rap e sotadidDE
nacÓDIO
,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
es ogit ra eSamanta
sse euq sRibeiro
eõtseuq Meyer-Pflug
sa oãs sassEdelineia
?amrofaotalpdiscurso
an edadide
libisódio
iv e ocomo
çapse oum
mseconjunto
m de
ideias que, ao serem manifestadas, incitam a discriminação racial, social ou religiosa
.rednopser a eõporp em
determinados grupos. Afirma que esses grupos são, grande parte das vezes, minorias,
não restringindo, conquanto, o sujeito passivo do discurso, muito embora não abarque, na
OÃÇUDORpor
definição de seu conceito, as manifestações que possam incitar agressões TNI questões
.1
relacionadas a sexo, gênero, orientação sexual e identidade. 196
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hsamecJá aF“Alvaro
o omPaul
oc etDiaz
nemenfatiza
lanigiro que
odaiorCdiscurso
.laicnetodo
p uódio
es oédmais
satsido
p aque
vad aájmanifestação
koobecaF o de
oiráantipatia,
usu oa aidevendo
timrep e apresentar
odal a odatraços
l drav rade
H hostilidade
ed setnadutcontra
se soddeterminado
sotof avacolgrupo.
oc erawCom
t fos isso,
o
saotorna-se
ssep ranessencial
gised arapa aanálise
dasu sdo
êlgncontexto
i me arvnoalapqual
amse
u ,oproferiu
ãn uo ”atofala
h“ aeretambém
meuq raas
cfiexternali-
issalc
dades originadas pelo discurso, bem como, não menos importante, .setneoaseu
rta egrau
tnemde
lauxsegre-
es
-pagação.
197
c e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
Definir parâmetros e modelos conceituais objetivos acerca do que venha a ser “dis-
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
curso de ódio” é de suma importância para que se compreenda a melhor resposta, jurídica,
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
política ou administrativa, a ser dada a esse fenômeno degradante. Nessa toada, muito
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
embora ainda não ratificada pelo Brasil, a Convenção Interamericana contra Toda a Forma

edad196
lucaFMEYER-PFLUG,
ad oãçaudarG-sSamantha
óP ed amaRibeiro.
rgorP – Liberdade
siareG sande iM Expressão
ed laredeF eedDiscurso
adisrevinde
U aÓdio.
lep otSão
ieriDPaulo:
me adRevista
nartseMdos Tribu-
1
acilótaC ednais,
adisr2009,
evinU p.
aic261.
ífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
.81350565de
197 DIAZ, Alvaro Paul. La Penalización 661la84incitación
752/rb.qpalncodio
.setta l/la/:pluz
tthda
:sejurisprudencia
ttal olucírruC .scomparada.
iareG saniMRevista
ed Chi-
lena de Derecho, v. 3, n. 2, 2011, p. 503-609. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE90
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
de Discriminação e Intolerância LIBERDADE
parece clarificar DE EXPRESSÃO
o tema, sendo instrumento normativo inter- E
nacional que destrincha
POLÍTICA: o fenômeno, seu conceito e suas
FERRAMENTA consequências .
TECNOLÓGICA
198
NEUTRA
Os Estados comprometem-se
OU PLATAFORMA a prevenir, eliminar,
VIRTUALproibir e EDITORIAL?
punir, de acordo
com suas normas constitucionais e com as disposições desta Convenção, to-
dos os atos e manifestações de discriminação e intolerância, inclusive:
I. apoio público ou privado a atividades discriminatórias ou que promovam a
intolerância, incluindo seu financiamento;
II. publicação, circulação ou difusão, por qualquer forma e/ou meio de comuni-
cação, inclusive a internet, de qualquer material que:
Aléxia Duarte Torres1
a) defenda, promova ou incite o ódio, a discriminação e a intolerância; e
b) tolere, justifique ou defenda atos que constituam ou tenham constituído ge-
nocídio ou crimes contra a humanidade, conforme definidos pelo Direito Inter-
nacional, ou promova ou incite a prática desses atos;
RESUMO
III. violência motivada por qualquer um dos critérios estabelecidos no artigo
1.1;explícita
A missão […] do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
um tempo cadaportanto,
A discriminação, vez maior da vida
é ato de milhões
que incita de brasileiros
a distinção, exclusão,e indivíduos ao prefe-
restrição ou redor do
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado.
rência, tanto no âmbito público quanto no privado. Seus efeitos são a anulação ou a limita- Sua atuação
no cenário
ção do direito político tem ganhado
ao reconhecimento, ao gozodestaque e suas políticas
e ao exercício, de restrição
em condições de conteúdo
de igualdade, de e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook
um ou mais direitos humanos e liberdades fundamentais consagrados nos instrumentos in- democratizando
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
ternacionais, sejam tais efeitos objetivados ou não por quem comete o ato discriminatório199.
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
De mesmo
acordo comespaçoa Convenção supracitada,
e visibilidade a discriminação
na plataforma? Essas são aspode basear-se
questões em nacio-
que esse artigo se
nalidade, propõe
idade, sexo, orientação sexual, identidade e expressão de gênero, idioma, religião,
a responder.
identidade cultural, opinião política ou de outra natureza, origem social, posição socioeco-
nômica, nível educacional, condição de migrante, refugiado, repatriado, apátrida ou deslo-
1. interno,
cado INTRODUÇÃO
deficiência, característica genética, estado de saúde física ou mental, inclu-
sive infectocontagioso, e condição psíquica incapacitante, ou qualquer outra condição200.
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
o Facebook Em análise
já dava preliminar
pistas do seué possível
potencial.concluir,
Criadoportanto, que Convenção
originalmente Interame-
como o “Facemash”,
ricana mostra-se como importante ferramenta jurídica capaz de responder ao
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
discurso de ódio segundo as balizas e a sistemática constitucional vigente. De-
classificar quem
lineia era “hot” ou
o conceito não,discurso,
deste uma palavra em inglês
seus efeitos, usada
visando para designar
à proteção pessoas
contundente
sexualmentedos atraentes.
grupos ofendidos, destacando o princípio da igualdade, um dos objetivos
da República Federativa do Brasil.
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
Indo um
turaram pouco mais
as imagens de adiante, algunsdos
identificação parâmetros mais
estudantes, osobjetivos,
próprios capazes
usuáriosdecomeçaram
enqua-
drara um
trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavamde-
discurso na categoria de “discurso de ódio”, merecem ser aqui abordados, suas
monstrando
opiniões uma progressão
políticas, no queàs
algo similar dizmudanças
respeito àsde
discussões no entorno
foto do perfil da temática.
por parte de indivíduos
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,

198 Convenção Interamericana contra Toda a Forma de Discriminação e Intolerância. Disponível em: <http://
1 www.oas.org/en/sla/dil/docs/inter_american_treaties_A69_Convencao_Interamericana_disciminacao_into-
Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
lerancia_POR.pdf>. Acesso em:
de Direito da Universidade 2 dez.
Federal de2017.
Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
199 Ibidem.
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço eletrônico: [email protected]
200 Ibidem

91
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSOsSEPrincípios
RPXE E deD EDAsobre
Camden DREa B IL ,KOdeOExpressão
Liberdade BECAFe Igualdade, desenvolvidos
ARpela
TUARTIGO
EN A19CIG, organização não
T governamental
ATNEMARdeRE origem
F :AInglesa
CITÍLvoltada
OP aos direitos
201
ÓLONCE
humanos, com base em discussões sobre liberdade de expressão e igualdade sustentadas
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
tanto por membros ONU quanto por membros de outras organizações, especialistas em
direito internacional dos direitos humanos, apresentam nova perspectiva. A elaboração de
tais princípios surgiu no anseio do manejo de um consenso global sobre a relação razoável
e proporcional entre o princípio da liberdade de expressão e da promoção da igualdade,
de modo que o direito internacional tem se mostrado a base para a solução de eventuais
1
setensões
rroT etrnormativas.
auD aixélA
Passemos ao Princípio 12 do referido documento:
Princípio 12: Incitação ao ódio
Todos os Estados devem adotar legislação que proíba qualquer OMUSpromoção
ER de
ódio religioso, racial ou nacional que constitua uma incitação à discriminação,
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
hostilidade ou violência (discurso do ódio).
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
Sistemas jurídicos nacionais devem deixar claro, seja de forma explícita ou por
oãçauta auS .odajagmeio ne etdenem livic e odatcimpositiva,
interpretação enoc ,ot rebque:
a siam odnum o retnam é ,odnum
e odúetnoc ed oãçiri.tsOs er etermos
d sacit‘ódio’
ílop saeu‘hostilidade’
s e euqatsedseodreferem
ahnag m a eemoções
t ocitílop intensas
oiránec oenirracionais
odnazitarcomed koobde ecaopróbrio,
F o airatsEanimosidade
.sacimêlop raereaversão
g a maunaoitngrupo
oc omtvisado.
irogla ed oãçazilanosrep
socitílop sodit rap e sii.
otadOidtermo
nac ,se‘promoção’
tnerefid sacideve
tílop sser
eõsientendido
V ?a-odnazcomo
ilartneac uexistência
o oãçamrode fniintenção
a de
o meussop koobecpromover
aF od soirpublicamente
ánoicnuf e seoroódiodadnao uf grupo
sod savisado.
iedi sa moc megrevid euq
es ogit ra esse euq siii.
eõO tsetermo
uq sa ‘incitação’
oãs sassE se ?arefere
mrofataaldeclarações
p an edadilibsobre
isiv e ogrupos
çapse oreligiosos,
msem raciais
ou nacionais que criam risco iminente de discriminação, .rednopsehostilidade
r a eõporp ou violên-
cia a pessoas pertencentes a esses grupos.
iv. A promoção, por parte de comunidades diferentes, de um sentido positivo de
identidade de grupo não constitui discurso do ódio202.
OÃÇUDORTNI .1
(grifos da autora)
oicíni uesDistintamente
on ogol ,ocitda ílopConvenção
otnemu rtsInteramericana,
ni mu omoc odoairdocumento
c odis ret osupracitado
ãn ed rasepprevê A a “in-
,”hstenção”
amecaFdaquele
“ o omoque c etprofere
nemlaniogidiscurso
ro odairCcomo
.laicnelemento
etop ues essencial
od satsip àacaracterização
vad áj koobecado F odis-
oirácurso
usu ode
a aódio.
itimreEste
p e oartigo,
dal a oportanto,
dal drav raapegar-se-á
H ed setnadauesse
tse sofundamento.
d sotof avacObviamente,
oloc erawt fonão s o se
saodefende
ssep ranagimpunidade
ised arap addaquele
asu sêlque
gni m e arvalapum
manifeste amdiscurso
u ,oãn ude
o ”efeitos
toh“ aodiosos,
re meuq muito racfiisembora
salc
não seja a sua intenção, mas acredita-se que o elemento anímico seja essencial à xcarac-
. s e t n e a r t a e t n e m l a u es
-paterização
c e edadisde revuma
inu aconduta
d açnarutãogesgravosa
ed edere areprovável
marasseccomo
a seroédaoirdiscurso
c sues eude q sódio,
iopeDsob a qual
marecai
raçemumaoc ssérie
oiráudesu retaliações.
soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
sou201
dívidARTIGO
ni ed 19
et rBRASIL.
ap rop Alfiorganização.
rep od otoDisponível
f ed saçem:
nad<http://artigo19.org/a-organizacao/>.
um sà ralimis ogla ,sacitílop Acesso seõiniem:
po 20
,sodinU dez.
sod2017.
atsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
“com a missão de defender e promover o direito à liberdade de expressão e de acesso à informação em todo
o mundo. Seu nome tem origem no 19º artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU. Com
escritórios em nove países, a ARTIGO 19 está no Brasil desde 2007, e desde então tem se destacado por
edadlucaFimpulsionar
ad oãçaudadiferentes
rG-sóP ed pautas
amargorelacionadas
rP – siareG sàanliberdade
iM ed larede
deexpressão
F edadisreveininformação”.
U alep otieriD me adnartseM 1
aciló202
taC edARTIGO
adisrevin19
U aBrasil.
icífitnoPPrincípios
alep otieriD
demCamden
e adaudarsobre
G .siarliberdade
eG saniM eded laexpressão
redeF edadisereigualdade.
vinU ad otieDisponível
riD ed em:
.8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed Aces-
<http://www.refworld.org/cgi-bin/texis/vtx/rwmain/opendocpdf.pdf?reldoc=y&docid=4b5827292>.
so em: 20 ago. 2017. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE92
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
2.1 O STF e o discursoFACEBOOK,
de ódio LIBERDADE DE EXPRESSÃO E
POLÍTICA:
Interessante FERRAMENTA
e imprescindível TECNOLÓGICA
é retomar o posicionamento NEUTRA
do Poder Judiciário, nota-
damente do STF, no que diz respeito aos contornos do termo em
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL? estudo, o discurso de ódio.
Na análise do recebimento da denúncia oriunda do Inquérito nº 3.590, a qual deman-
dava por sanções criminais contra o deputado Marco Feliciano, tendo em vista postagem203
em sua página do Twitter, Luis Roberto Barroso manifestou seu voto com os seguintes
dizeres:
Eu até consideraria razoável que o Princípio da Dignidade Aléxia Duarte
da Pessoa Torres1
Humana
impusesse um mandamento ao legislador para que tipificasse condutas que
envolvam manifestações de ódio, de hate speech, como observou a Doutora
Deborah Duprat. Mas a verdade é que essa lei não existe. Existe até um projeto
de lei em discussão no Congresso Nacional. De modo que eu acho que vulne-
RESUMO
raria princípios que nós consideramos importantes se a própria jurisprudência
do explícita
A missão SupremodoTribunal Federal
Facebook, redepunisse criminalmente
social que alguém
tem conquistado sem quee consumido
o coração uma lei
claramente defina essa conduta como ilícita. De modo que, por mais reprovável
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
que se considere essa manifestação no plano moral, eu penso que não é possí-
mundo,velé tipificá-la
manter o penalmente,
mundo maisde aberto,
modo conectado e civilmente engajado.
que estou acompanhando Sua atuação
Vossa Excelência
no cenário político
pelo não tem ganhado
recebimento destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
da denúncia. 204

personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando


Por mais que o julgado não tenha abordado a questão da imunidade parlamentar, faz-
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
-se importante a sua análise, pois demonstra que a manifestação de discursos dessa natu-
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
reza, em que pese a sua gravidade, não serem puníveis, a princípio, na seara criminal. Sua
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
eventual condenação perpassaria por um juízo moral, o qual não cabe ao Poder Judiciário.
propõe a responder.
Por sua própria essência, percebe-se que o discurso de ódio não ofende a um bem
jurídico facilmente aferível. Não se trata de afronta a um indivíduo, mas a vários integrantes
1. grupo
de um INTRODUÇÃO
com um/uns elos que os conectam. Não bastasse isso, uma mesma conduta
facilmenteApesar
enquadrada
de nãoporteralguns no conceito
sido criado comodeum “discurso
instrumentode ódio” – palavra
político, logo dita ou es-
no seu início
crita, ação e até mesmo omissão – poderia surtir efeitos distintos em relação
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”, aos membros
do ogrupo. Alguns
software poderiam
colocava fotos sentir-se ofendidos,dejáHarvard
dos estudantes outros, não.
lado Éa justamente
lado e permitiaeste ao
grauusuário
de
imprecisão, “imensurabilidade”, portanto, um dos fatores que tornam o
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoasdiscurso de ódio
conduta que dificilmente
sexualmente atraentes.seria tipificada no âmbito penal, o que não impede, todavia, a sua
repressão na seara civil e administrativa.
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
205
Nessaastoada,
turaram a análise
imagens da ação penaldos
de identificação movida contraosJonas
estudantes, Abib,usuários
próprios sacerdotecomeçaram
da Igre-
ja Católica,
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavampor
que foi denunciado pelo crime do art. 20, § 2º e 3º, da Lei nº 7.716/1989, suas
incitação à discriminação
opiniões políticas, algoreligiosa
similar em
às razão do teordedefoto
mudanças livrodo
de perfil
sua autoria intitulado
por parte “Sim,
de indivíduos
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
203 “A podridão dos sentimentos dos homoafetivos levam [sic] ao ódio, ao crime, a [sic] rejeição”.
204 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Inquérito nº 3.590 – STF – Plenário. Relator Ministro Marco Aurélio.
Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=6717176>. Acesso
1 em:Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
20 nov. 2017.
205 NãodefoiDireito da Universidade
possível ter acesso aoFederal
númerodedaMinas
ação Gerais. Graduada
penal, em emterDireito
que pese pela Pontifícia
sido noticiada Universidade
na mídia nacional. Católica
STF
de Minas
Tranca Ação Gerais. Currículo
Penal de lattes:dehttp://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Padre Autor Livro Anti-Espiritismo. Disponível em: <https://www.jota.info/justica/
Endereço eletrônico: [email protected]
stf-tranca-acao-penal-de-padre-autor-de-livro-anti-espiritismo-29112016>. Acesso em: 25 fev. 2018.

93
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSNão,
Sim, SERNãoPX–EReflexões
ED ED deAcura
DReElibertação”,
BIL ,KOpermite-nos
OBECAFmaiores aprofundamentos
ARacerca
TUEdosNA contornos
CIGÓdados
LONaoCconceito
ET ATN deEdiscurso
MARRdeEódio.
F :ACITÍLOP
?LAIRO EmTlinhas
IDE gerais,
LAUToRMinistério
IV AMPúblico
ROFAdo TAEstado
LP UdaOBahia acusou o sacerdote de
fazer afirmações discriminatórias à religião espírita e às religiões de matriz africana, como
a umbanda e o candomblé. O réu, em defesa, pleiteou o trancamento processual com o
argumento de que na denúncia não se teria delimitado o início e o fim do proselitismo206,
direito de qualquer líder religioso. Consequentemente, não se determinou onde de fato teria
1 iniciado a discriminação por parte do autor, o que tornou impossível a convivência entre
serroT etrauD aixélA
a intenção persecutória criminal e os preceitos da liberdade de expressão religiosa. Não
bastasse isso, defendeu a falta de justa causa processual, pois o exercício da liberdade de
expressão e manifestação religiosa deve ser interpretado com observância ao conteúdo
OMUSER
integral da obra, e não apenas de algumas expressões pinçadas do contexto em que foram
odim usnoc ede
escritas, oãçmodo
aroc oque
odaotstexto
iuqnonão
c metraz
t euqelementos
laicos edeque
r ,koofendam
obecaF odvalores
aticílpxedeoãoutrem,
ssim A mas sim
od arointenção
der oa sode
udíconvencimento
vidni e sorielisardos
b edfiéis,
seõhoulimseja,
ed aadipersuasão
v ad roiamcomo
zev adfim
ac último.
opmet 207
mu
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
e odúetnoDec etodo
d oãçmodo,
irtser eod que
sacitnos
ílop importa
saus e eéuqaadescrição
tsed odahndoagdiscurso
met ocitídiscriminatório,
lop oiránec on aqui si-
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçpelo
nônimo de “discurso de ódio”. De acordo com esclarecimentos tecidos azilanMinistro
osrep Edson
socFachin
itílop soem
dit rasede
p e sodo
tadjulgamento
idnac ,setnedorefidRecurso
sacitílopOrdinário
seõsiV ?aem
-odnHabeas
azilartneCorpus
c uo oãç134.682
amrofni a BA, inter-
208
o mposto
eussono p kdecurso
oobecaF processual
od soiránoida cnumesma
f e seroação f sod sa,ieoddiscurso
dadnupenal i sa moc de meódio
greviéd manifestação
euq
que exige interpretação sob três prismas distintos, embora interdependentes.
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
.rednopser a eõporp
Reconheceu-se o discurso proselitista como essencial e intrínseco ao exercício in-
tegral de liberdade de expressão religiosa. A comparação entre religiões, por si só, não
pode ser considerada discurso de cunho odioso. Nessa perspectiva,Oeventual ÃÇUDORmanifestação
TNI .1
discriminatória e criminosa, a qual pode ter natureza tanto religiosa quanto racial, sexual,
oicíde
ni gênero,
ues on entre
ogol ,outras
ocitílopespecificidades,
otnemu rtsni msomente
u omoc osedamaterializará
irc odis ret odepois
ãn ed de
rasultrapassadas
epA
,”hstrês
ameetapas
caF“ oindispensáveis:
omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
I- A primeira é de caráter cognitivo, por meio do qual o discurso atesta a desi-
saossep rangised agualdade
rap adasentre
u sêlgrupos
gni mee/ou
arvaindivíduos.
lap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
.setnearta etnemlauxes
II- A segunda é de caráter valorativo, implicando na relação de superioridade
-pac e edadisrevinuentre ad agrupos.
çnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemoc soiráuIII- su Por
soirfim,
pórpa terceira
so ,setnetapa
adutsconsiste
e sod onoãçafato
cfiitde
neodiagente
ed snque
egam i sa m
emana o adiscurso,
rarut
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a a
a partir das fases anteriores, pressupor legítima a dominação, a exploração,
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
206 Zelo ou esforço para fazer prosélitos ou converter pessoas a uma religião, a um partido, a uma causa ou a
,sodinU uma
sodideia.
atsE Dicionário
sod siaiPriberam
cnediseda rp Língua
seõçiPortuguesa.
ele san otiDisponível
elp od odem: atl<https://www.priberam.pt/dlpo/prose-
user o moc sodam rofnocni
litismo>. Acesso em: 5 mar. 2018.
207 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso em Habeas Corpus 134.682 BA – STF – Relator Ministro Edson
Fachin. Disponível em: <stf.jus.br/portal/processo/verProcessoPeca.asp?id=309784231&tipoApp=.pdf>.
edadlucaFAcesso
ad oãçaem:
udar2Gmar.
-sóP 2018.
ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló208
taC edBRASIL.
adisrevinSupremo
U aicífitnoTribunal
P alep otFederal.
ieriD meRecurso
adaudarGOrdinário
.siareG sem
aniMHabeas
ed lareCorpus
deF edad134.682
isrevinU BA
ad o–tieSTF
riD e–d Primeira
Turma. Relator Ministro .813Edson
505656Fachin.
618475Disponível
2/rb.qpnc.seem:
ttal//:<http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.
ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
jsp?docTP=TP&docID=13465125>. Acesso em: 5 mar. moc2018.
.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE94
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
escravização, LIBERDADE
a eliminação, a supressão ou redução DE EXPRESSÃO
dos direitos E
fundamentais
do diferente que compreende inferior.
POLÍTICA: FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA
Concluiu-se que a publicação da referida obra de fato impeliu a comunidade católica
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
a empreender o resgate religioso direcionado à salvação de adeptos do espiritismo e religi-
ões de matriz africana, em patente demonstração de julgamento de inferioridade daquela fé
distinta. Tal conduta, entretanto, deu-se na ausência de quaisquer sinalizações de violência,
dominação ou redução de direitos fundamentais, não sendo legítima, portanto, a persecu-
ção penal, muito embora trate-se de manifestação facilmente concebível como intolerante 1
e prepotente.
Aléxia Duarte Torres

Com isso, foi dado provimento ao recurso interposto pela defesa, com vistas ao
trancamento da ação penal pendente.
RESUMO
Em notícia que restou nacionalmente conhecida, no seio de outro processo criminal,
a PrimeiraA Turma
missãodaexplícita
Corte do Facebook,
recebeu rede social
denúncia 209
e que tem conquistado
parcialmente o coração
queixa-crime 210 e consumido
movidas,
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos
respectivamente, pelo Ministério Público Federal e por Maria do Rosário contra o deputado ao redor do
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado.
Jair Bolsonaro, cujo objeto consistia na manifestação do parlamentar durante entrevista Sua atuação
ao
Jornal Zero Hora no ano de 2014: “Ela não merece [ser estuprada] porque ela é muito ruim, e
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo
porque elapersonalização
é muito feia,denão
algoritmo continuam
faz meu gênero,a jamais
gerar polêmicas. EstariaEuo Facebook
a estupraria. não sou democratizando
estuprador,
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
mas, se fosse, não iria estuprar, porque não merece”.
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
A defesa
mesmoargumentou que os fatos
espaço e visibilidade se encontrariam
na plataforma? Essasao sãoabrigo da imunidade
as questões material
que esse artigo se
e acrescentou que a entrevista
propõe a responder. concedida ao jornal se realizou no gabinete parlamentar
situado no prédio da Câmara dos Deputados, bem como que a fala de Jair Bolsonaro se
encontrava, inclusive, relacionada a outro fato ocorrido em Plenário daquela Casa Legisla-
tiva.1.Outrossim,
INTRODUÇÃO
invocou a jurisprudência da Corte no sentido de que, em se tratando de
ofensas irrogados no recinto parlamentar, a imunidade material parlamentar do art. 53 da
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
Constituição Federal seria absoluta.
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
Em que pese
o software a linha
colocava argumentativa
fotos tecida,depor
dos estudantes quatrolado
Harvard votosa alado
um,eapermitia
Turma entendeu
ao usuário
que,classificar
além de incitar
quem aeraprática
“hot”doouestupro,
não, umaBolsonaro
palavra emofendeu
inglêsa honra
usada da deputada.
para designarOspessoas
mi-
nistros Luiz Fux, atraentes.
sexualmente Edson Fachin, Rosa Weber e Luiz Roberto Barroso votaram a favor de que
Bolsonaro se tornasse réu. Somente Marco Aurélio Mello foi contra a abertura das ações
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
penais.
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
a trocar as suas
O acórdão fotos
tratou de por imagens
temas com textos
importantes, para de
alémprotestos ou que
da análise expressavam
jurídica e herméticasuas
do opiniões políticas,
caso concreto, algo similar
ressaltando às mudanças
os efeitos gravosos de foto do perfil
e impactantes por parte
daquelas de indivíduos
manifestações
parainconformados com o De
além do Parlamento. resultado do pleito
certo modo, nas eleições
abordou-se presidenciais
a temática dos Estados
do “discurso de ódio”Unidos,
ao

209 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Denúncia Inquérito 3.932. DF– STF – Plenário. Relator Luiz Fux. Disponí-
1 vel Mestranda
em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=11627210>.
em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação Acesso em: 9
da Faculdade
mar.de2018.
Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
de Minas
210 BRASIL. Gerais.
Supremo Currículo
Tribunal lattes:Petição
Federal. http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
5243 DF– STF – Plenário. Relator Luiz Fux. Disponível em: <http://
Endereço eletrônico: [email protected]
redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=11627488>. Acesso em: 9 mar. 2018.

95
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSEaRfala
conceber PXdeE Jair
EDBolsonaro
EDADcomo REBumaIL ,ofensa
KOOnão BEapenas
CAF à deputada, mas à figura
ARdaTmulher,
UEN merecendo
ACIGÓLreprodução
ONCETalguns ATNtrechos
EMAdaquela
RREFdecisão.
:ACITÍLOP
10. A relativização
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO do valor do bem jurídico protegido a honra, a integridade
psíquica e a liberdade sexual da mulher pode gerar, naqueles que não respei-
tam as normas penais, a tendência a considerar mulheres que, por seus dotes
físicos ou por outras razões, aos olhos de potenciais criminosos, mereceriam
ser vítimas de estupro.
11. O desprezo demonstrado pelo bem jurídico protegido (dignidade sexual)
1
serroT etrauD areforça ixélA e incentiva a perpetuação dos traços de uma cultura que ainda subjuga a
mulher, com potencial de instigar variados grupos a lançarem sobre a própria
vítima a culpa por ser alvo de criminosos sexuais, deixando, a depender da si-
tuação, de reprovar a violação sexual, como seria exigível mercê da expectativa
normativa.
OMUSER
12. As recentes notícias de estupros coletivos reforçam a necessidade de
odimusnoc e oãçaropreocupação
c o odatsiuqnocom
c mediscursos
t euq laicosque
ederintensifiquem
,koobecaF od aativulnerabilidade
cílpxe oãssim A das mu-
od roder oa soudívilheres.
dni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
Aguarda-se o julgamento definitivo do caso, o qual será de extrema valia para a com-
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
preensão do entendimento jurisprudencial do STF tanto acerca da temática da “imunidade
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
parlamentar” quanto do “discurso de ódio”.
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
o meussoNessa
p koobesteira,
ecaF odagora
soiránno
oicâmbito
nuf e scivil,
erodaadndeputada
uf sod saMaria
iedi sdo
a mRosário
oc megrigualmente
evid euq ajuizou
es oação
git rade
essresponsabilidade
e euq seõtseuq saciviloãse sindenização
assE ?amrofporataldanos
p an edmorais
adilibisicontra
v e oçaJair pse Bolsonaro,
omsem tendo
.r e d n
como objeto o mesmo fato ora narrado. Em sede do julgamento do REsp nº 1642310/DF, o p s e r a e õ p o r p
interposto pelo deputado Bolsonaro contra a decisão de segundo grau, o STJ entendeu pelo
seu não provimento, ou seja, reconheceu-se o direito à indenização à deputada.211
OÃÇUDORTNI .1
Em linhas gerais, o acórdão do Tribunal Superior delimitou o alcance da imunidade
oicíparlamentar,
ni ues on ogressaltou
ol ,ocitíloque
p otesta
nemusertstrata
ni mudeoprerrogativa
moc odairc nãoodis absoluta,
ret oãn ereproduzindo
d rasepA o se-
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
guinte trecho de um outro precedente do STF: “A inviolabilidade dos Deputados Federais e
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
Senadores, por opiniões palavras e votos, prevista no art. 53 da Constituição da Republica,
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
é inaplicável a crimes contra a honra cometidos em situação que não guarda liame com o
.setnearta etnemlauxes
exercício do mandato”.
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
Trata-se, na realidade, de instrumento que decorre da organização democrática do
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
Estado, com vistas ao princípio da separação de Poderes como escudo de proteção às
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
liberdades individuais, possibilitando ao representante político cumprir a sua missão com
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sodautonomia
inU sodatseE independência,
sod siaicnedisesendo
rp seõçgarantia
iele san estritamente
otielp od odaatrelada
tluser o mà oatuação
c sodampública,
rofnocnnãoi
guardando relação alguma com privilégio de cunho pessoal.

edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló211
taC edBRASIL.
adisrevinSuperior
U aicífitnoTribunal
P alep ode
tierJustiça.
iD me adRecurso
audarG .sEspecial
iareG san1.642.310.
iM ed laredeDF.
F edRelator
adisreviMinistra
nU ad otiNancy
eriD edAndrighi.
Disponível em: <http://www.stj.jus.br/static_files/STJ/Midias/arquivos/Noticias/REsp%201642310.pdf>.
.8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
Acesso em: 10 mar. 2018. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE96
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
Na hipótese dos autos LIBERDADE
daquela ação indenizatória, DEque
entendeu-se EXPRESSÃO
a ofensa dirigida E
à Maria do Rosário, segundo a FERRAMENTA
POLÍTICA: qual a deputada não “mereceria”
TECNOLÓGICAser vítima de estupro,
NEUTRA em
razão de suas características naturais, não encontra nenhuma relação com o mandato le-
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
gislativo de Jair Bolsonaro. Não bastasse isso, a supracitada ofensa teria sido veiculada em
imprensa e na internet, de modo que a localização do recorrente, no recinto da Câmara dos
Deputados, seria elemento meramente acidental, não atraindo a aplicação da imunidade.

Concluiu-se pela violação à cláusula geral de tutela da pessoa humana, abuso que
pode se dar tanto pela via do prejuízo material quanto pela conturbação de direito
Aléxia Duarte extrapa-
Torres1
trimonial, com ofensa à dignidade, a partir de qualquer “mal evidente” ou “perturbação”. Ao
afirmar que a deputada não “mereceria” ser estuprada, o crime consubstanciou-se em prê-
mio, um benefício à vítima, a contrario sensu do que prevê o ordenamento jurídico em vigor.
RESUMO
De acordo com o Tribunal, a manifestação de “não merece ser estuprada” constitui
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
expressão vil que menospreza de modo atroz a dignidade não só de Maria do Rosário,
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
mas também de qualquer mulher e traz consigo a clara intenção do interlocutor de reduzir
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
a figura feminina, prejudicando a imagem da deputada perante a sociedade, em raciocínio
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
semelhante àquele ora desenvolvido pelo STF, no seio do processo criminal.
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
a informação
Contra a decisãooudocentralizando-a? Visões
STJ, foi interposto políticasExtraordinário
Recurso diferentes, candidatos e partidos
ao STF, cujo políticos
julgamen-
to, novamente, será de extrema importância para o balizamento jurisprudencial no que diz o
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem
mesmo
respeito aos espaço
alcances daeimunidade
visibilidadeparlamentar
na plataforma? Essas são
e também dosascontornos
questões do
quediscurso
esse artigo
de se
propõe a responder.
ódio. De todo modo, a partir da análise dos casos supracitados ao longo deste capítulo, já é
possível perceber um olhar mais atento e sistêmico dos julgadores da Corte Superior em ra-
lação às manifestações de cunho odioso, com especial atenção aos impactos sociais da fala
1. INTRODUÇÃO
do parlamentar, como medida a valorar o grau de sua responsabilidade civil, penal e moral.
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
3. o software
A IMUNIDADE MATERIAL
colocava fotos dosPARLAMENTAR
estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
A doutrina subdivide as imunidades parlamentares em duas facetas: formal e mate-
sexualmente atraentes.
rial. Elencada no art. 53, § 2º da Constituição da República, imunidade formal corresponde
Depois
às restrições que seus
à prisão criadores acessaram
do parlamentar a rede judiciais
e aos processos de segurança
em quedaele
universidade e cap-
é parte, alber-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários
gando o direito a não ser preso, salvo circunstâncias excepcionais, expressamente previs- começaram
tas anatrocar as suasdafotos
Constituição por imagens
República. com
Trata-se, textos de
portanto, de imunidade
protestos ou que expressavam
de caráter processual.suas
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
Já a imunidade
inconformados com material,
o resultado pordoseu turno,
pleito nas prevista
eleições no art. 53, caput,
presidenciais corresponde
dos Estados Unidos,
à inviolabilidade do legislador, seja no âmbito civil, seja no penal, por quaisquer de suas
opiniões, palavras e votos.212 Trata-se, portanto, de previsão constitucional que exclui o
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
212 Art.de53.
Minas
Os Deputados
Gerais. Currículo
e Senadores
lattes:são
http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, pala-
vrasEndereço
e votos. eletrônico: [email protected]

97
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSenquadramento
próprio ERPXE EDtípico EDA Dcondutas
das REBILpor,Kela
OO BECAFcom vistas a assegurar o
abrangidas,
ARlivre
TUexercício
EN AC daIG
atividade
ÓLOparlamentar.
NCET ATNEMARREF :ACITÍLOP
?LAIRO TIDEao Lpatamar
Alçadas AUTRdeIVgarantia
AMRconstitucional,
OFATALPamolda-se
UO e dimensiona-se o princí-
pio da separação de Poderes, resguardando ao parlamentar o pleno desempenho de suas
funções na ausência de submissão ao Executivo e/ou ao Judiciário.213 Nesse sentido, evo-
cam proteção ao legislador, no exercício de sua nobre atividade representativa, contra abu-
sos e pressões dos demais Poderes. Trata-se de valioso artifício de promoção da liberdade
214
1 de manifestação e importante escudo contra prisões arbitrárias e processos temerários.
serroT etrauD aixélA
É, portanto, valioso instrumento decorrente da moderna organização do Estado, da
repartição orgânica entre os Poderes, como forma de garantir a liberdade e os direitos
individuais. Outrossim, além de garantia à representativa dos cidadãos, são também um im-
OMUSER
portante elemento de racionalização do processo político e democrático, pois à autonomia
odim usnórgãos
dos oc e oãestatais
çaroc o oestá
datsapoiada
iuqnoc maetautotutela,
euq laicos ou
edeseja,
r ,kooobeautocontrole
caF od aticílpdo xe oPoder
ãssimpelo A próprio
od Poder
roder 215
oa .sNesse
oudívidnsentido,
i e soriepara
lisarbque
ed soeCongresso
õhlim ed adcumpra
iv ad roiaamsua
zevmissão
adac opcom met autonomia
mu e
oãçindependência,
auta auS .odajaganConstituição
e etnemlivic eoutorgou
odatcenoaos
c ,oseus
t reba membros,
siam odnum o r e t n a m é , o d n u
de maneira irrenunciável, uma m
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
série de prerrogativas, entre elas, as imunidades parlamentares.
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop soPara
dit raRoberto
p e sotadiDias
dnac e,sLucas
etnerefide
d saLaurentiis,
citílop seõspor
iV ?aexemplo,
-odnazilaras
tneimunidades
c uo oãçamroparlamentares
fni a
o mtêmeusspor
op kfunção
oobecaresguardar
F od soiránooicprincípio
nuf e serda odaliberdade
dnuf sod de saieexpressão
di sa moc empensamento
egrevid euq do con-
216
es ogressista
git ra esse e.uJá
q seFernanda
õtseuq saAlmeida
oãs sassafirma
E ?amrqueofat alpinviolabilidade
an edadilibisivée preordenada
oçapse omseamgarantir a
217
liberdade de expressão no que se refira ao desempenho das atividades .rednopseparlamentares.
r a eõporp

Acredita-se que o segundo entendimento está mais alinhado ao atual posicionamento


jurisprudencial e também ao pensamento desta autora. A imunidadeOÃparlamentar ÇUDORTNI deriva .1 do
princípio constitucional da liberdade de expressão, expressão que está condicionada ao
oicíexercício
ni ues ondaoatividade
gol ,ocitílparlamentar.
op otnemu rtAo sni se
mumanifestar
omoc odsobre
airc odquestões
is ret oãalheias
n ed raaosepexercício
A de
,”hsrepresentação
amecaF“ o om oc etnenão
política, mlaestaria
nigiro oodparlamentar
airC .laicnetoprotegido
p ues odpela
satsimunidade.
ip avad áj koobecaF o
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
Nada obstante, consoante Raul Machado Horta, faz-se essencial distinguir o con-
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
ceito de privilégio e de prerrogativa ao referir as imunidades parlamentares.
.setnearta etnCaso
emlaufossem
xes
concebidas como privilégios, na área do ius singulare, as imunidades poderiam dar lugar
-paac direitos
e edadissubjetivos.
revinu ad aNãoçnaruogsendo,
es ed emas
der asim
marprerrogativas,
asseca serodamelhor
irc suesseeuajustam
q siopeDà situação
maobjetiva
raçemocnosodomínio
iráusu sdooirius
pórcommune.
p so ,setnaOs dutprivilégios
se sod oãsatisfazem
çacfiitnedi oedinteresse
snegampessoal
i sa mardearuseus
t
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
213 GOMES, Eneias Xavier. Da crítica de Hans Kelsen às imunidades parlamentares. Disponível em <https://
,sodinU aplicacao.mpmg.mp.br/xmlui/handle/123456789/1132>.
sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielpAcesso od odem:
atlu1º
sedez.
r o 2017.
moc sodam rofnocni
214 Ibidem.
215 DIAS, Roberto; LAURENTIIS, Lucas de. Imunidades parlamentares e abusos de direitos. In: Revista de Infor-
edadlucaFmação
ad oãçLegislativa,
audarG-sóPBrasília,
ed amarano
gorP49,
– sn.
iar195,
eG sajul./set.
niM ed 2012.
laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló216 Ibidem.
taC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
217 ALMEIDA, Fernanda Dias .81Menezes
35056566de.184As
752imunidades
/rb.qpnc.setparlamentares
tal//:ptth :settalna
oluConstituição
círruC .siareGBrasileira
saniM edde 1988.
Anuário Português de Direito Constitucional, Coimbra, v.m3, oc2003,
.liamg@p. o92.
tudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE98
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
beneficiários. As prerrogativas, por seu turno,LIBERDADE
distanciam-se da DE EXPRESSÃO
satisfação de interesses E
218
privados, visando ao regular exercício
POLÍTICA: das funções de Estado.
FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA
Recentemente, no bojo OU PLATAFORMA
do Agravo VIRTUAL
Regimental na Petição EDITORIAL?
nº 5.714219 interposto por
Fábio Luís Lula da Silva (Lulinha) contra decisão que negou seguimento à queixa-crime
proposta contra o deputado federal Domingos Sávio (PSDB), houve posicionamento impor-
tante da Suprema Corte no que tange aos contornos da imunidade parlamentar.

Sob a alegação do acometimento do crime de calúnia, difamação e injúria (tipificados


nos arts. 138, 139 e 140 e/c art. 140, III, do Código Penal), tendoAléxia Duarte
em vista Torres1
entrevistas
concedidas pelo deputado no programa “Bom Dia – Divinópolis” da Rádio Minas, no ano de
2015, o deputado Domingos Sávio foi processado pelas seguintes manifestações:
RESUMO Essa roubalheira na Petrobrás começou lá no governo Lula e o Lulinha, filho
dele, é um dos homens mais ricos do Brasil… e ficou rico do dia pra noite,
A missão explícita
assim do Facebook,
num passe rederico,
de mágica, social quedatem
fruto conquistado
roubalheira queovirou
coração
este epaís
consumido
(…)
Tem cada
um tempo que investigar
vez maioro Lula, temdeque
da vida investigar
milhões o Lulinha (…)
de brasileiros e indivíduos ao redor do
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
De acordo com Lulinha, inexistiria liame entre as declarações emanadas pelo de-
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
putado e o exercício do mandato eletivo, configurando-se apenas como ofensas pessoais
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
à sua figura. De toda sorte, negou-se provimento ao agravo por unanimidade dos votos.
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
Conforme relatório redigido pela Ministra Rosa Weber:
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
mesmoComo destacado
espaço na decisão
e visibilidade agravada, Essas
na plataforma? o liame entre
são as declarações
as questões que essee oartigo
exer- se
propõecício parlamentar esta em que o agravado concedeu as entrevistas enquanto
a responder.
Deputado Federal, sobre assuntos pertinentes à condição de Congressista, em
especial seu emprenho em viabilizar as assinaturas necessárias à instauração
de uma CPI para investigar notícias massivamente divulgadas sobre ilicitudes
1. INTRODUÇÃO
relacionadas à PETROBRÁS.
ApesarEmdeambas
não ter
as sido criado ocomo
entrevistas, um teceu
agravado instrumento político,
críticas ao Governologo no seu
Federal início
à épo-
ca, como integrante do grupo de oposição política, à gestão do
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”, Partido dos
Trabalhadores.
o software colocava fotos Nesse contexto, verbalizou
dos estudantes de Harvard a necessidade
lado a lado do ex-Presidente
e permitia da
ao usuário
República, Luiz Inácio Lula da Silva, e seu filho, o ora agravante Fábio Luís da
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
Silva serem investigados/ fiscalizados em razão de, no seu modo de enxergar as
sexualmentecoisas,
atraentes.
ter o agravante enriquecido subitamente e sem explicação.
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
Nesse sentido, vale retomar o julgamento da Suprema Corte, no âmbito do Inquérito
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
3.932/DF abordado no capítulo anterior, que trata da denúncia contra Jair Bolsonaro pela
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
prática do crime de incitação do crime de estupro, esclareceu que, para que as manifesta-
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
ções de um parlamentar
inconformados com oestejam relacionadas
resultado ao exercício
do pleito nas eleiçõesdo mandato, devem,
presidenciais necessaria-
dos Estados Unidos,

218 HORTA, Raul Machado. Imunidades parlamentares. Disponível em: <https://www.direito.ufmg.br/revista/


1 index.php/revista/article/download/942/880>.
Mestranda em Direito pela Universidade Federal Acesso em: 1º
de Minas dez. 2017.
Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Direito
219 BRASIL. da Universidade
Supremo Federal
Tribunal Federal. de 5.714
AgR Minas–Gerais. GraduadaRelator
STF – Plenário. em Direito pela Rosa
Ministra Pontifícia
Weber.Universidade
Disponível Católica
em:
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
<http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=14203323>. Acesso em: 9 mar.
Endereço eletrônico: [email protected]
2018.

99
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSconter
mente, ERPteor
XEminimamente
ED EDAD REBreferido
político, IL ,KO OBque
a fatos ECestejam
AF sob o debate público,
ARsob
TUa Einvestigação
N ACIGdos ÓLórgãos
ONCestatais
ET ATou, Nainda,
EMAque RRseja
EF de:Ainteresse
CITÍLO da P
sociedade e do
eleitorado.220
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
Feitas tais considerações, para avançar, nada mais oportuno e essencial do que olhar
acurado no que tange ao dever institucional de decoro, o qual deve estar perfeitamente
alinhado com toda e qualquer atuação parlamentar, principalmente quando o legislador pre-
tende se ver “protegido” pelas imunidades atinentes ao exercício da função pública.
1
serroT etrauD aixélA
4. O DECORO PARLAMENTAR
Maria Helena Diniz define o termo “decoro”, na linguagem jurídica em geral, como:
OMUSER
“honradez, dignidade ou moral; decência; respeito a si mesmo e aos outros”.221
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
O termo encontra-se positivado no art. 53 da Constituição, o qual estabelece que
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
aquele parlamentar que não cumprir com o seu dever institucional de decoro poderá vir
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
a perder o mandato. A Carta Magna ainda define que, além do abuso das prerrogativas
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
constitucionais – neste ponto, referindo-se às imunidades –, o Regimento Interno de cada
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
uma das Casas poderá destrinchar aqueles atos que são incompatíveis com o decoro.222
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
o meussoAp partir
koobecda aF leitura
od soirdinâmica
ánoicnuf edosetexto
rodadnormativo
nuf sod sacom
iedi sconceito
a moc mejurídico
grevid epreviamente
uq
es oelencado,
git ra esse subentende-se,
euq seõtseuq saportanto,
oãs sassEque
?amaroConstituição
fatalp an edadda
ilibRepública
isiv e oçapconferiu
se omsemconotação
normativa ao termo “decoro”, atrelando a conduta parlamentar .rednoapspressupostos
er a eõporp essen-
ciais, tais como o respeito e as boas-maneiras, exigindo do representante o exercício de
previsibilidade de seu comportamento, com base naquilo que é esperado e validado pela
sociedade. OÃÇUDORTNI .1

oicíni uesNessa
on ogesteira,
ol ,ocitítendo
lop otnem
emvista
u rtsnasi mabordagens
u omoc odado irc capítulo
odis ret anterior,
oãn ed oraquesepAse propõe
,”hséaameracionalização
caF“ o omoc do etne“discurso
mlanigiro de odaódio”
irC .lacomo
icnetopotencial
p ues od ofensa
satsip aao vaddecoro
áj kooparlamentar
becaF o
oiráe,usportanto,
u oa aitimcomo
rep e conduta
odal a odpassível
al drav rade H punições
ed setnadadministrativas,
utse sod sotof adentre
vacolocelaseraawtperda
fos o do
saomandato.
ssep rangEsse
ised raciocínio
arap adasencontra
u sêlgni m e arveallegitimidade
raízes ap amu ,oãnnauoideia
”tohde“ aque
re ma eprópria
uq racinstituição
fiissalc
representativa do povo, a Câmara dos Deputados, será a responsável .setnepor
artadar
etnos
emcontornos
lauxes
e limites à liberdade de expressão de seus membros e, igualmente, à prerrogativa consti-
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
tucional da inviolabilidade, ou imunidade material, no intuito de proteger a honra coletiva
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
saudaquele
s mavaspalco
serpxsocial.
e e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
220 “não há como relacionar ao desempenho da função legislativa (prática in officio), ou de atos praticados em
,sodinU razão
sodado
tsEexercício
sod siadeicmandato
nediserpparlamentar
seõçiele (prática
san otipropter
elp odofficium),
odatluseasr opalavras
moc seoopiniões
damrofmeramente
nocni
pessoais, sem relação com o debate democrático de fatos ou ideias e, portanto, sem vínculo com o exercício
das funções cometidas a um Parlamentar.”
221 DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
edad222
lucaFArt.
ad o55.
ãçaPerderá
udarG-soóPmandato
ed amarogoDeputado
rP – siareou
G sSenador:
aniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilóIIta–Ccujo
edadprocedimento
isrevinU aicífitfor
noPdeclarado
alep otierincompatível
iD me adaudacom
rG .soiadecoro
reG sanparlamentar;
iM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
1º – É incompatível com o decoro .813parlamentar,
5056566184além752/rdos
b.qpcasos
nc.setdefinidos
tal//:ptth :no
settregimento
al olucírruC .siareGo sabuso
interno, aniM edas
d prerro-
gativas asseguradas a membro do Congresso Nacionalm ouoca.lpercepção
iamg@otudde aixvantagens
ela :ocinôrindevidas.
tele oçerednE

,ARIE100
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
O processo de responsabilização LIBERDADE
deverá ser desenvolvido DE EXPRESSÃO
mediante a ponderação E
dos princípiosPOLÍTICA:
e das garantias constitucionais:
FERRAMENTA liberdade de expressão, imunidades
TECNOLÓGICA parla-
NEUTRA
mentares, igualdade e dignidade da pessoa humana.
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
Entende-se que atos de ofensa ao decoro parlamentar culminam na injusta ofensa
à respeitabilidade institucional do Poder Legislativo. Funda-se, portanto, neste aspecto, a
legitimidade ético-jurídica do procedimento constitucional disciplinar contra o parlamentar,
o qual poderá acarretar, inclusive, a cassação do mandato, em ordem a excluir, da comu-
nhão dos legisladores, membro que tenha se mostrado indigno do desempenho da honrosa 1
Aléxia Duarte Torres
função de representar o povo, de formular a legislação nacional e de fiscalizar e controlar as
demais instâncias governamentais da federação.223

De todo modo, cabe desde já esclarecer que não é qualquer discurso ofensivo que
RESUMO
pode vir a se enquadrar como discurso de ódio. Defende-se a análise precípua do elemento
A missão
subjetivo da explícita
conduta, do Facebook,
tal como rede
é elencando social
pelos que tem conquistado
Princípios de Camden orao coração e consumido
introduzidos 224
,
no sentido de que o parlamentar ao proferir a seu discurso deve ter a intenção de ofender do
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros
225 e indivíduos ao redor
mundo,
determinado é manter
grupo para que o mundo mais aberto,
a sua conduta conectado
se enquadre emediscurso
civilmente
deengajado.
ódio. Sua atuação
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
5. O CÓDIGO DE ÉTICA
a informação E DECORO PARLAMENTAR
ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
A apresentação do Código de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputa-
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
dos226 caracteriza a atividade parlamentar como responsável pela transformação dos an-
propõe a responder.
seios populares em ações políticas. A ausência dessa espécie representativa conduziria ou
a uma organização social moldada por valores elitistas minoritários ou à completa desor-
dem1.de multidões.
INTRODUÇÃO
Propõe-se que a atuação do membro legislativo deve sempre gozar de credibilida-
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
de, uma vez que não há democracia sem representação, tampouco, representação sem
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
credibilidade. Esta, a credibilidade, corresponde à tomada de iniciativa do parlamentar na
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
busca do bemquem
classificar comum,era evitando
“hot” ouinteresses
não, umaprivados e a exploração
palavra em dopara
inglês usada cargodesignar
para usufruir
pessoas
227
de benesses.
sexualmente atraentes.
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
223 Nesse sentido se manifestou o Ministro Celso de Mello: “Cumpre insistir na asserção de que a prática de
turaram as imagens
atos atentatórios ao decorodeparlamentar,
identificação
mais do dos
que estudantes,
ferir a dignidadeos próprios
individual usuários
do próprio começaram
titular do mandato
legislativo, projeta-se, de maneira altamente lesiva, contra a honorabilidade, a respeitabilidade, o prestígio e
a atrocar as suas
integridade fotos por imagens
político-institucional comvulnerando,
do Parlamento, textos dedeprotestos ou que grave,
modo extremamente expressavam suas
valores cons-
titucionaispolíticas,
opiniões que atribuem, ao Poder
algo Legislativo,
similar a sua indisputável
às mudanças de fotoe eminente
do perfil condição de órgão
por parte de daindivíduos
própria
soberania nacional”. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/visualizarEmenta.asp?s1=
inconformados com o resultado doAcesso
000003286&base=baseMonocraticas>. pleitoem:
nas18eleições
dez. 2017.presidenciais dos Estados Unidos,
224 Vale também relembrar que é a regra na seara do Direito Penal.
225 Aqui emprega-se o termo discurso de forma ampla, ou seja, abarcando as diversas formas de manifestação
humana, seja a escrita, a fala, as manifestações artísticas e, até mesmo, as omissões.
2261 CÂMARA
Mestranda
DOSem Direito pela Código
DEPUTADOS. Universidade
de ÉticaFederal de Minas
e Decoro Gerais –daPrograma
Parlamentar de Pós-Graduação
Câmara dos Deputados. 2002. da Faculdade
Brasí-
lia. de
Disponível
Direito daem: <http://www2.camara.leg.br/a-camara/estruturaadm/eticaedecoro/arquivos/Codigo%20
Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
de%20Etica%20da%20CD.pdf>. Acesso
de Minas Gerais. Currículo lattes: em: 1º dez. 2017.
http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço eletrônico: [email protected]
227 Ibidem.

