Direitos Políticos Liberdade de Expressão V 2
Direitos Políticos Liberdade de Expressão V 2
Direitos Políticos Liberdade de Expressão V 2
DIREITOS POLÍTICOS,
Aléxia Duarte Torres1
LIBERDADE DE EXPRESSÃO
RESUMO
E DISCURSO DE ÓDIO
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
Volume II
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
propõe a responder.
1. INTRODUÇÃO
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
sexualmente atraentes.
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço eletrônico: [email protected]
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:189
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSSERPXE ED EDADREBIL ,KOOBECAF
ARTUEN ACIGÓLONCET ATNEMARREF :ACITÍLOP
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1
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od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
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sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
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ORGANIZADOR
Rodolfo VLIBERDADE
FACEBOOK, iana PeReiRa
Rodolfo Viana PeReiRa DE EXPRESSÃO E
ORGANIZADOR
POLÍTICA: FERRAMENTA
ORGANIZADORTECNOLÓGICA NEUTRA
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
DIREITOS POLÍTICOS,
Aléxia Duarte Torres 1
LIBERDADE DE EXPRESSÃO
RESUMO
EDIREITOS
DIREITOS
DISCURSOPOLÍTICOS,
POLÍTICOS,
DE ÓDIO
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
LIBERDADE
LIBERDADE DE
DE EXPRESSÃO
EXPRESSÃO
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
OLUME V II
i
a informação ou centralizando-a?
V
Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
E
E DISCURSO DE ÓDIO
DISCURSO DE
que divergem com as ideias dos
ÓDIO
olume
fundadores e funcionários do Facebook possuem o
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
propõe a responder.
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Belo Horizonte - 2018
Endereço eletrônico: [email protected]
Belo Horizonte - 2018
1
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSSERPXE ED EDADREBIL ,KOOBECAF
ARTUEN ACIGÓLONCET ATNEMARREF :ACITÍLOP
Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso
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OTIDE LdeAódio.
UT/Rorganização
IV AMde RO FATViana
Rodolfo ALPereira
P UO – Belo Horizonte:
IDDE, 2018.
268p.; v.2.;22,5cm
188p.; v. 1.: il.; 22,5cm
ISBN 978-85-67134-06-2
ISBN 978-85-67134-05-5
https://doi.org/10.32445/9788567134062l
1. Direitos políticos. 2. Liberdade de expressão. 3. Análise do discurso.
1
serroT etrauD aixé4.lCampanha
A eleitoral. 5. Ódio – Discurso. I. Pereira, Rodolfo Viana (org.).
OMUSER
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
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es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
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OÃÇUDORTNI .1
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
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saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
.setnearta etnemlauxes
Rua Espírito Santo, 1204, Loja Térrea - Centro - Belo Horizonte - MG
-pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eCEP der a30.160.031
marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
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(Quarto Crescente Design)
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FACEBOOK, LIBERDADE DE EXPRESSÃO
SUMÁRIO E
POLÍTICA: FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
LIBERDADE RESUMO
DE EXPRESSÃO POLÍTICA DAS E NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR
Christiane ACosta Assis
missão ..........................................................................................................
explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido 7
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
O DISCURSO HOMOTRANSFÓBICO COMO LIMITE À LIBERDADE DE EXPRESSÃO NO
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
DISCURSO POLÍTICO: UMA DISCUSSÃO À LUZ DOS DIREITOS HUMANOS E DA FALA
ENQUANTO noPOTÊNCIA
cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
Luiz Carlos Garcia .............................................................................................................. 25
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
VIABILIDADE
que DA UTILIZAÇÃO
divergem com as PROGRESSISTA
ideias dos fundadores DA CRIMINALIZAÇÃO
e funcionáriosDOdoDISCURSO Facebook possuem o
DE ÓDIO RACIAL NA PROPAGANDA POLÍTICO-ELEITORAL
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
Diogo Fernandes
propõe Gradim .................................................................................................... 43
a responder.
3
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSSERPXE ED EDADREBIL ,KOOBECAF
ARTUEN ACIGÓLONCET ATNEMARREF :ACITÍLOP
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
1
serroT etrauD aixélA
OMUSER
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
.rednopser a eõporp
OÃÇUDORTNI .1
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
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oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
.setnearta etnemlauxes
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
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APRESENTAÇÃO
FACEBOOK, LIBERDADE DE EXPRESSÃO E
POLÍTICA: FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
Aléxia Duarte
Rodolfo Torres1
Viana Pereira
PEREIRA,
TORRES,
PEREIRA, Rodolfo
Aléxia
Rodolfo Viana.
Duarte.
Viana. Apresentação.
Facebook,
Apresentação. In: PEREIRA,
liberdade
In: PEREIRA, Rodolfo
de expressão
Rodolfo eVianaViana
política: (Org.).
ferramenta
(Org.). Direitos
Direitos políticos,
tecnológica
políticos, neutraliberdade
liberdade de expressão
ou plataforma virtual
de expressão e discurso
editorial?
e discurso de5ódio.
In: ódio.
de PEREIRA,
Rodolfo
Volume
Volume I.Viana
II. Belo Belo (Org.).
Horizonte: Direitos
Horizonte:
IDDE,IDDE,políticos,
2018.
2018. liberdade
p. 05-06.
p. 5-6. de978-85-67134-05-5.
ISBN expressão e Disponível
ISBN 978-85-67134-06-2. discurso de ódio.
Disponível
em: Volume
em: I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
<https://goo.gl/TsuYqB>
<https://doi.org/10.32445/9788567134062l>
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSERPdeXE
possibilidade ED E
controle doD ADREdeBódio
discurso IL ,racial
KOO BEviaCda
pela AFcriminalização, dialogando
ARTUEN ACIGÓLONCET ATNEMARREF :Acriminologia
com as teorias criminológicas tradicionais (positivistas) e a CITÍLOP crítica. Rodrigo
?LMascarenhas
AIROTIDparte E LAdeUumaTRIexperiência
V AMROconcreta:FATALafereP Use O a liberdade de expressão foi
garantida no Fórum Técnico do Plano Estadual de Educação, promovido pela Assembleia
Legislativa de Minas Gerais em 2016, sobretudo quando constatada a prática de discurso
de ódio por participantes ou parlamentares. Júlia Câmara avalia de que forma os “discur-
sos de ódio” veiculados por deputados federais são reprimidos no Congresso Nacional, a
partir da apreciação tanto das previsões do Código de Ética e Decoro Parlamentar, quan-
1
setorrodeT eventuais
etrauD aprocedimentos
ixélA disciplinares instaurados em seu desfavor. Lucas Mourão
desenvolve uma análise comparativa das posições do STF e do TSE quanto à proteção e
aos limites da liberdade de expressão, sustentando haver posições conflitantes entre as
Cortes. André Oliveira, a partir de uma abordagem teórico-filosófica, aponta OMUsoluções
SE R para
o julgamento de casos difíceis envolvendo a temática do discurso de ódio e da liberdade de
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
expressão, chamando a atenção para o risco da utilização não cautelosa de teorias morais
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
e para a necessidade de se partir de uma abordagem mais pragmática e consequencialista.
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
Aghisan Pinto, por fim, insere o debate no seio do binômio laicização v. influência religiosa
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
nos processos eleitorais brasileiros, testando a (in)compatibilidade normativa da candida-
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
soctura
itílopconfessional
sodit rap e sotano
didBrasil.
nac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
o meussoOs p kartigos
oobecaFora
od apresentados
soiránoicnuf enesse
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saiedresultado
i sa mocnovamente
megrevid eudas q discus-
es osões
git ra eesdos
se eseminários
uq seõtseuqrealizados
sa oãs sasna
sE disciplina
?amrofatal“Liberdade
p an edadilibdeisivexpressão,
e oçapse om sem
(in)tolerância e
.r e d n o p s e
propaganda eleitoral” por mim ministrada no Programa de Pós-Graduação stricto sensu dar a e õ p o r p
Faculdade de Direito da UFMG. Agradeço a todos os participantes pelo rico debate produ-
zido e agora disponibilizado ao público.
OÃÇUDORTNI .1
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odaRodolfo
irC .laicnViana
etop Pereira
ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráusu oa aitimrep e odal a Professor
odal drav rda
aH Faculdade
ed setnadde utsDireito
e sod sda
otoUFMG
f avacoloc erawt fos o
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
Coordenador Acadêmico do IDDE.setnearta etnemlauxes
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
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moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
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NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
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LIBERDADE DE EXPRESSÃO
FACEBOOK, POLÍTICA
LIBERDADE DAS E NAS E
DE EXPRESSÃO
INSTITUIÇÕES
POLÍTICA: FERRAMENTADE ENSINO SUPERIOR
TECNOLÓGICA NEUTRA
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
Aléxia Costa
Christiane DuarteAssis
Torres
1
1
RESUMO
RESUMO
A missãoartigo
O presente explícita
temdocomo
Facebook, redeanalisar
objetivo social que tem conquistado
a liberdade o coração
de expressão e consumido
política das
Instituições de Ensino Superior, inclusive em seu âmbito interno. Para tanto,aoanalisa
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos redor do
nãomundo, é manter osobre
só a legislação mundo mais aberto,
o tema conectado
mas também e civilmente engajado.
as construções Sua além
doutrinárias, atuação
de no cenário
apontar político
casos tem ganhado
ilustrativos. destaque e utilizada
A metodologia suas políticas de restrição
foi a revisão de conteúdo
bibliográfica de e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook
obras nacionais e estrangeiras. Como resultado, apontaram-se as dificuldades para democratizando
a informaçãolimites
se estabelecer ou centralizando-a?
à liberdade de Visões políticasapesar
expressão, diferentes, candidatosde
da existência e partidos políticos
construções
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do
teóricas sobre o tema, sendo necessário analisar as circunstâncias de cada caso.Facebook possuem o
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
propõe a responder.
1. INTRODUÇÃO
1. A liberdade
INTRODUÇÃO de expressão política consiste em um desdobramento dos direitos
políticos essenciais à democracia. Sabe-se que os cidadãos são portadores desse direito,
Apesarque
mas é possível deele
nãosofra
ter limitações
sido criadoinclusive
como um em instrumento político,
função do sujeito que logo no seu início
o exerce.
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
O presente
o software artigo pretende
colocava fotos dosabordar a liberdade
estudantes de expressão
de Harvard política
lado a lado das Instituições
e permitia ao usuário
de classificar
Ensino Superior (IES), entendida como a manifestação de posicionamento
quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar político da
pessoas
própria instituição.
sexualmente Convém esclarecer que o artigo não abordará a campanha eleitoral
atraentes.
declarada ou a utilização da coisa pública para finalidades ilícitas, uma vez que tais
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
análises demandam pesquisa diferente da ora realizada. A intenção é verificar se uma IES
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
pode manter alguma proximidade com os atores políticos em função de seus interesses
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
institucionais.
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
O artigo aborda,
inconformados comainda, a liberdade
o resultado de expressão
do pleito política
nas eleições no âmbito dos
presidenciais interno da IES,
Estados ou
Unidos,
seja, trata sobre possíveis limitações a esse direito para professores, funcionários e alunos
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
1 Doutoranda
de Direitoem
da Direito
Universidade
pela Universidade
Federal de Minas
FederalGerais.
de Minas
Graduada
Gerais.em
Mestre
Direito
empela
Direito
Pontifícia
pela Pontifícia
Universidade
Universi-
Católica
dade
de Católica
Minas Gerais.
de Minas
Currículo
Gerais.lattes:
Professora
http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
da graduação em Direito da Escola Superior Dom Helder Câmara.
Advogada.
Endereço eletrônico: [email protected]
,ARIE8REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
no Brasil6: a Lei de Diretrizes LIBERDADE
e Bases da Educação de 1961 (LeiDE EXPRESSÃO
nº 4.024), que afirmou E
em seu art. 4º a liberdade de ensino, assegurando
POLÍTICA: FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA a todos o direito de transmitir seus
conhecimentos na forma da lei e, ainda, em seu art. 80, a autonomia universitária didática,
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
administrativa, financeira e disciplinar7.
9
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSERou
professores PXpessoal
E EDtécnico-administrativo.
EDADREBIL ,KOO OBEdecreto
referido CAF de abril foi revogado pelo
ARDecreto
TUEN nº A
2.306
CIGemÓ19
LOdeNagosto
CET doATmesmo
NEMano,ARRque EFtambém
:ACITtratou
ÍLOsobre
P o sistema
federal de ensino e manteve a mencionada possibilidade de intervenção. Em 2006, o
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
Decreto nº 5.773 revogou o de agosto de 1997.
,ARIE10
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
a autonomia universitária,FACEBOOK,
que abrange as LIBERDADE DE EXPRESSÃO
dimensões didático-científica, financeira e E
13
patrimonial .POLÍTICA: FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA
11
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EOde à SSEem
verbas RPfunção
XE Eda Dinfluência
EDADeRdoEB IL ,KO
prestígio. OBEosCcasos,
Ambos AF a priori, não consistem
ARem
TU condutas
EN AC ilícitas,
IGÓuma LOvezNCque
ETnaturalmente
ATNEMAa R instituição
REF :Atem CIoTÍlegítimo
LOP interesse em
manter, ou mesmo em ampliar, suas atividades de ensino e pesquisa. O problema reside
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
nos limites do apoio, uma vez que há vedações a certas condutas para IES, que não podem
se converter em “cabos eleitorais”.
No caso de instituições públicas, os apoios exigem ainda mais cautela, uma vez
que seus integrantes são servidores públicos. Aliás, o envolvimento de dinheiro público
1 na propaganda eleitoral perpassa pela regulação e pelo controle de conteúdo da justiça
serroT etrauD aixélA
eleitoral18. Para as IES públicas, aplicam-se as vedações de condutas tendentes a afetar
a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais prevista no art. 73
da Lei das Eleições (Lei nº 9.504, de 30 de setembro de 1997). Porém, o apoio pode não
advir de um servidor específico, e sim da instituição como um todo, atéOmesmo MUSER de forma
indireta.
odim usnoc eUmoãçaconvite
roc o odaoatscandidato
iuqnoc metpara
euq lparticipar
aicos eder de
,kooevento
becaF ocientífico
d aticílpxena
oãinstituição
ssim A pode
od converter-se
roder oa soudem ívidnpalanque
i e sorielipara
sarb campanha
ed seõhlim eleitoral;
ed adiv amas
d roiaestabelecer
m zev adacna opprática
met muos limites
oãçde
auttal
a amanifestação
uS .odajagne enãotnemélifácil.
vic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
Cite-se o exemplo ocorrido na Universidade Fumec (Fundação Mineira de Educação e
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
Cultura), em Belo Horizonte (MG), que no ano de 2017 – anterior às eleições para presidente
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
da República – convidou o deputado federal Jair Bolsonaro, do Partido Social Cristão e
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
eleito pelo Rio de Janeiro, para palestrar no evento “Pensando o Brasil”. A reação ao convite
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
foi violenta, resultando inclusive em manifestação na entrada da instituição convocada pela
.rednopser a eõpo19
rp
Associação de Ex-alunos da Fumec, que discordou da postura da instituição . Além da
manifestação que contou com a presença de alunos, ex-alunos e participantes externos20,
o Diretório Acadêmico de Psicologia da instituição também se posicionou OÃÇUDcontrariamente
ORTNI .1 à
recepção do deputado por meio de nota de repúdio divulgada em rede social21.
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hsamecAaF“controvérsia
o omoc etnedeu-semlanigirem o odfunção
airC .laicde
netoposições
p ues od polêmicas
satsip avadapresentadas
áj koobecaF opelo
oiráusu oa aitimrep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacolocdeerter
deputado, sua possível candidatura à presidência da República e pelo fato awsido
t fos ele
o o
único candidato que até então compareceu ao evento da instituição.
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc Em nota, a instituição
informou que o principal objetivo do “Pensando o Brasil” era .promover setnearta eencontros
tnemlauxecom s
lideranças políticas em evidência, sem distinção de partido, para exporem suas diretrizes e
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
18 OLIVEIRA, Igor Bruno Silva de. Os limites da propaganda eleitoral negativa e o discurso de ódio. In: PEREIRA,
saus maRodolfo
vasseViana
rpxe (Org.).
euq uDireitos
o sotspolíticos,
etorp eliberdade
d sotxedetm oc sneegdiscurso
expressão ami ropdesódio.
otofBelo
sauHorizonte:
s sa racIDDE,
ort a2018
soudívid(noni prelo).
ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sod19
inU FONSECA,
sodatsE Marcelo
sod siada.icnManifestantes
ediserp seõprotestam
çiele sancontra
otielpe oa dfavor
odadetluBolsonaro
ser o monac sporta
odamdaroFumec.
fnocnEsta-
i
do de Minas, Belo Horizonte, 15 set. 2017. Disponível em: <https://www.em.com.br/app/noticia/politi-
ca/2017/09/15/interna_politica,900858/manifestantes-protestam-contra-bolsonaro-na-porta-de-faculdade.
shtml>. Acesso em: 19 nov. 2017.
edad20 Ibidem.
lucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló21
taC edDIRETÓRIO
adisrevinU ACADÊMICO
aicífitnoP alepDE
otiPSICOLOGIA
eriD me adauDA
darFUMEC
G .siareG saniMFUMEC.
– D.A. ed lareNota
deF ede
dadrepúdio.
isrevinU14
adset.
otie2017.
riD ed Disponí-
.8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG
vel em: <https://www.facebook.com/dapsicologiafumec/posts/1549570888399067>. saniM em:
Acesso ed 19 nov.
2017. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE12
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
planejamentos de gestão, FACEBOOK, LIBERDADE
e os convites estavam DE EXPRESSÃO
sendo feitos de acordo com a agenda de E
cada um dos POLÍTICA:
prováveis postulantes a cargos eletivos TECNOLÓGICA
FERRAMENTA no ano de 2018, em âmbito federal
NEUTRA
e estadual, sendo que a ordem das apresentações seguia as datas disponíveis de cada
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
convidado22.
13
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSentão,
Desde ERPaXAAUPE EDinvestiga
EDAD REBIL ,KO
representações de O BECAdaF liberdade acadêmica nas
violação
26
ARuniversidades
TUEN ACe Iauxilia
GÓLnaOdelimitação
NCET Ados TNcontornos
EMARR deEtal
F liberdade
:ACITÍL. OP
?LAIRO NoTBrasil,
IDEaLreferida
AUTR liberdade
IV AM está
RO constitucionalmente
FATALP UO garantida no art. 206, incisos
II (liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber) e III
(pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas
e privadas de ensino). Tais garantias significam que, uma vez cumpridas as normas gerais
da educação para credenciamento da instituição, há liberdade para criação de cursos
1 e respectivos projetos pedagógicos, que serão periodicamente avaliados nos termos
serroT etrauD aixélA
da legislação vigente. Nesse sentido, a liberdade de ensinar garantida pela Constituição
Federal de 1988 significa tanto a liberdade institucional quanto a liberdade docente, mas
ambas são limitadas tanto pelos outros princípios quanto pelas garantias constitucionais
e também pela estrutura do sistema educacional brasileiro27. A liberdade OMUSERacadêmica
constitucionalmente garantida é mais ampla do que a liberdade de cátedra e consiste em
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
28
od liberdade
roder oa scompartilhada,
oudívidni e sorieelinão
sarbem
ed liberdade
seõhlim epuramente iam zev ad.ac opmet mu
d adiv ad roindividual
oãçauta auOs S .oprofessores
dajagne etnemsão livic eincumbidos
odatcenoc ,oda t rebtarefa
a siam oinstitucional
dnum o retnam deé ,transmissão
odnum do
e odconhecimento
úetnoc ed oãçcientífico
irtser ed seacresponsáveis
itílop saus e epelo
uqatsque
ed oensinam
dahnag mou et odeixam
citílop ode iráensinar,
nec on mas os
odnposicionamentos
azitarcomed koobecpolíticos
aF o airatspodem
E .saciminfluenciar
êlop rareg a omaconteúdo
unitnoc omdas
tirogaulas,
la ed oãjáçaque zilanoosrser
ep humano
socnão
itílopse
sosepara
dit rap e de
sotasua
didnpré-compreensão.
ac ,setnerefid sacitíloNesse
p seõscontexto,
iV ?a-odnaézilpossível
artnec uoque oãçaalunos
mrofni discordem
a
o mdoeuposicionamento
ssop koobecaF odo d sprofessor
oiránoicnuou f emesmo
serodadquenuf professores
sod saiedi sdiscordem
a moc megentre revid si.euEntretanto,
q
es overificar
git ra esscom
e euqprecisão
seõtseuqa safetação
a oãs saspolítica
sE ?amrdoofaconteúdo
talp an edaministrado
dilibisiv e oem çapssala e omésimpraticável,
em
pois não é viável estabelecer limites claros entre a intenção do professor derpdirecionar
.r e d n o p s e r a e õ p o
politicamente os alunos e a ausência de percepção sobre tal direcionamento. Em outras
palavras, o professor pode direcionar sem que tenha a intenção de fazê-lo; nesse caso, a
OÃÇUDORTNI .1
divergência do aluno poderia causar-lhe até mesmo estranheza.
oicíni uesNoonque ogotange
l ,ocitaíloposicionamentos
p otnemu rtsni mpolíticos,
u omoc oodaproblema
irc odis rganha
et oãnmaiores
ed rasepproporções,
A
,”hscomo
amecase F“ observou
o omoc eem tnemum lancaso
igiro oocorrido
dairC .laina
cneUniversidade
top ues od sFederal
atsip avaded áMinas
j koobGerais
ecaF oem
oirá2016.
usu oaNaaiocasião,
timrep e uma odal representação
a odal drav raHanônima
ed setnagerou
dutse asoabertura
d sotof de
avainquérito
coloc eracontra
wt fos ouma
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
professora efetiva de cidadania italiana. A representação afirmava que a professora “[…]
.setnearta etnemlauxes
estaria envolvida com a militância de partidos políticos e outras atividades partidárias, bem
-pacomo
c e edcom
adisreentidades
vinu ad açsindicais,
naruges etendo,
d ederinclusive,
a marasseconcorrido
ca serodairaceleições
sues euqsindicais,
siopeD atitudes
maque
raçem oc soiráousestabelecido
violariam u soirpórp sono,sartigo
etnadu107
tse sdo
od Estatuto
oãçacfiitndo i ed snegam29
edEstrangeiro” i .saInstaurado
mararut o
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
sou26
dívidLEE,
ni eop.
d ecit.,
t rap.p xi.rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sod27
inU RODRIGUES,
sodatsE soHorácio
d siaicWanderlei;
nediserpMAROCCO,
seõçiele Andréa
san ode
tieAlmeida
lp od oLeite.
datluLiberdade
ser o modeccátedra
sodame raoConstituição
fnocni
Federal de 1988: alcance e limites da autonomia docente. In: CAÚLA, Bleine Queiroz et al. Diálogo ambiental,
constitucional e internacional. Fortaleza: Premius, 2014, v. 2. Disponível em: <http://abmes.org.br/public/
arquivos/documentos/hwr_artigo2014-liberdadecatedra_unifor.pdf>. Acesso em: 19 nov. 2017, p. 6.
edad28
lucaFIbidem,
ad oãçap.ud18.
arG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló29
taC edMINISTÉRIO
adisrevinU aPÚBLICO
icífitnoP alFEDERAL
ep otieriD –mMPF.
e adauPetição
darG .sinicial
iareG sde
aniHabeas
M ed lareCorpus
deF edaemdisrface
evinUdoadinquérito
otieriD edpolicial nº
310/2016-4 SR/DPF/MG. .8116
35mai.
05652016.
66184Disponível
752/rb.qpnem:
c.se<http://www.mpf.mp.br/mg/sala-de-imprensa/docs/
ttal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
habeas-corpus_professora-estrangeira-ufmg.pdf>. Acesso moc.em:
liamg19
@nov.
otud2017,
aixela :p.
oc4.
inôrtele oçerednE
,ARIE14
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
inquérito pela Polícia Federal, LIBERDADE
o Ministério Público Federal impetrouDE EXPRESSÃO
Habeas Corpus por falta E
30
de justa causaPOLÍTICA:
requerendo o trancamento
FERRAMENTA . O inquérito liminar31
foi suspenso por medidaNEUTRA
TECNOLÓGICA
e posteriormente arquivado. Assim entendeu o magistrado federal:
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
(…) o pluralismo político assegura ao indivíduo a liberdade para se
autodeterminar e levar a sua vida como bem lhe aprouver, imune à intromissão
de terceiros, sejam elas provenientes do Estado ou mesmo de particulares.
Assim, embora a Constituição brasileira utilize a expressão pluralismo,
agregando-lhe o adjetivo político, o que, à primeira vista, poderia sugerir tratar-
se de um fundamento que se refere apenas a questões políticas
Aléxia ou ideológicas,
Duarte Torres1
certo é que sua abrangência é muito maior, significando pluralismo na polis, ou
seja, um direito fundamental à diferença em todos os âmbitos e expressões da
convivência humana32.
RESUMO
No caso em tela, não se sabe se a representação foi impulsionada por discussões
de conteúdo político
A missão em sala
explícita de aula, rede
do Facebook, mas social
o panoquedetem
fundo parece oser
conquistado a diferença
coração de
e consumido
um tempo
posicionamentos cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
políticos.
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
O professor como autoridade responsável pela sala tem poder de influência sobre
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
alunos e, nesse contexto, surgem propostas que buscam coibir tentativas de doutrinação
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
política. Um deles é o movimento “Escola Sem Partido” que, embora voltado para ensino
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
fundamental e médio, se implantado, certamente afetará o ensino superior no futuro. O
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
anteprojeto de leiespaço
mesmo elaborado pelo movimento
e visibilidade busca Essas
na plataforma? “[…] sãoinibirasaquestões
prática da
quedoutrinação
esse artigo se
política e propõe
ideológica em sala
a responder. de aula e a usurpação do direito dos pais dos alunos sobre a
educação moral dos seus filhos”33.
30 Idem, Depois
2016. que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
31 turaram as imagens
MINAS GERAIS. Tribunal de identificação
Regional dos
Federal da 1ª estudantes,
Região. os próprios
Habeas corpus usuários começaram
nº 27270-21.2016.4.01.3800/MG
(deferimento de liminar). 17 mai. 2016. Disponível em: <http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-mace-
a do/wp-content/uploads/sites/41/2016/05/hcprofessoraufmg.pdf>.
trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos Acesso em:ou19que expressavam suas
nov. 2017.
32 opiniões
MINISTÉRIOpolíticas, algo similar
PÚBLICO FEDERAL – MPF. às mudanças
MPF/MG: de foto
Justiça Federal do perfil
determina por parte
arquivamento de indivíduos
de inquérito contra
professora da UFMG.
inconformados com3 ojun.resultado
2016. Disponível em:nas
do pleito <http://www.mpf.mp.br/mg/sala-de-imprensa/noticias-
eleições presidenciais dos Estados Unidos,
-mg/mpf-mg-justica-federal-determina-arquivamento-de-inquerito-contra-professora-da-ufmg>. Acesso
em: 19 nov. 2017.
33 ESCOLA SEM PARTIDO. O que é o Programa Escola sem Partido?. 2017. Disponível em: <https://www.
1 programaescolasempartido.org/faq>.
Mestranda em Direito pela Universidade Acesso em: de
Federal 19 Minas
nov. 2017.
Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Direito
34 CÂMARA DOSdaDEPUTADOS.
Universidade Projeto
Federal de
de Lei
Minas Gerais.
nº 867, de Graduada ementre
2015. Inclui, Direito
aspela Pontifícia
diretrizes Universidade
e bases Católica
da educação
de Minas
nacional, Gerais. Currículo
o “Programa lattes:Partido”.
Escola sem http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Disponível em: <http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fic
Endereço eletrônico: [email protected]
hadetramitacao?idProposicao=1050668>. Acesso em: 19 nov. 2017.
15
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSSERPXArt.
EE 4º.DNoEexercício
DADRdeEsuas BILfunções,
,KOO BECAF
o professor:
ARTUEN ACII–Gnão
ÓseLO NCETdaAaudiência
aproveitará TNEMcativaARRdos EFalunos,
:ACIcomTÍLoO P de cooptá-
objetivo
los para esta ou aquela corrente política, ideológica ou partidária;
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
II – não favorecerá nem prejudicará os alunos em razão de suas convicções
políticas, ideológicas, morais ou religiosas, ou da falta delas;
III – não fará propaganda político-partidária em sala de aula nem incitará seus
alunos a participar de manifestações, atos públicos e passeatas;
IV – ao tratar de questões políticas, sócio-culturais e econômicas, apresentará
1
serroT etrauD aaos
ixélA
alunos, de forma justa, as principais versões, teorias, opiniões e
perspectivas concorrentes a respeito;
V – respeitará o direito dos pais a que seus filhos recebam a educação moral
que esteja de acordo com suas próprias convicções;
OMUSER
VI – não permitirá que os direitos assegurados nos itens anteriores sejam
odimusnoc e oãçaroviolados
c o odatspela
iuqnação
oc mede t eterceiros,
uq laicos edentro
der ,koda
obsala
ecaFdeodaulaatic35
ílp. xe oãssim A
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
oãçauta auDetermina
S .odajagnoe eart.
tnem7ºlivi(caput
c e odateceparágrafo
noc ,ot rebaúnico)
siam ododnumesmo
m o retnaprojeto
m é ,odde
numlei que as
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec recebimento
secretarias de educação contarão com um canal de comunicação destinado ao on
odnde
azitarreclamações
comed koobecarelacionadas
F o airatsE .sacim aoêlopdescumprimento
rareg a maunitnoc odas
mtirogdisposições
la ed oãçazilanoapresentadas,
srep
socassegurado
itílop sodit rap oe sanonimato.
otadidnac ,seTais
tnerefireclamações
d sacitílop seõsdeverão
iV ?a-odnser
azilarencaminhadas
tnec uo oãçamroao fni aórgão do
o mMinistério
eussop koPúblico
obecaF oincumbido
d soiránoicda nufdefesa
e serodos
dadninteresses
uf sod saieda
di scriança
a moc m e edogreadolescente,
vid euq sob
36
es opena
git ra de
essresponsabilidade
e euq seõtseuq sa .oãs sassE ?amrofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
.rednopser a eõporp
Na justificativa do projeto de lei, o deputado federal Izalci (PSDB/DF) afirma que:
[…] a doutrinação política e ideológica em sala de aula compromete
gravemente a liberdade política do estudante, na medidaOÃem
ÇUque
DORvisa
TNIa induzi-lo
.1
a fazer determinadas escolhas políticas e ideológicas, que beneficiam, direta ou
oicíni ues on ogolindiretamente
,ocitílop otneas
mupolíticas,
rtsni muosommovimentos,
oc odairc oasdisorganizações,
ret oãn ed raossegovernos,
pA os
partidos e os candidatos que desfrutam da simpatia do professor37.
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráusu oOa adesafio
itimrep ae ser
odalenfrentado
a odal drapor
v raHqualquer
ed setnainiciativa
dutse sodquesottente
of avacoibir
coloc um eraw t fos o de
“abuso
saoautoridade”
ssep rangisedod aprofessor
rap adasue sde
êlgoutros
ni me afuncionários
rvalap amu ,das
oãn universidades
uo ”toh“ are moueuque q ractente
fiissaevitar
lc
. s e t n e a r t a
perseguições políticas, inclusive de alunos contra professores, é estabelecer os limitese t n e m l a u x e s
-paentre
c e edaasimples
disrevinumanifestação
ad açnarugedes eopinião
d eder ae ma aintenção
rasseca de serdoutrinação.
odairc sues euq siopeD
maraçemUma oc sointerpretação
iráusu soirpómais
rp sorestritiva
,setnadudatseliberdade
sod oãçacadêmica
acfiitnedi edsugere
snegaque
mi selaam ararut
abrangeria
sauapenas
s mavasos serpdireitos
xe euq unecessários
o sotsetorp eàs
d sfunções
otxet mocdasneeducação
gami rop ssuperior;
otof sausnesse
sa racosentido,
rt a
soumanifestações
dívidni ed et rapolíticas
p rop lfide
repestudantes
od otof eed professores
saçnadum sestão à ralifora
mis do
ogâmbito
la ,sacide
tílotal
p liberdade
seõinipo 38.
,sodEssa
inU sacepção
odatsE sprotegeria
od siaicnedoutros
iserp scidadãos
eõçiele sacontra
n otielap arrogância
od odatluseprofissional
r o moc sodeam rofnocni o
preservaria
35 Ibidem.
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló36 Ibidem.
taC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
37 Ibidem. .8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
38 BYRNE, op. cit., p. 264. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE16
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
39
FACEBOOK,
valor da busca pela verdade LIBERDADE
da educação superior . O problema,DE EXPRESSÃO
entretanto, é conseguir E
separar na prática quais discursos
POLÍTICA: são exclusivamente
FERRAMENTA acadêmicos e não afetados
TECNOLÓGICA NEUTRApor
opiniões políticas.
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
39 Ibidem, p. 265.
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
40 RODRIGUES; MAROCCO,
de Direito da op. Federal
Universidade cit., p. 18.
de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
41 BYRNE, op. cit.,
de Minas p. 258.
Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço eletrônico: [email protected]
42 Ibidem.
17
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSLado
SERoutro,
PXEexigir
ED imparcialidade
EDADREBdeILprofessores
,KOOBeEalunosCAF é impossível, posto que
ARcada
TUumENcarrega
ACIG emÓsiLpré-compreensões
ONCET ATNeEpaixões MARRdas EFquais
:ACnão
ITéÍLpossível
OP se separar.
Mas, uma vez reconhecida essa caraterística inerente ao ser humano – a ausência de
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
imparcialidade –, a aceitação do direito à divergência de opiniões mostra-se essencial.
Considerando a pluralidade de ideias constitucionalmente garantida, a divergência torna-
se inclusive elemento democrático do ensino. Se não há imparcialidade, é certo que as
diferentes opiniões em alguma medida interferem na pluralidade do próprio ensino, o que
é salutar para a democracia.
1
serroT etrauD aixélA
É necessário considerar, ainda, as diferenças de tratamento do direito à opinião em
instituições públicas e privadas. Mesmo que os funcionários públicos inicialmente tenham
garantida sua liberdade de expressão pela lei, na prática existem restrições. Até mesmo
nos Estados Unidos – país no qual o direito à liberdade de expressão seOM USER forte – a
mostra
odimjurisprudência
usnoc e oãçaroda c oSuprema
odatsiuqnCorte
oc metdemonstra
euq laicos eadeconstrução
r ,koobecaF ode d adiscrição
ticílpxe oãsdisciplinar
sim A para
od funcionários
roder oa soudpúblicos.
ívidni e soEmbora
rielisarb os ed sempregadores
eõhlim ed adiv públicos
ad roiam não
zev possam
adac opmexigiret muque seus
oãçfuncionários
auta auS .odasimplesmente
jagne etnemlivirenunciem
c e odatcenoacsua ,ot reliberdade
ba siam odednuexpressão
m o retnamprevista
é ,odnuna m Primeira
e oEmenda,
dúetnoc eeles d oãpodem
çirtser eregular
d sacittal
ílopliberdade
saus e esustentando
uqatsed odahque nagela
menão
t ocse
itíloaplica
p oiráanemanifestações
c on
odnrelacionadas
azitarcomed koao obetrabalho
caF o airade
tsE natureza
.sacimêloppública.
rareg a mEntretanto,
aunitnoc omatirliberdade
ogla ed oãçde azilaexpressão
nosrep sobre
socoitílotrabalho
p sodit raexercido
p e sotadiddeve
nac ,sprevalecer
etnerefid sacaso
citílop oseassunto
õsiV ?a-oseja
dnazilde
artninteresse
ec uo oãçapúblico,
mrofni a porém o
o mempregador
eussop koobpúblicoecaF odpodesoirárestringir
noicnuf e osedireito
rodadnde uf manifestação
sod saiedi sa se moela
c mperturbar
egrevid euoq ambiente
es odegittrabalho
ra esse eu. q seõtseuq sa oãs sassE ?amrofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
43
.rednopser a eõporp
No Brasil há indícios de que talvez tenha havido tentativa de silenciar funcionários
públicos durante um importante momento político: o impeachment presidencial de 2016.
Em ofício circular encaminhado aos reitores e diretores de IESOfederais ÃÇUDORbrasileiras,
TNI .1 a
Defensoria Pública da União recomendou que tais instituições assegurassem a livre
oicíiniciativa
ni ues ondeoseu
gol corpo
,ocitílodocente,
p otnemudiscente
rtsni mue servidores
omoc odaina rc opromoção
dis ret oãde n eatividades
d rasepA pacíficas
,”hsrelacionadas
amecaF“ o oao modebate
c etnemem lanitorno
giro odo dairprocesso
C .laicnetode p uimpeachment
es od satsip aque vadse áj encontrava
koobecaF oem
oiráandamento
usu oa aitime participação nelas ou de qualquer outro assunto que fosse deerinteresse
r e p e o d a l a o d a l d r a v r a H e d s e t n a d u t s e s o d s o t o f a v a c o l o c awt fos o da
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
comunidade universitária e da sociedade em geral, sem qualquer cerceamento no exercício
.setnearta etnemlauxes
do direito à liberdade de expressão, independentemente da posição político-ideológica44.
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
Vedar o direito à liberdade de expressão política dos funcionários públicos não é
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
compatível com a democracia, pois obriga um cidadão ao silêncio conivente com o plano
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
de governo em andamento – e, ao se tornar funcionário público, o indivíduo não deixa de
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
43 MASSARO, Toni M. Significant silences: freedom of speech in the public sector workplace. Southern Cali-
fornia Law Review, v. 61, n. 1, 1987. Disponível em: <https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_
id=2584123>. Acesso em: 19 nov. 2017. p. 4.
edad44
lucaFDEFENSORIA
ad oãçaudarGPÚBLICA
-sóP ed aDAmarUNIÃO.
gorP – Ofício
siareGCircular
saniM enºd la1re–dDPU
eF ed2CATDF/GDPC
adisrevinU alep2CATDF/OFDHTC
otieriD me adnarts2CATDF.
eM 1Bra-
acilótaC edsília,
adis6remai.
vinU 2016.
aicífitnDisponível
oP alep otieem:
riD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
.8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed Acesso
<http://www.dpu.def.br/images/stories/foto_noticias/2016/Of%C3%ADcio_Circular_Universidades.pdf>.
em: 19 nov. 2017. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE18
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
ser cidadão. Aliás, independentemente LIBERDADE
da natureza DE
da instituição, nãoEXPRESSÃO
se pode exigir o E
silêncio político do professor. Nesse
POLÍTICA: sentido, a declaração
FERRAMENTA da AAUP mencionaNEUTRA
TECNOLÓGICA o direito
dos professores de expressarem suas opiniões livremente fora da universidade ou de se
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
engajarem em atividades políticas na condição de cidadãos45, afirmando não ser possível
nem desejável privar um professor universitário dos direitos políticos concedidos a todos
os cidadãos46.
Lado outro, no caso de professores universitários, é preciso lembrar que a fala é seu
meio de trabalho e nela podem estar embutidos interesses, ainda que não Duarte
Aléxia haja intenção
Torres1
clara de doutrinação política. Nesse contexto, a vedação à liberdade de expressão torna-
se insustentável, pois o falante sequer percebe que está promovendo o direcionamento
político de seus alunos. Exigir autopoliciamento do professor em relação às suas opiniões
RESUMO
é plausível, mas a imparcialidade é humanamente inalcançável.
Se Anão
missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
é possível exigir imparcialidade dos membros de uma universidade e se na
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
prática também não é possível separar com precisão academic speech de opinião política,
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
uma solução pode ser o apontamento amplo de situações que potencialmente significariam
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
desrespeito à liberdade de expressão política na e da academia. A não ocorrência de tais
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
situações não significaria a existência da liberdade de expressão, mas a constatação de
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
uma ou mais situações dessa natureza seria forte indício de desrespeito a tal liberdade.
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
Umamesmo espaço e visibilidade
administração autoritária énaprejudicial
plataforma? Essas sãode
à liberdade asexpressão
questões que esse artigo
acadêmica, e se
propõetorna-se
esse problema mais grave em instituições privadas ou pequenas47, pois elas são
a responder.
mais fáceis de controlar em variados aspectos. Ao contrário, as IES de quaisquer naturezas
e tamanhos devem ter uma gestão plural e inclusiva, que proporcione a todos os membros
1. INTRODUÇÃO
oportunidades de participação nas decisões, independentemente de seu posicionamento
político. Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
o Facebook
Restriçõesjáadministrativas
dava pistas donoseu
usopotencial. Criadodeoriginalmente
de tecnologias comunicaçãocomotambémo “Facemash”,
são ruins
o software colocava fotos dos estudantes48 de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
para a liberdade de expressão acadêmica . A imposição da utilização exclusiva de e-mails
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
institucionais pode significar intimidação para manifestações políticas dos membros
sexualmente atraentes.
da universidade, forçando o uso de outros canais de comunicação restritos, o que não
Depois
contribui para que seus criadores
a pluralidade de ideias acessaram
que deveria aser
rede de segurança
característica da universidade e cap-
da universidade.
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
Supervisões injustificadas de pesquisas podem também ameaçar a liberdade de
a trocar as suas fotos por49 imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
expressão das universidades . Processos burocráticos, exigências e objeções absurdas,
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
45 ASSOCIATION OF UNIVERSITY PROFESSORS – AAUP, op. cit., p. 292.
46 Ibidem, p. 299.
47 1 NELSON, Cary.em
Mestranda NoDireito
university
pelaisUniversidade
an island: saving academic
Federal de Minasfreedom.
Gerais –New York: New
Programa York University,da
de Pós-Graduação 2010, p.
Faculdade
55.de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
48 Ibidem.
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço
49 Ibidem, p. 56.eletrônico: [email protected]
19
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSERdePX
imposição E ED EouDmesmo
obstáculos ADREvetos BIL injustificados
,KOOBEC aA F
projetos de pesquisa podem
ARdificultar
TUENdescobertas
ACIGÓque LOsejam
NCEcontrárias
T ATNEaos Minteresses
ARREFda:Ainstituição
CITÍLOouPservir de meio
para prejudicar professores e alunos, resultando em perseguição acadêmica.
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
A adoção da ideologia gerencial também pode significar restrição à liberdade de
expressão nas universidades50, pois é possível que as contratações de professores
levem em consideração o posicionamento político. Um professor ligado ao governo em
andamento pode ser mais interessante para a instituição, mas a contratação exclusiva de
1 professores ligados a determinado partido político pode instaurar uma ideologia dominante
serroT etrauD aixélA
na instituição. Nesse contexto, haveria violação da pluralidade constitucionalmente
exigida.
50 Ibidem.
51 Ibidem, p. 58.
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló52 Ibidem.
taC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
53 Ibidem, p. 59. .8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
54 Ibidem. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE20
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
nos casos de controvérsia política55, que apresenta
FACEBOOK, LIBERDADE DE
uma série de EXPRESSÃO
princípios-guia para a E
questão. Segundo os princípiosFERRAMENTA
POLÍTICA: da declaração, avaliações de acusações de doutrinação
TECNOLÓGICA NEUTRA
na sala de aula somente podem ocorrer se restar comprovado o uso de táticas desonestas
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
para enganar os estudantes – e não a simples exposição das visões políticas, advocacia
ou afiliações do professor56. Contanto que as opiniões emitidas em sala não sejam
apresentadas como verdade dogmática, o estilo da apresentação da opinião fica a critério
do professor, bem como a escolha dos assuntos e argumentos específicos é uma questão
de julgamento pessoal, baseada nos padrões e nas particularidades das disciplinas e
consistente com a liberdade acadêmica57. Aléxia Duarte Torres1
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
5 CONCLUSÃO
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
As constantes mudanças legislativas sobre a liberdade de expressão das IES indicam
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
que o tema é espinhoso e merece atenção. Do ponto de vista institucional, desde que a
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
instituição não seatraentes.
sexualmente desvie de suas finalidades e se converta em “cabo eleitoral”, é necessário
considerar os interesses em jogo. Sabe-se que as IES são afetadas pelas mudanças no
poder do Depois
Estado;que seussentido,
nesse criadores acessaram
impedir a rede de segurança
sua participação pode lhesdaser universidade
prejudicial.e O
cap-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários
limite entre um simples interesse político e o desvio de finalidade, porém, dependerá das começaram
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
55 ASSOCIATION OF UNIVERSITY PROFESSORS – AAUP. Ensuring Academic Freedom in Politically Controversial
inconformados com
Academic Personnel o resultado
Decisions. 2011. do pleito nas
Disponível eleições presidenciais dos Estados Unidos,
em: <https://www.aaup.org/file/EnsuringAcademicFree-
domFINALExecSumm.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2017.
56 Ibidem, p. 34.
57 Ibidem.
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
58 Ibidem, p. 35.da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
de Direito
59 Ibidem.
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço
60 Ibidem, eletrônico: [email protected]
p. 35/36.
21
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSERPXdoEcaso.
circunstâncias EDDeED AD
toda REBa IIES
forma, L ,estará
KOO BECàsAcríticas
sujeita F em função do apoio
ARpolítico
TUEN manifestado
ACIGÓaindaLOque
NCdeETforma
ATNindireta,
EMAoRque REpode
F :Arefletir
CITÍnaLO suaPconfiabilidade
perante a sociedade.
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
No campo interno das IES fala-se em academic speech, que consiste em discurso
científico diferente de uma opinião. As opiniões são pessoais e estão sujeitas à não aceitação
imotivada. Professores, funcionários e alunos devem estar cientes de que opiniões políticas
não podem ser impostas nem podem ser causa de perseguição. Entretanto, separar opinião
1 e academic speech é humanamente impossível, então os casos deverão ser analisados
serroT etrauD aixélA
individualmente.
,ARIE22
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
______. Decreto nº 3.860, de FACEBOOK,
9 de julho de 2001.LIBERDADE DE EXPRESSÃO
Dispõe sobre a organização do ensino superior, E
a avaliação de cursos e instituições, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.
POLÍTICA: FERRAMENTA
gov.br/ccivil_03/decreto/2001/D3860.htm>. Acesso em: 18TECNOLÓGICA
nov. 2017. NEUTRA
OU
______. Decreto nº 5.773, de 9 de maioPLATAFORMA VIRTUAL
de 2006. Dispõe sobre o exercício EDITORIAL?
das funções de regulação,
supervisão e avaliação de instituições de educação superior e cursos superiores de graduação e
sequenciais no sistema federal de ensino. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
Ato2004-2006/2006/Decreto/D5773.htm#art79>. Acesso em: 18 nov. 2017.
______. Decreto nº 19.851, de 11 de abril de 1931. Dispõe que o ensino superior no Brasil obedecerá,
de preferencia, ao systema universitario, podendo ainda ser ministrado em institutos isolados, e que
AléxiaDecreto,
a organização technica e administrativa das universidades é instituida no presente Duarte Torres1
regendo-
se os institutos isolados pelos respectivos regulamentos, observados os dispositivos do seguinte
Estatuto das Universidades Brasileiras. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto/1930-1949/d19851.htm>. Acesso em: 18 nov. 2017.
______. Lei nº 4.021, de 20 de dezembro de 1961.Fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
RESUMO
Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-4024-20-dezembro-1961-
353722-publicacaooriginal-1-pl.html>. Acesso
A missão explícita do Facebook, redeem: 18 nov.
social que2017.
tem conquistado o coração e consumido
umnºtempo
______. Lei 5.540,cada
de 28vez
de maior da vida
novembro de milhões
de 1968. de brasileiros
Fixa normas e indivíduos
de organização ao redor do
e funcionamento
do ensino mundo,
superior ée manter
sua articulação
o mundo com a escola
mais aberto,média, e dá outras
conectado providências.
e civilmente Disponível
engajado. em:
Sua atuação
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5540.htm>. Acesso em: 18 nov. 2017.
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
______. Lei nº 9.394, dede
personalização 20algoritmo
de dezembro de 1996.
continuam Estabelece
a gerar as Estaria
polêmicas. diretrizes e bases da
o Facebook educação
democratizando
nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394compilado.htm>. Acesso
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
em: 30 dez. 2017.
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
______. Lei nº 9.504, de 30 de setembro de 1997. Estabelece normas para as eleições. Disponível
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9504compilado.htm>. Acesso em: 19 nov. 2017.
propõe a responder.
BYRNE, J. Peter. Academic Freedom: a “special concern of the First Amendment”. Yale Law Journal, v.
99, n. 2, p. 251-340, 1989. Disponível em: <http://scholarship.law.georgetown.edu/cgi/viewcontent.
cgi?article=2594&context=facpub>. Acesso em: 19 nov. 2017.
1. INTRODUÇÃO
CÂMARA DOS DEPUTADOS. Projeto de Lei nº 867, de 2015. Inclui, entre as diretrizes e bases da
educação nacional, o “Programa Escola sem Partido”. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=1050668>. Acesso em: 19 nov. 2017.
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO. Ofício Circular nº 1 – DPU 2CATDF/GDPC 2CATDF/OFDHTC
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
2CATDF. Brasília, 6 mai. 2016. Disponível em: <http://www.dpu.def.br/images/stories/foto_
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em
noticias/2016/Of%C3%ADcio_Circular_Universidades.pdf>. inglêsem:
Acesso usada para
19 nov. designar pessoas
2017.
sexualmente atraentes.
DIRETÓRIO ACADÊMICO DE PSICOLOGIA DA FUMEC – D.A. FUMEC. Nota de repúdio. 14 set. 2017.
Disponível Depois
em: que<https://www.facebook.com/dapsicologiafumec/posts/1549570888399067>.
seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
Acesso em: 19 nov. 2017.
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
ESCOLA SEM PARTIDO. O que é o Programa Escola sem Partido?. 2017. Disponível em: <https://
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
www.programaescolasempartido.org/faq>. Acesso em: 19 nov. 2017.
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
FONSECA, Marcelo da. Manifestantes protestam contra e a favor de Bolsonaro na porta da Fumec.
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
Estado de Minas, Belo Horizonte, 15 set. 2017. Disponível em: <https://www.em.com.br/app/noticia/
politica/2017/09/15/interna_politica,900858/manifestantes-protestam-contra-bolsonaro-na-porta-
de-faculdade.shtml>. Acesso em: 19 nov. 2017.
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
FUMEC.deNota relevante da Universidade FUMEC para a sociedade brasileira. Belo Horizonte, 14
Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
set. 2017. Disponível em:
de Minas Gerais. <http://www.fumec.br/comunicacao-e-eventos/noticias/nota-relevante-da-
Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
universidade-fumec-para-sociedade-brasileira/>.
Endereço eletrônico: [email protected] Acesso em: 19 nov. 2017.
23
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978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
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1
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inquérito contra professora da UFMG. 3 jun. 2016. Disponível em: <http://www.mpf.mp.br/mg/
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______. Petição inicial de Habeas Corpus em face do inquérito policial nº 310/2016-4
OMUSER SR/DPF/
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laicos eem:
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od NELSON,
roder oa Cary.
soudíNo
viduniversity
ni e sorielisisaan
rb island:
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d adiv ad freedom.
roiam zeNewv adYork:
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mu University
oãçPress,
auta a2010.
uS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
e odOLIVEIRA,
úetnoc edIgor oãçBruno
irtser Silva
ed sade.citíOs
loplimites
saus edaeupropaganda
qatsed odaeleitoral
hnag mnegativa
et ocitíloepoodiscurso
iránec onde ódio. In:
odnPEREIRA,
azitarcomeRodolfo
d koobeViana
caF o (Org.).
airatsE Direitos
.sacimêlopolíticos,
p rareg a liberdade
maunitnocdeomexpressão
tirogla ed oeãçdiscurso
azilanosrde
ep ódio. Belo
Horizonte: IDDE, 2018 (no prelo).
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
RODRIGUES, Horácio Wanderlei; MAROCCO, Andréa de Almeida Leite. Liberdade de cátedra e a
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
Constituição Federal de 1988: alcance e limites da autonomia docente. In: CAÚLA, Bleine Queiroz et
es oal.giDiálogo
t ra esseambiental,
euq seõtseconstitucional
uq sa oãs sasesinternacional.
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Acesso em: 19 nov. 2017.
OÃÇUDORTNI .1
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
.setnearta etnemlauxes
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
.8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE24
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
O DISCURSO HOMOTRANSFÓBICO
FACEBOOK, LIBERDADE COMO LIMITE À E
DE EXPRESSÃO
LIBERDADE DE EXPRESSÃO
POLÍTICA: NO DISCURSO
FERRAMENTA TECNOLÓGICAPOLÍTICO:
NEUTRA
UMA DISCUSSÃOOU À LUZ DOS DIREITOS
PLATAFORMA HUMANOS
VIRTUAL E
EDITORIAL?
DA FALA ENQUANTO POTÊNCIA
Aléxia
Luiz Duarte
Carlos Torres
Garcia61
1
TORRES,
GARCIA, Aléxia Duarte.
Luiz Carlos. Facebook,
O discurso liberdade decomo
homotransfóbico expressão
limite àe liberdade
política: ferramenta tecnológica
de expressão neutra
no discurso ou plataforma
político: virtual editorial?
uma discussão à luz dos In: 25
PEREIRA,
direitos
Rodolfo
humanos e daViana (Org.). Direitos
fala enquanto potência.políticos, liberdade
In: PEREIRA, deViana
Rodolfo expressão
(Org.).eDireitos
discurso de ódio.liberdade
políticos, Volume I.deBelo Horizonte:
expressão IDDE, 2018.
e discurso p. 07-33.
de ódio. VolumeISBN
978-85-67134-05-5
II. Belo . Disponível
Horizonte: IDDE, 2018. em:ISBN
p. 25-42. <https://goo.gl/g4e2Gy>
978-85-67134-06-2. Disponível em: <https://doi.org/10.32445/97885671340622>
E OÃSASEideia
RPdeXEpossíveis
ED EDmanifestações
ADREBILque ,KO OBE
devem serCtolhidas
AF por seus conteúdos
ARque
TUatacam
EN Adeterminados
CIGÓLOgrupos NCETé malvista
ATNEporMAmuitos
RREpor F :considerar
ACITÍLO tal P
movimento um
ato de censura ao que é denominado mercado livre das ideias. Esse medo da censura
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
de manifestação tem, entre muitos outros aspectos, lastro no passado brasileiro recente
marcado pela ditadura militar que tinha na censura uma arma usada à revelia de qualquer
garantia do indivíduo. Por que dizer que este é um aspecto que sustenta a aversão
a qualquer ideia de limitação à liberdade de expressão? Exatamente pelo fato de que a
discussão suscita uma série de outras questões, desde a ideia que tal limitação pode gerar
1
seuma
rroTreação
etrauD aixélA
violenta até o fato inequívoco de que os grupos vitimados por esses discursos
não contam com grande preocupação de ampla parcela da sociedade e das instituições em
geral. Ou seja, o preconceito obviamente também é pano de fundo para justificar por que é
mais relevante garantir a expressão irrestrita do que impedir a violência aOalguns
MUSERindivíduos
pelo que são.
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
od roder oÉaexatamente
soudívidni enessesorielilugar
sarb eque d sese õhlencontra
im ed adivo agrupo d roiam zev adacpor
composto opm et mu
homossexuais e
oãçtransexuais,
auta auS .odapor jagnisso
e etnaem l i v i c e o d a t c e n o c , o t r e b a s i a m o d n u
necessidade de discutir-se o discurso homotransfóbico enquanto m o r e t n a m é , o d n u m
e oum
dúetlimitador
noc ed oãaçliberdade
irtser ed sdeaciexpressão,
tílop saus einclusive
euqatseddeodcandidatos.
ahnag met oAcanálise itílop oirdessa
ánec oconjuntura,
n
odntanto
azitarcno
ommomento
ed koobecade F o aferir-se
airatsE .sase cimocorreu
êlop rareum gam a un itn oc o m tirog la e d o ã ça z
discurso de ódio quanto para se determinarila n o s rep
soccomo
itílop slidar
odit racom
p e stal
otasituação,
didnac ,sedeve tnerefser
id sfeita
acitílodep smaneira
eõsiV ?acontextualizada.
-odnazilartnec uo Isso oãçasignifica
mrofni a que uma
o mmesma
eussop fala
koopode
becaFproduzir
od soiráresultados
noicnuf e sdiferentes
erodadnuf em sodcontextos
saiedi sa diferentes.
moc megreEvesse id euqcontexto é
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
determinado pelo momento histórico, por quem profere o discurso e principalmente a quem
.rednopser a eõporp
esse discurso é direcionado.
,ARIE26
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
A maior dificuldadeFACEBOOK,
reside exatamente noLIBERDADE
fato de que somos DEcriados
EXPRESSÃO
numa cultura E
binária que simplesmente
POLÍTICA: ignora as múltiplas possibilidades
FERRAMENTA TECNOLÓGICA existentes em NEUTRA
todas as
esferas de compreensão e manifestação humana. Vive-se numa sociedade em que a
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
heteronormatividade e o machismo ditam as normas de comportamento. Nesse sentido,
processos de naturalização nos são ensinados desde a primeira infância62. Naturalizar é
exatamente tornar natural algo que não o é, ou seja, dar a um determinado comportamento
– cultural ou socialmente construído – contornos quase biológicos. E qual é o ganho com
isso? A invisibilização de lutas sociais contrárias. É muito mais fácil reprimir ou simplesmente
ignorar determinados indivíduos quando o que os torna discordantesAléxia Duarte umTorres
1
é exatamente fato
antinatural.
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
2.1o Facebook
Gênero e jáidentidade sexual
dava pistas – uma
do seu históriaCriado
potencial. de violência
originalmente como o “Facemash”,
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado ganhos
Vive-se hoje no Brasil momentos que mesclam intensamente e permitia ao usuário
relativos à
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar
liberdade sexual e verdadeiros ataques e avanços conservadores. Fala-se do Congresso pessoas
maissexualmente
conservadoratraentes.
desde a ditadura militar no Brasil, o que repercute diretamente nos
avanços ou retrocessos
Depois a que
que seus a legislação
criadores e as políticas
acessaram a rede depúblicas acabam
segurança por atender. e cap-
da universidade
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
A naturalização de condutas – que aborda como inerente a determinada condição,
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
principalmente a ideia de gênero ou orientação sexual, características que são socialmente
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
construídas –, somada a um histórico que tratou a homossexualidade como pecado, como
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
doença e como crime, acaba por sustentar condutas violentas até hoje no Brasil e no mundo.
62 1 SCOTT, Joan. em
Mestranda Tradução:
Direito Christine Rufino Dabat.
pela Universidade Maria
Federal Betânia
de Minas Ávila.– Gênero:
Gerais Programauma
de categoria útil para
Pós-Graduação daanálise
Faculdade
histórica. Revista
de Direito Educação e Federal
da Universidade Realidade, 1998. Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
de Minas
63 ISNA.de Minas Gerais.
Sociedade Currículodelattes:
Americana http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Intersexo. What is intersex?. Disponível em: <www.isna.com>. Acesso em:
15 Endereço
nov. 2017.eletrônico: [email protected]
27
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSDurante
SERPX aE EDMédia,
Idade EDAaDhomossexualidade
REBIL ,KOOfoiBEdemonizada
CAF pela Igreja Católica,
ARque
TUperseguiu
EN AChomossexuais porET
meio
ATdaNInquisição
EMARR.ECom F :AaCperda
ITÍLdeOespaço
P da Igreja
64
IGÓLONC
Católica no cenário político, a homossexualidade saiu de cena, deixando de ser encarada
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
como algo a ser perseguido pela máquina estatal, até então atrelada diretamente à religião.
Entretanto permaneceu como algo moralmente inaceitável que deveria ser coibido tanto pela
família, heterossexual, patrimonialista e patriarcal, como pelos órgãos do Estado, que não
reconheciam a essas pessoas quaisquer tipos de direitos.
1
serroT eSetraanteriormente
uD aixélA a homossexualidade era vista como maldição, como ato
pecaminoso, passa então a ser identificada como distúrbio, incorporada como transtorno
sexual na Classificação Internacional de Doenças (CID) no ano de 1975. Como patologia,
portanto, deveria ser tratada. Apesar de atualmente já ser uníssono na psiquiatria bem
como na psicologia que a homossexualidade não é uma patologia, haja vista OMUque
SERno ano de
1995
odim usnodeixou
c e oãçde
arofazer
c o odparte
atsiuqda
nocCID
meperdendo
t euq laicoos esufixo
der ,ko“-ismo”,
obecaF oque
d atientre
cílpxeoutros
oãssimsignificados
A
od quer
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oa sodoença,
udívidni ee adotando
sorielisarboesufixo
d seõhl“-dade”,
im ed adque iv addefine
roiam jeito
zev adedacser.
opDez
met anos
mu após a
oãçindicação
auta auS .odadaOMS
jagne quanto
etnemlivao
ic fato
e odade
tcenão
nocser
,ot raebhomossexualidade
a siam odnum o retuma nam doença m, ainda há
é ,odnu65
e odpessoas
úetnoc eque
d oãapontam
çirtser ed osacaminho
citílop saude
s etratamentos
euqatsed odtantoahnagcommet medicamentos
ocitílop oiránec quanto
on com
odnterapia para
azitarcom ed k“curá-la”.
oobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
Por muito tempo, a homossexualidade foi considerada uma perversão, ou seja, um
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
desvio psiquiátrico relacionado à sexualidade. Porém, diversos estudiosos da mente humana
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
e dos fenômenos a ela relacionados, como Sigmund Freud, já assinalavam o fato de não se
.rednopser a eõporp
tratar de um quadro de distúrbio, e sim de uma manifestação da sexualidade. Freud adota
a teoria de que todos os seres humanos, bem como os animais, são aprioristicamente
bissexuais, apresentando uma predisposição biológica ora para o sexo OÃÇUoposto,
DORTNora I para.1 o
mesmo sexo66.
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hsamecHá aF“ ainda
o omoestudos,
c etnemlaespecialmente
nigiro odairC .lano icnecampo
top uesdaod antropologia,
satsip avad áquej kooapontam
becaF o a
oiráusu oa aitimrep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawtculturais,
homossexualidade como uma questão influenciada também por aspectos fos o
saotal
ssequal
p ranos
gisdemais
ed arapaspectos
adasu sêda lgnisubjetividade
me arvalap ahumana
mu ,oãncomo
uo ”toidentidade
h“ are meeuqprática
racfiisssexual.
alc
Independentemente de ser algo biologicamente determinado ou socialmente .setnearta einfluenciado,
tnemlauxes o
fato é que definitivamente a homossexualidade não está no campo das patologias.