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:101
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSOSECódigo
RPXE de E D Erepresenta
Ética DADRE BIL ,KO
importante OBECAjurídico,
instrumento F fonte normativa de
ARefeitos
TUEinternos,
N ACIque GÓlegitima
LONum CEnovo
T AT influxo
NEM deA
diálogo
RREFparlamentar-cidadão,
:ACITÍLOP pautado na
responsabilidade social e política de cada um dos membros daquela Casa. Elenca princípios
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
éticos e regras precípuas de conduta que devem ser o norte de atuação daqueles que exer-
cem a honrosa função de deputado federal, entre elas a promoção da defesa do interesse
público e da soberania nacional, além da conduta pautada na dignidade e no respeito à
coisa pública, à vontade popular, com atenção à boa-fé e à probidade.228
1
serroT eOtrart.
auD 4º ado
ixCódigo
élA de Ética descreve os atos incompatíveis com o decoro parlamen-
tar, cuja punição é a perda do mandato: abusar das prerrogativas constitucionais assegura-
das aos membros do Congresso Nacional (Constituição Federal, art. 55, § 1º), referindo-se,
neste ponto, à imunidade material; perceber vantagem indevida, seja em proveito próprio
ou alheio; celebrar acordo objetivando a posse de suplente, a partir deOMcontraprestação
USER
financeira ou de prática contrária aos deveres éticos; fraudar o andamento dos trabalhos
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
legislativos no intuito de alterar o resultado da deliberação e omitir informação relevante ou
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
prestar informação falsa.
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
e odúetnoJá c eod art.
oãçi5º,
rtserdescreve
ed sacitíloutros
op sausatos
e euatentatórios
qatsed odahaonagdecoro,
met occujas
itílop osanções
iránec onsão varia-
odndas,
azitarestando
comed koelencadas
obecaF o airno
atsEart.
.sa10:
cimêcensura,
lop rareg averbal
maunitou
nocescrita;
omtirogsuspensão
la ed oãçazilade
nosprerrogativas
rep
socregimentais;
itílop sodit rapsuspensão
e sotadidnactemporário
,setnerefid do
sacexercício
itílop seõsdo
iV ?mandato
a-odnazilaertperda
nec uodo oãçmandato.
amrofni a Aplica-se
o mcada
eussopenalidade
p koobecaFdeodacordo
soiráncom
oicnuaf natureza
e serodadda nuinfração
f sod saicombatida
edi sa moc emaesua grevigravidade,
d euq bem
es ocomo
git ra edos
sse danos
euq seõcausadas
tseuq sa oàãsCâmara,
sassE ?aasmrcircunstâncias
ofatalp an edadatenuantes
ilibisiv e oçae/ou
pse oagravantes
msem e os
antecedentes do representado. .rednopser a eõporp

6. ANÁLISE DE CASOS OÃÇUDORTNI .1


O objetivo primordial deste capítulo consiste na análise alguns procedimentos disci-
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
plinares por quebra de decoro parlamentar, no que cinge à temática do “discurso de ódio”,
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
com o objetivo de fomentar debates sob os movimentos interna corporis de responsabiliza-
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
ção por atitudes e posicionamentos incoerentes com o exercício do mandato.
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
Outrossim, pretende-se, a partir da apreciação das manifestações .setnearteadas
etnejustificativas
mlauxes
dos votos no âmbito dos procedimentos administrativos, compreender e traçar conclusões
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
acerca de como a temática do discurso de ódio tem sido tratado pelo Parlamento. Nada
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
obstante, ao final, anseia-se propor medidas que possam vir a aperfeiçoar a condução dos
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
trabalhos disciplinares, principalmente no que diz respeito a uma maior adequação entre o
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
que é realizado pela tribuna, aquilo que a Ordem Constitucional prega e o que a sociedade
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
espera e carece.

edad228
lucaFArt.
ad o3ºãçSão
audadeveres
rG-sóP efundamentais
d amargorP –do siadeputado:
reG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló taC edI a–dpromover
isrevinU aaicídefesa
fitnoP ado
lepinteresse
otieriD mpúblico
e adaudearda
G .soberania
siareG sannacional;
iM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
IV – exercer o mandato com .813dignidade
50565661e84respeito
752/rb.àqpcoisa
nc.sepública
ttal//:ptteh à:svontade
ettal olucpopular,
írruC .siagindo
areG sacom
niM boa-fé,
ed zelo
e probidade; moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE102
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
Desde o ano de 2011, LIBERDADE
24229 procedimentos DE EXPRESSÃO
disciplinares foram instaurados. Entre E
230
estes, seis POLÍTICA:
têm seu objeto abarcado,
FERRAMENTAmesmo queTECNOLÓGICA
tangencialmente, pela temática
NEUTRA do
discurso de ódio. Passa-se, portanto, à análise de alguns exemplares, a fim de desenvol-
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
ver os objetivos ora propostos.

6.1 Processo disciplinar contra Jair Bolsonaro (REP nº 06/2001)


O Programa “CQC – Custe o Que Custar”, da TV Bandeirantes exibiu, no dia 2 de
março de 2011, uma participação do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) no quadro
Aléxia DuarteO Torres
povo 1
quer saber. Na referida apresentação, foram realizadas perguntas, previamente gravadas,
as quais seriam posteriormente exibidas na tela de um computador para o entrevistado.
Entre os questionamentos, a cantora Preta Gil indagou: “Se o seu filho se apaixonasse
RESUMO
por uma negra, o que você faria?”.
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
A resposta
um tempo docada
deputado Jair Bolsonaro
vez maior da vida de fora: “Ô Preta.
milhões Eu não evou
de brasileiros discutir ao
indivíduos promis-
redor do
cuidade com quem quer eu seja. Eu não corro esse risco. E meus filhos foram muito
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação bem
educadosnoe não viveram
cenário em tem
político um ambiente como lamentavelmente
ganhado destaque e suas políticasé de
o teu”.
restrição de conteúdo e
Com personalização de algoritmo
base nos fatos narrados,continuam
o partidoa gerar
PSOLpolêmicas. Estaria o Facebook
(Partido Socialismo democratizando
e Liberdade) pro-
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos
moveu representação por quebra de decoro parlamentar contra Jair Bolsonaro, ao argu- e partidos políticos
mento de que
que divergem com
o deputado as ideias
haveria dos fundadores
associado a figura dae mulher
funcionários
negra do Facebook possuem
à promiscuidade, em o
mesmo
patente ato espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
de racismo.
propõe a responder.
Em que pese o partido ter legitimidade na propositura da representação, tudo indica
que a linha de argumentação desenhada não se mostrou razoável. Ao discorrer acerca da
imunidade
1. parlamentar, afirmou-se que a pergunta feita ao deputado Jair Bolsonaro teria
INTRODUÇÃO
sido pessoal, pois a interlocutora utilizou a frase “Se o seu filho”. Consequentemente, a
Apesar
resposta do de não ter
representado nãosido criado
poderia como um
se encaixar comoinstrumento
manifestação político, logo pelo
protegida no seu início
manto
da oimunidade
Facebookparlamentar,
já dava pistas do naquele
pois, seu potencial.
momento,Criado
Jairoriginalmente
Bolsonaro nãocomo o “Facemash”,
respondia como
membro do Legislativo. Obviamente, o deputado estava naquele programa em razãousuário
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao do
classificar
cargo quem
que exerce e a era
sua“hot” ou não,traria
participação umaenorme
palavraaudiência
em inglêsà usada
emissora.paraTornou-se
designar figura
pessoas
sexualmente
pública por suasatraentes.
manifestações acaloradas e, muitas vezes, criticáveis, de modo que é
tarefa quase árduaque
Depois separar a sua figura
seus criadores política em
acessaram relação
a rede de àsegurança
privada. da universidade e cap-
turaram as imagens
Em análise ao votodedeidentificação
Sérgio Britodos estudantes,
(PSD-BA), os do
relator próprios usuáriosdisciplinar,
procedimento começaram
a trocar asmanifestação
constatou-se suas fotos por imagens
favorável cominicial
à peça textosdede protestos ou ao
representação, queargumento
expressavam suas
de que
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de
estaria apta a prosseguir, pois trouxera fatos que, ao menos em tese, poderiam configurar indivíduos
inconformados
abuso de prerrogativacomdaoimunidade
resultado do pleito nas sendo,
parlamentar, eleiçõesàquela
presidenciais dos Estados
época, recentes e nãoUnidos,
evi-

229 REP 7/2011; REP 1/2011; REP 6/2011; AM 6/2011; REP 12/2012; REP 17/2012; REP 22/2013; REP
1 20/2013;
Mestranda
REPem Direito pela
26/2014; REP Universidade
25/2014; REPFederal de Minas
3/2015; Gerais –REP
REP 5/2015; Programa
1/2015;deREP
Pós-Graduação
4/2015; REPda9/2016;
Faculdade
REPde12/2016;
Direito daREP
Universidade
10/2016; Federal de Minas
REP 8/2016; REPGerais. Graduada
11/2016; em Direito
REP 7/2016; REPpela Pontifícia
14/2016; REPUniversidade Católica
9/2016 (dados
obtidos por meio
de Minas do Currículo
Gerais. Canal de Transparência da Câmara dos Deputados).
lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
230 REP Endereço
06/2011; eletrônico: [email protected]
REP 2/2015; REP 3/2015; REP 7/2016; REP 8/2016; REP 11/2016.

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:103
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSERatípicos.
dentemente PXE EODrelator,
EDAportanto,
DREBlimitou-se
IL ,KOaOfazer
BEC AF preliminar da admissibi-
análise
ARlidade
TUEdaNrepresentação,
ACIGÓLO não
Nentrando
CET Ano TNmérito
EMAdaRdiscussão
REF :Aacerca
CITÍLdeOoPdeputado estar
ou não protegido pela imunidade parlamentar.
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
Da análise das notas taquigráficas referentes à fase procedimental no âmbito do Con-
selho de Ética, houve posicionamentos favoráveis e contrários ao parecer elaborado por
Sérgio Brito. De todo modo, o Conselho pronunciou-se pela inépcia/falta de justa causa da
representação, em decisão terminativa. Conclui-se que a gravidade da perda do mandato
1 seria, e muito, superior à gravidade da conduta do deputado. Deu-se a aniquilação do pro-
serroT etrauD aixélA
cedimento e, muito embora contra aquela decisão coubesse recurso ao Plenário, nenhum
foi proposto.231

Aferiu-se que determinadas manifestações, principalmente aquelas em defesa ao


OMUSER
deputado processado, saltam aos olhos por sua incoerência jurídica, principiológica e
odim usnoc e oãComo
sistêmica. çaroc oneste
odatscurto
iuqnoctexto
met enão
uq lahá
icoespaço
s eder ,kpara
oobecaaanálise
F od aticde
ílpxtodo
e oãssoimprocedimen-
A
od to,
rodereproduz-se
r oa soudívidanlinha
i e sode
rieliraciocínio
sarb ed seelencada
õhlim ed apelodiv adeputado
d roiam zeOnyx
v adaLorenzoni
c opmet m(DEM-RS),
u
oãçresponsável
auta auS .odapela
jagneredação
etnemlivdoic eRelatório
odatcenodo c ,oParecer
t reba siVencedor,
am odnum pois
o retnaquele
am é ,otexto
dnumacaba por
e odconglobar
úetnoc edeoresumir
ãçirtser aedargumentação
sacitílop saussustentada
e euqatsedpelosodahnparlamentares
ag met ocitílopqueoirávotaram
nec on contra a
odnrepresentação
azitarcomed koodobecPSOL.
aF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
o meussoDe p kinício,
oobecaLorenzoni
F od soiráparece
noicnuf ter
e sse
eroesquecido
dadnuf soddesarealizar
iedi sa análise
moc mesistêmica
grevid euqda Consti-
tuição, elencando os dispositivos que lhe interessavam e não se manifestando
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem acerca da-
queles que lhe poderiam gerar alguma problemática em sua retórica .rednopser a eõporp deputado
em defesa do
Jair Bolsonaro.

Em certo momento de sua fala, conclamou o art. 53 da Constituição, o qual dispõe


OÃÇUDORTNI .1
acerca da imunidade material dos parlamentares, dizendo que esta seria inviolável. Em se-
oicíguida,
ni uesdiscorreu
on ogol sobre
,ocitíloopdispositivo
otnemu rtsconstitucional,
ni mu omoc oodaparágrafo
irc odis rprimeiro
et oãn edaquele
d rasepAartigo, que
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecdesde
prevê o STF como foro responsável pelo julgamento dos deputados e senadores, aF o a
232
oiráexpedição
usu oa aitdo ep e odal ,a caso
imrdiploma odal venham
drav raH aeser
d seprocessados,
tnadutse sodinclusive,
sotof avacivilmente
coloc erawport fosquem
o
saose
ssesinta
p ranprejudicado
gised arap por
adassuas
u sêpalavras
lgni me aervações,
alap am sugerindo
u ,oãn uoque
”tonão
h“ alhes
re m–euCâmara
q racfiisdos
salcDe-
putados – cabia analisar a responsabilidade de Jair Bolsonaro. .setnearta etnemlauxes
-pac e edEm
adisque
revinpese
u adtodas
açnaras ugeacusações
s ed eder afeitas
maraao
ssdeputado
eca serodJairairc Bolsonaro,
sues euq saioconclusão
peD do
maParecer
raçemocVencedor
soiráusufoisoairseguinte:
pórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
saus mavasserpxe(…) euq muito
uo soembora
tsetorp oedcompetente
sotxet moctrabalho
s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
do ilustre Relator, Deputado Sérgio
soudívidni ed et rapBrito,
ropnãolfi rehá
p como
od otacolher
of ed saaçRepresentação
nadum sà ralproposta
imis oglaem,sdesfavor
acitílop do
seõDeputado
inipo
,sodinU sodatsE soJair
d siBolsonaro,
aicnediserppois seõtal
çiecaminho
le san otsignificaria
ielp od odacolocar
tluser oomRegimento
oc sodamdo rofConselho
nocni

231 CONSELHO DE ÉTICA E DECORO PARLAMENTAR. Representação n. 6. Disponível em: <http://www2.ca-


edadlucaFmara.leg.br/a-camara/estruturaadm/eticaedecoro/pareceres/parecer-preliminar_rep-06_2011_jair-bolsona-
ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edro_relator-sergio-brito>.
adisrevinU aicífitnoP alepAcesso
otieriD em:
me a10
danov.
udarG2017.
.siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
232 Art. 53. § 1º Os Deputados .8135e05Senadores,
656618475desde
2/rb.qpanexpedição
c.settal//:ptdo
th :diploma,
settal olucserão
írruC .submetidos
siareG saniMa ejulgamento
d
perante o Supremo Tribunal Federal. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE104
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
de Ética desta LIBERDADE
Casa Legislativa acima da Constituição DE EXPRESSÃO
da República E
que, em seu
artigo 53, dispõe literis (…)
POLÍTICA: FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA
Ao que tudo indica, incorreu-se em equívocos. Inicialmente,
OU PLATAFORMA VIRTUAL o foro EDITORIAL?
por prerrogativa
de função restringe-se às ações de natureza penal, não civil, de modo que, caso alguém
se sinta ofendido pelas palavras do parlamentar, deverá buscar a Justiça comum. Por con-
seguinte, uma vez estabelecido o foro, aí sim seria o momento de se discutir se haveria ou
não interesse233 na propositura da demanda, haja vista a garantia da imunidade material, a
qual, vale ressaltar, não é absoluta.234
Aléxia Duarte Torres1
É igualmente estarrecedor o fato de transferir toda uma responsabilidade ao Judici-
ário, sendo que a própria Constituição, em seu art. 55, § 1º,235 confere ao Parlamento a
possibilidade de instauração de procedimento disciplinar, justamente pelo abuso de prer-
RESUMO
rogativa.
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
A Carta Magna conferiu ao Parlamento o nobre ofício de julgamento de seus mem-
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
bros. Retoma-se, todavia, que esta não é uma prerrogativa restrita ao Legislativo. O mesmo
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
se observa, por exemplo, no Poder Judiciário, conforme dispõe a Loman:236
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
Art. 33 –deSão
personalização prerrogativas
algoritmo do amagistrado:
continuam gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
IV – não
a informação ouestar sujeito a notificação
centralizando-a? ou a intimação
Visões políticas para
diferentes, comparecimento,
candidatos e partidos salvo
políticos
se expedida
que divergem comporas autoridade
ideias dosjudicial;
fundadores e funcionários do Facebook possuem o
mesmoParágrafo
espaço eúnico – Quando,
visibilidade no curso deEssas
na plataforma? investigação, houver indício
são as questões da prática
que esse artigo se
de crime por parte do magistrado, a autoridade policial, civil ou militar, remeterá
propõe a responder.
os respectivos autos ao Tribunal ou órgão especial competente para o julgamen-
to, a fim de que prossiga na investigação.

1. NãoINTRODUÇÃO
bastasse isso, durante a tramitação no Conselho, Lorenzoni deixara transparecer
a postura corporativista e de resguarde que permeia aquela Casa Representativa. Demons-
tra receio Apesar
de que, de não ter
ao votar sido criado como
favoravelmente um instrumento
à representação, político,
abrir-se-á logo no
precedente seu início
perigoso,
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
admitindo a possibilidade de penalizar-se um de seus membros com a perda de mandato, o
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
233 Aqui se entende interesse por um dos pressupostos da ação. Nesse sentido, o STF já se posicionou: A inci-
sexualmente atraentes.
dência da imunidade parlamentar material – por tornar inviável o ajuizamento da ação penal de conhecimento
e da ação de indenização civil, ambas de índole principal – afeta a possibilidade jurídica de formulação e,
Depois
até mesmo, que seus criadores
de processamento do próprioacessaram a rede de
pedido de explicações, emsegurança da meramente
face da natureza universidade e cap-
acessória
turaram
de que seasreveste
imagens de identificação
tal providência dos estudantes,
de ordem cautelar. (…) Onde não os próprios
couber usuários começaram
a responsabilização penal e/ou
civil do congressista por delitos contra a honra, porque amparado pela garantia constitucional da imunidade
a parlamentar
trocar as material,
suas fotos por não
aí também imagens coma utilização,
se viabilizará textos decontra
protestos ou que
ele, da medida expressavam
cautelar suas
da interpelação
opiniões políticas,
judicial. [AC 3.883 AgR,algo similar
rel. min. Celso às mudanças
de Mello, de foto
j. 10-11-2015, 2ª T,do
DJE perfil por parte de indivíduos
de 1º-2-2016.]
234inconformados
(…) talvez, no caso com in concreto,
o resultadoo parlamentar
do pleitoaonas proferir suas palavras
eleições estivesse dos
presidenciais protegido pelo manto
Estados Unidos,
da imunidade material. Vale ressaltar que há distinção entre o foro competente para julgar e o interesse na
demanda em si.
235 Art. 55 § 1º – É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos no regimento interno, o
1 abuso das prerrogativas
Mestranda em Direito asseguradas a membro
pela Universidade FederaldodeCongresso Nacional
Minas Gerais ou a percepção
– Programa de vantagens
de Pós-Graduação inde-
da Faculdade
vidas.
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
de Minas
236 BRASIL. Gerais. Currículo
Lei Complementar nº lattes:
35/1979.http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Dispõe sobre a Lei Orgânica da Magistratura. Disponível em: <http://
Endereço eletrônico: [email protected]
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp35.htm>. Acesso em: 2 fev. 2018.

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:105
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSem
qual, SEsuas
RPX E EDfora
palavras, EDlegitimamente
ADREBILconquistado
,KOOBnas ECurnas.
AF Justifica-se, mais uma
ARvez,
TUqueENo A
mandato
CIGÓdoLO parlamentar
NCET A éT
uma
NEdas
MA principais
RREF de :Arepercussões
CITÍLOP da Soberania
Popular.
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
Em que pese todo o posicionamento contrário, ressaltou, em uma tentativa de “limpar
as mãos”, que não concorda com as manifestações do representado e, para finalizar, cita
Voltaire, em uma frase de efeito: “Não concordo com uma palavra do que dizes, mas defen-
derei até o último instante o Direito de dizê-las”, como se ali estivessem debatendo acerca
1 de uma conversa entre particulares e não sobre a fala de um deputado, representante do
serroT etrauD aixélA
povo, de repercussão nacional.

Muito embora algumas críticas tenham sido direcionadas ao parecer e a algumas ma-
nifestações de Onyx Lorenzoni, obviamente não à sua pessoa,237 não se pode olvidar que
OMUSER
ela trouxe aspectos, talvez negativos, tanto do modelo de tramitação dos procedimentos
odim usnoc e oãçquanto
disciplinares aroc o ode
datalgumas
siuqnoc mprevisões
et euq laiclegais
os ededo
r ,kCódigo
oobecaFde
odÉtica
aticílpexDecoro
e oãssimParlamentar,
A
od as
rodquais
er oa merecem
soudívidnimaiores
e sorielisconsiderações.
arb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
e odúetnoDefende-se
c ed oãçirtseaqui,
r ed saacpriori,
itílop sque
aus ose eparlamentares
uqatsed odahnanão g mpodem
et ocitílodeixar
p oiránde
ec punir
on um de
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep portanto,
seus colegas com receio de que um dia possam sofrer as mesmas penas. Basta,
socnão
itílopincorrerem
sodit rap e snos
otadimesmos
dnac ,setnerros
erefid sdo
acagente
itílop seõpunido.
siV ?a-oAdnsanção
azilartneestá
c uo oaliãçpara
amroisso,
fni a ou seja,
o mpara
eussser
op kimplementada
oobecaF od soquando
iránoicnforuf enecessário.
serodadnuf Outrossim,
sod saiedi svale
a mrememorar
oc megrevidque euqa punição
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?amrofatalp an edadilibisiv e oçapse omsevisa
disciplinar também tem caráter pedagógico, sendo importante instrumento que m ao ces-
sar de condutas indesejadas. .rednopser a eõporp
Não é demais relembrar que a existência do Código de Ética e do procedimento dis-
ciplinar interno tratam de previsão Constitucional, tendo a sua razão de ser na ideia de que
OÃÇUDORTNI .1
foi o próprio Poder Constituinte Originário que conferiu aos parlamentares a prerrogativa
oicíde
ni ujulgar
es onseus
ogopares,
l ,ocitílno
op que
otnediz
murespeito
rtsni muàs omcircunstâncias
oc odairc odisrelacionados
ret oãn ed aoraseexercícios
pA do
,”hsmandato.
amecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
Com o arquivamento, findou-se oportunidade valiosa de discutir aquela fala em maior
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
profundidade e também de dar-lhe a reprimenda que fosse proporcional ao seu impacto não
.setnearta etnemlauxes
só social, mas também à imagem daquela Casa.
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
No que diz respeito às previsões do Código de Ética, de acordo com o art. 4º do refe-
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
rido diploma, o abuso das prerrogativas constitucionais asseguradas aos membros do Con-
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
sougresso
dívidni Nacional
ed et rap(Constituição
rop lfi rep odFederal,
otof edart.
sa55,
çna§du1º),
m sreferindo-se,
à ralimis ogneste
la ,saponto,
citílop àseimunidade
õinipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc soddo
parlamentar, será punível apenas com uma modalidade de sanção: a perda ammandato.
rofnocni
Dito isso, é fato que aquele procedimento disciplinar culminaria em arquivamento, ou
o deputado Jair Bolsonaro perderia o seu mandato – caso não fosse acusado de outra con-
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
237 Até mesmo porque não pode .8135se
05esperar,
6566184ao
75menos
2/rb.qpem
nc.stese,
ettal/que
/:pttum
h :sdeputado
ettal olucírtenha
ruC .sconhecimentos
iareG saniM ed jurídicos
tão aprofundados. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE106
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
duta tipificada no Código que pudesse ensejar LIBERDADE
outra sanção. Não háDE EXPRESSÃO
meio-termo, dosagem, E
aplicação da sanção de acordoFERRAMENTA
POLÍTICA: com o caso concreto,TECNOLÓGICA
a menos não no que diz NEUTRA
respeito à
sanção imputável ao parlamentar que abusa de suas prerrogativas constitucionais, bem
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
como de todas as outras condutas descritas no art. 4º.238

6.2 Processo disciplinar contra Jeans Wyllys (REP nº 11/2016)

No que diz respeito à representação contra o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), muito 1
Aléxia Duarte Torres
embora o parlamentar não tenha sido acusado de ter proferido discurso de ódio, suas
manifestações em redes sociais, gatilho do procedimento disciplinar, de certo modo, tan-
genciam a temática.
RESUMO
O Partido Social Cristão (PSC) deu início à representação após a publicação de Jean
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
no Facebook:
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
mundo,Quando criticamos
é manter o mundoosmais
discursos
aberto,deconectado
ódio dos “bolsomitos” “malafaias”
e civilmente engajado. Suae “feli-
atuação
cianos” e “euricos” e das “marisas lobo” e “ana paulas valadões”
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdoda vida e do e
legislativo contra gays, lésbicas e transexuais estamos pensando justamento
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
no quanto o discursos de ódios proferidos por essas pessoas – agora em alta
a informação
(…) – ou centralizando-a?
podem levar pessoasVisões
“ depolíticas
bem” adiferentes, candidatos
praticar atos e partidos
de violência física-políticos
as-
que divergem
sassinatos e agressões físicas- contra membros da comunidade LGBT.possuem
com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook Delírios o
mesmohomofóbicos
espaço e visibilidade na plataforma?
reproduzidos por políticosEssas sãoreligiosos
e lideres as questões que esse239artigo
mentirosos. (gri- se
propõefos da autora)
a responder.

O membro do PSOL foi acusado de praticar as condutas descritas no art. 4º, I –


abuso
1. de INTRODUÇÃO
prerrogativas constitucionais –, art. 5º, III – prática de ofensas físicas ou morais
contra membros da Casa ou em seu recinto – e X240.
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
Interessante
o Facebook mostrou-se
já dava a defesa
pistas do de Jean Wyllys,
seu potencial. que afirmou em
Criado originalmente momento
como algum
o “Facemash”,
ter oimputado
softwareo colocava
massacrefotos dos pessoas,
àquelas estudantes
masde apenas
Harvardfez lado
umaalerta
lado epara
permitia ao usuário
os efeitos de
classificar
discursos ódioquem era “hot”Consoante
homofóbicos. ou não, uma palavra em
o deputado, inglês usada para
o pronunciamento não designar pessoas
é só um direito
sexualmente
parlamentar, masatraentes.
um dever como representante de cidadãos e cidadãs que compartilham
da dor e da indignação
Depois perante
que seus os “discursos
criadores de ódio”
acessaram a redeede
suas consequências,
segurança as quais,eno
da universidade cap-
241
Brasil, são cada
turaram dia maisde
as imagens alarmantes.
identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
238opiniões políticas,
Provavelmente, a lógicaalgo
destasimilar
previsão às
devamudanças
residir no fatode fotoaquelas
de que do perfil porsão
condutas parte de indivíduos
tão graves que sua
reprimenda não poderia ser outra que não a perda do mandato.
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
239 FOLHA POLÍTICA. Conselho de Ética instaura processo contra Jeans Wyllys. Disponível em: <http://www.
folhapolitica.org/2016/08/conselho-de-etica-instaura-processo.html>. Acesso em: 4 jan. 2018.
240 Este inciso previa “deixar de observar intencionalmente os deveres fundamentais do Deputado, previstos no
1 art.Mestranda
3 deste código”. Atualmente
em Direito revogado. Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
pela Universidade
de Direito
241 BRASIL. da Universidade
Câmara Federal
dos Deputados. de Minas
Defesa EscritaGerais.
de JeanGraduada em Direito
Wyllys. 2016. pela Pontifícia
Disponível Universidade Católica
em: <http://www.camara.
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1501034&filename=Tramitacao-REP+11/2016>.
Endereço
Acesso em: 20eletrônico: [email protected]
nov. 2017.

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:107
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSArgumentou,
SERPXE E D EDque
inclusive, ADestava
REBIprotegido
L ,KOO BE
pela CAF material, pois sua ma-
imunidade
ARnifestação
TUEN tem ACconteúdo
IGÓLOeminentemente
NCET ATN político,
EMAao RRdenunciar
EF :ACumaITÍsituação
LOP também de
natureza política que produz gravíssimas consequências sociais e humanas. Neste aspecto,
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
em que a imunidade material vai além das fronteiras do Parlamento, não se pode deixar de
concordar com o posicionamento do deputado, tendo em vista a jurisprudência firmada
do STF,242 bem como as interpretações doutrinárias acerca das abrangências da referida
imunidade.
1
serroT eFato
trauque
D achama
ixélA a atenção, entretanto, é que o seu partido, o PSOL, havia promovido
representação contra o Jair Bolsonaro, ao argumento de que não estaria protegido pela
imunidade material ao dar uma resposta reprovável em um ambiente distinto do Parlamen-
to. Esta incoerência de defesas promovidas pelo mesmo partido apenas demonstra que a
disputa política acaba por falar mais alto do que as próprias questões materiais, OMUSER morais e
sociais
odim usnoc colocadas
e oãçaroc oemodapauta,
tsiuqnode
cmmodo
et euqque
laicoosposicionamento
eder ,koobecaF ode
d aum
ticílmesmo
pxe oãsspartido
im A é vaci-
lante, conforme os interesses de seus correligionários.
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
oãçauta auRetornando
S .odajagneàetdefesa
nemlivicpromovida
e odatcenoporc ,otJean
reba sWyllys,
iam odnoum o retnam em
deputado, é ,odconclusão,
num fez
e odalusão
úetnocà e“jurisprudência”
d oãçirtser ed sado citConselho,
ílop saus eretomando
euqatsed oas dahpalavras
nag metdo ocdeputado
itílop oiránNelson
ec on Marche-
odnzan,
azitarrelator
comed dokooProcesso
becaF o airanº
tsE5/2015:
.sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
A intervenção punitiva deste conselho deve ser exercida com parcimônia, sob o
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
risco de prejudicar o funcionamento das instituições democráticas, criando-se
es ogit ra esse euq sumaeõtsesituação
uq sa oãde s stemor
assE ?de
amuso
rofada
talppalavra,
an edadjustamente
ilibisiv e oçno apsParlamento,
e omsem que é a
ultima trincheira do direito à Liberdade de Expressão. .rednopser a eõporp

Ao final, o procedimento disciplinar foi novamente arquivado. A mesma argumenta-


ção tecida no processo contra Jair Bolsonaro fora reproduzida pelo OÃrelator
ÇUDORJúlio
TNI Delgado.1
(PSB-MG) no Parecer Conclusivo:
oicíni ues on ogolDiante
,ocitílodessa
p otnanálise
emu rtsnperfunctória
i mu omocnaodesteira
airc oddosis rprecedentes
et oãn ed radeste
sepAConselho,
,”hsamecaF“ o omnão oc esetnedeve
mlanadmitir
igiro oodaprosseguimento
irC .laicnetop udeste
es odprocesso
satsip adisciplinar,
vad áj koosendo
becaFque o o
oiráusu oa aitimrepseu e oprosseguimento
dal a odal dravtem raH oedcondão
setnaddeutsabrir
e soperigoso
d sotof aprecedente
vacoloc ernaawobstaculi-
t fos o
saossep rangised azação
rap addosasudireitos
sêlgni necessários
me arvalap para
amu o,opleno
ãn uocumprimento
”toh“ are medouqmandato
racfiissaparla-
lc
mentar.
.setnearta etnemlauxes
A postura de resguarde daquela Casa mostrou-se mais uma vez evidente. Como se o
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
procedimento disciplinar fosse apenas um fim em si mesmo, uma vez que o seu resultado
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
já é sempre esperado: o arquivamento.
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sod242
inU BRASIL.
sodatsSupremo
E sod sTribunal
iaicnedFederal.
iserp sInquérito
eõçielenºs2332
an otAGR
ielp –oSTF
d od– aPlenário.
tluser oRelator
mocMinistro
sodamCelso
rofnodecnMello.
i
Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/constituicao/artigobd.asp?item=%20708>. Acesso em: 20
nov. 2017.A exemplo, cita-se o julgado: “A cláusula de inviolabilidade constitucional, que impede a respon-
sabilização penal e/ou civil do membro do Congresso Nacional, por suas palavras, opiniões e votos, também
abrange, sob seu manto protetor, as entrevistas jornalísticas, a transmissão, para a imprensa, do conteúdo
edadlucaFde adpronunciamentos
oãçaudarG-sóP edouam dearrelatórios
gorP – siaproduzidos
reG saniM enas
d larCasas
edeF edLegislativas
adisrevinU aeleas
p odeclarações
tieriD me adnfeitas
artseM 1
aos meios
acilótaC eddeadcomunicação
isrevinU aicífitsocial,
noP aleeis
p otque
ieriDtais
me manifestações
adaudarG .siare–Gdesde
saniMque ed lvinculadas
aredeF edadao isrdesempenho
evinU ad otierdo
iD emandato
d –
qualificam-se como natural .8135projeção
0565661do 847exercício
52/rb.qpndas
c.seatividades
ttal//:ptth :parlamentares.
settal olucírruC [Inq
.siare2.332
G saniAgR,
M ed rel. min.
Celso de Mello, j. 10-2-2011, P, DJE de 1º-3-2011.]”. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE108
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
6.3 Processo disciplinar contra AlbertoLIBERDADE DE EXPRESSÃO
Fraga (REP nº 02/2015) E
POLÍTICA:
O Partido FERRAMENTA
Comunista do Brasil (PCdoB) promoveuTECNOLÓGICA NEUTRA
contra Alberto Fraga (DEM-DF) a
OU
Representação nº 02/2015, por PLATAFORMA
atentado VIRTUAL EDITORIAL?
ao decoro parlamentar.
No decorrer da sessão do dia 6 de maio de 2015, o deputado teria se referido a
Jandira Feghali (PCdoB-RJ) nos seguintes termos: “Senhor presidente, bate como homem,
tem de apanhar como homem também?”. Depois, retornou e acrescentou: “Eu digo sempre
que mulher que participa da política e bate como homem tem de apanhar como homem
também”. Aléxia Duarte Torres1
A acusação justificou-se argumentando que o deputado teria “assomado” a tribuna
após proferir palavras incitando o ódio e a violência contra a mulher, caracterizando-se em
episódio de enorme repercussão na mídia e nas redes sociais, comprometendo a imagem
RESUMO
da Câmara dos Deputados.
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
As um
condutas
tempoforam amoldadas
cada vez maior daaovida
art.de VI243, odequal
4º,milhões fora revogado,
brasileiros muitoao
e indivíduos embora
redor do
apresentasse
mundo,conceitos indeterminados
é manter o mundo maiscujos efeitos
aberto, eram amplíssimos
conectado e cuja penalização
e civilmente engajado. Sua atuação
seria a perda do mandato,
no cenário e também
político ao art.destaque
tem ganhado 5º, III, que tipifica
e suas a conduta
políticas de praticar
de restrição de ofensas
conteúdo e
físicas oupersonalização
morais contradeoutro membro
algoritmo do Parlamento
continuam ou nasEstaria
a gerar polêmicas. dependências
o Facebookdademocratizando
Câmara e
a informação
cuja penalização escrita244. Visões
ou centralizando-a?
é a censura políticas
Conclui-se, diferentes,
portanto, quecandidatos e partidos
a peça inicial políticos
do proce-
dimento não enquadrou a conduta do deputado no dispositivo que trata da tipificação do o
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem
abuso de mesmo espaço
prerrogativa e visibilidade De
constitucional. na plataforma?
todo modo, Essasa antigasãoprevisão
as questões que esse
do inciso VI doartigo
art. se
4º poderiapropõe
abarcara responder.
as mais diversas condutas, inclusive, o abuso da imunidade.
O Parecer Preliminar foi redigido pelo deputado Washington Reis (DEM-RJ). Manifes-
tou-se
1. pelo arquivamento da representação ao argumento de que Alberto Fraga teria se uti-
INTRODUÇÃO
lizado daquelas palavras, consideradas ofensivas, no sentido figurado, o que se comprova,
inclusive, Apesar de não
pelo próprio teracalorado
clima sido criado como um
de debates queinstrumento
permeava o político,
Parlamentologonono seu início
momento
o Facebook
de sua fala.245 já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
Da análise
classificar quem dasera
notas taquigráficas
“hot” ou não, uma quepalavra
dizem respeito
em inglêsà tramitação
usada paradodesignar
procedimento
pessoas
disciplinar, algumas
sexualmente atraentes. falas merecem ser reproduzidas e apreciadas, muito embora o proce-
dimento tenha culminado em arquivamento.
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
243 Art. 4º:
a VItrocar as irregularidades
– Praticar suas fotos por imagens
graves com textos
no desempenho de protestos
do mandato ou decorrentes,
ou de encargos que expressavam
que afetemsuas
a
dignidade políticas,
opiniões da representação
algopopular.
similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
244 Art. 5:
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
III – Praticar ofensas físicas ou morais nas dependências da Câmara ou desacatar, por atos ou palavras, outro
parlamentar, a Mesa ou Comissão ou os respectivos Presidentes;
245 BRASIL. Câmara dos Deputados. Processo nº 02/2015. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/proposi-
coesWeb/prop_mostrarintegra; jsessionid=F78846A015BBA4B78D80C09188031295.proposicoesWebExte
1 rno1?codteor=1420596&filename=Tramitacao-REP+2/2015>.
Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas GeraisAcesso – Programa
em: 10deout.
Pós-Graduação
207. da Faculdade
(…)deacompanham
Direito da Universidade
a exordial, Federal
mostra-sede Minas
patenteGerais.
que o Graduada em Direito
Representado utilizoupela Pontifíciatidas
as palavras Universidade Católica
como ofensi-
vasde
deMinas
formaGerais. Currículo
figurada, lattes:como
e não literal, http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
fez crer o Representante. Isso porque, na ocasião, estava ocorrendo
umEndereço eletrônico:
debate acalorado [email protected]
Plenário, o que levou a um desentendimento entre a Deputada Jandira (…).

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:109
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSLuciana
SERPX E ED
Santos EDADR
(PCdoB-PE) EBIL ,Ka O
manifestou suaOindignação
BECAF em relação ao posiciona-
ARmento
TUEdeNoutros
ACIG colegas,
ÓLOos NCquais
EThaviam
ATNEdescrito
MARaRfalaEFde:AAlberto
CITÍLFraga
OPapenas como
mal-educada. Na sua concepção, aquela manifestação merecia a devida reparação, pois
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
se tratava de aparição acintosa e inaceitável, ainda mais pelo fato de o Brasil ocupar
entre a sexta e a décima posição no ranking internacional de países que mais cometem
violência contra a mulher. Aquela Casa, portanto, teria o dever de primar pela conduta ética
e pela boa educação. Conclamou que o deputado cometera violência contra a deputada
Jandira e merecia ser punido por tal conduta.246
1
serroT etrauD aixélA
Acredito que a deputada encontra razão quando afirma que aquela situação teria tra-
zido importante tema a debate, a violência contra a mulher no Brasil, o qual merece maiores
enfoques pela tribuna. Não bastasse isso, ao propor a advertência pública para a conduta
do deputado, põe à mesa uma modalidade distinta de retaliação, que talvez OMUSpudesse
ER sur-
tir efeitos positivos, como evitar a reiteração de determinados comportamentos.
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A De todo
od modo,
roder oinfelizmente,
a soudívidni eo sCódigo
orielisade
rb eÉtica
d seõnão
hlimprevê
ed adaivsanção
ad roiade
m advertência.
zev adac opmet mu
oãçauta auContudo,
S .odajagquando
ne etnemse liviafirma
c e odaque
tcenAlberto
oc ,ot rebFraga
a siamcometera
odnum oviolência
retnam é contra
,odnumJandira, a
e odopinião
úetnoc daed autora
oãçirtséerde
edque
sacaitíldeputada
op saus enãoeuqencontra
atsed odarazão,
hnag mhaja
et ocvista
itíloptodas
oiráneas
c oprovas
n e os
odnfatos
azitarctrazidos
omed kooàbbaila
ecaF oaoairlongo
atsE .sdaquela
acimêloptramitação.
rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
Não bastasse isso, notou-se que a fala de Luciana estava carregada de certo parti-
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
es odarismo,
git ra essecomo
euq sse
eõtbuscasse
seuq sa oãlevantar
s sassE ?aabandeira
mrofatalpda anbancada
edadilibisfeminina,
iv e oçapsutilizando
e omsem o proce-
dimento disciplinar como instrumento, defendendo, “com unhas .rednopser a eõpaorpunição
e dentes”, p do
deputado, como se este fosse um “bode expiatório”.247
Sob outra perspectiva, interessante se mostrou a manifestação do deputado Sandro
OÃÇUDORTNI .1
Alex (PSD-PR), o qual retoma a importância da análise do elemento subjetivo da conduta
oicí–niauintenção
es on ogda
ol fala
,ocit–íloem
p omomento
tnemu rtsnanterior
i mu omàoaferição
c odaircdaodsanção,
is ret oãconsoante
n ed raseppropugnado
A
no início deste artigo:
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráusu oa aitimrepE eeuoquestionei
dal a odalodDeputado
rav raH edFraga
setnsobre
adutsesesele
od poderia
sotof afazer
vacolum
oc epedido
rawt fode
s odes-
saossep rangised aculpas
rap adaos
asubrasileiros
sêlgni mequearvinterpretaram
alap amu ,oaãnsuauoafirmação
”toh“ aredemuma
euq forma
racfiisque
salcnão
a sua intenção. E ele, me disse, Presidente, que não.shaveria
etneartaproblema
etnemlaunenhum
xes
nisso, que ele o faria, porque ele não teve a intenção de proferir uma palavra que
-pac e edadisrevinusignificasse
ad açnaruviolência,
ges ed edeesim
ram força
arasno
secdebate
a seropolítico.
dairc suSendo
es euqassim, ele poderia,
siopeD
maraçemoc soiráuno su momento
soirpórp adequado,
so ,setnadem
utsplenário,
e sod oãrelatar
çacfiitque
nedia esua
d sintenção
negami sera
am o adebate
rarut e,
se alguém tiver interpretado isso como ato violento, ele pede desculpas, porque
saus mavasserpxe euq uo sotsetorp ed sotxet moc snegami r248 o p so tof sa us sa raco r t a
não teria sido a sua intenção. (grifos da autora)
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
246 “Sr. Deputado, sinto muito. Será que era preciso ter havido um tapa para poder se comprovar que não há
aqui um sentido figurado no que diz respeito à violência contra a mulher? (…) basta o que já assistimos de
incitação à violência! Isso vir de um membro desta Casa merece, de nossa parte, no mínimo, Sr. Presidente,
edadlucaFuma ad oadvertência
ãçaudarG-sópública.”
P ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló247
taC ed“Estão
adisreaqui
vinU as
aicDeputadas
ífitnoP alepAlice
otieriPortugal
D me adaeuJô
daMoraes,
rG .siareGque
saestavam
niM ed laláreedetestemunharam
F edadisrevinU oadacontecido.
otieriD ed A maior
bancada feminina do Congresso
.8135056Nacional
5661847é5a2/do
rb.qPartido
pnc.setComunista
tal//:ptth :sdo
ettaBrasil.”
l olucírruC .siareG saniM ed
248 Disponível nas notas taquigráficas. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE110
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
Já o deputado Zé Geraldo LIBERDADE
(PT-PA) manifestou-se DEàEXPRESSÃO
contrariamente cassação ou outra E
punição mais POLÍTICA:
rígida, conquantoFERRAMENTA
destacou o fato de queTECNOLÓGICA
aquele tipo de conduta não poderia
NEUTRA
restar impune, uma vez que surtiria efeitos negativos no Parlamento. Outrossim, fez o alerta
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
de que imunidade parlamentar não é garantia absoluta e também que outras modalidades
de retaliação deveriam ser implementadas como via alternativa.
Acho que aqui não se trata de um fato como esse levar um parlamentar a ter
uma cassação, uma punição ou uma sanção mais rígida. Mas, também, se nós
formos passando a mão na cabeça e deixando as coisas irem acontecendo,
isso se torna um mau exemplo. E, sinceramente, há situações em que nós
Aléxia Duarte já 1
Torres
deveríamos, neste Conselho de Ética, ter feito uma intervenção.
Então, na medida em que um partido vem a Este Conselho e nos aciona… E é
uma Deputada exemplar, uma Deputada cujo trabalho e o comportamento tenho
RESUMO acompanhado na Câmara e é no campo da disputa política, de forma elegante.
Nós percebemos muitos debates ali de forma bastante deselegante, mesmo que
A missão
nósexplícita
sejamosdoamparados
Facebook, pelo…
rede social
Masque tem conquistado
eu penso o coração e consumido
que nós precisaríamos pensar
em algum
um tempo tipo maior
cada vez de sanção por de
da vida meio da qualdecomecemos
milhões brasileiros ea indivíduos
não concordar com do
ao redor
mundo,algumas
é manter alterações
o mundoque acontecem.
mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
Léonodecenário políticoem
Brito (PT-AC) temretomada
ganhadoao destaque
raciocínioe suas
de Zépolíticas
Geraldo,dedisse
restrição
que adereiteração
conteúdo e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook
de condutas inaceitáveis se deve à ausência de posicionamento mais firme daquela Casa, democratizando
a informação
dando enfoque, mesmo ou que
centralizando-a?
não fosse aVisões políticas diferentes,
sua intenção, candidatos e da
à faceta pedagógica partidos
sanção,políticos
a
qual muitas vezes fica esquecida. Além disso, ressalta outro aspecto importante daquele o
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem
debate, omesmo
fato deespaço
Albertoe Fraga
visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
ter se referido à condição de mulher para tentar rebaixar
propõe a responder.
a posição da parlamentar, conduta que tem se reiterado por diversas vezes, infelizmente,
naquele recinto.249
1. EmINTRODUÇÃO
que pese tudo o que foi dito e proposto ao longo dos acalorados e extensos
debates do processo disciplinar, o procedimento culminou no arquivamento. Na ausência
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
de qualquer criatividade argumentativa, o “manto” da imunidade material foi empregado
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
novamente, sem que ao menos houvesse uma adequação daquele fundamento ao caso
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
concreto.
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
Outros argumentos
sexualmente atraentes.bem mais arraigados, razoáveis, provas materiais foram propos-
tos em defesa do representando. Contudo, optou-se “pela a via mais fácil”, a de entonação
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
da imunidade material, como se ela fosse um escudo protetor em favor de qualquer depu-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
tadoa que proferir
trocar todafotos
as suas e qualquer manifestação
por imagens ofensiva.
com textos de protestos ou que expressavam suas
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
249 “Eu considero que essa situação não é das piores que já vimos. Mas o que nós temos que levar em consi-
inconformados
deração, obviamente, comdeomaneira
resultado
muitodo pleito nas
proporcional eleições
e justa presidenciais
é exatamente dosprimeiro,
o fato de que, Estados eu Unidos,
tenho
visto reiteradamente vários Parlamentares fazendo menção específica às Parlamentares aqui dentro da Casa,
referindo-se à condição da mulher para tentar rebaixar a sua posição como Parlamentar.
Dizer: ‘Mulher que bate como homem’: Não havia a necessidade de fazer isso. E, com certeza, a intencao
1 nesse
Mestranda
caso foiem Direito pela
exatamente Universidade
a de Federal
tentar rebaixar de tentar
ou de Minas colocar
Gerais –a Programa
condicao deda Pós-Graduação
mulher naquela da Faculdade
situacao.
de Direito
Entao, da Universidade
eu acredito Federal
que esta casa não de Minas
pode, em Gerais.
hipoteseGraduada
alguma, em
por Direito pelasejam
mais que Pontifícia Universidade
situacoes Católica
que tenham
as de
maisMinas Gerais.
variadas Currículo compactuar
gradacoes, lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
com esse tipo de atitude, senão nós vamos comecar… É aquela
história: ‘Onde
Endereço passa [email protected]
eletrônico: boi, passa uma boiada’.”

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:111
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO7. ÃSCONSIDERAÇÕES
SERPXE ED FINAISEDADREBIL ,KOOBECAF
ARTUEDaNanálise
ACIG ÓL
dos ONCET Ainternos
procedimentos TNEMobjeto
ARRdeste
EF :trabalho,
ACITÍLconclui-se
OP que não
?Lhouve,
AIROem TInenhum
DE LA UTR
deles, IV AMRO
manifestação queFse
ATenquadre
ALP UnaOcategoria do discurso de ódio.
Obviamente, como se demonstrou no capítulo antecedente, algumas representações aca-
bam por descrever a conduta do representado como prática de “discurso de ódio”, muito
embora isso não signifique que aquela fala/manifestação se amolde a tal categoria de dis-
curso, conforme os parâmetros objetivos traçados no primeiro capítulo, como, por exem-
1 plo, a intenção de atingir certo grupo, rebaixando-o, denegrindo-o.
serroT etrauD aixélA
Sob perspectiva diversa, em relação ao procedimento judicial contra o Deputado Mar-
co Feliciano, ao qual se fez menção no capítulo introdutório deste artigo, não se averiguou
instauração de procedimento administrativo disciplinar com objeto semelhante OMUSEao R da ação
penal ajuizada. É defensável, entretanto, que caso o deputado tivesse sido processado ad-
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
ministrativamente, por quebra de decoro parlamentar jungida ao abuso de prerrogativas
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
constitucionais, tendo em vista a fala de caráter manifestamente homofóbico e facilmente
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
“enquadrável” à categoria de discurso de ódio, posto que preenche todos os requisitos
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
objetivos ora elencados, principalmente a intenção de denegrir determinado grupo, poderia
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
ter sido sancionado com a perda do mandato.
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
o meussoNão p koose
becpode
aF odolvidar,
soiránotodavia,
icnuf e sque
erodalgumas
adnuf soddassaiemanifestações,
di sa moc megralvo evid dos
euq procedi-
es omentos
git ra esadministrativos
se euq seõtseuqem sa ocomento,
ãs sassE ?expressam
amrofatalp sentimento
an edadilibisde
iv edesprezo
oçapse oemde
sem diminuição
em relação ao interlocutor e, mais do que isso, acabam por agredir, .rednopsmesmo
er a eõpque
orp de modo
reflexo, a um determinado grupo. Tais condutas, por conseguinte, igualmente não estão
em consonância com aquilo que se espera da postura de um parlamentar atento aos seus
OÃÇUDORTNI .1
deveres não só institucionais expressos no Código de Ética e também na Constituição da
oicíRepública,
ni ues on mas
ogol também
,ocitílop sociais.
otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hsamecEspecificamente
aF“ o omoc etneno mlaprocedimento
nigiro odairC contra
.laicneAlberto
top ues Fraga,
od satpor
sip mais
avad que
áj koseobtenha
ecaF con-
o
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
cluído que não houve intenção do deputado, consoante o Parecer Final e as conclusões
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
formais e materiais desenvolvidas ao longo da tramitação, ele acabou por ofender a sua
.setnearta etnemlauxes
colega justamente no que toca à condição feminina dela. Mesmo que de forma indireta e
-panão
c e eintencional,
dadisrevinuposicionou
ad açnarugaefigura
s ed edadermulher
a maraem ssepatamar
ca serodinferior
airc sueao
s edo
uqhomem.
siopeD
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
Em que pese, nada foi feito em relação aos impactos daquela fala no ambiente ex-
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
terno ao Parlamento, ou seja, em relação à apreciação social daquela aparição. Não houve
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,soduma
inU reprovação
sodatsE sodsequer
siaicnda
edconduta,
iserp seõpor
çielemais
san que
otiealguns
lp od odparlamentares
atluser o moctenham
sodamse rofmanifes-
nocni
tado favoravelmente a tal reprimenda ao longo do procedimento disciplinar.

Outrossim, além das críticas de cunho jurídico, principiológico e sistêmico que já


edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilóforam
taC edapostas
disrevinUao
aicílongo
fitnoP aldo
ep oúltimo
tieriD mecapítulo,
adaudarG no
.siardecorrer
eG saniM eda d larexposição
edeF edadisreda vinUfala
ad ode
tieralguns
iD ed par-
lamentares, faz-se a ressalva .8135056de 566que
1847tem
52/rbde
.qpnhaver
c.settal/maior
/:ptth :seamadurecimento
ttal olucírruC .siareG sdaquele
aniM ed palco
moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE112
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
institucional no que diz respeito à formação de LIBERDADE DE EXPRESSÃO
“precedentes administrativos” consolidados, E
em oposição àPOLÍTICA:
argumentação de cunho meramente político
FERRAMENTA e interessado.
TECNOLÓGICA NEUTRA
OUquePLATAFORMA
Outro aspecto interessante VIRTUAL
merece ser melhor controvertido é oEDITORIAL?
posicionamento
do Parlamento, em perspectiva externa corporis, aos procedimentos de quebra de decoro
parlamentar. Como ficou claro nas palavras do deputado Zé Geraldo (PT-PA), não se trata
de simplesmente punir ou não punir o representado, mas sim de encontrar a resposta do
Parlamento à sociedade para amenizar os impactos negativos da fala. Por óbvio, a punição
não pode e não deve ser o único contragolpe a essa problemática. Aléxia Duarte Torres1

O art. 10, § 2º,250 do Código de Ética, que prevê a possibilidade de o Conselho


concluir pela procedência total ou parcial da representação, bem como aplicar pena distinta
daquela originalmente
RESUMO indicada, conforme a natureza do caso e dos fatos apurados no
procedimento, só foi inserida no âmbito do Código no ano de 2011, com Promulgação da
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
Resolução nº 02/2011251. Somente dez anos após a criação do Código de Ética da Câma-
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
ra dos Deputados alguma alteração normativa fora implementada. Desde aquela época, o
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
diploma não havia sofrido ajuste que pudesse aumentar o poder de atuação do Conselho.
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
Consequentemente, eventuais representações que chegassem ao Colegiado acabavam por
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
pedir a pena máxima, aouperda
a informação de mandato,
centralizando-a? mesmo
Visões em situações
políticas diferentes, nas quais oe ato
candidatos cometido
partidos políticos
252
não tivesse
quegravidade
divergemcorrespondente.
com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
De mesmo
todo modo,espaço
uma e visibilidade
das grandes na plataforma?
problemáticas Essas são as questões
constatadas consiste quenaesse artigo se
limitação
propõe a responder.
normativa das sanções aplicáveis às condutas descritas no art. 4º daquele Código, entre
elas, o abuso das prerrogativas constitucionais, notadamente a imunidade material confe-
rida pela Carta Magna. Ou seja, por mais que haja autonomia do Conselho para enquadrar
1. INTRODUÇÃO
a conduta do deputado em tipificação diversa daquela proposta na representação, caso se
conclua que Apesar
devade se não ter sido
amoldar criado
a algum doscomo umdoinstrumento
incisos político,
art. 4º, a única logocabível
punição no seuseráinício
o Facebook
a perda já dava
do mandato. As pistas
demaisdomodalidades
seu potencial. Criado aplicam-se
de sanção originalmente como às
somente o “Facemash”,
condutas
o software
descritas no art.colocava
5º. fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
Isso quer dizer que, se o deputado proferir ofensa física ou moral, por atos ou pa-
sexualmente atraentes.
lavras, nas dependências da Casa ou contra outro membro dela (art. 5º, III), poderá ser
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
250 O art. 10, § 2º, autoriza o Conselho a concluir pela procedência total ou parcial da representação que apreciar,
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
ou por sua improcedência, admitindo-se, nos dois primeiros casos, tanto aplicação da pena originalmente in-
opiniões
dicada na políticas,
representaçãoalgo similar
quanto às mudanças
a cominação de pena maisde foto
grave do perfil
ou também maispor
leve,parte de aindivíduos
conforme natureza
e a gravidade da conduta,
inconformados com o com base nosdo
resultado fatos efetivamente
pleito apuradospresidenciais
nas eleições no processo. dos Estados Unidos,
251 BRASIL. Câmara dos Deputados. Resolução nº 02, de 2011. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/a-
-camara/estruturaadm/eticaedecoro/arquivos/novo-codigo-de-etica-da-camara-dos-deputados>. Acesso
em: 20 nov. 2017.
2521 BRASIL.
Mestranda
Câmaraem dos
Direito
Deputados.
pela Universidade
Novo Código
Federal
dedeÉtica
Minas
– OGerais
que entra
– Programa
em vigor
de Pós-Graduação
com as novas regras
da Faculdade
do
Conselho.
de Direito
Disponível
da Universidade
em: <http://www2.camara.leg.br/a-camara/estruturaadm/eticaedecoro/arquivo-morto/
Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
novo-codigo-de-etica-o-que-passa-a-entrar-em-vigor-com-as-novas-regras-do-conselho>.
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318. Acesso em: 20
nov.Endereço
2017. eletrônico: [email protected]

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:113
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSScom
punido ERP XE Eescrita
censura D ED(art.
AD12);
REmas,
BIL caso
,KOabuse
OBEdasCAprerrogativas
F constitucionais
AR(art.
TU4º,ENI), A
poderá
CIGser
ÓLpunido
ONC apenas
ET Acom
TNEa perda
MARdeRmandato.
EF :ACPerceba
ITÍLOque,P na primeira
conduta descrita, o deputado também abusa de suas prerrogativas constitucionais, pois
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
está emitindo palavras/gestos de ofensa moral que não se encontram protegidos pela imu-
nidade, uma vez que há expressa previsão de penalização em reprimenda àquela. É visível
o expressivo vácuo entre as sanções aplicadas em cada uma das duas situações, muito
embora as condutas sejam semelhantes.
1
serroT eAotraque
uDtudo
aixéindica,
lA o legislador, ao elaborar o art. 4º, elencou condutas tão graves
que a sua ocorrência só poderia ter uma resposta: a perda do mandato. Um exemplo de
conduta gravíssima, conforme já foi manifestado anteriormente, seria o discurso de ódio
nos moldes objetivos traçados.
OMUSER
Ocorre que uma série de outras condutas, tais como a do deputado Jair Bolsona-
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
ro, não seriam enquadráveis naquele dispositivo, justamente pelo fato de a gravidade da
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
sanção não ser proporcional à gravidade da manifestação, ou por não haver a intenção de
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
ofender, ou por tratar-se de ofensa indireta a um grupo, distintamente do que se entende
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
por discurso de ódio.
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop soCom
dit rapessa
e sotlimitação
adidnac ,senormativa,
tnerefid sacinão
tílop shá
eõsmuito
iV ?a-oodnque
azilaser
rtnecfeito,
uo oãao
çammenos
rofni a adminis-
o mtrativamente,
eussop koobeem caFrelação
od soiráànoresponsabilização
icnuf e serodadnufpor sodmanifestações
saiedi sa moc que megeclodem
revid euq de modo
es onegativo.
git ra esseTalvez
euq sse
eõtfossem
seuq sa inseridas
oãs sassEoutras
?amropenalizações,
fatalp an edadicomo
libisiv dee oçadvertências,
apse omsem “pedidos
de desculpas”, repúdio público com destaque na Imprensa Oficial e,seconcomitantemente,
.r e d n o p r a eõporp
fosse aberto o leque de sanções aplicáveis às condutas descritas no art. 4º, haveria repri-
mendas mais proporcionais aos agravos.
OÃÇUDORTNI .1
Os atos de ofensa ao decoro parlamentar culminam na injusta ofensa à respeitabili-
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
dade institucional do Poder Legislativo. Este detém não só o direito e a legitimidade ético-
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
-jurídica de instaurar medida disciplinar contra o parlamentar, conforme previsto constitu-
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
cionalmente, mas o dever de reprimir e até mesmo excluir da comunhão dos legisladores,
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
se necessário, membro que tenha se mostrado indigno do desempenho da honrosa função
.setnearta etnemlauxes
de representar o povo.
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemA ocCâmara
soiráusudossoiDeputados,
rpórp so ,seinstituição
tnadutse srepresentativa
od oãçacfiitneddoi epovo,
d snegjáamtem
i salegitimidade
mararut
saus mavasserpxe euq uo sotsetorp ed sotxet moc snegami rop sotof saus sa radando
constitucional para tanto. Basta, agora, aceitar e assumir esta responsabilidade, cort a os
contornos e limites à liberdade de expressão de seus membros e, igualmente,
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo à prerroga-
,sodtiva
inUconstitucional
sodatsE sod sda iaicinviolabilidade,
nediserp seõçieoule imunidade
san otielp omaterial,
d odatlusde
er forma
o moc asoproteger
damrofnaochonra
ni
coletiva daquele palco social.

edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
.8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE114
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
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POLÍTICA:
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tor-sergio-brito>. Acesso em: 10 nov. 2017.
RESUMO
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A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração
turaadm/eticaedecoro/arquivos/novo-codigo-de-etica-da-camara-dos-deputados>. Acessoe consumido
em: 20
nov. 2017.um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
______. Novo Código
mundo, de Ética
é manter – O que mais
o mundo entra aberto,
em vigorconectado
com as novas regras do engajado.
e civilmente Conselho. Disponível
Sua atuação
em: <http://www2.camara.leg.br/a-camara/estruturaadm/eticaedecoro/arquivo-morto/novo-codigo-
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
-de-etica-o-que-passa-a-entrar-em-vigor-com-as-novas-regras-do-conselho>. Acesso em: 20 nov.
2017. personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
______. Processo nº 02/2015. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_
que divergem
mostrarintegra; com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
jsessionid=F78846A015BBA4B78D80C09188031295.proposicoesWebExterno1?co
dteor=1420596&filename=Tramitacao-REP+2/2015>.
mesmo espaço e visibilidade na plataforma?Acesso
Essasem:
são10
asout. 207. que esse artigo se
questões
propõe escrita
______. Defesa a responder.
de Jean Wyllys. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/proposico-
esWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1501034&filename=Tramitacao-REP+11/2016>. Acesso
em: 20 nov. 2017.
______.
1. Lei Complementar nº 35/1979. Dispõe sobre a Lei Orgânica da Magistratura. Disponível em:
INTRODUÇÃO
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp35.htm>. Acesso em: 2 fev. 2018.
Apesar Tribunal
______. Superior de nãodeterJustiça.
sido criado
Recursocomo um 1.642.310
Especial instrumento
DF. político, logo no
Relator Ministra seuAn-
Nancy início
drighi. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/static_files/STJ/Midias/arquivos/Noticias/REsp%20
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
1642310.pdf>. Aceso em: 10 mar. 2018.
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
______. Supremo
classificar Tribunal
quem era Federal.
“hot” ouInquérito nº 3.590
não, uma – STFem
palavra – Plenário.
inglês Relator
usada Ministro Marco Aurélio.
para designar pessoas
Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=6717176>.
sexualmente atraentes.
Acesso em: 20 nov. 2017.
Depois Tribunal
______. Supremo que seus criadores
Federal. acessaram
Inquérito nº 2332 aAGR
rede– de
STFsegurança
– Plenário. da universidade
Relator e cap-
Ministro Celso
de turaram
Mello. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/constituicao/artigobd.asp?item=%20708>.
as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
Acesso em: 20 nov. 2017.
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
______. Mandado de Segurança 24458 STF. Relator Ministro Celso de Mello. Disponível em: <http://
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/visualizarEmenta.asp?s1=000003286&base=baseMonocratic
inconformados
as>. Acesso em: 18 com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
dez. 2017.
______. AgR 5.714 – STF – Plenário. Relator Ministra Rosa Weber. Disponível em: <http://redir.stf.jus.
br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=14203323>. Acesso em: 9 mar. 2018.
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
______. Supremo Tribunal Federal. Recurso em Habeas Corpus 134.682 BA – STF. Re-
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
lator Ministro Edson Fachin. Disponível em: <stf.jus.br/portal/processo/verProcessoPeca.
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
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Endereço eletrônico: [email protected]

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:115
PEREIRA,
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978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSSupremo
______. ERPXE EDFederal.
Tribunal EDARecurso
DREBOrdinário
IL ,KO emOHabeas
BECA F 134.682 BA – STF – Pri-
Corpus
meira Turma. Relator Ministro Edson Fachin. Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/pagi-
ARnador.jsp?docTP=TP&docID=13465125>.
TUEN ACIGÓLONCET ATAcesso NEMem: AR5 R EF2018.
mar. :ACITÍLOP
?L______.
AIROSupremo
TIDE Tribunal
LAUTFederal.
RIV Denúncia
AMROInquérito
FATAL3.932 P UDF–O STF – Plenário. Relator Luiz Fux.
Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=11627210>.
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1
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odimPRIBERAM.
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çaroc o odPriberam
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od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
oãçGOMES,
auta auSEneias
.odajaXavier.
gne etnDa
emcrítica
livic e odedaHans
tcenoKelsen
c ,ot rebàs
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soc2018.
itílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
o mHORTA,
eussopRaulkoobMachado.
ecaF od sImunidades
oiránoicnufparlamentares.
e serodadnuf sDisponível
od saiedi em:
sa m<https://www.direito.ufmg.br/
oc megrevid euq
es orevista/index.php/revista/article/download/942/880>.
git ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?amrofatalpAcesso an edaem:
dilib1º
isidez.
v e o2017.
çapse omsem
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mo-29112016>. Acesso em: 25 fev. 2018.
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
.setnearta etnemlauxes
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni

edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
.8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE116
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK, LIBERDADE DE EXPRESSÃO E
POLÍTICA: FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA
STF
OUOU TSE, QUEM VIRTUAL
PLATAFORMA DIZ O QUE DIZER?
EDITORIAL?

Aléxia Duarte Torres1


Lucas Tavares Mourão253

Temos que acabar com esse negócio de aparecer gente estranha, acabar de
RESUMO
aparecer jornais e revistas nos programas eleitorais. (Min. Dias Toffoli)
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
RESUMO:
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
No mundo,
artigo que ora se odesenvolve
é manter mundo maisé feita umaconectado
aberto, análise comparativa
e civilmentedeengajado.
como o Supremo
Sua atuação
Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral lidam com a proteção e
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo os limites e
da personalização
liberdade de expressão nos casos que lhes são submetidos. Aponta-se que o
de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
STFa informação
tem a postura tradicional de Visões
ou centralizando-a? conferir a essediferentes,
políticas princípiocandidatos
posição privilegiada no
e partidos políticos
rol que
dos divergem
direitos resguardados, encontrando
com as ideias dos fundadores óbice apenas quando
e funcionários esbarrapossuem
do Facebook com a o
proteção
mesmodaespaço
dignidade humana,nafundamento
e visibilidade plataforma?do qualsão
Essas é decorrente.
as questõesPorque outro lado, se
esse artigo
o TSE, mesmo contando
propõe a responder. com três Ministros do Supremo, inaugurou nas últimas
eleições gerais um posicionamento conflitante com o órgão detentor da palavra final
sobre a Constituição, sustentando a restrição das manifestações políticas e eleitorais
1. a partir
INTRODUÇÃO
de uma acepção valorativa do que deveria ser uma “boa propaganda”.
Aponta-se, oportunamente, como a virada jurisprudencial em Brasília começou a
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
influenciar as decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais, o que mostra o perigo do
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
novo entendimento frente à livre manifestação política. Conclui-se que as decisões
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
paradigmáticas do TSE em 2014 são viciadas pela inconstitucionalidade, pois violam
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
o princípio fundamental da liberdade de expressão, além de significarem uma atuação
sexualmente atraentes.
indevida como legislador positivo no momento em que determina novas vedações à
propaganda
Depois quepolítico-eleitoral.
seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
1. opiniões
INTRODUÇÃO
políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
inconformados com oque
A doutrina aponta resultado do pleito
no cenário nas atual,
político eleições
empresidenciais dose Estados
que Legislativo Unidos,
Executivo se
mostram insuficientes para regulamentar as questões de demanda social, o Judiciário

1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
253 Mestrando
de DireitoemdaDireito
Universidade
pela Universidade
Federal de Federal
Minas Gerais.
de Minas
Graduada
Gerais. em
Especialista
Direito pela
emPontifícia
Direito Constitucional
Universidade pelo
Católica
Instituto
de Minas
paraGerais.
o Desenvolvimento
Currículo lattes:
Democrático,
http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
em parceria com a Universidade de Coimbra (Portugal). Ba-
charel
Endereço
em Direito
eletrônico:
pela Universidade
[email protected]
Federal de Minas Gerais. Advogado. E-mail: [email protected].

TORRES,
MOURÃO, Aléxia
Lucas Duarte. Facebook,
Tavares. STF ou TSE,liberdade
quemdediz
expressão e política:
o que dizer? In: ferramenta
PEREIRA,tecnológica neutra(Org.).
Rodolfo Viana ou plataforma virtual
Direitos editorial?
políticos, In:117
PEREIRA,
liberdade
Rodolfo Viana
de expressão (Org.). Direitos
e discurso de ódio.políticos,
Volumeliberdade de expressão
II. Belo Horizonte: IDDE,e discurso
2018. p.de117-142.
ódio. Volume
ISBNI. 978-85-67134-06-2.
Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33.
Disponível em:ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
<https://doi.org/10.32445/97885671340626>
EO ÃSencarregado
ficou SERPXEdeED EDa A
suprir DREdeixada.
lacuna BIL ,K OOB
Fala-se emEneoconstitucionalismo,
CAF pautado
ARpela
TUjudicialização
EN ACIGda ÓLpolítica,
ONCtendoET Acomo
TNEefeito
MARessaREFtomada
:ACIdeTÍL competências
OP pelos
magistrados na garantia dos direitos que a população demanda mas os representantes não
?Lconseguem
AIROTID E LAUTRIV AMROFATALP UO
atender.
Essa realidade desponta na Justiça Eleitoral, reconhecidamente o ramo do Poder
Judiciário com o mais amplo espectro de competências em sua atuação. Para além das
funções judicante e administrativa, seus papéis normativo e consultivo dão azo a constantes
1 críticas a partir do momento em que interferem na legislação eleitoral. No entanto, o
serroT etrauD aixélA
exercício jurisdicional tem se tornado problemático a partir do momento em que assume
feições de legislador positivo durante a análise de casos concretos, em especial porque o
terreno do Direito Eleitoral é pouco firme, sendo alvo de alterações e reinterpretações a cada
nova eleição. OMUSER

odimusnocUm e oãdosçaroassuntos
c o odatsiucom qnoc maior
met euqfrequência
laicos ederde ,koalteração
obecaF od nas aticílnormas
pxe oãssieleitorais
mA é a
od regulamentação
roder oa soudívidda ni epropaganda
sorielisarb eleitoral,
ed seõhlim e d a d i v a d r o i a m z e v a d a
muito em decorrência da incapacidade da lei em c o p m e t m u
oãçse
autadequar
a auS .odde ajaforma
gne etnperene
emlivicaos e odnovos
atcenorecursos
c ,ot reba midiáticos
siam odnum o retnam é ,oddesenvolvidos.
diuturnamente num
e oEm
dúetnrazão
oc eddisso,
oãçirtsobserva-se
er ed sacitíloopLegislativo
saus e euqeatoseJudiciário
d odahnag esmiuçarem-se
met ocitílop oiráem nec empreitadas
on
odnanuais
azitarcompara a regularização desse assunto em especial. O grande problemaepreside em
e d ko ob ec aF o airats E .s ac im êlop ra re g a ma u n itn oc om tirog la ed o ã ça z ila n o sr
socquando
itílop sodiat rarestrição
p e sotadidànamanifestação
c ,setnerefid sapolítica
citílop se(em
õsiV ?propaganda
a-odnazilartneou c uonão)
oãçaatinge
mrofni apatamares
o mdeveras
eussop restritivos,
koobecaF odescambando
d soiránoicnuf para e seraorestrição
dadnuf soda d sliberdade
aiedi sa m o c m e
de expressão.g r e vid euq
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
Se, por um lado, o Supremo Tribunal Federal (STF) garante .rednopasproteção
er a eõporàp liberdade
de expressão enquanto direito fundamental merecedor de especial proteção, o Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) adotou, a partir de 2014, uma interpretação que censura a
manifestação política em situações nas quais o STF não entende cabíveis OÃÇUDcomo ORTNIexceção .1 à
primazia daquele princípio tão caro à democracia. Conforme será apontado, as restrições
oicíancoram-se
ni ues on ogem ol fundamentos
,ocitílop otnem u rtsnde
pífios i mmoralidade
u omoc odpública
airc odaispartir
ret odeãn uma
ed ravisão
sepA míope de
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
direitos políticos como direitos essencialmente sociais. Não fosse o bastante, as limitações
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
impostas pelo entendimento do TSE são frutos de sua função judicante, quer dizer, a partir
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
da análise de casos concretos, o tribunal trouxe novas restrições ao direito fundamental da
.setnearta etnemlauxes
liberdade de expressão, assumindo feições de legislador positivo ao somar o entendimento
-padec ealguns
edadisministros
revinu ad às açlimitações
naruges edlegalmente
eder a maexistentes.
rasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
Com as decisões de 2014, o TSE abriu precedentes para que os tribunais regionais
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
exercessem um controle restritivo cada vez mais forte sobre as propagandas eleitorais,
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
pautados pela ideia de moralidade pública. Já no pleito de 2016, constatou-se que a visão
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
paternalista dos magistrados interferia no pleito de maneira contrária à ideia de eleições
e propaganda eleitoral como manifestações democráticas. Fica, portanto, acesa a luz
edadvermelha,
lucaF ad oãçindicando
audarG-sóP eod aperigo
margorPde– saiarinterferência
eG saniM ed lareindevida
deF edadisrdo
evinJudiciário
U alep otieriDcercear
me adnartoseexercício
M 1
acilódemocrático
taC edadisrevinUcom
aicífitbase
noP alena
p oacepção
tieriD me advalorativa
audarG .siarde
eG alguns
saniM edmagistrados
laredeF edadisredo
vinUque
ad oseria
tieriD euma
d boa
.8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
propaganda. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE118
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
2. FACEBOOK,
A LIBERDADE DE EXPRESSÃO LIBERDADE
NA JURISPRUDÊNCIA DE
DO STF EXPRESSÃO E
POLÍTICA:
A liberdade de expressãoFERRAMENTA
é um dos direitosTECNOLÓGICA NEUTRA
fundamentais mais preciosos no
OU
ordenamento jurídico brasileiro e umPLATAFORMA VIRTUAL
dos mais tutelados desde o fim daEDITORIAL?
ditadura militar.
Sua defesa é inata à democracia, sendo nesse sistema de governo que encontra seu
campo de expansão. Já dizia José Afonso da Silva254 que é com o avanço do processo
de democratização que o indivíduo conquista mais liberdade, libertando-se dos obstáculos
que o constrangem.

Sua previsão constitucional é destacada no art. 5º, incisos IV eAléxia


XIV, bemDuarte
como noTorres
1
art.
255
220 , formando um “sistema constitucional da liberdade de expressão”, doutrinariamente
dividido no tripé liberdade de expressão strictu sensu, liberdade de informação e liberdade
de imprensa256, relacionados com cada um dos dispositivos mencionados. Em linhas
RESUMO
gerais, o primeiro ramo comportaria o direito de difundir os próprios pensamentos, o
segundo Acorresponderia
missão explícitaaododireito
Facebook, rede social que
de transmissão e tem conquistadodeo fatos,
comunicação coraçãoe eoconsumido
último
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos
equivaleria ao direito de todos os meios de comunicação social a exteriorizarem suas ao ideias
redor do
mundo,
e manifestações. é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
Parapersonalização
além da proteção normativa
de algoritmo continuaminterna, a liberdade
a gerar polêmicas. de expressão
Estaria é também
o Facebook democratizando
respaldada pela legislação
a informação internacional encampada
ou centralizando-a? pelo
Visões políticas Brasil, que
diferentes, confereeapartidos
candidatos ela posição
políticos
257
de destaque.
queAline Osóriocom
divergem traz os destaques
as ideias além-fronteiras,
dos fundadores dos quais
e funcionários do cumpre
Facebookmencionar
possuem o
a Declaração
mesmo Universal
espaço de Direitos donaHomem,
e visibilidade o Pacto
plataforma? EssasInternacional de Direitos
são as questões que esseCivis e se
artigo
Políticos, propõe
bem como a Convenção Americana de Direitos Humanos, que assim prelecionam:
a responder.
Declaração Universal de Direitos do Homem
Artigo 19°
1. INTRODUÇÃO
Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica
Apesaro de
direito
nãodeternão
sidosercriado
inquietado
comopelas
um suas opiniõespolítico,
instrumento e o de procurar,
logo no receber
seu início
e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e ideias
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”, por qualquer
meio de expressão.
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
Pactoera
classificar quem Internacional de Direitos
“hot” ou não, Civis e Políticos
uma palavra em inglês usada para designar pessoas
sexualmenteARTIGO 19
atraentes.
Depois1.queNinguém poderá ser molestado por suas opiniões.
seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
2. Toda pessoa
turaram as imagens terá direitodos
de identificação à liberdade
estudantes, de osexpressão;
próprios esse direitocomeçaram
usuários incluirá
a liberdade de procurar, receber e difundir informações e ideias de qualquer
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
254 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. 33. ed. São Paulo: Malheiros, 2010. p. 234.
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
255 Art. 5º, IV: é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
Art. 5º, XIV: é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao
exercício profissional;
Art. 1220:Mestranda
A manifestação do pensamento,
em Direito a criação,
pela Universidade a expressão
Federal de Minase Gerais
a informação, sob qualquer
– Programa forma, processo
de Pós-Graduação ou
da Faculdade
veículo não sofrerão
de Direito qualquer Federal
da Universidade restrição,
de observado o disposto
Minas Gerais. nesta
Graduada emConstituição.
Direito pela Pontifícia Universidade Católica
256 OSÓRIO, Aline.
de Minas Direito
Gerais. Eleitorallattes:
Currículo e liberdade de expressão. Belo Horizonte: Fórum, 2017. p. 44.
http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço
257 Ibidem, p. 48.eletrônico: [email protected]

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:119
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSSERPXnatureza,
E ED independentemente
EDADREBILde,Kconsiderações
OOBECAdeF fronteiras, verbalmente ou
por escrito, em forma impressa ou artística, ou por qualquer outro meio de sua
ARTUEN ACescolha.
IGÓLONCET ATNEMARREF :ACITÍLOP
?LAIROTIDE3.LOAexercício
UTRIVdo Adireito
MRprevisto
OFATno ALparágrafo
P UO 2 do presente artigo implicará
deveres e responsabilidades especiais. Consequentemente, poderá estar sujeito
a certas restrições, que devem, entretanto, ser expressamente previstas em lei
e que se façam necessárias para:
a) assegurar o respeito dos direitos e da reputação das demais pessoas;
b) proteger a segurança nacional, a ordem, a saúde ou a moral públicas.
1
serroT etrauD aixélA
Convenção Americana de Direitos Humanos
Artigo 13. Liberdade de pensamento e de expressão.
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento e de expressão. Esse
direito compreende a liberdade de buscar, receber e difundir OMUinformações
SE R e
ideias de toda natureza, sem consideração de fronteiras, verbalmente ou por
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
escrito, ou em forma impressa ou artística, ou por qualquer outro processo de
od roder oa soudívisua dni escolha.
e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
2. O exercício do direito previsto no inciso precedente não pode estar
e odúetnoc ed oãçirsujeito
tser edascensura
acitílop sprévia,
aus e emas
uqatsaedresponsabilidades
odahnag met ociulteriores,
tílop oiráneque
c ondevem ser
odnazitarcomed koobexpressamente
ecaF o airatsE .sfixadas
acimêloppela
rarelei
g aemser
aunnecessárias
itnoc omtirogpara
la edassegurar:
oãçazilanosrep
socitílop sodit rap e sa.
otaodrespeito
idnac ,seaos
tneredireitos
fid sacitou
ílopàsreputação
eõsiV ?a-odas
dnazdemais
ilartnec pessoas;
uo oãçamou rofni a
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
b. a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou da saúde ou da
es ogit ra esse euq smoral
eõtseupúblicas.
q sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
.rednopser a eõporp
3. Não se pode restringir o direito de expressão por vias ou meios indiretos,
tais como o abuso de controles oficiais ou particulares de papel de imprensa,
de frequências radioelétricas ou de equipamentos e aparelhos usados na
difusão de informação, nem por quaisquer outros meios OÃÇdestinados
UDORTNIa obstar.1 a
comunicação e a circulação de ideias e opiniões.
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
4. A lei pode submeter os espetáculos públicos a censura prévia, com o objetivo
,”hsamecaF“ o omexclusivo
oc etnemde lanregular
igiro odoairacesso
C .laicnaeteles,
op uepara
s odproteção
satsip amoral
vad ájdakoinfânciaobecaF oe da
oiráusu oa aitimrepadolescência,
e odal a odsem al drprejuízo
av raH edo
d sdisposto
etnadutsnoe sinciso
od so2.tof avacoloc erawt fos o
saossep rangised a5.raApleiaddeve
asu proibir
sêlgni toda
me apropaganda
rvalap amua ,favor
oãn udao guerra,
”toh“ abem re mcomo euq rtodaacfiisapologia
salc
. s e t n e a r t a
ao ódio nacional, racial ou religiosa que constitua incitação à discriminação,e t n e m l a u xes à
hostilidade, ao crime ou à violência.
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemVê-se
oc soirque
áusu osoordenamento
irpórp so ,setnadotado
adutse spelo
od oãBrasil
çacfiitnéedbastante
i ed snegrigoroso
ami sa mquanto ararut à
saupreservação
s mavasserpdesse
xe euqdireito
uo sofundamental.
tsetorp ed soDe txetforma
moc sdiversa
negaminão rophaveria
sotof sde ausser, sa pois,
racortcomo a
souacima
dívidnimencionado,
ed et rap ropsualfi rdefesa
ep od oestá
tof diretamente
ed saçnadum s à r a l i m i s o g l a , s a c
relacionada à construção de um sistemai t í l o p s e õ i n i p o
,soddemocrático
inU sodatsEdesodgoverno.
siaicnedDaí iserpOsório
seõç258
iele apontar
san otielque
p odsejam
odatlufundamentos
ser o moc soddaamliberdade rofnocni de
expressão a realização da democracia, a busca da verdade e a garantia da dignidade
humana.
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
.8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
258 OSÓRIO, op. cit., p. 53. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE120
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
Em diversos julgados LIBERDADE
do STF, fica evidente DE EXPRESSÃO
a posição de destaque dada à liberdade E
259
de expressão,POLÍTICA:
como no julgamento da ADI nº 4.815
FERRAMENTA , em que foram declarados
TECNOLÓGICA NEUTRA
inconstitucionais os preceitos do Código Civil que traziam a necessidade de autorização
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
para publicação de biografias. O seguinte excerto retirado do julgamento ilustra bem a
posição do Pretório Excelso:
A liberdade é constitucionalmente garantida, não se podendo anular por outra
norma constitucional (inc. IV do art. 60), menos ainda por norma de hierarquia
inferior (lei civil), ainda que sob o argumento de se estar a resguardar e proteger
outro direito constitucionalmente assegurado, qual seja,Aléxia
o da inviolabilidade
Duarte Torres do 1
direito à intimidade, à privacidade, à honra e à imagem.

Em outros dois julgados históricos, também se verificou a preferência concedida pelo


STF à liberdade de expressão. É o caso da ADPF nº 130260, que declarou a incompatibilidade
RESUMO
da Lei de Imprensa com a ordem constitucional vigente e o julgamento da ADPF nº 187261,
A missãodaexplícita
sobre a marcha maconha.do Facebook, redesituação,
Na primeira social queextrai-se
tem conquistado o coração
a simples, e consumido
mas marcante,
um tempo
fala do decano, Min.cada
Celso vezdemaior da ao
Mello, vida de milhões
dizer que “nada de mais
brasileiros
nocivoe indivíduos
e perigosoaodoredor
que do
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado.
a pretensão do Estado de regular a liberdade de expressão e pensamento”. Já no tocante Sua atuação
noda
à liberação cenário
marchapolítico tem ganhado
da maconha, destaque
é a fala do Min. e suas
Robertopolíticas de restrição
Barroso de conteúdo
que suscita clamor, e
personalização
ao ponderar de algoritmo
que a liberdade continuammerece
de expressão a gerar polêmicas. Estaria o Facebook
proteção qualificada, democratizando
por possuir uma
a informação ou centralizando-a?
dimensão de peso prima facie maior. Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
Especial proteção é conferida à liberdade de expressão quando o outro lado é
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
protagonizado por figura pública, pois parte-se da premissa que as críticas e informações
propõe a responder.
que lhe são dirigidas são de interesse público, merecendo maior tutela. Para o STF, os
homens públicos estão submetidos à exposição de sua vida e de sua personalidade,
devendo
1. tolerar e conviver com críticas que para a pessoa comum poderiam ser uma
INTRODUÇÃO
afronta à honra262. A aplicabilidade prática desse entendimento pôde ser constatada quando
o jornalistaApesar
Paulo de não terdos
Henrique sido criado
Santos comoescreveu
Amorim um instrumento político,
uma matéria em seulogo nocontra
blog seu início
o
o Facebook
banqueiro DanieljáDantas.
dava pistas do seu
Alegando potencial.
ofensa à honra,Criado
Dantasoriginalmente
acionou Amorimcomojunto
o “Facemash”,
à justiça
o software
do Rio colocava
de Janeiro, fotos na
culminando dos estudantesdodejornalista
condenação Harvardalado
pagara indenização
lado e permitia ao usuário
de duzentos
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para
263designar pessoas
mil reais ao banqueiro. Apresentada a Reclamação nº 15.243 junto ao STF , o relator Min.
sexualmente
Celso atraentes. a Declaração de Chapultepec na defesa de uma imprensa livre
de Mello rememorou
como condição
Depoisfundamental para queacessaram
que seus criadores as sociedades resolvam
a rede seus conflitos,
de segurança promovam
da universidade o
e cap-
bem-estar
turarameas protejam
imagens suadeliberdade. O Ministro
identificação abordou a especificidade
dos estudantes, de um caso
os próprios usuários que
começaram
trataa de pessoas
trocar as suaspúblicas
fotos eporjulgou procedente
imagens a reclamação
com textos de Paulo
de protestos Amorim,
ou que da qual se
expressavam suas
extraem os seguintes
opiniões políticas,excertos:
algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
259 STF, ADI nº 4.815, Rel. Min. Carmen Lúcia, j. 10.06.2015.
260 STF, ADPF nº 130, Rel. Min. Ayres Britto, j. 30.04.2009.
2611 STF,Mestranda
ADPF nº 187, Rel. Min.
em Direito pelaCelso de Mello,Federal
Universidade j. 15.06.2011.
de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
262 MENDES, Gilmar
de Direito Ferreira; BRANCO,
da Universidade FederalPaulo Gustavo
de Minas Gonet.
Gerais. Curso em
Graduada de direito
Direito constitucional. 7. ed. São Paulo:
pela Pontifícia Universidade Católica
Saraiva, 2012,
de Minas p. 361.
Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
263 STF,Endereço eletrônico:
REC nº 15.243, [email protected]
Min. Celso de Mello, j. 02.06.2015.

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:121
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSSERPXNinguém
E ED E DAD
ignora REnoBIcontexto
que, L ,KOde OBumaECsociedade
AF fundada em bases
democráticas, mostra-se intolerável a repressão estatal ao pensamento, ainda
ARTUEN ACmais
IGÓquando
LONaCcrítica
ET A–TporNEmaisMAduraRRE F seja
que :AC–ITrevele-se
ÍLOP inspirada pelo
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
interesse coletivo e decorra da prática legítima de uma liberdade pública de
extração eminentemente constitucional (CF, art. 5º, IV, c/c o art. 220).
Não se pode desconhecer que a liberdade de imprensa, enquanto projeção da
liberdade de manifestação de pensamento e de comunicação, reveste-se de
conteúdo abrangente, por compreender, dentre outras prerrogativas relevantes
que lhe são inerentes, (a) o direito de informar, (b) o direito de buscar a
1
serroT etrauD ainformação,
ixélA (c) o direito de opinar e (d) o direito de criticar. (…)
É importante acentuar, bem por isso, que não caracterizará hipótese de
responsabilidade civil a publicação de matéria jornalística cujo conteúdo divulgar
observações em caráter mordaz ou irônico ou, então, veicular opiniões em tom
de crítica severa, dura ou, até, impiedosa, ainda mais se a pessoa OMUSEaR quem tais
observações forem dirigidas ostentar a condição de figura pública, investida, ou
odimusnoc e oãçaronão, c o ode
datautoridade
siuqnoc megovernamental,
t euq laicos edepois,
r ,kooem
becatalF ocontexto,
d aticílpxea oliberdade
ãssim A de crítica
od roder oa soudíviqualifica-se
dni e sorielicomo
sarb everdadeira
d seõhlim excludente
ed adiv adanímica,
roiam zeapta v adaaafastar
c opmeot intuito
mu doloso
oãçauta auS .odajagde neofender.
etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
Sabe-se, contudo, que nenhum direito é absoluto, tampouco o é a liberdade de
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
expressão que, mesmo sendo um dos maiores marcos da democracia moderna, encontra
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
limites em casos concretos apreciados pelo Judiciário. Nos dizeres de Fernandes264,
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
há uma limitação axiológica da liberdade de expressão por outros direitos e garantias
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
fundamentais, tais quais a vida, a integridade física e a liberdade de locomoção. Há primazia
.rednopser a eõporp
da liberdade de expressão quando não entra em colisão com outros direitos fundamentais
e valores constitucionalmente estabelecidos265. Esse entendimento ficou claro no Recurso
Extraordinário nº 898.450/SP266, que versou sobre a inconstitucionalidade OÃÇUDORde TNeliminação
I .1
de candidato a concurso público por ter tatuagens. A decisão proferida entendeu ser direito
oicífundamental
ni ues on ogdool ,indivíduo
ocitílop oque
tnemseu rtcandidata
sni mu ompreservar
oc odaircsua odisimagem
ret oãncomo
ed rareflexo
sepA de sua
,”hsidentidade,
amecaF“ oressoando
omoc etneindevido
mlanigiroo odesestímulo
dairC .laicneestatal
top ueàs inclusão
od satsipdeavtatuagens
ad áj koobnoeccorpo
aF o e
oiránão
usucabendo
oa aitimrao
epEstado
e odal desempenhar
a odal drav raoH papel
ed sedetnaadversário
dutse sod da sotliberdade
of avacolodec expressão.
erawt fos o No
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
entanto, foi feita uma exceção às tatuagens que exteriorizem valores ofensivos à dignidade
.setnearta etnemlauxes
humana, ao desempenho da função pública pretendida, às que incitem a violência, profiram
-paameaças
c e edadisreais
revinou
u arepresentem
d açnaruges obscenidades.
ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
Vê-se aí uma aproximação com a doutrina norte-americana, que barra a veiculação
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
de mensagens capazes de provocar reações violentas, palavras belicosas (fighting words),
soudívidni ed et rap rop lfi rep o267d otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
ou mesmo o discurso de ódio . Não há que se confundir, contudo, com uma limitação da
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni

264 FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 3. ed. Rio de Janeiro: Lumen Iuris, 2011,
p. 283.
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló265
taC edMENDES;
adisrevinUBRANCO,
aicífitnoPop.
alecit.,
p otp.
ier392.
iD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
266 STF, RE nº 898.450, Rel..8Min.1350Luiz
5656Fux,
618j.4717.08.2016.
52/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
267 FERNANDES, op. cit., p. 285. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE122
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
liberdade por meio da censura, tida como açãoLIBERDADE DEà EXPRESSÃO
governamental prévia mensagem. O que E
se observa, na prática, é o exercício
POLÍTICA: de ponderação na
FERRAMENTA ocorrência de colisão de
TECNOLÓGICA direitos
NEUTRA
fundamentais, que decorre tanto do conflito entre direitos fundamentais (sentido estrito),
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
quanto entre direitos fundamentais e princípios de proteção da comunidade (sentido
amplo)268.

O que a doutrina e jurisprudência entendem, como ficou assente no julgamento do RE


898.450/SP, é que em eventual juízo de ponderação da liberdade de expressão, assumem
peculiar relevo os valores vinculados à dignidade humana269. Doutro modo
Aléxia não haveria
Duarte Torres1
de ser, afinal, como Mendes e Branco270 enfatizam, liberdade e igualdade são elementos
essenciais atrelados ao conceito de dignidade humana e têm a ver com a busca do
indivíduo por sua autorrealização em um ambiente democrático. Pode-se dizer que a busca
RESUMOdos direitos de liberdade (de manifestação) e igualdade são elementos que
e a manifestação
moldam aAplenipotencialidade
missão explícita do do indivíduo
Facebook, nasocial
rede construção
que temsubjetiva de sua
conquistado dignidade
o coração dentro
e consumido
do ambiente
um social
tempodemocrático.
cada vez maiorAdemais,
da vidaeventual embate
de milhões entre essese princípios
de brasileiros indivíduosconfigura
ao redor do
uma colisão, em sentido
mundo, é manterestrito,
o mundoentre doisaberto,
mais direitos fundamentais
conectado individuais.
e civilmente engajado. Sua atuação
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
A posição da doutrina pátria e do STF quanto à restrição da liberdade de expressão
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
no momento em que esbarra com os corolários da dignidade humana (e sua expressão
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
na inviolabilidade da pessoa humana, no respeito à integridade física e moral e na
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
inviolabilidade do direito de imagem e intimidade) encontra amparo na doutrina internacional
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
sobre liberdade de expressão e dignidade, dando-se relevo aqui à obra de Jeremy Waldron,
propõe a responder.
The Harm in Hate Speech271.

Ao longo de seu livro, Waldron encabeça uma linha de pensamento contrária à


1. norte-america
doutrina INTRODUÇÃOsobre liberdade de expressão. O autor, tomando por base legislações
de paísesApesar
como deNovanãoZelândia,
ter sido Canadá e Alemanha,
criado como defende apolítico,
um instrumento restriçãologo
normativa
no seu de início
expressões que possam configurar discurso de ódio, nos moldes definidos pelas
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”, leis locais.
Decerto que a colocava
o software conceituação
fotosdodosdiscurso de ódio
estudantes é deveras
de Harvard fluida,
lado a ladoa depender
e permitiadeaocomo
usuário
sãoclassificar
consideradas variáveis tais como a necessidade de ocorrer incitação
quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar à violência, a
pessoas
individualização
sexualmente ou generalização da ofensa e se a vítima é parte de um grupo socialmente
atraentes.
minoritário. No entanto, um ponto em comum dentre os autores que se debruçam sobre
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
o tema e que fundamenta a restrição à liberdade de expressão, na linha capitaneada por
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
Waldron, é a afronta à dignidade humana, por ele entendida como o direito básico de uma
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
pessoa de ser vista como um membro da sociedade com boa reputação, alguém que pelo
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
simples fato de ser parte de um grupo minoritário não seja desqualificado da interação
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,

268 MENDES; BRANCO, op. cit., p. 343.


2691 Ibidem, p. 348.em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
Mestranda
270 Ibidem, p. 390.
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
de MinasJeremy.
271 WALDRON, Gerais. Currículo
The harm lattes:
in hatehttp://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
speech. Cambridge, Massachusetts; London, England: Harvard Univer-
sity,Endereço
2012. eletrônico: [email protected]

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:123
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃS272
social SE. Observa-se
RPXE ED umaED ADREBILcom
a aproximação ,KO OBque
a ideia ECAF 273 tem da dignidade
Barroso
ARhumana,
TUENqueAparaCIGeleÓidentifica
LONCoEvalorT Aintrínseco
TNEMA deRtodos
REFos:A
seres
CIThumanos,
ÍLOP bem como a
autonomia de cada indivíduo.
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
Não se pretende discutir aqui a definição e os alcances do discurso de ódio. Apenas se
pretende demonstrar que a doutrina estrangeira, ao interpretar o discurso de ódio como um
excesso da liberdade de expressão, o limita com base na defesa da dignidade. E, da mesma
forma como defendido por Mendes e Branco, Waldron274 também elenca que a liberdade
1 de expressão é um aspecto da dignidade. Destarte, é coerente que o direito fundamental em
serroT etrauD aixélA
análise encontre seu limite no próprio fundamento republicano do qual se desdobra. Esse
entendimento foi também mantido na decisão que declarou inconstitucional a exigência de
diploma para o exercício do jornalismo275, consignando o Pretório Excelso que:
OMUSER
As liberdades de expressão e de informação e, especificamente, a liberdade de
odimusnoc e oãçaroimprensa,c o odatsiusomente
qnoc mepodem
t euq laiser
cosrestringidas
eder ,koobepela
caF olei
d aem
ticílhipóteses
pxe oãssim excepcionais,
A
od roder oa soudívisempre dni e soem
rielisrazão
arb eda
d sproteção
eõhlim eddeadoutros
iv ad rovalores
iam zeve ainteresses
dac opmeconstitucionais
t mu
igualmente relevantes, como os direitos à honra, à imagem, à privacidade e à
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
personalidade em geral.
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
odnazitarcoAomese d kofalar
obecem
aF odireito
airatsEà.shonra,
acimêloàp rimagem,
areg a maàunprivacidade
itnoc omtirogela àedpersonalidade
oãçazilanosrep em geral,
soccomo
itílop sono
dit rexcerto
ap e sotaacima,
didnac ,sestá-se
etnerefidfazendo
sacitílop menção
seõsiV ?aaos
-odnadesdobramentos
zilartnec uo oãçamdo rofnprincípio
ia da
o mdignidade
eussop kohumana,
obecaF odaíd soaircondição
ánoicnuf edeselimite
rodadnàuliberdade
f sod saiededi sexpressão.
a moc megCumprerevid euqmencionar
es oque
git raMendes seõtseu276
esse eueqBranco q sdebulham
a oãs sassum E ?apouco
mrofatmais
alp anasedrestrições
adilibisiv eàoliberdade
çapse omde semexpressão,
apontando como fundamentos para tanto: (a) a verdade, (b) a .rhonra ednopesear sensibilidade
a eõporp e (c)
a família e a dignidade. Apesar da separação sugerida pelos autores, os três elementos
são desdobramentos do princípio da dignidade humana, vez que há uma confluência de
sentidos entre a honra/sensibilidade de terceiros e o respeito aos OÃÇ UDORTda
valores NI família.1 e

oicída
ni udignidade.
es on ogoTodosl ,ocitídizem
lop otnrespeito
emu rtsnao i maspecto
u omoc subjetivo
odairc oddeis como
ret oãna evítima
d rasedo pAabuso do
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaFlimite
exercício da liberdade de expressão se vê no seio social. Mesmo a verdade enquanto o
oiráàuliberdade
su oa aitim dereexpressão
p e odal aé oatrelada
dal dravàradignidade,
H ed setnapois dutsque
e soaddivulgação
sotof avacde oloinformação
c erawt fos falsao
saoocasiona
ssep rangumaisedfalha
arapna adformação
asu sêlgnde i mopinião
e arvalado p aindivíduo,
mu ,oãn em uo ”contraste
toh“ are com meuqa rfunção
acfiissasocial
lc
da liberdade de informação de sintonizar a pessoa com o mundo .setque
nearatarodeia,
etnemlapara
uxesque
possa desenvolver sua personalidade perante a comunidade da qual faz parte.
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
272 Ibidem, p. 105.
sau s maNovaoriginal:
sserpxDignity,
e euqonuothesother
otsehand,
torp isedprecisely
sotxetwhat
mohate
c snspeech
egamlaws
i roparesdesigned
otof sautosprotect—not
sa racortdignity
a
soudívidinnthe
i edsense
et raofpany
ropparticular
lfi rep level
od ooftohonor
f edorsesteem
açnad(orumself-esteem),
sà ralimisbutodignity
gla ,sinacthe
itílsense
op seofõainperson’s
ipo
basic entitlement to be regarded as a member of society in good standing, as someone whose membership
,sodinU ofsoadminority
atsE sgroup
od siadoes
icnenotdisdisqualify
erp seõhim çielor
e her
sanfrom
otieordinary
lp od osocial
datluinteraction.
ser o moc sodam rofnocni
273 BARROSO, Luís Roberto. A dignidade da pessoa humana no direito constitucional contemporâneo: a constru-
ção de um conceito jurídico à luz da jurisprudência mundial. Tradução Humberto Laport de Mello. 3. reimpr.
Belo Horizonte: Fórum, 2014, p. 72.
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló274
taC edWALDRON,
adisrevinU op.
aicífcit.,
itnoPp.a139.
lep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
275 STF, RE nº 511.961/SP, .Rel. 813Min.
5056Gilmar
566184Mendes,
752/rb.qj.pn17.06.2009.
c.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
276 MENDES; BRANCO, op. cit., 402-405. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE124
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
Fica claro, pelo exposto até este ponto,LIBERDADE DEe aEXPRESSÃO
que a doutrina pátria jurisprudência do E
STF encampam a liberdade de FERRAMENTA
POLÍTICA: expressão como valor TECNOLÓGICA
a ser tutelado com primazia, assim
NEUTRA
como preceituam os diversos instrumentos jurídicos internacionais que também o fazem.
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
Contudo, assim como entende a doutrina estrangeira, a liberdade é diretamente atrelada à
dignidade da pessoa humana, a ela não podendo se sobrepor. Portanto, em caso de colisão
entre os dois direitos fundamentais é o último que deve prevalecer. O mesmo não se verifica
em outras situações de conflito entre direitos e liberdade de expressão, como os votos dos
ministros do STF apontam.
Aléxia Duarte Torres1

3. PROPAGANDA ELEITORAL E DISCURSO POLÍTICO SOB O AMPARO DA


LIBERDADE DE EXPRESSÃO
RESUMO
No tópico anterior, apontou-se como a doutrina e a jurisprudência atual do STF
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
valorizam o princípio constitucional da liberdade de expressão em relação aos demais
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
direitos no ordenamento pátrio. Apenas quando em colisão com a dignidade humana é que
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
o Supremo entende ser justificada a restrição à liberdade, e isso porque esta é diretamente
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
atrelada àquela. Não é, contudo, uma regra, já que o caso concreto pode trazer exceções,
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
como na situação em que está envolvida uma figura pública, como ficou consignado no
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
exemplo da queReclamação
divergem com nº 15.243.
as ideiasSejam quais forem
dos fundadores as peculiaridades
e funcionários do caso,
do Facebook trata- o
possuem
se de exercício
mesmodeespaço
ponderação em sentido
e visibilidade estrito, quer
na plataforma? dizer,
Essas sãode
as sopesamento entreartigo
questões que esse dois se
direitos fundamentais de mesma
propõe a responder. envergadura.