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemNo oc ano
soirde
áu1973,
su soiarpAssociação
órp so ,setPsiquiátrica
nadutse soAmericana
d oãçacfiit(APA)
nedi eretirou
d snegaahomossexualidade
mi sa mararut
saus mavasserpxe euq uo sotsetorp ed sotxet moc snegami rop sotof sausMedicina
da lista de doenças mentais. No Brasil, em 1985, o Conselho Federal de sa racor(CFM)
ta
souretirou
dívidnia ehomossexualidade
d et rap rop lfi repdaodcondição
otof ed desadesvio
çnadum sexual.
sà raOlim
Manual
is oglaDiagnóstico
,sacitílop eseEstatístico
õinipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
64 DIAS, Maria Berenice. União homoafetiva: o preconceito e a justiça. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
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edad65
lucaFMOREIRA,
ad oãçaudaF.;
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sóP ed amD.argAorhomossexualidade
P – siareG saniM ede laresua
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edadisrevinU alep ode tierIniciação
iD me adnCientífica,
artseM Amé-
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752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
moc.liamg@Rio
66 ROUDINESCO, Elisabeth e PLON, Michel. Dicionário de psicanálise. otuddeaixJaneiro:
ela :ocinJorge
ôrteleZahar,
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nE
,ARIE28
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
de Transtornos Mentais (DSM-IV) LIBERDADE
também retirou DE da
a homossexualidade EXPRESSÃO
classificação de E
transtorno mental. Neste documento
POLÍTICA: são identificadosTECNOLÓGICA
FERRAMENTA todos os transtornos mentais
NEUTRA por
meio de códigos; ele serve de orientação para a classe médica. Finalmente, no ano de
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
1993, a Organização Mundial da Saúde (OMS), retirou o termo homossexualismo e adotou
a expressão homossexualidade.
29
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSASE
2.1.1 RPXEdiária
violência EDcontra
EDAa D REBIL LGBT
comunidade ,KO–Ohomotransfobia
BECAF em números
ARTUEEstupros
N ACIcorretivos
GÓLOcontra
NCETlésbicas.
ATNETransexuais
MARREFque:Anão
CITpodem
ÍLOPusar banheiros
?Lcom
AIRosOquais
TIDse E identificam.
LAUTRIGays V AMqueRsão
OFxingados
ATALPdesde
UOa infância. A violência contra a
comunidade LGBT no Brasil é algo corriqueiro e muitas vezes encarado com naturalidade
pela sociedade. Quando se analisa a questão da violência sob a ótica de teorias feministas
e de gênero – Joan Scott69, Sara Salih70 – é notório que as condutas ocorrem em razão da
manutenção de estereótipos marginalizados, relacionados à orientação sexual e identidade
1 de gênero. Ou seja, numa ideia hegemônica e padronizada de sexualidade, todo aquele e
serroT etrauD aixélA
aquela que não se enquadra é considerado desviante e merecedor muitas vezes de condutas
agressivas.
O Brasil é o país que mais mata transexuais, segundo o grupo Transgender Europe.
OMUSER
Entre 2008 e 2014, foram assassinadas no Brasil 604 travestis e transexuais. Este número
odim usnoc oe opaís
coloca ãçarna
oc oposição
odatsiuqdenocmais
met etransfóbico
uq laicos eddo
er ,kmundo.
oobecaFOs od crimes
aticílpxesão
oãsscaracterizados
im A
od por
rodeviolência
r oa soudextrema,
ívidni e sopor
rieliexemplo,
sarb ed seoõcaso
hlim erecente
d adiv aded rotortura
iam zeev aassassinato
dac opmet m deu Dandara,
oãçamplamente
auta auS .odanoticiado,
jagne etnepois
mliviosc eassassinos
odatcenoc ,filmaram
ot reba siatodo
m odonprocesso.
um o retnaIsso
m é ,denota
odnum uma total
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
despreocupação com qualquer ideia de punibilidade pelo ato cometido.
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop soCondutas
dit rap e soviolentas
tadidnac ,contra
setnerefessas
id sacitminorias
ílop seõsiVsexuais
?a-odnsão
azilarendêmicas.
tnec uo oãçaO mrsite
ofni de
a notícias
o mG1,
eussjuntamente
op koobecacom F odasoDelegacia
iránoicnufdee Crimes
serodadRaciais
nuf sod esaDelitos
iedi sa de moIntolerância
c megrevid e(Decradi)
uq fez
um levantamento sobre o mapa da violência no estado de São Paulo.
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem Em dez anos, 465
vítimas fizeram boletins de ocorrência acerca de crimes motivados .rednpor
opshomofobia
er a eõporpno estado
(2017). É importante salientar, entretanto, que tais números são os que foram registrados
em razão da denúncia, havendo ainda os casos que não são denunciados, seja pela
OÃÇcrimes
opressão social sofrida por tais grupos, seja porque quem comete tais UDORTsão
NI pessoas
.1
oicípróximas,
ni ues on como
ogol ,familiares.
ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hsamecTanto
aF“ o quanto
omoc aetideia
nemladenigfeminino,
iro odairC .laicnetop também
o masculino ues od séaconstruído.
tsip avad ájLogo, koobhá
ecaformas
Fo
oirápelas
usu oquais
a aitimorindivíduo
ep e odalsea oreconhece
dal drav raeHéereconhecido
d setnadutsecomo
sod shomem:
otof avacooperfil loc ertraçado
awt fos opela
saomídia,
ssep raonreconhecimento
gised arap adasudosêgrupolgni mee aarvreação
alap am u ,oãn uo71”.toAh“ideia
despertada are de meumasculinidade
q racfiissalc é
. s e t
algo que supera de maneira clara o indivíduo homem. E isso é um vetor de violêncian e a r t a e tnemlauxcontra
es
-pagrupos
c e edadque
isrecoloquem
vinu ad aç–naainda
rugesque
ed emeramente
der a marapor
ssecserem
a seroda
dairmaneira
c sues eque
uq sse
iopidentificam
eD –
maalgum
raçemotipo
c sodeiráquestionamento
usu soirpórp soa ,essa
setnadita
dutsmasculinidade.
e sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
Tal análise vai no sentido que este indivíduo não é, a priori, detentor dessa
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
masculinidade. Na verdade ele é desde sempre formado para atender aos ditames que essa
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
ideia social estabelece. Não se tem apenas um tipo de homem; portanto, seria lógico não
edad69
lucaFSCOTT,
ad oãçaop.udacit.
rG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló70
taC edSALIH,
adisrevS.inU
Judith
aicífitButler
noP aleepa oteoria
tieriDQueer.
me adBelo
audarHorizonte:
G .siareG sAutêntica.
aniM ed la2012redeF edadisrevinU ad otieriD ed
71 KORIN, Daniel. Nuevas .perspectivas
8135056566de 184género
752/rben
.qpnsalud.
c.settaRevista
l//:ptth :Adolescencia
settal olucírruLatinoamericana,
C .siareG saniM edv. 2, n. 2,
2001. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE30
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
se ter apenas um formatoFACEBOOK,
de masculinidade.LIBERDADE
Entretanto, a práticaDE EXPRESSÃO
cultural alicerçada em E
uma série de POLÍTICA:
signos e significantes estrutura uma realidade
FERRAMENTA na qual só é reconhecido
TECNOLÓGICA NEUTRA e
reverenciado enquanto homem – detentor dessa ideia quase mítica de masculinidade –
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
aquele que segue o que esta estabelece. Assim, cria-se a ideia de haver uma masculinidade
hegemônica. Neste sentido asseveram Robert W. Connell e James W. Messerschimidt:
A masculinidade hegemônica se distinguiu de outras masculinidades,
especialmente das masculinidades subordinadas. A masculinidade hegemônica
não se assumiu normal num sentido estatístico; apenas uma minoria dos
homens talvez a adote. Mas certamente ela é normativa.Aléxia Duartea forma
Ela incorpora Torres1
mais honrada de ser um homem, ela exige que todos os outros homens se
posicionem em relação a ela e legitima ideologicamente a subordinação global
das mulheres aos homens.72
RESUMO
Deste modo, o que se vivencia é uma masculinidade hegemônica a qual determina
padrões muito
A missão fechados
explícitado
do “ser homem”.
Facebook, Tais padrões
rede social passam nãoo coração
que tem conquistado só por condutas
e consumido
do homem umem relação
tempo cadaa vez
si mesmo,
maior damas
vidaespecialmente
de milhões de pelo desprezo
brasileiros por tudoao
e indivíduos que faz do
redor
referênciamundo,
ou contato com oo feminino.
é manter mundo mais É exatamente na ideia edecivilmente
aberto, conectado uma inferioridade
engajado.presumida
Sua atuação
da mulhernoemcenário
relaçãopolítico
a todoteme qualquer
ganhadohomem
destaque– ee asuas
própria ideia de masculino
políticas restrição deenquanto
conteúdo e
essência personalização
– que serve de debase paracontinuam
algoritmo justificar aagerar
conduta perniciosa
polêmicas. Estariade homens democratizando
o Facebook em relação
às mulheres, aos transexuais
a informação e aos homossexuais.
ou centralizando-a? Pois,
Visões políticas quando candidatos
diferentes, um homem se aproxima
e partidos políticos
da ideia de feminino – seja por estilo de roupa, seja pela forma de falar ou pelo ato de estar o
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem
com outromesmo
homem espaço
–, elee está
visibilidade na plataforma?
colocando em xeque Essas
toda asão as de
ideia questões que essee,artigo
masculinidade por se
propõe
conseguinte, a responder.
merece ser marginalizado, quando não eliminado.
3. 1. O DISCURSO
INTRODUÇÃO HOMOTRANSFÓBICO NO BRASIL ENQUANTO DISCURSO DE ÓDIO –
UMA ANÁLISE À LUZ DOS DIREITOS HUMANOS
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
A ideia
o Facebook dos
já Direitos Humanos
dava pistas enquanto
do seu garantia
potencial. do originalmente
Criado indivíduo em sua
comoessência e num
o “Facemash”,
compromisso
o software com seu livre
colocava fotosdesenvolvimento
dos estudantes édesimplesmente
Harvard ladoincompatível com aao
a lado e permitia defesa
usuário
do classificar
exercício irrestrito
quem era da “hot”
liberdade de expressão,
ou não, uma palavraainda
em que issousada
inglês configure
para ataque direto
designar e
pessoas
ostensivo a determinado
sexualmente atraentes.grupo.
Depois
Pensar os que seusHumanos
Direitos criadoreséacessaram
muito maisaqueredepensar
de segurança da universidade
em um corpo de normas; e cap-
é
turaram
conceber as imagens
e pensar de identificação
todo o Direito direcionadodos estudantes,
a uma os próprios
nova perspectiva e comusuários começaram
um compromisso
a trocar asdasuas
de promoção fotos por
dignidade imagens com social.
e reconhecimento textos Nesse
de protestos ou qualquer
diapasão, que expressavam
ponderação suas
queopiniões
considerepolíticas,
o fator algo similar
vontade às mudanças
da maioria de fotodedoestabelecer
no momento perfil por parte depolíticas
ou não indivíduos
inconformados
públicas com o resultado
a grupos socialmente do pleito
minoritários ounas eleições normas
estabelecer presidenciais dosque
jurídicas Estados Unidos,
beneficiem
tais grupos é um paradoxo. Se houvesse vontade geral pelo benefício igualitário de todos,
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
72 CONNELL,
de Direito
Robert
da Universidade
W.; MESSERSCHMIDT,
Federal de MinasJamesGerais.
W. Masculinidade
Graduada emhegemônica:
Direito pela repensando
Pontifícia Universidade
o conceito. Católica
Re-
vista
deEstudos
Minas Gerais.
Feministas,
Currículo
Florianópolis,
lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
v. 21, n. 1, p. 241-282, maio 2013. Disponível em: <https://periodi-
cos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/S0104-026X2013000100014>.
Endereço eletrônico: [email protected] Acesso em: 15 dez 2017.
31
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSEideia
a própria RPXdeE Direitos
ED ED ADREcomo
Humanos BIL concebida
,KOOBno ECpós-guerra
AF e é entendida hoje
ARdeixaria
TUEN de ser
ACnecessária.
IGÓLOÉNcomo CETseAumTNpaís
EM onde
ARosRE índices
F :AC deIcriminalidade
TÍLOP são quase
nulos estabelecesse como prioridade a construção de centenas de presídios. Só é preciso
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
falar-se em proteção de minorias quando socialmente há indivíduos cujos direitos são
cerceados por uma maioria estabelecida que o faz cultural e sistemicamente.
3.1 Alguns exemplos que ganharam notoriedade e chegaram à justiça – o caso Levy
1
se rroT eFidelix
trauDnas
aixeleições
élA de 2014
,ARIE32
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
A análise do discurso LIBERDADE
proferido pelo então DE EXPRESSÃO
candidato Levy Fidelix não pode ser feita E
senão à luz de uma ideia do que
POLÍTICA: configuraria o discurso
FERRAMENTA de ódio, pois a concepção
TECNOLÓGICA NEUTRA do
que configura ou não esse tipo de discurso é o grande ponto de debate sobre o tema,
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
acompanhado com certeza da questão de, ainda que reconhecido um discurso como
causador de dano, ser suficiente para limitar a liberdade de expressão enquanto princípio74.
São muitos os conceitos de discurso de ódio, alguns mais amplos, outros mais
restritos. O adotado como melhor conceito no presente trabalho é aquele que identifica
como tal qualquer manifestação que venha a denegrir e promover –Aléxia
essa promoção deve 1
Duarte Torres
ser entendida em sentido amplo – a inferiorização de um grupo minoritário. Senão veja-se:
33
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSER
candidato PXE EDdaED
à presidência ADREacabam
República BIL ,K Ocausar
por OBEdanos
CAF a um caminho em busca
ARdoTreconhecimento
UEN ACIGde ÓLdireitos.
ONCET ATNEMARREF :ACITÍLOP
?LAIRO TIDE LAU
É fundamental TRIV A
considerar MaRanálise
que OFATdoALdiscurso
P UOque objetive sua identificação
enquanto discurso de ódio, discurso impopular ou ofensivo deve pautar-se por determinadas
características, entre elas quem profere o discurso, a quem se dirige o discurso e em qual
contexto se insere a fala produzida e as pessoas a quem ela é direcionada. Quando em um
país onde há uma situação de violência institucionalizada contra homo e transexuais, que se
1 perfaz das maneiras mais variadas, desde xingamentos até espancamentos e homicídios,
serroT etrauD aixélA
um discurso que menospreze esse indivíduo ou o coloque em posição de subalternização
é arma poderosa.
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hs3.2
am ecHomotransfobia
aF“ o omoc etneemdiscurso
lanigiro o–d airnegativa
C .laicnetdo op reconhecimento
ues od satsip avenquanto
ad áj kooviolação
becaF o
oirá usu odea adireitos
itim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
O professor José Reinaldo de Lima Lopes é salutar ao estabelecer como o discurso
.setnearta etnemlauxes
pode afetar a situação real dos homossexuais – e obviamente o mesmo raciocínio se aplica
-paaos
c e etransexuais.
dadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemoc soiráuEribon su soierpHonneth
órp so dizem
,setnaque
dutsase injúrias
sod oãsãoçacformas
fiitnedi de
edofensa
snegaemviolência.
i sa marPode-se
arut
saus mavasserpxeaté eudizer
q uo que sotsas
etoinjúrias
rp ed consistentes
sotxet moc snanenegação
gami rode p sdireitos
otof sapermitem
us sa racpropagar
ort a
soudívidni ed et rapuma ropvisão
lfi renegativa
p od otodos f edhomossexuais.
saçnadum sAà negação
ralimis odegldireitos,
a ,sacitíos
lopdiscursos
seõinipoque
,sodinU sodatsE sopublicamente
d siaicnediseafirmam
rp seõçique ele snão
an osetiepode
lp od condenar
odatluseros om homossexuais,
oc sodamrofnmas ocnique
também não se deve estimulá-los, têm como resultado o estímulo contrário, isto
é, o estímulo a violências físicas e morais contra eles. (…) É uma mensagem
de desigualdade.77
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
76 TARTUCE, Flávio. Manual .81de35Direito
05656Civil.
6184São
752/Paulo:
rb.qpncMétodo,
.settal//:2016.
ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
77 LOPES, José Reinaldo de Lima. O direito ao reconhecimento moc.liamgpara
@otugays
daixeela lésbicas.
:ocinôrteleSur,
oçeRev.
rednEInt. Direi-
,ARIE34
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
Na esteira do que oFACEBOOK,
autor traz, pensar LIBERDADE
qualquer espécie deDE EXPRESSÃO
fala como um vetor de E
promoção de POLÍTICA:
desigualdade nãoFERRAMENTA
é em si uma violação TECNOLÓGICA
de direitos? Quando se pensa que o
NEUTRA
discurso se produz em um meio, e este meio é hostil ao ator sobre o qual o discurso é tecido,
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
as implicações negativas sobre o ouvinte ganham muito mais facilidade e penetração.
35
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSOSEministro
RPXEemED seuEvoto
DAdiz DRexpressamente
EBIL ,KOO nãoBpossuir
ECAFa liberdade de expressão
ARcaráter
TUEN absoluto,
ACIGdaÓmesma
LONCforma ET AqueTNcoloca
EMAR como
REFuma :ACbaliza
ITÍLdiscriminações
OP que
possam ser atentatórias a direitos e liberdades fundamentais. Resta cristalino que o direito
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
à livre determinação de identidade de gênero e sua manifestação – afinal, do contrário cair-
se-ia em mera prolixidade normativa sem a menor efetividade –, bem como a liberdade
quando da definição e vivência de uma orientação sexual em acordo com o projeto de vida
do indivíduo, inserem-se perfeitamente na ideia de liberdades fundamentais dessa ordem,
abarcados pelos limites enunciados pelo eminente ministro.
1
serroT etrauD aixélA
odimusnocA edignidade
oãçaroc o da odapessoa
tsiuqnocfoimeerigida
t euq laino
cosordenamento
eder ,koobecaFjurídico
od aticílbrasileiro
pxe oãssimpara A nortear
od toda
roderaoatuação
a soudívdo idniEstado
e sorieem
lisartoda
b ed asesua
õhliconformação
m ed adiv ad erosuas
iam zinstituições.
ev adac opmSob et messa
u ótica,
oãçimpõe-se
auta auS .àodsociedade
ajagne etncomo
emlivicum e otodo
datceenaoocEstado
,ot rebanão
siam o d n u m o r e t n a m é , o d n u
só o respeito a todos os indivíduos e am
e oseus
dúetnprojetos
oc ed oãpessoais,
çirtser ed mas
sacitítambém
lop sausaepromoção
euqatsed oedproteção
ahnag medessa
t ocitídiversidade
lop oiránec ode n projetos.
odnCada
azitarcindivíduo
omed koobtem ecaFoodireito
airatsE de
.sacviver
imêlosua
p raresexualidade
g a maunitnoplena
c omtireogsadiamente.
la ed oãçazilanEosoreEstado
p tem
socaitílobrigação
op sodit raplegal
e sotade
didgarantir
nac ,setnque
erefiisso
d sacocorra
itílop sedeõsiVmaneira
?a-odnaconcreta
zilartnec ueo materialmente
oãçamrofni a igual79.
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
Afinal, são exatamente grupos em situação de fragilidade social que merecerão – na
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
perspectiva da dignidade da pessoa humana enquanto princípio jurídico – especial proteção
.rednopser a eõporp
da lei.
oicícompõe
ni ues oan expressão
ogol ,ocitímais
lop oprofunda
tnemu rtsdos
ni mprincípios
u omoc oconstitucionais
dairc odis ret onoãnDireito
ed rasCivil.
epA Portanto,
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o –
a partir do momento em que o Estado não garante adequadamente esse desenvolvimento
oirápor
usuexemplo,
oa aitimrnão
ep eprotegendo
odal a odade
l dmaneira
rav raH eefetiva
d setnadeterminadas
dutse sod sotpessoas
of avacoque loc esão
rawlimitadas/
t fos o
saoviolentadas
ssep rangisemed razão
arap adedasua
su sorientação
êlgni me asexual
rvalap –,
amestá-se
u ,oãn diante
uo ”tode
h“ flagrante
are meuqviolação
racfiissao
alcque
hoje constitui o centro referencial de todo o ordenamento jurídico..setnearta etnemlauxes
-pac e edEntender
adisrevinuaaddignidade
açnarugehumana
s ed ederenquanto
a marassemandamento
ca serodairc constitucional
sues euq siope–D princípio
mafundante
raçemoc da soRepública
iráusu soi–rpéónecessariamente
rp so ,setnadutsereconhecer
sod oãçaque cfiitnaeConstituição
di ed snegam i sa m
possui ararut
efetividade
saunormativa,
s mavasseou rpxeseja,
euqque
uo nãosotsesetorestá
p eddiante
sotxetdemmeros
oc snegconselhos,
ami rop somas tof sdeausmandamentos
sa raco r t a a
souserem
dívidniperseguidos
ed et rap ropporlfi rtodo
ep oagente
d otof epúblico.
d saçnaAssim,
dum sàé rmister
alimis aogperfeita
la ,sacitcompreensão
ílop seõinipo do
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
conteúdo desses princípios constitucionais, de modo a garantir de fato sua efetividade e
consolidação. Em se tratando da livre autodeterminação sexual enquanto desdobramento
edadnecessário
lucaF ad oãçauda
dardignidade
G-sóP ed amhumana,
argorP – siaserá
reG saadotado
niM ed lareo
deFconceito
edadisrevindesenvolvido
U alep otieriD mepor
adnaMaria
rtseM Celina
1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
.8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
79 DIAS, op. cit. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE36
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
Bodin de Moraes80, que FACEBOOK, LIBERDADE
considera a dignidade humana sob oDE viésEXPRESSÃO
da igualdade, da E
integridade psicofísica,
POLÍTICA: vontadeFERRAMENTA
livre, autodeterminaçãoTECNOLÓGICA
e garantia de não marginalização.
NEUTRA
Do prisma da igualdade,OU urge PLATAFORMA
vislumbrar que se trataVIRTUAL EDITORIAL?
de uma igualdade material, ou
seja, que se faz presente no mundo dos fatos e não apenas na norma. É o reconhecimento
de que o outro merece o mesmo respeito, independentemente de qualquer característica que
tenha. Por que dizer que o outro é merecedor do mesmo respeito e não do mesmo direito?
Exatamente pelo outro viés da igualdade enquanto princípio que recai sobre a consideração do
que torna o sujeito particular, ou seja, o respeito a diversidade. A ideia de igualdade
Aléxia não pode,
Duarte Torres1
portanto, jamais servir a uma ideia hegemônica ou totalizante, e sim partir do pressuposto de
uma equidade enquanto dignidade e não características e condutas.
80 MORAES, Maria Celina Bondin. O conceito da dignidade humana: substrato axiológico e conteúdo normativo.
In: SARLET, Ingo Wolfgang (Org.). Constituição, direitos fundamentais e direito privado. 2. ed., rev. e ampl.
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37
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
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978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSmanifestação
uma SERPXEdaEdignidade
D EDAhumana
DREBéIvisualizar
L ,KOO BEprojeto
como CAF de Estado e de sociedade
ARum
TUespaço
EN AqueCInão
GÓpermita
LONaCdiscriminação,
ET ATNEMuma ARvez
REque esta
F :A CItem
TÍLcomo
OP produto uma
massa de marginalizados.
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
Desse modo, compreender a necessidade de se buscar – do ponto vista social e
jurídico – a efetivação dos direitos das minorias sexuais de modo amplo, é atender ao
projeto constitucional de 1988. O que se vive na atualidade é um descompasso entre o que
a lei e todo o contexto histórico-jurídico impõe à atuação do Estado, dado que inexiste um
1 compromisso efetivo com a promoção desses grupos e políticas públicas que viabilizem
serroT etrauD aixélA
a autodeterminação sexual, especialmente quando se considera que tais direitos são
diariamente cerceados pelo quadro de violência generalizado no país contra essas minorias
sexuais. Nessa conjuntura, permitir que qualquer cidadão, em especial algum que esteja
com determinada projeção – como um candidato, por exemplo –, é ir na contramão OMUSER de todo
um
odim ushistórico
noc e oãçde
arolutas
c o odeatganhos, ainda
siuqnoc m et euque
q laictímidos,
os eder de
,koodiversas
becaF odpessoas.
aticílpxe oãssim A
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
4.1 A teoria dos atos de fala e o discurso de ódio contra homo e transexuais
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
odnazitarcoHámeuma
d koobsérie
ecaF odeaircoias
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cimêpodemos
lop rareg a fazer
maunitou
noctentar
omtirogfazer
la ed osimplesmente
ãçazilanosrep falando.
socPode-se
itílop sodiperguntar
t rap e sotadalgo,
idnacfazer
,setneuma
refid ameaça,
sacitílop scelebrar
eõsiV ?a-um
odncasamento,
azilartnec uo oagredir
ãçamroalguém.
fni a Cada
o muma
eussdessas
op koobcoisas
ecaF odé um
soiráato
noide
cnufala
f e sespecífico.
erodadnuf A soteoria
d saiedos
di saatos mocdemfala
egredivide
vid euqo discurso
es oem
git rcategorias
a esse euq deseõacordo
tseuq scoma oãsasque
assEse ?aprestam
mrofatalpe aqual
n edasua
dilibcapacidade
isiv e oçapsde e om sem efeitos
produzir
específicos.82 O ato de fala produz efeitos e são necessárias várias .rednocondições
pser a eõporelacionadas
rp
às circunstâncias em que a frase é produzida e aos interlocutores. Ou seja, o contexto é
determinante para que determinada fala tenha ou não significado.
OÃÇUDORTNI .1
O mais relevante da citada teoria para o presente estudo é o reconhecimento da
oicífala
ni uenquanto
es on ogopotência.
l ,ocitílopOu otnseja,
emu rotsdiscurso
ni mu ompor oc siodsó aircé uma
odis força ret oãen produz
ed raseefeitos.
pA Uma
,”hsilustração
amecaF“ para o omdemonstrar
oc etnemlancomo igiro ooduso airCda .lapalavra
icnetop assumeues od uma satsipcarga
avadcultural
áj koobeesocial
caF o de
oirámodo
usu oaa amodificar
itimrep e seu odalsignificado
a odal dravéraaHpalavra ed setn“viado”.
adutse sAodmesma sotof apalavra
vacoloc que erawét futilizada
os o
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
cotidianamente entre amigos para se chamarem – verdadeiro vocativo entre homens
.setnearta etnemlauxes
independentemente da orientação sexual – é também utilizada como xingamento. Mas, ao
-pafinal,
c e edqual
adismensagem
revinu ad aaçnpalavra arugesvai ed carregar
eder a menquanto arassecaformadora?
serodairc sSe uesemeuqumsiojogopeDde futebol
maumraçepai
mocacompanhado
soiráusu soirdo pórfilho
p so de ,seseis
tnaduanos, tse soao d ose ãçdeparar
acfiitnedcom i ed sumnegerro
ami do sa m ararutque
árbitro
sauprejudica
s mavassseu erpxtime
e euqgrita uo “Quesotsetisso orp eseud soviado?!”,
txet mocasreferência
negami ropdasopalavra tof saupara
s sa orafilho
cort éa de
souque
dívidser
ni “viado”
ed et rapé fazerrop lfialgo rep errado.
od otofQuandoed saçnesse adum sà ralgaroto
mesmo imis ogseladepara ,sacitílcom
op seum õincolega
ipo
,soddeinU s o d a t s E s o d s i a i c n e d i s e r p s e õ ç i e l e s a n o t i e l
classe que é chamado por outros garotos e garotas de “viado”, a inferência dele já p o d o d a t l u s e r o m o c s o d a m r o f n o cnestá
i
pronta. Assim tem-se uma manifestação significante da linguagem perpetuando preconceito
e violência contra determinado grupo.
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
82 SEARLE, John. Filosofia.8da13linguagem:
505656618uma475entrevista
2/rb.qpnc.com
settalJohn
//:ptthSearle.
:settalTradução
olucírruCde
.siaGabriel
reG sandeiMÁvila
ed Othero.
ReVEL, v. 5, n. 8, 2007. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE38
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
A ilustração acima tem LIBERDADE
como único objetivo DE reduzir
problematizar que, EXPRESSÃO
a linguagem E
a um canal apenas, e não como
POLÍTICA: um produto, é um TECNOLÓGICA
FERRAMENTA erro. Pois a potência da NEUTRA
fala, além
de ser perceptível, é culturalmente construída. Essa construção obviamente não está livre
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
de toda a carga de preconceito que porventura já exista na sociedade objeto da análise.
Provavelmente chamar uma mulher de adúltera no Brasil não tem o mesmo peso que fazê-lo
em um país islâmico teocrático. Ou seja, novamente o contexto em seu sentido amplo é
fator crucial para se aferir o poder/potência de determinada fala.
39
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSProblematiza-se
SERPXE EDde Eforma DAD REBa Idefinição
intensa L ,KOdo OB EC
que AFum discurso inferiorizante.
seria
ARNesse
TUEsentido,
N ACvalem IGÓduasLOacepções.
NCET A ATprimeira
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ARREF :ACaoITcontexto
ÍLOPno qual aquele
discurso foi proferido. Contexto entendido enquanto tempo, lugar, promotor do discurso e de
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
quem ele fala. E ainda os aspectos de dignidade, enquanto princípio preenchido de conteúdo
que pode ser mensurado no discurso e também na manifestação do agredido.
Independentemente da esfera jurídica em que essa apuração seja feita – civil ou penal
–, ela obedecerá aos ritos e princípios tradicionais como a ampla defesa e o contraditório;
1 logo, será possível a descaracterização do ocorrido. Em suma, em um processo instaurado,
serroT etrauD aixélA
o que não se pode é naturalizar a ofensa e o menosprezo a determinados grupos – que são
fatores incitadores de violência devido ao histórico de marginalização desses indivíduos –
de modo a manter numa ideia de normalidade o que é violento e violador de direitos.
OMUSER
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
REFERÊNCIAS
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
oãçALCALÁ,
auta auSCarmen
.odajagQuesada.
ne etnemLalivilabor
c e oddel
atcTribunal
enoc ,oEuropeo
t reba siademDerechos
odnum oHumanos
retnam éen,otorno dnumal discurso
de odio en los partidos políticos: coincidencias y contradicciones con la jurisprudencia española.
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odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
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no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
propõe a responder.
1. INTRODUÇÃO
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
sexualmente atraentes.
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço eletrônico: [email protected]
41
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
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E OÃSSERPXE ED EDADREBIL ,KOOBECAF
ARTUEN ACIGÓLONCET ATNEMARREF :ACITÍLOP
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
1
serroT etrauD aixélA
OMUSER
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
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e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
.rednopser a eõporp
OÃÇUDORTNI .1
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
.setnearta etnemlauxes
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
.8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE42
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
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VIABILIDADE DA UTILIZAÇÃO
FACEBOOK, PROGRESSISTA
LIBERDADE DA E
DE EXPRESSÃO
CRIMINALIZAÇÃO DO DISCURSO
POLÍTICA: FERRAMENTA DE ÓDIO RACIAL
TECNOLÓGICA NEUTRA
NA PROPAGANDA
OU PLATAFORMAPOLÍTICO-ELEITORAL
VIRTUAL EDITORIAL?
RESUMO:
RESUMO
O presente artigo apresenta uma crítica ao controle do discurso de ódio racial pela via
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
da criminalização. Em tal tarefa, serão trabalhadas teorias criminológicas tradicionais
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
(positivistas) e a criminologia crítica para apresentar ao leitor uma síntese dos
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
principais pontos da crítica ao funcionamento das instituições penais. Além disso,
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
serão expostas com especial enfoque as críticas que relacionam a atuação do poder
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
punitivo e a opressão de uma raça por outra para alcançar o principal problema
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
apontado pela criminologia crítica nas propostas de utilização do poder punitivo
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
como forma de mudar uma realidade opressora: o caráter intrinsecamente opressor
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
do poder punitivo. Expostas as questões gerais do poder punitivo, serão analisados,
propõe a responder.
também sob dois prismas distintos (favorável e contrário ao controle do discurso
de ódio), os efeitos políticos do controle penal do discurso de ódio racial buscando
1. identificar se os argumentos da criminologia crítica podem ser transportados para
INTRODUÇÃO
a esfera da política eleitoral a fim de estabelecer posição sobre o assunto. Ao final,
Apesar
serão de nãoalgumas
apontadas ter sidosoluções
criado como um instrumento
de acordo com as críticaspolítico, logo no seu início
aqui desenvolvidas.
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
1 classificar
CRIMINOLOGIA
quem eraCRÍTICA
“hot” ouE RACISMO
não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
sexualmente atraentes.
1.1 Breve apresentação da criminologia crítica
Depois que seus
Tradicionalmente criadores acessaram
a criminologia a rede
é conceituada de um
como segurança
ramo dasdaciências
universidade e cap-
criminais
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
que estuda as causas da prática de conduta criminosa, visão que tem origem na escola
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
positivista de criminologia.
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
Especificamente
inconformados comno que tange do
o resultado à construção do sistema
pleito nas eleições penal e da criminologia
presidenciais dos Estados posi-
Unidos,
tivista, o elemento racial tem papel central dentro desta escola que busca analisar o crime
por uma ótica causal-explicativa, aparecendo na obra de autores como Cesare Lombroso83
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
83 LOMBROSO,
de Minas Gerais.
Cesare.Currículo
O homem lattes:
criminoso.
http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Tradução de Maria Carlota Carvalho Gomes. Rio de Janeiro: Rio,
1887.
Endereço eletrônico: [email protected]
TORRES,
GRADIM, DiogoAléxia Duarte.Viabilidade
Fernandes. Facebook, daliberdade de progressista
utilização expressão e política: ferramentado
da criminalização tecnológica neutra
discurso de ódioou plataforma
racial virtual editorial?
na propaganda 43
In: PEREIRA,
político eleitoral.
Rodolfo Rodolfo
In: PEREIRA, Viana (Org.). DireitosDireitos
Viana (Org.). políticos, liberdade
políticos, de expressão
liberdade e discurso
de expressão de ódio.
e discurso Volume
de ódio. I. Belo
Volume Horizonte:
II. Belo Horizonte:IDDE,
IDDE,2018.
2018.p.p.07-33.
43-66.ISBN
ISBN978-85-67134-05-5
978-85-67134-06-2.. Disponível
Disponívelem:
em:<https://goo.gl/g4e2Gy>
<https://doi.org/10.32445/97885671340623>
EOna ÃSSERe P
Europa XERodrigues
Nina ED ED 84
A
noD REBcomo
Brasil IL ,um
KOelemento
OBECdeAFidentificação do criminoso.
ARÉTimportante
UEN Aidentificar
CIGÓLaO centralidade
NCET AdoTN elemento
EMAR racial
REna F criminologia
:ACITÍLO positivista
P porque
grande parte das políticas criminais são formuladas ainda com base nesta visão que cen-
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
traliza o indivíduo infrator e as causas do crime.
,ARIE44
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
entre todosFACEBOOK, LIBERDADE
os indivíduos que realizam DE EXPRESSÃO
infrações a normas penalmente sancio- E
nadas. A criminalidade é – segundo uma interessante perspectiva já indicada
POLÍTICA: FERRAMENTA
nas páginas anteriores TECNOLÓGICA
– um “bem negativo”, NEUTRA
distribuído desigualmente confor-
me a hierarquiaOU PLATAFORMA
dos interesses fixada no VIRTUAL
sistema EDITORIAL?
sócio-econômico e conforme
a desigualdade social entre os indivíduos.88
Vera Malaguti extrai da obra de Alessandro Baratta que “a função simbólica da pena
e a punição de ‘certos comportamentos’, sobres os quais a dor é infligida, apenas serve
de cobertura ideológica para os mecanismos de controle social duro sobre as classes
perigosas”89. Aléxia Duarte Torres1
A criminologia crítica promove uma desconstrução do crime como algo natural e
da pena como uma resposta óbvia à conduta desviante, resposta essa que é pretendida
também por muitos movimentos que buscam alteração da atual relação de forças existente
RESUMO
na sociedade (desigualdade de gênero e de raça, por exemplo).
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
A partir da criminologia
um tempo crítica,
cada vez maior dapercebe-se que ode
vida de milhões poder punitivoe é,
brasileiros intrinsecamente,
indivíduos ao redor do
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado.
opressor e gerador de desigualdade e a sua demanda seria uma espécie de “cobertura Sua atuação
no cenário
ideológica”90 políticoatem
que encobre ganhado da
reprodução destaque e suas
realidade políticas
social de restrição
já existente de conteúdo
com todas suas e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
desigualdades.
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
1.2 Racismo
mesmoestrutural e sistema penal
espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
propõe a responder.
O deslocamento do objeto de análise da criminologia da justificativa causal-explicati-
va do fato imputado como criminoso para o processo de criminalização de condutas e para
a análise de comportamentos desviantes para além da esfera criminal será aqui utilizado
1. INTRODUÇÃO
para analisar o racismo enquanto discurso de ódio praticado no âmbito do discurso político
(eleitoral ou não).de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
Apesar
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
Nesse contexto, serão tratadas apenas condutas de injúria qualificada por racismo e
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
em tese enquadráveis na previsão do art. 140, § 3º, do Código Penal, e o art. 20, caput, da
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
Lei nº 7.716/1989, afastando-se os demais tipos previstos na Lei nº 7.716/1989, por não
sexualmente atraentes.
se tratar de condutas que podem ser entendidas como discurso.
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
88 a BARATTA,
trocar asAlessandro.
suas fotos por imagens
Criminologia com do
crítica e crítica textos
direitode protestos
penal: introduçãoou que expressavam
à sociologia suas
do direito penal.
3. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2002.
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
89 BATISTA, Vera Malaguti. Introdução crítica à criminologia brasileira. Rio de janeiro: Revan, 2011.
90 inconformados com ocom
Em metáfora que dialoga resultado do pleito
a astrofísica, nas eleições
a socióloga presidenciais
Sabrina Fernandes dos
explica que há Estados
“buracos deUnidos,
mi-
nhoca ideológicos” que encurtam o espaço entre esquerda e direita. Nas palavras da socióloga, “quanto a
esquerda faz uma defesa de esquerda mas se apropria de táticas mais coerentes com um projeto de direita,
isso cria algo como uma junção, um buraco de minhoca que dobra o tecido ideológico ao invés de o espaço-
1 -tempo
Mestranda em Direito
na astrofísica. Napela Universidade
teoria, quando seFederal de Minas
pensa em viagemGerais – Programa
pelo universo, umadedas
Pós-Graduação
possibilidadesdaseria
Faculdade
o
de Direito
tal buraco de da Universidade
minhoca, Federal
que seria de Minasum
praticamente Gerais.
buracoGraduada
de duas em Direito
bocas que pela Pontifícia
formaria Universidade
um atalho Católica
entre regiões
de Minas
distintas Gerais. Currículo
do universo”. lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
JUSTIFICANDO. Buracos de minhoca ideológicos: o punitivismo. 2017. Disponível em:
Endereço eletrônico: [email protected]
<https://www.youtube.com/watch?v=5GnTS2eOPOA&t=317s>. Acesso em: 3 dez. 2017.
45
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSTambém
SERPXseEfazEnecessária
D EDAD REressalva
uma BIL ,K OOao
quanto BEconceito
CAF de racismo. Não obstan-
ARteTvariados
UEN A conteúdos
CIGÓsemânticos,
LONCETracismoATNE será
MAconsiderado
RREF :Aaqui CIcomo
TÍLOumPfenômeno so-
cial que vai além da concepção biologizante, sendo caracterizado também pela sua origem
?LAIROTIDE 91LAUTRIV AMROFATALP UO
social e histórica , destacando que o conceito de raça será utilizado apenas na sua forma
sociológica e ressaltando as críticas pertinentes sobre o conceito biológico92.
,ARIE46
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
Foucault chama de poder FACEBOOK, LIBERDADE
punitivo, uma ideia muito DE
mais densa que a deEXPRESSÃO
sistema penal”96. E
A criação de uma estrutura que,FERRAMENTA
POLÍTICA: dado um comportamento desviante, afasta da solução
TECNOLÓGICA NEUTRA do
conflito a vítima e centra na pessoa do ofensor a reprimenda promove a despolitização da
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
questão e a subjetivação do conflito.
47
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSVê-se
SERPque XEhá,Emesmo
D EDA àD
luzRda
EB IL ,KOOcrítica,
criminologia BECque AF incorpora críticas a uma
ARrelação
TUEN de poder
ACIG consolidada,
ÓLONCpermanece
ET ATNa Ecrítica
MAde RRque
EFa questão
:ACITracial
ÍLOnãoP teve dado o
espaço devido nem teve reconhecida proximidade entre racismo e poder punitivo. Tal crítica
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
coloca ainda mais problemas na proposta de criminalização do racismo, posto que se trata
de uma ampliação do poder punitivo com todas as suas implicações.
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
.8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
99 PIRES, op. cit., p. 11 e 12. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE48
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
2. FACEBOOK,
EFEITOS DA CRIMINALIZAÇÃO LIBERDADE
DO DISCURSO DE ÓDIO NADE EXPRESSÃO
POLÍTICA E
2.1 POLÍTICA:
Impulsionamento FERRAMENTA
de candidaturas de réus TECNOLÓGICA NEUTRA
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
Exposição de estudos em que foi trabalhado o efeito negativo da utilização do sistema
de justiça criminal no combate aos discursos de ódio de um modo geral.
Conforme trabalhado por Heli Askola em Taking the bait – impacts of prosecuting
politician, o processo criminal e, em especial, sua intensa exposição midiática podem ter
o efeito de dar visibilidade a atores políticos com posições extremadas e propiciar a suas 1
Aléxia Duarte Torres
falas um alcance que não teriam. Com o aumento de visibilidade, é possível que partidários
dos mesmos ideais se agrupem em torno da figura mais conhecida, fazendo com que seu
capital político-eleitoral seja substancialmente expandido. Esta é uma das explicações da-
das para oRESUMO
crescimento eleitoral de Halla-aho, político de pouca expressão na Finlândia que,
após provocar intencionalmente
A missão o cheferede
explícita do Facebook, do Ministério
social que Público local, foioprocessado
tem conquistado crimi-
coração e consumido
nalmente.um O candidato
tempo cada quevez
nãomaior
conseguira
da vidaviabilizar
de milhõescandidaturas competitivas
de brasileiros a uma
e indivíduos vaga do
ao redor
no legislativo municipal
mundo, conseguiu
é manter o mundoalcançar uma vaga
mais aberto, no parlamento
conectado nacional,
e civilmente crescimento
engajado. Sua atuação
também experimentado por seu
no cenário político tem partido.
ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
Uma outra possível explicação ao argumento de que o controle do discurso de ódio
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
pode fortalecer os atores que o praticam é a possibilidade de construção de uma narrativa
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
de perseguição política com base no conteúdo de fala. Nem sempre as falas são claramente
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
caracterizadas como criminosas e, sabendo dessas zonas cinzentas, os atores políticos po-
propõe a responder.
lêmicos valem-se dessa disputa de interpretação para manifestarem suas opiniões de forma
indireta ou sutil e, quando atacados pelo aparato jurídico, negarem o caráter odioso de suas
1. e construírem
falas INTRODUÇÃO uma narrativa vitimista. Heli Askola vê no caso Halla-aho esse elemento,
sobretudo diante do resultado final condenatório de seus processos. A absolvição pode ser
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
vista, também, como chancela do Estado para discursos abjetos, ou no limite da tolerância
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
com discursos de ódio.
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
classificar quemfirma
Askola não era posição
“hot” ougeral
não, sobre
uma palavra
a questãoem do
inglês usadadopara
controle designar
discurso de pessoas
ódio,
sexualmente atraentes.
destacando a importância que o contexto político tem nos efeitos que o controle pode gerar.
Depois no
Pensando quecontexto
seus criadores acessaram
brasileiro, o deputadoa Jair
redeMessias
de segurança da universidade
Bolsonaro e cap-
é um dos atores
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários
políticos que mais se envolve em polêmicas acerca de discurso de ódio na atualidade. começaram
a trocar as
O deputado suas 111.927
obteve fotos porvotos
imagens com 100
em 1994 textos de protestos
, 102.893 ou 1998,
votos em que expressavam suas
88.945101 nas
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte
eleições de 2002, 99.700 votos nas eleições de 2006, 120.646 votos nas eleições de de indivíduos
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
1001 TSEMestranda
(Tribunal em
Superior
DireitoEleitoral). EstatísticaFederal
pela Universidade de candidatos
de Minas–Gerais
Rio de– Janeiro.
Programa2002. Disponível emda
de Pós-Graduação <http://
Faculdade
www.tse.jus.br/eleitor-e-eleicoes/eleicoes/eleicoes-anteriores/eleicoes-1994/estatistica-de-candidatos-por-
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
-estado/estatistica-de-candidatos-rio-de-janeiro>. Acesso em: 20 jan. 2018.
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço eletrônico: [email protected]
101 Ibidem.
49
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃS102SeE464.572
2010 RPXE votos
ED emED2014
AD103
R.EABtrajetória
IL ,KO OBECdaAvotação
completa F do candidato que é
ARum
TUpersonagem
EN ACIfrequente
GÓLOem NCprocessos
ET ATN cíveis
EMeAcriminais
RREF que envolvem
:AC ITÍLOdiscurso
P de ódio
contra mulheres, negros e membros da comunidade LGBT é também ambígua, posto que
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
não apresenta desde sua primeira eleição em 1994 somente crescimento.
,ARIE50
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
textos nesse sentido é deFACEBOOK, LIBERDADE
autoria de Maria Lúcia DEcomo
Karam, que define EXPRESSÃO
“esquerda pu- E
nitiva” a pretensão de, mantendo
POLÍTICA: o posicionamento crítico
FERRAMENTA em relação à atuaçãoNEUTRA
TECNOLÓGICA do poder
punitivo, redirecionar seus ataques também aos poderosos e privilegiados de modo a bus-
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
car maior isonomia nos resultados de sua atuação. O texto tem forte tom de crítica a essa
ideia e serve de fundamento teórico para que grande parte dos adeptos da criminologia
crítica rejeitem propostas de grupos feministas e ativistas negros de utilização do sistema
de justiça criminal na defesa de seus interesses. Nas palavras da autora:
51
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSTal SEcrítica
RPXéEtrabalhada
ED EDpor AD REBIacadêmicos
diversos L ,KOOestudiosos
BECAF de criminologia que rejei-
ARtam
TUo Etransplante
N ACIG daÓcriminologia
LONCEcrítica,
T ATdemandando
NEMARRumaEF maior
:ACIimportância
TÍLOP às questões
de raça e de gênero, por exemplo. No feminismo é dito que “a crítica feminista à crimi-
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
nologia (ortodoxa e crítica) provocou verdadeira ‘ferida narcísica’, pois não apenas deu
visibilidade à violência praticada pelos homens contra as mulheres, mas apresentou as me-
tarregras sexistas que orientam a elaboração, a aplicação e a execução do direito (penal),
bem como expôs a lacuna das investigações críticas em relação ao caráter falocêntrico do
sistema penal”108.
1
serroT etrauD aixélA
No âmbito da questão racial, o local é ainda mais relevante, posto que a formulação
europeia da criminologia crítica não abrange o processo de formação da sociedade brasi-
leira, no qual tanto o processo de dominação feito durante o período da escravidão como
OMUSER
o processo de dominação levado a efeito após a abolição são elementos centrais do modo
odimdeusfuncionamento
noc e oãçaroc odoodpoder
atsiuqpolítico
noc meteeutambém
q laicos do
edepoder
r ,koobpunitivo
ecaF odnoaticBrasil.
ílpxe oLeonardo
ãssim A Ortegal
od destaca
roder oa que
soud“para
ívidniaecriminologia
sorielisarb edcrítica,
seõhlifundamentada
m ed adiv ad roem iamuma
zev perspectiva
adac opmetanalítica mu con-
oãçsiderada
auta auS marxista,
.odajagne aetquestão
nemlivic racial,
e odatcsuas
enocdesigualdades
,ot reba siam oednoum o r e t n a m é , o
próprio racismo, parecemd n um agir
e odcomo
úetnoelementos
c ed oãçirtssecundários
er ed sacitílonos
p saprocessos
us e euqatsde edcriminalização
odahnag met oecviolência
itílop oirándos ec osujeitos”
n 109
.
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop soAdiomissão
t rap e sotado
didcolonialismo,
nac ,setnerefid desconsiderando
sacitílop seõsiV ?a-aoddiferença
nazilartnecde
uo analisar
oãçamrofaniatuação
a do
o mpoder
eussopunitivo
p koobecem aF uma
od sosociedade
iránoicnufnae speriferia
erodadneufnão
sodemsauma
iedi ssociedade
a moc megcentral
revid e(europeia
uq ou
norte-americana), é um outro problema de importar a criminologia crítica
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem nos exatos termos
em que formulada, já que sua principal contribuição é exatamente .redanalisar
nopser aoeprocesso
õporp social
de criminalização de condutas. Eugênio Raúl Zaffaroni propõe uma criminologia marginal
adequada à realidade de países latino-americanos que, assim como o Brasil, situam-se em
OÃÇUDORTNI .1
um contexto periférico do poder mundial.
oicíni uesAlém
on odisso,
gol ,ocoitílcontinente
op otnemuafricano
rtsni mu éoelemento
moc odaircentral
c odis para
ret oãanrelação
ed rasecolonial,
pA es-
,”hspecialmente
amecaF“ o no omBrasil,
oc etnedaí
mladecorrendo
nigiro odairoutra
C .laicimportante
netop ues deficiência
od satsip ada vadcriminologia
áj koobecaFcrítica
o
oiráortodoxa.
usu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
Além da crítica de que há uma supervalorização do aspecto .seeconômico
tnearta etnedemlinfluência
auxes
marxista na criminologia crítica, fazendo com que promova uma leitura incompleta sobre-
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
tudo em sociedades como a brasileira, em que a questão racial tem importância autônoma
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
em relação à questão econômica, há também o argumento de que a questão econômica e a
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
souquestão
dívidni eracial
d et rse
ap misturam
rop lfi repnoodBrasil,
otof fazendo
ed saçncomadumque
sà ardistribuição
alimis ogla desigual
,sacitílopdos
seõmeios
inipo de
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodamrofnodiz
produção seja feita com base em critérios racistas e homofóbicos. Camila Prando cnique
“A divisão social do trabalho é também uma divisão racial e sexual, assim como a hetero-
edad108
lucaFCAMPOS,
ad oãçaudCarmen
arG-sóPHein
ed amde;arCARVALHO,
gorP – siareGSalo.
saniM Tensões
ed lareatuais
deF edentre
adisreavicriminologia
nU alep otierifeminista
D me adnearatscriminologia
eM 1
acilótaC edcrítica:
adisrevainexperiência
U aicífitnoPbrasileira.
alep otieriIn:
Dm CAMPOS,
e adaudarCarmen Hein
G .siareG sande
iM(Org.).
ed lareLei
deFMaria
edadisdarevPenha
inU adcomentada
otieriD ed em uma
perspectiva jurídico-feminista.
.81350Rio565de
661Janeiro:
84752/rLumen
b.qpncJuris,
.settal/2011,
/:ptth :p.143-172.
settal olucírruC .siareG saniM ed
109 ORTEGAL, Leonardo. Cadernos do CEAS, Salvador, n. 238, moc.p.lia527-542,
[email protected] :ocinôrtele oçerednE
,ARIE52
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
normatividade regula um modelo LIBERDADE
hegemônico de DE
família que delimita EXPRESSÃO
o âmbito de circulação E
de riqueza e distribuição
POLÍTICA: de propriedade”110
FERRAMENTA . TECNOLÓGICA NEUTRA
OU PLATAFORMA
Essa nova corrente, posicionando-se VIRTUAL
de forma crítica à criminologiaEDITORIAL?
que se propõe
crítica, pretende reabrir o debate em relação à atuação do sistema de justiça criminal na tu-
tela de seus interesses a partir dessa reconstrução da criminologia crítica de uma perspecti-
va de um país periférico e também da perspectiva de grupos tradicionalmente afastados dos
lugares tradicionais de produção de conhecimento como a academia, por exemplo. Ainda
segundo essa concepção, a criminologia crítica, apesar de se oporAléxia Duartepositi-
à criminologia Torres1
vista de Cesare Lombroso e, no Brasil, de Nina Rodrigues , não promoveu a adequada
111 112
O reposicionamento
RESUMO da questão racial na criminologia é apontado como providência
central para a análise da atuação do poder punitivo não somente para promover uma críti-
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
ca decorrente dos resultados
um tempo práticos
cada vez maior da desiguais, mas também
vida de milhões porque
de brasileiros tradicionalmente
e indivíduos ao redora do
criminologia foi totalmente
mundo, é manter oconstruída
mundo mais a partir deconectado
aberto, um conceito biologizante
e civilmente de raça,
engajado. Suasendo
atuação
também nesse modo estruturada a atuação do poder punitivo. É importante ressaltar
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo que, e
tendo empersonalização
vista que a criminologia
de algoritmo positivista
continuam atinha
gerarcomo objeto
polêmicas. de estudo
Estaria o criminoso
o Facebook ea
democratizando
causa do acrime, suas ou
informação pesquisas serviamVisões
centralizando-a? de base para adiferentes,
políticas atuação das instituições
candidatos do poder
e partidos políticos
punitivo. que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
Retomar esse processo histórico de construção da criminologia e entender a influ-
propõe a responder.
ência de teorias racistas é necessário para que se promova um sistema de justiça criminal
minimamente adequado a uma sociedade democrática e ao constitucionalismo democrá-
tico1.de direito.
INTRODUÇÃO
Evandro
ApesarPiza
de Duarte
não terestudou detalhadamente
sido criado como um ainstrumento
influência de autoreslogo
político, positivistas
no seu nainício
o Facebook
criminologia já davasobretudo
brasileira, pistas do Nina
seu potencial.
Rodrigues.Criado originalmente
Inicialmente como o as
o autor trabalha “Facemash”,
pesqui-
sasoque
software colocava
culminaram no fotos
própriodos estudantes
conceito de Harvard
de raça e destacalado a lado
a sua e permitia
fragilidade, nãoaosendo
usuário
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra
solidamente fundamentadas mesmo para a ciência da época. em inglês usada para designar pessoas
sexualmente atraentes.
O autor, ao tratar sobre a construção do conceito de raça, identificou que não havia,
mesmo naDepois
épocaque seusfoicriadores
em que acessaram
desenvolvido, a rede
indícios de poderia
de que segurança
ser da universidade
sustentado e cap-
um con-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
ceito biológico de raça, afirmando expressamente que “desde o seu surgimento, a raça foi
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
um conceito político, servia para justificar relações de poder”114. Ainda segundo o autor, o
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
conceito deve ser compreendido a partir da funcionalidade para a qual foi criado:
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
53
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSSERPXNesse
E ED EDA
sentido, DREdeBvisa
o ponto IL ,adotado
KOOéBoEdeCcompreender
AF “raça” como uma
categoria sociológica complexa e historicamente construída (raça como dispo-
ARTUEN ACsitivo);
IGÓLportanto,
ONCE T ATaNuma
opõe-se EMteoria
ARRdas EFraças
:ACdeITcunho
ÍLObiologicista
P e, ao
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
mesmo tempo, a uma posição teórica que coloque o estudo sobre as práticas
raciais como secundárias diante de outras práticas de exclusão presentes nas
sociedades modernas.
,ARIE54
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
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FACEBOOK,
danos sofridos LIBERDADE
por pretos e pardos DE EXPRESSÃO
tradicionalmente submetidos a uma imagem E
depreciativa sobre si mesmos, além de chamar a atenção para o fato de que o
POLÍTICA: FERRAMENTA
sofrimento gerado por essa condição, aoTECNOLÓGICA
invés de aprisionar esses NEUTRA
grupos em
uma condição OU PLATAFORMA
social degradante, impele-os a VIRTUAL EDITORIAL?
resistir contra ela.117
Além da análise das leis que criminalizam o discurso racista sob o ponto de vista
RESUMO
da atuação do poder punitivo, é possível também analisar o espaço que o tema tem na
sociedadeA que
missão explícita
gerou do Facebook,
a aprovação da lei,rede
bemsocial
como queotem conquistado
debate posterioro àcoração e consumido
sua aprovação.
Sob esse ponto de vista, podemos enxergar um aumento do debate sobre o temaao
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos redor do
a ponto
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
de conseguir ressonância e aprovação no Congresso Nacional.
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
Felipe Gonçalves de
personalização Silva, Martacontinuam
algoritmo Rodrigueza gerar
de Assis Machado
polêmicas. e Rúrion
Estaria Melo,democratizando
o Facebook em artigo
intitulado a“Ainformação
esfera pública e as proteções
ou centralizando-a? legais
Visões antirracismo
políticas diferentes,no Brasil” destacam
candidatos que
e partidos políticos
“muitas das demandas formuladas pelos movimentos antirracistas alcançaram os debates o
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem
legislativosmesmo
e, em espaço
algumase visibilidade na plataforma?
oportunidades, como visto,Essas são asna
resultaram questões
criaçãoque esse artigo se
e modificação
propõe a responder.
de institutos jurídicos no direito positivo brasileiro”. 119
55
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO3. Ã
S(IM)POSSIBILIDADE
SERPXE ED ED DEAAPLICAÇÃO
DREBILDO ,KRACIOCÍNIO
OOBECA DEFRACISMO ESTRUTURAL
AR TUENONÂMBITO
ACIGPOLÍTICO
ÓLONCET ATNEMARREF :ACITÍLOP
?L3.1
AIR O TIDEpolíticos
Reflexos LAUTdo RIracismo
V AMestrutural:
ROFATAsub-representação
LP UO de não brancos
e utambém
odim snoc e oãFlávia
çaroc Rios,
o odatAna
siuqnClaudia
oc met ePereira
uq laicoes ePatrícia
der ,kooRangel
becaF od ,attendo
121
icílpxeambos
oãssim os
A estudos
mencionado a relativa maior produção acerca da sub-representação feminina.
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
oãçauta auASprópria
.odajagausência
ne etnemde livicdados
e odaacerca
tcenoc ,da ot rcor
eba dos
siamcandidatos
odnum o rera etnaumm égrande
,odnumempecilho
e odàúrealização
etnoc ed ode ãçirestudos
tser ed squantitativos
acitílop saus acerca
e euqatsda edcomposição
odahnag metdos ocitpolíticos,
ílop oiránesobretudo
c on não
odneleitos,
azitarcom e d ko ob e caF o aira tsE .s acim ê lo p rareg a m a unitnoc om tirog la ed oã
já que o Tribunal Superior Eleitoral apenas nas eleições de 2014 incluiu tópico sobreç azilano s rep
socaitílcor
op sdos
odit racandidatos
p e sotadidnpor
ac ,smeio
etnereda
fid autoclassificação.
sacitílop seõsiV ?a-oAdnvantagem
azilartnec udeo outilizar
ãçamrodados
fni a produ-
o mzidos
eussoap partir
koobeda caFautodeclaração
od soiránoicnuou f e autoclassificação
serodadnuf sod saéieadipossibilidade
sa moc megrde evidrealizar
euq análise
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
comparativa com os dados do IBGE, que são obtidos também a partir da autoclassificação.
.rednopser a eõporp
Com base nesses dados, observa-se que foram eleitos para o Congresso Nacio-
nal, em 2014, 432 (80%) pessoas brancas e 108 (20%) pessoas não brancas (negras e
pardas)122. OÃÇUDORTNI .1
oicíni uesAnalisando
on ogol ,oos citíldados
op otnda
emutotalidade
rtsni mu dos
omocandidatos,
c odairc odiobserva-se
s ret oãn edque rasaepdisparidade
A
,”hsaumenta
amecaF“após o omo oresultado
c etnemladasnigieleições,
ro odairCjá.lque
aicneentre
top uoestotal
od de
satcandidatos
sip avad ájhouve
koobe58,1%
caF o de
oirábrancos,
usu oa a41%itimrede
p pardos
e odal ae onegros,
dal dra0,5%
v raH de
ed amarelos
setnadutse 0,3%sod sdeotoindígenas.
f avacoloc erawt fos o
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
Já nas eleições municipais de 2016, a disparidade foi bem menor, havendo entre os
.setnearta etnemlauxes
eleitos 53,68% de brancos e 35,56% de pardos e pretos.123
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
Bueno e Dunning realizaram testes empíricos nas cidades de Salvador e Rio de Ja-
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
neiro utilizando atores brancos e negros que fizeram discursos e concluem que não houve
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
soudiferenciação
dívidni ed et rsignificativa
ap rop lfi repela
p odpopulação,
otof ed sade çnmodo
adum que sà raadisparidade
limis ogla ,de
sacrepresentação
itílop seõiniponão
,sod120
inU CAMPOS,
sodatsELuizsodAugusto;
siaicneMACHADO,
diserp seCarlos.
õçieleAscor
an dos
otieeleitos:
lp od odeterminantes
datluser o da
mosub-representação
c sodamrofnocpolítica
ni
dos não brancos no Brasil. Revista Brasileira de Ciência Política, n. 16. Brasília, jan./abr. de 2015, p. 121-151.
121 RIOS, Flávia; PEREIRA, Ana Claudia; RANGEL, Patrícia. Paradoxo da igualdade: gênero, raça e democracia.
edadlucaFCienc.
ad oãçCult.,
audarSãoG-sóPaulo,
P ed av.
ma69,
rgon.rP 1,
– sjan./mar.
iareG san2017.
iM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló122
taC edCAMPOS;
adisrevinUMACHADO,
aicífitnoP aop.
lep cit.,
otierp.iD 121-151.
me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
123 TSE. Estatísticas eleitorais..8135Disponível
056566184em: 752/<http://www.tse.jus.br/eleitor-e-eleicoes/estatisticas/eleicoes/
rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
eleicoes-anteriores/estatisticas-eleitorais-2016/resultados>. moc.liAcesso
amg@oem: tuda21ixeljan.
a :oc2018.
inôrtele oçerednE
,ARIE56
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
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se dá por um critério racialFACEBOOK, LIBERDADE
do eleitorado124, atribuindo a diferença DE EXPRESSÃO
ao sistema eleitoral e às E
estruturas partidárias.
POLÍTICA: FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA
Luiz Augusto Campos eOU CarlosPLATAFORMA
Machado, ao analisarVIRTUAL
o desempenhoEDITORIAL?
eleitoral e a ca-
pacidade de captar financiamento para campanha de candidatos brancos e não brancos nas
eleições de 2012 nos municípios de Rio de Janeiro e São Paulo,125 obtiveram dados apon-
tando que brancos captam mais recursos que negros, assim como obtêm maior votação.
No entanto, ao cruzarem esses dados com os de sexo e instrução formal, os autores con-
cluíram que esses fatores têm maior influência que a cor isoladamente126
. Destaque-se
Aléxia que 1
Duarte Torres
nos 10% com maior arrecadação, há diferença significativa entre brancos e não brancos.
57
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO3.2Ã SRedução
SERPXda E opressão
ED EDdeAD REparte
uma BILda,K OOBEsobre
população CAF outra à ofensa individual
ARTUEAN AC
atual IGÓacadêmica
crítica LONCEsobre
T AasTNanálises
EMAR doRpoder
EF :punitivo
ACITÍbaseadas
LOP em teorias
?Lmarxistas
AIROTIdenuncia
DE LAaUrelegação
TRIV AaM ROFplano
segundo ATALdaPquestão
UO racial. Tal crítica coloca em
cheque a ideia de que o critério central do maior peso com que o poder punitivo atinge
determinados grupos é a distribuição dos meios de produção, ou seja, utiliza um conceito
economicista de classe que não seria uma variável com a mesma importância no contexto
brasileiro.