Considerando a lógica de que a proteção da liberdade de expressão é compatível


com a democracia, estando proporcionalmente imbricada com sua evolução, era de se
1. INTRODUÇÃO
esperar que a atividade política e o processo eleitoral latu sensu, expressões máximas da
democracia republicana,
Apesar de não fossem
ter sido especialmente
criado como um amparados por esse
instrumento direito
político, logofundamental.
no seu início
Afinal, é no discurso político e na propaganda eleitoral que as ideias são
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,publicamente
debatidas, que os
o software pontos fotos
colocava são refutados e que a verdade
dos estudantes é alcançada.
de Harvard A própria
lado a lado Constituição,
e permitia ao usuário
classificar quem
ao estabelecer era de
o regime “hot” ou não,material
imunidade uma palavra em inglês usada
aos parlamentares, para adesignar
reforçou liberdadepessoas
que
sexualmente atraentes. 277
têm para expressar suas palavras e opiniões . Do contrário, a representatividade inata à
democracia restaria
Depois quefatalmente comprometida.
seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
turaram
José as
Jairoimagens
Gomesde278identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
ensina que propaganda eleitoral é aquela “elaborada por
a trocar
partidos as suase fotos
políticos por imagens
candidatos com acom textos de
finalidade de protestos ou que
captar votos do expressavam
eleitorado para suas
opiniõesem
investidura políticas, algo similar às Destaca
cargo público-eletivo”. mudanças de que
ainda fotoa do perfil porse
propaganda parte de indivíduos
caracteriza por
inconformados
levar a conhecimentocom o resultado
público do pleito
os motivos pelosnas eleições
quais presidenciais
o candidato deveria dos Estados
vencer Unidos,
o pleito. É,
portanto, instrumento por meio do qual o candidato a cargo político traz à coletividade sua

1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
277 Art.de53. Os Deputados
Direito e Senadores
da Universidade Federalsãode invioláveis, civilGraduada
Minas Gerais. e penalmente, por quaisquer
em Direito de suas
pela Pontifícia opiniões, pala-
Universidade Católica
vrasdeeMinas
votos.Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço
278 GOMES, Joséeletrônico: [email protected]
Jairo. Direito Eleitoral. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2016, p. 574.

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:125
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSERsuscitando
plataforma, PXE EDreações,
EDAD REBeILcríticas.
debates ,KOIdealmente,
OBECAFa exposição de suas ideias
ARdeve
TUserENo mais
ACItransparente
GÓLONeCverossímil
ET ATN possível
EMAcom RRsuas
EF :crenças,
ACITÍaptidões
LOP e intenções.
Somente assim o eleitorado terá condições de apreciar as ideias daquele que poderá vir a
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
representá-los, garantindo que a oposição apresente suas ideias e tenha condições de se
tornar situação, concretizando a alternância de poder essencial à democracia.

Para a doutrina especializada, o exercício da propaganda eleitoral é um direito que


decorre da liberdade de expressão; portanto, só poderia sofrer restrição de direitos como
279 280
1 a igualdade, a intimidade, a honra e a imagem - , quer dizer, elementos relacionados à
serroT etrauD aixélA
proteção da dignidade. O Superior Tribunal de Justiça já teve oportunidade de se manifestar
nesse sentido no Recurso Especial nº 29.639/RJ281, que assim trouxe:
Posto seja livre a manifestação do pensamento – mormente em épocas
eleitorais, em que as críticas e os debates relativos a programas OMUSERpolíticos e
problemas sociais são de suma importância, até para a formação da convicção
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
do eleitorado –, tal direito não é absoluto. Ao contrário, encontra rédeas tão
od roder oa soudívirobustas
dni e sorieelprofícuas
isarb ed spara
eõhlim ed adiv ad roido
a consolidação amEstado
zev adaDemocrático
c opmet mu de Direito
oãçauta auS .odajagquanto
ne etneomdireito
livic e oàdlivre
atcenmanifestação
oc ,ot reba siado
m opensamento:
dnum o retnatrata-se
m é ,odndos
um direitos à
e odúetnoc ed oãçirhonra
tser eed àsimagem,
acitílop sambos
aus e econdensados
uqatsed odahna nagmáxima
met occonstitucional
itílop oiránec da
on dignidade
odnazitarcomed koobda
ecapessoa
F o airathumana.
sE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop soMostra-se
dit rap e socoerente
tadidnac ,saeexpectativa
tnerefid sacitde
ílopque
seõsaiVpropaganda
?a-odnazilareleitoral,
tnec uo oãcomo
çamrodecorrente
fni a da
o mliberdade
eussop kodeobexpressão,
ecaF od soiseja
ránoidesimpedida
cnuf e serodade dnuser
f soexercida
d saiedi nos
sa mmoldes
oc megjárevestipulados
id euq pela
es olegislação
git ra esse própria
euq seõ(Código
tseuq sa Eleitoral
oãs sasseE Lei
?amdasrofaEleições,
talp an edaemdilibespecial).
isiv e oçapNo
se máximo,
omsem devem-
.rednopser a eõporp
se observar os limites tradicionalmente aceitos pela jurisprudência, na ocasião de haver
colisão com a dignidade humana.

Por certo que não é apenas o período de disputa eleitoralOÃque ÇUDmerece


ORTNI especial
.1
atenção quanto à liberdade de exposição das ideias. A atividade política como um todo,
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
em especial os discursos que a permeiam, deve ser terreno prioritário à livre manifestação,
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro oda282 irC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
seja ela propositiva ou crítica. Osório aponta com precisão que se a democracia denota
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
representação política e ampla participação no debate público, a liberdade de expressão
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
deve proteger as diversas manifestações, sendo que mesmo fora.sdo etnperíodo
earta eteleitoral
nemlauxaeslivre
comunicação de informações e ideias deve ser garantida na esfera pública para que os
-parepresentantes
c e edadisrevinpossam
u ad açnexercer
aruges suas
ed edfunções
er a mareastomar
seca saserdecisões
odairc suenecessárias,
s euq siopeDbem como
mapara
raçemque
oc asosociedade
iráusu soirpossa
pórp sfiscalizar
o ,setnadseus
utse srepresentantes
od oãçacfiitnedei discutir
ed snegtemas
ami sademainteresse
rarut
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
público, e para que a opinião pública possa chegar às instâncias de representação,
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
279 SALGADO, Eneida Desiree. Princípios constitucionais estruturantes do Direito Eleitoral. 2010. 356 f. Tese
(Doutorado em Direito do Estado) – Faculdade de Direito, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2010. p.
260.
edad280
lucaFAGLANTZAKIS,
ad oãçaudarG-sLuciana
óP ed amCosta.
argorPO –poder
siareGdesapolícia
niM eddolarmagistrado
edeF edadisna revpropaganda
inU alep otiereleitoral
iD me adenuma
artsereleitura
M 1 da
acilótaC edSúmula
adisrev18
inUdo
aicTribunal
ífitnoP aSuperior
lep otieriDEleitoral.
me adaRevista
udarG .sJurídica
iareG saTRE-TO,
niM ed lav.re4,den.
F e1,
dajan./jul.
disrevin2010,
U ad op.
tier11.
iD ed
281 STJ, REsp nº 29.639/ RJ, .814ª
35Turma,
056566Rel.Min.
184752/Luis
rb.qpFelipe
nc.setSalomão,
tal//:ptth :j.se19.03.2009.
ttal olucírruC .siareG saniM ed
282 OSÓRIO, op. cit., p. 81. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE126
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
influenciando a tomada deFACEBOOK, LIBERDADE
decisões e prevenindo DE
eventuais abusos EXPRESSÃO
de poder. Em verdade, E
283
a especial proteção à manifestação
POLÍTICA: política liga-se aoTECNOLÓGICA
FERRAMENTA autogoverno democrático , pois
NEUTRA
traz a atuação política aos olhos da comunidade, de forma que restringir a manifestação
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
seria afastar a política do cidadão comum, criando um obstáculo ao exercício da cidadania
nos processos de deliberação e controle da gestão pública.

A proteção do discurso que se liga ao autogoverno democrático é, inclusive, matéria


tutelada por dispositivos internacionais. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos,
por meio da Relatoria Especial para a Liberdade de Expressão, elaborou o “Marco
Aléxia DuarteJurídico
Torres1
Interamericano sobre o Direito à Liberdade de Expressão”. Nesse documento foram
elencadas as categorias de discurso que apresentam nível reforçado de proteção, sobre
as quais haveria uma margem reduzida de restrições. A primeira categoria de discursos
protegidosRESUMO
é a do discurso político e assuntos de interesse público, cujo texto traz valiosos
ensinamentos a seguir
A missão transcritos.
explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
um tempo
33. Ocada vez maior da
funcionamento da vida de milhões
democracia exigede brasileiros
o maior e indivíduos
nível possível ao redor do
de discussão
mundo,pública sobre
é manter as atividades
o mundo da sociedade
mais aberto, conectadoee do Estado engajado.
civilmente em todos Suaos seus
atuação
aspectos, isto é, sobre os assuntos de interesse público. Em um
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e sistema
democrático e pluralista, as ações e omissões do Estado e dos seus funcionários
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
devem estar sujeitas a um escrutínio rigoroso, não só pelos órgãos internos de
a informação ou mas
controle, centralizando-a?
também pelaVisões políticas
imprensa diferentes,
e a opinião candidatos
pública. e partidos
A gestão públicapolíticos
e os
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook
assuntos de interesse comum devem ser objeto de controle pela sociedade possuem
em o
seu conjunto. O controle democrático da gestão pública, por meio
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo seda opinião
propõepública, fomenta a transparência das atividades do Estado e a responsabilidade
a responder.
dos funcionários públicos sobre suas ações, e é um meio de alcançar o máximo
nível de participação cidadã. Decorre disso que o adequado desenvolvimento
da democracia requer uma circulação maior de notícias, opiniões e ideias sobre
1. INTRODUÇÃO
assuntos de interesse público.
Apesar34.
deNeste
não mesmo
ter sidosentido,
criado acomo
jurisprudência interamericana
um instrumento definiu
político, a liberdade
logo no seu de
início
expressão como “o direito do indivíduo e de toda a comunidade a participar de
o Facebook debates
já dava ativos,
pistas firmes
do seue desafiantes
potencial. Criado originalmente
em relação como o vinculados
a todos os aspectos “Facemash”,
o software colocava fotos dos
ao funcionamento estudantes
normal de Harvard
e harmônico lado a lado
da sociedade”; e permitia
enfatizou ao usuário
que a liberdade
classificar quem era “hot”é ou
de expressão umanão,
dasuma palavra
formas maisem inglêsdeusada
eficazes parada
denúncia designar pessoas
corrupção; e
sexualmenteressaltou
atraentes.que no debate sobre assuntos de interesse público, deve-se proteger
tanto a emissão de expressões inofensivas e bem recebidas pela opinião
Depoispública
que seus criadores
quanto as que acessaram a rede
chocam, irritam ou de segurança
inquietam da universidade
os funcionários e cap-
públicos,
os candidatos
turaram as imagens a cargos públicos,
de identificação ou qualquer os
dos estudantes, setor da população.
próprios usuários começaram
35. Como
a trocar as suas fotosconsequência,
por imagens as comexpressões,
textos deinformações
protestos ou e opiniões relacionadassuas
que expressavam a
assuntos de interesse público, ao Estado e às suas instituições gozam
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduosde maior
proteção sob a Convenção Americana, o que implica que o Estado deve se abster
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
com maior rigor de estabelecer restrições a essas formas de expressão, e que
as entidades e funcionários que fazem parte do Estado, bem como aqueles que
aspiram a ocupar cargos públicos, em razão da natureza pública das funções
1 Mestranda que
em Direito pela Universidade
cumprem, devem terFederal de Minas Gerais
uma margem maior–dePrograma de Pós-Graduação
tolerância da Faculdade
perante a crítica. Em
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
283 OSÓRIO,
Endereço
op. eletrônico:
cit., p. [email protected]

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:127
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSSERPXuma
E Esociedade
D EDAdemocrática,
DREBILdada ,KO OBECAdo
a importância F controle da gestão pública
por meio da opinião, há uma margem reduzida a qualquer restrição do debate
ARTUEN ACpolítico
IGÓLouOdeNquestões
CET AdeTN EMApúblico.
interesse RREF :ACITÍLOP
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
A interpretação da liberdade de expressão no discurso político não deve ficar
acanhada apenas à manifestação daqueles que detêm ou pretendem assumir um cargo
político. A manifestação política da sociedade como um todo deve ser amparada. Assim
entendeu o STF ao julgar a ADI nº 4.451284, apelidada “ADI do Humor” 285, na qual os
ministros entenderam que o acesso às manifestações humorísticas é componente da
1
secidadania
rroT etrapor
uDpermitir
aixélA o acesso a questões de interesse público. E em especial no cenário
político, o humor voltado contra candidatos e autoridades ganha mais importância para a
realização democrática.
OMUSER
Acompanhando uma visão humanista da liberdade de expressão como corolário da
odim usnoc e ohumana,
dignidade ãçaroc o oreforçada
datsiuqnocno meprimeiro
t euq laicotópico
s eder deste
,koobeartigo,
caF od aoticargumento
ílpxe oãssimdemocrático
A
od da
rodeliberdade
r oa soudde
ívidexpressão
ni e sorielisno
arbambiente
ed seõhlipolítico-eleitoral
m ed adiv ad roienaltece
am zev asua dac odefesa
pmet m u o bom
para
oãçfuncionamento
auta auS .odajada gnedemocracia,
etnemlivic epartindo
odatcenodac ,ideia
ot rebde
a sque
iam ood“autogoverno
num o retnampostula
é ,odnuum
m discurso
e odpolítico
úetnoc protegido
ed oãçirtsdas
er edinterferências
sacitílop sausdoe poder”,
euqatsednas odpalavras
ahnag mede t oMendes
citílop oieráBranco
nec on 286.
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop soTem-se,
dit rap e sportanto,
otadidnac que
,setnaereproteção
fid sacitíloao
p sdiscurso
eõsiV ?a-opolítico,
dnazilartnseja
ec uonooãperíodo
çamrofnieleitoral
a ou
o mfora
eussdele,
op koencontra
obecaF ofundamento
d soiránoicnporuf eduas
serodvertentes.
adnuf sodDosaiponto
edi sa de movista
c medogreindivíduo,
vid euq liga-se
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?amrofatalp an edadilibisiv e oçapse omsubjetiva,
à manifestação de suas potencialidades, à construção de sua identidade sem seu
posicionamento e reconhecimento frente à sociedade enquanto .rednoindivíduo
pser a eõpque
orp a integra
em condições de igualdade perante os demais; é a liberdade de manifestação enquanto
construção de sua própria dignidade. Mas o discurso político tem também reflexo nos
valores da comunidade, enquanto elemento que se vincula à democracia OÃÇUem DOduplo
RTNI aspecto:
.1

oicíénipor
uesela
ongarantido,
ogol ,ocitíno
lopmomento
otnemu rtsem ni mque
u oomprincípio
oc odaircdemocrático
odis ret oãngarante
ed raseapApluralidade
,”hsde
amideias,
ecaF“ oe oaomomesmo
c etnemtempo
lanigiroassegura
odairC .loaicaperfeiçoamento
netop ues od satdasipdemocracia,
avad áj koobpois
ecaFtraz
o à
sociedade o debate dos assuntos de interesse geral, garantindo a participação
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o e o controle
saodessetodos
p rangos
iseindivíduos
d arap adana
su vida
sêlgnpolítica,
i me arvoalque
ap apermite
mu ,oãna uconsecução doeuautogoverno
o ”toh “ are m q racfiissalcem
uma democracia representativa. .setnearta etnemlauxes
-pac e edaPelo
disremenos
vinu ademaçnteoria,
arugesobserva-se
ed eder a m araossdiscurso
que eca seropolítico
dairc sue sa epropaganda
uq siopeD eleitoral
macarecem
raçemoc de soirmaior
áusu sproteção
oirpórp squanto
o ,setnaaduseu
tse alcance.
sod oãçaMostrou-se
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negosamiganhos
sa marsociais
arut
saucom
s maessa
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uo sotsecom torp eos
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sotosociedade
f saus sa rque acorse
t a diz
soudemocrática.
dívidni ed et Decerto
rap rop alfi análise
rep od dootocaso
f ed sconcreto
açnadumpoderá
sà ralapontar
imis oglrestrições
a ,sacitíloàp liberdade
seõinipo de
,sodmanifestação
inU sodatsE spolítica,
od siaicmas,
nediseem rp sum
eõçiprimeiro
ele san omomento,
tielp od odaseriam
tluser oaquelas
moc sojádaconsolidadas,
m rofnocni
quer dizer, os limites à propaganda eleitoral já positivados na legislação específica e
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló284
taC edSTF,
adisADI
revinnºU 4.451,
aicífitnoRel.
P alMin.
ep otAyres
ieriD mBritto,
e adauj.d26.08.2010.
arG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
285 OSÓRIO, op. cit., p. 276..8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
286 MENDES; BRANCO, op. cit., p. 391. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE128
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
o entendimento jurisprudencial que confere LIBERDADE DE EXPRESSÃO
primazia aos elementos que compõem a E
287
dignidade humana .
POLÍTICA: FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA
OU PLATAFORMA
No entanto, como se pretende VIRTUAL
apontar no tópico seguinte, EDITORIAL?
a realidade tem seguido
outros rumos. O TSE tem se valido de fundamentos morais e desprovidos de base normativa
para restringir a manifestação política e eleitoral para além dos motivos entendidos cabíveis
pela doutrina e pelo STF. A atuação jurisprudencial do órgão eleitoral máximo é uma
afronta ao princípio da liberdade de expressão na dupla acepção que resguarda o discurso
político-eleitoral, razão pela qual se arrisca dizer que as restrições Aléxia
por ele Duarte
impostasTorres
são 1
maculadas do vício de inconstitucionalidade.

4 RESUMO
A INCONSTITUCIONALIDADE DAS RESTRIÇÕES DO TSE À PROPAGANDA
ELEITORAL
A missão Eexplícita
AO DISCURSO POLÍTICO
do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
Dosumcomponentes
tempo cada vez do maior
PoderdaJudiciário
vida de milhões de brasileiros
brasileiro, a Justiça eEleitoral
indivíduos ao redor do
destaca-se
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente
por ser uma espécie de quimera quanto às suas atribuições. Diferentemente dos outrosengajado. Sua atuação
no cenário
ramos deste político
Poder, ela tem ganhado
acumula, além dadestaque e suas políticas
função jurisdicional, de restrição
as funções de conteúdo e
administrativa,
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook
consultiva e normativa. Muitas são as críticas direcionadas às três últimas atuações, mas democratizando
a função ajudicante,
informaçãoque
ou centralizando-a?
é seu carro-chefe,Visõesserá
políticas
aqui diferentes,
o objeto candidatos
de atençãoe partidos
especialpolíticos
em
razão do ativismo que a tem norteado. Diz-se ativismo na versão censurável delineada por o
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
Barroso288 , que consiste na participação mais ampla e intensa do Judiciário, com maior
propõe a responder.
interferência no espaço de atuação dos outros dois Poderes, muitas vezes ocupando os
espaços vazios deixados por eles.
1. A análise
INTRODUÇÃO
a ser feita neste tópico partirá de dois julgados paradigmáticos concernentes
à eleição presidencial de 2014, as Representações nº 38.029289 e nº 165.865290, apreciadas
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
pelo TSE. Em ambos os casos, o tribunal deu uma guinada em seu entendimento acerca das
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
restrições sobre discurso político e liberdade de expressão em período eleitoral. Como em
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
2016 as eleições foram municipais, o TSE não teve a oportunidade de apreciar casuística
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
sobsexualmente
as mesmas condições;
atraentes. espera-se que com as eleições de 2018 haja uma retomada dos
assuntos tratados e mudança no entendimento do tribunal, em especial após as alterações
advindas Depois
com a que seus criadores
minirreforma de 2015acessaram
(Lei nºa rede de segurança
13.165). da universidade
Não obstante, foi feita umae cap-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios
pesquisa incipiente nos bancos de dados de alguns Tribunais Regionais Eleitorais a partir usuários começaram
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
287 GOMES, op. cit., p. 655.
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
Gomes enaltece o papel das restrições legais à propaganda eleitoral, defendendo que – desde que sejam as previstas
em lei – não chegam a violar os direitos fundamentais de livre manifestação do pensamento e de informação,
já que se ligam aos também constitucionais princípios de igualdade, normalidade e legitimidade da eleição.
2881 BARROSO,
MestrandaLuís
emRoberto. Constituição,
Direito pela democracia
Universidade e supremacia
Federal de Minas Geraisjudicial: direitode
– Programa e política no Brasilda
Pós-Graduação contem-
Faculdade
porâneo. Revista
de Direito da FaculdadeFederal
da Universidade de Direito da UERJ.
de Minas Rio Graduada
Gerais. de Janeiro,em
v. 2, n. 21,pela
Direito jan./jun. 2012,
Pontifícia p. 9.
Universidade Católica
289 TSE, deRP nº 38.029,
Minas Gerais. Rel. Min. Tarcísio
Currículo Vieira, j. 07.08.2014.
lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
290 TSE, Endereço eletrônico:
RP nº 165.865, [email protected]
Rel. Min. Admar Gonzaga, j. 16.10.2014.

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:129
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EOda Ãexpressão-chave
SSERPXE E“horário
D EDA DREgratuito”,
eleitoral BIL ,KO OBECAF em situações similares
constatando-se,
ARnos
TUpleitos
EN A municipais,
CIGÓLoO alinhamento
NCET AàTnova NEorientação
MARREjurisprudencial
F :ACITÍLO de PBrasília. Alguns
exemplos serão tratados adiante, após a exposição do novo entendimento do TSE.
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
A RP nº 38.029 foi apresentada pelo PSDB em razão de, em maio de 2014 (antes
do registro das candidaturas), o Senador Edison Lobão Filho, então aliado da presidenta
Dilma Rousseff, ter discursado em evento da maçonaria no interior do Maranhão, dizendo
que o presidenciável Aécio Neves acabaria com o programa Bolsa Família. O partido tucano
1 apresentou a representação por propaganda antecipada de caráter negativo, sustentando
serroT etrauD aixélA
ainda tratar-se de notícia que se sabia inverídica.

Em decisão monocrática, o relator Min. Tarcísio Vieira entendeu que não ficou
configurada a propaganda antecipada, mas discurso político sobre programa OMUSEde R governo,
em ambiente restrito. Baseou-se em jurisprudência consolidada no TSE de que críticas que
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
não ultrapassam o espectro de incidência de questões de interesse público comunitário
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
não caracterizariam propaganda eleitoral antecipada negativa. Ou seja, o voto do relator
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
e ocoadunava
dúetnoc ed ocom
ãçirtoseentendimento
r ed sacitílop sde
ausque
e eauqliberdade
atsed odade
hnaexpressão
g met ocitídeve
lop oiser
ráneespecialmente
c on
tutelada na atividade política como elemento garantidor da realização democrática.
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop soNodit raentanto,
p e sotadiodnavoto
c ,setvencedor
nerefid sacitfoi
ílop oseõdo
siV Min.
?a-odnGilmar
azilartneMendes,
c uo oãçamreforçado
rofni a pelos
o margumentos
eussop koobdo ecaentão
F od sPresidente,
oiránoicnuf eMin.seroDias
dadnuToffoli.
f sod sSustentando
aiedi sa moc argumentos
megrevid euqmoralistas
es osobre
git ra eassliberdade
e euq seõdetseexpressão
uq sa oãs snoassseio
E ?am rofatalpoanentendimento
político, edadilibisiv e que
oçapse
se sagrou
omsem vencedor
.rednopser a eõporp
levantou argumentos como “Preocupa-me muito a propagação de boatos; principalmente,
durante o período eleitoral (…). Temos de evitar esse tipo de propaganda negativa. Penso
que não faz bem à política valer-se de soco abaixo da cintura”. Argumentou-se OÃÇUDORTNI também .1
que a liberdade de expressão política poderia significar a “desequiparação de armas entre
oicíparlamentares
ni ues on ogodetentores
l ,ocitílop odetnimunidade
emu rtsni meuoutras
omocpessoas
odairc oque
dis seriam
ret oãnatingidas
ed raseepAnão teriam
,”hscomo
amecaresponder
F“ o omoca eisso”.
tnemlaContudo,
nigiro odaparecem
irC .laicneter
topseueesquecido
s od satsipdeavque
ad áoj kpresidenciável
oobecaF o
oiráAécio
usu oNeves,
a aitimrsuposta
ep e oda“vítima”
l a odaldadrpropaganda
av raH ed senegativa,
tnadutse seraod senador
sotof avtambém
acoloc eblindado
rawt fos opela
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
imunidade parlamentar, não havendo que se falar em quebra da isonomia.
.setnearta etnemlauxes
Por sua vez, a RP nº 165.865 foi proposta pelo candidato Aécio Neves em virtude
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
de propaganda eleitoral da oposição a poucos dias do segundo turno das eleições, a qual
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
trazia a ex-presidente do sindicato de jornalistas mineiros dizendo que Aécio, quando
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
souGovernador
dívidni ed ede
t raMinas,
p rop lcontrolava
fi rep od otaomídia
f ed sestatal.
açnaduO mpedido
sà ralifoi
misfeito
oglpara
a ,sasuspender
citílop seõointrecho
ipo
da propaganda, sustentando tratar-se de uma “inverdade escancarada”.
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
O voto do relator, Min. Admar Gonzaga, embora tenha sido vencido, encontrava
guarida no entendimento consolidado do tribunal, sustentando que a crítica política é
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilónecessária
taC edadisrevinao
U aicdebate
ífitnoP aleeleitoral
p otieriD mee aao
daudprocesso
arG .siareG sdemocrático
aniM ed laredeF erepresentativo.
dadisrevinU ad otierPelo
iD ed tanto,
a resposta deveria ser .dada 813505no 656próprio
6184752/espaço
rb.qpnc.sede
ttal/propaganda,
/:ptth :settal olucíque
rruC .é
siaoreGmeio
saniMadequado
ed
moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE130
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
para críticas e manifestações LIBERDADE
políticas, não cabendo DE EXPRESSÃO
à Justiça Eleitoral fixar parâmetros E
subjetivos quePOLÍTICA:
restringissem a propaganda.
FERRAMENTA Ademais, sustentou o relator que o fato
TECNOLÓGICA relatado
NEUTRA
não era sabidamente inverídico, como requerido para legitimar a atuação pretoriana; pelo
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
tanto, não haveria fundamentos legais para suspender a propaganda.

Inobstante as considerações levantadas pelo Min. Admar Gonzaga, novamente


prevaleceu o entendimento encabeçado pelos Min. Gilmar Mendes e Dias Toffoli,
inaugurando jurisprudência que extrapola os limites legais à liberdade de propaganda em
horário eleitoral gratuito. Aléxia Duarte Torres1
O voto vencedor revela uma postura profundamente ativista por parte do TSE,
levantando preocupações já na consideração do Min. Dias Toffoli de que eles deveriam
repensar RESUMO
o formato do horário eleitoral gratuito, ao que o Min. Luiz Fux acrescentou que
o minimalismo deveria dar lugar ao maximalismo judicial naquele caso. Ou seja, formou-
A missão
se uma “corte deexplícita
sábios”do(sequer
Facebook, rede social
completa, dadoque que
tem conquistado
a votação foio coração e consumido
acirrada, sendo
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
quatro votos a favor e três contrários) para reestruturar a dinâmica política em matéria
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
de propaganda eleitoral. Ao fim, ficou consignado pelo livre alvitre dos julgadores que a
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
propaganda gratuita, por ser financiada por dinheiro público, não deveria conter “ataques
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
de baixo nível”. Ao contrário, era imperativo que as propagandas apresentassem caráter
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
propositivo e que não trouxessem pessoas alheias ao pleito para figurar nos programas
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
publicitários.
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
Cumpre
propõe apontar que a Lei das Eleições, em seus art. 51, IV, e 53, § 1º e 2º, já veda
a responder.
propaganda eleitoral gratuita que possa degradar ou ridicularizar candidatos ou que seja
ofensiva à honra, à moral e aos bons costumes. Também o Código Eleitoral traz em seu
art.1.243 aINTRODUÇÃO
proibição de propaganda de guerra, de processos violentos, de preconceito, de
incitamento de atentado,
Apesar de não de ter instigação
sido criadoà desobediência e que contenha
como um instrumento político,injúria,
logo calúnia
no seu ouinício
difamação. Trata-se de um rol já consolidado de restrições à liberdade
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,de expressão no
pleito, mas quecolocava
o software foi firmado via deliberação
fotos legislativa
dos estudantes para preservar
de Harvard bensejurídicos
lado a lado permitiade aosuma
usuário
importância,
classificarcomo
quemaera segurança
“hot” ounacional e a palavra
não, uma dignidade,
emeinglês
segueusada
o entendimento tradicional
para designar pessoas
de limites à liberdade
sexualmente de expressão.
atraentes.
Quando
Depois o TSE
que usa
seusdecriadores
sua função judicanteapara
acessaram redeexigir que a propaganda
de segurança em horário
da universidade e cap-
gratuito sejaasdeimagens
turaram “alto nível” (embora nãodos
de identificação explique o que isso
estudantes, signifique)
os próprios e tragacomeçaram
usuários apenas
a trocarpropositivo,
conteúdo as suas fotos por imagens
assume para si acom textos
função de de protestosmoral,
legislador ou que expressavam
extrapolando suassuas
opiniões políticas,
competências algo similar
e condenando às mudanças
a manifestação de foto
política a umado esfera
perfil por parte de indivíduos
de hipocrisia, como
se inconformados com o resultado
não houvesse críticas e pontos do pleito nas
negativos eleições
a serem presidenciais
ressaltados nos dos Estados Unidos,
adversários. Sem
a necessária carga crítica e negativa sobre as plataformas oponentes, a manifestação
democrática restará seriamente comprometida, nos moldes do que foi apresentado no
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
tópico anterior, afetando
de Direito da não Federal
Universidade apenasdeos Minascandidatos em disputa,
Gerais. Graduada mas
em Direito pelatoda a coletividade
Pontifícia Universidade que
Católica
espera de
o resultado
Minas Gerais.doCurrículo
pleito. lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço eletrônico: [email protected]

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:131
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSOsório
SERP XE
291
teceED
duraED ADno
crítica REsentido
BIL ,K deOque
OBa Evedação
CAF à propaganda negativa
ARTUEN ACIGÓLONCET ATNEMARREFo:A
é uma postura paternalista e autoritária, pois suprime conflito
CITÍinerente
LOP à atividade
política da democracia e pressupõe que os cidadãos não teriam capacidade de analisar
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO 292
as propagandas negativas e punir os abusos por meio do voto. Segundo a autora , a
propaganda negativa contribui para aumentar a qualidade da discussão e do processo
de seleção dos candidatos por quatro motivos: estimula o debate público; é crucial para
combater a demagogia das propagandas; atrai mais a atenção do eleitorado; e favorece o
controle social e a responsabilização dos representantes pelo resultado das ações tomadas
1
sedurante
rroT etoramandato.
uD aixélA

Inobstante às críticas pertinentes ao entendimento esposado pelo TSE, a nova


jurisprudência já começou a influenciar as decisões dos tribunais regionais no pleito
OMUSER a partir
municipal de 2016. Uma análise inicial nos mecanismos de busca de jurisprudência
doustermo
odim noc e “horário
oãçaroc oeleitoral
odatsiugratuito”
qnoc metindicou
euq laicelementos
os eder ,koopreocupantes
becaF od aticílque
pxe merecem
oãssim A atenção.
od roder oNoa sRio
oudívGrande
idni e sdo
orieSul,
lisarbo etribunal
d seõhlim ed aconcedeu
local div ad roiadireito
m zev de adaresposta
c opmet mno u Recurso
oãçEleitoral
auta auSnº.o5.679
dajagn293
e eatncandidata
emlivic e oque,
datcepor
nocser
,ot membro
reba siamdeodpartido
num o rcom
etnam é , o d n u m
notório envolvimento
e onos
dúetnesquemas
oc ed oãçirinvestigados,
tser ed sacitíloteve
p saseu
us enome
euqatsassociado
ed odahnagà m e t o c i t í l o
Operação Lava-Jato p oiránec onno horário
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
eleitoral gratuito. No caso em questão, impugnou-se fala propagada no rádio com o seguinte
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
conteúdo: “O maior debate na nossa cidade é: quem tem capacidade para administrar
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
Canoas? Beth Colombo Biazus? Ou Luiz Carlos Busato? Aqui desse lado, Busato, eu sei
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
que tu não é investigado na Lava-Jato!”.
.rednopser a eõporp
O relator, vencido no julgamento, seguiu entendimento doutrinário e jurisprudencial
de que para se conceder o direito de resposta se deve comprovar a falsidade incontroversa
OÃÇUao
das afirmações e a ofensa perpetrada, ressaltando que a crítica inerente DOdebate
RTNI público.1
deve ser recebida com maior amplitude enquanto livre manifestação no debate eleitoral. Do
oicíni ues on ogol ,ocitílop294otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
voto do relator, extrai-se :
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráusu oa aitimrepE,enoodcaso,
al a otambém
dal dravnão
raH verifico
ed setnviolação
adutse sao
od que
sotodispõe
f avacooloart.
c e58
rawda
t foLei
s odas
Eleições.
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
Quando é feita a assertiva de que do lado de Busato.setnão
nearhá
ta einvestigado
tnemlauxespela
Lava-Jato, não se pode perceber ou inferir que esteja sendo feita a afirmação de
-pac e edadisrevinuqueadBeth
açnaColombo
ruges edé einvestigada
der a maratambém
sseca snessa
erodaioperação.
rc sues euq siopeD
maraçemoc soiráuHá su uma
soirpóexaltação
rp so ,seapenas
tnadutsdae sfigura
od oãçdeacfiBusato,
itnedi epodendo
d snegamsei sdeduzir
a mararqueut a
referência poderia ser relacionada com o fato de que o candidato a vice-prefeito
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
soudívidni ed et rapdarchapa
op lfi redep Beth
od oColombo,
tof ed saçMario
nadum Cardoso,
sà raliémfiliado
is oglaao,sPT
aceitílporque
op seõainprópria
ipo
Beth Colombo foi efetivamente vice-prefeita nas duas administrações de Jairo
,sodinU sodatsE soJorge,
d siaictambém
nediserpvinculado
seõçieleàssigla
an opetista
tielp ode oum
datgrande
luser oexpoente
moc sodda amagremiação.
rofnocni

291 OSÓRIO, op. cit., p. 231.


edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló292
taC edOSÓRIO,
adisrevinop.
U acit.,
icífitp.
noP229.
alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
293 TRE-RS, RE nº 5.679, Rel. .813Jamil
5056Andraus
5661847Hanna
52/rb.qBannura,
pnc.settaj.l//16.09.2016.
:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
294 TRE-RS, RE nº 5.679, p. 8. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE132
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
Por isso, não LIBERDADE
vejo como vinculação, quiçá degradação DE EXPRESSÃO
da candidata, E
capaz de
configurar conteúdo de caráter difamatório a ensejar direito de resposta.
POLÍTICA: FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA
O relator ainda ressaltouOU
em seu voto que, por se tratar
PLATAFORMA de horário eleitoral
VIRTUAL EDITORIAL?gratuito,
o ofendido deve responder em seu programa, sendo o direito de resposta reservado para
casos graves, quando a propaganda transborda os limites do mero questionamento político
e atinge o insulto pessoal. Seu entendimento, contudo, não foi acompanhado por seus
pares.

O tribunal considerou que a acusação não foi genérica. Fazendo umaDuarte


Aléxia interpretação
Torres1
295
para além da literalidade da mensagem propagada, o voto condutor entendeu que se
dizia com todas as palavras que Beth Colombo seria investigada pela Lava-Jato, e que
se a intenção fosse dizer apenas que o candidato Busato não estaria sendo investigado,
RESUMO
dispensaria a referência expressa ao nome da adversária. Segundo o voto condutor, a
referênciaAfeita é quase
missão um do
explícita sinônimo de rede
Facebook, culpabilidade,
social que configurando acusação
tem conquistado difamatória.
o coração e consumido
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
A crítica feita é que, como se sabe, a Operação Lava-Jato deflagrou o maior esquema
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
de corrupção já visto no Brasil, trazendo à tona a outra face de políticos tradicionais.
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
É desejável e necessário que as informações a ela atinentes, bem como de partidos e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
candidatos envolvidos, sejam divulgadas com transparência, inclusive para possibilitar a
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
análise crítica pela população acerca de seus representantes. Quando o tribunal concede o
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
direito de mesmo
respostaespaço
em ume caso como na
visibilidade esse, está desestimulando
plataforma? Essas são asaquestões
propagaçãoque de
essecríticas,
artigo se
elemento propõe
essencial à formação
a responder. de opinião e ao fomento dos debates, principalmente por se
tratar de tema de relevante interesse à população em eventual debate político.

Em Tocantins, o TRE concedeu direito de resposta no RE nº 51.275296 a candidato


1. INTRODUÇÃO
que foi vítima de acusações por fato sabidamente inverídico no horário eleitoral gratuito. O
trecho contestado
Apesar de dizia
nãoquetero sido
prefeito da situação
criado como um havia criado o estacionamento
instrumento político, logo pago,
no seumas
início
eraonotório que seu antecessor o fizera. Quanto a esse ponto em específico,
Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”, foi deferida a
representação
o software de direito de
colocava resposta.
fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
No entanto, um dos fundamentos da decisão foi que nos programas eleitorais gratuitos
sexualmente atraentes.
as campanhas devem ser programáticas e propositivas, visando ao esclarecimento do
Depois
eleitor quanto que seus
a temas criadorespúblico,
de interesse acessaram a rede
partindo de segurança
da decisão do TSEdanauniversidade
RP nº 165.865.e cap-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários
O voto proferido exaltava que os candidatos devem “se vestir de uma capa moral e ética”, começaram
nãoacabendo
trocar asaos
suas fotos
juízes por imagens
“tergiversar comcom textosdireito
o sagrado de protestos ou que expressavam
de informações verídicas”. suas
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
Como já oportunamente apontado, essa exigência jurisprudencial é uma postura
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
não apenas paternalista, mas autoritária por impedir a livre expressão de ideias e críticas
essenciais ao debate democrático.
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
295 TRE-RS, RE nº
de Minas 5.679,
Gerais. p. 9. lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Currículo
Endereço
296 TRE-TO, RE nºeletrônico: [email protected]
51.275, Rel. Jacqueline Adorno de la Cruz Barbosa, j. 12.09.2016.

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:133
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSMenciona-se
SERPXE ainda ED oEMandado
DADRde EB BEC297
IL ,KOnºO27.116
Segurança AF, julgado pelo tribunal do Rio
ARdeTJaneiro,
UEN A que
CIvedou
GÓL aO
contratação
NCET de ATatores
NEMprofissionais
ARREF :para ACparticipar
ITÍLOPde propaganda
eleitoral gratuita. Argumentando que a propaganda eleitoral está adstrita ao princípio da
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO 298
legalidade, entendeu-se que o termo “apoiador” no art. 54 da Lei 9.504 se refere a outro
político, ou a alguém com relevância política e/ou ideológica. O voto condutor, seguido por
unanimidade, seguiu a tese de que a participação de atores profissionais violaria o objetivo
de redução dos custos de campanha, preconizado na minirreforma eleitoral de 2015, bem
como violaria a igualdade entre os candidatos.
1
serroT etrauD aixélA
Duas considerações de outros desembargadores merecem ainda menção. A Des.ª
Jacqueline Montenegro, de um lado, apontou que não há problemas em pessoas notórias
figurarem em propagandas, como já o fez Chico Buarque; o problema estaria em se fazer
encenação. Pergunta-se: qual seria exatamente o problema, ou onde estaria OMpositivada
USER essa
vedação? Doutro lado, o Des. Leonardo Grandmasson sublinhou
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A que a reforma de 2015
od retirou
roder oaa sproibição
oudívidni edesoparticipação
rielisarb ed sde eõhpessoas
lim ed adem iv adpropaganda
roiam zev amediante
dac opmetremuneração.
mu
oãçFaz
autaressalva,
auS .odajcontudo,
agne etnem delivque
ic e um
odatartista
cenoc ,contratado
ot reba siamnão odnpoderia
um o retnseamenquadrar
é ,odnum no termo
e o“apoiador”.
dúetnoc ed oAnota-se
ãçirtser edquesacessa
itílop vedação
saus e eunão qatsse
ed encontra
odahnag m positivada,
et ocitílop éoirelemento
ánec on inserido
odnmeramente
azitarcomed kpelaoobevontade
caF o airapretoriana.
tsE .sacimêUmalop ravez
reg aque
mauhánitlimitação
noc omtirodeglagastos
ed oãçapara
zilanoaspropaganda,
rep
socéitílcoerente
op sodit rapque
e sootadinheiro
didnac ,seseja
tneredestinado
fid sacitílopàseforma
õsiV ?ade -odpublicidade
nazilartnec uque
o oãçmais
amrofconvenha
ni a ao
o mcandidato,
eussop koodesde becaFque od não
soiráatentatória
noicnuf e saoserodlimites
adnuf slegalmente
od saiedi sestabelecidos.
a moc megrevid euq
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
A vedação estipulada pelo TRE-RJ trata-se de interpretação extremamente restritiva
.rednopser a eõporp
do dispositivo acerca da propaganda eleitoral, decorrência direta do voto do Min. Dias
Toffoli na RP nº 165.865, quando escancarou que deveriam (os magistrados) acabar com
a possibilidade de pessoas estranhas ao pleito aparecerem nos programas OÃÇUDORTeleitorais.
NI .1 A
partir do momento em que a jurisprudência impõe uma limitação não constante em lei, fica
oicíevidente
ni ues oan podagem
ogol ,ocitda íloplivre
otnmanifestação
emu rtsni mu política.
omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráusu oPercebe-se
a aitimrep ea oalta dal carga
a odalmoralizadora
drav raH ed sda etnJustiça
adutse Eleitoral
sod sotoque,
f avaao
colfazer
oc eraumwt fjuízo
os o de
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiisbruxas”
valor sobre o que considera ideal para a sociedade, criou uma realidade de “caça às salc
contra os candidatos. Pereira299 fez uma oportuna comparação com .setnuma
eartadas
etnecorrentes
mlauxes do
Direito Penal ao dizer que os tempos são de “Direito Eleitoral Máximo”, no qual o candidato
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
é visto como inimigo contra o qual se devem armar barricadas e flexibilizar direitos. No
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
sou297
dívidTRE-RJ,
ni ed eMSt ranºp 27.116,
rop lfiRel.
repHerbert
od otde
of Souza
ed sCohn,
açnadj.u26.10.2016.
m sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
298 Art. 54.  Nos programas e inserções de rádio e televisão destinados à propaganda eleitoral gratuita de cada
,sodinU partido
sodatsouE coligação
sod siaisó cnpoderão
ediserpaparecer,
seõçieem
le sgravações
an otielpinternas
od odeatexternas,
luser o observado
moc sodoadisposto
mrofnono cn§i 2o,
candidatos, caracteres com propostas, fotos, jingles, clipes com música ou vinhetas, inclusive de passagem,
com indicação do número do candidato ou do partido, bem como seus apoiadores, inclusive os candidatos
de que trata o § 1o do art. 53-A, que poderão dispor de até 25% (vinte e cinco por cento) do tempo de cada
edadlucaFprograma
ad oãçaudouarGinserção,
-sóP ed asendo
margorvedadas montagens,
P – siareG saniM ed latrucagens,
redeF edadcomputação
isrevinU alep gráfica,
otieriD mdesenhos
e adnartseanimados
M 1 e
acilótaC edefeitos
adisrevespeciais.
inU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
299 PEREIRA, Rodolfo Viana..8Direito
13505Eleitoral
6566184contra
752/rbo.qinimigo.
pnc.settEm
al//:Debate,
ptth :setBelo
tal olHorizonte,
ucírruC .siav.re5,G n.
sa4, p. e26-30,
niM d out.
2013. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE134
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
mesmo sentido aponta a tese LIBERDADE
de Salgado300, ao DE Eleitoral
assinalar que o Direito EXPRESSÃO
se constrói E
sobre a presunção de má-fé dos concorrentes ao
POLÍTICA: FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA cargo político em prol da garantia do
princípio da máxima igualdade na disputa eleitoral. Osório301 também invoca a atenção a
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
esse ponto, concluindo que a ideia de paridade de armas entre candidatos e partidos tem
assumido um peso desproporcional em relação à liberdade de expressão, sendo que esse
menosprezo à livre manifestação é uma das medidas mais drásticas durante o pleito, pois
exclui do debate público a circulação de ideias e informações.
A defesa jurisprudencial da moralidade em detrimento da livre Duarte
Aléxia manifestação
Torres1
político-eleitoral é decorrência do que Gresta e Santos302 apontam como “aprisionamento
semântico dos direitos políticos” como direitos da sociedade por parte dos tribunais.
Apontam as autoras haver um entendimento ainda predominante de compartimentação
RESUMO
dos direitos humanos (entre eles, os políticos) nas chamadas gerações de direito. No
entanto, essa colocação
A missão é simplista
explícita e insuficiente
do Facebook, rede socialpara
quedar
temconta da totalidade
conquistado da cidadania,
o coração e consumido
diretamente
umatrelada aos direitos
tempo cada humanos.
vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
mundo,
Oliveira 303 é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
defende que a ideia de gerações de direito interdependentes e categorizadas
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
mascara a relação de cooriginalidade e equiprimordialidade entre autonomia pública e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
privada. Em uma sociedade mundial, complexa e pluralista, essa compartimentação coloca
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
em risco o caráter universal dos direitos humanos, sendo manifestamente desagregadora.
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
Segundo o autor defende em sua obra304, a distinção entre direitos individuais, coletivos,
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
sociais e difusos deve ser feita do ponto vista do processo argumentativo e reflexivo de
propõe a responder.
aplicação das normas que o consagram. Quer dizer, não se trata de apresentar argumentos
pragmáticos para justificar a extensão de uma norma, mas de averiguar sua adequabilidade
a um1. caso concreto, livre de predeterminações materiais que conferem prioridade de um
INTRODUÇÃO
ponto de vista normativo sobre outro.
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
Na esteirajádodava
o Facebook que apresenta
pistas do oseu autor, uma visão
potencial. privilegiada
Criado e excessivamente
originalmente concreta
como o “Facemash”,
do oquesoftware colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia humana
seja vida, liberdade, igualdade, segurança, trabalho ou mesmo dignidade ao usuário
é uma afrontaquem
classificar à sociedade
era “hot” democrática.
ou não, uma Fundamenta
palavra emseu argumento
inglês usada para comdesignar
o exemplo da
pessoas
liberdade de expressão,
sexualmente atraentes.que, a depender do caso concreto, pode ser direito individual,
coletivo, social, ou difuso305.
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
300 SALGADO, op. cit., p. 252.
301a OSÓRIO,
trocar as suas
op. cit., fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
p. 144.
302opiniões políticas,
GRESTA, Roberta Maia;algo similar
SANTOS, às Pereira
Polianna mudanças de foto
dos. Direitos do como
políticos perfildireitos
por parte de indivíduos
da sociedade: crítica
ao aprisionamento semântico dos direitos políticos. In: PEREIRA, Rodolfo Viana; SANTANO, Ana Claudia
inconformados
(Orgs.). Conexõescom o resultado
eleitoralistas. do pleito
Belo Horizonte: nas eleições
Abradep, presidenciais
2016. p. 201-216. dos Estados Unidos,
ISBN 978-85-93139-01-7. Dis-
ponível em: <http://bit.ly/2ebb6kY>. Acesso em 27 abr. 2018.
303 OLIVEIRA, Marcelo Andrade Cattoni de. Processo constitucional. 3. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2016. p. 142.
304 Ibidem, p. 146-148.
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
305 Ibidem, p. 148.
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
O autor exemplifica as diversas
de Minas Gerais. visões
Currículo sobre
lattes: a liberdade de expressão conforme o caso concreto: “Daí se poder
http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
protegê-lo
Endereçoquando se tolhe
eletrônico: ou se ameaça tolher a palavra de alguém; ou a participação de uma associação
[email protected]

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:135
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSNo SEcaso
RPX E direitos
dos ED Epolíticos,
DADRexplicam
EBIL ,Gresta
KOOe B ECAeles
Santos, F não aparecem de forma
ARisolada,
TUEN mas
Aligados
CIGÓaLoutros
ONC direitos,
ET AT não
NseEM exaurindo
ARREno F :âmbito
ACITdas
ÍLOrelações
P privadas,
mas projetando-se para a esfera social política, ou seja, trespassando a mera separação em
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
gerações nos moldes defendidos por Oliveira.

Pelo que explicam, a não adequação dos direitos políticos à separação estanque dos
direitos fundamentais em gerações ocorre pois eles reclamam uma avaliação que consi-
dere a diversidade e a complexidade dos interesses revelados no exercício das liberdades
1 coletivas. Conforme apontam306, não há como dissociar a atuação política do indivíduo de
serroT etrauD aixélA
sua autonomia, havendo uma coincidência entre as gerações de direito que se voltam à
individualidade e à comunidade:
Embora os direitos políticos sejam identificados por enunciados que os dis-
OMUSER
tinguem da liberdade individual, esta frequentemente integra seu núcleo, onde
odimusnoc e oãçaroaparece
c o odatsacompanhada
iuqnoc met eude q laum
icosqualificativo
eder ,koobepolítico.
caF od atNesse
icílpxe sentido,
oãssim Aa liberdade
od roder oa soudívide dniconsciência
e sorielisarsubjaz
b ed sao
eõhdireito
lim eddeadvoto
iv ade àroiniciativa
iam zev popular
adac opdasmetleis.
muEm suma,
se a autonomia individual se encontra na base de toda a ação que impele o
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
indivíduo para a participação política, no momento do exercício dos direitos
e odúetnoc ed oãçirpolíticos,
tser ed ssua
acitídimensão
lop saus edeeuliberdade
qatsed oindividual
dahnag mtorna-se
et ocitíloindissociável
p oiránec ondo caráter
odnazitarcomed koobpro ecaFsocietatis
o airatsE .que
sacim êlocategoria
sua p rareg a m aunitnoc olhe
dogmática mtiratribui.
ogla ed oãçazilanosrep
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
Pode-se dizer que a interpretação dos tribunais acerca dos direitos políticos é incom-
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
es opleta,
git ra epois
sse ao
euqprojetar
seõtseuaq dicotomia
sa oãs saspúblico/privado
sE ?amrofatalp asobren edadailmatéria
ibisiv e oeleitoral
çapse om equipara
sem a pro-
teção dos direitos políticos à concretização da moralidade pública, .rednopser a eõpodo
em prejuízo rp exercício
de liberdades públicas pelos indivíduos. Considerando apenas o âmbito coletivo dos direitos
políticos, ignora-se a matriz de liberdade e autonomia individual que lhes confere suporte.
Pela concepção tradicional, os direitos políticos não se destinariamOÃao
ÇUbenefício
DORTNI de .seus
1
próprios titulares, mas, sim, à realização de metas em favor da sociedade como um todo;
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
de outro, os direitos individuais traduziriam interesses egoísticos próprios aos negócios
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráprivados,
usu oa aidevendo
timrep e ser
odalmantidos
a odal dràavdistância
raH ed sedatnacena
dutsepolítica,
sod soatoffim
avade
conão
loc eenviesarem
rawt fos o o
307
processo de concretização do bem comum .
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
O resultado é a avaliação meramente pro societate dos direitos .setneapolíticos,
rta etnemassentada
lauxes
-pana
c edefesa
edadisde
revuma
inu amoralidade
d açnarugespública
ed edecontraposta
r a marasseàcaliberdade
serodaircdossuecidadãos,
s euq siopoeque
D explica
maoraenfoque
çemoc sunidimensional
oiráusu soirpórdado
p so à,spropaganda
etnadutse seleitoral,
od oãçacimpondo
fiitnedi ead mitigação
snegami das sa mliberdades
ararut
saus mavasserpxe euq uo sotsetorp ed sotxet moc snegami rop sotof saus sa racort aser
públicas em favor de uma ideia de lisura eleitoral. Contudo, os direitos políticos devem
souapreciados
dívidni ed como
et rap uma
rop lfiexpressão
rep od otcomplexa
of ed saçdanadliberdade
um sà raindividual
limis oglae da
,saliberdade
citílop seõcoletiva.
inipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni

representativa de uma coletividade; ou quando se afirma que a educação é pressuposto do ter o que dizer;
edadlucaFou adquando
oãçaudaserGdiscute
-sóP edoaimpacto
margorPna – scomunidade
iareG saniM da
ed violência
laredeF edou
adda
isrepornografia
vinU alep otna
ieritelevisa
D me adounarna
tseinternet;
M 1 ou
acilótaC edainda
adisraevexistência
inU aicífitnou
oP não
alepde
otimonopólio
eriD me addos
audameios
rG .siade
reGcomunicação”.
saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
306 GRESTA; SANTOS, op. cit., .813p.50206.
56566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
307 GRESTA; SANTOS, op. cit., p. 208. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE136
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
Como resultado do FACEBOOK, LIBERDADE
aprisionamento semântico, nos moldesDE EXPRESSÃO
criticados acima, o que E
se tem é uma POLÍTICA:
orientação jurisprudencial contrária à Constituição
FERRAMENTA no que pertine àNEUTRA
TECNOLÓGICA liberdade
de expressão político-eleitoral. Osório308 levanta quatro pontos que fundamentam a incons-
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
titucionalidade das restrições que o TSE vem sustentando desde as últimas eleições pre-
sidenciais. Em primeiro lugar, a posição pretoriana é uma restrição a conteúdo informativo
valioso às eleições, essencial para a decisão do voto, violando a liberdade de expressão.
Aponta também o caráter paternalista do novo entendimento, retirando dos eleitores a pos-
sibilidade de julgar as informações recebidas. Em terceiro, pode haver violação à paridade
de armas, em vista da enorme carga subjetiva do juiz ao determinar Aléxia Duarte
o que Torres1
é conteúdo
negativo ou propositivo e também porque a mídia não se sujeita a essas restrições. Por fim,
há o problema de uso da Justiça Eleitoral como arma política ao permitir que candidatos e
partidos suspendam
RESUMO a veiculação de mensagens que os desagradem.
Salienta-se
A missãoque já existem
explícita restrições
do Facebook, redeàsocial
liberdade
que temde conquistado
expressão político-eleitoral po-
o coração e consumido
sitivadas na
umLei das cada
tempo Eleições
vez emaior
no Código
da vidaEleitoral, como
de milhões demencionado
brasileiros ealhures.
indivíduosAdemais,
ao redora do
doutrina segue
mundo, o éentendimento
manter o mundo de que
maisa liberdade de expressão
aberto, conectado pode ser
e civilmente recuadaSua
engajado. quando
atuação
seu conteúdo ameaçar
no cenário uma tem
político educação
ganhado democrática
destaque elivresuasdepolíticas
preconceitos e fundada
de restrição no su- e
de conteúdo
309 310
perior valor intrínseco do
personalização de ser humano
algoritmo . No aentanto,
continuam como adverte
gerar polêmicas. Estaria oSalgado
Facebook , essa nor-
democratizando
matizaçãoa regulatória
informação deve se dar nos termos
ou centralizando-a? e sob
Visões o império
políticas da lei,
diferentes, o que remete
candidatos à adoção
e partidos políticos
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários
do teste tripartite, que condiciona a adoção de limites à liberdade de expressão. do Facebook possuem o
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
Para conferir validade às restrições que se pode impor à liberdade de expressão
propõe a responder.
político-eleitoral três requisitos devem ser apreciados, como elucidado por Osório311. Em
primeiro lugar, deve-se respeitar o princípio da reserva legal, quer dizer, diante da gravida-
de 1.
da decisão de restringir esse direito fundamental, somente lei formal, deliberada pelos
INTRODUÇÃO
representantes eleitos, é que poderá justificar uma flexibilização, em atenção ao princípio
Apesar
democrático. de não
Mendes ter sido
e Branco 312 criado como um instrumento político, logo no seu início
reiteram ainda que o teste de validade da lei que interfere
o Facebook já dava pistas do
no exercício da liberdade de expressão seu potencial. Criado originalmente
não exige critérios como
particularmente o “Facemash”,
estritos, bastan-
o software colocava fotos dos estudantes
do que a deliberação legislativa se revele razoável. de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
O segundoatraentes.
sexualmente ramo do teste tripartite é a tutela de objetivos constitucionalmente legíti-
mos, ou seja, uma eventual restrição deve encontrar fundamento na promoção de outros
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
interesses de elevado valor axiológico e tutelados constitucionalmente. O que a análise ju-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
risprudencial aponta, em especial dos julgados do STF trabalhados no primeiro tópico deste
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
trabalho, é que a dignidade humana e seus desdobramentos é que mais frequentemente
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
entram em colisão com a liberdade de expressão.
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,

308 OSÓRIO, op. cit., p. 244.


309 MENDES; BRANCO, op. cit., p. 400.
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
310 SALGADO,
de Direitoop.
dacit., p. 260. Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
Universidade
311 OSÓRIO, op. Gerais.
de Minas cit., p. 117.
Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço
312 MENDES; eletrônico:
BRANCO, op. [email protected]
cit., 2012.

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:137
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSPor SER PXa Erestrição
fim, ED EdeveDAD REBo Iprocesso
seguir L ,KOO BECAF da proporcionalidade em
ponderativo
ARsentido
TUEN estrito,
ACde IGmodo
ÓLOque NC asEmedidas
T ATNrestritivas
EMARR produzam
EF :ACmaisITÍLbenefícios
OP aos bens
jurídicos tutelados do que a liberdade de expressão. Osório313 aponta que, nessa etapa, a
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
ponderação deve considerar tanto a posição preferencial que ostenta a liberdade de expres-
são no sistema constitucional brasileiro quanto a proteção especial conferida a discursos
políticos e eleitorais para o interesse público. Aponta a autora:
Ademais, nos casos em que estiverem em jogo discursos especialmente prote-
gidos, como aqueles que digam respeito a temas político-eleitorais e a candida-
1
serroT etrauD atos, ixélpolíticos
A e funcionários públicos em geral, a análise da proporcionalidade
das medidas restritivas deve ser ainda mais rigorosa. Nessas hipóteses, o pro-
cesso de ponderação deve considerar não apenas o maior grau de proteção e
o peso superlativo atribuído à liberdade de expressão política, mas também o
princípio democrático, que exige o debate mais amplo possível OMsobre
USER os assun-
tos relacionados à coisa pública e a pessoas responsáveis por sua gestão, de
odimusnoc e oãçaromodo c o odaatgarantir
siuqnocomcontrole
et euq lapelo
icos cidadão.
eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
Tendo em vista as considerações elencadas, vê-se que as restrições impostas pelo
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
TSE desde a última eleição presidencial, em especial, não encontram terreno para prosperar.
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
Primeiramente, porque são limitações impostas por um tribunal, o que viola o princípio da
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
reserva legal e o caráter deliberativo da democracia representativa. Em segundo momento,
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
o mporque
eussopokvalor
oobectutelado
aF od sonasirándecisões
oicnuf e sproferidas
erodadnuf não
sod coaduna
saiedi sacommocomentendimento
egrevid euq pacífico
es ode
gitque
ra esosprincípio
e euq seõda tsedignidade
uq sa oãs shumana
assE ?am é que
rofatpode
alp anfundamentar
edadilibisiv eaorestrição
çapse omàseliberdade
m de
expressão. A defesa irretocável da moralidade pública e da lisura do pleito é fruto
.rednopser a eõporp de uma
interpretação simplista dos direitos fundamentais compartimentados em gerações, sendo
que o tribunal dá primazia aos valores comunitários. Ademais, como suscitado acima, a
nova compreensão é insuficiente, já que os direitos políticos ultrapassam OÃÇUDO a Rdivisão
TNI estan-
.1
que tradicionalmente interpretada, relacionando-se tanto com a autonomia e a liberdade
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
individual quanto com os valores comunitários da atividade política. Por fim, o cerceamento
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
da livre manifestação político-eleitoral não atende à proporcionalidade em sentido estrito,
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
pois que já começa fragilizando a democracia ao inviabilizar um debate de interesse público.
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
Claramente que a paridade de armas deve ser observada.seetgarantida nearta etndurante
emlauxetodo
s
-paoc processo
e edadisreeleitoral,
vinu ad amesmo
çnarugeno s edcontrole
eder a das
maramanifestações
sseca serodairpolíticas
c sues eueqdassioppropagandas
eD
314
eleitorais. Salgado
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa migualdade
, ao defender o princípio constitucional eleitoral da máxima ararut
saus mavasserpxe euq uo sotsetorp ed sotxet moc snegami rop sotof saus sa racormeios
na disputa eleitoral, defende a restrição à liberdade de campanha e à atuação dos ta
soudedívcomunicação
idni ed et rap noroppleito
lfi reppara
od oevitar
tof edhaver
saçninfluência
adum sà indevida
ralimis oque
gla ,leve
sacitao
ílopdesequilíbrio,
seõinipo
,sodatingindo
inU sodaotspluralismo
E sod siaiceneadliberdade
iserp seõçdeieleformação
san otielpdaodopinião.
odatlusNo
er oentanto,
moc soaponta
damrofquenocnai re-
gulação da liberdade de expressão deve ser tratada de maneira cuidadosa, sob pena de se
aniquilar esse direito. É por meio do debate democrático acerca das normas jurídicas que
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
313 OSÓRIO, op. cit., p. 121..8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
314 SALGADO, op. cit., p. 268. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE138
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
a regulação concretiza a liberdade de expressãoLIBERDADE DErobusta,
na sua vertente mais EXPRESSÃO
ao invés de E
colocá-la em risco. Somente assim
POLÍTICA: resta assegurado oTECNOLÓGICA
FERRAMENTA respeito aos princípios democrático
NEUTRA
e republicano, garantindo a formação de uma comunidade cívica com condições de realizar
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
projetos políticos, sem interferência estatal arbitrária.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Enfrenta-se um grande perigo, o perigo de um paternalismo judiciário vir a cercear 1


Aléxia Duarte Torres
direitos fundamentais sob a justificativa de que dessa forma se garante maior igualdade e
moralidade na política brasileira. Assim tem se mostrado a postura do TSE, mormente na
análise de casos de grande repercussão e influência na jurisprudência, tomando o exemplo
RESUMO nº 38.029 e nº 165.865.
das Representações
A missão
Como explícita
abordado, do Facebook,
as posturas rede social
adotadas que tem
pela maior conquistado
autoridade o coração
judicial e consumido
em Direito Elei-
toral no país resvalam em valores republicanos reforçados e protegidos pelo STF, que conta do
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor
com três mundo, é manternoo mundo
representantes TSE. É mais aberto,
evidente conectado eentre
a contradição civilmente
os doisengajado.
tribunaisSua atuação
quando
no cenário
confrontados político tem
os fundamentos dasganhado
decisões destaque
exaradas e suas políticas
nos casos quedeenvolvam
restriçãoliberdade
de conteúdo
de e
personalização
manifestação política. de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
O Supremo, enquanto
que divergem com as guardião da Constituição
ideias dos fundadores e efuncionários
detentor dadopalavra finalpossuem
Facebook acerca o
da constitucionalidade das leis e medidas que a ele são submetidas, tem posição
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo firme se
no entendimento de que a
propõe a responder. liberdade de expressão é valor republicano de excepcional im-
portância. Assim o deveria ser, em razão também do que representa a defesa da liberdade
de expressão em um país com passado ditatorial. Segundo o Pretório Excelso, a limitação
1. direito
desse INTRODUÇÃO
fundamental só ocorre quando ele, enquanto corolário da dignidade humana,
com ela esbarra. Nesses casos, a depender da análise factual, a livre expressão encontra
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
limites. Por outro lado, já entendeu o STF que a manifestação acerca de figuras públicas ou
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
de informações de interesse geral não deve ser tolhida, casos em que se minora a proteção
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
destinada aos direitos de personalidade de quem se fala.
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
sexualmente
Enquanto oatraentes.
STF resguarda o alcance da manifestação política, o TSE apresentou novo
entendimento
Depoisa partir de 2014,
que seus no qual
criadores o direito afundamental
acessaram encontrou
rede de segurança dalimites na morali-
universidade e cap-
dade pública e na imagem dos políticos, mesmo que eles sejam figuras públicas,
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram de cujas
informações
a trocar aso suas
eleitorado
fotostem
por interesse
imagens ecomnecessidade
textos de de saber. Ou
protestos ou seja, o TSE, mesmo
que expressavam suas
como órgão hierarquicamente subordinado ao STF, com ele entrou
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte em direta confrontação,
de indivíduos
gerando uma ambivalência
inconformados de entendimento
com o resultado do pleitoenas
causando
eleiçõesinsegurança jurídica
presidenciais nos parâme-
dos Estados Unidos,
tros a serem guiados para as futuras eleições.

Defendeu-se aqui que o TSE proferiu decisões maculadas pelo vício da inconsti-
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
tucionalidade,
de Direito pois que sãoFederal
da Universidade contrárias
de Minas aoGerais.
direito fundamental
Graduada em Direitoàpela
liberdade
Pontifícia de expressão.
Universidade Católica
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Ademais, impôs restrições a esse direito que não compõem o rol de exceções admitido pelo
Endereço eletrônico: [email protected]

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:139
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EOSTFÃenquanto
SSERPintérprete
XE EDdaED ADREBDado
Constituição. IL ,Kque
OOao B ECnão
TSE AFcabe a decisão final sobre
ARa Tinterpretação
UEN ACde IGnormas
ÓLON constitucionais,
CET ATNEa M inovação
ARREjurisprudencial
F :ACITÍLpecouOP por fazê-lo,
somando-se ao vício na atuação jurisprudencial que incorporou novas restrições à propa-
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
ganda eleitoral, não previstas na legislação competente.

Decerto que os maiores efeitos da posição do TSE serão sentidos no pleito de 2018,
quando as eleições gerais ocorrerão e o Tribunal Superior será mais acionado que em
2016. Espera-se, contudo, haver uma viragem jurisprudencial em razão, principalmente,
1 das minirreformas de 2015 e 2017. No momento, resta aguardar para saber como serão os
serroT etrauD aixélA
entendimentos futuros e como os ministros lidarão com as novas formas de manifestação
política e eleitoral.

OMUSER

odimREFERÊNCIAS
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lop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
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it rap e sotadiddemocracia
nac ,setnereefisupremacia
d sacitílop sjudicial:
eõsiV ?adireito
-odnazeilapolítica
rtnec uonooãBrasil
çamrcontemporâneo.
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o mRevista
eussopdakoFaculdade
obecaF oddesoDireito
iránoicda
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n ogol Maia;
,ocitílSANTOS,
op otnem Polianna
u rtsni Pereira
mu omdos.oc oDireitos
dairc opolíticos
dis ret como
oãn edireitos
d rasedapAsociedade:
crítica ao aprisionamento semântico dos direitos políticos. In: PEREIRA, Rodolfo Viana; SANTANO, Ana
,”hsClaudia
ameca(Orgs.).
F“ o om oc etnem
Conexões lanigiro odaBelo
Eleitoralistas, irC .Horizonte:
laicnetop Abradep,
ues od 2016.
satsipp.a201-216.
vad áj koDisponível
obecaF oem:
oirá<http://bit.ly/2ebb6kY>.
usu oa aitimrep e odaAcessol a odaem:
l dra27
v rabr.
aH e2018.
d setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
saoMENDES,
ssep ranGilmar
gised Ferreira;
arap adBRANCO,
asu sêlgnPaulo
i meGustavo
arvalapGonet.
amu Curso
,oãn ude
o Direito
”toh“ aConstitucional.
re meuq racfi7.issed.
alcSão
Paulo: Saraiva, 2012. .setnearta etnemlauxes
OLIVEIRA, Marcelo Andrade Cattoni de. Processo constitucional. 3. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2016.
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maOSÓRIO,
raçemocAline.
soiráDireito
usu sEleitoral
oirpórp seoliberdade
,setnadudetseexpressão.
sod oãçaBelo
cfiitHorizonte:
nedi ed sFórum,
negam2017.
i sa mararut
saus mavasserpxe euq uo sotsetorp ed sotxet moc snegami rop sotof saus sa v.
PEREIRA, Rodolfo Viana. Direito Eleitoral contra o inimigo. Em Debate, Belo Horizonte, rac5,orn.t a4, p.
26-30, out. 2013.
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sodSALGADO,
inU sodatEneida
sE sodDesiree.
siaicnePrincípios
diserp seconstitucionais
õçiele san otielestruturantes
p od odatlusedor oDireito
moc Eleitoral.
sodamro2010.
fnocni356
f. Tese (Doutorado em Direito do Estado) – Faculdade de Direito, Universidade Federal do Paraná,
Curitiba, 2010.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. 33. ed. São Paulo: Malheiros, 2010.
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilóWALDRON,
taC edadisrevJeremy.
inU aicífitThe
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D me speech.
adaudarGCambridge,
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ed laredeF edadisLondon,
revinU adEngland:
otieriD edHarvard
University, 2012. .8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE140
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
Referências jurisprudenciaisFACEBOOK, LIBERDADE DE EXPRESSÃO E
POLÍTICA:
STF, ADI nº 4.451, FERRAMENTA
Rel. Min. Ayres Britto, j. 26.08.2010. TECNOLÓGICA NEUTRA
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
STF, ADI nº 4.815, Rel. Min. Carmen Lúcia, j. 10.06.2015.
STF, ADPF nº 130, Rel. Min. Ayres Britto, j. 30.04.2009.
STF, ADPF nº 187, Rel. Min. Celso de Mello, j. 15.06.2011.
STF, RE nº 511.961/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 17.06.2009
STF, RE nº 898.450, Rel. Min. Luiz Fux, j. 17.08.2016.
Aléxia Duarte Torres1
STF, REC nº 15.243, Rel. Min. Celso de Mello, j. 02.06.2015.
STJ, REsp nº 29.639/ RJ, 4ª Turma, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 19.03.2009.
TRE-RJ, MS nº 27.116, Rel. Herbert de Souza Cohn, j. 26.10.2016.
RESUMO
TRE-RS, RE nº 5.679, Rel. Jamil Andraus Hanna Bannura, j. 16.09.2016.
TRE-TO, REA nº
missão explícita
51.275, do Facebook,
Rel. Jacqueline rede
Adorno de social
la Cruzque tem conquistado
Barbosa, o coração e consumido
j. 12.09.2016.
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
TSE, RP nº 38.029, Rel. Min. Tarcísio Vieira, j. 07.08.2014.
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
TSE, RP nºno
165.865,
cenárioRel. Min. Admar
político Gonzaga,destaque
tem ganhado j. 16.10.2014.
e suas políticas de restrição de conteúdo e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
propõe a responder.

1. INTRODUÇÃO

Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
sexualmente atraentes.
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,

1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço eletrônico: [email protected]

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:141
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSSERPXE ED EDADREBIL ,KOOBECAF
ARTUEN ACIGÓLONCET ATNEMARREF :ACITÍLOP
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO

1
serroT etrauD aixélA

OMUSER

odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
.rednopser a eõporp

OÃÇUDORTNI .1

oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
.setnearta etnemlauxes
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni

edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
.8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE142
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
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LIBERDADEFACEBOOK,
DE EXPRESSÃO E DISCURSO
LIBERDADE DE ÓDIO E
DE EXPRESSÃO
NA ARENA POLÍTICA:
POLÍTICA: ENTRE O
FERRAMENTA CRITÉRIO MORAL
TECNOLÓGICA E
NEUTRA
O PRAGMÁTICO
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?

Aléxia Duarte Torres1


André Matos de Almeida Oliveira315

RESUMO:
RESUMO
O objetivo deste trabalho é discutir o problema do discurso de ódio e da liberdade de
A missãonaexplícita
expressão do Facebook,
arena política rede social
e eleitoral. Queremosque tem conquistado
saber o que fazero coração
em casos e consumido
jurídi-
cos difíceis; descobrir se existe alguma abordagem adequada de resoluçãoaodesses
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos redor do
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente
problemas normativos. Atualmente, uma abordagem popular que se propõe a ofere- engajado. Sua atuação
cernoumacenário político
resposta tem ganhado
a esses problemas destaque e suas políticas
é a pós-positivista, de restrição
a qual privilegiadea conteúdo
adoção e
personalização
de critérios de algoritmo
morais. Apesar decontinuam a gerarna
acreditarmos polêmicas. Estaria
importância doopós-positivismo
Facebook democratizando
para
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos
nosso direito, também apontamos que essa teoria, se usada sem moderação, pode e partidos políticos
que divergem
ocasionar com O
problemas. asuso
ideias
nãodos fundadores
cuidadoso e funcionários
de teorias do Facebook
morais pode possuem o
gerar resultados
práticos
mesmo diferentes
espaço edaqueles inicialmente
visibilidade pretendidos.
na plataforma? Essas são Além disso, é possível
as questões que esse que o se
artigo
discurso
propõemoral seja um fator de escalada na polarização política. Para contornar es-
a responder.
ses problemas, o que se propõe é uma abordagem pragmática, que é mais conse-
quencialista, mais focada nas evidências empíricas e em como lidar com os interes-
1. sesINTRODUÇÃO
das partes em conflito na sociedade. Contra a crítica de alguns pós-positivistas
de que a moral é inescapável ao direito, diremos que, apesar de o que eles afirmam
Apesar
estar, em um de sentido,
não ter correto,
sido criadonão como
impede, umdeinstrumento
forma nenhuma,político, logo no seu início
a complementação
o Facebook
pragmática já àdava
moralpistas do seu potencial.
que estamos propondo.Criado originalmente como o “Facemash”,
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
1. sexualmente
INTRODUÇÃO atraentes.
Neste trabalho,
Depois abordaremos
que seus criadoresoacessaram
problema do discurso
a rede de ódio nadaarena
de segurança política. eEm
universidade cap-
nosso direito,
turaram asainda não há
imagens de critérios jurídicos
identificação dosclaros ditandoos
estudantes, atépróprios
que ponto os juízes
usuários devem
começaram
limitar a liberdade
a trocar as suas defotos
expressão nessa área.
por imagens comComo
textosodetema é controverso
protestos ou que eexpressavam
envolve vários suas
princípios
opiniõesjurídicos fundamentais,
políticas, algo similargera casos de difícil
às mudanças solução.
de foto O que
do perfil porfazer nessas
parte situa-
de indivíduos
ções difíceis? Atualmente,
inconformados está em voga
com o resultado umanas
do pleito tentativa de resposta
eleições associada
presidenciais à linha pós-
dos Estados Unidos,
-positivista e constitucionalista, que afirma que os princípios constitucionais, os valores e a
moral devem ser componentes importantes da interpretação.
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
315 Mestrando
de Minasem Gerais.
Direito
Currículo
pela Universidade
lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Federal de Minas Gerais (UFMG), Bolsista CAPES. Graduado em
Direito
Endereço
pela UFMG
eletrônico:
(2017).
[email protected]
Monitor do GENE: Grupo de Estudos em Neuroética e Neurodireito.

TORRES,
OLIVEIRA, Aléxia
André Duarte.
Matos Facebook,
de Almeida. liberdadede
Liberdade deexpressão
expressão ee discurso
política: ferramenta
de ódio natecnológica neutra
arena política: ou oplataforma
entre virtuale editorial?
critério moral In:143
o pragmático. PEREIRA,
In:
Rodolfo
PEREIRA, Viana Viana
Rodolfo (Org.).(Org.).
DireitosDireitos
políticos, liberdade
políticos, de expressão
liberdade e discurso
de expressão de ódio. de
e discurso Volume
ódio.I.Volume
Belo Horizonte: IDDE, 2018.
II. Belo Horizonte: p. 07-33.
IDDE, 2018.ISBN
978-85-67134-05-5
p. 143-164. . Disponível em:
ISBN 978-85-67134-06-2. <https://goo.gl/g4e2Gy>
Disponível em: <https://doi.org/10.32445/97885671340627>
E OÃSOSE RPXE
objetivo EDartigo
neste EDéAafirmar
DREque,
BILapesar
,KOde OaBlinha
ECApós-positivista
F ser importan-
ARteTno
UE direito
N AeCter IGfomentado
ÓLONC avanços
ET ATjurídicos
NEMA fundamentais,
RREF :AC elaIT
seÍLdepara
OP com riscos,
especialmente quando se deixa levar por teorias morais e teorias normativas fortes. Afir-
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
maremos que interpretações jurídicas influenciadas em demasia pela moral podem gerar
consequências negativas, como efeitos futuros práticos não previstos – e não desejados
– da decisão e o aumento da polarização política.

1
se2.
rroT ePROBLEMA
trauD aixéDO
lA DISCURSO DE ÓDIO NA POLÍTICA

A política brasileira passa por um período peculiar, em que os desacordos e a po-


larização estão chegando a níveis inéditos316. Nesse cenário, manifestações de figuras
OMUSER
conhecidas na política indicam a possibilidade de danos a grupos minoritários, gerando
preocupação
odim usnoc e oãçaeroindignação.
c o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
O discurso de Levy Fidelix em um debate das eleições de 2014 sobre a suposta “não
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
naturalidade” da homossexualidade é um exemplo claro de manifestação dúbia, que gerou
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
ações judiciais317. Por outro lado, o deputado Jair Bolsonaro é provavelmente a figura políti-
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socca
itílomais
p sodpolêmica
it rap e sotado
didpaís,
nac ,squase
etnerefperiodicamente
id sacitílop seõsiVproferindo
?a-odnazilopiniões
artnec uo consideradas
oãçamrofni a odiosas
318
o mpor
eusgrupos
sop kooprogressistas,
becaF od soiráquenoictambém
nuf e serjáodensejaram
adnuf sod processos
saiedi sa mjudiciais
oc megrev.id euq
es ogit ra eCom
sse eauqperspectiva
seõtseuq sada oãscandidatura
sassE ?amrdo ofadeputado
talp an edapara
dilibisas
iv eeleições
oçapse ode ms2018,
em é fácil
.rednopser a eõporp
prever que o problema jurídico do discurso de ódio na política tenderá somente a aumentar
nos próximos anos.

O discurso de ódio na política é geralmente associado às alas OÃconservadoras


ÇUDORTNI e.1reli-
giosas (evangélicas) brasileiras (perfis de Fidelix e Bolsonaro). No entanto, é também possí-
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
vel que alas progressistas sejam acusadas de proferir discurso de ódio. Internacionalmente,
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
oirágrupos
usu oa progressistas
aitimrep e odjá
al foram
a odal acusados
drav raH eed condenados
setnadutse sjudicialmente
od sotof avacporolocisso,
erawao
t focritica-
so
319
rem, por exemplo, o sionismo e as políticas do Estado de Israel .
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
.setnearta etnemlauxes
-pa316
c e eFGV/DAPP
dadisre.vPolarização
inu ad açpolítica
narugenas
s eredes.
d edeOr Globo.
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rasseca s<http://infograficos.oglobo.globo.com/brasil/
erodairc sues euq siopeD
maraçem oc soiráusu soirpórp so ,Acesso
fgv-pronunciamento-dilma.html>. setnadem:uts16
e nov.
sod2017.
oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
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mocessuspende
negamiindenização
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aus1 milhão
sa racpor
orcomen-
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tários contra gays. G1. São Paulo, 03/02/2017. Disponível em: <https://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/
soudívidjustica-de-sp-aceita-recurso-de-levy-fidelix-e-suspende-indenizacao-de-r-1-milhao-por-comentarios-contra-
ni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sodinU -gays.ghtml>.
sodatsE sodAcesso
siaicnem:
edi3sdez.
erp 2017.
seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
318 GRELLET, Fábio. Justiça confirma condenação e multa de R$ 150 mil a Bolsonaro por declarações homo-
fóbicas. Estadão. Rio de Janeiro, 09/11/2017. Disponível em: <http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-
-macedo/justica-confirma-condenacao-de-bolsonaro-por-afirmacoes-homofobicas>. Acesso em: 3 dez.
edadlucaF2017.
ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló319
taC edGREENWALD,
adisrevinU aicGlenn.
ífitnoP In
aleEurope,
p otieriDhate
mespeech
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rG .sare
iareoften
G sanused
iM edtolasuppress
redeF edaand
disrepunish
vinU aleft-wing
d otieriD eviewpoints.
d
The Intercept, 29/08/2017. .8135Disponível
056566184em:752/<https://theintercept.com/2017/08/29/in-europe-hate-speech-
rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
moc.liamg@otuAcesso
-laws-are-often-used-to-suppress-and-punish-left-wing-viewpoints/>. daixela :em:
ocin3ôrdez.
tele o2017.
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REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
Então, como o judiciário brasileiro deve LIBERDADE
lidar com o problemaDE EXPRESSÃO
do discurso de ódio? A E
seguir, iremosPOLÍTICA:
analisar como seFERRAMENTA
vem tratando o assunto no direito brasileiro e osNEUTRA
TECNOLÓGICA princípios
jurídicos envolvidos.
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?

3. DISCURSO DE ÓDIO E DIREITO BRASILEIRO

No direito brasileiro, ainda não há consenso, nem jurídico nem teórico, sobre o crité-
rio adequado para limitar a liberdade de expressão, mas é certo que há consenso sobre a 1
Aléxia Duarte Torres
necessidade de alguma limitação (e.g. as limitações nos incisos IV, V, XIII, XIV do artigo 5º
da Constituição). Diz-se que o princípio da liberdade de expressão tem o mesmo grau de
prioridade constitucional de outros princípios, como o da igualdade e o da dignidade da pes-
RESUMO
soa humana. Ou seja, caso a liberdade de expressão viole outros princípios constitucionais
320
de igual importância, há necessidade
A missão explícita de rede
do Facebook, que social
ela seja devidamente
que limitada
tem conquistado . e consumido
o coração
um tempo
O discurso de cada
ódio vez maioré da
também umvida
dos de milhões
casos de brasileiros
em que e indivíduos
o direito brasileiro limitaaoa redor
liber- do
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado.
dade de expressão. A Lei 7.716/1989, no art. 20, estabelece como crime qualquer tentativa Sua atuação
no induzir
de “praticar, cenárioou
político
incitartem ganhado destaque
a discriminação e suas políticas
ou preconceito de cor,
de raça, restrição
etnia,de conteúdo
religião ou e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook
procedência nacional”. Há, ainda, na Constituição, previsão de que o crime de racismo é democratizando
a informação
inafiançável ou centralizando-a?
e imprescritível (art. 5º, XLII).Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
Essa previsão
mesmo levoue ao
espaço importante
visibilidade na HC 82.424-2/RS,
plataforma? Essascaso no questões
são as qual o Supremo Tribunal
que esse artigo se
Federal (STF) decidiu que
propõe a responder.o autor Siegfried Ellwanger deveria ser mantido preso por discur-
so de ódio contra a comunidade judaica, afastando a tese da defesa de que o crime estava
prescrito. O STF defendeu que a ideia de “racismo” é político-social, e não biológica, então
deve1. enquadrar
INTRODUÇÃO
as ofensas ilegais dirigidas a comunidades étnicas e culturais minoritárias,
como a judaica. Concluiu que o crime de Ellwanger foi de racismo, logo, imprescritível.
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
A decisãojádodava
o Facebook STFpistas
foi marcante
do seu epotencial.
teve bastante influência,
Criado por consolidar
originalmente como o uma nova
“Facemash”,
o software
linha de combatecolocava fotos dos
ao discurso estudantes
de ódio, de Harvard ladoe avalorativa.
mais principiológica lado e permitia ao usuário
Na ementa da
classificar
decisão, vê-sequem
que oera “hot”
órgão ou não,a “prevalência
escolheu uma palavra dos
em princípios
inglês usada para designar
da dignidade pessoas
da pessoa
sexualmente
humana atraentes.
e da igualdade jurídica”, dizendo que a liberdade de expressão tem “limites morais
e jurídicos”.
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
4. opiniões
PÓS-POSITIVISMO
políticas, algoE similar
MORALàs mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
inconformados
O caso tambémcom mostra
o resultado do pleitodas
a tendência nasinstituições
eleições presidenciais dos Estados
jurídicas brasileiras Unidos,
a adotar
conceitos que vêm sendo propostos por autores ligados às teorias jurídicas pós-positivistas
e neoconstitucionalistas. Esses autores, por exemplo, costumam defender que há, e deve
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
320 MENDES,
de Minas
Gilmar
Gerais.
Ferreira;
Currículo
BRANCO,
lattes: Paulo
http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 9. ed. rev. e atual.
SãoEndereço
Paulo: Saraiva;
eletrônico:
Brasília:
[email protected]
Instituto Brasiliense de Direito Público, 2014, cap. 4, II, 1.4.

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:145
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSumER
haver, PXE EDconstrutivo
intercâmbio EDADR EBoILdireito
entre ,KOe O BEC321
a moral A.FTambém reconhecem que
princípios normativos altamente
ARTUEN ACIGÓLONCET ATNEMARREF :AC valorativos e abertos, como o Ida
TÍdignidade
LOP da pessoa
?Lhumana,
AIROTdevem IDE terLAimportância
UTRIV Acentral
MRO no sistema jurídico. Por isso, teóricos do direito
FATALP UO
dizem que “não há dúvidas” de que o princípio da dignidade humana pode “opor limites à
liberdade de expressão (...), consoante a Constitucionalização dos Direitos Fundamentais e
a irradiação que seus preceitos devem promover a todo o ordenamento jurídico”322.

Um exemplo de obra assim é a de Ronald Dworkin, eminente jurista americano, que


1
seinfluencia
rroT etrabastante
uD aixéos lAjuristas brasileiros. Ele defendeu por toda a sua carreira que a moral
e o direito devem ser correlacionados, que devemos fazer uma leitura moral do direito.
Em Freedom’s Law, Dworkin diz que uma leitura moral da Constituição exige que “todos
nós – juízes, juristas, cidadãos – interpretemos e apliquemos essas cláusulas abstratas na
OMUSER
assunção de que elas invocam princípios morais sobre decência e justiça”323. Em uma de
odim usnoobras
suas c e oãfinais,
çaroc oAoRaposa
datsiuqneocomPorco-espinho,
et euq laicos edeDworkin
r ,koobecvai
aF omais
d aticlonge
ílpxe oeãschega
sim A ao ponto
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
de afirmar que o direito é apenas uma parte da moral e que de fato há uma grande “unidade
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnu324 m
do valor”: direito, moral, justiça, etc., fariam parte de um único valor integrativo .
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
odnazitarcoAs mepropostas
d koobecaF pós-positivistas
o airatsE .sacimêlotêm
p rarestimulado
eg a maunitndiversos
oc omtirogavanços
la ed oãçajurídicos,
zilanosrep como no
socHC
itílop82.424.
sodit rapPorém,
e sotadainda
idnac ,há
setriscos,
nerefid sespecialmente
acitílop seõsiV ?ema-ocasos
dnazilajurídicos
rtnec uo odifíceis
ãçamrofem ni a que o juiz
o mtalvez
eussonão p kotenha
obecaacesso
F od soiarácritérios
noicnuf einterpretativos
serodadnuf soeddesadecisão
iedi sa m o c m e g r
claros para poder e v i d e uq julgá-los.
es oEm
git rcenários
a esse eudeq sincerteza
eõtseuq saassim,
oãs saos
ssEautores
?amrodessa
fatalp alinha
n edadefenderão
dilibisiv e oçque apsejuristas
omseme filósofos
.
recorram à teoria moral ou a teorias fortemente valorativas para auxiliá-los nar e d n o p s e r a eõpdecisão.
orp Isso
se aplicaria à limitação da liberdade de expressão no discurso eleitoral, um típico caso que
atualmente é difícil e não consensual. OÃÇUDORTNI .1

oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hs5.
amecRISCOS
aF“ o omDA ocMORAL
etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
Nosso propósito é argumentar que essas saídas morais e normativamente valorativas
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
podem não ser as mais adequadas para a regulação da liberdade.sde etnexpressão
earta etneno
mladiscurso
uxes
político, especialmente em casos de difícil decisão.
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
321 E.g. DWORKIN, Ronald. Freedom’s law: the moral reading of the American Constitution. OUP Oxford, 1999;
saus maALEXY,
vasseRobert.
rpxe eTeoria
uq uodossodireitos
tsetorpfundamentais.
ed sotxet São
mocPaulo:
snegMalheiros,
ami rop 2008;
sotofFERRAJOLI,
saus sa Luigi;
racorVITALE,
ta
soudívidErmanno.
ni ed etDiritti
rap fondamentali:
rop lfi rep ound dibattito
otof eteorico.
d saçnGius.
adum sà r&aFigli
Laterza limisSpa,
og2015;
la ,sBARROSO,
acitílop sLuís
eõinRoberto.
ipo
,sodinU Neoconstitucionalismo
sodatsE sod siaicneeconstitucionalização
diserp seõçiele sdoandireito
otiel(o
p otriunfo
d odtardio
atlusedor odireito
mocconstitucional
sodamrofnnoocBrasil).
ni
In SOUZA Neto, Cláudio Pereira, SARMENTO, Daniel (Orgs.). A constitucionalização do direito. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2007, p. 203-249.
322 FREITAS, Riva Sobrado de; CASTRO, Matheus Felipe de. Liberdade de expressão e discurso do ódio: um
edadlucaFexame
ad oãçsobre
audarGas-spossíveis
óP ed amalimitações
rgorP – siaàreliberdade
G saniM ede
d lexpressão.
aredeF edadSequência,
isrevinU aleFlorianópolis,
p otieriD me ap.
dn327-355,
artseM 2013.
1
acilótaC edp.ad351.
isrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
323 DWORKIN, op. cit., 1999, .81p.352.056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
324 DWORKIN, Ronald. A raposa e o porco-espinho: justiçameovalor. c.liamSão
g@Paulo:
otudaixWMF
ela :oMartins
cinôrteleFontes,
oçeredn2014.
E

,ARIE146
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
Temos dois motivosFACEBOOK,
para sustentar essaLIBERDADE
posição. O primeiroDE EXPRESSÃO
é a necessidade de que E
haja adequação entre meios e fins
POLÍTICA: ao se limitar a liberdade
FERRAMENTA de expressão. O segundo,
TECNOLÓGICA NEUTRA por
sua vez, é o risco de aumento da polarização. Esses dois motivos são importantes – de fato,
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
decisivos – para tornar teorias morais inadequadas à regulação da liberdade de expressão.

O motivo da adequação entre meios e fins é importante porque teorias morais, em


geral, são especialmente despreparadas para lidar com as consequências práticas de sua
positivação. Elas estão muito preocupadas com a dimensão normativa e axiológica da
questão, e pouco preocupadas com as consequências práticas. De fato, boa
Aléxia parteTorres
Duarte dos 1
defensores das teorias morais vê com aprovação essa despreocupação prática, afirmando
que a matéria, de “dever-ser”, realmente requer outra forma de raciocínio, não tão direcio-
nada ao “ser”, para ser resolvida.
RESUMO
Mas isso pode ser um problema sério no campo político. Consideremos o fato de
A missãodeexplícita
que já dispomos do Facebook,
evidências empíricasrede social que
indicando quetem conquistado
a punição o coração
do discurso deeódio
consumido
em
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos
algumas circunstâncias tende a, ao invés de coibir o agente que profere o discurso, dar-lhe ao redor do
ainda maismundo,
espaçoé manter o mundo social.
e popularidade mais aberto, conectado
Em estudo e civilmente
de Spanje engajado.
e Vreese 325 Sua atuação
, eleitores ho-
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
landeses foram entrevistados antes e depois de o judiciário decidir julgar o candidato Geert
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
Wilders por suposto discurso de ódio contra imigrantes. Viu-se que a intenção de votos a
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
favor de Wilders aumentou significativamente depois da decisão judicial.
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
Outro caso espaço
mesmo em queeisso pode terna
visibilidade acontecido (mas
plataforma? comsão
Essas algumas ressalvas)
as questões é relatado
que esse artigo se
326
por Askola . Oacandidato
propõe responder.finlandês Jussi Halla-aho teve um grande aumento na popu-
laridade após ter sido condenado judicialmente depois de quatro anos de tramitação do
processo por ofensas raciais. Por causa disso, ele, antes um obscuro blogueiro, tornou-se
1. famoso
político INTRODUÇÃO
e, aproveitando a oportunidade, tornou-se parlamentar do país. O inte-
ressante éApesar
que o de candidato
não ter postou a ofensa
sido criado comoemumseuinstrumento
blog intencionalmente, como
político, logo “isca”
no seu início
parao oFacebook
judiciáriojáfinlandês, interessado em saber até onde seu caso iria. O caso, em
dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”, última
instância, foi decidido
o software colocava pela Suprema
fotos Corte do país.
dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
classificar quem erasão
Esses exemplos “hot” ouindicativos
bons não, uma dos
palavra emde
riscos inglês usada
decidir para designar
questões jurídicas pessoas
espi-
sexualmente atraentes.
nhosas sem atenção a considerações práticas. Além disso, a inadequação entre os meios e
os fins daDepois
positivação de uma
que seus posiçãoacessaram
criadores moral é especialmente grave para
a rede de segurança daouniversidade
caso da liberda-
e cap-
de de expressão,
turaram um valordefundamental
as imagens para
identificação doso bom funcionamento
estudantes, de uma
os próprios democracia
usuários e do
começaram
estado de direito.
a trocar as suasA liberdade
fotos pordeimagens
expressão
comnão é umdeterreno
textos para ou
protestos experimentação leviana
que expressavam suas
de opiniões
tentativa epolíticas,
erro. É necessário embasamento
algo similar às mudanças prático e factual
de foto por por
do perfil parteparte
do tomador de
de indivíduos
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
decisão.

3251 VAN SPANJE, em


Mestranda Joost; DE VREESE,
Direito Claes. The
pela Universidade good,de
Federal theMinas
bad and the –voter:
Gerais The impact
Programa of hate speech
de Pós-Graduação da prose-
Faculdade
cution of a politician
de Direito on electoral
da Universidade support
Federal for hisGerais.
de Minas party. Party Politics,
Graduada em v. 21, n.pela
Direito 1, p. 115-130,
Pontifícia 2015.
Universidade Católica
de Minas
326 ASKOLA, Gerais.
Heli. TakingCurrículo
the bait?lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Lessons from a hate speech prosecution. Canadian Journal of Law & Society/
La Endereço eletrônico:Droit
Revue Canadienne [email protected]
et Société, v. 30, n. 1, p. 51-71, 2015.

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:147
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSPorSER PX
sua EE
vez, oD EDAmotivo,
segundo DREBo IdaL ,polarização,
KOOBEéCimportante
AF porque é possível
ARque
TUoEdiscurso
N ACImoral,
GÓLpor Osuas
NCEcaracterísticas
T ATNEMintrínsecas,
ARREF :tendaACIaTlevar
ÍLOos P participantes
do debate a polarizar. Autores como Haidt327, Greene328 e Graham329 dizem que é muito
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
difícil (impossível, talvez) chegar a um acordo, exclusivamente por argumentos, em ques-
tões moralmente controvertidas, por sermos cognitivamente intuicionistas. Veremos com
mais detalhes o modelo social-intuicionista a seguir. Mas o ponto é que, se eles estiverem
certos, essa característica polarizadora do discurso moral torna-se especialmente grave
no caso do debate sobre a liberdade de expressão, porque é um meta-debate. Ou seja, ele
1
seérrprecisamente
oT etrauD aum ixéldebate
A sobre as coisas sobre as quais é lícito debater. Se falharmos
e polarizarmos demais nesse ponto, correremos risco de entrar numa custosa regressão
argumentativa.

Além disso, há o problema de se decidir questões moralmente controversas OMUSER em um


330
país
odim usnjá
ocpolarizado
e oãçaroc opolítica
odatsiueqnmoralmente,
oc met euq lacomoicos edindubitavelmente
er ,koobecaF od atéico ílpBrasil
xe oãsshoje
im A . Nesse
od ambiente,
roder oa souma udívdecisão
idni e sojudicial
rielisarbque
ed adote
seõhlim o argumento
ed adiv ad moral
roiam de
zevumaadacdas opmpartes
et mudo debate
oãçmuito
auta audificilmente
S .odajagnedeixará
etnemlivaicoutra
e odaparte
tcenocsatisfeita.
,ot reba siArgumentos
am odnum o morais
retnam énão ,odsão
num dedutiva-
e odmente
úetnocredutíveis,
ed oãçirtslogicamente
er ed sacitílonecessários,
p saus e euqetc.;atsedportanto,
odahnagpormesi
t osó
citínão
lop osão
iránsuficientes
ec on para
odnpacificar
azitarcomeum d kodebate
obecaF(ao anão
iratsEtendência
.sacimêloàp rpacificação
areg a maunido tnocdebate
omtirogpotencializa-se
la ed oãçazilanospelo
rep que dis-
socsemos
itílop sono
dit raparágrafo
p e sotadidanterior
nac ,setsobre
nerefidasatendência
citílop seõsàiVpolarização
?a-odnazilaintrínseca
rtnec uo oãao çamdiscurso
rofni a moral).
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
Pessoas envolvidas nos debates políticos geralmente consideram sua posição moral
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
como muito importantes para si, às vezes até como definidoras de sua identidade pessoal.
.rednopser a eõporp
Saber que o Estado está adotando a posição moral contrária, refutando implícita ou expli-
citamente a sua, pode ser desanimador, além de poder ter consequências mais profundas
para o ideal de um sistema democrático funcional e de uma esfera O
pública
ÃÇUDOprodutiva.
RTNI .1

oicíni uesPelos
on ogmotivos
ol ,ocitílexpostos,
op otnemudefenderemos
rtsni mu omocque odaairsaída
c odispragmática
ret oãn edéramais sepAadequada
331
,”hscomo
amecum aF“ guia
o ompara
oc eatnação
emlado nigjurista
iro odaeirdo
C .teórico
laicnetonos
p uecasos
s od sdifíceis
atsip ava.dPara
áj konós,
obecela
aF esta-
o
oiráusu oa aitimrep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fosmoral
belece uma moeda comum que pode barrar a polarização num sentido a que a teoria o
saoéssincapaz
ep rangdeisedchegar
arap aedatambém
su sêlgné,i mpor
e aexcelência,
rvalap amu a,oabordagem
ãn uo ”toh“ queare se
mepreocupa
uq racfiisscom alc a
adequação entre meios e fins de uma decisão. O agente pragmático .setdeverá
nearta eestar
tneminformado
lauxes
sobre os riscos (futuros) de sua decisão quanto à liberdade de expressão, e deverá, assim,
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
dar contribuições mais embasadas e seguras para a delimitação do debate.
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
saus mavAntes
asserpde
xeaprofundar
euq uo somais tsetorno
p etema
d sotdo
xet pragmatismo,
moc snegamiporém,
rop soétoimportante
f saus sa rfazeracort algu-
a
soumas
díviddistinções
ni ed et rapentre
ropos lfi rtermos
ep od usados
otof ed nasaçanálise
nadumdasàrelação
ralimisentre
oglamoral
,saciteílodireito.
p seõinipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni

327 HAIDT, Jonathan. The righteous mind: why good people are divided by politics and religion. Vintage, 2012.
328 GREENE, Joshua. Moral tribes: emotion, reason, and the gap between us and them. Penguin, 2014.
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló329
taC edGRAHAM,
adisrevinUJesse
aicífitet
noal.
P aMoral
lep otifoundations
eriD me adatheory:
udarG .sthe
iarepragmatic
G saniM evalidity
d laredeof
F emoral
dadispluralism.
revinU ad o2012.
tieriD ed
330 FGV/DAPP, op. cit. .8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
331 POSNER, Richard A. The problematics of moral and legal motheory.
c.liamgHarvard
@otudaUniversity,
ixela :ocinô2009,
rtele ocap.
çered1.nE

,ARIE148
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
6. INESCAPABILIDADEFACEBOOK, LIBERDADE
E DESEJABILIDADE DE EXPRESSÃO
DA MORAL NO DIREITO E
POLÍTICA:
Para evitar confusões, é FERRAMENTA TECNOLÓGICA
importante apontar qual NEUTRA
aspecto da relação entre direito e
moral importa para o que se OU PLATAFORMA
está comentando VIRTUAL
neste trabalho. EDITORIAL?
Uma discussão popular na
filosofia e na teoria do direito é a sobre a identidade do direito e da moral. Nessa discussão,
o objetivo é saber se direito e moral são coisas separadas ou entrelaçadas, autônomas ou
dependentes. O objetivo é descobrir se podemos identificar um dos fenômenos sociais
invocando (ou sem invocar) o outro.

Há autores que dizem ser possível ligar moral e direito; outros que dizem que não só
Aléxia Duarte Torres1
é possível ligar moral e direito como também é necessário, ou seja, que não há como falar
plenamente do fenômeno jurídico sem invocar os elementos morais que o integram; e há
autores que dizem que isso não é necessário nem possível e que o direito, em pelo menos
RESUMO
algum sentido relevante, é completamente distinto da moral.
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
Há,um tempo uma
portanto, cada diversidade
vez maior dadevida de milhões
autores desobre
e teorias brasileiros e indivíduos
o tema, ao redor
com respostas de do
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado.
graus distintos. Há teorias positivistas inclusivas (as que aceitam que é possível a moral Sua atuação
integrar ono cenário
direito)332 político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição
e teorias positivistas exclusivas (as que não aceitam)333. Hádeasconteúdo
teorias e
personalização de algoritmo
334 335 continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
realistas e institucionalistas , que têm diferentes sensibilidades à inclusão da moral no
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
direito. Há teorias da integridade336 e as teorias pós-positivistas do direito, que costumam
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
ser as mais permissivas com o entrelaçamento dos dois. As teorias pragmatistas do direito
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
também estão abertas à relação entre direito e moral, dependendo dos autores e dos senti-
propõe a responder.
dos em que os termos são usados337.