1
serroT eAtrmudança
auD aixepistemológica
élA na análise da atuação do poder punitivo ainda não trouxe
resultados conclusivos acerca da possibilidade de utilização do poder punitivo na tutela de
direitos de não brancos.
129 BATISTA, Nilo. Um oportuno estudo para tempos sombrios. In: Discursos sediciosos – crime, Direito e socie-
edadlucaFdade,
ad oãn.
çau2.daRio
rG-de
sóPJaneiro:
ed amaInstituto
rgorP – sCarioca
iareG sade Criminologia,
niM ed laredeF e1996.
dadisrep.vi302
nU aapud
lep otBATISTA,
ieriD me aop.
dnacit.
rtseM 1
aciló130
taC edMELCHIOR,
adisrevinU aPedro
icífitnAntônio;
oP alep oCASARA,
tieriD me Rubens
adaudarGRoberto
.siareGR.saTeoria
niM eddolaProcesso
redeF edadPenal
isreviBrasileiro.
nU ad otieRio
riD ede
d Janeiro:
Lumen Juris, 2013, p. 565 .813apud
5056BATISTA,
5661847op.
52/rcit.
b.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
131 BATISTA, op. cit., 2014. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE58
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
o Estado, lidando de formaFACEBOOK,
hierarquizada com LIBERDADE
o infrator, promoveráDEumaEXPRESSÃO
busca da verdade E
em que a cidadania e a subjetividade
POLÍTICA: do acusado passam
FERRAMENTA a ser consideradas NEUTRA
TECNOLÓGICA apenas na
atribuição de culpa ao final do processo, desconsiderada a titularidade de sujeitos perante o
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
Estado investigador. Nas palavras da autora carioca:
Sai a figura da vítima e entra em cena aquele que acusa em nome do Estado. A
gestão horizontal da conflitividade é substituída por uma gestão vertical e hie-
rarquizante que funda o que Foucault chama de poder punitivo, uma ideia muito
mais densa do que a de sistema penal. O tribunal da Inquisição vai imprimir
uma nova atitude para determinar a “verdade”. Esse método Aléxia Duarte Torres
de averiguação por 1
quem exerce o poder vai produzir a objetificação do pecador/criminoso. Esta
objetificação produz subjetivações que reaparecerão no positivismo criminoló-
gico da virada do XIX para o XX. A partir da possibilidade técnica de domínio,
RESUMO são desenvolvidas técnicas de interrogatório, diagnósticos e principalmente a
construção da identidade criminosa. Como na Inquisição, a Criminologia posi-
tivista
A missão vai sedo
explícita fazer valer darede
Facebook, confluência
social quedostemdiscursos médicos
conquistado e jurídicos
o coração para
e consumido
a produção
um tempo cada vezdo maior
sujeitodaculpável,
vida deaquele
milhõesforjado na confissão,
de brasileiros estabelecida
e indivíduos pelo do
ao redor
mundo,IVéConcílio
manter odemundo
Latrão.mais
O dispositivo da confissão
aberto, conectado permitiu engajado.
e civilmente um assujeitamento
Sua atuação
coletivo a partir de um procedimento individualizante na direção do controle do
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
corpo e do desejo (aquilo que buscam os publicitários…).132
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
a informação
O principal ou centralizando-a?
problema enfrentado nesteVisões políticas
artigo está diferentes,
diretamente candidatos
ligado a eesta
partidos políticos
mudança
na gestão do conflito social operada no século XVIII e que perdura até hoje. O chamado en- o
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem
mesmo
cobrimento espaço e visibilidade
da conflitividade na plataforma?
social geraria também uma Essas são as questões
despolitização que esse
da questão artigo se
criminal
propõe a responder.
ao regular o conflito por meio da criminalização, despolitização esta gerada pela retirada
da vítima, personagem principal na disputa política pela igualdade racial, centrar o debate
na qualificação
1. da conduta do réu em criminosa ou não criminosa, afastando assim a face
INTRODUÇÃO
estrutural e mesmo institucional (com atuação das instituições estatais).
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
o Facebook já Vera
Novamente davaMalaguti,
pistas donoseu
seupotencial.
estudo sobre uma
Criado releitura de Foucault
originalmente como o a“Facemash”,
partir da
perspectiva periférica, aponta que “Talvez a grande contribuição desses ditos e
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário escritos seja
a politização
classificar da questão
quem criminal,
era “hot” comouma
ou não, resistência à criminalização
palavra em inglês usada da parapolítica”.133
Daí a
designar pessoas
ideia de que, mesmo
sexualmente acatando as críticas feitas à criminologia crítica de que há subvalori-
atraentes.
zação da questão racial, permanece ainda a consequência de despolitização que a própria
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
estruturação do processo penal promove.
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
a trocar as suas
Tratando-se defotos por imagens
propaganda com
eleitoral, quetextos de protestos
tem como principal ou que expressavam
objetivo a promoção de suas
umopiniões políticas,
espaço onde algo similar
a pluralidade àspossa
política mudanças de foto
aparecer, doesse
reduzir perfilespaço
por parte de indivíduos
justamente reti-
inconformados
rando do ofendido ocom o resultadona
protagonismo dodisputa
pleito nas eleições
é fator presidenciais
que devemos dos Estados
ficar atentos Unidos,
ao discutir
o assunto. Precisamos ter em mente ainda que o discurso de ódio racial possui, inevita
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
132 Ibidem.
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço eletrônico: [email protected]
133 Ibidem.
59
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSEcaráter
velmente, RPXEdeEdisputa
D EDpolítica,
ADRjáEB ILse,K
que OO
trata de B ECelite
uma AFbranca buscando reforçar
ARhierarquia
TUENsocialACIeGmanter
ÓLOoNacesso
CETprivilegiado
ATNEMque ARpossui
REF a:Apoder
CITeconômico
ÍLOP e político.
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
3.3 Reflexos da atuação do poder punitivo racista na sub-representação
de não brancos
O racismo estruturou não somente o poder punitivo, que esconde sua faceta política,
mas também sistemas econômicos e o próprio sistema de representação política ao distri-
1 buir os papéis de forma desigual utilizando como critério distintivo a raça em seu conceito
serroT etrauD aixélA
sociológico. Thula Rafaela Pires destaca em sua tese de doutorado que não somente du-
rante o período da escravidão, mas a desumanização e a construção da imagem de pardos
e negros como perigosas perdurou durante a República. Diz a autora:
OMUSER
Todo o processo de desumanização dos pretos e pardos, forjado como con-
odimusnoc e oãçarodição c o odde
atsmanutenção
iuqnoc met eudo q lmodelo
aicos edescravista,
er ,koobecavai
F odsofrendo
aticílpxe ressignificações
oãssim A ao
od roder oa soudívilongo dni e da
sorprimeira
ielisarb eRepública
d seõhlime da ed Era
adivVargas
ad roicom
am zaevcristalização
adac opmedo t mnegro
u como
oãçauta auS .odajaganimageme etnemldoivicdelinquente,
e odatcenocdo,ocriminoso,
t reba siam daquele
odnum oque retameaça
nam é ,oedque
numdeve, por-
tanto, ser mantido distanciado da convivência das pessoas de bem.134
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
odnazitarcoAinda
med koconforme
obecaF o aairaautora,
tsE .saci“o
mêprocesso
lop rareg a m deauindustrialização
nitnoc omtirogla efoi
d oãdesenvolvido
çazilanosrep sob um
socideário
itílop sodque
it rapvinculava
e sotadidn‘cientificamente’
ac ,setnerefid saciotílonegro
p seõsàiVindisciplina,
?a-odnazilartpreguiça,
nec uo oãçinsolência,
amrofni a atraso,
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
características que transformavam-nos em inadequados por excelência às necessidades
es ogit ra esse euq seõtse135 uq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
dos ‘novos tempos’” .
.rednopser a eõporp
Observa-se que houve a imagem criada dos negros e pardos afastou-os tanto do
centro do poder econômico quanto do centro do poder político. Para além do controle dos
corpos operado pelo poder punitivo, ao promover a criminalizaçãoOÃdeÇUnegros DORTNeI pardos .1 e
associar sua imagem à criminalidade, constituem-se obstáculos pelos quais os brancos
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
não têm que passar na disputa pelo poder político.
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráusu oOa fato
aitimde
repnão
e ohaver
dal a estatísticas
odal drav raconclusivas
H ed setnaddeutsque
e soodque
sotafasta
of avacnegrosoloc ereapardoswt fos odos
saocargos
ssep rapolíticos
ngised aeletivos
rap adaséua sdiscriminação
êlgni me arvaracial
lap ampor
u ,parte
oãn udo
o ”eleitorado,
toh“ are mhá euqfortes
racfiibarreiras
ssalc
ao ingresso na estrutura partidária e de acesso ao financiamento necessários para uconcor-
. s e t n e a r t a e t n e m l a xes
-parer
c e aos
edadcargos
isrevineletivos
u ad açne,aruquanto
ges edmaior
eder aa m
proximidade
arasseca sedosrodarecursos
irc sues necessários,
euq siopeD maior a
mabarreira
raçemocà sentrada
oiráusudesonão
irpóbrancos
rp so ,seetnmaior
adutsae facilidade
sod oãçadecfiibrancos.
tnedi ed snegami sa mararut
saus mavAasatuação
serpxe edouq sistema
uo sotsede torpjustiça
ed socriminal
txet moccom snegtodas
ami roasp sinstituições,
otof saus sadesde
racortoapo-
souder
dívilegislativo
dni ed et raoap agente
rop lfi rpenitenciário,
ep od otof eddá-sesaçnaadpartir
um sdaà rimagem
alimis ogdela criminoso
,sacitílop socialmente
seõinipo
,sodconstruída,
inU sodatseE osoaumento
d siaicnedas
disecondutas
rp seõçielae serem
san otipotencialmente
elp od odatluseratingidas
o moc sopor dam rofnsistema
esse ocni
não possui, por si só, o poder de alterar tal imagem.
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
134 PIRES, op. cit., p. 236. .8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
135 Ibidem, p. 249. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE60
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
A inserção da qualificadora do motivo LIBERDADE DE no
de discriminação racial EXPRESSÃO
crime de injúria E
transmite à sociedade
POLÍTICA:a ideia deFERRAMENTA
que tal conduta não é TECNOLÓGICA
admitida pelo Estado, porém o direi-
NEUTRA
to brasileiro já possuía há mais tempo normas que vedavam a discriminação pelo critério
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
racial, e a criação da imagem depreciativa do negro ocorreu ainda assim, ou seja, a criação
dessa imagem, embora tenha se dado de forma explícita e assumida no período da escra-
vidão, permaneceu após sua abolição, modificando as formas de racismo. Deste modo, a
seleção das pessoas a serem criminalizadas não passou a ser feita mais na criminalização
primária (lei), mas na criminalização secundária (atuação das instituições) e esta não fora
em nada modificada pela criação da forma qualificada do tipo de injúria,Aléxia Duarte
já que Torres
se trata de
1
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
Para além
classificar da visão
quem distinta
era “hot” ou em
não,relação ao enquadramento
uma palavra típicopara
em inglês usada da conduta,
designaroutros
pessoas
fatores como tempo
sexualmente médio de julgamento maior nos casos de racismo que o tempo médio
atraentes.
geral de tramitação dos processos no Tribunal, ausência de localização de denúncias do
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
Ministério Público após a transformação do delito de injúria racial em crime de ação penal
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
pública condicionada à representação137 também indicam a atuação tendenciosa do siste-
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
ma de justiça criminal.
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
Tal tratamento
inconformados dado
com ao racismo
o resultado dopelas
pleitoagências do sistema
nas eleições penal jádos
presidenciais foraEstados
reconhecido
Unidos,
pela Organização dos Estados Americanos (OEA) ao julgar caso de denúncia apresentada
por Simone Diniz contra o Estado brasileiro:
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
136 Ibidem, p. 277.
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço
137 Ibidem, eletrônico: [email protected]
p. 277.
61
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSSERPX76.
E Segundo
ED EDTelles,
ADR EBIL ,Knos
a impunidade OOcasosBECdeAracismo
F reflete a brandura da
legislação especifica, a ineficácia do sistema de justiça criminal do Brasil e a
ARTUEN ACmá-vontade
IGÓLON dosCrepresentantes
ET ATNEM da A RREaoF analisá-los.
Justiça :ACITÍLOP
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
Primeiramente, para condenar alguém por racismo, as leis anti-racismo
brasileiras exigem que o acusado tenha agido com intenção racista. Alem
disso, os tribunais demonstram falta de seriedade para lidar com esse tipo
de crime. Os juizes evitam impor as pesadas sentenças estabelecidas pela
Constituição aos culpados por crime de racismo. Juizes e promotores, as-
sim como demais membros da sociedade brasileira, vêem supostos in-
1
serroT etrauD aixélA
cidentes de racismo como inócuos e não estão dispostos a colocar os
infratores atrás das grades por um tipo de comportamento que é comum
na sociedade brasileira.
77. Desde os idos de 1995, a Comissão tem recebido informações OMUSERque já da-
vam conta da ineficácia da lei anti-racismo no Brasil, dada a seu laconismo,
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
que revelava um segregacionismo que não refletia o racismo existente no Brasil
od roder oa soudíviednai resistência
e sorielisarbdeemembros
d seõhlim do
ed poder
adiv ajudiciário
d roiam zemev aaplicá-la.
dac opmeDe t macordo
u com
oãçauta auS .odajagessasne etninformações,
emlivic e odaatcComissão
enoc ,ot rebpôde
a siaidentificar
m odnum peloo retnmenos
am é ,otrês
dnucausas
m para
e odúetnoc ed oãçiratsineficácia
er ed sacdaitíloaplicação
p saus e da
euqLei
ats7716/89
ed odahnno agBrasil,
met ocoitque
ílop fará
oiránàecontinuação.
c on
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
Necessidade de provar ódio racial ou a intenção de discriminar
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
o meussop koobec78. aF oSegundo
d soiránoilação
icnuf da
e sComissão,
erodadnuf asLei
od s7716/89,
aiedi sa “não
moc representou
megrevid eumaior
q avan-
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?amrofatalp an edadilibisiv e oçapse omseme lacônica
ço no campo da discriminação racial por ser excessivamente evasiva
e exigir, para a tipificação do crime de racismo,.reodnautor,opserapós
a eõppraticar
orp o ato
discriminatório racial, declare expressamente que sua conduta foi motivada por
razões de discriminação racial”.138 Se não o fizesse, seria sua palavra contra a
do discriminado.
OÃÇUDORTNI .1
79. Racusen 139
examinou sistematicamente várias denúncias de racismo e dis-
oicíni ues on ogolcriminação
,ocitílop otracial
nemuno rtsBrasil
ni mue,om oc odaele,
segundo irc oos
disjuizes
ret obrasileiros
ãn ed raserequerem
pA evi-
,”hsamecaF“ o omdência
oc etndireta
emlandoigirtratamento
o odairC .desigual
laicnetopnouequal
s odo ato
satsdiscriminatório
ip avad áj koonãobecsomente
aF o
oiráusu oa aitimrepofende
e odaalguém
l a odalcomdravbase
raH eemd ssua
etnaraça
dutsemassodtambém
sotof avdemonstra
acoloc eraawmotivação
t fos o
saossep rangised adiscriminatória.
rap adasu sêlgPor ni mconseguinte,
e arvalap anuma
mu ,oeventual
ãn uo ”tação
oh“ apenal,
re meauqmaioria
racfiissdos
alc jui-
zes requeriam a comprovação de três elementos .(1) setnevidência
earta etnedireta
mlauxdo es ato
discriminatório (2) evidência direta da discriminação do ofensor para o ofendido
-pac e edadisrevinue (3)
ad aevidência
çnarugesdaedrelação
eder ademcausalidade
arasseca seentre
rodaiaqueles.
rc sues euq siopeD
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
saus mavasserpxe(…) e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sod138
inU CIDH.
sodaRelatório
tsE sodsobre
siaicansituação
ediserpdosseõdireitos
çiele humanos
san otieno
lp oBrasil,
d odCap.
atlusIX,erA,o OEA/Ser.L/V/ii.97
moc sodamroDoc. fnoc29
ni rev.
1, 29 set. 1997, § 13 apud CIDH, Relatório nº 66/06, caso 12.001, Simone André Diniz vs. Brasil, 21 out.
2006. Disponível em: <http://www.cidh.org/annualrep/2006port/brasil.12001port.htm#_ftn1>. Acesso em
28 jan. 2018.
edad139
lucaFRACUSEN,
ad oãçaudaSeth,
rG-só“AP mulato
ed amacannot
rgorP –besiaprejudiced”:
reG saniM ethe
d lalegal
redeFConstruction
edadisrevinUofalracial
ep otiediscrimination
riD me adnartsineM 1
contempo-
acilótaC edrary
adisBrazil.
revinUJun.
aicíf2002,
itnoP ap.
lep288
otieapud
riD mCIDH,
e adauRelatório
darG .sianº
reG66/06,
saniMcaso
ed la12.001,
redeF edSimone
adisrevinAndré
U ad Diniz
otieriDvs.edBrasil, 21
out. 2006. Disponível em: .81<http://www.cidh.org/annualrep/2006port/brasil.12001port.htm#_ftn1>.
35056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed Aces-
so em 28 jan. 2018. Denúncias feitas pelo Geledés – Institutomoc.liada
mgMulher
@otudNegra
aixela :ao
ociautor
nôrtelda
e oobra
çeredcitada.
nE
,ARIE62
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
109. Em razão LIBERDADE
do tratamento desigual DEautoridades
conferido pelas EXPRESSÃO brasileiras E
à denúncia de racismo e discriminação racial feita por Simone André Diniz,
POLÍTICA:
revelador de umaFERRAMENTA TECNOLÓGICA
prática generalizada discriminatória NEUTRA
na análise desses crimes,
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
a Comissão conclui que o Estado brasileiro violou o artigo 24 da Convenção
Americana, em face de Simone André Diniz.
Com essas considerações não se pretende dizer que o Direito deve se abster de
regulamentar o discurso de ódio na propaganda eleitoral, tampouco que os próprios grupos
RESUMO
ofendidos devam buscar seu espaço sem a interferência estatal. O intento do presente
A missão explícita
estudo é demonstrar como do Facebook,histórico
o processo rede social
de que tem conquistado
exclusão tem no podero coração
punitivoe um
consumido
dos
principais meios de atuação, seja durante o período da escravidão, seja posteriormente. do
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
Diante do “confisco
no cenário políticodo
temconflito”,
ganhadodadestaque
subjetivação
e suasque ocultade
políticas aspectos
restriçãoestrutur ais e e
de conteúdo
institucionais do racismo, da imagem racista de criminoso prevalecente nas instituições
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
do sistema penal, é preciso
a informação que se busquem
ou centralizando-a? formas
Visões de diferentes,
políticas regulaçãocandidatos
do discurso de ódiopolíticos
e partidos que
possibilitem
queaodivergem
oprimidocomcolocar suas dos
as ideias questões na resolução
fundadores do conflito.
e funcionários do Facebook possuem o
mesmorestaurativa
A justiça espaço e visibilidade na plataforma?
parte também Essas sãode
dos pressupostos as inefetividade
questões quedo esse artigo se
sistema
propõe a responder.
penal às soluções que se pretende (tutela de bens jurídicos, prevenção geral, prevenção
especial, prevenção positiva, prevenção negativa e ressocialização). Compartilha com a
criminologia
1. crítica o posicionamento resistente às políticas criminais que pretendem o
INTRODUÇÃO
mero aumento e endurecimento do poder de punir, medidas muito populares a partir das
Apesar do
últimas décadas de século
não terXX.sido criado como um instrumento político, logo no seu início
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
A justiça restaurativa possui conceitos variados a depender do enfoque acentuado
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
pelo autor140 e, segundo Tony Marshall, é “um processo através do qual todas as partes en-
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
volvidas em umaatraentes.
sexualmente ofensa particular se reúnem para resolver coletivamente como lidar com
a consequência da ofensa e as suas implicações para o futuro”141. Segundo a Resolução
Depois
nº 2002/2012 doque seus criadores
Conselho Econômico acessaram
e Social daa Organização
rede de segurança da universidade
das Nações e cap-
Unidas (ONU):
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
Processo
a trocar as suas fotosrestaurativo
por imagenssignifica
com qualquer
textos deprocesso no ou
protestos qualque
a vítima e o ofensor,
expressavam suas
e, quando apropriado, quaisquer outros indivíduos ou membros da comunidade
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
140 SANTOS, Jonny Maikel dos. Justiça Restaurativa – Aspectos teóricos e análise das práticas do 2º juizado
criminal do Largo do Tanque – Salvador/BA. Dissertação (Mestrado em Direito) – Faculdade de Direito da
Universidade Federal da Bahia. Salvador, 2015.
1411 MARSHALL,
MestrandaTony.
em Direito pela Universidade
The Evolution Federal
of Restorative de Minas
Justice Gerais
in Britain. In: –European
ProgramaJournal
de Pós-Graduação da Faculdade
on Criminal Policy Re-
de Direito
search, vol. 4,dan.Universidade Federal
4. Heidelberg: de Minas
Springer, 1996, Gerais. GraduadaDaniel.
apud ACHUTTI, em Direito pela
Justiça Pontifícia Universidade
Restaurativa Católica
e Sistema Penal:
de Minas Gerais.
contribuições Currículopara
abolicionistas lattes:
umahttp://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
política criminal do encontro. Disponível em: <http://ebooks.pucrs.br/
edipucrs/anais/cienciascriminais/III/18.pdf>.
Endereço eletrônico: [email protected] Acesso em: 1º mai. 2014.
63
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSSERPXafetados
E EDpor EDumAcrime,
DREparticipam
BIL ,Kativamente
OOBECnaAresolução
F das questões oriun-
das do crime, geralmente com a ajuda de um facilitador. Os processos restaura-
ARTUEN ACtivos
IGÓ LON
podem CEaTmediação,
incluir ATNEM ARREF a:A
a conciliação, CITÍfamiliar
reunião LOPou comunitária
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
(conferencing) e círculos decisórios (sentencing circles)142
.
142 ONU (Organização das Nações Unidas). Resolução 2002/12 da ONU – Princípios básicos para utilização
edadlucaFde adprogramas
oãçaudarG-desóPjustiça
ed amrestaurativa
argorP – siaem
reGmatéria
saniM ecriminal.
d laredeF2012
edadisDisponível
revinU alepem:
otie<http://www.juridica.mppr.
riD me adnartseM 1
acilótaC edmp.br/arquivos/File/MPRestaurativoEACulturadePaz/Material_de_Apoio/Resolucao_ONU_2002.pdf>.
adisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed Aces-
so em: 27 jan. 2018. .8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
143 BATISTA, op. cit., 2014. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE64
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
ta mais dura e reproduzir acriticamente LIBERDADE
o discurso DEaoEXPRESSÃO
oficial de combate crime e as preten- E
sões declaradas de prevenção, FERRAMENTA
POLÍTICA: todas elas sucumbindoTECNOLÓGICA
diante de séculos de evidências
NEUTRA em
sentido contrário.
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a apresentação da criminologia crítica e das suas leituras empreendidas por
autores latino-americanos, procurou-se desconstruir a criminalização como uma resposta
natural a comportamentos indesejáveis, buscando demonstrar que Aléxia ao longoDuarte
de sua Torres
1
atua-
ção, sobretudo no Brasil, o poder punitivo foi uma das principais formas de manutenção da
hierarquia social e do racismo.
As RESUMO
críticas aqui empreendidas não pretendem descartar por completo a resposta
criminalizante, masexplícita
A missão trazer ao
dodebate
Facebook,críticas
rede que desde
social a década
que tem de 1960
conquistado são feitas
o coração à sua
e consumido
atuação, possibilitando avaliar, à luz da experiência histórica nacional e dos escritos
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do produ-
zidos na Europa
mundo,eéprincipalmente
manter o mundo na mais
América Latina,
aberto, se a resposta
conectado da criminalização
e civilmente engajado. Suaatende
atuação
às expectativas de tutela de direitos dos não brancos.
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
Nãopersonalização
se pretende,deainda,
algoritmo continuam
incluir a gerar
ou excluir polêmicas.
qualquer Estaria
pauta o Facebook democratizando
do movimento negro e as
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos
críticas aqui empreendidas não deslegitimam suas demandas, já que a igualdade e partidos políticos
pressupõe
construir novos caminhos a partir de um processo no qual os próprios interessados par- o
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem
mesmo espaço
ticipem efetivamente e visibilidade
da decisão e nãonasejam
plataforma?
salvos Essas
por umasãoacademia
as questõesqueque esse
lhes artigo se
desenhe
a solução.propõe a responder.
65
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
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õçiele seanestrutura
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areG penas
saniM eperdidas:
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U alegitimidade
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1
acilóTradução
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nU aicíRomano
fitnoP alepPedrosa.
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moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE66
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
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A LIBERDADE DO DISCURSO
FACEBOOK, NO FÓRUM
LIBERDADE TÉCNICO
DE DO E
EXPRESSÃO
PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO
POLÍTICA: FERRAMENTA DE MINAS GERAIS:
TECNOLÓGICA NEUTRA
O EMBATE EM TORNO DAS QUESTÕES
OU PLATAFORMA DEEDITORIAL?
VIRTUAL GÊNERO
Aléxia
Rodrigo Élcio Marcelos Duarte Torres
Mascarenhas144 1
RESUMO:
RESUMO
O artigo analisa se a liberdade de expressão é garantida no Fórum Técnico do
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
Plano Estadual de Educação, promovido pela Assembleia Legislativa de Minas
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
Gerais em 2016, mesmo quando ocorre a presença de discurso de ódio, proferido
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
por participantes ou parlamentares. Para isso, concentra-se nas manifestações
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
populares, de representantes de instituições governamentais e de membros do
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
Parlamento. Um dos pontos que mais levantaram polêmica e controvérsia durante as
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
discussões foi relativo às questões de gênero no contexto das escolas e, por isso,
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
é temática sobre a qual este trabalho se debruça. O artigo, portanto, promove um
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
estudo dos discursos presentes em defesa ou não da inclusão dessas minorias a
propõe a responder.
partir de uma análise teórica da liberdade de expressão. Para tanto, a metodologia é
o estudo das notas taquigráficas dos encontros do Fórum Técnico, especialmente
1. da Plenária
INTRODUÇÃOFinal, realizada em junho de 2016. Ao fim do trabalho, conclui-se como a
democracia liberal tem lidado com o embate de ideias comum às discussões.
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
1. o software
INTRODUÇÃOcolocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
A democracia liberal ainda engatinha no Brasil. Passados 30 anos da promulgação da
sexualmente atraentes.
Constituição da República, encerrando um período de ditadura militar, a sociedade brasileira
Depois que
busca consolidar seus criadores
princípios como o acessaram
da dignidadea rede de segurança
da pessoa humana da universidade
e tudo e cap-
que decorre
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
dessa premissa, como a liberdade de expressão.
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
É inegável
opiniões que aalgo
políticas, desigualdade,
similar àsem todos osde
mudanças aspectos,
foto do éperfil
figurapor
latente
partee de
entrave ao
indivíduos
inconformados
exercício com pelo
da cidadania o resultado do Os
brasileiro. pleito nas democráticos
ideais eleições presidenciais
dependem, dossobremaneira,
Estados Unidos,
1441 Integrante
Mestrandado programa
em Direitodepela
pós-graduação
Universidade deFederal
Mestrado
de Minas
em Administração
Gerais – Programa
Pública
de Pós-Graduação
da Escola de Governo
da Faculdade
da
Fundação
de Direito
João
da Pinheiro.
Universidade
Bacharel
Federal
emdeComunicação
Minas Gerais. Social
Graduada
– Jornalismo
em Direito
pelapela
Universidade
Pontifícia Universidade
Fumec. Bacharel
Católica
emdeDireito
Minaspela
Gerais.
Universidade
Currículo lattes:
Fumec.http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Analista Legislativo – jornalista da Assembleia Legislativa de Minas
Gerais.
Endereço
Advogado.
eletrônico: [email protected]
TORRES, Aléxia
MASCARENHAS, Duarte.
Rodrigo Facebook,
Élcio Marcelos. liberdade de expressão
A liberdade e política:
do discurso no fórum ferramenta
técnico dotecnológica neutradeoueducação
plano estadual plataforma
devirtual
Minaseditorial?
Gerais: o In: 67
PEREIRA,
embate
Rodolfo
em torno das Viana (Org.).
questões DireitosIn:políticos,
de gênero. PEREIRA,liberdade de expressão
Rodolfo Viana e discurso
(Org.). Direitos de ódio.
políticos, Volume
liberdade de I.expressão
Belo Horizonte: IDDE,de2018.
e discurso ódio. p. 07-33.II.ISBN
Volume
Belo 978-85-67134-05-5 . Disponível
Horizonte: IDDE, 2018. p. 67-88.em:
ISBN <https://goo.gl/g4e2Gy>
978-85-67134-06-2. Disponível em: <https://doi.org/10.32445/97885671340624>
EOda Ãgarantia
SSERde PXque
E Etodos
D Etenham
DADR EBIoportunidades,
iguais L ,KOOBErespeito
CAF e acesso aos bens de
ARconsumo
TUENessenciais.
ACIGÓIgualdade,
LONCEnesseT ATsentido,
NEMAexerce
RREgrande
F :ACinfluência
ITÍLOP na participação
popular nos rumos dos desígnios do país.
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
A política e, por conseguinte, o seu discurso nunca antes estiveram tão vigiados.
A maioria das pessoas têm acesso a quase tudo que é dito, seja por meio da imprensa
escrita, da televisionada ou até mesmo das redes sociais. A interação entre falante e ouvinte
cresceu; dessa forma, o que é dito sofre julgamento quase que instantâneo. Nesse aspecto,
1 questões como discursos controversos, algumas vezes aparentemente abjetos, passaram
serroT etrauD aixélA
a sofrer ainda mais pressão para serem, de certa forma, oprimidos.
,ARIE68
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
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2. O FÓRUM TÉCNICOFACEBOOK, LIBERDADE
DO PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DE EXPRESSÃO
DE MINAS GERAIS E
O FórumPOLÍTICA: FERRAMENTA
Técnico é um dos TECNOLÓGICA
tipos de eventos institucionais NEUTRA
da Assembleia Legislativa
de OU se
Minas Gerais. Ele geralmente PLATAFORMA
estende por algunsVIRTUAL
meses. AlémEDITORIAL?
das atividades
presenciais em Belo Horizonte e no interior de Minas Gerais, o Fórum prevê formas de
participação online, como a consulta pública sobre o tema discutido.
69
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EOde à SSERPXE para
implementação EDassegurar
EDADaRmanutenção
EBIL ,KO eO BECAF
o desenvolvimento do ensino em seus
ARdiversos
TUENníveis,
ACIetapas
GÓLeO modalidades.
NCET ATNEMARREF :ACITÍLOP
?LAIRO TIDcontexto,
Nesse E LAUfoiTR IV AMR
sancionada aO
LeiFFederal
ATALnºP13.005,
UO de 25 de junho de 2014148,
que contém o Plano Nacional de Educação (2014-2024) e determina, em seu art. 8º, aos
estados, ao Distrito Federal e aos municípios a obrigação de elaborar seus correspondentes
planos de educação, ou adequar os planos já aprovados em lei, em consonância com as
diretrizes, metas e estratégias previstas nacionalmente.
1
serroT eOtrestado
auD ade
ixéMinas
lA Gerais já possui o Plano Decenal de Educação, aprovado pela
Lei nº 19.481, de 12 de janeiro de 2011149, com vigência até o ano de 2020. No entanto,
o entendimento do Poder Executivo foi pela necessidade de elaborar-se um novo Plano
Estadual de Educação, uma vez que a estrutura e as metas do PlanoOem MUSvigor
ER não se
coadunariam com o novo Plano Nacional.
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
od roder oSeguindo
a soudívidos ni parâmetros
e sorielisarbconstitucionais
ed seõhlim ed definidos
adiv ad ropara
iam zaevtramitação
adac opmde et mleiu ordinária,
oãçaauproposta
ta auS .odtramita
ajagne etemnemdois
livic eturnos,
odatcensubmetida
oc ,ot reba sàiamaprovação
odnum o rpor etnamaioria
m é ,odnsimples
um dos
e odpresentes
úetnoc edem oãçPlenário.
irtser ed Osaprojeto
citílop sfoi
audistribuído
s e euqatseàs d oComissões
dahnag metde ocConstituição
itílop oiránec eoJustiça;
n de
odnEducação,
azitarcomedCiência
koobecaFe oTecnologia;
airatsE .sacim deêloAdministração
p rareg a maunitPública;
noc omtireogdela eFiscalização
d oãçazilanosrFinanceira
ep e
socOrçamentária,
itílop sodit rap e nas
sotadquais
idnacdeve
,setneser
refidanalisado
sacitílop seeõreceber
siV ?a-oparecer
dnazilartnaoectexto
uo oãantes
çamrode fni aser votado
o memeusdois
sop turnos
koobecno aF oPlenário.
d soiránoNo icnatual
uf e smomento,
erodadnuf asoproposta
d saiedi recebe
sa mocparecer megrevdas id eucomissões,
q
es oem
git rprimeiro
a esse eturno,
uq seõetsaguarda
euq sa oinclusão
ãs sassEem ?am rofatapara
pauta lp anapreciação
edadilibisivpelo
e oçplenário
apse omda seAssembleia
m
Legislativa. 150 .r e d n o p s e r a e õ p o r p
,ARIE70
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
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FACEBOOK,
abordados no debate público; LIBERDADE
o número de encontros regionais eDE EXPRESSÃO
a dinâmica de trabalho E
nesses eventos; a divisão dos grupos
POLÍTICA: de trabalho e os conteúdos
FERRAMENTA TECNOLÓGICA que seriam discutidos
NEUTRA em
cada um; e a dinâmica de trabalho do evento final, realizado em Belo Horizonte.
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
Em parceria com órgãos do poder público e entidades da sociedade civil, que
compuseram a Comissão Organizadora do Fórum Técnico, os participantes debateram,
divididos em oito grupos de trabalho temáticos, as propostas contidas no Plano: acesso
e universalização; inclusão educacional, diversidade e equidade; qualidade da educação
básica; educação profissional; educação superior; formação e valorização dosDuarte
Aléxia profissionais
Torres1
da educação; gestão democrática; e articulação entre os sistemas de educação e
financiamento.
1. Todo esse trabalho culminou na etapa final ocorrida em Belo Horizonte entre os dias
INTRODUÇÃO
15 e 17 de junho de 2016. O primeiro dia foi destinado a exposições e debates e os seguintes
Apesar
dedicaram-se de não ter
a atividades dossido criado
grupos de como umNoinstrumento
trabalho. segundo dia, político, logo no seu
os participantes início
foram
o Facebook
divididos já dava
nos oito pistas
grupos do seu potencial.
de trabalho Criadoaooriginalmente
mencionados, passo que, no como o “Facemash”,
terceiro dia, as
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia
propostas aprovadas no dia anterior foram submetidas à plenária final. Os representantes ao usuário
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar
eleitos nos Encontros Regionais e aqueles que fizeram inscrição individual prévia, estando pessoas
sexualmente
devidamente atraentes. participaram da Etapa Final do Fórum Técnico, com direito a
credenciados,
151
voz e a voto nas Sessões
Depois que seusPlenárias
criadorese acessaram
nos GruposaderedeTrabalho .
de segurança da universidade e cap-
turaram as aimagens
Durante de identificação
etapa final, dos estudantes,
ocorreram a apresentação dosos própriossobre
relatórios usuários começaram
o trabalho em
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
grupo, a leitura e a discussão das propostas encaminhadas pelos grupos e a entrega do
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
documento de proposta ao presidente da Assembleia. As propostas originais, discutidas
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
e modificadas nos encontros regionais, tiveram como redação final aquela aprovada nos
grupos de trabalho que se reuniram na capital no segundo dia do evento. No entanto, o
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Direito
151 MINAS GERAIS.da Universidade
RegulamentoFederal
do Fórumde Minas
Técnico. Gerais. Graduada
Art. 10. em Direito
Disponível pela Pontifícia Universidade Católica
em: <https://www.almg.gov.br/export/
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
sites/default/acompanhe/eventos/hotsites/2015/forum_tecnico_plano_educacao/documentos/regulamento/
regulamento_forum_tecnico_plano_educacao.pdf>.
Endereço eletrônico: [email protected] Acesso em: 22 jan. 2018.
71
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSERPfacultava
regulamento XE ED aosEparticipantes
DADREBapresentar
IL ,KOumOBrecurso
ECAFde rediscussão da redação
ARfinal
TUdaEdada
N AàsCIpropostas
GÓLON originais
CET aprovadas
ATNEMnos ARgrupos
REF de:Atrabalho.
CITÍLOP
?LAIRO TIDEpoderiam
Também LAUTser RIobjeto
V AM de R OFAdeTA
recurso LP UO aquelas propostas suprimidas
rediscussão
ou rejeitadas pelos grupos de trabalho, entre as novas oriundas dos encontros regionais ou
das consultas públicas. Para apresentação desse recurso, em ambas as hipóteses, seja
para trazer de volta algo que foi suprimido, seja para modificar algo que foi aprovado, o
critério era o mesmo. A pessoa que desejava recorrer deveria coletar, entre os participantes
1 da plenária final, 100 assinaturas pelo menos do total de participantes votantes, com os
serroT etrauD aixélA
respectivos nomes e números de inscrição.
edad152
lucaF“Oadcongresso
oãçaudarGnão-sóPdeverá
ed amfazer
argorqualquer
P – siareG
leisaanrespeito
iM ed lade
redum
eF eestabelecimento
dadisrevinU alepdeotreligião,
ieriD meou adnproibir
artseMo seu1livre
acilótaC edexercício;
adisrevinUouarestringindo
icífitnoP alepaoliberdade
tieriD me de
adaexpressão,
udarG .siaroueGdasaimprensa;
niM ed lareou deFo edireito
dadisrdas
evinpessoas
U ad otierdeiD se
ed reunirem
pacificamente, e de fazerem
.8135pedidos
056566ao184governo
752/rb.qpara
pnc.que
settasejam
l//:ptthfeitas
:settareparações
l olucírruC .de siaqueixas.”
reG saniM ed
153 FISS, Owen. Libertad de expresión y estructura social. México: moc.liamFontamara,
g@otudaix1997,ela :ocp.inô22.
rtele oçerednE
,ARIE72
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
Eric Barendt apresentaFACEBOOK,
uma análise LIBERDADE DE EXPRESSÃO
da liberdade do discurso como liberdade E
154
fundamental garantida contra qualquer
POLÍTICA: tipo de supressão
FERRAMENTA ou regulação . O autorNEUTRA
TECNOLÓGICA expressa
que, quando surgem casos nos quais a restrição ao discurso é uma hipótese, argumentos
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
da teoria política são centrais para subsidiar o estudo, uma vez que o judiciário parte de um
exame do sentido do discurso frente ao escopo da liberdade.155
A análise de Barendt firma-se em quatro argumentos mais comuns no sentido de
se construir a base de um princípio do livre discurso. Essas proposições funcionam, em
grande medida, para atribuir valor significativo à comunicação e à expressão de modo 1
Aléxia Duarte Torres
que elas sejam imunes à regulação estatal. Isso porque os quatro argumentos derivam
de um princípio do livre discurso. Os defensores dessas premissas, segundo Barendt,
não impedem a restrição do discurso quando necessário, principalmente quando existe a
possibilidade de violência iminente.
RESUMO
Assim, o primeiro
A missão explícitaargumento
do Facebook, baseia-se naque
rede social importância do livre
tem conquistado discursoe consumido
o coração para a
descobertaumdatempo
verdade.
cadaAmplamente
vez maior dadefendida por John
vida de milhões de Stuart Mill, eessa
brasileiros funçãoao
indivíduos doredor
livre do
discurso tem seu aspecto valorado ao levarmos em conta que o debate de ideias permite o
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
progressonoe ocenário
desenvolvimento
político tem da sociedade.
ganhado Mill156
destaque considera
e suas a utilidade
políticas da opinião
de restrição para e
de conteúdo
o debate personalização
na busca peladeverdade
algoritmoecontinuam
apresentaa gerar
que, polêmicas.
mesmo quando Estaria oháFacebook
qualquerdemocratizando
restrição
a informação
a uma ideia, ou centralizando-a?
ela acaba, ao longo dos anos Visõesoupolíticas
séculos, diferentes,
obtendo candidatos
espaço enapartidos
históriapolíticos
da
humanidade, pois sempre acabam surgindo pessoas que redescobrirão aquele debate. o
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem
mesmodefende-se
Nesse sentido, espaço e visibilidade
que, muitonamais
plataforma?
do queEssas
aplicar sãoferramentas
as questõesde querestrição
esse artigoao se
propõe
livre debate, a responder.
é relevante incentivar e inibir o uso de linguagem agressiva ou com insultos
no seio da discussão da ideia.157 Além disso, permitir a restrição ao discurso, de acordo
com Mill, abarca a perigosa suposição de que o poder estatal é infalível158, isto é, capaz de
1. INTRODUÇÃO
determinar, sem erros, qual fala ou ato deve ser proibido, o que por óbvio não se consegue
provar com o tempo.
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
o Facebook
Uma opiniãojá dava pistas do
silenciada, seu potencial.
segundo Mill, podeCriado
conter,originalmente
em maior oucomo
menoro grau,
“Facemash”,
uma
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao
porção de verdade, sendo, portanto, importante a colisão de ideias adversas de modo a obter usuário
classificar quem era
159“hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
algum esclarecimento. Entretanto, os críticos de Mill, conforme Barendt, apontaram que
sexualmente
o autor atraentes.
dá demasiado valor à discussão intelectual, muitas vezes partindo do pressuposto
de que todas as pessoas
Depois são
que seus capazesacessaram
criadores de participar, de forma
a rede qualificada,dadouniversidade
de segurança debate público.
e cap-
turaram as160
Barendt imagens
aponta,de identificação
ainda, que a busca dosda estudantes,
verdade deosMillpróprios
traz emusuários começaram
si a suposição de
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que
que a liberdade necessariamente guia para a descoberta do que seria melhor para cada expressavam suas
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
154inconformados com oofresultado
BARENDT, Eric. Freedom do Oxford:
Speech. 2. ed. pleito Oxford
nas eleições
University,presidenciais
2007. p. 1. dos Estados Unidos,
155 Ibidem, p. 5.
156 MILL, John Stuart. On liberty. Nova York: Liberal Arts/Bobbs-Merrill. 1956. p. 49.
157 Ibidem, p. 92.
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
158 Ibidem, p. 30.da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
de Direito
159 Ibidem, p. 88.Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
de Minas
Endereçoop.eletrônico:
160 BARENDT, cit., p. 9. [email protected]
73
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EOumÃou
SSpara
ERas PXdecisões
E ED sociais.
EDAD REB
Neste IL ,KO
contexto, OB
essa ECAF não poderia ser aplicada
suposição
ARem
TUqualquer
EN Aambiente
CIGÓL deO
discussão,
NCET A uma
TNvezEMque,
ARalgumas
REF :vezes,
ACITo Ídiscurso
LOP desregulado
não conduz à recepção da verdade na sociedade. Como exemplo, ter-se-ia a ascensão do
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
nazismo na Alemanha em 1933. Apesar das críticas ao argumento da busca da verdade,
Barendt explica que, mesmo a supressão do discurso do ódio leva à criação da suspeição
da autoridade que o restringiu, bem como aumenta o risco da destruição da tolerância
dentro do debate.
161
1
serroT ePor
traseu
uD turno,
aixélAAlexander defende a ideia da busca da verdade sem, no entanto,
deixar de apresentar um problema nessa justificação. Para ele, é essencial estabelecer
um procedimento que permita o alcance da descoberta de qual opinião aproxima-se da
realidade. Partindo-se dessa premissa, seria necessário determinar pontos específicos
a esclarecer, isto é, deve valorizar-se aquelas expressões que substancialmente OMUSER trazem
respostas
odim usnoc e oaãquestões
çaroc o odimportantes,
atsiuqnoc meassim,
t euq laimuitas
cos edevezes,
r ,kooboecqueaF oimporta
d aticílpxnão
e oãéstoda
sim Aa verdade,
od mas
roderalgumas
oa soudípartes
vidni e dela.
sorieliComo
sarb edexemplo,
seõhlim tem-se
ed adiv quead roquestões
iam zev afeitas
dac opelos
pmet m governantes
u
oãçna
autintimidade
a auS .odajanão
gnetêm
etnerelevância,
mlivic e odanatcemedida
noc ,ot reem
ba sque
iamseoddeve
num operguntar
retnam é somente
,odnum aqueles
e opontos
dúetnocque
ed oinfluenciam
ãçirtser ed ssobremaneira
acitílop saus edecisões
euqatsedpolíticas
odahnagque meafetam
t ocitílopa sociedade.
oiránec on A busca
odnda
azitverdade,
arcomed kneste
oobeccontexto,
aF o airatsEnão
.sacéimpermissão
êlop rareg ageral
maunpara
itnoc aomliberdade
tirogla ed de
oãçexpressão.
azilanosrep
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
Cabe ressaltar que o argumento pela busca da verdade guardou relação com a
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
doutrina americana do “mercado das ideias”, principalmente depois de importantes julgados
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
nos Estados Unidos. O mais famoso deles é o voto de Holmes J.’s em Abrams v. US. O
.rednopser a eõporp
julgado, com inspiração claramente liberal, parte do pressuposto de que, da mesma forma
que é incorreta a interferência no mercado de bens e serviços, também não deve haver o
162
exercício de nenhuma manipulação sobre o mercado de ideias. Yong OÃÇUDO aponta
RTNI que,.1em
um mercado livre de ideias, opiniões verdadeiras tendem a eventualmente prevalecer sobre
oicífalsas
ni uesideias
on ogeoopiniões.
l ,ocitílopAoafirmação
tnemu rtsnmaisi mu fraca
omoce ocética,
dairc oem
disrelação
ret oãna eessa
d rasteoria,
epA é que a
,”hscensura
amecaFsempre
“ o omotemc etmenos
nemlanipropensão
giro odairCa .promover
laicnetop aueverdade
s od satdo sipque
avaad discussão
áj koobecagratuita
Fo
oiráporque
usu oanenhuma
aitimrep autoridade
e odal a odpode
al draidentificar,
v raH ed sde
etnforma
adutseconfiável,
sod sotoideias
f avacerradas
oloc erae,wtportanto,
fos o
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
a supressão de opiniões pode simplesmente levar à eliminação de ideias verdadeiras ou
.setnearta etnemlauxes
pelo menos parcialmente verdadeiras.
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
Além disso, cabe destacar que a noção liberal do mercado de ideias teria falhado por
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
não lograr sucesso em permitir que todas as vozes tenham espaço na discussão. Erraria
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
também pois a ideia de neutralidade, esperada do estado, não consegue desencorajar
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed163 saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
as opiniões culturalmente opressoras. Nesse sentido, Levin defende que a proteção
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
161 ALEXANDER, Larry. Is there a right of freedom of expression?. Cambridge: Cambridge University, 2005. p.
edadlucaF128.ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló162
taC edYONG,
adisrevCaleb.
inU aicDoes
ífitnofreedom
P alep otiof
erispeech
D me adinclude
audarGhate
.siarspeech?.
eG saniMRes ed laPublica,
redeF edn.ad17,isrepvi385-403,
nU ad otie2011.
riD ed p. 390.
163 LEVIN, Abigail. The cost.8of13free
505speech:
656618pornography,
4752/rb.qpnc.hate
settaspeech,
l//:ptth :sand
ettatheir
l olucchallenge
írruC .siarto
eGliberalism,
saniM ed Palgrave
Macmillan, 2010. p. 198. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE74
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
constitucional, comum nosFACEBOOK,
Estados Unidos, aoLIBERDADE DE EXPRESSÃO
discurso de ódio acaba por promover uma E
sociedade emPOLÍTICA:
grande desacordo com os objetivos eTECNOLÓGICA
FERRAMENTA compromissos liberais, NEUTRA
ou seja, a
garantia de que todo cidadão recebe igual preocupação e respeito.
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
Vale apontar que essa noção de mercado também tem outras críticas. A principal
delas diz respeito ao fato de que não é qualquer pessoa que consegue participar e comunicar
dentro do debate. Além disso, alguns pontos de vista seriam fortemente disseminados
pelos meios de comunicação e por figuras públicas fortes. Há considerações também
de que a visão clássica liberal, ao enxergar o mercado de ideias como algo promissor, 1
Aléxia Duarte Torres
no qual haveria a coexistência de diversas opiniões em um debate genuíno, acabou por
desconsiderar a proliferação de discursos racistas ou sexistas na sociedade moderna,
bem como a força da opressão cultural existente em alguns locais.164 Nesse aspecto,
RESUMO
a manifestação das minorias raciais e das mulheres ainda não tem espaço no mercado
de ideias,Aomissão
que conduz a um desrespeito aos direitos de igualdade dessas parcelas da
explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
165
população. Dessa forma,
um tempo cada vez Barendt
maior daadmite
vida dealguma
milhõesrestrição de discurso,
de brasileiros se elaaotiver
e indivíduos redoro do
objetivo de garantir a comunicação efetiva.
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
no166
Baker cenário
chegapolítico tem ganhado
a apresentar destaque eàsuas
uma alternativa noçãopolíticas de restrição
de mercado de conteúdo
de ideias, a que e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria
o autor denomina liberty theory, a partir da tese de que a primeira emenda americanao Facebook democratizando
protege aa expressão
informação não
ou centralizando-a?
violenta e nãoVisões políticas
coerciva. Ou diferentes, candidatos
seja, o método parae determinar
partidos políticos
o
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do
alcance da proteção procede, primeiro, considerando os propósitos ou valores atendidos Facebook possuem o
mesmo
pelo discurso. espaço e violentas
Atividades visibilidadee na plataforma?
coercivas, Essas são
entretanto, as questões
também podem queservir
esse esses
artigo se
propõe a responder.
mesmos valores. Assim, a proteção constitucional da fala é justificada não meramente por
causa dos valores atendidos, mas também pela liberdade de expressão que serve a esses
valores de uma maneira particular, humanamente aceitável, ou seja, não violenta e não com
1. INTRODUÇÃO
coerência. Nessa perspectiva, o autor critica qualquer tentativa de categorizar o discurso,
pois essaApesar
sistemática necessariamente
de não ter sido criado será um reflexo
como das preocupações
um instrumento político, de quem
logo no elabora
seu início
a categorização.
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
Fiss também chama atenção para a possibilidade de o Estado agir para melhorar a
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
qualidade do debate público167. No entanto, a intervenção governamental e a regulamentação
sexualmente atraentes.
podem produzir efeito contrário do pretendido, com a redução de alternativas e informações
disponíveisDepois que seus
ao cidadão, bemcriadores acessaram
como agravar a rede na
distorções de discussão
segurança já daprovocadas
universidadepelas
e cap-
turaramda
diferenças asestrutura
imagenssocial.
de identificação dos aestudantes,
Nesse sentido, intervençãoos próprios
deve usuários
partir do começaram
questionamento
a trocar
se ela as melhorar
permite suas fotosou por imagens com
o empobrecer textospúblico.
o debate de protestos ou que expressavam suas
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
O segundo argumento para o princípio do livre discurso relaciona-se ao direito
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
individual de autodesenvolvimento e autorrealização. Nesse sentido, a expressão de
75
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSEe RdePposições
crenças XE EDpolíticas
EDADé RalgoEBinerente
IL ,KO àO BECAhumana.
natureza F Conforme Yong168,
AResse
TUconceito
EN ACparte
IGÓdaLO ideia
NC deEque
T Aas
TNpessoas
EMARnão REpoderão
F :ACdesenvolver
ITÍLOP intelectual e
espiritualmente, a menos que sejam livres para formular suas crenças e atitudes políticas
?Lpor
AIR OTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
meio de discussão pública, e em resposta às críticas de outras.
A liberdade de expressão teria ligação íntima com outras liberdades humanas, como
a de religião, pensamento e consciência. Barendt aponta que, apesar dessas liberdades, a
expressão pode prejudicar outrem, além de danificar a reputação e infringir a privacidade
1 e a propriedade intelectual. Assim, o discurso não pode servir para proteger o indivíduo de
serroT etrauD aixélA
qualquer ameaça, mesmo em um contexto em que o desenvolvimento pessoal é valorizado
por meio de acesso à educação, à cultura etc.
A terceira teoria que dá base ao livre discurso é aquela segundo a qual a liberdade de
OMUSER
expressão é necessária para a participação cidadã na democracia. Esse argumento explica
odima unecessidade
snoc e oãçarde oc seo oexpor
datsiuqasnopessoas
c met euqa lumaicolargo
s ederespectro
,koobecade F opontos
d aticílpde
xe vistas,
oãssim fornecendo
A
od informações
roder oa soudque ívidnpermitam
i e sorielisacerto
rb ed controle
seõhlim esobred adivasadatividades
roiam zev governamentais.
adac opmet mu Barendt
oãç169
autaexplica
auS .odque
ajagesse
ne etnprisma
emlivic protege
e odatceonodiscurso
c ,ot reba como
siam oexpressão
dnum o retnpolítica,
am é ,odmas
numdá pouco
170
e odsubsídio
úetnoc eparad oãçairproteção
tser ed saemcitírelação
lop sausàeliteratura
euqatsedouodàs ahartes.
nag mYonget ocitílo,ppor
oiráseu
necturno,
on afirma
odnque
azitaracoliberdade
med koobdeecaexpressão
F o airatsE .sdeve
acimêser
lop protegida
rareg a mauporque
nitnoc ofacilita
mtiroglaaearticulação
d oãçazilanosdemocrática,
rep
socagregação
itílop sodit raep equilíbrio
e sotadidnadec ,sinteresses,
etnerefid saceitíélonecessário
p seõsiV ?a-oquednazasilarpessoas
tnec uo oãpossam
çamrofnidecidir,
a por
o msieumesmas,
ssop kooboseccandidatos
aF od soiránqueoicneles
uf eacreditam
serodadnuserem f sod smais
aiedi oportunos.
sa moc meNesse grevid sentido,
euq seria
es oincorreto
git ra esseo ediscurso
uq seõtsemajoritário
uq sa oãs ssuprimir
assE ?amordireito
ofatalp da
an minoria
edadilibisdeiv expressar
e oçapse oomseusemdissenso.
Dessa forma, é possível que a minoria tenha, na discussão,.remelhores dnopser aideias
eõporpdo que as
expressas pelos representantes da corrente majoritária.
O argumento da participação democrática, portanto, acaba por OÃÇ tolerar
UDORoTN discurso
I .1 de
ódio no contexto do debate público, justamente porque o Estado não é capaz de determinar
oicíquais
ni uessão
onosoglimites
ol ,ocdentro
itílop odatnedeliberação.
mu rtsni muPercebe-se
omoc odaique rc oédtarefa
is ret complicada
oãn ed raseestabelecer
pA a
,”hslinha
ameentre
caF“ oo discurso
omoc etnque emdeve
lanigiser
ro oregulado
dairC .lado
icndiscurso
etop ues queod deve
satsipser
avamplamente
ad áj koobectolerado.
aF o
oiráusu oa aitimrep e od171 al a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
Larry Alexander , ao expor o posicionamento de John Rawls, por um lado afirma que
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
este autor se alinha ao entendimento de que a liberdade de expressão .setnéeuma
arta prerrogativa
etnemlauxesque
uma sociedade liberal justa deve conceder, apesar de não estar entre os direitos humanos
-paque
c e eadacomunidade
disrevinu adinternacional
açnaruges eddeva ederhonrar.
a maraPor
sseoutro
ca serlado,
odaircconforme
sues euqAlexander,
siopeD outros
maautores
raçemocargumentam
soiráusu soque irpóros
p sdireitos
o ,setnhumanos,
adutse sodaos oãçquais
acfiitnRawls
edi edreconhece,
snegami sdependem
a mararut de
sauums mgoverno
avasserpsendo
xe eudemocrático,
q uo sotsetorop que, ed spor
otxesua
t movez,
c sneles
egaargumentam
mi rop sotof requerer
saus saliberdade
racort a de
souexpressão.
dívidni ed Além
et rap disso,
rop lfitemos
rep odque otoAlexander
f ed saçnaconsidera
dum sà raalinecessidade
mis ogla ,sade citípensarmos
lop seõinipoque,
,somuitas
dinU sovezes,
datsE soodireito
d siaicde nedse
iseexpressar
rp seõçieltambém
e san otienvolve
elp od oodadireito
tluser de
o mescutar
oc sodada maudiência.
rofnocni
,ARIE76
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
Alexander172 apresenta LIBERDADE
ainda teorias segundo DE EXPRESSÃO
as quais a liberdade de expressão tem E
como argumento a promoção da virtude.
POLÍTICA: FERRAMENTA TECNOLÓGICANesse contexto, o discurso livre seria ferramenta
NEUTRA
para o incentivo de certas virtudes essenciais para o sucesso da democracia liberal,
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
especialmente por desenvolver a tolerância das pessoas para com as opiniões alheias
diversas das suas. Cabe apontar, entretanto, que o argumento da promoção da virtude
pode ser de certa forma excessivo, pois o exercício da tolerância pode obrigar as pessoas
a terem de aceitar falas com insultos ou até ofensas, dando espaço a discursos que podem
destruir reputações, infringir a privacidade, bem como trazer outros prejuízos ao destinatário
daquela opinião. Aléxia Duarte Torres1
77
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSFiss
SE176
RP, X E Eesteio,
nesse D EDaponta
ADRum EBquinto
IL ,Kargumento,
OOBECsegundo
AF o qual a liberdade de
ARTUEN ACIGÓLONCET ATNEMARREF :Aele,
expressão equivale à proteção da autonomia. De acordo com CIToÍobjetivo
LOP da liberdade
de expressão não é a autorrealização individual, mas a preservação da democracia
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
como direito do povo. Direito esse que abarca a escolha livre de como se viver, além de
poder conhecer, por meio das opiniões, os candidatos nos quais vai ou não votar. Essa
possibilidade conduzirá ao debate pleno.
Para Yong177, uma maneira útil de entender o argumento da autonomia é por meio da
1 jurisprudência da Primeira Emenda dos Estados Unidos, com a exigência de neutralidade e
serroT etrauD aixélA
proibição da discriminação do ponto de vista. Os regulamentos relativos à fala devem tomar
um ponto de vista neutro. Observe que a neutralidade em questão é a de justificativa, não
a de efeito. Uma lei que regula o discurso para expressar desaprovação e supressão tem
sua mensagem falha no teste da neutralidade do ponto de vista. No entanto, OMUSEumaR lei que
prejudica
odim usnoc e oaãcapacidade
çaroc o odatsde
iuqcertos
noc mepontos
t euq laicde
osvista
eder ,para
koobeobter
caF oadeptos,
d aticílpxeou
oãsosique
m A prejudica
od aqueles
roder oaque
soudetêm
dívidni esse
e sorponto
ielisarbdeedvista,
seõhmas
lim enão
d advisa
iv adproduzir
roiam zetal
v apadrão
dac opdemedesvantagem,
t mu
oãçnão.
auta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euq178 atsed odahnag met ocitílop oiránec on
Nesse contexto, a defesa de Baker é que o discurso recebe proteção quando,
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
sem representar desrespeito à autonomia de outras pessoas, promove o desenvolvimento
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
do falante e a habilidade dele de participar das mudanças sociais. Além disso, o discurso
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
representa a escolha livre do orador, com a aceitação do ouvinte, fora de um contexto de
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
violência ou de atividade coercitiva.
.rednopser a eõporp
Ainda nessa linha de raciocínio, Fiss179 destaca que, na sociedade moderna, com
características desiguais de distribuição de poder, bem como diante da incapacidade de
todas as pessoas obterem formação essencial para o exercício da OÃcidadania,
ÇUDORTNéI possível
.1
oicíque
ni uaesproteção
on ogol da
,ocautonomia,
itílop otnemfundamenta
u rtsni mu oàmliberdade
oc odaircdeodexpressão,
is ret oãn esteja
ed rassobremaneira
epA
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaquando
ameaçada. Dessa forma, a autonomia do falante deve receber proteção somente Fo
oiráenriquece
usu oa aitoimdebate
rep e opúblico,
dal a odmas
al drnão
av raquando
H ed seas
tnaopiniões
dutse sodservem
sotof apara
vacodistorcer
loc erawtafoagenda
so
saopública.
ssep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
A autonomia, conforme Alexander180, demanda ainda.sealgum tnearta mecanismo
etnemlauxes de
-pabalanceamento.
c e edadisrevinuAssim,
ad açnna aruanálise
ges eddeedum
er adiscurso
marasseemca relação
serodairac outro,
sues eexiste
uq sioapnecessidade
eD
mado
raçeestudo
moc spara
oiráudemonstrar
su soirpórp que so ,asepermissão
tnadutse sodad expressão
oãçacfiitnede
di euma
d snopinião
egami snão
a mirá
araferir
rut a
sauautonomia
s mavassealheia.
rpxe euOuq useja,
o sootsargumento
etorp ed soou txegesto
t mocexpresso
snegampori ropuma
sotpessoa,
of saus nosa exercício
racort a de
sousua
dívidautonomia,
ni ed et rapdeve
ropguardar
lfi rep ocerto
d otofrespeito
ed saçànaautonomia
dum sà radelimoutrem.
is ogla ,sacitílop seõinipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
,ARIE78
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
3.1 FACEBOOK,
A proteção ao discurso LIBERDADE
político na democracia DE EXPRESSÃO
liberal: liberdade x igualdade E
POLÍTICA:
Para o objetivo FERRAMENTA
deste trabalho, TECNOLÓGICA
é importante compreender também o papel daNEUTRA
liberdade
de expressão no contexto dasOU arenasPLATAFORMA VIRTUAL
de participação popular EDITORIAL?
e política, principalmente que
a análise parte dos trabalhos do Fórum Técnico do Plano Estadual de Educação de Minas
Gerais. Alexander181 discorre que as teorias mais populares em relação à liberdade de
expressão justamente destacam sua importância para um governo democrático. Segundo
ele, há uma teoria geral na qual a democracia necessita de um cidadão informado, além
da teoria do discurso público, em que a liberdade de expressão é requisito para um debate 1
Aléxia Duarte Torres
desregulamentado, proporcionando a formação da opinião pública, bem como a promoção
da legitimidade do processo democrático de tomada de decisão.
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
181 Ibidem, p. 136.
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
182 BARENDT,
de Minasop. cit., p.Currículo
Gerais. 6. lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço
183 BRINK, Davideletrônico: [email protected]
O. Mill’s Progressive principles. Oxford: Oxford University, 2013. p. 152.
79
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSuma
falsa, SERopinião
PXE Ecensurada
D EDAevitaria
DREB queILopiniões
,KOOverdadeiras
BECAF se tornem dogma; e 4.
ARComo
TUEum Ndogma,
ACIGumaÓLopinião
ONCincontestável
ET ATNEperderá
MARR o seu
EF significado.