Além disso, é bastante variável o que os autores e as teorias consideram critério


1. INTRODUÇÃO
de demarcação relevante entre o direito e a moral – para onde eles acham que devemos
olhar paraApesar
encontrar de onão
fator
terque
sidonos mostrará
criado comoseum as normas que estamos
instrumento político, observando
logo no seusão início
o Facebook
morais já dava
ou jurídicas pistas doPor
(ou ambas). seu potencial.
exemplo, Criado
alguns originalmente
acreditam que esse como o “Facemash”,
critério reside na
o software
estrutura lógicacolocava fotos
das normas 338dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
; outros, que reside nas práticas sociais arraigadas de uma
classificar339quem
comunidade era dirão
; alguns “hot”que
ou não, uma palavra
precisamos olhar aem inglês
forma usada
como os para designar
tribunais vêm pessoas
deci-
sexualmente atraentes.
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
332 WALUCHOW, Wilfrid J. Inclusive legal positivism. Oxford: Clarendon, 1994; HART, H. L. A. The concept of law.
turaram as imagens
2. ed. Oxford: Clarendon, de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
1994.
333a KELSEN,
trocar as suas fotos pordireito.
Hans. Teoria pura do imagens com
7. ed. São textos
Paulo: de Fontes,
Martins protestos
2006; ou
RAZ,que expressavam
Joseph. The authority suas
of
law: essays on law and morality. Oxford University, 2009.
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
334 ROSS, Alf. Direito e justiça. 2. ed. Bauru: Edipro, 2008; UNGER, Roberto Mangabeira. The critical legal studies
inconformados
movement. Harvard com
Law oReview,
resultado do pleito
p. 561-675, 1983.nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
335 SUCHMAN, Mark C.; EDELMAN, Lauren B. Legal rational myths: The new institutionalism and the law and
society tradition. Law & Social Inquiry, v. 21, n. 4, p. 903-941, 1996.
336 DWORKIN, Ronald. Law’s empire. Harvard University, 1986.
3371 POSNER,
Mestranda em Direito
op. cit., 2009. pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
338 KELSEN, op. cit., 2006.
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
339 RAZ, op. cit.,eletrônico:
Endereço 2009; HART, op. cit., 1994.
[email protected]

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:149
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃShistoricamente
dindo SERPXE E340 D; eEhá
DA DREos
também BIque
L ,K OOBEque
defendem CAdevemos
F observar, além das
341
práticas e decisões, o conjunto de valores
ARTUEN ACIGÓLONCET ATNEMARREF :ACITÍLOP da comunidade .

?LAIRO TIDEver,
Podemos LAaUpartir
TRIdessa
V AMrápida
ROFexposição,
ATALP queUOo debate sobre o problema da
identidade entre direito e moral é profundo e multifacetado. Felizmente, acreditamos que
não precisamos nos posicionar sobre esse tema espinhoso para abordar o tema do artigo.
Isso porque nossa preocupação aqui não é com a identidade entre a moral e o direito, mas
com a desejabilidade do uso da moral no direito. Queremos saber até que ponto é desejável,
serroT etrauD aixélA
1 oportuno e adequado usar o raciocínio moral nas decisões jurídicas. Essa é uma discussão

paralela à da identidade e de forma nenhuma é conceitualmente contraditória em relação às


posições teóricas sobre esse tema. Pode haver uma tendência de autores que defendem al-
guma forma de identidade entre moral e direito também defenderem a desejabilidade dessa
OMUSER
identidade, e vice-versa, com os autores que excluem a moral da identidade do direito e ao
odim usnoc etempo
mesmo oãçarosão
c o céticos
odatsiuqquanto
noc metaesua
uq larelevância.
icos eder ,koPorém,
obecaF essa
od atitendência
cílpxe oãsséimcontingente.
A
od Não
roderháoanenhuma
soudívidnnecessidade
i e sorielisarblógica
ed sede
õhque
lim eas
d acoisas
div ad sejam
roiam assim.
zev adac opmet mu
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
e odúetnoPodemos
c ed oãçirexemplificar.
tser ed sacitílSe
op sumausteórico
e euqaacredita
tsed odaque
hnaga mrelação
et ocitíidentitária
lop oiránecentre
on moral e
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep que esse
direito é necessária, inescapável, ele também pode, ao mesmo tempo, acreditar
soccomponente
itílop sodit rap emoral
sotadéidnindesejável
ac ,setnerefied soacmelhor
itílop secaminho
õsiV ?a-odprático
nazilartnseja
ec uolimitá-lo
oãçamroafniuma mínimo
o m(algo
eussocomo
p koobum ecaminimalismo
F od soiránoicmoral).
nuf e sEssaerodanãodnuf ésouma
d saposição
iedi sa mabsurda.
oc megreDe vidfato,
euq acredita-
es omos
git raque
esseo epragmatismo
uq seõtseuq sde a oPosner,
ãs sassEuma ?amdasrofaposições
talp an edamais
dilibiseminentes
iv e oçapsnoe omdireito
sem contem-
porâneo, segue mais ou menos essa linha342. .rednopser a eõporp

E posições similares são comuns em outros ramos do conhecimento. Por exemplo,


consideremos a psicologia e o estudo da racionalidade humana. Vários OÃÇU profissionais,
DORTNI nota-
.1
damente os famosos psicólogos comportamentais Daniel Kahneman e Amos Tversky343,
oicívêm
ni ueestudando
s on ogol e,oapontando
citílop otneos muvários
rtsni m u omeocheurísticas
vieses odairc odem is renosso
t oãn processo
ed rasepAde tomada
,”hsde
amdecisão
ecaF“ o344o.mEssas
oc etnheurísticas
emlanigiro eodvieses
airC .lamuitas
icnetopvezesues onos
d slevam
atsip aavatomar
d áj kodecisões
obecaF oirra-
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
cionais, que poderiam ser evitadas com mais tempo de análise e com racionalidade mais
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
“pura”. Porém, sabemos que não existe tal coisa como uma racionalidade “pura” e que as
.setnearta etnemlauxes
heurísticas e os vieses são inescapáveis à razão humana. A solução a que esses autores
-pavêm
c e echegando,
dadisrevinuportanto,
ad açnanão rugeés eliminar
ed eder heurísticas
a marasseceavieses seroda(até
irc sporque
ues euisso
q sioépeimpossível),
D
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
340 HOLMES, Oliver Wendell. The common law. Harvard University, 2009.
sou341
dívidDWORKIN,
ni ed et rRonald;
ap ropBOEIRA,
lfi rep Nelson.
od otoLevando
f ed sosaçdireitos
naduma sério.
sà ra2.lied.
misSãoogPaulo:
la ,sMartins
acitílopFontes,
seõin2007.
ipo
,sod342
inU POSNER,
sodatsERichard
sod sA.iaiThe
cneproblematics
diserp seõofçimoral
ele saand
n olegal
tielptheory.
od oHarvard
datluseUniversity,
r o moc 2009.
sodam rofnocni
343 KAHNEMAN, Daniel. Rápido e devagar: duas formas de pensar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
344 Heurísticas e vieses são “atalhos” mentais, formas rápidas e pouco custosas de pensar que costumam
funcionar na maioria das vezes. Por exemplo, para conseguir capturar uma bola de beisebol no ar, você pode
edadlucaFtentar
ad oãçfazer
audaorGcálculo
-sóP edfísico
amargexato,
orP – mas
siarecomplexo
G saniM ede lcustoso,
aredeF eddaaditrajetória
srevinU adalep bola,
otieriDusando
me adnequações
artseM físicas
1
acilótaC edsobre
adisremovimento,
vinU aicífitnou
oP usar
alep essa
otieriDheurística:
me adaudolhar
arG .para
siareG saniM
a bola ed laredeF na
mantendo-a edamesma
disrevinaltura
U ad oemtierrelação
iD ed ao seu
.813na
olhar. A segunda estratégia 505grande
65661maioria
84752/rdas
b.qpvezes
nc.settfunciona
al//:ptth :muitíssimo
settal olucírrbem,
uC .seiarnos
eG sdispensa
aniM ed da fazer
contas complicadas. A segunda estratégia é heurística. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE150
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
mas direcioná-los a questões LIBERDADE
menos problemáticas, DE
que funcionam no EXPRESSÃO
dia a dia, tentando E
diminuí-los nos momentos de decisões
POLÍTICA: críticas. O mesmo
FERRAMENTA raciocínio pode ser adotado
TECNOLÓGICA NEUTRA por
quem acredita simultaneamente na inescapabilidade e na indesejabilidade da moral. Ele
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
pode defender não a eliminação dos aspectos morais no direito, mas que eles sejam reen-
quadrados numa leitura pragmática (como Posner o faz) ou pode defender o redireciona-
mento da moral a decisões menos críticas ou menos “teorizadas” (como Sunstein o faz345).

Por outro lado, também é possível que alguém acredite na completa separação iden-
titária entre moral e direito, mas mesmo assim sustente que o uso do raciocínio
Aléxia moral
Duarte no 1
Torres
direito seja desejável. Ou seja, é possível que alguém seja, por exemplo, um completo
positivista exclusivista, acreditando que o direito, em sua estrutura, é um fenômeno “puro”,
intocado pelos elementos sociais, mas que acredite, ao mesmo tempo, no nível social
e prático,RESUMO
ser desejável que entrem as “impurezas” do pensamento moral, porque nesse
escopo mais amploexplícita
A missão as decisões tenderãorede
do Facebook, a ser corretas,
social a aumentar
que tem a utilidade,
conquistado o coraçãoetc.
e consumido
Issoumé tempo cada vez
tão possível maioralguém
quanto da vidaacreditar
de milhões
quedeasbrasileiros
teorias daeeconomia
indivíduossão
ao redor
úteis do
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado.
ao direito, desejando até que os juízes usem cálculos econômicos diretamente na hora Sua atuação
de
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
decidir, mas também acreditar que direito e economia são ramos separados do conheci-
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
mento346 (essa crença parece ser menos polêmica entre os juristas).
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
Esperamos ter deixado
que divergem com asclara
ideiasa dos
distinção entre eidentidade
fundadores entre
funcionários do direito
Facebooke moral no o
possuem
direito e desejabilidade do uso da moral no direito. Nesse artigo, a distinção relevante
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se será
a segunda. Não precisaremos
propõe a responder. enfrentar o problema da identidade.

7. 1. INTUIÇÕES MORAIS E TEORIAS MORAIS


INTRODUÇÃO
Outra distinção
Apesar importante,
de não ter sido que temcomo
criado algumaumrelevância se relacionada
instrumento à anterior,
político, logo no seu éinício
a
entre intuições morais e teorias morais, no campo moral. O discurso moral
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”, é muito ambíguo
e comumente
o software conectado a assuntos
colocava fotos altamente de
dos estudantes passionais, entãoa élado
Harvard lado comum que haja
e permitia ao con-
usuário
fusões de linguagem.
classificar quem era Para evitar
“hot” oualgumas
não, uma delas, parece
palavra emoportuno introduzir
inglês usada para essa distinção.
designar pessoas
Além disso, ela poderá
sexualmente iluminar a seção anterior, ao esclarecer em que ponto a moralidade
atraentes.
é realmente inescapável ao direito.
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
No sentido
turaram que usamos
as imagens aqui, intuições
de identificação morais são os
dos estudantes, os próprios
processos cognitivos
usuários e as
começaram
a trocar físicas
sensações as suasquefotos por imagens
acontecem logo com
antestextos de protestos
de alguém emitir umou julgamento
que expressavam
moral. suas
A
opiniões
sensação de políticas,
desprazer algo similar às mudanças
e de reprovação de fotoquando
íntima que temos do perfil por parte uma
presenciamos de indivíduos
trans-
inconformados
gressão moral é umcom o resultado
exemplo do pleito
de intuição moral.nasÀseleições presidenciais
vezes chamamos dos sensações
essas Estados Unidos,
de
gut feelings. Numa palavra, geralmente estamos usando nossas intuições quando algo sim-

1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
345 SUNSTEIN,
de DireitoCass R. Incompletely
da Universidade theorized
Federal de Minasagreements. Harvardem
Gerais. Graduada Law Review,
Direito pelav.Pontifícia
108, n. 7, p. 1733-1772,
Universidade Católica
1995.
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
346 Cf. Endereço
POSNER, eletrônico:
Richard A. [email protected]
Law, pragmatism, and democracy. Harvard University, 2005, cap. 7.

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:151
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSERnos
plesmente PXparece
E ED“errado”
EDA(ouDR“certo”)
EBIL moralmente.
,KOOBEGeralmente
CAF as questões morais
ARdesencadeiam
TUEN ACreações IGÓLintuitivas
ONCEleves,
T ATmas NEháMtransgressões
ARREF :Amais
CITgraves,
ÍLOPque nos levam
a ter sentimentos fortes, como a raiva e até o nojo347.
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
Teorias morais, por outro lado, são as proposições argumentativas que usamos pra
defender que uma posição moral está correta ou errada. Geralmente usa-se o termo “teoria”
para descrever um conjunto mais sistematizado de proposições gerais, mas aqui podemos
usar o termo em um sentido mais amplo, deixando encapar vários argumentos morais,
1 inclusive os menos sistematizados. O importante será que haja uma tentativa de convencer
serroT etrauD aixélA
racionalmente alguém de que algum comportamento é correto ou incorreto moralmente.

Nosso objetivo aqui é afirmar que os que defendem que a moral é inescapável ao
direito estarão corretos se estiverem se referindo às intuições morais, O masMUSincorretos
ER se
estiverem se referindo às teorias morais. Ou seja, afirmamos que não é possível tomar deci-
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
sões jurídicas sem recorrer a intuições morais, mas que é possível tomar decisões jurídicas
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
sem recorrer a teorias morais. Ao colocar essa possibilidade, não estamos defendendo que
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
e odtem
úetnde
ocser
ed assim.
oãçirtseSór eporque
d sacitíuma
lop scoisa
aus e éeupossível
qatsed onão
dahnsignifica
ag met oque
citílela
op oéirdesejável
ánec on (por ou-
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosas
tro lado veremos, a seguir, os argumentos de Posner mostrando exatamente repvantagens
socde
itílose
p sexcluir
odit rap as
e soteorias
tadidnamorais
c ,setnedo
refiddireito).
sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
o meussoComo p koobacontece
ecaF od sno
oircaso
ánoicdas
nuf eheurísticas
serodadnuef vieses,
sod saiaedpsicologia
i sa moc m egrmostrando
vem evid euq que as
es ointuições
git ra essesão
euqcomponentes
seõtseuq sa ofundamentais
ãs sassE ?amde rofnosso
atalp anraciocínio.
edadilibisiEm
v e osituações
çapse omdesemjulgamento
.rednopser a eõporp
moral, as intuições morais parecem ter no mínimo tanta importância quanto os outros tipos
de intuições têm nas outras formas de raciocínio. Chegou-se ao ponto inclusive de afirmar
que as intuições têm primazia sobre o raciocínio em nossos julgamentos OÃÇUDOmorais.
RTNI Isso.1 é
ilustrado com clareza na teoria social-intuicionista da moral, desenvolvida especialmente
oicípelo
ni uepsicólogo
s on ogolJonathan
,ocitílop Haidt,
otnemque
u rtsexporemos
ni mu omoac seguir.
odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
sao8.
ssep rMODELO
angised aSOCIAL-INTUICIONISTA
rap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
.setnearta etnemlauxes
Haidt afirma que, em questões morais, as pessoas não raciocinam primeiro para
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
depois chegar a conclusões. Ao contrário, a tendência é de que elas primeiro tenham uma
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
intuição (ou gut feeling) de que algo está errado e que só depois busquem argumentos
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
soupara
dívidjustificar
ni ed et raap“erroneidade”
rop lfi rep oddessa
otof intuição.
ed saçnaÉdpor
um isso
sà raque
limios seu
oglaartigo
,sacimais
tílop famoso
seõinipotem
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodamrofnocenisua
o provocador título “The emotional dog and its rational tail” (“O cachorro emocional
cauda racional”). Para Haidt, acreditar que as razões estão no controle da situação e que

edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló347
taC edROZIN,
adisrevPaul
inU aetical.
ífitnThe
oP aCAD
lep otriad
tieriDhypothesis:
me adaudaarGmapping
.siareG between
saniM edthree
laredmoral
eF edaemotions
disrevinU (contempt,
ad otieriD eanger,
d dis-
gust) and three moral codes .8135(community,
0565661847autonomy,
52/rb.qpndivinity).
c.settal//:Journal
ptth :setof
talpersonality
olucírruC .sand
iaresocial
G sanipsychology,
M ed v.
76, n. 4, p. 574, 1999. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE152
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
nossas intuições são secundárias, LIBERDADE
e não vice-versa, DE EXPRESSÃO
é como “acreditar que forçar a cauda E
do cachorro aPOLÍTICA:
abanar movendo-a com a mão faria o cachorro
FERRAMENTA ficar feliz”348.
TECNOLÓGICA NEUTRA
OU PLATAFORMA
Mas quais evidências favorecem VIRTUAL
o modelo social-intuicionista? EDITORIAL?
Haidt e outros cria-
ram ou recolheram diversas evidências. Na década de 1990, Haidt, Koller e Dias349 fizeram
um estudo sobre valores morais. A ideia era criar histórias fictícias de violações a tabus
morais, mas em que não houvesse danos aparentes (por exemplo: uma família come o
cachorro de estimação depois que ele foi atropelado por um carro; ou um homem usa a
carcaça de um frango para masturbação, depois cozinha e come o frango, etc.).
Aléxia No meio
Duarte do 1
Torres
caminho, eles notaram um fenômeno estranho: a maior parte das pessoas chegava muito
rapidamente ao julgamento moral, mas tinha alguma dificuldade de encontrar as razões
para justificar sua reprovação. Os argumentos que invocavam normalmente eram ruins e
RESUMO
gentilmente refutados pelo cientista. Quando isso acontecia, as pessoas não mudavam de
opinião, continuavam defendendo
A missão explícita sua posição,
do Facebook, masque
rede social sem
temconseguir
conquistadoencontrar
o coraçãorazões para
e consumido
isso, às vezes
um tempoconfessando
cada vez sua
maiordificuldade
da vida deemilhões
sorrindodeembaraçadamente. Haidtaochama
brasileiros e indivíduos redor do
esse estado de incapacidade
mundo, de justificar
é manter o mundo mais sua posição
aberto, de moral
conectado dumbfounding
e civilmente (estupefação
engajado. Sua atuação
350
moral). O no cenário
moral político temfoi
dumbfounding ganhado destaque
confirmado e suas políticase de
por replicações restrição
é uma de conteúdo
evidência para o e
personalização
intuicionismo de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
moral humano.
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
Em outro estudo, Wheatley e Haidt351 hipnotizaram sujeitos para sentir flashs de nojo
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
com palavras neutras (como often e take). Eles separaram dois grupos para ler histórias
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
fictícias envolvendo questões morais, um lendo as palavras modificadas e outro não. Eles
propõe a responder.
repararam que as pessoas com o flash de nojo tendiam a ser mais severas em sua conde-
nação moral. A seguir, adicionaram uma nova história, em que não havia nenhuma trans-
1. moral
gressão INTRODUÇÃO
aparente. Mesmo assim, nos grupos em que havia as palavras modificadas,
parte das pessoas continuava a condenar a ação dos personagens da história, mesmo sem
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
nenhum motivo aparente.
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
352
Schnall, Haidt,
o software Clore
colocava e Jordan
fotos tambémde
dos estudantes estimularam flashs
Harvard lado de nojo
a lado por razões
e permitia irre-
ao usuário
levantes nas pessoas,
classificar quem eramas manipulando
“hot” o ambiente.
ou não, uma Elesinglês
palavra em pediam para para
usada as pessoas fazerem
designar pessoas
sexualmente
julgamentos atraentes.
morais enquanto estavam sentados em frente ou a uma mesa limpa ou a uma
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
348turaram
HAIDT, Jonathan.
as imagensThe emotional dog and its rational
de identificação tail: a social intuitionist
dos estudantes, os própriosapproach to moralcomeçaram
usuários judgment.
Psychological Review, v. 108, n. 4, p. 814, 2001.
349a HAIDT,
trocarJonathan;
as suas fotosSilvia
KOLLER, por Helena;
imagens DIAS,com
Mariatextos
G. Affect,deculture,
protestos ou que
and morality, or isexpressavam suas
it wrong to eat your
opiniões políticas,
dog?. Journal algo and
of personality similar às mudanças
social psychology, v. 65, n.de4, foto do1993.
p. 613, perfil por parte de indivíduos
350inconformados
HAIDT, Jonathan; BJORKLUND,
com o resultadoFredrik; MURPHY,
do pleitoScott.
nasMoral dumbfounding:
eleições When intuition
presidenciais finds no reason.
dos Estados Unidos,
Unpublished manuscript, University of Virginia, 2000; HAIDT, Jonathan; HERSH, Matthew A. Sexual morality:
The cultures and emotions of conservatives and liberals. Journal of Applied Social Psychology, v. 31, n. 1, p.
191-221, 2001.
3511 WHEATLEY,
MestrandaThalia; HAIDT,
em Direito Jonathan.
pela Hypnotic
Universidade disgust
Federal makes
de Minas moral– judgments
Gerais Programa demore severe. Psychological
Pós-Graduação da Faculdade
science, v. 16,
de Direito dan.Universidade
10, p. 780-784, 2005.
Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
de MinasSimone
352 SCHNALL, Gerais.etCurrículo lattes:
al. Disgust http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
as embodied moral judgment. Personality and social psychology bulletin, v.
34,Endereço eletrônico: [email protected]
n. 8, p. 1096-1109, 2008.

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:153
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSsuja
mesa SERcom
PXrestos
E ED de E DADREB
guardanapos deIlanches
L ,KOdeOfast
BEfood
CAF(que, assume-se, ativariam
ARflashs
TUEdeNbaixo
ACnível
IGÓ deLnojo).
ONOs CEresultados
T ATNmostraram
EMARRque EFpessoas
:ACITque
ÍLOpontuavam
P alto na
escala de “consciência privada corporal” tendiam a fazer julgamentos morais mais severos
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
na segunda situação.

Há também evidências neurocientíficas que favorecem o modelo social-intuicionista.


António Damásio353 mostrou que quando pacientes sofrem danos em áreas do cérebro que
integram respostas afetivas com alta cognição (como o córtex pré-frontal ventromedial),
1 elas se tornam moralmente incompetentes, e não conseguem decidir. Por isso ele desenvol-
serroT etrauD aixélA
ve a hipótese dos marcadores somáticos: só conseguimos tomar decisões racionais com
base nas pequenas respostas emocionais que compõem a base de nossa cognição. Sem
esses marcadores, não conseguimos agir.
OMUSER
Greene e outros pesquisadores354, em seus estudos clássicos sobre o dilema do trol-
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
ley, mostraram que as distinções que as pessoas fazem entre os vários casos de dilemas
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
morais está correlacionada com os tipos de respostas emocionais que o cérebro gera. Por
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
exemplo, quando têm um rápido flash de atividade emocional no córtex pré-frontal medial
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
(geralmente em casos em que elas observam dano pessoal), as pessoas tendem a fazer
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socjulgamentos
itílop sodit rapmorais
e sotadimais
dnac deontológicos.
,setnerefid sacitílQuando
op seõsiVnão
?a-há
odnesse
azilarflash,
tnec uos
o ojulgamentos
ãçamrofni a passam
355
o maeser
ussomais
p kooutilitaristas
becaF od soi.ránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
es ogit ra eOssmodelo
e euq sesocial-intuicionista
õtseuq sa oãs sassEtambém
?amrofase
talajusta
p an edconfortavelmente
adilibisiv e oçapse às omideias
sem de dois
.r e d n
sistemas cognitivos, desenvolvidas na economia comportamental e capitaneadas o p s e r a e õ p orp pelos su-
pracitados Kahneman e Tversky, em seus estudos basilares da área356. O sistema 1 seria o
das decisões rápidas, automáticas, menos custosas, mais determinadas por emoções. O
OÃÇUDORTNI .1
sistema 2 seria o das decisões mais demoradas, raciocinadas, custosas e passo a passo.
oicíNote‑se
ni ues oque
n ogaodiferença
l ,ocitílopnão
otneémentre
u rtsnrazão
i mu eom oc oda(os
emoção irc odois
dis sistemas
ret oãn etêm
d rasrazões
epA e emo-
,”hsções),
amecamas
F“ oentre
omodois
c etntipos
emlade
nigcognições.
iro odairC .Haidt
laicnetopadmite
357 ues oque,
d satno
sipseu
avamodelo,
d áj kooasbeintuições
caF o
oirámorais
usu oa podem
aitimrepeme larga
odal amedida
odal drserav rarastreadas
H ed setnaaodutsistema
se sod s1oteofoaraciocínio
vacoloc erpost
awt fohoc
s o de
saojustificação,
ssep rangiseao d asistema
rap ada2.su sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
.setnearta etnemlauxes
Se as evidências sobre o modelo social-intuicionista que levantamos até aqui es-
-pativerem
c e edadcertas
isrevineu indicarem
ad açnarugquees enossas
d eder aintuições
marassemorais
ca serorealmente
dairc suessão euqasibase
opeDde nosso
maraciocínio
raçemoc smoral,
oiráusuentão
soirpnão
órp será
so ,spossível
etnadutsnegar
e sodque
oãçessas
acfiitnintuições
edi ed snsão
egam i sa mararutE o
inescapáveis.
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
353 DAMÁSIO, António R. O erro de Descartes: emoção, razão e o cérebro humano. 2. ed. São Paulo: Companhia
,sodinU das
sodLetras,
atsE 2005.
sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
354 GREENE, Joshua D. et al. An fMRI investigation of emotional engagement in moral judgment. Science, v. 293,
n. 5537, p. 2105-2108, 2001.
edad355
lucaFGREENE,
ad oãçauJoshua.
darG-sóPop.edcit.,
ama2014,
rgorP Cap.
– siar4.eG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló356
taC edKAHNEMAN,
adisrevinU aiDaniel;
cífitnoPSLOVIC,
alep otierPaul;
iD meTVERSKY,
adaudarGAmos.
.siareGJudgments
saniM ed launder
redeF uncertainty.
edadisrevinUHeuristics
ad otieriD and
ed Biases,
Cambridge, 1982; GILOVICH,
.8135Thomas;
0565661GRIFFIN,
84752/rbDale;
.qpncKAHNEMAN,
.settal//:ptth :op.
settcit.,
al olu2002;
círruCKAHNEMAN,
.siareG saniMop.edcit., 2012.
357 HAIDT, op. cit., 2012, cap. 2, nota 47. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE154
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
mesmo acontecerá nas decisões LIBERDADE
jurídicas, porque DE EXPRESSÃO
em vários momentos envolvem temas E
moralmente sensíveis
POLÍTICA:e controvertidos.
FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
9. POSNER E A ANTITEORIA MORAL
Essa indispensabilidade não se estende, por sua vez, às teorias morais. Para mostrar
isso, exporemos a crítica de Richard Posner à moralidade no direito. Posner é, nos termos
usados por Thomas Bustamente, um antiteórico moral, porque acredita que a moral é dis- 1
pensável e até prejudicial ao direito.
Aléxia Duarte Torres

Richard A. Posner é um eminente jurista americano. Mais famoso por estabelecer a


análise econômica do direito como uma disciplina jurídica respeitável, Posner dedicou-se,
no decorrerRESUMO
da década de 1990, a temas diferentes, mais filosóficos. Pode-se dizer que
sua preocupação
A missãoprincipal
explícita foi esclarecerrede
do Facebook, sua social
posiçãoqueteórica, a do pragmatismo
tem conquistado o coraçãojurídico (e
e consumido
358
filosófico)um .tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
Paramundo,
nossosé manter o mundo
propósitos, mais aberto,
no entanto, conectado
é relevante falarede
civilmente engajado.
seu ceticismo Sua
ético atuação
(que o
estabelece como antiteórico moral). Posner dá várias indicações de sua posição moral nos e
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo
trabalhos personalização
da década de de
1990algoritmo continuam
(e de outras a gerarmas
épocas), polêmicas.
o livroEstaria
em queo Facebook democratizando
ele esclarece e mais
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos
359 e partidos políticos
aprofunda seu ceticismo é o The Problematics of Moral and Legal Theory .
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
O ceticismo de Posner
mesmo espaço está baseado
e visibilidade em duas proposições.
na plataforma? Essas são asAquestões
primeiraque
é a esse
descrença
artigo se
na objetividade da moral. Ou
propõe a responder. seja, refere-se a um ceticismo ético no sentido forte. Posner
não acredita que existam prescrições morais categóricas e universais acessíveis capazes
de guiar o comportamento humano360. Essa é uma posição metaética. E, de fato, muitos
1. INTRODUÇÃO
filosóficos da metaética contemporâneos compartilham esse ceticismo361.
Também
Apesarvale de notar quesido
não ter do ceticismo
criado como de Posner não decorrepolítico,
um instrumento que ele logo
estejanonegando
seu início
a existência de um importante fenômeno social que pressiona e modifica
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”, o comportamento
dasopessoas,
softwarechamado
colocava“moralidade”, e que, portanto,
fotos dos estudantes de Harvard podeladoser estudado por acadêmicos
a lado e permitia ao usuário
362
(como sociólogos,
classificar quempsicólogos
era “hot” oue até
não,filósofos)
uma palavra , nem
emque pessoas
inglês usadaadmiráveis (ou vistas
para designar pessoas
como admiráveisatraentes.
sexualmente por uma comunidade) possam surgir para objetar práticas ou instituições
que considerem ilegítimas (os empreendedores morais363), nem que as pessoas possam
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
usar ensinamentos e conselhos escritos por sábios para o fim de aprimorar suas vidas pes-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
358opiniões
POSNER, Richard A. Overcoming
políticas, law. Harvard
algo similar University, 1995.
às mudanças p. 1-29.
de foto do perfil por parte de indivíduos
359 POSNER, op. cit., 2009.
inconformados
360 Ibidem, p. 1-12.
com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
361 E.g.: MACKIE, John. Ethics: Inventing right and wrong. Penguin UK, 1990; HARMAN, Gilbert. The nature of
morality: an introduction to ethics. New York: Oxford University, 1977; SINNOTT-ARMSTRONG, Walter. Moral
1 skepticisms.
MestrandaNew York: Oxford
em Direito University, 2005;
pela Universidade JOYCE,
Federal Richard.
de Minas The
Gerais – myth of morality.
Programa Cambridge: Cambrid-
de Pós-Graduação da Faculdade
ge de
University, 2001.
Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
362 POSNER,
de Minasop.Gerais.
cit., 2009, p. 4. lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Currículo
Endereço
363 Ibidem, eletrônico: [email protected]
p. 38-45.

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:155
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSeSdar
soais ERsentido
PXE àEvidaD E(oDque
AD eleRconsidera,
EBIL ,Kpropriamente,
OOBECAcomo
F a “ética”, contraposta
364
ARà T“moralidade”
UEN ACIG ). Ó
EleLtambém
ONCE distingue
T ATN “juízos
EMAnormativos”
RREF :AdeC“juízos
ITÍLO morais”.
P Posner é
cético quanto ao último, mas não quanto ao primeiro365.
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
Posner faz todas essas ressalvas para deixar claro seu alvo central: os “moralistas
acadêmicos”366, isto é, pessoas – geralmente professores e pesquisadores ligados a uni-
versidades – que se especializam no uso de argumentos sistemáticos e abrangentes, geral-
mente publicados em artigos e livros acadêmicos. Eles escrevem com rigor metodológico
1 para serem lidos por pares especializados, o que faz que sua linguagem seja razoavelmente
serroT etrauD aixélA
hermética para o público geral.

Para Posner, os moralistas acadêmicos acreditam que a racionalidade tem um im-


portante papel na moralidade. Na visão deles, seria possível, por purosOM argumentos,
USER em
primeiro lugar mostrar que algumas condutas são moralmente exigíveis e que outras são
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
condenáveis, etc. Dessa forma, teorias morais poderiam apontar com objetividade e rigor
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
os deveres morais das pessoas, transformando-se em guia para ação. Por decorrência,
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
e odeúemetnosegundo
c ed oãçilugar,
rtser eteorias
d sacitímorais
lop saustambém
e euqatspoderiam
ed odahnaefetivamente
g met ocitílopmudar
oiráneac conduta
on das
pessoas. Ou seja, os moralistas acadêmicos acreditariam que argumentos
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep morais, além
367
socde
itíloserem
p sodit rcorretos,
ap e sotadtambém
idnac ,setpodem
nerefid sser
acitefetivos, ter?aum
ílop seõsiV -odpapel
nazilartransformador
tnec uo oãçamronofni mundo
a .
o meussoÉ, p kassim,
oobecacontra
F od sosoirámoralistas
noicnuf e acadêmicos
serodadnuf sque
od sPosner
aiedi sasemvolta
oc meegcontra
revid eos
uqquais seu
es oceticismo
git ra esseéemais
uq seõforte.
tseuqOsaautor
oãs sancora
assE ?aseu
mroceticismo
fatalp an eem
dadivários
libisiv eargumentos.
oçapse omsPara
em ele, por
.rednopser a eõporp
exemplo, o fenômeno moral é, ao menos nos aspectos relevantes, local, o que enfraquece
os planos dos moralistas acadêmicos de universalizá-lo368. Ele também afirma que é plena-
mente possível explicar o fenômeno moral sem precisar recorrer às Ocategorias ÃÇUDORTempregadas
NI .1
nas teorias dos acadêmicos. Boa parte da atuação moral das pessoas pode ser explicada
oicípelos
ni uesseus
on osentimentos,
gol ,ocitílop como
otnemau rculpa,
tsni mau vergonha,
omoc odaaircindignação
odis ret oeãno enojo,
d rasmas
epA os senti-
,”hsmentos
amecaFmorais
“ o omem oc si
etnsão
emlneutros
anigiro eodnão
airCjustificam
.laicnetopuma
uesteoria
od sadetsifundo
p ava369
d á.j koobecaF o
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
saossep rAlém
angisdisso,
ed arappara
adaPosner,
su sêlgnargumentos
i me arvalapmorais
amu ,o–ãnproposições
uo ”toh“ arteóricas
e meuq –racnão
fiissseriam
alc
capazes de modificar as motivações de agentes. Eles, então, seriam .setnineficazes
earta etnecomo
mlauxeguias
s
para a ação. Na verdade, poderiam até ter um efeito contrário: como há amplo desacordo
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
sobre princípios morais, é muito fácil que cada pessoa racionalize sua adesão a uma teoria
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut370
moral, fazendo com que ela se ajuste a suas predisposições intuitivas ou ao status quo .
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sod364
inU Ibidem,
sodatsp.E4-5.
sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
365 Ibidem, p. 4.
366 Ibidem, p. 5.
367 Ibidem.
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló368
taC edIbidem,
adisrevpin6.
U aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
369 Ibidem. .8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
370 Ibidem, p. 7. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE156
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
A segunda proposição LIBERDADE
que baseia o ceticismo de Posner éDE a deEXPRESSÃO
que, mesmo que E
existisse algo POLÍTICA:
como uma teoriaFERRAMENTA
moral nos termos queTECNOLÓGICA
os acadêmicos advogam,NEUTRA
elas não
seriam úteis para o direito. Essa não é, portanto, como a anterior, uma objeção contra a
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
existência da moral, mas uma objeção contra sua utilidade371.
Essa segunda linha de objeção é, em certo sentido, ainda mais importante para Pos-
ner, já que sua abordagem é pragmática e enfatiza as consequências benéficas do uso de
uma teoria. Por isso ele diz que suas “visões metaéticas não são essenciais para o ceticis-
mo moral pragmático, a doutrina de que a teoria moral é inútil”. Ele diz que os pontos de 1
Aléxia Duarte Torres
apoio mais importantes para a visão cética e pragmática são as evidências empíricas da
“psicologia da ação”, o caráter geral das profissões acadêmicas (e da filosofia acadêmica
em particular), a indesejabilidade da uniformidade moral e, “acima de tudo o fato de que as
técnicas casuísticas
RESUMO e deliberativas que os teóricos morais utilizam são muito frágeis, tanto
epistemologicamente como retoricamente, para balançar as intuições morais”372
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
ParaumPosner,
tempo argumentos
cada vez maior morais sãodeintrinsecamente
da vida arbitrários,
milhões de brasileiros e, por isso,
e indivíduos vão do
ao redor
quase sempre ser utilizados por um teórico para favorecer a posição a qual ele já está
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
no acenário
predisposto político
defender. tem ganhado
Por isso, destaque
não considera útil eque
suas
umpolíticas de restrição
jurista recorra de conteúdo
a teorias morais e
personalização
para resolver problemasdejurídicos.
algoritmoEsse
continuam
alertaa também
gerar polêmicas. Estaria
vale, claro o Facebook
(e talvez democratizando
especialmente),
a informação
para decisões jurídicasousobre
centralizando-a? Visões políticas
temas moralmente diferentes,
carregados, candidatos
como aborto eoupartidos
ações políticos
afir-
373
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
mativas .
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
Mas o que fazer para resolver esses casos difíceis? Que considerações devem orien-
propõe a responder.
tar o jurista? Para substituir a teoria moral, Posner propõe a saída pragmática. O pragma-
tismo está primariamente preocupado com as consequências. Ele se baseia, largamente,
no 1.
sensoINTRODUÇÃO
comum, sabe que seu escopo é limitado a propostas de políticas e não tem
pretensões teóricas maiores. Não considera, por um lado, que conseguirá extrair respostas
Apesar por
de um problema de não ter sido de
argumentos criado como
forma um instrumento
silogística374 político,
. Por outro logonão
lado, daí no decorre
seu início
o Facebook
a conclusão de já dava
que pistas do seu
o pragmatismo potencial.
seja uma teoriaCriado originalmente
“rasa” e que não usacomo o “Facemash”,
procedimentos
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia
sofisticados para auxiliar o tomador de decisão. O pragmático busca esses procedimentos, ao usuário
mas onde teóricos morais não costumam se aventurar – em evidências empíricas pessoas
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar e na
sexualmente atraentes.
interdisciplinaridade com ramos da ciência, por exemplo.
ParaDepois quePosner
resumir: seus criadores acessaram
é um antiteórico morala porque
rede decrê
segurança
que, pordaumuniversidade e cap-
lado, não existe
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários
nenhum indício de objetividade da moral (ceticismo quanto à existência) e, por outro, crê começaram
que,a trocar
mesmoassesuas fotos por
houvesse imagens
indícios, com ainda
a moral textosassim
de protestos ou que expressavam
seria inadequada como critério suas
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de
de interpretação e decisão no direito (ceticismo quanto à utilidade). Para substituir teoriasindivíduos
inconformados
morais, ele propõe com o resultadojurídico,
o pragmatismo do pleito nas eleições
abordagem quepresidenciais
considera mais dosútil.
Estados Unidos,

371 Ibidem, p. ix.


1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
372 Ibidem.
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
373 Ibidem.
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço
374 Ibidem, p. viii.eletrônico: [email protected]

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:157
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSNasSERprimeiras
PXE Eseções
D EDdoAD REBargumentamos
artigo, IL ,KOOBque ECoAuso
F da moral no direito traz
ARalguns
TUEproblemas
N ACIGpráticos
ÓLON (inadequação
CET ATNentreEMmeios
ARReEfins
F :Ae Cpolarização).
ITÍLOP Dissemos, e
continuamos a dizer, que essas objeções não pretendem refutar a moralidade e os princí-
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
pios abstratos altamente valorativos no direito; pretende-se apenas que ocorra um uso par-
cimonioso, atento às consequências práticas. Da mesma forma, apresentamos a posição
de Posner não com o objetivo de defender o ceticismo ético ou algo nessa linha (apesar de
o autor claramente o defender). Aqui, nossa intenção é mostrar que há opções a aborda-
gens que usam teorias morais para resolver problemas jurídicos. Essas posições podem
1
seser
rroTbons
etracomplementos
uD aixélA à moral ou substituí-la em pontos mais críticos, com os quais as
teorias morais não estão adequadamente preparadas para lidar.

OMUSER
10. PRAGMATISMO
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
od roder oCabe,
a souentão,
dívidni desenvolver
e sorielisarb umed spouco
eõhlimmaised aadivideia
ad rde
oiapragmatismo.
m zev adac opCostuma-se
met mu dizer
oãçque
autaoauque
S .odistingue
dajagne eotnepragmatismo
mlivic e odatcde enooutras
c ,ot reabordagens
ba siam odnuéma oconexão
retnam éíntima
,odnuque
m ele cria
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec onvia entre o
entre teoria e prática, entre pensamento e ação, sendo algo como uma terceira
375
odndogmatismo
azitarcomed koeoobeceticismo,
caF o airatsEfocando-se
.sacimêlop rnoaregfalibilismo
a maunitnoc .omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop soConcordamos
dit rap e sotadidcom
nac ,sessa
etnerdefinição,
efid sacitílomas
p seõrepare-se
siV ?a-odnque
azilarela
tnecnão
uo nos
oãçadiz
mromuito
fni a sobre o
o mconteúdo
eussop kodo obpragmatismo.
ecaF od soiránEotalvez
icnuf edeva
seroser
dadassim.
nuf sodAbordagens
saiedi sa mpragmatistas
oc megrevid enãouq parecem
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
carregar um conjunto mais ou menos definido de proposições (como, por exemplo, abor-
.rednopser a e376
õporp
dagens utilitaristas carregam). O pragmatismo não tem valência ideológica . Há grandes
autores pragmatistas que se filiam à linha social-liberal, como Rorty, Putnam e Dewey377;
há pragmatistas de extrema esquerda, como Marx e alguns marxistas; OÃÇUeDO háRTpragmatistas
NI .1
conservadores e de direita, como Schumpeter, Hayek, Holmes e, talvez, Posner378. Nada
oicíimpede
ni ues oque
n oideologias
gol ,ocitíloabjetas
p otnem u rtsni um
tenham mu tino
omopragmático.
c odairc odSchmitt
is ret oãcomn edcerteza
rasepAtinha uma
,”hsteoria
amecprofundamente
aF“ o omoc etnpragmática
emlanigiro sobre
odairCo.ldireito
aicnetoep aupolítica
es od sats. iEp os
379 avanazistas
d áj koobnãoecatinham
Fo
oirápudores
usu oa aem itimjustificar
rep e odpragmaticamente
al a odal drav raHsuaed relação
setnaducomtse soodjudiciário
sotof a380
vac.oloc erawt fos o
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
O pragmatismo parece ser mais um humor: uma inclinação.saetver neaas
rta coisas
etnemladeuxforma
es
mais prática, indo direto ao ponto, cortando desnecessidades metafísicas e especulati-
-pavas
c e 381
ed.adCabe,
isrevientão,
nu ad aindicar
çnarugos
es sentidos
ed eder aem maque
rassacreditamos
eca serodairque c suoespragmatismo
euq siopeD pode ser
maútil
raçepara
mocsubstituir
soiráusuteorias
soirpómorais.
rp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sod375
inU DE
soWAAL,
datsE Cornelis.
sod siaSobre
icnedpragmatismo.
iserp seõçiSão
ele Paulo:
san oLoyola,
tielp o2007,
d odap.tlu18-20;
ser o238.
moc sodam rofnocni
376 POSNER, op. cit., 2005, cap. 7, p. 45.
377 Ibidem, p. 44-46.
378 Ibidem, p. 44, 165, 250.
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló379
taC edIbidem,
adisrevp.
inU44-45.
aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
380 JOAS, Hans. Pragmatism .81and
350social
56566theory.
184752University
/rb.qpnc.sofetChicago,
tal//:ptth :1993
settal olucírruC .siareG saniM ed
381 POSNER, op. cit., 2005, p. 26. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE158
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
Um deles é a receptividade às ciências LIBERDADE DE EXPRESSÃO
e às pesquisas empíricas382
. Juristas e po- E
líticos devem POLÍTICA:
estar atentos às evidências empíricas que
FERRAMENTA TECNOLÓGICA podem influenciar sua NEUTRA
decisão e
também devem fomentar novos programas empíricos. Nos últimos anos, está havendo
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
um crescimento vertiginoso de investigações empíricas nas ciências sociais, em especial
no Direito383. É recomendável que os tomadores de decisão no Brasil estejam atentos a
essa nova tendência. Um bom embasamento empírico é fundamental para que as decisões
políticas e jurídicas cumpram adequadamente seus fins, limitando efeitos colaterais inde-
sejáveis.
Aléxia Duarte Torres1
Outro ponto é o consequencialismo. Pragmatismo e consequencialismo não são si-
nônimos, como já dissemos, mas acreditamos que a relação entre os dois é proveitosa384.
Esse é um ponto em que o pragmatismo tem vantagens contra teorias morais tradicionais,
RESUMO
especialmente aquelas fortemente normativas.

PorAúltimo,
missãooexplícita
apelo aosdo Facebook,
interessesrede
podesocial
atrairque tem conquistado
o pragmatista. o coração
Ao falar e consumido
de consequen-
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
cialismo e de opções à teoria moral, talvez possa ter ficado no ar a impressão de que
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
estamos flertando com uma contradição performativa (argumentar contra uma coisa, mas
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
ao mesmo tempo agir de forma a pressupor essa própria coisa)385. Como podemos ar-
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
gumentar contra a moral, mas depois eleger outras saídas como desejáveis? Isso não é
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
um oximoro? Acreditamos que esse não é o caso, porque não podemos confundir teorias
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
morais com teorias normativas em geral. A moral é só um tipo, e muito particular, de teoria
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
normativa, mas não o único386. De fato, há as teorias normativas prudenciais, que apelam
propõe a responder.
aos interesses dos agentes387. Essa pode ser uma opção normativa à teoria moral que o
pragmático pode explorar.
1. INTRODUÇÃO

Apesar de não
11. O PROBLEMA ter sido criado
DO DISCURSO comoNAum
DE ÓDIO instrumento
POLÍTICA (MAISpolítico,
UMA VEZ)logo no seu início
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
Devemoscolocava
o software voltar a fotos
falar do
dosdiscurso de ódio
estudantes na política.
de Harvard ladoAcreditamos que todos
a lado e permitia os
ao usuário
argumentos mais gerais apresentados até aqui se aplicam com especial força ao
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoascaso da
política.
sexualmente atraentes.
Independentemente
Depois que seus do critério acessaram
criadores jurídico quea seja
rede adotado, parece-nos,
de segurança em primeiro
da universidade e cap-
lugar, necessário
turaram que sejam
as imagens evitados os que
de identificação dosprivilegiem
estudantes,argumentos e teorias
os próprios morais
usuários mais
começaram
diretamente,
a trocar aspelo altofotos
suas riscopor
de imagens
eles não com
conseguirem
textos deseprotestos
adequar aos fins expressavam
ou que almejados e de
suas
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
382inconformados
POSNER, op. cit., com
2009. o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
383 EPSTEIN, Lee; MARTIN, Andrew D. An introduction to empirical legal research. Oxford University, 2014
384 POSNER, Richard A. How judges think. Harvard University, 2008, cap. 1.
3851 BUSTAMANTE,
Mestranda em Thomas. Anti-theoretical
Direito pela Universidade claims about
Federal legal interpretation:
de Minas the argument
Gerais – Programa behind the fallacy.
de Pós-Graduação In:
da Faculdade
Argument types
de Direito and fallacies in
da Universidade legal argumentation.
Federal de Minas Gerais.Springer
GraduadaInternational
em DireitoPublishing, 2015,
pela Pontifícia p. 95-110. Católica
Universidade
386 JOYCE, op. cit.,
de Minas cap.Currículo
Gerais. 3. lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
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387 JOYCE, eletrônico:
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PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSEaRpolarização.
aumentar PXE ED TambémEDADéRpreciso
EBIL tomar
,KOcuidado
OBECcom AF o uso de princípios alta-
ARmente
TUEvalorativos
N ACIG deÓnosso
LON ordenamento,
CET ATNcomo EMoAda RRdignidade
EF :AC daIpessoa
TÍLOhumana.
P Apesar
de ser um princípio fundamental, indispensável em nosso direito, o princípio da dignidade
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
da pessoa humana corre o risco de ser aberto e indeterminado. Pode-se abrir espaço, no
campo judicial, para o uso do princípio como porta de entrada para teorias morais aceitas
individualmente pelos juízes, às vezes até para posições ideológicas.

Assim, nos casos difíceis, uma opção aos critérios morais seriam os critérios mais
1 pragmáticos, preocupados, como vimos, com os interesses das partes potencialmente afe-
serroT etrauD aixélA
tadas pela decisão e com as consequências práticas.

Um exemplo de abordagem jurídica sobre o discurso político mais próxima da prag-


mática que estamos defendendo aqui é a de Rodolfo Viana Pereira388. Em seu ensaio, o
OMUSER
autor defende que os critérios para a regulação da liberdade de expressão no discurso elei-
odim usndevem
toral oc e oãçser
aromais
c o odrelaxados
atsiuqnocdo meque
t euqpara
laicoos
s eoutros
der ,koramos
obecaFdo
oddireito.
aticílpxeA oideia
ãssimseria
A de que,
od nos
roderamos
r oa sotradicionais
udívidni e sodo
rieldireito
isarb ebrasileiro,
d seõhlim deveríamos
ed adiv ad rseguir
oiam zeavtendência
adac opminternacional
et mu de
oãçlimitar
auta auaSliberdade
.odajagnede etnexpressão
emlivic e onodatmomento
cenoc ,ot reque
ba sela
iamprejudicar
odnum o rminorias
etnam é ,sociais
odnum ou violar
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
princípios jurídicos de igual importância. No entanto, no caso eleitoral, deveríamos nos
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
aproximar mais do modelo americano, que tende a permitir o discurso em uma gama muito
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
maior de opções, excepcionando somente casos de danos iminentes.
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
389
es ogit ra ePereira
sse euq sesustenta
õtseuq saessa
oãs proposta
sassE ?amcom
rofatquatro
alp an eargumentos:
dadilibisiv e ooçade
psque
e omosealinhamento
m
ideológico não costuma ser considerado base identitária que.remereça dnopser proteção
a eõporp constitu-
cional; de que as posições ideológicas são menos fixas, mais voláteis do que os traços
identitários geralmente protegidos, como a cor da pele e a origem étnica; de que, após a
redemocratização no Brasil, não há histórico significativo de violência OÃpolítica
ÇUDORque TNI justifique
.1

oicíintervenção
ni ues on obrusca
gol ,ocino
tílodiscurso
p otnemueleitoral
rtsni mue que,
omocdeofato,
dairc aodemocracia
dis ret oãn parece
ed raseserpA mais efi-
,”hscaz
ampara
ecaF“evitar
o omooaumento
c etnemlada nigpolarização
iro odairC .dolaicque
netoimposições
p ues od satop-down
tsip avadjudiciais;
áj koobeecade F oque,
oiráusu oa aitimrep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o do
comumente, nas candidaturas políticas no Brasil, a distinção entre a história pessoal
saocandidato
ssep rangeiseodseuaraprograma
p adasu sêpolítico
lgni meesfacela-se
arvalap amapósu ,oãescrutínio
n uo ”toh“mais are m cuidadoso,
euq racfiisfazendo
salc
com que a exposição midiática e a avaliação que o eleitor possa fazer .setnedaartpersonalidade
a etnemlauxesdos
concorrentes sejam critérios legítimos para a escolha eleitoral.
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
390
maraçemPereira
oc soiráustambém
u soirpóafirma
rp so ,que
setnéapreciso
dutse solevar
d oãem çacconta
fiitnedquestões
i ed snegempíricas
ami sa mpara ararucriar
t
critérios jurídicos sobre o tema, mencionando os já citados casos em que a interferência
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
soudodívpoder
idni edjudiciário
et rap roaumenta,
p lfi rep oaod invés
otof eded sdiminuir,
açnadumo prestígio
sà ralimides ocandidatos
gla ,sacitílocom
p sediscursos
õinipo
,sodpolíticos
inU sodaextremistas.
tsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni

edad388
lucaFPEREIRA,
ad oãçaudRodolfo
arG-sóPViana.
ed amEnsaio
argorP –sobre
siareoG ódio
saniMe aedintolerância
laredeF edana
disrpropaganda
evinU alep oeleitoral.
tieriD meIn:
adnNORONHA,
artseM 1João
acilótaC edOtávio
adisrede
vin(Ed.)
U aicíet
fitnal.
oPSistema
alep otiepolítico
riD me eadDireito
audarGEleitoral
.siareGbrasileiros.
saniM ed laSão
redePaulo:
F edadAtlas.
isrevin2016,
U ad ocap.
tieriD33.
ed
389 Ibidem. .8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
390 Ibidem. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE160
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
Estamos propensosFACEBOOK, LIBERDADE
a concordar com a posição DE
do autor, mas EXPRESSÃO
o ponto é apenas enfa- E
tizar que seus POLÍTICA:
argumentos se compatibilizam
FERRAMENTA com o queTECNOLÓGICA
se propõe neste artigo, porque
NEUTRAsão
largamente práticos, mais focados em analisar os objetivos concretos das normas sobre
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
o discurso de ódio e as consequências empíricas de sua aplicação no discurso eleitoral.
Outras perspectivas, inclusive as que tendam a ser mais restritivas com a liberdade de
expressão – mas que também tenham uma preocupação mais prática e pragmática com a
questão do discurso de ódio – serão consideradas igualmente compatíveis com o que se
aventou neste artigo.
Aléxia Duarte Torres1

12. CONSIDERAÇÕES FINAIS


RESUMO
Neste trabalho, defendemos uma abordagem mais pragmática para lidar com o dis-
curso de ódio na arena
A missão política
explícita e eleitoral.rede
do Facebook, Começamos
social que esboçando o problema
tem conquistado e mostrando
o coração e consumido
como o judiciário
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduosdireito
vem lidando com ele. Vimos que uma linha forte em nosso é a do
ao redor
pós-positivista,
mundo,que defendeo amundo
é manter importância de teorias
mais aberto, moraiseecivilmente
conectado noções principiológicas alta-
engajado. Sua atuação
mente valorativas para resolver casos difíceis.
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
Umpersonalização de algoritmo
dos pontos centrais continuam
de nossa a gerar polêmicas.
exposição Estaria odeFacebook
foi que, apesar democratizando
essas abordagens
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e
mais valorativas terem grande importância em nosso direito, trazendo grandes avanços, partidos políticos
elas também podem causar alguns problemas, como o aumento da polarização e o uso de o
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
técnicas teóricas inadequadas para alcançar fins práticos pretendidos.
propõe a responder.
Fizemos, ainda, distinções. Em primeiro lugar, entre abordagens sobre a identidade
do direito e da moral e abordagens sobre a desejabilidade do uso da moral no direito; e, em
1.
segundo, INTRODUÇÃO
entre intuições morais e teorias morais. Essas duas distinções foram importantes
para esclarecer até que ponto a moralidade é inescapável ao direito, como diversos pós-po-
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
sitivistas afirmam. Tentamos mostrar que, de fato, nossas intuições morais, até o ponto
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
em que elas influenciam nossos julgamentos e argumentos morais, são inescapáveis, e
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
qualquer projeto prático que tente ignorá-las não será bem-sucedido. No entanto, também
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
defendemos
sexualmentequeatraentes.
teorias morais, por sua vez, não são inescapáveis, e é possível recorrer a
caminhos epistemológicos diferentes do moral para resolver casos difíceis no direito.
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
Um desses
turaram caminhos
as imagens é o pragmatismo,
de identificação visto como os
dos estudantes, abordagem consequencialista,
próprios usuários começaram
focada em evidências empíricas e no objetivo de compatibilizar os
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam interesses das partes
suas
envolvidas no conflito social. Acreditamos que uma análise pragmatista pode
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos dar uma res-
posta específica aocom
inconformados problema da liberdade
o resultado do pleitodenas
expressão
eleiçõesepresidenciais
do discurso de dosódio no direito
Estados Unidos,
brasileiro. Uma hipótese interessante é de que se deve dar proteção mais ampla aos dis-
cursos nas matérias eleitorais. Essa reposta, claro, não precisa ser a única possível, mas é
uma1 que Mestranda em Direito pela
se compatibiliza comUniversidade
o que foiFederal de Minas
proposto Gerais
neste – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
trabalho.
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço eletrônico: [email protected]

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:161
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
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HAIDT, Jonathan. The emotional dog and its rationalLIBERDADE DE
tail: a social intuitionist EXPRESSÃO
approach E
to moral judg-
ment. Psychological review, v. 108, n. 4, p. 814, 2001.
POLÍTICA: FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA
______. The righteous mind: Why good people are divided by politics and religion. Vintage, 2012.
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
______; BJORKLUND, Fredrik; MURPHY, Scott. Moral dumbfounding: When intuition finds no reason.
Unpublished manuscript, University of Virginia, 2000.
______; HERSH, Matthew A. Sexual morality: The cultures and emotions of conservatives and liberals.
Journal of Applied Social Psychology, v. 31, n. 1, p. 191-221, 2001.
______; KOLLER, Silvia Helena; DIAS, Maria G. Affect, culture, and morality, or is it wrong to eat your
dog?. Journal of personality and social psychology, v. 65, n. 4, p. 613, 1993.
Aléxia Duarte Torres1
HARMAN, Gilbert. The nature of morality: an introduction to ethics. New York: Oxford University, 1977.
HART, H. L. A. The concept of law. 2. ed. Oxford: Clarendon, 1994.
HOLMES, Oliver Wendell. The common law. Harvard University, 2009.
RESUMO
JOAS, Hans. Pragmatism and social theory. University of Chicago, 1993.
A missão
JOYCE, Richard. explícita
Essays do Facebook,
in moral skepticism.rede social
Oxford. que
New temOxford
York. conquistado o coração
University, 2016. e consumido
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
______. The myth of morality. Cambridge: Cambridge University, 2001.
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
KAHNEMAN, Daniel. Rápido e devagar: duas formas de pensar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
______; SLOVIC, Paul; TVERSKY, Amos. Judgments under uncertainty. Heuristics and Biases, Cam-
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
bridge, 1982.
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
MACKIE, John. Ethics: Inventing right and wrong. Penguin UK, 1990.
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
MENDES, Gilmar
propõeFerreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional. 9. ed. rev.
a responder.
e atual. São Paulo: Saraiva; Brasília: Instituto Brasiliense de Direito Público, 2014.
PEREIRA, Rodolfo Viana. Ensaio sobre o ódio e a intolerância na propaganda eleitoral. In: NORONHA,
João1.Otávio de. (Ed.) et al. Sistema político e Direito Eleitoral brasileiros. São Paulo: Atlas. 2016.
INTRODUÇÃO
cap. 33.
ApesarA.deHow
POSNER, Richard nãojudges
ter sido
think.criado como
Harvard um instrumento
University, 2008. político, logo no seu início
o Facebook
______. já dava pistas
Law, pragmatism, do seu potencial.
and democracy. Criado originalmente
Harvard University, 2005. como o “Facemash”,
o software
______. colocava
Overcoming fotos dos
law. Harvard estudantes
University, 1995. de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
______. The problematics of moral and legal theory. Harvard University, 2009.
sexualmente atraentes.
RAZ, Joseph. The authority of law: essays on law and morality. Oxford University, 2009.
Depois
REIS, Vivian. quedeseus
Justiça criadores
SP aceita acessaram
recurso a rede edesuspende
de Levy Fidelix segurança da universidade
indenização de R$ 1 emi-
cap-
lhãoturaram as imagens
por comentários de gays.
contra identificação dos estudantes,
G1. São Paulo, 03/02/2017. os próprios
Disponível em:usuários começaram
<https://g1.globo.
com/sao-paulo/noticia/justica-de-sp-aceita-recurso-de-levy-fidelix-e-suspende-indenizacao-de-r-1-
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
-milhao-por-comentarios-contra-gays.ghtml>. Acesso em: 3 dez. 2017.
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
ROSS, Alf. Direito e justiça.
inconformados com o 2.resultado
ed. Bauru:doEdipro,
pleito2008.
nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
ROZIN, Paul et al. The CAD triad hypothesis: a mapping between three moral emotions (contempt,
anger, disgust) and three moral codes (community, autonomy, divinity). Journal of personality and
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1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
SCHNALL, de Direito
Simone da Universidade
et al. DisgustFederal de Minas Gerais.
as embodied moral Graduada emPersonality
judgment. Direito pela Pontifícia
and socialUniversidade Católica
psychology
bulletin,dev.Minas
34, n.Gerais. Currículo lattes:
8, p. 1096-1109, http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
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Endereço eletrônico: [email protected]

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:163
PEREIRA,
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EO ÃSSERPXE ED
SINNOTT-ARMSTRONG, EDMoral
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REFThe:Anew
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WHEATLEY, Thalia; HAIDT, Jonathan. Hypnotic disgust makes moral judgments more severe. Psycho-
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odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
.rednopser a eõporp

OÃÇUDORTNI .1

oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
.setnearta etnemlauxes
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni

edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
.8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE164
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK, LIBERDADE DE EXPRESSÃO E
POLÍTICA: FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA
SERIA “DEUS” UM BOM VIRTUAL
OU PLATAFORMA CABO ELEITORAL?
EDITORIAL?

Aléxia Duarte Torres1


Aghisan Xavier Ferreira Pinto391

RESUMO:
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo verificar os efeitos do processo de laicização
do AEstado
missãobrasileiro
explícita edoseus reflexos
Facebook, nosocial
rede desenvolvimento do processo
que tem conquistado político
o coração nacio-
e consumido
nal.um tempo cada
Busca-se traçarvezos maior da vida
contornos do de milhões
atual estágio dedebrasileiros
separação e indivíduos ao redor
entre o Estado e a do
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado.
igreja por meio da análise de dispositivos constitucionais e infraconstitucionais para Sua atuação
se no cenáriosepolítico
entender tem ganhado
a candidatura destaque enasuas
confessional, políticasdodeprocesso
realização restrição eleitoral
de conteúdo
de e
personalização
atribuição de algoritmo
de mandato continuam
eletivo, a gerarcom
é compatível polêmicas. Estaria
o sistema o Facebook democratizando
constitucional brasileiro.
a informação
Ainda, dentro dooucontexto
centralizando-a?
eleitoral,Visões políticasverificar
pretende-se diferentes, candidatos e partidos
a compatibilidade políticos
ou incom-
patibilidade da candidatura confessional no Brasil face ao princípio da laicização, o
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem
ao mesmo espaço ee visibilidade
Direito Eleitoral à influêncianaqueplataforma?
a igreja podeEssas são as
trazer questões
para que esse
os resultados artigo se
obtidos
propõe a responder.
nas urnas, por meio do discurso religioso/eleitoral e de sua ascendência psicológica
e financeira sobre seus fiéis. Buscar-se-á, também, verificar como o México e os
Estados Unidos da América disciplinam a participação da igreja em seus processos
1. INTRODUÇÃO
políticos/eleitorais.
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
1. o software
INTRODUÇÃO colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
A laicidade do Estado brasileiro está caracterizada, de acordo com o que determina
sexualmente atraentes.
o art. 19, inciso I (primeira parte)392, da Constituição da República Federativa do Brasil
(CRFB), pelaDepois que seus criadores
impossibilidade da União,acessaram
dos estados,a rede de segurança
do Distrito Federal da universidade
e dos municípiosede cap-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios
estabelecerem cultos religiosos e igrejas de qualquer denominação. Esta proibição estende- usuários começaram
-seaa trocar
qualquer as tipo
suasdefotos por imagens
subvenção pública com textos
ou, por outrodelado,protestos ou que
a qualquer expressavam
tipo de embaraço ao suas
opiniões políticas,
funcionamento algo similar àsreligiosos
dos estabelecimentos mudanças ou de foto do perfil
à realização por parte de indivíduos
de cultos.
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
391 Advogado, formado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, mestrando em Direto
Político pela UFMG. Professor, formado em Letras pela UFMG.
3921 Art.Mestranda em Direito
19. É vedado à União,pela
aosUniversidade
Estados, ao Federal
Distrito de Minase Gerais
Federal – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
aos Municípios:
de Direito dacultos
I - estabelecer Universidade
religiososFederal de Minas
ou igrejas, Gerais. Graduada
subvencioná-los, em Direito opela
embaraçar-lhes Pontifícia Universidade
funcionamento Católica
ou manter com
elesdeouMinas
seus Gerais. Currículorelações
representantes lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração
de Endereço eletrônico: [email protected]
interesse público;

TORRES,
PINTO, Aghisan Aléxia Duarte.
Xavier Facebook,
Ferreira. Seria liberdade
“Deus” um de expressão
bom cabo eeleitoral?
política: ferramenta tecnológica
In: PEREIRA, Rodolfoneutra
Viana ou plataforma
(Org.). virtual
Direitos editorial?
políticos, In:165
PEREIRA,
liberdade
Rodolfo Viana
de expressão (Org.). Direitos
e discurso políticos,
de ódio. Volumeliberdade de expressão
II. Belo Horizonte: e discurso
IDDE, 2018. p.de165-182.
ódio. Volume
ISBNI. 978-85-67134-06-2.
Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33.
Disponível em:ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
<https://doi.org/10.32445/97885671340628>
E OÃSNão SERobstante
PXE Eo D fatoEde
Dconstitucionalmente
ADREBIL ,KOoOBrasil BEC AF
configurar-se como um Estado
ARlaico,
TUE aN
realidade
ACIG é que
ÓLoOpovo
NCbrasileiro,
ET ATN como
EMboa ARparte
REFdos :Apovos
CITÍlatinos,
LOP está entre os
mais religiosos do Ocidente e a profusão de igrejas, cultos e seitas que se estabeleceram e
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
surgiram no território nacional deixa evidente a influência da religiosidade no cotidiano dos
cidadãos e em muitas das instituições e práticas de Estado.

A própria Assembleia Nacional Constituinte de 1988 invocou a “proteção divina” no


texto preambular da Constituição393 e, apesar disso, estabeleceu, de forma paradoxal, a
1 laicidade do Estado brasileiro no art. 19 do texto constitucional. Assim, o que se observa, é
serroT etrauD aixélA
que a “separação entre Estado e religião” não é tão simples como se apresenta na Constitui-
ção Federal. É bastante usual encontrar órgãos e instalações públicas dos Poderes Legislati-
vo, Executivo, Judiciário e outros que ostentem símbolos religiosos em suas dependências.
Por vezes, documentos oficiais citam “Deus” ou “Jesus Cristo” em seus Otextos MUSEe, R de forma

odimmais
usnoevidente,
c e oãçaroactradição
o odatsiureligiosa
qnoc metmostra-se
euq laicos epor
der meio
,koobde
ecaferiados
F od aticílnacionais,
pxe oãssimestaduais
A e
od municipais
roder oa soudecorrentes,
dívidni e soriem
elisaespecial,
rb ed seõda tradição
hlim ed adivcatólica brasileira.
ad roiam zev adacAté opmmesmo
et mu datas de
oãçvestibulares
auta auS .odeajaconcursos
gne etnemlpúblicos
ivic e odasão
tcenalteradas
oc ,ot rebapara
siamseoadequarem
dnum o retnamesta é ,oou
dnuaquela
m tradi-
e odção
úetnreligiosa.
oc ed oãHá,
çirtsinclusive,
er ed sacitaíloreferência
p saus e eau“Deus”
qatsed onas
dahcédulas
nag met de
ocireal.
tílop oiránec on
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
Observa-se, portanto, que a influência religiosa opera em vários seguimentos da so-
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
ciedade brasileira, e a diversidade de cultos, denominações religiosas, igrejas e seitas revela
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
o pluralismo e o ecletismo de credo do povo brasileiro. Com efeito, a forte cultura religiosa
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
que caracteriza a identidade coletiva brasileira mostra-se nos diversos.rednopssegmentos
er a eõporp da socie-
dade e, naturalmente, tem o potencial de despertar nos cidadãos e nos seus representantes
políticos, além de elevados sentimentos de contemplação religiosa, paixões e radicalismos
capazes de desequilibrar a harmonia social. OÃÇUDORTNI .1

oicíni uesDesse
on ogmodo,
ol ,ocitnão
ílop éotnraro
emuque
rtsnio mextremismo
u omoc odaeiroc ecletismo
odis ret oãreligioso
n ed rasdaepAsociedade
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecade
brasileira traduzam-se, em certas ocasiões, em atos de intolerância e em discurso F oódio
oiráentre
usu oaqueles
a aitimrque
ep eprofessam
odal a odacredos
l drav rdiferentes.
aH ed setnLogo,
adutsea sdificuldade
od sotof adevacse
oloseparar
c erawtreligião
fos o e
saoEstado
ssep rafaz
ngiscom
ed aque
rap os
adaantagonismos
su sêlgni me areligiosos
rvalap ameu suas
,oãn concepções
uo ”toh“ areacerca
meuq de racelementos
fiissalc
fundantes da sociedade e do Estado tenham o potencial de gerar.stensão etneartentre
a etneamautonomia
lauxes
-paprivada
c e edadeisareautonomia
vinu ad açpública,
narugesoedque edacaba
er a mpor
arasrepercutir
seca seronegativamente
dairc sues euqsobre
siopeDa dinâmica
social e, em diversos casos, estatal.
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
saus mavPartindo,
asserpxe assim,
euq uodasodiscussão
tsetorp ed acerca
sotxet da
motensão
c snegaentre
mi roap autonomia
sotof sausprivada
sa racoertaaau-
soutonomia
dívidni epública,
d et rap na
ropseara
lfi repdaodreligiosidade
otof ed saçe,naem
dumespecial,
sà ralimno
is Direito
ogla ,saEleitoral,
citílop soeõpresente
inipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
393 CF/88 – Preâmbulo. Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte
para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais,
edadlucaFaadliberdade,
oãçaudaraGsegurança,
-sóP ed amaorgbem-estar,
orP – siareoG desenvolvimento,
saniM ed laredeF eadigualdade
adisrevinUealaepjustiça
otieriDcomo
me advalores
nartseMsupremos
1
acilótaC eddeaduma
isrevisociedade
nU aicífitnofraterna,
P alep otpluralista
ieriD me aedsem
audarpreconceitos,
G .siareG sanifundada
M ed larenadeharmonia
F edadisresocial
vinU ade ocomprometida,
tieriD ed na
ordem interna e internacional,
.81350com
5656a61solução
84752/rpacífica
b.qpnc.sdas
ettalcontrovérsias,
//:ptth :settal olpromulgamos,
ucírruC .siareG sob
saniMa proteção
ed de
Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA moc.liam DOg@ BRASIL.
otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE166
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
trabalho apresenta o seguinte tema-problema:LIBERDADE DE EXPRESSÃO
é a candidatura confessional, na realização E
do processo eleitoral de atribuição
POLÍTICA: de mandato eletivo,TECNOLÓGICA
FERRAMENTA compatível com o sistema consti-
NEUTRA
tucional brasileiro?
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
Em resposta ao tema-problema, duas hipóteses desvelam-se:

a) a compatibilidade da candidatura confessional com o sistema constitucional brasi-


leiro, apesar da cláusula constitucional de laicidade do Estado;

b) a incompatibilidade da candidatura confessional com o sistema constitucional 1


Aléxia Duarte Torres
brasileiro.

Sendo afirmativa a resposta, quais medidas podem ser propostas para se evitar que
o processo eleitoral, ainda que com candidaturas confessionais, seja “colonizado” por dis-
RESUMO
cursos de ódio e disputas religiosas acerca da tensão entre a autonomia privada e a autono-
A missão
mia pública versandoexplícita
sobredoquestões
Facebook, rede social que
fundamentais da tem conquistado o coração
hipermodernidade, como oe consumido
aborto,
a eutanásia, a orientação sexual, a relação entre pais e filhos, o que deve ser lecionadoredor
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao nas do
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado
escolas de ensino fundamental, tolerância religiosa, etc.? e civilmente engajado. Sua atuação
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
Havendo resposta negativa ao tema-problema, como se poderia eliminar, por inter-
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
médio doa processo
informaçãodemocrático, a institucionalidade
ou centralizando-a? Visões políticas da religiosidade
diferentes, sobre
candidatos o processo
e partidos políticos
eleitoral? que
Há modelos
divergem jurídicos que proíbem
com as ideias ou que amenizam
dos fundadores os efeitos
e funcionários positivos
do Facebook e/ou o
possuem
negativosmesmo
da religiosidade sobre o processo eleitoral?
espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
propõe a responder.
O tema-problema e as hipóteses a ele oferecidas são os vetores de condução inicial
deste trabalho, que tem como contexto o constitucionalismo hipermoderno e a laicização
do Estado brasileiro, bem como os possíveis efeitos da religiosidade no processo eleitoral.
1. INTRODUÇÃO
A metodologia a ser utilizada será a analítico-conceitual, e serão utilizadas na pesqui-
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
sa bibliografia nacional e estrangeira sobre o tema, bem como o acesso à jurisprudência
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
de tribunais nacionais e à legislação nacional e estrangeira. Por conseguinte, será utilizado,
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
como complemento, o método de direito comparado, de modo a analisar e discorrer sobre
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
como a candidatura confessional é objeto de regulamentação jurídica no México e nos
sexualmente atraentes.
Estados Unidos da América.
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
Neste cenário, o presente trabalho se propõe ao objetivo geral de discorrer e ana-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
lisar o tema das candidaturas confessionais no processo eleitoral, de modo a apreciar a
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
suaopiniões
compatibilidade
políticas,oualgo incompatibilidade
similar às mudançascom o princípio
de foto do da laicização do Estado
perfil por parte brasi-
de indivíduos
leiro. Como objetivos específicos, serão trazidos à reflexão: a) questões
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, concernentes aos
chamados “discursos de ódio” nas campanhas eleitorais, fundados em pré-concepções
religiosas; b) a influência, a aceitação ou a rejeição das candidaturas confessionais por
parte
1 de sociedade;
Mestranda c) os
em Direito mecanismos
pela jurídicos
Universidade Federal existentes
de Minas para o impedimento
Gerais – Programa oudapara
de Pós-Graduação a
Faculdade
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
minimização de efeitos negativos e/ou positivos de candidaturas confessionais nos siste-
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
mas jurídicos
Endereçomexicano e estadunidense.
eletrônico: [email protected]

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:167
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSAlém
SERda PX E ED Ee D
introdução dasAconsiderações
DREBIL ,K OOeste
finais, BEtrabalho
CAF será organizado em três
ARtópicos
TUEN principais.
ACIGNo ÓLprimeiro
ONCdeles,
ET Aserão
TNEabordados
MARREoFprocesso:ACITde ÍLlaicização
OP do Esta-
do brasileiro com fundamento no constitucionalismo jurídico-político e as disposições da
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
legislação eleitoral que buscam concretizar a “separação entre religião e Estado” no Brasil.
No segundo tópico, será tratada a questão das candidaturas confessionais nos processos
eleitorais do México e dos Estados Unidos da América. O terceiro tópico será dedicado à
análise dos resultados das eleições gerais de 2014, em especial, aqueles relativos aos
cargos de deputado federal e estadual, cujos candidatos se autodeclaram sacerdotes ou
1
serroT etrauD aixélA
membros de ordem ou seita religiosa. A análise, baseada em dados divulgados pelo TSE,
será feita com vistas a aferir o coeficiente de sucesso das candidaturas eleitorais confessio-
nais. Neste tópico, sob a ótica do discurso de ódio e da intolerância religiosa, buscaremos
verificar se a candidatura assumidamente confessional tem o poder de atrair OMou
USErepelir
R votos
odimaousgerar
noc etensão
oãçarocentre
o odaatsautonomia
iuqnoc metprivada
euq laic(religião)
os eder ,koeoabeautonomia
caF od aticípública
lpxe oãs(representação
sim A
política) no âmbito do processo eleitoral.
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
odnazitarco2mOedESTADO
koobecaFLAICO
o airatsEEA.sCONSTITUIÇÃO
acimêlop rareg a mFEDERAL
aunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop soRuy
dit raBarbosa
p e sotadfoi
idnaocautor
,setnedo
refiDecreto
d sacitílopnºse119-A
õsiV ?394
a-odque,
nazilem
artne1890,
c uo ofez
ãçam rofnque
com i a o Brasil
o mdeixasse
eussop kde ooter
becuma
aF odreligião
soiránoficial
oicnuf para,
e serentão,
odadnutornar-se
f sod saieumdi sEstado
a moc laico,
megreonde
vid eauqseparação
es oentre
git ra Estado
esse eueqigreja
seõtsepermitisse
uq sa oãs asaliberdade
ssE ?amrde ofacrença,
talp an eedaespecialmente
dilibisiv e oçapaseliberdade
omsem de culto.
.rednopser a eõporp
O principal efeito desse decreto foi possibilitar que os cultos religiosos, diferentes daquele
da tradição Católico Romana, deixassem de acontecer apenas na intimidade dos lares de
seus fiéis e pudessem ser realizados em espaços públicos como templos OÃÇUDO e Rigrejas,
TNI dando .1
a todos o pleno direito de professarem sua fé de forma coletiva, segundo seus preceitos e
oicísem
ni ueintervenção
s on ogol ,doocipoder
tílop opúblico.
tnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráusu oPara
a aitiCelso
mrep eLafer,
odaloaEstado
odal dlaico
rav raéH “tanto
ed setonaque
dutséeindependente
sod sotof avde acoqualquer
loc erawconfissão
t fos o
395
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq rade
religiosa quanto o relativo ao mundo da vida civil” . Deste modo, o Decreto cfii1890
ssalc fez
surgir o Estado secular, neutro, leigo, onde os cidadãos podem .definir setneaseus
rta etndestinos
emlauxecom s
base no uso da razão, e não pelos desígnios de uma verdade divina a eles revelada pela fé.
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemDe oc modo
soiráuoposto
su soirpaos órpEstados
so ,setnconfessionais
adutse sod oãou çateocráticos,
cfiitnedi ed asnseparação
egami sa entremararpoder
ut
saues religião
mavasséearpbase
xe eusobre
q uo asoqual
tsetorEstado
p ed solaico
txe t m oc construir
deve snegami suas
rop sinstituições
otof saus sea seuracomodelo
rt a
soudedívcidadania.
idni ed et rNeste
ap ropsentido,
lfi rep ood art.
otof19,
edI s(primeira
açnadumparte),
sà raldaimiConstituição
s ogla ,sacitíFederal
lop seõde inip1988
o
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
394 BRASIL. Decreto nº 119-A, de 7 de janeiro de 1890. Prohibe a intervenção da autoridade federal e dos Esta-
dos federados em materia religiosa, consagra a plena liberdade de cultos, extingue o padroado e estabelece
edadlucaFoutras
ad oãçprovidencias.
audarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló395
taC edLAFER,
adisreviCelso.
nU aicífEstado
itnoP aleLaico.
p otierIn:
iD mBENEVIDES,
e adaudarG .Maria
siareGVictória;
saniM edBERCOVICI,
laredeF edadGilberto;
isrevinU MELO,
ad otieriClaudineu
D ed de.
(Orgs.). Direitos humanos,.813democracia
5056566184e7república
52/rb.qpnc–.shomenagem
ettal//:ptth :seattFábio
al olucKonder
írruC .siComparato.
areG saniM eSãod Paulo:
Quartier Latin do Brasil, 2009. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE168
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
espelha a ideia de um Estado onde as alianças LIBERDADE DE públicas
entre igreja e instituições EXPRESSÃO
não sejam E
mais possíveisPOLÍTICA:
como foram antes de 1890.
FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA
O Brasil contemporâneoOU PLATAFORMA
não tem uma religião oficial,VIRTUAL EDITORIAL?
e o direito à liberdade religiosa
ampla e irrestrita ou mesmo o direito à não religião, assegurados constitucionalmente pelo
art. 5º, VI396, da Constituição Federal, devem ser respeitados. Para tanto, é necessário en-
tender que “as normas religiosas das diversas confissões são conselhos dirigidos aos seus
fiéis e não comando para toda a sociedade”397, e é a partir desse pensamento que se pode
construir um país verdadeiramente tolerante e receptivo para todos os tipos de
Aléxia crenças.
Duarte Torres1
Não obstante a Constituição Federal determinar a separação entre Estado e igreja,
o que, de certa forma, garantiria que aquele não interferiria nesta ou vice-versa, o que
podemos RESUMO
observar é que Estado e igreja ainda andam de mãos dadas e que esta relação
continua ocupando grande espaço da vida nacional.
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
Exemplo
um tempodissocada
estávez
namaior
própria
da Constituição
vida de milhões Federal, que, se por
de brasileiros um ladoao
e indivíduos buscou
redor do
garantir a liberdade de crença e culto no Brasil, por outro, tratou de criar mecanismos,
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
no cenáriotributária,
como a imunidade político tem
paraganhado
assegurardestaque e suas políticas
a efetividade de restrição
dessa liberdade. de 150,
O art. conteúdo
VI, e
personalização
“b”398, veda de algoritmo acontinuam
aos Entes federativos a gerar
instituição polêmicas.
de impostos Estaria
sobre o Facebook
templos democratizando
religiosos. Essa
limitação aaoinformação ou centralizando-a?
poder de tributar Visões
estatal parece políticassua
encontrar diferentes, candidatos
justificativa no nãoe embaraço
partidos políticos
da
que divergem
atividade religiosa. com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
Porpropõe
sua vez, o art. 19, I (segunda parte), da Constituição ressalva a colaboração
a responder.
entre Estado e igreja, desde que seja feita em favor do interesse público e na forma da
lei. Em que pese a Constituição Federal deixar a cargo da lei infraconstitucional definir o
tipo1.de colaboração
INTRODUÇÃO a ser realizada entre Estado e igreja, parece-nos claro que, no Estado
democrático, esta colaboração deverá ser realizada com o objetivo de beneficiar todos os
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
cidadãos que professem
o Facebook ou nãodoqualquer
já dava pistas religião eCriado
seu potencial. não apenas aqueles como
originalmente cuja religião seja a
o “Facemash”,
mesma da igreja que celebra com o Estado qualquer tipo de parceria. Este é o
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuáriopensamento
de Aldir Guedes
classificar Soriano,
quem para quem
era “hot” ou não,“o uma
Estado laicistaemnão
palavra podeusada
inglês favorecer
parauma religião
designar em
pessoas
399
detrimento de outras
sexualmente (…)” .
atraentes.
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
396turaram as imagens
Art. 5º. Todos são iguaisde identificação
perante dos estudantes,
a lei, sem distinção os próprios
de qualquer natureza, usuários
garantindo-se começaram
aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e
a àtrocar as suas
propriedade, fotosseguintes:
nos termos por imagens(...) com textos de protestos ou que expressavam suas
VI - opiniões
é inviolável apolíticas,
liberdade dealgo similare de
consciência àscrença,
mudanças de foto do
sendo assegurado perfil
o livre por dos
exercício parte
cultosdereligiosos
indivíduos
e
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
397 LAFER, op. cit., p. 228.
398 Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios: (...)
VI - 1instituir impostosemsobre:
Mestranda (...)
Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
b) templos dede qualquer
Direito culto;
da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
399 SORIANO,de MinasAldir
Gerais. Currículo
Guedes. lattes:religiosa
Liberdade http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
no direito constitucional e internacional. São Paulo: Juarez de
Endereço
Oliveira, 2002.eletrônico:
p. 85. [email protected]

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:169
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSOutras
SERPsituações
XE EDemED queAoDpúblico
REBIeLo ,religioso
KOOBainda ECA seFencontram podem ser ob-
400
ARservadas
TUENnoAart. CIG 5º,Ó
VIII
LO,NdaCConstituição
ET ATNEFederal,
MARque REFgarante
:ACaITescusa
ÍLOPde consciência
por motivos religiosos e no art. 143, § 1º401, que trata da possibilidade de serviços alter-
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
nativos à prestação de atividades de caráter essencialmente militar e realizadas em tempos
de paz, relativas ao serviço militar obrigatório ou, ainda, o ensino religioso que, de acordo
como o art. 210, § 1º402, da Constituição Federal, faz parte da grade curricular de ensino,
mas terá matrícula facultativa.

1
serroT eEsses
trauDsão
aixapenas
élA alguns exemplos de como o Estado, apesar de ter feito a escolha
de se separar da igreja há mais de cem anos, ainda não consegue, de forma clara e objetiva,
determinar o papel que lhe cabe na construção do Estado secular.

OMUSER

odim2.1
usnOoEstado
c e oãçalaico
roc o eodoatDireito
siuqnocEleitoral
met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
od roder oNo a scampo
oudívidndo
i eDireito
sorielisPolítico
arb ed seeõEleitoral
hlim ed não adivéadiferente.
d roiam zeEstado
v adac eopreligião
met muainda não
oãçconseguiram
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e etnemelium vic eseodocupa
atcenodoc ,ooutro
t rebadesiavárias
m odnumaneiras,
m o retnam quer,oseja
é dnum no esforço
e oddeúecriar
tnoc mecanismos
ed oãçirtser elegais
d sacitque
ílop garantam
saus e euqaaseparação
tsed odahnentre
ag meeles,
t ocitquer
ílop oseja
iránena c otentativa
n de
odnaparelhamento
azitarcomed koobpolítico
ecaF o adoiratsEstado
E .sacim êlop rare g a m a unitnoc om tirog la e
por bancadas declaradamente confessionais.d oã çaz ila no s rep
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
o meussoDestep koobmodo,
ecaF oad legislação
soiránoicnueleitoral,
f e serodembora
adnuf snão od sseja
aiediabundante
sa moc meno grequevid tange
euq à regu-
lação do papel e participação das igrejas nas eleições, aponta-nos
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem alguns dispositivos que
403
disciplinam essa relação. Assim, podemos destacar o disposto no inciso
.rednopser a eõporp VIII , art. 24,
da Lei nº 9.504/1997, cuja redação proíbe a doação direta ou indireta a partidos ou candi-
datos. Destaca-se, porém, que esse artigo foi tacitamente revogado face à declaração de
inconstitucionalidade do art. 81404 da Lei nº 9.504/1997 e art. 39405OÃdaÇULei
DOnº
RT9.096/1995,
NI .1

oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
400 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
,”hsameestrangeiros
caF“ o omresidentes
oc etneno
mlPaís
anigairinviolabilidade
o odairC .lado icndireito
etop àuvida,
es oàdliberdade,
satsip aàvigualdade,
ad áj koàosegurança
becaF o e à
oiráusu propriedade,
oa aitimrenos p etermos
odal seguintes:
a odal d(...)
rav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo
saossepseraasnginvocar
ised apara
rapeximir-se
adasu desêobrigação
lgni me legalarvaalatodos
p amimposta
u ,oãne recusar-se
uo ”toh“a acumprir
re meprestação
uq racfiialternativa,
ssalc
fixada em lei; .setnearta etnemlauxes
401 Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei.
-pa§c 1ºe eÀsdaForças
disrevArmadas
inu ad compete,
açnarugna es forma
ed eddaerlei,a atribuir
marasserviço
seca salternativo
erodairc aos sueque,
s euem q stempo
iopeDde paz, após
alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decorrente de crença religiosa e de
maraçem convicção filosófica ou política, para se eximirem de atividades de caráter essencialmente s
o c s o i r á u s u s o i r p ó r p s o , s e t n a d u t s e s o d o ã ç a c fi i t n e d i e d s n e g a m i a mararut
militar.
saus mavasserpxe euq uo sotsetorp ed sotxet moc snegami rop sotof saus sa racoformação
402 Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar rt a
básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais.
sou§d1º
íviOdnensino
i ed ereligioso,
t rap rode p matrícula
lfi rep odfacultativa,
otof edconstituirá
saçnadudisciplina
m sà rdos alimhorários
is oglanormais
,sacitdasílopescolas
seõinpúblicas
ipo
,sodinU de soensino
datsEfundamental.
sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
403 Art. 24. É vedado, a partido e candidato, receber direta ou indiretamente doação em dinheiro ou estimável em
dinheiro, inclusive por meio de publicidade de qualquer espécie, procedente de: (...)
VIII - entidades beneficentes e religiosas; (Incluído pela Lei nº 11.300, de 2006)
edad404
lucaFBRASIL.
ad oãçauLei
danº
rG-9.504/97.
sóP ed amArt. argo81.
rP –Assidoações
areG saneiMcontribuições
ed laredeF edde adpessoas
isrevinU ajurídicas
lep otierpara
iD mecampanhas
adnartseMeleitorais
1
acilótaC edpoderão
adisreviser
nU afeitas
icífitnaoPpartir
alep dootieregistro
riD me ados
daucomitês
darG .siafinanceiros
reG saniM dos ed lapartidos
redeF edou adiscoligações.
revinU ad otieriD ed
405 Lei nº 9.096/95. Art. 39..8Ressalvado
1350565661o8disposto
4752/rb.qnopnart.
c.se31,
ttal/o/:ppartido
tth :setpolítico
tal olucírpode
ruC .sreceber
iareG sadoações
niM ed de pes-
soas físicas e jurídicas para constituição de seus fundos. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE170
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
no julgamento da ADI nº 4.650 406
, que proibiuLIBERDADE
doação de pessoasDE EXPRESSÃO
jurídicas aos partidos e E
campanhas eleitorais.
POLÍTICA: FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA
OU
O Ministro Gilmar Mendes, emPLATAFORMA
março de 2017 – quando VIRTUAL EDITORIAL?
presidia o TSE – mencionou
em entrevista dada à Agência Reuters407 que o tribunal eleitoral já estuda uma maneira
de barrar a relação financeira entre religião e política. “Depois da proibição das doações
empresariais pelo Supremo Tribunal Federal, hoje quem tem dinheiro? As igrejas. Além do
poder de persuasão. O cidadão reúne 100 mil pessoas num lugar e diz: ‘Meu candidato é
esse’. Estamos discutindo para cassar isso.” 1
Aléxia Duarte Torres
Apontamos, ainda, consoante o disposto no caput e § 4º do art. 37408 da Lei nº
9.504/1997, o entendimento de que os templos religiosos são considerados bens de uso
comum, o que torna proibida a veiculação de propaganda política de qualquer sorte em
RESUMO
suas dependências.
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
O Código Eleitoral, Lei nº 4.737/1965, por sua vez, traz em seu art. 242409 a proibição
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
de propaganda eleitoral que seja capaz de criar artificialmente estados mentais, emocionais
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
ou passionais nos cidadãos. Apesar de não trazer expressamente menção aos cultos reli-
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
giosos, é plenamente possível a aplicação deste dispositivo aos casos em que campanhas
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
eleitorais sejam realizadas por líderes religiosos durante os cultos ou nas dependências
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
dos templos religiosos, uma vez que o sentimento religioso está intrinsecamente ligado aos
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
estados mentais e emocionais dos fiéis, o que, de certo modo, destoa do caráter racional,
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
informativo e propositivo que a campanha eleitoral deve ter.
propõe a responder.

2.2 Casos de abuso de poder religioso


1. INTRODUÇÃO
Para José dos Santos Carvalho Filho, “nem sempre o poder é utilizado de forma
adequada… Apesar de não abusiva
e a conduta ter sido nãocriado
podecomo um aceitação
merecer instrumento político,jurídico,
no mundo logo nodevendo
seu início
serocorrigida
Facebookna jáviadava pistas do ou
administrativa seujudicial”
potencial.
410 Criado originalmente como o “Facemash”,
.
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
406 STF - Plenário. ADI 4.650/DF. Rel. Min. Luiz Fux. Julgado em 16 e 17.09.2015.
407sexualmente
PARAGUASSU,atraentes.
Lisandra; MARCELLO, Maria Carolina. TSE quer controlar influência das igrejas nas eleições,
diz Gilmar Mendes. 2009. Disponível em: <https://br.reuters.com/article/domesticNews/idBRKBN16F2TZ-
Depois
-OBRDN>. queem:
Acesso seus criadores
27 abr. 2018. acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
408 Lei nº 9.504/1997. Art. 37. Nos bens cujo uso dependa de cessão ou permissão do poder público, ou que
turaram as imagens de identificação
a ele pertençam, e nos bens de uso comum, inclusive dos estudantes, os próprios
postes de iluminação pública,usuários
sinalização começaram
de tráfego,
viadutos, passarelas, pontes, paradas de ônibus e outros equipamentos
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam urbanos, é vedada a veiculação de
suas
propaganda de qualquer natureza, inclusive pichação, inscrição a tinta e exposição de placas, estandartes,
opiniões políticas,
faixas, cavaletes, algoe assemelhados.
bonecos similar às mudanças
(...) de foto do perfil por parte de indivíduos
§ 4º Bens de uso comum, para fins eleitorais, são os assim definidos pela Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
2002 – Código Civil e também aqueles a que a população em geral tem acesso, tais como cinemas, clubes,
lojas, centros comerciais, templos, ginásios, estádios, ainda que de propriedade privada. (Incluído pela Lei
nº 12.034, de 2009)
409 Art. 242. A propaganda, qualquer que seja a sua forma ou modalidade, mencionará sempre a legenda parti-
1 dária
Mestranda em Direito
e só poderá ser feitapela
emUniversidade Federal
língua nacional, não de Minas empregar
devendo Gerais – Programa de Pós-Graduação
meios publicitários daaFaculdade
destinados criar,
de Direito dana
artificialmente, Universidade Federal
opinião pública, de Minas
estados Gerais.emocionais
mentais, Graduada em
ou Direito pela Pontifícia
passionais. (RedaçãoUniversidade
dada pela LeiCatólica

7.476, de 15.5.1986)
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
EndereçoFILHO,
410 CARVALHO eletrônico:
José[email protected]
dos Santos. Manual de direito administrativo. 29. ed. São Paulo: Atlas, 2015.

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:171
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSOSEabuso
RPXdeEpoder,
ED Eentão,
DAD REBIL ,Ksob
materializa-se OO BEformas:
duas CAF o excesso de poder e o
ARdesvio
TUEdeNpoder.
ACINaGÓ seara
LOadministrativa,
NCET AToNexcesso EMARdeRpoder
EF :fica
ACcaracterizado
ITÍLOP no momen-
to em que o agente extrapola os limites de sua competência, enquanto o desvio de poder se
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
dá quando o agente, embora ainda nos limites de sua competência, afasta-se do interesse
público que deve instruir o ato administrativo.

Por analogia, podemos então classificar o abuso de poder religioso no Direito Eleitoral
de acordo com os parâmetros fixados pelo Direito Administrativo. Assim, o líder religioso
1 que se vale de sua posição de destaque e liderança dentro de sua igreja para influenciar
serroT etrauD aixélA
seus fiéis a votarem, ou não, neste ou naquele candidato, utiliza-se do seu poder de forma
arbitrária, extrapolando os limites da legalidade eleitoral e atuando “fora de sua compe-
tência”, o que caracterizaria o excesso de poder. De outra feita, o líder religioso que utiliza
dependências e equipamentos dos templos religiosos para fazer campanha OMUSeleitoral
ER age
com desvio de poder, pois vale-se de bens constitucionalmente protegidos por
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A imunidade
od tributária
roder oa spara
oudíauferir
vidni e algum
sorielistipo
arb de
ed vantagem
seõhlim edpara
adivsiaou
d rooutrem.
iam zev adac opmet mu
oãçauta auComS .odefeito,
ajagnequer
etnem livicpor
seja e omeio
datceda
nocmanipulação
,ot reba siamda odnmassa
um o rdeetnafiéis
m é ou
,odpela
num utilização
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
de templos religiosos isentos de tributação e classificados como bens de uso comum (no
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
caso dos templos religiosos), o abuso de poder religioso, em última análise, tem potencial
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
para desequilibrar o jogo de forças na disputa eleitoral.
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
es ogit ra eEm
sseque
euq pese
seõtsaeuConstituição
q sa oãs sassFederal
E ?amroserfataexpressa
lp an edadquanto
ilibisiv às
e oçpráticas
apse omeleitorais
sem abu-
sivas relacionadas ao poder político/autoridade e ao poder econômico .rednopser(CRFB
a eõpo–rpart. 14, §
9º�), e a legislação eleitoral trazer algumas previsões relativas à participação das igrejas nos
pleitos, não há previsão no ordenamento jurídico que expressamente traga sanções para o
abuso do poder religioso usado com vistas a influenciar o processo OÃeleitoral
ÇUDORTemNI favor
.1 ou

oicídesfavor
ni ues ondeocandidatos.
gol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hsamecNãoaF“ oobstante
omoc eatnfalta
emlade nigregulamentação,
iro odairC .laicneem topmaioues de od 2017
satsipo aministro
vad áj kdo ooTSE,
becaFNapo- o
oiráleão
usu Nunes
oa aitimMaia Filho, afastou do cargo o deputado estadual de Alagoas o pastor João oLuis
r e p e o d a l a o d a l d r a v r a H e d s e t n a d u t s e s o d s o t o f a v a c o l o c e r a w t f o s
saoRocha
ssep r411
ang(PSC),
ised arque
ap ateve
dasuo smandato
êlgni mecassado arvalap pelo
amu TSE ,oãndeuoAlagoas
”toh“ aem re m euq de
julho rac2016,
fiissalcmas
mantinha-se no cargo. . s e t n e a r t a e t n e m lauxes
-pac e edDeadisacordo
revinu com
ad açandenúncia
aruges edoferecida
eder a mpeloarasprocurador
seca serodeleitoral
airc suesMarcial
euq siDuarte
opeD Coêlho,
maorapastor
çemocfoisoeleito
iráusucomo
soirpoó“candidato
rp so ,setndaaduIgreja
tse sdood Evangelho
oãçacfiitneQuadrangular,
di ed snegamrepresentante
i sa mararut da
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
família quadrangular”, o que, segundo o procurador, transformou a igreja em uma espécie
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
de plataforma de campanha onde haveria uma determinação de “apoio aos candidatos por
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
parte dos membros da igreja”.

Em sua decisão, o Ministro do TSE disse que “não há como se confundir a liberdade
edadde
lucculto
aF ad oreligioso
ãçaudarG-seóPos edespaços
amargorP –dossiartemplos
eG saniM ecom
d laredescudos
eF edadisreprotetores,
vinU alep otiernichos
iD me adimpenetráveis
nartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
.8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
411 TSE. RO – 224193. Julgado em 15.7.2017. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE172
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
ou casamatas de concretoFACEBOOK, LIBERDADE
para esconder a prática DE EXPRESSÃO
de ilícitos de qualquer natureza – neste E
caso, ilícitos eleitorais”.
POLÍTICA: FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA
Outro caso de abuso deOU poderPLATAFORMA VIRTUAL
religioso é o do missionário MárcioEDITORIAL?
Santiago, eleito
deputado estadual por Minas Gerais (PTB-MG) e posteriormente cassado pelo TRE daquele
estado por abuso de poder religioso412. O missionário, nas eleições de 2014, aproveitou-se
de um evento de determinada igreja que contava com mais de 5 mil fiéis e era televisionado
para pedir votos. Apesar da cassação, o deputado permanece no cargo face ao seu recurso
ao TSE, cuja relatoria ficou a cargo da Ministra Rosa Weber. Aléxia Duarte Torres1
Mais episódios de abuso do poder religioso espraiam-se pelo país como o do prefeito
do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, acusado pelo vice-procurador-geral eleitoral, Nicolao
Dino, queRESUMO
pediu a declaração de sua inelegibilidade por abuso de poder religioso ou, ainda,
o caso do Pastor Sargento Marcos (Marcos Pereira de Azevedo – PSB-SP), eleito vereador
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
pelo Guarujá e teve seu mandato cassado em abril de 2017 por fazer campanha dentro do
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
templo religioso.
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
Deste modo, observa-se
no cenário político temque, face destaque
ganhado à lacuna na legislação
e suas eleitoral
políticas relativadeaoconteúdo
de restrição abuso e
religioso, personalização
os magistrados, ao enfrentar
de algoritmo as questões
continuam ligadas Estaria
a gerar polêmicas. ao abuso da influência
o Facebook que
democratizando
a religião atem sobre os
informação fiéis, utilizam-seVisões
ou centralizando-a? de dispositivos já positivados
políticas diferentes, candidatosnoe ordenamento
partidos políticos
para tipificar
que adivergem
conduta com
de líderes e candidatos
as ideias religiosos.
dos fundadores Um exemplo
e funcionários dessa prática
do Facebook éa o
possuem
utilização mesmo
do art. espaço e visibilidade
24, inciso VIII, da Leinanºplataforma?
9.504/1997, Essas
quesão
vedaasaquestões
doação que esse artigo
pecuniária aos se
partidos epropõe a responder.
candidatos, de forma direta ou indireta, o que inclui qualquer tipo de publicidade
em instituições religiosas ou beneficentes.

1. Esse posicionamento acerca da proibição de contribuição financeira em campanha


INTRODUÇÃO
eleitoral ganhou maior força e encontra abrigo no entendimento do Supremo Tribunal Fe-
Apesar
deral de que de não
pessoas ter sido
jurídicas nãocriado
podemcomo um instrumento
contribuir político,eleitorais
para as campanhas logo no (ADI
seu início

o Facebook já dava
4.650, rel. Min. Luiz Fux). pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
Outra possibilidade
classificar quem era “hot” sobreouanão,
qualuma
os magistrados lançamusada
palavra em inglês mão para
é o enquadramento
designar pessoas
do sexualmente
abuso do poder religioso como abuso de poder econômico, previsto no art. 22 da Lei
atraentes.
Complementar nº 64/1990, face ao poderio financeiro de certas igrejas.
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
É possível
turaram tambémdea tipificação
as imagens identificaçãoda dos
conduta de abusoosdopróprios
estudantes, poder religioso
usuárioscomo pro-
começaram
a trocar
paganda as suas
eleitoral fotos com
irregular por imagens
previsão no comart.textos de protestos
37, caput, da Lei nºou que expressavam
9.504/1997, que numa suas
opiniões políticas,
interpretação extensivaalgo similar
equipara às mudanças
os templos de foto
religiosos a bensdopúblicos.
perfil por parte de indivíduos
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
O Ministro do TSE Henrique Neves da Silva, Relator do Recurso Ordinário nº 2.653,
informa que o “discurso religioso proferido durante ato religioso está protegido pela garan-
tia de
1 liberdade de Direito
Mestranda em culto”,pelamas que ”tal
Universidade proteção,
Federal de Minascontudo, não atinge
Gerais – Programa situações em
de Pós-Graduação que
da Faculdade
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço
412 AIJE – Ação deeletrônico: [email protected]
Investigação Judicial Eleitoral nº 537003.

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:173
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSreligioso
o culto ERPXéEtransformado
ED EDAD emRato
EBostensivo
IL ,KOouOindireto
BECA deFpropaganda eleitoral, com
ARpedido
TUEde Nvoto
ACem IGfavor
ÓLO dosNcandidatos”
CET ATN(RO EMnºA2.653,
RRErel.
F :Min.
ACHenrique
ITÍLOPNeves da Silva,
julgado em 7/3/2017).
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
E, finalmente, há a possibilidade de se enquadrar o abuso de poder religioso como
propaganda eleitoral abusiva e ilegal que cria, de forma artificial, estados mentais e emo-
cionais nos fiéis, levando-os a votar em candidatos apontados pelas lideranças religiosas.

1
serroT etrauD aixélA
3. A CANDIDATURA CONFESSIONAL NO MÉXICO E NOS ESTADOS UNIDOS
DA AMÉRICA

3.1 México – Proibição


OMUSER
A Constituição Mexicana garante aos cidadãos a participação política nas suas for-
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
mas ativa e passiva. Deste modo, toda e qualquer limitação ao direito fundamental da parti-
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
cipação política deve estar expressamente prevista em uma norma. Assim, a própria cons-
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
tituição estabeleceu limites à participação política passiva (capacidade de ser votado) dos
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
líderes religiosos, pois, naquele país, os cidadãos que pretendam participar das eleições
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socdevem
itílop sopertencer
dit rap e sotao
adidEstado
nac ,selaico.
tnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
o meussoNo p kMéxico,
oobecaF aoseparação
d soiránoichistórica
nuf e serentre
odadnigreja
uf sode Estado
saiedi socorreu
a moc mno egséculo
revid euXIX,
q quando
es oogEstado
it ra esstomou
e euq spara
eõtsesiuqossabens
oãs pertencentes
sassE ?amrofàsataigrejas,
lp an edreduziu
adilibisivose privilégios
oçapse omdos semreligiosos
.r e d n o p
e assumiu as atividades essencialmente estatais que, naquele tempo, eram desempenha- s e r a e õ p orp
das pelas igrejas, tais como serviços de saúde e educação.