:ACITÍLOP
184
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO da liberdade de expressão
Na mesma esteira, Kent Greenawalt entende o princípio
como um guia político e um padrão real ou potencial de direito constitucional. A garantia
constitucional da liberdade de expressão reflete, segundo o autor, a importância do princípio
político de que o governo não deveria suprimir a comunicação de ideias. Na verdade, esse
princípio é frequentemente considerado como uma pedra angular da democracia liberal.
1
serroT eBarendt
trauD defende
aixélA que o discurso político deve ser livre, pois reforçaria um eleitorado
bem-informado, politicamente sofisticado, capaz de confrontar o governo, mais os menos
nos mesmos termos185. Além disso, o argumento do fortalecimento do ideal democrático
no livre discurso seria bastante forte.
OMUSER
Dworkin186, ao discorrer sobre a liberdade do indivíduo, afirma que, nos casos
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
em que a restrição à liberdade for suficientemente grave ou severa, o governo não está
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
autorizado a impor essa restrição, apenas porque ela seria imposta no interesse geral. Este
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
não está autorizado a restringir a liberdade de expressão sempre que parecer que isso
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
contribuirá para o aumento do bem-estar geral. Por outro lado, Dworkin critica a ideia de
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
um direito à liberdade, pois coloca essa prerrogativa do cidadão em confronto com outros
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
valores, quando surge regulamentação sobre a expressão, por exemplo. Nesse sentido,
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
para ele, é errôneo o argumento de que existe dano psicológico quando o indivíduo tem a
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
sua expressão de qualquer forma cerceada. Tendo em conta esse ponto de vista, Dworkin
.rednopser a eõporp
passa a defender a ideia de igualdade, e não a de liberdade.
A igualdade, nesse contexto, relaciona-se à distribuição de bens ou oportunidades
de maneira equânime, com tratamento respeitoso e preocupado relativamente OÃÇUDORTN aoI cidadão.
.1
Essa igualdade acaba por fundamentar o argumento de que ninguém pode ser detentor da
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
concepção de qual é a forma mais adequada de se viver, além de tentar impô‑la a todas
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
as outras pessoas. Nesse aspecto, todos teriam, primeiro, o direito a igual tratamento, ou
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
seja, a mesma distribuição de bens e oportunidades que qualquer outra pessoa receba. Em
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
segundo lugar está o direito de ser tratado como igual, isto é, receber .setneigual
arta econsideração
tnemlauxes e
respeito na decisão política sobre como tais bens e oportunidades serão distribuídos.
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemEssaoc soconcepção
iráusu soirliberal
pórp sdeo igualdade,
,setnadutseproposta
sod oãçpor
acfiDworkin,
itnedi edimpõesnegaque
mi um
sa governo
mararut só
saupode
s marestringir
vasserpxea liberdade
euq uo soatspartir
etorpdeedtipos
sotxmuito
et moclimitados
snegamde i rojustificação.
p sotof sausEssasa rconcepção
aco r t a
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõdeinilimitar
parte principalmente de que a restrição deve surgir quando houver necessidade po
,sopara
dinU fornecer
sodatsE sproteção
od siaicnaeddireito
iserp sespecífico
eõçiele sandeotalgum
ielp odindivíduo
odatluserque o mseria
oc soprejudicado
damrofnocnpelo i
outro. Outro aspecto que justificaria a restrição é aquele segundo o qual o governo apresenta
edad184
lucaFGREENAWALT,
ad oãçaudarG-Kent.
sóP eSpeech,
d amargocrime,
rP – siand
areGthe
sanuses
iM eof
d lalanguage.
redeF edaOxford
disrevinUniversity,
U alep otie1992.
riD mep.ad4.nartseM 1
aciló185
taC edBARENDT,
adisrevinUop.
aiccit.,
ífitnop.155.
P alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
186 DWORKIN, Ronald. Levando .8135os
05direitos
656618a47sério.
52/rbTradução
.qpnc.settealnotas:
//:ptth :Nelson
settal oBoeira.
lucírruCSão
.siaPaulo:
reG sanMartins
iM ed Fontes,
2002. p. 415-421. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE80
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
o impedimento, baseado FACEBOOK,
em algum objetivo LIBERDADE
político geral, a fimDE EXPRESSÃO
de realizar algo para a E
comunidade como um todo, pelo
POLÍTICA: qual a sociedade estará
FERRAMENTA melhor por causa daNEUTRA
TECNOLÓGICA restrição.
A concepção liberal de igualdade limitaria os argumentos de política ideais que podem ser
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
usados para justificar qualquer restrição à liberdade. Segundo Dworkin, “tais argumentos
não podem ser usados se a ideia em questão for controversa dentro da comunidade”.187
Os Afóruns
missãotécnicos,
explícita dorealizados
Facebook,pelo
rede social que tem
legislativo conquistado
mineiro, o coração
inserem-se nume consumido
reflexo
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros
necessário a todos os governos representativos. Nesse sentido, Mill e indivíduos
189 ao redor
argumenta que do
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado.
a liberdade é um valor o qual impede um governante de dispensar a participação dos Sua atuação
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
indivíduos. Isso porque o fortalecimento dos direitos das pessoas sempre incentivará a
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
capacidade reivindicativa de um povo. Dessa forma, o autor explica que uma forma ideal
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
de governo “é aquela em que todo cidadão não apenas tem uma voz no exercício do poder
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
supremo, mas também é chamado, pelo menos ocasionalmente, a tomar parte ativa no
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
governo pelo exercício de alguma função pública, local ou geral”.190
propõe a responder.
A questão da participação está, substancialmente, na necessidade fundamental de se
garantirem espaços a fim de que todas as pessoas possam efetivamente ter voz no debate.
1.
A exclusão INTRODUÇÃO
de um grupo importante àquele tema incorre em deixá-lo numa situação menos
191
favorável Apesar
para aprimorar
de não ater própria
sido vida e acomo
criado comunidade a que pertença
um instrumento político,. Para
logoalém disso,
no seu início
a participação em liberdade conduz ao exercício da plena cidadania, pois,
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”, conforme Mill,
existe um incentivo
o software à autodependência
colocava e à autoconfiança
fotos dos estudantes de Harvarddas pessoas
lado a lado em um contexto
e permitia no
ao usuário
qualclassificar
elas sentem estar competindo em nível de igualdade com todos os outros.
quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas Quando
chamado a participar,
sexualmente o cidadão passa a tolerar opiniões diversas das suas, “(…) a pesar
atraentes.
interesses que não são os seus; a guiar-se, no caso de pretensões conflitantes, por outra
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
regra que não são suas parcialidades pessoais; a aplicar, em todos os casos, princípios e
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
máximas que têm como razão de ser o bem comum”.192
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
187inconformados
DWORKIN, op. cit.,com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
p. 422.
188 BAKER, C. op. cit., p. 278.
189 MILL, John Stuart. O governo representativo. Trad. de Manoel Innocêncio de L. Santos Jr. Brasília: Universi-
dade de Brasília, 1981. p. 30.
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
190 Ibidem, p. 31.da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
de Direito
191 Ibidem, p. 34-37.
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço
192 Ibidem, p. 38.eletrônico: [email protected]
81
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSNesse XE EDMillE193
SERPcontexto, DA jáD REBILa necessidade
apontava ,KOOBEde CAseFter mecanismos os quais
ARpermitissem
TUEN Aque CIaGminoria
ÓLOnão NCfosse esmagada
ET A TNEMpela ARmaioria
REF :emACum ITcontexto
ÍLOP democrático.
O autor defende a qualificação da minoria, ou seja, fornecer instrução a essa parcela
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
da população. Daí temos ainda a importância de ferramentas institucionalizadas de
participação, como são os fóruns técnicos realizados pelo legislativo.
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
193 Ibidem, p. 80. .8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
194 DWORKIN, op. cit., p. 426. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE82
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
No mesmo debate público, LIBERDADE
o pesquisador da Fundação João DE EXPRESSÃO
Pinheiro doutor Bruno E
Lazzarotti também abordou a FERRAMENTA
POLÍTICA: questão da ideologia de gênero. Ele participouNEUTRA
TECNOLÓGICA do painel
“Plano Estadual de Educação: alinhamento ao Plano Nacional de Educação, diretrizes
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
complementares e especificidades da educação mineira”. Para o pesquisador,
Cada vez que silenciamos sobre um assunto, estamos corroborando a
manutenção de uma ideologia de gênero. Ela não desaparece. Cada vez que
vamos às lojas de brinquedos e vimos quais são os brinquedos destinados
às meninas e quais os destinados aos meninos, estamos assistindo a uma
ideologia de gênero, que reforça um determinado papel às mulheres e um 1
Aléxia
determinado papel e posições aos homens. Então espero que Duarte Torres
a ideologia de
gênero que passe a frequentar nossas escolas não seja a da omissão, a da
manutenção da desigualdade, a da opressão, a da discriminação.
No RESUMO
mesmo sentido, a professora Marisa Ribeiro Teixeira Duarte defendeu a abordagem
da ideologia de gênero. Segundo ela, “construções de gênero são construções de poder,
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
não tenho a menor dúvida disso, e de um poder simbólico, difuso, que é muito mais difícil
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
de enfrentar do que o da autoridade quando ela nos apresenta”.
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
No no cenário político
encerramento tem ganhado
do debate, destaque
diversos e suascriticaram
participantes políticas de restrição
a fala de conteúdo
do deputado Léo e
Portela. Opersonalização
presidente dadeFundação
algoritmo continuam a gerar polêmicas.
Joaquim Nabuco, Paulo RubemEstariaSantiago,
o Facebook democratizando
comparou as
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos
observações contrárias à ideologia de gênero com as reações do passado a conquistas e partidos políticos
que divergem
como a abolição com as ideias
da escravatura, dos fundadores
voto feminino e funcionários do Facebook possuem o
e divórcio.
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
No propõe
debate apúblico,
responder.em 19 de fevereiro de 2016, a questão da inclusão voltou às
discussões. A secretária de Estado de Educação, Macaé Evaristo do Santos, defendeu um
Plano Estadual de Educação que respeitasse a pessoa na grandeza de sua humanidade.
Para1. a secretária,
INTRODUÇÃO o Plano Estadual de Educação deveria ser “banhado de humanidade,
sem deixar ninguém de fora”. “Queremos que todas as pessoas tenham direito a voz e a
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
educação. Vamos calar qualquer fascismo no nosso Estado”, afirmou.
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
No mesmo
o software sentido,fotos
colocava a coordenadora do Fórum
dos estudantes Estadual
de Harvard ladodea Educação, SuelyaoDuque
lado e permitia usuário
Rodarte, defendia,
classificar quemalém da inclusão
era “hot” ou não,dauma
pessoa comemdeficiência,
palavra a inclusão
inglês usada de gênero
para designar e
pessoas
o respeito à diversidade.
sexualmente atraentes.Nesse aspecto, a coordenadora chegou a ser interrompida por
manifestações contrárias ao que dizia, por meio de vaias, além de palmas em apoio, mas
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
o parlamentar responsável pela condução dos trabalhos, deputado estadual Paulo Lamac,
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
reiterou pelaas
a trocar ordem
suasno evento.
fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
opiniões
Daniel políticas, algo similar às mudanças
Cara, coordenador-geral da Campanha de foto do perfil
Nacional pelo por parteà de
Direito indivíduos
Educação,
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados
também defendeu o olhar às minorias. Para ele, a maioria dos planos estaduais de educaçãoUnidos,
que já estão aprovados e confirmados considerou a questão de gênero. “Espero que, em
Minas Gerais, não seja diferente, porque não dá para excluir nenhuma pessoa do processo
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
educacional nem
de Direito da dá para deixar
Universidade dede
Federal respeitar as mulheres,
Minas Gerais. osDireito
Graduada em homossexuais;
pela Pontifícia não é possível
Universidade Católica
de Minas
deixar de fazer Gerais. Currículo lattes:
uma educação http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
verdadeiramente inclusiva”.
Endereço eletrônico: [email protected]
83
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSOSE RPXEafirmou
estudioso ED Eser DAuma
DRcobrança
EBIL ,das
KOOrganizações
OBECAFdas Nações Unidas nesse
ARsentido:
TUEN “Tem
ACdeIdiscutir
GÓLO todas
NCasEquestões
T ATNpolíticas,
EMARideológicas,
REF :ACde ITgênero
ÍLOPe de orientação
sexual nas escolas – faz parte da construção do direito humano a educação”. O professor
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
Antônio Carlos Pereira, secretário adjunto de Educação, também partiu em defesa do tema.
Libernina Andrade, da Sociedade Civil, Travestis e Trans, chegou a ser dura nos
apontamentos. Afirmou: “Não sei se é falta de noção ou mau-caratismo dessas pessoas
que usam esses termos de ideologia de gênero para desviar a atenção do que realmente
1 deve ser discutido, como as questões da diversidade na escola e suas condições e dos
serroT etrauD aixélA
salários dos professores”. Libernina apontou ainda que a falta de acolhimento das minorias
nas escolas leva à evasão escolar alta no contexto dessas pessoas.
As atividades da etapa final do Fórum Técnico foram abertas por uma reunião
OMUSER
especial realizada em 15 de junho de 2016. Nela os debatedores voltaram a defender a
odim usnoc e osobre
discussão ãçarocgênero
o odatsno
iuqcontexto
noc met eescolar.
uq laicosNoedeentanto,
r ,koobecpercebe-se
aF od aticílpque
xe oaãsala
simparlamentar
A
od mais
roder conservadora
oa soudívidni se
e safastou
orielisarbdos
eddebates,
seõhlim pois
ed adnão
iv aestiveram
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v adac opm e t m u dessa
deputados
oãçcategoria
auta auS .nos
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etnede
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vic e odatcenfinais
oc ,odo
t rebFórum.
a siam odnum o retnam é ,odnum
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
odnazitarcoNa meplenária
d koobecfinal,
aF o aiem
ratsE17.sade
cimjunho
êlop rade
reg2016,
a mauanitvotação
noc omtirde
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ed oãçazieducacionais
lanosrep que
socbeneficiem
itílop sodit rapminorias,
e sotadidnem
ac ,especial
setnerefidhomossexuais,
sacitílop seõsiV bissexuais,
?a-odnazilarttransgêneros
nec uo oãçamreofnprofissionais
ia
o mdoeussexo,
sop kocupou
oobecaFoocentro
d soirádos
noicndebates.
uf e seroEntre
dadnuasf s21
od metas
saiedi sem
a mqueoc mfoiegorganizado
revid euq o texto,
es oogdebate
it ra essemais
euq acirrado
seõtseuq foisa na
oãsmeta
sassEEducação
?amrofatade lp aJovens
n edadielibAdultos,
isiv e oçaconcentrando-se
pse omsem nas
diretrizes que mencionavam as minorias, em especial aquelas .redrelacionadas
nopser a eõpoàrporientação
sexual. No encontro final da Plenária, os inscritos puderam defender no microfone suas
opiniões. Percebe-se que, apesar das divergências em torno das questões de gênero, não
houve argumentos que caminhassem para um discurso agressivo, O ouÃÇaté
UDmesmo
ORTNI abjeto.
.1
oicíni uesDiversos
on ogolparticipantes
,ocitílop otneprocuraram
mu rtsni muretirar omocdoodtexto airc aodmenção
is ret oãàs n minorias,
ed rasepAafirmando
,”hsque
ameascacitações
F“ o omofereciam
oc etnemlabenefícios
nigiro odainjustificados
irC .laicnetopausegmentos
es od satsda ip apopulação,
vad áj kooem becprejuízo
aF o
oiráda
usmaioria.
u oa aitimCondenaram especialmente a menção a homossexuais e profissionais dossexo,
r e p e o d a l a o d a l d r a v r a H e d s e t n a d u t s e s o d s o t o f a v a c o l o c e r a w t f o o
saopor
ssepconsiderar
rangised aquerap isso
adasuestimularia
sêlgni meaarerotização
valap amuprecoce ,oãn uo das ”tohcrianças.
“ are meuOs q raargumentos
cfiissalc
levaram alguns professores a se manifestarem contrariamente, .setnargumentando
earta etnemlauxque es o
-patrabalho
c e edaddocente,
isrevinu aseja d açnqual
arugfor
es aedorientação
eder a mado rasprofissional,
seca serodairnão c suéeserotizar
euq sioninguém,
peD mas
matrabalhar
raçemoc com soiráousconhecimento.
u soirpórp so ,Cabe setnaressaltar
dutse sodque, oãçquando
acfiitnedhavia
i ed smanifestações
negami sa macontra rarut a
saupessoa
s mavaque sserestava
pxe euqaoumicrofone,
o sotsetorpo edeputado
d so txe t mestadual
oc snegPaulo
ami rLamac
op sotorestabelecia
f saus sa raacordemort a e
sougarantia
dívidni eoddireito
et rap de ropexpressar
lfi rep oddootfalante.
of ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
Os pedidos de supressão da menção às minorias acabaram rejeitados pela Plenária.
Uma das diretrizes que gerou polêmica foi a que propõe garantir a oferta de Educação de
edadJovens
lucaF ad oeãçAdultos
audarG-só“àsP edpopulações
amargorP – siaemreG ssituação
aniM ed larde
edeFvulnerabilidade
edadisrevinU alep social,
otieriD mepessoas
adnartseMLGBT 1 –
acilóem
taC eespecial
dadisrevinUtravestis
aicífitnoP e
aletransexuais
p otieriD me ad–
audmulheres,
arG .siareG snegros,
aniM ed lapopulação
redeF edadisredovinUcampo,
ad otieriDindígenas,
ed
.8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
quilombolas, povos tradicionais, população em m situação
oc.liamg@ deoturua
daixeela população
:ocinôrtele oçeem
rednsituação
E
,ARIE84
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
de privação de liberdade, que LIBERDADE
não tiveram acesso DEo ensino
ou não concluíram EXPRESSÃO
fundamental E
ou o ensino médio”. A propostaFERRAMENTA
POLÍTICA: acabou aprovada com TECNOLÓGICA
uma única alteração: que NEUTRA
se garanta
o direito de travestis e transexuais usarem o nome social (e não o de batismo) nesses
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
processos educacionais.
Durante a plenária final, também foi aprovada uma meta suplementar às outras 20 que
já constavam no texto. Trata-se da criação e implementação de um “programa educacional
RESUMO
de combate às discriminações motivadas por preconceito de orientação sexual, identidade
de gênero,A machismo,
missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
LGTBfobia, de crença ou de qualquer outra natureza”.
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
Como se pode
mundo, perceber,
é manter o mundo apesar
mais dos discursos
aberto, conectadocontrários à inclusão,
e civilmente engajado.prevaleceu
Sua atuação
aquele emnoque havia a defesa por meio de mecanismos que visem assegurar os
cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo direitos e
das minorias. Nesse sentido,
personalização percebe-se
de algoritmo queaagerar
continuam liberdade de expressão
polêmicas. esteve assegurada.
Estaria o Facebook democratizando
No contexto do FórumouTécnico,
a informação a sistemática
centralizando-a? da discussão
Visões políticas caminha
diferentes, no objetivo
candidatos depolíticos
e partidos dar
voz a todos os lados, para finalmente, numa votação aberta, chegar-se a uma decisão em o
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem
relação aomesmo espaço
texto final e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
da proposta.
propõe a responder.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
1. INTRODUÇÃO
A Constituição da República consagra o modelo representativo de governo ao mesmo
tempo queApesar
prevê dequenão ter sidopode
o cidadão criadoter como
formasum de instrumento político, logo
influenciar diretamente no seudas
os rumos início
o Facebook
políticas públicas já pensadas
dava pistasparadoa seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
sociedade.
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
Ao longo
classificar dos era
quem últimos
“hot”anos,
ou não,apósuma a redemocratização
palavra em inglêsdo país para
usada em 1988,
designardiversos
pessoas
instrumentos de participação
sexualmente atraentes. popular foram institucionalizados nas Casas Legislativas
Brasileiras. A Assembleia Legislativa de Minas Gerais é uma das que defendem essa
bandeira aoDepois
chamar queoseus criadores
cidadão acessaram
a debater, a redecom
em conjunto de segurança da universidade
representantes do governo,eas cap-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
propostas que ali devam ser aprovadas.
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
Este artigo
opiniões buscou
políticas, detectar
algo similarseàsa diversidade
mudanças de pontosfoto dodeperfil
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indivíduos
eminconformados
temas espinhosos, com como a discussão
o resultado do pleito dasnasquestões
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presidenciais dos Estadosdo Plano
Unidos,
Estadual de Educação, que tramita no legislativo desde setembro de 2015. Como podemos
observar, a liberdade de expressão não é permissão geral para que todos digam o que
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
querem na hora em que desejam, mas um direito a ser exercido, considerando um ambiente
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
salutar de
deMinas
debate, emCurrículo
Gerais. que exista
lattes:igualdade entre os debatedores.
http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço eletrônico: [email protected]
85
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSOSEFórumRPXTécnico
E ED do EDPlano
ADEstadual
REBILde,KEducação
OOBErecebeu,
CAF de forma irrestrita, as
ARinscrições
TUEN de AC atores
IGÓ interessados
LONCEnaquele
T ATNtema
EMeAacabou
RREFpor:Areunir
CITrepresentantes
ÍLOP de 154
instituições, tanto governamentais quanto da sociedade civil organizada. Esteve ali, portanto,
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
uma diversidade considerável de pessoas com opiniões distintas sobre as temáticas que
perpassam o ambiente escolar.
Portanto, tem-se que houve igualdade entre os cidadãos que se dispuseram a debater
OMUSER
o Plano Estadual de Educação de Minas Gerais, uma vez que foi franqueada a participação
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oãformas,
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necessárias ao pleno exercício da democracia pelos cidadãos.
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o mREFERÊNCIAS
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656618Arts/Bobbs-Merrill,
4752/rb.qpnc.settal//:p1956.
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moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE86
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>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
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Disponível VIRTUAL EDITORIAL?
em: <https://www.almg.gov.br/atividade_parlamentar/
tramitacao_projetos/interna.html?a=2015&n=77&t=MSG&aba=js_tabVisao>. Acesso em: 15
dez. 2017.
______. Projeto de Lei nº 2882/2015. Disponível em: <https://www.almg.gov.br/atividade_par-
lamentar/tramitacao_projetos/interna.html?a=2015&n=2882&t=PL&aba=js_tabTramitacao>.
Acesso em: 22 jan. 2018.
Aléxia Duarte Torres1
______. Regulamento do Fórum Técnico. Art. 10. Disponível em: <https://www.almg.gov.br/export/
sites/default/acompanhe/eventos/hotsites/2015/forum_tecnico_plano_educacao/documentos/regu-
lamento/regulamento_forum_tecnico_plano_educacao.pdf>. Acesso em: 22 jan. 2018.
YONG, Caleb. Does freedom of speech include hate speech?. Res Publica, n. 17, p 385-403, 2011.
RESUMO
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
propõe a responder.
1. INTRODUÇÃO
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
sexualmente atraentes.
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço eletrônico: [email protected]
87
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
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socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
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es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
.rednopser a eõporp
OÃÇUDORTNI .1
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,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
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saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
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maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
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moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE88
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
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QUAL É A RESPOSTA
FACEBOOK, DO PARLAMENTO
LIBERDADE AO E
DE EXPRESSÃO
DISCURSO
POLÍTICA:DE ÓDIO? REFLEXÕES
FERRAMENTA ACERCA
TECNOLÓGICA DOS
NEUTRA
PROCEDIMENTOS DISCIPLINARES POR QUEBRA
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
DE DECORO E DOS LIMITES CONSTITUCIONAIS ÀS
IMUNIDADES PARLAMENTARES
Aléxia
Julia Camara Duarte
Alves Torres
Moreira195
1
RESUMO:
RESUMO
O presente artigo almeja analisar de que forma os intitulados “discursos de ódio” são
A missãonoexplícita
reprimidos seio dodoParlamento
Facebook, Nacional,
rede socialrelativamente
que tem conquistado o coração eadvindas
às manifestações consumido
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e
de seus próprios membros, a partir da apreciação tanto das previsões do Código indivíduos ao redor do
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente
de Ética e Decoro Parlamentar, quanto de eventuais procedimentos disciplinares engajado. Sua atuação
no cenárioem
instaurados político tem de
desfavor ganhado destaque
deputados e suasPara
federais. políticas
tanto,debuscar-se-á
restrição dedelimitar
conteúdo e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook
os contornos da garantia constitucional da imunidade material e dos conceitos de democratizando
a informação
“discurso ou centralizando-a?
do ódio” e de “decoro Visões políticas adiferentes,
parlamentar”, candidatos
fim de propor e partidos políticos
aperfeiçoamentos
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do
aos procedimentos disciplinares internos, tornando-os mais efetivos em relação Facebook possuemà o
mesmo social
satisfação espaçoquanto
e visibilidade na plataforma?
à reprimenda Essas sãodegradantes.
de manifestações as questões que esse artigo se
propõe a responder.
1. INTRODUÇÃO
1. INTRODUÇÃO
Nas vivências de uma sociedade construída sob pilares democráticos, a busca da
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
proteção das mais variadas formas de discurso pelo manto da liberdade de expressão pode
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
originar manifestações de intolerância e discriminação contra grupos vulneráveis (negros,
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
homossexuais, mulheres, minorias religiosas, indígenas, entre outros) o que, a contrario
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
sensu, desencadearia a fragmentação dos pilares que a sustentam.
sexualmente atraentes.
Posto esse contraste, este artigo pretende analisar o conceito e as nuances do fenô-
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
meno do “discurso de ódio” a partir de parâmetros tanto doutrinários quanto normativos,
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
com merecido enfoque atribuído à sua manifestação e repressão na seara política, no dis-
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
curso parlamentar.
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
inconformados
Nesse contexto,comrealizar-se-á
o resultado recorte
do pleitoespecífico
nas eleições presidenciais
no âmbito dos Estados
da manifestação pelaUnidos,
via
do discurso, no que diz respeito à atuação dos deputados federais, averiguando em que me-
dida o ato político, dentro e fora do Legislativo, pode ou não ser classificado como discurso
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
195 Mestranda
de MinasemGerais.
DireitoCurrículo
Administrativo
lattes: pela
http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Graduada em Direito
pelaEndereço
UFMG. Advogada.
eletrônico: [email protected]
MOREIRA, Julia Camara Alves. Qual é a resposta do parlamento ao discurso de ódio? Reflexões acerca dos procedimentos disciplinares 89
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
por quebra de decoro e dos limites constitucionais às imunidades parlamentares. In: PEREIRA, Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume II. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 89-116. ISBN 978-85-67134-06-2. Disponível em:
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
<https://doi.org/10.32445/97885671340625>
EOde à SSESerão
ódio. RPXexpostas
E ED as ED ADREconsequências
possíveis BIL ,KOOdessas BECAmanifestações
F – sejam elas
ARcriminais,
TUENcivis,ACIadministrativas,
GÓLONCpolíticas ET ATN e/ou
EMsociais
ARR –,EoFque
:Aexige
CITmaior
ÍLOaprofundamento
P
tanto na prerrogativa constitucional da Imunidade Parlamentar quanto nos efeitos da “que-
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
bra de decoro parlamentar”.
Por fim, após pesquisa documental, serão trazidas as principais discussões e apon-
tamentos acerca do assunto. Obviamente, não há como, e nem se pretende, relatar tudo
OMUSER
o que foi dito/argumentado naqueles procedimentos, muito menos encerrar a temática do
odim usnoc e de
discurso oãçódio
aroc oe oos
datseus
siuqnoatritos
c met ecom
uq laiacogarantia
s eder ,koconstitucional
obecaF od aticda ílpxeimunidade
oãssim A material.
od Propõe-se,
roder oa sououtrossim,
dívidni e soum rielinovo
sarb eolhar
d seõao
hlim e d a d i v a d r o i a m z e v a
procedimento disciplinar parlamentar,d a c o pmet mua partir de
oãçsua
autaressignificação,
auS .odajagne epara
tnemlqueivic possa
e odatcser
enoaperfeiçoado,
c ,ot reba siamtornando-se
odnum o retnmais am éefetivo.
,odnum
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
soc2.
itílo p soOdiDISCURSO
t rap e sotadidDE
nacÓDIO
,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
es ogit ra eSamanta
sse euq sRibeiro
eõtseuq Meyer-Pflug
sa oãs sassEdelineia
?amrofaotalpdiscurso
an edadide
libisódio
iv e ocomo
çapse oum
mseconjunto
m de
ideias que, ao serem manifestadas, incitam a discriminação racial, social ou religiosa
.rednopser a eõporp em
determinados grupos. Afirma que esses grupos são, grande parte das vezes, minorias,
não restringindo, conquanto, o sujeito passivo do discurso, muito embora não abarque, na
OÃÇUDORpor
definição de seu conceito, as manifestações que possam incitar agressões TNI questões
.1
relacionadas a sexo, gênero, orientação sexual e identidade. 196
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hsamecJá aF“Alvaro
o omPaul
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nemenfatiza
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odal a odatraços
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se soddeterminado
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oc erawCom
t fos isso,
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ssep ranessencial
gised arapa aanálise
dasu sdo
êlgncontexto
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amse
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h“ aeretambém
meuq raas
cfiexternali-
issalc
dades originadas pelo discurso, bem como, não menos importante, .setneoaseu
rta egrau
tnemde
lauxsegre-
es
-pagação.
197
c e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
Definir parâmetros e modelos conceituais objetivos acerca do que venha a ser “dis-
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
curso de ódio” é de suma importância para que se compreenda a melhor resposta, jurídica,
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
política ou administrativa, a ser dada a esse fenômeno degradante. Nessa toada, muito
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
embora ainda não ratificada pelo Brasil, a Convenção Interamericana contra Toda a Forma
edad196
lucaFMEYER-PFLUG,
ad oãçaudarG-sSamantha
óP ed amaRibeiro.
rgorP – Liberdade
siareG sande iM Expressão
ed laredeF eedDiscurso
adisrevinde
U aÓdio.
lep otSão
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REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
de Discriminação e Intolerância LIBERDADE
parece clarificar DE EXPRESSÃO
o tema, sendo instrumento normativo inter- E
nacional que destrincha
POLÍTICA: o fenômeno, seu conceito e suas
FERRAMENTA consequências .
TECNOLÓGICA
198
NEUTRA
Os Estados comprometem-se
OU PLATAFORMA a prevenir, eliminar,
VIRTUALproibir e EDITORIAL?
punir, de acordo
com suas normas constitucionais e com as disposições desta Convenção, to-
dos os atos e manifestações de discriminação e intolerância, inclusive:
I. apoio público ou privado a atividades discriminatórias ou que promovam a
intolerância, incluindo seu financiamento;
II. publicação, circulação ou difusão, por qualquer forma e/ou meio de comuni-
cação, inclusive a internet, de qualquer material que:
Aléxia Duarte Torres1
a) defenda, promova ou incite o ódio, a discriminação e a intolerância; e
b) tolere, justifique ou defenda atos que constituam ou tenham constituído ge-
nocídio ou crimes contra a humanidade, conforme definidos pelo Direito Inter-
nacional, ou promova ou incite a prática desses atos;
RESUMO
III. violência motivada por qualquer um dos critérios estabelecidos no artigo
1.1;explícita
A missão […] do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
um tempo cadaportanto,
A discriminação, vez maior da vida
é ato de milhões
que incita de brasileiros
a distinção, exclusão,e indivíduos ao prefe-
restrição ou redor do
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado.
rência, tanto no âmbito público quanto no privado. Seus efeitos são a anulação ou a limita- Sua atuação
no cenário
ção do direito político tem ganhado
ao reconhecimento, ao gozodestaque e suas políticas
e ao exercício, de restrição
em condições de conteúdo
de igualdade, de e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook
um ou mais direitos humanos e liberdades fundamentais consagrados nos instrumentos in- democratizando
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
ternacionais, sejam tais efeitos objetivados ou não por quem comete o ato discriminatório199.
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
De mesmo
acordo comespaçoa Convenção supracitada,
e visibilidade a discriminação
na plataforma? Essas são aspode basear-se
questões em nacio-
que esse artigo se
nalidade, propõe
idade, sexo, orientação sexual, identidade e expressão de gênero, idioma, religião,
a responder.
identidade cultural, opinião política ou de outra natureza, origem social, posição socioeco-
nômica, nível educacional, condição de migrante, refugiado, repatriado, apátrida ou deslo-
1. interno,
cado INTRODUÇÃO
deficiência, característica genética, estado de saúde física ou mental, inclu-
sive infectocontagioso, e condição psíquica incapacitante, ou qualquer outra condição200.
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
o Facebook Em análise
já dava preliminar
pistas do seué possível
potencial.concluir,
Criadoportanto, que Convenção
originalmente Interame-
como o “Facemash”,
ricana mostra-se como importante ferramenta jurídica capaz de responder ao
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
discurso de ódio segundo as balizas e a sistemática constitucional vigente. De-
classificar quem
lineia era “hot” ou
o conceito não,discurso,
deste uma palavra em inglês
seus efeitos, usada
visando para designar
à proteção pessoas
contundente
sexualmentedos atraentes.
grupos ofendidos, destacando o princípio da igualdade, um dos objetivos
da República Federativa do Brasil.
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
Indo um
turaram pouco mais
as imagens de adiante, algunsdos
identificação parâmetros mais
estudantes, osobjetivos,
próprios capazes
usuáriosdecomeçaram
enqua-
drara um
trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavamde-
discurso na categoria de “discurso de ódio”, merecem ser aqui abordados, suas
monstrando
opiniões uma progressão
políticas, no queàs
algo similar dizmudanças
respeito àsde
discussões no entorno
foto do perfil da temática.
por parte de indivíduos
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
198 Convenção Interamericana contra Toda a Forma de Discriminação e Intolerância. Disponível em: <http://
1 www.oas.org/en/sla/dil/docs/inter_american_treaties_A69_Convencao_Interamericana_disciminacao_into-
Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
lerancia_POR.pdf>. Acesso em:
de Direito da Universidade 2 dez.
Federal de2017.
Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
199 Ibidem.
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço eletrônico: [email protected]
200 Ibidem
91
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSOsSEPrincípios
RPXE E deD EDAsobre
Camden DREa B IL ,KOdeOExpressão
Liberdade BECAFe Igualdade, desenvolvidos
ARpela
TUARTIGO
EN A19CIG, organização não
T governamental
ATNEMARdeRE origem
F :AInglesa
CITÍLvoltada
OP aos direitos
201
ÓLONCE
humanos, com base em discussões sobre liberdade de expressão e igualdade sustentadas
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
tanto por membros ONU quanto por membros de outras organizações, especialistas em
direito internacional dos direitos humanos, apresentam nova perspectiva. A elaboração de
tais princípios surgiu no anseio do manejo de um consenso global sobre a relação razoável
e proporcional entre o princípio da liberdade de expressão e da promoção da igualdade,
de modo que o direito internacional tem se mostrado a base para a solução de eventuais
1
setensões
rroT etrnormativas.
auD aixélA
Passemos ao Princípio 12 do referido documento:
Princípio 12: Incitação ao ódio
Todos os Estados devem adotar legislação que proíba qualquer OMUSpromoção
ER de
ódio religioso, racial ou nacional que constitua uma incitação à discriminação,
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
hostilidade ou violência (discurso do ódio).
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
Sistemas jurídicos nacionais devem deixar claro, seja de forma explícita ou por
oãçauta auS .odajagmeio ne etdenem livic e odatcimpositiva,
interpretação enoc ,ot rebque:
a siam odnum o retnam é ,odnum
e odúetnoc ed oãçiri.tsOs er etermos
d sacit‘ódio’
ílop saeu‘hostilidade’
s e euqatsedseodreferem
ahnag m a eemoções
t ocitílop intensas
oiránec oenirracionais
odnazitarcomed koobde ecaopróbrio,
F o airatsEanimosidade
.sacimêlop raereaversão
g a maunaoitngrupo
oc omtvisado.
irogla ed oãçazilanosrep
socitílop sodit rap e sii.
otadOidtermo
nac ,se‘promoção’
tnerefid sacideve
tílop sser
eõsientendido
V ?a-odnazcomo
ilartneac uexistência
o oãçamrode fniintenção
a de
o meussop koobecpromover
aF od soirpublicamente
ánoicnuf e seoroódiodadnao uf grupo
sod savisado.
iedi sa moc megrevid euq
es ogit ra esse euq siii.
eõO tsetermo
uq sa ‘incitação’
oãs sassE se ?arefere
mrofataaldeclarações
p an edadilibsobre
isiv e ogrupos
çapse oreligiosos,
msem raciais
ou nacionais que criam risco iminente de discriminação, .rednopsehostilidade
r a eõporp ou violên-
cia a pessoas pertencentes a esses grupos.
iv. A promoção, por parte de comunidades diferentes, de um sentido positivo de
identidade de grupo não constitui discurso do ódio202.
OÃÇUDORTNI .1
(grifos da autora)
oicíni uesDistintamente
on ogol ,ocitda ílopConvenção
otnemu rtsInteramericana,
ni mu omoc odoairdocumento
c odis ret osupracitado
ãn ed rasepprevê A a “in-
,”hstenção”
amecaFdaquele
“ o omoque c etprofere
nemlaniogidiscurso
ro odairCcomo
.laicnelemento
etop ues essencial
od satsip àacaracterização
vad áj koobecado F odis-
oirácurso
usu ode
a aódio.
itimreEste
p e oartigo,
dal a oportanto,
dal drav raapegar-se-á
H ed setnadauesse
tse sofundamento.
d sotof avacObviamente,
oloc erawt fonão s o se
saodefende
ssep ranagimpunidade
ised arap addaquele
asu sêlque
gni m e arvalapum
manifeste amdiscurso
u ,oãn ude
o ”efeitos
toh“ aodiosos,
re meuq muito racfiisembora
salc
não seja a sua intenção, mas acredita-se que o elemento anímico seja essencial à xcarac-
. s e t n e a r t a e t n e m l a u es
-paterização
c e edadisde revuma
inu aconduta
d açnarutãogesgravosa
ed edere areprovável
marasseccomo
a seroédaoirdiscurso
c sues eude q sódio,
iopeDsob a qual
marecai
raçemumaoc ssérie
oiráudesu retaliações.
soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
sou201
dívidARTIGO
ni ed 19
et rBRASIL.
ap rop Alfiorganização.
rep od otoDisponível
f ed saçem:
nad<http://artigo19.org/a-organizacao/>.
um sà ralimis ogla ,sacitílop Acesso seõiniem:
po 20
,sodinU dez.
sod2017.
atsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
“com a missão de defender e promover o direito à liberdade de expressão e de acesso à informação em todo
o mundo. Seu nome tem origem no 19º artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU. Com
escritórios em nove países, a ARTIGO 19 está no Brasil desde 2007, e desde então tem se destacado por
edadlucaFimpulsionar
ad oãçaudadiferentes
rG-sóP ed pautas
amargorelacionadas
rP – siareG sàanliberdade
iM ed larede
deexpressão
F edadisreveininformação”.
U alep otieriD me adnartseM 1
aciló202
taC edARTIGO
adisrevin19
U aBrasil.
icífitnoPPrincípios
alep otieriD
demCamden
e adaudarsobre
G .siarliberdade
eG saniM eded laexpressão
redeF edadisereigualdade.
vinU ad otieDisponível
riD ed em:
.8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed Aces-
<http://www.refworld.org/cgi-bin/texis/vtx/rwmain/opendocpdf.pdf?reldoc=y&docid=4b5827292>.
so em: 20 ago. 2017. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE92
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
2.1 O STF e o discursoFACEBOOK,
de ódio LIBERDADE DE EXPRESSÃO E
POLÍTICA:
Interessante FERRAMENTA
e imprescindível TECNOLÓGICA
é retomar o posicionamento NEUTRA
do Poder Judiciário, nota-
damente do STF, no que diz respeito aos contornos do termo em
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL? estudo, o discurso de ódio.
Na análise do recebimento da denúncia oriunda do Inquérito nº 3.590, a qual deman-
dava por sanções criminais contra o deputado Marco Feliciano, tendo em vista postagem203
em sua página do Twitter, Luis Roberto Barroso manifestou seu voto com os seguintes
dizeres:
Eu até consideraria razoável que o Princípio da Dignidade Aléxia Duarte
da Pessoa Torres1
Humana
impusesse um mandamento ao legislador para que tipificasse condutas que
envolvam manifestações de ódio, de hate speech, como observou a Doutora
Deborah Duprat. Mas a verdade é que essa lei não existe. Existe até um projeto
de lei em discussão no Congresso Nacional. De modo que eu acho que vulne-
RESUMO
raria princípios que nós consideramos importantes se a própria jurisprudência
do explícita
A missão SupremodoTribunal Federal
Facebook, redepunisse criminalmente
social que alguém
tem conquistado sem quee consumido
o coração uma lei
claramente defina essa conduta como ilícita. De modo que, por mais reprovável
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
que se considere essa manifestação no plano moral, eu penso que não é possí-
mundo,velé tipificá-la
manter o penalmente,
mundo maisde aberto,
modo conectado e civilmente engajado.
que estou acompanhando Sua atuação
Vossa Excelência
no cenário político
pelo não tem ganhado
recebimento destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
da denúncia. 204
93
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSNão,
Sim, SERNãoPX–EReflexões
ED ED deAcura
DReElibertação”,
BIL ,KOpermite-nos
OBECAFmaiores aprofundamentos
ARacerca
TUEdosNA contornos
CIGÓdados
LONaoCconceito
ET ATN deEdiscurso
MARRdeEódio.
F :ACITÍLOP
?LAIRO EmTlinhas
IDE gerais,
LAUToRMinistério
IV AMPúblico
ROFAdo TAEstado
LP UdaOBahia acusou o sacerdote de
fazer afirmações discriminatórias à religião espírita e às religiões de matriz africana, como
a umbanda e o candomblé. O réu, em defesa, pleiteou o trancamento processual com o
argumento de que na denúncia não se teria delimitado o início e o fim do proselitismo206,
direito de qualquer líder religioso. Consequentemente, não se determinou onde de fato teria
1 iniciado a discriminação por parte do autor, o que tornou impossível a convivência entre
serroT etrauD aixélA
a intenção persecutória criminal e os preceitos da liberdade de expressão religiosa. Não
bastasse isso, defendeu a falta de justa causa processual, pois o exercício da liberdade de
expressão e manifestação religiosa deve ser interpretado com observância ao conteúdo
OMUSER
integral da obra, e não apenas de algumas expressões pinçadas do contexto em que foram
odim usnoc ede
escritas, oãçmodo
aroc oque
odaotstexto
iuqnonão
c metraz
t euqelementos
laicos edeque
r ,koofendam
obecaF odvalores
aticílpxedeoãoutrem,
ssim A mas sim
od arointenção
der oa sode
udíconvencimento
vidni e sorielisardos
b edfiéis,
seõhoulimseja,
ed aadipersuasão
v ad roiamcomo
zev adfim
ac último.
opmet 207
mu
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
e odúetnoDec etodo
d oãçmodo,
irtser eod que
sacitnos
ílop importa
saus e eéuqaadescrição
tsed odahndoagdiscurso
met ocitídiscriminatório,
lop oiránec on aqui si-
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçpelo
nônimo de “discurso de ódio”. De acordo com esclarecimentos tecidos azilanMinistro
osrep Edson
socFachin
itílop soem
dit rasede
p e sodo
tadjulgamento
idnac ,setnedorefidRecurso
sacitílopOrdinário
seõsiV ?aem
-odnHabeas
azilartneCorpus
c uo oãç134.682
amrofni a BA, inter-
208
o mposto
eussono p kdecurso
oobecaF processual
od soiránoida cnumesma
f e seroação f sod sa,ieoddiscurso
dadnupenal i sa moc de meódio
greviéd manifestação
euq
que exige interpretação sob três prismas distintos, embora interdependentes.
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
.rednopser a eõporp
Reconheceu-se o discurso proselitista como essencial e intrínseco ao exercício in-
tegral de liberdade de expressão religiosa. A comparação entre religiões, por si só, não
pode ser considerada discurso de cunho odioso. Nessa perspectiva,Oeventual ÃÇUDORmanifestação
TNI .1
discriminatória e criminosa, a qual pode ter natureza tanto religiosa quanto racial, sexual,
oicíde
ni gênero,
ues on entre
ogol ,outras
ocitílopespecificidades,
otnemu rtsni msomente
u omoc osedamaterializará
irc odis ret odepois
ãn ed de
rasultrapassadas
epA
,”hstrês
ameetapas
caF“ oindispensáveis:
omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
I- A primeira é de caráter cognitivo, por meio do qual o discurso atesta a desi-
saossep rangised agualdade
rap adasentre
u sêlgrupos
gni mee/ou
arvaindivíduos.
lap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
.setnearta etnemlauxes
II- A segunda é de caráter valorativo, implicando na relação de superioridade
-pac e edadisrevinuentre ad agrupos.
çnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemoc soiráuIII- su Por
soirfim,
pórpa terceira
so ,setnetapa
adutsconsiste
e sod onoãçafato
cfiitde
neodiagente
ed snque
egam i sa m
emana o adiscurso,
rarut
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a a
a partir das fases anteriores, pressupor legítima a dominação, a exploração,
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
206 Zelo ou esforço para fazer prosélitos ou converter pessoas a uma religião, a um partido, a uma causa ou a
,sodinU uma
sodideia.
atsE Dicionário
sod siaiPriberam
cnediseda rp Língua
seõçiPortuguesa.
ele san otiDisponível
elp od odem: atl<https://www.priberam.pt/dlpo/prose-
user o moc sodam rofnocni
litismo>. Acesso em: 5 mar. 2018.
207 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso em Habeas Corpus 134.682 BA – STF – Relator Ministro Edson
Fachin. Disponível em: <stf.jus.br/portal/processo/verProcessoPeca.asp?id=309784231&tipoApp=.pdf>.
edadlucaFAcesso
ad oãçaem:
udar2Gmar.
-sóP 2018.
ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló208
taC edBRASIL.
adisrevinSupremo
U aicífitnoTribunal
P alep otFederal.
ieriD meRecurso
adaudarGOrdinário
.siareG sem
aniMHabeas
ed lareCorpus
deF edad134.682
isrevinU BA
ad o–tieSTF
riD e–d Primeira
Turma. Relator Ministro .813Edson
505656Fachin.
618475Disponível
2/rb.qpnc.seem:
ttal//:<http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.
ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
jsp?docTP=TP&docID=13465125>. Acesso em: 5 mar. moc2018.
.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE94
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
escravização, LIBERDADE
a eliminação, a supressão ou redução DE EXPRESSÃO
dos direitos E
fundamentais
do diferente que compreende inferior.
POLÍTICA: FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA
Concluiu-se que a publicação da referida obra de fato impeliu a comunidade católica
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
a empreender o resgate religioso direcionado à salvação de adeptos do espiritismo e religi-
ões de matriz africana, em patente demonstração de julgamento de inferioridade daquela fé
distinta. Tal conduta, entretanto, deu-se na ausência de quaisquer sinalizações de violência,
dominação ou redução de direitos fundamentais, não sendo legítima, portanto, a persecu-
ção penal, muito embora trate-se de manifestação facilmente concebível como intolerante 1
e prepotente.
Aléxia Duarte Torres
Com isso, foi dado provimento ao recurso interposto pela defesa, com vistas ao
trancamento da ação penal pendente.
RESUMO
Em notícia que restou nacionalmente conhecida, no seio de outro processo criminal,
a PrimeiraA Turma
missãodaexplícita
Corte do Facebook,
recebeu rede social
denúncia 209
e que tem conquistado
parcialmente o coração
queixa-crime 210 e consumido
movidas,
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos
respectivamente, pelo Ministério Público Federal e por Maria do Rosário contra o deputado ao redor do
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado.
Jair Bolsonaro, cujo objeto consistia na manifestação do parlamentar durante entrevista Sua atuação
ao
Jornal Zero Hora no ano de 2014: “Ela não merece [ser estuprada] porque ela é muito ruim, e
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo
porque elapersonalização
é muito feia,denão
algoritmo continuam
faz meu gênero,a jamais
gerar polêmicas. EstariaEuo Facebook
a estupraria. não sou democratizando
estuprador,
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
mas, se fosse, não iria estuprar, porque não merece”.
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
A defesa
mesmoargumentou que os fatos
espaço e visibilidade se encontrariam
na plataforma? Essasao sãoabrigo da imunidade
as questões material
que esse artigo se
e acrescentou que a entrevista
propõe a responder. concedida ao jornal se realizou no gabinete parlamentar
situado no prédio da Câmara dos Deputados, bem como que a fala de Jair Bolsonaro se
encontrava, inclusive, relacionada a outro fato ocorrido em Plenário daquela Casa Legisla-
tiva.1.Outrossim,
INTRODUÇÃO
invocou a jurisprudência da Corte no sentido de que, em se tratando de
ofensas irrogados no recinto parlamentar, a imunidade material parlamentar do art. 53 da
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
Constituição Federal seria absoluta.
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
Em que pese
o software a linha
colocava argumentativa
fotos tecida,depor
dos estudantes quatrolado
Harvard votosa alado
um,eapermitia
Turma entendeu
ao usuário
que,classificar
além de incitar
quem aeraprática
“hot”doouestupro,
não, umaBolsonaro
palavra emofendeu
inglêsa honra
usada da deputada.
para designarOspessoas
mi-
nistros Luiz Fux, atraentes.
sexualmente Edson Fachin, Rosa Weber e Luiz Roberto Barroso votaram a favor de que
Bolsonaro se tornasse réu. Somente Marco Aurélio Mello foi contra a abertura das ações
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
penais.
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
a trocar as suas
O acórdão fotos
tratou de por imagens
temas com textos
importantes, para de
alémprotestos ou que
da análise expressavam
jurídica e herméticasuas
do opiniões políticas,
caso concreto, algo similar
ressaltando às mudanças
os efeitos gravosos de foto do perfil
e impactantes por parte
daquelas de indivíduos
manifestações
parainconformados com o De
além do Parlamento. resultado do pleito
certo modo, nas eleições
abordou-se presidenciais
a temática dos Estados
do “discurso de ódio”Unidos,
ao
209 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Denúncia Inquérito 3.932. DF– STF – Plenário. Relator Luiz Fux. Disponí-
1 vel Mestranda
em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=11627210>.
em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação Acesso em: 9
da Faculdade
mar.de2018.
Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
de Minas
210 BRASIL. Gerais.
Supremo Currículo
Tribunal lattes:Petição
Federal. http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
5243 DF– STF – Plenário. Relator Luiz Fux. Disponível em: <http://
Endereço eletrônico: [email protected]
redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=11627488>. Acesso em: 9 mar. 2018.
95
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSEaRfala
conceber PXdeE Jair
EDBolsonaro
EDADcomo REBumaIL ,ofensa
KOOnão BEapenas
CAF à deputada, mas à figura
ARdaTmulher,
UEN merecendo
ACIGÓLreprodução
ONCETalguns ATNtrechos
EMAdaquela
RREFdecisão.
:ACITÍLOP
10. A relativização
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO do valor do bem jurídico protegido a honra, a integridade
psíquica e a liberdade sexual da mulher pode gerar, naqueles que não respei-
tam as normas penais, a tendência a considerar mulheres que, por seus dotes
físicos ou por outras razões, aos olhos de potenciais criminosos, mereceriam
ser vítimas de estupro.
11. O desprezo demonstrado pelo bem jurídico protegido (dignidade sexual)
1
serroT etrauD areforça ixélA e incentiva a perpetuação dos traços de uma cultura que ainda subjuga a
mulher, com potencial de instigar variados grupos a lançarem sobre a própria
vítima a culpa por ser alvo de criminosos sexuais, deixando, a depender da si-
tuação, de reprovar a violação sexual, como seria exigível mercê da expectativa
normativa.
OMUSER
12. As recentes notícias de estupros coletivos reforçam a necessidade de
odimusnoc e oãçaropreocupação
c o odatsiuqnocom
c mediscursos
t euq laicosque
ederintensifiquem
,koobecaF od aativulnerabilidade
cílpxe oãssim A das mu-
od roder oa soudívilheres.
dni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
Aguarda-se o julgamento definitivo do caso, o qual será de extrema valia para a com-
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
preensão do entendimento jurisprudencial do STF tanto acerca da temática da “imunidade
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
parlamentar” quanto do “discurso de ódio”.
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
o meussoNessa
p koobesteira,
ecaF odagora
soiránno
oicâmbito
nuf e scivil,
erodaadndeputada
uf sod saMaria
iedi sdo
a mRosário
oc megrigualmente
evid euq ajuizou
es oação
git rade
essresponsabilidade
e euq seõtseuq saciviloãse sindenização
assE ?amrofporataldanos
p an edmorais
adilibisicontra
v e oçaJair pse Bolsonaro,
omsem tendo
.r e d n
como objeto o mesmo fato ora narrado. Em sede do julgamento do REsp nº 1642310/DF, o p s e r a e õ p o r p
interposto pelo deputado Bolsonaro contra a decisão de segundo grau, o STJ entendeu pelo
seu não provimento, ou seja, reconheceu-se o direito à indenização à deputada.211
OÃÇUDORTNI .1
Em linhas gerais, o acórdão do Tribunal Superior delimitou o alcance da imunidade
oicíparlamentar,
ni ues on ogressaltou
ol ,ocitíloque
p otesta
nemusertstrata
ni mudeoprerrogativa
moc odairc nãoodis absoluta,
ret oãn ereproduzindo
d rasepA o se-
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
guinte trecho de um outro precedente do STF: “A inviolabilidade dos Deputados Federais e
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
Senadores, por opiniões palavras e votos, prevista no art. 53 da Constituição da Republica,
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
é inaplicável a crimes contra a honra cometidos em situação que não guarda liame com o
.setnearta etnemlauxes
exercício do mandato”.
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
Trata-se, na realidade, de instrumento que decorre da organização democrática do
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
Estado, com vistas ao princípio da separação de Poderes como escudo de proteção às
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
liberdades individuais, possibilitando ao representante político cumprir a sua missão com
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sodautonomia
inU sodatseE independência,
sod siaicnedisesendo
rp seõçgarantia
iele san estritamente
otielp od odaatrelada
tluser o mà oatuação
c sodampública,
rofnocnnãoi
guardando relação alguma com privilégio de cunho pessoal.
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló211
taC edBRASIL.
adisrevinSuperior
U aicífitnoTribunal
P alep ode
tierJustiça.
iD me adRecurso
audarG .sEspecial
iareG san1.642.310.
iM ed laredeDF.
F edRelator
adisreviMinistra
nU ad otiNancy
eriD edAndrighi.
Disponível em: <http://www.stj.jus.br/static_files/STJ/Midias/arquivos/Noticias/REsp%201642310.pdf>.
.8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
Acesso em: 10 mar. 2018. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE96
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
Na hipótese dos autos LIBERDADE
daquela ação indenizatória, DEque
entendeu-se EXPRESSÃO
a ofensa dirigida E
à Maria do Rosário, segundo a FERRAMENTA
POLÍTICA: qual a deputada não “mereceria”
TECNOLÓGICAser vítima de estupro,
NEUTRA em
razão de suas características naturais, não encontra nenhuma relação com o mandato le-
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
gislativo de Jair Bolsonaro. Não bastasse isso, a supracitada ofensa teria sido veiculada em
imprensa e na internet, de modo que a localização do recorrente, no recinto da Câmara dos
Deputados, seria elemento meramente acidental, não atraindo a aplicação da imunidade.
Concluiu-se pela violação à cláusula geral de tutela da pessoa humana, abuso que
pode se dar tanto pela via do prejuízo material quanto pela conturbação de direito
Aléxia Duarte extrapa-
Torres1
trimonial, com ofensa à dignidade, a partir de qualquer “mal evidente” ou “perturbação”. Ao
afirmar que a deputada não “mereceria” ser estuprada, o crime consubstanciou-se em prê-
mio, um benefício à vítima, a contrario sensu do que prevê o ordenamento jurídico em vigor.
RESUMO
De acordo com o Tribunal, a manifestação de “não merece ser estuprada” constitui
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
expressão vil que menospreza de modo atroz a dignidade não só de Maria do Rosário,
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
mas também de qualquer mulher e traz consigo a clara intenção do interlocutor de reduzir
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
a figura feminina, prejudicando a imagem da deputada perante a sociedade, em raciocínio
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
semelhante àquele ora desenvolvido pelo STF, no seio do processo criminal.
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
a informação
Contra a decisãooudocentralizando-a? Visões
STJ, foi interposto políticasExtraordinário
Recurso diferentes, candidatos e partidos
ao STF, cujo políticos
julgamen-
to, novamente, será de extrema importância para o balizamento jurisprudencial no que diz o
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem
mesmo
respeito aos espaço
alcances daeimunidade
visibilidadeparlamentar
na plataforma? Essas são
e também dosascontornos
questões do
quediscurso
esse artigo
de se
propõe a responder.
ódio. De todo modo, a partir da análise dos casos supracitados ao longo deste capítulo, já é
possível perceber um olhar mais atento e sistêmico dos julgadores da Corte Superior em ra-
lação às manifestações de cunho odioso, com especial atenção aos impactos sociais da fala
1. INTRODUÇÃO
do parlamentar, como medida a valorar o grau de sua responsabilidade civil, penal e moral.
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
3. o software
A IMUNIDADE MATERIAL
colocava fotos dosPARLAMENTAR
estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
A doutrina subdivide as imunidades parlamentares em duas facetas: formal e mate-
sexualmente atraentes.
rial. Elencada no art. 53, § 2º da Constituição da República, imunidade formal corresponde
Depois
às restrições que seus
à prisão criadores acessaram
do parlamentar a rede judiciais
e aos processos de segurança
em quedaele
universidade e cap-
é parte, alber-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários
gando o direito a não ser preso, salvo circunstâncias excepcionais, expressamente previs- começaram
tas anatrocar as suasdafotos
Constituição por imagens
República. com
Trata-se, textos de
portanto, de imunidade
protestos ou que expressavam
de caráter processual.suas
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
Já a imunidade
inconformados com material,
o resultado pordoseu turno,
pleito nas prevista
eleições no art. 53, caput,
presidenciais corresponde
dos Estados Unidos,
à inviolabilidade do legislador, seja no âmbito civil, seja no penal, por quaisquer de suas
opiniões, palavras e votos.212 Trata-se, portanto, de previsão constitucional que exclui o
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
212 Art.de53.
Minas
Os Deputados
Gerais. Currículo
e Senadores
lattes:são
http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, pala-
vrasEndereço
e votos. eletrônico: [email protected]
97
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSenquadramento
próprio ERPXE EDtípico EDA Dcondutas
das REBILpor,Kela
OO BECAFcom vistas a assegurar o
abrangidas,
ARlivre
TUexercício
EN AC daIG
atividade
ÓLOparlamentar.
NCET ATNEMARREF :ACITÍLOP
?LAIRO TIDEao Lpatamar
Alçadas AUTRdeIVgarantia
AMRconstitucional,
OFATALPamolda-se
UO e dimensiona-se o princí-
pio da separação de Poderes, resguardando ao parlamentar o pleno desempenho de suas
funções na ausência de submissão ao Executivo e/ou ao Judiciário.213 Nesse sentido, evo-
cam proteção ao legislador, no exercício de sua nobre atividade representativa, contra abu-
sos e pressões dos demais Poderes. Trata-se de valioso artifício de promoção da liberdade
214
1 de manifestação e importante escudo contra prisões arbitrárias e processos temerários.
serroT etrauD aixélA
É, portanto, valioso instrumento decorrente da moderna organização do Estado, da
repartição orgânica entre os Poderes, como forma de garantir a liberdade e os direitos
individuais. Outrossim, além de garantia à representativa dos cidadãos, são também um im-
OMUSER
portante elemento de racionalização do processo político e democrático, pois à autonomia
odim usnórgãos
dos oc e oãestatais
çaroc o oestá
datsapoiada
iuqnoc maetautotutela,
euq laicos ou
edeseja,
r ,kooobeautocontrole
caF od aticílpdo xe oPoder
ãssimpelo A próprio
od Poder
roder 215
oa .sNesse
oudívidnsentido,
i e soriepara
lisarbque
ed soeCongresso
õhlim ed adcumpra
iv ad roiaamsua
zevmissão
adac opcom met autonomia
mu e
oãçindependência,
auta auS .odajaganConstituição
e etnemlivic eoutorgou
odatcenoaos
c ,oseus
t reba membros,
siam odnum o r e t n a m é , o d n u
de maneira irrenunciável, uma m
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
série de prerrogativas, entre elas, as imunidades parlamentares.
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop soPara
dit raRoberto
p e sotadiDias
dnac e,sLucas
etnerefide
d saLaurentiis,
citílop seõspor
iV ?aexemplo,
-odnazilaras
tneimunidades
c uo oãçamroparlamentares
fni a
o mtêmeusspor
op kfunção
oobecaresguardar
F od soiránooicprincípio
nuf e serda odaliberdade
dnuf sod de saieexpressão
di sa moc empensamento
egrevid euq do con-
216
es ogressista
git ra esse e.uJá
q seFernanda
õtseuq saAlmeida
oãs sassafirma
E ?amrqueofat alpinviolabilidade
an edadilibisivée preordenada
oçapse omseamgarantir a
217
liberdade de expressão no que se refira ao desempenho das atividades .rednopseparlamentares.
r a eõporp
,ARIE98
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
beneficiários. As prerrogativas, por seu turno,LIBERDADE
distanciam-se da DE EXPRESSÃO
satisfação de interesses E
218
privados, visando ao regular exercício
POLÍTICA: das funções de Estado.
FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA
Recentemente, no bojo OU PLATAFORMA
do Agravo VIRTUAL
Regimental na Petição EDITORIAL?
nº 5.714219 interposto por
Fábio Luís Lula da Silva (Lulinha) contra decisão que negou seguimento à queixa-crime
proposta contra o deputado federal Domingos Sávio (PSDB), houve posicionamento impor-
tante da Suprema Corte no que tange aos contornos da imunidade parlamentar.
99
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In: PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSconter
mente, ERPteor
XEminimamente
ED EDAD REBreferido
político, IL ,KO OBque
a fatos ECestejam
AF sob o debate público,
ARsob
TUa Einvestigação
N ACIGdos ÓLórgãos
ONCestatais
ET ATou, Nainda,
EMAque RRseja
EF de:Ainteresse
CITÍLO da P
sociedade e do
eleitorado.220
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
Feitas tais considerações, para avançar, nada mais oportuno e essencial do que olhar
acurado no que tange ao dever institucional de decoro, o qual deve estar perfeitamente
alinhado com toda e qualquer atuação parlamentar, principalmente quando o legislador pre-
tende se ver “protegido” pelas imunidades atinentes ao exercício da função pública.