O objetivo era a secularização do Estado, claramente separando OÃÇUDas ORatividades


TNI .1 do
Estado das atividades da igreja que, a partir daquele momento, deveria restringir-se às
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
atividades religiosas nos limites de seus templos. O movimento separatista entre a igreja e
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
o Estado ainda teve outros episódios, como a Revolução Liberal de 1910 e a reforma cons-
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
titucional de 1992, quando se estabeleceu, de forma definitiva, o papel da igreja no direito
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
político/eleitoral mexicano.
.setnearta etnemlauxes
A Constituição Mexicana determina que as associações religiosas não participem da
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
política partidária nem de campanhas em favor de qualquer candidato ou partido político.
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed sne413 gami sa mararut
O art. 130 da Constituição Política dos Estados Unidos Mexicanos definiu expressa-
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
soumente
dívidniaeseparação
d et rap ropentre
lfi reEstado
p od oteofigrejas
ed saçdeterminando
nadum sà ralqueimisasogautoridades
la ,sacitíloppolíticas
seõiniponão
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodamroreligiosos
intervenham na vida interna das associações religiosas e vedando que os líderes fnocni
ocupem cargos públicos tornando-os inelegíveis enquanto mantiverem seus vínculos reli-
giosos.
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
413 Artículo 130. El principio.8histórico
1350565de66la
18separación
4752/rb.qpdel
nc.sEstado
ettal//:pyttlas
h :siglesias
ettal oluorienta
círruC .las
siarnormas
eG saniM
contenidas
ed en
el presente artículo. Las iglesias y demás agrupacionesmreligiosas
oc.liamg@ seosujetarán
tudaixela :aola
cinley.
ôrtele oçerednE

,ARIE174
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
Destaca-se que os cidadãos, LIBERDADE
líderes religiosos, que pretendamDE EXPRESSÃO
concorrer em eleições E
414
devem se “separar definitivamente
POLÍTICA: de seu ministério com
FERRAMENTA cinco anos de antecedência”
TECNOLÓGICA NEUTRA .
Deste modo, a Constituição Mexicana e a Lei das Associações Religiosas e Culto Público
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
(art. 14, primeira parte415), além de limitarem a participação política de padres, pastores ou
qualquer outro tipo de ministros de cultos nas questões eleitorais determinando seu afasta-
mento da igreja e restringindo o uso que eles podem fazer dos meios e aparelhos religiosos,
também vedou-lhes a assunção a cargos públicos superiores, a menos que se desliguem
de suas igrejas com no mínimo três anos de antecedência.
Aléxia Duarte Torres1
De modo diverso ao que acontece no Brasil, onde partidos políticos utilizam em seus
próprios nomes menções religiosas, no México, a Constituição proíbe qualquer formação
política cujo nome traga quaisquer palavras ou símbolos que indiquem alguma relação
religiosa. RESUMO
Há, ainda, vedação à utilização de templos religiosos para reuniões de caráter
político416.
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
Além
umdas limitações
tempo cada vezconstitucionais,
maior da vida node México,
milhões adeleibrasileiros
eleitoral também deixaaoclara
e indivíduos redora do
separação entre religião e Estado ao elencar diversas restrições que devem ser observadas
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
pela igreja,
noseus líderes
cenário e partidos
político políticos.
tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
O Código Federal de Instituições e Procedimentos Eleitorais assevera, em seu art. 38,
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
§ 1º, alínea “q”417, a obrigação de os partidos políticos absterem-se de utilizar símbolos
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
religiosos em sua propaganda. Por sua vez, o art. 25, § 1º, “c”418, do mesmo código, deter-
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
propõe a responder.
414 MEZA Salazar, Martha Alicia. El derecho constitucional mexicano. México: ISEF, 2015.
415 Artículo 14. Los ciudadanos mexicanos que ejerzan el ministerio de cualquier culto, tienen derecho al voto en
los términos de la legislación electoral aplicable. No podrán ser votados para puestos de elección popular, ni
1.podránINTRODUÇÃO
desempeñar cargos públicos superiores, a menos que se separen formal, material y definitivamente
de su ministerio cuando menos cinco años en el primero de los casos, y tres en el segundo, antes del día de la
elección de que se trate o de la aceptación del cargo respectivo. Por lo que toca a los demás cargos, bastarán
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
seis meses.
Tampoco
o Facebook podrán
já los
davaministros
pistas de culto
do seu asociarse con finesCriado
potencial. políticosoriginalmente
ni realizar proselitismo
como a favor o en contra
o “Facemash”,
de candidato, partido o asociación política alguna.
o Lasoftware
separacióncolocava fotosdedos
de los ministros cultoestudantes de Harvard
deberá comunicarse lado a lado
por la asociación e permitia
religiosa o por los ao usuário
ministros
separados, aquem
classificar la Secretaría de Gobernación
era “hot” ou não, uma dentro palavra
de los treinta
em días
inglêssiguientes
usadaal parade su designar
fecha. En caso de
pessoas
renuncia el ministro podrá acreditarla, demostrando que el documento en que conste fue recibido por un
sexualmente
representante legalatraentes.
de la asociación religiosa respectiva.
Para efectos de este artículo, la separación o renuncia de ministro contará a partir de la notificación hecha a
Depois
la Secretaría de que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
Gobernación.
416 Artículo 130. (...)
turaram as imagens
Queda estrictamente prohibida de identificação
la formación de dos estudantes,
toda clase os próprios
de agrupaciones usuários
políticas cuyo começaram
título tenga alguna
palabra o indicación cualquiera que la relacione con alguna confesión
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam religiosa. No podrán celebrarse en los
suas
templos reuniones de carácter político.
417opiniões
Artículo 38.políticas, algo similar
1. Son obligaciones às mudanças
de los partidos de foto do
políticos nacionales: (...) perfil por parte de indivíduos
q) Abstenerse de utilizar
inconformados com símbolos
o resultado religiosos, así como
do pleito nasexpresiones,
eleições alusiones y fundamentaciones
presidenciais dos Estados de carác-
Unidos,
ter religioso en su propaganda;
418 Artículo 25.
1. La declaración de principios invariablemente contendrá, por lo menos: (...)
c) La obligación de no aceptar pacto o acuerdo que lo sujete o subordine a cualquier organización interna-
1 cional
Mestranda
o lo haga emdepender
Direito pela Universidade
de entidades Federal políticos
o partidos de Minasextranjeros;
Gerais – Programa
así como deno Pós-Graduação
solicitar o, en da
su Faculdade
caso,
de Direito
rechazar todada Universidade
clase Federal de Minas
de apoyo económico, Gerais.
político Graduada emproveniente
o propagandístico Direito peladePontifícia Universidade
extranjeros Católica
o de ministros
de de
losMinas
cultosGerais. Currículo
de cualquier lattes:así
religión, http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
como de las asociaciones y organizaciones religiosas e iglesias y de
Endereço
cualquiera deeletrônico:
las [email protected]
a las que este Código prohíbe financiar a los partidos políticos;

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:175
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSque
mina SEosRP XE Epolíticos
partidos D EDnão ADaceitem
REBIL ,KOapoio
nenhum OBEpolítico,
CAF econômico ou propagan-
ARdístico
TUEproveniente
N ACIGdeÓministros
LONCde ETcultos
ATN de E
nenhuma
MARRreligião,
EF :Aigreja
CITeÍassociação
LOP religiosa.
?LAIRO AsTlimitações
IDE LAmaisUTR IV AM
comuns ROFA
impostas TApartidos
aos LP UO políticos são: não fazer alusões
religiosas; não depender de ministros ou igrejas; não incluir motivos religiosos na propagan-
da; e não receber financiamento de ministros ou igrejas;

Por sua vez, os padres, pastores e líderes religiosos têm, entre outras, as seguintes
limitações: não ser funcionário eleitoral; não ser auxiliar eleitoral; não ser observador elei-
1
setoral;
rroT não
etraser
uDcandidato
aixélA a cargos políticos, pois o líder religioso é inelegível a menos que
se desvincule do ministério antecipadamente; não estar presente na seção eleitoral; não
realizar proselitismo.

Em caso de má conduta alegada, o órgão eleitoral está habilitadoOaMlevar USERo caso ao


tribunal
odim usnoc eleitoral
e oãçarocque,
o oddepois
atsiuqnde
oc investigar
met euq laiacodenúncia,
s eder ,kooestará
becaFhabilitado
od aticílpxea oimpor
ãssimdiretamente
A
uma sanção ao ministro de culto. As violações relativas às restrições
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opm em matéria
et mu religiosa
oãçpodem
auta auser
S .omotivo
dajagnepara
etnesanções
mlivic e oadministrativas,
datcenoc ,ot rebaperda
siamdeodregistro
num o redo
tnacandidato
m é ,odnuou m nulidade
da eleição.
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
o m3.2
eus soEstados
p koobecUnidos
aF od s–oiPerda
ránoicnde
uf Incentivos
e serodadnuTributários
f sod saiedi sa moc megrevid euq
es ogit ra eUma
sse edas
uq scondições
eõtseuq sapara
oãs sque
asscertas
E ?amrinstituições
ofatalp an edgozem
adilibiside
v eisenção
oçapse de omimpostos
sem nos
.r e d n o p s
Estados Unidos da América é a proibição de participação em campanhas políticas. Apesar e r a e õ p o r p
de haver outras restrições oriundas de leis estaduais e locais que também regulam esta
participação, tal como a Lei Federal de Campanha Eleitoral (Federal Election Campaign Act),
OÃÇUDORTNI .1
há na seção 501 do Código da Receita Federal419 expressa previsão de que as organiza-
oicíções
ni uereligiosas
s on ogol estão
,ocitílproibidas
op otnemudertsparticipar
ni mu omou ocintervir,
odairc direta
odis reou
t oindiretamente,
ãn ed rasepA em cam-
,”hspanhas
amecaFpolíticas,
“ o omocemetnnomeemlanou
igirem
o ooposição
dairC .laicanequalquer
top ues candidato
od satsip a vcargo
ad áj público
koobecaeletivo.
Fo
oiráTal
usuproibição
oa aitiméretida
p e como
odal aumaodaldasdracondições
v raH ed separa
tnaduatsmanutenção
e sod sotof do avastatus
coloc de
erabeneficiário
wt fos o
saode
sseisenção
p rangisfiscal,
ed ararazão
p adapela
su sêqual
lgni há
mequem
arvalaentenda
p amu ,que
oãn auoimpossibilidade
”toh“ are meude q raparticipação
cfiissalc
.setnearta etnemlauxes
419 Código dos EUA, § 501 - Isenção de imposto sobre sociedades, certos fideicomissos, etc.
-pa c e e(a)
daISENÇÃO
disrevinDAu aTAXA
d açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
ma raçem Uma
ocorganização
soiráusu descrita
soirpónas
rp ssubseções
o ,setna(c)duou
tse(d)sooudnaoãseção
çacfi401
itne(a)
di estará
ed snisenta
egam dei tributação
sa marasobruteste
subtítulo, a menos que essa isenção seja negada nos termos da seção 502 ou 503.
sau s ma(c)vaLISTA
sserpDASxe ORGANIZAÇÕES
euq uo sotsetISENTAS
o r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
As seguintes organizações são referidas na subsecção (a): (...)
sou (3)
dívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sod inU Corporações,
sodatsE soquaisquer
d siaicnefundos
diserpcomunitários,
seõçiele sfundo
an otou ielpfundação,
od odaorganizados
tluser o meocoperados
sodamexclusivamente
rofnocni
para fins religiosos, de caridade, científicos, testes de segurança pública, fins literários ou educacionais, ou
para promover a competição de esportes amadores nacionais ou internacionais (mas somente se nenhuma
parte de suas atividades envolverem a provisão de instalações ou equipamentos de atletismo), ou para a
prevenção de crueldade contra crianças ou animais, nenhuma parte do lucro líquido que possibilite benefício
edadlucaFde adqualquer
oãçaudaracionista
G-sóP edou amindivíduo
argorP – particular,
siareG saninenhuma
M ed laredparte
eF edsubstancial
adisrevinU adaslep oatividades
tieriD me ade
dnque
artsehaja
M propa-
1
acilótaC edganda
adisreou,
vinUdeaioutra
cífitnoforma,
P alep tentando
otieriD minfluenciar
e adaudarGa .legislação
siareG san(exceto
iM ed laquando
redeF edprevisto
adisrevinnaU subsecção
ad otieriD e(h)),
d e que
não participe ou intervenha .813(incluindo
50565661a84publicação
752/rb.qpnouc.sdistribuição
ettal//:ptth :sde
ettdeclarações),
al olucírruC .siemareGqualquer
saniM ecampanha
d
política em nome de (ou em oposição à) qualquer candidato moc.lpara
iamg@ otudapúblicos.
cargos ixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE176
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
política das instituições religiosas não se trataLIBERDADE
exatamente de umaDE EXPRESSÃO
proibição, mas de uma E
opção, ou seja, a organização religiosa
POLÍTICA: poderá optar por
FERRAMENTA receber isenção fiscal ou,
TECNOLÓGICA abrindo
NEUTRA
mão desta, participar da atividade política.
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
A proibição de que trata a seção 501, além de vedar a participação direta das igre-
jas que gozam de benefícios fiscais em campanhas eleitorais, também proíbe declarações
escritas ou faladas acerca de candidatos ou partidos políticos, o “ranqueamento” de can-
didatos, qualquer tipo de apoio financeiro ou qualquer tipo de ação tendenciosa em prol ou
contra qualquer candidato.
Aléxia Duarte Torres1
A despeito de terem sido criadas em 1954, quando o Congresso estadunidense
emendou o Código da Receita Federal limitando a participação política de grupos religiosos
e outras instituições que também gozam de isenções fiscais, as limitações impostas à
RESUMO
igreja continuam a vigorar nos Estados Unidos da América, ainda que, mais recentemente,
grupos ligados às instituições
A missão religiosas rede
explícita do Facebook, se mostrem
social quedispostos a discutir
tem conquistado essas limitações
o coração e consumido
ao argumentarem
um temposer injusto
cada o cerceamento
vez maior da vida dedemilhões
seu discurso político,e condicionando
de brasileiros sua do
indivíduos ao redor
imunidademundo,
fiscal àé não participação
manter o mundo maispolítica.
aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
Neste ponto, vale destacar que as restrições do Código da Receita Federal americana
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
são impostas às igrejas e não aos seus líderes, que, individualmente, poderão endossar,
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
apoiar ou criticar candidatos políticos, sem quaisquer restrições. Ademais, as igrejas ame-
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
ricanas estão livres para registrar seus membros como votantes, distribuir guias eleitorais,
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
convidar todos os candidatos para debates, além de discutir diretamente com os seus fiéis
propõe a responder.
sobre temas de importância nas comunidades como a legislação acerca do casamento, do
aborto, etc.
1. Contudo,
INTRODUÇÃO
uma recente pesquisa conduzida pelo Pew Research Center – instituição
dedicada, entre outros assuntos, ao estudo da política e de tendências sociais nos Estados
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
Unidos da América – demonstrou que, apesar de a grande maioria dos cidadãos america-
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
nos considerarem que uma forte convicção religiosa seja uma característica apreciável nos
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
candidatos aos cargos políticos, 66% dos americanos são contra o endosso, pela igreja,
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
420
de candidatos .
sexualmente atraentes.
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
4. turaram as imagens CONFESSIONAL
A CANDIDATURA de identificação Edos estudantes, DAS
O RESULTADO os próprios
URNAS usuários começaram
– DEUS COMO
a trocar
CABOas suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
ELEITORAL
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
A pesquisa realizada no site do TSE421 analisou o número de candidatos aos cargos
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
de deputado federal e estadual aptos a concorrerem no pleito de 2014 e que se autodeclara-

4201 PEW RESEARCH


Mestranda em CENTER. Preaching
Direito pela politics
Universidade from de
Federal theMinas
pulpit.Gerais
2012. –Disponível
Programaem: <http://www.pewforum.
de Pós-Graduação da Faculdade
org/2012/10/02/preaching-politics-from-the-pulpit-2012/>.
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada Acesso
em em: 27 pela
Direito abr. 2018.
Pontifícia Universidade Católica
de MinasSUPERIOR
421 TRIBUNAL Gerais. Currículo lattes:Estatísticas.
ELEITORAL. http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
2014. <http://www.tse.jus.br/eleitor-e-eleicoes/estatisticas/
Endereço eletrônico:
estatisticas>. Acesso em:[email protected]
27 abr. 2018.

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:177
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EOramÃsacerdotes
SSERPXouE membros
ED EDdeAordem
DREou BIseita
L ,Kreligiosa.
OOBEEstasCAFcandidaturas confessionais
ARforam
TUEdivididas
N ACem IGdois
ÓLgrupos,
ONCE quais
T Asejam:
TNEa) Mcandidatos
ARREF que usaram
:AC ITÍLnome
OP civil na urna;
b) candidatos que usaram nome confessional na urna.
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
Como nome civil, a pesquisa considerou nomes que não utilizavam títulos ligados à
religiões, ordem ou seitas religiosas. Por sua vez, foram considerados nomes confessio-
nais aqueles que traziam em si títulos tais como padre, pastor, irmão, bispo, missionário,
presbítero, mãe, etc.
1
serroT ePara
trauoDcargo
aixélA
de deputado federal, 21 candidatos autodeclaram-se sacerdotes ou
membros de ordem eu seita religiosa. Entre esses candidatos, 11 utilizaram nome confes-
sional na urna e 10 utilizaram o nome civil.

O coeficiente de sucesso das candidaturas confessionais, de acordo OMUcom


SER o site do
TSE,
odim usnomostrou-se
c e oãçaroc muito
odatselevado,
oCandidaturas c mchegando
iuqnoconfessionais aos81%
et euq laicao ederdekosucesso
,de considerando
obecaF odfederal e oãssos
aticílp–x21 im candidatos
A
cargo deputado
eleitos e os eleitos como suplentes.
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
Eleitos Suplentes Não eleitos
oãçauta auNome
S .odacivil
jagn–e10etnemlivic2e(coeficiente
odatcenocpartidário)
,ot reba siam odnum6o retnam é ,odnum 2
Candidaturas confessionais ao cargo de deputado federal – 21
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met9ocitílop oiránec on 2
Nome confessional – 11 0
Resultado Eleitos
9,5% Suplentes
71,5% Não19%
eleitos
odnazitarcoNome
med kcivil
oobe–c10
aF o airatsE2.s(coeficiente
acimêlop rarpartidário)
eg a maunitnoc omtiro6gla ed oãçazilanosrep2
socitíloNome
p sodiconfessional
t rap e sotadi–dn11
ac ,setnerefid sac0itílop seõsiV ?a-odnazilart9nec uo oãçamrofni a2
o meussPara ooobcargo
ecaF ode
op kResultado d sdeputado
oiránoicnufestadual,
erodad56
e s9,5% nufcandidatos sautodeclaram-se
a moc megrevid eusacerdotes
sod saiedi 71,5% 19%
q ou
membros
es ogit ra esde
se eordem
uq seõtseeu uq sseita
a oãs religiosa.
sassE ?amrEntre
ofatalp aesses
n edadcandidatos,
ilibisiv e oçaps40 utilizaram
e om sem nome
Parao ocargo
Para cargode dedeputado
deputado estadual,
estadual, 56 56 candidatos
candidatosautodeclaram-se
autodeclaram-se sacerdotes ou ou
.rednopser a eõposacerdotes
rp
confessional
membros de naordem
urna eeu16seita
utilizaram
religiosa.oEntre
nomeesses
civil.candidatos, 40 utilizaram nome confes-
membros de ordem eu seita religiosa. Entre esses candidatos, 40 utilizaram nome
sionalAssim
na urnacomoe 16 no caso de
utilizaram candidatos
o nome civil. ao cargo de deputado federal, o coeficiente
confessional na urna e 16 utilizaram o nome civil. OÃÇUestadual,
DORTNI de.1acordo
de sucesso dascomo
Assim candidaturas
no caso deconfessionais
candidatos aoao cargo
cargo de deputado
de deputado federal, o coeficiente de
Assim como no caso de candidatos ao cargo de deputado federal, o coeficiente
oicísucesso
com ondas
ni ouessite gcandidaturas
odo ol ,TSE, otconfessionais
ocitílopmostrou-se
nemu rtsni m uaoomcargo
muito c odde
aircdeputado
oelevado, is ret estadual,
odchegando ade
seacordo
oãn ead r86% com
pA de sucesso
de sucesso
o site do das
TSE, candidaturas
mostrou-se
,”hsamecaF“ oosomcandidatos confessionais
muito
oc etnemlaeleitos elevado,
nigiro oedaos ao cargo
chegando
irCeleitos
.laicnetcomo a de
od satsip avad áj koobecaF oacordo
86% deputado
de
op uessuplentes. sucesso estadual, de
considerando os
considerando
com candidatos
oiráusou osite eleitos
a aitim e
dorepTSE, os eleitos como
e odal mostrou-se
a odal drav raHsuplentes.
ed setelevado,
muito nadutse sochegando
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t fos sucesso
o
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
considerando os candidatos eleitos e os eleitos como suplentes. – 56
Candidaturas confessionais ao cargo de deputado estadual
.setnearta etnemlauxes
Eleitos Suplentes Não eleitos
-pac e edNomeadisrecivil
vinu– 16
ad açnaruges3 (coeficiente
ed eder a m arasseca serodairc su9es euq siopeD 4
partidário)
Candidaturas confessionais ao cargo de deputado estadual – 56
maraçNomeemocconfessional
soiráusu –so40irpórp so ,setnadu5tse sod oãçacfiitnedi ed31snegami sa ma4rarut
Resultado Eleitos
14% Suplentes
72% Não14%eleitos
saus mavNome assecivil
rpxe– e16uq uo sotse3to(coeficiente
rp ed sotxpartidário)
et moc snegami rop s9otof saus sa rac4ort a
soudíNome
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i confessional
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rap ro– p40lde
fi represultados,
od otof edpodemos
5saçnadum sà ralimis og 31la ,sacitílop seõ4inipo
concluir que a candidatura confessional,
,sodinU sodResultado
atsE sod siaicnediserp seõçie14% le san otielp od odatluser72% o moc sodamro14% fnocni
apesar de não garantir a eleição direta de seus candidatos, mostra-se como uma estratégia
política/eleitoral vantajosa ou, no mínimo, razoável, pois dos 77 candidatos que se auto-
edaddeclararam
lucaF ad oãçaureligiosos
darG-sóP ed10 amaforam
rgorP –eleitos
siareG sa(13%),
niM ed la55
redeforam
F edadiseleitos
revinU alcomo
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D me adnarts(71,5%)
eM 1 e
acilóapenas
taC edadi12
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inU aicífitnoP anão
lep oobtiveram
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udarG .siaresucesso
G saniM ed(15,5%).
laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
.8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE178
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
Logo, parece seguro FACEBOOK, LIBERDADE
dizer que o discurso DEproferido
de ódio, por vezes EXPRESSÃO
entre os fi- E
éis das diversas igrejas, seitas FERRAMENTA
POLÍTICA: e cultos espalhados pelos Brasil e gera grande NEUTRA
TECNOLÓGICA tensão na
autonomia privada dos cidadãos não é refletido pelas candidaturas confessionais ou, se
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
presente nestas candidaturas, a tensão por ele gerada não é capaz de repelir votos a ponto
de prejudicar seus candidatos que, em verdade, parecem se beneficiar do rebanho de fiéis
que lhes segue com devoção.

Isto posto, parece claro que o discurso de ódio, quando presente e perpetrado por
fiéis que professam religião diferente daquela do candidato confessional,
Aléxianão é capaz
Duarte de 1
Torres
suplantar o capital eleitoral amealhado pelo candidato dentro do seu próprio rebanho de
fiéis. Vale ainda ressaltar que, muitas vezes, os fiéis são influenciados por discursos profe-
ridos com abuso de poder religioso, sendo compelidos a votar em seus líderes de devoção
RESUMO
ou em candidatos por eles indicados por razões supostamente espirituais.
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
À vista disso, verifica-se que o discurso de abuso de poder religioso traz consigo
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
duas perspectivas; a primeira, positiva, de apoio a determinado candidato, e a segunda,
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
negativa enopor vezes político
cenário explícita, impregnada
tem pelo discurso
ganhado destaque e suasdepolíticas
ódio, pois
de orestrição
candidato
de de opo- e
conteúdo
sição, sejapersonalização
um sujeito específico ou todos os outros candidatos em geral, é descrito como
de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
a antíteseado bem e doouideal
informação da comunidade
centralizando-a? religiosa.
Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
propõe a responder.
Após toda a exposição acerca da candidatura confessional no Brasil, dos problemas
por ela gerados, dos dispositivos legais que buscam regulá-las e dos casos levados ao
1. INTRODUÇÃO
poder judiciário eleitoral em face destas mesmas candidaturas, conclui-se que a resposta
Apesar de nãoproposto
para o tema-problema ter sidopor criado
este como umé instrumento
trabalho político, logo
a de que a candidatura no seu início
confessional
no oEstado
Facebook já dava pistas
democrático do seu
de direito potencial.
se mostra Criado originalmente
incompatível com o sistemacomoconstitucional
o “Facemash”,
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
brasileiro.
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
Em que pese
sexualmente não haver na Constituição Federal ou nas leis eleitorais expressa veda-
atraentes.
ção às candidaturas confessionais, no estado laico, como idealizado por Rui Barbosa no
Decreto nºDepois
119-Aque seus ecriadores
de 1890 acessaram
refletido pelo art. 19,aI rede de segurança
(primeira da universidade
parte) da Constituição e cap-
Federal
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
de 1988, a atividade política deve se dar livre de amarras e dogmas religiosos que, se por
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
um lado mostram o pluralismo da sociedade brasileira, por outro segmentam os cidadãos
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
em grupos distintos.
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
A representação política exercida pelos candidatos eleitos é feita em nome da socie-
dade coletiva e plural, e o cargo político não deve ser usado como expressão de questões
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de forodeeminente íntimo como é o sentimento religioso. Com efeito, o mandato parlamentar
Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
é dirigido para Gerais.
de Minas a vidaCurrículo
civil e lattes:
deve http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
ser orientado pela busca e consolidação do Estado de-
Endereço eletrônico: [email protected]

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:179
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSER
mocrático PXas
onde E normas
ED ED ADREvalham
religiosas BIL ,apenas
KOOcomo BECinspiração
AF para os fiéis que as
ARseguem
TUEN e não
ACcomo
IGÓdiretrizes
LONCdeEtoda T Auma
TNE sociedade.
MARREF :ACITÍLOP
?LAIRO TIDE Lentão,
Verifica-se, AUTqueRIV AMROFconfessional
a candidatura ATALP Uno OBrasil ganha contornos de in-
constitucionalidade, pois a institucionalização da religiosidade sobre o processo eleitoral
tem o condão de violar os mecanismos que garantem a participação de toda a sociedade na
tomada de decisões políticas e jurídicas que devem estar presentes no Estado democrático-
-constitucional de direito422 ao prestigiar determinados grupos sociais aglutinados em torno
serroT etrauD aixélA
1 dessa ou daquela igreja, em detrimento daqueles que não professam a mesma religião dos

candidatos eleitos.

Não obstante o problema da violação da representação democrática do mandato par-


lamentar, a candidatura confessional também representa violação ao princípio OMUSda ER isonomia
no pleito eleitoral. Por meio da interpretação dos números de candidatos confessionais e o
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
od coeficiente
roder oa sode udívsucesso
idni e sode
rielsuas
isarb candidaturas
ed seõhlim edresta adiv claro
ad roque
iam azecandidatura
v adac opmereligiosa t mu dese-
oãçquilibra
auta auSas.oforças
dajagndemocráticas
e etnemlivic e naodacorrida
tcenoc eleitoral.
,ot reba sTal
iamdesequilíbrio
odnum o retnfica amaparente
é ,odnumnos casos
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec onfavorece o
de abuso do poder religioso em que o uso da igreja como plataforma eleitoral
odncandidato
azitarcomedreligioso,
koobecaFque,
o airaalém
tsE .sde
acimusar
êlopseu
raregprestígio
a maunitndeocliderança
omtirogla perante
ed oãçazios lanofiéis,
srep manipula
socaitílsua
op soopinião
dit rap eutilizando
sotadidnacpara
,setntanto
erefid dogmas
sacitílop seeõelementos
siV ?a-odnareligiosos,
zilartnec uoque oãçapodem
mrofni ase traduzir
o mem eusdiscurso
sop koobde ecaódio
F odcontra
soirándeterminados
oicnuf e serodcandidatos
adnuf sod sou aiedseguimentos
i sa moc meda gresociedade,
vid euq o que
es ocaracteriza
git ra esse eumuq sverdadeiro
eõtseuq saassédio
oãs sasspsicológico
E ?amrofataque lp ané ecapaz
dadilibdeisivcriar
e oçanos pse fiéis/eleitores
omsem es-
.r e
tados mentais, emocionais e passionais que os levem a votar de acordo com a vontade ded n o p s e r a e õ p o r p
seu líder religioso.

Ademais, o uso dos templos, bens classificados como de uso OÃcomum


ÇUDORTeNque I gozam .1
de imunidade tributária, além de outros bens pertencentes às igrejas, nas campanhas elei-
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
torais caracterizam-se como propaganda irregular e doação que, mesmo não sendo em
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
dinheiro, é estimável em dinheiro e, em última análise, vantagem indevida.
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
saossep rComo
angisecolocado
d arap adpelo
asu Ministro
sêlgni mGilmar
e arvalMendes,
ap amu ,quando
oãn uo na
”topresidência
h“ are meudo q raTSE,cfiisno
salcBra-
. s e t n e a r t a e t n e m
sil se estuda a criação de mecanismos que repilam a influência religiosa no Direito Eleitoral. l a u xes
-paMas,
c e edesses
adisreesforços
vinu ad aainda
çnarugsãoes etímidos
d eder asemcomparados
arasseca seroàsdaexperiências
irc sues euq de siooutros
peD países
macomo
raçemoosc Estados
soiráusuUnidos
soirpórdap sAmérica
o ,setnadcom
utseuma
sod posição
oãçacfiitmais
nedi liberal,
ed snegonde
ami as sa instituições
mararut
saus mavasserpxe euq uo sotsetorp ed sotxet moc snegami rop sotof saus sa rdesde
religiosas têm liberdade para participar do jogo político direta ou indiretamente acort aque
souabram
dívidnimão
ed edat rapimunidade
rop lfi reptributária
od otof deed que
saçngozam,
adum sou à rem
alimespecial
is ogla ,esadecitforma
ílop semais
õinipopro-
,sodnunciada
inU sodaotsMéxico,
E sod siaonde
icnedaisparticipação
erp seõçiele das
san igrejas
otielp oedde
odseus
atluserepresentantes
r o moc sodamno rofprocesso
nocni
eleitoral é expressamente vedada pela Constituição e pelo Direito Eleitoral.

edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
.8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
422 OLIVEIRA, Márcio Luis de. A Constituição juridicamentemadequada.
oc.liamg@Belo
otudHorizonte:
aixela :ocinD’Plácido,
ôrtele oçer2016.
ednE p. 264.

,ARIE180
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
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Aléxia Duarte Torres1
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RESUMO
______. Lei dos Partidos Políticos, Lei nº 9.096/1995.
Disponível Aem:
missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9096.htm>. Acesso oem:
coração
27 abr.e2018.
consumido
umdas
______. Lei tempo cadaLei
Eleições, veznº maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
9.504/1997.
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9504.htm>. Acesso em: 27 abr. 2018.
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 29. ed. São Paulo: Atlas,
2015. personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA. Código da Receita Federal – seção 501.
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
Disponível em: <https://www.law.cornell.edu/uscode/text/26/501>. Acesso em: 27 abr. 2018.
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
HARELL, Allison. The limits of tolerance in diverse societies: hate speech and political tolerance
propõe a responder.
norms among youth. Queen’s University.
LAFER, Celso. Estado Laico. In: BENEVIDES, Maria Victória; BERCOVICI, Gilberto; MELO, Claudineu de.
(Orgs.). Direitos humanos, democracia e república – homenagem a Fábio Konder Comparato. São
1. Quartier
Paulo: INTRODUÇÃO
Latin do Brasil, 2009.
MÉXICO. Constituição
Apesar de política
não terdos Estados
sido criadoUnidos
comoMexicanos.
um instrumento político, logo no seu início
Disponível em: <http://www.diputados.gob.mx/LeyesBiblio/pdf/1_150917.pdf>.
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como Acesso
o em: 27 abr.
“Facemash”,
2018.
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
______. Códigoquem
classificar Eleitoral. Disponível
era “hot” em: uma
ou não, <http://www.diputados.gob.mx/LeyesBiblio/abro/cofipe.
palavra em inglês usada para designar pessoas
htm>. Acesso em: 27 abr. 2018.
sexualmente atraentes.
______. Lei de Associações Religiosas e Culto Público. Disponível em: <https://mexico.justia.com/
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança daAcesso
federales/leyes/ley-de-asociaciones-religiosas-y-culto-publico/titulo-segundo/>. universidade
em: 27 eabr.
cap-
2018.
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
MEZA Salazar,as
a trocar Martha
suasAlicia.
fotosElpor
derecho constitucional
imagens com textos mexicano. México:ou
de protestos ISEF,
que2015.
expressavam suas
opiniões
OLIVEIRA, políticas,
Márcio Luis de.algo similar àsjuridicamente
A Constituição mudanças de foto doBelo
adequada. perfil por parte
Horizonte: de indivíduos
D’Plácido, 2016.
inconformados
PARAGUASSU, comMARCELLO,
Lisandra; o resultadoMaria
do pleito nasTSE
Carolina. eleições presidenciais
quer controlar dosdas
influência Estados
igrejasUnidos,
nas
eleições, diz Gilmar Mendes. 2009. Disponível em: <https://br.reuters.com/article/domesticNews/
idBRKBN16F2TZ-OBRDN>. Acesso em: 27 abr. 2018.
PETERSEN, Michael
1 Mestranda et al. pela
em Direito Freedom for All?Federal
Universidade The de
Strength and Limits
Minas Gerais of Political
– Programa Tolerance.daBritish
de Pós-Graduação Faculdade
Journal de
ofDireito da Universidade
Political Science, 41,Federal
2011p.de Minas Gerais.Disponível
581-597. Graduada em Direito
em: pela Pontifícia Universidade Católica
<http://journals.cambridge.org/
de Minas Gerais. Currículo lattes:
abstract_S0007123410000451>. http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
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tisticas/estatisticas>. Acesso em: 27 abr. 20

1
serroT etrauD aixélA

OMUSER

odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
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oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
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sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni

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moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

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NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
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CONSELHO
FACEBOOK, LIBERDADE DE EDITORIAL
CONSELHO EXPRESSÃO
EDITORIAL E
POLÍTICA: FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?

Aléxia Duarte Torres1

RESUMO
ANA CLAUDIA SANTANO: Pós-doutoranda em Direito Público Econômico pela Pontifícia Universidade
Católica doA Paraná; doutora edomestre
missão explícita em Ciências
Facebook, Jurídicas
rede social e Políticas
que tem pela oUniversidad
conquistado coração e de Sala-
consumido
manca, Espanha; pesquisadora
um tempo cada vez do Núcleo
maior de Pesquisas
da vida de milhõesemdePolíticas Públicas
brasileiros e Desenvolvimento
e indivíduos ao redor do
Humano, NUPED,
mundo,da Pontifícia
é manter o Universidade
mundo mais Católica
aberto, do Paraná. e civilmente engajado. Sua atuação
conectado
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
CARLOS GONÇALVES JUNIOR: Doutor e Mestre em Direito do Estado pela Pontifícia Universidade
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
Católica de São Paulo (PUC/SP). Professor de Direito Constitucional e Direito Eleitoral do curso de
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
graduação da Faculdade de Direito da PUC/SP. Professor do curso de especialização em Direito
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
Constitucional
mesmoda PUC/SP
espaço (COGEAE). Coordenador
e visibilidade Acadêmico
na plataforma? Essasdosão
Curso de Especialização
as questões que esseem Di- se
artigo
reito Eleitoral da PUC/SP (COGEAE).
propõe a responder. Advogado atuante na área de Direito Público. Membro das
Comissões de Ensino Jurídico, Direito Constitucional e Direito Eleitoral da Ordem dos Advogados do
Brasil – Secção São Paulo.
1. INTRODUÇÃO
DANIEL GUSTAVO FALCÃO PIMENTEL DOS REIS: Professor da Faculdade de Direito de Ribeirão
Apesar de de
Preto da Universidade nãoSão
terPaulo
sido(FDRP/USP)
criado como
e daum instrumento
Escola de Direito político,
de Brasílialogo no seuBra-
do Instituto início
o Facebook
siliense de DireitojáPúblico
dava (EDB/IDP).
pistas do Coordenador
seu potencial. Criado originalmente
da Pós-graduação como
presencial o “Facemash”,
em Direito Eleitoral
o software
do IDP colocava
. Doutor, Mestre fotos dos
e Graduado pela estudantes
Faculdade dede Harvard
Direito lado a ladodeeSão
da Universidade permitia ao usuário
Paulo (FDUSP).
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
DIOGO RAIS RODRIGUES
sexualmente atraentes.MOREIRA: Doutor em Direito Constitucional pela PUC-SP pelo projeto
“CNJ Acadêmico” da CAPES em parceria com o Conselho Nacional de Justiça e em convênio com a
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
Universidade Presbiteriana Mackenzie, Mestre em Direito Constitucional pela PUC-SP, com cursos de
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
extensão em Justiça Constitucional pela Université Paul Cézanne (Aix-en-Provence, França). Pesqui-
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
sador do Grupo de Ensino e Pesquisa em Inovação e Coordenador do Observatório da Lei Eleitoral
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
ambos da FGV-Direito SP. é membro fundador da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
– ABRADEP. é professor da Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Autor dos
livros: A Sociedade e o Supremo Tribunal Federal – o caso das audiências públicas (Fórum) e Direito
Eleitoral (Saraiva).em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
1 Mestranda
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço eletrônico: [email protected]

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:183
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E FLÁVIO
OÃSSCHEIMERPJORGE:
XE EAdvogado.
D EDAProfessor
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(Graduação e Mestrado). Mestre

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Doutor pela PUC/SP. Juiz Eleitoral Titular – Classe dos Juristas – do TRE/ES (2004-2008)
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OTIDENETO: LAU TRIemV Direito
Doutor AMR OUniversität
pela FATALP UO (UHH). Bolsista do programa de
Hamburg
excelência Albrecht Mendelssohn Bartholdy Graduate School of Law (AMBSL). Mestre e bacharel em
Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Analista judiciário do Tribunal Regional
Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG). Professor de Direito Eleitoral do programa de pós-gradução à
distância da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas Virtual). Conteudista e
1
seinstrutor
rroT etdarauEscola
D aixJudiciária
élA Eleitoral (EJE-MG) e colaborador da Escola Nacional de Formação e
Aperfeiçoamento de Magistrados (ENFAM). Avaliador/parecerista da “Revista Brasileira de Direito”
(ISSN: 2238-0604), “Revista Direito & Práxis” (ISSN: 2179-8966) e da “Revista Quaestio Iuris”
(ISSN: 1516-0321). Membro da ABRADEP. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/8112619742629433.
OMUSER

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Janeiro – UERJ. Membro Fundadora da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político – ABRADEP.
Avaliadora de artigos submetidos ao Conselho Nacional de Pesquisa e Pós Graduação em Direito
– CONPEDI. Membro do Conselho de Consultores da Revista de Estudos Jurídicos
OÃÇUDOda RTUniversidade
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Estadual Paulista -UNESP.
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
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duado pela Universidade Católica do Paraná. Professor da Graduação e da Pós-Graduação, fos o
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TIBA, Professor de Pós-Graduação do Instituto Romeu Bacellar. Pós-Graduado.setnearemta eProcesso
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Mestre e Doutor em Direito Processual Civil pela Universidade Federal do Paraná. Presidiu o Congresso
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LUIZ MAGNO PINTO BASTOS JUNIOR: Possui graduação em Direito pela UFPA e Mestrado e Dou-
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
torado em Direito Constitucional pela UFSC. Pós-doutor pela Universidade de McGill (Canadá).
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
Professor do Programa de Mestrado em Ciência Jurídica da Universidade do Vale do Itajaí e das
disciplinas de Direito Constitucional e Direito Processual Constitucional nos cursos de Graduação
edaemdlucaDireito
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Escritório Menezes Niebuhr Advogados Associados. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE

,ARIE184
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
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vínopsiD COELHO
.5-50-4317SACCHETTO
6-58-879
FACEBOOK,
MARCELO WEICK POGLIESE: LIBERDADE
Doutor em Direito pela DE EXPRESSÃO
Universidade do Estado do Rio de Janeiro – E
POLÍTICA:
UERJ (2015). Mestre FERRAMENTA
em Direito pela TECNOLÓGICA
Universidade Federal do NEUTRA
Rio Grande do Norte – UFRN (2006).
Professor dos Cursos de Direito OU
do Centro Universitário de João VIRTUAL
PLATAFORMA Pessoa – UNIPêEDITORIAL?
e da Universidade
Federal da Paraíba – UFPB. Advogado e Consultor Jurídico. Foi membro e Secretário da Comissão
Nacional de Acesso à Justiça da Ordem dos Advogados do Brasil (2010-2012). Exerceu também
os cargos de Procurador-Geral do Município de João Pessoa (2009), Procurador-Geral do Estado da
Paraíba (2009) e Secretário de Estado de Governo da Paraíba (2009/2010). Participou, entre os anos
de 2009 e 2010, na qualidade de Secretário-Geral, do Conselho de Desenvolvimento Econômico
Aléxia Duarte e 1
Torres
Social do Estado da Paraíba. Membro da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político – ABRADEP
e do Instituto Brasileiro de Direito Eleitoral – IBRADE.

MARILDA RESUMO
DE PAULA SILVEIRA: Mestre e Doutora em Direito pela UFMG. Coordenadora Acadêmica
do InstitutoA Brasiliense de Direito
missão explícita Público – IDP
do Facebook, . Professora
rede social quede cursos
tem de Pós-Graduação
conquistado o coração eemconsumido
Direito
Administrativo e Eleitoral.
um tempo cadaMembro do IBRADE
vez maior da vidae de
da ABRADEP
milhões .deAdvogada.
brasileiros e indivíduos ao redor do
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
RODOLFO VIANA PEREIRA: Fundador e primeiro Coordenador-Geral da ABRADEP. Professor da Facul-
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
dade de Direito da UFMG. Doutor em Ciências Jurídico-Políticas pela Universidade de Coimbra. Mestre
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
em DireitoaConstitucional
informação oupela UFMG. Pós-graduado
centralizando-a? em Direito
Visões políticas Eleitoral ecandidatos
diferentes, Administração de Eleições
e partidos políticos
pela Universidade de Pariscom
que divergem II. Pós-graduado em fundadores
as ideias dos Educação a Distância pela Universidade
e funcionários do Facebookda Califórnia,
possuem o
Irvine. Coordenador acadêmico
mesmo espaço do IDDE. Advogado
e visibilidade sócio da
na plataforma? MADGAV
Essas são asAdvogados.
questões que esse artigo se
propõe a responder.
VÂNIA SICILIANO AIETA: Juspolitóloga e advogada especializada em Direito Eleitoral, é Professora
Adjunta da Faculdade de Direito da UERJ. Pós-Doutorado em Direito Constitucional pela PUC-Rio
1. emINTRODUÇÃO
(2014) conclusão. Doutorado em Direito Constitucional pela PUC-SP (2003), Mestrado em Te-
oria Geral do Estado e Direito Constitucional pela PUC-Rio (1997). Graduação em Direito pela UERJ
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
(1991). Líder dos grupos de pesquisa no CNPQ Observatório do Direito Eleitoral, Hermenêutica Cons-
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
titucional e Análise
o software Transacional
colocava fotosedos
Políticas Públicasde
estudantes e Direito
Harvardda Infraestrutura;
lado a lado ebem como do
permitia ao grupo
usuário
de classificar
pesquisa internacional CONSTITUTIONAL DIMENSIONS OF POLITICAL PARTIES
quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoasAND POLITICAL
RIGHTS. Presidente
sexualmente da Escola Superior de Direito Eleitoral (ESDEL). Editora da Revista BALLOT, espe-
atraentes.
cializada em Direito Eleitoral Internacional. Além da Faculdade de Direito da UERJ, leciona na Escola
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
da Magistratura, na Escola Judiciária Eleitoral, na Universidade Veiga de Almeida, na UNILASALLE e
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
no aInstituto
trocardeasDireito
suas da PUC-Rio.
fotos Além de Editora-Geral
por imagens com textos da deRevista BALLOT,
protestos faz parte
ou que do Conselho
expressavam suas
Editorial
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte deDireito
das Editoras Freitas Bastos e Editar e do Conselho Executivo das Revistas de da
indivíduos
Cidade e Quaestio Iuris
inconformados com(ambas com Qualis
o resultado A). Faz
do pleito nasparte do Conselho
eleições Editorialdos
presidenciais da Estados
Revista Paraná
Unidos,
Eleitoral, onde também é parecerista, assim como também é parecerista da Revista de Direito Cons-
titucional e Internacional e da Revista de Meio Ambiente Digital e Sociedade de Informação. Realiza
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
trabalhodevoluntário junto à obraFederal
Direito da Universidade socialde
deMinas
Sua Majestade Rainha
Gerais. Graduada emSilvia,
Direito da
pelaSuécia, colaborando
Pontifícia Universidadecom
Católica
de Minas
o Conselho Gerais.doCurrículo
Superior Abrigo lattes:
Rainhahttp://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Silvia. Membro fundadora da ABRADEP.
Endereço eletrônico: [email protected]

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:185
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
O DISCURSO DE ÓDIO. Disponível
978-85-67134-05-5 NA DEMOCRACIA BRASILEIRA:
em: <https://goo.gl/g4e2Gy> 267
EO ÃSSEDERMOURA
WALBER PXE EAGRA:
D ED ADRem
Graduado EBDireito
IL ,Kpela
OO BECAFEstadual da Paraíba (1996).
Universidade

ARMestre
TUEemNDireito
ACIpela
GÓ Universidade Federal de Pernambuco (1999). Doutor em Direito pela Universi-
LONCET ATNEMARREF :ACITÍLOP
dade Federal de Pernambuco/Università degli Studio di Firenze (2003). Pós-Doutor em Direito Cons-
?Ltitucional
AIROTpela IDUniversidade
E LAUTMontesquieu
RIV AMRBordeaux OFATIVA(2008).
LP UProfessor
O Visitante da Universidade
Montesquieu Bordeaux IV (2008). Visiting Research Scholar of Cardozo Law School (2006). Membro
Correspondente do CERDRADI – Centre d’études et de Recherches dur les Droits Africains et sur le
Développement Institutionnel des Pays en Développement. Diretor e Membro Fundador do Instituto
Brasileiro de Estudos Constitucionais. Membro Fundador do Instituto Brasileiro do Direito e Negó-
1
secios
rroTInternacionais
etrauD aix(IBRADI).
élA Professor Adjunto da Universidade Federal de Pernambuco. Professor
visitante da Universidade de Bari – Itália. Professor do Centro Didático Euro Americano (CEDEUAM)
da Università Del Salento. Membro Correspondente da Sociedade Cubana de Direito Constitucional
e Administrativo da União Nacional de Juristas de Cuba. Membro da Academia OBrasileira
MUSER de Direito
Eleitoral e Político (ABRADEP). Membro da Associação Brasileira de Direito Processual (ABDPRO).
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
Membro da Comissão Editorial da Revista do Tribunal Superior Eleitoral. Membro da Academia Per-
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
nambucana de Letras Jurídicas. Membro do Conselho Editorial da Revista Brasileira de Estudos
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
Constitucionais (RBEC). Membro do Corpo Editorial dos Cadernos da Escola Superior de Direito
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
Eleitoral. Tem experiência na área de Direito, com ênfase em Direito Constitucional e Direito Eleitoral,
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
atuando nos seguintes temas: Direitos Políticos, Inelegibilidades, Processo Constitucional e Recursos
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
Eleitorais. Procurador do Estado de Pernambuco, Advogado, Professor.
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
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6-58-879
FACEBOOK, LIBERDADE DE EXPRESSÃO E
POLÍTICA: FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?

Aléxia Duarte Torres1

RESUMO

A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
propõe a responder.

1. INTRODUÇÃO

Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
sexualmente atraentes.
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,

1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço eletrônico: [email protected]

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:187
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
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1
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e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
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socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
.rednopser a eõporp

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oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
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oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
.setnearta etnemlauxes
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
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soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
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FACEBOOK, LIBERDADE DE EXPRESSÃO E
POLÍTICA: FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?

Aléxia Duarte Torres1

RESUMO

A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
propõe a responder.

1. INTRODUÇÃO

Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
sexualmente atraentes.
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,

1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço eletrônico: [email protected]

TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:191
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EVivemos
OÃSSERPaXera daEpolarização.
E ED DADREBIL ,KNoOOBcenário
ECAF político bra-
Asileiro
RTUEN–AeCpor
IGÓLque
ONCnão
ET Amundial
TNEMARR –,EFa :impressão
ACITÍLOP é a de
?que
LAIRnão há
OTID E Lespaço
AUTRIVpara
AMRconsensos
OFATALP UeOde que as claques
A presente obra complementa a série de debates tra-
se entrincheiram cada vez mais, com vozes ampliadas
vados
no em tornovirtual
ecossistema da temática dossociais.
das redes discursos demovi-
E esse ódio
frente traz
mento ao princípio
consigo aconstitucional da opiniões,
radicalização das liberdade im-
de
expressão, tendo por viés específico o universo dos
1 pulsionando discursos virulentos, abjetos, discrimina-
serroT etrauD aixélA
direitos políticos.
tórios.

Esse segundo
Pensar o papelvolume do Direito da série reflete a complexidade
(e também do Direito OMUSER Polí- do
ddebate.
otico) e oAo
imusnocnesse ãçarocfimo odaetsiao
contexto uqnocabo, et euqas
c mnão laéicdiscussões
otarefa becaF em
s eder ,koosimples. od atictorno xe oãssdo
ílpApesar im Atema
de a
odoutrina
dsempre udnacional
roder oa sotrazem, ielisae
ívidni e sorainda rb eestrangeira
dque
seõhlide adiv já
m edmodo ter avançado
ad rolatente,
i a m z e v a d a c o p m
as opçõese t muito
m u de
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
na
cada definição
um dos eautores na conceituação em prol dodos chamados
aumento
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
ou da “discur-
dimi-
sos
odnuição de
nazitarcomeddo ódio”,
koobcontrole seu enquadramento
ecaF o airatsE .slegal
acimêlopdos
rareg aatos
maunitnde concreto
oc omfalatirogla que e
ed oãçamobilizam conse-
zilanosrep
squências
ocitílop sodit rap elegais
sotadidnacdaí,setneradvindas
efid sacitílop seõsainda
iV ?a-odnatransitam
zilartnec uo oãçamem rofni a uma
discursos de ódio.
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
zona de dúvidas e incertezas.
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
.rednopser a eõporp
A presente obra pretende lançar algumas luzes sobre
esse fenômeno. OÃÇUDORTNI .1

oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
.setnearta etnemlauxes
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
saus mavasserpxISBN
eISBNeu978-85-67134-06-2
q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
978-85-67134-05-5

soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
9 788567
788567 134055
134062 >

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NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
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