1
serroT etrauD aixélA
4. O DECORO PARLAMENTAR
Maria Helena Diniz define o termo “decoro”, na linguagem jurídica em geral, como:
OMUSER
“honradez, dignidade ou moral; decência; respeito a si mesmo e aos outros”.221
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
O termo encontra-se positivado no art. 53 da Constituição, o qual estabelece que
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
aquele parlamentar que não cumprir com o seu dever institucional de decoro poderá vir
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
a perder o mandato. A Carta Magna ainda define que, além do abuso das prerrogativas
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
constitucionais – neste ponto, referindo-se às imunidades –, o Regimento Interno de cada
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
uma das Casas poderá destrinchar aqueles atos que são incompatíveis com o decoro.222
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
o meussoAp partir
koobecda aF leitura
od soirdinâmica
ánoicnuf edosetexto
rodadnormativo
nuf sod sacom
iedi sconceito
a moc mejurídico
grevid epreviamente
uq
es oelencado,
git ra esse subentende-se,
euq seõtseuq saportanto,
oãs sassEque
?amaroConstituição
fatalp an edadda
ilibRepública
isiv e oçapconferiu
se omsemconotação
normativa ao termo “decoro”, atrelando a conduta parlamentar .rednoapspressupostos
er a eõporp essen-
ciais, tais como o respeito e as boas-maneiras, exigindo do representante o exercício de
previsibilidade de seu comportamento, com base naquilo que é esperado e validado pela
sociedade. OÃÇUDORTNI .1
oicíni uesNessa
on ogesteira,
ol ,ocitítendo
lop otnem
emvista
u rtsnasi mabordagens
u omoc odado irc capítulo
odis ret anterior,
oãn ed oraquesepAse propõe
,”hséaameracionalização
caF“ o omoc do etne“discurso
mlanigiro de odaódio”
irC .lacomo
icnetopotencial
p ues od ofensa
satsip aao vaddecoro
áj kooparlamentar
becaF o
oiráe,usportanto,
u oa aitimcomo
rep e conduta
odal a odpassível
al drav rade H punições
ed setnadadministrativas,
utse sod sotof adentre
vacolocelaseraawtperda
fos o do
saomandato.
ssep rangEsse
ised raciocínio
arap adasencontra
u sêlgni m e arveallegitimidade
raízes ap amu ,oãnnauoideia
”tohde“ aque
re ma eprópria
uq racinstituição
fiissalc
representativa do povo, a Câmara dos Deputados, será a responsável .setnepor
artadar
etnos
emcontornos
lauxes
e limites à liberdade de expressão de seus membros e, igualmente, à prerrogativa consti-
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
tucional da inviolabilidade, ou imunidade material, no intuito de proteger a honra coletiva
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
saudaquele
s mavaspalco
serpxsocial.
e e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
220 “não há como relacionar ao desempenho da função legislativa (prática in officio), ou de atos praticados em
,sodinU razão
sodado
tsEexercício
sod siadeicmandato
nediserpparlamentar
seõçiele (prática
san otipropter
elp odofficium),
odatluseasr opalavras
moc seoopiniões
damrofmeramente
nocni
pessoais, sem relação com o debate democrático de fatos ou ideias e, portanto, sem vínculo com o exercício
das funções cometidas a um Parlamentar.”
221 DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
edad222
lucaFArt.
ad o55.
ãçaPerderá
udarG-soóPmandato
ed amarogoDeputado
rP – siareou
G sSenador:
aniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilóIIta–Ccujo
edadprocedimento
isrevinU aicífitfor
noPdeclarado
alep otierincompatível
iD me adaudacom
rG .soiadecoro
reG sanparlamentar;
iM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
1º – É incompatível com o decoro .813parlamentar,
5056566184além752/rdos
b.qpcasos
nc.setdefinidos
tal//:ptth :no
settregimento
al olucírruC .siareGo sabuso
interno, aniM edas
d prerro-
gativas asseguradas a membro do Congresso Nacionalm ouoca.lpercepção
iamg@otudde aixvantagens
ela :ocinôrindevidas.
tele oçerednE
,ARIE100
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
O processo de responsabilização LIBERDADE
deverá ser desenvolvido DE EXPRESSÃO
mediante a ponderação E
dos princípiosPOLÍTICA:
e das garantias constitucionais:
FERRAMENTA liberdade de expressão, imunidades
TECNOLÓGICA parla-
NEUTRA
mentares, igualdade e dignidade da pessoa humana.
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
Entende-se que atos de ofensa ao decoro parlamentar culminam na injusta ofensa
à respeitabilidade institucional do Poder Legislativo. Funda-se, portanto, neste aspecto, a
legitimidade ético-jurídica do procedimento constitucional disciplinar contra o parlamentar,
o qual poderá acarretar, inclusive, a cassação do mandato, em ordem a excluir, da comu-
nhão dos legisladores, membro que tenha se mostrado indigno do desempenho da honrosa 1
Aléxia Duarte Torres
função de representar o povo, de formular a legislação nacional e de fiscalizar e controlar as
demais instâncias governamentais da federação.223
De todo modo, cabe desde já esclarecer que não é qualquer discurso ofensivo que
RESUMO
pode vir a se enquadrar como discurso de ódio. Defende-se a análise precípua do elemento
A missão
subjetivo da explícita
conduta, do Facebook,
tal como rede
é elencando social
pelos que tem conquistado
Princípios de Camden orao coração e consumido
introduzidos 224
,
no sentido de que o parlamentar ao proferir a seu discurso deve ter a intenção de ofender do
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros
225 e indivíduos ao redor
mundo,
determinado é manter
grupo para que o mundo mais aberto,
a sua conduta conectado
se enquadre emediscurso
civilmente
deengajado.
ódio. Sua atuação
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
5. O CÓDIGO DE ÉTICA
a informação E DECORO PARLAMENTAR
ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
A apresentação do Código de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputa-
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
dos226 caracteriza a atividade parlamentar como responsável pela transformação dos an-
propõe a responder.
seios populares em ações políticas. A ausência dessa espécie representativa conduziria ou
a uma organização social moldada por valores elitistas minoritários ou à completa desor-
dem1.de multidões.
INTRODUÇÃO
Propõe-se que a atuação do membro legislativo deve sempre gozar de credibilida-
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
de, uma vez que não há democracia sem representação, tampouco, representação sem
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
credibilidade. Esta, a credibilidade, corresponde à tomada de iniciativa do parlamentar na
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
busca do bemquem
classificar comum,era evitando
“hot” ouinteresses
não, umaprivados e a exploração
palavra em dopara
inglês usada cargodesignar
para usufruir
pessoas
227
de benesses.
sexualmente atraentes.
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
223 Nesse sentido se manifestou o Ministro Celso de Mello: “Cumpre insistir na asserção de que a prática de
turaram as imagens
atos atentatórios ao decorodeparlamentar,
identificação
mais do dos
que estudantes,
ferir a dignidadeos próprios
individual usuários
do próprio começaram
titular do mandato
legislativo, projeta-se, de maneira altamente lesiva, contra a honorabilidade, a respeitabilidade, o prestígio e
a atrocar as suas
integridade fotos por imagens
político-institucional comvulnerando,
do Parlamento, textos dedeprotestos ou que grave,
modo extremamente expressavam suas
valores cons-
titucionaispolíticas,
opiniões que atribuem, ao Poder
algo Legislativo,
similar a sua indisputável
às mudanças de fotoe eminente
do perfil condição de órgão
por parte de daindivíduos
própria
soberania nacional”. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/visualizarEmenta.asp?s1=
inconformados com o resultado doAcesso
000003286&base=baseMonocraticas>. pleitoem:
nas18eleições
dez. 2017.presidenciais dos Estados Unidos,
224 Vale também relembrar que é a regra na seara do Direito Penal.
225 Aqui emprega-se o termo discurso de forma ampla, ou seja, abarcando as diversas formas de manifestação
humana, seja a escrita, a fala, as manifestações artísticas e, até mesmo, as omissões.
2261 CÂMARA
Mestranda
DOSem Direito pela Código
DEPUTADOS. Universidade
de ÉticaFederal de Minas
e Decoro Gerais –daPrograma
Parlamentar de Pós-Graduação
Câmara dos Deputados. 2002. da Faculdade
Brasí-
lia. de
Disponível
Direito daem: <http://www2.camara.leg.br/a-camara/estruturaadm/eticaedecoro/arquivos/Codigo%20
Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
de%20Etica%20da%20CD.pdf>. Acesso
de Minas Gerais. Currículo lattes: em: 1º dez. 2017.
http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço eletrônico: [email protected]
227 Ibidem.
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:101
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSOSECódigo
RPXE de E D Erepresenta
Ética DADRE BIL ,KO
importante OBECAjurídico,
instrumento F fonte normativa de
ARefeitos
TUEinternos,
N ACIque GÓlegitima
LONum CEnovo
T AT influxo
NEM deA
diálogo
RREFparlamentar-cidadão,
:ACITÍLOP pautado na
responsabilidade social e política de cada um dos membros daquela Casa. Elenca princípios
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
éticos e regras precípuas de conduta que devem ser o norte de atuação daqueles que exer-
cem a honrosa função de deputado federal, entre elas a promoção da defesa do interesse
público e da soberania nacional, além da conduta pautada na dignidade e no respeito à
coisa pública, à vontade popular, com atenção à boa-fé e à probidade.228
1
serroT eOtrart.
auD 4º ado
ixCódigo
élA de Ética descreve os atos incompatíveis com o decoro parlamen-
tar, cuja punição é a perda do mandato: abusar das prerrogativas constitucionais assegura-
das aos membros do Congresso Nacional (Constituição Federal, art. 55, § 1º), referindo-se,
neste ponto, à imunidade material; perceber vantagem indevida, seja em proveito próprio
ou alheio; celebrar acordo objetivando a posse de suplente, a partir deOMcontraprestação
USER
financeira ou de prática contrária aos deveres éticos; fraudar o andamento dos trabalhos
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
legislativos no intuito de alterar o resultado da deliberação e omitir informação relevante ou
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
prestar informação falsa.
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
e odúetnoJá c eod art.
oãçi5º,
rtserdescreve
ed sacitíloutros
op sausatos
e euatentatórios
qatsed odahaonagdecoro,
met occujas
itílop osanções
iránec onsão varia-
odndas,
azitarestando
comed koelencadas
obecaF o airno
atsEart.
.sa10:
cimêcensura,
lop rareg averbal
maunitou
nocescrita;
omtirogsuspensão
la ed oãçazilade
nosprerrogativas
rep
socregimentais;
itílop sodit rapsuspensão
e sotadidnactemporário
,setnerefid do
sacexercício
itílop seõsdo
iV ?mandato
a-odnazilaertperda
nec uodo oãçmandato.
amrofni a Aplica-se
o mcada
eussopenalidade
p koobecaFdeodacordo
soiráncom
oicnuaf natureza
e serodadda nuinfração
f sod saicombatida
edi sa moc emaesua grevigravidade,
d euq bem
es ocomo
git ra edos
sse danos
euq seõcausadas
tseuq sa oàãsCâmara,
sassE ?aasmrcircunstâncias
ofatalp an edadatenuantes
ilibisiv e oçae/ou
pse oagravantes
msem e os
antecedentes do representado. .rednopser a eõporp
edad228
lucaFArt.
ad o3ºãçSão
audadeveres
rG-sóP efundamentais
d amargorP –do siadeputado:
reG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló taC edI a–dpromover
isrevinU aaicídefesa
fitnoP ado
lepinteresse
otieriD mpúblico
e adaudearda
G .soberania
siareG sannacional;
iM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
IV – exercer o mandato com .813dignidade
50565661e84respeito
752/rb.àqpcoisa
nc.sepública
ttal//:ptteh à:svontade
ettal olucpopular,
írruC .siagindo
areG sacom
niM boa-fé,
ed zelo
e probidade; moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE102
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
Desde o ano de 2011, LIBERDADE
24229 procedimentos DE EXPRESSÃO
disciplinares foram instaurados. Entre E
230
estes, seis POLÍTICA:
têm seu objeto abarcado,
FERRAMENTAmesmo queTECNOLÓGICA
tangencialmente, pela temática
NEUTRA do
discurso de ódio. Passa-se, portanto, à análise de alguns exemplares, a fim de desenvol-
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
ver os objetivos ora propostos.
229 REP 7/2011; REP 1/2011; REP 6/2011; AM 6/2011; REP 12/2012; REP 17/2012; REP 22/2013; REP
1 20/2013;
Mestranda
REPem Direito pela
26/2014; REP Universidade
25/2014; REPFederal de Minas
3/2015; Gerais –REP
REP 5/2015; Programa
1/2015;deREP
Pós-Graduação
4/2015; REPda9/2016;
Faculdade
REPde12/2016;
Direito daREP
Universidade
10/2016; Federal de Minas
REP 8/2016; REPGerais. Graduada
11/2016; em Direito
REP 7/2016; REPpela Pontifícia
14/2016; REPUniversidade Católica
9/2016 (dados
obtidos por meio
de Minas do Currículo
Gerais. Canal de Transparência da Câmara dos Deputados).
lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
230 REP Endereço
06/2011; eletrônico: [email protected]
REP 2/2015; REP 3/2015; REP 7/2016; REP 8/2016; REP 11/2016.
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:103
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSERatípicos.
dentemente PXE EODrelator,
EDAportanto,
DREBlimitou-se
IL ,KOaOfazer
BEC AF preliminar da admissibi-
análise
ARlidade
TUEdaNrepresentação,
ACIGÓLO não
Nentrando
CET Ano TNmérito
EMAdaRdiscussão
REF :Aacerca
CITÍLdeOoPdeputado estar
ou não protegido pela imunidade parlamentar.
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
Da análise das notas taquigráficas referentes à fase procedimental no âmbito do Con-
selho de Ética, houve posicionamentos favoráveis e contrários ao parecer elaborado por
Sérgio Brito. De todo modo, o Conselho pronunciou-se pela inépcia/falta de justa causa da
representação, em decisão terminativa. Conclui-se que a gravidade da perda do mandato
1 seria, e muito, superior à gravidade da conduta do deputado. Deu-se a aniquilação do pro-
serroT etrauD aixélA
cedimento e, muito embora contra aquela decisão coubesse recurso ao Plenário, nenhum
foi proposto.231
,ARIE104
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
de Ética desta LIBERDADE
Casa Legislativa acima da Constituição DE EXPRESSÃO
da República E
que, em seu
artigo 53, dispõe literis (…)
POLÍTICA: FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA
Ao que tudo indica, incorreu-se em equívocos. Inicialmente,
OU PLATAFORMA VIRTUAL o foro EDITORIAL?
por prerrogativa
de função restringe-se às ações de natureza penal, não civil, de modo que, caso alguém
se sinta ofendido pelas palavras do parlamentar, deverá buscar a Justiça comum. Por con-
seguinte, uma vez estabelecido o foro, aí sim seria o momento de se discutir se haveria ou
não interesse233 na propositura da demanda, haja vista a garantia da imunidade material, a
qual, vale ressaltar, não é absoluta.234
Aléxia Duarte Torres1
É igualmente estarrecedor o fato de transferir toda uma responsabilidade ao Judici-
ário, sendo que a própria Constituição, em seu art. 55, § 1º,235 confere ao Parlamento a
possibilidade de instauração de procedimento disciplinar, justamente pelo abuso de prer-
RESUMO
rogativa.
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
A Carta Magna conferiu ao Parlamento o nobre ofício de julgamento de seus mem-
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
bros. Retoma-se, todavia, que esta não é uma prerrogativa restrita ao Legislativo. O mesmo
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
se observa, por exemplo, no Poder Judiciário, conforme dispõe a Loman:236
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
Art. 33 –deSão
personalização prerrogativas
algoritmo do amagistrado:
continuam gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
IV – não
a informação ouestar sujeito a notificação
centralizando-a? ou a intimação
Visões políticas para
diferentes, comparecimento,
candidatos e partidos salvo
políticos
se expedida
que divergem comporas autoridade
ideias dosjudicial;
fundadores e funcionários do Facebook possuem o
mesmoParágrafo
espaço eúnico – Quando,
visibilidade no curso deEssas
na plataforma? investigação, houver indício
são as questões da prática
que esse artigo se
de crime por parte do magistrado, a autoridade policial, civil ou militar, remeterá
propõe a responder.
os respectivos autos ao Tribunal ou órgão especial competente para o julgamen-
to, a fim de que prossiga na investigação.
1. NãoINTRODUÇÃO
bastasse isso, durante a tramitação no Conselho, Lorenzoni deixara transparecer
a postura corporativista e de resguarde que permeia aquela Casa Representativa. Demons-
tra receio Apesar
de que, de não ter
ao votar sido criado como
favoravelmente um instrumento
à representação, político,
abrir-se-á logo no
precedente seu início
perigoso,
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
admitindo a possibilidade de penalizar-se um de seus membros com a perda de mandato, o
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
233 Aqui se entende interesse por um dos pressupostos da ação. Nesse sentido, o STF já se posicionou: A inci-
sexualmente atraentes.
dência da imunidade parlamentar material – por tornar inviável o ajuizamento da ação penal de conhecimento
e da ação de indenização civil, ambas de índole principal – afeta a possibilidade jurídica de formulação e,
Depois
até mesmo, que seus criadores
de processamento do próprioacessaram a rede de
pedido de explicações, emsegurança da meramente
face da natureza universidade e cap-
acessória
turaram
de que seasreveste
imagens de identificação
tal providência dos estudantes,
de ordem cautelar. (…) Onde não os próprios
couber usuários começaram
a responsabilização penal e/ou
civil do congressista por delitos contra a honra, porque amparado pela garantia constitucional da imunidade
a parlamentar
trocar as material,
suas fotos por não
aí também imagens coma utilização,
se viabilizará textos decontra
protestos ou que
ele, da medida expressavam
cautelar suas
da interpelação
opiniões políticas,
judicial. [AC 3.883 AgR,algo similar
rel. min. Celso às mudanças
de Mello, de foto
j. 10-11-2015, 2ª T,do
DJE perfil por parte de indivíduos
de 1º-2-2016.]
234inconformados
(…) talvez, no caso com in concreto,
o resultadoo parlamentar
do pleitoaonas proferir suas palavras
eleições estivesse dos
presidenciais protegido pelo manto
Estados Unidos,
da imunidade material. Vale ressaltar que há distinção entre o foro competente para julgar e o interesse na
demanda em si.
235 Art. 55 § 1º – É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos no regimento interno, o
1 abuso das prerrogativas
Mestranda em Direito asseguradas a membro
pela Universidade FederaldodeCongresso Nacional
Minas Gerais ou a percepção
– Programa de vantagens
de Pós-Graduação inde-
da Faculdade
vidas.
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
de Minas
236 BRASIL. Gerais. Currículo
Lei Complementar nº lattes:
35/1979.http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Dispõe sobre a Lei Orgânica da Magistratura. Disponível em: <http://
Endereço eletrônico: [email protected]
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp35.htm>. Acesso em: 2 fev. 2018.
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:105
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSem
qual, SEsuas
RPX E EDfora
palavras, EDlegitimamente
ADREBILconquistado
,KOOBnas ECurnas.
AF Justifica-se, mais uma
ARvez,
TUqueENo A
mandato
CIGÓdoLO parlamentar
NCET A éT
uma
NEdas
MA principais
RREF de :Arepercussões
CITÍLOP da Soberania
Popular.
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
Em que pese todo o posicionamento contrário, ressaltou, em uma tentativa de “limpar
as mãos”, que não concorda com as manifestações do representado e, para finalizar, cita
Voltaire, em uma frase de efeito: “Não concordo com uma palavra do que dizes, mas defen-
derei até o último instante o Direito de dizê-las”, como se ali estivessem debatendo acerca
1 de uma conversa entre particulares e não sobre a fala de um deputado, representante do
serroT etrauD aixélA
povo, de repercussão nacional.
Muito embora algumas críticas tenham sido direcionadas ao parecer e a algumas ma-
nifestações de Onyx Lorenzoni, obviamente não à sua pessoa,237 não se pode olvidar que
OMUSER
ela trouxe aspectos, talvez negativos, tanto do modelo de tramitação dos procedimentos
odim usnoc e oãçquanto
disciplinares aroc o ode
datalgumas
siuqnoc mprevisões
et euq laiclegais
os ededo
r ,kCódigo
oobecaFde
odÉtica
aticílpexDecoro
e oãssimParlamentar,
A
od as
rodquais
er oa merecem
soudívidnimaiores
e sorielisconsiderações.
arb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
e odúetnoDefende-se
c ed oãçirtseaqui,
r ed saacpriori,
itílop sque
aus ose eparlamentares
uqatsed odahnanão g mpodem
et ocitílodeixar
p oiránde
ec punir
on um de
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep portanto,
seus colegas com receio de que um dia possam sofrer as mesmas penas. Basta,
socnão
itílopincorrerem
sodit rap e snos
otadimesmos
dnac ,setnerros
erefid sdo
acagente
itílop seõpunido.
siV ?a-oAdnsanção
azilartneestá
c uo oaliãçpara
amroisso,
fni a ou seja,
o mpara
eussser
op kimplementada
oobecaF od soquando
iránoicnforuf enecessário.
serodadnuf Outrossim,
sod saiedi svale
a mrememorar
oc megrevidque euqa punição
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?amrofatalp an edadilibisiv e oçapse omsevisa
disciplinar também tem caráter pedagógico, sendo importante instrumento que m ao ces-
sar de condutas indesejadas. .rednopser a eõporp
Não é demais relembrar que a existência do Código de Ética e do procedimento dis-
ciplinar interno tratam de previsão Constitucional, tendo a sua razão de ser na ideia de que
OÃÇUDORTNI .1
foi o próprio Poder Constituinte Originário que conferiu aos parlamentares a prerrogativa
oicíde
ni ujulgar
es onseus
ogopares,
l ,ocitílno
op que
otnediz
murespeito
rtsni muàs omcircunstâncias
oc odairc odisrelacionados
ret oãn ed aoraseexercícios
pA do
,”hsmandato.
amecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
Com o arquivamento, findou-se oportunidade valiosa de discutir aquela fala em maior
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
profundidade e também de dar-lhe a reprimenda que fosse proporcional ao seu impacto não
.setnearta etnemlauxes
só social, mas também à imagem daquela Casa.
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
No que diz respeito às previsões do Código de Ética, de acordo com o art. 4º do refe-
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
rido diploma, o abuso das prerrogativas constitucionais asseguradas aos membros do Con-
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
sougresso
dívidni Nacional
ed et rap(Constituição
rop lfi rep odFederal,
otof edart.
sa55,
çna§du1º),
m sreferindo-se,
à ralimis ogneste
la ,saponto,
citílop àseimunidade
õinipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc soddo
parlamentar, será punível apenas com uma modalidade de sanção: a perda ammandato.
rofnocni
Dito isso, é fato que aquele procedimento disciplinar culminaria em arquivamento, ou
o deputado Jair Bolsonaro perderia o seu mandato – caso não fosse acusado de outra con-
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
237 Até mesmo porque não pode .8135se
05esperar,
6566184ao
75menos
2/rb.qpem
nc.stese,
ettal/que
/:pttum
h :sdeputado
ettal olucírtenha
ruC .sconhecimentos
iareG saniM ed jurídicos
tão aprofundados. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE106
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
duta tipificada no Código que pudesse ensejar LIBERDADE
outra sanção. Não háDE EXPRESSÃO
meio-termo, dosagem, E
aplicação da sanção de acordoFERRAMENTA
POLÍTICA: com o caso concreto,TECNOLÓGICA
a menos não no que diz NEUTRA
respeito à
sanção imputável ao parlamentar que abusa de suas prerrogativas constitucionais, bem
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
como de todas as outras condutas descritas no art. 4º.238
No que diz respeito à representação contra o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), muito 1
Aléxia Duarte Torres
embora o parlamentar não tenha sido acusado de ter proferido discurso de ódio, suas
manifestações em redes sociais, gatilho do procedimento disciplinar, de certo modo, tan-
genciam a temática.
RESUMO
O Partido Social Cristão (PSC) deu início à representação após a publicação de Jean
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
no Facebook:
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
mundo,Quando criticamos
é manter o mundoosmais
discursos
aberto,deconectado
ódio dos “bolsomitos” “malafaias”
e civilmente engajado. Suae “feli-
atuação
cianos” e “euricos” e das “marisas lobo” e “ana paulas valadões”
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdoda vida e do e
legislativo contra gays, lésbicas e transexuais estamos pensando justamento
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
no quanto o discursos de ódios proferidos por essas pessoas – agora em alta
a informação
(…) – ou centralizando-a?
podem levar pessoasVisões
“ depolíticas
bem” adiferentes, candidatos
praticar atos e partidos
de violência física-políticos
as-
que divergem
sassinatos e agressões físicas- contra membros da comunidade LGBT.possuem
com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook Delírios o
mesmohomofóbicos
espaço e visibilidade na plataforma?
reproduzidos por políticosEssas sãoreligiosos
e lideres as questões que esse239artigo
mentirosos. (gri- se
propõefos da autora)
a responder.
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:107
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSArgumentou,
SERPXE E D EDque
inclusive, ADestava
REBIprotegido
L ,KOO BE
pela CAF material, pois sua ma-
imunidade
ARnifestação
TUEN tem ACconteúdo
IGÓLOeminentemente
NCET ATN político,
EMAao RRdenunciar
EF :ACumaITÍsituação
LOP também de
natureza política que produz gravíssimas consequências sociais e humanas. Neste aspecto,
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
em que a imunidade material vai além das fronteiras do Parlamento, não se pode deixar de
concordar com o posicionamento do deputado, tendo em vista a jurisprudência firmada
do STF,242 bem como as interpretações doutrinárias acerca das abrangências da referida
imunidade.
1
serroT eFato
trauque
D achama
ixélA a atenção, entretanto, é que o seu partido, o PSOL, havia promovido
representação contra o Jair Bolsonaro, ao argumento de que não estaria protegido pela
imunidade material ao dar uma resposta reprovável em um ambiente distinto do Parlamen-
to. Esta incoerência de defesas promovidas pelo mesmo partido apenas demonstra que a
disputa política acaba por falar mais alto do que as próprias questões materiais, OMUSER morais e
sociais
odim usnoc colocadas
e oãçaroc oemodapauta,
tsiuqnode
cmmodo
et euqque
laicoosposicionamento
eder ,koobecaF ode
d aum
ticílmesmo
pxe oãsspartido
im A é vaci-
lante, conforme os interesses de seus correligionários.
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
oãçauta auRetornando
S .odajagneàetdefesa
nemlivicpromovida
e odatcenoporc ,otJean
reba sWyllys,
iam odnoum o retnam em
deputado, é ,odconclusão,
num fez
e odalusão
úetnocà e“jurisprudência”
d oãçirtser ed sado citConselho,
ílop saus eretomando
euqatsed oas dahpalavras
nag metdo ocdeputado
itílop oiránNelson
ec on Marche-
odnzan,
azitarrelator
comed dokooProcesso
becaF o airanº
tsE5/2015:
.sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
A intervenção punitiva deste conselho deve ser exercida com parcimônia, sob o
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
risco de prejudicar o funcionamento das instituições democráticas, criando-se
es ogit ra esse euq sumaeõtsesituação
uq sa oãde s stemor
assE ?de
amuso
rofada
talppalavra,
an edadjustamente
ilibisiv e oçno apsParlamento,
e omsem que é a
ultima trincheira do direito à Liberdade de Expressão. .rednopser a eõporp
,ARIE108
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
6.3 Processo disciplinar contra AlbertoLIBERDADE DE EXPRESSÃO
Fraga (REP nº 02/2015) E
POLÍTICA:
O Partido FERRAMENTA
Comunista do Brasil (PCdoB) promoveuTECNOLÓGICA NEUTRA
contra Alberto Fraga (DEM-DF) a
OU
Representação nº 02/2015, por PLATAFORMA
atentado VIRTUAL EDITORIAL?
ao decoro parlamentar.
No decorrer da sessão do dia 6 de maio de 2015, o deputado teria se referido a
Jandira Feghali (PCdoB-RJ) nos seguintes termos: “Senhor presidente, bate como homem,
tem de apanhar como homem também?”. Depois, retornou e acrescentou: “Eu digo sempre
que mulher que participa da política e bate como homem tem de apanhar como homem
também”. Aléxia Duarte Torres1
A acusação justificou-se argumentando que o deputado teria “assomado” a tribuna
após proferir palavras incitando o ódio e a violência contra a mulher, caracterizando-se em
episódio de enorme repercussão na mídia e nas redes sociais, comprometendo a imagem
RESUMO
da Câmara dos Deputados.
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
As um
condutas
tempoforam amoldadas
cada vez maior daaovida
art.de VI243, odequal
4º,milhões fora revogado,
brasileiros muitoao
e indivíduos embora
redor do
apresentasse
mundo,conceitos indeterminados
é manter o mundo maiscujos efeitos
aberto, eram amplíssimos
conectado e cuja penalização
e civilmente engajado. Sua atuação
seria a perda do mandato,
no cenário e também
político ao art.destaque
tem ganhado 5º, III, que tipifica
e suas a conduta
políticas de praticar
de restrição de ofensas
conteúdo e
físicas oupersonalização
morais contradeoutro membro
algoritmo do Parlamento
continuam ou nasEstaria
a gerar polêmicas. dependências
o Facebookdademocratizando
Câmara e
a informação
cuja penalização escrita244. Visões
ou centralizando-a?
é a censura políticas
Conclui-se, diferentes,
portanto, quecandidatos e partidos
a peça inicial políticos
do proce-
dimento não enquadrou a conduta do deputado no dispositivo que trata da tipificação do o
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem
abuso de mesmo espaço
prerrogativa e visibilidade De
constitucional. na plataforma?
todo modo, Essasa antigasãoprevisão
as questões que esse
do inciso VI doartigo
art. se
4º poderiapropõe
abarcara responder.
as mais diversas condutas, inclusive, o abuso da imunidade.
O Parecer Preliminar foi redigido pelo deputado Washington Reis (DEM-RJ). Manifes-
tou-se
1. pelo arquivamento da representação ao argumento de que Alberto Fraga teria se uti-
INTRODUÇÃO
lizado daquelas palavras, consideradas ofensivas, no sentido figurado, o que se comprova,
inclusive, Apesar de não
pelo próprio teracalorado
clima sido criado como um
de debates queinstrumento
permeava o político,
Parlamentologonono seu início
momento
o Facebook
de sua fala.245 já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
Da análise
classificar quem dasera
notas taquigráficas
“hot” ou não, uma quepalavra
dizem respeito
em inglêsà tramitação
usada paradodesignar
procedimento
pessoas
disciplinar, algumas
sexualmente atraentes. falas merecem ser reproduzidas e apreciadas, muito embora o proce-
dimento tenha culminado em arquivamento.
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
243 Art. 4º:
a VItrocar as irregularidades
– Praticar suas fotos por imagens
graves com textos
no desempenho de protestos
do mandato ou decorrentes,
ou de encargos que expressavam
que afetemsuas
a
dignidade políticas,
opiniões da representação
algopopular.
similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
244 Art. 5:
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
III – Praticar ofensas físicas ou morais nas dependências da Câmara ou desacatar, por atos ou palavras, outro
parlamentar, a Mesa ou Comissão ou os respectivos Presidentes;
245 BRASIL. Câmara dos Deputados. Processo nº 02/2015. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/proposi-
coesWeb/prop_mostrarintegra; jsessionid=F78846A015BBA4B78D80C09188031295.proposicoesWebExte
1 rno1?codteor=1420596&filename=Tramitacao-REP+2/2015>.
Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas GeraisAcesso – Programa
em: 10deout.
Pós-Graduação
207. da Faculdade
(…)deacompanham
Direito da Universidade
a exordial, Federal
mostra-sede Minas
patenteGerais.
que o Graduada em Direito
Representado utilizoupela Pontifíciatidas
as palavras Universidade Católica
como ofensi-
vasde
deMinas
formaGerais. Currículo
figurada, lattes:como
e não literal, http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
fez crer o Representante. Isso porque, na ocasião, estava ocorrendo
umEndereço eletrônico:
debate acalorado [email protected]
Plenário, o que levou a um desentendimento entre a Deputada Jandira (…).
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:109
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSLuciana
SERPX E ED
Santos EDADR
(PCdoB-PE) EBIL ,Ka O
manifestou suaOindignação
BECAF em relação ao posiciona-
ARmento
TUEdeNoutros
ACIG colegas,
ÓLOos NCquais
EThaviam
ATNEdescrito
MARaRfalaEFde:AAlberto
CITÍLFraga
OPapenas como
mal-educada. Na sua concepção, aquela manifestação merecia a devida reparação, pois
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
se tratava de aparição acintosa e inaceitável, ainda mais pelo fato de o Brasil ocupar
entre a sexta e a décima posição no ranking internacional de países que mais cometem
violência contra a mulher. Aquela Casa, portanto, teria o dever de primar pela conduta ética
e pela boa educação. Conclamou que o deputado cometera violência contra a deputada
Jandira e merecia ser punido por tal conduta.246
1
serroT etrauD aixélA
Acredito que a deputada encontra razão quando afirma que aquela situação teria tra-
zido importante tema a debate, a violência contra a mulher no Brasil, o qual merece maiores
enfoques pela tribuna. Não bastasse isso, ao propor a advertência pública para a conduta
do deputado, põe à mesa uma modalidade distinta de retaliação, que talvez OMUSpudesse
ER sur-
tir efeitos positivos, como evitar a reiteração de determinados comportamentos.
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A De todo
od modo,
roder oinfelizmente,
a soudívidni eo sCódigo
orielisade
rb eÉtica
d seõnão
hlimprevê
ed adaivsanção
ad roiade
m advertência.
zev adac opmet mu
oãçauta auContudo,
S .odajagquando
ne etnemse liviafirma
c e odaque
tcenAlberto
oc ,ot rebFraga
a siamcometera
odnum oviolência
retnam é contra
,odnumJandira, a
e odopinião
úetnoc daed autora
oãçirtséerde
edque
sacaitíldeputada
op saus enãoeuqencontra
atsed odarazão,
hnag mhaja
et ocvista
itíloptodas
oiráneas
c oprovas
n e os
odnfatos
azitarctrazidos
omed kooàbbaila
ecaF oaoairlongo
atsE .sdaquela
acimêloptramitação.
rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
Não bastasse isso, notou-se que a fala de Luciana estava carregada de certo parti-
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
es odarismo,
git ra essecomo
euq sse
eõtbuscasse
seuq sa oãlevantar
s sassE ?aabandeira
mrofatalpda anbancada
edadilibisfeminina,
iv e oçapsutilizando
e omsem o proce-
dimento disciplinar como instrumento, defendendo, “com unhas .rednopser a eõpaorpunição
e dentes”, p do
deputado, como se este fosse um “bode expiatório”.247
Sob outra perspectiva, interessante se mostrou a manifestação do deputado Sandro
OÃÇUDORTNI .1
Alex (PSD-PR), o qual retoma a importância da análise do elemento subjetivo da conduta
oicí–niauintenção
es on ogda
ol fala
,ocit–íloem
p omomento
tnemu rtsnanterior
i mu omàoaferição
c odaircdaodsanção,
is ret oãconsoante
n ed raseppropugnado
A
no início deste artigo:
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráusu oa aitimrepE eeuoquestionei
dal a odalodDeputado
rav raH edFraga
setnsobre
adutsesesele
od poderia
sotof afazer
vacolum
oc epedido
rawt fode
s odes-
saossep rangised aculpas
rap adaos
asubrasileiros
sêlgni mequearvinterpretaram
alap amu ,oaãnsuauoafirmação
”toh“ aredemuma
euq forma
racfiisque
salcnão
a sua intenção. E ele, me disse, Presidente, que não.shaveria
etneartaproblema
etnemlaunenhum
xes
nisso, que ele o faria, porque ele não teve a intenção de proferir uma palavra que
-pac e edadisrevinusignificasse
ad açnaruviolência,
ges ed edeesim
ram força
arasno
secdebate
a seropolítico.
dairc suSendo
es euqassim, ele poderia,
siopeD
maraçemoc soiráuno su momento
soirpórp adequado,
so ,setnadem
utsplenário,
e sod oãrelatar
çacfiitque
nedia esua
d sintenção
negami sera
am o adebate
rarut e,
se alguém tiver interpretado isso como ato violento, ele pede desculpas, porque
saus mavasserpxe euq uo sotsetorp ed sotxet moc snegami r248 o p so tof sa us sa raco r t a
não teria sido a sua intenção. (grifos da autora)
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
246 “Sr. Deputado, sinto muito. Será que era preciso ter havido um tapa para poder se comprovar que não há
aqui um sentido figurado no que diz respeito à violência contra a mulher? (…) basta o que já assistimos de
incitação à violência! Isso vir de um membro desta Casa merece, de nossa parte, no mínimo, Sr. Presidente,
edadlucaFuma ad oadvertência
ãçaudarG-sópública.”
P ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló247
taC ed“Estão
adisreaqui
vinU as
aicDeputadas
ífitnoP alepAlice
otieriPortugal
D me adaeuJô
daMoraes,
rG .siareGque
saestavam
niM ed laláreedetestemunharam
F edadisrevinU oadacontecido.
otieriD ed A maior
bancada feminina do Congresso
.8135056Nacional
5661847é5a2/do
rb.qPartido
pnc.setComunista
tal//:ptth :sdo
ettaBrasil.”
l olucírruC .siareG saniM ed
248 Disponível nas notas taquigráficas. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE110
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
Já o deputado Zé Geraldo LIBERDADE
(PT-PA) manifestou-se DEàEXPRESSÃO
contrariamente cassação ou outra E
punição mais POLÍTICA:
rígida, conquantoFERRAMENTA
destacou o fato de queTECNOLÓGICA
aquele tipo de conduta não poderia
NEUTRA
restar impune, uma vez que surtiria efeitos negativos no Parlamento. Outrossim, fez o alerta
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
de que imunidade parlamentar não é garantia absoluta e também que outras modalidades
de retaliação deveriam ser implementadas como via alternativa.
Acho que aqui não se trata de um fato como esse levar um parlamentar a ter
uma cassação, uma punição ou uma sanção mais rígida. Mas, também, se nós
formos passando a mão na cabeça e deixando as coisas irem acontecendo,
isso se torna um mau exemplo. E, sinceramente, há situações em que nós
Aléxia Duarte já 1
Torres
deveríamos, neste Conselho de Ética, ter feito uma intervenção.
Então, na medida em que um partido vem a Este Conselho e nos aciona… E é
uma Deputada exemplar, uma Deputada cujo trabalho e o comportamento tenho
RESUMO acompanhado na Câmara e é no campo da disputa política, de forma elegante.
Nós percebemos muitos debates ali de forma bastante deselegante, mesmo que
A missão
nósexplícita
sejamosdoamparados
Facebook, pelo…
rede social
Masque tem conquistado
eu penso o coração e consumido
que nós precisaríamos pensar
em algum
um tempo tipo maior
cada vez de sanção por de
da vida meio da qualdecomecemos
milhões brasileiros ea indivíduos
não concordar com do
ao redor
mundo,algumas
é manter alterações
o mundoque acontecem.
mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
Léonodecenário políticoem
Brito (PT-AC) temretomada
ganhadoao destaque
raciocínioe suas
de Zépolíticas
Geraldo,dedisse
restrição
que adereiteração
conteúdo e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook
de condutas inaceitáveis se deve à ausência de posicionamento mais firme daquela Casa, democratizando
a informação
dando enfoque, mesmo ou que
centralizando-a?
não fosse aVisões políticas diferentes,
sua intenção, candidatos e da
à faceta pedagógica partidos
sanção,políticos
a
qual muitas vezes fica esquecida. Além disso, ressalta outro aspecto importante daquele o
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem
debate, omesmo
fato deespaço
Albertoe Fraga
visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
ter se referido à condição de mulher para tentar rebaixar
propõe a responder.
a posição da parlamentar, conduta que tem se reiterado por diversas vezes, infelizmente,
naquele recinto.249
1. EmINTRODUÇÃO
que pese tudo o que foi dito e proposto ao longo dos acalorados e extensos
debates do processo disciplinar, o procedimento culminou no arquivamento. Na ausência
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
de qualquer criatividade argumentativa, o “manto” da imunidade material foi empregado
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
novamente, sem que ao menos houvesse uma adequação daquele fundamento ao caso
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
concreto.
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
Outros argumentos
sexualmente atraentes.bem mais arraigados, razoáveis, provas materiais foram propos-
tos em defesa do representando. Contudo, optou-se “pela a via mais fácil”, a de entonação
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
da imunidade material, como se ela fosse um escudo protetor em favor de qualquer depu-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
tadoa que proferir
trocar todafotos
as suas e qualquer manifestação
por imagens ofensiva.
com textos de protestos ou que expressavam suas
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
249 “Eu considero que essa situação não é das piores que já vimos. Mas o que nós temos que levar em consi-
inconformados
deração, obviamente, comdeomaneira
resultado
muitodo pleito nas
proporcional eleições
e justa presidenciais
é exatamente dosprimeiro,
o fato de que, Estados eu Unidos,
tenho
visto reiteradamente vários Parlamentares fazendo menção específica às Parlamentares aqui dentro da Casa,
referindo-se à condição da mulher para tentar rebaixar a sua posição como Parlamentar.
Dizer: ‘Mulher que bate como homem’: Não havia a necessidade de fazer isso. E, com certeza, a intencao
1 nesse
Mestranda
caso foiem Direito pela
exatamente Universidade
a de Federal
tentar rebaixar de tentar
ou de Minas colocar
Gerais –a Programa
condicao deda Pós-Graduação
mulher naquela da Faculdade
situacao.
de Direito
Entao, da Universidade
eu acredito Federal
que esta casa não de Minas
pode, em Gerais.
hipoteseGraduada
alguma, em
por Direito pelasejam
mais que Pontifícia Universidade
situacoes Católica
que tenham
as de
maisMinas Gerais.
variadas Currículo compactuar
gradacoes, lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
com esse tipo de atitude, senão nós vamos comecar… É aquela
história: ‘Onde
Endereço passa [email protected]
eletrônico: boi, passa uma boiada’.”
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:111
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO7. ÃSCONSIDERAÇÕES
SERPXE ED FINAISEDADREBIL ,KOOBECAF
ARTUEDaNanálise
ACIG ÓL
dos ONCET Ainternos
procedimentos TNEMobjeto
ARRdeste
EF :trabalho,
ACITÍLconclui-se
OP que não
?Lhouve,
AIROem TInenhum
DE LA UTR
deles, IV AMRO
manifestação queFse
ATenquadre
ALP UnaOcategoria do discurso de ódio.
Obviamente, como se demonstrou no capítulo antecedente, algumas representações aca-
bam por descrever a conduta do representado como prática de “discurso de ódio”, muito
embora isso não signifique que aquela fala/manifestação se amolde a tal categoria de dis-
curso, conforme os parâmetros objetivos traçados no primeiro capítulo, como, por exem-
1 plo, a intenção de atingir certo grupo, rebaixando-o, denegrindo-o.
serroT etrauD aixélA
Sob perspectiva diversa, em relação ao procedimento judicial contra o Deputado Mar-
co Feliciano, ao qual se fez menção no capítulo introdutório deste artigo, não se averiguou
instauração de procedimento administrativo disciplinar com objeto semelhante OMUSEao R da ação
penal ajuizada. É defensável, entretanto, que caso o deputado tivesse sido processado ad-
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
ministrativamente, por quebra de decoro parlamentar jungida ao abuso de prerrogativas
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
constitucionais, tendo em vista a fala de caráter manifestamente homofóbico e facilmente
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
“enquadrável” à categoria de discurso de ódio, posto que preenche todos os requisitos
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
objetivos ora elencados, principalmente a intenção de denegrir determinado grupo, poderia
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
ter sido sancionado com a perda do mandato.
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
o meussoNão p koose
becpode
aF odolvidar,
soiránotodavia,
icnuf e sque
erodalgumas
adnuf soddassaiemanifestações,
di sa moc megralvo evid dos
euq procedi-
es omentos
git ra esadministrativos
se euq seõtseuqem sa ocomento,
ãs sassE ?expressam
amrofatalp sentimento
an edadilibisde
iv edesprezo
oçapse oemde
sem diminuição
em relação ao interlocutor e, mais do que isso, acabam por agredir, .rednopsmesmo
er a eõpque
orp de modo
reflexo, a um determinado grupo. Tais condutas, por conseguinte, igualmente não estão
em consonância com aquilo que se espera da postura de um parlamentar atento aos seus
OÃÇUDORTNI .1
deveres não só institucionais expressos no Código de Ética e também na Constituição da
oicíRepública,
ni ues on mas
ogol também
,ocitílop sociais.
otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hsamecEspecificamente
aF“ o omoc etneno mlaprocedimento
nigiro odairC contra
.laicneAlberto
top ues Fraga,
od satpor
sip mais
avad que
áj koseobtenha
ecaF con-
o
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
cluído que não houve intenção do deputado, consoante o Parecer Final e as conclusões
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
formais e materiais desenvolvidas ao longo da tramitação, ele acabou por ofender a sua
.setnearta etnemlauxes
colega justamente no que toca à condição feminina dela. Mesmo que de forma indireta e
-panão
c e eintencional,
dadisrevinuposicionou
ad açnarugaefigura
s ed edadermulher
a maraem ssepatamar
ca serodinferior
airc sueao
s edo
uqhomem.
siopeD
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
Em que pese, nada foi feito em relação aos impactos daquela fala no ambiente ex-
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
terno ao Parlamento, ou seja, em relação à apreciação social daquela aparição. Não houve
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,soduma
inU reprovação
sodatsE sodsequer
siaicnda
edconduta,
iserp seõpor
çielemais
san que
otiealguns
lp od odparlamentares
atluser o moctenham
sodamse rofmanifes-
nocni
tado favoravelmente a tal reprimenda ao longo do procedimento disciplinar.
,ARIE112
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
institucional no que diz respeito à formação de LIBERDADE DE EXPRESSÃO
“precedentes administrativos” consolidados, E
em oposição àPOLÍTICA:
argumentação de cunho meramente político
FERRAMENTA e interessado.
TECNOLÓGICA NEUTRA
OUquePLATAFORMA
Outro aspecto interessante VIRTUAL
merece ser melhor controvertido é oEDITORIAL?
posicionamento
do Parlamento, em perspectiva externa corporis, aos procedimentos de quebra de decoro
parlamentar. Como ficou claro nas palavras do deputado Zé Geraldo (PT-PA), não se trata
de simplesmente punir ou não punir o representado, mas sim de encontrar a resposta do
Parlamento à sociedade para amenizar os impactos negativos da fala. Por óbvio, a punição
não pode e não deve ser o único contragolpe a essa problemática. Aléxia Duarte Torres1
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:113
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSScom
punido ERP XE Eescrita
censura D ED(art.
AD12);
REmas,
BIL caso
,KOabuse
OBEdasCAprerrogativas
F constitucionais
AR(art.
TU4º,ENI), A
poderá
CIGser
ÓLpunido
ONC apenas
ET Acom
TNEa perda
MARdeRmandato.
EF :ACPerceba
ITÍLOque,P na primeira
conduta descrita, o deputado também abusa de suas prerrogativas constitucionais, pois
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
está emitindo palavras/gestos de ofensa moral que não se encontram protegidos pela imu-
nidade, uma vez que há expressa previsão de penalização em reprimenda àquela. É visível
o expressivo vácuo entre as sanções aplicadas em cada uma das duas situações, muito
embora as condutas sejam semelhantes.
1
serroT eAotraque
uDtudo
aixéindica,
lA o legislador, ao elaborar o art. 4º, elencou condutas tão graves
que a sua ocorrência só poderia ter uma resposta: a perda do mandato. Um exemplo de
conduta gravíssima, conforme já foi manifestado anteriormente, seria o discurso de ódio
nos moldes objetivos traçados.
OMUSER
Ocorre que uma série de outras condutas, tais como a do deputado Jair Bolsona-
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
ro, não seriam enquadráveis naquele dispositivo, justamente pelo fato de a gravidade da
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
sanção não ser proporcional à gravidade da manifestação, ou por não haver a intenção de
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
ofender, ou por tratar-se de ofensa indireta a um grupo, distintamente do que se entende
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
por discurso de ódio.
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop soCom
dit rapessa
e sotlimitação
adidnac ,senormativa,
tnerefid sacinão
tílop shá
eõsmuito
iV ?a-oodnque
azilaser
rtnecfeito,
uo oãao
çammenos
rofni a adminis-
o mtrativamente,
eussop koobeem caFrelação
od soiráànoresponsabilização
icnuf e serodadnufpor sodmanifestações
saiedi sa moc que megeclodem
revid euq de modo
es onegativo.
git ra esseTalvez
euq sse
eõtfossem
seuq sa inseridas
oãs sassEoutras
?amropenalizações,
fatalp an edadicomo
libisiv dee oçadvertências,
apse omsem “pedidos
de desculpas”, repúdio público com destaque na Imprensa Oficial e,seconcomitantemente,
.r e d n o p r a eõporp
fosse aberto o leque de sanções aplicáveis às condutas descritas no art. 4º, haveria repri-
mendas mais proporcionais aos agravos.
OÃÇUDORTNI .1
Os atos de ofensa ao decoro parlamentar culminam na injusta ofensa à respeitabili-
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
dade institucional do Poder Legislativo. Este detém não só o direito e a legitimidade ético-
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
-jurídica de instaurar medida disciplinar contra o parlamentar, conforme previsto constitu-
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
cionalmente, mas o dever de reprimir e até mesmo excluir da comunhão dos legisladores,
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
se necessário, membro que tenha se mostrado indigno do desempenho da honrosa função
.setnearta etnemlauxes
de representar o povo.
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemA ocCâmara
soiráusudossoiDeputados,
rpórp so ,seinstituição
tnadutse srepresentativa
od oãçacfiitneddoi epovo,
d snegjáamtem
i salegitimidade
mararut
saus mavasserpxe euq uo sotsetorp ed sotxet moc snegami rop sotof saus sa radando
constitucional para tanto. Basta, agora, aceitar e assumir esta responsabilidade, cort a os
contornos e limites à liberdade de expressão de seus membros e, igualmente,
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo à prerroga-
,sodtiva
inUconstitucional
sodatsE sod sda iaicinviolabilidade,
nediserp seõçieoule imunidade
san otielp omaterial,
d odatlusde
er forma
o moc asoproteger
damrofnaochonra
ni
coletiva daquele palco social.
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
.8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE114
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
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tor-sergio-brito>. Acesso em: 10 nov. 2017.
RESUMO
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A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração
turaadm/eticaedecoro/arquivos/novo-codigo-de-etica-da-camara-dos-deputados>. Acessoe consumido
em: 20
nov. 2017.um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
______. Novo Código
mundo, de Ética
é manter – O que mais
o mundo entra aberto,
em vigorconectado
com as novas regras do engajado.
e civilmente Conselho. Disponível
Sua atuação
em: <http://www2.camara.leg.br/a-camara/estruturaadm/eticaedecoro/arquivo-morto/novo-codigo-
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
-de-etica-o-que-passa-a-entrar-em-vigor-com-as-novas-regras-do-conselho>. Acesso em: 20 nov.
2017. personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
______. Processo nº 02/2015. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_
que divergem
mostrarintegra; com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
jsessionid=F78846A015BBA4B78D80C09188031295.proposicoesWebExterno1?co
dteor=1420596&filename=Tramitacao-REP+2/2015>.
mesmo espaço e visibilidade na plataforma?Acesso
Essasem:
são10
asout. 207. que esse artigo se
questões
propõe escrita
______. Defesa a responder.
de Jean Wyllys. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/proposico-
esWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1501034&filename=Tramitacao-REP+11/2016>. Acesso
em: 20 nov. 2017.
______.
1. Lei Complementar nº 35/1979. Dispõe sobre a Lei Orgânica da Magistratura. Disponível em:
INTRODUÇÃO
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp35.htm>. Acesso em: 2 fev. 2018.
Apesar Tribunal
______. Superior de nãodeterJustiça.
sido criado
Recursocomo um 1.642.310
Especial instrumento
DF. político, logo no
Relator Ministra seuAn-
Nancy início
drighi. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/static_files/STJ/Midias/arquivos/Noticias/REsp%20
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
1642310.pdf>. Aceso em: 10 mar. 2018.
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
______. Supremo
classificar Tribunal
quem era Federal.
“hot” ouInquérito nº 3.590
não, uma – STFem
palavra – Plenário.
inglês Relator
usada Ministro Marco Aurélio.
para designar pessoas
Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=6717176>.
sexualmente atraentes.
Acesso em: 20 nov. 2017.
Depois Tribunal
______. Supremo que seus criadores
Federal. acessaram
Inquérito nº 2332 aAGR
rede– de
STFsegurança
– Plenário. da universidade
Relator e cap-
Ministro Celso
de turaram
Mello. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/constituicao/artigobd.asp?item=%20708>.
as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
Acesso em: 20 nov. 2017.
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
______. Mandado de Segurança 24458 STF. Relator Ministro Celso de Mello. Disponível em: <http://
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/visualizarEmenta.asp?s1=000003286&base=baseMonocratic
inconformados
as>. Acesso em: 18 com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
dez. 2017.
______. AgR 5.714 – STF – Plenário. Relator Ministra Rosa Weber. Disponível em: <http://redir.stf.jus.
br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=14203323>. Acesso em: 9 mar. 2018.
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
______. Supremo Tribunal Federal. Recurso em Habeas Corpus 134.682 BA – STF. Re-
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
lator Ministro Edson Fachin. Disponível em: <stf.jus.br/portal/processo/verProcessoPeca.
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
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Endereço eletrônico: [email protected]
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978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSSupremo
______. ERPXE EDFederal.
Tribunal EDARecurso
DREBOrdinário
IL ,KO emOHabeas
BECA F 134.682 BA – STF – Pri-
Corpus
meira Turma. Relator Ministro Edson Fachin. Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/pagi-
ARnador.jsp?docTP=TP&docID=13465125>.
TUEN ACIGÓLONCET ATAcesso NEMem: AR5 R EF2018.
mar. :ACITÍLOP
?L______.
AIROSupremo
TIDE Tribunal
LAUTFederal.
RIV Denúncia
AMROInquérito
FATAL3.932 P UDF–O STF – Plenário. Relator Luiz Fux.
Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=11627210>.
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1
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od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
oãçGOMES,
auta auSEneias
.odajaXavier.
gne etnDa
emcrítica
livic e odedaHans
tcenoKelsen
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itílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
o mHORTA,
eussopRaulkoobMachado.
ecaF od sImunidades
oiránoicnufparlamentares.
e serodadnuf sDisponível
od saiedi em:
sa m<https://www.direito.ufmg.br/
oc megrevid euq
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git ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?amrofatalpAcesso an edaem:
dilib1º
isidez.
v e o2017.
çapse omsem
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oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
.setnearta etnemlauxes
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
.8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE116
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK, LIBERDADE DE EXPRESSÃO E
POLÍTICA: FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA
STF
OUOU TSE, QUEM VIRTUAL
PLATAFORMA DIZ O QUE DIZER?
EDITORIAL?
Temos que acabar com esse negócio de aparecer gente estranha, acabar de
RESUMO
aparecer jornais e revistas nos programas eleitorais. (Min. Dias Toffoli)
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
RESUMO:
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
No mundo,
artigo que ora se odesenvolve
é manter mundo maisé feita umaconectado
aberto, análise comparativa
e civilmentedeengajado.
como o Supremo
Sua atuação
Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral lidam com a proteção e
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo os limites e
da personalização
liberdade de expressão nos casos que lhes são submetidos. Aponta-se que o
de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
STFa informação
tem a postura tradicional de Visões
ou centralizando-a? conferir a essediferentes,
políticas princípiocandidatos
posição privilegiada no
e partidos políticos
rol que
dos divergem
direitos resguardados, encontrando
com as ideias dos fundadores óbice apenas quando
e funcionários esbarrapossuem
do Facebook com a o
proteção
mesmodaespaço
dignidade humana,nafundamento
e visibilidade plataforma?do qualsão
Essas é decorrente.
as questõesPorque outro lado, se
esse artigo
o TSE, mesmo contando
propõe a responder. com três Ministros do Supremo, inaugurou nas últimas
eleições gerais um posicionamento conflitante com o órgão detentor da palavra final
sobre a Constituição, sustentando a restrição das manifestações políticas e eleitorais
1. a partir
INTRODUÇÃO
de uma acepção valorativa do que deveria ser uma “boa propaganda”.
Aponta-se, oportunamente, como a virada jurisprudencial em Brasília começou a
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
influenciar as decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais, o que mostra o perigo do
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
novo entendimento frente à livre manifestação política. Conclui-se que as decisões
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
paradigmáticas do TSE em 2014 são viciadas pela inconstitucionalidade, pois violam
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
o princípio fundamental da liberdade de expressão, além de significarem uma atuação
sexualmente atraentes.
indevida como legislador positivo no momento em que determina novas vedações à
propaganda
Depois quepolítico-eleitoral.
seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
1. opiniões
INTRODUÇÃO
políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
inconformados com oque
A doutrina aponta resultado do pleito
no cenário nas atual,
político eleições
empresidenciais dose Estados
que Legislativo Unidos,
Executivo se
mostram insuficientes para regulamentar as questões de demanda social, o Judiciário
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
253 Mestrando
de DireitoemdaDireito
Universidade
pela Universidade
Federal de Federal
Minas Gerais.
de Minas
Graduada
Gerais. em
Especialista
Direito pela
emPontifícia
Direito Constitucional
Universidade pelo
Católica
Instituto
de Minas
paraGerais.
o Desenvolvimento
Currículo lattes:
Democrático,
http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
em parceria com a Universidade de Coimbra (Portugal). Ba-
charel
Endereço
em Direito
eletrônico:
pela Universidade
[email protected]
Federal de Minas Gerais. Advogado. E-mail: [email protected].
TORRES,
MOURÃO, Aléxia
Lucas Duarte. Facebook,
Tavares. STF ou TSE,liberdade
quemdediz
expressão e política:
o que dizer? In: ferramenta
PEREIRA,tecnológica neutra(Org.).
Rodolfo Viana ou plataforma virtual
Direitos editorial?
políticos, In:117
PEREIRA,
liberdade
Rodolfo Viana
de expressão (Org.). Direitos
e discurso de ódio.políticos,
Volumeliberdade de expressão
II. Belo Horizonte: IDDE,e discurso
2018. p.de117-142.
ódio. Volume
ISBNI. 978-85-67134-06-2.
Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33.
Disponível em:ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
<https://doi.org/10.32445/97885671340626>
EO ÃSencarregado
ficou SERPXEdeED EDa A
suprir DREdeixada.
lacuna BIL ,K OOB
Fala-se emEneoconstitucionalismo,
CAF pautado
ARpela
TUjudicialização
EN ACIGda ÓLpolítica,
ONCtendoET Acomo
TNEefeito
MARessaREFtomada
:ACIdeTÍL competências
OP pelos
magistrados na garantia dos direitos que a população demanda mas os representantes não
?Lconseguem
AIROTID E LAUTRIV AMROFATALP UO
atender.
Essa realidade desponta na Justiça Eleitoral, reconhecidamente o ramo do Poder
Judiciário com o mais amplo espectro de competências em sua atuação. Para além das
funções judicante e administrativa, seus papéis normativo e consultivo dão azo a constantes
1 críticas a partir do momento em que interferem na legislação eleitoral. No entanto, o
serroT etrauD aixélA
exercício jurisdicional tem se tornado problemático a partir do momento em que assume
feições de legislador positivo durante a análise de casos concretos, em especial porque o
terreno do Direito Eleitoral é pouco firme, sendo alvo de alterações e reinterpretações a cada
nova eleição. OMUSER
odimusnocUm e oãdosçaroassuntos
c o odatsiucom qnoc maior
met euqfrequência
laicos ederde ,koalteração
obecaF od nas aticílnormas
pxe oãssieleitorais
mA é a
od regulamentação
roder oa soudívidda ni epropaganda
sorielisarb eleitoral,
ed seõhlim e d a d i v a d r o i a m z e v a d a
muito em decorrência da incapacidade da lei em c o p m e t m u
oãçse
autadequar
a auS .odde ajaforma
gne etnperene
emlivicaos e odnovos
atcenorecursos
c ,ot reba midiáticos
siam odnum o retnam é ,oddesenvolvidos.
diuturnamente num
e oEm
dúetnrazão
oc eddisso,
oãçirtsobserva-se
er ed sacitíloopLegislativo
saus e euqeatoseJudiciário
d odahnag esmiuçarem-se
met ocitílop oiráem nec empreitadas
on
odnanuais
azitarcompara a regularização desse assunto em especial. O grande problemaepreside em
e d ko ob ec aF o airats E .s ac im êlop ra re g a ma u n itn oc om tirog la ed o ã ça z ila n o sr
socquando
itílop sodiat rarestrição
p e sotadidànamanifestação
c ,setnerefid sapolítica
citílop se(em
õsiV ?propaganda
a-odnazilartneou c uonão)
oãçaatinge
mrofni apatamares
o mdeveras
eussop restritivos,
koobecaF odescambando
d soiránoicnuf para e seraorestrição
dadnuf soda d sliberdade
aiedi sa m o c m e
de expressão.g r e vid euq
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
Se, por um lado, o Supremo Tribunal Federal (STF) garante .rednopasproteção
er a eõporàp liberdade
de expressão enquanto direito fundamental merecedor de especial proteção, o Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) adotou, a partir de 2014, uma interpretação que censura a
manifestação política em situações nas quais o STF não entende cabíveis OÃÇUDcomo ORTNIexceção .1 à
primazia daquele princípio tão caro à democracia. Conforme será apontado, as restrições
oicíancoram-se
ni ues on ogem ol fundamentos
,ocitílop otnem u rtsnde
pífios i mmoralidade
u omoc odpública
airc odaispartir
ret odeãn uma
ed ravisão
sepA míope de
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
direitos políticos como direitos essencialmente sociais. Não fosse o bastante, as limitações
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
impostas pelo entendimento do TSE são frutos de sua função judicante, quer dizer, a partir
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
da análise de casos concretos, o tribunal trouxe novas restrições ao direito fundamental da
.setnearta etnemlauxes
liberdade de expressão, assumindo feições de legislador positivo ao somar o entendimento
-padec ealguns
edadisministros
revinu ad às açlimitações
naruges edlegalmente
eder a maexistentes.
rasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
Com as decisões de 2014, o TSE abriu precedentes para que os tribunais regionais
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
exercessem um controle restritivo cada vez mais forte sobre as propagandas eleitorais,
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
pautados pela ideia de moralidade pública. Já no pleito de 2016, constatou-se que a visão
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
paternalista dos magistrados interferia no pleito de maneira contrária à ideia de eleições
e propaganda eleitoral como manifestações democráticas. Fica, portanto, acesa a luz
edadvermelha,
lucaF ad oãçindicando
audarG-sóP eod aperigo
margorPde– saiarinterferência
eG saniM ed lareindevida
deF edadisrdo
evinJudiciário
U alep otieriDcercear
me adnartoseexercício
M 1
acilódemocrático
taC edadisrevinUcom
aicífitbase
noP alena
p oacepção
tieriD me advalorativa
audarG .siarde
eG alguns
saniM edmagistrados
laredeF edadisredo
vinUque
ad oseria
tieriD euma
d boa
.8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
propaganda. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE118
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
2. FACEBOOK,
A LIBERDADE DE EXPRESSÃO LIBERDADE
NA JURISPRUDÊNCIA DE
DO STF EXPRESSÃO E
POLÍTICA:
A liberdade de expressãoFERRAMENTA
é um dos direitosTECNOLÓGICA NEUTRA
fundamentais mais preciosos no
OU
ordenamento jurídico brasileiro e umPLATAFORMA VIRTUAL
dos mais tutelados desde o fim daEDITORIAL?
ditadura militar.
Sua defesa é inata à democracia, sendo nesse sistema de governo que encontra seu
campo de expansão. Já dizia José Afonso da Silva254 que é com o avanço do processo
de democratização que o indivíduo conquista mais liberdade, libertando-se dos obstáculos
que o constrangem.
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:119
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSSERPXnatureza,
E ED independentemente
EDADREBILde,Kconsiderações
OOBECAdeF fronteiras, verbalmente ou
por escrito, em forma impressa ou artística, ou por qualquer outro meio de sua
ARTUEN ACescolha.
IGÓLONCET ATNEMARREF :ACITÍLOP
?LAIROTIDE3.LOAexercício
UTRIVdo Adireito
MRprevisto
OFATno ALparágrafo
P UO 2 do presente artigo implicará
deveres e responsabilidades especiais. Consequentemente, poderá estar sujeito
a certas restrições, que devem, entretanto, ser expressamente previstas em lei
e que se façam necessárias para:
a) assegurar o respeito dos direitos e da reputação das demais pessoas;
b) proteger a segurança nacional, a ordem, a saúde ou a moral públicas.
1
serroT etrauD aixélA
Convenção Americana de Direitos Humanos
Artigo 13. Liberdade de pensamento e de expressão.
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento e de expressão. Esse
direito compreende a liberdade de buscar, receber e difundir OMUinformações
SE R e
ideias de toda natureza, sem consideração de fronteiras, verbalmente ou por
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
escrito, ou em forma impressa ou artística, ou por qualquer outro processo de
od roder oa soudívisua dni escolha.
e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
2. O exercício do direito previsto no inciso precedente não pode estar
e odúetnoc ed oãçirsujeito
tser edascensura
acitílop sprévia,
aus e emas
uqatsaedresponsabilidades
odahnag met ociulteriores,
tílop oiráneque
c ondevem ser
odnazitarcomed koobexpressamente
ecaF o airatsE .sfixadas
acimêloppela
rarelei
g aemser
aunnecessárias
itnoc omtirogpara
la edassegurar:
oãçazilanosrep
socitílop sodit rap e sa.
otaodrespeito
idnac ,seaos
tneredireitos
fid sacitou
ílopàsreputação
eõsiV ?a-odas
dnazdemais
ilartnec pessoas;
uo oãçamou rofni a
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
b. a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou da saúde ou da
es ogit ra esse euq smoral
eõtseupúblicas.
q sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
.rednopser a eõporp
3. Não se pode restringir o direito de expressão por vias ou meios indiretos,
tais como o abuso de controles oficiais ou particulares de papel de imprensa,
de frequências radioelétricas ou de equipamentos e aparelhos usados na
difusão de informação, nem por quaisquer outros meios OÃÇdestinados
UDORTNIa obstar.1 a
comunicação e a circulação de ideias e opiniões.
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
4. A lei pode submeter os espetáculos públicos a censura prévia, com o objetivo
,”hsamecaF“ o omexclusivo
oc etnemde lanregular
igiro odoairacesso
C .laicnaeteles,
op uepara
s odproteção
satsip amoral
vad ájdakoinfânciaobecaF oe da
oiráusu oa aitimrepadolescência,
e odal a odsem al drprejuízo
av raH edo
d sdisposto
etnadutsnoe sinciso
od so2.tof avacoloc erawt fos o
saossep rangised a5.raApleiaddeve
asu proibir
sêlgni toda
me apropaganda
rvalap amua ,favor
oãn udao guerra,
”toh“ abem re mcomo euq rtodaacfiisapologia
salc
. s e t n e a r t a
ao ódio nacional, racial ou religiosa que constitua incitação à discriminação,e t n e m l a u xes à
hostilidade, ao crime ou à violência.
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemVê-se
oc soirque
áusu osoordenamento
irpórp so ,setnadotado
adutse spelo
od oãBrasil
çacfiitnéedbastante
i ed snegrigoroso
ami sa mquanto ararut à
saupreservação
s mavasserpdesse
xe euqdireito
uo sofundamental.
tsetorp ed soDe txetforma
moc sdiversa
negaminão rophaveria
sotof sde ausser, sa pois,
racortcomo a
souacima
dívidnimencionado,
ed et rap ropsualfi rdefesa
ep od oestá
tof diretamente
ed saçnadum s à r a l i m i s o g l a , s a c
relacionada à construção de um sistemai t í l o p s e õ i n i p o
,soddemocrático
inU sodatsEdesodgoverno.
siaicnedDaí iserpOsório
seõç258
iele apontar
san otielque
p odsejam
odatlufundamentos
ser o moc soddaamliberdade rofnocni de
expressão a realização da democracia, a busca da verdade e a garantia da dignidade
humana.
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
.8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
258 OSÓRIO, op. cit., p. 53. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE120
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
Em diversos julgados LIBERDADE
do STF, fica evidente DE EXPRESSÃO
a posição de destaque dada à liberdade E
259
de expressão,POLÍTICA:
como no julgamento da ADI nº 4.815
FERRAMENTA , em que foram declarados
TECNOLÓGICA NEUTRA
inconstitucionais os preceitos do Código Civil que traziam a necessidade de autorização
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
para publicação de biografias. O seguinte excerto retirado do julgamento ilustra bem a
posição do Pretório Excelso:
A liberdade é constitucionalmente garantida, não se podendo anular por outra
norma constitucional (inc. IV do art. 60), menos ainda por norma de hierarquia
inferior (lei civil), ainda que sob o argumento de se estar a resguardar e proteger
outro direito constitucionalmente assegurado, qual seja,Aléxia
o da inviolabilidade
Duarte Torres do 1
direito à intimidade, à privacidade, à honra e à imagem.
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:121
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSSERPXNinguém
E ED E DAD
ignora REnoBIcontexto
que, L ,KOde OBumaECsociedade
AF fundada em bases
democráticas, mostra-se intolerável a repressão estatal ao pensamento, ainda
ARTUEN ACmais
IGÓquando
LONaCcrítica
ET A–TporNEmaisMAduraRRE F seja
que :AC–ITrevele-se
ÍLOP inspirada pelo
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
interesse coletivo e decorra da prática legítima de uma liberdade pública de
extração eminentemente constitucional (CF, art. 5º, IV, c/c o art. 220).
Não se pode desconhecer que a liberdade de imprensa, enquanto projeção da
liberdade de manifestação de pensamento e de comunicação, reveste-se de
conteúdo abrangente, por compreender, dentre outras prerrogativas relevantes
que lhe são inerentes, (a) o direito de informar, (b) o direito de buscar a
1
serroT etrauD ainformação,
ixélA (c) o direito de opinar e (d) o direito de criticar. (…)
É importante acentuar, bem por isso, que não caracterizará hipótese de
responsabilidade civil a publicação de matéria jornalística cujo conteúdo divulgar
observações em caráter mordaz ou irônico ou, então, veicular opiniões em tom
de crítica severa, dura ou, até, impiedosa, ainda mais se a pessoa OMUSEaR quem tais
observações forem dirigidas ostentar a condição de figura pública, investida, ou
odimusnoc e oãçaronão, c o ode
datautoridade
siuqnoc megovernamental,
t euq laicos edepois,
r ,kooem
becatalF ocontexto,
d aticílpxea oliberdade
ãssim A de crítica
od roder oa soudíviqualifica-se
dni e sorielicomo
sarb everdadeira
d seõhlim excludente
ed adiv adanímica,
roiam zeapta v adaaafastar
c opmeot intuito
mu doloso
oãçauta auS .odajagde neofender.
etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
Sabe-se, contudo, que nenhum direito é absoluto, tampouco o é a liberdade de
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
expressão que, mesmo sendo um dos maiores marcos da democracia moderna, encontra
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
limites em casos concretos apreciados pelo Judiciário. Nos dizeres de Fernandes264,
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
há uma limitação axiológica da liberdade de expressão por outros direitos e garantias
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
fundamentais, tais quais a vida, a integridade física e a liberdade de locomoção. Há primazia
.rednopser a eõporp
da liberdade de expressão quando não entra em colisão com outros direitos fundamentais
e valores constitucionalmente estabelecidos265. Esse entendimento ficou claro no Recurso
Extraordinário nº 898.450/SP266, que versou sobre a inconstitucionalidade OÃÇUDORde TNeliminação
I .1
de candidato a concurso público por ter tatuagens. A decisão proferida entendeu ser direito
oicífundamental
ni ues on ogdool ,indivíduo
ocitílop oque
tnemseu rtcandidata
sni mu ompreservar
oc odaircsua odisimagem
ret oãncomo
ed rareflexo
sepA de sua
,”hsidentidade,
amecaF“ oressoando
omoc etneindevido
mlanigiroo odesestímulo
dairC .laicneestatal
top ueàs inclusão
od satsipdeavtatuagens
ad áj koobnoeccorpo
aF o e
oiránão
usucabendo
oa aitimrao
epEstado
e odal desempenhar
a odal drav raoH papel
ed sedetnaadversário
dutse sod da sotliberdade
of avacolodec expressão.
erawt fos o No
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
entanto, foi feita uma exceção às tatuagens que exteriorizem valores ofensivos à dignidade
.setnearta etnemlauxes
humana, ao desempenho da função pública pretendida, às que incitem a violência, profiram
-paameaças
c e edadisreais
revinou
u arepresentem
d açnaruges obscenidades.
ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
Vê-se aí uma aproximação com a doutrina norte-americana, que barra a veiculação
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
de mensagens capazes de provocar reações violentas, palavras belicosas (fighting words),
soudívidni ed et rap rop lfi rep o267d otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
ou mesmo o discurso de ódio . Não há que se confundir, contudo, com uma limitação da
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
264 FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 3. ed. Rio de Janeiro: Lumen Iuris, 2011,
p. 283.
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló265
taC edMENDES;
adisrevinUBRANCO,
aicífitnoPop.
alecit.,
p otp.
ier392.
iD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
266 STF, RE nº 898.450, Rel..8Min.1350Luiz
5656Fux,
618j.4717.08.2016.
52/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
267 FERNANDES, op. cit., p. 285. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE122
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
liberdade por meio da censura, tida como açãoLIBERDADE DEà EXPRESSÃO
governamental prévia mensagem. O que E
se observa, na prática, é o exercício
POLÍTICA: de ponderação na
FERRAMENTA ocorrência de colisão de
TECNOLÓGICA direitos
NEUTRA
fundamentais, que decorre tanto do conflito entre direitos fundamentais (sentido estrito),
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
quanto entre direitos fundamentais e princípios de proteção da comunidade (sentido
amplo)268.
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:123
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃS272
social SE. Observa-se
RPXE ED umaED ADREBILcom
a aproximação ,KO OBque
a ideia ECAF 273 tem da dignidade
Barroso
ARhumana,
TUENqueAparaCIGeleÓidentifica
LONCoEvalorT Aintrínseco
TNEMA deRtodos
REFos:A
seres
CIThumanos,
ÍLOP bem como a
autonomia de cada indivíduo.
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
Não se pretende discutir aqui a definição e os alcances do discurso de ódio. Apenas se
pretende demonstrar que a doutrina estrangeira, ao interpretar o discurso de ódio como um
excesso da liberdade de expressão, o limita com base na defesa da dignidade. E, da mesma
forma como defendido por Mendes e Branco, Waldron274 também elenca que a liberdade
1 de expressão é um aspecto da dignidade. Destarte, é coerente que o direito fundamental em
serroT etrauD aixélA
análise encontre seu limite no próprio fundamento republicano do qual se desdobra. Esse
entendimento foi também mantido na decisão que declarou inconstitucional a exigência de
diploma para o exercício do jornalismo275, consignando o Pretório Excelso que:
OMUSER
As liberdades de expressão e de informação e, especificamente, a liberdade de
odimusnoc e oãçaroimprensa,c o odatsiusomente
qnoc mepodem
t euq laiser
cosrestringidas
eder ,koobepela
caF olei
d aem
ticílhipóteses
pxe oãssim excepcionais,
A
od roder oa soudívisempre dni e soem
rielisrazão
arb eda
d sproteção
eõhlim eddeadoutros
iv ad rovalores
iam zeve ainteresses
dac opmeconstitucionais
t mu
igualmente relevantes, como os direitos à honra, à imagem, à privacidade e à
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
personalidade em geral.
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
odnazitarcoAomese d kofalar
obecem
aF odireito
airatsEà.shonra,
acimêloàp rimagem,
areg a maàunprivacidade
itnoc omtirogela àedpersonalidade
oãçazilanosrep em geral,
soccomo
itílop sono
dit rexcerto
ap e sotaacima,
didnac ,sestá-se
etnerefidfazendo
sacitílop menção
seõsiV ?aaos
-odnadesdobramentos
zilartnec uo oãçamdo rofnprincípio
ia da
o mdignidade
eussop kohumana,
obecaF odaíd soaircondição
ánoicnuf edeselimite
rodadnàuliberdade
f sod saiededi sexpressão.
a moc megCumprerevid euqmencionar
es oque
git raMendes seõtseu276
esse eueqBranco q sdebulham
a oãs sassum E ?apouco
mrofatmais
alp anasedrestrições
adilibisiv eàoliberdade
çapse omde semexpressão,
apontando como fundamentos para tanto: (a) a verdade, (b) a .rhonra ednopesear sensibilidade
a eõporp e (c)
a família e a dignidade. Apesar da separação sugerida pelos autores, os três elementos
são desdobramentos do princípio da dignidade humana, vez que há uma confluência de
sentidos entre a honra/sensibilidade de terceiros e o respeito aos OÃÇ UDORTda
valores NI família.1 e
oicída
ni udignidade.
es on ogoTodosl ,ocitídizem
lop otnrespeito
emu rtsnao i maspecto
u omoc subjetivo
odairc oddeis como
ret oãna evítima
d rasedo pAabuso do
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaFlimite
exercício da liberdade de expressão se vê no seio social. Mesmo a verdade enquanto o
oiráàuliberdade
su oa aitim dereexpressão
p e odal aé oatrelada
dal dravàradignidade,
H ed setnapois dutsque
e soaddivulgação
sotof avacde oloinformação
c erawt fos falsao
saoocasiona
ssep rangumaisedfalha
arapna adformação
asu sêlgnde i mopinião
e arvalado p aindivíduo,
mu ,oãn em uo ”contraste
toh“ are com meuqa rfunção
acfiissasocial
lc
da liberdade de informação de sintonizar a pessoa com o mundo .setque
nearatarodeia,
etnemlapara
uxesque
possa desenvolver sua personalidade perante a comunidade da qual faz parte.
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
272 Ibidem, p. 105.
sau s maNovaoriginal:
sserpxDignity,
e euqonuothesother
otsehand,
torp isedprecisely
sotxetwhat
mohate
c snspeech
egamlaws
i roparesdesigned
otof sautosprotect—not
sa racortdignity
a
soudívidinnthe
i edsense
et raofpany
ropparticular
lfi rep level
od ooftohonor
f edorsesteem
açnad(orumself-esteem),
sà ralimisbutodignity
gla ,sinacthe
itílsense
op seofõainperson’s
ipo
basic entitlement to be regarded as a member of society in good standing, as someone whose membership
,sodinU ofsoadminority
atsE sgroup
od siadoes
icnenotdisdisqualify
erp seõhim çielor
e her
sanfrom
otieordinary
lp od osocial
datluinteraction.
ser o moc sodam rofnocni
273 BARROSO, Luís Roberto. A dignidade da pessoa humana no direito constitucional contemporâneo: a constru-
ção de um conceito jurídico à luz da jurisprudência mundial. Tradução Humberto Laport de Mello. 3. reimpr.
Belo Horizonte: Fórum, 2014, p. 72.
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló274
taC edWALDRON,
adisrevinU op.
aicífcit.,
itnoPp.a139.
lep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
275 STF, RE nº 511.961/SP, .Rel. 813Min.
5056Gilmar
566184Mendes,
752/rb.qj.pn17.06.2009.
c.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
276 MENDES; BRANCO, op. cit., 402-405. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE124
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
Fica claro, pelo exposto até este ponto,LIBERDADE DEe aEXPRESSÃO
que a doutrina pátria jurisprudência do E
STF encampam a liberdade de FERRAMENTA
POLÍTICA: expressão como valor TECNOLÓGICA
a ser tutelado com primazia, assim
NEUTRA
como preceituam os diversos instrumentos jurídicos internacionais que também o fazem.
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
Contudo, assim como entende a doutrina estrangeira, a liberdade é diretamente atrelada à
dignidade da pessoa humana, a ela não podendo se sobrepor. Portanto, em caso de colisão
entre os dois direitos fundamentais é o último que deve prevalecer. O mesmo não se verifica
em outras situações de conflito entre direitos e liberdade de expressão, como os votos dos
ministros do STF apontam.
Aléxia Duarte Torres1
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
277 Art.de53. Os Deputados
Direito e Senadores
da Universidade Federalsãode invioláveis, civilGraduada
Minas Gerais. e penalmente, por quaisquer
em Direito de suas
pela Pontifícia opiniões, pala-
Universidade Católica
vrasdeeMinas
votos.Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço
278 GOMES, Joséeletrônico: [email protected]
Jairo. Direito Eleitoral. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2016, p. 574.
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:125
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSERsuscitando
plataforma, PXE EDreações,
EDAD REBeILcríticas.
debates ,KOIdealmente,
OBECAFa exposição de suas ideias
ARdeve
TUserENo mais
ACItransparente
GÓLONeCverossímil
ET ATN possível
EMAcom RRsuas
EF :crenças,
ACITÍaptidões
LOP e intenções.
Somente assim o eleitorado terá condições de apreciar as ideias daquele que poderá vir a
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
representá-los, garantindo que a oposição apresente suas ideias e tenha condições de se
tornar situação, concretizando a alternância de poder essencial à democracia.
,ARIE126
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
influenciando a tomada deFACEBOOK, LIBERDADE
decisões e prevenindo DE
eventuais abusos EXPRESSÃO
de poder. Em verdade, E
283
a especial proteção à manifestação
POLÍTICA: política liga-se aoTECNOLÓGICA
FERRAMENTA autogoverno democrático , pois
NEUTRA
traz a atuação política aos olhos da comunidade, de forma que restringir a manifestação
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
seria afastar a política do cidadão comum, criando um obstáculo ao exercício da cidadania
nos processos de deliberação e controle da gestão pública.
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:127
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSSERPXuma
E Esociedade
D EDAdemocrática,
DREBILdada ,KO OBECAdo
a importância F controle da gestão pública
por meio da opinião, há uma margem reduzida a qualquer restrição do debate
ARTUEN ACpolítico
IGÓLouOdeNquestões
CET AdeTN EMApúblico.
interesse RREF :ACITÍLOP
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
A interpretação da liberdade de expressão no discurso político não deve ficar
acanhada apenas à manifestação daqueles que detêm ou pretendem assumir um cargo
político. A manifestação política da sociedade como um todo deve ser amparada. Assim
entendeu o STF ao julgar a ADI nº 4.451284, apelidada “ADI do Humor” 285, na qual os
ministros entenderam que o acesso às manifestações humorísticas é componente da
1
secidadania
rroT etrapor
uDpermitir
aixélA o acesso a questões de interesse público. E em especial no cenário
político, o humor voltado contra candidatos e autoridades ganha mais importância para a
realização democrática.
OMUSER
Acompanhando uma visão humanista da liberdade de expressão como corolário da
odim usnoc e ohumana,
dignidade ãçaroc o oreforçada
datsiuqnocno meprimeiro
t euq laicotópico
s eder deste
,koobeartigo,
caF od aoticargumento
ílpxe oãssimdemocrático
A
od da
rodeliberdade
r oa soudde
ívidexpressão
ni e sorielisno
arbambiente
ed seõhlipolítico-eleitoral
m ed adiv ad roienaltece
am zev asua dac odefesa
pmet m u o bom
para
oãçfuncionamento
auta auS .odajada gnedemocracia,
etnemlivic epartindo
odatcenodac ,ideia
ot rebde
a sque
iam ood“autogoverno
num o retnampostula
é ,odnuum
m discurso
e odpolítico
úetnoc protegido
ed oãçirtsdas
er edinterferências
sacitílop sausdoe poder”,
euqatsednas odpalavras
ahnag mede t oMendes
citílop oieráBranco
nec on 286.
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop soTem-se,
dit rap e sportanto,
otadidnac que
,setnaereproteção
fid sacitíloao
p sdiscurso
eõsiV ?a-opolítico,
dnazilartnseja
ec uonooãperíodo
çamrofnieleitoral
a ou
o mfora
eussdele,
op koencontra
obecaF ofundamento
d soiránoicnporuf eduas
serodvertentes.
adnuf sodDosaiponto
edi sa de movista
c medogreindivíduo,
vid euq liga-se
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?amrofatalp an edadilibisiv e oçapse omsubjetiva,
à manifestação de suas potencialidades, à construção de sua identidade sem seu
posicionamento e reconhecimento frente à sociedade enquanto .rednoindivíduo
pser a eõpque
orp a integra
em condições de igualdade perante os demais; é a liberdade de manifestação enquanto
construção de sua própria dignidade. Mas o discurso político tem também reflexo nos
valores da comunidade, enquanto elemento que se vincula à democracia OÃÇUem DOduplo
RTNI aspecto:
.1
oicíénipor
uesela
ongarantido,
ogol ,ocitíno
lopmomento
otnemu rtsem ni mque
u oomprincípio
oc odaircdemocrático
odis ret oãngarante
ed raseapApluralidade
,”hsde
amideias,
ecaF“ oe oaomomesmo
c etnemtempo
lanigiroassegura
odairC .loaicaperfeiçoamento
netop ues od satdasipdemocracia,
avad áj koobpois
ecaFtraz
o à
sociedade o debate dos assuntos de interesse geral, garantindo a participação
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o e o controle
saodessetodos
p rangos
iseindivíduos
d arap adana
su vida
sêlgnpolítica,
i me arvoalque
ap apermite
mu ,oãna uconsecução doeuautogoverno
o ”toh “ are m q racfiissalcem
uma democracia representativa. .setnearta etnemlauxes
-pac e edaPelo
disremenos
vinu ademaçnteoria,
arugesobserva-se
ed eder a m araossdiscurso
que eca seropolítico
dairc sue sa epropaganda
uq siopeD eleitoral
macarecem
raçemoc de soirmaior
áusu sproteção
oirpórp squanto
o ,setnaaduseu
tse alcance.
sod oãçaMostrou-se
cfiitnedi ed sque
negosamiganhos
sa marsociais
arut
saucom
s maessa
vassemedida
rpxe euqcondizem
uo sotsecom torp eos
d svalores
otxet mperfilhados
oc snegamipor ropuma
sotosociedade
f saus sa rque acorse
t a diz
soudemocrática.
dívidni ed et Decerto
rap rop alfi análise
rep od dootocaso
f ed sconcreto
açnadumpoderá
sà ralapontar
imis oglrestrições
a ,sacitíloàp liberdade
seõinipo de
,sodmanifestação
inU sodatsE spolítica,
od siaicmas,
nediseem rp sum
eõçiprimeiro
ele san omomento,
tielp od odaseriam
tluser oaquelas
moc sojádaconsolidadas,
m rofnocni
quer dizer, os limites à propaganda eleitoral já positivados na legislação específica e
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló284
taC edSTF,
adisADI
revinnºU 4.451,
aicífitnoRel.
P alMin.
ep otAyres
ieriD mBritto,
e adauj.d26.08.2010.
arG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
285 OSÓRIO, op. cit., p. 276..8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
286 MENDES; BRANCO, op. cit., p. 391. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE128
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
o entendimento jurisprudencial que confere LIBERDADE DE EXPRESSÃO
primazia aos elementos que compõem a E
287
dignidade humana .
POLÍTICA: FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA
OU PLATAFORMA
No entanto, como se pretende VIRTUAL
apontar no tópico seguinte, EDITORIAL?
a realidade tem seguido
outros rumos. O TSE tem se valido de fundamentos morais e desprovidos de base normativa
para restringir a manifestação política e eleitoral para além dos motivos entendidos cabíveis
pela doutrina e pelo STF. A atuação jurisprudencial do órgão eleitoral máximo é uma
afronta ao princípio da liberdade de expressão na dupla acepção que resguarda o discurso
político-eleitoral, razão pela qual se arrisca dizer que as restrições Aléxia
por ele Duarte
impostasTorres
são 1
maculadas do vício de inconstitucionalidade.
4 RESUMO
A INCONSTITUCIONALIDADE DAS RESTRIÇÕES DO TSE À PROPAGANDA
ELEITORAL
A missão Eexplícita
AO DISCURSO POLÍTICO
do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
Dosumcomponentes
tempo cada vez do maior
PoderdaJudiciário
vida de milhões de brasileiros
brasileiro, a Justiça eEleitoral
indivíduos ao redor do
destaca-se
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente
por ser uma espécie de quimera quanto às suas atribuições. Diferentemente dos outrosengajado. Sua atuação
no cenário
ramos deste político
Poder, ela tem ganhado
acumula, além dadestaque e suas políticas
função jurisdicional, de restrição
as funções de conteúdo e
administrativa,
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook
consultiva e normativa. Muitas são as críticas direcionadas às três últimas atuações, mas democratizando
a função ajudicante,
informaçãoque
ou centralizando-a?
é seu carro-chefe,Visõesserá
políticas
aqui diferentes,
o objeto candidatos
de atençãoe partidos
especialpolíticos
em
razão do ativismo que a tem norteado. Diz-se ativismo na versão censurável delineada por o
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
Barroso288 , que consiste na participação mais ampla e intensa do Judiciário, com maior
propõe a responder.
interferência no espaço de atuação dos outros dois Poderes, muitas vezes ocupando os
espaços vazios deixados por eles.
1. A análise
INTRODUÇÃO
a ser feita neste tópico partirá de dois julgados paradigmáticos concernentes
à eleição presidencial de 2014, as Representações nº 38.029289 e nº 165.865290, apreciadas
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
pelo TSE. Em ambos os casos, o tribunal deu uma guinada em seu entendimento acerca das
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
restrições sobre discurso político e liberdade de expressão em período eleitoral. Como em
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
2016 as eleições foram municipais, o TSE não teve a oportunidade de apreciar casuística
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
sobsexualmente
as mesmas condições;
atraentes. espera-se que com as eleições de 2018 haja uma retomada dos
assuntos tratados e mudança no entendimento do tribunal, em especial após as alterações
advindas Depois
com a que seus criadores
minirreforma de 2015acessaram
(Lei nºa rede de segurança
13.165). da universidade
Não obstante, foi feita umae cap-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios
pesquisa incipiente nos bancos de dados de alguns Tribunais Regionais Eleitorais a partir usuários começaram
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
287 GOMES, op. cit., p. 655.
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
Gomes enaltece o papel das restrições legais à propaganda eleitoral, defendendo que – desde que sejam as previstas
em lei – não chegam a violar os direitos fundamentais de livre manifestação do pensamento e de informação,
já que se ligam aos também constitucionais princípios de igualdade, normalidade e legitimidade da eleição.
2881 BARROSO,
MestrandaLuís
emRoberto. Constituição,
Direito pela democracia
Universidade e supremacia
Federal de Minas Geraisjudicial: direitode
– Programa e política no Brasilda
Pós-Graduação contem-
Faculdade
porâneo. Revista
de Direito da FaculdadeFederal
da Universidade de Direito da UERJ.
de Minas Rio Graduada
Gerais. de Janeiro,em
v. 2, n. 21,pela
Direito jan./jun. 2012,
Pontifícia p. 9.
Universidade Católica
289 TSE, deRP nº 38.029,
Minas Gerais. Rel. Min. Tarcísio
Currículo Vieira, j. 07.08.2014.
lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
290 TSE, Endereço eletrônico:
RP nº 165.865, [email protected]
Rel. Min. Admar Gonzaga, j. 16.10.2014.
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:129
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EOda Ãexpressão-chave
SSERPXE E“horário
D EDA DREgratuito”,
eleitoral BIL ,KO OBECAF em situações similares
constatando-se,
ARnos
TUpleitos
EN A municipais,
CIGÓLoO alinhamento
NCET AàTnova NEorientação
MARREjurisprudencial
F :ACITÍLO de PBrasília. Alguns
exemplos serão tratados adiante, após a exposição do novo entendimento do TSE.
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
A RP nº 38.029 foi apresentada pelo PSDB em razão de, em maio de 2014 (antes
do registro das candidaturas), o Senador Edison Lobão Filho, então aliado da presidenta
Dilma Rousseff, ter discursado em evento da maçonaria no interior do Maranhão, dizendo
que o presidenciável Aécio Neves acabaria com o programa Bolsa Família. O partido tucano
1 apresentou a representação por propaganda antecipada de caráter negativo, sustentando
serroT etrauD aixélA
ainda tratar-se de notícia que se sabia inverídica.
Em decisão monocrática, o relator Min. Tarcísio Vieira entendeu que não ficou
configurada a propaganda antecipada, mas discurso político sobre programa OMUSEde R governo,
em ambiente restrito. Baseou-se em jurisprudência consolidada no TSE de que críticas que
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
não ultrapassam o espectro de incidência de questões de interesse público comunitário
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
não caracterizariam propaganda eleitoral antecipada negativa. Ou seja, o voto do relator
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
e ocoadunava
dúetnoc ed ocom
ãçirtoseentendimento
r ed sacitílop sde
ausque
e eauqliberdade
atsed odade
hnaexpressão
g met ocitídeve
lop oiser
ráneespecialmente
c on
tutelada na atividade política como elemento garantidor da realização democrática.
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop soNodit raentanto,
p e sotadiodnavoto
c ,setvencedor
nerefid sacitfoi
ílop oseõdo
siV Min.
?a-odnGilmar
azilartneMendes,
c uo oãçamreforçado
rofni a pelos
o margumentos
eussop koobdo ecaentão
F od sPresidente,
oiránoicnuf eMin.seroDias
dadnuToffoli.
f sod sSustentando
aiedi sa moc argumentos
megrevid euqmoralistas
es osobre
git ra eassliberdade
e euq seõdetseexpressão
uq sa oãs snoassseio
E ?am rofatalpoanentendimento
político, edadilibisiv e que
oçapse
se sagrou
omsem vencedor
.rednopser a eõporp
levantou argumentos como “Preocupa-me muito a propagação de boatos; principalmente,
durante o período eleitoral (…). Temos de evitar esse tipo de propaganda negativa. Penso
que não faz bem à política valer-se de soco abaixo da cintura”. Argumentou-se OÃÇUDORTNI também .1
que a liberdade de expressão política poderia significar a “desequiparação de armas entre
oicíparlamentares
ni ues on ogodetentores
l ,ocitílop odetnimunidade
emu rtsni meuoutras
omocpessoas
odairc oque
dis seriam
ret oãnatingidas
ed raseepAnão teriam
,”hscomo
amecaresponder
F“ o omoca eisso”.
tnemlaContudo,
nigiro odaparecem
irC .laicneter
topseueesquecido
s od satsipdeavque
ad áoj kpresidenciável
oobecaF o
oiráAécio
usu oNeves,
a aitimrsuposta
ep e oda“vítima”
l a odaldadrpropaganda
av raH ed senegativa,
tnadutse seraod senador
sotof avtambém
acoloc eblindado
rawt fos opela
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
imunidade parlamentar, não havendo que se falar em quebra da isonomia.
.setnearta etnemlauxes
Por sua vez, a RP nº 165.865 foi proposta pelo candidato Aécio Neves em virtude
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
de propaganda eleitoral da oposição a poucos dias do segundo turno das eleições, a qual
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
trazia a ex-presidente do sindicato de jornalistas mineiros dizendo que Aécio, quando
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
souGovernador
dívidni ed ede
t raMinas,
p rop lcontrolava
fi rep od otaomídia
f ed sestatal.
açnaduO mpedido
sà ralifoi
misfeito
oglpara
a ,sasuspender
citílop seõointrecho
ipo
da propaganda, sustentando tratar-se de uma “inverdade escancarada”.
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
O voto do relator, Min. Admar Gonzaga, embora tenha sido vencido, encontrava
guarida no entendimento consolidado do tribunal, sustentando que a crítica política é
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilónecessária
taC edadisrevinao
U aicdebate
ífitnoP aleeleitoral
p otieriD mee aao
daudprocesso
arG .siareG sdemocrático
aniM ed laredeF erepresentativo.
dadisrevinU ad otierPelo
iD ed tanto,
a resposta deveria ser .dada 813505no 656próprio
6184752/espaço
rb.qpnc.sede
ttal/propaganda,
/:ptth :settal olucíque
rruC .é
siaoreGmeio
saniMadequado
ed
moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE130
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
para críticas e manifestações LIBERDADE
políticas, não cabendo DE EXPRESSÃO
à Justiça Eleitoral fixar parâmetros E
subjetivos quePOLÍTICA:
restringissem a propaganda.
FERRAMENTA Ademais, sustentou o relator que o fato
TECNOLÓGICA relatado
NEUTRA
não era sabidamente inverídico, como requerido para legitimar a atuação pretoriana; pelo
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
tanto, não haveria fundamentos legais para suspender a propaganda.
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:131
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSOsório
SERP XE
291
teceED
duraED ADno
crítica REsentido
BIL ,K deOque
OBa Evedação
CAF à propaganda negativa
ARTUEN ACIGÓLONCET ATNEMARREFo:A
é uma postura paternalista e autoritária, pois suprime conflito
CITÍinerente
LOP à atividade
política da democracia e pressupõe que os cidadãos não teriam capacidade de analisar
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO 292
as propagandas negativas e punir os abusos por meio do voto. Segundo a autora , a
propaganda negativa contribui para aumentar a qualidade da discussão e do processo
de seleção dos candidatos por quatro motivos: estimula o debate público; é crucial para
combater a demagogia das propagandas; atrai mais a atenção do eleitorado; e favorece o
controle social e a responsabilização dos representantes pelo resultado das ações tomadas
1
sedurante
rroT etoramandato.
uD aixélA
,ARIE132
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
Por isso, não LIBERDADE
vejo como vinculação, quiçá degradação DE EXPRESSÃO
da candidata, E
capaz de
configurar conteúdo de caráter difamatório a ensejar direito de resposta.
POLÍTICA: FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA
O relator ainda ressaltouOU
em seu voto que, por se tratar
PLATAFORMA de horário eleitoral
VIRTUAL EDITORIAL?gratuito,
o ofendido deve responder em seu programa, sendo o direito de resposta reservado para
casos graves, quando a propaganda transborda os limites do mero questionamento político
e atinge o insulto pessoal. Seu entendimento, contudo, não foi acompanhado por seus
pares.
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:133
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSMenciona-se
SERPXE ainda ED oEMandado
DADRde EB BEC297
IL ,KOnºO27.116
Segurança AF, julgado pelo tribunal do Rio
ARdeTJaneiro,
UEN A que
CIvedou
GÓL aO
contratação
NCET de ATatores
NEMprofissionais
ARREF :para ACparticipar
ITÍLOPde propaganda
eleitoral gratuita. Argumentando que a propaganda eleitoral está adstrita ao princípio da
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO 298
legalidade, entendeu-se que o termo “apoiador” no art. 54 da Lei 9.504 se refere a outro
político, ou a alguém com relevância política e/ou ideológica. O voto condutor, seguido por
unanimidade, seguiu a tese de que a participação de atores profissionais violaria o objetivo
de redução dos custos de campanha, preconizado na minirreforma eleitoral de 2015, bem
como violaria a igualdade entre os candidatos.
1
serroT etrauD aixélA
Duas considerações de outros desembargadores merecem ainda menção. A Des.ª
Jacqueline Montenegro, de um lado, apontou que não há problemas em pessoas notórias
figurarem em propagandas, como já o fez Chico Buarque; o problema estaria em se fazer
encenação. Pergunta-se: qual seria exatamente o problema, ou onde estaria OMpositivada
USER essa
vedação? Doutro lado, o Des. Leonardo Grandmasson sublinhou
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A que a reforma de 2015
od retirou
roder oaa sproibição
oudívidni edesoparticipação
rielisarb ed sde eõhpessoas
lim ed adem iv adpropaganda
roiam zev amediante
dac opmetremuneração.
mu
oãçFaz
autaressalva,
auS .odajcontudo,
agne etnem delivque
ic e um
odatartista
cenoc ,contratado
ot reba siamnão odnpoderia
um o retnseamenquadrar
é ,odnum no termo
e o“apoiador”.
dúetnoc ed oAnota-se
ãçirtser edquesacessa
itílop vedação
saus e eunão qatsse
ed encontra
odahnag m positivada,
et ocitílop éoirelemento
ánec on inserido
odnmeramente
azitarcomed kpelaoobevontade
caF o airapretoriana.
tsE .sacimêUmalop ravez
reg aque
mauhánitlimitação
noc omtirodeglagastos
ed oãçapara
zilanoaspropaganda,
rep
socéitílcoerente
op sodit rapque
e sootadinheiro
didnac ,seseja
tneredestinado
fid sacitílopàseforma
õsiV ?ade -odpublicidade
nazilartnec uque
o oãçmais
amrofconvenha
ni a ao
o mcandidato,
eussop koodesde becaFque od não
soiráatentatória
noicnuf e saoserodlimites
adnuf slegalmente
od saiedi sestabelecidos.
a moc megrevid euq
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
A vedação estipulada pelo TRE-RJ trata-se de interpretação extremamente restritiva
.rednopser a eõporp
do dispositivo acerca da propaganda eleitoral, decorrência direta do voto do Min. Dias
Toffoli na RP nº 165.865, quando escancarou que deveriam (os magistrados) acabar com
a possibilidade de pessoas estranhas ao pleito aparecerem nos programas OÃÇUDORTeleitorais.
NI .1 A
partir do momento em que a jurisprudência impõe uma limitação não constante em lei, fica
oicíevidente
ni ues oan podagem
ogol ,ocitda íloplivre
otnmanifestação
emu rtsni mu política.
omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráusu oPercebe-se
a aitimrep ea oalta dal carga
a odalmoralizadora
drav raH ed sda etnJustiça
adutse Eleitoral
sod sotoque,
f avaao
colfazer
oc eraumwt fjuízo
os o de
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiisbruxas”
valor sobre o que considera ideal para a sociedade, criou uma realidade de “caça às salc
contra os candidatos. Pereira299 fez uma oportuna comparação com .setnuma
eartadas
etnecorrentes
mlauxes do
Direito Penal ao dizer que os tempos são de “Direito Eleitoral Máximo”, no qual o candidato
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
é visto como inimigo contra o qual se devem armar barricadas e flexibilizar direitos. No
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
sou297
dívidTRE-RJ,
ni ed eMSt ranºp 27.116,
rop lfiRel.
repHerbert
od otde
of Souza
ed sCohn,
açnadj.u26.10.2016.
m sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
298 Art. 54. Nos programas e inserções de rádio e televisão destinados à propaganda eleitoral gratuita de cada
,sodinU partido
sodatsouE coligação
sod siaisó cnpoderão
ediserpaparecer,
seõçieem
le sgravações
an otielpinternas
od odeatexternas,
luser o observado
moc sodoadisposto
mrofnono cn§i 2o,
candidatos, caracteres com propostas, fotos, jingles, clipes com música ou vinhetas, inclusive de passagem,
com indicação do número do candidato ou do partido, bem como seus apoiadores, inclusive os candidatos
de que trata o § 1o do art. 53-A, que poderão dispor de até 25% (vinte e cinco por cento) do tempo de cada
edadlucaFprograma
ad oãçaudouarGinserção,
-sóP ed asendo
margorvedadas montagens,
P – siareG saniM ed latrucagens,
redeF edadcomputação
isrevinU alep gráfica,
otieriD mdesenhos
e adnartseanimados
M 1 e
acilótaC edefeitos
adisrevespeciais.
inU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
299 PEREIRA, Rodolfo Viana..8Direito
13505Eleitoral
6566184contra
752/rbo.qinimigo.
pnc.settEm
al//:Debate,
ptth :setBelo
tal olHorizonte,
ucírruC .siav.re5,G n.
sa4, p. e26-30,
niM d out.
2013. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE134
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
mesmo sentido aponta a tese LIBERDADE
de Salgado300, ao DE Eleitoral
assinalar que o Direito EXPRESSÃO
se constrói E
sobre a presunção de má-fé dos concorrentes ao
POLÍTICA: FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA cargo político em prol da garantia do
princípio da máxima igualdade na disputa eleitoral. Osório301 também invoca a atenção a
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
esse ponto, concluindo que a ideia de paridade de armas entre candidatos e partidos tem
assumido um peso desproporcional em relação à liberdade de expressão, sendo que esse
menosprezo à livre manifestação é uma das medidas mais drásticas durante o pleito, pois
exclui do debate público a circulação de ideias e informações.
A defesa jurisprudencial da moralidade em detrimento da livre Duarte
Aléxia manifestação
Torres1
político-eleitoral é decorrência do que Gresta e Santos302 apontam como “aprisionamento
semântico dos direitos políticos” como direitos da sociedade por parte dos tribunais.
Apontam as autoras haver um entendimento ainda predominante de compartimentação
RESUMO
dos direitos humanos (entre eles, os políticos) nas chamadas gerações de direito. No
entanto, essa colocação
A missão é simplista
explícita e insuficiente
do Facebook, rede socialpara
quedar
temconta da totalidade
conquistado da cidadania,
o coração e consumido
diretamente
umatrelada aos direitos
tempo cada humanos.
vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
mundo,
Oliveira 303 é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
defende que a ideia de gerações de direito interdependentes e categorizadas
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
mascara a relação de cooriginalidade e equiprimordialidade entre autonomia pública e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
privada. Em uma sociedade mundial, complexa e pluralista, essa compartimentação coloca
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
em risco o caráter universal dos direitos humanos, sendo manifestamente desagregadora.
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
Segundo o autor defende em sua obra304, a distinção entre direitos individuais, coletivos,
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
sociais e difusos deve ser feita do ponto vista do processo argumentativo e reflexivo de
propõe a responder.
aplicação das normas que o consagram. Quer dizer, não se trata de apresentar argumentos
pragmáticos para justificar a extensão de uma norma, mas de averiguar sua adequabilidade
a um1. caso concreto, livre de predeterminações materiais que conferem prioridade de um
INTRODUÇÃO
ponto de vista normativo sobre outro.
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
Na esteirajádodava
o Facebook que apresenta
pistas do oseu autor, uma visão
potencial. privilegiada
Criado e excessivamente
originalmente concreta
como o “Facemash”,
do oquesoftware colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia humana
seja vida, liberdade, igualdade, segurança, trabalho ou mesmo dignidade ao usuário
é uma afrontaquem
classificar à sociedade
era “hot” democrática.
ou não, uma Fundamenta
palavra emseu argumento
inglês usada para comdesignar
o exemplo da
pessoas
liberdade de expressão,
sexualmente atraentes.que, a depender do caso concreto, pode ser direito individual,
coletivo, social, ou difuso305.
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
300 SALGADO, op. cit., p. 252.
301a OSÓRIO,
trocar as suas
op. cit., fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
p. 144.
302opiniões políticas,
GRESTA, Roberta Maia;algo similar
SANTOS, às Pereira
Polianna mudanças de foto
dos. Direitos do como
políticos perfildireitos
por parte de indivíduos
da sociedade: crítica
ao aprisionamento semântico dos direitos políticos. In: PEREIRA, Rodolfo Viana; SANTANO, Ana Claudia
inconformados
(Orgs.). Conexõescom o resultado
eleitoralistas. do pleito
Belo Horizonte: nas eleições
Abradep, presidenciais
2016. p. 201-216. dos Estados Unidos,
ISBN 978-85-93139-01-7. Dis-
ponível em: <http://bit.ly/2ebb6kY>. Acesso em 27 abr. 2018.
303 OLIVEIRA, Marcelo Andrade Cattoni de. Processo constitucional. 3. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2016. p. 142.
304 Ibidem, p. 146-148.
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
305 Ibidem, p. 148.
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
O autor exemplifica as diversas
de Minas Gerais. visões
Currículo sobre
lattes: a liberdade de expressão conforme o caso concreto: “Daí se poder
http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
protegê-lo
Endereçoquando se tolhe
eletrônico: ou se ameaça tolher a palavra de alguém; ou a participação de uma associação
[email protected]
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:135
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSNo SEcaso
RPX E direitos
dos ED Epolíticos,
DADRexplicam
EBIL ,Gresta
KOOe B ECAeles
Santos, F não aparecem de forma
ARisolada,
TUEN mas
Aligados
CIGÓaLoutros
ONC direitos,
ET AT não
NseEM exaurindo
ARREno F :âmbito
ACITdas
ÍLOrelações
P privadas,
mas projetando-se para a esfera social política, ou seja, trespassando a mera separação em
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
gerações nos moldes defendidos por Oliveira.
Pelo que explicam, a não adequação dos direitos políticos à separação estanque dos
direitos fundamentais em gerações ocorre pois eles reclamam uma avaliação que consi-
dere a diversidade e a complexidade dos interesses revelados no exercício das liberdades
1 coletivas. Conforme apontam306, não há como dissociar a atuação política do indivíduo de
serroT etrauD aixélA
sua autonomia, havendo uma coincidência entre as gerações de direito que se voltam à
individualidade e à comunidade:
Embora os direitos políticos sejam identificados por enunciados que os dis-
OMUSER
tinguem da liberdade individual, esta frequentemente integra seu núcleo, onde
odimusnoc e oãçaroaparece
c o odatsacompanhada
iuqnoc met eude q laum
icosqualificativo
eder ,koobepolítico.
caF od atNesse
icílpxe sentido,
oãssim Aa liberdade
od roder oa soudívide dniconsciência
e sorielisarsubjaz
b ed sao
eõhdireito
lim eddeadvoto
iv ade àroiniciativa
iam zev popular
adac opdasmetleis.
muEm suma,
se a autonomia individual se encontra na base de toda a ação que impele o
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
indivíduo para a participação política, no momento do exercício dos direitos
e odúetnoc ed oãçirpolíticos,
tser ed ssua
acitídimensão
lop saus edeeuliberdade
qatsed oindividual
dahnag mtorna-se
et ocitíloindissociável
p oiránec ondo caráter
odnazitarcomed koobpro ecaFsocietatis
o airatsE .que
sacim êlocategoria
sua p rareg a m aunitnoc olhe
dogmática mtiratribui.
ogla ed oãçazilanosrep
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
Pode-se dizer que a interpretação dos tribunais acerca dos direitos políticos é incom-
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
es opleta,
git ra epois
sse ao
euqprojetar
seõtseuaq dicotomia
sa oãs saspúblico/privado
sE ?amrofatalp asobren edadailmatéria
ibisiv e oeleitoral
çapse om equipara
sem a pro-
teção dos direitos políticos à concretização da moralidade pública, .rednopser a eõpodo
em prejuízo rp exercício
de liberdades públicas pelos indivíduos. Considerando apenas o âmbito coletivo dos direitos
políticos, ignora-se a matriz de liberdade e autonomia individual que lhes confere suporte.
Pela concepção tradicional, os direitos políticos não se destinariamOÃao
ÇUbenefício
DORTNI de .seus
1
próprios titulares, mas, sim, à realização de metas em favor da sociedade como um todo;
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
de outro, os direitos individuais traduziriam interesses egoísticos próprios aos negócios
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráprivados,
usu oa aidevendo
timrep e ser
odalmantidos
a odal dràavdistância
raH ed sedatnacena
dutsepolítica,
sod soatoffim
avade
conão
loc eenviesarem
rawt fos o o
307
processo de concretização do bem comum .
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
O resultado é a avaliação meramente pro societate dos direitos .setneapolíticos,
rta etnemassentada
lauxes
-pana
c edefesa
edadisde
revuma
inu amoralidade
d açnarugespública
ed edecontraposta
r a marasseàcaliberdade
serodaircdossuecidadãos,
s euq siopoeque
D explica
maoraenfoque
çemoc sunidimensional
oiráusu soirpórdado
p so à,spropaganda
etnadutse seleitoral,
od oãçacimpondo
fiitnedi ead mitigação
snegami das sa mliberdades
ararut
saus mavasserpxe euq uo sotsetorp ed sotxet moc snegami rop sotof saus sa racort aser
públicas em favor de uma ideia de lisura eleitoral. Contudo, os direitos políticos devem
souapreciados
dívidni ed como
et rap uma
rop lfiexpressão
rep od otcomplexa
of ed saçdanadliberdade
um sà raindividual
limis oglae da
,saliberdade
citílop seõcoletiva.
inipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
representativa de uma coletividade; ou quando se afirma que a educação é pressuposto do ter o que dizer;
edadlucaFou adquando
oãçaudaserGdiscute
-sóP edoaimpacto
margorPna – scomunidade
iareG saniM da
ed violência
laredeF edou
adda
isrepornografia
vinU alep otna
ieritelevisa
D me adounarna
tseinternet;
M 1 ou
acilótaC edainda
adisraevexistência
inU aicífitnou
oP não
alepde
otimonopólio
eriD me addos
audameios
rG .siade
reGcomunicação”.
saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
306 GRESTA; SANTOS, op. cit., .813p.50206.
56566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
307 GRESTA; SANTOS, op. cit., p. 208. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE136
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
Como resultado do FACEBOOK, LIBERDADE
aprisionamento semântico, nos moldesDE EXPRESSÃO
criticados acima, o que E
se tem é uma POLÍTICA:
orientação jurisprudencial contrária à Constituição
FERRAMENTA no que pertine àNEUTRA
TECNOLÓGICA liberdade
de expressão político-eleitoral. Osório308 levanta quatro pontos que fundamentam a incons-
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
titucionalidade das restrições que o TSE vem sustentando desde as últimas eleições pre-
sidenciais. Em primeiro lugar, a posição pretoriana é uma restrição a conteúdo informativo
valioso às eleições, essencial para a decisão do voto, violando a liberdade de expressão.
Aponta também o caráter paternalista do novo entendimento, retirando dos eleitores a pos-
sibilidade de julgar as informações recebidas. Em terceiro, pode haver violação à paridade
de armas, em vista da enorme carga subjetiva do juiz ao determinar Aléxia Duarte
o que Torres1
é conteúdo
negativo ou propositivo e também porque a mídia não se sujeita a essas restrições. Por fim,
há o problema de uso da Justiça Eleitoral como arma política ao permitir que candidatos e
partidos suspendam
RESUMO a veiculação de mensagens que os desagradem.
Salienta-se
A missãoque já existem
explícita restrições
do Facebook, redeàsocial
liberdade
que temde conquistado
expressão político-eleitoral po-
o coração e consumido
sitivadas na
umLei das cada
tempo Eleições
vez emaior
no Código
da vidaEleitoral, como
de milhões demencionado
brasileiros ealhures.
indivíduosAdemais,
ao redora do
doutrina segue
mundo, o éentendimento
manter o mundo de que
maisa liberdade de expressão
aberto, conectado pode ser
e civilmente recuadaSua
engajado. quando
atuação
seu conteúdo ameaçar
no cenário uma tem
político educação
ganhado democrática
destaque elivresuasdepolíticas
preconceitos e fundada
de restrição no su- e
de conteúdo
309 310
perior valor intrínseco do
personalização de ser humano
algoritmo . No aentanto,
continuam como adverte
gerar polêmicas. Estaria oSalgado
Facebook , essa nor-
democratizando
matizaçãoa regulatória
informação deve se dar nos termos
ou centralizando-a? e sob
Visões o império
políticas da lei,
diferentes, o que remete
candidatos à adoção
e partidos políticos
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários
do teste tripartite, que condiciona a adoção de limites à liberdade de expressão. do Facebook possuem o
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
Para conferir validade às restrições que se pode impor à liberdade de expressão
propõe a responder.
político-eleitoral três requisitos devem ser apreciados, como elucidado por Osório311. Em
primeiro lugar, deve-se respeitar o princípio da reserva legal, quer dizer, diante da gravida-
de 1.
da decisão de restringir esse direito fundamental, somente lei formal, deliberada pelos
INTRODUÇÃO
representantes eleitos, é que poderá justificar uma flexibilização, em atenção ao princípio
Apesar
democrático. de não
Mendes ter sido
e Branco 312 criado como um instrumento político, logo no seu início
reiteram ainda que o teste de validade da lei que interfere
o Facebook já dava pistas do
no exercício da liberdade de expressão seu potencial. Criado originalmente
não exige critérios como
particularmente o “Facemash”,
estritos, bastan-
o software colocava fotos dos estudantes
do que a deliberação legislativa se revele razoável. de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
O segundoatraentes.
sexualmente ramo do teste tripartite é a tutela de objetivos constitucionalmente legíti-
mos, ou seja, uma eventual restrição deve encontrar fundamento na promoção de outros
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
interesses de elevado valor axiológico e tutelados constitucionalmente. O que a análise ju-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
risprudencial aponta, em especial dos julgados do STF trabalhados no primeiro tópico deste
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
trabalho, é que a dignidade humana e seus desdobramentos é que mais frequentemente
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
entram em colisão com a liberdade de expressão.
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:137
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSPor SER PXa Erestrição
fim, ED EdeveDAD REBo Iprocesso
seguir L ,KOO BECAF da proporcionalidade em
ponderativo
ARsentido
TUEN estrito,
ACde IGmodo
ÓLOque NC asEmedidas
T ATNrestritivas
EMARR produzam
EF :ACmaisITÍLbenefícios
OP aos bens
jurídicos tutelados do que a liberdade de expressão. Osório313 aponta que, nessa etapa, a
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
ponderação deve considerar tanto a posição preferencial que ostenta a liberdade de expres-
são no sistema constitucional brasileiro quanto a proteção especial conferida a discursos
políticos e eleitorais para o interesse público. Aponta a autora:
Ademais, nos casos em que estiverem em jogo discursos especialmente prote-
gidos, como aqueles que digam respeito a temas político-eleitorais e a candida-
1
serroT etrauD atos, ixélpolíticos
A e funcionários públicos em geral, a análise da proporcionalidade
das medidas restritivas deve ser ainda mais rigorosa. Nessas hipóteses, o pro-
cesso de ponderação deve considerar não apenas o maior grau de proteção e
o peso superlativo atribuído à liberdade de expressão política, mas também o
princípio democrático, que exige o debate mais amplo possível OMsobre
USER os assun-
tos relacionados à coisa pública e a pessoas responsáveis por sua gestão, de
odimusnoc e oãçaromodo c o odaatgarantir
siuqnocomcontrole
et euq lapelo
icos cidadão.
eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
Tendo em vista as considerações elencadas, vê-se que as restrições impostas pelo
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
TSE desde a última eleição presidencial, em especial, não encontram terreno para prosperar.
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
Primeiramente, porque são limitações impostas por um tribunal, o que viola o princípio da
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
reserva legal e o caráter deliberativo da democracia representativa. Em segundo momento,
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
o mporque
eussopokvalor
oobectutelado
aF od sonasirándecisões
oicnuf e sproferidas
erodadnuf não
sod coaduna
saiedi sacommocomentendimento
egrevid euq pacífico
es ode
gitque
ra esosprincípio
e euq seõda tsedignidade
uq sa oãs shumana
assE ?am é que
rofatpode
alp anfundamentar
edadilibisiv eaorestrição
çapse omàseliberdade
m de
expressão. A defesa irretocável da moralidade pública e da lisura do pleito é fruto
.rednopser a eõporp de uma
interpretação simplista dos direitos fundamentais compartimentados em gerações, sendo
que o tribunal dá primazia aos valores comunitários. Ademais, como suscitado acima, a
nova compreensão é insuficiente, já que os direitos políticos ultrapassam OÃÇUDO a Rdivisão
TNI estan-
.1
que tradicionalmente interpretada, relacionando-se tanto com a autonomia e a liberdade
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
individual quanto com os valores comunitários da atividade política. Por fim, o cerceamento
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
da livre manifestação político-eleitoral não atende à proporcionalidade em sentido estrito,
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
pois que já começa fragilizando a democracia ao inviabilizar um debate de interesse público.
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
Claramente que a paridade de armas deve ser observada.seetgarantida nearta etndurante
emlauxetodo
s
-paoc processo
e edadisreeleitoral,
vinu ad amesmo
çnarugeno s edcontrole
eder a das
maramanifestações
sseca serodairpolíticas
c sues eueqdassioppropagandas
eD
314
eleitorais. Salgado
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa migualdade
, ao defender o princípio constitucional eleitoral da máxima ararut
saus mavasserpxe euq uo sotsetorp ed sotxet moc snegami rop sotof saus sa racormeios
na disputa eleitoral, defende a restrição à liberdade de campanha e à atuação dos ta
soudedívcomunicação
idni ed et rap noroppleito
lfi reppara
od oevitar
tof edhaver
saçninfluência
adum sà indevida
ralimis oque
gla ,leve
sacitao
ílopdesequilíbrio,
seõinipo
,sodatingindo
inU sodaotspluralismo
E sod siaiceneadliberdade
iserp seõçdeieleformação
san otielpdaodopinião.
odatlusNo
er oentanto,
moc soaponta
damrofquenocnai re-
gulação da liberdade de expressão deve ser tratada de maneira cuidadosa, sob pena de se
aniquilar esse direito. É por meio do debate democrático acerca das normas jurídicas que
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
313 OSÓRIO, op. cit., p. 121..8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
314 SALGADO, op. cit., p. 268. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE138
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
a regulação concretiza a liberdade de expressãoLIBERDADE DErobusta,
na sua vertente mais EXPRESSÃO
ao invés de E
colocá-la em risco. Somente assim
POLÍTICA: resta assegurado oTECNOLÓGICA
FERRAMENTA respeito aos princípios democrático
NEUTRA
e republicano, garantindo a formação de uma comunidade cívica com condições de realizar
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
projetos políticos, sem interferência estatal arbitrária.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Defendeu-se aqui que o TSE proferiu decisões maculadas pelo vício da inconsti-
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
tucionalidade,
de Direito pois que sãoFederal
da Universidade contrárias
de Minas aoGerais.
direito fundamental
Graduada em Direitoàpela
liberdade
Pontifícia de expressão.
Universidade Católica
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Ademais, impôs restrições a esse direito que não compõem o rol de exceções admitido pelo
Endereço eletrônico: [email protected]
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:139
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EOSTFÃenquanto
SSERPintérprete
XE EDdaED ADREBDado
Constituição. IL ,Kque
OOao B ECnão
TSE AFcabe a decisão final sobre
ARa Tinterpretação
UEN ACde IGnormas
ÓLON constitucionais,
CET ATNEa M inovação
ARREjurisprudencial
F :ACITÍLpecouOP por fazê-lo,
somando-se ao vício na atuação jurisprudencial que incorporou novas restrições à propa-
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
ganda eleitoral, não previstas na legislação competente.
Decerto que os maiores efeitos da posição do TSE serão sentidos no pleito de 2018,
quando as eleições gerais ocorrerão e o Tribunal Superior será mais acionado que em
2016. Espera-se, contudo, haver uma viragem jurisprudencial em razão, principalmente,
1 das minirreformas de 2015 e 2017. No momento, resta aguardar para saber como serão os
serroT etrauD aixélA
entendimentos futuros e como os ministros lidarão com as novas formas de manifestação
política e eleitoral.
OMUSER
odimREFERÊNCIAS
usnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
od AGLANTZAKIS,
roder oa soudívLuciana
idni e sCosta.
orielisaOrbpoder
ed sedeõhlipolícia
m ed adodivmagistrado
ad roiam zna ev propaganda
adac opmeteleitoralmu e uma
releitura da Súmula 18 do Tribunal Superior Eleitoral. Revista Jurídica TRE-TO, v. 4, n. 1, jan./jul. 2010.
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
e oBARROSO,
dúetnoc edLuís oãçRoberto.
irtser edAsdignidade
acitílop sada
uspessoa
e euqahumana
tsed odano hnDireito
ag metConstitucional
ocitílop oiráncontemporâneo:
ec on
a construção de um conceito jurídico à luz da jurisprudência mundial. Tradução Humberto Laport de
odnMello.
azitarc3.
omreimpr.
ed koobBelo
ecaFHorizonte:
o airatsE .Fórum,
sacimê2014.
lop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
soc______.
itílop sodConstituição,
it rap e sotadiddemocracia
nac ,setnereefisupremacia
d sacitílop sjudicial:
eõsiV ?adireito
-odnazeilapolítica
rtnec uonooãBrasil
çamrcontemporâneo.
ofni a
o mRevista
eussopdakoFaculdade
obecaF oddesoDireito
iránoicda
nuUERJ,
f e serRio
odade
dnJaneiro,
uf sod sv.a2,
iedn.i s21,
am jan./jun. 2012. euq
o c m e g r e v i d
es oCIDH.
git ra eRelatoria
sse euq Especial
seõtseuqparasa oaãsLiberdade
sassE ?ade mrExpressão.
ofatalp an eMarco
dadilibjurídico
isiv e oçinteramericano
apse omsem sobre o
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n ogol Maia;
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op otnem Polianna
u rtsni Pereira
mu omdos.oc oDireitos
dairc opolíticos
dis ret como
oãn edireitos
d rasedapAsociedade:
crítica ao aprisionamento semântico dos direitos políticos. In: PEREIRA, Rodolfo Viana; SANTANO, Ana
,”hsClaudia
ameca(Orgs.).
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usu oa aitimrep e odaAcessol a odaem:
l dra27
v rabr.
aH e2018.
d setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
saoMENDES,
ssep ranGilmar
gised Ferreira;
arap adBRANCO,
asu sêlgnPaulo
i meGustavo
arvalapGonet.
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,oãn ude
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,setnadudetseexpressão.
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,sodSALGADO,
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diserp seconstitucionais
õçiele san otielestruturantes
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acilóWALDRON,
taC edadisrevJeremy.
inU aicífitThe
noP aharm
lep otiin
erihate
D me speech.
adaudarGCambridge,
.siareG saniMMassachusetts;
ed laredeF edadisLondon,
revinU adEngland:
otieriD edHarvard
University, 2012. .8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE140
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
Referências jurisprudenciaisFACEBOOK, LIBERDADE DE EXPRESSÃO E
POLÍTICA:
STF, ADI nº 4.451, FERRAMENTA
Rel. Min. Ayres Britto, j. 26.08.2010. TECNOLÓGICA NEUTRA
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
STF, ADI nº 4.815, Rel. Min. Carmen Lúcia, j. 10.06.2015.
STF, ADPF nº 130, Rel. Min. Ayres Britto, j. 30.04.2009.
STF, ADPF nº 187, Rel. Min. Celso de Mello, j. 15.06.2011.
STF, RE nº 511.961/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 17.06.2009
STF, RE nº 898.450, Rel. Min. Luiz Fux, j. 17.08.2016.
Aléxia Duarte Torres1
STF, REC nº 15.243, Rel. Min. Celso de Mello, j. 02.06.2015.
STJ, REsp nº 29.639/ RJ, 4ª Turma, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 19.03.2009.
TRE-RJ, MS nº 27.116, Rel. Herbert de Souza Cohn, j. 26.10.2016.
RESUMO
TRE-RS, RE nº 5.679, Rel. Jamil Andraus Hanna Bannura, j. 16.09.2016.
TRE-TO, REA nº
missão explícita
51.275, do Facebook,
Rel. Jacqueline rede
Adorno de social
la Cruzque tem conquistado
Barbosa, o coração e consumido
j. 12.09.2016.
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
TSE, RP nº 38.029, Rel. Min. Tarcísio Vieira, j. 07.08.2014.
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
TSE, RP nºno
165.865,
cenárioRel. Min. Admar
político Gonzaga,destaque
tem ganhado j. 16.10.2014.
e suas políticas de restrição de conteúdo e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
propõe a responder.
1. INTRODUÇÃO
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
sexualmente atraentes.
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço eletrônico: [email protected]
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:141
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSSERPXE ED EDADREBIL ,KOOBECAF
ARTUEN ACIGÓLONCET ATNEMARREF :ACITÍLOP
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
1
serroT etrauD aixélA
OMUSER
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
.rednopser a eõporp
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oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
.setnearta etnemlauxes
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
.8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE142
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
LIBERDADEFACEBOOK,
DE EXPRESSÃO E DISCURSO
LIBERDADE DE ÓDIO E
DE EXPRESSÃO
NA ARENA POLÍTICA:
POLÍTICA: ENTRE O
FERRAMENTA CRITÉRIO MORAL
TECNOLÓGICA E
NEUTRA
O PRAGMÁTICO
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
RESUMO:
RESUMO
O objetivo deste trabalho é discutir o problema do discurso de ódio e da liberdade de
A missãonaexplícita
expressão do Facebook,
arena política rede social
e eleitoral. Queremosque tem conquistado
saber o que fazero coração
em casos e consumido
jurídi-
cos difíceis; descobrir se existe alguma abordagem adequada de resoluçãoaodesses
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos redor do
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente
problemas normativos. Atualmente, uma abordagem popular que se propõe a ofere- engajado. Sua atuação
cernoumacenário político
resposta tem ganhado
a esses problemas destaque e suas políticas
é a pós-positivista, de restrição
a qual privilegiadea conteúdo
adoção e
personalização
de critérios de algoritmo
morais. Apesar decontinuam a gerarna
acreditarmos polêmicas. Estaria
importância doopós-positivismo
Facebook democratizando
para
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos
nosso direito, também apontamos que essa teoria, se usada sem moderação, pode e partidos políticos
que divergem
ocasionar com O
problemas. asuso
ideias
nãodos fundadores
cuidadoso e funcionários
de teorias do Facebook
morais pode possuem o
gerar resultados
práticos
mesmo diferentes
espaço edaqueles inicialmente
visibilidade pretendidos.
na plataforma? Essas são Além disso, é possível
as questões que esse que o se
artigo
discurso
propõemoral seja um fator de escalada na polarização política. Para contornar es-
a responder.
ses problemas, o que se propõe é uma abordagem pragmática, que é mais conse-
quencialista, mais focada nas evidências empíricas e em como lidar com os interes-
1. sesINTRODUÇÃO
das partes em conflito na sociedade. Contra a crítica de alguns pós-positivistas
de que a moral é inescapável ao direito, diremos que, apesar de o que eles afirmam
Apesar
estar, em um de sentido,
não ter correto,
sido criadonão como
impede, umdeinstrumento
forma nenhuma,político, logo no seu início
a complementação
o Facebook
pragmática já àdava
moralpistas do seu potencial.
que estamos propondo.Criado originalmente como o “Facemash”,
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
1. sexualmente
INTRODUÇÃO atraentes.
Neste trabalho,
Depois abordaremos
que seus criadoresoacessaram
problema do discurso
a rede de ódio nadaarena
de segurança política. eEm
universidade cap-
nosso direito,
turaram asainda não há
imagens de critérios jurídicos
identificação dosclaros ditandoos
estudantes, atépróprios
que ponto os juízes
usuários devem
começaram
limitar a liberdade
a trocar as suas defotos
expressão nessa área.
por imagens comComo
textosodetema é controverso
protestos ou que eexpressavam
envolve vários suas
princípios
opiniõesjurídicos fundamentais,
políticas, algo similargera casos de difícil
às mudanças solução.
de foto O que
do perfil porfazer nessas
parte situa-
de indivíduos
ções difíceis? Atualmente,
inconformados está em voga
com o resultado umanas
do pleito tentativa de resposta
eleições associada
presidenciais à linha pós-
dos Estados Unidos,
-positivista e constitucionalista, que afirma que os princípios constitucionais, os valores e a
moral devem ser componentes importantes da interpretação.
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
315 Mestrando
de Minasem Gerais.
Direito
Currículo
pela Universidade
lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Federal de Minas Gerais (UFMG), Bolsista CAPES. Graduado em
Direito
Endereço
pela UFMG
eletrônico:
(2017).
[email protected]
Monitor do GENE: Grupo de Estudos em Neuroética e Neurodireito.
TORRES,
OLIVEIRA, Aléxia
André Duarte.
Matos Facebook,
de Almeida. liberdadede
Liberdade deexpressão
expressão ee discurso
política: ferramenta
de ódio natecnológica neutra
arena política: ou oplataforma
entre virtuale editorial?
critério moral In:143
o pragmático. PEREIRA,
In:
Rodolfo
PEREIRA, Viana Viana
Rodolfo (Org.).(Org.).
DireitosDireitos
políticos, liberdade
políticos, de expressão
liberdade e discurso
de expressão de ódio. de
e discurso Volume
ódio.I.Volume
Belo Horizonte: IDDE, 2018.
II. Belo Horizonte: p. 07-33.
IDDE, 2018.ISBN
978-85-67134-05-5
p. 143-164. . Disponível em:
ISBN 978-85-67134-06-2. <https://goo.gl/g4e2Gy>
Disponível em: <https://doi.org/10.32445/97885671340627>
E OÃSOSE RPXE
objetivo EDartigo
neste EDéAafirmar
DREque,
BILapesar
,KOde OaBlinha
ECApós-positivista
F ser importan-
ARteTno
UE direito
N AeCter IGfomentado
ÓLONC avanços
ET ATjurídicos
NEMA fundamentais,
RREF :AC elaIT
seÍLdepara
OP com riscos,
especialmente quando se deixa levar por teorias morais e teorias normativas fortes. Afir-
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
maremos que interpretações jurídicas influenciadas em demasia pela moral podem gerar
consequências negativas, como efeitos futuros práticos não previstos – e não desejados
– da decisão e o aumento da polarização política.
1
se2.
rroT ePROBLEMA
trauD aixéDO
lA DISCURSO DE ÓDIO NA POLÍTICA
,ARIE144
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
Então, como o judiciário brasileiro deve LIBERDADE
lidar com o problemaDE EXPRESSÃO
do discurso de ódio? A E
seguir, iremosPOLÍTICA:
analisar como seFERRAMENTA
vem tratando o assunto no direito brasileiro e osNEUTRA
TECNOLÓGICA princípios
jurídicos envolvidos.
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
No direito brasileiro, ainda não há consenso, nem jurídico nem teórico, sobre o crité-
rio adequado para limitar a liberdade de expressão, mas é certo que há consenso sobre a 1
Aléxia Duarte Torres
necessidade de alguma limitação (e.g. as limitações nos incisos IV, V, XIII, XIV do artigo 5º
da Constituição). Diz-se que o princípio da liberdade de expressão tem o mesmo grau de
prioridade constitucional de outros princípios, como o da igualdade e o da dignidade da pes-
RESUMO
soa humana. Ou seja, caso a liberdade de expressão viole outros princípios constitucionais
320
de igual importância, há necessidade
A missão explícita de rede
do Facebook, que social
ela seja devidamente
que limitada
tem conquistado . e consumido
o coração
um tempo
O discurso de cada
ódio vez maioré da
também umvida
dos de milhões
casos de brasileiros
em que e indivíduos
o direito brasileiro limitaaoa redor
liber- do
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado.
dade de expressão. A Lei 7.716/1989, no art. 20, estabelece como crime qualquer tentativa Sua atuação
no induzir
de “praticar, cenárioou
político
incitartem ganhado destaque
a discriminação e suas políticas
ou preconceito de cor,
de raça, restrição
etnia,de conteúdo
religião ou e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook
procedência nacional”. Há, ainda, na Constituição, previsão de que o crime de racismo é democratizando
a informação
inafiançável ou centralizando-a?
e imprescritível (art. 5º, XLII).Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
Essa previsão
mesmo levoue ao
espaço importante
visibilidade na HC 82.424-2/RS,
plataforma? Essascaso no questões
são as qual o Supremo Tribunal
que esse artigo se
Federal (STF) decidiu que
propõe a responder.o autor Siegfried Ellwanger deveria ser mantido preso por discur-
so de ódio contra a comunidade judaica, afastando a tese da defesa de que o crime estava
prescrito. O STF defendeu que a ideia de “racismo” é político-social, e não biológica, então
deve1. enquadrar
INTRODUÇÃO
as ofensas ilegais dirigidas a comunidades étnicas e culturais minoritárias,
como a judaica. Concluiu que o crime de Ellwanger foi de racismo, logo, imprescritível.
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
A decisãojádodava
o Facebook STFpistas
foi marcante
do seu epotencial.
teve bastante influência,
Criado por consolidar
originalmente como o uma nova
“Facemash”,
o software
linha de combatecolocava fotos dos
ao discurso estudantes
de ódio, de Harvard ladoe avalorativa.
mais principiológica lado e permitia ao usuário
Na ementa da
classificar
decisão, vê-sequem
que oera “hot”
órgão ou não,a “prevalência
escolheu uma palavra dos
em princípios
inglês usada para designar
da dignidade pessoas
da pessoa
sexualmente
humana atraentes.
e da igualdade jurídica”, dizendo que a liberdade de expressão tem “limites morais
e jurídicos”.
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
4. opiniões
PÓS-POSITIVISMO
políticas, algoE similar
MORALàs mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
inconformados
O caso tambémcom mostra
o resultado do pleitodas
a tendência nasinstituições
eleições presidenciais dos Estados
jurídicas brasileiras Unidos,
a adotar
conceitos que vêm sendo propostos por autores ligados às teorias jurídicas pós-positivistas
e neoconstitucionalistas. Esses autores, por exemplo, costumam defender que há, e deve
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
320 MENDES,
de Minas
Gilmar
Gerais.
Ferreira;
Currículo
BRANCO,
lattes: Paulo
http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 9. ed. rev. e atual.
SãoEndereço
Paulo: Saraiva;
eletrônico:
Brasília:
[email protected]
Instituto Brasiliense de Direito Público, 2014, cap. 4, II, 1.4.
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:145
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSumER
haver, PXE EDconstrutivo
intercâmbio EDADR EBoILdireito
entre ,KOe O BEC321
a moral A.FTambém reconhecem que
princípios normativos altamente
ARTUEN ACIGÓLONCET ATNEMARREF :AC valorativos e abertos, como o Ida
TÍdignidade
LOP da pessoa
?Lhumana,
AIROTdevem IDE terLAimportância
UTRIV Acentral
MRO no sistema jurídico. Por isso, teóricos do direito
FATALP UO
dizem que “não há dúvidas” de que o princípio da dignidade humana pode “opor limites à
liberdade de expressão (...), consoante a Constitucionalização dos Direitos Fundamentais e
a irradiação que seus preceitos devem promover a todo o ordenamento jurídico”322.
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hs5.
amecRISCOS
aF“ o omDA ocMORAL
etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
Nosso propósito é argumentar que essas saídas morais e normativamente valorativas
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
podem não ser as mais adequadas para a regulação da liberdade.sde etnexpressão
earta etneno
mladiscurso
uxes
político, especialmente em casos de difícil decisão.
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
321 E.g. DWORKIN, Ronald. Freedom’s law: the moral reading of the American Constitution. OUP Oxford, 1999;
saus maALEXY,
vasseRobert.
rpxe eTeoria
uq uodossodireitos
tsetorpfundamentais.
ed sotxet São
mocPaulo:
snegMalheiros,
ami rop 2008;
sotofFERRAJOLI,
saus sa Luigi;
racorVITALE,
ta
soudívidErmanno.
ni ed etDiritti
rap fondamentali:
rop lfi rep ound dibattito
otof eteorico.
d saçnGius.
adum sà r&aFigli
Laterza limisSpa,
og2015;
la ,sBARROSO,
acitílop sLuís
eõinRoberto.
ipo
,sodinU Neoconstitucionalismo
sodatsE sod siaicneeconstitucionalização
diserp seõçiele sdoandireito
otiel(o
p otriunfo
d odtardio
atlusedor odireito
mocconstitucional
sodamrofnnoocBrasil).
ni
In SOUZA Neto, Cláudio Pereira, SARMENTO, Daniel (Orgs.). A constitucionalização do direito. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2007, p. 203-249.
322 FREITAS, Riva Sobrado de; CASTRO, Matheus Felipe de. Liberdade de expressão e discurso do ódio: um
edadlucaFexame
ad oãçsobre
audarGas-spossíveis
óP ed amalimitações
rgorP – siaàreliberdade
G saniM ede
d lexpressão.
aredeF edadSequência,
isrevinU aleFlorianópolis,
p otieriD me ap.
dn327-355,
artseM 2013.
1
acilótaC edp.ad351.
isrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
323 DWORKIN, op. cit., 1999, .81p.352.056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
324 DWORKIN, Ronald. A raposa e o porco-espinho: justiçameovalor. c.liamSão
g@Paulo:
otudaixWMF
ela :oMartins
cinôrteleFontes,
oçeredn2014.
E
,ARIE146
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
Temos dois motivosFACEBOOK,
para sustentar essaLIBERDADE
posição. O primeiroDE EXPRESSÃO
é a necessidade de que E
haja adequação entre meios e fins
POLÍTICA: ao se limitar a liberdade
FERRAMENTA de expressão. O segundo,
TECNOLÓGICA NEUTRA por
sua vez, é o risco de aumento da polarização. Esses dois motivos são importantes – de fato,
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
decisivos – para tornar teorias morais inadequadas à regulação da liberdade de expressão.
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:147
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSPorSER PX
sua EE
vez, oD EDAmotivo,
segundo DREBo IdaL ,polarização,
KOOBEéCimportante
AF porque é possível
ARque
TUoEdiscurso
N ACImoral,
GÓLpor Osuas
NCEcaracterísticas
T ATNEMintrínsecas,
ARREF :tendaACIaTlevar
ÍLOos P participantes
do debate a polarizar. Autores como Haidt327, Greene328 e Graham329 dizem que é muito
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
difícil (impossível, talvez) chegar a um acordo, exclusivamente por argumentos, em ques-
tões moralmente controvertidas, por sermos cognitivamente intuicionistas. Veremos com
mais detalhes o modelo social-intuicionista a seguir. Mas o ponto é que, se eles estiverem
certos, essa característica polarizadora do discurso moral torna-se especialmente grave
no caso do debate sobre a liberdade de expressão, porque é um meta-debate. Ou seja, ele
1
seérrprecisamente
oT etrauD aum ixéldebate
A sobre as coisas sobre as quais é lícito debater. Se falharmos
e polarizarmos demais nesse ponto, correremos risco de entrar numa custosa regressão
argumentativa.
oicíni uesPelos
on ogmotivos
ol ,ocitílexpostos,
op otnemudefenderemos
rtsni mu omocque odaairsaída
c odispragmática
ret oãn edéramais sepAadequada
331
,”hscomo
amecum aF“ guia
o ompara
oc eatnação
emlado nigjurista
iro odaeirdo
C .teórico
laicnetonos
p uecasos
s od sdifíceis
atsip ava.dPara
áj konós,
obecela
aF esta-
o
oiráusu oa aitimrep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fosmoral
belece uma moeda comum que pode barrar a polarização num sentido a que a teoria o
saoéssincapaz
ep rangdeisedchegar
arap aedatambém
su sêlgné,i mpor
e aexcelência,
rvalap amu a,oabordagem
ãn uo ”toh“ queare se
mepreocupa
uq racfiisscom alc a
adequação entre meios e fins de uma decisão. O agente pragmático .setdeverá
nearta eestar
tneminformado
lauxes
sobre os riscos (futuros) de sua decisão quanto à liberdade de expressão, e deverá, assim,
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
dar contribuições mais embasadas e seguras para a delimitação do debate.
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
saus mavAntes
asserpde
xeaprofundar
euq uo somais tsetorno
p etema
d sotdo
xet pragmatismo,
moc snegamiporém,
rop soétoimportante
f saus sa rfazeracort algu-
a
soumas
díviddistinções
ni ed et rapentre
ropos lfi rtermos
ep od usados
otof ed nasaçanálise
nadumdasàrelação
ralimisentre
oglamoral
,saciteílodireito.
p seõinipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
327 HAIDT, Jonathan. The righteous mind: why good people are divided by politics and religion. Vintage, 2012.
328 GREENE, Joshua. Moral tribes: emotion, reason, and the gap between us and them. Penguin, 2014.
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló329
taC edGRAHAM,
adisrevinUJesse
aicífitet
noal.
P aMoral
lep otifoundations
eriD me adatheory:
udarG .sthe
iarepragmatic
G saniM evalidity
d laredeof
F emoral
dadispluralism.
revinU ad o2012.
tieriD ed
330 FGV/DAPP, op. cit. .8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
331 POSNER, Richard A. The problematics of moral and legal motheory.
c.liamgHarvard
@otudaUniversity,
ixela :ocinô2009,
rtele ocap.
çered1.nE
,ARIE148
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
6. INESCAPABILIDADEFACEBOOK, LIBERDADE
E DESEJABILIDADE DE EXPRESSÃO
DA MORAL NO DIREITO E
POLÍTICA:
Para evitar confusões, é FERRAMENTA TECNOLÓGICA
importante apontar qual NEUTRA
aspecto da relação entre direito e
moral importa para o que se OU PLATAFORMA
está comentando VIRTUAL
neste trabalho. EDITORIAL?
Uma discussão popular na
filosofia e na teoria do direito é a sobre a identidade do direito e da moral. Nessa discussão,
o objetivo é saber se direito e moral são coisas separadas ou entrelaçadas, autônomas ou
dependentes. O objetivo é descobrir se podemos identificar um dos fenômenos sociais
invocando (ou sem invocar) o outro.
Há autores que dizem ser possível ligar moral e direito; outros que dizem que não só
Aléxia Duarte Torres1
é possível ligar moral e direito como também é necessário, ou seja, que não há como falar
plenamente do fenômeno jurídico sem invocar os elementos morais que o integram; e há
autores que dizem que isso não é necessário nem possível e que o direito, em pelo menos
RESUMO
algum sentido relevante, é completamente distinto da moral.
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
Há,um tempo uma
portanto, cada diversidade
vez maior dadevida de milhões
autores desobre
e teorias brasileiros e indivíduos
o tema, ao redor
com respostas de do
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado.
graus distintos. Há teorias positivistas inclusivas (as que aceitam que é possível a moral Sua atuação
integrar ono cenário
direito)332 político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição
e teorias positivistas exclusivas (as que não aceitam)333. Hádeasconteúdo
teorias e
personalização de algoritmo
334 335 continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
realistas e institucionalistas , que têm diferentes sensibilidades à inclusão da moral no
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
direito. Há teorias da integridade336 e as teorias pós-positivistas do direito, que costumam
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
ser as mais permissivas com o entrelaçamento dos dois. As teorias pragmatistas do direito
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
também estão abertas à relação entre direito e moral, dependendo dos autores e dos senti-
propõe a responder.
dos em que os termos são usados337.
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:149
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃShistoricamente
dindo SERPXE E340 D; eEhá
DA DREos
também BIque
L ,K OOBEque
defendem CAdevemos
F observar, além das
341
práticas e decisões, o conjunto de valores
ARTUEN ACIGÓLONCET ATNEMARREF :ACITÍLOP da comunidade .
?LAIRO TIDEver,
Podemos LAaUpartir
TRIdessa
V AMrápida
ROFexposição,
ATALP queUOo debate sobre o problema da
identidade entre direito e moral é profundo e multifacetado. Felizmente, acreditamos que
não precisamos nos posicionar sobre esse tema espinhoso para abordar o tema do artigo.
Isso porque nossa preocupação aqui não é com a identidade entre a moral e o direito, mas
com a desejabilidade do uso da moral no direito. Queremos saber até que ponto é desejável,
serroT etrauD aixélA
1 oportuno e adequado usar o raciocínio moral nas decisões jurídicas. Essa é uma discussão
,ARIE150
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
mas direcioná-los a questões LIBERDADE
menos problemáticas, DE
que funcionam no EXPRESSÃO
dia a dia, tentando E
diminuí-los nos momentos de decisões
POLÍTICA: críticas. O mesmo
FERRAMENTA raciocínio pode ser adotado
TECNOLÓGICA NEUTRA por
quem acredita simultaneamente na inescapabilidade e na indesejabilidade da moral. Ele
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
pode defender não a eliminação dos aspectos morais no direito, mas que eles sejam reen-
quadrados numa leitura pragmática (como Posner o faz) ou pode defender o redireciona-
mento da moral a decisões menos críticas ou menos “teorizadas” (como Sunstein o faz345).
Por outro lado, também é possível que alguém acredite na completa separação iden-
titária entre moral e direito, mas mesmo assim sustente que o uso do raciocínio
Aléxia moral
Duarte no 1
Torres
direito seja desejável. Ou seja, é possível que alguém seja, por exemplo, um completo
positivista exclusivista, acreditando que o direito, em sua estrutura, é um fenômeno “puro”,
intocado pelos elementos sociais, mas que acredite, ao mesmo tempo, no nível social
e prático,RESUMO
ser desejável que entrem as “impurezas” do pensamento moral, porque nesse
escopo mais amploexplícita
A missão as decisões tenderãorede
do Facebook, a ser corretas,
social a aumentar
que tem a utilidade,
conquistado o coraçãoetc.
e consumido
Issoumé tempo cada vez
tão possível maioralguém
quanto da vidaacreditar
de milhões
quedeasbrasileiros
teorias daeeconomia
indivíduossão
ao redor
úteis do
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado.
ao direito, desejando até que os juízes usem cálculos econômicos diretamente na hora Sua atuação
de
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
decidir, mas também acreditar que direito e economia são ramos separados do conheci-
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
mento346 (essa crença parece ser menos polêmica entre os juristas).
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
Esperamos ter deixado
que divergem com asclara
ideiasa dos
distinção entre eidentidade
fundadores entre
funcionários do direito
Facebooke moral no o
possuem
direito e desejabilidade do uso da moral no direito. Nesse artigo, a distinção relevante
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se será
a segunda. Não precisaremos
propõe a responder. enfrentar o problema da identidade.
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
345 SUNSTEIN,
de DireitoCass R. Incompletely
da Universidade theorized
Federal de Minasagreements. Harvardem
Gerais. Graduada Law Review,
Direito pelav.Pontifícia
108, n. 7, p. 1733-1772,
Universidade Católica
1995.
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
346 Cf. Endereço
POSNER, eletrônico:
Richard A. [email protected]
Law, pragmatism, and democracy. Harvard University, 2005, cap. 7.
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:151
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSERnos
plesmente PXparece
E ED“errado”
EDA(ouDR“certo”)
EBIL moralmente.
,KOOBEGeralmente
CAF as questões morais
ARdesencadeiam
TUEN ACreações IGÓLintuitivas
ONCEleves,
T ATmas NEháMtransgressões
ARREF :Amais
CITgraves,
ÍLOPque nos levam
a ter sentimentos fortes, como a raiva e até o nojo347.
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
Teorias morais, por outro lado, são as proposições argumentativas que usamos pra
defender que uma posição moral está correta ou errada. Geralmente usa-se o termo “teoria”
para descrever um conjunto mais sistematizado de proposições gerais, mas aqui podemos
usar o termo em um sentido mais amplo, deixando encapar vários argumentos morais,
1 inclusive os menos sistematizados. O importante será que haja uma tentativa de convencer
serroT etrauD aixélA
racionalmente alguém de que algum comportamento é correto ou incorreto moralmente.
Nosso objetivo aqui é afirmar que os que defendem que a moral é inescapável ao
direito estarão corretos se estiverem se referindo às intuições morais, O masMUSincorretos
ER se
estiverem se referindo às teorias morais. Ou seja, afirmamos que não é possível tomar deci-
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
sões jurídicas sem recorrer a intuições morais, mas que é possível tomar decisões jurídicas
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
sem recorrer a teorias morais. Ao colocar essa possibilidade, não estamos defendendo que
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
e odtem
úetnde
ocser
ed assim.
oãçirtseSór eporque
d sacitíuma
lop scoisa
aus e éeupossível
qatsed onão
dahnsignifica
ag met oque
citílela
op oéirdesejável
ánec on (por ou-
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosas
tro lado veremos, a seguir, os argumentos de Posner mostrando exatamente repvantagens
socde
itílose
p sexcluir
odit rap as
e soteorias
tadidnamorais
c ,setnedo
refiddireito).
sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
o meussoComo p koobacontece
ecaF od sno
oircaso
ánoicdas
nuf eheurísticas
serodadnuef vieses,
sod saiaedpsicologia
i sa moc m egrmostrando
vem evid euq que as
es ointuições
git ra essesão
euqcomponentes
seõtseuq sa ofundamentais
ãs sassE ?amde rofnosso
atalp anraciocínio.
edadilibisiEm
v e osituações
çapse omdesemjulgamento
.rednopser a eõporp
moral, as intuições morais parecem ter no mínimo tanta importância quanto os outros tipos
de intuições têm nas outras formas de raciocínio. Chegou-se ao ponto inclusive de afirmar
que as intuições têm primazia sobre o raciocínio em nossos julgamentos OÃÇUDOmorais.
RTNI Isso.1 é
ilustrado com clareza na teoria social-intuicionista da moral, desenvolvida especialmente
oicípelo
ni uepsicólogo
s on ogolJonathan
,ocitílop Haidt,
otnemque
u rtsexporemos
ni mu omoac seguir.
odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
sao8.
ssep rMODELO
angised aSOCIAL-INTUICIONISTA
rap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
.setnearta etnemlauxes
Haidt afirma que, em questões morais, as pessoas não raciocinam primeiro para
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
depois chegar a conclusões. Ao contrário, a tendência é de que elas primeiro tenham uma
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
intuição (ou gut feeling) de que algo está errado e que só depois busquem argumentos
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
soupara
dívidjustificar
ni ed et raap“erroneidade”
rop lfi rep oddessa
otof intuição.
ed saçnaÉdpor
um isso
sà raque
limios seu
oglaartigo
,sacimais
tílop famoso
seõinipotem
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodamrofnocenisua
o provocador título “The emotional dog and its rational tail” (“O cachorro emocional
cauda racional”). Para Haidt, acreditar que as razões estão no controle da situação e que
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló347
taC edROZIN,
adisrevPaul
inU aetical.
ífitnThe
oP aCAD
lep otriad
tieriDhypothesis:
me adaudaarGmapping
.siareG between
saniM edthree
laredmoral
eF edaemotions
disrevinU (contempt,
ad otieriD eanger,
d dis-
gust) and three moral codes .8135(community,
0565661847autonomy,
52/rb.qpndivinity).
c.settal//:Journal
ptth :setof
talpersonality
olucírruC .sand
iaresocial
G sanipsychology,
M ed v.
76, n. 4, p. 574, 1999. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE152
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
nossas intuições são secundárias, LIBERDADE
e não vice-versa, DE EXPRESSÃO
é como “acreditar que forçar a cauda E
do cachorro aPOLÍTICA:
abanar movendo-a com a mão faria o cachorro
FERRAMENTA ficar feliz”348.
TECNOLÓGICA NEUTRA
OU PLATAFORMA
Mas quais evidências favorecem VIRTUAL
o modelo social-intuicionista? EDITORIAL?
Haidt e outros cria-
ram ou recolheram diversas evidências. Na década de 1990, Haidt, Koller e Dias349 fizeram
um estudo sobre valores morais. A ideia era criar histórias fictícias de violações a tabus
morais, mas em que não houvesse danos aparentes (por exemplo: uma família come o
cachorro de estimação depois que ele foi atropelado por um carro; ou um homem usa a
carcaça de um frango para masturbação, depois cozinha e come o frango, etc.).
Aléxia No meio
Duarte do 1
Torres
caminho, eles notaram um fenômeno estranho: a maior parte das pessoas chegava muito
rapidamente ao julgamento moral, mas tinha alguma dificuldade de encontrar as razões
para justificar sua reprovação. Os argumentos que invocavam normalmente eram ruins e
RESUMO
gentilmente refutados pelo cientista. Quando isso acontecia, as pessoas não mudavam de
opinião, continuavam defendendo
A missão explícita sua posição,
do Facebook, masque
rede social sem
temconseguir
conquistadoencontrar
o coraçãorazões para
e consumido
isso, às vezes
um tempoconfessando
cada vez sua
maiordificuldade
da vida deemilhões
sorrindodeembaraçadamente. Haidtaochama
brasileiros e indivíduos redor do
esse estado de incapacidade
mundo, de justificar
é manter o mundo mais sua posição
aberto, de moral
conectado dumbfounding
e civilmente (estupefação
engajado. Sua atuação
350
moral). O no cenário
moral político temfoi
dumbfounding ganhado destaque
confirmado e suas políticase de
por replicações restrição
é uma de conteúdo
evidência para o e
personalização
intuicionismo de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
moral humano.
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
Em outro estudo, Wheatley e Haidt351 hipnotizaram sujeitos para sentir flashs de nojo
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
com palavras neutras (como often e take). Eles separaram dois grupos para ler histórias
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
fictícias envolvendo questões morais, um lendo as palavras modificadas e outro não. Eles
propõe a responder.
repararam que as pessoas com o flash de nojo tendiam a ser mais severas em sua conde-
nação moral. A seguir, adicionaram uma nova história, em que não havia nenhuma trans-
1. moral
gressão INTRODUÇÃO
aparente. Mesmo assim, nos grupos em que havia as palavras modificadas,
parte das pessoas continuava a condenar a ação dos personagens da história, mesmo sem
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
nenhum motivo aparente.
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
352
Schnall, Haidt,
o software Clore
colocava e Jordan
fotos tambémde
dos estudantes estimularam flashs
Harvard lado de nojo
a lado por razões
e permitia irre-
ao usuário
levantes nas pessoas,
classificar quem eramas manipulando
“hot” o ambiente.
ou não, uma Elesinglês
palavra em pediam para para
usada as pessoas fazerem
designar pessoas
sexualmente
julgamentos atraentes.
morais enquanto estavam sentados em frente ou a uma mesa limpa ou a uma
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
348turaram
HAIDT, Jonathan.
as imagensThe emotional dog and its rational
de identificação tail: a social intuitionist
dos estudantes, os própriosapproach to moralcomeçaram
usuários judgment.
Psychological Review, v. 108, n. 4, p. 814, 2001.
349a HAIDT,
trocarJonathan;
as suas fotosSilvia
KOLLER, por Helena;
imagens DIAS,com
Mariatextos
G. Affect,deculture,
protestos ou que
and morality, or isexpressavam suas
it wrong to eat your
opiniões políticas,
dog?. Journal algo and
of personality similar às mudanças
social psychology, v. 65, n.de4, foto do1993.
p. 613, perfil por parte de indivíduos
350inconformados
HAIDT, Jonathan; BJORKLUND,
com o resultadoFredrik; MURPHY,
do pleitoScott.
nasMoral dumbfounding:
eleições When intuition
presidenciais finds no reason.
dos Estados Unidos,
Unpublished manuscript, University of Virginia, 2000; HAIDT, Jonathan; HERSH, Matthew A. Sexual morality:
The cultures and emotions of conservatives and liberals. Journal of Applied Social Psychology, v. 31, n. 1, p.
191-221, 2001.
3511 WHEATLEY,
MestrandaThalia; HAIDT,
em Direito Jonathan.
pela Hypnotic
Universidade disgust
Federal makes
de Minas moral– judgments
Gerais Programa demore severe. Psychological
Pós-Graduação da Faculdade
science, v. 16,
de Direito dan.Universidade
10, p. 780-784, 2005.
Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
de MinasSimone
352 SCHNALL, Gerais.etCurrículo lattes:
al. Disgust http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
as embodied moral judgment. Personality and social psychology bulletin, v.
34,Endereço eletrônico: [email protected]
n. 8, p. 1096-1109, 2008.
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:153
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSsuja
mesa SERcom
PXrestos
E ED de E DADREB
guardanapos deIlanches
L ,KOdeOfast
BEfood
CAF(que, assume-se, ativariam
ARflashs
TUEdeNbaixo
ACnível
IGÓ deLnojo).
ONOs CEresultados
T ATNmostraram
EMARRque EFpessoas
:ACITque
ÍLOpontuavam
P alto na
escala de “consciência privada corporal” tendiam a fazer julgamentos morais mais severos
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
na segunda situação.
,ARIE154
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
mesmo acontecerá nas decisões LIBERDADE
jurídicas, porque DE EXPRESSÃO
em vários momentos envolvem temas E
moralmente sensíveis
POLÍTICA:e controvertidos.
FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
9. POSNER E A ANTITEORIA MORAL
Essa indispensabilidade não se estende, por sua vez, às teorias morais. Para mostrar
isso, exporemos a crítica de Richard Posner à moralidade no direito. Posner é, nos termos
usados por Thomas Bustamente, um antiteórico moral, porque acredita que a moral é dis- 1
pensável e até prejudicial ao direito.
Aléxia Duarte Torres
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:155
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSeSdar
soais ERsentido
PXE àEvidaD E(oDque
AD eleRconsidera,
EBIL ,Kpropriamente,
OOBECAcomo
F a “ética”, contraposta
364
ARà T“moralidade”
UEN ACIG ). Ó
EleLtambém
ONCE distingue
T ATN “juízos
EMAnormativos”
RREF :AdeC“juízos
ITÍLO morais”.
P Posner é
cético quanto ao último, mas não quanto ao primeiro365.
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
Posner faz todas essas ressalvas para deixar claro seu alvo central: os “moralistas
acadêmicos”366, isto é, pessoas – geralmente professores e pesquisadores ligados a uni-
versidades – que se especializam no uso de argumentos sistemáticos e abrangentes, geral-
mente publicados em artigos e livros acadêmicos. Eles escrevem com rigor metodológico
1 para serem lidos por pares especializados, o que faz que sua linguagem seja razoavelmente
serroT etrauD aixélA
hermética para o público geral.
,ARIE156
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
A segunda proposição LIBERDADE
que baseia o ceticismo de Posner éDE a deEXPRESSÃO
que, mesmo que E
existisse algo POLÍTICA:
como uma teoriaFERRAMENTA
moral nos termos queTECNOLÓGICA
os acadêmicos advogam,NEUTRA
elas não
seriam úteis para o direito. Essa não é, portanto, como a anterior, uma objeção contra a
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
existência da moral, mas uma objeção contra sua utilidade371.
Essa segunda linha de objeção é, em certo sentido, ainda mais importante para Pos-
ner, já que sua abordagem é pragmática e enfatiza as consequências benéficas do uso de
uma teoria. Por isso ele diz que suas “visões metaéticas não são essenciais para o ceticis-
mo moral pragmático, a doutrina de que a teoria moral é inútil”. Ele diz que os pontos de 1
Aléxia Duarte Torres
apoio mais importantes para a visão cética e pragmática são as evidências empíricas da
“psicologia da ação”, o caráter geral das profissões acadêmicas (e da filosofia acadêmica
em particular), a indesejabilidade da uniformidade moral e, “acima de tudo o fato de que as
técnicas casuísticas
RESUMO e deliberativas que os teóricos morais utilizam são muito frágeis, tanto
epistemologicamente como retoricamente, para balançar as intuições morais”372
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
ParaumPosner,
tempo argumentos
cada vez maior morais sãodeintrinsecamente
da vida arbitrários,
milhões de brasileiros e, por isso,
e indivíduos vão do
ao redor
quase sempre ser utilizados por um teórico para favorecer a posição a qual ele já está
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
no acenário
predisposto político
defender. tem ganhado
Por isso, destaque
não considera útil eque
suas
umpolíticas de restrição
jurista recorra de conteúdo
a teorias morais e
personalização
para resolver problemasdejurídicos.
algoritmoEsse
continuam
alertaa também
gerar polêmicas. Estaria
vale, claro o Facebook
(e talvez democratizando
especialmente),
a informação
para decisões jurídicasousobre
centralizando-a? Visões políticas
temas moralmente diferentes,
carregados, candidatos
como aborto eoupartidos
ações políticos
afir-
373
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
mativas .
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
Mas o que fazer para resolver esses casos difíceis? Que considerações devem orien-
propõe a responder.
tar o jurista? Para substituir a teoria moral, Posner propõe a saída pragmática. O pragma-
tismo está primariamente preocupado com as consequências. Ele se baseia, largamente,
no 1.
sensoINTRODUÇÃO
comum, sabe que seu escopo é limitado a propostas de políticas e não tem
pretensões teóricas maiores. Não considera, por um lado, que conseguirá extrair respostas
Apesar por
de um problema de não ter sido de
argumentos criado como
forma um instrumento
silogística374 político,
. Por outro logonão
lado, daí no decorre
seu início
o Facebook
a conclusão de já dava
que pistas do seu
o pragmatismo potencial.
seja uma teoriaCriado originalmente
“rasa” e que não usacomo o “Facemash”,
procedimentos
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia
sofisticados para auxiliar o tomador de decisão. O pragmático busca esses procedimentos, ao usuário
mas onde teóricos morais não costumam se aventurar – em evidências empíricas pessoas
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar e na
sexualmente atraentes.
interdisciplinaridade com ramos da ciência, por exemplo.
ParaDepois quePosner
resumir: seus criadores acessaram
é um antiteórico morala porque
rede decrê
segurança
que, pordaumuniversidade e cap-
lado, não existe
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários
nenhum indício de objetividade da moral (ceticismo quanto à existência) e, por outro, crê começaram
que,a trocar
mesmoassesuas fotos por
houvesse imagens
indícios, com ainda
a moral textosassim
de protestos ou que expressavam
seria inadequada como critério suas
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de
de interpretação e decisão no direito (ceticismo quanto à utilidade). Para substituir teoriasindivíduos
inconformados
morais, ele propõe com o resultadojurídico,
o pragmatismo do pleito nas eleições
abordagem quepresidenciais
considera mais dosútil.
Estados Unidos,
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:157
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSNasSERprimeiras
PXE Eseções
D EDdoAD REBargumentamos
artigo, IL ,KOOBque ECoAuso
F da moral no direito traz
ARalguns
TUEproblemas
N ACIGpráticos
ÓLON (inadequação
CET ATNentreEMmeios
ARReEfins
F :Ae Cpolarização).
ITÍLOP Dissemos, e
continuamos a dizer, que essas objeções não pretendem refutar a moralidade e os princí-
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
pios abstratos altamente valorativos no direito; pretende-se apenas que ocorra um uso par-
cimonioso, atento às consequências práticas. Da mesma forma, apresentamos a posição
de Posner não com o objetivo de defender o ceticismo ético ou algo nessa linha (apesar de
o autor claramente o defender). Aqui, nossa intenção é mostrar que há opções a aborda-
gens que usam teorias morais para resolver problemas jurídicos. Essas posições podem
1
seser
rroTbons
etracomplementos
uD aixélA à moral ou substituí-la em pontos mais críticos, com os quais as
teorias morais não estão adequadamente preparadas para lidar.
OMUSER
10. PRAGMATISMO
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
od roder oCabe,
a souentão,
dívidni desenvolver
e sorielisarb umed spouco
eõhlimmaised aadivideia
ad rde
oiapragmatismo.
m zev adac opCostuma-se
met mu dizer
oãçque
autaoauque
S .odistingue
dajagne eotnepragmatismo
mlivic e odatcde enooutras
c ,ot reabordagens
ba siam odnuéma oconexão
retnam éíntima
,odnuque
m ele cria
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec onvia entre o
entre teoria e prática, entre pensamento e ação, sendo algo como uma terceira
375
odndogmatismo
azitarcomed koeoobeceticismo,
caF o airatsEfocando-se
.sacimêlop rnoaregfalibilismo
a maunitnoc .omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop soConcordamos
dit rap e sotadidcom
nac ,sessa
etnerdefinição,
efid sacitílomas
p seõrepare-se
siV ?a-odnque
azilarela
tnecnão
uo nos
oãçadiz
mromuito
fni a sobre o
o mconteúdo
eussop kodo obpragmatismo.
ecaF od soiránEotalvez
icnuf edeva
seroser
dadassim.
nuf sodAbordagens
saiedi sa mpragmatistas
oc megrevid enãouq parecem
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
carregar um conjunto mais ou menos definido de proposições (como, por exemplo, abor-
.rednopser a e376
õporp
dagens utilitaristas carregam). O pragmatismo não tem valência ideológica . Há grandes
autores pragmatistas que se filiam à linha social-liberal, como Rorty, Putnam e Dewey377;
há pragmatistas de extrema esquerda, como Marx e alguns marxistas; OÃÇUeDO háRTpragmatistas
NI .1
conservadores e de direita, como Schumpeter, Hayek, Holmes e, talvez, Posner378. Nada
oicíimpede
ni ues oque
n oideologias
gol ,ocitíloabjetas
p otnem u rtsni um
tenham mu tino
omopragmático.
c odairc odSchmitt
is ret oãcomn edcerteza
rasepAtinha uma
,”hsteoria
amecprofundamente
aF“ o omoc etnpragmática
emlanigiro sobre
odairCo.ldireito
aicnetoep aupolítica
es od sats. iEp os
379 avanazistas
d áj koobnãoecatinham
Fo
oirápudores
usu oa aem itimjustificar
rep e odpragmaticamente
al a odal drav raHsuaed relação
setnaducomtse soodjudiciário
sotof a380
vac.oloc erawt fos o
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
O pragmatismo parece ser mais um humor: uma inclinação.saetver neaas
rta coisas
etnemladeuxforma
es
mais prática, indo direto ao ponto, cortando desnecessidades metafísicas e especulati-
-pavas
c e 381
ed.adCabe,
isrevientão,
nu ad aindicar
çnarugos
es sentidos
ed eder aem maque
rassacreditamos
eca serodairque c suoespragmatismo
euq siopeD pode ser
maútil
raçepara
mocsubstituir
soiráusuteorias
soirpómorais.
rp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sod375
inU DE
soWAAL,
datsE Cornelis.
sod siaSobre
icnedpragmatismo.
iserp seõçiSão
ele Paulo:
san oLoyola,
tielp o2007,
d odap.tlu18-20;
ser o238.
moc sodam rofnocni
376 POSNER, op. cit., 2005, cap. 7, p. 45.
377 Ibidem, p. 44-46.
378 Ibidem, p. 44, 165, 250.
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló379
taC edIbidem,
adisrevp.
inU44-45.
aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
380 JOAS, Hans. Pragmatism .81and
350social
56566theory.
184752University
/rb.qpnc.sofetChicago,
tal//:ptth :1993
settal olucírruC .siareG saniM ed
381 POSNER, op. cit., 2005, p. 26. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE158
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
Um deles é a receptividade às ciências LIBERDADE DE EXPRESSÃO
e às pesquisas empíricas382
. Juristas e po- E
líticos devem POLÍTICA:
estar atentos às evidências empíricas que
FERRAMENTA TECNOLÓGICA podem influenciar sua NEUTRA
decisão e
também devem fomentar novos programas empíricos. Nos últimos anos, está havendo
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
um crescimento vertiginoso de investigações empíricas nas ciências sociais, em especial
no Direito383. É recomendável que os tomadores de decisão no Brasil estejam atentos a
essa nova tendência. Um bom embasamento empírico é fundamental para que as decisões
políticas e jurídicas cumpram adequadamente seus fins, limitando efeitos colaterais inde-
sejáveis.
Aléxia Duarte Torres1
Outro ponto é o consequencialismo. Pragmatismo e consequencialismo não são si-
nônimos, como já dissemos, mas acreditamos que a relação entre os dois é proveitosa384.
Esse é um ponto em que o pragmatismo tem vantagens contra teorias morais tradicionais,
RESUMO
especialmente aquelas fortemente normativas.
PorAúltimo,
missãooexplícita
apelo aosdo Facebook,
interessesrede
podesocial
atrairque tem conquistado
o pragmatista. o coração
Ao falar e consumido
de consequen-
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
cialismo e de opções à teoria moral, talvez possa ter ficado no ar a impressão de que
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
estamos flertando com uma contradição performativa (argumentar contra uma coisa, mas
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
ao mesmo tempo agir de forma a pressupor essa própria coisa)385. Como podemos ar-
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
gumentar contra a moral, mas depois eleger outras saídas como desejáveis? Isso não é
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
um oximoro? Acreditamos que esse não é o caso, porque não podemos confundir teorias
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
morais com teorias normativas em geral. A moral é só um tipo, e muito particular, de teoria
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
normativa, mas não o único386. De fato, há as teorias normativas prudenciais, que apelam
propõe a responder.
aos interesses dos agentes387. Essa pode ser uma opção normativa à teoria moral que o
pragmático pode explorar.
1. INTRODUÇÃO
Apesar de não
11. O PROBLEMA ter sido criado
DO DISCURSO comoNAum
DE ÓDIO instrumento
POLÍTICA (MAISpolítico,
UMA VEZ)logo no seu início
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
Devemoscolocava
o software voltar a fotos
falar do
dosdiscurso de ódio
estudantes na política.
de Harvard ladoAcreditamos que todos
a lado e permitia os
ao usuário
argumentos mais gerais apresentados até aqui se aplicam com especial força ao
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoascaso da
política.
sexualmente atraentes.
Independentemente
Depois que seus do critério acessaram
criadores jurídico quea seja
rede adotado, parece-nos,
de segurança em primeiro
da universidade e cap-
lugar, necessário
turaram que sejam
as imagens evitados os que
de identificação dosprivilegiem
estudantes,argumentos e teorias
os próprios morais
usuários mais
começaram
diretamente,
a trocar aspelo altofotos
suas riscopor
de imagens
eles não com
conseguirem
textos deseprotestos
adequar aos fins expressavam
ou que almejados e de
suas
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
382inconformados
POSNER, op. cit., com
2009. o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
383 EPSTEIN, Lee; MARTIN, Andrew D. An introduction to empirical legal research. Oxford University, 2014
384 POSNER, Richard A. How judges think. Harvard University, 2008, cap. 1.
3851 BUSTAMANTE,
Mestranda em Thomas. Anti-theoretical
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GraduadaInternational
em DireitoPublishing, 2015,
pela Pontifícia p. 95-110. Católica
Universidade
386 JOYCE, op. cit.,
de Minas cap.Currículo
Gerais. 3. lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço
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Richard. [email protected]
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PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSEaRpolarização.
aumentar PXE ED TambémEDADéRpreciso
EBIL tomar
,KOcuidado
OBECcom AF o uso de princípios alta-
ARmente
TUEvalorativos
N ACIG deÓnosso
LON ordenamento,
CET ATNcomo EMoAda RRdignidade
EF :AC daIpessoa
TÍLOhumana.
P Apesar
de ser um princípio fundamental, indispensável em nosso direito, o princípio da dignidade
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
da pessoa humana corre o risco de ser aberto e indeterminado. Pode-se abrir espaço, no
campo judicial, para o uso do princípio como porta de entrada para teorias morais aceitas
individualmente pelos juízes, às vezes até para posições ideológicas.
Assim, nos casos difíceis, uma opção aos critérios morais seriam os critérios mais
1 pragmáticos, preocupados, como vimos, com os interesses das partes potencialmente afe-
serroT etrauD aixélA
tadas pela decisão e com as consequências práticas.
oicíintervenção
ni ues on obrusca
gol ,ocino
tílodiscurso
p otnemueleitoral
rtsni mue que,
omocdeofato,
dairc aodemocracia
dis ret oãn parece
ed raseserpA mais efi-
,”hscaz
ampara
ecaF“evitar
o omooaumento
c etnemlada nigpolarização
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p ues od satop-down
tsip avadjudiciais;
áj koobeecade F oque,
oiráusu oa aitimrep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o do
comumente, nas candidaturas políticas no Brasil, a distinção entre a história pessoal
saocandidato
ssep rangeiseodseuaraprograma
p adasu sêpolítico
lgni meesfacela-se
arvalap amapósu ,oãescrutínio
n uo ”toh“mais are m cuidadoso,
euq racfiisfazendo
salc
com que a exposição midiática e a avaliação que o eleitor possa fazer .setnedaartpersonalidade
a etnemlauxesdos
concorrentes sejam critérios legítimos para a escolha eleitoral.
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
390
maraçemPereira
oc soiráustambém
u soirpóafirma
rp so ,que
setnéapreciso
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d oãem çacconta
fiitnedquestões
i ed snegempíricas
ami sa mpara ararucriar
t
critérios jurídicos sobre o tema, mencionando os já citados casos em que a interferência
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
soudodívpoder
idni edjudiciário
et rap roaumenta,
p lfi rep oaod invés
otof eded sdiminuir,
açnadumo prestígio
sà ralimides ocandidatos
gla ,sacitílocom
p sediscursos
õinipo
,sodpolíticos
inU sodaextremistas.
tsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
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ad oãçaudRodolfo
arG-sóPViana.
ed amEnsaio
argorP –sobre
siareoG ódio
saniMe aedintolerância
laredeF edana
disrpropaganda
evinU alep oeleitoral.
tieriD meIn:
adnNORONHA,
artseM 1João
acilótaC edOtávio
adisrede
vin(Ed.)
U aicíet
fitnal.
oPSistema
alep otiepolítico
riD me eadDireito
audarGEleitoral
.siareGbrasileiros.
saniM ed laSão
redePaulo:
F edadAtlas.
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U ad ocap.
tieriD33.
ed
389 Ibidem. .8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
390 Ibidem. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE160
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
Estamos propensosFACEBOOK, LIBERDADE
a concordar com a posição DE
do autor, mas EXPRESSÃO
o ponto é apenas enfa- E
tizar que seus POLÍTICA:
argumentos se compatibilizam
FERRAMENTA com o queTECNOLÓGICA
se propõe neste artigo, porque
NEUTRAsão
largamente práticos, mais focados em analisar os objetivos concretos das normas sobre
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
o discurso de ódio e as consequências empíricas de sua aplicação no discurso eleitoral.
Outras perspectivas, inclusive as que tendam a ser mais restritivas com a liberdade de
expressão – mas que também tenham uma preocupação mais prática e pragmática com a
questão do discurso de ódio – serão consideradas igualmente compatíveis com o que se
aventou neste artigo.
Aléxia Duarte Torres1
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:161
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
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A missão
JOYCE, Richard. explícita
Essays do Facebook,
in moral skepticism.rede social
Oxford. que
New temOxford
York. conquistado o coração
University, 2016. e consumido
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
______. The myth of morality. Cambridge: Cambridge University, 2001.
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
KAHNEMAN, Daniel. Rápido e devagar: duas formas de pensar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
______; SLOVIC, Paul; TVERSKY, Amos. Judgments under uncertainty. Heuristics and Biases, Cam-
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
bridge, 1982.
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
MACKIE, John. Ethics: Inventing right and wrong. Penguin UK, 1990.
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
MENDES, Gilmar
propõeFerreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional. 9. ed. rev.
a responder.
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João1.Otávio de. (Ed.) et al. Sistema político e Direito Eleitoral brasileiros. São Paulo: Atlas. 2016.
INTRODUÇÃO
cap. 33.
ApesarA.deHow
POSNER, Richard nãojudges
ter sido
think.criado como
Harvard um instrumento
University, 2008. político, logo no seu início
o Facebook
______. já dava pistas
Law, pragmatism, do seu potencial.
and democracy. Criado originalmente
Harvard University, 2005. como o “Facemash”,
o software
______. colocava
Overcoming fotos dos
law. Harvard estudantes
University, 1995. de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
______. The problematics of moral and legal theory. Harvard University, 2009.
sexualmente atraentes.
RAZ, Joseph. The authority of law: essays on law and morality. Oxford University, 2009.
Depois
REIS, Vivian. quedeseus
Justiça criadores
SP aceita acessaram
recurso a rede edesuspende
de Levy Fidelix segurança da universidade
indenização de R$ 1 emi-
cap-
lhãoturaram as imagens
por comentários de gays.
contra identificação dos estudantes,
G1. São Paulo, 03/02/2017. os próprios
Disponível em:usuários começaram
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com/sao-paulo/noticia/justica-de-sp-aceita-recurso-de-levy-fidelix-e-suspende-indenizacao-de-r-1-
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
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od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
.rednopser a eõporp
OÃÇUDORTNI .1
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
.setnearta etnemlauxes
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
.8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE164
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
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>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK, LIBERDADE DE EXPRESSÃO E
POLÍTICA: FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA
SERIA “DEUS” UM BOM VIRTUAL
OU PLATAFORMA CABO ELEITORAL?
EDITORIAL?
RESUMO:
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo verificar os efeitos do processo de laicização
do AEstado
missãobrasileiro
explícita edoseus reflexos
Facebook, nosocial
rede desenvolvimento do processo
que tem conquistado político
o coração nacio-
e consumido
nal.um tempo cada
Busca-se traçarvezos maior da vida
contornos do de milhões
atual estágio dedebrasileiros
separação e indivíduos ao redor
entre o Estado e a do
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado.
igreja por meio da análise de dispositivos constitucionais e infraconstitucionais para Sua atuação
se no cenáriosepolítico
entender tem ganhado
a candidatura destaque enasuas
confessional, políticasdodeprocesso
realização restrição eleitoral
de conteúdo
de e
personalização
atribuição de algoritmo
de mandato continuam
eletivo, a gerarcom
é compatível polêmicas. Estaria
o sistema o Facebook democratizando
constitucional brasileiro.
a informação
Ainda, dentro dooucontexto
centralizando-a?
eleitoral,Visões políticasverificar
pretende-se diferentes, candidatos e partidos
a compatibilidade políticos
ou incom-
patibilidade da candidatura confessional no Brasil face ao princípio da laicização, o
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem
ao mesmo espaço ee visibilidade
Direito Eleitoral à influêncianaqueplataforma?
a igreja podeEssas são as
trazer questões
para que esse
os resultados artigo se
obtidos
propõe a responder.
nas urnas, por meio do discurso religioso/eleitoral e de sua ascendência psicológica
e financeira sobre seus fiéis. Buscar-se-á, também, verificar como o México e os
Estados Unidos da América disciplinam a participação da igreja em seus processos
1. INTRODUÇÃO
políticos/eleitorais.
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
1. o software
INTRODUÇÃO colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
A laicidade do Estado brasileiro está caracterizada, de acordo com o que determina
sexualmente atraentes.
o art. 19, inciso I (primeira parte)392, da Constituição da República Federativa do Brasil
(CRFB), pelaDepois que seus criadores
impossibilidade da União,acessaram
dos estados,a rede de segurança
do Distrito Federal da universidade
e dos municípiosede cap-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios
estabelecerem cultos religiosos e igrejas de qualquer denominação. Esta proibição estende- usuários começaram
-seaa trocar
qualquer as tipo
suasdefotos por imagens
subvenção pública com textos
ou, por outrodelado,protestos ou que
a qualquer expressavam
tipo de embaraço ao suas
opiniões políticas,
funcionamento algo similar àsreligiosos
dos estabelecimentos mudanças ou de foto do perfil
à realização por parte de indivíduos
de cultos.
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
391 Advogado, formado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, mestrando em Direto
Político pela UFMG. Professor, formado em Letras pela UFMG.
3921 Art.Mestranda em Direito
19. É vedado à União,pela
aosUniversidade
Estados, ao Federal
Distrito de Minase Gerais
Federal – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
aos Municípios:
de Direito dacultos
I - estabelecer Universidade
religiososFederal de Minas
ou igrejas, Gerais. Graduada
subvencioná-los, em Direito opela
embaraçar-lhes Pontifícia Universidade
funcionamento Católica
ou manter com
elesdeouMinas
seus Gerais. Currículorelações
representantes lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração
de Endereço eletrônico: [email protected]
interesse público;
TORRES,
PINTO, Aghisan Aléxia Duarte.
Xavier Facebook,
Ferreira. Seria liberdade
“Deus” um de expressão
bom cabo eeleitoral?
política: ferramenta tecnológica
In: PEREIRA, Rodolfoneutra
Viana ou plataforma
(Org.). virtual
Direitos editorial?
políticos, In:165
PEREIRA,
liberdade
Rodolfo Viana
de expressão (Org.). Direitos
e discurso políticos,
de ódio. Volumeliberdade de expressão
II. Belo Horizonte: e discurso
IDDE, 2018. p.de165-182.
ódio. Volume
ISBNI. 978-85-67134-06-2.
Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33.
Disponível em:ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
<https://doi.org/10.32445/97885671340628>
E OÃSNão SERobstante
PXE Eo D fatoEde
Dconstitucionalmente
ADREBIL ,KOoOBrasil BEC AF
configurar-se como um Estado
ARlaico,
TUE aN
realidade
ACIG é que
ÓLoOpovo
NCbrasileiro,
ET ATN como
EMboa ARparte
REFdos :Apovos
CITÍlatinos,
LOP está entre os
mais religiosos do Ocidente e a profusão de igrejas, cultos e seitas que se estabeleceram e
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
surgiram no território nacional deixa evidente a influência da religiosidade no cotidiano dos
cidadãos e em muitas das instituições e práticas de Estado.
odimmais
usnoevidente,
c e oãçaroactradição
o odatsiureligiosa
qnoc metmostra-se
euq laicos epor
der meio
,koobde
ecaferiados
F od aticílnacionais,
pxe oãssimestaduais
A e
od municipais
roder oa soudecorrentes,
dívidni e soriem
elisaespecial,
rb ed seõda tradição
hlim ed adivcatólica brasileira.
ad roiam zev adacAté opmmesmo
et mu datas de
oãçvestibulares
auta auS .odeajaconcursos
gne etnemlpúblicos
ivic e odasão
tcenalteradas
oc ,ot rebapara
siamseoadequarem
dnum o retnamesta é ,oou
dnuaquela
m tradi-
e odção
úetnreligiosa.
oc ed oãHá,
çirtsinclusive,
er ed sacitaíloreferência
p saus e eau“Deus”
qatsed onas
dahcédulas
nag met de
ocireal.
tílop oiránec on
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
Observa-se, portanto, que a influência religiosa opera em vários seguimentos da so-
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
ciedade brasileira, e a diversidade de cultos, denominações religiosas, igrejas e seitas revela
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
o pluralismo e o ecletismo de credo do povo brasileiro. Com efeito, a forte cultura religiosa
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
que caracteriza a identidade coletiva brasileira mostra-se nos diversos.rednopssegmentos
er a eõporp da socie-
dade e, naturalmente, tem o potencial de despertar nos cidadãos e nos seus representantes
políticos, além de elevados sentimentos de contemplação religiosa, paixões e radicalismos
capazes de desequilibrar a harmonia social. OÃÇUDORTNI .1
oicíni uesDesse
on ogmodo,
ol ,ocitnão
ílop éotnraro
emuque
rtsnio mextremismo
u omoc odaeiroc ecletismo
odis ret oãreligioso
n ed rasdaepAsociedade
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecade
brasileira traduzam-se, em certas ocasiões, em atos de intolerância e em discurso F oódio
oiráentre
usu oaqueles
a aitimrque
ep eprofessam
odal a odacredos
l drav rdiferentes.
aH ed setnLogo,
adutsea sdificuldade
od sotof adevacse
oloseparar
c erawtreligião
fos o e
saoEstado
ssep rafaz
ngiscom
ed aque
rap os
adaantagonismos
su sêlgni me areligiosos
rvalap ameu suas
,oãn concepções
uo ”toh“ areacerca
meuq de racelementos
fiissalc
fundantes da sociedade e do Estado tenham o potencial de gerar.stensão etneartentre
a etneamautonomia
lauxes
-paprivada
c e edadeisareautonomia
vinu ad açpública,
narugesoedque edacaba
er a mpor
arasrepercutir
seca seronegativamente
dairc sues euqsobre
siopeDa dinâmica
social e, em diversos casos, estatal.
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
saus mavPartindo,
asserpxe assim,
euq uodasodiscussão
tsetorp ed acerca
sotxet da
motensão
c snegaentre
mi roap autonomia
sotof sausprivada
sa racoertaaau-
soutonomia
dívidni epública,
d et rap na
ropseara
lfi repdaodreligiosidade
otof ed saçe,naem
dumespecial,
sà ralimno
is Direito
ogla ,saEleitoral,
citílop soeõpresente
inipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
393 CF/88 – Preâmbulo. Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte
para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais,
edadlucaFaadliberdade,
oãçaudaraGsegurança,
-sóP ed amaorgbem-estar,
orP – siareoG desenvolvimento,
saniM ed laredeF eadigualdade
adisrevinUealaepjustiça
otieriDcomo
me advalores
nartseMsupremos
1
acilótaC eddeaduma
isrevisociedade
nU aicífitnofraterna,
P alep otpluralista
ieriD me aedsem
audarpreconceitos,
G .siareG sanifundada
M ed larenadeharmonia
F edadisresocial
vinU ade ocomprometida,
tieriD ed na
ordem interna e internacional,
.81350com
5656a61solução
84752/rpacífica
b.qpnc.sdas
ettalcontrovérsias,
//:ptth :settal olpromulgamos,
ucírruC .siareG sob
saniMa proteção
ed de
Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA moc.liam DOg@ BRASIL.
otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE166
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
trabalho apresenta o seguinte tema-problema:LIBERDADE DE EXPRESSÃO
é a candidatura confessional, na realização E
do processo eleitoral de atribuição
POLÍTICA: de mandato eletivo,TECNOLÓGICA
FERRAMENTA compatível com o sistema consti-
NEUTRA
tucional brasileiro?
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
Em resposta ao tema-problema, duas hipóteses desvelam-se:
Sendo afirmativa a resposta, quais medidas podem ser propostas para se evitar que
o processo eleitoral, ainda que com candidaturas confessionais, seja “colonizado” por dis-
RESUMO
cursos de ódio e disputas religiosas acerca da tensão entre a autonomia privada e a autono-
A missão
mia pública versandoexplícita
sobredoquestões
Facebook, rede social que
fundamentais da tem conquistado o coração
hipermodernidade, como oe consumido
aborto,
a eutanásia, a orientação sexual, a relação entre pais e filhos, o que deve ser lecionadoredor
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao nas do
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado
escolas de ensino fundamental, tolerância religiosa, etc.? e civilmente engajado. Sua atuação
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
Havendo resposta negativa ao tema-problema, como se poderia eliminar, por inter-
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
médio doa processo
informaçãodemocrático, a institucionalidade
ou centralizando-a? Visões políticas da religiosidade
diferentes, sobre
candidatos o processo
e partidos políticos
eleitoral? que
Há modelos
divergem jurídicos que proíbem
com as ideias ou que amenizam
dos fundadores os efeitos
e funcionários positivos
do Facebook e/ou o
possuem
negativosmesmo
da religiosidade sobre o processo eleitoral?
espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
propõe a responder.
O tema-problema e as hipóteses a ele oferecidas são os vetores de condução inicial
deste trabalho, que tem como contexto o constitucionalismo hipermoderno e a laicização
do Estado brasileiro, bem como os possíveis efeitos da religiosidade no processo eleitoral.
1. INTRODUÇÃO
A metodologia a ser utilizada será a analítico-conceitual, e serão utilizadas na pesqui-
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
sa bibliografia nacional e estrangeira sobre o tema, bem como o acesso à jurisprudência
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
de tribunais nacionais e à legislação nacional e estrangeira. Por conseguinte, será utilizado,
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
como complemento, o método de direito comparado, de modo a analisar e discorrer sobre
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
como a candidatura confessional é objeto de regulamentação jurídica no México e nos
sexualmente atraentes.
Estados Unidos da América.
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
Neste cenário, o presente trabalho se propõe ao objetivo geral de discorrer e ana-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
lisar o tema das candidaturas confessionais no processo eleitoral, de modo a apreciar a
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
suaopiniões
compatibilidade
políticas,oualgo incompatibilidade
similar às mudançascom o princípio
de foto do da laicização do Estado
perfil por parte brasi-
de indivíduos
leiro. Como objetivos específicos, serão trazidos à reflexão: a) questões
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, concernentes aos
chamados “discursos de ódio” nas campanhas eleitorais, fundados em pré-concepções
religiosas; b) a influência, a aceitação ou a rejeição das candidaturas confessionais por
parte
1 de sociedade;
Mestranda c) os
em Direito mecanismos
pela jurídicos
Universidade Federal existentes
de Minas para o impedimento
Gerais – Programa oudapara
de Pós-Graduação a
Faculdade
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
minimização de efeitos negativos e/ou positivos de candidaturas confessionais nos siste-
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
mas jurídicos
Endereçomexicano e estadunidense.
eletrônico: [email protected]
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:167
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSAlém
SERda PX E ED Ee D
introdução dasAconsiderações
DREBIL ,K OOeste
finais, BEtrabalho
CAF será organizado em três
ARtópicos
TUEN principais.
ACIGNo ÓLprimeiro
ONCdeles,
ET Aserão
TNEabordados
MARREoFprocesso:ACITde ÍLlaicização
OP do Esta-
do brasileiro com fundamento no constitucionalismo jurídico-político e as disposições da
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
legislação eleitoral que buscam concretizar a “separação entre religião e Estado” no Brasil.
No segundo tópico, será tratada a questão das candidaturas confessionais nos processos
eleitorais do México e dos Estados Unidos da América. O terceiro tópico será dedicado à
análise dos resultados das eleições gerais de 2014, em especial, aqueles relativos aos
cargos de deputado federal e estadual, cujos candidatos se autodeclaram sacerdotes ou
1
serroT etrauD aixélA
membros de ordem ou seita religiosa. A análise, baseada em dados divulgados pelo TSE,
será feita com vistas a aferir o coeficiente de sucesso das candidaturas eleitorais confessio-
nais. Neste tópico, sob a ótica do discurso de ódio e da intolerância religiosa, buscaremos
verificar se a candidatura assumidamente confessional tem o poder de atrair OMou
USErepelir
R votos
odimaousgerar
noc etensão
oãçarocentre
o odaatsautonomia
iuqnoc metprivada
euq laic(religião)
os eder ,koeoabeautonomia
caF od aticípública
lpxe oãs(representação
sim A
política) no âmbito do processo eleitoral.
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
odnazitarco2mOedESTADO
koobecaFLAICO
o airatsEEA.sCONSTITUIÇÃO
acimêlop rareg a mFEDERAL
aunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop soRuy
dit raBarbosa
p e sotadfoi
idnaocautor
,setnedo
refiDecreto
d sacitílopnºse119-A
õsiV ?394
a-odque,
nazilem
artne1890,
c uo ofez
ãçam rofnque
com i a o Brasil
o mdeixasse
eussop kde ooter
becuma
aF odreligião
soiránoficial
oicnuf para,
e serentão,
odadnutornar-se
f sod saieumdi sEstado
a moc laico,
megreonde
vid eauqseparação
es oentre
git ra Estado
esse eueqigreja
seõtsepermitisse
uq sa oãs asaliberdade
ssE ?amrde ofacrença,
talp an eedaespecialmente
dilibisiv e oçapaseliberdade
omsem de culto.
.rednopser a eõporp
O principal efeito desse decreto foi possibilitar que os cultos religiosos, diferentes daquele
da tradição Católico Romana, deixassem de acontecer apenas na intimidade dos lares de
seus fiéis e pudessem ser realizados em espaços públicos como templos OÃÇUDO e Rigrejas,
TNI dando .1
a todos o pleno direito de professarem sua fé de forma coletiva, segundo seus preceitos e
oicísem
ni ueintervenção
s on ogol ,doocipoder
tílop opúblico.
tnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráusu oPara
a aitiCelso
mrep eLafer,
odaloaEstado
odal dlaico
rav raéH “tanto
ed setonaque
dutséeindependente
sod sotof avde acoqualquer
loc erawconfissão
t fos o
395
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq rade
religiosa quanto o relativo ao mundo da vida civil” . Deste modo, o Decreto cfii1890
ssalc fez
surgir o Estado secular, neutro, leigo, onde os cidadãos podem .definir setneaseus
rta etndestinos
emlauxecom s
base no uso da razão, e não pelos desígnios de uma verdade divina a eles revelada pela fé.
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemDe oc modo
soiráuoposto
su soirpaos órpEstados
so ,setnconfessionais
adutse sod oãou çateocráticos,
cfiitnedi ed asnseparação
egami sa entremararpoder
ut
saues religião
mavasséearpbase
xe eusobre
q uo asoqual
tsetorEstado
p ed solaico
txe t m oc construir
deve snegami suas
rop sinstituições
otof saus sea seuracomodelo
rt a
soudedívcidadania.
idni ed et rNeste
ap ropsentido,
lfi rep ood art.
otof19,
edI s(primeira
açnadumparte),
sà raldaimiConstituição
s ogla ,sacitíFederal
lop seõde inip1988
o
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
394 BRASIL. Decreto nº 119-A, de 7 de janeiro de 1890. Prohibe a intervenção da autoridade federal e dos Esta-
dos federados em materia religiosa, consagra a plena liberdade de cultos, extingue o padroado e estabelece
edadlucaFoutras
ad oãçprovidencias.
audarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
aciló395
taC edLAFER,
adisreviCelso.
nU aicífEstado
itnoP aleLaico.
p otierIn:
iD mBENEVIDES,
e adaudarG .Maria
siareGVictória;
saniM edBERCOVICI,
laredeF edadGilberto;
isrevinU MELO,
ad otieriClaudineu
D ed de.
(Orgs.). Direitos humanos,.813democracia
5056566184e7república
52/rb.qpnc–.shomenagem
ettal//:ptth :seattFábio
al olucKonder
írruC .siComparato.
areG saniM eSãod Paulo:
Quartier Latin do Brasil, 2009. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE168
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
espelha a ideia de um Estado onde as alianças LIBERDADE DE públicas
entre igreja e instituições EXPRESSÃO
não sejam E
mais possíveisPOLÍTICA:
como foram antes de 1890.
FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA
O Brasil contemporâneoOU PLATAFORMA
não tem uma religião oficial,VIRTUAL EDITORIAL?
e o direito à liberdade religiosa
ampla e irrestrita ou mesmo o direito à não religião, assegurados constitucionalmente pelo
art. 5º, VI396, da Constituição Federal, devem ser respeitados. Para tanto, é necessário en-
tender que “as normas religiosas das diversas confissões são conselhos dirigidos aos seus
fiéis e não comando para toda a sociedade”397, e é a partir desse pensamento que se pode
construir um país verdadeiramente tolerante e receptivo para todos os tipos de
Aléxia crenças.
Duarte Torres1
Não obstante a Constituição Federal determinar a separação entre Estado e igreja,
o que, de certa forma, garantiria que aquele não interferiria nesta ou vice-versa, o que
podemos RESUMO
observar é que Estado e igreja ainda andam de mãos dadas e que esta relação
continua ocupando grande espaço da vida nacional.
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
Exemplo
um tempodissocada
estávez
namaior
própria
da Constituição
vida de milhões Federal, que, se por
de brasileiros um ladoao
e indivíduos buscou
redor do
garantir a liberdade de crença e culto no Brasil, por outro, tratou de criar mecanismos,
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
no cenáriotributária,
como a imunidade político tem
paraganhado
assegurardestaque e suas políticas
a efetividade de restrição
dessa liberdade. de 150,
O art. conteúdo
VI, e
personalização
“b”398, veda de algoritmo acontinuam
aos Entes federativos a gerar
instituição polêmicas.
de impostos Estaria
sobre o Facebook
templos democratizando
religiosos. Essa
limitação aaoinformação ou centralizando-a?
poder de tributar Visões
estatal parece políticassua
encontrar diferentes, candidatos
justificativa no nãoe embaraço
partidos políticos
da
que divergem
atividade religiosa. com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
Porpropõe
sua vez, o art. 19, I (segunda parte), da Constituição ressalva a colaboração
a responder.
entre Estado e igreja, desde que seja feita em favor do interesse público e na forma da
lei. Em que pese a Constituição Federal deixar a cargo da lei infraconstitucional definir o
tipo1.de colaboração
INTRODUÇÃO a ser realizada entre Estado e igreja, parece-nos claro que, no Estado
democrático, esta colaboração deverá ser realizada com o objetivo de beneficiar todos os
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
cidadãos que professem
o Facebook ou nãodoqualquer
já dava pistas religião eCriado
seu potencial. não apenas aqueles como
originalmente cuja religião seja a
o “Facemash”,
mesma da igreja que celebra com o Estado qualquer tipo de parceria. Este é o
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuáriopensamento
de Aldir Guedes
classificar Soriano,
quem para quem
era “hot” ou não,“o uma
Estado laicistaemnão
palavra podeusada
inglês favorecer
parauma religião
designar em
pessoas
399
detrimento de outras
sexualmente (…)” .
atraentes.
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
396turaram as imagens
Art. 5º. Todos são iguaisde identificação
perante dos estudantes,
a lei, sem distinção os próprios
de qualquer natureza, usuários
garantindo-se começaram
aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e
a àtrocar as suas
propriedade, fotosseguintes:
nos termos por imagens(...) com textos de protestos ou que expressavam suas
VI - opiniões
é inviolável apolíticas,
liberdade dealgo similare de
consciência àscrença,
mudanças de foto do
sendo assegurado perfil
o livre por dos
exercício parte
cultosdereligiosos
indivíduos
e
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
397 LAFER, op. cit., p. 228.
398 Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios: (...)
VI - 1instituir impostosemsobre:
Mestranda (...)
Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
b) templos dede qualquer
Direito culto;
da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
399 SORIANO,de MinasAldir
Gerais. Currículo
Guedes. lattes:religiosa
Liberdade http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
no direito constitucional e internacional. São Paulo: Juarez de
Endereço
Oliveira, 2002.eletrônico:
p. 85. [email protected]
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:169
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSOutras
SERPsituações
XE EDemED queAoDpúblico
REBIeLo ,religioso
KOOBainda ECA seFencontram podem ser ob-
400
ARservadas
TUENnoAart. CIG 5º,Ó
VIII
LO,NdaCConstituição
ET ATNEFederal,
MARque REFgarante
:ACaITescusa
ÍLOPde consciência
por motivos religiosos e no art. 143, § 1º401, que trata da possibilidade de serviços alter-
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
nativos à prestação de atividades de caráter essencialmente militar e realizadas em tempos
de paz, relativas ao serviço militar obrigatório ou, ainda, o ensino religioso que, de acordo
como o art. 210, § 1º402, da Constituição Federal, faz parte da grade curricular de ensino,
mas terá matrícula facultativa.
1
serroT eEsses
trauDsão
aixapenas
élA alguns exemplos de como o Estado, apesar de ter feito a escolha
de se separar da igreja há mais de cem anos, ainda não consegue, de forma clara e objetiva,
determinar o papel que lhe cabe na construção do Estado secular.
OMUSER
odim2.1
usnOoEstado
c e oãçalaico
roc o eodoatDireito
siuqnocEleitoral
met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
od roder oNo a scampo
oudívidndo
i eDireito
sorielisPolítico
arb ed seeõEleitoral
hlim ed não adivéadiferente.
d roiam zeEstado
v adac eopreligião
met muainda não
oãçconseguiram
auta auS .odajseagnafastar
e etnemelium vic eseodocupa
atcenodoc ,ooutro
t rebadesiavárias
m odnumaneiras,
m o retnam quer,oseja
é dnum no esforço
e oddeúecriar
tnoc mecanismos
ed oãçirtser elegais
d sacitque
ílop garantam
saus e euqaaseparação
tsed odahnentre
ag meeles,
t ocitquer
ílop oseja
iránena c otentativa
n de
odnaparelhamento
azitarcomed koobpolítico
ecaF o adoiratsEstado
E .sacim êlop rare g a m a unitnoc om tirog la e
por bancadas declaradamente confessionais.d oã çaz ila no s rep
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
o meussoDestep koobmodo,
ecaF oad legislação
soiránoicnueleitoral,
f e serodembora
adnuf snão od sseja
aiediabundante
sa moc meno grequevid tange
euq à regu-
lação do papel e participação das igrejas nas eleições, aponta-nos
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem alguns dispositivos que
403
disciplinam essa relação. Assim, podemos destacar o disposto no inciso
.rednopser a eõporp VIII , art. 24,
da Lei nº 9.504/1997, cuja redação proíbe a doação direta ou indireta a partidos ou candi-
datos. Destaca-se, porém, que esse artigo foi tacitamente revogado face à declaração de
inconstitucionalidade do art. 81404 da Lei nº 9.504/1997 e art. 39405OÃdaÇULei
DOnº
RT9.096/1995,
NI .1
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
400 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
,”hsameestrangeiros
caF“ o omresidentes
oc etneno
mlPaís
anigairinviolabilidade
o odairC .lado icndireito
etop àuvida,
es oàdliberdade,
satsip aàvigualdade,
ad áj koàosegurança
becaF o e à
oiráusu propriedade,
oa aitimrenos p etermos
odal seguintes:
a odal d(...)
rav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo
saossepseraasnginvocar
ised apara
rapeximir-se
adasu desêobrigação
lgni me legalarvaalatodos
p amimposta
u ,oãne recusar-se
uo ”toh“a acumprir
re meprestação
uq racfiialternativa,
ssalc
fixada em lei; .setnearta etnemlauxes
401 Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei.
-pa§c 1ºe eÀsdaForças
disrevArmadas
inu ad compete,
açnarugna es forma
ed eddaerlei,a atribuir
marasserviço
seca salternativo
erodairc aos sueque,
s euem q stempo
iopeDde paz, após
alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decorrente de crença religiosa e de
maraçem convicção filosófica ou política, para se eximirem de atividades de caráter essencialmente s
o c s o i r á u s u s o i r p ó r p s o , s e t n a d u t s e s o d o ã ç a c fi i t n e d i e d s n e g a m i a mararut
militar.
saus mavasserpxe euq uo sotsetorp ed sotxet moc snegami rop sotof saus sa racoformação
402 Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar rt a
básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais.
sou§d1º
íviOdnensino
i ed ereligioso,
t rap rode p matrícula
lfi rep odfacultativa,
otof edconstituirá
saçnadudisciplina
m sà rdos alimhorários
is oglanormais
,sacitdasílopescolas
seõinpúblicas
ipo
,sodinU de soensino
datsEfundamental.
sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
403 Art. 24. É vedado, a partido e candidato, receber direta ou indiretamente doação em dinheiro ou estimável em
dinheiro, inclusive por meio de publicidade de qualquer espécie, procedente de: (...)
VIII - entidades beneficentes e religiosas; (Incluído pela Lei nº 11.300, de 2006)
edad404
lucaFBRASIL.
ad oãçauLei
danº
rG-9.504/97.
sóP ed amArt. argo81.
rP –Assidoações
areG saneiMcontribuições
ed laredeF edde adpessoas
isrevinU ajurídicas
lep otierpara
iD mecampanhas
adnartseMeleitorais
1
acilótaC edpoderão
adisreviser
nU afeitas
icífitnaoPpartir
alep dootieregistro
riD me ados
daucomitês
darG .siafinanceiros
reG saniM dos ed lapartidos
redeF edou adiscoligações.
revinU ad otieriD ed
405 Lei nº 9.096/95. Art. 39..8Ressalvado
1350565661o8disposto
4752/rb.qnopnart.
c.se31,
ttal/o/:ppartido
tth :setpolítico
tal olucírpode
ruC .sreceber
iareG sadoações
niM ed de pes-
soas físicas e jurídicas para constituição de seus fundos. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE170
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
no julgamento da ADI nº 4.650 406
, que proibiuLIBERDADE
doação de pessoasDE EXPRESSÃO
jurídicas aos partidos e E
campanhas eleitorais.
POLÍTICA: FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA
OU
O Ministro Gilmar Mendes, emPLATAFORMA
março de 2017 – quando VIRTUAL EDITORIAL?
presidia o TSE – mencionou
em entrevista dada à Agência Reuters407 que o tribunal eleitoral já estuda uma maneira
de barrar a relação financeira entre religião e política. “Depois da proibição das doações
empresariais pelo Supremo Tribunal Federal, hoje quem tem dinheiro? As igrejas. Além do
poder de persuasão. O cidadão reúne 100 mil pessoas num lugar e diz: ‘Meu candidato é
esse’. Estamos discutindo para cassar isso.” 1
Aléxia Duarte Torres
Apontamos, ainda, consoante o disposto no caput e § 4º do art. 37408 da Lei nº
9.504/1997, o entendimento de que os templos religiosos são considerados bens de uso
comum, o que torna proibida a veiculação de propaganda política de qualquer sorte em
RESUMO
suas dependências.
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
O Código Eleitoral, Lei nº 4.737/1965, por sua vez, traz em seu art. 242409 a proibição
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
de propaganda eleitoral que seja capaz de criar artificialmente estados mentais, emocionais
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
ou passionais nos cidadãos. Apesar de não trazer expressamente menção aos cultos reli-
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
giosos, é plenamente possível a aplicação deste dispositivo aos casos em que campanhas
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
eleitorais sejam realizadas por líderes religiosos durante os cultos ou nas dependências
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
dos templos religiosos, uma vez que o sentimento religioso está intrinsecamente ligado aos
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
estados mentais e emocionais dos fiéis, o que, de certo modo, destoa do caráter racional,
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
informativo e propositivo que a campanha eleitoral deve ter.
propõe a responder.
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:171
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSOSEabuso
RPXdeEpoder,
ED Eentão,
DAD REBIL ,Ksob
materializa-se OO BEformas:
duas CAF o excesso de poder e o
ARdesvio
TUEdeNpoder.
ACINaGÓ seara
LOadministrativa,
NCET AToNexcesso EMARdeRpoder
EF :fica
ACcaracterizado
ITÍLOP no momen-
to em que o agente extrapola os limites de sua competência, enquanto o desvio de poder se
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
dá quando o agente, embora ainda nos limites de sua competência, afasta-se do interesse
público que deve instruir o ato administrativo.
Por analogia, podemos então classificar o abuso de poder religioso no Direito Eleitoral
de acordo com os parâmetros fixados pelo Direito Administrativo. Assim, o líder religioso
1 que se vale de sua posição de destaque e liderança dentro de sua igreja para influenciar
serroT etrauD aixélA
seus fiéis a votarem, ou não, neste ou naquele candidato, utiliza-se do seu poder de forma
arbitrária, extrapolando os limites da legalidade eleitoral e atuando “fora de sua compe-
tência”, o que caracterizaria o excesso de poder. De outra feita, o líder religioso que utiliza
dependências e equipamentos dos templos religiosos para fazer campanha OMUSeleitoral
ER age
com desvio de poder, pois vale-se de bens constitucionalmente protegidos por
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A imunidade
od tributária
roder oa spara
oudíauferir
vidni e algum
sorielistipo
arb de
ed vantagem
seõhlim edpara
adivsiaou
d rooutrem.
iam zev adac opmet mu
oãçauta auComS .odefeito,
ajagnequer
etnem livicpor
seja e omeio
datceda
nocmanipulação
,ot reba siamda odnmassa
um o rdeetnafiéis
m é ou
,odpela
num utilização
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
de templos religiosos isentos de tributação e classificados como bens de uso comum (no
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
caso dos templos religiosos), o abuso de poder religioso, em última análise, tem potencial
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
para desequilibrar o jogo de forças na disputa eleitoral.
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
es ogit ra eEm
sseque
euq pese
seõtsaeuConstituição
q sa oãs sassFederal
E ?amroserfataexpressa
lp an edadquanto
ilibisiv às
e oçpráticas
apse omeleitorais
sem abu-
sivas relacionadas ao poder político/autoridade e ao poder econômico .rednopser(CRFB
a eõpo–rpart. 14, §
9º�), e a legislação eleitoral trazer algumas previsões relativas à participação das igrejas nos
pleitos, não há previsão no ordenamento jurídico que expressamente traga sanções para o
abuso do poder religioso usado com vistas a influenciar o processo OÃeleitoral
ÇUDORTemNI favor
.1 ou
oicídesfavor
ni ues ondeocandidatos.
gol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hsamecNãoaF“ oobstante
omoc eatnfalta
emlade nigregulamentação,
iro odairC .laicneem topmaioues de od 2017
satsipo aministro
vad áj kdo ooTSE,
becaFNapo- o
oiráleão
usu Nunes
oa aitimMaia Filho, afastou do cargo o deputado estadual de Alagoas o pastor João oLuis
r e p e o d a l a o d a l d r a v r a H e d s e t n a d u t s e s o d s o t o f a v a c o l o c e r a w t f o s
saoRocha
ssep r411
ang(PSC),
ised arque
ap ateve
dasuo smandato
êlgni mecassado arvalap pelo
amu TSE ,oãndeuoAlagoas
”toh“ aem re m euq de
julho rac2016,
fiissalcmas
mantinha-se no cargo. . s e t n e a r t a e t n e m lauxes
-pac e edDeadisacordo
revinu com
ad açandenúncia
aruges edoferecida
eder a mpeloarasprocurador
seca serodeleitoral
airc suesMarcial
euq siDuarte
opeD Coêlho,
maorapastor
çemocfoisoeleito
iráusucomo
soirpoó“candidato
rp so ,setndaaduIgreja
tse sdood Evangelho
oãçacfiitneQuadrangular,
di ed snegamrepresentante
i sa mararut da
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
família quadrangular”, o que, segundo o procurador, transformou a igreja em uma espécie
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
de plataforma de campanha onde haveria uma determinação de “apoio aos candidatos por
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
parte dos membros da igreja”.
Em sua decisão, o Ministro do TSE disse que “não há como se confundir a liberdade
edadde
lucculto
aF ad oreligioso
ãçaudarG-seóPos edespaços
amargorP –dossiartemplos
eG saniM ecom
d laredescudos
eF edadisreprotetores,
vinU alep otiernichos
iD me adimpenetráveis
nartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
.8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
411 TSE. RO – 224193. Julgado em 15.7.2017. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE172
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
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>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
ou casamatas de concretoFACEBOOK, LIBERDADE
para esconder a prática DE EXPRESSÃO
de ilícitos de qualquer natureza – neste E
caso, ilícitos eleitorais”.
POLÍTICA: FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA
Outro caso de abuso deOU poderPLATAFORMA VIRTUAL
religioso é o do missionário MárcioEDITORIAL?
Santiago, eleito
deputado estadual por Minas Gerais (PTB-MG) e posteriormente cassado pelo TRE daquele
estado por abuso de poder religioso412. O missionário, nas eleições de 2014, aproveitou-se
de um evento de determinada igreja que contava com mais de 5 mil fiéis e era televisionado
para pedir votos. Apesar da cassação, o deputado permanece no cargo face ao seu recurso
ao TSE, cuja relatoria ficou a cargo da Ministra Rosa Weber. Aléxia Duarte Torres1
Mais episódios de abuso do poder religioso espraiam-se pelo país como o do prefeito
do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, acusado pelo vice-procurador-geral eleitoral, Nicolao
Dino, queRESUMO
pediu a declaração de sua inelegibilidade por abuso de poder religioso ou, ainda,
o caso do Pastor Sargento Marcos (Marcos Pereira de Azevedo – PSB-SP), eleito vereador
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
pelo Guarujá e teve seu mandato cassado em abril de 2017 por fazer campanha dentro do
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
templo religioso.
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
Deste modo, observa-se
no cenário político temque, face destaque
ganhado à lacuna na legislação
e suas eleitoral
políticas relativadeaoconteúdo
de restrição abuso e
religioso, personalização
os magistrados, ao enfrentar
de algoritmo as questões
continuam ligadas Estaria
a gerar polêmicas. ao abuso da influência
o Facebook que
democratizando
a religião atem sobre os
informação fiéis, utilizam-seVisões
ou centralizando-a? de dispositivos já positivados
políticas diferentes, candidatosnoe ordenamento
partidos políticos
para tipificar
que adivergem
conduta com
de líderes e candidatos
as ideias religiosos.
dos fundadores Um exemplo
e funcionários dessa prática
do Facebook éa o
possuem
utilização mesmo
do art. espaço e visibilidade
24, inciso VIII, da Leinanºplataforma?
9.504/1997, Essas
quesão
vedaasaquestões
doação que esse artigo
pecuniária aos se
partidos epropõe a responder.
candidatos, de forma direta ou indireta, o que inclui qualquer tipo de publicidade
em instituições religiosas ou beneficentes.
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:173
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSreligioso
o culto ERPXéEtransformado
ED EDAD emRato
EBostensivo
IL ,KOouOindireto
BECA deFpropaganda eleitoral, com
ARpedido
TUEde Nvoto
ACem IGfavor
ÓLO dosNcandidatos
CET ATN(RO EMnºA2.653,
RRErel.
F :Min.
ACHenrique
ITÍLOPNeves da Silva,
julgado em 7/3/2017).
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
E, finalmente, há a possibilidade de se enquadrar o abuso de poder religioso como
propaganda eleitoral abusiva e ilegal que cria, de forma artificial, estados mentais e emo-
cionais nos fiéis, levando-os a votar em candidatos apontados pelas lideranças religiosas.
1
serroT etrauD aixélA
3. A CANDIDATURA CONFESSIONAL NO MÉXICO E NOS ESTADOS UNIDOS
DA AMÉRICA
,ARIE174
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
Destaca-se que os cidadãos, LIBERDADE
líderes religiosos, que pretendamDE EXPRESSÃO
concorrer em eleições E
414
devem se “separar definitivamente
POLÍTICA: de seu ministério com
FERRAMENTA cinco anos de antecedência”
TECNOLÓGICA NEUTRA .
Deste modo, a Constituição Mexicana e a Lei das Associações Religiosas e Culto Público
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
(art. 14, primeira parte415), além de limitarem a participação política de padres, pastores ou
qualquer outro tipo de ministros de cultos nas questões eleitorais determinando seu afasta-
mento da igreja e restringindo o uso que eles podem fazer dos meios e aparelhos religiosos,
também vedou-lhes a assunção a cargos públicos superiores, a menos que se desliguem
de suas igrejas com no mínimo três anos de antecedência.
Aléxia Duarte Torres1
De modo diverso ao que acontece no Brasil, onde partidos políticos utilizam em seus
próprios nomes menções religiosas, no México, a Constituição proíbe qualquer formação
política cujo nome traga quaisquer palavras ou símbolos que indiquem alguma relação
religiosa. RESUMO
Há, ainda, vedação à utilização de templos religiosos para reuniões de caráter
político416.
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
Além
umdas limitações
tempo cada vezconstitucionais,
maior da vida node México,
milhões adeleibrasileiros
eleitoral também deixaaoclara
e indivíduos redora do
separação entre religião e Estado ao elencar diversas restrições que devem ser observadas
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
pela igreja,
noseus líderes
cenário e partidos
político políticos.
tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
O Código Federal de Instituições e Procedimentos Eleitorais assevera, em seu art. 38,
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
§ 1º, alínea “q”417, a obrigação de os partidos políticos absterem-se de utilizar símbolos
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
religiosos em sua propaganda. Por sua vez, o art. 25, § 1º, “c”418, do mesmo código, deter-
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
propõe a responder.
414 MEZA Salazar, Martha Alicia. El derecho constitucional mexicano. México: ISEF, 2015.
415 Artículo 14. Los ciudadanos mexicanos que ejerzan el ministerio de cualquier culto, tienen derecho al voto en
los términos de la legislación electoral aplicable. No podrán ser votados para puestos de elección popular, ni
1.podránINTRODUÇÃO
desempeñar cargos públicos superiores, a menos que se separen formal, material y definitivamente
de su ministerio cuando menos cinco años en el primero de los casos, y tres en el segundo, antes del día de la
elección de que se trate o de la aceptación del cargo respectivo. Por lo que toca a los demás cargos, bastarán
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
seis meses.
Tampoco
o Facebook podrán
já los
davaministros
pistas de culto
do seu asociarse con finesCriado
potencial. políticosoriginalmente
ni realizar proselitismo
como a favor o en contra
o “Facemash”,
de candidato, partido o asociación política alguna.
o Lasoftware
separacióncolocava fotosdedos
de los ministros cultoestudantes de Harvard
deberá comunicarse lado a lado
por la asociación e permitia
religiosa o por los ao usuário
ministros
separados, aquem
classificar la Secretaría de Gobernación
era “hot” ou não, uma dentro palavra
de los treinta
em días
inglêssiguientes
usadaal parade su designar
fecha. En caso de
pessoas
renuncia el ministro podrá acreditarla, demostrando que el documento en que conste fue recibido por un
sexualmente
representante legalatraentes.
de la asociación religiosa respectiva.
Para efectos de este artículo, la separación o renuncia de ministro contará a partir de la notificación hecha a
Depois
la Secretaría de que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
Gobernación.
416 Artículo 130. (...)
turaram as imagens
Queda estrictamente prohibida de identificação
la formación de dos estudantes,
toda clase os próprios
de agrupaciones usuários
políticas cuyo começaram
título tenga alguna
palabra o indicación cualquiera que la relacione con alguna confesión
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam religiosa. No podrán celebrarse en los
suas
templos reuniones de carácter político.
417opiniões
Artículo 38.políticas, algo similar
1. Son obligaciones às mudanças
de los partidos de foto do
políticos nacionales: (...) perfil por parte de indivíduos
q) Abstenerse de utilizar
inconformados com símbolos
o resultado religiosos, así como
do pleito nasexpresiones,
eleições alusiones y fundamentaciones
presidenciais dos Estados de carác-
Unidos,
ter religioso en su propaganda;
418 Artículo 25.
1. La declaración de principios invariablemente contendrá, por lo menos: (...)
c) La obligación de no aceptar pacto o acuerdo que lo sujete o subordine a cualquier organización interna-
1 cional
Mestranda
o lo haga emdepender
Direito pela Universidade
de entidades Federal políticos
o partidos de Minasextranjeros;
Gerais – Programa
así como deno Pós-Graduação
solicitar o, en da
su Faculdade
caso,
de Direito
rechazar todada Universidade
clase Federal de Minas
de apoyo económico, Gerais.
político Graduada emproveniente
o propagandístico Direito peladePontifícia Universidade
extranjeros Católica
o de ministros
de de
losMinas
cultosGerais. Currículo
de cualquier lattes:así
religión, http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
como de las asociaciones y organizaciones religiosas e iglesias y de
Endereço
cualquiera deeletrônico:
las [email protected]
a las que este Código prohíbe financiar a los partidos políticos;
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:175
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSque
mina SEosRP XE Epolíticos
partidos D EDnão ADaceitem
REBIL ,KOapoio
nenhum OBEpolítico,
CAF econômico ou propagan-
ARdístico
TUEproveniente
N ACIGdeÓministros
LONCde ETcultos
ATN de E
nenhuma
MARRreligião,
EF :Aigreja
CITeÍassociação
LOP religiosa.
?LAIRO AsTlimitações
IDE LAmaisUTR IV AM
comuns ROFA
impostas TApartidos
aos LP UO políticos são: não fazer alusões
religiosas; não depender de ministros ou igrejas; não incluir motivos religiosos na propagan-
da; e não receber financiamento de ministros ou igrejas;
Por sua vez, os padres, pastores e líderes religiosos têm, entre outras, as seguintes
limitações: não ser funcionário eleitoral; não ser auxiliar eleitoral; não ser observador elei-
1
setoral;
rroT não
etraser
uDcandidato
aixélA a cargos políticos, pois o líder religioso é inelegível a menos que
se desvincule do ministério antecipadamente; não estar presente na seção eleitoral; não
realizar proselitismo.
,ARIE176
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
FACEBOOK,
política das instituições religiosas não se trataLIBERDADE
exatamente de umaDE EXPRESSÃO
proibição, mas de uma E
opção, ou seja, a organização religiosa
POLÍTICA: poderá optar por
FERRAMENTA receber isenção fiscal ou,
TECNOLÓGICA abrindo
NEUTRA
mão desta, participar da atividade política.
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
A proibição de que trata a seção 501, além de vedar a participação direta das igre-
jas que gozam de benefícios fiscais em campanhas eleitorais, também proíbe declarações
escritas ou faladas acerca de candidatos ou partidos políticos, o “ranqueamento” de can-
didatos, qualquer tipo de apoio financeiro ou qualquer tipo de ação tendenciosa em prol ou
contra qualquer candidato.
Aléxia Duarte Torres1
A despeito de terem sido criadas em 1954, quando o Congresso estadunidense
emendou o Código da Receita Federal limitando a participação política de grupos religiosos
e outras instituições que também gozam de isenções fiscais, as limitações impostas à
RESUMO
igreja continuam a vigorar nos Estados Unidos da América, ainda que, mais recentemente,
grupos ligados às instituições
A missão religiosas rede
explícita do Facebook, se mostrem
social quedispostos a discutir
tem conquistado essas limitações
o coração e consumido
ao argumentarem
um temposer injusto
cada o cerceamento
vez maior da vida dedemilhões
seu discurso político,e condicionando
de brasileiros sua do
indivíduos ao redor
imunidademundo,
fiscal àé não participação
manter o mundo maispolítica.
aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
Neste ponto, vale destacar que as restrições do Código da Receita Federal americana
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
são impostas às igrejas e não aos seus líderes, que, individualmente, poderão endossar,
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
apoiar ou criticar candidatos políticos, sem quaisquer restrições. Ademais, as igrejas ame-
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
ricanas estão livres para registrar seus membros como votantes, distribuir guias eleitorais,
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
convidar todos os candidatos para debates, além de discutir diretamente com os seus fiéis
propõe a responder.
sobre temas de importância nas comunidades como a legislação acerca do casamento, do
aborto, etc.
1. Contudo,
INTRODUÇÃO
uma recente pesquisa conduzida pelo Pew Research Center – instituição
dedicada, entre outros assuntos, ao estudo da política e de tendências sociais nos Estados
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
Unidos da América – demonstrou que, apesar de a grande maioria dos cidadãos america-
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
nos considerarem que uma forte convicção religiosa seja uma característica apreciável nos
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
candidatos aos cargos políticos, 66% dos americanos são contra o endosso, pela igreja,
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
420
de candidatos .
sexualmente atraentes.
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
4. turaram as imagens CONFESSIONAL
A CANDIDATURA de identificação Edos estudantes, DAS
O RESULTADO os próprios
URNAS usuários começaram
– DEUS COMO
a trocar
CABOas suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
ELEITORAL
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
A pesquisa realizada no site do TSE421 analisou o número de candidatos aos cargos
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
de deputado federal e estadual aptos a concorrerem no pleito de 2014 e que se autodeclara-
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:177
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EOramÃsacerdotes
SSERPXouE membros
ED EDdeAordem
DREou BIseita
L ,Kreligiosa.
OOBEEstasCAFcandidaturas confessionais
ARforam
TUEdivididas
N ACem IGdois
ÓLgrupos,
ONCE quais
T Asejam:
TNEa) Mcandidatos
ARREF que usaram
:AC ITÍLnome
OP civil na urna;
b) candidatos que usaram nome confessional na urna.
?LAIROTIDE LAUTRIV AMROFATALP UO
Como nome civil, a pesquisa considerou nomes que não utilizavam títulos ligados à
religiões, ordem ou seitas religiosas. Por sua vez, foram considerados nomes confessio-
nais aqueles que traziam em si títulos tais como padre, pastor, irmão, bispo, missionário,
presbítero, mãe, etc.
1
serroT ePara
trauoDcargo
aixélA
de deputado federal, 21 candidatos autodeclaram-se sacerdotes ou
membros de ordem eu seita religiosa. Entre esses candidatos, 11 utilizaram nome confes-
sional na urna e 10 utilizaram o nome civil.
,ARIE178
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
Logo, parece seguro FACEBOOK, LIBERDADE
dizer que o discurso DEproferido
de ódio, por vezes EXPRESSÃO
entre os fi- E
éis das diversas igrejas, seitas FERRAMENTA
POLÍTICA: e cultos espalhados pelos Brasil e gera grande NEUTRA
TECNOLÓGICA tensão na
autonomia privada dos cidadãos não é refletido pelas candidaturas confessionais ou, se
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
presente nestas candidaturas, a tensão por ele gerada não é capaz de repelir votos a ponto
de prejudicar seus candidatos que, em verdade, parecem se beneficiar do rebanho de fiéis
que lhes segue com devoção.
Isto posto, parece claro que o discurso de ódio, quando presente e perpetrado por
fiéis que professam religião diferente daquela do candidato confessional,
Aléxianão é capaz
Duarte de 1
Torres
suplantar o capital eleitoral amealhado pelo candidato dentro do seu próprio rebanho de
fiéis. Vale ainda ressaltar que, muitas vezes, os fiéis são influenciados por discursos profe-
ridos com abuso de poder religioso, sendo compelidos a votar em seus líderes de devoção
RESUMO
ou em candidatos por eles indicados por razões supostamente espirituais.
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
À vista disso, verifica-se que o discurso de abuso de poder religioso traz consigo
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
duas perspectivas; a primeira, positiva, de apoio a determinado candidato, e a segunda,
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
negativa enopor vezes político
cenário explícita, impregnada
tem pelo discurso
ganhado destaque e suasdepolíticas
ódio, pois
de orestrição
candidato
de de opo- e
conteúdo
sição, sejapersonalização
um sujeito específico ou todos os outros candidatos em geral, é descrito como
de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
a antíteseado bem e doouideal
informação da comunidade
centralizando-a? religiosa.
Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
propõe a responder.
Após toda a exposição acerca da candidatura confessional no Brasil, dos problemas
por ela gerados, dos dispositivos legais que buscam regulá-las e dos casos levados ao
1. INTRODUÇÃO
poder judiciário eleitoral em face destas mesmas candidaturas, conclui-se que a resposta
Apesar de nãoproposto
para o tema-problema ter sidopor criado
este como umé instrumento
trabalho político, logo
a de que a candidatura no seu início
confessional
no oEstado
Facebook já dava pistas
democrático do seu
de direito potencial.
se mostra Criado originalmente
incompatível com o sistemacomoconstitucional
o “Facemash”,
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
brasileiro.
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
Em que pese
sexualmente não haver na Constituição Federal ou nas leis eleitorais expressa veda-
atraentes.
ção às candidaturas confessionais, no estado laico, como idealizado por Rui Barbosa no
Decreto nºDepois
119-Aque seus ecriadores
de 1890 acessaram
refletido pelo art. 19,aI rede de segurança
(primeira da universidade
parte) da Constituição e cap-
Federal
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
de 1988, a atividade política deve se dar livre de amarras e dogmas religiosos que, se por
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
um lado mostram o pluralismo da sociedade brasileira, por outro segmentam os cidadãos
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
em grupos distintos.
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
A representação política exercida pelos candidatos eleitos é feita em nome da socie-
dade coletiva e plural, e o cargo político não deve ser usado como expressão de questões
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de forodeeminente íntimo como é o sentimento religioso. Com efeito, o mandato parlamentar
Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
é dirigido para Gerais.
de Minas a vidaCurrículo
civil e lattes:
deve http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
ser orientado pela busca e consolidação do Estado de-
Endereço eletrônico: [email protected]
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:179
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
EO ÃSSER
mocrático PXas
onde E normas
ED ED ADREvalham
religiosas BIL ,apenas
KOOcomo BECinspiração
AF para os fiéis que as
ARseguem
TUEN e não
ACcomo
IGÓdiretrizes
LONCdeEtoda T Auma
TNE sociedade.
MARREF :ACITÍLOP
?LAIRO TIDE Lentão,
Verifica-se, AUTqueRIV AMROFconfessional
a candidatura ATALP Uno OBrasil ganha contornos de in-
constitucionalidade, pois a institucionalização da religiosidade sobre o processo eleitoral
tem o condão de violar os mecanismos que garantem a participação de toda a sociedade na
tomada de decisões políticas e jurídicas que devem estar presentes no Estado democrático-
-constitucional de direito422 ao prestigiar determinados grupos sociais aglutinados em torno
serroT etrauD aixélA
1 dessa ou daquela igreja, em detrimento daqueles que não professam a mesma religião dos
candidatos eleitos.
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
.8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
422 OLIVEIRA, Márcio Luis de. A Constituição juridicamentemadequada.
oc.liamg@Belo
otudHorizonte:
aixela :ocinD’Plácido,
ôrtele oçer2016.
ednE p. 264.
,ARIE180
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
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Aléxia Duarte Torres1
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RESUMO
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missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9096.htm>. Acesso oem:
coração
27 abr.e2018.
consumido
umdas
______. Lei tempo cadaLei
Eleições, veznº maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
9.504/1997.
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
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Apesar de política
não terdos Estados
sido criadoUnidos
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Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança daAcesso
federales/leyes/ley-de-asociaciones-religiosas-y-culto-publico/titulo-segundo/>. universidade
em: 27 eabr.
cap-
2018.
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
MEZA Salazar,as
a trocar Martha
suasAlicia.
fotosElpor
derecho constitucional
imagens com textos mexicano. México:ou
de protestos ISEF,
que2015.
expressavam suas
opiniões
OLIVEIRA, políticas,
Márcio Luis de.algo similar àsjuridicamente
A Constituição mudanças de foto doBelo
adequada. perfil por parte
Horizonte: de indivíduos
D’Plácido, 2016.
inconformados
PARAGUASSU, comMARCELLO,
Lisandra; o resultadoMaria
do pleito nasTSE
Carolina. eleições presidenciais
quer controlar dosdas
influência Estados
igrejasUnidos,
nas
eleições, diz Gilmar Mendes. 2009. Disponível em: <https://br.reuters.com/article/domesticNews/
idBRKBN16F2TZ-OBRDN>. Acesso em: 27 abr. 2018.
PETERSEN, Michael
1 Mestranda et al. pela
em Direito Freedom for All?Federal
Universidade The de
Strength and Limits
Minas Gerais of Political
– Programa Tolerance.daBritish
de Pós-Graduação Faculdade
Journal de
ofDireito da Universidade
Political Science, 41,Federal
2011p.de Minas Gerais.Disponível
581-597. Graduada em Direito
em: pela Pontifícia Universidade Católica
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de Minas Gerais. Currículo lattes:
abstract_S0007123410000451>. http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
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ARSORIANO,
TUENAldir ACGuedes.
IGÓLLiberdade
ONCEreligiosa
T ATN EMARREF :ACITÍLOP
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?LJuarez
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TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL. Estatísticas. 2014. <http://www.tse.jus.br/eleitor-e-eleicoes/esta-
tisticas/estatisticas>. Acesso em: 27 abr. 20
1
serroT etrauD aixélA
OMUSER
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
.rednopser a eõporp
OÃÇUDORTNI .1
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
.setnearta etnemlauxes
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
.8135056566184752/rb.qpnc.settal//:ptth :settal olucírruC .siareG saniM ed
moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE182
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
>yG2e4g/lg.oog//:sptth< :me levínopsiD .5-50-43176-58-879
CONSELHO
FACEBOOK, LIBERDADE DE EDITORIAL
CONSELHO EXPRESSÃO
EDITORIAL E
POLÍTICA: FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
RESUMO
ANA CLAUDIA SANTANO: Pós-doutoranda em Direito Público Econômico pela Pontifícia Universidade
Católica doA Paraná; doutora edomestre
missão explícita em Ciências
Facebook, Jurídicas
rede social e Políticas
que tem pela oUniversidad
conquistado coração e de Sala-
consumido
manca, Espanha; pesquisadora
um tempo cada vez do Núcleo
maior de Pesquisas
da vida de milhõesemdePolíticas Públicas
brasileiros e Desenvolvimento
e indivíduos ao redor do
Humano, NUPED,
mundo,da Pontifícia
é manter o Universidade
mundo mais Católica
aberto, do Paraná. e civilmente engajado. Sua atuação
conectado
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
CARLOS GONÇALVES JUNIOR: Doutor e Mestre em Direito do Estado pela Pontifícia Universidade
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
Católica de São Paulo (PUC/SP). Professor de Direito Constitucional e Direito Eleitoral do curso de
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
graduação da Faculdade de Direito da PUC/SP. Professor do curso de especialização em Direito
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
Constitucional
mesmoda PUC/SP
espaço (COGEAE). Coordenador
e visibilidade Acadêmico
na plataforma? Essasdosão
Curso de Especialização
as questões que esseem Di- se
artigo
reito Eleitoral da PUC/SP (COGEAE).
propõe a responder. Advogado atuante na área de Direito Público. Membro das
Comissões de Ensino Jurídico, Direito Constitucional e Direito Eleitoral da Ordem dos Advogados do
Brasil – Secção São Paulo.
1. INTRODUÇÃO
DANIEL GUSTAVO FALCÃO PIMENTEL DOS REIS: Professor da Faculdade de Direito de Ribeirão
Apesar de de
Preto da Universidade nãoSão
terPaulo
sido(FDRP/USP)
criado como
e daum instrumento
Escola de Direito político,
de Brasílialogo no seuBra-
do Instituto início
o Facebook
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dava (EDB/IDP).
pistas do Coordenador
seu potencial. Criado originalmente
da Pós-graduação como
presencial o “Facemash”,
em Direito Eleitoral
o software
do IDP colocava
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e Graduado pela estudantes
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da Universidade permitia ao usuário
Paulo (FDUSP).
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
DIOGO RAIS RODRIGUES
sexualmente atraentes.MOREIRA: Doutor em Direito Constitucional pela PUC-SP pelo projeto
“CNJ Acadêmico” da CAPES em parceria com o Conselho Nacional de Justiça e em convênio com a
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
Universidade Presbiteriana Mackenzie, Mestre em Direito Constitucional pela PUC-SP, com cursos de
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
extensão em Justiça Constitucional pela Université Paul Cézanne (Aix-en-Provence, França). Pesqui-
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
sador do Grupo de Ensino e Pesquisa em Inovação e Coordenador do Observatório da Lei Eleitoral
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
ambos da FGV-Direito SP. é membro fundador da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
– ABRADEP. é professor da Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Autor dos
livros: A Sociedade e o Supremo Tribunal Federal – o caso das audiências públicas (Fórum) e Direito
Eleitoral (Saraiva).em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
1 Mestranda
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço eletrônico: [email protected]
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:183
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E FLÁVIO
OÃSSCHEIMERPJORGE:
XE EAdvogado.
D EDAProfessor
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(Graduação e Mestrado). Mestre
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Doutor pela PUC/SP. Juiz Eleitoral Titular – Classe dos Juristas – do TRE/ES (2004-2008)
UEN ACIGÓLONCET ATNEMARREF :ACITÍLOP
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AIRANDRADE
OTIDENETO: LAU TRIemV Direito
Doutor AMR OUniversität
pela FATALP UO (UHH). Bolsista do programa de
Hamburg
excelência Albrecht Mendelssohn Bartholdy Graduate School of Law (AMBSL). Mestre e bacharel em
Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Analista judiciário do Tribunal Regional
Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG). Professor de Direito Eleitoral do programa de pós-gradução à
distância da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas Virtual). Conteudista e
1
seinstrutor
rroT etdarauEscola
D aixJudiciária
élA Eleitoral (EJE-MG) e colaborador da Escola Nacional de Formação e
Aperfeiçoamento de Magistrados (ENFAM). Avaliador/parecerista da “Revista Brasileira de Direito”
(ISSN: 2238-0604), “Revista Direito & Práxis” (ISSN: 2179-8966) e da “Revista Quaestio Iuris”
(ISSN: 1516-0321). Membro da ABRADEP. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/8112619742629433.
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Janeiro – UERJ. Membro Fundadora da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político – ABRADEP.
Avaliadora de artigos submetidos ao Conselho Nacional de Pesquisa e Pós Graduação em Direito
– CONPEDI. Membro do Conselho de Consultores da Revista de Estudos Jurídicos
OÃÇUDOda RTUniversidade
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Estadual Paulista -UNESP.
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duado pela Universidade Católica do Paraná. Professor da Graduação e da Pós-Graduação, fos o
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TIBA, Professor de Pós-Graduação do Instituto Romeu Bacellar. Pós-Graduado.setnearemta eProcesso
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Mestre e Doutor em Direito Processual Civil pela Universidade Federal do Paraná. Presidiu o Congresso
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LUIZ MAGNO PINTO BASTOS JUNIOR: Possui graduação em Direito pela UFPA e Mestrado e Dou-
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
torado em Direito Constitucional pela UFSC. Pós-doutor pela Universidade de McGill (Canadá).
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
Professor do Programa de Mestrado em Ciência Jurídica da Universidade do Vale do Itajaí e das
disciplinas de Direito Constitucional e Direito Processual Constitucional nos cursos de Graduação
edaemdlucaDireito
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Escritório Menezes Niebuhr Advogados Associados. moc.liamg@otudaixela :ocinôrtele oçerednE
,ARIE184
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.5-50-4317SACCHETTO
6-58-879
FACEBOOK,
MARCELO WEICK POGLIESE: LIBERDADE
Doutor em Direito pela DE EXPRESSÃO
Universidade do Estado do Rio de Janeiro – E
POLÍTICA:
UERJ (2015). Mestre FERRAMENTA
em Direito pela TECNOLÓGICA
Universidade Federal do NEUTRA
Rio Grande do Norte – UFRN (2006).
Professor dos Cursos de Direito OU
do Centro Universitário de João VIRTUAL
PLATAFORMA Pessoa – UNIPêEDITORIAL?
e da Universidade
Federal da Paraíba – UFPB. Advogado e Consultor Jurídico. Foi membro e Secretário da Comissão
Nacional de Acesso à Justiça da Ordem dos Advogados do Brasil (2010-2012). Exerceu também
os cargos de Procurador-Geral do Município de João Pessoa (2009), Procurador-Geral do Estado da
Paraíba (2009) e Secretário de Estado de Governo da Paraíba (2009/2010). Participou, entre os anos
de 2009 e 2010, na qualidade de Secretário-Geral, do Conselho de Desenvolvimento Econômico
Aléxia Duarte e 1
Torres
Social do Estado da Paraíba. Membro da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político – ABRADEP
e do Instituto Brasileiro de Direito Eleitoral – IBRADE.
MARILDA RESUMO
DE PAULA SILVEIRA: Mestre e Doutora em Direito pela UFMG. Coordenadora Acadêmica
do InstitutoA Brasiliense de Direito
missão explícita Público – IDP
do Facebook, . Professora
rede social quede cursos
tem de Pós-Graduação
conquistado o coração eemconsumido
Direito
Administrativo e Eleitoral.
um tempo cadaMembro do IBRADE
vez maior da vidae de
da ABRADEP
milhões .deAdvogada.
brasileiros e indivíduos ao redor do
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
RODOLFO VIANA PEREIRA: Fundador e primeiro Coordenador-Geral da ABRADEP. Professor da Facul-
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
dade de Direito da UFMG. Doutor em Ciências Jurídico-Políticas pela Universidade de Coimbra. Mestre
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
em DireitoaConstitucional
informação oupela UFMG. Pós-graduado
centralizando-a? em Direito
Visões políticas Eleitoral ecandidatos
diferentes, Administração de Eleições
e partidos políticos
pela Universidade de Pariscom
que divergem II. Pós-graduado em fundadores
as ideias dos Educação a Distância pela Universidade
e funcionários do Facebookda Califórnia,
possuem o
Irvine. Coordenador acadêmico
mesmo espaço do IDDE. Advogado
e visibilidade sócio da
na plataforma? MADGAV
Essas são asAdvogados.
questões que esse artigo se
propõe a responder.
VÂNIA SICILIANO AIETA: Juspolitóloga e advogada especializada em Direito Eleitoral, é Professora
Adjunta da Faculdade de Direito da UERJ. Pós-Doutorado em Direito Constitucional pela PUC-Rio
1. emINTRODUÇÃO
(2014) conclusão. Doutorado em Direito Constitucional pela PUC-SP (2003), Mestrado em Te-
oria Geral do Estado e Direito Constitucional pela PUC-Rio (1997). Graduação em Direito pela UERJ
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
(1991). Líder dos grupos de pesquisa no CNPQ Observatório do Direito Eleitoral, Hermenêutica Cons-
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
titucional e Análise
o software Transacional
colocava fotosedos
Políticas Públicasde
estudantes e Direito
Harvardda Infraestrutura;
lado a lado ebem como do
permitia ao grupo
usuário
de classificar
pesquisa internacional CONSTITUTIONAL DIMENSIONS OF POLITICAL PARTIES
quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoasAND POLITICAL
RIGHTS. Presidente
sexualmente da Escola Superior de Direito Eleitoral (ESDEL). Editora da Revista BALLOT, espe-
atraentes.
cializada em Direito Eleitoral Internacional. Além da Faculdade de Direito da UERJ, leciona na Escola
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
da Magistratura, na Escola Judiciária Eleitoral, na Universidade Veiga de Almeida, na UNILASALLE e
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
no aInstituto
trocardeasDireito
suas da PUC-Rio.
fotos Além de Editora-Geral
por imagens com textos da deRevista BALLOT,
protestos faz parte
ou que do Conselho
expressavam suas
Editorial
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte deDireito
das Editoras Freitas Bastos e Editar e do Conselho Executivo das Revistas de da
indivíduos
Cidade e Quaestio Iuris
inconformados com(ambas com Qualis
o resultado A). Faz
do pleito nasparte do Conselho
eleições Editorialdos
presidenciais da Estados
Revista Paraná
Unidos,
Eleitoral, onde também é parecerista, assim como também é parecerista da Revista de Direito Cons-
titucional e Internacional e da Revista de Meio Ambiente Digital e Sociedade de Informação. Realiza
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
trabalhodevoluntário junto à obraFederal
Direito da Universidade socialde
deMinas
Sua Majestade Rainha
Gerais. Graduada emSilvia,
Direito da
pelaSuécia, colaborando
Pontifícia Universidadecom
Católica
de Minas
o Conselho Gerais.doCurrículo
Superior Abrigo lattes:
Rainhahttp://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Silvia. Membro fundadora da ABRADEP.
Endereço eletrônico: [email protected]
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:185
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
O DISCURSO DE ÓDIO. Disponível
978-85-67134-05-5 NA DEMOCRACIA BRASILEIRA:
em: <https://goo.gl/g4e2Gy> 267
EO ÃSSEDERMOURA
WALBER PXE EAGRA:
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Graduado EBDireito
IL ,Kpela
OO BECAFEstadual da Paraíba (1996).
Universidade
ARMestre
TUEemNDireito
ACIpela
GÓ Universidade Federal de Pernambuco (1999). Doutor em Direito pela Universi-
LONCET ATNEMARREF :ACITÍLOP
dade Federal de Pernambuco/Università degli Studio di Firenze (2003). Pós-Doutor em Direito Cons-
?Ltitucional
AIROTpela IDUniversidade
E LAUTMontesquieu
RIV AMRBordeaux OFATIVA(2008).
LP UProfessor
O Visitante da Universidade
Montesquieu Bordeaux IV (2008). Visiting Research Scholar of Cardozo Law School (2006). Membro
Correspondente do CERDRADI – Centre d’études et de Recherches dur les Droits Africains et sur le
Développement Institutionnel des Pays en Développement. Diretor e Membro Fundador do Instituto
Brasileiro de Estudos Constitucionais. Membro Fundador do Instituto Brasileiro do Direito e Negó-
1
secios
rroTInternacionais
etrauD aix(IBRADI).
élA Professor Adjunto da Universidade Federal de Pernambuco. Professor
visitante da Universidade de Bari – Itália. Professor do Centro Didático Euro Americano (CEDEUAM)
da Università Del Salento. Membro Correspondente da Sociedade Cubana de Direito Constitucional
e Administrativo da União Nacional de Juristas de Cuba. Membro da Academia OBrasileira
MUSER de Direito
Eleitoral e Político (ABRADEP). Membro da Associação Brasileira de Direito Processual (ABDPRO).
odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
Membro da Comissão Editorial da Revista do Tribunal Superior Eleitoral. Membro da Academia Per-
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
nambucana de Letras Jurídicas. Membro do Conselho Editorial da Revista Brasileira de Estudos
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
Constitucionais (RBEC). Membro do Corpo Editorial dos Cadernos da Escola Superior de Direito
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
Eleitoral. Tem experiência na área de Direito, com ênfase em Direito Constitucional e Direito Eleitoral,
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
atuando nos seguintes temas: Direitos Políticos, Inelegibilidades, Processo Constitucional e Recursos
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
Eleitorais. Procurador do Estado de Pernambuco, Advogado, Professor.
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
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.rednopser a eõporp
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oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
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.setnearta etnemlauxes
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
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sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
edadlucaF ad oãçaudarG-sóP ed amargorP – siareG saniM ed laredeF edadisrevinU alep otieriD me adnartseM 1
acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
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vínopsiD .COELHO
5-50-4317SACCHETTO
6-58-879
FACEBOOK, LIBERDADE DE EXPRESSÃO E
POLÍTICA: FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
RESUMO
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
propõe a responder.
1. INTRODUÇÃO
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
sexualmente atraentes.
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço eletrônico: [email protected]
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:187
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
E OÃSSERPXE ED EDADREBIL ,KOOBECAF
ARTUEN ACIGÓLONCET ATNEMARREF :ACITÍLOP
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serroT etrauD aixélA
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odimusnoc e oãçaroc o odatsiuqnoc met euq laicos eder ,koobecaF od aticílpxe oãssim A
od roder oa soudívidni e sorielisarb ed seõhlim ed adiv ad roiam zev adac opmet mu
oãçauta auS .odajagne etnemlivic e odatcenoc ,ot reba siam odnum o retnam é ,odnum
e odúetnoc ed oãçirtser ed sacitílop saus e euqatsed odahnag met ocitílop oiránec on
odnazitarcomed koobecaF o airatsE .sacimêlop rareg a maunitnoc omtirogla ed oãçazilanosrep
socitílop sodit rap e sotadidnac ,setnerefid sacitílop seõsiV ?a-odnazilartnec uo oãçamrofni a
o meussop koobecaF od soiránoicnuf e serodadnuf sod saiedi sa moc megrevid euq
es ogit ra esse euq seõtseuq sa oãs sassE ?am rofatalp an edadilibisiv e oçapse omsem
.rednopser a eõporp
OÃÇUDORTNI .1
oicíni ues on ogol ,ocitílop otnemu rtsni mu omoc odairc odis ret oãn ed rasepA
,”hsamecaF“ o omoc etnemlanigiro odairC .laicnetop ues od satsip avad áj koobecaF o
oiráusu oa aitim rep e odal a odal drav raH ed setnadutse sod sotof avacoloc erawt fos o
saossep rangised arap adasu sêlgni me arvalap amu ,oãn uo ”toh“ are meuq racfiissalc
.setnearta etnemlauxes
- pac e edadisrevinu ad açnaruges ed eder a marasseca serodairc sues euq siopeD
maraçemoc soiráusu soirpórp so ,setnadutse sod oãçacfiitnedi ed snegami sa mararut
sa us mavasse r pxe e u q uo so tse to r p e d so txe t mo c s ne ga m i ro p so tof sa us sa raco r t a
soudívidni ed et rap rop lfi rep od otof ed saçnadum sà ralimis ogla ,sacitílop seõinipo
,sodinU sodatsE sod siaicnediserp seõçiele san otielp od odatluser o moc sodam rofnocni
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acilótaC edadisrevinU aicífitnoP alep otieriD me adaudarG .siareG saniM ed laredeF edadisrevinU ad otieriD ed
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,ARIE188
REP :nI ?lairotide laut riv amrofatalp uo artuen acigóloncet atnemarref :acitílop e oãsserpxe ed edadrebil ,koobecaF .et rauD aixélA ,SERROT
NBSI .33-70 .p .8102 ,EDDI :etnoziroH oleB .I emuloV .oidó ed osrucsid e oãsserpxe ed edadrebil ,socitílop sotieriD .).grO( anaiV oflodoR
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FACEBOOK, LIBERDADE DE EXPRESSÃO E
POLÍTICA: FERRAMENTA TECNOLÓGICA NEUTRA
OU PLATAFORMA VIRTUAL EDITORIAL?
RESUMO
A missão explícita do Facebook, rede social que tem conquistado o coração e consumido
um tempo cada vez maior da vida de milhões de brasileiros e indivíduos ao redor do
mundo, é manter o mundo mais aberto, conectado e civilmente engajado. Sua atuação
no cenário político tem ganhado destaque e suas políticas de restrição de conteúdo e
personalização de algoritmo continuam a gerar polêmicas. Estaria o Facebook democratizando
a informação ou centralizando-a? Visões políticas diferentes, candidatos e partidos políticos
que divergem com as ideias dos fundadores e funcionários do Facebook possuem o
mesmo espaço e visibilidade na plataforma? Essas são as questões que esse artigo se
propõe a responder.
1. INTRODUÇÃO
Apesar de não ter sido criado como um instrumento político, logo no seu início
o Facebook já dava pistas do seu potencial. Criado originalmente como o “Facemash”,
o software colocava fotos dos estudantes de Harvard lado a lado e permitia ao usuário
classificar quem era “hot” ou não, uma palavra em inglês usada para designar pessoas
sexualmente atraentes.
Depois que seus criadores acessaram a rede de segurança da universidade e cap-
turaram as imagens de identificação dos estudantes, os próprios usuários começaram
a trocar as suas fotos por imagens com textos de protestos ou que expressavam suas
opiniões políticas, algo similar às mudanças de foto do perfil por parte de indivíduos
inconformados com o resultado do pleito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos,
1 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2574816656505318.
Endereço eletrônico: [email protected]
TORRES, Aléxia Duarte. Facebook, liberdade de expressão e política: ferramenta tecnológica neutra ou plataforma virtual editorial? In:191
PEREIRA,
Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 07-33. ISBN
978-85-67134-05-5. Disponível em: <https://goo.gl/g4e2Gy>
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A presente obra complementa a série de debates tra-
se entrincheiram cada vez mais, com vozes ampliadas
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consigo aconstitucional da opiniões,
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A presente obra pretende lançar algumas luzes sobre
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